revista ilustrar 10

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desenho, pintura, ilustração

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qui estamos novamente com mais uma edição daRevista Ilustrar pronta, e com mais novidades.

Desta vez a revista traz a participação exclusiva de alguns grandesprofissionais do mercado nacional e internacional.

Começamos com o desenho gráfico de Clayton Junior (Portfolio) quetrabalha em Londres; os sketches sensacionais de André Toma(Sketchbook); a surpreendente história do ilustrador e pesquisadorMiécio Caffé (Memória); o trabalho de concept art de Eduardo Schaal(Step by Step) que trabalha em Bristol; uma entrevista brilhante como veterano Roberto Negreiros (15 perguntas); e na sessão internacional,o ilustrador mexicano Sergio Martinez.

Mas existe outra novidade: na última página da revista existe apossibilidade de se ganhar uma tablet Wacom Intuos 4, novidade nomercado e que trazemos através de um concurso para a produção dacapa da próxima edição nº 11 da revista.

Alguém se habilita? :o)

Dia 1 de Julho tem mais... e também um vencedor do concurso.

DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ARTE-FINAL: Ricardo Antunes [email protected]

DIREÇÃO DE ARTE: Neno Dutra - [email protected] Ricardo Antunes - [email protected]

REDAÇÃO: Ricardo Antunes - [email protected]

REVISÃO: Helena Jansen - [email protected]

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

José Alberto Lovetro (Miécio Caffé) - [email protected]

ILUSTRAÇÃO DE CAPA: Sergio Martinez - [email protected]

PUBLICIDADE: [email protected]

DIREITOS DE REPRODUÇÃO: Esta revista pode ser copiada, impressa, publicada, postada,distribuída e divulgada livremente, desde que seja na íntegra, gratuitamente, sem qualquer alteração,edição, revisão ou cortes, juntamente com os créditos aos autores e co-autores.

Os direitos de todas as imagens pertencem aos respectivos ilustradores de cada seção.

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• EDITORIAL ......................................................................... 2

• PORTFOLIO: Clayton Junior .................................................. 5

• INTERNACIONAL: Sergio Martines ...................................... 11

• SKETCHBOOK: André Toma ................................................. 18

• MEMÓRIA: Miécio Caffé ......................................................... 24

• STEP BY STEP: Eduardo Schaal ........................................... 28

• 15 PERGUNTAS PARA: Roberto Negreiros ......................... 34

• CURTAS ............................................................................... 42

• LINKS DE IMPORTÂNCIA ............................................ 43

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aído de Curitiba, no estado doParaná, o ilustrador e roqueiro Clayton Junior

construiu uma trajetória marcada pelo desenhográfico, estilizado e moderno, atuando na área

editorial e para a indústria da música.

Ainda em Curitiba chegou a estudar com o grandeClaudio Seto, e com o desenvolvimentoda carreira, em 1999 se transferiu para

São Paulo e depois para a Inglaterra,onde reside desde 2007.

A oportunidade surgiu com a possibilidadede estudar em Londres, e com ela também

a oportunidade de morar e trabalhar.

Além do trabalho como ilustrador, temparticipado de muitas exposições em váriospaíses e com obras publicadas em diversasrevistas no exterior, como os Estados Unidos,Canadá, Alemanha, Polônia e outros, além

da própria Inglaterra.

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Eu cresci rodeado por revistas em quadrinhosdo meu pai - Tio Patinhas, Henfil, Ziraldo. Naadolescência frequentei cursos livres dedesenho no Solar do Barão, onde tem aGibiteca de Curitiba.

Meu primeiro professor foi o Cláudio Seto,e fiz vários amigos que são ilustradores atéhoje. Falávamos tanta besteira que até doíaa barriga.

Depois fiz escola técnica de desenho industrialno Cefet-PR, que era bastante puxado, voltadopra desenho mecânico, técnico, etc. Só leveiferro, mas depois de anos vi que serviu praalguma coisa tanta geometria.

Me realizei quando entrei no curso superiorde gravura, na Escola de Música e Belas Artesdo Paraná, onde conheci arte moderna, artecontemporânea.

E a gravura na prática: xilogravura,monotipia, gravura em metal. Mas nãocheguei a me formar.

Em 99 ganhei o Concurso Folha de Ilustração,e decidi então fazer as malas pra São Paulo.Fiz uma animação pra MTV e fui chamadopra trabalhar lá.

Fiz vestibular de novo e comecei a estudarArtes Plásticas na USP. Tive que largar otrabalho por causa da faculdade, mascontinuei fazendo trabalhos pro canal, projornal e para várias revistas.

Começou então, em 2000, minha vida deilustrador freelance. E de lá pra cá, a coisafoi assim, bem corrida, felizmente. Me formeiem 2003, e em todo esse tempo mantive aSuite Minimal, banda de rock instrumentalque operava no eixo Curitiba-SP.

Acho que quanto mais coisa se faz, maistempo você acha pra fazer as coisas.

M U D A N Ç A P A R AA I N G L A T E R R A

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Vim para Londres em 2007, por conta deuma bolsa de estudos do Programa Alban,que é destinada ao aprimoramentoprofissional de latino-americanos.

Numa cidade como Londres, só a bolsanão era suficiente pra cobrir os custos,mas sem ela seria impossível.

Existem outras bolsas por aí, esperandoquem tiver vontade e muita paciência noprocesso.

Pesquisei durante anos por uma que seadequasse à minha área, e levei maisde um ano no processo de atribuição.Mas valeu a pena.

Escolhi a Inglaterra por ser um país comuma longa tradição de ilustração no meio

acadêmico. O mestrado em ilustraçãona Camberwell College of Arts existehá décadas.

E Camberwell me interessou desde o iníciopor ser parte da Universidade de Artesde Londres, com várias escolas diferentesna cidade e, consequentemente, váriasbibliotecas maravilhosas, onde passeibastante tempo do meu curso.

E a cidade em si é muito inspiradora,com artistas em todo canto, gente fazendoe pensando todo tipo de arte.

A comida inglesa e o clima londrinodeixam a desejar, mesmo pra quemveio de Curitiba.

Mas por conta de todo tipo de imigrante,come-se muito bem, e tudo que a cidadeoferece faz você esquecer que existe verãoem algum lugar do planeta. Eu tento nãopensar a respeito.

O M E R C A D OD E D E S E N H OG R Á F I C O

O G R A F I S M OC O M O F O R M AD E E X P R E S S Ã O

C U L T U R A G R Á F I C AB R A S I L / I N G L A T E R R A

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R Por conta da revolução industrial, a culturagráfica inglesa se desenvolveu bastante eé hoje em dia é um universo imenso.

Desde aquela época se construiu umatradição muito forte de artistas comerciais,de ensino de ofícios, e eles têm uma classeprofissional de ilustradores muito bemconstituída.

Existe a coisa de se passar o conhecimentode uma geração para a outra. A estéticaVitoriana, surgida em meados do século19, tinha o ilustrador e o designer gráficona linha de frente; deixou resquícios atéhoje, na obra de Edward Bawden, David

Gentleman, e é um estilo reconhecidocomo inglês.

