revista contexto #3

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Terceira edição da Revista Contexto

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Page 1: Revista Contexto #3
Page 2: Revista Contexto #3

Tempo das flores.Tempo de uma cidade melhor.

Page 3: Revista Contexto #3

Tempo das flores.Tempo de uma cidade melhor.

Não dá pra saber se você entrou na sala de aula ou no mundo dos negócios.

MATRÍCULAS ABERTAS NO VALE DO AÇO

vagas limitadas

GESTÃO EMPRESARIAL, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA,GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E SAÚDE DA FAMÍLIA

0800 724 4440www.mg.senac.br

Rua Rua Albert Scharlet, 303 - CentroCel. Fabriciano - Tel.: 31 3841 9650

Capacitação ProfissionalTécnicos

Page 4: Revista Contexto #3

Edição nº 3 - Outubro/Novembro 2010

meiadamasceno

06 Serviços

Preços altos e velocidade restrita causam insatisfação entre usuários de internet rápida

08 Economia e negócios

Evite transtornos burocráticos ao abrir sua empresa

10 Comportamento

A influência da boa aparência no mercado de trabalho

14 Economia e negócios

O Vale do Aço conquista novos mercados e demonstra a diversidade de sua cadeia produtiva

20 Rotas

Um passeio em Conceição do Mato Dentro, capital mineira do ecoturismo

22 Profissões

O ofício dos luthiers, fabricantes de instrumentos musicais de alto padrão

26 Gastronomia

Conheça os restaurantes de alta gastronomia da região

36 Arte e cultura

A fotografia autoral do coletivo PorOlhos

Page 5: Revista Contexto #3

Foto

: Rod

rigo

Zefe

rino

Revista Contexto é uma publicação daIdeia & Fato ComunicaçãoAv Castelo Branco, 610, sala 307Horto, Ipatinga – MG

Tel (31) 3822 4421 (31) 9629 5994 (31) 8769 8838

Redação Roberto SôlhaRoberto BertoziMárcio de Paula

ComercialMárcio de Paula(31) 8759 8356

FotografiaGrão Fotografia

05

Projeto GráficoWagner Oliveira

ImpressãoGráfica Damasceno

Comentários, sugestões e críticas:[email protected]

w w w.revistacontex to.com

Page 6: Revista Contexto #3

Em julho, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) di-vulgou estudo sobre a qualidade dos serviços de acesso à internet no país. A pesquisa concluiu que

o brasileiro paga caro às operadoras de ban-da larga, que muitas vezes não oferecem a conexão prometida. A internet rápida custa em média R$ 48 por mês nas capitais, valor correspondente a 4,58% da renda per capita brasileira.

Nas cidades do interior, a realidade dos serviços de internet é ainda pior. No Vale do Aço, por exemplo, o consumidor paga a par-tir de R$ 89,90 para usufruir da velocidade de 1 Mbps, que por sinal não se enquadra na classificação da União Internacional de Tele-comunicações (UIT). O órgão estabelece que a velocidade mínima para banda larga deve ficar entre 1,5 Mbps e 2 Mbps. Em Belo Ho-rizonte, o pacote de 10 Mbps sai a R$ 69,90 – valor equivalente aos pacotes mais básicos do interior.

Além do preço alto, as opções de co-nexão são restritas e com pacotes de até 1 Mbps de velocidade, disponibilizados so-mente pela Net e Oi. Na avaliação dos consu-

midores, as operadoras também pecam pelo atendimento e por não oferecerem infor-mações corretas sobre o serviço. Insatisfeito com a Net, o consultor de informática Ma-noel Pinheiro Costa Neto, conta que tentou várias vezes cancelar seu plano justamente por não receber a velocidade desejada. “Eu usava os medidores de velocidade e não dava nem 50% da conexão que me foi ven-dida. Nos últimos dois anos, gastei um bom tempo tentando me desvencilhar da Net. O desgaste foi tanto ao ponto de eu acionar a Justiça”, diz. Manoel presta serviço em toda a região e diz que o problema é geral.

“Todos os meus clientes falam que estão com esse agravante. Isso é um atraso porque restringe uma série de aplicações. Ao usuá-rio doméstico, haverá a dificuldade de baixar arquivos mais pesados. Para as empresas, uma conexão devagar representará atraso na execução de processos internos”, diz o consultor de informática.

A conexão lenta também é velha conhe-cida do jornalista Nivaldo Resende. Ele conta que desde maio vem navegando a 140 Kbps, embora assine o pacote de 1 Mbps da Net. “Conforme os próprios atendentes da opera-

dora, a empresa fez manutenção no sistema de banda larga no início de maio e não con-seguiram reestabelecer a configuração origi-nal. Em junho, liguei para a provedora para reclamar, e me informaram do problema. E mais, o atendente sugeriu que solicitasse que o meu pacote original fosse baixado para 156 Kbps, para que eu pagasse menos. Ele também sugeriu que eu ligasse uma vez por semana, para saber se o problema havia sido solucionado”, conta.

Passados quase seis meses, a novela con-tinua. Para o jornalista, o problema é particu-larmente prejudicial, uma vez que ele utiliza a internet para atender clientes e entregar trabalhos. “É curioso observar a precarieda-de desse serviço numa região tão desenvol-vida como o Vale do Aço. Imagino quantas oportunidades são perdidas por causa das limitações impostas por um serviço caro e restrito”, observa o jornalista.

InsatisfaçãoUma rápida pesquisa digitando “Net

banda larga” no Google mostra a insatisfação gerada pela empresa. Alguns sites como o blog Reclame Aqui Também (netcombonao-presta.blogspot.com) se dedicam a orientar clientes em casos de abusos e recomendam acionar a Agência Nacional de Telecomuni-cações (Anac) para agilizar a resolução de problemas.

Procurada pela Revista Contexto a res-peito das deficiências apontadas na reporta-gem, a Net não se posicionou. A Oi, por sua vez, explicou que a sua banda larga não está disponível em toda a região por questões técnicas. A empresa também argumentou que a tarifação do serviço obedece custos de implantação e manutenção. Em nota, a Oi informa que “por tratar-se de um serviço di-gital em banda larga, o Oi Velox não é viável em todos os endereços. Diferentemente do serviço telefônico para voz, a instalação do Oi Velox depende de uma análise prévia da linha telefônica do cliente, da capacidade da central telefônica à qual ele está ligado e da infra-estrutura do endereço em que o servi-ço será habilitado”.

LENTA, RESTRITA E CARAUsuários queixam-se dos serviços de banda larga do Vale do Aço

Na avaliação dos consumidores, as operadoras pecam pelo atendimento e por não oferecerem

informações corretas sobre o serviço

06 Serviços

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Page 8: Revista Contexto #3

Há seis anos, uma pesquisa reali-zada pelo Banco Mundial iden-tificou uma série de entraves para abrir empresas no Brasil. Na ocasião, o estudo concluiu

que a atividade empresarial do país enfren-tava uma combinação de fatores institu-cionais adversos e desestimuladores, entre os quais Justiça lenta, burocracia e leis tra-balhistas retrógradas. O resultado colocou o país no 73º lugar num ranking composto por 133 nações. De 2004 para 2010, o pano-rama mudou positivamente para os empre-endedores e empresários. Através de inicia-tivas do governo, o processo de abertura de empresas tornou-se mais simples. Segundo contadores e profissionais ligados ao Minas Fácil – programa criado para agilizar a aber-tura de empresas por meio de uma parceria entre os órgãos estaduais, as prefeituras e órgãos de classe -, atualmente o processo é feito em até oito dias.

“Antes do advento do Minas Fácil em Ipatinga, que funciona em caráter prático no município desde o início de 2008, o prazo médio de abertura de empresas era 92 dias. Ipatinga ocupava o último lugar no ranking das 30 agências do Minas Fácil no Estado. Atualmente, estamos na décima posição do ranking”, diz Adriana Nunes da Silva, coorde-nadora do Minas Fácil de Ipatinga, unidade que também atende os demais municípios do Vale do Aço. Na avaliação da coordena-dora, a celeridade no processo se deve à in-tegração entre os órgãos e esferas do poder público. Antes do Minas Fácil, cada etapa da abertura de uma empresa demandava inú-meras idas à diversos locais para dar entra-da à documentação necessária. “Hoje, toda essa documentação é analisada pela equipe técnica do Minas Fácil e da Junta Comer-

cial de Minas Gerais (Jucemg). O risco de a aprovação demorar além de oito dias existe se houver divergência de informações nos documentos ou se eles forem preenchidos incorretamente”, diz Adriana.

Conforme a coordenadora do Minas Fácil, o programa causou efeitos benéficos ao setor empresarial do Vale do Aço. “Des-de a sua instalação na região, o número de fechamento de empresas diminuiu. Ao mesmo tempo, o Minas Fácil permitiu o de-senvolvimento do empreendedorismo ao simplificar a abertura de empresas. Paralela-mente, o empreendedor passou a compre-ender melhor a importância de entender o mercado no qual ele pretende investir”, avalia.

Apesar de todos os avanços proporcio-nados pelo Minas Fácil, contadores alertam que o empreendedor pode gastar até 30 dias para reunir toda a documentação ne-cessária. “O prazo de até oito dias para se abrir uma empresa é contado quando se está com toda a papelada em mãos. A na-tureza do negócio também poderá alterar esse prazo para menos ou mais tempo. Atu-almente, leva-se até 10 dias para abrir escri-tórios e empresas de segmentos do comér-cio. Já para segmentos que exigem licenças especiais, como restaurantes, açougues, in-dústrias e empresas de meio ambiente, são gastos de 30 a 45 dias”, diz o administrador e contador Nathaniel José Vieira Pereira.

Primeiros passosA primeira providência para abrir uma

empresa é definir se a firma será individu-al ou terá sócios. Em seguida, é necessário solicitar os serviços de um contador para os procedimentos básicos de legalização da empresa – elaboração e registro do

contrato social na Junta Comer-cial e posterior emissão do CNPJ pela Receita Federal. O registro do contrato social pode ser efe-tuado junto ao Minas Fácil ou em cartório. Conforme Emiliano Roque Ferrari, titular do Cartório de Registro de Títulos e Docu-mentos e Civil das Pessoas Jurí-dicas da Comarca de Ipatinga, a abertura de empresas em cartó-rio pode tornar o processo mais ágil. “No cartório há um rigor na análise técnica dos contratos sociais. Dessa maneira, o em-preendedor não corre o risco de ter que corrigir erros apontados

Saiba como agilizar o processo de abertura de sua empresa

PARA EVITAR TRANSTORNOS

BUROCR ÁTICOS

08 Economia e Negócios

pela JUCEMG. Isso acontece frequentemen-te nos contratos registrados no Minas Fácil, cuja equipe é responsável mais pela parte do encaminhamento à Junta Comercial”, diz Ferrari.

Ele explica também que o serviço do car-tório é indicado para empreendimentos em que os sócios irão atuar no objeto social, ou seja, para escritórios, clínicas, pequenas lo-jas, bares, etc. “Como o volume de registros no Minas Fácil costuma ser mais elevado que os registros em cartório, alguns pequenos erros podem passar despercebidos e envia-dos à JUCEMG. Este órgão, por sua vez, é sobrecarregado de processos para analisar. Assim que um analista da JUCEMG encontra algum problema no contrato social, manda novamente ao município de origem, sem terminar de identificar outros erros. É uma situação que pode atrasar a abertura de em-presas”, explica o contador Nathaniel Pereira. Para ele, o Vale do Aço necessita de um escri-tório regional da Junta Comercial.

“Dessa maneira, não teríamos que en-frentar a precariedade das informações e es-clarecimentos repassados pela JUCEMG de Belo Horizonte. A descentralização do órgão para o Vale do Aço certamente iria significar uma melhoria no atendimento e desburo-cratizar ainda mais o processo de abertura de empresas”, diz Nathaniel. Segundo o con-tador, apesar dos avanços, o processo de fe-chamento de empresas ainda é moroso. Em média, são gastos dois meses para fechar empreendimentos simples. Já os processos mais complexos dificilmente são concluídos com menos de um ano.

