revista ilustrar #8

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Benício, Carlos Chagas, Daniel Adel, Marchi, Nilton Ramalho e Rui de Oliveira

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8/7/2019 Revista Ilustrar #8

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Ano novo, revista nova...

Com o começo de um novo ano a Revista Ilustrar vemtambém com uma roupagem nova, com algumas pequenas mudançaspara deixar a revista mais atraente e gostosa de ler, mas mantendoa sua estrutura e, principalmente, a sua qualidade, sempre comconvidados especiais.

Por isso, nesta edição nº 8, encontrarão a revista com uma roupagemmais leve e clean.

Além disso, passa a ser em página dupla, o que permite uma visualizaçãomais próxima ainda de uma revista real, com utilização mais amplados espaços.

E para começar bem o ano, preparamos a edição especial "GrandesMestres".

Não será a única edição com este tema, já que é simplesmenteimpossível colocar todos os grandes mestres da ilustração em umaúnica edição; portanto virão outras edições com esse mesmo tema.

Excepcionalmente, nesta edição, não teremos as seções tradicionais,para dar lugar à apresentação do portfólio de outros grandesprofissionais.

Espero que gostem, e dia 1 de março tem mais...

DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ARTE-FINAL: Ricardo Antunes

  [email protected]

DIREÇÃO DE ARTE: Neno Dutra - [email protected] Antunes - [email protected]

REDAÇÃO: Ricardo Antunes - [email protected]

REVISÃO:

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

ILUSTRAÇÃO DE CAPA: Carlos Chagas - [email protected]

PUBLICIDADE: [email protected]

DIREITOS DE REPRODUÇÃO: Esta revista pode ser copiada, impressa, publicada,postada, distribuída e divulgada livremente, desde que seja na íntegra, gratuitamente,sem qualquer alteração, edição, revisão ou cortes, juntamente com os créditosaos autores e co-autores.Os direitos de todas as imagens pertencem aos respectivos ilustradores de cada seção.

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• EDITORIAL .......................................................................... 2

• INTRODUÇÃO ..................................................................... 3

• ESPECIAL: Benício ................................................................4

• ESPECIAL: Carlos Chagas ......................................................9

• INTERNACIONAL: Daniel Adel ..........................................15

• ESPECIAL: Gilberto Marchi ..................................................21

• ESPECIAL: Nilton Ramalho ..................................................26

• ESPECIAL: Rui de Oliveira ....................................................31

• CURTAS ............................................................................... 37

• LINKS DE IMPORTÂNCIA ............................................39

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Angelo Shuman (divulgação) - [email protected]

Neno Dutra - [email protected] Machado - [email protected]

Helena Jansen - [email protected]

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EDIÇÃO ESPECIAL

odos eles são veteranos,experientes, talentosíssimos erenomados; exemplos de grandesprofissionais e grandes artistas.

Juntar todos esses nomes em ummesmo espaço é um privilégioenorme.

Desta forma a Revista Ilustrar tenta,na medida do possível, homenagearesses grandes nomes, apresentandoseus trabalhos e, acima de tudo,a forma de pensar e a visão que elestêm sobre alguns temas importantesrelacionados ao mercado de trabalho.

Por isso, fazendo quase uma mesaredonda, foram feitas oito perguntasa todos eles, tocando diversosassuntos.

Assim será possível ter uma visãoglobal do mercado, e ao mesmotempo uma opinião pessoal de cadaum dos artistas.

Benício, Carlos Chagas, GilbertoMarchi, Nilton Ramalho, Rui deOliveira e o americano Daniel Adelmostram a sua forma de ver o mundoe o seu talento através das seguintesperguntas:

  INFLUÊNCIAS - Que principaisinfluências foram decisivas na suaformação?

  MERCADO - O mercado de ilustraçãotem variações, com épocas onde ainfluência da ilustração pode ser maiorou menor. Como vê o mercado atual?

  O FUTURO - Como enxerga o futuroda profissão?

  DIREITOS AUTORAIS - Em relaçãoà questão dos direitos autorais, o queainda é preciso melhorar?

  ILUSTRAÇÃO HOJE - Artisticamentefalando, como vê a atual produção deilustração?

  CULTURA - A formação cultural deum artista é fundamental. Qual a suaopinião sobre a forma como a culturaem geral tem sido tratada atualmente?

  REFERÊNCIAS - Cite um filme queconsidere obrigatório, um livro que éuma referência, uma cidadeinesquecível, um artista influente e ummuseu imperdível.

  DICA - Com a sua experiência, quala melhor dica que poderia dar a todosos profissionais?

Benício Carlos Chagas

Gilberto MarchiDaniel Adel

Nilton Ramalho Rui de Oliveira

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BENÍCIO

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A ilustração americana dasdécadas de 1950/60,basicamente NormanRockwell e depois Bob Peak.

m dos ilustradores mais conhecidos e celebrados do Brasil, Beníciotem uma longa e sólida carreira, atuando em quase todas as áreas.

Sua técnica e estilo são marcantes e fáceis de reconhecer,trabalhando sempre com seu fiel guache sobre papel Schoeller.

