revista pontos de vista edição 1

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ELOY RODRIGUES, LUÍS RODRIGUES E BERTA MARTINS, TRÊS GERAÇÕES DE ADVOGADOS NA LUÍS S. RODRIGUES & ASSOCIADOS FEBASE EM DESTAQUE REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO COOPERAÇÃO PORTUGAL CPLP Perceba de que forma é que esta «parceria» tem vindo a evoluir A realidade do sistema de educação em Portugal, desde a introdução de novas tecnologias à modernização do Parque Escolar O que tem sido feito em Portugal para promover o uso racional de um recurso valioso e finito - a Água - ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 1

Eloy RodRiguEs, luís RodRiguEs E BERta MaRtins, tRÊs gERaÇÕEs dE adVogados na luís s. RodRiguEs & assoCiados

FEBasE EM dEstaQuE

REutiliZaÇÃo dE Água EduCaÇÃo E FoRMaÇÃo CooPERaÇÃo PoRtugal CPlPPerceba de que forma é que esta

«parceria» tem vindo a evoluir

a realidade do sistema de educação em Portugal, desde a introdução de novas

tecnologias à modernização do Parque Escolar

o que tem sido feito em Portugal para promover o uso racional de um recurso valioso e finito

- a Água -

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Page 2: Revista Pontos de Vista Edição 1

“PRoMoVER a REFlExÃo soBRE a Água EM toda a sua CadEia dE ValoR E ContRiBuiR PaRa MElhoRaR a sua gEstÃo EstÁ no Código gEnétiCo da aPda”, aFiRMa, ConViCto, Rui godinho, aCtual PREsidEntE da aPda - assoCiaÇÃo PoRtuguEsa dE distRiBuiÇÃo E dREnagEM dE Águas - EM EntREVista à REVista Pontos dE Vista, REVElando, EntRE outRos, Quais as VERda-dEiRas Mais-Valias EM aPostaR FiRMEMEntE na REutiliZaÇÃo das Águas.

Rui godinho, PREsidEntE da aPda, EM disCuRso diRECto

PaRCEiRo inContoRnÁVEl no sECtoR da

Água

A APDA – Associação Por-tuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas é hoje uma referência no

meio em que actua. Como é que avalia a «obra» que tem vindo a ser perpetuada ao longo deste ca-minho?São já mais de duas décadas de ac-ção da APDA a favor das melhores políticas e melhores práticas no Sector da Água tanto em Portugal, como internacionalmente. Com efeito, para além da realiza-ção com periodicidade bianual dos ENEG – ponto de encontro privile-giado de todo o Sector e Indústria da Água em Portugal – a actividade da APDA tem-se multiplicado atra-vés da sua actuação institucional; do trabalho das várias Comissões Especializadas, que abarcam os principais temas que interessam e preocupam as Entidades Gesto-ras dos Serviços de Águas e Sane-amento; desenvolvendo acções de formação que contribuam para me-lhorar o conhecimento e a capaci-tação dos vários intervenientes na gestão, operação e manutenção do ciclo urbano da água; promovendo, por si ou associada a outras enti-dades, projectos nacionais como os Prémios APDA Ensino Superior e/ou o ECSI – European Customer Satisfaction Index, ambos já na sua 2ª edição.A intervenção da APDA, a nível na-cional e internacional, garante-lhe hoje um lugar de actor e parceiro incontornável no Sector da Água.

De que forma pretende a APDA promover a reflexão da água em toda a sua cadeia de valor? Promover a reflexão sobre a água em toda a sua cadeia de valor e contribuir para melhorar a sua gestão está no código genético da APDA. Toda a nossa actividade tem isso em vista, como é patente tan-to nas pequenas como nas grandes iniciativas.Nada nos é alheio quando se trata de iniciativas ou contributos para que as Entidades Gestoras de Água e Saneamento possam melhorar permanentemente a sua capaci-dade de resposta aos desafios que a prestação de serviços de quali-dade aos seus utentes lhes coloca diariamente.

Assumiu funções como presi-dente da APDA no ano transacto, 2009. Mais de um ano passado como analisa este primeiro ano de gestão? Quais foram as prin-cipais medidas/iniciativas que foram implementadas?De forma positiva. Realizou-se o ENEG 2009 com assinalável parti-cipação do Sector, tanto nos deba-tes realizados como na exposição técnica e institucional, lançou-se a segunda edição do ECSI, triplican-do o número de Entidades Gestoras aderentes, está também nas Uni-versidades e Institutos Politécnicos o Prémio APDA Ensino Superior que premiará trabalhos inéditos sobre Águas e Saneamento de alu-nos e mestrandos de todo o País,

índice

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não ex-pressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro pro-cesso, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

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FiCha téCniCa

PÁg. 11Código do tRaBalho

PÁg. 24

PÁg. 32MontE santo REsoRt

PÁg. 37ValoRiZaÇÃo PRoFissional

PÁg. 50ClíniCa lEitE & lEitE

Page 3: Revista Pontos de Vista Edição 1

Pontos dE Vista aMBiEntE - REutiliZaÇÃo dE Água4)

cia da CNAIA – Comissão Nacional da IWA – deve ser referida, espe-cialmente pelo facto de Lisboa ter sido seleccionada para acolher em 2014 o Congresso Mundial da IWA.Prepara-se também a conclusão de um Acordo de Cooperação com a nossa congénere espanhola, a AEAS, tendo em vista nomeada-mente a promoção das Jornadas Ibéricas da Água. Os próximos pas-sos serão no sentido do reforço das acções de cooperação com os paí-ses da CPLP.Entretanto, realizar-se-á em Lis-boa, no próximo mês de Outubro a Reunião de Outono do Conse-lho de Administração da EUREAU, onde estão representadas as Asso-ciações de Entidades Gestoras de Águas e Saneamento dos 27 países da União Europeia.

A reutilização da água in situ ofe-rece muitas oportunidades para racionalizar o consumo de água em nossas casas. Infelizmente, toda a água que utilizamos em casa e jardins é potável e utiliza-da para praticamente quase tudo. Qual tem sido o poder de inter-venção da APDA no domínio das reutilização das águas residuais? Qual é o uso possível para a água reutilizada?De facto, exceptuando alguns pou-cos casos, em Portugal não há uma prática de reutilização de águas – águas residuais tratadas, por exem-plo – para fins menos nobres ou de segunda linha (rega, enchimento de lagos, lavagem de ruas, comba-te a incêndios, lavagem de sanitas, etc.), utilizando-se, portanto, água potável para esses fins o que, de facto, configura, uma irracionali-dade em termos de uso eficiente da água.Pelo contrário, internacionalmente, há uma tendência crescente para a reutilização das águas residu-ais tratadas em usos urbanos, na agricultura, na indústria, recarga de aquíferos e no turismo. Estas práticas têm contudo que ser devidamente acompanhadas de adequadas avaliações de risco, es-pecialmente o risco para a saúde pública, envolvendo por isso a ve-rificação de adequados padrões de qualidade e uma aceitação pública de tais práticas.A APDA ciente da enorme impor-tância que a reutilização tem para

Portugal tem vindo a desenvolver algumas acções com vista à divul-gação e promoção deste tipo de ac-tuação, nomeadamente:

-Criação de Grupo de Trabalho (GT) dentro da Comissão Especializada de Águas Residuais (CEAR), sob o tema: “Reutilização de Águas Resi-duais”.Este Grupo de Trabalho tem vindo a desenvolver trabalho ao longo dos últimos anos, nos quais se des-taca a elaboração e compilação de resultados de um inquérito envia-do a todas as entidades Gestoras sobre este tema

- Apresentação de artigos técnicos no Encontro Nacional de Entidades Gestoras (ENEG) de 2005, 2007 e 2009, nomeadamente:ENEG 2009: “A Reutilização de Águas Cinzentas” – que pretendeu proceder à divulgação deste tipo de tecnologia às Entidades Gestoras, inovadora para a realidade Portu-guesa;ENEG 2007: “Reutilização de Águas Residuais e Valorização Agrícola de Lamas – Panorama Nacional” – Re-sultou da elaboração de um inquéri-to conjunto com outro GT da CEAR, obtendo-se uma caracterização da realidade nacional nesta matéria;ENEG 2005: “Breve Apresentação da Reutilização de Águas Residuais em Portugal e na União Europeia” – Que pretendeu divulgar este tipo de procedimentos e tecnologias às Entidades Gestoras em Portugal;Participação da APDA/CEAR no Grupo de Trabalho “Reuse”, da EU-REAU - que se iniciou este ano.Paralelamente a Comissão Especia-lizada de Águas Residuais da APDA tem vindo a responder às solicita-ções a que é sujeita, nomeadamen-te a introdução de comentários ao

“Guia de Reutilização de Águas Resi-duais” da ERSAR), tal como ocorreu em 2009;Está em preparação, entretanto a realização de um Workshop para 2010/2011 sob o tema: “Reutiliza-ção de Águas Residuais em Portu-gal. Novos Desafios e Perspectivas Futuras”, o qual pretende ser uma acção de forte sensibilização a todo o Sector para se avançar com prá-ticas consistentes neste domínio em coerência aliás com as medidas previstas no Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água.

reforçou-se o papel e a representa-ção institucional da APDA, alargou-se o âmbito das acções e programas de formação aplicados ao Sector, a APDA assumiu a coordenação da CNAIA, estabilizou-se e reforçou-se o funcionamento das Comissões Especializadas a nível interno e no âmbito da EUREAU – European Fe-deration of National Associations of Drinking Water Supliers and Waste Water Services.

Uma das suas principais mensa-gens aquando da sua tomada de posse passou por garantir o re-forço da representação da APDA, tanto a nível nacional como in-ternacional. Este desiderato foi alcançado? Qual a importância

do mesmo na orgânica da insti-tuição?Sim. Está praticamente alcançado em toda sua extensão. A APDA pas-sou a integrar o Conselho Nacional da Água, os Conselhos Consultivos das ARH – Administrações de Re-gião Hidrográfica, aguardando-se em breve a concretização da repre-sentação no Conselho Consultivo da ERSAR.A nível internacional destaca-se a presença e o trabalho da APDA nas várias instâncias da EUREAU, tanto no Conselho de Administra-ção como nas Comissões Especia-lizadas. Também a participação no Governing Assembly Board da IWA

– International Water Association – actualmente expressa na Presidên-

“a Água é uM RECuRso Finito”

sEndo aCtualMEntE uMa MaRCa dE REFERÊnCia no MERCado EM QuE aCtua, a sisaMB REVEla-sE hojE CoMo uMa aPosta PoR ExCElÊnCia ao níVEl dE soluÇÕEs/sERViÇos no PanoRaMa da Água. QuisEMos ConhECER Esta EMPREsa dE REnoME E ConVERsÁMos CoM CaRlos luís, adMinistRadoR da sisaMB, QuE nos FEZ uM «REtRato» PRoFundo da REalidadE naCional nEstE sECtoR, BEM CoMo Quais sÃo as PRinCiPais PotEnCialida-dEs da sisaMB.

Em que momento é que sur-ge a SISAMB e de que for-ma é que tem vindo a ser perpetuado o seu desenvol-

vimento?Com a experiência adquirida ao longo de 11 anos no sector, surgiu a oportunidade da criação da SI-SAMB. Assim, temo-nos baseado es-sencialmente na boa prestação de serviços, flexibilidade e contamos tambem com um enorme apoio dos fabricantes das marcas com que trabalhamos, o que nos leva a dar ao cliente uma boa solução.

Sendo uma entidade de referência, a SISAMB oferece aos seus clientes uma conjugação, nas mais diversas vertentes, do binómio qualidade/preço. Quais as mais-valias desta so-lução? Esta sempre foi uma forma de enca-rar o negócio, realizando uma obra com custo mais baixo e cumprindo sempre os requisitos exigidos por lei, apostando no binómio qualida-de/preço e reforçando sempre uma tipologia de concepção em que o cliente pudesse facilmente operar com os equipamentos.

Que soluções é que apresentam no âmbito do tratamento de água e águas residuais? A diversidade dos vossos serviços/soluções são tam-bém uma garantia de qualidade? Apresentamos diversas soluções a nível de tratamento de água como: Filtração, Descalcificação, Desferri-zação, Osmose Inversa, Tratamento UV, Bombas doseadoras, controla-

dores etc… Ao nível das águas re-siduais possuímos equipamentos compactos como as ETAR´s, Reten-tores de Hidrocarbonetos, Retento-res de Gorduras, entre outros equi-pamentos.

As vossas soluções direccionam-se única e exclusivamente para o mer-cado empresarial? Qual é a recep-tividade por parte do Universo em-presarial? Ainda são vistas como um custo desnecessário? O aumento da fiscalização revela-se fundamental neste âmbito?Não só para o mercado Empresarial, contudo esse é o nosso principal mercado, visto ainda não haver grande recptividade do particular para determinados investimentos neste sector. Sem duvida que o aumento da fiscalização se torna imprescindivel principalmente para que se começe a reutilizar mais água e se cumpram as normas exigidas.

Quais são as verdadeiras vantagens em reutilizar a água das nossas ha-bitações? Acredita que ainda existe em Portugal algum cepticismo rela-tivamente a esta temática? Devem ser colocadas em prática acções de sensibilização relativamente à reuti-lização de águas residuais?Acima de tudo temos de perceber que a água é um recurso finito e assim temos de promover mecanis-mos que fomentem a sua poupança, sendo essa a principal vantagem, ou seja, estaremos assim a promo-ver uma poupança de um recurso

natural, bem como na diminuição dos consumos de água nos W.C. e espaços verdes. Este processo carece ainda de pou-ca receptividade, e deveriam ser criados apoios, indo ao encontro do que foi protagonizado ao nível das energias renováveis.

Existe actualmente capacidade das entidades gestoras da água em con-trolar esse cenário de reutilização das águas residuais? Julgo que ainda não, estamos agora a começar a dar os primeiros pas-sos na reutilização e a fiscalização nas ETAR´s é ainda muito deficien-te. Acredito que estamos numa fase embrionária e portanto devemos promover uma aposta superior neste âmbito em prol do nosso país. Será sempre um processo moroso, mas acredito que iremos alcançar esses objectivos.

Que lacunas ainda vislumbra neste panorama?Acima de tudo, parece-me que existe uma escassez evidente ao nível da sensibilidade ou desinteresse dos proprietários das grandes empresas em reutilizar efluentes, falta de fiscalização. Mas acredito que vamos no bom caminho, sendo, para mim, absolutamente fundamental que se fomentem um maior número de parcerias entre o sector público e o sector privado.

Uma das vertentes mais «discutidas» ao nível da reutilização das águas residuais passa pela rega de alguns

CaRlos luís, adMinistRadoR da sisaMB, dEixa o alERta

espaços públicos, como por exemplo os campos de golfe. Acredita que esta realidade deveria ser obrigatória ou devemos promover uma «adesão voluntária» dos principais interve-nientes? É um tema que tem de ser visto caso a caso, pois um aldeamento com Golfe, mas isolado de uma gran-de ETAR, é incapaz de produzir os caudais necessários para a rega do campo. Se estiver próximo de uma ETAR, deveria haver uma parce-ria entre Promotor, Autarquia e a Empresa Gestora de Água daquela zona., pois todos têm interesse nes-te tema.

Que análise é que efectua no panora-ma português relativamente ao uso eficiente desse recurso tão valioso que é a água. Sente que estamos no bom caminho? Que obstáculos ainda faltam ultrapassar? Obviamente que ainda temos de dar passos importantes nesse sen-tido, mas creio que, paulatinamente e com a ajuda das novas gerações, estaremos no bom caminho

Quais são as principais prioridades de futuro da SISAMB?Acima de tudo manter um equilí-brio do crescimento da SISAMB, apostando no fito diário da empre-sa, ou seja, satisfazer totalmente os nossos clientes e apostar na certifi-cação dos serviços, no crescimento e na internacionalização, que já co-meça a dar alguns sinais bastante optimistas.

Rui godinho, PrESIDEntE DA APDA

lER na íntEgRa EM WWW.PontosdEVista.CoM.Pt

Page 4: Revista Pontos de Vista Edição 1

Pontos dE Vista aMBiEntE - REutiliZaÇÃo dE Água6)

Empresa de referência e renome a nível na-cional e internacional, a Águas do Porto E.M.

sofreu uma transformação em 2006, com a passagem de servi-ços municipalizados a empresa municipal, detida a cem por cen-to pela autarquia presidida por Rui Rio. Para o nosso entrevis-tado, esta alteração revelou-se fundamental no preconizar dos fitos da entidade, pois a Águas do Porto E.M. era gerida, entre 2001 e 2005, pelo Partido Comunista, fruto do acordo mantido entre as três partes: PSD/CDS-PP e Par-tido Comunista. Neste período, 2001/2005, “não foi alcançado nada do que tínhamos previsto”, afirma convicto, assegurando que foi depois do resultado ob-tido nas eleições legislativas em 2005, maioria absoluta, que se começou a transformar e a ele-var o desígnio da Águas do Porto, E.M, assente em diversos e distin-tos objectivos. Tornar a empresa numa entidade lucrativa, promo-vendo o investimento e manten-do o valor da água, “algo que te-mos vindo a perpetuar”; combate às fugas de água. “Quando apos-támos nesta «transfiguração», as fugas de água no Porto rondavam os 53 por cento, nível considera-do inaceitável”; Cobertura total do território citadino ao nível de saneamento. “Apesar de possuir-mos cerca de 94 por cento do ter-ritório coberto pelo saneamento, a cidade do Porto é antiga, logo munida de um sistema de sane-amento demasiado desgastado

e que pretendíamos colmatar. Além de que ainda faltavam seis por cento para que a cidade do Porto estivesse na sua totalidade coberta ao nível de saneamento. Estes foram, aquando da tomada de posse, as nossas principais preocupações e objectivos”, ex-plica o nosso entrevistado.

altERaR a RElutânCia EM adERiR à REutiliZaÇÃo das Águas

A reutilização das águas assu-me-se actualmente primordial no que concerne às questões relacionadas com a poupança e racionamento da água. Em Por-tugal, esse modus operandis ainda é algo incipiente, faltando para que isso seja uma realida-de, do Ponto de Vista do nosso entrevistado, duas vertentes: sensibilização das populações e uma legislação eficaz e rigorosa. Apesar dessa resistência e relu-tância em «aderir» à reutilização das águas, a empresa municipal da autarquia portuense deu o primeiro passo nesse sentido, embora ainda esteja numa fase bastante embrionária. “Criámos condições para que a água dos lagos do Parque da Cidade su-bissem e são todos regados com a água proveniente do nível fre-ático. Obviamente que isto ainda é pouco, pois pretendemos efec-tuar a rega dos jardins da cidade com agua reutilizável de uma for-ma mais exaustiva. Ainda não o estamos a fazer, mas acredito que esse será o futuro”, explica Álvaro Castello-Branco, lembrando que

é necessário apostar na sensibi-lização da opinião pública. A legislação é, na opinião o gran-de óbice à concretização mais cé-lere da promoção da reutilização de águas. “Enquanto não existir uma entidade que regule o actual quadro neste domínio, parece-me difícil de concretizar este fito”, revela o nosso entrevistado, assegurando que este tema já foi discutido no seio interno do seu partido político, CDS-PP.

“MotiVo dE oRgulho PaRa a CidadE do PoRto”

Como já foi salientado, foi em 2006, momento em que a Águas do Porto, E.M viu a sua orgânica completamente transformada, que foram tomadas medidas que contornassem o então «estado de coisas» que se viviam na ci-dade do Porto ao nível da água. A despoluição de algumas ribeiras foi alcançada na sua plenitude, retratando assim o aumento de praias munidas com bandeira azul na cidade do Porto. “Come-çámos de facto a trabalhar nas ribeiras que desaguavam nas praias e foi nesse momento que começamos a ver os frutos des-te árduo trabalho”. Em 2004, as praias do Porto encontravam-se interditas, não estando sequer providas como zona balnear, sendo que foi em finais de 2005 que a empresa Águas do Porto liderada pelo nosso entrevista-do começou a realizar obras de nomeada na cidade, tendo em 2007, essas zonas alcançado o

estatuto de zonas balneares, embora destituídas de bandeira azul. “No ano seguinte, 2008, al-cançamos a primeira bandeira azul e em 2009 mais duas praias foram contempladas com esse galardão. Este ano, conseguimos alcançar sete praias com bandei-ra azul”, salienta satisfeito o nos-so entrevistado, como «calando» as vozes críticas daqueles que já estiveram na posição do nosso interlocutor e nada fizeram. “ Se dúvidas existissem, esta realida-de demonstra que houve aqui um processo evolutivo, que deve ser motivo de orgulho para a cidade do Porto”. A terminar, Álvaro Castello-Bran-co assume que a questão das águas reutilizáveis é um tema “muito importante para a cidade e gostava de ver iniciado na sua plenitude ainda no decorrer do meu mandato”, esclarece, lem-brando que é necessário ir mu-dando mentalidade, numa lógica cadenciada, ao estilo do chavão britânico «Step by step». “Acredito que é um projecto concretizável, até porque com as nossas ETAR’s, localizadas em Sobreiro e no Freixo, reunimos todas as condi-ções para que este projecto seja um sucesso, mais concretamente, ao nível da rega de jardins e lava-gem de ruas. Era um sinal de mo-dernidade que dávamos ao país e ao resto da Europa”, conclui Ál-varo Castello-Branco, presidente das Águas do Porto, E.M.

“usEM a Água CoM PaRCiMónia E CoMPREEndaM QuE a Água REutiliZÁVEl é uMa Água ExtREMaMEntE útil E sEM QualQuER PERigo, Pois a BREVE PRaZo a CidadE do PoRto EstaRÁ a usaR EstE Método EM BEnEFíCio dE todos”, aFiRMa ÁlVaRo CastEllo-BRanCo, PREsidEntE da Águas do PoRto E.M, ViCE-PREsidEntE da Câ-MaRa MuniCiPal do PoRto E VEREadoR do PElouRo do aMBiEntE E juVEntudE da autaRQuia, EM EntREVista à REVista Pontos dE Vista, QuE nos dEu a ConhECER o aCtual PanoRaMa no doMínio da Água na CidadE inViCta.

“PREtEndEMos PRoMoVER uM «sinal» dE ModERnidadE ao País’’

ÁlVaRo CastEllo-BRanCo, PREsidEntE da Águas do PoRto, E.M aFiRMa,

ÁlVaRo CastEllo-BRanCo, PrESIDEntE DA ÁgUAS DO POrtO, E.M

É animada por esta convic-ção, e pelo entusiasmo de uns poucos que acredita-ram ser isto possível, que

foi criada a FLORECHA – FOREST SOLUTIONS S. A., há cerca de uma dúzia de anos, na vila de Chamus-ca, encostada a uma charneca onde dominam o montado de sobro e eucaliptais. Governou esta os seus princípios de vida pelo amanho das terras e plantações, com a progres-siva utilização de máquinas de cres-cente sofisticação. O aumento no in-teresse pelos recursos renováveis, que ia ganhando vulto, e a que os di-versos segmen¬tos da economia se iam ajustando, levou a que esta em-presa procura-se adquirir conhe-cimentos sobre as oportunidades que poderia encontrar na biomassa florestal existente na região para a produção de energia. Com esforço, mas não sem entusiasmo, foram efectuados novos investimentos ampliando o parque de máquinas que, para a prestação de serviços e para o aproveitamento de produtos florestais, ocupavam lugar no apro-veitamento da biomassa através de operações de primeira trans-formação. Em paralelo aumentou a responsabilidade e amplitude dos trabalhos efectuados. Vieram rela-ções de outra natureza, como com as universidades e organismos li-

gados à investigação, encetando-se lentamente as relações com parcei-ros que no estrangeiro partilhavam idênticos interesses. Dos contactos com os produtores da região e com o apoio da indústria de pasta de celulose partiu a iniciativa de criar campos experimentais. Optou-se pelo choupo, seguindo algumas das recentes tendências que ganhavam expressão no sul da Europa.Ganhou assim esta empresa novo fôlego, ampliando-se os quadros de pessoal, dotando-a de algum equipamento tecnológico, e adap-tando a esta evolução as instalações administrativas. Como se isto não bastasse, tendo crescido o parque de viaturas e o equipamento opera-cional de maiores dimensões, como todo o outro que o secundava no processamento integrado da bio-massa, encontrou-se necessidade de criar de raiz novas instalações e espaço de apoio logístico. Foram deste modo construídos pavilhões para arrecadação e manutenção das máquinas, área administrativa descentralizada e um parque para movimentação de produtos de ori-gem florestal. A obra foi concluída e assegura o apoio à actividade exer-cida na área de influência mais pró-xima. Os trabalhos da FLORECHA – FOREST SOLUTIONS, SA. iam, ape-sar destas obras, marcando lugar

não só na região como noutras zo-nas do pais, algumas das quais pela sua dimensão provocavam apreen-são quanto à sua execução, exigindo programação e organização cuida-dosa, e requeriam a contratação em regime de outsourcing. O apetrechamento de índole inte-lectual surgiu sem demora, como complemento do volume de traba-lhos que se fazia sentir, e pela diver-sificação de objectivos por que se tinha enveredado. Estas iniciativas albergam os elementos qualitativos que possibilitam acréscimo de ga-nho de eficiência e de produtivida-de, dos quais se podem nomear: a Certificação da Cadeia de Custódia e da Qualidade, o estudo do potencial das culturas energéticas e a avalia-ção dos sistemas tecnológicos de recente geração com interesse para o aproveitamento energético. Inse-rida a FLORECHA – FOREST SOLU-TIONS, SA. numa área florestal de grande escala, compreende-se que muitos dos empreendimentos le-vados a cabos por outras entidades tenham em conta a sua valorização, e a preocupação em suster o equi-líbrio ambiental entre os diversos recursos naturais em jogo. A cria-ção de quatro Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), abrangendo cerca de oitenta mil hectares; o alarga-mento apreciável dos aderentes ao

Grupo de Certificação Florestal, que preenche perto de dezasseis mil de hectares de floresta certificada pelo FSC e tendo a ACHAR – Associação dos Agricultores de Charneca como entidade gestora do grupo ACHAR (Sistema de Gestão Florestal; a ins-talação do Eco-Parque do Relvão (Carregueira), onde se encontram duas unidades de Centros Integra-dos de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER) inauguradas em 2008, servem de moldura a um quadro sócio-económico e tecnológico lo-calmente estimulante. Movimen-tando-se neste clima de desafios, a FLORECHA – FOREST SOLUTIONS, SA. tem procurado incor¬porar mais-valias numa biomassa intrin-secamente incipiente quanto ao seu potencial para o aproveitamento energético. A tentativa de vertica-lizar as aptidões desta empresa imprimiu um maior ritmo ao esfor-ço em que se envolveu para atrair novos colaboradores e consultores. Já integrada numa Estratégia de Efi-ciência Colectiva (QREN), encontra-se em fase de projecto uma unidade industrial cujo objectivo consiste no aproveitamento de biomassa, aliado à inovação tecnológica, para a produção sustentável de energia.

nas jÁ idEntiFiCadas assiMEtRias do tERRitóRio, hÁ uM QuinhÃo ondE CaBEM os tRÊs MilhÕEs dE hECtaREs da FloREsta PoRtuguEsa no Con-tinEntE (38% do tERRitóRio), E QuE sE houVEssE VisÃo E tino nos QuE dEtÊM PodEREs PaRa MandaR, MaioR EstE sERia, PossiVElMEntE Mais diVERsiFiCado E RiCo, ondE nElE Muitos Mais PodERiaM tRaBalhaR E tiRaR PRoVEito.

FloREstas dE EsPERanÇaFloRECha FoREst solutions, s.a.

PoR CaRlos aMaRal nEtto, sóCio gEREntE da FloRECha –FoREst solutions s. a.

lER na íntEgRa EM WWW.PontosdEVista.CoM.Pt

oPin

iÃo

Page 5: Revista Pontos de Vista Edição 1

Pontos dE Vista aMBiEntE - BiodiVERsidadE8)

que actualmente o número de em-presas que se certificam, porque têm de se certificar, é residual”.Apesar da crise económica em que vivemos, José Leitão destaca que “2010 foi o ano em que mais empre-sas chegaram à certificação” e, por isso, entende que, no futuro, a AP-CER “deve apostar cada vez mais no caminho da internacionalização”.