ConsultaAlém dos cuidados com o registro, o

empreendedor pode adotar medidas sim-ples para acelerar o início de suas ativida-des. Ao procurar um contador, pesquise no site do Conselho Federal de Contabilidade (www.cfc.com.br) a situação do profissional ou empresa a ser contratada. Outra dica é consultar o site da JUCEMG (www.jucemg.mg.gov.br) sobre a viabilidade do nome da empresa. Se a empresa for limitada, verifique se há pendências dos sócios junto à Receita Federal. O imóvel que irá abrigar as ativida-des da empresa também requer cuidados. Para assegurar que o local esteja de acordo com a atividade informada à JUCEMG, pro-cure a orientação do próprio contador ou do Corpo de Bombeiros e evite fechar contratos de aluguel sem a certeza de que o imóvel é adequado.

Page 9: Revista Contexto #3

O conceito de excelência, muito usado nas empresas atuais com alto pa-drão de qualidade, requer sempre ativi-dades, atitudes que conduzem a ação ao melhor caminho. A ideia da busca da excelência, na atualidade, está vincula-da a um ciclo de melhoria contínua, e os dirigentes mensuram os resultados através de metas. Sempre que estas são alcançadas, passam a ser obstácu-lo vencido e tornam-se referência a ser superada por outros resultados ainda melhores. Com dinamismo e novas es-tratégias, os futuros resultados tendem a ser melhores do que os anteriores.

Pensando bemSérgio Pedro Duarte

Historiador, sociólogo e mestre em [email protected]

Excelência nas empresas e ética por excelência.

“Manter a harmonia entre as pessoas é o sentido maior da ética“

No campo da ética, esse concei-to também se aplica. A excelência no campo ético visa sempre à melhoria contínua no espaço das relações hu-manas. Daí a necessidade de pensar a ética não como disciplina teórica, mas como hábito, uma segunda natureza, que conduz à realização de atividades

que visem sempre a um bem. Para fa-lar de excelência no local de trabalho, é necessário criar uma cultura de respei-to entre funcionários e clientes. Expli-cações de Aristóteles sobre as virtudes éticas podem nos ajudar.

Para esse filósofo essas virtudes se adquirem com a repetição de atos sucessivos, ou seja, com o hábito. É fazendo que aprendemos a fazer. Por exemplo, tornamo-nos construtores construindo. Tocadores de cítara, to-cando esse instumento. Pois bem, da mesma forma, realizando ações justas, tornamo-nos justos. As moderadas,

moderados; as corajosas, corajosos. Assim, as virtu-des tornam - se hábitos, es-tados ou modos de ser que construímos.

Talvez a melhor imagem para fa-lar sobre ética seja a que demonstra harmonia entre os homens nas rela-ções individuais e coletivas, entre os homens e o meio ambiente, entre os homens e os animais, entre gestores e colaboradores. De um modo geral, os profissionais em constante busca

de aperfeiçoamento de conheci-mentos, de ciência, devem criar um espaço de excelência que cultive a inquietação por mudanças, por me-lhoria contínua. Contudo, jamais po-dem esquecer que manter harmonia entre as pessoas é o sentido maior da ética.

Essa necessidade é antropológi-ca. A paz interior é como um espaço de harmonia criado na interioridade. Nele, habitualmente o homem pode estar presente, como em sua mora-da, como em sua casa. É um lugar onde o homem poderá ser mais pro-tegido e, talvez encontre o ponto de equilíbrio necessário nos momentos de decisão e, em grande parte, res-ponsável pela condução da vida feliz.

Esse espaço na subjetividade é o espaço da alma humana, é o campo da racionalidade que serve como fundamento para a ciência, para a busca da excelência e, também, o locus apropriado para o homem que quer aprender a viver no mundo como um sábio.

Artigo 09

Page 10: Revista Contexto #3

10 Comportamento

Habilidade entre o carisma e poder de atraçãoNo mundo empresarial é

fundamental aliar aptidão,

simpatia e conhecimento

técnico, mas a boa aparên-

cia tem influenciado relações

sociais e contribuido para o

sucesso profissional.

Page 11: Revista Contexto #3

Num mercado de trabalho cada vez mais competi-tivo, o nível de formação e conhecimento do pro-fissional é determinan-

te na escolha de novos funcionários, especialmente nas médias e grandes empresas. A graduação apenas em um curso superior deixou de ser uma vantagem, já que agora profissionais de Recursos Humanos (RH) observam a continuidade dos candidatos nos estudos, especializações e cursos mais aprofundados. Tudo para uma presta-ção de serviço ainda mais eficaz.

Embora alguns profissionais de RH não a considerem fundamental, outra habilidade tem sido levada em consi-deração no momento da escolha de determinado candidato à uma vaga de emprego. Trata-se do “capital eróti-co”, que diz respeito ao poder físico ou social de atração do indivíduo, capaz de torná-la admirada no ambiente de trabalho, entre os amigos, ou em qual-quer outra esfera de convívio social. O termo foi cunhado pela socióloga Ca-therine Hakim, da London School of Economics and Political Science, em estudo publicado em março. Para a socióloga, as habilidades pessoais pos-suem categorias e o capital erótico é a quarta delas, abaixo do capital cultural, econômico e social.

MODELO: PRISCILA BALMANT

Page 12: Revista Contexto #3

Onde a aparência é fundamental

Com cinco agências no Vale do Aço, uma cooperativa de crédito ostenta em seu quadro de funcionários mais de 70 profissionais, dentre administradores, economistas e estudantes universitá-rios. Independentemente do cargo, to-dos os funcionários têm uma coisa em comum: a boa aparência. De acordo com a superintendente administrativa e financeira da cooperativa, Cíntia Pires Lopes, também responsável pela sele-ção de pessoal, a preocupação com a escolha de funcionários tecnicamente aptos a exercer a função é grande, mas existe também o cuidado em escolher profissionais que tenham boa aparên-cia, saibam se vestir e sejam simpáticos e comunicativos.

“Quando o cliente entra em uma de nos-sas agências e se depara com funcioná-rios bem apresentados, que sabem se expressar e fazem questão de atendê-lo com educação, tudo fica mais fácil. Nossos cooperados se sentem bem e isso para nós é muito importante”, diz. A superintendente explica também que a cooperativa criou uma imagem institu-cional em que a aparência dos funcio-nários tem ajudado no crescimento das relações. “Cuidamos do nosso ambiente de trabalho e exigimos que nossos fun-cionários cuidem de si”, destaca.

O psicólogo Vinício Araújo Martins reconhece que em todos os setores da sociedade moderna a aparência é o aspecto que primeiramente fala a respeito das pessoas e dos produtos. Ele cita as campanhas de marketing, que utilizam a aparência como meio de vender seus produtos. “Vendem através disso um conceito que querem incutir naquele determinado produto. As propagandas de cigarro, hoje proi-bidas, exemplificavam bem essa ideia, para não dizer das margarinas que tra-zem consigo a proposta de reunir ao redor de uma mesa uma família bonita e feliz”, destaca.

Para ele, é bem provável que exis-ta uma influência dos aspectos físicos no mercado de trabalho, fazendo com que os mais bem aparentados tenham mais oportunidades no trabalho e em suas relações sociais e interpessoais.Para o psicólogo, a beleza pode ser de-finida de várias maneiras, mas ele cita uma que acredita ser a mais concreta entre todas. Para São Tomaz de Aquino (filósofo escolástico) a beleza é “aquilo que provoca um conhecimento gozo-

so”, uma emoção que nos é provocada pelo estético. “Posso ousar e associar a beleza como aquilo que nos agra-da”, acrescenta. O psicólogo explica ainda que não existem padrões que agradem de maneira universal e per-manente. “O que agrada hoje não ne-cessariamente será atrativo no futuro”, diz Vinício.

ContrapontoMesmo com toda a influência que

a boa aparência causa, é preciso fazer certas ponderações. Apesar de os as-pectos físicos se mostrarem importan-tes em algumas relações, a beleza en-quanto conceito mais amplo também tem sua interferência. “Alguém que não aparente ser belo, segundo os pa-drões físicos, pode despertar admira-ção por uma postura elegante, modo de se vestir, inteligência demonstrada por pensamentos e ações da mesma forma que alguém que a princípio desperte admiração e atraia olhares, seja na verdade dono de um discurso vazio e se limite a uma beleza parcial”, ressalta o psicólogo.

Afirmação pela beleza

Numa sociedade que valoriza a bele-za, atributos pessoais auxiliam na hora de procurar o emprego. No entanto, a psicó-loga Aline Goulart Magalhães, especialista em RH que atua na seleção de funcionários para empresas do Vale do Aço, afirma que de nada adianta essa capacidade de causar admiração se não houver conhecimento téc-nico e específico sobre a vaga almejada.

“Para quem está à procura de trabalho, é fundamental saber se comunicar, adotar uma postura adequada às necessidades da empresa, ser educado e se vestir de acordo com o cargo. Mas é o conhecimento que vai deixar essa pessoa apta a seguir num proces-so de seleção”, diz a psicóloga.

Embora reconheça isso, Aline explica que acontecem casos em que dois, três ou até quatro candidatos concorrendo a uma única vaga se sobressaem. Nesses casos, é comum o entrevistador se simpatizar com um dos concorrentes e indicá-lo à empresa por ter algo mais que a aptidão para o car-go. “Vale aí a forma como ele se comunica, articula as palavras, sua educação, etc”, diz. Como escreveu a socióloga britânica, é nes-se ponto que se percebe o capital erótico, que nada tem a ver com poder aquisitivo, co-nhecimento de causa ou influências sociais, mas que envolve um pouco de beleza física, atratividade social e sexual, e vivacidade.

Para a psicóloga, é importante que o candidato a uma vaga de emprego saiba se comunicar e apresentar o conhecimento

12 Comportamento

Page 13: Revista Contexto #3

13

Aparência determina espaço

Mesmo concursada e sem os “problemas” comuns a can-didatos a vagas de empregos, como entrevistas e uma série de avaliações, a oficial de justiça Nicole Quaresma acredita que a aparência garante mais oportunidades no mercado de trabalho. Concursada há cinco anos, ela se recorda dos tempos em que procurava emprego e sem-pre verificava a tendência de quem contratava em dar mais brechas às pessoas melhor apresentadas. “Isso é comum, mas não acho que seja um erro. Se o contratan-te exige que a pessoa tenha uma boa aparência, saiba se comunicar, se vestir, fica a critério dele. A questão é se essa pessoa terá condições de desempenhar da maneira correta função a ele exigida”, diz.

Nicole Quaresma reconhece que ter uma boa aparência facilita a entrada no mercado de trabalho

Page 14: Revista Contexto #3

Empresas do Vale do Aço conquistam novos mercados e apresentam uma diversidade crescente de atividades industriais na região

Expandir a atuação pode ser um passo importante e benéfico. Desde que haja, obviamente, precaução e muito estudo

dos mercados a serem alcançados.

além das fronteirasN e g ó c i o s

Nos últimos anos, a mídia noticiou amplamen-te os avanços do setor metalmecânico no forneci-mento para a indústria naval. A inserção nos merca-dos externos também é uma tendência em outros segmentos, demonstrando que a nossa economia deixou de ser alavancada somente pela siderurgia. Atualmente, a região produz de tudo: colchões, cosméticos, produtos alimentícios, utensílios do-mésticos, roupas para o público “fashion”... Em quase todos os casos, as empresas locais de médio porte também direcionam sua produção para fora, deixando de depender somente dos consumido-res da Região Metropolitana. A Revista Contexto percorreu o Vale do Aço e encontrou empresas que acreditam neste modelo abrangente de negócios, que não se restringe so-mente a um nicho de clientes. Os nove exem-

plos contidos nessa reportagem mostram que o caminho para o mercado externo é traçado com diferentes estratégias. Em alguns casos, este cami-nho é planejado desde o início; em certas ocasiões, ele obedece à progressão natural e lógica.

Independentemente de como o empreende-dor decide inserir-se em outros mercados, expan-dir sua atuação pode ser um passo importante e benéfico. Desde que haja, obviamente, precaução e muito estudo dos mercados a serem alcançados. Na avaliação de Luciano Araújo, presidente regio-nal da Federação das Indústrias do Estado de Mi-nas Gerais (FIEMG), o Vale do Aço vem descobrindo novas vocações além da siderurgia e mineração. “Existe potencial além desses setores. Embora a concentração de atividades seja importante para os pólos industriais, uma região que descobre no-vos mercados é privilegiada. Dotada de indústrias plurais, essa região não ficará dependente somen-

te deste ou daquele setor”, diz Araújo, ele mesmo um empreendedor cuja empresa abastece o mer-cado externo (saiba mais na página seguinte).

