revista pontos de vista edição 36

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente JUNHO 2014 / EDIÇÃO Nº 36 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros INOVAGAIA – EMPREENDEDORISMO EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO OFTALMOLOGIA – INOVAÇÃO CAE – CENTRO DE APOIO EMPRESARIAL EM DESTAQUE 100 DOMUS MAIS DO QUE UMA MARCA, UMA FORMA DE ESTAR NO MERCADO DO IMOBILIÁRIO NA CIDADE DO PORTO TURISMO DO ALGARVE DESTINO DE SONHO pág. 19 PRAIAS BANDEIRAS AZUIS pág. 18 GENERALI COMPANHIA DE SEGUROS PLAYER DE SUCESSO EM DESTAQUE pág. 13 Fotografia cedida por Um Olhar sobre Gaia de Vista Pontos

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 36

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacionale não pode ser vendido separadamente

JUNHO 2014 / EDIÇÃO Nº 36 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

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100 DOMUSMAIS DO QUE UMA MARCA, UMA FORMA DE ESTAR NO MERCADO DO IMOBILIÁRIO NA CIDADE DO PORTO

TURISMO DO ALGARVEDESTINO DE SONHO

pág. 19

PRAIASBANDEIRAS AZUIS

pág. 18

GENERALI COMPANHIADE SEGUROSPLAYER DE SUCESSO EM DESTAQUE

pág. 13

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“O MAR TEM ASSUMIDO UMA CENTRALIDADE CADA vEz MAIOR NA POLíTICA EUROPEIA. NESTA PERSPETIvA, NOvOS E IMPORTANTES DESAFIOS COLOCAM-SE AOS AçORES NESTE DOMíNIO, OS QUAIS PODEM REFORçAR A IMPORTâNCIA gEOESTRATégICA DA NOSSA REgIãO”

vASCO CORDEIROPresidente do Governo Regional dos Açores, afirma:

pág. 28

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EM DESTAQUE Índice de TeMAS

6 JMA

Conheça a opinião de Nuno Venâncio Pereira, Advogado da João Marcelo & Associados, Sociedade de Advogados, RL, sobre a Nova Lei dos Despedimentos

36 GENERALI

A Generali - Companhia de Seguros assume-se atualmente como um dos principais players de mercado no setor dos seguros, sendo uma marca reconhecida pelos padrões de qualidade e excelência

38 CAE

Com o intuito de apoiar empresas angolanas interessadas em participar na indústria petrolífera, nasceu o Centro de Apoio Empresarial, em 2005, no âmbito do extinto Projeto de Desen-volvimento da Participação Nacional (PDPN)

Errata: Na edição 35 da Revista Pontos de Vista, publicada em maio, referimos que Daniel Sousa era o Presidente da SPPE – Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial, quando tal não corresponde à verdade. Por tal lapso penitenciamo-nos, referindo agora o cargo correto de Daniel Sousa - Psicólogo Clínico / Professor Universitário e Membro Fundador da SPPE – Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial.

4 Propriedade Industrial6 Direito e Justiça12 Uma sociedade de oftalmologia dinâmica e inovadora13 Tema de Capa16 Mercado Global18 Bandeira Azul26 Dia da Marinha e Dia Europeu do Mar e dos Oceanos35 Dia Mundial do Ambiente38 Internacionalização – Captação de Valor53 Tema de Capa54 IB World School em Portugal60 Emprego, Formação e Empreendedorismo62 Erasmus+

FICHA TéCNICA Os artigos nesta publicação são da respon-sabilidade dos seus autores e não expres-sam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A pagi-nação é efectuada de acordo com os inter-esses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quais-quer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

Propriedade, Edição, Administração e AutorHorizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

Administração – Redação – Depº GráficoRua Rei Ramiro 870, 5º A4400 – 281 Vila Nova de GaiaTelefone/Fax +351 220 926 879

Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80E-mail: [email protected]@pontosdevista.pt www.pontosdevista.ptwww.horizonte-de-palavras.ptwww.facebook.com/pontosdevista

ImpressãoLidergrafDistribuição Nacional | Periodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14Distribuição Nacional gratuita com o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesEDITOR: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara SoaresGESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | José Moreira | Luís AlvesMiguel Beirão

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

Page 6: Revista Pontos de Vista Edição 36

1 • Parece não haver dúvida que, a nível internacional, a “restitutio in integrum” ou, na versão portuguesa, “restabelecimento de direitos”, apareceu, pela primeira vez, na Convenção da Patente Europeia, aprovada na Conferencia Diplomática de Munich, realizada em se-tembro e primeiros dias de outubro de 1973.

2 • Trata-se de uma disposição incluída no Documento de traba-lho, elaborado em reuniões anteriores e não apresentada na própria Conferencia – pelo que foi aceite pelo nosso País com naturalidade, tanto mais que a nossa lei permitia já, desde 1940, revalidar os di-reitos das patentes – embora a aplicação de uma e outra seja diversa: o restabelecimento é para solucionar o não cumprimento de forma-lidades consideradas essenciais para a obtenção ou manutenção da patente e a nossa revalidação é apenas para a falta de pagamento atempado das respetivas anuidades. Esta preocupação em procurar evitar a perda do direito – quer seja da patente ou, se for o caso, do respetivo pedido – é extremamente interessante e, segundo creio, nunca tinha sido adotada por qual-quer outra Convenção anterior, como, por exemplo, a Convenção de Paris de 1883, ou o Acordo de Madrid de 1891, relativo ao registo internacional de marcas. É certo que a Convenção de Paris tem uma disposição (artigo 5º – bis) que prevê não só a obrigação de prorrogar o prazo, pelo menos por seis meses, para pagamento das taxas relativas à manutenção dos direitos de propriedade industrial, como, até, que os países da União possam admitir a revalidação das patentes caducadas em vir-tude de não pagamento de taxas.Em todo o caso, a Convenção de Paris reserva essa possibilidade apenas às patentes, pois não refere que os restantes direitos caduca-dos possam ser revalidados, o que não deixa de ser um pouco estra-nho, em especial para os modelos de utilidade e modelos e desenhos industriais, cuja proteção não poderia ser novamente obtida. Curiosamente, na Convenção da Patente Europeia a “restitutio in integrum” está excluída, de uma maneira geral, de aplicação à falta de pagamento de taxas. Mas não há duvida que a “restitutio in integrum” vai mais longe,

PROPRIEDADE INDUSTRIALRestitutio in Integrum

permitindo que – dentro dos prazos determinados – os direitos possam ser restabelecidos, depois de terem caducado por incumpri-mento de formalidades essenciais.

3 • A disposição aprovada em Munich é a seguinte (artigo 122º da Convenção da Patente Europeia):

“1. O requerente ou titular de uma patente europeia que, ainda tendo feito prova de toda a vigilância requerida pelas circunstâncias, foi

incapaz de observar um prazo perante ao Instituto Europeu de Patentes é, por requerimento, restabelecido nos seus direitos se o impedimento tiver por consequência direta, em virtude das disposições da presente Convenção, a recusa do pedido de patente europeia ou de um requeri-mento, o facto de o pedido de patente europeia ser considerado retirado,

a revogação da patente europeia ou a perda de qualquer outro direito ou meio de recurso.

2. O requerimento deve ser apresentado, por escrito, no prazo de dois meses a contar da cessação do impedimento. O ato omitido deve ser

completado nesse prazo. A reclamação não é admissível senão no prazo de um ano a contar da expiração do prazo não cumprido. No caso de não pagamento de uma taxa anual, o prazo previsto no artigo 86º,

parágrafo 2, é deduzido do período de um ano.3. O requerimento deve ser motivado e indicar os factos e as justificações invocadas em seu apoio. Só é considerado apresentado na condição de a

taxa de “restitutio in integrum” ter sido paga.

4. O departamento competente para decidir sobre o ato não realizado decide sobre o requerimento.

5. As disposições do presente artigo não são aplicáveis aos prazos previstos no parágrafo 2, assim como aos artigos 61º, parágrafo 3, 76º,

parágrafo 3, 78º, parágrafo 2, 79º, parágrafo 2, 87º, parágrafo 1, e 94º, parágrafo 2.

6. Qualquer pessoa que, num Estado Contratante, tenha, de boa fé, no decurso do período compreendido entre a perda de um direito citado no parágrafo 1 e a publicação da menção do restabelecimento do dito

direito, começado a explorar ou feito preparativos efetivos e sérios para explorar uma invenção que foi objeto de um pedido de patente europeia publicado ou de uma patente europeia pode, a titulo gratuito, prosseguir essa exploração na sua empresa ou para as necessidades da sua empresa.

7. O presente artigo não limita o direito de um Estado Contratante de conceder a “restitutio in integrum” quanto aos prazos previstos na

presente Convenção e que devem ser cumpridas perante as autoridades deste Estado.”

4 • Mais tarde, quando foi aprovado o Regulamento sobre a Marca Comunitária, de 20 de dezembro de 1993, foi incluída uma dispo-sição semelhante (artigo 81º), embora com uma diferença relativa à oposição de terceiros, que, oportunamente, vai ser devidamente comentada:

“1 – O requerente ou o titular de uma marca comunitária ou qualquer outra parte num processo perante o Instituto que, embora tendo feito pro-va de toda a vigilância inerente às circunstâncias, não tenha conseguido

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

(RESTABELECIMENTO DE DIREITOS)

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

6

Page 7: Revista Pontos de Vista Edição 36

observar um prazo em relação ao Instituto, será mediante requerimento, reinvestido nos seus direitos se, por força do disposto no presente 4

regulamento, o impedimento tiver tido por consequência direta a perda de um direito ou de uma faculdade de recurso.

2 – O requerimento deve ser apresentado por escrito num prazo de dois meses a contar da cessação do impedimento. O ato não cumprido deve

sê-lo nesse mesmo prazo. O requerimento só é admissível no prazo de um ano a contar do termo do prazo não observado. Em caso de não apre-

sentação do pedido de renovação do registo ou de falta de pagamento das taxas de renovação, o prazo suplementar de seis meses previsto no terceiro

período do nº 3 do artigo 47º será deduzido de um período de um ano.

3 – O requerimento deve ser fundamentado e indicar os factos e as jus-tificações invocadas em seu apoio, só sendo considerado apresentado após

pagamento da taxa de restitutio in integrum.

4 – A instância competente para deliberar sobre o ato não cumprido decidirá do requerimento.

5 – O disposto no presente artigo não é aplicável aos prazos previstos no nº 2 do presente artigo, nos nºs 1 e 3, do artigo 41º e no artigo 82º.

6 – Quando o requerente ou o titular de uma marca comunitária for reinvestido nos seus direitos, não poderá invocá-los contra um terceiro que, de boa-fé, tenha comercializado produtos ou prestado serviços sob

um sinal idêntico ou semelhante à marca comunitária durante o período compreendido entre a perda do direito sobre o pedido ou sobre a marca

comunitária e a publicação da menção da reinstituição do direito.

7 – O terceiro que possa prevalecer-se do disposto no número 6º pode deduzir oposição de terceiros contra a decisão que reinveste o requerente ou o titular da marcacomunitária nos seus direitos, num prazo de dois

meses a contar da data de publicação da menção da reinstituição do direito.

8 – O presente artigo não prejudica o direito de um Estado-Membro conce-der a restitutio in integrum quanto aos prazos previstos no presente regula-

mento que devam ser observados perante as autoridades desse Estado.”

5 • A “restitutio in integrum” foi incluída no Código da Propriedade Industrial de 2003 (artigo 8º), com a seguinte redação:

“1 - O requerente ou titular de um direito de propriedade industrial que, apesar de toda a vigilância exigida pelas circunstâncias, não tenha cumprido um prazo cuja inobservância possa implicar a sua não conces-

são ou afetar a respetiva validade, e a causa não lhe puder ser direta-mente imputada, é, se o requerer, restabelecido nos seus direitos.

2 - O requerimento, devidamente fundamentado, deve ser apresenta-do por escrito, no prazo de dois meses a contar da cessação do facto que

impediu o cumprimento do prazo, sendo apenas admitido, em qualquer caso, no período de um ano a contar do termo do prazo não observado.

3 - O ato omitido deve ser cumprido no decurso do prazo de dois meses referido no número anterior, junto com o pagamento de uma taxa de

restabelecimento de direitos.

4 - O disposto no presente artigo não se aplica aos prazos referidos nos nºs 2 e 3, nos artigos 12º, 17.º e 350.º e quando, em relação ao mesmo direito de propriedade industrial, estiver pendente algum processo de

declaração de caducidade.

5 - O requerente ou o titular de um direito que seja restabelecido nos seus direitos não poderá invocá-los

perante um terceiro que, de boa fé, durante o período compreendido entre a perda dos direitos conferidos e a publicação da menção do resta-belecimento desses direitos, tenha iniciado a exploração ou a comercia-

lização do objeto do direito ou feito preparativos efetivos e sérios para a sua exploração e comercialização.

6 - Quando se tratar de pedidos de registo ou de registos, o terceiro que possa prevalecer-se do disposto no número anterior pode, no prazo de dois meses a contar da data da publicação da menção do restabeleci-mento do direito, deduzir oposição contra a decisão que restabelece o

requerente ou o titular dos seus direitos.”

6 • Em próximo artigo vamos analisar e comparar estas disposições, que deveriam ser revistas, para facilitar a sua aplicação sempre que sejam ressalvados os direitos de terceiros.

Essa análise vai incidir, essencialmente, sobre os seguintes pontos: 1 – ORIGEM 2 – OBJETIVO 3 – JUSTIFICAÇÃO 4 – APLICAÇÃO 5 – EXCEÇÕES 6 – PREJUIZOS DE TERCEIROS 7 – OPOSIÇÃO

7

“Parece não haver dúvida que, a nível internacional, a “restitutio in integrum” ou, na versão portuguesa, “restabelecimento de direitos”, apareceu, pela primeira vez, na Convenção da Patente Europeia, aprovada na Conferencia Diplomática de Muni-ch, realizada em setembro e primeiros dias de outubro de 1973”

“Esta preocupação em procurar evitar a perda do direito – quer seja da patente ou, se for o caso, do respetivo pedido – é extremamente interessante e, segundo creio, nunca tinha sido adotada por qualquer outra Convenção ante-rior, como, por exemplo, a Convenção de Paris de 1883, ou o Acordo de Madrid de 1891, rela-tivo ao registo internacional de marcas”

Page 8: Revista Pontos de Vista Edição 36

OS NOVOS CRITÉRIOSde despedimento

NOVA LEI DOS DESPEDIMENTOS

O Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 602/2013, de 20 de setembro de 2013, veio declarar a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, de algumas das alterações legislativas que o executivo pretendia introduzir no ordenamento

jurídico-laboral com a Lei n.º 23/2012, de 25 de junho, em matéria de despedimento por extinção do posto de trabalho e por inadaptação. Com efeito, na modalidade de despedimento por extinção do posto de trabalho a reforma laboral pretendia atribuir à entidade empregadora a faculdade de fixar, casuisticamente, os critérios “relevantes e não

discriminatórios” de despedimento, eliminando-se, com essa fórmula vaga e indeterminada, os critérios objetivos e hierarquizados então vigentes, todos relacionados com a antiguidade do trabalhador. Na prática, permitir-se-ia à entidade empregadora a elaboração de critérios de seleção à medida do(s) trabalhador(es) que se pretendesse

despedir, o que colidia com o art.º 53º da Constituição, que consagra o direito à segurança no emprego e proíbe os despedimentos sem justa causa.

A OPINIÃO DE Nuno Venâncio Pereira, Advogado da João Marcelo & Associados, Sociedade De Advogados, RL

8

Page 9: Revista Pontos de Vista Edição 36

Por outro lado, no que toca aos despedimentos por inadaptação, pre-via-se a revogação da norma que impunha à entidade empregadora a obrigação de, antes de despedir o trabalhador, provar que que não existia outro posto de trabalho compatível com as suas qualificações.

Ora, o Acórdão do TC veio consagrar o entendimento de que a impossibi-lidade de subsistência da relação laboral não se verifica enquanto existir na empresa um posto de trabalho compatível com a qualificação profissional e com a capacidade prestativa do trabalhador. Consequentemente, o despe-dimento do trabalhador com fundamento na inadaptação do trabalhador só pode ocorrer face à inexistência de um posto de trabalho alternativo.Em resposta ao Acórdão do TC foram agora aprovadas pela Lei n.º 27/2014, de 8 de maio, novas alterações ao regime de despedimentos, que entraram em vigor no passado dia 1 de junho. Desde logo, foram introdu-zidos novos critérios hierarquizados que devem ser observados em caso de despedimento por extinção do posto de trabalho. Esses critérios são: (1) Pior avaliação de desempenho (caso o empregador disponha de um sistema de avaliação com parâmetros previamente conhecidos pelo trabalhador); (2) Menores habilitações académicas e profissionais (aplicável quando não tenha sido implementado um sistema de avaliação de desempenho na em-presa ou quando haja um empate na avaliação de trabalhadores); (3) Maior onerosidade pela manutenção do vínculo laboral do trabalhador para a empresa; (4) Menor experiência na função; e (5) Menor antiguidade na empresa. O novo regime consagra a avaliação de desempenho dos traba-lhadores como principal critério de despedimento, relegando para o último lugar o critério da antiguidade do trabalhador, que no regime pretérito era o único critério legal previsto. Por outro lado, foi alterada a redação do n.º 4 do artigo 368º, no sentido de restaurar o critério legal de aferição da impossibilidade da subsistência da relação de trabalho pelo facto de não existir outro posto de trabalho compatível com a categoria profissional do trabalhador (exigência que a Lei nº 23/2012 tinha eliminado). Com a mesma finalidade, repristinou-se a norma constante da alínea d) do art.º 375º do CT, relativa aos despedimentos por inadaptação, renascendo o dever da entidade empregadora não despedir o trabalhador por motivo de inadaptação quando haja um posto de trabalho disponível e compatível com a sua categoria profissional (substituiu a anterior “qualificação profis-sional”), sob pena de ilicitude do despedimento. Em síntese, a Lei n.º 27/2014, de 8 de maio, visou tornar mais objetivos os critérios legais de despedimento. Todavia, continua a ser concedida uma margem de discricionariedade às empresas que se nos afigura incompatí-vel com o princípio da segurança no emprego e com a proibição dos des-pedimentos sem justa causa. Essa discricionariedade existirá, desde logo, em demasia, na criação do tal sistema de avaliação de desempenho, que competirá às empresas. O legislador deveria concretizar melhor os parâme-tros a observar pela entidade empregadora na conceção de tal sistema, de modo a garantir a sua objetividade, rigor, transparência e imparcialidade. Em segundo lugar, como a esmagadora maioria das empresas portugue-sas, não terá, presentemente, qualquer sistema de avaliação de desempenho, aplicar-se-ão, sobretudo, os critérios seguintes. Ora, não tendo o legislador precisado, quanto ao segundo critério, se deverão prevalecer as habilitações académicas ou profissionais, tal decisão é também deixada ao livre arbítrio da entidade empregadora, o que poderá prejudicar o trabalhador mais ex-periente mas com menos habilitações académicas. Por outro lado, também não se esclarece se são privilegiadas quaisquer habilitações ou apenas as habilitações relevantes para o exercício da profissão. Por sua vez, o critério da maior onerosidade pela manutenção do vínculo laboral do trabalhador permitirá a uma empresa despedir um trabalhador em igualdade com outro trabalhador em relação aos dois primeiros critérios, com fundamento no seu custo salarial para a empresa. Este critério é facilmente manipulável e, por conseguinte, suscetível de potenciar situações de arbitrariedade. Com

efeito, como não se estabelece o momento ou período a que se deve atender para o cálculo da onerosidade, nada impede o empregador de aumentar a remuneração de um trabalhador apenas com a finalidade de, em seguida, o despedir. Relativamente ao critério da menor experiência na função, cum-pre sublinhar o facto de legislador não ter especificado se releva toda a ex-periência acumulada pelo trabalhador, mesmo ao serviço de outra entidade patronal ou se é de considerar apenas a experiência adquirida ao serviço do empregador atual. Por fim, como a antiguidade passa a ser o último dos critérios elegíveis, poderá facilmente despedir-se os trabalhadores mais an-tigos, substituindo-os por novos, previsivelmente com salários muito mais baixos, o que promoverá a discriminação, o desemprego de longa duração e a injustiça social. Pese embora a definição dos novos critérios, subsistem sérias dúvidas quan-to à constitucionalidade dos mesmos, dado o seu caráter vago, indetermi-nado e por conseguinte, passível de subversão. Salvo melhor opinião, os critérios de despedimento, nos termos em que foram enunciados, não re-tiram ao empregador a possibilidade de seleção arbitrária do trabalhador a despedir, continuando a não dar cabal cumprimento à exigência plasmada no Acórdão do TC onde se consagrou que “só a indicação legal rigorosa de parâmetros condicionantes e limitativos pode impedir a possibilidade de subjetivação da escolha, assegurando, do mesmo passo, um efetivo controlo, pelo tribunal competente, da validade do despedimento, considerando a verificação objetiva da motivação e a idoneidade daquela decisão e sua con-sequente legalidade ou ilegalidade.”

9

“Em síntese, a Lei n.º 27/2014, de 8 de maio, visou tornar mais objetivos os critérios legais de despedimento. Todavia, continua a ser concedida uma margem de discricionariedade às empresas que se nos afigura incompatível com o princípio da segurança no emprego e com a proibição dos despedimentos sem justa causa. Essa discricionariedade existirá, desde logo, em demasia, na criação do tal sistema de avaliação de desempenho, que competirá às empresas. O legislador deveria concretizar melhor os parâmetros a observar pela entidade empregadora na conceção de tal sistema, de modo a garantir a sua objetividade, rigor, transparência e imparcialidade”

Page 10: Revista Pontos de Vista Edição 36

BREVES

Discovery Fund e Six Senses Hotels investem no Aquapura Douro valley

O fundo de gestão de ativos imobiliários turísticos Discovery Fund e o grupo de hotelaria Six Senses Hotels Resorts & Spa vão assumir a gestão e investir no Aquapura

Douro Valley, em parceria com o Fundo Revitalizar Norte. As empresas indicam em comunicado que vão assumir a gestão da unidade hoteleira de cinco estrelas no Vale do Douro, e investir na revitalização do hotel, em parceria com o Fundo Revitalizar Norte. Os fundos Revitalizar são instrumentos de capital de risco destinados sobretudo a pequenas e médias empresas de boa saúde financeira. Têm uma dotação global de 220 milhões de euros (80 milhões só para a zona norte do país), assegurado em 50% pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e em 50% por sete instituições bancárias. Para o responsável da Discovery Fund, Pedro Seabra, a assinatura deste contrato “representa um marco para a hotelaria em Portugal, colocando-nos na primeira divisão dos destinos de luxo, valorizando o Turismo do Vale do Douro e de Portugal. Vamos investir numa renovação profunda deste excelente ativo, em parceria com o fundo Revitalizar Norte e acreditamos que o resultado vai ser a excelência que esta deslumbrante região merece”.

Profissionais de saúde debatem soluçõespara combate à dor

O Fórum Futuro 2014, iniciativa formativa dirigida a profissio-nais de saúde, vai decorrer nos próximos dias 21 e 22 de junho, no Hotel Lagoas Park, em Oeiras.

A ética e o tratamento da dor é um dos temas em destaque no primeiro dia desta iniciativa que pretende falar sobre a inovação na saúde e perspetivas de futuro no diagnóstico e tratamento da dor. A complexidade na gestão da lombalgia crónica e a dor na osteoartrose e envelhecimento finalizam o debate no dia 21 de junho. O dia 22 de junho será dedicado à necessidade de abordagem da dor com base nos seus mecanismos. Em Portugal, a dor crónica afeta mais de 30 por cento dos adultos portugueses. É uma situação de dor persistente que se não for tratada de modo adequado, poderá afetar gravemente a qualidade de vida das pessoas e pode levar à incapacidade para o trabalho.

10

O seminário será subordinado ao tema “Reestruturação das empresas: fusões e aquisições”, com enfoque nas oportunidades que os mercados emergentes oferecem como participan-tes dessas reestruturações. O painel de oradores é composto por personalidades que se têm destacado nas mais diversas áreas.A sessão de abertura fica a cargo da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, de Ste-phen L. Dreyfuss, presidente da UIA, e de Mária Antónia Cameira, presidente do Comité Nacional da UIA. O fórum conta com o apoio da Ordem dos Advogados (OA) e com a parceria da PwC e das sociedades de advogados Cameira Legal, PLMJ, Abreu Advogados, Vieira de Almeida & Associados e SRS Advogados.

O “Business Law Fórum” anual da UIA - Union Internationale des Avocats, terá lugar nos dias 20 e 21 de junho de 2014, em Lisboa no

Centro Cultural de Belém.

“BUSINESS LAw FóRUM”em Lisboa

EVENTOS

Page 11: Revista Pontos de Vista Edição 36
Page 12: Revista Pontos de Vista Edição 36

Há mais de 15 anos que o escritório Eduardo Dan-tas Advocacia & Consultoria se dedica à vertente do direito em saúde, destacando-se pelo seu ele-vado profissionalismo. O que faz deste escritório um parceiro privilegiado?Um elevado nível de especialização, experiência, e foco. Esse trinómio, aliado à seriedade e compro-misso com o cliente, que é atendido de manei-ra personalizada, tem sido a chave do constante crescimento e internacionalização ao longo dos anos, estabelecendo parcerias sólidas e confiáveis.

Porquê esta aposta no domínio do direito em saúde? Que análise perpetua desta área no Bra-sil? Que lacunas ainda são identificáveis? De um modo geral, quais são as principais dúvidas que vos são apresentadas?O maior desafio – e portanto, o maior incenti-vador – para a atuação no campo do direito da saúde é justamente o facto de ser este um direito em construção. As ciências da saúde e a bioética tem evoluído de maneira acelerada, modifican-do costumes, expectativas, e o comportamento da sociedade, que busca no direito a regulação destas novas demandas. A ausência de legislação (ou mesmo de respostas possíveis) no campo do direito biomédico cria a demanda por uma atu-ação cada vez mais especializada. Os casos que nos chegam, da má prática à gestão de riscos legais, do direito da indústria farmacêutica ao planeamento tributário das sociedades hospita-lares, envolvem dramas humanos da mais elevada importância, e possuem um impacto económico de dimensões continentais.

Atualmente, o Direito no Brasil passa por um pro-cesso de aperfeiçoamento profissional que está a

gerar, aos poucos, especialistas em diversas áre-as de atendimento. De que forma é importante a área da saúde no domínio do direito? Existe aqui uma missão quase de interesse social? Sem dúvida. Profissionais mais conscientes de suas obrigações legais, entidades hospitalares mais preocupadas com os aspetos éticos e jurídicos de sua atuação, geram um sistema de saúde mais pre-parado, que acaba por ser um benefício para toda a população, para todos nós, que somos ou seremos utentes um dia. O direito da saúde tem implica-ções diretas e incontornáveis por diversos outros ramos, como o direito das obrigações, dos contra-tos, da família, do consumo e de sucessões.

Cada vez mais, para um empresário, a internacio-nalização é o caminho a seguir. Qual tem sido o papel deste escritório de advogados? Que tipo de acompanhamento é feito nestas situações? É neste campo que «entra» mais a vossa vertente de consultoria? A nossa atuação ocorre, nomeadamente, no âm-bito da consultoria preventiva, e no atendimento integral das necessidades de nossos clientes em-presariais ligados ao ramo da saúde. Impossível pensar em atividades de saúde sem considerar a internacionalização. E é justamente aí que pas-samos a exercer um diferencial, com a expertise construída em ordenamentos jurídicos transna-cionais.

No momento em que uma empresa externa opta por explorar o seu negócio no mercado brasileiro, o que importa saber, em termos legais?Em termos francos, o empreendedor externo precisa de perceber que ingressa numa selva de burocratização e armadilhas legais, por vezes per-

“O nosso escritório, com atuação abrangendo todo o território de ambos os países, tem por missão abrir as portas e estabelecer estas pontes para o desenvolvimento comum”, revela Eduardo Dantas, Sócio Sênior do escritório Eduardo Dantas Advocacia & Consultoria, Advogado no Brasil e Portugal e Vice-Presidente da World Association for Medical Law, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde percebemos que as relações bilaterais entre Portugal e o Brasil são profundas, mas muito mais pode ser

feito em prol de ambos os países.

PORTUGAL/BRASIL– Pontes para o desenvolvimento comum

meada pelo protecionismo. O correto assessora-mento legal é imprescindível.

Tal como Portugal vive atualmente uma crise económica muito profunda, o Brasil também já passou por essa experiência, entre 1998 e 1999. Mas, deu a volta por cima, com a implementação de reformas estruturais muito intensas. Na sua opinião, o que é preciso fazer para que Portugal siga as mesmas pegadas? Há que se esclarecer que em termos de reformas estruturais, o Brasil vive um período de retroces-so preocupante. Corrupção em diversos níveis, e a mais alta carga tributária do planeta, de entre outros problemas, ameaçam muito do que foi feito. Para Portugal, penso que a receita deve passar pelo fortalecimento do comércio interno, focando os seus pontos fortes, como o turismo, serviços de tecnologia, pesca e a reconstrução do parque industrial. Atualmente existem cerca de 650 empresas por-tuguesas a operar no Brasil, um número bastante superior quando a situação se inverte. Como jus-tifica estes dados? O Brasil oferece melhores con-dições às empresas estrangeiras do que Portugal? O Brasil oferece um mercado consumidor cerca de vinte vezes maior que Portugal. Isso fortalece a possibilidade de expansão, e justifica muito do movimento visto nos últimos anos, neste senti-do. As possibilidades de prosperar num merca-do substancialmente maior superam inclusive as barreiras burocráticas e a alta (e insana) regula-mentação do mercado.

Acredita que Portugal e o Brasil, sendo dois pa-íses considerados irmãos, estão a atravessar um “período mágico” em termos relacionais? De que forma o Brasil, com um lugar cativo no cenário económico internacional, pode ajudar Portugal a ultrapassar este período conturbado?Em termos estratégicos, não poderia haver par-ceiros melhores. Ambos os países são porta de entrada para mercados inexplorados. É preciso aprofundar a relação cada vez mais, em todos os níveis. E penso que estamos a contribuir com este propósito.

Para concluir, que desafios se colocam, no futuro, ao relacionamento entre dois países unidos por laços culturais muito fortes? Qual será o posicio-namento do vosso escritório?Os desafios ainda são muitos. Há que se esque-cer as diferenças e focar nos objetivos comuns. O nosso escritório, com atuação abrangendo todo o território de ambos os países, tem por missão abrir as portas e estabelecer estas pontes para o desenvolvimento comum.

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DIREITO & JUSTIÇA

Eduardo Dantas

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Há mais de dez anos que o escritório André Ela-li Advogados se dedica à advocacia corporativa, destacando-se pelo seu elevado profissionalis-mo. A partir de 2007, a empresa tem sido todos os anos reconhecida como uma das mais respeitá-veis no mercado corporativo brasileiro. O que faz deste escritório um parceiro privilegiado?Na verdade o escritório posicionou-se de modo estratégico no mercado corporativo brasileiro, desenvolvendo-se através de uma equipa profis-sional e qualificada e com uma visão pragmática da advocacia. Ao todo temos, hoje, a maior parte dos sócios e associados com pós-graduação (Es-pecialização, Mestrado e/ou Doutorado) e com uma visão muito atualizada do mercado, do fun-cionamento das políticas de regulação e com um bom networking internacional.

