revista ensaios & diálogos ressocialização de detentas: direitos humanos x preconceito no...
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Revista Ensaios & Diálogos
Revista das Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro, N.6, Jan/Dez 2013
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Revista das Faculdades Integradas Claretianas – Nº6 – janeiro/dezembro de 2013 2
Diretor Geral Pe. Luiz Claudemir Botteon
Diretor Administrativo Pe. Brás Lorenzetti
Diretor Acadêmico Prof. Dr. Sávio Carlos Desan Scopinho
Coordenadoria Geral de Pesquisa e Iniciação Científica Prof. Ms. Pablo Rodrigo Gonçalves Conselho Editorial Profa Ms. Andréia Nadai Carbinatto Prof. Es. Ângelo Aparecido Zadra Prof. Ms. Eduardo Feltran Barbieri
Prof. Ms. João Carlos Picolin Prof. Esp. Euclides Francisco Jutkoski Prof. Ms. Manoel Valmir Fernandes Profª. Ms. Raquel Albano Scopinho Prof. Es. Mateus Colabone Neto Profª. Ms. Klausner Vieira Gonçalves Profª Es. Viviane Cristina Geraldo Prof. MS. Ronaldo Ribeiro de Campos Profa. Dra. Márcia Reami Pechula Editoração e Projeto Gráfico Prof. Ms. Pablo Rodrigo Gonçalves
Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores Catalogação na Publicação
Pede-se Permuta Faculdades Integradas Claretianas – Rio Claro – SP Av. Santo Antonio Maria Claret, n. 1724, Cidade Claret, Rio Claro–SP CEP 13.503-250 e-mail: [email protected] Telefone: (19) 2111-6000
Versão digital: http://www.claretianorc.com.br/revista
Ensaios & Diálogos / Faculdades Integradas
Claretianas. — São Paulo: Gráfica Avenida, 2013.
108 p.
ISSN 1983-635X; n.6 Anual
1. Pesquisa 2. Periódico científico I. Claretiano Faculdade
CDD - 001.42
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PREFÁCIO A Direção das Faculdades Integradas Claretianas, a partir de 2013, com a nova denominação de Claretiano – Faculdade, apresenta a sexta edição da Revista Institucional Ensaios & Diálogos, com a intenção de divulgar vários artigos de docentes e discentes, que desenvolveram temas específicos nas áreas de pesquisa dos diversos cursos oferecidos pela Instituição. Trata-se de uma iniciativa importante, partindo de alguns pressupostos que não podem ser negligenciados ou esquecidos. O primeiro deles é o fato de que a Instituição, pela condição de ser Faculdade, não tem a exigência de apresentar atividades vinculadas à pesquisa. Mas, devido ao seu interesse no desenvolvimento de temas que extrapolam os limites do espaço da sala de aula, consta em seus documentos internos a importância da pesquisa, voltada para a iniciação científica, com ações que confirmam o que está registrado nos documentos oficiais. As ações se efetivam na elaboração de trabalhos de iniciação científica, com apoio da Instituição, nos trabalhos de conclusão de curso (TCC), sendo uma exigência em vários cursos da Instituição, no PIBIC, com quatro bolsas disponibilizadas pelo CNPq, e nos Congressos de Iniciação Científica, que são realizados anualmente e servem de espelho das atividades de pesquisa desenvolvidas durante o ano letivo. Outra ação que procede desse pressuposto é a participação de professores e alunos em eventos acadêmicos, promovidos pela Instituição ou por outras instituições e órgãos de fomento, com o devido apoio institucional. O segundo pressuposto é a certeza de que, para a Instituição, a docência sem a pesquisa apresenta o risco de considerar a educação apenas como um ato de transmissão do conhecimento. Na realidade, ela é muito mais do que isso, pois se trata de enfatizar que o conhecimento exige também uma grande capacidade de produção, o que pode ser feito principalmente com a pesquisa. Apesar das dificuldades e debilidades enfrentadas por uma Instituição de Ensino Superior Particular, o Claretiano – Faculdade procura ser uma Instituição atenta a essa preocupação, fomentando interesse pela pesquisa e procurando enfatizar que a educação não é apenas a transmissão do conhecimento, mas um “saber com sabor”, um “aprender a aprender”, proporcionando ações criativas e inovadoras. As ações já elencadas refletem essa condição assumida e motivada pela Direção do Claretiano – Faculdade, sempre reconhecendo os desafios e limites nesse campo específico de atuação. Assim, a Revista Institucional Ensaios & Diálogos se apresenta como um espelho das atividades de pesquisa desenvolvidas pela Instituição e um fator motivacional para que alunos e professores se interessem, cada vez mais, para essa grande dimensão que, juntamente com o estudo e a extensão, torna-se fundamental para sustentar uma Instituição de Ensino Superior, que tem o objetivo de pensar a educação também como produção do conhecimento e não apenas como mera mediadora de um “professor que sabe” e de um “aluno que não sabe”. Mais uma vez, vale a intuição do grande educador brasileiro, Paulo Freire, que insistia no fortalecimento de uma educação libertadora e problematizadora, e não de uma educação “bancária”, em que o aluno se torna apenas “depositário” de um conhecimento transmitido pelo professor, como foi tão bem desenvolvido em várias de suas obras, principalmente no livro “Pedagogia do Oprimido. Parabéns aos alunos e professores que publicaram seus artigos na Revista Ensaios & Diálogos. Nosso desejo é que esse exemplo faça com que a comunidade acadêmica esteja cada vez mais sensibilizada a pensar uma educação preocupada com os problemas atuais, apresentando pistas e soluções que, com empenho e dedicação, serão propostos nestes e em outros artigos desenvolvidos pelos alunos e professores que, de alguma maneira, realizaram pesquisas na Instituição. Sávio Carlos Desan Scopinho Diretor Acadêmico Claretiano - Faculdade
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SUMÁRIO Ressocialização de detentas: Direitos humanos X preconceito no contexto do CRF – Rio Claro RIBEIRO, Camila C.;PAES, Larissa L.; REAL, Michelly P.;MORAES, Miriam G. T.; SANTOS, Regina C. K. dos; DALANEZE, Sergio . ............................................................................. 6 O papel do pedagogo na equoterapia BOTION, Daniele; BELO, Evelyn M. ............................................................................... 14 Motivação para a implantação das normas ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso SIMONATO, Eder B. . ................................................................................................... 19 A importância do recurso pedagógico para o ensino e aprendizagem de uma aluna com paralisia cerebral EVANGELISTA, Haila J.; REGANHAN, Walkiria G. ............................................................. 30 Publicidade como serviço: O impacto da publicidade digital na experiência do usuário SOUZA, Ibrahim C. N.; DIAS, Fabio E. . ......................................................................... 40 Gestão ambiental e recursos hídricos: Análise do plano de bacias 2010-2020 do comitê de bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) SOUZA, Karina de L. R. ; FURTADO, Ana L. F.F. .............................................................. 49 Quando a gestão da rede logística se torna uma vantagem competitiva ALMEIDA, Priscila C.; ZADRA, Ângelo Ap. ...................................................................... 62 Estilo de vida e as alterações da flexibilidade e resistência muscular localizada na fase adulta KANNEBLEY JR., Vicente P; MULLER, Tatiana. ................................................................. 72 Estruturando redes neurais artificiais paralelas e independentes para o controle de próteses robóticas SERAFIM, Daniel; NETO, Antonio J. da S. ...................................................................... 80 Desenvolvimento de aplicações utilizando realidade aumentada TONIN, Leandro; GONÇALVES, Klausner V. .................................................................... 93
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Ressocialização de detentas: Direitos humanos X preconceito no contexto
do CRF – Rio Claro
Camila Cardoso Ribeiro Larissa Lemes Paes
Michelly Piacenso Real Miriam Giovana Toledo Moraes
Regina Claret Kapp Santos Solange Aparecida Savareze1
Prof. MS. Sergio Dalaneze2
Resumo
O presente artigo trata da responsabilidade estatal em implementar políticas públicas que viabilizem o acesso real ao estado democrático de direito, proveniente da Constituição de 1988 em relação aos direitos e deveres dos cidadãos. Destaca, porém, de forma mais insistente, as legislações concernentes aos presidiários, que também são sujeitos de direitos e deveres, segundo essa Carta Magna de cidadania. Mostra também a necessidade de uma conjuntura social para trabalhar em prol da segurança em comum, investindo num processo de ressocialização que possibilite a reinserção social dos infratores legais. Conta o processo histórico do sistema penitenciário do estado de São Paulo e as alternativas estruturais que implementam o processo de reabilitação e reinserção de detentos através dos CRF masculinos e femininos. Apresenta como referencial o modelo, o contexto e os resultados alcançados pelo CRF feminino de Rio Claro/São Paulo, que trabalha em defesa dos Direitos Humanos e Constitucionais básicos, a fim propiciar um voto de confiança e uma segunda chance às reeducandas. Palavras-chave: Direitos Humanos, Constituição 1988, Ressocialização, Egresso Social.
1 Introdução
A partir da Constituição “cidadã” de 1988, o Brasil vive um estado democrático de direito, porém,
apesar de contar com todo um aparato legislativo que visa a uma sociedade justa e equitativa; ainda luta
por desmistificar e colocar em prática todo o seu conteúdo, que de forma progressiva trará realmente
autonomia plena aos cidadãos brasileiros.