A Associação Portuguesa de Certificação (APCER) é um organismo por-tuguês privado que se

dedica à certificação de Sistemas de Gestão, Serviços, Produtos e Pessoas, de forma a garantir a qua-lidade e promovendo vantagens competitivas às entidades públicas ou privadas, tanto nacionais como internacionais. Esta entidade foi constituída pelo Instituto Portu-guês da Qualidade, pela Associação Empresarial de Portugal e pela As-sociação Industrial Portuguesa, em Abril de 1996, iniciando a sua acti-vidade em Outubro do mesmo ano. Em Portugal, a APCER é líder de mercado, tendo atribuído mais de 6100 Certificados de Conformida-de, desde a sua constituição, entre os quais se incluem entidades em Espanha, Marrocos, Moçambique, Angola, Brasil e China (Macau).Como organismo responsável que é, a APCER, está também sensibiliza-da para as questões ambientais, no-meadamente a biodiversidade, em-

bora José Leitão considere que este tema se encontra inserido no domí-nio da sustentabilidade e que care-ce de soluções concretas no âmbito da certificação: “A questão da Bio-diversidade é específica no interior de um tema muito mais amplo que é a sustentabilidade, no qual existem preocupações ambientais, sociais e económicos. Para a APCER, a sus-tentabilidade é uma área de preocu-pação dos agentes económicos que já não pode ser ignorada, já a ques-tão da biodiversidade é muito mais específica e, neste momento, não está endereçada de forma concreta na nossa actividade. Existem alguns produtos que de facto tocam o tema da biodiversidade, como a conser-vação dos pesqueiros e da pesca sustentável que, embora potenciem a biodiversidade, não a tratam de forma explícita”.Actualmente, o mercado internacio-nal do comércio das madeiras tem vindo a valorizar práticas de ges-tão florestal responsável, porque os consumidores exigem uma ga-

rantia de que o produto que estão a adquirir foi produzido de acordo com práticas de gestão sustentável. Existem diversos sistemas de Cer-tificação Florestal que surgiram no início da década de 90 e assentam em sistemas de Gestão da Qualida-de e Ambiente onde o gestor flores-tal tem que cumprir um conjunto de requisitos predefinidos e acor-dados, aos quais se dá o nome de Norma de Gestão Florestal. Em Por-tugal existem dois sistemas princi-pais que respeitam praticamente todos os critérios acordados pela WWF e o Banco Mundial, através da Aliança para as Florestas que são, o Forest Stewardship Council (FSC) e o Programa para o Reconhecimen-to de Sistemas de Certificação Flo-restal (PEFC), ambos de aplicação mundial.

soluÇÕEs QuE aCaBaM PoR «toCaR» a BiodiVERsidadE

Neste âmbito, através de uma par-ceria com a Swiss Association for

Quality and Management Systems (SQS), a APCER disponibiliza uma certificação regida pelos princí-pios do Forest Stewardship Council (FSC), denominada Certificação de Gestão Florestal e Cadeia de Res-ponsabilidade, que permite, entre outras coisas, um maior controlo dos recursos, sem perder de vista as preocupações ambientais e sociais da sociedade conforme explicou José Leitão: “Neste momento, as so-luções que organismos como a AP-CER apresentam estão relacionadas com produtos de sustentabilidade que acabam por tocar a biodiver-sidade. Esta certificação pressupõe que as florestas tenham um deter-minado nível de sustentabilidade e que haja também biodiversidade em parte da vertente florestal”.

MudanÇa dE MEntalidadEs

Através da parceria com a SQS, a APCER foi o primeiro organismo de certificação português a ser acre-ditado pelo Instituto Português de

Acreditação (IPAC) e reconhecido pelo Conselho da Fileira Florestal Portuguesa (CFFP), para a certifica-ção florestal e da cadeia de respon-sabilidade em Portugal. Quando questionado sobre se o universo empresarial demonstra uma maior preocupação por estas matérias, José Leitão, não tem dú-vidas em responder positivamente: “Hoje é normal ver, sobretudo na indústria gráfica, materiais que evi-denciam que essa organização está certificada pelo FSC ou pelo PEFC. Esta preocupação existe porque ela está patente no consumidor fi-nal o que faz com que, obrigatoria-mente, as organizações a absorvam também”, explicou o CEO da APCER que defende ainda que, nestas ma-térias, Portugal está a acompanhar o desenvolvimento vivido a nível internacional: “Em termos de prá-ticas, acredito que não existe qual-quer lacuna entre o que é efectuado em Portugal e nos restantes países da União Europeia. Digo-o, porque no que concerne à intensidade de certificação de Sistemas de Gestão Ambiental no nosso país ela é igual,

ou até superior à média europeia”, concluiu.

CERtiFiCaÇÃo ValE PElo QuE REPREsEnta

Ao longo dos últimos anos, enti-dades como a APCER que prestam serviços de certificação têm desen-volvido um esforço para mudar a mentalidade de alguns empresários que, no início do processo, olhavam para a certificação apenas como um «selo» de qualidade em vez de se focarem nos benefícios que dela podem advir. José Leitão considera que as empresas já estão mais pre-ocupadas em ter um sistema de cer-tificação de qualidade que as ajude na gestão da mesma: “Há alguns anos as empresas optavam pela certificação porque havia um clien-te que era muito chato (exigente) e que só comprava produtos certifi-cados. Hoje, chegou-se à conclusão que o que está por trás dos sistemas de gestão de qualidade são uma sé-rie de boas práticas de gestão que ajudam as empresas a funcionarem melhor. Por este motivo acredito

EM PlEno ano intERnaCional da BiodiVERsidadE 2010, a REVista Pontos dE Vista EntREVistou, josé lEitÃo, CEo da aPCER, ondE Foi ConhECER os Passos QuE as EMPREsas E EntidadEs do País EstÃo a daR no sEntido da intEgRaÇÃo das QuEstÕEs aMBiEntais nos sistEMas dE gEstÃo das oR-ganiZaÇÕEs.

a MaRCa da CERtiFiCaÇÃo

aPCER

“nEstE MoMEnto, as soluÇÕEs QuE oRganisMos CoMo a aPCER aPREsEntaM EstÃo RElaCionadas CoM PRodutos dE sustEntaBilidadE QuE aCaBaM PoR toCaR a BiodiVERsidadE. Esta CERtiFiCaÇÃo PREssuPÕE QuE as FloREstas tEnhaM uM dEtER-Minado níVEl dE sustEntaBilidadE E QuE haja taMBéM BiodiVERsidadE EM PaRtE da VERtEntE FloREstal”

josé lEitÃo, CEO da APCEr

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Pontos dE Vista aMBiEntE - BiodiVERsidadE10)

PoRtugal ViVE MoMEntos dE MudanÇa EM diVERsos QuadRantEs da soCiEdadE PoRtuguEsa, sEndo QuE a justiÇa nÃo «FogE» a EstE dEsíg-nio, tal CoMo sE Constata nas altERaÇÕEs intRoduZidas no Código dE tRaBalho, CRitiCado PoR Muitos E aPlaudido PoR outRos. nEs-ta PRiMEiRa EdiÇÃo da REVista Pontos dE Vista QuisEMos ouViR os PRinCiPais EsPECialistas nEsta MatéRia E ConVERsaMos CoM hEldER FERREiRa, adVogado da soCiEdadE dE adVogados hEldER FERREiRa & assoCiados, QuE nos dEu a ConhECER uM PouCo Mais das PRinCiPais tRansFoRMaÇÕEs E iMPliCaÇÕEs insERidas no noVo Código dE tRa-Balho.

noVo Código dE tRaBalho EM dEstaQuE

Com a introdução do novo Código de Trabalho, em Fevereiro de 2009, quais as principais mudanças

aportadas ao universo do trabalho? Acredita que o mais importante passa pela adaptabilidade, que é a capacidade das empresas e dos seus trabalhadores, gerirem modelos de organização laboral que estejam mais adequados à evolução dos mer-cados?Foram significativas as mudan-ças no Novo Código do Trabalho. A principal traduz-se no facto de o processo de despedimento ficar mais simples. Por um lado, elimi-nam-se alguns passos do processo disciplinar, tornando-o mais célere, e diminuem-se os prazos para o tra-balhador contestar o despedimento em tribunal. Mas, por outro, facilita-se o acesso dos trabalhadores aos tribunais.No que concerne aos erros pro-cessuais, estes perdem relevância desde que se prove a justa causa

de despedimento, e não obrigam a reintegrar o trabalhador, como anteriormente. Deste modo, a par-tir do momento em que se alegue e prove a justa causa do despedi-mento, a empresa não é obrigada a reintegrar o trabalhador, que passa a ter direito, nestes termos, a uma indemnização.O regime da adaptabilidade dos ho-rários de trabalho visa permitir a organização do tempo de trabalho, dentro de certos limites legais, com variação da duração diária e sema-nal. Conforme ocorria no Código anterior, a adaptabilidade pode ser fixada por instrumento de regula-mentação colectiva ou por acordo entre o empregador e trabalhador, denominada adaptabilidade indi-vidual. Adaptabilidade através de contratos colectivos incentivada durante um determinado período, os horários podem ser aumentados até às 10 horas diárias e 50 sema-nais. Caso a proposta seja aceite por 75 por cento dos trabalhadores da

equipa, o regime aplica-se a todos. Nos contratos colectivos pode ir-se mais além. Assim, estes contra-tos podem prever que o período normal de trabalho se estenda às 12 horas diárias e que esse regime seja aplicado a todos os trabalhado-res, desde que 60 por cento sejam abrangidos pela convenção colecti-va. A utilização de contratos a termo sujeita a mais restrições. A con-tratação a prazo passa a ter restri-ções significativas. De acordo com a legislação que entrou em vigor, o posto de trabalho não poderá ter sido ocupado anteriormente por trabalhador a termo, com contra-to temporário ou a recibos verdes, tanto na empresa como em socieda-de de que essa empresa faça parte. Adicionalmente, restringe-se o uso de contratos a termo no lançamen-to de novas actividades ou na aber-tura de uma nova empresa. Esta possibilidade apenas está aberta às empresas com menos de 750 traba-

lhadores, quando até agora não ha-via quaisquer restrições. A duração máxima dos contratos é reduzida e passa dos actuais seis para os três anos, sendo que este limite se aplica também aos contratos temporários ou de prestação de serviços cele-brados com o mesmo empregador. Relativamente às faltas, os traba-lhadores com direito a 60 dias para assistência à família. O número de faltas para dar assistência a filhos, cônjuge, pais e irmãos, em caso de doença ou acidente, é aumentado de 45 para 60 dias. O limite de idade dos filhos também sofre alterações, os pais podem faltar 30 dias por ano para dar assistência a crianças até aos 12 anos e prevê-se ainda a possibilidade de os pais faltarem 15 dias para apoiarem os filhos maio-res de 12 anos. Os avós passam a poder faltar para substituir os pais em caso de assistência a menores e passam a ter direito a subsídio, como se prevê no diploma ontem aprovado pelo Governo.

“a lEgislaÇÃo laBoRal tEM dE PRoCuRaR inCEntiVaR o sECtoR EMPREsaRial”

“a PossiBilidadE dE CRiaÇÃo dE BanCo dE hoRas, BEM CoMo hoRÁRios ConCEntRados E uMa MaioR FlExiBi-lidadE dE hoRÁRios, tÊM sido MEdidas FoRtEMEntE aPlaudidas PElo sECtoR EMPREsaRial, PoR PERMitiR a REduÇÃo dE hoRas ExtRaoRdinÁRias. dEstE Modo, FaCilitaRÁ o inCREMEnto da PRodutiVidadE”

hEldER FERREiRa Sócio responsável da Helder Ferreira & Associados

o tERMo BiodiVERsidadE Foi CRiado EM 1985 PoR WaltER RosEn Quando da PRE-PaRaÇÃo dE uMa ConFERÊnCia PaRa disCutiR o Estado da diVERsidadE BiológiCa na tERRa: o “national FoRuM on BiodiVERsity”, REaliZado EM sEtEMBRo dE 1986, EM Washington d.C. E Cujas aCtas FoRaM PuBliCadas nuM VoluME intitulado PRECisaMEntE “BiodiVERsity”

Biodiversidade é assim a mera con-tracção de “diversidade biológica” e exprime a variedade da vida no planeta: variedade de espécies, variedade genética e variedade de ecossistemas e paisagens, a sua organização e funções. Constitui a força motriz que sustenta o funcio-namento dos ecossistemas cujos serviços asseguram a nossa sobre-vivência e bem-estar. É portanto adequado considerar a biodiversi-dade como o seguro de vida da nos-sa existência.A moeda corrente de biodiversida-de usada com mais frequência é a espécie e compreende-se porquê: é uma entidade tangível, detectável no terreno e facilita a organização do mundo vivo promovendo uma melhor compreensão da sua com-plexidade. A vida na Terra tem cerca de 3,8 mil milhões de anos (mil Ma) de existência e para termos uma pers-pectiva da vastidão deste oceano de tempo, bastará referir que a nos-sa espécie (Homo sapiens) surgiu apenas acerca de 200 mil anos. Ao longo de todo este percurso, a Terra sofreu vicissitudes avassaladoras que, ao moldarem os mares, conti-nentes e arquipélagos afectaram os sistemas biológicos neles presen-tes. Acidentes tectónicos como a separação/colisão de massas con-tinentais, erupções vulcânicas em larga escala, catástrofes climáticas e queda de asteróides, foram even-tos brutais que, juntamente com outros menos enérgicos, constitu-íram o motor da dinâmica espacial e temporal do ambiente na Terra. E é justamente esta dinâmica que promove e dirige o filme da vida no planeta, assente num balanço entre extinções e o surgimento de novas espécies, alterando assim os padrões de biodiversidade ao longo do tempo. A história da vida é uma sucessão de crises e violências ac-tuando a todas as escalas, que não obstante o seu efeito destrutivo imediato sustentam a prazo a pró-

pria diversidade biológica. A extinção de espécies é pois um fenómeno comum na história na-tural da Terra. Mais: os registos paleontológicos mostram que já existiram 5 grandes extinções em massa, a última das quais ocorreu à 65 Ma e tem sido mediatizada pela extinção dos dinossauros. Mas foi responsável por mais do que isso: as amonites, moluscos marinhos representados por vários milhares de espécies desapareceram para sempre; e os mamíferos e aves até então timidamente representados à sombra dos dinossauros, encontra-ram a oportunidade para aumenta-rem em número de espécies e área de distribuição. Se as extinções são fenómenos nor-mais, porque motivo nos devemos preocupar com a actual perda de diversidade biológica? A resposta é assustadoramente simples: a crise presente tem o cunho expressivo das actividades humanas e, de acor-do com alguns cientistas, exibe uma taxa de extinção 100-1000 vezes superior à chamada taxa natural de extinção, estimada em uma espécie por milhão e por ano. Pior: no últi-mo século a velocidade e extensão das modificações que introduzimos nos ecossistemas foi assombrosa e sem paralelo na história da humani-dade e as causas directas da perda de biodiversidade – alterações de habitat, sobre-exploração de recur-sos, introdução de espécies exóticas invasoras e alterações climáticas — não mostram sinais de cessar e irão afectar gerações futuras. Uma visão iconoclasta dirá que a Terra reen-contrará o seu rumo e recuperará desta crise. Certamente. Mas com prazos totalmente fora da nossa es-cala de percepção do tempo. O quadro afigura-se portanto si-nistro. Mas é importante destacar que nas últimas 3 décadas, fomos capazes de dar passos assinalá-veis no diagnóstico da situação, no que deve ser feito para estancar o problema e conseguimos colocar

o assunto nas agendas políticas. Criámos a Convenção sobre a Di-versidade Biológica (www.cbd.int) que estabelece normas e princípios para reger o uso e a conservação da biodiversidade, sabemos onde se situam as áreas do planeta mais relevantes para a biodiversidade (os designados “hotspots”), em muitos casos identificámos o que deve ser feito (e como) para travar o decréscimo de espécies ameaça-das e aprendemos que as acções de conservação para serem eficazes exigem abordagens holísticas com o contributo de diversas ciências e o envolvimento das populações e forças locais.

Mas a dimensão dos desafios não para de aumentar: que implicações terão as alterações climáticas glo-bais na rede de áreas protegidas importantes para a conservação? Até quando serão válidas? Como assegurar o desenvolvimento sus-tentável de países cujos territórios asseguram fracções significativas de biodiversidade? Como garantir serviços vitais dos ecossistemas como o provimento de água doce? Mas talvez o repto mais difícil seja o de consciencializar a opinião públi-ca de que a gravidade do problema exige uma abordagem global com actuações locais que nos envolvam a todos. Estaremos preparados?

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PoR joÃo E. RaBaÇaiCaaM, universidade de évora

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Pontos dE Vista Código do tRaBalho12)

Quais as principais lacunas ainda detectadas com este decreto-lei?As principais lacunas detectadas no Novo Código do Trabalho são es-sencialmente revogação do sistema das contra-ordenações em matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho, uma questão que é agora omissa na lei laboral. O que pode deixar num vazio as punições aos ilícitos cometidos nesta matéria. O articulado da nova lei laboral, pu-blicado em Diário da República a 12 de Fevereiro de 2009, estabelece no artigo 12 a revogação do anterior Código do Trabalho. Com excepções - todos os artigos sobre segurança, higiene e saúde no trabalho, aci-dentes de trabalho e doenças pro-fissionais (do 276 ao 312 da antiga lei) continuam em vigor até que seja elaborada legislação específi-ca para estas áreas. Acontece que no Código do Trabalho de António Bagão Félix as contra-ordenações para esta área estão previstas no artigo 671 - que não surge entre os pontos excepcionados à revogação. A lacuna foi detectada pelo deputa-do José Paulo Carvalho, para quem esta situação resulta da forma como a legislação laboral foi traba-lhada na Assembleia da República. Assim, aponta para consequências “gravíssimas” face esta omissão.

Para Jorge Leite, especialista em direito do Trabalho, “o legislador, mesmo que involuntariamente, fez aqui uma grande trapalhada”. “Pelo menos transitoriamente, passou a haver um conjunto de condutas de empregadores que antes eram su-jeitas a coimas e passam a não ser”.O Inspector-Geral do Trabalho, Paulo Morgado de Carvalho, faz uma leitura diferente. “A interpre-tação que se faz é que se mantém em vigor não só a norma substan-tiva mas também a punição cor-respondente”, afirmou ao Diário de Notícias, mas admitindo “outras interpretações” da actual redacção da lei. “Na minha opinião as contra-ordenações continuam em vigor, pode haver quem defenda o con-trário.”Acontece que, a vingar a interpre-tação de que as contra-ordenações estão revogadas, a omissão não é de admitir - isto porque pode levar à invocação do princípio da lei mais

favorável prevista no Código Penal. “Em relação a processos pendentes pode acontecer que tenham de ser arquivados”, diz Jorge Leite, já que se reportam a uma conduta que dei-xou de ser sancionada.

Na sua opinião como se configura neste momento, depois de publicada a lei 7/2009, o panorama de enqua-dramento para os trabalhadores, empresas e responsáveis pelos recur-sos humanos?O panorama de enquadramento para os trabalhadores, empresas e responsáveis pelos recursos huma-nos configura-se exigente, mas ao mesmo tempo confuso, na medida em que a lei em muitas situações não é evidente e podem surgir situ-ações de conflito de interesses, uma vez que a lei não é clara em muitos dos seus preceitos.

O trabalho precário tem sido ao lon-go dos anos, uma das principais lutas em Portugal. Uma das novidades da nossa legislação, é a possibilidade de aplicação de uma taxa de 5 por cento às empresas que têm ao seu serviço trabalhadores independentes (a re-cibos verdes) e o agravamento da taxa social única para os contratos a prazo. Crê que com esta medida a luta contra o trabalho precário en-contra-se salvaguardada?Explica a Professora Palma Rama-lho que “ a primeira grande área de incidência do processo de flexibili-zação do direito do trabalho actual é a dos denominados «contratos de trabalho atípicos»: a maioria dos sistemas jurídicos europeus (embo-ra com diferenças temporais e subs-tanciais relevantes entre eles) tem vindo, nos últimos anos, a facilitar a celebração de contratos a termos e a tempo parcial, bem como a admi-tir ou a contemporizar com o con-trato de trabalho temporário, o job sharing e o trabalho intermitente.O novo Código do Trabalho con-temporizou-se com o conceito de trabalho intermitente (artigo 157º a 160º). O pressuposto legal de

admissibilidade, quanto ao empre-gador, reporta-se ao exercício de “ actividade com descontinuidade ou intensidade variável (nº1) e a im-possibilidade do “exercício do con-trato de trabalho a termo resolutivo ou em regime de trabalho temporá-rio” (nº2).Não obstante, altera a noção de contrato de trabalho para facilitar a identificação de falsos recibos verdes e penaliza as empresas que recorrem a este expediente de for-ma sistemática. Em caso de reinci-dência perde quaisquer benefícios e subsídios concedidos pelo Estado e poderão ver a sua actividade sus-pensa durante dois anos.Procura-se incentivar as empresas a inserirem os seus trabalhadores nos quadros, “penalizando” a con-tratação dos recibos verdes. Por um lado, reduz-se em um ponto percen-tual a taxa de segurança social que as empresas devem pagar por cada contrato sem termo (de 23,75% para 22,75%), e aumenta-se em três pontos percentuais a taxa por cada contrato a termo (de 23,75% para 26,75%). É, ainda, criada uma nova taxa por cada recibo verde; as empresas que utilizem os serviços de trabalhadores a recibos verdes passam a pagar uma parcela de 5% da taxa contributiva, que hoje é to-talmente suportada pelo trabalha-dor. O trabalho precário consiste numa situação que será sempre difícil de controlo absoluto por parte da en-tidade estatal. Contudo, as medidas do novo código procuram dirimir potenciais conflitos. Não obstante, podem surgir situações em que a própria empresa pode “descontar” os 5 por cento nos honorários a contratualizar com o trabalhador.

Licenças de maternidade e pater-nidade, incentivo à presença do pai em casa, flexibilização do horário de trabalho, registo como trabalho a tempo completo, para efeitos da Segurança Social, trabalho a tempo parcial para acompanhamento de

filhos menores, entre outros são al-gumas das alterações existentes no novo Código de Trabalho. Em tempo de crise não poderão essa medidas fomentar uma menor produtividade, prejudicando o universo empresa-rial? À luz do novo código, promove-se a igualdade de direitos no que se re-fere ao exercício da parentalidade. A parentalidade vem prevista nos artigos 33º e seguintes e procura tutelar a importância da materni-dade e da paternidade como valo-res sociais eminentes e garantir o direito à protecção da sociedade e do Estado na realização da sua in-substituível acção em relação ao exercício da parentalidade. O DL nº 105/2008, de 25 de Junho, institui medidas de protecção social na ma-ternidade, paternidade e adopção integrada no subsistema de solida-riedade. A licença de maternidade e paterni-dade passa a denominar-se licença parental, a qual pode ser inicial, de gozo exclusivo pelo pai ou pela mãe. O legislador procurou fomen-tar a partilha da licença parental, sem prejuízo dos direitos exclusi-vos da mãe, nomeadamente o gozo das seis semanas a seguir ao parto e a possibilidade de antecipar o inicio da licença. O direito ao gozo da licença parental passa a ser de ambos os progenitores que conjun-tamente decidem o modo como vão partilhar a licença parental. Na falta de decisão conjunta, a lei determina que o gozo da licença é da trabalha-dora progenitora.Assim, alarga-se a duração da licen-ça parental inicial, a qual é acres-cida em 30 dias de cada um dos progenitores gozar em exclusivo um período de 30 dias seguidos ou interpolados de licença parental, constitui uma novidade. Reforçam-se os direitos do pai trabalhador, quer pelo aumento do período de

gozo obrigatório de licença inicial após o nascimento do filho, de cinco para dez dias úteis, sendo que cinco devem ser gozados imediatamente a seguir ao nascimento filho, quer pela concessão de licença de gozo facultativo de 10 dias úteis, segui-dos ou interpolados, em simultâneo com o gozo da licença pela mãe. A licença por adopção passa a bene-ficiar do mesmo período de dura-ção da licença parental. Concede-se ao pai o direito a três dispensas ao trabalho para acompanhar a mãe a consultas pré-natais e aos avós o direito a faltarem ao trabalho para assistirem o neto menor, quando os pais estejam impossibilitados de prestar assistência devida.

A flexibilização do horário de tra-balho, o registo como trabalho a tempo completo para efeitos da Se-gurança Social, o trabalho a tempo parcial para acompanhamento dos filhos menores, entre outras medi-das, para além de constituir um in-centivo à natalidade, procuram um acompanhamento cada vez mais presente dos progenitores na edu-cação dos seus filhos. A produtivi-dade duma empresa é também afe-rida pela sua evolução a nível social, garantindo aos seus trabalhadores assistência na constituição da fa-mília. Em países como a Suíça, Aus-trália, Alemanha, certamente mais evoluídos, as preocupações sociais são visíveis, e os índices de produti-

vidade são elevados. Neste sentido, as medidas são de louvar. Contudo, o problema é as potenciais e emi-nentes situações de abuso que po-dem surgir.

A possibilidade de criação de bancos de horas e de horários de trabalho concentrados e uma maior flexibi-lidade de horários pode alterar o panorama acima descrito, ou seja, estas alternativas pretendem au-mentar a adaptabilidade das empre-sas, que podem assim organizar-se de uma forma mais eficaz, incremen-tando assim a produtividade?A possibilidade de criação de banco de horas, bem como horários con-centrados e uma maior flexibilidade

“o tRaBalho PRECÁRio ConsistE nuMa situaÇÃo QuE sERÁ sEMPRE diFíCil dE ContRolo aBsoluto PoR PaRtE da EntidadE Estatal. Contudo, as MEdidas do noVo Código PRo-CuRaM diRiMiR PotEnCiais ConFlitos. nÃo oBstantE, PodEM suRgiR situaÇÕEs EM QuE a PRóPRia EMPREsa PodE “dEsContaR” os 5 PoR CEnto nos honoRÁRios a ContRatuali-ZaR CoM o tRaBalhadoR”

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Pontos dE Vista Código do tRaBalho14)

de horários, têm sido medidas for-temente aplaudidas pelo sector em-presarial, por permitir a redução de horas extraordinárias. Deste modo, facilitará o incremento da produti-vidade.Relativamente à criação de bancos de horas plasmadas no artigo 208º C.T., constitui também matéria nova. A ideia à semelhança do sis-tema bancário, seria a de permitir, em regime de conta corrente, o de-pósito de tempos de actividade e o levantamento de tempos de inac-tividade. A figura só é admissível mediante instrumentos de regula-mentação colectiva de trabalho. O legislador admitiu a “possibilidade de aumento do período normal de trabalho até quatro horas de tra-balho diário, podendo atingir 60 horas semanais, tendo o acréscimo por limite 200 horas por ano (nº 2), podendo ser afastado por instru-

mento de regulamentação colecti-va de trabalho, caso a utilização do regime tenha por objectivo evitar a redução do número de trabalha-dores, só podendo esse limite ser aplicado durante o período de 12 meses” (nº3). O trabalho efectuado é posteriormente compensado em folgas, dinheiro ou outras regalias, consoante o que esteja previsto no contrato colectivo.No que concerne ao horário con-centrado, é claramente outra novi-dade. O horário concentrado pode: ser aumentado até quatro horas diárias por acordo entre empre-gador e trabalhador ou por instru-mento de regulamentação colectiva de trabalho, mas não podem ser excedidas as 12h diárias (nº1 al. a)); por instrumentação colectiva de trabalho pode ser estabelecido que contenha, no máximo três dias de trabalho consecutivo, seguidos no mínimo de dois dias de descan-so, devendo a duração do período normal de trabalho semanal ser respeitado, em média, num período de referências de 45 dias (nº1 al. b)). Actualmente, os horários con-centrados estão reservados para as pessoas que trabalham em dias de descanso ou pais com filhos meno-

res de 12 anos.Já no que respeita à alteração do horário de trabalho, prevê o artigo 217º nº4 do C.T. que “ não pode ser unilateralmente alterado o horário individualmente acordado”. As al-terações dos horários de trabalho (incluindo a adopção dos novos tempos de trabalho), quando pos-sível deve obedecer à tramitação prevista no artigo 217º nº2 C.T. Nos termos do nº3, do supra referido preceito, o cumprimento da referi-da tramitação pode ser dispensa-do, nos casos em que a alteração do horário de trabalho não exceda uma semana (esta forma de altera-ção não pode ser utilizada mais do que três vezes por anos). Na even-tualidade de tal alteração implicar acréscimo de despesas para os tra-balhadores (deslocações tardias, sem acesso a transportes público), assiste ao trabalhador direito a

compensação económica (nº5).

