revista contexto 3

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Como crianças e adolescentes estão sendo seduzidos pelos dispositivos touch screen O ressurgimento dos Alves Cientistas do Um acervo raro Tecnologia Futuro em terras pernambucanas ao toque das mãos Com representantes em setores estratégicos da política nacional e estadual, família Alves renasce, mantendo vivo o legado do aluizismo Projeto do Instituto de Neurociências de Natal oferece educação científica a alunos de escolas públicas do RN Instituto Ricardo Brennand abriga o maior número de armas brancas da América Latina contexto MOSSORÓ/RN | NOVEMBRO DE 2011 | N O 3 | ANO 1 | R$ 9,90 Histórias de desilusões nas terras do petróleo

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Revista de Variedades da Santos Editora LTDA, em Mossoro.

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Como crianças e adolescentes estão

sendo seduzidos pelos dispositivos touch screen

O ressurgimento dos

AlvesCientistas do

Um acervo raro

Tecnologia

Futuro

em terraspernambucanas

ao toquedas mãos

Com representantes em setores estratégicos da política

nacional e estadual, família Alves renasce, mantendo vivo o

legado do aluizismo

Projeto do Instituto de Neurociências de

Natal oferece educação científica a alunos de

escolas públicas do RN

Instituto Ricardo Brennand abriga o maior número de

armas brancas da América Latina

contextoMOSSORÓ/RN | NOVEMBRO DE 2011 | NO 3 | ANO 1 | R$ 9,90

Histórias de desilusões nas terras do petróleo

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Um pouco da vidade Ariano

O sucessodos tablets

Ousadia no interior do NE

À sombra de Aluízio Membros de um dos clãs mais importantes da política potiguar assumem papéis decisivos e mostram que o aluizismo estámais vivo do que nunca

Conheça mais da vida de um dos escritores e dramaturgos mais respeitados da cultura popular

Nova febre entre os produtos tecnológicos, objeto já se tornouindispensável nocotidiano da garotada

Neurocientista Miguel Nicolelis comanda projeto que pretende promover uma revolução educacional na região

Outra faceTecnologia Educação

COLUNAS & PONTOS DE VISTA

A riqueza do Instituto Ricardo Brennand – PÁG. 20

João Almino: de Mossoró ao quinteto de Brasília – PÁG. 26A Maisa e o mito da reforma agrária – PÁG. 59

Arte

Literatura

Agricultura

((((((

O que fazer para evitar a dor de cabeça – PÁG. 78Saúde ((Carlos Fialho traz o melhor para ver e ouvir – PÁG. 72Contexto Indica ((

34 42

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48

Pois bem... - César Santos 16 De CoNVeRsA em CoNVeRsA – Esdras Marchezan 18 PoNto De VistA – Rilder Medeiros 32 CONTXTUALIZANDO – Kildare Gomes 56 RubeNs lemos filho – 58 CoZiNhA PRÁtiCA – Angelina Tavares 70 miNuto VisuAl – Carlos Costa 73 sÉRGio ChAVes – 74 sAúDe em Ação – Costa Júnior 81 eNtão, tÁ! – Neisa Fernandes 82 style uP – Bruno Sá 84

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Chegamos. Depois de duas edições em que apresentamos ao leitor potiguar uma nova proposta editorial, com colaboradores de respaldo em seções temáticas e reportagens aprofundadas sobre assuntos variados, CONTEXTO traz sua 3ª edição, se mantendo fiel aos princípios do respeito e atenção ao leitor.

Na reportagem de capa, a história do ex-governador e ex-ministro Aluízio Alves, homem que se mantém vivo no imaginário político do Rio Grande do Norte. Mais que história, a reportagem de Luiz Augusto Falcão – jornalis-ta com passagem por O Globo, O Estado de São Paulo e Revista Veja – oferece uma leitura sobre o atual momento dos Alves. Com representantes em posições-chave no Governo e na oposição, o clã revela que o “aluizismo” está mais forte do que nunca.

Nossa equipe foi a Recife, Pernambuco, conhecer o instituto que abriga o maior acervo de armas brancas da América Latina. Mas não é só isso. O Instituto Ricardo Brennand oferece aos seus visitantes peças raras que fazem parte da história da arte mundial. Nas cidades-polo do petróleo potiguar, conhecemos as histórias de mulheres que se deixaram encantar pela “farda” e lutam hoje pelo reconhecimento de seus filhos por parte de ex-petroleiros que foram embora da região. Na seção Outra Face, conheça um pouco da intimidade do mestre Ariano Suassuna, re-ferência certa na história da cultura nordestina.

CONTEXTO ainda traz as colunas de Rubens Lemos Filho, César Santos e as colaborações de Rilder Medeiros e Carlos Fialho, nas seções Ponto de Vista e Contexto Indica. Nesta edição assumimos a editoria da revista, em substituição ao colega Paulo Sérgio Freire, que tão bem conduziu o projeto da CONTEXTO e as duas primeiras edições. Compromissos profissionais o levaram à capital cearense, onde está atuando. Espero manter, à altura, esse projeto inovador no mercado editorial potiguar.

Um abraçoEsdras MarchezanEditor

Editor: Esdras MarchezanReportagem: José de Paiva Rebouças, Esdras Marchezan, Janaína Holanda, Izaíra Thalita e Luiz Augusto FalcãoFotografia: Cezar AlvesProjeto Gráfico e Diagramação: Augusto Paiva Revisão: Stella SâmiaComercial: Hernegildo Silva e Neide CarlosMarketing: Larissa Gabrielle AraújoTiragem: 5 mil exemplaresColaboraram nesta edição:

O aluizismoestá de volta

ExpedienteContexto é uma publicação de responsabilidade da Santos Editora

César SantosSérgio ChavesNeisa Fernandes

Kildare GomesRubens Lemos FilhoRilder Medeiros

Angelina TavaresCosta JúniorBruno SáCarlos Fialho

Quer enviar críticas, sugestões, dúvidas ou apenas dar um alô? Envie e-mail para: [email protected]: (84) 3323 8900

Contato comercial 3323-8914Email para receber anúncios: [email protected]

Endereço:Avenida Rio Branco, 2203 Centro – Mossoró (RN) – CEP: 59.611-400

((

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A outra faceFr

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Ariano SuassunaPOR JOSÉ DE PAIVA REBOUÇ[email protected]

O paraibano Ariano Suassuna é hoje uma das figuras mais impor-tantes e simbólicas do Nordeste brasileiro. O criador do famoso Movimento Armorial e autor de peças imortalizadas no imaginá-rio popular, como O Auto da Compadecida e Uma Mulher Vestida

de Sol, representa a força da cultura popular nordestina e seu vigor. Seu lado cultural, artístico, todos conhecem. Seus laços com a família e amigos são mais reservados. O amor pela mulher, Zélia de Andrade Lima, com quem está casado desde janeiro de 1957, é declarado em alto e bom som. CON-TEXTO entrevistou Ariano durante sua passagem por Pau dos Ferros, e traz nesta edição um pouco deste nordestino de 84 anos, pai de seis filhos e apai-xonado pela região que Deus escolheu para ele nascer.

O que Câmara Cascudo fez e o que ele cita não se acabou não. Podem vir trezentas mil coisas modernosas aí, o que ele fez está lá"

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COMO é sua casa nos finais de sema-na e feriados? É dia de visita de filhos e netos?

ARIANO SUASSUNA – Olhe, meus filhos me visitam com tanta frequência que não tem isso lá em casa. Eles fizeram suas casas no quintal da minha, de forma que nos vemos todo dia.

COMO o senhor define a sua relação com dona Zélia de Andrade Lima, sua esposa? O senhor tem alguma dependên-cia dela?

EU sou totalmente dependente dela. Nós namoramos desde o dia 20 de agosto de 1947 e não acabou ainda e nunca vai acabar. Certa vez, alguém me disse que Zélia era minha eterna namorada. Eu disse, não, ela é minha esposa!

QUEM faz as suas roupas é mesmo uma costureira popular do Recife? Como é a sua vivência com o “Brasil Real”?

NÃO, veja bem: eu sei que não é o fato de eu me vestir de um jeito ou de outro que vai me fazer pertencer ao “Brasil Real”. Eu fui nascido, criado e deformado pelo “Brasil Ofi-cial”, mas, na medida em que me é possível, eu procuro chamar a atenção para a impor-tância do povo do “Brasil Real” e a minha roupa, eu fiz questão de passar a ser feita por uma costureira popular para mostrar essa minha identificação com o “Brasil Real”.

CONTEXTO – O senhor ainda cria ca-bras. O que é a tal “Estética da Cabra”?

NÃO existe uma estética da cabra, eu só acho um animal bonito. Eu realmente crio, mas quem cuida mesmo é o meu primo Ma-noel Dantas Vilar. Então, quando entrei no negócio, eu quis criar a cabra nativa, porque é uma cabra que já tem quinhentos anos de adaptação. Você pega uma anglo-nubiana e coloca dentro da macambira, ela não resiste. Agora, esse negócio da estética apareceu porque eu queria as cabras de três cores: vermelha para representar o índio; branca, para representar o povo português e a preta para representar o povo negro, que são as três cores iniciais da cultura brasileira. De-pois uma azul para representar os italianos e o resto do povo que apareceu (risos).

POR QUE o senhor se opôs ao man-guebeat de Chico Science?

OLHE, vocês precisam me conhecer me-lhor. Há pouco, ali, um rapaz veio até me dá os parabéns por um texto que eu teria escrito que está na internet; um texto defendendo o

forró. Eu nunca escrevi aquele texto, nem me interesso por esse tipo de coisa não, tá certo? Então eu gosto muito de maracatu rural, ago-ra, eu detesto o rock! Então eu não podia concordar com Chico quando ele tentou fun-dir uma coisa com outra, segundo ele, para valorizar o maracatu rural. Eu digo: eu não sei como uma coisa ruim como o rock vai va-lorizar uma coisa boa como o maracatu ru-ral!

EM 2002, durante entrevista à revis-ta Continente, o cantor Chico César dis-se que Chico Science fez em três semanas o que Ariano Suassuna tentou fazer a vi-da inteira...

PRONTO. Essa é a opinião de Chico César, vá perguntar a ele! (fica visivelmente irrita-do).

COMO é a sua vivência hoje com os artistas, incluindo o próprio Chico Cé-sar?

OLHE, convivência comigo é a coisa mais fácil do mundo. Eu tive a melhor convivência do mundo com Chico Science, tá certo? Éra-mos amigos, agora eu discordava dele; e Chi-co César eu estou sabendo disso agora... Eu tenho uma convivência ótima com ele, tenho uma grande admiração por ele e sei que essa admiração é retribuída, agora, ele pode pen-sar o que quiser, eu penso o meu e pronto!

COMO está sendo feita a cultura nor-destina? O senhor acha que essas influ-ências externas estão apagando a cultu-ra de Câmara Cascudo?

OLHE (pigarro), o que Câmara Cascudo fez e o que ele cita não se acabou não. Podem vir trezentas mil coisas modernosas aí, o que ele fez está lá feito. Esse tipo de cultura de massa que quer uniformizar as culturas exis-te também na Espanha, mas a Espanha ver-dadeira está sempre no Dom Quixote, ou na música de Manoel de Falla ou no teatro de García Lorca e na poesia de García Lorca, isso não importa não. Eu faço a distinção en-tre sucesso e êxito... Tá vendo? - Entre suces-so e êxito: essas bandas de rock que estão por aí, ou de “punk” ou de “funk” (palavras pro-nunciadas por ele como se escreve), ou seja lá do que for, têm mais sucesso que qualquer um de nós, mas eu duvido que eles façam uma obra da importância da obra de García Lorca, ou da obra de Vila Lobos aqui no Brasil.

O SENHOR usa computador? NÃO, uso não. Não tenho nada contra o

computador. Não uso porque eu gosto de es-

Eu tive a melhor convivência do mundo com Chico Science, tá certo? Éramos amigos, agora eu discordava dele"

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crever à mão, mas eu tenho um genro, que é assessor meu, Alexandre, que ele passa para o computador. E um amigo, chamado Carlos Nilton Junior, que também passa o que eu escrevo para o computador, o que facilita o meu trabalho de escritor.

COMO é a relação do senhor com o Rio Grande do Norte?

BOM, é uma relação muito forte. Eu vou lhe resumir. Como nós dois somos nordestinos eu não estou ofendendo ninguém. Eu tenho para mim, que o Nordeste é o coração do Brasil e o coração do Nordeste é formado por três estados: Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Então para mim, o Rio Grande do Norte tem uma importância enorme. In-clusive, hoje de manhã eu dormi no Martins. Eu fiz questão de passar pelo Martins, apesar de que aumentava a viagem, mas o que eu queria conhecer era a terra do meu avô. Meu avô nasceu em Martins. Então, o meu bisavô nasceu em Pernambuco, meu avô em Martins,

no Rio Grande do Norte e meu pai e eu na Paraíba. De maneira que você já entende por-que que eu digo que o coração do Nordeste é feito por Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

O SENHOR está assistindo à novela Cordel Encantado? (por esses dias ainda passava no horário das seis). O que o se-nhor acha da abordagem dos temas Nor-deste e Cangaço?

EU estou assistindo. Veja bem: aquela novela representa uma vitória nossa. Pense vinte anos para trás, aparecer uma novela daquelas, num é? Com o Nordeste presente em tudo; uma música dos tipos; uma própria maneira de encarar o real. Agora, eu tenho minhas restrições, mas eu vou dizer uma coi-sa: do gênero novela, eu tenho me encantado com poucas quanto aquela, ou para ser justo: eu nunca me encantei com uma novela como estou encantado com aquela, agora, fazendo minhas restrições.

Eu tenho para mim, que o Nordeste é o coração do Brasil e o coração do Nordeste é formado por três estados: Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco."

Tasso Marcelo/Agência Estado

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A outra facepois [email protected]

Fala que eu te escutoAlém de pro mes sas repetidas em campanhas eleitorais pa ra me lho rar a saú de, edu ca ção, ge ra ção de em pre go e ren da, se gu ran ça pú bli ca e infraestrutura, o que mais os can di da tos a pre fei to vão apre sen tar pa ra con quis tar o vo to em 2012? O dis cur so é im por tan te e po de ser de ci si vo nu ma cam pa nha elei to ral, des de – cla ro – que te nha a ca pa ci da de de con ven-ci men to. Um di fe ren cial, diga-se, prin ci pal men te com o elei-tor ca da vez mais es cla re ci do, po li ti za do e exi gen te. Reco-menda-se ao can di da to en con trar a me di da cer ta da ora tó-ria, de pre fe rên cia, ba sea da nos an seios le gíti mos da so cie-da de. Em Mos so ró, há uma cer te za de que o pa lan que do go ver nis mo vai de fen der o dis cur so da con ti nui da de, apos-tan do no su ces so e no re co nhe ci men to po pu lar do presente governo. A ci da de ex pe ri men ta o pro ces so ace le ra do de de-sen vol vi men to, con tem plan do to das as áreas – is so é fa to – e o gru po go ver nis ta se apre sen ta rá co mo o con du tor des ta má qui na. E a opo si ção, qual o dis cur so a se guir? Nas úl ti mas elei ções fa lhou na ora tó ria. O slo gan “Dê fé rias aos Ro sa dos”, le va do a ter mo pe lo can di da to Fran cis co Jo sé, em 2004, e o “Mos so ró pa rou”, de fen di do pe la can di da ta La ris sa Ro sa-do em 2008, foram reprovados pelo elei tor. O pri mei ro pas-sou o sen ti men to de ar ro gân cia, de agres si vi da de e de com-ple ta fal ta de res pei to com a mais tra di cio nal fa mí lia po lí ti-ca de Mos so ró; o se gun do agre diu a rea li da de dos fa tos dian te do in con tes tá vel cres ci men to da ci da de. Pa ra as pró-ximas eleições, a opo si ção pre ci sa des co brir o seu es pa ço e cons truir o dis cur so que pos sa con ven cer o elei tor a vê-lo co mo a me lhor op ção. Do contrário, vai continuar na fila de espera.

Hi per Ci da deA no va lo ja do Su per mer ca do Ci da de – on de fun­cio nou o “Pa lá cio do For ró”, Cen tro, se rá inau gu­ra da no iní cio de 2012, pro va vel men te no mês de ja nei ro. As obras es tão avan ça das, de ven do ser con cluí das até o fi nal de de zem bro. Se rá o Hi per Ci da de, pa ra con cor rer no mer ca do já cheio de gi­gan tes. Jar dins Ams ter dãA du pla se ta ne ja Ze zé di Ca mar go e Lu cia no es­ta rá em Na tal no dia 9 de no vem bro. Mas, des ta vez, não se rá pa ra aten der a le gião de fãs ou fa zer show. Os ir mãos se rão as es tre las do lan ça men to do con do mí nio de lu xo Jar dins de Ams ter dã. O em preen di men to tem a as si na tu ra da Pen ta In­cor po ra do ra, de pro prie da de da du pla. Re si den cial em Ca raú bas O em pre sá rio Ade mos Fer rei ra faz sur gir o pri mei­ro lo tea men to re si den cial no mu ni cí pio de Ca raú­bas. Ao la do da área on de es tá sen do cons truí do o Cam pus da Uni ver si da de Fe de ral do Semi­Árido (UFER SA), doa da pe lo em pre sá rio. Os lo tes com va lo res aces sí veis es tão sen do ad qui ri dos por fa­mí lias da cha ma da clas se “C”, que ga nham a opor­tu ni da de de rea li zar o so nho da ca sa pró pria.

Toyota em MossoróEm 2012 Mos so ró vai ga nhar uma con ces sio ná ria da To yo ta, be ne fi cia da pe lo su ces so que a mar ca im por ta da faz na ci da de e re gião com a Hylux. Com isso, o mercado de carros local e regional passará a contar com todas as marcas importadas.

negÓCiOs & CiA

1

2

3

No dia 4 de no vem bro de 2003, o Diá rio Ofi cial da União pu bli ca va de cre to au to ri zan do a Maí sa pa ra fins so ciais e de re for ma agrá ria. No dia 20 de de zem bro da que le ano, o pre si den te Lu la vi si ta va a fa zen da e anun cia va a “No va Ari zo na”, pro me ten do trans for mar a área em mo de lo de re for ma agrá ria pa ra o mun do. Oi to anos de-pois, a “Ari zo na” não acon te ceu e o pro je to do Lu la transformou-se em gran de fra cas so.

Arizona do fracasso

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O ser hu ma no é ce go pa ra os pró prios de fei tos. Ja mais um vi lão do ci ne ma mu do proclamou-se vi lão. Nem o idio ta se diz idiotaneLsOn RODRigUesPensador“

O polêmico pastor Silas Malafaia está de olho no promissor mercado da fé de Mossoró. Estuda implantar na cidade uma

representação de sua “Assembléia de Deus Vitória em Cris­to”. O sucesso do I Cristo Liberta, realizado no finalzinho de setembro, empolgou o pastor. Quem não deve gostar da notícia são os ativistas gays, que consideram o pastor um “homofóbico”.

Nos dias 4 e 5 de no vem bro se rá rea li za do o Mos so ró Mix, com show de Lu lu San tos, Skank, Ban da Eva, Dor gi val Dan­

tas, Sol tei rões, Ba ku le jo, Plays e Ina la. O pú bli co tam bém te rá di rei to aos shows de Exal ta Sam ba e Aviões, na tra di­cio nal fes ta de 12 de de zem bro. Sem dú vi da, ini cia ti va ar­ro ja da da Gon din & Gar cia e KM Nas ci men to.

O po pu lar Ka ki nha (PV) pro me te re pre sen tar a clas se gay nas elei ções mu ni ci pais 2012. Se rá can di da to a ve rea dor

com a ban dei ra ro sa cho que, sem me do de ser fe liz, e con­fian te de que che gou a ho ra dos co le gas co lo ca rem um le­gí ti mo – e as su mi do – re pre sen tan te na Câ ma ra Mu ni ci pal de Mos so ró.

O de pu ta do Leo nar do No guei ra (DEM) tem si do uma voz – qua se iso la da – em de fe sa da adu to ra San ta Cruz/Mos­

so ró, que re sol ve ria em de fi ni ti vo o pro ble ma da es cas sez de água na ci da de e em mu ni cí pios co mo Apo di, Fe li pe Guer­ra e lo ca li da des ru rais. A obra foi pro me ti da pe lo go ver no Wil ma de Fa ria/Ibe rê Fer rei ra (PSB), in clu si ve, com pe di do de em prés ti mo apro va do pe la As sem bleia Le gis la ti va. Até aqui, po rém, na da de con cre to. Só a es pe ran ça do po vo se­den to.

O Hos pi tal da Po lí cia Mi li tar de Mos so ró é bem es tru tu ra­do, po rém, pou co uti li za do. Fal tam pro fis sio nais mé di cos.

Bem que a Se cre ta ria de Saú de Pú bli ca do Es ta do po de ria olhar com ca ri nho pa ra es sa uni da de, co mo for ma de me­lho rar o aten di men to aos mos so roen ses. É tempo de fazer acontecer.

O em pre sá rio Ale xan dri no Li ma so nha va com a Pre fei tu­ra de Ra fael Go dei ro. Ele tem raí zes no mu ni cí pio médio­

oestano. Mas lá, quem man da é a fa mí lia Amo rim, do pre­fei to Abel – ir mão do ex­prefeito de Al mi no Afon so Ber nar do Cé sar. Daí, Ale xan dri no ter op ta do pe lo DEM de Mos so ró, de olho no Le gis la ti vo.

Ago ra no vem bro com ple ta 32 anos que era des co ber to pe-tró leo em Mos so ró, a par tir da per fu ra ção de um po ço de água na área do Ho tel Ther mas. Ocor rên cia da tada de 6 de no vem bro de 1979. Mais de três dé ca das de pois, é pos sí vel afir mar que o ou ro ne gro te ve in fluên cia im por tan te na vi da dos mos so roen ses, po rém, po de ria ter ofe re ci do mui to mais. A pre sen ça da Pe tro bras na ci da de ofe re ce bom com bus tí vel pa ra a má qui na do de sen vol vi men to, mas bem me nos do que a ri que za que a em pre sa ex trai do so lo mos so roen se.

O petróleo é nosso

O rosadismo é Sandra e Sandra é o rosadismo A de pu ta da San dra Ro sa do car re ga no co lo o pro je to da fi lha La ris sa de se ele ger pre fei ta de Mos so ró. E La ris sa car re ga nas cos tas o pe so da re jei ção da mãe. Pes qui sas qua li ta ti vas re ve lam o receio que o elei tor tem de en tre gar a Pre fei tu ra ao ro sa dis mo. Par ce la con si de rá vel da po pu la ção en ten de que ele gen do La ris sa, San dra é quem fi ca rá man dan do na Pre fei tu ra. Daí, o desafio da candidata: descolar a sua imagem à da mãe. Possível? É. Porém, improvável. O rosadismo é Sandra e Sandra é o rosadismo.

