revista afirmativa plural 54

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Edição Especial da revista Afirmativa Plural, sobre a entrega do Troféu Raça Negra 2015

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  • Martinho da Vila, Maria Jlia Coutinho e Wole Soyinka.

  • 4 Afi rmativa Plural Edio 54

    Afi rmativa Plural uma publicao da Afrobras - Sociedade Afro Bra-sileira de Desenvolvimento Scio Cultural, Centro de Documentao, atravs da: Editora Unipalmares Ltda., CNPJ n 08.643.988/0001-52. Com periodicidade bimestral. Ano 12, Nmero 54 - Av. Santos Dumont, 843 - Bairro Ponte Pequena - So Paulo/SP - Brasil - CEP 01101-080 - Tel. (55 - 11) 3325-1000. www.afrobras.org.br

    CONSELHO EDITORIAL: Jos Vicente Francisca Rodrigues Paulo Rolim Humberto Adami Snia Guimares.

    DIREO EDITORIAL E EXECUTIVA: Jornalista Francisca Rodrigues (Mtb.14.845 - [email protected]).

    FOTOGRAFIAS: S.R. Foto & Vdeo e Adriana Barbosa

    EDIO: Francisca Rodrigues

    COLABORADORES: Eliane Almeida, Jlia Ramos, Rejane Romano, Sandra Manfredine e Zulmira Felcio.

    ASSINATURA E PUBLICIDADE: Maximagem Mdia Assessoria em Comunicao - Francisca Rodrigues - (francisca.rodrigues@ afrobras.org.br) Tel.(11) 3325-1000.

    CAPA: S.R. Foto & Vdeo.

    EDITORAO: Ponto a Ponto Comunicao Tel. (11) 4325-0605.

    ndice

    Entrevista Especial

    Prmio Nobel de Literatura visita a Zumbi dos Palmares..............6

    Flink Sampa

    Flink Sampa se consolida................................................................12Talentos premiados..........................................................................26

    Seminrio

    Seminrio sobre racismo inicia transformao no mundo do esporte...............................................................................................30

    Trofu Raa Negra

    A raa homenageia Martinho.........................................................52Trofu Raa Negra, nico!.............................................................60Querem destruir a ancestralidade africana.................................104

  • Edio 54 Afi rmativa Plural5

    editorial

    A Flink Sampa nasceu sob a pers-pectiva de ser uma Festa Literria e

    neste ano o movimento no Trofu Raa Negra tambm seguiu esta tendncia. No

    s pelo homenageado de ambas iniciativas ser o cantor, compositor e escritor Martinho da

    Vila, mas pelo fato de que o mundo das letras cada vez mais tem podido contar com grandes

    representatividades.Um exemplo significativo disto o escritor nige-

    fletindo sobre os cones do passado e dando vez e voz aos heris do presente. Personagens que interagem no discurso do combate ao racismo.

    Representantes nacionais e internacionais que falam a mesma lngua e dizem em unssono que h muito a ser feito. Como ocorreu na integrao realizada com presenas do governo americano e brasileiro que debateram sobre o racismo no esporte. Ou ainda em meio s palestras de literatos dos mais

    riano Wole Soyinka um smbolo na luta para que o conhecimento seja perseguido em sua mxima, a fim de quebrar paradigmas e desconstruir imaginrios que at ento so pautados pelo preconceito.

    Um sujeito mpar na literatura africana que em sua passagem pela Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares e pelo Trofu Raa Negra demonstrou como poucos a firmeza de sua postu-ra - fsica, espiritual e intelectual - como forma de contribuir para mudar conceitos.

    Inmeros foram os momentos de emoo apresentados nesta Afirmativa ocorridos

    entre os dias 12 e 15 de novembro. Mais um ano onde a proposta de

    exaltar o protagonismo negro em nossa histria mundial

    foi alcanada. Re-

    diferentes locais do mundo que apresentaram seus feitos na literatura a fim de mostrar a importante e necess-ria presena do negro nesta rea.

    Foram dias de reflexo. De olhos marejados e brilhantes. De cabeas que, como em uma coreo-grafia, assentiam com falas que deram conta de retratar a presena do negro desde o mundo da moda, do esporte, at a nfima presena nos rgos de governo.

    Enfim, uma prova real sobre o que disse Soyinka em ocasio de sua participao em uma Conferncia na Universidade Co-munitria Zumbi dos Palmares: No somos nada se no avanar-mos no pensamento.

    Boa leitura,Rejane Romano.

    Uma festa da literatura e do pensamento

    ditorial

  • 6 Afi rmativa Plural Edio 54

    Escritores negros ainda lutam para ocupar os espaos que as academias de letras dispem. No universo da literatura mundial, poucos so aqueles que alcanam o mais alto grau do mundo literrio. o caso da grande personalidade internacional da Flink Sampa 2015. O nigeriano Wole Soyinka Prmio Nobel de Literatura e foi considera-do o dramaturgo mais importante do continente africano.

    Durante cerimnia na Biblioteca Joe Beasley, na Universidade Comu-nitria Zumbi dos Palmares, o escritor foi recebido por delegao norte-ame-

    ricana representando as HBCUs (Uni-versidades Historicamente Negras norte-americanas), alunos da Zumbi, escritores de Angola, Cuba, Brasil e Colmbia, alm do corpo docente da instituio. Homenageado com placa comemorativa que marca sua estada na Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares, o poeta, dramaturgo, homem orquestra, Wole Soyinka, p-de conversar com os presentes.

    Afirmativa Plural: Qual a impor-tncia da Mitologia Iorub em sua obra literria?

    Wole Soyinka: Para se falar em mitologia necessrio se entender

    como ela funciona na sociedade. E a sociedade no est completa. Temos a tecnologia, mas preciso olhar para o indivduo. Comeo por este ponto pa-ra falar da importncia da mitologia. Muitas celebridades vo a espaos de religio e no se comportam com res-peito. Ningum fala que as religies europeias so mitologias, somente as religies de matriz africana so tidas como mitologia.

    A religio no mundo pode ser observada como ciclos da natureza. O nascimento da terra, os ciclos das estaes nos mostram isso. Qualquer religio baseada no ciclo da nature-

    Por Eliane Almeida.

    entrevista especial

  • Edio 54 Afi rmativa Plural7

    entrevista especial

  • 8 Afi rmativa Plural Edio 54

    za. Essa conscincia est integrada no meu trabalho. Quando ouo teorias sobre supercondutores me d dor de cabea. So pessoas que tentam dar base cientficas nesses assuntos. Eles fazem teorias onde no h teoria. Tentam explicar o inexplicvel.

    A criatividade est na dana, na arte. Quando falamos de foras da natureza, damos nome a isso. Quando usamos palavras, trazemos para o real o que est no imaginrio. Reproduzimos criatividade em tudo que fazemos. Agora vamos falar de negro.

    No podemos simplificar o senti-do de negritude. No podemos mais acreditar que Grcia razo e frica ritmo. Isso moldar o que no h molde. Desqualificar a fora e o poder que vem da cultura africana. Quando outros autores falaram sobre isso, no conseguiram limitar o sentido de negritude.

    Negritude no um slogan, um ato. Chamo de tigritude porque uma ao como a do tigre. Ele age, ele vai e faz o que deseja. Pegamos todas estas expresses para podermos dimensionar o valor real do termo.

    Afirmativa Plural: Qual o signifi-cado de estar no Brasil? A tradio Iorub muito forte aqui.

    Wole Soyinka: Para que o co-nhecimento sobre a cultura ioruba seja realmente conhecida no Brasil necessrio que haja mais traduo. Os brasileiros precisam fazer mais tradues. O que estamos fazendo renovar a relao entre Nigria e Brasil porque reconhecemos nossa proximidade religiosa.

    Estamos, em meu pas, organi-zando festivais literrios que tm como objetivo disseminar a produo nigeriana para os pases do Mediter-

    rneo. O festival se chama Negro no Mediterrneo Azul. A iniciativa prope confluncia dos pases Medi-terrneos e verificar o que possvel retirar desses encontros. Trabalhamos com poetas, escritores e pedimos que trabalhem junto com os escritores ni-gerianos. um programa ambicioso.

    J conversei com os Ministros da Cultura e da Educao do Brasil e a ideia foi levar os babalorixs para que eles entendam a religio a partir de l. Tentamos implementar o programa h alguns anos atrs, ainda no tempo do Presidente Lula. Nada aconteceu. Estamos agora retomando esta dis-

    cusso com a Universidade Comuni-tria Zumbi dos Palmares. A inteno levar representantes brasileiros para a Nigria.

    Afirmativa Plural: Como o senhor interpreta as aes racistas islmicas na Frana?

    Wole Soyinka: Estamos vivendo um momento brbaro. J possumos conhecimento. No somos nada se no avanarmos no pensamento. Somos bibliotecas que acumulam informao de tudo o que acontece em todo o mundo. Somos heranas dos conhecimentos estatizados. Por exemplo, temos universidades africanas mais antigas que as euro-peias. Existem grupos que focam na destruio do acervo construdo por estas universidades. muito difcil

    saber qual a real razo para destruir esse acervo da humanidade.

    Ns somos culpados! Somos cul-pados pelo conhecimento que temos. Na Nigria, os rebeldes vo s casas das pessoas e as degolam por terem enviado seus filhos escola. Eles explodem universidades, queimam escolas, assassinam estudantes de escolas agrcolas. tempo de Ogum. tempo de combate. Uma face de Ogum poesia. A outra batalha. No h dilogo. Somos simplesmente massa de manobra.

    O lder cambojano, Pol Pot, em nome da religio, fechou escolas e as botou abaixo. A classe mdia foi destruda porque era crime pensar diferente do regime. Uma gerao inteira de intelectuais foi exterminada e os livros foram proibidos.

    Agora, vamos observar outro aspecto. Independente de nossa reli-gio temos obrigao de defender as posies intelectuais. Temos que nos defender. Temos que ir mais longe do que o determinismo religioso pois algo muito estranho est acontecen-do. Se ns no cuidarmos deles, eles cuidaro de ns.

    tempo de Ogum. tempo de batalha.

    O homem e sua histria

    Wole Soyinka, ganhador do Pr-mio Nobel de Literatura em 1986, esteve na Flink Sampa. Convidado diretamente por Jos Vicente, reitor da Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares, Soyinka participou de atividades nos dois dias da festa do conhecimento, literatura e cultura negra, que aconteceu em 13 e 14 de novembro no Memorial da Amrica Latina. A Flink uma realizao da Universidade e da Afrobras.

    No somos nada se

    no avanarmos no

    pensamento.

    Wole Soyinka.Wole Soyinka.

    entrevista especial

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    Escritor e homem das letras, ni-geriano, Akinwande Oluwole Soyinka, conhecido como Wole Soyinka, nasceu em 13 de julho de 1934, em Abeokuta, perto de Ibadan. Filho de um mestre-escola e de dona de loja, teve uma educao cuidada. Con-cluiu seus estudos preliminares no Instituto Superior de Ibadan e seguiu para o Reino Unido onde, em 1954, matriculou-se no curso de Literatura Inglesa da Universidade de Leeds, finalizado em 1959.