Alguns referem com esta revisão será mais fácil proceder ao despe-dimento. Será mais fácil ou mais simples despedir, pois sabendo que a nova legislação incluiu regras para simplificar os processos disciplinares com vista ao despedimento, embora preveja que a entidade patronal con-tinue a ter de fundamentar as causas e enviar uma «nota de culpa» ao tra-balhador?A liberdade de desvinculação con-tratual por parte do empregador não tem o mesmo alcance da li-berdade que a lei confere ao traba-lhador. A validade substancial do despedimento impõe que no caso concreto se preencha o conceito de justa causa (artigo 351º C.T.), e a va-lidade formal do mesmo exige que o procedimento para comprovação dessa justa causa seja realizado (ar-tigo 352º a 358º).Significa isto, que a Constituição não se limitou a exigir a motivação do despedimento como pressupos-to da ilicitude do mesmo: ao colocar a segurança do emprego à cabeça do catálogo constitucional dos di-reitos dos trabalhadores, gozando do regime privilegiado dos direitos

liberdades e garantias, a CRP aco-lheu o chamado «princípio da co-ercibilidade do vínculo contratual» (Jorge Leite) isto é, a ideia de que o contrato de trabalho pode subsistir mesmo contra a vontade da enti-dade patronal. O conceito de justa causa haverá que ser determina-do atender aos princípios, normas constitucionalmente consagrados, concretizáveis no caso concreto.O artigo 351º C.T. estabelece o chamado despedimento-sanção, aplicável como uma penalização à gravidade do comportamento do trabalhador e perante a necessá-ria ponderação do grau de sanções aplicáveis, sempre como última ra-tio, na impossibilidade de aplicação de sanções conservatórias.Assim, o despedimento lícito exige a observância cumulativa de dois ele-mentos: um subjectivo, referente ao comportamento culposo, e outro,

objectivo, que atende à respectiva gravidade e consequências, e um nexo de causal que gera a impossi-bilidade de manutenção do víncu-lo contratual. O conceito de justa causa, visa ainda tornar adequada a sanção aplicável ao ilícito legal e/ou contratual cometido, limitando nessa matéria o poder disciplinar do empregador, proibindo a aplica-ção de sanções abusivas.Neste contexto, o legislador com o novo processo de despedimento vi-sou a desburocratização do despe-dimento. Por um lado, eliminam-se alguns passos do processo discipli-nar, tornando-o mais célere, e redu-zem-se os prazos para o trabalha-dor contestar o despedimento em tribunal. Mas, por outro, facilita-se o acesso aos tribunais pelos traba-lhadores.Contudo, as razões que justificam o despedimento do trabalhador mantêm-se no novo Código do Trabalho, surgem novas alterações significativas ao nível dos prazos, e também relativamente ao proce-dimento a seguir em situações de despedimento. Não obstante, a en-tidade patronal continua a ter que fundamentar as causas e enviar uma “nota de culpa” ao trabalhador,

mas durante o processo disciplinar só ouve as testemunhas indicadas pelo trabalhador se assim o enten-der (excepto no caso das grávidas ou trabalhadores em licença paren-tal). Além disso, o processo discipli-nar passa a prescrever no final de um ano. Assim, depois de iniciado o processo disciplinar, o trabalhador tem que ser notificado da decisão no prazo de um ano, caso contrário não se lhe pode aplicar a sanção. Nestes termos, o procedimento dis-ciplinar é considerado inválido se faltar a nota de culpa, se esta não for escrita ou não contiver a des-crição circunstanciada dos factos imputados ao trabalhador (artigo 382º nº2 alínea a)). A mesma san-ção é aplicada caso falte a comuni-cação da intenção de despedimento junto à nota de culpa (alínea b)); não tiver sido respeitado o direito do trabalhador de consultar o pro-

cesso, de responder à nota de culpa ou, o prazo para resposta à nota de culpa (alínea c)) e, ainda, não tendo sido reduzida a escrito a comuni-cação da decisão de despedimento e respectivos fundamentos (alínea d)).Não obstante, os factos que coloca-ram em crise o contrato de trabalho, e que ponderando os valores atin-gidos e os inatacados, levam à sua dissolução, não podendo durante a impugnação judicial, ser aditados ou inalterados. Tal, resultaria numa violação inaceitável dos direitos de defesa do trabalhador, que se veria confrontado com factos novos. Nos termos do 387º nº 3, a acção de impugnação judicial do despedi-mento, o empregador apenas pode invocar factos e fundamentos cons-tantes da decisão de despedimento comunicada ao trabalhador.A nota de culpa é classificada como uma declaração recipienda, logo as-sim que chega ao poder ou é conhe-cida do destinatário, a declaração torna-se eficaz, (art. 224º nº 1 C.C.) mas deve estar fundamentada e ex-plícita da factualidade subjacente à vontade de pôr termo à vinculação contratual. Assim, deverá ser en-quadrada num contexto próprio,

de tempo, modo e lugar, individua-lizando-os e especificando-os, para permitir a resposta do trabalhador e a sua refutação (artigo 355º C.T.). Pretende-se salvaguardar as garan-tias de defesa do trabalhador, no-meadamente o direito à consulta e a garantia de resposta do trabalhador à nota de culpa. Outra inovação plasmada no novo Código, urge que após a notifica-ção da decisão de despedimento, o trabalhador terá dois meses para a contestar em tribunal, entregando apenas um requerimento, uma vez que todas as provas têm que ser apresentadas pela empresa. Ante-riormente, o prazo para impugnar era de um ano, mas o trabalhador tinha que entregar uma acção e ter patrocínio judiciário. No caso de despedimento colectivo o prazo para impugnar continua a ser de seis meses contados a partir da ces-sação do contrato.

O tema da compliance laboral repre-senta uma medida preventiva para as empresas? Em que âmbito? Com este Código de Trabalho torna-se ainda imperativo que as empresas tenham boas práticas laborais na medida em que se «fala» de mais de quatro centenas de inspectores no terreno para fiscalizar as empresas?O tema Compliance Laboral é regu-lado pela Autoridade para as Condi-ções de Trabalho (doravante ACT), aprovada pelo decreto-lei 326

B/2007 de 28 de Setembro, encon-tra-se em vigor desde 1 de Outubro de 2007.Esta autoridade pressupõe pro-moção de melhoria das condições de trabalho através de controlo de cumprimento das normas em maté-ria laboral, no âmbito das relações laborais privadas, bem como a pro-moção de políticas de prevenção de riscos profissionais e ainda o con-trolo do cumprimento da legislação relativa à segurança e à saúde no trabalho, em todos os sectores de actividade, e em todos os serviços e organismos da Administração Pú-blica em geral.As suas funções consistem, no es-sencial, em promover, controlar e fiscalizar o cumprimento das dis-posições legais e regulamentares e disposições convencionais, res-peitantes às relações e condições de trabalho; em assegurar a gestão de sistemas de prevenção de riscos profissionais, visando a efectivação do direito à saúde e segurança no trabalho; em proceder à tramitação dos actos administrativos, receber e tratar as comunicações e notifi-cações respeitantes às condições de trabalho e às relações de traba-lho que nos termos da lei que lhe devem ser dirigidas; em exercer as competências em matéria de tra-balho de estrangeiros que lhe se-jam atribuídas por lei; e ainda, em proceder à conservação de registos e arquivos há acidentes de trabalho

e à avaliação e exposição aos riscos referentes ao trabalhador em caso de encerramento da empresa. Estas funções são prosseguidas pela ACT em empresas, qualquer que seja a sua forma ou natureza jurídica, em todos os sectores de actividade, seja qual for o regime aplicável aos res-pectivos trabalhadores, bem como em quaisquer locais em que se ve-rifique a prestação de trabalho ou onde haja indícios fundamentais dessa prestação.Para o desempenho das funções que lhe são atribuídas, a ACT é composta por Inspectores e pelo Conselho Consultivo para a Promo-ção da Segurança e Saúde no Traba-lho. Relativamente aos inspectores, estes terão a função de superinten-der em toda a actividade inspectiva incluído as contra-ordenações, apli-car coimas e sanções acessórias, e conceder autorizações legalmente exigíveis.Assim, as empresas terão que ter em atenção cada vez mais as boas práticas laborais. Estas serão sem-pre bem-vindas, na medida em que as boas condições de trabalho cons-tituem um incentivo à produtivida-de. Contudo, a extrema fiscalização poderá fomentar situações de “os-tracismo” da actividade da empre-sa, na medida em que, a nível fiscal, os inspectores tributários podem estar até 6 meses no “ terreno” da empresa, renovando-se este perío-do por mais 6 meses, com o intuito de ter acesso a toda a actividade da empresa e apurar o seu resultado líquido.

na sua opinião, Portugal será assim, do ponto de vista laboral e por con-seguinte económico, um país mais forte e preparado para fazer frente às adversidades sentidas neste mo-mento? Portugal, do ponto de vista laboral e económico, têm ainda um longo percurso a percorrer. Por um lado, será exigível uma maior flexibili-zação da legislação laboral, e por outro, a criação de mais e melhores medidas de apoio às PME (s). Será importante um crescente apoio às PME (s), na medida, que estas são claramente o sector que dinamiza a economia e a torna mais competiti-va. Neste sentido, internacionaliza-ção e as exportações são importan-tes para os empresários, sobretudo para sectores como o têxtil, que

aproveitam todos os incentivos que são concedidos pelo Estado. Apesar disso, há responsáveis que colocam a responsabilidade pela internacio-nalização nas próprias empresas e dizem mesmo que o comportamen-to das PME nesse campo tem sido “louvável”. O Estado deve, no entan-to, apoiar no estudo do destino.Não obstante, a legislação laboral terá de ter uma preocupação de procurar incentivar o sector empre-sarial, e não a função de dificultar, em prol da eficiência, celeridade, eficácia da economia. Assim, será importante uma maior flexibiliza-ção da legislação laboral, fomentan-do a competitividade laboral que permitirá a competitividade da pró-pria economia.A introdução do PEC (Plano de Es-tabilidade e Crescimento), no Orde-namento Português, surgirá com o objectivo de resolver os problemas nacionais e garantir o apoio dos mercados às nossas finanças pú-blicas. As suas principais medidas, no que respeita, ao controlo da des-pesa pública, serão o adiamento do TGV, corte no investimento público, salários congelados (aumento abai-xo da inflação), apoios à economia (algumas medidas anti-crise, com o alargamento do subsídio de desem-prego e o subsídio à contratação de jovens vão ser retirados), cortes nas prestações sociais (0,5% até 2013). No que concerne à receita pública, as principais medidas, destacam-se na introdução do novo escalão de IRS para 45%. (rendimentos anu-ais superiores a 150 mil euros, taxa que durará até 2013), a tributação das mais-valias, e as privatizações.Contudo, muitas destas medidas, irão “sufocar” ainda mais o sistema económico existente, pois partem da premissa de aumentar dos im-postos para reduzir o actual défice, não introduzindo nenhuma polí-tica de incentivo à economia, nem qualquer apoio aos empresários. As medidas do PEC seriam de louvar, se víssemos o exemplo, primeira-mente, “ a vir de cima”, e o corte da despesa começasse com a redução da própria despesa interna do Esta-do. O problema é que o pensamen-to inerente ao Governo, passa por criar cada vez mais receitas, retirar apoios fundamentais, e não contro-lar a Despesa Pública, que está cada vez mais incontornável e incompor-tável.

“nÃo oBstantE, a lEgislaÇÃo laBoRal tERÁ dE tER uMa PREoCuPaÇÃo dE PRoCuRaR inCEntiVaR o sECtoR EMPREsaRial, E nÃo a Fun-ÇÃo dE diFiCultaR, EM PRol da EFiCiÊnCia, CElERidadE, EFiCÁCia da EConoMia. assiM, sERÁ iMPoRtantE uMa MaioR FlExiBiliZaÇÃo da

lEgislaÇÃo laBoRal, FoMEntando a CoMPEtitiVidadE laBoRal QuE PERMitiRÁ a CoMPEtitiVidadE da PRóPRia EConoMia”

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Pontos dE Vista Código do tRaBalho16)

PoRtugal tEM Vindo a assistiR a uM Conjunto dE MudanÇas signi-FiCatiVas EM diVERsa REgulaMEn-taÇÃo, sEndo QuE a lEgislaÇÃo la-BoRal nÃo «FogE» a EstE dEsígnio, assuMindo-sE assiM CoMo uM FaC-toR no PRogREsso E dE inCREMEnto da PRodutiVidadE E CoMPEtitiVi-dadE do uniVERso EMPREsaRial PoRtuguÊs, PRoCuRando taMBéM iR ao EnContRo da PRoMoÇÃo das CondiÇÕEs dE tRaBalho E a dEFEsa do EMPREgo.

O equilíbrio nunca será fácil de se estabelecer e, naturalmente, depende-rá sempre do contexto

social, económico e político de cada país. O grande desiderato da intro-dução do Novo Código de Trabalho, em Fevereiro de 2009, foi o aumen-to da competitividade das empresas nacionais e uma maior flexibilidade e mobilidade nas empresas, man-tendo-se os mesmos direitos dos trabalhadores, contribuindo dessa

forma para um maior crescimento económico, trabalho digno.Mas será que com a introdução do Novo Código do Trabalho esse equilíbrio se conseguiu? Do ponto de vista individual, a flexibilização contribuirá certamente para a pre-cariedade, contudo essa mesma flexibilização pode ser essencial para gerar mais competitividade, mais inovação e emprego. A dis-cussão mantém-se e o cepticismo relativamente a este Código per-siste, sendo portanto necessário continuar a ouvir os principais in-

tervenientes nesta área, compreen-dendo assim quais são de facto as principais mais-valias que trouxe o novo diploma. Tornará as empresas mais competitivas? Promoverá as condições de trabalho? Defenderá o emprego? Estas são apenas al-gumas das questões que vagueiam na mente de muitos portugueses, e que urgem ser esclarecidas, em prol de uma sociedade informada e co-nhecedora do modo como a justiça laboral nos afecta.Nesta primeira edição da Revista Pontos de Vista, quisemos prestar

este serviço à sociedade portuguesa e conversamos com Berta Martins, figura qualificada e conhecedora dos meandros da justiça nacional e advogada em direito do trabalho de um dos maiores e prestigiados escritórios de Portugal, a Luís S. Ro-drigues & Associados - Sociedade de Advogados RL. Ficamos assim a conhecer um pouco mais das prin-cipais introduções do novo Código de Trabalho, compreendendo ainda qual o impacto que estas mudanças terão no dia-a-dia, sobretudo nas pequenas e médias empresas, e nos

o «parque» empresarial português é constituído, na sua maioria, por PME’s que vi-vem actualmente com diversas dificuldades económicas, que este novo diploma pode agravar. “De facto, este novo Código do Trabalho pode ter um efeito precisa-mente inverso ao que se pretende, pois promove novas garantias e direitos dos trabalhadores, em contrapartida a produtividade pode diminuir e isso terá um for-te impacto na competitividade das pequenas, e mais fragilizadas, empresas’’

BERta MaRtins, adVogada, EM disCuRso diRECto soBRE a aPliCaÇÃo do Código do tRaBalho

“a PRodutiVidadE das EMPREsas nÃo auMEnta PoR FoRÇa dE uMa noVa lEi”

trabalhadores. Uma entrevista a não perder.Segundo a nossa interlocutora, não existe, com este Código do Traba-lho, a intenção de promover mais direitos dos trabalhadores, “mas de equilibrar as relações entre os trabalhadores e as entidades patro-nais, de forma a flexibilizar a rela-ção laboral existente, permitindo dessa forma uma mobilidade supe-rior à existente, no tradicional mo-delo organizacional das empresas. São essas as «traves mestras» deste Código do Trabalho”. Segundo Berta Martins, este Código está essencialmente direccionado para as PME’s cuja actividade as-senta em mão de obra pouco qua-lificada, com trabalhadores muito poucas vezes organizados em sin-dicatos ou em associações, e por isso mesmo desconhecedores dos seus direitos e garantias. “A adapta-bilidade que se pretende é difícil de conjugar em empresas de carácter mais familiar e com um número de trabalhadores reduzido”, explica.

“nÃo PodEMos ContinuaR a PRo-MoVER o tRaBalho PRECÁRio”

Com a publicação deste diploma, fo-ram algumas as alterações que pro-vocaram um determinado impacto no mercado de trabalho e nas rela-ções laborais. Desde logo, importa realçar a presunção do contrato de trabalho relativamente a todos os

trabalhadores que nas empresas trabalham através da utilização dos designados recibos verdes. Assim, desde a entrada em vigor do novo Código do Trabalho, “passou a ser da responsabilidade do emprega-dor a prova de que efectivamente os colaboradores são prestadores de serviços e não trabalhadores com vínculo laboral”, comenta a

nossa entrevistada, lembrando que passou a presumir-se que são trabalhadores dependentes todos aqueles que, apesar de emitirem re-cibos verdes, estão dependentes do mesmo empregador através de uma renumeração e/ou um horário fi-xos. “Basta uma dessas característi-cas estar presente para se presumir que são trabalhadores dependen-

tEMos dE PRoMoVER ME-CanisMos QuE PERMitaM Essas nEgoCiaÇÕEs EntRE EntidadEs PatRonais E tRaBalhadoREs. nÃo Bas-ta, PoR ExEMPlo, diZER no Código do tRaBalho QuE, PoR aCoRdo, PodEM sER EstaBElECidos BanCos dE hoRas. isso nÃo é suFiCiEn-tE. dEVEM CRiaR-sE Canais QuE PERMitaM uM diÁlogo ClaRo E diRECto, soBREtu-do PaRa QuEM EstE Código do tRaBalho EstÁ Mais diRECCionado, QuE sÃo as PME’s, ondE a MaioR PaRtE dos tRaBalhadoREs nÃo é sindiCaliZada E uMa PER-CEntagEM ElEVada dE tRa-BalhadoREs nEM sEQuER ConhECE os sEus REais di-REitos”

BERta MaRtins, ADVOgADA EM DIrEItO DO trABALHO DA LUíS S. rODrIgUES & ASSOCIADOS

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Pontos dE Vista Código do tRaBalho18)

tes”, salienta Berta Martins.Este panorama pode ser favorável ao trabalhador, embora possa fun-cionar como motivo de conflito no seio de uma empresa, pois se numa empresa existirem colaboradores em regime de recibos verdes, em que uns são considerados trabalha-dores por conta de outrem e outros, em similares condições, são consi-derados prestadores de serviços, “poderão levantar-se algumas dú-vidas no tratamento e na igualdade entre ambos”, explica, sendo muitas vezes necessário recorrer aos Tri-bunais para definir de que contra-to se trata. Mais lembra, a nossa entrevistada, que o legislador não se preocupou em alterar a situação destes trabalhadores em regime de recibos verdes “que são verdadeira-mente independentes, devendo sim equipará-los em regalias sociais aos trabalhadores com vínculo, desde que estejam economicamente de-pendentes da empresa para a qual prestam um serviço. É importante realçar que estes trabalhadores não têm direito, por exemplo, a subsídio de desemprego e a outras regalias que um trabalhador contratado possui. Não podemos continuar a promover o trabalho precário por-que isso provoca um clima de inse-gurança e de instabilidade enorme”.

“o noVo Ct PodE tER uM EFEito inVERso ao PREtEndido”

Foi ainda introduzida uma mudan-ça terminológica importante no regime agora denominado de pa-rentalidade, que veio substituir as anteriores designações de paterni-dade e maternidade, estendendo-se ao pai uma grande parte dos direi-tos que antes eram apenas concedi-dos à mãe. Procurou-se neste âmbito promo-ver a protecção da família. “Hoje, os pais possuem uma licença parental inicial de 120 ou 150 dias consecu-tivos. O fito desta medida foi per-mitir uma maior e melhor coesão familiar e um melhor bem-estar aos trabalhadores, promovendo a sua qualidade de vida, facto que se admite que terá reflexo na própria actividade do trabalhador”. Mas não provocará esta alteração, afinal, o efeito inverso para as em-presas? “De facto esse é um aspecto «perigoso» para as empresas, pois pode representar um aumento do

absentismo, visto que os trabalha-dores que desfrutem do regime de parentalidade, estarão mais tempo fora da empresa. Para a entidade patronal este é um aspecto negati-vo, existindo um impacto de redu-ção da própria produtividade do trabalhador e por consequência da empresa”, justifica a nossa entre-vistada, realçando que será tanto maior o impacto quanto menor for a empresa.Estas são apenas duas das princi-pais alterações a que assistimos com a introdução do novo Código do Trabalho, sendo que, do Ponto de Vista da nossa entrevistada, este é um diploma direccionado, prin-cipalmente, para as denominadas PME’s. Até porque interessa salva-guardar que são estas, as pequenas e médias empresas, que estão mais dependentes da produtividade dos trabalhadores, realidade que não se vislumbra nos grandes grupos empresariais. “Estes, grandes cor-

porações, não necessitavam deste código do trabalho, porque as prá-ticas que este documento pretende implementar, relacionadas com o bem-estar dos trabalhadores e pro-moção da qualidade de vida fami-liar, são práticas que já estão garan-tidas pelas grandes empresas, que já as incorporam nas suas práticas”, explica.O «parque» empresarial português é constituído, na sua maioria, por PME’s que vivem actualmente com diversas dificuldades económicas, que este novo diploma pode agra-var. “De facto, este novo Código do Trabalho pode ter um efeito preci-samente inverso ao que se preten-de, pois promove novas garantias e direitos dos trabalhadores, em con-trapartida a produtividade pode di-minuir e isso terá um forte impacto na competitividade das pequenas, e mais fragilizadas, empresas. A esse facto alia-se ainda a fraca conjuntu-ra económica do país, o que poderá

reflectir-se no encerramento des-sas empresas”, assegura convicta a nossa entrevistada, deixando no en-tanto a nota de que, embora sejam legitimas as garantias e direitos dos trabalhadores, “se as empresas ces-sarem a sua actividade, então deixa-rão de existir postos de trabalhos e é esse desfecho que devemos evitar a todo o custo, sob pena de aumen-tarmos as dificuldades económicas do país”.

uRgE PRoMoVER a adaPtaBilidadE

O conceito de adaptabilidade que o novo Código do Trabalho intro-duz reflecte-se na possibilidade do empregador apresentar uma pro-posta de adequação do tempo de trabalho aos trabalhadores de uma equipa ou secção, e se a mesma for aceite por uma maioria qualificada dos destinatários, o empregador pode aplicar o mesmo regime aos restantes trabalhadores. “Desta for-ma, pode ser concertado um acordo entre o empregador e uma percen-tagem de trabalhadores, no sentido de se adaptar as horas a realizar em contexto de trabalho, evitando-se ou reduzindo-se as chamadas horas extraordinárias, em que o empre-gador tem o dever de remunerar o trabalhador por valores mais ele-vados”, explica Berta Martins, que acrescenta que foi uma medida muito aplaudida pelo patronato.O grande óbice assenta no con-dicionamento a que estes bancos de horas estão sujeitos, fruto das convenções colectivas de trabalho. “É certo que os trabalhadores e as entidades patronais podem estabe-lecer acordos no sentido de fixarem um determinado número de horas a realizar diariamente ou semanal-mente - pois prevê-se que o volume de trabalho possa ser aumentado até às 12 horas diárias, tendo como limite 200 horas anuais e 60 sema-nais - mas a verdade é que muitas convenções colectivas de trabalho admitem, apenas, a realização de 50 horas semanais. Assim, todos estes acordos são pos-síveis, mas as convenções colectivas de trabalho podem representar um entrave e ainda estamos no proces-so de as homogeneizar com este re-gime”, adverte a nossa entrevistada. “tEMos dE aPostaR na FoRMaÇÃo

PRoFissional E EM oBjECtiVos Mais aMBiCiosos”

Este Código do Trabalho introdu-ziu alterações ao despedimento, simplificando o processo discipli-nar e diminuindo os seus prazos, facilitando assim a possibilidade do seu uso pelo empregador. Para Berta Martins, a realidade não se afigura assim tão linear, asseguran-do que o despedimento “formal” se tornou mais fácil, pois foram reti-rados determinados requisitos da tramitação. Os prazos de facto di-minuíram, reflectindo-se portanto na celeridade dos processos, mas os fundamentos do despedimen-to mantiveram-se. “Para despedir um trabalhador, embora seja for-malmente mais fácil, exigem-se os mesmos fundamentos do código do trabalho anterior, sendo este o principal entrave ao despedimento dos trabalhadores”, explica, dando como exemplo desta realidade o paradigma dos Clientes empresa-riais internacionais da sociedade de advogados Luís S. Rodrigues & Associados, que se debatem com dificuldades na gestão dos seus re-cursos humanos, ao desenvolver a sua actividade em Portugal. “Estes clientes deparam-se imediatamen-te com dois problemas: a duração dos contratos de trabalho a prazo e a dificuldade dos despedimen-tos”, afirma, asseverando que estes entraves se devem ao facto de “em Portugal, não ser prática corrente cessar um contrato de trabalho por um trabalhador não ter alcançado os objectivos fixados pela entidade patronal. Não existe esse hábito em Portugal, como existe no estrangei-ro”.Será que a realidade descrita ante-riormente se deve ao facto de, em Portugal, apostarmos pouco no tra-balho dependente, mas com objecti-vos? “Sem dúvida. As empresas não possuem um grau de exigência ele-vado no momento da contratação de um trabalhador. Temos que alte-rar essa mentalidade, no sentido de

a matriz dos contratos de trabalho não ser apenas a do cumprimen-to de um horário, mas a exigência dessa carga horária ser preenchida com uma prestação qualificada, que atinja objectivos, que promova um nível competitivo superior e permi-ta uma evolução positiva das em-presas no mercado em que actuam. A escassez de exigências e de qua-lificação caracteriza actualmente o universo laboral em Portugal, com todos os malefícios que isso pode causar no modelo económico e so-cial nacional”, assegura Berta Mar-tins. Ainda neste capítulo, a nossa interlocutora lembrou que a insufi-ciente qualificação dos trabalhado-res e a escassez de exigência das en-tidades patronais que distinguem a lógica laboral nacional e a existente em outros congéneres europeus, lembrando que não se pode esca-motear esta realidade, apenas com alterações ao código do trabalho. “A produtividade não aumenta apenas com a introdução de uma nova lei. Temos de apostar na formação e em objectivos mais ambiciosos”.

Boas PRÁtiCas VERsus ContRa-oRdEnaÇÕEs

O tema da «compliance» laboral tem sido bastante divulgado, tendo a Lei n.º 107/2009, de 14 de Setem-bro, aprovado o regime processual aplicável às contra-ordenações la-borais e de segurança social, colma-tando uma lacuna relativamente a esta matéria, e promovendo assim o controlo do cumprimento da le-gislação concernente à segurança e à saúde no trabalho.A Autoridade para as Condições de

Trabalho, criada pelo Decreto-Lei 326B/2007, de 28 de Setembro, é competente para fiscalizar o cum-primento daquelas normas e san-cionar as empresas faltosas, bem como para promover políticas de prevenção de riscos profissionais.Se eventualmente este cumpri-mento não for efectivo, “será ins-taurado às empresas um processo de contra-ordenação”, assevera a nossa entrevistada, evocando que o aumento de fiscalização será tam-bém uma realidade concreta. Mas numa conjuntura de crise econó-mica, onde todos os dias assistimos a pedidos de insolvência por parte das empresas e aquelas que sobre-vivem fazem-no com imensas difi-culdades, não contribuirá o aumen-to desta prevenção para acentuar as dificuldades dessas empresas? “Au-mentar as exigências de legalidade nas pequenas e médias empresas portuguesas significa reduzir a sua capacidade de resposta no merca-do, e isso pode não ser salutar. Mas, a compliance traz também uma be-néfica redução de assimetrias ope-racionais entre as empresas que, por observarem a lei integralmente, têm custos superiores, e outras que, não o fazendo, operam em concor-rência desleal. No final, serão as melhores empresas que sobressai-rão!”, assegura Berta Martins.

