revista pontos de vista edição 43

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente MARÇO 2015 / EDIÇÃO Nº 43 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros TRAVELSTORE AMERICAN EXPRESS – TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM VIAGENS DE NEGÓCIOS O QUE É NACIONAL É BOM COMÉRCIO ELETRÓNICO – QUE VANTAGENS? ARLINDO CUNHA “QUE OS TURISTAS TENHAM UMA NOVA OPORTUNIDADE DE REDESCOBRIR AS QUINTAS E ADEGAS DO DãO. ESTE é UM PRODUTO TURíSTICO DE VALIA E EXCELêNCIA ONDE PODEM ADQUIRIR E CONHECER OS VINHOS E OUTROS PRODUTOS DA REGIãO” Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, revela o que espera com a Nova Rota de Turismo do Dão: pág. 26 de Vista Pontos

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 43

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente

MARÇO 2015 / EDIÇÃO Nº 43 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

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Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, revela o que espera com a Nova Rota de Turismo do Dão:

pág. 26

de Vistapontos

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De facto a internacionalização das empresas portuguesas, assume--se, atualmente, não só como uma estratégia de competitividade, mas antes como uma “opção”, sem qualquer outra, das empresas se posicionarem e sobreviverem nos mercados.

Afigura-se, desta forma, necessário aprender a pensar de uma forma global, atento às exigências da forte concorrência internacional, sendo certo que a competitividade da oferta só poderá ser uma realidade se a aposta se basear na diferenciação dos produtos, numa cultura e numa prática de inovação e na dinamização do controlo dos custos, ou seja, da sua eficiência, a qual pas-sa pela celebração de projetos conjuntos de cooperação internacional e na criação de sinergias entre os promotores, de forma a potenciar a capacidade produtiva e comercial das empresas.Neste contexto, cabe ao Estado Português criar medidas de apoio e dispo-nibilizar recursos financeiros, atento ao cenário de escassez dos mesmos, bem como adoptar políticas estratégicas, designadamente através de incen-tivos fiscais à internacionalização, que visem a potencialização da capacida-de da estrutura empresarial nacional.Nesta medida e no sentido de dinamizar a internacionalização do tecido empresarial português, o Governo criou o denominado “Conselho Estraté-gico de Internacionalização da Economia” que reflete o compromisso com as exportações para recuperar a economia e cuja missão é a de avaliar as políticas públicas e iniciativas privadas desenvolvidas que visem captar o investimento estrangeiro, por um lado, e a internacionalização das empresas portuguesas, por outro.A Resolução nº 115/2009 do Conselho de Ministros, de 15 de dezembro de 2009, criou 14 postos de apoio técnico às empresas exportadoras ou potencialmente exportadoras – as denominadas “Lojas de Exportação”. As referidas têm por finalidade desenvolver um relacionamento próximo com as empresas que poderão ali encontrar informações e obter esclarecimentos técnicos sobre os produtos e serviços de suporte à estratégia de abordagem dos mercados internacionais.Os supra mencionados espaços visam o alargamento da base exportadora nacional, inserindo-se numa estratégia governamental de descentralização dos serviços para as quais estão vocacionadas, permitindo às empresas ex-portadoras terem um acompanhamento por profissionais especializados, em locais próximos daquele em que se encontram sediadas. Neste contexto foram criadas “lojas de exportação” nos distritos de Angra do Heroísmo; Aveiro; Braga; Bragança; Coimbra; Évora; Faro; Guarda; Leiria; Lisboa; Ponta Delgada; Porto e Viseu.Também os incentivos financeiros à internacionalização se afiguram como um instrumento fundamental no apoio ao investimento, inserido numa ló-gica de estratégia de uma sólida e planeada internacionalização das empre-sas. Os referidos incentivos encontram-se regulados nos Decretos – Lei n.º 249/2009 e DL n.º 250/2009, que vieram alterar o anterior quadro legal,

A InternAcIonAlIzAçãodA economIA nAcIonAl

– “uma luz ao Fundo do túnel”

essencialmente quanto ao prazo da sua vigência (por mais dez anos, englo-bando os projetos a serem realizados até 31 de dezembro de 2020) e quanto ao valor do montante mínimo de investimento elegível (€250.000), de acordo com o preceituado no nº 4 do artigo 41º do Estatuto dos Benefícios Fiscais.No sentido de Revitalizar a Economia Portuguesa, a Lei nº16/2012 de 20 de abril de 2012 veio introduzir a sexta alteração ao Código da Insolvência e de Recuperação de Empresas, instituindo o Processo Especial de Revita-lização, da Economia Portuguesa. Neste contexto, encontram-se inúmeras empresas portuguesas em Processo de Revitalização, sendo que muitas da-quelas se encontram vocacionadas para a exportação, fazendo desta a sua única esperança de se manterem “vivas” nos mercados.Em tom de nota, já que muito haverá para desenvolver nesta matéria, o XIX Governo Constitucional e o programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, recentemente concluído, considerou que apesar das melhorias verificadas no contexto económico e financeiro nacional e inter-nacional, subsistem desafios concretos relacionados com a melhoria contí-nua da estrutura financeira, com o grau de dependência do financiamento bancário e com o nível de capitais próprios.Neste contexto, no passado dia 6 de fevereiro foi publicado o Decreto-Lei nº26/2015, o qual entrou em vigor no dia 1 de março de 2015 e que vem definir o conjunto de medidas de política económica, consideradas neces-sárias para promover um contexto adequado à aceleração do crescimento económico, bem como à consolidação, reestruturação e criação de empre-sas, potenciando a renovação do tecido empresarial nacional, num contexto alinhado com as melhores práticas internacionais, designadamente através da aprovação de planos de recuperação de empresas, do financiamento de longo prazo da atividade produtiva e à emissão de instrumentos híbridos de capitalização que facilitem a entrada de investidores que aportem capital e competências adicionais.As referidas medidas serão concretizadas através da introdução de altera-ções aos regimes do Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extra-judicial – SIREVE e do Processo Especial de Revitalização – PER, e aos regimes de emissão de obrigações e Ações preferenciais do Código das Sociedades Comerciais, que oportunamente serão devidamente analisadas, e que poderão vir a configurar-se determinantes para o crescimento da eco-nomia nacional, nomeadamente através da crescente internacionalização das empresas portuguesas, podendo-se afirmar, ainda que em jeito muito tímido, que “há luz ao fundo do túnel” para a economia nacional.

INTERNACIONALIZAÇÃO

Num contexto de recessão económica que se faz sentir à escala mundial, a economia portuguesa é, indubitavelmente,

uma das mais afetadas por este fenómeno, o qual tem vindo a desencadear a insolvência e o “fechar de portas” de muitas e importantes empresas nacionais que atuam nos

mercados exportadores. É neste contexto que a dinamização da internacionalização das empresas nacionais, através do

aumento das suas exportações bem como a criação de outras, cujos produtos se destinem essencialmente para o mercado externo, assume um papel primordial para a Revitalização da

Economia Portuguesa.

A OPINIÃO DE CARLA SANTOS, Administradora Judicial

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FiChA téCniCA

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anun-ciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.Propriedade, Edição, Administração e Autor

Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

Administração – Redação – Depº GráficoRua Rei Ramiro 870, 5º A4400 – 281 Vila Nova de GaiaTelefone/Fax +351 220 926 879

Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80E-mail: [email protected]@pontosdevista.pt www.pontosdevista.ptwww.horizonte-de-palavras.ptwww.facebook.com/pontosdevista

ImpressãoLidergraf - Sustainable PrintingDistribuição Nacional / Periodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448ISSN: 2182-3197Dep. Legal: 374222/14Distribuição Nacional gratuitacom o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesDIR. INFORMAÇÃO: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara Soares | Rita DuarteColaboração especial: Sandra Arouca

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Alexandra Bessa | Nuno AlvesJosé Moreira | Miguel Beirão | Nelson Luiz

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

em destAQue Índice de TeMAS

20InoVAGAIA

“Homens e Mulheres? Não há primeiros, nem segundos lugares… Ninguém constrói nada sozinho”. Quem o diz é Maria Cândida de Oliveira, Presidente da INOVAGAIA e uma das personalidades femininas mais reconhecidas no panorama nacional

34IAPmeI

Existem 1845 empresas portuguesas que são as “melhores das melhores”, com um desempenho acima da média nacional. Miguel Cruz, Presidente do IAPMEI, fala, nesta entrevista, sobre as PME Excelência 2014

60cPlP

Embaixador Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP, faz um balanço do trabalho realizado ao serviço da estabilidade, do crescimento económico e do desenvolvimento social dos Estados membros

8 - Propriedade Industrial

10 - Direito

12 - Liderança no Feminino

26 - Setor Vitivinícola do Dão e Enoturismo

30 - Produtos de qualidade

34 - PME Excelência – A Internacionalização

38 - Gestão de Topo

40 - Portugal 2020

45 - Habitações Sustentáveis

46 - Limpeza Industrial

47 - Consultadoria Científica

48 - APP’s e Domínios

51 - Comércio Eletrónico – Mais Valias

54 - Viagens de Negócios – Inovação

56 - Relações Bilaterais Portugal – Áustria

60 - CPLP

68 - Avaliação Imobiliária

72 - Peritos Avaliadores da Lista Oficial da Justiça

74 - Dia Nacional dos Centros Históricos

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1 • A propriedade industrial tem evoluído, nos últimos 50 anos – em especial desde que foi criada a OMPI, ou seja a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, em 1967 – alterando princípios e práticas que não defendiam, da melhor maneira, os respetivos direitos.Uma dessas alterações foi a criação das “declarações de consenti-mento”, que, para o registo de marcas, transferiram para os interes-sados as decisões de recusa, por motivos relativos, que eram profe-ridas pelos Institutos ou Departamentos de Propriedade Industrial, portanto com fundamento em registos ou pedidos de registo de marcas anteriores, consideradas confundíveis, para assinalar produ-tos ou serviços idênticos ou afins.

2 • Os registos de marcas podem ser recusados a) Por motivos absolutos; e b) Por motivos relativos.

A recusa do registo por motivos absolutos ocorre quando se tra-ta de um sinal que não apresenta condições para ser conferido em exclusivo (falta de caráter distintivo, indicações que possam servir para designar a espécie, qualidade, etc), mas a recusa por motivos relativos visa proteger direitos de terceiros, ou seja, quando o novo sinal pode causar confusão com outro já registado para produtos ou serviços idênticos ou afins.

3 • Perante um pedido de registo novo, os titulares ou requerentes de registos de marcas anteriores, têm três atitudes possíveis:a) Não intervir no processo; b) Fazer oposição ao pedido de registo, reclamando; e c) Autorizar esse registo quando a recusa é fundamentada nos seus direitos anteriores.

4 • Sucede que, por vezes, os registos não são renovados dentro dos prazos estabelecidos, o que determina a respetiva caducidade.No entanto, dentro de certos limites, pode ser requerida a revali-dação desses registos, que só poderá ser concedida sem prejuízo de direitos de terceiros.

5 • Quer dizer : aplicam-se, às revalidações, os princípios que regulam os novos pedidos de registo.

6 • Ora, quando é requerida a revalidação, a prática administrativa para defender os direitos de terceiros consiste em fazer uma “busca” ou “pesquisa” nos registos e pedidos de registo e, se for encontrado algum que, no entender do Examinador, possa confundir-se com a marca cujo registo caducou, a revalidação é logo recusada, sem que o titular do registo oposto seja consultado. Mas, se o detentor desse direito estava identificado, não seria normal perguntar-lhe se essa revalidação poderia ocasionar-lhe prejuízos? Como pode o Examinador decidir que há prejuízos e com que legi-timidade pode o INPI decidir dos interesses alheios?E se o interesse do detentor desse direito fosse negociar uma decla-ração de consentimento para a revalidação ser concedida? Como pode ignorar-se que essa decisão deve ser apenas tomada pelo detentor do direito oposto ?

7 • O que choca mais nem é o desconhecimento de noções elemen-tares de Propriedade Industrial, mas a falta de senso dessas decisões que ninguém entende ou aceita : recusa-se a revalidação, que pode causar graves prejuízos ao detentor do registo caducado por falta de

dIreItoS de ProPrIedAde IndUStrIAlo restabelecimento e a revalidação

renovação dentro do prazo, como se fosse uma decisão banal, sobre a qual não vale a pena refletir, para encontrar a decisão correta.

8 • Por exemplo, foi recusada a revalidação de um registo de marca, com fundamento na existência de um registo de marca comunitá-ria – concedido na vigência do registo caducado – porque o INPI decidiu que havia prejuízos do respetivo titular.Não se trata de uma decisão do Examinador – que apenas propõe a recusa do registo – mas dos responsáveis pelo Departamento, que de-viam ter mais experiência e decidir com dose adequada de bom senso.E foi necessária a intervenção do Tribunal da Relação de Lisboa, para – só com bom senso – decidir corretamente o problema.Sem comentários – e vejamos o problema concreto de que estamos a falar.

9 • Em 23 de junho de 1992 foi requerido o registo da marca nº 283.851 –“PAINEX” – por CONFAR - Consórcio Farmacêutico, Lda., concedido por despacho do Instituto Nacional da Proprieda-de Industrial de 30 de dezembro de 1993.Como este registo não foi renovado até 30 de dezembro de 2003, foi declarada a respetiva caducidade, em 30 de setembro de 2004.O que levou, depois, a titular do registo a pedir a correspondente revalidação, em 3 de dezembro de 2004.

10 • O pedido de revalidação mereceu o seguinte parecer do Técnico que o examinou:........“Uma vez que a revalidação só poderá ser autorizada sem prejuízo de direitos de terceiros, foram efetuadas pesquisas de anterioridade com o intuito de dirimir qualquer possibilidade de lesão de direitos entretanto constituídos.Ora, neste contexto foi detetada a marca comunitária nº 252403 – PAI-NEX, cujo pedido data de 02.05.1996 e a concessão de 05.01.2000, que se destina a identificar, entre outros produtos, “produtos farmacêuticos”, cuja titular é Painex Pharma GmbH, uma sociedade alemã.........Consideramos então que, com a eventual aceitação do presente pedido de revalidação, poderiam advir prejuízos para os direitos adquiridos por terceiros pelo que, nos termos do nº 2 do Art.º 350º do Código da Pro-priedade Industrial, propomos o indeferimento do pedido de revalidação em apreço.”

E a revalidação foi recusada, por decisão da Direção de Marcas.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

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11 • A situação criada levou a titular do registo a recorrer para o Tribunal do Comércio de Lisboa, que confirmou a decisão do INPI.Desta sentença foi levado recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa que, por Acórdão de 14 de julho de 2012 (publicado no BPI nº 194/2012, de 9 de outubro de 2012), concedeu provimento à apelação, revogando a decisão da 1ª Instância e concedendo a reva-lidação do registo, resumindo o problema da seguinte forma:

“Portanto, o registo português é de 1993 e estava em vigor e plenamente válido em 2000, quando foi feito o registo da marca alemã. Apesar disso o segundo registo foi aceite. Os dois registos têm coexistido sem noticia de conflitos ou choques de interesses. É certo que a Autora não deduziu oposição ao pedido de registo alemão, mas é igualmente certo que a marca alemã não deduziu oposição ao pe-dido de revalidação da marca portuguesa, formulado em 2004 – parece haver uma tolerência mutua entre os titulares das duas marcas. Por outro lado, se a Autora não tivesse deixado caducar o registo, as duas marcas estariam ainda hoje – desde 2000 – coexistindo. Em bom rigor o registo alemão não devia ter sido concedido. E não parece que a omissão de diligencia que o tornou possivel, por parte da entidade que procedeu ao registo, deva agora penalizar quem nessa omissão não teve responsabilidade, a Autora.”

Fazendo, a seguir, referência ao artigo 267º do Código da Proprie-dade Industrial (Preclusão por tolerância), concluiu de forma intei-ramente correta:

“A situação deste processo é algo diversa da previsão do art.º 267º, pois não se prova, nem sequer está aqui em causa, que os donos da marca alemã tivessem conhecimento da marca portuguesa e vice-versa – mas prova-se que as duas marcas coexistiram no espaço europeu durante mais de 5 anos sem qualquer conflito ou choque de interesses. Não havendo previsão expressa para a situação desenhada nos autos, pa-rece aceitável a aplicação analógica do preceito indicado, que se dirige a situações bastante próximas da deste processo, embora não totalmente coincidentes.Pelo que, salvo o devido respeito por opinião contrária, o pedido de revali-dação do registo nacional nº 283.851 estava em condições de ser deferido. Procedendo, assim, a aliás douta apelação.”

12 • E o Tribunal da Relação de Lisboa alterou a decisão do INPI que tinha recusado a revalidação do registo da marca nº 283.851. Na verdade, foram devidamente considerados os direitos do titular do

registo caducado, tanto mais que a decisão do INPI não tem qualquer justificação nos nossos dias e revela, até, um inaceitável afastamento dos princípios mais elementares da Propriedade Industrial. O problema foi, portanto, bem entendido pelo Tribunal da Relação de Lisboa, que – com notável bom senso – aplicou um raciocínio elementar, embora desconhecendo, talvez, aspetos que o INPI tinha obrigação de saber.

13 • Mas é extremamente importante notar que o nº 2 do arti-go 350º do Código da Propriedade Industrial não manda recusar a revalidação se houver prejuízo de direitos de terceiros: apenas diz que esta não pode ser concedida com prejuízo de direitos de terceiros o que é inteiramente diferente. Quer dizer: desde que os direitos de terceiros sejam acautelados, deve proceder-se à revalidação. Por outro lado, a resolução de certos problemas da Propriedade Industrial – como a revalidação de direitos – requer maturidade, experiencia, conhecimentos e bom senso: mas, na decisão de recu-sa de revalidação do registo da marca “PAINEX”, não transparece qualquer um destes atributos.

14 • Embora não se lembrando, ao que parece, do artigo 8º do Código da Propriedade Industrial (relativo ao restabelecimento de direitos), das declarações de consentimento (artigo 243º) e que o IHMI, de Ali-cante, só examina os motivos relativos de recusa quando há reclama-ção (razão pela qual o registo da marca comunitária referido neste pro-cesso terá sido concedido), o Tribunal da Relação de Lisboa aplicou criteriosamente os princípios e chegou, facilmente, à solução correta.É que os ilustres Desembargadores que proferiram a decisão ti-nham, sem qualquer dúvida, maturidade, experiência, conhecimen-tos e bom senso.

15 • A decisão do INPI causou naturais prejuízos à titular do regis-to, que esperou OITO longos anos para ver o seu direito revalidado.E quem a indemniza desses prejuízos e das despesas do processo?Nunca é demais repetir que as declarações de consentimento, em ma-téria de motivos relativos, transferiram o poder decisório do INPI para as partes (artigo 243º do Código da Propriedade Industrial).Ora, no processo que nos ocupa, o tal terceiro estava perfeitamente identificado, uma vez que o registo das marcas comunitárias fornece todos os elementos necessários.Assim, a Direção de Marcas deveria ter notificado o titular do registo oposto para justificar prejuízos – se os tivesse – e decidir em confor-midade: não havendo resposta à notificação ou prejuízos provados, o registo português seria revalidado sem qualquer restrição mas, se os houvesse, a revalidação podia ser concedida com a restrição do registo não ser oponível ao terceiro em causa, considerando, até, que tinham coexistido durante vários anos sem qualquer problema.A notificação ao titular do direito oposto à revalidação parece es-sencial, por várias razões: a ) Só ele pode dizer se a revalidação o prejudica; b ) Na verdade, a revalidação até o pode beneficiar se negociar uma declaração de consentimento com o titular do direito caducado; c ) Não parece correto recusar a revalidação ou fazer qualquer limi-tação ao direito revalidado, sem que o eventual prejudicado justifi-que prejuízos; d ) O que é assegurado pela sua intervenção obrigatória no proces-so, depois de notificado pelo INPI; e ) O que também seria benéfico para o nosso País, uma vez que a intervenção no processo do titular do direito oposto, traria alguns benefícios materiais.

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“Mas é extremamente importante notar que o nº 2 do artigo 350º. do Código da Propriedade Industrial não manda recusar a revalidação se houver prejuízo de direitos de terceiros: apenas diz que esta não pode ser concedida com pre-juízo de direitos de terceiros o que é inteiramente diferente. Quer dizer: desde que os direitos de terceiros sejam acautelados, deve proceder-se à revalidação”

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Assim, na tentativa de captar o inves-timento de cidadãos estrangeiros, foi promulgada a lei nº 29/2012 de 9 de agosto, com início de vigência a 8 de

outubro que, tendo alterado a lei 23/2007 de 4 de julho, possibilitou a criação de condições que não só atraíssem os capitais de nacionais oriundos de estados terceiros, procurando em simultâneo ci-mentar um vínculo de ligação entre os investido-res e o território luso.No regime atualmente vigente, impõe-se a cria-ção de postos de trabalho, a transferência de ca-pitais e a aquisição de bens imóveis, ainda que em compropriedade, desde que o investimento de cada adquirente seja de montante igual ou su-perior a € 500.000,00 (Quinhentos Mil Euros).Adicionalmente, é ainda imposto, um período mínimo de permanência do requerente de visto em território nacional.Com efeito, o reverso da medalha, reside no fac-to de este poder ser um mecanismo facilitador da entrada de cidadãos pertencentes a redes de criminalidade altamente organizada que procu-ram expandir as suas áreas de atuação, motivo pelo qual, e de molde a acautelar uma tendên-cia criminógena ainda embrionária, encontram--se legalmente vertidos alguns pressupostos que quando não observados, obstam à concessão da autorização de residência a saber:1. Ausência de cadastro criminal ligado ao terro-rismo, ou a redes de pessoas consideradas ilegais;2. Inexistência de medida de afastamento, não se encontrando por isso interdita a entrada em Portugal;3. Ausência de condenação por crimes que, face à lei portuguesa correspondam à aplicação de uma pena privativa da liberdade de duração superior a um ano;4. Não se encontrar numa situação que, quando conhecida pelas autoridades competentes, obste à concessão de visto.

A erA doUrAdAdo investimento

DIREITO

No rescaldo das recentes notícias que dão como certa a alteração dos requisitos

inerentes à concessão da Autorização de Residência para Atividade de

investimento (ARI), importa antes de mais perceber o que são os chamados vistos

dourados e qual a sua importância para a dinamização da economia portuguesa.

A OPINIÃO DE Sara Subtil, Advogada da Gameiro & Associados

10

Page 11: Revista Pontos de Vista Edição 43

11

Face ao exposto, cumpre desde já salientar a importância que a sobredita medida apresenta para o panorama socioeconómico nacional, na estreita medida em que a criação de novos postos de trabalho e a injeção de capitais, seja mediante a aquisição de imóveis ou através da participação societária, poderá, como propulsor da revitalização do mercado nacional, contribuin-do para a diminuição das desigualdades sociais, cada vez mais acentuadas, com inegáveis vantagens para o desenvolvimento sustentado e sustentável do nosso país.Contudo, certo é que, a concessão deste tipo de vistos, que se destina a requerentes com forte poder económico, vê-se envolvida em controvérsia e associada a esquemas de corrupção, tal como é de conhecimento público.O oportunismo inerente ao investimento de capitais estrangeiros verifica--se, a título exemplificativo, não só ao nível dos serviços incumbidos da ins-trução dos processos, mas igualmente ao nível dos operadores de mercado, designadamente os ligados ao ramo imobiliário que, através da especulação, obtêm lucro excessivo mediante a alienação de imóveis cujo valor de mer-cado fica muito aquém do montante de € 500.000,00 (Quinhentos Mil Euros), pelo qual muitos são adquiridos.De notar ainda que, o atual regime, nos moldes em que se encontra estru-turado, peca por não alargar as possibilidades de investimento a outras áreas descuradas pela tutela estatal, sendo com base nesta e noutras premissas que surgem à tona as propostas de alteração no regime de concessão da Autorização de Residência para a Atividade de Investimento e que pas-sam essencialmente pelo reforço na fiscalização aquando da instrução dos

processos, com a realização de inspeções pelo IGAI (Inspeção Geral da Administração Interna), bem como pela adoção de um manual de proce-dimentos, a clarificação de competências do grupo de acompanhamento, a descentralização da instrução do processo e ainda a apresentação da ca-derneta predial aquando do requerimento de visto, de molde a comparar o valor de aquisição com o valor tributário.Propõe-se igualmente a redução do valor do investimento que passará a ser de € 350.000,00 (Trezentos e Cinquenta Mil Euros) podendo ser aplicado na investigação científica, produção artística, recuperação ou manutenção do património nacional, bem como na reabilitação urbana de bens imóveis de montante igual ou superior a € 500.000,00 (Quinhentos Mil Euros).De aplaudir é a novidade que consiste no impulso ao investimento em ter-ritórios com baixa densidade e incentivado pela redução de cerca de 20% nos quantitativos mínimos de investimento legalmente plasmados.

“No regime atualmente vigente, impõe-se a criação de postos de trabalho, a transferência de capitais e a aquisição de bens imóveis, ainda que em compropriedade, desde que o investimento de cada adquirente seja de montante igual ou superior a€ 500.000,00 (Quinhentos Mil Euros). Adicionalmente, é ainda imposto, um período mínimo de permanência do requerente de visto em território nacional”

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Certamente não. Há ainda um longo ca-minho a percorrer nesse sentido. Porém, há mulheres que devem servir como exemplo para uma efetiva mudança no

cenário. Mulheres fortes, decididas, capazes e bem sucedidas, seja em cargos governamentais, como as quatro ministras em questão, seja na gestão de uma empresa, departamento ou insti-tuição, como as protagonistas deste especial sobre “Liderança no Feminino” que a Revista Pontos de Vista lhe dá a conhecer nas próximas páginas.São 30 os países que contabilizam pelo menos 30% de mulheres ministras, ocupando a Fin-lândia um lugar cimeiro com 62,5%, seguido de Cabo Verde, com 52,9% e a Suécia, em terceiro lugar, com 52,2%. Portugal não está longe des-tes 30%, uma vez que 28,9% do governo é repre-sentado por mulheres. Ainda assim, só faz sen-tido falarmos em igualdade de géneros quando deixarmos de ter de fazer tais rankings, quando deixarmos de julgar que ter 30% ou mais dos cargos governamentais ocupados por mulheres é uma vitória.Este mês foi celebrado o Dia da Mulher e que data poderia ser mais exemplificativa dessa dife-renciação? Como afirma Sofia Ferreira, uma das mulheres em destaque na 43ª edição da Revista Pontos de Vista: “esta data será ainda mais espe-cial quando não houver necessidade de a celebrar pelos motivos pelos quais foi instituída”.O governo anunciou também recentemente que vai iniciar negociações com as empresas cotadas em bolsa para que estas se comprometam a incluir pelo menos 30% de mulheres nos conselhos de ad-ministração, até final de 2018. A percentagem de mulheres que se senta nos conselhos administrati-vos das empresas do PSI20 aumentou 4,2 pontos percentuais desde 2011. Mesmo assim, o género feminino ainda só ocupa 9,9% destes lugares e não há nenhuma mulher no topo da liderança.

De facto, quanto maior a empresa, menor o nú-mero de mulheres a liderar. Falta de capacidade não será a causa desta realidade e prova disso é que nas 500 maiores empresas a operar a nível nacional, aquelas que são lideradas por mulheres, e que são apenas 6,2%, foram também as que ob-tiveram um maior crescimento, com um aumento de 6% na faturação.Difícil seria não falar, por fim, na questão sala-rial. As disparidades entre géneros a este nível têm vindo a aumentar desde 2007. Em média, na Europa, as mulheres ganham menos 16,2% que os homens. “A desigualdade salarial também é uma forma encapotada de violência”, afirma Maria Cândida de Oliveira, Presidente da INO-VAGAIA e uma das personalidades femininas com maior destaque no mundo dos negócios em Portugal, na sua entrevista.Felizmente existem mulheres que pelo seu pró-prio pulso, esforço e dedicação conseguiram chegar longe na sua vida profissional, num país

4 dos 14 Ministérios do atual governo são liderados no feminino. Paula Teixeira da Cruz assume o Ministério da Justiça, Maria Luís Albuquerque a pasta das Finanças, Assunção Cristas dá a cara pelo Ministério da Agricultura e do Mar, por sua vez, Anabela Miranda

Rodrigues encabeça a Administração Interna. No entanto, em 40 anos de democracia, Portugal já conheceu 25 governos mas apenas uma primeira-ministra, a Independente Maria de Lourdes Pintasilgo. É certo que cada vez mais as mulheres assumem importantes

pastas ministeriais, ainda assim, uma mulher, como chefe do executivo, num total de 25 governos, ou o facto de nunca uma mulher ter encabeçado os Ministérios da Defesa e da Economia refletirão uma verdadeira igualdade de géneros no país?

mUlhereS: do GoVernoao mundos dos negócios

em que mais de 60% dos diplomas atribuídos no ensino superior pertencem a mulheres mas con-tinuam a persistir tais desigualdades. São esses bons exemplos que a Revista Pontos de Vista quer dar a conhecer!

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LIDERANÇA NO FEMININO

“A presença das mulheres na vida económica não se pode traduzir unicamente no aumento quanti-tativo da participação nas mani-festações de rua. Cabe às mulheres, como grupo, chamar a atenção para os novos fatores de produção e criar as alternativas necessárias”

Maria de Lourdes Pintasilgo

Maria Luis Albuquerque Paula Teixeira da Cruz Assunção Cristas

Page 13: Revista Pontos de Vista Edição 43

A Psieducare nasceu com o objetivo de dar resposta a alguns dos problemas mais sérios na nossa socie-dade. Que problemas são esses e qual tem sido a vossa atuação?A Psieducare® surgiu em 2006, por verificar respos-tas deficitárias, ou total ausência de resposta na ava-liação e acompanhamento a alunos com Necessida-des Educativas (N.E) que de ano para ano tendem a aumentar. Desde então, a Psieducare® tem vindo a dar resposta, colaborando com escolas e pais, com uma equipa técnica especializada no contexto de Ensino/Aprendizagem que para além de dar res-postas às crianças e adolescentes que carecem de apoio especializado, tem vindo a desenvolver ações de sensibilização e workshops a pais e docentes.

Desde 2006 até ao presente, o que foi mudando na dinâmica desta empresa, inserida numa sociedade em áreas que estão em constante mudança? Desde o surgimento da Psieducare®, que houve ne-cessidade de criar uma equipa multidisciplinar para que existisse rigor na forma como são avaliados e encaminhados os utentes. Essa equipa de ano para ano tem vindo a aumentar. Por outro lado, apesar de a Psieducare® ter nascido como Centro Psico-pedagógico, verificou-se que havia uma necessida-de enorme em intervir na saúde mental não só de crianças e adolescentes, mas também aos adultos, tendo a Psieducare® aberto desta forma o leque de intervenção para colmatar esta lacuna que existe na nossa região. Ao trabalharmos com jovens fomos igualmente desenvolvendo ações de sensibilização e workshops a docentes e pais, pois verifica-se que este âmbito carece de muita (in) formação psicope-dagógica. A necessidade de formação, especialização técnica, bem como, um trabalho de equipa cada vez mais interativo, tem sido uma forma de dinamizar a nossa empresa. E por fim, a renovação da imagem, tornar a empresa como marca registada e trabalhar-mos cada vez mais em equipa, em que todos os casos são debatidos, tem sido uma forma de continuarmos no mercado de trabalho com confiança.

Fale-me do Projeto Bolsa Social – Psieducare para Todos. Este projeto, de cariz social nasceu em 2013 tendo como principal objetivo abrir os nossos serviços de educação e saúde às famílias mais carenciadas, para que todos, independentemente dos recursos, usu-fruam das mesmas oportunidades. Infelizmente o tratamento da saúde mental cada vez mais é deixa-da para segundo plano, por diversos fatores, desde a precaridade financeira até à desvalorização do trata-mento. Uma vez que um dos sucessos das interven-ções (em função de cada caso) dos nossos serviços é

a continuidade e a consistência das sessões semana após semana, a Psieducare® desenvolveu uma “Bol-sa Social”, na qual os utentes pagam em função dos rendimentos do seu agregado familiar. Este projeto proporciona acima de tudo, uma equidade social muito importante, em que dá o direito a qualquer cidadão ao acesso dos nossos serviços de forma jus-ta. Neste sentido, a recetividade tem sido fantástica, sendo que com o surgimento desta “Bolsa Social” o número de utentes aumentou em mais de 50%.

É licenciada em Psicopedagogia e tem ainda uma pós-graduação em Psicopatologia da Infância e da Adolescência. Quando é que sentiu que este seria o seu caminho? Para mim o “caminho” foi-se abrindo à medida que frequentava a Universidade e percebi que era na área da Infância e Adolescência que queria traba-lhar. Nesse sentido sinto-me feliz e grata pois con-sidero que o “caminho” que percorro está a ser bom, sentindo-me privilegiada por poder ajudar crianças e adolescentes, bem como as suas famílias e ver a evolução, passados dez anos e verificar que crianças que começaram a ser acompanhadas há 8/9 anos são hoje jovens com sucesso escolar e com possibi-lidade de ingresso no ensino superior, quando eram dados na altura como “casos perdidos”.

A Psieducare tem uma equipa multidisciplinar, com-posta só por mulheres. Há alguma razão para que assim seja?Na seleção da minha equipa de trabalho nunca foi um requisito, mas a realidade é que sempre me chegaram mais currículos do setor feminino do que masculino, dentro das áreas que a Psieducare® atua. No entanto, passados quase nove anos de existência ao contrário do que possam afirmar, nunca consi-derei que trabalhar só com mulheres seja “uma dor de cabeça”! Muito pelo contrário, até porque são as forças de trabalho do líder e equipa de colaborado-res que definem o sucesso de uma empresa e é isso que eu sinto.

A forma de pensar e de observar é diferente num homem e numa mulher. Na sua opinião o que dis-tingue uma liderança no feminino de uma liderança no masculino?Essa distinção depende de muitos fatores. Em pri-meiro lugar é determinante perceber a maturidade social e emocional dos colaboradores de uma em-presa e a cultura dos valores da sociedade em que a empresa está inserida para estabelecer essas dife-renças de género na liderança. Porém, o conceito de liderança passa muito pelas características indi-viduais, de personalidade e de formação de quem

Embora a Psieducare tenha nascido em 2006 como Centro Psicopedagógico, houve a necessidade de alargar a atuação deste centro que nasceu para responder a alguns dos problemas mais sérios da sociedade para a área da saúde mental de crianças, jovens e adultos. Com

Vera Oliveira, Diretora e Psicopedagoga, fique a conhecer uma equipa multidisciplinar, composta exclusivamente por mulheres.

contInUAr no mercAdo com confiança

diferencia e de quem é diferenciado. No fundo são estes os principais aspetos no sucesso duma lideran-ça no feminino ou no masculino, até porque antes de haver desigualdade entre géneros existe a desi-gualdade dentro do mesmo género.

A discriminação baseada no género continua a ser uma expressão pesada no seio da nossa sociedade?O contexto social e económico em que a minha empresa se insere, permite-me verificar que existe uma realidade ainda muito pesada no que concer-ne à discriminação de género. Por um lado é visível uma maior inserção no mercado de trabalho no feminino, mas por outro verifica-se, sobretudo den-tro do seio familiar, que os papéis ainda são muito diferenciados esperando-se que a mulher seja res-ponsável pelo processo educativo dos filhos e das tarefas domésticas, enquanto no homem é esperado o papel autoritário e de sustento económico para a família. Esta realidade é tanto maior, quanto mais rural o contexto social em que a família está inse-rida. Nesta perspetiva, considero que a sociedade portuguesa apresenta ainda muitas discrepâncias, fruto de realidades de vida muito diferentes.

A nível pessoal, que metas ainda lhe falta atingir? E a nível da Psieducare quais são os objetivos?Algumas mas a curto prazo gostaria de tirar a Licen-ciatura em Psicologia para me especializar em Psi-coterapia, pois ao longo destes anos, fui descobrindo que também adoro trabalhar com adultos e que na maioria dos casos, é a partir deles que conseguimos melhorar o funcionamento emocional e social da criança. Para além disso, ser mãe também faz parte dos planos a nível pessoal. Para a Psieducare, o futuro passa por avançar com mais dois projetos de âmbito social para o nosso distrito, aumentar a sustentabi-lidade da Psieducare® no âmbito privado e está em vista a expansão da Psieducare ainda este ano.

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LIDERANÇA NO FEMININO

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

Vera Oliveira

Page 14: Revista Pontos de Vista Edição 43

Margarida Santos assume não se sentir como “aquelas pessoas importantes que aparecem nas revistas” e prefere falar-nos sobre Maria de Lourdes

Pintasilgo. Contudo, ao longo da entrevista, mostra ser também digna do lugar que ocupa na FCF. Pensadora e visionária, não perde uma oportunidade para refletir sobre o mundo atual. Aliás, é esse o papel da fundação, que luta por uma sociedade mais digna, com direito à educa-ção e à saúde, por maior igualdade entre homens e mulheres, por um planeta mais sustentável e ecológico e por outros valores importantes. A ab-soluta emergência de criar esta fundação ocorreu após um estudo sobre a qualidade de vida, elabo-rado pela Comissão Independente para a Popu-lação e Qualidade de Vida, presidida por Maria de Lourdes Pintasilgo entre 1992 e 1997, sob a égide das Nações Unidas. Desse estudo resultou o Relatório Cuidar o Futuro, que mostrava o ca-minho que teríamos de trilhar para que o mundo se tornasse num lugar melhor. A conclusão desse estudo “levou a que a Maria de Lourdes Pinta-silgo viesse a constituir um conjunto de objetivos que considerava pertinentes para o futuro, para criar uma nova qualidade de vida, um novo futu-ro, um novo planeta”, conta-nos Margarida San-tos. “Se se vive tem-se direito a existir”, adianta. Assim nasceu a fundação, um dos muitos projetos de Maria de Lourdes, licenciada em Engenharia Químico-Industrial, que ocupou numerosos car-gos políticos a nível nacional e internacional, deu os primeiros passos na criação do Serviço Nacio-nal de Saúde e lutou por mais e melhores condi-ções de vida numa sociedade que já se intitulava como democrática. Todo um percurso percorri-do numa época em que a mulher ainda era vista como mãe, doméstica e pouco mais do que isso. No que diz respeito à igualdade – ou desigual-dade - entre homens e mulheres, a política in-tervencionista que Maria de Lourdes Pintasilgo iniciou, promoveu um conceito de luta por di-reitos iguais, por uma maior dignificação do pa-pel da mulher e da sua capacidade. Tudo porque acreditava que “as mulheres podem promover uma radical transformação da racionalidade ins-titucional em que vivemos”. Sabia que o caminho era longo e carregado de obstáculos, mas desistir era impensável. Maria de Lourdes Pintasilgo “era uma mulher muito interventiva e não se deixava intimidar”. Percebia que não era possível mudar a sociedade à velocidade que desejava, mas se então era impossível, “ia fazendo” aos poucos, conforme lhe permitiam, como explica Elisabete Morais, colaboradora voluntária da FCF. E se houve temas que não conseguiu dar segui-mento, lutas que ficaram a meio, a fundação está

No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, e uma vez que a Revista Pontos de Vista tem dado especial destaque à liderança no feminino, era indispensável falar sobre Maria de Lourdes Pintasilgo. Quem o diz é Margarida Santos, atual Presidente da Fundação Cuidar o Futuro (FCF), instituição concebida em 2001 por aquela que foi a primeira e única Primeira-Ministra portuguesa e

instituída pela Associação Graal, um Movimento Internacional de Mulheres.