Apesar da proficiência dessa política comercial, o empreendedor do Vale do Aço que deseja atingir outros mercados terá de enfrentar certos obstácu-los. “Quem decide instalar uma empresa na região precisa avaliar com cuidado a logística. Afinal a região é cortada pela BR-381. A esperança é que a duplicação da rodovia promova um novo eixo de desenvolvimento para o Vale do Aço. Outro proble-ma é a escassez de áreas para a instalação de novas empresas”, diz Araújo. No entanto, o presidente da

FIEMG acredita que as vantagens superam as li-mitações, já que a região possui centros forma-dores de mão-de-obra e programas de qualifica-ção para a própria classe

empresarial. “A recente instalação do gasoduto também irá tornar o Vale do Aço mais atraente para novos investimentos”, diz.

No meio acadêmico, a perspectiva de atender outros mercados também é uma tendência debati-da em certas disciplinas. Segundo Robésio Teixeira Gomes, professor de Planejamento Estratégico do curso de Administração do UnilesteMG, a maioria dos alunos ainda continua focada em trabalhar para grandes instituições. “Por outro lado, cada vez mais os estudantes pensam em montar sua pró-pria empresa. Certamente essa mentalidade terá um impacto no surgimento de empreendimentos com campos de atuação mais diversificados”, diz o professor. Acompanhe, nas páginas seguintes, alguns dos segmentos que estão contribuindo para formar novas cadeias produtivas na indústria regional:

Roberto Sôlha

14 Economia e Negócios

Page 15: Revista Contexto #3

Provest

tr iNtêN ioPara Alexsandra Ribeiro Scárdua, proprietária da

Trintênio, a empresa representa a história clássica do empreendedor brasileiro, que inicia suas ati-vidades modestamente, enfrenta dificulda-des, mas persiste até se firmar no mercado e expandir sua atuação. Especializada em moda feminina, a confecção produz atu-almente cerca de sete mil peças de roupa por mês. Conforme Alexsandra, 90% dessa produção é comercializada fora do Vale do Aço, em lojas de outras cidades do Sudeste e Nordeste. “Em 2003, inauguramos um sho-wroom em Belo Horizonte para o setor ata-cadista, e essa primeira experiência no mer-cado externo nos levou à abertura de uma loja em Prado (BA), no ano seguinte”, conta.

Instalada no bairro Novo Cruzeiro, em Ipatinga, a fábrica da Trintênio emprega 50 funcioná-rios diretos e outros 50 indiretos. Ao longo dos 16 anos de existência da confecção, Alexsandra afirma que o negócio lhe ensinou a ter cautela antes de qualquer decisão. “O mercado de moda é muito difícil e compe-titivo. O fato da fábrica estar no Vale do Aço não facilita muito. Precisamos capacitar nossa mão de obra, já que na região não há um centro que qualifica trabalhado-res para o segmento de moda. Outro problema é que a

Quando Luciano Araújo comprou a fábrica de uni-formes Provest em 1995, sua principal meta era tirar a em-presa do vermelho. Formado em Direito e especializado em Administração Financei-ra, durante anos Luciano tra-balhou em uma instituição bancária, mas sonhava em ser empreendedor. Quando a Provest foi colocada à venda, ele vislumbrou no mercado de confecção de uniformes a oportunidade de alcançar esse objetivo.

Após encontrar o ponto de equilíbrio e saldar os custos da produção, a empresa não pa-rou de crescer. A linha de pro-dução da fábrica, inicialmen-te de 3,5 mil peças mensais, elevou-se até chegar a 125 mil peças por mês. “No come-ço, abastecíamos somente o mercado regional. Entretanto, sempre houve a perspectiva de diversificar nossa atuação. Esse objetivo guiou os nossos negócios e levou a Provest a

se tornar a maior empresa de uniformes de Minas e a segun-da maior do país. Os unifor-mes que produzimos são dis-tribuídos para clientes de 17 Estados e para Moçambique, na África”, diz o empresário, informando que a fábrica em-prega 300 funcionários diretos e 500 indiretos. Atualmente, é a maior empregadora entre as empresas situadas no Distrito Industrial de Ipatinga.

Apesar da forte inserção no mercado externo ao Vale do Aço, a Provest possui gran-de participação no mercado regional, fornecendo unifor-mes para empresas como a Usiminas, ArcelorMittal e Cenibra. “A Provest ilustra a capacidade das pequenas e médias empresas em mudar a realidade dos municípios onde estão inseridas. Isso é muito significativo em uma re-gião como a nossa, que sem-pre foi referenciada pela pre-sença de grandes empresas”, finaliza Luciano Araújo.

matéria-prima não é encontrada aqui e precisa ser trazida de ou-tros Estados, de pólos da indústria têxtil do Sul e de São Paulo”, diz.

Apesar dos percalços, a empresária não vê necessidade de mu-dar a fábrica para outra região. “A Trintênio possui uma identidade própria, e isso agrega fidelidade à marca. O fato de termos um showroom em Belo Horizonte e em Prado mantém nossa relação com o mercado externo, então preferimos continuar em Ipatinga, onde estão nossos familiares e há tranqüilidade”, conclui.

Com clientes em 17 Estados, a Provest do empresário Luciano Araújo tornou-se a

segunda maior fábrica de uniformes do Brasil

15

Page 16: Revista Contexto #3

eMALto

Iniciativas empreende-doras quase sempre estão li-gadas à necessidade de pre-encher lacunas do mercado. A percepção de que o Vale do Aço não possuía uma empresa especializada na fundição de bronze levou o empresário Avanir Caldeira Junior a investir nesse setor. Há 16 anos, surgia em Timó-teo a Moldan, ainda hoje a única empresa da região a fabricar peças industriais de bronze. A aposta de Avanir foi certeira.

Em pouco tempo, a produção modesta foi au-mentando até expandir sua atuação para outras regiões. “Começamos ven-dendo 100 quilos por mês. Atualmente, vendemos

cinco toneladas”, conta Ava-nir, informando que o seu concorrente mais próximo localiza-se em Nova Era.

Na avaliação do empre-sário, o fato de a empresa estar situada no Vale do Aço foi importante para o crescimento da Moldam, mas ele acredita que nego-ciar o produto em outros mercados é fundamental. “Atualmente, 60% da nossa produção é vendida para o Vale do Aço. Estamos ten-tando inverter essa propor-ção, já que os clientes de fora reconhecem melhor o valor do cobre e a sua cota-ção. Se pudéssemos reduzir o valor do frete, certamente as vendas externas já teriam atingido 70%”, diz.

O empresário explica que a alta procura pelo bronze se deve à sua resis-tência. Resultante de um conjunto de ligas metálicas, o bronze é amplamente encontrando em equipa-mentos e maquinários in-dustriais.

“O bronze é versátil e está presente em todos os segmentos da produção in-dustrial, da indústria têxtil à petrolífera”, diz. Segundo Avanir, a Moldan atende empresas do Rio, São Paulo e várias regiões de Minas. “A empresa abastece todas as usinagens do setor me-tal mecânico e revendemos para empresas como a Ger-dau, CSN, Vale e Mannes-man”, conclui.

A história da Emalto está ligada diretamente às grandes si-derúrgicas regionais, já que surgiu para atender as demandas da Acesita e Usiminas. Em 1974, recém-aposentado da Acesita, Alexandre Torquetti passou a se dedicar somente à serralhe-ria instalada em sua casa, uma modesta oficina de fundo de quintal. Dois anos depois, a oficina já havia sido transferida para um balcão e Torquetti foi convidado a instalar a Emalto numa área pertencente à Acesita e trabalhar para a expansão da empresa. Após o término da expansão, a Emalto passou a explorar outros nichos do mercado. Curiosamente, a empresa especializada na fabricação de estruturas metálicas atualmen-te quase não atende as empresas regionais que durante a fase inicial eram seus principais clientes.

“Em 1977, já havia a perspectiva de buscar outros clientes. Os primeiros parceiros fora da região foram a Vale e Gerdau”, diz Alexandre Torquetti Junior, diretor administrativo da em-presa. “Hoje, quase 100% do que produzimos vai para fora”, completa.

Para ele, o modelo de negócios voltado a vários mercados é vantajoso porque a empresa não fica presa somente a um determinado cliente e, conseqüentemente, menos suscetível a crises que possam vir a acometer setores produtivos especí-ficos. “As empresas da região, principalmente aquelas do setor metal mecânico, se atentaram tardiamente para essa realida-de e demoraram a perceber que não é vantajoso manter rela-

ções somente com as grandes siderúrgicas da região. Para nós, a política de atuar fora do Vale do Aço não só é uma tendência do futuro como foi, e é nossa política comercial. A empresa tornou-se o que é hoje devido à política comercial focada em todo o Brasil”, diz Alexandre.

Os números da Emalto ilustram o quanto o mercado ex-terno ao Vale do Aço expandiu os negócios da empresa, hoje uma das principais fornecedoras de estruturas metálicas do país. Suas fábricas empregam 600 funcionários e produzem 2,5 mil toneladas por mês, escoadas principalmente para o setor de mineração. A Emalto também abastece todas as gran-des empresas mineiras de siderurgia, além da CSA no Rio e empresas do Pará e Espírito Santo.

MoLDAM

16 Economia e Negócios

Avanir Caldeira na fábrica da Moldam: cinco toneladas mensais de bronze para abastecer grandes indústrias

Para Alexandre Torquetti Junior, atuar fora do Vale do Aço será uma tendência crescente para as empresas regionais

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goLDeN iNox

coLchões AquAr ius

Se para algumas empresas o cres-cimento da demanda é o caminho na-tural para expandir sua atuação, outras já nascem com a visão de atingir vários mercados consumidores. Desde 1998, quando iniciou suas atividades, a Golden Inox adotou um modelo de negócios que contemplasse vários Estados e não ficas-se restrito ao Vale do Aço.

“Sabíamos das particularidades do ramo e que o produto teria de ser dis-tribuído de maneira pulverizada. Nes-se setor, não há um grande cliente”, diz Amilar José Rodrigues, proprietário e administrador da empresa especializada na fabricação de utensílios domésticos. Localizada no Distrito Industrial de Ti-

móteo, a Golden Inox foi planejada por Amilar quando o empresário trabalhava em Porto Alegre como coordenador de vendas da então Acesita. No Sul, onde estão concentradas 97% das cutelarias do país, Amilar pôde conhecer o negócio de perto.

“Tive contato com 100% dos meus concorrentes, então sabia do potencial e da realidade dessa indústria. Com a Gol-den Inox instalada em Timóteo, fomos beneficiados pela localização. Além de sermos vizinhos da ArcelorMittal, que fornece a matéria-prima, estamos mais próximos do Nordeste e transportamos os nossos produtos a um custo mais re-duzido em relação às fábricas do Sul”, diz

Amilar. Atualmente, a linha de utensílios da empresa totaliza 80 itens e é encon-trada em três mil municípios espalhados por 15 Estados. Entre os maiores clientes da fábrica, estão grandes redes como Per-nambucanas, Casa & Vídeo e Bretas. Men-salmente, a Golden Inox comercializa dois milhões de itens, o que corresponde a 40 toneladas.

“Além do Brasil, a empresa vem ne-gociando a participação no mercado de países como a Argentina e o Equador. Para nós, o modelo de negócios que visa uma abrangência cada vez maior é o ide-al. A conquista de novos mercados te dá confiança para buscar sonhos mais altos”, conclui o empresário.

Instalada no Distrito Industrial do Vale Verde, no Ipaba, a Colchões Aquarius já nasceu com o intuito de buscar ou-tros mercados. Administrada pelos sócios Adelson Duarte, Geraldo Honório Alves e seu filho Diogo Alves, a empresa iniciou suas atividades em 2007 e produz mensalmente dois mil colchões e 500 travesseiros. A maior parte dessa produção é encaminhada a regiões do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas. “No Vale do Aço existem cinco fábri-cas de colchões. Além da grande concorrência, decidimos apostar em outros mercados porque sabíamos que a re-gião não absorveria toda a nossa produção”, diz Geraldo Honório.

Os principais revendedores da mercadoria são lojistas da Zona da Mata e a capital carioca. “Não trabalhamos com grandes redes, e como as pequenas lojas adquirem merca-dorias somente para pronta-entrega, precisamos garantir um rápido giro do produto. A logística para atender essa demanda é a utilização de caminhões próprios. O ponto negativo é a condição das estradas, que em períodos críti-cos podem acarretar atraso nas entregas”, explica.