Desde 2007, a atuação do escritório é também expressiva na assessoria de empresas e investi-dores estrangeiros. De um modo geral, quais são as principais dúvidas que vos são apresentadas?A maioria das dúvidas refere-se à segurança ju-rídica, à formalização dos negócios e ao ingresso de capitais e a respetiva tributação. O Brasil é um país ainda burocrático mas isso acaba por gerar externalidades positivas como a proteção de certos bens jurídicos. A tributação dos inves-timentos é muito competitiva em comparação com outros Estados, o sistema de registro de câmbio é extremamente eficiente e os negócios empresariais estão a ganhar um melhor status nos últimos anos.Muitas das dúvidas devem-se à divulgação erra-da de como funciona o sistema jurídico e uma das grandes qualidades do país é a democracia, que permite a expressão do pensamento de forma abrangente.

Cada vez mais, para um empresário, a internacio-nalização é o caminho a seguir. Qual tem sido o papel deste escritório de advogados? Que tipo de acompanhamento é feito nestas situações?

O escritório é atualmente responsável pela es-truturação de joint ventures entre fundos e investidores estrangeiros com empresas brasi-leiras, especialmente nos mercados de energia, real state, hotelaria e no mercado industrial. O acompanhamento do escritório abrange desde a elaboração de termos de confidencialidade, re-alização de due diligente reports, planeamento fiscal, obtenção de licenças de operação e forma-lização de contratos. Temos atualmente mais de 3000 investidores de fora do Brasil representados pelos nossos profissionais, com investimentos re-alizados em empresas nacionais e locais.

No momento em que uma empresa externa opta por explorar o seu negócio no mercado brasileiro, o que importa saber, em termos legais?Que o Brasil é um país com um grande mercado; que a tributação não é tão elevada quanto se pro-paga, especialmente em certos setores, em que há incentivos fiscais; que o Brasil protege o investi-mento de forma eficiente e que inexiste qualquer tratamento discriminatório. O Brasil está prepa-rado para os negócios globais e oferece excelentes oportunidades de investimento.

Tal como Portugal vive atualmente uma crise económica muito profunda, o Brasil também já passou por essa experiência, entre 1998 e 1999. Mas, deu a volta por cima, com a implementação de reformas estruturais muito intensas. Na sua opinião, o que é preciso fazer para que Portugal siga as mesmas pegadas? O principal elemento dos Estados Fiscais é o controlo da despesa pública, de forma a evitar o impacto da mudança das políticas económicas e sociais por falta de gestão adequada. Portugal é um país importante logisticamente para todo o mundo, com uma infraestrutura excecional. Deve aproveitar os laços comerciais com os Estados Unidos, Brasil, Europa e China para se firmar como um centro logístico e de gestão das em-presas globais.

Com uma ampla atuação a nível internacional, o escritório André Elali Advogados é reconhecido por uma especializada atividade na área de fusões e aquisições de empresas, sendo, desde 2007, sistematicamente homenageado como uma das empresas mais

respeitáveis no mercado corporativo brasileiro. Numa conversa onde não foi esquecida a relação frutuosa entre Portugal e o Brasil, a Revista Pontos de Vista falou com André Elali, sócio deste escritório, e procurou conhecer melhor uma organização que se tem

destacado pela sua atuação em questões complexas e por ser o braço direito de muitas empresas em negócios pontuais.

“PORTUGAL É UM PARCEIROestratégico para as empresas brasileiras”

Atualmente, existem cerca de 650 empresas portuguesas a operar no Brasil, um número bastante superior quando a situação se inverte. Como justifica estes dados? O Brasil oferece me-lhores condições às empresas estrangeiras do que Portugal?Acredito que o Brasil não oferece melhores con-dições. Acredito que o Brasil tem um mercado muito grande para vários negócios que na Eu-ropa ainda permanece uma grande concorrência com empresas alemãs, inglesas e de outros países. Acredito que Portugal apresenta grandes opor-tunidades, mas como é um país mais “maduro” economicamente, não há muito espaço para a especulação, como há no Brasil, tanto no merca-do financeiro, extremamente lucrativo, como no setor de imóveis, por exemplo.

Acredita que Portugal e o Brasil, sendo dois pa-íses considerados irmãos, estão a atravessar um “período mágico” em termos relacionais? De que forma o Brasil, com um lugar cativo no cenário económico internacional, pode ajudar Portugal a ultrapassar este período conturbado?Acredito que Brasil e Portugal devem estreitar os laços entre as empresas através de novos acordos comerciais, maior divulgação das oportunidades, por meio de Câmaras de Comércio e agentes económicos estruturadores. As empresas brasi-leiras devem fomentar mais negócios na Europa tendo Portugal como porta de entrada e local de gestão, pelas facilidades logísticas, pela infraes-trutura e pela excelência dos serviços locais.

Para concluir, que desafios se colocam, no futuro, ao relacionamento entre estes dois países?Os desafios estão ligados às políticas económicas dos dois países e da União Europeia. Entendo que Portugal é um parceiro estratégico para as empresas brasileiras e o escritório tem um papel importante de servir de ponte e estruturar essas alianças que são extremamente eficientes para todos os envolvidos nesse “processo”.

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DIREITO & JUSTIÇA

André Elali

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O Grupo Taper venceu o concurso promovido pela Universidade Nova de Lisboa para o fornecimen-to de um microscópio de super resolução. Quais as principais particularidades deste microscópio?É um microscópio que combina objetivas óticas e em vez de utilizar luz branca, usa lasers e deteto-res permitindo a visualização de nano estruturas até 20 nanómetros, ou seja uma dimensão igual a um milímetro dividido em 50.000 partes iguais, permitindo a visualização de estruturas no nú-cleo das células.

Qual a mais valia da Taper para os seus clientes e quais as suas áreas de atuação ?A experiência adquirida ao longo de mais de vinte anos na área da ótica e da optoelectróni-ca permite-nos oferecer as melhores soluções e serviços nas áreas da microscopia, da espectro-fotometria, da endoscopia e da micro-cirurgia, que são complementadas por uma oferta abran-gente na área dos anticorpos, biologia molecu-lar, implantes e sistemas de deteção rápida. Para conseguirmos atingir este objetivo obtivemos a certificação dos fabricantes mais inovadores no mercado, destacando entre outras a Biole-gend, Huvitz, Konan, Molecular Devices, Mo-ria, Ocular, Optos, Optomic, Thermo, Visionix, Wolf, Zeiss e mais recentemente o desenvolvi-mento e fabrico de pipetas próprias com a marca taper-easy. A nossa maior preocupação é a de conseguirmos oferecer uma solução com resul-tados comprovados de forma completa. Pen-samos que estes fatores, em combinação com uma assistência técnica certificada, asseguram o rigoroso cumprimento das especificações e que são os fatores que os nossos clientes mais valori-zam. As áreas de atuação da Taper, em Portugal, situam-se nos domínios da ciência e da saúde, cobrindo três áreas: a análise de alimentos, o diagnóstico e tratamento de doenças através da mínima invasão e a investigação.

Qual a presença da Taper noutros países e em que áreas ?A Taper está presente em Espanha nas mesmas áreas, bem como nas vertentes da prevenção da doença através dos ginásios com a marca Vidin e na área da hemodiálise com seis clínicas com a marca Asyter.

Quais as áreas em que tem sido desenvolvido um

maior trabalho de I&D e quais os principais resul-tados obtidos? A área em que tem sido desenvolvido um maior trabalho de I&D tem sido a de investigação em que colaboramos com universidades, centros de desenvolvimento e investigação e outras empre-sas. O sucesso tem sido comprovado pelos pré-mios que os investigadores com quem colabora-mos têm obtido a nível internacional.

Qual tem sido o principal impacto da atual con-juntura económica na prevenção de doenças? Com a crise, o acesso a tratamentos acaba por fi-car em segundo plano? De que forma isso se tem refletido na atividade da Taper?Com a atual crise os projetos de rastreio de doen-ças têm sido diminuídos ou eliminados, o que sem dúvida prejudica a sua deteção precoce e complica o tratamento posterior. Uma vez que a deteção precoce não é efetuada nos moldes que a ciência recomenda os tratamentos mais simples não são efetuados e ao serem arrastados para fases mais desenvolvidas das doenças são muito mais caros e com resultados muito piores. É uma economia da saúde que só se sente a médio-longo prazo e

“A Taper está preparada para acompanhar o desenvolvimento da ciência e da saúde, com uma grande abertura para o trabalho em rede, em que as nossas competências possam ser importantes”, afirma José Cunha, Diretor Geral do Grupo Taper, Lda, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Mais do que uma marca, o Grupo Taper é hoje o paradigma da inovação e da evolução no

domínio da Oftalmologia.

TAPER – UM PARCEIRO INOVADOR

que no curto prazo é frequentemente esquecida, muito em parte devido aos constrangimentos fi-nanceiros existentes. Na área da saúde e da in-vestigação a Taper tem sentido uma diminuição da atividade desde 2011. Na área da análise de alimentos tem existido um ligeiro crescimento.

Poderá dar um exemplo concreto de um caso em que os rastreios e a deteção precoce ao não serem realizados prejudicam os resultados e os custos futuros ?No caso dos diabéticos, doença que está a aumen-tar a um ritmo preocupante em todo o mundo, foi recentemente comprovado que muitas doenças da retina se iniciam na periferia da retina. A sua deteção precoce permitiria um tratamento mais simples e evitaria as complicações consequentes do desenvolvimento da doença, que muitas vezes é detetada já em estádios que comprometem a visão e que em casos extremos podem levar à sua perda, mesmo recorrendo a intervenções compli-cadas e dispendiosas. Atualmente em Portugal apenas existem três locais com capacidade para realizar este diagnóstico.

Quais os principais desafios que se colocam à Ta-per e o que é que podemos esperar nos próximos tempos?A Taper está preparada para acompanhar o de-senvolvimento da ciência e da saúde, com uma grande abertura para o trabalho em rede, em que as nossas competências possam ser importantes. Até há pouco tempo os hospitais e as universi-dades tinham o Orçamento Geral do Estado a financiar a inovação. Como atualmente não há dinheiro, o financiamento tem de vir do exterior e as instituições têm de procurar novas formas de financiamento através de projetos internacionais. A Taper está preparada para colaborar através das áreas em que está especializada contribuindo com a tecnologia necessária.Encaramos os novos tempos como uma opor-tunidade. Pensamos também crescer através das técnicas de mínima invasão que em muitos casos podem substituir as técnicas convencionais, com uma importante economia de recursos e ganhos de saúde para os doentes. É simultaneamente uma oportunidade, nomeadamente através do programa horizonte 2020 e um desafio, porque implica uma mudança de mentalidades das insti-tuições e das pessoas que as compõem.

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UMA SOCIEDADE DE OFTALMOLOGIA DINÂMICA E INOVADORA

José Cunha

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“Inebriados pela alma portuense e pela beleza do seu edificado, temos como nossos principais propósitos a reabi-litação desta cidade, fazendo com que

queira vir viver connosco no centro do Porto”. É deste modo que a 100DOMUS se dá a co-nhecer, através de uma pequena viagem pela história do Porto, remontando ao reinado de D. Pedro IV. No final garante ser o paradigma de um modo inovador de trabalhar o mercado imobiliário, “em que o local e você são extra-ordinariamente especiais”. Mas, para que tal aconteça, a 100DOMUS deixa o convite: “fale connosco”. A Revista Pontos de Vista aceitou e foi conhecer uma empresa que, com apenas cerca de oito meses de existência, já tem con-quistado o seu reconhecimento no mercado da mediação imobiliária. Hoje, com uma média de 35 imóveis vendidos por mês, mais de 90% dos quais derivados do mercado reabilitado, a 100DOMUS tem con-quistado a confiança de “quem procura a qua-lidade de viver onde tudo acontece”, não fosse este o lema desta equipa. Mas não tem sido apenas a qualidade que imprime em cada proje-to que diferencia esta empresa de tantas outras que atuam no mercado da mediação imobiliária. Estamos a falar do tipo de acompanhamento prestado. “Quando vendemos uma casa, vende-mos um acompanhamento completo. Na maior parte dos casos, fazem o contrato de promes-sa de compra e venda e a relação com o cliente acaba. Mas o trabalho real é o pós contrato de promessa, é acompanhar o cliente com a má-xima regularidade e sempre que ele sinta essa necessidade”, explicou Pedro Soares. Assim, desde o primeiro momento em que o cliente entra em contacto com esta equipa, é feito um levantamento dos seus objetivos, parte-se para o terreno em busca da “casa perfeita” e só no momento da escritura a missão fica cumprida.

Mas tudo começa por saber ouvir o cliente. “Precisamos de saber o que é que pretende, que orçamento tem, que tipologia procura, tipo de acabamentos, se quer um imóvel traça antiga ou construção normal contemporânea. O cliente é que nos dá informação do que procura porque se assim não for em vez de serem duas ou três semanas de visitas, estamos a falar de meses”, evidenciou Pedro Soares. Aqui, a 100DOMUS apresenta uma vantagem competitiva: “temos algo em bruto. Basta dizerem o que querem. À partida, conseguirei arranjar um imóvel que cor-responda a essas expetativas mas tudo depende do orçamento disponível”, adiantou o mesmo.Para José Ferreira, por vezes, dizer o que não se quer já é suficiente. E, na generalidade, o que é que um cliente não quer? “Normalidade” res-pondeu de imediato. “O normal está sobreva-lorizado. Neste momento, as pessoas procuram algo diferente, um algo que possam personali-zar”, respondeu José Teixeira. Tal como é ca-racterístico de um trabalho de parceria, Pedro Soares completou a ideia do sócio: “o nosso cliente quer algo que não consegue encontrar no mercado em situações normais. Quem procura imóveis no centro histórico, não está à procura de grandes áreas mas sim de algo confortável

Do latim “Domus” que, em português, significa “casa”, a 100DOMUS fez jus à palavra e nasceu, há cerca de oito meses, para dar uma resposta continuada a quem procura qualidade de viver onde tudo acontece. E tudo acontece na Baixa do Porto. Quer seja na Rua

das Flores, na Rua de Cedofeita ou na Rua Alexandre Braga, esta empresa de mediação imobiliária tem uma equipa qualificada, dispersa por estas três lojas estrategicamente posicionadas no centro da cidade portuense, que acompanha o cliente até ao

momento da escritura do imóvel. “Quando vendemos uma casa, vendemos um acompanhamento completo, o que numa imobiliária dita normal não acontece”, afirmou Pedro Soares, um dos sócios da empresa. Encontrar a casa dos seus sonhos, com aquele

pormenor que sempre imaginou, já é possível e pode demorar menos de um mês!

A qUALIDADE DE VIVERonde tudo acontece

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TEMA DE CAPA

“Quando vendemos uma casa, vendemos um acompanhamento completo, o que numa imobiliária dita normal não acontece. Na maior parte dos casos, eles fazem o contrato de promessa de compra e venda e a relação com o cliente acaba. Mas o trabalho real é o pós contrato de promessa, é acompanhar o cliente com a máxima regularidade e sempre que ele sinta essa necessidade”

PEDRO SOARES

e agradável”. Uma das características do urba-nismo pós moderno é precisamente o cuidado com a preservação da alma da cidade e, para José Teixeira, a preocupação é precisamente essa. “A 100DOMUS procura dar alguma coisa que o reporte à história”.

Rua das Flores

Rua das FloresRua Alexandre Braga

Rua de Cedofeita

Rua de Cedofeita

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“ESTE NEGóCIO Só FUNCIONACOM PESSOAS”

A experiência no mercado imobiliário já remonta a muitos anos. Pedro Soares acredita que a grande diferença desta equipa, composta por 22 pessoas dispersas pelas três lojas, está na formação e no co-nhecimento em obra. “Temos arquitetos a apoiar o departamento comercial, por exemplo. São pesso-as que trabalham há muito tempo nesta área e que conseguem explicar ao cliente o tipo de obra que está a ser feito, a evolução, os materiais utilizados. No fundo, mostram o produto e ajudam o cliente a definir uma ideia”, afirmou. Orgulhando-se de terem criado uma equipa forte, José Teixeira acre-dita que “este negócio só funciona com pessoas” e, neste caso, são pessoas com um profundo conheci-mento do mercado imobiliário da baixa do Porto. E o que é preciso ter para fazer parte desta equipa? “Vontade de trabalhar e de aprender. Não é preciso ter formação em nenhuma área específica, basta querer saber mais e, quando vão a um edifício an-tigo fazer uma angariação, têm que ter a visão para desenhar um projeto para um cliente que já têm em carteira”, respondeu Pedro Soares.

EM OITO MESES, TRêS LOJASNO CENTRO DO PORTO

No passado mês de maio, a 100DOMUS concluiu o seu “triângulo estratégico desenhado na topo-grafia do centro da cidade do Porto”. À Rua de Cedofeita, juntaram-se duas novas lojas na Rua das Flores e na Rua Alexandre Braga, em frente ao incomparável Mercado do Bolhão. “São locais por onde passam muitas pessoas e, assim, conse-guimos passar a nossa mensagem. A 100DOMUS existe há apenas oito meses e as pessoas já reco-nhecem a marca”, afirmou Pedro Soares. Mesmo trabalhando com outros empreendimentos, o su-

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TEMA DE CAPA

Alteração à legislação da eficiênciaenergética dos imóveisSe, no passado, era obrigatório apresentar o documento de certificação energética somente aquando da transação comercial (venda ou arrendamento), a partir do passado mês de dezembro, o cenário é outro. Desde o momento zero, essa informação deve ser co-municada nos anúncios comerciais. Esta será uma responsabilidade partilhada entre o pro-prietário e o mediador imobiliário, sendo que, em caso de incumprimento, a multa poderá ir até aos 45 mil euros (aproximadamente) no caso de pessoas coletivas. Já os certificados podem ter um custo bastante significativo, mediante a empresa que o passa e a dimensão do imóvel. Por um lado, estes certificados estabelecem até que ponto a casa é eficiente mas é também uma forma de serem propostas melhorias para aumentar a poupança em termos de energia.

“O normal está sobrevalorizado. Neste momento, as pessoas procuram algo diferente, um algo que possam personalizar”

JOSÉ TEIXEIRA

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“O nosso cliente quer algo que não consegue encontrar no mercado em situações normais. Quem procura imóveis no centro histórico, não está à procura de grandes áreas mas sim de algo confortável e agradável”

PEDRO SOARES

cesso da insígnia 100DOMUS a muito se deve ao centro histórico e é por isso aqui que a empresa tem concentrado a sua comunicação. Como se ex-plica este triângulo? A loja do Mercado do Bolhão “posiciona-se na área da baixa que, desde início, foi primordial para nós e está numa zona que tem como limites a Avenida dos Aliados a poente e Bonfim/Campanhã a nascente”, explicou Pedro Soares. Já a nova loja da Rua das Flores permite à empresa criar “um ponto em pleno centro histó-rico que é Património Mundial da Humanidade e estratégico na credibilização e afirmação do nome 100DOMUS”, acrescentou o mesmo responsável. Nestas lojas encontrarão “uma equipa formada e educada, com vontade de ajudar, jovem e que, além da parte financeira, adoram acompanhar os clien-tes e comunicar. Com uma ideia e uma vontade, eles tentam encontrar o produto certo que satisfa-ça o cliente”, garantiu Pedro Soares. Para o futuro a 100DOMUS não esconde o desejo de abrir no-vos espaços mas tudo será feito a seu tempo e com as parcerias adequadas.

DESEMPENHO ENERGéTICONOS ANúNCIOS COMERCIAIS

Com a entrada em vigor, no final do ano passado, de uma nova legislação sobre eficiência energética dos edifícios que obriga a que em qualquer anúncio comercial a classe de certificação do imóvel esteja mencionada, a Revista Pontos de Vista procurou conhecer a opinião dos nossos entrevistados sobre um assunto que tem gerado algum desconforto no setor. Admitindo que se trata de uma medida bem pensada mas mal implementada, José Teixeira acredita que se deve, em primeiro lugar, conhecer as necessidades do mercado, nomeadamente o da reabilitação e olhar para cada caso de um modo muito particular. “As pessoas têm um profundo desconhecimento. Existe uma legislação para a re-abilitação e outra para a construção nova e o que está a acontecer é que em alguns pontos colidem”, defendeu. Por isso, esta medida está bem pensada mas o timing e a forma como está a ser colocada no terreno não são, para José Teixeira, os mais adequa-dos. Além disso, para os nossos entrevistados, outra questão importante reside no facto de o mediador ter de controlar e desempenhar o papel de “polícia” ou “fiscal”. Já pelo lado do comprador, o interesse dos seus clientes pelo desempenho energético do edifício tem sido crescente, o que, para José Tei-xeira, é uma boa notícia. Mas importa perceber o mercado, estar no terreno e ter em atenção a forma como se implementam estas medidas.Perante os desafios que o mercado da mediação imobiliária terá de enfrentar, a 100Domus está preparada para continuar a afirmar-se como um parceiro ideal para quem procura viver onde tudo acontece.

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Para o autarca, “não nos podemos estar sempre a refugiar no discurso da interio-ridade” e exemplifica: “Paredes de Coura era, porventura, no Alto Minho, o con-

celho onde à partida seria mais difícil de surgir um projeto cultural e musical como o Festival de Paredes de Coura. Mas foi aqui que ele nasceu! Não pela geografia, que era adversa, mas pelo capital humano, pelas pessoas que têm antes de mais que ser criativas e ousadas e não terem medo de perder o equilíbrio nem que seja mo-mentaneamente”.Foi aliás o próprio Vítor Paulo Pereira que reto-mou o Festival Paredes de Coura no início dos anos 90, sendo sócio fundador da Ritmos, em-presa que organiza o festival. Com pouco mais de 40 anos, traz à autarquia a jovialidade e o arrojo necessários para dinamizar o concelho e atrair investimento.

“QUEM NÃO APOSTAR NA DIFERENCIAÇÃO NÃO CONSEGUE SOBREVIVER”

Segundo o edil da câmara de Paredes de Cou-ra, “temos que ser diferentes por dois motivos: ou por convicção ou por necessidade. Temos que construir modelos alternativos de desenvolvi-mento, caso contrário as terras acabarão por mor-rer lentamente. Eu acho que se for por convic-ção as coisas serão mais fáceis porque quem for a reboque terá mais dificuldades. Só uma pessoa visionária como o senhor Fortunato (Fly Lon-don) poderá ter a coragem de investir numa terra que não tinha nenhuma tradição na indústria do calçado; hoje vemos o retorno da sua ousadia. E é graças às pessoas que lideraram e lideram grupos empresariais como a Fly London ou a Doureca que Paredes de Coura é hoje uma terra com in-dústria, e isso dá segurança àqueles que queiram investir cá, uma vez que existe tradição, conheci-mento e tecnologia”.

“AS CÂMARAS MUNICIPAIS TêM DE TERVELOCIDADE INSTITUCIONAL”

Paredes de Coura é hoje um concelho com capa-cidade instalada em determinadas áreas industriais graças a uma compreensão do tempo dos empre-sários. “O que querem hoje os empresários? Res-postas rápidas e agilidade! As câmaras que conse-guirem dar respostas rápidas e eficazes acabarão por captar o reconhecimento dos empresários e terão maior capacidade de criar emprego do que aquelas que criam gabinetes de captação de inves-timento mas depois, no terreno, não se vê nada. Os gabinetes de captação de investimento têm que ser bem pensados, não basta criar incubadoras e seguir a moda do empreendedorismo. É preciso também valorizar a tradição e o conhecimento antigo e transformar isso em algo moderno, com ligação às novas tecnologias. Muitas vezes, temos que alicer-çar o desenvolvimento naquilo que é nosso e não querer competir no plano global, seja a nível da gastronomia, agrícola ou industrial”, afirma.

“ESTAMOS A APOSTAR EM PROJETOSAGRíCOLAS INOVADORES”

A agricultura tem também um papel importante

No concelho de Paredes de Coura existem dois parques industriais, o de Castanheira e o de Formariz. A instalação da Kyaia – indústria de comércio e calçado que produz os famosos modelos da marca Fly London, de elevada projeção internacional - contribuiu

positivamente para tal. O setor automóvel é também um setor estratégico para o concelho. Além da empresa Doureca, especializada nos campos da decoração e proteção dos automóveis, que emprega 142 trabalhadores e teve um volume de negócios em 2013 de 8 milhões de euros, o município acompanha no presente a implantação, em Paredes de Coura de uma nova empresa, a MGI – Coutier Lusitânia que será responsável pela criação de mais 80 postos de trabalho. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, o

Presidente da Câmara, Vítor Paulo Pereira, afirma que o seu grande objetivo é captar investimento para o concelho. Acredita que para o fazer a Câmara Municipal tem de ter velocidade institucional e acompanhar o ritmo dos empresários. é essa postura de ousadia e

dinamismo que tem assumido enquanto edil da Câmara de Paredes de Coura.

PAREDES DE COURA:Agilidade e Estratégia

no desenvolvimento da economia de Paredes de Coura. Para Vítor Paulo Pereira, “apesar de viver-mos num território de minifúndio, penso que há futuro também na agricultura”. Por essa razão, “es-tamos a apostar em projetos agrícolas inovadores”.Na opinião do autarca, “o que é preciso é atrair projetos interessantes, capazes de dinamizar, es-timular e mudar até a mentalidade das pessoas. Hoje é muito difícil aliciar os jovens a envere-darem por um projeto agrícola mas se existirem casos de verdadeiro sucesso podemos ter a cer-teza que o espirito de investir contagiará muita gente. Cria-se uma nova imagem de dinamismo que poderá motivar o sucesso dos outros. É esse o trabalho que temos que fazer aqui na câmara de Paredes de Coura porque esse é o maior desafio do concelho. Não só deste concelho mas de todos. Este é o grande desafio do país: fixar os jovens qualificados”.Vítor Paulo Pereira terminou esta conversa com um alerta: “a formação é essencial e se o governo cair na tentação de cortar na formação iremos perder muito”. E aproveita para deixar claro que “o grande salto que Portugal deu do ponto de vista educacio-nal foi dado em todo o país. Os territórios do inte-rior e de baixa densidade já não estão associados ao analfabetismo como antigamente. Pelo contrário, hoje dão muitos contributos ao país e têm muita massa crítica. Não são apenas Lisboa e o Porto que têm capacidade de gerar pessoas cultas e com capacidade empreendedora. A visão de associar o conhecimento e a inteligência aos grandes centros é provinciana. Já não vivemos no Portugal pitoresco e rural do século XIX, já não pertencemos ao país das vilas afastadas, queremos fazer parte de um Portu-gal diferente, não apenas de um Portugal moderno porque esse tem sido o nosso mal, e estamos aqui prontos para o futuro, quer acreditem na sincerida-de das nossas palavras ou não. Estamos preparados até para essas adversidades citadinas”.

AUTARQUIAS - DIFERENCIAÇÃO

Vítor Paulo Pereira

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Ponte da Barca é um verdadeiro paraíso loca-lizado no interior do Alto Minho, às portas do Parque Nacional da Peneda Gerês. Um concelho montanhoso, na margem esquerda

do rio Lima. Em tempos medievais, a região era conhecida como “Terra da Nóbrega”. O nome Nóbrega, de provável origem celta, indica local fortificado. Mais tarde, Ourigo Ourigues, que tanto quanto é sabido foi o primeiro governador da Terra da Nóbrega, edificou o castelo da Nóbrega sobre as ruínas do velho cas-tro, que servia de reduto defensivo da região. Nos séculos XII e XIII, o povoamento começa a descer às margens dos rios, sendo assim fundada aquela que viria a ser a vila de Ponte da Barca, marcada por um cruzamento de dois caminhos de ligação a Santiago de Compostela, um no sentido Norte-Sul, atravessando o rio, e outro no sentido Poente-Nas-cente, ao longo do rio. A história da vila está intei-ramente ligada ao atravessamento do rio Lima. Por essa razão, primeiro foi denominada de Barca, por-que o atravessamento era feito, na época, somente por uma barca e, posteriormente, Ponte da Barca, após a construção da sua primeira ponte. Com a construção da ponte, a localidade reforça também a sua importância no domínio comercial, constituin-do um relevante ponto de passagem, centro e eixo regional na direção do litoral.No património monumental, a ponte ocupa igual lugar de destaque por se tratar de uma das mais importantes pontes medievais do país da primeira metade do século XV. Pelo concelho, é possível en-contrar casas senhoriais, o Castelo e os Espigueiros do Lindoso, a Igreja Matriz, o Pelourinho, o Mer-cado Pombalino, as Igrejas dos Mosteiros de Bra-vães, Crasto e Vila Nova de Muía.

UM CARTÃO DE VISITA EM TONS DE VERDENão menos importante que o património monu-mental é o património natural do concelho. Cerca de metade do concelho faz parte do território do Parque Nacional da Peneda-Gerês e, por essa ra-zão, a paisagem do concelho imprime-se nos mais variados tons de verde e azul. Por todo o concelho, os rios e ribeiros, as albufeiras, as praias fluviais, as quedas de água e o esplendor da paisagem da Serra Amarela revelam imagens únicas e oferecem a pos-sibilidade de contacto directo com a natureza.As características naturais de Ponte da Barca têm sido bem aproveitadas para uso daqueles que procuram na natureza um refúgio para o ritmo acelerado do dia a dia dos centros urbanos. É as-sim disponibilizada uma variadíssima oferta de atividades ao ar livre, vocacionadas para pesso-as de todas as faixas etárias. O aproveitamento destas atividades de desporto, lazer e aventura favorecem a imersão no ambiente natural e nas maneiras de viver das populações locais, seja na

forma de trilhos pedestres ou atividades despor-tivas como BTT.“A localização natural privilegiada de Ponte da Barca tem de ser um incentivo ao desenvolvimento turístico deste território. Temos que saber dinami-zar aquele que considero ser o nosso “petróleo” - o Parque Nacional da Peneda - Gerês, para conseguir atrair cada vez mais pessoas para esta região do co-ração do Alto Minho”, salienta o autarca barquense. Vassalo Abreu reforça que “é uma enorme vanta-gem estar, precisamente, no coração do único par-que transfronteiriço, reserva da biosfera declarada pela Unesco. Aliás, em Portugal apenas sete conce-lhos o são e cinco são os concelhos que estão loca-lizados no Parque”, refere António Vassalo Abreu. (Exemplo do Gerês e Xurés. Ponte da Barca alberga a Porta do Lindoso - por onde passaram, nos pri-meiros dois anos mais de 50 mil visitantes, tendo cerca de 20 mil descido ao fundo da barragem do Alto Lindoso, mercê de um acordo com a EDP e que usufrui de uma biodiversidade invejável e mui-to apreciada pelos amantes da natureza. Na mata do Cabril, por exemplo, há azevinhos únicos no mun-do que precisam de sete pessoas para os abraçar).O epicentro é, obviamente, o Parque Nacional da Peneda Gerês, mas a ideia é complementar esta experiência com a diversidade e riqueza cultural, patrimonial e gastronómica de cada um dos muni-cípios envolvidos. E Ponte da Barca usufrui, neste plano, de inegáveis atrativos. Em primeiro lugar, a paisagem fabulosa, depois um importante acervo patrimonial, com uma das principais igrejas ro-mânicas do país localizada em Bravães, o mosteiro de Crasto e o mosteiro românico de Vila Nova de Muía. “Somos Caminho de Santiago, legado histó-rico e referência gastronómica”, refere.

AGENDA CULTURAL RECHEADAO Turismo continua a ser uma das principais apos-tas do Presidente da Câmara de Ponte da Barca. A agenda cultural do concelho mostra isso mesmo. Aos domingos, de março a junho, é dia de Fol-clore na Praça. Os grupos folclóricos e os artesões animam a Praça da República com a venda de

é em pleno coração do Alto Minho que se localiza o concelho de Ponte da Barca. Uma vila morena, de granito talhada, com construções apalaçadas onde vivem tradição e modernidade, podendo sentir-se o cheiro do progresso. Os louros dessa modernidade devem-se às suas gentes e, em muito boa parte, ao seu edil, António Vassalo Abreu, que assumiu no ano passado o terceiro mandato.