O SILÊNCIO DO BARuLhO Po li ciais mi li ta res e o Mi nis té rio Pú bli co in van di ram a Câ ma ra Mu ni ci pal de Mos so ró, nas pri mei ras

ho ras do dia, pa ra la crar com pu ta do res e cai xas de do cu men tos, no que fi cou co nhe ci do co mo Ope-ra ção Sal Gros so. Era 14 de no vem bro de 2007. Os vereadores foram acusados de crimes contra o bem público, dentre os quais, desvio de dinheiro através de empréstimos consignados. Qua tro anos de pois – com ple ta dos da qui a duas se ma nas – ne nhum dos en vol vi dos foi jul ga do ou con de na do.

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contexto novembro de 201118* Mestre em Literatura e Interculturalidade pela UEPB e editor da Revista ContextoContato: [email protected]: @marchezan

De conversa em conversaencontros e despedidas

Fico motivado com uma imagem que se repete todos os dias nos aeroportos, terminais rodoviários e qualquer outro lugar de onde se possa partir e chegar.

Os abraços do retorno e as lágrimas da despe-dida me fazem pensar no quanto um minuto pode acumular sentimentos diversos de forma tão intensa. Alegria, saudade, tristeza, esperan-ça. Tudo junto num misto de emoções que ex-plodem num instante.

“A vida é a arte do encontro”, disse tão bem o poeta Vinicius de Moraes, mas confesso que acho bem interessante o reencontro. Talvez por-que seja um contato já amadurecido. Não somos mais tão estranhos um ao outro como antes. Reencontrar presume distância, mas também

esDRAs MARCHezAn*

saudade. Não importa se seja um amor, um ami-go, ou simplesmente alguém que já tivemos a sorte – ou falta dela – de cruzar nos caminhos dessa nossa existência. É um momento ímpar.

Dia desses, durante meu tratamento contra insônia – assistir à televisão – encontrei um pro-grama onde o objetivo era contar histórias de pessoas que aguardavam ou se despediam de alguém nos aeroportos. Despertou-me a história de uma jovem que aguardava o pai, pela primei-ra vez. Desde a infância, nunca o tinha conheci-do. Só por fotografias ou relatos da mãe.

Me peguei pensando: quantas histórias bo-nitas, outras tristes – mas não menos interes-santes – vagam pelos andares ou se espremem em meio aos abraços, todos os dias, nos lugares onde sempre há alguém partindo ou chegando. Me interesso por elas. Na verdade, o que me fascina é o ser humano, mesmo quando ele me choca. Talvez por isso escolhi ser jornalista. Queria ser um contador de histórias da vida re-al e continuo seguindo esse caminho.

Reencontrar é a oportunidade de dizer o que não foi dito antes. Chance de deixar o coração livre e soltar tudo aquilo que fica preso na gar-ganta em momentos de dor, tristeza, paixão... É o momento em que o medo chega ou vai embora, acompanhado de quem você queria tanto ver ao menos mais uma vez...

Reencontrar é a oportunidade de dizer o que não foi dito antes.

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Instituto Ricardo Brennand, em Recife, que possui o maior acervo de armas

brancas da América Latina, tornou-se, em menos de dez anos, um dos maiores

museus de artes do Brasil

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Estávamos atrasados quase uma hora quando entramos no portão principal do Instituto Ricardo Brennand, no bairro da Várzea, em Recife. O cansaço e a dificuldade de entender o confuso trânsito da capital pernambucana nos fez pensar se teria valido à pena tamanho esforço para conhecer um espaço turístico. A resposta não foi dada com palavras. Após atravessarmos o suntuoso jardim

cercado de lagos, mata atlântica e palmeiras imperiais, a imponente estátua de David de Michelângelo, em primeiro plano, abrindo um cenário medieval formado por um complexo de edifícios ao estilo inglês, era apenas um sinal de que não demoraríamos a ter certeza. Logo, descobriríamos que os 550 quilô-metros percorridos desde Mossoró, era pouco ante a possibilidade de ter à mão um mundo místico de história, arte e beleza.

Em mármore branco, com 5 metros de altura e 7 mil quilos, a réplica do Davi, produzida pelo estatuário Cervietti Franco & Cia, de Pietrasanta, na Toscana (Itália), uma das cinco no mundo e única da América Latina, era apenas uma entre tantas preciosidades artísticas disposta somente na galeria ao ar livre com seus 18 mil metros quadrados. No entorno dos Jardins dos Patos, outras dezenas de obras contemporâneas se espalham sobre a grama, como os Hipopótamos e Rinocerontes em bronze de Sônia Ebling e A Dama e o Cavalo do artista colombiano Fernando Botero que encheram nossos olhos.

Todos os espaços são preenchidos com raridades, como, por exemplo, o salão de eventos que abriga uma das 25 cópias de O Pensador de Rodin, fundi-da em Paris pela própria Casa Rodin.

Coube ao consultor Leonardo Dantas a tarefa de nos acompanhar na visita. De acordo com ele, o Instituto Ricardo Brennand (IRB) Fundado em 2002, está sediado em um complexo de edifícios denominado de Castelo São João, com área construída de 77 mil metros quadrados. O castelo em estilo inglês, ergui-do paralelamente à pinacoteca, que atualmente apresenta a mostra “Frans Post e o Brasil Holandês” e a uma biblioteca projetada para reunir mais de cem mil volumes, guarda ainda a mais valiosa coleção de armas brancas da América Latina.

O instituto destaca-se por reunir uma coleção particular, com todas as peças escolhidas por um único homem, sem a participação de um conselho delibera-tivo. O acervo permanente de objetos histórico-artísticos de diversas procedên-cias, abrangendo o período que vai da Baixa Idade Média ao século XX, começou a ser formado em 1948, após o fim da segunda guerra mundial. No início eram apenas armas trazidas, na maioria, da Europa, mas no final do século passado, o idealizador passou a adquirir obras de arte e objetos relacionados à história do Brasil, como a série de documentos históricos e iconográficos sobre a ocu-pação holandesa na região Nordeste.

A decisão de abrir as portas ao público foi tomada em 2001, quando, para receber as obras de Albert Eckhout, o industrial Ricardo Brennand se compro-meteu em construir, em tempo recorde, uma pinacoteca. Em setembro do ano seguinte, foi inaugurado o Instituto e, nesta data, pela primeira vez em 350 anos, todas as obras do pintor holandês eram expostas fora do Museu Nacional de Copenhagen, na Dinamarca.

Desde que foi criado, mais de 1,5 milhão de pessoas de todos os lugares do Brasil e do Mundo já conheceram o espaço, incluindo nós da CONTEXTO. A média é de 17 mil visitas por mês, o que torna o Instituto um dos museus mais visitados do país, embora seja o mais jovem de todos.

JOsÉ De PAiVA ReBOUÇAsE-mail: [email protected]))

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O consultorCabe ao recifense Leonardo Dantas Silva a tarefa de catalogar e comprovar a au-

tenticidade de todas as obras que chegam ao Instituto Ricardo Brennand. Na função de consultor desde antes de sua fundação, o escritor, advogado e jornalista conhece o acervo tanto quanto o seu idealizador. Pesquisador renomado e autor de mais de 30 obras sobre o Recife e a história do Brasil, Leonardo foi ainda, por mais de 16 anos, diretor da editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco. Por esse tempo, teve a missão de editar livros do pesquisador potiguar Câmara Cascudo, de quem se tornou amigo e, segundo ele, aluno.

Ricardo Coimbra de Almeida Brennand começou a colecionar armas ainda na juventude, quando ga-nhou um canivete do pai. Não se sabe o paradeiro deste artefato, em compensação, é por causa dele que o Brasil possui hoje a maior e a mais importante e valiosa coleção de armas brancas da América Lati-na. São mais de três mil peças de diversas procedên-cias que representam testemunhais históricos das artes da guerra e da caça, em seis séculos.

São facas, espadas, miniaturas e nada menos que 42 armaduras medievais completas, com destaque para um raríssimo conjunto “cavalo-cavaleiro-com-armadura” em estilo Maximiliano, do século XV, além de espadas-pistola e facas-pistola (lâminas com armas de fogo acopladas). Os conjuntos de combate com-

pletos incluem escudos, ma-chados, clavas, lanças e as mortíferas “morningstars”, as esferas com pontas.

Destacam-se ainda as facas e canivetes de exibição da cutelaria Jo-seph Rodgers & Sons Limited, fundada em 1724, em Sheffield, Inglaterra, que funcionou até meados do século XX, a importante coleção de espadas medievais, além de três fuzis que per-tenceram à família real brasileira, sendo um fabri-cado por Bustorf no Recife. No entanto, de todo o acervo, as peças mais caras são duas espadas e um sabre, cravejados de brilhantes, que pertenceram ao rei Farouk I, do Egito.

Do canivete ao arsenal

Conjunto “cavalo-cavaleiro-com-armadura” em estilo Maximiliano

O iRB possui a maior coleção de armas brancas da América Latina

espadas e sabre cravejados de brilhantes que pertenceram ao rei Farouk i, do egito

Fuzis que pertenceram à família real brasileira

Leonardo Dantas silva é quem cataloga as obras de Ricardo Brennand

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Frans Post e o Brasil Holandês

Fundada em 2002, para receber as obras de Albert Eckhout, a pinacoteca do Instituto Ricardo Brennand possui uma série de obras

de arte e uma coleção valiosa de telas de nomes como, Eliseu Visconti, Antonio Facchinetti, Car-los Julião, Jean Baptista Debret, Conde de Clarac, Emil Bauch, Eugène Lassaily, entre outros.

Algumas peças se destacam, como as três esculturas originais de Rodin (Eterna Prima-

vera, Despertar e Idade do Bronze), a cole-ção de tapeçarias francesas do século

XVIII, da manufatura Gobelin, dois Ca-nalletos, 11 trabalhos de Facchinetti,

e 16 de Giovanni Battista Castagneto. Mas nada tão importante quanto as obras de Frans Post. O Instituto possui a maior coleção das obras do holandês considerado o primeiro paisagista do

Novo Mundo, formada por 20 telas, das 162 conhecidas, incluindo a raríssima Ca-choeira na Floresta, de 1657.

Outra coleção rara é a de gravuras do Brasil colônia, executadas em lâminas de cobre, que compõem o livro Histórias dos Feitos Praticados no Brasil, escrito por Gaspar Barlaeus, em 1647, sobre os oito anos de governo de Maurício de Nassau, ocorridos entre 1636 e 1644. No con-junto de mapas de autoria de Georg Marcgrave e gravuras de Frans Post e outros artistas, existem duas referên-cias sobre o Rio Grande do Norte. Nu-ma, o desenho do Forte dos Reis Ma-gos e na outra, a carta geográfica da capitania do RN.

1 – "Dança dos Tapuias", de Albert eckhout2 – Carta geográfica da capitania do RN, assinada por Frans Post em 16433 – "Cachoeira na floresta", de Frans Post4 - Retrato da vida no Rio de Janeiro de Jean-Baptiste Debret (de outra exposição)5 – Réplica de "Davi", de Michelangelo (avulsa)

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Ricardo Brennand, apaixonado ou excêntrico?

Difícil definir um homem tão aficionado pelas artes. Ri-cardo Brennand não é apenas colecionador, mas curador de suas próprias exposições. Tudo que está amostra foi propos-to por ele próprio, misturando uma peça com outra, mesmo sendo de séculos e lugares diferentes. A sala das armas, por exemplo, foi composta por um vitral, altar e piso de uma igreja neogótica do século XIX de York, na Inglaterra, e co-lunas salomônicas do barroco brasileiro do século XVII.

Aos 84 anos, Ricardo Brennand continua viajando pelo mundo em busca de relíquias para o seu acervo trazendo suas aquisições em contêineres. Mas em Recife, apesar de viver a maior parte do tempo recluso em seus negócios, ain-da encontra tempo para ir ao cinema e fazer compras no mercado popular da Madalena, onde conhece todos pelo nome.

>>A família Brennand – Os Brennand chegaram ao Brasil por volta de 1820, estabelecendo-se na cidade do Recife, onde desenvolveram negócios com suces-so nas áreas de usinas, indústrias de cerâmica, vidro, porce-lana, aço, cimento e açúcar. O sucesso empresarial transfor-mou o grupo num dos mais importantes do Nordeste e do Brasil.

O trabalho de Antônio Luiz de Almeida Brennand e Ri-cardo Lacerda Brennand foi continuado por seus respectivos filhos, o industrial Ricardo Brennand e o primo Cornélio Brennand. Em 1999, ao vender a Companhia de Cimento Goiás, Companhia de Cimento Atol e Companhia Paraíba de Cimento Portland-Cimepar, Ricardo Brennand, com o apoio de sua mulher, Graça Brennand e de seus sete filhos, resolveu

constituir o Instituto que tem o nome de um tio homônimo, Ricardo Brennand.

Com tudo isso, ainda sobrou 20 hidroelétricas de peque-no porte, os parques eólicos e uma das maiores fábricas de cimento do Centro Oeste.

OUTRAs OBRAs iMPORTAnTes

Após o BanhoBouguereau

O PensadorRodin

A Dama e o CavaloFernando Botero

O grande CanalCanaletto

Ricardo Brennand imortalizado em pintura do brasileiro Renato Meziat

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De Mossoró ao Quinteto de BrasíliaEscritor mossoroense João Almino, finalista dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti, fala sobre sua peregrinação pelos mundos da diplomacia e literatura

D ois dias apenas, foi o tempo que João Almino levou para responder algumas perguntas enviadas por e-mail sobre a sua vida e obra. Embora esteja morando na Espanha e vivendo, talvez, um dos

momentos mais movimentados de sua carreira literária, ele não se furtou em dar uma atenção especial à reportagem da revista CONTEXTO. Um dos potiguares mais premiados no mundo das letras e um dos finalistas dos dois maiores prêmios de literatura do Brasil, neste ano (Portugal Telecom e Jabu-ti), o escritor ainda é pouco conhecido das massas, mesmo em sua cidade, Mossoró.

Nascido em 1950 na capital do Oeste, o escritor e diplo-mata João Almino explica que sua relação com Mossoró tem sido apenas através da memória. “Mossoró ainda está mui-to presente para mim. Parte de minha família ainda mora aí, bem como em outras cidades do estado, como Pau dos Ferros, Luis Gomes, São Miguel, em Natal ou ainda no Ceará, espe-cialmente nas localidades de Iracema, Ereré e Pereiro. Meus irmãos, que moram em Fortaleza (eu fui o único a sair), mantêm muito contato com Mossoró e com os familiares no Rio Grande do Norte. Como saí, vivendo uma grande parte de minha vida no exterior, não tive a mesma oportunidade de manter esse contato”, explica.

João Almino saiu de Mossoró aos 12 anos, após a

morte do pai, para viver em Mondubim, nos arredores de Fortaleza (CE), tendo apenas uma vaga ideia de que queria ser arquiteto ou engenheiro quando crescesse. Porém, seis meses antes de se submeter ao vestibular de engenharia, para o qual havia se preparado, entrou em crise, fez teste vocacional (que pouco o ajudou) e, finalmente, resolveu dar uma guinada: fazer os vestibulares de Direito e de Adminis-tração, já pensando em se preparar para o exame do Institu-to Rio Branco, órgão responsável pela seleção e treinamen-to dos diplomatas brasileiros. Na época, o exame não era aplicado em Fortaleza, por isso, transferiu seu curso de Di-reito para o Rio de Janeiro e lá fez o exame. Desde então, tem uma vida cigana. Doutorou-se em Paris, orientado pelo filó-sofo Claude Lefort, e ensinou na Universidade Autônoma do México (UNAM), Universidade de Brasília (UnB), Instituto Rio Branco, Berkeley, Stanford e Universidade de Chicago. Atualmente, mora em Madri, mas lembra sempre das três passagens por Brasília, no exercício de funções diplomáticas e consulares que, para ele, estão longe de ser românticas.

A última vez que esteve em Mossoró foi em 2003, quando ganhou o prêmio “Casa de las Américas” pelo romance “As Cinco Estações do Amor”. “Recebi convite para uma visita a Natal e a Mossoró, ocasião em que fiz lançamento do livro e tive a oportunidade de me encontrar com várias centenas de conterrâneos”, disse. Para ele foi, ao mesmo tempo, um cho-que e uma alegria rever a cidade da infância. “Um choque porque a casa onde morei já não existia, e minha rua, a Dio-nísio Filgueira, como era de se esperar, nada mais tinha que ver com a imagem que eu fazia dela. E uma alegria, porque, apesar disso, eu me sentia como retornando à casa, sobre-tudo pelo afeto com que fui cercado”, lembra. Na ocasião, João Almino proferiu aula magna na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Embora siga o caminho de muitos escritores diplomatas, como Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Ribeiro Couto, Graça Aranha e outros, discorda que sua vida seja parecida com a deles. “Pode haver certamente afinidades,

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mas não existe uma uniformidade nem na escrita, nem na vida dos escritores que seja definida por suas atividades pro-fissionais, sejam eles diplomatas, jornalistas, médicos, pro-fessores universitários ou dedicados exclusivamente às suas atividades literárias”, afirma.

A literatura de João Almino nasce com a identificação do mundo, ainda menino, por um letramento de imagens. O seu desejo de escrever é tão precoce quanto tudo em sua vida, tanto que, aos dez anos de idade, pensava estar escrevendo um livro. Num caderninho de escola, encheu algumas dezenas de páginas, sempre elogiadas pelo pai. “O gosto pela leitura acho que adquiri de meu pai, que eu sempre via com um livro na mão. Ele foi um autodidata, não frequentou escola, mas se tornou membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e tinha uma ótima, embora pequena, biblio-teca, com algumas obras de ficção e história”, lembra.

Sendo o filho mais novo, também foi importante o estímu-lo que recebeu da irmã mais velha, Salete, sua primeira pro-fessora, ainda antes que aceitasse frequentar a escola. Como se recusava a ir à sala de aula, aprendeu a ler em casa e só quis entrar no grupo escolar público já no segundo ano, ten-do como professora esta mesma irmã. “Depois me mudei para uma escola particular, a da Dona Maria Clotilde, onde, numa única sala, estávamos juntos os alunos de todas as séries do curso primário”, completa.

João Almino parte da premissa de que a boa linguagem literária deve ser universal. “Mas o universal não é uma abs-tração fora do tempo e do espaço”, explica, esperando que a sua literatura de alguma forma dialogue com os movimentos da história; com as tensões do mundo moderno e, ao mesmo tempo, reflita um sentimento íntimo que não pode, em algu-ma medida, deixar de ser brasileiro e nordestino. “Mesmo as criações de uma pequena aldeia isolada podem aspirar à universalidade”, enfatiza, parafraseando Tolstoi.

Autor de cinco livros de ficção e pelo menos 10 de não-ficção, onde discute sobre filosofia, política e literatura, João Almino vê as duas linhas de trabalho como processos distin-tos. Segundo ele, embora já houvesse quem procurasse tra-

çar um paralelo entre uns e outros, em grande medida esses não coincidiram no tempo. “A não-ficção, mesmo a de cunho mais filosófico, correspondeu a uma necessidade urgente de exprimir pontos de vista críticos e anti-autoritários em rela-ção ao momento político vivido pelo Brasil. E há décadas me dedico quase que exclusivamente à ficção”, complementa.

>>Cidade Livre – “O novo romance de João Al-mino, quinto de uma série ora focalizando o período fundador, vem confirmá-lo a contragosto na posição de ‘romancista de Brasília”. As palavras da escritora e professora de lite-ratura da Universidade de São Paulo (USP), Walnice No-gueira Galvão, resume o trabalho do mossoroense, autor do “quinteto de Brasília”, composto por cinco romances am-bientados na capital federal. O último, “Cidade Livre”, fi-nalista dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti, conta a his-tória da construção de Brasília a partir dos candangos, em-preiteiros, aproveitadores das negociatas, incluindo o pai do narrador, e outras personagens, sob viés de um blog que vai se consolidando através da interferência de outros blo-gueiros. A dúvida entre o que é ficção e o que pode ser real aguça o interesse do leitor que se vê embrenhado por vere-das, muitas vezes sem voltas.

Brasília, contudo, é um escudo literário para João Almi-no, que quis fugir da armadilha de acabar fazendo uma li-teratura regionalista ou neo-regionalista, por ter nascido no Nordeste e lido os regionalistas nordestinos muito cedo, guardando até hoje uma grande admiração pela obra de Graciliano Ramos. “Quis explorar um território novo e Bra-sília me ajudou nisso. Para Brasília, além disso, eu podia trazer o Nordeste, juntamente com outros tantos brasis. Certamente, há um componente forte do Nordeste em minha obra, patente em alguns dos personagens de meus roman-ces”, explica.

E isso deu certo. Tanto que autores consagrados como Moacyr Scliar (falecido ano passado) deixou gravado que João Almino está “entre os melhores autores de nosso país”. Ignácio de Loyola Brandão acrescenta: “ao ler João Almino e uns poucos outros, sinto que a literatura brasileira continua viva e efervescente”. Para João Gilberto Noll, a literatura de Almino “é um estilo necessário na atual ficção brasileira”.

João Almino com o escritor Ignacio de Loyola Brandão

A literatura de João Almino nasce com a identificação do mundo, ainda menino, por um

letramento de imagens.

POR: JOTTA PAIVAFOTOs: CEDIDAS

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nÃO-FiCÇÃO

entrevista

OBRAs DO AUTORFiCÇÃO

CONTEXTO – Como chegar aos 10 dos prêmios Portugal Te-lecom e Jabuti?Não saberia lhe responder a não ser dizendo que escrevo com re-gularidade já ao longo de décadas.

POR essas andadas no mundo físico, o senhor já se deparou com imagens do seu Nordeste de infância?O NORDESTE está dentro de mim e o carrego por todas as partes. Vejo-o, portanto, diariamente.

O SENHOR está na Editora Record, a mesma que edita o Nobel Gabriel García Márquez. Ser editado por uma grande marca é um sonho possível se o projeto for bom ou é preciso mais que um bom livro?A HISTÓRIA da literatura está cheia de maus julgamentos das edi-toras. Apenas para citar dois exemplos gritantes, Proust e Joyce no início tiveram dificuldade em publicar suas obras-primas. Mas de uma maneira geral eu diria que um bom livro acaba encontrando seu caminho editorial.

ENTRE os nomes importantes da literatura contemporânea, com quem o senhor se identifica mais e mantém relação de amizade?SOU amigo de vários escritores contemporâneos e acho que esta-mos, no Brasil, testemunhando uma ótima safra literária. Prefiro não citar nomes, para evitar omissões.

JOÃO Gilberto Noll disse que o seu estilo é “feito de branda loquacidade nas descrições e de muitas reticências na pon-tuação de sua ‘veia melancólica’”. Vindo dele, o senhor acha que houve algum tipo de empatia de estilo – ele vê em sua obra também um espelho – ou é apenas uma observação?NOLL é um dos autores contemporâneos que melhor trabalham a forma e o admiro muito pela qualidade de sua linguagem. Alguns críticos já compararam nossos trabalhos, mas creio que são muito distintos um do outro.

COMO o senhor vê a aceitação de sua literatura no RN e no Nordeste? Há reconhecimento ou lhe falta algo de nossa parte?ATÉ hoje não sou um escritor de massas, um best-seller. Se viesse a ser e desde que para isso continuasse fiel a meu estilo e a meus princípios literários, não acharia ruim. Porém me satisfaz que tenha tido boa crítica e um público pequeno, mas muito fiel, no Nordeste, em outras regiões do Brasil e naqueles outros países onde meus livros têm sido publicados.