No futuro, a Colchões Aquarius pretende distribuir seu produto no Estado de São Paulo e alcançar outras regiões de Minas. “O Brasil é grande e oferece uma infinidade de mercados consumidores. Somos uma fábrica, portanto o nosso modelo de negócios se difere do comércio varejista,

geralmente limitado ao mercado que está mais próximo. No nosso ramo, cada empresa atinge o mercado almejado conforme suas próprias estratégias”, observa Honório.

Amilar Rodrigues na fábrica da Golden Inox: a empresa distribui utensílios para 3 mil cidades brasileiras

Para Diogo Alves (e), Geraldo Honório e Adelson Duarte, o mercado externo foi uma alternativa à concorrência local

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iN v i stAcoMuNicAção

Entre as vantagens da era digi-tal, está a possibilidade de utilizar as ferramentas da Internet para atuar em âmbito global. Com as facilidades virtuais, certos meios empresariais foram beneficiados com a chance de expandir sua atuação valendo-se de uma boa rede de contatos e profissionais talentosos. O grupo de jornalistas e publicitários da In Vista Comuni-cação vem atuando dessa manei-ra, acreditando que os negócios não podem ficar restritos somente a uma única região. Mas nem sem-pre a agência funcionou assim. Criada em 2007, a In Vista surgiu com a idéia de captar clientes ape-nas da região e não imaginava tri-lhar caminhos em outros Estados.

Segundo os administradores Rafael Henrique Martins e Denis Martuscelli, a empresa passou a atuar em outros mercados por mera casualidade. “Atendíamos a ArcelorMittal e um ex-funcionário da empresa assumiu a presidência do Instituto Camargo Corrêa. Ele recomendou o nosso trabalho e hoje a Camargo Corrêa é um dos nossos principais clientes, ao lado da ArcelorMittal”, contam. O mate-

rial produzido para ambas as em-presas é veiculado em São Paulo. “Ao longo do tempo passamos a atender empresas de outras regi-ões, como Brasília e vários municí-pios do interior de Minas”, diz De-nis. Para os administradores, estar no Vale do Aço traz credibilidade. “O nosso diferencial é conhecer a cultura das grandes empresas, o que é um ponto a favor para atin-gir grandes clientes. As empresas de fora valorizam uma agência que está sediada na mesma cida-de da Usiminas”, observa Rafael.

A agência aposta nas perspec-tivas oferecidas em outros merca-dos. Atualmente, 50% das deman-das da In Vista são de clientes de outras regiões. “Estamos traba-lhando para essa porcentagem aumentar. Trabalhar com empre-sas do mercado externo, princi-palmente empresas das grandes capitais, é mais vantajoso. Há um dinamismo maior na maneira de lidar com esses clientes. Além dis-so, o atendimento é feito como se o cliente fosse daqui, através de vídeo-conferência e troca de ar-quivos online”, finaliza Denis.

Localizada em Antônio Dias, a empresa Doces Serra Viva é o exemplo de empreendi-mento que se industrializa sem perder a es-sência. A origem da fábrica ilustra o quanto ela está ligada às tradições familiares. O ge-rente de produção da Serra Viva, Francisco de Souza Ataíde, conta que seu avô passou a produzir doces em 1917 e logo se tornou referência em Antônio Dias, dando início à trajetória da fábrica.

Nas décadas seguintes, o empreendi-mento ganhou corpo e atualmente produz 40 toneladas de doce por mês, vendidos ao Vale do Aço, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, para onde são comercializados 40% desse montante. Conforme Francisco, a inserção em outros mercados é um processo recente, ocorrido na última década. “A produ-ção era menor e direcionada à nossa região. Porém, sabíamos que o nosso produto pos-suía diferencial e valor agregado para atingir mais consumidores”, diz.

Aos poucos, a fábrica adquiriu equipa-mentos modernos e passou a fazer uso de novas tecnologias. “Podemos dizer que é uma fábrica caseira com todo o maquinário industrial. Pegamos as receitas tradicionais e o modo artesanal e adaptamos para uma pro-dução com maior controle de qualidade. Essa transição não foi ao acaso e aconteceu com o propósito de chegar a outros mercados”, diz. Sob a supervisão de sua mãe, Maria Matilde Souza Ataíde, novos sabores vão sendo cria-dos a partir da combinação de quatro frutas – manga, laranja, banana e goiaba -, e trans-formados em barras de 400 e 800 gramas. “É uma confecção mais refinada de doces, que contém baixo teor de açúcar e são feitos com frutas selecionadas. O produto é embalado a vácuo, pronto para ser distribuído adequada-mente para outras regiões”, explica Francisco.

18 Economia e Negócios

Doces serrA vivA

Denis Martuscelli (e), Rafael Martins, Mauro César e Jordane Rodrigues: a equipe da In Vista aposta no dinamismo do mercado externo

Embasados na tradição: Dona

Maria e Francisco levaram as

receitas familiares a outro nível de

produção

Economia e Negócios

Page 19: Revista Contexto #3

ciDA MoLD’s

A história da revista Cida Mold’s é a síntese do “estar no lugar certo, na hora certa”. Cria-da pelo jornalista Luciano Oli-veira Gomes e pelo designer e fotógrafo Rodrigo Dávila, a tra-jetória do veículo é inédita en-tre as publicações regionais – a revista é distribuída em todas as capitais do Brasil e cidades pó-los da indústria de moda. “Eu e o Rodrigo trabalhávamos em jor-nal impresso, eu como repórter esportivo e ele na diagramação. Tivemos a idéia de criar uma revista ligada aos segmentos de moda íntima, praia e fitness. Ela seria vendida nas lojas Bazar Cida, de propriedade da minha sogra”, conta Luciano.

Em 2001, a primeira edição da Cida Mold’s foi lançada e ra-pidamente se esgotou na rede Bazar Cida. Para os sócios, esse foi o primeiro indício da viabili-dade de voltar às atenções para o mercado externo. “Não espe-rávamos essa aceitação logo na primeira edição, que teve tira-gem de cinco mil exemplares. Aliado a essa boa resposta ini-cial, coincidiu que os nossos três veículos concorrentes da época foram extintos poucos meses após termos começado”, conta Rodrigo.

Livres da concorrência, Ro-drigo, Luciano e sua esposa, a editora Patrícia Andrade, grada-tivamente consolidaram a Cida

Mold’s entre as principais publi-cações de moda do país. Além da boa percepção de mercado dos empreendedores, o veículo também cresceu por oferecer vários diferenciais. “Somos a única revista do Brasil a encartar moldes de lingerie, moda praia e fitness. Cada edição traz de seis a sete moldes que são trabalha-dos por confeccionistas de to-das as regiões do Brasil. A gran-de importância da revista é dar suporte para o empreendedor. Além dos moldes encartados, o conteúdo da revista cobre tudo o que envolve a indústria de moda, desde reportagens sobre os principais eventos do ramo a matérias sobre como adminis-trar os negócios”, diz Luciano.

Apesar de a publicação ser totalmente direcionada ao mer-cado externo, a equipe não pen-sa em deixar Ipatinga, onde fica a redação da Cida Mold’s. “O nosso método de trabalho permite que a revista continue sediada aqui – trabalhamos com jornalistas de todo o Brasil e viajamos freqüen-temente para acompanhar os eventos de moda.

Curiosamente, a revista qua-se não é vendida na região. Sa-bemos que teríamos condições de fazer a Cida Mold’s em qual-quer outra cidade, mas é em Ipatinga que pretendemos con-tinuar, por vínculos familiares e afetivos”, conclui Luciano.

Rodrigo (e), Patrícia e Luciano no estúdio da Cida Mold’s: oportuni-dade vislumbrada na indústria da moda

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20

Ao chegar a Conceição do Mato Dentro, o visitante acostumado às típicas cidadezi-nhas históricas do interior mineiro pode até não se surpreender com o casario colonial e as igrejas barrocas. Localizado a pouco mais de 200 quilômetros de Ipatinga, o município impressiona mesmo quando conhecido nos arredores. Localizado na porção oriental da Serra do Cipó e da cordilheira do Espinhaço, Conceição do Mato Dentro é considerado o paraíso para os apaixonados por natureza e ecoturismo. A região apresenta um relevo bastante acidentado, o que permite a exis-tência de grande número de quedas d’água e cachoeiras, bem como a prática dos mais variados esportes de aventura.

O município integra dois grandes circui-tos turísticos do Estado (o da Estrada Real e o da Serra do Cipó) e compreende uma área de 1.725 km² de extensão territorial, com po-pulação de pouco mais de 18 mil habitantes. A grande diversidade de beleza natural de seu território concentra-se principalmente no distrito de Tabuleiro, situado a 19 quilô-metros de Conceição. A localidade abriga a Cachoeira do Tabuleiro, maior cachoeira de Minas e terceira maior do Brasil, com 273 metros de queda livre.

Para conhecer a maior parte do sem-número de atrações do município, seriam necessários pelo menos cinco dias. Só de ca-choeiras, são 25. Mais seis sítios arqueológi-cos, cinco igrejas, mirantes, poços... A cidade também possui tradição em eventos, com calendário cultural repleto de festas popu-lares, como festivais gastronômicos e festas agropecuárias e religiosas. Apesar de toda atratividade ecológica e histórica do muni-

cípio – que possui mais de 300 anos -, Con-ceição do Mato Dentro não aproveita todo o seu potencial turístico para desenvolver ou-tros segmentos da economia. Para o secretá-rio Municipal de Meio Ambiente e Turismo, André Segantini, essa situação pode ser ex-plicada primeiramente pela própria falta de união e despreparo dos agentes ligados ao setor turístico do município. Em segundo lu-gar, aos impactos da mineração no território de Conceição do Mato Dentro e em cidades e regiões próximas, como Serro.

“Conceição do Mato Dentro sempre foi conhecido por ser um pólo turístico muito valioso para os amantes da natureza. Duran-te um bom período de sua história, o municí-pio foi sustentado principalmente pelo turis-mo. Recentemente, foi liberada a exploração de minério na Serra do Cipó e atualmente Conceição passa por várias transformações econômicas e sociais em função do advento da mineração”, diz o secretário. Ele informa que as empresas licenciadas para explorar a atividade no município estimam a contrata-ção de cinco mil funcionários para trabalhar nas minas.

“Essa super oferta de mão-de-obra já vem gerando aluguéis caros e pouca dis-ponibilidade de vagas para turistas. Afi-nal, a maior parte dos quartos vem sendo alugada para quem vem trabalhar para as mineradoras. O receio é que Conceição do Mato Dentro perca um pouco sua identi-dade, a de um município conhecido como a capital mineira do ecoturismo -, e se transforme em cidade operária que ofere-ça riscos de degradação social e ambiental à região”, diz Segantini.

U M PA S S E I O P O R C O N C E I ç ã O D O M A T O D E N T R O

A C A P I TA L M I N E I R A D O E C O T U R I S M O

Rotas

A vista privilegiada do mirante do Salão de Pedras

Page 21: Revista Contexto #3

Aos interessados em co-nhecer Conceição do Mato Dentro por seus atrativos ecológicos, uma visita à Ca-choeira do Tabuleiro é obri-gatória. Mas, para vislumbrar a paisagem da maior queda d’água de Minas, é necessário espírito aventureiro, prepa-ro físico e muita cautela para enfrentar a trilha que leva à cachoeira. Para chegar até lá, é preciso passar pelo distri-to de Tabuleiro e subir até o posto do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Partindo de Conceição, o percurso até Ta-buleiro dura 19 km de estrada de chão, com trechos bastan-te acidentados e que exigem experiência do motorista.

Ao chegar à portaria do Parque Natural Municipal Ri-beirão do Campo, é cobrada a taxa de R$ 5 por pessoa. A partir daí, uma aventura por cerca de 3 km aguarda os visitantes. Até a cachoei-ra, a caminhada leva cerca de 1h30 por uma trilha que

começa tranqüila e torna-se cada vez mais puxada até chegar ao trecho final, onde é seguida pelo leito do rio, sobre as pedras. É funda-mental levar água e comida, já que não há lanchonetes no Parque. Também é ne-cessário estar calçado ade-quadamente para enfrentar a trilha, cheia de trechos pe-rigosos entre o desfiladeiro que precede o trajeto pelo leito do rio. Dica importan-te: ao visitar a Cachoeira do Tabuleiro sem o auxílio de guia, marque bem o local onde a trilha encontra o rio.

