revista contexto #7

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Ano III • Nº 7 • R$ 5,00 Maio/Junho de 2012 revistacontexto.com Na dianteira da economia Comércio, indústria e construção civil mantêm fôlego para apostar no crescimento regional e lideram investimentos no Vale do Aço • Gastronomia online • O desafio de subir o Aconcágua • As diferenças culturais entre Ipatinga e Timóteo GRÁTIS! DVD Janelas do Aço

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7ª Edição da Revista Contexto

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Page 1: Revista Contexto #7

Ano III • Nº 7 • R$ 5,00Maio/Junho de 2012revistacontexto.com

Na dianteira da economiaComércio, indústria e construção civil mantêm fôlego para apostar

no crescimento regional e lideram investimentos no Vale do Aço

• Gastronomia online • O desafio de subir o Aconcágua • As diferenças culturais entre Ipatinga e Timóteo

GRÁTIS! DVDJanelas do Aço

Page 2: Revista Contexto #7

O que a gente faz pra Ipatinga, a gente faz pra você.

Qualidade e compromisso.

Por Ipatinga e pra você, a Câmara Municipal fez e faz muito. Com uma gestão

dinâmica e eficaz, tornou-se modelo de administração em todo o país.

Conquistou o selo de qualidade ISO 9001 e teve sua organização e

sistematização comparada a de uma empresa multinacional. E ainda está

pleiteando a ISO 14001, de gestão ambiental.

Érika FerreiraTécnica do Legislativo

pra você

Ser cada vez mais exemplo para outros municípios

é ser orgulho pra você. É isso que a gente quer,

é isso que a gente faz.

www.camaraipatinga.mg.gov.br

Por você e pra você. É assim que a gente trabalha.

Page 3: Revista Contexto #7

Nossa relação com o cliente já começa pelo nome. Consideramos você um parceiro de negócio e prezamos por isso. Aqui, você vai entender o que é um ello que realmente está conectado com seus objetivos e a conquista dos melhores resultados.

Al. 31 de Outubro, 02, Sls. 202/203 - Centro, Timóteo | MG - Cep: 35.180-014

Quando o ello é forte, você não vai querer se separar.

www.ellocomunicacao.com.br

31 3849.3593

Page 4: Revista Contexto #7

EDIÇÃO Nº 7 maio/JuNho de 2012

06 • NOTAS DA REDAÇÃO

10 • ENTREVISTA

O arquiteto Ronaldo Marques discute os desafios do urbanismo no Vale do Aço

14 • EMPREENDIMENTOSOs detalhes sobre a expansão do Shopping do Vale do Aço

18 • PENSANDO BEM

20 • CAPAOs três principais setores da economia regional – comércio, indústria e construção civil -, se organizam e revelam o que

vem por aí em termos de novos investimentos

30 • COMPORTAMENTODocumentário aborda as diferenças

culturais entre Ipatinga e Timóteo

32 • OPINIÃOPor que ouvir os clássicos?

34 • URBANIDADES

36 • ROTASApós 18 mil quilômetros percorrendo o Brasil

para documentar a biodiversidade do país, Fernando Lara aposta em novos projetos

38 • ESPORTEGrupo de ipatinguenses encara o desafio de subir até o

cume do Monte Aconcágua, o maior das Américas

42 • CULTURA

46 • INTERNETBlogs divulgam a criatividade da gastronomia regional

48 • SOCIAL

50 • FOTOGRAFIAO olhar do cotidiano sob as lentes do foto jornalista Wolmer Ezequiel

Revista Contexto é uma publicação da Ideia & Fato ComunicaçãoRua Padre Zanor, nº 9, sala 102 - Centro, Timóteo / MG

Edição: Márcio de Paula e Roberto SôlhaRedação: Luís Fernando Andrade e Roberto Sôlha

Fotos: Grão Fotografia • Ilustração/Capa: Thiago MirandesDiagramação: Priscila Ferreira Impressão: Gráfica DamascenoComercial: Márcio de Paula • (31) 8759 8356 e Roberto Sôlha • 9629 5994

CoMeNtáRIos, sugestões e CRítICAs: [email protected]

w w w.revistacontex to.com

Page 5: Revista Contexto #7

Endereço: Av. dos Rodoviários, 251,

Santa Terezinha - Timóteo - MG

Telefone: (31) 3848-7108

E-mail: [email protected]

Recuperação edesenvolvimentode bombascentrifugasusinagemde precisão

Page 6: Revista Contexto #7

A organização da 24ª Expo Usipa informa que já comercializou 225 es-tandes para o evento que acontecerá entre os dias 25 a 28 de julho e terá o tema “Inovações e Negó-cios Sustentáveis”. Os es-tandes ficarão divididos em cinco grandes áreas que somam 15 mil metros quadrados de exposição. Empresas de destaque da região têm presença con-firmada, como a Usiminas, Usiminas Mecânica, Ceni-bra, Aperam e Vale, além de outros importantes em-preendimentos locais da indústria, comércio e pres-

tação de serviço. Um dos principais eventos direcio-nados à indústria, comér-cio e prestação de serviços de Minas, a Expo é uma oportunidade para que os expositores estabeleçam laços com grandes empre-sas, mostrem sua marca, façam negócios e se atuali-zem quanto às tendências do mercado. Com previsão de atrair um público de 40 mil pessoas, o evento tam-bém conta com o Encontro de Negócios, palestras, vi-sitas técnicas direcionadas e programação cultural. Mais informações: www.expousipa.com

Criada em 1998, a Região Metro-politana do Vale do Aço (RMVA) irá sair definitivamente do papel para se tornar realidade. Neste segundo semestre, será inaugurada a Agên-cia de Desenvolvimento da RMVA, órgão executivo que será responsá-vel por promover desenvolvimento econômico, realizar o planejamento urbano integrado e fiscalizar o uso do solo nos municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e San-tana do Paraíso. O Governo de Minas vai investir mais de R$2,8 milhões na instalação da Agência de Desen-volvimento, que terá sede em Ipa-tinga e deve iniciar suas atividades até julho. “A Agência complementa o chamado Arranjo Institucional Metropolitano, composto por ins-tâncias de decisão e planejamento que reúnem as cidades do Vale do

Aço”, explica Alexandre Silveira, que foi designado secretário de Gestão Metropolitana em 2011 pelo gover-nador Antônio Anastasia.

“O objetivo é estimular os muni-cípios a encararem problemas e pro-porem soluções de forma conjunta, já que em regiões metropolitanas as fronteiras entre cidades se confun-dem e o problema de um acaba se tornando de todos”, completa Sil-veira. O Vale do Aço já conta com uma Assembleia Metropolitana, órgão em que participam o Execu-tivo e o Legislativo estaduais, além dos prefeitos e presidentes de câ-maras legislativas de todos os mu-nicípios da região, e um Conselho Deliberativo de Desenvolvimento Metropolitano, responsável pela de-finição, coordenação e acompanha-mento da agenda de prioridades.

Composto por representantes dos executivos e legislativos estadual e municipais, o conselho também inclui a participação da sociedade civil organizada. Esses representan-tes reúnem-se a cada dois meses e, desde 2011, já tomaram importan-tes decisões - como, por exemplo, contratar um plano diretor único e integrado para Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso. É exatamente a execução e fiscalização do cumprimento desse Plano Diretor que ficarão a cargo da nova Agência de Desenvolvimento Metropolitano. Além disso, a Agên-cia poderá propor novas políticas públicas relacionadas às chamadas funções de interesse comum, aque-las que afetam todos os municípios, como o transporte urbano e o sane-amento ambiental.

GRAnDeS empReSAS mARcAmpReSençA nA 24ª expO USIpA

AGêncIA De DeSenVOlVImenTO DA RmVA SeRÁ InSTAlADA ATé O SeGUnDO SemeSTRe

06 NoTaS da RedaÇÃo

Cerca de 40 mil pessoas devem visitar a Expo Usipa em 2012

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Cerca de 40 mil pessoas devem visitar a Expo Usipa em 2012

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Em 2006, a Previdência Social ins-tituiu o sistema de altas programadas, por meio da qual os trabalhadores afas-tados por acidente laborais ou doenças tornam-se aptos para voltar às suas funções após passarem por perícias médicas periódicas e receberem alta. A medida visa diminuir os elevados gas-tos com benefícios: em torno de R$ 14 bilhões por ano, segundo estudo reali-zado pela USP. Só no ano passado, mais de um milhão de trabalhadores foram “liberados” pelo INSS. Não por acaso, o mercado de trabalho tem enfrentado dificuldades para se adequar à regra e absorver todo este contingente profis-sional. De um lado, estão os emprega-dos que não se sentem aptos a retornar às atividades após longo período de afastamento. Do outro, os empregado-res que convivem com limitação de va-gas, temem queda na produtividade e ainda arcam com parte dos custos, uma vez que, mesmo após a alta médica, em alguns casos o trabalhador goza de es-tabilidade e/ou de garantia de empre-go por um período, por força de lei e normas coletivas. Uma alternativa que tem se mostrado eficaz ao unir as três pontas desta recente e complexa situ-ação trabalhista é a reabilitação profis-sional. “Além de preparar o trabalhador, até então afastado, para novas funções, ao investir em reabilitação profissio-nal, as empresas reduzem multas tra-balhistas, diminuem custos médicos, consolidam uma cultura de prevenção de novos acidentes e valorizam seu ca-pital humano”, explica a fisioterapeuta Luciana Ulhôa.

Outros benefícios listados são a re-dução do Fator Acidentário de Trabalho

– que representa um gasto de até 6% da folha de pagamento –, melhorias das condições de trabalho e diminui-ção do período de improdutividade dos empregados que receberam alta pelo INSS. Do lado do empregado, as vantagens são a qualificação e sua rein-serção ao mercado. “Após passar pela reabilitação profissional, o trabalhador não apenas torna-se apto a retornar à sua empresa de origem, mas abre, in-clusive, a possibilidade preencher va-gas em outras empresas conforme sua formação e/ou especialização”, com-pleta Luciana Ulhoa.

CoMo fuNCIoNA

Diferentemente da reabilitação médica convencional que cuida ape-nas da patologia e/ou acidente limi-tador da capacidade laboral, a rea-bilitação profissional envolve uma equipe multiprofissional e atividades diversas, como explica o terapeuta ocupacional Ronan Delfin Machado. “Ao ser indicado para a reabilitação pelo INSS, o trabalhador passa por capacitações, acompanhamento médico-psicológico e atividades mo-tivacionais visando a sua reinserção ao mercado de trabalho e sua adap-tação à rotina de trabalho”, detalha. O processo de reabilitação profissio-nal dura entre quatro e seis meses. Durante este período, o empregado continua a receber o benefício pelo INSS. Cumprida todas as etapas, o profissional passa por nova avaliação médica da empresa e perícia do INSS e então recebe o certificado individu-al de reabilitado.

ResultAdos posItIvos

No Brasil, segundo dados da Previdên-cia Social, as empresas que adotam este processo com equipe própria, têm obtido um índice médio de reintegração de 30%. Na CIC-Habilitá, única do Leste de Minas es-pecializada neste tipo de serviço, o índice ultrapassa 80%, sendo que boa parte dos reabilitados voltaram, e se mantém, na área operacional, especialmente a siderurgia. Outro dado que comprova o sucesso do programa é que a maioria dos reabilitados vêm de um período de afastamento médio de sete anos. Embora tenha um custo para a empresa, o programa se mostra extrema-mente viável se comprado aos gastos do empregador com contribuições a título de seguro de acidente do trabalho, estimado em torno de R$ 8 bilhões por ano. Isso, sem falar no ônus econômico e, principalmente psicológico, para os funcionários e setores envolvidos no acidente e doenças laborais, que podem ser minimizados pela reabilita-ção profissional. Vale lembrar que o afasta-mento do trabalhador implica em remane-jamento de pessoal, treinamento de novos funcionários e, dependendo do caso, até na paralisação temporária e queda de produtividade do setor. Mais informações: www.habilitamg.com.br

ReAbIlITAçãO pROfISSIOnAl é AlTeRnATIVA pARA AlTAS pROGRAmADAS DO InSS

08 NoTaS da RedaÇÃo

O Colégio São Francisco Xavier (CSFX) anunciou a formalização da par-ceria com a PUC Minas. Através de uma cooperação mútua, as duas entidades irão instalar um pólo de educação para

cursos de pós-graduação e de ensino à distância nas instalações do próprio CSFX, no bairro Cariru, em Ipatinga. Com o pólo no CSFX, Ipatinga será a sétima ci-dade do estado a ter um campus da PUC

Minas, incluindo Belo Horizonte, que possui quatro campi. Serão oferecidos cursos de pós-graduação nas áreas da saúde, educacional, empresarial, direito e engenharia.

eduCAção: CsfX IRá ofeReCeR CuRsos de pós-gRAduAção dA puC

O método envolve uma equipe multiprofissional e atividades diversas A

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CURSOS�OOFRRADOS:RFCN�LO�OS:�R������������������������R�������������R���������������LICFNCIARURAS:����������������������������������������������������D�������-��������������L����������������I�������L����������������F��������������������AC�ARFLADOS:�A��������������C��������C��������

A Universidade à altura dos seus sonhos.