O QUE o senhor está escrevendo de novo e quais são seus planos literários?QUANDO um livro meu é publicado, já estou trabalhando em outro há pelo menos alguns meses. Mas meu processo é lento. Não sei, portanto, quando publicarei o romance que está a caminho.

idéias para Onde Passar o Fim do Mundo 1987 - ganhador de Prêmio do Instituto Nacional do Livro e do Prêmio Candango de Literatura.

samba-enredo1994 - Prêmio Casa de las Américas 2003.

As Cinco estações do Amor2001

O Livro das emoções, 2008 - finalista do 7º Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2009 e finalista do 6º Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura 2009.

Cidade Livre, 2010 - Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura 2011 de melhor romance publicado em língua portuguesa nos dois últimos anos; finalista do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2011 e finalista do prêmio Jabuti 2011.

• Os Democratas Autoritários, 1980.• A Idade do Presente, 1985.• Era uma Vez uma Constituinte, 1985.• O Segredo e a Informação, 1986.

• Brasil/EUA, Balanço Poético, 1997.• Literatura Brasileira e Portuguesa Ano 2000 (org. com Arnaldo Saraiva), • Rio Branco, a América do Sul e Modernização do Brasil (org. com Carlos henrique Cardim), 2002.• Naturezas Mortas - A Filosofia Política do Ecologismo, 2004.

• Escrita em Contraponto Ensaios Literários, 2008• O diabrete angélico e o pavão: Enredo e amor possíveis em Brás Cubas, 2009.

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Ponto de Vista Vida de sonhador

Acredito que tudo que nos cerca e que teve a participação humana na sua construção é produto de sonho, da nossa capacidade única de criar reali-

dades a partir das suas próprias fantasias. O homem cria duas vezes. Primeiramente ele so-nha, deseja, idealiza, constrói no plano imagi-nário. Depois o homem persegue o sonho, trans-formando o abstrato em algo concreto.

Se os sonhos refletem diretamente nossos desejos pro futuro, eles são para mim sinônimo de paixão. E cada vez mais acredito que são nos-sas paixões e inspirações que nos mantêm vivos. Se não temos uma boa razão pra acordar é me-lhor permanecer dormindo. Quando são as pai-xões que nos tiram da cama, o dia torna-se mui-to mais empolgante e inspirador.

Quando somos movidos pelo desejo de rea-lizar e gratos pela vida em si, os dias ganham novas cores e a beleza do viver se revela até nas coisas mais simples. As tarefas chatas e os rela-cionamentos sem tempero irão sempre existir. Nosso desafio é percebê-los e não deixar que se transformem em âncoras de frustração e angús-tia.

O lugar mais seguro para todo navio é o por-to, protegido por sua previsibilidade, segurança e conforto, mas navios não foram construídos para ficar ancorados em portos. Seu destino é cortar oceanos, vencer tempestades, unir con-tinentes, transportar pessoas, cargas e so-nhos.

Assim como os navios, também temos nossos portos seguros, cujo aparente conforto e prote-ção nos tentam e ameaçam. Tentam-nos porque os enxergamos como destino final da nossa via-gem e nos ameaçam porque nos fazem abrir mão da aventura de viajar e descobrir o novo.

Seja no trabalho, no estudo ou nos relacio-namentos afetivos, a decisão de levantar âncora e soltar as amarras que nos mantêm aparente-

mente seguros não é fácil. No entanto, a decisão de permanecer é tão difícil quanto a de partir – embora não pareça. Colada a uma escolha ha-verá sempre uma renúncia. Para cada sim, exis-tirá sempre um não.

Nossos portos seguros estão por todos os lados e nos tentarão a vida inteira. Conhecemos, por exemplo, alguém que está casado há anos e para quem o casamento ou a companhia já não faz o menor sentido, mas que, ainda assim, pre-fere continuar na sua calmaria a aventurar-se em mares desconhecidos?

Conhecemos alguém que se frustra diaria-mente ao levantar e ter que ir a um trabalho que não inspira nem desperta o menor desejo, mas que, mesmo assim, não ousa quebrar a monoto-nia da rotina?

Quando me vejo como um navio, percebo que minha maior realização não está simplesmente em alcançar um porto e ficar por lá. Minha ne-cessidade de sonhador é estar sempre navegan-do. Pois o que mexe de verdade comigo é o pra-zer da viagem em si. Na vida, como num ato de amor, o que mais me deixa lembranças é aquilo que antecede o clímax.

Cada novo dia, como cada novo ano, é o início de um novo ciclo. Um momento oportuno pra decidirmos para onde queremos ir e como po-demos chegar lá. Se pretendo viver cada dia de forma plena, não posso deixar as decisões de hoje pra amanhã. A felicidade nos bate à porta. Cabe a nós deixá-la entrar.

O sonho da realização futura começa a acon-tecer nesse exato momento. Cada um, a sua maneira, que tente ser feliz… hoje, agora! O passado é nostalgia e o amanhã é só uma pro-messa! O que é indispensável lembrar sempre é que somos a materialização de nossas esco-lhas. Ao escolhermos ser felizes, já caminhamos bastante rumo à tão buscada felicidade!

RiLDeR MeDeiROs*

*Jornalista, empresário e organizador da Feira do Livro de Mossoróemail: [email protected]: @rilder_medeiros

Minha necessidade de sonhador é estar sempre navegando. Pois o que mexe de verdade comigo é o prazer da viagem em si."

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Tudo está ao alcance dos dedos, os comandos são dinâmicos e a mente das crianças e adolescentes que acompanham as novidades tecnológicas ajudam a entender o quanto os objetos alteram comportamentos e práticas sociais nessa geração.

Geração‘Touch’

Jordana, Camilae Lillian adotaram o tablet como equipamento indispensávelno dia a dia

Fotos: Cézar Alves

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Geração‘Touch’ Tocar nas coisas e fazer com que elas operem sozinhas

eram comuns nos filmes de ficção científica desde o anos sessenta, quando se imaginava que o homem do futuro atuaria dessa forma no seu cotidiano e

usaria a mente para mover ou realizar coisas. O que muitos autores de ficção científica do passado como o famoso escritor russo naturalizado americano, Isaac Assimov colocavam em suas obras, algumas transformadas em filmes como um pros-pecto do homem no futuro, eram vistas na sua época como obras de grande imaginação e ideias um pouco ‘loucas’.

A verdade é que muito do que se pensou sobre esse futuro se concretizou e superou a barreira da ficção imaginada por escritores do passado. A partir de estudos a ciência está pre-sente nas mínimas coisas no século XXI, através de dispositivos tecnológicos. Mas, entre tudo, o que talvez tenha causado maior impacto na vida, nas formas de relacionamento e no comportamento social seja os dispositivos móveis de comuni-cação, como os computadores pessoais, celulares e mais re-centemente, os tablets.

Da mesma forma que o pensamento ficcional de Assimov, quando o pesquisador e cientista americano Martin Cooper, o “pai do celular”, fez a primeira chamada da história num celular em 1973, no chamado “tijolão”, na época não se acre-ditava que 30 e poucos anos depois, este dispositivo passasse a ocupar um espaço tão grande na vida das pessoas como ferramenta de comunicação, de acesso e hoje até a produção de conteúdo informativo. Hoje o celular é um computador portátil carregado dentro do bolso que possui recursos de áudio, vídeo, GPS, editores de texto, navegadores de Internet, memória interna, telas sensíveis ao toque, conexões sem fio como Wi-fi, 3G e etc. Contêm a complexidade de vários estudos, de vários mecanismos científicos reunidos, alí, mas de forma simples, acessível, à mão. A cada novo modelo, novas funções vão sendo somadas ao aparelho.

Todo esse relato serve para mostrar que não é de hoje que o homem se surpreende com suas próprias des-cobertas e de como aos poucos a tecnologia foi ocupando um espaço tão significativo na vida em sociedade.

izAÍRA THALiTA Twitter: @izairathalita E­mail: [email protected]))

www.youtube.comVídeo

Assimov previu o impacto da

internet na vida das pessoas e até

na educação. Em uma entrevista

concedida em 1988 ele explica sua

visão de futuro tecnológico.

isaac Assimov prevendo

o impacto da internet

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A surpresa sempre volta à tona diante de um lançamento tecnológico ou de como há uma dificul-dade inicial de se aderir a novos dispositivos. Ao mesmo tempo é curiosa a facilidade com que as crianças e os adolescentes dominam, cada vez mais cedo e mais rápido, esses dispositivos que tem a sua principal característica no uso do toque na tela - ou Touchscream - para ativar os comandos. Além da facilidade com que manuseiam equipamentos essa geração também desenvolve outra forma de interação, de aprendizado e de comportamento.

>>Dedinhos ágeis – Gabriel Morais tem apenas dois aninhos e é como toda criança de sua idade: Gosta de brincar e ainda fala poucas palavras. Mas, diante do tablet seus dedinhos cor-rem ágeis de um canto a outro da tela: aponta, ar-rasta, abre página, volta e avança imagens dos seus vídeos prediletos e jogos, mesmo sem saber ler. Seus pais, Bruno Morais e Samanda observam bo-quiabertos a habilidade que o menino desenvolveu em mexer com o ta-blet desde que com-pletou um ano e meio de vida. “Lem-bro que só vim ter contato com com-putadores na ado-lescência e é sem-pre um aprendizado lidar com novos dis-positivos. Mas, Ga-briel aprendeu rá-pido com o tablet. Ele sabe o que quer e controla o equipa-mento com facilida-de”, explica Bruno.

Essa mesma ha-bilidade que sur-preende os pais de Gabriel também já chama a atenção de pesquisadores que ainda não entendem como se processa o desenvolvimento e o desempe-nho de crianças que estão estimuladas com as no-vidades tecnológicas como a tecnologia touchscre-am. Não há nada de resultados, mas há o entendi-mento de que crianças como Gabriel fazem parte de uma geração que são estimuladas cada vez mais cedo à dispositivos tecnológicos que alteram a ve-locidade e o acesso a conhecimentos.

Isso obriga a vários segmentos da sociedade a correr atrás a fim de acompanhar esse novo mo-mento tecnológico, sobretudo a Educação.

>>O queridinho da turma – O diário de papel deixou de ser o companheiro inse-parável das adolescentes high-tech. Hoje este lugar pertence aos tablets com suas capas cor-de-rosa e protetores personalizados. “Queria muito ter o ta-blet depois que vi minhas amigas usando o delas. Agora é comum na escola cada um ter o seu”, ex-plica Jordana Bia dos Santos, 12 anos sobre o que a levou a pedir aos pais que lhe dessem de presen-te o seu mais novo objeto de consumo, de uma mar-

ca mais que conhecida. No grupo de amigas da estudante pelo menos mais quatro tem o tablet e juntas trocam informações, dividem aplicativos, trocam sugestões de links na internet, escutam as músicas dos ídolos do momento. Ou seja, elas fazem em turma tudo o que qualquer adolescente faz nes-sa fase dos 12 anos, só que com o tablet de acessó-rio.

Camila Karen Alves, 12 anos, conta que ficou atraída pela facilidade de controlar o equipamento porque já se acostumou com a tecnologia touchs-cream dos aparelhos celulares. “Já convivia com tecnologia assim desde pequena e não há nenhuma dificuldade de acompanhar os mecanismos do ta-blet”, explica.

Lillian Nikole Bezerra, 11 anos conta que pes-quisou por algum tempo o presente que iria ganhar dos pais e não foi nos sites de roupas, acessórios nem brinquedos. “Prefiro procurar nos sites de tec-nologia e portáteis que tem mais a ver com o que eu gosto e quando vi as características do tablet

decidi que queria pra mim”, conta. A mãe dela, Le-nille Bezerra diz que a menina passou a se inte-ressar mais pelas pesquisas esco-lares, e buscar leituras diferen-tes. Mas ainda é preciso controlar para que o uso do tablet não se tor-ne exagerado.“A gente quer ficar todo o tempo, mas de vez em quando nossos

pais pedem pra guardar ou desligar. Eu entendo a preocupação deles”, diz Camila.

Essa relação das meninas com os tablets são prejudiciais ou muito piores dos que as meninas tinham com seus diários de papel?

Para a antropóloga americana Ambar Case au-tora de vários estudos sobre a relação comporta-mental homem-máquina é perfeitamente compre-ensível essa reação mais intensa que os adolescentes (e não só eles) mantêm com seus objetos tecnológi-cos. Em uma de suas palestras que podem ser vistas na Internet a antropóloga afirma: “Os objetos criados pelos homens sempre foram uma forma de transfor-mação do EU e através deles, conseguimos fazer algo de forma mais rápida, onde antes havia o limite. É por isso que as pessoas aderem a seus objetos tecnológicos e criam dependência deles, como é o caso do celular, por exemplo. Esta é a primeira vez na história da humanidade que estamos realmente conectados e não é que as máquinas estão dominan-do o homem porque elas estão nos ajudando a nos conectar entre nós. O que é importante entender é que ainda são conexões humanas, porém feitos de uma forma diferente”, afirma Case.

Gabriel aprendeu rápido a lidar com a tecnologia

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Norte (IFRN). No campus em Mossoró alguns professores e os alunos dos cursos de nível médio-integrado se adequaram ao uso da lousa interati-va sensível ao toque na tela e suas possibilidades de dar mais dinamicidade às aulas de informática e de Desenho Técnico.

“Para nós essa realidade parecia algo distante, futurista e de repente tivemos de aprender a dar aulas de uma forma nova, criativa, aprendendo com eles nessa área”, explica Sandra Renuzia, professora de desenho do IFRN em Mossoró.

Para os alunos em grande parte vindos da re-de pública de ensino, as aulas tornaram-se mais atrativas e é fácil perceber o interesse diante da atenção que demonstram quando as aulas utili-zam a lousa touchscream.

No caso do IFRN em 2012 o Campus Mossoró irá adquirir mais quatro lousas – custo entre R$ 8 e 18 mil - para utilização nos outros quatro la-boratórios e os professores já passam por treina-mento do uso do equipamento. “O professor ain-da é quem deve dispor o conteúdo, mas a tecno-logia potencializa as formas de ensino e aprendi-zado e disso não dá pra fugir mais”, completa Renuzia.

>>Nem tanto, nem tão pouco – Nem mocinho e nem vilão. O papel da tecnologia nos tempos modernos deve ser analisado sem a prerrogativa de culpá-la por todos os males da humanidade cada vez mais conectada.

O historiador francês Michel Serres, uma das referências em História da Ciência, sobre a influ-ência da tecnologia na sociedade e, sobretudo, nas pessoas certa vez declarou em uma entrevis-ta: “Sempre ouço que perdemos o humanismo, a memória, os valores, que os jovens perderam a capacidade de memorizar, de calcular devido a questão tecnológica ou de imaginação por causa de tantas imagens hoje, mas temos de lembrar que o homem caminhava e se apoiava com as mãos. Quando ele ficou de pé as mãos perderam a função de apoiar o corpo e passaram a pegar as coisas e a boca que fazia a função de pegar, ganhou a função de falar. O próprio cérebro perdeu algu-mas funções e ficou livre para inventar e criar. Perder isto ou aquilo significa também ganhar coisas extraordinárias”, declarou Serres.

Se por um lado há maravilhas que se abrem diante dos olhos, por outro é preciso pensar nas mudanças que essa tecnologia provoca no coti-diano. O que é certo é que as tecnologias têm demonstrado que são imprevisíveis depois que colocadas nas mãos das pessoas e que podem to-mar funções totalmente diferentes das planeja-das. Sempre vão surpreender, encantar outras gerações, causar reações boas e ruins e movimen-tar tudo o que se tinha certeza que não mudaria mais de lugar.

>>Desafios da educação – Crian-ças e adolescentes acostumados com estímulos visuais e interatividade constante já estão sendo uma dor de cabeça para os educadores, pois estes já percebem que as aulas com lousa e pincel não trazem o mínimo atrativo para esta geração.

“Lidamos diariamente com saberes de várias ordens, por isso, os professores necessitam en-tender que essas tecnologias são recursos para geração de saberes e não somente recurso didá-tico como um tipo de aula moderna, ou avançada. Há de se ter criatividade e criticidade no trata-mento dado a essas tecnologias que nos chegam instantaneamente no mundo e não estamos alheios a elas, porque as incorporamos no dia-a-dia”, afirma Araceli Sobreira doutora em Educa-ção pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Para a doutora, que vê com bons olhos o uso dessa tecnologia em sala de aula, essa é uma ques-tão que tem de estar presente desde a formação dos professores no ensino superior de forma a indicar como trabalhar com as novas mídias, com a tecnologia não como o único meio de dinamizar as aulas, mas como uma nova possibilidade de interação com os saberes contemporâneos.

Por outro lado os alunos também precisam saber o que fazer com os conhecimentos gerados a partir das interações com a tecnologia. “Os alu-nos precisam estar preparados para entender esses conhecimentos e também precisam gerar conhecimentos, para não serem meros ‘transmis-sores’ ou meros ‘receptores’”, afirma Sobreira.

Algumas tentativas neste sentido, já vêm sen-do realizadas, inclusive no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Cézar Alves

Professora Sandra Renuzia

durante aula no IFRN com o uso da lousa

interativa

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Q uando viu, pela primeira vez, como funcionava o processo que torna possível um avião levantar voo, Bob Jean ficou encantado. Nunca, nos seus 12 anos, havia compreendido tão bem como um negócio pesado daqueles se mantinha equilibrado no ar. Mas naquela aula, bem mais

dinâmica que a tradicional, a compreensão foi mais fácil. Seu colega José Ailton, de 16 anos, também conheceu coisas interessantes, porém o contato com os cole-gas e o envolvimento nas aulas trouxe mais que conhecimento para o jovem da zona rural de Bom Jesus, município potiguar com menos de 10 mil habitantes. Trouxe esperança.

Os dois fazem parte das 1.400 crianças e adolescentes envolvidos num projeto ambicioso, do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que visa uma revolução educacional no Nordeste. A aposta no potencial das crianças como agentes de trans-formação é peça chave de todo o trabalho pensado pelo homem considerado um dos 20 maiores cientistas do mundo. “Queremos incutir na cabeça das crianças, que serão herdeiras da região e do Brasil, que cada uma delas é um agente de transfor-mação. Cada uma delas pode participar dessa transformação econômica, social e educacional. O maior investimento de todos que um país pode fazer é em gente”, defende Nicolelis. Gente como Bob, José Ailton e tantos outros que pensam em tornar o futuro mais colorido que o presente.

O projeto de Educação Científica da Escola Alfredo J. Monteverde é a fase inicial deste sonho, que tem pretensões maiores como a construção do Campus do Cérebro – voltado para os estudos e pesquisas na área de Neurociências – no município de Macaíba, a 20 quilômetros da capital potiguar. A escola foi criada em 2007, com uma unidade em Natal, mas já conseguiu se estender para as cidades de Macaíba e Ser-rinha, na Bahia. Vinculada ao Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), tem se tornado referência. Em Vitória da Conquis-ta, na Bahia, a prefeitura já agiliza uma parceria com o instituto para instalação de uma escola.

Escola ligada ao Instituto Internacional de Neurociências de Natal promove a educação científica entre crianças e adolescentes de olho num futuro ousado para a ciência brasileira

Construindosonhos

esDRAs MARCHezAnE-mail: [email protected]: @marchezan))

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Fotos: Cézar Alves

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Nas três unidades, alunos do Ensino Fundamental 2 (5º ao 9º ano) participam do processo pedagógico que une edu-cação científica e inclusão social e dá nova cara a quem não estava habituado a encontrar alguém que apostasse em seus sonhos. “Aqui acreditamos que cada um tem um potencial e que devemos valorizar isso. Cada aluno é um agente de trans-formação e o professor trabalha com esse pensamento. Somos responsáveis pelos resultados de cada um”, explica a direto-ra de Projetos e Ações Sociais, Dora Montenegro.

Os alunos são escolhidos por sorteio e precisam estar matriculados em escolas públicas. Cada um frequenta a uni-dade dois dias por semana, em horário inverso ao da escola normal. Por ano, o aluno participa de duas oficinas, entre as seis disponíveis. Elas abordam conteúdos diversos, mas sem-pre tratando da ciência de alguma forma. “É bem mais fácil aprender aqui, porque o professor dá mais voz ao aluno e também tem as experiências práticas, onde a gente entende melhor a teoria. Principalmente naquilo que tem a ver com cálculos, fórmulas...”, comenta Rafaela de Moura, 14 anos, aluna das oficinas de Ciência e Tecnologia e Biologia.

Os coordenadores do projeto fazem questão de ressaltar que a intenção de formar cidadãos críticos e atuantes é bem maior que a de formar cientistas, mas tudo dentro da escola estimula o interesse pela ciência, até mesmo o exemplo de Miguel Nicolelis. “Trabalhamos com Educação Científica, mas cada um tem a liberdade de seguir o caminho que for melhor. Queremos contribuir com a formação de cidadãos”, comenta Rachel Teixeira Dantas, assessora pedagógica dos Centros de Educação Científica da Escola.

Nas salas onde ocorrem as oficinas, a concentração no assunto é tanta que nem a presença da equipe de reportagem consegue afetar o andamento da aula. Parte disso se deve também porque os alunos já estão acostumados a receber jornalistas de todos os lugares do País que vêm conhecer de perto a iniciativa. Até mesmo os intervalos de aula são dife-rentes. Instrumentos musicais, jogos educativos e outros objetos estimulam os estudantes a aproveitar o tempo com algo que gostem. “Quem gosta de cantar se junta com um grupo e vai cantar, outros vão jogar e quem não quer fazer nada fica conversando no corredor”, conta Rachel, enquan-to mostra a unidade de Macaíba ao repórter.

José Ailton participa de experiência durante oficina, na unidade de Macaíba.

Nos intervalos de aula, alunos aproveitam para brincar e se divertir

Rachel Dantas, assessora de Educação Científica, e Dora Montenegro, diretora de projetose Ações Sociais

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novo olhar para os professoresPara uma nova forma de aprendizagem, primeiro que os

alunos, foram os professores que tiveram de entender a filo-sofia da Educação Científica da Escola Alfredo J. Monteverde. Marcos Antônio de Araújo, graduado em Física pela UFRN, é um dos professores da unidade Natal. De cara ele percebeu a necessidade de uma nova maneira de ensino no trabalho com os alunos. “Aqui o aluno aprende de uma maneira totalmente diferente, sem ligação com a forma defasada como ainda lida-mos com o ensino, até na própria universidade”, comenta.

Muitos dos conteúdos compartilhados com os estudantes são temas discutidos em turmas de ensino superior. “Alguns assuntos que vemos aqui eu só fui ver na universidade. É um ganho muito grande para esses meninos e meninas. Outra coisa é que, através da prática, a aprendizagem se torna mais fácil. E aqui o aluno é participante do processo, não um mero expectador”, ressalta.

