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Contexto, Novembro 2013 1 As cifras da ostentação Contexto Conheça os números que cercam a vida de MCs, fãs e trabalhadores da indústria do funk É TRISTE A REALIDADE DOS CEMITÉRIOS PÚBLICOS PAULISTANOS LEI PARA MAL-EDUCADOS Lugar de lixo é no lixo! LIVRO 2.O Tablets entram nas universidades São Paulo, Novembro de 2013-ed.01

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Revista produzida pelos alunos do 5º Semestre de jornalismo, Universidade Nove Julho. A revista para contextualizar você acerca de todos assuntos que envolvem política, economia, cultura e esporte!

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  • Contexto, Novembro 2013 1

    As cifras da ostentao

    Contexto

    Conhea os nmeros que cercam a vida de MCs, fs e trabalhadores da indstria do funk

    TRISTE A REALIDADE DOS CEMITRIOS PBLICOS PAULISTANOS

    LEI PARA MAL-EDUCADOSLugar de lixo no lixo!

    LIVRO 2.OTablets entram nas universidades

    So Paulo, Novembro de 2013-ed.01

  • 2 Contexto, Novembro 2013

  • Contexto, Novembro 2013 3

  • 4 Contexto, Novembro 2013

    Editorial

    Este o primeiro exemplar da Revista Contexto, que tem por objetivo apresentar de forma prtica assuntos dos mais variados.

    O funk do luxo, dos carros importados, de

    bebidas caras e que lota as casas de shows em todo o Brasil destaque da nossa mat-ria de capa As cifras da ostentao, sai-ba como funciona essa indstria musical e o quanto de dinheiro gira em torno dela.

    Mudando o tom da batida, mostraremos o cenrio atual de um dos gneros musicais mais autnticos que existe. Saiba mais em A Verdadeira e nova cara do Rap.

    Na poltica, veremos o que a populao entende e espera de seus governantes no texto: Populao no sabe o que o poltico

    faz. Tambm vamos falar de tecnologia, destacando na matria Tablet, mostrar o uso desse aparelho dentro das universidades.

    A paixo nacional tambm tem vez, porm com vis financeiro; O terror das dvidas e patrocnios no Brasileiro traz um panorama da situao econmica dos clubes paulistas.

    No sou s eu que fao chama ateno para o cuidado com o Meio Ambiente, abor-dando um dos temas mais discutidos atual-mente: sustentabilidade.

    No esquecendo da matria Aonde cair morto, que alerta sobre as condies precri-as das necrpoles pblicas paulistanas e nos faz refletir sobre o destino de nosso corpo aps a morte.

    Douglas NunesEditor-Chefe

    Expediente

    Editor Chefe: Douglas NunesEditores, Joo da Paz, Vania Rodrigues, Paula Siqueira, Maria Helena Sobrinha, Cristiane

    Cohen, Ana Paula Oliveira, Slvia MendonaRevisor estrutural: rika MunizRevsor ortogrfico:Leonardo MacedoDiagramao: Lucas ChristeDiretor Comercial: Adlio DiogoSuperviso: Adriana Alves

  • Contexto, Novembro 2013 5

    Sumrio

    A POPULAO NO SABE O QUE O POLTICO FAZ

    6O TERROR DAS DVIDAS E PA-

    TROCNIOS NO BRASILEIRO

    9

    NO SOU S EU QUE FAO

    12VERDADEIRA E NOVA CARA DO

    RAP

    15

    ENQUANTO UNS OSTENTAM, OS OUTROS TENTAM

    18O USO DOS TABLETS NAS

    UNIVERSIDADES

    25

    AONDE CAIR MORTO?

    28

  • 6 Contexto, Novembro 2013

    Poltica

    A POPULAO NO SABE O QUE O POLTICO FAZ

    Levantamento realizado por agncia de Publicidade pedido do Tribunal Superior Eleitoral, TSE, aponta que o brasileiro no sabe exatamente as funes dos cargos polticos

    A maioria das pessoas consegue definir ainda que precariamente algumas funes polticas, como por exemplo, o que faz o presi-dente da Repblica, mas os outros cargos tendem a cair na ignorncia, prin-cipalmente a fun-o de um sena-dor. Constata-se tambm que a populao con-funde deputado com vereador, e desconhece a diferena de dep-utado estadual com deputado federal, sendo que a dvida maior entre os mais instrudos (ensino mdio completo superior).

    Foi usando dessa deficincia de conheci-mento popular, que o deputado federal Tiririca foi eleito com mais de um milho e meio de votos diziam em um de seus jarges eleitorais -Voc sabe o que um deputado faz? Nem eu... vote em mim e quando eu descobrir eu conto pra vocs, abestados.!

    De acordo com o especialista e doutor em geopoltica, Edson Rildo, o desinteresse da

    populao em relao poltica extrema-mente nocivo: Quando desconhecemos algo, ou determinado assunto, damos aos outros a chance de sermos manipulados, ou domi-nados facilmente por quem entende, e usa

    dessa ignorncia tirando proveito para si.

    Uma pesquisa realizada pela (nome da nossa revista) atravs das redes sociais com pessoas de diferentes esco-laridades, identi-ficou que apenas 30% acertaram, ou se aproxima-ram da respos-

    ta em relao s funes de cada poltico Para falar a verdade, nem me lembro em quem votei na ltima eleio! comenta um dos entrevistados.

    Esse tipo de situao frequente no Brasil e no est ligada ao nvel de escolaridade, mas sim a falta de interesse da populao justamente por no saber o poder do voto.

    Por Paula Siqueira, Patricia Rodrigues, Naira Feitosa e Karen Salvador.

  • Contexto, Novembro 2013 7

    OS CARGOS E SUAS FUNES

    Prefeito: o resultado da enquete conclui que apenas vinte pessoas, num total de oi-tenta e oito acertaram, ou ao menos se aprox-imaram, dos deveres do cargo de um prefei-to. Que tem como responsabilidade elaborar projetos pblicos para sua regio nas reas de habitao, sade e educao. Alm de co-ordenar a administrao municipal da cidade, para isso conta com o apoio poltico da C-mara Municipal, governo estadual e federal.

    Vereador: Na enquete realizada ningum soube definir as funes de um vereador, nem ao menos aproximaram da real responsabili-dade deste cargo, o qual elaborar, discutir e votar as leis para seu municpio.

    Deputado: Se dividem em duas denomi-naes sendo elas, estadual e federal. Cada qual com seu dever. O estadual: sua funo propor, emendar, leg-islar, alterar e revogar leis, locomovendo-se na Assembleia Legis-lativa para o cumpri-mento de suas ativi-dades. J o deputado federal o representante do povo no Con-gresso Nacional, tambm emenda, legisla al-tera e revoga leis federais. Esses dos cargos so os que mais confundem a cabea do bra-sileiro.

    Presidente da Repblica: O cargo de maior importncia do pas o mais popular, obten-do 45% margem de acerto da enquete. Onde os entrevistados ressaltam grosso modo o exerccio da funo do chefe do poder Execu-tivo, dentre elas: edita medidas provisrias, conduz a poltica econmica nomeia e exon-era ministros, veta projetos de leis, representa o pas em eventos importantes internacional-mente, zela pela segurana do pas.

    Senador : O cargo de senador foi pouco lembrado pelos entrevistados, embora al-guns conseguiam lembrar de nomes de al-

    guns senadores, mais conhecidos, porm no souberam identificar suas funes, que podemos resumir em processo e julgamento das aes do Presidente, do vice, de alguns ministros, aprova as escolhas desses, autori-zando operaes externas de natureza finan-ceira e de interesse da Unio.

    Ministros: Cerca de 65% dos entrevistados afirmaram que a funo de um ministro se re-sume em elaborar normas e aplicar os recur-sos pblicos na rea que representa, visando o desenvolvimento do pas.

    A ESCOLHA DO CANDIDATO

    Vale lembrar que algumas atitudes como imagem do candidato, caracterstica do par-tido e experincia poltica so levados em conta na hora do voto. O estudo revela que ter um bom passado poltico pode elevar as

    experincias de voto em 28%. Ser novato na poltica um fator que reduz em mdia 22% das intenes de voto, ainda que esse candidato tenha apoio de partidos e polticos conhecidos

    do grande pblico. Exemplo disso aconte-ceu nas eleies de 2012 para a prefeitura de So Paulo, quando o candidato do par-tido dos Democratas (DEM) Gabriel Chalita e Celso Russomano do partido Republicano Brasileiro(PRB) foram cotados para o cargo como grandes azares mas seus nmeros no foram significativos nas urnas.