O caminho pode ser facil-mente passado despercebi-do, porque há somente uma pequena seta a demarcá-lo. Para evitar o risco de se per-der, tente buscar o máximo de referências desse trecho – se estiver com máquina fo-tográfica, documente o tre-cho para obter a localização exata. E opte pelos períodos de estiagem, quando o vo-

lume de água do rio é mais reduzido e permite melhor acesso pelo leito.

Todo o esforço da trilha cansativa é recompensado pela visão de perto da ca-choeira. Embora seja vista a quilômetros de distância, es-tar a poucos metros de onde o curso d’água despenca é um convite à contemplação. Do alto de uma gigantes-ca muralha rochosa, a água chega ao poço quase como um spray. Para os corajosos, é obrigatório arriscar um mergulho na água gelada da piscina formada pela ca-choeira - eleita pelo Guia 4 Rodas de 2003 a mais bonita do Brasil.

Na volta, após testemu-nhar de perto a beleza da Cachoeira do Tabuleiro, certa-mente o visitante irá abstrair-se e enfrentar a trilha de volta com espírito renovado e com a memória abastecida com uma das paisagens mais hip-notizantes de sua vida...

PERIGO NO CAMINHO DA MAIOR CACHOEIRA DE MINAS

C O M O C H E G A R :Saindo do Vale do Aço, o acesso a Conceição do Mato Dentro pode ser feito por duas rotas. O trajeto mais curto compreende aproxima-damente 174 km e parte de Santana do Paraíso em direção a Mesquita e Joanésia até chegar a Dores de Gua-nhães e Senhora do Porto. O percur-so prossegue até Dom Joaquim até chegar a Conceição. Embora mais curto, esse caminho possui vários trechos de estrada de chão. Quem deseja evitar a poeira e as “costelinhas”, melhor passar por Belo Oriente e seguir até Guanhães em direção a Senhora do Porto até che-gar a Conceição. Por esse caminho, são cerca de 226 km, mas a condição das estradas é melhor, com trecho de chão somente a partir de Senho-ra do Porto. O tempo de viagem pode variar de quatro a cinco horas.

MAIS INFORMAçõES:www.portalcmd.com.br

A bela igreja do Santuário Bom Jesus de Matozinhos; na foto central, a queda da Cachoeira do Tabuleiro

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Page 22: Revista Contexto #3

22 Profissões

A L t A f i D e L i D A D e- Qual a sua profissão?- Luthier.- Luti o quê? O pequeno diálogo acima ilustra

uma situação corriqueiramente vivida pelos profissionais da luthieria. Res-ponsáveis por reparar instrumentos musicais e construí-los de maneira ar-tesanal, os luthiers têm seu ofício des-conhecido por boa parte da população. O estranhamento em relação ao nome, de certa forma, enquadra a profissão na categoria de ofícios curiosos. A par-ticularidade da luthieria reside no fato

de ser um serviço que requer minúcia, paciência e dedicação extrema. “Essa combinação é essencial para fabricar um instrumento. É essencial que o lu-thier também tenha sensibilidade mu-sical. Isso permitirá ao profissional ava-liar a qualidade do instrumento com mais precisão”, diz Luiz Carlos Garcia Junior, o Juninho, luthier ipatinguense especializado na fabricação de violões, guitarras, violinos, baixos e outros ins-trumentos de corda.

Além dele, outros três luthiers atu-am em Ipatinga. Dentre eles, Luiz Car-

los Garcia, pai de Juninho, que veio de Manhuaçu e chegou ao município em 1980. “Fui o primeiro a trabalhar como luthier em Ipatinga. Na época, a Usimi-nas estava instalando vários equipa-mentos e a cidade vivia cheia de tra-balhadores vindos de fora. Tinha muita banda tocando nos bailes e serestas, a vida noturna era muito agitada, en-tão peguei talvez a melhor fase para se trabalhar como luthier no Vale do Aço. Havia muita demanda de serviço”, conta Garcia. Em sua oficina no bairro Limoeiro, em Ipatinga, Garcia ensinou

os métodos da luthieria para o filho Ju-ninho e passou a se dedicar ao reparo de pianos e acordeons.

Quase na mesma época, o profes-sor de música Benedito Francisco co-meçava suas primeiras pesquisas para aprender a fabricar instrumentos. Na-tural de Ariranha, no interior de São Paulo, Francis, como é conhecido, foi atraído à luthieria por uma necessi-dade pessoal. “Os violões das grandes fábricas não ofereciam o tipo de som que eu buscava. Como eu tinha expe-riência com carpintaria, decidi apostar na fabricação do instrumento. Desco-bri um luthier em Belo Horizonte que fazia violões refinados e fui conhecê-lo. Vi que a sua oficina ficava instalada em acomodações humildes e percebi que não precisava de luxo pra fabricar vio-lões de qualidade. Em seguida passei a pesquisar sobre luthieria e seis meses depois fabriquei meu primeiro instru-mento”, conta Francis, que atualmente contabiliza a fabricação de 209 violões e outros instrumentos acústicos de corda em quase 30 anos dedicados ao ofício.

A exemplo de Juninho e Francis, a ligação com o meio musical induziu Lu-ciano Mathias à luthieria. Especializado

O universo de quem se dedica a criar para quem cria música: os luthiers, mestres na fabricação de instrumentos com padrão de excelência

Francis decidiu fabricar seus próprios violões em busca de sons mais consistentes

Page 23: Revista Contexto #3

A L t A f i D e L i D A D ena fabricação de guitarras e violões, Mathias sempre tocou em várias ban-das de Ipatinga e trabalhou em lojas de instrumentos da cidade. Movido pela curiosidade de conhecer o funciona-mento dos produtos, o músico decidiu estudar em uma escola especializada de luthieria. “Em São Paulo, fiz o curso da B&H, uma escola tradicional de lu-thiers. Desde então, já se passaram 10 anos desde que construí meu primei-ro instrumento. Já fabriquei, ao longo desse período, cerca de 30 violões e guitarras”, conta Mathias, informando que a produção não atinge maior esca-la devido ao pouco tempo que dispõe para se dedicar à luthieria. “Divido as minhas obrigações entre assistência técnica, reparo e construção de instru-mentos. Para o futuro, planejo ser lu-thier em tempo integral”, diz.

Os luthiers da região atendem ge-ralmente clientes de fora do Vale do Aço, principalmente músicos exigentes em busca de instrumentos com alto padrão de qualidade. Pelo fato dos ins-trumentos serem fabricados com dinâ-mica inversa à das grandes marcas, um violão feito pelas mãos do luthier mui-tas vezes é construído de acordo com o estilo do cliente. Já os instrumentos fei-tos em escala industrial, embora mais baratos, não possuem o acabamento minucioso característico do trabalho de um luthier.

“São instrumentos voltados a músi-cos mais avançados, que buscam uma qualidade de som próxima à perfeição. Uma das vantagens do instrumento construído por luthier é a personaliza-ção do produto. Cada músico possui uma pegada, um jeito de tocar, e essas características pessoais irão determinar

qual o acabamento melhor para satis-fazer aquilo que o cliente procura. Para atender essa necessidade, diversos de-talhes são importantes, desde o design e o tipo de madeira. São detalhes que irão influenciar diretamente na sonori-dade do instrumento”, conta Juninho, responsável pela fabricação mensal de até cinco instrumentos cujo preço varia de R$ 2500 a R$ 10 mil.

Para aprender a construir instru-mentos de alto padrão, é preciso ob-viamente muita paciência, pesquisa e dedicação. Na avaliação de Luiz Gar-cia, o pai de Juninho, o ofício de lu-thier é “praticamente um sacerdócio”. “Existe todo o romantismo da profis-são, mas por trás do glamour que en-volve o nome ‘luthier’, há um trabalho que exige capricho e mais capricho. O serviço exige muito e dá pouco, mas no final das contas, todo o esforço é

compensado quando a gente vê o nosso instrumento sendo tocado por um músico no palco”, diz Garcia.

Para o veterano luthier, o ofício ainda não possui o reconhecimento merecido. Ele se recorda de ocasi-ões em que, ao se identificar como luthier, foi categorizado como “sem profissão”. “Isso aconteceu numa re-partição pública. Sempre houve um certo descaso em relação aos luthiers, porque não somos reconhecidos em certos setores e nem mesmo existe o Dia do Luthier. Talvez esse desconhe-cimento seja uma particularidade no Brasil. Mas realmente acredito que uma parcela maior de pessoas deve-ria saber do trabalho do luthier. Afi-nal, somos responsáveis por construir instrumentos musicais. Quem vive sem música? A música está na alma”, diz Garcia.

Juninho e Garcia, precursor do ofício na região: técnica passada de pai para filho

M i N Ú c i A , P A c i ê N c i A e D e D i c A ç ã o

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Page 24: Revista Contexto #3

Quem deseja comprar um instru-mento feito pelas mãos de um luthier precisa considerar que irá investir em um produto diferenciado. O acaba-mento especial e a utilização de ma-teriais que dão mais conforto ao ins-trumentista são apenas alguns dos motivos que acabam diferenciando os instrumentos de alto padrão. Sobre-tudo, o luthier trabalha para que o ins-trumento produza os melhores tim-

bres possíveis. Esse objetivo fica claro quando Juninho resolve demonstrar à reportagem as diferenças entre uma Fender Telecaster original e uma si-milar produzida por ele. Primeiro ele testa a guitarra que fabricou e em se-guida pluga a Telecaster original.

A mudança é notável e fica a sen-sação de que somente o design das guitarras é idêntico. Enquanto o mo-delo fabricado pelo luthier apresenta

um som mais encorpado, a célebre guitarra da Fender soa mais acanha-da. Até mesmo a ouvidos leigos, é fácil perceber a sonoridade distinta desses instrumentos, como os violões cons-truídos por Francis.

Ao receber a reportagem, ele toca um violão normal e depois empu-nha um construído por suas próprias mãos. Os acordes clássicos tirados pelo instrumento preenchem o am-

24 Profissões

biente, emitindo os dedilhados com mais clareza e fidelidade à escala de notas. Orgulhoso de suas crias, Fran-cis conta que já vendeu violões para artistas como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Tom Zé e Saulo La-ranjeira. Geralmente, ele utiliza ma-deiras do jacarandá brasileiro, abeto alemão e cedro canadense como matéria prima. Os violões variam de R$ 3 mil a R$ 6 mil.

“São instrumentos únicos, com sonoridade, equilíbrio e afinação que dificilmente serão equiparados aos violões fabricados em escala indus-trial. A diferença está no processo de fabricação. O luthier se ocupa de cada detalhe com a mesma dedicação. Na fábrica, o instrumento passa por vá-rias linhas de montagem”, diz Francis, informando que os interessados em aprender a luthieria podem acompa-nhá-lo durante a fabricação, desde que o aspirante compre o instrumento.

c A r A c t e r í s t i c A s Ú N i c A s

Os interessados em adquirir instrumentos dos luthiers citados na reportagem podem entrar em contato através dos telefones:

Juninho: 3826-4317 • Francis: 3826-0101 • Luciano: 8825-4554

As guitarras do luthier Luciano são utilizadas por músicos de todo o Brasil

Page 25: Revista Contexto #3

Fazem mais de cem anos des-de a publicação do livro que inaugurou o gênero autoa-juda. Em 1859, Samuel Smi-les intitulou criativamente

seu livro de “Autoajuda”. Desde então, os manuais (esse nome me parece mais adequado) são um verdadeiro sucesso de vendas. Aposto que essas obras já eram best sellers já naquela época.

O meu ceticismo pelo gênero vai além do fato desses livros dividirem espaço com os de Psicologia na maio-ria das livrarias. É que eles fazem pa-

Um outro olharAmanda de Sá Borges

Psicóloga especialista em Psicologia Clí[email protected]

A tal da autoajuda

“O óbvio contenta. Outras vezes é pior: a falta de rumo é tanta que o absurdo satisfaz”

recer que a vida é fácil. Com fotos de seus autores corados e sorridentes, se-duzem as pessoas a comprarem seus livros que trazem de brinde a felici-dade em grandes pacotes. Com esses manuais, é possível descobrir o segre-do das mulheres atraentes, aprender a arte de conquistar pessoas, enrique-cer junto ao seu cônjuge, escutar o coração, educar seus filhos, encontrar a alegria de viver e, finalmente, desco-brir quem foi o infeliz que mexeu no seu queijo. Esse é só o começo de uma lista interminável de façanhas propos-tas pelos livros de autoajuda.