Vemos que a busca pela liberdade plena e pelos direitos iguais entre todos os cidadãos ainda é
uma constante e desafiadora realidade diante dos marginalizados e excluídos pelo sistema econômico
capitalista. Essa situação agrava-se ainda mais quando nos deparamos com a questão social dos
transgressores das leis, os presidiários, sejam eles de gênero masculino ou feminino, pois são também
sujeitos de direitos. Embora devam cumprir punições devido às suas más atitudes, seus decorrentes
agravos e prejuízos sociais, devem receber também cuidados, atenção e uma nova chance para
ressocializar-se com a sociedade.
Segundo artigo da Revista Âmbito-Jurídico (06/2013), de forma constitucional o Estado detém a
responsabilidade sobre a integridade física e moral do preso, para que o mesmo possa cumprir o período
estabelecido para cumprimento de sua pena judicial em regime fechado. Porém, atualmente o sistema
penitenciário brasileiro encontra-se em situação precária devido à grande demanda e à falta de recursos
materiais, estruturais e humanos para desenvolver esse tempo de correção social, para uma possível
readaptação e ressocialização do indivíduo.
Na realidade paulista, podemos constatar que há uma preocupação constante em fomentar
soluções para esse desafio de reinserção social a partir de formulações institucionais e movimentos da
estrutura que dá suporte aos detentos, viabilizando um período de correção judicial com dignidade e
1 Alunas do curso de Serviço Social do Claretiano Faculdade 2 Mestre em Direito, professor do Claretiano Faculdade
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humanização. Para entendermos esse trabalho, contamos com um pequeno histórico do sistema
penitenciário do estado de São Paulo extraído do site da SAP (2013):
A história do sistema penitenciário paulista começa em 1/03/1892, quando o Decreto nº 28 criou a Secretaria da Justiça. Até o início de 1979, os estabelecimentos destinados ao cumprimento de penas privativas de liberdade, no Estado de São Paulo, estavam subordinados ao Departamento dos Institutos Penais do Estado – DIPE, órgão pertencente à Secretaria da Justiça. (...) Até março de 1991, as unidades prisionais ficaram sob a responsabilidade da Secretaria da Justiça. Em seguida, a responsabilidade foi para a segurança pública e com ela ficou até dezembro de 1992. No entanto, o Governo do Estado, entendeu ser tarefa essencial o estabelecimento de melhores condições de retorno à sociedade daqueles que estão pagando suas dívidas para com a justiça. O sistema prisional tem características próprias e exige uma adequada solução: um sistema carcerário eficiente, dentro de um Estado democrático, onde o direito de punir é consequência da política social, a serviço de toda a sociedade, mas fundado nos princípios de humanização da pena, sem que dela se elimine o conteúdo retributivo do mal consequente do crime. Como decorrência dessa preocupação, a Lei nº 8209, de 04/01/93, criou e, o Decreto nº 36.463, de 26/01/1993, organizou a SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA, a primeira no Brasil, a tratar com exclusividade do referido segmento. Recentemente o Rio de Janeiro também criou uma Secretaria específica para assuntos penitenciários ..
Assim, no contexto dessa preocupação estatal e judiciária em reinserir o cidadão infrator, vê-se a
formação de centros de ressocialização masculina e feminina, que detêm uma oportunidade diferenciada
de tratamento, postergando gradualmente uma reconciliação social.
A ressocialização é um processo de solidariedade mútua e progressiva entre o Estado, a
sociedade civil e privada, pois cada cidadão deve contribuir para que ocorra a devida recuperação do
indivíduo em meio ao círculo criminal, para que restabeleça novos valores e novas posturas sociais,
readquirindo a dignidade e um lugar na sociedade. Podemos destacar as palavras de Santis (2010, p.48-
49):
Assim, para se alcançar a eficácia da ressocialização do preso é imprescindível a união de
esforços entre os diversos segmentos sociais e instituições públicas e privadas. (...) È que
nada adiantará a adoção de medidas visando diminuir a população carcerária, sem antes
arrancar o mal pela raiz, cujas raízes residem na própria sociedade. (...).
Este artigo pretende, assim, mostrar uma nova realidade prisional desenvolvida nos CRF (Centros
de Ressocialização) femininos e/ou masculinos e suas contribuições à sociedade brasileira, ofertando aos
seus membros em períodos de correção judicial uma nova chance de reabilitação social, visto ser um ser
humano que erra e precisa de uma nova oportunidade para rever suas atitudes e valores.
Apresentamos como exemplo eficaz o CRF de Rio Claro (SP) tido como modelo penitenciário de
acolhimento prisional, oferecendo às presas, chamadas como reeducandas, um tratamento mais
humanizado e organizado, com possibilidades de reinventar novos objetivos à vida, após o cumprimento
de sua pena legal.
2 Direitos humanos e presidiários
Os Direitos Humanos são um desafio constante no contexto das instituições prisionais, pois o
Sistema de Segurança Pública se presta, principalmente, para aprisionar aqueles que estão em
cumprimento de pena correcional estabelecida judicialmente, porém possui uma estrutura física
inadequada, insuficiente e deficiente de posturas para reintegração social devido à grande demanda que
ocorre ininterruptamente frente aos índices constantes e crescentes da criminalidade em meio à
sociedade.
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Dessa forma, a maioria dos presos fica desassistidos em suas necessidades básicas, tendo a
saúde negligenciada devido à superlotação da estrutura física, falta de banhos de sol, má alimentação,
exposição a doenças contagiosas devido à falta de condições de higiene, morosidade e precariedade da
assistência judiciária e ainda situações de violência, corrupção e arbitrariedades por parte dos agentes de
segurança do Estado e mesmo entre os detentos.
3 Presidiários/Constituição de 1988/Direitos Humanos
Os direitos básicos e as possíveis garantias que tratam da dignidade do cidadão brasileiro são
tratadas no Capítulo I da Constituição, em especial no Artigo 5º,(BRASIL, 1988), apresentando os
direitos e deveres individuais e coletivos que devem ser observados e adquiridos indistintamente por
homens e mulheres.
Podemos também acrescentar alguns artigos da Lei nº 7210/84, Lei de Execução Penal – LEP,
que nos estudos de Neto (1988) destacam as providências necessárias por parte de cada
estabelecimento prisional para a apropriação dos Direitos Humanos tendo em vista o recolhimento dos
detentos em instituições prisionais ou em centros de ressocialização. Do conteúdo do Capítulo II:
3.1 Seção I – Disposições gerais
“Art.10: A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e
orientar o retorno à convivência em sociedade.”
Apresenta as disposições gerais da assistência aos presidiários que necessitam de tratamentos
adequados e não discriminatórios para uma possível ressocialização posterior ao cumprimento de sua
pena, vale ainda colocar que tal assistência é dever do Estado. (Neto, 1988 pg. 43-44)
3.2 Seção II – Da Assistência material
“Art.12: A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de
alimentação, vestuário e instalação higiênica.”
Trata sobre a estrutura física, a alimentação, a higiene e as vestimentas limpas para proporcionar
ao detento uma vida adequada no período de reclusão. (Neto, 1988 pg 45-46),
3.3 Seção III - Da Assistência à saúde
“Art.14: A assistência à saúde do preso e do internado é de caráter preventivo e curativo,
compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico”.
Cada estabelecimento prisional deveria ter, pelo menos, um médico clínico geral qualificado para
atendimento eventual aos detentos e também um especialista periódico para acompanhar casos de
dependência de toxicômanos e outros assuntos psiquiátricos. (Neto, 1988, p. 46-47)
3.4 Seção IV - Da Assistência jurídica
“Art.15 : A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros
para constituir advogado”.
“Art.16: As unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica nos
estabelecimentos penais.”
O Estado deve assegurar a todo e qualquer cidadão que não tiver condições financeiras um
defensor publico ou advogado qualificado que defendera seu caso e se necessário terá direito de recorrer
a sentença. (Neto 1988, p. 52 - 54).
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3.5 Seção V - Assistência educacional
“Art.17: A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do
preso e do internado”.
Todo cidadão livre ou em detenção tem direito à educação, desde o ensino fundamental como
base imprescindível para a formação da personalidade do indivíduo. Os cursos técnicos e superiores são
ofertados de modo generalizado pois necessita do interesse e da adesão pela aptidão profissional
escolhida. (Neto, 1988, p. 54).
Faz-se necessário abrir um adendo e destacar o trabalho realizado pelo Sistema Penitenciário
Paulista, com o objetivo de reduzir o analfabetismo, elevar o nível de escolaridade e atingir uma possível
diminuição de reincidência de crimes, surgiu o Programa de Educação nas prisões, elaborado a partir do
perfil e das necessidades do público alvo, nesse caso, os internos.
Este trabalho é desenvolvido pela Funap – Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" de
Amparo ao Preso, que planeja, desenvolve e avalia programas sociais para os presos e egressos (ex-
presidiários) das 142 penitenciárias do estado de São Paulo em conjunto com a SAP – Secretaria de
Administração Penitenciária. A Fundação contribui para a recuperação social do preso e para a melhoria
de suas condições de vida, oferecendo estudo, qualificação, aprendizado profissional e oportunidade de
trabalho remunerado.
3.6 Seção VI - Assistência social
“Art. 22: A Assistência Social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los
para o retorno à liberdade”. (Neto, 1988, p. 57).
A assistência social deve promover o detento a partir de sua detenção e acompanhar o processo
de sua reinserção na família e na sociedade.
