revista pontos de vista edição 45

100
Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacional e não pode ser vendido separadamente MAIO 2015 / EDIÇÃO Nº 45 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros JORGE CRUZ – PROPRIEDADE INDUSTRIAL INDÚSTRIA CONSERVEIRA ROTAS – ENOTURISMO LIDERANÇA NO FEMININO DESTINOS DE SONHO de Vista Pontos LUíSA TAVARES, DA LTAVARES ARQUITECTURA MOVE A SUA VIDA POR PAIXõES. SEMPRE FOI ASSIM, E SEMPRE SERá, DIZ. ADVERSIDADES E OBSTáCULOS FORAM MAIS QUE MUITOS.FUNDOU A LTAVARES ARQUITECTURA QUE DISPONIBILIZA AO CLIENTE TUDO AQUILO QUE NECESSITA, DO INíCIO AO FIM. ADEA PORTUGAL ENGENHARIA DOCUMENTAL ORDEM DOS ENFERMEIROS DOS AÇORES ESRI E CABO VERDE Fotografia: Rui Bandeira / Imagem e Marca

Upload: revista-pontos-de-vista

Post on 24-Jul-2016

227 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.Suplemento distribuído em conjunto com o jornal Público a nível nacionale não pode ser vendido separadamente

MAIO 2015 / EDIÇÃO Nº 45 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

JORG

E CRU

Z –

PRO

PRIE

DA

DE

IND

UST

RIA

L

IN

DÚST

RIA

CONS

ERVE

IRA

ROT

AS –

ENOT

URIS

MO

LID

ERAN

ÇA N

O FE

MIN

INO

DES

TINO

S DE S

ONHO

de VistaPontos

Luísa Tavares,da LTavares arquiTecTura

move a sua vida Por Paixões. semPre foi assim, e semPre será, diz. adversidades e obsTácuLos foram mais que muiTos.fundou a LTavares arquiTecTura que disPonibiLiza ao cLienTe Tudo aquiLo que necessiTa, do início ao fim.

AdeA PortugAl

engenhAriA

documentAl

ORDEM DOS ENFERMEIROSDOS AÇORES

ESRIE CABO VERDE

Foto

grafi

a: R

ui B

ande

ira /

Imag

em e

Mar

ca

ficHa TÉcnica

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proi-bida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autoriza-ção do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anun-ciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.Propriedade, Edição, Administração e Autor

Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

Administração – Redação – Depº GráficoRua Rei Ramiro 870, 5º A4400 – 281 Vila Nova de GaiaTelefone/Fax +351 220 926 879

Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80E-mail: [email protected]@pontosdevista.pt www.pontosdevista.ptwww.horizonte-de-palavras.ptwww.facebook.com/pontosdevista

ImpressãoLidergraf - Sustainable PrintingDistribuição Nacional / Periodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448ISSN: 2182-3197Dep. Legal: 374222/14Distribuição Nacional gratuitacom o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesDIR. INFORMAÇÃO: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara Soares | Rita DuarteColaboração especial: Sandra Arouca

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Nuno Alves | José MoreiraMiguel Beirão | Nelson Luiz | Pedro Paninho

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

em desTaque Índice de TeMAS

15 DORA SIMÕES

Com o objetivo de tornar o Alentejo num destino enoturístico cada vez mais apetecível, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, presidida por Dora Simões, pretende promover a região e as suas potencialidades vinhateiras, gastronómicas e culturais e impulsionar a Rota dos Vinhos do Alentejo, um dos pontos mais fortes da região no âmbito do turismo.

48 ORDEM DOS EnfERMEIROS

Luís Furtado, que presidiu à Comissão Organizadora do Ciclo de Conferências, que decorreu entre os dias 7 e 12 de maio, sob o mote “Um Arquipélago, Uma Enfermagem”, reflete sobre o presente e o futuro desta profissão cada vez mais autonómica na ilha dos Açores.

34 ADEA

Desmaterialização de Processos, Business Process Outsourcing ou Custódia de Arquivos são algumas expressões que diariamente vão estando presentes na realidade de muitas empresas. É neste contexto que João Ricardo Serra, Diretor da AdeA, nos dá a conhecer esta marca internacional, vocacionada para a Gestão Documental.

64 GAMEIRO

Brasil e Angola são dois países cada vez mais unidos e que procuram criar uma cooperação mais forte, de forma a potencializar os dois territórios. Manuel Teixeira Gomes analisa o Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos, assinado pelas duas nações a 1 de abril de 2015, com o objetivo de promover os investimentos nos setores da Indústria, Agricultura, Energia e Serviços.

4 - Propriedade Intelectual

8 - Rotas – Enoturismo

23 - Turismo Náutico

24 - Destinos de Sonho

28 - Liderança no Feminino

38 - Bienal de Cerveira

43 - Fundo de Garantia Salarial

44 - Empresas Familiares

46 - Refeições Escolares – Saúde e Segurança

52 - Seguros de Acidentes de Trabalho

53 - Peritagens

56 - Sistemas de Pensões

60 - Cooperação CPLP

74 - Lusofonia – Cabo Verde em Crescimento

77 - Indústria Conserveira em Destaque

83 - Essência Gourmet

84 - Essências Portuguesas

86 - Relações Bilaterais Portugal-Finlândia

88 - Cooperativismo

90 - Relações Bilaterais Portugal – Polónia

92 - Serviços Consulares

93 - Apoio Domiciliário

94 - Inovação e Valor

ERRATANa Revista Pontos de Vista 44, abril, a entrevista da Quinta da Teimosa (pág. 62) com Ernesto Pedro Cruz, foi colocada, por lapso, no tema Melgaço em Destaque, ao invés de Monção em Destaque.

1 • De tudo quanto foi dito sobre o restabelecimento de direitos – ou a “Restitutio in integrum” – é fácil concluir que o artigo 8º do Código de 2008 precisa de ser melhorado, não só para corrigir dois ou três erros – um deles extremamente grave – como para alargar, se possível, o âmbito de aplicação da disposição, para atingir o objetivo, que é recuperar direitos perdidos por incumprimento de uma formalidade considerada essencial para manutenção da sua validade.Por outro lado, não pode esquecer-se que as condições exigidas para a aplicação desta disposição legal devem estar claramente definidas, para evitar interpretações erradas que poderiam levar à recusa do pretendido restabelecimento.Como já foi referido, uma das condições a respeitar é que a con-cessão do restabelecimento não pode – ou não deve – prejudicar direitos de terceiros.Mas a redação do artigo 8º deve ainda considerar os seguintes pontos:

a) Só o requerente ou titular do direito pode beneficiar do restabe-lecimento de direitos, o que significa que a disposição não se aplica quando invocada por terceiros, mesmo que estejam envolvidos no processo; b) Que o requerente ou titular do direito é o único responsável pelo incumprimento da formalidade processual que determina a recusa ou invalida o direito; c) Que o restabelecimento é uma fase posterior à revalidação, quan-do se trata de taxas relativas à manutenção do direito, podendo ser requerido, neste caso, dentro dos prazos estabelecidos, a partir do dia seguinte a terminar o prazo previsto para a revalidação, ou quando esta tenha sido recusada;d) E ainda, neste caso, que a taxa a cobrar pelo restabelecimento será o dobro da taxa de revalidação (ou seja seis vezes a taxa normal),e) Que fiquem bem claros os prazos para poder beneficiar do res-tabelecimento;f ) Que a reclamação (ou recurso?) de terceiros, para salvaguardar direitos, só é admitida para os registos de marcas e de logotipos;g) Tornar claro que não há necessidade de fazer qualquer prova de vigilância ou cuidado tido com a manutenção do direito;h) Alargar, se possível, o âmbito de aplicação da disposição.

2 • Vejamos o artigo 8º do Código da Propriedade Industrial com a redação que lhe foi dada no Código de 2008: 1. O requerente ou titular de um direito de propriedade industrial que, apesar de toda a vigilância exigida pelas circunstâncias, não tenha cum-prido um prazo cuja inobservância possa implicar a sua não concessão ou afetar a respetiva validade, e a causa não lhe puder ser diretamente imputada, é, se o requerer, restabelecido nos seus direitos. 2. O requerimento, devidamente fundamentado, deve ser apresentado por escrito, no prazo de dois meses a contar da cessação do facto que impe-diu o cumprimento do prazo, sendo apenas admitido, em qualquer caso, no período de um ano a contar do termo do prazo não observado. 3. Quando estejam em causa os prazos mencionados no artigo 12.º, o re-querimento é apenas admitido no período de dois meses a contar do termo do prazo não observado.4. O ato omitido deve ser cumprido no decurso do prazo de dois meses re-ferido no n.º 2, junto com o pagamento de uma taxa de restabelecimento de direitos.5. O disposto no presente artigo não se aplica aos prazos referidos nos nos. 2 e 4 e nos artigos 17.º e 350.º, quando esteja em causa um prazo de prorrogação previsto neste Código e quando, em relação ao mesmo direito de propriedade industrial, estiver pendente algum processo de declaração

DIREITOS DE PROPRIEDADE InDUSTRIALo restabelecimento e a revalidação

de caducidade. 6. O requerente ou o titular de um direito que seja restabelecido nos seus direitos não poderá invocá-los perante um terceiro que, de boa fé, durante o período compreendido entre a perda dos direitos conferidos e a publi-cação da menção do restabelecimento desses direitos, tenha iniciado a ex-ploração ou a comercialização do objeto do direito ou feito preparativos efetivos e sérios para a sua exploração e comercialização.7. O terceiro que possa prevalecer-se do disposto no número anterior pode, no prazo de dois meses a contar da data da publicação da menção do res-tabelecimento do direito, deduzir oposição contra a decisão que restabelece o requerente ou o titular dos seus direitos.

3 • Resta examinar todos os números das disposições do Código da Propriedade Industrial que tratam do Restabelecimento e da Reva-lidação dos direitos, ou seja dos artigos 8º e 350º.

Vamos começar pela Revalidação, por duas razões: a ) Porque está em vigor na nossa lei desde 1940 – embora, inicial-mente, com redação diferente; b ) e não necessita, praticamente, de correção.

Vejamos, então, o artigo 350º : “1- Pode ser requerida a revalidação de qualquer título de patente, de modelo de utilidade ou de registo que tenha caducado por falta de paga-mento de taxas dentro do prazo de um ano a contar da data de publicação do aviso de caducidade no Boletim da Propriedade Industrial. 2 - A revalidação a que se refere o número anterior só pode ser autori-zada com o pagamento do triplo das taxas em dívida e sem prejuízo de direitos de terceiros.”

A redação dos dois números atuais não precisa, em meu entender, de qualquer correção e, em boa verdade, não deveria ser necessário acrescentar qualquer coisa. No entanto, se não se indicar, expressamente, como deve ser tratado o prejuízo de direitos de terceiros, é quasi certo que o INPI con-tinuará a aplicar o mesmo sistema e o problema fica sem solução.

Portanto, parece conveniente adicionar-lhe um nº 3, remetendo para o restabelecimento de direitos, que trata, igualmente, dos pre-juízos de direitos de terceiros, indicando como deve ser resolvido esse pequeno problema.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

4

Assim, o nº 3 poderia ser 3 - Aplica-se ao prejuízo de direitos de terceiros o disposto no artigo 8º, nºs 6 e 7.

E o artigo 350º seria: “1 - Pode ser requerida a revalidação de qualquer título de patente, de modelo de utilidade ou de registo que tenha caducado por falta de paga-mento de taxas dentro do prazo de um ano a contar da data de publicação do aviso de caducidade no Boletim da Propriedade Industrial. 2 - A revalidação a que se refere o número anterior só pode ser autori-zada com o pagamento do triplo das taxas em dívida e sem prejuízo de direitos de terceiros.3 - Aplica-se ao prejuízo de direitos de terceiros o disposto no artigo 8º, nºs 6 e 7.”

Deste modo, não só haveria a certeza de que o critério seguido para ambos os casos seria idêntico, como o problema da revalidação fica-ria definitivamente resolvido.É conveniente indicar os nºs 6 e 7 do artigo 8º porque tratam de as-petos diferentes do mesmo problema – mas no nº 6 não se pretende a recusa da revalidação, que é o objetivo do nº 7.Este tema será desenvolvido ao examinarmos o artigo 8º, relativo ao restabelecimento de direitos.

4 • O atual artigo 8º do Código é o nosso objetivo fundamental, pelo que vai ser examinado, número por número, para apontar as incorreções e sugerir as alterações que consideramos necessárias ou convenientes para as remediar.

5 • Vejamos o nº 1:“O requerente ou titular de um direito de propriedade industrial que, apesar de toda a vigilância exigida pelas circunstâncias, não tenha cum-prido um prazo cuja inobservância possa implicar a sua não concessão ou afetar a respetiva validade, e a causa não lhe puder ser diretamente imputada, é, se o requerer, restabelecido nos seus direitos.”

a) Este nº 1 tem dois erros graves, o primeiro dos quais, como já re-ferido, foi incluído no projeto inicialmente apresentado pelo INPI :

“e a causa não lhe puder ser diretamente imputada” e o outro, introduzido pela tal Comissão do INPI, que durante mais de três anos esteve a “rever” o Projeto elaborado pela Comissão no-

meada pelo Governo, ou seja a substituição de

“recusa” por “não concessão”

b) Vimos já que a responsabilidade pelo incumprimento é sempre do requerente ou titular do direito.Isto resulta, até, muito claro, do texto do nº 1:

“O requerente ou titular de um direito …que não tenha cumprido um prazo…”

Portanto, a responsabilidade será, sempre, de quem não tenha cum-prido o prazo, ou seja o requerente ou titular do direito.

c) Em 28 de julho de 1996, o INPI –Instituto Nacional da Pro-priedade Industrial, publicou um livro interessante – e muito útil – contendo a legislação em vigor em Portugal relativa à Propriedade Industrial, no qual estão incluídos a Convenção da Patente Euro-peia e o Regulamento sobre a Marca Comunitária, devidamente traduzidos em Português.

E a redação deste nº 1 das disposições relativas ao restabelecimento de direitos, é muito mais clara a respeito da responsabilidade do incumprimento do prazo:“O requerente ou titular… que, ainda tendo feito prova de toda a vigi-lância requerida pelas circunstancias, foi incapaz de observar um prazo perante ao Instituto Europeu de Patentes é, por requerimento, restabe-lecido dos seus direitos se o impedimento tiver por consequencia direta, em virtude das disposições da presente Convenção, a recusa do pedido de patente europeia ou de um requerimento, o facto de o pedido de patente europeia ser considerado retirado, a revogação da patente europeia ou a perda de qualquer outro direito ou meio de recurso.”

Portanto, o requerente ou titular do direito

foi incapaz de observar um prazo

pelo que não há qualquer duvida que é responsável por esse lapso.

d ) Aliás, nas versões oficiais em inglês e francês também é claro: “The applicant for or proprietor of a European patent who, in spite of all due care required by the circumstances having been taken, was unable to observe a time limit vis-a-vis the European Patent Office shall, upon application, have his rights reestablished… »

“Le demandeur ou le titulaire d’un brevet européen qui, bien qu’ayant fait preuve de toute la vigilance nécessitée par les circonstances, n’a pas été en mesure d’observer un délai à l ’égard de l ’Office européen des bre-vets est, sur requête, rétabli dans ses droits… »

e ) E nunca tive conhecimento de que esta dúvida tivesse sido sus-citada por qualquer autor, todos aceitando que a responsabilidade é sempre do requerente ou titular do direito.

É interessante referir que o Prof. Paul Mathély diz mesmo que quando há um mandatário – o que sucede normalmente – o res-ponsável é, do mesmo modo, o requerente ou titular do direito.

Portanto, este ponto parece encerrado.

5

“De tudo quanto foi dito sobre o restabelecimento de direitos – ou a “Restitutio in integrum” – é fácil concluir que o artigo 8º do Código de 2008 precisa de ser melhorado, não só para corrigir dois ou três erros – um deles extremamente grave – como para alargar, se possível, o âmbito de aplicação da disposição, para atingir o objetivo, que é recuperar direitos perdidos por incumprimento de uma formali-dade considerada essencial para manutenção da sua validade”

Encontramo-nos, flagrantemente, no momento de conhecer as pri-meiras decisões judicias que determinarão o futuro de muitas famí-lias e, consequentemente, do bem-estar da população, que passará pela Decisão Final sobre o Pedido de Exoneração do Passivo Res-

tante deduzido pelo Devedor nos termos do preceituado no artigo 244.º do C.I.R.E.De facto, parece que a atenção dos vários intervenientes nos processos de insolvência das pessoas singulares, nomeadamente dos mandatários dos in-solventes, dos próprios insolventes e dos administradores de insolvência, se tem, essencialmente, direcionado para o deferimento liminar dos despa-chos de exoneração do passivo restante, o denominado Despacho Inicial.Releve-se que raros foram os processos em que o pedido de exoneração do passivo restante não foi deferido liminarmente, quer por decisão dos juízos dos Tribunais de 1ª Instância - Tribunais do Comércio, quer por cotejo de decisões de Tribunais Superiores. Certo é que a filosofia da admissão liminar inicial dos pedidos de exonera-ção deduzidos é uma realidade que se assiste nos Tribunais, pois os Juízes, quando não tenham de rejeitar o pedido, não se encontram vinculados às posições assumidas pelos credores, que, na sua maioria, são no sentido da oposição ao deferimento, quer na posição assumida pelo Administrador da Insolvência, bem como pelo facto do indeferimento liminar a que a lei se refere não constituir um indeferimento liminar em sentido próprio, dado que, para a verificação ou não dos requisitos legalmente consagrados, se tem obrigatoriamente de produzir prova e, por conseguinte, um juízo de mérito por parte do Tribunal. Este mérito não se traduz na concessão ou não da exoneração, mas na verificação da existência cumulativa dos requisitos aco-lhidos no artigo 238º do CIRE.No despacho inicial, são fixadas as obrigações a que o devedor irá ficar adstrito durante o período de cessão, designadamente: a obrigação de não ocultar ou dissimular os rendimentos obtidos durante esse lapso temporal a exercer uma profissão remunerada, não a abandonando ilegitimamente; de, se for ou se tornar desempregado, procurar ativamente emprego e disso in-formar o tribunal e o fiduciário; de entregar os rendimentos, quando forem por si recebidos, que foram cedidos para pagamento aos credores; a obriga-ção de não favorecer quaisquer credores nem pagar os créditos destes, a não ser por intermédio do fiduciário; de não deixar de fornecer as informações solicitadas sobre o alegado incumprimento dos seus deveres ou faltar injus-tificadamente à audiência designada para as prestar.Deste modo, durante este período, todo o rendimento disponível que adve-nha a qualquer título ao devedor considera-se cedido ao fiduciário, ficando apenas excetuados os créditos futuros que o insolvente cedeu ou deu em penhor antes da sua declaração de insolvência, os valores necessários para o sustento do devedor e da sua família (até ao valor máximo de 3 salários mínimos nacionais – considerado o rendimento de exclusão por imediato confronto com o rendimento disponível, isto é a ceder ao fiduciário nome-ado, por via de regra, o Administrador da insolvência.O devedor encontra-se, assim, durante os 5 anos posteriores ao trânsito em julgado do Despacho Inicial, o mais verificado nos dias de hoje, ou nos 5 anos posteriores ao encerramento do processo, numa situação de cariz pro-

ExOnERAçãO DO PASSIVO RESTAnTE– “ o Juízo final”

visório, em que terá um conjunto de deveres e obrigações estipuladas na Lei Falimentar – artigo 239.º n.º 4 do C.I.R.E., acarretando diversas injunções, diversos ónus, na medida em que fica adstrito à cessão do seu rendimento disponível, consoante o rendimento de exclusão ficado no Despacho Ini-cial, sem embargo de se alterarem as condições pessoais, económicas do devedor e tal ser levado a Juízo para o juiz reavaliar o vertido em sede de Despacho Inicial.A implicância prática da prolação da “decisão Final da Exoneração” – ar-tigo 244.º do C.I.R.E., significa que todos os créditos sobre a insolvência que não tenham sido pagos pelos rendimentos cedidos vão ser extintos, bem como aqueles que não foram reclamados nem verificados, não se ex-tinguindo, porém, às dívidas relativas a alimentos, dado que se referem a direitos indisponíveis as indemnizações devidas por factos ilícitos dolosos praticados pelo devedor, que tenham sido reclamadas nessa qualidade, os créditos por multas, coimas e outras sanções pecuniárias por crimes ou contra-ordenações, atento que comportam uma natureza sancionatória e finalmente não são objeto de exoneração os créditos tributários.O Despacho Final da Concessão da Exoneração será o momento adequado para avaliar, de forma concreta e definitivamente, se os insolventes serão ou não merecedores do benefício da exoneração que assume um caráter exce-cional. De facto, só nesse momento se encontrarão disponíveis os elementos para se proceder à avaliação da boa-fé que determinou a atuação dos deve-dores durante o período de cessão do rendimento disponível – período pro-batório, que se deverá ser conduzida pelos princípios da retidão, colaboração, esforço, entregando todos os rendimentos que aufira a título de rendimento disponível ao fiduciário. Para o efeito, o Juiz ouvirá o devedor, o fiduciário e os credores da insolvência para decidir sobre a sobredita Concessão.Porém, e até ao termo do ano seguinte ao trânsito em julgado do Despacho Final de Exoneração, poderá ser requerida a sua Revogação, por qualquer credor, caso se verifique que o devedor tenha incorrido em qualquer das situações que justificariam o indeferimento liminar do pedido, à exceção da extemporaneidade do pedido ou se tiver violado dolosamente as suas obrigações durante o período.E é, deste modo, que nos aproximamos a largos passos e com enorme expec-tativa ,da “Decisão Final da Exoneração“. A referida Decisão afigura-se no atual contexto da economia nacional, a única forma de muitas famílias se, re-organizarem e reconstruírem as suas vidas. O indeferimento Final da Exone-ração ou a Revogação do Despacho Final de Exoneração poderá traduzir-se, ainda que de forma tímida, num verdadeiro caos social, com consequências imprevisíveis, mas certamente muito nefastas para a economia portuguesa!De facto, e enquanto que no caso das pessoas coletivas, o que está em causa é o risco do exercício de uma atividade económica, o mesmo não se passa com as pessoas singulares. As sociedades são criadas, e dissolvidas, as suas dívidas falecem com elas! As pessoas singulares não se “dissolvem” e é necessário ser o mais criterioso possível, afim de os Despachos Finais de Exoneração lograrem ser um sucesso, permitindo às pessoas singulares em Processo de Insolvência (re) viver vendo “falecer” as suas dívidas! Apela-se, pois, ao esforço de todos os intervenientes no Processo, em especial para os devedores. Só assim tudo terá valido a pena e se poderá falar no tão mediático FRESH START!

A PALAVRA A...

Em face do aproximar do terminus do período de cessão de rendimento disponível num elevado número de processos de insolvência de pessoas singulares, que deduziram

tempestivamente o pedido de exoneração dos passivo restante e o qual foi objeto de deferimento liminar e, portanto, de prolação de Despacho Inicial de Exoneração do Passivo

Restante – artigo 238.º do C.I.R.E, ad contrário, chegado é o momento de sabermos e ter a certeza de que o princípio que se tem vindo a apelidar de “Fresh Start”, no âmbito do qual as pessoas singulares, em situação económica difícil (de insolvência), irão ter uma oportunidade de se reerguer economicamente e “começar de novo”, tirando partido do

conhecimento das suas decisões menos corretas, pelas quais optaram no plano financeiro, irá ou não ser uma realidade!

A OPINIÃO DE CARLA SANTOS, Administradora Judicial

6

De norte a sul, Portugal está dividido por regiões. Temos o hábito de criar divi-sões seja pelo clima, geografia, praias e campo e até por rivalidades populares.

Quando falamos de vinhos portugueses, a ideia mantém-se e dividimos o país entre regiões viti-vinícolas. O objetivo é criar uma distinção entre diferentes produtos, castas e localização. Contu-do, Jorge Sampaio acredita que, quando o intuito é promover Portugal e o enoturismo aos visitan-tes internacionais, devemos mostrar toda a rique-za e diversidade que o território lusitano tem por descobrir. “Quando queremos ir lá fora promover um produto, não faz sentido ir à Bairrada ou ao Dão. Não temos escala para isso”, defende. Na sua opinião, Portugal tem uma dimensão peque-na, que não justifica uma promoção individual entre regiões. Contudo, afirma ser uma vantagem para o turismo termos um território mais peque-no, quando comparado com outros países. Em poucas horas, o turista é presenteado com neve na Serra da Estrela e temperaturas que convidam a um mergulho nas praias do Algarve. Sempre com a vitivinicultura presente. Enquanto usu-fruem do melhor que Portugal tem para ofere-cer, os apreciadores de vinhos e da sua história podem dar um salto às várias rotas de vinhos e conhecer produtores, adegas e quintas. Tudo isto sem esquecer as provas dos melhores vinhos do mundo e, claro, a gastronomia e o património cultural. Jorge Sampaio afirma que Portugal tem tudo o que o turista procura: “uma quantidade enorme de experiências, completamente diversi-ficadas, num curto período de tempo”.E foi neste contexto que nasceu a Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal, uma entidade que procura criar uma coesão entre as diferentes rotas e promover Portugal e o enoturismo que aqui se vivencia. Apesar de a ARVP ter surgido apenas em 2014, o trabalho conjunto não é uma novi-dade. As rotas têm vindo a trabalhar em rede, procurando uma troca de conhecimentos que

O enoturismo é uma opção turística cada vez mais inevitável. Deste modo, mais do que procurar uma das várias rotas de vinhos portugueses, é importante visitar e conhecer tudo o que este mundo tem para oferecer. Assim, e de forma a criar uma rota das

rotas, surgiu a Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal (ARVP), que tem vindo a desenvolver um trabalho notável no sentido de promover um único produto: Portugal. A Revista Pontos de Vista conversou com Jorge Sampaio, Presidente da Entidade, que nos deu

a conhecer o projeto.

EnOTURISMOà conquista do mundo

8

ROTAS – ENOTURISMO

Vinhos a marcarem a diferençaCom uma visibilidade cada vez maior, o vinho é atualmente um grande ícone de Portugal. Um estudo promovido pelo Instituto do Tu-rismo, ao qual responderam uma centena de membros da Organização Mundial do Turis-mo, provenientes de 30 países, concluiu exa-tamente aquilo por que esperavam as regiões vitivinícolas. Os nossos vinhos são o produto diferenciador de Portugal em relação a outros destinos internacionais.

Jorge Sampaio na inauguração da Rota

dos Vinhos Do Dão

fomentem o desenvolvimento e a promoção do enoturismo através de uma só rota – que teria, obviamente, a sua divisão regional, mas seria de-senvolvida e apresentada como um só projeto que tem o vinho como objetivo principal. “O que nós queremos é ir lá fora promover um produto que é Rota dos Vinhos de Portugal”, explica.

PRESENTE E FUTURODA ROTA DAS ROTAS

A ambição por tornar o enoturismo português num produto apetecível é imensa. Contudo, é preciso dar um passo de cada vez. Jorge Sam-paio admite que, neste primeiro ano de exis-tência da ARVP, o foco esteve na credibilização da entidade e na procura de parceiros que per-mitam uma oferta diversificada e de qualidade. Esta primeira etapa, quase concluída, teve um balanço positivo. “Pela adesão que temos por parte das entidades, municípios e pelo Turismo de Portugal”, assim como pelos projetos para os quais são convidados frequentemente, é possí-vel afirmar que a credibilidade foi atingida e a ARVP é vista como um projeto de qualidade e com fundamentos essenciais para o enoturismo nacional, afirma Sampaio.Atualmente, e em conjunto com o Turismo de Portugal, um parceiro forte do projeto, têm vindo a desenvolver ferramentas que possibilitem uma maior promoção das rotas, do vinho e do próprio país. Por outro lado, e porque acreditam que “aci-ma de tudo, é preciso promover qualidade”, têm feito uma grande aposta na formação dos agentes que fazem e farão parte deste mundo que é o tu-rismo de vinhos e de produtos regionais. “Vamos

avançar com uma série de ações de formação, de-senhadas pela ARVP e pelo Turismo de Portugal e direcionadas para o enoturismo”, explica. O futuro, esse, é bastante promissor. Pela rique-za que Portugal abraça e pelo que as rotas cada vez mais significam para o país, Jorge Sampaio não tem dúvidas de que “temos tudo para ter um grande futuro na área do enoturismo”. Para isso, Portugal tem que trabalhar no sentido de criar um turismo que se complemente. “O enoturis-mo tem que ser um complemento para a região e deve aproveitar-se da oferta que já existe”. O presidente da ARVP acredita que existe uma li-nha ténue entre turismo e enoturismo e defende a complementaridade e a diversidade turísticas, de modo a que quem nos visita consiga ter uma experiência única e envolvente. Contudo, e para que a nossa dimensão cultural seja conhecida e reconhecida pelo mundo fora, é necessário que os portugueses sejam os primei-ros a apreciar e a promover o seu território, com todo o seu envolvente. “Temos que conquistar os portugueses primeiramente e só depois podemos conquistar o mundo”, reitera.

A ROTA PELO MUNDOAs rotas, os vinhos, a gastronomia e a cultura têm motivado cada vez mais pessoas a visitar o nosso país. E atualmente é possível afirmar que o mundo já fala dos vinhos portugueses. De forma a manter esse contacto e para que as rotas na-cionais sejam cada vez mais ricas, a ARVP tem vindo a desenvolver projetos com outras regiões vitivinícolas internacionais. Neste momento, Portugal, Espanha, Brasil, Argentina e Uruguai

integram a AENOTUR – Associação Interna-cional de Enoturismo, uma entidade que nasceu para desenvolver uma parceria entre as regiões do vinho. Os congressos, organizados pela entidade, facilitam a visitação entre países e um conheci-mento conjunto ainda mais rico. Em julho deste ano, Portugal acolherá o mundo vitivinícola para uma “troca de experiências entre países”, que per-mitirá “acompanhar aquilo que se faz nos outros países”, afirma Sampaio. Por outro lado, e de forma a partilhar estes co-nhecimentos com o turista, encontram-se a de-senvolver uma plataforma comum “de promoção das cidades do vinho e dos destinos de enoturis-mo”. Assim, e com rotas cada vez mais comple-tas, o enoturismo torna-se num destino turístico cada vez mais apetecível. Impossível será não visitar as rotas, provar os vinhos e espumantes supremos e envolver-se na história que este pro-duto tem para contar.

9

Rota dos Vinhos do Dão, qual o futuro?A Rota dos Vinhos do Dão é um projeto re-cente, mas é já possível reconhecer o seu grande potencial. Jorge Sampaio acredita num “grande desenvolvimento desta rota”. E porquê? Porque a região do Dão é “incrível quer do ponto de vista de produtores quer do ponto de vista do património arquitetónico”, afirma Jorge Sampaio, que tem as melhores expectativas sobre este mais recente projeto vitivinícola.

A Associação de Municípios da Terra Fria do Nor-deste Transmontano - AMTFNT, foi criada em 1995 pelos municípios de Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais, e em dezembro de 2007 aderiu o município de Mogadouro. Ao longo des-tas duas décadas de atuação, de que forma tem vindo a instituição a crescer e qual o balanço que é possível perpetuar da atuação da mesma?Ao longo deste período, a AMTFNT tem--se revelado uma ferramenta fundamental na elaboração, desenvolvimento e apoio a projetos de manifesto interesse público assim como um organismo determinante no desenvolvimento equilibrado da região da Terra Fria. Esteve na origem de entidades como a CoraNE, a Resídu-os do Nordeste ou o AECT ZASNET, que têm conseguido debelar outras carências do território e focar-se noutras temáticas importantes para a região, como seja o apoio ao “mundo rural”, a questões ambientais ou o desenvolvimento do espaço transfronteiriço.

Desde o QCA III que tem conseguido apresen-tar projetos sólidos e capazes de merecer apoio comunitário, sendo que o mais emblemático é a Rota da Terra Fria Transmontana, que projetou esta região para o mercado turístico, quando ain-da pouca gente falava na importância deste setor para a região.

O que mudou de significativo no panorama da região da Terra Fria com a atuação da AMTFNT?A AMTFNT, em articulação com os Municípios, desenvolveu vários projetos cujo contributo para a região é de assinalar, como a selagem das lixeiras e tratamento de resíduos que posteriormente passou para a Resíduos do Nordeste, a criação da marca e produto turístico Rota da Terra Fria Transmon-tana e a implementação de dezenas de projetos infraestruturais e imateriais no território.

A AMTFNT tem como grande desiderato promo-ver e desenvolver projetos de interesse comum

“Façam uma Escapadinha na Rota da Terra Fria e venham conhecer e viver uma experiência fantástica, onde a autenticidade e a qualidade imperam”. Quem o afirma é Hernâni Dias, Presidente do Conselho Diretivo da Associação de Municípios da Terra Fria do Nordeste Transmontano – AMTFNT, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Venha conhecer. Perca-se na Rota da Terra Fria

Transmontana, que dispõe de todos os predicados para o fazer feliz.

fAçA UMA EScAPADInhAna rota da Terra fria

dos seus associados. Quais são esses desafios e quais as necessidades dos vossos associados?A realização de projetos de interesse comum é um desafio constante da AMTFNT que é a entidade aglutinadora das vontades e interes-ses supramunicipais em áreas como o turismo, as novas tecnologias, o ambiente e a eficiência energética.

Com as mutações que o mundo tem vindo a sofrer nos últimos anos, será normal que as exigências e as necessidades mudem e passem a ser outras. Desta forma, e fazendo um paralelismo entre 1995 e 2015, de que forma é que as necessidades e desafios da instituição e consequentemente dos vossos associados, mudaram? De que forma é que estas alterações «obrigaram» a mudança de para-digma e na forma de atuação?A AMTFNT tem conseguido adaptar-se às no-vas exigências, desde logo porque as necessidades dos municípios são bastante diferentes do que eram em 1995. Portanto houve a necessidade de fazer evoluir a entidade para poder responder com mais assertividade aos desafios atuais dos municípios e do território.

O território da Terra Fria é abundante em pano-ramas paisagísticos deslumbrantes, propiciados pela natureza quase idílica desta região, mas não só. Neste sentido, que importância tem o turismo a nível do desenvolvimento da região?De facto a Terra Fria Transmontana detém di-versos fatores distintivos, como seja a natureza onde imperam dois parques naturais, património riquíssimo com seis castelos visitáveis e monu-mentos únicos na Península Ibérica, gastronomia baseada em dezenas de produtos certificados e uma cultura única em Portugal onde se destacam os caretos e todo o artesanato, a língua Miran-desa e os pauliteiros. Em face disto, foi natural que a AMTFNT tivesse empreendido todos os esforços para desenvolver o setor turístico que, indubitavelmente, é dos que tem tido maior cres-cimento na região, situação visível no aumento de investimentos privados neste setor.

O que é a Rota da Terra Fria Transmontana e que mais valias oferece a mesma aos visitantes?Assente num percurso com 455 km que atra-vessa todos os Municípios da Terra Fria, a Rota da Terra Fria Transmontana é a nossa proposta organizada de visitação à região. Este percurso pretende mostrar tudo o que de melhor existe no território, ajudando, dessa forma, o turista a poder tirar todo o proveito das belezas desta re-gião. Esta vontade de apoiar o turista levou-nos a organizar as Escapadinhas na Rota que são programas completos, devidamente organizados

10

ROTAS – ENOTURISMO

Hernâni Dias

para os clientes não se preocuparem com nada, apenas desfrutarem da região. As Escapadinhas na Rota integram o alojamento, a restauração e várias atividades que permitem ao turista ter um verdadeiro contacto com os usos e saberes. Além de oferecerem toda uma panóplia de opções, este produto é uma mais-valia comercial para o cliente, que se fizesse isto individualmente teria que despender valores mais elevados. Portanto, as Escapadinhas são uma excelente opção de visita à região que tem vindo a ganhar cada vez mais clientes e interessados.

Paisagens, Lugares, Sabores e Experiências. Sin-teticamente, diria que a Rota da Terra Fria Trans-montana consegue conciliar os quatro segmentos aqui abordados? Como?Claramente. A Rota da Terra Fria Transmontana dispõe de todos os predicados para os segmen-tos apresentados. Aliás, estes são os segmentos e pontos mais fortes que fazemos questão de pro-mover em todos os nossos suportes. Voltando às Escapadinhas na Rota, estes programas de curta duração (duas noites/ três dias ou quatro noites/ cinco dias) são organizados para que o cliente tenha contacto com paisagens deslumbrantes no Parque Natural de Montesinho e do Douro Internacional e possa ir às aldeias e locais mais típicos com a inclusão dos melhores pratos e vi-venciando experiências únicas na companhia de artesãos e conhecedores do saber fazer regional.

Que balanço é possível perpetuar da Rota da Ter-ra Fria Transmontana? De que forma é a mesma fundamental para o desenvolvimento económico e turístico da região?No futuro pretendemos continuar a aposta na Rota da Terra Fria Transmontana que tem dado provas de que é efetivamente o verdadeiro produ-to e marca turística deste território, portanto faz cada vez mais sentido o reforço da sua importân-cia, especialmente o envolvimento com os agen-tes privados do território, que tem de ver este produto como uma grande oportunidade para

a organização e para o trabalho em rede, sendo pretensão da AMTFNT dar mais responsabili-dades aos privados na gestão da Rota, passando a Associação para um plano de regulação da marca e dos programas desenvolvidos. Contamos com uma rede de aderentes às Esca-padinhas na Rota da Terra Fria de 48 parceiros, divididos em alojamento (37) com 976 camas, restauração (21) com 2418 lugares, oito empre-sesas e entidades de animação turística e três empresas de incoming que são responsáveis pela venda das Escapadinhas.Temos vindo a fazer um trabalho de base que permita haver continuidade, demonstrando aos agentes que apenas em rede podemos fazer com que o turismo ganhe escala.

Na sua opinião, que lacunas é que ainda é neces-sário ultrapassar e contornar, no sentido de tor-nar a Rota da Terra Fria Transmontana, como um destino cada vez mais preferido dos visitantes?Continuar a promover o produto e corrigir situa-ções relacionadas com o envolvimento dos agen-tes privados, tentando também que estes possam evoluir para uma abordagem mais profissional.