��S-�RADUA��O:���������������

R. Manoel Samora, 10, Bromélias ‐ Timóteo/MG ��3���3849-4200POLO TIMÓTEO

www.uniube.br

Page 10: Revista Contexto #7

10 eNTReviSTa •RoNaldo maRqueS

ARqUITETURA emeRGenTe

O crescimento vertiginoso e desordenado das ci-dades, o trânsito cada dia mais violento e caótico, as ocupações de áreas de riscos, a falta de política habi-tacional, saneamento básico e de espaços de convi-vência social. São muitos os problemas enfrentados pelos municípios do Vale do Aço, a exemplo do que acontece em todo o país, apesar das cifras bilioná-rias gastas na busca de soluções ainda incipientes. Essa realidade não é de agora, mas traz à cena con-temporânea a presença atuante dos profissionais de arquitetura e urbanismo, duas áreas com mercados atraentes diante dos desafios do mundo cada vez mais urbanizado.

Para Ronaldo Moreira Marques, a arquitetura vive um momento profícuo. “Ao longo do tempo, a participação dos arquitetos vai se tornando mais imprescindível para a vida nas cidades”, argumenta. Com mais de 40 anos de profissão, arquiteto apo-sentado da Usiminas, Ronaldo Marques possui ex-periência junto às prefeituras de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo e, atualmente, trabalha para a Fundação Gorceux na elaboração do projeto de atu-alização e revisão do Plano Diretor de Ipatinga, acu-mulando ainda a representação regional do Conse-lho de Arquitetos e Urbanistas do Brasil (CAU-BR).

Para o representante regional do CAU, ainda estamos “capengando” em termos de soluções urbanísticas. Mas a expansão das cidades, as exigências legais e novas áreas de trabalho

colocam arquitetos na lista de profissionais mais demandados pelo mercadopor Luis Fernando Andrade

O Conselho de Arquitetos e Ur-banistas do Brasil (CAU-BR), criado no final de 2010, começa a atuar num momento em que a arquitetura está em pleno crescimento no Vale do Aço, em termos de valorização do pro-fissional no desenvolvimento das cidades. Qual a sua avalia-ção sobre esse processo?

De fato, o CAU-BR está em fase de implantação, se cons-tituindo em todo o país. Mas já conta com representações em todos os estados e uma presi-dência nacional bastante ativa. A criação do conselho se concre-tizou após uma luta de mais de 50 anos e conta com um grande engajamento dos arquitetos. So-mos cerca de 100 mil registrados no mercado brasileiro, sendo que 14 mil atuam em Minas. A arquitetura anteriormente esta-va ligada ao CREA – que hoje é o Conselho Regional de Enge-nharia e Agronomia – e passou a ser de responsabilidade do CAU. Então, o conselho fiscali-za o exercício da profissão nos projetos de empreendimentos e intervenções urbanas e busca novas oportunidades para os profissionais, para que possam executar as suas atividades de forma tecnicamente confortável e que venham promover o de-senvolvimento da qualidade de vida na região.

O Leste de Minas dispõe de cer-ca de 300 arquitetos e o curso de arquitetura do Unileste for-ma novos profissionais a cada ano. Há espaço para tanta gen-te no mercado? Como está a or-ganização da categoria diante dos desafios atuais e futuros?

A princípio a gente se im-pressiona com os números, mas a verdade é que a participação dos arquitetos e urbanistas vai se tornando mais imprescindível nas cidades. O poder público ab-sorve atualmente uma grande quantidade de profissionais es-pecializados em diferentes áreas da arquitetura para trabalhar na solução dos problemas urbanos que se avolumam no cotidiano. Por outro lado, no Vale do Aço há vários escritórios particula-res de arquitetura que ganham destaques em concursos, o que valoriza ainda mais a profissão. O curso, por sua vez, é muito im-portante para fomentar, difundir conhecimentos e divulgar a ar-quitetura.

Mas a faculdade não tem como formar profissionais so-mente para atuar na região. Mui-tos vão para outras cidades de-pois de formados, assim como o Vale do Aço recebe, também, profissionais de outras partes do país. quanto à organização da categoria no plano regional, ela é positiva muito em função do

“Em certa medida, as cidades são como nós, seres humanos, com suas características,

peculiaridades e necessidades específicas”

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LESTE DE MINAS,

CONSECUTIVO.

A MELHOR DO

PELO 3º ANO

*De acordo com o Índice Geral de Cursos (IGC) do MEC.

próprio curso do Unileste, que desperta novos debates em torno da realidade da profissão. Em fevereiro, tive-mos a instalação da segunda diretoria do Núcleo Leste do Instituto dos Arquitetos do Brasil – entidade criada pra-ticamente por professores da Unileste em 2009 e que agora conta com a participa-ção de profissionais forma-dos em outras faculdades –, abrangendo todos os muni-cípios da RMVA.

Em sua opinião, qual é o pa-pel primordial do arquiteto no processo de expansão urbana das cidades do Vale do Aço?

Na verdade, o Estatuto das Cidades e o Ministério das Cidades formaram uma mudança de paradigma nesse processo. O Estatu-to foi criado para tratar do planejamento das cidades, levantando questões até então pouco consideradas,

como mobilidade, sane-amento básico, trânsito, áreas de habitação social, entre outros aspectos. O Mi-nistério começou a difundir o debate sobre questões das cidades, abrindo espa-ços para a maior atuação dos arquitetos e urbanis-tas. Como há uma evolução das necessidades, a partici-pação dos arquitetos está mais presente. As pessoas estão percebendo a impor-tância do profissional para os empreendimentos de edificações, por exemplo, coisa que até pouco tempo era pouco valorizado.

A RMVA se movimenta para se estruturar confor-me prevê a legislação, vi-sando alcançar uma ges-tão independente, o que é muito importante para trazer oportunidades e haver mais equilíbrio no desenvolvimento regional. Em todos os sentidos, acho que é de extrema relevân-cia a participação dos ar-

quitetos nos debates que acontecem atualmente, pois eles podem contribuir substancialmente para encontrarmos alternati-vas sustentáveis diante dos enormes problemas que vivenciamos no dia a dia das cidades. Não existe uma cidade igual à outra. Em certa medida, elas são como nós, seres humanos, com suas carac-terísticas, peculiaridades e necessidades específi-cas. Então, é fundamental que o profissional esteja junto dessa realidade e possa apontar os melho-res caminhos para que as cidades se tornem o lu-gar que todos desejamos.

A partir do Estatuto das Cidades, a questão da expansão urbana ganhou relevância nos debates, com a obrigatoriedade dos municípios planejarem o seu próprio crescimento, envolvendo a participação

dos setores públicos e da sociedade. Mas o que se vê é que há certo despreparo político e técnico dos muni-cípios na condução de pro-cessos de tamanha respon-sabilidade. Como superar esta realidade e avançar?

Antes de qualquer coisa, é preciso considerar que a maior parte dos municípios brasileiros é formada por cidades pequenas, muitas vezes sem qualquer infra-estrutura urbana sólida e que, ao longo dos anos, vão ganhando novas formas de-sordenadas. Neste sentido, o Ministério das Cidades foi uma grande conquista para o país, porque a partir dali as cidades que não têm re-cursos passaram a receber apoio governamental para desenvolver as suas ações. Os recursos vão aparecendo para investimentos, criação de projetos e formação téc-nica. Isso serve para cons-cientizar os políticos sobre a

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12 eNTReviSTa

necessidade de trabalhar em prol dos municípios e não deixar as cidades de lado.

Cada vez mais, os muni-cípios estão se estruturando para responder às suas pró-prias demandas, não somen-te na captação de recursos e investimentos, mas também tecnicamente, para serem beneficiados pelos progra-mas governamentais. Hoje, os municípios são obrigados a fazer um Plano de Habita-ção de Interesse Social, que é de extrema importância, especialmente para as famí-lias de baixa renda, com pro-jetos de saneamento básico, redução de riscos dentro das cidades, entre outros pon-tos. Para citar apenas um as-pecto, a questão do trânsito requer pesquisas e estudos técnicos avançados, mas ao mesmo tempo é um proble-ma tão atual e emergente que ainda apresenta carência de maior fonte de dados teó-ricos para se chegar aos pro-jetos mais adequados. Enfim, o dinamismo da evolução das cidades é impressionan-te e, por isso, cada vez mais se tornam necessárias equi-pes completas e preparadas para apresentarem soluções e caminhos novos. São áreas que necessitam de soluções em todas as cidades do país. Como elas vão crescendo, os problemas se tornam cada vez mais complexos e de maior importância.

No Vale do Aço, as cidades estão atrasadas na elabo-ração do Plano Diretor e das respectivas leis complemen-tares e códigos de posturas. Em contrapartida, diversos empreendimentos de gran-de porte estão virando reali-dade em todos os cantos da região. O crescimento de-sordenado das cidades irá persistir ou é apenas uma sensação passageira?

É preciso explicar que o Estatuto das Cidades pre-vê um prazo para os mu-nicípios que já tinham o seu Plano Diretor fazerem a revisão do mesmo, e ou-

tro prazo para aqueles que ainda não dispõem da le-gislação elaborada. Já o Mi-nistério das Cidades criou a Conferência Nacional das Cidades, proporcionando uma forma participativa para estabelecer as políticas nacionais a serem implanta-das nos municípios, orien-tadas por meio do Conselho Nacional das Cidades. Essas instâncias envolvem, neces-sariamente, a participação de todos os segmentos so-ciais. Lembro-me que em uma dessas conferências foi apresentado o caso da Avenida Gerasa, em Ipatin-ga, que na época já estava totalmente reformada, mas ainda convivia com proble-mas decorrentes da falta de proteção nas margens do curso d’água (defensas ou guard rail).

Então, num fórum aber-to e participativo, o caso foi citado e dali foram criadas novas diretrizes que aca-bam por beneficiar várias outras cidades, evidencian-do a importância da segu-rança na construção das vias públicas. Certamente o poder público enfrenta difi-culdades para arcar com a responsabilidade de plane-jar adequadamente as cida-des. Um professor que tive na universidade gostava sempre de comparar o se-guinte: Brasília foi planeja-da para 500 mil habitantes, e o país gastou um dinhei-ro violentíssimo para a sua construção; em contrapar-tida, na época, a cidade de São Paulo já projetava um crescimento de mais ou me-nos 500 mil habitantes por ano e não dispunha de tan-tos recursos para enfrentar essa realidade. Era como se anualmente fosse necessá-rio fazer uma Brasília dentro de São Paulo. Então, é pre-ciso reconhecer que mesmo com muitos recursos dispo-nibilizados, ainda estamos capengando em termos de soluções. Talvez em função dessa dinâmica toda, o pla-nejamento e a fiscalização, duas áreas antes relegadas

ao segundo escalão na ad-ministração pública, hoje ocupam lugar estratégico de destaque no organo-grama das prefeituras, para acompanhar, organizar e orientar o crescimento das cidades.

Como arquiteto e represen-tante regional do CAU-BR, qual a sua avaliação sobre o Plano Diretor Integrado da região, em discussão na Assembleia Legislativa e defendida pela Secretaria Extraordinária de Gestão Metropolitana?