Além de um profundo conhecimento de anatomia humana e dedominar muito bem a técnica do guache, Benício é também

extremamente rápido.

Sua velocidade de trabalho possibilitou um volume deprodução impressionante, que chegou ao auge nos

anos 80, onde produziu, em um ano, 32cartazes de cinema (uma média de 2

cartazes e meio por mês); uma médiade 16 capas de livros de bolso pormês (com um pico de 20 capas

em um mês), além de inúmerosanúncios, matérias para revistas,

discos, livros, etc.

Entre seus trabalhos, as capasde livros de bolso viraram

objeto de coleção de muitosfãs, e são essas capas que

Benício apresenta aqui –apenas uma pequena partedas centenas que produziu.

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PECIAL

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BENÍCIO

Vejo o mercado atual como quefascinado pela imagem virtual, com

seus resultados imediatos e baratos.

Creio que ainda precisa um tempo

para que os artistas de computaçãográfica se imponham no mercadopela qualidade dos seus trabalhos

e não pela ilusória rapidez dosresultados obtidos.

Sempre haverá umaidéia a ser transformada

em imagem que a realidadenão consiga transmitir.

Aí a necessidade de os artistasgráficos existirem.

M E R C A D O

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D I R E I T O S  A U T O R A I S

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BENÍCIO

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BENÍCIO

No momento em que aprofissão de ilustradorseja plenamentereconhecida e respeitada,

os direitos autorais, quefazem parte desteconceito, também serãorespeitados.

Estão construindo estecaminho grupos comoa SIB, Ilustragrupo, etc.

A ilustração atual anda meioembaralhada, se confundindoàs vezes com design, masprocurando uma novaidentidade visual para suaexpressão.

Vejo com um pouco de preocupação a juventudeatual muito alienada da cultura, valorizando somenteos resultados imediatos, sem conhecer as própriasbases do que estão fazendo.

Acho meio uma casa sem alicerces, o panoramacultural da juventude.

I L U S T R A Ç Ã O H O J E

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BENÍCIO

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BENÍCIO

Filme: não saberia indicarnenhum filme obrigatório,

uma vez que não sou muitocinéfilo.

Livro: para os que querem desenharfigura, os livros de Andrew Loomis.

Cidade: para mim, talvez por razões

pessoais, a cidade de Barcelona éinesquecível.

Artista: um artista influente para quemquer desenhar figura humana: Velazques

deve ser estudado com atenção.

Museu imperdível, o dosimpressionistas, em Paris,

o Musée D'Orsay.

A minha dica para quem quer desenhar, é amesma de sempre: trabalhar, trabalhar,

trabalhar. Só assim conseguimos bons resultados.

R E F E R Ê N C I A S

D I C A S

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* Para saber mais, compre o livro: "Benício - Um Perfil do Mestre dasPin-Ups e dos Cartazes de Cinema" - de Gonçalo Junior - Editora Cluq.

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CARLOSCHAGAS

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CARLOS CHAG

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Foram o meu gosto para desenhar,desde criança, os desenhos que euvia meu avô materno fazer e também

Quem cresceu lendo a revista Mad ePancada e montou modelos de aviões e navios daRevell então, sem saber, teve a companhia constante

de Carlos Chagas.

Afinal, é dele a criação de mais de 100 capasda revista Mad (além de muitas das sátiras de

novelas e filmes), outras tantas para revistaPancada, e várias das tampas das caixas

da Revell, sem contar inúmeros

anúncios, capas de livros, revistas efarto material sobre exércitos,produzido para vários países do mundo.

Além disso, Carlos Chagas se dedicatambém ao modelismo, criando, de raiz, todo

tipo de objetos, em especial veículos do exército,em um trabalho minucioso que às vezes pode levarmais de um ano, e que veremos aqui na Ilustrar,

numa edição futura.

A versatilidade de Carlos é bastante clara, indo desdeo hiper-realismo com guache até o cartoon com

nanquim, mas sempre com precisão nos pormenores.

as belíssimas ilustrações dos livrosdo “Príncipe Valente”. Depois disso,tudo foi mera conseqüência.

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CARLOS

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CARLOS CHAGAS

Não lembro de quando asilustrações deixaram deinfluenciar algo.

Para mim elas sempre existiram,pintadas dentro de cavernas oufeitas no computador.

O mercado atual permanece

receptivo a esta forma decomunicação, a não ser que umgrande asteróide se esborrachena Terra e mude o nosso modode vida para sempre.

Acho que não vou gostar de estaraqui, depois do tal asteróide.

Modelo de tanque alemão em escala 1/35, com fundo e efeitos aplicados posteriormente em Photoshop

M E R C A D O

O F U T U R O

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DIRE I TOS AUTORAIS

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Até agora não tive problemas gravescom isso, mas sei que nenhumilustrador está a salvo deles,principalmente com o advento daInternet.

Tomara que um dia alguém encontreuma solução viável.

Boa pergunta. Sou fã do estilo usadopelos ilustradores americanos dos anos60. Sabiam desenhar e pintar muito

bem, além de serem mestres domovimento e da composição.