    Quando era estudante se tornou

    um apaixonado pelo teatro. Perto de sua formatura j havia encenado algumas peas da sua autoria, como A Quality Of Violence (1959), The Swamp Dwellers e The Lion And The Jewel. Nesta ltima contava as andan-as de um professor e de um ancio chefe tribal africano na tentativa de conquistar o corao de uma jovem. Todas as peas foram publicadas em um nico volume, em 1963.

    Em 1960 voltou Nigria. Aps receber uma bolsa da Fundao Ro-ckfeller fundou a companhia de teatro

    The 1960 Masks. Nesse mesmo ano publicou A Dance In The Forests (1960), pea que celebrava a Indepen-dncia da Nigria e que combinava uma expresso tradicional africana com tcnicas europeias do teatro de vanguarda. Em 1965 apareceu com Kongis Harvest e The Road.

    A Guerra Civil nigeriana es-tourou em 1967. Soyinka publicou nesse ano um artigo em que pedia a paz e foi imediatamente aprisio-nado e acusado de conspirao com os rebeldes. Libertado em 1969,

    Negritude no um

    slogan, um ato.

    Chamo de tigritude

    porque uma ao

    como a do tigre. Ele

    age, ele vai e faz o

    que deseja.

    Wole Soyinka.Wole Soyinka.

    entrevista especial

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    sobretudo por fora dos protestos de escritores como Robert Lowell e Lillian Hellman, comeou ento a trabalhar como professor.

    Em 1970, publicou Madmen and Specialists, uma pea de teatro que exprimia o seu descontentamento face corrupo e sede de poder em seu pas. Em 1972, usou a sua experincia no crcere para publicar The Man Died, obra que foi inter-ditada em seu pas. Sob as garras da censura que assombrava seu traba-lho, abandou a Nigria, em 1972. Foi para a Inglaterra e se tornou professor convidado no Churchill College, de Cambridge. Doutorou--se pela Universidade de Leeds, em 1973. Durante esse perodo publicou obras como Jeros Metamorphosis (1972) e Death and the Kings Hor-semen (1975).

    Mudou-se para Gana, em 1975, onde colaborou como editor com o peridico Transition. Regressou Nigria depois de um golpe de esta-do naquele pais, passando a ocupar o cargo de professor catedrtico de Ingls na Universidade de Ife. Em 1976, publicou Myth, Literature, And The African World, um clebre em-brio do pensamento pan-africanista que o caracterizou.

    Em 1993, participou de marcha de protesto contra o regime militar do ditador Sani Abacha, o que fez com que tivesse que deixar o pas no ano seguinte, acusado de atentados bomba contra o exrcito. Acabou regressando em 1998, aps a morte de Abacha.

    Soyinka ganhou o Prmio Nobel da Literatura em 1986. Em 2001, publicou King Baabu, uma pardia de ditadores africanos.

    entrevista especial

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    fl ink sampa

    A terceira edio da Flink Sampa Afrotnica sob o lema Eu quero respirar! cresceu e est mais rica em atraes. Pelo nmero de convidados inter-nacionais e nacionais presentes ao encontro possvel constatar que a Flink j se consagra entre as quase 260 festas literrias existen-tes. Esse vis da ateno especial aos autores negros faz da Flink a casa de todos, sin-tetiza o escritor e curador da mostra, Uelinton Farias Alves satisfeito com

    o resultado do evento, que reuniu um pblico significativo nos dias 13 e 14 de novembro, no Memorial da Amrica Latina, em So Paulo.

    Curador da Flink Sampa, junta-mente com professora mineira Guio-mar de Grammont, Alves afirma que nesta terceira edio, a festa literria - que nasceu com Cruz e Souza e festejou o cente-nrio de nascimento de Carolina Maria de Jesus, respectivamente - atingiu o ponto de

    maturao. Este ano homenageamos a pessoa querida do cantor e escritor Martinho da Vi-la, autor de 14 livros. Ressaltamos o prestgio desse evento reunindo presenas ilustres, como um dos maiores dramaturgos, Wole Soyinka, ganhador do Prmio Nobel de Literatura em 1986, que veio exclusivamente para fazer uma conferncia, realizada na manh de domingo na Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares, destacou Alves. Na oportunidade o Nobel falou sobre

    Consagrada entre as mais importantes festas literrias do Brasil e do exterior, a Flink Sampa provou mais uma vez que a arte negra brasileira um show parte

    Por Zulmira Felcio

    consolidaFlink Sampa

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    fl ink sampa

    tigretude, criatividade e a necessidade de estreitar laos entre artistas brasilei-ros e africanos, e citou seu projeto O negro no mediterrneo azul.

    Realmente, a Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra 2015 que este ano tem como patrono Martinho da Vila - tambm agraciado com o Trofu Raa Negra - comea a produzir bons resultados. De tal maneira, que registramos muitos representantes da Amrica do Sul. Isso tudo serve de referncia de que seguramente a Flink Sampa se torna cada vez mais um evento forte e consagrado, dentro do ms da Conscincia Negra, evidencia o reitor

    da Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares, Jos Vicente. A Flink Sampa realizada pela Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares e a Sociedade Afrobrasileira de Desen-volvimento Scio Cultural (Afrobras).

    Elenco de autores convidados

    A curadora Guiomar de Gram-mont explica que o elenco de autores foi estruturado a partir de uma rdua e intensa pesquisa. Foram reunidos participantes de varias nacionalidades. Alm de importantes autores brasileiros. De 12 a 14 novembro

    recebemos na Flink Sampa, tambm 10 autores das seguintes nacionalidades: 4 an-golanos, 1 colombiana, 1 cubana, 1 francs, 1 autora da Costa Rica; 1 de Moambique e a estrela maior do evento, o nigeriano Wole Soyinka, um dos mais importantes escritores do mundo, considerado o mais notvel dramaturgo da frica. Esse autor, que recebeu o Prmio Nobel de Literatura em 1986 e participou ativamente da luta poltica em seu pas, tambm um dos mais importantes pensadores contemporneos sobre a questo da negritude.

    Alm de Soyinka, tivemos a parti-cipao de Pepetela, que fundou a Unio

    se

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    fl ink sampa

    de Escritores Angolanos, foi vice-ministro da Educao e, em 1997 ganhou o prmio Cames pelo conjunto de sua obra, na qual se encontram alguns dos mais importantes romances da literatura contempornea, como Mayombe e a Gerao da Utopia.

    Contamos ainda com a participao dos angolanos Lopito Feij, poeta e crtico literrio angolano, um dos fundadores da Brigada Jovem de Literatura de Luanda (BJLL) e do Coletivo de Trabalhos Lite-rrios OHANDANJI e Lus Fernando, romancista e jornalista que recebeu o Grande Prmio Maboque de Jornalismo, a maior distino anual da profisso em Angola. Alm disso, gostaramos de destacar tambm Mary Grueso Romano, poeta, educadora e

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    ativista social da Colmbia; Teresa Cr-denas, escritora, poeta, atriz, contadora de histrias e assistente social cubana, considerada uma das vozes mais relevantes da literatura para crianas e jovens, Caryl Frey, escritor francs que recebeu inmeros prmios, o qual obteve o Grande Prmio de Literatura Policial 2008 com o romance Zulu; Shirley Campbell Barr, poeta, an-troploga e ativista costariquenha; Ungulani Ba Ka Khosa (Moambique), atualmente diretor do Instituto Nacional do Livro e do Disco de Moambique, o qual recebeu o Prmio Nacional de Literatura, entre outros prmios e consta da lista dos cem melhores autores africanos do sculo XX.

    Dentre os autores brasileiros recebemos

    fl ink sampa

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    o grande autor Nei Lopes, premiado com o Jabuti, compositor e intrprete de msica popular, alm de escritor e estudioso das culturas africanas, no continente de origem e na Dispora, que publicou vasta obra de mais de 30 livros, centrada na temtica africana e afro-originada. Contamos tambm com a participao de Conceio Evaristo, escritora pesquisadora e educadora, que tem seus livros traduzidos em diversos pases. Recebemos tambm Manto Costa, escritor, jornalista e historiador carioca, de uma prosa extremamente inventiva; Elisa Larkin Nascimento, pesquisadora e ensasta que preside o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO) responsvel pelo acervo de Abdias Nascimento; o mara-

    nhense Salgado Maranho, poeta, jornalista, compositor (letrista) e consultor cultural que ganhou vrios prmios, entre os quais o Jabuti, e o prmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras do Pen Clube. Jos Jorge Siqueira; poeta e historiador, autor de obras muito importantes, nos anos 80, um dos membros do Grupo Negrcia, do Rio de Janeiro; a grande jornalista e escritora Mriam Leito e o importante Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras. Recebemos ainda Paulo Pereira, ensasta, professor, pesquisador e crtico literrio, com mais de uma centena de estudos publicados sobre a cultura brasileira; Cristiane Sobral, jovem poeta, muito profcua que atua tambm em cinema e teatro; le Semog, que atua

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    no campo da literatura negra como poeta e contista, fundou os Grupos Bate-boca de Poesias e Negrcia - Poesia e Arte de Crioulo, entre outros movimentos culturais; Emlio Jlio Braz, escritor com quase duzentos ttulos publicados, roteirista de televiso, suas obras tiveram prmios no Brasil e no exterior, inclusive o Jabuti, com seu primeiro livro infanto-juvenil Saguairu. Tambm o ator e ativista Lzaro Ramos participou do evento, lanando seu livro O Caderno de Rimas de Joo, voltado para o pblico infanto-juvenil, com a participao do ilustrador Mauricio Negro, destaca de Grammont.

    Essa festa uma forma de aumentar o conhecimento. Apropriar e dividir com o pblico o nosso objetivo maior. A partir da

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    fl ink sampa

    primeira edio da Flink, a literatura ganhou novos rumos. Tambm descobrimos talentos, dando oportunidade nunca vista aos escritores negros, aos que escrevem sobre o negro e aos jovens talentos. Diversificar tambm com outras atraes que promovem a cultura e o entretenimento uma forma de unir povos de todas as naes, complementa a diretora da Flink Sampa, Francisca Rodrigues.

    Esporte, um captulo parteNeste sentido, tambm o esporte,

    principalmente o paraolmpico pouco explorado nos grandes eventos, teve espao de reconhecimento na Flink. Alm das aes promovidas ao ar livre, como os rapazes dos times de

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  • 24 Afi rmativa Plural Edio 54

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    basquete 3X3, a principal iniciativa foi a Conferncia Internacional Educao, Conhecimento, Diversidade e Aes Afirmativas que abordou o tema Racismo no esporte: da educao ao legado olmpico, cuja abertura oficial ocorreu na noite de 12 de novembro, no Memorial da Amrica Latina. J as mesas de debates aconteceram no dia seguinte nas dependncias da Uninove, campus Memorial (Barra Funda).

    Importante assunto em discus-so, tendo em vista que o Brasil ir sediar as Olimpadas em 2016, a conferncia reuniu os secretrios da Cultura de So Paulo e da Promoo da Igualdade Racial, respectivamente, Nabil Bonduki e Maurcio Pestana,

    o secretrio adjunto da Secretaria de Estado da Pessoa com Deficincia, Marco Pelegrino, o secretrio nacional de Futebol, Rogrio Hamam, Gerson Bordignon, da Caixa Economica Federal, patrocinadora do Seminrio, os americanos Meldon Hollis e Joe Beasley, com exemplos de aes de-senvolvidas em seus pases, e atletas brasileiros, como Daiane dos Santos, Lica de Oliveira, Hlia Souza (conhe-cida como Fofo) e Robson Caetano.