A nível internacional, o que tem sido realizado no domínio da Rota da Terra Fria Transmontana? É possível colocar a Rota da Terra Fria Transmonta-na como um dos destinos preferidos de cidadãos de origem internacional? O que falta para conso-lidar este passo?Neste momento temos dedicado praticamen-te todos os nossos esforços em atingir o públi-co nacional, com relevo para os grandes centros de Lisboa e Porto, que são de facto os grandes mercados emissores de turistas para a Terra Fria

Transmontana e também combater algum desco-nhecimento existente sobre este território, espe-cialmente no sul do país. Todavia, não temos des-curado os públicos internacionais, especialmente porque sentimos que existe muita apetência para o nosso produto da parte de turistas da Holanda, Alemanha e países nórdicos. Também o público espanhol, devido à proximidade e tendência de visitação já existente é um dos públicos-alvo da Rota. Neste caso, temos vindo a participar em conjunto com a Turismo do Porto e Norte em feiras no território espanhol. Após a consolida-ção do produto a nível interno é nosso objetivo dar enfoque à internacionalização do produto Rota da Terra Fria de forma individual e também em colaboração com outros destinos numa lógica de cross-selling.

A nível turístico, e se analisarmos estudos sobre os principais destinos turísticos preferidos, Por-tugal tem no Algarve o seu principal cartão de visita. Parece-lhe que, além de se continuar a pro-mover esforços para manter o Algarve na senda do êxito como destino selecionado, que é neces-sário as autoridades responsáveis, apostarem também em outras regiões do país?Sim. Especialmente porque destinos como o nos-so, onde segmentos como o turismo de natureza, cultural, patrimonial e gastronómico estão bem vincados, indo ao encontro daquilo que são as ten-dências mundiais de crescimento do turismo.

Para quem não conhece a Rota da Terra Fria Trans-montana, que convite gostaria de deixar?Façam uma Escapadinha na Rota da Terra Fria e venham conhecer e viver uma experiência fantás-tica, onde a autenticidade e a qualidade imperam.

11

Quais são os principais desafios da Associa-ção de Municípios da Terra Fria do Nordeste Transmontano e o que podemos esperar de futuro da Rota da Terra Fria Transmontana? Com o apoio da nova programação comuni-tária 2014-2020 pretendemos melhorar e fazer evoluir o produto Rota da Terra Fria para um patamar cada vez mais profissional de forma a gerar cada vez mais valor para a economia local tornando-o num destino turístico alternativo ao turismo de praia.

A maxi box é entregue no check-in aos clientes das esca-padinhas e tem os seguintes produtos: 1 frasco com creme

de castanha, 1 frasco de mel de montesinho, 1 sabonete de leite de burra, 1 navalha de Palaçoulo, 1 chapéu e 1

cantil. A mini box é entregue nos restaurantes aderentes aos clientes que tenham consigo um vale que sai com

os anúncios das escapadinhas na imprensa, a mini-box tem: 1 frasco com creme de castanha, 1 frasco de mel de

montesinho, 1 sabonete de leite de burra

Mais de uma centena de pessoas quis marcar presença naquele que foi um dia histórico para região. Arlindo Cunha, Presidente da CVR do Dão,

deu as boas-vindas a todos os convidados na sessão de abertura que assinalava o dia em que a região vitivinícola passaria a ter a Rota dos Vi-nhos do Dão. Jornalistas, operadores turísticos, produtores de vinhos daquela e de outras regiões, nomeadamente da região vitivinícola de Rioja, em Espanha, políticos e até apaixonados por este produto tão próprio e tão turístico, deixaram-se envolver pelo ambiente de alegria e a sensação de missão cumprida que se sentia no Solar do Vinho do Dão. Nasce, assim, uma nova era, que trará um novo olhar sobre a Região Demarcada do Dão. A pala-vra enoturismo terá agora aí um novo significado. Numa mistura de sensações, os turistas poderão agora conhecer de perto os famosos vinhos do Dão, sentir o seu aroma, vivenciar a sua história, uma história de gerações, de famílias que dedicam uma vida a um só produto, um produto único e tão regional – o vinho. Os seus vinhos serão ago-ra o destino, o ponto de chegada dos turistas. 42 produtores, que é o mesmo que dizer 42 famílias que têm como prioridade do dia-a-dia a vitivini-cultura, passam agora a fazer parte de uma Rota que preza pela promoção do vinho, pela criação de momentos e experiências inesquecíveis a to-dos os turistas, nacionais e estrangeiros, que pre-tendam visitar esta região e deixar-se guiar pelo que o vinho tem para oferecer. Acima de tudo, deixar-se envolver no que é verdadeiramente o enoturismo, que tem evoluído positivamente, de forma a mostrar a todos os apaixonados pelo vi-nho – e não só – que as regiões vitivinícolas são um destino cada vez mais apetecível, que contam uma história extraordinária, com as suas paisa-gens, os seus monumentos, a sua gastronomia, as suas adegas e, claro, os seus vinhos. O enoturis-mo não é apenas provas de diferentes vinhos, de castas e adegas diversas. Narra aos seus turistas toda uma história, uma região, uma arte. António Fontes, Coordenador do Estudo para a defini-ção, estruturação e gestão da Rota dos Vinhos do Dão, também presente na cerimónia, referiu a importância de dar a conhecer as “potenciali-dades da região”, nas quais todos os envolvidos na atividade do enoturismo têm de se focar. No seu discurso, e enquanto mencionava os resulta-dos do estudo que permitiu que a Rota fosse hoje uma realidade, não esqueceu a “autenticidade” da região e dos seus vitivinicultores, que são, na sua opinião, a “base” da região. Nas suas visitas às di-versas adegas e quintas da região, conheceu deze-nas de produtores, que sempre mostraram a sua paixão pelos vinhos e que diariamente se fazem valer do seu “cunho artístico para a produção dos

O sonho era antigo. A paixão e o empenho permitiram a sua concretização. No dia 27 de abril, a Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão orgulhou-se de apresentar a sua nova e muito desejada Rota dos Vinhos do Dão, numa cerimónia onde discursaram as mais

ilustres personalidades que marcam diariamente a história do vinho e do turismo em Portugal.

O VInhOcomo destino turístico

12

ROTAS – ENOTURISMO

Arlindo Cunha

seus produtos”. Com o apoio constante da CVR do Dão, serão eles os responsáveis por transmitir os seus conhecimentos e a sua paixão aos turistas. E, principalmente, a excelência e a qualidade do que se faz de melhor no Dão.Até porque essa foi uma das preocupações de Arlindo Cunha, que garante que os 42 produ-tores, eleitos para fundar e iniciar este projeto da CVR, têm as melhores condições para fazer da Rota um destino enoturístico de eleição. Apenas aqueles que reuniam as “condições básicas” de-finidas, como “adega organizada e apresentável, existência de sala de provas e bons acessos”, pu-deram fazer parte da história da Rota desde o seu início. Contudo, o presidente da CVR do Dão não descarta a possibilidade de a Rota crescer em número de aderentes, assim que estes reunirem os requisitos necessários. Neste sentido, admitiu à Revista Pontos de Vista, ter o objetivo de se conseguir criar “uma linha de apoio aos investi-mentos”, de forma a permitir que as adegas con-sigam desenvolver “as condições mínimas” que lhes permita fazer parte da Rota.

ROTA DO DÃO, UM SONHOTORNADO REALIDADE

Arlindo Cunha, que tem vindo a desenvolver um trabalho brilhante na região do Dão de forma a torná-la cada vez mais conhecida e reconhecida, acredita que “a Rota é um instrumento de criação de valor”. Passados 15 anos desde a primeira ten-tativa de criar uma Rota, o presidente da CVR do Dão quis ter a certeza de que este novo proje-to teria o sucesso desejado. Por este motivo, e de forma a transmitirem uma maior solidez à Rota e conseguirem a confiança dos produtores, deci-

13

“O turismo não tem as fronteiras que nós muitas vezes cons-truímos. […] Para o turista, não existem barreiras. […] Por isso, deve haver uma boa colaboração [entre as diferentes Comis-sões Vitivinícolas Regionais]. É nisso que temos trabalhado, de forma a promover a oferta global”.

Dora SimõesPresidente da Comissão VitivinícolaRegional Alentejana

“Uma rota não sobrevive sem o resto do território. Não sobre-vive apenas de se provar e de se viver o vinho. […] É impor-tante que esta rota seja acompanhada por um envolvimento dos agentes locais, no sentido de transformar o projeto numa mostra do que é o território e não apenas num pretexto – já de si importante – de provar vinhos”.

Adolfo Mesquita NunesSecretário de Estado do Turismo

diram realizar o “estudo de base”, referido ante-riormente e da autoria de António Fontes, com uma “equipa técnica” que visitou todas as quintas e adegas da região. Concretizado o sonho, Arlindo Cunha tem agora altas expectativas em relação a esta iniciativa. Se, por um lado, permitirá aos produtores “a criação de valor económico”, por outro lado, será uma excelente forma de apresentar aos turistas “os vi-nhos do Dão e a região”, para que estes possam “promovê-los pelo mundo fora”.

UNIR FORÇAS PELA REgIÃO No dia em que se celebrou o nascimento da

14

ROTAS – ENOTURISMO

Rota dos Vinhos do Dão, muita tinta correu e não foi apenas nos jornais. Durante a cerimónia, os 42 fundadores assinaram aquele que é o com-promisso de promover e dignificar uma região e os seus vinhos em conjunto com a CVR do Dão. Contrato é uma palavra demasiado banal para um tão grande compromisso. Ana Abru-nhosa, Presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro, assumiu, perante toda uma plateia de convidados, o compromisso de um re-forço financeiro do projeto, que visa a “promo-ção de eventos e da própria Rota”. Um aspeto fundamental para Ana Abrunhosa, que garante ser de importância máxima dar a conhecer aos

consumidores “a Rota, os produtos e as empre-sas” associadas. É, assim, com todo o prazer que se comprome-te a apoiar um projeto, que tem como objetivos “estruturar e consolidar atividades económicas e interligar atores que trabalham com um único sentido - promover o produto da região, desde o pequeno produtor de vinho aos restaurantes”. Porque, na sua opinião, “uma rota é isso mesmo”, “uma multiplicidade de atores”, de diferentes áreas, seja “hotelaria ou animação turística”. No caso do enoturismo, “a atividade vitivinícola é a base”, que pode associar-se a outras vertentes económicas.

Monumentalidade, gastronomia, vinhos e paisagens. O Alentejo é tudo isto e muito mais, é uma região que im-porta descobrir e que atrai cada vez

mais visitantes sedentos de tranquilidade, beleza e história. É todo este património que Dora Si-mões pretende transmitir aos turistas que procu-ram a Rota dos Vinhos do Alentejo diariamente. A presidente da CVRA, que falou sobre o papel da comissão à margem da inauguração da Rota dos Vinhos do Dão, afirma que enoturismo não é apenas vinhos. Tem levado esse conceito para a Rota alentejana, que deve desenvolver todo um conjunto de potencialidades que permitam “uma melhor compreensão do que é a região”.Deste modo, pretende que a “figura da Rota” persista, mas que não seja apenas um percurso específico para conhecer e visitar adegas. Dora Simões quer ver a Rota como “um mundo”, que envolve os turistas numa imensidão de sensações e de experiências. A Rota deve levar o vinho, as adegas, as quintas aos visitantes, mas deve mos-trar-lhe também o Alentejo e tudo o que a ele está subjacente. “Um dos valores que queremos transmitir é a arquitetura tradicional alentejana”, um setor identitário e bem característico da re-gião, defende Dora Simões. A gastronomia re-gional é outra porta aberta para o mundo e que deve ser reconhecida internacionalmente. “Pen-so que ninguém terá dúvidas de que o Alentejo é, de facto, um dos grandes centros da tradição

“O nosso objetivo é tornar o Alentejo no destino de produção de vinhos mais reconhecido e interessante em Portugal”. É este o desafio a que a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) se propõe. Dora Simões, Presidente da CVRA, afirma que

pretendem continuar a desenvolver um trabalho que vise promover a região e as suas potencialidades, uma região, que no seu entender, é única e especial.

ALEnTEjO,uma experiência arrebatadora

15

ROTAS – ENOTURISMO

Sustentabilidade como prioridadeA sustentabilidade tem sido um dos gran-des desafios da CVRA. O objetivo é, segundo Dora Simões, que todos os envolvidos im-plementem nas suas quintas e adegas prá-ticas sustentáveis. Têm trabalhado no Plano de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, “um programa sério, que se desenvolverá pelas bases”, ainda em desenvolvimento, mas que visa “a preservação dos recursos da região e vantagens económicas para os participantes do plano”. Desta forma, o pla-neta agradece e os produtores também, uma vez que com a “poupança de recursos” se pretende gerar “melhores margens finais”, permitindo criar “mais-valias para o negó-cio dos produtores”, explica a presidente da CVRA. Por outro lado, e em colaboração com a APCOR - Associação Portuguesa de Cortiça, a CVRA tem, na sede da Rota, um espaço dedicado à recolha de rolhas para re-ciclagem. Esta iniciativa tem como objetivo apoiar o mercado da cortiça, fundamental para a vitivinicultura.

Dora Simões

Alentejo galardoadoO Alentejo foi considerado, em 2014, a me-lhor região vinícola do mundo, através de uma votação promovida pelo jornal ame-ricano USA TODAY. Dora Simões mostra-se orgulhosa do resultado, fruto de um grande trabalho desenvolvido pela CVRA e que tem vindo a promover os vinhos, a região, os pro-dutos, as paisagens e todo um mundo que o Alentejo tem para oferecer. Em tom humilde, a presidente da comissão afirma não saber “como tudo aconteceu”. Contudo, o empe-nho e dedicação de toda a equipa permiti-ram que a região alentejana fosse, uma vez mais, foco das atenções internacionais. Porém, e apesar de terem acolhido com enorme satisfação este prémio, o momento não é para baixar os braços e manterem-se à sombra do que já foi feito. Agora, a missão da CVRA é “tirar partido desse reconhecimento para aumentar a notoriedade da região e, assim, captar mais visitantes”. Dora Simões assume que “Portugal ainda não existe como categoria em vários mercados” e comprome-te-se a promover não só a região, mas todo um país que tem muito para dar aos seus turistas. “Portugal está na moda e penso que este é um momento importante que temos de agarrar e explorar devidamente”, defende.

gastronómica e das bases da dieta mediterrânica de Portugal”, defende. A natureza “preservada” é um outro ponto forte da região e que não deve ser esquecida. Talvez uma das melhores e maio-res razões que leva diariamente milhares de tu-ristas à região, cuja beleza se tem mantido intac-ta. Em tom de brincadeira, Dora Simões referiu que o “Alentejo tem meio milhão de habitantes, o que é ótimo, porque é a maior região do país e não tem ninguém” a viver lá. Pode ser visto como uma vantagem quando se pretende “continuar a preservar”.Assim, através de uma Rota cada vez mais desen-volvida e atrativa, a comissão pretende ser uma vitrine do que é o Alentejo, uma região essencial-mente de tradições. É por esta razão que Dora Simões defende que as adegas devem manter o equilíbrio entre a inovação e a tradição alente-jana da vitivinicultura. As talhas romanas são um exemplo vivo de uma tradição milenar que, apesar da sua modernização, não exclui a história dos antigos.Assim, acredita Dora Simões, o Alentejo tem to-das as condições para se tornar num dos destinos mais apetecíveis a nível internacional.

PROVAS DE VINHOS?É óTIMO, MAS NÃO BASTA

Quando pensamos em rotas vinhateiras, o nosso pensamento é direcionado para quintas e provas de vinho. Faz sentido e é, obviamente, um aspeto

16

ROTAS – ENOTURISMO

fundamental do enoturismo. Contudo, a CVRA pretende que o visitante leve uma experiência bem mais alargada, com um conhecimento mais vasto sobre os vinhos, as adegas e as histórias que estas contam. Os sistemas de provas devem envolver o visitante numa experiência entre o sabor e o conhecimento, onde é possível apre-ciar um bom vinho alentejano e adquirir novos conhecimentos “sobre as castas […] e sobre os vários aspetos da região”, conta Dora Simões.E se as castas vinhateiras são uma temática do seu interesse, a exposição permanente na sede da Rota dos Vinhos do Alentejo permite-lhe aprofundar ainda mais os seus conhecimentos, dando-lhe a conhecer “os vinhos, as marcas e os produtores” da região. Atualmente, a comissão tem-se debruçado num projeto que visa dar a conhecer os vinhos e as suas origens a invisuais de todo o mundo, através de um “jogo de castas”, que procura dar a conhe-cer as diferentes “aromáticas dos vinhos”. Dora Simões acredita que esta diversidade per-mite dar um maior entusiasmo às visitas, de modo a que a Rota nunca perca o interesse e se torne cada vez mais numa forma de transmitir uma mensagem complexa sobre o que é a região e o que esta tem para oferecer. Com tão diversas atividades, os visitantes não podem, no entanto, esquecer-se das 60 adegas que fazem parte da Rota dos Vinhos do Alente-jo. “Adegas com tradição”, que a CVRA “incenti-va a visitar”. Apesar de ser “impraticável” definir um percurso, tendo em conta o grande número de adegas, existem variadas formas de conhecer estas que são a essência da Rota. E se não tem carro para usufruir de toda esta experiência, Dora Simões aconselha a “ficar pelo centro histórico”.

“Existem adegas perto de Évora que os turistas podem visitar”, explica.

VINHO NA AgENDA DO TURISMOA promoção dos vinhos do Alentejo é, sem dú-vida, o propósito da CVRA, que, nos últimos anos, tem feito um esforço – bem-sucedido - por “colocar o vinho na agenda do turismo”. Apesar de nem sempre ser uma tarefa fácil pela multi-plicidade de temas que Portugal quer comunicar, Dora Simões acredita que o vinho e gastrono-mia são “uma imagem de marca” de Portugal e “uma das mensagens mais fortes” que podemos transmitir a quem nos visita. Estes dois produtos tão turísticos permitirão que o nosso país seja cada vez mais conhecido internacionalmente. São dois setores “proativos”, que trazem “pres-tígio à região e ao país”. “E não haverá produto

que faça tao bem a promoção externa de Por-tugal” como o vinho e a gastronomia, acredita a presidente da CVRA. Este tem sido o caminho da comissão alentejana, que, em conjunto com o Turismo do Alentejo, tem vindo a desenvolver um plano estratégico. Ainda em “fase de alinhamento”, o plano tem como objetivo “o desenvolvimento do enoturis-mo no Alentejo” e “será objeto de candidatura brevemente”. Ambição é a palavra de ordem na CVRA, que pretende colocar o vinho e o Alentejo no mapa. “Com os meios que temos, seja recursos huma-nos, financeiros ou até as próprias empresas, que são o motor do enoturismo, nós acreditamos que [o Alentejo] seja, no futuro, o destino mais inte-ressante para visitar e um dos mais autênticos e preservados da Europa”.

17

A evolução em nome do vinhoA CVRA completou, em 2014, um quarto de século. A sua existência tem sido em prol da promoção dos vinhos do Alentejo e da própria região.Surgiu pela necessidade de certificar e credibilizar os excelentes vinhos que já se produziam em várias adegas. “Quando foi criada a comissão, produzia-se vinho, mas não se beneficiava das mais-valias da origem” e os seus produtores tinham já “a visão de que seria importante captar os turistas e desenvol-ver o enoturismo”, conta Dora Simões.A Rota dos Vinhos do Alentejo, que existe há 22 anos, foi uma consequência dessa mesma visão e da vontade de dar a conhecer um produto de excelência. A presidente da CVRA explica que a Rota “foi criada para apoiar as visitas à região” e “tornou-se um espaço centralizador” para “os agentes económi-cos que aderiram a este projeto”.Ao longo dos anos, a comissão tem prezado pelo desenvolvimento da Rota, sendo uma missão urgen-te, adequada às necessidades dos produtores locais. “Hoje, temos que trabalhar em regime de colabo-ração”, afirma Dora Simões. Deste modo, tem vindo a criar parcerias, nomeadamente com o Turismo do Alentejo, para promover a região e os seus vinhos que, pela sua qualidade e excelência, devem ser levados a todos os cantos do mundo.

Os sistemas de provas devem envolver o visitante numa experiência entre o sabor e o conhecimento, onde é possível apreciar um bom vinho alentejano e adquirir novos conhecimentos “sobre as castas […] e sobre os vários aspetos da região”, conta Dora Simões. E se as castas vinhateiras são uma temática do seu interesse, a exposição permanente na sede da Rota dos Vinhos do Alentejo permite-lhe aprofundar ainda mais os seus conhecimentos, dando-lhe a conhecer “os vinhos, as marcas e os produtores” da região

“Penso que ninguém terá dúvidas de que o Alentejo é, de facto, um dos grandes centros da tradição gastronómica e das bases da dieta mediterrânica de Portugal”

A Caminhos Cruzados nasce pela iniciativa e von-tade de Paulo Santos, natural de Nelas, que, de-terminado a regressar às suas origens para inves-tir no mundo do vinho, decide transformar uma antiga empresa agrícola numa moderna empresa produtora e engarrafadora de vinhos. Nascida em 2012, que balanço é possível perpetuar da dinâ-mica e crescimento da Caminhos Cruzados?Lígia Santos (LS) - O balanço é muito positivo. A Caminhos Cruzados cresceu muito, definiu--se com empresa, impôs-se como produtora de vinho! A nossa marca titular estabeleceu-se no

mercado! A equipa cresceu com a empresa, num passo rápido mas certo, e sempre com um grande envolvimento familiar que nos caracteriza!

A Caminhos Cruzados resulta da união de ideias e projetos, e promete ajudar a voltar a pôr no mapa o nome de Nelas como terra de vinhos de eleição. De que forma têm conseguido elevar e levar o desígnio de Nelas como terra de vinhos de excelência?LS - A relação da Caminhos Cruzados com Ne-las é incontornável. É lá que os caminhos se cru-

A Caminhos Cruzados é vida, aroma e vinhos de enorme qualidade, onde a ligação com Nelas é incontornável. A Revista Pontos de Vista foi visitar a Caminhos Cruzados e conversou com Lígia Santos e Manuel Vieira, respetivamente CEO e Enólogo da marca. Mas

o que mais é a Caminhos Cruzados? Os nossos interlocutores dizem-nos… ”É um sonho que foi sonhado por três gerações e que se concretiza agora, todos os dias e de cada vez que alguém abre uma das nossas garrafas e se delicia com os nossos vinhos!”

“A DIfEREncIAçãOé uma palavra que nos é muito cara”

zam! O projeto, tal como nós, nasceu em Nelas e é lá que melhor percebemos os contornos desta iniciativa. Nelas é peça fundamental da região do Dão, e a nossa vontade é que seja cada vez mais o palco para tudo o que se relaciona com o vinho do Dão. A nossa atual adega está no coração da Vila, e a adega que estamos a construir, embo-ra seja um pouco mais fora da vila, mantém esta proximidade. Grande parte das nossas vinhas estão em Nelas, pelo que podemos dizer que os nossos vinhos são expressão do que de melhor se faz em Nelas. Além disso, decidimos home-

18

ROTAS – ENOTURISMO

Lígia SantosManuel Vieira

nagear a nossa terra natal com um vinho que se chama precisamente Terras de Nelas. É um dos vinhos que fazemos em maior quantidade porque tencionamos que Nelas esteja à mesa de todos os portugueses.

Com produtos vitivinícolas de excelência e qua-lidade, como o descreveria para o nosso leitor os vossos vinhos? Quais são as principais característi-cas dos mesmos? O que vos diferencia dos demais?Manuel Vieira (MV) - Antes de mais os nossos vinhos são a transcrição dos conjuntos de fatores que o influenciam, a começar pelo terroir espe-cífico da origem das uvas, a região de Nelas, mas também todas as pessoas que estão envolvidas ao longo de todo o ciclo de produção de um vinho, desde a vinha até à adega. Assim os vinhos ob-tidos espelham esse caráter específico de gran-de elegância, frescura e equilíbrio, aliados a uma enorme vocação gastronómica que são imagem de marca da região de Nelas, e que também são pontos de honra da nossa equipa de viticultura e enologia. A diferenciação é uma palavra que nos é muito cara, sendo mesmo um dos objetivos sempre presente no nosso dia-a-dia, tanto a ní-vel de imagem dos vinhos como principalmente na originalidade dos lotes de castas apresentadas, como aos conceitos de vinificação e estágio das mesmas, sempre com o objetivo de exprimir a sua particular personalidade.

Se, no passado, o vinho era visto como um acom-panhamento nas refeições, hoje, as exigências são outras. O vinho está associado a uma cultu-ra, uma região e, invariavelmente, a um enólogo. Como é que se produz um vinho de referência? Neste sentido, quais são os vossos produtos de referência?MV - Um vinho de referência tem que ter sem-pre uma narrativa! Um vinho de referência não é um produto industrial sempre igual, antes pelo contrário, terá que ser fruto de uma cultura que englobe tradição, rigor na procura da qualidade e grande respeito pelo consumidor para quem o vinho é feito.Apesar da nossa curta história como empresa, já se pode dizer que os nossos vinhos Encruzado e Touriga Nacional já se podem considerar vinhos de referência, dada a sua consistência e originali-dade amplamente reconhecidas, tanto pelos con-

sumidores como pelos media! E certamente não nos ficaremos por aqui!

Cada vez mais o enoturismo e a produção vinícola são duas facetas que se complementam. Qual o papel que o enoturismo tem ou pode vir a desem-penhar na orgânica da Caminhos Cruzados?LS - O vinho hoje em dia tem muitas outras di-mensões além da meramente gastronómica. O vinho enquanto ideia já saiu do copo, já não cabe nas garrafas! O consumidor quer mais do que beber alguma coisa para acompanhar um prato. Está curioso, interessado! E estamos no melhor país do mundo para matar a curiosidade quanto ao vinho, com tantas regiões, cada uma tão dife-rente da outra. A Caminhos Cruzados não é in-diferente a isto, muito pelo contrário! Somos um dos primeiros produtores aderentes à Rota dos Vinhos do Dão e estamos ansiosos por receber todas as pessoas que nos queiram conhecer me-lhor. Estamos a organizar neste momento visitas à nossa adega que incluirão provas dos nossos vinhos, visitas às vinhas e todo o tipo de expe-riências que possamos proporcionar aos nossos convidados. O Dão tem muito para descobrir e nós queremos ser parte dessa descoberta!

Os vossos vinhos surgem/nascem de uma criterio-sa seleção das melhores castas portuguesas e dos saberes de gerações. De que forma é procuram aliar a dinâmica do antigo, do tradicional, com uma vertente inovadora? Essa dicotomia (tradi-cional/inovação) é essencial?MV - As lições do passado são sempre impor-tantes, desde que sejam fruto de um longo pro-cesso de melhoramento e aperfeiçoamento de determinada prática! E se for esse o caso, nós na Caminhos Cruzados damos a maior atenção a estas lições dos nossos antepassados, não descu-rando no entanto a possibilidade de as inovar e melhorar sem afetar o essencial.

Como é que o mercado/consumidores vê os pro-dutos «made in» Caminhos Cruzados? Quais são as perspetivas de enveredar pelo mercado inter-nacional? Já iniciaram este passo ou será um dos grandes desafios a médio/longo prazo?LS - O mercado internacional recebe os vinhos portugueses em geral de braços abertos dada a sua grande qualidade e preços competitivos. A

Caminhos Cruzados já exporta para vários países como o Brasil, China, Suíça, Alemanha, Ingla-terra, França, entre outros e faz grandes inves-timentos em presenças nas feiras internacionais para promover os seus produtos. Porém, o merca-do nacional, para já, é a nossa grande prioridade!

Nas áreas prioritárias para o futuro, que objetivos estão a ser traçados para que a Caminhos Cruza-dos continue a atrair consumidores e a ser uma referência na região?LS - O nosso principal objetivo é manter a con-sistência que, felizmente – e graças a muitos esforços – temos tido. Os padrões de qualidade são muito altos e o que mais desejamos para o futuro é sermos capazes de os manter, por forma a que o consumidor tenha sempre uma experi-ência fantástica ao escolher os nossos vinhos. A breve trecho vamos lançar um novo vinho, o nos-so super premium Quinta da Teixuga, um vinho muito especial para nós que tem sido guardado carinhosamente!

19

Escolher os vossos vinhos, é…?LS - Escolher um sonho que foi sonhado por três gerações e que se concretiza agora, todos os dias e de cada vez que alguém abre uma das nossas garrafas e se delicia com os nossos vinhos!

Localizada no Lugar da Cumieira, em S. João de Lourosa, concelho de Viseu, a Quinta dos Penas-sais é um espaço de índole familiar, exclusiva-mente vocacionado para o setor vitivinícola. Por que é que este deve ser um lugar a conhecer?Deve ser um local a conhecer porque proporciona a realização de um sonho de muitos apreciadores de vinho: provar vinhos genuínos, puros, elegan-tes e frescos, caraterizados pela sua qualidade, o que foi sempre o nosso lema como atestam as vá-

rias distinções nacionais e internacionais atribu-ídas, além de poderem desfrutar de verdadeiros momentos de prazer e convívio.

A Quinta dos Penassais produz os vinhos com a qualidade que procura. Que vinhos são estes? Aliando-se a tradição à modernidade tecnológi-ca, conseguem-se vinhos descritos como “elegan-tes, com caráter e maturidade”?São vinhos vinificados com uvas selecionadas,

“Continuar a apostar cada vez mais na qualidade e na imagem, mantendo um contacto estreito com o consumidor, de forma a compreender as suas tendências”. Este é apenas um dos grandes desideratos da Quinta dos Penassais, um local que proporciona a realização de um sonho de muitos apreciadores de vinho. Pedro Oliveira e José Carlos Oliveira, Administradores da Quinta dos

Penassais, conversaram com a Revista Pontos de Vista e levantaram o véu sobre as mais-valias deste espaço. Venha conhecer.

QUInTA DOS PEnASSAIS– sonhos e Tradição

provenientes das castas nobres aromáticas da Re-gião Demarcada do Dão, onde durante o ano de colheita as vinhas são acompanhadas muito de perto, de modo a mantê-las num estado sanitário perfeito, para que produzam o que de melhor se encontra no país.A Quinta dos Penassais tem conseguido um per-feito convívio entre tudo o que é tradicional e a modernidade tecnológica, sendo possível conse-guir um resultado perfeito na produção de vinhos

20

ROTAS – ENOTURISMO

José Carlos Oliveira e Pedro Oliveira

tradicionais de qualidade, com harmonia, cará-ter, maturidade e elegância, tendo a tradição e a modernidade de mãos dadas, de modo a captar e servir um público cada vez mais diferenciado e exigente.

Dentro de um cenário de internacionalização, quais são atualmente os vossos principais merca-dos alvos? Temos que ver a internacionalização como um alargamento do mercado, o que tem permitido nos últimos anos compensar a quebra de con-sumo dos mercados tradicionais, resultantes da alteração dos hábitos de vida, da diminuição do poder de compra do consumidor, das pressões das campanhas anti-alcoólicas sobre as camadas

mais jovens, excessivamente focalizadas no con-sumo do vinho. Deste modo, a internacionali-zação aparece como imperiosa para colmatar as quebras acentuadas por estes fatores. Assim, nos últimos anos, estamos mais focados em mercados como a Alemanha, China, Brasil, Cabo Verde, Índia, Senegal, Moçambique, Holanda, Bélgica, Suíça, Dinamarca e Finlândia.

No quotidiano de qualquer empresa, o reconhe-cimento externo é sempre um motivo de orgulho. Neste sentido, que prémios têm sido alcançados pelos vinhos da Quinta dos Penassais? Que im-pacto é que introduzem nas preferências dos con-sumidores?O nosso prémio revela-se sempre que nos é dado

o devido mérito do vinho produzido e engarra-fado pela Quinta dos Penassais, que demonstra a boa aceitação dos clientes e especialistas em vinhos em diversos países, incluindo o nosso. A aposta em vinhos tradicionais e a possibilidade de manter uma boa qualidade de vinhos da Região Demarcada do Dão cria sempre algum impac-to com o consumidor. Existem, neste momento, clientes estrangeiros de diversos países que pro-curam exclusivamente este tipo de vinhos.

Apesar da concorrência de outras regiões, os Vi-nhos do Dão continuam a gozar de enorme pres-tígio e da preferência generalizada dos consumi-dores. O que faz com que estes vinhos sejam tão especiais e únicos?A qualidade do vinho da região do Dão é irre-preensível, em virtude das castas utilizadas, dos aromas naturais, da sua tipicidade e longevidade. Os vinhos maduros do Dão são dos vinhos com maior longevidade no Mundo. É possível ficar-mos surpreendidos pela evolução da qualidade um vinho branco do Dão com alguns anos ou um tinto com algumas décadas.

O passado dia 27 de abril foi histórico para a re-gião uma vez que foi apresentada a Nova Rota dos Vinhos do Dão. 41 produtores, incluindo a Quinta dos Penassais, passam agora a fazer parte de um circuito que tem como principal objetivo promover o vinho e criar novas experiências. O que espera deste novo ciclo?Nos últimos anos, os produtores e a Comissão Vitivinícola da Região do Dão contribuíram para uma maior divulgação dos vinhos, através de even-tos nacionais e internacionais, dinamizando desta forma o circuito vinícola. Agora temos mais uma ferramenta, que permite trazer o consumidor até nós, podendo provar os diversos vinhos e optar pelo que mais gosta. Certamente que este novo ciclo será muito benéfico para a região.

21

Nas áreas prioritárias para o futuro, que ob-jetivos estão a ser traçados para que a Quin-ta dos Penassais continue a atrair visitantes e a ser uma referência na região?Continuar a apostar cada vez mais na qualidade e na imagem, mantendo um contacto estreito com o consumidor, de forma a compreender as suas tendências; manter uma relação preço/qua-lidade enquadrável no atual contexto de compe-titividade e economia; utilizar um esforço extra na redução de custos, através da rentabilização dos meios operacionais e do aperfeiçoamento de melhores técnicas vitivinícolas, conciliando a experiência e conhecimento acumulado.Dentro da política comercial, pretendemos con-tinuar unidos com produtores de outras regiões demarcadas, com o nosso projeto de interna-cionalização “Project Soma”, que nos permite trabalhar em conjunto a internacionalização, apresentando os melhores vinhos das diversas regiões e trazendo os compradores estrangeiros mais vezes ao nosso país.

De cariz tradicional, a Quinta da Teimosa está na família há mais de um século. Este é um projeto de turismo rural e base familiar, inserido numa zona de tranquilidade, no concelho raiano de Monção e que tem feito as delícias dos turistas. De que forma é que este é um espaço onde qualquer visitante se sentirá certamente em casa?A nossa preocupação é proporcionar ao turista uma estadia serena e pontuada por vários aspetos muito característicos do mundo rural minhoto. Com apenas três apartamentos T1, contíguos e integrados numa casa de lavoura, adequadamente recuperada e dotada de todas as comodidades, o projeto beneficia de uma envolvência paisagística tipicamente minhota, onde ressalta uma viçosa vinha de Alvarinho, um pomar, uma horta e a proximidade da Igreja. A forma física é assegurada por uma piscina, um corte de ténis, um relvado para jogar à bola ou fazer brincadeiras ao ar livre e ainda pela disponibilização de bicicletas para passeios pelas redondezas. De manhã cedo, discre-tamente, num ambiente sossegado e musicado pelo chilrear da passarada são deixados junto às portas dos apartamentos cestos com pão fresco, manteiga, com-potas caseiras e fruta acabadinha de colher no pomar, para que cada pequeno almoço, seja um momento de tranquila partilha em família e se torne inesquecível. Depois, para aqueles que pretendam aumentar o seu grau de conhecimento e experiências, a região ofere-ce aos hóspedes, uma panóplia de atividades e locais de visita que permitem ocupar o dia. Mas no final do dia a satisfação de voltar à tranquilidade da Quinta com a possibilidade dos hóspedes prepararem as suas refeições caso assim o desejem, sem necessidade de pressas e correrias, constitui uma verdadeira experi-ência de estar em casa sem o estar. É com este toque pessoal, este clima de proximidade onde se aprecia uma conversa calma e focada quase sempre na cul-tura rural, que fazemos questão de oferecer a nossa propriedade, que consideramos serem as virtudes deste projeto e que fazem a diferença, toda a dife-rença, quando competem com o turismo de massas.

A Quinta da Teimosa dedica-se essencialmente à pro-dução de vinho Alvarinho, sendo que o vinho alvari-nho MILACRUS é considerado o “ex-libris” dos produ-tos da quinta. Como o descreveria para o nosso leitor?

A Quinta da Teimosa promete fazer com que o visitante disfrute de uma estadia tranquila, muito ao jeito do que é habitual no mundo rural minhoto. Conheça um espaço que se destaca “quando compete com o turismo de massas”, ao longo de uma viagem conduzida

pelo seu proprietário, Ernesto Pedro Cruz.

UM PROjETO MInhOTOque faz toda a diferença

reconhecida como sendo especifica da sub-região de Monção e Melgaço, que por alguma coisa o será! Desta forma a nossa visão para a solução do problema, assentaria na criação de uma região pró-pria correspondente à atual subregião de Monção e Melgaço, podendo eventualmente integrar parte do concelho de Valença onde vários hectares de vinha alvarinha são cultivados em circunstâncias similares às de Monção e Melgaço, reconhecendo-se desta forma que os vinhos aqui produzidos são daqui e de mais lado nenhum, tal qual acontece noutras regiões de renome da Europa, indistintamente de produzirem alvarinho, cabernet sauvignon ou char-donnay. Com esta filosofia provavelmente conse-guir-se-ia resolver dois problemas de uma “assen-tada”, isto é, permitir que maior área de alvarinho se apresentasse no mercado internacional e ao mesmo tempo que se diferenciasse cabalmente zonas com potenciais qualitativos diferentes.

Nas áreas prioritárias para o futuro, que objetivos estão a ser traçados para que a Quinta da Teimosa continue a atrair visitantes e a ser uma referência na região?A Quinta da Teimosa, como projeto de Enoturismo, é uma “criança” acabada de nascer (agosto/2014) que procura neste primeiro ano de vida fortalecer as op-ções que foram tomadas no lançamento do projeto, sistematizando processos quer de recursos humanos quer na gestão material, importantíssimos na conso-lidação do mesmo. No entanto estas preocupações não nos impedem de perspetivar o futuro com ideias que possam contribuir para o sucesso do investimen-to. O aumento das parcerias com outras entidades locais ou mesmo do outro lado da fronteira porque a proximidade com Espanha assim nos permite, o empenho junto das autoridades na concretização de trilhos pedestres na área concelhia e nomeadamente na freguesia onde o empreendimento se situa, a reali-zação na Quinta de eventos lúdicos pontuais ligados à música e ao teatro, a participação em feiras de turis-mo e, finalmente, a valorização integrada de todos os produtos produzidos na Quinta são intenções que se pretendem ver concretizadas a curto prazo.