Primeiramente, gerir uma região metropolitana não é tarefa das mais fá-ceis. São diversas cidades do conglomerado, com pro-blemas, peculiaridades e carências específicas e tam-bém comuns. O planeja-mento deve levar em conta que essas cidades formam uma só região, com inúme-ras especificidades. Por isso, considero o Plano Diretor Integrado de vital impor-tância.

No Vale do Aço, temos um complexo de casos: cidades maiores com cidades meno-res no entorno; cidades dor-mitórios ao lado de cidades industriais; empreendimen-tos em áreas que fazem divisa com mais de um município, entre outros pontos. Então, o Plano Diretor Integrado de-verá organizar o crescimento regional com oportunidades para todos os municípios de maneira harmoniosa, para oferecer melhores condições de sobrevivência e de gestão. A participação popular nesse processo de discussão e de-liberação torna-se essencial para o sucesso do plano.

Ainda levando em conta a sua experiência profissio-nal, que área demandaria ações emergenciais para se evitar o caos urbano no Vale do Aço: acessibilida-de, mobilidade/trânsito, edificações ou áreas ver-des? Por quê?

A gente não pode esque-cer que a natureza é impla-cável e não perdoa. Não há uma área de menor impor-tância do que outra citada, mas alguns casos se tornam muito aparentes e pedem reflexões permanentes. Por exemplo, a questão da mo-bilidade e do trânsito. quan-do cheguei ao Vale do Aço, era comum ver duas famílias comprando um carro em so-ciedade para atender às suas necessidades. Cerca de 40 anos depois, muitas famílias hoje têm mais de três carros na garagem. Hoje, tem hora que a gente pensa: a cidade vai parar. Porque, simples-mente, não se consegue andar em determinados tre-chos e horários. Daí se torna necessário planejar novas in-tervenções viárias e criar nor-mas, como o revezamento de placas, corredores exclusivos para ônibus e caminhões, etc. O plano de edificações também não pode ficar para trás, porque as construções refletem diretamente na qualidade de vida das pesso-as, na convivência social das cidades. quando se constrói muito intensamente e de forma desordenada, isso aca-ba afetando a circulação dos moradores em determinados bairros, a iluminação e venti-lação dos imóveis, a capaci-dade de absorção das redes de água e luz, enfim, uma sé-rie de fatores que interferem nas condições de vida da po-pulação.

Não podemos nos es-quecer de outros pontos im-portantes, pois as áreas de interesse social e o meio am-biente são fundamentais e necessitam ser avaliadas, pla-nejadas e estruturadas para criar melhores condições, es-pecialmente para as famílias mais necessitadas. Em suma, o mais compatível é que as cidades se conformem de acordo com os anseios so-ciais de seus moradores e, assim, possam superar as enormes dificuldades apon-tadas em diversas áreas do desenvolvimento urbano.

Page 13: Revista Contexto #7

CONTATOS: 31. 3823 4023 Área das Indústrias, 400 • Bom Retiro - Ipatinga / MG

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A Fábrica de Estruturas Metálicas e Caldeiraria (FAEMES), atua desde 1994 no mercado de Ipatinga e preza pela qualidade e excelência ao atender as demandas de cada projeto. Localizada numa área de 2500 metros quadrados, a FAEMES possui estrutura e capacidade técnica e operacional para atender seus clientes conforme os prazos estipulados, oferecendo recursos para execução de qualquer projeto que necessite de soluções em ferro e aço.

Clientes: USIMINAS, FSFX, INSTITUTO CULTURAL USIMINAS, CAMARGO CORREA, UNIGAL, IPÊ RECANTO CLUBE

Page 14: Revista Contexto #7

14 empReeNdimeNToS

AmplIAnDO hORIzOnTeS

Em todo investimento que se preze, a noção de expandir, amplificar e desenvol-ver está embutida desde a fundação. Mas o passo na medida certa requer planejamen-to para os negócios se consolidarem e pros-perarem no momento certo. quando foram abertas as portas do Shopping do Vale do Aço, em setembro de 1998, a carência por um centro de compras e entretenimento era total numa região destaque no PIB estadu-al, que conta com alto poder aquisitivo e de consumo. Dizia-se à época que a melhor loja para se comprar no Vale do Aço ficava em... Belo Horizonte.

O novo empreendimento, então, foi or-ganizado para oferecer produtos de pri-meira linha e acesso a todos os públicos.

Shopping do Vale do Aço se prepara para estar entre os melhores do país, com investimentos de R$ 200 milhões nos próximos dois anos

Se no começo chegou a haver rumores conservadores de que a chegada do shopping pudes-se “elitizar” o consumo e “que-brar” o tradicional comércio nos bairros e na área central de Ipatinga, o que se viu foi justa-mente o contrário. O Shopping do Vale do Aço passou a figurar no cenário comercial estadual com grande destaque, a região tornou-se principal pólo cultu-ral do interior de Minas Gerais e o comércio localizado nas cidades permaneceu aqueci-do, obedecendo às demandas crescentes da população con-templada com melhor poder aquisitivo.

Prestes a completar oito anos, em 2006 o Shopping do Vale do Aço inaugurou a sua primeira expansão, abrigando mais lojas numa área de 3.800

metros quadrados. Já no ano seguinte, duas novas mega-lojas foram lançadas e a praça de alimentação e a fachada do shopping foram revitalizadas. O condomínio hoje conta com uma área construída de 30,5 mil metros quadrados, totalizando mais de 110 lojas, três salas de cinema, áreas de lazer e esta-cionamento para 1.150 veícu-los. Localizado às margens da BR-381, em Ipatinga, o Shop-ping do Vale do Aço tornou-se referência para os moradores de todas as cidades do colar metropolitano, além de milha-res de viajantes e turistas que visitam diariamente a região. De acordo com levantamentos da administração do condomí-nio, circulam pelo mall cerca de 560 mil pessoas por mês, ou 18 mil por dia.

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poteNCIAl – Agora, o principal objetivo é posicionar o Shopping do Vale do Aço entre os melhores de Mi-nas e do Brasil, conforme o superin-tendente do empreendimento, Wa-shington Luiz Pimenta. No segundo semestre deste ano, está programado o início da terceira expansão do com-plexo de lojas e entretenimento, o que já desperta grandes expectativas de mais empregos, rendas e novos negócios na região. “Enxergamos a necessidade de ampliação do cen-tro de compras e o desejo do nosso público de ser atendido por gran-des marcas que ainda não estão no nosso shopping e nem no Leste de Minas Gerais”, aponta Pimenta.

Esta também é a visão da As-sociação Brasileira de Franchising (ABF), que aponta o Vale do Aço como região com “potencial emer-gente” e propícia a novos empre-endimentos. A entidade estima um crescimento regional de 18% do setor , especialmente em função da terceira expansão do shopping, que hoje abriga 12 lojas de franquias e deverá ganhar novas unidades fran-queadas nos próximos anos.

Os investimentos em shopping centers estão em praticamente to-das as regiões brasileiras, com pre-visão de 43 novos empreendimentos a serem inaugurados ao longo de 2012. A Intermall Empreendimentos e Participações, administradora do Shopping do Vale do Aço, prevê um

montante de R$ 200 milhões aplica-dos nas obras da terceira expansão e pelos lojistas na montagem dos novos estabelecimentos. Além dis-so, estima-se que 1.500 empregos sejam criados durante as obras e ou-tros 3.000, diretos e indiretos, com o funcionamento do novo mall, a par-tir do final de 2013.

AvANços - Com praticamente o dobro de área construída, em re-lação à estrutura atual, o projeto de expansão do Shopping do Vale do Aço apresenta espaços arroja-dos, avançados conceitos de ar-quitetura e engenharia, além de tecnologias modernas de preser-vação ambiental e acessibilidade.

O planejamento detalhado está embasado em estudos técnicos e comerciais, além de uma ampla pesquisa de mercado junto à po-pulação da região. Conforme os empreendedores, todos os indica-tivos apontam para a necessidade de tornar o Shopping do Vale do Aço um ponto de excelência em vendas e investimentos.

A garantia de qualidade aos lojistas e consumidores, com me-nor custo operacional de manu-tenção, sempre esteve presente no plano estratégico do empre-endimento, afirma o engenheiro Marcelo Couri, que atua no Sho-pping do Vale do Aço desde o princípio. Ele aponta as enormes claraboias na praça de alimenta-ção, para aproveitamento da luz externa, e o sistema central de ar condicionado, com tanques de termo-acumulação de água para fornecimento em horários de pico, como algumas inovações do projeto atual que já demons-tram essa preocupação constan-te com a redução de consumo de

energia elétrica no condomínio, o que acaba favorecendo ao meio ambiente e ao bolso dos lojistas. “O princípio de todo o projeto é garantir sustentabilidade e redu-ção de custos para os investidores, e mais conforto para a satisfação do público que vai ao shopping”, descreve o engenheiro.

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Em contrapartida ao modelo arquitetôni-co horizontalizado que vigora até hoje, con-cebido para satisfazer uma necessidade dos investidores, as transformações na terceira expansão serão expressivas. “Daremos um grande salto de qualidade e atualização no uso dos equipamentos do shopping”, adianta o arquiteto André Abreu, da Sito Arquitetura (Belo Horizonte), empresa vencedora do pro-jeto arquitetônico do Centro Cultural Usiminas (1996) e responsável pela nova etapa de obras no shopping. A nova estrutura irá abrigar mais de 140 lojas, praça de alimentação e eventos, edifício garagem e estacionamento com capa-cidade aproximada para 2.000 veículos. Uma das principais novidades do projeto é a cons-trução de uma torre de 15 andares para uso comercial e de hotelaria, seguindo tendências de padrões internacionais.

Outra atração do Shopping do Vale do Aço promete ser o segundo piso, com qua-tro novas salas de cinema em tecnologia 3D e amplo mix de lojas, cujo acesso será fei-to por elevadores e pelos primeiros kits de escadas rolantes a serem instalados em pré-dios da região. quem esteve na inauguração do shopping, há quase 14 anos, conhece his-tórias curiosas de visitantes que esboçaram (*) Valores aproximados.

números da expansãoShOppInGÁrea construída

Número de lojas

Lojas âncoras

Mega lojas

Lojas satélites

Salas de cinema

Estacionamento

Empregos gerados

30,5 mil m²

112 unidades

4

2

106

3

1.150 vagas

1.500

72 mil m² (*)

240 unidades (*)

7

8

225

7

2.000 vagas (*)

3.000 (*)

cOmO eSTÁ cOmO fIcARÁ

certa decepção com a ausência dos equipamentos “que sobem e descem sem fazer força”, existentes nos grandes shoppings das capitais. Agora, mais esse sonho de consumo vai se tornar reali-dade no Vale do Aço.

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Um dos teóricos mais lidos em Ci-ências Política é o diplomata e historia-dor italiano Nicolau Maquiavel (1469 – 1527). Sua principal obra, o Príncipe, versa sobre como a autoridade políti-ca deve se comportar para manter-se no poder. Escrito para atender a uma expectativa da sociedade italiana da época, a obra foi lida por grandes per-sonagens da História e continua fasci-nando leitores dos diversos segmentos da sociedade.

Em O Príncipe, Maquiavel analisa o comportamento humano e diz que os homens não são maus e nem bons, mas tendem para a maldade quando seus in-teresses pessoais estão em jogo. O livro também versa sobre como um líder ja-mais deve se esquecer que será avaliado pela eficácia das próprias ações, e não

pelos discursos planejados para atender à expectativa do público.

Maquiavel foi mal interpretado por alguns leitores. Durante um tempo, o termo “maquiavélico” foi atribuído às maldades planejadas. Na realidade, a in-terpretação do autor como um homem que ensina maldades se deu por falta de conhecimento de que Maquiavel es-creveu a obra analisando os dados que vivenciou no meio político da época. Nesse sentido, ele constatou que a so-

ciedade valoriza mais as apa-rências do que a essência.

A discussão sobre cuidar das aparências foi criticada pelo filósofo iluminista Jean--Jaques Rousseau, que dizia que os políticos tratam as

questões públicas como se estivessem num teatro. Para o filósofo de Genebra, os políticos fazem um jogo de cena para agradar aos eleitores e, quando eleitos, representam papéis que não coincidem com a vontade do povo. Marx também versou sobre o tema das aparências e fez uma análise de como a sociedade

capitalista investe na imagem da mer-cadoria fazendo com que ela provoque um fetiche nos consumidores. Portanto, o tema das aparências merece leituras mais aprofundadas.