PRoMoVER MECanisMos dE diÁlogo

Estará Portugal mais forte e prepa-rado para fazer frente às vicissitu-des dos mercados com este novo Código do Trabalho? Será que ire-mos assistir a outras alterações no

que concerne a questões laborais? Berta Martins está convicta de que ainda existe uma enorme resistên-cia dos órgãos políticos à revisão deste documento, porque o que é preconizado pela Comissão Euro-peia, em termos de reformas legais laborais, é que Portugal deve mudar a flexibilização dos despedimentos e alteração das condições de atri-buição do subsídio de desemprego, para aumentar a competitividade. “a primeira questã0, a da flexibiliza-ção dos despedimento e da própria contratação, é de extrema sensibili-dade para os portugueses e alterar ainda mais a forma como se prati-cam os despedimentos, facilitando-os, iria promover movimentos de resistência por parte dos sindica-tos”. A finalizar, Berta Martins re-lembrou que este diploma não pro-move a negociação colectiva, o que talvez permitisse criar um ambien-te de maior adaptabilidade no âm-bito das empresas. Assim, “temos de promover mecanismos que per-mitam essas negociações entre en-tidades patronais e trabalhadores. Não basta, por exemplo, dizer no Código do Trabalho que, por acor-do, podem ser estabelecidos bancos de horas. Isso não é suficiente. De-vem criar-se canais que permitam um diálogo claro e directo, sobretu-do para quem este Código do Traba-lho está mais direccionado, que são as PME’s, onde a maior parte dos trabalhadores não é sindicalizada e uma percentagem elevada de tra-balhadores nem sequer conhece os seus reais direitos”, finaliza a nossa interlocutora.

Mas nÃo PRoVoCaRÁ Esta altERaÇÃo, aFinal, o EFEito inVERso PaRa as EMPREsas? “dE FaCto EssE é uM asPECto «PERigo-so» PaRa as EMPREsas, Pois PodE REPREsEntaR uM auMEnto do aBsEntisMo, Visto QuE os tRaBalhadoREs QuE dEsFRu-tEM do REgiME dE PaREntalidadE, EstaRÃo Mais tEMPo FoRa da EMPREsa. PaRa a EntidadE PatRonal EstE é uM asPECto nEgatiVo, Existindo uM iMPaCto dE REduÇÃo da PRóPRia PRodutiVidadE do tRaBalhadoR E PoR ConsEQuÊnCia da EM-PREsa”, justiFiCa a nossa EntREVistada, REalÇando QuE sERÁ tanto MaioR o iMPaCto Quanto MEnoR FoR a EMPREsa

“QuE sÃo VERdadEiRaMEntE indEPEndEntEs, dEVEndo siM EQuiPaRÁ-los EM REgalias soCiais aos tRaBalhadoREs CoM VínCulo, dEsdE QuE EstEjaM EConoMiCaMEntE dEPEn-dEntEs da EMPREsa PaRa a Qual PREstaM uM sERViÇo. é iMPoRtantE REalÇaR QuE EstEs tRaBalhadoREs nÃo tÊM diREito, PoR ExEMPlo, a suBsídio dE dEsEMPREgo E a outRas REgalias QuE uM tRaBalhadoR ContRatado Possui. nÃo PodEMos ContinuaR a PRoMo-VER o tRaBalho PRECÁRio PoRQuE isso PRoVoCa uM CliMa dE insEguRanÇa E dE insta-BilidadE EnoRME”

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Pontos dE Vista Código do tRaBalho20)

A crise económica e finan-ceira em que Portugal está mergulhado obriga a centrar de novo o de-

bate na produtividade, precarie-dade, formação, modo de execução e cessação das relações laborais. É neste contexto que faz sentido relembrarmos, tão breve quanto este espaço obriga, o que o novo código nos trouxe. Na luta contra a precariedade – bandeira do novo código – a presunção de existência de CONTRATO DE TRABALHO (CT) foi aperfeiçoada, deixando de ser necessário o preenchimento cumu-lativo dos cinco requisitos previstos no antigo artigo 12.º do CT para passar apenas a ser necessário a verificação de algumas das caracte-rísticas previstas no novo artigo 12 do CT. Sendo que, a dissimulação de con-trato de trabalho passou a consti-tuir uma contra-ordenação muito grave imputável ao empregador, vigorando quanto ao pagamento da coima o regime da solidariedade entre o empregador, as sociedades que com este se encontrem em rela-ção de participações recíprocas, de domínio ou de grupo, bem como o gerente, administrador ou director. O novo código introduziu a possi-bilidade de serem celebrados CON-TRATOS DE MUITO CURTA DURA-ÇÃO, designadamente, o contrato

de trabalho em actividade sazonal agrícola ou para realização de even-to turístico de duração não superior a uma semana. Em empresa que exerça actividade com descontinui-dade ou intensidade variável, o Le-gislador passou a admitir que, por acordo, a prestação de trabalho seja intercalada por um ou mais perío-dos de inactividade – é o denomina-do TRABALHO INTERMITENTE.Na duração e organização do tempo de trabalho também surgiram algu-mas alterações das quais destaca-mos a ADAPTABILIDADE GRUPAL, BANCO DE HORAS E OS HORÁRIOS CONCENTRADOS. Tema mais sensível, que também foi objecto de alterações, é o do vulgarmente chamado DESPEDI-MENTO. Quanto a este item iremos pronunciarmo-nos quanto à criação de uma nova acção aplicável aos despedimentos que tenham sido efectivados através de comunicação escrita, quer o fundamento dessa decisão tenha sido a invocação de justa causa de despedimento, quer tenha sido a extinção do posto de trabalho ou a inadaptação. O traba-lhador (ao contrário do que se pas-sava até à entrada em vigor do novo Código de Processo do Trabalho) que pretenda impugnar o respecti-vo despedimento limita-se agora a apresentar em tribunal um formu-lário onde se identifica e identifica

o empregador, instruindo o referido formulário com a comunicação do despedimento. O trabalhador deixou de ter que alegar os motivos pelos quais se opõe ao despedimento, basta-lhe simplesmente dizer que se opõe. Cabendo de seguida ao empregador invocar, por escrito, os factos e fun-damentos constantes da decisão de despedimento. Devendo ainda, se for o caso, invo-car os factos e circunstâncias que, no seu entender, permitirão excluir a reintegração do trabalhador. Este novo regime inverte, por completo, a lógica do recurso a Tribunal e a tramitação habitual de uma acção. Este novo sistema obriga a que o empregador, apesar de não ter sido ele a recorrer a Tribunal, tenha que delinear a estratégia do processo, permitindo que o trabalhador pos-sa “à posteriori” apresentar a sua defesa. Esta alteração implica que seja o empregador a assumir a posição de Autor obrigando-o, consequen-temente, a apresentar a prova em primeiro lugar. Este sistema em nada simplificou nem desburocra-tizou o processo de despedimento, nem tão pouco acrescentou nada de significativo ao direito de defesa do trabalhador. Assim como, tor-nou absolutamente inócuo o afas-tamento do carácter obrigatório da

ue rumos estaremos a erguer no domínio laboral em Portu-gal? Quais são as principais di-rectivas reunidas nas recentes

alterações? Estará Portugal mais bem preparado para enfrentar as vicissitu-des dos mercados globais? Quem saiu a ganhar com estas alterações? Muitas questões, poucas respostas. A comple-xidade do tema e a sensibilidade dos públicos abrangidos pelo mesmo obri-gam a uma profunda reflexão do mesmo. O desconhecimento assume-se, inúme-ras vezes, inimiga da evolução, sendo por isso necessário reflectir sobre as mais diversas temáticas que envolvem a última revisão do Código do Trabalho em Portugal, introduzido em Feverei-ro de 2009 e as alterações que entra-ram em vigor em Janeiro de 2010 com a revisão do Código de Processo do Trabalho, alterações que provocaram algumas vozes críticas relativamente à essência dos diplomas. Para responder com conhecimento de causa às pergun-tas anteriormente colocadas e outras, a Revista Pontos de Vista conversou com Ricardo Simões Correia, advogado da Si-mões Correia Associados – Sociedade de Advogados, RL que nos revelou as prin-cipais mudanças aportadas com este Novo Código do Trabalho, e a resposta concreta a questões que muitos portu-gueses ainda não viram respondidas. A anterior revisão do Código do Traba-lho deu-se em 2003, sendo que a última, em 2009, concluída já em 2010 com a

entrada em vigor do Código de Proces-so do Trabalho, reforçou alguns aspec-tos ao nível da flexibilização, embora tenha gerado algumas situações que demonstram inequivocamente a defe-sa dos direitos dos trabalhadores, mais concretamente ao nível da temática dos falsos recibos verdes. Será este o melhor caminho? Segundo o nosso entrevista-do, este caminho é inevitável, pois com os níveis de desemprego tão elevados, “não vislumbro outro caminho, que fle-xibilize a forma de despedimento, ou de, pelo menos, fazer cessar os contra-tos com maior liberdade do que aquela existente actualmente. Não faz sentido que em Portugal, hoje, seja mais fácil di-vorciar-se de um cônjuge cumpridor do que despedir um mau trabalhador.”, as-segura convicto Ricardo Simões Correia.Alguns assumem que com esta revisão do Código do Trabalho é hoje mais fácil despedir os trabalhadores. Outros reve-lam que apenas se tornou mais simples. Para o nosso entrevistado, a simplicida-de não se coaduna com questões de des-pedimentos, embora existam hoje me-canismos que permitem que na decisão de despedimento, o empregador tenha de ponderar menos factores do que no transacto, dando um exemplo concreto. “Se existir um despedimento que, em tribunal, venha a ser considerado ilícito, as retribuições vincendas, aquelas que o empregador tem de pagar ao traba-lhador se vier de facto a ser condenado, que decorrerem para lá do período de 12 meses, serão suportadas pela segu-rança social”, esclarece o nosso entrevis-tado, assegurando que estas questões adquirem um grau preponderante no momento em que o empregador deci-de se procede ou não ao despedimento do trabalhador. “Esta medida permite à entidade patronal assegurar que se um processo de despedimento se mantiver em curso por um prazo superior a 12 meses, e, no final, houver condenação do empregador, o custo dessa decisão, no que respeita a retribuições futuras, se limita a 12 meses, e não a todas as re-tribuições desde 30 dias antes da propo-situra da acção até à data do trânsito em julgado da decisão final proferida pelo tribunal”, afirma o nosso interlocutor. Estará demonstrado que este aspecto

não possui uma natureza positiva, pois o que levou o legislador a criar este mecanismo, passou precisamente, pela morosidade dos tribunais portugueses ao nível de questões laborais. “De facto este mecanismo demonstra essa rea-lidade. O actual problema ao nível da Justiça do Trabalho assenta na demora e lentidão dos tribunais portugueses, especialmente em Lisboa e no Porto.”

uRgE EsClaRECER alguns Pontos do Ct

Embora concorde com esta revisão ao Código do Trabalho, Ricardo Simões Correia salienta que ainda existem as-pectos que necessitam de ser afinados e esclarecidos, tal como a contratação a termo, “que continua limitada a si-tuações bastante restritas, onde ainda se exigem demasiados formalismos”, afirma, lembrando que em ambas as reformas, 2003 e 2009, surgiram al-gumas novidades positivas, “mas nem todas as que se pretendiam e exigiam”. Uma das figuras previstas na revisão do Código do Trabalho em 2009, e que acabou por não vingar, foi a da refor-mulação do despedimento por inadap-tação, que ainda existe hoje e que já prevalecia na revisão do Código do Tra-balho em 2003. “Com o actual quadro legal, o despedimento por inadaptação revela-se uma figura que tecnicamente não é aplicável, pois exige demasiados requisitos e passos que o empregador tem de dar. Na prática revela-se como uma forma de despedimento que não tem aplicação, por ser impraticável. De facto, pretendia-se flexibilizar o despe-dimento por inadaptação, permitindo á entidade patronal proceder ao despe-dimento de uma forma mais facilitada”.Para Ricardo Simões Correia existem de facto algumas incongruências neste Código do Trabalho e que promovem o caminho rumo à barra dos tribunais. A questão dos recibos verdes surge, por diversas vezes, neste diploma, designa-damente no que concerne à contagem do tempo de duração máxima da con-tratação a termo de um trabalhador que anteriormente tenha estado sob o regime de recibos verdes. “Existem demasiados elementos desordena-dos, não se percebendo com clareza

qual foi o desiderato do legislador”.

EntRaR no uniVERso do tRaBalho

Questionamo-nos muitas vezes sobre a legitimidade do denominado trabalho precário, sendo uma expressão bastan-te comum quando abordamos questões laborais. Para o nosso entrevistado, o facto de ser relacionar trabalho precá-rio e contratos a termo representa al-gum desconhecimento pela prática. As formas de contratação a termo, mais concretamente ao nível do primeiro emprego, mais direccionado para os jo-vens, assumem-se, muitas vezes, como a única via possível para que um jovem possa dar inicio à sua carreira profissio-nal munido de um contrato de trabalho. “Para uma empresa que contrata um trabalhador, o período experimental de 90 dias pode revelar-se extremamente curto e assim as empresas recorrem à figura do contrato de trabalho a termo, designadamente quando abordamos a questão do primeiro emprego. A verda-de é que através desta forma, quem ini-cia a carreira profissional pode aceder ao mercado do emprego. Não creio, por isso, que se deva considerar esta uma forma de trabalho precário”, assegura convicto, explicando que o trabalhador, através deste método, tem a possibili-dade de, no final do contrato a termo, continuar ao serviço da empresa, en-trando no mercado de trabalho. Por isso, é importante salientar, que uma percen-tagem elevada de trabalhadores nessas condições, acabam por ser admitidos nos quadros das empresas, tendo sido esse primeiro contrato de trabalho a ter-mo que lhes permitiu essa «conquista» ”. Um dos passos mais positivos, na óptica do nosso interlocutor, deste Código do Trabalho passa pelo regime agora deno-minado por parentalidade, onde assisti-mos a alguns acréscimos fundamentais. A duração da licença parental pode ago-ra ser alargada se acumulada por ambos os progenitores, realidade que, a par do alargamento da licença exclusiva do pai, representa uma evolução social e cultu-ral do nosso país. “Acredito que esta é uma medida extremamente importante”.

RiCaRdo siMÕEs CoRREia, ADvogADo

siMÕEs CoRREia assoCiados – soCiEdadE dE adVogados, Rl

“os tRaBalhadoREs nÃo ViRaM os sEus diREitos REduZidos CoM as RECEntEs altERaÇÕEs nas lEis laBoRais”o “noVo” Código do tRaBalho

dECoRRido QuE EstÁ Mais dE uM ano dEsdE a EntRada EM VigoR da lEi 7/2009, dE 12 dE FEVEREiRo QuE aPRoVou o “noVo” Código do tRaBalho, o tEMa da sua REVisÃo Volta – Mais do QuE nunCa – às PÁginas dos joRnais.

instrução no decorrer do processo disciplinar (outra das alterações preconizadas). O empregador mais atento terá ainda mais cautelas na fase de instrução do processo que poderá levar ao despedimento do trabalhador arguido. Apesar da crítica aqui expressa quanto ao mo-delo adoptado para a impugnação dos despedimentos, julgamos que o novo Código de Trabalho apresen-tou alguns mecanismos de interes-se no que respeita à organização do tempo de trabalho, nomeadamente o Banco de Horas e o Horário Con-centrado. É claro que estas medidas encon-tram várias dificuldades e impas-ses na sua implementação, sendo porventura altura de o Legislador dinamizar e facilitar o recurso das empresas a estas novas formas de organização do tempo de trabalho, ultrapassando-se, os impasses que a negociação colectiva impõe, as-sim como a mentalidade daqueles que vêem o seu posto de traba-lho como uma realidade imutável. Existe, ainda, um longo percurso a fazer no sentido da simplificação e da desburocratização, para que as empresas consigam responder, de forma mais célere, às dinâmicas ac-tuais sem que para isso, haja sequer a necessidade de colocar em causa os direitos dos trabalhadores. Fica-mos a aguardar.

PoR tiago salaZaR, adVogado da sousa guEdEs, oliVEiRa Couto & assoCiados – soCiEdadE dE adVogados, R.l.

sousa guEdEs, oliVEiRa Couto & assoCiados – soCiEdadE dE adVogados, R.l.

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Page 12: Revista Pontos de Vista Edição 1

Pontos dE Vista FEBasE EM dEstaQuE22)

A FEBASE nasceu oficial-mente em finais de 2008 e agrega cinco sindicatos, a saber: os três grandes

e históricos sindicatos bancários: o Sindicato dos Bancários do Norte; o Sindicato dos Bancários do Centro e o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e dois sindicatos do sector segurador: o Sindicato dos Profissionais de Segu-ros de Portugal e o Sindicato dos Tra-balhadores da Actividade Seguradora. Segundo o secretário-geral da FE-BASE, Carlos Silva, o sentimento de necessidade do surgimento da Federa-ção dá-se no seio dos sindicatos dos bancários, designadamente tendo em vista “a necessidade sentida por estes de criarem um organismo que possibi-litasse o reforço da sua actuação e que unisse os três numa única instituição. Neste sentido, a FEBASE é, na óptica dos actuais dirigentes, um passo fun-damental para que, mais tarde, se dis-cuta a possibilidade de um sindicato único”.“Em momento posterior, já no de-correr do século XXI, analisou-se a possibilidade do alargamento da Fe-deração ao sector segurador, já que as Instituições de Crédito – os Bancos – também detinham as principais com-panhias de seguros a actuar no país, dando corpo ao denominado sector financeiro. Daí até se iniciar a discus-são com as Direcções dos sindicatos dos seguros foi um pequeno passo, consolidado a partir do momento da sua adesão a este projecto, que se ini-ciou formalmente a cinco.A FEBASE tem vindo ao longo dos últimos dois anos, após a sua consti-tuição, a trilhar um caminho seguro nos passos que tem dado, porque im-porta ter em conta as especificidades e contingências de a Federação falar a uma só voz, quando no seu seio co-existem cinco associações sindicais com longa tradição no movimento

sindical português, e cujas idiossin-cracias importa acautelar. Carlos Silva afirmou entretanto que são várias as vertentes em que a FE-BASE apostou, inicialmente, para consolidar o seu projecto federador: “Negociação Colectiva, Revista de Informação, Tempos Livres, Forma-ção, Relações Internacionais e Institu-cionais são campos onde a FEBASE já percorreu um caminho construído em unidade, com resultados palpáveis – a criação da unidade não se constrói sobre frustrações e contrariedades, mas sobre projectos que tenham con-dições de implementação e viabilida-de. Daí que tenhamos vindo a fazer uma séria discussão no Secretariado, que integra representantes dos cinco sindicatos, sobre as formas de a FE-BASE criar uma identidade própria e alcançar a necessária visibilidade para se considerar um êxito, enquanto pro-jecto de unidade sindical.”Dessas formas, Carlos Silva enuncia: a negociação colectiva é um eixo fun-damental de toda a actuação da FE-BASE. No caso do sector bancário, é nossa convicção que o fraccionamen-to de posições que caracterizou o pas-sado recente entre os três sindicatos, tem na FEBASE um efeito redutor, pelo que a posição final da FEBASE é apenas uma única, em vez das três até aqui existentes, sem desprimor para as divergências de cada Direcção, mas que importa sanar depois de feita a discussão. A FEBASE é um proces-so mobilizador e motivador, daí que as Direcções sindicais estão forte-mente empenhadas no seu sucesso.”“Também na Informação se apos-tou na publicação de uma Revista da FEBASE, que vai já na sua quinta edição, e que constitui um meio pri-vilegiado para se assumir como um símbolo da identidade da Federação, para além de se constituir como um modelo de optimização de recursos e

de custos, face à economia de escala que permite.”No mês de Maio, Coimbra recebeu a 1ª Conferência Internacional organi-zada sob a égide da UNI, organização sindical internacional onde quatro dos sindicatos da FEBASE estão filiados, que se constituiu como um êxito as-sinalável de organização e mediatiza-ção.Estamos prontos para receber, em Lisboa, em Março de 2011, a Confe-rência Mundial da UNI-Finanças, que congregará cerca de trezentos sindica-listas de todo o mundo, oriundos do sector financeiro.Finalmente e ainda de relevar a orga-nização das finais nacionais das várias modalidades desportivas, que juntam centenas de bancários e familiares, possibilitando uma mais célere visibi-lidade da FEBASE.”Carlos Silva falou ainda sobre o pro-cesso de integração dos bancários na Segurança Social, muito comentado ultimamente na comunicação social.

“É imperioso para a FEBASE ser chamada à mesa das negociações. Para já exigimos naturalmente uma discussão tripartida entre Governo, FEBASE e Associação Portuguesa de Bancos. Sabemos que o Governo tem auscultado o sector financeiro, por isso, aguardamos ser chamados para conhecer a decisão final, pois não aceitamos uma decisão unilateral sobre um tema tão importante para os trabalhadores”, revelou o secretário-geral da Federação sindical.Outro tema que ainda está na ordem do dia é a eventual revisão do Código de Trabalho sugerida pela União Eu-ropeia, para a qual Teixeira dos Santos mostrou alguma receptividade. Carlos Silva anuncia que a FEBASE se mos-tra contra, por considerar que “neste momento os direitos dos trabalhado-res estão devidamente consagrados na legislação actual”, frisando que uma eventual abertura na legislação labo-ral “só tem o efeito de flexibilizar os despedimentos”.

EM EntREVista à REVista Pontos dE Vista, CaRlos silVa, sECREtÁRio-gERal da FEBasE - FEdERaÇÃo naCional do sECtoR FinanCEiRo – dÁ-nos a ConhECER Esta assoCiaÇÃo dE sindiCatos do sECtoR Filiados na uniÃo gERal dE tRaBalhadoREs (ugt), E QuE Foi REsPonsÁVEl, jÁ EM 2009/2010, PEla nEgoCiaÇÃo ColECtiVa, QuE lEVou a QuE os tRaBalhadoREs do sECtoR BanCÁRio RECEBEssEM auMEntos dE 1%, CoM PaRtiCulaR dEstaQuE PaRa o Caso da Caixa gERal dE dEPósitos (Cgd), ondE Foi PossíVEl idÊntiCo aCoRdo, ao oBtER do goVERno a ClÁusula dE ExCEPÇÃo ao CongE-laMEnto salaRial dEtERMinado PaRa toda a adMinistRaÇÃo PúBliCa. EM EntREVista à PaRtE, o REsPonsÁVEl da ContRataÇÃo ColECtiVa da FEBasE dÁ Conta dEstE PRoCEsso.

auMEntos salaRiais na BanCa FoRaM EsFoRÇo da FEBasE E da ugt

FEdERaÇÃo naCional do sECtoR FinanCEiRo – FEBasE

CaRlos silVa,Secretário-Geral da FEBASE

MÁRio MouRÃo, ViCE-sECREtÁRio gERal da FEBasE, lEMBRa…

“os gEstoREs sÃo os REsPonsÁVEis PEla CRisE QuE ViVEMos”aPEsaR dE ainda EstaR nuMa FasE EMBRionÁRia, a FEBasE CoMEÇa a lanÇaR, diaRiaMEntE, as BasEs no sEntido dE sE aFiRMaR no sECtoR FinanCEiRo CoMo uM dos MaioREs PRojECtos sindiCais naCionais QuE agREga os tRÊs MaioREs sindiCatos da ÁREa BanCÁRia E os dois sindiCatos do sECtoR sEguRadoR. Con-VERsaMos CoM MÁRio MouRÃo, ViCE-sECREtÁRio gERal da FEBasE QuE nos REVElou os «MoldEs» EM QuE EstE dEsEnVolViMEnto EstÁ a sER dElinEado.A criação da FEBASE passou por um lon-go período de «discussão», mais de três décadas, até que a sua edificação fosse garantida. O próximo passo passará pela criação de um sindicato único a nível na-cional?A Federação é de facto um instrumento fundamental para nos aproximarmos desse objectivo, embora ainda haja muito caminho a percorrer em relação ao sindicato único. Há ainda obstáculos que é necessário ultrapassar a nível dos sindicatos, desde logo relativamente à própria saúde, aos SAMS, porque é fundamental que haja um único SAMS a nível nacional. Assim, a FEBASE tem um papel fundamental no sentido de aproximar posições para que o projec-to do sindicato único, que eu não tenho dúvidas que é o anseio da maioria esma-gadora dos bancários, se possa concreti-zar. A integração do SBN no projecto da FEBASE passou por isso mesmo, ou seja, no sentido de caminharmos para nos encontrarmos num ponto comum para a concretização de um único sindicato no sector.

Porquê a longo prazo?A FEBASE tem um longo percurso pela frente. É uma organização com cerca de dois anos, e por isso o que há ainda para fazer é muito mais do que o que foi feito até agora. Mas devo lembrar que antes da criação da FEBASE nem tudo era mau e agora nem tudo é perfeito. Há muitos obstáculos a ultrapassar, muitas des-confianças ao nível dos sindicatos que é preciso superar. O caminho faz-se «ca-minhando» e até que a FEBASE comece a dar «frutos» análogos a uma organi-zação com afirmação no sector, ainda temos um longo caminho. É necessário promover a unidade e ultrapassar as di-vergências que ainda existem.

Mas seria pior se os sindicatos não esti-vessem integrados na FEBASE?Sem dúvida. A integração na FEBASE e a realização deste projecto é um caminho importante para todos os objectivos que pretendemos concretizar, a nível da ne-gociação colectiva, o tal projecto único e nacional a nível da saúde, ou seja, retirar da saúde a componente político-sindical para preservarmos esse desígnio que os bancários têm há muitos anos, ou seja, de um serviço de saúde, que apesar de ter algumas lacunas que é preciso ultra-passar, é um bom subsistema compa-rando com os outros sistemas existen-tes no país. E portanto a FEBASE é um instrumento privilegiado para chegar-mos a acordos e ultrapassarmos essas dificuldades.

De que forma é que a criação da FEBASE veio alterar o panorama do sector, mais concretamente dos trabalhadores? Lem-

bro ainda que a FEBASE foi edificada num período de crise…Neste momento os trabalhadores ain-da não sentem os benefícios de uma organização desta natureza. A FEBASE encontra-se numa fase embrionária, está no início da sua acção e por isso, até que haja um retorno de benefícios para os bancários e dos sindicatos que representamos, é preciso ainda fazer muita coisa. Diz muito bem, a FEBASE foi constituída num período difícil do sector financeiro, em Portugal e não só. Além disso, foi o primeiro ano que a FEBASE negociou as convenções colecti-vas, nomeadamente no que diz respeito à tabela salarial e cláusulas de expres-são pecuniária.Mas ainda não é palpável que haja um benefício, os bancários ainda não sen-tiram as vantagens de ser a FEBASE a negociar. Há vantagens que são visíveis e há outras que não o são. Uma das vantagens que não é visível é que os três sindicatos negoceiem a uma só voz. Nas negociações que ocorreram anteriormente sucedeu várias vezes não haver acordo à mesa entre os três sin-dicatos verticais do sector bancário: os três negociavam, mas no final ou o Nor-te não assinava, ou o Sul não estava de acordo ou o Centro não queria assinar e por isso havia uma divisão porque cada sindicato falava por si, eram autónomos nessa matéria. Hoje é uma vantagem, na mesa de nego-ciações, termos uma Associação Portu-guesa de Bancos e uma Federação dos maiores sindicatos do sector bancário. Portanto, está a ser ainda percorrido esse caminho de ultrapassarmos ques-tões de funcionamento entre os sindi-catos, desde logo tornar estatutos que sejam comuns e mais próximos dos sindicatos, porque os próprios estatutos dos sindicatos da FEBASE são diferentes e se queremos um sindicato único tam-bém temos que ir ultrapassando essas divergências que temos em termos de estatutos dos sindicatos. Agora, como já referi, vai demorar o seu tempo até que os bancários percebam a vantagem que é ter uma organização como a FEBASE.