22

ROTAS – ENOTURISMO

LER NA INTEgRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

A Quinta da Teimosa, que se encontra na família há mais de cem anos, fez em 2000 a restruturação da sua vinha e desde 2010 que se lançou na produção própria de vinho. Atendendo à pequena produção que representa, a aposta na vinificação em barricas de madeira surge pela vontade de apresentar um produto distinto no universo dos alvarinhos e que vá ao encontro das antigas técnicas de produção. Não deixando de ter todas as características de um vinho verde, fresco, frutado e mineral, com o suave toque da madeira, o MILACRUS distingue-se pelo equilíbrio na acidez e pelo seu final persistente e sofisticado.

Considerada a mais nobre das castas brancas portu-guesas, da casta Alvarinho saem vinhos de extraor-dinária qualidade e harmonia. Na sua opinião, têm sido devidamente promovidas as potencialidades deste produto? Estamos na fase final da discussão de um processo tendente ao fim da exclusividade da subregião (de Monção e Melgaço) na comercialização de vinhos verdes da casta alvarinho com Denominação de Origem. Este processo tem sido tudo menos pacífi-co e tem como ponto atual o acordo celebrado entre as autoridades reguladoras, CVRVV e Governo e os produtores por um lado os da subregião de Monção e Melgaço e por outro, aqueles que não se encon-tram dentro desta subregião mas que constituem as grandes referências económicas da região dos vi-nhos verdes. Fácil é concluir que para os pequenos produtores de Monção e Melgaço a possibilidade de verem o seu “querido” produto comercializado em iguais circunstâncias por outros que aparente-mente não possuem a mesma habilidade nem os terrenos próprios para o fazer, mas que detêm uma enorme máquina económica no mercado, consti-tui um enorme motivo de preocupação. Na nossa humilde opinião reconhecemos por um lado o di-reito ao livre mercado dos bens e por conseguinte o natural direito a que a casta Alvarinho possa ser produzida em qualquer região do país, mas por ou-tro lado também entendemos que a singularidade de uma região deve ser preservada, tendo em conta aspetos como a sua identidade cultural e acima de tudo a singularidade qualitativa do produto, que no caso do vinho alvarinho, até agora, está largamente

Quando foi edificada a Dream Wave e de que for-ma é que a mesma se tem vindo a afirmar como um player de elevado reconhecimento e excelência perante os seus clientes?A Dream Wave foi edificada em setembro de 2003, e a partir de 2005 com a aquisição da em-barcação veleiro “Leãozinho” iniciou o seu per-curso de crescimento e de aquisição de novos e inovadores produtos, sempre com o intuito de proporcionar passeios e serviços diversificados de excelência aos mais variados mercados de turismo mundial desde o britânico ao norte-americano, asiático, escandinavo, entre outros.

Que ofertas colocam à disposição dos vossos clien-tes e de que forma são as mesmas potenciadoras de momentos diferenciadores comparativamente a outros concorrentes? O que marca a diferença em escolher a Dream Wave?Na Dream Wave a aposta na diversificação dos nossos cruzeiros foi e continua a ser crucial. Pode-se escolher um passeio radical num dos nossos jetboats ou motas de água, pode-se visitar as grutas e observar os golfinhos no seu habitat natural (da qual fomos pioneiros neste segmen-to), um relaxante bbq numa praia ou velejar ao sabor do vento. Quando se escolhe um dos nos-sos serviços e cruzeiros está a escolher um serviço personalizado, isto quer dizer que, por exemplo, na nossa empresa conseguimos oferecer cruzeiros marítimos para um pequeno e limitado grupo de clientes até um maior número e volume de clien-tes sem perder de vista a qualidade no atendi-mento e atenção pessoal que cada cliente requer, em que a formação e experiência profissional dos nossos colaboradores é fundamental para que se proporcionem momentos únicos e experiências inesquecíveis para todos. Além dos fatores mencionados também as nossas infraestruturas contribuem para um serviço de excelência, do qual no ano de 2011, com a aqui-sição da geladaria “Gate4café” que se encontra em frente à porta de embarque proporciona um maior bem-estar e qualidade no atendimento ao cliente para que este sinta que o passeio começa antes de entrar no próprio barco e não apenas pela experiência que o passeio em si proporciona. Estamos sempre a procurar novas alternativas e inovadoras formas de experiências, como por exemplo em 2012 com a aquisição da embarca-ção “Jetboat” e com a aquisição no ano passado da

embarcação “Rocket” dirigida a um segmento de clientes que procuram a velocidade e emoção, da qual não existe mais nenhum no mercado. Tam-bém estamos à espera de uma nova embarcação, movida com dois motores a jato com capacidade para um maior número de passageiros por forma a dar resposta a grupos maiores que requerem os nossos serviços e aumentar a oferta, esta mesma devido à característica da sua propulsão e potên-cia permitirá efetuar uma manobra única que é a elevação de duas grandes paredes de água no ar saindo pelas laterais debaixo do casco com a má-xima segurança, esperando deste modo criar mo-mentos de diversão únicos e diferenciados para grupos maiores de passageiros, e diversificar mais uma vez, face ao que já existe no mercado atual.

A época do verão está a chegar, sendo portanto um período de relevância para marcas como a Dream Wave. A sazonalidade ainda é um obstáculo a em-presas como a Dream Wave? Crê que estão a ser cria-das condições para que o Algarve seja um destino para todo o ano e não apenas na época de verão? A sazonalidade do Algarve na nossa perspetiva não tem de ser encarada como um obstáculo mas sim como um desa-fio, logo desse modo temos que procurar e mostrar as alternativas que a região oferece e apresenta para além do sol e mar, como por exemplo o crescimen-to do turismo sénior vocacionado mais para outro tipo de ativida-des como o birdwa-tching ou até mesmo a nossa atividade no segmento de obser-vação de golfinhos em que temos vindo a ter um crescimento substancial na oferta e procura de inver-no, e em que o maior exemplo é o setor do golfe, que para além de contar com uma grande reputação dos nossos campos tam-bém se tem afirmado como destino de exce-lência mundial, e pela qualidade dos mais variados fatores como através da promoção de vários torneios de grande projeção mundial, contribuin-do desta forma para um menor impacto

Vai de férias e quer fazer uma atividade. Onde ir? O que fazer? A resposta está na Dream Wave, uma marca que oferece as melhores soluções para se distrair e passar momentos de qualidade e relaxamento. A Revista Pontos de Vista conversou com Raúl Correia e

Renato Coelho, Sócios da Dream Wave, e que nos deram a conhecer as verdadeiras mais-valias da marca, sem esquecer alguns dos desafios que se colocam à Dream Wave, um cunho que aposta na diferenciação e no valor.

DREAM WAVE – a melhor escolha

social dado que uma grande parte da população do Algarve se encontra sem emprego durante a época baixa e que da qual queremos também nós combater esta problemática que é o flagelo do desemprego.

O que podem esperar os clientes quando usu-fruem dos serviços da Dream Wave?Os nossos clientes podem esperar um atendimen-to e um serviço de excelência, em que cada cliente para nós é tratado como se fosse um membro da nossa família, isto porque uma pessoa satisfeita tem o poder da multiplicação na promoção do nosso produto e serviço, de nada nos vale se o cliente não fica satisfeito e não nos recomendar ao próximo. Como também de nada nos vale se criar-mos valor através de muita promoção mas depois o serviço não corresponde. Temos de nos superar dia a dia, só assim conseguimos atingir o sucesso para que todos os que nos rodeiam se sintam bem, não apenas com o que fazem mas como o fazem, e aí sim os ganhos virão naturalmente por si pró-prios e todos ganham.

23

TURISMO NAÚTICO

LER NA INTEgRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

Mas venha connosco e deixe-se sedu-zir pelas palavras que serão sempre parcas para descrever o Hilton Vila-moura. O melhor mesmo é visitar e

deliciar-se com os verdadeiros deslumbramentos deste espaço que está preparado apenas para um desiderato, fazê-lo sentir-se especial. Come-çamos por Vilamoura, sim, um dos principais complexos turísticos da Europa que é onde fica o Hilton Vilamoura, unidade de 5 estrelas per-feita para as suas férias de verão, para um fim de semana prolongado a dois ou em família, para os amantes de golfe ou mesmo para eventos, reu-niões e incentivos. Aqui é tudo a pensar em si e onde cada pormenor é tratado como tal, ou seja, nada é deixado ao acaso. Tudo começa pelos nossos olhos. Esse sentido que tanto nos faz sentir. Por isso, a arquitetura mourisca do Hilton Vilamoura não deixa indi-ferente quem por lá passa. Com pormenores de decoração típicos da região, as unidades de alo-

O ano vai passando sob a égide dos «mandamentos» do corrupio do quotidiano e começa a chegar aquela vontade de férias. Todos as queremos. Todos sonhamos com elas. Todos necessitamos daqueles momentos de prazer e relaxamento. Já decidiu as suas

férias? Qual o seu destino de eleição? Ainda não sabe? Não se preocupe. Temos a resposta para as suas dúvidas e questões. Qual? Se dúvidas existissem, aqui fica a nossa sugestão, Hilton Vilamoura.

féRIAS?Hilton vilamoura

jamento dão-lhe todo o conforto que necessita para descansar, sem esquecer os pequenos deta-lhes do serviço Hilton. As piscinas com cascatas e os extensos jardins são ideais para momentos de lazer e relaxamento.A gastronomia não foi esquecida e portanto, pode, e deve, deliciar-se com a vasta oferta gas-tronómica, que começa em almoços leves e sau-dáveis, com vista piscina no Restaurante Aquare-la, a uma ampla variedade de buffets temáticos no Restaurante Moscada. Sabe qual dilema? O que escolher! Porquê? Porque a variedade é imensa e a qualidade… bem… só visitando e provando o que temos preparado para si. Não se esqueça. Se é daqueles que gosta de aproveitar a praia longe da confusão, então venha ao Club H20, na Praia da Falésia, onde encontrará a excelência da chancela Hilton, numa concessão privada e exclusiva. Um dos pontos fortes de Vilamoura é, sem dú-vida, o golfe. O Algarve conta com nada mais, nada menos do que 35 campos, entre os quais

se encontram alguns dos melhores da Europa. Além da quantidade e da qualidade dos circuitos, os fãs deste desporto valorizam especialmente o ambiente de grande beleza paisagística e o cli-ma favorável que convidam a desfrutar do golfe durante todo o ano. Consciente desta vantagem comparativa, a cadeia hoteleira Hilton apostou neste desporto como um dos dois principais atrativos do Hilton Vilamoura As Cascatas Golf Resort & Spa. A muito pouca distância do hotel, encontram-se cinco dos melhores campos de golfe da Europa, e o mesmo hotel dispõe de um exclusivo simulador de jogo que permite que os clientes ponham à prova as suas habilidades nos 35 campos do cir-cuito internacional oficial, sem sair do Algarve.

AT LAST BUT NOT LEAST - 7SPA Dê um mimo ao seu corpo e mente e venha co-nhecer o maior centro de bem estar de Portugal e que foi inspirado na antiga sabedoria budista

24

DESTINOS DE SONHO

e indiana que divide o corpo em sete pontos de energia ou chakras, em que o principal elemento curativo das terapias é a água. Aqui está o verdadeiro paraíso, onde maleitas são esquecidas e o stress do quotidiano não passa de uma miragem. Deve estar a questionar-se. E se eu tiver filhos? Já tínhamos dito que aqui nada é descurado e portanto, se viajar com os mais caçulas, tem à sua disposição o Paradise Island Kid’s Club, uma área de 3000 m2 de diversão com uma equipa de animadores dedicados, onde não faltam atividades e diversões e que tornarão as férias dos mais pequenos inesquecíveis. Agora sim, as férias estão decididas. Não hesite e ve-nha conhecer um verdadeiro destino de sonho. Aquele que vai perdurar na sua memória e que o vai fazer voltar.Não tenha dúvidas. Este é um espaço para si e para a sua família, até porque no Hilton Vilamoura, a estrela é você!

25

A Quinta do Lago é o espaço onde pode encontrar o Vilar do Golf, um local sereno, tranquilo e refinado, em que o principal cartão de visita é a harmonia

existente entre moradias elegantes e com áreas espaçosas e de decoração moderna, entre jardins exuberantes, como se de um quadro pincelado se tratasse, embora a realidade não esteja na tela de um qualquer pintor talentoso, mas no domínio dos seus sentidos. A areia dourada reflete a cor, onde este aldea-mento se assume como um refúgio confortável e ideal para uma escapadela romântica ou para férias em família. Não falta nada e tudo para que tenha total prazer no período em que escolher “mimar-se”. Falar do Vilar do Golf e colocar isso mesmo em palavras é sempre um risco e sempre exíguo, até porque não há como viver uma expe-riência para a sentir e acredite, aqui, no Vilar do Golf, essa experiência irá perdurar na sua memó-ria e de certeza que vai querer voltar. As paisagens são deslumbrantes e as salas estão completamente equipadas e oferecem tudo o que vai necessitar para umas férias ou mesmo para um evento. Não falta nada. Porque o pormenor é ponto de ordem, o Restaurante Bobby Jones irá servi-lo perante uma belíssima vista pelo campo

A simplicidade e o requinte, juntas e em partes semelhantes são, sem dúvida, algo a que aspiramos, principalmente em momentos de lazer, de férias, de relaxamento, enfim, de serenidade. Encontrar esse espaço nem sempre é fácil. Mas que ele existe, disso ninguém duvide. Procuramos o mesmo. Encontramos. Como se chama? Vilar do golf! Acredite! Este é o melhor

sítio para que tenha as férias com que sempre sonhou. Mas venha connosco nesta viagem. Quando chegar ao fim, apenas uma palavra sairá da sua boca… sublime!

VILAR DO GOLf– Por si e para si

26

DESTINOS DE SONHO

de golfe da Quinta do Lago, onde verdadeiras delícias gastronómicas o aguardam. A variedade tentadora da cozinha local é mesmo isso…ten-tadora… rodeado num ambiente agradável para pequeno-almoço, almoço e jantar, estando sem-pre acompanhado por música ao vivo e entrete-nimento noturno. O Vilar do Golf tem ainda um vasto leque de atividades para desfrutar no seio da atmosfera fa-miliar do aldeamento, especialmente criadas para todo o tipo de cliente, das crianças aos adultos, du-rante todo o ano e orientadas por uma equipa pro-fissional de animadores. Demonstração culinária, observação de aves, passeios de bicicleta, desportos aquáticos, excursões, jogos de piscina, hidroginás-tica, t-shirt painting e um Creature Club com vá-

rias atividades dedicadas aos mais pequenos. Nada é deixado ao acaso. Por si e para si.

A CEREJA NO TOPO DO BOLO– DOLCE DELUxE SPA

Aqui a palavra de ordem é “mime-se”. Nada é descurado e no Dolce Deluxe Spa pode usu-fruir de tratamentos de spa de luxo, num cená-rio idílico. Os «My Time» proporcionam-lhe um conjunto vasto de massagens relaxantes e de tratamentos rejuvenescedores. Mas não fica por aqui. Tem muito mais por onde escolher e onde se pode mimar. Convencido? Sei que sim. Venha conhecer e passe umas férias absoluta-mente memoráveis. A mente não esquece e o corpo agradece.

27

A força encontra-se nas adversidades. Lu-ísa Tavares é o paradigma desta expres-são. Aos 19 anos de idade sabia que o seu caminho seria na arquitetura mas,

devido a dificuldades financeiras, pouco tempo depois, teve de abandonar o curso que estava a frequentar e procurar outras opções. Esteve ainda durante um ano em direito mas rapidamente sou-be que aquela não seria a sua vocação. Começou, então, a trabalhar em áreas bastante distintas e eis que novamente o destino lhe coloca a sua paixão por arquitetura no caminho. Em 1998, a Univer-sidade Lusíada do Porto abriu o curso à noite e Luísa Tavares agarrou a oportunidade com toda a força que lhe é característica. Ao mesmo tempo

que trabalhava durante o dia, concluiu o curso em cinco anos mas, pelo caminho, fala de alguns episódios que marcaram este percurso. “Quando estava no quarto ano nasceu a minha filha mais velha. Nasceu três dias antes das frequências e, na semana seguinte, lá estava eu na faculdade a fazer exames”, partilhou numa conversa com a Revista Pontos de Vista. Decorridos sensivelmente doze anos desde que se formou em arquitetura, Luí-sa Tavares não tem qualquer sombra de dúvidas: “esta é a minha paixão, a minha aposta ganha”. O que é que a deixa mais apaixonada por esta área? Todo o processo em si. “É interessante ver um projeto no papel, vê-lo crescer e, finalmente ter as pessoas a viver lá e a apreciar o espaço”, respon-

Luísa Tavares sempre moveu a sua vida por paixões. Mesmo perante as vicissitudes que o destino colocou no seu caminho, a arquiteta polivalente e flexível, como se define, nunca baixou os braços e lutou por tudo aquilo que hoje pode dizer que é seu. É seu

por mérito, por vontade própria e por determinação. Quem lida com ela no trabalho, descreve-a como exigente e, por vezes, fria. Fora deste contexto, mostra ser uma pessoa totalmente diferente. “No trabalho tenho uma postura a manter”, declarou Luísa Tavares, fundadora da LTavares Arquitectura, arquiteta de profissão e mãe de duas meninas por vocação. Se o dia poderia ter mais do que 24 horas? Sem dúvida. Mas, mesmo entre as suas numerosas tarefas diárias, Luísa Tavares recebeu a Revista Pontos de Vista para uma

conversa centrada no seu percurso e nas batalhas que teve de vencer para hoje, decorridos dez anos desde a sua fundação, dar a cara por uma empresa de arquitetura que disponibiliza ao cliente tudo aquilo que necessita, do início ao fim.

fAzER ARQUITETURAé viver

deu a arquiteta que não esconde o seu enorme gosto por projetar. “Sou uma arquiteta bastante versátil. Tento sempre adaptar os meus gostos aos do cliente e nem sou de me opor muito porque ao projetar uma casa estou a criar um espaço para o cliente viver, não eu. De acordo com aquilo que ele pretende, procuro conjugar os seus interesses e gostos com os meus”, explicou. Já com muitas provas dadas nesta área, Luísa Tavares tornou-se uma profissional de referência no setor muito de-vido ao empenho e dedicação que incute em cada projeto que abraça. Já deu aulas na Universidade de Aveiro e em cursos técnico profissionais de construção civil e garante estar sempre em per-manente atualização de conhecimentos. É mui-

28

LIDERANÇA NO FEMININO

Luísa Tavares

Antes

Depois

to organizada e, desde o primeiro momento em que lhe entregam uma ideia, ela pensa em todos os pormenores do projeto. Desde a estrutura, à componente térmica e a todos os detalhes fun-cionais, Luísa Tavares gosta de projetar obras que esteticamente sejam bonitas mas, mais do que isso, “quero projetos funcionais e tento aproveitar ao máximo os espaços de uma forma mais pro-veitosa”. Quando começa uma obra, a arquiteta desloca-se ao local, analisa o terreno e acompa-nha o cliente desde que lhe apresenta o terreno até ter em sua posse a licença de utilização. “Sei acompanhar todo o processo, coordeno e fiscalizo tudo. A minha empresa tem como objetivo fazer com que o cliente saia daqui satisfeito e isso aca-ba por trazer novos clientes”, salientou. Decorri-dos meses e anos a caminhar lado a lado, muitos dos que entraram na sua empresa como clientes, acabaram por sair como amigos. De que empresa estamos a falar?

O PERCURSODA LTAVARES ARQUITETURA

Depois de ter trabalhado numa multinacional, Luísa Tavares arregaçou mais uma vez as mangas e ergueu uma empresa vocacionada para projetos de arquitetura, urbanismo, engenharia, design e gestão de obras. A LTavares Arquitetura desde sempre se regeu por elevados padrões de qualida-de arquitetónica, acompanhando o cliente em to-das as fases do projeto. Num país que precisa de boas e sólidas ideias, podemos considerar Luísa Tavares uma empreendedora. Mas, para avançar

para um projeto desta natureza, é necessário ter em mente algumas preocupações que irão ditar se o projeto tem condições para vingar ou não. Nesta área de atividade, a arquiteta sabe que, hoje em dia, o elemento principal é o preço. “Temos de nos adaptar ao mercado mas, como eu faço este trabalho com gosto, não estou a pensar num projeto do ponto de vista de ganhar dinheiro. Quero ter o dinheiro suficiente para viver e para conseguir pagar aos meus colaboradores. Sei que tenho colegas que cobram bem mais do que eu mas, quer sejam pobres ou ricos, os clientes hoje querem gastar o menos possível e, assim, prefiro ter estes preços e fazer arquitetura do que estar no desemprego e não fazer nada”, afirmou Luísa Tavares. E a verdade é que, mesmo num momen-to de crise na área, muito devido às dificuldades sentidas no setor da construção civil, a LTavares Arquitetura tem muitas obras em mãos e, para já, o mercado nacional é totalmente rentável. Vencer em tempos de crise não tem qualquer segre-do. Além da qualidade do serviço prestado, Luísa Tavares destacou a facilidade de contacto que man-tem com os seus clientes. “Interajo com eles de uma forma humilde e sei que apreciam esse lado. Não gostam de pessoas arrogantes, com espírito de su-perioridade. Entro numa obra, faço qualquer coisa e cumprimento todos os trabalhadores que já me trouxeram, aliás, novos clientes”, partilhou. De todos os serviços que a LTavares Arquitetu-ra disponibiliza atualmente, Luísa Tavares não hesita: “sou perita em certificação energética e este é sem dúvida o serviço mais solicitado. É

uma área muito procurada para alugueres, ren-das e anúncios de imóveis”. A par disso, a LTa-vares Arquitetura presta ainda outros serviços, como levantamentos topográficos, ensaios acús-ticos, projetos de arquitetura e especialidades, entre outros. Para responder às necessidades dos clientes, Luísa Tavares criou recentemente outra empresa, a Arq.ltavares Unipessoal, Lda., que vai abranger todos os serviços que a LTa-vares Arquitetura disponibiliza, além de ensaios de patologias na construção e formação. “A teo-ria é toda fornecida na faculdade mas na prática ninguém sabe nada. Não sabem como se faz um sistema construtivo, por exemplo. As humidades aparecem e ninguém sabe porquê”, explicou a responsável. Esta falta de conhecimento chega, aliás, dos recém-licenciados, tal como salien-tou Luísa Tavares. “Sempre tive cá estagiários e cheguei ao ponto de contactar a Ordem dos Arquitetos para perguntar o que se estava a pas-sar. Eles chegam muito arrogantes, a pensar que sabem tudo e, por vezes, nem escrever sabem. Já tive algumas más experiências e hoje verifico tudo ao pormenor”, esclareceu. Apesar disso, a LTavares Arquitetura faz questão de ter os mais recentes profissionais da área a trabalhar consigo durante um período mínimo de um ano. Luísa Tavares está sempre a aprender e faz questão de ensinar, embora incentive o autoconhecimento

29

Serviços prestadosna LTavares Arquitectura:- Projetos de arquitetura e especialidades;- Levantamentos topográficos;- Levantamentos de interiores;- Acompanhamento/Direção/Fiscalização de obras;- Ensaios/Relatório de dados acústicos;- Adjudicação de obras/entrega chave na mão;- Certificação energética;- Avaliação de bens móveis e imóveis;- Relatórios e levantamentos de patologias e soluções construtivas.

Projeto da Rua dos Caldeireiros Moradia em Canidelo

Projeto da Senhora da Hora Projeto para a remodelação da Igreja St Anna em Praga

e permita que os seus estagiários aprendam com eles mesmos. Com onze anos de LTavares Arquitetura, Luísa Tavares olha para o passado e garante que faria tudo exatamente como fez. Contudo, a partici-pação que se verificou infrutífera num concur-so de nível internacional foi o único momento que a deixou menos entusiasmada. Este foi, aliás, uma “perda de tempo”, como recordou a arqui-teta. “Estes concursos são muito restritos, num mercado que considero viciado. Tratava-se de um concurso de recuperação de uma igreja em Praga e transformação num museu. Tinha esse sonho, fui a Praga e recolhi toda a informação de que precisava. Mas foi muito complicado conciliar o nosso trabalho do dia-a-dia com este projeto que acabou por ocupar muito do nosso tempo”, relembrou. Todavia, o sonho continua e num fu-turo, talvez não tão próximo devido ao volume atual de trabalho da empresa, Luísa Tavares volte a tentar a sua sorte por voos mais altos.

QUEM É LUíSA TAVARES?“É exatamente a mesma de há 20 anos quando trabalhei como empregada de escritório e a mes-ma que iniciou a LTavares Arquitetura. Mesmo tendo dado aulas no ensino superior, continuo a ser a mesma pessoa. A mesma força de vontade do passado continua cá”, respondeu. A formação e a constante aprendizagem são dois fatores cru-ciais para Luísa Tavares. Como tal, procura fazer contínuas formações para estar sempre atualiza-da nas áreas nas quais trabalha. Em 2008, iniciou um mestrado em construção de edifícios na Fa-culdade de Engenharia da Universidade do Porto mas, mais uma vez, a vida trocou-lhe as voltas. Com o falecimento do marido, Luísa Tavares teve de reequacionar o seu futuro e o das duas filhas, então com um e três anos de idade. O mestrado ficou a meio mas a vontade de o fazer, não pelo título em si, mas pelo conteúdo do mesmo e pelo facto de ter disciplinas específicas para constru-ção de edifício, era enorme. Hoje, Luísa Tavares confessa que tem vontade de fazer um curso de engenharia civil. “O arquiteto está um pouco mal visto porque não se preocupa com outras áreas. O arquiteto só faz projeto mas pode fazer muito mais, como segurança, fiscalização e direção em obra, higiene e segurança no trabalho nas obras,

entre outras funções. Não tenho problema em fa-zer tudo isso”, explicou Luísa Tavares que, mais do que uma arquiteta polivalente, é mãe a tempo inteiro. Não esconde o desejo de ter um dia com 48 horas e, por vezes, tem de parar no trabalho para dar atenção às filhas. Mas, o segredo está na organização e “as minhas filhas são felizes porque eu estou feliz”, concluiu.

ARQUITETO VS ARQUITETAA forma de pensar e de observar é diferente num homem e numa mulher. Em arquitetura não é diferente. “Como mulher, projeto de uma for-ma prática e como sou dona de casa não descuro pormenores que facilitam nas arrumações e, se calhar, existem muitos arquitetos homens que

30

LIDERANÇA NO FEMININO

Revista Pontos de Vista – Dos projetos com a assinatura da LTavares Arquitectu-ra, há algum que lhe tenha ficado espe-cialmente guardado na memória?Luísa Tavares – Sim, o primeiro projeto que fiz. Levantaram-se, desde logo, muitos entraves ao nível de arquitetura. Foi há oito anos e trata-se de um projeto de uma moradia que eu destaco porque julgo que é uma obra de referência. O cliente começou este projeto noutro gabinete mas uma vez que o mesmo foi chumbado por razões estéticas, contactou-me. Fiz um projeto completamente diferente, o oposto do que es-tava inicialmente previsto para o mesmo local e foi aprovado. De certo modo, consegui fazer o que o cliente pedia, com uma arquitetura completamente diferente do que era proposto. Hoje continuam meus clientes e, mais do que isso, são meus amigos.

não pensam desta forma. Mais do que bonitas, as ideias têm de ser práticas e funcionais”, defendeu Luísa Tavares. Vistas como mais racionais do que os homens, as mulheres não são, na opinião da responsável, complicadas. Aliás, “até simplificam de uma forma bastante rápida”. Pelo menos com Luísa Tavares é exatamente isso que acontece no seu trabalho. “Chego a um espaço e começo logo a idealizar. Ouço a opinião do cliente, procuro ajustar da melhor forma possível e, por norma, ficam satisfeitos”, assegurou. Com três mulheres e um homem, na LTavares Arquitetura o sexo feminino faz a força. “Um homem não é tão desenrascado como uma mulher. Eles projetam mas não pensam tanto”, defendeu Luísa Tavares que, no futuro, apesar de tudo, pretende introdu-zir mais um elemento masculino na equipa que lidera. É uma liderança feita acima de tudo por paixão e são cada vez mais as mulheres na nossa sociedade que se destacam em cargos de chefia. Quando é que se deu esta reviravolta? Os este-reótipos que outrora existiam desapareceram? “Ainda existe um pouco e na minha área sinto isso sobretudo quando entro numa obra. Mas é mais fácil, para nós mulheres, implementarmo--nos no mercado. Comecei sozinha, não tinha ninguém na minha família a trabalhar em arqui-tetura e tudo foi acontecendo por vontade pró-pria, do zero, e ser mulher nunca foi um entrave a nada até porque se me calcam sei defender-me muito bem”, afiançou Luísa Tavares. Falar do futuro com alguém que teve de ultrapas-sar duras dificuldades ao longo do seu percurso poderá ser uma tarefa árdua. Mas Luísa Tavares sabe muito bem o que deseja. “Quero que a mi-nha empresa continue a crescer de forma saudável e que os clientes saiam daqui satisfeitos. Quero ter uma empresa não apenas de arquitetura mas que consiga abranger um pouco de tudo. Que-ro que o cliente entre na LTavares Arquitetura e consiga ter aqui um pack completo. Quero que esse mesmo cliente recomende o nosso trabalho”, concluiu Luísa Tavares.

31

LIDERANÇA NO FEMININO

Contornando a crise económica, o MyjobCoach pretende promover as competências profissionais de cada cliente e ajudá-lo a enfrentar o mercado de trabalho com uma atitude baseada na confiança e na perseverança. Susana Brader, Coach e Fundadora da

marca, fala sobre o seu projeto de sucesso, que tem metamorfoseado os profissionais portugueses.

cOMPETêncIAScomo alternativa à crise

Sempre teve esta vocação, o gosto por apoiar as pessoas. E com a experiência ad-quirida ao longo dos anos, numa carreira que foi construindo pelo mundo fora, em

empresas distintas, decidiu que tinha chegado o momento de trazer para Portugal o seu conheci-mento e dar o seu contributo e apoio a uma so-ciedade em crise. Foi assim que, em 2013, nasceu o MyjobCoach, um programa que desenvolve as ferramentas necessárias a quem procura integrar o mundo do trabalho ou tem como objetivo mu-dar o seu rumo profissional. Susana Brader não dá opiniões nem muda pessoas, apenas as ajuda a utilizar as suas competências da melhor forma possível. “O meu papel é facilitar o processo, eu não tenho que dar opiniões ou sugestões”, ainda que “por vezes sejam dadas, porque é necessário motivar”, explica a coach, que se vê “como um GPS”, que direciona os seus clientes, para que es-tes “consigam chegar às respostas e aos objetivos a que se propõem”. Desta forma, o MyjobCoach tem duas vertentes principais para responder aos pedidos de quem procura o aconselhamento e a competência de profissionais de referência. Susana Brader explica que, por um lado, existe o coaching de carreira, “que dá o apoio e a motivação necessária a quem procura emprego ou uma mudança de carreira”. Neste contexto, além do coach pessoal, que, in-dividualmente, promove a forma de trabalhar as competências e a atitude correta para se incor-porar no mercado de trabalho, o MyjobCoach dispõe de uma plataforma online, que permite um apoio comunitário entre aqueles que vivem a

mesma situação. Isto é, uma comunidade virtual, “onde se trocam ideias, objetivos e sugestões” e, essencialmente, onde se pode encontrar o apoio necessário. A identidade fica de fora, uma vez que, segundo a responsável do projeto, os seus clientes, quando integram este programa, estão “fragilizados” com a situação em que vivem. Su-sana Brader entra nesta plataforma através de vá-rias temáticas, com o papel de ajudar os presen-tes a evoluírem como profissionais. Entrevistas, cartas de apresentação, currículos, entre muitos outros temas, são abordados, de forma a que, no final das oito semanas que o processo demora, os clientes do MyjobCoach sejam capazes de enfrentar o tecido empresarial com uma atitude mais positiva e confiante. Por outro lado, existem o “coaching executivo” e o “coaching de liderança”, desenvolvidos para profissionais em ascensão ou empresas que pre-tendam apostar no talento dos seus recursos hu-manos. Através do coaching pessoal ou conjunto, formações e projetos de consultadoria, Susana Brader promete a quem a procura “evoluir para a um patamar mais alto”. Este processo permitirá que o profissional se torne num “melhor executi-vo, melhor líder e melhor colaborador na profis-são que tem, na situação em que se encontra e na empresa em que se insere”, garante Susana Brader.Em qualquer dos casos, “o feedback é sempre positivo”, uma vez que quem procura o Myjob-Coach sente a mudança e a evolução profissio-nal. “Sentem que têm a ajuda de que necessitam naquele momento e que conseguem avançar no processo em que estão”, seja de procura de em-prego, mudança de carreira ou simplesmente dar o passo seguinte para atingir os seus objetivos.

OS VENTOS DE MUDANÇANUM PAíS EM CRISE

Com a atual crise económica que Portugal vive Susana Brader conta que muitas vezes as pessoas chegam ao MyjobCoach com uma atitude nega-tiva, sem perspetivas, descrentes e preocupados com o futuro. “Sentem que estão a ser exploradas e o talento e experiência que têm não estão a ser aproveitados”, partilha. Deste modo, é necessário adaptar o programa da empresa antes de abor-dar competências e objetivos, ou seja, o processo deve direcionar-se para a vertente psicológica de quem lida diariamente com uma nação desem-pregada e sem crença no futuro. Susana Brader explica que procura mostrar aos seus clientes que a sociedade mudou, o empre-go já não está ao virar da esquina e é necessá-rio “ir à luta e procurar”. Assim, tem de existir uma mudança de mentalidades “Temos de nos adaptar, e ser flexíveis até encontrarmos o nosso nicho no mercado”, garante. E, fundamental-mente, é necessário saber diferenciar-se. Além de um bom curso, que hoje em dia raramente é

diferenciador, é necessário mostrar competências distintos daquelas que desenvolvemos na nossa vida académica. “É aí que entram os soft skills, que não se aprendem nas escolas nem nas uni-versidades”, afirma a fundadora do MyjobCoa-ch. É nesse sentido que Susana Brader trabalha diariamente, para que os seus clientes consigam fazer sobressair as suas melhores competências e características únicas, ajudando-os a demonstrar o que diferencia cada um.

E SOBRE AS MULHERES…Tendo em conta o mercado de trabalho onde se insere, Susana Brader admite que ainda vê mui-tas situações de desigualdade, em que as mulhe-res são prejudicadas. "Ainda há preconceitos e ideias feitas sobre a mulher nas empresas”, assu-me. Contudo, devem ser elas mesmas a mudar uma sociedade ainda reticente ao poder femini-no. “Temos que ser nós, mulheres, a reconhecer que conseguimos e que temos sucesso”, defende. Crente numa mutação de mentalidades, Susana Brader vê o facto de cada vez mais mulheres ocu-parem “posições de liderança” como a maior pro-va de que a igualdade está cada vez mais próxima. E afirma que o papel do MyjobCoach tem sido de mostrar às mulheres que podem e devem lutar por melhores profissões e cargos.

MYJOBCOACH A CRESCERCOM OS CLIENTES

Cada vez mais focada no coaching empresarial, o MyjobCoach pretende continuar a crescer em to-dos os sentidos. Susana Brader acredita que esse crescimento será conquistado com o apoio dos clien-tes, com quem aprende e cresce diariamente.

https://pt.linkedin.com/in/susanabrader

Susana Brader

Susana Brader vê o facto de cada vez mais mulheres ocuparem “posições de liderança” como a maior prova de que a igualdade está cada vez mais próxima. E afirma que o papel do MyjobCoach tem sido de mostrar às mulheres que podem e devem lutar por melhores profissões e cargos

Nasceu há dois anos e a luta continua a ser a mesma: a arquitetura em Portugal. Deci-diram fazer parte do grupo cada vez mais pequeno de arquitetos que ficam em ter-

ritório lusitano e contrariam a extrema necessidade de emigrar para sobreviver. Admitem que o balan-ço é positivo, principalmente porque assumem um maior contributo para com a sociedade e continu-am a exercer a profissão pela qual se apaixonaram. Referem que, numa área em que a busca por mais e melhor é constante, é impossível parar. E neste sen-tido, o LA.CR.A.U não foge à regra. Procuram ser um laboratório polivalente, que abraça as vertentes distintas da arquitetura e, acima de tudo, que mar-ca a diferença na sociedade. Através de uma pre-missa que preza pela criatividade e qualidade, José Luís Fidalgo e Mariana Martins dividem-se entre consultoria, design, ilustração, reabilitação e, claro, arquitetura de habitação e urbanística. A arquite-ta assume que não sonha com um laboratório que “apenas” trabalha com determinados conceitos da arquitetura. Intriga-a o facto de algumas empresas da área optarem por vertentes específicas de uma disciplina tão “versátil” e que tanto tem para mos-trar. Assim, e através de diversas parcerias com ou-tros colegas da área e não só - porque o LA.CR.A.U trabalha em conjunto com engenheiros e designers, de forma a oferecer um serviço mais qualificado -, o laboratório oferece um acompanhamento pleno e dinâmico.

LA.CR.A.U PELO MUNDONum momento em que a crise mundial obriga a altos e baixos, acreditam que parar é morrer e, por teimosia ou paixão, continuam a trabalhar pela ar-quitetura portuguesa. No futuro, querem ver as suas

obras conhecidas e reconhecidas internacional-mente. Têm vindo a dar os primeiros passos através de concursos internacionais, onde entram não só pela possibilidade de expansão, mas também “para aprender e testar os nossos limites”, explica José Luís Fidalgo. Numa busca constante por novos co-nhecimentos e sempre atualizados, equilibrando re-alidades e utopias, querem entrar em novos merca-dos e criar uma fusão entre aquilo “que a arquitetura portuguesa já faz tão bem” e o que outras culturas têm para oferecer, explica Mariana. Admitem que têm uma enorme vontade de entrar noutros países e, assumindo a qualidade da arquitetura portuguesa e dos arquitetos mais jovens, gritar a sua presença e a presença de Portugal aos quatro cantos do mundo. Mas sendo a sensatez um dos motivos do sucesso da marca, preferem entrar de forma “ponderada” no mercado internacional. Para já, continuam a mos-trar aquilo que a nova geração da arquitetura tem para oferecer ao nosso país e marcam a diferença através de projetos únicos e excecionais, onde o so-nho se torna real.

O LA.CR.A.U – Laboratório Criativo de Arquitectura e Urbanismo nasceu em 2013 pelas mãos de Mariana Martins e José Luís Fidalgo e, assim como o nome, pretendem ser únicos e criativos. A Revista Pontos de Vista conversou com os Cofundadores do projeto para

conhecer de perto este escorpião resistente da arquitetura.