Contudo, vale ressaltar que, de to-das as teorias defendidas por Maquiavel para a manutenção do poder, pelo me-nos duas merecem destaque. A primei-ra é de que o Príncipe deve ter virtude, perspicácia, astúcia e contar com a sor-te, com o acaso, nas decisões e articula-ções políticas. Ter virtude e contar com a sorte se justificam, pois no meio político e na administração em geral nem tudo está definido. A outra recomendação é de que o governo jamais deve roubar o dinheiro dos cidadãos. Em nenhuma hi-pótese o governante poderá desviar di-nheiro do povo. Maquiavel lembra que as pessoas têm mais facilidade de es-quecer a morte de ente querido do que o roubo provocado por um governante. Portanto, reler Maquiavel pode ajudar a manter uma regra básica que tem sido ignorada secularmente: jamais desviar dinheiro público!

Pensando bemsérgio pedro duarte

Historiador, sociólogo e mestre em [email protected]

Maquiavel e a corrupção política

O Príncipe versa sobre como um líder jamais deve se esquecer que será avaliado pela eficácia das

próprias ações, e não pelos discursos planejados para atender à expectativa do público

18 aRTigo

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20 Capa

ReAçãO pARA encARAR nOVOS DeSAfIOS

Apesar dos resultados da econo-mia em 2011, com números nada fa-voráveis especialmente na indústria, os diversos segmentos produtivos da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) continuam investindo em modernização e se movimentan-do em busca de novos consumidores para superar os efeitos da crise que assola o mercado globalizado. Mes-mo os setores siderúrgico e de celu-lose, muito afetados pela alta com-petitividade internacional, mantêm um significativo aporte na expansão de suas produções. Na construção ci-vil, o grande volume de obras anun-ciadas ou em andamento, somado às intervenções já concluídas nas plantas industriais das empresas ân-coras, dão a medida da reação para encarar os novos desafios. Já no se-tor de comércio e serviços – o que mais gerou empregos nos últimos cinco anos (ver gráfico na página ao lado)-, são inúmeros os projetos em desenvolvimento nas cidades e que, conjuntamente, tendem a consoli-dar a RMVA como importante pólo de atração de negócios em âmbitos estadual e nacional.

Num cenário paradoxal, os dados negativos são combatidos com uma boa dose de otimismo em todos os setores. Há também uma renova-da esperança no sentido de que o governo federal possa, finalmente, intervir estrategicamente para con-ter a ameaça de desindustrialização que ronda o país. “Estamos vendo indústrias de todo porte investindo em inovação, mas de nada adianta se as políticas públicas não focarem na revisão da carga tributária, da le-gislação trabalhista e da desburocra-tização do setor produtivo. De que vale ser a sexta economia do mundo

Apesar da crise, baixa oferta de mão de obra e graves problemas de logística, principais setores da economia regional mantêm

investimentos importantes para o crescimento do Vale do Aço

baseada apenas em commodities?”, questiona o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) no Vale do Aço, Lucia-no Araújo, fazendo alusão à principal relação do Brasil com o restante do mundo, através das matérias-primas exportadas para outros países e co-tadas nas bolsas internacionais. “Não bastam medidas protecionistas con-tra a importação de produtos e merca-dorias para satisfazer às necessidades da indústria nacional”, completa Araú-jo. Em sua análise, o dirigente indus-trial cita que as empresas âncoras da região, como Aperam, Cenibra e Usi-minas, estão em constante busca por inovações, investindo milhões de reais

no uso de gás natural; a Unigal inau-gurou uma nova linha de galvanização e a usina de Ipatinga passou a operar uma linha exclusiva na produção de aço destinado ao setor de petróleo e gás, agregando mais valor à sua pro-dução. Também a Usiminas Mecânica lançou uma linha automatizada de fundição e a Aperam investiu pesado no alto-forno para carvão vegetal, em substituição ao coque metalúrgico.

“As indústrias fazem a sua parte, e é preciso que o governo assuma a sua responsabilidade, por exemplo, fazendo uma reforma tributária pro-funda, para alcançarmos conjuntu-ras mais promissoras na indústria”, afirma Araújo.

“As indústrias fazem a sua parte, e é preciso que o governo assuma a sua responsabilida-de, por exemplo, fazendo uma reforma tributária profunda, para alcançarmos conjunturas mais promissoras na indústria” Luciano Araújo

por Luis Fernando Andrade

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Construção Civil

De janeiro de 2007 até março de 2012, o setor de comércio e serviços foi o que mais gerou empregos nos três principais municípios do Vale do Aço. Em Ipatinga, Fabriciano e Timóteo, o Ca-dastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou 10550 vagas gera-

das no comércio e serviços. Em segundo lugar, vem a indústria de transformação, com 5239 vagas preenchidas e, por fim, a construção civil, com 4809 empregos gera-dos. Acompanhe detalhada-mente qual setor empregou mais em cada município:

*

IndústriaIpa$nga Fabriciano Timóteo5641 278 -­‐680

-­‐1000  

0  

1000  

2000  

3000  

4000  

5000  

6000  

Ipa$nga   Fabriciano   Timóteo  

Series1  

5641

278 - 680

Comércio e ServiçosIpa$nga Fabriciano Timóteo

6800 1967 1783

0  

1000  

2000  

3000  

4000  

5000  

6000  

7000  

Ipa$nga   Fabriciano   Timóteo  

Series1  

6800

1967 1783

Ipa$nga Fabriciano Timóteo4336 352 121

0  500  

1000  1500  2000  2500  3000  3500  4000  4500  

Ipa$nga   Fabriciano   Timóteo  

Series1  

4336

352 121

CoMéRCIo e seRvIços lIdeRAM geRAção de eMpRegos

* O cálculo da geração de empregos se baseia na variação entre admissões e desligamentos computados de janeiro de 2007 a março de 2012

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Diante da “guerra cambial” vivi-da em todo o mundo, o Vale do Aço ainda é dependente das indústrias de commodities e, por isso, sofre as consequências diretas da crise inter-nacional, na avaliação do delegado regional do Sindicato da Indústria de Construção Civil de Minas Gerais (Sin-duscon-MG), Kleber Divino Muratori. “O resultado imediato é a redução na demanda por empregos, os ajus-tes de custeio na produção, a maior preocupação com o endividamento e o receio em relação ao futuro, o que reflete em toda a cadeia produtiva e consumidora”, aponta o dirigente.

Mesmo assim, Muratori afirma que há perspectivas positivas pela frente, mencionando o fato das em-presas regionais se desvencilharem das indústrias âncoras e buscarem novos clientes no valorizado merca-do de petróleo e gás. Para ele, tam-bém, a criação da Agência da Região Metropolitana do Vale do Aço e atu-ação da Secretaria de Estado Extra-ordinária de Gestão Metropolitana

(SEGEM) são marcantes na atual con-juntura. “Pela primeira vez, temos a possibilidade real de implantação de um projeto regional de desenvolvi-mento, com prioridade para cada um dos segmentos da nossa economia”, diz Muratori, reforçando uma carên-cia comum aos segmentos da cons-trução civil, comércio e indústria da região, que precisa superada: a ne-cessidade de investimentos na qua-lificação da mão de obra profissional.

“O Sinduscon e a FIEMG já desen-volvem uma série de ações profissio-nalizantes para melhorar a qualidade das construções, especialmente na área de acabamentos. O nosso objeti-vo maior é tornar a região exportado-ra deste tipo de mão de obra”, apos-ta Kleber Muratori. Cada vez mais, entidades do Sistema S, como Senai, Senac e Sebrae, assumem papel rele-vante na formação de trabalhadores aptos ao mercado. De acordo com o presidente regional da FIEMG, Lucia-no Araújo, após Ipatinga (2008) e Co-ronel Fabriciano (2011), em 2012 será

a vez de Timóteo receber uma unida-de do Senai. “A indústria de base re-gional é muito importante e, por isso, precisamos fomentar a formação de um pólo tecnológico, com parcerias de universidades, poder público, em-presários e sociedade civil, para agre-gar mais valor aos nossos produtos”, sustenta Araújo.

“A carência de mão de obra qua-lificada na região é um dos fatores que inibem a chegada de novos empreendimentos”, confirma o pre-sidente do Sindicato do Comércio do Vale do Aço (Sindcomércio) e vice-presidente da Federação do Comércio de Minas Gerais (Feco-mércio), José Maria Facundes. Para o dirigente comercial, o Vale do Aço reúne potencial para receber altos investimentos, formando o segun-do maior mercado consumidor do estado, atrás apenas da Região Me-tropolitana de Belo Horizonte. “En-tão, cada segmento tem de fazer a sua parte na engrenagem do desen-volvimento regional”, pondera.

peRspeCtIvAs posItIvAs

O Sinduscon vem desenvolvendo ações profissionalizantes para que a região

melhore a qualidade das construções e exporte esse tipo de mão de obra

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logIstICAOs dirigentes da indústria, construção civil e comércio

concordam, também, que a região ainda padece de um ou-tro fator primordial ligado à infraestrutura: a completa de-fasagem das vias de transporte e escoamento da produção local. Neste sentido, a surrada bandeira pela duplicação da BR-381 volta a ser estendida, dessa vez com mais força e unidade, garantem. “Com as obras na estrada de Belo Hori-zonte ao Vale do Aço e a pavimentação da MG-760, iremos superar um grave entrave logístico na região e será funda-mental para criarmos o vetor leste do desenvolvimento de Minas”, defende Luciano Araújo, fazendo coro com todos os segmentos econômicos e sociais da região. Como se sabe, as obras são prometidas há mais de 30 anos em pa-lanques eleitorais e, após centenas de reuniões regadas a cafezinhos e fotos de políticos na imprensa, permanecem ignoradas nos palácios de Brasília e Belo Horizonte.

Para José Maria Facundes, além da malha rodoviária, o Vale do Aço merece maior atenção para ampliar a sua ca-pacidade de transportes aéreo e ferroviário, que viabilizaria mais vantagens para as indústrias e o mercado consumi-dor local. “Devemos buscar as formas menos onerosas para levar as pessoas e os produtos locais até outras partes do país e exterior”, argumenta o dirigente comercial.

Na avaliação de Kleber Muratori, o momento atual, “de crise com revés de baixa na indústria”, afeta diretamente as principais empresas da região, de João Monlevade até Belo Oriente, abrangendo Itabira, Timóteo, Ipatinga, Caratinga e Manhuaçu, e toda a cadeia produtiva ao redor. Mas, para Muratori, não é hora de apenas somar os prejuízos, e sim de

partir para novos investimentos. “O mercado não para e as demandas aumentam naturalmente. A crise na indústria é cíclica e, portanto, podemos oportunizar esse momento e preparar a região para um novo ciclo de desenvolvimento”, analisa o delegado regional do Sinduscon-MG.

Para José Maria Facundes, a região merece maior atenção para ampliar a sua capacidade de transportes aéreo e ferroviário, que viabilizaria mais vantagens para as indústrias e o mercado consumidor

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Page 24: Revista Contexto #7

Na avaliação de Luciano Araújo, 2011 acendeu a luz amarela na in-dústria brasileira. O governo federal projetava a criação de 2,5 milhões de empregos, mas o balanço oficial aponta 1,9 milhões de novos postos de trabalho, enquanto a indústria no Vale do Aço apresentou um saldo ne-gativo de 2.832 postos de trabalho. No ano passado, o PIB nacional, que chegou a 7% em 2010, baixou para 2,5%. A previsão do Banco Central para este ano é em torno de 3,5% de crescimento do PIB, mas os humores dos mercados deixam margens para desconfianças.