Natural de Esposende, o autarca iniciou o seu percurso político em Paredes de Coura, onde viveu durante 16 anos e onde fez parte da organização do primeiro festival de Paredes de Coura. Depois de alguns anos afastado da vida política, em 2005, candidatou-se à Presidência da Câmara de Ponte da Barca pelo Partido Socialista, foi eleito e mantém o cargo até hoje. A Revista Pontos de Vista foi

entrevistá-lo. O Turismo no concelho foi o grande tema desta conversa.

Já CONhECE Ponte da Barca?

produtos locais, artesanato e exibição espontânea de danças e cantares. Já às quintas-feiras à noite, realizam-se semanalmente as sessões denominadas de “Quintas na Barca”. Vai já na quinta edição este ciclo de conferências e tertúlias que visa promover debates informais sobre temas de importância local e global, contando com a participação de concei-tuados especialistas em vários domínios, sejam eles “A Arquitetura Popular e o Território”, o “Desen-volvimento Social e o Empreendedorismo” ou “O Turismo e Desenvolvimento Regional”.No próximo mês vai ser inaugurado no concelho um hotel de quatro estrelas com SPA que certa-mente originará um aumento do turismo em Ponte da Barca já a partir deste ano. A oferta de alojamen-to no concelho tem vindo a aumentar a olhos vistos de ano para ano. “Nos últimos dois, licenciamos 34 casas de turismo rural e de habitação. De acordo com a última estimativa, tínhamos, só em casas de turismo de habitação e rural, 241 quartos e um excelente parque de campismo, o que é excelente num território como o nosso”, orgulha-se António Vassalo Abreu. Entre os turistas que mais passam por Ponte da Barca, destaque para “os visitantes dos países do norte da Europa”, afirma.Um dos eventos mais atrativos é o festival Folk Celta que realizar-se-á, este ano, pela sétima vez, no fim de semana de 25 e 26 de julho, prevendo-se um aumento do público face ao interesse gerado no ano passado. A edição anterior movimentou à volta de 5 mil pessoas, um crescimento de mais de 40% face a 2012, ao qual assistiram cerca de 3500 espectadores. O festival decorre na praça Terras da Nóbrega, jun-to às margens do rio Lima. Para a Câmara de Ponte da Barca o grande objetivo é transformar o conce-lho na “capital da cultura celta”. O concelho tem forte ligações a esta cultura e, por isso, “há mesmo quem defenda que os celtas não vieram de lá para cá mas foram sim de cá para lá”, refere o autarca.Com mais tradição e por isso considerada mesmo a mais genuína romaria do Alto Minho, destaque também para a Romaria de São Bartolomeu de 19 a 24 de Agosto. Durante seis dias, a vila corporiza uma intensa semana de tradições, usos e costumes mais genuínos da região, como a gastronomia, o folclore, as concertinas, os cantares ao desafio, a fei-ra das tasquinhas e do artesanato, a feira do linho, os jogos tradicionais e muitas outras atividades. O momento alto acontece na noite de 23 de agosto, com o desfile e atuação das rusgas pelas ruas da vila, arrastando multidões e prolongando a folia por toda a noite. Os grupos que se formam são os grandes protagonistas da noite dedicada às danças e cantares populares, através das concertinas, dos bombos, dos cavaquinhos e outros instrumentos tradicionais. As rusgas desfilam, formam-se rodas de tocadores, dança-se o vira e canta-se à desgarra-da em plena rua.

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AUTARQUIAS - DIFERENCIAÇÃO

António Vassalo Abreu

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O nascimento do Programa da Bandeira Azul (PBA) foi em 1987, no Ano Europeu do Ambiente. A nível nacional o galardão é co-ordenado pela Associação da Bandeira Azul da Europa (ABAE) e já conta com 25 anos de existência!

A necessidade de se proteger o ambiente marinho e costeiro e incentivar a realização de ações conducentes à resolução dos problemas aí existentes foi a principal razão para o surgimento deste programa. A Bandeira Azul é um galardão que reconhece o esforço conjunto de várias entidades responsáveis mas também de todos nós como utentes e defenso-res da sustentabilidade ambiental dos locais que frequentamos. A qualidade das águas das zonas balneares tem evoluído favoravelmente em resultado de um conjunto de fatores, de que se salienta a melhoria das condições de recolha transporte e destino final das águas residuais das regiões em apreço. Tal facto faz com que emissões de águas residuais não tratadas e descargas “clandestinas” tenham sido drasticamente reduzidas. O ordenamento da orla costeira, por execução dos respetivos Planos (POOC) é também um fator relevante pela criação de infraestruturas adequadas de apoio aos ba-nhistas. Mas muito importante é, também, para se conseguir em praias com boas condições de qualidade de água, o comportamento dos utentes, para o que muito contribui o empenhamento das autoridades locais. Refira-se, porém que o mero cumprimento das exigências legais não é suficiente para obter uma Bandeira Azul já que os critérios, designadamente da qualidade, são mais exigentes dos que os legais. Assim, talvez a ambição, em particular das autarquias, de obter o reconhecimento da Excelência das suas praias,

O hASTEAR DA BANDEIRA AzUL

pois uma Bandeira Azul é um galardão de Excelência, seja um motor para que, de forma voluntária e por maioria de razão, seja garantido o cumpri-mento da legislação aplicável.O Programa de Vigilância desenvolvido com o apoio da Fundação Voda-fone Portugal é uma componente fundamental de todo este processo já que garante que, durante a época balnear, são continuamente verificados os critérios do Regulamento para a atribuição do Galardão. São 32 crité-rios, que incluem aspetos de gestão ambiental das praias, de educação am-biental, de segurança e equipamentos além do critério qualidade da água verificado laboratorialmente.Como Programa que se dedica á Educação para o Desenvolvimento Sus-tentável a Bandeira Azul procura sensibilizar e esclarecer sobre a necessi-dade urgente de alterações de comportamentos e atitudes perante as zonas marinhas e costeiras, áreas de grande fragilidade mas com muita pressão de atividades humanas. As cerca de 700 atividades de educação ambiental desenvolvidas pelos promotores das candidaturas à Bandeira Azul são tra-dução no terreno das condutas que devem ser interiorizadas e apercebidas por todos nós. Além das questões relacionadas com a proteção da biodiversidade e ecos-sistemas que envolvem as zonas balneares importa realçar e sensibilizar as populações para a fragilidade do litoral português e em particular o di-namismo da linha de costa que tanto tem sido debatido em vários fóruns derivado dos estragos de que foram alvo algumas praias do continente. As forças naturais aliadas aos impactos induzidos pelo homem ameaçam de forma determinante as ocupações dos estuários e zonas costeiras colocando em perigo vidas humanas e infraestruturas. O Programa Bandeira Azul em conjunto com as entidades que compõem o Júri procura refletir e ajudar na monitorização, ordenamento e formas de utilização destas áreas balneares a partir exatamente das atividades que vai propondo a serem realizadas pelos promotores nas suas praias e marinas conducentes a ações concretas e emergentes.Portugal detém um conhecimento científico e técnico sobre o dinamismo do litoral, uma história costeira, que deve ser considerada aquando do pla-neamento de intervenções a realizar para solucionar ou minimizar alguns impactos provocados pelas Alterações Climáticas, como seja a subida do nível médio da água do mar, com dados de base fiáveis e estudos credíveis que podem ser utilizados em cada caso particular de proteção ou defesa do litoral.

BANDEIRAS AZUIS- PRAIAS PORTUGUESAS

O Programa “Bandeira Azul” cobre não só as praias, marítimas e fluviais, mas é também um galardão para marinas e

embarcações de recreio que cumpram os critérios exigidos pelo regulamento e, no caso das embarcações, quando as respetivas tripulações se obrigam a um código de conduta

ambientalmente correto. O seu aspeto mais conhecido e referido é o das praias e o balanço é muito positivo já que todos os anos o número de candidaturas e de galardões atribuídos tem crescido. Este ano foram galardoadas 315

locais: 298 praias e 17 Marinas.

A OPINIÃO DE Catarina Gonçalves, Coordenadora do Programa Bandeira Azul

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As férias no Algarve são, desde há anos, a tradição portuguesa mais popular entre os turistas nacionais. Desde os festejos de Fim de Ano em dezembro às férias

dos meses de verão, passando pelas férias da Pás-coa, o Algarve tornou-se um destino cobiçado por quem gosta de fazer férias junto ao mar e não só. E, mal se vai sentindo um pouco de calor, milhares de portugueses rumam ao sul do país! A par deste crescimento do turismo nacional, o Algarve viu também crescer o número de turistas estrangeiros, que atualmente elegem esta região do nosso país para as suas férias. Recorde-se que o Algarve detém o título de melhor destino de praia da Europa, atribuído dois anos seguidos (2012 e 2013) nos World Travel Awards, e que só entre junho e setembro de 2013 a região conta-bilizou 8,7 milhões de dormidas, num total anual de 14,8 milhões.A Revista Pontos de Vista foi até ao Algarve, a esta região plantada a sul de Portugal e que é hoje um ex libris do turismo nacional e mundial. Um destino preferido por muitos. Um destino perfei-to para todos. Conversámos com Desidério Silva, atual Presidente da Região de Turismo do Algar-ve, e, ao longo desta conversa, percebemos que o trabalho que tem vindo a ser feito para continu-ar a colocar o Algarve no mapa dos principais destinos turísticos não é de agora, “tem sido ao longo dos anos”, e está envolvido num trabalho remetido para diversos players, agentes, atores, enfim, um conjunto de entidades e pessoas que juntas têm vindo a trabalhar em prol do Algarve e do nosso país. “Temos de continuar a promo-ver o Algarve como um dos principais destinos

turísticos. Este trabalho nunca acaba e é um enorme desafio, até porque o grande desiderato passa por tornar o Algarve num destino turístico durante todo o ano”, revela o nosso entrevistado, à frente dos destinos da Região de Turismo do Algarve desde novembro de 2012 e que assume que o balanço feito deste ano e meio é bastante positivo, até pela recuperação do que é a procura do Algarve por diversos mercados, “não só dos mercados tradicionais externos, mas também o português e espanhol, que são fundamentais e que acabou por criar uma dinâmica acima do que estava previsto”, revela Desidério Silva.

ALGARVE, MUITO MAISQUE SOL E PRAIA

É sabido que o Algarve tem nas suas praias e clima os principais cartões de visita. O desafio passa portanto por «pensar global», ou seja, por promover e potenciar outros produtos que estão ser procurados e valorizados. “Gastronomia, tu-rismo equestre, turismo de natureza, patrimó-nio, cultura, entre outros. Temos de agarrar essa diversidade e reorganizar os produtos dando-lhe um valor acrescentado, para que seja um com-plemento ao que são os nossos produtos «estre-la», o sol, a praia e o mar”. Mas de quem é essa responsabilidade? “De to-dos”, refere o nosso interlocutor, continuando, “o Algarve tem dado esse salto. Os agentes do setor perceberam que sozinhos não vão a lado

O Algarve é hoje um dos principais destinos de férias do mundo. Munido de condições naturais por excelência, sol e praia, o Algarve tem feito um trabalho de enorme qualidade, através dos seus players no domínio do turismo, que têm perpetuado a região como

um dos principais destinos turísticos, porque conhecer o Algarve é muito mais que uma simples visita, é um estado de alma, é uma experiência inesquecível e que vai querer repetir.

“qUEREMOS UM ALGARVEpara todo o ano. visite-nos!”

nenhum e neste momento o desafio do Algar-ve é reorganizar-se entre o público e o privado, promovendo o investimento. O quarto do hotel por si só já não chega. Tem de estar associado a um conjunto de ofertas e de experiências di-versificadas, pois é essa a grande valia da região”, esclarece o presidente do Turismo do Algarve, assegurando que em 2013 as receitas e o núme-ro de turistas e as dormidas aumentaram. E para este ano? “Todos os sinais apontam nesse sentido. Os mercados, nomeadamente o inglês, francês, irlandês, holandês e alemão têm dado indicações fortes na procura da região do Algarve. Assim, e neste contexto, penso que 2014 vai ser um ano de superação relativamente ao anterior. Acima de tudo pretendemos que o Algarve seja um destino para todo o ano, com a diversidade que possui. Não tenho dúvidas, temos fatores diferenciadores

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ALGARVE – DESTINO DE SONHO

O Algarve, um conviteO Algarve é a região de Portugal mais importante em termos turísticos. A que mais receitas recebe, sendo responsável, em termos globais, por mais de 35 % da fatura nacional do turismo ao nível de receitas e “isso marca a diferença. Por outro lado, a região tem vindo a afirmar-se em termos de qualidade de infra estruturas, de acessibilidades, de condições de segurança, de saúde, de ofertas turísticas, de produtos e serviços. Temos de perceber que atualmente o Algarve é uma imagem de mar-ca do país e as suas ofertas turísticas a imagem da região, preparada para receber visitantes e turistas durante todo o ano e para todo o perfil de turistas”, conclui o atual presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, não sem antes fazer um convite aos nossos leitores. “Não vão ficar defraudados. Venham visitar e desfrutar e venham comprovar que o que disse é realmente verdade”.

Desidério Silva

Cacela Velha

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Prémios e distinções da Região do AlgarveRanking da Tripadvisor: Top 10 Portugal, foram contempladas 8 praias do Algarve1. Falésia, Albufeira, Algarve2. Dona Ana, Lagos, Algarve3. Olhos d’Água, Albufeira, Algarve4. Meia Praia, Lagos, Algarve5. Praia da Rocha, Portimão, Algarve6. Guincho, Sintra7. Troia8. Marinha, Carvoeiro, Algarve9. Galé, Albufeira, Algarve10. Odeceixe, Aljezur, Algarve

Até junho de 2014 será efetuado um investi-mento de 2 milhões de euros na reposição de areia em sete praias. De forma a reduzir o risco associado às arribas e aumentar a segurança dos banhistas. Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, serão efetuados trabalhos de alimentação artificial das praias de Carvoeiro, Benagil, Nova, Cova Redonda (Lagoa), Castelo, Coelha (Albufeira) e Dona Ana (Lagos). No Algarve, também as praias da Salema, Meia Praia, Porto de Mós, Luz, Alvor, Quarteira, Monte Gordo e Manta Rota aderiram ao projeto Praias acessíveis e, ao cumprirem as exigências, foram galardoados com a bandeira “ Praia Acessível”.

claros de competitividade relativamente a outros mercados, que sendo inúmeras vezes mais aces-síveis, não são compatíveis com a qualidade que apresentamos a nível global”.

BANDEIRA AZUL – ALGARVE LIDERA(UMA VEZ MAIS)

Este ano a bandeira azul vai ser atribuída a 298 praias, das quais 18 fluviais e a 17 marinas, o que representa uma subida em termos globais a nível de praias de 8%. Como não podia deixar de ser, o Algarve volta a liderar a lista das praias galar-doadas com Bandeira Azul, símbolo europeu de qualidade e de segurança para os banhistas que será hasteada em 82 zonas balneares algarvias, mais 13 do que no ano passado. Numa análise célere, estes números significam que quase todos os areais algarvios vão poder orgulhar-se de te-rem a bandeira desfraldada ao vento na próxima época balnear, registando-se a entrada de mais 13 na lista da Associação Bandeira Azul da Europa, com destaque para Castro Marim, por recupe-rar este ano o galardão para as suas três praias após 10 anos sem distinções. Será este um fator diferenciador e agregador para a chamada de mais turistas? Desidério Silva não tem dúvidas de que “tudo o que representar uma mais-valia

Praia D. Ana

Marina de Vilamoura

Costa Vicentina

Surf Cordoama

Ria Formosa

ALGARVE – DESTINO DE SONHO

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identificada como algo valorizável é sempre uma vantagem e naturalmente as praias munidas com bandeira azul são um fator de escolha do turista”, afirma orgulhoso. Atualmente o Algarve possui muitas praias com bandeira azul, onde 87 são de ouro, ou seja, se a bandeira azul é atribuída pela entidade Bandeira Azul Europa, onde é necessário atingir 30 crité-rios, as praias de Ouro são da responsabilidade da Quercus, “que é extremamente exigente e ao identificar estas 87 praias grau ouro, obviamente que está a atestar a qualidade e excelência dessas praias ao nível da área, da água, das acessibili-dades, da recolha de lixo, entre outros. Isso são fatores diferenciadores e que revelam e bem a exigência que é imposta neste ponto no Algar-ve”, esclarece o nosso entrevistado, não sem antes realçar o trabalho que tem sido feito pelas autar-quias da região”. As praias do algarve têm uma

imagem fabulosa no mundo e tenho que registar o grande trabalho que as autarquias têm feito na valorização da frente marítima”.

A FIDELIZAÇÃO DO TURISTA – O PONTO FULCRAL

Não interessa ter um Algarve «apenas» como destino sazonal. Esse ponto já passou. Importa então realçar que é necessário criar um Algarve para todo o ano. Como? Fidelizando aqueles que por cá passam. De que forma? Desidério Silva tem a «receita». “Até podemos ir à procura de no-vos mercados e turistas, mas o mais importante é fidelizar os turistas que escolhem o Algarve e isso apenas se faz se forem bem recebidos, bem tratados, se tiverem as condições que entendem necessárias para descansar, para lazer e para ter novas experiências. Quem vem gosta e se gosta volta. Este é o grande papel da região do Algarve

Prémios - PubliturisPortugal Travel Awards 2013 • Vila Galé Lagos, na Meia Praia, em Lagoa (melhor hotel de quatro estrelas),• Dom José Beach Hotel, em Quarteira (melhor hotel de três estrelas),• Martinhal Beach Resort & Hotel,praia do Martinhal Sagres (melhor resort hotel)• Vila Joya, na praia da Galé, em Albufeira (melhor boutique hotel).

Prémios já em 2014• O Conrad Algarve foi considerado o “Melhor Hotel de Portugal” na edição 2014 dos pré-mios Boa Cama, Boa Mesa, ao ser distinguido com a Chave de Platina.

The Green Key – A Chave Verde – 2014Três hotéis algarvios amigos do ambientevão exibir este ano o galardãoThe Green Key – A Chave Verde.Os premiados na região são:• Hotel Vila Galé Albacora (Tavira) • Hilton Vilamoura As Cascatas Golf Resort & Spa ( Vilamoura).Conrad Algarve, na Quinta do Lago, que inte-gram uma lista de 52 unidades de alojamento distinguidas pelo programa de boas práticas ambientais The Green Key em todo o país.

e cada pessoa que trabalha no turismo pode fazer a diferença, cativando e convencendo de que esta é a região mais bem preparada no conjunto de ofertas turísticas”, assume, lembrando que hoje o fator «preço» deixou de ser tão relevante, algo que os operadores do setor já compreenderam. “Já perceberam que não podem baixar esse limite e acho que essa posição deve ser assumida, como tem vindo a ser. No Algarve o custo é inferior à qualidade do que a região tem para oferecer ao turista”.

Aljezur

Igreja de São Lourenço de AlmancilCastelo de Paderne

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Foi o primeiro ano em que a Pampilho-sa da Serra concorreu com três das suas praias para a obtenção de bandeira azul. Apenas a praia central da Pampilhosa da

Serra não foi alvo de candidatura por ser mais recente e, como tal, não preencher ainda todos os requisitos. “Temos uma riqueza paisagística enorme com três rios, três barragens e inúmeras praias fluviais ao longo de 400 km2. No entanto, temos apostado apenas em quatro delas para que tenham condições adequadas à prática balnear. Algumas das quais já foram objeto de outros galardões, designadamente o de Praia de Ouro atribuído pela Quercus, relacionado apenas com a qualidade da água. Outras, por sua vez, tinham já a classificação de praia acessível. Este ano, re-solvemos candidatar as praias de Janeiro de Bai-xo, Pessegueiro e Santa Luzia a bandeira azul, tendo sido aprovada a candidatura de todas. A da Pampilhosa da Serra, que também tem excelen-tes condições, não pôde ainda ser candidata por-que para que possa concorrer a esta distinção tem que ter pelo menos cinco anos de análise da água e, como é mais recente, tem apenas quatro anos de análise. Para o ano já se poderá candidatar e penso que também não ficará de fora”.De facto, a abundância de recursos hídricos e a sua qualidade fazem da Pampilhosa da Serra um território privilegiado para a prática balnear. A pureza das suas águas corre nos ribeiros, riachos e fontes mas é nos três rios que atravessam o concelho – Zêzere, Unhais e Ceira – que podem ser passadas as tardes quentes de verão nas praias fluviais aqui formadas.

CRITéRIOSA Bandeira Azul é um símbolo de qualidade ambiental atribuído anualmente apenas às praias e portos de recreio e marinas que cumpram um conjunto de critérios, divididos em quatro gru-pos. Para além da qualidade da água, a praia tem assim que estar dotada de informação sobre o programa bandeira azul, a qualidade da água balnear, a localização das áreas sensíveis e ecos-sistemas da praia, de uma mapa indicativo das diversas instalações e equipamentos existentes na mesma e de um código de conduta para os ba-nhistas. Mais do que isso, têm que ser realizadas pelo menos seis atividades de educação ambien-tal, isto no âmbito do critério da Informação e Educação Ambiental.Outro dos critérios diz respeito à Gestão Am-biental e Equipamentos. A este nível, existem

inúmeras regras que se prendem com aspetos como a realização de auditorias à praia, a limpeza da mesma, a existência de um Plano de Ordena-mento assim como de instalações sanitárias den-tro de determinadas normas obrigatórias. Neste domínio ainda, têm que ser proibidas nas praias em questão a circulação de veículos não autori-zados, as competições automóveis ou de outros veículos motorizados, a descarga de entulho e a prática de campismo. Um último mas não menos importante critério prende-se com a Segurança e Serviços, o qual obriga à existência de nadadores salvadores du-rante a época balnear, assim como de serviços de primeiros socorros, de planos de emergência para a possibilidade da ocorrência de acidentes que re-sultem na poluição da praia, de acessos seguros, de pelo menos uma fonte de água potável devida-mente protegida e, no mínimo, uma das praias do Município, tem que estar equipada com rampas e instalações sanitárias para deficientes motores.“A atribuição da distinção bandeira azul tem a ver com a qualidade da água mas também com os equipamentos de apoio existentes, com as

As limpas águas da região fazem da Pampilhosa da Serra local privilegiado para ir a banhos em água natural, num enquadramento paisagístico de exceção. Algumas destas piscinas são povoadas por belíssimos peixes, havendo casos em que as trutas são

frequentemente avistadas pelos banhistas. Este ano, três praias do concelho – Santa Luzia, Pessegueiro e Janeiro de Baixo - vão hastear bandeira azul pela primeira vez. O Presidente da Câmara, Jorge Custódio, orgulha-se, “são três praias da Pampilhosa da Serra

em apenas 18 praias do interior que têm bandeira azul”.

EM 18 PRAIAS FLUVIAISCOM BANDEIRA AzUL,

três são da Pampilhosa da Serra

iniciativas promovidas no que concerne à moti-vação das pessoas para a manutenção e limpeza das praias e, por outro lado, com a dinâmica que tem que haver em termos de animação da própria praia. Este papel cabe à autarquia”, explica.

A PROGRAMAÇÃO PARA 2014 E O DESPORTO

Ao nível da animação, a Câmara da Pampilhosa da Serra está a apostar em força na programa-ção para o verão 2014, de modo a que a oferta turística não se feche nas praias. “Teremos três ou quatro exposições temporárias; o novo museu recentemente inaugurado em funcionamento e, para além das festas do concelho, que atraem sempre muita gente, irá haver durante a semana - para que não colida com as festas tradicionais que há aqui à volta - as chamadas “Noites de Verão”. Ou seja, é montado um palco no centro da vila e todos os dias artistas diferentes irão atuar, o que funciona também como uma forma de promo-ver os nossos artistas aqui do concelho. Temos também programada animação diária na praia, não só através dos professores de ginástica do

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BANDEIRAS AZUIS- PRAIAS PORTUGUESAS

Jorge Custódio

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concelho, mas também animação musical e ou-tras iniciativas para que as pessoas se sintam bem neste espaço. Por exemplo, o campeão nacional de xadrez é aqui da Pampilhosa, vem sempre para cá nas férias e promove iniciativas na praia liga-das ao xadrez, o que tem sido muito agradável. Este ano certamente voltará a repetir-se! Portan-to, temos uma série de iniciativas que estão a ser preparadas para que as pessoas se sintam bem e venham cada vez mais à Pampilhosa da Serra”, afirma Jorge Custódio.Também para os amantes da natureza e dos desportos, a Pampilhosa da Serra propõe uma grande oferta de atividades para desfrutar das paisagens e sentir os aromas da natureza. Os vi-sitantes podem assim subir à serra e aproveitar os fantásticos percursos pedestres nas aldeias do Xisto ou dar um passeio de bicicleta pelos mais de 120 km de circuitos e trilhos. Outras opções são a escalada na Barragem de Santa Luzia ou a canoagem no Zêzere.“Temos feito também uma ligação forte ao des-porto, principalmente ao BTT. O nosso concelho tem estradas com pisos muito bons para o ciclis-mo, para além de que há pouco movimento de viaturas automóveis. Por essas razões, somos cada vez mais procurados para essa prática”, realça o autarca.O turismo tem de facto crescido a todos os níveis no município. A presença assídua nas mais im-portantes feiras de turismo a nível nacional, tais como a Bolsa de Turismo de Lisboa ou a Feira Nacional de Artesanato, nas quais a autarquia faz questão de marcar presença todos os anos, tem dado um importante contributo.“Um concelho como o da Pampilhosa tem duas grandes fontes de riqueza: a floresta e o turismo. Acresce agora também a questão das energias que temos sabido aproveitar, de forma que está cá instalado dos maiores parques de aproveita-mento da energia eólica da Península Ibérica. No âmbito do turismo, em territórios como este, em que não há poluição, com águas limpas e ar puro, temos que potencializar o turismo de na-tureza. Quem vive no litoral, mesmo não dispen-sando alguns dias de praia, procura também este contato com a natureza, em terras onde as gentes são extremamente acolhedoras, a gastronomia muito boa e onde podem descansar e divertir--se ao mesmo tempo. Estou convencido que es-tas ofertas vão ser cada vez mais procuradas e a mostrá-lo está o facto de que, em agosto, a popu-lação da Pampilhosa da Serra quintuplica, o que, para além de ser muito agradável, é incentivador porque mexe com todo o tecido económico do território”, conclui Jorge Custódio.

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Janeiro de baixo

Pessegueiro

Santa Luzia

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O TPEA é um projeto financiado pela Comissão Europeia através da DG Mare com o objetivo de desenvolver uma abordagem do orde-namento do espaço marítimo para a Bacia do Atlântico, olhando para as questões transfronteiriças e perspetivando a integração com a

gestão da zona costeira, permitindo apoiar os trabalhos em curso para a propos-ta do Parlamento Europeu e do Conselho para o estabelecimento da Diretiva do Ordenamento do Espaço Marítimo.O projeto é liderado pela Universidade de Liverpool, do Reino Unido, em co-laboração com a Direção-Geral de Política do Mar (DGPM), de Portugal, e envolve um conjunto de parceiros provenientes de oito entidades públicas e universidades na área do Atlântico designadamente Espanha, através do Mi-nistério de Agricultura, Alimentacion y Medio Ambiente (MAGRAMA), do Centro de Estudios y Experimentación de Obras Públicas (CEDEX), do Ins-tituto Espanõl de Oceanografia (IEO) e a Universidade de Sevilha (US), com a participação, na qualidade de perito, do Instituto Hidrográfico de la Marina, a Irlanda, através do Coastal and Marine Research Center, University of Cork (CMRC), e com a participação na qualidade de perito, do Maritime Institute, Portugal, através do CCMAR da Universidade do Algarve e da Universidade de Aveiro, com a participação, na qualidade de peritos, da Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. (APA, I.P.) e da Direção Geral de Recursos Naturais, Segu-rança e Serviços Marítimos (DGRM) e o Reino Unido, através do Depart-ment of the Environment Northen Ireland (DOENI), e com a participação, na qualidade de perito, do Department for Environmental, Food and Rural Affairs (DEFRA), e conta ainda com a participação de outros consultores ex-ternos, designadamente da OSPAR, da Comissão Arco Atlântico, do South Westhern Waters Advisory Council e da Secrétariat General de la Mer.O projeto assenta numa metodologia que procura dar resposta às questões que se colocam sobre a partilha de dados e informação, num contexto transfrontei-riço, olhando para a necessidade de assegurar uma articulação entre o espaço marítimo e o espaço terrestre, atenta às estratégias e prioridades nacionais e eu-ropeias. O envolvimento dos agentes interessados, ao longo do processo, foi con-siderada desde o início, permitindo enriquecer o projeto com a informação rele-vante para os diferentes setores de atividade representados, bem como permitir a sua sensibilização para a importância do ordenamento do espaço marítimo para a Economia do Mar assente num modelo de desenvolvimento sustentável. O projeto compreende duas áreas piloto selecionadas em dois ambientes geo-gráficos distintos: uma área piloto na Europa do sul, na região transfronteiriça do Guadiana, entre Portugal e Espanha, “Algarve – Golfo de Cádis”, e um área piloto na Europa do norte, na região transfronteiriça de Foyle, entre a Irlanda e o Reino Unido (Irlanda do Norte) “Costa Este - Mar da Irlanda”.Os diferentes contextos institucionais e administrativos, assim como caracte-rísticas ambientais e culturais distintas, justificaram que fossem desenvolvidas abordagens especializadas para cada uma das áreas-piloto, envolvendo um leque alargado de entidades e de agentes, de modo a refletir os seus interes-ses, preocupações e prioridades, e dar forma a um documento que possa ser orientador para a utilização do espaço marítimo em zonas transfronteiriças. Foi igualmente feita uma análise dos instrumentos e políticas com expressão, direta e indireta, no espaço marítimo, sendo de referir neste âmbito, e pela relevância que assume para Portugal, a Estratégia Nacional do Mar 2013-202 e a Lei de Bases do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo Nacional.Para o exercício de ordenamento do espaço marítimo e porque é necessário

ORDENAMENTO DO ESPAçOMARíTIMO TRANSFRONTEIRIçO

na área do atlântico europeu - Dia Europeu do Mar

existir um instrumento que apoie a visualização espacial dos usos e atividades, foi feita a sistematização e harmonização de um vasto conjunto de dados e informação relativo às características, usos e funções do espaço marítimo, tendo em vista a sua espacialização que conduziu ao desenvolvimento de um GEO-PORTAL, que constitui uma plataforma de visualização integrada, de apoio à gestão e disseminação da informação, podendo vir ser alargado a outros domí-nios de informação, como seja a monitorização ambiental e recursos marinhos, privilegiando uma visão integrada num contexto transfronteiriço.O TPEA integrará na sua fase final o desenvolvimento de um Guia de Boas Práticas para o ordenamento do espaço marítimo em regiões transfronteiriças, que refletirá os ensinamentos recolhidos e as recomendações que podem ser atendidas para uma abordagem integrada privilegiando uma utilização múlti-pla do espaço e a gestão de conflitos numa base de concertação.A reunião de arranque do projeto teve lugar em Lisboa, em dezembro de 2012, tendo o projeto uma duração de 18 meses e um orçamento global de 1.25M€. Na reta final de desenvolvimento do projeto, o EMD será a oportunidade para apresentar os resultados do TPEA, em dois momentos distintos, a 19 e 20 de maio, respetivamente numa sessão de trabalho onde será feita a partilha de ex-periências com os parceiros de outros projetos europeus sobre o Ordenamento do Espaço Marítimo no Contexto Transfronteiriço, desenvolvidos para as di-ferentes bacias marítimas, e numa sessão totalmente dedicada ao TPEA, onde serão apresentados os resultados alcançados nas áreas da Governação, na área da informação geográfica e desenvolvimento do protótipo do GEOPORTAL de suporte ao projeto e na área da participação através do envolvimento dos agentes interessados no processo de ordenamento do espaço marítimo em re-giões transfronteiriças e quais as perspetivas que se abrem para o futuro no que respeita à implementação das Boas Práticas e a evolução do GEOPORTAL como uma ferramenta de apoio à gestão e decisão no âmbito do Ordenamento do Espaço Marítimo no contexto transfronteiriço.No dia 19 de maio teve lugar a Sessão de trabalho “Valor acrescentado do Ordenamento do Espaço Marítimo transfronteiriço - lições de quatro bacias marítimas europeias” (Workshop “Added value from Transboundary Maritime Spatial Planning – lessons from four European sea basins”) e no dia 20 de maio, após o encerramento do DEM realizou-se um Showcase Project TPEA para divulgação dos principais resultados do Projeto. O projeto europeu sobre o ordenamento do espaço marítimo transfronteiriço na área do atlântico europeu vai ser apresentado no dia europeu do mar.