    Concurso, forte emooNo foram poucas as pessoas que

    se emocionaram durante a premiao do Concurso Flink Sampa de Litera-tura Uma lenda viva do samba bra-

  • Edio 54 Afi rmativa Plural25

    sileiro. Essa segunda edio reuniu mais de 90 mil participantes (crianas, jovens e adultos), alunos do sistema do Servio Social da Indstria (Sesi) que se inspiraram no livro de Marti-nho da Vila Nascimento do samba. Foram premiados os dez primeiros colocados de trs categorias, de um total de 70 trabalhos selecionados.

    Exposies, fotos, vdeos, livros, enfim uma verdadeira galeria ofereceu entretenimento diverso ao pblico frequentador de Flink Sampa. Foram idealizados espaos nicos, cada qual com um tipo de apresentao: de saraus a espetculos. No Espao Eu Quero...Beleza, por exemplo, a miss Brasil de 1986, Deise Nunes, a miss

    Pinhais 2015, Luciana Tavares dos Santos, as atrizes Gabi Dias e rica Januza deram dicas de beleza para uma plateia vida em conhecer as dicas das beldades.

    O Espao Empreendedores Eu Quero...Negcios, nos dois dias da festa, serviu para expor artesanato, moda e cultura e, claro, promover a gerao de negcios. J o palco mon-tado no Memorial serviu para atraes diversas: coral, dana, capoeira, hip hop, shows do Black Luxury e Equipe Swag e Tony Tornado, entre outros.

    Enfim, a Flink Sampa, mais uma vez, conquistou crianas, jovens e adultos. Que venha a Flink Sampa 2016.

    fl ink sampa

  • 26 Afi rmativa Plural Edio 54

    Podemos mudar a histria com a disseminao do conhecimento. a proposta do Concurso Literrio Flink Sampa, cuja segunda edio, inspirado no livro Nascimento do samba, de Martinho da Vila, envolveu a participao de mais de 90 mil alunos do sistema Sesi So Paulo. A cerimnia de premiao do Concurso Literrio Uma lenda viva do samba brasileiro, durante a festa, ocorreu com as presenas do homenageado da Flink Sampa 2015, Martinho da Vila; do diretor do Senai-SP e superintendente do Sesi--SP, Walter Vicioni Gonalves, do reitor da Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares, Jos Vicente; do professor de Lngua Portuguesa da Zumbi dos Palmares, Joo Caeta-no Campos Andrade.

    A Afrobras, a Universidade Co-munitria Zumbi dos Palmares e o Sesi estabeleceram uma parceria para a segunda edio do concurso que reuniu alunos de sexta a nona sries

    do ensino Fundamental, mdio e de jovens adultos da instituio. A ideia reforar o hbito da leitura e despertar o prazer literrio junto aos alunos da rede Sesi/Senai, comunicou Vicioni Gon-alves. Durante a Flink, o Sesi lanou a obra Barras, Vilas & Amores, de Martinho da Vila. Estvamos procura de um autor negro da lngua portuguesa e Martinho um literato que sabiamente brinca com as palavras, disse Vicioni Gonalves, argumentando a razo da escolha feita pela instituio.

    Assim como nas edies anteriores do Concurso Literrio que homenageou Cruz e Souza, Carolina Maria de Jesus e, este ano, Martinho da Vila, estamos muito felizes com o apoio de parceiros (Sesi/ Senai e Fiesp) que trabalham pela disseminao do conhecimento na instituio e contriburam para que pudssemos crescer nesses trs anos. Agradeo a todos os nossos parceiros: Memorial da Amrica Latina, Prefeitura Municipal de So Paulo, Governo do Es-tado de So Paulo, BNDES, Banco Ita, Ministrio da Educao e Ministrio da

    Cultura. Alm da Flink, tambm estamos realizando uma conferncia internacional, evento que acontece nas dependncias da Uninove com representantes de dez uni-versidades estrangeiras, enfatizou Jos Vicente, por ocasio da entrega dos prmios aos vencedores do concurso.

    Joo Caetano Campos Andrade, professor de Lngua Portuguesa da Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares foi o responsvel pela seleo dos textos premiados. Coube a ele selecionar os dez melhores tra-balhos das trs categorias, dentre os 70 textos escolhidos pelo Sesi. Para-benizando os alunos do Sesi/Senai, ele fez questo de dizer da dificuldade em avaliar os trabalhos em funo do altssimo nvel. Principalmente, entre os quatro primeiros colocados do Ensino Mdio, comentou.

    Para abrilhantar ainda mais a cerimnia de premiao houve uma apresentao de dana com os alunos deficientes auditivos do Sesi de Cotia.

    fl ink sampa

    Por Zulmira Felciot pConcurso Literrio Uma lenda viva do samba brasileiro envolveu mais de 90 mil alunos

    alentosremiados

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    fl ink sampa

    2 Concurso Flink Sampa de Literatura

    Nome: Vitria Cristina Da Cruz Scomparim - Ensino MdioNvel 1 1 Lugar.

    O Samba e Martinho da Vila

    Quando te perguntarem Onde o samba surgiu,Se foi no Rio ou na BahiaDiga que foi no Brasil.

    O samba cultura,Retrato do BrasilOnde o corpo sacodeE o corao vai a mil.

    Se ao ouvir o ritmo,Sentimos alegria;Se danarmos,A alegria contagia.

    No som da batidaO cavaquinho e o pandeiroMostraro ao mundoO orgulho brasileiro.

    No carnaval o encantoNos ps o passinhoNa voz o samba o talento de Martinho

    E para concluir, devagar, devagar, devagarinhoQue a vida continuaE vou tomando meu caminho.

    Pseudnimo: Copas

    Nome: Thais Montenegro De Oliveira Ensino Mdio - Nvel 2 1 Lugar

    Voz do Guerreiro - In de Angola

    Foi nas batidas dos tambores quetudo comeouSaiu l de dentro do agogMas cultivado com muito amorEnto sonha nego! Nego sonhou.

    Eu sou o toque da liberdadeUm toque de alegria e de amor Sou o sangue queimado nas veiasDe cada sambista criadorEnto samba nego! Nego sambou.

    Sou a lembrana dos quilombosUm prncipe herdeiro sonhadorNa sofrncia da vida cantei o amorEnto vena nego! Nego venceu.

    Estou em cada canto levando meu cantarNa Vila Isabel, Sapuca e Estciode SSou Martinho da Vila, sou sangue guerreiro,Sou alegria, sou cor!Ento conquista nego! Negoconquistou.

    Nome: Antonio de Souza Eja Nvel 3 1 Lugar

    Popular

    Para falar de Martinho da Vila preciso compostura lembrar a raa negra do tempoda escravaturaQue trouxe um ritmo novo para alegrar nossa cultura

    do samba que eu falo, desteritmo envolventeS basta uma batucada que j atraitanta gente negro, branco ou pardo, noimporta sua corAt os gringos vm de longe prasentir o sabor

    O samba nasceu na Bahia, l pelosculo XIV ritmo africano que at hoje nos comoveMas foi no Rio que ele se tornou nobre

    Encontrando no Rio talentos e

    mais talentosO Samba foi se destacando enunca se perdeu ao ventoEu sei que com o passar do tempoo ritmo foi melhoradoMas samba sempre foi samba, noperdeu a majestade.

    Ele foi samba de roda, de breque,samba enredoMas pra manter nossa cultura onegro tem seu segredo lutar por suas origens sem tervergonha, nem medo

    O samba nossa culturaconhecida at no estrangeiroPara isso Martinho da Vila foi grande pioneiroLevando nossa cultura para este mundo inteiro

    Quem falar que no conhece nem um samba do MartinhoUma dica vou lhe dar: raciocinaum pouquinhoNo precisa nem ter pressa, devagar, devagar, devagarinho

    Autor: Ninim

    Nome: Matheus Henrique Neves Alves Ensino FundamentalNvel 1 2 Lugar

    Batuques Do Corao

    J ouo nas batucadasMuitos pandeiros e um tamborimVejo as morenas danando nas sacadasParece que a noite hoje no vaiter fim

    Muita alegria e muita cantoriaMoos elegantes soltam umamelodiaAs morenas esto com o sambano pMas no deixam de lado a sua f

  • 28 Afi rmativa Plural Edio 54

    fl ink sampa

    Nessa festa o que no falta instrumentoTudo aqui tocado comsentimentoNunca falta um agog ou violoTudo danado com alegria e emoo

    Nessa vila o seu sonho se tornarealidadeA tristeza acaba e surge felicidade Todos aqui fazemos parte de umacomunidadeNa qual a batucada a nossaprioridade

    Certamente outono, primavera evero viroMas o samba sempre estar emnosso coraoViro tempestades e redemoinhos para abalarMas o batuque sempre nos far danar

    Afinal, o samba mora do ladoesquerdo do peitoDe branco, do negro sempreconceitoAh, muito prazer!Quer saber meu nome?

    No preciso procurarOnde h sambaEu estou lSou negro sambista e compositorSou Vila Isabel com muito amor!

    Salve azul e brancaFiel a ela eu souAssim como meu amigo NoelUm dia ela me enfeitiou!

    Pseudnimo: Samba Apaixonado

    Nome: Beatriz Meier De Almeida Ensino Mdio Nvel 2 2 Lugar

    Poema dos Arrojados

    Em 1500, tambores rufaramVerde, azul e amarelo, avistaram.Terra frtil, terra vastaPor mos vigorosas, adjurava.Povo vvido e enrgico

    Naquela terra, foi colocado.Terra privilegiada!

    Arrojados e valentesNa senzala era deixadosNo escuro, nada se viaMas silncio, no se faziaFesta de CabocloFesta de CandomblFesta de UmbandaFesta do Crio de NazarDe festa em festa,Uma cultura abrangia,O pulso pulsava, e ali eclodia.

    Depois do trabalho,Do suor derramado,Novo ritmo que surgiaRitmo to envolventeCausava at Disritmia!Canta Canta, Minha Gente! - e o povo todo se unia.

    Devagar, devagarinhoPopular tornou-sePandeiro e cavaquinho.Mos calejadas,Sangue do pelourinhoAoite nas costas.Coitadinhos? Que nada!A Roda de Samba ainda animava: Venha depressa, correndo pro sambaPorque a lua j vai se mandarAfina logo a sua violaE canta samba at o sol raiar

    Para cada noite: uma msica.Para cada msica: uma esperana.Em 1888, concluiu-se a dana!Lgrimas caam, choravam

    felicidade!O povo vvido e enrgico? No!Quem chorava ento?A viola e o cavaco!

    Pseudnimo: Sophia Hiptia

    Nome: Guilherme Jean Montovan Dellazari Eja Nvel 3

    Obrigado, Seu Prefeito!