No período de 1999 a 2009, o cres-cimento do PIB na RMVA alcançou 29% e, em termos de participação relativa no PIB mineiro, caiu de 3,24% (1999) para 2,88% (2009). Ipatinga estagnou na sétima colocação do PIB mineiro, mas a sua participação caiu de 2,1% (1999) para 1,97% (2009). De acordo com informações do gover-no de Minas Gerais, Ipatinga ocupa a quinta posição em atividade industrial no estado, com 3,5%, ficando atrás de Uberlândia (4,8%), Contagem (5,5%), Belo Horizonte (8,5%) e Betim (15,9%). Este viés de queda preocupa a FIEMG/Vale do Aço, que acompanha em de-

talhes todas as variações do mercado. Um sinal de alerta vem do percentual de utilização da capacidade industrial da região, que era de 89,5% em janei-ro de 2010, passou para 87,74% em 2011 e chegou a 84,53% no primeiro mês de 2012. “Há, de fato, uma efetiva redução da atividade produtiva, mas isso apresenta dois fatores importan-tes a serem considerados: a região tem fôlego para sair na frente no momento de retomada da economia; por outro lado, o nosso parque industrial não está saturado e, portanto, está aberto para atender a novos investimentos”, analisa o dirigente Luciano Araújo.

Os dados do primeiro trimestre de 2012 mostram que os empregos formais gerados no Brasil, de 442,6 mil, são inferiores ao patamar alcançado no mesmo período do ano passado, com 584 mil, cerca de 24% negativos. O percentual é o pior desde 2009, ainda sob os primeiros reflexos da cri-se mundial de 2008, e aponta para um recuo da atividade industrial. Os dirigentes da indústria, construção civil e co-mércio no Vale do Aço depositam confiança nas medidas de intervenção do governo da presidente Dilma Rousseff para resguardar a competitividade das empresas nacionais. Mas ainda reivindicam mudanças mais drásticas no chamado “eixo do mal” da economia brasileira: juros altos, real valori-zado e carga tributária excessiva.

“Não bastam medidas protecionistas e pontuais sem o necessário programa de incentivo a toda cadeia industrial”, alerta Luciano Araújo. Em geral, os empresários argumentam que as intervenções governamentais são lentas e conjuntu-rais, sem o devido planejamento para assegurar o potencial da indústria de forma duradoura. Um exemplo é o antidum-ping contra a importação de calçados chineses: quando a sobretaxa passou a vigorar, os importadores já estavam tra-zendo tênis via Vietnã, Malásia e Tailândia. Em 2011, o setor calçadista nacional ampliou as exportações em 2%, mas, em

compensação, as importações somaram 59%. De olho na “competição predatória” dos importados, o governo federal lançou o Programa Brasil Maior, adotando um pacote de de-sonerações e incentivos fiscais da ordem de R$ 60,4 bilhões. São medidas que promovem reservas de mercado, isenções tributárias, empréstimos a juros mais reduzidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), uma nova política para o setor automotivo a partir de 2013 e desonerações de impostos na folha salarial de 15 setores: confecções, couro, calçados, tecnologia da informação e call center, têxtil, móveis, plásticos, material elétrico, autopeças, ônibus, construção naval e aérea, bens de capital, hotelaria e desenho industrial.

Em quatro anos de crise internacional, o Brasil deixou de lado o discurso em defesa da abertura de mercado e se tor-nou um dos líderes na aplicação de tarifas e medidas prote-cionistas. Mas o cerne da questão, ao que parece, está longe de ser alcançado. Os representantes da indústria elogiam a postura do governo. No entanto, enfatizam que não querem “proteção”, mas isonomia para competir com outros países, por exemplo, com a redução do custo dos insumos indus-triais, como o da energia elétrica, que no Brasil, apesar do seu potencial abundante, é o segundo mais alto do mundo.

luz AMARelA NA INdústRIA

MedIdAs AINdA INsufICIeNtes

Apesar da redução da atividade produtiva, o parque industrial da região não está

saturado e, portanto, apto a atender novos investimentos

Continua na página 26

24 Capa

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Um setor estratégico para alavancar o desenvolvimento regional, o comércio/prestação de serviços apresenta resultados bastante animadores nos últimos anos, mas igualmente não imunes à crise. Conforme dados do Caged/2011 sobre o emprego na RMVA, enquanto o setor metalmecânico re-gistrou saldo negativo de 4.198 postos de trabalho e a construção civil teve menos 623, foram efetivados 878 novos trabalhado-res no comércio e serviços. Um alento diante do cenário de dificuldades, e que serve para motivar novos empreendimentos nas cida-des do Vale do Aço.

“A crise deflagrada em 2008 ainda está instalada, pois ela atingiu a cadeia produtiva e a nossa capacidade de operação no seg-mento de comércio e serviços ainda é pra-ticamente a mesma daquela época. Temos potencial para muito mais”, assegura José Maria Facundes, do Sindcomércio Vale do Aço e da Fecomércio-MG. questões como a suspensão do projeto de expansão da Usi-minas para Santana do Paraíso, a precarie-dade do sistema de transporte e a carência de mão de obra qualificada contribuem para “brecar” a economia regional, enumera o dirigente. Ainda assim, não são poucos os projetos anunciados ou que estão em an-damento em diversos municípios da RMVA, colocando no horizonte novas perspectivas de empregos e negócios na região.

O baixo desempenho da construção civil nos nú-meros da economia regional não pode ser justificado apenas em função do Termo de Ajustamento de Con-duta (TAC), assinado entre o município de Ipatinga e o Ministério Público em 2009, que impõe parâmetros para a edificação de prédios na cidade. A opinião é do delegado regional do Sinduscon-MG, Kleber Murato-ri, que participa ativamente do processo de atualiza-ção e elaboração do Plano Diretor e das leis comple-mentares de Ipatinga. “O TAC não pode receber toda responsabilidade pela queda do setor. É preciso en-tender que a indústria da construção civil não repre-senta apenas as construtoras e imobiliárias e, então, toda a cadeia produtiva está sendo afetada pela crise mundial”, enfatiza Muratori. Ele explica que, enquan-to Belo Horizonte vira um canteiro de obras públicas e privadas, se preparando para a Copa do Mundo de 2014, o que certamente resulta em maior oferta de empregos na construção civil, no Vale do Aço aconte-ce o contrário, com a conclusão de diversos projetos de grande porte executados nas principais empresas da região e também em empreendimentos particu-lares, sem que hajam programas de obras de médio porte desenvolvido pela esfera pública.

Num breve levantamento feito pela assessoria do Sindcomércio, é possível identificar alguns dos principais empreendimentos novos do Vale do Aço:

• Parques do Vale: complexo urbanístico e industrial construído numa área de cinco milhões de metros quadrados, próximo à Lagoa Silvana (Caratinga), para abrigar 30 mil habitantes, com investimentos de R$ 620 milhões e geração de três mil empregos nas obras;

• shoPPing do Vale: expansão e revitalização, prevista para iniciar no segun-do semestre, com 145 novas lojas, novos estacionamentos, investimentos de R$ 200 milhões e geração de 1,5 mil empregos na construção e mais três mil após a inaugu-ração;

• suPermercados: duas unidades da Rede Coelho Diniz em Ipatinga e Coronel Fabriciano, com previsão de 500 empregos nas obras e cerca de 500 diretos e indiretos, após as inaugurações; expansão da Rede Bretas em Ipatinga, com nova unidade no bairro Caravelas;

• noVos shoPPings: em Ipatinga está sendo erguido um complexo de lojas e entretenimento na avenida Carlos Chagas, com capacidade para 40 lojas; em Coro-nel Fabriciano, há alguma movimentação pela retomada do projeto de construção do Shopping 3 Cidades.

CoMéRCIo eM eXpANsão

“QuedA NA CoNstRução CIvIl Não é só CulpA do tAC”, diz delegado regional do sinduscon

Muratori argumenta que a escassez de obras

desenvolvidas pela es-fera pública também foi

responsável pelo baixo desempenho regional

da construção civil

26 Capa

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Muratori defende a regulação do setor de construção em Ipatinga, com leis “claras e humanizadas” para permitir que sejam aplicadas em todo o município, gerando quali-dade de vida para os moradores. “Podemos ver que onde há Plano Diretor, as construções são mais racionais e me-nos nocivas à sociedade. O TAC veio para descontinuar um sistema que vigorava no passado, totalmente desregrado, e preparar a cidade para receber um Plano Diretor adequa-do e que reflita o desejo da sociedade, criando regras para todos, sem privilégios”, argumenta o delegado regional do Sinduscon-MG. Os projetos de novas construções que são desviados de Ipatinga para municípios próximos, especial-mente Santana do Paraíso, também não afetam tanto o de-sempenho do setor. “Na realidade, os imóveis de Ipatinga sempre foram mais valorizados na região, e isto ficou mais acentuado nos últimos anos por causa do TAC. É natural do mercado que haja a procura por condições de preços mais favoráveis por parte dos investidores”, analisa Muratori.

Na sua avaliação, o maior problema está no atraso para aprovação do Plano Diretor de Ipatinga, cujo pro-cesso deveria ser concluído em 2010, o que acaba geran-do insatisfações e falta de perspectivas para construtores e imobiliárias. Enquanto isso, o TAC continua vigorando e a novela promete continuar, pelo menos, até o final do ano, pois, em fevereiro passado, o Ministério Públi-co decidiu recomendar ao governo municipal que adie o envio do projeto de lei do Plano Diretor para a Câmara de Vereadores, “face à suspeita de ingerências cometidas por setores da sociedade civil e política, na defesa de in-teresses particulares em detrimento do coletivo, durante o decorrer do período eleitoral”.

A crise mundial afetou novas obras em toda a cadeia produtiva

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30 CompoRTameNTo

A distância que separa Timó-teo e Ipatinga pode parecer pouco para os viajantes que cruzam os dois municípios através da BR-381. Os mesmos passantes podem até supor que os 20 quilômetros entre

os dois municípios não implicam em diferenças expressivas entre a identidade dos moradores. Mas, para quem mora no Vale do Aço, as peculiaridades entre ipatinguen-ses e timotenses são tão identifi-

cáveis quanto o pó produzido por suas grandes siderúrgicas. Prestes a completarem meio século de emancipação, Timóteo e Ipatinga também possuem o mesmo pro-cesso de ocupação e se desenvol-

tão peRto, tão loNge

O documentário aborda o estranhamento entre as duas cidades: sistemas de produção distintos entre a Usiminas e antiga Acesita influenciaram modos e costumes

Documentário discute as diferenças culturais entre Ipatinga e Timóteoe como a indústria ajudou a moldar a identidade das duas cidades

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veram a partir da metalurgia. Essa e outras questões são abordadas no média-metragem “Janelas do Aço”, documentário dirigido por Elizeu Mol e Daniela Martins e distribuído com exclusividade nesta edição de CONTEXTO. A partir do depoi-mento de fontes diversas – de di-rigentes industriais a escritores e antigos moradores -, o filme pro-move, em pouco mais de 20 mi-nutos, um debate sobre a cultura e a história de Timóteo e Ipatinga, municípios que recentemente completaram 48 anos.

A reflexão é aprofundada através do panorama socioeconômico tra-çado pelas ponderações do antro-

pólogo Fernando Firmo e do soció-logo Paulo Cruz. “Essas duas fontes foram fundamentais para lançar luz sobre o porquê do estranhamen-to entre as duas cidades. Através desses depoimentos, temos a visão fundamentada nos processos histó-ricos, através do Paulo Cruz, e a vi-são isenta do Fernando Firmo, que não é da região e possui outro olhar sobre as questões abordadas no do-cumentário”, explica Elizeu Mol. Em determinado momento do docu-mentário, Firmo faz uma pontuação esclarecedora que explica o porquê das duas cidades suscitarem deba-tes acalorados sobre as diferenças entre seus moradores. Ele observa

que o Fordismo e o Toyotismo, mo-delos de produção adotados res-pectivamente pela antiga Acesita e pela Usiminas, de certa forma fo-ram responsáveis pela construção da identidade de cada cidade. “As diferenças culturais são polêmicas e, além da indústria, outros episó-dios históricos tiveram influência na formação de Timóteo e Ipatinga. O Massacre de Ipatinga, por exemplo, levantaria uma discussão à parte, mas isso é material para outro fil-me. O objetivo do Janelas do Aço é debater como o processo histórico moldou a cultura, os costumes e o jeito de ser de quem vive no Vale do Aço”, finaliza Mol.