Cabe ao assistente social prisional conhecer, avaliar, relatar por escrito resultados de diagnósticos
sociais e comportamentais do detento junto ao diretor do estabelecimento prisional, bem como
apresentar problemas e dificuldades do assistido em relação ao seu interesse e envolvimento junto às
atividades realizadas no presídio, bem como sua saída e retorno em datas especiais. Contando com os
meios disponíveis, deve promover momentos de lazer e interação social, orientar o detento sobre o
desenvolvimento de seu tempo penal e estimulá-lo para um bom retorno a sociedade, salientando o valor
da liberdade. Deve providenciar documentação necessária e também benefícios junto á Previdência Social
e orientar e amparar, quando necessário, a família do detento.
3.7 Seção VII - Assistência religiosa
“Art. 24: A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos
internados, permitindo a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a
posse de livros de instrução religiosa”. (Neto, 1988 p. 59).
Estabelece o direito a liberdade de culto, com momentos para oração e literatura de diversas
denominações religiosas. Assim, os detentos não podem ser obrigados a participar de atividades
religiosas, prevalecendo a sua escolha de culto.
3.8 Seção VIII - Assistência ao egresso
“Art. 25: A Assistência ao egresso consiste:
a) na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;
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b) na concessão, se necessário de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo
prazo de dois meses.” (Neto, 1988 p. 61).O setor de assistência social, com o apoio de ONGs e entidades
sócio-educativas, devem promover, no decorrer do tempo de condicionamento prisional, projetos que
estimulem o trabalho e que estes, por sua vez, sejam formas de ressocialização para reconscientizar
sobre os valores reais do trabalho, favorecendo também meios para amparo socioeconômico do detento,
que posteriormente voltará ao convívio social.
No período imediato à sua liberdade, o detento deve receber orientação e apoio para sua
reintegração. E, se necessário, por um período de dois meses, deverá receber auxilio para transporte,
alimentação e vestuário.
3.9 Capítulo III – do trabalho
Seção I- Disposições gerais
“Art. 28: O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá
finalidade educativa e produtiva.” (Neto, 1988, P. 65).
3.9.1 – Seção II – do trabalho interno
“Art. 31: O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de
suas aptidões e capacidade”. (Neto, 1988 p. 71).
Dentro do espaço prisional, todos os condenados deverão trabalhar conforme sua saúde física e
mental, com acompanhamento medico, como forma de estímulo e responsabilidade mútua pela limpeza e
higiene do local.
3.9.2 – Seção III - Trabalho externo
“Art. 37: A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento,
dependerá da aptidão e responsabilidade mostrado pelo detento, além do cumprimento mínimo de um
sexto da pena a ser cumprida”. (Neto 1988 p. 76).
Somente com autorização prévia da direção do estabelecimento prisional será possível a saída
para o trabalho fora do presídio, pois depende do comportamento, do cumprimento das regras
institucionais, da aptidão e responsabilidade do detento.
4 Direitos Humanos/Constituição de 1988 em confronto com a realidade do Centro
de Ressocialização feminino de Rio Claro – SP
O Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro foi inaugurado em 27 de julho de 2002.
Segundo dados colhidos pela SAP (2013, 2), o local tem capacidade para atender 80 mulheres e,
segundo dados estatísticos de julho de 2011, contava com 52 internas.
Esse centro tem como objetivo a ressocialização, ou seja, preparar emocionalmente,
profissionalmente e psicologicamente as mulheres judicialmente internas para o regresso ao convívio
social.
A instituição recebe detentas de Rio Claro e região em regime provisório (aguardando
julgamento), fechado (sem direito à saída) e semiaberto (saída para local de trabalho sem
acompanhamento) para aquelas já condenadas.
O projeto do Centro de Ressocialização é um esforço conjunto dos poderes Executivo, Judiciário,
o Ministério Público e a comunidade, visando obter um melhor resultado na inserção social das detentas.
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O governo do estado repassa verba à entidade conveniada para suprir as necessidades
assistenciais, contando com uma administração competente, incentivada pela participação da
comunidade; eventualmente, conta ainda com ajuda de estagiários e voluntários de diversos segmentos
da sociedade.
Em entrevista ao Jornal Cidade (2010) a atual diretora Maura Batista da Cruz, que assumiu o
cargo em dezembro de 2007, afirma que muitas detentas optam por vir a cumprir sua pena no CRF,
devido ao seu sistema de tratamento; no entanto, não é possível para todas, pois há um processo
seleção que tem critérios bem definidos e uma triagem realizada com os técnicos:
– Condenação inferior a 10 anos.
– Primariedade.
– Não ter vínculo com nenhuma facção criminal.
– Aceitar as regras da Instituição.
Assim, caso a detenta não esteja em conformidade com alguma dessas exigências, ela será
transferida para uma outra penitenciária.
Segundo reportagem feita por Navas (2010) pelo Jornal Cidade, a principal diferença entre Centro
de Ressocialização e Penitenciária é o estimulo para não reincidirem no crime; além disso, as celas,
denominadas como alojamentos, permanecem abertas.
Em cada alojamento, convivem três reeducandas, a limpeza do local é compartilhada por todas e
ainda recebem um tratamento diferenciado, pois o centro preza pelos princípios dos Direitos Humanos.
Algumas empresas parceiras enviam trabalhos para serem realizados dentro do Centro pelas
reeducandas em regime fechado; outras empresas empregam aquelas que estão em regime semiabertos
ou que já conquistaram a liberdade; vale acrescentar que, a cada três dias trabalhados, diminui um dia
de sua pena.
O CRF tem um “banco” onde fica depositado o dinheiro que as reeducandas ganham como fruto
do seu trabalho, chamado Pecúlio.
Em datas comemorativas, quando elas têm as chamadas “saidinhas”, esse dinheiro é entregue a
elas, porém uma pequena parte fica na instituição para manutenção daquelas que realizam trabalhos
internos, chamado de Rateio. Este visa à manutenção geral do ambiente que é ocupado por todas, seja
na limpeza da instituição ou no preparo das refeições.
Esse centro é o segundo implantado no Brasil e o índice de reincidência ao crime das ex-detentas
não ultrapassa 10%, contrastando com os índices do sistema penitenciário tradicional, que chega a 70%,
segundo estimativas da Secretaria de Administração Penitenciaria do Estado de São Paulo.
O espaço físico da entidade é muito limitado, e não comporta as exigências em relação ao
atendimento médico e ambulatorial na sede, porém elas têm um consultório dentário e parcerias com
hospitais e clínicas da cidade, onde as reeducandas recebem toda a assistência.
Constata-se, no CRF, que a grande maioria das reeducandas vem de uma família muito humilde e
sem condições de pagar um advogado e utilizam um Defensor Publico ou então um advogado que cuida
somente dos benefícios da instituição.
O Centro tem parceria com a Funap, que realiza um projeto educacional de âmbito nacional com
as reeducandas, mas, devido ao pouco espaço, elas têm aulas no refeitório da instituição.
O contato eventual com as famílias é considerado de grande importância para as reeducandas do
CRF, que recebem visitas todos os finais de semana, sendo isso um importante elo com o mundo
exterior.
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Semanalmente também são realizados missas e cultos de diversos credos religiosos, podendo
ficar em seus alojamentos as reeducandas que não quiserem participar.
As penas a serem cumpridas pelas reeducandas são frutos de envolvimento com figuras
masculinas nas práticas criminosas; na grande maioria dos casos, de uma forma ou de outra, há sempre
algum homem como responsável, direto ou indireto, pela sua inserção na criminalidade ou sua prisão. Há
também ocorrências de roubos, estelionato e entorpecentes.
5 Considerações finais
Os Centros de Ressocialização existentes em todo o país procuram dar uma segunda chance a
pessoas cidadãs que, por um motivo ou outro, praticaram algum ato ilícito e infrator junto à sociedade.
Podemos acrescentar que, para a segurança da sociedade, é imprescindível que haja uma ação
conjunta entre Estado, sociedade civil e privada, os órgãos judiciais e as entidades prisionais em prol da
reabilitação moral e reinserção do preso no seio social.
Confirmando a necessidade de uma conjuntura social delineada com uma consciência coletiva
para inclusão e ressocialização, acrescentamos as palavras de Santis (2010, 48-49):
Imperioso, portanto implementar uma política criminal que sirva para tratar a parte doente da sociedade. Que o Estado cumpra seu papel atendendo às necessidades reais do cidadão, que muitas vezes se socorre das milícias (...) organizações criminosas por lhe faltar o amparo da sociedade e das autoridades competentes. Que haja uma participação social consciente e ativa no processo de ressocialização do preso, visando blindar o Estado Democrático de Direito.
Porém, em meio à precariedade e à falta de recursos materiais e humanos para realização
satisfatória e humana de um projeto de reinserção social aos condenados, podemos considerar a eficácia
do trabalho realizado pelo CRF de Rio Claro como um modelo de interação social, visto que, por meio dos
resultados de não reincidência à criminalidade, confirma sua validade enquanto local de ressocialização
do indivíduo e modelo sistemático e estatal de reintegração social.
6 Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado. 1988.
FUNAP. Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" de Amparo ao Preso. Home page. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2013.
MAIA NETO, C. F. Direitos humanos do preso: lei de execução penal – Lei nº 7210/84. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1988.
NAVAS, S. Aniversário: Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro. Jornal Cidade. Disponível em: . 30 jul. 2010. Acesso em 12 jun. 2013.