“Se Se VIVetem-se direito a existir”

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LIDERANÇA NO FEMININO

A fundação e o futuroApesar das dificuldades que a FCF tem vivido, Margarida Santos não pretende deixá-la morrer. Para isso, tem já delineado um plano que trará mais financiamento à instituição e, assim, mais oportuni-dades de esta continuar a sua missão. A presidente planeia utilizar uma vivenda situada em Sintra, património da FCF, para criar um destino turístico, para quem procura aliar descanso e cultura, lazer e conhecimento. Com quase um hectare de terreno, a vivenda terá uma horta ecológica e um verdadeiro habitat. Este projeto ecológico terá também como objetivo mostrar às crianças – e adultos – o futuro do planeta e a sua necessária transformação. No seu interior, a par de um lugar de descanso para tu-ristas, será criado o Centro Cultural Maria de Lourdes Pintasilgo, “onde será feita a divulgação do seu trabalho”. Será “um espaço físico, o espaço dela”, explica-nos Margarida Santos. A fundadora da FCF dizia que “já tudo foi dito, agora importa agir a palavra”. Com este projeto, a atual presidente da FCF pretende agora fazer valer essa vontade. “Agora importa agir a palavra. Estamos a tentar fazer com que o património fale, implementar o que ela dizia. E o espaço proporciona-se”, adianta.No mesmo espaço deseja ainda criar um Centro Meteorológico, através do qual as crianças poderão perceber como é estudar o ambiente, as suas condições meteorológicas e os instrumentos utilizados. A par desta ideia, Margarida Santos e Elisabete Morais têm ainda um outro sonho: mostrar à sociedade que o lugar de Maria de Lourdes Pintasilgo é no Panteão Nacional. “Penso que deviam estar lá as pes-soas que dignificaram Portugal. Seja no futebol, na política ou na poesia. Mas que seja representativo. E a Maria de Lourdes era uma mulher, política, interventiva”, “um ícone” defende Elisabete.

Margarida Santos e Elisabete Morais

Page 15: Revista Pontos de Vista Edição 43

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Depois de mais de dez anos a gerir e a tra-balhar no espólio de Maria de Lourdes Pin-tasilgo, a FCF cedeu agora todos os artigos, cartas, documentos políticos e pessoais ao Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra. Para os mais in-teressados, encontra-se também disponível toda a obra da antiga primeira-ministra em arquivopintasilgo.pt.

Maria de Lourdes Pintasilgo, Primeira-Ministra do V Governo

Constitucional, ao lado do então Presidente da República,

Ramalho Eanes

cá para dar continuação ao seu trabalho. Marga-rida Santos mostra que é preciso continuar a ba-talhar por uma maior presença das mulheres no planeta atual, um mundo que teria “mais sensibili-dade”. “As mulheres, por razões sociais e culturais, têm uma maior atenção às coisas e às pessoas”, continua. Sempre participou em ações, colóquios e reflexões sobre a discriminação feminina. É di-fícil igualar Maria de Lourdes Pintasilgo, até por-que, segundo Elisabete Morais, “ainda não houve ninguém que assumisse o seu papel”. E Margarida Santos não o pretende fazer. Contudo tem lutado com os mesmos propósitos que a antiga política portuguesa. E mesmo antes de ser presidente da FCF, colaborou durante anos com a própria Maria de Lourdes Pintasilgo e até na própria fundação, foi coordenadora do Graal, co-fundadora da Pla-taforma Portuguesa para os Direitos das Mulhe-res, uma associação de carácter social, humanista e cultural e participou em diversos estudos sob as mais variadas questões sociais. Reflete diariamente sobre os problemas mundiais e no que respeita à mulher explica que “a nossa questão é a igualdade na diferença. Nós somos dife-rentes, e ainda bem, mas o tratamento tem que ser

igual”. Seja em eventos diretamente relacionados com esta temática ou com outras questões sociais, é sempre necessário referir a mulher como parte fun-damental, garante a presidente da Fundação. No futuro pretende continuar a fazer parte da transformação da sociedade e do mundo em ge-ral. E ideias não faltam. “O que queremos fazer é imenso, sonhamos imenso. Vamos transformar uma pequena coisa que pode fazer com que as pessoas depois transformem outras maiores”, garante.

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É, desde o ano passado, a nova Dean da AESE Bu-siness School. O que é que podemos esperar de si enquanto líder da escola de negócios? Que metas quer ver atingidas?Quando, com a restante equipa diretiva, assumi a liderança da AESE Business School fi-lo sobre-tudo sentindo a grande responsabilidade de ser fiel à identidade da AESE, o que a fez e o que a faz, a sua originalidade e a sua tradição. Em relação ao futuro, a nossa estratégia é, com cal-ma e serenidade, levar a missão da AESE o mais longe possível, com igual sentido de responsabi-

lidade. Significa em primeiro lugar, fortalecer o que desde há 34 anos a AESE faz muito bem: ser responsável pela formação de gerações de executivos, ajudando-os a ser hábeis na gestão e no governo das suas instituições e firmes nos valores éticos. Esta é a marca comum. Para além disso, investir na formação de professores, para que sejam ainda melhores em termos pedagógi-cos e académicos, e que sempre mantenham os pés bem assentes no mundo empresarial.Por último, e sem esquecer que somos uma esco-la de raiz portuguesa, é uma preocupação nossa

“Levar a missão da AESE o mais longe possível” é o objetivo principal da nova Dean da AESE Business School. Maria de Fátima Carioca sucede a José Ramalho Fontes na direção geral da escola de negócios e promete formar a nova geração de executivos com base em valores éticos; investir na formação de professores para que sejam ainda melhores em termos pedagógicos e académicos e

preparar os alunos e empresas para a internacionalização, para a globalização e para o mundo. Mestre em “Matrimónio y Família”, tendo encabeçado alguns projetos de conciliação família-trabalho e tendo coordenado ainda o Prémio Empresa mais Familiarmente

responsável, em parceria com a Deloitte, quem melhor do que esta personalidade para nos falar em liderança no feminino?

“FoI enrIqUecedor ter PASSAdo mAIS de VInte AnoS Pelo mUndo

empresarial para ensinar numa business school”

preparar os nossos alunos e as empresas para a internacionalização, para a globalização, para o mundo. Mais de 20% dos nossos participantes nos programas de MBA encontram-se a traba-lhar fora de Portugal. Neste sentido, é muito im-portante o facto de pertencermos a um grupo de mais de 20 escolas parceiras espalhadas desde a América à Ásia, passando por África. Este fator, que consideramos distintivo, permite-nos conti-nuar a potenciar conhecimento e experiência. Os casos típicos são Brasil e Angola. Em S. Paulo, temos uma escola da rede (ISE / IESE) com a

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LIDERANÇA NO FEMININO

Maria de Fátima Carioca

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qual mantemos uma relação próxima. Já em Lu-anda, criámos uma escola (ASM – Angola Scho-ol of Management) onde temos vindo a realizar programas para executivos em que mais de 90% dos participantes são angolanos.

É também professora na área de Fator Humano na AESE Business School e doutorada em Ges-tão pela Manchester Business School. Licenciou--se em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico em 1981 e concluiu o mestrado em Engenharia de Sistemas e Computadores em 1985, pela mesma universidade. Para além dis-so, é mestre em Matrimónio y Família pela Uni-versidade de Navarra. Durante cerca de 20 anos, desenvolveu tarefas de Engenharia de Software e Gestora de Projetos e de Área de Negócios na Edisoft – Empresa de serviços e desenvolvimento de software, tendo sido ainda gestora da área da Qualidade e Formação. Fale-nos um pouco do ca-minho que tem vindo a percorrer.Várias componentes foram estruturantes no meu percurso: o facto de ter família, de ser católica e de ter estudado engenharia. A engenharia, sobre-tudo, treina a capacidade de análise estruturada dos problemas e desenvolve a abertura para pro-curar caminhos e soluções. O facto de ser católica ensinou-me a dizer sim, livremente, ao que con-siderava importante e às missões que fui sendo chamada a desempenhar e a viver o compromisso que advém do uso dessa liberdade. O facto de ter família fez que nunca estivesse só quando havia decisões a tomar. Reconheço que houve muitas situações, desde as mais simples e triviais às mais complexas, em que estas características foram fundamentais. Olhando para trás, é interessante verificar que cada etapa profissional se alicerçou nas experiências anteriores. Por exemplo, foi im-portante ter exercido, cerca de 15 anos, funções técnicas e executivas para bem entender o que era crítico na cultura da empresa e poder potenciar o desenvolvimento das pessoas; foi enriquecedor ter passado mais de 20 anos pelo mundo empre-sarial para ensinar numa Business School. Quais os principais desafios que encontrou ao longo do percurso?Ao longo da nossa vida, cada mudança, seja no âmbito pessoal, familiar, social ou profissional, é sempre um desafio. O desafio intrínseco à mu-dança em si mesma e o desafio da adaptação dos outros âmbitos da vida à nova situação. Em rela-ção ao primeiro, em termos profissionais, em cada novo desafio tive a sorte de ser acompanhada por pessoas mais seniores que me ensinaram bastan-te e complementar com programas de formação que me permitiram aprender conhecimentos e apreender as especificidades próprias de cada função para melhor as desempenhar. Em relação ao segundo desafio foi importante não abdicar do que considerava importante: fosse a família, fossem outras atividades e associações em que colaboramos, nomeadamente em casal, fossem alguns projetos profissionais. O verdadeiro desa-fio é que todos estes papéis sejam consistentes em termos de valores e de vivência para reforçar a unidade de vida e não criar situações fraturantes.

Encabeça alguns projetos de conciliação família--trabalho. De que forma se consegue conciliar o lado pessoal e o profissional sem descurar ne-nhum deles? Fale-nos do seu exemplo pessoal, de que forma o tem feito? Na AESE foi ainda coorde-

nadora do Prémio Empresa mais Familiarmente responsável, em parceria com a Deloitte. Quais as melhores práticas que tem vindo a encontrar a este nível?Sempre foi um equilíbrio exigente, talvez nem sempre conseguido plenamente, mas é muito en-riquecedor e gratificante quando se sente que as várias partes se potenciam e nos fazem crescer. Não haja dúvidas, no dia a dia, há que dar tempo, há que dar atenção, há que estar disponível. Sem isso, nem os resultados aparecem, nem as relações se constroem, nem as organizações, seja a família, seja a empresa evoluem. A sabedoria é enten-der em cada momento, em cada etapa quanto e quando de cada há que dar a cada parte. E nesse momento ser-se realista e fazer uma correta ges-tão de expetativas. Também fez sempre toda a di-ferença a confiança e a cumplicidade das equipas com que trabalhei e principalmente da “equipa familiar”. No âmbito das empresas, creio que a flexibilidade, nas suas diversas matizes (tempo, espaço, intermitente, temporária, …), apoiada na confiança entre a empresa/chefia e cada colabo-rador é provavelmente a medida mais eficiente para facilitar as soluções pessoais de conciliação. Porém, nem sempre é fácil de implementar dado que exige da organização uma nova forma de gerir as suas pessoas, mais além da simples assi-duidade e presença. Também todo o conjunto de apoios económicos que aliviam a família e possi-bilitam determinadas opções como, por exemplo, o chamado trabalho a tempo parcial, constituem grandes facilitadores.

De que forma a mudança geracional nas orga-nizações tem sido benéfica ao crescimento da importância do papel das mulheres dentro das mesmas? Como perspetiva os próximos anos a este nível?De acordo com o estudo realizado pela AESE em 2014 sobre o Diálogo Geracional no mundo empresarial, as gerações mais novas presentes no mundo empresarial caracterizam-se pela grande proficiência na tecnologia, por terem acesso a co-nhecimento, informação e redes sociais globais. São empreendedores, inovadores e ambiciosos. São a geração que apresenta uma maior abertu-ra à rotatividade e flexibilidade laboral. Utilizam distintos canais de comunicação e estão mais ap-tos para trabalhar em ambientes mais flexíveis. Viram mudar os paradigmas das suas relações com o emergir de uma nova proximidade e faci-lidade de contacto. Esta evolução é declaradamente propícia ao es-tabelecimento de novas formas de organização do trabalho mais favoráveis não apenas à par-ticipação da mulher na vida laboral como para que ela nela possa permanecer ao longo dos anos, adaptando a trajetória profissional ao ritmo das opções de vida. No entanto, a perspetiva não é tão otimista quando se mede a intervenção fe-minina no poder e nas estruturas de tomada de decisão sejam políticas ou económicas. Mesmo em países, como Portugal, onde 40% a 50% da força laboral é constituída por mulheres em mé-dia somente 8% estão em cargos de Direção de Topo. Neste ponto a mudança necessária é uma mudança cultural a nível global. E essas demo-ram gerações.

Enquanto profissional na área dos recursos hu-manos, quais as principais diferenças que nota entre uma mulher e um homem na candidatura a

um determinado cargo de trabalho? Para si a au-toconfiança é a palavra chave para o sucesso. Fal-ta a muitas mulheres acreditar nas suas capacida-des e, por isso, pecam inúmeras vezes por excesso de zelo, falta de convicção e medo de arriscar?

O problema não é tanto acreditar nas capacidades próprias mas confiar que com elas atingirei isto ou aquilo. Para os que foram e são pioneiros em determinados cargos ou profissões, sejam mulhe-res ou homens, trata-se sempre de uma verda-deira questão de fé neles próprios e na sua capa-cidade para ser inovador. Com as mulheres este fenómeno ainda se passa inúmeras vezes. Nesse sentido, resulta bastante ouvir, conhecer, estar com outras mulheres que ajudem a desmistificar o risco e a fortalecer a confiança. O Women Lea-ders’ Forum da AESE, por exemplo, tem sido um ponto de encontro muito valorizado entre as nos-sas Alumnae, que como empresárias, dirigentes e executivas se revêem nas experiências de vida das oradoras convidadas ou se sentem inspiradas a fazer melhor o que, por norma, já fazem bem feito. Recentemente, recebemos na AESE, entre outras igualmente distintas, Assunção Cristas, Ministra da Agricultura e do Mar, Graça Fran-co, Diretora da Rádio Renascença, Ana Moutela, Diretora da Inditex Portugal, que numa partilha informal dos desafios e das soluções que encon-tram no dia a dia, se tornam exemplos notórios de como a liderança no feminino é compatível com os papéis de mãe, mulher, filha e cidadã.

Mulheres e homens são também diferentes na forma como lideram? Onde se evidenciam essas diferenças? O que significa para si liderança no feminino?Habitualmente afirma-se que a liderança no fe-minino se carateriza como uma maior capacida-de para organizar o trabalho em equipa de forma aberta, participativa e cooperativa, uma maior tendência para a partilha de responsabilidades, uma liderança mais inclusiva, mais orientada à gestão das pessoas, geradora de maior confiança. Mais atentas a todos os stakeholders, equacio-nando oportunidades e perspectivas de ópticas diferentes. Estas competências não são exclusivas das mulheres e, na realidade, nem sequer todas as mulheres líderes as apresentam. Mas acredito que estas competências podem fa-zer a diferença e são necessárias na liderança das organizações. Também não podemos saber o que aconteceria se as mulheres estivessem em lugares de topo em mais países (seria um mundo mais pacífico?). Não sabemos se as empresas seriam mais produtivas ou em que escala o seriam ou se o seriam apenas devido a este fator (embora exista uma multiplicidade de estudos e dados comprovando uma aceleração do desempenho coincidente com a presença feminina). Mas sa-bemos, e é genericamente consensual, que vale a pena tentar.

Como se descreve enquanto líder?O modelo de liderança na AESE Business Scho-ol é uma liderança colaborativa, baseada na co-legialidade e no respeito mútuo. Pessoalmente, procuro aprender com a senioridade dos que nos precederam e detêm uma experiência muito va-liosa para que a história da AESE seja sólida, e dialogar construtivamente com as gerações mais novas, capazes de trazer respostas inovadoras e criativas que criam valor para as empresas e para a sociedade.

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“Em termos pessoais prefiro sacrifi-car-me para não sacrificar a família. Sendo mãe de dois filhos tenho de abdicar de algumas coisas, como

o exercício físico, encontros com amigos, idas ao cabeleireiro, … É à minha família que dedi-co quase todo o tempo livre. Tenho a sorte de ter uma família fantástica que me apoia imenso, principalmente desde que iniciei este projeto que me exige passar muito tempo fora de casa”. É esta

a base de Sofia Ferreira, os pilares que lhe per-mitem dedicar-se de corpo e alma aos projetos profissionais em que se envolve.

“NA PORTLINE LOGISTICSÉ TUDO UM DESAFIO”

A oportunidade de se lançar neste desafio sur-giu no ano passado, após a compra da Agência de Navegação Portmar e do transitário Portline Logistics, na altura pertencentes ao grupo Por-

Depois de seis anos como Diretora de Operações da Empresa de Transportes Álvaro Figueiredo, S.A., Sofia Ferreira encabeça um novo projeto desde outubro do ano passado, na direção geral da Portline Logistics, uma empresa transitária que pertence ao Grupo TMB. Ao decidir assumir este projeto, Sofia Ferreira sabia que teria que passar muito tempo em Lisboa. Um enorme esforço a nível pessoal para esta gestora natural de Espinho que desde sempre tem investido na carreira, procurando não descurar a família. É para ela que

sobra pouco tempo, mas como a própria diz, “vale a pena”.

noVo Projeto do GrUPo tmBlIderAdo no FemInIno:

“Quero projetar a empresa para outra dimensão”

tline. O investimento foi feito pelo Grupo TMB, encabeçado por Sebastião Figueiredo, com vista à criação de um grupo marítimo-portuário e após dois anos de negociações. Com uma experiência de seis anos na liderança da Direção de Operações dos Transportes Álvaro Figueiredo, período em que integrou uma equi-pa que fez com que a empresa passasse de uma situação de défice para os resultados positivos verificados nos últimos anos, Sofia Ferreira foi a escolha da administração do grupo TMB para assumir o leme da empresa transitária.“Quando assumi em 2008 a direção de operações dos Transportes Álvaro Figueiredo, a empresa encontrava-se numa situação complicada a nível operacional. Através da implementação de novas práticas e reforço de competências, conseguimos dar a volta por cima e fazer com que a área dos transportes passasse a libertar margens positi-vas. Foi sem dúvida um desafio difícil, quer em termos operacionais quer de gestão dos recursos humanos. Agora, na Portline Logistics é tudo um desafio; por um lado, porque tudo é novo e, por

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LIDERANÇA NO FEMININO

Revista Pontos de Vista: O que significa para si liderança no feminino?Sofia Ferreira: Sou a favor do reconhecimento da competência indiferenciado, sejam homens ou mulheres. Felizmente, sinto que as mulhe-res começam a partilhar determinadas tarefas, coisa que não fazíamos no passado por causa da educação que tivemos. Isso liberta-nos para podermos investir mais nas nossas carreiras. Nos países nórdicos, por exemplo, já assim é há muito tempo. Nós ainda estamos um bocadi-nho atrasados mas felizmente cada vez menos.

Revista Pontos de Vista: O facto de ser mulher alguma vez foi um entrave para si num setor tão tradicionalmente masculino como a logística?Sofia Ferreira: As mulheres sabem que têm os olhos postos nelas. Eu sinto isso nalgumas situ-ações mas felizmente não com as pessoas com quem lido diariamente e me conhecem. Curio-samente, tenho tido a sorte de trabalhar com pessoas bem resolvidas no que diz respeito a questões de igualdade de direitos e oportu-nidades entre homens e mulheres. No Grupo TMB o papel da mulher é valorizado e há outras mulheres que estão presentes na gestão de topo. Culturalmente sei que esse entrave existe.

Sofia Ferreira

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outro, porque sou responsável pelos seus desti-nos. Logo, se algo correr mal, serei certamente a responsável”.

“A INTERNACIONALIzAÇÃO FAz,CLARAMENTE, PARTE DA ESTRATÉGIA

DA EMPRESA”Isso não a assusta. “A responsabilidade sempre me motivou. Acima de tudo, a Portline Logistics desa-fia-me e abre-me novos horizontes. Sempre gostei de tocar várias áreas e considero que tenho um per-fil polivalente: aquilo que perco não sendo especia-lista numa área, ganho em conhecimento noutras. Como tal, agrada-me trabalhar numa empresa que integra uma logística abrangente”, afirma.De facto, ao contrário da anterior empresa, desde sempre vocacionada para o transporte rodoviário, a Portline Logistics, sendo uma empresa transi-tária, presta serviços em todo o tipo de transpor-te, nomeadamente no Transporte Marítimo, Aé-reo e Terrestre, para importação ou exportação. Para além disso presta serviços de valor acrescen-tado: Procedimentos Aduaneiros, Entrega Porta a Porta, Seguros de Mercadorias, Armazenagem

(Curta e Longa Duração), Handling de Carga de Projeto e Depôt de Contentores.Através das outras empresas do Grupo, a Por-tline Logistics tem uma presença forte quer nas Ilhas (Madeira) quer no território africano, tendo agentes próprios em Cabo Verde (Praia e Min-delo) e na Guiné Bissau (Bissau).“Eu gosto da cultura multinacional e quero pro-jetar a empresa para outra dimensão” afirma Sofia Ferreira.A gestora considera-se “ambiciosa nos projetos em que me envolvo. O que me move são os projetos e os desafios. Surgiu esta oportunidade numa al-tura em que precisava de algo diferente e de dar um passo em frente na minha carreira, por isso o balanço que faço deste meio ano é muito positivo”. Sofia Ferreira conclui esta entrevista garantindo: “queremos que a Portline Logistics, hoje uma empresa de dimensão e cultura nacionais, cres-ça e expanda a sua atividade para outros países. Para isso temos de trabalhar muito e formar uma equipa capaz de concretizar esta ambição. A in-ternacionalização faz, claramente, parte da estra-tégia da empresa e do Grupo TMB.”

Revista Pontos de Vista: Em que medida, na sua opinião, homens e mulheres são dife-rentes enquanto líderes?Sofia Ferreira: São radicalmente diferentes. Na minha experiência acho que uma mulher de-mora mais tempo a tomar as decisões e é mais emotiva. Eu pondero tudo quando tomo uma decisão e olho muito para o lado humano da questão. Os homens costumam ser mais rápi-dos a decidir. Neste aspeto não sei se o tempo de ponderação mais longo das mulheres é uma vantagem ou desvantagem mas, é cer-tamente uma diferença. Por outro lado, penso que nós, mulheres, conseguimos gerir melhor o conflito numa equipa.

Revista Pontos de Vista: Dia 8 de março celebrou-se o Dia da Mulher, o que significa para si esta data?Sofia Ferreira: Esta data será ainda mais espe-cial quando não houver necessidade de a ce-lebrar pelos motivos pelos quais foi instituída!

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Em 1989 foi considerada a empresária e gestora que mais se destacou. Em 1992 recebeu o pré-mio Máxima “Mulher de Negócios do Ano”. Entre muitos outros reconhecimentos, foi ainda home-nageada em 2001 com a Comenda da Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e Industrial (Classe de Mérito Industrial). Quem é hoje Maria Cândida de Oliveira?Sou exatamente a mesma pessoa, apenas com mais anos em cima e, por isso, com alguma ex-

periência acrescida, o que me dá uma forma mais ponderada para encarar os desafios mas não me-nos exigente comigo própria.

Qual é o balanço que faz de uma vida profissional tão vasta e bem-sucedida? No início da sua vida profissional esperava alcançar o que tem hoje?Do balanço resulta a sensação gratificante de, sempre ter feito tudo, dado o meu melhor, para não dececionar quem em mim confiou, incum-

Maria Cândida de Oliveira, Presidente da INOVAGAIA e uma das personalidades femininas mais reconhecidas e conhecidas no panorama nacional, aborda a temática do Dia Internacional da Mulher, comemorado a 8 de março e da liderança no feminino, indo também um pouco às alterações e mudanças que a sociedade “sofreu” no domínio do papel de destaque das Mulheres em papéis de referência nas organizações, instituições, empresas e na própria sociedade. O que ainda falta? Um longo caminho, sem dúvida, mas hoje o cenário é mais positivo, pois muitos dos estigmas que anteriormente existiam, começam a ser cada vez mais mitigados e desmistificados. Desta forma, a Revista Pontos de Vista conversou com Maria Cândida de Oliveira, que de uma forma eloquente e convincente, nos deu a conhecer um pouco mais do universo das Mulheres e do papel das mesmas, que se pretende que seja, cada

vez mais, universal, igualitário e globalizado. Saiba mais ao longo desta conversa.

“homenS e mUlhereS?não há primeiros, nem segundos lugares…

ninguém constrói nada sozinho”

bindo-me do desempenho de cargos de elevada responsabilidade. Mas, essa é a postura normal que qualquer profissional sério deve assumir em relação a si próprio e à sociedade em geral. Daí que, para mim, simplesmente resulte que estou, sem vaidade, muito bem com a minha consciência.Nunca corri atrás de nada. A progressão na mi-nha carreira resultou de forma espontânea e na-tural, em função, acredito, de análise de desem-

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DIA INTERNACIONAL DA MULhER

Maria Cândida de Oliveira

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penho por parte dos principais responsáveis das empresas/instituições para quem trabalhei.

Se, no passado, se dizia com regularidade que “atrás de um grande homem existe uma grande mulher”, hoje, quase que podemos dizer que os sujeitos trocaram de posição. O que existe por trás ou ao lado de Maria Cândida de Oliveira? Quais são os seus alicerces? Lamento, mas nunca dei importância a esse tipo de ideias feitas. Quando se trata de seres huma-nos, seja na vida pessoal, seja no mundo do traba-lho não há filas, não há pódios. Não há primeiros, nem segundos lugares. Há partilha, há cumpli-cidade, solidariedade, colaboração…Só assim se constrói algo! Eu apenas reconheço quem está do meu lado e faço por isso. Ninguém constrói nada sozinho. Há sim, certo tipo de gente que, quando as coisas correm bem, apoderam-se do mérito só para si. Lamentável e pouco credível. Os meus alicerces são, tão somente, os meus princípios morais.

Hoje, o papel social, dito tradicional, da mulher, como mãe, esposa e dona de casa, ainda está presente nas classes mais conservadoras. Mas começou a surgir uma nova geração, que tem der-rubado de vez esse estereótipo. Ainda falta ultra-passar algumas barreiras?Reconheço que não é nada fácil conciliar a vida

pessoal com uma vida profissional intensa. As mulheres têm que se desmultiplicar física e psi-cologicamente no exercício de “obrigações” que lhes tocaram cumprir. É fundamental a compre-ensão da família, ausência de competição num casal, respeito recíproco e estímulo, o que, não é muito comum.Felizmente observo, com gosto, que as novas gerações contam com “casais” mais cúmplices, mais colaborantes e que em casa dividem natu-ralmente, sem complexos, as tarefas domésticas. Agora, não consigo avaliar quanto representa de mudança cultural ou de necessidade económica e financeira de trabalharem os dois.

Segundo um estudo da Heidrick & Struggles, 30% das empresas portuguesas (numa amostra cons-tituída por empresas do PSI 20) não tem qual-quer mulher em lugares de topo, o que, apesar de tudo, é uma melhoria comparativamente com valores de 2011. Na sua opinião, o que tem justifi-cado estes valores?A própria evolução do pensamento social e a perseverança na conquista de reconhecimento da competência e a enorme dedicação, com muita afetividade, ao trabalho, por parte das mulheres, comprovada em provas prestadas. Daí a melhoria! A forma de pensar e de observar é diferente num homem e numa mulher. Na sua opinião, o que distingue uma liderança no feminino de uma li-derança no masculino?Para mim, desde logo, existe uma enorme dife-rença entre o modo de olhar e sentir entre um homem e uma mulher e, ainda bem, porque, quando em equipa compenetrada, sem precon-ceitos, conseguem uma complementaridade ex-cecional e os resultados são excelentes.

Ser mulher, em algum momento da sua carreira, foi um impeditivo ou colocou algum tipo de en-trave à realização de um objetivo?Pode parecer estranho, mas, a verdade é que não!

Há momentos em que se deseja que o dia tenha mais do que 24 horas, mas, não sendo isso atin-gível, não há impossíveis. Ser mãe, profissional, esposa, amiga e filha são papéis inteiramente compatíveis?São! Reportando-me a opiniões que, em respos-

tas anteriores dei, repito, não é fácil, mas, quando se quer, se acredita, vão-se eliminando barreiras separando o essencial do que é acessório. Sem-pre achei que ser boa mãe não significa estar 24h, obsessivamente, vigiando os filhos. A educação deve ser em qualidade e não em quantidade. O exemplo, a transmissão dos verdadeiros valores, a afetividade, é o melhor que pode dar aos filhos.

Igualdade entre homens e mulheres é um prin-cípio intrínseco à Constituição da República Portuguesa. Discriminação baseada no género continua a ser uma expressão pesada no seio da sociedade portuguesa?

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Olhando para o passado e para o presente, são já incontáveis as suas conquistas. Que metas ainda lhe falta atingir? Quais são as suas principais ambições para o futuro?Francamente não tenho metas, nem ambições materiais especiais. Quero estar bem e que as pessoas que estimo, que amo, estejam ainda melhor.

“São dois temas que se cruzam mas são diferentes.A desigualdade salarial também é uma forma encapotada de violência mas, violência doméstica é crime. Para além de haver necessidade de legislação mais dura, há absoluta necessidade de a denunciar, sem medo, sem vergonha”

“Quanto às políticas de austeridade acho, francamente, que tem atingido de forma muito desumana tanto homens como mulheres. A humilhação que as mesmas trouxeram, atingiu muito, as pessoas, mormente as indefesas, de forma muito traumática”

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DIA INTERNACIONAL DA MULhER

Ainda a propósito do Dia Internacional da Mulher, que mensagem importa ser transmitida?Uma mensagem de esperança assente num exemplo de muita coragem.

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Não serei a pessoa mais indicada para opinar, mas acho que se evoluiu muito, embora ainda haja um bom caminho para percorrer.

Há quem defenda que, devido às políticas de aus-teridade, as mulheres estão a sofrer mais que os homens. Concorda? Em tempos de dificuldades,

as disparidades têm andado lado a lado com a crise?Quanto às políticas de austeridade acho, franca-mente, que tem atingido de forma muito desu-mana tanto homens como mulheres. A humilha-ção que as mesmas trouxeram, atingiu muito, as pessoas, mormente as indefesas, de forma muito traumática.

Celebrar o Dia Internacional da Mulher (8 de mar-ço) é aplaudir os avanços conquistados no femini-no a nível económico, social e político. Contudo, as estatísticas continuam a revelar dados preocu-pantes de desigualdades. No seu ponto de vista, por que é que estes dados continuam a ser tão alarmantes?

Seguramente porque, do ponto de vista social, político, de forma transversal, ainda não houve força, nem vontade, para os mudar.

Apesar dos avanços no sentido da igualdade de género, os números relativos à violência sobre o sexo feminino ou à desigualdade salarial continu-am a ser alarmantes. Na sua opinião, o que cabe ao cidadão comum fazer para contrariar estas es-tatísticas?São dois temas que se cruzam mas são diferen-tes. A desigualdade salarial também é uma forma encapotada de violência mas, violência doméstica é crime. Para além de haver necessidade de le-gislação mais dura, há absoluta necessidade de a denunciar, sem medo, sem vergonha.

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A INOVAGAIA e a sua missão: EMPREENDER!A este conceito, estão ligadas qualidades como, capacidade de visão, iniciativa, coragem, firmeza na decisão, liderança.Não carecendo de dotes especiais, é, porém, indissociável duma atitude assente numa forte convicção.E, porque nos tempos que vivemos, enfrentamos o flagelo do desemprego, convém não iludir esta questão, fazendo crer que, ter um negócio próprio, ser empresário, resolve totalmente, o problema. A INOVAGAIA tem presente essa realidade, acredita nela e assim, consciente dos seus objetivos, terá de os cumprir com lucidez, não ignorando a problemática social e económica com que hoje se convive e os permanentes desafios com que a globalização nos confronta. As soluções devem sempre ser cons-truídas tendo em conta a realidade presente mas, com os olhos postos no futuro. A forma de criação de riqueza conhece alterações que, inevitavelmente, provocam mudanças comportamentais. O que ocor-re de negativo às pessoas, aos poderes, é um alheamento total em relação a essa realidade, e assim, as sociedades paralisam, cultural e economicamente.Nós, queremos romper com esse negativismo, abrindo, de forma correta e saudável, caminhos possí-veis, que sejam soluções credíveis, e não, passatempos enganadores.Assumiremos com realismo, sentido de responsabilidade a nossa missão, nas suas distintas vertentes.Apoiaremos, pela via da incubação, os candidatos a empreendedores, não sem que, antes de os aco-lher, se proceda a uma rigorosa e honesta análise dos seus projetos.Uma vez aprovados, dar-lhes-emos todo o apoio, para que a médio prazo, os possamos ver, instalados no mercado como verdadeiros empresários.Simultaneamente estaremos muito atentos ao tecido empresarial já instalado em V.N. de Gaia, desalen-tado, conformado e com absoluta necessidade de estímulos, que nos cabe promover e facilitar.Fá-lo-emos, tanto numa vertente de desenvolvimento nacional, como no apoio à internacionalização, utilizando as ferramentas de aconselhamento de gestão e financeiras de que dispomos e que quere-mos potencializar.Não seremos alheios à necessidade de captação de investimento estrangeiro para o concelho que dis-põe de imensas oportunidades, porém, desconhecidas.Quando se refere que a capacidade de empreender não é apenas um dom, é porque carece de muito empenhamento pessoal e coletivo, numa prática dum dever, não apenas de uns, mas, de TODOS.Um empreendedor é, exagerando, um visionário, capaz de transformar a situação mais banal, numa oportunidade excecional. A INOVAGAIA, estará atenta a essas genialidades mas, não só! Estará com todos que queiram mudar, melhorando, crescendo.

“Felizmente observo, com gosto, que as novas gerações contam com “casais” mais cúmplices, mais colaborantes e, que em casa, dividem naturalmente, sem complexos, as tarefas domésticas. Agora, não consigo avaliar quanto representa de mudança cultural ou, de necessidade económica e financeira de trabalharem os dois…”

“Do balanço resulta a sensação gratificante de, sempre ter feito tudo, dado o meu melhor, para não dececionar quem em mim confiou, incumbindo-me do desempenho de cargos de elevada responsabilidade. Mas, essa é a postura normal que qualquer profissional sério deve assumir em relação a si próprio e à sociedade em geral. Daí que, para mim, simplesmente resulte que estou, sem vaidade, muito bem com a minha consciência”

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Andar pela Região do Dão é descobrir um mundo à parte, rodeado pelas suas serras do Caramulo, Estrela, Buçaco ou Montemuro que protegem estes espa-

ços da influência de ventos fortes. As condições geográficas têm sido, por isso, bastante favoráveis à produção de vinhos de qualidade e que têm feito eco além-fronteiras, despertando novos paladares e diferentes sensibilidades. A Quinta do Mondego tem sido exemplo disso mesmo. Tudo começou em 1996 quando os pais de Jo-ana Cunha encontraram neste espaço situado na região de Nelas e banhado pelas águas do Rio Mondego, o local ideal para reunir a família. A Quinta do Mondego rapidamente se transfor-mou num refúgio, num espaço idílico para fugir à agitação da cidade e passar alguns momentos de tranquilidade e sossego. Daí que, quando questionada sobre o significado deste local, Jo-ana Cunha tenha sido peremtória ao afirmar tratar-se de um “espaço de família que demons-tra toda a paixão que sentimos por isto”. Muita desta tranquilidade é transmitida pelas margens do Rio Mondego, uma característica que acabou por inspirar o nome do primeiro vinho comer-cializado pela Quinta: Munda, o termo que os romanos davam ao rio. “Significa clareza, clari-dade, transparência, sendo que era assim que eles viam a água do rio”, explicou. Foi com essa filo-sofia que a Quinta do Mondego procurou desde a sua génese nortear a sua atuação, encarando o negócio da vinha com essa postura. Desde a co-mercialização do primeiro vinho, em 2006, muita coisa mudou. As pessoas cresceram, aprenderam e evoluíram, mantendo sempre a mesma filosofia que perdura até ao presente. Embora o seu trabalho se foque no Dão, Joana Cunha recorda com um misto de saudade e ale-gria uma experiência passada numa vindima na Austrália. Numa adega que, apesar de pequena e familiar, com sensivelmente 14 hectares de vinha, produzia vinhos para uma das maiores marcas nacionais, Joana cresceu a nível pessoal e profis-sional. Viver num país diferente, com uma cultura distinta, viajar e passar cerca de cinco meses no seio de outra família são experiências que enri-quecem o Ser Humano. A nível profissional, a riqueza foi incomensurável. “Austrália é um novo mundo para os vinhos mas é também um velho mundo. Nesta quinta onde estive existiam vinhas com quase cem anos. Por isso julgo que este espa-ço concentrava um pouco a fusão entre estes dois mundos”, recordou. Todas as aprendizagens não ficaram para trás. Joana Cunha tem procurado in-troduzir os seus conhecimentos na sua quinta e no

seu trabalho diário. “Todas as vindimas são novas e diferentes. Este setor está muito dependente do clima e é óbvio que tentamos sempre retirar o máximo das experiências e transporta-las para os nossos vinhos mas queremos, essencialmente, que os nossos vinhos tenham terroir”, referiu a res-ponsável. Em que sentido, então, a estratégia de crescimento deste espaço está associada às novas tecnologias e ao recurso a produtos inovadores? O fator inovação tem que invariavelmente estar sempre presente. O setor tem evoluído e para acompanhar este desenvolvimento os produtores têm de se munir das mais avançadas tecnologias. Mas o respeito pela tradição é, também ele, pre-ponderante. “Estamos numa região muito tradi-cional, onde são usadas castas típicas mas temos de adaptar uma parte da enologia à modernidade. Nos sistemas de frio, nas máquinas de lavagem ou no uso de boas madeiras temos tido essa pre-ocupação e temos tido em atenção o facto de a viticultura estar cada vez mais mecanizada”, afir-mou Joana Cunha. Assim, perante a questão: “que técnicas existem para que a Quinta do Mondego

A Região do Dão está a despertar novos olhares, diferentes interesses e arrebatadoras sensações. Situada nesta região vitivinícola, em Nelas, a Quinta do Mondego “homenageia” o rio que protege a sua vinha. Pelas margens do Rio Mondego estendem-se 20

hectares de vinha que, em 1996, sofreram uma profunda reestruturação, no momento em que os pais de Joana Cunha, atual Enóloga e Diretora, compraram aquele que começou, a partir de então, a ser um espaço de reunião da família. A paixão pelos vinhos surgiu

depois, como recordou Joana Cunha. hoje é isso que a move. Sendo uma propriedade de família, Joana Cunha tem procurado introduzir em tudo o que faz todo seu fascínio pela enologia e pela viticultura. Decorridas quase duas décadas desde que os seus

pais decidiram arriscar neste projeto, o que significa a Quinta do Mondego?

dA PAIxão e UnIãonascem vinhos com personalidade

tenha o melhor produto, respeitando sempre o coração e a Natureza?”, a resposta é certa: “temos de apostar em metodologias diferentes e atuais”. No final, de todas estas preocupações nascerá um vinho com caráter, fiel às características naturais da região e, mesmo de forma inconsciente, qual-quer quinta terá um vinho que acaba por ter um cunho muito pessoal do enólogo.