O movimento Artes e Ofícios (Arts andCrafts) foi ainda mais fundo, quando odesigner/ilustrador/escritor William Morrise seus comparsas propuseram umaverdadeira revolução estética e industrialatravés do design, inspirando outrosmovimentos, como por exemplo a Bauhaus.

Eles criaram peças maravilhosas de designimpresso, além de móveis, edifícios eobjetos - e tinham como princípio avalorização do artista/artesão na sociedademoderna.

Tiveram uma grande relevância no caminhoque as coisas tomaram por lá.

Não seria verdade dizer quea cultura gráfica no Brasil émais fraca, mas com certezaa ilustração como ofício é algobem mais recente e ainda nãotão organizado.

Enquanto na Inglaterravocê encontra alguém cujoavô era ilustrador, comcarteira assinada e tudo,no Brasil você fala duasvezes o nome da profissãoporque um monte de gentenão sabe do que se trata.

E no Brasil se dá muitaatenção à novidade, e àsvezes se esquece o que sefez há algum tempo. Eu achouma pena, por exemplo,que pouca gente conheçao trabalho do Nássara, sópara citar um nome.

Museus de Artes Gráficas,centros de debate no assunto,bibliotecas especializadassão ainda raras no Brasile contribuiriam para umacultura gráfica mais presentee mais pensante, mais ativana sociedade.

Mas vejo que a coisa estámelhorando.

Grafismo, desenho gráfico,ilustração, pra mim é tudo expressão,é sensibilidade humana (ou falta de)colocada ao alcance dos olhosdos outros.

É como alguém que vai passar umamensagem visual pro mundo, mesmoque às vezes bem restrito.

O trabalho do grafista vai da poluiçãovisual até verdadeiras obras de arte.

A crítica fica a cargo de cada um,e acho necessário que se discutaa respeito.

Todo mundo - a sociedade e os artistas- só têm a ganhar.

Nunca foi tão fácil criar imagenscomo hoje em dia, comcomputadores, internet, todaessa informação e tudo mais.

Mas isso não quer dizer que omercado vai absorver tudo quese produz.

Acho que não tem fórmula prosucesso, mas se dedicar ao que segosta, desafiar as próprias limitações,estar atento às oportunidades é umjeito de evitar qualquer tempo ruimdo mercado.

Também é importante evitar o óbvio.As oportunidades estão escondidaspor aí, nem sempre dá pra acharalgo perquisando no Google.

Mas a verdade indigesta é que nadadisso serve se você não trabalharduro também, desenhar até darcalo na mão!

T E N D Ê N C I A SA R T Í S T I C A S

N A I L U S T R A Ç Ã O

Se fala muito em tendências, mas pra mimisso tem a ver mais com marketing do quecom ilustração em si.

Seguir tendências é coisa pra anunciante,pra investidor, que têm medo de confiarno próprio taco e acabar perdendo dinheiro.

O artista tem que ser o outro lado damoeda: não seguir tendência, e, sim,confiar no próprio gosto. Arte tem queser causa, não consequência.

É claro que todo artista tem um olho noque se anda fazendo por aí, nos seusartistas prediletos, e vai incorporar umaou outra coisa no seu trabalho.

Mas o trabalho bom vai ser o que ele buscadentro de si, não fora, na superfície.

E se for seguir o que tem recebido atençãohoje, vai notar que amanhã vai ser outracoisa que estará ali. A coisa boa é quea ilustração é e sempre foi um universocomplexo e heterogêneo.

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P U B L I C A Ç Õ E SE E X P O S I Ç Õ E S

Apesar de eu ter começado cedo comoilustrador, sempre coloquei meu bedelhoem outras mídias.

Desenvolvo um trabalho defotomontagem, que começou comcolagem, depois passou para alteraçõesdigitais em fotos antigas, que me rendeumuita coisa boa.

Fiz exposições em Curitiba, participei doXX Salão da Bahia, no Museu de ArteModerna da Bahia, fui premiado no

Prêmio Porto Seguro da Bahiade 2003, expus no MAM doRio, e em vários lugares.

Fiz uma exposição com minhaamiga Kadija de Paulo noCanadá, na XPace Gallery,durante a Contact (semanade fotografia de Toronto) e fizuns trabalhos semelhantes naWilson Road Gallery, galeriada Universidade de Artes de

Londres. Antes de zarpar para aInglaterra fiz uma instalação para umfestival no Museu da Imagem e do Somem São Paulo.

Em quadrinhos publicava no AlmanaqueEntropya, de Curitiba, capitaneado peloRHS, e em São Paulo participei daantologia Gunned Down, que foi publicadano Brasil e nos EUA.

Mês que vem vou participar de umaexposição de fanzines em Ediburgo, comuma publicaçãozinha de 30 exemplaresque fiz pra ocasião.

Enfim, tudo isso se faz mais pornecessidade interna e amor à arte doque por dinheiro. E acho importantemanter esse tipo de coisa sempre ematividade.

Nessas eu conheci muita gente legal,pude colaborar com grandes e bonsamigos, e sempre me dá pano pra mangapra fazer mais coisa depois. Exposição,fanzine, publicações alternativas - issodificilmente vai te deixar rico. Mas vaite deixar muito feliz.

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om sua origem na cidadede Orizaba, no México, seus estudos em Paris

e seus trabalhos para o mundo, o veteranoilustrador Sergio Martinez tem se notabilizado

por uma obra com um desenho cuidadoso euma técnica de pintura muito particular

desenvolvida por ele próprio, e explicada empormenor nessa entrevista.

Já há mais de 3 décadas tem trabalhado paraagências de publicidade e editoras da França,

Estados Unidos, Suíça, Inglaterra, Espanha,Brasil e países da América Central e do

Sul, além de uma concentração detrabalhos para a BBC de Londres.

Também tem tido váriasexposições pela Europa e México,

além de diversas exibições noSociety of Illustrators of NY.

VOCÊ TEVE INFLUÊNCIAS RADICALMENTE DIFERENTES,COM A ORIGEM NO MÉXICO E OS ESTUDOS EM PARIS.ENTRE A CULTURA LATINO-AMERICANA E A TRADIÇÃOEUROPÉIA, ONDE SE ENCONTRA O ARTISTA SERGIOMARTINEZ?

Na Europa, com uma forte ligação com osEstados Unidos, como é fácil de perceberno meu trabalho.

ACRESCENTANDO AINDA OS DIVERSOS PAÍSES DOMUNDO PARA OS QUAIS TEM TRABALHADO, SECONSIDERA UM CIDADÃO DO MUNDO?

eu sempre tive uma forte simpatia pelos"forasteiros".

Eu fui e sou como esses cachorrinhos que,em vez de latir aos estranhos, movemo rabo.

Simpatia por todas essas pessoas"diferentes" de quem eu tenho aprendidoe recebido admiração e respeito, comovocês no Brasil que se interessam peloque eu faço, como é o caso desta entrevistacom a Revista Ilustrar. Um forte abraço!Sim, acho que sou. Desde muito pequeno

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Pelo amor, pela admiração e pela imersãototal em suas culturas.

Quando eu cheguei, aos 22 anos, emParis, eu fiquei extasiado com a cidade.

Depois, fui acompanhar o ritmo da suahistória e dos costumes durante os 15anos seguintes.

Mais tarde me aconteceu quase o mesmoem Nova York, onde o feitiço continua...