SANTIS, K. A. S. Ressocialização de presos. Responsabilidade do judiciário e da sociedade. Revista Jurídica Consulex, ano XIV, n. 314, 15 fev. 2010.
SAP. Secretaria da Administração Penitenciária. História da SAP. Disponível em: . Acesso em: 13 ago. 2013.
SAP (2). Secretaria da Administração Penitenciária. Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro. PARC - Programa de Assistência e Ressocialização Carcerária. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2013.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO,DIVERSIDADE E INCLUSÃO. Educação em prisões. Disponível em:
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Ressocialização de detentas: Direitos humanos X preconceito no contexto do CRF – Rio Claro
Revista das Faculdades Integradas Claretianas – Nº6 – janeiro/dezembro de 2013 13
. Acesso em 12 jun. 2013.
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O papel do pedagogo na equoterapia
Daniele Botion1
Evelyn Monari Belo2
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo apresentar ao leitor a importância do papel do pedagogo no desenvolvimento de um trabalho integrado à Equoterapia. Tal prática proporciona aos praticantes um melhor desenvolvimento motor e também cognitivo. Nesse contexto, enfatizamos os resultados obtidos com os portadores de Síndrome de Down, também denominados como portadores de Necessidades Educacionais Especiais. É necessária a integração de profissionais de diferentes áreas para a realização de um trabalho no qual seja possível a obtenção de êxito, buscando também a interação entre praticante, cavalo e profissional. Palavras Chaves: Equoterapia, Atuação do pedagogo, Atuação integrada. 1 Histórico sobre a Equoterapia
A Equoterapia tem se destacado como instrumento que auxilia na recuperação de pessoas.
Segundo Olivertech (2010), para Hipócrates o cavalo é utilizado desde 400 a.C. para ajudar na saúde dos
pacientes. A prática começou a vigorar no Brasil apenas nos anos 80, quando foi criada a Associação
Nacional de Equoterapia (ANDE). Atualmente, há diversos centros de Equoterapia espalhados em muitos
lugares:
No Brasil, a ANDE (Associação Nacional de Equoterapia), uma instituição beneficente, foi fundada em 1989 e está localizada na Granja do Torto em Brasília. 09/04/1997 – Ocorreu o reconhecimento da Equoterapia pelo Conselho Federal de Medicina – Parecer nº 06/97 – como Método Terapêutico de Reabilitação Motora. 1999 – Foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro de Equoterapia (MEDEIROS; DIAS, 2002, p. 4).
O cavalo já era utilizado para tratamentos terapêuticos, porém foi após a Primeira Guerra Mundial
que sua prática se destacou.
Na Equoterapia, o indivíduo é denominado de praticante, pois é um trabalho em conjunto com o
animal.
Atualmente, a Equoterapia está sendo reconhecida como tratamento para pessoas de todas as
idades, independentemente de sua necessidade. Sua prática proporciona sensação de independência do
praticante, estimulando assim o relacionamento com as pessoas e sua autoestima.
Através dos dados fornecidos pela ANDE (1999), a Equoterapia é incorporada por meio de
métodos e técnicas para auxiliar no tratamento de crianças com necessidades especiais através do
instrumento que é o cavalo, tendo como melhoramento o sistema físico, psíquico, educacional e social.
Através desse benéfico o praticante começa a apresentar ganhos no tratamento.
De acordo com Rodrigues (2006), a palavra “Equoterapia” significa programa de reabilitação e
educação, sendo o cavalo o mecanismo principal para a execução da atividade.
O andar do cavalo é semelhante ao andar do ser humano; especialistas comentam que essa
semelhança é de apenas 5%, possibilitando, assim, a firmeza em cima do animal, conforme ressalta
Souza (2007).
1 Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia do Claretiano Faculdade. 2 Doutora em Geografia, professora do Claretiano Faculdade.
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O papel do pedagogo no equoterapia
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Para a criança, o cavalo é um mecanismo novo, que ela precisará dominar, comandar, obtendo
algumas vantagens: autoconfiança, aprendizado de seus limites, despertar de sua afetividade, entre
outros.
A Equoterapia proporciona benefícios físicos, psicológicos, educacionais e sociais, buscando o desenvolvimento de pessoas portadoras de deficiência ou de necessidades especiais. Cavalgando, a pessoa interioriza sensações temporais, sentimentos e emoções através do tato, visão, olfato, audição e cinestesia. O movimento tridimensional do dorso do cavalo, associado aos movimentos multidirecionais proporcionados por este, proporciona ao cavaleiro numa sessão equoterápica de 30 minutos, 1.800 a 2.250 ajustes tônicos e 3.400 oscilações com o cavalo se deslocando ao passo, que é a andadura mais benéfica no tratamento (BARROS; AZEVÊDO apud RODRIGUES, 2006, p. 171).
Cada sessão da Equoterapia tem duração de aproximadamente 40 minutos, considerando desde a
aproximação da criança com o cavalo até a hora que termina a sessão; é claro que em casos simples o
praticante pode permanecer um pouco mais, sendo a sessão realizada uma vez por semana.
É necessário atingir a idade mínima de 3 anos para o início do tratamento, porém não há idade
máxima.
A Equoterapia foi fundamentada como uma atividade equestre, através do uso do cavalo, sendo,
na verdade, um tratamento auxiliador de recuperações tanto motora quanto mental.
A prática da Equoterapia traz inúmeros benefícios, segundo Barros e Azevêdo (apud RODRIGUES,
2006, p.172): “Ocorre ainda o aumento da produção de adrenalina, que, por sua vez, aumenta as taxas
cardíacas e respiratórias, auxiliando no funcionamento do aparelho digestório.”
De acordo com Medeiros e Dias (2002), na Equoterapia o tratamento é composto de 4 fases,
sendo elas, respectivamente: hipoterapia; educação/reeducação equestre; pré-esportiva; e esportiva.
Medeiros e Dias (2002) explicam cada uma das fases: na primeira, o praticante precisa da ajuda,
pois não tem equilíbrio, condições físicas e mentais para se manter sobre o cavalo e nem o conduz
sozinho. Nessa fase, o profissional precisa montar junto com o praticante; na segunda, o praticante
apresenta algumas condições de se manter sozinho sobre o cavalo, o profissional acompanha o praticante
nas laterais para realizar o tratamento. Nessa etapa, o cavalo se torna um grande facilitador na
aprendizagem da criança; na terceira, o praticante consegue plenamente o domínio sobre o cavalo,
porém necessita da orientação dos profissionais, sendo um auxílio maior do profissional de equitação; e
na quarta fase, o praticante possui alta do tratamento, sendo inserido na escola de equitação, o que fica
a critério de cada praticante.
Dados apontam que a terapia através do uso do cavalo vigorou após observações de que muitas
pessoas conseguem resolver diversas situações que ocorrem durante a vida por meio da presença de um
animal, por exemplo, cachorro, gato, passarinho, cavalo, que é a peça fundamental para a realização da
Equoterapia.
2 A importância da Equoterapia para tratamentos de portadores de Síndrome Down e
necessidade educacional especial
2.1 Casos que podem ser tratados
De acordo com Medeiros e Dias (2002), o tratamento pode ser realizado nas seguintes
indicações: autismo, síndrome hipercinética (hiperatividade), deficiência mental, dificuldade do
aprendizado, alterações do comportamento, síndromes neurológicas (Down, West, Rett, Soto e outras)
etc.
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O papel do pedagogo no equoterapia
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A Equoterapia só não é recomendada, ressaltam Barros e Azevêdo, para casos considerados
graves, como pacientes que apresentam crises convulsivas incontroláveis, pessoas com cardiopatias
graves ou escoliose muito acentuada, (2006).
2.2 Benefício da Equoterapia para os portadores de Síndrome Down (SD)
A criança com Síndrome Down, conforme ressaltam Barros e Azevêdo (apud RODRIGUES, 2006,
p.178), só pode realizar as sessões após diagnóstico médico, sendo solicitados alguns exames, como
raios X, radiografias específicas da espinha cervical, entre outros exames.
No início das sessões, a criança com Síndrome Down apresenta, aos poucos, algumas melhoras
que se manifestam em seu comportamento, porém o resultado mais alcançado no começo do tratamento
é a questão da postura, pois, montando a cavalo, o praticante precisa ficar com a coluna reta, sendo esse
requisito muito importante para o portador da Síndrome Down, pois trabalha o exercício direcionado para
a coluna, ajudando o praticante no seu dia a dia, segundo Barros e Azevêdo (apud RODRIGUES, 2006).
Nas sessões realizadas com praticantes portadores de Síndrome Down, o profissional (pedagogo)
pode trabalhar a parte lúdica, por exemplo, contando histórias para o praticante, cantando músicas,
levando figuras de animais, personagens de desenhos, materiais ligados ao dia a dia.
O praticante com Síndrome Down se dispersa facilmente e, sendo assim, a sessão equoterápica é
realizada com um ser vivo fundamental para a prática que, no caso, é o cavalo e outro ser vivo, que é o
praticante. Diante dessa situação, Alves (2003) destaca os estímulos que ambas as partes fazem entre si,
sendo que o cavalo responde através de alguns meios, como mexer o rabo, erguer as orelhas, espirar,
relinchar, entre outros; diante desses estímulos, o praticante que está montado de uma forma ou de
outra transmite a resposta.