CUIDADOS A TER NA VINhACom más uvas não se faz um bom vinho. Para Jo-ana Cunha, todos os cuidados que se possam ter na vinha, desde a poda, até à desfolha e à monda de cachos, são cruciais. Para ter uma uva saudá-vel e com boa qualidade, todos os pormenores contam. A videira está ainda sujeita ao ataque de inúmeras doenças ou pragas e, por isso, deve ser protegida e, estando numa região muito sensível ao míldio por exemplo, os cuidados devem ser redobrados. Mas este é um trabalho que não se faz rapidamente. Há todo um ciclo que deve ser seguido e uma série de tratamentos que devem ser feitos ao longo do ano para garantir que a uva chegue no melhor estado possível à adega. To-dos os passos contam neste processo de criação de um vinho que irá corresponder às melhores expetativas do seu consumidor. E o que é que eles procuram nos vinhos da Quinta do Mondego? Frescura, acima de tudo. Mas mais do que isso. “O consumidor procura um vinho em que seja possível identificar o local onde o mesmo é pro-duzido. Procuram vinhos com personalidade, ca-ráter e diferença. O consumidor é mais exigente e tem procurado tudo aquilo que é típico de uma região”, referiu Joana Cunha.

“O DÃO É ESPECIAL”Se, no passado, Joana Cunha considerava o Dão uma região mal amada, muito devido a asneiras cometidas em anos anteriores, hoje a opinião é diferente. Para a enóloga, nos últimos cinco anos sensivelmente, os produtores apostaram na di-

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SETOR VITIVINICOLA DO DÃO E ENOTURISMO

Vinhos – Quinta do MondegoEm 2005 iniciou-se a comercialização dos vi-nhos DOC com duas marcas - MUNDA e QUIN-TA DO MONDEGO. MUNDA, nome que os ro-manos davam ao rio, originalmente descrevia a transparência, claridade e pureza das águas do rio que banha a Quinta, o qual derivou o nome Mondego. hoje a Quinta do Mondego tem mais outras duas marcas - ROSADOs e MONDECO.

Joana Cunha

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vulgação dos seus produtos, abriram-se a novos mercados e apareceram mais. “Cada região do país tem o seu perfil e a sua identidade. Mas o Dão é especial, é diferente e continua a ser uma das melhores regiões de Portugal”, defendeu. Este trabalho de comunicação tem sido intenso e tem trazido excelentes resultados em termos de pro-moção das potencialidades da região mas muito mais há a fazer. “Há ainda um longo caminho, tanto a nível do Dão como de todas as regiões do país. Nós, enquanto produtores, temos que levar o nosso vinho e os nossos produtos além-fron-teiras. Divulga-los”, evidenciou. A Nova Rota de Turismo do Dão, que será divulgada no próximo dia 27 de abril, poderá impulsionar esta abertura a novos visitantes. “Nesta região existem muitos produtores mas as vinhas estão escondidas pela paisagem. Não sei se será fácil o arranque da rota mas sem dúvida que será ótimo para a região e espero que crie mais movimento. Vamos torcer para que traga pessoas ao Dão para conhecerem as quintas e usufruírem da nossa gastronomia”, reforçou Joana Cunha. Neste campo, a gastro-nomia tradicional tem sido, a par do vinho, um dos principais atrativos. Os sabores da região são intensos, destacando-se o famoso cabrito assado ou a vitela à moda de Lafões.

INTERNACIONALIzAÇÃO COMO FUTUROSendo a internacionalização um caminho deter-minante para o futuro do setor, há, no entanto, quem defenda que Portugal precisa de ter mais meios para conseguir promover os seus produtos no mercado externo. Sabendo que o maior canal de distribuição dos vinhos da Quinta do Monde-go é, sem dúvida, a exportação, Joana Cunha tem a perfeita noção de que num trabalho de equipa todos devem reforçar a afirmação dos seus vinhos perante consumidores estrangeiros, nunca descu-rando naturalmente o mercado nacional. Com presença em países como a Suíça, Alemanha, Espanha, Polónia, Bélgica, Luxemburgo, Ingla-

terra, Irlanda, EUA, Canadá, Brasil, Hong Kong e Macau, a Quinta do Mondego vai continuar a abraçar este “desafio internacional” com a mes-ma garra de sempre. “Pretendemos aumentar o nosso portefólio de clientes internacionais, avan-çar para novos mercados e produzir vinhos cada vez melhores. As vinhas estão a envelhecer e, por isso, dar-nos-ão vinhos mais elegantes e com caráter”, partilhou. São estes vinhos com perso-nalidade que a Quinta do Mondego quer dar a conhecer e, para facilitar esse processo, prevê a abertura de um espaço com uma loja destinada a provas. Cada vez mais o enoturismo e a produção vinícola são duas facetas que se complementam e a Quinta do Mondego, apesar da concorrência de outros espaços, quer continuar a marcar a sua diferença.

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Uma mulher num mundo de homens?“Há dez anos quando comecei já existiam mui-tas mulheres nesta área, o que tornou o pro-cesso muito mais normal. Hoje somos imensas mulheres no mundo dos vinhos e, talvez devido à minha personalidade, nunca senti qualquer preconceito. Penso até que as mulheres estão a ser muito bem recebidas neste setor. A Quinta do Mondego é um negócio de família, um negócio de paixão, vivido num mundo de emoções onde o peso da tradição familiar ainda é bastante for-te e onde ainda há muito respeito e sensatez. Se tivesse havido mais racionalidade neste projeto, julgo que nunca se teria investido tanto”.

Joana Cunha

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Enchemos o peito de ar e fomos em busca do mundo dos Vinhos do Dão, onde os sabores e os aromas foram os anfitriões, e onde tivemos Arlin-do Cunha, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, como guia e conselheiro não do que é a Região do Dão, mas do que se sente e respira no Dão… intensidade, aromas, qualida-de, são algumas das características de tão nobres castas e que tanto prazer nos proporcionam. O nosso interlocutor deu-nos a conhecer um pouco mais desta região e as suas valias enquanto local vitivinícola por excelência. Mas acredite… ten-tamos que estas palavras façam jus ao Dão, mas será sempre curto explicar por vocábulos o que

se sente. Como é viver esta experiência. Por isso, não falte, venha conhecer um espaço ímpar de produtos vitivinícolas de sublimidade. Porque ninguém pode perder uma das regiões mais fas-cinantes de Portugal.

Quando fala na Região do Dão, não se cansa de elogiar a bravura e a garra de homens e mulheres que lutam diariamente pelas suas terras, cuidan-do com astúcia dos solos graníticos de onde saem vinhos com “qualidade, personalidade, diferença, elegância, frescura e suavidade”. Como convida-ria o nosso leitor a experimentar o Vinho do Dão?É o «par» perfeito de qualquer iguaria gastronó-

Qualquer viagem tem o seu início, e esta espera-se que não conheça o seu epílogo… é no centro de Portugal que começa esta jornada, de onde por entre arvoredos e serranias se lança o olhar no horizonte e se avista as contrafortes das serras circundantes. A

«companhia» é feita pelo serpentear de ribeiros, riachos e fios de águas que parecem pincelados por um qualquer pintor a desenhar numa tela preparada para feitos inesquecíveis. Assim é o Dão, que ladeado pelo fascínio do granito e a magia da vinha, de gentes

e memórias que dela guardam os vinhos, nos seus tonéis sem tempo nem idade. Tenha a certeza, neste itinerário para o qual o convidamos, irá trazer no olhar, na boca e na alma, a elegância de um aroma aveludado, diria até com toques de magia e que irá

perdurar como poucos. Conheça um longo e suave sabor do Dão, porque este é um prazer que não quer perder que irá perdurar para sempre.

onde o VInho é SóUm Ponto de PArtIdA

para uma grande viagem

mica. São vinhos elegantes, intensos e equilibra-dos em todos os aspetos. São acompanhamentos privilegiados de qualquer prato, por muito ela-borado e intenso que seja. Se for um prato mais forte, o vinho dar-lhe-á uma complexidade mais suave. Se for um prato mais ameno, então conte que os nossos vinhos darão um toque de estru-tura, robustez e arrojo. Assim são os vinhos da Região do Dão. Todos gostam, ninguém rejeita.

Há mais de dez anos que “saldou” as suas contas com a política. A par da sua atividade académica, está ainda à frente desta grande marca. Com a sua dedicação e da sua equipa, de que forma tem con-

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TEMA DE CAPA

Arlindo Cunha

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seguido colocar o Dão “nas bocas do Mundo”? O que tem significado este trabalho?Considero-me apenas «mais um». Nem mais nem menos. A equipa é o importante. Há uns anos, as comissões vitivinícolas regionais, ao in-vés de serem nomeadas pelo Governo, passaram a ser eleitas pelos agentes económicos e, na mi-nha opinião, muito bem. Fomos os primeiros a ser eleitos na Comissão Vitivinícola Regional do Dão e vamos agora no segundo mandato. Tem sido uma viagem muito interessante e positiva. Estamos numa fase ascendente dos vinhos do Dão, que são hoje consensuais ao nível de crí-ticos e especialistas, que têm reconhecido a sua singularidade, pelo seu equilíbrio, aroma, caracter e elegância. Isto tem vindo a ser descoberto há mais de uma década…diria até desde que come-çou o este milénio, há 15 anos. Sentimos, portan-to, que há um olhar diferentesobre os vinhos do Dão por parte dos cidadãos, dos consumidores e, especialmente, dos críticos e especialistas. Não tenho problemas em assumir que houve um certo período em que o Vinho do Dão era uma espécie de «patinho feio» dos críticos profissionais. Era moda dizer mal dos vinhos do Dão. Felizmente conseguimos inverter esse cenário e as pessoas redescobriram o vinho do Dão.

Como inverteram e contornaram esse panorama e estigma do «patinho feio»? Com perseverança e um forte investimento ao nível da qualidade dos nossos produtos vitivi-nícolas, das empresas aqui localizadas, quer ao nível das vinhas, quer das tecnologias utilizadas na produção e fabrico dos vinhos. Assim, com esse esforço existente nas adegas e vinhas, conse-guimos atualmente mostrar o que somos e o que realmente valemos. Não tenhamos dúvidas, subi-

mos vários patamares nas vertentes da exigência, do rigor, da qualidade e da excelência, nos últi-mos anos e isso significa que o trabalho que tem vindo a ser feito é o caminho a seguir, embora, naturalmente, tenhamos de ter capacidade para perceber que é necessário ir adotando estratégias diferenciadas em função das mutações e prefe-rências do próprio mercado. Estamos atentos, sabemos que o cenário atual é muito mais pro-missor e espero que isso se traduza na expansão e alargamento das quotas de mercado.

É de uma constante aliança entre a história cen-tenária da região, a tradição e a modernidade tecnológica que nascem vinhos que já descreveu como “elegantes, com caráter e maturidade”? Sem dúvida. Temos de compreender que os con-sumidores de vinho têm hábitos heterogéneos nas suas preferênciasvínicas, mas temos de per-ceber que, dada a forte concorrência, não podem existir erros na enologia e no fabrico do vinho, sob pena de sermospreteridos, para não dizer aniquilados. Temos de saber conciliar o que é tradicional com a modernidade, com as técnicas mais evoluídas e rigorosas, o que não quer dizer que as tecnologias de ponta sejam sempre utili-zadas. Nos vinhos tintos do Dão, por exemplo, mantemos as técnicas tradicionais do vinho de lagar com a pisa a pé, mas por outro lado, tam-bém usamos novas tecnologias, como o frio, para que as fermentações dos brancos e rosés seja re-alizada de uma forma prolongada durante várias semanas, mantendo portanto os aromas de fruta, que são voláteis. A Região do Dão não «embar-cou» na onda das modas das castas internacio-nais. Somos o que somos e pretendemos manter isso, dando especial enfoque à qualidade e rigor das nossas castas tradicionais, que são, de facto,

uma mais valia em prol da afirmação da distinção e qualidade.

Em que medida a Região Demarcada do Dão tem solidificado um caminho que a consolide na linha da frente das regiões demarcadas portuguesas?Apenas temos de nos preocupar com a «nossa casa». O que representa isso? Olhe, acima de tudo temos de procurar que os nossos vinhos reúnam qualidade, , autenticidade e tipicidade e sermos capazes de comunicar aos consumidores essa di-ferenciação. Isso irá ajudar a região, em conjunto, naturalmente, com as suas empresas , porque é a elas que compete criar maior competitividade e maior suporte financeiro para a região e elas pró-prias. É que temos de perceber, que sem um teci-do empresarial forte, não nos podemos expandir e dar «asas» a todos os desideratos que temos, que passam pelo aumento da quota de mercado, por melhores preços e pela criação de mais valor.. De realçar ainda que pretendemos comunicar mais e temo-lo feito, até porque os nossos produtores e adegas têm tido a enorme capacidade de produ-zir vinhos de excelência elevada.

Apesar da concorrência de outras regiões, mo-tivada, em grande parte, pela enorme evolução registada nos últimos anos no setor em Portugal, os Vinhos do Dão continuam a gozar de enorme prestígio e da preferência generalizada dos con-sumidores. De um modo geral, o que é que eles procuram nos vossos vinhos?Acima de tudo autenticidade. As pessoas sabem que o Dão tem sabido manter a tradição e que os nossos produtos vitivinícolas respeitam essa tradição e são produzidos com base nas castas tradicionais. Sabem ainda que os nossos vinhos «casam» muito bem com qualquer prato gastro-

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nómico e que têm a capacidade de guarda, ou seja, de envelhecimento e de durar muitos anos.

No setor vinícola, como é que se atingem os tão esperados bons resultados? Uma perfeita harmo-nia entre a equipa de gestão, o departamento co-mercial e o grupo de enólogos é suficiente?É tudo um pouco. Sabemos, na Comissão Vi-tivinícola Regional do Dão, que temos de ser constantemente e diariamente exigentes, princi-palmente no domínio da certificação dos vinhos. Estamos acreditados nas mais consagradas insti-tuições europeias na função de certificação, im-plicando exigências nas análises laboratoriais e na Câmara de Provadores.. E portanto, o primeiro serviço que podemos prestar à causa dos produ-tores de vinho do Dão é sermos exigentes com a qualidade quando certificamos o vinho. Poste-riormente temos de fazer um esforço, compatí-vel com os nossos próprios recursos, de promoção genérica dos vinhos do Dão e de saber comunicar isso mesmo ao nível da sociedade. Estes serão os dois principais papéis e desafios da Comissão Vitivinícola Regional do Dão. Naturalmente que o universo empresarial é es-sencial, pois também as empresas têm de ter a capacidade de comunicação das suas próprias marcas e de eficiência na gestão interna. Temos algumas dificuldades nesse aspeto na região, pois não possuímos as denominadas grandes empre-sas e isso não deixa de ser uma dificuldade que tem vindo a ser ultrapassada com a vontade e perseverança das empresas. Também precisa-mos de uma política de investigação no domí-nio da vitivinicultura, em que importacontinuar a apostar. Não nos podemos esquecer que sem boas vinhas, não há bons vinhos e aqui, na região do Dão, temos alguns centros de excelência de investigação que queremos continuar a reforçar para prevenir o futuro.

Preparam-se para divulgar a Nova Rota de Turis-mo do Dão, já no próximo dia 27 de abril. O que podemos esperar?

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TEMA DE CAPA

Esperamos essencialmente duas coisas. Que os turistas tenham uma nova oportunidade de redescobrir as quintas e adegas do Dão. Este é um produto turístico de valia e excelência onde podem adquirir e conhecer todos os produtos da região. Além disso, será um excelente canal de comunicação dos e para os Vinhos do Dão.

Que impacto é expectável que a mesma tenha para a economia local e para os agentes turísticos das regiões envolventes? O impacto será bastante positivo. A partir do momento em temos um produto desta qualidade para oferecer a turistas e visitantes, diria que é um fator criador de valor acrescentado para a região, designadamente para as quintas e adegas, pois podem vender diretamente os vinhos e algumas possuem, elas próprias, serviços de, restauração e mesmo alojamento. Tudo isso irá traduzir mais visitantes, logo mais capacidade económica que fica para a região que deve saber aproveitar esta oportunidade para se continuar a reinventar, por-que ninguém ache que o trabalho cessa por aqui. Esta é uma obra que não para e que devemos continuar a promover e a fomentar com novas ideias, novas formas, novos projetos e desafios, pois não podemos adormecer.

No quotidiano de qualquer empresa, o reconhe-cimento externo é sempre um motivo de orgulho. Neste sentido, a Região Demarcada do Dão tem estado bem representada no campo das distin-ções? Quais são os principais prémios que mere-cem ser destacados?São diversos e seria injusto estar a nomear ape-nas alguns. Importa é referir que de facto, nos concursos internacionais, os Vinhos do Dão têm sido premiadas com diversos prémios, numa proporção muito superior relativamente ao que representamos em termos de mercado. Estamos atentos a isso, e a própria Comissão Vitivinícola Regional do Dão tem aplicado uma medida, desde há quatro anos, em que devolvemos os custos de inscrição nos cinco

mais importantes concursos mundiais do setor, sempre que os produtores ganharem alguma medalha. É uma forma de encorajarmos a ida dos produtores nos concursos internacionais de maior nomeada e isso tem-nos permitido ter maior notoriedade. Assim, estas apostas têm sido vitais para ajudar os consumidores e crí-ticos a descobrir ou redescobrir os vinhos do Dão, porque não é normal uma região na nossa dimensão ganhar tantos prémios. Obviamente que isso leva as pessoas a interrogarem-se, mas depois de provarem os nossos vinhos conse-guem compreender o porquê.

E porquê? São vinhos pouco alcoólicos, com aromas muito ricos e suaves e que possuem um excelente equi-líbrio entre as diversas componentes que definem um vinho de qualidade.

Cada vez mais o enoturismo e a produção vinícola são duas facetas que se complementam. Qual o papel que o enoturismo tem desempenhado no desenvolvimento dos destinos turísticos, em par-ticular nesta região?É importante salientar que este trabalho não é novo, ou seja, não estamos a começar do zero. Já temos algumas casas que possuem serviços de enoturismo. O que pretendemos com a Rota do Vinho do Dão, é potenciar toda essa oferta eno-turística e temo-lo vindo a fazer. Como? Desde que este projeto foi aprovado pelo Programa Operacional do Centro, há dois anos, começá-mos a preparar as várias componentes da rota, através de uma plataforma web para comunica-ção, criação de salas para receção de visitantes, provas diárias de vinho do Dão, entre outras. Posso confirmar que temos, neste momento, cer-ca de 40 quintas e adegas que manifestaram o interesse na Rota do Vinho do Dão e que vão aderir a partir de abril. Isto é fundamental e posi-tivo para região, que assim irá desenvolver ainda mais a vertente do enoturismo, potenciando a economia local.

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Com o intuito de promover, nacional e internacio-nalmente, frutas, legumes e flores do nosso país, a PORTUGAL FRESH é o resultado de uma neces-sidade sentida pelo tecido empresarial. De que forma é que esta entidade tem promovido uma abordagem diferenciadora do que é nacional?A Portugal Fresh tem desenvolvido a sua atuação principalmente no mercado internacional. Temos estado nos principais eventos mundiais do setor com uma imagem de Portugal que nos orgulha, quer produtores, quer empresários agrícola e em-presas. A nossa presença externa tem proporciona-do aos associados a oportunidade de encontrarem novos rumos para os seus produtos. Estamos tam-bém a promover missões empresariais quer diretas quer inversas, ou seja, trazer a Portugal os compra-dores internacionais para que possam ver a nossa realidade de que tanto nos orgulhamos.

Portugal foi o país parceiro da maior feira de frutas e legumes do Mundo, a Fruit Logistica que decorreu

em Berlim entre 4 e 6 de fevereiro último. As empre-sas portuguesas tiveram a oportunidade merecida para divulgarem os seus produtos? Que balanço é possível fazer dos negócios estabelecidos?As empresas tiveram uma oportunidade mais que merecida para poderem valorizar no maior certame mundial do setor a sua capacidade de produção de produtos de elevada diferenciação

qualitativa. Os produ-tores tiveram a possi-bilidade de mostrar aos melhores opera-dores mundiais do se-tor as excelentes con-dições que possuímos para produzir belíssi-mas frutas e legumes. O balanço da nossa participação foi um ro-tundo sucesso porque foi o reforço evidente de um caminho que já vínhamos a percorrer desde a existência da associação de mostrar-mos a força de Por-tugal neste setor. As empresas foram abor-dadas pelos melhores compradores mundiais quer da Europa, quer da Ásia quer da Amé-rica Latina e puderam desenvolver estes con-tatos que em breve se vão concretizar em efetivos contratos.

Em eventos com esta envergadura, as em-presas são colocadas frente a frente com os mais exigentes compradores inter-nacionais. Pela sua

Em 2015, Portugal foi o país parceiro daquela que é já considerada a maior feira mundial de frutas e legumes: a Fruit Logistica. Em Berlim, de 4 a 6 de fevereiro, a Associação Portugal Fresh esteve presente juntamente com um conjunto muito expressivo de empresas e entidades portuguesas ligadas à fileira hortofrutícola. O objetivo passou por promover a frescura, o sabor, a cor e a

qualidade dos produtos nacionais e impulsionar o aumento das exportações deste setor que, segundo ambições da Portugal Fresh pela voz do seu Presidente, Manuel Évora, deverão atingir, em 2020, os 2.000M€.

“o BAlAnço dA noSSA PArtIcIPAçãofoi um rotundo sucesso”

experiência, o que é que eles mais apreciam nos produtos portugueses?O que os compradores internacionais mais apre-ciam nos produtos portugueses é a sua inigualá-vel qualidade. Os nossos produtos são diferen-ciadores pela sua cor, pela sua crocância, pelo seu aroma e muito principalmente pelo seu extraor-dinário e inconfundível sabor. Existe algo que também marca a nossa posição que é a segurança alimentar do que produzimos. Somos indiscuti-velmente produtores de enorme responsabilidade face às exigências dos consumidores.

Recentemente, em Berlim, nesse mesmo certame, o Vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, prometeu abrir mais mercados para as exportações de pro-dutos agrícolas nacionais. No seu entender, o que é o setor pode esperar?O setor espera que o estado português possa con-tinuar um trabalho de parceria conjunta com o setor privado com a finalidade de conseguirmos abrir mais mercados internacionais. A Diploma-cia Económica tem aqui um papel absolutamente preponderante para conquistarmos novos mun-dos para este setor. O apoio da AICEP é deter-minante para conseguirmos fomentar e consoli-dar relações empresariais no mercado externo.

Qual será o posicionamento da PORTUGAL FRESH para continuar a ser uma digna represen-tante da agricultura nacional?Conforme anunciamos em Berlim, as exportações deste setor devem atingir em 2014 os 1.100 M€, o que será um aumento superior a 40% face a 2010, representado um crescimento superior a 10% ao ano. Este é claramente um trabalho conjunto dos produtores, dos empresários e de todas as institui-ções do Estado Português que contribuem para estes extraordinários resultados. A nossa ambição é imensa e a Associação Portugal Fresh e os seus associados têm como meta atingir os 2.000M€ em 2020, protagonizando deste modo um desafio enorme a toda a economia de Portugal.

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PRODUTOS DE QUALIDADE

Representantes das empresas presentes na Fruit Logistica 2015

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A Vitacress nasceu em Inglaterra, tendo iniciado a sua produção em Portugal nos anos 70. Trata-se de uma empresa direcionada para a produção, explo-ração, lavagem e embalamento de agrião, rúcula, saladas de folhas tenras, entre outros vegetais. O que tem feito com que, desde o início, a Vitacress se tenha assumido como um caso de sucesso?O caráter inovador de quase tudo o que a Vita-cress tem feito é determinante para confirmar a imagem de sucesso e liderança que tem vindo a construir. Tentamos estar sempre atentos às ne-cessidades dos consumidores e muitas vezes até, antecipando as mesmas, criando novas tendên-cias. Somos no entanto prudentes e contidos na celebração dos sucessos. Temos ainda muitíssimo para melhorar.

Com o aumento da sua capacidade produtiva, a Vitacress Portugal tem olhado para novos merca-dos europeus e para Angola. O que tem sido feito neste sentido?O norte da Europa e Angola representam opor-tunidades diferentes e têm papéis distintos no desenvolvimento da companhia. O primeiro é uma extensão do que já hoje fazemos, embora com a dificuldade (mas também a oportunidade) de uma distância acrescida e de um consumidor com outras características. Angola é um diaman-te em bruto por explorar onde falta ainda encon-trar o parceiro ideal com quem possamos celebrar um casamento de conveniência em que noivo e noiva levarão cada um os dotes que herdaram!

Com a atual conjuntura financeira, os portugueses consomem mais produtos hortofrutícolas de ori-gem portuguesa. Mesmo assim, o que é premente fazer para impulsionar mais o consumo, projetan-do, por sua vez, as empresas do setor? Que papel a Vitacress tem procurado desempenhar?O “mote” que a Portugal Fresh desenvolveu para vender os produtos portugueses na Europa, “The Atlantic Breeze Taste”, tem igualmente de ser usado na comunicação interna com o consumidor português. Os nossos compatriotas têm de ser os primeiros a ser sensibilizados para o facto de os

produtos portugueses terem um sabor único, e edu-cados para consumir predominantemente fruta e vegetais da época e de proximidade. Têm também que ter sempre presente que ao fazê-lo, estão não só a desfrutar de melhores produtos como a criar em-prego e riqueza no país. Isso faz-se com campanhas de promoção que a Vitacress e as outras empresas do setor financiam através da associação da Portu-gal Fresh. Esta Associação terá feito pelo setor em quatro anos, (naturalmente em conjunto com o Governo) mais do que Portugal fez pela agricultura em décadas sucessivas de avanços e recuos.

Existem, em Portugal, muitos terrenos abandona-dos e que poderiam ser muito bem aproveitados. Podem, por exemplo, ser entregues a pessoas inte-ressadas em explorar a agricultura e torná-la num negócio bastante rentável. Este caminho está a ser tomado? Acredita que por parte do Ministério da Agricultura e do Mar estas preocupações têm sido levadas a sério?Sem dúvida que sim, como o prova a criação da Bolsa de Terras e o apoio a jovens agri-cultores. Esse apoio tem no entanto de ser dado de braço dado com um julgamento criterioso dos projetos para que o dinheiro não se esvaia em so-nhos de negócios de amadores, por muito bem-intencionados que sejam. Conti-nua no entanto a ser chocante o número e a dimensão de áreas abandonadas que se-guramente exigem um esforço de comunica-ção e sensibilização importante por parte do Governo.

Portugal foi o país par-ceiro da maior feira de frutas e legumes do Mundo, a Fruit Lo-gistica que decorreu em Berlim entre 4 e 6 de fevereiro. Qual é a importância deste tipo de eventos para a imagem do setor? Que balanço é possível fa-zer da vossa presença neste certame?

Inovação, sustentabilidade, responsabilidade social e promoção do que é português são alguns dos fatores que têm permitido que a Vitacress se assuma como uma marca de sucesso em Portugal. Numa agradável conversa com a Revista Pontos de Vista, Luis Mesquita

Dias, Diretor Geral e Administrador da Vitacress Portugal falou sobre a missão e objetivos da empresa, o papel fundamental do Governo e dos consumidores no setor agroalimentar e o constante e bem-sucedido crescimento da marca em território português.

A qUAlIdAde PortUGUeSAde uma marca vinda de inglaterra

Já fiz referência ao papel da Portugal Fresh e do posicionamento que estabeleceu para os nossos produtos, quer nacional quer internacionalmente. Fomos ali jogar na Liga dos Campeões mas che-gamos a esse campeonato muito depois de outras equipas. Temos pois de aprender, treinar, persistir e dar nas vistas com o que temos de bom para oferecer. O resultado nem sempre é imediato mas é cumulativo e terá um payback gratificante.

Para o futuro, qual continuará a ser a estratégia e linha de atuação da Vitacress no sentido de se assumir como uma referência de qualidade e ino-vação na fileira agroalimentar portuguesa?Portugalidade, Marca, Valor, Segurança Ali-mentar, Inovação, Sustentabilidade e Respon-sabilidade Social são oito conceitos e oito atri-butos que nos caracterizam e que continuarão a acompanhar-nos.

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PRODUTOS DE QUALIDADE

Luis Mesquita Dias

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Localizada em Alcobaça, a Revista Pontos de Vista conheceu uma entidade que exporta para vários países dos quatro cantos do Mun-do, nunca desviando a atenção do mercado

nacional, onde trabalha essencialmente com cadeias de super e hipermercados. A Cooperfrutas nasceu em 1998 do esforço e da vontade de um grupo de produtores que viu neste projeto os elementos fundamentais para poderem trabalhar, inseridos no contexto das imposições de um mercado cada vez mais exigente e competitivo. Comprometendo-se a fazer tudo o que está ao seu alcance para garantir a melhoria contínua dos seus processos e a quali-dade dos seus produtos, a Cooperfrutas dedica-se à conservação, seleção, embalamento e comercia-lização de produtos como a pêra rocha do Oeste ou a maçã de Alcobaça. Continuadamente tem persistido na remodelação das instalações e numa constante aposta em tecnologia de ponta, sempre com os “olhos” focados em possíveis novos merca-dos e nas diferentes oportunidades de negócio. Para Rui Ferreira, Diretor Comercial da Cooperfrutas, a procura pela melhoria contínua aplica-se “ao nível da sustentabilidade de produção, do cumprimento de normas e do respeito pelas boas práticas agríco-las em termos ambientais, tanto no campo como

na central e com a respetiva garantia de qualidade e segurança alimentar dos seus produtos”. Aliás, foi com o objetivo de rentabilizar os seus ativos e tornar o seu negócio mais sustentável que a Cooperfrutas, sabendo que é importante preservar a terra, decidiu apostar em energias renováveis. Como tal, imple-mentou um sistema solar fotovoltaico de 290 kWp. “Estamos atentos às necessidades e tendências e procuramos estar na linha da frente das boas práti-cas, estando sempre no encalce de fazer mais e me-lhor”, afiançou Rui Ferreira. Para estar sempre na linha da frente, a cooperativa tem apostado numa estreita colaboração com universidades e outras en-tidades associativas do setor. Sem querer subestimar outros sabores portugueses, Rui Ferreira é perentório: “a pêra rocha do oeste e a maçã de Alcobaça são garantidamente dois dos melhores produtos agrícolas que produzimos a ní-vel nacional”. Pelo sabor, pela segurança alimentar e pelas qualidades intrínsecas, que em conjunto con-ferem a estas frutas portuguesas características dife-renciadoras das demais e que em muito se devem às condições ímpares da região onde são produzidas. “Estamos localizados numa zona com um micro-clima muito particular onde a Oeste temos uma influência atlântica e a Norte e a Este existe uma

influência montanhosa. Este posicionamento confere uma série de características distin-tas às nossas frutas e produtos hortícolas”, explicou o responsável. Aproveitando as poten-cialidades destes dois frutos, a Cooperfrutas lançou uma nova linha de produtos, o “Puré de Fruta” que conquistou recentemente o Prémio Inovação Intermarché Produção Nacional, na categoria de Frutas e Preparados de Fruta. Produzidos com 100% de fruta da região sem qualquer adição de açú-car, estes sabores con-centrados em frascos de vidro de 350 gramas têm sido um desafio para a Cooperfrutas. Para Rui Ferreira, estes produtos são, inques-tionavelmente, distin-tos dos que encontra-mos habitualmente nos mercados. “Os nossos purés têm sabor, sabem realmente a fruta”, de-fendeu. Para a Cooper-frutas, “são ideais para o acompanhamento de uma refeição, na prepa-

A Cooperfrutas representa uma organização de produtores de fruta e produtos hortícolas, desenvolvendo num trabalho desde sempre alicerçado em três elementos essenciais: inovação, sustentabilidade e respeito pela produção nacional. Conheça uma entidade que

tem procurado promover a fileira, através da constante busca pela melhoria num mercado cada vez mais global e competitivo.

FrUtA qUe Se dIFerencIA pelo sabor

ração de uma sobremesa, na confeção de bolos, tar-tes, crepes, gelados ou para consumir diretamente”.

FRUIT LOGISTICA 2015Entre 2011 e 2013 a produção de frutas e legu-mes em Portugal cresceu consideravelmente, o que tem tornado o nosso país um parceiro de negócios com crescente interesse e força no setor. A ambi-ção e vontade das pessoas da Portugal Fresh em conjunto com as entidades públicas fez com que fosse possível Portugal ser o país parceiro da Fruit Logistica 2015. Para a imagem do setor, esta visi-bilidade foi excelente, garantiu Rui Ferreira. “No essencial estamos a falar da projeção das frutas e legumes de Portugal e no seu todo do nome de Portugal ao nível planetário. Garantidamente que ao sermos reconhecidos no estrangeiro, criamos visibilidade a nível interno e num país pequeno como o nosso e num mercado tão competitivo e global estes eventos são de extrema importância”, afirmou o responsável. Inicialmente a Cooperfru-tas começou por estar presente nesta feira de forma individual mas nos anos mais recentes, com a cria-ção da Associação Portugal Fresh, tem marcado a sua presença numa participação conjunta de Por-tugal. A Portugal Fresh tem, ano após ano, procu-rado ocupar um melhor espaço dentro do recinto. “ Há um nome em comum, Portugal, e isso vai ori-ginar dimensão a nível individual e coletivo, logo ganhamos escala”, garantiu Rui Ferreira. A Fruit Logistica é, para a Cooperfrutas, o ponto de en-contro com vários parceiros e essa é uma das prin-cipais mais-valias que tem garantido a presença da cooperativa neste certame em Berlim. Por outro lado, a procura de novos negócios, novos merca-dos e diferentes oportunidades é outro dos grandes objetivos. “Quem não aparece, esquece”, concluiu Rui Ferreira. À margem da maior feira de frutas e legumes do Mundo, Paulo Portas, Vice-Primeiro--Ministro, prometeu abrir mais mercados para as exportações de produtos agrícolas nacionais. Esta mensagem foi recebida com otimismo e, tendo em conta o impulso que se tem procurado dar ao setor, Rui Ferreira acredita que tem existido vontade e prioridade política para que realmente estas pro-messas se concretizem. “O melhor que as entidades públicas fizerem pelo país estão garantidamente também a fazer o melhor por eles mesmos”, garan-tiu. Enquanto isso, a Cooperfrutas continuará a ser o parceiro dos seus produtores e clientes, estando atenta ao futuro.

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PRODUTOS DE QUALIDADE

Rui Ferreira

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Os primeiros anos da empresa foram, como Bruno Filipe Costa refere, “bastante intensos, com novidades a acontecer consecutivamente”. Nesse

período a empresa cresceu 603%, reflexo da ne-cessidade de qualidade, exclusividade e serviço no mercado português. No ano passado, pela pri-meira vez neste percurso, foi sentido “o impacto de um crescimento tão rápido e tivemos que to-mar decisões, consolidar e reestruturar”. Reestru-turações feitas, 2015 é tempo de “em Portugal, solidificar as nossas marcas e crescer sustentada-mente, não só com os nossos clientes mas através da captação de novos. A nível internacional, es-tamos efetivamente muito apostados em crescer. E se de um lado temos a confiança de cinco anos de experiência, do outro temos a expetativa de um bom modelo de negócio em mercados com potencial”.2015 será também o ano em que a Iguarias se lançará com marca própria. “Estamos já na fase final do packaging deste novo desafio” que in-cluirá as conservas nacionais, o vinho português e, o não lusitano mas ibérico, presunto espanhol, que como explica Bruno Filipe Costa “foi uma decisão que surgiu naturalmente. Foi o nosso primeiro produto e é por ele que somos mais conhecidos no mercado nacional. Fazia sentido que aproveitássemos o know how que temos no lançamento da nossa marca própria”.Até agora a empresa representava apenas outras marcas, nacionais e internacionais, do setor do luxo alimentar. Entre os principais produtos que fazem parte do portfólio da Iguarias contam-se: o Melhor Presunto do Mundo – Joselito; os produ-

tos do Chef Jamie Oliver, um nome sonante para o consumidor final e por isso considerado umas das estrelas da empresa, que permitiu um cresci-mento de 120% no volume de vendas da Iguarias quando foi introduzido em 2012; os produtos da “The East Indian Company”, a marca mais anti-ga do mundo no setor alimentar - a sua história remete-nos à realeza inglesa do século XVI – e so-bejamente conhecida pelos seus chás, ainda que o leque de produtos oferecidos seja muito mais vas-to; o Tangerine Gin, primeiro gin a ser produzido no Algarve, com tangerina nacional; e alguns pro-dutos muito específicos, que remetem para luxo, exclusividade e distinção, como as Trufas, o Caviar e o Foie Gras.