A idéia desses manuais é que, a partir deles, a vida dos leitores vai mu-dar e eles serão felizes como sempre sonharam. Como se fosse possível ser feliz o tempo todo. Além da pro-paganda ridiculamente enganosa, se você, depois de ler o manual de como ter todas as mulheres aos seus pés, levar um fora, não adianta culpar o livro nem recorrer ao Procon. Afinal, já que o sucesso só depende de você, se você fracassou a culpa é toda sua. Vá correndo procurar o manual que

ensina os fracassados a se tornarem vencedores. Aposto que este tam-bém existe.

Às vezes as pessoas estão tão per-didas que o óbvio contenta. Outras vezes é pior: a falta de rumo é tanta que o absurdo satisfaz. Arriscar-se a dar fórmulas de felicidade só pode mesmo ser tarefa de doido, pra não dizer de gente irresponsável. Não faz muito tempo que em um programa de rádio, de manhã bem cedo, pensei estar alucinando ao ouvir o “terapeu-ta”, escritor e palestrante famoso da autoajuda, aconselhando o ouvinte

que queixava pro-blemas com a mãe, a matá-la. Depois de me certificar da ple-nitude de minhas fa-

culdades mentais, caí na gargalhada. Afinal, fazer o quê?

Fato é que, se não houvesse quem comprasse, as editoras não pu-blicariam tanto. Maldita lei da oferta e da procura. Normalmente, quem bus-ca a autoajuda tem algo em si com o que não está plenamente de acor-do, está insatisfeito e tem intenção de mudança. A autoajuda seria uma alavanca para isso. Da mesma forma que acredito que a autoanálise pode fazer bem para o sujeito, mas por um período curto de tempo – até que o que incomoda volte da mesma forma ou disfarçado por outro problema, acredito que os benefícios da auto-ajuda duram o tempo de terminar a leitura do manual. O que se demora uma vida inteira pra construir, não se desfaz em poucas páginas.

Mudar não é fácil, implica um tra-balho de luto para o sujeito. Para que uma nova parte de nós possa nascer, outra deve morrer. O custo da mu-dança varia de pessoa para pessoa. Mas há sempre um preço. Fórmulas mágicas e indolores é que não exis-

tem. Deixemos os milagres para os santos!

se tornarem vencedores. Aposto que este também existe.

Às vezes as pessoas estão tão per-didas que o óbvio contenta. Outras vezes é pior: a falta de rumo é tanta que o absurdo satisfaz. Arriscar-se a dar fórmulas de felicidade só pode mesmo ser tarefa de doido, pra não dizer de gente irresponsável. Não faz muito tempo que em um programa de rádio, de manhã bem cedo, pensei estar alucinando ao ouvir o “terapeu-ta”, escritor e palestrante famoso da autoajuda, aconselhando o ouvinte que queixava problemas com a mãe, a matá-la. Depois de me certificar da plenitude de minhas faculdades men-tais, caí na gargalhada. Afinal, fazer o quê? Fato é que se não houvesse quem comprasse, as editoras não pu-blicariam tanto. Maldita lei da oferta e da procura.

Normalmente, quem busca a au-toajuda tem algo em si com o que não está plenamente de acordo, está insa-tisfeito e tem intenção de mudança. A autoajuda seria uma alavanca para isso. Da mesma forma que acredito que a autoanálise pode fazer bem para o sujeito, mas por um período curto de tempo – até que o que inco-moda volte da mesma forma ou dis-farçado por um outro problema; acre-dito que os benefícios da autoajuda duram o tempo de terminar a leitura do manual. O que se demora uma vida inteira pra construir, não se desfaz em poucas páginas.

Mudar não é fácil, implica um tra-balho de luto para o sujeito. Para que uma nova parte de nós possa nascer, outra deve morrer. O custo da mudan-ça varia de pessoa para pessoa. Mas há sempre um preço. Fórmulas mági-cas e indolores é que não existem. E deixemos os milagres para os santos!

Artigo 25

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Todo mundo sabe que comer é uma das me-lhores coisas da vida. Esse prazer é ainda maior ao degustar um prato preparado de maneira criteriosa, com produtos de qualidade e apre-sentado artisticamente. No Vale do Aço, o apre-ciador da cozinha harmoniosa e elegante pode satisfazer seu apetite pela alta gastronomia através do serviço oferecido em três estabele-cimentos. Cada um deles possui características bastante singulares que ajudam a suprir a lacu-na de um número maior de restaurantes refina-dos na região. Em seus cardápios, os chefs da Grampian, Dom e Portilho elaboram pratos que instigam e provocam a percepção sensorial, de-monstrando conhecimento íntimo dos alimen-tos, da combinação de sabores, textura e cores.

Apesar de poucos, os restaurantes de alta gastronomia da região oferecem opções variadas que instigam os sentidos pela criatividade e elegância

Durante muitos anos, esta tra-dicional delicatessen funcionou no Centro de Ipatinga até mudar-se para o bairro Cariru. Na nova casa, o proprietário Eli Evangelista Ju-nior decidiu expandir o negócio e a Grampian também passou a oferecer serviços gastronômicos com o mes-mo requinte dos produtos vendidos na casa. “A nossa intenção é desmis-tificar a alta gastronomia, muitas vezes associada apenas a uma pe-quena parcela da sociedade. Acredi-tamos na popularização das melho-res coisas da vida. Ir a um restaurante é um investimento no prazer pessoal e que devia ser permitido mais fre-qüentemente”, diz Eli.

Atualmente, o chef Valdinei da Silva Pontes comanda a cozinha do estabelecimento, que oferece 36 op-ções entre entradas, petiscos e pratos principais. “É um cardápio pautado na cozinha internacional, criado para harmonizar com a carta de vinhos da

casa”, diz Valdinei, que atua no Vale do Aço há 10 anos. Para a entrada, o freguês pode escolher antepastos com pão fabricado pela casa, opções variadas de carpaccio e polenta ao molho de funghi e molho gorgonzo-la. Os petiscos também são criativos e diversificados, com opções que vão desde camarão flambado com uís-que a salsichão salteado com ervas finas ao molho de mostarda.

Entre os destaques dos pratos principais, o chef cita o risoto de fun-ghi, o espaguete com frutos do mar, o filé ao poivre vert (filé mignon alto grelhado, ao molho de pimenta ver-de servido com risoto de Milão) e o cordeiro com tomates secos. Na se-ção de peixes e mariscos, vale desta-car as receitas com salmão (servido ao maracujá ou perfumado com mo-rangos), o bacalhau à Gomes de Sá, a truta com alcaparras e o camarão flambado no espumante com noiset-te de maçã e champignon.

Conheça um pouco do estilo de cada um desses restaurantes:

SERVIçO: Grampian Delicatessen • Avenida Japão,393 • Cariru, Ipatinga Informações: 3822-8200 • www.grampian.com.br

PARA APURAR O PALADAR

Grampian

Gastronomia

Chef Valdinei ao lado de pratos típicos da Grampian: um brinde à harmonia de sabores

Page 27: Revista Contexto #3

Em pouco mais de dois anos de atividade, o Dom já se conso-lidou como um dos espaços de maior diversidade gastronômica da região. O estabelecimento oferece 450 sugestões de pra-tos divididos por cozinhas te-máticas. Algumas das principais cozinhas do mundo estão re-presentadas: italiana, espanho-la, francesa, mexicana, chinesa, tailandesa, peruana, portugue-sa, argentina e japonesa. Aos comandos do chef Alessandro Loureiro, também proprietário da casa, o Dom se destaca pelo atendimento extremamente personalizado.

Os clientes podem optar por receberem o menu por email ou serem surpreendidos pelo cardápio do dia, sempre com criações inovadoras do chef. O ambiente da casa – um espaço pequeno, com poucas mesas ao lado da adega -, cria um clima intencionalmente aconchegante.

“Eu cozinho como se estives-se em casa, cozinhando para os meus amigos. Esta é a extensão da minha sala”, diz Alessandro. O chef informa que a proposta do estabelecimento é trabalhar com produtos inéditos no interior, evi-denciando sabores e disseminan-do a enogastronomia – a arte de harmonizar cardápios e vinhos. “Não acreditamos que o serviço se resume simplesmente a pôr a comida na mesa. Nós fazemos a questão de explicar a concepção dos pratos e quebramos certos protocolos. O Dom é uma casa de comida boa, e evitamos ao máxi-mo intimidar ou coagir os clien-tes. Queremos que eles fiquem à vontade, como se estivessem entre amigos”, diz Alessandro.

A proposta didática do es-tabelecimento se estende a eventos especiais, que englo-bam desde noites dedicadas à determinada cozinha à degus-tação de vinhos e reunião de confrarias.

SERVIçO: Dom Delikatessen & Espaço GourmetAvenida Carlos Chagas, 319 • Cidade Nobre, Ipatinga

Informações: 3826-1026

Dom Delikatessen & Espaço Gourmet

O chef Alessandro aposta na gastronomia

de vários países; na foto acima, a lagosta recheada com cream

cheese, uma das recei-tas exclusivas da casa

Page 28: Revista Contexto #3

Instalado há três anos no Hotel San Diego, o Portilho Ristorante aposta na cozinha italiana clás-sica, mas oferece opções de pratos da culinária árabe, espanhola, francesa e portuguesa. Pelo fato de estar vinculado ao serviço de hotelaria, o res-taurante procura ser diversificado na medida certa para agradar os hóspedes que chegam de diver-sas partes do mundo. “Como atendemos muitos estrangeiros, optamos pela cozinha clássica, que agrada uma parcela maior de clientes. E um dos

Portilho Ristorante28

SERVIçO: Portilho Ristorante • Rua Palmeiras, 406 – Horto, Ipatinga Informações: 3829-6029

diferenciais do Portilho é o serviço de buffet, que é totalmente per-sonalizado e atende qualquer preferência do cliente”, informa Márcia Dantas, gerente do Portilho. O buffet é servido no espaço de festas do restaurante e oferece opções além do cardápio do dia-a-dia – inclusive algumas receitas são criadas especialmente para homenagear as pre-ferências do cliente.

Atualmente, os cozinheiros do restaurante são comandados pelo chef Ryan Lopes, vindo de Belo Horizonte há um ano para supervisionar a equipe regional. Ele explica que diariamente as “sugestões do chef” oferecem receitas especiais de alta gastronomia, criadas para harmo-nizar com os molhos e guarnições do estabelecimento. Entre os pratos mais populares da casa, Ryan cita as receitas com badejo, em especial ao molho de camarão e à Fiorentina. “Outros pratos com bastante aceita-ção pelo público do Vale do Aço são o tornedor ao bourguignon, o filé ao vinho e o salmão ao molho de manga”, diz o chef.

Gastronomia

Sob o comando do chef Ryan, o Portilho se des-taca pela cozinha clássica e buffet personalizado

Page 29: Revista Contexto #3

Vi com várias pessoas a re-edição recente de “A Alma Encantadora das Ruas”, livro de João do Rio lançado em 1908 pela Editora Garnier de

Paris. Comprei para relembrar do óti-mo texto e para entender porque tanta gente ainda se interessa por um livro tão antigo. João do Rio foi uma figura curiosa no Rio de Janeiro das duas pri-meiras décadas do século XX, e mais de um século depois sua paixão pelas ruas continua fascinante. Como Fernando

UrbanidadesRogério Braga de Assunção

Arquiteto e [email protected]

A metropolização do Vale do Aço

“É nas ruas das cidades que descobrimos que somos irmãos, (...) unidos no mesmo crescimento, numa mesma melhoria da qualidade de vida“

Pessoa, João do Rio usou diversos pseu-dônimos e heterônimos de vida própria, mas na verdade se chamava Paulo Bar-reto. Foi o primeiro cronista social a se assumir como jornalista homossexual.

Ele desfrutou de grande prestígio público, reconhecido como autor, li-terato imortal, dono de jornal, bom vivant e viajante internacional. Parado-xalmente, era com muito refinamento e cultura que ele se orgulhava de ser um vagabundo das ruas cariocas. As ruas são sempre fascinantes, e as do Vale do Aço evidentemente oferecem muitos interessantes momentos ao explorador daqui mesmo.