2.3 Benefício da Equoterapia para os portadores de Necessidades Educacionais
Especiais (NEE)
A Equoterapia contribui significativamente dentro dos processos de dificuldade de aprendizagem,
por exemplo, leitura, concentração, escrita, convívio social, entre outros aspectos, conforme ressalta
Souza (2007).
O praticante com NEE, por meio da Equoterapia, possui condições de começar a organizar seu
espaço, melhorar a audição, a visão, auxilia no trabalho com a lateralidade, contribuindo também para
um vocabulário mais produtivo. Diante de todos esses requisitos, o praticante melhora sua atividade
escolar, a leitura, escrita, raciocínio.
De acordo com a necessidade a que se precisa atender com o praticante durante as sessões, o
pedagogo pode utilizar, para a realização das atividades propostas na terapia, uma lousa de ferro e
também objetos, números, tabelas, enfim, vários materiais para trabalhar a dificuldade que o aluno
apresenta, pedindo que ele faça as atividades solicitadas montado em cima do cavalo, estimulando assim
sua coordenação para realizar o que está sendo solicitado e conduzir o cavalo para conseguir
desempenhar seus afazeres.
Considerando que o ambiente que o aluno/praticante se encontra dentro da Equoterapia é
fundamental para a realização de tarefas, verificamos que o desenvolvimento é obtido pelo fato de ser
um ambiente calmo, que respeita a individualidade, prazeroso, estimulando assim o aprendizado e a
concentração.
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A Equoterapia auxilia o praticante em diversas dificuldades escolares, por exemplo, na disciplina
de Matemática, para o aluno conseguir resolver a atividade, é preciso concentração e raciocínio, mas
muitas vezes o aluno se dispersa na aula e não consegue executar a atividade.
O cavalo, quando “enquadrado” no contexto educacional, ajuda a provocar situações nas quais é
necessário desenvolver o autocontrole e a concentração do praticante para efetuar as atividades
propostas.
Por meio de atividades equoterápicas estipuladas, a criança adquire mais condições de equilíbrio,
ajudando muito nas aulas voltadas à Educação Física. É importante ressaltar que, durante a sessão, a
criança realiza diversas atividades que estimulam seu equilíbrio, como deitar sobre o cavalo, fica de
joelho, deitar de barriga para baixo, sentar com as pernas em borboleta.
A Equoterapia auxilia a coordenação motora por trabalhar com diversos movimentos,
proporcionando uma forma contínua de trabalho dentro da sala de aula, tornando mais fácil para a
criança trabalhar o mecanismo de manusear o lápis. Enfim, a criança ganha autonomia em seus
movimentos.
3 O profissional que trabalha com a Equoterapia: formação e atuação
Para a realização da prática equoterápica, é fundamental uma equipe interdisciplinar, atuante em
diversas áreas. Entre elas, podemos destacar a atuação de pedagogos, psicólogos, fisioterapeutas,
instrutores de equitação, fonoaudiólogos, veterinários, terapeutas ocupacionais, professores de educação
física, conforme afirmam Medeiros e Dias (2002).
Cada profissional exerce uma função na atividade equoterápica, pois é um mecanismo
complementar, sendo necessário integrar todas as informações obtidas para a realização das sessões.
Segundo Souza (2007), o profissional da área equoterápica precisa de uma formação em cursos
ministrados pela ANDE, pois só assim estará qualificado para a execução do trabalho. Como é um
trabalho em conjunto, a pessoa que observa a realização das atividades propostas não consegue
diferenciar cada profissional no desenvolvimento da atividade, pois a atuação de todos os profissionais é
direcionada para um mesmo objetivo.
Para a criança, o profissional é o instrumento de ligação. Por meio desse vínculo, ela estabelece
uma relação com o cavalo durante as sessões equoterápicas, tornando sua presença importante para a
realização da prática, sendo essa atividade uma interação entre praticante e cavalo.
Segundo Barros e Azevêdo (apud RODRIGUES, 2006), a Equoterapia consiste em equipe
interdisciplinar, que possui os conhecimentos de cada área de atuação e o entendimento transdisciplinar,
que nada mais é que a troca de informação em conjunto de todos os profissionais, sendo importante
ressaltar que o processo se torna consistente a partir dessa troca, pois o praticante é um indivíduo em
pleno desenvolvimento. Ao formular, planejar as atividades a serem realizadas pelos praticantes, os
profissionais que trabalham com a Equoterapia devem considerar os diagnósticos dos praticantes.
Como toda e qualquer atividade, a Equoterapia exige de todos os seus integrantes, a equipe, o
praticante e os familiares, paciência no decorrer da realização das sessões, pois se trata de uma
atividade que precisa de interação de todas as partes para concluir o resultado.
Toda a equipe equoterápica deve ter uma visão focada no praticante e no animal, sendo um
circulo formado de constante aprendizado, ressaltando assim aspectos em todos os sentidos.
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O papel do pedagogo no equoterapia
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Os profissionais da área podem criar situações favoráveis aos aspectos de alguma atividade
lúdica, despertando assim o entusiasmo do praticante, criando um acordo entre os envolvidos e
diversificando as sessões, tornando-as mais prazerosas.
Alguns profissionais de outras áreas de atuação, como tenentes da polícia, estudantes
estagiários, ou mesmo pessoas que se interessam pela atividade, doam uma parte de seu tempo para
auxiliar voluntariamente as sessões equoterápicas, constituindo um número maior de pessoas envolvidas
com a prática.
4 Considerações Finais
Por meio do trabalho realizado, foi possível perceber que a Equoterapia é uma pratica equestre
que, cada vez mais, “ganha força” e alcança seus ideais, proporcionando aos praticantes inúmeros
benefícios.
Assim, a figura do pedagogo é de extrema importância, pois deverá estar articulado aos demais
profissionais envolvidos com a prática equoterápica de modo a promover situações de aprendizagem,
obtendo rendimento a partir de uma melhor concentração do aluno na realização das atividades
propostas.
A integração dos profissionais da área promove resultados positivos, que resultam na troca de
experiências e no rendimento de cada praticante dentro do contexto equoterápico.
A Equoterapia está vinculada a diversos fatores que nos permitem identificar resultados positivos
conforme observamos os casos de portadores de Síndrome de Down e Necessidade Educacional Especial.
Um elemento que merece destaque na realização dessa prática é o cavalo, pois é capaz de atrair
a atenção das crianças e, então, estimular a realização de atividades a partir do estabelecimento de uma
relação “amistosa”, fundamentada também na confiança adquirida para a prática proposta.
Em suma, a Equoterapia é uma prática que possibilita a integração do praticante com o
profissional, o cavalo e o contato amplo com a natureza, fortalecendo, assim, a integração no ambiente
social, cuja eficácia se comprova na medida em que observamos a ampla possibilidade de atuação que a
área oferece aos profissionais envolvidos, incluindo o pedagogo.
5 Referências bibliográficas
ALVES, A. M. Equoterapia, estimulação precoce e Síndrome de Down: quando as partes se completam formando um todo – relatando uma experiência bem sucedida. Brasília: UnB, 2003. Disponível em: . Acesso em 15 ago. 2011.
ANDE. Associação Nacional de Equoterapia. Disponível em: . Acesso em 09 set. 2010.
BRAGAMONTE, M. C.; SANTO, S. M. B. A atuação do pedagogo na Equoterapia. Disponível em: . Acesso em 15 set. 2011.
MEDEIROS M.; DIAS, E. Equoterapia: bases e fundamentos. Rio de Janeiro: Revinter, 2002.
OLIVERTECH. Equoterapia. Disponível em: . Acesso em: 19 ago. 2010.
RODRIGUES, David. Atividade Motora Adaptada: a alegria do corpo. São Paulo: Artes Médicas, 2006.
SOUZA, J. Equoterapia: a cada trote uma esperança. Filantropia. São Paulo, v. 6, n. 32, p. 46-47, nov./dez. 2007.
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Revista das Faculdades Integradas Claretianas – Nº6 – janeiro/dezembro de 2013 19
Motivação para a implantação das normas
ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso
Eder Benedito Simonato1
Resumo
Neste artigo, queremos analisar a hipótese de que a gestão de empresas e a gestão da qualidade sejam amplamente passíveis de aplicação em empresas de prestação de serviços contábeis. Busca-se elencar como podem e devem ser aplicadas a qualquer tipo de empresa do ramo contábil as ferramentas tecnológicas de gestão. Enfim, procura-se constatar que essas ferramentas fazem parte do universo de atuação das empresas de serviços contábeis, contudo essas ferramentas não se aplicam em uniformidade a todas as empresas. É o caso da aplicação das normas ISO 9001, a qual nem todos os escritórios ou empresas de serviços contábeis têm a possibilidade de implantar e utilizar corretamente, visto o dispêndio financeiro para implantação e o volume de novos procedimentos para a checagem dos padrões de processo, necessitando de aumento de quadro de pessoal, de clientes e de apoio de empresas externas. Palavras-chave: Gestão; ISO 9001; qualidade; serviços contábeis. 1 introdução (o porquê de tudo isto – o que nos move a mudança)
Nos últimos anos, com o início da era da tecnologia da informação e, mais especificamente, da
era do conhecimento, a necessidade da redução de custos empresariais fez com que surgissem
inovações, como a engenharia de valor, em busca de competitividade em um mercado que cada vez mais
se direcionava a globalização.
Hutchins (1994) nos diz que não deve ser encarado como mérito de uma ou outra empresa
utilizar ferramentas tecnológicas para a sua diferenciação no mercado concorrencial, pois qualquer
empresa pode fazê-lo, mesmo que não haja parâmetros para comparação.
