revista do trabalho nº 43

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Rio Grande do Sul – Janeiro / Março de 2013 - Ano 13 - nº 43 Revista do Trabalho Promovida ação para democratizar mercado de trabalho dos taxistas Páginas 14 e 15 Audiência em Lagoa Vermelha esclarece dúvidas dos batateiros Páginas 6 e 7 Banrisul compromete-se a pagar diferenças a estagiários de 2010 a 2013 Página 17 Incêndio na boate Kiss, em 27 de janeiro, matou 241 pessoas, sendo 21 trabalhadores que atuavam no estabelecimento, entre garçons, faxineiras, músicos e seguranças. Provavelmente, foi o acidente de trabalho com maior número de trabalhadores mortos na história do Rio Grande do Sul. A foto (cedida pela Polícia Civil) mostra o interior do prédio no dia seguinte. A atuação do MPT se justifica na defesa do meio ambiente do trabalho para fiscalizar o cumprimento das normas protetivas à saúde e à segurança dos trabalhadores. MPT investiga proteção contra incêndios em casas noturnas Tragédia em Santa Maria Páginas 10 e 11

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Revista do Trabalho é uma publicação do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul.

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Page 1: Revista do Trabalho nº 43

Rio Grande do Sul – Janeiro / Março de 2013 - Ano 13 - nº 43

Revista do

Trabalho

Promovida ação para democratizar mercado de trabalho dos taxistas

Páginas 14 e 15

Audiência em Lagoa Vermelha esclarece dúvidas dos batateiros

Páginas 6 e 7

Banrisul compromete-se a pagar diferenças a estagiários de 2010 a 2013

Página 17

Incêndio na boate Kiss, em 27 de janeiro, matou 241 pessoas, sendo 21 trabalhadores que atuavam no estabelecimento, entre garçons, faxineiras, músicos e seguranças. Provavelmente, foi o acidente de trabalho com maior número de trabalhadores mortos na história do Rio Grande do Sul. A foto (cedida pela Polícia Civil) mostra o interior do prédio no dia seguinte. A atuação do MPT se justifica na defesa do meio ambiente do trabalho para fiscalizar o cumprimento das normas protetivas à saúde e à segurança dos trabalhadores.

MPT investiga proteção contra incêndios em casas noturnas

Tragédia em Santa Maria

Páginas 10 e 11

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Ministério Público do Trabalho - MPT

Porto AlegreRua Ramiro Barcelos, 104, bairro FlorestaCEP 90035-000(51) 3284-3000 | www.prt4.mpt.gov.brPasso Fundo (1)Rua Coronel Chicuta, 575, 4º andar, bairro CentroCEP 99010-051(54) 3311-8833 | [email protected]

Posto de Soledade: Rua Professor José Quintana, 77, 2º andarSanta Maria (2)Alameda Buenos Aires, 322, bairro Nossa Senhora das Dores

CEP 97050-545(55) 3286-3209 | [email protected] Santo Ângelo (3)Rua Antunes Ribas, 1888, bairro CentroCEP 98803-230(55) 3314-0091 | [email protected] (4)Rua Menna Barreto, 752, bairro ArealCEP 96077-640 (53) 3227-5214 | [email protected]

Posto de Rio Grande: Rua Val Porto, 485, Sala MPT Centro - CEP 96202-700 | (53) 3232-0250Uruguaiana (5)Rua Gal. Bento Martins, 2497/1602, bairro CentroCEP 97510-001(55) 3411-0283 | [email protected] do Sul (6)Rua Dante Pelizzari, 1554, 2º andar, bairro PanazzoloCEP 95082-030(54) 3223-0458 | [email protected] de Gramado: Rua João Carniel, 484, bairro Carniel2º andar. (54) 3286-5941Santa Cruz do Sul (7)Rua Marechal Deodoro, 337, bairro CentroCEP 96810-110(51) 3715-4139 | [email protected] Hamburgo (8)Rua Júlio de Castilhos, 679/8º andar, bairro CentroCEP 93510-000 (51) 3524-7109 | [email protected]

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2 7

1

8PortoAlegre

Procurador-Chefe: Ivan Sérgio Camargo dos SantosProcuradora-Chefe Substituta: Adriane Arnt HerbstProcuradora-Chefe Eventual: Maria Cristina Sanchez Gomes Ferreira (coordenadora de atuação em 2º grau de jurisdição)

Procuradores Regionais do Trabalho (por antiguidade): Paulo Borges da Fonseca Seger, Luiz Fernando Mathias Vilar, Victor Hugo Laitano, André Luís Spies, Beatriz de Holleben Junqueira Fialho, Paulo Eduardo Pinto de Queiroz , Ana Luiza Alves Gomes , Lourenço Agostini de Andrade, Zulma Hertzog Fernandes Veloz e Silvana Ribeiro Martins.

Procuradores do Trabalho (por antiguidade):Porto Alegre: Leandro Araujo, Márcia Medeiros de Farias, Aline Maria Homrich Schneider Conzatti, Marcelo Goulart, Denise Maria Schellenberger Fernandes (coordenadora substituta de atuação em 2º grau de jurisdição), Ivo Eugênio Marques, Viktor Byruchko Junior, Paulo Joarês Vieira, Marlise Souza Fontoura, Cristiano Bocorny Correa, Marcelo José Ferlin D’Ambroso, Philippe Gomes Jardim, Paula Rousseff Araujo, Sheila Ferreira Delpino, Gilson Luiz Laydner de Azevedo, Aline Zerwes Bottari Brasil, Rogério Uzun

Fleischmann, Márcia Bacher Medeiros, Luiz Alessandro Machado, Adriane Perini Artifon, Juliana Hörlle Pereira (coordenadora de atuação em 1º grau de jurisdição), Fabiano Holz Beserra (coordenador substituto de atuação em 1º grau de jurisdição), Noedi Rodrigues da Silva, Patrícia de Mello Sanfelice, Carlos Carneiro Esteves Neto (lotação provisória) e Tayse de Alencar Macário da Silva. Caxias do Sul: Ricardo Wagner Garcia, Rodrigo Maffei (coordenador) e Mariana Furlan Teixeira. Novo Hamburgo: Priscila Boaroto, Juliana Bortoncello Ferreira (coordenadora) e Fernanda Estrela Guimarães. Passo Fundo: Roger Ballejo Villarinho, Mônica Fenalti Delgado Pasetto (coordenadora) e Flávia Bornéo Funck. Pelotas: Rubia Vanessa Canabarro (coordenadora), Gilberto Souza dos Santos e Alexandre Marin Ragagnin. Santa Cruz do Sul: Enéria Thomazini (coordenadora), Itaboray Bocchi da Silva e Márcio Dutra da Costa. Santa Maria: Jean Carlo Voltolini, Evandro Paulo Brizzi e Bruna Iensen Desconzi (coordenadora). Santo Ângelo: Veloir Dirceu Fürst (coordenador) e Roberto Portela Mildner. Uruguaiana: Eduardo Trajano Cesar dos Santos (coordenador) e André Sessim Parisenti.

Atuação em 1º grau de jurisdição: 46 (cor branca).Atuação em 2º grau de jurisdição: 15 (cor amarela).

2 Editorial

Revista do Trabalho é uma publicação do MPT-RS, com circulação nacional dirigida, distribuição gratuita e tiragem de 2.750 exemplares.

Comitê Editorial: Procurador Ricardo Wagner GarciaProcurador Viktor Byruchko Junior

Assessoria de Comunicação Social:(51) 3284-3066 e (51) [email protected]

Editor-chefe:Flávio Wornicov Portela (reg. prof. MTE/RS 6132)

Estagiários de Jornalismo:Alysson Freitas MainieriGabriela Leite Schiavi RodriguesGustavo Dutra de Souza

Ilustrador:Flávio Santos da Silveira

Impressão:QI Gráfica, de Uberlândia (MG)

MUNDO DO TRABALHO

A presente publicação objetiva levar ao conhecimento dos mais diversos segmentos so-ciais a realidade vivenciada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) no desempenho da sua missão institucional. Como emerge de um exame das matérias publicadas nesta edição, a cada dia se amplia o raio de atuação da Instituição e, por via de consequência, diariamente se faz sentir na sociedade com mais intensidade o resultado da atuação dos membros que a integram. Vai se tornando mais clara a interação com a comunidade, e mais evidente o elo que liga cada indivíduo e a sociedade como um todo com o MPT. Não por outra razão, eventos trágicos como o ocorrido na boate Kiss unem a comunidade e o Ministério Público do Trabalho. Segundo dados obtidos com a autoridade policial e junto a outros órgãos, in-clusive de comunicação, 21 das 241 vítimas, ou seja, quase uma em cada dez vítimas, estaria no local trabalhando, vinculada ao empreendimento ou a terceiros, como no caso de três músicos e dois seguranças. Esperando levar aos nossos leitores um pouco do mundo do tra-balho a partir da atuação e da experiência do Ministério Público do Trabalho, não podemos deixar neste momento de registrar nossa dor com o olhar perplexo, horrorizado, incrédulo e tristemente vazio de mães, pais, filhos, parentes, esposas, maridos e amigos, nessa que foi a maior tragédia da história do Rio Grande do Sul e uma das maiores do Brasil, conforme acompanhamos nestes dois últimos meses.

Page 3: Revista do Trabalho nº 43

rEsumo 3Siga o MPT-RS nas mídias sociais: www.twitter.com/MPT_RS e www.youtube.com/mptnors

MPE - O procurador-geral do Trabalho (PGT), Luís Antônio Camar-go de Melo, visitou na manhã de 30 de janeiro, o procurador-geral de Justiça (PGJ) do Rio Grande do Sul, Eduardo de Lima Veiga, e o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, Ivory Coelho Neto. Também participaram do encontro a procuradora-chefe subs-tituta do MPT-RS, Adriane Arnt Herbst, e os procuradores coorde-nadores nacional e regional da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho (Codemat), Philippe Gomes Jardim e Noedi Rodrigues da Silva, respectivamente. A reunião aconteceu na sede do Ministério Público Estadual (MPE). Conforme Camargo, o objetivo da visita foi o de estreitar os laços institucionais do MPT com o MPE, principalmente neste momento pós-tragédia de Santa Maria, onde morreram 241 pessoas no incêndio da boate Kiss (ler matéria na página central). “É hora de as instituições criarem meca-nismos para evitar novos problemas”, afirmou o PGT. A procuradora Adriane ressaltou a importância de se provocar uma mudança de mentalidade nas pessoas que atuam nesta área. O procurador Phi-lippe destacou a necessidade de as instituições atuarem de forma coordenada, preventiva e corretiva. Disse que a tragédia aumentou a legitimidade pública para a atuação das autoridades em questões de saúde e segurança. E o procurador Noedi lembrou que a atuação

do MPT é permanente. O procurador-geral de Justiça informou que grupo de trabalho de promotores de várias regiões do Estado está analisando e propondo sugestões de alteração na legislação esta-dual referente às casa noturnas. O MPE também pretende estimular a criação de leis municipais sobre o tema nos locais onde não elas não existam. Veiga prometeu orientar os promotores que procurem o MPT nos municípios para que ajudem no trabalho e tragam suges-tões para o enfrentamento da nova demanda.