    Experincia Poltica: O estudo revela que ter um bom passado poltico pode elevar as intenes de voto em 28% j , conhecer os problemas da cidade, favorece em 21% as chances do candidato para eleio.Ter ex-perincia administrativa tambm um lado positivo, incrementando em 18% da fatia do eleitorado. Por outro lado, ser novo na poltica um fator que pode reduzir em mdia 22% das intenes de voto, ainda que esse can-

    Esse desinteresse da populao no que se refere assuntos polticos nocivo ela prpria ... * Edson Rildo

  • 8 Contexto, Novembro 2013

    didato tenha apoio de partidos polticos con-hecidos do grande publico, exemplo disso ac-onteceu nas eleies de 2012 para prefeito de So Paulo, quando o candidato do Par-tido dos Democratas (DEM), Gabriel Chalita e Celso Russomano do Partido Republicano Brasileiro ( PRB ) foram cotados para os car-gos de prefeito, mas no foram eleitos jus-tamente por no possuir experincia poltica comprovando tamanha importncia.

    Atitudes desonestas: Atitudes desonestas: Polticos como Jos Dirceu e Paulo Maluf fi-caram marcados na historia aps o envolvi-mento em escndalos de corrupo. Pesqui-sa IBOPE aponta que tais atitudes prejudicam 72% das intenes de voto. famlia Maluf os beneficiados. O Ministrio Pblico abriu trs investigaes em relao a esse caso

    e tambm foram instaurados procedimentos na Suia e em Jersey em 2012. Atualmente Maluf, encabea o mesmo partido e j afir-mou em sua candidatura de 2010 A minha ficha a mais limpa do Brasil.

    Concluso final: A obrigatoriedade do voto no Brasil no garante a seriedade e a responsabilidade na escolha dos candidatos por parte dos eleitores. Temos uma democra-cia jovem de quarenta e cinco anos para um pas de quinhentos anos. A sociedade parece no compreender a importncia de ir s ur-nas para expressar sua necessidade de mu-dana. Em 2014 teremos a primeira eleio aps as manifestaes e protestos que domi-naram o pas este ano...com acesso a tantas informaes e novas linhas de frente fica a pergunta: O gigante realmente acordou?

    Nmero de votos: 1,350 milhes, representando 6,35% do total, mais que o dobro do segundo mais votado sendo eleito em 2010 como o segundo maior deputado em nmero de votos da histria da poltica nacional.

    93,5% de presena nas reunies da Cmara dos Deputados em 2013, com trs ausncias sem justifi-cativa.

    Seus primeriros projetos1-Alterao da lei que institui a Poltica Nacional do Livro.

    2-O Vale Livro destinado a alunos matriculados nas instituies pblicas de ensino. A ideia que os alunos ganhem um valor do governo para comprar livros.

    3-Programa Bolsa Alfabetizao disponibiliza um valor fixo de R$ 545, para cada adulto maior de 18 anos que cumprir com frequncia superior a 85% s aulas.

    Tiririca na Cmara

    Foto: Divulgao

  • Contexto, Novembro 2013 9

    Esportes

    O TERROR DAS DVIDAS E PATROCNIOS NO BRASILEIRO

    Esse ano o Campeonato Brasileiro trouxe no s emoo do sobe e desce na tabela dos gigantes paulistas mas tambm o terror e preocupao de perder um patrocnio e quitar grandes dvidas

    Futebol paixo brasileira e prin-cipalmente do famoso G4 Paulis-ta. E como todos os anos muitas emoes aconteceram no Campe-onato Brasileiro, como a luta para a volta do Palmeiras na srie A e o susto com a quase queda do So Paulo para a srie B. Mas o que muitos no sabem que esse vai e vem na tabela atinge principalmente os contratos e patrocnios dos clubes.

    Vale lembrar tambm, que outros pequenos times, que tiver-am seus dias de glria e hoje j no esto mais no centro das at-enes como a Portuguesa de Desportos, a fa-mosa Lusa, que por exemplo hoje disputa a primeira diviso do campe-onato, mesmo as-sim ainda peleja para alcanar grandes lucros como os gigantes.

    O torcedor palmeirense est comemoran-do o retorno a elite do futebol brasileiro, foram 35 jogos com aproveitamento de 70,4%, e fi-nalmente o retorno para a srie A de 2014. J em relao a contas e patrocnios do clube,

    o Palmeiras segue estampando a marca de seu programa de scio-torcedor, o Avanti, no espao mais nobre da camisa. Sem patroci-nador master desde o fim do Campeonato Paulista, quando a Kia Motors deixou o posto, o clube negocia com a Caixa Econmica para o ano do centenrio. O valor do contrato deve ficar entre R$ 25 milhes e R$ 30 milhes. Com essa quntia, Paulo Nobre pretende qui-tar algumas dvidas emergenciais do clube, e

    claro, devolver a sua conta pessoal os 20 milhes que desembolsou ao assumir as dvi-das do Verdo.

    Alguns torce-dores, os mais compreensivos, admitem que a culpa no de Paulo Nobre, ele j assumiu o clube com uma dvida de 20 milhes deixada pelo an-

    tecessor Arnaldo Tirone, que culpa Belluzzo, que por sua vez transfere a dvida ao contrato de Mustaf com a Parmalat, poca em que o Palmeiras viveu sua melhor fase. O diretor acredita que a construo do Allianz Parque-Palestra Itlia reformado - vai contribuir para salvao do clube.

    Por Vania Rodrigues e Natan ClsmanProduo e pesquisa por Tiago Terro

  • 10 Contexto, Novembro 2013

    Um balano feito durante a campanha do time no ano de 2013 apontou que, desde que caiu para a srie B, o clube que em 2012 tinha 8.000 scios torcedores, esse ano com um importante ttulo passou a ter mais de 30.000 scios torcedores.

    So Paulo sofre mudanas e par-ceiros do clube repensam sada

    O So Paulo, conhecido por suas grandes vitrias, clube organizado e exemplo de dedi-cao nos campeonatos de futebol, passa por uma m fase, que parece estar longe do fim. A diretoria do clube tenta solucionar um problema fora do cam-po. Patrocinadores do clube pediram reviso nos contratos e at re-scises foram cogitadas.

    Alguns dizem no h relao com as der-rotas frequentes do time no Brasileiro, mas os pedidos aconteceram na mesma poca que o torcedor tricolor rezava para no ter que enfrentar o terror da segunda diviso.

    A Semp Toshiba, patrocinadora mas-ter, e Wizard, que estampa sua marca nas mangas, sofre-ram mudanas in-ternas, reavaliaram seus investimentos com o futebol e consultaram o Tricolor sobre a possibilidade de diminuio ou cancelamento dos contratos.

    O acordo com a Semp Toshiba, vence no fim do ano que vem. A empresa de eletrnic-

    os paga ao So Paulo R$ 20 milhes por ano para ficar no espao mais nobre do uniforme. J o Wizard vence no fim do Paulisto 2014 e desembolsa R$ 7 milhes pelas mangas.

    Os problemas no param por a, por ex-emplo com a Semp Toshiba, a empresa teria que pagar cerca de R$ 10 milhes somente para desmanchar o acordo. Alm das multas, as empresas poderiam ter problemas com a Penalty, fornecedora de material esportivo do So Paulo, por causa da depreciao no valor da camisa nas lojas.

    Com isso, o uniforme, que hoje custa R$ 200, teria o valor bastante reduzido por no

    ser mais igual ao que os atletas passariam a usar (sem as marcas).

    Como o valor de processos e in-denizaes pode-riam ser maiores

    do que o do prprio contrato, as duas empre-sas, avaliaram, por enquanto, que a melhor

    sada seguir com seus com-promissos com o So Paulo.

    O objetivo, diretor Paulo Nobre, quitar as dvidas emegerciais do clube, e claro, de-volver a sua conta pessoal os 20 milhes que desembolsou ao assumir as dvidas do Verdo.

    Fotos: Divulgao e UOL

  • Contexto, Novembro 2013 11

    A Portuguesa fecha o ano de 2013 em boa situao classificada na srie A do Brasileiro. Mas em um passado, no to longe assim, a Lusa teve sua glria quando em 20011 foi campe brasileira da srie B, repetindo o feito nesse ano pelo Palmeiras.

    Na poca os torcedores fizeram uma comparao da Lusa com o Barcelona, pela qualidade dos jogadores, por isso apelidar-am o time de Barcelusa, uma brincadeira para os apaixonados pelo clube.

    A portuguesa ganhou em 1996 o vice-campeonato Brasileiro na srie A, pois na final perderam para o Grmio em melhor campanha.

    Falando de futuro a Lusa fechou acordo com a DL, fabricante de eletroeletrnicos

    com sede na cidade mineira de Santa Rita do Sapuca, para ter patrocionadora.