Dessa forma, mesmo uma empresa de prestação de serviços terá condições de criar seus
indicadores de padrão e de persegui-los, a fim de transformar isso em condição perceptível por parte dos
clientes, a chamada “qualidade”.
Devido a vários aspectos, como o avanço tecnológico, o crescimento dos mercados, o incremento
da concorrência, o aumento da complexidade e da efervescência dos aspectos econômicos, políticos e
sociais, as empresas estão sendo levadas a utilizar eficazes sistemas de informações.
Informação é o dado trabalhado que permite ao executivo tomar decisões, podendo afetar ou
modificar o comportamento existente na empresa, bem como o relacionamento entre suas várias
unidades organizacionais.
1 Especialista em Gestão Estratégica de Negócios e professor do Claretiano Faculdade.
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Motivação para a implantação das normas ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso
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Dessa forma, as informações devem transpor a barreira do conhecimento individual e estar
disponibilizadas a toda a estrutura empresarial, de forma que seja popularizada e esteja á mão de
qualquer indivíduo que participe do processo de produção empresarial e que se
aventure a aprender e a descobrir novas formas de interatividade e de expansão dos domínios do
conhecimento.
Democratizar a informação, então, passa a ser a função de algumas ferramentas. Entre elas
estão os padrões e normas ISO 9001, que auxiliam a organizar, cadastrar e registrar formas e
procedimentos distintos, perpetuando-os ao longo do tempo e transformando-os em informações
disponíveis a todos. A grande vantagem é a de poder documentar tudo o que deu certo, a fim de que
seja replicado com eficiência, e de descartar tudo o que deu errado, a fim de que não seja também
replicado o erro.
Perante uma formação homogênea, o mercado é abastecido anualmente com um grande número
de egressos que desejam seu lugar ao sol. Para se manter num mercado competitivo, são necessárias
nada mais do que boas fontes de informações para dar suporte à tomada de decisões que serão feitas ao
longo de sua carreira, seja ela como funcionário, como profissional autônomo ou como prestador de
serviços contábeis.
Logo, um profissional que não busca ou que não possui esse sistema de busca de informação com
uma boa base de tecnologia e planejamento tornam-se apenas mais um entre todos os outros, não se
destacando no mercado.
Devido ao vasto conteúdo referente à gestão e também ao volume de tecnologias disponíveis e
em contínua evolução, muitos profissionais – por falta de tempo, já que são patrões –, e muitas vezes
juntamente operários do negócio, não veem ou não têm acesso às possibilidades de crescimento à sua
volta. Aqueles que optarem pela prestação de serviços contábeis terão aqui mais uma fonte de
informação para sua evolução, ganhando em sinergia e conhecimento.
Visto dessa forma, essa opção na profissão tem a possibilidade e a intenção de juntar em um
único conteúdo o que se pode aplicar de melhor na questão da gestão empresarial para a área contábil.
Além de disponibilizar as informações primárias para que as empresas de serviços contábeis interessadas
em evoluir e melhorar os padrões de seus procedimentos possam conhecer a prática de uma empresa
que já está inserida no futuro dos padrões de controles da prestação de serviço.
A possibilidade de divulgação desse compêndio de informações leva não só a área de
contabilidade aqui tratada, mas também outras áreas e nichos de mercado a ponderarem sobre a
possibilidade da busca pela excelência em seus serviços. E nada melhor do que poder começar a busca
desse caminho sendo apoiado por uma empresa de serviço contábil que já faz parte desse universo.
Este artigo foi realizado através de uma pesquisa descritiva bibliográfica, observação in loco,
entrevista descritiva e valendo-se da exploração do acervo das Faculdades Integradas Claretianas em Rio
Claro – SP. Sua finalidade é proporcionar informações sobre o assunto investigado e assim propiciar mais
uma fonte de informações para os profissionais de todas as áreas do mercado.
Para estruturação e fundamentação, considerando a metodologia de pesquisa proposta, foram
utilizados os seguintes passos para levantar os dados e adquirir maiores conhecimentos para a
elaboração do presente trabalho de pesquisa:
– realização de uma revisão literária do tema proposto através de uma pesquisa bibliográfica;
– coleta de dados necessários da empresa estudada in loco, juntamente com as operações diárias
do escritório. Essa coleta foi adquirida das seguintes formas:
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Revista das Faculdades Integradas Claretianas – Nº6 – janeiro/dezembro de 2013 21
– entrevista com o empresário proprietário da empresa de serviços contábeis em processo de
implantação da ISO 9001;
– visita e apuração no local do processo de gestão empresarial e da implantação da ISO 9001;
Esse método possibilitou diversas informações, proporcionando um melhor diagnóstico da
organização em destaque, desenvolvendo uma avaliação geral e conhecendo seus problemas e soluções
de forma ampla, em relação à empresa inserida no mercado, e estrita, relativa aos por menores diários
de cada procedimento de implantação.
Dessa forma, o presente artigo limita-se a efetuar um estudo de caso, baseado em entrevista,
pesquisa descritiva e de observação no local, sobre a gestão da empresa de serviços contábeis Cont Rio –
Contabilidade Empresarial e Condominial Ltda., empresa baseada na cidade de Rio Claro – SP.
Para o caso de algumas informações que não se conclusivas, recordamos a situação em que se
encontra a empresa: durante o período de confecção deste artigo, a empresa estava em processo de
implantação do sistema de qualidade na prestação de serviços baseado nas normas ISO 9001.
Sendo assim, na estruturação deste trabalho, busca-se, na primeira parte, a fundamentação
bibliográfica como fonte de informação para a composição do questionamento, o qual faz parte de um
segundo momento do trabalho. Logo em seguida, tem-se os resultados apresentados e a discussão
destes de forma breve. Por ultimo, como forma de responder ao tema deste trabalho, buscamos enfatizar
as características que mais se destacaram para a tomada de decisão para a evolução tecnológica da
empresa estudada.
2 Definição da base teórica e definição do problema
Para Sá (2006), na teoria da Contabilidade, a evolução do pensamento contábil parte da
Matemática, passa pela Contabilidade e se fixa na Lógica; incidentalmente, essa condição de pensamento
reflete a concepção das partidas dobradas, a causa e efeito, a que cada fato gerador se submete.
Por efeito de uma analogia interessante, as próprias empresas de prestação de serviços contábeis
não estão isentas dessa concepção enquanto empresa inserida no mercado concorrencial de sua área de
atuação. Dessa forma, causas delimitarão as tomadas de decisão por mudança no escritório de
Contabilidade e sem duvida terão efeito a ser apurado.
O efeito apurado será a nova base dos porquês das causas das tomadas de decisão, pois as
empresas de prestação de serviços contábeis têm que evoluir. Portanto, a teoria da Contabilidade, que é
o instrumento de trabalho das empresas de prestação de serviços contábeis, tem que ser usada também
como ferramenta para o desenvolvimento da própria empresa.
Hutchins (1994) afirma que, partindo de premissas básicas de padronização, qualquer empresa
pode e deve fazer uma compilação de suas melhores condições, registrando-as através de índices e
gráficos, e a partir daí utilizá-los como base para comparação, desenvolvimento e melhoria contínua de
seus processos ou procedimentos, ou seja, deve utilizar Matemática como referência para tomadas de
decisão.
Essa é a base da ISO 9001 (International Organization for Standardization), um grupo de normas
técnicas compiladas que, quando implementadas pelas empresas, conduzem a métodos de padronização
comparada entre índices e resultados passados para a atualização presente dos rumos futuros.
Marion (1996) dá uma luz quanto à percebida condição de estagnação das empresas de prestação
serviços contábeis. Ele afirma que a metodologia de ensino das escolas de Contabilidade no nível
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Motivação para a implantação das normas ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso
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superior, na sua maioria, trata o aluno de forma passiva, ou seja, existe a transferência de conhecimento
do professor para o aluno e acaba aí.
Devido a inúmeros fatores, como tempo, espaço físico, custo, oportunidade, entre tantos outros,
os alunos não participam de nenhuma atividade prática no campo da Contabilidade; sendo assim, falta a
“prática profissional”.
Essa condição acaba por refletir num profissional que, ao terminar a faculdade, inicia o trabalho
em alguma empresa de prestação de serviços contábeis, aprende a metodologia dali e acaba por replicá-
la sem poder ter testado outras situações ou mesmo condições de trabalho e possibilidades.
Já Schell (1995) infere que ter ou administrar uma empresa de serviços contábeis é gerir
pessoas, atender e trabalhar com pessoas; dessa forma, é participar diretamente de suas expectativas,
sonhos e esperanças. É preciso estar preparado para criar valores, metas, motivação e criar uma equipe
eficiente que busca eficácia constantemente.
Essa é mais uma das tarefas do profissional em Contabilidade que tem ou deseja ter uma
empresa própria de prestação de serviços contábeis. Buscando essa experiência e esse conhecimento
elencados acima, e também buscando entender a gestão de serviços contábeis na prática, a partir deste
artigo apresentaremos as condições de existência de uma empresa de serviços contábeis e da motivação
para a evolução através do processo de implantação das normas ISO 9001 perante as demais empresas
no mercado de Rio Claro – SP.
Começaremos a elencar as condições e motivações que levaram a empresa à busca pelo
crescimento e pelo padrão de processo na prestação dos serviços contábeis, objetivando a confiabilidade
total dos trabalhos destinados aos seus clientes.