Visita ao MPE: Noedi, Philippe, Adriane, Camargo, Veiga e Ivory

Coetrae - O procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, pales-trou na tarde de 30 de janeiro, em Porto Alegre , durante reunião da Comissão para Erradicação do Trabalho Escravo do Rio Gran-de do Sul (Coetrae-RS). Informou que quase 150 trabalhadores foram resgatados no RS, desde 2007, em condições de trabalho degradantes, análogas ao escravo. A auditora-fiscal do Trabalho e coordenadora da Fiscalização Rural no RS do Ministério do Tra-balho e Emprego (MTE), Inez Malcum Rospide, também foi pa-lestrante (ler entrevista na página 19). O encontro, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo - 28 de janeiro, teve como objetivo analisar a minuta do “Plano Estadual Para Erradi-cação do Trabalho Escravo no RS”. O vice-coordenador regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), Luiz Alessandro Machado, participou do debate do Plano. O evento foi realizado no auditório do Palácio do Ministério Público Estadual (MPE) e começou com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da tragédia em Santa Maria. Entre o públi-co presente, de aproximadamente 50 pessoas, estavam a procu-radora-chefe substituta do Ministério Público do Trabalho no Rio

Grande do Sul (MPT-RS), Adriane Arnt Herbst, e os procuradores Philippe Gomes Jardim (coordenador da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho - Codemat), Sheila Fer-reira Delpino (coordenadora regional da Conaete) e Fabiano Holz Beserra (secretário-geral da Associação Nacional dos Procurado-res do Trabalho - ANPT).

Público no auditório do Palácio do MPE em Porto Alegre

Escola - O procurador-geral do Trabalho (PGT), Luís Antônio Ca-margo de Melo, e o procurador regional do Trabalho André Luis Spies realizaram visita à Escola Judicial (EJ) do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na manhã de 30 de janeiro. O PGT falou aos novos juízes do TRT sobre as atividades do MPT. A visita ocorreu durante a palestra do desembargador João Ghisleni Filho (oriun-do do quinto constitucional pelo MPT), para o Módulo Regional de Formação Inicial. Os procuradores foram recebidos pelo co-ordenador acadêmico da EJ, juiz Carlos Alberto Lontra.

Visita à Escola: Ghisleni, Camargo, Lontra e Spies

Rádio MPT - A emissora on-line está em funcionamento desde 6 de março, quando foi lançada oficialmente durante encontro dos assessores de comunicação em Brasília. O acesso à programação pode ser fei-to pelo www.prt4.mpt.gov.br, clicando-se na janela localizada no canto superior direito (imagem acima). A proposta é fortalecer a Instituição e mostrar projetos e ações em defesa dos trabalhadores. A programação intercala música com notícias do MPT, produzidas por jornalistas da Agência Radioweb, contratada para gerenciar a rádio, produzir conteúdo e operar a emissora. Música, notícia e co-nhecimento são mesclados de forma a oferecer uma ferramenta de comunicação e integração entre os públicos interno e externo.

Balanço - No ano de 2012, o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) recebeu 5.646 denúncias relacio-nadas a irregularidades trabalhistas. Após investigações, 1.155 termos de ajustamento de conduta (TACs) foram firmados e 140 ações civis públicas (ACPs) foram ajuizadas na Justiça.

Page 4: Revista do Trabalho nº 43

4 rEsumo

MPT-RS NA MÍDIA

“Não se justifica a existência do Sindicato que tem diversas prerrogativas legais, que aufere benefícios, inclusive de or-dem financeira para se sustentar, e, no entanto, não respon-de pela categoria.” (leia mais na página 18)XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Noedi Rodrigues da Silva, procurador do Trabalho, em reportagem veiculada no programa RBS Notí-cias, da RBS TV (canal 12 de Porto Alegre), em 19 de fevereiro, sobre o tema “Operação Tartaruga” dos rodoviários da Capital.

SinditestRS - O Ministério Público do Tra-balho no Rio Grande do Sul (MPT-RS), por intermédio da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho (Co-demat), palestrará no Encontro Estadual e nos Encontros Regionais de Técnicos em Segurança do Trabalho, programados para o ano de 2013. O convite foi feito e aceito em reunião realizada em 15 de janeiro, na sede do MPT, em Porto Alegre. Participa-ram do encontro o procurador-chefe Ivan Sérgio Camargo dos Santos e os coorde-nadores nacional e regional da Codemat, Philippe Gomes Jardim e Noedi Rodrigues da Silva, respectivamente. Pelo Sindicato, estavam o presidente Nilson Airton Lau-cksen (à direita na foto) e o secretário-ge-ral Clovis Silveira da Silva. A duração das palestras será de uma hora para público estimado de 800 pessoas no evento estadual e 200 em cada regional. O tema abordado é “Responsabilidade do Empregador e dos Profissionais de Saúde e Segurança na Pre-venção de Acidentes do Trabalho”. Tanto no Encontro Estadual, como nos Regionais, a inscrição é gratuita. O objetivo é promover a integração de alunos, escolas, sindicato e profissionais. Também se quer dialogar sobre o cenário atual e perspectivas da saúde e segurança do trabalho no País, além de fazer do conhecimento e da informação meios para a promoção da saúde e segurança do trabalhador.

Iargs - O MPT participou, em 6 de março, da posse da nova direção do Instituto dos Ad-vogados do Rio Grande do Sul (Iargs), com o procurador-chefe Ivan Santos. A advogada Sulamita Santos Cabral, primeira mulher a presidir o Iargs, retornou ao cargo depois de 15 anos. Após seis anos como secretária-ge-ral da OAB/RS, Sulamita presidirá o Instituto no triênio 2013-2015. Os vices-presidentes são os advogados César Vergara de Almeida Martins Costa, Cristiano Diehl Xavier, Leo-nardo Lamachia e Lúcia Liebling Kopittke. A ex-presidente Alice Grecchi é a diretora-financeira.

OAB/RS - O procurador-chefe Ivan Santos compareceu, na noite de 8 de março, à ce-rimônia de posse da diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Rio Grande do Sul (OAB/RS) para o triênio 2013/2015. Na sessão solene, também foram empos-sados os conselheiros federais e seccionais, as diretorias da Caixa de Assistência dos Advogados (CAA/RS) e da Escola Superior da Advocacia (ESA), o presidente e o vice-presidente do Tribunal de Ética e Disciplina (TED), a corregedora-geral e o coordenador das subseções. Com a nova configuração, Claudio Lamachia deixa a presidência da Or-dem gaúcha, que passará a ser presidida por Marcelo Bertoluci.

TRT - O procurador-chefe Ivan Santos com-pareceu, em 14 de março, à inauguração do novo prédio administrativo do Tribunal Re-gional do Trabalho da 4ª Região. O edifício de oito andares foi construído junto à sede do TRT4, na Avenida Praia de Belas, na Ca-pital. Projetado para o consumo inteligente e econômico de energia, o prédio sediará também, no térreo, restaurante e postos bancários.

MPF-RS - O procurador-chefe Ivan Santos recebeu visita institucional de membros da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul (PR/RS), na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Porto Alegre. Na oca-sião, compareceram ao MPT a procuradora-chefe do PR/RS, Fabíola Caloy (à direita na foto), acompanhada pelo secretário esta-dual, Daniel Dall’Agnese, e pela servidora Débora Von Groll, para tratarem de ques-tões comuns relacionadas a contratos admi-nistrativos, bem como sobre a possibilidade de serem construídas sedes conjuntas em alguns municípios onde as duas instituições possuem unidades.

CTB-RS - O MPT-RS recebeu a visita do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS) e da Federação dos Empregados no Comér-cio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecosul), Guiomar Vidor (à direita na foto), e o advogado da Fecosul, Vitor Rocha Nascimento. A visita deu continuidade à aproximação com as centrais sindicais, para discutir assuntos de interesses comuns. Foi de-batida a possibilidade de organização de seminário com participação do MPT, do TRT e das centrais sindicais. Expresso - O MPT, por intermédio do procu-

rador-chefe, compareceu à inauguração do Protocolo Expresso da Justiça do Trabalho, em 18 de março, no Shopping Praia de Be-las, em Porto Alegre. O serviço funcionará no Espaço do Judiciário, no 2º andar. No local, os advogados podem entregar petições e devolver processos em carga. A desembar-gadora-presidente do Tribunal Regional do Trabalho, Maria Helena Mallmann, ressaltou a importância da solenidade que, ao lado da prestação de serviço jurisdicional, “aju-da a passar ao cidadão a ideia de que somos uma única Justiça”. A disposição de um novo espaço para o serviço deve resultar na dimi-nuição do movimento no Protocolo do Foro Trabalhista, contribuindo para a melhoria do atendimento. Também facilitará o trabalho dos advogados, pois aqueles que tiverem petições da Justiça Estadual e da Justiça do Trabalho poderão entregá-las no mesmo lo-cal. O protocolo está aberto ao público das 10h às 18h.

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mPt Em PElotas, Em Novo Hamburgo E Em saNta Cruz do sul 5

Tratativas de terceirização na indústria calçadista encerradas

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Novo Hamburgo promoveu, em 27 de fevereiro, audiência para discutir a terceirização no se-tor calçadista e a implemen-tação das cláusulas dispostas na Notificação Recomenda-tória entregue às empresas do ramo e situadas na região de abrangência da unidade. O encontro, presidido pelas pro-curadoras do Trabalho Juliana Bortoncello Ferreira e Priscila Boaroto, deu continuidade à audiência pública realizada no dia 8 de novembro de 2012 e à audiência no MPT ocorrida em 8 de janeiro de 2013. Na opor-tunidade, se fez presente o gerente regional do Trabalho da GRTE de Novo Hamburgo, Jorge Luiz Albé, e a comissão formada pelos representantes dos trabalhadores e empre-gadores do setor: João Nadir Pires, da Federação dos Tra-balhadores nas Indústrias de

Calçados e Vestuário do RS e os advogados da Associação Brasileira da Indústria de Cal-çados (Abicalçados) Rogério Gustavo Dreyer, José Cácio Auler Bortolini e Gisele de Mo-rais Garcez.

Na audiência, a Abicalça-dos apresentou modelo de material orientativo às empre-sas do segmento calçadista, com base na Notificação Re-comendatória entregue pelo MPT. O material visa elucidar às empresas possíveis dúvidas quanto à interpretação das cláusulas, tendo ficado escla-recido que a redação está sob responsabilidade da Abicalça-dos, não havendo ingerência do MPT e do MTE quanto ao seu conteúdo, o que não im-plica em concordância com o mesmo, tampouco inibirá as fiscalizações dos termos ex-postos na NR, as quais iniciar-se-iam em um prazo de dez dias.

O Município de Lajeado e a União das Associações de Moradores dos Bairros de La-jeado (Uambla) compromete-ram-se a deixar de contratar menores de 16 anos para qual-quer atividade e menores de 18 anos para atividades notur-nas, perigosas, penosas e in-salubres. O acordo resulta da ação civil pública nº 0000789-58.2012.5.04.0772, ajuizada pelo Ministério Púlico do Tra-balho em Santa Cruz do Sul.

Segundo a procuradora do Trabalho que formalizou a conciliação, Enéria Thomazini, a ação decorreu da contrata-ção de adolescentes menores de 18 anos para exercer suas atividades em logradouros públicos, no desempenho de funções relacionadas à co-brança de cartelas do estacio-namento rotativo da referida cidade. O trabalho externo que implique em manuseio e porte de valores e exercido

em ruas e outros logradouros públicos é proibido pelo ane-xo do Decreto nº 6481/2008 que estabelece as piores for-mas de trabalho infantil. “Isso porque os adolescentes ficam suscetíveis à exposição à vio-lência, drogas, assédio sexual e tráfico de pessoas, além de exposição à radiação solar, chuva e frio, acidentes de trânsito e atropelamentos”, explica Enéria.

