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Formandos de Direito da Faculdade Zumbi dos Palmares.

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Revista Afirmativa 43

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Formandos de Direito da Faculdade Zumbi dos Palmares.

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ndice

OpiniãoLuiz Gama, um grande brasileiro. De fato e de direitoRosenildo Gomes Ferreira .................................................... 58

EducaçãoTempos de educação, ética e participação – Maria AliceSetúbal ..................................................................................... 60

CidadaniaAs armas e as cotas – Luiz Felipe de Alencastro ............... 62

TurismoWadadli e Wa’Omoni, pedaços do paraíso na Terra .......... 68

Preto e BrancoGabrielle Douglas .................................................................. 74

Entrevista EspecialNovas parcerias ........................................................................ 8

InternacionalFaculdades e Universidades historicamente negras nosEUA – Jason McCracken ..................................................... 14

Congraçamento Zumbi & New York University.................................................................................. 16

Formatura DireitoMarco Histórico ............................................................. 18

AfirmativoNegros e o direito – José Vicente ............................... 56

Afirmativa Plural é uma publicação da Afrobras – Sociedade AfroBrasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural, Centro de Documen-tação, através da: Editora Unipalmares Ltda. • CNPJ nº 08.643.988/0001-52 • Com periodicidade bimestral • Ano 9 • Número 43 • Av.Santos Dumont, 843 • Bairro Ponte Pequena • São Paulo-SP – BrasilCEP 01101-080 • Tel. (55 - 11) 3325-1000 • www.afrobras.org.br

CONSELHO EDITORIAL: José Vicente • Francisca Rodrigues• Cristina Jorge • Nanci Valadares de Carvalho • Humberto Adami• Sônia Guimarães.

DIREÇÃO EDITORIAL E EXECUTIVA: Jornalista FranciscaRodrigues (Mtb.14.845 - [email protected]).

FOTOGRAFIAS: J. C. Santos e Divulgação.

COLABORADORES: Rejane Romano, Eliane Almeida, DanielaGomes.

PUBLICIDADE: Maximagem Mídia Assessoria em ComunicaçãoTel. (11) 3325-1000.

CAPA: Foto de J. C. Santos

EDITORAÇÃO: Alvo Propaganda e Marketing ([email protected]) • Tel. (11) 4325-0605.

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Edição 43 • Afirmativa Plural 5

editorial

No último dia 14 de setembrocomemoramos mais uma vitória da Fa-

culdade Zumbi dos Palmares e do negrobrasileiro: formamos a primeira turma do

curso de Direito. Não foi uma simples for-matura, uma colação de grau comum. A For-

matura dessa primeira turma de Direito for-mou uma mesa de autoridades e personalidades

ícones do Direito, da Educação, de instituiçõesfinanceiras e de outros segmentos representativosda economia brasileira, nunca antes vista.

A primeira turma contou com a presença de

fim, foi uma grande festa e uma gran-de conquista de todos os alunos, pais eamigos que auxiliaram nesses cinco anosdo curso. E como disse o vice-presidente doBrasil, Michel Temer, durante a colação degrau, “aconselho a estes formandos que tenhamorgulho por ter se graduado na Faculdade Zumbidos Palmares, empreendimento que tem a funçãointegradora da raça negra na sociedade brasileira”.A todos, parabéns e nosso obrigado.

Nesta edição da Afirmativa Plural trazemostambém entrevistas com representantes de algumas

personalidades ilustres como patronos e paranin-fos: Michel Temer, Vice-Presidente do Brasil,Carlos Ayres Britto, Presidente da Suprema cor-te, Geraldo Alckmin, Governador de São Pau-lo, Aloízio Mercadante, ministro da Educa-ção, José Eduardo Cardozo, ministro da Justi-ça, Massami Uyeda, ministro do STJ eBenedita da Silva, ex-governadora do Riode Janeiro e Deputada Federal, entre ou-tras autoridades que trabalharam juntas

para fazer com que o curso de Direitoda Zumbi fosse e seja diferenciado. Pes-

soas que ajudaram a empregar nos-sos alunos, a dar-lhes uma opor-

tunidade de trabalho e de con-viver no meio em que já

iriam atuar. En-

das HBCU, universidades historicamente negrasnorte-americanas, que visitaram a Zumbi com oobjetivo de fechar convênios entre as instituições,o que beneficiará alunos e professores de ambosos países.

Além disso, um passeio turístico porAntígua e Barbuda, país independente, de co-lonização inglesa e de população predominan-temente negra.

Boa leitura!

Francisca Rodrigues,Editora Executiva.

Orgulho de ser ZumbiOrgulho de ser ZumbiOrgulho de ser ZumbiOrgulho de ser ZumbiOrgulho de ser Zumbi

ditorial

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8 Afirmativa Plural • Edição 438 Afirmativa Plural • Edição 43

Desde sua criação a FaculdadeZumbi dos Palmares teve como prin-cipal inspiração as Faculdades e Uni-versidades historicamente negras(Historically Black Colleges and Universi-ties – HBCUs) norte-americanas, ins-tituições que tiveram um papel fun-damental na inclusão dos afro-ame-ricanos na sociedade e que fazemparte do currículo de diversos nomesde sucesso naquele país.

*Por Daniela Gomes

Após receber a visita de diversasfaculdades, chegando inclusive a ini-ciar um programa de intercâmbioentre alunos e professores há algunsanos, a Zumbi cria novas oportuni-dades para seus alunos.

O pioneirismo da faculdade noBrasil despertou o interesse de di-versas instituições e, durante o pri-meiro semestre deste ano, represen-tantes das HBCUs visitaram a facul-

dade e se impressionaram com seucrescimento e desempenho em pou-co tempo de existência.

A partir das novas alianças a Zum-bi amplia seu número de parceiros, oque em um futuro próximo trará aosalunos e professores oportunidades deintercâmbio e de observar de pertoessas histórias de sucesso.

Dentre estas instituições estãoDillard University e Southern Univer-

Aliança entre Zumbi e universidades negras americanascria novas oportunidades para os alunos

entrevista especial

Ilustr

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sity and A&M College, que ficam noestado americano da Lousiana e ti-veram papéis fundamentais no suces-so dos afro-americanos.

A Revista Afirmativa conversoucom a Diretora do Departamentode Estudantes Internacionais e Es-tudos no Exterior da Dillard Uni-versity, Kimya Dawson-Smith ecom a Decana e Professora do Cen-tro de Educação Internacional eEducação Continuada e Diretorado Centro de Serviço para o Apren-dizado da Southern University andA&M College Barbara Carpenter,que representando suas instituiçõesfalaram um pouco mais sobre abagagem acumulada por suas uni-versidades ao longo dos anos.

Afirmativa – Vocês acreditam queas Faculdades e Universidades negras mu-daram a história da população negra nosEstados Unidos?

Barbara Carpenter: as faculda-des e universidades historicamentenegras (HBCUs) permitiram que apopulação negra recebesse diplomas

de ensino superior em um tempoonde era considerado ilegal para pes-soas negras estudar em instituiçõesbrancas. As HBCUs capacitaram equalificaram altamente instrutoresque entendem o valor da educaçãoe a importância de garantir que a po-pulação negra será tratada com dig-nidade e honra.

Kimya Dawson-Smith: logoapós a escravidão, os afro-america-nos tinham poucas oportunidadesde se educarem. Muitas das HBCUsque existem hoje foram criadas porOrganizações Missionárias brancasque queriam garantir que os escra-vos recém-libertos estivessem envol-vidos na educação, que era altamen-te associada à doutrina cristã. O de-senvolvimento dessas faculdadesnão apenas auxiliou as comunidadesafro-americanas a adotarem o cris-tianismo como fé, mas também as-segurou uma transformação pro-gressiva nas comunidades negras de-senvolvendo novas lideranças forado ambiente universitário. As

HBCUs foram responsáveis por as-segurar que nós tivéssemos líderese ativistas como WEB Dubois,Martin Luther King, além de outrosmédicos, advogados, cientistas, en-genheiros e etc.

Afirmativa – Vocês acreditam queos estudantes que frequentam universida-des negras tem mais oportunidades e ummelhor desenvolvimento?

Barbara Carpenter: estudantesque frequentam as faculdades e uni-versidades historicamente negras têmsido capazes de provar ao mundo queeles são tão qualificados e frequente-mente até melhor preparados que alu-nos de qualquer outra etnia. Princi-palmente porque eles têm consciên-cia que as expectativas sobre o su-cesso que eles terão é diferente. Por-tanto se fez necessário trabalhar maisduro para conquistar mais.

Kimya Dawson-Smith: eu acre-dito que isso seja verdade devido àsestatísticas que mostram que os alu-nos afro-americanos têm maiores

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Representantes da Southern University em visita a Zumbi.

entrevista especial

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chances de se graduarem em umaHBCU do que em uma instituiçãopredominantemente branca. Então,isso abre um leque de oportunida-des para eles, incluindo pós-gradua-ção, faculdade de medicina, direito,pós-doutorado etc.

Afirmativa – Qual a porcentagem deestudantes negros e brancos nas instituiçõesque vocês representam? Como é a convivên-cia entre esses alunos?

Barbara Carpenter: na Sou-thern University and A&M Collegeos alunos convivem bem, especial-mente aqueles que moram no cam-pus. Neste momento temos umaporcentagem de aproximadamente80% de alunos negros, 7% de outras

raças e 3% de alunos brancos.Kimya Dawson-Smith: na

Dillard, menos de 1% dos alunos sãobrancos. Contudo, os alunos brancosque escolheram estudar na institui-ção tendem a se relacionar muito bemcom os alunos negros. Nós nunca ti-vemos problemas com isso, nemmesmo no passado.