Todo mundo faz como João do Rio ao compartilhar seu amor (íntimo) pelas ruas no mero usufruir dos logradouros. É devido à fruição que se emprega o ter-mo logradouro para os lugares públicos

da cidade. E esse usufruto se dá pela simples presença das pessoas nos es-paços públicos da cidade. Vivenciar es-ses espaços públicos é construir esses lugares. Nada pode ser considerado um lugar sem as construções imaginá-rias e concretas das pessoas que com-partilham esse lugar.

Precisamos conhecer e prestar mais atenção justamente no que está diante do nariz. Assim como as pessoas nunca estão prontas e completas, os lugares também estão sempre em de-

senvolvimento. Pode-se dizer que as cidades do Vale do Aço são novas porque o Vale do Aço está em pleno de-senvolvimento urbano, mas na verdade nenhum lugar é novo porque o mundo já es-tava todo por aí muito tempo

antes do homem começar a construir seus lugares. A novidade constante está na intensidade desta construção, sempre dinâmica e pública, das ruas das cidades. A novidade está em meio ao adensamento das ruas.

Nas cidades antigas, a intensida-de fica depositada na história viva das ruas. Nas cidades de crescimento es-tagnado, a intensidade está nos poten-ciais urbanos, disputados por um me-nor número de cidadãos. Nas cidades novas e em crescimento, como acon-tece com o Vale dó Aço, a intensidade da vida nas ruas excita pela ebulição das oportunidades e pela percepção pelos cidadãos de que eles participam da construção do que aquela cidade está se tornando a cada dia. O Vale do Aço está em pleno processo de aden-samento urbano, o que se traduz por

mais gente por metro quadrado - simples assim. Quanto mais gen-te, mais acontecimentos. É preciso aproveitar a oportunidade de par-ticipar nas ruas da construção do Vale do Aço como lugar. Em termos de desenho urbano, as ruas pratica-mente não mudam suas dimensões à medida que as cidades crescem e a vida se intensifica, se adensa. As ruas carregam a maioria dos serviços públicos (trânsito, transportes, dre-nagem, energia elétrica, água trata-da, TV a cabo, esgotos, correios, etc). Sobretudo as ruas carregam a gente que vive construindo as cidades.

O que cresce nas ruas é a inten-sidade da vida. E o interessante nas ruas do Vale do Aço está justamen-te em poder vivenciar todas as sutis diferenças na construção de cada lugar. A maioria dos lugares no Vale do Aço está em efervescente, inten-sa e densa construção. Aqui, há mui-ta coisa interessante acontecendo o tempo todo para todo lado.

Segundo João do Rio, é nas ruas das cidades que descobrimos que somos irmãos, porque ali nos senti-mos parecidos, não porque sofremos em grupo, nem porque nos nivelem indiferentemente as posturas públi-cas, mas porque a rua nos une num mesmo crescimento, numa mesma melhoria da qualidade da vida da cidade. Conforme João do Rio, “tudo se transforma, tudo varia (...) Os sécu-los passam, deslizam, levando as coi-sas fúteis e os acontecimentos notá-veis (...) Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.” É interessante lembrar que a ori-

Artigo 29

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30 Artigo

gem latina da palavra rua está em sulco, ruga, rego (escoamento das águas de chuva). Em espanhol, por exemplo, a palavra calle tem a mesma etimologia da palavra calha em português, deriva-das de canalis (canais, canos), em latim. João do Rio observa que nos dicionários as ruas não passam de um alinhamen-to de fachadas, quando na verdade as ruas são as veias e as artérias da vida urbana. Uma rua sempre abre para ou-tra e, como argumenta o escritor, a rua, assim como o homem, nasce do espas-mo, do soluço. Há suor no calçamento e em cada casa erguida. Mais ainda do que condutoras dos fluxos e trabalhos humanos, as ruas são niveladoras das obras humanas.

Como diz João do Rio: Sem o con-sentimento das ruas, não passam os sábios. E mais diz João do Rio: Para co-nhecer as ruas, não basta gozar suas delícias, é preciso ter o espírito vaga-bundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível. Como um bom vaga-bundo das ruas, o escritor definiu o fa-moso “flâneur” das ruas de Baudelaire, dizendo que “flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da va-diagem - flanar é perambular com inte-ligência”.

Várias teorias lembram que as ruas definem os tipos sociais que diferen-ciam as cidades, assim como as estradas separam as cidades. A teoria urbana diz que onde morre o caminho nasce a rua. Se as estradas e as ruas criam e delimi-tam os tipos sociais, para conhecer um lugar é preciso conhecer a gente que cruza as estradas para viver nas ruas das

cidades. Sobre conhecer a rua, disse o escritor: “Não procureis evitá-la! Jamais o conseguireis. Quanto mais se procu-ra dela sair mais dentro dela se sofre”. Como o crescimento urbano do Vale do Aço se caracteriza por uma distribuição polinucleada - temos várias centralida-des não hierarquizadas -, temos aqui um amplo cardápio de oportunidades variadas. Temos pólos com ruas de vi-vências muito diferentes. Em Timóteo, por exemplo, as ruas do Centro Sul, nas proximidades da prefeitura, da Igreja de São Sebastião e da Praça 28 de Abril apresentam uma atmosfera muito dife-rente das ruas do Centro Norte, no en-torno da Alameda 31 de Outubro.

Ambos lugares oferecem atrações muito diferentes ao passeador atento, mas as ruas de Timóteo tem muito mais a oferecer. Os lugares centrais são só um aperitivo. Assim ocorre em Coronel Fa-briciano: as ruas no Melo Viana, apesar da antiguidade da ocupação, ainda le-vam a muitas descobertas de surpreen-dentes urbanidades, como nas ruas em volta da Igreja de Santo Antônio na Rua Geraldo Inácio, ou como as ruas com nomes de números que vão dar na Bi-quinha, no Distrito Industrial, no Horto Cascudo, etc.

No centro, um bom passeio de mui-tos ambientes diferentes é dar a volta no Morro do Carmo começando na Rua Alberto Scharlet sobre a antiga linha do trem, ziguezagueando pelas ruas em torno da rodoviária, pelas duas igrejas, pela prefeitura, pelo Colégio Angélica, pela feirinha, rodoviária velha, o trevo, a Tancredo Neves, as casinhas na Rua do Seminário Betânia... Ipatinga também oferece muita diversidade, bem mais

do que passear na 28 de Abril fora dos horários de comércio intenso. É bom costurar a Avenida das Flores por suas transversais no Bom Jardim. Passear no Barra Alegre é outro programa interes-sante, até porque a escala pelas ruas do Limoeiro é outra boa pedida. Voltar do Limoeiro pela sinuosa Rua Tucanu-çu, do outro lado do Ribeirão Ipanema para sair na Vila Celeste, e de lá partir para uma exploração do Bethânia, cujo entorno requer vários dias de passeios diferentes.

As ruas do Caçula, do Panorama, do Iguaçu, da Cidade Nobre, do Esperança, do Ideal... Todas cheias de novidades para quem sempre passa por lá e nun-ca presta atenção em nada. E que tal um tour pelas ruas do Contingente, da Vila Ipanema, do Castelo, do Cariru, do Bairro das Águas, pelo Bela Vista, pelos lados todos do Bom Retiro, Imbaúbas e Horto? Parecem cidades diferentes. Cada canto, cada lado, cada tipo de gente diferente...

João do Rio fazia verdadeiras ex-cursões para conhecer as coisas mais estranhas e ao mesmo tempo mais corriqueiras, como as pequenas pro-fissões de quem trabalha na rua, como os tatuadores. As crônicas de João do Rio visitam até os urubus entre a Santa Casa e os cemitérios; os comerciantes e as tabuletas, os vícios, os músicos, os ambulantes, os motoristas (naquela época, cocheiros), cordões carnava-lescos, mendigos, galerias, as musas... Há muito que descobrir pelas ruas. É o convite necessário que esta coluna faz a todos: Rua. Todo mundo. Rua para todo mundo.

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32 Artigo

Ideias e ideaisFabrízia de Araújo Soares

Psicóloga especialista em Recursos [email protected]

É comum dizer que “em time que está ga-nhando não se mexe”, certo? Errado, pelo me-nos no atual cenário dos negócios. Empresas crescem, ampliam instalações, investem em bens e equipamentos, focam a qualidade, de-senvolvem equipes de trabalho, apostam em talentos e, cada vez mais, buscam expandir sua participação no mercado, mesmo quan-do os resultados já são positivos. Este cená-rio, mais que arrojado, torna-se desafiador aos empresários e gestores responsáveis por manter o negócio em um caminho susten-tável e lucrativo e, paralelamente, promover mudanças.

Procura-se um gestor parceiro da mudança!

“Ser parceiro da mudança é garantir a entrega de resultados, agindo em curto prazo e construindo, porém, uma visão de longo prazo”

A procura das empresas por este perfil de gestor traduz a necessidade de desenvolver um outro olhar frente às oportunidades e de experimentar ações antes impensadas. Em todos os segmentos, espera-se que os gesto-res apresentem vantagens competitivas, tais como a capacidade de adaptação ao novo, su-peração do medo, geração e reconhecimento de novas ideias e soluções.

Independentemente das características pessoais, quando o gestor assume o papel de impulsionador de mudanças, torna-se possí-vel perceber uma interferência decisiva para o êxito dos planos organizacionais. O gestor procurado pelas empresas contemporâneas se permite, a todo momento, redesenhar a configuração do trabalho e utiliza adequa-damente as ferramentas disponíveis para ga-nhar em produtividade e extrair da sua equi-pe resultados surpreendentes.

Neste aspecto, entender a mudança como necessária para a sobrevivência da or-ganização, garantir o entendimento das no-vas regras, traduzir para a equipe os impactos de forma realista e transmitir confiança é pa-pel do gestor. É preciso ter motivação e ha-bilidade para acelerar a tomada de decisões, criar visão, buscar sinergia e equilíbrio entre as necessidades da organização e as necessi-dades das pessoas.

As expectativas empresariais não param por ai. O gestor, frente aos desafios do car-go, vivencia situações que exigem sempre o

melhor retorno para a empresa e para o cliente. Para adaptar-se a este panorama, é fundamental que os empresários desenhem uma estratégia que coloque a empresa alinhada as exigências mercadológicas. Falar em merca-do é falar em inovação, agilidade, flexibilidade, tecnologia, pessoas

e, principalmente, em mudança. Ser parceiro da mudança é garantir a en-

trega de resultados, agindo em curto prazo e construindo, porém, uma visão de longo prazo. A lógica de pensamento aplicada é simples: uma empresa sobrevive se seus ges-tores acompanharem as tendências, forem competitivos, estiverem dispostos a atender demandas urgentes e tiverem mobilidade para se reinventar. Considera-se que há uma única previsibilidade para quem trabalha de olho no futuro - a mudança. Portanto, movi-mente-se!

forem competitivos, estiverem dispos-tos a atender demandas urgentes e tiverem mobilidade para se reinventar. Considera-se que há uma única previsibilidade para quem trabalha de olho no futuro - a mudança. Por-tanto, movimente-se!

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Page 34: Revista Contexto #3

Em uma época que a internet ocupa grande parte do tempo dos jovens - a maioria em meios virtuais de comunicação - é de se

esperar que a sua relação com a escrita es-teja melhor que nunca, afinal, são muitas as horas que este público passa em ambiente virtual para se informar, entreter e interagir com outras pessoas. Entretanto, isto não acontece e, se a relação com a escrita se es-treitou, a qualidade do texto, muitas vezes, está aquém do mínimo considerável ideal. O descaso com a língua portuguesa, por exemplo, é de enlouquecer qualquer gra-mático e deixar professores escandalizados.

Fazer uso de palavras abreviadas na in-ternet já não está em pauta, pois entende-se que algumas formas, tais como “vc”, “pq”, “bj”, “blz”, estão ligadas a uma escrita mais facilitada, a uma urgência quanto ao tempo de produção e de recepção da mensagem e, principalmente, a uma busca de se repro-duzir no espaço cibernético o ritmo de uma conversa informal. Portanto, dentro deste sistema, não falamos em erro, mas em uma escrita adaptada para um suporte e situa-ção específica.