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32 opiNiÃo

pOR qUe OUVIR OS clÁSSIcOS?Em Por que ler os clássicos?, o

escritor italiano Ítalo Calvino busca convencer os leitores da importância da literatura de caráter universal. No livro, o autor afirma que muitas pesso-as, por medo de se sentirem incultas, preferem dizer que estão “relendo” alguma obra a dizer que não a leram quando jovens. Calvino tenta esclare-cer que não há problema algum em começar a ler os clássicos já na idade adulta, pois isso dará um sabor espe-cial à leitura, que estará embebida da experiência do leitor. Para ele, ler os clássicos é melhor que não lê-los e isso já vale a leitura. quando se fala em música clássica, porém, a discus-são é um pouco diferente.

Primeiro porque, diferentemente da literatura, a não ser pela trilha so-nora de filmes e desenhos animados, não é comum que as famílias promo-vam um contato direto desse estilo na formação dos filhos, de modo a favorecer o gosto por ele. Em segun-do lugar, porque, de modo geral, as pessoas acreditam na falsa ideia de que ouvir música clássica é coisa de gente chic, cult, intelectual e, muitas vezes, chata. Tais adjetivos não só en-tristecem como também fazem crer que são mais xingamentos do que elogios. E ainda que fossem elogios, se proferidos a partir dessa relação entre música e ascensão social/cul-tural, seriam insuportáveis. É muito bom poder desfrutar da música que não tem classe nem classificação –

ainda que seja, por vezes, difícil não fazer tais distinções. Mas sem dúvida, a apreciação de uma música deve ser despida de tais insignificâncias.

Aliás, os diálogos sobre música que envolvem classificações por esti-lo são cômicos, já que as pessoas pa-recem ter um “ecletismo” incrível. Ex-perimente perguntar a uma pessoa que acaba de conhecer quais os es-tilos de música ela escuta. Costuma--se ouvir várias respostas, inclusive uma do tipo “Ah... eu gosto de tudo um pouco, sou bem eclético (a)”. A réplica é inevitável e, nesse caso, pergunte se a pessoa gosta também de música instrumental, jazz e clássi-ca. Não vão faltar respostas do tipo: “Ah, isso eu não curto”; “Não tenho paciência”; “Dá sono”.

Talvez a intolerância à música clás-sica fuja à questão do “não gosto/não tenho paciência” e pode estar alojada no cotidiano, afinal, quando é que música desse estilo esteve em uma rádio de boa audiência? Não são os sempre-repetidos “hits” que ecoam, incansavelmente, as mesmas músicas de manhã à noite? E, só pra cutucar um pouco a questão da educação, quando é que a música clássica, do mesmo modo que a literatura, fez parte do ensino nas escolas brasilei-ras? Saberia algum aluno explicar a força tempestuosa de uma 9ª de Be-ethoven, a elegância dos “bosques” de Debussy, toda a técnica, comple-xidade e sentimentalidade dos “tem-

peros” do “cravo” de Bach? Assim como na literatura é preci-

so educar para conhecer os gêneros, os focos narrativos, as personagens e sua importância, na música clássica também é preciso educar para que se tenha contato físico com as suas ondas sonoras; para ouvir as nuances com todo o corpo; para sentir que a música envolve e não apenas entra horizontalmente pelo ouvido. Mas, infelizmente, tudo isso parece levar a uma solidão musical, principalmen-te em um país imenso como o Brasil, onde as pessoas são embaladas pelos tons e pelos sons daqui e dali; são en-volvidas pelos acordes nem sempre harmoniosos do pagode, do funk, do axé, do sertanejo e outros mais.

Há, obviamente, inúmeros admi-radores da música clássica em todos os lugares, mas que parecem estar por demais espalhados pelo mundo ou, como numa convenção, aglome-rados em certas “tribos” que tendem a melhor valorizá-la. Não obstante, a relação entre a música e o homem ja-mais pode ser considerada solitária: antes é uma relação de companhei-rismo para a vida inteira, pois como já o disse Artur da Távola (jornalista que apresentava o programa quem tem medo de música clássica?, na TV Senado): “música é vida interior, e quem tem vida interior jamais pade-cerá de solidão”. Ou ainda, como di-ria Calvino: porque ouvi-la é melhor que não ouvir.

* Doutoranda em Estudos Linguísticos e mestre em Estudos Literários pela UFMG. É coordenadora do curso de Letras do Unileste-MG.

por Valdete Nunes*

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UrbanidadesRogério Braga de Assunção

Arquiteto e [email protected]

Seguem os ciclos. Como sempre, aliás. Uma hora fala-se demais sobre desenvolvimento no Vale do Aço, mas acaba que fazem menos do que o que foi anunciado. Anunciam-se grandes obras, duplicação de in-dústrias e novas indústrias; aí as ex-pectativas e todos os preços sobem, mas as coisas acabam não aconte-cendo. Outra hora as conversas são pessimistas mas, paradoxalmente, pipocam novos grandes empreen-dimentos imobiliários na região, como o loteamento Parques do Vale, a expansão do Parque Caravelas, a expansão do Shopping do Vale do Aço, entre outros de alto nível. Além dos já lançados, diversos outros em-preendimentos (novas lojas, novos negócios, etc) estão em fase de planejamento, inclu-sive em áreas maiores do que a do Parques do Vale, que por si só já é enorme. Será que se anuncia o desenvolvimento de um lado, mas ele vem de ou-tros? Ok: o importante é que venha o desenvolvimento, venha de onde vier. E, em termos de desenvol-vimento urbano, é sempre melhor ter a movimentação dessas ondas de desenvolvimento que não se sabe de onde vêm, do que ter a estag-nação e desesperança que mantém outras regiões sem novidades, ou na base daqueles grandes anúncios po-líticos que nunca se cumprem.

O Vale do Aço vem apresentan-do bons sinais de crescimento há tempos. A região como um todo está crescendo e aparecendo para o resto do Brasil. Não é à toa que a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) apresenta um dos mais elevados índices de IDH do Brasil,

acima de várias capitais e grandes cidades do país. A RMVA é a terceira região metropolitana com a maior proporção de população urbana, contando com serviços tipicamente urbanos. Apesar de ainda ser trata-da como se isso fosse insignificante, a região detém o 11º maior PIB do Brasil, o que se deve à expressiva ex-portação daquilo que é feito, ou que passa por aqui. Ao mesmo tempo em que ouvimos reclamações pes-simistas sobre os problemas urba-nos no Vale do Aço, no país inteiro também ecoam reclamações piores, por exemplo, de que o governo não dá a devida importância ao setor in-dustrial, não fomenta a pesquisa e

desenvolvimento. Diz-se que faltam inovação e oportunidades, e que por falta de vontade política não há melhorias.

Em termos de ciclos de desen-volvimento, eles quase sempre par-tem de uma economia extrativista, para numa segunda etapa, implan-tar o beneficiamento dos recursos básicos, através da fabricação de produtos de retornos mais com-pensadores. A terceira etapa no de-senvolvimento é a do crescimento amplo dos setores de comércio e serviços, em que se produz novas ideias de mercadorias e serviços ain-da mais valiosos. No caso das civili-zações que detém grandes recursos

e grandes mercados internos, esse ciclo se completa com o funciona-mento complementar das mencio-nadas três fases. Pode-se dizer que o Vale do Aço entrou nessa terceira fase do desenvolvimento. Temos fortes recursos básicos, onde ain-da imperam extrativismos, embora sofisticados, e consistentemente combinados com beneficiamentos industriais, ligados a fortes sistemas de comércio interno e externo, com sofisticadas formas de prestação de serviços, inclusive serviços de alto nível. No mundo todo, bem como no Vale do Aço, a evolução das cidades partiu dos conflitos entre a vida ur-bana e a vida no campo para uma re-

volução das indústrias, em que os conflitos se davam entre o crescimento das indústrias e o crescimento das cidades. É preciso lembrar que o setor de comércio e serviços se carac-teriza por grande fragmenta-ção, que impede a percepção clara dos fluxos de desenvol-

vimento, enquanto que nos ciclos de desenvolvimento industrial é possível singularizar o crescimento em poucas grandes indústrias, con-centradas em pouco espaço e gran-de infraestrutura. Esta é, portanto, a resposta para a questão inicial. O Vale do Aço passa por uma nova fase de desenvolvimento em que é difícil perceber que o crescimento de suas cidades não se baseia mais somente no crescimento das grandes indús-trias da região. Esse crescimento se espalha por milhares de pequenos e médios negócios comerciais, que animam esses novos empreendi-mentos imobiliários e muitos que ainda virão.

Os ciclos do desenvolvimento

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36 RoTaS

Rotas exaustivamente pesquisa-das, caminhos cheios de segredos a serem percorridos com o máximo de cuidado e atenção. Assim me recordo dos oito meses de expedição solitária do projeto Rotas Verdes Brasil. Viven-do na companhia de uma motocicle-ta, encarei sob sol e chuva um dos territórios mais extremos do mundo - o nosso “continental” Brasil. Em uma verdadeira odisseia, passei por luga-res inimaginavelmente hostis, mas que escondem belezas e riquezas en-dêmicas e raras.

quando parava nos postos de ga-solina, para descansar ou abastecer, logo os mais curiosos queriam saber para onde eu seguiria ou o quê estava fazendo. Com respostas evasivas, eu buscava proteger a minha estrutura de campo, temendo que um malfeitor oportunista entrasse nessa história e comprometesse os trabalhos. Toda aquela bagagem exposta sobre a mo-tocicleta deixava bem claro que eu estava indo para algum lugar, mas eu nunca falava para onde. Dias e dias pilotando solitariamente, vendo o mesmo sol baixar no horizonte, tra-zendo um alerta sobre o tempo que me restava para cumprir o cronogra-ma da expedição. Tudo foi cuidado-samente planejado e a coordenação e assessoria prestada pela jornalista Edlayne de Paula, reportava os meus feitos do anonimato das selvas para os principais veículos de comunica-ção do país.

Depois de sair de Minas e ir para o Sul pelo litoral, segui pela linha de fronteira, passando pelas Cataratas do Iguaçu até chegar ao inigualável Pantanal Mato-Grossense. Cruzei em três dias a infame BR-319, o grande desafio geográfico dessa expedi-ção, que me levou para o coração da maior biodiversidade do mundo - a Floresta Amazônica. Nesse lugar en-cantador e perigoso, filmei e salvei da morte uma onça-pintada ameaçada por um fazendeiro que queria mata--la por ter comido 13 porcos de sua fazenda. Nesse manejo ambiental pra lá de radical, acabei ficando a menos

de quatro metros desse bicho que pode chegar a pesar 150 quilos. Um segundo de olho no olho que marcou minha vida para sempre.

Cheio de arvores submersas e cercado por selvas densas, o Lago de Balbina (AM) é gigantesco e cheio de histórias e lendas. Chamei essa área de ‘casa’ por quase 30 dias. Em lu-gares “que nem Judas alcançou”, eu falava com dificuldade por meio de um telefone satelital com a coorde-nadora do projeto. A história foi se desenrolando e se fazendo bonita. Tudo foi postado no site oficial do projeto (www.rotasverdesbrasil.com.br), com textos, fotografias e vídeos que eu mesmo editava durante a ex-pedição. Agora estou em casa, traba-lhando e me preparando para a próxi-ma empreitada da Rotas Verde Brasil, previsto para durar um ano. Também estamos finalizando o livro digital so-bre as 30 unidades de conservação e áreas de interesse ambiental que do-cumentei nesses mais de 20 mil km que percorri orgulhosamente pelos corredores de nossa gigantesca casa. Ele será disponibilizado gratuitamen-te no site do projeto e irá divulgar o trabalho dos oito meses de expedi-ção para um número ainda maior de pessoas. Até as próximas expedições!