Luciano Fróes, professor na unidade de Macaíba, con-corda com o colega e reafirma a importância do processo democrático de ensino, onde o professor não é melhor que o aluno, mas um facilitador dentro de sala de aula. “Traba-lhamos com dois professores em cada turma, e sempre dan-do voz aos estudantes. Muitos dos conteúdos são discutidos a partir de um problema trazido da comunidade em que eles estão inseridos. Assim eles aprendem e se sentem mais se-guros, enquanto cidadãos, para intervir na melhoria social

do seu grupo familiar ou mesmo da sua comunidade”, diz Luciano.

Todos os professores atuam em dedicação exclusiva no projeto e, semanalmente, participam de reuniões com os co-legas das escolas públicas de onde os alunos vêm.

Professor Marcos Antônio defende a nova forma de aprendizagem adotada na Escola Alfredo J. Monteverde

Professor Luciano Fróes orienta estudante da turma durante oficina na unidade de Macaíba

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OUTROs PROJeTOs DO iinn

Liderado por Miguel Nicolelis, é uma organização internacional, consórcio sem fins lucrativos, criada por uma equipe de cientistas

brasileiros, americanos, suíços e alemães, que visa restaurar a mobilidade de corpo inteiro para os pacientes tetraplégicos. Para tanto é utilizada

uma interface cérebro-máquina-cérebro, implementada em conjunto com um exoesqueleto

robótico de corpo inteiro. A partir de 2012, o projeto será desenvolvido no Brasil, pela equipe do Instituto de Neurociências de Natal. A ideia é que

o projeto seja concluído no Brasil, na cidade de Natal. Uma das metas de Nicolelis é fazer um

jovem paraplégico dar o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014.

CENTRO DE PESQUISA Centro de Pesquisa de Macaíba (RN), cujo foco é pesquisa em Parkinson, conta com laboratório de neurobiologia celular e molecular, laborató-rio de comportamento animal, laboratório de eletrofisiologia e um criadouro científico de pri-matas, credenciado pelo IBAMA, de última ge-ração. Abriga também o 14 BIS-21, o supercom-putador BlueGene/L, da IBM, doado para a AASDAP pela Escola Politécnica Federal de Lau-sanne (EPFL).

CENTRO DE SAÚDE ANITA GARIBALDILocalizado em Macaíba, o Centro propõe formar um núcleo assistencial perinatal, de caráter multidisciplinar, voltado à gravidez de alto risco gestacional, com patologias que re-percutam na saúde fetal, e às crianças portadoras de com-plicações neurológicas. O Centro de Saúde Anita Garibaldi está inserido no Sistema Único de Saúde (SUS), respeitando seus princípios e obedecendo as suas diretrizes, exercendo o papel de serviço de referência regional e estadual na pres-tação de serviços de média e alta complexidade à saúde pe-rinatal.

Formando cientistasDezoito alunos que passaram pelas oficinas da Escola

Alfredo J. Monteverde fazem parte agora da segunda etapa do projeto de Educação Científica do Instituto de Neurociên-cias. O grupo participa das atividades desenvolvidas no Cen-tro de Pesquisa do instituto, aprendendo diferentes técnicas científicas utilizadas nas pesquisas, manufatura de matrizes de micro-eletrodos, técnicas de histologia e programação computacional. Eles fazem parte do projeto Cientistas do Futuro, vinculado ao Instituto Nacional de Interfaces Cére-bro-Máquina (INCeMaq), uma rede nacional sediada no IINN-ELS com objetivo de implantar um amplo programa de pes-quisa e tecnologia, para a criação de uma indústria neuro-tecnológica brasileira.

Muitos ainda não se deram conta da grandiosidade do projeto em que estão envolvidos. No Centro, pesquisadores brasileiros e de outros países realizam parte das atividades do projeto “Walk Again”, liderado por Nicolelis, que preten-de fazer um jovem tetraplégico voltar a andar.

Arlyson Santos da Câmara, 16 anos, é um dos “cientistas do futuro”. Depois dos três anos na Escola Alfredo J. Monte-verde, foi um dos 18 selecionados para integrar o grupo. Quando está no Centro de Pesquisa, Arlyson compartilha com profissionais e colegas de técnicas utilizadas nas pesquisas científicas e já consegue vislumbrar um futuro interessante. “De tudo que já aprendi aqui gosto muito do trabalho com micro-eletrodos e penso em entrar no curso de Engenharia”, comenta em meio a mais um dia de trabalho com tecidos de cérebro de ratos.

O cientista espanhol Rômulo Fuentes, diretor-científico do instituto, faz questão de ressaltar a importância do envol-vimento desses jovens no trabalho do Centro de Pesquisa. “É uma satisfação fazer parte de tudo isso e muito positiva essa participação desses estudantes”, destaca.

Os estudantes recebem orientação dos pesquisadores e podem ficar até três anos no projeto. “Depois eles não podem mais continuar porque já concluíram o ensino médio. Outras pessoas são selecionadas. Mas esta é nossa primeira turma”, explica Deise Alves, que coordena o Cientistas do Futuro.

Jhons Phyllype participa de pesquisas no Centro

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FIQUE POR DENTROA Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pes-quisa (AASDAP) é responsável pela gestão do Institu-to Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS). A AASDAP é uma Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) reco-nhecida e aprovada pelo Ministério da Justiça brasi-leiro. Capta e administra recursos públicos e privados destinados a patrocinar pesquisas científicas e proje-tos sociais no Brasil.A associação tem o objetivo de atrair investidores locais e estrangeiros para o Rio Grande do Norte e criar a “Cidade Brasileira do Cérebro”, um projeto ambicioso no qual a instalação do Campus do Cérebro de Maca-íba, originalmente idealizado e promovido pela AAS-DAP e atualmente em construção, terá papel funda-mental. Nele, o desenvolvimento de pesquisas em neurociência, hoje o principal segmento da indústria da biotecnologia no mundo, poderá participar em con-dições de igualdade com os principais centros tradi-cionais e emergentes internacionais, como EUA, Eu-ropa e Japão.

Fernanda já não estranha lidar com pele de ratos durante pesquisas (acima). Arlyson Santos (ao lado) quer seguir na área científica após Ensino Médio

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A cinquentenária disputa familiar na política do Rio Grande do Norte pende agora para o lado dos Alves. Depois de períodos de abstinência – em que predominaram os Maia e suas vertentes –, o clã do ex-governador e ex-ministro Aluízio Alves (1921-2006) tem agora seus descendentes diretos

e aliados em posições-chave no governo e na oposição: o filho Henrique Eduardo é líder do PMDB na Câmara e o sobrinho Garibaldi Alves Filho tornou-se ministro da Previdência. No Senado está o outro Garibaldi da família, enquanto o Palácio dos Despachos da Lagoa Nova é ocupado por sua candidata, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Para completar o tabuleiro, Walter, Agnelo e José Dias estão na As-sembleia Legislativa e Carlos Eduardo, o ex-prefeito e aliado, é líder nas pesquisas para a sucessão de 2012 em Natal.

O retorno com força total dos Alves é uma espécie de retomada do estilo Aluízio, o decano da família e o único representante do processo consanguíneo a fixar uma marca forte na história do Brasil do século XX. O político potiguar deixou uma bio-grafia relevante e também contraditória em alguns pontos. Seus seguidores adotam procedimentos parecidos, como apoiar o governo no âmbito nacional e a oposição no Estado.

O refortalecimento da tradicional família é uma espécie de retomada do estilo Aluízio, único representante do processo consanguíneo a construir uma marca forte na história do Brasil do século XX

O nortedos Alves

LUiz AUgUsTO FALCÃO))

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Twitter: @_lulafalcao

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O certo é que não dá para exercitar qualquer reflexão sobre a política potiguar – e especialmen-te a dos Alves – sem recorrer à trajetória de Aluízio como jornalista, político e fundador de uma dinastia. Ele preparou uma herança, a exemplo do ex-gover-nador Miguel Arraes, cujo neto Eduardo Campos é hoje governador de Pernambuco; e do ex-presiden-te Tancredo Neves, representado também pelo ne-to, senador e ex-governador de Minas Aécio Neves, um dos fortes presidenciáveis para o pleito de 2014. Aluízio teve entre suas contradições o tipo de po-pulismo bem particular que exerceu, embora tenha iniciado a carreira política como quem lutaria para pôr fim ao poder oligárquico em seu estado.

Para Sérgio Luiz Bezerra Trindade, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecno-logia do Rio Grande do Norte e autor do livro “Alu-ízio Alves: populismo e modernização”, Aluízio foi, de fato, um populista e oligarca. Mas ao observar com os olhos de hoje a ascensão dos Alves e a tra-jetória do político, ele recorda que suas pesquisas sobre o tema chegaram a um ponto de intersecção que, a princípio, ele próprio achava difícil de existir. Como pode um líder político ser ao mesmo tempo modernizador e populista, desenvolvimentista e arraigado à tradição familiar? Para ele, trata-se de um perfil possível e cada vez mais estudado pela Ciência Política. “O populismo de Aluízio não era o que manipula as massas, mas o que dialoga com elas, atende suas demandas e as representa”, afir-ma. No âmbito eleitoral, emerge outro personagem, instintivo e comunicador, que sabia tirar proveito das deficiências dos adversários, captava com faci-lidade o humor dos eleitores e, de improviso, ajus-tava o seu discurso à audiência. “Ele sempre dizia o que o eleitor queria ouvir”, observa Trindade. “E tudo isso muito antes da massificação das pesquisas de opinião”.

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>> Os jornais – Aluízio foi um jornalista precoce, mas sempre com um viés político. Com apenas 13 anos, criou um jornal, o Clarim, reche-ado de observações sobre o Getulismo e o Brasil que emergiu da Primeira Guerra Mundial. A pu-blicação, de um único exemplar, era distribuída de mão em mão em sua cidade natal – Angicos, no sertão mais seco do Estado – e despertou a curiosidade do educador e líder político José Au-gusto Bezerra de Medeiros, a quem foi apresen-tado em 1934. Bezerra, que viria a ser deputado federal por sete legislaturas, de 1918 a 1955, ficou impressionado com o pequeno redator e deu-lhe uma tarefa de gente grande: a redação da ata de fundação do Partido Popular.

Mais tarde, aos 23 anos, a carreira política de Aluízio Alves ganhou dimensão nacional, com a eleição para deputado federal constituinte em 1946, e a seguir como homem de confiança do con-trovertido Carlos Lacerda, também jornalista e futuro governador do Estado da Guanabara. Lacer-da acabara de deixar o Correio da Manhã, após uma briga com o dono do jornal, Paulo Bittencourt. Es-tava desiludido com o jornalismo, a ponto de querer deixar as redações para escrever novelas de rádio. O jovem político potiguar não apenas prestou soli-dariedade ao novo amigo. Sugeriu a criação da Tribuna da Imprensa, por meio de uma sociedade anônima com a participação de admiradores do trabalho de Lacerda na imprensa.

O nascimento do diário deu-se na casa do jor-nalista carioca, com a presença de figuras que mar-cariam a história das letras e da política brasileira. Entre outros, estavam lá Alceu Amoroso Lima, Pra-do Kelly, Adauto Lúcio Cardoso, Bilac Pinto, Milton Campos, Prudente de Morais Neto, Odylo Costa Filho e Gustavo Corção. De 1949 a 1958, Aluízio Alves foi o redator-chefe e diretor substituto do jornal nas ausências prolongadas de Carlos Lacer-da. A relação entre os dois foi forte e duradoura. Aluízio esteve presente em todos os momentos do ano trágico de 1954, em que a feroz campanha do lacerdismo, com denúncias sobre corrupção no governo, culminou com o suicídio do presidente

Aluízio Alves no Caminhão da Esperança durante campanha para o Governo do Estado

em 1960

Aluízio Alves participa de protesto de trabalhadores rurais no município de João

Câmara em 1962

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Getúlio Vargas no dia 24 de agosto.

Já como dono da Tribuna do Norte, criada em 1950 sob inspiração do jornal de Lacerda, Aluízio entrou com todo empenho na campanha a governador de Dinarte Mariz, eleito em 1955. Uma de suas primeiras provi-dências – entregar ao novo governo um pretensioso plano de metas – foi ao mesmo tem-po uma decepção e um dos momentos cruciais de sua carreira política. O novo governador devolveu o calhamaço com uma grosseria: “guarde para quando você for governador”. Aluízio Alves engoliu a seco e pegou na palavra. Rompeu com Dinarte Mariz, criou a Cruzada da Esperança – movimento popular que teria imensa adesão no Estado – e lançou-se candidato a governador, numa costura política que envolveu a escolha de um padre, mon-senhor Walfredo Gurgel, para vice da chapa. O ob-jetivo era enfrentar a ala conservadora da Igreja, liderada por Dom Eugênio Sales, seu obstinado ad-versário.

Nessa época, Aluízio introduziu o marketing eleitoral no Rio Grande do Norte, com forte conte-údo populista e doses de espetáculo, a ponto de chegar à cidade de Pau dos Ferros, hostil à sua candidatura, montado em um burro, ao estilo Jesus Cristo em Jerusalém. Chamado de “cigano feiticei-ro” pelos adversários locais, aproveitou o mote ao invés de recusá-lo: “sou cigano e vim ler a mão de vocês, que precisam de um governador que tire de vocês a fome, a miséria, a falta de educação e ener-gia”, dizia aos eleitores.

De fato, o candidato parecia bem familiarizado com as classes mais baixas da população e ali esta-va o grosso de seu eleitorado, a chamada “genti-nha”, numa denominação politicamente incorreta e inimaginável nos dias de hoje. O esperto político, no entanto, mais uma vez invertia o jogo a seu favor: “Gentinha é o povo humilde, é o simples, gentinha

O “Trem da Esperança” foi um dos símbolos das

campanhas de Aluízio Alves

Em 1950, como deputado federal, o encontro com o presidente Juscelino Kubitscheck

é a minha gente, a gente do Rio Grande do Norte que nunca teve um governador a olhar para eles. Sou o

governador da genti-nha”, repetia em seus dis-

cursos. Para o cientista político da USP Gaudêncio

Torquato, essa campanha é um “case” de comunicação. Em en-

trevista à Rose Maria Vidal de Sou-za, Gaudêncio, nascido no Rio Grande do Norte, afir-ma que Aluízio faz parte de um time de comunicado-res eleitorais em que também se destacam Jânio, JK e John Kennedy. “É o tipo de candidato que precisa usar todo seu potencial e, se preciso for, fabricar o mesmo para vencer e convencer seu eleitorado”, ana-lisa.

Não deu outra. Venceu a eleição no confronto com o deputado federal Djalma Marinho e na disputa pes-soal com Dinarte Mariz. Governou com avanços e mão de ferro. Trouxe a energia da hidrelétrica de Paulo Afonso para o Estado e implantou a industria-lização, num momento em que a participação do Nor-deste no Produto Interno Bruto do País era de apenas 15,5%. Além disso, criou a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) , Compa-nhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN) e Telecomunicações do Rio Grande do Norte (TE-LERN), implantou um programa de alfabetização baseado no método Paulo Freire, abriu faculdades e uma instituição de apoio à cultura, a Fundação José Augusto.

Aluízio introduziu o marketing eleitoral no Rio

Grande do Norte, com forte conteúdo populista e

doses de espetáculo

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A volta de Aluízio Alves nos braços do povo em 1992

>>O Golpe – Em 1965, um ano após o gol-pe, a situação estava assim assentada. Dinarte era novamente governador e Agnelo Alves ocupava a Prefeitura de Natal, eleito pelo prestígio do irmão, que concordara em silenciar a respeito da tomada do poder pelos militares. O partido oficial, a Arena, dividiu-se em duas alas – a verde, de Aluízio, e a vermelha, de Dinarte. Para as eleições do ano se-guinte, Aluízio era nome certo para o Senado.

Diante de ter o adversário em Brasília, Dinarte vai ao presidente, general Humberto de Alencar Castello Branco, e diz que Aluízio não pode ser senador. Castello rebate: “Dinarte, quem tem votos no RN é Aluízio”. Raposa, Dinarte devolve. “Se fosse por voto, quem es-tava sentado na cadeira de presidente era Juscelino e

não você, Castello. Sou delegado da Revolução”. Che-gam, então, a um meio termo. Aluízio desiste do Senado e lança o mossoroense Motta Neto, que é eleito com votação absoluta. Dinarte vinga-se, cavando a cassação de Aluízio em 1969. O tacão da ditadura também alcan-çou Agnelo, então prefeito da capital, e Garibaldi, depu-tado estadual. Com as cassações, os Alves caem no ocaso, mas em 1970, mesmo com os pais cassados, Henrique Alves é eleito deputado federal e Garibaldi ganha uma vaga na Assembleia Legislativa. Ambos com votações estupendas. “É o filho, é o filho”, foi o slogan de Henrique, eleito aos 21 anos.

Fora do combate político direto, Aluízio Alves enveredou pela indústria e aliou-se ao Grupo UEB e trouxe para o Rio Grande do Norte fábricas como a Sparta Confecções e o Hotel Ducal – primeiro

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Henrique eduardo Alves, líder da bancada do PMDB e favorito a presidente da Câmara dos Deputados

garibaldi Alves Filho, duas vezes governador, agora senador e ministro da Previdência

arranha-céu do Estado, no centro da capital – e ho-je elefante branco. Em 1978, ainda cassado, Aluízio formalizou a Paz Pública, acordo político com o go-vernador Tarcísio Maia em favor da candidatura do senador Jessé Freire (Arena), contra o seu correli-gionário Radir Pereira. Aluízio que, à surdina, esco-lhera Agenor Maria em 1974 e vencera a eleição contra o sempre favorito Djalma Marinho, unia-se aos inimigos.

Radir foi mais votado do que Jessé. No Estado, a máquina governamental e o carisma de Aluízio asseguraram a reeleição de Jessé, que reequipou o parque gráfico da Tribuna do Norte.

>>As famílias – A briga de família agu-çou-se especialmente a partir de 1980, quando Alui-zio Alves rompeu com os Maia e transformou a Tri-buna do Norte num panfleto contra os governadores biônicos Tarcísio e Lavoisier (primos) e saiu candi-dato pelo PMDB em 1982 contra o engenheiro José Agripino Maia, prefeito escolhido de Natal. Perdeu fragorosamente por 107 mil votos e foi dado como politicamente morto.

A ressurreição só viria com a redemocratização do País. Tancredo Neves ganhou a presidência por via in-direta, no Colégio Eleitoral, mas morreu antes de assu-mir o cargo, que ficou com o vice José Sarney. No novo

governo, Aluízio foi nomeado ministro da Administração e a recuperação do poder teve consequências na políti-ca estadual – na primeira eleição direta para prefeito nas capitais, seu sobrinho Garibaldi Filho derrotaria Wilma Maia, mulher do ex-governador Lavoisier Maia. Ainda ministro, ele colecionaria mais uma vitória: seu candi-dato Geraldo Melo, do PMDB, ganharia as eleições para governador em 1986, derrotando o candidato dos Maia, o deputado federal João Faustino, por apenas 14 mil votos, e com ajuda do Plano Cruzado, que lançara a popularidade de Sarney às alturas.

Na idas e vindas da contenda familiar, Aluízio sofreu uma grande derrota, em 1988, ao ver seu filho Henrique perder para Wilma Maia a prefeitura de Natal. Em 1990, um novo revés: os primos José Agripino (Maia), e Lavoi-sier (Alves), se enfrentam na eleição para governador. Agripino vence. Mas os Alves conseguem eleger Gari-baldi Filho para o Senado. Aluízio e o filho Henrique vão para a Câmara.

Pela primeira vez, perdeu eleição em Natal. Henrique voltaria a perder para prefeito em Natal em 1992. Por apenas 961 votos, venceu o desconhecido engenheiro Aldo Tinoco, candidato lançado pela prefeita Wilma, que adotou o sobrenome Faria depois de separar-se de La-

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A terceira geraçãoCaso o deputado Henrique Eduardo Alves seja

indicado como candidato ao Senado, em 2014, Wal-ter Alves deixará a Assembleia Legislativa para ten-tar uma cadeira na Câmara, em Brasília. Será um caminho natural, como acredita seu pai, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves. Dessa e de outras formas, a descendência de Aluízio Alves segue na linha de frente da política do Rio Grande do Norte. Walter, sobrinho-neto do decano da família, tem ape-nas 31 anos e já está em seu segundo mandato.

Em postos-chave do governo e do Legislativo, os Alves mostram coesão e o ponto de conver-gência é sempre o nome de Aluízio. “Ele foi um político que abarcou todas as dimensões da vida pública, mas considero a seriedade no exercício do mandato como seu principal legado”, afirma Walter. “Aluízio foi um parlamentar proativo, que se antecipava às demandas de seus conterrâne-os”.

Com responsabilidade de levar adiante o projeto de poder da família, o deputado Walter, represen-tante da terceira geração dos Alves, é considerado um parlamentar atuante. Eleito pelo PMDB com 55.296 votos – o segundo mais votado no Estado – procura não concentrar sua atividade parlamentar em apenas um segmento. Nesse sentido, já apresen-tou projetos em áreas como a saúde, geração de emprego e renda, educação, tributação, segurança, meio ambiente, inclusão social e direito do consu-

midor, entre outras. Também foi presidente e mem-bro da Comissão de Orçamento e Finanças, desta-cando-se no processo de fiscalização das contas do Governo do Estado. Em 2008, ainda no primeiro mandato, foi escolhido por jornalistas que fazem a cobertura da Assembleia Legislativa como o parla-mentar do ano.

Quando conversa sobre Aluízio, Walter gosta de lembrar a participação do político potiguar na luta pela restauração da democracia no País, por meio de seu engajamento na campanha das Diretas-Já e, logo em seguida, na caravana de Tancredo Neves, o pre-sidente eleito que encerrou o ciclo militar na vida brasileira. Do mesmo modo salienta que, no Execu-tivo, o tio-avô deixou uma marca forte na política nacional. “No Rio Grande do Norte foi um grande governador e, na condição de ministro da Adminis-tração, criou um organismo que proporciona, até hoje, uma melhor capacitação dos servidores – a Es-cola Nacional de Administração Pública (ENAP).

voisier. Um dos fatores da derrota foi uma dissensão no seio da família Alves – o lançamento, pelo governador José Agripino, de Ana Catarina, irmã gêmea de Henrique, como sua candidata.

Em 1994, Aluízio volta à cena para comandar a vitória do sobrinho Garibaldi Filho para o Governo do Estado. Henrique seguiu deputado federal – como segue até hoje, enquanto Ana Catarina também se elege, na vaga do pai. A série de vitórias prossegue, com a reeleição de Garibaldi, em 1998 e, dois anos depois, os Alves fazem acordo com Wilma de Faria, reeleita prefeita de Natal (havia sido eleita de novo em 96 com apoio de Agripino), emplacando como vice o deputado estadual Carlos Eduardo Alves, que em 2002 assumiu a Prefeitura de Natal com a re-núncia de Wilma, que saiu para disputar o governo do Estado. No mesmo ano, Garibaldi Filho foi ree-leito para o Senado.

Com a morte de Aluízio aos 85 anos, em 6 de maio de 2006, os Alves perdem o Governo para Wilma, que é reeleita. Desta vez os dissabores da derrota foram logo compensados. O próprio Garibaldi assu-

miu a Presidência do Senado, após renúncia de Re-nan Calheiros e, em ano, pavimentou sua reeleição de Senador. Henrique manteve-se liderança do PMDB. O legado de Aluízio ganha conformação em 2010, quando a família celebra a reeleição de Gari-baldi Filho, com 1,042 milhão de votos, e mais uma eleição de Henrique, a 11ª. A hegemonia, portanto, é quase total.