QUALIDADE NOS PRODUTOS,ExCLUSIVIDADE NAS MARCAS

E DISTINÇÃO NO SERVIÇOPara Bruno Filipe Costa há que distinguir luxo de tendências gour-met. “O cliente do luxo quer exclusivi-dade, quer marcas fortes, quer sentir-se diferenciado dos res-tantes e ter acesso a um tipo de produto que não é massificado. Isto é algo que existe sempre, mesmo em períodos de crise, em que ainda que se sinta alguma retração este tipo de cliente conti-nua a existir e conti-nua a querer produtos diferenciados”.Com uma verdadeira presença territorial a nível nacional, o core business da Iguarias é o fornecimento de produtos alimentares de luxo ao setor da restauração e hotela-ria. Mas Bruno Fili-pe Costa quis com a Iguarias ser mais do que um simples dis-tribuidor e, por esse motivo, o modelo de relação e o serviço ofe-recido aos seus clien-tes são duas das valias mais importantes da empresa. “Quisemos implementar no mer-

Foi do sonho de trazer para o mercado nacional os melhores ingredientes do mundo que surgiu, há cinco anos, a Iguarias. Dois anos depois, a marca deu os primeiros passos no seu projeto de internacionalização, exportando atualmente para Inglaterra e Angola

e mantendo já uma presença sólida em Espanha. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, o Fundador, Bruno Filipe Costa, falou do trajeto “fantástico” que a Iguarias tem seguido e das expetativas para este ano, que irá marcar “um novo ciclo na empresa dado que

abriremos o leque, que até então estava mais restrito ao território nacional, a mais mercados”.

“o clIente do lUxoquer exclusividade”

cado um tratamento diferenciado para clientes que até à altura não o tinham. Quisemos trazer produtos de qualidade e marcas prestigiadas, mas quisemos também trazer ao nosso cliente um ser-viço de qualidade e proximidade. Não nos limita-mos a vender. Somos parceiros dos nossos clientes, sentamo-nos à mesa com os chefs a experimentar produtos e a ver o que melhor se encaixa na sua carta, para depois podermos desenhar soluções à medida. Nesse aspeto somos diferentes e isso está muito relacionado com a forma como encaramos este negócio: para nós não é uma corrida de 100 metros com objetivo do lucro rápido, mas uma maratona para que daqui a 20 anos possamos es-tar a vender aos mesmos clientes que começaram connosco há cinco anos atrás. Tendo em conta que somos os mais caros do mercado, nunca poderí-amos competir pelo preço, mas sim pelo serviço, qualidade dos nossos produtos e exclusividade das nossas marcas”, afirma.

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INTERNACIONALIzAÇÃO

Bruno Filipe Costa

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Existem 1845 empresas portuguesas que são as “melhores das melhores”, com um desempenho aci-ma da média nacional, o que representa mais 67% das que existiam no ano passado. O que justifica este crescimento?Sem dúvida, o mérito destas empresas e a qualida-de dos desempenhos conseguidos pelo segmento mais competitivo das nossas PME, as PME Líder, que está na base do universo das PME Excelência, e que também cresceu relativamente ao ano ante-rior. São empresas de perfil superior que souberam atuar em contraciclo, reforçando a sua capacida-de competitiva e contribuindo ativamente para a economia, o emprego e as exportações nacionais, com sinais claros de crescimento em praticamente todos os indicadores de desempenho, que as colo-cam numa fasquia muito acima da média nacional. Num quadro macroeconómico menos favorável, e não tendo havido diminuição de exigência nos in-dicadores de análise, estas empresas conseguiram aumentar substancialmente o seu ativo em relação ao ano anterior, ao mesmo tempo que reforçaram os seus capitais próprios e evidenciaram melhorias significativas nos seus rácios de produtividade e de rendibilidade, o que é muito importante e marca os desempenhos superiores destas empresas.

A exigência dos critérios foi a mesma em relação a edições anteriores. A verdade é que em 2013 as empresas atingiram resultados financeiros muito acima da média nacional. Nem o aumento dos im-postos, nem o desemprego abalaram a capacidade ímpar destas entidades de excelência?De facto a resiliência destas empresas foi notável e estamos certos que souberam aproveitar os apoios públicos à sua disposição para investir na sua capa-citação competitiva e para reforçar a sua abordagem a mercados externos. Não nos podemos esquecer que a maioria das empresas distinguidas, mais de 60%, são exportadoras, e viram aumentar em ter-mos médios em 16% o volume das suas exporta-ções, um valor que se situa sensivelmente duas vezes e meia acima dos resultados da estrutura empresa-rial nacional, e que evidencia o esforço e o contribu-to fundamentais destas empresas para a dinâmica do nosso comércio externo.

De que forma a atuação dos bancos tem sido im-prescindível para o desenvolvimento da capacida-

de empresarial e para permitir ao tecido empresa-rial assumir uma posição de resiliência perante as dificuldades?Sim, o envolvimento e investimento crescente que tem vindo a ser feito pelos nossos parceiros da ban-ca tem sido fundamental para o sucesso alcançado, numa disputa saudável por este segmento premium de empresas e pela oferta em condições especiais de soluções financeiras ajustadas às necessidades des-te universo empresarial. As linhas de crédito com garantia mútua, protocoladas com o IAPMEI, a SPGM e a PME Investimentos, são um exemplo de um instrumento que permitiu chegar a muitas empresas e que contribuiu para alavancar as PME nas suas estratégicas de crescimento e internaciona-lização, num período que foi marcado por dificul-dades no acesso ao financiamento.

A maior parte está no Norte do país, são sobretudo exportadoras, destacando-se o setor da indústria e com significativas surpresas no turismo. De um modo geral, o que podemos dizer acerca das PME Excelência deste ano?A liderança em termos setoriais continua a ser da indústria, com 36% do universo das empresas dis-tinguidas, sendo o comércio a seguir a atividade

Depois de uma rigorosa seleção feita pelo IAPMEI e pelo Turismo de Portugal, no passado dia 26 de janeiro, 1845 organizações receberam o estatuto de PME Excelência, mais 67% do que no ano anterior. Para Miguel Cruz, Presidente do IAPMEI, estamos perante empresas

que conseguiram atuar em contraciclo, superando-se e contribuindo de forma efetiva para a economia, emprego e para as exportações nacionais. Conheça mais de um estatuto que tem potenciado a imagem do setor empresarial nacional, dentro e fora dos limites do país.

emPreSAS qUe Se deStAcAmpela qualidade e diferenciação

mais representada com quase 29% do universo, e mais de 60% das empresas premiadas concen-tram-se em quatro distritos: Porto, Lisboa, Aveiro e Braga, e têm atividade exportadora, exportando em média mais de 25% do total do seu volume de negócios. Comparativamente com o ano ante-rior, as PME distinguidas melhoraram em média mais de 15% os resultados das suas vendas, viram aumentado em quase 28% o seu EBITDA e apre-sentaram uma rendibilidade de capitais próprios de 17,5% (contra 3% da média nacional). São empresas que gozam de uma autonomia finan-ceira de 54,5%, 24,5 pontos percentuais acima da média das empresas nacionais, que se fica pelos 30%, e que viram os seus ativos totais aumentar em 10%, com um crescimento médio de 16% nas exportações.

A liderança do Porto nos números da PME Exce-lência não tem sido novidade. Com um tecido em-presarial dinâmico, essencialmente PME ligadas à indústria, o que justifica esta constante “liderança”?O Norte é tradicionalmente uma região com uma concentração industrial forte, e que reúne mais de metade das melhores PME nacionais distinguidas pelo IAPMEI. Em apenas três distritos, Aveiro, Porto e Braga, estão concentradas mais de 64% das PME Excelência 2014, o que por si só é ilus-trativo do contributo desta região para a econo-mia e as exportações nacionais. Mas o IAPMEI tem tido também o privilégio de acompanhar o esforço de investimento que as PME da região têm vindo a fazer nos últimos anos em inovação e reforço da capacidade competitiva, com recurso aos vários instrumentos de apoio que gere e que têm potenciado a qualidade da produção nacio-nal e a sua afirmação no mercado global, indu-zindo crescimento em setores diversos, desde os mais tradicionais aos que incorporam uma maior componente tecnológica. No âmbito dos apoios concedidos pelo IAPMEI ao abrigo do QREN, o Norte continua a liderar com um valor de capi-tal investido superior a dois mil milhões de euros, captando mais de 40% do total do financiamento concedido, o que tem contribuído para evidenciar o dinamismo e o esforço de modernização sentido no tecido empresarial da região.

PME ExCELÊNCIA

Miguel Cruz

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A Kaffa foi PME Excelência 2014. Quais as razões que explicam os bons resultados obtidos no últi-mo ano?A KAFFA desde sempre orientou a sua atuação com o objetivo claro de atingir a excelência. Para nós excelência é sinónimo de qualidade e profis-sionalismo e, sem dúvida que é desta forma que encaramos todos os dias o nosso negócio. A dis-ponibilização de produtos de elevada qualidade é a nossa grande preocupação, razão pela qual in-vestimos, anualmente, cerca de 500 mil euros em Investigação & Desenvolvimento, permitindo à equipa de seis investigadores KAFFA, o desen-volvimento de inúmeras análises e pesquisas não só em novos produtos como também no aperfei-çoamento das referências já existentes. 2014 foi um ano marcado por um forte investimento para reforço da oferta em Portugal e consolidação da nossa internacionalização. Mais de cinco milhões de euros foram aplicados na primeira unidade fa-bril KAFFA Cafés fora de Portugal (no Brasil) e no reforço da capacidade produtiva na fábrica de Trajouce. Atualmente temos uma capacidade produtiva de 350 milhões de cápsulas por ano (em Portugal) e 65 milhões de capsulas/ano (no Brasil). O ano de 2014 foi de facto um ano muito

interessante para a nossa empresa e esta distinção de PME Excelência 2014 é o reconhecimento dos nossos esforços e empenho.

Para além de ser um motivo de orgulho receber tal distinção, é também símbolo de qualidade, trazendo maior notoriedade e confiança às em-presas que fazem parte da lista. Que reflexo acre-dita que irá ter no desempenho da marca?Sem dúvida que esta distinção nos coloca num patamar superior confirmando a qualidade e excelência dos nossos produtos e serviços. Esta distinção contribui fortemente para o reforço da notoriedade da KAFFA Cafés e, estamos certos que será um fator facilitador de negócios e de “abertura de portas” para novos projetos.

2014 foi um ótimo ano para a Kaffa Cafés. Quais as expetativas para 2015?O ano passado foi de facto um ano de viragem para a KAFFA Cafés. A internacionalização foi consolidada com a abertura da primeira unidade fabril KAFFA Cafés fora de Portugal e o reforço da capacidade de produção em Portugal permi-tiu-nos chegar a vendas superiores a 150 milhões de cápsulas. Para 2015 as expetativas são as me-

A investir anualmente 500 mil euros em investigação e desenvolvimento e com uma equipa de seis investigadores a cargo, a Kaffa tem conseguido trazer inovação ao setor do café. O reflexo de tal esforço está à vista: 2014 marca um reforço da internacionalização

da empresa, com a abertura da primeira unidade fabril fora de Portugal, e o ano em que o esforço e empenho da Kaffa foi reconhecido com a atribuição da distinção PME Excelência. Foram também lançados novos produtos e aperfeiçoadas algumas das referências já existentes. O que podemos esperar de 2015? Saiba a resposta nesta entrevista a Óscar Galvão, Presidente da Galvão &

Noronha, empresa proprietária da Kaffa Cafés.

KAFFA cAFéS InIcIA 2015com o lançamento de cápsulas para máquinas

compatíveis com o sistema delta Q

lhores: iniciámos o ano com a confirmação de mais um projeto internacional e o lançamento de um novo produto no mercado português. Em Fe-vereiro, a KAFFA Cafés lançou o único café en-capsulado compatível com todas as máquinas do sistema Delta Q e tornou-se fornecedor da rede ALDI no Reino Unido. Temos, por isso, grandes expetativas para o ano que agora começa!

Quais os principais desafios que irão enfrentar este ano e quais as estratégias que seguirão para fazer frente aos mesmos?Este ano tem início com um grande desafio: o lançamento das cápsulas compatíveis com má-quinas do sistema Delta Q. Com este lançamen-to, estamos certos que vamos cimentar a nossa posição no mercado porque oferecemos um pro-duto de elevada qualidade, com matéria prima de excelência que será disponibilizado na distribui-ção moderna. Outro grande desafio passa pela consolidação na nossa posição nas capsulas com-patíveis com máquinas do sistema Nespresso, alargando o segmento, nomeadamente em pro-jetos internacionais. Por último, mas não menos importante, queremos estabilizar a posição no nosso sistema fechado, o sistema da marca Kaffa.

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PME ExCELÊNCIA

Principais marcos do percurso da Kaffa• 1997 Coffee Break, Rede de Vending• 2005 Colocação de Cápsulas e máquinas do sistema Kaffa na Distribuição Moderna• 2010 Lançamento das cápsulas compatíveis com Nespresso, Marca Kaffa• 2011 Lançamento das cápsulas compatíveis com Nespresso para o mercado nacional e exportação• 2012 Liderança na produção de cápsulas compatíveis com Nespresso para o mercado nacional• 2014 Expansão da Fábrica de Trajouce, com disponibilização de novos tipos de embala-gens, duplicação da capacidade produtiva e inclusão da torra do café no processo produti-vo. Foi também o ano da abertura da unidade fabril no Brasil (Ribeirão Preto).• 2015 Lançamento das cápsulas compatíveis com as máquinas do sistema Delta Q.

Óscar Galvão

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No ano passado, a Kaffa investiu três milhões de euros na ampliação da vossa fábrica na Trajouce. Que retorno esperam obter deste investimento?O investimento teve um objetivo muito claro: aumentar a capacidade produtiva para nos per-mitir abraçar novos projetos e consequentemente novos clientes e novos níveis de crescimento.

De que forma inovar faz parte do dia a dia na Kaffa, seja inovação nos métodos de encapsulamento, seja na própria textura e sabor dos cafés da marca?A inovação está sempre presente e dedicamos uma fatia significativa do nosso investimento à Investigação e Desenvolvimento. O nosso labo-ratório tem uma equipa de seis pessoas que dia-riamente investiga, testa e aperfeiçoa as referên-cias KAFFA Cafés. Só desta forma conseguimos otimizar os nossos produtos e conseguimos ir de encontro às solicitações dos clientes e às tendên-cias de mercado.

A empresa lançou-se também num novo projeto no Brasil. Fale-nos sobre este investimento.O projeto do Brasil, no valor de dois milhões de euros, foi criado o ano passado, com a abertu-ra em Julho de 2014 da primeira unidade fabril KAFFA Cafés fora de Portugal. Esta unidade tem um modelo de negócio diferente do existen-te em Portugal, uma vez que estamos no país dos cafezais… A fábrica do Brasil tem uma linha de produção, para encapsulamento de marcas de café

da América Latina, com embalamento incluído e atualmente produz 65 milhões de cápsulas/ano. O Brasil é um mercado em grande expansão e em 4/5 anos estará no mesmo estágio de maturação do mercado europeu. Pensamos que, com o nos-so know-how, vamos poder acrescentar valor ao mercado e ao próprio país.

Quais os países em que podemos encontrar a marca Kaffa e qual o peso das exportações para a empresa? Como perspetiva os próximos anos no que concerne à afirmação da marca nos mercados externos?A nossa marca está presente em nove países para

os quais exportamos e que atualmente represen-tam 25% da nossa faturação. Este ano, estamos muito empenhados em reforçar a nossa presença internacional e assistimos já em 2015 à confirma-ção de um projeto internacional de grande rele-vo e importância para a nossa empresa. Estamos certos que, ao longo do ano, vamos conquistar muitos mais projetos internacionais.

Que objetivos gostaria de ver atingidos nos pró-ximos anos?A continuação do crescimento consolidado da empresa e da Marca Kaffa, tanto no mercado na-cional como no internacional.

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Felizmente que as empresas/marcas já de-ram conta desta urgência em apostar na qualidade, até porque quem não o fizer, pode ter a certeza que terá os dias conta-

dos. Desta forma, é vital que o façam, sob pena de se verem subjugadas para o contexto dos «es-quecidos». A Revista Pontos de Vista conversou com Natalio De Pina, empresário português e CEO do Pina Group Belgium, de ascendência cabo-verdiana, em Bruxelas há mais de 20 anos, mais concretamente há 24 anos, que nos deu a conhecer um pouco mais do projeto em que está envolvido e que ajudou a criar, o Pina Group Bel-gium, uma marca idealizada em 2013, tendo sido concretizada em 2014, ou seja, com quase um ano de atividade e que tem provado que a qua-lidade e a excelência também pode ser o cartão de visita das empresas/marcas recentes. Ao longo desta conversa, percebemos que é neste projeto que o nosso entrevistado quer estar, “de alma e coração”, até porque mais do que uma questão profissional, o projeto do Pina Group Belgium é, para o nosso interlocutor, também “uma questão pessoal e onde pretendo fazer de tudo para que o mesmo chegue a bom porto”, salienta, asseguran-do que a marca está preparada para ultrapassar todas as dificuldades.

ATENTO àS NOVAS SOLUÇõES Mas afinal o que é o Pina Group Belgium? De que forma é que a marca tem vindo a promover valor e valias a todos os clientes que procuram este nome? Localizada no centro nevrálgico da Europa, em Bruxelas, a Pina Group assume-se como uma empresa na vertente da construção, que faz praticamente tudo ao nível de acaba-mentos de interiores, ou seja, possui parcerias com empresas de construção que “faz o grosso da obra e somos nós que no fim elaboramos os acabamentos que faltam e entregamos a chave ao cliente”, salienta Natalio De Pina, assegurando que uma das mais valias do Pina Group Belgium passa pela qualidade e originalidade que impõe em cada projeto, apostando na especialização nos mais diversos segmentos, como pintura, deco-ração e renovação de um qualquer edifício. “No fundo, tentamos dar aquele «toque» que falta… aquela característica na casa ou no espaço comer-cial do nosso cliente, pois é ele que nos permite continuar a levar e a elevar o desígnio do Pina Group”, assume, satisfeito, o empresário. Se a qualidade deve ser a imagem de marca de qual-quer empresa, a inovação não deixa de ser muito relevante, independentemente do setor de atua-ção. Será que o Pina Group Belgium tem essa consciência? Segundo o nosso entrevistado, “seria

Algumas marcas surgem e singram no mercado de uma forma exponencial e natural. Outras nem por isso. A linha que separa ambas é demasiado ténue, contudo, existem algumas marcas que possuem na sua dinâmica um selo de qualidade e credibilidade

intrínseca, que perpetuam no cliente/parceiro uma confiança e visão elementares para que qualquer marca possa ser considerada de sucesso. Será fácil esse caminho para o êxito? Naturalmente que não. É necessário trabalhar o mesmo (o sucesso). Como? Aposta na qualidade, na diferenciação, no valor e na excelência dos serviços e produtos colocados à disposição dos clientes, hoje em dia muito

mais exigentes e conhecedores do que pretendem.

YoU dreAm,We build

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GESTÃO DE TOPO

“You Dream, We Build. É isto que somos, é isto que perpetuamos. É isto que vamos continuar a fazer, sempre com o máximo profissionalismo, dedicação e excelência”, refere, assegurando que o foco da marca é o cliente. “É o nosso «rei» ”

Natalio De Pina

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inconcebível não ter essa preocupação, até porque atuamos num mercado em constante mutação, em que praticamente todos os dias surgem no-vos produtos e soluções e portanto, se queremos estar na linha da frente, temos de estar atentos à vertente da inovação e das novas tecnologias, onde apostamos fortemente e recorrentemente, principalmente ao nível da domótica, vertente que nos tem permitido crescer e evoluir imenso”, esclarece Natalio De Pina. Feiras, eventos, certames. Tudo isto são excelen-tes cartões de visita para qualquer marca se dar a conhecer. O nosso entrevistado tem a perfei-ta noção disso e apesar do Pina Group Belgium ainda não ter estado em nenhum evento deste género, pelo menos a solo, segundo Natalio De Pina, esse será um dos desideratos. “Estamos a fazer o nosso primeiro ano e devo dizer que os resultados têm sido excelentes. Um dos pró-ximos passos será esse, o de estar presente em certames do setor. Estivemos recentemente no Batibouw, Salão da Construção Belga, com um fornecedor nosso, mas num futuro próximo, cer-ca de dois anos, pretendemos estar a solo, com o nosso próprio stand, para fazermos as nossas de-monstrações”, esclarece o nosso interlocutor, es-clarecendo que uma das grandes dificuldades da marca passa pela escassez de recursos humanos qualificados nesta área, bem como a denominada concorrência desleal. “De facto tem sido um pro-blema, mas temos tentado colmatar e contornar esse aspeto, pois não podemos ficar à espera que a situação mude por si. Estamos inclusive a pensar em trazer mão de obra portuguesa, pois na mi-nha opinião é das melhores e mais qualificadas da Europa e do Mundo”.

“O CLIENTE É O NOSSO «REI»” Localizada na Bélgica, interessa compreender que apesar da marca Pina Group Belgium apenas existir há um ano, já tem um vasto background, pois a marca surge do Pina Group Cabo Verde,

marca iniciada em 2008 e quem tem tido um crescimento exponencial. Questionámos o nosso entrevistado sobre a abrangência da marca. “Va-mos onde o cliente nos quiser. Já tivemos projetos em França, Holanda, entre outros e pretendemos continuar a evoluir nesse sentido. Se for preciso até vamos à China”, salienta bem disposto, dando a conhecer que um dos projetos da marca passa, em 2015, pela aposta na exportação para Cabo Verde, “um país que tem um potencial muito ele-vado e queremos aproveitar”.E Portugal? Sendo o nosso entrevistado de ori-gem lusa, “será certamente um mercado a apostar, até porque conto regressar a casa um dia destes”, salienta, assegurando que Portugal deverá ser o

próximo país onde a Pina Group irá abrir um escritório. Mas afinal, o que marca a diferença do Pina Group Belgium? Curto e direto, Natalio De Pina «atira» o logo da empresa – “You Dream, We Build. É isto que somos, é isto que perpetuamos. É isto que vamos continuar a fazer, sempre com o máximo profissionalismo, dedicação e excelên-cia”, refere, assegurando que o foco da marca é o cliente. “É o nosso «rei» ”, afirma convicto, “pois é para ele que trabalhamos e pretendemos apre-sentar as melhores soluções. Não são soluções standard, pois cada cliente é um cliente e tem a sua ideia. A nossa maior preocupação é tentar co-locar na prática o que o cliente idealizou para que fique satisfeito e não se sinta defraudado. É para isso que trabalhamos arduamente”. Além da consagração profissional que pretende para a marca que lidera, Natalio De Pina assume que este sonho, de pertencer a um projeto des-ta dimensão e envergadura, “vem desde criança. Creio que é essa a minha maior força e qualida-de…a persistência e vontade de vencer. Este meu lado pessoal tem dado frutos no mundo dos ne-gócios, sendo esta uma forma de homenagear o meu pai, que infelizmente não conseguiu concre-tizar este sonho”, afirma o nosso interlocutor, um conhecedor privilegiado da atual situação em que vive a Europa e por conseguinte Portugal. Mas afinal, e olhando para a atual conjuntura econó-mica europeia, como será o mundo dos negócios na região da Europa? E Portugal? “Por acaso o nosso país tem sido muito bem falado por aqui nos últimos meses”, confessa, assegurando que a sua faceta otimista o faz ter uma visão positiva do futuro. “A Europa mudou muito nos últimos dois anos, mas sinceramente acredito no futuro da Europa e que vai continuar a crescer de uma forma sustentada e forte, desde que nao se come-tam os mesmos erros”, assume, assegurando que pretende dar a sua participação na contribuição de uma Europa mais forte.

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Desafios que não cessamEm velocidade de cruzeiro, a evolução do Pina Group Belgium tem sido uma evidência ao longo deste ano de atividade. Parar não faz parte da essência do nosso entrevistado e por consequência da marca. Assim, são dois os grandes desideratos para este ano e seguin-tes. O primeiro desafio passa pela aposta no mercado de Cabo Verde, através da exporta-ção de material de gesso, com um parceiro belga/alemão, a Baustoff Metall Belgium e Knauf Belgium e o outro desafio passa por “conseguir construir e concretizar o que «sai da minha cabeça». Colocar em prática as mi-nhas ideias e a das pessoas que trabalham co-migo”, conclui Natalio De Pina.Minguadas são as páginas existentes e escas-sas foram as palavras que usámos nesta con-versa com Natalio De Pina. Assim, é de salien-tar que este projeto não cessa por aqui, e fica a compromisso que mais novidades surgirão de futuro sobre o nosso interlocutor e sobre o Pina Group Belgium. Aguarde pelas «cenas» dos próximos capítulos.

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A Maia e Pessoa Consultores assume-se como “uma empresa dedicada à sua empresa”. O que vos torna tão próximos dos vossos clientes, cres-cendo ao lado deles?Dedicação, disponibilidade e compromisso. Cada cliente é visto como um parceiro único. Traba-lhamos com o objetivo de crescer e fazer crescer. A Maia e Pessoa é uma empresa de contabilida-de e consultadoria, que nasceu com a vontade de melhorar a oferta dos serviços que existem nestas áreas. Os clientes justificam a nossa existência, referenciam-nos e recomendam-nos assim, todos os esforços têm que estar concentrados neles.

Nas áreas de Assessoria Contabilística e Fiscal, Ges-tão de Recursos Humanos e Projetos e Consultoria, a Maia e Pessoa Consultores tem vindo a acumular uma vasta experiência. Que apoio têm procurado proporcionar em cada uma destas vertentes?Os nossos serviços são elaborados à medida de cada cliente e por uma equipa de profissionais experientes. Pretendemos proporcionar o maior conforto possível na gestão das empresas; otimi-

zar os processos e minimizar riscos; garantir o cumprimento fiscal; valorizar o capital humano; otimizar o investimento financiado; proporcionar o acesso a processos de internacionalização e ante-cipar constrangimentos, só assim acreditamos que os nossos parceiros estão bem acompanhados.

No cenário atual envolvido pelo “fantasma” da cri-se e com a saturação do mercado interno, acredi-tam que as PME têm que apostar na internaciona-lização dos seus negócios. Qual tem sido o apoio prestado pela Maia e Pessoa a este nível? Quais são as principais dúvidas que surgem neste momento?Atualmente apostar na internacionalização pode e deve ser encarado como uma das soluções de crescimento. Mas haverá ainda áreas em que acre-ditamos que o mercado interno tem potencial. A prova mais recente é a parceria com a NOVAPER-CAMPO. Esta PME procurou numa consultora apoio, quer para candidaturas próprias quer na melhoria dos serviços a oferecer aos seus clientes, criando um gabinete de atendimento especializa-do a promotores, incrementado o seu leque de ser-

viços. O que neste caso se está a fazer é, através de uma sinergia, criar condições de cresci-mento à Maia e Pessoa e à NovaPercampo.

O objetivo do Portugal 2020 passa por esti-mular o crescimento e a criação de emprego. Quais são as suas expe-tativas para este novo ciclo de agora se inicia?As prioridades do Por-tugal 2020 são o cres-cimento inteligente, sustentável e inclusivo. São pilares fundamen-tais ao desenvolvimen-to da economia na-cional. O facto de nos últimos anos ter havi-do muitas empresas a encerrar e uma gran-de fatia da população portuguesa qualificada a emigrar, permitiu que pensássemos no futuro de uma for-ma mais estruturada. Acreditamos que este novo ciclo trará maio-res oportunidades às empresas existentes e a negócios inovadores que se pretendam criar.

“Pretendemos fazer a diferença, criar relações duradouras e exceder as expetativas através da qualidade dos serviços que prestamos”. A Maia e Pessoa Consultores é uma empresa de contabilidade e consultadoria que trata cada cliente como “um parceiro único”.

Numa conversa com Rita Maia e Maria Pessoa, Gerentes da empresa, ficamos a conhecer melhor uma entidade que tem procurado assegurar uma gestão mais eficaz, tendo como base a criação de relações de confiança.

“trABAlhAmoS com o oBjetIVode crescer e fazer crescer”

Em que medida o Portugal 2020 veio reforçar uma lógica que já estava subjacente ao QREN que é a prioridade no apoio ao investimento nas PME?Nesta fase ainda embrionária do Portugal 2020 e, dado que ainda não existem candidaturas apro-vadas, não é possível fazer uma avaliação integral de todo um processo desde a sua génese até ao encerramento. Porém, entendemos que existe um reforço positivo dos objetivos base em relação ao anterior QREN e que poderá revelar-se extrema-mente vantajoso para as empresas.

Segundo o Ministro Adjunto e do Desenvolvimen-to Regional, Miguel Poiares Maduro, foi feito um esforço de simplificação e de desburocratização na atribuição destes benefícios. O processo está, de facto, menos burocrático? De que forma a Maia e Pessoa pode facilitar estes processos?Aparentemente o processo irá ser menos buro-crático. Foi criada uma plataforma de acesso na internet, Balcão 2020, onde são agrupados todos os elementos referente a cada empresa. Adicio-nalmente o procedimento de contratação, passou a mero termo de aceitação, acelerando procedi-mentos e permitindo às empresas passar de ime-diato à fase de recebimento.A nós cabe-nos estar a par de todas as alterações e sabermos transmitir com rigor as informações necessárias ao bom encaminhamento dos proces-sos que acompanhamos.

Têm surgido os primeiros sinais de recuperação do mercado e as expetativas para o futuro são bastante animadoras. Da Maia e Pessoa, o que podemos esperar?A Maia e Pessoa é uma empresa jovem e que conta com uma equipa de pessoas com um vasto currículo na área de incentivos às empresas. Pres-tamos um serviço personalizado a cada cliente, acompanhando-o desde a génese à conclusão do projeto. Pretendemos fazer a diferença, criar re-lações duradouras e exceder as expetativas através da qualidade dos serviços que prestamos.

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PORTUGAL 2020

Maria Pessoa Rita Maia

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“Assumidamente, esta nova janela de oportunidades financeiras é apelativa para os empresários, para a sociedade e para a economia. Os projetos podem finalmente sair do imaginário e serem implementados, com financiamentos adequados”

Os dois primeiros instrumentos são determinantes, pois podem não envolver encargos adicionais aos investidores, caraterizando-se estes apoios em financiamentos não reembolsáveis, reembolsáveis sem juros ou isenção de taxas. O financiamento bancário deterá

uma importância estratégica, mesmo onerado, por permitir completar efi-cientemente a cobertura financeira de um projeto, apoiando despesas não elegíveis nos primeiros, ou substituindo-os na íntegra, com menor tramitação processual.Assumidamente, esta nova janela de oportunidades financeiras é apelativa para os empresários, para a sociedade e para a economia. Os projetos podem finalmente sair do imaginário e serem implementados, com financiamentos adequados, criando-se emprego ou contribuindo para que o mesmo não di-minua, gerando-se, assim, riqueza que poderá ser injetada na economia. Para as empresas, apoios ao abrigo dos instrumentos do Compete 2020 que possam atingir 75% do investimento elegível significam a atribuição de condições que são, efetivamente, apelativas e que se consubstanciam num incentivo determinante. Na internacionalização, apoios de 45% para as em-presas, não reembolsáveis, são um importante contributo para uma melhor estruturação do conhecimento do mercado externo, para uma mais alargada e eficiente promoção externa e para uma definição das estratégias de expor-tação que contribuam para a potenciação da empresa, do setor e da região.Um aliciante adicional compõe-se pela possibilidade de ser convertida parte do incentivo reembolsável em não reembolsável. O alcance deste objetivo au-menta significativamente a capacidade de gerar, por parte da empresa, meios libertos que ajudem à sua maior sustentabilidade ou à criação de condições para outros investimentos que potenciem, ainda mais, a atividade. Esta van-tagem adicional pode corresponder a um perdão de dívida máximo de 50% sobre o incentivo reembolsável previamente atribuído, mas só é atingível caso sejam superados os objetivos inicialmente traçados. Residem, neste aspeto de superação dos objetivos inicialmente traçados, dois fatores que podem não depender diretamente da estratégia da empresa candidata: (i) os critérios de elegibilidade de uma empresa são exigentes, fazendo com que um bom projeto só seja percecionado como tal e mereça pontuações elevadas se demonstrar ser fortemente ambicioso, com a previsão de resultados significativamente acima da média de mercado, o que sucede, principalmente, em projetos do setor do Turismo. Esta ambição pode impelir o empresário para uma realidade não de-sejada – o preenchimento dos requisitos para a obtenção do apoio inicial não permitir a definição de metas concretizáveis para o alcance da conversão do empréstimo em incentivo não reembolsável; (ii) o alcance das principais metas estimadas pelos empresários encontra-se influenciado por efeitos externos à própria empresa, nomeadamente os que resultam de crises económicas globais, pelo que o esforço de se tornar exemplar, por parte de uma empresa, pode não ser reconhecido/alcançável se a macroeconomia não ajudar. Isto é, a atribuição da conversão de incentivo reembolsável em incentivo não reembolsável não depende unicamente da prestação da empresa candidata.Nesta sequência, um projeto necessita de uma correta estruturação, rigoroso planeamento e adequada medição dos seus impactos, para ser realisticamente competitivo e, para a sua implementação, merecer o reconhecimento por par-te de quem pode comparticipar a sua execução financeira. É, nestes termos,

PortUGAl 2020Janela de oportunidades

essencial que a fase de planeamento e de estudo dos seus efeitos económicos e financeiros seja desenvolvida atempadamente e de forma minuciosa. Que de seguida haja uma preocupação na correta implementação física, acompa-nhada por um exigente controlo de custos. E que o exercício da atividade seja exemplarmente realizado. É assim exigido ao empresário que estruture o seu projeto tendo a excelência como limiar mínimo, o que conduz a mais custos. Só que a experiência tem demonstrado que estes dispêndios iniciais maiores convertem-se, no médio prazo, em atividades mais sólidas, em empresas com maior agilidade na resolução de problemas e no alcance de atividades mais competitivas e estruturalmente mais robustas. Juntam-se, efetivamente, ainda o recurso a equipas de assessoria experientes e que aportam conhecimento especializado ao projeto e admissão pela empresa de recursos humanos qua-lificados e igualmente experientes, que garantem a sustentabilidade da ope-ração. Para que um empresário defina e concretize projetos diferenciadores/inovadores, há nesta nova janela de oportunidades meios que se adequam aos vários estádios que compõem um investimento que se pretende convenien-temente estruturado:1. Toda a ação deverá iniciar-se por um correto planeamento do projeto, nele se incluindo a definição do conceito, o desenvolvimento de um rigo-roso plano de negócios e, quando aplicável, a realização de um competente e adequado projeto de arquitetura. Este último deverá incorporar as linhas condutoras resultantes dos outros trabalhos prévios e, no caso do setor do turismo, terá de se encontrar aprovado pela entidade competente para per-mitir a elegibilidade da iniciativa de investimento no Compete 2020. Estes trabalhos prévios (estudos e projetos de declarada relevância para a empresa promotora do investimento) são considerados elegíveis nos diversos sistemas de incentivo financeiro existentes, com especial referência ao Vale Inovação/Empreendedorismo/Internacionalização/I&DT, os quais permitem a con-cessão de incentivos não reembolsáveis até aos máximos de 75% dos seus custos e de 15 mil euros;2. Implementar/desenvolver o projeto, o qual deve deter uma natureza es-truturante, capaz de potenciar a empresa e de se assumir como dinâmico no setor, eficiente em termos produtivos e económica e financeiramente rentá-vel. Deverá ter condições para gerar meios libertos suficientes para liquidar as prestações dos financiamentos obtidos pela empresa, incluindo os efetuados pelos sócios. Para este objetivo ser atingido, existe um conjunto alargado de mecanismos de financiamento, desde incentivos a empresas (Portugal 2020, PDR 2020, entre outros), incentivos à modernização da administração pú-blica, incentivos à ciência ou incentivos a ações coletivas. Estes mecanismos detêm taxas de comparticipação diversas mas bastante apelativas, mesmo para empresas, especialmente se detiverem a dimensão de micro, pequenas ou médias empresas;3. Manter a atividade a um nível elevado de competitividade, é outro dos objetivos previstos pelos mecanismos de apoio. Internacionalização, qualifi-cação de empresas ou I&DT são áreas fortemente impulsionadas com apoios financeiros.Retenha-se que os mecanismos de incentivo financeiro ao abrigo do novo quadro comunitário de apoio podem ser complementados de uma forma muito interessante por intermédio de financiamento bancário e/ou de be-nefícios fiscais. Para uma mais adequada estruturação do projeto de investi-mento, o recurso a empresas de consultoria especializadas nas várias áreas de atuação torna-se essencial, nomeadamente atendendo às exigências de análi-se impostas pelas entidades financiadoras.

PORTUGAL 2020

O novo enquadramento em matéria de mecanismos de financiamento vem possibilitar às empresas portuguesas prestar um contributo para a revitalização da economia

portuguesa. Os sistemas de incentivo financeiro ao abrigo do novo quadro comunitário de apoio, os sistemas de atribuição de benefícios fiscais e uma tendência para que as entidades bancárias voltem a deter liquidez para apoiar as empresas e

os projetos, assumem-se como ferramentas interessantes para ajudar a que se concretize uma modernização da economia e a

um aumento da competitividade.