QUAnDO fIcARé mais aliciante do que partir

A ARQUITETURA NO FEMININOAinda que não propositadamente, as grandes mulheres da arquitetura foram, durante dema-siados anos, abafadas e descredibilizadas, sendo sombras das suas próprias obras. Esta é a opinião de Mariana Martins que acredita, no entanto, que esta questão tem vindo a mudar nos últimos anos, sendo já possível ouvir o eco dos nomes das grandes arquitetas portuguesas e internacionais. As últimas gerações de arquitetos já reconhecem o mérito e a qualidade das mulheres que esco-lheram a mesma profissão e seguiram a mesma paixão. Contudo, a cofundadora do LA.CR.A.U afirma que a sociedade em geral ainda não deu o passo seguinte, sendo bem provável que, durante o exercício da sua profissão, uma arquiteta reco-nheça sinais de preconceito pelo simples facto de esta ser uma mulher. Uma atitude imprópria para Mariana Martins, que acredita que “o arquiteto e a arquiteta têm de usufruir da mesma posição” e que ambos devem ser reconhecidos pela sua competência. O futuro é, no entanto, promissor e a presença das mulheres “na frente das empresas e de si próprias faz a diferença perante a socieda-de”, que se habituará a “falar com as arquitetas”, sem o olhar curioso e desconfiado. Contudo, a arquiteta afirma que “o papel do ar-quiteto na sociedade” ainda se encontra envolvi-do em demasiadas ideias pré-concebidas e, mui-tas vezes, erradas. E neste sentido, mais do que reconhecer o mérito das arquitetas, Portugal tem de começar a reconhecer o papel fundamental da arquitetura no geral.

www.lacrau.eut. 222 085 375

32

LIDERANÇA NO FEMININO

O escorpião resistenteO lacrau é o único escorpião presente em Por-tugal e é conhecido pela sua capacidade de resistência. Conhecendo o animal e as suas características, é fácil identificar as semelhan-ças, quando comparado com o LA.CR.A.U, laboratório de arquitetura. Em tom de brinca-deira, o cofundador da marca assume, através do jogo de palavras entre o lacrau escorpião e o LA.CR.A.U empresa, que a marca preten-de transmitir um aviso a outros arquitetos e mostrar quão intimidantes podem ser. Brinca-deiras à parte, a realidade é que este último lacrau tem a força e as competências neces-sárias para fazer temer qualquer marca que se assume como concorrência. Sendo uma marca que pretende continuar a “solidificar e fortalecer a sua presença”, o LA.CR.A.U con-tinuará, de forma persistente, a mostrar que chegaram para ficar e que os seus trabalhos singulares serão a sua imagem mais forte.

Mariana Martins e José Luís Fidalgo

Obra no Restaurante Grilo - Atualmente Restaurante Kayo 2, Porto, 2013

BREVES

Terra do sempre – onde a vidae as histórias se apaixonam “A Terra do Sempre, em Grândola, inaugura já no próximo 1 de julho. A 20 minutos do Carvalhal e 5 da Vila de Grândola, o novo turismo rural é um livro cheio de histórias mágicas, onde cada quarto representa um capítulo. Alice, Peter Pan, E foram felizes para Sempre, Romeu e Julieta, Mil e uma Noites, Tom Sawyer e Robin Hood são as histórias que inspiraram os sete quartos do hotel, ilustrados por Alexandra Prieto e divididos em três áreas destintas. Pensados para escapadinhas a dois ou em família, os quartos têm frente em vidro, com campo a perder de vista, são arejados e cheios de luz e estão todos preparados para verão e inverno. Seja na casa principal, no casão agrícola ou nas cabanas de madeira sob estacas, todos oferecem uma enorme privacidade, ideal para descontrair longe da cidade”.

douro voa até ao

brasil

O Brasil vai receber os melhores vinhos do Douro já no próximo mês. Numa iniciativa que resultou da candidatura a fundos comunitários e que tem como nome “Há um rio que começa no Douro e termina no Brasil”, diversos representantes vitivinícolas pretendem promover as valências da região e maximizar a visibilidade a nível internacional. Entre os dias 8 e 11 de junho, o turismo, os vinhos, a gastronomia e a cultura do Douro serão os temas de destaque desta iniciativa promovida pela Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes.

Primavera sounddá música à cidadedo Porto

No dia 4 de junho, o Parque da Cidade, no Porto, volta a abrir as suas portas ao NOS Primavera Sound, que durante três dias vai encher a cidade de música e animação. Com grandes nomes nacionais e internacionais, como Interpol, Antony and The Johnsons, Ride, Manel Cruz e Bruno Pernadas, o festival promete dar as boas-vindas ao Verão da melhor forma possível. Os concertos começam no dia 4 de junho, mas os fãs do festival podem começar a sentir o poder do NOS Primavera Sound logo no dia 3, nas Fontainhas. Cícero e Regula prometem dar início a este festival com a melhor música, num evento de entrada livre, que começa às 18 horas.

33

Para que uma empresa apresente um bom desempenho e transpareça uma exemplar organização interna, a aposta na gestão de documentos e processos é um caminho

que deve invariavelmente ser seguido. É com esta visão que surge a AdeA, uma multinacional vo-cacionada para a Gestão Documental com uma posição muito consolidada a nível da Península Ibérica e América Latina. Fundada em 1999, em Espanha, a AdeA iniciou a sua atividade no mercado português em maio de 2011. Além de uma vasto leque de serviços de consultoria docu-mental, a AdeA trouxe na bagagem uma filoso-fia de trabalho que introduz em tudo o que faz: “neste mundo não existe nenhuma tarefa impos-sível a nível documental, basta defini-la, que nós executamo-la, somos AdeA”. E, ser AdeA é isso mesmo. É contar com um parceiro com uma ex-periência amplamente reconhecida no mercado e que, com a máxima segurança, rapidez e flexibi-lidade, reduz os custos efetivos e diretos desde o início das operações.Mas ninguém melhor do João Ricardo Serra, Di-retor Geral da AdeA em Portugal, para nos fa-lar da primeira e única entidade no nosso país a operar com a certificação de Segurança da Infor-mação (ISO 27001). Com instalações modernas com sistemas de segurança máxima com contro-lo de última geração e com sistemas de deteção e alarme de incêndio e inundações de ponta, um aspeto é garantido logo à chegada: ninguém entra no perímetro envolvente àquelas instalações sem aviso prévio e sem se identificar. Além de toda a componente jurídica assegurada através dos con-

Desmaterialização de Processos, Business Process Outsourcing ou Custódia de Arquivos, além de serem algumas expressões que diariamente vão estando presentes na realidade de muitas empresas, são o quotidiano de uma das multinacionais de

maior referência na prestação de serviços de gestão documental. Foi no Montijo que a Revista Pontos de Vista foi recebida pelo Diretor da AdeA, João Ricardo Serra, que nos levou numa visita guiada pelos espaços mais secretos das instalações. Entre caixas

codificadas, dispersas por infindáveis estantes, é impossível, para o mero visitante, saber o que elas escondem. Em contrapartida, aquela equipa, apesar de nem sempre ter conhecimento em concreto do conteúdo das mesmas, têm tudo minuciosamente

registado e organizado, com a máxima confidencialidade e segurança. Presente em Portugal, Espanha e Colômbia, a multinacional tem demonstrado vontade em investir no mercado português que está cada vez mais desperto para as mais-valias da gestão

documental e, como o sonho comanda a vida, João Ricardo Serra poderá ver brevemente um velho desejo concretizado: conseguir com que a AdeA chegue à região norte do país.

GESTãO DOcUMEnTALnão é só guardar papéis e caixas

UM CASO DE SUCESSONA gESTÃO DOCUMENTAL

Dia Internacional dos Arquivos (9 de junho)“Não compete apenas às entidades estatais a responsabilidade de preservar a memória fu-tura das organizações. Nas empresas com as quais trabalhamos existe sobretudo informa-ção administrativa, mas quando há documen-tação histórica, compete-nos garantir e preser-var a informação das mesmas. Cada vez mais a sociedade vai estar desperta para estas nu-ances e para a necessidade de prestar este tipo de serviço. Num momento em que se fala em celeridade de processos, são entidades como a AdeA que podem ajudar as organizações a re-solver os seus problemas”.

(João Ricardo Serra) João Ricardo Serra

34

tratos de prestação de serviços, esta é, aliás, uma das formas a partir das quais a AdeA assegura ao seu cliente o máximo sigilo e segurança. Mas esta confiança é conquistada com os próprios olhos. “O potencial cliente chega até nós, lança-nos o desa-fio e a AdeA começa a trabalhar com ele na base da confiança. Ele pode sentir in loco todo o traba-lho e, por fim, terá contacto com as referências que existem sobre a nossa organização”, explicou o res-ponsável. Assim, logo à entrada, a AdeA assume total transparência, deixando-os confortáveis para que não haja hesitação no momento de confiar a esta entidade o seu core, as suas documentações e basicamente toda a informação que faz parte do ADN da empresa. Em suma, “o espaço é deles”, afiançou João Ricardo Serra. A partir do momento em que entrou no mercado português, a AdeA, com uma experiência de dez anos de gestão documental, tem procurado assu-mir uma postura diferenciadora. Uma diferença que começa, aliás, dentro das suas próprias ins-talações. “A AdeA não tem trabalho temporário nem recibos verdes. Tem colaboradores com con-trato de trabalho e é também essa tranquilidade e conforto que queremos transmitir na prestação de serviços ao nosso parceiro”, explicou. Cada caso é um caso e esta equipa multidisciplinar adapta a sua metodologia às necessidades de quem está à sua frente. A trabalhar essencialmente com dois

principais setores de atividade, banca e segurado-ras (cerca de 70%), a AdeA desenha equipas para clientes. Por outras palavras, João Ricardo Serra avançou com um exemplo bastante concreto: “o cliente bancário A sabe perfeitamente quem são os colaboradores que trabalham com os seus pro-cessos e consegue, por isso, identificar um rosto por trás da AdeA falando para tal a linguagem”. Além disso, esta equipa aproxima-se dos seus parceiros mesmo a nível comunicacional, falando a linguagem dele e dizendo aquilo que ele enten-de e quer ouvir. É com esta postura diferencia-dora e personalizada que a AdeA tem crescido a olhos vistos. Se em 2000 com apenas uma insta-lação em Azuqueca de Henares tinha em carteira menos de 20 clientes, 14 anos depois estamos a falar em cerca de 850, dispersos por dez insta-lações (seis em Madrid, duas em Canárias, uma em Lisboa e outra em Bogotá). Também ao nível dos recursos humanos o crescimento é notório. Dos 16 colaboradores iniciais, hoje temos uma rede global composta por 215 pessoas a vestir a camisola AdeA.

PANORAMA DO MERCADO NACIONALA partir do momento em que iniciou as suas operações em Portugal, a AdeA abraçou a missão de desmistificar uma ideia há muito instalada no setor. “Quando se fala em gestão documental as-

socia-se ao ato de guardar papel e caixas. Não há nada mais errado”, explicou João Ricardo Serra. O que significa, então, gestão documental? Um documento não tem necessariamente de ser um pedaço de papel. “No caso de uma seguradora, por exemplo, os contratos são muitas vezes sela-dos por um contact center. Por isso, nestas situa-ções gestão documental não é um papel mas sim um ficheiro em formato mp3 ou wave, por exem-plo. No caso de um hospital, podemos estar a fa-lar de uma prótese. No caso de uma petrolífera, temos uma perfuração de um fosso de petróleo, por exemplo. A pedra que eles retiraram de uma perfuração é, para eles, o documento”, exemplifi-cou o responsável. Gestão documental é, por isso,

35

AdeA em números:- gestora da informação de mais de 60% das empresas do IBEx 35 (principal índice de refe-rência da bolsa espanhola);- Cerca de 14,4 M€ em vendas em 2014;- Mais de 215 profissionais;- Mais de 125 000 000 documentos em custódia;- Mais de 500 000 documentos digitalizados e indexados/mês;- Mais de 850 000 documentos arquivados/mês;- Mais de 7800 consultas de documentos/mês.

algo mais do que guardar papel. Assim, desde a criação do documento até à destruição do mesmo (destruição certificada e confidencial), a AdeA completa o ciclo da gestão documental. Por outro lado, mais do que ser um parceiro na gestão documental, a AdeA assume-se como uma “gestora da mudança”. Se um cliente vai mudando o seu foco de atividade, a AdeA vai caminhando ao lado dele, com os altos e baixos associados, so-frendo na pele as mesmas “dores”. A flexibilidade dos seus parceiros é, por isso, um desafio perma-nente, ao qual, através de um serviço otimizado, maleável e com elevado grau de automatização, tem conseguido dar resposta a uma procura cada vez maior. Neste seguimento, nos últimos dois anos, a empresa introduziu duas novas áreas de negócio que têm dado os seus primeiros frutos. Por um lado, o printing finish surgiu natural-mente por necessidade de um cliente que recorria a este serviço a uma empresa fora do país onde atua. Por outro lado, a AdeA começou a posicio-nar-se naquilo que será o mercado no futuro: a

desmaterialização dos processos e o documento eletrónico. “Temos a capacidade de prestar este serviço aos nossos clientes com toda a confiden-cialidade, para que eles depositem nos nossos servidores os seus ficheiros”, explicou. Apesar de a posição inicial de alguns clientes ser de des-confiança, a verdade é que depois de conhecerem as mais-valias deste serviço acabam por aderir, o que num mercado competitivo contribui para a redução de custos, otimização dos recursos dis-poníveis e para o aumento da produtividade.

ADEA: PORTUgAL, ESPANHA E COLôMBIACom capital próprio, a AdeA está presente em três principais países: Espanha, Portugal (2011) e Colômbia (2014), estando ainda na Argentina e no México, através de joint venture. Da Europa para a América Latina, são notórias as diferen-ças. Mas João Ricardo Serra não esconde que o mercado colombiano tem sido uma “agradável surpresa”. “É um país repleto de oportunidades. Vemos a Colômbia a crescer três vezes mais do que muitos países da União Europeia e a AdeA decidiu dar o primeiro passo mas, naturalmente, estamos a falar de projetos que não crescem de hoje para amanhã”, afirmou.A nível de projetos de gestão documental, Por-tugal, comparativamente com outros mercados com a presença da AdeA, ainda está a consolidar esta atividade. Se em terras lusas existem cerca de seis empresas a operar nesta área, na vizinha Espanha é possível contabilizar aproximadamen-te 30. Apesar dos números, “são dois mercados evoluídos, onde as empresas e os clientes sabem exatamente o que querem, são anos de prática e de experiência”, defendeu João Ricardo Serra e, em cada um desses mercados, a AdeA, através de uma metodologia muito própria e adaptada às necessidades locais, procura ser a parceira ideal na gestão da informação.

gESTÃO DOCUMENTALÉ UM PROCESSO ONEROSO?

Para muitos a gestão de arquivos pode ser uma tarefa complexa, onerosa e exigente. Do passado chega-nos, aliás, a imagem de um trabalhador nas catacumbas dos arquivos, perdido entre in-findáveis resmas de papel, como se de um castigo se tratasse. Hoje a realidade é outra. “A gestão documental é algo que faz parte da tomada de decisão de uma organização. Uma gestão de conteúdos célere é vantajosa para todas as partes e hoje há uma desmistificação das pessoas que trabalham nos arquivos. Tendo a informação na ponta dos dedos, as organizações fluem e funcio-nam da melhor forma”, defendeu João Ricardo Serra. Todavia, apesar desta substancial mudança de consciência, do insuficiente aproveitamen-to de recursos à desorganização da informação, existem alguns problemas facilmente detetáveis no seio das empresas. Para começar, João Ricar-do Serra acredita que deve existir a sensibilidade, que nem sempre se verifica, de cortar as “gor-duras das empresas”. A informação deve estar acessível. Este é o ponto crucial. “Muitas vezes os nossos clientes até podem olhar para os servi-ços que a AdeA presta como dispendiosos. Mas, quanto tempo demora a procurar determinada informação? Quantos recursos gasta para saber onde está? Gestão documental não é assim tão cara e toda a facilitação no acesso à informação é importante para empresas ou profissionais”, ressalvou o responsável. À AdeA continuará, por isso, a competir a responsabilidade de trabalhar para ser a opção de empresários e entidades neste tipo de serviços e Portugal, na esfera desta multi-nacional, continuará a ser uma forte aposta. Para breve, além das instalações no Montijo, a AdeA Portugal poderá ter novas instalações na região norte do país. Diariamente João Ricardo Serra e a sua equipa lutam para que assim seja.

36

Serviços AdeA:- Business Process Outsourcing;- Business Process Management;- Centro de Conferência de Faturas;- Consultoria Documental e Tratamento Ar-quivístico;- Custódia de Arquivos;- Desmaterialização de Processos;- Destruição Documental Certificada e Confi-dencial;- Digitalização de Documentos;- gestão Documental Eletrónica;- gestão e Custódia de Suportes Magnéticos e óticos;- Impressão, Envelopagem & Expedição.

UM CASO DE SUCESSONA gESTÃO DOCUMENTAL

Esteve durante 15 anos nas funções de Vice-Pre-sidente da autarquia de Vila Nova de Cerveira, tendo, em 2013, vencido as eleições numa lista independente. Passados dois anos, o que mudou consigo à frente das lides da autarquia de Vila Nova de Cerveira?Mudaram as pessoas e, consequentemente, mu-daram os conceitos e ajustaram-se as perspetivas. Em termos de gestão autárquica, e em antago-nismo ao que é prática emergente da legislação autárquica, nós procuramos implementar uma gestão mais focada no coletivo e menos na figura presidencial, com o executivo sempre disponível para Cerveira e para os cerveirenses.

A Inovação e Modernização, Reabilitação do Pa-trimónio, Área Social e Associativismo Jovem são quatro segmentos aos quais foi dada maior aten-ção. De que forma é que estes quatro pilares são fundamentais para a região? Desde o início do mandato que procuramos estar atentos a várias áreas, colocando a tónica na ges-tão de proximidade e em interligação com as for-ças vivas locais. Do jovem ao idoso, do residente ao visitante, todos nos preocupam. A valorização da nossa terra tem de estar alicerçada nas suas pessoas, por isso estes quatro pilares enunciados constituem-se como vetores daquilo a que nos propusemos: proximidade, solidariedade, trans-parência e atratividade.

A abertura ao mundo é hoje quase uma «obriga-ção» por parte de qualquer região lusa, sendo que Vila Nova de Cerveira não «foge» a esse de-sígnio. Neste sentido, que importância tem para Vila Nova de Cerveira a Agenda Estratégica para a Cooperação Transfronteiriça Cerveira-Tomiño e quais as prioridades e projectos comuns?A elaboração e concretização de uma Agenda Estratégica Cerveira-Tomiño é fundamental, pois queremos que este novo quadro comunitário potencie oportunidades para uma maior intera-ção entre as duas margens do rio, como fator de desenvolvimento socioeconómico e como apro-veitamento do manancial enorme que é o rio Mi-nho. Para o futuro, há vários projetos em cima da mesa, mas destacamos o Eco-Parque Transfron-teiriço com mais de 15ha de área disponível, para fomentar o conceito de ‘um destino, dois países’.

Localizado no distrito de Viana do Castelo, o concelho de Vila Nova de Cerveira é hoje um espaço onde se respira qualidade de vida e desenvolvimento, onde a cultura é, cada vez mais, uma forma de estar, onde se «respira» um sentido de comunidade, onde o valor

pela terra está alicerçado nas pessoas e nos desafios culturais, numa vila que é conhecida como «Vila das Artes». A Revista Pontos de Vista foi visitar Vila Nova de Cerveira e conversou com Fernando Nogueira, Edil da autarquia, que é uma das personalidades mais

conhecedoras do concelho. Ao longo desta conversa, percebemos o que tem sido feito na região, dando também ênfase à 18.ª edição da Bienal de Cerveira, que este ano se realiza de 18 de Julho a 19 de Setembro, um evento a que não pode faltar.

300 ARTISTAS, 33 PAíSES, cERcADE 500 ObRAS DE ARTE E MUITO MAIS…

o que é? bienal de cerveira

38

BIENAL DE CERVEIRA

Que convite gostaria de fazer a todos aque-les que ainda não conhecem o concelho de Vila Nova de Cerveira?É simples, visitem o concelho em qualquer época do ano e em qualquer dia da semana porque en-contrarão sempre motivos e novos desafios, com garantia de serem recebidos com simpatia!

Fernando Nogueira

A Cultura e o Turismo têm sido também dois fo-cos fundamentais na sua gestão. Neste âmbito, quais são neste momento as principais lacunas que ainda identifica no concelho ao nível destes dois segmentos? O que tem sido realizado para que ambos sejam desenvolvidos e assim atraiam mais visitantes?O projeto cultural nunca está acabado e na ‘Vila das Artes’ muito menos. É sempre um desafio e uma ambição o desenvolvimento de novas abor-

dagens culturais, apostando em atividades que ajudem a trazer a Cerveira um turismo qualifica-do e diversificado e que contribuam para vencer as dificuldades conjunturais que a região atraves-sa. Também acredito que não é com a ação de um só município que as conseguiremos ultrapassar, a região no seu todo tem de desempenhar um papel interventivo para que a promoção e oferta turística se consolide, evitando a competição en-tre municípios.

O Município de Vila Nova de Cerveira encara esta área funcional como um fator de desenvolvimento socioeconómico do Concelho. Conhecida por “Vila das Artes”, Vila Nova de Cerveira apostou na ani-mação cultural enquanto “produto” turístico que se quer de excelência e que, no contexto nacional e internacional, é hoje uma marca incontornável, que distingue o Concelho e o promove. De que for-ma têm conseguido chegar a mercados externos? Isso é fundamental na estratégia da autarquia?

39

Cerveira ‘Vila das Artes’ é uma marca amplamente reconhe-cida e é preciso continuar a dar-lhe sustentabilidade e proje-ção com qualidade. Eventos como a Bienal, o ‘Crochet Sai à Rua’ aliados à riqueza patrimonial edificada e natural, levam o nome de Cerveira aos vários cantos do mundo, cativando pú-blicos novos, mas também alcançando o mercado da saudade, os nossos emigrantes.

Sente que a comunidade cerveirense compreende este enfo-que que é dado à vertente do turismo e da cultura? De que forma são também eles essenciais para que o concelho consi-ga promover o seu desenvolvimento?Sim, se numa fase inicial houve alguma relutância no pro-cesso de consolidação de Cerveira ‘Vila das Artes’, hoje sen-timos que já é um anseio da maioria dos cerveirenses, tendo inclusivamente um forte envolvimento em atividades cultu-rais e de promoção turística.

Como tem a autarquia promovido esta relação com a comuni-dade cerveirense? O princípio deste executivo é aliar, sempre que possível, a dinamização dos eventos culturais com o envolvimento da população, convidando e incentivando a uma participação ativa, e o feedback tem sido bastante positivo.

São eventos como o espetáculo do «Cerveira Acústica», a re-alizar nos dias 8 e 9 de Agosto, que funcionam como pólo de atratividade à comunidade local e a visitantes/turistas? O que podemos esperar do Cerveira Acústica 2015? São estes e muitos outros eventos culturais que primam pela qualidade e diversidade de oferta onde queremos continuar

40

BIENAL DE CERVEIRA

Que novos desafios estão presentes para o futuro de Vila Nova de Cerveira?Um autarca nunca se pode dar por satisfeito com a obra fei-ta ou em curso, mas se resumirmos o pensamento, temos de continuar a trabalhar para criar condições para os cerveiren-ses viverem cada vez com mais qualidade e satisfação.

a apostar, de forma a envolver todos os públicos e promover o conceito de Cerveira ‘Vila da Artes’. Este ano privilegiamos nomes nacionais como Dul-ce Pontes e Yolanda Soares nas Noites de Fado (18 e 25 de julho), e Miguel Araújo e Teresa Salgueiro para o Cerveira Acústica (8 e 15 de agosto). Mas o Verão em Cerveira é recheado de muitas outras iniciativas e artistas que convidam a uma visita.

Será legítimo afirmar que a Bienal de Cerveira, que se realiza a cada dois anos em Vila Nova de Cerveira, desde 1978, é o ex libris do que representa a cultura para a região? Sendo a 18ª bienal e mais antiga da Península Ibérica, é evidente que quere-mos que se afirme cada vez mais como um ex-libris da nossa cultura.

A 18.ª edição da Bienal de Cerveira, realiza-se este ano de 18 de julho a 19 de Setembro. O que podemos esperar este ano deste evento?Diversidade cultural, qualidade, muita participação, continuidade da tradição de grande interatividade arte-artistas-visitantes, profissionalismo na organiza-ção são os ingredientes para a cada vez maior projeção internacional do evento.

Vila Nova de Cerveira, por via deste evento, tem recebido nas últimas edições, entre 80 mil a 90 mil visitantes, para ver obras de cerca de 250 artistas portu-gueses e estrangeiros. Que impacto tem este evento no país e a nível interna-cional? Na sua opinião, o que ainda falta para continuar a levar e elevar este certame de enorme relevância? 300 artistas, 33 países, cerca de 500 obras de arte são a receita para concre-tizar o objetivo de aumentar o número de visitantes, dando-lhe dinâmica e impacto para continuar a afirmar a bienal como um dos eventos culturais mais relevantes do país. Mas como não há “bela sem senão”, a falta de mais apoios institucionais condiciona a ambição de uma maior projeção que tem de ser ultrapassada, procurando potenciar protocolos com outros horizontes, nomeadamente fora do continente europeu, com especial enfoque nos países da CPLP.

41

seja, se historicamente temos uma rica tradição na vitivinicultura, porque não ser o mote para reativar uma atividade com forte potencial eco-nómico para o concelho. Com este protocolo, demos o primeiro passo, mas cabe às entidades competentes e aos agentes económicos permitir que este filão se concretize e seja uma mais-valia para o Município.

“Olhar o passado para construir o futuro” será o tema da edição deste ano, e visa “identificar os saberes e tradições da região para apresentar so-luções de identificação contemporânea”. Porquê a aposta neste tema? De que forma é importante criar nas faixas etárias mais jovens a curiosidade e o interesse por este evento? O que tem sido rea-lizado no âmbito dos mais jovens?Identificar os saberes e tradições da região refleti-das nas edições anteriores, de forma a perspetivar uma maior modernidade no futuro é o mote do tema selecionado para a 18ª Bienal de Arte. As atividades só têm sucesso e futuro se conseguir-mos cativar os jovens, pelo que têm sido dina-mizados grupos de reflexão com jovens e comu-nidade em geral para poder reorientar o destino da bienal.

Danae Stratou, casada com o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, é uma das artistas convidadas a participar na 18.ª edição da Bienal de Cerveira, de 18 de julho a 19 de setembro. São estes “ingredientes” internacionais que conferem maior notoriedade ao evento e consequentemen-te ao concelho? Sim, mas não é este o fim em si. O que nos in-teressa é a qualidade artística, mas também dar visibilidade aos eventos e, por vezes, o reconheci-mento de artistas ajuda.

O Município de Vila Nova de Cerveira e a Confraria dos Vinhos Verdes subscreveram um protocolo de colaboração em defesa da identidade, da cultura e da economia da região alto-minhota e, mais

42

BIENAL DE CERVEIRA

particularmente, do concelho cerveirense. Este poderá ser visto como o primeiro passo para re-acender a forte tradição vitivinícola de Vila Nova de Cerveira? O que falta neste capítulo? A identidade de uma região constrói-se com múltiplos fatores e em matéria vitivinícola pare-ce adaptar-se perfeitamente ao tema da Bienal “Olhar o passado para construir o futuro”, ou

O aplicador é um burocrata desinteligente. Apenas o legislador pode criar, modificar ou acabar. O aplicador, em vez de se pre-ocupar com o que a lei pretende, preocupa-se com o que está escrito (a posição da vírgula na frase). Isso torna a aplicação lenta

e o aplicador num técnico de encaixe, obrigando a alterações legislativas.Vejamos como a nova lei do Fundo de Garantia Salarial “nada” mudou.Comecemos pelo passado deste Fundo, que é o direito a requerer, junto da segurança social, o pagamento dos créditos laborais, sobre o empregador que se tornou incapaz de os satisfazer.Pelo Decreto lei 50/85 de 7/2, foi criado um Sistema de Garantia Salarial, para assegurar o pagamentos das retribuições devidas e não pagas pelo em-pregador declarado extinto, falido ou insolvente. Vigorava o Código dos Processos Especiais de Recuperação da Empresa e de Falência (CPEREF) que no seu artigo primeiro, ponto um previa a recuperação e no ponto dois prescrevia que a empresa insolvente seria declarada falida quando não economicamente viável. Destarte, o contrato de trabalho cessando, havia lugar à aplicação do Sistema em situação de insolvência, na de falência e se a entidade empregadora fosse declarada extinta, por outra forma.Os máximos a pagar eram o triplo da remuneração mínima garantida (RMG), respeitando os últimos 4 meses dos 6 meses anteriores àquela de-claração sobre o empregador.O Decreto lei 219/99 de 15/6 rebatiza o Sistema em Fundo que assegura o pagamento de créditos da cessação do contrato, quando o empregador esteja em insolvência ou em situação económica difícil e corra contra ele uma ação do CPEREF. O trabalhador já só pode usufruir se a empresa for declarada falida ou insolvente e já não se for extinta e passa a ser especifi-cado que os créditos são os laborais, vencidos nos 6 meses que antecedem a propositura da ação do CPEREF: retribuição, subsídios de férias, de Natal e indemnização ou compensação por cessação do contrato.A oportunidade desta matéria é que em 21/4/2015 foi publicado o Decreto--Lei n.º 59/2015 que agrega toda a matéria sobre o Fundo de Garantia Salarial.O que vem escrito neste novo diploma que não vinha no anterior?O Fundo passa a abranger assalariados, nacionais ou estrangeiros, desde que exerçam, ou tenham exercido habitualmente, em Portugal, ao servi-ço de empregador com atividade no território de dois ou mais Estados--Membros, ainda que o empregador seja declarado insolvente por quem competente de outro Estado-Membro.Passa a abranger trabalhadores em empresas com planos de revitalização, de recuperação, do Processo Especial de Revitalização (PER) e do Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial (SIREVE).Cria um direito transitório que permite o acesso aos trabalhadores que te-

fUnDO DE GARAnTIA SALARIAL

nham apresentado requerimentos entre 1/9/2012 e 1/5/2015 ou na pen-dência de um PER, conquanto abrangidos por plano de insolvência, com sentença, em processo de insolvência, mediante reapreciação oficiosa.Cria a situação de abuso deste Fundo permitindo a recusa do pagamento dos créditos, como em casos de conluio ou simulação.A crítica que aqui se faz é que essa alteração não tem mudança. Um apli-cador inteligente da lei anterior não devia interpretar aquela de forma dife-rente do que está escrito na nova lei. A lei não deve ser um manual de ins-truções e o pormenor corrompe a sua compreensão / aplicação a situações novas. O pormenor torna-as incapazes de prever o imprevisível.Sob pena de produzirmos leis que mal conseguimos usar. Vejamos neste âmbito como calcular a compensação a dar ao trabalhador despedido em caso de despedimento coletivo – ver o artº 366º do Código de Trabalho:1 - … o trabalhador tem direito a compensação correspondente a 12 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade.2 - A compensação prevista no número anterior é determinada do seguinte modo: a) O valor da retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador … não pode ser superior a 20 vezes a retribuição mínima mensal garantida;b) O montante global da compensação não pode ser superior a 12 vezes a retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador ou, quando seja aplicável o limite previsto na alínea anterior, a 240 vezes a retribuição mí-nima mensal garantida;c) O valor diário de retribuição base e diuturnidades é o resultante da divi-são por 30 da retribuição base mensal e diuturnidades;d) Em caso de fração de ano, o montante da compensação é calculado proporcionalmente.Um trabalhador contratado em 1/7/2001 e despedido hoje, auferindo € 800,00 mensais desde o primeiro dia. Quanto tempo demora o leitor a calcular o valor correto a pedir ao Fundo?

FUNDO DE GARANTIA SALARIAL

A hiperlegislação torna as instituições igualitárias, mas lentas e pouco inteligentes. O nosso legislador transformou-se

num adivinho do inimaginável para que o aplicador tenha menos liberdade de escolha. Reduzindo as desigualdades de

tratamento, o legislador é obrigado a prever o imprevisível, com a sensação de que tudo o que não está escrito é proibido.

A OPINIÃO DE Túlio Machado Araújo, Partner da Túlio M Araújo, Cristina Castro & Associados

43

As empresas familiares têm a grande mais-valia de se permitirem ter um know-how e uma experi-ência que atravessam décadas de gerações e uma paixão que garante a continuação e a persistên-cia de uma marca. A Lusoforma é um bom exem-plo disso. Teve origem na Aluforma, fundada em 1976, e conta com quase quatro décadas de exis-tência. De que modo a questão familiar impulsio-nou o sucesso da marca?São bastante diversas as razões pelas quais po-demos falar do sucesso das Empresas Familiares. “A necessidade aguça o engenho”, será este o mote, a mola que, muitas vezes, constitui o fa-tor diferenciador gerador de empresas sólidas e competitivas. A esta história, a Lusoforma não é indiferente. Não é fácil separar o que somos, em família, daquilo que levamos para a empresa. A vontade, como do primeiro dia se tratasse, o não querer falhar, provando que somos dignos de ali estar, o orgulho do caminho percorrido, como se o tivéssemos trilhado também, de tudo isso somos testemunhas, guardiões incansáveis desse segredo guardado a sete chaves com que, afinal, apreendemos a lidar, o trabalho!

A empresa foi considerada PME Excelência em 2014 pelo IAPMEI. A qualidade e o desempenho permitiram conquistar um dos galardões mais

ambicionados pelas pequenas e médias empre-sas. O que significa esta conquista? De que forma o facto de serem uma empresa familiar permitiu atingirem este objetivo?Numa empresa familiar, a tendência para seguir o modelo inicial é muito forte porque está ali-cerçada naquilo que os pais ou avós construíram. Mas esta atitude, muitas vezes bem intencionada, pode conduzir a alguma cristalização da orga-nização. E a verdade é que para se montar uma fábrica ou qualquer outro projeto a partir do zero, uma das qualidades determinantes é a capacidade de iniciativa, o empenho e a determinação a que acresce o domínio das competências inerentes à área de atividade. Por isso, a melhor forma de homenagear os an-tecessores é seguir o seu exemplo de empreende-dorismo mantendo uma visão de futuro e capa-citando a organização para enfrentar os desafios que surgem pela frente.Ver o nosso trabalho reconhecido com a atribui-ção dos prémios PME Líder e PME Excelência com que, desde 2008, o IAPMEI nos vem dis-tinguindo, é motivo de enorme satisfação. Mas, acima de tudo, é o reconhecimento do trabalho que temos vindo a desenvolver. E a melhor forma de homenagear aqueles que nos antecederam à frente dos destinos da empresa.

Líder na produção e comercialização de embalagens descartáveis de alumínio, a Lusoforma encontra-se presente em todas as cadeias alimentares portuguesas. O reconhecimento nacional é comprovado pelo IAPMEI, que, desde 2008, tem distinguido a marca

com o prémio de PME Excelência e PME Líder. Bernardo Teotónio Pereira, Administrador-geral da marca, acredita que o sucesso advém do esforço diário por seguir dignamente o percurso feito pelas gerações anteriores. Conheça a história desta empresa familiar,

que tem a paixão pelo trabalho como maior herança.

EnSInAMEnTOS DO PASSADO,qualidade do futuro

As empresas familiares representam 70 a 80% do mercado português e contribuem em grande escala para a economia nacional. Acreditam que o sucesso económico de um país passa por este tecido empresarial?Todas as empresas têm a sua história. A histó-ria de uma empresa é o conjunto de factos que assinala a sua evolução ao longo do tempo. Mas o que distingue as empresas familiares de todas as outras é o facto de terem uma memória. Uma memória que transporta valores e princípios, um know-how muito próprio mas, acima de tudo, rostos. As figuras dos seus fundadores. Pessoas inspiradoras que souberam criar o que não exis-tia. Muitas vezes a partir do nada. As Empresas Familiares representam cerca de 80% do tecido empresarial português e, dizem as estatísticas, metade não passa da 2ª geração. Por isso, a transferência de poder entre gerações é sempre um dos momentos mais críticos na vida de uma empresa familiar e, neste proces-so, a passagem da 1ª para a 2ª geração é a mais crítica. Porque se trata da primeira passagem de testemunho. É o momento onde a organização deixa de contar com aqueles que lhe deram ori-gem. Uma verdadeira passagem de testemunho. A grande prova de fogo de uma nova equipa de gestão.

44

EMPRESAS FAMILIARES

Lusoforma - Administração da esquerda para a direita: Gonçalo Teotónio Pereira, Bernardo Teotónio Pereira, Marcos Teotónio Pereira

A Lusoforma soube ultrapassar essa fase refor-çando os valores que lhe deram origem e hoje, com a 2ª geração na liderança, a empresa conti-nua a crescer e a apresentar excelentes resultados.

Comparativamente com outras empresas, que não possuam um background familiar, que vantagens encontram em marcas como a Lusoforma? Pode-mos dizer que o potencial é diferente quando se trata de uma empresa que atravessa gerações?Na Lusoforma produzimos formas descartáveis em alumínio, mais de 130 milhões de unidades são, anualmente, entregues aos nossos clientes. Fomos pioneiros a nível nacional e, hoje, exporta-mos 30% dessa produção. Países como Espanha e Angola são os mais significativos. Apostamos for-temente no serviço ao cliente. Por isso, para uma gestão mais próxima de cada cliente, quisemos certificar o nosso sistema de Gestão da Qualidade, foi o que fizemos em 2003, através da APCER.

A qualidade, pela qual é conhecida a empresa, é uma consequência de uma constante procura pela inovação e desenvolvimento. Em 2010, em parceria com o ISEL, integraram um projeto sobre Aplicações Avançadas de Potência Pulsada, que visa criar campos de tensão de corrente muito elevados em curtos espaços de tempo. A inova-ção e modernização são papéis fundamentais no êxito da vossa marca?A aposta na Inovação e Desenvolvimento é um dos pilares da nossa estratégia de desenvolvimento e uma das principais razões do sucesso da Luso-forma. O investimento em I&D resulta da neces-sidade de dominar os processos mas igualmente

de uma procura sistemática de novas soluções que contribuam para o aumento da qualidade da nossa oferta e dos nossos produtos. O “engenho”, anteriormente referido, permitiu à Lusoforma um crescimento sustentado, já que fomos construindo o parque de máquinas à medida das necessidades. E, fomos construindo, entenda-se; projetámos, desenhámos e montámos cada máquina com que operamos na Lusoforma. É com este espírito que temos consolidado o nosso crescimento.