Afirmativa – Vocês frequentaramuma HBCU? Caso isso tenha ocorridocomo foi sua experiência como aluno?

Barbara Carpenter: sim, eu ob-tive dois dos meus diplomas pela pró-pria Southern, o bacharelado e omestrado. Meu doutorado eu fiz naKansas State University. Minha ex-periência foi fantástica. Como aluna,

eu era encorajada a conquistar o maisalto nível acadêmico. Eu participavade atividades que levaram a assegu-rar posições significativas na lideran-ça nacional e adquirir riqueza de co-nhecimentos e também uma rede decontatos efetiva na minha área.

Kimya Dawson-Smith: sim eufrequentei a Fisk University que fica emNashville, Tennessee. Minha experiên-cia na faculdade foi maravilhosa, foi operíodo mais divertido da minha vida.Eu aprendi coisas que eu não teriaoportunidade de aprender de outramaneira. Os professores e os funcio-nários eram como uma família e este éo caso da maioria das faculdades ne-gras nos Estados Unidos. Essas facul-dades são nosso lar longe de casa.

Como estudante, eu via os pro-fessores e os funcionários como mo-delos. O simples fato de que eles ha-viam conseguido sucesso em suas áre-as de atuação me ajudou a visualizar opotencial que eu podia atingir. Eu tam-bém acredito que minha experiênciame permitiu entender minha própriaidentidade e como eu me encaixo nasociedade. Como muitos jovens eutive algumas fases de insegurança.Contudo o fato de meus colegas ne-gros passarem pelas mesmas coisas,desde a maneira como nós usávamoso cabelo, até a música que escutáva-mos, foi extremamente benéfico.

Afirmativa – Vocês acreditam quenesse novo momento existente na situaçãoracial nos Estados Unidos, ainda haveráespaço para as HBCUs?

Barbara Carpenter: eu acreditoque sempre haverá espaço para asfaculdades e universidades historica-mente negras na educação superior.As HBCUs garantem serviços paraos jovens alunos negros que não se-rão encontrados nas instituições

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Kimya Dawson-Smith.

entrevista especial

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brancas. As HBCUs são mais efeti-vas no que diz respeito às necessida-des sócio-culturais dos alunos negros.Esses dois aspectos são chaves paraa experiência holística de qualquerestudante. Eu fui para a faculdadedurante a luta que os estudantes ne-gros tiveram que enfrentar na déca-da de 1960. Eu participei das lutaspara conquistar igualdade racial. Por-tanto, eu carrego uma admiração eum amor profundos pelo que asHBCUs significam.

Kimya Dawson-Smith: eu acre-dito que as faculdades e universida-des negras sempre vão existir, por-que elas são monumentos históricosque se desenvolveram em um tempoem que outras instituições não acei-tavam os afro-americanos. Hoje, asHBCUs continuam ajudando essesalunos que de outro modo não en-trariam na universidade, seja por pos-suir poucas condições financeiras ouaté mesmo por não ter uma forma-ção acadêmica.

Às vezes essas instituições têmperdido seus mantenedores e têm lu-tado para sobreviver, enquanto seuslíderes precisam se desdobrar paragarantir que elas continuem existindo.

Um exemplo é a Morris BrownCollege, em Atlanta. Esta instituiçãoperdeu fundos e sua credibilidade ecomo resultado teve que fechar asportas. Contudo, a liderança da insti-tuição continuou procurando recur-sos mesmo depois que a instituiçãoestava fechada e foi bem-sucedida emgarantir sua reabertura. Embora elesainda tenham que lidar com as ques-tões financeiras, eles permanecemfuncionando. As HBCUs tambémsediam todo ano conferências, ondeelas tentam ajudar uma a outra atra-vés de workshops e também por

meio da construção de consórcios deparceria.

Afirmativa – No Brasil, nós te-mos apenas uma faculdade negra. Comovocês acreditam que a Zumbi pode melho-rar seu ambiente para os alunos negros?Que tipo de exemplo a Zumbi pode usardas faculdades negras americanas?

Barbara Carpenter: a Zumbi éuma faculdade nova com uma admi-nistração, professores e com funcio-nários pró-ativos. A agenda para ocrescimento e para realizações está cla-ramente ligada ao ambiente educaci-onal e econômico em São Paulo. Amissão dessa faculdade certamente éimpressionar. A Zumbi precisa criaruma base financeira forte e alcançar

um crescimento significativo, tanto noâmbito nacional, quanto no interna-cional. O sucesso é uma certeza. Es-tes são os preceitos que ajudaram afazer com que as HBCUs americanasse tornassem um sucesso.

Kimya Dawson-Smith: eu acre-dito que a Zumbi deva continuar tra-balhando junto as HBCUs america-nas e obter mais informações sobreos dados dessas instituições no pas-sado e no presente. A Zumbi tam-bém poderia considerar uma série deconsultorias como por exemplo, atra-vés dos departamentos de RelaçõesEstudantis, que buscam maneiras deaperfeiçoar o ambiente para os nos-sos alunos.

Barbara Carpenter.

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entrevista especial

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Faculdades e Universidades his-toricamente negras (Historicallyblack colleges and universities(HBCUs) são instituições de ensinosuperior nos Estados Unidos. Elasforam estabelecidas antes de 1964com o intuito de servir a comunida-de negra. Atualmente, existem cercade 105 HBCUs, incluindo instituiçõespúblicas e privadas, com cursos dedois e quatro anos, faculdades demedicina e cursos técnicos.

Com exceção da Central StateUniversity (Ohio), Cheyney Univer-sity of Pennsylvania, Lewis Collegeof Business (Detroit, Michigan),Lincoln University (Pennsylvania),Wilberforce University (Ohio), e aagora extinta Western University(Kansas), todas essas instituições es-tiveram ou estão localizadas em es-tados escravocratas e territórios dogoverno americano. Depois de fun-cionarem por décadas, algumas des-sas instituições fecharam durante oséculo 20, devido à competição acir-rada, a Grande depressão e a proble-mas financeiros.

A Oakwood University é a únicaHBCU cuja sede está localizada em

*Por Jason McCracken

terras que eram plantações de um ex-escravo e está entre as 10 maioresfaculdades para música, teologia eadministração. Atualmente, a insti-tuição possui 15 diretórios acadêmi-cos e 45 cursos.

A maioria das HBCUs foi criadaantes da Guerra Civil Americana. Noentanto, houve algumas exceções,são estas: Cheyney University ofPennsylvania (1837), Lincoln Univer-sity (Pennsylvania) (1854), andWilberforce University (1854 ). Estasforam estabelecidas pela populaçãonegra antes da Guerra Civil. Já aOakwood University foi criada em1896 no estado do Alabama em ter-ras onde as plantações dos escravosestavam prosperando.

Atualmente as HBCUs lideram aeducação dos jovens negros nos Es-tados Unidos. Os estudantes negrospreferem ir para essas instituiçõesprincipalmente devido aos recursosque o governo repassa para essasentidades, o que torna seu custo maisbaixo. Esses recursos e as bolsas deestudos são destinados às famíliasnegras de baixa renda.

As faculdades negras mudaram a

história dos afro-americanos porqueos negros não tinham oportunidadede conseguir um diploma e de devol-ver conhecimento para suas comu-nidades. Sem as HBCUs os negrosnão teriam oportunidade de estudarnas universidades brancas devido àspolíticas racistas da época e esta si-tuação gerou o desenvolvimento deFaculdades e universidades confes-sionais depois da escravidão.

Hoje os estudantes negros podemcompetir com os alunos que não es-tudam em faculdades negras devidoos altos padrões apresentados porelas. Eles podem desenvolver ativi-dades do mesmo nível ou até melhor,baseados em um perfil acadêmicovoltado para as habilidades que o es-tudante negro precisa obter.

Isso nos leva a como é o ambi-ente em uma HBCU. Aqui os estu-dantes negros estão mais confortá-veis em um cenário que melhor re-presenta sua cultura e etnicidade.Porque, neste caso as salas de aulanão são vistas como um ambientehostil com a presença de um profes-sor negro. Negros são intimidadosfrequentemente durante o ensino

Faculdades e Universidades historicamente

internacional

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médio nos Estados Unidos, por cau-sa do racismo institucional nas salasde aula. Mas nos esportes eles fre-quentemente são vistos como gran-des jogadores de basquete, músicosou dançarinos.

Todavia, em um ambiente aca-dêmico branco, negros são vistoscomo irresponsáveis e como um fra-casso acadêmico. As HBCUs ofere-cem um ambiente alternativo e es-pirituoso que não pode ser encon-trado em faculdades e universidadesbrancas. Estudos realizados duran-te mais de 20 anos mostram que osalunos negros alcançam apenas 14pontos no teste ACT (AmericanCollege Test – teste padronizadopara admissão nas universidadesnorte-americanas) enquanto os alu-nos brancos dominam a média mar-

cando 18 pontos no teste. E as no-tas dos negros no teste SAT (Scholas-tic Aptitude Test ou ScholasticAssessment Test – prova semelhan-te ao ENEM brasileiro que é aplica-do aos alunos do Ensino Médio esoma pontos para acesso as univer-sidades) continuam sendo as meno-res dos EUA, enquanto 534 alunosbrancos tiveram as melhores notasem um período de 20 anos.