A geração seguinte à deles, com umaspoucas exceções, é esteticamenteinferior – e com técnica ou estilo “lavado” demais para o meu gosto.

Antes as pessoas pareciam feitas decarne, agora parecem de plástico.

Tenho me esforçado para obter aquelevisual de então, mas sei que não é fácil.

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Filme: não acredito em citar um filmeobrigatório para as pessoas; gosto égosto.

Tem dias que eu curto um longa bemtranqüilo e romântico do tipo “Encontrose Desencontros” (Lost in Translation).

Noutros, eu prefiro ver tanques,explosões e tripas voando longe, como

em “O Resgate do Soldado Ryan”. Nãohá regra fixa.Livro: Puxa, também são tantos... Já lide tudo, de Conan Doyle a ThomasMann, passando por Guy de Maupassantno intervalo, só para filosofar.

É a pior possível. O mundo estáse tornando cada vez maismedíocre, isto é um fato.

Por isso eu respeito em dobrotodos aqueles que estão fora destequadro geral das coisas.

R E F E R Ê N C I A S

C U L T U R A

Mas paraficar só no âmbitodailustraçãorecomendo “Rockwellon Rockwell” e todos os do AndrewLoomis.

Cidade: Rio de Janeiro, bonita ebagunçada; Tiradentes, histórica erural; Chicago, rica e ordeira.Artista: Norman Rockwell é influenteno mundo todo, eu acho. Outro íconeé o Benício, amigo e mestre de longadata.Museu: o Museum of Science & Industry e The Art Institute of Chicago,ambos na mesma cidade, são de fazercair o queixo. Nunca vi nada igual.

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Conhecer de tudo e manter-seatualizado, sempre.

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DANIEL ADEL

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uma era em que a maioria dosilustradores estão quase totalmente voltados para o

computador, o ilustrador americano Daniel Adel optoupelo caminho contrário.

Grande apreciador da pintura clássica, em especialo barroco holandês, Daniel Adel estudou a técnicada pintura clássica a óleo e a aplica em brilhantes

caricaturas que impressionam pela fluidez daspinceladas e pelo desenho gracioso.

Mas também pinta com a mesmamaestria retratos, aquarelas, quadros

a óleo, além de fotografias, ondese nota a influência da pintura na

preocupação das sombras.

Com isso ele tem constantementecolaborado com revistas deprestígio como New-Yorker,

Vanity Fair, The New YorkTimes, Der Spiegel, Forbes,

Time e Esquire, entre outras.

Divide sua vida e seu estúdioentre New York/EUA e

Lacoste/França, onde tem umestúdio e uma galeria.

N

Estudei História da Arte como umaPós-Graduação, principalmente pinturabarroca, arte clássica e arquitetura.

Além disso, cresci em New Rochelle, NY, queé onde dezenas de ilustradores famososcostumavam viver.

Não havia mais ninguém quando cheguei lá,mas a influência estava no ar.

Norman Rockwell, e JC Leyendecker emparticular, dispenderam muito de suas vidas

em New Rochelle - Rockwell foi para a mesmaescola secundária que eu, embora ele tenhasaído para ser o Diretor de Arte da Boy's Life(N.T.: revista dos escoteiros americanos).

Em termos de formação técnica, a maior partedo que eu aprendi veio de livros sobre atécnica de pintura do pré-século 20, bemcomo o que aprendi na National Academy of Design e na Art Student's League.

Também aprendi muito com o grande BurtSilverman, com quem também estudei.

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Tudo depende de como as revistas e jornaisirão fazer a transição para a web, onde todoseles irão estar, inevitavelmente.

Se continuarem a reduzir todas as imagenspara o tamanho de um selo, estaremos emtempos difíceis.

Se descobrirem uma maneira de fazer odesign de páginas web da forma como fazemo design de revistas, então temos uma chance.

Mas a maior parte da cultura visual pareceestar caminhando para a animação. Quandoos jovens vêem uma pintura, eles procuramo botão para ver aquilo se mexer.

Então eu acho que a maioria dasoportunidades do futuro serão em animação,mais do que em arte estática.

E é por isso que eu estou feliz por ser umpintor...

É um pouco difícil de aferir a partir daqui,da França, mas eu sinto que em todos osmercados, nesses dias, há grandes receios

e oposições. Não estou esperando que2009 seja o meu melhor ano.

M E R C A D O

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Eu não sigo essa questão muito de perto,porque não tenho muita necessidade derevender aquilo que faço.

O meu trabalho tende a ser associado amomentos específicos e, portanto, tem umavida curta.

Eu gosto do fato de que há muito desenho

acontecendo e gosto da influência da artedo cartoon, que também teve um impactosobre o meu trabalho ao longo dos anos.

Eu gostaria de ver mais pintura, mastambém entendo porque as pessoas queremficar longe daquilo que poderia sersemelhante a um outro estilo Photoshop.

Pintura também é um trabalho lento e ailustração precisa ser cada vez mais rápidapara ser útil.

DIRE I TOS AUTORAIS

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A minha orientação tem sido no sentido daarte e ilustração do passado.