A título de dano moral co-letivo, o Município se compro-meteu a oferecer o mínimo de 17 cursos profissionalizantes ao longo de 2013, sendo que a Uambla arcará com despe-sas de divulgação nos meios de comunicação do Município (foto da Prefeitura).

Novo Hamburgo Lajeado

Município regulariza trabalho de menores de 18 anos

Negociados acordos com a CGTEE e a CRM em Candiota

Mina de Candiota da CRM é a maior jazida de carvão do país

Após firmar TAC com a Companhia de Geração Térmica de Ener-gia Elétrica (CGTEE) em 2012, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pelotas está em fase final de negociação para o firmamento de outro acordo, agora com a Companhia Riograndense de Mineração (CRM). O TAC do ano passado propôs normas de proteção aos traba-lhadores com calendário de alterações gradativas no parque indus-trial da CGTEE, até fevereiro de 2014, bem como a doação de bens e recursos para a fiscalização do trabalho da região e para projetos voltados à saúde e à proteção do meio ambiente.

Conforme o procurador Gilberto Souza dos Santos, responsável pelos dois procedimentos, no TAC deste ano, a CRM terá de assumir a implantação de novos métodos de proteção individual e coletiva dos trabalhadores para os próximos 24 meses. O acordo também exigirá investimentos elevados, tendo a CRM que realizar a doação de imóveis de sua propriedade ao município de Candiota. O firma-mento do TAC aguarda autorização da Procuradoria Geral do Estado (PGE). Os investimentos da CRM e da CGTEE em equipamentos de segurança individuais e coletivos devem ultrapassar R$ 10 milhões. Os investimentos sociais das companhias superarão R$ 2 milhões.

“O MPT em Pelotas tem atuado para proteger os trabalhadores do município de Candiota, na região da Campanha gaúcha, contra os malefícios do carvão mineral e para assegurar a proteção contra acidentes de trabalho e o controle das jornadas de trabalho”, explica o procurador. Em 2011, foi instaurado inquérito civil com objetivo de investigar suspeitas levantadas em trabalho acadêmico elaborado pelas biólogas Juliana da Silva e Paula Rohr de que a ausência de proteção adequada poderia acarretar contaminação sanguínea e al-terações genéticas em alguns trabalhadores. Usina Termelétrica Presidente Médici, da CGTEE / Eletrobras

Page 6: Revista do Trabalho nº 43

6 mPt Em Caxias do sul

SER Caxias garante regularização de pagamentosA Sociedade Esportiva e Recreativa

Caxias do Sul, representada pelo presiden-te da entidade Nélson Mário Rech Filho, firmou termo de ajustamento de conduta (TAC) perante o Ministério Público do Tra-balho (MPT), assumindo o compromisso de regularizar os pagamentos dos empre-gados do setor administrativo, jogadores profissionais e atletas da base. O termo, que foi assinado no dia 7 de fevereiro, pas-sou a vigorar a partir de 1º de março de 2013, por tempo indeterminado. Segundo o procurador do Trabalho Bernardo Mata Schuch, removido em fevereiro para Porto Velho (RO), “o clube compreendeu o atual contexto profissional do futebol e compro-meteu-se a fazer todos os pagamentos em dia, além de compensar financeiramente todos os seus empregados pelos prejuízos de atraso já ocasionados”.

Conforme o procurador responsável pelo procedimento, os atrasos nos paga-mentos dos trabalhadores do clube come-çaram no final de 2012. O TAC prevê a con-cessão de férias anuais remuneradas, com acréscimo de um terço a mais que o salário normal, nos doze meses subsequentes à data em que o trabalhador tiver adquirido

o direito. Além disso, o termo obriga o em-pregador a efetuar o pagamento integral do salário até o 5º dia útil do mês; a depo-sitar mensalmente na conta de cada tra-balhador o percentual referente ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); e a efetuar, entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o pagamento do adiantamento da gratificação natalina aos empregados.

O descumprimento ensejará a apli-cação de multa no valor de R$ 20 mil por

cláusula descumprida, a ser revertida em favor do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou, a critério do MPT, na reconstitui-ção dos bens lesados. Como indenização compensatória pelos prejuízos causados pelos atrasos, a SER Caxias pagará a todos os empregados prejudicados multa de 10% sobre o valor de cada remuneração, a ser quitada em duas parcelas de 5% que ven-cem em 5 de maio e em 5 de julho, respec-tivamente, com cláusula penal de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

Estádio Francisco Stédile, mais conhecido como Centenário, da SER Caxias

Unimed Nordeste-RS compromete-se com saúde ocupacional

A Unimed Nordeste-RS firmou, em 18 de março, termo de ajus-tamento de conduta (TAC) com o MPT em Caxias do Sul. Com o acordo, a representante do setor de saúde passa a cumprir exigên-cias referentes a serviços de saúde ocupacional, participando ativa-mente do plano de ação nacional, que busca proteger e promover a saúde nos ambientes laborais das empresas.

O procurador do Trabalho Ricardo Garcia, responsável pelo pro-cedimento, informa que a Unimed Nordeste-RS comprometeu-se a divulgar as novas condutas - por intermédio da Unimed Federa-ção/RS - às demais 19 unidades do Rio Grande do Sul que prestam serviços de saúde ocupacional. A ideia é que todas as 20 poderão adotar em seus procedimentos as diretrizes do acordo, e colocar-se à disposição do MPT em suas localidades para firmar compromisso igual. De acordo com dados de 2012 da Unimed, a prestadora tem 26 unidades no Estado, sendo que 20 cooperativas trabalham com Medicina Ocupacional, atendendo 242.313 pessoas.

“A partir da assinatura do TAC, desenvolveremos trabalho de grande amplitude no âmbito da saúde e segurança no trabalho. Às ações que já eram promovidas, algumas outras serão acrescidas, possibilitando-nos participação de forma ainda mais ativa na melho-ria constante das condições de trabalho dentro das empresas, com objetivo de diminuir a ocorrência de acidentes e doenças relaciona-dos ao trabalho. O compromisso assumido requer, no entanto, par-ticipação de todas partes envolvidas, sendo imprescindível a cons-cientização da empresa de seu papel de assumir a responsabilidade pela implementação das ações. Apenas através de uma discussão ampla e conhecimento real dos problemas é possível buscar solu-ções efetivas. Nisto irão ser fundamentadas nossas ações, procuran-do sempre proporcionar informações para adoção de melhorias nos locais de trabalho”, afirmou o coordenador médico da Saúde Ocupa-cional da Unimed Nordeste-RS, Iraklis Ney Stephanou Filho.

O TAC assinado faz parte de um programa de adequação da conduta das empresas e profissionais que elaboram programas de proteção à saúde e segurança no trabalho, levado a efeito pelo MPT em Caxias do Sul. O acordo se fundamenta nas Normas Regulamen-tadoras nº 7 e 9 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Segundo o procurador do Trabalho Ricardo Garcia, o objetivo do MPT é atingir todo o setor de saúde. “A adoção pela Unimed dos princípios do TAC certamente garantirá produto melhor e a coope-rativa tende a estabelecer padrão de qualidade e confiabilidade su-perior em todo o Estado. Ao adequar as condutas das empresas de consultoria, o MPT acaba alcançando centenas de empresas, aque-las que contratam as consultorias. O TAC é um compartilhamento de responsabilidades entre o MPT e as empresas, que assumem, assim, um papel de parceiras na mudança de cultura empresarial de descumprimento das normas de segurança e de subestimação des-ses programas”, explicou o procurador.

Acordo poderá ser usado por unidades com saúde ocupacional

Page 7: Revista do Trabalho nº 43

Colheita da batata esclarece dúvidas em Lagoa VermelhamPt Em Caxias do sul 7

O MPT promoveu, em 20 de março, au-diência pública de 2h10min de duração para debater irregularidades trabalhistas e res-ponder dúvidas na colheita da batata de nove municípios localizados no Nordeste do Rio Grande do Sul: Barracão, Caseiros, Cirí-aco, David Canabarro, Esmeralda, Ibiraiaras, Lagoa Vermelha, Machadinho e Muliterno. O ato foi realizado na Câmara Municipal la-goense, situada a 310 km de Porto Alegre.

Entre o público, de aproximadamen-te 50 pessoas, em tarde chuvosa, estava o vice-prefeito de Ibiraiaras, Lino Tonin, o re-presentante da Justiça do Trabalho Paulo Jacoby, presidentes de sindicatos de traba-lhadores e de empregadores rurais, agricul-tores familiares, representantes de escritó-rios de contabilidade e de advocacia, além da imprensa local. O objetivo foi o de trazer esclarecimentos jurídicos a todos os empre-gadores, produtores e assalariados sobre as relações de trabalho e emprego no campo, desde questões relacionadas às formas de contratação até os direitos e deveres relati-vos à saúde e segurança nas frentes de tra-balho.

O procurador do Trabalho Ricardo Gar-cia, do MPT em Caxias do Sul, informou que os problemas e dúvidas discutidos na audiência não resultarão na aplicação de penalidades aos que os expuseram, porque o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o MPT não podem se basear em simples afir-mações para agir. “Para multar ou penalizar, é preciso o estudo da realidade de cada pro-priedade e dos documentos que comprovam as relações de trabalho e o atendimento às exigências legais”, explicou. O coordenador regional da Coordenadoria Nacional de De-fesa do Meio Ambiente de Trabalho (Code-mat) do MPT, procurador do Trabalho Noe-di Rodrigues da Silva, disse que a audiência

pública teve a função de esclarecer e de buscar informações sobre situações vividas por empregados e empregadores, visando a orientação para a solução dos problemas discutidos. “O MPT todo está atento à situa-ção da região”.

O secretário da agricultura da Lagoa Vermelha, Cezar Luiz Farias, afirmou que “é necessário cada vez mais que as entidades fiscalizadoras e as de classe reunam-se para dirimir dúvidas”.

O vice-presidente da Câmara Municipal, vereador Luiz Carlos Kramer, sugeriu o en-tendimento entre as partes e colocou à dis-posição o plenário do lesgislativo para novos eventos.

O conselheiro da Federação dos Traba-lhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Lindomar do Carmo Moraes, avaliou a audiência como importante, “por-que as pessoas puderam tirar suas dúvidas e o MPT trouxe conhecimento, tanto para os produtores, como para os trabalhadores”.

O diretor da Federação dos Trabalha-dores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), Nelson Barbieri, destacou que “o evento serviu para se tirar dúvidas, principalmente na questão do INSS e sobre aposentadoria rural”. Também ressaltou a presença de diálogo entre as partes, com a aproximação proporcionada pelo MPT.

O auditor-fiscal Jorge Passamani, do Mi-nistério do Trabalho e Emprego (MTE) de Passo Fundo, afirmou que “o diálogo inte-rinstitucional é a melhor maneira de cons-truir conhecimento sobre a aplicação da le-gislação trabalhista, garantindo os direitos dos trabalhadores. A participação de todos é fundamental para a observância da lei”. Salientou, também, que o MTE encontra-se à disposição dos empregadores e dos traba-lhadores, para a discussão das melhores es-

tratégias para o cumprimento da legislação vigente.

A chefe da Agência do INSS de Lagoa Vermelha, Leni Accorsi, lembrou a impor-tância da realização de eventos como a audi-ência “para fazer com que as pessoas envol-vidas tenham conhecimento da legislação e, consequentemente, saber seus direitos”. Sugeriu que as audiências aconteçam com mais frequência e em municípios diferentes, para atingir público maior. Após as mani-festações das autoridades, o público pode manifestar-se, principalmente dirigindo per-guntas à mesa.