* Fernando Lara é documentarista de natureza, natural de Ipatinga (MG). Há 12 anos registra a vida selva-gem e possui trabalhos no Brasil, Bolívia, Colômbia além de quatro países da África: Ruanda, Uganda, Tan-zânia e Quênia. Em 2011, realizou a expedição Rotas Verdes Brasil, em que percorreu mais de 20 mil quilô-metros por 20 estados brasileiros a bordo de uma motocicleta. Neste trabalho, Fernando Lara registrou 30 unidades de conservação de todos os biomas brasileiros. Mais informações: www.rotasverdesbrasil.com.br

Fotos e texto: Fernando Lara*

Sabem que vou, maS não para onde

Arara Canindé - Floresta Nacional do Rio Preto (ES)

Caatinga na Estação Biológica do Seridó (RN)2

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Mocó no Parque Nacional das Sete Cidades (PI)

Harpia, no Mato Grosso

Quati, Parque Nacional Serra dos Órgãos (RJ)Guarás vermelhos na APA do Delta do Parnaíba (CE)

Pica-pau da cabeça amarela no Parque Nacional da Bodoquena (MS)

Caatinga na Estação Biológica do Seridó (RN)2

Caatinga na Estação Biológica do Seridó (RN)

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No início do ano, um grupo de três ami-gos apaixonados por esportes radicais deci-diu encarar um grande desafio: chegar até o cume do Monte Aconcágua. Localizado nos Andes argentinos a cerca de 112 km da cidade de Mendoza, a montanha tem 6.962 metros de altitude e é o ponto mais alto das Américas e de todo o Hemisfério Sul. O fi-sioterapeuta Luiz Geraldo Miranda, o Broa, integrou a expedição ao lado do empresário Frederico Souza e do engenheiro Gilberto Gomes e relata a jornada rumo ao Aconcá-gua. Segundo Broa, a viagem não é indicada

para principiantes: “é necessário muito treino e ter experiência com montanhismo antes de encarar o Aconcágua. Não fizemos uma aven-tura, porque aquela subida requer o máximo de profissionalismo. O auxílio de um guia ex-periente é fundamental para a integridade fí-sica de quem empreende um desafio desses. Para se ter uma ideia, apenas 20% dos que tentam subir o Aconcágua conseguem che-gar até o topo. Mas, com os devidos cuida-dos, a subida é feita com segurança e acaba tornando-se divertida e prazerosa”, observa. Confira a seguir o relato completo:

Expedição ao cume das Américas

38 eSpoRTe

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Tudo começou com um convite feito pelo amigo Frederico Souza, para tentar-mos subir o Aconcágua em janeiro de 2012. Fazer uma expedição ao Monte Aconcágua era um sonho antigo que estava se tornan-do cada vez mais distante e então, uma possibilidade de realizá-lo estava surgindo. Conversamos bastante, a idéia foi amadu-recendo e resolvi fazer um convite ao ami-go Gilberto Gomes, velho companheiro de escaladas e trilhas que acabou topando o desafio. Fizemos a primeira reunião em ju-lho de 2011 e começamos a treinar e a nos reunir com freqüência para tratarmos de assuntos como equipamentos, logística, alimentação, etc.

Cada um treinou de acordo com suas possibilidades e, sempre que dava, subía-mos o Pico do Ana Moura carregando mo-chila com peso e fazíamos algumas traves-sias juntos. O treinamento de resistência era fundamental porque sabíamos que irí-amos enfrentar cerca de 100 km andando sob condições extremas, no frio intenso dos Andes e em terreno irregular. Em grandes altitudes, o esforço físico é intenso em fun-ção do ar rarefeito, da baixa pressão atmos-férica e do ar extremamente seco.

Chegou o dia de viajar e a ansiedade era grande. Par-timos 13 de janeiro para Buenos Aires e seguimos para Mendoza, onde encontramos com os outros componentes da expedição e nossos guias, Carlos Santalena e Eduardo Sartor. Em seguida partimos para Puente del Inca (2.750 m) onde foi realizada a pesagem das bagagens para as mulas e ali passamos a primeira noite para iniciarmos o proces-so de aclimatação com a altitude, ou seja, o processo de adaptação às novas condições de temperatura e clima. Pela manhã, iniciamos a caminhada em passos lentos. Após 4 horas, chegamos em Confluencia (3.400 m), onde ficamos dois dias. Montamos as barracas e ficamos à espera das mulas com nossas bagagens. Então, veio a noticia desagra-dável: a mula que estava com minhas coisas caiu no rio e tudo chegou completamente molhado. Tive que amarrar a tralha toda exposta ao sol e ao vento para secar. Lá o clima e muito seco, bem frio e o sol castiga. De manhã, partimos para Plaza de Francia (4.200m), uma caminhada de apro-ximadamente quatro horas até a face sul do Aconcágua, que fazia parte do processo de aclimatação. Retornamos a Confluencia e de manhã partimos para o acampamento base – Plaza das Mulas (4.300 m), uma caminhada linda de aproximadamente 24 quilômetros em10 horas, passando pela Playa Ancha.

Chegando em Costa Brava, enfrentamos uma subida muito íngreme em zigue-zague num terreno muito instável com pedras soltas, onde podíamos avistar várias carcaças de mulas que trabalharam até morrer. Esse foi um trecho muito difícil, em que os efeitos da altitude já eram bem ní-tidos. Chegamos em Plaza das Mulas exaustos, comemos e fomos dormir. Tivemos um dia de descanso e partimos para Plaza Canada (5.050 m). Ao chegar, fizemos uma parada para o lanche e iniciamos a descida de volta ao acampa-mento base, onde tivemos mais um dia de descanso.

Gilberto, Broa e Frederico; abaixo, o grupo da expedição com o Monte Aconcágua ao fundo

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Frequentemente medíamos a saturação de oxigênio com um aparelhinho chamado oxímetro. Comecei a constatar que não esta-va me adaptando bem à altitude, mesmo com todo o processo de aclimatação. Tivemos mais um dia de descanso e partimos bem cedo para Serro Bonete (5004 m), se-guindo a programação para adap-tação com a altitude. Durante o trecho mais alto da subida, fomos surpreendidos por fortes rajadas de vento e neve. Por duas vezes fui jogado no chão pela força do vento que chegava a 70km/h. Che-gamos ao cume, de onde tivemos uma visão maravilhosa do Acon-cágua que logo foi tampado por nuvens carregadas.

Descemos sob forte ventania e chegamos ao acampamento base. Cheguei exausto e com muita falta de ar. Fui à tenda médica pois após um período de descanso, ainda estava com muita dispneia (falta de ar) e forte dor de cabeça. Fui aconselhado a descansar e ingerir muito líquido para ver se a satu-ração de oxigênio subia. Tivemos mais um dia de descanso e prepa-rativos para a subida definitiva. A princípio, subiríamos para passar uma noite em cada acampamen-to avançado até chegar ao cume. Seriam quatro dias de subida, mas

devido à previsão de uma tormen-ta que se aproximava, tivemos que mudar a estratégia. Tínha-mos apenas dois dias para atacar o cume, e nossos guias decidiram que sairíamos de Plaza das Mulas passando direto por Plaza Canada e seguiríamos para Nido de Cóndo-res (5.550 m). Passaríamos a noite lá e seguiríamos ao amanhecer para Plaza Cólera (5.970m) e ata-caríamos o Cume do Aconcágua (6.962 m) ainda no segundo dia.Partimos bem cedo para o primei-ro acampamento avançado – Pla-za Canada. Chegamos e fizemos uma parada para o lanche de 20 minutos e seguimos para Nido de Cóndores. Foi uma subida muito desgastante devido ao esforço físi-co, e principalmente a grande dife-rença de altitude. Fazia muito frio, entrei na barraca e deitei exausto. Comemos um pouco e Carlos co-locou um garrafão de cinco litros de água na barraca e disse que tí-nhamos que tomar tudo antes de dormir. Em média, tínhamos que ingerir seis a sete litros de água por dia. Foi uma noite muito difícil pois qualquer movimento exigia um enorme esforço e a falta de ar era enorme. Faziam aproximadamen-te -20°, o ar extremamente seco irritava a garganta e aumentava o mal estar.

Acampamento

Gilberto no cume

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Quando amanheceu, eu estava com 50% de saturação de oxigênio, o que significava uma má adaptação à altitu-de e tive que retornar ao acampamen-to base porque não iria ter fôlego para chegar ao cume. Outro integrante do grupo, Marcelo, que a princípio estava melhor que todos nós fisicamente, sen-tia fortes dores de cabeça e estava vo-mitando. Ou seja: sintomas de princípio de edema cerebral. Foi aí que decidimos voltar. Rapidamente arrumamos as coisas e iniciamos a descida. Gilberto, Frederico e dois guias seguiram rumo a Cólera, o terceiro acampamento avan-çado. De volta ao acampamento Plaza

de Mulas, recuperamos nossas forças e ficamos aguardando notícias via rádio de nossos companheiros que continua-ram a ascensão. No dia seguinte, rece-bemos a notícia que Frederico estava a 300 metros do cume e teve que retornar para Cólera, com problemas de hipóxia (baixo teor de oxigênio). Gilberto conse-guiu chegar ao cume do Monte Aconcá-gua. Retornando a Cólera, reencontrou Frederico e, ao amanhecer, continua-ram a descida. Ao chegarem ao acam-pamento base, os recebemos com muita festa e uma boa rodada de pizza. No dia seguinte, iniciamos o longo e exaustivo retorno até a portaria do Parque Provin-

cial Aconcágua, com uma caminhada de aproximadamente 31 km.

Para quem se interessa por monta-nhismo, subir o Aconcágua não é uma tarefa simples, mas que exige determi-nação e saber respeitar os limites de cada um. Porém, com bastante treino, equipamento e alimentação adequa-dos, é possível se divertir e apreciar a experiência de estar lá. Cada metro de terreno vencido é uma vitória. Após 15 dias percorrendo o Monte Aconcágua, tivemos uma experiência fantástica em que certamente ultrapassamos todos os nossos limites físicos e emocionais. En-fim, até a próxima montanha...

O terreno extremamente irregular é difícil de ser vencido até pelas mulas A beleza da curiosa formação rochosa de Puente Del Inca

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42 CulTuRa

WIllIe heATh neAl ApReSenTA

SeU cOUnTRy “fORA DA leI” nO

JUnInA ROck

cOleTIVO pé-De-cAbRA InAUGURA eSpAçO cUlTURAlIpatinga passa a contar com mais um es-

paço para as artes. Desde o início de maio, o Coletivo Pé-de-Cabra, formado por empre-endedores culturais do Vale do Aço, realiza suas atividades e eventos em sua própria sede, localizada em um prédio no Centro Co-mercial do bairro Cariru. Batizado de Espaço Cultural Pé-de-Cabra, o ambiente compre-ende dois andares e está estruturado para receber espetáculos teatrais, shows, expo-sições e outros eventos artísticos. O espaço também promete incluir o Vale do Aço no circuito da cena independente contempo-rânea, uma vez que o Coletivo Pé-de-Cabra

é ligado ao Circuito Fora do Eixo, uma rede de trabalho formado por mais de 100 pontos em todo o país e que realiza ações de fomen-to à cultura.

Antes de ter sede própria, o coletivo já havia promovido mais de 20 eventos no Vale do Aço. Somente em 2011, 78 artistas se apresentaram graças à produção do co-letivo. Com o espaço cultural, o Pé-de-Cabra terá uma agenda fixa inicial com shows se-manais aos sábados, em que se apresenta-rão uma banda regional e um artista de fora. Além disso, um domingo por mês será reser-vado à apresentação de trabalhos inéditos

de artistas do Vale do Aço. Para se informar a respeito da programação do Espaço Cultu-ral Pé-de-Cabra, acesse coletivope-de-cabra.blogspot.com.br

CIRCuIto AutoRAl – Após uma vitoriosa apresentação no teatro do Centro Cultural Usiminas, o cantor e músico ipatinguense Jouber Nabor dá prosseguimento à divulgação de seu segundo disco. Intitulado “Na-bor”, o trabalho conta com 14 músicas que transitam entre o samba, o rock e a MPB, com potencial pop para fazer bonito nas rádios. No dia 24 de junho, Jobão e sua banda se apresentam no Centro Cultural Nem Secos, em Belo Horizonte. No Vale do Aço, estão previstos shows no Garajão no decorrer dos próximos meses. No site do cantor, é possível se informar da agenda e baixar o disco na íntegra. Acesse www.joubernabor.com.br

sAlão do lIvRo pRoMove INteNsA pRogRAMAção CultuRAl

Inserido nas atividades de comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho, a 6ª edição do Salão do Livro Vale do Aço acon-tece de 19 a 24 de junho no Centro Cultural Usiminas. Uma intensa programação cultural está sendo prepa-rada para o evento, com a realização de feira de livros, espetáculos teatrais e de narração de histórias, ofici-nas de aproveitamento de resíduos urbanos, entre ou-tras. A programação cultural ainda terá o Cineminha Literário, com curtas-metragens do acervo do Festival Internacional de Curtas Metragens. Outra atração cul-tural serão as personalidades presentes no Sempre um Papo, que levará ao evento importantes escritores da atualidade, como Fernanda Takai, Márcia Tiburi, Juan Pablo Villalobos, Carlos Herculano e Luis Giffoni, além da exibição do longa “Lixo Extraordinário”, segui-do de bate-papo com o diretor João Jardim.