    Chega pra c meu amigo, queagora eu vou falarUm pouco sobre o samba, a artede pagodearSua semente forte, de origemafricanaFoi plantada no Brasil, na capitalbaiana

    No som do pandeiro, reco-recoe do tamborA gente cantaria a noite inteiraO nosso lamento e a nossa dorQue mais adiante veio se transformarTudo em paz e amor

    Mas no se engane meu amigoAntes era complicadoPara poder tocar um sambaA gente sofria um bocado

    No se podia sair na ruaCom um cavaquinho na moQue o seu policia vinhaQuerendo tirar satisfao

    Mas graas ao seu prefeito, tia Ciata e o MartinhoA gente tem samba, bossa-nova, pagode e o chorinhoTem Jorge Arago, e o Zeca, oBezerra entre outros milE o samba tomou conta dos quatro Cantos do Brasil.

    Pseudnimo: Dellazari

    Nome: Guilherme Jean MontovanDellazari Eja Nvel 3

  • Edio 54 Afi rmativa Plural29

    Da esquerda para direita: Joo Caetano, Jos Vicente, Martinho da Vila e Walter Vicioni .

    fl ink sampa

  • 30 Afi rmativa Plural Edio 54

    seminrio

    A IV Conferncia Internacional Educao, Conhecimento, Diver-sidade e Aes Afirmativas, que discutiu o tema Racismo no Esporte em mesas de debates, nas dependn-cias da UNINOVE Campus Barra Funda, foi encerrada com a leitura do seu principal objetivo: a Carta de Adeso Iniciativa do Esporte pela Igualdade Racial. O ministro do Es-porte, George Hilton, a ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Gomes e o reitor da Universidade Comunitria Zumbi

    dos Palmares, Jos Vicente, ouviram e referendaram o documento, que torna o movimento uma iniciativa oficial do Governo Federal. A IV Conferncia Internacional Educao, Conheci-mento, Diversidade e Aes Afirma-tivas foi realizada pela Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares e pela Afrobras. O patrocnio foi da Caixa Econmica Federal.

    Foram dois dias de intensas dis-cusses sobre Racismo no Esporte. Depois de discusses sobre o papel da mdia e de seus profissionais no com-

    bate ao preconceito e aplicabilidade da legislao no crime de racismo, a Carta foi apresentada ao pblico e garantiu a discusso da questo nas altas esferas do poder.

    O Auditrio da Secretaria de Es-tado da Pessoa com Deficincia do Memorial da Amrica Latina, local onde o seminrio foi aberto, tam-bm foi o espao do encerramento. Jos Vicente, reitor da Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares e idealizador da iniciativa, explicou os passos dados at a concretizao

    seminrio sobre racismo inicia

  • Edio 54 Afi rmativa Plural31

    seminrio

    deste objetivo. O racismo no esporte tem feito as pessoas enfrentarem, sem mscaras, o preconceito que existe em todos os nveis. Discutir e cobrar do governo uma poltica mais rgida necessrio, diz o reitor.

    O Ministro dos Esportes, George Hilton, esteve presente cerimnia. Disse entender a gravidade do assun-to e estar disposto a fazer o que estiver ao seu alcance para mudar o quadro. Estivemos nos Jogos Mundiais dos Povos Indgenas, em Palmas, e ficou bem claro o poder do esporte na superao de barreiras como etnias, idiomas, raa, religio. Foi um

    evento muito bonito, no sentido da incluso social. Temos vrios outros exemplos que, por meio do esporte, tem solucionado confli-tos, disse o ministro.

    A Ministra Nilma Gomes, da pasta das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos tambm esteve presente e avalizou a ao. Nilma falou do prazer em participar deste projeto que tem a funo de trans-formar a sociedade. Estou confiante de que essa campanha que faremos vai ser importante para conscientizar as pessoas e acabar de vez com o preconceito. Agora,

    com o apoio do Ministrio do Esporte, a proposta fica mais forte. Ser um legado que, inclusive, a Olimpada deixar, explica a ministra.

    Os parceiros internacionais pre-sentes representavam rgos oficiais do Governo Norte Americano, apoia-dores da Carta. Dr. Meldon Hollis, en-viado especialmente pelo Presidente Barack Obama, dirige a Iniciativa e Educao da Casa Branca e repre-senta mais de cem Universidades Historicamente Negras (HBCUs). A Universidade Comunitria Zumbi dos

    transformao no mundo

    do esportePor Eliane Almeida, Wagner Prado e Zulmira Felcio

  • 32 Afi rmativa Plural Edio 54

    Palmares, realizadora da conferncia, est includa nesse hall. O reverendo Jesse Jackson, personalidade histri-ca no combate ao racismo e outras formas de discriminao, mandou ao Brasil o diretor de Relaes Interna-cionais da Rainbow Push Coalition, James Gomez. A Rainbow a ONG comandada por Jackson e que traba-lha ativamente na luta pelos direitos civis e justia social.

    As empresas parceiras da Uni-versidade Comunitria Zumbi dos Palmares e da ONG Afrobras, organizadora do evento, tambm

    fizeram coro ao documento e se comprometeram em, dentro de suas estruturas, fomentar a igualdade e combater o preconceito.

    Alm do ministro do Esporte, George Hilton; da Ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Gomes, o reitor da Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares, Jos Vicente; tambm participaram da cerimnia de assinatura da Carta Compromisso Gerson Bordignon, Superintendente da Caixa Econmica Federal; o pre-sidente da Ordem dos Advogados do

    Brasil (OAB Nacional), Marcus Vini-cius Coelho; o secretrio-adjunto da Secretaria do Estado de So Paulo dos Direitos da Pessoa com Deficincia, Marco Pellegrini; o vice-presidente do Conselho Deliberativo da Associao Atltica Ponte Preta, Tagino Alves dos Santos; o representante da Advo-cacia Geral da Unio (AGU), Trcio Issami Tokano; o representante da Confederao Brasileira de Futebol, Diogo Neto; o diretor-adjunto da Sociedade Esportiva Palmeiras, Hi-gor Marcelo Maffei Bellini; o diretor regional do Banco do Brasil, Mau-

    seminrio

  • Edio 54 Afi rmativa Plural33

    rcio Lambiasi; o deputado federal, Orlando Silva e o representante do Bradesco, Fbio Dragone.

    A Carta CompromissoEssa carta no ficar apenas no papel.

    Servir de guia para as nossas aes contra o racismo. Alm do mais, digo a Jos Vicente que essa bancada neste evento forma um trip governo, parceiros/clubes e a Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares capaz de dar condies e de elaborar polticas p-blicas com aes afirmativas que se tornem reais. Uma dessas aes que foi anunciada a criao da Maratona Zumbi dos Palma-

    res, de carter anual, que visa celebrar esse heri de todos ns brasileiros, afirmou o ministro do Esporte, George Hilton.

    Especializado em corridas de curta distncia, Robson Caetano que, inclusive, participou de quatro Jogos Olmpicos possivelmente o maior velocista da histria do atletismo brasileiro, e a ex-jogadora de vlei, jornalista, modelo e atual atriz Lica de Oliveira, foram os mestres de ce-rimnia que tiveram a incumbncia de ler, para conhecimento pblico, o teor da carta.

    O objetivo do documento al-

    canar dirigentes esportivos, treina-dores, rbitros, atletas, desportistas em geral, torcedores, membros da imprensa, lideranas de empresas de comunicao, lideranas empresariais, patrocinadores, operadores do direito desportivo, membros de organizaes governamentais e no governamentais, pessoas ligadas direta ou indiretamente ao mundo do esporte. Em dez com-promissos, a Carta foi elaborada para dar conta da criao de mecanismos que defendam atletas, profissionais e sociedade de novos episdios de racismo nos espaos esportivos.

    seminrio

  • 34 Afi rmativa Plural Edio 54

    Pontos da Carta:

    1. Trabalhar ativamente pelo enfrentamento do racismo e pela promoo da igualdade racial em nos-sas atividades no mundo do esporte, sobretudo ns, lideranas, dirigentes, pessoal com alta responsabilidade sobre as atividades.

    2. Promover igualdade de opor-tunidade e tratamento justo a todas as pessoas sempre que estiver sob nossa responsabilidade contratar, promover, educar, treinar ou liderar pessoas em grandes organizaes.

    3. Promover ambiente respeitoso, seguro e saudvel para todas as pes-soas em nossas organizaes, eventos ou qualquer lugar sobre o qual temos responsabilidade.

    4. Sensibilizar e educar para o respeito e a promoo da diversidade racial, utilizando de todos os meios ao nosso alcance para falar sobre o tema e sua importncia, incluindo

    o cuidado com a comunicao e o marketing, suas oportunidades para rejeitar o racismo e promover o valor da diversidade humana.

    5. Estimular e apoiar a participa-o e articulao da populao negra nas atividades relacionadas a estes compromissos.

    6. Promover o respeito diversi-dade racial nas relaes envolvendo patrocnio a atividades esportivas, compartilhando esses compromissos, seus princpios e regras bsicas para enfrentamento solidrio do racismo e as consequncias para a inobservncia do tema em contratos de qualquer natureza.

    7. Promover o respeito a todas as pessoas no planejamento de pro-dutos, servios, eventos esportivos e nos relacionamentos com todos que deles participam.

    8. Promover aes de desen-volvimento dos profissionais que

    atuam no mundo esportivo de maneira a se alcanar a igualdade racial no acesso a oportunidades de trabalho e renda.

    9. Promover o desenvolvimento econmico e social da populao negra na cadeia de valor, no rela-cionamento com fornecedores e todas as organizaes com as quais mantm relaes comerciais, de patrocnio ou qualquer outra forma de contrato que permita enfrentar o racismo e oferecer oportunida-des concretas a empreendedores ou empresrios deste segmento da populao.

    10. Promover e apoiar aes em prol da igualdade racial no relaciona-mento com a comunidade, nas ativi-dades de incluso social, voluntariado ou qualquer outra forma de investi-mento no desenvolvimento social, cultural, esportivo e comunitrio de crianas, jovens e adultos.

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    seminrio

    Ministros George Hilton e Nilma Gomes e reitor Jos Vicente assinam Carta de Compromisso.

  • 36 Afi rmativa Plural Edio 54

    Solenidade de Abertura de Seminrio Internacional e Flink Sampa 2015 teve casa cheia

    O Auditrio da Secretaria de Estado da Pessoa com Deficincia do Memorial da Amrica Latina foi palco, na noite do dia 12 de novem-bro, da Cerimnia de Abertura da IV Conferncia Internacional Educao, Conhecimento, Diversidade e Aes Afirmativas e da Flink Sampa 2015. Com o tema Racismo no Esporte

    da Educao ao Legado Olmpico, a Conferncia Internacional discutiu experincias no Brasil e Estados Unidos sobre as atitudes tomadas diante de situaes preconceituosas no universo esportivo.

    Com auditrio lotado, o Coral Zumbi dos Palmares abriu as ativida-des. Cantando o Hino Nacional no estilo que s o Coral tem, a emoo tomou conta da plateia. Diversas foram as falas da mesa composta por autoridades brasileiras e internacionais.

    A primeira foi do Reitor da Universida-de Comunitria Zumbi dos Palmares, Jos Vicente.