SEGURADO ESPECIAL

As irregularidades encontradas pela fis-calização do trabalho na atividade da colhei-ta da batata na região de Lagoa Vermelha gerou, em 2011, controvérsias envolvendo os produtores e órgãos públicos, com re-percussão na Câmara dos Deputados. Os problemas são a falta de registro na carteira profissional dos assalariados, transporte in-seguro, falta de equipamentos de proteção coletiva e de proteção individual. Foram en-contrados, também, episódios de fraude à relação de emprego na forma de falsas par-cerias agrícolas.

Um dos receios dos produtores em re-gistrar o contrato de trabalho de seus co-lhedores é a perda da condição de segurado especial. Todavia, a previdência autoriza a contratação de trabalhadores por parte dos segurados especiais para contratos de até 120 dias de duração, condição válida para empregado e empregador. “A organização da atividade carece de estrutura e de apoio jurídico, pelo que se estabeleceu ao longo do tempo a cultura de negligência das normas trabalhistas”, afirma Garcia.

Problemas discutidos na audiência não resultarão na aplicação de penalidades aos participantes dos nove municípios do Nordeste

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Doados equipamentos ao Hospital Santo Ângelo8 mPt Em saNto ÂNgElo, Em uruguaiaNa E Em PElotas

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Santo Ângelo, por intermédio dos pro-curadores do Trabalho Marcelo Goulart e Veloir Dirceu Fürst, realizou, em 21 de ja-neiro, a doação de mais de R$ 167 mil em equipamentos ao Hospital Santo Ângelo. Os recursos resultam de multas aplicadas por descumprimento de ação civil pública (ACP).

Com os valores, foram adquiridos um foco cirúrgico, duas bombas de vácuo por-táteis 5l, seis camas de recuperação, quatro monitores multiparamétricos 8’, um respira-dor, três monitores multiparamétricos 12’ e 17 esfigmomanômetros com estetoscópio. Os equipamentos serão utilizados na Unida-de de Terapia Intensiva e no Centro Cirúrgi-co.

De acordo com procurador do Trabalho Veloir Dirceu Fürst, “cada vez que há valores, o MPT escolhe um órgão público ou uma en-tidade assistencial que atue na região onde ocorreu o dano. Já destinamos recursos para o Corpo de Bombeiros, o Hospital Santo Ân-

gelo, o Presídio Regional, as polícias civil e rodoviária, o Centro de Acolhimento Mati-nho Lutero, entre outros”. Ainda segundo o

procurador, em 2012, foram destinados cer-ca de R$ 3 milhões a municípios da área de abrangência do MPT em Santo Ângelo.

Cerimônia de entrega dos equipamentos ao Hospital Santo Ângelo

Entregues automóvel e equipamentos de proteção aos bombeiros de Três PassosO MPT entregou, em 16 de janeiro, um automó-

vel Volkswagem Gol – motor 1.6, fabricação nacio-nal, ano 2012, modelo 2013, e três equipamentos de proteção individual (EPI’s) contra incêndios em locais confinados ao corpo de bombeiros de Três Passos. A entrega foi realizada na sede do MPT, em Santo Ângelo.

Os valores provêm de multas referentes a des-cumprimento de termo de ajustamento de condu-ta (TAC). O procurador do Trabalho Marcelo Gou-lart fez a entrega das chaves ao comandante do corpo de bombeiros, 1º tenente Pedro Jair Silva. Também compareceu à cerimônia o procurador do Trabalho Veloir Dirceu Fürst. Procurador Marcelo Goulart realizou o ato de entrega das chaves do carro

Santa Casa de Uruguaiana terá palestras e manual contra assédio moral

O Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana promoverá, entre 12 e 20 de maio, pelo menos três palestras educa-tivas sobre “Assédio Moral (abordagens, formas e consequências)” para seus fun-cionários. A atividade, que será anual, de-corre de acordo firmado com o MPT em ação civil pública (ACP) ajuizada na Justi-ça do Trabalho. O procurador do Trabalho Eduardo Trajano Cesar dos Santos, respon-sável pelo procedimento, informa que a ré deverá, durante os encontros, divulgar o “Manual de Prevenção e Combate ao Assé-dio Moral” aprovado pelo MPT. O procura-dor explica que, pelo acordo, a instituição “comprometeu-se a abster-se de adotar ou tolerar toda a sorte de procedimento

que possa ser caracterizado como assédio moral a seus empregados, garantindo-lhes tratamento digno e compatível com sua condição humana”.

Uma comissão permanente (designada pela Santa Casa), composta de cinco em-pregados, sendo três indicados pela insti-tuição (um deles psicólogo) e dois eleitos pela categoria (garantido o sigilo do voto), começará a atuar e deliberar a partir de 1º de abril. O grupo terá como obrigação ou-vir e registrar as denúncias / queixas / re-clamações dos empregados referentes às alegações de assédio moral, garantindo o sigilo (se requerido), investigando-as e, se possível, solucionando-as. A ré qualificará todos os membros da comissão, fornecen-

do-lhes cursos e materiais específicos so-bre o tema. A comissão, caso não consiga solucionar o conflito e conclua pela ocor-rência da prática de assédio moral, enca-minhará relatório ao administrador da Santa Casa para as providências cabíveis.

Conforme o site da instituição, “seu corpo clínico é formado por aproximada-mente 100 médicos de várias especialida-des, sendo que 58 fazem parte do quadro funcional do hospital, que conta com 38 enfermeiros, 40 auxiliares de enferma-gem, 174 técnicos em enfermagem, um nutricionista, quatro farmacêuticos bio-químicos e mais 216 funcionários do ser-vidço de apoio e administrativo”. O total é de 573 trabalhadores.

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mPt Em saNta maria 9

O MPT em Santa Maria lançou duas cam-panhas em março. A primeira diz respeito à segurança do trabalho, com o slogan “Tra-balhar com Segurança, garantia de saúde e dignidade”. Quatro outdoors foram distri-buídos nos principais pontos da cidade. A procuradora Bruna Iensen Desconzi explica que a veiculação foi motivada pelo “recebi-mento de inúmeras denúncias e relatórios de fiscalização do MTE referentes ao des-cumprimento de normas trabalhistas no que concerne à saúde e segurança no meio am-biente do Trabalho, em especial o não forne-cimento de equipamento de proteção indivi-dual adequado ao risco dos empregados no ramo, principalmente da construção civil”. Salienta ainda que “a presente campanha visa conscientizar a importância do uso dos equipamentos de segurança no trabalho e, por conseguinte, reduzir os acidentes, pro-movendo assim boas condições de saúde no local de trabalho, tornando-os mais seguros e mais saudáveis, aumentando a motivação dos trabalhadores e suas produtividades”.

A segunda campanha veiculada em ou-tdoors e jornais locais tratou sobre o assédio moral e atende o objetivo do projeto nacio-nal “O Assédio é Imoral” da Coordenado-ria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discrimina-ção no Trabalho (Coordigualdade), que tem

a procuradora Bruna como vice-coordena-dora regional. “Condutas como ridiculari-zação e humilhação repetidas, tratadas nos outdoors, são algumas que minam as forças do trabalhador, fazendo com que doenças ou transtornos acometam sua vida”, explica.

Os custos de criação e veiculação dos outdoors e dos anúncios nos jornais foram pagos com valores decorrentes de multas aplicadas por descumprimento de termos de ajustamento de conduta (TAC) firmados por empresas da região Central do Estado.

Hospital Casa de Saúde compromete-se a não terceirizar atividade-fim

O Hospital Casa de Saúde de Santa Ma-ria comprometeu-se perante o MPT a não terceirizar os serviços ligados à atividades-fim da instituição. A procuradora do Traba-lho Bruna Iensen Desconzi informa que o termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado prevê que somente podem ser ter-ceirizadas as funções ligadas às atividades-meio. “Mesmo assim, desde que inexisten-te a pessoalidade e subordinação direta dos trabalhadores em relação à tomadora

dos serviços, na forma da Súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), den-tre outras cláusulas”, explica.

O eventual descumprimento, ainda que parcial acarretará o pagamento de multa de R$ 5 mil por cláusula descumprida, mul-tiplicada pelo número de trabalhadores. A exceção é para o eventual descumprimen-to de cláusula que acarretará o pagamento de multa de R$ 20 mil por interposta pes-soa contratada, multiplicada pelo número

de trabalhadores efetiva ou potencialmen-te prejudicados.

Em 27 de setembro de 2012, o MPT em Santa Maria recebeu denúncia anônima, aduzindo que o Hospital Casa de Saúde te-ria despedido cinco empregados técnicos em radiologia e que, naquele mês, realiza-ria a despedida de mais cinco, em razão da possível troca de mão de obra empregada por terceirizada, no caso, a empresa “Tec Service”. Assim, em razão das despedidas ocorridas e visando apurar a veracidade das alegações, instaurou-se Procedimento Preparatório de nº 000197.2012.04.002/8 e solicitou-se ação fiscal ao Ministério do Trabalho e Emprego, o qual encaminhou ao MPT cópia do relatório de fiscalização com relação à inspeção efetuada nas de-pendências da Associação Franciscana de Assistência à Saúde, na Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Casa de Saúde. O MPT, considerando o relatório fiscal e a comprovação de irregularidades no âmbi-to da investigada, com o intuito de saná-las, designou audiência administrativa com a empresa propondo-lhe a assinatura de um TAC. A empresa, após solicitar prazo para manifestação, assinou o termo.Hospital está localizado na rua Ary Lagranha Domingues, 188

Campanhas pela segurança e contra o assédio

Um dos dois modelos de outdoors da campanha de combate ao assédio moral

Um dos dois modelos de outdoors da campanha pela saúde e segurança do trabalhador

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10 CaPa

Santa Maria: acidente com morte de 21 trabalhadores mobiliza poderes públicosO incêndio na boate Kiss, em Santa Maria,

em 27 de janeiro, matou 241 pessoas (234 no local e sete das 145 que foram internadas em hospitais do Estado). Foi a maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. A maioria dos falecidos eram universitários - a cidade sedia uma universidade federal. Provavelmente, seja o acidente de trabalho com o maior nú-mero de trabalhadores mortos na história do Estado. Foram 21 trabalhadores que atua-vam no estabelecimento e faleceram, entre funcionários, músicos e terceirizados.

O fogo começou após acendimento de sinalizador músico da banda “Gurizada Fan-dangueira”, que se apresentava no local. O artefato pirotécnico atingiu a espuma que revestia internamente o ambiente e servia como isolamento acústico. A fumaça gerada era tóxica, com elevado índice de cianeto, e foi a causa das mortes. A Polícia Civil res-ponsabilizou 28 pessoas e indiciou 16. O MP Estadual denunciou 8 e pediu novas investi-gações. A Justiça acatou a denúncia do MP. Nos depoimentos colhidos, 18 pessoas afir-maram que não havia treinamento para uso de extintores, nem orientação para evacua-ção em tumultos ou incêndio e nem meio de comunicação imediato entre os funcionários.

A Polícia Civil repassou para a Revista do Trabalho documento fornecido pela Kiss, em 28 de janeiro, informando que possuía 35 trabalhadores - 17 com Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) assinada e 18 sem registro. Desse total, 14 empregados falece-ram por causa do incêndio. Um dos óbitos foi o de Janaina Portela, que foi trabalhar no lugar da mãe. Os demais 13 são Andressa Ferreira (garçonete), Clarissa Lima Teixeira, Cristiane Quevedo da Rosa, Gabriela Cor-cine Sanchotene, João Aluisio Treuliebe, João Carlos Barcellos Silva (entregador de comandas), Kellen Pereira da Rosa (balco-nista), Larissa Hosbach, Letícia Vascon-

cellos (recepcionista), Marfisa Soares Cami-nha, Micheli Froehlich Cardoso, Pâmella de Jesus Lopes e Rogério Cardoso Ivaniski.