Encontram-se fortemente presentes em todas as cadeias alimentares portuguesas. A abertura de lojas Lusoforma, com destaque exclusivo para os vossos produtos, passa pelo futuro da empresa?O nosso foco é a produção de embalagens de alumínio. Atualmente oferecemos mais de 80 modelos diferentes e continuamos a diversificar ao nível do alargamento da gama e da natureza dos materiais. Somos um parceiro de confiança e destacamo-nos pela qualidade do serviço pres-tado. Temos uma vasta carteira de clientes com presença em todo o território nacional onde se incluem grossistas, grandes distribuidores, res-tauração, cantinas, take-away ou hospitais para os quais adaptamos a oferta. Por isso não temos qualquer intenção em avançar para uma rede própria, mas sim consolidar a nossa presença no mercado como parceiro de confiança assente na qualidade do serviço prestado.

Portugal é, obviamente, a vossa casa-mãe, onde desenvolveram e promoveram a marca. Mas quando pensamos além-fronteiras, de que forma a empresa vê a expansão internacional? Têm pro-

jetos em mente para apostar em mercados exter-nos futuramente?A internacionalização da Lusoforma é um proces-so que tem vindo a fazer o seu caminho. Numa fase inicial optámos pela entrada no mercado espanhol, onde temos registado um crescimento interessante que nos permite aumentar a relevância no mercado ibérico. Numa segunda fase, privilegiámos a luso-fonia, nomeadamente o mercado angolano, atual-mente o segundo destino mais representativo, mas o nosso objetivo é continuar a crescer nos mercados externos e, nesse sentido, África poderá oferecer novas oportunidades de negócio.

45

Futuramente o que podemos esperar da Lu-soforma e dos seus produtos? A sustentabi-lidade e responsabilidade social, setores onde se têm focado, farão parte do futuro da empresa?Não virar a cara às dificuldades com que nos depa-ramos, é o Empreendedorismo que todos os dias praticamos na Lusoforma. Mas não virar a cara às dificuldades dos outros, faz parte da Responsabili-dade Social com que assumimos o nosso papel na sociedade. Foi assim que, no âmbito do Plano de Emergência Alimentar, lançámos mão de “uma for-ma de ajudar”, um plano de apoio a Instituições de Solidariedade social, IPSS. “Uma forma de ajudar” é assegurar o acesso facilitado e a custo reduzido, a uma gama de embalagens, garantindo que as re-feições, diariamente preparadas por profissionais e outros tantos voluntários por esse país fora, che-guem em perfeitas condições a quem delas precisa.

A Uniself é uma empresa de restauração coletiva fundada em 1981 que desenvolve a sua ativida-de em diferentes áreas. Como avalia estes mais de 30 anos da empresa, nomeadamente na área escolar?Ao longo destes anos, muitas têm sido as provas dadas em matéria de qualidade, tanto a nível dos serviços prestados, como da segurança alimentar. Afinal só assim tem sido possível crescer e per-manecer num mercado extremamente compe-titivo. A Uniself foi acompanhando os desafios emergentes do seu setor de atividade, sabendo corresponder de modo dinâmico à evolução re-sultante das modificações sociais, regulamentares e das leis do próprio mercado, que se verificaram nas duas últimas décadas. No que respeita aos seus recursos humanos, hoje um ponto-chave na cultura, no posicionamento e nos resultados de uma empresa, soube incorporar colaboradores altamente qualificados, técnicos, gestores e espe-cialistas de diferentes áreas e com elevado dina-mismo e desempenho. Estes, orientados por uma administração muito presente e com um visiona-mento claro do percurso da empresa, têm ajuda-do a tornar a Uniself numa empresa de sucesso, posicionando-se como uma das principais do setor onde atua. Um dos últimos investimentos realizados pela empresa foi a construção de uma unidade fabril em Loures, que produz produtos pasteurizados e produtos ultracongelados crus. O investimento ultrapassou os 17 000 000 € (de-zassete milhões de euros), e teve como principal objetivo dotar a empresa de meios tecnológicos capazes de produzir uma vasta gama de produtos com os mais altos níveis de segurança alimentar. Quanto à logística de abastecimento de produ-tos alimentares e outros necessários à atividade, a Uniself foi pioneira no seu setor, desenvolvendo uma solução centralizada de aprovisionamento, gestão e alocação dos géneros alimentícios, ga-rantindo assim a sua distribuição pelas unidades de restauração coletiva que tem adjudicadas em todo o território nacional. Também no que res-peita aos requisitos legais e regulamentares, a empresa soube ser precursora, tendo implemen-tado um sistema integrado de gestão, abrangendo cinco referenciais, nomeadamente, NP EN ISO 9001 (gestão da qualidade), NP EN ISO 22000 (gestão da segurança alimentar), NP EN ISO 14001 (gestão ambiente), OHSAS 18001 (ges-tão da saúde e segurança no trabalho) e BRC – Global Standard Food. Mais concretamente no setor escolar, é um parceiro que colabora as-siduamente com entidades oficiais na promoção da saúde, a nível local e nacional. Incorpora, de-senvolve e participa em programas de controlo da salubridade alimentar, de educação alimentar e de promoção de hábitos alimentares saudáveis

ou de sustentabilidade alimentar. Outro pon-to relevante assenta na sua presença assídua, na última década, em eventos científicos, nomea-damente através de comunicações e de estudos científicos apresentados no Congresso de Nu-trição e Alimentação da Associação Portuguesa dos Nutricionistas e na International Conference on Culinary Arts and Sciences, encontrando-se alguns destes materiais publicados em revistas científicas. Estes estudos têm incidido predo-minantemente no setor escolar, ajudando a en-contrar soluções para a melhoria da prestação do serviço e para os desafios decorrentes das muitas transformações verificadas.

Iniciou funções enquanto Diretora da Qualidade na Uniself no ano 2000. Qual o balanço que faz do trabalho que tem vindo a desenvolver?É uma função de elevada responsabilidade, re-querendo aprofundados conhecimentos em di-versas áreas e domínios do conhecimento cien-tífico, tecnológico e de gestão de recursos, da comunicação, de equipas e outros, bem como uma constante atualização dos mesmos. Exige uma enorme disponibilidade, presença e dedica-ção, mas é igualmente muito gratificante e enri-quecedora em termos humanos.

De que forma a Uniself tem conseguido, ao lon-go dos anos, dar resposta aos desafios crescentes associados a esta área, como resultado das alte-rações no estilo de vida da população e do núme-ro crescente de crianças a realizar refeições em refeitórios escolares? Em que medida a empresa tem vindo a evoluir e a procurar novas soluções, equipamentos e tecnologias?

Com mais de 30 anos de existência, a Uniself assume-se como uma empresa de restauração, que desenvolve a sua atividade em diferentes e diversos segmentos. A vertente escolar é um setor onde a marca tem desenvolvido um trabalho de enorme qualidade,

acompanhando sempre os desafios emergentes desta área. Helena Ávila, Diretora da Qualidade na Uniself desde 2000,conversou com a Revista Pontos de Vista sobre a dinâmica da marca e revelou um pouco mais da mesma.

UnISELf - ALIMEnTAçãO SAUDáVELe bons hábitos alimentares

A prestação e o fornecimento de refeições es-colares são executados, em maior proporção, no âmbito do clausulado convencionado em sede dos procedimentos concursais, daqui decorrendo realidades muito distintas e de maior ou menor complexidade, mas sempre com um foco muito presente nos requisitos do cliente. A Uniself dis-põe de equipas muito bem treinadas e preparadas para corresponder em função das especificidades de cada cliente, orientadas e monitorizadas por um inspetor operacional, profissional que asse-gura ainda a primeira linha de contacto entre o cliente e a empresa. Esta estrutura operativa en-contra-se capacitada e experienciada para desen-volver e aplicar diferentes modelos de prestação do serviço, equacionando e selecionando respos-tas ajustadas a cada caso e cliente. Neste âmbito enquadra-se, a título de exemplo, a adequação e treino dos seus recursos humanos, a integração de elementos do cliente formando-se equipas mis-tas ou, como outra alternativa, a alocação de um elemento da Uniself em equipas do cliente, asse-gurando boas práticas de gestão e de segurança alimentar; a gestão do abastecimento e aprovisio-namento de géneros alimentícios e outros produ-tos necessários, e que respondem a exigências de quantidade e qualidade, nomeadamente cumpri-mento de capitações de géneros alimentícios, de lista de alimentos a disponibilizar, da elaboração e execução do plano de ementas, rastreabilida-de dos géneros alimentícios e das refeições; e o cumprimento de outras indicações, necessidades e expectativas do cliente, mormente em termos ambientais, sociais, educacionais ou económicos. A Uniself tem respondido cabalmente às solici-tações dos seus clientes, encontrando soluções ao nível da reorganização do serviço, da capacitação e formação dos elementos, da procura e utiliza-ção de melhores meios de produção, acondicio-namento e transporte de refeições, caso seja soli-citado ou se revele a opção mais adequada.

O serviço de refeições escolares encontra-se maioritariamente concessionado a empresas de restauração coletiva como a Uniself. É uma gran-de responsabilidade ter a cargo a alimentação de tantas crianças? Como encara este desafio?Sem dúvida que esta é uma função de elevada responsabilidade que a Uniself assume com o máximo empenho. Portugal é um dos países em que as refeições escolares se encontram mais re-gulamentadas, pelo que o serviço prestado pela Uniself assenta nas premissas desenvolvidas e comunicadas pelo cliente. Contudo, colocamos particular ênfase na população mais nova, nome-adamente no nosso papel de promotores de uma alimentação saudável e de precetores de bons há-bitos alimentares.

46

REFEIÇÕES ESCOLARES - SAÚDE E SEgURANÇA

Helena Ávila

De um modo geral, o nível alimentar das canti-nas escolares em Portugal é satisfatório? De que forma tem vindo a evoluir a oferta ao longo dos anos?Em Portugal, a oferta alimentar em meio escolar inclui diferentes programas, designadamente a generalização da refeição do almoço, estando a par do que de melhor existe na Europa. Os dife-rentes estudos que incidem sobre esta temática, embora apontando oportunidades de melhoria, refletem de modo incondicional esta realidade.

Em Portugal, a responsabilidade das refeições escolares foi transferida do Ministério da Educa-ção para as autarquias. Como avalia as medidas adotadas pelas autarquias locais para garantir refeições saudáveis e seguras?As autarquias detêm uma grande flexibilidade e uma proximidade superior, que lhes permite infe-rir sobre as reais necessidades de cada população escolar e efetuar um acompanhamento rigoroso da prestação do serviço de refeições. Embora ain-da existam algumas lacunas a este nível, cada vez mais as autarquias possuem nos seus quadros nu-tricionistas ou outros técnicos que acrescentam valor a esta área de desempenho das autarquias.

A maior parte das autarquias não tem um nutri-cionista como responsável pelo serviço de refei-ções escolares. Era importante que esta situação se alterasse?Sim, seria efetivamente uma mais-valia para a autarquia e para as populações abrangidas pela ação estratégica, política e social dessa autarquia, como o vêm demonstrando inúmeros estudos e

casos de sucesso de promoção e ganhos em saúde em municípios em que se verifica a presença de nutricionistas.

Qual o papel de empresas como a Uniself no com-bate aos problemas de cariz alimentar nas cama-das mais jovens da sociedade?Estamos sempre disponíveis para, em conjunto com os nossos clientes, encontrarmos a melhor solução para situações de carência ou de excessos, de malnutrição, de intolerâncias ou de alergias alimentares, sabendo e tendo consciência que, nesta matéria, o nosso papel não se pode subs-tituir ao da escola, da família, do Estado ou dos prestadores de cuidados de saúde.

Acredita que a sensibilização existente para a ne-cessidade de uma alimentação saudável desde cedo é suficiente? A questão da obesidade infan-til preocupa-a?Tem sido realizado um trabalho muito intenso na área da promoção da alimentação saudável, detendo Portugal como eixo estratégico o Pro-grama Nacional para a Promoção da Alimenta-ção Saudável (PNPAS), na égide do Ministério da Saúde. Diga-se que, com os meios, recursos e técnicos que estão alocados à resolução desta área sensível e da maior importância para a saúde das populações e para o futuro do país, a atual situação e os resultados que se vão conseguindo não são desmerecedores ou desencorajadores. Têm-se conseguido avanços e estudos verda-deiramente extraordinários mas que não são, de todo, suficientes ou de molde a que possamos ficar tranquilos. A questão da obesidade infantil

preocupa-me enquanto profissional da restaura-ção coletiva, enquanto nutricionista e enquanto cidadã mas, a preocupação que se prende com a desnutrição não é, nem pode, ser menor.

47

Que mensagem gostaria de deixar aos pais e encarregados de educação, de uma for-ma geral, que tantas vezes vêm criticar os menus das cantinas escolares apesar de, na maior parte das vezes, ser em casa que se incutem os maus hábitos alimentares?Os pais e encarregados de educação anseiam o melhor para os seus filhos e educandos, o que os leva a supervisionarem de um modo ativo e incisivo tudo o que se relaciona com a vivência dos menores ao seu cuidado, não sendo as refei-ções escolares uma exceção a esta atitude. Tal-vez seja efetuada com maior rigor uma vez que, por questões culturais e históricas, a refeição, a “comida”, tem um elevado valor entre os portu-gueses sendo, por essa razão, um tema sempre na ordem do dia, quer seja na comunicação fa-miliar, quer seja na comunicação social.Diria que os alimentos são como o abecedário: se permitirmos que os nossos filhos deixem na beira do prato os alimentos que não apreciam tanto, estamos a limitar a sua capacidade de aprendizagem e de relacionamento com os ou-tros e com o mundo, fragilizando-os para a des-codificação do mundo dos sabores, dos odores, das cores, dos paladares, da alimentação equi-librada, equitativa e sustentável, como lhes é transmitida pela Roda dos Alimentos.

SEjAMOS ASSIM,um arquipélago, uma enfermagem!

O Ciclo de Conferências, promovido pela Secção Regional da Re-gião Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, entre os dias 7 e 12 de maio, no âmbito das comemorações do Dia Internacional do Enfermeiro 2015, “Um Arquipélago, Uma En-

fermagem” no qual eu tive a honra e o prazer de presidir à sua Comissão Organizadora, está ancorado na firme convicção de que o futuro do exer-cício da profissão de enfermeiro na Região Autónoma dos Açores, deverá, inevitavelmente, consolidar-se numa identidade cada vez mais autonómica, nascida de nove realidades diferentes, fortemente condicionadas por uma geografia ímpar, mas com um potencial que urge ser concretizado.Acredito que apesar das diferenças, por vezes profundas, que marcam estas ilhas, e, inevitavelmente, também as condições do exercício profissional e a natureza das respostas que os enfermeiros oferecem às populações que as-sistem, o profundo sentimento de ser-se ilhéu – por direito de nascimento ou por afinidade – suplanta qualquer diferença individual. Isto mesmo nos diz António Machado Pires (In Páginas Sobre AÇORIANIDADE) ao referir-se ao conceito de “Açorianidade” como “um termo feliz que parece exprimir uma espécie de ontologia insular. Uma referência e uma alma que se fica a transportar toda a vida”.

ENFERMAGEM E OS DESAFIOS INSULARES

“Reconhecendo as históricas aspirações autonómicas do Povo Açoriano [...] homenageando o ingente combate de todos

quantos [...] mantiveram e mantêm vivo o ideal autonomista [...] afirmando-se herdeiros daqueles que historicamente resistiram

ao isolamento e ao abandono [...] partilhando com os demais portugueses a vitória [...] da democracia [...] proclamando que a

autonomia expressa a identidade açoriana...”

In Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores: Lei N.º 2/2009, de 12 de janeiro (Preâmbulo)

A OPINIÃO DE LUÍS FURTADO, Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica, Tesoureiro do Conselho Diretivo Regional - Secção Regional da Região Autónoma dos

Açores da Ordem dos Enfermeiros

48

Feita esta introdução à matriz ideológica, onde a ideia do Ciclo de Con-ferencias se alicerçou, importa agora aludir ao seu conteúdo, às temáticas escolhidas e à opção pela descentralização e “desconcentralização”.Começando por estes últimos conceitos, tratando-se de um arquipélago, em que a maior distância entre ilhas é de 602 km (Corvo-Santa Maria) e existindo enfermeiros a exercer em todas as ilhas, tornou-se claro que a opção teria de passar por uma iniciativa em mais do que uma ilha, já que queríamos estar próximos do maior número de enfermeiros possível du-rante estas comemorações do Dia Internacional do Enfermeiro, “descon-centralizando”, pela primeira vez na história da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, esta efeméride. Quise-mos igualmente descentralizar, indo a outras ilhas que não apenas aquela onde se concentra o maior número dos enfermeiros que exercem na Região Autónoma dos Açores, a ilha de São Miguel. Acredito realmente que onde existe um enfermeiro, a Ordem dos Enfermeiros deve estar, e foi com este espírito que assumimos este mandato. A insularidade e a autonomia têm um custo. Devemos estar todos cons-cientes disto e, ao mesmo tempo, disponíveis para manter todos aqueles que exercem em ilhas de menor dimensão próximos de nós, dando força a um sentimento de coesão que se deseja cada vez mais forte e presente.O programa escolhido para as diferentes ilhas assentou no pressuposto de que existem domínios onde os enfermeiros têm algo a dizer, áreas que po-dem ser positivamente influenciadas se estes profissionais forem tidos em consideração no processo de tomada de decisão, áreas em que o exercício profissional autónomo representa uma verdadeira mais-valia para os cida-dãos, na salvaguarda daquele que é o desígnio fundamental da Ordem dos Enfermeiros; “... promover a defesa da qualidade dos cuidados de enferma-gem prestados à população...”.Desde logo, e por não poder ser de outro modo, o Ciclo de Conferências iniciou-se em São Jorge com uma clara alusão ao mote deste ano emanado pelo International Council of Nurses – “Nurses: A Force for Change: Care Effective, Cost Effective”, onde se discutiu o passado recente da profissão, o presente, assim como o caminho que é necessário trilhar rumo ao futuro,

salientando as opções que, enquanto grupo, teremos de fazer e os desafios que nos serão colocados.De facto, os nossos cuidados tem esta particularidade de serem custo-efeti-vos e custo-eficientes, onde o esforço empregue para a sua efetivação resulta num ganho superior ao custo da sua implementação, e isto deveria dizer muito aos decisores políticos que continuamente remetem para segundo plano os enfermeiros, desconsiderando o seu valor, recorrendo a recursos muito mais dispendiosos e ineficientes, num setor onde fortíssimos lobbys operam e exercem poder e influência, muito frequentemente em desfavor das populações, aquelas mesmas populações que são a razão da nossa exis-tência.As questões da ética e da deontologia, tão próprias e tão importantes num exercício insular, assim como os desafios nestes domínios, mereceram par-ticular atenção, até porque o isolamento relativo de cada ilha coloca dificul-dades acrescidas aos profissionais de enfermagem e questões únicas que em outras condições do exercício jamais se colocariam.Uma área em que a Região Autónoma dos Açores tem vindo a trabalhar de forma inovadora, um pouco por todas as ilhas, o tratamento de feridas e a viabilidade tecidular, mereceu um destaque particular, desde logo, pela necessidade de partilha de experiências relativamente ao muito que tem sido feito nesta área, mas também pelo valor acrescido, até mesmo do ponto de vista económico, que a intervenção dos enfermeiros tem constituído.O balanço da iniciativa na ilha de São Jorge foi extremamente positivo, tendo contado com a presença de vinte e duas pessoas. Reconheço que o esforço logístico para realizar um evento desta natureza numa ilha como a de São Jorge é grande, mas a verdade é que qualquer esforço vale a pena quando os enfermeiros aí residentes reconhecem a necessidade da Ordem dos Enfermeiros promover mais eventos descentralizados, indo ao seu en-contro e criando condições para que se sintam próximos daquela que é a sua Ordem. Esta proximidade é essencial para consolidar aquilo que deverá ser uma Enfermagem Regional!Em São Miguel, no dia 9 de maio, apesar de ser o primeiro dia das Grandes Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, na cidade de Ponta Delga-

49

da, o auditório do Hospital do Divino Espírito Santo EPE contou com a presença de cerca de quarenta pessoas, entre enfermeiros e estudantes de enfermagem, onde foram discutidas as questões relacionadas com a preven-ção e tratamento de úlceras por pressão, enfatizando-se a importância da prevenção e dos projetos existentes, que a nível Regional colocam os Açores numa posição cimeira.No dia 11 de maio, na cidade da Horta – ilha do Faial – perante uma au-diência de quarenta enfermeiros, discutiram-se questões centrais em torno do valor económico da saúde nas sociedades modernas e da sustentabili-dade dos sistemas de saúde num contexto socioeconómico profundamente complexo, com desafios que até agora nunca haviam sido colocados aos profissionais de saúde e de forma muito particular, aos enfermeiros. Neste clima marcado por um contraciclo económico que obrigou os países da velha Europa a questionarem a sua forma de estar e a operar mudanças que abalaram profundamente a forma de ser, de estar e de viver dos seus cida-dãos, com impactos que reconhecemos agora como nefastos para a saúde das populações, também fomos capazes de discutir a importância de um exercício profissional alicerçado na melhor evidência disponível, capaz de intervir objetiva e positivamente na melhoria da saúde das nossas popula-ções, reconhecendo, porém, que este efeito positivo nem sempre consegue ser aferido facilmente. Por este motivo, discutiram-se as questões relaciona-das com a visibilidade dos cuidados de enfermagem, com a dificuldade de tornar visíveis e tangíveis os ganhos em saúde que resultam da intervenção dos enfermeiros, nomeadamente a sua intervenção autónoma e, ainda mais difícil, o valor económico dos cuidados de enfermagem, num Serviço Na-cional de Saúde profundamente “medicocêntrico” e onde os cuidados de enfermagem quase não são considerados para efeitos de financiamento do sistema de saúde.Em Angra do Heroísmo – ilha Terceira – cidade que acolheu as come-morações do Dia Internacional do Enfermeiro, 12 de maio, perante um grupo de cerca de cento e vinte enfermeiros e estudantes de enfermagem, fez-se uma retrospetiva da evolução da profissão ao longo dos últimos anos na Região e no País, assente no pressuposto de que para questionarmos o

50

“As questões da ética e da deontologia, tão próprias e tão importantes num exercício insular, assim como os desafios nestes domínios, mereceram particular atenção, até porque o isolamento relativo de cada ilha coloca dificuldades acrescidas aos profissionais de enfermagem e questões únicas que em outras condições do exercício jamais se colocariam”

ENFERMAGEM E OS DESAFIOS INSULARES

presente e perspetivar o futuro, precisamos conhecer o nosso passado e, se caso disso for, não repetir os erros, assumindo-os como ensinamentos. Aquilo que cada vez mais perspetivamos como o caminho a ser trilhado pelos enfermeiros, o exercício autónomo, foi também abordado recorrendo a uma perspetiva diferente, através do filtro proporcionado pela Teoria das Transições, preconizada por Afaf Meleis e os seus colaboradores, trazida à discussão pela primeira vez na Região nos moldes em que foi feito. É ex-tremamente gratificante verificar a discussão gerada quando se introduzem conceitos novos ao pensamento já estruturado dos profissionais, mas ainda assim conceitos centrais aos cuidados de enfermagem. Foi isto mesmo que aconteceu ao serem apresentados os pressupostos fundamentais desta teo-ria e a sua extensão à prática de Enfermagem, na medida em que muitos foram os que enquadraram o seu exercício naquele quadro teórico, vislum-brando o alcance do mesmo.O dia 12 de maio de 2015, na Região Autónoma dos Açores, ficou igual-mente marcado pela assinatura de um protocolo de cooperação entre a Di-reção Regional da Saúde e a Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, no âmbito do Programa Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem. Este acordo, único no País, vem contribuir para a obtenção de condições ótimas para que os profissionais de enfermagem que exercem nos Açores possam desenvolver e implementar adequadamente, Programas de Melhoria Contínua da Qualidade dos Cui-dados, com um impacto positivo direto na qualidade assistencial, particu-larmente naquela que é a vertente autónoma do seu exercício profissional e que tão frequentemente é esquecida pelo decisor políticoEm tom de síntese, gostava de reforçar um aspeto já referido no início deste texto, de que as diferentes temáticas abordadas ao longo do Ciclo de Con-ferencias constituem-se como primordiais para a Enfermagem, pelo que, enquanto enfermeiros, não nos devemos alienar das mesmas, devemo-nos posicionar como parte da solução, que somos efetivamente, acrescentando valor, como tantas outras vezes fomos capazes de o fazer. A coesão terá de ser o sentimento de ordem no futuro, já que para enfrentarmos e suplantar-mos todos os desafios que se perspetivam a curto e médio prazo, precisamos ser reconhecidos como uma “Força para a Mudança”.Não poderia fazer balanço mais positivo desta iniciativa. Só estando en-tre colegas, discutindo entre pares aquilo que são as nossas inquietações e anseios é que é possível tomar, de forma efetiva, o pulso à profissão e ao

muito que, apesar das adversidades, tem vindo a ser conseguido. Para todos aqueles que do alto da sua miopia face às conquistas da Enfermagem na Região Autónoma dos Açores apregoam que nada se fez nos últimos anos, que tudo estagnou e que os tempos são negros, se calhar relembrar-lhes que os enfermeiros açorianos nunca desistiram, talvez até dizer-lhes que precisam de sair mais da “concha”, porque existe um mundo de enfermeiros que não baixou os braços, que não fez do silêncio a sua forma de estar no últimos anos para agora surgir com um discurso destrutivo, demagógico e de medo – quase oportunista. Apesar de todas as adversidades, os en-fermeiros da Região permaneceram empenhados no desenvolvimento da profissão, na sua elevação, mas acima de tudo, e na minha humilde opinião, permaneceram comprometidos com o mandato social da profissão, aquele mandato que assumiram concretizar junto daqueles que são a razão de ser-mos enquanto grupo profissional.Sejamos assim, Um Arquipélago, Uma Enfermagem!

51

O Ciclo de Conferências percorreu 4 ilhas açorianas (aqui em S.Jorge). Com esta iniciativa a Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros dos Açores cumpriu o seu papel descentralizador

Na realidade, o nosso legislador entende, e bem, que o empregador deverá ser responsabilizado pelos acidentes de trabalho verificados ao seu serviço. Esta responsabilidade deverá ser obrigatoriamente transferida para um segurador, a fim de precaver eventual impos-

sibilidade de o empregador não ter ou no futuro poder vir a não ter capa-cidade para fazer face ao custo total do sinistro. Será também uma forma de aproximar positivamente a regularização dos acidentes de trabalho, pois, desta forma, serão geridos por entidades especializadas neste tipo de gestão. Convém, contudo, não esquecer que a responsabilidade é do empregador.O legislador português parece esquecer este princípio.Legisla aumentando progressivamente a responsabilidade dos seguradores, de tal forma que é facilmente percetível que está a pensar numa cada vez maior abrangência do contrato de seguro, ignorando - não inocentemente - que está a abranger situações que não deveriam ser da responsabilidade dos empregadores. Mais, está a transferir algumas situações que deveriam ser da responsabili-dade da Segurança Social para as coberturas de um contrato de seguro que cada vez mais garante realidades que nada têm a ver com o exercício da ati-vidade laboral. O conceito de acidente de trabalho abarca uma panóplia de circunstâncias que escapam totalmente ao controlo do empregador e que se enquadram manifestamente no âmbito da vida privada dos trabalhadores.Então, porquê responsabilizar os empregadores?Porque essa responsabilidade será transferida para um segurador. Não será pre-ciso esmiuçar muito enúmeras decisões judiciais para se constatar o que acima foi invocado. Um exemplo constituirá o atual conceito de acidente no trajeto. A anterior Lei de Acidentes de Trabalho, integrou, e bem, neste conceito o que constava em Condição Especial como cobertura facultativa, que apre-

AcIDEnTES DE TRAbALhO – a necessária reforma

sentava uma redação precisa, que não oferecia dúvidas de interpretação. Considerava como acidentes de trabalho “…os acidentes que se verifiquem no trajeto normalmente utilizado e durante o período de tempo ininterrup-to habitualmente gasto pelo trabalhador entre a sua residência habitual ou ocasional, desde a porta de acesso para as áreas comuns do edifício ou para a via pública, até às instalações que constituem o seu local de trabalho”. A frase sublinhada desapareceu da redação de conceito de acidente no trajeto da atual Lei de Acidentes de Trabalho.Hoje, por exemplo, discute-se se constitui acidente de trabalho o acidente sofrido pelo trabalhador dentro da propriedade confinante à sua residência. Pense-se no caso de um logradouro afeto exclusivamente a uma residência.Um acidente ocorrido nestas circunstâncias poderá ser caraterizado como de trabalho? A pessoa está na sua residência ou em espaço de natureza privada a ela afeto e por ela controlada. O legislador em vez de se preocupar em eliminar frases cujo desaparecimento em nada se justifica, por falta de fundamento, por fal-ta de razão de ser, deveria focar-se no que realmente é importante. Deveria aperfeiçoar tudo o que respeita à reintegração e reabilitação profissionais.As pessoas acidentadas com alteração grave na funcionalidade deverão ser a nossa principal preocupação.Sem prejuízo de se manter a qualidade do tratamento clínico ministrado a todos os sinistrados, sejam as lesões graves ou ligeiras. Na área dos aci-dentes de trabalho há que prestar os melhores cuidados clínicos de forma a tratar e a curar os sinistrados, indemnizando o suficiente, de forma a não provocar convites a protelamentos desnecessários de situações de baixa e apostar definitivamente na defesa daqueles que mais precisam, ou seja, as pessoas acidentadas com alteração grave na funcionalidade.

SEGUROS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Os empregadores são responsabilizados pelos acidentes de que sejam

vítimas os seus trabalhadores, desde que os mesmos ocorram enquanto estão ao seu serviço,

sendo esta responsabilidade de transferência obrigatória

para um segurador. É esta a regra ou deveria ser.

A OPINIÃO DE ANTÓNIO ALVALEIDE, Diretor da Liberty Seguros, responsável de Sinistros dos Ramos de Acidentes de Trabalho, Acidentes Pessoais, Vida e Saúde

52

No entanto, sendo um setor de atividade transversal ao funciona-mento da economia, está também ele sujeito a falhas de mercado e aproveitamentos menos lícitos, que acabam por gerar ineficiên-cias e prejuízos indevidos para o setor, designadamente através de

ações fraudulentas por parte dos potenciais beneficiários dos contratos de seguro. Numa sociedade ideal, seria suficiente a simples análise da parti-cipação de sinistro para regularizar o mesmo, fazendo boa-fé nas declara-ções dos intervenientes, no entanto, os diversos estudos demonstram que há uma incidência natural da fraude e que a mesma é transversal a todos os países do mundo, mesmo os mais desenvolvidos, podendo atingir até 10% do total dos sinistros participados. Obviamente que há formas de combater esta forte incidência da fraude, quer através de mecanismos a montante do processo (legislação adequada, correta inspeção dos riscos), quer a jusante (regularização e investigação pormenorizada).É neste último ponto que as peritagens assumem um papel fundamental, não só em termos de avaliação patrimonial, evitando sobrevalorizações in-devidas dos bens afetados, mas também em termos de investigação às cir-cunstâncias do sinistro, garantindo que a regularização do sinistro corres-ponde à verdade dos factos, quer ao nível da responsabilidade, quer ao nível das circunstâncias e suas consequências, com base na legislação em vigor.E se muitas vezes o perito averiguador consegue detetar situações frau-dulentas e consegue uma confissão dos intervenientes, em muitos outros casos, mesmo apesar das evidentes provas ou dos fortes indícios, essa con-fissão não surge, o que pode gerar situações limite de conflito entre a segu-radora (caso assuma a tese da averiguação) e os intervenientes no sinistro, que acabarão inevitavelmente dirimidas na justiça.Revela-se, pois, de importância fundamental para um correto juízo destes casos de conflito, que a averiguação dos sinistros tenha um caráter inde-pendente, ancorado em bases sólidas de rigor, transparência, experiência e idoneidade, pois quanto mais fortes forem estas bases e quanto mais evi-dente for esse caráter de independência, mais credível será o testemunho dos peritos averiguadores para a formulação do juízo pelos tribunais com-petentes. E como não é possível garantir a priori que um qualquer caso não irá terminar na justiça, isto significa que a independência do serviço de averiguação tem que ser assegurado logo à partida, desde o momento, que a seguradoras decidem investigar as circunstâncias do sinistro.

A IMPORTâncIA DO PERITOAVERIGUADOR InDEPEnDEnTE

na regularização de sinistros

E, neste aspeto, entra também a questão que tem sido bastante discutida nos últimos tempos – quem pode ser perito averiguador? De facto, neste momento, nada obsta a que qualquer pessoa, independentemente da sua formação profissional ou académica, possa efetuar serviços de averiguação, pelo que a pergunta deve ser – quem deve ser perito averiguador? E, sobre isto, temos uma visão muito clara e objetiva, que, aliás, segue o nosso padrão de recrutamento – idoneidade, independência, rigor, transparência, experi-ência e disponibilidade. Todos este fatores são críticos para que qualquer averiguação, independentemente do prestador, do cliente ou da região, seja bem sucedida e possa merecer a confiança, quer dos gestores no processo de regularização de sinistros, quer das entidades de justiça, caso os processo transitem nesse sentido. Isto significa que a acreditação dos peritos averi-guadores, efetuada por uma entidade independente, com o reconhecimento de todo o mercado segurador, seja o caminho inevitável para que este setor de atividade possa continuar a progredir e passe a representar um explícito e inequívoco valor acrescentado para o mesmo, designadamente na preven-ção de atos ilícitos, pois quanto mais visível e credível for esta área menos tendência existirá para a prática de métodos fraudulentos.Neste aspeto, há que realçar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela CNPR (Câmara Nacional de Peritos Reguladores) na sensibilização permanente para a importância desta temática, sendo também fundamen-tal, para que todo este setor ganhe a credibilidade formal que necessita, o envolvimento ativo da APS (Associação Portuguesa de Seguradores) e da ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões), pois é o mercado segurador e, no limite, os cidadãos que diariamente recorrem ao mesmo, que beneficiarão de uma regularização de sinistros mais célere, justa e eficiente.

PERITAGENS

Como é do conhecimento geral, o setor dos seguros assume uma importância fundamental para o funcionamento de

qualquer sociedade desenvolvida, garantindo uma resolução célere e eficiente dos diversos tipos de sinistros, gerando

assim economias de escala que beneficiam a sociedade como um todo.

A OPINIÃO DE José Batista, Coordenador Geral MCBAP

53

O SEgURO DE PERDAS DE ExPLORAÇÃOUm sinistro grave que afete a capacidade produtiva de uma empresa por um período significativo traz consequências financeiras importantes que normalmente se traduzem por Perda de Vendas e que, em último caso, podem implicar o encerramento.O Seguro de Perdas de Exploração permite à empresa compensar os efeitos da diminuição do Volume de Negócios, consequência de um sinistro cober-to, fazendo face aos gastos permanentes que entretanto tem de continuar a suportar (Ordenados, Encargos Sociais, Juros de Empréstimos, Rendas, amortizações, etc.) e ao Resultado Líquido que deixou de auferir.Os Gastos Extraordinários decorrentes do sinistro estão também abrangi-dos pela apólice, dentro de certas condições.A indemnização ao abrigo desta apólice permite colocar a empresa numa situação financeira equivalente à que teria se não ocorresse o sinistro.Para este seguro poder ser accionado, terá de existir um seguro base que identifique os riscos cobertos (incêndio, multirriscos, avaria de máquinas, etc.), o sinistro ser enquadrável num desses riscos e afetar o Volume de Negócios da empresa.

gARANTIASOcorrendo um sinistro garantido, durante o período de indemnização este seguro cobre:• A Perda de Lucro Bruto (diferença entre o Volume de Negócios e os Gas-tos Variáveis) como consequência da diminuição do Volume de Negócios causado pela interrupção ou diminuição da atividade • Os Gastos de caráter extraordinário, consequência do sinistro, validados pelo Segurador e com o objetivo de minorar as consequências (arrenda-mento de instalações, recurso a subcontratos, trabalho extraordinário, pu-blicidade, etc.)

Este seguro pode ser moldado às reais necessidades das empresas e incluir cláusulas como carência de fornecedores (disrupção na cadeia produtiva por sinistro no fornecedor), interdição de acesso (à empresa por sinistro ocorrido nas redondezas), multas e penalidades contratuais, etc.

O PERíODO DE INDEMNIZAÇÃOA escolha do período de indemnização (máximo) compete ao segurado e deve fazê-lo na altura da subscrição. Diversos fatores devem entrar em linha de conta na sua escolha:• Tempo necessário para reconstrução• Tempo que medeia entre a encomenda de maquinaria crítica e entrega e entrada em produção• Sazonalidade• Estrangulamentos• Capacidade de subcontratação, etc.Normalmente os períodos mais contratados são de 6 meses e 12 meses (pe-ríodo durante o qual estão abrangidos os efeitos no Volume de Negócios)

POR QUE VALORES SEgURAR?Consideremos uma Demonstração de Resultados relativa a um ano n:

Rubricas Valores %Volume de Negócios 1 000 000 € 100%Gastos Variáveis (60%) 600 000 € 60%Gastos Fixos 300 000 € 30%Lucro 100 000 € 10%

SEGURO DE PERDAS DE ExPLORAçãO(“bUSInESS InTERRUPTIOn InSURAncE”)

o “seguro de vida” da sua empresa

Lucro Bruto (Volume de Negócios – Gastos Variáveis) = 1 000 000 € - 600 000 € = 400 000 € (Método da Subtração)Lucro Bruto = Gastos Fixos + Lucro = 300 000 € + 100 000 € = 400 000 € (Método da adição)

Se estimarmos um crescimento de 20% do Volume de Negócios para cada um dos anos seguintes, o Lucro Bruto a segurar (para um período de in-demnização) para sinistros que venham a ocorrer no ano (n+1) terá de ser superior a 480 000€.

É possível geralmente negociar uma cláusula (“leeway clause”) que majora automaticamente o valor seguro dentro de certas proporções, evitando ou minorando a aplicação da regra proporcional (infra seguro).