DIA DA MARINHA E DIA EUROPEU DO MAR E DOS OCEANOS

Por ocasião das Comemorações, em Bremen, na Alemanha, do Dia Europeu do Mar (20 de maio) foi promovida a apresentação pública dos resultados do Projeto de Ordenamento do Espaço Marítimo Transfronteiriço na área do Atlântico Europeu (TPEA -

“Transboundary Planning in the European Atlantic”).

A OPINIÃO DE Comandante João Ribeiro, Diretor-Geral de Política do Mar

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A lógica jurídico-institucional própria do modelo português, corpo-riza-se numa administração marítima (a Direção-Geral de Recur-sos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos), numa autoridade marítima (AMN) e num terceiro pilar que são as administrações

portuárias, e funciona num quadro de identidade própria mas também de complementaridade funcional, em total respeito pela legalidade material e pela prossecução do interesse público. Para o Estado, existem, claramente, vantagens objetivas em que a autorida-de pública, através das Capitanias dos Portos, tenha uma leitura uniforme da questão do maritime law enforcement, atuando, num mesmo quadro funcional, e com capacidade de decisão, em matérias como a avaliação das condições de navios que pretendem aceder a águas territoriais, a visita de entrada, o código internacional para a proteção dos navios e das instalações portuárias (Código ISPS) quanto a segurança de navios, pessoas e bens, executando-se, paralelamente, atos típicos de acesso a águas interiores e ao porto e proibição de saída de navios no âmbito do PSC. Um tal conceito

A AUTORIDADE MARíTIMA NACIONALEnquadramento conceptual, estrutura orgânica

e âmbito de competênciasassegura ao Estado ganhos de intervenção, além de uma visão de conjunto, acesso direto à informação e, consequentemente, maior eficácia em termos de controlo de riscos.O exercício da Autoridade Marítima implica a salvaguarda prioritária de seis grandes pilares do serviço público: 1. Uma autoridade administrativa que é o balcão de resolução de questões das comunidades ribeirinhas, e que seja, em formato unitário e comple-mentar, autoridade de conservatória de registo patrimonial marítimo e au-toridade de segurança de navegação;2. Uma autoridade que supervisiona e dirija, em termos funcionais, e locais, a intervenção do Estado ao nível do salvamento marítimo costeiro e socor-ro a náufragos, e o assinalmento marítimo, elementos fulcrais da segurança de pessoas e segurança da navegação;3. Uma autoridade pericial que, com recursos adequados e qualificados, procede a um conjunto de atos técnicos concernentes à salvaguarda da navegabilidade de navios e embarcações, sobretudo quanto a navios que pretendem aceder a águas territoriais em condições especiais e quanto às embarcações nacionais com determinada dimensão, e sua certificação;4. Uma autoridade à qual funciona agregada - mas com identidade, estrutura de comando e dependência próprias – uma autoridade de polícia e de polícia criminal, a Polícia Marítima (PM), que é o garante imediato, e eficaz, das determinações do capitão do porto e, no aplicável, do Ministério Público:5. Uma autoridade que, tendo competências cometidas em matéria de fis-calização dominial (faixa costeira, arribas, escarpas e espaços balneares) e patrimonial (bens patrimoniais subaquáticos), de segurança ambiental e de ocorrências de poluição marítima, tem como preocupações nucleares, no seu quadro de atribuições, a proteção e preservação do meio marinho, sendo, como tal, um contributo público essencial para o desenvolvimento económico de atividades marítimas, culturais, náuticas e turísticas.6. Uma autoridade que, nos seus espaços de jurisdição, é autoridade de socorro e emergência (Proteção Civil) e integra, nos termos definido, os órgãos de Segurança Interna.

DIA DA MARINHA E DIA EUROPEU DO MAR E DOS OCEANOS

Atuando no âmbito da maritime law enforcement num quadro de atividades que, no geral dos modelos orgânicos

existentes, é cometido às Guardas Costeiras, os órgãos e serviços da Autoridade Marítima Nacional (AMN), incluindo a Polícia Marítima (PM), assumem, em Portugal, um papel

nuclear na prossecução das atribuições públicas em matéria de maritime safety e maritime security. A AMN é, neste contexto institucional, a única entidade pública portuguesa à qual a lei comete, num mesmo âmbito funcional, além daquelas duas

matérias, funções específicas no âmbito da Segurança Interna e da Proteção Civil, e um vasto conjunto de competências

do foro técnico-administrativo que visam, basicamente, atividades registais de conservatória, de inscrição marítima, de

licenciamento e de controlo.

A OPINIÃO DE Direção Geral da Autoridade Marítima

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LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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ENTREVISTA VASCO CORDEIRO

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vASCOCORDEIROPresidente do Governo Regional dos Açores, afirma:

“O Mar tem assumido uma centralidade cada vez maior na política europeia. Nesta perspetiva, novos e importantes desafios colocam-se aos Açores neste domínio, os quais podem reforçar a importância geoestratégica da nossa Região.

Quem é o afirma é Vasco Cordeiro, Presidente do Governo Regional dos Açores, que nos deu a conhecer a relação íntima entre o arquipélago e o Mar. Quais as potencialidades? De que forma têm as mesmas sido aproveitadas?

“QUEREMOS SER UMA REFERêNCIANACIONAL NO APROvEITAMENTO

ECONóMICO DO MAR”

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O Mar é um elemento fundamental na vida da população dos Açores. Como descreveria este re-lacionamento dos Açorianos com aquele que é o seu mar?Um relacionamento natural, mas intenso, de quem vive o Mar como uma parte do seu território, e com a genuinidade de quem, desde sempre, retirou sustento e usou o Mar para se deslocar entre as ilhas e os continentes europeu e americano.O Mar faz parte da nossa história e da nossa ge-ografia, o que nos confere, simultaneamente, uma oportunidade e uma responsabilidade. A oportu-nidade de saber aproveitar todo o potencial deste enorme ativo, em todas as suas valências, desde as Pescas, o Turismo, a Bioprospecção e a Biotecno-logia, entre outras, com vista à geração de riqueza e à criação de emprego. A responsabilidade de saber fazê-lo de forma sustentável e em respeito pela preservação ambiental.

Se, no passado, Portugal se “divorciou” do Mar, hoje está a tentar recuperar o tempo perdido. De que forma se deve olhar para este recurso? Qual a importância de apostar num caminho de utilidade económica, mas sempre tendo em atenção as limi-tações ambientais e as oportunidades sociais?Registamos com entusiasmo a crescente relevân-cia que o Mar tem assumido na agenda política nacional e europeia. Como a mais relevante Re-gião do País, em termos marítimos, os Açores de-fendem uma estratégia sustentável para a Econo-mia do Mar. Neste sentido, o Governo dos Açores manifestou, desde sempre, interesse em colaborar de forma ativa nos desígnios da implementação da Estratégia Nacional para o Mar. Os Açores continuam empenhados e a trabalhar para que, enquadrados na Política Marítima Integrada da União Europeia, sejamos uma referência nacional e internacional na aposta e desenvolvimento do chamado “Crescimento Azul”. O Mar constitui, desde logo, uma alavanca para o crescimento e para o emprego. Portugal tem, no-vamente, uma oportunidade histórica para se afir-mar no desenvolvimento de uma estratégia para a Economia do Mar. Uma estratégia que deve ser baseada no conhecimento científico e tecno-lógico que permita tirar partido da exploração sustentável deste recurso. Por isso, defendemos,

em conformidade com os objetivos da estratégia Europeia 2020, uma aposta na Economia do Mar para promoção de um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

Tendo como base o chamado “Crescimento Azul” tem havido uma crescente consciência da impor-tância socioeconómica dos setores marinho e ma-rítimo para o progresso da Europa? O Mar tem assumido uma centralidade cada vez maior na política europeia. Nesta perspetiva, no-vos e importantes desafios colocam-se aos Açores neste domínio, os quais podem reforçar a impor-tância geoestratégica da nossa Região.O Mar dos Açores, enquanto Subárea da Zona Económica Exclusiva de Portugal, ocupa uma área total de cerca de um milhão de quilómetros qua-drados, constituindo-se como a maior da União Europeia e alargando as fronteiras do espaço co-munitário até próximo do continente americano. Essa importância é tanto mais significativa se atentarmos, desde logo, ao processo em curso de expansão do Canal do Panamá, que conduzirá a um aumento do tráfego marítimo internacional nesta zona do Atlântico.A história nesta parte do globo poderá ser rede-senhada muito em breve também através das ne-gociações em curso entre a União Europeia e os Estados Unidos para o estabelecimento de uma Parceria de Comércio e Investimento Transatlân-tico, incrementando ainda mais as trocas entre os dois maiores blocos comerciais mundiais.Os Açores constituem-se, assim, como a fronteira marítima oeste da União Europeia, num quadro em que o controlo marítimo de fronteiras e a com-patibilização dos usos tradicionais do Mar com o exercício de funções de vigilância e soberania as-sumem particular relevância. Por outro lado, é também no Mar dos Açores que têm sido conduzidos os projetos da Extensão da Plataforma Continental Portuguesa, em adiantada fase de investigação, que revelam o extraordinário manancial de recursos que se encontram aqui e que podem ser colocados ao dispor da Região e do País.Este processo vai determinar um novo mapa das soberanias e o aparecimento de um novo para-digma de Gestão Estratégica do Mar, fatores

decisivos e estratégicos para o desenvolvimento sustentável e económico da Região, para o posi-cionamento internacional de Portugal e para a sua afirmação hoje como potência marítima europeia.

No “negócio do Mar” quais sãos os principais veto-res estratégicos? A aposta no mar é cada vez mais o caminho para o crescimento económico do País? Julgo ser indispensável que o País assuma o Mar verdadeiramente como um ativo estratégico. Nos Açores, a estratégia assenta em princípios que nos

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ENTREVISTA VASCO CORDEIRO

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permitiram ser uma região única no contexto na-cional e até europeu, pela forma como nos relacio-namos com o Mar e com os seus recursos.Mas temos também vários desafios pela frente, como seja aumentar as mais valias dos produtos da Pesca, potenciar o nosso papel na navegação transatlântica, incluindo a de Turismo, prosseguir e acompanhar os esforços no desenvolvimento da biotecnologia marinha e na bioprospecção, poten-ciar a relação entre a inovação, a investigação cien-tífica e a economia. Estas são apenas algumas das prioridades mais óbvias.

Depois de terem sido apontadas algumas “omis-sões” em relação aos Açores, a Estratégia Nacional para o Mar, um documento que define as linhas de preservação e utilização sustentável dos recursos marinhos até 2020 em Portugal, ainda apresenta algumas lacunas? A Região participou ativamente em todo o pro-cesso de definição da Estratégia Nacional para o Mar, contribuindo para a superioridade con-ceptual dos seus conteúdos. Pugnamos pelo reco-nhecimento das nossas especificidades enquanto Região Autónoma, com órgãos de governo pró-prio e com direitos e deveres sobre o seu territó-rio marítimo concomitantes com o seu Estatuto. Foi um processo negocial exigente. As principais reivindicações do Governo dos Açores, antes praticamente ausentes, foram progressivamente sendo consideradas e incluídas na ENM, ain-da que, em alguns casos, não no exato formato pretendido. Ainda assim, a votação favorável da Região à proposta final de ENM mostra a de-terminação do Governo dos Açores em eleger os assuntos do Mar como um motor para impul-sionar o progresso da Região, no todo nacional. As especificidades marinhas e marítimas da Re-gião e o contributo exemplar que a região dá ao país e à Europa na conservação dos recursos, na produção de usos sustentável, no benefício mo-derno do seu património cultural marítimo ou no conhecimento científico das ciências do mar, diferenciam-na e especializam-na de forma inte-ligente na sua relação com o Mar.

Com base nos principais vetores da evolução econó-mica recente de Portugal, que oportunidades e de-

safios estão guardados para o mar? Neste cenário, qual continuará a ser o papel do Governo Regional dos Açores na afirmação do seu próprio mar?A Região tem condições para, no espaço de uma década, alcançar uma posição de referência na-cional em três áreas ligadas ao Mar: a sua afirma-ção internacional com um centro nevrálgico para as ciências do mar profundo, o turismo náutico e marinho e a promoção do aproveitamento co-mercial dos novos recursos do mar. Naturalmen-te, este desenvolvimento deve conciliar políticas de crescimento económico, de valorização dos recursos naturais, com outras de sustentabilidade ambiental e proteção das espécies e de ecossis-temas sensíveis. Queremos ser uma referência nacional no aproveitamento económico do mar com base na transferência e aplicação do conhe-cimento científico para as empresas, de modo a articular a inovação com a gestão ambiental.

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A campanha “Açores Entre-Mares”, pro-movida pelo Governo dos Açores através da Secretaria Regional dos Recursos Na-turais, já vai na sua quinta edição. Têm sentido que, efetivamente, tem havido uma mudança na forma como a socieda-de conhece, preserva e promove o Mar dos Açores? O envolvimento das organizações não-gover-namentais, das forças vivas da sociedade e da adesão voluntária da população nas ações desta campanha, demonstram-no. A título de exemplo, posso dizer que, em 2013, realiza-ram-se mais de 120 atividades relacionadas com o Mar, que envolveram mais de 160 orga-nizações e 3.500 pessoas em todo o arquipéla-go! Os Açorianos têm uma literacia marinha e marítima que os distinguem e o Entre-mares é uma iniciativa que aprofunda esse conheci-mento. Os Açores são uma referência incon-tornável no que concerne ao desenvolvimento sustentável e à preservação ambiental. Este é um trabalho permanente e que já permitiu à Região distinções relevantes como o recen-te prémio LIDE MAR e a obtenção do nível de Ouro do programa europeu QualityCoast.

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Nos séculos XV e XVI o ensino náutico em Portugal, em concreto o ensino da navegação e da cartografia náutica, era dos mais privilegiados e procurados no

país, muito pela ligação que os portugueses sem-pre tiveram com o mar. O ensino náutico evoluiu ao longo dos séculos, tendo já em pleno século XX, mais precisamente em 1924, sido criada a Escola Náutica, na dependência da Marinha de Guerra e cujo principal objetivo era formar oficiais para a marinha mercante. A actual ENI-DH - Escola Náutica Infante D. Henrique foi inaugurada em 1972, em Paço de Arcos, ano em que o ensino aqui praticado é oficialmente consi-derado de nível superior. Hoje, a ENIDH, é um estabelecimento de Ensino Superior Público Po-litécnico, tutelada pelo Ministério da Educação e Ciência, sendo responsável pela formação de Oficiais da Marinha Mercante que saem desta escola com competências reconhecidas de re-ferência para o mercado internacional. Mais do que um facto irrefutável, esta foi uma das muitas ideias defendidas por Luís Filipe Baptista, Presi-dente da ENIDH desde janeiro de 2014. Apesar de ser uma escola destinada a um setor de activi-dade específico, que já não tem a dimensão que outrora teve, a ENIDH orgulha-se de um passa-do rico que deve ser preservado. “A sua identida-de não deve ser perdida uma vez que dá forma-ção a um setor que é dos mais emblemáticos e tradicionais do país. Todos conhecemos a nossa história marítima, e só percebemos isso quando nos deslocamos ao estrangeiro. De um modo ge-ral somos vistos lá fora como um povo de mari-nheiros e, como tal, eles têm um grande respeito e admiração por nós”, afirmou. É por tudo o que esta escola simboliza, pela qualidade da forma-ção que disponibiliza e pela ligação que sempre fez questão de manter ao mar, que a ENIDH se orgulha de ser a única escola náutica do país e de ser o início do sonho de muitos jovens. A par de países como a Bélgica ou a Irlanda, Portugal é

um dos poucos países onde existe uma única es-cola náutica. A escola foi criada para formar Ofi-ciais para a Marinha Mercante e, por isso, é este o seu principal core business. Daí que os cursos mais emblemáticas sejam os de pilotagem e de engenharia de máquinas marítimas. “São estes os cursos que estão diretamente relacionados com a matriz original da escola”, acrescentou Luís Fi-lipe Baptista. Mas, atualmente, os cerca de 800 alunos que se cruzam neste espaço estão distri-buídos por uma variada oferta formativa que vai desde as licenciaturas, aos mestrados e aos cur-sos de especialização tecnológica. A trajetória recente desta instituição tem sido, sem dúvida, crescente. Se em 2006 estavam registados apenas cerca de 400 alunos, hoje este número duplicou, muito por força da entrada em vigor do Processo de Bolonha, o novo modelo de ensino superior. Até aqui a ENIDH traça um caminho diferen-ciador. “Temos a maior taxa de crescimento re-gistada de todas as escolas de ensino superior em Portugal nos anos mais recentes. Neste período, não há nenhuma instituição que tenha duplica-

é do senso comum que o Infante D. Henrique foi uma das figuras mais importantes da Era das Descobertas, sendo vulgarmente conhecido como Infante de Sagres ou O Navegador. Portugal deu, efetivamente, um contributo indelével à delimitação do Mapa

do Mundo e é, por estas e por outras razões, que hoje, séculos decorridos, o povo português deve sentir um genuíno orgulho do seu passado marítimo. Esta é uma das bandeiras erguidas pela Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, a única escola

superior pública que forma Oficiais da Marinha Mercante e quadros superiores para o setor Marítimo-Portuário nas áreas das novas tecnologias, Intermodalidade dos transportes, Gestão e Logística. A Revista Pontos de Vista foi a Paço de Arcos e leva-o nesta viagem.

UMA ESCOLA COM IDENTIDADErumo ao futuro

do o número de alunos, um resultado que traduz o esforço da escola para atrair mais estudantes e de lançar novas ofertas formativas”, defendeu o Presidente. Atenta aos desafios que o mar tem trazido aos portugueses, a ENIDH tem sabido adaptar a sua formação às necessidades do mercado. É neces-sária uma constante actualização, pois só assim será possível formar profissionais capazes de dar resposta às solicitações dos empregadores. No que se refere aos cursos para Oficiais da Marinha Mercante, importa seguir os parâmetros exigi-dos internacionalmente. “Temos a preocupação de acompanhar todas as exigências de formação que são estabelecidas pela IMO, que é o orga-nismo das Nações Unidas que regulamenta toda a atividade marítima”, evidenciou o responsável. Ainda no campo da oferta formativa, são es-peradas novidades. Perante novas realidades, a ENIDH espera introduzir novas formações, no-meadamente na área da engenharia electrotécni-ca naval. “Há um novo perfil profissional que já existe mas que ainda não está regulamentado em Portugal. Trata-se do oficial eletrotécnico que os navios já estão a precisar”, afirmou. A par disso, com o aumento das instalações offshore e com o incremento do turismo náutico e dos navios de cruzeiros, a ENIDH irá dar as melhores respos-tas possíveis à falta de profissionais qualificados para estas áreas. “O setor marítimo tem necessi-dade de profissionais qualificados e nós, enquan-to escola de referência do setor, temos de estar atentos às novas realidades e trabalhar no sentido de criar novas ofertas formativas”, concluiu Luís Filipe Baptista.

ALTA EMPREGABILIDADEDe acordo com informações divulgadas pela Direção Geral do Ensino Superior, os cursos da ENIDH apresentam dos índices mais baixos de desemprego, comparativamente a todas as insti-tuições de ensino superior público. No momento em que um jovem escolhe o seu futuro profissio-nal, este é um dado que pesa na decisão, muito embora poucos saibam que, na comunidade eu-ropeia, existe uma escassez enorme de Oficiais da Marinha Mercante. É uma realidade desco-nhecida e, no momento em que as grandes com-panhias solicitam estes profissionais, não conse-guem encontrar no mercado europeu a resposta que procuram. Daí que, uma escola que apresente uma taxa de desemprego a rondar os três pontos percentuais é, de um modo geral, um fator bas-tante atrativo. “No caso da marinha mercante, os nossos jovens conseguem arranjar facilmente

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DIA DA MARINHA E DIA EUROPEUDO MAR E DOS OCEANOS

Licenciaturas:- Pilotagem;- Engenharia de Máquinas Marítimas(Curso Diurno);- Engenharia de Máquinas Marítimas(Curso Noturno);- Engenharia de Sistemas EletrónicosMarítimos;- Gestão de Transportes e Logística;- Gestão Portuária.

Luís Filipe Baptista

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emprego e, mesmo nos cursos da área de gestão, têm conseguido encontrar o que procuram na área dos transportes ou nos portos, o que signi-fica que há uma perceção bastante positiva por parte dos empregadores acerca da qualidade dos nossos diplomados. Eles reconhecem os profis-sionais que daqui saem, sabem que são bastan-te qualificados e têm vontade de os contratar”, constatou.

OBJETIVOS ESTRATéGICOSLuís Filipe Baptista está à frente dos destinos da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique há relativamente pouco tempo e, como tal, a tarefa atual é a de “arrumar a casa”. Fora isso, aquando da sua candidatura, Luís Filipe Baptista definiu cinco objetivos estratégicos para implementar ao longo da sua gestão. São eles: formação, inves-tigação, relacionamento com o exterior, interna-cionalização e gestão escolar. A ENIDH é, hoje, um centro de transmissão e criação de cultura, ciência e tecnologia por excelência e é necessário preservar esse legado. No que se refere à qualifi-cação da formação aqui dada e para que os cur-sos tenham a credibilidade merecida, a direcção está a trabalhar para que tal seja possível junto da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. “Também estamos a trabalhar para ga-rantir uma maior qualificação e estabilização do

corpo docente e, como tal, iremos arrancar breve-mente com os concursos para a carreira docente. Além disso, pretendemos melhorar as condições para os alunos, nomeadamente a biblioteca, o campus e as condições de ensino. Estamos aten-tos e vamos desencadear um conjunto de obras necessárias para recuperar o campus escolar”, acrescentou. No campo da investigação, a ENIDH pretende desenvolver alguns projetos em colaboração com outras escolas e empresas, de modo a submete--los ao próximo quadro comunitário. Tal daria maior visibilidade à instituição e aos seus cerca de 20 doutorados. No plano da internacionaliza-ção, um dos objetivos consiste em desenvolver a cooperação com as escolas de formação marítima de alguns países lusófonos, nomeadamente Cabo Verde, Angola e Moçambique.

Tudo está a ser feito para garantir aos alunos, os do presente e os do futuro, as melhores oportu-nidades profissionais. Para tal, importa preservar o que se respira naquele espaço. “É necessário apostar nesta escola, valorizá-la e apoiá-la por-que forma profissionais competentes para um se-tor que tem dado ao longo dos anos um enorme contributo para o desenvolvimento da economia nacional”, concluiu.

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Mestrados:- Pilotagem;- Engenharia de Máquinas Marítimas;- Sistemas Eletrónicos Marítimos;- Gestão Portuária.

Especialização Tecnológica:- CET em Eletrónica e Automação Naval;- CET em Manutenção Mecânica Naval;- CET em Exploração do Transporte Rodoviário de Mercadorias;- CET em Turismo Náutico.

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COOPERATIVA DE UTENTES DE SEGUROSAntes do mais, é importante realçar o principal fator institucional diferen-ciador entre a Mútua e os seguradores convencionais, que resulta da sua organização cooperativa; a qual permite, por um lado, que sejam os próprios cooperantes a dirigir os destinos da instituição (designadamente elegendo e sendo eleitos para os órgãos sociais), e por outro, que os resultados sejam utilizados no interesse coletivo (onde se incluem vantagens acrescidas nos contratos de seguro).

GRANDE ASSOCIAÇÃO MARíTIMAEsta dinâmica cooperativa tem uma continuidade natural junto de todos os que se dedicam às atividades marítimas, sejam profissionais, lúdicas ou des-portivas, das organizações e entidades de tutela, nos vários setores do mar.Tendo cerca de 100 dirigentes, 15 escritórios, dezenas de colaboradores e milhares de cooperantes, segurados e pessoas seguras, em toda a costa por-tuguesa, a Mútua estuda no terreno e desenvolve, depois, quase sempre em parceria, as ações que potenciam o bem-estar das comunidades ribeirinhas.Ilustram estas afirmações, a título de exemplo, a participação ativa da Mútua, quer no plano institucional e legislativo, quer na ação prática, as questões relacionadas com a segurança marítima, tais como a formação em segurança marítima, o uso de coletes de salvação e o desassoreamento de portos e barras.

SEGURADOR LíDER DA PESCAA Mútua foi criada para servir a pesca, sendo desde meados dos anos oiten-ta do século passado, líder nos seguros para esse setor.A sua génese e vocação, aliados a uma forte penetração junto das comu-nidades piscatórias e das entidades representativas do setor, foi gerando

COM OS OLhOS NO MAR

uma crescente especialização, que lhe permitiu ir moldando os produtos mais adequados às necessidades dos armadores e pescadores. Atualmente, produtos como o nosso Segurpesca XXI (uma combinação dos seguros e coberturas obrigatórias de Acidentes de Trabalho, Acidentes Pessoais, Per-da de Haveres e Compensação Salarial) são referências para a classe. O mesmo se poderá dizer quanto aos seguros das embarcações de pesca e das coberturas de P&I.

MAIOR SEGURADOR DE MARíTIMO-TURíSTICASempre na perspetiva de aprender com o próprio mercado, em poucos anos a Mútua desenvolveu bons, competitivos e desburocratizados pacotes de coberturas obrigatórias (Responsabilidade Civil, Acidentes Pessoais e As-sistência no estrangeiro), para além dos seguros das próprias embarcações, destinadas a esta importante atividade, que lhe valeram o reconhecimento

dos operadores.

SEGURADOR DE REFERêNCIANAS EMBARCAÇõES DE RECREIO

Só a partir do início desde século a Mútua ini-ciou a oferta de seguros nesta área, mas já detém uma quota de mercado muito significativa.Alguns milhares de aficionados da náutica de re-creio confiam na Mútua os riscos infortunísticos de Responsabilidade Civil (obrigatório), Ocu-pantes, Assistência e Embarcação.

PRESENÇA NO CLUSTER DO MARNo mar desenvolvem-se também outras ativida-des profissionais, tais como a aquacultura, e ativi-dades lúdicas e desportivas, como seja o mergu-lho, às quais a Mútua responde afirmativamente.

INTERVENÇÃONAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS

Armazéns de pesca, clubes náuticos, associações de armadores e pescadores, lojas de materiais de pesca, restaurantes e atividades recreativas, entre muitas outros, contituem igualmente fonte de intervenção da Mútua dos Pescadores, sempre com os pés em terra e os olhos no mar.

DIA DA MARINHA E DIA EUROPEU DO MAR E DOS OCEANOS

A Mútua dos Pescadores, que nasceu em 1942, é o primeiro e único segurador português sob a forma cooperativa,

especialmente vocacionado para o mar e a economia social. Nos parágrafos seguintes, vamos transmitir uma ideia da

importância do mar para a Mútua, bem como do contributo da Mútua para o desenvolvimento das atividades marítimas.

A OPINIÃO DE Adelino Cardoso – Mútua dos Pescadores

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Stefan Löblich é de Viena, Áustria. Mas, depois de ter passado por Portugal através do Programa Erasmus, rendeu-se a este país e resolveu voltar, em 1998. Desde

então, foi acompanhando todo o processo de se-lagem das antigas lixeiras, de impermeabilização e construção de novos aterros e foi conhecendo muitos profissionais desta área. Foi, assim, adqui-rindo o know how que lhe permitiu, em 2008, concretizar um sonho que se materializou numa empresa denominada por AST e que se dedica a soluções e serviços de ambiente. Hoje, com uma equipa composta por sete engenheiros, a AST tem feito nome não só em Portugal, mas também no Brasil, Espanha e Angola. No final do ano passado, a AST celebrou, aliás, um contrato para o tratamento de lixiviado num aterro sanitário na zona de Rio de Janeiro, no Brasil. Com Espanha, a equipa iniciou o trabalho em 2009 a realizar um contrato com a FCC. Já Angola, através do Programa “Água para Todos”, que tem como principal objetivo aumentar a produção agrícola nas zonas rurais do país, a AST tem contribuído através da sua tecnologia de purificação de água potável, fornecendo sistemas de bombagem sola-res e sistemas de Ultrafiltração.“Crescemos muito na área do tratamento de li-xiviados, um segmento onde acumulamos muita experiência, e acredito que somos a equipa mais competente a operar em Portugal”, garantiu o Diretor Geral. Neste mercado é, sem dúvida, o antigo método do “passa a palavra” que tem fun-cionado melhor. “A rede de conhecimentos dos portugueses é muito boa e, ao integrarmo-nos nessa rede, foram surgindo pedidos de consul-ta, contactos e oportunidades”, explicou. Sendo austríaco, Stefan Löblich continua a manter um contacto permanente com o seu país, através de parcerias mais direcionadas para fornecedores. Mas, em qualquer um dos mercados em que está presente, a AST, especializada no tratamento de lixiviados e no tratamento de águas por sistemas de membranas, é incansável na procura de solu-ções e tecnologias o mais avançadas possível, ten-do sempre em mente uma perfeita simbiose entre a vertente ambiental e o custo dos investimentos dos seus clientes. Uma tarefa que nem sempre é fácil. “Os custos para tratamento, necessários para melhorar o ambiente, são, em muitos casos, um custo para o cliente que não traz uma mais valia, ou seja, ele tem gastos mas não vai ter um

retorno para si em concreto mas sim para o bem geral uma vez que está a proteger o ambiente. Se ele descarregar o seu esgoto no rio, naturalmente que isso trará sérios problemas ambientais”, afir-mou Stefan Löblich. Face a este cenário, a AST tem soluções económicas e competitivas mas tem perfeita consciência que as imposições legais são parte do motor deste negócio. “.Mas uma coisa é dada como garantida. Depois de escolherem a AST, terão sempre uma assistência técnica per-sonalizada e permanente. Mais do que alugar ou adquirir um equipamento, é preciso saber operar e mantê-lo, ou seja, garantir a sua continuidade, e a equipa da AST dá essa resposta. Aliás, em período de contenção económica, o facto de ofe-recerem ao cliente a possibilidade de aluguer é uma oportunidade que tem sido cada vez melhor aproveitada. Se tem dúvidas quanto ao perfeito funcionamento de um equipamento esta é a so-lução. “Não tem de fazer grandes investimentos nem tem de se comprometer com a banca. Aluga e depois vê se funciona conforme as expetativas e se há interesse em efetuar a compra. Neste mo-mento, temos cinco máquinas alugadas, entre Portugal e Espanha”, referiu. Nas anteriores empresas onde queria apresentar esta solução, Stefan Löblich acabava por ter uma resposta negativa devido à magnitude do investi-mento em questão. Já na AST, passo a passo, foi juntando o capital necessário, chegando mesmo a candidatar-se a um QREN para a mesma mas o percurso acabou por ser feito sem qualquer ajuda financeira. Depois de construída, “a ideia era levar a máquina à indústria para demonstrar a capa-cidade desta tecnologia para tratar águas residu-ais. Tem existido algum interesse mas os custos ainda são elevados e, atualmente, a máquina está a ser usada em Espanha”, referiu o responsável. Mas, afinal, em que consiste este equipamento? “Trata-se de um sistema de osmose inversa que

Especializada no tratamento de lixiviados por Osmose Inversa, a AST – Soluções e Serviços de Ambiente conhece as necessidades dos seus clientes e, de acordo com as mesmas, procura dar as soluções e tecnologias mais avançadas. Foi em 2008 que tudo nasceu,

tal como nos contou Stefan Löblich, Diretor Geral da AST.