A OPINIÃO DE Viabiliti - Financial Management

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Na Novapercampo representamos as marcas de tratores Fendt e Kubota, as máquinas de colheita Claas, as alfaias das marcas Ga-lucho, Lemken, Amazone, Kuhn e Kröne entre outras. Juntamos ainda ao nosso portfólio a importação em regime de exclusividade

a Fontana, fabricante de niveladoras, scrapers e alfaias específicas para o cultivo de arroz, e a Wm-Meyer, um dos principais fabricantes alemães de reboques rodoviários para veículos ligeiros. Com tão alargada gama de equipamentos a Novapercampo está preparada para dar aconselhamento e

noVAPercAmPoe o portugal 2020

apoio técnico de modo a encontrar sempre a melhor solução e responder às necessidades específicas e gerais que requeiram uma visão mais global do investimento de um determinado cliente na sua exploração.Todas as suas representações são marcas de referência no mercado, aliadas a uma assistência técnica de excelência, ingrediente fundamental na re-ceita do sucesso e afirmação que vemos alcançada junto dos clientes mais exigentes. Nesta área a aliança entre técnicos com mais de 20 anos de ex-periência na área, técnicos com formação superior e a contínua cooperação com os fabricantes permite uma resposta rápida e adequada a cada situação. Outro departamento fulcral para o negócio é o de peças, tanto no apoio à assistência técnica como na venda direta a clientes, que constitui uma parte importante dos nossos resultados. Em todas as áreas do negócio, administração, comercial, assistência e peças a Novapercampo conta com uma equipa extremamente dinâmica e na sua maioria bastante jovem e ambiciosa, o que garante inovação constante e um futuro de melhoria contínua da qualidade dos seus serviços.Recentemente na Novapercampo, estabelecemos uma parceria com a Con-sultora Maia e Pessoa, com um objetivo muito próprio: disponibilizar aos nossos clientes toda a informação sobre as oportunidades deste quadro co-munitário. Agora estamos melhor posicionados para ajudar os empresários agrícolas a aproveitar da melhor forma e dentro do espirito do Programa Portugal 2020, as oportunidades que este lhes proporciona.A evolução positiva do posicionamento da empresa no mercado foi o im-pulso necessário para uma nova redefinição estratégica. A abertura do novo quadro comunitário Portugal 2020, motivou a criação de uma nova área de negócio de apoio e consultoria aos seus clientes com o objetivo de ir de encontro àquelas que são as suas necessidades mais prementes, podendo tratar-se de simples aplicações específicas, mas também em projetos de in-vestimento mais abrangentes que requerem uma visão global da estratégia de um determinado cliente na sua exploração agrícola.A Novapercampo, em parceria com a empresa Maia e Pessoa, constituiu uma equipa de consultores com uma vasta experiência na área dos projetos de incentivo em anteriores quadros comunitários, de modo a que o sucesso alcançado com as candidaturas do Portugal 2020 seja total. Esta parceria permite chegar a um maior número de potenciais clientes e prestar um serviço de qualidade, permitindo a sua satisfação e fidelização.Na arquitetura do Portugal 2020 a área da competitividade e organização da produção corresponde a uma visão estratégica nacional para o desenvol-vimento rural, no domínio de apoios às empresas para a criação de valor a partir de atividades agrícolas e agroalimentares e assente na gestão eficiente de recursos. A Novapercampo está alinhada com estas diretrizes, preten-dendo contribuir para o aumento sustentável do valor acrescentado das ex-plorações agrícolas e das unidades de transformação nacionais.

PORTUGAL 2020

A Novapercampo é uma empresa de venda e assistência de máquinas agrícolas que iniciou a sua atividade em 2008.

Geograficamente o nosso primeiro mercado foi o distrito de Coimbra. Mas rapidamente, quer pela conjuntura de

mercado quer pelo investimento associado ao projeto, sentiu-se necessidade de alargar o mercado de atuação e crescer

para outras regiões. Os mercados de África e América Latina mostraram-se desde então, como regiões de forte interesse.

A OPINIÃO DE Administração da NovaPercampo

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A Evohouse apresenta assim um serviço completo desde a realiza-ção dos projetos de arquitetura e especialidades até à construção da habitação em aço leve que pode apresentar as expressões ar-quitetónicas que o cliente desejar: mais contemporânea ou mais

tradicional. As crescentes exigências que se fazem sentir no setor da construção condu-ziram ao desenvolvimento de um sistema construtivo que pode ser definido em 6 tópicos: Seguro, Durável, Resistente, Sustentável, Rápido de Montar e Económico. O Aço é 100% reciclável e a utilização deste tipo de material em estrutura confere características de resistência ao sismo superiores à construção tra-dicional. Outro facto tem que ver com a durabilidade, uma vez que o aço é tratado segundo um processo de galvanização aumentando a longevidade da estrutura, que por si só, não se encontra em contacto direto com a intem-périe. No que diz respeito à execução podemos apontar que uma habitação em Aço Leve Evohouse com cerca de 85m2 é entregue ao cliente em seis semanas o que contribui também para reduzir significativamente o custo global da construção, tornando-a muito acessível.A utilização de materiais recicláveis é apenas o ponto de partida pois são adotados princípios construtivos sustentáveis com o objetivo de estabelecer um equilíbrio entre o ambiente natural e o ambiente construído graças à utilização de estratégias de arquitetura passiva, numa fase inicial do projeto, como por exemplo: ventilação ótima, estanquidade ao ar e exposição solar correta. Procuramos com o nosso sistema construtivo aumentar a eficiên-cia energética da habitação com recurso a depósitos de aproveitamento das águas da chuva, painéis de aquecimento de águas sanitárias, lâmpa-das LED, baixo custo aquecimento/arrefecimento, painéis de produção de energia elétrica e painéis de autoconsumo. Todos estes elementos juntos permitiram chegar a uma solução construtiva com classe energética A+, bastante longe dos valores atingidos pela construção tradicional. A qualida-de é portanto incomparável com a construção tradicional, pois a habitação Evohouse ao atingir níveis máximos de eficiência energética comporta um valor acrescentado no que diz respeito a poupanças anuais que se traduzem

eVohoUSe hABItAçÕeS em Aço leVeeco-sustentáveis e eficientes energeticamente

na carteira do cliente ao fim de poucos meses e sobre os quais o cliente está informado ainda na fase de projeto. No sistema construtivo Evohouse a performance energética e acústica é portanto excelente graças à utilização de materiais de extrema qualidade e de tecnologias inovadoras que vão sen-do sempre discutidas e apresentadas ao cliente. Em termos gerais as habitações Evohouse têm uma laje em betão, sobre a qual é pousada toda a estrutura em aço leve. Esta habitação pode ser de rés do chão ou ter vários pisos. A habitação é planeada em conjunto com o cliente, desde muito cedo, a solução é sempre apresentada virtualmente e o cliente pode escolher todos os revestimentos e cores finais a aplicar. No capítulo dos revestimentos, a Evohouse desenvolveu também, uma solução modular de pavimento fácil e rápida de aplicar: um painel modular de calçada portuguesa.O site da marca conta já com vários modelos arquitetónicos e o cliente pode consultar diretamente o preço chave na mão das várias habitações. A médio prazo, o departamento de Inovação traçou dois grandes objetivos com vista a dar resposta aos desafios de hoje a nível global: um sistema construtivo em Aço Leve “faça você mesmo”, que permita ao cliente com-prar uma habitação online que lhe chega embalada em módulos acabados e pronta a ser montada sem ser necessário recorrer a mão de obra altamente especializada; e uma habitação que atinja o estatuto de autossustentável.Estes desafios ajudam a encontrar soluções intemporais que contribuem para a melhoria da qualidade de vida de todos nós e por isso a Evohouse pretende afirmar-se a curto prazo como uma marca internacional.

HABITAÇÕES SUSTENTÁVEIS

A Sicóestuques dá resposta aos trabalhos da multinacional Inditex (Grupo zara) em território nacional à vários anos. A

sua marca Evohouse surge após longa experiência a construir edifícios em Aço Leve em Portugal, França e Luxemburgo como empresa prestadora de serviços de montagem e acabamentos

interiores e exteriores. A vasta prática acumulada permitiu consolidar uma equipa multidisciplinar que transpira energia e vontade de fazer chegar as habitações em Aço Leve Evohouse

aos vários cantos do mundo.

A OPINIÃO DE Tiago Nunes, Arquiteto e João Lopes, Administrador da Evohouse

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Com quase 40 anos de existência, qual o balanço que faz do percurso da Orbivendas?O balanço é muito positivo, em 40 anos acumu-la-se muita experiência e o nosso percurso tem sido construído com os olhos no futuro. Sempre procurámos antever as mudanças do nosso mer-cado causadas pelas políticas, tendências, opor-tunidades e necessidades, nacionais e internacio-nais, para podermos estar ao nosso melhor nível e em constante evolução. Assim, com o tempo deixámos de ser um representante oficial de equi-pamentos profissionais de limpeza para sermos uma verdadeira mais valia de conhecimentos, em que os nossos clientes sabem que estamos 100% preparados para lhes dar a melhor resposta em aconselhamento, logística, qualidade de serviço e de equipamentos e assistência técnica. Estes quatro fatores aliados à reputação conquistada nos mercados nacional e dos Palop são um fator multiplicativo do nosso sucesso.

A internacionalização fez parte deste percurso. Quais os países em que a empresa marca já pre-sença e de que forma?A Orbivendas decidiu apostar numa presença direta em Moçambique, dado que é um país com excelentes perspetivas futuras e onde existem facilidades de investimento para uma empresa como a nossa. Estamos neste momento a cons-truir a nossa sede em Marracuene mas temos já escritórios e armazém a funcionar em Maputo. Quanto a Angola, temos muitos e bons clientes neste país lusófono mas ainda não temos uma representação oficial, estando atentos a oportu-nidades que surjam nesse sentido.

Têm novos mercados em vista para os próximos tempos? Quais?Como referimos na pergunta anterior, gostaría-mos de consolidar uma posição em Angola mas tudo depende das oportunidades que surjam.

Entretanto, temos também muitas oportunida-des novas no nosso mercado interno, dado que a procura de novas ferramentas e soluções faz parte do nosso ADN.

Qual é atualmente o peso dos mercados externos na faturação da empresa?Atualmente esse peso tem já bastante expresssão, dado que a conjuntura dos países lusófonos e a de Portugal tem ajudado a que assim seja. Se no nosso país o crescimento é muito mais ténue do que nos países lusófonos, é natural que o peso desses mercados tenha influência nos resultados da empresa. Vêmo-lo como algo natural, preser-vando no entanto ao máximo o nosso próprio mercado.

Como caracteriza a gama de produtos disponibi-lizados pela Orbivendas? Quais aqueles que con-sidera mais inovadores?A gama de equipamentos e produtos tem vindo sempre a crescer, desde a fundação da própria fir-ma. Percebemos desde logo que o mundo da lim-peza industrial e profissional teria uma evolução bastante grande e continua ainda a ter. Assim, a Orbivendas orgulha-se de ter provavelmente a maior gama de equipamentos para limpeza em Portugal. Basta visitar o nosso site ou ver o nosso catálogo para o perceber. No entanto, é quando os nossos clientes visitam o showroom que re-almente se apercebem do conjunto de soluções que apresentamos para as suas necessidades, são 400m2 de exposição onde se podem observar e testar máquinas lavadoras, máquinas varredoras, máquinas de vapor e de pressão, equipamentos para lavagem de alcatifas, todos os tipos de as-piradores e de carros de limpeza, e tantos outros. Quanto aos mais inovadores, temos tido bastante sucesso nos últimos anos com os equipamentos de lavagem de vidros em alturas, uma inovação que veio para ficar.

Com quatro décadas de existência, a Orbivendas, empresa de equipamentos profissionais de limpeza, está hoje fortemente implementada em todo o continente e ilhas, tem presença direta em Moçambique e inúmeros clientes em Angola. Num mercado

em constante mudança, tem sabido adaptar-se continuamente e, por isso, conta hoje com a maior exposição de máquinas e equipamentos de limpeza do mercado, que se traduzem na oferta mais vasta de soluções de higiene e limpeza em Portugal. A

Revista Pontos de Vista falou com Miguel Mata, Manager desta PME de sucesso.

“PretendemoS mUdAro paradigma do mercado”

De que forma a empresa tem sabido evoluir e adaptar-se às crescentes exigências do mercado, nomeadamente através das soluções oferecidas?A Orbivendas tem sido sistematicamente um dos players a trazer novas soluções para o mer-cado, de forma continua. Ou porque o mercado está em rápida mudança ou porque aparecem no-vos métodos que garantem mais valias aos nossos clientes, as nossas soluções procuram não só ir de encontro às exigências do mercado, como por vezes podem inclusivamente mudar o próprio mercado. Exemplo disso é o nosso novo serviço de aluguer de longa duração para a maior par-te dos equipamentos de limpeza, que vai muito mais além do que o aluguer normal, é um serviço completamente novo para os clientes do nosso mercado interno. Com este serviço pretendemos mudar o paradigma do mercado, ainda demasia-do concentrado em adquirir e não em rent-to--use, alugar enquanto necessita. Internamente, a obtenção da ISSO 9001/2008 veio não só trazer--nos credibilidade acrescida como veio trazer de facto grandes mais valias de organização interna a todos os níveis, o que se espelha no que fazemos diariamente.

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LIMPEzA INDUSTRIAL

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

Miguel Mata

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Como surgiu a empresa Episystem, de consultoria científica, criada em 2010? De uma vontade conjunta de três amigos e cole-gas, com formação e vários anos de experiência, em trabalharem juntos e responderem às solicita-ções que lhes chegavam a título particular.

De que forma a Episystem tem procurado diferen-ciar-se de outras entidades concorrentes? Tendo por base um trabalho de parceria, de mão dada com o cliente, procuramos ir ao encontro das suas necessidades, não generalizando mas particula-rizando. Procurando a melhor solução, não abrindo mão da qualidade e rigor, mas tendo em conta todo o enquadramento do cliente, que vai do estudante a necessitar de esclarecimentos, à empresa que quer delinear e implementar um estudo.

Não atuando de forma exclusiva nas áreas da saú-de pública, epidemiologia e estatística, a Episys-tem concentra a sua atividade essencialmente nestas vertentes. Qual o papel que têm procura-do desempenhar?O de um parceiro estratégico de confiança e proxi-midade que confere credibilidade e qualidade aos serviços prestados, nomeadamente nas áreas refe-ridas onde temos acumulado anos de experiência reconhecida. Destacando o mais recente trabalho de consultadoria científica, sobre a prevalência de fatores de risco cardiovasculares na população portuguesa, Estudo E_Cor do Instituto Ricardo Jorge, referenciado recentemente no relatório na-cional de Cardiologia Preventiva, publicado no site da EACPR (European Association for Car-diovascular Prevention & Rehabilitation).

Para responder às solicitações de clientes, apos-taram noutras áreas bastante díspares. De um modo geral, quais são as principais necessidades que vos chegam?Nas últimas décadas a sociedade tem sofrido grandes mudanças, sendo as novas tecnologias umas das principais responsáveis. Muitos auto-res identificam um novo paradigma de sociedade

que se baseia num bem precioso, a informação. A importância do tratamento da informação e cru-zamento da mesma entre as mais diversas áreas é reconhecida nos mais diversos campos, das pes-quisas científicas e sociais ao mundo dos negó-cios. Sendo assim, embora tratando-se de áreas tão diversas, as necessidades que nos chegam são claramente transversais a todas. Dizem essen-cialmente respeito a apoio na recolha de dados (qualidade da informação recolhida, validação de instrumentos de medida), no armazenamento e tratamento da informação adequado e persona-lizado, na gestão e interpretação da mesma. De salientar ainda que o grupo de colaboradores, com formação e experiência em diferentes áreas, complementam-nos e permitem reunir o know how necessário para dar resposta às especificida-des de cada área.

Decorrente do envelhecimento da população, da inovação tecnológica do setor da saúde e da cres-cente procura por cuidados de saúde, a Saúde Pú-blica em Portugal enfrenta novos desafios? Sem dúvida. Talvez o principal esteja associa-do à necessidade de cruzar informação de cada

Personalização, flexibilidade, disponibilidade, fiabilidade, seriedade e, por fim mas não menos importante, trabalho de equipa. A Episystem, uma consultora científica criada em 2010 por um conjunto de profissionais com mais de um década de experiência cada

um, segue estes padrões de trabalho, atuando em três vertentes essenciais: saúde pública, epidemiologia e estatística. Conheça mais de uma empresa que faz questão de alimentar um trabalho de profícua parceria com peritos nas diversas áreas, numa conversa com

Teresa Rocha e Carla Cardoso, Sócias Gerentes, e Mário Carreira, Sócio.

conSUltoreS em SAúde PúBlIcA,epidemiologia e estatística

paciente de forma normalizada, completa e con-fidencial. Tal potenciará a nível individual a ca-pacidade de resposta e a adequabilidade de qual-quer tratamento, independentemente do local a que se deslocou. A nível universal, nacional em particular, permitirá reunir uma “mega amostra” de informação científica que ajudará, de uma for-ma mais célere e bem fundamentada, a criar/al-terar normas quer no campo da prevenção como do tratamento, identificar causalidades, analisar com maior robustez doenças/eventos raros, etc.

De que forma a Episystem está preparada para enfrentar os desafios associados a áreas em cons-tante evolução? Como em qualquer área científica é fundamen-tal mantermo-nos atualizados e informados. Apoiando-nos em reconhecidas fontes científicas de consulta, apostando na formação, acumulando experiência, mantendo e cultivando o trabalho de consultadoria em parceria com peritos nas diver-sas áreas que se entrecruzam e complementam, nomeadamente áreas tão específicas como a de epidemiologia, saúde pública, cardiologia, gené-tica, psicologia e informática.

CONSULTADORIA CIENTÍFICA

Mário Carreira, Carla Cardoso e Teresa Rocha

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A AXA Portugal pretende ser a empresa preferida para segurar o presente e o futuro dos portugueses. Para tal, definiu dois eixos essenciais de atuação: desenvolver cada vez mais a sua orientação cliente, bem como envolver as suas equipas, construindo diaria-

mente uma forte cultura de confiança e de concretização.E se a sua missão nobre é “Proteger Pessoas”, as suas famílias, património, negócios, futuro, significa que diariamente equipas especializadas traba-lham para ajudar os clientes a viver com mais serenidade e paz de espírito, acompanhando-os, aconselhando-os sobre soluções de seguros adaptadas às necessidades e perfis, ajudando-os a prevenir riscos e a estar melhor pre-parados para enfrentar imprevistos, a cada etapa importante da sua vida. Numa empresa onde os standards são elevados, onde se assume o com-promisso de “Proteger Pessoas” e de construir uma sociedade mais forte e mais segura, investe-se de forma contínua na “investigação e educação para a redução de riscos”. Exemplos disso, são a Fundação AXA Corações em Ação – que conta com o envolvimento e voluntariado de colaboradores, mediadores e familiares - e o AXA Research Fund (Fundo AXA para a Investigação) em que cientistas e investigadores no mundo inteiro, inclusi-ve em Portugal, recebem apoio da seguradora para desenvolver projetos de investigação em torno de riscos ambientais, riscos relacionados com a vida e riscos socioeconómicos.Esta caminhada assenta em valores universais como a ética, a seriedade e a transparência, mas é também muito vincada por uma constante abertura à inovação e às novas tendências nas mais diversas áreas, sempre com o foco de se antecipar aos desafios dos novos tempos, e às necessidades atuais e futuras dos portugueses e da sociedade.

AxA: o deSAFIode estar mais próxima dos Clientes

O DESAFIO DIGITALEntre estas tendências e necessidades encontra-se, naturalmente, aquela que poderemos chamar de “desafio digital”, ou seja, a exploração otimizada das mais sofisticadas tecnologias de informação e comunicação ao serviço do cliente, correspondendo assim à crescente apetência dos atuais e futuros consumidores para interagirem com as marcas através de múltiplas plata-formas e de cada vez mais imaginativas experiências digitais.A pertença a um Grupo internacional sólido e a uma marca líder no setor alarga o acesso à AXA Portugal a uma vasta panóplia de soluções digitais inovadoras e devidamente testadas, abrindo-lhe ainda caminho a um po-tencial de investigação e de busca de novas respostas para problemas tão diversificados quanto as geografias onde o Grupo marca presença. E é neste âmbito que a AXA Portugal tem vindo a desenvolver o seu ecos-sistema digital, suportado nas novas tecnologias, com vista a estar presente onde e quando os seus clientes e potenciais clientes precisam, seja quando procuram soluções de seguros, aconselhamento ou serviço. No seu site axa.pt, a AXA Portugal disponibiliza informação sobre a sua oferta de seguros, dando a possibilidade de simular/comprar online alguns produtos ou solicitar um contacto para concretizar a venda. Na vertente serviço, destaca-se a sua plataforma de home insurance, AXAnet, assim como as aplicações Mobile, My AXA e AXA Drive, tirando partido desta tecnologia para dar resposta à utilização cada vez mais massiva dos smar-tphones como suporte da relação dos clientes com as marcas.Já no que diz respeito a serviços desenvolvidos para segmentos de clientes específicos, destaque para o recém-lançado “e-consulta PME”, para acon-selhamento on-line de soluções de seguros que melhor se adequam ao perfil

APP’S E DOMÍNIOS

A conquista do Grupo AxA, pelo sexto ano consecutivo, da liderança enquanto primeira marca seguradora mundial, segundo o estudo Interbrand, é um motivo de orgulho para toda a organização, mas também uma responsabilidade acrescida para a seguradora em todas as

geografias onde opera, incluindo Portugal.

A OPINIÃO DE AXA Portugal

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de cada empresa disponível no site institucional. Mas os desafios não aca-bam aqui e muitas oportunidades se perfilam.Uma delas é a necessidade de sustentar uma presença ativa em novos ca-nais de comunicação e de engagement com os consumidores, que passam a integrar o ecossistema multicanal de comunicação AXA, nomeadamente através das redes sociais, com uma orientação muito clara para conteú-dos relevantes que vinquem os valores da marca e formatos inovadores; estratégico também é implementar um real data-driven marketing, fruto do aumento exponencial de dados e informação disponível dos nossos clien-tes e potenciais clientes e, o mais desafiante, desenvolver novos produtos e serviços incorporando as noções de Telematics; por fim, o e-servicing onde se exige o “fix the basics” e surpreender o cliente em termos de inovação, alargando o seu âmbito para além do seguro.A corrida da empresa a novas soluções tecnológicas e à entrada em novos canais de comunicação é uma realidade com resultados prometedores, so-bretudo quando desafia as suas equipas de forma contínua – colaboradores e mediadores – para que sejam os primeiros a incorporar e a integrar novas formas de trabalhar, de comunicar, de interagir no seu dia a dia profissional, sempre com o intuito primeiro de otimizar a comunicação com clientes na disponibilização de novos produtos, serviços e abordagens, tornando-os mais percetíveis e aliciantes para clientes orientados para o mundo digital. Só assim será possível continuar a manter elevadas taxas de satisfação e de recomendação dos seus clientes, uma forte presença no mercado e a conquista da ambição de ser a empresa preferida para segurar o presente e o futuro dos portugueses.

SOBRE A AXA

Grupo AXA internacional:Através da sua presença em 56 países, 157.000 colaboradores e mediado-res asseguram serviços e aconselhamento a 102 milhões de clientes. Áreas de negócio: produtos e serviços Vida, Não Vida e Gestão de Ativos.

AXA Portugal:Presente de Norte a Sul do país, através de Agências, Equipas e Mediado-res especializados, a AxA Portugal tem uma gama diversificada de segu-ros e serviços (dos quais Automóvel, Saúde, Acidentes de Trabalho, Vida) e orgulha-se de desenvolver no país uma forte aposta na responsabilidade corporativa, aliás comum ao Grupo em todo o Mundo, com um grande enfoque na prevenção e na educação de riscos. No quotidiano da AxA, em toda a cadeia de valor, desde o atendimento até ao desenvolvimento de novos produtos, procura-se que todas as ações concorram para ganhar e merecer a confiança de clientes, parceiros e, na generalidade, do universo dos seus stakeholders.

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“Temos vindo em curva ascendente, o que nos traz alguma satisfação, principalmente se tivermos em conta que, nos nossos congéneres

europeus e na maior parte dos países que tive-ram crescimento no boom da internet isto não se está a verificar. Somos dos países da Europa que mais tem crescido em termos de domínios registados e isso significa para nós duas coisas: por um lado, que conseguimos passar a mensa-gem da importância de ter um domínio .pt vs outro domínio e, por outro, demonstra também que a economia está a querer mexer, dado que as empresas apostam mais nestes meios se tiverem alguma capacidade”, afirma a Presidente da As-sociação DNS.pt.Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Luísa Gueifão afirma ser uma pessoa “otimista por na-tureza” e, como tal, está bastante confiante nos próximos anos. Os números apontam para que em 2016 o ccTLD nacional chegue ao milhão de domínios registados. Ainda assim, afirma “tendo em conta o crescimento diário que temos tido é natural que cheguemos a um milhão no próximo ano, de qualquer forma, o número em si não é o mais importante, o mais importante é que as em-presas optem por registar em .pt como têm feito”.E porquê registar em .pt? As vantagens são mui-tas. Desde logo, por uma questão de credibilidade e confiança. “Trata-se de um domínio que gera confiança no consumidor. Quem é consumidor online sabe que um domínio .pt traz garantias acrescidas quer no acesso às empresas titulares quer na forma como o registo de um nome de domínio é efetuado. Para além disso, existe já a ideia generalizada da portugalidade. Por exem-plo, Lisboa está na moda, o Porto está na moda e ter o .pt no fim é uma bandeira de Portugal na Internet”, refere.Outra vantagem é a facilidade em criar um do-mínio. O processo é simples e rápido seguindo os seguintes passos: basta aceder ao site www.dns.pt; escolher e verificar a disponibilidade do domínio em “Pesquisar Domínios”; de seguida clicar em “Registar”; criar Nome de Utilizador e Palavra Passe; clicar novamente em “Registar” e seguir os passos: Legitimidade, Preenchimento dos Dados, Termo de Responsabilidade e Prazo. No final, confirmar e efetuar o pagamento. A al-ternativa, ainda mais simples, é contactar um dos mais de 150 registrars da Associação DNS.pt que oferecem pacotes completos de serviços relacio-nados, garantindo muito facilmente que um site fica online em poucas horas.“Temos trabalhado muito com os nossos regis-trars porque quando alguém quer um domínio, quer também um serviço completo: ferramenta para desenvolvimento do site, alojamento, eventu-almente uma loja online, caixa de e-mail… Como tal, optam por uma entidade que fornece estes ser-viços agregados. Neste sentido, lançámos também, há cerca de um ano, a iniciativa 3em1. Desde 2006

que temos uma parceria com o Ministério da Jus-tiça no sentido de que todas as empresas criadas na hora tenham automaticamente domínio gra-tuito por um ano. Isto levava a que as empresas ficassem com o domínio mas muitas vezes não soubessem o que fazer com ele, por isso, fizemos um protocolo com os registrars e, neste momento, para além do domínio, oferecemos também uma ferramenta de construção do site e alojamento e caixas de e-mail, de forma gratuita pelo período de um ano, sendo que a empresa sabe quanto vai pagar a partir do segundo ano. Esta é uma das formas que encontrámos para incentivar empresas portuguesas a ter presença online sobre o domínio .pt”, explica Luísa Gueifão.Conforme dados publicados, prevê-se que o nú-mero de vendas online vai crescer cerca de 70% nos próximos dois anos por isso, a presidente da associação deixa uma mensagem aos empre-sários que ainda não têm presença na Internet: “apostem no online porque se os consumidores vão mudar as suas estratégias, também têm que acompanhar essa tendência. Para aqueles que já têm presença na web, atualizem-se de forma a não terem uma presença estática, com uma pá-gina meramente informativa, mas optando tam-bém pela venda online”.Enquanto associação sem fins lucrativos, o DNS.pt tem um importante papel de responsabilidade social. “Quantos mais domínios registados, mais receitas temos e estas têm que reverter a favor

Janeiro foi o mês em que mais domínios foram registados sob .pt desde que este passou a ser gerido pela associação DNS.pt, uma associação privada sem fins lucrativos que nasceu em maio de 2013. O domínio português conta já com cerca de 700 mil endereços web registados. O .pt, que no ano passado assinalou 25 anos de existência, continua assim a crescer, agora de forma mais rápida, em

sintonia com o maior interesse das empresas pelo negócio digital. Todos os dias são criados cerca de 350 a 400 novos domínios.

350 A 400 noVoS domínios .pt por dia

da Comunidade Internet Portuguesa. Nesse sentido, temos dado apoio a projetos sociais que visam dinamizar a Internet inclusivamente jun-to das pessoas mais carenciadas”, explica Luísa Gueifão. Entre os exemplos mais paradigmáti-cos, destaque para a segunda edição do Sitestar.pt desenvolvido em parceria com a DECO que desafia os jovens estudantes portugueses a de-senvolverem websites ou blogs com conteúdos originais em português e sob o domínio .PT ; a Mostra de Autores Desconhecidos, com a Inspecção Geral de Atividades Culturais, que desafia criadores residentes, ou enquadrados em funções de apoio em zonas urbanas menos favo-recidas, a mostrarem as suas obras e talentos e a Plataforma Dar e Receber, com a Associação Entreajuda, que funciona como um ponto de en-contro entre quem tem alguma coisa para dar e quem precisa de receber.Resta referir que o DNS.pt tem trabalhado tam-bém com os PALOP, apoiando tecnicamente o ccTLD de Cabo Verde (.cv), e gerindo atualmente o .gw, da Guiné Bissau e o .ao de Angola. A asso-ciação espera ainda apoiar, a partir deste ano, o .st de São Tomé e Príncipe. As expetativas quanto ao crescimento destes domínios são boas. “Normal-mente os domínios crescem conforme o desenvol-vimento económico pelo que o .ao irá crescer cer-tamente muito. Também o .gw, sendo um domínio limpo e novo, penso que irá ter um bom ritmo de crescimento” , conclui Luísa Gueifão.

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APP’S E DOMÍNIOS

Luisa Gueifão

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Na atual conjuntura, o comércio tradicional e as vendas nas grandes superfícies diminuíram, en-quanto as vendas na internet têm assistido a um significativo aumento. Como perspetiva o mer-cado e-commerce na atual conjuntura e quais as suas expetativas para os próximos anos? O futuro do comércio é a internet? Qual a visão da Prinfor do mercado?Mesmo estando a sair de um período difícil na economia nacional e internacional, o mercado online irá continuar com um forte crescimento durante os próximos anos, as nossas expetativas são grandes, fruto de termos uma página na in-ternet com muita dinâmica, aliciante a nível de preços e um look profissional.O futuro do comércio passa sem sombra de dú-vidas, por ter, além do espaço físico, uma página de Internet profissional. A Prinfor vê os próximos dois a três anos como forte impulsionador do mer-cado online e afirmação, fruto do que de bom tem sido feito nos últimos dois anos, onde quem sou-ber estar no mercado online, ganhando dinheiro, oferecendo serviços de valor acrescentado e for sério, crescerá anualmente sempre a dois dígitos. No sentido inverso, continuarão a existir empre-sas que mesmo fazendo falta ao mercado global, acabam por desaparecer, por não terem apostado atempadamente numa página na Internet.

Durante algum tempo, o e-commerce gerou algu-ma desconfiança e reticências àqueles que esta-vam menos abertos às potencialidades do mesmo. Pela sua experiência, acredita que isso já não cons-titui um problema e que essa desconfiança, de um modo geral, tem deixado de se verificar? Estamos a assistir a uma mudança de paradigma a este nível?Ainda gera. Se os donos das páginas que se en-contram em funcionamento online, olharem para o potencial do comércio eletrónico numa perspe-tiva séria e objetiva, temos um potencial de cres-cimento superior a 50% ao ano.Para tal é necessário ser disciplinado e um bom gestor do negócio. E aqui surgem os problemas com muitas pessoas a pensarem que basta abrir uma página na Internet e já está. Ora não é assim.Ter um site é importante sem dúvida e até mes-mo imperativo, mas temos que oferecer aquilo

que os consumidores necessitam, nomeadamente os serviços, um ou mais espaços físicos onde os consumidores se possam deslocar inspirando as-sim confiança. O mercado encontra-se em franco crescimento, mas temos todos sem exceção, nome-adamente aqueles que zelam pelos interesses dos consumidores, aqueles que pretendem que o seu negócio cresça de forma sustentada apoiado num serviço de excelência, erradicar alguns “pistoleiros” que aparecem, vendem e enganam os clientes.O consumidor português é um consumidor aten-to e inteligente, mas continuam alguns deles a “cair” nas “teias” de sites menos dignos de esta-rem presentes on-line.Esperemos que as autoridades tenham também aqui um papel importante, filtrando o bom do mau, de forma a podermos todos alavancar as nos-sas empresas e tornar cada vez mais o comércio eletrónico como uma opção válida. Como já referi, continua a ser um mercado que as autoridades não fazem a devida triagem, permitindo-se ainda ca-sos de burlas via Internet. O mercado só não cai efetivamente e desaparece, porque os nossos con-sumidores cada vez mais instruídos e informados, conseguem filtrar na maior parte dos casos o trigo do joio. No nosso caso tem sido determinante sa-bermos estar no mercado ainda que não estejamos como pretendíamos, não nos podemos lamentar, pois o consumidor procura preço, mas acima de tudo além preço, a competência, transparência, fia-bilidade e segurança que oferecemos.Como nós existem excelentes “players” no merca-do, sendo uma minoria os sites que ainda enga-nam os clientes. Os próprios consumidores aca-bam por fazer uma limpeza ao mercado. Penso que nos próximos dois anos o mercado eletrónico sofrerá uma revolução tal que dará aos consumi-dores as condições para que confiem num site como se estivessem numa loja física. Há sem dú-vida uma mudança nos hábitos dos portugueses, relativamente ao e-commerce.

Neste cenário, que futuro avista para a área do re-talho em Portugal?A área de retalho (grandes superfícies) continu-ará em queda em virtude das politicas de marke-ting praticadas, que se refletem nos preços finais

“A Prinfor vê os próximos dois a três anos como forte impulsionador do mercado online e afirmação, fruto do que de bom tem sido feito nos últimos dois anos, onde quem souber estar no mercado online, ganhando dinheiro, oferecendo serviços de valor

acrescentado e for sério, crescerá anualmente sempre a dois dígitos”, afirma Paulo Gonçalves – CEO da Prinfor - Informática - Eletrodomésticos - Som e Imagem, numa entrevista onde ficamos a conhecer as principais mais valias da marca, bem como do

denominado mercado e-commerce. O que podem ganhar os consumidores com esta aposta?

PrInFor - um parceiro no e-commerce

dos produtos. No meu entender o massacre dos fins de semana sem Iva, das promoções diárias, das “loucuras” nos preços, os consumidores já perceberam que lojas como a Prinfor sem nada disso conseguem ter sempre melhor preço, me-lhor serviço.

O comércio eletrónico constitui o principal impul-sionador da internacionalização nos dias de hoje?Sem sombra de dúvidas. Para isso acontecer não basta apenas abrir uma página. Há que apostar forte nos motores de busca, em comparadores de preços, realizar um marketing targeted em cada país que queiramos intervir. É a melhor montra para qualquer negócio, acessível a um segundo de Nova Iorque, de Xangai ou de Luanda.

Na sua opinião, quais são os principais desafios que se colocam ao comércio eletrónico atualmente?A existência de loja física dos sites em Portugal irá ser determinante, a profissionalização dos gestores e colaboradores também, quem não sou-ber estar hoje em dia num mercado muito com-petitivo e souber ganhar dinheiro com isso, irá empurrar o comércio eletrónico para o fundo e esse é o grande desafio de hoje em dia.. Num mercado aberto como o de hoje em dia, a chegada de players internacionais poderá ser pro-blemática, mas nada que possa por em causa o crescimento das empresas portuguesas.

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COMÉRCIO ELETRÓNICO

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

Paulo Gonçalves

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As lojas Shopkit já geraram mais de um milhão de euros em receitas. Não im-porta se quer vender perfumes, roupa, móveis ou qualquer outro tipo de pro-

duto, a Shopkit coloca ao dispor dos seus utiliza-dores um conjunto de ferramentas e funcionali-dades que lhe permite ter uma loja profissional e com um design elegante, totalmente ajustada às especificidades do produto que está a ser co-mercializado. Assumindo-se como um serviço low cost que permite criar uma loja online de uma forma fácil, prática e adequada às necessi-dades (bastam apenas cinco minutos), a Shopkit foi criada em março de 2012 com a missão de descomplicar o acesso ao comércio eletrónico. A fazer três anos de existência, os indicadores com-provam o sucesso desta plataforma, tal como nos explicou Rosalina Ponciano, uma das sócias da empresa. “Neste momento estamos com cerca de sete mil registos e as nossas lojas já geraram mais de um milhão de euros em encomendas. Temos utilizadores que estão connosco desde o primeiro momento, o que só demonstra a confiança que têm em nós. São sinais que revelam que estamos a crescer e a desenvolver um serviço que tem aju-dado muitos negócios”, afirmou. Se o comércio eletrónico tem conquistado o seu espaço pelas infindáveis vantagens a ele associadas, nomeada-mente pelo facto de assegurar uma presença glo-bal e imediata a preços relativamente mais baixos quando comparados com uma loja física, a Sho-pkit não foge à regra. O serviço tem um plano totalmente gratuito e outros pagos mensalmente, sem obrigações de contrato, com preços que va-riam entre os 10 e os 30 euros, dando sempre a possibilidade ao utilizador de mudar ou cancelar o plano sempre que entender. Pela flexibilidade e pela facilidade, o projeto tem crescido, sendo, no momento atual, o Plano Biz a opção “mais popular”. “Todos os planos diferem sobretudo na quantidade dos produtos ou imagens que se pode inserir e dependerá sempre do tipo de negócio em questão”, referiu Rosalina Ponciano. Daí que exista sempre um período experimental (free trial de 14 dias), aplicável a todos os planos pagos e

a partir do qual o utilizador perceberá se aquela é a solução que procura. Além disso, a partir do Plano Free, o utilizador pode ter a sua loja a cus-to zero. É exatamente esta personalização que se espera da Shopkit, uma solução que tem tudo o que precisa para fazer a gestão de um negócio e que responde às necessidades daqueles que estão realmente empenhados em construir um projeto de e-commerce.