Já passou praticamente um ano e meio desde a introdução das novas alterações ao Código do Trabalho, em Fevereiro de 2009, e um dos pontos mais «polémicos», passa pela questão do regime da paren-talidade. Uma das questões mais alar-mantes concerne ao BPI. De que forma pensam contornar este problema?Ainda não esgotamos todo o caminho que temos que fazer no sentido do diá-logo, mas é evidente que a FEBASE vai recorrer a todas as instâncias no sentido de obrigar o BPI a cumprir, porque é de facto a única instituição de crédito que não está a cumprir a parentalidade, ou

melhor, está a cumprir em termos de contrato, não em termos de lei, daquilo que é a legislação. Vamos recorrer aos tribunais, se tiver-mos que o fazer mas, naturalmente, que primeiramente, vamos explorar todas as vias do diálogo para ultrapassar essa divergência. Não podemos aceitar que haja uma instituição como o BPI que não cumpra e que não queira saber aquilo que é a legislação.

Contratação a termo e outsourcing são dois dos temas também em foco. Assisti-mos claramente a um desvirtuar da pró-pria classe dos bancários? Sem dúvida. Vejo o outsourcing como uma desregulamentação total das rela-ções de trabalho no sector bancário. É uma «chaga», para além de outras que existem no sector, como por exemplo as horas extraordinárias não remuneradas. O outsourcing representa um meca-nismo habilidoso, para conseguir mão-de-obra barata para desempenhar as funções dos bancários. Neste sentido, temos mantido um contacto próximo com o Ministério do Trabalho, onde re-ferimos este cenário, ou seja, este abuso que se verifica actualmente no sector bancário. Ficamos de realizar um relatório cir-cunstanciado sobre o panorama do sector. É evidente que existem neste momento dossiers mais urgentes como o da Segurança Social, embora o out-sourcing deva ser rapidamente sanado.

Ainda se fala muito e faz-se pouco no sec-tor bancário? tempo de mudar?Infelizmente concordo. Acredito que sim. Chegou o momento face a tudo o que se passou na banca de pormos um pouco de ordem em tudo isto e com regras claras de funcionamento das instituições, porque acho que a banca não aprendeu nada com os erros que fez, com a responsabilidade que teve na crise financeira que existe no Mundo e portanto os sindicatos têm aqui uma oportunidade de promover uma mu-dança. Temos de introduzir novas regras e mecanismos no sentido de controlar essa desregulação que o sector tem sido alvo: outsourcing, trabalho suplementar não remunerado, entre outras. São milhares as horas que se fazem no sector da banca que não são remune-radas e com prejuízo para o Estado e para os trabalhadores, porque se estes não forem ressarcidos pelas horas que fazem o Estado também perde receitas fiscais. Há aqui prejuízo claro e é o momento ideal para que no sector bancário se comece a expurgar estas situações de abuso e de atentado aos acordos que são celebrados à mesa de negociações com as instituições de crédito.

não sente que a classe dos bancários ain-da «vive» muito de si para si, ou seja, a sociedade em geral ainda tem a ideia de que os bancários são uma classe dema-siado elitista e privilegiada? É necessário de facto exteriorizarmos os sindicatos dos bancários, «ultrapassar paredes» e é necessário ir ao público, porque existe de facto a ideia generali-zada na população portuguesa de que os bancários são um sector privilegiado. Isso não é verdade. Assim, defendo que chegou o momento de alertar para esse facto e a FEBASE tem um papel primor-dial nesse sentido, porque pode ser uma via para informarmos os portugueses das actuais condições do sector bancá-rio. Os trabalhadores bancários têm de fac-to um esquema complementar de pro-tecção da saúde, mas que é suportado totalmente pelos bancários e pelas ins-tituições de crédito, pagando respecti-vamente 1,5 por cento e 6,5 por cento. Não há qualquer financiamento do Es-tado e se os bancários têm esse direito ao nível da saúde, devem-no apenas a si mesmos. Outras empresas têm seguros de saúde. O dossier que se discute hoje é o da integração dos bancários no regime geral da segurança social, pois muitos trabalhadores estão fora desse regime, apresentando uma situação precária re-lativamente à segurança da reforma. Os bancos criaram fundos de pensões para isso, mas em última análise é o banco que tem de se responsabilizar pelo pa-gamento das reformas dos seus traba-lhadores.

Para finalizar, que mensagem lhe apra-zaria deixar aos trabalhadores bancá-rios?Quero deixar uma mensagem de espe-rança aos trabalhadores bancários e um apelo aos banqueiros, para que reflic-tam sobre o que se passou no sector fi-nanceiro, sobre as suas responsabilida-des na situação económica que se vive e que façam essa reflexão e um mea culpa para tentar corrigir o futuro e que situ-ações similares não voltem acontecer. Isso não seria positivo para empresas e sindicatos, porque pretendemos empre-sas fortes e consolidadas, com o impacto positivo que tem nos trabalhadores. Não tenham dúvidas. O que se passa actualmente, a crise fi-nanceira, não tem qualquer responsa-bilidade dos trabalhadores, mas sim dos gestores.

MÁRio MouRÃo, ViCE-SECrETáriO GErAL dA FEBASE

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Pontos dE Vista FEBasE EM dEstaQuE24)

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Pontos dE Vista FEBasE EM dEstaQuE26)

prestação própria de serviços nos seus postos clínicos e no Hospital, no caso do Sul e Ilhas, Rui Riso re-vela que “o SAMS único funcionará apenas como sistema de atribuição de comparticipações, mantendo-se aquelas unidades de prestação de serviços na esfera de cada um dos sindicatos proprietários.

to no Código, outros, como o BPI e o Totta, entenderam que, uma vez que os bancários têm um regime diferente, não deveriam usufruir dos subsídios”.Para contornar esta questão, os Sindi-catos e a FEBASE encetaram várias reuniões com as partes envolvidas no processo e, neste momento, o Banco Santander Totta já está a aplicar o que vem descrito no Código mantendo-se ainda o braço de ferro com o BPI.

aPoio juRídiCo EssEnCial na oRgâ-niCa «EMPREsa/sindiCato

Além dos serviços que prestam a todos os associados, os Gabinetes de Apoio Jurídico são também importantes para a vida dos próprios Sindicatos pois, devido às várias normas específicas que envolvem o sector, estes funcio-nam como autênticas empresas, tendo ao seu cargo um elevado número de trabalhadores. Neste sentido os gabi-netes de Apoio Jurídico são essenciais na orgânica da «empresa/Sindicato», por outro lado, sempre que há alguma negociação que envolve a FEBASE é também a estrutura jurídica dos sindi-catos quem as prepara.

A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Rui Riso, Presidente do Conselho de Administra-

ção dos SAMS do Sindicato dos Ban-cários do Sul e Ilhas (SBSI), que nos explicou a forma de funcionamento de um dos sub-sistemas de saúde mais importantes do país e que ser-ve um universo de cerca de 80 mil bancários. Os SAMS nasceram em 1976 na se-quência da atribuição por parte dos bancos, de alguns apoios no âmbito da saúde aos seus trabalhadores, como era o caso de pagamento de consultas médicos ou alguma com-participação na compra de medica-mentos: “Na altura, fruto de condi-ções históricas muito particulares, uma vez que a banca era toda nacio-nalizada, foi possível, no âmbito de acções reivindicativas, estabelecer os SAMS dos vários sindicatos ver-ticais do sector”, conforme relatou o presidente do Conselho de Admi-nistração dos SAMS do SBSI. No entanto, o facto de os SAMS es-tarem divididos pelo país de acordo com o respectivo sindicato em que estava integrado - Sindicato dos Bancários do Norte; Sindicato dos Bancários do Centro e Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas – fez com que começassem a surgir algumas assimetrias regionais, o que trouxe

uma diferenciação na forma de fun-cionamento de cada SAMS. Neste sentido, em 2001 foi efec-tuado um regulamento único que abrange todos os SAMS que, contu-do, são ainda regulados por normas complementares, que estabelecem ainda algumas diferenças entre cada SAMS, das quais Rui Riso des-taca “a variação do preço das con-sultas médicas consoante a zona do país e o custo do internamento”.

“ERa iMPoRtantE QuE todos tiVEs-sEM uM aPoio na saúdE ExaCtaMEn-

tE igual”

A elaboração do regulamento único foi um primeiro passo para aquilo a que no futuro será a unificação dos SAMS dos três principais sindicatos do sector em Portugal, passo que Rui Riso considera essencial: “Uma vez que todos os bancários des-contam exactamente os mesmos valores, bem como as entidades pa-tronais, era importante que todos tivessem um apoio na saúde exacta-mente igual em todo o território na-cional. Convém também frisar que a unificação destes três sub-sistemas de saúde irá permitir libertar siner-gias e tratar o processo de maneira diferente”. Todavia, a unificação dos SAMS é um processo complexo, devido às

normas que os regem, mas também devido ao tipo de financiamento que envolve cada um, conforme explica Rui Riso: “Os três SAMS as-sinaram um protocolo através do qual assumiam o papel do Estado no que aos cuidados de saúde diz respeito. Assim, o Estado atribuía uma compensação financeira aos SAMS que, acrescida das contri-buições obrigatórias por parte dos bancos e dos trabalhadores, era aplicada na prestação dos serviços de saúde substituindo o Estado nes-sa prestação. Este protocolo com a Administração Central do Sistema de Saúde foi denunciado em 2008 e, no caso do SBSI, cessou em Dezem-bro desse ano, mantendo-se ainda em vigor nos outros dois SAMS. Esta complexidade no que respeita ao financiamento provoca algumas dificuldades à implementação do SAMS único, projecto que só será possível de concretizar através da FEBASE.” Enquanto presidente do Conselho de Administração dos SAMS do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Rui Riso frisa que o protocolo com a Administração Central do Sistema de Saúde ces-sou porque “a verba atribuída era insuficiente e porque esta não cum-pria os prazos de pagamento”. Ao contrário do que acontece actual-mente, em que os vários SAMS têm

os sERViÇos dE assistÊnCia MédiCo-soCial (saMs) dos sindiCatos do sECtoR BanCÁRio sÃo oRganiZaÇÕEs PRiVadas dE saúdE intEgRada, dotadas dE auto-noMia adMinistRatiVa E FinanCEiRa, QuE assEguRaM aos sEus BEnEFiCiÁRios a PRotECÇÃo E assistÊnCia na doEnÇa, na MatERnidadE E noutRas situaÇÕEs aFins dE CaRÁCtER soCial, EM CuMPRiMEnto das oBRigaÇÕEs REsultantEs dos instRuMEntos dE REgulaMEntaÇÃo ColECtiVa dE tRaBalho outoRgados PElos sindiCatos.

FutuRo Passa PEla uniFiCaÇÃo dos saMs

FEBasE – sERViÇos dE assistÊnCia MédiCo-soCial

“Na altura, fruto de coNdições his-tóricas muito par-ticulares, uma vez que a baNca era toda NacioNalizada, foi possível, No âmbito de acções reiviNdica-tivas, estabelecer os sams dos vários siNdicatos verticais do sector”

ElEmEnto do SEcrEtAriAdo dA FEBASE

“os gabinetes são compostos por equipas de advogados experientes, que dominam não só a área do Direito Labo-ral e sindical, mas que garantem também, que as diversas convenções colectivas que envolvem o sector são cum-pridas. é por este motivo que vencemos a grande maioria dos casos que nos chegam.”

FEBasE – sERViÇos dE aPoio juRídiCo

“VEnCEMos a MaioRia dos Casos”

CoMo FEdERaÇÃo sindiCal dE gRandE iMPoRtânCia QuE é, a FEBasE, nÃo PodERia dEsCuidaR os sERViÇos dE aPoio juRídiCo QuE PREsta aos sEus assoCiados. nEstE sEntido, a Pontos dE Vista EntREVistou, CRistina daMiÃo, ElEMEnto do sECREtaRiado da FEBasE E REsPonsÁVEl PElo PElouRo dos sERViÇos juRídiCos do sindiCato dos BanCÁRios do sul E ilhas (sBsi), QuE nos Falou soBRE as PRinCiPais PRoBlEMÁtiCas QuE os BanCÁRios EnFREntaM nEstE CaMPo dE aCÇÃo.

No âmbito da FEBASE, os serviços de apoio jurídi-co não são directamente prestados pela Federa-

ção, estando antes entregues aos cin-co sindicatos que dela fazem parte (Sindicato dos Bancários do Norte; Sindicato dos Bancários do Centro; Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas; Sindicato dos Profissionais de Seguros de Portugal e o Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Se-guradora) e que representam um uni-verso de 80 mil associados, “através dos respectivos gabinetes de apoio, que estão dotados de equipas de ad-vogados com bastante experiência e conhecimento de Direito do Trabalho e Sindical e que prestam assistência jurídica e judiciária aos seus associa-dos, de forma gratuita, uma vez que todo o tipo de despesas é suportado pelos Sindicatos”, conforme explicou Cristina Damião.Os bancários recorrem a este impor-tante apoio quando ser verifica algum conflito decorrente da relação de tra-balho com as instituições onde exer-cem a sua profissão, ou a sua activi-dade sindical, ou quando alguma das

questões que estão regulamentadas na contratação colectiva lhes suscitam dúvidas. Estes esclarecimentos po-dem ser prestados por telefone, e-mail ou mesmo por marcação de entrevista presencial, quando o assunto merece uma análise mais aprofundada, como são os casos de processos disciplina-res: “A grande maioria dos contactos que recebemos estão relacionados com este tipo de questões, sendo que os nossos advogados auxiliam o as-sociado na resposta à Nota de Culpa. Quando o processo chega a tribunal ou existe um despedimento que o só-cio pretenda impugnar, os serviços de Apoio Jurídico são uma importante ferramenta que este tem ao seu dispor e que auxiliam de forma consciente todos os bancários”.

“a QuEstÃo do noVo REgiME da PaREntalidadE susCitou alguns

PRoBlEMas”

Cristina Damião não tem dúvidas em afirmar que os sócios devem recorrer aos Gabinetes de Apoio Jurídico dos respectivos Sindicatos: “Os gabinetes são compostos por equipas de advo-

gados experientes, que dominam não só a área do Direito Laboral e Sindi-cal, mas que garantem também, que as diversas convenções colectivas que envolvem o sector são cumpri-das. É por este motivo que vencemos a grande maioria dos casos que nos chegam”. Quando questionada sobre se a última revisão do Código do Tra-balho, de Fevereiro de 2009, aumen-tou os pedidos de apoio por parte dos associados aos serviços de Apoio Ju-rídico, Cristina Damião explicou que “esta revisão introduziu algumas nor-mas imperativas que obrigam a que as Convenções Colectivas em vigor, e que regulam o dia-a-dia dos traba-lhadores, tivessem que ser alteradas para absorver estas mesmas normas. Porém, a questão do novo regime da parentalidade suscitou alguns proble-mas e a procura dos sócios, uma vez que este prevê a atribuição de alguns subsídios que são pagos pela Segu-rança Social. Como a maior parte dos bancários não está ligada ao regime geral de Segurança Social, sendo abrangido por um mecanismo próprio do sector, houve bancos que aplica-ram imediatamente o que está descri-

Rui Riso, PrEsIDEntE Do ConsElho dE AdminiStrAção doS SAmS do SBSi

CRistina daMiÃo

Page 15: Revista Pontos de Vista Edição 1

Pontos dE Vista FEBasE EM dEstaQuE28)

tornando-a, fruto da qualidade e ri-gor dos nossos serviços, numa ins-tituição de superior relevância. De futuro, a médio/longo prazo, acre-dito que a criação de um sindicato único será a principal prioridade”. Proximamente, a FEBASE será con-frontada, com a denúncia dos pra-zos das novas tabelas salariais para 2011. “Este processo será realizado depois das férias”.No domínio la-boral os desafios não cessam, e a FEBASE prepara-se para confron-tar todas as instituições bancárias que exercem a sua actividade em território nacional e que não são abrangidas por qualquer IRCT, a subscrever uma convenção. “Será, a par das «discussões» dos aumentos salariais, uma das principais priori-dades”, conclui Paulo Alexandre.

Paulo Alexandre, Coordenador do Pelouro da Negociação Colectiva da FEBASE

nuM PERíodo diFíCil, a FEBasE assuME-sE:

EM dEFEsa dos tRaBalhadoREs

a REVista Pontos dE Vista ConVERsou CoM Paulo alExandRE, CooRdEnadoR do PElouRo da nEgoCiaÇÃo ColECtiVa da FEBasE, QuE CoMEÇou PoR lEMBRaR QuE é nECEssÁRio ContinuaR a lutaR PElos diREitos dos tRaBalhadoREs do sECtoR BanCÁRio E do sECtoR sEguRadoR, EM PRol dE duas ÁREas ExtRE-MaMEntE RElEVantEs PaRa o nosso País. “ViVEMos uM PERíodo diFíCil, Mas tEMos dE EstaR oPtiMistas, PoRQuE no FutuRo EsPERaMos tER CondiÇÕEs, PaRa QuE as diFiCuldadEs dE agoRa sEjaM CoMPEnsadas”

N o corrente, umas das principais con-traridades sentidas pela FEBASE, pri-meiro ano em que

as revisões contratuais foram rea-lizadas pela FEBASE, concerne às questões salariais e adversidades resultantes da conjuntura econó-mica sentida em Portugal e a nível internacional. “De facto, a crise económica que assola os mercados globais, criou-nos diversas dificul-dades ao nível do entendimento sobre o acordo final”, assume o nosso entrevistado, para quem as medidas governamentais, no-meadamente para as empresas públicas e empresariais, “também nos criaram dificuldades, princi-palmente ao nível da CGD – Caixa Geral de Depósitos e do Banco de Portugal”, esclarece Paulo Alexan-dre. Asseverando que o vocábulo «desistir» não faz parte do voca-bulário da FEBASE, para o nosso interlocutor, a prioridade actual passa por continuar a insistir, jun-to das instituições de crédito, “ e aguardar que esta realidade evolua positivamente e acreditamos, que a curto/médio prazo, os nossos desideratos sejam concretizados”: mas será que à luz das alterações introduzidas no Código do Traba-lho as contrariedades da FEBASE aumentaram? Segundo o nosso en-trevistado, a adaptação do acordo com o Banco de Portugal foi rea-lizado pela FEBASE “com alguma

facilidade, embora tenhamos tido, ao nível do Acordo Colectivo de Trabalho do Sector Bancário, algu-mas dificuldades, devido, princi-palmente, ao regime da parentali-dade”, afirma convicto, lembrando que inicialmente algumas entida-des bancárias afirmaram que não iriam cumprir com a aplicação do novo regime da parentalidade. “Posteriormente, ainda que no ACT não conste, alguns bancos vieram aceitar a aplicação do regime de parentalidade”.

“os tRaBalhadoREs do BPi EstÃo a sER MaRginaliZados”

“Os trabalhadores do BPI estão a ser «marginalizados» actualmente, face aos restantes trabalhadores do sector e não só. Os trabalhado-res do BPI que tiverem que usufruir do regime de parentalidade, têm de o fazer «às suas custas», ou seja, o BPI justifica as faltas, mas não as remunera, prejudicando altamen-te os trabalhadores”, afirma Paulo Alexandre. A FEBASE não desistirá enquanto esta situação se mantiver.

outsouRCing E dEsPEdiMEntos ColECtiVos

Apesar das dificuldades provoca-das pelo cenário dos contratos a termos, segundo Paulo Alexandre a situação mais grave existente ac-tualmente na banca diz respeito “ao outsourcing. Estimamos que milha-

res de trabalhadores exercem fun-ções na banca, pertencendo a em-presas de outsourcing. Esta infeliz realidade desvirtua o mercado da banca, porque temos hoje, em pos-tos chave, trabalhadores que são na realidade empregados bancários, mas que não são abrangidos pelos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho do sector. Com o sector a viver uma das suas maiores crises, o flagelo do despe-dimento paira sobre as cabeças dos trabalhadores, contudo, o sector tem resistido à sangria, mesmo que o Grupo Credibom tenha anunciado a intenção de dispensar 87 traba-lhadores no passado mês de Junho. Apesar do momento conturbado e do sinal dado pelo Credibom, pa-rece afastada a possibilidade de se estar a iniciar um ciclo de despe-dimentos colectivos no sector: À boleia da crise muita coisa tem sur-gido, mas a FEBASE tem sabido re-sistir ao pânico que pode cair sobre os trabalhadores, pois o sector ban-cário nacional tem resistido à crise.

adiVinhaM-sE «lutas» diFíCEis

Para o futuro, Paulo Alexandre acre-dita que depois de três décadas “a discutir a criação da FEBASE, che-gamos a um momento importante na consolidação da instituição. Pre-tendemos assim, continuar a con-solidar a FEBASE, que ainda está a «dar» os primeiros passos a nível de contratação colectiva de trabalho,

a FEBasE no sECtoR dE sEguRos

“tEMos dE aBandonaR EstE CliMa dE EstagnaÇÃo E ConsERVadoRisMo”

da FEBasE FaZEM PaRtE dois sindiCatos da ÁREa dos sEgu-Ros - , o stas – sindiCato dos tRaBalhadoREs da aCtiVidadE sEguRadoRa E o sisEP – sin-diCato dos PRoFissionais dE sEguRos.

Em conversa com a Revis-ta Pontos de Vista, Carlos Marques, Presidente da Direcção do STAS, afir-

ma que o seu sindicato é uma en-tidade de renome e de referência do sector segurador em Portugal, revelando-se como uma instituição de enorme prestígio e reconheci-mento pelos seus «pares», fazendo a defesa intransigente dos direitos e garantias de todos os seus filia-dos. Assume que o actual panorama da vertente seguradora, bem como dos principais agentes que nele se movimentam não é o mais posi-tivo, responsabilizando um certo imobilismo e inépcia dos diversos players existentes neste sector de mercado. “Neste momento o sec-tor dos seguros vive um momento algo complicado, sublinhado pelo actual contexto económico em que vivemos. Acredito que as dificulda-des sejam normais neste período, mas acredito também que existam determinados aproveitamentos da denominada crise, que obviamente

apresentam contornos que afectam o sistema financeiro português, mas que, por si só, não explicam os comportamentos conservadores das entidades patronais”, explica o nosso entrevistado, “Não existem negociações salariais no sector de seguros, nem negociações colecti-vas, e assim, vivemos uma situação perfeitamente anormal, alicerçada numa deficiente postura por parte da associação patronal do sector dos seguros, a Associação Portu-guesa de Seguradores”, esclarece convicto Carlos Marques. Que dificuldades provoca esta ino-perância no sector? Segundo Carlos Marques, os próprios sindicatos, acabam por se ver confrontados com uma dificuldade acrescida. “Obviamente que os sindicatos se sentem inquietados por este imo-bilismo. Caso exista disponibilidade para se criar novos projectos e no-vas medidas, teríamos mais meios e condições para continuar a engran-decer um sector fundamental a um país. O problema é que não existe

uma entidade representativa das empresas de seguros com uma di-mensão de modernidade e progres-so que permita apoiar este sector. Esta realidade assume um impac-to negativo nas empresas, porque acredito ser possível, noutras con-dições, encontrar respostas e solu-ções para certos constrangimentos existentes no sector dos seguros”, esclarece o presidente do STAS, a associação mais representativa do sector de seguros.

EnoBRECER uMa ClassE dE REFERÊnCia

Sendo um sector com um nível de empregabilidade elevado, segundo o nosso entrevistado “chegou o mo-mento de «virar a página» ”, apos-tando na modernidade e em projec-tos inovadores para um sector que é fundamental para qualquer país. “Há duas décadas o sector dos segu-ros era reconhecido pela sua quali-dade, excelência e nível de moder-nidade. Hoje estamos estagnados,

Afirma Pereira Gomes, Vice-Presidente da Direcção do SBN FEBasE EM dEstaQuE

não a nível sindical, mas na área patronal. Os responsáveis devem questionar-se sobre determinadas situações que vêm acontecendo”, assevera o nosso entrevistado, dei-xando uma questão e a resposta da mesma. “Porque é que o sector não consegue actualmente cativar os principais quadros do universo aca-démico? Porque não existem pro-jectos, nem carreiras profissionais atractivas para aliciar esses novos valores”.A finalizar, Carlos Marques assume que o STAS está preparado para enfrentar as diversas dificulda-des que possam surgir, “mas temos de abandonar este clima de estag-nação e conservadorismo, e apostar fortemente numa via de progresso neste sector fundamental para o país como é exemplo a participação na FEBASE a maior Federação Sin-dical, criada após muitos anos de uma aprofundada discussão sobre o movimento sindical e o caminho que o mesmo deve trilhar para a obtenção dos melhores resultados para os Trabalhadores”.

diVERsÃo? dEsCanso? aPRoVEitE as aCtiVidadEs da FEBasEaPostada EM PREstaR uM aPoio EM todas as VERtEntEs aos diVERsos assoCiados, a FEBasE – FEdERaÇÃo do sECtoR FinanCEiRo, oRiEnta-sE PElos PRinCíPios do sindiCalisMo dEMoCRÁtiCo, ConsuBstanCiados na liBERdadE, unidadE E dEMoCRaCia, BEM CoMo os da solidaRiEdadE EntRE todos os tRaBalhadoREs E da dEFE-sa do REgiME dEMoCRÁtiCo. aléM disso, PREsta uM sERViÇo dE ExCElÊnCia ao níVEl dE aCtiVidadEs dE laZER.

uem não gosta de se di-vertir um pouco? Quem não gosta de descompri-mir e aproveitar as ho-

ras livres para realizar actividades de lazer e muitas vezes aproveitar esse «tempinho» para cumprir so-nhos até então apenas imaginados? É neste sentido, o de proporcionar a todos os associados da FEBASE, cerca de 80 mil, que esta organi-zação reuniu esforços e é hoje um elo de ligação fundamental entre

todos os associados, promovendo actividades em diferentes campos, principalmente ao nível desportivo, cultural e de lazer. Xadrez, futebol de salão, actividades radicais, pes-ca, damas, tiro, golfe, entre muitos outros são apenas algumas das acti-vidades colocadas à disposição pela FEBASE ao nível desportivo. “Acre-ditamos que é importante permitir aos nossos sócios desfrutar com este género de actividades, pro-movendo também uma forte liga-

ção entre os diferentes membros”; afirma Pereira Gomes, Vice-Pre-sidente da Direcção do Sindicato dos Bancários do Norte. No aspec-to cultural, a panóplia de opções é também bastante vasta, sendo que as actividades preferenciais dos as-sociados assentam, principalmente, ao nível da pintura e da fotografia. “Tentamos criar este género de cur-sos, pois são cursos que têm mui-ta simpatia por parte dos nossos associados e acreditamos que são

actividades que podem inclusive ser encaradas de uma forma mais efectiva do que apenas um hobbie”, explica o nosso entrevistado, para quem esta forma de criar ligações, promove, acima de tudo, uma me-lhoria fundamental da qualidade de vida dos associados dos Sindicatos da FEBASE.

“os tRaBalha-doREs do BPi EstÃo a sER

«MaRginaliZa-dos»

aCtualMEntE, FaCE aos REs-tantEs tRaB-

alhadoREs do sECtoR E nÃo

só.

Paulo alExandRE, Coordenador do Pelouro da negociação Colectiva da FEBASE

Carlos Marques, Presidente da Direcção do stAs

Q

lER na íntEgRa EM WWW.PontosdEVista.CoM.Pt

PEREiRa goMEs, Vice-Presidente da Direcção do Sindicato do SBn

Page 16: Revista Pontos de Vista Edição 1

PONTOS DE VISTA DESTINOS DE SONHO 30 PONTOS DE VISTA DESTINOS DE SONHO 31 Pontos dE Vista dEstinos dE sonho30)

VÁ ao EnContRo do algaRVE Mais tRanQuilo

RElaxE no PRiMEiRo suitE REsoRt 5 EstRElas no CaRVoEiRo

Monte Santo, o priMeiro Suite reSort 5 eStrelaS no Carvoeiro é o loCal ideal para uMaS fériaS tranquilaS e CriativaS para toda a fa-Mília. a penSar eSpeCialMente naS CriançaS, MaS SeM eSqueCer oS paiS, Monte Santo preparou uMa CaMpanha eSpeCial para fériaS eM Julho e SeteMbro CoM CondiçõeS Muito ConvidativaS para todoS.