De acordo com as últimas esta-tísticas, as HBCUs estão crescendocom um ambiente étnico diferenci-ado. Mas as faculdades e universi-dades negras vão continuar se des-tacando em relação as outras univer-sidades, pois elas oferecem um en-sino avançado nas áreas de ciênciase tecnologia.

A principal preocupação da

* Jason McCracken, Diretor do Centro de Trei-namento em Literatura e Evangelismo – OakwoodUniversity.

Eu frequentei uma HBCU,Oakwood University porque

esta me oferecia umambiente cristão com

professores que realizaramum trabalho personalizadocomigo no período em queeu estava na faculdade. Euentrei em uma classe para

aprender, sem umaatmosfera hostil, mas onde

um ambiente deconhecimento me foi

oferecido.

Jason McCracken”

maioria das faculdades negras e issopode incluir a Zumbi dos Palmaresno Brasil, são os preços, o currículoe o apoio financeiro da parte do go-verno para os alunos negros. Umavez que essas áreas tiverem sido re-solvidas, o crescimento é apenasuma relevante medida do sucesso.

A Oakwood University e a Zum-bi podem trabalhar juntas promo-vendo intercâmbio de alunos parapesquisa e informação. Obviamen-te isso deveria partir do presidentedo nosso conselho como uma par-ceria oficial e eu acredito que, pelagraça de Deus, isso certamente po-derá acontecer.

internacional

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No mês de agosto a FaculdadeZumbi dos Palmares recebeu umgrupo com 20 alunos de mestrado edoutorado do curso de “Raça e En-sino Superior no Brasil”, da NewYork University (NYU), o motivo davisita ao campus da instituição foiestreitar a relação e possibilitar que

os alunos da NYU pudessem conhe-cer de perto os alunos da Zumbi. ODoutor Paulo Silva, formado pelaUniversidade de Columbia, acom-panhou o grupo e um dos respon-sáveis pelo encontro.

“Não teria como vir ao Brasil enão estar aqui na Zumbi. Pelo pro-

jeto e pela referência que esta insti-tuição já alcançou. Com certeza fe-chamos nossa vinda ao país comchave de ouro”.

Além do reitor da Zumbi, Dr.José Vicente, compuseram a mesa deexplanação dos trabalhos, o jornalis-ta e conselheiro da faculdade, Rose-

Zumbi & New York Universitycongraçamento

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internacional

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nildo Ferreira, a diretora acadêmicada instituição Francisca Rodrigues, oPhD e Reitor Assistente de Assun-tos Globais e Acadêmicos da NewYork University, Erich Dietrich e oDr. Paulo Silva.

O reitor abriu a palestra explanan-do sobre a experiência vivenciada pelaFaculdade Zumbi dos Palmares emrelação ao patamar atual do Brasilquanto a questão do tema negros.

Além de abordar a questão das cotasraciais nas universidades públicas bra-sileiras. “Com este encontro nos ve-mos diante de uma contradição. NosEstados Unidos, mesmo com a forçado Apartheid, conseguiu-se um pano-rama de igualdade. Enquanto queaqui no Brasil, num processo demo-crático, os negros mantiveram-se ex-cluídos e afastados”, refletiu o reitor.

Os pós-graduandos da NYU tive-

ram a oportunidade de esclarecer dú-vidas fazendo perguntas aos represen-tantes da Zumbi, que responderam so-bre a representatividade do negro namídia brasileira, mercado de trabalho,cursos extra acadêmicos oferecidospela Zumbi, entre outros assuntos.

O evento terminou com o con-graçamento entre ambas as faculda-des posando para uma foto que fica-rá para a posteridade.

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internacional

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formatura direito

Formatura da primeira turma de Direitoda Faculdade Zumbi dos Palmares

A cerimônia de formatura daprimeira turma do curso de Di-reito da Faculdade Zumbi dos

Palmares ficará registrada na his-tória como um marco na conquis-ta da cidadania da raça negra brasi-

leira. A concretização desse sonhosimboliza uma vitória tão impor-tante para a sociedade que o even-

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formatura direito

Por Rejane Romano

to contou com a presença de per-sonalidades ilustres como patronose paraninfos: Michel Temer – Vice-Presidente do Brasil; Carlos AyresBritto – Presidente do STF; Geral-do Alckmin – Governador de SãoPaulo; Aloízio Mercadante – minis-tro da Educação; José Eduardo

Cardozo – ministro da Justiça;Massami Uyeda – ministro do STJ;Nelson Cosme – embaixador daRepública de Angola no Brasil;Cesar Britto – ex-presidente daOrdem dos Advogados do Brasil;Luiza Bairros – ministra daSEPPIR; Hédio Silva Jr. – ex-secre-

tário de justiça do Estado de SãoPaulo; Erickson Gavazza Marques– desembargador do Tribunal deJustiça de São Paulo e Beneditada Silva – ex-governadora do Riode Janeiro e Deputada Federal,entre outras autoridades.

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formatura direito

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Além de toda mística e supersti-ção que envolve o ano de 2012, oano cabalístico e profético é comcerteza um ano emblemático para acomunidade negra. Primeiro a apro-vação em unanimidade da constitu-cionalidade das cotas raciais nasuniversidades públicas brasileiras eagora a formatura da primeira tur-ma do curso de Direito da Faculda-de Zumbi dos Palmares. A institui-ção pioneira na proposta de inclu-são do negro no ensino superior.

Momentos de emoção e reconhe-cimento pautaram a cerimônia quereuniu os formandos, professores,direção da Zumbi, autoridades repre-sentantes do poder público, persona-lidades e a imprensa.

2012:2012:2012:2012:2012:um ano emblemático para

a comunidade negra

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formatura direito

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A cerimônia contou com a pre-sença como mestres de cerimônia dosjornalistas Luciana Camargo e TiagoOliveira, e nos vocais o Coral Kad-miel Zumbi dos Palmares, com di-reito a participação do ator e cantorBukassa Kabenguele, terminou comum brinde entre patronos, paraninfose os formandos que aproveitaram aocasião para tirar fotos com as per-sonalidades que até então só viampela televisão.

O que começou com um sonhoagora se tornou realidade na vidados 70 alunos que cruzaram o tape-te vermelho no Memorial da Amé-rica Latina partindo para uma vidanova. Uma formatura que antecipa-damente já prenunciava o sentimen-to de vitória ao noticiar a conquistade três alunos ainda não formados

formatura direito

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serem aprovados no Exame da Or-dem dos Advogados (OAB).

Há cinco anos a Zumbi deu iní-cio ao curso de Direito com a pro-posta de inovar, não só por capacitare formar um curso com maioria deestudantes negros, mas por ter emsua grade disciplinas voltadas para asnecessidades atuais da sociedade bra-sileira, como o Direito Religioso.

Devido a tamanha ousadia mui-tos embates precisaram ser ultrapas-sados, justamente por isso o reitor daZumbi, José Vicente, fez questão dedestacar no púlpito a participação decada um dos presentes para queaquele momento de celebração fos-se possível.

“Quero parabenizar cada um dosfamiliares e amigos que nos empres-tam o brilho hoje para registrar na

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história que um dia os negros brasi-leiros juntaram-se no Memorial daAmérica Latina para comemorar avitória dos nossos alunos que per-severaram e conquistaram seu obje-tivo e para isso tiveram a ajuda demuitas pessoas”, destacou o reitor,que detalhou cada ajuda recebida,desde a doação de carteiras escola-res, até o apoio para quebra de pa-radigmas, quando na implementaçãoda Zumbi pessoas e setores da socie-dade consideravam que seria uma es-pécie de “racismo às avessas”.

Todas as personalidades presen-tes fizeram questão de usar a pala-vra e manifestar-se sobre aquele quena visão compartilhada de todos éum momento histórico. O momen-to em que alunos, muitas vezes osprimeiros de suas famílias, obtive-

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ram o diploma universitário comoBacharéis do Direito.

É importante destacar que amaior parte dos alunos está saindoda faculdade com lugar garantido nomercado de trabalho. Por meio deconvênios firmados com a faculda-de, grandes empresas, escritórios deadvocacia e instituições como aOAB/SP em programas de estágiosexclusivos para os alunos da Zumbiefetivaram parte deles e os demaisalunos foram absorvidos por empre-sas de outros setores.

A felicidade estava estampada nosrostos dos alunos que sentiam-seimensamente realizados.

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A emoção do dia dehoje é inexplicável. Souo primeiro da minhafamília a ter umagraduação, é muito boaessa sensação.

Cássio Rodrigues

Meu coração estádisparado. É uma honra,me sinto vencedora, porhonrar minha família e asmulheres negras que tantolutam, tanto sofrem e aindapoucas conseguem realizareste sonho de concluir umcurso superior. Porque otempo foi passando, masas mentes de muitos nãose modificaram, nos diasde hoje, mesmotrabalhando no Fórum oucomo juristas, é visível asdiferenças entre asmulheres negras e nãonegras.

Shirley Martins

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“Aconselho que estes formandos tenham orgulho por ter se graduado na Faculdade Zumbi dos Palmares. Eu, que jáestive na Zumbi em outra oportunidade, vejo a pujança deste empreendimento que tem uma função integradora da raçanegra na sociedade brasileira. Eu tive a felicidade de anunciar aos alunos na Aula Magna quanto ao reconhecimentodo curso pelo Ministério da Educação. Foi um momento muito feliz. Os afrodescendentes ajudaram a construir o nossopaís, são os principais propulsores desta construção ao longo do tempo.”