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E COMO A CULTURA DESSES PAÍSES PODERIAINFLUENCIAR A SUA OBRA?

A literatura clássica européia. Tambémdesde a mitologia grega à Mil e UmaNoites, assim como a História Universal,com especial ênfase na cultura doOcidente.

MUITO DO SEU TRABALHO ESTÁ LIGADO DIRETA OUINDIRETAMENTE À LITERATURA. QUAL A LITERATURAQUE MAIS O TEM INFLUENCIADO?

Devo esclarecer a minha posição diantedo fato de ilustrar: ilustração é descrição.

E COMO VÊ A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM VISUALNA FORMA DE EXPRESSAR UM TEXTO?

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Eu trabalhava como ilustrador em Paris(1975) e um dia eu recebi de Genebra(Suíça) um folheto de alta qualidadepara ser ilustrado com minha técnicaa lápis.

O designer gráfico (Rene Bittel) tentavaconseguir um ar ou aspecto das antigaslitografias do século 19.

O conceito gráfico era "Tradição eDiscrição"; se tratava de um bancoprivado.

Comecei trabalhando sobre antigasprovas de impressão (tinham um efeito"granulado") que eu tratei de colorirà mão com ceras coloridas dissolvidasem aguarrás.

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VOCÊ TRABALHA BASICAMENTE COM MATERIALTRADICIONAL DE PINTURA, E ACABOU PORDESENVOLVER UMA TÉCNICA DE PINTURA MUITOPRÓPRIA. COMO ELA É FEITA?

Nunca fiquei satisfeito. Até que meocorreu desenhar sobre papel vegetalou "Vellum" ou "Papier Calque", cujatextura era similar ao da textura dapedra das litografias do século 19, e suatransparência me permitia trabalhar portrás do papel, dando cor à minha imagempor trás da folha do papel Vellum.

Em outras palavras, minha ilustraçãoficava como um desenho coloridodo século 19.

Eu gostei muito do resultado porquea minha linha ficava limpa e exibiaperfeitamente minha característicabásica como artista gráfico: o meuestilo de desenhar.

Pouco a pouco, este trabalhomarcou para sempre o meu estilocomo ilustrador.

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Enorme, estou sempre experimentando.Por ser autodidata, eu tive que aprendersozinho muitas coisas; entre outras,tentar ser o melhor, caso contrário,ninguém me daria trabalho.

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ENTÃO PARA CHEGAR NESSA TÉCNICA TEVE DEPERCORRER UM CAMINHO DE ERROS E ACERTOS,NÃO? QUAL A IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃONO SEU TRABALHO?

Muito importante. Por ser um estilo maisclássico, o nome do meu jogo é:realismo, composição atmosférica, e,muito importante, o claro escuro /autocontraste.

ALGO QUE É MUITO PRESENTE NAS SUAS OBRAS ÉO SENSO DE ILUMINAÇÃO, COM A LUZ ÀS VEZESACOLHEDORA, OUTRAS MAIS DRAMÁTICA. COMOVÊ A LUZ COMO ELEMENTO DOS SEUS TRABALHOS?

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É desenhar muito. Eu sou autodidata edesenho muito bem, apesar de não tertido um professor que me aconselhasse"Tem de ler muito..."

Ser um grande equilibrista não é produtode ler sem praticar, exercitar-se e cairmuitas vezes. O mesmo se aplica a quemquer fazer escultura.

O pensar como construir uma ilustraçãovem depois de aprender a ser um bomdesenhista e pintor.

Acredito que parte da confusão atual éconfundir o caminho evitando a únicaverdade: se você quer desenhar bem,então desenhe, desenhe, desenhe.

Não dê voltas no trabalho duro e criadorda prática cotidiana, refina suas curvas,seus contornos e sombras, e não deixe dever os outros artistas, não se dispersesomente pensando e lendo...

Desenhar bem não é um raciocínio,é uma prática.

COMO ARTISTA, QUAL A MAIOR DICA QUEPODERIA DAR?

Antes de saber muito do mundográfico brasileiro (muito respeitávelpara mim, em todos os sentidos!),tive recentemente a maravilhosaoportunidade de ilustrar 2 livros parao Brasil: "Oliver Twist", de CharlesDickens / para a Editora Scipione,e "Mercador de Veneza", de WilliamShakespeare / para a Editora DCL.

Embora não me tenha perguntado, devoconfessar que um velho sonho meu éacabar meus dias vivendo e ilustrandono Brasil!

POR FIM, TEM CONHECIMENTO DA PRODUÇÃODA ILUSTRAÇÃO NO BRASIL? INCLUSIVE VOCÊ JÁCHEGOU A TRABALHAR PARA O BRASIL...

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azendo um uso genial do grafite, o ilustrador André Toma tem se notabilizado

por um desenho muito expressivo e com soluçõesgráficas e de composição muito pessoais.

A sua ascendência oriental influencia na formacomo compõe suas imagens, em especial no uso

dos espaços brancos, tornando suas obras aomesmo tempo delicadas mas expressivas.

Relativamente novo no mercado, se formouem 1998 pela Escola Panamericana de Arte,

e a partir de 2004 começou a trabalharcomo ilustrador free lancer, atuando

em especial na área editorial.

Já colaborou com o jornal Folha deSão Paulo, Editora Abril, Editora

Moderna, Marvel e outros.

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"Desenho o tempo todoe em qualquer lugar, masconfesso que faço poucouso do sketchbook.

Tenho um aqui que vaidemorar um bom tempopara ter todas suas folhaspreenchidas.

Prefiro desenhar em folhasavulsas e de váriostamanhos."

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"Desses desenhosdescompromissados

dos sketches, além demelhorar o meu traço,

sempre aparecem ideiase criações interessantes.

Seja no caderno ouem folhas soltas,

o importante é"rabiscar" muito.

Sei que para meaprimorar preciso disso...

não existem atalhos."

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"Um astro do rock, umagrande cantora de jazzou um diretor de cinemaque curto...

Adoro desenhar pessoasque me inspirame influenciam dealguma forma."

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Trabalhou em agências de publicidadee, principalmente, em várias revistasda época, como o "Almanaque D'OPensador", "O Exibidor", "O Riso","Marmita", "Radar" e outras.

Foi nessa última revista que passoua ter contato com o pessoal da rádio,onde acabou ficando amigo de Aracyde Almeida, Orlando Silva, EmilinhaBorba e outros.

oje em dia o nome doilustrador e cartunista Miécio Caffé épouco falado, mas a sua importânciapara a cultura brasileira é inestimável.

Não só foi um importante ilustradorque retratou a época de ouroesporte, do teatro, do cinema

e da música brasileira, como foium dos maiores colecionadores

e pesquisadores da músicapopular brasileira, em especial

do período dos anos 30/50.

Da infância em que desenhava comcarvão nos muros da cidade de

Juazeiro do Norte, na Bahia, Miécioacabou atrerrando em São Pauloem 1947, onde começou por ser

cartunista, e mais tarde ilustrador,pintor e cartazista, capista

e produtor de discos.

Desenhou os cartazes do primeiro filmeda produtora cinematográfica Vera Cruz,o filme "Ângela", e trabalhou durantemuito anos para a EmpresaCinematográfica Paris Filmes, além defazer cartazes para vários teatros.