Na idas e vindas da contenda familiar,

Aluízio sofreu uma

grande derrota, em

1988, ao ver seu filho

Henrique perder para Wilma Maia a prefeitura

de Natal

* Luiz Augusto Falcão é jornalista, ex-repórter e redator dos jornais O Globo, O Estado de S. Paulo e da Revista Veja

Walter Alves, neto de garibaldi Alves e filho de Garibaldi, exerce o segundo mandato de deputado estadual

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ConTXTextualizando

* Jornalista (PB 4830JP) e professor do Curso de Comunicação Social da uERN Email: [email protected]

O avanço do teatro com a cortina tecnológica do cinema

Atecnologia cinematográfica apresen-tou-se como uma alternativa para vá-rias lacunas cenográficas existentes no ambiente teatral. Com as tecnolo-

gias desenvolvidas a partir do cinema, seus re-sultados foram sendo paulatinamente incorpo-rados na vivência da comunicação teatral e utilizados amplamente pelas várias outras lin-guagens plásticas da dramaturgia. Nesse aspec-to, o teatro incorporou o audiovisual como apor-te para concretização de ideias digitais, de mo-do a criar uma realidade e ajudar na produção de sentidos – alcançando os objetivos artísticos a que se propõe essa realidade virtual do teatro. A estética videográfica em muito colabora com a opção de seu uso tecnológico na seara teatral e impulsiona os valores das novas tecnologias frente às exigências do público cativo. Muitos diretores teatrais se utilizam do recurso audio-visual como forma de colaborar com a moderni-zação da arte de encenar e festejam essa utili-zação tecnológica multimidiática como neces-sária ao linguajar teatral.Todo mundo guarda em algum baú, fotografias amareladas dos dias de sorrisos fáceis ainda que só na aparência. E de velhas dores que renascem, acenando com cinismo, assim que são revisitadas.

O teórico Pierre Lèvy discorda da utilização do termo multimídia, pois para ele somente podemos nos utilizar da capacidade modal de cada uma dessas mídias. Esse pensamento filosófico nos alerta de que as novas tecnolo-gias estão postas como ferramentas para am-pliação de novas possibilidades, mas não aten-dem e nem podem ser operadas de forma ins-tantânea e concomitantemente, como se várias mídias atendessem ao mesmo resultado em

momentos idênticos. Ou seja, não podemos “assoviar e assoprar” ao mesmo tempo. Essa lógica se aplica no campo teatral-tecnológico, pois bem sabemos que a nossa acuidade visu-al impõe barreiras, que também limita o alcan-ce do processamento cognitivo. Exemplo disso é que as cenas para serem alcançadas e deco-dificadas visualmente, sejam elas no teatro ou no cinema, devem ser construídas a partir de critérios onde a linguagem da arte seja respei-tada – mas mais ainda, que os limites psicobio-físicos não sejam relegados.

Do cinema originou-se o desejo em acomodar os seus efeitos artísticos em nossas residências, assim surgindo a TV. É tanto que esse mesmo cinema convive em ambiência com os produtos televisivos. No teatro não haveria confusão, o que se soma como resultante da dramaticidade é o envolvimento do audiovisual que compõe o seu cenário e possibilita um incremento narra-tivo de reconhecido valor. Mas, então, surge a dúvida: devemos exagerar no uso da linguagem cinematográfica só pela razão da estética e da facilidade, e esquecermos os valores milenares que devem ser trabalhados, valorizados, explo-rados e (re)construídos, quando da utilização do audiovisual no ambiente do teatro?

Uma dose de bom senso deve ser utilizada no momento em que estamos a decidir como deverá ser encaixada cada cena e nela como se estabelecerá o nível de comunicação com o pú-blico. A capacidade audiovisual é valorada pela sua aura linguística, mas o teatro ainda continua com a força dramática e de linguagem própria capaz de falar por si mesmo sem que os seus valores estejam adormecidos. Abrem-se as cor-tinas, projeta-se a luz!

A estética videográfica em muito colabora com a opção de seu uso tecnológico na seara teatral e impulsiona os valores das novas tecnologias frente às exigências do público cativo."

O cinema impulsionou o avanço da tecnologia do som e da imagem, além de colaborar com o desenvolvimento de atividades ligadas ao teatro e à TV.

É preciso desvirtuar o teatro para atingir os objetivos tecnológicos a que se propõem as novas ideias construídas a partir da experiência audiovisual.

É hora de repensar os valores imagéticos carreados para o teatro, quando na verdade cabe ao cinema a sua utilização.

SIM NÃO TALVEZ

KiLDARe gOMes*

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Os velhos álbuns

Sete letras cada uma, falta o elo condutor entre a saudade e a coragem, como senti-mentos e não meras palavras, para que os velhos álbuns voltem a ser abertos.

Todo mundo guarda em algum baú, fotografias amareladas dos dias de sorrisos fáceis ainda que só na aparência. E de velhas dores que renascem, ace-nando com cinismo, assim que são revisitadas.

Os álbuns de antigamente eram melhores que os atuais até mesmo no corte florido em grafite de suas capas. Na tinta plástica que eternizava a foto. No durex adesivado que grudava as fotografias pela vida inteira e até depois da morte.

Ah! O dilema, jogar no lixo quem se foi ou sim-plesmente abandonar sua face de expressão variada em outro lugar que os olhos não pudessem enxer-gar?

De tão coladas, no papel ou na alma, qualquer tentativa de mexer nas fotos postas terminava numa agressão sem tipificação criminal. Rasgadas as fotos, agredido estava o indefeso nela sorrindo ou fulmi-nando desconfiado como se a reprovar a intromis-são.

Há, nos velhos álbuns, o colorido da alegria que passou e o cinzento tão frio quanto uma lixa de pe-dreiro ou, para mais nobre a comparação, com a classe imperial dos túmulos de mármore que classi-ficam defuntos pela condição social nos cemitérios históricos e abandonados por quem não tem no cul-tivo da memória, a prioridade moderna.

Por convicção ou ignorância, crave um ou outro, crave os dois e acrescente o desleixo como a opção três de um teste vocacional imaginário.

Muito mais do que em imagens que abrem o te-atro emocional de cada vivente, eles surgem como socorro e assombro. Convergindo para a impotência de querer falar com quem não está mais por aqui.

Tente enxotá-los e eles, parecendo feiticeiros de armadilha, dão um jeito de reaparecer, sob a poeira

dos livros que são feitos de escudo protetor das tris-tezas, debaixo dos colchões, na gaveta remota da estante da mobília antiga lá do quarto esquecido de entulhos.

Os velhos álbuns são sempre postos à mesa quan-do vejo minha mãe e visitava minha avó, hoje sauda-de presente nos álbuns perdidos. Minha mãe, prin-cipalmente, prisioneira do passado, tenta me agradar mostrando-me rechonchudo, de motoca, de calça curta, roupa de primeira comunhão, foto do oitavo aniversário, com a primeira bola de futebol ganha pelo menino perna-de-pau.

Das tardes de domingo em que eu chorava muito, quando ia obrigado morar em Recife, daí minha aver-são total por viagens longas e a decisão de não sair daqui outra vez. Eu gosto de tocar os álbuns, senti-los como se houvesse uma identidade cronológica dos cheiros.

Como se existissem perfumes nostálgicos, sepa-rando infância, puberdade, adolescência (que não conheci), a chegada ao estágio de adulto, da velhice e do final que já levou muitos dos que disseram Xis! nas manhãs inocentes em que todos se reuniam aga-salhados por uma mangueira frondosa e perigosa quando algum fruto desabava, pesado, por entre me-sas, cadeiras e bebidas.

Basta uma recaída de leitura do grande Antônio Maria, o melhor cronista brasileiro de todos os tem-pos, ele e Carlos Heitor Cony, para que eu relembre os velhos álbuns.

E por falar em coragem que quando exagerada é burrice e teimosia, tento e não consigo escapar deles, fechar portas, escapulir das quinquilharias, evitar a tentação dos arquivos, tesouros que são mi-nhas paixões sem pretensões pedantes de memoria-lista.

Nos velhos álbuns eu fui, vi e não sei se venci. O que sei é que uma página virada é o sol clareando e anunciando que é preciso andar, abastecido pelo combustível dos rostos queridos que não verei mais.

O que sei é que uma página virada é o sol clareando e anunciando que é preciso andar, abastecido pelo combustível dos rostos queridos que não verei mais"

Rubens Lemos Filho

Rubens Lemos Filho é jornalista desde 1988. Foi repórter e editor dos principais veículos de comunicação de Natal, secretário de Estado de Comunicação Social e hoje é coordenador de Comunicação Social da Assem-bleia Legislativa do Rio Grande do Norte / Twitter: @RubensLemos, e-mail: [email protected]

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Oito anos depois de ser inaugurado como o maior e mais moderno assentamento do Brasil, os moradores do Eldorado dos Carajás II ainda esperam a redenção prometida no discurso do presidente Lula

O mitoreforma agrária

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Dona Semira aproveita a última luz do sol para consertar a cobertura do pequeno quarto de tai-pa em frente à sua casa. Com a ajuda de uma filha de uns cinco anos, sentada no alto da construção,

ela arruma as brechas que podem existir no telhado, talvez como uma forma de distração de mais um dia longo e sem afazeres. A construção de pau-a-pique, que veio junto com o terreno comprado há quase dois anos, é pequena para ela, o marido e três dos seus nove filhos. Por isso, a residência dos Silva foi improvisada, logo atrás, com lona e papelão. Um vão baixo e escuro, sem eletricidade nem água encanada, dividi-do apenas por um banheiro precário, feito de qualquer jeito, compõe a vida física de uma das últimas famílias a chegarem à Agrovila Maisa, zona rural de Mossoró, porta de entrada do Projeto de Assentamento Eldorado dos Carajás II, criado em 2003, por outro Silva, o presidente Lula, para ser mode-lo de reforma agrária no Brasil.

Nesse local insalubre de uma pobreza que não se vê nas propagandas governamentais, os sonhos são distintos e dis-tantes. Dona Semira só queria que seu barraco fosse de tai-pa como as outras moradias da área tomada por invasão. Seu filho caçula, Alisson Udson da Silva, quer um pouquinho mais que isso: ele sonha em ser médico quando crescer. A mãe sorri com as vontades do menino, mas em seu olhar perdido é possível ler a descrença nesse projeto infantil.

Como eles, outras 20 famílias, das 500 que invadiram o local, conhecido como R2, seguindo as divisões urbanas da antiga Mossoró Agroindústria, vivem uma espera sem fim. O local, erguido pela resistência, fica bem ao lado da povoa-ção principal que, à primeira vista, parece uma pequena ci-dade de mais um interior esquecido pelo poder público. Ao ocuparem o local, essas pessoas esperavam vencer pela for-ça e ser assentadas com todas as vantagens que imaginam de um projeto de reforma agrária. Elas só não se deram conta de que os que moram nas casas de alvenaria, em fren-te a sua favela, também tinham esse sonho.

De acordo com Silvestre Miranda, o “Piauí”, presi-dente da associação comunitária, ninguém sabe quem é o verdadeiro dono da agrovila Maisa, se a antiga empresa ou os moradores. “Até hoje, o Incra não especificou a quem per-

tencemos. Enquanto isso, nada vem pra cá porque dizem que é privado”, reclama. Se para as famílias a coisa não ficou bem explicada, para a imprensa não há dúvida. Conforme o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, “as 600 casas construídas na entrada principal da Maisa, pela BR-304, não foram desapropriadas. Portanto, não dependem do INCRA”. Em outras palavras, ou melhor, nas palavras dos moradores, o local foi abandonado pelas instâncias do poder e “hoje se vive ao ‘Deus dará’”.

A comunidade se mantém de uma contribuição men-sal de R$ 28,00, de cada agricultor, que serve para pagar a energia do poço e realizar pequenas ações, como a limpeza urbana. Sem dono, a Maisa se tornou um lugar difícil até para a comunicação. Vingt-un Nicolau, que trabalhou na an-tiga empresa, reclama que o sinal de telefonia é precário e que para receber uma correspondência via Correios, precisa dar o endereço do pai em Baraúna.

Dona semira é uma das últimas a chegar

à Maisa ainda na esperança de conseguir

um pedaço de terra

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Ação de desapropriação não contemplou moradores da vila principal que ficaram sem nada

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Antônia Gomes Vieira tem a palavra firme co-mo toda sertaneja protestante. Criou e formou seus quatro filhos assim, sob sua proteção. Mas, por trás dessa fortaleza toda, se esconde uma mu-lher calejada pelo tempo e que não sabe o que vai ser de seu futuro. Ela representa a maioria das famílias que viu seus sonhos sumirem pelo ralo, com a falência da Mossoró Agroindústria. Moran-do na agrovila há mais de 30 anos, não teve direi-to a nada. Nem quando o seu marido morreu, de-pois de trabalhar 12 anos para a empresa, nem após ser demitida com 13 anos de carteira assi-nada como governanta. Até a casa onde vive está em questão judicial, assim como todos os prédios das fábricas, os galpões e demais construções existentes no local, que não foram adquiridos na desapropriação porque segundo o Incra, “não te-riam utilidade para o Projeto”.

Como ela, os que trabalharam uma vida inteira para a Maisa tiveram de se contentar com o pouco conseguido nos acordos com a Justiça. O próprio Piauí, comandante da Agrovila, recebeu apenas 35% dos direitos trabalhistas de 22 anos de função. Outros, com mais sorte, receberam 50%. Os mais teimosos ainda pelejam pelos tribunais ou aceitaram equipamentos velhos e sobressalentes que enfeitam os quintais de suas casas.

Genésio Praxedes de Andrade e Antônio Posi-dônio, o “Furaca”, dois dos moradores mais idosos, também já estiveram entre os sete mil empregados diretos, de uma das maiores empregadoras priva-das que o Estado já teve. Em mais de três décadas de trabalho, eles viram seus filhos, netos e bisnetos nascerem e se criarem na Maísa, mas nem isso foi suficiente para lhes garantir direito à terra.

No dia 20 de dezembro de 2003, quando de sua vinda a Mossoró para inaugurar o novo assenta-mento, o então presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va afirmou que a Maísa iria gerar o pão de cada dia para que os trabalhadores sobrevivessem, ele só se esqueceu de pedir prioridade para os que já estavam ali. Sem isso, dona Antônia viu milhares de pessoas chegarem de todas as partes para ocu-parem uma terra que deveria ser sua e da comuni-dade por direito. Com medo de perder o emprego, não se engajou nos grupos que lutavam pela desa-propriação no início, mas em sua cabeça, o gover-no faria Justiça e, na reconstrução do projeto, in-cluiria os trabalhadores. Isso não aconteceu.

Dos quatro filhos, apenas Aislan Marckuty tem

Filhos do esquecimento

Dona Antônia gomes não teve direito a nada e agora luta para garantir ao

menos sua aposentadoria

um pedaço de terra e só conseguiu porque se casou com Edvanda Lima, que já era assentada. Os outros três, Alax Martiniano, Ailana Márcia e Aisdan Rodrigo precisam trabalhar em empresas privadas de fruticultura. Sem terra, sem empre-go e sem certeza de que a casa onde mora lhe pertence, Antônia Gomes vive ainda outro dilema: aos 57 anos, não sabe como vai se aposentar por-que o tempo de carteira assinada é insuficiente para a Previdência Social liberar o benefício.

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“Reforma agrária não é apenas dá um pedaço de chão para o agricultor. Ele precisa de escola, posto de saúde, cooperativa de crédito e toda infraestrutura para traba-lhar.” As palavras do presidente Lula em 2003 revelavam o seu desejo, ainda pujante, de transformar as vidas de um povo oprimido por cinco séculos de dominação. As escolas até que foram implantadas, uma estadual e uma creche. O posto de saúde também, mas só funciona durante o dia e quando o médico do Programa Saúde da Família aparece. A infraestrutura para trabalhar e o crédito, isso ainda não se sabe quando chegarão.

O Incra informou que, na safra passada, mais de duas mil toneladas de alimentos, plantados em cerca de 840 hectares, foram colhidas no Eldorado dos Carajás II e que desde sua criação, apresenta um aumento contínuo de pro-dução. Mas isso acontece apenas nos anos de inverno. Du-rante o verão, as famílias precisam abandonar suas áreas para trabalhar nos projetos de fruticultura que rodeiam a antiga Maisa. O agricultor Claudionor Lopes dos Santos, conhecido como Canoa, morador do Assentamento Oziel Alves, implantado na frente da agrovila Maísa, resume a situação de seus vizinhos com uma frase: “A Maisa é o as-sentamento mais moderno do Brasil, mas se o povo não sair para trabalhar fora, morre de fome”.

Oito anos depois de aparecer em toda a mídia nacional como projeto modelo, as 1.150 famílias assentadas nas 10 agrovilas demarcadas ainda não podem acessar o Programa Nacional de Financiamento da Agricultura Familiar (PRO-NAF) por falta de documentação. O Incra afirma que os lotes foram demarcados e certificados, mas só agora anuncia que o crédito bancário está previsto para o segundo semestre deste ano, esquecendo-se que o ano já está acabando.

Na Agrovila Apodi, considerada a mais promissora, ape-nas uma área está produzindo. Juntos, o técnico agrícola

Não é segredo para ninguém. Na Maisa, a venda de áreas do assentamento é frequen-te. Mas Marckuty explica que não se trata de um negócio imobiliário, mas de sobrevi-vência. “As pessoas vendem porque não têm

como sobreviver por aqui”, justifica. No entanto, ele previne: “está todo mundo de olho nessas terras”. O alerta é direcio-nado ao Incra que, segundo ele, não está dando condições para as famílias desenvolverem seus projetos. “A primeira questão nas agrovilas é política. Cada uma delas tem duas associações brigando entre si. Depois é falta de atenção do Incra que, além de não garantir assistência técnica, não ajusta as coisas para a gente ter direito ao crédito”, reclama o agricultor.

A falta de orientação no processo de implantação do pro-jeto de assentamento levou os moradores a viverem uma eterna dependência do Incra, inclusive em questões próprias das associações. A falha na pedagogia do órgão federal é a prova da falência de um programa de reforma agrária que transfere, mas não inclui; que dá a terra, mas não dá as condições de produzir.

Localizada entre Mossoró e Baraúna, a Maisa, que se tornou em 2003, o assentamento Eldorado dos Carajás II, depois de ser divida em outras 10 agrovilas, fora a vila principal não-de-sapropriada, possui um dos solos mais ricos e produtivos dessa parte do Estado. A partir de 50 metros de profundidade é pos-sível encontrar água, além disso, se um dia for terminada a estrada do melão, já iniciada por Tibau, cortará todo o assenta-mento, ligando o Rio Grande do Norte ao estado do Ceará.

Recentemente, a Câmara de Vereadores de Mossoró aprovou a criação do distrito da Maisa e agora os moradores sonham com emancipação política. Mas a falta de condições de trabalho e a dependência dos projetos externos podem transformar o novo município em mais um elefante branco. Pior que isso, Erivan Batista da Silva, um dos dois soldados do posto da Polícia Militar do local, alerta que drogas, como o crack, vêm invadin-do a comunidade e, devido à falta de trabalho social, estão se transformando em mais um problema crônico que logo será irreversível.

independência roubada

A venda dos lotes e a dependência do incra

A Maisa e o sonho da cidade

Aislan Marckuty e Francisco Pegado são os únicos a tentar produzir nos assentamentos da Maisa, mas ainda estão nas mãos do atravessador

Aislan Marckuty, filho de dona Antônia Go-mes, e o agricultor Francisco Pegado Sobri-nho tentam, sem condições financeiras, produzir dois hectares de melão. A dificul-dade é tanta que eles só têm uma única mo-to para realizar a logística. Endividados além do que podem, esperam que a safra seja suficiente para quitar as dívidas e lhes dê subsídio para continuar o negócio. Mas, sem acesso ao crédito, eles acabaram nas mãos de um atravessador. Mesmo com todo o esforço dos dois, no final das contas, con-tinuam trabalhando para os outros.

POR: JOSÉ DE PAIVA REBOuÇAS

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Alaíne deu um filho em adoção e tenta reconhecimento do pequeno Vinícius

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Décimo sexto estado mais populoso do Brasil, o Rio Grande do Norte tem parte da sua riqueza cen-trada no petróleo. O Estado é o maior produtor do óleo mineral em terra firme.

Desde 1974, quando as primeiras jazidas de petróleo foram descobertas, não só a economia do Estado foi transformada, mas também a caracterização de várias cidades que ganharam indústrias, royalties e uma enxurrada de trabalhadores com hábitos e estilos de vida bem diferentes.

Em todo o Estado, 12 mil trabalhadores formam a força de trabalho de quase 200 empresas de fora que prestam ser-viço à Petrobras em solo potiguar. Uma população flutuante que quase sempre chega, se instala e depois vai embora.

Em meio a um paradoxo de riqueza e pobreza que se mis-turam em busca do desenvolvimento, moradores carregam histórias de amor e desamor que parecem se repetir há dé-cadas e à margem de políticas públicas.

Romances que brotam entre nativas e trabalhadores que chegam com dia e hora marcados para partir. Além de desi-lusão, grande parte desses relacionamentos resulta em filhos que acabam crescendo sem a figura do pai.

Mais que a presença masculina, essa espécie de orfanda-de de pais vivos gera uma série de outros problemas como desgaste emocional, brigas judiciais, desagregação familiar, abortos, prostituição e mágoas que duram para sempre.

A CONTEXTO percorreu as principais cidades que produ-zem petróleo no Estado para conhecer essas histórias. Foram mais de 500km percorridos pelas cidades de Mossoró, Gua-maré, Macau, Alto do Rodrigues, Ipanguaçu, Assú, Pendências e Areia Branca.

Os depoimentos mostram uma realidade anônima que corre na contramão do progresso, já que poucos são os casos de finais felizes dessas histórias de amor envolvendo traba-lhadores do petróleo.

Mais que expor situações individuais e íntimas, essa ma-téria é um convite à reflexão e até uma provocação com o intuito de resguardar as futuras gerações.

>>Nas mãos da Justiça – Aos 22 anos, Alaíne Montenegro tenta reconstruir sua vida ao lado de um novo companheiro e do filho Vinícius, fruto de um rela-cionamento com um trabalhador do petróleo.

Natural de Guamaré, Alaíne fez o percurso inverso da maioria dos romances que começam nas obras das indús-trias do petróleo. Ela saiu da sua cidade e foi para Caja-

Em meio a um paradoxo de riqueza e pobreza que se misturam em busca do desenvolvimento, romances brotam e se desfazem, transformando a vida de uma geração

JAnAÍnA HOLAnDA)) E-mail: [email protected]: @janna_holanda

zeiras (conjunto habitacional de Salvador-Ba) em busca de emprego. Lá, no auge da adolescência, se apaixonou por um trabalhador do petróleo e engravidou. O relacionamen-to não deu certo e ela voltou para Guamaré com o filho nos braços. Com ajuda da mãe que ganha um salário mínino para sustentar seis pessoas em casa, ela briga na Justiça para que o antigo namorado reconheça o filho e colabore nas despesas com a criança.