C omeçar o dia com um delicioso pequeno-al-moço e à noite, jantar na atmosfera tranqui-

la do restaurante Club House - o cenário ideal para degustar iguarias de inspiração nacional e internacional com elementos de fusão - são apenas algumas das possibilidades desta campa-nha que inclui um pouco de tudo para umas férias inesquecíveis no Carvoeiro onde ainda poderá encontrar um Algarve tranquilo e com muito por descobrir.

A PENSAR NAS CRiANçAS

Como o cuidado recai sempre sobre as Crianças, Monte Santo criou todas as condições neces-sárias para umas férias muito divertidas com todo o tipo de programas para todas as idades. Planet Junior e Baby Must Have! são os conceitos concebidos para proporcionar às crianças momentos inesquecíveis, não esquecendo os Pais.Com o “Pla-net Junior”, os dias das crianças são preenchidos de forma diver-tida com brincadeiras que des-pertam os sentidos e a imagi-nação. O “Planet Junior” acolhe crianças dos 4 aos 12 anos e or-ganiza actividades tão variadas

como pinturas, jogos, brincadei-ras ao ar livre ou natação.

A oferta para os mais pequenos, é complementada com o serviço “Baby Must Have!” que possi-bilita aos Pais solicitar previa-mente on-line, uma variedade de artigos e utensílios úteis para a estada dos seus filhos, e evitar assim o desconforto do excesso de bagagem. Todos os artigos solicitados serão colocados à disposição no alojamento à che-gada. O formulário encontra-se on-line no website da unidade, na secção especial “Família & Crianças”.

DESCOBRiR AS REDONDEzAS

Situado numa zona tranquila, junto à pitoresca vila do Carvo-eiro, Monte Santo encontra-se rodeado de pequenas praias de areia branca e águas cristalinas com as suas inesquecíveis gru-tas, que merecem uma visita pela manhã para aproveitar o fresco matinal. A Praia da Marinha e a Praia dos Caneiros são duas praias que não pode deixar de expe-rimentar. O concelho de Lagoa tem ainda para oferecer a sua cerâmica de origens seculares,

o colorido porto de pesca de Ferragudo, a romântica capela da Nossa Senhora da Rocha e as fantasiosas rochas do Algar Seco, entre outras atracções. Na Recepção poderá informar-se das várias actividades possí-veis.

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Page 17: Revista Pontos de Vista Edição 1

Pontos dE Vista CooPERaÇÃo PoRtugal / CPlP32)

foi um misto de paixão e de opção estratégica. Em 2003 o mercado português apresentava sinais de estagnação e elegemos a entrada no mercado Angolano como uma opção alternativa e complementar.Neste momento o balanço é franca-mente positivo e podemos afirmar que é uma aposta ganha. Ganhámos e estamos a ganhar o nosso espaço e isto com incorpo-ração de Recursos Humanos nacio-nais, angolanos.

Quais são as verdadeiras poten-cialidades do mercado angolano no sector de mercado em que a Basilaris actua? Em que áreas é que o perpetuam? O mercado angolano apresenta muitas oportunidades, contudo, para uma pme e em minha opinião, tem um custo de entrada elevado. É um mercado com característi-cas muito próprias, em que se tem que conquistar a credibilidade e a confiança pelo desempenho e pela competência, e isso demora tempo, que alguns não têm…

A formação de recursos humanos

e de consultoria ainda são áreas que escasseiam em Angola? Quais são as principais lacunas que de-tectam no mercado angolano?Não diria que escasseiam, as neces-sidades do país é que são enormes. Devemos ter presente os últimos 30 anos da história de Angola e o im-pacto da guerra. O país perdeu aí grande parte dos seus quadros. Mas é um mercado onde encontra-mos além de empresas angolanas, as multinacionais do sector e as empresas brasileiras fortemente apoiadas pelo seu governo.É constatável o enorme esforço que o país faz na reconstrução, que não

é só em infra estruturas é também em Recursos Humanos. As Escolas e as Universidades estão repletas. Conseguem perpetuar, ao nível de relações de parceria, uma forte ligação entre o universo empre-sarial português e angolano? se sim, de que forma o fazem? Quais as potencialidades económico/sociais que esta ligação pode ofe-recer a ambos os países? Crê que é necessário apostar mais nesta «ligação» Portugal/Angola? Penso que foram dados alguns pas-sos nesse sentido, visíveis ao nível das grandes organizações e com benefícios para ambas as partes. Contudo, essa “ligação” deveria ser mais desenvolvida, principalmente no momento que Portugal atraves-sa.

Pela seu experiência e vasto know how de que forma avalia actual-mente a performance das empre-sas angolanas ao nível da forma-ção de recursos humanos? Existe a percepção que a aposta na for-mação de recursos humanos terá um impacto positivo ao nível dos

resultados alcançados pela enti-dade?Existe uma enorme aposta na for-mação profissional por parte das empresas e governo angolano e com resultados positivos. São visí-veis e inequívocos.

Angola assume-se actualmente, cada vez mais, como um destino predilecto do mercado empre-sarial português. Qual é o vosso volume de trabalho com empresá-rios portugueses? Quais as princi-pais exigências dos mesmos?O volume de trabalho com empre-sários portugueses é muito peque-no, as empresas e o governo angola-no são os nossos principais clientes.

Quais são neste momento as prin-cipais linhas de acção da Basila-ris? Em Portugal consolidar as relações com os nossos Clientes. Em Angola, procurando crescer no mercado da consultoria e formação e desen-volvendo os outros mercados para onde diversificámos, a Prestação de Serviços, a Distribuição e a Agro-Indústria.

Edificada, reestruturada e relançada em 2003, resultante da experiên-cia acumulada de várias

décadas de serviços prestados no desenvolvimento profissional de recursos humanos, a Basilaris as-sume-se actualmente como uma entidade de referência no mar-cado nacional e angolano. De que forma tem vindo a ser realizado o desenvolvimento da Basilaris?A Basilaris tem procurado ser uma empresa de referência pela qua-lidade dos serviços prestados e pela qualidade dos seus Recursos Humanos. Os nossos formadores consultores são preferencialmente, profissionais com idade superior

a 45 anos e que anteriormente de-sempenharam funções de direcção comercial, direcção geral ou admi-nistração. Preferencialmente são quadros em situação de pré refor-ma ou reforma. Desta forma dispo-nibilizamos conhecimento, experi-ência e sabedoria e acrescentamos valor aos programas e aos treinos que ministramos. Pensamos que esta é a nossa gran-de diferenciação, embora não pos-samos esquecer as qualidade dos produtos que as nossas representa-das (AchieveGlobal e Gazing Perfor-mance Systems) nos disponibilizam e que “costumizamos” a cada mer-cado, a cada situação. Privilegia-mos um crescimento sustentado

diversificando os mercados, daí a nossa entrada no mercado angola-no em Agosto de 2004, no espanhol em 2009 e com o objectivo do Brasil para muito breve.

Um dos vossos desideratos passa pelo apoio sustentado às orga-nizações, através de serviços de consultoria. De que forma é que este fito é alcançado? Quais os serviços colocados à disposição dos vossos clientes? Temos que distinguir o mercado português e o angolano. Neste fa-zemos uma abordagem directa, em-bora cirúrgica. No caso de Portugal, conjugamos alguns meios. Assim, além do contacto directo, realiza-

mos em parceria com a Microsoft mensalmente seminários em que abordamos e debatemos temas ac-tuais, que preocupam as organiza-ções. No mesmo sentido, emitimos mensalmente a nossa newsletter, que tem tido uma grande aceitação e onde podemos encontrar artigos acerca de vendas, negociação, lide-rança e serviço ao cliente.

Além do território nacional, a Basilaris apostou, também, for-temente no mercado angolano. Quais os objectivos que os leva-ram a apostar neste mercado? Que balanço pode fazer desta aposta?A aposta no mercado angolano

“PEnso QuE FoRaM dados alguns Passos nEssE sEn-tido, VisíVEis ao níVEl das gRandEs oRganiZaÇÕEs E CoM BEnEFíCios PaRa aM-Bas as PaRtEs. Contudo, Essa “ligaÇÃo” dEVERia sER Mais dEsEnVolVida, PRinCi-PalMEntE no MoMEnto QuE PoRtugal atRaVEssa”

BasilaRis EM dEstaQuE

“o MERCado angolano aPREsEnta Muitas oPoRtunidadEs”

alBERto nunEs dos santos, AdminiStrAdor dA BASilAriS

CaRlos MElo, PArtnEr dA BASilAriS Em PortuGAl

aPostando na diFEREnCiaÇÃo, atRaVés da Vasta ExPERiÊnCia E saBEdoRia, a BasilaRis é aCtualMEntE uMa EMPREsa dE REFERÊnCia ao níVEl dE sERViÇos PREstados, tEndo a aPosta no MERCado angolano oBEdECi-do a dois CRitéRios: uM Misto dE PaixÃo E dE oPÇÃo EstRatégiCa. ConVERsÁMos CoM alBERto nunEs dos santos, adMinistRadoR da BasilaRis QuE nos dEu a ConhECER uM PouCo Mais dEsta EMPREsa dE REFERÊn-Cia.

Page 18: Revista Pontos de Vista Edição 1

Pontos dE Vista CooPERaÇÃo PoRtugal / CPlP34)

a ClidoPa coloca à dispo-sição dos seus utentes, uma área especializada na vertente da Medicina ocupacional “que se de-dica preferencialmente aos «check-ups» periódicos e de admissão que são norma nas empresas com quem cooperamos, assim como no ênfase ao acompanha-mento dos acidentes de trabalho”

ClidoPaPREPaRada PaRa todos os dEsaFios sEndo uMa EMPREsa PRiVada FaMiliaR, ao níVEl do RaMo da saúdE, a ClidoPa iniCiou a sua aCtiVidadE EM janEiRo dE 1996, Estando PRE-FEREnCialMEntE diRigida PaRa as EMPREsas do RaMo dE PEtRólEos, Mais ConCREtaMEntE, PREstadoREs dE sERViÇos a PEtRólEos, CoRPo diPloMÁtiCo E instituiÇÕEs FinanCEiRas – BanCos.

Com sede em luanda, e fi-lial na província do Aire, norte de Angola, caracteri-zada por ser uma zona de

exploração petrolífera, estando em perspectiva, a médio prazo, a cria-ção de outra filial no lobito, sul de Angola, província de Benguela. Presente no mercado há cerca de 14 anos, a CLIDOPA iniciou a sua acti-vidade apoiada em duas dezenas de empresas, oito mil utentes e quase meia centena de trabalhadores. Nos dias que correm, a CLIDOPA presta assistência médica a cerca de 150 empresas, abrangendo um universo de 50 mil utentes, apoiados por cer-ca de 300 trabalhadores entre efec-tivos e colaboradores. Ao nível des-se suporte de recursos humanos, e comprovando a qualidade e a qua-lificação dos trabalhadores «made in» CLIDOPA, os recursos humanos aqui presentes, são, uma grande maioria, técnicos superiores. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Ana Maria Costa, Director Ge-ral da CLIDOPA, “este panorama de excelência da CLIDOPA retrata de facto, o avanço das clínicas privadas em Angola em termos de qualidade, coincidindo com a evolução socioe-conómica do país”. Assim, no domínio das clínicas pri-vadas em Angola, a CLIDOPA ocu-pa um espaço de referência, quer pela diversidade de especialidades “que já disponibilizamos”, assim, como pela qualidade dos serviços que presta, nomeadamente ao ní-vel da área materno-infantil. As-sim, demonstrativo da excelência de equipamentos e espaços físicos existentes na CLIDOPA, preparados para responder às necessidades e exigências dos utentes, a CLIDOPA encontra-se munida com uma sala de partos com tecnologia diferen-ciada e de vanguarda, “onde já efec-tuámos mais de seis mil partos”, um

serviço de neonatologia, uma uni-dade de cuidados intensivos com tecnologia de ponta, com ventila-dor, duas salas de Bloco Operatório equipadas para diferentes ramos ci-rúrgicos, área de Imagiologia desde Raio X convencional, passando pela ecografia, videogastroscopia e TAC (Tomografia Axial Computorizada), dois laboratórios (um de rotina e um de urgência com tecnologia avançada, incluindo imunologia) e 42 camas disponíveis, entre outros equipamentos de ultima geração. Neste sentido, a CLIDOPA coloca à disposição dos seus utentes, uma área especializada na vertente da Medicina Ocupacional “que se de-dica preferencialmente aos «check-ups» periódicos e de admissão que são norma nas empresas com quem cooperamos, assim como no ênfase ao acompanhamento dos acidentes de trabalho”, explica a nossa entre-vistada.

uMa EntidadE dE PREstígio A CLIDOPA assume-se claramente como uma entidade de referência, sendo ainda uma instituição com reconhecimento nacional e inter-

nacional, sendo membro da FEBP – Comité de Geneve desde Abril de 2005 e membro da TLC – Comité de Madrid desde Junho de 2010. Além disso, a CLIDOPA foi convidada a pertencer à “American Manege-ment Association” a partir de Julho de 2010. Esta forma de trabalhar permitiu à CLIDOPA alcançar di-versos prémios, (VER CAIXA), “au-mentando a responsabilidade de manter e desenvolver padrões de qualidade, apostando nos técnicos especializados, como em tecnologia diferenciada, estando mais motiva-

ana MaRia MaCEdo Costa E ManuEl M. Costa,SócioS- GErEntES dA clidoPA

dos a continuar a ser inovadores e empreendedores. Os desafios no ramo da Saúde para o gestor, mais do que em qualquer ramo de actividade, cujas dificul-dades só são ultrapassáveis com um espírito de combatividade e uma filosofia e uma forma de estar positiva e inovadora, são diários e estamos preparados para os en-frentar. Esta longa caminhada só foi possível com muita persistência, te-nacidade e sentido empreendedor”, finaliza Ana Maria Costa, Directora Geral da CLIDOPA.

PRéMios RECEBidos EM 2005:Medalha de Ouro por excelente prática de negócios (Geneve)

Placa de Ouro (Certificado) por Qualidade Global (Geneve)

PRéMios RECEBidos EM 2008Placa de Platina (Certificado) por Qualidade Global (Geneve)

PRéMios RECEBidos EM 2010

Medalha de Ouro por excelentes negócios (Madrid)

Certificado por melhor imagem de marca (Madrid)

Nomeada para os prémios “Technology, Quality & Innovation” e “Total Quality Customer Satisfaction” em Paris a 12 de Julho

galaRdÕEs dE ExCElÊnCia

PaRa aléM dE ConFERiR FoRMaÇÃo CiEntíFiCa, téCniCa, CultuRal, PEdagógiCa, PRoFissional E huMana, o isEC – instituto suPE-RioR dE EduCaÇÃo E CiÊnCias - aPosta nuM Ensino CoM ElEVados PadRÕEs dE ExigÊnCia, PRoCuRando PREPaRaR hoMEns E Mu-lhEREs dE CultuRa, CidadÃos REsPonsÁVEis E PRoFissionais CoMPEtEntEs, FoMEntando o sEntido dE CooPERaÇÃo no âMBito CiEntíFiCo E CultuRal E a ConsCiÊnCia da diMEnsÃo soCial E solidÁRia da aCtiVidadE PRoFissional.

O ISEC encontra-se organizado em qua-tro unidades orgânicas, designadas em “Escolas Superiores” :- Escola Superior de Educação e Desen-volvimento Humano (ESEDH)- Escola Superior de Comunicação, Artes e Design (ESCALA_D)- Escola Superior de Segurança, Tecnolo-gia e Aviação (ESSTA)- Escola Superior de Gestão de Organiza-ções e Pessoas (GESTOP) As nossas ofertas formativas visam as necessidades reais do mercado de tra-balho, e têm cariz marcadamente profis-sionalizante. A nossa natureza enquanto instituto politécnico implica uma estrei-ta relação com o mundo empresarial. Encontra-se no nosso site o resultado do inquérito sobre a empregabilidade dos nossos alunos. Os ratios de empregabi-lidade variam entre os 80 por cento e os 90 por cento nas diversas licenciaturas analisadas, ao mesmo tempo que a ade-quação entre a licenciatura e a vida pro-fissional oscila entre os 62,5 por cento e os 91,7 por cento. Empresas e entidades como a Volkswagen Autoeuropa, AM-COR, Opway, AXA, Companhia das Lezí-rias, Autoridade Nacional de Protecção Civil, Escola Nacional de Bombeiros, Fo-mento, Portway, ANA, Gestair, entre ou-tros, são nossos parceiros privilegiados. Organizações de cariz cultural como o Museu dos Coches, o Museu do Traje, a Companhia de Teatro de Almada, são algumas das organizações que acolhem projectos dos nossos alunos da Escola de Comunicação, Artes e Design. Temos ainda uma grande preocupação com a inclusão social de todo um conjunto de pessoas que não procuraram o ensino superior por motivos de abandono es-colar, sensibilizando para a mais-valia em termos de inserção no mercado de trabalho (+23 anos).

Temos consciência que, nos próximos anos, o mercado de trabalho exigirá mão-de-obra altamente qualificada e adaptável, e que os empregos exigirão mais competências, maiores capacida-des de adaptabilidade e mobilidade, bem como uma atitude profissional mais empreendedora e socialmente responsável. Criámos o Mestrado em Counseling e Gestão de Carreiras (início em Outubro de 2010) que, para além do desenvolvimento de competências prá-ticas, visa reflectir e analisar sobre essa prática e a sua adequação às necessida-des de desenvolvimento do país e dos utentes dos serviços, contribuindo para a sua integração no mercado de trabalho e para a fruição das suas competências com benefício para a sociedade.Temos previsto para o próximo ano uma jobfair onde serão apresentadas algu-mas iniciativas empresariais por parte dos antigos alunos, e actividades for-mação na área do Empreendedorismo, destinadas à nossa Comunidade envol-vente.A actualização das competências bem como o alargamento da sua transver-salidade são, para nós, a chave para o reforço da empregabilidade e da valori-zação do capital humano. A nossa oferta formativa procura reflectir isto mesmo. Em todas as nossas Escolas podemos encontrar formação de acordo com as necessidades de cada indivíduo: Licen-ciaturas, Mestrados, Pós-Graduações, Cursos de Especialização, Workshops, e Formações de pequena duração, numa lógica integrada de oferta formativa que procura responder às necessidades do mercado.

alguMas das noVidadEs FoRMatiVas:

I) No âmbito da Escola Superior de Se-

gurança, Tecnologia e Aviação (ESSTA)- No âmbito do protocolo celebrado com a Autoridade Nacional de Protecção Civil, uma formação especializada em Segurança Contra Incêndios em Edifí-cios (Curso de Especialização A, para projectistas das 3.ª e 4.ª categorias de risco e Curso de Especialização B, para pareceres, vistorias e inspecções). Além da formação, o protocolo abrange a área da investigação para fins académicos.- Foi celebrado um protocolo com a Portway tendo em vista um curso de Gestão de Handling. Com base no pro-tocolo existente com a ANA, decorre-rão duas Pós Graduações: Gestão do Negócio Aeroportuário e Planeamento, Gestão e Operações Aeroportuárias. O Flight Operation Management será em e-learning.- Pós-Graduação em Direito da Saúde e Segurança no Trabalho, com data pre-vista em Setembro.- Cursos de Especialização Tecnológica no âmbito da Segurança no Trabalho- Parcerias formativas em Angola e Bra-sil.II) No âmbito da Escola Superior de Gestão de Organizações e Pessoas (GES-TOP)- Forma celebrados diversos protocolos nacionais e internacionais nas áreas da saúde, suporte tecnológico, restauração e hotelaria.- Pós-Graduação de Gestão Hoteleira em Unidades de Saúde.- Mestrado em Counseling e Gestão de Carreiras.- Mestrado em Gestão Autárquica, com novas especializações.III) Escola Superior de Educação e De-senvolvimento Humano (ESEDH)- Pós Graduação em Terapias Expressi-vas- Mestrados para a Qualificação para a

Docência em três áreas: a) Educação Pré-escolar b) Educação Pré-escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico c) Ensino do 1.º e 2.º Ciclos do ensino BásicoIV) Escola Superior de Comunicação, Ar-tes e Design (ESCALA_D)- CIDAG – Conferência Internacional em Design e artes Gráficas, em parceria com o Instituto Politécnico de Tomar- Pós-Graduação em Divulgação e Inter-pretação do Património- Mestrado em Design Informacional- Cursos de Especialização Tecnológica em Fotografia- Workshops para alunos do Secundário em serigrafia, Impressão offset e ma-quetização.

outRo VECtoR ChaVE dE dEsEnVolViMEnto é a aPosta na intERnaCionaliZaÇÃo E na i&d:

Somos detentores da Erasmus Universi-ty Charter Extended.A internacionalização está presente em todas as Escolas em diversos âmbitos. A título de exemplo:- Programas europeus de mobilidade e de suporte à I&D como o Erasmus, Leo-nardo e Grundtvig ; Projecto ADAPTION (Programa Marie Curie).- na formação em Counseling com a EBCC (European Board for Certified Counselors)- Como membro da Rede HUMANIST (Human-centred Design for Information Society Tecnologies)

PoR oCtÁVia sÁ

uM olhaR soBRE...

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Pontos dE Vista ModERniZaÇÃo do PaRQuE EsColaR36)

mover a qualificação e desenvolver o capital humano nacional. Como salientei, as instituições aderiram em massa, pois compreenderam que tinham necessariamente de reformatar a sua oferta formativa, no sentido de promoverem novas respostas, adaptando-as portanto às reais necessidades do mercado”, esclarece Luís Capucha.Do Ponto de Vista do nosso entre-vistado, o papel da escola pública foi determinante e fundamental, pois durante décadas esteve for-matada apenas para seleccionar os públicos que pretendiam seguir es-tudos até ao nível superior e “de re-pente, mudaram os seus projectos e souberam adaptar-se a um mundo mais global e exigente. Provamos que não eram os portugueses que rejeitavam a escola, esta é que tinha de adaptar o seu modelo organiza-cional. Não posso deixar de incluir, neste patamar, o universo empresa-rial e as autarquias, que permitiram que a Iniciativa Novas Oportunida-des fosse assumida pelos serviços que os tinham de assumir”, afirma o presidente da ANQ.

No quadro da estratégia delineada ao nível da qualificação da popu-lação portuguesa, foi

criada a Iniciativa Novas Oportu-nidades, que tem como principal desiderato a promoção da genera-lização do nível secundário como patamar mínimo de qualificação, tendo como elo central de todo este grandioso projecto a ANQ – Agên-cia Nacional para a Qualificação, que se assumiu como um elemento dinamizador do cumprimento das metas traçadas pela Iniciativa, mais concretamente ao nível da promo-ção da relevância e qualidade da educação e da formação profissio-nal. A situação inicial era “insus-tentável”, pois Portugal detinha os piores índices, ao nível da União Europeia, do ponto de vista da lite-racia, do abandono escolar precoce e uma população activa com baixos níveis de qualificação escolar e pro-fissional, “só semelhantes a países pouco desenvolvidos”, afirma luís Capucha, Presidente da ANQ, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Neste sentido, era necessário pro-ceder urgentemente a diversas alterações, ou seja, uma profunda revolução do sistema de educação

e formação nacional, pois o modelo competitivo, no qual nos baseámos no passado, assente em trabalho in-tensivo, mão-de-obra pouco qualifi-cada e salários baixos, esgotou-se, “tendo vindo a «sofrer» um impacto desde 2001”, explica o nosso entre-vistado, lembrando que a Iniciativa Novas Oportunidades era um ense-jo, “que não podíamos desperdiçar. Era vital criar bases para a susten-tação deste projecto e teríamos de o fazer em grande escala. Em matéria de educação existe uma verdade histórica incontornável, ou seja, aquilo que não começa em larga es-cala, nunca adquire a dimensão ne-cessária. As Novas Oportunidades representaram isso mesmo. Objec-tivos de enorme arrojo e de grande ambição, tendo-se assumido o com-promisso de certificar um milhão de adultos e de criar condições para que todos os jovens frequentassem o ensino, nas suas mais distintas vias educacionais”, assegura Luís Capucha.

CondiÇÕEs REunidas PaRa o suCEsso

Mas quais foram as «traves mes-tras» que suportaram a Iniciativa

Novas Oportunidades e por con-seguinte o seu sucesso? “Acima de tudo, a prioridade política que lhe foi conferida. Nunca em Portugal, e mesmo na Europa, foi dada tanta relevância, ao mais alto nível, pe-las instâncias governamentais, às questões de educação e formação. Por outro lado, os recursos finan-ceiros necessários ao desenvolvi-mento desta medida foram assegu-rados, beneficiando do facto de o POPH – Programa Operacional do Potencial Humano que providencia os respectivos apoios comunitários ter sido desenhado para apoiar as medidas contidas na Iniciativa”, afirma convicto o nosso entrevis-tado. Tudo isto foi potenciado tam-bém por uma alteração de menta-lidades em Portugal, ou seja, esta iniciativa encontrou um «terreno fértil» para se desenvolver, porque a sociedade portuguesa compre-endeu que o futuro dos cidadãos/trabalhadores, desprovidos de qua-lificações e conhecimentos, tornar-se-á demasiado incerto e perigoso. “As pessoas compreenderam essa realidade, e gerou-se um movimen-to de procura elevado, agregado à disponibilidade das instituições mobilizadas para esse ideal: pro-

as PEssoas adERiRaM CoM CoRagEM E uMa VontadE dE PRogREdiR notÁVEl

iniCiatiVa noVas oPoRtunidadEs – noVo RuMo PaRa a EduCaÇÃo EM PoRtugal

gondhuManis – EsCola PRoFissional dE gondoMaR

“CERtiFiCaÇÃo PRoFissional é o FutuRo”no QuE REsPEita aos CEntRos noVas oPoRtunidadEs (Cno), agostinho lEMos é dE oPiniÃo ClaRa: QuE nos PRóxiMos tEMPos sERÁ a CERtiFiCaÇÃo PRoFissional a toMaR as RédEas EM tERMos FoRMatiVos. EntRE EstE E outRos Pontos aBoRdados, o diRECtoR do Cno da gondhuManis aBRiu as PoRtas da instituiÇÃo à Pontos dE Vista E Falou aCERCa do QuE sE tEM Vindo a dEsEnVolVER PaRa CoRREsPondER às nECEssidadEs dos FoRMandos.