“CONSTRUIR MAIS E MELhOR”

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DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

Stefan Löblich

filtra a água ao nível dos sais. As membranas são tão finas que só deixam passar as moléculas de água e tudo o resto é retirado”, explicou. O sis-tema não é uma inteira novidade. No entanto, o facto de ser móvel, de se poder aplicar pressões muito elevadas, de ser equipada com membranas de osmose inversa, nanofiltração ou ultrafiltração e, por fim, de conter um nível elevado de controlo para uma constante análise do processo, confere a esta máquina o conceito de inovadora.Em Portugal desde 1998, Stefan Löblich sente que houve uma mudança de consciência. Se, no passado, era comum ver uma pessoa deitar lixo pela janela das viaturas, hoje essa atitude é pon-derada. Mesmo assim, apesar de acreditar que os mais jovens já têm essa mentalidade. O respon-sável defende que ainda há um longo caminho a percorrer ao nível dos mais velhos e das forças políticas. Stefan Löblich deu um exemplo: “os novos aterros que foram feitos em Portugal têm fiscalizações muito apertadas e recebem multas por qualquer razão. Por outro lado, os aterros que não têm qualquer tratamento e nunca declararam que têm águas residuais, não são fiscalizados. Na minha opinião, deveria haver uma fiscalização na base do bom senso e da lógica e, a partir daí, muita coisa poderá melhorar”, afirmou. Além disso, Ste-fan Löblich criticou ainda o setor da agropecuá-ria em Portugal. “Em países como a Áustria ou a Alemanha já existe uma alta percentagem de agri-cultura biológica e tratamentos dos resíduos deri-vados da indústria agropecuária. Em Portugal, a agricultura ainda é bastante industrial e os dejetos dos animais são enviados para o rio ou aplicados em excesso nos solos”, defendeu. Apesar de tudo, o respeito pelo ambiente já está mais enraizado no quotidiano dos portugueses e, para tal, a AST, que tem em vista o incremento da sua internacionali-zação graças a um QREN aprovado, quer conti-nuar a “construir mais e melhor”.

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A Generali - Companhia de Seguros assume-se atualmente como um dos principais players de mercado no setor dos seguros, sendo uma marca reconhecida pelos padrões de qualidade e exce-lência que impõe na sua dinâmica diária. Desta forma, que análise perpetua do mercado em que atuam, e quais as principais características da marca (Generali) e que lhe têm granjeado a possi-bilidade de assumir uma posição de destaque em território nacional no seu setor de atuação?O mercado segurador é um mercado extrema-mente competitivo, com solidez financeira e ca-pacidade de resposta às diferentes adversidades. Desempenha um papel fundamental na econo-mia e o seu impacto económico e social é deter-minante para impulsionar a atividade económica nos mais diversos setores de atividade. Em cons-tante mudança, o mercado segurador tem tido a capacidade de acompanhar as tendências, os esti-los de vida e os novos comportamentos, quer do consumidor, quer dos parceiros de negócio. O su-cesso da Generali no mercado segurador advém de um conjunto de valores e princípios orienta-dores, que nos conduzem no desenvolvimento da nossa atividade. Na Generali procuramos acima de tudo oferecer um serviço de qualidade supe-rior apoiado na rede de Mediação, assente num relacionamento duradouro e de confiança que proporcione ao cliente a solução ideal para o seu caso em concreto.

É no tratamento personalizado e singular da Ge-nerali perante os seus clientes que assenta a sua forma de atuação e por conseguinte de sucesso? Também, mas não só. É verdade que a forma de atuação da Generali assenta em abordar cada cliente como um consumidor singular, com ca-racterísticas e necessidades únicas, mas, para al-cançar o sucesso é preciso uma equipa motivada, a trabalhar em conjunto, focada no cliente e em proporcionar um serviço de excelência.

O que possui a Generali que as outras congéneres de setor não detêm? A Generali tem quase dois séculos de história e é um dos maiores prestadores de seguros do Mun-do. Uma seguradora internacional que opera des-de 1831, que ultrapassou grandes crises mundiais e continua a fazer história é um grande legado e segurança. Existem poucas marcas com este po-der. A Generali é efetivamente uma Marca com reputação e segurança.

Os dados mais recentes mostram como o setor se-gurador está a sofrer o impacto da crise económi-ca e financeira, mesmo tratando-se de um merca-

do maduro. De que forma tem a atual conjuntura sido adversa ao setor? O setor segurador não é diferente dos outros setores quando se fala em crise. É natural que a crise tenha tido impacto no setor, mas apesar de tudo o setor soube reagir. É fundamental encon-trar o equilíbrio perfeito para que os resultados técnicos de cada ramo se mantenham sólidos e com boa performance. Iremos manter a estraté-gia e o rumo que traçámos, assentes em políti-cas comerciais que incrementem o crescimento sustentável e que proporcionem ao cliente o nível de serviço desejado. O Foco da Generali é cada vez mais o cliente, quer particulares como empresas, onde as soluções que mais segurança, comodidade e nível de serviço proporcionado ao

“Acompanhar as novas tendências de consumo, as novas tecnologias e acima de tudo estar preparado para estar onde está o cliente. O futuro é o multiacesso e torna-se fundamental criar os mecanismos adequados de interação entre o cliente, mediador e

companhia de seguros”, assume Santi Cianci, CEO da Generali - Companhia de Seguros, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Mais do que uma marca, a Generali – Companhia de Seguros é hoje o paradigma da excelência e do rigor. Saiba mais sobre a marca e

porque é o setor dos seguros cada vez mais essencial para o país.

“A GENERALI É EFETIVAMENTEuma Marca com reputação e segurança”

cliente façam a diferença. Sempre apoiadas por uma rede de mediação experiente, profissional e de confiança.

Sendo um setor de enorme vitalidade e funda-mental para a economia do país, que medidas de-veriam ser criadas no sentido de apoiar o setor se-gurador e por conseguinte os diversos players de mercado? Acredita que essas medidas ainda não estão colocadas em prática? Encontra alguma ra-zão para esse facto? Que consequências poderão advir desse cenário? Deve ser garantida a justa concorrência de mer-cado evitando práticas concorrenciais demasiado agressivas e mesmo dumping. As Seguradoras devem fazer uma profunda auto crítica e ao mes-

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O MOMENTO ATUALDO SETOR SEGURADOR

Santi Cianci

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mo tempo existir debate entre os diversos players para evitar o declínio dos resultados técnicos em ramos como o Auto e Acidentes trabalho..Deve ainda ser criado um ambiente de mercado que desincentive a fraude.

Apesar dos evidentes obstáculos o setor tem sabi-do ultrapassar algumas das dificuldades existen-tes, seja pela consolidação da posição das segu-radoras que atuam no mercado, seja pela fusão de companhias, reorganizando assim o mercado. Na sua opinião, quais são as principais razões que tem levado este setor a conseguir ultrapassar os períodos de dificuldade? O setor segurador possui uma enorme capaci-dade e solidez financeira. Os elevados padrões de conduta da atividade e a gestão prudente dos ativos têm sido fundamentais. Mas também as estratégias comerciais implementadas, a diversi-ficação da oferta de soluções de segurança pro-porcionadas aos clientes.

A Generali sentiu também essas dificuldades? De que forma as contornou? A qualidade de serviço foi uma das apostas da companhia? De que for-ma procuram escutar os testemunhos dos vossos clientes e agentes para compreender os pontos onde devem melhorar? Sim. Na Generali também sentimos as dificul-dades decorrentes da crise, mas continuámos a crescer e a alcançar excelentes resultados. A qualidade do serviço não foi uma das apostas da companhia, a qualidade do serviço é um prin-cípio que rege a postura da Generali perante os seus clientes. Acima de tudo procurámos colocar cada vez mais o cliente no centro das atenções e melhorar ainda mais a nossa capacidade de resposta. Focámo-nos na fidelização do cliente, apoiando os canais de distribuição no desenvol-vimento de soluções multiacesso que permitam a melhoria da interação com o consumidor. Os testemunhos dos nossos clientes e agentes são essenciais para melhorarmos e evoluirmos. Consciente dessa necessidade a Generali conta já há alguns anos com a colaboração de um Comité Consultivo de Agentes onde são analisados e de-batidos regularmente os temas mais pertinentes e as situações que podem ser melhoradas.

Conseguiram aumentar a vossa quota de merca-do? Em algum setor específico? Se sim, em qual? Existe algum setor ou setores dentro dos produ-tos/serviços oferecidos pela Generali que vá ser alvo de maior atenção da vossa parte em 2014? O Grupo Generali em Portugal terminou o ano de 2013 com uma faturação de € 185,7 Mi-lhões (+11,2%), € 130,7 Milhões nos Ramos Reais (+2,4%) e € 54,8 Milhões no Ramo Vida (+39,7%), ultrapassando claramente o objetivo traçado para 2013 de € 180 Milhões. A Quota de Mercado da Generali em Portu-gal, nos Ramos Reais é agora de 3,5% e 0,6% no Ramo Vida. A Generali foi a companhia de seguros, não ligada a uma entidade bancária, com maior crescimento da Quota de Mercado

nos Ramos Reais. Todos os produtos merecem a nossa maior atenção, mas em virtude das alte-rações na segurança social e na saúde, os ramos de Saúde e Fundos de Pensões / Capitalização merecem especial atenção. São seguros que têm cada vez maior importância e em que existe uma necessidade maior por parte do consumidor.

A Associação Portuguesa de Seguradores apre-sentou recentemente o seu relatório “Pessoal da Atividade Seguradora” que vem demonstrar que o setor segurador dá garantias de estabilidade no emprego, cria condições de trabalho para re-ter talentos, cria emprego qualificado e fomenta o equilíbrio entre trabalhadores homens e mu-lheres. Desta forma, como comenta estas conclu-sões? De que forma tem a Generali apostado for-temente nos seus recursos humanos para assim conseguir continuar a singrar? As pessoas, o seu profissionalismo e competência são dos fatores mais fundamentais para a nosso bom desempenho. A Generali criou em 2011 a Academia Generali, um projeto que tem como principais objetivos a orientação para uma cul-tura de sucesso e empenho, dotando os cola-boradores de conhecimentos, competências e ferramentas nas áreas mais importantes para o desenvolvimento do negócio. Recentemente a Academia Generali passou a ser reconhecida pela sua capacidade para realizar formação certificada nas áreas temáticas de formação: Finanças, Ban-ca e Seguros. O que faz da Generali a primeira companhia de seguros do mercado a ter uma Academia de Formação plenamente certificada.

Não receia que a diminuição da capacidade finan-ceira dos portugueses possa prejudicar o cresci-mento da companhia? De que forma pretendem «persuadir» os portugueses a continuar a apostar em produtos «made in» Generali? A capacidade financeira dos Portugueses in-fluencia o negócio mas não acreditamos que prejudique o crescimento da companhia. Conti-nuaremos a apostar na prestação de um serviço de elevada qualidade, em servir bem o cliente e aumentar a sua satisfação para com a companhia. Procuraremos criar novos produtos ou melhorar ainda mais os atuais com mais valor acrescentado para o cliente e dessa forma continuar a contar com a preferência dos clientes.

A globalização dos mercados e a prioridade das empresas em terem uma forte presença interna-cional como forma de diversificarem e alcança-rem os seus negócios tem conduzido a uma cres-cente procura de soluções integradas de seguros que cubram os riscos de internacionalização. Nes-te domínio, que soluções apresenta a Generali? Neste setor, a Generali tem soluções sofisticadas para companhias multinacionais, disponibili-zadas por uma estrutura especializada, o GEB (Generali Employee Benefits), sedeado em Bru-xelas. Através do GEB disponibilizamos em to-dos os mercados em que o Grupo está presente, soluções na área dos benefícios sociais para em-

pregados de multinacionais, de modo a permitir um alinhamento internacional das coberturas oferecidas e desta forma garantir que uma das principais preocupações das empresas que se in-ternacionalizam, os expatriados, usufruam de um nível adequado de proteção, no caso de despesas hospitalares, médicas, assistência, repatriamento por acidente ou por doença e evacuação.

A Generali tem também caracterizado a sua di-nâmica pela Responsabilidade Social, fenómeno cada vez mais visível no domínio dos grandes grupos e não só. De que forma pretende a Gene-rali continuar a manter um papel de evidência ao nível da Responsabilidade Social? Que novidades neste domínio? A Generali promove e desenvolve a sua dinâmica de Responsabilidade Social como parte integran-te da sua cultura e esta começa pelos seus colabo-radores e parceiros que através de iniciativas in-ternas deixam o seu contributo para a sociedade.Anualmente a Generali organiza o evento Ge-nerali Solidário, um projeto de Responsabilidade e Solidariedade Social que a Generali e os seus colaboradores têm abraçado com enorme orgu-lho e satisfação. Uma iniciativa de cariz solidá-rio, que reflete os valores sociais e culturais da companhia. Através do envolvimento, solidarie-dade e criatividade dos colaboradores e parceiros Generali, são desenvolvidas diferentes tarefas de recuperação e revitalização dos espaços das insti-tuições apoiadas, proporcionando assim alegria e melhores condições a quem mais necessita.

Quais são os principais desafios e desideratos da Generali para 2014? Preveem crescimento para este ano? Acompanhar as novas tendências de consumo, as novas tecnologias e acima de tudo estar prepa-rado para estar onde está o cliente. O futuro é o multiacesso e torna-se fundamental criar os me-canismos adequados de interação entre o cliente, mediador e companhia de seguros. Continuamos a apostar no aumento de noto-riedade e reputação positiva em Portugal, pelo que continuamos a desenvolver campanhas de publicidade institucional com o Embaixador da Marca Generali em 2014, o grande ator Joaquim de Almeida.

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“O setor segurador não é diferente dos outros setores quando se fala em crise. É natural que a crise tenha tido impacto no setor, mas apesar de tudo o setor soube reagir. É fundamental encontrar o equilíbrio perfeito para que os resultados técnicos de cada ramo se mantenham sólidos e com boa performance”

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CAE– Parceiro de excelência

Em janeiro de 2011, o CAE foi integrado na Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA), dotado de autonomia administrati-va e financeira, tendo considerado para o feito o Despacho 127/03 (Ministério dos Petróleos) que estabelece o Regime de Contratação

de serviços e bens de empresas nacionais por empresas do setor petrolífero, Artigo 3º, ponto 2.3, que refere a obrigatoriedade das empresas privadas angolanas registarem-se e serem certificadas tanto pelo Ministério dos Pe-tróleos como pela Câmara de Comércio e Indústria de Angola.O CAE tem como objetivo principal a inscrição e certificação dos for-necedores nacionais de acordo com parâmetros criados pelas Operadoras, sendo vista como um processo de pré-qualificação da qual está incorporada a constatação in loco das atividades descritas pelas empresas e asseguramos que esteja implementada as normas de higiene, saúde e segurança no tra-balho. No que respeita à gestão das oportunidades comerciais, importa referir que recebemos estas oportunidades dos Operadores e grandes prestadoras de serviços, Depois de devidamente analisadas, auxiliamo-nos da nossa base de dados que conta atualmente com mais de 2000 empresas para divulga-ção da informação e pesquisa sobre as empresas que poderão prestar um determinado serviço que foi solicitado. Como exigido por lei muitas das solicitações são publicadas no jornal de maior tiragem em Angola.Dispomos de uma equipa jovem de consultores que pode apoiar os empre-sários nos mais variados temas relacionados com a gestão e desenvolvimen-to empresarial, do mesmo modo apoiamos os operadores a difundirem as suas ferramentas de contratação, termos e condições.

INTERNACIONALIZAÇÃO– CAPTAÇÃO DE VALOR

A OPINIÃO DE Job Vasconcelos – Coordenador do CAE - Centro de Apoio Empresarial

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O Centro de Apoio Empresarial foi criado em 2005, no âmbito do extinto Projeto de Desenvolvimento

da Participação Nacional (PDPN), com o objetivo de prestar apoio às empresas angolanas interessadas em participar na indústria petrolífera, fomentando o seu

desenvolvimento e participação de forma competitiva na cadeia de fornecimento de bens e serviços.

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A realização de workshops nacionais e internacionais, em convénio com outras entidades públicas e privadas com vista a explorar as oportunidades de negócio para as empresas nacionais no setor petrolífero e estimular o processo de parcerias estratégicas para o desenvolvimento do empresariado tendo como público alvo não só as já certificadas mas também os jovens empreendedores angolanos.Estando o CAE no processo de Certificação ISO 9001/2008 pelo Bure-au Veritas no âmbito do Sistema de Gestão de Qualidade: “Prestação de serviços de formação empresarial, assistência técnica, certificação de forne-cedores (pré-qualificação) e busca de oportunidades comerciais aos forne-cedores nacionais para a indústria petrolífera”, pretende-se dar mais valor aos nossos serviços e servir o setor petrolífero com excelência.O conceito de conteúdo nacional tem como objetivo criar valor agregado e contribuir para o desenvolvimento global do país tendente a estabelecer princípios e ações no que tange a formação e qualificação da mão de obra angolana, fomento e desenvolvimento de empresas angolanas.Estes princípios devem ser considerados como o ponto de partida. É neces-sário que se implementem estratégias efetivas para a formação e qualifica-ção da mão de obra angolana, tendo em vista a qualificação e modernidade existindo legislação aplicável ao exemplo do Contrato Programa. A utiliza-ção de bens e serviços providenciados por empresas angolanas irá impulsio-nar a redistribuição da renda nacional, criar condições para o surgimento, crescimento e participação na economia de empresas angolanas, capazes e competitivas e desincentivar um domínio de empresas estrangeiras na economia do país e consequentemente exportação de receitas. Visando a estratégia do Executivo na diminuição do desemprego no seio dos jovens, dever-se-á dar prioridade à contratação de empresas angolanas que estejam implementadas em Angola e que contratem angolanos.Todo o apoio é prestado às empresas estrangeiras que pretendam imple-mentar-se em Angola, informação disponível no site: http://www.caean-gola.org/pt/Encorajamos todas as empresas que pretendam prestar serviços e fornecer bens ao setor petrolífero a certificarem-se pelo CAE para que possam be-neficiar dos seus serviços.

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“O CAE tem como objetivo principal inscrição e certificação dos fornecedores nacionais de acordo com parâmetros criados pelas Operadoras, sendo vista como um processo de pré-qualificação da qual esta incorporada a constatação in loco das atividades descritas pelas empresas e asseguramos que esteja implementada as normas de higiene, saúde e segurança no trabalho”

“A realização de workshops nacionais e internacionais, em convénio com outras entida-des públicas e privadas com vista a explorar as oportunidades de negócio para as empre-sas nacionais no setor petrolífero e estimular o processo de parcerias estratégicas para o desenvolvimento do empresariado tendo como público alvo não só as já certificadas mas também os jovens empreendedores angolanos”

“A utilização de bens e serviços providenciados por empresas Angolanas irá impulsionar a redistribuição da renda nacional, criar condições para o surgimento, crescimento e participação na economia de empresas angolanas, capazes e competitivas e desincentivar um domínio de empresas estrangeiras na economia do país e consequentemente exportação de receitas. Visando a estratégia do Executivo na diminuição do desemprego no seio dos jovens, dever-se-á dar prioridade à contratação de empresas angolanas que estejam implementadas em Angola e que contratem angolanos”

Equipa do CAE- Centro de Apoio Empresarial

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A ESFERAINTEL acredita que em momentos com-plicados é possível fazer a diferença. Sendo esta a vossa filosofia, de que modo esta equipa tem nor-teado os vossos parceiros neste mesmo caminho?O caminho do sucesso é uma receita com vários ingredientes: o saber “onde estamos, para onde queremos ir, como fazer para lá chegar na veloci-dade certa”. Simples.

De que forma os vossos serviços, têm permitido “transformar” as empresas com as quais trabalham? Em primeiro lugar, pomos ao serviço dos nossos clientes todo o nosso saber e experiência, e quan-do aplicável, mobilizamos parceiros nossos que tragam as necessárias competências adicionais.A “expertise” adquirida ao longo de anos permite equacionar soluções mais abrangentes, partilhar no-vas técnicas e, muito importante, desafiarmo-nos e aos nossos clientes na procura de soluções que per-mitam a construção de um modelo distinto e sus-tentável. Cada caso é um caso, com as suas especi-ficidades; certo é que o Cliente tem que se envolver também com igual ânimo e determinação, senão…

No cenário atual, acredita que as PME’s portugue-sas têm que, invariavelmente, apostar na interna-cionalização dos seus negócios?Neste passado recente de dificuldades assistiu-se a excelentes exemplos de “transformação” das em-presas, quer na otimização da sua oferta, quer na diversificação de mercados e clientes. Para isso, al-

teraram também processos internos, administrati-vos e produtivos. A opção pelos mercados externos foi tomada por muitas empresas que identificaram esta como sendo uma das vertentes possíveis na sua sustentabilização. Existem imensos casos de sucesso; no entanto queria sublinhar, que an-tes da procura de mercados, contatos, parceiros, distribuidores, é fundamental que o empresário defina uma estratégia e perceba as necessidades financeiras; a projeção do que quer ser no futuro e a visão sobre os inerentes passos. Desta forma mitigará potenciais erros na concretização. Muitos empresários, não seguem este raciocínio achando que o caminho comercial, por si só, resolve tudo e “o resto logo se verá”.

Há quem defenda que as PME’s portuguesas não gostam de ter muitos consultores mas quando têm depositam neles inteira confiança. Como é que se conquista a confiança de um potencial cliente?A nossa primeira mensagem é que o sucesso do nosso cliente é o nosso sucesso. Não passamos “receitas” e vamos embora. Nas empresas com que trabalhamos queremos fazer parte, no sentido figu-rado, do ambiente da empresa. Por vezes, a solução está dentro da própria empresa e nos seus colabora-dores mas raramente uma organização tem tempo para parar, refletir e obter a sua contribuição; e neste particular, os consultores têm um papel decisivo.

Fala-se muito nos PALOP que, pela facilidade lin-

Saber onde está e para onde quer ir é, talvez, o segredo do sucesso de qualquer negócio. Na ESFERAINTEL é disto que se fala. Através de soluções integradas de negócio, esta empresa de consultoria especializada ajuda os seus parceiros a enfrentar os desafios,

identificando oportunidades de negócio e estando sempre ao lado deles nos piores e nos melhores momentos. Sabendo que cada caso tem as suas especificidades, o know how desta equipa permite equacionar as soluções e técnicas mais avançadas. Mas, para tal, importa que o cliente partilhe do mesmo “ânimo e determinação”, tal como defendeu José Ferreira, Administrador da ESFERAINTEL.

“O SUCESSO DO NOSSO CLIENTEé o nosso sucesso”

guística e pela proximidade cultural, têm sido foco da atenção. Que oportunidades de negócio aqui existem? Enquanto consultores especializados, que tipo de assessoria a ESFERAINTEL tem procu-rado prestar e quais são as principais barreiras que ainda persistem?Sem dúvida que os países que menciona são a natural extensão de negócio para muitas empre-sas portuguesas. Mas dependendo dos setores de atividade existem outras oportunidades. Deixe-me dar-lhe um exemplo: um mercado, pouco explora-do, com cerca de cem milhões de habitantes. Falo da denominada Europa de Leste, ávida de produ-tos de qualidade, em especial na área alimentar. Já este ano trouxemos a Portugal 16 importadores nesta área e foi um sucesso. Existe, contudo, muito trabalho a fazer por parte das nossas empresas. Te-mos, em Portugal, muitas pequenas empresas com produtos de qualidade, no entanto quando se fala em 20 toneladas por semana ou mesmo por mês, o negócio cai por terra. A sua associação é um passo necessário para ganhar competitividade e existem em Portugal bons exemplos neste sentido.

O que podemos esperar, este ano, da ESFERAINTEL?Este ano concorremos a alguns concursos inter-nacionais, em consórcio com os nossos parceiros entre os quais algumas Consultoras Multinacio-nais. A concretizarem-se, seria de enorme prestí-gio para a ESFERAINTEL e acredito, também para o país. Temos, em Portugal, pessoas com um valor inquestionável que, associados a projetos de renome internacional, abrirão portas a um Por-tugal de elevado valor intelectual e técnico. Vere-mos o que vai acontecer.

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INTERNACIONALIZAÇÃO– CAPTAÇÃO DE VALOR

José Ferreira, Administrador

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Considerada empresa gazela durante dois anos consecutivos, quais as razões do sucesso e rápido crescimento da Solintellysys? Como é que em pou-co mais de cinco anos se consegue passar de dois para 50 funcionários e entrar em tantos mercados?A Solintellysys apresenta-se no mercado com base em relações profissionais que geram solu-ções e confiabilidade. Temos um capital humano com elevado valor, gente de muita valia e foca-dos no Cliente. Somos realmente uma empresa que baseia toda a sua atividade em conceitos de excelência e disponibilidade, trazendo aos nossos Clientes benefícios e mais valias que os torna mais competitivos. Hoje somos 50, mas seremos mais, a equipa cres-ce com as reais necessidades e numa constante exigência de sermos mais e melhores. A Solin-tellyss é certificada ISO9001, ISO14001 e IDI 4457, estando a implementar o sistema OSHAS 18001. Somos pró-ativos e criamos, inovamos…

Somos agentes de criação de valor, e preocupa-mos verdadeiramente com os nossos clientes.

A Intellysys Internacional foi criada com o obje-tivo da internacionalização. Em que mercados a empresa marca atualmente presença e de que forma?A Solintellysys atua ativamente e de forma direta em 12 países e tem suporte comercial em mais 14. Temos dois sites de fabricação, um no Brasil e outro no México. É nosso objetivo estar direta-mente nestes 26 países em 2020.

Qual a importância da parceria com a Lagos, em-presa com mais de 30 anos de experiência e pre-sença em 26 países, neste processo?O crescimento é bom se sustentado e consoli-dado. Crescer significa aprender, disponibilida-de física e financeira. Tal qual a vida nos ensina, se partilharmos com os parceiros certos tudo se

A Revista Pontos de Vista foi conhecer a Intellysys, uma marca de renome e orientada ao estudo, projeto, fabrico, montagem e assistência pós-venda de instalações de tratamento de superfícies e pintura para a indústria em geral, bem como para instalações de meio ambiente, robótica, energia, automação industrial e projetos industriais especiais. João Figueiredo, Executive CEO Solintellysys abordou diversas temáticas ao longo desta entrevista, principalmente no domínio da internacionalização, porque o desiderato passa

sempre por alargar a presença da marca pelos diversos mercados mundiais.

A CRIAçãO DE VALORno Mundo

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INTERNACIONALIZAÇÃO– CAPTAÇÃO DE VALOR

“O crescimento é bom se sustentado e consolidado. Crescer significa aprender, disponibilidade física e financeira. Tal qual a vida nos ensina, se partilharmos com os parceiros certos tudo se torna mais fácil. É neste conceito de parcerias e network que a Solintellysys se revê. Assim sendo, a LAGOS ocupa o lugar de parceiro privilegiado, sendo catalisador desta estratégia de “Anywhere at Anytime!”

João Figueiredo

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torna mais fácil. É neste conceito de parcerias e network que a Solintellysys se revê. Assim sendo, a LAGOS ocupa o lugar de parceiro privilegiado, sendo catalisador desta estratégia de “Anywhere at Anytime!”

A Intellysys acaba de entrar no Chile. Porquê a es-colha deste mercado? O facto de terem presença física no Brasil tem permitido este crescimento contínuo na América do Sul? Que tipo de projetos a empresa pretende desenvolver neste mercado?O Chile é porventura o país da América latina com mais organização interna. Um mercado em pleno crescimento, ávido de soluções industriais. Chegámos e estamos em plena prospeção comer-cial e técnica, sendo que conseguimos já efetivar

o nosso primeiro projeto. O Brasil é um país continental, que tem uma cultura multifacetada. Hoje, a presença no Brasil transmite aos países vizinhos uma maior proximidade, mas em termos industriais não significa muito, devido às barrei-ras tributárias e logísticas presentes. Neste país a Solintellysys desenvolverá uma estrutura comer-cial e pós venda, sendo a fabricação sustentada a partir do México. Estaremos presentes em todos os setores da Indústria e tentaremos colocar o maior número de instalações possível.

Que outros mercados tem a empresa em vista? Quais os mais atrativos e porquê?Temos como estratégia implementarmos em cin-co anos na Polónia e encetar relações com países

como Bielorrússia, Rússia, Cazaquistão, Repú-blica Checa e Lituânia. Os países da EAU são também alvo desta mesma estratégia. Quanto aos países mais atrativos podemos afir-mar que Qatar, Dubai e Cazaquistão estão no top das nossas preferências pela Qualidade e Quan-tidade de projetos e disponibilidade financeira.

Recentemente a Intellysys marcou presença na Coatech 2014, na Cidade do México. Como corre-ram estes dias?A COATECH 2014, revelou-se um enorme su-cesso. Durante três dias de exposição, fomos con-tactados por cerca de 80 empresas, tornando-se no melhor certame de sempre no México. Trouxe também até nós um parceiro efetivo de trabalho, que nos vai permitir colocar uma instalação nossa no mercado.

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Quais os setores de atividade nos quais a Solintellysys marca presença com um maior peso para a mesma? A aeronáutica é a grande aposta atualmente?A Solintellysys é uma empresa de engenharia. Somos transversais e temos a presença assídua em todos os setores. Ao trabalharmos em network, temos acesso e disponibilizamos inúmeras soluções a diferentes níveis e com diversas tecnologias. Focamo-nos em tratamento de Superfície e pintura, sendo que a Aeronáutica é já cerca de 35% da nossa faturação. A Aeronáutica é uma das nossas apostas, sendo a Solintellysys fornecedora de vários players como EMBRAER, AIRBUS, BOEING, EUROCOPTER e OGMA.

“A COATECH 2014, revelou-se um enorme sucesso. Durante 3 dias de exposição, fomos contactados por cerca de 80 empresas, tornando-se no melhor certame de sempre no México. Trouxe também até nós um parceiro efetivo de trabalho, que nos vai permitir colocar uma instalação nossa no mercado”

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Tudo começou na Farmácia Bairrão, em Alcântara, no ano de 1952. Hoje, decor-ridas cerca de seis décadas e com cerca de 120 colaboradores a vestir esta camisola, o

Laboratório Edol assume-se como uma das mais conceituadas empresas farmacêuticas, especializa-da no desenvolvimento, fabrico e comercialização de medicamentos, dispositivos médicos, dermo-cosméticos e suplementos alimentares nas áreas de Oftalmologia, Dermatologia e Otorrinolarin-gologia. Como é que se atinge um crescimento tão sustentado? Não há grandes segredos. “Com muita perseverança, muita vontade de trabalhar, empenho e dedicação de todos os envolvidos nes-tes projetos”, afirmou Carlos Setra. Na oftalmologia já não há muito a acrescentar ao trabalho que tem sido edificado. A Edol é consi-derada líder nacional de vendas nesta área, sendo este o segmento com maior representatividade, onde se destacam, por exemplo, as lágrimas artifi-ciais, uma necessidade cada vez mais premente da população. “As pessoas têm cada vez mais o olho seco muito graças ao ar condicionado, ao facto de estarem muito tempo a olhar para um computa-dor, por conduzirem com o ar condicionado ligado ou mesmo devido à poluição. Há uma série de fa-tores que influenciam a secura do olho e, portanto, temos de apostar nesta área”, explicou. Além disso, desde pomadas, geles oftálmicos, cremes, champôs a loções, o Laboratório Edol está muito bem po-sicionado nos segmentos em que atua. Como tal, este é o momento certo para arriscar e chegar mais longe. “Vamos entrar no mercado da ginecologia com alguns produtos de representação e outros de fabrico próprio. Quanto aos produtos de vete-rinária, ainda não podemos avançar com grandes informações mas sabemos que para breve iremos ter produtos para animais de pequeno porte, uma atividade que nos diz muito e para a qual gosta-ríamos de avançar o mais rapidamente possível”, evidenciou o responsável.