“O reconhecimento é mais importante que qualquer pensão. A criança não tem culpa de uma relação não ter dado certo e ele pergunta direto pelo pai, não é justo”, falou Alaíne.

Mas entrar na Justiça não é um processo tão simples assim em Guamaré. Como a cidade não tem fórum, tudo tem que ser feito em Macau, distante 37Km.

“Estou há um tempão tentando com esse processo. A gente tem que sair daqui pra ir no fórum em outra cidade, é uma complicação e demora muito porque é muita gente procurando a justiça para resolver vários problemas”, co-mentou Alaíne. Além do relacionamento não ter dado cer-to, Alaíne viveu outro drama amoroso com um trabalhador do petróleo.

Quando voltou da Bahia começou a fazer limpeza nos alojamentos das empresas contratadas em Guamaré. Ga-nhava R$ 150,00 por semana. E foi lá que conheceu e co-meçou a namorar um rapaz.

“Ele dizia que era separado, mas depois soube que ele tinha família. Engravidei de novo e ele foi embora. Quando falei da gravidez, ele não acreditou e ficou duvidando que fosse dele”, relembrou.

Sem dinheiro para assumir duas crianças, Alaíne deu o filho de oito meses em adoção. Durante a gravidez, não conseguiu comprar nem o enxoval, que foi doado através de um programa social da Prefeitura.

“Não tive escolha. Melhor dar do que abortar como fi-zeram umas amigas minhas. Tive sorte de ter pessoas boas que me deixam acompanhar o crescimento dele”, desaba-fou Alaíne.

Depois de dar o filho em adoção, o antigo namorado até que procurou, mas agora ela não quer acordo.

“Agora é tarde, quando eu procurei, ele duvidou. Não vou fazer covardia com quem (pais adotivos) trata meu fi-lho tão bem”, concluiu Alaíne.

Crescer sem o sobrenome do pai é uma realidade para

várias crianças no Rio Grande do Norte, em especial nas cidades

produtoras de petróleo

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A década de 80 foi determinante para o desenvolvimento de Alto do Rodrigues, devido ao início da atividade petrolífe-ra. Assim como as demais cidades do polo, o município rece-beu uma enorme população flutuante formada em sua maio-ria por petroleiros. A farda e o suposto status que a profissão representava na época, fascinavam as meninas da então ci-dade interiorana.

“Lembro que formava fila de meninas pra ver esses tra-balhadores. Era uma festa. E tem outra, a gente só queria petroleiro, não era funcionário da terceirizada não. A gente via um partidão, queria casar e ter vida boa. E eles só queriam menina nova”, lembra a auxiliar de serviços gerais Mirian Lúcia, 48.

Dona de um par de olhos verdes e pele clara, não foi difí-cil Mirian despertar interesse dos “homens do petróleo”. Tinha 18 anos na época, mas ela faz questão de dizer que aparentava bem menos quando começou sua história de amor com trabalhadores do petróleo.

Ela conta que as investidas eram mesmo de impressionar. “Eles passavam de carro com motorista em frente à casa da gente, ia buscar na escola. Eu tinha tudo do bom e do melhor. Aprendi a usar salto, óculos escuros, bolsas e roupas de mar-ca”, falou Mirian.

Mas como nada na vida acontece de graça, não demorava muito para aparecer as cobranças e as tais provas de amor- que em sua maioria se resumiam em sexo. “Meu primeiro sutiã quem deu foi ele. Foi ele também que me fez mulher e me engravidou em 85. Eu tão boba na época achava que a barriga estava crescendo de uma manga que tinha feito mal”, comentou Mirian.

Como o namorado trabalhava em escalas de 15 dias, não demorou muito tempo para Mirian descobrir que o príncipe encantado tinha outra família em Natal.

“Eu me revoltei, minha família foi contra e eu tentei um aborto com sonda, tive uma hemorragia grande, mas a gra-videz vingou. Por sorte meu filho nasceu sem sequelas. O pai da criança me viu grávida de sete meses e só apareceu quan-do eu estava com um mês de resguardo”, conta Mirian.

Mesmo sabendo que não era a mulher legítima, Mirian manteve o relacionamento até dar um ponto final. Não de-

morou muito, se envolveu com outro trabalhador do petróleo. Dessa vez, de uma empresa contratada e mais uma vez, o relacionamento resultou em gravidez indesejada.

“Ele era de uma contratada de Manaus e com dois meses de gravidez, voltei com o primeiro. Ele sabia que eu estava grávida de outro, mas queria ficar comigo. Voltamos, mas nunca oficializamos nada. Fiquei com ele por 10 anos. Agora ele mora em Mossoró e nós temos uma relação amigável”, falou Mirian, que há sete anos vive com um companheiro da terra.

Hoje, seus filhos são dois homens de 25 e 22 anos. Apenas um carrega o nome do pai biológico, mas os dois não gostam de falar sobre o assunto.

Apesar de respeitar o posicionamento dos filhos, Mirian não se envergonha de sua história. “Não tenho problema de falar sobre minha vida porque todo mundo me conhece. Acho que tudo é um aprendizado”, concluiu.

“ele comprou meu primeiro sutiã e me fez mulher”

Mirian se envolveu duas vezes com

trabalhadores do petróleo e teve

dois filhos

edna e Francisco estão juntos há 18 anos. na foto, aniversário da filha Vanessa

Histórias de amor entre nativas e profissionais do petróleo quase sempre acabam em desilusão, mas tam-bém há casos onde o amor fala mais alto. São exemplos em menores escala, mas que também existem.

Foi o que aconteceu com Edna de Almeida, 32, e Francisco de Assis, 55. Com 16 anos de idade, ela resol-veu se juntar com o amado e estão juntos há 15 anos.

Ao terminar seu trabalho na manutenção de sondas no Alto do Rodrigues, Francisco resolveu não partir. Mudou-se em definitivo para a terra da amada e montou uma empresa de manutenção de limpeza que presta serviço para vários órgãos públicos.

O casal tem dois filhos (um menino de 12 anos e uma menina de 14), mora em casa própria, tem transporte, plano de saúde. “Graças a Deus temos uma vida tran-quila e harmônica. Acho que o sentimento falou mais alto porque sei que na maioria das vezes esse tipo de relacionamento não dá certo”, reconheceu Edna com vários planos para o futuro.

Quando o amor fala mais alto

contexto novembro de 201166

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contexto novembro de 2011 67

Caçula de uma família de dois irmãos, Maria (nome fictí-cio) também se encantou com os trabalhadores de fora que se fixaram em Alto do Rodrigues na década de 80. Na época com 12 anos de idade, chegou a namorar com homens até 14 anos mais velhos.

“Eu era evangélica, apanhava pra não namorar, mas não teve jeito. A gente adorava vê-los chegar de ônibus. Íamos conferir quem tinha ficado e quem tinha vindo, já que eles trabalhavam 15 dias na cidade e folgavam os outros 15. Eles eram muito atenciosos e era muito comum namorar cedo e com homens mais velhos”, falou Maria.

Aos 17 anos, conheceu aquele que veio a ser o seu primeiro grande amor. Um carioca, de quem engravidou. Na mesma época da gestação, ele foi transferido para Manaus e Ana teve que tomar uma decisão difícil. Seguir

com seu amado ou ficar na cidade, onde começou a tra-balhar como professora havia pouco tempo. Optou pela segunda opção.

“Não quis arriscar abandonar o meu trabalho e mesmo não tendo seguido com ele, ele assumiu suas responsabili-dades e chega junto até hoje. Minha filha passa férias no Rio. Ele veio para a festa de formatura dela, foi o padrinho e tudo”, falou Ana, que hoje é casada e tem outro filho do seu atual relacionamento.

Mesmo numa relação sem ressentimentos, a filha de Ana, hoje com 23, preferiu não gravar entrevista. Por telefone disse apenas que tem uma relação bastante amigável com o pai e que respeita e apoia a decisão da mãe sem culpar nem julgar ninguém. Coisa muito rara entre os depoimentos co-lhidos pela CONTEXTO nesta reportagem.

Relacionamentos cada vez mais precoces

Crescer sem o sobrenome do pai é uma realidade para várias crianças no Rio Grande do Norte, em especial nas cidades produtoras de petróleo. Embora existam mecanis-mos que tentem regularizar essa situação, pouco se sabe sobre a real dimensão do problema.

Enquanto o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) trabalha com o número de 27 mil crianças nessa si-tuação no Estado, o Inep aponta um número bem superior – exatos 84.441 alunos, com base nos números do último censo escolar.

“O nosso número veio do Conselho Nacional de Justiça, tendo por base os dados fornecidos pelos cartórios”, justifi-cou a juíza Fátima Maria Costa, titular da I Vara da Família do Distrito da Zona Sul de Natal e coordenadora do Progra-ma Pai Presente no Rio Grande do Norte.

Instituído no ano passado, o programa visa incluir o nome do pai na certidão de nascimento dos filhos, garantindo todos os direitos das crianças e a aproximação dos pais na vida dos filhos.

“Através do programa, as famílias são convidadas a com-parecer e a indicar o suposto nome do pai. E aí ele é chama-do para fazer o reconhecimento. Nos casos onde há dúvida sobre a paternidade, o estado garante a realização do teste de DNA”, falou a juíza, acrescentando que o programa tam-bém garante a gratuidade dos custos processuais e a aver-

bação do novo registro.Além do Pai Presente, o deputado estadual Walter Alves

deu entrada no final de setembro no Projeto de Lei que pre-vê que os cartórios fiquem obrigados de comunicar os regis-tros de nascimentos sem identificação de paternidade à Defensoria Pública e ao Ministério Público. As informações devem conter todos os dados que foram informados no ato do registro de nascimento, inclusive o endereço da mãe do recém-nascido, seu número de telefone, caso o possua, e o nome e endereço do suposto pai, se este tiver sido indicado pela progenitora na ocasião do registro.

Para Walter, essa Lei, caso aprovada, caminha lado a lado com o programa Paternidade Responsável, adotado pelo Go-verno do RN, lançado neste ano pela governadora Rosalba Ciarlini. O projeto do Governo prevê que a defensoria públi-ca com base no último senso escolar de 2009 promova o reconhecimento voluntário à paternidade dos 27 mil jovens que estão na escola pública.

Em Mossoró, esse mesmo trabalho foi iniciado em 2009 com o nome Pai Legal, coordenado pelo Ministério Públi-co.

“O resultado do Pai Legal foi muito bom, tivemos vários reconhecimentos voluntários. Agora o trabalho continua com o Pai Presente”, destacou o promotor Hermínio Souza, da 18ª Promotoria.

Mais de 80 mil crianças sem o nome do pai

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contexto novembro de 201168

Embora sejam comuns em todas as cidades visitadas depoimentos de moradores confirmando que as nativas sofrem um verdadeiro assédio de trabalhadores do petró-leo, eles afirmam que as histórias não são bem assim.

“É cômodo dizer que os trabalhadores chegam na ci-dade atrás de curtição, mas isso não é uma regra não. Até porque temos códigos de ética que nos proíbem de agir assim”, comentou o engenheiro elétrico Érico Gurgel.

Os reflexos dos relacionamentos malsucedidos são sen-tidos não só no seio familiar. É na escola que eles normal-mente se manifestam, pois as adolescentes abandonam os estudos muito cedo, forçando um amadurecimento que difi-cilmente chega.

“A gente sente logo, pois acontece a evasão, baixo rendi-mento. Elas abandonam a escola e o que mais assusta é que esse tipo de situação está acontecendo com pessoas cada vez mais novas. Já tivemos casos de crianças de 14 anos grávidas e aí algumas dão os bebês, abortam”, comentou a professora Marta Campelo, que há 15 anos leciona em Guamaré.

A diretora da Escola Benvinda Nunes, Márcia Meire, confirma que dos 1.380 alunos matriculados, alguns constam na ficha de matrícula a identificação de pai ignorado.

“Temos situações onde a mãe acaba suprindo o papel do pai. É tanto que nas festinhas de pais, os próprios alunos dizem que o pai não é daqui, que a mãe é que vem. Observa-mos que os casos têm diminuído, mas ainda são uma reali-dade”, falou a diretora.

A problemática é tão evidente que despertou a atenção da pesquisadora Samara Gadelha, formada em História e Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em mais de uma década de sala de aula, ela acre-dita que a ausência do nome paterno tem mexido com a iden-tidade de crianças, frutos das relações amorosas entre nati-vas e trabalhadores do petróleo.

“Me inquietava ver adolescentes com carrinhos de bebê dentro da sala de aula e elas mesmo dizerem que eram filhos do duto. Quero fazer minha dissertação de mestrado em cima desse tema e provar cientificamente o que as pessoas falam no senso comum”, falou Samara.

Com o título “Filhos sem Pai e seus reflexos nas Salas de Aula do Município de Guamaré/RN”, ela pretende observar até que ponto a ausência de um sobrenome interfere na vida dos estudantes e ao mesmo tempo propor estratégias que venham a diminuir esses impactos.

Os órgãos de proteção também reconhecem fragilidade diante da problemática. “Namorar uma menina de 12 anos é crime e pouca gente sabe disso. Precisamos de denúncias e também de uma base forte para agir na coibição desses pro-blemas”, falou o conselheiro tutelar de Macau, Jair Gomes.

Código de ética tenta regular atitudes de trabalhadores

Filhos do duto: reflexo na escola e na família

Pesquisadora samara gadelha quer investigar o

reflexo da ausência paterna em

guamaré

Segundo ele, posicionamentos antiéticos como, por exemplo, envolvimento com menores e desrespeitos com colegas ou nativos são passíveis de vários tipos de punições que vai de advertência a afastamento e até mesmo demis-são por justa causa.

Entre as normas impostas nesses códigos de ética tam-bém estão a proibição de acompanhantes nos alojamentos e consumo de bebidas alcoólicas dentro das repartições de trabalho.

“Tem cidade que a gente chega e o único local de diver-timento é uma sorveteria, então há um certo exagero nes-sa questão de assédio. Temos família, compromisso e es-tamos aqui a trabalho”, completou Marinho.

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contexto novembro de 201170

Cozinha Prática O que fazer para ser um Chef?

O primeiro passo para trabalhar em uma cozinha, ou para qualquer profissão, é o amor, a vocação, a vontade de trabalhar nessa área. Sem isso, não vale à pena o

trabalho de um cozinheiro, cujo caminho para ser chef é árduo e só quem gosta da profissão e é persis-tente é que vai chegar lá. Se os sonhos refletem di-retamente nossos desejos pro futuro, eles são para mim sinônimo de paixão. E cada vez mais acredito que são nossas paixões e inspirações que nos mantêm vivos. Se não temos uma boa razão pra acordar é melhor permanecer dormindo. Quando são as pai-xões que nos tiram da cama, o dia torna-se muito mais empolgante e inspirador.

A minha formação acadêmica influencia na condição que atuo hoje. Não basta ser formado para ter um título de Chef de Cozinha, a experi-ência conta muito. Em quanto mais estabeleci-mentos trabalhamos, mais conhecimentos ad-quirimos. A gastronomia está na moda, assim como destinos turísticos, os restaurantes e as boates vivem de modinhas. Quem já foi consu-midor voraz de petit gateau, pizza de tomate

AngeLinA TAVARes*

Dicas da Angel, descomplicando a cozinha

Misture o mel com o gengibre

e o suco de limão. Misture com o frango, envolvendo-o muito bem

com os temperos. Deixe marinando por 30

minutos. Asse o frango em refratário em forno médio pré-

aquecido até que cozinhe e doure.

Cuidado para não queimar, o molho que se forma irá queimar

com facilidade por causa do mel.

Bateu a vontade de comer alguma coisa agridoce??

Ingrediente para cada filé de peito de frango

Sal e pimenta-do-reino a gosto

2 colheres de sopa de mel 1 colher de sopa de suco de gengibre

2 colheres de sopa de suco de limão

Tempere cada peito de frango inteiro

com sal e pimenta a gosto.

contexto novembro de 201170

seco e rúcula, cuba libre e pratos à base de ca-tupiry sabe disso.

Hoje em dia não é suficiente cozinhar ou co-mer. Passamos a querer conhecer a “Ciência” por trás do alimento. Em vez de programas de culinária, nosso interesse se volta para progra-mas do tipo “Como é feito”, aqueles que visitam fábricas de picles ou de queijo processado.

Em um final de semana livre (que são raros), tive a oportunidade de conhecer um restaurante chamado Magé, localizado em Quixadá, no Ce-ará. Provei da mais pura gastronomia que pode-ria encontrar na região. O ambiente mais requin-tado deu espaço a um local cheio de energia e paz para qualquer cliente se sentir no paraíso, curtindo a vista que a natureza pode nos oferecer. Frango básico feito no forno, mas com um toque diferente: o tempero agridoce. Eu gosto, e vo-cê?

Essa receita é baseada em um dos livros que tenho só de pratos com frango, e como já comen-tei, ando numa fase de não comer muita carne vermelha, por isso como muito frango. Quase crio penas e tento sempre descobrir novos aro-mas e sabores com o bom e velho franguinho!

*Personal Chef, formada pela Universidade Potiguar – E-mail: [email protected] / (84) 8852-5488

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contexto novembro de 2011 71

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contexto novembro de 201172

Email: [email protected]

Um livro inspirado e inspirador que li no fim do ano passado foi o romance “Do fundo do poço se vê a lua”, do escritor Joca

Reinners Terron. A história arrebatadora se passa entre São Paulo e o Egito pré-Primavera Árabe. Dois irmãos opostos em tudo proporcionam ao autor uma engenhosa trama de duplos. A obra venceu o prêmio Machado de Assis de Melhor Romance Brasileiro de 2010. Fiquei tão impressionado com a leitura que, através dos Jovens Escribas, convidamos Joca Terron para vir a Natal lançar seu livro e ministrar algumas palestras.

contextoindica Carlos

Fialho*

Livros

*Carlos Fialho é publicitário

• Cretino (Dusolto)

• Enjoy the silence (Depeche Mode versão da banda Keane)

• Pedro (Raul Seixas)

• Society (Eddie Vedder)

• Invejoso (Arnaldo Antunes)

• Whisky in the jar (Teen Lease versão do Metallica)

Passeio CulturalEm Natal, gostaria de indicar o Circui-

to Ribeira, realizado sempre no primeiro domingo de cada mês no tradicional bair-ro boêmio. No evento, podemos aproveitar gratuitamente muitas atrações culturais em lugares como o Centro Cultural Dosol, a Casa da Ribeira, Nalva Café Salão, Bu-raco da Catita, Galpão 29 e muito mais. Diversão garantida para toda a família.

Três filmes legais que vi neste ano foram “X-Men Primeira Classe”, “Meia-noite em Paris” e “Planeta dos Macacos – A origem”. Mas gostaria de indicar um clássico. “O Planeta dos Ma-cacos” original de 1968, com Charlton Heston. Um filme que muito me impres-sionou na infância, principalmente pelo final surpreendente, e que me encanta até hoje.

Televisão“The Big Bang Theory” – Quando esta série começou, pensei que fosse uma des-sas produções de tiro curto que duraria apenas um ano. Não imaginei que os roteiristas tives-sem fôlego criativo para cunhar tantas piadas boas sobre o universo nerd. Felizmente, eu estava errado. Os quatro amigos inteligentes e atrapalhados protagonizam uma das séries mais hilárias da TV desde “Two and a half men”. Quem gosta de referências de cultura, cinema e quadrinhos, vale à pena.

• Sad songs and waltzes (Cake)

• Vai passear (Chico Buarque)

• Nowhere man (The Beatles)

• Poison Heart (Ramones)

• Times we are changing (Bob Dylan)

PLAY-LisT

>> Além deste, gostaria de falar dos títulos lançados pela Editora Jovens Escribas em 2011. Um ano em que simplesmente dobramos o nosso catálogo de obras. De 10, saltamos para 20. Incluídos aí autores que admirávamos como Pablo Capistrano, Clotilde Tavares, Leonardo Panço, Cláudia Magalhães e Sérgio Fantini. Recomendo todos.

Filmes

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contexto novembro de 2011 73

Email: [email protected]

Um livro inspirado e inspirador que li no fim do ano passado foi o romance “Do fundo do poço se vê a lua”, do escritor Joca

Reinners Terron. A história arrebatadora se passa entre São Paulo e o Egito pré-Primavera Árabe. Dois irmãos opostos em tudo proporcionam ao autor uma engenhosa trama de duplos. A obra venceu o prêmio Machado de Assis de Melhor Romance Brasileiro de 2010. Fiquei tão impressionado com a leitura que, através dos Jovens Escribas, convidamos Joca Terron para vir a Natal lançar seu livro e ministrar algumas palestras.

contextoindica Carlos

Fialho*

Livros

*Carlos Fialho é publicitário

• Cretino (Dusolto)

• Enjoy the silence (Depeche Mode versão da banda Keane)

• Pedro (Raul Seixas)

• Society (Eddie Vedder)

• Invejoso (Arnaldo Antunes)

• Whisky in the jar (Teen Lease versão do Metallica)

Passeio CulturalEm Natal, gostaria de indicar o Circui-

to Ribeira, realizado sempre no primeiro domingo de cada mês no tradicional bair-ro boêmio. No evento, podemos aproveitar gratuitamente muitas atrações culturais em lugares como o Centro Cultural Dosol, a Casa da Ribeira, Nalva Café Salão, Bu-raco da Catita, Galpão 29 e muito mais. Diversão garantida para toda a família.

Três filmes legais que vi neste ano foram “X-Men Primeira Classe”, “Meia-noite em Paris” e “Planeta dos Macacos – A origem”. Mas gostaria de indicar um clássico. “O Planeta dos Ma-cacos” original de 1968, com Charlton Heston. Um filme que muito me impres-sionou na infância, principalmente pelo final surpreendente, e que me encanta até hoje.

Televisão“The Big Bang Theory” – Quando esta série começou, pensei que fosse uma des-sas produções de tiro curto que duraria apenas um ano. Não imaginei que os roteiristas tives-sem fôlego criativo para cunhar tantas piadas boas sobre o universo nerd. Felizmente, eu estava errado. Os quatro amigos inteligentes e atrapalhados protagonizam uma das séries mais hilárias da TV desde “Two and a half men”. Quem gosta de referências de cultura, cinema e quadrinhos, vale à pena.

• Sad songs and waltzes (Cake)

• Vai passear (Chico Buarque)

• Nowhere man (The Beatles)

• Poison Heart (Ramones)

• Times we are changing (Bob Dylan)

PLAY-LisT

>> Além deste, gostaria de falar dos títulos lançados pela Editora Jovens Escribas em 2011. Um ano em que simplesmente dobramos o nosso catálogo de obras. De 10, saltamos para 20. Incluídos aí autores que admirávamos como Pablo Capistrano, Clotilde Tavares, Leonardo Panço, Cláudia Magalhães e Sérgio Fantini. Recomendo todos.

Filmes

CARLOS COSTA*minutovisual

EntardecerFim de tarde na Comunidade do Carmo, zona rural de Mossoró.