    O contrato, cuja vigncia encerra-se ao fim do Campeonato Brasileiro, do ano que vem, inclui, alm de estampar o nome da empresa na camisa, a divulgao em alguns pontos do estdio do Canind.

    Com este acerto, a nica vaga disponvel na camisa da Lusa est nas mangas, visto que STR e Carrier j estampam seus nomes na omoplata,parte da camisaque fica na direo da clavcula, a Steck est na frente do calo, a Dimep aparece no nmero, a Leograf, nas laterais e a Irwin o patrocina-dor master e tambm ocupa a parte de trs do calo.

    A glria Portuguesa

  • 12 Contexto, Novembro 2013

    Meio Ambiente

    Uma caixa de chocolates sortidos, sete reais, um Big Mac, dezoito reais, ver que algum foi multado no valor de cem reais por jogar uma embalagem de doce no cho, no tem preo.

    A cidade de So Paulo tentou por diver-sas vezes implantar leis para tentar inibir o descarte de lixo incorreto, a mais famosa foi a taxa do lixo que visava a criao do sistema de limpeza urbana do Municpio de So Paulo e aplicava multa ao popular que descar-tava o seu lixo no dia incorreto, devido ao valor e a falta de fiscalizao a popu-lao no aprovou e muito menos ade-riu.

    A capital paulista passa pelo mesmo problema de diver-sas capitais bra-sileiras, o lixo, alm de ser feio para ci-dade pior ainda para os habitantes. No Rio de Janeiro isso est sendo resolvido com apli-cao de multa que varia de R$ 157 a 3 mil reais. A lei multa o infrator e espera inibir cada vez mais aes como essas.

    Na capital paulista h um projeto de lei semelhante tramitando na Cmara de Verea-dores de So Paulo o projeto de lei 583/2013 do vereador Jair Tatto, PT-SP,(foto) que visa

    fiscalizar quem descarta lixo nas ruas e cala-das, gerar uma regularizao dos profission-ais de coleta, e tambm a reeducao ambi-ental da populao.

    O ponto essencial do projeto a reedu-cao ambiental da populao, que por preocupao de ser multado pensar duas vezes antes de largar uma simples bituca de cigarro. Entretanto, o ideal era que a edu-cao ambiental fosse um valor viesse da so-ciedade em geral, que fosse difundido nas escolas, e que nossas crianas tivessem os exemplos de seus pais,

    afirma o bilogo e educador Ren Manoel de Souza e Silva, e defende tambm que a edu-cao ambiental nas escolas, faria com que as crianas criassem um senso crtico mais apurado, desde cedo pensando em aes mais concretas para a preservao do ambi-ente em que vivem e tambm dos recursos naturais para as prximas geraes.

    Outro ponto interessante que ser proibi-

    NO SOU S EU QUE FAO!

    Por Lucas Christe, Maria Helena Sobrinha e Mourison Ribeiro

  • Contexto, Novembro 2013 13

    do retirar parte do contedo descartado, isso certamente acabar com aquela cena de ver catadores mexendo no lixo e deixando a sa-cola rasgada com tudo jogado para o lado de fora. Por outro lado como ficaro os catado-res de lixo, de onde tiraro seu sustento? Jair Tatto diz que a inteno fazer com que os coletores autnomos se organizem em coop-erativas, assim podero participar de proces-sos de reciclagem, e tambm terem mais con-dies por estarem em um grupo organizado, que poder dar condies mais segura para a execuo de seu servio.

    No documento est proposto que todo ci-dado flagrado jogando lixo em quantidade e periculosidade do montante est sujeito a multa. Os responsveis sero os agentes de fiscalizao da limpeza urbana do Municpio, que podero solicitar ajuda de foras polici-ais caso no haja colaborao do autuado. A pena pode ser amenizada, se o flagrado, demonstrar arrependimento por escrito, no ser reincidente, e recolher o lixo que jogou. Mas pode ser agravada se o flagrado for re-incidente, e se o objeto puder causar mal a sade pblica.

    Leis como essas h em cidades como Nova York e Paris, na cidade americana o resultado praticamente nula, pois a populao no aderiu e nem respeita. J em Paris, a prefeitura apos-tou pesado em publici-dade mostrando a populao que ela gastaria mais sujando a rua do que deixando- a limpa. Exemplificamos a cidade que no obteve suc-esso e a que teve, resta agora esperarmos para ver se a cidade paulista ir aderir como a carioca.

    O tcnico de informtica Felipe Gomes, diz que com essa lei o povo vai aprender a no ser porco, afinal se ns no cuidarmos da ci-dade, quem cuidar?. (sugesto de olho)

    E se essa lei for aprovada? Como a popu-lao reagiria? Os cariocas aceitaram e es-

    to cumprindo, mas eles ainda tentam bater o maior inimigo das causas das multas, a bituca de cigarro.

    O bilogo Ren de Souza afirma que o maior problema de So Paulo so os gases emitidos na atmosfera, vindos dos veculos automotores, por isso a necessidade de in-vestimento em transporte pblico para reduzir as emisses na cidade.

    Segundo Jair Tatto, o projeto de lei ainda no foi aprovado porque o calendrio da Casa complicado, pois passa por diversas comisses antes de chegar votao final, mas se for aprovada, ser que o atual prefeito Fernando Haddad aprovar?

    Os viles

    Os resduos mais descartados na cidade de So Paulo so garrafas PETs, latas, pa-pel e bituca de cigarro, esse ltimo o maior vilo no Rio de Janeiro, ele est causando inmeras multas, porm a cidade consegui reduzir 30% do lixo.

    Em So Paulo h 157 mil lixeiras distribuas, mas por ms so sub-stitudas 2,8 mil por atos de vandalismo. Por dia os garis percorrem em torno de 2,5 km limpando a ci-dade, entretanto a dia-rista Vera Lcia da Silva diz que ainda v a popu-lao sendo mal educada e jogando lixo na rua.

    Os cariocas esto recebendo multas por sujar mais que os paulistas, segundo dados da Amlurb e Comlurb, no Rio de Janeiro so recolhidos 1.039 toneladas de lixo por dia e em So Paulo 288 toneladas, isso mostra que se a lei for aprovada e tiver fiscalizao o nmero de lixo nas ruas da capital ser ainda menor.

    Os prncipais agentes poluidores so os gases emitidos na atmosfera, vindos dos veculos, por isso a ne-cessidade de investimento no trans-porte pblico.

    Ren de Souza, Bilogo

  • 14 Contexto, Novembro 2013

    Uma bituca s no faz mal. Ser?

    Segundo pesquisa realizada em 2006 pelo Datafolha, a cida de de So Paulo tem cerca de dois milhes de fumantes, que consomem em mdia doze cigarros por dia. Se todas as bitucas produzidas em apenas um dia fos-sem enfileiradas, alcanaria a marca de720 quilmetros, o que seria equivalente a um caminho de ida e volta entre as cidades de So Paulo e rio de Janeiro.

    Todos imaginam como seria a cidade de So Paulo se ela no tivesse os problemas gerados pela poluio. Alguns dizem que a soluo total dos males causados pela po-luio utpico. Porm h diversos exemplos de cidades que so parecidas com a capital paulista que levam temticas como coleta se-letiva a srio. Por exemplo, Londrina, cidade paranaense, que cresceu em volta de seus rios e lagos, uma das 4 maiores cidades do Paran,e uma das 8 de todo o brasil em que a prefeitura consegue fazer a coleta seletiva de 100% das casas. Alm de ter alta renda percapta e grande desenvolvimento da con-struo civil.

    Londrina, um exemplo a ser seguido

    fotos: Lucas Christe

  • Contexto, Novembro 2013 15

    Cultura

    VERDADEIRA E NOVA CARA DO RAP

    O RAP, POLMICO E ALVO DE DISCUSSES, HOJE VISTO POR MUI-TOS SOB UMA NOVA TICA GRAAS S MUDANAS QUE, AO LONGO DO TEMPO, H ANOS ATRS SERIAM IMPOSSVEIS DE SE IMAGINAR

    O Rap sempre foi um ritmo musical com letras de protesto ao governo e elite, porm, muitos crticos sempre o relacionaram marginalidade, caracterizando o estilo como apologia ao crime. Mas, hoje em dia, algumas dessas composies mudaram, ajudando o ritmo a se popularizar e diminuir o preconceito graas ao espao aberto pela mdia e pelo mercado, que viu no rap grandes chances de comercializao. Levando essa realidade em considerao, surge a pergunta: ser que a relao crime x rap ainda existe ou trata-se apenas de uma caracterstica do passado? Antes de levantar qualquer discusso, precisamos entender o que , definitivamente, o rap.