EVOLUÇÃO DO E-COMMERCE EM PORTUGALApostar no comércio eletrónico requer tempo, disponibilidade e persistência. Antes de se avan-çar para um projeto desta natureza, Rosalina Ponciano acredita que o utilizador deve ter uma perfeita noção do que está a fazer, comunican-do com os seus clientes e sabendo que mercados quer atingir e, para lá chegar, deve, por exemplo, usufruir das infindáveis potencialidades das re-des sociais. O retorno não será imediato e, por isso, ter uma loja online exige dedicação. Para se atingir os tão ambiciosos resultados, Rosali-na Ponciano acredita que continua a faltar uma esforçada aposta na divulgação. “Importa não só vender um produto, mas também uma expe-riência. É necessário criar uma comunidade em torno do mesmo e fazer com que os clientes se identifiquem com a marca. Quem avança para o online deve investir no Marketing”, assegurou. É por este caminho que passará, invariavelmente, o futuro do comércio eletrónico.

“A Shopkit tem tudo o que precisas para começares já a vender online”. Com a missão de simplificar o acesso ao comércio eletrónico para pequenos e médios negócios, a Shopkit permite criar uma loja online com rapidez, segurança e sem grandes preocupações, não sendo necessário possuir conhecimentos técnicos específicos. Desde março de 2012, os indicadores são

expressivamente positivos e mostram que esta plataforma está no bom caminho e tem desempenhado um trabalho que está claramente a ajudar muitos negócios a crescer.

Um PArceIro na criação de lojas online

Apesar de tudo, o e-commerce está a crescer. De acordo com um estudo da Marktest, mencionado por Rosalina Ponciano, durante o quarto trimes-tre de 2014 os sites de e-commerce receberam 4,8 milhões de utilizadores únicos. Os receios que existiam outrora deixaram de existir e, hoje, a maioria dos portugueses não tem desconfian-ça no momento de fazer as suas compras online. Para Rosalina Ponciano, a principal dúvida que ainda reside consiste em perceber se o produto que está a comprar corresponde ao que visuali-zou inicialmente. Todavia, este é um trabalho que os lojistas da Shopkit têm procurado fazer. “Em primeiro lugar há uma forte aposta na imagem da loja e, nesse sentido, as nossas lojas têm um design bastante profissional. Depois disso, a ima-gem do produto é fundamental uma vez que se deve aproxima-la o máximo possível da imagem real”, explicou. Estas barreiras têm sido derruba-das sempre com a preocupação de dar uma va-riedade de opções ao consumidor, transmitindo uma constante imagem de confiança. Perante este boom do e-commerce, ainda pode haver quem pense que o comércio tradicional está a perder terreno mas, para Rosalina Ponciano, uma vertente não invalida a outra. “Posso perfeita-mente ter uma loja física e complementá-la com uma presença online. O contrário também já aconteceu. Temos clientes que começaram com uma loja na internet e, com o sucesso que tive-ram, criaram uma presença física”, exemplificou a responsável. Se os desafios do e-commerce são imensos, na Shopkit os objetivos são muito concretos: con-tinuar a crescer, conquistar cada vez mais utili-zadores e apostar na internacionalização, numa primeira fase para países de língua portuguesa. Para atingir esses voos, a Shopkit adopta a mes-ma filosofia que tem caracterizado esta empresa desde o início. “Queremos continuar a ter um serviço adaptado e criado para simplificar o aces-so ao comércio eletrónico e avançaremos para a internacionalização assim que percebermos quais são as especificidades de cada mercado”, concluiu Rosalina Ponciano.

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COMÉRCIO ELETRÓNICO

Equipa da Shopkit

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Existe um número infindável de vantagens associadas à adoção do comércio eletróni-co. Daí que não haja surpresa quando se verifica que o e-commerce tem conquista-

do adeptos que cada vez mais compram os seus produtos e serviços online, uma tendência que, segundo previsões, será intensificada. Tendo esta consciência, a Waterstone Consulting lançou-se no mercado, preenchendo uma lacuna que Jorge Pires, Diretor Geral, sabia que existia. Em Portu-gal, esta empresa surgiu num cenário em que não havia empresas especializadas de e-commerce. “Embora existissem muitas empresas que tra-balhavam na área da web, não havia no mercado empresas que estivessem única e exclusivamente na vertente do comércio eletrónico. Era necessário fornecer aos clientes não só uma plataforma digi-tal de vendas mas também importava ensiná-los e assisti-los em tudo o que envolve a venda online”, explicou.Desde o primeiro produto que lançou para o mer-cado, a Waterstone Consulting começou a assumir a sua posição enquanto empresa especializada em comércio eletrónico. “As pessoas vêm ter connos-co porque sabem que somos especialistas na área do digital, especificamente no e-commerce”, as-segurou Jorge Pires, deixando outra garantia: na Waterstone Consulting cada projeto é um projeto. “Todos os negócios são particulares e as ferramen-tas são diferentes. Nós fazemos o acompanhamen-to personalizado com cada um dos nossos clientes, fazemos a solução técnica, propomos outras solu-ções, sugerimos estratégias no que respeita ao ma-rketing digital e todas as ferramentas disponíveis que, muitas vezes, não são percetíveis para quem só tem a experiência do comércio tradicional”, ex-plicou o responsável. Com isto, os clientes terão uma solução única, uma estratégia que é apenas deles e chegarão ao mercado com uma identidade própria. A par de todo este acompanhamento, a Watersto-ne dá ainda formação na área do comércio eletró-nico. Que dúvidas existem a este nível? A resposta surge com outra questão. “Queremos aparecer mas não estamos a conseguir. Como é que podemos atingir resultados?” Em muitas situações, as em-

presas estão habituadas a competir no mercado lo-cal e, a partir do momento em que entram no on-line, passam a competir num mercado globalizado. As dificuldades em posicionarem as suas ofertas surgem e, como tal, as principais dúvidas pren-dem-se essencialmente com a tão almejada proje-ção online difícil de atingir. “O posicionamento e a imagem dentro da internet são as maiores dúvidas dos nossos clientes não só porque a competição é grande no online mas também porque eles não sabem como se devem posicionar e com quem vão competir”, explicou Jorge Pires. Contudo, também existem erros. De 400 negó-cios na internet, 96% das lojas online não são bem sucedidas. Esta é pelo menos a conclusão de um estudo da empresa espanhola Rebeldes Marketing Online. Para Jorge Pires, a aproximação ao mer-cado online é feita, muitas vezes, com a mesma postura de uma aproximação ao mercado tradi-cional, desenvolvendo uma espiral de custos e de recursos que depois podem não ser muito provei-tosos. “Quando se apercebem disso procuram uma empresa especializada que lhes diga o que estão a fazer mal e, geralmente, a Waterstone intervém nessas situações”, afirmou. A aposta no e-commerce pode dar um forte im-pulso no momento em que uma empresa opta por se aventurar nos mercados externos. Mais fácil e mais seguro, o comércio eletrónico facilita uma presença global e imediata a preços consideravel-mente mais baixos. “O custo de contexto de uma internacionalização online será sempre muito mais reduzido do que uma presença num país de destino. Mesmo quando se parte para um merca-do com uma língua diferente, a internacionaliza-ção por esta via é mais fácil e mais prática dado que, muitas vezes, estamos apenas a falar de custos relacionados com tradução e algumas parcerias lo-cais. Assegurando isto, a empresa está pronta para vender para esse mercado”, aclarou Jorge Pires. Quer se opere num mercado global como local, as vantagens do e-commerce são, por isso, infin-dáveis. Com ferramentas bastante sólidas, existe um leque de possibilidades para uma empresa apresentar o seu produto ou serviço, recorrendo a um tipo de comércio descrito como “global”, “sem

Entre muitos outros serviços, a Waterstone Consulting desenvolve soluções para o comércio eletrónico, tendo sempre como principal foco a satisfação do seu cliente. Cada projeto é um projeto individual, tratado com a máxima personalização.

Um comércIo GloBAlsem horários de funcionamento

horários de funcionamento” e com custos de con-texto significativamente mais baixos do que uma solução com presença física. Mas nem sempre assim foi. Ao contrário do que aconteceu na Europa ou nos EUA, o comércio eletrónico em Portugal teve uma expressão e um desenvolvimento diferentes. “Só agora é que o país começou efetivamente a ter uma quota online sig-nificativa, representando mais de 50% das vendas. Neste momento, com o amadurecimento da tec-nologia, a penetração tem sido muito elevada no mercado português”, defendeu. Ainda há quem, no entanto, olhe para o e-commerce com algumas reticências, sobretudo aqueles que não estão ainda muito atentos às potencialidades do mesmo. To-davia, para Jorge Pires, esta desconfiança tende a diminuir. “Tem surgido legislação que protege o consumidor e associações que permitem aumentar a confiança. Toda a perceção de compra do cliente está a mudar e acredito que com a legislação em paralelo de tecnologia, a confiança vai aumentar”, afiançou o responsável. Neste cenário, a Watersto-ne Consulting continuará a desenvolver soluções que facilitem o crescimento além-fronteiras dos seus clientes, tendo sempre um leque de ferra-mentas que garantam que o negócio online dos mesmos produza sempre valor acrescentado para a empresa.

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COMÉRCIO ELETRÓNICO

Jorge Pires

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A Revista Pontos de Vista esteve à con-versa com Frédéric Frère, chief exe-cutive officer e co-fundador do grupo TRAVELSTORE, que nos falou so-

bre a importância da inovação no planeamento de viagens de negócio, setor onde o grupo opera através da marca TRAVELSTORE American Express. Afirma que é essencial que existam cada vez mais ferramentas de apoio ao cliente, que sejam criados mecanismos que permitam um maior conforto e rapidez na reserva das viagens e que esta decorra sem problemas que afetem a estadia. Contudo, se estes acontece-rem, a TRAVELSTORE American Express, através do seu serviço disponível 24 horas por dia, apresenta-se como uma empresa capaz de solucionar todo e qualquer obstáculo que tente destabilizar a viagem. Fréréric Frère abriu-nos as portas da marca TRA-VELSTORE, parceira e representante do grupo American Express, e mostrou-nos como a inova-ção chegou à empresa. Neste momento, têm dife-rentes unidades de negócio – TRAVELSTORE american Express, Emotionstore, Always Travel & Lifestyle Services, TRAVELSTORE Pharma e Mobeetrip -, capazes de atender a todas as ex-petativas dos clientes em todos os contextos, se-jam viagens de negócios, organização de eventos em Portugal ou no estrangeiro, com especializa-ção em eventos da área farmacêutica, viagens de incentivo oferecidas pelas entidades empregado-ras ou até viagens particulares dos colaboradores das empresas com quem a TRAVELSTORE trabalha e que têm graus de exigência elevados, optando assim por viajar com a excelência e qua-lidade de serviço que só o grupo pode oferecer. Neste sentido, o CEO da empresa explica que só com um acesso à tecnologia de ponta é possível superar as expectativas. Mesmo antes de chegar ao cliente, a TRAVELSTORE American Ex-press tem de ser capaz de encontrar as melhores soluções e para isso tem de existir uma base de

A tecnologia e inovação têm vindo a criar uma transformação mundial em todos os setores de mercado. As agências de viagens não são exceção. E se no início desta expansão tecnológica, com a criação de diversos sites que assumiam o papel das agências, se

questionava o futuro deste segmento económico, atualmente verificamos que o mundo do turismo não só se manteve de pé como inovou e melhorou os seus serviços.

qUAl é A SUA PróxImA VIAGem de neGócIoS?

porque não o mundo da tecnologia?

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A INOVAÇÃO NAS VIAGENS DE NEGÓCIOS

Conheça melhor o conceito TRAVELSTORE em www.grupotravestore.com ou visite di-retamente a unidade de negócio com que se identifica mais:www.travelstore.ptwww.emotionstore.comwww.allways.ptwww.travelstore.pt/pharmawww.mobeetrip.pt Frédéric Frère

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“Nós intervimos para mimar o viajante, para que ele viaje nas melhores condições de segurança e temos soluções para que as próprias empresas possam assistir os seus viajantes em caso de contingências ou problemas”

dados consistente e um sistema capaz de ir ao encontro dos melhores preços, da qualidade mais alta e dos serviços mais adequados ao cliente – uma vez que tecnologia permite também que o próprio sistema tenha acesso a toda a informação necessária do cliente, de forma a perceber quais as suas ambições no contexto de viagem. A empresa é ainda altamente inovadora “na gestão da relação com o cliente”, uma vez que permite um contacto seja via telefónica, através de email ou reserva online, tendo ainda disponíveis serviços que acompanham o cliente durante toda a sua via-gem, permitindo até localizá-lo se assim for neces-sário. Assumem-se como um “big brother”, mas com um intuito positivo, garante o co-fundador do grupo TRAVELSTORE. Só deste modo po-dem apoiar o viajante em qualquer circunstância. “Com as plataformas móveis, vai ser cada vez mais possível que o viajante possa não só reservar a sua viagem rapidamente, como também alterar a sua viagem, ser assistido 24 horas por dia, ativar o pe-dido de um táxi”, entre outras situações.Frère refere ainda e até situações de catástrofes naturais, perante as quais têm de ser rápidos a criar medidas de segurança e soluções ao cliente e para as quais têm já criada uma célula de crise, pronta a intervir em qualquer momento. “Nós in-tervimos para mimar o viajante, para que ele via-je nas melhores condições de segurança e temos soluções para que as próprias empresas possam assistir os seus viajantes em caso de contingências ou problemas”, garante. Para as empresas que têm os seus colaboradores em viagens de negócios, a aposta na inovação é também um grande benefício, principalmente quando nos focamos na “intervenção [da TRA-VELSTORE American Express] na gestão” das empresas. E este processo acontece em duas for-mas distintas. Frédéric Frère afirma que, por um lado, a marca que representa apoia os seus clien-tes na consolidação e identificação dos gastos em viagens de negócios. “Nós temos uma plataforma chamada myTRAVELSTORE” que permite aos clientes da empresa acederem a toda a informa-ção de que necessitam: “com que companhias aéreas viajaram, para que destinos foram, quanto gastaram” os seus colaboradores durante a sua es-tadia, assim como outros esclarecimentos.Por outro lado, têm um serviço de consultado-ria, através do qual a equipa TRAVELSTORE American Express se debruça sobre as viagens das empresas, as suas escolhas e gastos e serve de conselheira, propondo-lhes outras opções e solu-ções mais vantajosas pelas quais devem e podem

optar nas suas viagens de negócios. Deste modo, o CEO da TRAVELSTORE explica que o futu-ro está na tecnologia e na inovação dos serviços, de forma a tornar a relação com o cliente cada vez mais confortável e acessível. Neste contexto, e questionado sobre os objetivos da TRAVELS-TORE, Frédéric Frère foi simples na resposta: pretende continuar a adaptar a empresa às novas tecnologias, estando atento aos avanços e às ne-cessidades dos clientes.Por outro lado, “temos a ambição de prosseguir com a expansão internacional”, conta-nos Frédé-ric Frère. E neste sentido, estão “atentos a novas oportunidades em mercados internacionais, onde possamos acrescentar valor”. Neste momento, a TRAVELSTORE atua em Portugal, Espanha, Angola e Moçambique.

Que conceito se adequa mais a si?

TRAVELSTORE: com um leque de soluções adequadas ao perfil do interlocutor - travel manager, travel arranger ou passageiro - esta unidade, dedicada à concretização de viagens de negócios, apresenta um serviço disponível 24 horas por dia seja na preparação da viagem ou durante a estadia. Permite ainda um serviço de apoio ao passageiro nos aeroportos e garante um serviço de Travel Management num conceito de outsourcing da gestão de compras de viagens

Emotionstore: esta vertente do grupo dedica-se ao lazer e bem-estar, numa perspetiva de viagens de incentivo, oferecidas pelas empresas aos seus colaboradores. Com um acompanhamento total, a Emotionstore estrutura toda a viagem, desde a sua preparação até à organização de momentos lúdi-cos, que permitam ao viajante não só relaxar como também fomentar o espírito de equipa, através de atividades em grupo. A Emotionstore atua ainda como unidade que realiza eventos, reuniões e simpósios de empresas sedia-das noutros países e que decidam viajar até Portugal.

Allways Travel & Lifestyle Services: esta vertente do grupo dedica-se ao período de férias dos clientes da TRAVELSTORE American Express. Cria momentos únicos aos colaboradores dessas empresas, habi-tuados a graus de excelência elevados em viagem. Destinos exóticos, viagens culturais ou experiências e aventuras sejam em Portugal ou noutro país qualquer. É um mundo de possibilidades e escolhas adaptadas ao seu conceito de viagem.

TRAVELSTORE PHARMA: especializada na criação, organização e divulgação de eventos da área far-macêutica, respeita as normas legais que são impostas e organiza anualmente diversos congressos em Portugal. Os especialistas, de diferentes nacionalidades e convidados a participar nestes eventos, têm à sua espera a excelência de um serviço nos vários momentos da estadia. Profissionalismo, rigor e qualidade são elementos chave desta área de atuação do grupo.

Mobeetrip: quase em situação de competitividade com a TRAVELSTORE, este segmento permite que prepare a sua viagem de negócios de forma personalizada. Decida onde e como quer reservar, proceda às alterações que desejar ainda em Portugal ou já no seu país de destino, e tenha um acompanhamen-to 24 horas por dia enquanto estiver fora do seu país. A presença humana é situação de destaque da Mobeetrip. Sempre que precisar, terá não uma plataforma online, mas alguém disponível para o ajudar em qualquer circunstância ou problema da sua viagem.

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Palácios imPeriais ou uma ida ao shoPPing? Botas de caminhada ou saPatos de salto alto?não precisa de grande esforço para tomar a decisão certa – com umas férias em innsbru-ck e nos seus resorts, obtém o melhor dos dois mundos, a cidade e as montanhas. em que ou-tro sítio pode apanhar um bonito teleférico no centro histórico que o leva a 2000 metros de al-titude para um chá da tarde? só em innsbruck, capital dos alpes.num minuto está a relaxar num dos vários ca-fés de rua de innsbruck rodeado de construções medievais magníficas da histórica zona velha da cidade – e em apenas 20 minutos encontra--se a si mesmo num restaurante com terraço a 2000 metros de altitude.

como resultado muito louvado da reconstrução dos teleféricos de nordkette, pode começar a sua jornada no novo funicular no coração da cidade. desenhado pela estrela da arquitetura Zaha ha-did, esta construção única das suas estações e da ponte suspensa sobre o rio inn estabele novos padrões na arquitetura internacional. a mon-tanha nunca esteve tão perto! tanto seegrube como a estação cimeira de hafelekar são pontos de partida perfeitos para caminhadas vagarosas e aventureiras escaladas. as opções de entretenimento pós-caminhada são muitas e variadas, quer seja um passeio re-laxante ao longo da moderna maria-Theresien--strasse ou talvez apreciar um aperitivo num dos muitos e encantadores pubs locais – antes de se aventurar pelas delícias da culinária nos

BotAS de cAmInhAdAou sapatos de salto alto?

cenários de jantar gourmet de innsbruck, onde pode aproveitar tanto os deleites especiais como o tenro cordeiro da montanha de tirol, ou ainda pratos internacionais, criados pelos numerosos chefes premiados da cidade. o innsbruck Festi-val of early music celebra os mestres da música desde a era renascentista ao barroco, enquanto o programa do festival de dança anual tanzsom-mer innsbruck o leva numa viagem artística à volta do mundo. os populares innsbruck Pro-menade concerts vão encher o ar do pátio inter-no do Palácio imperial com melodias de valsa cheias de nostalgia. a praça do mercado da cida-de, à beira rio, será uma vez mais palco do new orleans Festival, oferencendo a uma multidção animada jazz, swing, juntamente com um toque de soul music numa atmosfera de convívio.

Informação: Innsbruck Tourismustel. +43-512-59850

www.innsbruck.info, [email protected]

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RELAÇõES BILATERAIS PORTUGAL ÁUSTRIA

INNSBRUCK ALIA VIDA CITADINA A DIVERSÃO AO AR LIVRE

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tudo isto num só cartão – exPlore a cidade e usuFrua das montanhas

o ‘innsbruck card’ inclui um sem número de benefícios e ofertas especiais

innsbruck com tudo incluído – com o insbruck card, a cidade é toda sua. este passe de grande valor é a sua chave para todos os pontos turísti-cos, incluindo numerosos museus e galerias de interesse como o Palácio imperial, o tyrolean state museum Ferdinandeum, o castelo de ambra, o tyrolean Folk art museum e o tirol Panorama museum, com a sua pintura panorâ-mica única e gigante. com o innsbruck card pode viajar gratuita-mente em todos os transportes públicos na cida-de e ir até igls e hall. além disso, tem direito a uma viagem de regresso num dos sete teleféricos (de acordo com a estação do ano) em innsbru-ck e nos aldeamentos turísticos localizados nas imediações da cidade. também incluído no pre-

hiking Programme innsBruck:esPecialiZado e de Forma gratuitaos convidados de innsbruck usufruem de um serviço perfeito da alpinschule innsburck

a que é que eu chamo de serviço perfeito? todos os visitantes de innsburck e das suas 25 aldeias turísticas podem usar um autocar-ro de forma gratuita com o seu passe, assim como fazer parte de um fabuloso programa de

Informação e ponto de venda:Innsbruck Information, Burggraben 3,

tel. +43 512 53 56, [email protected]

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ço do seu innsbruck card está o acesso à pista de esqui de Bergisel, um evidente marco da cidade que vale a pena visitar o ano todo. um autocarro gratuito leva-o para o cintilan-te swarovski crystal Worlds, em Wattens. explorar a cidade em duas rodas é a sua praia? então, alugue uma bicileta na die BÖrse, uma simpática loja de desporto e aluguer de equipamentos no interior da cidade, e é livre para percorrer as ruas de innsbruck nas próxi-mas três horas.adicionando a tudo isto, viaje gratuitamente num autocarro turísitico hop-on hop-off da ‘sightseer’, que o leva aos pontos principais da cidade com todo o conforto. não deixe de fa-zer um passeio histórico pelas ruas medievais da histórica cidade Velha com um guia certi-ficado da ‘Per Pedes’ (passeios disponíveis em inglês). com um custo mínimo de 33€, o inns-bruck card pode ter a duraçao de 24, 48 ou 72 horas. crianças com menos de 15 anos têm um desconto de 50%.

caminhada na montanha – sem custos adicio-nais. as vantagens do programa de caminha de innsbruck falam por si mesmas: um conve-niente transfer transporta-o rapidamente do hotel para uma pitoresca região de caminhada. os equipamentos de aluguer gratuito são tão importantes como o seu competente guia da reconhecida internacionalmente alpinschule innsbruck (asi), que realiza tours pelo mun-do inteiro de forma bem sucedida. Por isso, não hesite e faça uma pausa em innsbruck e nas suas aldeias turísticas e proporcione a si mesmo uma experência grátis e fabulosa na montanha.de junho até ao final de outubro, pode escolher entre os vários passeios guiados de três a cinco horas. a maior parte deles são ‘combi hikes’, o que significa que pode escolher entre uma caminhada bastante leve e uma de dificuldade moderada. adaptado a todas as capacidades físicas, caminhar em innsbruck e nas suas al-deias turísticas atende a todos os gostos. Para todos aqueles que ainda têm forças no final do

dia, a caminhada iluminada por lanterna e com música é absolutamente necessária. deve ins-crever-se em todos os passeios no dia anterior.

um exemplo fascinante da natureza virgem é alpenpark karwendel, localizada praticamen-te dentro dos limites da cidade de innsbruck. estendendo-se por uma área de 730km, está entre as mais vastas paisagens naturais na eu-ropa central. graças a uma abordagem muito cuisadosa no que diz respeito às atividades de lazer, cami-nhantes e ciclistas de montanha, ao visitarem este ambiente alpino único, são recompensados com raros exemplos de plantas de montanha e vida selvagem numa natureza virgem. a cor-dilheira de karwendel faz também parte dos 5000km de comprimento da Via alpina, uma das trilhas transnacionais mais fascinantes, que seduzem os caminhantes mais ambiciosos a atravessar todos os países da região alpina e a acabar no mar mediterrâneo.

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Com mais de 110 escritórios dispersos em mais de 70 países, o ADVANTAGE AUSTRIA disponibiliza um vasto apoio no desenvolvimento de inteligên-cia e de negócios direcionados não só para as em-presas austríacas como também para os seus par-ceiros de negócios internacionais. De que forma têm conseguido reforçar as relações comerciais dos clientes que vos procuram?A melhor prova dos nossos esforços encontra-se retratada na balança comercial austríaca de 2014: as exportações aumentaram (+ 1,7 %) enquanto as importações diminuíram (- 0,8 %). Quanto ao ADVANTAGE AUSTRIA Lisboa, temos reforçado as atividades de relações públicas nos dois países, aumentando o número de partici-pantes nos nossos eventos (p. ex. no Austrian Business Circle), bem como dando uma melhor resposta à maior procura dos nossos serviços por parte das empresas austríacas. Resultado desta

atividade: um aumento de 9,3 % em 2014 das nossas exportações para Portugal.

O ADVANTAGE AUSTRIA funciona como um pro-motor oficial do comércio externo da Áustria, ajudando a localizar em cada país onde estão im-plantados fornecedores e parceiros de negócios para empresas austríacas. Enquanto um lugar para se investir, que imagem esta entidade tem procurado promover do mercado austríaco?A Áustria é um dos países mais ricos do mun-do e é frequentemente relacionada apenas com o turismo e a cultura – muitos associam o país ao filme “Música no coração”. Além destes as-petos – evidentemente importantes – a Áustria é um país inovador e um grande exportador de tecnologia de ponta, sobretudo na engenharia in-dustrial e metalomecânica. As exportações geram 60 % do PIB, tendo os produtos e serviços da

Áustria uma presença global. São estes factos que o ADVANTAGE AUSTRIA queria dar a conhecer a um pú-blico mais vasto.

Em 2004 existiam seis filiais de empresas aus-tríacas em Portugal. Hoje em dia, falamos em cerca de 30, sendo que, regularmente, aproximadamente 400 organizações estabe-lecem ligações comer-ciais com Portugal. O que faz do mercado português um destino interessante para as empresas austríacas?Portugal ainda não é suficientemente co-nhecido para poder ser considerado um verdadeiro mercado prioritário para as em-presas austríacas. No entanto, o crescimento económico de 2014 e as perspetivas positivas para 2015 convidam ao otimismo, o que cons-titui um forte incenti-vo para aumentarmos ainda mais as nossas atividades e ofertas de eventos.

“Portugal ainda não é suficientemente conhecido para poder ser considerado um verdadeiro mercado prioritário para as empresas austríacas. No entanto, o crescimento económico de 2014 e as perspetivas positivas para 2015 convidam ao otimismo,

o que constitui um forte incentivo para aumentarmos ainda mais as nossas atividades e ofertas de eventos”, assume Astrid Pummer, Conselheira Comercial do Departamento Comercial da Embaixada da Áustria, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Que balanço da relações bilaterais entre Portugal e Áustria? O que ainda falta? A nossa entrevistada aborda um pouco mais esta

dinâmica e este crescimento.

PortUGAl e ÁUStrIArelação em Crescimento

Em 2009, à margem de uma visita oficial a Áustria, o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Ca-vaco Silva, partilhou o desejo de reforçar o inves-timento nos dois países, através de parcerias que tivessem em conta terceiros mercados. Em 2015, podemos dizer que algo foi feito nesse sentido?O recente panorama económico tem dificultado a realização deste objetivo. Ambos os países têm hesitado nos últimos anos quanto a novos inves-timentos. O ADVANTAGE AUSTRIA Lisboa continua a promover a Áustria como plataforma para a Europa de Leste e Portugal como um hub para os PALOP. Estamos confiantes de que a re-cuperação económica e o clima de confiança irão aumentar o investimento em ambos os lados.

Juntamente com sete empresas austríacas, o ADVANTAGE AUSTRIA esteve entre os dias 25 de fevereiro e 1 de março na Feira Internacional de Turismo – BTL. A partir deste certame de reconhe-cido êxito, de que forma deram a conhecer Áus-tria? Que balanço é possível fazer?A Áustria esteve presente com sete empresas do ramo turístico, abrangendo desde a infraestrutura de animação turística, a agências turísticas e aos organismos oficiais de turismo de Salzburgo e de Innsbruck. O objetivo foi divulgar os serviços des-tes participantes e tornar a Áustria mais conhe-cida como destino turístico. Atualmente cerca de 34.000 portugueses viajam por ano para a Áustria. Este número tem muito potencial para crescer. Quanto aos nossos participantes, sabemos que fi-caram satisfeitos. Nós todos esperamos que a BTL tenha servido como ponte para novos negócios.

Existem muitas oportunidades para o desenvol-vimento das relações bilaterais entre estes dois países. Qual continuará a ser a linha de atuação do ADVANTAGE AUSTRIA?A nossa aposta estratégica é a mesma: diminuir o desconhecimento mútuo, focando alguns setores - no turismo e no enoturismo, nas TICs, na energia verde e eficiência energética e na indústria têxtil.

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RELAÇõES BILATERAISPORTUGAL – ÁUSTRIA

Astrid Pummer

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Com 18 anos celebrados em julho do ano passado, numa cimeira his-tórica decorrida em Díli, Timor-Leste, a CPLP assume perento-riamente o desafio de contribuir ativa e sinergicamente para o es-forço de Desenvolvimento dos Estados membros. É um repto que

encaramos pluridisciplinarmente. À laia de exemplo, só entre março e julho do corrente ano, reunimos os Ministros do Turismo, os Ministros da Admi-nistração Interna, os Ministros do Trabalho e Assuntos Sociais, os Ministros da Defesa, os Ministros da Energia, os Ministros dos Assuntos do Mar, os Ministros da Juventude e Desporto e os Ministros dos Negócios Estrangei-ros e Relações Exteriores. São diversas áreas onde a obtenção de benefícios e mais-valias mútuas permite-nos antever uma maior capacidade para cumprir o desiderato da excelência no desenvolvimento económico e social dos nossos países e na garantia de bem-estar dos nossos cidadãos.Os Estados membros da CPLP estão inseridos em quatro continentes e em diversificados espaços de cooperação e integração regionais, contribuindo esse fator para a riqueza da nossa Diversidade Cultural, para a expansão da Língua Comum e para intensificar a concertação político-diplomática e uma cooperação multifacetada. Devemos, assim, ser encarados como um instrumento de cooperação internacional em todos os domínios e de apro-ximação dos povos, estabelecendo estratégias partilhadas para consolidar as matérias da atividade humana. A integração dos Estados membros da CPLP em Blocos de Integração Regional, com forte incidência económica, mas também política, tais como a União Europeia, o Mercosul, a SADC, a CEEAC, a UEMOA, a CE-DEAO, e futuramente, a ASEAN, não deve ser encarada como um obs-táculo intransponível à cooperação e aos fluxos económicos dos Estados--membros da CPLP.Efetivamente, esta caracterização pluricontinental não se assume como uma barreira, mas traz-nos uma realidade multipolar, global. O lema escolhido pela presidência em exercício da CPLP, a cargo de Timor-Leste, vem ainda reafirmar que é cada vez mais necessário apostar na globalização económica. Nesta vertente, a cooperação económica e empresarial entre os nossos Estados membros é uma realidade, apesar de não ter a expressão que corresponde ao potencial das nossas respetivas economias. É preciso me-lhorar e incrementar, tendo em conta os interesses, objetivos e o papel dos Estados-membros da CPLP nas diferentes Comunidades Económi-cas Regionais, em quatro continentes. É, igualmente, necessário ouvir os atores principais nos negócios, que são os empresários, para auscultar as

cPlP SerVe eStABIlIdAde,desenvolvimento e Crescimento

perceções no campo dos entraves e oportunidades nacionais em cada um dos nossos países. Uma tarefa onde temos contado com o apoio da Confe-deração Empresarial da CPLP.Com esta ambição, indagamos respostas e caminhos para contornar os es-trangulamentos que hoje impedem as nossas economias de registar maiores taxas de crescimento, que limitam o aumento dos fluxos de comércio e de investimento bilateral e em sinergia multilateral. Diligenciamos soluções

CPLP – RELAÇÕES DE VALOR

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma plataforma de diálogo multilateral ao serviço da estabilidade, do crescimento económico e do desenvolvimento social dos

seus Estados membros.

A OPINIÃO DE Embaixador Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP

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promotoras destas matérias para superar os obstáculos e constrangimentos existentes no desenvolvimento empresarial e financeiros dos nossos países. Procuramos estratégias para fomentar a criação de emprego, a promoção de quadros e ambientes de negócio favoráveis colocados à disposição das empresas e empreendedores, dos cidadãos e dos governos. Despertámos para uma nova realidade onde podemos, juntos, ter maior protagonismo. Se, em 1996, na altura da fundação da nossa Comunida-de, os nossos Estados-membros viviam uma outra realidade, nos últimos anos verificámos profundas alterações estruturais na cena internacional e nos contextos nacionais dos Estados membros. Em sentido lato, as demo-cracias estão agora consolidadas e as economias dos nossos países gozam de elevadas potencialidades, as quais poderão vir a alavancar ou estimular o desenvolvimento industrial, das infraestruturas e a emergência de uma classe média com poder de compra. Isto, sempre com preocupações de sus-tentabilidade e procurando a transformação económica essencial, assente na diversificação de setores e mercados muito para além da exploração dos recursos naturais.Naturalmente, partilhamos com os nossos Estados-membros a preocu-pação com a Estabilidade, a qual é imprescindível a um bom ambiente de negócios. Nesta matéria, não esquecemos as atribuições de cooperar na Defesa e Segurança. Neste campo, realço o papel da CPLP na relação de-senvolvida com os Estados-membros para garantir o respeito pelas insti-tuições, a independência nacional e a integridade do território, a liberdade e a segurança das populações. De igual maneira, permito-me evidenciar o papel da CPLP enquanto ator de relevo na cena internacional, traduzida nos entendimentos com diversas organizações regionais e sub-regionais e no quadro do sistema das Nações Unidas, para além de outros sujeitos de direito internacional.

RECORDANDO O PASSADO,PENSAR E PROJETAR O FUTURO

Após 18 anos da sua existência, a CPLP enfrenta agora a necessidade de munir a organização com instrumentos e mecanismos capazes de estimular uma atuação mais dinâmica no processo de desenvolvimento dos Estados--membros. As estruturas orgânicas e o posicionamento da CPLP tem beneficiado de alguma evolução desde a sua fundação, os estatutos da Comunidade têm-se adaptado à participação de outros sujeitos de direito internacional sob as figuras de Observador Associado e de Observador Consultivo, respetiva-mente, nos casos de Estados e de instituições. Este percurso consolidado da nossa organização e um quadro de desen-volvimento diferente nos nossos países já nos trouxe um nono membro de pleno direito: a Guiné Equatorial, um país historicamente ligado aos nossos, que absorveu os princípios e objetivos da CPLP e adotou a Língua Portuguesa como idioma oficial. Esta evolução e o dinamismo nos cenários nacionais e internacional permi-tiram, ainda, à CPLP um nível interessante de abertura ao exterior, tendo já abarcado nestes enquadramentos as Ilhas Maurícias, o Senegal, a Turquia, a Geórgia, a Namíbia e o Japão, enquanto associados, para além de cerca de cinco dezenas de instituições consultivas.Na atualidade, estas perspetivas otimistas e a grande apetência verificada pela nossa CPLP resultam da ação empenhada, da perseverança e do con-tributo de todos os nossos Estados e de muitos cidadãos ao longo destes dezoito anos. A CPLP percorreu um importante caminho. Registámos re-sultados positivos que nos permitem afirmar hoje que a CPLP é uma Or-ganização sólida e consagrada pelos seus valores e pela sua ação. Os dezoito anos da CPLP constituíram o ponto de partida para uma reflexão aprofun-dada sobre o futuro da nossa Comunidade. Face às exigências decorrentes da complexidade dos novos tempos, só com uma Nova Visão Estratégica vamos estar em condições de melhor compreender e enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades. Com os olhos postos no futuro importa, sobretudo, debruçarmo-nos sobre as imperfeições e as dificuldades encontradas ao longo deste percurso. A nossa experiência coletiva deve permitir identificar e fortalecer as áreas de maior debilidade, consensualizar e recentrar as nossas atenções nos assun-tos de maior relevância e concentrar esforços numa agenda que valorize os objetivos prioritários dos Estados-membros. Recordemo-nos da decisão da X Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada em julho último, em Díli, de criar um Grupo de Trabalho com o objetivo de discutir e propor diretrizes e políticas de base da Nova Visão Estratégica para a posterior aprovação na XI cimeira da CPLP, a realizar-se em 2016. Estamos a trabalhar para reforçar os objetivos específicos e estratégicos con-sensualizados desde a fundação da CPLP, como a área político-diplomática,

a cooperação e a promoção e defesa da Língua Portuguesa. Com a experi-ência institucional adquirida nestes 18 anos, pretendemos vislumbrar novos espaços de atuação, como a cooperação empresarial, o reforço do potencial económico da Língua Portuguesa, a criação de redes de conhecimento e a formação de recursos humanos qualificados para intervirem no crescimento económico e no desenvolvimento social dos Estados-membros. Se falamos em desenvolvimento, não posso deixar de sublinhar que, na CPLP, os avanços da ciência são entendidos como fatores estratégicos ao serviço da Democracia, da Segurança, da Saúde e da erradicação da po-breza. São, ainda, impulsionadores da melhoria da Segurança Alimentar e Nutricional, da eficiência energética, da sustentabilidade ambiental, da redução das desigualdades, da inclusão social e da garantia da prosperidade das gerações presentes e futuras. Em Língua Portuguesa, pensar e apostar na Ciência constitui, seguramen-te, um caminho consistente que nos conduz a maiores níveis de desen-volvimento sustentável, de progresso social, cultural e económico. Nesta senda, estamos à procura de construir um «Espaço de Ciência e Tecnologia da CPLP» assente na inclusão e produção científicas – sempre no nosso idioma comum. Se a partilha deste laço linguístico esteve na génese da CPLP, o passado his-tórico obriga-nos, necessariamente, a olhar para os Mares e os Oceanos que continuam a ligar os Estados-membros de maneira umbilical e a dotar todos os nossos países com características únicas no panorama internacional. Para a CPLP, a gestão adequada dos recursos contribui para a estabilidade das nações e para o fortalecimento das relações entre os nossos Estados, sendo que a ativação de uma estratégia conjunta para os Oceanos constitui um instrumento indispensável na definição da política da CPLP, surgindo como um processo natural e necessário de assunção e consolidação de objetivos comuns muito importantes para o desenvolvimento sustentável.Com esta pluridisciplinaridade e pluricontinentalidade da CPLP, é ainda possível desejar um maior dinamismo, capacidade de iniciativa e liberdade de atuação, para nos dotar de uma célere capacidade de resposta aos desa-fios que se colocam nas nossas atividades que têm como missão o desenvol-vimento dos beneficiários finais, que são os nossos cidadãos.