Durante 20 anos, entre 1938 e 1958,existiu as "Balas Futebol", que eramania entre a criançada, e foi Miécioquem desenhou todas as figurinhas.

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Também é dele as 280 aquarelas da série"História do Relógio" feitas em 1950, queficaram famosas na época.

Teve alguma dificuldade em receber opagamento do trabalho, mas no finalacabou por receber na forma de umapartamento, no qual morouo resto de sua vida.

Além do futebol,também ilustroue caricaturouas grandespersonalidades damúsica brasileira,que essa era agrande paixão;tão grande que apartir de 1967passou a ser capistae produtor de discos.

Dessa paixão acabougerando uma coleçãode discos tãoimportante que eraconstantementeconsultada pornomes como JoãoGilberto, ChicoBuarque,Toquinho, RuiGuerra ou aEditora Abril.

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Segundo a Revista Veja, não é exagerodizer que 80% de todos os trabalhos depesquisa sobre a música popular brasileiraeditados em discos e livros por todo o Brasilpassaram pelas mãos de Miécio.

Sua coleção era enorme e cheia deraridades, com mais de 15.000 discosproduzidos no Brasil (a maioria em 78rotações), que vão desde a introduçãoda fase mecânica de gravação, em 1927,até surgir o LP.

Contava também com 111 fitas cassete e143 fitas de carretel, contendo 683 horasde gravação de depoimentos de músicose compositores da MPB.

Por incrível que pareça, um parte dessacoleção foi conseguida no lixo, na épocaem que as gravadoras americanascompraram as brasileiras e simplesmentejogaram fora as matrizes de gravações degrandes nomes da música nacional.

Sozinho, o acervo de Miécio superava, emmuito, tanto em qualidade como emquantidade, o acervo do mais importantemuseu do gênero no país, o MIS - Museuda Imagem e do Som, de São Paulo.

O destino dessa coleção toda não podiater sido outro: apesar da raridade e dovalor impossível de se calcular, Miécioacabou por doar todo o acervo para o MIS,em abril de 1989.

É a coleção dele que hoje é consultada nomuseu, sempre que é preciso informaçõessobre a MPB daquela época.

Na altura da doação, ele e a mulhertambém acabaram sendo contratados paracuidar do enorme acervo, já que elessabiam como tirar chiados e fazer a difícilmanutenção das raridades.

No entanto, Miécio se sentiu sempredesiludido com o destino de seu acervono MIS, que segundo ele, foi tratadocom descaso e pouco aproveitado parareedições, assim como as dezenas decaricaturas de sua autoria que não foramdevolvidas após serem selecionadas parao livro "Cantores do Rádio", que não chegoua ser editado.

Acabou por falecer em 11 de março de2003 aos 82 anos de idade, na PraiaGrande, litoral de São Paulo, em decorrênciado Mal de Alzheimer.

Sua marca registrada acabou sendo a suaassinatura, uma simples xícara de cafécom uma letra F em cima.

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om sua segundaparticipação na Revista Ilustrar,Eduardo Schaal hoje é um dos maisconceituados ilustradores brasileirosem atividade, atuando na área dedireção de arte de efeitos visuais,motion graphics e animação parafilmes, 3D e concept art.

Residindo em Bristol, na Inglaterra,trabalha para a produtora 422 South,produzindo anúncios de tv paradiferentes países e documentários,em especial para o NationalGeographic Channel, BBC eHistory Channel.

O trabalho mostrado neste incrívelpasso a passo é um concept art feitona produtora onde Schaal trabalha,utilizado para um anúncio de cervejapara a Rússia, e feito usando 3De Photoshop.

Neste step by step, vou mostrar comoproduzi uma ilustração que foi utilizadapara conceituar uma cena de um comercialde cerveja, todo produzido em CG 3D, quefizemos aqui no estúdio da 422 South, emBristol, Inglaterra, para um cliente emMoscou, Rússia.

A ideia do comercial, criado pela agênciarussa, é mostrar um minsubmarinocanadense que em um mergulho rotineirode pesquisa no Ártico, localiza um galeãoespanhol afundado que virou um bar paraque os russos, em seus minisubs,consumam sua cervejinha predileta.

A cena chave do filme visa mostrar osminisubs russos “estacionados” ao ladodo “galeão-bar”.

O objetivos da ilustração conceitual forammostrar um possível design de galeão, oângulo de câmera, o clima e iluminaçãosubmarinas e a relação de escala entre osminisubs e o navio afundado.

Por motivos de cronograma e orçamento,em vez de conceber um galeão inteiropartindo do zero, decidimos trabalhar sobreum modelo 3D que já tínhamos nabiblioteca e pintar o conceito de um navioafundado sobre ele.

Com o navio da biblioteca em mãos eumontei uma cena no Maya (software 3D)com modelos poligonais bem simples quefiz para referenciar o volume e a escalade rochas e dos minisubs.

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A partir da cenailuminada, com umaluz direta e uma luzambiente, eu gerei umrender de 1600 por1200 pixels que foia minha base paracomeçar a pintar a cena.

Uma vez que o underpaint tenha ficadode um jeito que acho razoável eu uso ocomando “merge layers” e começo apintura propriamente dita.

Antes de sair derretendo a tablet por tantaspinceladas sobrepostas, duas coisas têm queser feitas.

A primeira é uma pesquisa; lá vou eu aoGoogle buscar fotos de fundo do mar e naviosafundados para ver clima, texturas, tonse luzes. Nesta fase de pesquisa, já vemuma decisão de direção de arte e um toquede bom senso.

É o mar do Ártico, frio e escuro, apredominância de cores é azul-marinho everde-musgo, ou seja, já descartamos aítodas as fotos que seriam lindas referências

para “Procurando Nemo", pois muito poucode cores vivas serão vistas.

Nesse meio tempo, recebo uma informaçãoda agência de que na Rússia não é permitidaa inclusão de seres vivos de espécie algumaem comercial de cerveja, ou seja, nada depeixes (bye bye Nemo) e nem ao menossereias e monstros marinhos escondidosno fundo do mar.

Feita a pesquisa, a segunda coisa antes decomeçar a pintar é ampliar a arte para umpouco mais do dobro de resolução; no caso3600 por 2700 pixels (9.72 megapixels),tamanho confortável para poder pintar detalhessem acabar com a memória da máquina etambém uma resolução suficiente para imprimircom uma qualidade bem aceitável para avisualização (imprime em A3 a 220 dpi).

A partir deste ponto o meu processo ficamuito semelhante a uma pintura tradicional.A primeira parte seria produzir um“underpaint”, uma camada semitransparentede cores, tons e texturas que sujariam eentonariam a cena. Para isso, o bom e velho“new layer” em modo multiply, onde eu

aplico pinceladas com brushes texturizadosem seleções "hard edge" quase aleatórias,criando padrões interessantes por toda acena. Essa fase é bem solta mas muitoimportante, porque muito dela fica presentena pintura final e o tom geral da paleta édefinido aqui.