    Zumbi est aqui nos indicando os caminhos. uma tima noite para receber os amigos de diversas partes do mundo que vm nos auxiliar na construo de novos caminhos. bom poder contar com a ami-zade dessas pessoas e instituies que nos possibilitam realizar uma atividade como esta, disse o reitor.

    Em seguida, Nabil Bonduki, Se-cretrio de Cultura da Cidade de So

    seminrio

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    Paulo, teve a palavra. Foi seguido pelo Secretrio Municipal de Promoo da Igualdade Racial da Prefeitura de So Paulo, Maurcio Pestana, o Secretrio Adjunto da Secretaria do Estado de So Paulo da Pessoa com Deficincia, Marco Pelegrino. Depois foi a vez dos americanos Meldon Hollis e Joe Beasley que dando exemplos de aes nos Estados Unidos, ratificaram a definio e relevncia do tema a ser tratado no seminrio.

    Em seguida, Rogrio Hamam,

    Secretrio Nacional do Futebol, tam-bm falou sobre a campanha D um chute no racismo, do Ministrio dos Esportes e da importncia em se falar sobre este assunto.

    A grande surpresa da noite foi a chegada da atleta e medalha de ouro na ginstica olmpica, Daiane dos Santos. A pequena notvel, no alto de seu 1,47 m de altura fechou as falas da noite. O racismo no esporte est presente desde sempre. O racismo, que era velado, agora est mais a mostra. Este momento

    muito propcio a esta discusso. O racismo uma erva daninha e temos que acabar com ela, conclui Daiane.

    UNINOVE abriga Seminrio Internacional que discute Racismo no Esporte

    Durante todo o dia 13, acontece-ram mesas de debate que discutiram diversas vertentes do racismo em espaos esportivos. Assuntos como igualdade, tica desportiva, diversida-de e aes afirmativas foram discuti-

    seminrio

  • 38 Afi rmativa Plural Edio 54

    dos em diversas mesas que trouxeram jornalistas, advogados, professores e pesquisadores ao debate.

    Iniciando s 8h30, no Campus Barra Funda da UNINOVE, os temas discutidos nas mesas foram Igualda-de, tica, Diversidade e Relaes Ra-ciais, As leis de combate ao Racismo e sua aplicao na rea esporte, O papel da escola e da Educao para a valo-rizao da Diversidade Racial e com-bate s Prticas Racistas, Os rgos de Combate ao Racismo e o Esporte, Legado Olmpico para Preveno e Combate ao Racismo no Esporte, O racismo e as redes sociais, Racismo e a imagem das marcas a servio do Esporte, Racismo e Comunicao Social: o papel da mdia esportiva.

    Como pblico participante encon-travam-se, nas dependncias da UNI-NOVE, alunos de diversos cursos de

    graduao, principalmente Jornalismo e Educao Fsica. A participao de alunos da Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares tambm foi gran-de fazendo a discusso sobre racismo

    e esporte se fortaleceram j que 90% da populao da universidade de negros e na UNINOVE o universo de alunos negros bem menor. Trocas de experincias e de informaes sobre a questo, enriqueceram o debate.

    Ns no somos iguais, se no temos as mesmas oportunidades

    Esta foi uma das frases lanadas pelo professor do Grupo de Estudos em Lnguas Africanas, Sidney Barre-to Nogueira, durante o segundo dia de palestras com a temtica Igual-dade, tica, Diversidade e Relaes Raciais. A mesa foi mediada pelo professor Claudio Ganda, da Uni-versidade Comunitria Zumbi dos Palmares, que tambm provocou o questionamento da plateia. A fra-ternidade possvel na medida em que as pessoas so mais seguras de si mesmas. a comunho que nos liga, no a excluso, disparou.

    Nogueira, com seu humor cido, foi enftico e assertivo em suas colo-caes. Quem sou eu? Grande parte do nosso problema de violncia, de intolerncia est em quem no sabe quem . Para romper com modelos preestabelecidos, eu preciso pensar quem sou eu, cutucou o pblico.

    Ns no somos iguais,

    se no temos as mesmas

    oportunidades.

    Sidney Barreto Nogueira.Sidney Barreto Nogueira.

    seminrio

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    seminrio

  • 40 Afi rmativa Plural Edio 54

    O professor de Lnguas Africanas abordou ainda sobre o conceito de igualdade: Por que eu preciso que o outro seja um igual? Se eu sei quem eu sou, no importam as diferenas. Se todos so iguais, mais fcil de controlar. estratgia ideolgi-ca de manipulao. Se todos fossemos iguais, quem eu seria? Qual o papel sociopoltico da desigualdade? Do discurso que fomenta a intolerncia, o preconceito? Precisamos nos voltar para o papel desses discursos. O mito da igualdade racial, de que todo homem bom, nos coloca em uma posio confortvel. Ns no somos iguais, se no temos as mesmas oportunidades.

    Racismo e esporte so de-batidos durante Seminrio Internacional

    Mediada pelo professor Vander Ferreira de Andrade, da Universi-dade Comunitria Zumbi dos Pal-

    mares, a mesa com a temtica Os rgos de Combate ao Racismo e o Esporte, contou com a ilustre presena de Arthur Edward Thomas, Presidente Emrito da Central State University (EUA).

    Sua fala eloquente e revolta na voz contagiou a todos. A gente no pode separar racismo entre componentes. Racismo racismo. O mesmo racismo que Hitler fomentava o que existe hoje. Ns no fomos capazes de superar atitudes dos homens brancos de superioridade. Eles foram programados para acreditar que so melhores que os outros. Quando digo outros estou falando dos negros, das pessoas de cor. Ns devemos entender que somos brilhantes e capazes, afirmou Thomas.

    Tambm fizeram parte do debate Rogrio Hamam, Secretrio Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministrio do Esporte, e

    Diogo Cristiano Netto, coordenador operacional da Confederao Brasilei-ra de Futebol, que dedicaram o tempo com a plateia para expor as aes de combate ao racismo no esporte em suas respectivas instituies.

    Heris negros e Estatuto da Igualdade Racial foram pau-ta de debate

    Maurcio Pestana, Secretrio Mu-nicipal da Promoo da Igualdade Racial de So Paulo, e Eli Ferreira de Arajo, Ex-Ministro da Secretaria de Polticas de Promoo da Igualdade Racial, estiveram presentes na mesa em que se discutia sobre Os rgos de Combate ao Racismo e o Esporte.

    Pestana colocou em questo o que os outros rgos de combate ao racismo esto fazendo para que tenhamos uma sociedade mais justa

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    e igualitria. A Zumbi dos Palmares foi muito feliz em colocar a temtica em debate. Na poca da Copa do Mundo no Brasil no tivemos nenhuma discusso como esta, lamentou. Enquanto vivermos em uma sociedade no completamente desenvolvida economicamente, vai haver racismo. Se no h uma presso discutindo o capitalismo, no d para sair dessa situao, con-cluiu o secretrio.

    J Arajo falou sobre a impor-tncia de lembrarmos dos grandes representantes afrodescendentes. Salve Zumbi, mas salve tambm Joo do Pulo, Joo Cndido Felisberto, Robson Cae-tano. Temos que festejar nossos nomes, nossos heris. Se no pressionarmos o Estado brasileiro, o Estatuto da Igualdade Racial continuar sendo irrelevante. O Brasil deu passos substantivos nos ltimos tempos, mas ns vivemos ainda em uma sociedade racista. A reproduo do racismo est na ausncia dos negros nos ambientes.

    Leis de combate ao Racis-mo e sua aplicao na rea do Esporte so discutidas em mesa de debate

    A mesa formada pelo jorna-lista Rosenildo Ferreira, Reinaldo Bulgarelli, consultor da T Xai Con-sultoria em projetos de Incluso e Diversidade, Prof. Dr. Juarez Tadeu Paula Xavier, especialista em uso da capoeira em espaos educacionais e Prof. Me. e Advogado Eriberto Peres Castilho, discutiram a respeito das leis sobre Racismo e sua aplicao no universo desportivo.

    De acordo com Dr. Juarez, que se debrua sobre o uso da capoeira como contedo para a implementao da lei 10.639/2003, a lei precisa ser melhor apli-cada nas instituies de ensino. No percebo a capoeira sem pensar na Educao como prtica. O ideal seria o debate entre as duas

    reas, educao e direito. Todas as leis que favorecem o capital, pegam. As que falam da cultura negra, no pegam, diz o professor.

    Juarez conta tambm que atu-almente discute a legitimidade da exigncia do diploma de professor de Educao Fsica para se ensinar a arte ancestral. Os praticantes de capoeira muitas vezes no tem como pagar um curso superior. Isso torna muito difcil essa tran-sio do mestre para professor oficialmente aceito pelo mercado. Entendo esta exigncia como mais uma forma de manter o povo ne-gro distante da possibilidade de se apropriar de sua cultura, explica.

    O advogado e professor da Uni-versidade Comunitria Zumbi dos Palmares, Eriberto Peres Castilho, discorreu sobre como o direito brasi-leiro tratou a questo do racismo. Ele explica que na Repblica, a legislao coloca todos os cidados em patamar de igualdade, o que, como o professor explica era praticamente impossvel. No haveria maneira de tratar os ex--escravos como se tratava os brasileiros no escravizados e brancos no Brasil daquele tempo, diz.

    Explica que a cultura negra foi marginalizada logo aps da abolio tornando toda e qualquer manifes-tao negra um ato criminoso.Em 1930, grandes socilogos como Roger Bastide, se dedicam a produzir pesquisas que se dedicam a valorizar a cultura negra. Em 1951, a Lei Afonso Arinos, torna o Racismo um ato criminoso. Mas com muitas brechas, incluindo a questo de que poderia ser interpretada como Injria Racial. A questo da Injria, que h muito no era utilizada passou a ter fora quando as questes raciais passaram a ter, em tempos atuais, maior visibilidade e cobrana da sociedade, explica o professor.

    O Eriberto explica ainda que muito difcil enquadrar o Racismo

    como crime de fato. O Racismo ca-racterizado pelo impedimento de algum ao acesso a algo por causa da sua cor de pele. J a injria caracterizada pelas expresses ofensivas que utilizam argumentos para desqualificar a pessoa. Seria necessria uma alterao na lei para efetivamente punirmos algum pelo crime de Racismo, diz.

    O jornalista Rosenildo Ferreira utiliza das fontes histricas para fazer crtica a estas leis que no so aplicadas e sua brechas. A lei Afonso Arinos foi criada por ele para defender uma empregado seu que foi discriminado. Sendo um empregado de muito apresso para Ari-nos, se sentiu no dever de defender o amigo. Em 1978, criou-se a lei Ca que tipifica e criminaliza o Racismo. As leis existem mas no so aplicadas. A mesma lei que defende tambm aquela que d brechas para desqualificar a mesma, alerta.

    Reginaldo Bulgarelli, faz o ques-tionamento central do debate. Como aplicar a lei contra o Racismo efetiva-mente? O problema a manuteno do status quo. As pessoas que querem mudar a sociedade tm que se organizar. Porque todos estamos sujeitos aos julgamentos e padres hegemnicos. A organizao da sociedade civil necessria para que, unidos, lutemos e alcancemos o objetivo de mudar a realidade, conclui.