PERITAGENS

A OPINIÃO DE Alfredo Soares Cruz, Especialista in Business Interruption Insurance

54

REgULARIZAÇÃO DE UM SINISTROUm exemplo muito simplificado.Imaginemos uma empresa cuja Demonstração de Resultados no ano ante-rior ao sinistro era a referida anteriormente.Ocorreu um sinistro que afetou o Volume de Negócios durante três meses, tendo-se este cifrado em 120 000 €; esperava-se que a empresa tivesse um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. A faturação é igual em todos os meses, bem como os gastos se distribuem uniformemente ao longo do ano.

A Taxa de Lucro Bruto era de 40%.Projetando a Demonstração de Resultados para o período de indemnização de 3 meses:

SITUAÇÃO SEM SINISTRORubricas Valores %Volume de Negócios 300 000 € 100%Gastos Variáveis (60%) 180 000 € 60%Gastos Fixos 90 000 € 30%Lucro 30 000 € 10%

SITUAÇÃO COM SINISTRO SEM SEGURORubricas Valores %Volume de Negócios 120 000 € 100%Gastos Variáveis (60%) 72 000 € 60%Gastos Fixos 90 000 € 30%Prejuízo -42 000 € 10%

SITUAÇÃO COM SINISTRO COM SEGURORubricas ValoresVolume de Negócios Ajustado 300 000 €Volume de Negócios Real 120 000 €Perda de Volume de Negócios 180 000 €Taxa de Lucro Bruto 40,00%Perda de Lucro Bruto 72 000,00 €

A indemnização (aqui só Perda de Lucro Bruto de 72 000 €) vai transfor-mar um prejuízo de 42 000 € num Lucro de 30 000 €, colocando a empresa numa situação financeira equivalente à que teria se não tivesse ocorrido o sinistro. Um Seguro de Perdas de Exploração pode significar a diferença entre continuar no negócio ou desaparecer do mercado.

55

“O Seguro de Perdas de Exploração permite à empresa compensar os efeitos da diminuição do Volume de Negócios, consequência de um sinistro coberto, fazendo face aos gastos permanentes que entretanto tem de continuar a suportar (Ordenados, Encargos Sociais, Juros de Empréstimos, Rendas, amortizações, etc.) e ao Resultado Líquido que deixou de auferir”

Esta ocupação do espaço mediático e político tem no entanto muito de poeira, de ignorância e, às vezes, simplesmente de mentira. A questão parece resumir-se a saber se a Segurança Social é ou não sustentável. Segurança Social que é defendida por alguns em termos quase religio-

sos como se de um direito divino à Pensão do Estado se tratasse. Para complicar ainda mais o quadro geral de incapacidade em enfrentar a realidade, o que este Governo fez em matéria de pensões é um exemplo forte de incompetência política. Sem estudar, sem saber, sem explicar o quê e porquê, as pensões, públicas e privadas, foram cortadas como se isso fosse uma matéria meramente administrativa, sendo ignorados ou desprezados os efeitos sociais de médio e longo prazo que a inconsistência das medidas e o seu caráter malévolo acarretava.Por incrível que pareça, apesar do tempo que o tema das Pensões leva na ribalta, apesar dos estudos feitos ao longo dos anos, por iniciativa do Estado (Livro Branco da Segurança Social), da Academia ou de privados, apesar das inúmeras conferências, artigos e entrevistas, apesar do calor da discussão sobre o problema das pensões e a relacionada sustentabilidade da Segurança Social, continuamos, no fundo, a ignorar a mais elementar matemática de-mográfica. Continuamos a querer ignorar, o que aliás já não é segredo para ninguém, que o nosso sistema de pensões é do tipo de repartição ou “pay as you go”, pelo que as pensões dos atuais pensionistas são pagas pelos atuais trabalhadores. São os trabalhadores que contribuem por obrigação para esta solidariedade intergeracional através da famosa TSU. E é assim que os atuais trabalhadores esperam que, quando forem futuros pensionistas, as suas pen-sões sejam pagas pelos futuros trabalhadores. Ninguém no entanto questiona se, no futuro, existirão trabalhadores em número suficiente para o fazer, hon-rando nessa altura o direito prometido à solidariedade.Sendo conhecida esta realidade do funcionamento do nosso sistema pre-videncial, não tiramos a conclusão natural, que é a de que são necessários vários contribuidores para que se possa pagar uma pensão (se queremos deixar ainda alguma coisa para quem trabalha e que precisa de viver e ali-mentar os filhos). O problema com que estamos confrontados é que, se a regra da repartição funcionou às mil maravilhas no passado, foi entretanto destruída pela demografia. É que se há uns anos atrás tínhamos quatro ou mais contribuidores para um pensionista, neste momento a conta vai em 1,45 contribuidor. Certo que o atual desemprego prejudica este rácio, mas se eliminarmos estatisticamente o desemprego, ainda ficamos com uma relação de 1,95 contribuidores potenciais para um pensionista. Nesse ce-nário, para salários iguais, se cada trabalhador der metade do seu ordenado à Segurança Social, esta poderia pagar uma pensão. Mas, de facto, estamos em 1,45 o que é muito, muito pior. Estudos recentes do Prof. Jorge Bravo indicam que, pelo caminho da nossa demografia, daqui a 30 anos estaremos na paridade, ou seja um contribuinte para um pensionista. Nessa altura alguém tem uma ideia de como funcionará a solidariedade intergeracional?Apesar desta evidência, continuamos a ouvir todos os dias argumentos que pretendem explicar a origem do problema e encontrar soluções, ignorando a realidade. Fazendo uma síntese dos disparates aceites na generalidade e praticados com grande convicção por supostos responsáveis políticos e comentadores, temos p.e.:

- A culpa é da má gestão dos dinheiros da Segurança Social:- Quando na verdade não há gestão, para além de um pequeno fundo “buffer” constituído nos anos 90. O dinheiro que entra, sai logo;

PEnSÕES: UMA REfORMA IMPOSSíVELe um desastre inevitável?

- Diminuir a TSU é descapitalizar a Segurança Social:- Quando na verdade não há capitalização, só há necessidades imediatas de te-souraria. É também verdade que, se diminuirmos a TSU e não alterarmos o modelo, temos de ir buscar dinheiro a outro lado para as despesas correntes;- Para garantir a sustentabilidade, temos de aumentar as contribuições para a Segurança Social:- Só que na Europa já temos em Portugal a maior taxa de contribuição sobre o trabalho, logo a seguir à Bélgica que nos rouba o prémio por pouco (24,77% empregador e 13,07% empregado na Bélgica contra 23,75% e 11% respetiva-mente em Portugal). Falta dizer também que se o objetivo é cobrir as despesas, o crescimento da taxa terá de ser contínuo e ilimitado;- A culpa do desequilíbrio das contas da Segurança Social vem do desemprego:- Só que, mesmo que não existisse desemprego, o modelo já não funcionava. Não há pura e simplesmente contribuidores suficientes;- O plafonamento é uma manobra do sistema financeiro para destruir a Segurança Social:- Só que o sistema já está destruído por natureza para os futuros pensionistas. Estamos neste momento a enganar os jovens que têm trabalho, porque apesar de os obrigarmos a pagar, quando chegar a vez deles não vai haver pensões. Nem os atuais responsáveis políticos estarão cá para prestar contas.

SISTEMA DE PENSÕES

O tema das pensões tem estado nos últimos anos na agenda pública. Para muitos Portugueses, infelizmente, já entrou

mesmo na sua realidade pessoal.

A OPINIÃO DE José Veiga Sarmento, Presidente da APFIPP - Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios

56

Esta realidade não foi descoberta agora. Existe já há anos e vem evoluindo inexoravelmente no sentido do seu agravamento progressivo. Uma reforma sem dúvida importante foi a que foi operada em 2007 quando, pela pri-meira vez, se esclarece que as pensões futuras terão de diminuir, porque as receitas serão cada vez menores. O mecanismo criado para a convergência económica entre recursos e despesas foi assim lançado, sem que se regis-tasse qualquer comoção nacional. Ficou claro para quem quisesse ver que as pensões iriam diminuir. Ao mesmo tempo, foi também heroicamente assumido que as contribuições se iriam manter. Razoável? Justo? Eviden-temente que não.Apesar desta clarificação, cedo se percebeu que o mecanismo criado em 2007 era insuficiente para restabelecer o equilíbrio. Pelos estudos feitos na altura, considerando um crescimento económico futuro que entretanto a crise se apressou a desmentir, seríamos confrontados com a necessidade de financiar o sistema previdencial de pensões na ordem dos 3 a 6% do PIB durante 30 anos. Fica a dúvida de onde viria o dinheiro. Fica também a certeza de que hoje a realidade é muito, muito pior.O reconhecimento do problema nacional das pensões é, efetivamente, alta-mente deprimente, pelo que, até aqui, Governos de esquerda ou de direita, uma vez instalados, diligenciam a cobertura da verdade pelo mágico manto da fantasia. Até um dia em que alguém será forçado a fechar a luz.Mas não haverá solução? O precipício é inevitável?Claro que há soluções, embora nenhuma delas particularmente agradáveis.

Diferentes soluções são conhecidas há muito pelos especialistas e vêm sen-do praticadas por outros países europeus confrontados com o mesmo para-digma. As soluções foram aparecendo, começando pelos nórdicos há quase 20 anos, seguidos por outros e mesmo pela Itália, ou ainda no ano passado, pela Espanha aqui ao lado. Não falta em Portugal capacidade técnica para avaliar a realidade e apontar saídas. Falta sim responsabilidade política, en-quanto abunda oportunismo, desfaçatez e profunda desonestidade.É, para mim e para muitos, absolutamente claro que qualquer solução não poderá nunca ignorar o seguinte:- a impossibilidade demográfica de manter o sistema público “pay as you go” com caráter único;- a necessidade de manutenção do papel social do Estado na garantia de uma pensão mínima;- a imperativa criação de condições para a responsabilização individual na construção de um plano de poupança pessoal e privado;- a certeza de que haverá custos financeiros e políticos na solução e na passagem para um novo modelo.A reforma em si pode ser feita de diferentes maneiras e com mais ou menos progressividade. Sendo matéria tão complicada e difícil, ganharíamos em poder fazê-lo como os ingleses se preparam para acompanhar este tema, com uma Comissão Nacional de Peritos, a que qualquer Governo teria a obrigação de submeter consulta para as iniciativas que quisesse tentar fazer, sendo escrutinado quando preferisse tentar esquecer.

57

no sentido de tentar trazer algum equilíbrio ao sistema. Na sua maioria estas alterações têm recaído sobre a redução dos benefícios a pagar, através de alterações efetuadas à forma de cálculo, mas ainda assim as alterações introduzidas no sistema não estão a acontecer à mesma velocidade daquelas verificadas a nível demográfico.Sabemos agora, face aos factos com que nos deparamos, que o Estado tem sido demasiado generoso, ainda que cumprindo as suas promessas. Estas promessas não foram um problema enquanto as contribuições se apresen-tavam muito superiores aos benefícios pagos, mas com a evolução demo-gráfica anteriormente referida, o desequilíbrio do sistema é evidente e a sua rotura eminente.As medidas que vimos o Governo implementar recentemente, incluindo a redução do valor das pensões em pagamento, o aumento do valor das con-tribuições, pelo alargamento da base de incidência, veio adiar um problema, não o resolveu, empurrando para a frente uma situação muito grave.

PARA OnDEqueremos ir

O financiamento do sistema, assegurado pelas contribuições dos trabalhadores e das entidades patronais, tem como objetivo ga-rantir o direito à compensação da perda, ou redução, de rendi-mentos resultantes da atividade profissional. Desta forma, o re-

gime assenta no equilíbrio entre as contribuições recebidas e os benefícios pagos. Menores recebimentos para maiores pagamentos desequilibram to-talmente a balança e põem em risco qualquer regime desta natureza.As últimas décadas têm sido devastadoras, quer económica, quer demogra-ficamente para regimes, que como este, dependem da solidariedade entre gerações. Este sistema foi desenhado há quase um século, tendo as condi-ções demográficas de então sofrido fortes alterações: o aumento do desem-prego, o menor crescimento da economia, o aumento da esperança de vida e a diminuição da natalidade são os fatores que mais têm vindo a contribuir para o desequilíbrio do sistema em Portugal. Têm sido várias as alterações introduzidas, e mais ainda aquelas sugeridas

SISTEMAS DE PENSÕES

A OPINIÃO DE Catarina Galvão, Consultora Sénior da Towers Watson (Portugal) - [email protected]

58

Portugal dispõe de um Sistema Público de Segurança Social, que reconhece o direito

universal à segurança social, em que o Estado é responsável pela sua organização e gestão,

permitindo a consagração do princípio de solidariedade entre gerações.

Mais cedo, do que mais tarde, esta situação tornar-se-á insustentável e esta bomba acabará por rebentar; o impacto que tal terá na sociedade ninguém sabe medir. Não sabemos o que poderá acontecer numa sociedade habituada a um Estado paternalista, com uma forte proteção social, e a sua necessária transição para um Estado talvez de proteção mínima. Como irá reagir uma sociedade pouco habituada à responsabilização e com baixos hábitos de pou-pança, quando confrontada com a necessidade de financiar as suas despesas? Como irão reagir os nossos reformados quando as suas pensões sofrerem novas reduções? E a nossa classe ativa, quando finalmente se aperceber que o Estado Social não terá capacidade para, durante a sua “vida de reformado”, assegurar um rendimento de superior a, por exemplo, 60% do seu salário?Mas a verdade é que para inverter esta situação terão que ser tomadas deci-sões muito mais drásticas do que aquelas tomadas até ao momento. O pro-blema é que quanto mais tempo passa, mais difícil será adequar o sistema à realidade com que nos deparamos, mas a necessidade de manter o nível de contribuições para fazer face aos pagamentos já assumidos, têm impedido de se tomar essas decisões mais radicais. Ora, isto tem um efeito de bola de neve, cada dia que se deixa passar, sem ajustar o sistema, é um risco adicional...é como sentir a febre a aumentar e não tomar uma atitude séria para a baixar, o problema é que já estamos com 40 graus de febre e ainda só colocámos água fria na testa. Sabendo o que sabemos hoje se pudéssemos partir de uma tela em branco, o que faríamos diferente?Querendo manter um regime de solidariedade acreditamos que todos esta-mos dispostos a dar, se tivermos como retorno a boa utilização das nossas contribuições. Estes princípios não teriam que ser abandonados, a existên-cia de solidariedade intergeracional poderá continuar a fazer sentido desde que não seja o condutor principal na construção da nossa pensão. Numa perspetiva de proteção social, existência de pensões garantidas pelo Estado deve existir, ainda que em moldes bem diferentes dos atuais, poden-do passar, por exemplo, pela garantia de pensões de valor mínimo para toda a população, financiada através das contribuições das empresas e dos pró-prios, mas sobre um valor de remuneração limitado, estamos simplesmente a falar do tão discutido plafonamento dos salários.Ao mesmo tempo devia ser possível que cada um de nós pudesse acom-

panhar a evolução da formação da nossa pensão, garantida pelo Estado, e em simultâneo definir outras formas para a complementar. A solução para complementar a pensão garantida pelo Estado (1º pilar) tem de passar por um reforço significativo dos 2º e 3º pilares da proteção social, empresas e trabalhadores têm que criar mecanismos de partilha associados à proteção e poupança através dos benefícios incluídos nos pacotes retributivos. Para in-centivar esta participação, duns e doutros, terá claramente que haver alguns incentivos. Somos atualmente um dos países com maiores taxas de contri-buição para a Segurança Social na Europa (34,75% para o regime geral). Uma redução desta taxa, a implementação de melhores incentivos fiscais e o plafonamento dos salários para efeito dessas mesmas contribuições, po-derão ser alguns dos métodos para incentivar a participação no financia-mento dos benefícios, podendo alguns ser obrigatórios e outros voluntários.Partindo ou não de uma tela em branco, existe muito trabalho por fazer, uma necessidade de sensibilizar a população para as necessidades de poupança, de tornar as nossas empresas socialmente mais responsáveis, dar acompanha-mento e educação financeira aos nossos trabalhadores e ajudá-los no plane-amento da sua reforma. A valorização do benefício para reforma, assim que se integra o mercado de trabalho, tem de ser tão ou mais importante do que outros benefícios imediatos, como o seguro de saúde ou de vida.Na perspetiva de pacote salarial, os benefícios de reforma devem ser intro-duzidos o quanto antes, não só as pensões de reforma, mas também áreas como a saúde durante a reforma, devem estar no topo das prioridades, das empresas e dos trabalhadores, não no futuro mas agora!

20 anos em PortugalA Towers Watson acaba de completar os seus primeiros 20 anos de ativi-dade em Portugal. Durante 20 semanas partilhamos com a nossa comuni-dade de clientes, colegas, parceiros e amigos, aquilo que nos une e que, tendo os seus alicerces no passado, é o nosso futuro. Celebre connosco e contribua com os seus comentários e perspetivas. Siga-nos em www.towerswatson.com/20anos

2015 é o ano das comemorações dos 40 anos da independência de Cabo Verde, e torna-se premente e importante dar a conhecer o que tem mudado neste país e

de que forma é que o mesmo tem sabido crescer e evoluir nas mais diversas vertentes. Que caminho ainda falta percorrer? Que desafios se colocam a um país que faz agora 40 anos de independência? Pretende-se suscitar a reflexão sobre a importân-cia desta economia nas diversas questões sobre o emprego, da distribuição do rendimento, da aces-sibilidade aos serviços básicos, da educação e for-mação e do impacto das novas tecnologias nesta sociedade em rápida mutação. Neste domínio, é importante também perceber e abordar o univer-so da Lusofonia que é hoje um paradigma cada vez maior de como se deve evoluir e promover valor, seja através de entidades privadas, seja atra-vés de entidades públicas. Buscando mais valias e a excelência, temos assistido nos últimos anos a uma troca constante de valor entre empresas/entidades presentes nos diversos países da CPLP que assim promovem uma parceria entre países, positiva para todos aqueles que nela emergem e

na qual Cabo Verde se assume como um player essencial. Neste âmbito, o Secretário Executivo da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Murade Murargy, defendeu que a “cooperação económica é o pilar que vai dar mais dinamismo à organização, desde que os Estados-membros criem condições como proteção de investimentos ou garantias de financiamento e Cabo Verde está empenhado na construção de uma comunidade mais forte, solidária e evolutiva”, salienta. O setor do turismo e lazer continua a ser um com-ponente importante da economia cabo-verdiana e oferece grandes oportunidades de investimento nomeadamente nas áreas de turismo de luxo e Re-sorts, turismo desportivo e ecoturismo. Também as áreas das Tecnologias de Informação e Co-municação oferecem condições e atrativos para investimentos de médio e longo prazo, tendo em conta os desafios que o país enfrenta em termos da modernização tecnológica, quer ao nível da admi-nistração pública quer do setor privado.Recentemente foi lançado pelo Governo três clusters: do mar, do ar e do agronegócio, cujo ob-

jetivo é criar condições para investimentos públicos e privados, e dinamizar as poten-cialidades das ilhas onde vão ser desen-volvidos esses clusters. No âmbito do cluster do mar poderão ser desenvolvidos proje-tos de manutenção e reparação naval, trans-bordo de mercadorias e instalações de abas-tecimento de combus-tíveis e outros projetos ligados à transfor-mação, comercializa-ção e exportação dos recursos marinhos. No quadro do cluster aéreo existem gran-des oportunidades nas áreas de manutenção de aeronaves, serviços de navegação aérea, bem como oportuni-dades na concessão nas operações e ser-viços nos quatro aero-portos internacionais Cabo-Verdianos. Para o cluster do agrone-gócio perspetivam-se grandes oportuni-dades de negócio na produção agrícola e na

Cabo Verde assume-se como um país com um enorme potencial, sendo «apenas» necessário que se aposte no mesmo de uma forma que aporte valor acrescentado, ou seja, que proporcione ao país mais valias e desenvolvimento.

cAbO VERDEe a Lusofonia

conservação e transformação de produtos hortí-colas.Em 2015 foi criado e entrou em funcionamento o Centro Internacional de Negócios (CIN) nas suas três vertentes: Indústria, Comércio e Ser-viço. O Governo por imperativos ligados à sua condição de membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), que impõe cumprimen-to com as regras sobre os Acordos de Subvenção e Medidas de Compensação, teve de revogar as legislações relativas à promoção das exportações consubstanciadas nos diplomas relativos às em-presas francas e empresas exportadoras.Para substituir esses instrumentos de incentivo à internacionalização da economia e também com intuito de adaptar esses instrumentos às práticas mais correntes e modernas, o Governo instituiu o Centro Internacional de Negócios (CIN CV) e os incentivos fiscais e financeiros à internacio-nalização. Na vertente industrial, a opção adota-da vai claramente no sentido da instituição do modelo das EPZ (Export Processing Zones) instituídas nos anos 90 em vários países em de-senvolvimento, para atrair o estabelecimento de atividades exportadoras. Na vertente dos servi-ços, que é aquela que assume maior relevância para o caso de Cabo Verde, o modelo está mais próximo da Zona franca da Madeira e do Re-exporto e Centro de Serviços Financeiros das Maurícias, países com perfis económicos seme-lhantes a Cabo verde. “Por isto e muito mais, não tenho qualquer dúvida que Cabo Verde é um dos pilares desta comunidade”, conclui.

60

COOPERAÇÃO CPLP

Murade Murargy

O Grupo Arena tinha surgido há dois anos, no mesmo ano em que Angola tinha finalmente conquistado a paz. O momento era frágil, a economia estava

debilitada, mas os sinais eram de mudança. Vivia--se uma Angola com maior estabilidade política, o mercado precisava urgentemente de agitação e a economia tinha de agilizar. A criação de empre-sas era uma necessidade extrema. Muitos setores eram ainda inexistentes e foi neste contexto que nasceu a Line Stands. Pretendia dar resposta a uma área de atividade que já o Grupo previa ser promissor. Compreenderam que “o mercado pre-cisava de ter uma empresa que pudesse oferecer soluções aos clientes e aos eventos” organizados naquele país, explica Bruno Albernaz. Mas o projeto não podia ser idealizado de forma levia-na. A confiança e a qualidade do grupo tinha de persistir… e o país precisava. “Nós considerámos que era pertinente criar uma empresa forte para poder atender” às necessidades do país e ao ritmo com que o mercado começava a surgir. Criaram a empresa quase do zero e sabiam que tinham de ser responsáveis pelo seu próprio sucesso. Num momento em que o país não conseguia ofere-cer as melhores condições aos seus empresários, em que o transporte dos produtos era feito por estradas degradadas, a Line Stands teve que ser senhora de si mesma. Assim, criaram uma marca sólida, que propunha ao cliente um serviço com-pleto e complexo. “Fomos reinvestindo e tornan-do a Line Stands numa empresa cada vez mais forte e dotada de todas as funções”. “Tínhamos os nossos próprios geradores, os nossos camiões, gruas, tendas e ares condicionados”, explica o presidente do Conselho de Administração. Os profissionais necessários à conceção de eventos e montagem de stands eram inexistentes. A Line Stands foi a primeira empresa a criar “quadros angolanos” na área e tornou-se numa “escola de formação” para aqueles que seriam os profissio-nais responsáveis pelo sucesso da empresa. E foi com esta estratégia e apostando na qualidade que atingiram o sucesso que hoje a Line Stands vive. É atualmente líder de mercado em Angola e tem deixado a sua marca em todos os países onde atua. Têm invertido o jogo e, ao contrário das empresas internacionais que resolvem des-cobrir o mundo que o país tem para oferecer, a Line Stands decidiu “internacionalizar uma marca angolana”, de forma a conseguir competir com outras empresas do setor e dar destaque não só à marca, mas também à própria economia de Angola. Por esses motivos, é possível agora afir-mar que a empresa do Grupo Arena foi e é uma forte alavanca para o crescimento da sociedade e do próprio mercado onde se insere. Bruno Al-bernaz assume que, até à criação da empresa que representa, a organização de eventos era escassa.

“Nós fomos a inovação”, defende. Assumiram a responsabilidade de fazer crescer a realização de “feiras setoriais”, “hoje um setor fortíssimo e uma das ferramentas de marketing e comunicação” mais importantes para a sociedade angolana.

UMA ANgOLA QUE NÃO ASSUSTASem antecipação e organização, uma empresa terá grandes dificuldades em manter-se num lugar de destaque. E, perante o ciclo económico que An-gola vive atualmente, com a alteração dos preços do petróleo e com a diminuição de entrada de di-visas no país, as empresas ressentem-se. Contudo, Bruno Albernaz mostra-se confiante. A atitude da equipa permite que a empresa se mantenha sem-pre à frente dos acontecimentos. A Line Stands é uma “empresa sólida, estamos preparados e a criar

Criada em 2004, a Line Stands veio colmatar uma fenda que existia no mercado angolano e, atualmente, tem o reconhecimento internacional nas suas mãos. Impulsionou a sociedade e o setor de conceção e organização de eventos, até então quase inexistente. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Bruno Albernaz, Presidente do Conselho de Administração da marca, falou no passado e

no futuro da empresa e da sociedade angolana.

OS VEnTOS DE MUDAnçAde uma angola pacífica

alterativas e soluções para que estes momentos, embora afetem o nosso dia-a-dia, não nos com-prometam e não comprometam o nosso futuro”, garante. Uma empresa com “doze anos” não se deixa intimidar por estes pequenos percalços, pelo contrário, utiliza-os para emergir de uma forma mais forte e eficiente. Quanto às empresas exportadoras, que têm sido abaladas com esta fase económica em Angola, Bruno Albernaz pede reflexão. Acredita que este é um bom momento para que empresários in-ternacionais repensem a sua estratégia, uma vez que Angola exportará cada vez menos produtos. Na sua opinião, “em vez de exportarem, [as em-presas] devem colocar na sua agenda um investi-mento em Angola e começar a produzir” a partir deste país. “O mercado aqui à volta é bastante forte”, explica o presidente do Conselho de Ad-ministração, que acredita que o futuro angolano passa por substituir a importação por produção própria. “Um país como Angola, que tem tantos recursos naturais, não pode continuar a viver da importação”, reitera. “Angola posicionava-se no topo do ranking de países com mais produção e temos que voltar a estes tempos”. E, neste sen-tido, “as empresas portuguesas são bem-vindas”, afirma Bruno Albernaz, em tom convidativo.

INTERNACIONALIZAÇÃO COMO IMPULSODe modo a que as empresas comecem a apostar e a investir em Angola, o país tem que mostrar a sua força e as suas competências ao mundo. É neste contexto que empresas como a Line Stands começam a marcar presença noutros países, le-vando consigo clientes e apostando na procura de projetos que possam ser integrados em Angola. Presente no Brasil e Portugal e com o foco vira-do para outros países europeus, a marca tem-se dedicado em dar destaque à oferta que Angola proporciona e Bruno Albernaz assegura que este empenho trará frutos aos empresários angolanos e à própria sociedade. “Dentro daquilo que é a nossa missão e os nossos propósitos, temos in-sistido bastante para que, cada vez mais, as em-presas angolanas que operam neste mercado […] se mostrem ao mundo e participem neste tipo de fóruns, exposições e eventos”, defende.No futuro, a Line Stands pretende continuar a apostar nos mercados internacionais e no au-mento das suas competências, que permitirão uma resposta mais célere e eficiente. “Estamos a construir, neste momento, um parque industrial”, que permitirá melhores condições à fábrica e, as-sim, proporcionará aos seus clientes “uma linha de produção mais moderna” e competitiva. Este e outros investimentos que planeiam permitirão que a Line Stands se mantenha como uma “em-presa de referência” não apenas em Angola, mas em todos os países onde pretende atuar.

62

COOPERAÇÃO CPLP

“Dentro daquilo que é a nossa missão e os nossos propósitos, temos insistido bastante para que, cada vez mais, as empresas angolanas que operam neste mercado […] se mostrem ao mundo e participem neste tipo de fóruns, exposições e eventos”

Bruno Albernaz

Surgiu em 2004, em Angola, e apenas em 2012 entrou no mercado português. Contudo os apenas três anos de esta-dia foram suficientes para tornar a Line

Stands numa marca de referência, de confiança e cuja qualidade é inabalável. Neste curto espa-ço de tempo conquistaram já duas vitórias: em primeiro lugar, o reconhecimento na implemen-tação de eventos com um conjunto de soluções mais sofisticadas e eficientes. Em segundo lugar, a marca tem permitido uma intensificação da internacionalização da própria empresa e de to-dos os clientes que pretendam aventurar-se por novos territórios. Presente em Angola, Brasil e Portugal, tem apostado ultimamente no mercado europeu, a partir do território português.Mas a grande entrada no nosso país deve-se às suas inquestionáveis mais-valias. A primeira e mais evidente é a língua portuguesa, um pon-to forte e em comum com a sociedade angola-na. Contudo, o território português tem muitos outros aspetos relevantes que impulsionam e possibilitam o sucesso das empresas. “Tem a ca-pacidade técnica e o facto de ser uma fronteira com outros países da Europa”, o que facilita a co-operação e a inserção das marcas noutros países a partir de Portugal, explica Bruno Sousa. Deste modo, é possível afirmar que a Line Stands tem sido uma alavanca para todas as empresas, principalmente angolanas, que queiram abraçar a internacionalização e fazer deste um objetivo forte da sua estratégia comercial. “O facto de es-tarmos presentes em Portugal é uma mais-valia para os nossos clientes que estão em Angola, porque terão a mesma língua, a mesma dinâmica de empresa e os mesmos interlocutores”, o que permitirá uma maior facilidade na “inserção no mercado português”, admite o Brand Manager da Line Stands, em Portugal.E como consequência da sua presença no nosso país, a marca tem sentido o reconhecimento das várias entidades públicas e privadas nacionais. Atualmente, o próprio governo português tem confiado ações e eventos à Line Stands, o que, na opinião de Bruno Sousa, é o reflexo “do sucesso que [a empresa] tem em Angola, é uma marca que está, há muito tempo, implementada no país, organiza feiras e eventos” e isso, de facto, é “um tónico para que consigamos inserir a marca no mercado português”.

E COMO ATINgIRAM TODO ESTE SUCESSO EM APENAS TRêS ANOS?

Apesar de o sucesso e o reconhecimento angola-no ser um bom impulso para a entrada da Line Stands noutros mercados e, nomeadamente, em Portugal, a estratégia foi um fator determinante

para a sua integração. Bruno Sousa explica que tiveram “um percurso inverso” às estratégias das empresas que atuam na mesma área de ativida-de, criando um método competitivo e de máxi-ma qualidade. Por outro lado, “o Grupo Arena Betabrand consolidou a sua posição no mercado português, investindo no apoio e no percurso

Especializada na organização e gestão de feiras eventos, através da produção de projetos de arquitetura e design, aluguer e montagem de estruturas, a Line Stands é um exemplo de sucesso nos mercados onde atua. Assume a responsabilidade de manter a qualidade e a exigência que os seus clientes procuram. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Bruno Sousa, Brand Manager da

Line Stands em Portugal, referiu a importância do país para a marca angolana e as mais-valias que esta parceria proporciona.

PORTUGAL, O POnTO DE PARTIDApara o sucesso internacional

que as empresas angolanas fazem para chegar a Portugal. Desta forma, acreditamos que satisfa-zemos uma fragilidade do mercado”, assume o Brand Manager da Line Stands, em Portugal. A internacionalização da própria marca permitiu também uma maior diversidade na conceção de soluções. Bruno Sousa acredita que esta trans-versalidade melhorou a “comunicação” com os clientes e, na perspetiva de criatividade, o facto de estarmos fisicamente num mercado, também maximiza a nossa sensibilidade sobre o mesmo”. “É determinante para um cliente, quando entra num mercado novo, saber como este o quer ver”, constata.Contudo, o ponto mais forte da Line Stands é talvez o seu método de trabalho, com uma estru-tura que garante a conceção, produção, monta-gem e armazenamento ou entrega dos “serviços chave na mão”. Sem esquecer que o processo é apoiado por “equipamentos sofisticados que au-mentam a nossa capacidade instalada e, conse-quentemente, a capacidade de resposta”. Uma resposta adaptada a cada cliente, que promove a ampliação da “qualidade e diferenciação dos nos-sos produtos e serviços”. Assim, Bruno Sousa acredita que podendo a marca “controlar o processo e responder à com-plexidade dos projetos dos nossos clientes”, o resultado final será mais eficiente e superará as expectativas das empresas. “Nós somos uma solução para a internacionali-zação da marca dos nossos clientes nos mercados de Angola, Portugal e Brasil. Queremos ser um veículo de estabilidade neste processo e, portanto, em cada um destes mercados, existimos com es-truturas devidamente dimensionadas e com um controlo rigoroso de processos que promove a qualidade e o preço”, reitera.

O QUE PODEMOS ESPERARDA LINE STANDS NO FUTURO?

Num momento em que o crescimento da em-presa em Portugal tem sido feito a “um ritmo bastante acelerado” e o balanço é, naturalmente, “extraordinariamente positivo”, o futuro só pode ser promissor. Bruno Sousa pretende ver a Line Stands “consolidar o seu crescimento” e “mate-rializar a nossa estratégia para a Europa”. Apesar de a sua presença e exportação a nível europeu ser já uma realidade, o grupo pretende continuar a investir na sua entrada na Europa através de Portugal. Atualmente, a Line Stands encontra-se a trabalhar no sentido de se inserir nos mercados inglês e francês. Por outro lado, e apesar de ain-da não ser uma realidade, planeiam desenvolver ações nos “próximos grandes eventos que se rea-lizarão na Europa”.

63

COOPERAÇÃO CPLP

“Nós somos uma solução para a internacionalização da marca dos nossos clientes nos mercados de Angola, Portugal e Brasil. Queremos ser um veículo de estabilidade neste processo e, portanto, em cada um destes mercados, existimos com estruturas devidamente dimensionadas e com um controlo rigoroso de processos que promove a qualidade e o preço”

Bruno Sousa

O que se propõe então, é a reflexão e análise do regime agora firma-do entre dois Estados que sempre andaram próximos no que toca ao investimento Brasileiro em solo Angolano. Espera-se que com este regime, e também através dos apoios do BNDES (Banco

Nacional de Desenvolvimento Económico e Social) no Brasil, vejamos um investimento Brasileiro em Angola. cada vez mais intenso.É natural que a língua Portuguesa leve a uma grande proximidade entre os dois países, e sendo que os dois países e economias estão em desenvolvi-mento e franca evolução, este acordo visa estreitar os laços, mas crê-se que mais do que isso, visa consolidar e desenvolver os investimentos bilaterais entre os dois países complementando-se ambos nos seus interesses e capa-cidades refletindo um fluxo de comércio bilateral de sucesso.O presente acordo prevê desde já duas novidades: i) a criação de um Comi-té Conjunto que vem monitorar a execução do mesmo e também debater, coordenar as agendas e implementar a cooperação e facilitação acordadas pelos dois países; Convidando e acolhendo também o sector privado a con-tribuir com a integração destes em grupos de trabalho ad hoc. ii) o acom-panhamento dos chamados pontos focais (“Ombudsmen”) os quais terão como função principal dar apoio governamental aos investimentos da outra Parte realizados em seu país.De destacar ainda no presente diploma a criação (e muito positiva para a relação bilateral) de agendas temáticas para a cooperação e facilitação, bem como de mecanismos específicos para mitigação de riscos e prevenção de controvérsias. Ora, acerca destes dois pontos poderíamos elencar extensiva-mente todos os cerca de 13 itens que envolvem temáticas como a prevenção e resolução de disputas, segurança contra expropriações e nacionalizações

PORTUGAL E O AcORDO DE cOOPERAçãO E fAcILITAçãO DE InVESTIMEnTOS

entre os estados de brasil e angola

ou ainda as chamadas compensações e indemnizações a que os investidores poderão ter direito. Contudo, e como nestes exemplos apenas se parte de uma presunção pessimista, é preferível analisar duas medidas que para o investidor e empresário se tornam tão ou mais úteis e urgente nestes casos.Ao prever a proteção de que cada parte permitirá à outra a transferência entre ambas no que concerne a capital inicial ou qualquer capital adicio-nal destinado à manutenção ou à ampliação do investimento, rendimentos diretamente relacionados ao investimento, produto da venda ou liquidação total ou parcial do investimento e a amortizações de empréstimos direta-mente relacionados ao investimento e os respectivos juros, a cooperação entre as respectivas autoridades financeiras terá como objetivo facilitar a

COOPERAÇÃO CPLP

No dia 1 de Abrill de 2015 foi alcançado e assinado entre a República Federativa do Brasil e o governo da República

de Angola um Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos, complementado também por um Memorando

de Entendimento entre os dois Estados para a promoção de investimentos nos sectores da Indústria, Agricultura, Energia e

Serviços.

A OPINIÃO DE Manuel Teixeira Gomes, advogado responsável pelo escritório da Gameiro e Associados em São Paulo

64

“Por outro lado, temos por parte do Brasil um constante apoio aos seus empresários com a concessão de linhas de crédito para investimento em exportação ou mesmo para a internacionalização de empresas através do BNDES. No que respeita a África, por exemplo no que diz respeito a crédito concedido a exportação, pós – embarque, o BNDES já concedeu $458,3 biliões de USD, e observando a parte correspondente a Angola ($348,80 milhões de USD) notamos que este destino é visto com muita importância pelo empresariado brasileiro para o investimento no estrangeiro”

remessa de divisas e capitais entre as Partes, dentro do quadro legal apli-cável. Ainda, outro ponto muito positivo plasmado neste acordo que prevê a facilitação de vistos que entre outros aspectos assegura: a extensão do prazo de validade e do período de estadia, o direito a múltiplas entradas e a celeridade nos procedimentos para concessão de visto. Ora, o facto existir um prazo máximo de 10 dias para concessão de visto, e de estarem previstas concessões de vistos de múltiplas entradas por um prazo de 24 meses (à semelhança de Portugal – Angola por exemplo), bem como estar demons-trada pelo menos uma vontade de cooperação para remessa de divisas e capitais entre ambos os países já constitui um significativo andamento e um passo largo para uma maior cooperação e relação entre duas economias com enormes potencialidades e prontas a crescer juntas.Posto isto, com a Nova lei de Investimento Privado já aprovada em Angola, com algumas alterações interessantes como a redução de burocracia e faci-litação de repatriação do investimento, com os investimentos a serem apro-vados pelo Ministro da tutela ao invés da própria ANIP (Agência Nacional do Investimento Privado), ou até a permissão de investimentos abaixo do limite de um milhão de dólares outrora imposto, vemos já uma demons-tração clara por parte do Governo da República de Angola em começar a moldar o regime.Por outro lado, temos por parte do Brasil um constante apoio aos seus empresários com a concessão de linhas de crédito para investimento em exportação ou mesmo para a internacionalização de empresas através do BNDES. No que respeita a África, por exemplo no que diz respeito a crédi-

to concedido a exportação, pós – embarque, o BNDES já concedeu $458,3 biliões de USD, e observando a parte correspondente a Angola ($348,80 milhões de USD) notamos que este destino é visto com muita importância pelo empresariado brasileiro para o investimento no estrangeiro.De ressalvar também, é que o próprio BNDES procura nos países de origem de concessão de investimento, uma relação com a banca local para assumir o crédito do importador o que pode ser visto como uma boa vantagem pelo país que recebe o investimento pois o que vemos é o BNDES a veicular parte do seu negócio para o país importador, que neste caso seria Angola.Posto isto resta apenas concluir com o entendimento de que a língua por-tuguesa acaba sempre por fomentar e facilitar a cooperação entre as partes envolvidas (CPLP), e assim, apesar deste artigo visar especificamente dois Países de Língua Oficial Portuguesa que não Portugal, isto não significa que o empresário Português com vista à internacionalização não deva ob-servar com interesse este tema. É sabido que muito do empresariado Por-tuguês olha para Angola com interesse ou já está a operar neste país, que no Brasil assistimos a um sempre crescente interesse de empresas portuguesas em expansão, e que muitas vezes o fechar da triangulação com Portugal é inevitável. Isto porque o empresário Português tem os conhecimentos e o meios que muitas vezes o empresário Brasileiro pode precisar em Angola, e que empresas em Angola possam precisar no Brasil. Então, parece claro que a abertura deste canal importante e de forte investimento Brasil – Angola/ Angola – Brasil, pode trazer vantagens e parcerias proveitosas também para Portugal, se todos estiverem atentos.