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Nesta fase eu normalmente pinto sobre ounderpaint, sem dó nem piedade, voucobrindo tudo com 3 tipos de pincel, 2 deleshard-edge 90% 0pacity e 40% flow, sendoum bem largo (de 40 a 120 pixels), paraáreas grandes, e um pequeno variando entre5 e 15 pixels, para rabiscar linhas e pintardetalhes e um terceiro pincel texturizadoque uso entre 30 a 400 pixels para todos

os efeitos de musgo, texturas de rochas etc.

Tudo isso faço num único layer, como sefosse tinta acrílica sobre papel. O uso demáscaras e seleções fica para definir certasbordas duras, como nas pedras, e issoacontece de maneira bem solta, “rabiscando”a ferramenta de seleção “lasso” sobre aárea que quero pintar.

Uma vez o navioe as rochasestando maisdefinidos vemuma fase bemdivertida, a decriar os efeitosde luzes – no caso,as luzes que vêmdo sol, de forada água, criandoefeitos cáusticosno topo da cena eas luzes internasdo Galeão-Bar.

Para as luzes do sol, criei um novo layer emmodo Linear Dodge – aditivo que adicionaluminosidade e contraste a todos os pixelsque estão sob ele.

A cor preta nesse modo é 100% transparentee sem efeito nenhum, mas todos os tonsacima do preto criam um efeito luminoso.Uma seleção feita com "lasso" e "feather",

de cerca de 30 pixels para suavizar as bordas,e um brush suave de 800 pixels, com tonsclaros de azul, são suficientes para os raios.

Já para a água refletida no meio da luz,um layer em modo normal com pinceladasde branco e azul médio, distorcidos comfiltro "Ripple" e mais algumas texturascumprem o serviço

As luzes do galeão são feitas num outro layer em modo Linear Dodge com pinceladasde amarelo e laranja, onde fui pintando também a interação das fontes de luz coma forma do barco.

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Luzes prontas, hora de definir os minisubs.Eu já tinha feito esboços de design dossubmarinos, então a ideia era só definir quemera quem na cena e comecar a pintar sobrea referência do 3D.

Os 3 minisubs foram pintados em um únicolayer em modo normal e um outro layer em

modo Linear Dodge foi utilizado para osefeitos de luzes spot.

Chegando perto do final. A imagem poderiaficar como está, mas dois discretos elementosajudam a vender a cena como submarinae eles são as sensacionais bolhas de ar eos incríveis reflexos cáusticos.

Para as bolhas, criei um Bubble Brush, quenada mais é do que um desenho capturadocomo brush e aplicado com scattering (paraespalhar as bolhas) e angle jitter (pararotacionar as bolhas), ambos controladospela pressão da caneta da Wacom – e comesses parâmetros ligados eu pintei as váriaspequenas bolhas num novo layer em modonormal.

Já para o caustic, eu tinha um padrão prontona minha biblioteca, que fui clonando edistorcendo sobre a imagem num layer emmodo SoftLight (até que enfim um diferente).

Nesse modo, o cinza 50% é totalmentetransparente e somente os tons abaixo eacima deste cinza são visíveis, e o SoftLightnão altera radicalmente o contraste dos pixelssob ele, como o Linear Dodge faz.

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O resultado final, incluindo um layer deajuste de Levels geral e mantendo gruposde layers para controlar os efeitos e separaros minisubs.

A versão final para o cliente ainda incluiuuma integração do logo da cerveja comoum luminoso do bar.

Ferramentas: Computador (Mac ou PC),Wacom tablet, Maya (ou programa 3Dsemelhante), Photoshop (ou programade pintura com layers).

Tempo estimado: cerca de 10 horasde trabalho.

O desenho da dedicatória foi feito comos mesmos brushes da cena do navio.

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m dos ilustradoresveteranos mais conhecidos e respeitados

do mercado, Roberto Negreiros temum desenho inconfundível, tanto pelo

traço solto e expressivo como pelasfiguras e tipos que cria.

Tendo colaborado com quase todas asgrande revistas e jornais do Brasil,

Negreiros também tem um históricode vida incrível, onde encontrou ao

longo de sua vasta carreira várias dasgrandes figuras históricas da

comunicação nacional.

Sua vida e suas experiências sãocompartilhadas aqui, sempre

pontuadas por humor refinado -marca típica também de suas

próprias ilustrações.

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NEGREIROS, VOCÊ JÁCOMENTOU QUE NAINFÂNCIA TINHA UM

IMPULSO QUASE OBSESSIVOEM DESENHAR, DESENHANDO

SEMPRE EM QUALQUER LUGAR. HOJE, AOS54 ANOS, ESSE IMPULSO AINDA EXISTE?

Eu desenho desde que me conheço porgente, ou até mesmo antes disso.Soube recentemente, pela minha mãe,de uma história muito estranha: minhaavó, uma bela e delicada italiana deSalerno, levou uma amiga para conhecero seu neto recém-nascido e, segundocontam, assim que esta mulher me viuno colo da minha mãe, disse: “- A senhoranão sabe, mas tem nos braços um artistamuito, muito antigo”!

Fato é que a vocação começou a semanifestar muito antes de qualquer coisa,quase mesmo antes de falar (e que nuncamais parei nenhuma das duas). Não haviapapel que “vencesse” na casa... papel de

pão, de embrulho... já que comprarcadernos era uma luta inglória e demasiadamente dispendiosa.

E quando tudo faltava, era com giz nochão que eu dava vazão à compulsão(uma experiência que “revisitei” demaneira muito menos agradável, numtrabalho para o Projac, desenhando umcenário de 12m x 6m, com giz, no chão,para a gravação de uma cena para aminisérie “Capitú”).

Hoje, com quase 55 anos, já não tenhomais estes impulsos, felizmente... maseu ainda conservo muito do mesmo prazerque sempre tive ao criar um desenho.

Sou capaz de refazer uma arte váriasvezes até ficar satisfeito, caso o prazome permita. Mas esta satisfação nuncaé plena: eu sou extremamente críticocom o que faço e sei que podia ter feitomelhor, sempre.

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A minha formação profissionalcomeçou no Colégio Técnico de

Artes Gráficas, onde tive o privilégio de tercomo professor o grande mestre LorenzoBaer, a quem devo muito do profissionalque me orgulho de ser, muito embora jádesenhasse antes: na verdade, meuprimeiro trabalho remunerado foi no Jardimda Infância.

A diretora de lá, Dona Aracy (uma dasmulheres mais belas e elegantes que euconheci) veio me procurar na farmácia domeu pai, para propor um trabalho deilustrações para uma história que asprofessoras iriam contar em classe.

E fez questão de me pagar um bom dinheiropor isto. Foi quando eu concebi ganhar avida fazendo o que mais gostava. Nadamal para um menino de 7 anos, mesmoque os valores nunca mais tenham sidodevidamente reajustados, depois deste...

Voltando: depois do colégio, fiz FAAP(Faculdade de Artes Plásticas) por 2 anose depois me transferi para jornalismo naAlcântara Machado por mais 2 anos.

As influências são muitas... demais pramencionar uma a uma.

Posso citar Ronald Searle, naturalmente,como um dos principais (disseram queaté temos coisas em comum: amboscanhotos e nascidos no mesmo dia emês).

Talvez, se me perguntasse os que eu nãogosto seria muito mais fácil e divertido...mas melhor não! Esquece...