Rio Claro, cidade a 180 km da capital, no interior do estado de São Paulo, conta com
aproximadamente 200.000 habitantes e tem um mercado acirrado, quando olhamos para o ramo de
serviços contábeis. A cidade conta hoje com mais de sessenta escritórios de Contabilidade entre diversos
tamanhos e especializações em aplicações de operação.
Dentro desse universo, destaca-se o Escritório de Contabilidade Cont Rio S/C Ltda. À frente da
empresa estão o Sr. Gilmar Dietrich, bacharel em Ciências Contábeis, sócio proprietário da empresa,
juntamente com sua esposa, Marli Telma das Neves Dietrich, também bacharel em Ciências Contábeis.
Na composição de estrutura da empresa, o escritório conta com dezesseis funcionários
distribuídos em quatro ambientes diferentes, havendo já na recepção três pessoas; logo atrás dela está a
sala da Sra. Marli e, em seguida, a sala do Sr. Gilmar; ao lado esquerdo de quem entra na recepção, está
a sala com doze mesas distribuídas no ambiente e mais onze funcionários. Devido ao espaço que temos,
não é possível elencar todas as tarefas efetuadas por cada funcionário da empresa, porém, descrevemos
resumidamente abaixo as tarefas prioritárias desempenhadas pelo grupo em suas atividades diárias,
relação esta que já mostra também a abrangência dos produtos oferecidos pela empresa em questão:
– instruções a clientes sobre lucro presumido e associações;
– solicitações de documentos que interfiram nos fatos econômicos e financeiros das empresas
clientes;
– organização de documentos recebidos e digitação dos mesmos;
– integração de notas fiscais e folhas de pagamentos;
– fechamento e conciliação de contas, extratos bancários e encerramento contábil;
– emissão de declarações obrigatórias e acessórias, como Demonstrativo de Apuração de
Contribuições Sociais (DACON), Declaração Anual do Simples Nacional (DASN), Declaração de Débitos e
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Créditos Tributários Federais (DCTF), Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias (DIMOB),
Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), Declaração de Informações Econômico Fiscais
da Pessoa Jurídica (DIPJ), entre outras;
– geração dos livros contábeis e devolução dos documentos protocolados;
– aberturas e encerramentos de empresas, apuração de impostos, carnê leão, atenção a órgãos
públicos, como prefeitura, vigilância sanitária, entre outros, para emissão de alvarás.
As empresas nesse ramo não são todas iguais, os serviços prestados não são iguais; além de
alterações como valores, tempo de prestação, volume de fatos e emissões, entre outros, alteram as
características dessas empresas até mesmo o mercado limitado de uma cidade, onde serviços contábeis
comerciais são prestados para empresas em um bairro com grande número de empresas comerciais.
Logo, serviços contábeis estritamente industriais serão prestados em outro bairro com grande
volume de indústrias de transformação. Portanto, pode acontecer de uma empresa de serviços contábeis
nunca ter que preencher ou proceder determinado tipo de processo devido à especificidade de seus
clientes ou da área em que atua.
A impressão que temos é a de um escritório de ambiente agradável, onde, logo que entramos,
nos deparamos com um painel em aço escovado de um metro quadrado, na parede da recepção, com o
selo que segue abaixo:
Figura 1 – Sistema de Gestão da Qualidade
Fonte: Cedida pelo Escritório Cont Rio.
Esse selo retrata e divulga o trabalho que a empresa está desenvolvendo na busca de sua
excelência em serviços, a fim de se tornar referência na área profissional de sua atuação. Desse ponto de
vista, seus proprietários marcam presença no rol dos empreendedores que buscam evoluir sempre e não
se deixam estagnar no mercado. Hoje a estrutura do escritório conta com a mais moderna interface de
comunicação, pois já era tradição do referido escritório sempre se manter à frente na utilização do que
há de mais moderno em Tecnologia de Informação (TI) no mercado.
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Segundo Thomé (2001), evoluir e saber minuciosamente em que mercado se está inserido é uma
das principais funções que o proprietário de empresa de prestação de serviço contábil ou escritório de
serviço contábil assume para conseguir a perpetuação ou até mesmo a manutenção de existência de seu
negócio.
Para entender a operação do Escritório de Contabilidade Cont Rio, estivemos no local do mesmo e
verificamos que este, devido ao seu tempo de existência – mais de dezoito anos no mercado de Rio Claro
e região – e à experiência acumulada, tem em seu rol de clientes indústrias, empresas comerciais, de
prestação de serviços, do terceiro setor, cooperativa financeira e condomínios residências e industriais.
Neste artigo, queremos provar as hipóteses de que a gestão de empresas de serviços contábeis
pode e deve ser aplicada a qualquer tipo de empresa do ramo contábil e de que ferramentas tecnológicas
de gestão podem e devem fazer parte do universo da empresas de serviços contábeis, contudo essas
ferramentas não se aplicam em uniformidade a todas as empresas.
É o caso da aplicação das normas ISO 9001, a qual nem todos os escritórios ou empresas de
serviços contábeis têm a possibilidade de implantar e utilizar corretamente, visto o dispêndio financeiro
para implantação e o volume de novos procedimentos para a checagem dos padrões de processo,
necessitando de aumento de quadro de pessoal, de clientes e de apoio de empresas externas.
Dessas hipóteses elencadas acima, tentamos responder a algumas interrogações, sem o
rigorismo de uma pesquisa de campo e sim partindo da metodologia que já elencamos anteriormente, as
quais ajudarão a clarear ou, sendo mais otimista, a elucidar campos ainda obscuros do mercado de
serviços contábeis. São elas:
– A implantação do procedimento ISO 9001 é adequada à área de Contabilidade?
– Qual seria o valor de dispêndio da implantação e da adequação de estrutura da empresa
contábil para esse sistema de padronização?
– Que tipo de empresa contábil deve ou pode pensar na implantação da ISO 9001?
– O que motivará uma empresa de serviços contábeis a implantar as normas de processo ISO
9001?
– O contabilista autônomo entende ser possível e dá importância à gestão empresarial ou à
implantação da ISO 9001 em seu negócio?
– O que muda para o cliente quanto aos produtos de serviços oferecidos?
Sobre essas interrogações, buscamos respostas diretamente com o Sr. Gilmar, sócio-proprietário
do Escritório de Contabilidade Cont Rio. O mesmo cedeu seu tempo para uma entrevista pessoal, com a
motivação e atenção para com o assunto tratado. De acordo com a metodologia, as questões foram
encaminhadas com antecedência para o que o mesmo as lesse. Durante o encontro, o formato utilizado
foi o de um bate-papo, onde o pesquisador novamente inseriu as questões e com isto o Sr. Gilmar
formulou suas respostas verbalmente, sendo tomada nota em rascunhos das mesmas pelo pesquisador.
Fica aqui já registrado o nosso agradecimento pelo cordial acolhimento, atenção e consentimento dado
pelo Sr. Gilmar ao nosso trabalho.
Segue a transcrição do escrutínio feito durante a entrevista com as respostas dadas:
– O que levou o Escritório de Contabilidade Cont Rio a pensar em explorar a qualidade nos
serviços?
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Motivação para a implantação das normas ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso
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Resposta – Como toda empresa que entende o termo “qualidade”, o que nos levou a esse
caminho foi a necessidade de organização e estruturação interna. Precisávamos de padrão de processo.
Quando éramos pequenos, tínhamos todos os procedimentos escritos e controlados; ao crescermos,
parte desse controle se perdeu e muitos processos precisaram ser reescritos e criados.
– Qual o caminho que se seguiu até o Escritório de Contabilidade Cont Rio chegar à decisão de
implantação da ISO 9001?
Resposta – Tivemos diversas tentativas internas de efetuar a adequação e a implantação dos
controles para a melhoria nos procedimentos de prestação de serviços aos clientes. Quando estas
falharam, partimos para o uso do Centro de Qualidade do Sescon, a fim de obtermos o selo e o
certificado de qualidade em serviços, atestado pelo mesmo. Vencida essa etapa, entendemos que
precisaríamos de algo mais, precisávamos consolidar de vez e perpetuar esse padrão de excelência que
havíamos alcançado. Desde então surgiu o caminho para a implantação da ISO 9001.
– Qual a visão dos outros escritórios de Contabilidade de Rio Claro e região sobre essa questão da
implantação de uma ferramenta de gestão de controle?
Resposta – A mentalidade é diversa e a impressão que tenho é que está sempre voltada para a
condição de ser “desnecessária” essa empreitada. Desde o inicio do processo e sempre que tenho
encontrado com colegas de profissão, proprietários de outros escritórios, sempre escuto aquele “por
quê?”, “para quê?”, ou ainda “isso é perda de tempo”, “é jogar dinheiro fora”. Chegam ao ponto de dizer
que é sem sentido uma empresa que presta serviço de organização de fatos contábeis ter que se apoiar
em ferramentas e tecnologias de padrão de processo.
– Qual a percepção dos funcionários do Escritório de Contabilidade Cont Rio e dos fornecedores
do mesmo a respeito da implantação da ISO 9001?
Resposta – Há uma divisão nítida no caso dos funcionários, em que uma parte não entende o
porquê de se implantar uma ferramenta de gestão de controle, a outra parte entende e se esforça em
colocá-la em prática. Quanto aos fornecedores não houve problemas, parece que a implantação ainda
não os atingiu, mas, na verdade, para continuar fornecendo, eles já se adequaram as nossas novas
necessidades.