Michel Temer – Vice Presidente da República e Patrono

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“Uma honra participar desta solenidade realmente histórica. Usem harmoniosamente o sentimento e o pensamento,pois esta otimizada relação é a consciência e assim se sentirão realizados.”

Carlos Ayres Britto – Presidente do Supremo Tribunal Federal e Patrono

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“Já participei de centenas de formaturas, mas hoje tenho a certeza que esta formatura está fazendo história. Estamosformando a nossa primeira turma há uma distancia de 143 anos da primeira formatura de uma turma de Direito em umaUniversidade historicamente negra no exterior. Eu sei que a formatura de hoje estará escrita na história deste país.”

Aloizio Mercadante – Ministro da Educação e Patrono

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“Cumprimento a Faculdade Zumbi dos Palmares pelo sucesso que é, com vários outros cursos e hoje formando aprimeira turma do curso de Direito. Esta formatura é tão importante que aqui está presente o presidente da supremacorte do Brasil, o vice presidente da República, o ministro da Justiça, todos professores de Direito. Além de váriosoutros ministros de Estado. Isto mostra bem a importância desta formatura. Este é um fato histórico de muitaimportância para o país.”

Geraldo Alckmin – Governador do Estado de São Paulo e Patrono

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“Acho importante este momento na medida em que nós estamos ocupando o nosso lugar. Quando as oportunidades chegamé o momento de mudanças, de marcar momentos históricos. Hoje nós estamos orgulhosamente colocando o futuro em nossasmãos. Uma das pioneiras, a Zumbi, abriu este espaço e se colocou mesmo antes das cotas para que tivéssemos estes alunosagora sendo reconhecidos. Isto foi para nós um grande e histórico momento de luta nesta organização. Me dá muito orgulhofazer parte desta formatura. Cada negro e cada negra que se liberta, liberta a milhões.”

Benedita da Silva – Ex-Governadora do Estado do Rio de Janeiro e Patrona

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“A Faculdade Zumbi dos Palmares trabalha na perspectiva da inclusão, com uma política de afirmação e negação aopreconceito, portanto é uma instituição que se liga diretamente à cidadania. Por isso seu projeto está consolidado. Eufico muito orgulhoso e feliz em assistir isto na condição de ministro da Justiça. Esta instituição é uma realidade napolítica de combate e enfrentamento ao preconceito. Portanto, neste momento eu sinto muito orgulho de ser brasileiro.”

José Eduardo Cardozo – Ministro da Justiça e Patrono

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“Agora que o Brasil está num processo de crescimento é preciso que todas as faixas da sociedade estejam inclusas, nãosó como uma questão de dar chance a outras partes, mas também por questões econômicas. O Brasil tem uma taxa dedesemprego de 5 a 6%, então para crescer é preciso que os empregos sejam melhores, que as pessoas tenham mais acessoà educação e nesse sentido é uma boa oportunidade para a comunidade negra de entrar no mercado de trabalho. Estesalunos são muito importantes, pois se tornam símbolos para a comunidade.”

Dennis Hankins – Cônsul Geral das EUA em São Paulo e Paraninfo

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“Parabenizo os arquitetos deste belo projeto, que para mim tanto tem a ver com a luta por oportunidades, a luta pelaafirmação, a luta pela excelência e resolver os problemas de inserção e inclusão através do conhecimento. Não é umfavor que se faz a estes alunos, mas sim um reconhecimento devido e que eles conquistam com o saber. Na qualidadede um representante do governo de Angola venho prestar um reconhecimento a estes recém-formados, transmitindo umamensagem de alento de que agora começa um novo desafio para eles. Novas portas e horizontes que se abrem.”

Nelson Cosme – Embaixador da República de Angola no Brasil e Paraninfo

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“Estamos desafiando uma lógica do tempo, a lógica que dizia que o ser humano podia ser menos inteligente que o outropor conta da cor da sua pele. O papel desta faculdade é ousar. Existe apenas um covarde na terra, o covarde que nãoousa saber. Esta turma dará o que falar, vocês vão fazer um Brasil diferente.”

Cezar Britto – Ex-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e Paraninfo

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“Com muita honra e emoção recebi o convite para esta formatura. Recebi como uma homenagem por serem vocês osprimeiros formandos em Direito pela Zumbi. A primeira faculdade a abraçar o projeto nobre de inclusão de umapopulação menos favorecida. Um projeto que eu vi passar de sonho à realidade. A missão do advogado é muitoimportante num momento como o nosso, onde ainda se impera muita desigualdade.”

João Carlos Di Gênio – Reitor da UNIP e Paraninfo

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“É uma honra muito grande estar aqui, porque estamos conjuntamente celebrando um ato muito significativo desdeque as primeiras escolas de Direito foram formadas. A faculdade é um lugar de produção de pensamentos fundados nasclivagens sociais e raciais no país. Ainda hoje temos que batalhar pela legitimidade das pessoas negras. Nós temos nosúltimos anos experimentado avanços importantes nessa área. O Brasil precisa de profissionais com a formação para aqual os alunos que se formam aqui hoje foram preparados.”

Luiza Bairros – Ministra da SEPPIR e Paraninfa

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“Me lembro exatamente do dia que entrei na Zumbi pela primeira vez para coordenar e lecionar no curso de Direito.Olhando para os olhos de cada um dos alunos, vi uma motivação. Vocês são o retrato do país de igualdade e sempreestarei com vocês nesta jornada luminosa.”Hédio Silva Jr. – Ex-Secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Paraninfo e Professor da Zumbi dos Palmares.

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“Quando o reitor José Vicente me contou sobre o projeto aderi à causa porque o objetivo maior é sermos felizes. Aidentidade que nos une como irmãos não é uma mera identificação de alto e baixo, branco, negro ou amarelo. O que nosidentifica como filhos de Deus é a centelha divina que nos move nesta crença da possibilidade que vocês, formandos, nosdão de que pode dar certo. Me deixa muito feliz participar deste projeto.”

Massami Uyeda – Ministro do Superior Tribunal de Justiça e Paraninfo

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“Este momento é ímpar na vida de vocês. Quero dizer que num mundo onde se faz muita apologia da ciência etecnologia nunca se esqueçam que o homem, o humano, deve estar em primeiro lugar. Nunca deixem de lado o sextosentido, nunca menosprezem a intuição de vocês e contem comigo.”

Erickson Gavazza Marques – Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e Paraninfo

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“Sem dúvida alguma é um momento muito emocionante, para muitos a conquista de um diploma que é o primeiro dafamília. Nós temos que parabenizar o esforço destes jovens estudantes que agora têm o seu diploma de Direito.”

Eloísa de Souza Arruda – Secretária de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo

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“O campo de trabalho no Brasil, até pela expectativa de economia que vem por aí, é um campo de trabalho importante,é significativo. A Zumbi dos Palmares com esta iniciativa da Faculdade de Direito reforça isso. O Direito é umafaculdade que possibilita um grande leque de opções. Não tenho dúvida que a Zumbi tem um espaço específico dentrodo espectro educacional do país, principalmente em São Paulo. É uma faculdade que adquiriu por si só um respeito,não só pela causa que abraçou, mas pelo conteúdo que proporciona aos seus alunos. O dia de hoje é uma prova disso.”

Jackson Schneider – Vice-Presidente de Relações Institucionais da Embraer

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“A presença numa solenidade de formatura é a consagração de uma jornada e a Zumbi tem prestado um serviçoinestimável, então nós só temos a agradecer esta possibilidade de ajudar, de criar empregabilidade para os novosformandos e criar condições da inclusão digital, porque a inclusão através do conhecimento é a que fica.”Luiz Carlos Trabuco – Presidente do banco Bradesco (Empresa Parceira no Programa Especial de Estágios)

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“Parabenizo aos alunos pela garra e persistência para ter chegado até aqui. Agora se abre uma avenida de oportuni-dades e de alternativas. Estes formandos têm que analisar com muito cuidado os próximos passos que serão definidores.A parceria no programa de estágios que começou em 2005 começou com 20 alunos e desde então são mais de 200 quepassaram pelo banco e continuam conosco. Um programa que já está consolidado.”

Pedro Salles – Presidente do Conselho de Administração do banco Itaú-Unibanco

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“A experiência do convênio feito entre a Mercedes e a Faculdade Zumbi dos Palmares foi muita positiva. A experiên-cia de abrir vagas exclusivas, já direcionadas para a faculdade é algo inédito na Mercedes Benz do Brasil, é a primeiravez que fazemos isto para uma instituição e o resultado foi muito positivo. Cada vez que a faculdade amplia a ofertade cursos nós temos mais possibilidades dentro da Mercedes. Eu como diretor de Comunicação já estou de olho nosfuturos formandos em comunicação pela faculdade.”

Mário Lafitte – Diretor de Comunicação da Mercedes-Benz

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“Muito obrigado pelo convite. Felicidade e Sucesso a todos.”Fernando Alves – Presidente da PWC

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*José Vicente, Doutor em Educação pela Uni-versidade Metodista de Piracicaba, Reitor daFaculdade Zumbi dos Palmares.Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em11/09/2012.

A Universidade Cheyney, maisantiga universidade negra norte-ame-ricana, foi fundada em 1837, naPensilvânia, no regime da escravidão.A Universidade Howard, em Wa-shington D.C., formou os primeirosnegros em direito, em 1869. Além deMartin Luther King, prêmio Nobelda Paz, Toni Morrisson, prêmioNobel de Literatura, Oprah Winfrey,empresária da comunicação, eThurgood Marshall, ministro da Su-prema Corte, milhares de personali-dades negras americanas se gradua-ram em uma das atuais 107 universi-dades historicamente negras daquelepaís, tradicionalmente conhecidaspela sigla HBCUs.