MAS CHEGOU A FAZERALGUM CURSO DE ARTES?

DESDE MUITO PRECOCEVOCÊ JÁ DESENHAVA.QUAIS FORAM ECONTINUAM SENDO AS

SUAS MAIORES INFLUÊNCIAS?

Acho que sim... não me lembro quemme disse uma vez que, até pra ser puta,precisa ter sorte.

Eu sempre estive muito mais cercado degente legal do que qualquer outra coisa...

Aparentemente, alguém lá em cima gostade mim, sabe lá Deus porque...francamente, eu não sei se mereço, masquem sou eu pra discutir com Ele? Enfim...

Meu pai era amigo do Dr. William, que

PARECE QUE DURANTE TODAA SUA VIDA ESTEVECERCADO DAS PESSOASCERTAS NOS LUGARES

CERTOS. VEJAMOS... VOCÊCOMEÇOU A SUA CARREIRA

PELAS MÃOS DO DR. WILLIAM (PAI DOBONNER, ÂNCORA DO JORNALNACIONAL) QUE O LEVOU AO ESTÚDIODE ANIMAÇÃO DE ELY BARBOSA, AOS14 ANOS DE IDADE. COMO FOI ESSECOMEÇO?

ia de vez em quando na farmácia (oconsultório ficava na mesma calçada) sópra me ver desenhando, desenhando,desenhando... até que um dia resolveuchamar meu pai de lado e disse: “Roberto,você precisa encaminhar este menino.Ele vai ser desenhista, não farmacêutico.Eu vou cuidar disso”.

Apareceu no dia seguinte com o endereçode um amigo, o Ely Barbosa, quemantinha um estúdio de animação.

Meu pai, mais conformado, me levou láe passei a ir lá todos os dias durante umbom tempo, fazendo um pouco de tudodo que envolve a produção clássica dedesenhos animados.

Quando eu fiz 15 anos, os meus colegasde trabalho (todos muito mais velhos)vieram me dar um abraço, e este foium dos dias mais felizes da minha vida.

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No colégio, um sujeito chamadoRamos apareceu para

fazer uma matéria sobre cursosprofissionalizantes para a TV Cultura.

Viu uma história em quadrinhosque eu fiz pra servir de material

prático para as aulas técnicas e quis me conhecer.

Foi o começo de uma grandeque dura, ainda que

até hoje!

Como colaborador que era do Jornalda Tarde, ele me apresentou ao

querido Maurício Kubrusly, editor docaderno “Divirta-se”.

Assim que botou os olhos em algunsdos meus trabalhos, pegou uma

“lauda” à sua frente, jogou naminha mão e disse: “O que é quevocê está esperando? Senta lá e

desenha isto pra mim”.

Mais tarde eu reencontreio Maurício como editor da revista

Som Três, e mesmotempo, volta

e meia nossos trabalhosainda se cruzam, para meu

privilégio e sincera gratidão.

MAIS PARA FRENTEFOI APRESENTADO AOMAURÍCIO KUBRUSLY,

NA ÉPOCA DO CADERNO“DIVIRTA-SE” DO “JORNAL

DA TARDE”. AQUI COMEÇOUA SUA EXPERIÊNCIA

PROFISSIONAL COM JORNAIS?

Jayme Cortez convenceu meu relutantepai a permitir que eu fosse com ele (emais um bocado de gente) a um tal deCongresso Mundial de História emQuadrinhos, em NY.

Isto foi em abril de 1976, durante obicentenário da independência.

Seja lá qual fosse o motivo da relutância,ele não resistiu ao enorme encantoretórico-persuasivo do Jayme: ele seriacapaz de converter um xiita em mongebudista... e vice-versa.

Assim, lá fomos nós, “dar as caras” em

DEPOIS, PELAS MÃOS DOGRANDE JAYME CORTEZ,CONHECEU ALGUNS DOSMAIS BRILHANTES

ILUSTRADORES AMERICANOS,NUMA VIAGEM A NOVA YORK...

Manhattan e foi muito, muito difícil mantermeus pés no chão!

Conosco estavam, entre outros, o grandee querido Álvaro de Moya, o maiorestudioso de HQ que eu conheço, Mauríciode Souza, com o personagem “Pelezinho”na bagagem para ser aprovado pelo“próprio”, a quem tive o relativo prazerem conhecer (muito embora nunca tenhagostado de futebol).

Em compensação, estive com o WillEisner, Sergio Aragonés, Joe Kubert, BurnHogarth, além de alguns autores francesese italianos que não mais recordo osnomes...

E, lógico, a Broadway, Time Square,Central Park, a 5th Avenue, a Madison…You name it: I’ve been there!

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Quando eu conclui o Colégio Técnico deArtes Gráficas, a Editora Abril ofereceuum estágio remunerado de um ano paraa turma inaugural, da qual eu fazia parte.

Durante o teste psicotécnico, descobrimosque eu era daltônico (!!!) e fiquei tão

NA ÁREA EDITORIALCONHECEU O TALENTOSOEDITOR DE ARTE DAEDITORA ABRIL, CARLOS

GRASSETI, COM QUEMCRIOU A BASE DO QUE VIRIA

A SER MAIS PARA FRENTE A REVISTAPLAYBOY BRASILEIRA. Comecei a colaborar pra revista Status

quando a Playboy deixou de me requisitarpor um bom tempo.

Samuel Wainer era uma espécie de“consultor editorial” e aparecia de vezem quando pra dar uma “olhada” geral...

Ele não fazia a menor ideia de quem euera (o que não fazia a menor diferença),e eu, dele (que fazia toda!)... mas achavamuito estranho todo o “circo que searmava” momentos antes da sua chegadana redação, ainda na av. Paulista; nãofosse ele tão esquálido e frágil, pareceriaum daqueles personagens do OrsonWelles...

E quando ele emergia, vagarosamente,no hall dos elevadores, havia um silênciocerimonial só quebrado pelos “saltinhos”das secretárias pra lá, pra cá...

Todos, mais tarde soube, tinham por eleum grande respeito profissional, enquantoeu, um ignorante, mas muito bem-educado, apenas respeito senil.

E NA EDITORA TRÊSTRABALHOU PARA AREVISTA STATUS,

ONDE CONHECEU OIMPORTANTE JORNALISTA

SAMUEL WAINER...

abalado com isto que resolvi ir ao cinemaantes de voltar pra casa.

Tomei um susto quando entrei na salade projeção: estava passando “PaperMoon” - e o filme era mesmo em pretoe branco!

Apesar da minha recém-descoberta e leve deficiência, fui admitido comoestágiário, primeiramente no setor defascículos e, depois, para novos projetos,onde tive o privilégio de conhecer oGrasseti e com ele fizemos o “boneco”do que mais tarde viria a se tornar agrande “Playboy” brasileira, um marcona história da mídia impressa, mesmoque não tivesse mulher pelada.

O meu primeiro prêmio Abril veiode uma ilustração de página simplesque fiz pra lá.

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O JT sempre pontuou intensamentea minha vida profissional.

Eu ainda cursava o colegial (técnico deartes gráficas) quando veio de lá a primeiraoferta de trabalho.

Nesse período, ele era uma “referência”em arrojo gráfico e editorial: acredito quenunca houve nada, antes ou depois dele,na história da imprensa nacional.