Entretanto, conforme o jornal Zero Hora, além dos 14 funcionários mortos citados an-teriormente, mais dois seriam vinculados à casa noturna: Geni Lourenço da Silva (res-ponsável por monitorar os banheiros da boa-te) e Sandra Leone Pacheco Ernesto (limpe-za dos banheiros). Segundo a mídia em geral, também foram vitimados mais cinco traba-lhadores: os músicos Robson Van der Hahm e Marcos André Rigoli, da banda “Pimenta e Seus Comparsas”, que havia se apresen-tado antes do incidente, e Danilo Brauner Jaques, do grupo “Gurizada Fandangueira”, que fazia show no momento da tragédia; e os seguranças terceirizados da empresa Sniper, contratada pela boate, Rodrigo Taugen Sai-ra e Roger Barcellos Farias.

No dia seguinte ao acidente, os procu-radores do Trabalho Bruna Iensen Desconzi e Evandro Paulo Brizzi, do MPT em Santa Maria, acompanharam os auditores-fiscais Cezar Araújo da Rosa e Willams de Medeiros Soares na inspeção ao local. A imagem deles, abaixo, foi captada de reportagem veicula-da pelo canal de televisão NBC, dos Estados Unidos, que enviou equipe para a cidade.

O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) manifestou sua so-lidariedade às famílias e aos amigos das víti-mas da tragédia e decretou luto oficial de três dias na Instituição. Os prazos processuais e a realização de audiências foram suspensos na cidade entre 28 e 30 de janeiro de 2013. O MPT em Santa Maria também se colocou à disposição da comunidade para ajudar no que fosse preciso, oferecendo sua infraestru-tura e auxílio dos procuradores e servidores.

EXPEDIENTE PROMOCIONAL

Após a catástrofe, muitas questões es-tiveram em debate e diversas ações come-çaram a ser tomadas de forma rigorosa por parte dos poderes públicos. O Ministério Público do Trabalho instaurou, em 28 de ja-neiro, expediente promocional sobre prote-ção contra incêndios, em Porto Alegre. Os procuradores do Trabalho representantes da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat) do MPT no Rio Grande do Sul, Noedi Rodrigues da Silva (coordenador regional) e Sheila Ferreira Del-pino (vice-coordenadora regional) conduzem a investigação.

O coordenador nacional da Codemat, procurador do Trabalho Philippe Gomes Jar-dim (lotado em Porto Alegre), explica que “a atuação do MPT se justifica na defesa do meio ambiente do trabalho para fiscalizar o cumprimento das normas protetivas à saúde e à segurança dos trabalhadores. O desres-peito às normas de proteção contra incên-dios enseja a instauração de inquérito civil e o ajuizamento de ação civil pública para re-gularizar a situação. A tragédia ocorrida em Santa Maria exige uma resposta por parte dos órgãos públicos e o MPT atua em coor-denação com demais autoridades de forma preventiva e coletiva”.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Caxias do Sul participou de força-tarefa nas casas noturnas da cidade duran-te a primeira semana de fevereiro. A inspeção foi decidida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no município, Corpo de Bombeiros e Prefeitura, em reunião realizada em 4 de fevereiro. Também participaram da ação conjunta a Secretaria do Urbanis-mo, Guarda Municipal, Vigilância Sanitária, Brigada Militar, Fis-calização de Trânsito, Procon, Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest) da Serra e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea).

No dia 7 de fevereiro, a força-tarefa vistoriou nove boates, sendo interditadas quatro delas: Cassino Royale, Boca D’Oro, Kaiak e Ilha. Nos dias 8 e 9, as demais casas noturnas da região fo-ram vistoriadas, sendo interditada parcialmente também a boate Vagão Classic, que apresentou problemas nos requisitos da parte

musical (acústica). Todas as casas noturnas citadas anteriormen-te regularizaram suas situações.

De acordo com o gerente regional do MTE, Vanius Corte, a participação do Ministério do Trabalho e Emprego preserva a se-gurança do trabalhador: “Não podemos esquecer que a tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, matou em torno de 20 pessoas que trabalhavam no local, nem todos empregados registrados, ocasionando o maior acidente de trabalho dos últimos anos no Rio Grande do Sul”.

Para o procurador do Trabalho Ricardo Garcia, a inspeção é o início de uma atividade que deve ser permanente: “Durante a vistoria, percebemos a existência de várias legislações aplicáveis, visando à defesa do trabalhador e a segurança do público, e os diferentes papeis de cada órgão. Essa complementaridade é ga-rantidora da eficácia do trabalho”.

Força-tarefa inspeciona casas noturnas em Caxias do Sul

Bruna, Evandro, Cezar e Willams na NBC

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CaPa 11

Santa Maria: acidente com morte de 21 trabalhadores mobiliza poderes públicos

GRUPO DE TRABALHO

Os procuradores da Codemat realizaram reunião, em 1º de fevereiro, com o secretá-rio-adjunto e o assessor jurídico da Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio (Smic), José Olmiro Oliveira Peres e Fernan-do Fraga Mendes Ribeiro, respectivamente; a diretora da Fundacentro/MTE, Maria Muc-cillo; os tecnologista Augusto Portanova Barros, Cristiane Paim da Cunha e Flávio Mi-randa de Oliveira, mais o técnico Paulo Altair Araújo Soares, todos representantes da Fun-dacentro/MTE; o auditor-fiscal do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), Luís C. R. Bernardes; o te-nente Claudiomiro Soares e o major Gustavo Martins, do Comando do Corpo de Bombei-ros da Brigada Militar; e o coordenador da Di-visão de Vigilância em Saúde do Trabalhador / CEUS / SES / RS, Fábio Binz Kalil.

A reunião definiu a criação do Grupo de Trabalho Institucional para atuar na proteção contra incêndios em Porto Alegre, reunin-do os órgãos públicos presentes. Também foi organizado grupo de discussão virtual para facilitar a troca de informações e ace-lerar o processo de comunicação entre as instituições. Foi criado o correio eletrônico [email protected] para que a sociedade possa encaminhar denúncias de irregularidades à proteção contra incêndios.

Para o procurador Philippe Gomes Jar-dim, "o objetivo é realizar um trabalho coor-denado e de cooperação entre todas as ins-tituições responsáveis pela atuação na área da segurança de proteção contra incêndios, sempre com foco primordial na prevenção". Durante o encontro, a Smic esclareceu que a função da secretaria é muito mais que expe-dição de alvarás, pois também atua de forma preventiva e utiliza-se de processos rigoro-

sos para liberação de locais públicos. A Se-cretaria informou que, desde 2011 até o mo-mento, foram interditadas dezenas de casas noturnas em Porto Alegre e que, desde 31 de janeiro, houve determinação interna de que nenhuma boate receberá alvará provisório.

O Corpo de Bombeiros destacou que está atuando no sentido de repensar os procedi-mentos até hoje realizados, como forma de melhorar o processo de liberação. A Funda-centro pretende ver com clareza o que pode ser fiscalizado e, principalmente, o que a le-gislação pode melhorar e o que pode ser feito como prevenção para qualquer risco, além de estar disponível para cumprir lacunas acadê-micas, que servem para melhorar e criar no-vas normas legais. A Secretaria Estadual da Saúde disse que os trabalhadores são vistos como objetos e cabe a eles participar de en-contros que visem à melhoria das condições de saúde do trabalho.

Reunião com representantes de poderes públicos estaduais foi presidida pelos procuradores do Trabalho Philippe, Noedi e Sheila

Investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pas-so Fundo concluiu que o principal problema da adoção das medi-das de combate a incêndio é a ausência de treinamento dos pro-fissionais das casas noturnas, principalmente em razão do baixo número de empregados registrados no setor. A procuradora do Trabalho Mônica Delgado Pasetto informa que, em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o MPT pretende atuar na questão do vínculo empregatício, objetivando garantir ade-quado treinamento em máteria de meio ambiente de trabalho, especialmente no combate a incêndio.

O MPT realizou reunião sobre o assunto com os auditores-fis-cais do Trabalho que ocupam os cargos de gerente regional e de chefe da fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Passo Fundo. A procuradora propôs rigor na fiscalização sobre o cumprimento da norma regulamentadora 23 (NR 23) e da legis-

lação estadual.Recentemente, o MPT reuniu-se com o secretário de Desen-

volvimento Econômico de Passo Fundo, Carlos Eduardo Lopes da Silva. O objetivo foi o de obter conhecimento sobre as medidas que a Prefeitura adotou sobre o assunto. O foco da reunião foi o setor empresarial. A procuradora afirma que “pode-se avaliar que a Prefeitura começou um processo de interlocução com o setor”.

Foram realizadas quatro reuniões com os empresários do setor, a Prefeitura, o sindicato dos empregadores, advogados e contadores. O MPT requereu a ata das reuniões, que serão apre-sentadas em 30 dias. A procuradora sugeriu que as medidas a se-rem implementadas pelos bares, restaurantes, casas noturnas e hotéis sejam inseridas em norma coletiva ou de regulamento da empresa. Mônica também se colocou à disposição para eventual mediação.

Passo Fundo: falta treinamento para os trabalhadores

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Empreiteira assegura direitos dos trabalhadores12 mPt Em Porto alEgrE

A empreiteira Valdimir Alves da Silva, representada pelo sócio Raimundo Xavier da Silva, firmou termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT), comprometen-do-se a assegurar o direito dos trabalhadores a receber salários no prazo devido, prover alojamento e alimentação adequados e custe-ar eventuais necessidades de transporte, sem desconto no salário. O termo, assinado no dia 25 de fevereiro de 2013, tem validade a partir da data da assinatura por tempo indeterminado.

Segundo a procuradora do Trabalho Patrícia de Mello Sanfelice, responsável pelo processo, o MPT recebeu denúncia de irregulari-dades por dois trabalhadores da Valdimir, que prestava serviços terceirizados para a construtora Goldsztein Cyrela. Os trabalhado-res alegavam cobrança de passagens de ida e volta para os locais de origem (Piauí e Rio de Janeiro), atraso nos pagamentos e privação de alojamento. Em diligência realizada no dia 22 de fevereiro pela procuradora e pelo auditor-fiscal do Trabalho Sérgio Schames, foi constatada a veracidade parcial das denúncias. A Goldsztein Cyre-la assumiu as despesas de reparação das infrações relativas a esses dois trabalhadores, inclusive custeando seu retorno aos estados de origem, e não foi incluída no processo.

O descumprimento do TAC firmado ensejará a aplicação de mul-ta no valor de R$ 1 mil por trabalhador lesado e por irregularidade

praticada, sendo reversível ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou a outro fim a ser determinado pelo MPT.

Diligência constatou veracidade parcial das denúncias

Creche da Capital compromete-se a cumprir legislação

Expedida recomendação à Companhia Estadual de Silos e Armazéns

Após investigações que concluíram que a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) possui empregados contratados de forma irregular, o Ministério Público do Tra-balho (MPT), em ação conjunta com o Mi-nistério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MP-RS), recomendou à Companhia que declare nulos todos os contratos firmados entre a Cesa e trabalhadores que não se sub-meteram a prévio concurso público, inclu-sive os denominados “safristas”, efetuando a rescisão destes contratos no prazo de 60 dias.

Além da anulação dos referidos con-tratos, a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) foi notificada para que se abstenha de contratar trabalhadores em desacordo com a Constituição da Repúbli-ca, Constituição Estadual e com legislação complementar e ordinária aplicável ao caso.