Centenárias, públicas e privadase originadas na lógica do apartheid,constituíram o embrião das políticaspúblicas afirmativas norte-america-nas que em pouco mais de 40 anosaumentou o percentual de negros noensino superior de 13% para 30%.

Professores, pesquisadores, cien-tistas e profissionais liberais negrosse tornaram numerosos e respeitados,foram integrados nos cargos de pres-tígio, na estética social e além dosmilhares de postos políticos de des-taque -Obama é um deles.

No Brasil, somente a partir de2001 a luta incansável do movimen-to negro, apoiada por destacados se-tores da vida nacional, produziu umaconsciência inovadora, proativa ecompromissada do governo, do Con-gresso e do ambiente jurídico naconstrução de medidas afirmativas de

promoção e valorização do negro.São muitas as expressões do es-

forço concentrado para queimar eta-pas e diminuir o nível das desigual-dades que separam os negros dosdemais brasileiros.

Entre elas, a lei que contempla ahistória do negro e a história da Áfri-ca na educação, as cotas nas univer-sidades públicas e nas universidadesprivadas através do ProUni, a lei queinstitui o Estatuto da Igualdade Ra-cial, a lei 180/2008 que reserva per-centual para os negros nas cotas so-ciais e a ação das cortes estaduais,federais e do Supremo Tribunal Fe-deral, que repeliram centenas de re-cursos que questionavam a constitu-cionalidade dessas medidas.

Orgulhosamente, a FaculdadeZumbi dos Palmares tem sido umacontribuição destacada desse esfor-ço. Primeira instituição de ensinosuperior comunitária do país, criadapara inclusão do negro no ensinosuperior de qualidade e no mercadode trabalho qualificado, nos seus oitoanos de vida tem auxiliado a quebrarparadigmas, valorizar a identidade,fortalecer a autoestima e criar prota-gonismo e oportunidade social parao jovem negro. Uma verdadeira açãoafirmativa da sociedade civil.

Com o apoio de importantes ato-res sociais e colaboração efetiva deparceiros do ambiente corporativo,honrosamente entregamos os primei-ros 70 jovens advogados do nossocurso de direito, devidamente reco-nhecido pelo Ministério da Educaçãoe recomendado pela OAB, estandogrande parte dos formandos efetiva-dos nas empresas parceiras.

É pouco, sabemos. Mas acredita-mos que iniciativas dessa naturezapoderão ajudar a consolidar a educa-ção como estratégia de valorização dadiversidade racial e contribuir para opaís andar mais rápido na igualiza-ção de oportunidades e na participa-ção social de todos. Advogados e ju-ristas irão auxiliar a tornar nossoambiente jurídico mais diverso e plu-ral. De fato e de direito.

Nos EUA, universidades negras, criadas na lógica do apartheid,formaram de prêmio Nobel a ministro do Supremo. Aqui, há

agora os primeiros advogados.

No Brasil, somente a

partir de 2001 a luta

incansável do movimento

negro, apoiada por

destacados setores da

vida nacional, produziu

uma consciência

inovadora, proativa e

compromissada do

governo, do Congresso e

do ambiente jurídico na

construção de medidas

afirmativas de promoção

e valorização do negro.

afirmativo

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A literatura e a história do Brasilestão recheadas de exemplos de ex-poentes da comunidade negra que ti-veram papel preponderante na cons-trução do país. Apesar de muitas pes-soas, algumas de forma, digamos, or-questrada, tentarem nos convencerdo contrário. É neste cenário que, ameu ver, um personagem em especi-al desponta como um exemplo a serseguido em todos os campos. Falo dosoteropolitano Luiz Gama, jurista deraro saber, escritor arguto e poetadono de uma verve sem igual.

Sua trajetória pessoal e profissio-nal está intimamente ligada à luta pelo

fim da escravidão. Em uma socie-dade escravocrata, na letra da lei,Gama não mediu esforços paralutar pelo direito dos afrodescen-

tes. Graças ao seu trabalho ele tiroudos grilhões, pela via legal, é sempre

bom frisar, cerca de 500 homense mulheres escravizados, no

período 1850-1882. Mes-mo sem ter conseguidoum diploma de advogado.

*Por Rosenildo Gomes Ferreira

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um grande brasileiro.De fato e de direito

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*Rosenildo Gomes Ferreira, Editor de Negóciose colunista de Sustentabilidade da revista IstoÉDinheiro.

opinião

Passados 130 anos, vemos que o es-forço e a luta de Luiz Gama não fo-ram em vão. Seu espírito cívico e suadisposição para o bom combate, cer-tamente está em cada um dos jovensbacharéis que integram a primeira tur-ma do curso de direito da FaculdadeZumbi dos Palmares.

Nascido livre, filho da ex-escravaLuiza Mahin, ativa militante da Re-volta dos Malês, que parou a cidadede Salvador em 1835, Gama foi ven-dido como escravo pelo pai, um de-cadente fidalga português. Gama, noentanto, nunca se sentiu, de fato, umescravo. Conseguiu a liberdade e,mesmo tendo se alfabetizado apenasaos 18 anos, se tornou um rábula,advogado autodidata, em São Paulo.Ao procurar a já prestigiosa Faculda-de de Direito do Largo de São Fran-cisco, foi repelido pelos alunos bran-

cos e, em sua maioria escravocratas.Gama, porém, jamais se deixou aba-ter. Usou a rejeição como combustí-vel para crescer, como cidadão, e lu-tar por um Brasil melhor.

Hoje, seu trabalho como advoga-do é reconhecido até mesmo pela fa-culdade que o rejeitou no passado. Maso bom combate não se trava sozinho.A caminhada de Gama e a perpetua-ção de sua memória contaram com oauxílio precioso de cidadãos forjadosna democracia e na crença de que umasociedade justa e realmente democrá-tica é aquela que abriga todos os seus.Falo especificamente de Dino Buenoe Januário Pinto Ferraz, bambas dodireito no século XIX e que o aco-lheram em seu escritório. Essa listatambém inclui o cultuado jurista, di-plomata e intelectual Ruy Barbosa,conterrâneo de Gama, e o eminente

jurista paulistano Fábio Konder Com-parato, um dos pilares contemporâ-neos da luta para liberdade.

Hoje, além de grandes juristas edemocratas de todas as áreas, essesLuiz Gama redivivos, que acabam dese graduar na Faculdade Zumbi dosPalmares, também contaram com oprecioso suporte do mundo corpo-rativo. Empresas lideradas por exe-cutivos que estão à frente de seu tem-po e enxergam na valorização da di-versidade de gênero, raça e condiçãosocial, um potente combustível paracrescerem e se diferenciarem numpaís que busca se inserir cada vezmais no mundo globalizado. Onde serejeita a escravização das pessoas oude consciências.

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Vivemos no segundo semestreum momento político de grande po-tencial para a educação, em que ascampanhas municipais dividem o es-paço da mídia com o julgamento domensalão. De um lado, a sociedadetem a oportunidade de discutir suascidades. Ao mesmo tempo, debatessobre o julgamento apontarão refe-rências importantes para os brasilei-ros, especialmente em termos da éti-ca e dos valores que devem embasardecisões fundamentais para o desen-volvimento da política no país.

Por outro lado, dados divulgadosrecentemente descortinam um tristecenário que nos impulsiona para açõesurgentes na educação. Os resultadosdo Índice de Alfabetismo Funcional(Inaf) apontam uma melhoria em re-lação aos dados do analfabetismo ab-soluto e da alfabetização rudimentar.Mas a proporção dos que atingem umnível pleno de habilidades de leitura,escrita e matemática manteve-se pra-ticamente inalterada entre 2001 e2011, em torno de apenas 25%.

No ensino médio, só 35% dos alu-nos são plenamente alfabetizados.Diariamente nos deparamos comcasos ou relatos da baixa qualifica-ção da nossa mão de obra.

Neste início da corrida pelas elei-ções municipais, é com satisfação quemuitos educadores comprometidoscom uma educação de qualidade para

todos destacam nas chapas que con-correm em São Paulo três nomes quefizeram parte de administrações pú-blicas em cargos diretamente ligadosà educação.

Nossa surpresa, porém, está naconstatação de que a educação figu-ra nas plataformas políticas só comoum dos temas ditos prioritários, po-rém sem propostas efetivas, em dis-cursos tão eloquentes quanto vazios,como geralmente fazem os políticos.

Temos uma oportunidade nessaeleição de mostrar para todo o país osignificado de colocar a educaçãocomo eixo central das políticas, paracomeçarmos a reverter esses dadosde forma mais expressiva e de repen-sarmos a formação da sociedade,com ética e a justiça social.

Tornar São Paulo uma cidadeeducadora, em que o conhecimentoseja o instrumento capaz de empo-derar a todos e a cada um, crianças,jovens e adultos, na direção da cons-trução de uma sociedade mais justae democrática, é o desafio possível.

É um desafio a ser alcançado namedida em que ampliarmos os espa-ços pedagógicos e oportunidadeseducativas para toda a população.

Nesse contexto, de um lado, asinstâncias da gestão pública podemser um espaço importante de açõespedagógicas ao implementar políti-cas relativas ao trânsito, aos resíduos

sólidos, ao ambiente, à segurança -épossível construirmos um enfoqueformador de cidadania no cotidianodas ações públicas.