*Carlos Costa é repórter-fotográficoE-mail: [email protected]

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contexto novembro de 201174

Nossa terceira ediçãoNovembro chegando e você recebendo mais uma

edição da Revista Contexto. Maravilha a entrevista com o mestre Ariano Suassuna e a matéria sobre o escritor mossoroense e diplomata João Almino. Também moda, gastronomia, social e política. Boa leitura!

Chavessé[email protected]

Nos dias 4 e 5 de novembro, a Gon­dim & Garcia Produ­ções e a KN Eventos realizam em Mosso­

ró o maior festival de música deste Rio Grande. São dois dias com uma mistura de ritmos para agradar a todos os gostos. Lulu Santos, Skank, Banda Eva, Timbalada, Solteirões do Forró, For­ró dos Plays, Dorgival Dantas, Bakulejo e Banda Inala. Tudo acontece na Estação das Artes Elizeu Ventania. As vendas continuam na loja do even­to no Centro Empresarial Caiçara. Vai ficar de fora?

Vera Rosado retorna neste final de semana ao Brasil, após vinte dias na

Turquia com grupo cearense. No dia 2 segue com o esposo Fernando Rosado para temporada em Sampa.

Marcelo e Kênia Marques comemo­ram o sucesso da V. Hall, loja tran­

sada do Liberdade Shopping e prome­tem para novembro a inauguração da filial do Mossoró West Shopping, que terá exclusividade na revenda do reno­mado Ricardo Almeida.

O empresário José Carlos Rêgo dá o comando para a realização

do primeiro réveillon do Garbos Re­cepções & Eventos, espaço belo er­guido ao lado do Garbos Trade Hotel. Já está confirmada a presença da Orquestra Garcia de Recife/PE, de­coração de Nilton Júnior e buffet da consagrada Lizete Andrade.

Até o final do ano o Kiko’s Eventos, espaço comandado por Maria José

e Ákio Frota, estará completamente cli­matizado. Impressiona como a estrutu­ra de um dos melhores buffets do Esta­do tem passado por constantes refor­mas, tudo pensado para oferecer o melhor a seus clientes. O projeto leva a assinatura da arquiteta Michele Frota.

Élder Heronildes foi reconduzido à presidência da Academia Mossoro­

ense de Letras – AMOL. O nome certo no local certo.

Penso eu que estamos assistindo a um momento único na história re­

cente do nosso país. Dia após dia, es­cândalos sobre corrupção chegam ao grande público e mostram a verdadeira face do poder que todos sabiam, mas que se mantinha escondida. O melhor que acho é a seriedade com que a pre­

sidenta Dilma tem tratado os fatos, não se deixando levar por boas conversas e mandando investigar tudo. E os radicais do PT ainda querem meter o cabresto na imprensa...

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Mossoró (CDL) espera um aumento

de 20% nas vendas do comércio local com a campanha Liquida Mossoró, que teve início no último dia 24 e segue até o dia 5 de novembro. Além de descontos, a clientela ainda concorre a 1 carro 0km, 4 motos e 5 tv’s de LCD.

A Cia. Escarcéu de Teatro, dos ba­canas Nonato Santos e Lenilda Sou­

za, segue para o Chile neste começo de novembro. Nas terras de Allende, a Cia. participa do III Encontro Internacional de Teatro Achupalla, na cidade de Viña Del Mar, com os espetáculos “Bagaço de Engenho” e “Ciganos”.

Rápidas

SOBEA instalação do Governo do Estado em Mossoró por conta das comemo-rações da Abolição, o nosso 30 de Setem-bro, coisa que há muito não acontecia. Além da simbologia, a governadora Rosalba Ciarlini anunciou uma grande quantidade de obras que beneficiam a cidade e região.

DESCEA precariedade do Corpo de Bombeiros de Mossoró. A cidade cresceu e muito verticalmente nos últimos tempos, enquanto a unidade local do CB teve poucas transformações. No caso de incêndios na cidade em edifícios com mais de 6 andares, os bombeiros pouco poderão fazer.

Novembro é o mês escolhido pela cantora Renata Falcão para lançar o seu primeiro CD. “Recanto” é um trabalho primoroso onde Renata reúne faixas de grandes mestres da nossa MPB. O CD também comemo­ra os 8 anos de carreira de uma das grandes revelações da música local. Será no Alphaville/Mossoró com produção assinada por este colunista.

Mossoró Mix FestivalLulu santos é uma das atrações do MMF

Recanto

O casamento de Virgínia e Ricardo02.09.11 – Capela de São Vicente/Requinte Buffet

Os noivos Virgínia e Ricardo

Casais secretário Francisco Carlos/Geílma e prefeita Fafá Rosado/deputado Leonardo nogueira

Prefeito de Almino Afonso Lawrence Amorim/Fátima Tereza

Os noivos com seus pais Teteca Belarmino/Selma/Maria Aldênia

Casais Élder Heronildes/Zélia Macedo e Iolanda/Everaldo Bernardino (Centro)

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Nossa terceira ediçãoNovembro chegando e você recebendo mais uma

edição da Revista Contexto. Maravilha a entrevista com o mestre Ariano Suassuna e a matéria sobre o escritor mossoroense e diplomata João Almino. Também moda, gastronomia, social e política. Boa leitura!

Chavessé[email protected]

Nos dias 4 e 5 de novembro, a Gon­dim & Garcia Produ­ções e a KN Eventos realizam em Mosso­

ró o maior festival de música deste Rio Grande. São dois dias com uma mistura de ritmos para agradar a todos os gostos. Lulu Santos, Skank, Banda Eva, Timbalada, Solteirões do Forró, For­ró dos Plays, Dorgival Dantas, Bakulejo e Banda Inala. Tudo acontece na Estação das Artes Elizeu Ventania. As vendas continuam na loja do even­to no Centro Empresarial Caiçara. Vai ficar de fora?

Vera Rosado retorna neste final de semana ao Brasil, após vinte dias na

Turquia com grupo cearense. No dia 2 segue com o esposo Fernando Rosado para temporada em Sampa.

Marcelo e Kênia Marques comemo­ram o sucesso da V. Hall, loja tran­

sada do Liberdade Shopping e prome­tem para novembro a inauguração da filial do Mossoró West Shopping, que terá exclusividade na revenda do reno­mado Ricardo Almeida.

O empresário José Carlos Rêgo dá o comando para a realização

do primeiro réveillon do Garbos Re­cepções & Eventos, espaço belo er­guido ao lado do Garbos Trade Hotel. Já está confirmada a presença da Orquestra Garcia de Recife/PE, de­coração de Nilton Júnior e buffet da consagrada Lizete Andrade.

Até o final do ano o Kiko’s Eventos, espaço comandado por Maria José

e Ákio Frota, estará completamente cli­matizado. Impressiona como a estrutu­ra de um dos melhores buffets do Esta­do tem passado por constantes refor­mas, tudo pensado para oferecer o melhor a seus clientes. O projeto leva a assinatura da arquiteta Michele Frota.

Élder Heronildes foi reconduzido à presidência da Academia Mossoro­

ense de Letras – AMOL. O nome certo no local certo.

Penso eu que estamos assistindo a um momento único na história re­

cente do nosso país. Dia após dia, es­cândalos sobre corrupção chegam ao grande público e mostram a verdadeira face do poder que todos sabiam, mas que se mantinha escondida. O melhor que acho é a seriedade com que a pre­

sidenta Dilma tem tratado os fatos, não se deixando levar por boas conversas e mandando investigar tudo. E os radicais do PT ainda querem meter o cabresto na imprensa...

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Mossoró (CDL) espera um aumento

de 20% nas vendas do comércio local com a campanha Liquida Mossoró, que teve início no último dia 24 e segue até o dia 5 de novembro. Além de descontos, a clientela ainda concorre a 1 carro 0km, 4 motos e 5 tv’s de LCD.

A Cia. Escarcéu de Teatro, dos ba­canas Nonato Santos e Lenilda Sou­

za, segue para o Chile neste começo de novembro. Nas terras de Allende, a Cia. participa do III Encontro Internacional de Teatro Achupalla, na cidade de Viña Del Mar, com os espetáculos “Bagaço de Engenho” e “Ciganos”.

Rápidas

SOBEA instalação do Governo do Estado em Mossoró por conta das comemo-rações da Abolição, o nosso 30 de Setem-bro, coisa que há muito não acontecia. Além da simbologia, a governadora Rosalba Ciarlini anunciou uma grande quantidade de obras que beneficiam a cidade e região.

DESCEA precariedade do Corpo de Bombeiros de Mossoró. A cidade cresceu e muito verticalmente nos últimos tempos, enquanto a unidade local do CB teve poucas transformações. No caso de incêndios na cidade em edifícios com mais de 6 andares, os bombeiros pouco poderão fazer.

Novembro é o mês escolhido pela cantora Renata Falcão para lançar o seu primeiro CD. “Recanto” é um trabalho primoroso onde Renata reúne faixas de grandes mestres da nossa MPB. O CD também comemo­ra os 8 anos de carreira de uma das grandes revelações da música local. Será no Alphaville/Mossoró com produção assinada por este colunista.

Mossoró Mix FestivalLulu santos é uma das atrações do MMF

Recanto

O casamento de Virgínia e Ricardo02.09.11 – Capela de São Vicente/Requinte Buffet

Os noivos Virgínia e Ricardo

Casais secretário Francisco Carlos/Geílma e prefeita Fafá Rosado/deputado Leonardo nogueira

Prefeito de Almino Afonso Lawrence Amorim/Fátima Tereza

Os noivos com seus pais Teteca Belarmino/Selma/Maria Aldênia

Casais Élder Heronildes/Zélia Macedo e Iolanda/Everaldo Bernardino (Centro)

contexto novembro de 2011 75

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Chavessérgio Cobertura de eventosO “sim” de Talliana e Luiz gustavo10.09.11 – Catedral Sta. Luzia/Requinte Buffet

O Aniversário de Tereza Cristina Fernandes16.09.11 – Requinte Buffet

O Aniversário de Beth Rêgo e nilton Júnior23.09.11 – Garbos Recepções & Eventos

A Festa de Wanderlânia Limar07.10.11 – Requinte Buffet

1 – Talliana e Luiz Gustavo no altar de Santa Luzia.2 – Deputado Leonardo Nogueira/prefeita Fafá Rosado.3 – Fernando Rosado e Vera.4 – A governadora Rosalba Ciarlini.5 – Cláudia, Gorete e Cristiane Vieira.

1 – As aniversariantes Tereza Cristina e Tanilda Galiane.2 – Danízia Freitas, Daniela Maia e Irlanda Carlos.3 – Marcília e Jair Pereira.4 – Helena Machado e Aspázia Alves Martins.5 – Fafá Linhares/Raniere Kléber e Alderí Martins.

1 – Beth e José Carlos Rêgo com as filhas Raíssa e Rafaela.2 – Ana Rita com Lizete e Renata Andrade.3 – O vereador Layrinho Rosado com as deputadas Larissa e Sandra Rosado.4 – Os colunistas Lisboa Batista, Tica Soares e Wandilson Ramalho.5 – Raíza Fontes e Jimena Vasconcelos com Nilton Júnior.

1 – Wanderlânia recebendo Gustavo e a prefeita Fafá Rosado.2 – Tácio Garcia e Fátima.3 – Isadora e Daniela Rosado.4 – Nelson Chaves e Iara.5 – Lenilton Moreira Júnior e Milene.

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aique dor!

Mulheres adoecem até três vezes mais de enxaqueca do que os homens e potiguares sofrem mais com dor de cabeça

Sete em cada dez pessoas sofrem com dor de cabeça (cefaléia) ou enxaqueca no Brasil. Mas são as mulheres as principais vítimas desse tipo de problema. Foi o que

comprovou o mais recente estudo feito pela Socie-dade Brasileira de Cefaléia com entrevistas no país inteiro.

O público feminino adoece até três vezes mais que o masculino e parte disso se deve a flutuações hormonais, principalmente o estrogênio, que ocorre nos ciclos menstruais.

“Perto da menstruação, quando há baixa nos ní-veis de estrogênio, a enxaqueca tende a piorar”, ex-plicou o neurologista Luiz Paulo de Queiroz, secre-tário da Sociedade Brasileira de Cefaléia e coorde-nador da pesquisa.

Ele destaca que antes da primeira menstruação (menarca), a proporção de crianças com enxaque-ca é cerca de 5%. Já na gravidez, quando os níveis de estrogênio estão mais estáveis, a enxaqueca tende a melhorar, assim como após a menopau-sa.

“Após a menopausa, a enxaqueca tende a melho-rar, e até mesmo desaparecer, na maioria das mulhe-res”, animou o neurologista.

Mas a doença não está ligada única e exclusiva-mente aos hormônios. O estilo de vida competitivo,

estresse e pré-disposições genéticas também contri-buem para o problema.

Outro dado importante é o perfil das mulheres que adoecem de enxaqueca. Elas têm alta escolari-dade, baixa renda familiar e não praticam exercícios físicos.

Já a cefaléia tipo tensional (tipo mais comum, de dor leve à moderada) foi mais prevalente entre os homens com alta escolaridade.

Em contrapartida, a cefaléia crônica (aquela dor diária e de difícil tratamento) foi mais prevalente entre o público feminino com alta renda familiar, desempregadas e que também não praticam exercí-cios físicos.

“A necessidade de praticar atividade física fica evidente. Além de melhorar o organismo, o exercício físico diminui o risco de desenvolver enxaqueca e cefaléia em todos os públicos”, reforçou o neurolo-gista.

Além dos exercícios, a prevenção se faz com ado-ção de hábitos saudáveis de vida; técnicas de rela-xamento; horários regulares de sono e alimentação; redução de chocolate, queijo amarelo, molhos com Ajinomoto, bebidas alcoólicas.

O tratamento farmacológico é feito com medica-mentos tomados diariamente, sob orientação médi-ca, para conter o aparecimento das crises.

contexto novembro de 201178

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aique dor!

Mulheres adoecem até três vezes mais de enxaqueca do que os homens e potiguares sofrem mais com dor de cabeça

Sete em cada dez pessoas sofrem com dor de cabeça (cefaléia) ou enxaqueca no Brasil. Mas são as mulheres as principais vítimas desse tipo de problema. Foi o que

comprovou o mais recente estudo feito pela Socie-dade Brasileira de Cefaléia com entrevistas no país inteiro.

O público feminino adoece até três vezes mais que o masculino e parte disso se deve a flutuações hormonais, principalmente o estrogênio, que ocorre nos ciclos menstruais.

“Perto da menstruação, quando há baixa nos ní-veis de estrogênio, a enxaqueca tende a piorar”, ex-plicou o neurologista Luiz Paulo de Queiroz, secre-tário da Sociedade Brasileira de Cefaléia e coorde-nador da pesquisa.

Ele destaca que antes da primeira menstruação (menarca), a proporção de crianças com enxaque-ca é cerca de 5%. Já na gravidez, quando os níveis de estrogênio estão mais estáveis, a enxaqueca tende a melhorar, assim como após a menopau-sa.

“Após a menopausa, a enxaqueca tende a melho-rar, e até mesmo desaparecer, na maioria das mulhe-res”, animou o neurologista.

Mas a doença não está ligada única e exclusiva-mente aos hormônios. O estilo de vida competitivo,

estresse e pré-disposições genéticas também contri-buem para o problema.

Outro dado importante é o perfil das mulheres que adoecem de enxaqueca. Elas têm alta escolari-dade, baixa renda familiar e não praticam exercícios físicos.

Já a cefaléia tipo tensional (tipo mais comum, de dor leve à moderada) foi mais prevalente entre os homens com alta escolaridade.

Em contrapartida, a cefaléia crônica (aquela dor diária e de difícil tratamento) foi mais prevalente entre o público feminino com alta renda familiar, desempregadas e que também não praticam exercí-cios físicos.

“A necessidade de praticar atividade física fica evidente. Além de melhorar o organismo, o exercício físico diminui o risco de desenvolver enxaqueca e cefaléia em todos os públicos”, reforçou o neurolo-gista.

Além dos exercícios, a prevenção se faz com ado-ção de hábitos saudáveis de vida; técnicas de rela-xamento; horários regulares de sono e alimentação; redução de chocolate, queijo amarelo, molhos com Ajinomoto, bebidas alcoólicas.

O tratamento farmacológico é feito com medica-mentos tomados diariamente, sob orientação médi-ca, para conter o aparecimento das crises.

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DisTingUinDO O PROBLeMA

Dor de CabeçaÉ sinônimo de cefaléia. É qualquer dor que se

apresente na região da cabeça.Existem cerca de 200 tipos de dor de cabeça,

de acordo com a Sociedade Internacional de Cefaléia. Os tipos mais frequentes (responsáveis por cerca de 95% dos casos) são a enxaqueca e a CTT (dor de cabeça por 15 ou mais dias por mês).

Potiguares têm mais dor de cabeça que enxaquecaNo Rio Grande do Norte, foram entrevistadas 63 pesso-

as escolhidas de forma aleatória. Assim como aconteceu com o perfil dos nordestinos, os potiguares sofrem mais com dor de cabeça (74,6%) do que com enxaqueca (17,5%).

O neurologista Luiz Paulo de Queiroz arrisca algumas possíveis explicações para isso. “Acredito que os dados es-tejam ligados ao estilo de vida menos estressante, menos atribulado que na região Sul e menos pessoas com descen-dência européia”, listou.

De acordo com o médico, os estudos epidemiológicos anteriormente realizados nos vários países e continentes mostram que a prevalência de enxaqueca é maior na Europa, que na América do Norte, Ásia, América do Sul e África.

“Talvez haja um pouco mais de pessoas com cefaléia crônica no Nordeste devido a um sistema de saúde pública mais precário (isto é só especulação) para atendimento de pessoas com cefaléias episódicas. Isto faz com que elas fa-çam maior uso de analgésicos por conta própria e recebam menos tratamento preventivo, levando a uma cronificação de sua dor de cabeça (cefaléia por 15 ou mais dias por mês)”, avaliou Queiroz.

enxaquecaA enxaqueca é caracterizada por crises de cefaléia

que duram de 4 a 72 horas, geralmente unilaterais (de um dos lados da cabeça), latejante/pulsátil, de intensidade moderada à intensa, que piora com as atividades rotineiras (caminhar, subir escadas, se abaixar...); acompanhada de náuseas ou vômitos, e a luz e o barulho agravam a dor (fonofobia e fotofobia).

Não há exames que confirmem este diagnóstico, só a presença da maioria desses sintomas.

Doença nas mulheres está associada a flutuações hormonais”Neurologista Luiz Paulo de Queiroz, secretário da Sociedade Brasileira de Cefaléia

POR: JANAÍNA hOLANDAiLUsTRAÇÃO: AuGuSTO PAIVA

* Educador Físico (CREF: 1014g/RN) e Coordenador Técnico da Academia Biofit / Twitter: @costa_fit

Uma ferramenta, alguns exercícios e muito resultado!

KETTLEBELL é o nome da ferramenta que vem aparecendo em várias revis-tas, na TV e até mesmo em filmes hollywoodianos (ex.: “Quebrando Re-

gras” e “Rocky Balboa”) prometendo ótimos resultados e, diga-se de passagem, cumprindo seu dever! Faz três anos que estudo, treino e trabalho com esta ferramenta fantástica. De-pois de vários cursos e observações pessoais, percebo hoje que há poucas ferramentas no mercado do fitness que ofereçam tanto para o que 99,9% de meus clientes almejam: emagre-cimento. Assim como o que eu também almejo para todos eles: postura, prevenção de lesão e capacidade de exercer um movimento íntegro, pois sem isto não há treino.

Em pesquisa publicada pelo American Coun-cil on Exercise (ACE) observou-se um gasto calórico de 272 kcal em 20 minutos de snatchs, 1 dos 7 exercícios básicos com kettlebell, pou-

COsTA JúniOR*

Saúde em Ação

Procure um profissional hábil em trabalhar com kettlebells, preferencialmente que tenha realizado cursos de referência no assunto como as certificações nacionais: Arte da Força e GAFF. Assim como outras regionais, porém não menos importantes, como a Power Core Performance em Fortaleza (CE);

Desenvolva metas de performance junto ao seu professor, além das metas estéticas, isto ajuda a alcançar todo o potencial do treino;

Faça avaliações periódicas sobre os seus padrões de movimento (citado na edição anterior), é fundamental para a seleção de exercícios que podem ser realizados no momento.

Tome nota:

cas técnicas de treinamento alcançam um re-sultado tão expressivo, o que faz dele um mestre em queima calórica! É importante lembrar que o mesmo ainda não substitui uma alimentação bem elaborada e que o esforço exercido não é de simples aparelhinhos de ginástica passiva!

No que diz respeito à condição física, o swing, outro exercício básico, é extremamente interessante para a ativação da cadeia posterior o que, segundo Callaghan, é interessante para reduzir risco de herniações. Em sua totalidade, o treino com kettlebells prioriza a super rigidez ou superstiffness, termo que diz respeito à in-tegração na contração dos músculos do corpo em cima de um movimento específico para ga-rantir a estabilização das articulações e eliminar a perda de energia do movimento.

VOCÊ SABIA?

O kettlebell é uma ferramenta bastante antiga do leste europeu (datada do século XVI), utilizada na demonstração de força entre os homens da época, popularizou-se na Rússia czarina como método de aquisição de força e resistência, sendo bastante utilizado entre os guerreiros da época. Foi há pelo menos 10 anos introduzido no ocidente por influência de um russo chamado Pavel Tsatsouline que iniciou o Kettlebell Training nos EUA, onde hoje já é uma das ferramentas mais difundidas em centros de treinamento atlético e de saúde.

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DisTingUinDO O PROBLeMA

Dor de CabeçaÉ sinônimo de cefaléia. É qualquer dor que se

apresente na região da cabeça.Existem cerca de 200 tipos de dor de cabeça,

de acordo com a Sociedade Internacional de Cefaléia. Os tipos mais frequentes (responsáveis por cerca de 95% dos casos) são a enxaqueca e a CTT (dor de cabeça por 15 ou mais dias por mês).

Potiguares têm mais dor de cabeça que enxaquecaNo Rio Grande do Norte, foram entrevistadas 63 pesso-

as escolhidas de forma aleatória. Assim como aconteceu com o perfil dos nordestinos, os potiguares sofrem mais com dor de cabeça (74,6%) do que com enxaqueca (17,5%).

O neurologista Luiz Paulo de Queiroz arrisca algumas possíveis explicações para isso. “Acredito que os dados es-tejam ligados ao estilo de vida menos estressante, menos atribulado que na região Sul e menos pessoas com descen-dência européia”, listou.

De acordo com o médico, os estudos epidemiológicos anteriormente realizados nos vários países e continentes mostram que a prevalência de enxaqueca é maior na Europa, que na América do Norte, Ásia, América do Sul e África.

“Talvez haja um pouco mais de pessoas com cefaléia crônica no Nordeste devido a um sistema de saúde pública mais precário (isto é só especulação) para atendimento de pessoas com cefaléias episódicas. Isto faz com que elas fa-çam maior uso de analgésicos por conta própria e recebam menos tratamento preventivo, levando a uma cronificação de sua dor de cabeça (cefaléia por 15 ou mais dias por mês)”, avaliou Queiroz.

enxaquecaA enxaqueca é caracterizada por crises de cefaléia

que duram de 4 a 72 horas, geralmente unilaterais (de um dos lados da cabeça), latejante/pulsátil, de intensidade moderada à intensa, que piora com as atividades rotineiras (caminhar, subir escadas, se abaixar...); acompanhada de náuseas ou vômitos, e a luz e o barulho agravam a dor (fonofobia e fotofobia).