O Conselho de Pais e Moradores da Creche Sagrada Família, localizada no bairro Morro Santana de Porto Alegre, firmou ter-mo de ajustamento de conduta (TAC) perante o Ministério Público do Trabalho (MPT), assumindo o compromisso de observar cinco cláusulas contendo obrigações de fazer e não fazer. O termo, as-sinado em 30 de janeiro de 2013, tem vigência por tempo indeter-minado a partir da mesma data.

O procurador do Trabalho Roberto Portela Mildner informa que o acordo prevê o cumprimento da legislação trabalhista em vigor no referente às demissões. O pedido de demissão ou o recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho deve ser submetido à assistência da autoridade competente. No ato da homologação,

deverá ser efetuado o pagamento das verbas rescisórias devidas, abstendo-se de aplicar desconto superior ao valor equivalente a um mês de remuneração do empregado.

Na hipótese de aviso prévio, o pagamento das parcelas devi-das na rescisão do contrato de trabalho deve ser efetuado até o primeiro dia útil após o término do contrato. Na ausência de aviso prévio, o pagamento deverá ser efetuado até o décimo dia conta-do da data da notificação da demissão.

O descumprimento ensejará a aplicação de multa no valor de R$ 5 mil por infração e por trabalhador encontrado em situação irregular, a ser revertida em favor do Fundo de Amparo ao Traba-lhador (FAT).

Cesa está localizada na avenida Praia de Belas, 1768, bairro Menino Deus

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Obtida condenação da General Motors em R$ 7 milhões O MPT obteve a condenação da General

Motors do Brasil Ltda (GM), de Gravataí, a pagar R$ 3 milhões a título de indenização por danos morais coletivos e outros R$ 3 milhões a título de danos patrimoniais di-fusos. Os valores serão revertidos em favor do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A procuradora do Trabalho oficiante, Sheila Ferreira Delpino, informa que a ré também foi declarada pela Justiça litigante de má-fé e condenada a pagar multa de 1% sobre o valor da causa e indenização em favor da União arbitrada em 5% do valor da causa, totalizando mais R$ 1 milhão.

A Justiça também determinou que a GM emita a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) sempre que for constatada ocorrência ou agravamento de doenças pro-fissionais, por meio de exames médicos, ou quando verificadas alterações que revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sis-tema biológico. A ré também deve apresen-tar nos autos, e sempre que solicitado pela fiscalização, a fórmula específica de cálculo utilizada na análise de risco ergonômico.

A partir de agora, a GM está obrigada a apresentar aos auditores-fiscais do Trabalho e ao MPT, sempre que notificada, relatório de análises ergonômicas impresso em folhas numeradas e rubricadas pelos responsáveis por sua elaboração e implementação. A ré deve providenciar para que o PCMSO sem-pre considere as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico epide-miológico na abordagem da relação entre a saúde e o trabalho, bem como tenha o cará-ter de prevenção, rastreamento e diagnós-tico precoce dos agravos à saúde relaciona-dos ao trabalho.

A sentença determinou, ainda, que a Ge-

neral Motors providencie a adequação do PPRA, de modo a implantá-lo com a iden-tificação de todos os agentes ambientais e avaliações quantitativas representativas com estatísticas.

Conforme a decisão judicial, a empresa realizará a avaliação do IBUTG no caso de exposição ao agente de calor, registrando-a em documento próprio ou no PPRA, tam-bém nos setores e áreas como estufas e lim-peza técnica nos setores de pintura, deven-do manter a avaliação nos demais setores. Manterá registros (ainda que de exceção, nos termos da autorização do Acordo Cole-tivo) fiéis à realidade, no qual, além das au-sências, atrasos e saídas antecipadas, cons-te a quantidade de horas extras trabalhadas em cada dia, independentemente de serem destinadas à compensação ou não, bem

como que conste, nos registros de horário de cada empregado, a pré-assinalação do horário previsto para o intervalo.

Para o caso de descumprimento de qual-quer das obrigações determinadas, a multa diária será de R$ 10 mil, com relação a cada obrigação descumprida, e por cada empre-gado encontrado em situação irregular, a ser revertida em favor do FAT. Ainda para que todos empregados da ré tenham ciência da decisão, a fim de que eles também tenham condições de verificar o cumprimento de seus direitos, a ré divulgará a integralidade do dispositivo, em impressão em fonte arial ou times new roman, observando o tamanho mínimo 10, em todos os setores da empresa, em seus quadros de aviso, no refeitório e no vestiário dos empregados, sob pena de mul-ta de R$ 5 mil pelo descumprimento.

mPt Em Porto alEgrE 13

Fábrica da General Motors localizada na BR 290, km 67, bairro Cruzeiro, em Gravataí

Obtida liminar que regulariza jornada no CinemarkO Ministério Público do Trabalho (MPT) no Rio Grande do Sul

obteve liminar em ação civil pública (ACP) contra a Rede Cinemark no Brasil, garantindo regularização das jornadas de trabalho, em âmbito nacional. A empresa é responsável pela administração de salas de cinema no país. A procuradora do Trabalho Márcia Bacher Medeiros explica que o MPT comprovou que a rede exige de seus empregados a execução de jornada móvel e variável. Os trabalhadores cumprem carga de trabalho mínima de 18 horas semanais e máxima de 44 horas. Não há qualquer estipulação quanto aos dias da semana a serem laborados ou aos horários de entrada e saída do trabalho.

O empregado não sabe, exceto com uma semana de antece-dência, quais dias da semana irá trabalhar, ou quantas horas terá que ficar no emprego, ou mesmo o período do dia em que será requisitado pela empresa. Além disso, como o salário é pago por hora trabalhada, não sabe, no início de cada mês, quanto irá ga-nhar no mês seguinte, ou se poderá contar, ou não, com o valor do salário mínimo.

“O trabalhador acaba ficando à disposição da empresa as 24 horas do dia, pois não pode comprometer-se com qualquer outro tipo de atividade (outro emprego, cursos, estudos, etc.) já que só a empregadora tem o poder de estabelecer quantas e quais as horas do dia ele estará disponível”, afirma a procuradora. Esse tipo de jornada, além de inviabilizar a programação do tempo fora do trabalho e o orçamento familiar pelo trabalhador, carac-teriza-se também pela alternância brusca de horários, o que traz inúmeros prejuízos à saúde, tanto física quanto psíquica. “Se já não bastasse, ainda prejudica sua interação no meio social e fa-miliar”, conclui Márcia.

A decisão provisória obriga o Cinemark a substituir as jor-nadas móveis e variáveis por jornada fixa e garante aos seus empregados o pagamento de, pelo menos, um salário mínimo, independentemente do número de horas trabalhadas. O des-cumprimento da decisão, em qualquer dos estabelecimentos do país, acarretará a cobrança de multa de R$ 10 mil por trabalhador encontrado em situação irregular.

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Após investigar a situação das permis-sões de táxi em Porto Alegre, o MPT decidiu promover ação civil pública (ACP), ajuizada em 7 de janeiro. A divulgação da informa-ção ganhou enorme espaço nas emissoras e, no dia seguinte, foi publicada na capa dos seis jornais diários da Capital (ver ima-gens abaixo). O propósito foi o de democra-tizar o acesso de todos os profissionais taxis-tas ao mercado de trabalho. O MPT pediu a imediata proibição de quaisquer transferên-cias das permissões, bem como a vedação de utilização das famosas “procurações”. Requereu, ainda, a declaração de nulidade

das atuais permissões, além da realização de licitação para o serviço com obediência às exigências dos artigos 37 e 175 da Constitui-ção Federal e das condições estabelecidas na Lei federal 8987/95.

Atualmente, a administração pública municipal desconsidera as exigências cons-titucionais de universalização de acesso à possibilidade de obtenção de uma permis-são. Também trata como válidas as permis-sões concedidas antes da edição da atual Constituição Federal. De acordo com o Su-premo Tribunal Federal (STF), tais permis-sões já venceram. Também são inválidas

as licenças concedidas depois de 1988 sem que fossem respeitadas as exigências cons-titucionais, como a realização de licitação e a prévia definição do prazo determinado de sua validade. Além disso, a municipalidade permite a transferência a título de herança das atuais permissões, como se constituís-sem em bem privado e não em mera permis-são para a execução de um serviço público.

Segundo o procurador do Trabalho res-ponsável pela ação, Ivo Eugênio Marques, “a jurisprudência do STF é muito clara em situações assim, já tendo editado a Súmula 473 que estipula que não se originam direi-tos de situações ilegais e tendo declarado a inconstitucionalidade, por exemplo, de dis-posições da Lei Complementar paranaense 94/02, exatamente porque permitiam a con-tinuidade de situações ilegais envolvendo concessões públicas”. Na ocasião, o STF fez questão de assinalar que “não há respaldo constitucional que justifique a prorrogação desses atos administrativos além do prazo razoável para a realização dos devidos pro-cedimentos licitatórios”, pois “segurança jurídica não pode ser confundida com con-servação de ilícito” (ADI 3521, relator minis-tro Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 28/09/2006).

A situação envolvendo as permissões de táxi na Capital gaúcha se torna mais grave, porque a Lei federal 8987/95 estabeleceu a necessidade de regularização de situa-ções de concessão e permissão feitas sem o respeito aos princípios constitucionais. Sucessivas administrações municipais nada fizeram para cumprir a lei. O procurador in-forma que, no julgamento do Habeas Cor-pus 84.137, o mesmo STF indeferiu o pedido feito em favor de prefeito e vice-prefeito denunciados pela suposta prática de crime

Promovida ação para regularizar permissões de táxi e democratizar o mercado de trabalho dos taxistas

Estação Rodoviária Central de Porto Alegre (Largo Vespasiano J. Veppo, nº 70) reúne o maior número de táxis na Capital dos gaúchos A cidade conta com 386 permissões de táxi administradas por 35 pessoas, segundo levantamento da administração pública

REPERCUSSÃO: A ação foi capa dos seis jornais da Capital, em 8 de janeiro

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Promovida ação para regularizar permissões de táxi e democratizar o mercado de trabalho dos taxistas

previsto no artigo 89 da Lei 8666/93, con-sistente no fato de terem prorrogado con-trato de concessão de serviço público de transporte coletivo urbano sem que fosse efetuada nova licitação. No caso, os agen-tes administrativos iniciaram e sancionaram projeto de lei que permitiu a prorrogação do referido contrato. Considerou-se que o ad-ministrador que - de forma omissiva - deixa de observar as formalidades pertinentes ao processo licitatório, fica sujeito a sanções do delito em questão. A existência de lei muni-cipal - supostamente amparando os atos dos administradores - não os livrou da respon-sabilização criminal, pois, de acordo com o STF, o regime de concessão e permissão de serviços públicos é regido por lei federal, ra-zão pela qual estaria prejudicada a alegação de incidência de lei municipal. Outra recente decisão do STF mostra a seriedade que deve nortear a administração pública. De acordo com notícia publicada no site do STF no úl-timo dia 28 de dezembro, o presidente da

Corte, ministro Joaquim Barbosa, suspen-deu decisão do TRF da 1ª Região, que permi-tia a prorrogação de contratos de franquias dos Correios sem a realização de licitação.