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Desde a sua criação, em 2007, a SOFID tem con-tribuído para o reforço das relações a nível pro-dutivo e comercial entre Portugal e alguns países emergentes e em vias de desenvolvimento. A par-tir de serviços e produtos financeiros direciona-dos para empresas privadas ou públicas, de que forma têm conseguido atingir estes desígnios?A SOFID tem um papel único e diferenciado. Não se trata apenas de contribuir para o reforço das relações comerciais entre Portugal e alguns países em vias de desenvolvimento, mas sobre-tudo de fazer aquilo que é uma missão dupla: apoiar as nossas empresas no seu processo de internacionalização e, por outro lado, cumprir os desígnios de uma EDFI (European Develo-pment Finance Institutions) que é – a SOFID pertence à rede EDFI, onde estão 15 sociedades europeias do género. O papel da banca de desen-volvimento é muito específico e passa por tentar

reduzir o gap entre os investimentos comerciais e a chamada Ajuda Pública ao Desenvolvimento, vulgo APD. Ao colocarmos os nossos produtos e instrumentos financeiros à disposição das em-presas que se instalam nesses mercados estamos também a contribuir para o fortalecimento des-sas economias e para a criação de emprego local.

Apesar de muitos empresários acreditarem que a internacionalização vai salvar a empresa, não se deve sair do país quando se está em dificuldades no mercado interno. Tem havido essa consciência?Os empresários portugueses estão cada vez mais cientes das contingências dos processos de in-ternacionalização. Sabem que é preciso ter uma estrutura de capital social coerente, ter alguns capitais próprios, ter parceiros locais e procurar financiamentos que proporcionem o desenvol-vimento do negócio. Muitos começam a estar

atentos também às oportunidades e in-centivos que existem no quadro da União Europeia e não só.

A par de Angola e Brasil, a SOFID acre-dita que Moçambique é um país de grande interesse para o in-vestidor português. Como tal, foi criado o InvestimoZ, um Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique que pre-tende financiar proje-tos nacionais naquele país africano. O que importa conhecer so-bre este Fundo?O InvestimoZ nasceu da vontade dos dois Estados, português e moçambicano, como forma de poder apoiar a criação de mais e melhores investimen-tos naquele país. O In-vestimoZ é um fundo gerido pela SOFID e dotado de 94 milhões de euros para apoiar empresas portuguesas ou consórcios luso--moçambicanos. Pode entrar como parceiro

Abraçando a missão de reunir todas as condições necessárias para que projetos de internacionalização com solidez e com benefícios claros para a economia do país beneficiário obtenham financiamento, a SOFID assume um “papel único e diferenciado”,

tal como defendeu o Administrador Executivo, Francisco Almeida Leite. Nesse sentido, com o objetivo de financiar projetos nacionais para Moçambique, nasceu o Fundo Investimoz, gerido pela SOFID e dotado de 94 milhões de euros destinados a apoiar

empresas portuguesas ou consórcios luso-moçambicanos. Conheça melhor este parceiro ideal para qualquer projeto.

“o SeGredo eStÁem sermos uma alternativa”

no capital social de empresas constituídas naque-le país, portanto faz equity loans.

A SOFID só participa quando acrescenta valor ao mercado de destino do investimento. Que contri-buto têm procurado dar ao mercado moçambica-no? Por que é que as empresas devem aproveitar o InvestimoZ?O país onde temos mais projetos contratados é Moçambique, isso independentemente do fundo InvestimoZ, o que diz muito daquilo que lá fa-zemos. As empresas devem procurar a SOFID para aceder ao InvestimoZ porque se trata do parceiro ideal para qualquer projeto, já que con-fere um certo conforto político e institucional. É bom para um empresário, desde que cumpra os requisitos, ter como parceiro um fundo que per-tence a dois países e é gerido por um banco de desenvolvimento. Significa segurança.

“A SOFID é um banco para apoiar a internacio-nalização”. Com 2015 a começar, o que podemos continuar a esperar da atuação desta entidade?A SOFID está neste momento com uma nova dinâmica, mais e melhor negócio, visibilida-de acrescida e com um futuro que se veja pela frente. Tenho dito muito isto, mas é a verdade. A performance comercial é notória, com um cres-cimento da carteira de negócio superior a 40%. As operações atualmente em carteira significam um apoio nosso de 17,58 milhões de euros, que alavancaram projetos de investimento na ordem dos 79,89 milhões de euros. A nossa ação está distribuída por vários países de África e da Amé-rica Latina, apoiando empresários de diferentes setores de atividade. Financiamos a internacio-nalização de projetos sustentáveis, o que é um bom princípio, e estamos agora em países onde ainda não tínhamos projetos, como é o caso do México e do Brasil.

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CPLP – RELAÇõES DE VALOR

Francisco Almeida Leite

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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A Couto, Graça & Associados assume-se como uma sociedade de advogados líder em Moçam-bique. Com uma posição de liderança surgem responsabilidades acrescidas. Quais são, atual-mente, as vossas responsabilidades perante os clientes da CGA?A nossa principal responsabilidade passar pela prestação de um serviço assente na qualidade e credibilidade, mas essencialmente o que os clientes procuram na CGA, para além do tra-dicional conselho, serviço e qualidade jurídica, passa pelo conhecimento do país e um aconse-lhamento mais prático de como vir e estar em Moçambique, no fundo passa pelo conhecimento que possuímos de como se fazem negócios em Moçambique. A CGA é muito mais do que o denominado advogado puro, pois pretendemos criar sempre uma espécie de «cliente trust», numa relação mútua, que permita que sejamos a «porta de entrada» para este território. Essa é o nosso principal fito e não só, porque também faz parte das nossas responsabilidades, não apenas para os nossos clientes, mas também para o próprio Go-verno moçambicano, pois temos a garantia que fazemos tudo como mandam os procedimentos e as regras.

É legítimo afirmar que uma das vossas grandes valias passa pela personalização que colocam no tratamento e acompanhamento com cada cliente? Sim, claramente. Cada cliente é um cliente e im-portante, independentemente da sua dimensão e tem de ter o seu tratamento e o seu espaço junto da CGA e a mesma atenção. Claro q sim.

Em termos operacionais, de que forma esta posi-ção de referência em território moçambicano tem tido um forte impacto na vossa atuação a nível internacional?Tem tido impacto de diversas formas. Começan-do pelas parcerias, que já mantemos há muito, principalmente com a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, colaboração que existe há 15 anos, ou seja, desde que existimos. Mas isso reflete-se também nos escritórios de maior nomeada, o que chamam no universo da advocacia de «golden circle», pois no fundo somos procurados pela qualidade e co-nhecimento que possuímos do país, o que permi-te que sejamos vistos como parceiros privilegia-dos para escritórios internacionais e para clientes de dimensão superior. Assim, temos investido bastante na vertente das parcerias e nos negócios internacionais, que é onde pretendemos estar.

Abordou que é fundamental o conhecimento do mercado local, neste caso concreto, do moçam-bicano. Crê que ainda é uma lacuna que se pode identificar, por exemplo no empresário portu-guês que se pretende implementar em Moçam-bique? Acredito que o panorama hoje é diferente e para melhor. Há uns anos o «cair de paraquedas» esta-va na moda. Hoje o cenário mudou. Existe uma preocupação maior em conhecer bem o mercado, de saber o que se deve fazer e como se deve fa-zer os negócios em Moçambique, de analisar as parcerias como algo que é e deve ser fundamen-tal. Com o nosso conhecimento, posso assegurar que noto mais isso, embora ainda existam casos de empresas/entidades que acham que acreditam que podem chegar a moçambique sem qualquer conhecimento e singrar. Isso, garanto, não acon-tece. Tem que se conhecer o mercado a fundo e há preocupação em fazê-lo.

A CGA tem ainda tido a preocupação de captar os melhores profissionais na área e, com o objetivo de responderem às pretensões dos clientes, dão--lhes a devida formação necessária. Em que con-siste esta formação? Creio que isso não é somente uma preocupação da CGA, mas de todos os denominados bons es-critórios de advogados. Os recursos humanos são a nossa base, o nosso pilar. De facto, existe algu-ma dificuldade em encontrar, em Moçambique,

Moçambique, país de enormes recursos e que é hoje, cada vez mais, um destino apetecível para um vasto conjunto de empresas portuguesas e não só, pois são hoje inúmeros os players empresariais de outras nações dispostos a apostar fortemente neste país, em terras africanas plantado. Apostar em Moçambique? Sim, mas bem preparado, pois só assim pode singrar num mercado que

tem as suas particularidades. O que é necessário? Entre outras coisas, “tem obrigatoriamente de ter um bom advogado ou não vai ter grande sorte”. Quem o afirma é Pedro Couto, Managing Partner da CGA, Couto, Graça e Associados, que em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou o crescimento da marca em território moçambicano, bem como a nível internacional. Pontos de interesse

nesta entrevista não faltam. O conhecimento demonstrado pelo nosso interlocutor relativamente aos «meandros» do território moçambicano além de ser relevante, pode ser muito útil para quem pretenda apostar futuramente em Moçambique, onde a CGA

será sempre um parceiro fundamental.

“qUAndo PenSArem nUm AdVoGAdo,pensem na CgA”

recursos humanos qualificados para esta área. Mas estamos otimistas, até porque tem existido um conjunto de investimentos importantes, em-bora ainda falte refletir isso mesmo na prática, ou seja, ainda vai demorar algum tempo a refletir. Temos essa preocupação, pois estamos sempre a investir na formação dos nossos quadros, prin-cipalmente pelo canal das parcerias, onde «uti-lizamos», novamente, a Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, onde fazemos formações em Portugal desses mesmos quadros. Além disso, apostamos na vertente de «on the job training», essencial para nós, pois gostamos de dizer que queremos os melhores na CGA, embora deve reconhecer que existam quadros de recursos humanos de enorme valia na concorrência. Neste momento não estamos a captar recursos humanos qualificados em Portugal, pois já temos em Moçambique um balanço e um equilíbrio positivo, e por conseguinte o nosso quadro de recursos é suficiente. Aquilo que temos realizado é buscar quadros moçambicanos que estejam a ser formados no estrangeiro e enquadrá-los em Moçambique. Procuramos ainda dar exposição aos nossos jovens, em países como Portugal, que tem uma maior experiência ao nível da prática judiricad, cerca de 500 anos, enquanto que em Moçambique essa prática tem 20 a 30 anos. Des-ta forma, o nosso papel não passa por encontrar recursos humanos no estrangeiro, mas investir fortemente na formação do que temos a nível nacional e posso dizer que temos tido resultados bastante gratificantes.

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CPLP – RELAÇõES DE VALOR

Para concluir, que mensagem deixaria ao leitor da Revista Pontos de Vista, potencial interessado em investir em território de Moçambique e que pode ver na CGA um parceiro? Tem de conhecer muito bem o mercado. Não pode vir para Moçambique em conhecimento de causa, pois apesar de este ser um mercado repleto de potencial, não é um mercado simples ou fácil. É necessário ter a capacidade para o compreender e tem de ser ter alguma «pujan-ça» para singrar. Isso pode ser facilitado com a aposta num parceiro nacional, até porque exis-te atualmente um empresariado com força que permite ter esse apoio. Além disso, tem obriga-toriamente de ter um bom advogado ou não vai ter grande sorte.

Pedro Couto

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Em 2014 a CGA consolidou a sua presença no mer-cado. Que balanço é possível efetuar do ano que passou?2014 foi de facto um ano de enorme importância para nós, pois permitiu-nos consolidar a nossa posição, pois não nos podemos esquecer a CGA surge da fusão de três escritórios moçambicanos, que decorreu em 2001. Assim, o ano passado permitiu-nos funcionar em pleno como CGA, onde nos projetamos no mercado, crescemos, a nossa base de clientes foi aumentada e os proje-tos mais importantes do país passar por nós di-retamente ou tivemos algum tipo de intervenção nos mesmos. Portanto, foi um ano muito rele-vante para a CGA. Além disso, definimos um programa de objetivos para o futuro, este ano e 2016, e neste momento o grande desiderato passa por manter a nossa po-sição e crescer de forma controlada e sustentada, de forma a que esse crescimento não prejudique o que já conseguimos até hoje. O facto de 2014 ter sido, em termos de economia, um período po-sitivo, também nos ajudou, pois tivemos bastante atividade económica e de negócios. Para este ano as pessoas estão mais apreensivas, não de Moçam-bique enquanto país, mas por toda a atual conjun-tura internacional, que está a ser gerador de al-gum ceticismo e desconforto no investimento em Moçambique. Mas para nós, a perspetiva, a longo prazo, é solicitar as nossas parcerias, estar cada vez mais presentes no mercado e apoiar, da forma que pudermos para ultrapassar esses problemas.

Além de Moçambique, qual é, no momento atual, a vossa presença nos restantes países membros da CPLP?Enquanto CGA, além de Moçambique, não es-tamos presentes em nenhum outro país. Mas fa-zemos parte de uma rede de escritórios africanos, denominado por Lex África, que nos permite ter uma presença, ainda que indireta, em outros paí-ses pertencentes à CPLP.

Portugal e Moçambique são países que procu-ram captar investimento estrangeiro, tendo, por outro lado, empresas que ambicionam a interna-

cionalização. O que aproxima e o que afasta estas duas nações?Acredito que o que aproxima ambos os países seja a história. Os dois Estados e os dois países sempre mantiveram relações de amizade, embora, como é normal, com altos e baixos. Além disso, a língua é, por si só, um elemento preponderante. Tenho mais dificuldades em dar a conhecer os pontos de afastamento, embora possa realçar que a grande dificuldade para o mercado moçambicano passe pelos empresários portugueses que chegam aqui sem qualquer base ou conhecimento da realidade e não têm a perceção de como funciona o mundo dos negócios. Interessa perceber que apesar de existirem muitas similaridades, também existem muitas diferenças a que é necessário ter atenção. Em alguns momentos isso pode dificultar, pois quando as pessoas pretendem impor uma forma de trabalho ou de estar que não é a que funciona melhor, isso provoca atritos. Mas tenho a plena convicção que são muito mais as coisas que nos aproximam do que as que nos afasta e portanto temos é de nos preocupar em desenvolver aquelas que nos aproximam mais e investir nas mesmas,

porque Portugal será sempre um grande investi-dor em Moçambique. Espero e acredito que no futuro o inverso também seja uma realidade.

De acordo com o relatório do Doing Business 2015, Moçambique subiu 15 posições relativa-mente à posição obtida em 2014. Ocupa agora o lugar 127. O que tem motivado o facto deste jo-vem país africano se destacar de forma gradual entre mais de 180 economias a nível mundial?Moçambique é um país de vastos recursos natu-rais que não existiam ou que não sabíamos que existiam há dez anos. Possui bacias de gás, carvão, agricultura, 2700 quilómetros de costa, turismo, entre outras vertentes. Assim, Moçambique tem todas as condições, e está a demonstrá-lo, para ter uma economia interessante. Por outro lado, a po-lítica do Governo adotada tem sido positiva, pois tem apostado fortemente na modernização da le-gislação, na simplificação de processos, na criação de facilidades e na verdade, este «escalar» de 15 posições é claramente o reflexo do trabalho que tem vindo a ser feito. Existe uma disponibilida-de grande de oportunidades, em diferentes áreas, e isso traduz as potencialidades do país, que são inúmeras. Além disso, a estabilidade política que o país possui, tem sido essencial e faz-se sentir na vida social, e negócios, criando um sentimento de segurança e confiança superior nos potenciais investidores.

Moçambique apenas não teve uma melhor classi-ficação devido a tópicos como a constituição de empresas, proteção de investidores minoritários, pagamento de impostos, obtenção de eletricida-de ou comércio internacional. Estes elementos sofreram, aliás, alterações negativas. No seu en-tender, o que é premente fazer para inverter esta imagem?Eliminar ou reduzir drasticamente os níveis de burocracia existentes é fundamental para o país. Isso está a ser feito. Não é um processo que se concretize de um dia para o outro. Estamos bom caminho e prova disso é a aposta forte na mo-dernização, na inovação e nas novas tecnologias. Basta ver que há somente quatro anos, a consti-tuição de uma sociedade era extremamente buro-crática e complicada. Hoje não é tão complicado, embora, como referi, ainda falte percorrer um longo caminho.

Com 2015 a começar, que objetivos esta socieda-de de advogados espera que sejam concretizados ao longo deste ano?Acima de tudo, pretendemos continuar a ser uma marca e um escritório de referência em Moçam-bique. Essa é a nossa clara ambição. Pretendemos aumentar a nossa presença a nível nacional, até porque atualmente «apenas» estamos em Mapu-to e Beira e queremos crescer no mercado inter-no. Vamos continuar a investir na formação e nos nossos quadros. No fundo, o grande desiderato passa por perpetuar nos nossos clientes nacionais e internacionais o seguinte pensamento: quando pensarem num advogado, pensem na CGA.

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A crise em Portugal e na Europa tem tido impacto na vossa orgânica enquanto em-presa? Quais os reflexos no país? Enquanto empresa diria que o impacto passa por uma menor presença de clientes/investi-dores portugueses no país, comparativamente a um passado recente. Por outro lado, e face ao atual cenário em Portugal e na Europa, é natural que as empresas portuguesas olhem para África, mais concretamente para Moçam-bique, como um potencial de expansão e isso é positivo para nós. Devo realçar que Portugal sempre esteve no topo e continua a ser um dos principais exponenciadores de investidores em Moçambique, embora, face ao atual panorama, comece a ser ultrapassado por outras econo-mias, como a China, o Japão, a Índia e outras, que começam a ter outra capacidade para in-vestir em Moçambique.

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São cinco anos de sucesso que nos enchem de orgulho e, com o obje-tivo de evidenciar esta especial data, foi desenvolvida uma derivação do seu habitual logótipo que acompanhará toda a sua comunicação.Iniciada em 2011, a FIB é uma feira multissectorial, organiza-

da pela Eventos Arena, com o alto patrocínio do Governo Provincial de Benguela e tem como principal objetivo promover e fortalecer o potencial económico e industrial, bem como atrair investimentos capazes de apoiar o desenvolvimento da Região Sul de Angola.Benguela é a segunda maior plataforma de desenvolvimento económico de Angola e a FIB em muito tem contribuído para o crescimento do quadro económico social da Província de Benguela, enquanto evento de referência na promoção de contactos e realização de negócios. A sua forte componen-te multissectorial potencia uma rica e diversificada mostra de produtos e serviços contando, atualmente, com a participação de empresas que atuam em setores tão variados como seja Agrícola, Agropecuário, Alimentação & Bebidas, Automóvel, Banca & Finanças, Comércio Geral, Construção, Energia & Petróleos, Formação & Cultura, Saúde, Hotelaria & Turismo, Imobiliário, Indústria, Logística & Transportes, Pescas, Telecomunicações e Tecnologias de Informação.Enquadrada anualmente nas Comemorações do Aniversário da Cidade de Benguela a FIB é um palco aberto à promoção, discussão, partilha de ideias e experiências e para o efeito, conta com a organização de diversas conferências, seminários e workshops sectoriais, assim como a realização do Festival Cultural, apoiado pela Unitel, com um programa de entrete-nimento que leva até ao Estádio Nacional d’Ombaka milhares de pessoas diariamente. Para além destas habituais iniciativas estão previstas outras que visam a celebração dos seus 5 anos de realização.Ao longo das anteriores edições, a FIB tem evidenciado um sólido cresci-mento nas suas diferentes vertentes apresentando, na sua última edição, a participação de 272 empresas expositoras (aumento de 12%) e 43.000 mil

FeIrA InternAcIonAl de BenGUelA5 anos de sucesso!

visitantes (aumento de 8%). Os índices de satisfação gerais, são também um reflexo do seu sucesso apontando valores 70% para empresas que al-cançaram e ultrapassaram os seus objetivos e 90% das empresas inquiridas, pretende participar na próxima edição.Acreditamos, por isso, que a FIB tem o retorno esperado para os seus parti-cipantes. A organização da Feira Internacional de Benguela está a cargo da Eventos Arena, marca do Grupo Arena, que atua na organização e gestão de feiras e eventos especializados. Criada em 2002, a Eventos Arena tem vindo a destacar-se no mercado angolano, colocando à disposição dos seus clientes um conjunto alargado de serviços, que vão desde a conceção dos projetos à implementação das ações no terreno, assumindo a gestão inte-grada de todos os trabalhos em que se envolve. Para mais informação visite www.eventosarena.com.

CPLP – RELAÇÕES DE VALOR

A Feira Internacional de Benguela realizará a sua 5ª edição entre os dias 13 e 17 de maio de 2015, no Estádio

Nacional d’Ombaka.

A OPINIÃO DE GRUPO ARENA

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1. Áreas de atuação das empresas de avaliação imobiliária e dos peritos em geral;

1.1 - Sistema financeiro com inscrição e aprovação (registo) pela CMVMAvaliação de ativos de:Fundos de Investimento ImobiliárioAvaliação para efeitos de crédito BancárioPatrimónio da Direção Geral Tesouro1.2 - Avaliação Fiscal, com inscrição e aprovação na ATAPara efeitos de cálculo do valor patrimonial tributário (IMI e taxa de esgoto)1.3 - Perícia Judicial, com inscrição e aprovação na lista oficial do Minis-tério da JustiçaPara efeitos de parecer e prestação de informação ao tribunal1.4 - Certificação Energética com inscrição e aprovação da ADENEPara efeitos de determinação da classe energética da fração e melhorias a fazer para redução de consumos energéticos.1.5 - outras- Ordenamento do Território – avaliações de zonas de território por cessa-ção de zonas urbanizáveis, que deixam de existir, pois os PDM apenas irão prever solo rústico ou urbano (regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial e demais legislação recente).- Expropriações a efetuar por serviços públicos sobre as propriedades e valor das compensações a pagar ao lesado.- Inventário – Partilhas - valorização de bens no processo de inventário e na organização da Partilha.- Centros de mediação e arbitragem- peritagens para resolução de conflitos mais céleres. Uma vez que são fora dos Tribunais, mas entre as partes em confronto com notário e advogados.- Construção/Licenciamento - durante a construção e até à fase de licenciamento- Perito De parte - designado por um dos elementos em conflito no tribu-nal, para além do indicado pelo tribunal.- Avaliar Empresas, por Ativos, por resultados e por métodos comparativos.

2. Diferentes fases de avaliação;2.1 - Análise do local e do imóvel ou fração2.2 - Ida ao mesmo imóvel ou fração para estudo das caraterísticas in loco.2.3 - Relatório tendo em conta o observado, o estudo de mercado e as normas em vigor.

3. Legislação recente, e fiscalização no âmbito financeira

- APAE, na sua qualidade de organização representativa dos peritos ava-liadores portugueses, tem junto das instâncias portuguesas e europeias procurado acompanhar a produção legislativa e regulamentar em matérias da Diretiva Serviços e do Mecanismo Único de Supervisão (MUS). E no que respeita às Normas e Regulamentos da Avaliação Imobiliária e da sua atividade. Encontra-se em análise pelo Conselho Nacional de Supervisão Financeira (CNSF) o anteprojeto de diploma legislativo relativo ao regime a aplicar aos peritos avaliadores no âmbito do MUS e prevê-se que haja a curto prazo uma harmonização europeia de toda a regulamentação da Avaliação para o setor financeiro.

A APAe no contextoda Avaliação imobiliária em portugal

-no âmbito da atuação do CNSF, foram já publicados d.l.nº1-2015 de 6 /1 (cria a ASF-AUTORIDADE DE SUPERVISÃO DE SEGUROS E FUNDOS DE PENSÕES em substituição do ISP; D.L. nº 5 -2015 de 8/1 que integra a CMVM no Sistema Europeu de Supervisão Financeira com novas competências, a lei 16-2015 de 24 /2 sobre regime jurídico dos organismos de investimento coletivo, Instituições de Crédito, Código de valores mobiliários, transpondo as diretivas 2011/61/EU e 2013/14/EU.

4. Certificação, Formação e Qualificação das empresas e dos peritos; Exis-tem ações de formação em escolas superiores ou universitárias, para dar qualificação aos futuros peritos, que após testes e experiência reconhecida por associações profissionais ou empresas do ramo são certificados por en-tidades (ATA,MJ,CMVM e ADENE).

5. Funcionamento do mercado imobiliário e respetivas avaliações em Por-tugal; O sistema financeiro tem verificado bastantes imparidades na ava-liação de ativos, (casos bcp, bpp, bpn, bes), quer derivadas de conflitos de interesses e falta de transparência na nomeação de peritos, quer por uso de instrumentos de aferição complexos e de difícil controlo.

6. Crise económica como obstáculo ao mercado imobiliário;Numa situação de crise económica, o mercado imobiliário é afetado nega-tivamente pela redução da procura, quer derivada do crédito mais difícil, quer também quando conjugada com o agravamento dos impostos, torna--se assim o mercado menos apetecível.(a título de exemplo e no que se refere ao imposto municipal sobre imóveis a cobrar em 2015). Há cerca de cinco milhões de imóveis reavaliados em 2011 e 2012, que já não estão abrangidos pela cláusula temporária de salva-guarda a qual nos últimos dois anos travou o aumento do imposto até um máximo de 75 euros por ano, prevendo-se pois uma Subida média do IMI que ronda os 40%, o que poderá só por si levar ao desinteresse no investi-mento imobiliário, caso as CM utilizem taxas máximas.

AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA

A APAE pretende que lhe seja reconhecida competência de certificação dos seus sócios, uma vez que existem muitas

situações anormais em avaliações que muito provavelmente não se verificariam se fossem feitas por peritos da APAE.

Pretende-se também que haja mais transparência na seleção dos peritos, para evitar situações anómalas como as verificadas na valorização de terrenos, para efeitos de expropriações e que

vieram a público recentemente.

A OPINIÃO DE João Martins do Vale, Presidente da APAE – Associação Portuguesa dos Peritos Avaliadores de Engenharia

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A queda dos valores de transação de imóveis em Portugal, sobretudo no período 2008/2013, para níveis que, em grande parte do território nacional, se encontravam abaixo dos custos de produção, arrastaram para a falência grande parte das empresas ligadas à promoção imobili-

ária ou à produção, com natural propagação a todos os setores de fornecimento e serviços, a montante e jusante da construção e criando naturalmente grandes perdas nas Instituições Financeiras.Simultaneamente verifica-se, em todos os setores de atividade ligados ao imo-biliário, um excedente de capacidade produtiva instalada e naturalmente envol-vendo também os técnicos que se dedicam à avaliação imobiliária, cujo número continua a exceder muito, as necessidades atuais. Nesse mesmo período o Es-tado procedeu a uma “Avaliação Geral do Património Imobiliário” de forma a atualizar e uniformizar a base de incidência para aplicação da tributação do Imobiliário. A convergência temporal deste esforço de uniformização e atua-lização de valores Patrimoniais, com a crise profunda que afetou o país, criou um grande número de situações em que os valores Patrimoniais atribuídos, no âmbito da referida avaliação geral do património, excederam imenso os valores de venda, no reduzido número de transações que se verificavam, com especial incidência nos terrenos urbanos. Naturalmente que, como em todas as situa-ções de crise, emergem em primeiro lugar, os setores com maior apetência na criação de valor. Assim, o relançamento recente da atividade imobiliária ligada ao turismo, com destaque para o centro das principais cidades do país levou à reabilitação de inúmeros imóveis. Efetivamente, Portugal apresenta claríssimas vantagens competitivas, neste setor, no quadro dos Países Europeus e não só, no que respeita à atividade turística em geral e ao Turismo Residencial em par-ticular, pelo que este setor tomou a dianteira na retoma do setor imobiliário e no regresso da indústria da construção a um nível de atividade significativa, em Portugal. Também outros “nichos de mercado” se abriram, ligados à habitação de qualidade, tendo como alvo a venda a cidadãos estrangeiros (maioritaria-mente oriundos da China). Como consequência deste processo existem já zonas, das nossas principais ci-dades, com empreendimentos de qualidade, em que o mercado voltou a funcio-nar de forma equilibrada e em que a deflação deixou de se registar. Tendo estes equilíbrios resultado também, de uma significativa componente da procura externa, registaram-se algumas situações em que as transações verificadas, não têm sustentabilidade fora deste enquadramento, pois uma parte excessiva do valor de transação, corresponde ao pagamento do “processo” de intermediação, com recurso a intervenientes exteriores, não “regulados”. Naturalmente que se espera que a atuação conjugada das entidades de regulação, com a diversidade das localizações que vão emergindo, reduzam a incidência de valores artifi-cialmente elevados, que a curto prazo se revelariam um fator negativo para a imagem do país.De uma forma não exaustiva, refere-se seguidamente a influência da avalia-ção imobiliária nos principais setores que a ela recorrem e indicam-se quais os problemas que esta enfrenta, a curto prazo, em cada um dos casos analisados:1. Na interação com os novos produtos imobiliários e novos conceitos resultan-tes, quer pela Atividade Industrial, quer da Atividade Promocional.Partindo de um enquadramento, em que uma grande parte do mercado imobi-liário ainda se encontra em forte desequilíbrio, há que valorizar novos produtos e novos conceitos em que o principal fator explicativo da criação de valor e do sucesso, é a capacidade de inovação e de condução de empreendimentos de forma diferenciada. Efetivamente, numa fase de relançamento da atividade imobiliária, são as empresas e os empresários que fazem a diferença, e portanto os principais fatores que explicam a Criação de Valor e o sucesso dos empreen-dimentos e a avaliação imobiliária deve refletir essa nova perspetiva (na medida do possível).2. No sistema financeiro.A generalidade das nossas Instituições Financeiras debatem-se com inúme-ros problemas entre os quais, um número ainda muito significativo de imóveis construídos que terão de ser colocados no mercado, com perdas significativas em alguns casos, mas que entretanto têm de se tentar preservar. Por outro lado e com uma gravidade provavelmente muito maior, uma enorme quantidade de terrenos, que não tendo qualquer possibilidade de colocação no mercado no curto/médio prazo, carecem de uma valorização adequada, equita-tiva e justa. Ora o excesso de áreas urbanizáveis, a diminuição demográfica e a

o VAlor da avaliação imobiliáriasobrevalorização vinda do passado, face a critérios que a situação da crise gene-ralizada obriga a corrigir, conduz a uma difícil valorização enquadrada no des-tino que estava previsto para essa enorme quantidade de terrenos, para os quais se torna necessário ter uma política que tenha em conta quer a recente “Lei de bases gerais da política pública de solos”, quer as regras a que as Instituições Financeiras estão obrigadas. Ora a política de valorização deste imenso número de ativos não pode (ou não deve) ser deixada ao arbítrio casuístico da análise de cada caso. Naturalmente que se torna necessário analisar as diferenças, mas a valorização desta quantidade enorme de terrenos, necessitaria de um enqua-dramento global, assente numa política nacional de desenvolvimento e atracão para o país de novas atividades e novos cidadãos, que permitam utilizar estes ativos de forma criativa e geradora de valor para o país. A avaliação imobiliária, em ambas as situações referidas anteriormente, em que a oferta excede larga-mente a procura, encontra problemas dificilmente resolúveis no curto prazo.

3. Na tributação do Imobiliário.A criação, por iniciativa do Estado de um sistema de convergência dos valores dos imóveis, partiu da premissa de que um modelo com um número reduzido de variáveis, aplicado a todo o país, tornava este objeto possível.Não questionando agora a razoabilidade dessa opção, importa corrigir as situa-ções de clara incorreção entre o resultado da avaliação de iniciativa do Estado e a realidade atual (o que vem sendo atenuado pelo adiamento, no caso dos par-ticulares, da tributação, na totalidade com, base nos novos valores patrimoniais).Ora não parece razoável que sejam os particulares a assumir o ónus de promo-ver a alteração das situações de clara incorreção e em que, da revisão a efetuar, resulte uma redução dos valores patrimoniais antes atribuídos.Não sendo questionáveis os objetivos de justiça e equidade dos valores de base da tributação, torna-se imperativo corrigir as incorreções graves.

4. No apoio às decisões judiciais.Tem-se verificado recentemente uma melhoria decorrente da qualificação dos peritos judiciais, mediante formação interna, no âmbito do Ministério da Jus-tiça e com o apoio da Ordem dos Engenheiros e da Ordem dos Arquitetos.Este processo tem forçosamente que continuar pois ainda não estão extintas as consequências da forma como no passado se inferia sobre transações de valor insignificante para universos de dimensão incomparavelmente maior. Assim, em processos de excecional complexidade e onde estejam em causa valores ou responsabilidades muito elevadas, a graduação dos peritos em vários níveis seria desejável.

Os problemas anteriormente identificados justificariam a existência de uma entidade de coordenação de todos os setores que recorrem a avaliações imobi-liárias e à hierarquização das empresas e dos técnicos que atuam num ou em mais setores. Naturalmente haverá que respeitar as particularidades de cada setor, mas terá de existir uma entidade de coordenação que articule as diferen-tes medidas que venham a ser tomadas. Efetivamente se assim não for, como explicar que diferentes critérios sobrevalorizam imóveis para determinação da carga fiscal, mas que não encontram qualquer suporte nas transações efetua-das, nomeadamente pelas instituições financeiras? Por outro lado, como aceitar que o grau de preparação, experiência profissional e conhecimento do mercado, sejam idênticos quer para arbitragens em que estão em causa valores muito reduzidos, quer em processos que envolvam valores muito elevados?A certificação da Qualidade das empresas, quer através da Norma ISO 9001, quer através dos requisitos dos organismos nacionais (CMVM) e internacio-nais (RICS, TEGoVA…) constituem um quadro que permite identificar as melhores empresas e os melhores profissionais.Entretanto, a intenção da Entidade de Supervisão do Sistema financeiro (Ban-co de Portugal, CMVM e Instituo de Seguros de Portugal) de regular a avalia-ção imobiliária foi tornada pública, num documento, que embora não isento de reparos, constitui um excelente trabalho, do qual infelizmente não se conhecem posteriores desenvolvimentos.Por essa ou outra via, as melhores empresas e os melhores técnicos, que se preo-cupam em melhorar a sua formação e desempenho, poderiam ter garantia que, existirão condições mínimas de acesso e manutenção na atividade e se premiará o mérito de forma não aleatória ou casuística.

AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA

A OPINIÃO DE Fernando Neto, Administração da Neoconsul, SA

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Por essa razão, a empresa tem como clien-tes algumas das principais instituições financeiras nacionais e fundos de inves-timento imobiliário, para além de pro-

motores imobiliários e proprietários de imóveis institucionais ou privados.A Mencovaz elabora avaliações imobiliárias de todo o tipo, bem como estudos do mercado imo-biliário e da viabilidade económico-financeira de projetos de investimento imobiliário.As novas exigências que advêm da globalização e o cada vez maior rigor pretendido no ato de ava-liar fazem parte do dia a dia desta empresa que conta com mais de 130 colaboradores numa rede espalhada por todo o país e Regiões Autónomas. “Tenho uma rede que começa em Valença e ter-mina no Corvo porque a rapidez neste mercado é muito importante, pedem-nos hoje para amanhã e nós recebemos em média 20 a 25 pedidos por dia, sendo em parte, contencioso ou pré conten-cioso”, afirma.

“NOTAVA EFETIVAMENTE QUE O MÉTODO COMPARATIVO NÃO ERA SUFICIENTE”

Questionado quanto às diferenças entre ser pe-rito avaliador nos anos 70, quando começou a interessar-se por esta área, e agora, Jorge Ferreira Mendes estabelece uma analogia “é como passar de um Citroen dois cavalos para um rolls royce. Eu comecei a fazer avaliações em 72 por gosto, mas naquela altura não havia nada, era uma isen-ção total de regras. Como se avaliava? Basica-mente pelo método comparativo. Eu media tudo cuidadosamente à mão, porque não havia Auto-cad, por isso demorava dias mas desta forma con-seguia obter a área. Depois não havia estudos de mercado nem bases de dados como existem, hoje em dia. Para além disso, quem financiava habita-ção eram apenas a Caixa Geral de Depósitos, o Montepio e o Crédito Predial”.Numa viagem a Londres, Jorge Ferreira Men-des tomou contato com um livro que vi-ria mudar a forma como desenvolvia as suas avaliações.“Property Valuation- The 5 methods” (“Avaliação Imobiliária: os cinco métodos”), as-sim se chamava. “Até então eu não sabia que ha-via cinco métodos para fazer as avaliações mas notava efetivamente que o método comparativo não era suficiente. Atualmente, já temos bases de dados que cobrem todo o território, temos o mé-todo de custo, o método de rendimento baseado na renda e muitas outras normas a seguir para chegar ao justo valor, na altura não havia nada disso e portanto aquele livro foi como uma bíblia para mim”, explica.