Eu sinto que entre estudantes de ilustraçãonão há muito disso; porém, há um esforçopara criar novos estilos no qual, no seu melhoré inovador e no seu pior é um truque.

Penso que, para um estilo durar, ele tem que

ser firmado em algumas bases sólidas quea nossa cultura tem construído e onde eleesteve no passado.

Caso contrário arrisca-se a ser rapidamenteimplementado e rapidamente abandonado.

Mas História e Tempo estão acelerando, etalvez isso seja inevitável.

C U L T U R A

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Filme: Num cara ou coroa entre "Ben Hur"e "The Incredibles". Embora "300" possaser o filme mais visualmente cativante queeu já vi.

Livro: "Meu Primo, meu Gastroenterologista"(My Cousin, my Gastroenterologist) por

Mark Leyner. Continua sendo para mim otrabalho mais marcante em literatura.

Cidade: Estou tentado a dizer Praga, emboraeu a tenha visto antes da Revolução deVeludo, de forma que ela ainda estavacongelada no tempo quando eu estive lá etenho certeza que já não é. Mas é muitodifícil de bater Veneza.

Artista: Ainda estou esperando para ficarenjoado de Velasquez e Vermeer, mas istonão está acontecendo.

Apesar de Sargent (John Singer Sargent,pintor italiano, filho de americanos) ter feito

um bom trabalho de continuar o que Diego(Velasquez) começou.

Além disso, apesar de ter tido má reputação,Michelangelo Buonarroti era danado detalentoso.

Artistas do século 20 seriam Antonio Lópezde Madri e o tal Salvador Dali. Tambémsubestimado…

Museu: O Mauritshuis, em Haia (Holanda).Se você gosta do estilo barroco holandês,e Holbein, que eu gosto, então é a Meca.

Desenhar. Depois desenhe um pouco mais.Então coma um lanche. Depois, mais desenho.

D I C A S

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GILBERTOMARCHI

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Minhas primeiras influências foram de pintoresbrasileiros cujas obras admirei ainda criança.

Os primeiros foram: Pedro Alexandrino,Almeida Júnior, Batista da Costa.Posteriormente passei a estudar o trabalhode artistas como Rembrandt, Vermeer,Velazques, Turner, entre outros.

om um trabalho bastante variado edominando várias técnicas diferentes, Gilberto Marchi

tem uma extensa carreira, atuando em diversasáreas, sendo um dos profissionais mais

requisitados do mercado.

Estudou com três grandesmestres do passado: Lubra,Ettore Federighi e Amadeo

Scavone, sendo este último o maisimportante de sua formação.

Além de grande ilustrador, ondeaprecia principalmente a aquarela, é

também uma biblioteca ambulante, sendoum profundo conhecedor de história da arte

e ilustração.

Isso é excelente para todos os que fazem oseu curso de desenho e pintura, um dos

melhores do mercado.

C

Quando garoto, li alguns livros ilustrados porOswaldo Storni, achei que algum dia fariaalgo parecido, mas somente passei a meinteressar mesmo e conhecer o trabalho deilustradores a partir de 1970, quando comeceia trabalhar e lecionar na Escola Panamericanade Arte.

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ESPECIAL

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Quando comecei a ilustrarprofissionalmente, ailustração era ainda muitoutilizada no mercadopublicitário, por vezesrivalizando com a fotografia.

Trabalhei muito na áreaeditorial, onde, hoje em dia,parece ser o setor que maisrequisita o trabalho dosilustradores, embora paguemuito mal na maioria dasvezes.

Na área publicitária, háalguns diretores de criaçãoque só pensam e acreditamem fotografia.

É uma pena que pensemassim, pois estão perdendoa oportunidade derepensarem suas idéias,encontrando soluções quepodem ser mais artísticas ecriativas.

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DIRE I TOS AUTORAISO F U T U R O

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Espero que tenhamos algum mercadofuturo, mas isso depende também da boaformação de bons profissionais em outrasáreas, como editores de livros, diretoresde arte e criação nas agências e editoras,pois estes são alguns dos profissionaisque requisitarão o trabalho dosilustradores.

Com a computação gráfica em ascensão,houve uma confusão quanto ao que é

fazer uma ilustração, sendo que em muitosestúdios uma simples aplicação de filtrose o arrastar e recolocar imagens comalgumas alterações, passou a ser chamadade “ilustração”.

Isso é muito ruim, porque clientes compouco conhecimento podem achar que

 “aquilo” é um trabalho de arte-final.

O ideal é quando existe um respeito econhecimento do trabalho de um ilustradore este passa a ter maior autonomia eliberdade de criação

É preciso melhorar muita coisa, a começarpelo reconhecimento do trabalho doilustrador como autor e não apenascomo um coadjuvante menor.

Tanto no editorial, como na publicidade,em muitos casos a ilustração éo elemento principal e não o texto.

Os editores precisam parar de jogar

escritores contra ilustradores,obrigando que os dois dividam entresi os direitos autorais; isto para nãoter que diminuir sua parcela no lucro.