Naturalmente que, na época, umcolaborador jovem e inexperiente comoeu, não fazia a menor ideia dessamagnitude mas, de certa forma, podia“sentir” isso a cada vez que eu punhaos pés naquela imensa redação.

Um tempo em que jornais em “preto ebranco” eram produzidos por brilhantesmentes “coloridas” (apesar da naturaltendência vocacional monocromática  parao “vermelho”).

Mais tarde, aceitando a oportuníssimaoferta de emprego, pude viver, efetivae literalmente, a aventura do “dia-a-dia”numa redação, mesmo esta já tendo visto“dias melhores”.

DEPOIS O JORNAL DA TARDEO CONTRATOU, ONDE FICOUPOR MAIS DE 10 ANOS.

COMO FOI ESSE PERÍODO?

Foram dez grandes anos da minha vida,pessoal e profissional , necessariamentenesta ordem: para mim, até então um”free-lancer”, a intensa convivência diáriacom os colegas de trabalho foi muitoenriquecedora e posso dizer que, lá, acabeideixando muito mais amigos do queinimigos (o que no meu caso, acreditem,não é dizer pouco!).

Já profissionalmente falando, o desafioera ainda maior: para ter meus finsde semana longe daqueles tediosos”plantões”, eu chegava a fazer, num breveperíodo de pouquíssimas horas (antesdo “fechamento’’ de  sexta-feira)o equivalente a uma média de 20ilustrações, referentes aos “adiantamentos”de domingo e segunda.

Considerando que isto incluía, além dainevitável leitura das respectivas matériasa ser ilustradas, a criação e produção dasartes (quase sempre condicionadas aoespaço definido pela diagramação), eraum bocado de esforço mental e braçal!

Mesmo assim, eu confesso, aindaencontrava tempo para desferir minhaslendárias “maldades” ao maior númerode “desavisados” que cometessem aimprudência de cruzar o meu caminhoou, mais preferivelmente, a esmo! Assim como o desenho, eu também adoro

escrever.

Antes de ir para o JT, duas atrizes,acenando com um polpudo patrocínio denada menos que a Coca-Cola, me“encomendaram”, através de um amigoem comum, uma peça teatral “sob-medida” e acabei “mergulhando decabeça” neste projeto, sem saber que naverdade, tratava-se de duas vacas(melhor seria se o patrocínio viesse daParmalat).

Deslumbrado com as promessas de “famae fortuna”, passei seis meses na praia,escrevendo uma comédia, um pouco noestilo de Moss Hart e George Kauffman,numa “Triumph”, uma máquina deescrever, mais ou menos portátil, dosanos 30.

Me envolvi de tal forma na montagemque acabei também como cenógrafo,

DURANTE ESSA ÉPOCA NOJORNAL, CHEGOU AESCREVER TAMBÉM

ALGUNS TEXTOS. DO QUESE TRATAVAM?

sonoplasta, figurinista, o diabo!

Até uma enorme “cabeça de alce” todaarticulada eu projetei (um importanteobjeto de cena que chegou a serproduzido, mas nunca cheguei a vê-loporque, como todo o resto, o trabalhonunca foi pago!). Quase enlouqueci...

Quando me dei conta da grande “roubada”que eu havia me metido, fui “forçado” aaceitar um convite do JT para “cobrirférias” de um outro ilustrador.

Uma cópia do texto está “pegando pó”em alguma prateleira da AssociaçãoBrasileira de Autores Teatrais (outra estácom Marco Nanini, o único a quemconfiaria a sua montagem) e eu acabeisendo efetivado no JT.

Escrevi alguns poucos artigos lá, por purodiletantismo (sobre jazz, desenhoanimado, teatro musical, personalidadesdas quais tinha tinha algum conhecimentoe muita admiração...) mas a frustraçãode não ver aquele texto montado foi tãogrande que prometi jamais escrever outro!

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Francamente, já não estoumuito certo dessa promessa que

fiz, motivado por pura frustração, mastenho certeza que não disponho maisde tanto tempo livre, já que o óciome é muito mais gratificante!

ENTÃO O ESCRITORNEGREIROS SE APOSENTOUDEFINITIVAMENTE?

Adotei o sarcasmo e a ironia comomeu estilo de vida, mesmo cientede não serem virtudes.

A minha companhia é muito maisapreciada pelos meus grandesdefeitos do que pelas pequenasqualidades.

Venho de uma família grande,longeva e muito, muitobem-humorada.

Humor na minha casa era umacoisa cultivada, estimuladae sempre bem-vinda,prazerosamente saboreada.

Tentei manter a tradiçãoquando constituí a minhaprópria família, mas confessoque é bem mais difícilquando se é casado...

Felizmente recuperei o bomsenso em tempo... ”antestarde do que toda hora”! 

O SEU TRABALHO SEMPREFOI VOLTADO PARA OHUMOR, SARCASMO OUIRONIA. ESSA É A FORMA

DO CIDADÃO NEGREIROSTAMBÉM VER O MUNDO?

A fauna humana é muito rica,diversificada.

Eu gosto de explorar isso. Procurocriar tipos íntegros, visualmenteidentificáveis conforme seu físico,expressão facial, corporal, para sugeriralgumas características como nívelsocial, padrão moral...

Homens comuns talvez sejammais engraçados porque nos levama situações ”em comum”, provocandoempatia...

A verdade é que o meu trabalho é quasesempre muito intuitivo e quase nunca euparo ou me distancio dele o bastante prarefletir a respeito.

Agora, com relação aos políticos,esta é uma “classe” que me soa comouma perfeita “contradição em tese”.Felizmente o meu tipo de humor melevou a percorrer assuntos menosdesagradáveis.

Mesmo porque, apesar de ser bomfisionomista, sou um mau caricaturista,um pré-requisito para ser um bomchargista.

Políticos tinham graça quando aindatinham vergonha ou medo de seremridicularizados, expostos ou denunciadospor uma “charge” (ataque),desmascarando-os aos olhosdos seus eleitores.

Isto não ocorre mais: a política é umainstituição falida. Um “mal, desnecessário”e a grande arte da charge, na qual oBrasil foi pioneiro, também.

Um “bem, inútil”.

A MAIORIA DOSCARTUNISTAS DE HUMORELEGEM OS POLÍTICOSCOMO FONTE PRINCIPAL

DE INSPIRAÇÃO. NO SEUCASO, OS SEUS TRABALHOS

MOSTRAM QUASE SEMPRE O CIDADÃOCOMUM, EM SITUAÇÕES COMUNS,MAS COM HUMOR.O HOMEM COMUM É UM SERENGRAÇADO OU OS POLÍTICOSÉ QUE PERDERAM A GRAÇA?

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Eu não saberia dizer com muita precisão...

Talvez o cinema, principalmente o mudo,onde o gesto, a expressão facial, a posturafísica, eram ferramentas preciosas e muitopoderosas.

Sempre gostei de cinema, mas confessoque quanto mais eu assisto o moderno,mais eu aprecio o antigo, ou melhor, oclássico: afinal ele não é chamado assimà toa...

Alguns estudiosos chegam a afirmar quea linguagem narrativa desenvolvida pelocinema mudo alcançou um tal nível desofisticação que só não se consagroucomo uma forma própria de expressãoartística porque foi praticamente“fossilizada” com o advento do som.