De outro lado, a escola é o lugarfundamental para uma articulaçãocom os diferentes espaços da comu-nidade relacionando educação comnosso potencial cultural e esportivo,com possibilidades para o ensino eaprendizagem da convivência, da im-portância do coletivo, do respeito,da diversidade e do diálogo. Trata-sede uma proposta educativa não comações isoladas, mas integrada ao cur-rículo escolar.

A complexidade do mundo con-temporâneo exige cidadãos que sai-bam se expressar, buscar, analisar erelacionar conhecimentos, participarde forma crítica das diferentes ins-tâncias da sociedade cuidando daspessoas e do meio ambiente.

Há uma demanda por uma edu-cação que ofereça a cada um a possi-bilidade de leitura em seu sentido li-teral e amplo como leitura do mun-do. Não podemos desperdiçar estemomento fértil para uma educaçãopara o resgate da ética e dos valoresdemocráticos.

*Maria Alice Setubal, doutora em Psicologia daEducação pela PUC-SP, presidente dos Conselhosdo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,Cultura e Ação Comunitária e da Fundação TideSetubal. Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo,15/08/2012.

tempos de educação,

ética *Por Maria Alice Setubal

e participação

educação

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Eleições são umaoportunidade paracolocarmos aeducação comoprioridade. Hoje, só35% dos alunos deensino médio sãoplenamentealfabetizados.

Maria Alice Setubal

educação

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*Por Luiz Felipe de Alencastro

A batalha adiada daigualdade racial nas

Forças Armadas

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cidadania

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Impermeáveis às políticas afir-mativas do governo Dilma, as For-ças Armadas não promovem a for-mação de altos comandantes cujorosto espelhe o da população brasi-leira. Índia, África do Sul e EUA(que destacaram oficial negro paracomandar frota no Atlântico Sul)dão valor estratégico à questão raci-al nas elites militares.

Nas vésperas do Sete de Setem-bro, cabe lembrar as perspectivas so-bre as Forças Armadas inscritas no“Livro Branco da Defesa Nacional”(LBDN), apresentado em junho à pre-sidente da República e ao Congresso.

Organizado pelo ministro da De-fesa, Celso Amorim, o Livro Brancoconstitui uma iniciativa original. Tan-to na forma quanto no seu conteú-do. Faltou, na imprensa e nos meiospolíticos e universitários, um debateà altura das análises elaboradas noLBDN. Pela primeira vez, a reflexãosobre as Forças Armadas e a diplo-macia estão associadas num docu-mento governamental que analisa asrelações de força no mundo atual.

Resta que o LBDN não aborda umproblema importante de repercussãonacional e internacional, que Amorimajudou a começar a resolver no Ita-maraty. Problema com o qual ele e seussucessores no atual ministério tambémterão que lidar: a discriminação racialnão escrita que exclui negros e mula-tos do alto oficialato das Três Armas.

No Itamaraty, o assunto foi aba-fado durante muito tempo. Entroupela primeira vez em pauta quandoo presidente Jânio Quadros, em 1961,na época da independência das colô-nias africanas, nomeou o escritorRaimundo Souza Dantas (1923-2002)embaixador em Gana.

Primeiro e único embaixador ne-

gro desde a Independência, SouzaDantas escreveu “África Difícil, Mis-são Condenada: Diário” (1965), quenarra a discriminação de que foi víti-ma, por parte de intelectuais e diplo-matas brasileiros, no seu posto naÁfrica. Quando o livro saiu, a dita-dura já sufocava o debate sobre essee outros assuntos.

Agindo como pau-mandado docolonialismo português, o Itamaratyperseguiu o então diplomata e futu-ro dicionarista Antônio Houaiss(1915-99). Membro da Comissão deDescolonização da ONU, Houaiss di-alogava com os movimentos inde-pendentistas da África lusófona.Como narra o embaixador Ovídio deAndrade Melo, em seu livro “Recor-dações de um Removedor de Mofono Itamaraty” (2009), a pedido de se-tores salazaristas, Houaiss foi cassa-do e demitido do Itamaraty, acusadode ser “inimigo de Portugal”.

No entanto, cada vez que o go-verno abria uma embaixada na Áfri-ca, inclusive nos países lusófonos, jáescaldados pela colaboração de Gil-berto Freyre (1900-87) com o colo-nialismo salazarista, escancarava-seum paradoxo: como acreditar que oBrasil era uma “democracia racial”se todos os diplomatas, e até os con-tínuos da embaixada, eram brancos?A branquidade encenada pelos di-plomatas brasileiros entravava a po-lítica do Brasil na África.

Com a redemocratização, o de-bate voltou à ordem do dia. Em 2002,iniciou-se o programa Bolsa Prêmiode Vocação para a Diplomacia. Im-plementado pelo Itamaraty, o progra-ma concede a afrodescendentes bol-sas de preparação ao concurso à car-reira diplomática.

A necessidade de aproximar o ros-to interno do rosto externo do paísfoi sublinhada pelo então presidenteFernando Henrique, em dezembro de2001: “Precisamos ter um conjunto dediplomatas –temos poucos – que se-jam o reflexo da nossa sociedade, queé multicolorida e não tem cabimentoque ela seja representada pelo mun-do afora como se fosse uma socieda-de branca, porque não é”.

Sob a presidência de Lula, o pro-cesso se consolidou. Em julho de2008, em Brasília, o então chancelerCelso Amorim enfatizou que a de-mocracia é “incompatível” com a dis-criminação, acrescentando: “Acredi-távamos que éramos uma democra-cia racial. Hoje sabemos que isso nãoé verdade”.

Contudo, o ajuste entre o rostointerno e o rosto externo do país élongo e difícil. No último dia 18 deagosto, reportagem de Flávia Forequena Folha revelou que, dentre as 40 no-vas embaixadas abertas na África, 35têm um corpo de diplomatas inferiorao previsto. Por quê? Porque algunsitamaratecas, que se acham, evitam asembaixadas africanas, acreditando quetais postos rebaixam suas carreiras.

Celso Amorim deixou o Itamara-ty e, depois de uma pausa, assumiu oministério da Defesa. Graças à sua ini-ciativa, redigiu-se o “Livro Branco”.Com 270 páginas, o documento con-tou com o aporte de vários ministéri-os e duas centenas de colaboradores.

A branquidadeencenada pelosdiplomatas brasileirosentravava a política doBrasil na África.

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cidadania

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De saída, o LBDN salienta as ba-ses da geopolítica nacional: “O Brasildá ênfase a seu entorno geopolíticoimediato, constituído pela América doSul, o Atlântico Sul e a costa ociden-tal da África”. Mais adiante, a impor-tância do espaço oceânico é reitera-da, porquanto o Brasil é o “país commaior costa atlântica do mundo”.

Citado no texto introdutório dapresidente Dilma Rousseff, o pré-salé objeto de mais quatro referências noLBDN. A posse da Zona EconômicaExclusiva de 200 milhas marítimas(onde está o pré-sal) garantida pelaConvenção da ONU de 1994, que foiassinada por 152 países, é destacada.

Mas o documento também obser-va que nem todos países aderiram àconvenção, “inclusive grandes potên-cias”, circunstância que “pode se tor-

nar, no futuro, uma fonte de conten-ciosos”. O que o LBDN não diz, masestá nos jornais, é que a única das “gran-des potências” não aderente à con-venção de 1994 é os Estados Unidos.

O tom diplomático do texto evi-ta ainda referências a uma novidadeque reconfigura o Atlântico Sul, a vol-ta da 4ª Frota americana. Estabeleci-da em 1943, durante a Segunda Guer-ra Mundial (1939-45), a 4ª Frota foidesmembrada em 1950. Em 2008, foirestabelecida para operar no Caribee nos mares da América Central,América do Sul e África Ocidental.

Seu renascimento foi saudadopelo “Navy Times”, jornal da mari-nha de guerra americana: “Quase 60anos depois de ter fechado, a 4ª Fro-ta, que conduziu a caçada aos sub-marinos alemães no Atlântico Sul,

está de volta. Desta vez, para caçartraficantes de drogas no Caribe”.

Na América Central e na Améri-ca do Sul, pouca gente acreditou nes-sa fita da caça aos piratas do Caribe.O governo argentino discutiu o as-sunto com o governo americano. Masa reação mais incisiva veio do Brasil.Respondendo a jornalistas argenti-nos, em setembro de 2008, o presi-dente Lula declarou: “Estou preocu-pado com a 4ª Frota americana, por-que ela vai exatamente para o lugaronde nós achamos petróleo”.

Tal armada de porta-aviões, cru-zadores e submarinos é comanda-da por um ilustre oficial negro, ocontra-almirante Sinclair M. Harris.Feliz coincidência para o prestígiodo contra-almirante Harris e parao lustre da U.S. Navy, sua poderosa

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esquadra singra entre a costa atlân-tica africana e o país americano queconta com o maior número de afro-descendentes.

Neste contexto apenas subenten-dido no LBDN, a Zona de Paz e Co-operação do Atlântico Sul ganha todoo seu relevo. Instaurado pela ONUem 1986, esse tratado abrange o Bra-sil, Argentina, Uruguai e 21 paísesafricanos. Programas de colaboraçãomilitar estão em curso nesses países,com destaque para a Namíbia – cujacosta situa-se em latitudes idênticasà faixa do litoral brasileiro contendoo pré-sal –, a qual envia boa parte dosoficiais de sua Marinha de Guerrapara se formarem no Brasil.