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Existem grandes ilustradores emtodas as áreas, inclusive na moda.

Só não gosto muito da exageradainfluência dos mangás.

A forma como a cultura tem sidotratada atualmente é deplorável,principalmente quando tudo passaa ser “arte”.

Quando qualquer um passa a serum artista, mesmo que seja umcompleto imbecil.

Tem coisas que não consigodigerir nem aceitar.

Filme: ANoiva Cadáver.

Livro: O Profeta, de Kalil Gibran.

Cidade: a cidade que ainda não conheci,pois viajei muito pouco.

Quando fizer um trabalho, faça como sefosse para você; depois pense no dinheiro.

Um artista: Tim Burton.

Museu: o Museu do Prado.

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ESPECIAL

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ALHO

rtista autodidata, NiltonRamalho começou sua carreira cedo, aos 16anos, como auxiliar de desenhista em várias

editoras, e hoje é um dos mais premiadosilustradores brasileiros.

Seus trabalhos, com uma tendência para orealismo, são muito utilizados em

publicidade, onde tem colaborado com

quase todas as grandes agências depublicidade do país, tendo feito ilustraçõespara todo tipo de produto.

Mas também trabalha na área editorial,colaborando com várias das principaisrevistas do país, como Playboy, Ele & Ela, Status, Manchete, Veja, Exame,Pais e Filhos, Fatos e Fotos, Claudia,

Desfile, Nova, Quatro Rodas, entre outras,além de produzir posters de cinema, capas

de livros, cds, etc., e também atuando na áreade artes plásticas.

AA maior influência foi no início de minhacarreira, na Rio Gráfica Editora.

Tive a sorte de trabalhar ao lado de grandesilustradores como Gut, Walmir, Benício,

Lutz, entre outros.

Mais tarde meu grande ídolo Bob Peak.

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Quero deixar bem claro que eu nãotrabalho com computador. Acho que éuma ferramenta incrível, mas o meunegócio é na mão.

Dito isso, na minha opinião, o mercadopublicitário passa por um momento deindefinição por conta das opções entreilustrações em 3D, fotos manipuladase a própria computação gráfica.

Vejo o mercado editorial com

grande otimismo, devido aosrecursos cada vez mais sofisticadose novos ilustradores talentosos.

No mercado publicitário é umaincógnita.

Falta o respeito ao artista e leismais claras e abrangentes - e querealmente sejam cumpridas.

O F U T U R O

DIRE I TOS AUTORAIS

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ALHO Artisticamente, vejo o homem e não

a máquina.

Estamos num momento de mutação,com outros parâmetros e valores.

Até há algum tempo, o conhecimentoe a cultura eram adquiridos com estudos,viagens e leitura.

Hoje a informação chega no minutoseguinte, fria e específica.

Na minha opinião isso não é muito legalporque não se tem contatos paralelos.

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O Pelé era um gênio, mas treinava2 horas por dia. Ana Botafogo(1ª bailarina do Municipal)ensaiava 6 horas por dia.

O que quero dizer é que o talentoe a vocação nascem com oartista, mas é preciso

aprimorar, treinando edesenhando; se possível,todos os dias.

Filme: Alien, o Oitavo PassageiroLivro: Oblagon (Syo Mead)Cidade: ParisArtistas: Masao Saito / Drew StruzanMuseu: Louvre

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OLIVEIRA

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Agradeço por esta oportunidade de refletirsobre o meu trabalho e, dentro das minhaslimitações, sobre a arte de ilustrar. Tudo quevou responder ao longo destas perguntas sãovisões pessoais.

Não tenho a pretensão de nortear ou definirnada, apenas vou relatar a minha verdadepessoal. Uma experiência que pode sertransferível ou não, para as outras pessoas,principalmente os jovens ilustradores.

Diria que as maiores influências sobre meutrabalho são oriundas basicamente de trêsfontes: literatura, pintura e o cinema deanimação.

Sempre tive um grande interesse pela palavrae pela leitura. Acho o ato ler fundamental naformação de um ilustrador. Esta relação entrea palavra e a imagem sedimenta o nossotrabalho, e, justamente esta intimidade como texto, advém da leitura.

Nós também, como ilustradores, fazemos umtexto – ilustrar é um gênero de literatura.

O que os escritores dizem com as palavras,nós expressamos por meio de linhas, texturase cores. Considero o ilustrador um escritor,um narrador pela a imagem.

A outra influência foi sem dúvida a pintura.Quando bem novo, eu queria ser pintor, e, naverdade, até hoje me considero um pintor. Umpintor das palavras.

A pintura, e também incluo neste fundamentoo desenho, estas duas linguagens sedimentamo nosso ofício de ilustrar.

No meu caso particular, o cinema de animação– principalmente o desenho animado – exerceuuma grande influência no meu trabalho.

Foi ele que me trouxe e me revelou às artesgráficas, ao design e ao cartaz do leste europeupor exemplo, de grande importância na minhaformação.

ilustrador Rui de Oliveiratem uma longa carreira de importantestrabalhos, sempre premiados.