    Cada um define de um jeito, ainda mais, agora que as letras falam mais de amor,

    baladas, roupas, dinheiro e, at, status assemelhando-se ao funk ostentao.

    Para MC Bitrinho, (foto) que acaba de lanar seu Mix Tape, o rap a msica escrita no papel, que tem nota, sonoridade, letra, sobe e desce, como qualquer outra. O rap minha vida, minha salvao, pode me dar um caminho, uma educao. Pelo rap pude diferenciar o certo e o errado. De acordo com

    o MC, no se trata s de uma msica, mas, sim, de um conjunto artstico. O rap tem base em quatro elementos: DJ, o Break, o Grafite e o MC. Na Casa de Cultura de Diadema, que voc pode ver os quatro elementos juntos, vendo o cara grafitando, o B. Boy e a B. Girl danando, um MC,

    o DJ tocando voc pensa: que foda!. J o MC Raphael DArte garante que o rap

    a comunicao do gueto, que muda o estilo de vida de muitas pessoas, principalmente, da

    Por Acio Magalhes Santos, Jos Vincius Gaudino, Silvia Regina Mendona e tamirres dias de Jesus Soares

  • 16 Contexto, Novembro 2013

    periferia e ensina com as letras que o crime no compensa que o jeito estudar e batalhar para conseguir alcanar os objetivos.

    Outro cantor entrevistado pela reportagem foi o MC Dom Assis, que j passou mais da metade de sua existncia cantando rap, vinte e trs anos de carreira. E com tanto tempo de estrada evidente: ele no consegue se imaginar um dia sequer sem ouvir, pesquisar, criar coisas ligadas ao estilo. Quando coloco meu fone e boto um som pra ouvir, eu me desligo do estresse do dia a dia e me sinto livre, acolhido e em paz, afirma o MC.

    Contra o gosto

    Todos eles reforam que o preconceito existe sim, porm, no como antigamente. Bitrinho diz convicto: Mesmo sendo uma arte da comunidade, muitos consideram o ritmo mais forte pra quem tem dinheiro. H sim os fiis na favela, mas temos que carregar este fardo elitizado e reforar o rap na comunidade. O MC, que j fez vrias participaes no programa Manos e Minas, da TV Cultura, diz ainda que, quem vive de rap, como ele, no pode baixar a cabea para o preconceito, pois, isso s ajuda a refor-lo, que a resistncia cala as tentativas de ofensa. Ele relembra que o samba tambm sofreu muito preconceito e, hoje, est firme no gosto nacional e internacional. O rap no Brasil tem menos de trinta anos. Comeou na dcada de 70, no Largo da So Bento, em So Paulo, mas foi popularizado bem depois, o que pode fazer perdurar um pouco mais a onda de preconceito.

    O problema quando isso desanima os artistas na continuidade do trabalho e enfraquece o objetivo de mostrar a realidade da vida dos mais pobres. Dom Assis, por exemplo, conta que j passou por situaes desagradveis no decorrer de sua carreira. Muitas vezes foi boicotado em shows e

    eventos que misturavam diversos estilos musicais. Quando era a hora da estrela do rap, aconteciam problemas tcnicos do nada. Apesar disso, ele acredita que, hoje em dia, os impedimentos so menores graas melhor aceitao.

    Outro ponto polmico o dinheiro. Muitos dizem que o rap d retorno financeiro. Podemos ver essa possibilidade atravs de pessoas como o britnico Jamal Edwards, que, aos 23 anos, conquistou uma fortuna de 8 milhes de libras, cerca de 30 milhes de reais, s gravando vdeos de rap e postando no YouTube ou Mano Brown, do Racinais MCs, que em entrevista a Rolling Stones mostrou defender seu trabalho como um produto, que gere lucro. MCs mais liberais, como Alexandre, relacionam esse cenrio com o surgimento de novos estilos musicais. Os rappers esto se reinventando, aderindo a temas e musicalidades mais comerciais, deixando de lado o protesto. O ritmo est se readequando ao cenrio atual. Hoje temos vrios artistas ganhando dinheiro e entrando onde o rap nunca entrou. Infelizmente, o rap

    est deixando de lado sua raiz para ser aceito, justifica.

    Mas Bitrinho discorda dessas opinies e garante que o rap ficou muito tempo parado, preso a uma viso unilateral. Ele afirma que o estilo no ganhou espao

    e chegou mdia s por causa da nova linguagem, chegou porque um gnero musical como qualquer outro. Fao rap por amor. Quando se faz por amor, se amplia espao. O programa Mano e Minas uma das ferramentas utilizadas pelo rapper paulista para ganhar essa amplitude. Segundo ele, pessoas de outros estados que viram o programa o procuram pelas redes. Muita gente, principalmente na periferia, ainda no tem acesso internet. Ento, nesse caso, a televiso ajudou, e muito.

    Apesar dos altos e baixos, muitos criticam,

    O rap minha vida, minha salvao, pde me dar um caminho, uma educao. Pelo rap pude diferenciar o que o certo e o errado.

    MC Bitrinho

  • Contexto, Novembro 2013 17

    muitos gostam, mas a realidade que o ritmo, sempre to polmico, est a com tudo e, inclusive, sendo alvo do mercado fonogrfico. As pessoas tm ouvido cada vez mais e o ritmo, antes restrito, se torna popular. Para o final da matria, Bitrinho fez questo de mandar uma mensagem queles que julgam

    a msica como sendo de bandido: Essa pessoa tem que ouvir um rap de verdade. Julgar sem conhecer a pior coisa do mundo, ter inveja do movimento que est crescendo, s se pode falar algo conhecendo e, mesmo assim, quem julga Deus.

    A NOVA CARA DO RAP: S A CARA

    MC Raphael DArt - representa um de muitos grupos novos de hip hop, Famlia 4 Vidas, j lanou dois CDs com o grupo, realiza eventos do gnero na zona oeste de So Paulo e tambm tem o ritmo como uma

    salvao e mudana na sua vida. Para ele, o rap o meio de comunicao do gueto, a voz do povo oprimido nas favelas. O Rap a minha vida, no me imagino sem isso, diz o jovem rapper. Como tudo na vida sofre mudanas, na msica no diferente assim acredita DArt. Hoje a linguagem esta mais lrica, mas no deixando de perder suas raz-es e essncias. O diferencial que os manos que usam essa linguagem esto em destaque na mdia. Despreocupado, Raphael diz para quem quiser ouvir: pessoas que discriminam o ritmo so pessoas desinformadas e, ger-almente, de classe media ou alta. Eles no sabem como que a caminhada de quem vive na periferia. Falam, por deduo, que o rap msica de bandido, quando, na ver-dade, se esquecem que muitos dos ladres esto no topo da sociedade.

    Batalha Santa Cruz

    O evento comeou em 2006, em frente ao metr Santa Cruz, na zona sul de So Paulo. Desde o incio, o intuito reforar a cultura Hip Hop e, para isso, so feitas batalhas entre MCs (mestres de cerimnia), que rimam em 30 segundos. Toda essa disputa acontece em trs rounds e o pblico que escolhe o gan-hador. A arte de rimar no ritmo exige criativi-dade e raciocnio rpido, muito parecido com os repentes do Nordeste.

    A aglomerao dos curiosos faz parte do show mesmo com o preconceito que ainda existe por parte dos moradores e pessoas que passam e/ou trabalham na regio. A batalha comea sempre s 20h do sbado e a partici-pao, tanto para espectadores quanto para rappers, livre. fotos: Silvia Regina Mendona

  • 18 Contexto, Novembro 2013

    Economia

    ENQUANTO UNS OSTENTAM, OUTROS TENTAM

    O funk ostentao tem enriquecido muitos MCs e movimentado o mercado paulistano ao gerar cerca de 10 mil empregos, direta ou indire-tamente, e arrecadar 25 milhes de reais por ano

    Caio Sales sai com 67 reais no bolso. o suficiente diz o garoto. Dinheiro num bol-so, RG no outro. Sem carteira. O celular vai na mo, e apita de 5 em 5 minutos com as mensagens do grupo de amigos que ele se encaminha para encontrar do lado de fora da Gandaya, casa noturna na Zona Leste de So Paulo, conhecida por seus bailes funk. No qualquer funk - funk ostentao. O ritmo surgiu a par-tir da msica negra norte-americana no final da dcada de 60, e sofreu diver-sas mudanas at os dias de hoje. O estilo vulgarizado e conhecido por suas letras que fazem apologia ao sexo, crime e drogas, teve uma guinada quando chegou a So Pau-lo. Aqui encontrou artistas dispostos a rimar Citroen com elas vm, numa apologia a marcas de carro, roupas, culos e outros arti-gos de luxo, vertente de ostentao do poder e do glamour.