O LBDN assinala uma coopera-ção mais direta com a África do Sul,no intercâmbio de oficiais e no de-senvolvimento do míssil A-Darte e,mais além, com a Índia, no avião detransporte Embraer 145, dotado deradar indiano.

A colaboração com a África doSul e a Índia é reforçada pelo FórumIbas, reunindo o Brasil aos dois paí-ses. Fundado em 2003, sob o impul-so do então chanceler Celso Amorim,o Ibas é definido como “um meca-nismo de coordenação entre três pa-íses emergentes, três democraciasmultiétnicas e multiculturais, que es-tão determinados a redefinir seu lu-gar na comunidade de nações”.

Efetivamente, o Brasil, a Áfricado Sul e a Índia constituem um gru-po exemplar de democracias multié-tnicas e multiculturais. Não há quemduvide disso, quando percorre as ruasdas grandes cidades desses países.

Salvo em algumas altas instân-cias, como as Academias Militares.Ali, o rosto dos cadetes, dos futurosoficiais superiores brasileiros, predo-

minantemente branca, destoa daigualdade étnica e multicultural dooficialato das Forças Armadas daÁfrica do Sul e da Índia. Destoa, so-bretudo, da sociedade brasileira.

Graças aos avanços constitucio-nais do país, as Forças Armadas têmevoluído. Mulheres passaram a ser ad-mitidas nas Três Armas, embora suasfunções sejam geralmente restritasaos serviços administrativos e de saú-de. Também é certo que há, desde oséculo 19, certo número de oficiaisafrodescendentes e que as escolasmilitares não vetam mais certas cate-gorias da população.

Assim, como revelou o historia-dor Fernando Rodrigues, da UFRJ,na reportagem de Leonencio Nossa,no jornal “O Estado de S. Paulo”, em12 de março de 2011, até o final daSegunda Guerra Mundial (1939-45),as escolas militares barravam formal-mente a entrada de negros, judeus,islâmicos, filhos de pais separados efilhos de estrangeiros.

Muita coisa mudou para melhor.Em 2007, a comunidade nipo-brasi-leira saudou a nomeação no coman-do da Aeronáutica do brigadeiroJuniti Saito, nascido em Pompeia (SP)e filho de imigrantes japoneses. Noano seguinte, viajando a Tóquiocomo convidado especial do gover-no japonês, o comandante foi rece-bido pelo Imperador Akihito.

Saito visitou também uma escolade filhos de imigrantes brasileiros. Se-gundo o site nikkeypedia.org.br, eledeclarou na saída: “Eu me identifi-quei com aquelas crianças porquepassei o mesmo que elas quando che-guei ao Brasil. Até os cinco anos deidade, só falava japonês dentro decasa”. A menos que tenha sido o re-sultado de um erro de transcrição, o

lapso do brigadeiro Saito (“quandocheguei ao Brasil”) é significativo.

Mostra o estranhamento e aemoção da “chegada” à escolinhapaulista, e dá mais força ao seu mé-rito e à competência da Escola Mili-tar na condução de sua trajetória atéa chefia da Aeronáutica.

Da mesma forma que a carreirado contra-almirante Harris impres-siona os oficiais africanos e brasilei-ros, o dinamismo social e democráti-co que impulsionou a carreira do co-mandante Saito deve ter impressio-nado os oficiais do Japão. No Extre-mo Oriente, o retrato do oficialatobrasileiro, apresentado como umcorpo militar multiétnico, ganhouforos de verossimilhança. No Extre-mo Ocidente é outra história.

Sabe-se que a hierarquia militarsempre afirmou sua consonância como colorido da sociedade. Como outrosdocumentos oficiais, o LBDN se re-fere à primeira Batalha de Guarara-pes (1648), palco da vitória icônicadas Forças Armadas: “Foi o eventohistórico considerado gênese doExército, nessa ocasião as forças quelutaram contra os invasores foramformadas genuinamente por brasilei-ros (brancos, negros e ameríndios)”.

Depois disso, os holandeses serenderam, a população indígena de-clinou, chegaram muito mais africa-nos, mais portugueses, outros euro-peus, e também os levantinos e os asi-áticos que formaram a atual socieda-de brasileira.

As Forças Armadas mudaram, masa sociedade mudou mais rápido. A re-ferência encantatória às forças brasilei-ras na Batalha de Guararapes, pinta-das como um exército multiétnico, nãocola à realidade. Não é preciso fazerum desenho para mostrar que há um

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desequilíbrio gritante no escalona-mento hierárquico das Três Armas.

Como em outros setores governa-mentais, os brancos sempre domina-ram as patentes mais elevadas, em de-trimento da presença dos afrodescen-dentes, que compõem atualmente amaioria dos recrutas e da populaçãodo país. Para retomar a análise do en-tão presidente FHC, trata-se de umasituação que “não tem cabimento”.

A doutrina constitucional e a di-nâmica democrática tem tornado asociedade brasileira mais justa. Des-se modo, a Constituição decreta que“todos são iguais perante a lei, semdistinção de qualquer natureza” (art.5°), e completa o preceito com aspolíticas afirmativas, determinando a“proteção do mercado de trabalho damulher, mediante incentivos especí-ficos, nos termos da lei” (art. 7° § 20).

Consoantemente, a presidenteDilma Rousseff promove a nomea-ção de mulheres nos altos cargos,numa política pública para ninguémbotar defeito.

De seu lado, o Judiciário e o Le-gislativo têm procurado corrigir asdesigualdades herdadas do passadopara reforçar a democracia. No mêsde abril, o Supremo Tribunal Federaldecidiu, unanimemente, que as cotasraciais nas Universidades estavam emconformidade com a Constituição.

Como é notório, o STF é rarasvezes unânime em seus julgamentos.A concordância dos ministros sobrematéria tão controversa, e combati-da pela grande maioria dos editoria-listas, conferiu mais peso ainda à de-cisão, que tornou-se jurisprudência.

Após longo estudo, o STF reco-nheceu que existe no Brasil discrimi-nação étnica estrutural – embora nãoinscrita nas leis –, que as universida-

des públicas tem o direito constitu-cional de combater.

Na sequência, o Congresso apro-vou a lei que reserva 50% das vagasdas universidades federais para estu-dantes de escolas públicas. Metadedas cotas, ou 25% das vagas, vai paraestudantes cujas famílias tenham ren-da até 1,5 salário mínimo. Os outros25% das vagas são reservados aos es-tudantes negros, pardos ou indígenas.Persistem dúvidas sobre a aplicaçãoda lei no Instituto Tecnológico daAeronáutica (ITA), que depende doMinistério da Defesa.

Independentemente das Acade-mias Militares, os oficiais superio-res estão cada vez mais envolvidosna política externa. Aliás, o LBDNregistra a frequente “participação ar-ticulada de militares e diplomatas emfóruns internacionais [...] na tarefade defender, no exterior, os interes-ses brasileiros”.

Cedo ou tarde a branquidade dooficialato entravará o papel interna-cional das Forças Armadas. O acomo-damento nacional – tão bem resumi-do na frase “Imagina na Copa!”– podecontinuar esperando que as coisas, nahierarquia militar e alhures, evoluama partir de críticas externas.

A frase citada acima, e seu com-plemento carioca “Imagina na Olim-píada!”, tem duplo sentido. O signi-ficado imediato mostra que se estáapreensivo com a chegada de tantagente de outros países. Menos óbvio,o segundo sentido deixa entender quese espera uma melhoria nos serviçospúblicos, na telefonia celular, nos ae-roportos. Assim, o bordão “Imaginana Copa!” revela também um com-portamento acomodado e subalter-no: já que os cidadãos (brasileiros)não impõem respeito, vamos tirar

proveito do respeito imposto pelosconsumidores (estrangeiros).

Como sucedeu no Itamaraty, oapelo à representação multiétnica, àaproximação entre o rosto multico-lorido dos recrutas e o rosto dos ofi-ciais superiores, poderá também virde fora para dentro, das parceriasmilitares desenvolvidas com países doCaribe e da África, e até com a 4ªFrota americana.

Não obstante, no seu discurso deposse, Celso Amorim fez uma afirma-ção que indicava sua intenção de nãoaceitar acomodamentos e subalterni-dades. De fato, na sua fala, Amorimpropôs uma gestão mais democráticano Ministério da Defesa: “Devemosvalorizar a discussão de temas comodireitos humanos, desenvolvimentosustentável e igualdade de raça, gêne-ro e crença”. Tais temas não sofremcontestação nas Forças Armadas.

Salvo a discussão do tema daigualdade de raça. Tão presente nasociedade brasileira, tão ausente no“Livro Branco da Defesa Nacional”.

O “Livro Branco da Defesa Na-cional” não aborda um problemaimportante: a discriminação racialnão escrita que exclui negros e mula-tos do alto oficialato. No ExtremoOriente, o retrato do oficialato bra-sileiro, apresentado como um corpomilitar multiétnico, ganhou verossi-milhança. No Extremo Ocidente éoutra história. Cedo ou tarde a bran-quidade do oficialato entravará o pa-pel internacional das Forças Arma-das. Como no Itamaraty, o apelo po-derá vir de fora para dentro.

*Luiz Felipe de Alencastro, professor titular dacátedra de História do Brasil na UniversidadeSorbonne e professor convidado da FGV-SP, éautor de “O Trato dos Viventes” (Companhiadas Letras). Artigo publicado no jornal Folha deS. Paulo, 2/09/2012.