    O papel da escola e da Edu-cao para valorizao da Diversidade e debate s prticas Racistas

    A mesa formada por Humberto Adami, criador da Comisso da Ver-dade sobre a Escravido Negra, Prof. Me. Andr Luiz de Oliveira, professor da UNINOVE, Zakyia Johnson, Diretora de Raa, etnia e incluso social do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Dr. Meldon Hollis, representante das HBCUs na

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  • 44 Afi rmativa Plural Edio 54

    Casa Branca, tambm dos Estados Unidos, Myra Wright, especialista em recursos Humanos, Prof. Ma. Maca Evaristo, atual responsvel pela Secre-taria de Educao do Estado de Minas Gerais e Allison Brown, que atua em Washington na rea de Proteo aos Direitos da Criana Negra, discutiram sobre o papel da educao na valo-rizao da diversidade em todos os campos do saber e do trabalho.

    Prof. Me. Andr, como historia-dor que , inicia sua fala fazendo um levantamento histrico da capoeira passando pelo significado do seu nome at a arte/dana dos tempos atuais. Ela comeou na vida do negro escravo como entretenimento e logo se percebeu seu poder mortal. Atualmente, o capoeirista atua como educador e possibilita a incluso atravs da atividade fsica e da disciplina na educao de crianas e adolescentes, explica.

    Dr. Meldon Hollis fala de sua experincia como professor numa universidade na Georgia e de que, est no Brasil representando mais de cem universidades historicamente negras norte-americanas. Falou so-bre as referncias negras brasileiras no esporte e de outros vultos negros internacionais que servem de modelo para jovens negros e no negros de todo o mundo. Acredito que todo negro de sucesso deveria se envolver em programas sociais ou auxiliar programas existentes. Eles tem responsabilidade como exemplos que so. Para mim, os atletas bilionrios deveriam se envolver mais com os problemas sociais porque so estas pessoas que os fazem enriquecer, diz.

    Hollis diz ainda que nos Estados Unidos, a fora do esporte tem auxi-liado a mudar a realidade. Jogadores de basquete e futebol americano vestiram a

    camisa I cant bread (No consigo respirar) em protesto violncia policial contra negros. O povo negro unido faz a diferena. Quando envolvido na poltica, justia, ele faz a diferen-a. Eu acredito que organizados conseguimos transformar muitas coisas, conclui.

    Zakyia Johnson, trabalha em Washington Post, no Departamento de Estado, combatendo, em diversos nveis, discriminao racial, questes de gnero e defendendo os direitos dos LGBT. Desde 2008, o governo dos Estados Unidos firmou parceria com o Brasil com o propsito de possibilitar intercmbios e promover o protagonismo negro, aqui e l.

    a primeira vez, que na rea diplo-mtica, discute-se assuntos como educao, justia ambiental, oportunidades econmi-cas, acesso justia (violncia) tudo ligado a comunidade negra. Nossa meta atingir 100 mil pessoas em 5 anos. Mostrar a elas

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    as possibilidades e os caminhos, explica Zakyia.

    Ela entende que o evento das Olimpadas uma grande oportuni-dade. Fala da ideia que se partilhou de buscar know how em Atlanta e aplica-lo no Brasil como exemplo de feito de sucesso. As comisses bra-sileiras buscaram a experincia de Atlanta para promover aes para pblicos histori-camente marginalizados. O legado que os Jogos Olmpicos deixou foi rico. Mas isso s foi possvel com auxlio poltico e o Brasil pode avanar muito com esta competio deixando uma rica herana para o povo brasileiro, conclui.

    Myra Wright, especialista em Re-cursos Humanos, comeou sua fala apontando para os benefcios de se ter uma equipe diversa. Usando sua vida e sua trajetria como exemplo, Myra explicou que somente passando por diversas situaes adversas onde foi colocada em cheque por ser mulher, foi que percebeu a importncia de seu papel na sociedade. Tive uma trajetria de luta e persistncia. Entendi, logo cedo, a importncia do estudo para meu crescimento profissional. Estudei em uma universidade de maioria branca e tive que trabalhar duro para pagar meus estudos. Duas semanas depois de terminar a graduao, decidi fazer meu mestrado numa universidade historica-mente negra.

    E Myra continua: Prestei concurso para um trabalho muito bom e o consegui, pois precisava custear meus estudos. Foi difcil, tive que passar por cima de muitas coisas. Tive uma mentora que me mostrou, num momento de desespero e vontade de abandonar tudo, que o meu papel dentro daquela instituio ia alm do que eu imagi-nava. Eu estava sendo um agente motivador para as mulheres negras da empresa. Fui promovida e passei a trabalhar com recursos humanos. O que aprendo com esta experin-

    cia enxergar o potencial que h em cada um e estimula-los, explica.

    Myra aconselha: Nunca desistam de seus objetivos, Educao a chave para o sucesso, trabalhar com diversidade torna o resultado muito mais positivo.

    Alysson Brown, trabalha em Washington Post, com proteo e direitos da criana negra. Ela explica que o envolvimento de professores, educadores, pais e sociedade devem estar envolvidos com a educao e que somente ela d oportunidades para as crianas, as famlias e comu-nidades. Todos temos desafios dirios. O meu fazer as pessoas entenderem seu papel nesse processo. Os atletas j entenderam que juntos podem auxiliar a sociedade a mudar. O foco atual da discusso o sistema. En-quanto se apontar o racismo somente como uma questo pontual, a violncia contra negros no ser combatida, diz ela.

    Em algumas comunidades, a polcia quem faz a segurana das escolas. ela quem mantm a disciplina e a ordem dentro das instituies. Mas, as crianas negras no se sentem protegidas. H diversas denncias de crianas que so presas, castigadas, abu-sadas por aqueles que deveriam protege-las, explica Allyson.

    Maca Evaristo, ocupante da cadeira da Secretaria de Educao do Governo de Minas Gerais, discute sobre a lei 10639/2003 e as ferra-mentas que criou para implementa-la em seu estado. Em 2014, conseguimos, em nvel federal, a obrigatoriedade da insero do contedo das temticas raciais na Lei de Diretrizes e Bases das escolas pblicas do Brasil. Transitei em diversas reas e em Minas Gerais participei de grupo de discusso ligados ao governo para trabalhar especificamente no ensino bsico, explica.

    O argumento de no haver pu-blicaes para a implementao

    enfraquece quando Maca conta que em Minas Gerais criou-se um programa que garante a continuidade do tratamento da temtica racial e h formao contnua de docentes. Es-timulamos nossos professores e agora estamos estimulando pesquisadores a produzirem obras com este foco e abrimos editais para possibilitar a publicao das obras que faro parte de um kit a ser distribudo nas escola pblicas, conta ela.

    E, o ltimo participante da me-sa, o advogado Humberto Adami, fala sobre a Comisso da Verdade sobre a Escravido Negra. Contou de sua experincia no Programa do Consulado dos Estados Unidos onde o participa, durante 21 dias de atividades nas mais diversas esferas do poder. Conhece tambm a reali-dade americana e se torna capaz de comparar com a brasileira.

    A violncia contra a juventude negra, questes relacionadas s cotas nas univer-sidades, o passado escravocrata. Nossas experincias histricas so muito prximas, por isto este intercmbio foi importante para entender a dinmica e aprender com casos de sucesso. Com a comisso, estamos acusando o Estado brasileiro, a Igreja Catlica e a Coro Portuguesa pela escravido negra. Queremos desenterrar esta histria que esto guardadas nas masmorras da histria. Vamos fazer tremer o cho, decreta Adami.

    Racismo e Comunicao Social: o papel da Mdia Esportiva

    Uma mesa formada pelos feras do jornalismo esportivo discutiu a postura da mdia que cobre es-portes. Em discusso fora dos formatos convencionais, falou-se sobre a importncia do jornalista, como cidado, mostrando os casos de racismo que temos visto nos di-

    seminrio

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    versos veculos. Marcelo Medeiros Carvalho, criador do Observatrio do Racismo no Futebol, Vladir de S Lemos, do programa Carto Verde da TV Cultura, Eduardo Vaz, locutor Esportivo da TV Record, lvaro Jos, jornalista esportivo tambm da TV Record, Kiratiana Freelon, jornalista do Washington Post e Revista Ebony ambos dos Estados Unidos, mediados pelo jornalista Rosenildo Ferreira.

    Em tom provocativo, Rosenildo lanou a pergunta que desencadeou a discusso mais profcua da tarde: Como a crnica esportiva vem traba-lhando sobre estas aes preconcei-tuosas contra os atletas negros? Essa imprensa tambm foi responsvel por divulgar o que o rbitro colocou na smula e que fez surgir a discusso, disse Rosenildo.

    Vladir Lemos, iniciou sua fala

    dizendo que existe uma elasticidade moral na sociedade brasileira. Essa elasticidade permite que as pes-soas achem que esto escondidas e protegidas nas redes sociais ou por estarem numa multido. Em todo esporte existem aqueles que ofendem os atletas protegidos pelo anonimato. A intimidao faz parte do esporte. A mdia tem ficado incomodada e tem noticiado. A mdia escolhe um bode expiatrio para representar o comportamento de muitos. A cmera acaba obrigando o rbitro a documentar o ato criminoso. Politicamente correto: tudo que acontece de verdade tem que ser noticiado, diz.

    Kiratiana Freelon vive no Rio de Janeiro e faz matrias esportivas para o Washington Pos e para a revista Ebony. Trouxe, em sua apresentao, mais provocaes e apresentou aos ouvintes quatro casos de racismo no

    esporte e ao final perguntava: isso aconteceria no Brasil?

    O caso mais emblemtico foi o dos atletas da Universidade do Missouri que se recusaram a voltar a jogar se o presidente da instituio no sasse do cargo. A universidade, predominantemente branca, foi palco de atos racistas e teve o apoio dos es-tudantes e atletas. Se os atletas de futebol americano no jogassem, a universidade per-deria quase US$ 1 milho. Ento, antes do prejuzo, ele pediu pra sair. Isso aconteceria no Brasil?, perguntou. A resposta em unssono da plateia: No!

    Marcelo Carvalho apresentou o Observatrio da Discriminao Racial no Futebol e o relatrio que aponta para 20 casos de racismo no futebol que tiveram alguma repercus-so na internet. Depois de apontar e explicitar os casos, Marcelo faz um

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    desabafo. O Brasil um pas fraco, nossas leis so fracas. Se fssemos como os Estados Unidos, as coisas seriam diferentes. A partir do momento em que tivermos leis mais severas, vai ser melhor. O que no podemos deixar de registrar os casos, diz.

    Eduardo Vaz e lvaro Jos, ambos da Record, deram seus testemunhos como jornalistas experientes que so. A participao de ambos foi mais de intervenes sobre as falas dos outros e comentrios sobre as apresentaes.

    Legado de Luis Gama lembrado durante Seminrio

    Um dos grandes nomes da luta contra a segregao racial, Luis Gama no poderia ficar de fora da discusso durante a mesa em que se falava sobre Os rgos de Combate ao Racismo e o Esporte, com o mediador Vander Ferreira de Andrade, professor da

    Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares. O professor lembrou da luta de Gama, que libertou ju-dicialmente mais de 500 escravos e s foi reconhecido pela OAB com o ttulo de advogado 133 anos aps sua morte.