É dele, por exemplo, a direção de arte daabertura das primeiras versões do Sítio do

Pica-Pau Amarelo, no período em quetrabalhou na Rede Globo, criando aberturasde novelas. Depois transferiu-se para a TVEducativa/RJ, continuando seu trabalho dedireção de arte na criação de aberturas evinhetas, onde atuou até 1983.

Trabalha também como animador, trabalhodesenvolvido no período em que morou emBudapeste-Hungria, onde também estudou

ilustração por 6 anos.

Mas seu principal trabalho tem sido mesmoa ilustração editorial, onde já ilustrou maisde 100 livros e projetou mais de 400 capaspara as principais editoras do Brasil,ganhando vários prêmios nacionais einternacionais.

É também professor, há 25 anos, no cursode Desenho Industrial da Escola de BelasArtes na Universidade Federal do Rio deJaneiro, e autor do livro "Pelos JardinsBoboli".

I N F L U Ê N C I A S

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A minha carreira de ilustrador – desde seuinício – tem sido direcionada para livro, sejacomo designer, ilustrador ou capista, sendoque nos últimos anos não tenho feito maiscapas; somente dos livros que ilustro.

Portanto, a minha experiência com o chamadomercado de trabalho teve sempre estacaracterística: a relação entre literatura eimagem.

É o que gosto de fazer. E a minha resposta

abrangerá mais este segmento de nossaatividade profissional.

Nunca trabalhei para a publicidade, não porpreconceito, mas pelo fato de não ter vocaçãonem prazer para tal, mesmo para outrosgêneros de ilustração, como a caricatura e ocartum, que não foram significativos emminha carreira.

Eu gostaria de explicar um pouco daimportância que vejo na leitura, e de minhaopção pelos livros.

Acredito que o futuro já é realidade em nossos dias. Refiro-me ao uso da ilustração na indústria do audiovisual.

As possibilidades do desenho e da ilustração no universo docinema, TV e games são realmente infinitas.

E, neste imenso campo onde podemos atuar, eu destacaria,entre outros, o desenho de produção, projeto de storyboards,direção de arte, aberturas e vinhetas de TV, apresentação(genéricos) de filmes, criação gráfica para modelagem eanimação em 3D.

Em outras palavras, as variantes de nosso trabalho abrangemdesde as ilustrações e visualizações de cenas, realizadaspor Alan Lee para os filmes sobre a obra de Tolkien, até acriação de personagem, como o hilariante Sid do longa deanimação A Era do Gelo, criado pelos traços do ilustradorPeter de Seve, para depois ser modelado em 3D.

Mesmo considerando qualquer tipo de mídia digital, tudo seorigina de um desenho ou de uma ilustração.

O suporte pode ser uma simples folha de papel e a utilizaçãode técnicas tradicionais, caso seja da vontade do artista, ouentão por meio dos infinitos recursos da ilustração digital.

Mesmo sabendo que apenas 25% dapopulação brasileira são capazes de dominara escrita, e que 68% da população brasileira,entre 15 e 64, são atingidos pelo chamadoanalfabetismo funcional, mesmo assim,o livro é uma realidade industrial em nossopaís.

E esta indústria exige uma enormequantidade de mão-de-obra especializada,não só no campo artístico, mas no técnicotambém.

Um profissional que vai inicialmente manusear

a nossa ilustração, e isto se estende a outrostipos de publicações, deve possuir, além deconhecimentos técnicos da impressão digital,por exemplo, um mínimo de iniciação artísticae cultural.

Resumindo: apesar de todas as nossascarências no universo da cultura e daeducação, o livro, além de permitir vastocampo de experiências estéticas, é em nossosdias uma real possibilidade de sobrevivênciaprofissional e até mesmo de auto-expressão,tanto para designers, capistas, projetistasde letterings e ilustradores.

O F U T U R O

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VEIRA Grande parte dos ilustradores de livros trabalha

a preço fixo, ou seja, por página simples oudupla.

Sem contar a capa e quarta capa, vinhetas,iluminuras e lettering do livro. Frequentementeo ilustrador é muito mais conhecido e temuma obra muito mais extensa e expressiva doque o escritor.

Mesmo assim, o escritor é sempre considerado

o autor.

Este fato é mais agravante quando é o casode um picture book. Ou seja, um livro comlegendas; e a maior parte da página é ilustrada.

Pessoalmente, não concordo com a exigênciade alguns ilustradores de uma porcentagemnos 10% do preço de capa que pertencemao escritor, mesmo sendo um livropredominantemente de imagens.

Os escritores conseguiram esta porcentagempor meio do prestígio da classe, tradição ouluta sindical.

Caso o escritor queira dar algumaporcentagem ao ilustrador, isto é uma questãopessoal dele.

Ele deve solicitar esta porcentagem ao editor,e não retirá-la do escritor.

Sem dúvida, seria muito justo que o ilustradortivesse direitos autorais nas novas ediçõesdo livro que ilustrou.

É muito comum acontecer que o melhor dolivro são as imagens, e foi por meio delasque ele alcançou o sucesso. Porém, cabe aosilustradores lutarem por esta legítimaconquista.