DIFICULDADES DA INDúSTRIAFARMACêUTICA

Pautando-se por uma melhoria constante da qualidade que imprime aos seus produtos, a Edol tem conquistado a confiança dos seus par-ceiros. Por isso é que, para Carlos Setra, assistir

às dificuldades que a indústria farmacêutica tem enfrentado causa alguma “perturbação”. Muito além do mercado dos genéricos que tem “assom-brado” o negócio destas empresas, Carlos Setra garantiu que o mais preocupante, neste momen-to, são os diversos programas de receituário. “Há uma falta de respeito da indicação médica e os produtos acabam por ser trocados em algumas farmácias, incompreensivelmente até porque se trata de uma irregularidade”, acusou. Como é que se contornam estas situações? A solução poderá passar por um maior controlo e por um esforço por parte das entidades competentes no sentido de sensibilizarem as pessoas para que não haja esta troca de medicamentos nas farmácias. Contudo, há uma grande questão que atualmen-te preocupa o quotidiano do Laboratório Edol e de muitas outras empresas que atuam no mesmo ramo. Carlos Setra refere-se à “tentativa de im-plementação de um decreto lei que diz que temos que baixar 50% o preço dos medicamentos com AIM’s com mais de 15 anos. Isto é assustador para a indústria nacional. A implementação de um de-creto desta natureza pressupõe o desaparecimento de muitos medicamentos do mercado que serão substituídos por medicamentos de multinacionais muito mais caros”, explicou o responsável. É notó-ria a indignação de Carlos Setra até porque pode-rá estar em causa a continuidade do Laboratório Edol. “Estamos completamente perdidos se tal acontecer e teremos mesmo de fechar portas, tal

Confiança. O percurso do Laboratório Edol, iniciado em 1952, numa pequena farmácia lisboeta, alicerça-se exatamente na consolidação de uma relação de confiança com um consumidor que sabe que daqui só poderão sair produtos e soluções de

prevenção e tratamento de qualidade. A partir do momento em que se entra neste espaço, Carlos Setra, Presidente do Conselho de Administração da Edol, não tem dúvidas: “aqui irá encontrar pessoas com muita vontade de trabalhar, de exportar, de inovar”.

UMA EMPRESA de pessoas para pessoas

como acontecerá com muitas empresas nacionais e outras multinacionais que sairão definitivamente do país”, defendeu. Carlos Setra tem feito o que lhe compete, tendo já enviado o seu ponto de vista, por carta, para o Primeiro-Ministro, para o Mi-nistério da Saúde e para o Ministério da Econo-mia. “Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar que isto aconteça”, afiançou, até porque esta diminuição de 50% no preço dos medicamentos irá ainda prejudicar as empresas ao nível das exportações, prejudicando a boa imagem que a indústria farmacêutica tem levado para fora de Portugal.

EDOL EM 12 PAíSESCom as dificuldades sentidas no mercado inter-no, o Laboratório Edol, apesar de tudo, mantem a sua “boa saúde”, muito porque, além de consoli-dar a sua posição em Portugal, a empresa procura outras alternativas no exterior. Está, hoje, em 12 países e não pretende ficar por aqui. “A nível in-ternacional não estamos onde desejaríamos mas estamos a trabalhar para lá chegar. As exporta-ções representam cerca de 15% do nosso volume de negócios mas queremos atingir os 50% com alguma rapidez. Mas nem sempre é fácil porque, tratando-se de medicamentos, em primeiro lu-gar temos de registar os produtos e é sempre um processo que leva o seu tempo”, afirmou. Sendo uma empresa pequena, antes de avançar para ou-tro país, a Edol tem de estabelecer as parcerias locais mais adequadas. “Precisamos de parcei-ros que não colidam com os nossos produtos e convencê-los de que vamos acrescentar valor”, defendeu Carlos Setra. Assim, se para alguns a Etiópia ou o Iraque são cenários de conflito, para a Edol são mercados de grandes oportunidades. “No Iraque ainda estamos em fase de registo de produtos, ao passo que na Etiópia já vendemos com regularidade. São países com algumas con-tingências e particularidades mas tem corrido bem”, acrescentou. Assim, e vendo o mercado externo como um mercado de crescentes opor-tunidades, a Edol não arrisca falar de um futuro que continuará a ser uma incógnita, dependente das medidas que o Governo continuará a tomar. Mas um dado é certo. Carlos Setra e a sua equipa continuarão a olhar pela saúde das pessoas.

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INTERNACIONALIZAÇÃO– CAPTAÇÃO DE VALOR

Carlos Setra

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A base do sucesso de uma marca passa também pela busca incessante de novos desafios. A Colliers International assu-me esse desiderato constantemente na

sua orgânica diária, sendo portanto uma marca que aporta, além de um vasto conjunto de ser-viços, uma ambição real em prol da satisfação dos seus clientes e do crescimento quotidiano da marca. A Revista Pontos de Vista conversou com Nuno Serrenho e Joaquim Chambel, respetiva-mente Diretor Geral em Angola e Administra-dor da Colliers Portugal, Angola e Moçambique, onde ficamos a conhecer mais um passo da marca rumo à evolução e assim a uma posição cimei-ra no mercado em que atua. De salientar que a Colliers International, da mesma forma que foi a primeira a chegar a Angola, é ainda a primeira empresa internacional perita avaliadora de imó-veis certificada pela CMC. A partir deste «qua-dro», percebemos como a marca assume os seus compromissos com o país, Angola, a qualidade dos serviços e do trabalho perpetuado e com os seus clientes. E qual foi esse passo? A Colliers International passou a ser a primeira empresa internacional certificada pela Comissão do Mercado de Ca-pitais Angolana. E quais as mais-valias? “Com esta certificação, e ao abrigo do Regulamento da Comissão do Mercado de Capitais publicado em

final de janeiro de 2014, a Colliers International encontra-se já habilitada a avaliar quaisquer ati-vos imobiliários detidos ou em processo de aqui-sição por Organismos de Investimento Coletivos Imobiliários”, revelam os nossos interlocutores. Interessa compreender que este novo enquadra-mento legal procura regulamentar uma ativida-de, da avaliação imobiliária, que se tem revela-do bastante crítica para inúmeros players locais, inúmeras vezes vítimas de uma pobre análise de um mercado demasiado dinâmico para padrões de outros hemisférios. Segundo Nuno Serrenho, “há muito que a Colliers aguardava por este documento, que será, certamente, decisivo na elevação do patamar de qualidade da avaliação imobiliária em Angola”, assume, revelando que a Colliers seguiu de perto todo este processo, “pois acreditamos na sua relevância para o futuro do investimento imobiliário nacional”, esclarece. Este processo revela-se ainda mais fundamental, até porque a liderança da Colliers no setor das avaliações imobiliárias, em Angola, é cimentada diariamente, na relação com os clientes, mas tam-bém na qualidade do serviço que a marca oferece e na atenção que aporta às suas necessidades. Com presença no mercado angolano desde 2008, a Colliers International possui uma abran-gência nacional do país, tendo sido “a primeira consultora imobiliária internacional que acre-

Mais do que uma marca, a Colliers International é hoje o paradigma de como estar no mercado e, acima de tudo, de como atuar através de padrões alicerçados na excelência, qualidade e rigor. Sendo uma das principais consultoras a nível mundial, a Colliers

International é uma subsidiária da FirstService Corporation, representada em Portugal pelo Grupo IPG, e oferece, globalmente, um portfólio completo de real estate services, direcionado para ocupadores, proprietários e investidores, incluindo corporate solutions,

brokerage, property and asset management, hotel investment sales and consulting, avaliação, consultoria, aconselhamento e research.

COLLIERS INTERNATIONAL– Sempre líder

ditou em Angola”, assume Joaquim Chambel, administrador da Colliers em Portugal, Angola e Moçambique. De salientar que foi a Colliers Angola o primeiro player a realizar um estudo, o primeiro, relacionado com o mercado de escritó-rios de Luanda, tendo sido concluído pela marca em 2008, sendo, ainda hoje, “usado por muitos como base para estimativas fidedignas do stock total da oferta de escritórios”, esclarece Joaquim Chambel.Com uma vasta abrangência, a Colliers Interna-tional aporta na sua orgânica um vasto conjunto de clientes, como instituições bancárias, empre-sas multinacionais e muitos investidores insti-tucionais, “pelo que não poderíamos deixar de seguir de perto mais este passo na direção certa, dado pelas autoridades Angolanas”, assegura o administrador da Colliers em Portugal, Angola e Moçambique.Desta forma, interessa compreender que a Colliers International deu mais um passo rumo ao futuro, assumindo-se como uma marca que tem na sua dinâmica e busca por novos modelos uma forma de estar. Assim, a Colliers, enquanto empresa perita avaliadora de imóveis, certificada pela CMC, passa a ter um serviço de avaliação imobiliária, que contempla essa opção, preen-chendo todos os requisitos estipulados na regula-mentação vigente.

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INTERNACIONALIZAÇÃO– CAPTAÇÃO DE VALOR

Nuno Serrenho Joaquim Chambel

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Foi perto da Embaixada do Irão, na zona do Restelo, que a Revista Pontos de Vista se encontrou com o Presidente da Comu-nidade Intermunicipal do Alto Alentejo,

poucos dias antes da visita do Mayor da Provín-cia de Qazvin e o Governador da mesma a esta zona. Armando Varela ia apresentar uma pro-posta de programa da visita e avaliar as questões de segurança à Embaixada porque “apesar de, no Alto Alentejo, os indicadores de criminalidade serem muito reduzidos, as coisas no Irão são um pouco diferentes de cá e bastante mais formais no que concerne a estas questões. Tendo sido muito bem recebidos na nossa missão, no passa-do mês de janeiro, queremos receber igualmente bem”, garante.Estes acordos de colaboração pretendem forta-lecer o entendimento e as relações de amizade, assim como promover e desenvolver a coopera-ção económica, social e cultural dos dois países. Ciente da importância de tais laços, Armando Varela tem outras zonas do globo em vista para firmar acordos idênticos a este estabelecido com o Irão e àquele que firmou anteriormente com o Brasil. “Neste momento a grande preocupação é em fazer o follow up destas duas missões, de forma a materializar os contactos em negócios e oportunidades de exportação, captando inves-timento privado. As relações criadas têm de se concretizar na componente económica ou aca-bam por se perder no tempo. No entanto, à pos-teriori, a perspetiva é a de chegar a seis pontos do mundo: Irão, Brasil, México, China, Europa e um sexto que será ainda decidido entre um destes três países: Rússia, Índia ou Angola”, adianta.

“APROVEITAR AS POTENCIALIDADES QUE SE ENCERRAM NA GLOBALIZAÇÃO”

Nestas visitas é primordial encontrar pontos de interesse e produtos que possam ser exportados para o Irão, tal como produtos que possam ser importados do Irão para Portugal; divulgar a oferta turística da zona; perceber de que forma estamos disponíveis para receber estudantes do ensino superior e enviar outros, neste caso, para a província de Qazvin, promovendo o intercâmbio de estudantes entre ambas as regiões; e procurar captar investidores iranianos, ao mesmo tempo que se analisem oportunidades de investimento no Irão que possam ser corporizadas por investi-dores portugueses. “Temos de estar disponíveis não só para captar investimento privado mas também para investir; não só para fazer exportação mas também im-

portação; não só para captar turistas estrangeiros mas criar condições para que os turistas portu-gueses também possam ir lá. É necessário que os municípios adotem uma ati-tude diferente, olhando o mundo de forma mais disponível e mais ligada à componente empresa-rial. O desemprego em Portugal e na região não vai ser contornado com emprego público. É mais do que sabido que a resposta está no emprego privado e, como tal, teremos de canalizar a enor-me capacidade instalada dos municípios para um apoio efetivo à atividade empresarial, compen-sando algumas fragilidades existentes, sobretudo em distritos como Portalegre”, afirma Armando Varela.O mesmo vai mais longe e afirma: “todos temos consciência da necessidade de estabelecer coo-perações fora de Portugal. A internacionalização passa pela criação de um bom ambiente para a exportação e uma atitude diferente por parte dos municípios que deve ser adotada enquanto apoio ao tecido empresarial, porque é aos empresários que cabe criar emprego. Foi uma estratégia que implementámos este ano e que, por isso, ainda precisa de algum tempo de incubação. Não são uma visita e um protocolo de colaboração que só por si colocam todos os empresários a ex-portar, mas é um processo de abertura que, es-tou convencido, irá mobilizar todas as câmaras municipais do Alto Alentejo. Até porque um dos melhores contributos que podemos dar ao desen-volvimento económico é ultrapassar as fronteiras do território nacional e aproveitar as potenciali-dades que encerra a globalização. Acredito que desta forma conseguiremos dar resposta à nossa

Portugal e o Irão têm uma longa tradição de relações económicas, com mais de 500 anos. No entanto, com as sanções económicas decretadas pela União Europeia, viveram-se anos de algum desencontro. Será agora a altura ideal para criar uma ponte que volte a ligar os dois países? Para Armando Varela, Presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) não restam dúvidas

de que as mais valias são mútuas. Por essa razão, uma comitiva composta por empresários e autarcas do distrito de Portalegre visitaram no final do mês de janeiro este país, onde foram assinados protocolos de cooperação entre a CIMAA e o Município de Qazvin e entre o NERPOR e a Câmara de Comércio da Província de Qazvin. Desta visita resultou um convite ao Mayor e ao

Governador da província para visitar o Alto Alentejo. A visita decorreu de 27 a 30 de maio. Antes disso, em março, já o embaixador do Irão em Portugal, Hossein Gharibi, tinha visitado a região a convite de Armando Varela.

“TODO O MÉDIO ORIENTEé para nós uma fonte de oportunidades”

prioridade que é melhorar a capacidade de gerar emprego”.

O AERóDROMO DE PONTE DE SOR E ACAPACIDADE DE FORMAR PILOTOS

O programa da visita foi por isso estratégico para a promoção de algumas das potencialidades do Alto Alentejo. Um dos momentos altos foi, por isso, a visita ao aeródromo de Ponte de Sor. O autarca explica porquê: “Há, de facto, neste momento, uma panóplia de oportunidades, sen-do que um dos desafios é a cooperação com a província de Qazvin no sentido de aproveitar as potencialidades do aeródromo de Ponte de Sor na componente da formação. Nos próximos 20 anos espera-se uma necessidade de 350 a 400 mil novos pilotos. Porém, a capacidade de formar pi-lotos é de 10 mil por ano, o que se traduz num gap entre as capacidades e as necessidades. O tempo necessário para terminar um curso de piloto é elevado em função do número de ho-ras de voo necessário, sendo o principal entrave à rapidez da sua conclusão a disponibilidade do espaço aéreo. O Alto Alentejo tem espaço aéreo disponível e o aeródromo excelentes condições para permitir muito mais horas de voo, encur-tando assim a duração da formação. Possui ainda uma pista de quase dois km de comprimento, ideal para a formação de pilotos.Outro nicho a explorar é a exportação de car-ne de borrego para os países islâmicos, uma vez que esta carne é muito apreciada e consumida nos mesmos. Também a coudelaria de Alter do Chão, uma das mais antigas do mundo, é um fa-tor de interesse para países com uma paixão tão grande pelo cavalo como os islâmicos. Para além disso, temos a vantagem de ser “um povo simpá-tico e amistoso, numa posição geográfica estra-tégica que pode servir de plataforma de entrada do Irão na Europa e com uma excelente posição geoestratégica para todo o mundo. Também a li-gação preferencial que podemos estabelecer com os Palops faz aumentar o universo dos nossos 10 milhões de habitantes para 300 milhões”.No fundo, “temos que perceber quais os produ-tos nos quais temos mais valias produtivas e esta transversalidade. Todo o médio oriente é para nós uma fonte de oportunidades, até pela capaci-dade de investimento existente. Trata-se de uma forma de viver diferente que privilegia muito a educação. Aliás, na cidade de Qazvin, com 400 mil habitantes, 35 mil são estudantes no ensino superior o que reflete a vitalidade de uma popu-lação muito jovem”, afirma Armando Varela.

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“CONDIÇõES ExTRAORDINÁRIAS PARAESTIMULAR A ECONOMIA SOCIAL”

O autarca garante: “temos que acrescentar valor com o que temos, não é com aquilo que não te-mos”. E o que tem o Alto Alentejo de mais-valia: “um tecido agrícola com muita vitalidade e, ainda assim, cerca de 50% da carne que comemos em Portugal é importada. Isso não me parece susten-tável em termos futuros quando temos de facto condições extraordinárias para aumentar a pro-dução de carne. O turismo é também um fator de desenvolvimento interessante, transversal a todo o país, e será um vetor de desenvolvimento muito importante para o Alto Alentejo ao lon-go dos próximos anos. A produção de azeite tem também uma dimensão muito significativa em todo distrito de Portalegre e pode estimular a ex-portação. Para além disso, na dinâmica da econo-mia social, o Alto Alentejo é a zona mais segura de Portugal e uma das mais seguras do mundo, como tal, goza de condições extraordinárias para estimular a economia social”.Neste contexto, a CIMMA está, neste momento, a desenvolver um projeto piloto para a conceção de um fundo de apoio ao desenvolvimento da

economia social enquanto forma complemen-tar de captação de novos residentes e estímulo ao investimento. No início do mês de maio foi, por isso, assinado um contrato com a iSBS e a CIMAA para a elaboração do Plano de Ação de operacionalização da Estratégia de Desenvol-vimento da Economia Social no Alto Alentejo 2014-2020.Este plano surge no âmbito da estratégia de in-tervenção para o território no período compre-endido entre 2014 e 2027, que tem obrigado a uma análise muito profunda da economia local, como forma de perceber quais as maiores fra-

gilidades - responsáveis em grande parte pelo conhecido despovoamento da zona - e a uma reflexão alargada quanto aos constrangimen-tos e oportunidades ao nível da mobilidade e transportes, economia social e da saúde, oferta formativa do ensino superior tecnológico e pro-fissional, do turismo…”Estamos neste momen-to, em parceria com o Politécnico, a Associação Empresarial de Portalegre e as associações de agricultores, a identificar essas oportunidades de investimento e de que forma se podem cor-porizar em mais e melhor capacidade para gerar emprego”, conclui.

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A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) tem como visão institucional ser uma referência de excelência no ensino, reconhecida nacional e in-ternacionalmente por serviços de qualidade e relevância social, com práticas flexíveis, criativas e inovadoras. Como se caracteriza o ensino da UEM?A UEM preconiza um ensino centrado no es-tudante, isto é, os seus métodos devem permi-tir que o estudante aprenda através da procura de informação, cabendo ao docente a função de facilitador. Uma instituição de referência baseia a sua docência na investigação, o que significa o uso de bibliografia relevante e que ao longo da formação, o estudante desenvolva projetos. Para isso, investe na melhoria das condições de traba-lho, salas de aulas, laboratórios, bibliotecas, num campus universitário mais agradável, propicia a prática de desporto e cultura e em residências es-tudantis apropriadas para a aprendizagem fora de sala de aulas.

A UEM assume-se como referência na vertente do ensino superior. De que forma é que promove o desenvolvimento do país?O facto de a UEM ter sido a primeira e até 1985 a única no ensino superior do país, tornou-a res-ponsável pela formação dos únicos bacharéis e li-cenciados, entre eles médicos, agrónomos, enge-nheiros, historiadores, geógrafos e professores do ensino secundário e pré-universitário que ocupa-ram papéis chave nas capitais e nos distritos, e que garantiram a sobrevivência de Moçambique pós-independência. Através dos programas es-peciais de formação de professores de todos os níveis, a UEM garantiu o funcionamento do Sistema de Educação do país, seu crescimento e evolução para a atual situação, com escolas pré--universitárias até nos distritos. Mesmo com o surgimento de mais instituições públicas e pri-vadas, a UEM continua a ser a matriz e, por isso, responsável pela formação de técnicos superio-res, de Licenciados a Doutores.

Dentro das áreas de atuação da UEM, procuram estimular a cooperação para o desenvolvimento. Sendo uma universidade de referência, de que forma contribui para o desenvolvimento humano nas regiões que, apesar do crescimento substan-cial, ainda têm fortes carências?A UEM oferece áreas de formação diversificadas que permitem ao graduado adaptar-se ao meio em que for colocado. Este graduado constitui o nosso “ponta de lança” para que nos locais recôn-ditos use o conhecimento científico para o de-senvolvimento. Paralelamente, através da exten-

são universitária, são realizadas ações tendentes a resolver os problemas mais prementes das co-munidades. Assim, decorrem no país programas de desenvolvimento que têm uma participação direta ou indireta da UEM. Nos meses de janeiro e julho, estudantes de várias áreas deslocam-se para as diferentes províncias e distritos para apli-car os conhecimentos adquiridos, contribuindo assim para a melhoria da vida da população.

Qual é a importância das Relações Bilaterais Por-tugal – Moçambique para as Universidades? O

“O desenvolvimento económico do país só é possível com o desenvolvimento da infraestrutura física, a formação do capital humano e da força de trabalho qualificada, pois esta tem o potencial para transformar o meio que o rodeia, “ esclarece Orlando

Quilambo, Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Ao longo desta entrevista ficamos a conhecer as mais valias deste instituição e como a mesma tem sido uma alavanca fundamental na promoção e desenvolvimento

do capital humano, logo, do país também. Porque uma nação que se diz desenvolvida apenas o chega a ser quando a sua população tem acesso à Educação.

“UMA UNIVERSIDADEde investigação, excelência e referência”

que deve ser feito neste domínio? Qual deve ser o papel das universidades no fomento dessas rela-ções? O que tem feito a UEM?As relações políticas bilaterais constituem a base para as relações entre as universidades, havendo necessidades de que sejam continuamente apro-fundadas, e a par da componente económica, se reforce a componente científico cultural, entre outras. As Universidades, através da Associação das Universidades de Língua Portuguesa, inter-locutor válido junto da CPLP, joga papel impor-tante. Para um reforço recíproco destas relações,

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Orlando Quilambo

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é importante desenhar programas concretos de mobilidade académica e realização de projetos conjuntos. A UEM, sendo membro da AULP, participa nos vários órgãos sociais e, assim, con-tribui no reforço das relações.

De que forma a UEM organiza as ofertas for-mativas diversificadas de modo a responder à procura, sem descurar as reais necessidades do mercado do trabalho? Existe a preocupação em sensibilizar os alunos para formações que, apesar de menos apelativas, são indispensáveis e vitais para o país?A UEM é uma universidade compreensiva e pública, que para além das necessidades do mer-cado, tem em conta as necessidades para o de-senvolvimento intelectual do país. Por isso, de-senhamos cursos que não são necessariamente de importância imediata. É o caso dos cursos de Matemática, Física, Língua de Sinais, Tradução/interpretação das línguas bantu, entre outros.

Qual é a importância, em apostar na valorização do capital humano? Que relevância tem esta apos-ta ao nível da evolução económica/social do país?O desenvolvimento económico do país só é pos-sível com o desenvolvimento da infraestrutura física, a formação do capital humano e da força de trabalho qualificada, pois esta tem o potencial para transformar o meio que o rodeia.

O paradigma da educação, aos mais diversos ní-veis, mudou a nível global. A mobilidade assume--se hoje como uma importante medida ao nível do conhecimento dos alunos. De que forma pro-movem programas de mobilidade e o conceito de «Universidade aberta ao Mundo»? Que tipo de relacionamento possui com, por exemplo, univer-sidades lusas? Para facilitar a mobilidade, a UEM aposta no

desenho de um currículo que seja globalmente conversível, isto é, através do sistema de crédi-tos académicos como moeda de troca do volume do trabalho do estudante. Assim, o trabalho do estudante é devidamente quantificado e da mes-ma maneira comparável. Paralelamente, criamos instrumentos para a garantia da qualidade dos serviços da UEM. Estes processos permitem a mobilidade de estudantes sobretudo falantes do português, mas a UEM atrai também estudantes da região, falantes do inglês e de outras partes do mundo.

Quais são as principais novidades delineadas para o próximo ano?A principal novidade é a implementação da nova visão e missão, que preconizam a transformação da UEM numa universidade de investigação e de referência regional e internacional. Não podere-mos ser de excelência, concentrando os nossos esforços apenas na introdução de novos cursos de licenciatura e Mestrado, mas usando a investiga-

ção como alicerce dos processos de ensino apren-dizagem, extensão e administração. Assim, no próximo ano, assistiremos a esta transformação, lenta mas segura da UEM, para fazer a diferença no país, na região, especialmente entre os falantes da língua portuguesa.

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Que mensagem deixa a todo o «Universo» da UEM?A grande mensagem é de reconhecimento pelo apoio que a comunidade universitária, de-monstra na implementação das medidas que temos vindo a tomar nos últimos anos. Desde o processo de reforma curricular até a introdução de novas formas de ser e estar na instituição têm tido o apoio da comunidade, da sociedade, e do nosso governo. Pelo que apelo a todos es-tes atores para que juntemos forças, e fazer da UEM uma universidade de investigação, exce-lência e referência.

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Num momento em que os mercados tradicionais da Europa e dos Estados Unidos enfrentam algu-mas dificuldades, o Brasil, tal como a África ou a China, tem sido um parceiro estratégico dos por-tugueses. Qual tem sido o contributo da Câmara de Comércio Brasil Portugal – Centro Oeste na aproximação entre estes dois países?A Câmara de Comércio Brasil-Portugal Centro Oeste tem atraído várias empresas portuguesas para se instalarem em Brasília, no Estado de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para tal, viabilizamos nos Estados ótimos incentivos fiscais e terrenos a valores simbólicos.

Acredita que o Centro Oeste é a “terra das grandes oportunidades”. Qual é, atualmente, o potencial desta região e de que forma os empresários por-tugueses têm aproveitado o mesmo? Neste traba-lho de promoção das mais-valias desta região, qual tem sido o papel desempe-nhado pela Câmara de Comércio?Num pronunciamento que fiz em Lisboa, na sede da AIP, em março de 2012, disse que o Centro Oeste Brasi-leiro é a nova terra prometida. O Cen-tro Oeste desenvolveu-se e ganhou relevância com a inauguração de Bra-sília em 1960, porém ganhou escala na produção agrícola, a partir do final da década de 1970, quando agricultores do Sul do País descobriram o poten-cial da produção das terras desta região, que por serem planas, permitem o uso intensivo, transformando-se na grande fronteira agrícola do Brasil. Aqui já abandonamos os procedimentos de arar a terra. Tão logo se co-lhe, logo a seguir se planta. Temos três colheitas por ano. O clima é ótimo, a terra é muito boa e temos água em abundância. Estas são as razões do Centro Oeste responder por 41% de toda a produ-ção agrícola brasileira.

Em 2012, enquanto o PIB brasileiro cresceu 0,9%, o Centro Oeste cresceu 3,3%, tendo sido o maior crescimento regional brasileiro. Que razões fa-zem com que esta região seja a melhor do Brasil para investir?O grande crescimento económico desta região vem sendo alavancado pela excelente produção agríco-la, pecuária, extração mineral e o crescente número de indústrias que aqui se instalam, beneficiando-se dos incentivos fiscais e dos Fundos Constitucionais do Centro Oeste, que financiam a implantação e a produção das empresas, bem como o grande poder aquisitivo da região. Em Goiás, temos o segundo maior parque de fármacos do Brasil, indústrias de automóveis, grandes indústrias de alimentos e mui-tos outros ramos de atividade.

Para os empresários portugueses que ponderam expandir os seus negócios para o Brasil, em con-creto para o Centro Oeste, que conselhos deve-riam ser deixados? Quais são as principais carên-cias desta região?Os empresários portugueses são sempre muito bem recebidos no Centro Oeste. A nossa Câ-mara de Comércio tem um grande número de oportunidades cadastradas, como áreas para pro-dução agrícola, exploração de minérios, parcerias de produção e atividades diversas. As terras aqui, ainda são muito baratas.

Tal como Portugal vive atualmente uma crise económica muito profunda, o Brasil também já passou por essa experiência, entre 1998 e 1999. Mas, deu a volta por cima, com a implementação de reformas estruturais muito intensas. Na sua

opinião, o que é preciso fazer para que Portugal siga as mesmas pegadas? Em verdade, o Brasil superou as crises, desone-rando por períodos, alguns ramos de atividade, em especial, a indúsria de automóveis e eletrodomés-ticos. Ao longo do tempo, motivado pela sua gran-de extensão territorial, através da Embrapa que é uma empresa federal e congéneres estaduais, o Brasil tem conseguindo melhorias, nos processos de genéticos, adequando sementes às condições climáticas. Hoje, este trabalho obtém índices de produção agrícola e animal, similares ou superio-res aos melhores índices de produção do mundo.

Atualmente existem cerca de 650 empresas por-tuguesas a operar no Brasil, um número bastante superior quando a situação se inverte. Como jus-tifica estes dados? O Brasil oferece melhores con-dições às empresas estrangeiras do que Portugal?A grande extensão territorial e as diferenças acentuadas nas várias regiões brasileiras, ofere-cem alternativas de investimento que contem-plam os vários interesses dos investidores estran-geiros, e, por razões históricas, em especial, os

Fernando Brites, Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal Centro Oeste, em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou a dinâmica das relações entre Portugal e o Brasil. Qual o atual estado dessas parcerias? O que se deve promover para

estreitar ainda mais essas relações? Qual o caminho a seguir de futuro? Desafios e ambições que existem e que são fundamentais para ambos os países. Conheça mais ao longo desta entrevista, de uma personalidade que compreende a importância desta

cooperação e conhece como poucos as mais-valias destes países.

PORTUGAL/BRASILUma relação com potencial

investidores portugueses. Por certo, Portugal ain-da não anunciou as condições ideais para atrair as empresas brasileiras.

Acredita que Portugal e o Brasil, sendo dois pa-íses considerados irmãos, estão a atravessar um “período mágico” em termos relacionais? De que forma o Brasil, com um lugar cativo no cenário económico internacional, pode ajudar Portugal a ultrapassar este período conturbado?A força da exportação de Portugal para o Brasil, como do Brasil para Portugal, concentra-se em quatro ou cinco produtos. Nos últimos dois anos, a balança comercial vem sendo favorável a Portu-gal. Só agora Portugal está a despertar para este lado do Atlântico. Embora Portugal tenha exce-lência em ciência, em tecnologia, em softwares, moldes para indústrias e outros produtos, estas

virtudes são desconhecidas dos setores produtivos brasileiros. Há muito a ser feito.