    O artista que se apresenta hoje na casa conhecido desta categoria musical, e aguar-dado com ansiedade pelo grupo de rapazes amigos de Caio. Eles tm entre 18 e 21 anos,

    vivem na periferia de So Paulo, ganham em mdia mil reais por ms, no possuem artigos das marcas rimadas nas msicas que ouvem - ao menos no artigos verdadeiros - e sonham com a vida de luxo cantada nas letras de MC Bio G3. Clber Passos, dono do codinome, cantava rap e era office boy at os 17 anos de idade, mas viu uma oportunidade de cresci-

    mento com a ascenso do funk paulistano. Hoje com 28, o MC chega na balada com um tnis Nike - 600 reais - cala da Osklen - 350 reais - e seu acessrio mais caro: um relgio Rolex de 37 mil reais. Se v

    bem sucedido e gastador em suas prprias palavras. Estes dois universos to distintos se encontram numa noite de quinta-feira, sepa-rados por uma pista e um palco.

    Caio se interessou por funk ostentao logo que este comeou a rodar pelas redes sociais, impulsionado pelas milhares de visu-alizaes e compartilhamentos que os vdeos do gnero tinham no You Tube. O site o ni-co meio de divulgao que a turma do funk ostentao utiliza para se alar fama, uma vez que estes artistas so no incio totalmente

    Por Ana Paula Oliveira, Diego Alves, ri-ka Muniz, Palloma Carvalho, Rafael Fran-calanza

    A gente no tem o que eles tm, o que eles ostentam, mas ficamos aqui curtindo o som e imaginando a vida de luxo e curtio que esses caras devem levar

    Caio Sales

  • Contexto, Novembro 2013 19

    independentes. Cantando sobre roupas, car-ros, motos e marcas, os garotos produzem seus videoclipes de maneira caseira, jogam na internet sem nenhum gasto, e elaboram os cenrios com artigos muitas vezes empresta-dos por amigos e conhecidos. A Hornet que usei no meu segundo clipe foi emprestada de um amigo do meu primo, as cenas foram fil-madas no quintal da casa de um truta meu, e os cordo era tudo banhado, confirma MC Bio G3. Custo de produo zero, custo de divulgao zero. E assim, ele e outros mcs foram alcanando visibilidade e fama - s com o talento.

    Talento que veio da verbalizao de luxos materiais apenas sonhados por estes jovens. Clber nasceu no Aricanduva, bairro popular da Zona Leste de So Paulo e com 13 anos j ajudava a me com seu salrio de office boy, num escritrio de administrao da regio - 230 reais, em 1998. Na mesma poca es-crevia letras de rap e buscava fazer apre-sentaes nas casas de colegas. Cresceu e continuou trabalhando com administrao, paralelamente sua vida de pequenos shows de rap em casas noturnas da periferia de So Paulo, que lhe rendiam no mais do que 25 reais por apresentao. O incio foi muito difcil porque no tinha dinheiro nem para chegar no lugar do show. Fui vrias vezes de carona com amigos, que eu fazia se passar por empresrios, ri Clber.

    O cenrio comeou a mudar em 2011 quan-do ele conheceu o estilo musical apresentado por funkeiros da baixada santista. As batidas fortes do funk carioca j eram conhecidas de Clber, mas as letras agora traziam marcas e costumes que o rapaz mal tinha ouvido falar. O rap politizado e crtico e isso nem sem-pre agrada a galera. Com o funk ostentao vi que podia cantar coisas boas, levar alegria a quem vive na ralao que eu vivia. Com a aproximao desse novo universo merc-adolgico, Cleber, ento com 26, passou a escrever letras que brindavam o dinheiro, a

    fama, o sucesso, as mulheres e as marcas.

    As dificuldades financeiras pelas quais pas-sou quando jovem refletem o momento vivido pela classe C brasileira da poca. O salrio mnimo, em 1999, era de 136 reais. Bancos e financeiras em geral no facilitavam o crdi-to, e o poder econmico das classes mais baixas era muito reduzido. As manifestaes artsticas vindas das comunidades refletiam a indignao pela desigualdade social e o de-semprego, e demonstravam um perfil de in-dignao. Ao longo da ltima dcada, porm, o progresso econmico brasileiro alavancou essas classes a um patamar de maior con-forto. Chamado de nova classe mdia, esse grupo composto por 53% da populao e consumiu 1 trilho de reais em 2012. As let-ras cantadas por essa nova gerao de msi-cos tm estreita relao com esse cenrio de melhoria econmica. No que ainda no haja motivos de protestos, mas o sentimento de melhora de vida muito maior do que o de dez anos atrs. E o brasileiro gosta de cel-ebrar isso cantando e danando, diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular - instituto de pesquisas especializado nas classes C,D e E, no documentrio Funk Ostentao, O Filme.

    Do outro lado da cidade...

    Bem longe da zona leste, mais exatamente na Avenida das Carins, em Moema, o Con-stantine Lounge, balada que realiza bailes funk s sextas-feiras, recebe aqueles que podem cantar com propriedade as letras que falam de gastar muito. So rapazes e moas ricos, que chegam em seus carros importa-dos, com roupas de marca, tnis, bons, tudo original. o caso de Roberto Souza, 20 anos. No pulso, um relgio de 900 reais, o tnis cus-tou mil, a bermuda 200, a camiseta 259 reais. O artigo mais barato o bon, nada mais que 190 reais. E l vai ele, vestindo nada menos que 2.549 reais.

  • 20 Contexto, Novembro 2013

    A entrada 40 reais, para quem vai ficar na pista. J para quem quer pagar de rei do camarote, de 500 a 1.500 reais, em valor consumvel, ou seja, tm direito de gastar o valor pago em produtos da casa. Mas o maior gasto mesmo com as bebidas, como diz a gerente da casa Andria Valria, que trabal-ha com baladas h 5 anos, Eles vm, ficam no camarote com mais de 15 pessoas, e s uma garrafa no d pra todo mundo. Ento eles sempre pegam mais de uma, confirma a funcionria. As bebidas preferidas so whisky Red Label e Vodka Absolut, que no custam menos do que 100 reais cada garrafa.

    Em um raio de dois quarteires, est a Space, outra casa que faz o baile funk. Para no haver prejuzo para nenhum dos esta-belecimentos, eles nunca realizam festa do mesmo estilo no mesmo dia, j que tm con-scincia de que o pblico o mesmo. Ento, enquanto a Constantine traz os famosos MCs na sexta-feira, a Space abre suas portas para eles no sbado, de modo com que todos con-sigam lucrar. Ningum besta de abrir no mesmo dia, seno nem eles ganham, nem a gente ganha, comenta a gerente.

    A casa chega a receber 270 pessoas por noite. Em sua maioria, jovens ricos, entre 18 e 30 anos. So tudo burguesinha, chega a nos carros importados, o pai deixa na porta e vai embora, observa o guardador de carros Eduardo Pereira. Os integrantes das classes mais abastadas da sociedade formam o pbli-co que eles chamam de Funk Elite. E para manter esse pblico de elite, a casa investe em espao premier, gogoboys e danarinas.

    O funk ostentao e a economia: gerando empregos

    Essa vertente do funk lucro no s para os MCs, seus empresrios ou para os donos das casas de shows, mas tambm movimen-ta uma economia local. Em Moema, nos arre-dores da Avenida das Carins, o que mais se v, so barzinhos e barracas de lanche. Por

    trs do grande mercado do funk ostentao, h, digamos, uma mercearia. So os micro-empresrios que lucram com o outro lado. Enquanto a elite est gastando 100 reais em uma garrafa de Red Label, os seguranas dos estacionamentos, manobristas, guardadores de carro, esto na barraca do seu Chico co-mendo um churrasquinho.

    Seu Chiquinho Grill, como conhecido na regio, vende seu churrasco a 2,50 reais e sua cerveja a 3,00 reais, prximo s baladas. Segundo ele, seu lucro no vem dos frequen-tadores, embora ele reconhea que nos fi-nais de semana, que o seu ponto fica mais movimentado. So nestes dias que os bailes da regio fervem. As vezes, o pessoal con-trata mais gente pra fazer a segurana, e tal, a aumenta o movimento aqui. A gente lucra mais com os funcionrios da noite mesmo. Seu Wanderley, que monta sua barraca a um quarteiro da de Chico, concorda. O nosso benefcio com as baladas o pessoal que trabalha aqui nas redondezas, que consome, porque ficam trabalhando at tarde, diz o comerciante.