Isto também se estende às tabelas de preços,que são absolutamente irreais, elaboradas apartir do que poderia ser, ou de um segmentorico do mercado.

Quem faz o preço de seu trabalho é o artista,é a qualidade de seu trabalho; isto independese ele é jovem ilustrador ou não.

Tabela de preços é no máximo uma referência,um pálido balizamento.

A origem de todos estes impasses, preços edireitos autorais, muitas vezes não é citadapara não criar constrangimentos.

Uma das origens, talvez a mais grave, é aproliferação escabrosa e irresponsável decursos de design, principalmente dentro de

universidades particulares – alguém osoficializa, e estes são os culpados, sem contaros cursinhos de ilustração.

Tudo isso motivou uma vulgarização e umaoferta muito grande de ilustradores.

Esta é a verdade que deve ser dita. Semcontar os cursos de “ilustração e quadrinhosMangás” – gênero e estilo de imagemtotalmente medíocres, al ienantes edesprezíveis, e não vou perder tempo emcomentá-los.

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Sempre lembrando que estou centrandomuito as minhas respostas na ilustraçãoeditorial, dando ênfase ao livro.

Sou muito otimista com a atual ilustraçãobrasileira.

O recente catálogo da SIB, comprofissionais que trabalham com aliteratura infantil e juvenil, vem provaristo.

A nossa ilustração já possui um níveltécnico e criativo que pode ser colocadoem qualquer evento deste gênero de arteno mundo, apesar de todos estesproblemas a que me referi na respostaanterior.

O Brasil é o país do impossível.

A formação cultural de um ilustradoré fundamental. Logicamente que isto épertinente para qualquer outra profissão.

No caso de um contador de histórias visuais,como é o nosso ofício, é impossíveldesconhecer a história da arte, por exemplo.

Conhecer bem os estilos artísticos,as técnicas básicas da pintura, o domíniodo desenho e da anatomia, enfim,da representação figurativa, bem comoas novas tecnologias digitais.

Isso sem contar o conhecimento quedevemos ter sobre arquitetura, indumentáriae mobiliário.

Frequentemente estamos diante deproblemas de época para resolver.

Todo i lustrador deve possuirum arquivo de referências muitobem montado.

Somos autores e responsáveis peloque desenhamos.

A cultura do ilustrador é necessáriapelo fato de a ilustração trabalharem dois campos distintos doconhecimento: o primeiro é o

factual, que poderíamos chamar deobservação.

O segundo é a imaginação.

É desta dialética que surge o nossotrabalho, ou seja, entre o que éreal e o imaginário.

A cultura alimenta tanto a narraçãoquanto a descrição.

Sem a harmonia entre estes dois níveisde conhecimento, a ilustração perdea sua força no imaginário das pessoas.

Esta harmonia, esta ligação entreo ver e o imaginar é dada pelacultura do ilustrador.

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Filme/Livro: é uma pergunta difícil e muitoextensa para responder.

Falando de modo geral, eu diria que o estudoe a leitura do cinema mudo, por exemplo,na obra de expressionistas alemães comoFritz Lang, Pabst e Murnau, são importantesna formação do olhar do ilustrador.

O cinema mudo, do ponto de vista conceitual,é mais significativo para arte de ilustrar doque o cinema falado. Claro que isto não éuma leitura radical.

Artista: os filmes do período em preto ebranco de Igmar Bergman são, do mesmomodo, importantes em nossa formação, eno entanto utilizam a palavra.

Cidade: muitas cidades me impressionaramna Europa; aqui no Brasil também.

Fiz agora em 2008 uma retrospectiva demeus trabalhos no Equador.

Fiquei encantado com o chamado CentroHistórico de Quito.

* “Por meio da Revista Ilustrar saúdo e celebro a todos aqueles - deontem e de hoje - que amam a arte de ilustrar e a praticam com

paixão e honestidade”.

Museu: quanto a museus tive a oportunidade

de ver muita coisa bonita e necessária paraa formação de um artista.

Estudei 6 anos na Europa e um museu quesempre me ocorre, e que visitei em diferentesfases da minha da vida, é o Museu Pitti, emFlorença.

O livro que escrevi sobre ilustração é umahomenagem também a esta memória, maisprecisamente ao jardim maneirista, que ficaatrás do museu, chamado de Jardins Boboli.

Diante de tudo o que vi e vivi, acredito –modestamente – que poderia dizer muitascoisas aos jovens ilustradores.

Este tem sido o meu trabalho, a minhaintenção ao longo de 25 anos lecionando noCurso de Desenho Industrial da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro.

Algumas palavras são simples e simbólicas:trabalhar, estudar, perseverar e acima detudo acreditar em si mesmo. Isto é o melhorque eu poderia dizer.

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KAKO 2008

Nesta edição especial sobre os “Grandes Mestres” não podia ficar defora um dos ilustradores brasileirosde maior sucesso e mais importantesdo momento: Kako.

Com um talento único e estiloinconfundível, apesar de jovem, temconquistado rapidamente umimportante espaço no mercado deilustração, tanto nacional quantointernacional, devido ao seu talento,inteligência, carisma eprofissionalismo.