Para concluir, que desafios se colocam, no futuro, ao relacionamento entre dois países unidos por laços culturais muito fortes? Qual continuará a ser a linha de atuação da Câmara de Comér-cio Brasil Portugal – Centro Oeste?As relações comerciais entre os dois países podem vir a crescer substan-cialmente e a curto prazo. Este cres-cimento passa pelas regiões Centro Oeste e Norte do Brasil. Temos leva-do, a setores dos governos do Brasil e

de Portugal, a proposta de que os portos de Por-tugal sejam escolhidos como a porta de entrada dos produtos brasileiros para a Europa. Estamos a avaliar o momento mais oportuno para viabi-lizar esta proposta. A partir de agora, podemos utilizar a Ferrovia Norte-sul, que acaba de ter um trecho inaugurado, ligando a cidade de Anápolis distante 150 quilómetros de Brasília, ao Porto de Itaqui no Maranhão. Se Portugal se convencer que nesta Ferrovia está a sua grande oportunida-de, firma contratos de sessão ou arrendamento de Portos portugueses aos Estados do Centro Oes-te e Norte. As mercadorias que hoje viajam do Centro Oeste para Santos em São Paulo, ou Pa-ranaguá no Paraná, para dali serem embarcadas e descarregadas em Roterdão, poderão embarcar na Ferrovia Norte-sul, até o Porto de Itaquí e de lá, embarcadas, seguir para os Portos de Portugal. Esta alternativa encurta o trajeto em até 4.500 quilómetros. Acreditamos ser esta a melhor oportunidade para estreitar o relacionamento entre os dois países, e transformar, em definitivo, os Portos de Portugal na porta de entrada dos produtos brasileiros para a Europa

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INTERNACIONALIZAÇÃO– CAPTAÇÃO DE VALOR

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Os negócios para os mercados externos valem mais de 40% do PIB e os empresários continuam à procura de novas oportunidades. As empresas nacionais despertaram efetivamente para a ex-portação nos últimos anos? A crise teve o efeito positivo de fazer acordar os empresários portu-gueses para a necessidade de irem à procura de novos mercados e novas oportunidades?Na verdade, as exportações têm sido praticamen-te a única variável dinâmica no PIB nos últimos anos. Os empresários portugueses compreende-ram que se impunha uma resposta positiva face à situação de emergência em que o país tem vivido, decorrente da crise económica e financeira inter-nacional e da necessidade de cumprir o progra-ma de ajustamento negociado com a TROIKA. Aliás, o incremento contínuo das exportações portuguesas marca uma tendência que se tem vindo a acentuar desde 2006 e que tem ganho ainda maior ímpeto nos últimos anos, apesar das condições adversas da conjuntura. Por isso, não se trata de um acordar dos empresários, dado que há muito que os empresários estão desper-tos para o imperativo da exportação. E também é verdade, como diz um velho ditado português, que “a necessidade e a fome aguçam o engenho”. Efetivamente, face aos fortes constrangimentos a todos os níveis que se têm feito sentir no merca-do doméstico, isso acabou por constituir um forte impulso para as empresas que tinham condições para o fazer procurarem janelas de oportunidade nos mercados externos, muito particularmente a nível extraeuropeu.

Qual tem sido o papel do Clube Portugal Expor-tador na promoção da internacionalização e apoio às empresas portuguesas nos processos de exportação?Em 2006 a AIP organizou a primeira edição do “Fórum Portugal Exportador”, que tem como conceito ser o local onde, num único dia, os em-presários podem saber tudo o que necessitam para iniciar ou aprofundar o processo de interna-cionalização das suas empresas. Com conferên-cias organizadas por mercados, por setores, sobre como fazer, cafés temáticos para partilha de ex-periências entre empresários, câmaras de comér-cio, embaixadas, consultores, seguradoras, em-presas de logística, visita de missões empresariais estrangeiras, apoiado pelo BES e pela AICEP, o Fórum Portugal Exportador, que este ano reali-zará a sua 9ª edição a 19 de novembro, logo se tornou o grande ponto de encontro nacional para a internacionalização das empresas portuguesas.Do encerramento do Fórum de 2011 resultou a necessidade de estender a sua intervenção

ao longo do ano, com atividades especializa-das por mercado, ou por setor, ou sobre algum tema específico, tendo assim nascido o CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR como elemen-to agregador de toda a atividade e intervenção a nível nacional e internacional da AIP-Feiras, Congressos e Eventos (AIP-FCE) no apoio à internacionalização das empresas portuguesas.Com o CLUBE PORTUGAL EXPORTA-DOR a Fundação AIP, através da AIP-FCE, criou uma plataforma de empresas exportadoras ou com potencial exportador, desenvolvendo uma dinâmica e interação crescentes, que nos permite ter uma intervenção agregada e consistente nos mercados internacionais, em paralelo com a nos-sa intervenção a nível nacional e com a sua par-ticipação e ligação aos eventos feriais realizados pela AIP-FCE. Assim, complementarmente ao Fórum Portugal Exportador e no âmbito das ati-vidades da AIP-FCE, o CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR assume-se como uma rede de empresas com atividades de internacionalização, com vista a fomentar a cooperação empresarial entre as empresas para a abordagem aos merca-dos externos, mas igualmente a partilha de in-formação, de experiências e de melhores práticas no acesso a novos mercados. O desenvolvimento do CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR alicerça-se no estabelecimento de parcerias privi-legiadas com empresas de consultoria, de seguros de crédito, banca, sociedade de advogados, enti-dades oficiais, entidades empresariais, entre ou-tros, que atuam no mercado internacional.

De que forma as empresas associadas beneficiam do Clube Portugal Exportador? Em que medida é importante para as empresas que querem iniciar--se na exportação ou que já são exportadoras fa-zerem parte desta iniciativa? Quais os principais objetivos a que o clube responde?Os membros beneficiam assim das mais-valias transmitidas não só pela Fundação AIP através da AIP-FCE, como pelos seus parceiros, seja pelos serviços que prestam, seja pela experiência que detêm nos mercados externos, as quais pode-rão ser transpostas para as respetivas estratégias de expansão internacional das empresas portu-guesas. Foi criado um Portal de acesso restrito, www.clubeportugalexportador.aip.pt, que visa fornecer informação de mercado sistematizada, possibilitar a discussão de temáticas de interes-se para os processos de internacionalização das empresas membro, divulgar oportunidades de negócio e mercado, entre outros dados de relevo no processo de internacionalização empresarial.Têm sido organizadas várias atividades dirigi-

“Na verdade, as exportações têm sido praticamente a única variável dinâmica no PIB nos últimos anos. Os empresários portugueses compreenderam que se impunha uma resposta positiva face à situação de emergência em que o país tem vivido, decorrente da crise económica e financeira internacional e da necessidade de cumprir o programa de ajustamento negociado com a TROIKA”, esclarece Maria João Rocha de Matos, Diretora-Geral da AIP – Feiras Congressos e Eventos Feira Internacional de Lisboa, Centro de Congressos

de Lisboa, Centro de Reuniões FIL, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais do nível da exportação/internacionalização das empresas lusas, que têm sido essenciais para Portugal.

POR UM PROCESSOde internacionalização seguro

das aos membros do CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR e aos expositores das diversas feiras FIL, entre as quais, a organização de “Ne-twork meetings” dedicados a temáticas/mercados específicos, a organização de ações em mercados previamente selecionados com os inputs das em-presas, ou o apoio à preparação e organização de missões e/ou visitas de mercado. Isto, entre ou-tras ações pontuais desenvolvidas, quer por nossa iniciativa, quer por solicitação dos membros do CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR, que têm por objetivo promover a nossa oferta nos mer-cados externos, quer pela via da capacitação sobre as suas especificidades, que pela via da prospeção de parceiros e clientes nos mercados-alvo. Pretende-se que a dinâmica assim criada venha a ter um efeito multiplicador, tanto no aspeto di-mensão, como conteúdos e objetivos, resultante dos “apports” dos diferentes intervenientes.

Que conselhos gostaria de deixar aos empresá-rios que estão neste momento a pensar dar este passo? O que é que é indispensável que os mes-mos saibam e façam antes de partirem para a in-ternacionalização?Deixando os conselhos para os sábios e os an-ciãos, permito-me sugerir a consulta do portal do CLUBE PORTUGAL EXPORTADOR, em www.clubeportugalexportador.aip.pt, onde poderão encontrar informação e documentação vária sobre o assunto, como por exemplo a “Car-tilha dos 10 Passos para a Exportação”, com in-formação útil e prática para os empresários.

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INTERNACIONALIZAÇÃO– CAPTAÇÃO DE VALOR

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

Maria João Rocha de Matos

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Esta operação consolidou a experiência acumulada de uma equipa lo-cal, trazendo para Portugal um acesso a um vasto portfólio de pro-dutos e serviços de valor acrescentado, para além da dinâmica de inovação constante que caracteriza a marca em todo o Mundo. Esta

consolidação levou ao aumento da nossa carteira de clientes e à implemen-tação de mais e inovadoras soluções no mercado português.Hoje em dia, a VeriFone tem mais de 20 milhões de soluções instaladas e testadas a nível mundial. Em Portugal, a VeriFone oferece uma gama completa de soluções de pagamento seguro de última geração como TPAs de Balcão, Pagamento Móvel, Pinpads e Pagamentos não-atendidos (self--service), um tempo médio de resposta de 24 horas em manutenção e um serviço Premium para grandes clientes, além de possuir uma equipa de Call Center e Help Desk operacionais todos os dias das 8h00 às 20h00, assim como uma estrutura própria de Field Service.

AS SOLUÇõES DA VERIFONE FORAM DESENHADAS PARA RESPONDER àS NECESSIDADES ESPECíFICAS DE VÁRIOS SETORES

Na área do Retalho, a VeriFone está a desenvolver soluções de pagamentos móveis no ponto de venda (Mobile POS), através da ligação a dispositivos móveis como smartphones e tablets. Estas soluções oferecem novas expe-riências de compra, venda e pagamento, a partir de qualquer lugar, por meio

VERIFONE há UM ANO EM PORTUGAL:o sucesso dos nossos clientes é o nosso sucesso

de aplicações que transformarão por completo as interações entre comer-ciante e consumidor. As vantagens são enormes uma vez que aumenta a receita, melhora a experiência de consumo e fideliza o cliente. Na área da Banca, a VeriFone possui várias parcerias, nomeadamente com o Banco Popular. Luis Pereira, diretor adjunto e coordenador da Unidade de Meios de Pagamento do Banco Popular, avança que o banco já “trabalha com a VeriFone há vários anos por ser um dos principais players no seu mercado. Os produtos comercializados e a assistência técnica são fiáveis, além de terem uma equipa muito flexível e sempre presente”.Outra das parcerias de grande sucesso da VeriFone em Portugal é com a instituição financeira de crédito Redunicre. António Dias, diretor da Re-dunicre refere: “A VeriFone é nossa parceira de negócio a nível do forne-cimento e manutenção de terminais de pagamento automático (TPAs). É para nós estratégico trabalhar com um dos líderes desta indústria a nível mundial, o que nos aporta saber e confiança: os TPAs são fiáveis, seguros, com comunicações rápidas e acompanham a evolução tecnológica mundial, como a tecnologia de pagamento Contactless. A VeriFone é sem dúvida uma empresa com uma oferta bastante competitiva e apresenta igualmente uma evolução bastante positiva ao nível do design dos terminais. A pre-sença da VeriFone veio valorizar e dinamizar o mercado nacional, que tem sofrido pelo facto de ter uma oferta limitada com efeitos negativos na tec-nologia e no preço”.As nossas soluções traduzem-se em vantagens tanto para os clientes como para o consumidor final, na medida em que oferecemos uma total despre-ocupação com questões de certificação e segurança quando este efetua os pagamentos das compras. Garantimos ainda que todas as soluções estão em conformidade com as normas de segurança mundiais de pagamentos. A VeriFone Portugal está também presente nos países africanos de lín-gua oficial portuguesa (PALOP) através de uma parceria feita em conjunto com entidades locais, com quem temos uma relação de parceria sólida e de longa data. Estes parceiros representam a VeriFone nestes mercados e têm acesso às várias famílias distintas de produtos e soluções da marca. São também responsáveis por garantir os serviços de suporte, manutenção e segurança a nível local em estreita relação com a VeriFone. Nos próximo anos, pretendemos proceder ao lançamento de novos produtos e certifica-ções, aumentando assim oportfólio da VeriFone nestes países. A aposta, tal como em Portugal, será assente na qualidade de serviços e na melhoria da manutenção de terminais junto dos comerciantes, o que se vai traduzir num fator diferenciador nestes mercados.Em suma, fazemos um balanço muito positivo deste primeiro ano, que en-caramos como tendo sido um ano de consolidação. Brevemente traremos mais novidades que estamos certos que vão de encontro às necessidades daquilo que é mais importante para nós: os nossos clientes.

VALOR E AS TI

No dia 1 de junho a VeriFone Portugal comemorou o seu primeiro aniversário. Presente no Continente e ilhas há mais de 25 anos, passou a ter escritório em território nacional em 2013, após a aquisição da unidade de pagamentos da Gfi, que era até

então representante da marca em Portugal.

A OPINIÃO DE João Girardi, General Manager da VeriFone em Portugal

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Os rostos mais visíveis são Pedro Soares e José Teixeira. “Cientes que juntos geram mais e melhor, decidiram unir conhecimento e esforço”. O resultado

chama-se Portobaixa e tem permitido aos parcei-ros que trabalham com esta empresa confiar no investimento num mercado que, em contraciclo com o que se tem assistido no país, “tem cresci-do e mostrado que, em Portugal, a tendência na área da construção civil começa a seguir contor-nos semelhantes à dos seus parceiros do centro da Europa onde a área da reabilitação para fim residencial já representa 33% do total do setor da construção civil, contra os 26% de habitação nova”. Admitindo que este negócio “funciona em qual-quer parte do país onde haja desenvolvimen-to”, Pedro Soares não escondeu a possibilidade da Portobaixa estabelecer alguma parceria com agentes de outros distritos portugueses. Con-tudo, em primeiro lugar, “temos de estabilizar o barco e consolidar o negócio no Porto”. E, de facto, a cidade tem sabido responder bem à ânsia que esta equipa tem de se demarcar num setor tão competitivo e cada vez mais atrativo para investidores externos. “Impulsionado pelo cres-cente interesse estrangeiro pela cidade que nela procura conhecer o seu património, a sua cultura, usufruir do seu clima e da sua relação privilegiada com o rio que tem no vinho do Porto a sua re-presentação máxima, o centro da cidade do Porto tem sido alvo de um crescente interesse por parte de quem investe”, defendem os representantes

da Portobaixa, uma entidade que não pretende ser uma empresa normal. Mais do que reabilitar e requalificar edifícios, a Portobaixa mantem a alma dos mesmos, daí que não se possa dizer que eles ficam irreconhecíveis. “As pessoas quando entram num edifício nosso têm uma expetativa tão alta que começam logo a idealizar como é que vai ficar e esquecem-se do estado de degradação em que se encontra. Mas a identidade do edifício permanecerá sempre lá”, afirmou José Teixeira. É também esta a identidade da Portobaixa. Desde a compra do edifício até à eventual revenda, de-pendendo do cliente, esta empresa materializa o conceito de “chave na mão”. Há vários fatores que jogam a favor do coração do Porto. “A cultura regressou às ruas da baixa, o lazer refloresce, o comércio tradicional volta agora com um ar mais cosmopolita e sofisticado e, em particular, as gerações mais jovens voltam a escolher o centro da cidade para viver”, acres-centam. Este movimento chamou a atenção até do Financial Times que em tempos dedicou um artigo à reabilitação da baixa e do centro históri-co do Porto (intitulado “Património de Portugal: requalificação para dar vida nova ao Porto anti-go”), defendendo tratar-se de uma “oportunidade rara de investimento em imobiliário”. Tem ha-vido, efetivamente, uma profunda transformação urbanística para a qual, inicialmente, a população local estava relativamente reticente. Mas o Porto está mais bonito é certo e, para tal, tem contri-buído o trabalho desenvolvido pela Portobaixa que, quando iniciou “esta aventura de reabilitar

Quando comparado com os grandes centros urbanos europeus, Portugal acordou tarde para o boom que se deu na reabilitação urbana. Os centros das cidades voltaram a ser apetecíveis e a atrair pessoas para lá viver. No caso concreto do Porto, nos últimos

anos, verificou-se um movimento de reabilitação em escala de quarteirões inteiros, como é o caso da Rua das Flores, dos Clérigos ou das Cardosas. A reabilitação assumiu um novo protagonismo e a Portobaixa, empresa de gestão de investimentos imobiliários criada por um grupo de investidores portuenses que “há muito acreditam e operam na reabilitação urbana da sua cidade”, tem procurado

estar na linha da frente deste movimento.

UM NEGóCIO qUE“funciona em qualquer parte do

país onde haja desenvolvimento”

edifícios (muitos deles em total estado de ruína)” assume que “o panorama geral do edificado era desolador”. A partir daí foram “arregaçadas as mangas” e colocadas mãos à obra, literalmente. Sentindo que ainda há um longo caminho a per-correr, a Portobaixa orgulha-se de poder estar a contribuir para esta transformação e revitalização de uma cidade que tanto diz a esta empresa. Mas vontade não chega. “A isso aliamos uma paixão inexcedível naquilo que fazemos”, asseguram. A estes “ingredientes” juntam-se mecanismos exter-nos que têm contribuído para este ressurgimento da segunda maior cidade portuguesa. O cresci-mento do turismo, a nova movida noturna da bai-xa e os incentivos fiscais têm tornado o Porto mais atrativo e, transcrevendo o artigo do Financial Ti-mes, “a baixa está a tornar-se um dos lugares mais elegantes para viver na cidade”. Para José Teixeira, a partir do momento em que os poderes políticos abrem as suas portas e se tornam mais acessíveis, isso foi possível. Como tal, a Portobaixa sente a autarquia portuense como uma parceira mas ainda existem certas burocracias que continuam a limi-tar o desenvolvimento dos processos. José Teixei-ra deu um exemplo: “quando estamos a falar de uma zona ou de um edifício classificado, devemos ter uma “carta verde” e, deste modo, se houver al-gum privado com interesse para reabilitar deverá ter as portas abertas para rapidamente começar a obra”. Por tudo o que tem assistido, o responsável acredita que é necessário dar mais oportunidades aos privados. “Não esqueçam as pessoas que estão realmente com vontade de reabilitar a cidade do Porto”, colmatou José Teixeira.

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TEMA DE CAPA

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“O mais interessante na Oeiras Inter-national School é que é uma escola IB desde o início”. Foi deste modo que começamos a nossa conversa

com Chari Empis, Diretora da OIS e uma entu-siasta por natureza. Outra característica não seria de esperar de um dos membros do grupo de pais que ajudou a introduzir o IB em Portugal. Fomos recebidos de braços abertos numa instituição de ensino que se caracteriza exatamente por isso, por saber receber. Mas é dos alunos que estamos a fa-lar. A OIS tem sabido acompanha-los desde mui-to jovens, exige deles o melhor e prepara-os para enfrentar qualquer desafio que o mundo lhes irá impor quando passarem pelos portões da Quinta Nossa Senhora da Conceição, em Barcarena, Oei-ras, rumo ao futuro. Mas, no fundo, o que significa ser uma escola que segue os programas do International Baccalau-reate? Com base na documentação disponível, é possível saber que uma educação IB pretende desenvolver alunos curiosos, inteligentes, críticos, comunicadores, com princípios, de mente aberta, solidários, equilibrados, pensadores e que não te-nham medo de arriscar. Sedeada na inicialmen-te na Suíça e hoje em dia, na Holanda, a IBO (International Baccalaureate Organization) pre-tendia, acima de tudo, desenvolver um currículo internacional que pudesse ser comum a várias es-colas um pouco por todo o Mundo e que exigisse dos jovens as características mencionadas com o intuito de torna-los profissionais e seres huma-nos de exceção. Um estudante de IB estará apto a enfrentar qualquer desafio. Os níveis de exigência são de tal modo elevados que até o impossível é

possível. De um modo geral, este programa está dividido em três principais fases: o PYP (Primary Programme Years) que corresponde ao primei-ro ciclo do sistema de ensino português, o MYP (Middle Programme Years), equivalente aos 2º, 3º ciclos e parte do secundário e, por fim, e a par-tir daqui, o aluno pode escolher as disciplinas que mais se adaptam às suas aptidões, no Programa Diploma IB (de 2 anos, essencialmente académi-cos) ou o IBCC (académico & vocacional) (que correspondem ao restante ensino secundário, mas no total os alunos tem 13 anos de escolaridade

Tudo começou na Fundição de Oeiras, em setembro de 2010. Pais, professores, estudantes e fundadores, preocupados com a educação, reuniram-se em torno de um objetivo: criar uma escola que conseguisse preparar alunos para responder aos mais

exigentes desafios que terão de enfrentar. Nasceu, assim, a Oeiras International School, uma escola que segue os programas do International Baccalaureate (IB), tendo sempre em mente a missão de desenvolver os talentos “escondidos” em cada um dos seus alunos. “Se não descobrirmos uma área na qual o aluno é espetacular, a escola está a falhar”, garantiu Chari Empis, Diretora da OIS,

hoje instalada na Quinta de Nossa Senhora da Conceição, um espaço já por si repleto de história.

“TENhO OS MELhORESalunos do Mundo”

obrigatória). “Estes programas são hoje conside-rados os mais exigentes e interessantes em todo o Mundo. Se, no passado, pensava-se que o en-sino consistia em dar exemplos práticos e apenas na universidade se apresentavam os conceitos, hoje pensa-se o contrário. O desenvolvimento da curiosidade dos alunos leva a pensar em con-ceitos, conteúdos, competências, tudo ao mesmo tempo”, afirmou Chari Empis. E, relembrando algumas escolas básicas portuguesas que, apesar de não serem IB, utilizam os mesmos métodos, a responsável acrescentou: “uma pessoa aprende porque é curiosa e não porque se quer impingir esse conhecimento”.

IB NA OEIRAS INTERNATIONAL SCHOOLDesenvolvido para alunos dos 11 aos 16 anos de idade, o MYP é suficientemente flexível para conseguir acompanhar as exigências dos currícu-los nacionais e locais. Preparando os alunos para os desafios recorrentes de um Programa Diplo-ma IB ou de um IB Career-Related Certificate

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IB WORLD SCHOOL IN PORTUGAL

Atividades ExtracurricularesPrograma de Artes Criativas:- Piano, Guitarra Elétrica, Guitarra Clássica, Baixo e piano, Tambores e Djembê, Trompete, Aulas de voz, coros, teatro e dança hip-hop;Atividades desportivas:- Voleibol, basquetebol, futebol, badminton e surf.

Chari Empis

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(Certificados de carreira), o MYP consiste em oito grupos de temas integrados em cinco áreas interativas que, num conjunto, desenvolvem uma aprendizagem global. Durante esta fase, o projeto pessoal é uma das componentes mais importantes. A avaliação é feita com base não no produto em si, tal como explicou Chari Empis. “Avaliamos o processo, a jornada, as desilusões, as vezes que o aluno teve de recomeçar”. Na OIS, a coordenado-ra destes projetos é Bárbara de Castro Guimarães e, nesta conversa, ficou claramente evidente que cada “obra” de um aluno é um pouco sua. Nesta fase, nada é impossível mas, se não passarem, não poderão ingressar no Programa Diploma. “Neste culminar do currículo que é o MYP, tentamos reunir tudo aquilo que os alunos devem ser, desde curiosos, independentes, conhecedores. Eles têm de aprender a pesquisar, a desenvolver o processo de uma criação, conclui-la, escrever um relatório e analisar todo o processo. No final devem ser capazes de perceber o que é que faz de um pro-duto bem sucedido ou não. O objetivo é que eles terminem a escola perfeitamente preparados para qualquer coisa que o Mundo lhes possa atirar”, partilhou. Para Chari Empis, Bárbara de Castro Guimarães “leva os alunos ao máximo das suas competências”. É, em muitos casos, graças a estes projetos pessoais, que um aluno descobre ter vo-cação para editar uma revista de moda recuando 113 anos no tempo, programar, criar pranchas de surf ou de skate, construir um carro que funciona a sensores ou escrever um livro sobre asma dirigi-do aos pais com base na sua própria experiência pessoal. São exemplos que não surgem por acaso. São projetos possíveis e alcançados, com alegrias e desilusões, na Oeiras International School. No fundo, o projeto pessoal é a prova da maturidade do aluno e compete com o que de mais empreen-dedor se faz no mercado atual. Para passar esta fase, o aluno tem ainda de se comprometer com a comunidade e, neste sentido, Oeiras é um local ideal. “Os alunos estão a retri-buir à comunidade a sorte de seguirem um pro-grama que se pensa ser o melhor do Mundo”, ex-plicou Chari Empis. Quando alguém afirma que a OIS é uma escola elitista, a Diretora responde de imediato: “é precisamente o contrário. Basta

nomear qualquer necessidade e terá lá um alu-no nosso envolvido no projeto”. Desde cultivar alimentos nas hortas que serão posteriormente doados à junta de freguesia para entrega aos mais carenciados até ao apoio prestado a idosos ou deficientes, os alunos da OIS estão sempre dis-postos a ajudar e não há limites. Como tal, para o próximo dia 4 de outubro está já agendado um evento no Estádio Nacional, cujos fundos serão entregues à Liga Portuguesa Contra o Cancro.Depois desta fase, o aluno tem pela frente um de dois caminhos: o Programa Diploma ou o Certifi-cado de Carreira, dois sistemas que procuram res-ponder às aspirações de qualquer aluno. O primei-ro é um programa educacional com exames finais que prepara os estudantes, com idades compreen-didas entre os 16 e os 18 anos (máximo 19 anos), para a universidade e para o futuro que daí advém. O aluno deve escolher um tema de cada um dos cinco grupos, garantindo um conhecimento am-plo na sua melhor língua, em idiomas adicionais, nas ciências sociais, nas ciências experimentais e em matemática. Este processo culmina com um exame reconhecido por universidades em todo o Mundo e que é feito em inglês (ou francês ou es-panhol noutras escolas ou países). Por outro lado, “nem todos os alunos são acadé-micos e, como tal, temos uma versão vocacional, o IB Career-Related Certificate”, explicou Chari Empis. Cada escola cria a sua própria versão do IBCC e na OIS foi formalizada uma parceria com a Escola Profissional Val do Rio. Tal como na Alemanha, Suíça ou Noruega, também Por-tugal tem programas vocacionais muito fortes e esta escola, há mais de 25 anos a formar profis-sionais, foi a parceira adequada para receber os alunos da OIS.

MARCOS DE UMA HISTóRIAHoje, pelos jardins da OIS passam 230 alunos de 25 nacionalidades diferentes. É mais do que certo que a cooperação intercultural é um dos valores que está mais presente no quotidiano desta esco-la. Mas nem sempre foi assim. O projeto começou com um número bastante mais tímido (54) mas rapidamente foi conquistando adeptos, alcançando um valor que chegou a assustar os fundadores. No

bom sentido. Foi tempo de parar para fazer um ba-lanço e, agora, é hora de recomeçar a crescer. Com alunos de topo e professores reconhecidos por todo o Mundo do International Baccalaureate, Chari Empis sente que esta é a sua melhor experiência de trabalho. “É imbatível”, descreveu, com o tom entusiasta que a definiu durante toda a conversa. Este é, para si, “um local ótimo para trabalhar” e a sensação de missão cumprida faz sucumbir to-das as dificuldades. “Estamos a fazer com que cada aluno seja muito bom na sua área de excelência”, confessou. Os passos têm sido dados no sentido de serem uma das melhores escolas de IB e, tal como na construção dos projetos pessoais, aqui também não há impossíveis até porque “tenho os melhores alunos do Mundo”, concluiu Chari Empis.

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A OIS oferece o currículo internacional com-pleto integrado do ano 6 ao 11, incluindo o Programa Diploma IB nos anos 12 e 13Middle Years Programme (MYP)– Ano 6 (corresponde ao 5º ano deescolaridade no sistema português) ao 11(10º ano de escolaridade):- Artes (Teatro, Música e Artes Visuais)- Tecnologias- Humanidades (História, Geografia, Religiões)- Línguas A (Inglês, Português, Francês, Espa-nhol, Holandês, Alemão e Mandarim)- Línguas B (Inglês, Português, Francês, Espa-nhol e Mandarim)- Matemática- Educação Física (e Saúde)- Ciências (Física, Química e Biologia)

Diploma Programme (DP) – Ano 12 e 13(11º e 12º ano de escolaridade em Portugal)- Inglês A e B, Português A e B, Francês B, Espanhol A e “Ab initio”, Holandês A, Alemão A, Mandarim A, História, Geografia, Biolo-gia, Física, Química, Matemática, Estudos matemáticos, Artes visuais, Psicologia, Teoria do conhecimento, Economia, Gestão, Línguas Autodidatas; e Desporto, Exercício e Ciências da Saúde a partir de 2015.

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Sendo a mais antiga escola britânica presente na Europa Continental, a Escola Britânica do Porto (Oporto British School – OBS) assume o compromisso de garantir aos seus alunos uma educação britânica e internacional da mais alta qualidade. Lutar pelo sucesso e servir. Só poderia ser este o lema de uma escola que carrega consi-go 120 anos de vida, um peso sentido por toda a equipa, desde professores aos próprios pais, mas hoje materializado por Nikki Macleod, Vice Di-retora da Secundária do OBS e Coordenadora de IB. Apesar de estar em Portugal há sensivelmen-te oito meses, já se sente um forte carinho por este espaço. Um sentimento demonstrado pela forma como recebeu a Revista Pontos de Vista e nos deu a conhecer “os cantos à casa”, àquela que é hoje a sua casa, e que se diferencia de outras exatamente por isso, pela sua tradição. Apesar de ainda não ter visto muito de outras escolas com a mesma índole, Nikki Macleod sente a respon-sabilidade de representar a mais antiga escola internacional da Europa. “Naturalmente que esta característica traz muita história e um conheci-mento muito rico. Além disso, os antigos alunos são uma componente muito forte desta escola. Eles continuam a vir cá e não querem perder este laço. Por outro lado, o mais importante é que tan-tos anos passaram e a OBS continua a ser uma es-cola pequena”, defendeu. Esta dimensão faz com que todos se conheçam muito bem e se tratem como membros de uma “grande família”. “Toda a equipa mantém uma relação amigável. Todos se conhecem e trabalhamos dentro dessa atmosfe-ra. Os professores conhecem muito bem os seus alunos e, como tal, sabem quais são as suas apti-dões e trabalham para desenvolvê-las”, explicou a responsável. Nenhuma característica se perde. Dos 3 aos 18 anos de idade, todos os jovens são preparados para que, depois da escola, possam

responder a qualquer tipo de desafio que a so-ciedade lhes possa impor, em Portugal, no Rei-no Unido, nos Estados Unidos da América, em qualquer parte do Mundo. Na Escola Britânica do Porto arriscamos dizer que “o céu é o limite”.Para celebrar essa história, no passado mês de maio, a propósito das comemorações dos 120 anos da escola, num evento que contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, foi inaugurado um cronogra-ma desenhado numa das paredes do espaço, onde constam os principais momentos que marcaram estes anos, a nível internacional, nacional e no seio da OBS. “Esta parede celebra a história da escola, homenageando ainda pessoas que traba-lharam aqui durante muito tempo”, disse. Atra-vés desta “linha do tempo”, há uma sensação co-mum: em 120 anos aconteceu tanta coisa, foram tantas mudanças! “Mudanças nos currículos, mu-danças tecnológicas e a escola conseguiu sempre acompanhá-las”, defendeu Nikki Macleod. Mas, numa instituição voltada para o futuro, o passa-do também tem um dos papéis principais. Basta entrar numa sala de aula para ter a certeza disso. Há tradições que a OBS faz questão de manter intocáveis ao longo dos anos. “O passado e o pre-sente estão aqui. O nosso trabalho é tentar que

São 120 anos de história que falam por si. A Escola Britânica do Porto (Oporto British School) é a mais antiga escola britânica na Europa Continental e daqui têm saído alguns dos profissionais mais reconhecidos no mercado global. Mas, apesar das conquistas, aqui não há grandezas. é um espaço aberto a toda a comunidade e que, não esquecendo nunca a sua longa história que desde o

passado mês de maio está “desenhada” numa parede, está virada para o futuro e para um ensino de excelência. é Escola Britânica de IB desde dezembro de 1992 e foi exatamente para falar de uma educação de vanguarda que a Revista Pontos de Vista foi à Foz do

Douro, no Porto, conhecer este espaço pelas mãos de Nikki Macleod, Vice Diretora da Secundária e Coordenadora de IB.