    Tambm fizeram parte da mesa Maria Fernanda de Barros, professora Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares, e Richard S. Freeman, Sojourner Douglass College (EUA).

    Ex-atletas olmpicos partici-param de discusso sobre Combate ao Racismo no Esporte

    O Seminrio Internacional do Racismo no Esporte: da Educao ao Legado Olmpico, realizado na Uninove da Barra Funda, contou com a ilustre presena dos ex-atletas olm-

    picos Eliane Oliveira, a Lica Oliveira (vlei) e Robson Caetano (atletismo).

    Ambos participaram de mesa em que a pauta era o Legado Olmpico para Preveno e Combate ao Racis-mo no Esporte. Tambm enriquece-ram o debate Livia Galdino da Cruz, Secretria Adjunta da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Es-tado de So Paulo, e os professores da Uninove Eduardo Tadeu Costa e Alessandro Barreta Garcia.

    Redes Sociais em pauta O Racismo e as Redes Sociais

    foi uma das temticas do Seminrio Internacional. Compuseram a mesa a jornalista Claudia Alexandre, alm de Karl Pinheyros, do portal Copa sem Racismo e Esporte sem Racismo, e Washington Lucio Andrade, do portal e Agncia de Notcias fricas.

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    a

    trofu raa negra

    Por ser uma figura singular na sociedade brasileira e em muitos pases de frica, Martinho da Vila foi o eleito para ser homenageado em dois dos maiores eventos que acontecem no ms da Consciencia Negra em So Paulo e em homena-gem ao nosso lder maior: Zumbi dos Palmares - a Flink Sampa e Trofu Raa Negra 2015, realizados pela Afrobras e pela Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares. A diversidade da criao cultural e a importncia de promover a reflexo sobre o papel e o protagonismo do negro na sociedade motivaram a escolha de Martinho da Vila como homenageado.

    Martinho conhecido no Brasil e no mundo por suas canes e traba-lhos incansveis na defesa do negro brasileiro e de frica. Nem todos sabem, entretanto, que o genial sambista do bairro de Vila Isabel, tambm tem uma forte veia literria e acumula 14 obras publicadas entre 1986 e 2014. E nada mais, nada menos do que um Imortal da Aca-demia Carioca de Letras, ocupando a cadeira de nmero 06. Aos 75 anos de idade, Martinho, que negro e filho de lavradores, ocupa a cadei-ra do patrono Evaristo da Veiga, sucedendo ao acadmico Fernando Segismundo.

    Mas difcil um brasileiro que

    no conhea os sambas de Marti-nho da Vila, cantor e compositor de clssicos do gnero como Casa de Bamba, Mulheres, O Pequeno Burgus, Quem Do Mar No Enjoa, Kizomba: A Festa da Ra-a, entre outras dezenas de obras--primas. Suas composies esto na boca do povo e no repertrio de importantes nomes como Alcione, Zeca Pagodinho e Simone, seus maiores intrpretes entre os muitos que j o gravaram. Com uma trajet-ria de muitos sucessos em mais de 45 anos de carreira, Martinho um dos artistas mais respeitados do cenrio musical brasileiro.

    Martinho da Vila comprovou ser

    Martinho

    raahomenageia

  • Martinho da Vila.

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    Martinho com escritores.

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    o astro que . Durante os dois dias da Flink Sampa, o cantor e escritor andou no meio do pblico, entre-gou premios aos alunos do SESI que ganharam o concurso com o tema de seu livro O nascimento do Samba, fez palestras, recebeu, como anfitrio da Festa Literria, os demais escritores que vieram para participar deste evento em sua homenagem e, consequentemente, do negro. Martinho fez questo de conversar com a grande maioria dos escritores, muitos deles seus amigos e estava feliz da vida.

    Durante o debate realizado no auditrio da Secretaria da Pessoa com Deficiencia do Estado de So Paulo, Martinho recebeu mais de 600 pessoas, que se inscreveram antes no site e pegaram seus convites para ver o dolo de perto. E ele agradeceu, au-tografando um a um o livro Barras, Vilas & Amores, lanado na Flink pela editora Sesi em parceria com a editora Unipalmares. Alm disso, o escritor tem dois romances - Joana e Joanes Um Romance Fluminense e pera Negra, traduzidos para o francs, e tornou-se veterano no Salo do Livro de Paris ao lanar, em maro ltimo, o seu terceiro romance no pas, Os Lusfonos, livro que alis j teve reedio em Portugal.

    Na cerimonia de entrega do Tro-fu Raa Negra, na Sala So Paulo, Martinho fez questo de sentar junto a toda a famlia para assistir a homena-gem que, segundo ele, o deixou muito feliz e emocionado.

    Martinho da Vila transita entre estilos como romance, autobiografia, literatura infantil, literatura musical e fico. Em seus 14 livros Martinho aborda temas como a poltica, o amor, suas lembranas de vida, a cultura

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    Martinho da Vila e alunos do Sesi.

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    popular brasileira e a importncia da lngua portuguesa na criao das identidades nacionais dos pases lusfonos, entre outros. Tudo isso sem deixar faltar, claro, a msica, o samba e o Carnaval, quase sempre presentes em suas histrias, seja como

    temas prprios do livro, seja atravs de seus personagens e enredos.

    O Martinho da Vila Isabel

    Martinho criou para a Escola de Samba de Vila Isabel, os seus sambas--enredo mais consagrados, alm de

    vrios temas para desfiles, dentre os quais Kizomba, a Festa da Raa, que est entre os mais memorveis da histria dos Carnavais e garantiu para a Vila, em 1988, seu consagrado ttulo de Campe do Centenrio da Abolio da Escravatura.

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    Aps o tradicional brinde, fotos, abraos e confraternizao, todos se dirigem aos carros de luxo, alm das limusines, para, em carreata, seguirem pelas ruas de So Paulo com destino Sala So Paulo, com direito a batedores da Guarda Civil Metropolitana. Uma ocasio que a Afrobras, realizadora do Trofu Raa Negra, faz questo de promover para dar visibilidade ao evento e aos negros de todas as cores que participam e ajudam a promover o Trofu.

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    devagarinho

    devagar!

    devagar, devagar!

    devagar,

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    Devagarinho que a gente chega l......E assim como nos versos da

    memorvel cano de Martinho da Vila certamente lembrada pelos brasileiros os afrodescendentes deste Pas vm, mesmo que aos poucos, rompendo paradigmas e conquistando o devido espao e re-conhecimento. Reconhecimento este que merece ser comemorado em alto nvel, como s o Trofu Raa Negra tem a notabilidade para faz-lo.

    quase impossvel descrever a magia que encanta o pblico presente na noite de gala. A alegria do homena-geado que sobe ao palco para receber o trofu, os aplausos efusivos que so-am cada vez mais fortes ecoando por toda a Sala So Paulo, constituem em uma unidade de sentimentos e numa

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    energia mpar. Quem assiste o Trofu Raa Negra, jamais se esquece.

    A cada edio a festa se renova e, nesta 13 edio do Trofu Raa Negra Canta, canta minha gente, a emoo se fez presente na saudao a Zumbi dos Palmares enunciada pelo presidente do Conselho Fun-dador da Afrobras e reitor da Uni-versidade Comunitria Zumbi dos Palmares, Jos Vicente, sentimento que envolveu a todos de modo ainda mais forte no momento em que foi entoado o Hino Nacional Brasileiro pela cantora Faf de Belm, com a participao do maestro Joo Carlos Martins. A Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Scio Cultural (Afrobras) e a Universidade Comu-nitria Zumbi dos Palmares so as organizadoras do trofu e da Flink

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    Sampa Afrotnica. Este ano, o palco foi dividido

    entre os casais mestres de cerimnia rika Januza e Hlio de La Pea, rico Brs e Kenia Maria, com as participaes especiais do ator Ant-nio Pitanga que, vez ou outra, tomava conta do cenrio tecendo breves comentrios sobre os premiados, e o Coral Zumbi dos Palmares, patroci-nado pelo Bradesco, que tambm se apresentou. Ressalta-se que em uma de suas intercesses, Pitanga sugeriu o lanamento da candidatura de Mar-tinho da Vila Academia Brasileira de Letras.

    Para tornar a noite inesquecvel para o pblico e homenageados agra-ciados com o trofu apresentaram-se as cantoras Paula Lima, Leci Brando, Elizeth Rosa, Maria Ceia e Juliana (filha de Martinho da Vila) que fez

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    dupla com seu irmo Tonico, alm dos msicos Rappin Hood, Dexter e Pricles que interpretaram canes de Martinho. O show contou com as direes artstica e musical de Chico Spinosa e Thobias da Vai-Vai, respectivamente.

    Importante destacar que os so-nhos de justia e de reconhecimento da festa do Trofu Raa Negra 2015 somente foram concretizados graas ao apoio dos patrocinadores, sendo eles: Bradesco, Carrefour, Coca-Cola Brasil, Embraer, Caixa Econmica Federal, Petrobras e Ita, correspon-sveis pelo sucesso da iniciativa.

    Um dos pontos altos da noite foi a premiao concedida ao escritor nigeriano Wole Soyinka, considerado o mais notvel dramaturgo da frica e ganhador do Prmio Nobel de Litera-

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    tura de 1986. Aos 86 anos, com uma postura ereta e to firme quanto suas palavras que pronunciou na abertura do evento (leia Querem destruir a ancestralidade africana), Soyinka re-cebeu o trofu das mos do ministro da Educao, Aloizio Mercadante, ao lado de Jos Vicente.

    Logo, em seguida foi a vez de re-ceber a outorga, Nilcemar Nogueira, neta de Cartola. Junto com o irmo Pedro Paulo, ela trabalhou na admi-nistrao do Centro Cultural Cartola. Ali criou o Museu do Samba, como parte da sua iniciativa para a inscrio do samba carioca na lista do patrim-nio cultural imaterial do Brasil. Nil-cemar que foi diretora de Carnaval da Estao Primeira de Mangueira, recebeu uma homenagem em dobro: foi saudada com o samba-enredo da

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    Mangueira, cantado pelo mestre de cerimnia, o ator rico Brs.

    O chef-proprietrio do restauran-te Santo Colomba, Jos Alencar de Souza, foi agraciado pela distino da sua esplndida culinria italiana, tradicional na cidade de So Paulo, e que desde a dcada de 70 vem con-quistando uma clientela fiel e recebeu o premio das mos do ministro do Su-premo Tribunal Federal, Dias Tffoli.

    Mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense, a escritora Conceio Evaristo, de projeo internacional, su-biu ao palco para receber a lurea. Joo Carlos Martins tambm homenageado durante o evento; porm, o trofu foi entregue ao Thobias da Vai-Vai, pois o maestro no pode ficar at o final da

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    noite. Outro laureado foi o desembar-gador-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas-SP, Lorival Ferreira dos Santos.