Sei lá... o fato é que poucas coisasme encantam tanto quanto um filme,seja me assustando, me comovendo,me alegrando, me distraindo de umarealidade quase sempre muito, muitoaborrecida.

SUAS ILUSTRAÇÕES TÊMUMA RIQUEZA ENORME DETIPOS E FIGURAS DO DIA A

DIA, COM EXPRESSÕESÚNICAS. DE ONDE VEM A SUA

FONTE DE INSPIRAÇÃO?

A minha formação cultura é bem maiseclética do que propriamente rica...mas, enfim... sempre fui um curioso,um observador nato.

A SUA FORMAÇÃOCULTURAL É BASTANTE RICAE ECLÉTICA. COMO ACHAQUE ISSO PODE AJUDAR NO

DESENVOLVIMENTO DE UMARTISTA?

Acho que isto me deu “referências” queme facilitam muito o processo criativo.

Naturalmente que, como todo mundo,eu organizei meu próprio universocognitivo, mas acredito que a “genialidadecriativa” de um artista depende dotamanho do seu “repertório” nas áreasdo conhecimento humano.

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DICA DE BLOGS

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Quer saber tudo o que se passa sobre ilustração, arte, design e cultura?Fique ligado nestes blogs bacanas de gente antenada e esperta. O volumee a qualidade de informação são imperdíveis, e são só alguns de vários blogsinteressantes à disposição.Numa outra edição indicaremos mais alguns, mas por enquanto ficam estes:

Blog do ilustrador Hiro: http://blog.hiro.art.br

Blog do ilustrador Montalvo Machado: http://montalvomachado.com.br/blog

Blog do ilustrador Leo Gibran: http://leogibran.blogspot.com

Blog do ilustrador Renato Alarcão: http://alarchronicles.blogspot.com

Blog do grupo Old Black Gallery: www.oldblackgallery.com.br

Blog do ilustrador Marcelo Garcia: http://aparelhoprodutordeimagens.blogspot.com

Blog do ilustrador Alberto Ruiz-Diaz: http://processjunkie.blogspot.com

E finalmente, blog do grupo Drawn!:http://drawn.ca

O blog é canadense, mas gerido por umgrupo de ilustradores, a maioria doCanadá, mas também dos Estados Unidose Austrália, colocando o que há de melhorem novidades sobre ilustração, cartoone desenho.

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• GUIA DO ILUSTRADOR - Guia de Orientação Profissional

• ILUSTRAGRUPO - Fórum de Ilustradores do Brasil

• SIB - Sociedade dos Ilustradores do Brasil

• ACB / HQMIX - Associação dos Cartunistas do Brasil / Troféu HQMIX

• UNIC - União Nacional dos Ilustradores Científicos

• ABIPRO - Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais

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• CCSP - Clube de Criação de São Paulo

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Aqui encontrará o contato da maior parte das agências de publicidadede São Paulo, além de muita notícia sobre publicidade.www.ccsp.com.br

A Revista Ilustrar, com o apoio da Wacom, acredita no estímulo aos profissionaisda ilustração, abrindo um concurso para promover o desenvolvimento artístico.

Crie a capa da próxima Ilustrar edição nº11e o primeiro lugar ganhará umaWacom Intuos 4 tamanho M.

Consulte o regulamento ao lado.

E boa sorte! Dia 1 é dia de Ilustrar.

Juri

RicardoAntunes

MontalvoMachado

OrlandoPedroso

DanielBueno

AngeloShuman

RogérioSoud

O CONCURSO

O TEMA

CLASSIFICAÇÃO E PREMIAÇÃO

DIREITOS

PRAZO E ENTREGA DO MATERIAL

• O concurso aberto pela Revista Ilustrar visa o estímulo da ilustração, eacima de tudo reconhecer de forma justa e correta os direitos autorais epatrimoniais de cada artista, além do seu valor artístico.

• Poderão participar todos os ilustradores profissionais, iniciantes, estudantesou amadores, de qualquer idade, utilizando qualquer técnica, tradicional oudigital, e residentes no Brasil, sem limite da quantidade de trabalhos porparticipante. Participantes do exterior estão excluídos.

• Só serão aceitos trabalhos feitos exclusivamente para o concurso, eseguindo estritamente o tema. Trabalhos já existentes, ou adaptados parao concurso, ou que não se enquadrem no tema, serão automaticamentedesclassificados.

O tema do concurso é “A ilustração do passado e do futuro, no presente”.Entre os elementos da composição deverão constar:- uma figura humana- um elemento da natureza- uma referência a algum grande mestre das artes do passado

• De todas as obras enviadas, serão selecionados os 25 melhores trabalhospara serem avaliados pela comissão julgadora, composta por ilustradoresprofissionais de renome no mercado, onde será escolhido um único vencedor.A comissão julgadora não pode participar como concorrente.

• Os 25 finalistas terão seus trabalhos divulgados na edição da RevistaIlustrar nº 11, de julho de 2009.

• O prêmio para o primeiro lugar será uma tablet Wacom Intuos 4 tamanhoM, e somente o primeiro lugar será premiado.

• A entrega do prêmio será no final do mês de julho, na cidade de São Paulo.

• Importante: o prêmio NÃO será enviado pelo correio ou qualquer outromeio, nem mesmo a outras cidades ou estados, por isso o participantepremiado de outras localidades deverá retirar o prêmio pessoalmente oupor pessoal autorizado na cidade de São Paulo, em local e data a combinar.

• Todos os participantes, incluindo os 25 selecionados e o primeiro lugar,têm direito integral sobre as obras, mantendo os direitos morais, autoraise patrimoniais sobre elas, e passada a fase do concurso e da divulgação(e somente depois desta fase) poderão reutilizar as obras posteriormenteem qualquer outro meio, incluindo comercialização junto a outros veículos.

• Os direitos da Revista Ilustrar se limitam a apenas o de reprodução dasobras classificadas nos primeiros 25 lugares, que serão divulgadas na ediçãoda Revista Ilustrar nº 11, de julho de 2009, e também o de publicação dailustração premiada na capa da edição da Revista Ilustrar nº 11, de julhode 2009. Também é reservada à Revista Ilustrar o direito de utilização dareferida capa com a ilustração premiada como material de divulgação darevista, por tempo indeterminado. A ilustração premiada isolada não seráutilizada de nenhuma outra forma.

• A Revista Ilustrar acredita que é possível haver concursos justosreconhecendo os direitos morais, autorais e patrimoniais dos ilustradores,mantendo o respeito pelos seus trabalhos e pelos artistas.

• Todos os trabalhos deverão ser enviados até o dia 10 de junho. Após estadata todos os trabalhos recebidos estarão automaticamente desclassificados.

• Todos os trabalhos, independentemente da técnica utilizada, deverão serenviados somente por e-mail em formato A4 JPG com no máximo 500kbpara o e-mail: [email protected] com o título CONCURSOCAPA ILUSTRAR

• Será solicitado depois, aos autores dos trabalhos finalistas, que sejamenviadas novamente as artes selecionadas em alta resolução.

• Todos os participantes automaticamente concordam com os ítens acima.

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