O resultado tem vindo na forma dereconhecimento profissional;merecido.

Começou em 2007, sendo selecionadopara o importante anuário Luerzer'sArchive Special "200 Best IllustratorsWorldwide 07/08”, com 10 ilustrações

– coisa inédita mesmo para oLuerzer’s.

Já em 2008, a ilustração “Chave/OProcesso” (ao lado), criada por Kakopara a agência Almap BBDO para umacampanha da Editora Companhia dasLetras, acabou ganhando Leão deOuro em Cannes 2008, além de Ourona categoria Impressos do festivalargentino de publicidade El Ojo deIberoamérica.

No mesmo período Kako tambémpassou a ser colaborador da RevistaPlayboy americana, participou de umaexposição em Londres sobre cartazesde cinema, além de ter sido

selecionado para a edição 51 doprestigiado anuário Society of Illustrators of New York, em duascategorias.

Tudo isso sem falar nas suascontribuições mais que especiais pelodesenvolvimento da ilustração nomercado brasileiro. Grande Kako.

www.kakofonia.com© Kako

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Prontuário 666 - Os anos de Cárcere deZé do Caixão

Zé do Caixão é um dos personagens maisfamosos e assustadores do cinema de terrordo mundo, e Prontuário 666 é a história emquadrinhos que precede o filme Encarnaçãodo Demônio, que estrou em agosto de 2008,

com distribuição da Fox Filmes.

Com o traço sombrio de Samuel Casal,Prontuário 666 atualiza o personagem e criauma nova forma de terror em quadrinhos.

À venda na Conrad: www.lojaconrad.com.br

DICA DE LIVRO 1

DICA DE LIVRO 3

O catálogo é o primeiro da série"Ilustradores SIB", criada pela Sociedadesdos Ilustradores do Brasile editada emparceria com a 2AB Editora.

Vencedores do Prêmio Jabuti e artistas"Altamente Recomendados" pela FNLIJdividem espaço nesta caprichadíssimaedição, onde 40 dos mais talentososilustradores brasileiros da atualidade

desfilam técnicas e estilos diversos,enquantoapresentam seus melhoresprojetos criados especialmente para omercado de literatura infantil e juvenil.

Referência obrigatória para quem querconhecer o que se faz de melhor no Brasilem termos de ilustração infantil.

À venda somente na www.2ab.com.br

A Editora Belas Artes está lançando uma coleçãode livros infantis sobre os grandes times de futebol,

começando pelo Flamengo.

Escrito por Gabriel, o Pensador, e ilustrado porMario Alberto (dois grandes flamenguistas), olivro “Meu Pequeno Rubro-Negro” vale pelocapricho e pela qualidade gráfica, além de ser olivro infantil oficial do Mengão.

Indicados para flamenguistas e outros torcedores.À venda nas melhores livrarias.

www.meutimedocoracao.com.br

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DICA DE LIVRO 5

A Editora Dimensão lançou recentementeuma coleção de 6 livros infantis, todosilustrados por diferentes artistas, entreeles Flávio Fargas, que ilustra o título

 “Toca de Gente, Casa de Bicho”.

À venda nas livrarias.

DICA DE LIVRO 2

DICA DE LIVRO 6

Já está disponível a Revista Sacapuntas nº 19.

Para os que ainda não conhecem, a Sacapuntasé a parente argentina da Revista Ilustrar,produzida pela Asociacion de Dibujantes deArgentina. É de graça - e é imperdível:

www.a-d-a.com.ar

De tempos em tempos surge no Brasil alguma revistade humor que acaba marcando época, como a revistaMad, Chiclete com Banana, etc.

Agora é a vez da revista Mundo Canibal ocupar esseespaço que estava meio vazio já há algum tempo.

Criado pelo mesmo pessoal do site Mundo Canibal(entre eles, o ilustrador Rogério Vilela, da Fábrica

de Quadrinhos), a revista é um escracho só,detonando com tudo e com todos, sendo quase umaextensão das maluquices do site e do programa derádio.

À venda nas bancas ou na Editora Mythos.

www.mythoseditora.com.br

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• GUIA DO ILUSTRADOR - Guia de Orientação Profissional

• ILUSTRAGRUPO - Fórum de Ilustradores do Brasil

• SIB - Sociedade dos Ilustradores do Brasil

• ACB / HQMIX - Associação dos Cartunistas do Brasil / Troféu HQMIX 

• ABIPRO - Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais

• AEILIJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil

• ADG / Brasil - Associação dos Designers Gráficos / Brasil

• ABRAWEB - Associação Brasileira de Web Designers

• CCSP - Clube de Criação de São Paulo

www.guiadoilustrador.com.br

http://br.groups.yahoo.com/group/ilustragrupo

www.sib.org.br

www.hqmix.com.br

http://abipro.org

www.aeilij.org.br

www.adg.org.br

www.abraweb.com.br

Aqui encontrará o contato da maior parte das agências de publicidadede São Paulo, além de muita notícia sobre publicidade.www.ccsp.com.br