    No difcil encontrar tambm placas e mais placas de estacionamento. O bairro de classe mdia alta de So Paulo atrai frequen-tadores que chegam em seus carros impor-tados e precisam ter certeza de que a nave estar em segurana. O funcionrio de uma das casas, Alexandre Lopes, conta que nas noites de sexta-feira o trnsito fica horrvel, e os estacionamentos concorridos. A hora que custava 20 reais passa a custar at 50 reais.

    Em uma noite chuvosa de sbado, na alam-eda dos Arapans, avistamos um homem parado na porta de uma casa noturna, ves-tido de preto. Nos aproximamos e pergunta-mos A Space aqui?; ele responde que ali sim e questionamos se tem algum respon-svel no local com quem possamos falar. Ih, no sei quem no, nois terceirizado aqui, contrataram a gente pra fazer a segurana,

  • Contexto, Novembro 2013 21

    que hoje tem funk a, e tem que ter mais fun-cionrio, que o pessoal fala que o movimento grande, a resposta do funcionrio. No demora muito, chegam trs moas tambm de preto, achando que ns as tnhamos con-tratado. Explicamos que s estamos ali para fazer uma reportagem. Elas so tambm ter-ceirizadas: contratadas para fazer staff. Mais uma classe que, mesmo indiretamente, beneficiada pelos batides.

    O que percebemos em duas noites de observao, comprovado com nmeros. A pesquisa Configuraes do Mercado do Funk no Rio de Janeiro realizada pela Fundao Getlio Vargas, entre 2007 e 2008, concluiu que s no Rio de Janeiro, o estilo gerou pelo menos 10 mil empregos, e movi-menta at 2 milhes de reais por ms.

    Ou seja, o funk osten-tao garante o sustento de muita gente, no s dentro, como tambm fora dos bailes.

    Na periferia, outro universo

    A celebrao pela ascenso da classe C, D e E, da qual Renato Meirelles fala no docu-mentrio Funk Ostentao, o Filme, encon-trada facilmente nos vdeos e letras que estes jovens sados da pobreza orgulhosamente hoje exibem nas redes sociais e nos sites de suas produtoras. Vdeos estes acessados de milhares de lugares, de diversas maneiras e por diferentes classes sociais. Foi assim que Caio Sales, que agora se encontra na frente da balada com seus amigos, esperando um show de no mais do que 50 minutos de MC Bio G3, teve acesso a esse universo de luxo e glamour que cantado em coro quando seu dolo sobe ao palco.

    Caio aguarda o momento com mais 6 ami-gos. Os 67 reais que levava no bolso, j se transformaram em 53,50 reais, pois 4,50 reais

    o que custa cada lata de cerveja no ambu-lante que vende bebidas na porta do estabel-ecimento. E trs latas o que ele precisava para fazer seu esquenta com os amigos. Agora j podemos entrar e beber menos l dentro, porque tudo muito caro revela Caio. 30 reais o que homens pagam para entrar. Mulheres pagam 20 ou no pagam nada, se conseguirem entrar at s 23 horas. Os se-guranas, porm, tm instruo para deixar a fila crescer na porta, como forma de atrair ainda mais clientes. Lotao na frente, vazio l dentro. Mas ainda no so nem meia-noite.

    A cerveja realmente mais salgada ali dentro: 7 reais. A vodka e o whisky com en-

    ergtico saem por 16 reais, a dose. A prtica do esquenta difundida pelos jovens e eles no consomem tanto, por isso a casa tem seu maior fatura-mento com a entrada dos pa-gantes e o pblico esperado

    em noite de funk ostentao de 1500 pes-soas. Os frequentadores se vestem de forma similar aos cantores: cala larga, camiseta de marca, tnis chamativo, cordes no pescoo, relgio, bon. Eu at queria ter aquela Osklen do Guim do Plaqu, mas no d nem pra sonhar muito. Se eu comprar, quase metade do meu salrio vai embora. Caio se refere a uma cala que o MC usa no videoclipe da msica Plaqu de Cem e que custa 450 reais. Os artigos que ele e seus amigos conseg-uem consumir so falsificados. Desde o tnis Nike, at o relgio Swatch. Estes acessrios, que so consumidos por muitos jovens como forma de se relacionar em grupo e se recon-hecer como parte integrante de uma comu-nidade, custam em mdia 10% dos originais.

    O faturamento da casa de shows chega aos 42 mil reais numa noite de baile funk ostentao. Uma grande parte deste valor separada para o pagamento do cach de Clber, o MC Bio G3. So dez mil reais por apresentao, mas 25% deste valor fica com

    Eles viam o meu sucesso e pensavam eu quero tam-bm

    MC Bio G3

  • 22 Contexto, Novembro 2013

    a produtora Maximo, que administra a car-reira dele e de grandes nomes do funk os-tentao como Guim, Lon, Pekeno e Menor. Os shows tm em mdia 45 minutos de du-rao, pois a correria grande para cumprir a agenda. Se eu estiver no pique canto por at 1 hora vangloria-se o artista. Pique difcil de ser alcanado quando se tem uma agenda de at 50 shows por ms e, muitas vezes, 7 aparies numa s noite, em baladas e at cidades diferentes.

    o caso de hoje. Ele termina de ser arru-mar no camarim improvisado que montaram para sua chegada. Nada de luxo ou exign-cias. Duas toalhas limpas, um sanduche meio frio para cada integrante do staff, incluindo o prprio artista, duas garrafas de coca-cola, uma bandeja com mas e bananas. A fome de Clber grande, pois ele veio de 2 shows e tem mais 5 pela frente. Todo o desloca-mento feito de van, e ele j chegou a rodar 500 km num mesmo dia. Tudo para arrecadar parte de seu salrio mensal de 450 mil reais. At agora, nada do glamour cantado em suas letras e muito suor pra chegar nesse valor.

    O trabalho intenso de Clber no est apenas no palco. A vivncia do rapaz em escritrios de administrao e seu tino em-presarial o fizeram se transformar num agen-ciador de funkeiros. Depois do sucesso como cantor, muitos rapazes com talentos similares ao seus e sonhos inalcanveis nas mos o procuraram para ter orientao e, principal-mente, ajuda para entrar no show business. Eles viam o meu sucesso e pensavam eu quero tambm. O que eu canto mostra para as pessoas que todo mundo pode alcanar seu sonho. Tem que correr atrs. E eles cor-reram atrs de mim, debocha Bio G3.

    Segundo ele, a ajuda era direcionada para aqueles em que ele enxergava talento e potencial. Hoje so 13 funkeiros agencia-dos, entre eles X e Y. Do faturamento destes novos artistas, a empresa de Bio G3 fica com

    35%. A dedicao a estes artistas tm dado resultado. O ultimo clipe de X, custou 25 mil reais e foi feito por uma produtora parceira do empresrio/funkeiro - a Kondzilla, conhecida por seu dono tambm funkeiro e sua quali-dade de captao desse universo peculiar. O vdeo rendeu mais de um milho de acessos no YouTube. Uma vez que o site de compar-tilhamento o elemento chave da divulgao desse mundo to sonhado, a empresa de Clber calcula um supervit de quase 27% no faturamento anual, devido a este e outros clipes lanados na internet at novembro e a contratao de apresentaes desses novos talentos do funk.

    O jovem rapper que vivia num cmodo com mais 4 pessoas na Cidade Tiradentes, hoje canta funk, tem uma casa no Arican-duva, onde mora, um stio e trs carros na garagem, num patrimnio avaliado em 1,7 milho de reais. Sua empresa tem planos de crescimento com a chegada de cada vez mais talentos da ostentao. O mercado da msica est aquecido e enquanto houver es-pao, vamos trabalhar, diz Bio G3. No incio de 2014 ele tem um show agendado no Rio de Janeiro e est ansioso por este momento. No conseguimos entrar naquelas bandas ainda, porque o funk nasceu l e eles tm um pouco de preconceito com os paulistas. Mas eu acho que isso est para mudar, prev o funkeiro.

    Clber no vislumbra muito alm de alguns meses frente. Perguntado sobre o futuro do funk ostentao, ele desconversa e diz que tem que deixar rolar. Difcil para ele pensar em algo alm das fs que o esperam gritando enlouquecidamente por detrs da porta do camarim. Ele sobe ao palco exatamente as 2h25 da manh de uma sexta-feira, e elas vo loucura ao ouvir as batidas iniciais de seu maior sucesso, o Bonde da Juju, que faz propaganda gratuita dos culos Juliet, da marca americana Oakley.

  • Contexto, Novembro 2013 23

    Caio Sales, o f que costuma frequentar shows de funk na regio e se empolgou ao saber que MC Bio G3 estaria na rea naquela noite, est rodeado pelos amigos que encon-trou l fora e dana ao som dos artigos que um dia gostaria de possuir. Seu universo inversamente proporcional ao que chega aos seus ouvidos, mas nem por isso ele deixa de se identificar com o som do artista. A gente no tem o que eles tm, o que eles ostentam, mas ficamos aqui curtindo o som e imaginan-do a vida de luxo e curtio que esses caras devem levar, sonha ele.