Qualificação é a palavra de ordem! A iniciativa Novas Oportunidades promovida pelo Gover-

no tem sido vista por todos como medida feliz e capaz no sentido de esbater as assimetrias sócio-educacionais bem como potenciar um inserção/integração mais efi-caz, no mercado do trabalho, por parte dos formandos. Prestando uma actividade profícua ao nível do Centro Novas Oportunidades, a Gondhumanis – Escola Profissional de Gondomar tem vindo a desem-penhar um papel fulcral na certifi-cação escolar de adultos nos âmbi-tos do ensino básico e secundário, muito embora actualmente esteja a ser feito um esforço no sentido de aumentar significativamente os processos de certificação profissio-nal. Para Agostinho Lemos, o futuro dos Centros Novas Oportunidades passa por essa mutação ao nível da certificação, “como já foi anunciado a nível Central, com a abertura pró-xima de novos centros que farão a certificação profissional. O Governo está, agora, apostado na qualifica-ção profissional, ao invés do que se verificava até à data, com a qualifi-cação de âmbito escolar e aumento das habilitações da população por-tuguesa”.Com a introdução desta nova fase – mais profissionalizante – o tecido empresarial passa a ter maior rele-vo. A sensibilização das empresas para a necessidade da dotação de trabalhadores qualificados e certifi-cados assume, assim, especial pre-ponderância, cabendo aos vários agentes da formação a execução da “ponte” com as empresas. Até à data o Centro Novas Oportunidade da Escola Profissional de Gondomar

apenas certifica profissionalmente uma valência, a de Técnicos de Ac-ção Educativa, tendo sido proposto à autarquia, segundo o entrevista-do, a celebração de um protocolo de cooperação com a Câmara Mu-nicipal de Gondomar para a certi-ficação de competências dos seus colaboradores que exercem estas funções em instituições do conce-lho tuteladas pela autarquia. A política governamental foi abor-dada pelo director do CNO, que congratula as recentes medidas anunciadas que visam premiar e reconhecer as empresas que pro-movam a certificação dos seus tra-balhadores. “No fundo, estamos a acompanhar esta evolução. É uma mudança natural; a população que tinha condições de ver aumentadas as suas competências e escolarida-de por esta via, já o fez na sua gran-de maioria e, agora, estamos a dar o passo seguinte, desta feita na via profissional”, sublinha Agostinho Lemos, que não deixa de mencionar os constrangimentos inerentes à re-alidade do concelho de Gondomar: “Posso adiantar que, por vezes, o reflexo do meio em que vivemos não é fácil; a escola teve necessida-de de fazer um curso de Educação e Formação para adultos (EFA) para pessoas que não tinham completa-do o 1º ciclo, uma realidade ainda visível nesta freguesia de S. Pedro da Cova. Estas pessoas nem as com-petências mínimas possuíam para desenvolver um processo de RVCC e este é um dos exemplos da busca dos reais anseios da população que é feita por nós, ao nível das ofertas formativas quer para adultos quer para jovens, ao nível das escola pro-fissional”. Os protocolos com organismos pú-

blicos e privados são de variada or-dem, sendo os cursos profissionais e EFA promovidos pela Gondhuma-nis objecto de vasta procura e de excelente adesão. No sentido de continuar a corres-ponder às expectativas em si depo-sitadas, esta instituição já definiu as prioridades para o próximo ano lec-tivo: “Vamos dar continuidade aos cursos do Ensino Profissional que conferem 12º ano e qualificação

profissional nas áreas de Animação Sócio-Cultural, Turismo e Técnicos de Design; iremos proceder à can-didatura de cursos de Educação e Formação de jovens de Operador de Fotografia, Empregado de Andares e Assisente Familiar (que confe-rem o 9º ano de escolaridade), bem como ofertas em cursos EFA; já o CNO irá permanecer nas suas ver-tente escolar e profissional”, resu-me o entrevistado.

agostinho lEMos, DIrECtor DA gonDhUMAnIs

uMa autÊntiCa REVoluÇÃo diZEM uns... uM ViRaR dE PÁgina aFiRMaM outRos… Estas sÃo aPEnas alguMas ExPREssÕEs QuE sE tÊM ouVido no nosso País REFEREntEs à iniCiatiVa noVas oPoRtunidadEs, QuE VEio, sEM QualQuER dúVida, inVERtER o CiClo nEgatiVo EM QuE ViVíaMos ao níVEl da EduCaÇÃo, CoM danos E PREjuíZos EVidEntEs na EConoMia E no dEsEnVolViMEnto do nosso País.

lER na íntEgRa EM WWW.PontosdEVista.CoM.Pt

luís CaPuCha, PrESIDEntE DA AnQ

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Pontos dE Vista ModERniZaÇÃo do PaRQuE EsColaR38)

olíMPio Castilho, Presidente do IsCAP

“ElaBoRaMos uM Plano CuRRiCulaR CoM aulas EM inglÊs, dEixando a EsColha das RE-sPECtiVas unidadEs, à REsPonsaBilidadE dos alunos, tEndo EM ConsidERaÇÃo QuE Es-tas oFERtas CuRRiCulaREs PodEM sER CREditadas nos PaísEs dE oRigEM PaRa o sEgui-MEnto da sua FoRMaÇÃo.

isCaP – instituto suPERioR dE ContaBilidadE E adMinistRaÇÃo do PoRto

FoRMaÇÃo adaPtada ao Mundo gloBalinstituiÇÃo ConCEituada E dE PREstígio, QuE no PRóxi-Mo ano Vai CoMEMoRaR 125 anos dE ExistÊnCia, o isCaP – instituto suPERioR dE ContaBilidadE E adMinistRaÇÃo do instituto PolitéCniCo do PoRto tEM tido, ao longo da sua ExistÊnCia, uM PaPEl FundaMEntal na FoRMaÇÃo suPERioR dE diVERsos PRoFissionais das ÁREas EM QuE EstÃo insERidos, tEndo sEMPRE EM linha dE Conta as nE-CEssidadEs/soliCitaÇÕEs da EnVolVEntE soCioEConóMi-Ca REgional, dEsEnVolVEndo ConstantEs aCtiVidadEs dE PREstaÇÃo dE sERViÇos à CoMunidadE.

Será que a nossa educação está preparada para ser «invadida» por uma onda de ousadia, novidades ou

mudanças? O que falta? Dinamis-mo? Novas fórmulas? Alterações comportamentais entre professor/aluno? Existem inúmeros desenre-dos, variadíssimas razões, que es-tranhamente ou não, têm servido de óbices para que o desenvolvimento do sistema educativo português seja de facto uma realidade. Há que mudar mentalidades, alterar este conservadorismo exacerbado, por-que este poderá ser um fenómeno impeditivo para compreendermos a necessidade de prestarmos atenção às novas ideias, pessoas, pensamen-tos e muito mais.Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Olímpio Castilho, Presidente do ISCAP revelou-nos as principais motivações da instituição dedicada ao ensino nas áreas de adminis-tração, contabilidade e línguas, os principais projectos a serem deli-neados, sem esquecer as alterações que o Processo de Bolonha acarre-tou no ensino superior, mais con-cretamente no ISCAP.O paradigma da escola foi mudado nos últimos tempos, fruto da de-nominada globalização e da neces-

sidade em corresponder às neces-sidades do universo empresarial e dos próprios alunos, hoje muito mais motivados a conhecer o «mun-do» nos seus mais diversos ângulos. Conhecedor dos «meandros» e en-redos que envolvem este universo educacional, o nosso entrevista-do, indo ao encontro do que já era protagonizado pela anterior pre-sidência do ISCAP, assumiu o com-promisso de buscar na região pro-tocolos com o tecido empresarial e associações empresariais, indo ao encontro do pretendido pelos no-vos curricula de Bolonha. “O Pro-cesso de Bolonha fomenta diversos estágios profissionais, «obrigando» as instituições de ensino superior a estabelecer protocolos. Através dos estágios promovemos o primeiro contacto dos alunos com a realida-de empresarial”, afirma o nosso en-trevistado.Neste sentido, além desta adapta-ção à realidade de um mundo glo-bal, o ISCAP, através de uma estru-tura criada há cerca de dois anos, denominada por CEISCAP – Centro de Educação Corporativa do ISCAP, tem vindo a conseguir compreen-der as reais necessidades do mun-do empresarial. “Não pretendemos fazer mais do mesmo. Assim, temos

consultado as empresas no sentido de percebermos quais são as suas necessidades, procurando respon-der ao que estas pretendem”, escla-rece Olímpio Castilho, lembrando um conceito que muitas vezes é deturpado no seu verdadeiro signi-ficado: Educação Corporativa. “Este conceito assume as suas bases na formação das pessoas à medida das necessidades do mercado e das em-presas e não o oposto”.

aPostaR no REgREsso aos «BanCos dE EsCola»

Portugal, à imagem do que se pas-sa em outros países europeus e de outros continentes, também tem sofrido as «agruras» da crise eco-nómica, facto retratado no aumen-to das taxas de desemprego. Será a aposta, numa relação mais próxima entre universo académico e empre-sarial, fundamental para inverter

o actual cenário? Veio o Processo de Bolonha apoiar esta inversão? “Sem dúvida. Estamos a promover a chamada valorização profissional através do aumento da mais-valia do capital humano, ou seja, dando formação aos recursos humanos das empresas de uma forma perma-nente ou requalificando quem está desempregado, aumentando-lhe as possibilidades de conseguir obter novo emprego”, explica.Outro dos grandes desideratos pas-sa por voltar a trazer as pessoas «aos bancos da escola». “As pesso-as passam demasiado tempo sem voltar à escola e este processo de regresso à escola é essencial para qualquer profissional que pretenda actualizar os seus conhecimentos. Isto sempre foi necessário, mas por-que o mundo não mudava à mesma velocidade que hoje, os efeitos eram menores. Temos de promover actu-alizações de formações e qualifica-

ções ajustadas às necessidades do mundo global em que hoje vive-mos”.

MoBilidadE? uM sinóniMo dE EVoluÇÃo

A mobilidade assume-se hoje como uma premissa fundamental na orgâ-nica do ensino superior, promoven-do-se, cada vez mais, o conceito de «Universidade aberta ao Mundo». O ISCAP não «escapa» a este desígnio, e possui hoje um número bastante significativo de alunos no Progra-ma Erasmus, projecto de mobilida-de no âmbito da União Europeia. Neste âmbito foi criado um novo mecanismo, ou seja, “criámos um curso internacional, através de uma oferta formativa estruturada minis-trada em inglês. É evidente que se pretendemos atrair mais alunos, de génese internacional, temos de lhes providenciar ofertas formativas em inglês, que é a linguagem univer-sal”, afirma o nosso interlocutor, lembrando que o ISCAP ainda não apresenta ofertas formativas em in-glês em relação a todas as unidades

curriculares. “Elaboramos um pla-no curricular com aulas em inglês, deixando a escolha das respectivas unidades, à responsabilidade dos alunos, tendo em consideração que estas ofertas curriculares podem ser creditadas nos países de origem para o seguimento da sua forma-ção. Neste sentido, contamos ter, no próximo ano lectivo de 2010/2011, cerca de 60 alunos estrangeiros a frequentar essas unidades curricu-lares”, explica Olímpio Castilho.Esta foi uma solução encontrada pelo ISCAP, que promete ser bastan-te importante no incremento da mo-bilidade internacional, colmatando o seu grande obstáculo sentido até hoje, ou seja, a escassez de ofertas formativas em inglês. Quanto aos nossos alunos, estes têm «aprovei-tado» esta forma de valorização dos seus conhecimentos, estando con-

tudo algo manietados pela grande limitação do Programa Erasmus, ou seja, o valor das bolsas atribuí-das, que não cobre na totalidade os custos para estudar «fora de por-tas». “Assim, os alunos portugueses escolhem países que lhes permitam usufruir de uma vida mais desafo-gada do ponto de vista financeiro”, explica o nosso entrevistado.

PRioRidadEs PaRa o ano lECtiVo 2010/2011

Mantendo as características que fazem do ISCAP uma instituição de referência em Portugal e além fron-teiras, segundo o Presidente Olím-pio Castilho o grande desiderato para o próximo ano lectivo assenta na consolidação da passagem defi-nitiva para Bolonha. “Obviamente que ainda não alcançaremos todos

os objectivos, pois este é um progra-ma demasiado complexo na sua es-sência, mais concretamente ao nível da adaptação do corpo docente a esta nova realidade”, explica, assegurando que no ISCAP os currículos dos cur-sos estão hoje totalmente adaptados a Bolonha. “Os planos de transição terminaram e agora há que reforçar a melhoria do desempenho dos do-centes e alunos. Além disso, estamos a criar novas ofertas formativas, uma delas na vertente do turismo. Este projecto está aprovado desde o ano passado e vem colmatar uma lacuna que para nós é fundamental que aca-be, pois no distrito do Porto não exis-te nenhuma oferta formativa nesta vertente ao nível do ensino superior público. Este será um dos principais projectos para o próximo ano lec-tivo”, finaliza o nosso entrevistado, Olímpio Castilho.

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Pontos dE Vista ModERniZaÇÃo do PaRQuE EsColaR40)

ConCEiÇÃo CaldEiRa, DIrECtorA DA EPAD

“é taMBéM uMa FoRMa dE PREstaÇÃo dE Contas. PaRa aléM da CaRta da Qualida-dE ConstRuíMos taMBéM, CoM o aPoio da googlE, uMa REdE QuE nos PERMitE CoMuniCaR CoM toda a Co-MunidadE EduCatiVa, toR-nando Mais CélERE E tRans-PaREntE o nosso tRaBalho. a agEnda CultuRal E as aCtiVidadEs dEsPoRtiVas ContinuaM igualMEntE a sER a iMagEM dE MaRCa da EsCola”

EPad – EsCola PRoFissional dE aRtEs, tECnologias E dEsPoRto

EduCaR PaRa a Cidadania, ValoRiZando a diMEnsÃo soCial da PEssoa“a aPosta dos últiMos goVERnos no Ensino PRoFissional E na CERti-FiCaÇÃo dE CoMPEtÊnCias FEZ CoM QuE nós, PoRtuguEsEs, EnCaRÁssE-Mos o Ensino PRoFissional dE FoRMa MEnos PREConCEituosa”, aFiR-Ma ConCEiÇÃo CaldEiRa, diRECtoRa da EPad - EsCola PRoFissional dE aRtEs, tECnologias E dEsPoRto, EM EntREVista à REVista Pontos dE Vista, ondE, dE diVERsos tEMas, FiCaMos a CoMPREEndER QuE Esta é uMa instituiÇÃo dE FutuRo RuMo à ExCElÊnCia E à ValoRiZaÇÃo PRo-Fissional.

A EPAd – Escola Profissio-nal de Artes, tecnologias e Desporto assume-se como a primeira escola

profissional ligada a um projecto do ensino superior – grupo Lusófona. De que forma é que este projecto tem vindo a preconizar o lema que osten-ta - «Construir o Futuro»?Como bem referiu A EPAD foi a pri-meira Escola Profissional a surgir associada a um Projecto de Ensino Superior, “Grupo Lusófona”, o que reforça a nossa aposta de “Cons-truir Futuro”. Sobre esse lema a EPAD tem-se aliado ao que consi-dera ser um desígnio nacional ao contribuir para o aumento das qua-lificações de jovens e adultos. Com o nosso Projecto Educativo, preten-demos contribuir para uma sólida formação geral, científica e tecno-lógica capaz de preparar os jovens para uma entrada com sucesso na vida activa e/ou para o prossegui-mento de estudos se for essa a sua vontade.

Quatro anos após a edificação deste projecto, os objectivos da EPAD fo-ram amplamente alcançados, facto sobejamente reconhecido. Que ba-lanço é que perpetua deste quadri-énio?Desde a sua fundação, em 2005, que a EPAD se posicionou para ser uma escola de qualidade e Excelência. O balanço destes primeiros anos é francamente positivo se conside-rarmos os resultados obtidos, no que concerne ao elevado número de alunos que a frequentam e ao número de diplomados que termi-naram o seu percurso formativo. Podemos assim dizer que foram anos de muito empenho, muito trabalho mas de sucesso, porque promovemos a dupla certificação, escolar e profissional, ao imple-mentar percursos profissionalmen-te qualificantes como medida de empowerment pessoal e de reforço das qualificações. Concretizando melhor, somos uma escola capaz de discriminar pela positiva, capaz de

trabalhar com a diferença. Uma es-cola que se diversifica para melhor abranger.0 A qualificação dos portugueses tem sido um dos principais desideratos do Executivo estatal, objectivo que tem sido levado a «bom porto» por

projectos como a EPAD. De que for-ma é que a instituição prepara os jovens no sentido dos mesmos repre-sentarem um capital humano que promova o desenvolvimento susten-tado de Portugal ?Temos a noção clara de termos lan-çado a semente para uma formação integral dos jovens, desenvolven-do para além das competências profissionais as suas capacidades intelectuais, valores e atitudes. Pro-curamos educar para a cidadania valorizando a dimensão social da pessoa e a sua responsabilidade na construção de um país mais com-petitivo, assente nos princípios da igualdade, liberdade, tolerância e solidariedade.

De que forma é que o projecto edu-cativo da EPAD visa contribuir para uma formação sólida e sustentada ao nível científico e tecnológico?Desde o início que incentivámos a inovação, apoiámos a investigação e não esquecemos o contacto directo

com a comunidade local, com espe-cial ênfase para o mundo empresa-rial, nossos parceiros privilegiados na nobre tarefa de educar e qualifi-car jovens e adultos. Apostamos em professores e formadores altamen-te qualificados para o exercício das suas funções. É este corpo docente, devidamente enquadrado pela Di-recção Pedagógica, que pela sua competência e dedicação contribui para o sucesso dos nossos alunos.

De que forma é que procuram incu-tir nos vossos alunos a vontade de reforçar as competências que vão adquirindo ao longo da vida no sen-tido de os preparar para um futuro mais positivo?Nesta escola preocupamo-nos com o percurso dos nossos alunos após a conclusão da sua formação e por isso fomentamos em estreita liga-ção com outras Instituições do Gru-po, nomeadamente com a Univer-sidade Lusófona e Grupo Ensinus, o prosseguimento de estudos dos nossos alunos. O Gabinete de Orien-tação Escolar e Profissional (GOEP) da escola tem um papel fundamen-tal na informação prestada aos alu-nos para que possam escolher livre e conscientemente o seu percurso de vida.

Acredita que foi esta aposta no en-sino profissional que permitiu que actualmente esta vertente da edu-cação seja «vista» de uma forma me-nos preconceituosa? Quais as mais-valias do ensino profissional? O facto deste sistema de ensino centrar as diversas aprendizagens no aluno as-sume-se como a grande mais-valia?A aposta dos últimos governos no ensino profissional e na certifica-ção de competências fez com que nós, portugueses, encarássemos o ensino profissional de forma menos preconceituosa. A revisão curricular do Ensino Secundário veio trazer dignida-de a estes percursos qualificantes libertando-os do estigma de ensi-no de segunda. Esse estigma vinha -se perpetuando desde os tempos em que um aluno, ao ingressar nas extintas escolas comerciais e in-dustriais, via o seu prosseguimento de estudos limitado aos Institutos, apesar da boa preparação desses alunos e que tão bons profissionais deram ao país.O ensino profissional tem vindo a

provar há mais de duas décadas que é capaz de educar e de formar os jovens portugueses sem grandes perdas de eficiência. Este sistema de ensino centra as aprendizagens no aluno enquanto pessoa.Ao invés do chamado ensino regu-lar, no qual as taxas de repetência e de desistência são elevadas, o ensino profissional apresenta a ca-pacidade de fazer com que a grande maioria dos alunos não desista e se qualifique. As mais-valias deste tipo de ensino são várias: mais acompa-nhamento dos alunos; trabalho em equipa dos professores; escolas, quando não públicas, de dimensão mais pequena que as secundárias; maior conhecimento das famílias; maior ligação ao mercado de tra-balho e a possibilidade de concluir o ensino secundário e concomitan-temente ficar habilitado a exercer uma profissão. E estas mais-valias potenciam o sucesso, como é sabi-do.

de que forma organizam ofertas formativas diversificadas de forma a responder à procura sem descurar as reais necessidades do mercado do trabalho? Existe a preocupação da vossa parte em sensibilizar os alu-nos para formações que apesar de menos apelativas, são indispensáveis e vitais para o desenvolvimento do país?Essa é uma preocupação sempre presente e por isso em articulação com os Centros de Emprego, Asso-ciações Comerciais, Empresas e Au-tarquias organizamos ofertas for-mativas diversificadas de modo a responder à procura, sem descurar as reais necessidades do mercado de trabalho e sensibilizamos os alu-nos, através do nosso GOEP, para formações que, apesar de menos apelativas, são indispensáveis para o desenvolvimento do país. Desta forma, foi possível estabelecer um ponto de equilíbrio entre a oferta e a procura,

Que balanço perpetua do ano lectivo 2009/2010 que está praticamente a terminar? Que novidades/priorida-des estão a ser delineadas para o ano lectivo de 2010/2011?O ano lectivo de 2009/2010 ini-ciou-se sem grandes sobressaltos uma vez que atempadamente a es-cola se preparou para receber da melhor forma os alunos, que em

grande número preferiram iniciar ou continuar a sua formação na EPAD. Formámos todas as turmas dos cursos a que nos tínhamos can-didatado. Para dar resposta às soli-citações aumentámos instalações, equipámos novas salas de aula e laboratórios e recrutámos novos professores e formadores. Durante o ano os alunos estiveram envolvidos em diversas actividades. Organizaram Seminários, deram os primeiros passos na elaboração do Jornal Escolar, consagraram-se campeões de futsal, classificaram-se em 1º Lugar no Concurso “Pré-mio Escolas Sonny” com o filme in-teractivo “Na pele de…”(In the skin off) , ganharam prémios em concur-sos de fotografia. Foi um ano pleno de adrenalina com a prática despor-tiva de modalidades radicais que culminou com as comemorações da escola, na praia de Carcavelos, onde a forma física de alunos, professo-res e funcionários foi posta à prova.

A «Carta da Qualidade» é uma das diversas e distintas iniciativas «made in» EPAD que demonstra o dinamismo e organização da insti-tuição? Com a Carta da Qualidade preten-demos que todos saibam qual o papel dos diferentes sectores da Escola. Numa organização com as características da EPAD, é impor-tante que os utentes saibam quais os serviços que estão à sua disposi-ção. Com este instrumento preten-demos melhorar continuamente o serviço público que prestamos. É também uma forma de prestação de contas. Para além da Carta da Qua-lidade construímos também, com o apoio da Google, uma Rede que nos permite comunicar com toda a comunidade educativa, tornando mais célere e transparente o nosso trabalho.A Agenda Cultural e as Actividades Desportivas continuam igualmente a ser a imagem de marca da Escola.

Mantendo como pilar vital da enti-dade a qualificação de jovens e adul-tos, quais são as principais linhas de acção de futuro da EPAD?Porque o nosso lema é “Construir Futuro” temos por Missão “ …a qua-lificação de jovens e adultos…” con-tinuaremos a organizar e dinamizar ofertas flexíveis e diversificadas de formação que reforcem a aquisição

de competências, centrando as for-mações nas necessidades, expecta-tivas e projectos de vida pessoais e profissionais, num “continnum” de aprendizagem. Consolidaremos os projectos em curso e continua-remos a incentivar a participação dos nossos alunos e professores em actividades dentro e fora da Es-cola. Para além da oferta formativa existente disponibilizaremos novos cursos: Gestão de Sistemas Infor-máticos, Protecção Civil, Auxiliar Protésico e Animador Psicossocial. No âmbito do alargamento da Es-cola iremos funcionar também nas Instalações do “Franjinhas” na rua Braamcamp. Continuaremos igual-mente a trabalhar no alargamento, a outras regiões, do nosso Projecto Educativo.

Que mensagem lhe aprazaria deixar a toda a comunidade es-colar da EPAD? Como últimas palavras e num mo-mento difícil para o País, em que a crise se instalou e o desemprego não pára de crescer, gostaria de chamar a atenção, dos decisores e destinatários, para a importância quer da elevação dos níveis edu-cacionais da população em geral quer da produção de qualificações e competências que são hoje críticas para o trabalho e para uma efectiva participação na economia baseada no conhecimento. Trabalhadores mais e melhor qua-lificados são uma garantia abso-lutamente crucial para a elevação das taxas de emprego e para a dimi-nuição do risco de exclusão social. Não nos podemos esquecer que o desemprego atinge com mais facili-dade os trabalhadores menos qua-lificados. Aos pais, encarregados de educação e alunos recomendo que tenham sempre presente que as qualificações são factor decisivo na obtenção e manutenção do em-prego. Aos alunos que acabaram o 9º Ano lembrar-lhes que ninguém consegue estruturar devidamente a sua carreira se não tiver no mínimo o ensino secundário. A toda a comu-nidade educativa desejo umas boas férias e aos alunos um bom reco-meço, em Setembro, em percursos profissionalmente qualificantes. Aos que terminaram a sua forma-ção e que em breve nos vão deixar aqui fica um “até sempre” .Contem connosco.

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Pontos dE Vista ModERniZaÇÃo do PaRQuE EsColaR42)

A Revista Pontos de Vis-ta conversou com Abel Amorim, Presidente da ENIDH, que apresentou

as principais linhas de acção estra-tégica para o futuro da mesma, quer a nível académico, organizacional e institucional. De acordo com a sua opinião “temos evoluído bastante, nos últimos anos. Hoje procuramos oferecer aos nos-sos alunos condições de qualidade e excelência, para promover aquilo para que nascemos, ou seja, formar Oficiais da Marinha Mercante Na-cional, certificados internacional-mente e competitivos no mercado global”, afirma o nosso interlocutor. Mas estamos atentos à evolução do mercado dos transportes marítimos e intermodais, alargámos os nossos objectivos ao formar técnicos e ges-

tores qualificados para o sector das actividades marítimo-portuárias. O facto de não sermos uma escola de grande dimensão, tem a vanta-gem de permitir o ensino perso-nalizado, onde cada aluno tem um nome e uma personalidade própria, explica Abel Amorim, para quem a implementação dos princípios inerentes à declaração de Bolonha potenciou essa forma de «olhar» o aluno. “Promovemos um ensino participado e personalizado na óp-tica do desenvolvimento de com-petências dos nossos alunos. Neste sentido, a ENIDH apresenta como ponto forte, a excelente colabora-ção e relacionamento dos alunos com a Gestão da Escola, nomeada-mente através da sua Associação de EstudantesA nível académico, salienta-se o

número crescente de ofertas forma-tivas e a elevada procura das mes-mas, bem como o início do processo de acreditação dos diferentes cur-sos ministrados na ENIDH. A Certificação de Qualidade da Ins-tituição foi igualmente um impor-tante passo para a sistematização de procedimentos existentes e “te-mos muito orgulho em sermos um dos estabelecimentos de Ensino Su-perior Politécnico com os proces-sos de ensino certificados, segundo a norma ISO 9001”, assume Abel Amorim. Actualmente, a ENIDH conta com mais de 600 alunos inscritos nos cursos de Licenciatura e Mestrado em Pilotagem, Eng. Máquinas Ma-rítimas, Eng. de Sistemas Electróni-cos Marítimos, Gestão de Transpor-tes e Logística e Gestão Portuária.

Foram também criados Cursos de Especialização Tecnológica (CET) em Manutenção Mecânica Naval, Automação e Electrónica Naval e Exploração do Transporte Rodoviá-rio de Mercadorias.Em paralelo, de acordo com Abel Amorim “a ENIDH desenvolve um plano de formação especializada, em que cerca de um milhar de pro-fissionais no activo (Oficiais da Ma-rinha Mercante e do sector maríti-mo - portuário) recebem acções de formação e certificação internacio-nal no âmbito da Convenção STCW”.

“o núMERo dE alunos da Enidh tEM Vindo a auMEntaR”

De acordo com Abel Amorim, “anualmente o número de alunos da ENIDH tem vindo a aumentar,

parecendo-nos que os jovens são cada vez mais sensíveis a sectores económicos que, apesar de menos conhecidos, vêm evidenciando ele-vados níveis de empregabilidade. Embora nos últimos 5 anos a escola tenha duplicado o número dos seus alunos, estamos conscientes que não somos imunes à actual crise económica internacional e vamos continuar a trabalhar institucional e conjuntamente com os parceiros sociais, no sentido de minimizar o impacto dessa realidade”.

a Enidh iMPôs-sE a níVEl naCional E sECtoRial”

De acordo com o nosso interlocutor “a ENIDH terá de promover uma postura mais proactiva no sector, e melhorar a imagem da instituição tornando mais visível o trabalho desenvolvido”. “A actividade de I&D deverá ser outra área primordial a desenvolver, numa lógica de inves-tigação aplicada (consagrada na essência do Ensino Superior Poli-técnico), traduzindo-se numa mais-valia para as empresas do sector.

Abel Amorim esclarece ainda que sobre este aspecto é de salientar a adesão da ENIDH, desde início, ao “Forum Empresarial da Economia do Mar”, uma associação de em-presas que teve o seu lançamento oficial em 29 de Abril de 2010, pre-vista no estudo “Hypercluster da Economia do Mar”. Refere, ainda, que outro objectivo é a internacio-

nasCida iniCialMEntE PaRa a FoRMaÇÃo dE oFiCiais da MaRinha MERCantE naCional, a EsCola suPERioR nÁutiCa inFantE d. hEnRiQuE (Enidh) assuME-sE hojE CoMo o úniCo EstaBElECiMEnto dE Ensino suPERioR PúBliCo VoCaCionado PaRa a FoRMaÇÃo dE oFiCiais da MaRinha MER-CantE E dE outRos QuadRos suPERioREs PaRa os sECtoREs MaRítiMo-PoRtuÁRio, logístiCa, tRansPoRtEs E ÁREas aFins. EnQuanto EstaBElE-CiMEnto do Ensino suPERioR PolitéCniCo PúBliCo, a Enidh tEM CoMo oBjECtiVos MinistRaR o Ensino E PRoMoVER a inVEstigaÇÃo naQuElEs doMínios, nas tECnologias E das CiÊnCias do MaR E EM aCtiVidadEs RElaCionadas CoM o RECREio nÁutiCo.