Obviamente, situações diferentes exi-gem posturas diferentes para se utilizar as modalidades da língua e, neste sentido, o cuidado com os “rr”, “m/n”, “ão/am” também se faz necessário quando se trata de outros contextos. Na educação superior, por exemplo, o professor ocupa, muitas vezes, o cargo de re-visor de textos. Isso porque, ao corrigir trabalhos avalia-tivos, projetos de conclusão de curso e infinitas versões monográficas, ele deixa de ser aquele que julga e avalia o conteúdo apresentado pelos alunos para ser o que se preocupa com a espantosa si-tuação da escrita quando, pelo descuido ou pelo olhar viciado de seu autor, o texto não se adéqua à situação exigida e necessita de reparos gramaticais. Ao ser desviado do per-curso inicial, uma boa parte do tempo gasto para a correção dessas atividades é dispen-sado a questões ortográficas, fato que atra-sa o ritmo de trabalho e, mais importante, desgasta o leitor, que de linha a linha troca “ss” por “ç”, “s” por “z”, acrescenta ou remove um marcador de plural, etc.

É claro que estes exemplos são apenas pano de fundo para uma questão muito mais séria, que não está apenas no fato de se saber ortografia, mas de se saber expres-

34 Opinião

sar por meio da escrita. Testes feitos em em-presas, vestibulares, avaliações acadêmicas, provas de mestrado e doutorado exigem ainda que os candidatos se valham apenas das ferramentas clássicas: lápis e papel. Es-pera-se, aí, que o sujeito se posicione, que interprete, que preencha o vazio da página com palavras que façam sentido e que o di-ferencie dos outros. E esta diferença é que conta.

Em situações como esta, o sujeito e sua relação com a escrita podem ser compara-dos a um exemplo dado pelo economista Herbert Simon a respeito do carro e sua im-portância para os indivíduos. Segundo ele, o automóvel foi inventado, inicialmente, para que as pessoas tivessem maior mobilidade. Com o tempo, ele se tornou um brinquedo caro e um instrumento para definir as pes-soas perante a sociedade, deixando de ser um simples mecanismo de transporte para ser a máscara da liberdade e “a última fron-teira da intimidade dos jovens e dos velhos”. Também a escrita ocupa o mesmo lugar da metáfora proposta por Simon: ao dirigir um carro velho em um bairro chique, corre-se o risco de ser detido, investigado e interroga-do, como se o sujeito fizesse parte de uma ação criminosa; do mesmo modo, ao lidar

com a escrita de forma inadequada corre-se o risco da reprovação, de ser impedido de al-çar vôos mais altos e de “estacionar o carro no topo da rua”. Escrever trata-se, portanto, de um conhecimento sobre o sujeito e como ele faz uso da linguagem, afinal, ela não é apenas um instrumento de comunicação, também serve para dar suporte ao pensa-mento.

Para ilustrar, basta conferir algumas pé-rolas das já conhecidas listas que circulam todos os anos, por e-mail, tão logo termi-nam as provas de vestibular, Enem e outros testes. Na hora de produzir textos, de colocar a linguagem a serviço do pensamento para explicar conceitos, surgem construções das mais equivocadas, nas quais é possível verifi-

A ESCRITA À DERIVA

Ao lidar com a escrita de forma inade-quada, corre-se o risco da reprovação, de ser impedido de alçar vôos mais altos e de “estacionar o carro no topo da rua”

car o quão caótica pode estar a escrita e, por conseguinte, as produções textuais, como em “Na Grécia, a democracia funcionava muito bem, porque os que não estavam de acordo, se envenenavam”.

Se, por um lado, pode-se dar risadas ao ler a frase citada, de outro modo é preciso pensar em como o jovem utiliza a lingua-gem em uma situação tão séria como o vestibular, que seleciona, promove e, algu-mas vezes, elitiza. Longe de ser apenas um texto engraçado, a construção apresentada aí mostra que se trata, na verdade, de um descuido com o texto, fruto de pouca prá-tica e desmazelo com a língua. Afinal, o tre-cho em questão, se bem articulado, poderia demonstrar que o candidato tem conheci-mento sobre a democracia grega e como era a participação do povo.

Este é um dos muitos exemplos para se apresentar os problemas da produção textual e evidencia a urgência de se refletir sobre a escrita, a qualidade do texto e a sua importância em diversos contextos. O fun-cionamento da linguagem não é algo tão simples. Expressar o pensamento por meio da escrita de forma adequada requer muita leitura e prática de produção de textual.

Nos tempos atuais, quando o mundo das letras se apresenta cada vez mais tortuoso e defici-tário, talvez a melhor estra-tégia seja alertar os jovens, principalmente, para o fato de que saber utilizar a escri-ta é se tornar livre; que a lin-guagem é primordial para o processo de interlocução e é a partir da utilização cor-reta da língua que essa co-

municação se torna possível. Quem sabe, assim, não se findam as

listas de pérolas que, na verdade, mostram a fragilidade de um povo sem domínio da própria língua?! Se isso acontecer, certa-mente não haverá mais nenhuma análise dos discursos estapafúrdios encontrados por aí, do tipo “O Sócrates é invendável, ine-gociável e imprestável”. Mas este é um ou-tro discurso e, por isso mesmo, uma outra conversa.

* Doutoranda em Estudos Linguísticos e mestre em Estudos Literários pela UFMG. É professora e coordenadora dos cursos de graduação em Letras e de pós-gradua-ção em Revisão de Textos do Unileste-MG.

por Valdete Nunes *

Page 35: Revista Contexto #3

Para a Usiminas, mais importante que comemorar o seu aniversário e de suas empresas é poder compartilhar com os colaboradores e comunidade do Vale do Aço as conquistas ao longo do tempo. Bons exemplos disso são o Hospital Márcio Cunha, que é referência no Estado, o Projeto Xerimbabo, que já foi visitado por mais de dois milhões de pessoas, e o Centro Cultural Usiminas, um dos mais modernos do País. Esses e outros projetos apoiados pela Usiminas, Usiminas Mecânica e Unigal Usiminas ajudam a contar a história do Vale do Aço e contribuem para o desenvolvimento da região. E isso é motivo de muito orgulho.

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Page 36: Revista Contexto #3

36 Arte e cultura

Há muito a fotografia deixou de ser mera ilustração de fatos ou registro de memória; ela co-munica sensações e estados de espíritos a quem a decifra. E cria mundos imaginários, onde é pos-sível parar ou avançar o tempo, esvaziar ou encher os espaços. Mais que hobby ou profissão, a fotografia hoje é uma mídia que se sustenta e dá sustentação a muitas outras atividades. Está presente no álbum de família, na publicidade e, como nunca antes, nas artes.

Essa última atividade tem sido o foco de uma dezena de fotógra-fos do Vale do Aço, que há dois anos se uniram para ampliar o de-bate sobre o tema e dar vazão às suas produções autorais. Primeiro uma lista de e-mails com indi-cações de trabalhos, depois um blog para publicação das fotos de cada um (www.porolhos.zip.net). Por fim, a realização de eventos fotográficos como varais de fotos, projeções e bazares.

Individualmente, os integran-tes dão sequência aos trabalhos autorais e os inscrevem em edi-tais de mostras, prêmios e festi-vais. E com sucesso, pois alguns desses trabalhos já foram premia-dos e integraram mostras pelo Brasil afora, além de países como Alemanha, Espanha e Holanda. E tudo feito aqui, por gente daqui. Uma geração que acredita que uma boa idéia, se bem executada, vale mais que mil imagens.

por Ricardo Alves

Fotógrafos se unem para exercitar a arte de ver o mundo por olhos livres

CLIQUES CONTEMPORâNEOS

RODRIGO ZEFERINO (TERRA CORTADA)

Page 37: Revista Contexto #3

NILMAR LAGE (ORGÃNICO)

RICARDO ALVES (MEIO DIA SOBE A TERRA)

Page 38: Revista Contexto #3

GUSTAVO JÁCOME (SEM TíTULO)

LUCAS BRAGA (EU SEMPRE GOSTEI DE OBSERVAR MONTANHAS)

Page 39: Revista Contexto #3

EDUARDO GALETTO (A FERRO E FOGO)

CAUÃ BITTENCOURT (ONíRICO)

Page 40: Revista Contexto #3

O Baile da Aciati/CDL é o princi-pal evento da classe empresa-rial do Vale do Aço, pois home-nageia os empresarios do ano e destaques dos municípios de

Timóteo, Coronel Fabriciano e Ipatinga. Com muita animação e requinte, o baile celebra o setor que movimenta a economia e gera emprego e renda. Na XIV edição do evento, os empresários do ano foram Carlos Afonso de Carvalho (Ramac), Helvécio Thomás Mar-tins (Farmácia São José) e Sebastião Martins (Transporte Martins), respectivamente de Ti-móteo, Ipatinga e Coronel Fabriciano. As ho-menagens às empresárias destaques foram entregues a Maria José Cabral(Laboratório Cabral Ruback), Maria José Barros (Ethos Ins-tituto de Educação) e Maria Aparecida An-drade Ferreira(Bazar da Cida).

Para o presidente da Aciati, Flávio Leal, o evento faz justiça àqueles que contribuem na construção de uma sociedade melhor, não apenas pela geração de emprego, mas também através de ações sociais – critério importante para escolher os agraciados. “To-dos os anos as entidades buscam homena-gear os empresários à altura do que eles re-almente merecem, retribuindo o que fazem a comunidade que estão inseridos”, ressalta Flávio Leal. O baile aconteceu no dia 11 de setembro no Acesita Esporte Clube, com bufett do Prima Pasta e decoração assinada por Batista de Souza. Ja a animação ficou por conta da Banda EMA, que derubou o dito po-pular ao provar que santo de casa também faz milagre.

O empresário do ano em Timóteo, Carlos Afonso de Carvalho, destacou não trabalhar em função de reconhecimento, mas ressal-tou ser importante quando acontece. “O próprio mercado passa a ter ver com outros olhos após uma homenagem dessa, é muito significativo ser empresário do ano por Ti-móteo”, enfatizou. Afonso, Helvécio Thomas Martins e Sebastião Martins também serão homenageados pela Federaminas no dia 19 de novembro através do Mérito Empresarial, destinado a todos os empresários do ano de Minas Gerais. O evento acontece no Gran-darrell Minas Hotel em Belo Horizonte.

Márcio de Paula

XIV Baile da Aciati/CDL

40 Social

Flávio Leal e RitaCélio Azevedo Jr. e Kátia

Maria José Cabral, Maria José Barros e Maria Ferreira

Carlos Afonso, Sebastião Martins e Helvécio Thomas

Flávia Costa e Rogério Sônia e Agnaldo

Lidiane e Jorge Damasceno Jr.

Valéria e Clênio Guimarães

Daniela Filho e Márcio Penna FOTO

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Liliane e Ricardo Leão

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42 Social

Scenarium

Gente bonita, ambientes temá-ticos , variedades de bebidas e sempre uma excelente música, seja a partir de apresentações de bandas ou som eletrônico.

A Scenarium se firma na região como um projeto inovador que visa mesclar evento e moda, unindo esses dois elementos e for-mando uma só identidade. Conforme os or-ganizadores Tiago Vilela e Fernando Guerra, a Scenarium chegou ao Vale do Aço com o intuito de incutir um conceito diferente. E vem conseguindo!

Cada evento tem um tema, a cada tema um cenário. A primeira festa foi “Carioca”, com garcons caracterizados de malandro carioca, a banca tocando em mesa de bar-zinhos, no estilo roda se samba. Havia até uma imagem do Cristo Redentor, idealizado por um arquiteto da regiao, tudo para quer fosse criado o cenario perfeito. “Não é uma festa apenas para que as pessoas tenham um lugar para sair, beber e encontrar os amigos. É muito mais que isso. A ideia é ofe-recer um evento agradável, de qualidade e que as façam por alguns instantes entrar em um novo cenário”, diz Tiago Vilela. As outras festas foram a Scenarium Harem e Be There. A próxima, em dezembro, será inspirada no universo do botequim.

Conforme Fernando Guerra, a festa fun-ciona no sistema “all inclusive”, em que se paga uma determinada quantia na portaria e o convidado tem todas as bebidas relacio-nadas incluídas, como cerveja, vodka, sucos, água. Algumas outras podem ser adquiridas mediante pagamento no bar. “Esperamos que o evento se firme como um espaço de qualidade e com gente selecionada. Trou-xemos uma tendência de festa dos grande centros e é nisso que apostamos daqui pra frente”, destaca.

novo conceito em entretenimento

Os idealizadores do evento, Thiago Vilela e Fernando Guerra

Roberta, Bárbara, Marcela, Hathane e Ana Luisa Luiz Felipe, Sávio e Victor

Juliana e Louane

Ana Flávia, Luisa, Marcela e Ana ClaraLuciana e Flávia Guiu e Camylla

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