    Caio no faz ideia do dia a dia de Clber. O funkeiro comeou cantando sobre a vida que queria viver e hoje, realmente, pode se gabar de conseguir comprar roupas das mar-cas que quer, a moto de seus sonhos, o carro

    de luxo do momento. E o que ele faz. MC Bio G3, porm, mantm uma rotina de taman-ha acelerao que mal tem tempo de ver a famlia. Sabe que todos moram bem e esto assegurados financeiramente. Pelo menos por enquanto. Mesmo com um faturamento anual de quase 4 milhes de reais, ele no possui assessoria financeira que o oriente sobre a gangorra contbil do mundo musical e no considerou a possibilidade de queda deste montante - levando-se em consider-ao outros ritmos que tiveram em evidncia veres passados e no duraram mais do que dois anos. Clber no parece contar com a efemeridade do show business. A gastana desenfreada que ele mesmo assume ter no dar conforto longnquo sua famlia para o momento que a febre da ostentao passar. Se que ela vai passar.

  • 24 Contexto, Novembro 2013

    Daniel Pedreira Senna Pellegrine,o MC Daleste, funkeiro que foi assassi-nado em julho deste ano, comeou sua carreira em 2009, e atravs das redes sociais fez grande sucesso com o chamado funk os-tentao.Artigos de luxo faziam parte das suas let-ras .

    Chegou a arrecadar R$200 mil por ms. Se-melhante s letras de suas msicas, passou a andar com muitas jias, tnis e carros importados. Nas-cidos na Vila do Sapo, na zona Leste, pichavam os muros pelas madrugadas de So Paulo, quando Daniel comeou a fazer suas rimas, chamando a ateno dos demais que esta-vam ao seu redor. Ele era de uma famlia humilde, que passava muita dificuldade, mas ele sempre vislumbrou fazer sucesso com a msica para ajudar seus pais e irmos, disse Hiplito, amigo de Daniel .

    Com seu sucesso meterico, Daleste comeou a usar roupas de marca e mudar sua postura humilde de antes. Ele era gen-eroso, mas de repente, comeou a ganhar dinheiro, usar roupas de marca e se tornou arrogante, critica o amigo.

    Ainda segundo o amigo da famlia, o cantor passou a fazer muitos shows e comprou um Porsche Cayenne, automvel avaliado em 400 mil reais, alm de uma manso que es-tava construindo para morar com sua noiva, Flvia.

    Aps a tragdia, a famlia do cantor pas-sa dificuldades financeiras, mas Eduardo citou Rodrigo Pellegrine, irmo de Daleste, que continua o legado deixado pelo irmo, o Rodrigo o MC Pet e continua o trabalho do irmo at hoje. Os dois faziam dupla, mas pouco antes do Daleste morrer, o Pet pro-jetava sua carreira solo. Agora, mais do que nunca, depende dele, declara a famlia.

    De Repente Tudo e Nada

    foto:divulgao

  • Contexto, Novembro 2013 25

    Os primeiros tablets foram chamados de tablets PCs. Esse sistema era operado por uma caneta especial e utilizava os mesmos mecanismos operacionais dos computadores convencionais.

    Em 1989, a Apple lanou seu GridPad, a transformao se mostrou promissora trocan-do o teclado pela tela sensvel, com o sistema facilitado as pessoas poderiam usar o com-putador facilmente.

    O tablet um dis-positivo pessoal em for-mato de prancheta que pode ser usado com ou sem internet, para diverso (jogos), pes-quisas, visualizao de vdeos e fotos, leitura de livros, jornais e revistas. Sua tela sen-svel ao toque (touchscreen), podendo usar a ponta dos dedos, dispensando a utilizao de teclado ou mouse.

    Aps o enorme sucesso do Ipad, outros fabricantes comearam a desenvolver tablets com recursos semelhantes, utilizando o sis-tema operacional do Google, o Android.

    CRESCIMENTO DO USO DO TABLET

    A popularizao deste tipo de computador

    veio com o lanamento do Ipad 2, fabricado pela Apple.

    Algumas faculdades particulares do Esta-do de So Paulo fornecem tablets aos seus alunos, no lugar de livros, mas somente em alguns cursos h essa disponibilidade, como engenharia, medicina, tecnologia da infor-mao e outros.

    Em pesquisa realizada na Universidade Nove de Julho da unidade do Memorial e da Vergueiro, onde foram entrevistados 100 alunos de diferentes idades, cursos e semestres, sendo que ap-enas 39 alunos (39%) pos-suem tablet e os outros 61 alunos (61%) no possuem. A universidade oferece su-

    porte tcnico, como Wi-Fi, podendo navegar na internet, mas limitando-se apenas sites de pesquisas e estudos.

    O aluno Rafael Tenrio, 21 anos, do curso de Jornalismo 8 semestre, diz que

    o tablet j bem popular, mas pode ser ainda mais, caso haja mais propaganda, re-cursos diferenciados e barateamento de custo, por exemplo, da produo nacional do tablet.

    Essa seria umas das formas de o tablet se tornar uma ferramenta utilizada por grande

    Tecnologia

    O uso do tablet nas Universidades

    Estudantes da Universidade Nove de Julho relatam como utilizam o Tablet dentro e fora da Universidade.

    Telma Prado, Fbio Figueiredo, Luana Oliveira, Marcos Soares, Cristiane Cohen, Tatiane Bazzolli

    No so todos os lugares que tem wi-fi disponvel, acho que popu-larizando o wi-fi, fazendo disto pbli-co seria uma boa maneira de popu-larizao do tablet.

    Beatriz Gonalves

  • 26 Contexto, Novembro 2013

    parte dos universitrios.

    No so todos os lugares que tem wi-fi disponvel, acho que popularizando o wi-fi, fa-zendo disto pblico seria uma boa maneira de popularizao do tablet.

    Beatriz Souza Gonalves, 18 anos, do cur-so de Direito 2 semestre.

    Nos dias de hoje, o tablet vem sendo muito usado para leitura online de livros, jornais e revistas, j o impresso acaba ficando de lado.

    Um dos grandes problemas para aquisio de um tablet seu alto preo, incompatvel com o oramento da maioria das pessoas.

    Voc Sabia ?

    A Foston chega ao mercado como opo de compra em relao s duas grandes mar-cas (Samsung e Apple). Preo acessvel com custo mdio entre duzentos e vinte reais

    Pesquisa realizada no dia 20/09/2013/ Perodo: manh/ Local: Uninove Memorial/ Pblico: Universitrios

    trezentos e cinquenta reais, dependendo dos modelos e opcionais. O tablet Foston no deixa desejar em relao aos outros mod-

    fotos:divulgao

  • Contexto, Novembro 2013 27

    APPLE X SAMSUNG

    Samsung Galaxy Tab 10.1

    Prs: Design Android 3.1 melhorado

    para tablets O mais fino e leve do

    mercado.

    Contras: No tem uma cmera boa

    como do Iphone 4S Sem expanso de memrias No possui USB.

    Contras: Poucos aplicativos para

    o Honeycomb Sem entrada de carto

    Micro SD Sem entrada HDMI.

    Custo estimado: R$ 2.300,00 Custo estimado: R$ 1.700,00

    APPLE IPAD 2

    Prs: Mais de 500 mil aplica-

    tivos disponveis Usabilidade simples Variedade de modelos e

    verses.

  • 28 Contexto, Novembro 2013

    Cidades

    Uma pergunta necessria no tem uma resposta pronta: quando voc morrer, para onde vai? No, no uma questo espiritual, mas fsica. O corpo sem alma tem como destino uma vala. E a se ela for de um cemitrio pblico...

    Aonde cair morto?

    Entrar numa prestao para adquirir um bem material comum. Casa, carro, mveis, por exemplo, tm um carn que ajudar qui-tar em suaves parcelas coisas necessrias a um viver confortvel, tranquilo. to trivial essa forma de compra que curioso ver o estranhamento ao ouvir uma empresa fu-nerria anunciar seus servios ps-morte nas tais suaves parcelas.

    Porm no para muitos. A maioria da populao paulistana depende do servio pblico funerrio ao deparar com a inevi-tvel morte de um ente querido. Planejar o falecimento de algum est longe de ser prioridade, logo quando o imprevisto acon-tece, as escolhas so poucas e a realidade surge: a ntida precariedade dos cemitrios municipais de So Paulo.