DIREITO AO TRABALHO: TAXISTAS

Na ação civil pública, o MPT lembra que, atualmente, as permissões de táxi estão nas mãos de um contingente relativamen-te pequeno dos taxistas da Capital, não têm prazo de validade e se perpetuam mediante artifícios vários, como utilização de procu-rações para a sua transferência ilegal, além de serem transmitidas inclusive a título he-reditário. A situação precariza o mercado de trabalho, pois deixa a imensa maioria dos profissionais nas mãos de um grupo pequeno de afortunados, muitos dos quais detentores ilegítimos de muitas permissões. Levantamento da própria administração pú-blica municipal admite que 35 pessoas admi-nistrariam pelo menos 386 permissões, ou

quase 10% do número total de permissões da Capital. Por isto é que, dos mais de 70 mil taxistas registrados, mais de 60 mil não con-seguem exercer a profissão. Como o direito ao trabalho é direito social assegurado aos trabalhadores, sejam eles empregados ou autônomos, somente a democratização do acesso às permissões é que permitirá que esses profissionais atualmente excluídos do mercado de trabalho possam vir a ter a oportunidade de exercer a sua profissão.

Estação Rodoviária Central de Porto Alegre (Largo Vespasiano J. Veppo, nº 70) reúne o maior número de táxis na Capital dos gaúchos A cidade conta com 386 permissões de táxi administradas por 35 pessoas, segundo levantamento da administração pública

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Em 7 de março, o juiz do Trabalho substituto Paulo Ernesto Dorn emi-tiu decisão concluindo a Justiça do Trabalho incompetente para apurar eventual nulidade do vínculo jurídico-administrativo nas concessões de táxis da Capital. Dorn destacou conflito de competências entre a Justiça do Tra-balho e a Justiça Estadual. A decisão acolheu preliminar de incompetência em razão da ação civil pública (ACP) movida pelo MPT, determinando a re-messa dos autos à Justiça Estadual. O procurador do Trabalho Ivo Eugênio Marques explicou que o MPT interpôs embargos de declaração para sanar al-gumas omissões da sentença. “Vamos recorrer desta decisão ao TRT4, pois temos convicção de que, como a ação visa resguardar o direito de acesso ao trabalho dos profissionais taxistas, que é direito social constitucionalmente as-segurado (artigo 6º, da CF/88), a com-petência para apreciar a ação é da Jus-tiça do Trabalho”, afirmou.

Interpostos embargos de declaraçãopara sanar omissões de sentença

Charge de Iotti publicada no jornal Zero Hora, em 9 de janeiro, na página 13

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O Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) está obrigado a providenciar a substituição da mão de obra intermediada por trabalha-dores concursados. A decisão da Justiça do Trabalho decorre de ACP, com pedido de antecipação de tutela, ajuizada pelo MPT. O procurador Fabiano Holz Beserra informa que a decisão refere-se aos 216 terceirizados que realizam atividades previstas no Quadro Geral de servidores da autarquia.

A 28º Vara do Trabalho de Porto Alegre determinou ao IRGA o prazo de 120 dias para que comprove a designação de concurso pú-blico e respectivas datas de provas para pre-enchimento das vagas relativas aos cargos regulares. Em caso de descumprimento, a pena será de R$ 1 mil para cada trabalhador em situação irregular (mão de obra interme-diada). A multa reverterá em favor do FAT.

O inquérito comprovou que a autarquia utiliza fornecimento de mão de obra por pessoas jurídicas interpostas. O fato foi des-crito na decisão do Tribunal de Contas do Es-tado (TCE). Foi constatada “contratação de pessoal por meio de convênios com coope-rativas; locação de mão de obra de empre-sas prestadoras de serviços e cinco contra-tos com consultores técnicos, muitos deles desempenhando atividades-fim”. Conforme o procurador, “não bastasse a ilegalidade em si, a desproporção entre quadros pró-prios e contratações precárias impressiona. A notícia era de 189 servidores efetivos para contingente de 216 trabalhadores contrata-dos por terceiros (49 pessoas contratadas por meio de convênios com cooperativas, 167 contratados mediante mão de obra loca-

da de empresas prestadoras de serviços e 5 consultores técnicos contratados), sem falar na existência de 102 CCs”.

No mesmo sentido, são os relatórios da Controladoria e Auditoria-Geral do Estado. Ocorre que, passado o tempo, houve altera-ção do modus operandi da fraude trabalhis-ta. A mão de obra fornecida por empresas e cooperativas foi substituída por entidade especialmente criada para esse fim: a Fun-dação de Apoio e Tecnologia ao IRGA (Fun-dação IRGA). Para o procurador, a entidade “nada mais é do que uma pessoa jurídica interposta criada unicamente para o forne-cimento de mão de obra à autarquia. Não possui sede ou instalações próprias, fazen-do uso das unidades do IRGA (central e seus

Núcleos de Assistência Técnica e Extensão no Interior). Também não possui equipa-mentos próprios e não presta nenhum servi-ço autônomo, apenas fornece mão de obra ao ente público, com violação da exigência constitucional de concurso público”.

O IRGA tem “como finalidade a realiza-ção de pesquisas e a assistência técnica à orizicultura”. A relação, apresentada pela própria fundação, arrola 76 profissionais de-sempenhando atividades-fim (engenheiros agrônomos, biólogos, técnicos agrícolas e químicos), além de um auxiliar administra-tivo. Cabe destacar que todas essas funções estão previstas no quadro geral dos servido-res do IRGA, ou seja, necessariamente de-vem ser providas por concurso público.

Combatidas fraudes trabalhistas no IRGA

Fachada do IRGA na avenida Missões, 342, bairro São Geraldo, em Porto Alegre (RS)

Conciliado acordo com Inmetro em ação civil públicaO Ministério Público do Trabalho (MPT)

conciliou acordo em ação civil pública (ACP) ajuizada contra o Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualida-de Industrial (Inmetro), sediada em Porto Alegre. O procurador do Trabalho Fabiano Holz Beserra informa que a autarquia fe-deral comprometeu-se a se abster de exi-gir atestados de boa conduta, bem como certidões negativas, criminais e/ou cíveis, inclusive trabalhistas. O inquérito civil do MPT havia constatado que o Inmetro fazia a exigência de apresentação de atestados de antecedentes criminais dos emprega-dos contratados pelas empresas que lhe prestam serviço.

O acordo previu, para garantir sua efetividade, a incidência de multa corres-pondente a sessenta vezes o salário míni-mo nacional por obrigação descumprida, cumulativamente em cada verificação. O valor será reversível ao Fundo de Amparo

ao Trabalhador (FAT) ou ao custeio de cur-sos de profissionalização. As aulas serão ministradas por entidades que compõem o chamado Sistema S (Senai, Senac, etc) para egressos do sistema carcerário e de

internação para menores em conflito com a lei. A homologação da conciliação ocor-reu em audiência realizada na 18º Vara do Trabalho de Porto Alegre, pelo juiz João Batista Sieczkowski Martins Vianna.

Instituto está localizado na avenida Berlim, bairro São Geraldo, Porto Alegre

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mPt Em Porto alEgrE 17

O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) comprometeu-se, perante o Mi-nistério Público do Trabalho (MPT), a pagar a cada um dos seus estagiários, até 31 de dezembro de 2013, diferença apurada en-tre o valor efetivamente pago a cada mês - a título de bolsa estágio - e o valor efetiva-mente devido pela aplicação do disposto na cláusula que trata do salário de ingresso dos instrumentos coletivos dos bancários com vigência nos anos de 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013, proporcionalmente à carga de 120 horas mensais. Termo de compromisso de ajustamento de conduta (TAC) foi firma-do, nesse sentido, pelo presidente Túlio Luiz Zamin. Aproximadamente 4.800 estagiários poderão ser beneficiados. Cada um deles re-ceberá valores calculados com base no pra-zo do contrato de estágio e norma coletiva aplicável.

O procurador do Trabalho Viktor Byru-chko Junior informa que o Banrisul descum-priu convenções coletivas aplicáveis aos bancários. As normas determinam o pa-gamento da bolsa devida ao estagiário em valor equivalente ao piso salarial normativo da categoria. “A estipulação coletiva que equipara os valores objetiva garantir que os bancos não utilizem mão de obra de esta-giários para funções que devem ser desem-penhadas por bancários”, explica o procura-dor. Com base no instrumento coletivo com vigência no período 2012/2013, o valor que o Banrisul pagaria a título de bolsa estágio seria equivalente a R$ 645,66 para seis horas

e R$ 430,44 para quatro horas, enquanto o piso salarial normativo devido ao bancário é de R$ R$ 1.519.

O TAC prevê, ainda, que “considera-se comprovado o cumprimento da obrigação quanto aos estagiários em relação aos quais houver demonstração de pagamento judi-cial, for proferida decisão, com trânsito em julgado, de improcedência, ou acolhida pre-judicial de prescrição/decadência, com trân-sito em julgado, em ação na qual vindicadas diferenças a título de bolsa estágio com base nas normas coletivas. Com relação àqueles que possuem ação judicial em tramitação perante a Justiça do Trabalho ou Cível pos-tulando o pagamento de diferenças relativas às verbas, somente haverá o pagamento nos

autos do processo judicial, caso procedente a ação”. O procurador ressalta, ainda, que “os pagamentos efetuados com base no TAC implicarão em quitação restrita às parcelas e aos valores efetivamente pagos”.

O descumprimento sujeitará o Banrisul ao pagamento de multa de R$ 5 mil por dia de atraso na entrega da documentação des-tinada à comprovação do pagamento e de R$ 10 mil por estagiário prejudicado, assim entendendo-se todo aquele em relação ao qual for verificada qualquer irregularidade quanto à satisfação das diferenças, como pagamento em valor inferior, ou falta de pa-gamento. A multa eventualmente apurada será revertida ao Fundo de Defesa de Direi-tos Difusos (FDD).

Estagiários do Banrisul receberão diferenças

Sede do Banrisul na rua Capitão Montanha, 177, no Centro Histórico de Porto Alegre

Defendidos direitos dos trabalhadores da CootravipaA Cooperativa de Trabalho, Produção e

Comercialização dos Trabalhadores Autô-nomos das Vilas de Porto Alegre (Cootravi-pa) firmou TAC com o MPT comprometen-do-se a cumprir a legislação de segurança e saúde do trabalho. O contrato de pres-tação de serviços de limpeza urbana em logradouros públicos de Porto Alegre com o Departamento Municipal de Limpeza Ur-bana (DMLU) prevê expressamente “cum-prir todas as disposições legais pertinentes à saúde e segurança do trabalho as quais estão sujeitos contratos de trabalho regi-dos pela CLT, independente do seu quadro de pessoal enquadrar-se nesta situação”.

A procuradora Aline Zerwes Botta-ri Brasil ressalta que o acordo não serve como reconhecimento, por parte do MPT, da legalidade e regularidade da cooperati-va, seja quanto a sua formação, operação e funcionamento e, principalmente, no que se refere à natureza do vínculo manti-do com os trabalhadores. Em caso de des-cumprimento, a multa é de R$ 500 a cada

obrigação desatendida e R$ 100 por traba-lhador encontrado em situação irregular.

A Cootravipa deverá fornecer gratuita-mente, ser responsável pela manutenção e reposição dos mesmos quando desgas-tados e tornar obrigatório o uso dos equi-pamentos de proteção individual (EPIs) necessários e adequados ao exercício das atividades, de modo imediato e relativa-mente a todos os trabalhadores atuais e fu-turos. Também deverá fornecer o uniforme necessário e adequado para desempenho das atividades, cor laranja e com faixas re-fletivas. A gratuidade dos uniformes é obri-gatória para até doze jalecos por ano, seis calças por ano e dois bonés por ano, condi-cionada à devolução do uniforme anterior.