    Cartunista, publicitrio, jornalista e Secretrio Municipal de Promoo de Igualdade Racial de So Paulo, Maur-cio Pestana ressaltou que participa do Trofu Raa Negra h muitos anos. Deus faz tudo certo, e recebo esse trofu na hora certa. Como gestor pblico eu tenho trabalhado pela igualdade racial no Pas, frisou. Ao final da sua fala, Pestana pediu um minuto de silncio frente aos acontecimentos que vitimaram no s os jovens franceses, mas principalmen-te os jovens negros que morrem todos os finais de semana no Brasil.

    Outra secretria agraciada foi a paraense Maca Evaristo. Atual Se-cretria da Educao do Estado de Minas Gerais, atuou na Secretaria de

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    Alfabetizao, Diversidade e Incluso do Ministrio da Educao.

    Famlia que trabalha unida - e em prol de reivindicar mais espao para negros na publicidade brasileira -, tambm unida recebeu o merecido Trofu Raa Negra 2015. Compem a famlia: rico Brs, sua mulher Kenia e os dois filhos, Gabriela e Matheus, que criaram o programa T Bom pra Voc? , constitudo de vdeos com

    situaes do cotidiano exibidos no Youtube. No temos que ter medo de sermos poderosos e de termos dinheiro, sen-tenciou o ator, lembrando que mais da metade da populao brasileira negra e consumidora neste Pas, da mais do que justo conquistar o espao que seu de direito.

    Maju, a garota do tempo do Jornal Nacional, Maria Jlia Couti-nho foi ovacionada pela plateia, pra-

    ticamente uma resposta do pblico aos recentes comentrios racistas lanados a ela via internet. Em bre-ves palavras, a jornalista lembrou-se da av domstica, seus pais, a moa que cozinheira e a outra que faxina na Globo. Tenho a honra de fazer parte dessa luta contra o preconceito. Devemos pensar em um mundo mais gentil e acolhe-dor, frisou.

    Nos sentimos muito honrados de

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    participarmos desta festa significativa, sustentou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Nacional, Marcus Vincius Furtado Colho. A Ordem recebe o prmio a partir de diversas iniciativas que garantem as aes afirmativas, como as cotas nas universidades junto ao Supremo Tribunal Federal, a criao da Comisso Nacional da Verdade da Escravido Negra, que est produ-zindo um relatrio sobre os crimes imprescritveis contra a humanidade, a recm outorga do ttulo de advoga-do ao militante Lus Gama e a ao do Conselho Nacional de Justia, que

    defende as cotas para os concursos de juiz. A atual gesto da OAB j conta com 50 mil advogados negros, em apenas trs anos.

    Como no poderia deixar de ser, o grande homenageado da noite, o cantor e escritor Martinho da Vila falou devagarinho. Uma fala mansa, porm, contestadora apontando que faltam referncias negras no Brasil. No h negros nas esferas dos governos federal, estadual e municipal. Se tirar uma foto do governo brasileiro, vamos constatar que no temos representantes. Precisamos mudar isso, assegurou. Lembrou, ainda, que o prprio Zumbi dos Pal-

    mares, durante muito tempo, tambm ficou camuflado. O escritor nigeriano Wole Soyinka, Nobel de Literatura, pode servir de referncia para nossas crianas que tm seus sonhos. Muitas delas podero dizer: quando eu crescer quero ser como ele ou como Jos Vicente, pois ele conseguiu criar uma universidade que ajuda muita gente, admitiu.

    Para finalizar, Martinho da Vila cantou a msica Tom Maior para as mulheres, as futuras mames:

    Est em voc o que o amor ge-rou... E ento quando ele crescer... Vai ter a felicidade de ver um Brasil melhor....

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    Conceio Evaristo - Escritora

    rico Brs - Ator

    Gabriela Dias - Atriz

    Jos Alencar de Souza - Chef-proprietrio do restaurante Santo Colomba

    Joo Carlos Martins - Maestro

    Lorival Ferreira dos Santos - Juiz do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas

    Marcus Vinicius Furtado Colho - Presidente da OAB Nacional

    Maurcio Pestana - Secretrio de Promoo da Igualdade Racial de So Paulo

    Maca Evaristo - Secretria de Educao do Estado de Minas Gerais

    Matheus Dias - Ator

    Maria Jlia Coutinho - Jornalista

    Martinho da Vila - Grande Homenageado da noite

    Nilcemar Nogueira - Neta de Cartola e criadora do Museu do Samba

    Kenia Maria - Atriz

    Wole Soyinka - Escritor Nigeriano, Prmio Nobel da Literatura

    Condecorados com a estatuetado Trofu Raa Negra 2015

    (por ordem alfabtica)

  • Edio 54 Afi rmativa Plural89EdiEdiEdiEdiEdidiEdiEdiEdiEdiEdiEdidiEdiiEdiEdiiEdiEdiiEdiEdiEdiEdididiidiEdEdididEdEdEdiEdEdEdEdiEEddddEdEdiEEEdiEdiEdiEEdiEdiEddEddidddiEddiidddddEdEdddiddEdidEdEddidEEdiddEddiEE ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo ooooo 554545454545454555454545445445454545454545445454545545454544454444545454544454545455445445454544445445544544554545445454444444444445444445444444455544444444 AfiAfiAfiAfiAfiAAfiAfiAfiAfiAfiAfifiAfififififififiAfiAfiAfiAfiAfiAAfiAfiAfiAfiAfifififiAfiAfiAfiAfififiAfififiAfiAfiAAfiAfiAAfiAfifiAfifififiAAfiAAAAAAAAfiAAAfiAAAAAfiAAAAAAfiAfififiAfifiAfirmrmrmrmrmrmmmrmrmrmrmmmrmrmrmrmmrmrmmrmmrmrmrmrmrmmmmmrmmrmrmmrrmmmmmmmrmmmmmmrmmmrmmmmmmmmmmatiatiaatiatiatiatiatiatiatiatiatiatiatiatitiatiatiatiaatiatiatiatiatiatiatiatiaaatiatiatiattiatiatiitiatiatiiatiaaaatatiiaaaaatiaaaaaaattaaaaatttttiaaaatitttttiaattiaatatiatiaaaaaaaa iiat vavavava va vavava va va vava vava va vavaa va vava vava va vavavavvavavvvavavvvavava vavvvvvaavvvaavvavavavaaaava vaaaava vavavvaaaaaaavvvvaaavvvaavaavavaaavvavavvvva vavvv PPPluPluPluPluPPlPlPPPPluPluPluPlulPluPluPluuPPluPPluPPPlPPluPlPlPluPluPluPluPluPluPPPPPPluPPPPlPlPPlPlPPPluPlPPluPluPPPPPPluPPPlPP uuP uuuPlPPlP uuuuPPPPPluuuuuuuuralralralralralralrallralralralraralraralralralllralraalralralralralraralralraralralarrarallalrrraaaaaraaararaalaalrraaaala 898989898989898989998989898989898989898989898989989898999899999889989898998889998999899998988989998889899898888888889Edio 54 Afi rmativa Plural89

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    Martinho da Vila Martinho da Vila Cantor, Escritor, Cantor, Escritor, homenageado da noitehomenageado da noite.

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    Nilcemar Nogueira Nilcemar Nogueira Criadora do Criadora do Museu do Samba e Neta de Cartola.Museu do Samba e Neta de Cartola.

    Jos Alencar de Souza Jos Alencar de Souza Chef-proprie-Chef-proprie-trio do restaurante Santo Colomba.trio do restaurante Santo Colomba.

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    Maca Evaristo Maca Evaristo Secretria de Edu-Secretria de Edu-cao do Estado de Minas Gerais.cao do Estado de Minas Gerais.

    Wole Soyinka Wole Soyinka Escritor Nigeriano, Escritor Nigeriano, Prmio Nobel de Literatura.Prmio Nobel de Literatura.

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    Conceio Evaristo Conceio Evaristo Escritora.Escritora. Thobias da Vai-Vai, representando Thobias da Vai-Vai, representando Joo Carlos Martins Joo Carlos Martins Maestro.Maestro.

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    Lorival Ferreira dos Santos Lorival Ferreira dos Santos Juiz do Tribunal Juiz do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas.Regional do Trabalho (TRT) de Campinas.

    Maria Jlia Coutinho Maria Jlia Coutinho Jornalista.Jornalista.

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    rico Brs rico Brs Ator.Ator.Kenia Maria Kenia Maria Atriz.Atriz.

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    Matheus Dias Matheus Dias Ator.Ator.Gabriela Dias Gabriela Dias Atriz.Atriz.

  • 96 Afi rmativa Plural Edio 54

    trofu raa negra

    Maurcio Pestana Maurcio Pestana Secretrio de Promoo Secretrio de Promoo da Igualdade Racial de So Paulo.da Igualdade Racial de So Paulo.

    Marcus Vinicius Furtado Colho Marcus Vinicius Furtado Colho Presidente da OAB Nacional.Presidente da OAB Nacional.

  • Edio 54 Afi rmativa Plural97

  • 98 Afi rmativa Plural Edio 54

    trofu raa negra

    Sinto-me honrado em participar dessa cerimnia, pois a Universidade Comunitria Zumbi dos Palmares iniciou um novo tempo no que diz respeito a participao da raa negra no ensino superior deste Pas. E hoje ns temos muito o que celebrar: mais de 7 milhes de participantes do Exame Nacional do Ensino Mdio (Enem), 58% so negros e negras. No Programa Universidade para Todos (Prouni) que programa de bolsas de estudos das universidades brasileiras, temos 1.7 milho, sendo que destes, mais da metade so negros e negras. No Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), outro programa destinado aos estudantes de baixa renda, esto cadastrados 2 milhes de bolsistas, sendo que destes 1.100 tambm so destinados aos negros e negras.

    O Cincia sem Fronteira, programa que busca promover a expanso e internacionalizao da cincia e tecnologia (em reas especfi cas) benefi cia 27% de negros dentre os 35 mil inscritos, anteriormente esse percentual era de apenas 17% de bolsistas nas universidades internacionais. Alm disso, h o Programa de Desenvolvimento Acadmico Abdias Nascimento de intercmbio, programa esse exclusivo com universidades que tm uma histria ligada a luta pela discriminao racial do qual vo participar 15 pases e 32 universidades.

    Passei no vestibular, aquela frase cantada por Martinho da Vila, concorrida entre as famlias negras no passado, hoje pode ser repetida por milhares de negros e negras, lembrando que a educao a porta de entrada para ascenso das famlias.

    Wole Soynka (autor Nobel de Literatura) voc nos inspira, pois sempre combateu todas as formas de incompreenso e sempre lutou por uma sociedade plural, portanto uma honra entregar-lhe o Trofu Raa Negra.

    Ministro da Educao, Ministro da Educao, Aloizio Mercadante. Aloizio Mercadante.

    hoje ns temos o que celebrar

  • Edio 54 Afi rmativa Plural99

    trofu raa negra

  • 100 Afi rmativa Plural Edio 54

    trofu raa negra

    Que esta noite da en-trega do Trofu Raa Negra seja memorvel de homenagem a Marti-nho da Vila e para outras tantas pessoas tambm homenageadas. A im-presso que tenho que as pessoas aqui esto irmanadas em come-morar a resistncia e a luta negra e de falar das polticas de promoo de igualdade racial. Este um momento propcio para o Brasil, justamente no ms da Conscincia Negra.

    Ministra das Mulheres, Ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes. Nilma Lino Gomes.