    So 22 cemitrios municipais na capital paulista, sendo que o maior deles, o locali-zado no bairro Vila Formosa, o maior do Brasil com 763.175m. At por estar numa regio perifrica da cidade, tradicionalmente o local utilizado basicamente por pessoas das classes C, D e E.

    Um volta pelo gigantesco terreno su-ficiente para perceber o descaso: jazigos abandonados, ossos humanos espalhados no cho e um cheiro nada agradvel. No

    cemitrio da Vila Formosa h uma peculiari-dade, j que cerca de 200 covas ficam aber-tas, preparadas caso uma tragdia venha a acontecer. E a movimentao grande, pois ocorre cerca de 30 sepultamentos por dia.

    Por Joo da Paz Adlio Diogo, Douglas Nunes, Leonardo Macedo e Ludmila Sam-bugaro

  • Contexto, Novembro 2013 29

    DESRESPEITO E UM SOPRO DE BONDADE

    possvel observar discrepncias. Ao mesmo tempo que um enterro junta centenas de pessoas, uma solitria mulher acompanha o coveiro descer o caixo. A visvel simplici-dade leva a concluso de que a senhora o exemplo mais evidente do uso gratuito do cemitrio pblico.

    O Servio Funerrio do Municpio de So Paulo a maior autarquia da prefeitura, com quase 2 mil servidores. Apesar do tamanho, auxlios bsicos so deixados de lado. A lei 11.083/91 concede gratuitamente os procedi-mentos funerrios aos muncipes que no tenham condies de arcar com as despesas de funeral. No necessria a apresentao do fatdico atestado de pobreza.

    MAS E A MANUTENO DA CAM-PA?

    Eu pago 30 reais por ms. A aposentada Magali Serrano tem sua irm sepultada no ce-mitrio da Vila Formosa desde 2010. Esse o valor da taxa paga para um jardineiro cuidar da campa parte de cima da cova onde houve o enterro. Se eu no pa-gar, fica abandonada, denuncia Magali. Por ser um cemitrio pblico, a manuteno de-veria ser gratuita.

    Os jardineiros que prestam esse servio so terceirizados. Existem os que se aproveitam do momento delicado de luto e se aproveitam das famlias e cobram preos exorbitantes. Contudo tm os que procuram fazer seu tra-balho com respeito. A vendedora Maria Fran-cinete tem a me enterrada tambm em Vila Formosa (desde 1999) e destaca que seu Z Leite, o jardineiro contratado, sempre deixa a campa impecvel, e reala um gesto delicado e humano por parte dele: Quando dias das

    mes ele no cobra a taxa de manuteno.

    UM SUCO DE NECROCHORUME, PODE SER?

    Um sepulcro caiado lindo por fora, podre por dentro. O subsolo de um cemitrio to maltratado quanto a rea externa. Mas o risco para a sade de quem est em volta de um cemitrio agravado pelo descuido feito nos sepultamentos. Desde a qualidade do caixo ao local onde a cova foi posta.

    Por 200 reais sai um caixo feito com um papelo resistente. Esse, com menos de um ano, j contaminou o solo gravemente pela produo do necrochorume, lquido pro-duzido pela decomposio dos cadveres em cemitrios. Para o gelogo da UNESP Walter Malagutti, doutorado em geocincias e meio ambiente, esse assunto tem de ser levado mais a srio. O sepultamento de cadveres gera fontes de poluio para o meio fsico, diz Malagutti, e por isso deve ser tratado como atividade causadora de impacto ambiental.

    Grande parte dos cemitrios pblicos, de acordo com o gelogo, no tomam os cuida-dos necessrios com o solo e sua permeabili-dade. primordial que

    se crie camadas de proteo, principalmente s guas subterrneas, uma distncia de 4,5 metros entre o caixo na terra e o chamado nvel fretico (camada antes do lenol freti-co).

    Malagutti enumera os problemas que o necrochorume carrega. O lquido, principal causador da poluio do solo, contm quanti-dades elevadas de diferentes bactrias que podem causar ttano, gangrena, febre e dis-enteria. Alm de apresentar vrus, como o da hepatite. Usar qualquer tipo de cosmtico para maquiar o falecido s piora mais as im-purezas no necrochorume.

    Se eu no pagar, fica abandonada Magali

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    PRIVATIZAO

    O professor de geografia Eduardo Rezende, especialistas em estudos cemite-riais, autor de quatro livros sobre o assunto, alerta que os cemitrios privados no so a soluo definitiva para resolver a poluio do necrochorume, visto que muitos desses sof-rem o mesmo problema.

    Entretanto a privatizao dos cemitrios seja a resposta para que o servio melhore: os governantes, se quiserem, podem pri-vatizar os servios funerais pblicos, como fez com a telefonia e eletricidade, por exem-plo.

    Rezende explica que a procura constante por cemitrios privados ocorre numa situao similar dos convnios mdicos. Em ambos os casos a populao busca uma alternativa que sirva como resposta a insatisfao dos servios pblicos.

    Mas custa caro ter um bom tratamen-to ps-vida. Na zona sul de So Paulo, na regio do Morumbi, esto dois dos cemitrios privados mais caros da cidade (Gethsmani e Morumby). Em ambos o metro quadrado mais caro que a mesma medida de um apar-

    tamento nos arredores. O preo varia entre R$ 2 mil e R$ 9.300.

    Um sistema de concesso faria com que esse valor fosse reduzido e manteria as gra-tuidades especiais j praticadas. Uma dessas foi regulamentada pelo Decreto 35.198/95 e a vendedora Ana Paula Vieira utilizou ao en-terrar sua me no cemitrio da Vila Formosa em 2011. No paguei por nenhum servio funerrio porque minha me doou alguns rgos.

    A parte de situaes pontuais, trabalhoso lidar com a morte de um ente querido, pois decises importantes precisam ser tomadas em situaes extremamente delicadas. Para evitar isso aconselhvel que se antecipe o luto, ou seja, planejar como ser o momento triste de dar um bom lugar de descanso para um corpo sem o ar da vida.

    Independente de crenas no alm, na vida aps a morte ou no desprezo a eternidade do esprito, o corpo (ossos, peles, rgos) precisam de um cuidado especial de sepul-tamento. Tratamentos exuberantes talvez meream dispensa, mas despejar a pessoa falecida numa simples vala est distante do considerado um enterro digno e saudvel.

    fotos:Agncia Brasil e Joo da Paz

  • Contexto, Novembro 2013 31

    So Paulo a cidade mais rica da Amrica Latina. Viver na cidade de So Paulo custa caro, morrer tambm. A lgica da especu-lao imobiliria e a falta de concorrncia produz uma liberdade no controle de preos no mercado de cemitrios privados em So Paulo. O metro quadrado de nove cemitrios da capital to ou mais caro do que casas e apartamentos em seus bairros. Mesmo ex-ibindo muito luxo e organizao, os cemit-rios privados da cidade tem falhas estrutur-ais e operacionais como a falta de proteo adequada ao solo, segurana na compra dos jazigos e preservao dos tmulos.

    Um mercado estagnado, sem investimen-tos e concorrentes; esse o cenrio dos cemitrios privados de So Paulo. So sete cemitrios privados dentro da capital e oito privados/religiosos, dentre eles apenas dois, o Cemitrio Parque Pinheiros e o Cemitrio Parque Cantareira que apresentaram proje-tos para melhorias no tratamento do solo e segurana para com os seus clientes. Por e-mail, a direo do cemitrio Parque Pinheiros, mostrou que um dos problemas neste ramo so os golpes onde pessoas usam o nome das empresas para vender jazigos, contando com a omisso da polcia. A especulao imobiliria algo que preocupa os cemitrios

    privados que ficam dentro da cidade, pois o desenvolvimento ao redor dos cemitrios dificulta reformas e novos in-vestimentos de expanso e estruturao, o que relata Manuel Eurico Bacelar Furtado, 66, gerente do cemitrio Parque Cantarei-ra, e alm das dificuldades administrativas os cemitrios privados tem a necessidade de passar o mximo de credibilidade para os clientes, com informaes claras sobre o servio. Ocorrncias como a do Cemit-rio Parque Jaragu com a cliente Maria Do-mingos Vicente, quando houve um problema com o registro de pagamento dos tmulos, contribui como marketing negativo para um mercado que tem como principal fundamento a sua credibilidade e organizao. No ex-iste venda de jazigos de porta em porta ou outros meios, nosso departamento de mar-keting atende apenas pela internet, por tele-fone ou no local diz Eurico. Jos Almeida de Castro, empresrio, 48, diz que o preo por ter um jazigo familiar num cemitrio privado caro, porm, um investimento que se paga pela qualidade do servio, sabendo que se pode visitar o tmulo e ter a certeza que vai estar em bom estado quando voltar.

    A casca luxuosa dos cemitrios privados

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