65

“Isto porque o empresário Português tem os conhecimentos e o meios que muitas vezes o empresário Brasileiro pode precisar em Angola, e que empresas em Angola possam precisar no Brasil. Então, parece claro que a abertura deste canal importante e de forte investimento Brasil – Angola/ Angola – Brasil, pode trazer vantagens e parcerias proveitosas também para Portugal, se todos estiverem atentos”

Desde 2010, Portugal e Angola têm vindo a tra-balhar no sentido de estreitar os laços e relações não só comerciais, mas referentes a todo um con-junto de conexões que permitem uma entreajuda para o desenvolvimento e crescimento das duas nações. E, neste sentido, tem aprofundado a coo-peração económica, política e social. Qual é o ba-lanço que faz desta relação entre os dois países? Que vantagens trouxe ao Eljosat Group? De que forma tem a marca contribuído para esse incre-mento nas relações? A Eljosat Group S.A., começou com uma pe-quena prestadora de serviços chamada Eljosat Limitada. E podemos dizer que uma das nossas primeiras experiências foi feita com Portugal (es-pecificamente com empresários do Porto), Esta troca de experiências entre as duas empresas fez com que a Eljosat Limitada conquistasse em pouco tempo o seu espaço no mercado Angola-no. Esta relação Angola – Portugal trouxe muita experiência ao mercado e creio que dessa experi-ência, surgiu a identidade do que é hoje o mer-

cado angolano. Um mercado exigente e que tenta apostar cada vez mais na qualidade que pode ter.

Apesar disso, atualmente temos vindo a reconhe-cer algumas situações que podem criar constran-gimento a estas relações. A queda do preço do pe-tróleo, as restrições na cedência de divisas à banca comercial e o limite às importações têm provocado um efeito dominó. Enquanto diretor financeiro de uma empresa angolana que atua nos setores de prestação de serviços, comércio geral, transporte e representações comerciais, como vê o futuro de Angola e da sua relação com Portugal?Eu creio que as relações não serão mais afetadas do que as relações que temos com outros países. Os mercados são ciclos, e o que vemos agora no mercado angolano é uma tentativa de autorregu-larização das antigas práticas pouco comedidas. Creio que estamos neste momento a testemunhar uma das mais importantes filtragens que o merca-do poderia fazer as empresas angolanas e estran-geiras. O produto final desta filtragem será em-

Eljosat group, S.A e o mercado angolano estão intimamente ligados, até porque esta marca tem garantido padrões elevados de excelência e que promovem Angola para o sucesso a nível nacional e internacional. A Revista Pontos de Vista conversou com

Elsa dos Santos Silveira e Stephan dos Santos Silveira, respetivamente Administradora e Diretor Financeiro da Eljosat group, S.A, que nos deram a conhecer um pouco mais desta marca que tem evoluído bastante e que representa hoje o que se faz de valor

em território angolano.

“ELjOSAT GROUP ESTá A bATALhAR PARA SE AfIRMAR cOMO

grupo empresarial dentro do mercado angolano”

presas mais fortes, fusões entre micro e pequenas empresas, empresas mais sérias e cada vez menos o aparecimento de empresas de ocasião.

Estas mudanças fazem parte de um “exercício de austeridade”, anunciado em novembro do ano passado pelo próprio Ministro das Finanças an-golano, Armando Manuel. Acredita que, a longo prazo, estas medidas trarão sucesso ou irão cada vez mais prejudicar as relações comerciais a nível internacional? Que lacunas é que ainda identifica nas relações entre Portugal e Angola? Eu acho que esta suposta “crise” e o “exercício de austeridade” terão impacto direto no mercado angolano, e consequentemente no internacional, contudo, acho que a oportunidade para a classe empresarial mostrar ao governo o seu real valor é esta. Nós, classe empresarial angolana, não po-demos encarar este momento com desespero e pânico, porque a economia Angolana já conhe-ceu dias piores e uma restrita classe empresarial conseguiu manter-se funcional acima de todas as

66

COOPERAÇÃO CPLP

Stephan dos Santos Silveira

expectativas. Temos que usar esses exemplos para motivar-nos a sermos cada vez melhores dentro deste mercado. A grande lacuna que identifico nas relações comerciais é o bypass que se criou entre empresas portuguesas e o mercado ango-lano. As instituições governamentais que regem estes intercâmbios (adidos comerciais, câmaras de comércio, entre outros) precisam de ser mais interventivas e precisam de ser elas a nossa maior fonte de informação credível, para os dois lados.

Fala-se já em desastre político e social. Rafael Marques, ativista e jornalista angolano, afirma que toda esta situação poderia ter sido evitada se José Eduardo dos Santos tivesse diversificado uma economia que estava cada vez mais depen-dente do petróleo. Refere ainda o facto de Angola viver de importações e não investir na produção. Concorda com estas afirmações? Que comentário lhe merece? O que pode sere realizado para inver-ter este cenário?

Acho que a classe empresarial deve, acima de tudo, olhar para os desafios como obstáculos a se-rem vencidos e tentar sempre apresentar soluções e opções viáveis para o bem do seu negócio e para o bem da economia em geral. O mais importan-te é estarmos sólidos para garantir o fluxo económico e com isso gerar emprego e novas oportunidades de ne-gócios. Comentando isto é complexo por-que precisamos de ver se esta análise foi feita de um prisma econó-mico neo – liberal.

Invertendo a ques-tão, e uma vez que a vossa empresa traba-lha diretamente com

empresas portuguesas, como vê a economia do nosso país quando estas medidas começarem a fazer-se sentir verdadeiramente?Apesar do estado da economia portuguesa ter uma responsabilidade partilhada com não por-tugueses, acho que não nos devemos preocupar com a capacidade de “endurance” das empresas Portuguesas, afinal, estamos a falar de lusitanos, gente com uma capacidade de adaptação e ino-vação acima da média dos colossos europeus. Portanto creio que haverá sempre espaço de ma-nobra para a continuidade do fluxo económico Luanda-Lisboa.

De que forma vão contornar estas medidas que impõem limites a empresas que vivem das rela-ções internacionais? Acho que agora é a hora da banca comercial res-ponder ao chamamento. O Governo já fez o seu papel, os empresários estão a correr atrás, agora só falta os bancos comerciais deixarem de lado as transações cambiais e passarem realmente a gerar negócio e ajudar na proliferação de bons negó-cios e de boas práticas de negócios.Há projetos que precisam de ser financiados, há estratégias que precisam de ser postas em práti-cas. O mercado imobiliário está a regularizar-se e com isto as yields têm sido cada vez mais peque-nas. Agora é altura da banca comercial aceitar o desafio dos bons empresários para se gerar novos projetos e a partir daí, talvez se ilumine a solução para estas medidas.

67

Como perspetiva o futuro da marca e quais os principais desafios da marca? Que novidades podemos esperar do Eljosat Group?Eljosat Group está a batalhar para se afirmar como grupo empresarial dentro do mercado angolano. Estamos neste momento a estudar o nosso expansio-nismo provincial e queremos estar no mínimo presentes em mais duas provín-cias, sendo uma no litoral norte e outra no centro sul. Os principais desafios para nós são internos pois tentamos sempre implementar um padrão de qua-lidade internacional pois almejamos a internacionalização da marca dentro de cinco anos. A Eljosat Group pôs no mercado empresas como a 4finance – gestão de pro-jetos agropecuários, que está neste momento a participar da reativação de fazendas e projetos agrícolas no interior do país. Temos também a nossa con-sultora de recursos humanos, Create Value, que tem sido um exímio promotor do quadro angolano junto da indústria petrolífera, e entre outras mais gostarí-amos de destacar a Eljosat Logistics que é uma sociedade focada na gestão de infra estruturas de apoio a industria e de plataformas de produção.O mercado pode contar com a Eljosat Group, S.A., para garantir que dentro dos serviços do grupo o padrão será sempre mantido acima da média, seguindo modelos de sucesso angolanos e internacionais.

A Fabrimetal nasceu em 2006 e, desde então, tem promovido o rápido desenvolvimento dos países onde atua, suportando as construções indus-triais, reduzindo a poluição ambiental e impulsio-nando o emprego. Qual é o balanço desta quase uma década de trabalho? Não obstante o facto dos investimentos neste tipo de indústria serem elevados e necessitarem de um grande esforço com vista à sua materia-lização, podemos considerar que o balanço é positivo, na medida em que já nos consideramos totalmente integrados em cada mercado onde estamos a atuar.

Em 2010, o Ministério da Geologia e Minas e da Indústria de Angola inaugurou, em Luanda, um complexo industrial, no qual se insere a Fabrime-tal. Este facto mostra que são já uma referência internacional, nomeadamente aos olhos do pró-prio governo angolano, que vos definiu como uma mais-valia para o desenvolvimento nacional. De que forma contribuíram e contribuem para a evolução socioeconómica do país?Com este investimento, a Fabrimetal acompa-nha, de certa forma, os desígnios do governo an-golano, uma vez que está a contribuir de forma considerável para a diminuição das importações, a ajustar os níveis de preços do mercado da cons-trução civil e a aumentar o nível de renda das fa-mílias dos mais de 400 colaboradores nacionais que colaboram na empresa.

Presente em 8 países da África Subsaariana, a Fabrimetal é líder de mercado no setor. O que permite este sucesso? De que forma trabalham diariamente para manter esta liderança?O nosso sucesso tem por base o facto de produ-zirmos em África, com as adversidades que todos conhecemos, com níveis de qualidade interna-cionais, mantendo uma boa cadeia de abasteci-mento, um relacionamento forte com os nossos fornecedores e clientes, forte ética de trabalho e um serviço de apoio ao cliente consistente e de alta qualidade. A qualidade é um dos nossos principais bastiões. Trabalhamos diariamen-te de acordo com normas e procedimentos que nos permitem, em todo o momento do processo produtivo, avaliar se os índices de qualidade que pretendemos imprimir no produto acabado estão a ser obtidos. Produzimos segundo a norma Bs 4449:2009 e Especificação LNEC E 450-2010. Concomitantemente, apostamos muito na for-mação contínua dos nossos colaboradores.

Portugal é um país que tem desenvolvido uma ótima relação com empresas sediadas em Ango-la. Qual é a importância do território lusitano na vossa marca?

Presente em vários países, a Fabrimetal entrou no mercado angolano em 2010 e ocupa já a liderança no setor. Tem promovido o desenvolvimento socioeconómico do país e a cooperação com Portugal e vê a procura constante pela qualidade como chave do

sucesso. A Revista Pontos de Vista falou com Luís Diogo, Director, Commercial & Strategic Projects da empresa líder em produção de Varões de Aço nervurado, certificados, para a Construção Civil e Industria.

A QUALIDADE cOMO ALAVAncApara o crescimento angolano

Efetivamente, Portugal tem um peso conside-rável no mercado angolano em geral e no setor da construção civil em particular, setor este onde estamos inseridos. Prestamos uma atenção espe-cial às empresas portuguesas de construção civil que atuam neste mercado, tendo já o privilégio de ter algumas das maiores entidades como nossas clientes.

Atualmente os dois países têm-se deparado com algumas situações que podem criar constran-gimento a estas relações. A queda do preço do petróleo, as restrições na cedência de divisas à banca comercial e o limite às importações têm provocado um efeito dominó. Como é que a Fa-brimetal vê estas controvérsias entre nações? De que forma o tecido empresarial sai prejudicado com estas questões?Acreditamos que, a médio prazo, estas relações acabarão por sair reforçadas, na medida em que é nos setores primário e secundário que a econo-mia angolana tem de crescer mais, prosseguindo assim o objetivo da diversificação económica. Nestes setores, as empresas portuguesas podem participar ainda mais no desenvolvimento do país, face ao conhecimento e experiência adquiri-

68

COOPERAÇÃO CPLP

“Com este investimento, a Fabrimetal acompanha, de certa forma, os desígnios do governo angolano, uma vez que está a contribuir de forma considerável para a diminuição das importações, a ajustar os níveis de preços do mercado da construção civil e a aumentar o nível de renda das famílias dos mais de 400 colaboradores nacionais que colaboram na empresa”

Luís Diogo

da, aliada ao facto de termos uma língua comum. As empresas que estiverem no mercado angola-no, com objetivos de longo prazo, verão, nesta crise, uma oportunidade para galvanizarem a sua presença.

Apesar de todos estes obstáculos, o governo português tem mostrado a sua preocupação em manter boas relações não só com Angola, mas com todos os PALOPs. Da mesma forma, os gover-nos de países africanos também afirmam a sua vontade de criar uma cooperação ativa com a so-ciedade portuguesa. Acredita que, futuramente, e contornados os desafios que temos enfrentado, poderemos ver os frutos de uma estreita relação entre estes países?Acredito que os esforços que estão a ser envida-dos pelo governo português, no âmbito da sua política externa, acabarão por dar frutos a médio prazo. A comunidade de países de língua portu-guesa tem uma expressão enorme no contexto económico internacional e, se as relações com os demais países africanos forem sedimentadas, es-tou certo de que todos sairão a ganhar, nomeada-mente Portugal, face à sua localização estratégica de acesso aos outros mercados.

O núcleo empresarial é, sem dúvida, um grande impulsionador destas relações, uma vez que cria uma maior interação diária entre os PALOPs e Por-tugal. De que forma a Fabrimetal tem contribuído para o bom relacionamento entre países?A Fabrimetal, face ao setor onde atua, e tendo este

as empresas portuguesas como principais players, mantém e pretende reforçar as relações existentes. O facto de, no nosso dia-a-dia, falarmos uma lín-gua comum, permite que estejamos sempre a sedi-mentar a proximidade com Portugal.

O que podemos esperar da Fabrimetal no futuro, no âmbito de novos projetos? As relações bilate-rais continuarão a fazer parte do vosso dia-a-dia? Neste preciso momento, estamos a aumentar a nossa capacidade de produção de Varões para

75.000 toneladas por ano, com a instalação de um terceiro forno. Dentro de um ano, pretende-mos introduzir a produção de produtos comple-mentares ao nosso objeto principal, como a pro-dução de barras de ferro, cantoneiras, perfis em I e em H, entre outros. Em 2016, prosseguindo o plano de internacionalização, o grupo Fabrimetal estará presente em oito países da África Subsa-riana. Sendo a Fabrimetal uma empresa de raiz internacional, certamente que continuaremos a dar especial atenção às relações bilaterais.

69

“O facto de, no nosso dia-a-dia, falarmos uma língua comum, permite que estejamos sempre a sedimentar a proximidade com Portugal”

Elevados padrões de satisfação dos clientes, ex-periência e conhecimento, qualidade e rentabili-dade. Estes são alguns dos predicados que carac-terizam a Matos Global Investimentos, Lda, marca que tem crescido sobejamente em Angola. De que forma tem sido realizado o desenvolvimen-to da marca e quais as mais-valias que os vossos clientes aportam ao escolher os vossos serviços? De uma forma resumida, podemos claramente responder que a eficiência, honestidade, agilidade e compromisso com o cliente, tem sido a mola impulsionadora e a base de indicação de clientes para clientes dos nossos serviços prestados. Não há nada melhor neste meio comercial de titãs e nós sendo uma pequena empresa andando passo a passo com grandes empresas no ramo dividindo os mesmos objetivos. Cliente satisfeito, negócio efetivado de certeza.

Na vertente do imobiliário, quais as potencialida-des do mercado angolano? Em que fase de matu-ração está o mesmo neste momento? O que ainda falta?Em linhas gerais, o mercado imobiliário an-golano, começa a dar passos para acomodar a realidade que o mercado internacional exige

neste negócio. Angola ainda é uma mina de ouro e muito especulativa em termos da ofer-ta e procura do bem imóvel. Existe realmente pouco produto de qualidade, fazendo com que os preços praticados sejam muito altos. Entre-tanto, o Estado tem estado a desenvolver no setor intermédio a promoção de produtos que a médio prazo, poderá fazer equilibrar a balan-ça, ajustando os preços dos produtos à realidade que qualquer mercado no mundo pode ter. Se pensarmos numa perspetival de enriquecimen-to imediato, num período máximo de dez anos, qualquer empresário internacional que se alie a empresas promissoras em Angola, terá lucros em pouco tempo. Entretanto, nada será na ile-galidade. Sim na legalidade e mesmo assim terá faturações inacreditáveis. Este é nosso mercado na sua mais ampla realidade e factos.

O conhecimento profundo e pormenorizado do mercado é fundamental? Tem sido este, um dos segredos para o sucesso da Matos Global Inves-timentos, Lda? Com certeza que sim. Antes de ter decido criar está empresa, fui empregado de outras empresas monstros no mercado imobiliário angolano. En-trando como um simples funcionário adminis-trativo aos poucos fui estudando e percebendo, o que me fez a ascender a cargos de nível de direção, percebendo a fundo o ramo. A necessidade do en-riquecimento imediato de muitas destas empresas fez cometerem erros até de cálculos de projetos e tempos de execução de obras e outros. Isso chegou ao cliente como promessa de fracasso e desacre-ditação de várias empresas angolanas. Pegando nesses erros, decidi partir para a mesma aventura com um conceito diferente perante o cliente. O principal é deixar que o cliente esteja diretamente envolvido num processo de venda, compra, arren-damento ou aluguer. Assim sendo, o cliente vive os benefícios e as dificuldades do que está a comprar, e isso mostra honestidade e segurança. Essa tem sido a nossa marca de excelência. Envolver dire-tamente o cliente em tudo que formos fazendo.

Que género de serviços providenciam ao vosso cliente? O lema «cada cliente é um cliente», resu-me o serviço personalizado da marca? É essencial que o cliente se sinta «especial»?Providenciamos ao cliente o serviço possível e neste possível damos aos nossos 100%. Não de-vemos levar expectativas altas ao cliente de tudo que não podemos dar. Para nós de uma manei-ra geral, cliente é cliente, não importa como ou que valor vai pagar. Cada um tem a sua classe de pagamento e em função a isso, tem todo um tra-tamento de excelência com o rigor que qualquer

“A Empresa oferece todo um leque de serviços, que possam permitir a realização de negócios efetivados com satisfação para ambas as partes envolvidas. Neste caso Nós e Clientes ou parceiros. Profissionalismo, isso para nós é uma marca de excelência”. Quem o

afirma é João de Matos Cambinda, Administrador geral da Matos global Investimentos - Imobiliária e Intermediação. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, o nosso interlocutor deu a conhecer um pouco mais do trajeto de uma marca que tem vindo a crescer e que

tem no seu ADN o profissionalismo, a transparência e qualidade.

“TEMOS ESTADO A fAzERa diferença no mercado imobiliário angolano”

serviço prestado exige. Portanto, se é cliente, terá de certeza o nosso melhor de atendimento.

A empresa oferece ao mercado imobiliário an-golano e não só, uma prestação de serviços pro-fissionalizado com atendimento personalizado? Como o fazem?A empresa oferece todo um leque de serviços, que possam permitir a realização de negócios efetivados com satisfação para ambas as partes envolvidas. Nesse caso nós e clientes ou parcei-ros. Profissionalismo, isso para nós é uma marca de excelência. Realmente temos estado a fazer a diferença no mercado imobiliário angolano. Decidimos criar o que se chama a exclusividade de cliente. Tratamos com o cliente de modo que não nos faça perder tempo quando o mesmo na procuro de um determinado serviço ou bem, te-nha contactado outros parceiros. Existe uma boa comunicabilidade entre os parceiros do mesmo ramo. Então é escusado o cliente pedir serviço em várias imobiliárias, pois vamos acabar por co-

70

COOPERAÇÃO CPLP

De que forma é a Inovação um vetor fun-damental na vossa orgânica e estratégia? Em que moldes podemos identificar essa vertente?Quem não aceitar a inovação ficará de certeza ultrapassada no tempo e no espaço. Estamos ligados à inovação e de algum modo tem sido a nossa base de atuação que nos aproxima de objetivos traçados estrategicamente.

João de Matos Cambinda

municar uns aos outros se não tivermos um de-terminado produto solicitado. A nossa diferença consiste em dar todo o suporte ao cliente, desde a procura, contração, pagamentos, entrega do imó-vel e ainda sim oferecemos o serviço pós renda ou venda.Manter o cliente em nossa casa é o nosso objeti-vo. Ao prestar um ótimo trabalho ao cliente, de certeza que está garantida a publicidade boca a boca que é a melhor publicidade do mundo no meu mais imediato entender.

Atuam sobre todo o território angolano? Ainda existem muitas assimetrias ao nível do imobiliá-rio quando abordamos, por exemplo, uma grande metrópole como Luanda e outras áreas do país? Como se ultrapassa essas dificuldades?Angola é um novo país do pós guerra. Entretan-to, talvez por razões estratégicas do nosso Gover-no, há um crescimento grande apenas nas gran-des cidades e Luanda é exemplo concreto disso. Naturalmente, isso faz com que toda a força de trabalho, todo o investidor, todos os serviços es-tejam ainda hoje em Luanda. Então, o parque de melhor emprego é em Luanda. Isso, de alguma maneira, ofusca as outras regiões. Naturalmente, isso faz com que a procura encareça o pouco pro-duto de qualidade existente. São incomparáveis as necessidades entre as regiões e Luanda, infe-lizmente, ainda lidera a lista em qualidade e a ra-zão de preços altos se considerarmos o mercado internacional e para o tipo de produto a oferecer.

Que ligação perpetuam com Portugal? Existem muitos portugueses a escolher os vossos serviços? Existe a perspetiva de apostarem em Portugal?Portugal e os portugueses de uma forma geral têm ligações muito fortes com Angola e com os Angolanos. A história passada criou raízes que o tempo nunca vai apagar. Das boas e das más. Entretanto, devemos aproveitar os bons. Hoje, temos uma carteira de clientes de cerca de 70% portuguesa. Empresas como a TPF Fiscalização detida por um grupo português é o nosso maior cliente. Depois temos o grupo Zara que gere o super mercado Kero. Estes têm merecido a nos-sa atenção e, no que o mercado vai oferecendo, vamos encontrando soluções. Temos brasileiros e outras nacionalidades em pouca percentagem. Temos e estamos a estabelecer parcerias com empresas portuguesas em Portugal, no sentido de criar intercâmbio de produtos imobiliários no tocante a vendas e a arrendamentos. Ao con-seguirmos efetivar isso, vai permitir que os an-golanos interessados em produtos portugueses, encontrem na nossa empresa, espaço que poderá confiar toda uma gama de serviços sem ter que se preocupar e vice-versa. Estamos a estudar os mecanismos para que essas parcerias se efeti-vem com sucessos. Entretanto, a Matos Glo-bal Investimentos Lda, não é só uma empresa de Intermediação Imobiliária. Somos também construção civil obras públicas, fiscalização, ar-quitetura e engenharia, promotores e incorpo-radores.Estamos à procura de investidores nacionais e in-ternacionais com capacidade financeira real e que desejam comprometer-se. Temos um país muito fértil e promissor. Grandes empresas externas, deviam aproveitar o momento atual e fazer con-tactos com as empresas angolanas grandes ou pe-quenas e nós estamos abertos a isso. As relações a estabelecer, poderão servir para alavancar lucros a curto, médio e longo prazo.

Que balanço pode realizar da atuação da marca desde 2012, ano em que a Matos Global Investi-mentos deixou de ser um projeto e passou a ser oficialmente uma Empresa reconhecida com base a Lei angolana então assim criada institucional-mente?São três anos de atuação como empresa legal-mente reconhecida no estado Angolano. A ex-periência de seus quadros adquirida na prestação de serviços em outras empresas faz de nós uns corajosos e lutadores natos. Fomos abrangidos pela crise universal, entretan-to podemos dizer que o balanço é positivo pelo número de negócios efetivados com sucesso. A nossa linha de pensamento, hoje, é fazer com

que o cliente se mantenha connosco. Assim, de certeza que também conseguimos manter o as-peto financeiro garantido. Estando isso a acon-tecer, afirmamos que até ao momento é positivo. Com a capacidade de liderança e gestão de sua Excelência o camarada Presidente da República de Angola Eng.º José Eduardo dos Santos, as coisas poderão melhor nos próximos tempos. O nosso governo está a criar mecanismos de apoio às empresas nacionais e isso é visível e deixa a responsabilidade da construção, da industriali-zação e de vários outros serviços, como marcas registadas angolanas. Se isso, paulatinamente, fôr acontecendo, acredito que foram ouvidas as nos-sas preces.

71

Quais são os principais desafios a curto/médio prazo e o que podemos esperar da Matos Global Investimentos, Lda de futuro? Nós somos uma empresa de Construção civil, obras públicas, promoção, incorporação e in-termediação imobiliária. Assim sendo, estamos a desenvolver um projeto habitacional para renda baixa e média de qualidade excecional com formas de fácil acesso ao cliente e moda-lidades de pagamentos também fácil e a longo prazo. A nossa ambição, não se trata do lucro imediato mas sim o comprometimento a lon-go prazo com o ser humano. Para isso, temos estado a desenvolver contactos com entidades financeiras internacionais que possam abraçar e financiar este projeto. Estamos a desenvolver este projeto diferente do desafio oferecido pelo Estado angolano e estamos a estudar custos mais baixos possíveis e permitidos sem que ponha em risco todo o capital que vier a ser aplicado. Na realidade, o capital a ser aplicado na construção deste empreendimento, poderá ser de fácil retorno e a curto médio prazo, pós o público-alvo tem está capacidade de pagar. Apenas precisa de encontrar o produto pronto e ter um período flexível para poder pagar.Estamos a estudar custos, formas de pagamen-tos, períodos de pagamentos, modelos e tipo de construção a seguir. Sei que vamos conseguir o parceiro certo para avançar com este objetivo que não é só de caracter lucrativo, mas tam-bém social. Então, ai está uma marca que se pode ainda esperar brilhar muito nos próximos 50 anos e mais e que nossa geração de filhos e netos poderão levar para muitos anos. É um desafio grande, levar este modelo de habitação com objetivo principal de carácter social inde-pendentemente do lucrativo.

“São três anos de atuação como empresa legalmente reconhecida no estado Angolano. A experiência de seus quadros adquirida na prestação de serviços em outras empresas faz de nós uns corajosos e lutadores natos”

Depois de alguns anos de impasse, o passado dia 19 de dezembro marcou o início do Mercado de Capitais em An-gola, com a entrada oficial em funciona-

mento da Bolsa de Dívida e Valores de Angola, comumente conhecida por BODIVA. Estimu-lando a participação de pequenos investidores e reforçando a concorrência entre todos os opera-dores, a BODIVA assegura que as transações nos mercados regulamentados de valores mobiliários sejam executadas com a máxima transparência, eficiência e segurança. A atividade bolsista arran-cou com o mercado da dívida pública, marcado pelo início das atividades de negociação e registo de títulos do tesouro, num momento em que o ambiente macroeconómico apresenta melhores condições para a implementação da Bolsa de Valores. Efetivamente, com o aumento do nú-mero de bancos, empresas seguradoras, socieda-des gestoras de fundos de pensões e fundos de investimento imobiliários e mobiliários, a Bolsa de Valores chegou a Angola no momento cer-to, tal como reforçou em conversa com a Revista Pontos de Vista, Pedro Pitta-Groz, Presidente da Comissão Executiva da BODIVA. “Se a BODI-VA tivesse chegado mais cedo não sei se teríamos as condições mais adequadas. Diria que o impac-to da queda dos preços do petróleo teve um efeito negativo na economia mas também teve um lado positivo uma vez que acelerou a necessidade de diversificar a nossa economia”, salientou o res-ponsável. A bolsa tem procurado, por isso, de-sempenhar um papel ativo na diversificação e no equilíbrio dos vários setores de atividade no país. Para o arranque da BODIVA é ainda de salientar o papel importante desempenhado pela Comis-são do Mercado de Capitais (CMC) que sempre se assumiu como um regulador atento mas, ao mesmo tempo, que atua de forma a deixar que os agentes do mercado ajam de modo indepen-dente. Da BODIVA é deixada a garantia de que

irá sempre manter a postura de entidade regulada que caminhará ao lado da CMC no desenvol-vimento do mercado de valores mobiliários de Angola. Sendo uma forma alternativa de financiamento à economia, o mercado de capitais não será de todo concorrente dos bancos, tal como adiantou Pedro Pitta-Groz, que salientou o facto de os in-vestidores terem acesso a uma fonte de obtenção de capitais em condições mais vantajosas que o tradicional crédito bancário que é, no momen-to atual, de difícil acesso e apresenta condições mais gravosas no que respeita a juros, garantias exigidas e prazos de reembolso. Deste modo, a bolsa será uma via complementar e alternativa de financiamento a empresas e ao Estado uma vez que têm aqui a possibilidade de aceder ao dinheiro que precisam para investir. Por outro lado, é ainda um instrumento ideal para quem tem excedentes e quer aplica-los em poupanças, ganhando juros, dividendos e mais-valias. Toda-via, mais uma vez é premente reforçar a ideia: “a Bolsa não será concorrente dos bancos, mas sim complementar”.

Entrou oficialmente em funcionamento em dezembro do ano passado e já tem feito mexer a economia angolana. A Bolsa de Dívida e Valores de Angola assume-se como uma alternativa ao financiamento para a promoção do investimento, atuando de

forma complementar à banca, um setor que, segundo previsões da Moody’s no relatório sobre a banca, irá crescer cerca de 30% até 2016. Assim, depois de alguns anos de impasse, a 19 de dezembro a bolsa de Angola tornou-se uma realidade, com o arranque do mercado de dívida pública angolana. Chama-se BODIVA e tem a responsabilidade de garantir a transparência, eficácia e segurança

das transações nos mercados regulamentados de valores mobiliários. Conheça a perspetiva de Pedro Pitta-groz, Presidente da Comissão Executiva da BODIVA, sobre este momento de viragem no mercado angolano.

bOLSA DE DíVIDA E VALORESpromete agitar o mercado angolano

72

COOPERAÇÃO CPLP

Quem é a CMC (Comissão do Mercado de Capitais da República de Angola)?Entidade sujeita à superintendência do Pre-sidente da República e à tutela do Ministério das Finanças, que tem como missão regular, supervisionar, fiscalizar e promover o merca-do de valores mobiliários e as atividades que envolvam todos os agentes intervenientes de forma direta ou indireta. Tem como Presiden-te Archer Mangueira.

“Se a BODIVA tivesse chegado mais cedo não sei se teríamos as condições mais adequadas. Diria que o impacto da queda dos preços do petróleo teve um efeito negativo na economia mas também teve um lado positivo uma vez que acelerou a necessidade de diversificar a nossa economia”

Pedro Pitta-Groz

BODIVA POR FASESEmpresas e Estado têm mais um instrumento para se financiarem. A entrada em operacionali-zação da BODIVA, com um capital de 900 mi-lhões de kwanzas, subscrito pelo Estado, respei-tará várias etapas, correspondentes aos mercados, nomeadamente: a fase do Mercado de Dívida Pública (definida pela CMC como a “alavanca do investimento público e projeção da curva de rendimentos”), do Mercado de Dívida Corpora-tiva, a fase do Segmento dos Fundos de Inves-timento, a fase do Mercado de Ações, além das fases dos Mercados de Futuros. A abertura ficou marcada pela demonstração, em ambiente real, das negociações da Dívida Pública Titulariza-da. Desde o arranque ficaram, assim, disponíveis dois segmentos: o mercado por grosso de títulos do tesouro, direcionado para a negociação entre bancos, corretoras e distribuidoras, para carteira própria ou em nome de clientes, e o mercado de títulos do Tesouro (MRTT), destinado ao registo das operações realizadas fora do mercado regula-mentado. “Trata-se de um mercado de operações previamente negociadas entre as partes”, expli-cou Pedro Pitta-Groz. Neste último segmento, foi realizada a primeira negociação de títulos do tesouro no passado dia 20 de maio, por um dos intermediários financeiros, o Banco de Fomento Angola (BFA). Tendo como missão permitir aos investidores particulares e institucionais o regis-to em mercado regulamentado de operações de compra e venda de títulos do tesouro, o MRTT é o primeiro segmento de mercado a ser disponibi-lizado pela BODIVA. Além do BFA, atualmente estão registados na bolsa como intermediários financeiros, o Banco Angolano de Investimen-tos (BAI) e o Millennium Angola (BMA). Estas três entidades bancárias têm a possibilidade de atuarem nos mercados regulamentados em nome próprio e executando ordens de terceiros.

Depois do arranque do Mercado Secundário de Dívida Pública, que pretende criar maior dina-mismo no mercado e possibilitar a emissão de mais títulos, segue-se a emissão de obrigações privadas, isto é, obrigações emitidas por empre-sas, e, no final de 2015, emissão de ações para as empresas que estiverem melhor preparadas. Em que é isto consiste?

REQUISITOS PARA INVESTIR NA BOLSA

Como em qualquer mercado, é necessário seguir alguns critérios para admissão de emitentes na bolsa. Certamente que existem no mercado an-golano muitas empresas dispostas a contribuí-rem para o novo mercado de capitais, admitindo ações ou obrigações. Quando se fala numa cul-tura de prestação de contas e na disponibilização de informações, Pedro Pitta-Groz destaca três principais segmentos de atividade que poderão estar na “linha da frente para a BODIVA en-quanto emitentes”, nomeadamente: “instituições bancárias, telecomunicações e setor segurador”. Naturalmente que investir em algo tão recen-te pode levantar alguma reticência e há mesmo quem alerte os investidores para a necessidade de estarem atentos aos riscos associados à atividade bolsista. Para Pedro Pitta-Groz, estamos a falar dos riscos normais de mercado. “Tipicamente em todos os mercados, estes riscos estão presen-tes e são inerentes à atividade de investimento”, reforçou o responsável que salientou em concreto alguns: “risco de menos valias, risco do emitente das obrigações não pagar os juros ou não reem-bolsar o capital no devido momento, risco de não conseguir vender os valores mobiliários, ao preço de mercado prevalecente, com a rapidez deseja-da”. De qualquer forma, por muito que a palavra “risco” esteja presente, Pedro Pitta-Groz deixou uma segurança: “a regulação e a supervisão por parte do CMC mitiga estes riscos, assegurando a denominada segurança jurídica e legitimando a confiança dos investidores”. A CMC garante, deste modo, a transparência necessária para o re-gular funcionamento do mercado. Já a BODIVA, através das regras de negociação, “garante que todos os segmentos de mercado, seja de dívida ou ações, ofereçam aos participantes a confiança suficiente para que possam operar sem qualquer restrição”, acrescentou. Uma coisa é certa. Para o bom funcionamento do mercado de capitais, exi-ge-se por parte de todos os intervenientes rigor, transparência e cumprimento das regras.

Quanto aos passos seguintes que serão dados, neste momento, estão a ser garantidas as condi-ções para a negociação, compensação e liquida-ção dos títulos públicos negociados em mercado secundário, estando ainda em fase de conclusão a operacionalização da Central de Custódia, tal como avançou Pedro Pitta-Groz. “Neste mo-mento, em termos de dívida pública, é o BNA (Banco Nacional de Angola) que custodia e faz a liquidação física dos títulos da dívida pública e o objetivo é que seja a BODIVA a fazê-lo”, ex-plicou. Ao longo do ano será ainda dinamizado o mercado de grosso da dívida pública e, a curto prazo, serão iniciadas as emissões de dívida cor-porativa. “Sabemos que existem alguns bancos com interesses em emitir obrigações ainda este ano e queremos eventualmente que uma ou outra empresa emita ações ainda em 2015”, referiu Pe-dro Pitta-Groz. A médio e longo prazo, a aten-ção estará voltada para os mercados de futuros. De salientar ainda o papel do empreendedorismo ao longo deste processo. Com a necessidade de novas ideias para o mercado angolano, está ainda previsto um segmento para “start ups”. Passo a passo, cumprindo todas as etapas que es-tão previstas, a entrada da Bolsa de Valores no cenário económico do país tem sido decisiva para o desenvolvimento desta economia.

73

Revista Pontos de Vista – A queda do preço do petróleo tem abanado os alicerces da economia angolana, fazendo eco nos mi-lhares de empresas portuguesas que têm relações comerciais com o país. Como vê o futuro do relacionamento entre Portugal e Angola?Pedro Pitta-Groz – Continuo a ver uma relação normal que se vai mantendo sólida. As econo-mias passam por estes ciclos, são normais e a relação que Angola mantem com Portugal con-tinua, na minha opinião, a mesma. As empresas do setor petrolífero foram as mais afetadas, to-davia, dado o peso deste setor na economia, ou-tros setores com maior presença das empresas portuguesas, foram, também, atingidos. Mas tal é um facto para empresas de outros países, não só as de Portugal. O relacionamento entre os dois países será bom, podendo até este ciclo menos positivo da economia angolana servir de filtro para identificar as empresas estrangeiras que tenham visão de longo prazo.

Primeira negociação de títulos do tesouroNo passado dia 20 de maio a BODIVA registou a primeira negociação de títulos do tesouro, iniciando, deste modo, o segmento de Merca-do de Registo de Títulos do Tesouro (MRTT). Esta transação foi registada pelo Banco de Fomento Angola (BFA) que, além de ser inter-mediário financeiro, foi a primeira entidade a registar-se na bolsa como membro de nego-ciação e liquidação.