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Por Eliane AlmeidaFotos: Antigua & Barbuda Tourist Office

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Ao buscarmos informações so-bre destinos de viagem, o Caribe épor vezes o lugar dos sonhos. Maresverdes azulados e areias brancas nosfazem imaginar pedaços do paraísona Terra. Mas a verdade é que toda aregião do Mar do Caribe é um gran-de berçário de beleza natural e única.É possível perceber, ao observar osfortes e igrejas, a história ainda re-cente da colonização. É quase palpá-vel o gosto “spice” dos seus idiomase costumes legados de seus antepas-sados africanos.

Assim é Antigua e Barbuda. Osprimeiros habitantes ameríndios cha-mavam as ilhas de Wadadli e Wa’Omoni. Descoberta por CristóvãoColombo em 11 de novembro de1493, a maior ilha do país recebeu onome cristão de “Santa Maria la An-

tiga”, em homenagem ao milagre daSanta na Catedral de Sevilha, naEspanha, na mesma época. Tendosua colonização acontecido a partirde St. Kitts, em 1666, Barbuda ga-nhou esse nome por um erro do car-tório do registro de terras. Seu nomedeveria ser Barbado, mas o escrivãoerrou e permaneceu Barbuda.

País independente, de coloniza-ção inglesa e de população predomi-nantemente negra, ainda tem arrai-gado os costumes de uma sociedadecriada a partir da servidão. Formadapelas duas ilhas que dão nome aopaís, Antígua e Barbuda tem na pri-meira toda a infraestrutura econômi-ca e administrativa. Na segunda todoo glamour e luxo que os milionáriose a realeza inglesa adoram.

Antígua teve a mais sangrentaAntigo moinho Betty's Hope.

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Praia de Jolly Beach Resort.

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história de colonização do Caribe. Osíndios caraíbas, habitantes originais,foram dizimados. Aqueles que sobre-viveram enfrentaram os perigos deatravessar o mar em jangadas e tenta-ram reconstruir suas tribos nas ilhasmais próximas. Tentaram, pois nasilhas o processo de colonização tam-bém acontecia e o extermínio dos in-dígenas era primordial para que a co-roa britânica pudesse governar tran-quilamente. Quanto ao escravos afri-canos, a média de vida era de doisanos, tamanha era a violência inglesa.

Praia para todos os diasdo ano

Imagine poder escolher uma praiapara cada dia do ano. Este normal-mente é o dilema de quem escolheAntígua como destino de viagem.Com 365 praias ao redor da ilha commar de um azul intenso, areias bran-cas, águas calmas boas para o nado emergulho, a dificuldade é escolherpara qual delas ir.

Quer conhecer os points mais fre-quentados? Segue a indicação: Coco-point Beach, Fryers Bay Beach, DeepBay Beach, Long Bay Beach, Dicker-son Bay, Beach Sunset, Mamora Bay,Soldier Bay e Runaway Beach.

Cassinos e Night Clubsgarantem a diversão

Ao som de Soka Music, Dancehall,Zouk, Salsa e Merengue, as noitescaribenhas são bastante animadas.Com cinco cassinos, Antígua garantediversão de qualidade. Além dos jo-gos, os cassinos oferecem espaçospara dança e em alguns é possível can-tar nos videokês. As músicas em in-glês, espanhol e português dão contade mostrar a preocupação com aquestão multicultural. O objetivo éatender bem e deixar todos felizes. Sunset over Jolly Beach.

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Casario em St Johns.

Praia Antigua.

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Prática EsportivaAlém das belíssimas praias de mar

calmo para a natação, Antígua pos-sui uma pista de Track Field pública.Para os amantes do pedestrianismo,mania entre os brasileiros, é possívelse manter em forma e ainda assistiraos treinos das equipes de atletismoque representam o país.

Para os amantes do vôlei depraia também é possível “bater umabolinha”. As praias Jolly Beach eCastaways, in Jolly Harbour, são asmais procuradas pelos atletas e estu-dantes para a prática da modalida-de. Para aqueles que ficam hospe-dados nos hotéis próximos a praia,já faz parte do pacote o acesso àsquadras nas areias brancas e fofasdas praias privativas.

Para aqueles que gostam de aven-tura é possível praticar esportes ra-dicais como o rapel, tirolesa e longascaminhadas pelas trilhas quase selva-gens das diversas montanhas que cir-cundam a ilha.Você pode conhecer afauna e flora na Antígua Rain Forestou dar uma longa caminhada naObama’s Mount.

Sendo originalmente conhecidacomo Boggy Peak, foi rebatizada como nome do líder americano em home-nagem ao seu mandato como primei-ro presidente negro dos Estados Uni-dos. A caminhada pelas trilhas maisconhecidas duram de duas e meia atrês horas. Em tempo de chuva, osriachos que cortam a floresta sãocheios de peixes e árvores frondosase cobertas de frutas como manga, ta-marindo e aki, uma fruta local docee muito rica em vitamina C.

Fortes e Igrejas sãomarcas dos ingleses

A arquitetura dos fortes e igrejasde Antígua não dão margem à dúvi-

Mergulho em Green Island.

Mountain Biking.

Hobie Cats em Jolly Beach.

Caiaque em rio da floresta de Mangrove.

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da quando o assunto é colonização.Apesar da pequena influência daFrança nas invasões durante o perío-do de conquistas territoriais e doPortuguês que pode ser percebido noCrioulo falado pelos mais velhos, aInglaterra deixa sua marca para ja-mais ser esquecida.

Os fortes estão presentes em to-dos os países como forma de manu-tenção do território conquistado. Demaneira bastante inteligente, a admi-nistração do Ministério do Turismotransformou o mais famoso e maiorforte e porto da Ilha, Nelson’s Do-ckyard National Park, em parque pro-tegido pela UNESCO e criou em suaestrutura um museu que conta a his-tória do país desde a pré-história.

As igrejas anglicanas estão portoda parte e a vida religiosa é bastan-te valorizada pela população. Elesguardam os domingos de festa que aBíblia prega. Os Batistas guardamseus sábados de dedicação ao próxi-mo. Os rastafáris fazem seus cultossaudando seu Deus Jah e agradecen-do as forças da natureza.

Pedaços da História

História e natureza se misturamnos roteiros turísticos de Antígua.Belíssimas paisagens carregam pesa-dos nomes por conta de seu papelexterminador na sociedade colonial.É o caso de Devil’s Bridge e Hell’sGate. Não por acaso foram batizadoscom nomes que referendam o mal.Ambos os lugares, de beleza naturalímpar, tinham como função ser localde execução de criminosos que nor-malmente eram escravos doentes,desobedientes, fugidos e rebeldes.

Devil’s Bridge (Ponte do Demô-nio) é caracterizada pela ponte natu-ral de pedra e pela violência com que o

mar bate contra as paredes rocho-sas. O estrondo do mar nas rochasdá a impressão de ouvir vozes de ho-mens gritando. Já Hell’s Gate(Portão do Inferno) tem a caracte-rística de ser só acessível via mar. Atéhoje, para conhecer essa obra de arteda natureza, a aventura marítima éo caminho.

A pequena Barbudatambém guarda seussegredos

Barbuda é uma jovem senhora de346 anos. Pequena no tamanho, masgigante em beleza natural. Por ser tãopequena, a Wa’Omoni guarda mui-tas surpresas. Sendo tão pequena epouco habitada, Barbuda tornou-seo lado rico do país. A economia ba-seada no turismo para classe AA atraios mais ricos do mundo. Para chegarà ilha é possível ir de barco, que temdias e horários irregulares, ou de he-licóptero, o mais utilizado.

Diversas celebridades, comoOprah Winfrey, Mariah Carey, entreoutros escolhem Barbuda como des-tino de viagem quando o assunto édescanso. Provida com os mais luxu-osos hotéis, privacidade é a palavrachave para o sucesso dos empreen-dimentos no local.

De beleza natural singular, encan-tou a família real britânica que man-tém, até os dias atuais, uma bela man-são a beira mar com praia de areiacor de rosa. A areia tem essa cor porser formada por microscópicas con-chas rosadas que dão o nome dapraia: Pink Beach. Se a PrincesaDiana se rendeu a esta beleza, o quediria você? Vale a pena atravessar osmares do Caribe e ver de perto tan-tos milagres e cores. Lá, até o por dosol é mágico!

Artesanato local.

Devil's Bridge (Ponte do Demônio).

Hell's Gate (Portão do Inferno).

Pink Sand Beach Barbuda.

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Gabby como é conhecida, tem apenas 16anos e já conquistou um feito histórico: aprimeira ginasta negra a vencer o títuloindividual nos Jogos Olímpicos.

Todo esforço e dificuldades enfrentados,como ter se mudado da Virginia para WestDes Moines, no Iowa, quase cinco milquilômetros de distância, para viver comuma família adotiva, para treinar com umtreinador de ponta, quando tinha apenas 14anos, foi recompensado no dia 2 de agosto de2012. Além da realização pessoal daginasta, os negros em todo o mundo ficarammais orgulhosos. Antes da conquista deGabrielle a americana Dominique Dawes,havia sido a primeira afro-americanacampeã olímpica de ginástica por equipes, em1996.

Além do ouro olímpico individual deGabrielle, nos Jogos olímpicos de Londres2012, a ginasta também participou dacategoria em equipe pelos Estados Unidos,onde também conquistou a medalha de ouro.

A menina que iniciou na ginásticaquando tinha 6 anos, ganhou o apelido de“esquilo voador”. Em Londres com estilo eserenidade, a ginasta fez uma provaextraordinária e consagrou-se como a ginastamais completa do mundo.

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preto e branco

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