Na Mencovaz, os peritos são avaliadores reco-nhecidos, que actuam de acordo com as normas internacionais de avaliação, nomeadamente as Normas TEGOVA, IVS e Basileia II. Para tal efeito, a empresa ministra aos seus colaboradores cursos de formação contínua, incluindo matemá-tica financeira “discounted cash-flow” e análises de sensibilidade, recorrendo também à estatística básica e à inferência estatística.“Eu indicaria a Baixa e o centro histórico de Lis-

Fundada em 2008, fruto do agrupamento de três empresas, com mais de 20 anos de experiência no mercado, os sócios fundadores entretanto separaram-se e a Mencovaz é há mais de 2 anos encabeçada por Jorge Ferreira Mendes, perito avaliador imobiliário

desde 1972 e uma das grandes referências do setor. Mencovaz é, por isso, sinónimo de qualidade, código de conduta, confiança, exigência, rigor, compromisso, isenção, experiência e ética. “É fundamental a um perito avaliador a confiança pública, é fundamental

que acreditem que o valor que dizemos que determinado imóvel vale é o que de facto vale. A Mencovaz conseguiu isso. Eu sei de coisas íntimas de pessoas que nem imaginam, sei o que têm dentro de casa e é preciso que este tipo de informações fique do lado

de pessoas confiáveis”, afirma.

“receBemoS em médIA25 a 30 pedidos por dia”

boa para reabilitação urbana, visando a habitação ou similar”A avaliação imobiliária influencia grande parte das decisões financeiras nas economias modernas onde o setor imobiliário tem grande relevância para o crescimento económico, quer direta, quer indiretamente. Num contexto de globalização, as crises financeiras passadas e recentes demons-traram que os perigos de colapso financeiro são reais, sendo de prever o seu contágio a outros

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AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA

Jorge Ferreira Mendes

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mercados e a outras economias. Essas crises são fortemente sentidas no setor imobiliário e, por isso, desde 2008, assistiu-se, em Portugal, a uma redução do valor da habitação e à desvalorização dos títulos relacionados com o imobiliário e à re-dução do investimento no setor. O índice de pre-ço das casas, atualizado mensalmente pelo INE, demonstra uma prolongada tendência negativa presente nos preços praticados pelo mercado imobiliário durante os últimos anos. No entanto, desde 2013 que a diminuição no preço perdeu a intensidade registada nos anos anteriores, tendo o índice voltado a demonstrar crescimento té-nue nos últimos meses do ano, tendência que foi mantida em 2014. De facto, os sinais apontam para que possamos estar no início de um proces-so de recuperação do setor imobiliário, em locais específicos.Ainda assim, na opinião de Jorge Ferreira Men-des “o setor imobiliário nunca mais será o que foi mas acredito que a reabilitação urbana, com aquilo que tem sido feito em zonas como a Baixa do Porto e agora também em Lisboa, irá cres-cer. O Porto é um caso fantástico a este nível! A baixa da cidade deixou de ter apenas o uso de escritórios e de empresas para ser também uma zona de habitação preferencial e comércio. Tam-bém o turismo nos centros históricos continuará a crescer. Aliás, para mim, o futuro são os hostels! Ora isto em termos económicos é bastante posi-tivo porque alavanca muito mais a economia do que construir na Amadora ou em Odivelas, que são essencialmente dormitórios. Quanto a cons-trução nova de edifícios, excetuando hotéis, nos próximos anos, estou pouco confiante”.

Desde que os vistos golden foram alargados à re-abilitação urbana, no início deste ano, os pedidos por parte de clientes estrangeiros de prédios para este fim é já notório principalmente por parte dos investidores chineses. “Nós aconselhamos os nossos clientes, muitos dos quais estrangeiros. Neste momento eu indi-caria a Baixa e o centro histórico de Lisboa para reabilitação urbana, visando a habitação ou simi-lar”, acrescenta.

“É PRECISO MUITO BOM SENSO PORQUE NÓS TRANSFORMAMOS CONSTRUÇÃO E

TERRENOS EM EUROS”Como resultado da conjuntura económica, o tipo de avaliações desenvolvido na Mencovaz tam-bém sofreu algumas alterações. Jorge Ferreira Mendes divide mesmo o percurso da empresa em duas fases: “antes e depois de 2010. Como a Banca começou a entrar na posse de imóveis resultantes dos incumprimentos começaram a surgir também muitos pedidos de avaliação, sen-do a maior parte dos quais contencioso. 2012, principalmente, foi um ano horrível. Para além disso, começamos a avaliar muito em pacote. Há empresas estrangeiras que compram pacotes de vários milhões em imóveis de todo o tipo de uma só vez”.A avaliação de prédios para aquisição direta teve assim uma acentuada quebra, porém, o mercado de avaliação imobiliária tem vindo a crescer nos últimos anos, como resultado destas compras em pacote, muitas das quais resultantes dos golden visa, dos incumprimentos e das vendas de pa-trimónio. Como tal, e tendo em consideração o

elevado desemprego no país, que fez com que muitos profissionais se vissem obrigados a criar o seu próprio emprego, foram também muitos os peritos avaliadores a surgir no mercado. “Apare-ceram vários peritos como resultado do desem-prego entre os engenheiros, os arquitectos e os gestores. No entanto, tenho visto também muitas empresas fechar portas porque, nesta área, o “pas-sa palavra” é muito importante e muito rápido. Um falhanço numa avaliação depressa denigre a imagem da empresa. É preciso muito bom senso porque nós transformamos cimento e terreno em números” alerta.Por todos estes motivos, Jorge Ferreira Mendes defende que o mais importante na área das avalia-ções imobiliárias “é a conduta irrepreensivel”.

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Certificação EnergéticaDesde 2006 que se tornou obrigatória a apre-sentação dos DCR - Documentação de Confor-midade Energética dos edifícios (decretos-lei, 78/2006, 79/2006 e o 80/2006 de 4 Abril) bem como a emissão de Certificação Energética RCCTE e RSECE para os edifícios em venda e/ou arrendamento. Como tal, a Mencovaz está também habilitada para a emissão destes cer-tificados de conformidade energética, para quaisquer tipo de imóveis - habitacionais, serviços, comercias, industriais, mistos e quais-quer outros -, dispondo de uma rede de Peri-tos Qualificados com cobertura de território nacional e regiões autónomas.

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A PAOJ – Associação Nacional de Peritos Avalia-dores da Lista Oficial da Justiça surgiu em 2013 para dar resposta a que necessidades? A PAOJ surgiu da necessidade de representar e dignificar as funções dos peritos. E ser um inter-locutor válido perante as diversas entidades, pois não existia nenhuma associação que assumisse tal papel em exclusividade.

Qual o balanço que pode já ser feito?Conseguimos alterações importantes com a tu-tela, onde tivemos da parte da Ministra da Justi-ça a maior abertura e um diálogo franco. Foram aceites muitas das alterações que propusemos ao Novo Código das Expropriações (CE). Foram implementados os endereços eletrónicos oficiais geridos pelo IGFEJ - Instituto de Gestão Fi-nanceira e Equipamentos da Justiça (@peritos--avaliadores.mj.pt) e está já em fase de imple-mentação por parte da DGAJ - Direção Geral da Administração da Justiça a concretização da formação contínua e os cartões de identificação individuais. Organizámos um colóquio sobre o Novo CE e participámos em eventos relacio-nados com o processo expropriativo, avaliação imobiliária e perícias judiciais. Estamos também presentes na internet e nas redes sociais, divul-gando e debatendo as temáticas relacionadas com a nossa atividade. Por tudo isto, fazemos um balanço muito positivo e sabemos que hoje os peritos avaliadores são mais reconhecidos na sociedade do que há dois anos atrás.

Como avalia os critérios de nomeação dos peritos avaliadores?Neste momento, não existem critérios oficiais de nomeação. Nos Tribunais da Relação, os peritos são normalmente nomeados por ordem alfabé-tica. No entanto, achamos que alguns aspetos poderão ser melhorados, sendo que alguns deles já estão contemplados no projeto do novo CE. Relativamente às nomeações dos restantes tri-bunais, achamos que poderiam ser feitas com o

recurso aos peritos da lista oficial que nalguns tribunais ainda não acontece.

A função principal destes profissionais é a de in-tervir nas várias etapas do processo expropriati-vo por utilidade pública. Quais são essas etapas? Intervir em processos de expropriação litigiosos coloca estes profissionais em situações por vezes difíceis de lidar e que não são bem encaradas por quem está do outro lado. Quais os principais de-safios que encontram no vosso dia a dia?Os peritos avaliadores intervêm em quatro ocasiões:1: Avaliação prévia, onde é valorizado o bem a expropriar;2: Vistoria ad perpetuam rei memoriam, que ocorre se não houver acordo entre as partes e que se destina a registar para memória futura as ca-racterísticas do bem a expropriar;3: Arbitragem, em que na falta de acordo entre as partes, um colégio de peritos atribui um valor ao bem já expropriado;4: Peritagem, quando, em consequência de um re-curso para o Tribunal, onde os peritos da lista ofi-cial, juntamente com os peritos do expropriado e expropriante, atribuem um valor que será definitivo.São sempre situações delicadas, pois cabe aos peritos valorizar bens que estão a ser retirados a alguém contra a sua vontade. Muitas vezes os peritos avaliadores são confundidos com os re-presentantes das entidades expropriantes e depa-ram-se com alguma hostilidade dos expropria-dos, mas que rapidamente desaparece quando se apercebem que estes peritos são independentes e isentos.

A PAOJ apresentou algumas propostas no sentido de tornar o Código de Expropriações um documen-to mais valioso e eficaz. Quais são as alterações que deveriam ser introduzidas no vosso entender?Entregámos um documento com várias alterações à proposta criada pelo grupo de trabalho criado para o Novo CE. Vemos agora que a quase totalidade das nossas sugestões foram acolhidas. Salientamos

A PAOJ – Associação Nacional dos Peritos Avaliadores da Lista Oficial da Justiça foi formalmente fundada há dois anos, em março de 2013, com o objetivo de representar e dignificar as funções dos Peritos Avaliadores das Listas Oficiais do Ministério da Justiça.

Estes profissionais, que são considerados auxiliares da Justiça, intervêm não só em processos de expropriação litigiosos, mas também em processos cíveis e outros. A Revista Pontos de Vista falou com Paula Crisóstomo, Presidente da Associação, que fez um

balanço destes dois anos.

“conSeGUImoS AlterAçÕeSimportantes com a tutela”

as duas mais significativas: a primazia do va-lor de mercado para estabelecer o justo valor do bem a expropriar e a atribuição das parcelas aos peri-tos deixar de ser feita pela entida-de expropriante.

Com a publica-ção da Lei n.º 23/2013, que aprovou o novo regime jurídico do processo de inventário, con-sidera ter existido uma ampliação do âmbito de atuação dos peritos avaliadores?O que a nova legislação fez foi transferir os pro-cessos de inventário, que corriam nos tribunais cíveis, para os notários. O papel dos peritos ava-liadores mantêm-se na íntegra, visto que já eram nomeados pelos tribunais cíveis para avaliar os bens em causa.

Quais as metas que a Associação quer ver atingi-das nos próximos anos? Queremos representar o maior número de co-legas. Achamos que os peritos avaliadores da lista oficial deverão passar a ser nomeados pe-los tribunais e outras entidades em todo o tipo de processos que necessitem de uma avaliação e perícias técnicas, visto que engloba profissionais de várias áreas de conhecimento. Por outro lado, o avultado investimento que foi feito no nosso recrutamento e formação devia levar a que estes profissionais fossem mais frequentemente apro-veitados pelos tribunais e também por outros or-ganismos do estado.

PERITOS AVALIADORES DA LISTAOFICIAL DA JUSTIÇA

Paula Crisóstomo

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Considera-se uma artista. Quem a conhe-ce vê-a como uma visionária. Cecília Moreno vê a revitalização dos centros históricos como uma questão que deve

ser abordada de forma profunda e informada. Acredita que a reabilitação dos centros históricos é a forma mais correta de trazer uma nova vida não só a essas zonas mas a todo o país. Não con-corda com a reconstrução e considera um “mas-sacre” muito do que se tem feito com edifícios antigos. A Moreno Arquitectos pretende, sempre que se insere em obras deste género, fazer renas-cer toda uma obra e manter o máximo possível do que era o edifício antes da sua degradação. “Cada vez mais tem que se reproduzir com o sis-tema construtivo existente. Reabilitá-lo e cintá--lo se for necessário com elementos metálicos, aplicar injeções na pedra, consolidar a pedra com tirantes, mas manter as características, os tetos falsos, reabilitar e restaurar as pinturas. Isso vale dinheiro. E vai valorizar o nosso património, cada vez mais”, explica a arquiteta.É deste modo que a Moreno Arquitectos, sedia-da em Viseu e com projetos nos vários pontos do país, tem vindo a trabalhar no contexto da reabi-litação urbana. Cecília Moreno explica que a crise foi vantajosa neste sentido, uma vez que permitiu aos portugueses definirem prioridades, reabilita-rem as suas propriedades ao invés de comprarem, e acima de tudo verem a palavra reabilitação como um benefício e não como um conceito que envolve mais trabalho e mais custos. “As pessoas têm medo da palavra reabilitação, porque pen-sam que é mais cara do que uma construção nova. Este pensamento é totalmente errado. O que se tem feito no nosso país é reconstruir, retirar te-lhados e aplicar betão”, garante. E afirma que a sua empresa tem vindo a remar contra a maré no sentido de mostrar não só aos portugueses que o futuro está na reabilitação, mas também aos profissionais da área, através de uma formação constante. A arquiteta e fundadora da empresa acredita que é crucial que os jovens tenham um conhecimento cada vez mais forte e coeso sobre esta área da reabilitação. Cecília Moreno traba-lha no sentido de levar estes conhecimentos aos seus colaboradores e aos estudantes do Politéc-nico de Viseu, onde é formadora. Refere “sem-pre a componente de reabilitação”, devido à sua importância atual. “Os alunos são praticamente só engenheiros e eu passo-lhes esta mensagem: esqueçam o betão, vamos reabilitar, manter os sistemas construtivos antigos, pegarmos em to-dos os materiais recicláveis, tornar o edifício sus-tentável, trabalhar as fachadas”, conta-nos.Mas este sistema é suficiente no sentido de revita-lizar e repovoar os centros históricos? Cecília Mo-reno acredita que não. É muito mais do que isto. “Vamos reabilitar? Não chega! Vamos ser inteli-gentes”. E de que forma? Criando planeamentos

que envolvam a reabilitação dos edifícios, mas tra-zendo vida e população a estas zonas. A fundado-ra da empresa de arquitetura afirma que é urgente trazer não só habitação, mas também comércio, serviços públicos e turismo. Refere até o exemplo da Câmara Municipal de Viseu, que irá colocar brevemente os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Viseu no centro histórico. Estas zonas devem, segundo a sua opinião, aliar habi-tação a serviços. “As pessoas têm que trabalhar e ir para casa, ir ao bairro fazer as compras, com-prar uma camisa, comprar a fruta e só trabalhando no centro histórico é que consegue”. E, por outro lado, é necessário existir uma população diversifi-cada que deve integrar em conjunto estas zonas: “o grande problema é que, ao longo dos tempos, os centros históricos, que antigamente davam lu-gar a casas nobres, passaram a ser locais onde as classes sociais mais carenciadas vivem. Temos que virar isso ao contrário, ou seja, temos que pegar nas várias classes sociais e conseguir encaixá-las no centro histórico, o que é muito fácil”. “E se nós misturarmos as classes, o nosso centro histórico começa a ganhar forma, começam a surgir restau-rantes, há economia, venda a retalho, repovoamen-to, há pessoas a andar de bicicletas felizes”, refere num tom sonhador. E os turistas? A par de uma população que vive cada vez mais nos centros históricos, é funda-

No dia 29 de Março comemora-se o Dia Nacional dos Centros históricos. Neste sentido, a Revista Pontos de Vista entrevistou a arquiteta Cecília Moreno, fundadora da Moreno Arquitectos, que direciona muitos dos seus projetos e ideias para a reabilitação das

zonas históricas, um papel que se tem revelado essencial para o nosso país.

reABIlItAção doS centroS hIStórIcoSnão significa apenas reerguer edifícios

mental criar uma dinâmica que envolva o turismo em grande escala. E Cecília Moreno explica que não é difícil ir buscar turistas para movimentar a economia e a vivência de um Portugal histórico. Ideias não lhe faltam e refere a criação de um circuito que envolva as várias regiões do nosso país como uma solução para os nossos proble-mas. Afirma que a criação de um circuito turísti-co como existe noutros países traria turistas que fomentariam a economia, comprariam produtos portugueses e ficariam instalados em hotéis exis-tentes nessas zonas. Mas não basta construirmos hotéis para esse público, em zonas mais pequenas e históricas. “ Temos de criar um revivalismo da nossa história, através de lojas de artesanato, pe-quenos espaços onde podemos aprender a fazer o linho, com uma máquina a trabalhar na loja… mas para isso precisamos de compradores. Como os vamos canalizar? A partir de uma operadora que seja massificada e que possa trazê-los para Portugal”. A arquiteta, que mostra ao longo de toda a entrevista ter um pensamento idealista e revolucionário, diz que já chega de mostrarmos um Portugal através de uma “velhinha de lenço preto que aparecia na televisão a guardar cabras”. Temos sim de passar a imagem dos “nossos mo-mentos no centro histórico, as nossas casas, a vivência” da sociedade. Reabilitar sim, mas com planeamento bem refletido e com a pessoa certa.

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DIA NACIONAL DOSCENTROS hISTÓRICOS

Cecília Moreno

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O FUTURO DE UMA EMPRESAQUE JÁ NASCEU FUTURISTA

Futuramente deixaremos de conhecer esta empresa como Mo-reno Arquitectos, mas sim como More Architects, que servirá como forma de se internacionalizarem. E por internacionaliza-ção referimo-nos à busca de investimento estrangeiro a ser usa-do em Portugal e não o contrário. Neste sentido, têm em mãos o projeto More “Mais”, que englobará “arquitetura, engenharia, energias renováveis, projetos de consultadoria, diagnóstico e relatório prévio” e apoio a empresas que queiram concorrer a projetos de investimento. Pretendem ainda ter um serviço “cha-ve na mão”, através do qual simplificam a fase burocrática de qualquer projeto, sendo a própria empresa a tratar de todo o processo.Vão ainda criar um gabinete de investigação, onde Cecília Mo-reno poderá trabalhar alguns “projetos que tem na gaveta” ao nível da inovação e sustentabilidade. Isto porque a Moreno Arquitectos é a imagem de uma fundadora que preza pelo dife-renciador. E por diferenciador não falamos necessariamente de novas tecnologias e de métodos recentes, mas sim de um recor-dar velhos tempos. Reinventar toda uma sociedade, através de reciclagem, da reutilização de materiais antigos, utilização de meios sustentáveis e de baixo custo. Estes conceitos, que come-çam dentro da empresa, vão passar para o exterior com este pro-jeto de investigação. A empresa defende e pretende trabalhar na reutilização de antigos aquedutos no sentido de canalizar água e cortar com o desperdício que tem vindo a criar custos desnecessários. As energias renováveis são um outro exemplo neste contexto, as quais merecerão todo o empenho de Cecí-lia Moreno. “Ao nível da iluminação existe uma necessidade de poupança e de conseguirmos integrar sistemas sustentáveis”. No que se refere aos centros históricos das cidades, a arquiteta pretende aliar beleza a sustentabilidade. “Não estou a falar de painéis solares porque descaracterizam a nossa zona histórica, mas há sistemas diferentes, ao nível eólico, por exemplo, que praticamente não se vêem”. E refere muitas outras estratégias que podem ser utilizadas no sentido de “captar energia, porque temos que reduzir custos”. Deste modo, tem já uma parceria com um engenheiro especializado na área e que irá ajudar neste projeto específico da More Architects.Por enquanto, a Moreno Arquitectos continuará a sua missão de fazer renascer uma sociedade perdida por entre as ruelas dos centros históricos.

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Quem é Cecília Moreno?• Nasceu em França, mas voltou a Portugal, onde concluiu os seus estudos. Estudou Artes no ensino secundário e licenciou--se em Arquitetura com variante em Reabilitação Urbana e Arquitetónica, na Universidade Lusíada do Porto.• É arquiteta por paixão, mas como artista assumida, desenvol-veu técnicas de pintura e escultura e já expôs trabalhos seus em diversas galerias. É ainda apaixonada por dança e música, principalmente fado.• Ainda durante o seu percurso académico, colaborou com a Câmara Municipal do Porto, no programa PER casas económi-cas. Após concluir a sua licenciatura colaborou em ateliers de arquitetura no Porto e Lisboa. Foi através do grupo Visabeira que desenvolveu o projeto e a obra do Palácio do Gelo Sho-pping.• Em 2008 colaborou com a Viseu novo SRU e projetou a re-abilitação e restauro da “Casa do Miradouro”, onde ganhou a mensão honrosa do prémio IRhU 2014.• Em 2009 faz nascer a Moreno Arquitectos, empresa responsá-vel pela reabilitação e restauro de projetos de envergadura pa-trimonial no país, e reabilitação no centro histórico de Lisboa.• É anualmente madrinha de um projeto solidário, que realiza a custo zero, como forma de apoiar famílias carenciadas• Os seus projetos, nomeadamente na área da reabilitação, e a coordenação de excelência dos mesmos têm permitido ao longo dos tempos a atribuição de diversos prémios.

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As razões são evidentes: “nós damos res-posta ao mercado e ele neste momento pede muito a reabilitação. As cidades estão demasiado construídas e é preciso

reabilitá-las até para que os centros não fiquem desabitados. Para além disso, é também uma ques-

tão de sensibilização das pessoas, estamos cada vez mais em alerta para a importância de reciclar, re-abilitar, reusar. Por fim, é importante ainda como forma de revitalizar o comércio local, para que as vivências não se percam e para que as atividades se voltem a instalar nas cidades”, explica Catarina

Catarina Chagas fundou a CR ESPASSOS em 2007. Apaixonada pela arquitetura bioclimática e sustentável, dá início a este desígnio como forma de projetar e estimular construções energéticas e ambientalmente eficientes nos espaços urbanos. No ano seguinte,

junta-se a ela, o Engenheiro Civil Nelson Rodrigues. Desta forma, alia-se a arquitetura às especialidades, o que garante, logo na fase inicial dos projetos, uma fusão entre o conceito dos espaços e todas as infraestruturas imprescindíveis a uma boa execução

de obra, assim como ao acompanhamento e gestão da mesma. A reabilitação urbana tem sido uma das áreas em que esta equipa multidisciplinar - que inclui arquitectos, engenheiros, paisagistas, designers e consultores - mais trabalha.

“é PrecISo FAzer uma ginástica muito grande”

Chagas. Para Nelson Rodrigues, é também uma questão de lotação do próprio espaço físico. “Anti-gamente era mais fácil ir para o exterior e construir novo mas o mercado chegou a uma fase de exaus-tão e estabilização em que tem que se começar a virar para aquilo que já está construído”, afirma.

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Catarina Chagas e Nelson Rodrigues

DIA NACIONAL DOSCENTROS hISTÓRICOS

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A reabilitação urbana tem crescido a olhos vis-tos em Portugal, nos últimos anos. Ainda assim, representa apenas 6,7% da construção global quando a média europeia é de 36,8%. Espera-se, no entanto, que em 2020 o peso seja já de 20%, como resultado de uma aposta clara nesta área, traduzida em soluções de financiamento mais atrativas para apoio à reabilitação dos centros históricos e zonas degradadas. A recuperação do centro das cidades vai ter ao dispor 2,5 mil mi-lhões de euros do Portugal 2020 e acresce ainda um novo regulamento – Regime Extraordinário de Apoio à Reabilitação Urbana – a vigorar nos próximos sete anos, que vai diminuir os custos da reabilitação entre 30 a 40%, democratizando desta forma o acesso aos núcleos históricos.Tais medidas são importantes para que se assista a um efetivo investimento nos centros das cida-des, uma vez que que, até agora compensava mais investir “fora dos centros, por uma questão de co-modismo e facilitismo. Enquanto houver espaço para ampliar, é mais fácil construir de novo, sem os condicionamentos e patologias do antigo. Para além disso, há sempre a questão das rendas baixas no mercado de arrendamento e, por isso, muitas vezes não é recompensador investir em obras no edifício. Não menos importante, é o facto de o terreno fora do centro ser mais barato”, explica Nelson Rodrigues.A estas condicionantes, acrescem ainda as de na-tureza física, uma vez que, é uma área “condicio-nada por preexistências. Ao abordar um edifício temos sempre uma estratégia delineada mas de-pois temos as entidades que nos impõe condi-ções e directrizes que são, no fundo, as leis atuais. Por essa razão, às vezes temos edifícios bastante confinados, porque há muita construção à volta, em que, para cumprir as diretrizes atuais nestes edifícios que foram construídos há alguns séculos e são património, é preciso fazer uma ginástica muito grande. Chega-se a demorar mais tempo

nestes processos do que numa construção nova e isso corta de certa forma o investimento”, refere Catarina Chagas.Por essa razão, a arquiteta defende “mais do que a atribuição de fundos, aligeirar os processos, envol-vendo as entidades e autarquias em fases de estu-do prévio, seria sem dúvida uma mais-valias e iria atrair mais investidores. As decisões passam por várias entidades e não existe um espaço físico onde se encontrem todas elas por essa razão. Neste pro-cesso, o investidor perde muito tempo e fica com o dinheiro parado. Temos constatado inclusive que os investidores, que não são portugueses e estão habituados a que os processos sejam mais ágeis e menos burocráticos, ficam bastante surpreendidos. O aligeirar do percurso doloroso do investidor era, no meu ver, o mais importante neste momento”.Nelson Rodrigues alerta ainda para outro facto pertinente associado à reabilitação dos centros históricos: “em termos de custo, é completamente diferente intervir num edifício ou num quartei-rão. O custo global dilui-se melhor”. Intervir nos centros históricos a nível global exige a colabo-ração de várias entidades, motivadas pela neces-sidade de inverter a tendência de abandono nas áreas históricas das cidades e todos os problemas decorrentes da suburbanização. Algumas cida-des que representam boas práticas neste âmbito são, na opinião de Catarina Chagas, Guimarães, Óbidos e Évora” São centros históricos em que houve uma intervenção global. Nas intervenções pontuais somos pequenas formigas a reabilitar, o que dificulta um resultado global”.Porque reabilitar é mexer nas memórias de algo, na CR ESPASSOS “tentamos sempre intervir de forma justificativa e manter um compromis-so entre a fachada e o interior, não descaracte-rizando o edifício. Desta forma, identificamos o fio condutor, que nos vai dar as regras para que possamos intervir, digamos que cirurgicamente, ao invés de chegar com uma faca e cortar, criando

uma rutura. Alguém que procura este mercado tem que entrar e sentir que está no centro histó-rico e não ter uma fachada de edifício antigo mas depois lá dentro deparar-se com um edifício sem identidade”, exemplifica Catarina Chagas. Nel-son Rodrigues conclui, “para além disso, a nossa abordagem tem também muito presente a ver-tente de custos para não fazermos projetos que depois ficam na gaveta”.

“Enquanto houver espaço para ampliar, é mais fácil construir de novo, sem os condicionamentos e patologias do antigo. Para além disso, há sempre a questão das rendas baixas no mercado de arrendamento e, por isso, muitas vezes não é recompensador investir em obras no edifício. Não menos importante, é o facto de o terreno fora do centro ser mais barato”

“Tentamos sempre intervir de forma justificativa e manter um compromisso entre a fachada e o interior, não descaracterizando o edifício. Desta forma, identificamos o fio condutor, que nos vai dar as regras para que possamos intervir, digamos que cirurgicamente, ao invés de chegar com uma faca e cortar, criando uma rutura. Alguém que procura este mercado tem que entrar e sentir que está no centro histórico e não ter uma fachada de edifício antigo mas depois lá dentro deparar-se com um edifício sem identidade”

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O concelho de Pedrógão Grande é considerado um dos mais ricos do país em relíquias naturais. Por toda a região são encontrados vestígios ar-queológicos que nos transportam aos tempos pré-históricos. Para preservar a identidade local, o que tem procurado fazer no sentido de requali-ficar o vosso centro histórico?Temos vindo a realizar recolhas históricas desde há muito. Em 1993 foi reimpressa a Miscelanea de 1629 que deslinda a vida em Pedrógão Gran-de e as jornadas de D. Sebastião em África. Te-mos editado obras sobre os forais pedroguenses e trabalhos do falecido historiador e arqueólogo Costa Santos cujo legado permitiu projetar a re-serva municipal arqueológica e reforçar o arquivo histórico.

Os Centros Históricos são estruturas patrimoniais que testemunham a memória de um povo. Mas, devido à sua desertificação, começam a degra-dar-se e deixam para trás a beleza e a robustez de outrora. Na sua opinião, o que é premente fazer para reabilitar estas zonas sem que se perca a identidade cultural do património? Esse trabalho tem sido feito a nível nacional?Muitos municípios têm realizado um forte traba-lho na preservação e nós somos um deles. A de-sertificação tem contribuído para a degradação, muitos proprietários optaram por usar apoios para adquirir habitações em praias e viaturas e muitas vezes a banca não tem sensibilidade. É preciso legislar e exigir a recuperação e criar mecanismos de apoio para quem não tem capa-cidade. E infelizmente há muitos monumentos classificados ao abandono. Pode-se exigir aos particulares quando tantos monumentos nacio-nais têm tal tratamento? É preciso dar o exemplo.

“Para nós é muito importante esta comemoração. Ligamos o nosso Centro histórico aos restantes e sensibilizamos os portugueses a valorizarem o que é nosso – quem decide deve ajudar a desenvolver estes sentimentos. Mas também é uma forma de realçar que a cultura deve ser engrandecida e não esquecida”, refere Valdemar Alves, Presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, em

entrevista à Revista Pontos de Vista. Ao longo desta conversa, o nosso interlocutor deu-nos a conhecer as principais potencialidades do concelho, abordando, principalmente, a dinâmica dos Centros históricos. Saiba mais.

“é Um dIA qUe ProclAmAa nossa identidade”

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DIA NACIONAL DOSCENTROS hISTÓRICOS

“Temos adquirido e recuperado habitações e parte do centro histórico sofreu recentemente uma requalificação que necessita agora de se expandir”

Valdemar Alves

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Estes Centros Históricos são cada vez mais objeto turístico e a vertente habitacional pode ser des-curada. Apesar do turismo ser uma alavanca eco-nómica para a sociedade, o que é necessário fazer para que as pessoas regressem a estas zonas? Em concreto em Pedrógão Grande, o que tem sido feito?O turismo é fundamental mas os centros histó-ricos não devem ficar reféns dele. É preciso evi-tar que se tornem pólos comerciais estagnados. O coração dum centro histórico está nas pessoas que o habitam e lhe dão vida. Temos adquirido e recuperado habitações e par-te do centro histórico sofreu recentemente uma requalificação que necessita agora de se expandir. Esperamos que o novo quadro comunitário ajude a alicerçar o que pretendemos: preservar e revi-talizar integrando jovens e idosos, trabalhando acessibilidade, mobilidade e a refuncionalização para incubadora deslocalizada, turismo e habita-ção adaptada à realidade económica.

O vandalismo e a criminalidade têm sido um obstáculo nestas zonas da cidade, permitindo o aceleramento da sua degradação. Esta tem sido também uma realidade preocupante no seio de Pedrógão Grande?Não temos vandalismo ou criminalidade. Mas têm ocorrido problemas no que toca a ruído. Al-gumas famílias têm evitado fins de semana e férias nas habitações que recuperaram por esta razão.

O Dia Nacional dos Centros Históricos Portugueses é já no dia 28 de março. Que importância traz no sentido de sensibilizar quer a sociedade quer as entidades que possam apoiar a sua reestruturação?Para nós é muito importante esta comemoração. Ligamos o nosso Centro Histórico aos restantes e sensibilizamos os portugueses a valorizarem o que é nosso – quem decide deve ajudar a desen-volver estes sentimentos. Mas também é uma forma de realçar que a cultura deve ser engrande-cida e não esquecida.

Ao mesmo tempo que se comemora o 205º ani-versário de Alexandre Herculano, considerado o

patrono do municipalismo em Portugal, neste dia realizar-se-ão várias comemorações na Casa da Cultura de Pedrógão Grande. O que se pode espe-rar destes eventos?Celebrar os Centros Históricos no dia desta figu-ra cimeira do pensamento é celebrar a nossa força cultural. Por isso, estamos a preparar uma confe-rência sobre Herculano a realizar posteriormente em Pedrógão Grande.

Há quem diga que o Dia Nacional dos Centros Históricos se tornou numa espécie de 10 de junho do Pa-trimónio em Portugal. Que desafios acredita que terão de ser en-frentados? Qual conti-nuará a ser o posicio-namento da autarquia neste sentido?É um dia que procla-ma a nossa identida-de. Lembra-nos que é importante defender a nossa obra coletiva. No meio desta sobrecarga de aculturação globali-zante o grande desafio passa por fazer persistir na memória individual e coletiva as nossas raí-zes e que só compreen-deremos o nosso pre-sente se conhecermos o nosso passado e lhe fizermos jus. Pedrógão Grande quer aprofundar e defender o conhecimento histó-rico-cultural, unindo--se assim à Associação Portuguesa dos Mu-nicípios com Centro Histórico.

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“É preciso legislar e exigir a recuperação e criar mecanismos de apoio para quem não tem capacidade”

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BREVES

Azeite português distinguidoem concurso internacionalQuatro azeites portugueses foram distinguidos no concurso Mário Solinas, promovido pelo Conselho Oleícola Internacional.O concurso distingue os melhores azeites extra virgem em quatro categorias (frutados verdes intensos, médios e ligeiros e frutados maduros), segundo critérios organolépticos e de acordo com a harmonia, complexidade e persistência do sabor. Este ano participaram 111 marcas de Portugal, Espanha, Grécia, Israel, Itália, Marrocos e Tunísia. Foram atribuídas medalhas de ouro ao azeite Gallo e ao azeite da Casa de Santo Amaro (Mirandela), nas categorias frutado maduro e frutado verde médio, respetivamente. O azeite da Lameira de Cima (Ferreira do Alentejo) conquistou uma medalha de prata na categoria frutado verde médio, prémio que foi também atribuído à Quinta da Lagoalva de Cima (Alpiarça), na categoria frutado maduro. O júri do Mário Solinas distinguiu ainda outros quatro azeites portugueses num total de nove finalistas: a Sovena, detentora da marca Oliveira da Serra, a Cooperativa de Olivicultores de Valpaços, a Casa Agrícola Roboredo Madeira (Almendra, Vila Nova de Foz Côa) e a Fio da Beira (Padrão, Castelo Branco). Portugal é atualmente o 7.º maior produtor mundial de azeite, tendo como principais mercados de exportação o Brasil, Angola, Espanha e Itália.A evolução qualitativa tem sido acompanhada por um acréscimo na produção que permitiu inverter o saldo da balança comercial nos últimos anos, passando de um défice de 121 milhões de euros em 2006 para 63 milhões de euros em 2013.

bolsa para Jovens investigadores em dor 2015Já estão abertas as candidaturas à Bolsa para Jovens Investigadores em Dor 2015, uma iniciativa da Fundação Grünenthal, que tem como objetivo a promoção e o incentivo de jovens até aos 35 anos a realizar estudos clínicos relacionados com a temática da dor. A Bolsa, no valor de 10 mil euros, será atribuída anualmente de forma intercalada a trabalhos de investigação clínica e de investigação básica. Este ano estão a concurso projetos de investigação clínica. As candidaturas à Bolsa em Dor 2015 deverão ser enviadas até 30 de abril de 2015, por correio eletrónico para [email protected]

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BREVES

hoteleiros algarvios estimam que queda do euro aumente turismo britânicoA Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) estimou hoje que a queda do euro vá contribuir para atrair cada vez mais turistas à região, sobretudo britânicos. É esperado para este ano um crescimento superior a 5% dos oriundos do Reino Unido. Em comunicado, a AHETA estimou que a queda da cotação do euro “vai refletir-se no aumento da procura externa, nomeadamente de turistas oriundos do Reino Unido, mas também dos restantes estados-membros da União Europeia”. A associação calcula que, caso as atuais variáveis económicas e diretivas do Banco Central Europeu se mantenham e o euro continue a desvalorizar, “os fluxos turísticos oriundos do Reino Unido possam crescer mais 5 por cento, enquanto a procura interna deverá aumentar cerca de 6 por cento”. A queda do euro será duplamente benéfica para o Algarve uma vez que os destinos turísticos concorrentes fora da zona euro se apresentarão mais caros, o que fará com que a procura interna, que já vem crescendo nos últimos dois anos, cresça ainda mais.

Fundação maria ulrich organiza semana de fériasAs crianças entre os 6 e os 12 anos podem fazer parte desta aventura em Lisboa, uma semana de férias entre 23 e 27 de Março na companhia dos grandes protagonistas da cidade. Lendas, conquistas, descobrimentos e muita animação!

prémioem parisA CARMIM, a maior produtora de vinhos do Alentejo, foi premiada com a medalha de prata no concurso “Vinalies Internationales 2015” que decorreu de 27 de Fevereiro a 3 de Março em Paris. O Monsaraz Premium 2011, agraciado com a medalha de prata, é um vinho de cor granada carregada, com aroma de amora e framboesa bem madura envolvido por notas de especiarias e em boca é um vinho amplo, profundo com mineralidade e grande complexidade. O “Vinalies Internationales” é um concurso internacional organizado pela União de enólogos franceses, que reuniu em 2015 mais de 3.500 amostras de vinhos de todas as regiões vinícolas do mundo. Cada painel de jurados é composto por sete profissionais do setor que dão a cada amostra uma pontuação e uma nota de degustação. É um concurso muito apreciado nesta área e uma excelente montra para a promoção da qualidade dos vinhos premiados.

dia 28 de março dê umpasseio pela história dasua cidadePara comemorar o Dia Nacional dos Centros Históricos, a 28 de Março, por todo o país haverá atividades nos centros históricos das cidades. Exposições, torneios, provas de orientação, concertos, lei-turas encenadas, animações de rua é o que podem esperar aqueles que decidirem dar um passeio pelos centros históricos. Neste dia, os monumentos e outros espaços dos centros históricos estarão aber-tos ao público e de forma totalmente gratuita. Também neste dia pretende-se homenagear e sensibilizar não só para a situação des-tas zonas de Portugal, como também comemorar o nascimento de Alexandre Herculano, uma das figuras da cultura portuguesa que melhor defendeu o património nacional. Uma boa oportunidade para dar uma espreitadela ao passado e revisitar e valorizar os locais com mais história da sua cidade.

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