“na Enidh Cada aluno tEM uM noME E uMa PERsonalidadE PRóPRia”

Enidh – EsCola suPERioR nÁutiCa inFantE d. hEnRiQuE nalização da ENIDH, com a procura de parceiros nas actividades de for-mação e em outros sectores onde a ENIDH está envolvida.Para o presidente Abel Amorim, “a ENIDH impôs-se a nível nacional e sectorial, como uma Instituição de Ensino Superior credível tanto em termos académicos como na for-mação de competências técnicas

(sector marítimo, portuário e dos transportes) e prestação de servi-ços, sendo reconhecida internacio-nalmente e sustentável do ponto de vista económico e financeiro. Temos novos desafios pela frente e estou convencido que vamos man-ter esta dinâmica de crescimento e desenvolvimento.”

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Pontos dE Vista ValoRiZaÇÃo PRoFissional44)

mais importante passa por per-ceber quais as necessidades reais das escolas, pois cada projecto caracteriza-se por necessidades distintas. “Cada escola tem um projecto e cada projecto obedece a critérios diferentes. Temos de perceber o meio onde a escola em questão se desenvolve, as liga-ções e envolvências que perpetua, entre outras. São pequenas parti-cularidades, mas fundamentais para definir e orientar da melhor maneira a nossa tarefa. É funda-mental que se coordene e conver-ta os interesses da Parque Escolar, E.P.E., das escolas e os nossos. É vital possuir capacidade de gestão desses interesses para conduzir o processo rumo a uma solução po-sitiva e isso apesar de ser bastante complexo, a TERMOPROJECTO tem conseguido realizar”, afirma o nosso interlocutor, assegurando que o diálogo entre a Parque Es-colar, E.P.E, a TERMOPROJEC-TO e as escolas tem sido bastante acessível e frutífero. “Existe um enorme sentido de compreensão entre as entidades, em temos con-seguido manter um contacto di-recto com os respectivos docentes das escolas em que interviemos, pois sabemos que este projecto é direccionado para a comunida-de escolar, professores e alunos, logo é vital que compreender as suas necessidades para tentar col-matá-las”, assevera Carlos Melo, revelando que até ao momento a TERMOPROJECTO tem dois processos escolares em curso, na zona centro/norte, tendo capa-cidade para o fazer em qualquer ponto do país.

CREsCiMEnto sustEntado E EVolutiVo

A diversidade de trabalhos e pro-jectos desenvolvidos tem permiti-do à TERMOPROJECTO – Enge-

nharia e Projectos, Lda. adquirir e acumular experiências em prati-camente todas as áreas ligadas à arquitectura e engenharia, tendo como fito primordial “que todas as vertentes de um projecto se constituam num todo, ou seja, o produto final”.A TERMOPROJECTO assume-se assim como um importante player neste mercado, tendo participa-ções tão distintas como relevantes em diversos projectos, entre eles, por exemplo, o Sea Life Center (Oceanário do Porto), o Parque Desportivo de Aveiro, o Hotel Mar D´Ar em Évora, o Teatro Cir-co de Braga, áreas administrativas do Estádio do Dragão, o Centro de Treinos Vitalis Park (F.C.Porto), ou inúmeros edifícios para a In-dústria Hoteleira, Lares Residen-ciais, Bibliotecas Públicas, entre outros. “Pretendemos continuar a prestar os nossos serviços em todas estas áreas nos domínios da concepção e projecto, sempre com um único desiderato, ou seja, a satisfação dos nossos clientes”, assume o nosso entrevistado, para quem o processo de internacionalização da TERMOPROJECTO ainda se encontra em stand by, apesar de algumas participações a nível ex-terno. “Colaboramos em alguns projec-tos para Angola e para Cuba, este através de uma consultoria de grande envergadura, mas confes-so que neste momento pretende-mos direccionar os nossos esfor-ços para o território nacional onde o projecto da modernização esco-lar se assume bastante relevante”, finaliza Carlos Melo.

CREdiBilidadE E QualidadE EM PRol da EduCaÇÃo

CaRlos MElo, responsável da tErmoProJEcto Engenharia e Projectos, lda.

tERMoPRojECto - EngEnhaRia E PRojECtos, lda.

Os diferentes e distin-tos projectos educati-vos edificados pelas escolas contemplam

programas que permitam o desen-volvimento intelectual e humano dos jovens de hoje, preparando-os para o amanhã. É importante realçar, que além da promoção de projecto educativo coerente e de qualidade, a credibilidade das instituições escolares também se avalia pelo espaço em que estão inseridas, sendo que o preferível passará pela criação de escolas modernas, atractivas, inovadores e preparadas para responder a to-dos os desafios colocados pela co-munidade interna, bem como pela sociedade local, aproximando-os deste espaço criado para todos: as escolas. Para que o anterior desiderato seja exequível e con-cretizável é primordial que surjam players de renome, no sentido de aplicar os seus conhecimentos em prol da modernização do parque escolar nacional. No sentido de conhecer os prin-cipais intervenientes deste pro-cesso, modernização do parque escolar nacional, acção «encabe-çada» pela Parque Escolar, E.P.E. e compreender aquilo que tem sido projectado e realizado nas escolas nacionais, conversamos com Carlos Melo, responsável da TERMOPROJECTO - Engenha-ria e Projectos, Lda. que não tem dúvidas em afirmar que “Portugal, depois de concluído este proces-so, ficará com um parque escolar de excelente qualidade comparati-vamente aos seus homólogos eu-ropeus”, assegura convicto, lem-brando que é com orgulho que vê a TERMOPROJECTO participar num projecto de enorme relevâcia para Portugal e gerações vindou-ras.Edificada na década de 90, na sequência de um invejável percur-so profissional desenvolvido pelo

nosso interlocutor, a TERMO-PROJECTO assume-se hoje como uma referência na vertente multi-disciplinar do projecto, consulto-ria e gestão de empreendimentos. Esta capacidade multidisciplinar permitiu uma maior capacidade de intervenção, alargada às di-versas especialidades técnicas. “Idealizei sempre uma empresa que embora não fosse de grande dimensão, conseguisse aportar uma estrutura de qualidade que fosse célere na resposta prestada e multidisciplinar. Assim, consegui fomentar uma cultura na empre-sa na perspectiva de um melhor e mais completo serviço prestado”, afirma Carlos Melo

EsColas CoM PRojECtos distintos

Direccionada para diversas áreas, principalmente ao nível de pro-jectos de hotelaria, entre outros, a TERMOPROJECTO decidiu «abraçar» o projecto da moderni-zação do parque escolar há cerca de três anos, através de uma par-ceria firmada com um gabinete de arquitectura. “Tem sido uma experiência interessante e o ba-lanço é bastante positivo, pois considero ter sido oportuno de-senvolver este processo nesta fase, “conhecemos edifícios es-colares num estado muito avan-çado de degradação”,que seriam totalmente irrecuperáveis daqui a meia dúzia de anos, explica, lem-brando que os prazos são bastante rigorosos, “o que nos provoca al-guns contratempos que temos sa-bido contornar. Temos cumprido integralmente os prazos e, apesar da dificuldade, temos conseguido responder afirmativamente”.Apesar do rigor dos prazos e da celeridade com que os projectos devem ser iniciados e finaliza-dos, para o nosso entrevistado o

NUMA ERA CONTEMPORâNEA, A EDUCAÇÃO, MAIS DO QUE NUNCA, É HOJE UM DOS PRINCIPAIS PILARES NO DESENVOLVIMENTO DE CADA PAíS, SENDO POR ISSO FUNDAMENTAL CRIAR TODAS AS CONDIçõES PARA QUE AS ESCOlAS POSSAM DESENVOlVER A SUA NOBRE ACTIVIDADE, NUM QUADRO QUE SE PRETENDE EFICAZ E DE QUALIDADE A TODOS OS NíVEIS.

lER na íntEgRa EM WWW.PontosdEVista.CoM.Pt

PRogRaMa dE ModERniZaÇÃo do PaRQuE EsColaR

PoRtugal na «linha da FREntE» da EduCaÇÃo

o gRandE Fito do PRogRaMa dE ModERniZaÇÃo do PaRQuE EsColaR Passa PEla ConCREtiZaÇÃo da intERVEnÇÃo EM 332 EsColas, até 2014/2015, tEndo sido EstE MEga PRojECto iniCiado atRaVés da intERVEnÇÃo EM QuatRo EsColas Piloto, nuM VoluME gloBal dE inVEstiMEnto dE CERCa dE 61 MilhÕEs dE EuRos. nEstE sEntido, as QuatRo EsColas aBRangidas PEla FasE Piloto sÃo as EsColas sECundÁRia RodRiguEs dE FREitas, soaREs dos REis, aMBas loCaliZadas na CidadE do PoRto, E a EsCola d. dinis E o Pólo dE EduCaÇÃo E FoRMaÇÃo d. joÃo dE CastRo, EM lisBoa.

Neste sentido, foi aprovado pela Re-solução de Conse-

lho de Ministros 1/2007, o Programa de Modernização do Parque Escolar destinado ao ensino secundário, tendo na sua génese três grandes desideratos: a requalificação e modernização dos edifí-cios escolares; criação de condições para a abertura das escolas à comunidade; e a criação de um modelo de gestão sustentável de con-servação e manutenção dos edifícios ao longo da sua vida útil. De que forma vem alterar este projecto o paradigma da Educação em Portugal? Os diferentes e distintos pro-jectos educativos edificados

pelas escolas contemplam programas que permitam o desenvolvimento intelectu-al e humano dos jovens de hoje, preparando-os para o amanhã. É importante real-çar, que além da promoção de projecto educativo coe-rente e de qualidade, a cre-dibilidade das instituições escolares também se avalia pelo espaço em que estão inseridas, sendo que o pre-ferível passará pela criação de escolas modernas, atrac-tivas, inovadores e prepara-das para responder a todos os desafios colocados pela comunidade interna, bem como pela sociedade local, aproximando-os deste espa-ço criado para todos: as es-colas.

Temos de continuar a pro-mover a apoiar este género de iniciativas, em prol de um país melhor, mais desen-volvido e rigoroso, em prol das actuais gerações e das vindouras. Portugal encontra-se hoje preparado com um parque escolar extremamente de-senvolvido e moderno, pelo menos uma parte do Progra-ma da Modernização da Par-que Escolar já foi colocado em prática, com um impacto evidente na qualidade do en-sino e na promoção da quali-dade de vida da comunidade escolar: professores, alunos, pais, entre outros. O paradigma educativo de excelência é hoje uma rea-lidade, sendo por isso fun-

damental criar todas as con-dições para que as escolas possam desenvolver a sua nobre actividade, num qua-dro que se pretende eficaz e de qualidade a todos os ní-veis. O protagonista desta «película» é a Parque Esco-lar, EPE que munida de di-versas ferramentas tem tido a coragem e a ousadia de criar um elo de ligação com todos os players integrados neste projecto. Porque um país sem Educação e des-provido de condições para a promover nunca se pode-rá posicionar no pelotão da frente do desenvolvimento. Portugal? Ficará com as es-colas mais avançadas ao ní-vel da Europa. Estamos na «linha da frente».

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Pontos dE Vista ValoRiZaÇÃo PRoFissional46)

PoR EduaRdo tEixEiRa, PREsidEntE da diRECÇÃo da aPloopinião

“saúde” da Visão

A Especialidade de Of-talmologia continua a apresentar tempos de espera pela consulta con-

sideravelmente superiores à mé-dia das restantes especialidades: 123,5 dias de espera para pacientes “Muito Prioritários” (Valor médio especialidades: 60 dias), 115 dias “Prioritários” (VME: 73,9) e 176,1 dias “Normal” (VME: 117,6). Veri-ficou-se ainda que durante o perío-do em análise foram referenciados 128157 pedidos de consulta de es-pecialidade tendo sido realizados 46332 ou seja, só 36,1% das consul-tas de oftalmologia foram efectiva-mente realizadas contra 61,4% do que acontece na média de todas as especialidades. Verificou-se ainda uma manifesta desigualdade inter-regional no acesso à consulta de of-talmologia.Conclui-se no relatório que:”(...) da análise da informação sobre o tra-tamento dos pedidos de consulta de oftalmologia são o risco para a situ-ação clínica dos doentes, imputável à demora nos pontos do processo e o acesso desigual ao momento do diagnóstico. Relativamente ao risco para a situ-

ação clínica dos doentes, a resposta verificada nas categorias com indi-cação de muito prioritário e priori-tário ultrapassa significativamente os valores considerados como ga-rantidos, particularmente na of-talmologia(...)” “Naturalmente que este diferencial terá consequências nos planos do agravamento da situ-ação clínica, da necessidade e inten-sidade de tratamento acrescido e da recuperação.”A APlO – Associação de Profissio-nais Licenciados de Optometria tem vindo a apontar caminhos e so-luções para a melhoria desta área. Entendemos que é fundamental a aposta clara nos Cuidados Primá-rios (CP) de Saúde Visual tendo como único interesse a população, colocando de parte as rivalidades entre grupos profissionais, os inte-resses corporativistas e os restan-tes interesses instalados. Entenda-se de forma breve que os CP são cuidados ambulatórios que são re-queridos pela maioria das pessoas a maioria das vezes, e que vão de encontro aos seus problemas de saúde não especializados. Pensamos que o optometrista licen-ciado está em condições de resolver

a maioria dos problemas de saúde visual que se deparam à maioria das pessoas a maioria das vezes. Tem também um perfil formativo que lhe permite identificar as situações que carecem de cuidados mais especia-lizados. De facto a optometria em Portugal já tem essa função e tem-na realizado com sucesso há alguns anos (a APLO estima que cerca de 1milhão de pessoas procura todos os anos o optometrista). A Optometria é a profissão res-ponsável pelos cuidados de saúde primários do olho e do sistema vi-sual, devendo ser reconhecido o seu mérito na defesa da saúde vi-sual dos cidadãos. O seu objecto é a prevenção, detecção, avaliação e tratamento/ acompanhamento das alterações da função visual. É uma profissão complementar e essencial na melhoria das condições da saú-de visual dos cidadãos e do próprio funcionamento do serviço de saúde português.Existe um longo caminho a percor-rer para encontrar formas de agi-lizar o processo, tornando-o mais célere e eficaz. Dever-se-ia, por exemplo, estabelecer protocolos com as entidades competentes para

a criação de modelos de referencia-ção das patologias mais frequentes, para tal é necessário a comunicação entre os colectivos profissionais ao nível institucional.Trabalhamos no sentido do reco-nhecimento da optometria enquan-to profissão dos cuidados primários da saúde visual e da sua regulamen-tação enquanto tal. A APLO entregou em Fevereiro de 2010 uma petição na Assembleia da República, onde resumidamente pedimos que: se inicie um processo legislativo conducente à regulamen-tação da optometria, no sentido da elaboração de um enquadramento legal para o desempenho da profis-são em Portugal, definindo as ha-bilitações, competências e atribui-ções dos optometristas nacionais, protegendo legalmente o título de Optometrista e o campo da prática optométrica. E que recomende ao Ministério da Saúde que insira op-tometristas no Serviço Nacional de Saúde como profissional dos cuida-dos primários de saúde visual.A optometria tem sem dúvida um papel fundamental na mudança do paradigma actual da saúde visual em Portugal.

Neste sentido, foi aprova-do pelo Governo, o “Pro-grama de Modernização do Parque Escolar” do

Ensino Secundário, tendo como principais objectivos interromper o ciclo de degradação de alguns estabelecimentos escolares, corri-gindo os problemas de construção existentes e melhorando as condi-ções de adaptabilidade, segurança e acessibilidade. O programa prevê, ainda, a abertura da escola à comu-nidade, a existência de espaços se-guros, acessíveis e inclusivos para pessoas com deficiência, contem-plando igualmente soluções dura-douras, ao nível da construção, de modo a reduzir os custos de gestão e de manutenção. Assim, o gran-de objectivo passa pela integração no programa de 332 escolas, até 2014/2015, tendo sido este mega projecto iniciado pela intervenção em quatro escolas piloto, num volu-me global de investimento de cerca de 61 milhões de euros. No sentido de dar início a este processo, foram diversos os players “convocados”, das mais diversas áreas de trabalho, a participar num projecto ímpar da Educação em Portugal e que prome-te revolucionar o “parque” escolar nacional. Indo ao encontro deste propósito, a Oz – Diagnóstico, Le-vantamento e Controlo de Qualida-de em Estruturas e Fundações, Lda. foi uma das entidades participantes neste “mega-projecto”. Empresa de referência no sector de mercado onde actua, com mais de duas dé-cadas de experiência e detentora de uma certificação ISO 9001:2008, a Oz presta um conjunto de serviços de qualidade, numa área de grande

exigência, de forte componente tec-nológica e de constante inovação.

téCniCas dE insPECÇÃo E Ensaio nÃo dEstRutiVas ou REduZidaMEntE

intRusiVas.

Sendo a principal área de actividade da Oz o diagnóstico dos problemas apresentados pelas construções e a caracterização das suas proprie-dades e do seu desempenho, com vista à concepção e projecto de intervenções de reabilitação, a in-tervenção da Oz, na modernização do parque escolar, revelou-se fun-damental através do recurso a téc-nicas de inspecções e ensaios nas construções existentes dos edifícios escolares, privilegiando técnicas, quanto possível, não destrutivas ou reduzidamente intrusivas, de forma a minimizar os eventuais danos nas estruturas. Para uma grande par-cela dos edifícios escolares, nome-adamente aqueles que foram cons-truídos há mais de 50 anos, não se encontra disponível informação que permita definir completamen-te a sua estrutura. Mesmo quando esta informação existe, ela tem de ser obrigatoriamente confirmada, pois como se sabe, é usual introdu-zirem-se modificações na estrutura dos edifícios ao longo da sua histó-ria. O levantamento com observa-ção directa dos edifícios, incluindo ensaios, é, por isso, fundamental para que a avaliação da segurança e do estado de conservação da estru-tura se baseie em dados fiáveis.O levantamento dos edifícios esco-lares pode ser estruturado em cin-co fases, estando o maior ou menor desenvolvimento de cada uma delas

relacionado com o grau de aprofun-damento que se pretende atingir no conhecimento das características dos edifícios. São elas:1)Classificação tipológica dos edifí-cios e investigação histórica.2)Levantamento da arquitectura.3)Levantamento da disposição e ge-ometria dos elementos estruturais.4)Determinação das propriedades mecânicas dos elementos estrutu-rais.5)Avaliação do estado de conser-vação da estrutura e detecção de eventuais anomalias.A extensão dos trabalhos do le-vantamento a realizar dentro dos edifícios, poderá englobar todos os elementos estruturais, bem como ser parcial e restringir-se apenas às fundações, à superestrutura ou à cobertura. Também é usual que o levantamento seja por amostragem e não de forma exaustiva, devido à regularidade estrutural apresen-tada por alguns edifícios e a seme-lhança nas propriedades mecânicas e anomalias de materiais de cons-trução idênticos. Ao realizar o le-vantamento de edifícios escolares, no âmbito da avaliação da resistên-cia estrutural, deverá ser utilizada uma abordagem integrada compos-ta por diversas etapas devidamente estruturadas e baseadas em inspec-ções e em ensaios realizados in-si-tu, devendo a metodologia a seguir ser definida por um engenheiro ci-vil com experiência em reabilitação. Os trabalhos de campo deverão ser realizados por equipas de técnicos qualificados, munidos de equipa-mentos de ensaio devidamente cali-brados, e integrados numa empresa

da especialidade, de preferência com um Sistema de Gestão da Qua-lidade certificado.

PlanEaMEnto da ManutEnÇÃo dos EdiFíCios

Para que a questão da manutenção possa ser racionalmente tratada, é necessário que os edifícios dis-ponham de Planos de Manutenção Preventiva. Estes devem identificar as acções de inspecção e manuten-ção necessárias que, prevenindo a degradação dos elementos cons-trutivos e instalações assegurem as necessárias condições de utilização, procurando minimizar os custos de manutenção. No caso dos edifícios escolares, tal planeamento deverá passar pela recolha e sistematiza-ção da informação de base dos edi-fícios, avaliação sumária do seu es-tado de conservação, indicação de medidas correctivas ou de ensaios complementares de diagnóstico e planeamento das acções de manu-tenção. O Rigor, a Qualidade e a Cre-dibilidade como forma de estarCom base no rigor, na qualidade e na credibilidade, a empresa Oz distingue-se, actualmente, como uma das principais referências no mercado em que actua, pela sua competência técnica, assente numa equipa multidisciplinar de profis-sionais com elevadas qualificações, e pela sua capacidade de inovação, resultante da constante procura de técnicas mais adequadas para os problemas que se colocam no seu âmbito de actividade, contribuindo para os resultados alcançados ao nível da modernização do parque escolar.

PortuGAl vive ActuAlmente um novo PArAdiGmA Ao nível dA educAção, APoStAndo nA reAbilitAção efectivA dAS iNSTAlAçõES ESCOlARES DO ENSiNO SECuNDÁRiO, DiSPERSAS POR TODO O TERRiTóRiO NACiONAl, PROMOVENDO A SuA modernizAção, de formA A dAr reSPoStA A novoS deSAfioS PArA que Se PoSSA AlcAnçAr o SuceSSo eScolAr.

inContEstÁVEl PaRCEiRo PaRa alCanÇaR o “suCEsso” EsColaR…oZ - diagnóstiCo, lEVantaMEnto E ContRolo dE QualidadE EM EstRutuRas E FundaÇÕEs, lda.

assistiMos EM PoRtugal hÁ longos anos a uMa disCussÃo soBRE as CaRÊnCias a níVEl da PREstaÇÃo dE Cuidados dE saúdE à PoPulaÇÃo, ainda RECEntEMEntE Foi PuBliCado Mais uM RElatóRio do “oBsERVatóRio PoRtuguÊs dos sistEMas dE saúdE” ondE Mais uMa VEZ sÃo aPon-tadas dEFiCiÊnCias EM PaRtiCulaR na ÁREa dos Cuidados dE saúdE Visual.

Associação de Profissionais Licenciados de Optometria

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Pontos dE Vista CiÊnCias da VisÃo48)

de como se deve actuar na vertente oftalmológica, tendo-se desenvolvido em três vertentes distintas e funda-mentais, estando uma nova vertente em fase adiantada de desenvolvimen-to. “A consulta, nos seus mais va-riados aspectos, os exames comple-mentares e a actuação terapêutica e cirúrgica são três aspectos fundamen-tais e que demonstram a forma como pretendemos tratar quem nos procura, ou seja, com qualidade e excelência de tratamento, onde cada doente é um doente”.A prevenção foi sempre, no domínio da Oftalmologia, umas das principais preocupações das autorida-des desta área. “Os progenitores têm hoje mais consciência relativamente à relevância da prevenção e procuram, por iniciativa própria, realizar rastreio aos filhos com maior frequência. Esse passo é fundamental. A prevenção é sempre mais «barata» do que a ver-tente curativa, com todas as vantagens a nível social que daí advêm, ou seja, uma pessoa que adoece não trabalha, logo não produz, criando assim um ambiente difícil do ponto de vista fa-miliar e social”

PRoF. doutoR Eugénio lEitE

PRoF. doutoR Eugénio lEitE aFiRMa“o diagnóstiCo PRECoCE é Vital”soBEjaMEntE ConhECida E REConhECida, as ClíniCas lEitE assuMEM-sE, Cada VEZ, Mais CoMo uM PlayER dE REFERÊnCia na VERtEntE da oFtalMologia, sEndo EnCiMada PElo nÃo MEnos REConhECido PRoF. dou-toR Eugénio lEitE, QuE PEla sua ExPERiÊnCia, dEdiCaÇÃo E PRoFissionalisMo é hojE uMa das PERsonali-dadEs Mais REConhECidas, a níVEl naCional E intERnaCional, no doMínio da oFtalMologia.

A primeira lei da termodinâ-mica diz-nos que aquilo que não está a crescer está a morrer e se nós deixar-

mos de evoluir enquanto pessoas ou empresas, estamos aproximarmo-nos do nosso fim. Este bem que poderia ser o desígnio «imposto» na orgânica das Clínicas Leite, que imbuído de um espírito empreendedor e dinâmico, de-cidiu apostar num modelo evolutivo e de aproximação efectivo a todos aque-les que recorrem aos serviços especia-lizados e de excelência das Clínicas Leite. Assim, no ano transacto, mais concretamente em Março de 2009 foi inaugurada a Clínicas Leite no Parque das Nações, Lisboa, localizada em plena Alameda dos Oceanos. Mudou-se o espaço, manteve-se a distinção e a excelência, pois este define-se por um espaço amplo e funcional, sendo muito mais do que uma comum e sim-ples clínica. Em conversa com a Re-vista Pontos de Vista, o Prof. Doutor Eugénio Leite, assume que o balanço desta aposta “é extremamente positi-vo”, tendo sido um passo natural, em prol da satisfação dos utentes das Clí-nicas Leite & Leite. “Cerca de 70 por cento dos nossos doentes, vivem a sul de Santarém, e assim, numa lógica de aproximação, demos este passo para uma zona que permitisse uma maior facilidade dos doentes aos nossos serviços”explica o nosso entrevistado, lembrando que esta aposta também se deve aos doentes que residem no es-trangeiro: França, EUA, Angola, Mo-çambique, Cabo Verde, entre outros, são os locais naturais de uma grande parte dos utentes das Clínicas Leite , sem esquecer aqueles que residem nas ilhas da Madeira e dos Açores. A vontade de crescer assumiu tam-bém um carácter fundamental, tendo sido promovido nas Clínicas Leite, em Lisboa, uma vertente mais ampla, ou seja, “não possuímos unicamente serviços no domínio da Oftalmologia «pura e dura». Entre outras, aposta-mos fortemente na área da implanto-logia dentária, unidade ArtSmille, que nos permite trabalhar uma área na sua

generalidade e globalidade: a face, sendo que o passo seguinte passará pela vertente estética. Acima de tudo, pretendemos trabalhar especialidades que sejam complementares. Hoje em dia não podemos «pensar» o doente, apenas como o «doente dos olhos».

“nÃo PodEMos tRansFoRMaR as ClíniCas lEitE nuMa EMPREsa”

É de conhecimento comum que os cuidados de saúde oftalmológica tor-nam-se, em muitos casos, demasiado dispendiosos para a generalidade das famílias portuguesas, sendo esse um dos motivos que levam ao agrava-mento dos problemas relacionados com os olhos. Numa perspectiva de promover serviços de saúde oftal-mológico para todos, o nosso entre-vistado decidiu apostar no equilíbrio entre as mais-valias económicas e o acesso aos melhores tratamentos exis-tentes em Portugal e além fronteiras. “Obviamente que podíamos apostar em tecnologias e inovações a preços proibitivos, mas isso não seria justo para com aqueles que, por uma ra-zão ou outra, não podem aceder aos mesmos. Assim, tentamos criar acor-dos com o universo empresarial desta área, no sentido de nos disponibili-zarem equipamentos de vanguarda e inovações a valores acessíveis. Desta forma estaremos a promover o fácil acesso das pessoas a estes tratamen-tos. Além disso, procuramos celebrar protocolos com instituições bancárias e para bancárias, no sentido dos nos-sos utentes beneficiarem de apoios ao nível de empréstimos bancários, que lhes permitam pagar em prestações faseadas e suaves de 12, 24 e 36 me-ses, com um spread absolutamente irrisório se olharmos para a conjuntu-ra económica em que vivemos. Este passo foi fundamental. Não podemos transformar as Clínicas Leite numa empresa, puramente com interesses económicos”, afirma o Prof. Doutor Eugénio Leite, assegurando que “não pensamos somente na vertente médi-ca, que tanto nos caracteriza. Quise-

mos promover um apoio para que o acesso fosse universalizado a todas as pessoas”.

“ondE Cada doEntE é uM doEntE”

A Clínica do Prof. Dr. Eugénio Leite é hoje o paradigma positivo e profícuo

lER na íntEgRa EM WWW.PontosdEVista.CoM.Pt

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