Não há exames que confirmem este diagnóstico, só a presença da maioria desses sintomas.

Doença nas mulheres está associada a flutuações hormonais”Neurologista Luiz Paulo de Queiroz, secretário da Sociedade Brasileira de Cefaléia

POR: JANAÍNA hOLANDAiLUsTRAÇÃO: AuGuSTO PAIVA

* Educador Físico (CREF: 1014g/RN) e Coordenador Técnico da Academia Biofit / Twitter: @costa_fit

Uma ferramenta, alguns exercícios e muito resultado!

KETTLEBELL é o nome da ferramenta que vem aparecendo em várias revis-tas, na TV e até mesmo em filmes hollywoodianos (ex.: “Quebrando Re-

gras” e “Rocky Balboa”) prometendo ótimos resultados e, diga-se de passagem, cumprindo seu dever! Faz três anos que estudo, treino e trabalho com esta ferramenta fantástica. De-pois de vários cursos e observações pessoais, percebo hoje que há poucas ferramentas no mercado do fitness que ofereçam tanto para o que 99,9% de meus clientes almejam: emagre-cimento. Assim como o que eu também almejo para todos eles: postura, prevenção de lesão e capacidade de exercer um movimento íntegro, pois sem isto não há treino.

Em pesquisa publicada pelo American Coun-cil on Exercise (ACE) observou-se um gasto calórico de 272 kcal em 20 minutos de snatchs, 1 dos 7 exercícios básicos com kettlebell, pou-

COsTA JúniOR*

Saúde em Ação

Procure um profissional hábil em trabalhar com kettlebells, preferencialmente que tenha realizado cursos de referência no assunto como as certificações nacionais: Arte da Força e GAFF. Assim como outras regionais, porém não menos importantes, como a Power Core Performance em Fortaleza (CE);

Desenvolva metas de performance junto ao seu professor, além das metas estéticas, isto ajuda a alcançar todo o potencial do treino;

Faça avaliações periódicas sobre os seus padrões de movimento (citado na edição anterior), é fundamental para a seleção de exercícios que podem ser realizados no momento.

Tome nota:

cas técnicas de treinamento alcançam um re-sultado tão expressivo, o que faz dele um mestre em queima calórica! É importante lembrar que o mesmo ainda não substitui uma alimentação bem elaborada e que o esforço exercido não é de simples aparelhinhos de ginástica passiva!

No que diz respeito à condição física, o swing, outro exercício básico, é extremamente interessante para a ativação da cadeia posterior o que, segundo Callaghan, é interessante para reduzir risco de herniações. Em sua totalidade, o treino com kettlebells prioriza a super rigidez ou superstiffness, termo que diz respeito à in-tegração na contração dos músculos do corpo em cima de um movimento específico para ga-rantir a estabilização das articulações e eliminar a perda de energia do movimento.

VOCÊ SABIA?

O kettlebell é uma ferramenta bastante antiga do leste europeu (datada do século XVI), utilizada na demonstração de força entre os homens da época, popularizou-se na Rússia czarina como método de aquisição de força e resistência, sendo bastante utilizado entre os guerreiros da época. Foi há pelo menos 10 anos introduzido no ocidente por influência de um russo chamado Pavel Tsatsouline que iniciou o Kettlebell Training nos EUA, onde hoje já é uma das ferramentas mais difundidas em centros de treinamento atlético e de saúde.

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contexto novembro de 201182

Doce novembroE não é que o ano praticamente aca-

bou? Passou rápido, passou voando. O que 2011 te trouxe de bom e o que poderia ter evitado constrangimentos e deixado para outra pessoa? Bem, não tenho muito o que reclamar do ano não. Foram 365 dias de muitas alegrias, alguns “snifs” necessários e outros nem tanto... Senti cheiro de mu-dança no ar, quando novembro chegou. Cheirinho doce de baunilha, de esperança. Será que teremos “boas novas” antes do ano findar? Ah, espero que sim. Aproveito a oportunidade para agradecer a todos que confiaram em mim a missão de escre-ver essa coluna “lheanda” que é a “Então tá...” e dizer que com o verão, virão mais surpresas. O sol trará luz para nossos dias e nossos corpinhos bronzeados farão in-veja até a garota de Ipanema. Um Natal bem massa, com muitas bolas na árvore (dizem que quanto mais, mais longevida-de a família terá) e esperança que dias melhores virão e vocês verão. Então tá!

tá...entãoNeisa

Fernandes

PRoNto, fAlei! Nasceu em outubro a primeira menina

do casal de advogados Daniel e Catarina Alves Ferreira. A princesa se chama Giulia Catarina. Seja bem-vinda a esse mundo louco, mas que é uma “delicinha” de viver.

Como sempre tudo que acontece na Pousada Céu Azul (Caicó/RN) vira sucesso, não poderia ser diferente com o “Luau das Flores”, que aconteceu no último final de semana de outubro. Parabéns a Jozias, Deise Costa e o cabeleireiro Sinval de Souza pela organização.

A versátil Ramona Luz agora está à frente de mais um projeto, trata-se do blog “Dona Patroa”, onde você pode fazer encomendas deliciosas de doces e salgados. A sua loja Santo Ofício também possui um blog maravilhoso. Ramona mata

Tuca Viegas de orgulho e de amor também. Adoro!

E a minha amiga Sanny Silveira e Aldous Raposo andam felizes da “life” por causa do bebê que vem por aí, assim como Voltaire e Nayara Sena, que esperam uma menina. Parabéns aos irmãos Silveira!

Um dos convites mais criativos que já recebi foi o do meu amigo/irmão Akio Frota, que reuniu galerinha astral no Kiko’s Buffet para comemorar seu aniversário. Fora de série esse meu amigo.

Dia 8 de novembro acontece a eleição da presidência do CREA-RN. O amigo Gutemberg Dias será um dos candidatos. Desejo boa sorte ao amigo. Competência, ele tem.

Novembro é só deles: Carlos Santos, minha amiga querida Cássia Lopes, Anne Henrique, meu fotógrafo preferido Clóvis Aladim, Victor Hugo Damasceno, Núbia Teixeira, o “energético” Nelsinho Filho e o

“rei de Tibau” Danielson Santos! Vida longa! Promessa é dívida para Túlio Ratto e por

isso o caricaturista fará uma nova exposição com a turma que fez “biquinho” por não participar da sua primeira, que aconteceu ano passado em Natal. A “CARICATTO 2” acontecerá em dezembro no Restaurante Guinza. Sucesso!

De 17 a 21 de outubro aconteceu a “Feira de Livros e Quadrinhos de Natal”, na Praça Cívica do Campus da UFRN. O escritor Mário Prata bateu um papo descontraído com a jornalista potiguar Margot Ferreira. Um dos pontos altos da “Fliq”.

Vocês já conheceram a Revista Digital “Living For”? Seu lançamento aconteceu dia 19 de outubro e a galera que assinou o passaporte receberá a revista por e-mail. Grande sacada dos empresários Felinto Filho e Fernando Lessa. Nomes como Flávia Pipolo (Editora de Moda) enriquecem ainda mais a Revista. Massa!

A bela seridoense Tatiana Araújo, sempre distribuindo simpatia pelas baladas natalenses

Tulio Ratto rindo à toa com a sua CARICATTO 2 que acontecerá em Natal, no Guinza. Quando dezembro chegar! Diego e Erika Bessa Barros "lambendo a cria". Viva José Luiz!

E diretamente do Canadá, a família da minha fuinha Amanda Posadzki: Olha quem tá bem feliz ao lado do papai Jean... o pequeno Noah!

Felipe e Kadidja Simplicio Viturino felizes diante do bolo do seu casamento

Toda cheia de charme, Wanderlânia Lima rindo à toa na Festa que comemorou o 1º aniversário da sua coluna. Adoro!

[email protected]

“Sim. Eu sou a favor da distribuição de preservativos em colégios. Porque os adolescentes vão fazer sexo com eles ou sem eles e a camisinha é a única forma de se proteger contra DSTs, além de ser o mais seguro método anticoncepcional.”

“Eu sou contra! Acho que induz mais as meninas a transarem. Sou a favor do sexo seguro sim, mas não a banalização.”

(ROBERTO SOLINO)Publicitário

(DANíSIA FREITAS)administradora e empresária

@Roger_VerasQuem nunca escutou a mãe falando “se correr é pior” não sabe o que é indecisão. (Rogério Veras) @euhoje “Não revelo minhas fontes, muito menos meus desertos.” (Marcelo Soriano) @dudu7bisaproveitando a oportunidade eu gostaria de desperdiçá­la... (Eduardo Medeiros)

@PiadasHomerPlaca de boas vindas para os estrangeiros na copa de 2014: “entra mas não repara a bagunça” (Piadas Homer)

@lu_ubaranaVocê pode ser inteligente de várias formas, mas burro meu amigo, é tudo igual. A burrice é universal. (Luciana Ubarana)

@TatalllEstação do ano: Primadesértica (Tatiane Ricce)

@Fraselobofrases Alguém disse que a vida é uma festa, mas geralmente chegamos depois que começou e saímos antes do final. (Edson Lobo)

@manhatcm Falsidade é igual a calça saruel, tá na moda, afinal todo mundo faz uso. Mas no fundo, no fundo, todos sabem o quanto é feio. (Manhã TCM)

@PH_natal Mulheres sempre dentro do horário... delas. (Pedro Henrique)

@amanda_posadzki Tenho tanta preguiça de quem diz que $$ não traz felicidade... (Amanda Abreu Posadzki)

@Matheeus_Melo hj minha vontade é de fazer tdo valer a pena e se nao der certo tenho o consolo de q eu tentei até o final... (Matheus Melo)

@HitBoy “Verdade (@UmaDoseDeVodka: “Álcool não resolve sua vida.” “Você se metendo na minha vida também não resolve nada”

DeU nO TWiTTeR!1

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É uma Viagem... | gramado – rs |“A cidade é linda, acolhedora, aconchegante. As pessoas super-receptivas e o atendimento nas lojas, bares e restaurantes sempre ótimos. Além da paisagem encantadora da serra gaúcha e do frio quase sempre suportável, é possível en-contrar opções de entretimento para todos os públicos. Vale a pena a viagem, sem dúvida. Dica: se for a Gramado, não deixe de visitar o Mini Mundo, um par-que que reproduz vários locais famosos ao redor do mundo em miniatura. Coisa de criança, feita pra gente grande.” (Nicole Abreu, Publicitária e sócia da Twiga Comunicação)

DIGA AÍO Ministério da saúde defende a distribuição de camisinhas nas escolas. e vocês, o que acham dessa decisão? DigAM AÍ!

Rica

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Doce novembroE não é que o ano praticamente aca-

bou? Passou rápido, passou voando. O que 2011 te trouxe de bom e o que poderia ter evitado constrangimentos e deixado para outra pessoa? Bem, não tenho muito o que reclamar do ano não. Foram 365 dias de muitas alegrias, alguns “snifs” necessários e outros nem tanto... Senti cheiro de mu-dança no ar, quando novembro chegou. Cheirinho doce de baunilha, de esperança. Será que teremos “boas novas” antes do ano findar? Ah, espero que sim. Aproveito a oportunidade para agradecer a todos que confiaram em mim a missão de escre-ver essa coluna “lheanda” que é a “Então tá...” e dizer que com o verão, virão mais surpresas. O sol trará luz para nossos dias e nossos corpinhos bronzeados farão in-veja até a garota de Ipanema. Um Natal bem massa, com muitas bolas na árvore (dizem que quanto mais, mais longevida-de a família terá) e esperança que dias melhores virão e vocês verão. Então tá!

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Fernandes

PRoNto, fAlei! Nasceu em outubro a primeira menina

do casal de advogados Daniel e Catarina Alves Ferreira. A princesa se chama Giulia Catarina. Seja bem-vinda a esse mundo louco, mas que é uma “delicinha” de viver.

Como sempre tudo que acontece na Pousada Céu Azul (Caicó/RN) vira sucesso, não poderia ser diferente com o “Luau das Flores”, que aconteceu no último final de semana de outubro. Parabéns a Jozias, Deise Costa e o cabeleireiro Sinval de Souza pela organização.

A versátil Ramona Luz agora está à frente de mais um projeto, trata-se do blog “Dona Patroa”, onde você pode fazer encomendas deliciosas de doces e salgados. A sua loja Santo Ofício também possui um blog maravilhoso. Ramona mata

Tuca Viegas de orgulho e de amor também. Adoro!

E a minha amiga Sanny Silveira e Aldous Raposo andam felizes da “life” por causa do bebê que vem por aí, assim como Voltaire e Nayara Sena, que esperam uma menina. Parabéns aos irmãos Silveira!

Um dos convites mais criativos que já recebi foi o do meu amigo/irmão Akio Frota, que reuniu galerinha astral no Kiko’s Buffet para comemorar seu aniversário. Fora de série esse meu amigo.

Dia 8 de novembro acontece a eleição da presidência do CREA-RN. O amigo Gutemberg Dias será um dos candidatos. Desejo boa sorte ao amigo. Competência, ele tem.

Novembro é só deles: Carlos Santos, minha amiga querida Cássia Lopes, Anne Henrique, meu fotógrafo preferido Clóvis Aladim, Victor Hugo Damasceno, Núbia Teixeira, o “energético” Nelsinho Filho e o

“rei de Tibau” Danielson Santos! Vida longa! Promessa é dívida para Túlio Ratto e por

isso o caricaturista fará uma nova exposição com a turma que fez “biquinho” por não participar da sua primeira, que aconteceu ano passado em Natal. A “CARICATTO 2” acontecerá em dezembro no Restaurante Guinza. Sucesso!

De 17 a 21 de outubro aconteceu a “Feira de Livros e Quadrinhos de Natal”, na Praça Cívica do Campus da UFRN. O escritor Mário Prata bateu um papo descontraído com a jornalista potiguar Margot Ferreira. Um dos pontos altos da “Fliq”.

Vocês já conheceram a Revista Digital “Living For”? Seu lançamento aconteceu dia 19 de outubro e a galera que assinou o passaporte receberá a revista por e-mail. Grande sacada dos empresários Felinto Filho e Fernando Lessa. Nomes como Flávia Pipolo (Editora de Moda) enriquecem ainda mais a Revista. Massa!

A bela seridoense Tatiana Araújo, sempre distribuindo simpatia pelas baladas natalenses

Tulio Ratto rindo à toa com a sua CARICATTO 2 que acontecerá em Natal, no Guinza. Quando dezembro chegar! Diego e Erika Bessa Barros "lambendo a cria". Viva José Luiz!

E diretamente do Canadá, a família da minha fuinha Amanda Posadzki: Olha quem tá bem feliz ao lado do papai Jean... o pequeno Noah!

Felipe e Kadidja Simplicio Viturino felizes diante do bolo do seu casamento

Toda cheia de charme, Wanderlânia Lima rindo à toa na Festa que comemorou o 1º aniversário da sua coluna. Adoro!

[email protected]

“Sim. Eu sou a favor da distribuição de preservativos em colégios. Porque os adolescentes vão fazer sexo com eles ou sem eles e a camisinha é a única forma de se proteger contra DSTs, além de ser o mais seguro método anticoncepcional.”

“Eu sou contra! Acho que induz mais as meninas a transarem. Sou a favor do sexo seguro sim, mas não a banalização.”

(ROBERTO SOLINO)Publicitário

(DANíSIA FREITAS)administradora e empresária

@Roger_VerasQuem nunca escutou a mãe falando “se correr é pior” não sabe o que é indecisão. (Rogério Veras) @euhoje “Não revelo minhas fontes, muito menos meus desertos.” (Marcelo Soriano) @dudu7bisaproveitando a oportunidade eu gostaria de desperdiçá­la... (Eduardo Medeiros)

@PiadasHomerPlaca de boas vindas para os estrangeiros na copa de 2014: “entra mas não repara a bagunça” (Piadas Homer)

@lu_ubaranaVocê pode ser inteligente de várias formas, mas burro meu amigo, é tudo igual. A burrice é universal. (Luciana Ubarana)

@TatalllEstação do ano: Primadesértica (Tatiane Ricce)

@Fraselobofrases Alguém disse que a vida é uma festa, mas geralmente chegamos depois que começou e saímos antes do final. (Edson Lobo)

@manhatcm Falsidade é igual a calça saruel, tá na moda, afinal todo mundo faz uso. Mas no fundo, no fundo, todos sabem o quanto é feio. (Manhã TCM)

@PH_natal Mulheres sempre dentro do horário... delas. (Pedro Henrique)

@amanda_posadzki Tenho tanta preguiça de quem diz que $$ não traz felicidade... (Amanda Abreu Posadzki)

@Matheeus_Melo hj minha vontade é de fazer tdo valer a pena e se nao der certo tenho o consolo de q eu tentei até o final... (Matheus Melo)

@HitBoy “Verdade (@UmaDoseDeVodka: “Álcool não resolve sua vida.” “Você se metendo na minha vida também não resolve nada”

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É uma Viagem... | gramado – rs |“A cidade é linda, acolhedora, aconchegante. As pessoas super-receptivas e o atendimento nas lojas, bares e restaurantes sempre ótimos. Além da paisagem encantadora da serra gaúcha e do frio quase sempre suportável, é possível en-contrar opções de entretimento para todos os públicos. Vale a pena a viagem, sem dúvida. Dica: se for a Gramado, não deixe de visitar o Mini Mundo, um par-que que reproduz vários locais famosos ao redor do mundo em miniatura. Coisa de criança, feita pra gente grande.” (Nicole Abreu, Publicitária e sócia da Twiga Comunicação)

DIGA AÍO Ministério da saúde defende a distribuição de camisinhas nas escolas. e vocês, o que acham dessa decisão? DigAM AÍ!

Rica

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contexto novembro de 201184 contexto novembro de 2011 85

Está chegando o verão e com isso vêm as novas peças de roupa que acompanham esta estação como saias longas, calças pantalonas, macacões, vestidos longos...

Porém, de todas elas, os macacões são a grande tendência e não podem faltar no seu closet. Eles vêm com tudo no verão 2012 e nos mais variados tecidos, cores, cortes, com modelos e estam-pas super lindos e elegantes.

Podem ser usados em qualquer ocasião, dependendo do modelo e da estampa. Se você vai a uma festa ou alguma ocasião mais elegante, use e abuse dos macacões com pouca estampa, acompanhados de acessórios que vão valorizá-los e deixá-los mais chiques. Agora, se vai usá-los em seu dia a dia, pode optar pelos estampados ou com cores únicas e de tecidos leves, que deixam você mais solta.

Fica aí mais uma dica de moda da Style Up para você que está sempre bem antenada na moda. Escolha o seu look e arra-se no trabalho, no parque, restaurante, barzinhos e nas festas. Saiba que em qualquer um desses lugares, você vai estar supere-legante!!!

[email protected]

styleup Bruno Sá

Uma peçachave

Edição de moda: Bruno Sá – Produção: Georgiano Azevedo – Styling: Luiz Henrique Azevedo – Beleza hair e make Up: João Henrique CarlosModelos: Gabriela Lira e Thaís Araújo (Tráfego Models) – Fotos: George Vale – Agradecimentos: Maison Tráfego, Officiale e Arezzo

Ficha técnica

Mariana Mendes veste macacão Estrela Viva com bolero Lucidez, cinto Victor Dzenk, sapato Arezzo e

acessórios Officiale

Dudu Bertholini arrasa nas estampas de sua marca Neon. Aqui, numa versão

tomara-que-caia em seda pura com sapato Arezzo, cinto acervo e acessórios Metally

para Officiale

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contexto novembro de 2011 85contexto novembro de 2011 85

Está chegando o verão e com isso vêm as novas peças de roupa que acompanham esta estação como saias longas, calças pantalonas, macacões, vestidos longos...

Porém, de todas elas, os macacões são a grande tendência e não podem faltar no seu closet. Eles vêm com tudo no verão 2012 e nos mais variados tecidos, cores, cortes, com modelos e estam-pas super lindos e elegantes.

Podem ser usados em qualquer ocasião, dependendo do modelo e da estampa. Se você vai a uma festa ou alguma ocasião mais elegante, use e abuse dos macacões com pouca estampa, acompanhados de acessórios que vão valorizá-los e deixá-los mais chiques. Agora, se vai usá-los em seu dia a dia, pode optar pelos estampados ou com cores únicas e de tecidos leves, que deixam você mais solta.

Fica aí mais uma dica de moda da Style Up para você que está sempre bem antenada na moda. Escolha o seu look e arra-se no trabalho, no parque, restaurante, barzinhos e nas festas. Saiba que em qualquer um desses lugares, você vai estar supere-legante!!!

[email protected]

styleup Bruno Sá

Uma peçachave

Edição de moda: Bruno Sá – Produção: Georgiano Azevedo – Styling: Luiz Henrique Azevedo – Beleza hair e make Up: João Henrique CarlosModelos: Gabriela Lira e Thaís Araújo (Tráfego Models) – Fotos: George Vale – Agradecimentos: Maison Tráfego, Officiale e Arezzo

Ficha técnica

Mariana Mendes veste macacão Estrela Viva com bolero Lucidez, cinto Victor Dzenk, sapato Arezzo e

acessórios Officiale

Dudu Bertholini arrasa nas estampas de sua marca Neon. Aqui, numa versão

tomara-que-caia em seda pura com sapato Arezzo, cinto acervo e acessórios Metally

para Officiale

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contexto novembro de 201186

A mineira Renata Campos, da

Squadro, criou esse modelo em

couro branco. Luxo total!!!

Melhor ainda com cinto Victor

Dzenk, colar Metally, anel Bob Store e sandália

Arezzo

styleupBruno Sá

Mais poderoso impossível!!! Macacão em seda pura da Neon com estampa de pavão, sapato

Arezzo e acessórios Metally para Officiale.

A Chicletes com Guaraná criou um saroul lindo com detalhes no busto. A faixa vermelha dá

um toque náutico ao look

Criamos um color blocking com macacão azul, casaco

de renascença laranja e bolsa amarela. Tudo Estrela Viva,

usado com acessórios Officiale e sapato Arezzo

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Vitrine contexto

Ákio Frota

Paulo sérgio Freire

Valéria Escóssia/ Jurandir Filho

Michele Frota

Fernanda Bessa/ Fernando Fernandes

neuma soares

nida Lira

séfora gondim

Lissa/Isolina Melo

Danísia Freitas

neto Ramalho

Bruno Viana

Maria Helena Machado

Alexia Delfino

Joseane Bezerra

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A festa de Akio Frota

Sandra Raíssa/Cid escóssia

Rosana Dannielly

Ludmila Melo/Renato Fernandes

Marinaldo Rocha

Lizana Lima

Laissa Frota

gustavo Barreto

Katarina gurgel

Raquel Farias

Rômulo Fonseca

Layana Ferreira

Paulo Pinto

Boarnerges Perdigão

Aliana Duarte

Tereza Cristina

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