Pelo acordo, a cooperativa deverá re-alizar treinamento admissional e periódi-co dos trabalhadores, com programação contínua para prevenção de acidentes, realização de capacitação admissional e reciclagem, com frequência trimestral ou inferior. Ainda deverá fornecer água fresca

e potável, armazenada em recipientes ade-quados, para todos os trabalhadores. Tam-bém está obrigada a manter as equipes de trabalho com todas as ferramentas, equi-pamentos de proteção coletiva e insumos, atentando especificamente para que seja fornecido a todas as equipes o número ne-cessário de cones com faixas reflexivas, ca-valetes de sinalização (com identificação), painéis com setas luminosas e bandeirolas, bem como que os carrinhos de varrição in-dividual possuam faixas com refletância na parte superior e inferior externa.

Prédio da Cootravipa na rua Orfanotrófio

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Atuação garante normalização do transporte em Porto Alegre

Medida cautelar requerida pelo MPT em 19 de fevereiro e deferida pela Justiça na mesma data, restaurou a normalidade do transporte público de Porto Alegre. Na ma-nhã do mesmo dia, os trabalhadores rodovi-ários da Capital iniciaram, sem a observância dos requisitos da Lei de Greve, a chamada “operação tartaruga”, em que os ônibus cir-cularam com velocidade inferior a 30 km/h, entre s 7h e 9h30min. A categoria ameaçava repetir a mobilização ao final da tarde. Dian-

te da situação, classificada pelo MPT como uma “greve atípica”, a procuradora regio-nal Beatriz de Holleben Junqueira Fialho e o procurador Noedi Rodrigues da Silva ajui-zaram medida cautelar perante o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), com pedido de liminar, para suspensão do movimento. Em função da medida judicial, que estipulou multa de R$ 100 mil no caso de descumprimento, o trânsito fluiu normal-mente na tarde de 19 fevereiro, evitando no-

vos transtornos à população.O movimento dos rodoviários foi atribu-

ído a uma disputa interna no Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Coletivos e Seletivos Urbanos de Passagei-ros de Porto Alegre, já que a Comissão de Negociação, eleita para participar das trata-tivas negociais relativas e data base de 2013, não reconhece como válida a Convenção Coletiva de Trabalho já protocolizada no Mi-nistério do Trabalho e Emprego (MTE) pelos sindicatos profissional e patronal. Segundo a referida Comissão, a assembleia geral que aprovou a proposta de reajuste de 7,5%, au-mento de R$ 1,00 no vale refeição e manu-tenção das cláusulas sociais, é nula, uma vez que pessoas não ligadas à categoria teriam integrado a votação.

O MPT, chamado a mediar o conflito, su-geriu, por meio dos procuradores regionais Beatriz de Holleben Junqueira Fialho e Paulo Eduardo Pinto de Queiroz, a realização de plebiscito, no qual seriam ouvidos os inte-grantes da categoria no sentido de ratificar ou não a CCT vigente. Embora inicialmente aceita a sugestão, acusações m tuas de des-cumprimento do pactuado na reunião de mediação, acabaram por inviabilizar a con-sulta plebiscitária.

Foram realizadas reuniões com Sindicato, Comissão de Negociação e patronal

Cobrado concurso público para Fundação Theatro São Pedro

O Ministério Público do Trabalho (MPT) emitiu notificação recomendatória à Fundação Theatro São Pedro e à Secretaria Estadual de Administração e Recursos Humanos (SARH) do Rio Grande do Sul no dia 21 de fevereiro. As entidades devem apre-sentar, no prazo de 30 dias, relatório das providências tomadas para regularizar a contratação de pessoal para a Fundação, com previsão de cronograma para a elaboração de projeto de lei que crie um plano de cargos e salários, a fim de viabilizar a realização de concurso público. Conforme o procurador do Trabalho Carlos

Carneiro Esteves Neto, o não atendimento da notificação enseja-rá a adoção das medidas judiciais cabíveis, por parte do MPT.

Foi constatada irregularidade no processo de contratação da Fundação Theatro São Pedro. Como a entidade integra a Admi-nistração Pública Indireta do Estado, as vagas deveriam ser pre-enchidas mediante concurso público, salvo exceções previstas em lei. No entanto, o inquérito civil público nº 000590.2005.04.000/9 revelou a contratação de servidores por intermédio da Associação de Amigos do Theatro São Pedro, o que configura atividade ilícita.

Theatro São Pedro situa-se na Praça Marechal Deodoro (mais conhecida como Praça da Matriz), no Centro Histórico da Capital

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ENtrEvista 19

Revista do Trabalho: Na sua opinião, qual a importância da fiscali-zação rural ao trabalhador?Inez Malcum Rospide: A fiscalização rural atinge os trabalhadores que não possuem nenhum tipo de qualificação, por serem pessoas humildes. Isso faz a diferença em suas vidas, pois muitas vezes eles trabalham por 10, 15, 20 anos sem CTPS anotada. Isso não contem-plaria o tempo de serviço necessário para uma futura aposentadoria.

RT: No último biênio, foram flagradas situações de trabalho escra-vo contemporâneo no Rio Grande do Sul?Inez: Sim. Tivemos no RS sete ações que culminaram no resgate de trabalhadores em condições análogas a de escravos, no âmbito ru-ral.

RT: Em caso positivo, quais as regiões, cidades e principais ativi-dades dos trabalhadores? Acontecem em âmbitos rural e urbano?Inez: As atividades são essencialmente rurais. O caso mais recente foi no município de Bom Jesus, envolvendo índios da tribo Caingan-gue/, que estavam trabalhando na colheita da maçã (reportagem na edição anterior desta Revista). A ação foi desenvolvida juntamente com o MPT em novembro e dezembro de 2012. Nessa oportunida-de, foram resgatados 42 trabalhadores, sendo que cinco eram me-nores de 18 anos e quatro menores de 16. Também tivemos resgates de trabalhadores no município de Canguçu e, novamente, em Bom Jesus, em atividades de corte de acácia e colheita de maçã e de bata-ta. Não tenho conhecimento de trabalho urbano análogo a escravo em nosso Estado, não querendo dizer com isso que não exista.

RT: Houve resgate de trabalhadores menores de idade? Em que tipo de atividade? Houve a localização dos pais ou responsáveis legais?Inez: Sim, houve resgate de trabalhadores menores na colheita da maçã, inclusive os pais trabalhavam no mesmo local, bem como o cacique dos índios. Neste caso, é feito um termo de afastamento do menor, em que o empregador assina, tomando ciência de que não pode alocar mão de obra de trabalhador menor de idade.

RT: Na hipótese de haver trabalho de menores, quais as consequ-ências para os pais? Quem recebe os valores a que se têm direito?Inez: O pagamento é feito ao trabalhador menor de idade na pre-sença dos pais, que assinam conjuntamente com os filhos as resci-sões. Aos pais não é imposta nenhuma sanção, mas são orientados que o menor não pode voltar a trabalhar. Após, são encaminhadas as fichas do trabalhador menor ao setor de Combate ao Trabalho In-fantil da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, que é outro projeto de fiscalização.

RT: Quais as razões dessa reiteração de conduta pelos emprega-dores?Inez: Acredito que a necessidade de buscar mão de obra em outras cidades e estados seja um dos fatores que contribuem para que haja trabalhadores em condições análogas a de escravos. São trazidos com promessas que não se cumprem, seja na questão das condições de alojamento que deixam muito a desejar, seja no fator pagamen-to, pois o valor não é o mesmo que foi combinado. Acredito, tam-bém, que a impunidade seja um dos fatores que leva a essa prática

semelhante à escravatura. Contam com a sorte de não serem fisca-lizados. Infelizmente, a fiscalização não consegue ter a abrangên-cia necessária, de forma que atinja a todos os empregadores. Aqui, cabe salientar que não há nenhum tipo de preocupação por parte do empregador com o ser humano que é o trabalhador. Em nenhuma propriedade que até agora fiscalizei - e foram muitas - nunca encon-trei uma área de lazer. Será que após labutar a semana inteira este trabalhador não merece esse benefício? Infelizmente, por falta de uma atividade de lazer sadia, estes trabalhadores acabam bebendo, muitas vezes se drogam, e depois brigam e criam escaramuças nos alojamentos. Também nunca vi e nem ouvi falar que fosse propor-cionado a estes trabalhadores algum tipo de culto religioso. Está na hora de o empregador olhar para seu trabalhador, não como objeto de trabalho, mas sim como um ser humano que merece e tem o di-reito de ser respeitado. A falta de formação dos trabalhadores acaba contribuindo para sua exploração.

RT: Qual planejamento atual do MTE para enfrentar essas situa-ções?Inez: Reitera-se a ação fiscal e encaminha-se ao MPT para firmação de TAC. Acredito que também seria importante realizar palestras e seminários para conscientizar tanto empregador como trabalhador a fim de evitar que essas situações aconteçam novamente.

RT: Quais são as situações recorrentes verificadas? A que auditoria fiscal atribui a reiteração desse tipo de conduta?Inez: Falta de registro de trabalhadores é o mais comum. Outras dificuldades encontradas pela fiscalização são a falta de sanitários e de locais adequados para alimentação no ambiente de trabalho. São autuados e, em caso de recorrência, procura-se encaminhar ao Ministério Público do Trabalho para firmação de TAC.

RT: Após uma operação de fiscalização, quais são os encaminha-mentos dados ao trabalhador? Os trabalhadores são recolocados ou recebem alguma orientação para não se submeterem a essa si-tuação novamente?Inez: Quando há resgate de trabalhadores em condições análogas a de escravos, os direitos trabalhistas são pagos. Também são emi-tidas guias de Seguro Desemprego (3 parcelas), e os trabalhadores encaminhados ao local de origem, às expensas do empregador. Os trabalhadores são orientados, mas infelizmente ainda não temos programas de formação e recolocação desses operários. Cabe sa-lientar que normalmente estes trabalhadores não possuem preparo algum, apenas são exigidos sua força de trabalho.

RT: Caso o empregador flagrado mantendo trabalhadores nas con-dições análogas às de escravos não disponha de numerário para realizar o pagamento da rescisão do contrato, como a fiscalização conclui a operação?Inez: O MPT, se não houver participado da ação, receberá um rela-tório da ação fiscal e encaminhará as ações civis e criminais cabíveis. Cabe salientar que aqui no Estado não houve nenhum caso nos res-gates efetuados em que o empregador não tenha efetuado o paga-mento. Que eu tenha conhecimento, foi registrado apenas um caso em nível nacional, no estado do Pará.

Inez Malcum RospideCoordenadora do Projeto de Fiscalização Rural no Rio Grande do Sul do MTE/RS

Inez Malcum Rospide é coordenadora do Projeto de Fiscalização Rural no RS. Auditora-fiscal do Trabalho desde 1986, lotada na Gerência Regional do Trabalho e Emprego (GRTE) de Viamão, é bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Santo Ângelo, com especializações em Recursos Humanos e em Direito do Trabalho.

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Promover a igualdade de oportunidades e

combater a discriminação nas relações de trabalho

Erradicar a exploração do trabalho da criança e

proteger o trabalhador adolescente

Erradicar o trabalho escravo e

degradante

Garantir o meio ambiente do trabalho adequado

Eliminar as fraudes trabalhistas

Combater as irregularidades na administração

pública

Proteger o trabalho portuário e aquaviário

Garantir a liberdade sindical e buscar pacificar

conflitos coletivos de trabalho

No Rio Grande do Sul, 61 procuradores atuam na preservação das garantias fundamentais e sociais dos trabalhadores.

É tarefa do MPT proteger os direitos trabalhistas dos cidadãos.

Mais informações:

www.prt4.mpt.gov.br

Rua Ramiro Barcelos, 104, bairro Floresta, Porto Alegre

(51) 3284-3000 @MPT_RS

ASC

OM

MPT

-RS