MAIS DO qUE UMA ESCOLA,a OBS é uma “grande família”

haja sempre uma harmonia entre eles, uni-los”, afirmou e, hoje, para abraçar estas características, a escola conta com cerca de 400 alunos, sendo a maioria de nacionalidade portuguesa. “Estamos abertos a todos aqueles que estão interessados no nosso currículo. Temos alunos de todo o Mundo e queremos que todos façam parte desta comuni-dade, que se comprometam, façam as atividades extra curriculares e que queiram trabalhar duro”, partilhou Nikki Macleod.

INTERNATIONAL BACCALAUREATE NA OBSApesar do peso das suas tradições, a OBS é uma escola internacional bem representativa dos de-safios do ensino do século XXI e que tem como principal foco proporcionar um ensino de ex-celência a todos os jovens que a escolhem. As-sim, até à conclusão do programa Cambridge e IGCSE (International General Certificate of Secondary Education) a escola segue o currícu-lo britânico. Depois disso e, desde 1992, a OBS tornou-se Escola Internacional de IB, seguindo o Programa Diploma IB, um dos mais interes-santes e exigentes programas educacionais em todo o Mundo. Com experiência IB em Portu-gal e no Reino Unido, Nikki Macleod sabe que a principal vantagem deste tipo de educação é, in-

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IB WORLD SCHOOL EM PORTUGAL

Alguns dados históricos sobre a OBS:- A Escola Britânica do Porto abriu as suas portas no primeiro dia de verão, em 1894, contando com 11 rapazes;- Rapazes não britânicos foram aceites pela primeira vez em 1902 e raparigas em 1914;- Nos anos 90 foi desenvolvido um currículo para os alunos do pós-IGCSE com a oferta de um ensino que conduzia à obtenção do Diploma de IB;- A escola foi sempre crescendo, tendo, atual-mente, 400 alunos, dos quais 85% são oriun-dos de famílias portuguesas, 5% são britânicos e os restantes 10% de outras nacionalidades.

Nikki Macleod

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questionavelmente, o facto de ser internacional. “Não dá ao aluno uma única perspetiva sobre um determinado tema. Proporciona-lhe uma educa-ção global, o que significa que quando ele sair da escola terá pela frente muitas opções diferentes em todo o Mundo. Pode ir para o Reino Unido, para os EUA ou ficar em Portugal. Pode ir para qualquer universidade que queira”, evidenciou. É, sem dúvida, um grande desafio pessoal e acadé-mico. Criado com o intuito de construir um cur-rículo comum e um diploma internacional que abrisse as portas para as mais importantes uni-versidades do Mundo, o Programa Diploma IB pretende formar jovens que respeitem diferentes pontos de vista e culturas e com um pensamento crítico. Dentro do programa IB “O aluno pode escolher uma área desde muito cedo em vez de ser forçado a estudar um tema de que nem gosta muito. Ele escolhe o seu caminho e, mesmo quan-do tem a certeza da profissão que quer seguir, a escola proporciona uma ampla visão das suas op-ções”, explicou. Em termos práticos, ainda que um jovem tenha plena convicção de que quer ser médico, esta educação permite-lhe explorar ou-tras disciplinas que não sendo cruciais para o seu desempenho enquanto profissional, ajudá-lo-ão certamente a crescer. Um médico não tem de sa-ber história ou geografia mas quanto mais amplo for o seu conhecimento do Mundo, mais longe chegará. Além deste conhecimento académico e de terem de praticar várias modalidades des-portivas (yoga, ginásio, etc), há uma permanente ligação com a comunidade envolvente. “Nesta idade podemos pensar que é muito, que é um tra-balho pesado mas eles estão a desenvolver as suas competências e, mais tarde, vão usá-las como referências para chegar a qualquer lado. Numa escola normal, com 18 anos, ninguém tem isso”, defendeu. É por isso que, para Nikki Macleod,

este tipo de educação é tão desafiante. “Eles que-rem fazer muitas coisas diferentes e a escola tem de conseguir acompanhá-los”, acrescentou. Num programa educacional tão exigente, é natural que as expectativas dos alunos sejam altas. Mas uma ambição é certa. “Eles querem ter muitas oportu-nidades. Querem terminar o programa sabendo que vão ter muitas opções pela frente”, afiançou a responsável. E, com estas idades, saber que se tem um Mundo inteiro pela frente, é verdadeiramen-te inspirador. Quando se fala nos resultados IB da OBS, chega-se sempre a uma conclusão: estão acima da média mundial. Terminado este ciclo, muitos alunos continuam em Portugal, sentindo--se muito bem integrados nas universidades na-cionais mas, em grande parte dos casos, o destino é o Reino Unido. A Kings College London, o Imperial College London ou a UCL (Universi-ty College London) entre outras, passam a ser o novo lar destes jovens.

PREPARAR JOVENS PARA PROFISSõESQUE NEM ExISTEM

As expectativas são cada vez mais altas, não só para os alunos, mas também para o corpo docen-te. Saber que terão pela frente jovens que querem carreiras que ainda nem existem é desafiante. “Para lá chegarem, eles têm de ter extraordinárias competências de modo a adaptá-las a qualquer tipo de profissão ou situação porque os jovens cada vez menos terão um emprego para o resto da vida e, como tal, têm que estar preparados para a mudança”, disse Nikki Macleod. Para corres-ponder ao que se pede, os professores da OBS são permanentemente motivados a dar o melhor de si, a empenhar-se ao máximo com o intuito últi-mo de proporcionar aos seus alunos as melhores oportunidades possíveis. Para o futuro, a OBS quer continuar a ser um

paradigma de sucesso. Uma vez que a cada cinco anos é feita uma revisão do programa a pedido da International Baccalaureate, a OBS sabe que está no caminho certo. Mas, a par disso, existem outros aspectos nos quais a escola se quer focar. O CAS (Criatividade, Ação e Serviço) é uma componente do núcleo obrigatório do Programa Diploma IB e o seu principal objetivo é fornecer um “contrapeso” ao rigor académico do progra-ma educacional, levando a sério a importância da vida fora do mundo escolar. É muitas vezes definido como uma “jornada de autodescoberta”. Dentro deste programa, os alunos têm organiza-do uma CAS trip (viagem) com o intuito de aju-dar populações mais carenciadas. Pelo segundo ano consecutivo, os alunos da OBS vão regressar a África do Sul, através de fundos arrecadados por eles próprios, para fazerem a diferença. É exatamente essa a mensagem final deixada por Nikki Macleod: “continuem a trabalhar muito, planeiem o vosso futuro e pensem no que querem fazer no Mundo para marcar a diferença”.

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O que é uma educação IB?é uma educação única devido ao seu rigor aca-démico e pessoal. De um modo geral, os es-tudantes são desafiados a serem excecionais no seu crescimento pessoal e profissional. O grande objetivo é incutir nos jovens uma ânsia de aprender ao longo da vida, proporcionan-do programas de educação internacional que partilham uma visão global sobre diferentes realidades. Para tal, um estudante de IB é in-centivado a ser curioso, conhecedor, crítico, comunicador, equilibrado, solidário, pensador, a ter princípios, uma mente aberta e a nunca ter medo de arriscar.

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Inaugurada em 2009, qual tem sido, em números, o impacto da INOVAGAIA? Quais os principais marcos que foram já atingidos no que respeita ao fomento do empreendedorismo e apoio ao tecido económico local da zona de Vila Nova de Gaia?Na verdade não gostaria de me pronunciar sobre o passado. Cheguei à INOVAGAIA em dezem-bro de 2013, e, pronuncio-me a partir de então. O passado está lá, faz parte da história e o futuro é que conta para mim.

O INOVAGAIA é uma instituição de referência no fomento do

empreendedorismo e no apoio ao tecido económico de Vila Nova de

Gaia. Através do Centro de Incubação de Empresas, no parque tecnológico

de São Félix da Marinha, são apoiados, pela via da incubação, os candidatos

a empreendedores, com potencial de crescimento. Paralelamente, é dada

especial atenção ao tecido empresarial já instalado em Vila Nova de Gaia, tanto na

vertente de desenvolvimento nacional, como no apoio à internacionalização,

através de ferramentas de aconselhamento de gestão e financeiras. A captação de investimento estrangeiro

para o concelho é também uma das prioridades. A Revista Pontos de Vista

entrevistou Maria Cândida Oliveira, Presidente da Direção.

“A INOVAçãO É FUNDAMENTAL,digamos quase incontornável”

Qual a importância da inovação para o desenvol-vimento da região norte? Um cluster de inovação e desenvolvimento é essencial neste processo?A inovação é fundamental, digamos quase incon-tornável. Não só para o Norte mas, para o país em geral, de forma séria, competente, concerta-da, estrategicamente pensada e prosseguida, o que infelizmente nem sempre acontece. Medidas avulsas, podem “resolver” problemas pontuais, mas, na verdade, em termos globais, nada mais

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EMPREGO, FORMAÇÃOE EMPREENDEDORISMO

Maria Cândida Oliveira

fazem, que engrossar a confusão, o que, em nada, contribui para revitalizar a iniciativa privada, rea-nimar a economia e, assim poder contribuir para diminuir a taxa de desemprego

Qual tem sido o papel da INOVAGAIA no âmbito da internacionalização e apoio às empresas incu-badas nos processos de exportação?A INOVAGAIA, tem uma função muito re-levante que não se esgota na incubação. Esse é

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“...a nossa função não é diretamente solucionar o desemprego mas sim, evitá-lo”

apenas um estádio, digamos o “pontapé” de saí-da, para uma missão mais abrangente que não se cinge apenas ao apoio a jovens empreendedores que prepara, para mais tarde, se instalarem no mercado, como empresários. A reanimação do tecido empresarial, já instalado no município, é também preocupação nossa, facilitando consul-toria nas distintas frentes de descomplicação dos negócios, apontando caminhos, meios de ação, ajudando na modernização de meios de gestão em parceria com Instituições credíveis, entre os quais se encontram associados de grande saber e experiência. Temos igualmente acordos assinados com agentes especializados para facilitar a inter-nacionalização de empresas sejam elas incubadas ou não. A função de captação de investimento para o concelho, é, igualmente uma vertente im-portante da missão que interiorizamos.

É necessário mobilizar uma faixa cada vez maior de PMEs para a fileira exportadora? As políticas públicas têm estado à altura deste desafio? Sem dúvida! Não me parece que, de forma con-certada, harmónica e eficaz, as políticas públicas tenham estado à altura…

Os portugueses, por força das circunstâncias, estão-se a tornar mais empreendedores? Poderá estar aqui um efeito positivo da crise?Não creio que esse, seja o exclusivo remédio para a “crise”. O exagero é inimigo da eficácia e, o pro-blema do desemprego não pode ser escamoteado, pensando que no futuro, seremos um país repleto de empresários…

A questão do financiamento é um dos aspetos mais importantes na criação de uma empresa por essa razão a INOVAGAIA está a gerir a plataforma GAIAfinicia. Como caracteriza esta solução de fi-nanciamento, frequentemente apontada como a plataforma com maior dinâmica nacional?É uma solução excelente e tem tido grande su-cesso no apoio a pequenos negócios. Bem gos-taria que tivesse um contributo financeiro maior, para se poder fazer mais e melhor.

A atual conjuntura económica obrigou ao ema-grecimento das estruturas empresariais. Para dar uma resposta a esse desafio, quais as soluções de acolhimento que a INOVAGAIA oferece a empre-sas e projetos empreendedores?Sendo bem estruturados e, com perspetiva de bem conseguidos, damos todo o apoio a novos projetos. Daí que se possa criar a hipótese de maior número de postos de trabalho, mas, a nos-sa função não é diretamente solucionar o desem-prego mas sim, evitá-lo.

A burocracia excessiva é frequentemente um en-trave à criação de empresas e até àquelas que já estão estabelecidas. De que forma a INOVAGAIA pode simplificar estes processos no âmbito da ini-ciativa “Licenciamento Zero”?O licenciamento zero para as micro, pequenas, e, médias empresas é fundamental. Assim se cumpra bem, e, está em curso. Assim seja bem aplicado. Mais do que a burocracia, preocupa-me a lentidão na decisão e desresponsabilização de quem para isso contribui. Tem que ser instalada

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EMPREGO, FORMAÇÃOE EMPREENDEDORISMO

uma política global de responsabilidade e com-petência.

A INOVAGAIA tem sido mais procurada enquanto incubadora de empresas de base tecnológica ou incubadora de ideias?Não consigo destrinçar, porque as duas procuras se misturam, quase confundindo-se uma com a outra.

Quais são as áreas científico-tecnológicas priori-tárias para a INOVAGAIA?Todas que incorporem conceitos inovadores e atualizem a oferta em função dos novos desa-fios que uma economia global diariamente nos impõe.

O Centro de Incubação de Base Tecnológica INO-VAGAIA pretende envolver alunos finalistas neste projeto através das oficinas de tecnologia para o

mundo empresarial e funcionar como a mediado-ra entre alunos, oficinas tecnológicas e empresas. Qual a importância desta ligação entre as univer-sidades e o mundo empresarial? Esta ligação tem vindo a falhar sistematicamente no nosso país e isso traduz-se em claras perdas tanto para os uni-versitários como para o tecido empresarial?Sempre considerei, como gestora, que as Uni-

versidades e demais Instituições Educativas não deviam viver de costas viradas para o mundo em-presarial e vice versa. Defendo, desde muito nova, uma cooperação continua e bem programada en-tre estes dois “mundos” que, na realidade depen-dem um do outro. Assim possa a INOVAGAIA; repor uma boa prática que, o correr dos tempos esbateu e quase anulou.

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BREVES

PARQUE AQUÁTICO DE AMARANTE CELEBRA 20 ANOS A comemorar o seu 20º aniversário, o Parque Aquático de Amarante acaba de reabrir para mais um verão de muita diversão entre família e amigos. Com várias atrações ao dispor, no Parque Aquático de Amarante a certeza de um dia bem passado é uma garantia para todos os que escolhem este espaço para momentos de lazer, podendo ainda usufruir de um espaço perfeitamente integrado na natureza que o envolve (montanha e rio Tâmega). Com 36 mil m2 o maior parque aquático de montanha da Península Ibérica oferece aos seus visitantes um mundo de diversão aquática para descobrir ou revisitar este verão, com seis pistas múltiplas, quatro pistas rápidas, um caracol, dois tobogans, dois parques aquáticos infantis, bares e um snack-bar com esplanada. Em 20 anos de atividade o Parque Aquático de Amarante já recebeu mais de 1,5 milhões de visitantes. Só em 2013, mais de 115.000 mil pessoas visitaram este local único na Península Ibérica.

Pousada do Porto entre os melhores do mundo A Pousada do Porto, Freixo Palace Hotel ascende ao topo da hotelaria mundial com a entrada na prestigiada The Leading Hotels of the World. Uma rede exclusiva que apenas admite os melhores, mais sofisticados e luxuosos hotéis do mundo, depois de serem submetidos a uma criteriosa análise, que se rege pelos mais rigorosos padrões de qualidade da indústria hoteleira global.Com um serviço sofisticado e atento aos mínimos detalhes, a Pousada do Porto passa assim a figurar entre os 430 melhores hotéis do mundo, reforçando o seu posicionamento de hotel ícone da cidade Invicta. Com uma posição privilegiada e única, absolutamente cénica, sobre o Rio Douro, a Pousada do Porto resulta de um casamento perfeito entre história e contemporaneidade, que já lhe valeram um lugar na Hot List da prestigiada revista de viagens Condé Nast Traveler e uma recomendação do The New York Times como visita obrigatória na cidade do Porto.

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Como é que o Politécnico do Porto vê o novo Pro-grama Erasmus+?O Erasmus foi o programa europeu de maior su-cesso na construção europeia. Vemos o Erasmus+ como a extensão dessa construção, agora mais orientado para as novas prioridades da Europa.

E quais são essas prioridades?Não podemos dissociar o Erasmus+ da juventude e do ensino superior e hoje em dia a empregabi-lidade é certamente uma das grandes preocupa-ções, logo a mobilidade com vista ao aumento da empregabilidade é claramente prioritária.

E como irá o IPP aumentar a empregabilidade com o Erasmus+?Iremos dar prioridade absoluta a mobilidades para estágios, curriculares ou em contexto empresarial. Temos estudos que demostram claramente que os estudantes que fazem mobilidade têm maior facilidade em encontrar emprego. As empresas portuguesas valorizam muito a experiência inter-nacional, os diplomados que a tenham estão mais adaptados a empresas que visem a exportação.

Acha que nesse novo contexto as instituições de ensino superior portuguesas podem ter algum destaque?Tenho a certeza. Por exemplo, o IPP coordena o projeto europeu PRAXIS, de mais de um milhão de euros, com mais de 80 parceiros internacio-nais, no âmbito do qual será criado o mercado europeu de estágios curriculares. Trata-se de uma plataforma web na qual as instituições e empresas podem anunciar estágios e os estudan-tes podem escolher esses mesmos estágios. Os estudantes do Erasmus+ que queiram fazer mo-bilidades para estágios noutros países irão poder usar esta plataforma.

E porque razão a Comissão Europeia atribuiu um projeto tão importante ao IPP?Porque sabem que somos orientados para a concre-tização de projetos. A plataforma foi desenvolvida pelos nossos estudantes, sob orientação do Profes-sor Nuno Escudeiro, responsável pelo projeto. O nosso modelo formativo é orientado para preparar os estudantes para os novos desafios da sociedade, para serem capazes de conceber e implementar so-luções. Resulta daí o grande valor que o mercado de trabalho atribui aos nossos diplomados.

E como os estudantes vêm este esforço de inter-nacionalização do IPP?Muito bem. Posso dar o exemplo da COMAP, a Comissão de Apadrinhamento dos Estudantes,

que ajuda a receber os estudantes internacionais e motiva os nacionais a fazerem mobilidades. Ajudam no alojamento, mostram a cidade, aju-dam na semana de receção dos estudantes inter-nacionais e nas semanas internacionais.

O IPP vai então centrar a sua internacionalização na interação com a Europa?E não só. Há outros espaços que são nossa prio-ridade, nomeadamente na CPLP. Estamos a for-mar o corpo docente de Universidades Angola-nas e a auxiliar na implantação de cursos. Outro bom exemplo é o Brasil, onde temos programas de Bolsas para estudantes, docentes e investiga-dores. Coordenamos dois grandes projetos eu-ropeus de mobilidade de investigadores com o

Erasmus+ é o nome do novo projeto comunitário da União Europeia, que vem substituir os antigos programas como por exemplo o Erasmus, o Leonardo da Vinci, entre outros e será aberto a estudantes, docentes, estagiários, voluntários, líderes de organizações

juvenis e a pessoas que trabalham em organizações de desporto não profissionais, envolvendo quase o dobro do financiamento do programa anterior. Mas muito mais aporta este novo programa, que arranca este ano e que vigorará até 2020. Sobre esta matéria a Revista Pontos de Vista conversou com Rosário Gambôa, Presidente do Instituto Politécnico do Porto, que nos deu a conhecer um

pouco mais de uma iniciativa europeia fundamental para o presente e futuro.

“O ERASMUS+ ESTá MAIS ORIENTADOpara as novas prioridades da Europa”

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ERASMUS+

Então o que poderá esperar um estudante acerca do IPP?Temos sete Escolas bem conhecidas: o ISEP centrado na Engenharia; o ISCAP na Contabi-lidade e Administração; a ESE na Educação; a ESMAE nas Artes e Espetáculo; a ESEIG na En-genharia Industrial e Gestão; a ESTGF, na Tec-nologia e Gestão e a ESTSP na Saúde. A nossa formação é orientada para a preparação para a resolução dos problemas concretos com os quais os profissionais vão ser confrontados na sua atividade profissional. A par disso damos uma formação de cariz internacional, inova-dor e empreendedor.

Rosário Gambôa

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Brasil. Estão envolvidas sete Universidades bra-sileiras de topo. Criamos recentemente o Centro D. Pedro, um centro luso-brasileiro para estudos, projetos e inovação, único em todo o espaço do ensino superior em Portugal. Será uma excelente interface entre Portugal e o Brasil.

Qual é a visibilidade do IPP em termos internacionais?É muito boa. Sobretudo desde que passamos a ser a Instituição de Ensino Superior Portuguesa com melhor desempenho no Ranking Mundial da SCIMAGO no que se refere ao principal in-dicador qualitativo da investigação, o indicador NI que mede o valor médio de citações por arti-go. O IPP é hoje um parceiro muito apetecível a nível internacional.

Mas para além da internacionalização que outras medidas o IPP toma para promover a empregabi-lidade dos seus estudantes?Cultivar o espírito inovador e empreendedor dos estudantes é fundamental. Lançamos este ano o Programa IPP Empreendedor 2020, ao abrigo do qual estamos a promover uma série de ini-ciativas indutoras desse novo espírito no qual o estudante se defina como principal construtor do seu destino. Mas não vejam isso dissociado da in-ternacionalização!

Internacionalização no Empreendedorismo?Sim, estamos a construir uma plataforma com-pletamente diferenciadora, algo que não existe em Portugal e vamos ficar inseridos numa rede

muito forte do novo movimento de inovação e empreendedorismo que se está a criar agora a nível mundial. O que importa é termos uma pla-taforma que seja um espaço vivo e animado, que cative os estudantes, se calhar com espaços que até sejam geridos por eles. Acreditamos muito nos nossos jovens, nos nossos estudantes. Mas voltando à questão a resposta é que hoje não se pode ser empreendedor sem pensarmos em ter-mos globais. Lideramos projetos e redes ligadas ao empreendedorismo com países como o Brasil ou Coreia do Sul.

E que experiências vão dinamizar nessa plataforma?Muitas, concursos de ideias, boot camps, mistura de estudantes com formações diversificadas, ace-leração de ideias, uma grande variedade de ini-ciativas disruptivas.

Iniciativas disruptivas! É capaz de nos dar um exemplo?Sim, A Fundação Calouste Gulbenkian acaba de aprovar um projeto que vamos incluir nesse espaço. Imagine projetos de fim de curso jun-tando estudantes de cursos diferentes, de países diferentes e que trabalham com suporte em fer-ramentas colaborativas e depois se juntam para criarem produtos inovadores. É essa a proposta do projeto MUDEI (Música, Design e Enge-nharia para Inovação e Internacionalização). Construir um móvel que é ao mesmo tempo um instrumento musical, com design, acústica mu-sical e suportado em tecnologias eletrónicas e

informáticas é um bom exemplo de um desses projetos. Mais uma vez a internacionalização, te-remos a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil) a colaborar com a Música, a Universida-de de Nottingham (Reino Unido) com o Design, a Universidade Hradec Králové (República Che-ca) na Eletrónica e a Universidade de Salamanca (Espanha) na Informática. É esse o tipo de pro-jetos com os quais queremos lançar desafios aos nossos estudantes. Parece um projeto em grande, mas quando eles colocarem a mão na massa te-nho a certeza que terá muito mais impacto do que nós podemos imaginar.

Mas tanta internacionalização não limitará a vo-cação regional dos Politécnicos?Muito pelo contrário. Para sermos verdadeira-mente úteis para o desenvolvimento da região onde nos inserimos temos de ter uma vertente internacional. Não se pode imaginar que uma instituição de ensino superior seja vantajosa no contexto regional se não for útil para a interna-cionalização dos produtos e serviços promovidos pelas empresas dessa região. Combinar compo-nentes de desenvolvimento regional com a glo-balização é o desafio que se põe. O IPP assinou recentemente protocolos no âmbito de uma rede entre o Norte de Portugal, Galícia e Castilla Leon, no programa CRUSOE. Assinou também um programa de mobilidade designado IACO-BUS, entre o Norte de Portugal e a Galícia. São dois bons exemplos de desenvolvimento regional ligado à internacionalização.

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A Revista Pontos de Vista foi à Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Uni-versidade Católica Portuguesa, tendo conversado com Adriana Martins, do-

cente da instituição e coordenadora de Relações Internacionais daquela faculdade, onde ficamos a conhecer as principais valências de um programa de mobilidade extremamente ambicioso no espaço europeu. O Erasmus+ destina-se não apenas a jo-vens universitários, mas também a jovens de outras entidades não-governamentais, como IPSS - Ins-titutos Particulares de Segurança Social, grupos de jovens, juntas de freguesia, associações de juventude e desporto, tendo ainda outra particularidade, ou seja, esta será a primeira vez que o desporto vai ser financiado pela União Europeia. Inquirida sobre as palavras que, no seu entender, definiriam o Progra-ma, Adriana Martins aponta três: “construção, diá-logo e inclusão”. A Universidade Católica Portuguesa há muitos

anos que trabalha com este género de programa, colaborando para a sua divulgação e implementa-ção. De salientar que o Erasmus+, “agora estrutu-rado de uma forma mais integrada e simplificada”, vem substituir o antigo programa Erasmus, que estava sob a égide do Programa «Aprendizagem ao Longo da Vida». Este último englobava progra-mas tão distintos como fundamentais, tais como: o Erasmus (ensino superior), o Leonardo da Vinci (ensino profissional),o Comenius (ensino básico e secundário), o Grundtvig (educação de adultos), o programa “Juventude em Acção” e ainda cinco programas de cooperação internacional (Erasmus Mundus, Tempus, Alfa e Edulink e o programa de cooperação com os países industrializados). “Com o novo quadro comunitário, surge o Programa Erasmus+ que abarca muitos dos programas ante-riormente referidos, apresentando novas valências e regras, para as quais estamos preparados para res-ponder, até porque a Faculdade de Ciências Huma-

“Qualidade, inovação e diferenciação” são as marcas que os promotores do programa Erasmus+ pretendem que sejam reconhecidas, numa iniciativa que pretende ser simples e desburocratizada e alcançar 100 mil jovens portugueses de todas as

condições sociais e de todo o país, com especial atenção às zonas do interior. São estas as aspirações do Erasmus+, que arranca este ano e que vigorará até 2020.

“ERASMUS+?Construção, diálogo e inclusão”

ERASMUS+

Adriana Martins

“Este programa tem também essa virtude, ou seja, a de facultar o acesso ao mundo do trabalho, havendo uma aposta forte da Comissão Europeia no sentido de favorecer a experiência profissional do estudante”

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nas já participa no programa Erasmus há mais de 20 anos”, salienta a nossa entrevistada. Mas como é realizada a divulgação deste género de programas na instituição? Segundo Adriana Mar-tins a promoção é realizada a nível interno, “junto dos nossos alunos”, pois a faculdade conta com um vasto conjunto de parcerias (mais de 80) com ou-tras instituições congéneres europeias, parcerias que estão a ser alargadas a outras instituições, “porque temos recebido muitas solicitações de instituições europeias que pretendem celebrar parcerias connos-co”, salienta a nossa entrevistada. Adriana Martins recorda que estas solicitações se devem a duas ra-zões: por um lado, a consolidação e reconhecimen-to da instituição e do nome da mesma como uma entidade de qualidade e prestígio no estrangeiro e “isso faz-se notar claramente nos nossos mestrados” cada vez mais procurados por alunos estrangeiros, e, por outro, o acompanhamento que a FCH faz aos alunos internacionais, destacando-se o programa «Friend4You», que mantém a tradição da institui-ção em saber receber bem os novos alunos. É importante salientar que os programas de mo-bilidade no quadro do Erasmus + não se destinam somente a alunos, já que docentes e funcionários administrativos podem participar em períodos de mobilidade, recebendo igualmente a FCH muitos docentes de instituições estrangeiras que lecionam em Lisboa num curto período de tempo, em regi-me intensivo.

«VALOR PARA SEMPRE»Já referimos que um dos principais desidera-tos do programa Erasmus+ passa pela qualidade, inovação e diferenciação, sendo que este modelo se adequa perfeitamente à essência e orgânica da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Uni-versidade Católica Portuguesa. Porquê? Adriana Martins explica. “O lema da faculdade é o «Valor para Sempre» e acredito que esses três elementos é que perpetuam o nosso lema, valor para sempre, acabando por se refletir ao nível da empregabilida-de dos nossos licenciados, sendo que o Erasmus+ será uma peça fundamental para desenvolver esta senda de bons resultados da instituição”, salienta a nossa interlocutora. Uma das principais características do programa Erasmus+, apresentado em fevereiro passado, passa pelo desenvolvimento de estratégias coletivas, numa lógica que pressupõe a transformação de políticas em ações concretas que promovam sinergias e alianças setoriais com universidades e o setor económico, pro-movendo uma relação próxima com o universo em-presarial. “Este programa tem também essa virtude, ou seja, a de facultar o acesso ao mundo do trabalho, havendo uma aposta forte da Comissão Europeia no sentido de favorecer a experiência profissional do es-tudante através de bolsas para a realização de estágios

no estrangeiro, facto que prepara melhor os alunos para o seu futuro”.

PROMOÇÃO DO ESPíRITO UNIVERSITÁRIO EUROPEU

O conceito de escola/universidade tem vindo a mu-dar o seu paradigma nos últimos anos, muito à cus-ta da introdução de programas como o Erasmus+. Para a Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Católica Portuguesa isto não é novo, até porque a instituição já o pratica desde há muito

tempo, já que se assume como uma «escola aberta ao mundo». “Temos sido um exemplo na promoção destes modelos. O programa Erasmus+ não vem mudar a essência do anterior programa, o Erasmus, embora reconheça a existência de algumas mudan-ças, com alterações de cariz mais administrativo ou de duração de bolsas. Continuamos à vontade com este novo programa e acredito piamente que o devemos valorizar, porque é fundamental na cons-trução do espírito universitário europeu”, conclui Adriana Martins.

“Temos sido um exemplo na promoção destes modelos. O programa Erasmus+ não vem mudar a essência do anterior programa, o Erasmus, embora reconheça a existência de algumas mudanças, com alterações de cariz mais administrativo ou de duração de bolsas. Continuamos à vontade com este novo programa e acredito piamente que o devemos valorizar, porque é fundamental na construção do espírito universitário europeu”

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Luso investe 4 milhõesno lançamento do Luso Tea

A Luso investiu 4 milhões de euros no lançamento do Luso Tea, "pro-duzido com água da marca", sendo que 90% deste valor será aplica-do em publicidade, de acordo com o diretor da unidade de negócios de águas e refrigerantes, Luís Prata, na apresentação da nova bebida. Questionado sobre quais as expetativas de vendas do Luso Tea, o di-retor da unidade de negócios disse que não podia adiantar a meta em termos de volume, mas referiu que o objetivo é "estar entre as duas principais marcas de ice tea em Portugal", a Litpon e a Nestea. O público-alvo desta nova bebida são "mulheres modernas, entre os 25 e 44 anos, que se preocupam com a sua aparência, e urbanas", adiantou. Questionado sobre se pretende exportar o Luso Tea para outros mer-cados, como Angola, Luís Prata afirmou que "é uma oportunidade", mas que "para já a prioridade é o mercado português". A Luso, que pertence ao grupo Sociedade Central de Cervejas (SCC), levou cerca de um ano a montar o projeto. Além da Luso, a SCC detém as marcas Sagres, Sagres Radler e Heineken, entre outras.

BREVES

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8.º Congresso Nacional do IdosoRealiza-se nos próximos dias 26 e 27 de junho, no Centro de Congressos de Lisboa e pretende debater várias temáticas relacionadas com a terceira idade e alertar para o facto de que, “apesar do declínio fisiológico determinado pela idade ser inevitável, e o processo de envelhecimento imutável, os profissionais de saúde podem e devem minorar a expressão da doença no idoso, através da prevenção, do aconselhamento e do tratamento adequados”. Presidido por José Canas da Silva, Diretor do Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta, Almada, esta iniciativa promove a importância de “cuidar” e de “cuidar melhor”.

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