– Qual a percepção do cliente do Escritório de Contabilidade Cont Rio a respeito da implantação
da ISO 9001?
Resposta – Este é um fato interessante; assim como com os funcionários, temos uma divisão de
pensamentos e sentimentos entre os clientes que temos em nossa carteira. Alguns deles, já de inicio,
acharam a mudança interessante e de bom grado, entenderam como profissionalismo de nossa parte a
implantação das normas de procedimento ISO 9001. Outros clientes apoiam a ideia, mas não a entendem
e também não se abalam com as mudanças que ocorrem. Agora pasme, temos cliente que já ameaçaram
quebrar o contrato de serviços, o que em nosso meio é conhecido como “levar meus livros de
contabilidade para outro escritório”, porque entendem que a inovação vai lhes causar problemas, mais
trabalho, tarefas que não querem assumir e, de quebra, aumento no preço dos serviços prestados.
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Motivação para a implantação das normas ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso
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– Qual a influência desse processo de implantação das normas ISO 9001 sobre os produtos
oferecidos pelo Escritório de Contabilidade Cont Rio?
Resposta – A influência é de melhoria contínua dos produtos de serviços que prestamos, a ideia
sempre foi mantermos um padrão de processo de serviço, com a intenção de atingirmos eficiência. Outro
foco é a utilização da padronização de procedimentos para diminuir a incidência de erros e falhas.
– Qual é a evolução esperada pelo Escritório de Contabilidade Cont Rio com a implantação da ISO
9001?
Resposta – Não temos uma ideia de evolução ainda. Estamos na etapa de criação da visão e da
missão da empresa. Para nós essa evolução se encontra em andamento. Só então traçaremos o plano
estratégico para atingir os objetivos propostos. Estamos acompanhando essa evolução para tirar o
máximo de proveito.
– Quais as dificuldades enfrentadas pelo Escritório de Contabilidade Cont Rio antes e durante a
implantação da ISO 9001, e quais as esperadas para depois desse processo?
Resposta – Antes, ou seja, no começo, a grande dificuldade foi encontrar um profissional
gabaritado no mercado, aquele com experiência na implantação da ISO 9001 em escritórios de
Contabilidade. Foi realmente uma dificuldade encontrá-lo. Agora, durante a implantação, a maior
dificuldade está sendo o “fazer a cabeça dos funcionários”. Está sendo uma dificuldade alinhar
pensamentos e fazer com que todos pensem dentro do formato de evolução com padrão. E, para depois
do processo de implantação, já vislumbramos que a dificuldade a ser enfrentada será com relação aos
clientes. Será necessário persuadi-los a participar da evolução, talvez seja necessário treiná-los, sem
contar que provavelmente teremos perdas de alguns clientes, como já falamos acima, e mais trabalho
ainda para repor as mesmas.
– Quanto custa a implantação? Qual é o retorno esperado financeiramente com a implantação da
ISO 9001 no Escritório de Contabilidade Cont Rio?
Resposta – Como disse acima, como não tínhamos o profissional de forma fácil, não tínhamos
referência e experiência e acabamos por nos precipitar, assinando um contrato de consultoria com a
primeira empresa que encontramos. Logo depois, tivemos problemas com a mesma e a experiência foi
ruim. Nesse primeiro movimento, tivemos um investimento entre R$ 30.000,00 e R$ 40.000,00. Na
sequência, após mais pesquisa e mais contatos, encontramos um profissional de consultoria na área, que
gerou o efeito que desejávamos e o custo deste está em torno dos R$ 4.000,00 atualmente.
A última questão, descrita abaixo, levando-se em conta o comentário de que o processo de
implantação está no momento de criação da visão e missão da empresa, foi formulada de improviso na
hora da entrevista, já que nos veio a noção de que existe um horizonte almejado pela empresa, ou seja,
um objetivo que já está fixado:
– Quais são os planos para o futuro do Escritório de Contabilidade Cont Rio com a implantação da
ISO 9001?
Resposta: Nosso plano é acompanhar de perto a evolução do mercado, pois no futuro os
escritórios de Contabilidade serão bastante reduzidos, tecnicamente encolherão, devido à toda a
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Motivação para a implantação das normas ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso
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implantação de controle que os órgãos governamentais estão adequando. Com isso, as pequenas e
médias empresas não precisarão mais de escritórios de Contabilidade, visto que todo sistema será on-
line; essas empresas cuidarão por si só de sua “contabilidade” o que será suficiente para cumprirem com
suas obrigações. Caberá então aos escritórios de Contabilidade que subsistirem no mercado encontrar
seu lugar em um mercado que deve ser formado pela junção das empresas do terceiro setor, empresas
da indústria e as empresas dos grandes comércios, sejam elas atacadistas ou varejistas. Essas empresas,
devido ao seu tamanho e à busca constante de redução de custos, demandarão as estruturas de
escritórios que temos hoje, pois serão elas que vão precisar de análises aprofundadas dos fatos contábeis
e de bons parceiros para a organização das informações contábeis para a tomada de decisão.
3 Conclusões e planos para o futuro
No presente estudo, nosso objetivo foi apurar a utilização da gestão de serviços contábeis por
uma empresa de Rio Claro – SP, mais especificamente, o Escritório de Contabilidade Cont Rio, empresa
prestadora de serviços. Buscamos, também, enfatizar a gestão de serviços contábeis apoiada por
ferramentas de tecnologia do conhecimento, como é o caso da ISO 9001, a sua importância na geração
de informações dentro da empresa, apoiando de forma relevante as tomadas de decisões, com ênfase no
processo de atendimento ao cliente.
Dessa forma especificamente, nosso objetivo, além de caracterizar a importância dos aspectos
básicos da gestão de empresas de serviços contábeis, também era analisar as características que
levaram a empresa a escolher, entre as diversas ferramentas tecnológicas existentes para esse meio,
justamente a implantação das normas ISO 9001.
Realizar este estudo de caso sobre o Escritório de Contabilidade Cont Rio, prestador de serviços
contábeis em vias de finalização da implantação da ISO 9001, em Rio Claro – SP, nos chama a atenção
para o quanto é rico e pouco explorado o universo das pequenas e médias empresas, mesmo com todas
as informações que temos na atualidade.
Temos a sorte de ter todas as conclusões que podemos aqui efetuar, mesmo estando limitada a
essa empresa ou escritório de serviços contábeis. Descrevê-la, na sua organização de empresa de
prestação de serviço contábil em Rio Claro – SP, nos coloca de frente com a realidade das empresas de
pequeno e médio porte no Brasil, onde somente algumas de muitas sobrevivem após alguns anos de sua
inauguração. É um privilégio quando temos a oportunidade de presenciar que as que sobrevivem
continuam a buscar por um futuro melhor, como é o caso do Escritório de Contabilidade Cont Rio.
Explanar sobre metodologia de implantação das normas ISO 9001 para empresas de serviços
contábeis, neste caso, nos proporcionou assertividade na proposta do problema central deste trabalho,
que se apresenta nas conclusões que apresentamos a seguir.
Como já fundamentamos anteriormente, a evolução constante por parte das empresas
prestadoras de serviços contábeis parece-nos ser o único caminho para a sobrevivência a médio e longo
prazo. Pela conclusão que tiramos do exemplo, não será possível sobreviver com pequenos clientes,
mesmo que sejam muitos, pois os custos serão elevados, sem o retorno adequado que possa sustentar o
investimento.
A conclusão do porquê da empresa pesquisada ter optado pela implantação da ISO 9001 se
configura na amarração do parágrafo anterior e com a declaração do Sr. Gilmar. Toda empresa precisa
de organização e, para isso, padrão de processo é muito eficiente, principalmente na prestação de
serviço, a qual depende muito do indivíduo que o está prestando. Logo, saber que qualquer um dos
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Motivação para a implantação das normas ISO 9001 em uma empresa de serviços contábeis: Um estudo de caso
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funcionários da empresa fará determinado processo de forma muito similar a todos os outros, ao prestar
um produto de serviço a um cliente, traz tranquilidade ao processo de operacionalidade da empresa.
E, melhor ainda, saber que, com a implantação desse procedimento, os funcionários estarão, com
o passar do tempo, capacitados, preparados e aptos a responderem por suas tarefas e até mesmo por
seu setor de trabalho e pelos setores dos colegas, quando da solicitação de informação por parte de um
cliente, demonstra a eficiência a que a implantação de tal tecnologia pode levar.
Isso é ponto de vantagem competitiva para a empresa, quando ela replica de forma cada vez
mais eficiente o serviço ao cliente, evita retrabalhos, reduz custos e tem tempo para realizar processos
mais complexos ou mesmo melhorar outros processos. É isso que motivou a empresa pesquisada ao
investimento de tal processo de padronização.
Como a empresa está se adequando, pois não tem paralelos de referência na implantação de
normas ISO 9001 em escritórios de serviços contábeis, está evoluindo conforme a implantação desse
processo vai acontecendo. Logo, são muitas as dificuldades encontradas para a implantação da
padronização nessa empresa, porém ressalta-se em nossa conclusão que os dois pontos elencados pelo
Sr. Gilmar como os mais obtusos são aqueles em que se encontram as pessoas como agentes do
processo.
De um lado, funcionários, de outro, os clientes, pessoas que, como sempre vemos em todo
processo de mudança, têm aversões a exaltar.