MAIS INFORMAÇõES: 3821 6309 ou no site salaodolivro.com.br

Em 2009, o Garajão sediou o primeiro Junina Rock, evento lembrado como a melhor festa roqueira dos últimos tempos no Vale do Aço. Com cinco ban-das, touro-mecânico e outros atrativos, o Junina também se destacou pela apresentação do Fabulous Bandits, banda de Lon-drina (PR) que toca hillbilly – o gênero também associado ao country e bluegrass, que junto ao blues, deram origem ao rock. A apresentação enérgica da ban-da conquistou imediatamente o público regional. Em 2011, os londrinenses retornaram a Ipa-tinga como banda de apoio do americano Bob Wayne. Agora, os músicos do Fabulous Bandits participam da terceira edição do Junina Rock acompanhando Willie Heath Neal (natural da Geórgia, EUA) em sua “Outlaw Tour”, ou turnê fora-da-lei.

O show promete agradar quem curte as raízes do rock. A voz de Willie, curtida a bourbon e pertencente à linhagem que vai de Johnny Cash a Reverend Horton Heat, também fará a ale-gria dos roqueiros habituados às festas do Garajão. E, para quem associa o gênero country somen-te a sertanejos e trinados agudos, cuidado: o country de Willie Heath Neal e do Fabulous Bandits é toca-do por um bando de tatuados mal encarados, que bebem hectolitros de cerveja e cantam os dissabores de amar, odiar e brigar.

seRvIço: 3º JuNINA RoCkDATA: 9 de junho

LOCAL: Garajão, avenida Zita de Oliveira, Novo Centro, Ipatinga.Ingressos antecipados a R$ 15

no Don Patrício (Cariru), Poita & Puçá (Veneza) e

Tenda Têxtil (Centro)

A edição 2012 do Junina Rock será animada pelo

country roots dos Fabulous Bandits e Willie Heath Neal

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Juninho, Mel, Petrônio e Dudu, do Pé-de-Cabra: espaço para várias manifestações artísticas

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(31) 3091.4606 | 3091.7993www.parquesdovale.com.br

Construindo o futuro.

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Gostamos tanto de contas,que já estamos contando os dias para a sua visita.Venha conhecer a nova unidade NTW, em Timóteo.

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44 CulTuRa

SemInAlUz IRÁ mInISTRAR cURSOS De IlUmInAçãO e SOnORIzAçãO

A partir de junho, a região pas-sará a dispor de cursos de formação técnica em iluminação e sonoriza-ção. As aulas serão ministradas pela Seminaluz, empresa ipatinguense prestadora de serviços em ilumina-ção, sonorização e cenografia. Os cursos serão divididos nos módulos básico e avançado, com duração de três meses cada, e terão duas aulas semanais. Segundo Leandro Calix-to, da equipe de gestão da Semi-naluz, os cursos irão suprir a gran-de demanda por profissionais da área. “No Vale do Aço, a frequência de eventos exige que a o mercado regional possua profissionais para atuar nesse tipo de prestação de serviços. No entanto, há escassez de técnicos em iluminação e sono-rização”, diz.

Calixsto também explica que os cursos pretendem preencher a lacuna dessa formação técnica. Até então, a região contava somente com oficinas esporádicas. “O curso é inédito e certamente irá fomentar o mercado. Antes, os interessados na área tinham que se deslocar para outras cidades em busca de forma-ção. Além disso, quem aprende ilu-minação e sonorização através de um curso técnico certamente será diferenciado e irá evoluir mais ra-pidamente do que um autodidata. Os cursos são a oportunidade ideal para quem se interessa pela área e quer começar do zero”, diz. Além de eventos culturais, um técnico em iluminação e sonorização pode atuar na criação de soluções para lojas e empresas.

lIvRoNos cursos, o material didático será embasa-do no livro Conceito de Iluminação Cênica. Escrito pelo doutor em semiótica Roberto Gill Camargo, a obra foi publicada pela pró-pria Seminaluz e com recursos da Lei Esta-dual de Incentivo à Cultura. Segundo Lean-dro Calixto, trata-se do terceiro livro sobre iluminação cênica publicado no Brasil. “O livro parte das relações entre a luz natural e os lugares e coisas, passando pelo teatro re-alizado à luz do dia na Antiguidade e Idade Média, até chegar aos teatros fechados com iluminação artificial. Com linguagem sim-ples e acessível, o livro pode ser lido por ini-ciantes, estudantes e profissionais”, finaliza Calixto. O livro será lançado oficialmente dia 23 de junho no Salão do Livro, em Ipatinga. Mais informações sobre os cursos e sobre como adquirir o livro: seminaluz.com.br ou [email protected]

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made for lifeQuando a parceria é erguida com amor,os laços permanecem a vida inteira.

Cumplicidade

Uma homenagem da Aperam aos 48 anos de Timóteo.

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46 iNTeRNeT

Baby e Alysson: aposta no feeling e na criatividade

Camarão Flambado com arroz ao próprio molho

Batata ao murros recheada

Massa com creme de leite fresco e limão siciliano

GASTROnOmIA

pOpRecentemente, o jornalista Rudson

Vieira e o irmão, o enfermeiro Erlon Vieira, completaram 70 visitas a bares e restaurantes da região, devidamente do-cumentadas no blog Sem Reservas (sen-se-reserva.blogspot.com.br). O trabalho desenvolvido pelos irmãos demonstra uma saudável diversidade de cozinhas disponíveis ao público da região. Em posts bem-humorados, Rudson e Erlon fornecem as informações básicas sobre os lugares visitados e versam, em tom lúdico, sobre tira-gostos, lanches, refei-

ções a la carte e outras variações gastro-nômicas. Os estabelecimentos também são cotados através de notas de 1 a 10.

O nome Sem Reservas faz alusão à única obrigação do blog, a de ser com-promissado com a verdade. “A ideia é passar as impressões de simples degus-tadores. Não somos peritos em gastro-nomia, mas temos um compromisso sério com o nosso paladar. Além disso, o nome do blog pode ser associado ao zelo pela espontaneidade. Pela ‘pegada leve’, o blog também faz certa referência

ao filme homônimo estrelado por Ca-therine Zeta-Jones”, diz Rudson. O blog acabou por tornar-se o principal guia online sobre a gastronomia praticada hoje no Vale do Aço. Para quem deseja variar o cardápio, uma navegada pelo Sem Reservas irá revelar opções surpre-endentes, da culinária exótica de países orientais à pizzarias e lanchonetes. O blog também revela estabelecimentos novos e pouco badalados, resultando num ótimo mapeamento gastronômico regional.

A publicitária Enyály Poletti, a Baby, sempre compartilhou sua paixão pela gastronomia em encontros com amigos. Seus experimentos culinários, sempre elogiados, acabaram motivando a cria-ção de um blog que fosse além da ideia de divulgar receitas. Seu Orgias Gastro-nômicas (orgiasgastronomicas.com.br) trata a gastronomia como uma platafor-ma virtual para dividir experiências sen-soriais. O layout do site assemelha-se a um cardápio e se destaca pela beleza das fotos de cada prato. No menu, as receitas de Baby se dividem em várias categorias, das entradas a pratos principais, passan-do por molhos e acompanhamentos. A seção de harmonizações fica por con-ta de Alysson Nascimento, que propõe combinações das receitas com vinhos e cervejas especiais. “Nós não possuímos conhecimento ‘formal’, mas apostamos no nosso feeling e criatividade. O blog

inicialmente seria um espaço para ami-gos dialogarem sobre o prazer de estar à mesa, mas acabou se estendendo a mais pessoas que também são apaixonadas por gastronomia e cultura”, explica Baby.

Segundo ela, o nome do blog teve origem no fato de que a comida sempre esteve presente nas grandes festas da humanidade. “Embora tenha uma cono-tação sexual, a palavra ‘orgia’ também se refere aos encontros em troca de um pra-zer. Para mim, a culinária sempre foi uma boa desculpa para reunir os amigos, daí o conceito do nome orgias gastronômicas”, explica. Baby também informa que as re-ceitas do blog não são para iniciantes e requerem paciência. “Não são pratos para o dia-a-dia. As receitas são para quem busca algo diferente. No entanto, sempre utilizo ingredientes facilmente encontra-dos em qualquer supermercado”, diz.

TOp 5 – AS melhOReS cOTAçõeS DO Sem ReSeRVAS:Chilis (Melo Viana, Fabriciano) • Pimenta de Cheiro (Nova Tijuca, Fabriciano) • Buoni Amici (Horto, Ipatinga)

Salada (Horto, Ipatinga) • Café Entreatos (Shopping Vale do Aço, Ipatinga)

pARA QueM BusCA Algo dIfeReNte

Com abordagem descontraída, blogs disseminam a culinária e

divulgam a criatividade de bares e restaurantes do Vale do Aço

Erlon e Rudson (d), os responsáveis pelo mapeamento gastrônomico: compromisso com o paladar

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dAMAsCeNo

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O Parques do Vale, complexo urbanísti-co inédito lançado pela Egesa no leste mi-neiro, realizou no dia 26 de abril, um evento dedicado aos clientes do empreendimento. O encontro foi realizado no Centro Cultural Usiminas e contou com apresentação da dupla de humoristas Caju e Totonho com a peça “Vamos falar de coisa boa” e coque-tel com apresentação dos músicos Élcio Rodrigues e Anna Luiza Meira. A abertura do evento foi feita pelo vice-presidente da Egesa e diretor do Parques do Vale, Eduar-do Martins, que reafirmou o compromisso de entregar todo o projeto dentro do prazo.

“Estamos na fase de implantação e as obras continuam em ritmo acelerado. Até dezembro deste ano, toda a obra de infra-estrutura do Parques do Vale estará con-cluída. Esse projeto é a ‘menina dos olhos’ da Egesa, que preferiu assumir toda a obra a terceirizar. Em seguida, o diretor de con-trole da empresa, José Geraldo Mendes, informou que 80% da terraplanagem e da rede pluvial estão prontos, assim como 40% da rede de esgoto e da rede de abaste-cimento de água.

Parques do Vale reúne clientes para falar

sobre o andamento das obras

48 SoCial

Família Sena

Flávia Melo e Pollyana Silveira

Fernanda Salles e amigas

Newton Andrade, José Geraldo Mendes e Eduardo Martins

Foto

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Aline, Carolina, Tamires, Juliana e Gabriela

A dupla Caju e Totonho animou o evento

Page 49: Revista Contexto #7

Flávia Melo e Pollyana Silveira

Newton Andrade, José Geraldo Mendes e Eduardo Martins

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Algumas das imagens que ilustram essa página compõem a exposição “Um olhar jornalístico sobre o cotidiano”. A mostra traz 20 fotografias de autoria do fo-tógrafo Wolmer Ezequiel, profissional que atua há 15 anos como fotojornalista no jornal Diário do Aço, de Ipatinga. Seu trabalho revela flagras do cotidiano e reporta uma realidade dinâmica e diversificada. Nas imagens especialmente selecionadas pelo fotógrafo para CONTEXTO, Wolmer expõe um olhar curioso e às vezes poético sobre o dia-a-dia. A exposição atualmente pode ser vista no Relicário, no Horto. A partir do dia 21 de maio, a mostra segue para a Pizzaria do Charles, no Iguaçu.

Realidade dinâmica

50 FoTogRaFia

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A excelência em qualidade e agilidade na entrega dos produtos estão entre os compromissos permanentes da Emalto Indústria Mecânica com seus clientes

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fabricação de um dos mais importantes equipamentos para a

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São dois Silos de Materiais, revestidos com material cerâmico,

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