“Neste momento, em termos de dívida pública, é o BNA (Banco Nacional de Angola) que custodia e faz a liquidação física dos títulos da dívida pública e o objetivo é que seja a BODIVA a fazê-lo”

“Hoje, sem um conhecimento do território é difícil planear”. É assim que Ana Soares explica a importância do desenvolvimen-

to e implementação de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Com 25 anos de história, a Esri Portugal tem trabalhado no sentido de fazer crescer uma sociedade cada vez mais tecnológica, eficiente e desenvolvida. Hoje é possível olhar para um mapa e compre-ender, em tempo real, as consequências de uma catástrofe natural, quais as zonas mais afetadas, que infraestruturas ficaram danificadas, quais as necessidades de realojamento, entre muitas ou-tras análises espaciais decorrentes da inteligência geográfica. A evolução tecnológica e a dedicação diária da Esri em encontrar soluções para os di-versos problemas e desafios dos seus clientes re-sultou numa plataforma SIG de excelência, que com base na localização e na análise espacial, per-mite ter uma compreensão do mundo acessível, dinâmica e simplificada.Consegue imaginar como o trabalho da socie-

dade, organizações governamentais e tecido empresarial são facilitados? É com este objetivo bem presente, de apoiar as “entidades a otimi-zar e a gerir os seus ativos e as suas atividades diárias”, que a Esri Portugal tem criado o seu percurso como “líder de mercado ao nível de Sistemas de Informação Geográfica”, explica Ana Soares. As mais-valias e o sucesso que advêm com a inte-gração desta plataforma no desenvolvimento de uma organização são visíveis. A coordenadora de Parcerias e Mercado Internacional garante que “todos estes benefícios tornam-se evidentes para qualquer instituição, não só a nível da otimização dos fluxos de trabalho, da eficiência da organiza-ção e da redução dos custos, como também no envolvimento com o cidadão”. E, neste contexto, podemos afirmar que a plataforma “ArcGIS é, de facto, a melhor tecnologia SIG” e continuará a sê-lo, uma vez que tem existido um esforço por tornar este sistema “mais intuitivo e acessível a qualquer pessoa, a qualquer momento e em qual-quer lugar”.

No balanço dos 40 anos de um Cabo Verde independente, falar sobre a Esri Portugal é obrigatório. Com uma presença mais do que afirmada no país há quase uma década, contribuíram em grande escala para a modernização e inovação de toda uma sociedade,

que prima agora pela evolução tecnológica. A Revista Pontos de Vista conversou com Ana Soares, Coordenadora de Parcerias e do Mercado Internacional, que acompanha de perto este crescimento cabo-verdiano.

A TEcnOLOGIAcomo alavanca do crescimento

74

LUSOFONIA – CABO VERDE EM CRESCIMENTO

Ana Soares

“A marca pretende, assim, desenvolver uma área que, até há pouco tempo, era pouco aprofundada, sendo estes cursos fruto da necessidade de partilhar conhecimentos relativos “à informação geográfica e ao planeamento e ordenamento do território”

Sendo a distribuidora oficial da plataforma Ar-cGIS em território português e nos Países Afri-canos de Língua Oficial Portuguesa São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde, a Esri Portugal pretende ser vista como uma “parceira”, que promove o crescimento sustentável das em-presas com que colabora. “Temos apoiado imen-sas tomadas de decisão e ações de planeamento e gestão”, explica Ana Soares. A capacidade da tecnologia ArcGIS, aliada ao conhecimento es-pecializado dos consultores da Esri Portugal, promove um melhor e maior sucesso das mais diversas entidades públicas ou privadas.Todo este “envolvimento com os clientes”, aliado ao “know-how” dos seus consultores, à evolução das tecnologias e à criação de soluções inovado-ras, permite que a Esri Portugal seja atualmente uma marca com elevado reconhecimento e valor, assume Ana Soares.

O IMPULSO DE QUE CABO VERDE PRECISAVA

Conquistado o reconhecimento desejado em Portugal, era altura de partir para novas aven-turas. Foi assim que, há quase dez anos atrás, a Esri Portugal foi à descoberta de um país que se mostrou promissor e com uma enorme vontade de evoluir. Com um brilho nos olhos e o orgulho humilde de quem triunfou, a Esri Portugal admi-te ter sido uma importante alavanca para Cabo Verde fortalecer as suas capacidades tecnológi-

cas. “O facto de o país estar a crescer e a utilizar as tecnologias de informação” de forma eficaz e extraordinária é também resultado do “trabalho que temos vindo a desenvolver” no país, garante Ana Soares. A aposta da Esri Portugal na capacitação e de-senvolvimento de competência na utilização da plataforma ArcGIS tem sido um dos mar-cos basilares da sua presença em Cabo Verde. Neste sentido, a Esri Portugal estabeleceu um protocolo de cooperação com a Universidade de Cabo Verde na promoção de cursos tecno-lógicos e certificados Esri e de um Curso de Estudo Superiores Profissionalizantes na área do planeamento do território. O objetivo desta parceria é promover uma formação especializa-da em sistemas de informação geográfica, com o intuito de tornar a sociedade cabo-verdiana capaz de manusear e usufruir das vantagens que os SIG, e nomeadamente a plataforma ArcGIS, têm para oferecer. A coordenadora do Mercado Internacional afirma que o objetivo passa por “massificar a utilização da tecnologia logo no momento da aprendizagem” de forma a ocorrer uma efetiva integração no mercado de trabalho, quer de jovens à procura do primeiro emprego, quer de profissionais que pretendam uma quali-ficação profissional.A marca pretende, assim, desenvolver uma área que, até há pouco tempo, era pouco aprofunda-da, sendo estes cursos fruto da necessidade de

partilhar conhecimentos relativos “à informação geográfica e ao planeamento e ordenamento do território”. Por outro lado, a investigação partilhada com a Universidade e a presença da Esri Portugal numa grande parte das entidades de governação e ad-ministração pública, têm possibilitado um au-mento da utilização de ferramentas tecnológicas e, consequentemente, uma maior eficiência da gestão social e económica da sociedade. Destaca-se a Plataforma de Informação Geográ-fica da Universidade de Cabo Verde, baseada na tecnologia ArcGIS, que constitui um passo ino-vador na recolha e divulgação dos dados sobre a erupção vulcânica na Ilha do Fogo. Através de uma aplicação 3D, é possível analisar o impacto e as reais implicações desta erupção no terreno. “A nossa ligação ao ensino e educação é um aspeto crucial e a prova disso é o estabelecimento de um contrato de três anos com o Ministério de Edu-cação e Desporto para promover a capacitação de professores e alunos desde o nível secundário, garantir estruturas de apoio com a utilização de soluções geográficas e gestão do parque escolar de forma transparente e eficiente”, sublinha Ana Soares.Com o intuito de que cada vez “mais entidades governamentais possam utilizar a nossa tecno-logia”, a Esri Portugal continuará a marcar pre-sença no país, tendo já uma delegação oficial em Cabo Verde, com a permanência do coordenador

“E, neste contexto, podemos afirmar que a plataforma “ArcGIS é, de facto, a melhor tecnologia SIG” e continuará a sê-lo, uma vez que tem existido um esforço por tornar este sistema “mais intuitivo e acessível a qualquer pessoa, a qualquer momento e em qualquer lugar”

de desenvolvimento de negócio Nuno Coelho, consultor com mais de oito anos de experiência e de trabalho em Sistemas de Informação Geo-gráfica na Esri Portugal. O futuro passa por con-tinuar a lutar por um sonho que se tem vindo a tornar real: levar as soluções SIG a Cabo Verde, capacitar a população e “continuar a promover o desenvolvimento do país”, garante Ana Soares. A coordenadora não acredita que esta seja uma tarefa difícil, uma vez que define o país como um território dinâmico e inovador, com uma grande aposta nas tecnologias de informação e gover-nação eletrónica. “Cabo Verde tem sido um dos países que mais contribui para este crescimento” no campo da inovação, reitera. O caminho tem evoluído naturalmente para a adoção generalizada do SIG e o projeto de ca-dastro do território, atualmente a decorrer, cons-titui um marco de referência para o desenvolvi-mento do país, tendo o Núcleo Operacional de Sistemas de informação, parceiro tecnológico da Esri Portugal, selecionado a tecnologia Esri para desenvolver as soluções de campo que suportam o levantamento cadastral.INE, um parceiro de excelência da Esri PortugalO Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde é um dos melhores exemplos do contributo da Esri Portugal para o desenvolvi-mento e transformação de toda uma sociedade. Através de uma parceria com a marca portugue-sa que dura há pouco mais do que cinco anos, o INE conseguiu atingir o reconhecimento nacio-

76

LUSOFONIA – CABO VERDE EM CRESCIMENTO

nal e internacional pela sua capacidade tecnoló-gica e pela forma notável com que tem usufruído das mais-valias dos SIG. Em 2010, Cabo Verde tornou-se histórico por ser um dos primeiros países do continente africano a recorrer à tecno-logia para a realização dos censos demográficos nacionais. Desde então, o governo cabo-verdiano tem con-fiado diversas atividades nacionais ao INE, como consequência positiva das suas competências ao nível da utilização da plataforma ArcGIS. Ana Soares admite que a administração pública já re-conhece “o INE como uma entidade capacitada para utilizar a tecnologia no desenvolvimento destes trabalhos”. A título de exemplo, podemos referir o facto de o governo ter nomeado recen-temente esta instituição como parceira tecnoló-gica para o “cadastro agrícola”, que permitirá um maior conhecimento do território e, naturalmen-te, uma decisão mais informada do investimento neste setor. Este exemplo de sucesso é, inevitavelmente, um motivo de orgulho para a Esri Portugal, mas também para o próprio INE e governo de Cabo Verde que vê o seu projeto de informação geo-gráfica ser reconhecido internacionalmente pela Esri Inc., tendo sido convidados a estarem pre-sentes na Esri User Conference, no próximo mês de Julho, em San Diego.Para Ana Soares, estes e outros exemplos são o motivo pelo qual trabalham diariamente com o objetivo de continuar a fazer crescer o conhe-

Estudos INE com o apoio da Plataforma

ArcGIS

cimento em SIG de toda uma sociedade. Cabo Verde é atualmente um país “em crescimento” e com o apoio das tecnologias Esri, no que concer-ne ao cadastro, gestão e ordenamento, é possível afirmar que existe “um conhecimento do territó-rio muito mais consolidado”. Um dos projetos estruturantes desenvolvidos pela Esri Portugal em Cabo Verde foi o SDI – Spa-tial Database Infrastructure que integra numa única plataforma, toda a informação geoespacial existente no País. “Foi um trabalho complexo, no sentido de normalizar a forma de todas as entidades governamentais trabalharem, mas, ao mesmo tempo, também foi glorificante perceber que, no fim, conseguimos criar uma plataforma singular que permite, hoje, às entidades do go-verno, trabalhar as informações provenientes de cada instituição, promovendo mais a partilha e não tanto a duplicidade de informação que exis-tia até à data”, descreve a responsável.

UMA EMPRESA SEMPREA PENSAR NO FUTURO

Com a tecnologia em constante evolução, é ine-vitável que a Esri Portugal continue a apostar “na inovação e no desenvolvimento de soluções ino-vadoras”, mantendo a marca na liderança e com a responsabilidade constante de se definir como uma alavanca no progresso dos SIG. Até porque, na opinião de Ana Soares, “enquanto líder, a Esri tem essa obrigação”. Deste modo, o objetivo fu-turo passa por manter o reconhecimento junto “dos clientes”, que veem a Esri como uma marca de qualidade e confiança. A presença forte nos Países Africanos de Língua Oficial Portugue-sa continuará a fazer parte dos propósitos da empresa, promovendo o seu crescimento e uma melhor utilização das tecnologias de informação geográfica e da plataforma ArcGIS. Futuramen-te, e tendo em conta a evolução e o crescimento tecnológico da sociedade cabo-verdiana, a em-presa pondera criar uma Esri Cabo Verde, como resposta às exigências do país e pela presença cada vez mais efetiva da plataforma no território. “É com elevada satisfação que acompanhamos a aposta do governo cabo-verdiano nos SIG en-quanto elemento central para a implementação de uma estratégia e de uma agenda tecnológica virada para a Governação Eletrónica”, conclui Ana Soares.O futuro não passará, no entanto, sem os dois conceitos que definem hoje a Esri Portugal: ex-celência e inovação.

“Temos apoiado imensas tomadas de decisão e ações de planeamento e gestão”, explica Ana Soares. A capacidade da tecnologia ArcGIS, aliada ao conhecimento especializado dos consultores da Esri Portugal, promove um melhor e maior sucesso das mais diversas entidades públicas ou privadas. Todo este “envolvimento com os clientes”, aliado ao “know-how” dos seus consultores, à evolução das tecnologias e à criação de soluções inovadoras, permite que a Esri Portugal seja atualmente uma marca com elevado reconhecimento e valor”

A indústria conserveira tem conseguido ultrapassar a crise da sardinha e os constrangimentos da difícil situação económica do país, sempre mantendo

a sua posição de vanguarda. Não houve despe-dimentos nem encerramentos de fábricas nos últimos anos e o crescimento tem sido notório. As conservas portuguesas estão cada vez mais na moda. Aliás, Castro e Melo afirma que “esta indústria renasceu com a crise, por ser um setor tradicional da economia portuguesa, muito vol-tado para a exportação, despoletando sensibili-dades, sobretudo no nosso país, até então como que adormecidas”.Assim e como outros setores tradicionais, a in-dústria conserveira “emergiu de um relativo es-quecimento, sobretudo quando os ventos vindos do exterior nos diziam que Portugal iria ser um país de serviços e que tudo o resto seria para acabar, mais dia, menos dia”. A verdade é que “sabemos fazer conservas como ninguém e por isso aqui estamos e é nisto que temos de apostar, apostar naquilo que nos distingue dos outros, porque, de facto somos melhores”, explica.Por outro lado, a inovação e modernização transformaram-se em bandeiras deste setor, com as quais tem vindo a afirmar-se. As marcas “in-vestiram muito na imagem”, sobretudo através de um design mais moderno das latas de conserva, que são vistas agora como um “presente” e uma iguaria para o consumidor. O secretário-geral da ANICP afirma mesmo que este setor “é muito antigo, mas não antiquado”. “A indústria conse-guiu dar este salto, com os resultados que estão à vista de todos”, revela.Por estes motivos e pela experiência acumula-da ao longo de décadas, é possível afirmar que Portugal é, neste setor, “uma referência a nível mundial”, garante Castro e Melo. Exemplo disso é o facto de a indústria exportar cerca de 65% da sua produção para mais de 70 países. Mas esta situação mostra que Portugal não dá o devido va-lor às suas conservas? O secretário-geral garante que não. Apesar de defender que o nosso país continua a importar demasiadas conservas des-necessariamente, “pois poderiam ser cá produzi-das”, explica que este setor exporta desde sempre. “Temos um mercado interno pequeno e não seria possível que a indústria sobrevivesse apenas” des-ta forma, esclarece. E portanto, a expansão para o exterior foi “natural”.

A ANICP COMOFATOR DETERMINANTE

Com 38 anos de existência, a ANICP tem tra-balhado no sentido de promover e valorizar a indústria das conservas nacional, apoiando as

empresas e desenvolvendo ações que aumentem a notoriedade das mesmas. “Temos um papel congregador e trabalhamos no sentido de dar notoriedade a um produto ímpar”, refere Castro e Melo. Deste modo, “a associação tem tido um papel determinante em muitas das ações que en-volvem as conservas e as suas marcas”. Apesar de este setor ter uma longa história com mais de 160 anos, a ANICP nasceu apenas há cerca de quatro décadas, para continuar a desenvolver um setor que sempre foi um ícone português. Nomeadamente, a entidade promoveu e apoiou a criação da Loja das Conservas, “uma verdadeira montra para as nossas conservas”, que conta com

Contornou a crise e tem vindo a crescer. A indústria conserveira, que nasceu há mais de 160 anos, tem mantido a sua posição de destaque quer em Portugal quer no mundo, ultrapassando estoicamente todas as vicissitudes que se lhe têm deparado ao longo dos tempos. A Revista Pontos de Vista conversou com Castro e Melo, Secretário-geral da Associação Nacional dos Industriais de

Conservas de Peixe (ANICP), de modo a entender melhor o rumo deste setor.

“UM SETOR AnTIGO,mas não antiquado”

dois espaços em Lisboa e um em Paris, e que visa dar a conhecer estas iguarias a turistas de dis-tintas nacionalidades e também ao consumidor português. Com uma decoração típica e inspira-da na indústria conserveira, os visitantes podem conhecer e desfrutar o que de melhor esta secular indústria fabrica. Na cidade da luz, o espaço tem sido um sucesso e mostra que esta primeira apos-ta a nível internacional da Loja das Conservas tem sido uma mais-valia para marcas e consumi-dores. Agora esperamos por novas aberturas pelo mundo fora.Todavia, se a opção for saborear uma refeição re-quintada num espaço sofisticado, falemos então do restaurante Can The Can, também em Lisboa, que teve e tem o apoio da ANICP, e ao qual está intrinsecamente associado o nome do conhecido músico Rui Pregal da Cunha. Um espaço onde os pratos principais são confecionados “à base de conservas portuguesas” e a refeição acompanhada pelo inconfundível Património Imaterial da Hu-manidade – o fado. Parceira de muitas ações que têm como objetivo a promoção e divulgação das conservas portu-guesa, a ANICP não esquece o papel funda-mental das empresas deste setor, que têm sabido acompanhar de forma exímia “todo este desafio”. Sem uma visão de mudança onde a inovação é um desígnio constante, a indústria conserveira não teria hoje a notoriedade e a posição que até agora conseguiu atingir.

COMO SERÁ ESTAINDÚSTRIA NO FUTURO?

Hoje principalmente o consumidor português já começa a aperceber-se de que as conservas portuguesas têm algo de diferente. Com efei-to, “já as identificam como um produto nobre e versátil, sem corantes nem conservantes, de grande durabilidade, com preços acessíveis e que serve para confecionar desde os partos mais simples às mais requintadas iguarias”, garante o secretário-geral da ANICP. E é deste modo que pretende que os portugueses continuem a ver um produto eminentemente patriótico. Acredi-ta que as conservas são vistas como um produ-to alimentar que “está na moda” e afirma que a ANICP trabalhará de modo a que esta opinião perdure no futuro. As empresas terão sempre o apoio da ANICP, que desenvolve ações sempre que estas sejam uma mais-valia para as várias marcas de conser-vas portuguesas.Os consumidores têm apenas a responsabilidade de provar, comparar e confirmar a inconfundível qualidade e o característico sabor que apenas as conservas portuguesas podem oferecer.

77

INDÚSTRIA CONSERVEIRA

Castro e Melo

“É curioso trabalhar numa multina-cional com esta dimensão em que, simultaneamente existe um total espaço de adaptação a cada um

dos mercados onde está presente”. Victor So-bral, Diretor de Fábrica, está na Crown, Cork & Seal, uma multinacional dedicada à produção de embalagens metálicas, há sensivelmente dois anos. Com uma experiência sólida na indústria alimentar, Victor Sobral considera a sua entra-da na Crown como o “culminar de um processo de transformação global da equipa de Alcochete que deriva da modernização que se foi verifi-cando na indústria conserveira, nosso cliente de excelência”. Fornecedora de praticamente todos os players deste setor, muitos deles em total ex-clusividade, muito devido à relação de confiança que se foi gerando ao longo dos anos, a Crown foi sentindo as flutuações que se verificaram ao longo dos anos na indústria conserveira em Por-tugal, como resultado de uma dependência di-reta que sempre existiu. Além de abastecer um mercado principal, nomeadamente o mercado das conservas, dedica-se ainda à área das bebidas, para a qual produz as tão conhecidas caricas. É na indústria conserveira que iremos dedicar a nossa atenção. Com fábricas com abertura pre-vista para os próximos dias e outras que, apesar de antigas, têm processos de renovação industrial espantosos, é inevitável que a Crown não faça o mesmo exercício de modernização, respondendo às permanentes exigências. Inovação no seio da Crown é um exercício típico de uma multinacio-nal e que não diz apenas respeito ao desempe-nho local. “Existe uma área de inovação que vai desenvolvendo novos produtos, soluções de em-balagens, novos revestimentos, sempre no cami-nho da dinâmica do mercado mas também com o objetivo de surpreende-lo”, descreveu Victor Sobral. Inovação no seio da Crown diz respeito, portanto, ao produto mas esta aposta vai ainda mais além. Na realidade de Alcochete, inovação refere-se ainda aos processos e à forma como se otimiza o funcionamento da fábrica. A tecnolo-gia não mudou de forma radical nos últimos 50 anos mas, para responder às crescentes necessida-des de flexibilização, rapidez de resposta, nível de serviços e qualidade, foram introduzidas mudan-ças na dinâmica da organização. À medida que os clientes são pressionados para acompanhar estes movimentos, também a Crown segue os mesmos graus de exigência. Inovação, mais uma vez, está muito ligada à forma como a empresa se organiza

Chegou a Portugal em 1956 e rapidamente se foi tornando numa empresa de referência no fabrico de embalagens metálicas com variedades finalidades. De produtos alimentares e industriais, a bebidas ou cosméticos, a Crown, Cork & Seal está muito bem

posicionada na indústria das embalagens. Estamos perante uma empresa multinacional sedeada a nível mundial em Filadélfia, com mais de um século de história e que continuamente aposta na inovação como atividade central da organização. Em Portugal está

sedeada em Alcochete e dedica-se à produção de embalagens metálicas para produtos alimentares e foi lá que a Revista Pontos de Vista conversou com o Diretor de Fábrica, Victor Sobral, para quem trabalhar numa multinacional com mais de 130 fábricas dispersas por mais de 40 países e responsável por empregar mais de 22 mil pessoas, é “um sentimento curioso”, quer pela dimensão da mesma

quer pela extrema capacidade de adaptação ao mercado onde está a atuar.

DE MãOS DADAScom a tradição e a inovação

78

INDÚSTRIA CONSERVEIRA

Victor Sobral

para responder ao mercado e às suas necessida-des que sofreram profundas mutações na última década.

A CROWN NO MUNDOEsta é uma empresa cujo nome diz pouco a quem está fora do setor e em Portugal dificilmente al-guém conseguirá identificar o fornecedor dos milhares de latas de conservas que circulam no mercado. Mas a ver é que a Crown está garanti-damente em todos os lares portugueses. “É muito difícil que alguém não tenha uma lata de conser-vas produzida nesta fábrica”. Pelo mundo, a Crown foi crescendo muito pela via de aquisições de outras empresas do setor, empresas estas que já conheciam muito bem o mercado e que eram, por isso, uma mais valia para a estratégia da multinacional. Mas esta constante aposta traz também obrigações. “A Crown tem que deixar em cada um dos negócios locais uma margem suficiente para adaptar a sua operação às necessidades desse mesmo mercado”, explicou Victor Sobral. No fundo estamos perante uma “multinacional com a individualidade necessá-ria”. Contudo, tal não significa que não se pro-cure estabelecer uma uniformização entre todas as fábricas do grupo e, como tal, em situações de crise, por exemplo, uma fábrica poderá continuar a responder às necessidades dos clientes através da produção de outras fábricas do grupo. A fábrica de Alcochete funciona fundamental-mente para o mercado nacional mas tem uma importante quota de exportação em diferentes modelos, tal como explicou Victor Sobral. “Es-tamos a falar de exportação dentro de distintos modelos, desde produto terminado a folha im-pressa para processamento noutras unidades da Crown. Para África, por exemplo, exportamos essencialmente folha, que é um passo intermédio do processo de obtenção da embalagem uma vez que nessas geografias existem outras unidades que fazem o resto do processo”, clarificou. Existem, essencialmente, três materiais utilizados nas embalagens de conservas: alumínio, folha de flandres e o TFS. No universo das embalagens metálicas, a fábrica de Alcochete apresenta uma particularidade. No decorrer da sua longa histó-ria, especializou-se em embalagens de alumínio, uma aposta que não se verifica noutros pontos

geográficos e um aspeto que tem também marca-do a diferença no campo da exportação.

ENVOLVêNCIA COM ACOMUNIDADE LOCAL

No período pré Freeport Outlet, a Crown era a principal empregadora da região. Mas, apesar dos seus 60 anos de existência, a fábrica de Al-cochete tem uma população fundamentalmente jovem, resultado de um processo de moderniza-ção que se iniciou há cinco anos e que começou com a renovação da equipa. A equipa de gestão, por exemplo, é composta por um elemento com muitos anos de empresa e que é “a pedra fun-damental no equilíbrio”, sendo que os restantes membros têm, em média, menos de três anos de Crown. Todavia, embora sejam jovens na empre-sa, são profissionais de desempenharam funções noutras empresas de referência na área alimentar em Portugal. Produzir uma embalagem pode ser para o consumidor um processo bastante simples mas, pelo contrário, do ponto de vista industrial, é de uma complexidade extrema. A Crown tem, por isso, pessoas com muita experiência, aptas para fabricar embalagens que respeitem um con-tínuo compromisso com a qualidade e a segu-rança alimentar. Em contrapartida, tem havido uma constante preocupação com a segurança do trabalhador, estabelecendo-se um conjunto de regras (uso de óculos de segurança, tampões, toucas, etc.) que tem diminuído de forma muito significativa o número de acidentes.A aposta em espírito jovem é também uma ca-racterística muito presente na indústria conser-veira. Muitos dos clientes da Crown são empre-sas centenárias que já vão nas terceiras e quartas gerações. Hoje, as exigências são diferentes e esta juventude trouxe outra dinâmica a um negócio que deixou de ser de comodidade para passar a ser de excelência. “Percebeu-se que o produto que é colocado nas embalagens é um produto de va-lor acrescentado e que não deve ser tratado como um produto de segunda linha. Hoje a atenção está muito voltada para a indústria das conservas muito pelo esforço que se fez a nível de comuni-cação e este é, sem dúvida, um mérito deles. Sou-beram captar os principais intervenientes neste setor e comunicaram um produto tratado com uma nobreza que nos deve orgulhar”, afirmou

Victor Sobral. Pelo olhar do consumidor estran-geiro, a forma como se perceciona a qualidade do produto português é, para o responsável, de ex-celência. No mercado das conservas, Portugal é, indubitavelmente, sinónimo de qualidade. “É ób-vio que os estrangeiros não visitam o nosso país só pelas conservas mas, sabendo que estão num país de mar, acredito que o consumidor quando vê sardinhas enlatadas de Portugal associe de imediato a um produto de qualidade e os con-serveiros portugueses têm sabido trabalhar esse eixo comunicacional de uma forma extraordiná-ria. Se assim não fosse não haveria o incremento de exportações que se tem verificado nos últimos anos”, defendeu. A embalagem é o ponto de contacto visual e tem uma importância determinante no exercício de compra. É neste sentido que a Crown continuará a otimizar todos os seus processos. Para Alcochete e num momento em que a fábrica está a viver um processo enorme de mudança, ao nível de pro-cessos, equipamentos e materiais, Victor Sobral destacou três eixos fundamentais: “qualidade do produto, qualidade do serviço e a rentabilidade do exercício”. Deverá existir um equilíbrio entre es-tes três eixos. A fábrica de Alcochete, por sua vez, continuará centrada em acompanhar as exigências associadas à indústria conserveira.

79

Revista Pontos de Vista – No momento da compra de um produto, qual é a importân-cia exercida pela embalagem?Victor Sobral – É o binómio entre embalagem e produto que tem maior importância. Posso ser levado a comprar um produto pela sua imagem extraordinária, mas se o produto não tiver qua-lidade, não vou voltar a comprar. Nós somos um país muito experimentalista e não é por acaso que as principais marcas de tecnologias testam em Portugal as suas maiores inovações. Mas, ao mesmo tempo, somos muito conserva-dores. Ou seja, nós compramos por impulso e o que marca esse impulso é a embalagem mas se o binómio não tiver um resultado positivo, iremos inevitavelmente regressar ao ponto de partida e comprar a mesma marca que com-pramos durante anos.

A Jose Gourmet é um projeto que faz alusão aos grandes José’s portugueses e à imponência de tudo o que é originalmente português. Da aguar-dente às conservas e às compotas, o trabalho é feito de forma minuciosa e genuína. Que estraté-gia tem sido seguida para que este conceito dife-renciador faça parte da mesa dos portugueses?A Jose Gourmet iniciou a sua atividade em 2008 e, desde o primeiro momento, tornou-se num interveniente relevante no mercado dos pro-dutos gourmet, contribuindo para reposicionar este segmento em Portugal. A estratégia da Jose Gourmet passa por três grandes eixos: produtos de muita qualidade, uma imagem diferenciadora e inovadora e um intenso trabalho da área co-mercial. Jose Gourmet é um projeto de design, de gas-tronomia ou um misto dos dois? É cada vez mais premente aliar a qualidade à estética e ao aspeto visual de um produto?A nossa marca nasceu aliando produtos gourmet de muita qualidade e com uma imagem absoluta-mente diferenciadora e inovadora. Se nos dias de

hoje a qualidade é inquestionável, a vertente es-tética é cada vez mais relevante. Por exatamente termos essa consciência, a estética é uma aposta na nossa marca desde o primeiro dia.

Esta marca tem produtos “fantásticos que mere-cem ser consumidos”. Através do design e de uma imagem forte e apelativa, têm conquistado aten-ções e diferentes paladares. Da vossa montra, que produtos merecem ser destacados?Todos os nossos produtos são fantásticos e gostá-vamos que as pessoas os experimentassem. A nos-sa montra é diversificada o que permite ao consu-midor experimentar e degustar os nossos produtos em diferentes momentos. Os azeites são ótimos tanto na cozinha como para degustar numa refei-ção ou tapa. As conservas como petisco ou entra-da, os nossos frascos para uma refeição principal. Terminar com um dos nossos licores ou vinho do Porto. Temos um conjunto de produtos que fazem as delícias de qualquer jantar de amigos!

Com recurso a mão-de-obra e através de um pro-cesso mais demorado, as vossas conservas são

feitas à moda antiga. O que torna este pro-duto tão especial? O facto de manterem a traça original do pro-duto torna-o diferen-ciador? É exatamente isso que o vosso con-sumidor procura?A premissa é sempre a de ter produtos de grande qualidade e esta qualidade está também no processo de confeção. Esco-lhemos fornecedores que trabalham com os melhores métodos e trabalhamos em conjunto para que o resultado final seja uma oferta de produ-tos de alta qualida-de e inovadores. No caso das conservas, a escolha e seleção das matérias-primas e o facto de haver uma pré-cozedura antes de ser colocado em lata (ao contrário de quem coze em lata, que pro-move o aparecimento de água libertada pela matéria-prima duran-

Desde que chegou ao mercado, em 2008, a Jose gourmet conquistou uma posição de referência no setor dos produtos gourmet. Através de uma imagem inovadora e diferenciadora, reposicionou-os no lugar que sempre mereceram. Dos azeites às compotas,

licorosas e conservas, esta marca tem como bandeira “produtos fantásticos que merecem ser consumidos”. Conheça-os, nesta visita guiada com Pedro Lima, Managing Director.

“EMbAIxADOR DE PRODUTOSde muita qualidade”

te a cozedura e que, ficando retida na lata, tornará o molho aguado) faz toda a diferença, no produto final obtido.

Que contributo a José Gourmet tem dado para que a indústria conserveira portuguesa esteja bem vista nos mercados externos? A Jose Gourmet teve um papel absolutamente determinante no arranque e no reposicionamen-to das conservas na atualidade. Para isso, muito contribui a qualidade dos produtos, mas sobre-tudo a imagem e a forma diferenciadora como as apresenta ao mercado.

Cada vez mais o consumidor olha para a alimen-tação natural e saudável com outro interesse. Portugal, um país de mar e agricultura, tem todas as condições para assumir uma das posições de comando e dar a conhecer ao Mundo os seus pro-dutos de qualidade intrínseca?No que respeita a estes temas não poderíamos estar mais de acordo, em relação à alimentação natural e saudável e ao potencial do nosso país. A realidade é que temos uma feroz concorrência dos congéneres mediterrânicos, sobretudo Espa-nha e Itália, com um melhor posicionamento da marca dos seus países e um maior histórico de mercado. Dito isto, é um dos nossos grandes de-sígnios contrariar as forças instaladas.

Daqui a cinco anos a José Gourmet quer estar “al-gures”. Onde é esse “algures”? Quais são os vossos objetivos a longo prazo?Temos por objetivo consolidar a nossa posi-ção como uma referência no setor dos produtos gourmet, ou seja, uma maior notoriedade de marca, uma oferta de produtos ainda mais abran-gente e um incremento da nossa quota de mer-cado. Adicionalmente, fazer jus à sua assinatura TAKE AWAY PORTUGAL e incrementar a nossa posição como embaixadores de produtos de muita qualidade, de origem portuguesa, além--fronteiras.

80

INDÚSTRIA CONSERVEIRA

Tiago Bessa, Diogo Duarte, Jorge Velho, Vasco Motta,Ana Coelho, Pedro Lima

A Revista Pontos de Vista conversou com Maria João Brissos, Diretora Comercial da Santa Catarina, Indústria Conser-veira S.A, que falou sobre os desafios da

marca, os obstáculos que teve de ultrapassar, lem-brando ainda alguns dos prémios que esta marca tem conquistado nos últimos anos, quase sempre tendo como concorrentes, algumas das principais marcas do setor a nível de poderio económico e de volume de negocio. O percurso da marca tem sido tudo, menos fácil. Edificada nos anos 50, foi em 1995 que a conser-veira «sofreu» uma restruturação profunda, onde começou a trabalhar com a marca Santa Catarina. A evolução foi visível, obstáculos financeiros foram ultrapassados e em 2009 reabriu novamente com outro fulgor e preparada para todos os desafios, realidade que se vem comprovando ano após ano e foi em 2011, que houve a necessidade de lançar um produto diferenciador e que aportasse valor acrescentado. “Lançamos o denominado “Atum com especialidades”, ou seja, uma gama diferen-te, com produtos menos comuns, como orégãos, tomilho, pimenta dos açores, entre outros. A cha-mada Linha Gourmet. Decidimos apostar nestes e outros condimentos, porque era a nossa vontade de colocar à disposição das pessoas produtos de qualidade, diferenciadores e que contassem uma história, porque as pessoas, atualmente, adquirem um produto, mas gostam de contextualizar o mes-mo e nós, com estes produtos, queremos contar a história dos Açores e da marca Santa Catarina”, revela a nossa entrevistada.

PESCA “SALTO E VARA”Aliar a modernidade à traça e métodos tradicio-nais nem sempre é fácil. A Santa Catarina con-seguiu isso mesmo, ou seja, conciliar os métodos tradicionais, com as exigências contemporâneas e isso nota-se logo a montante, sendo até um dos pilares da marca, e que passa pela sustentabilida-de da mesma. Falamos da Pesca «Salto e Vara», ou seja, um Homem, um Anzol, uma Cana de Pesca e um Peixe. “Não usamos redes e traba-lhamos com pescadores locais e basicamente só é capturado peixe da zona”, salienta Maria João Brissos, há oito anos no seio da marca. A responsabilidade social das empresas assume, cada vez mais, um papel vital, principalmente se nos referimos a meios mais exíguos. A Ilha de São Jorge possui cerca de 8900 habitantes, sendo que cerca de 4000 vivem no concelho da Calhe-ta, onde 120 pessoas trabalham diretamente na fábrica Santa Catarina. “Somos o maior empre-gador da Ilha de São Jorge”, assegura a nossa entrevistada, lembrando que a tradição ainda é o que era. “Trabalhamos o nosso peixe à mão e o consumidor percebe isso, compreende que aquela «latinha» foi embrulhada com carinho por al-guém e não por uma qualquer máquina. Isso é

Algumas marcas nascem e criam-nos sensações e emoções. No fundo, essas marcas existem para nos contar histórias. Para criar produtos que contenham saber, valor e tradição. É exatamente este o caso da herdeira da antiga tradição conserveira da ilha de

São Jorge, a fábrica Santa Catarina, que leva até à sua mesa o melhor atum preparado segundo os métodos artesanais usados pelos antigos mestres conserveiros. Já provou? Deguste-se com um atum diferenciador da Santa Catarina, Indústria Conserveira S.A, marca

que perpetua este ano duas décadas de existência.

PRODUTOS QUE nOS contam uma história

81

INDÚSTRIA CONSERVEIRA

estar mais próximo do nosso cliente”, salienta. E a modernidade? “Basta ver os nossos produtos, que são diferenciadores e que evocam um sen-tido inovador de como se podem aliar produtos diferentes com o atum, resultando um produto de valor acrescentado”.

O MELHOR DOS MELHORESPrémios e distinções têm sido mais do que muitas para a Santa Catari-na. No próximo dia 7 de junho, a marca irá receber os mais recen-tes, ou seja, os cinco prémios conquistados no 4º Concurso Na-cional de Conservas de Pescado 2015, even-to patrocinado pelo CNEMA e pela Feira Nacional da Agricul-tura, em Santarém, e que reúne os melhores do setor. O que signifi-cam estes prémios? “É um orgulho e, obvia-mente, mais um moti-vo para continuarmos a trabalhar em prol da marca e dos nossos consumidores, porque nunca estamos satis-feitos”, assume. Im-porta ainda salientar que a conserveira aço-riana ganhou prémios com todos os produtos que apresentou a con-curso, incluindo o mais importante do certa-me, que distingue “O Melhor dos Melhores” e que conquistou pelo quarto ano consecu-tivo, este ano com o filete de atum com pi-menta dos Açores. Um

feito se observarmos que neste evento se encon-tram as grandes marcas da área. A terminar, a nossa entrevistada assumiu que o mercado da exportação aporta uma relevância enorme para a marca, estando atualmente pre-sente em praticamente todos os países da Euro-pa, no Japão e nos EUA, através de importadores no Texas. O próximo passo passará pelo merca-do do Brasil, Austrália e, possivelmente, para o mercado do Médio Oriente. “Ao nível da fábrica, pretendemos, em setembro deste ano, alcançar a certificação de acordo com as FSSC 22000, que é, para nós, uma necessidade absoluta e uma van-tagem competitiva a nível externo. Além disso, temos a fábrica certificada para operar em modo biológico, através de azeites biológicos, a deno-minada linha saudável, que está em franco cres-cimento e que nos permitiu entrar em força em alguns mercados”, esclarece a nossa interlocuto-ra, lembrando que provar um produto «made in» Santa Catarina não é somente degustar-se com o mesmo. “É tradição, é saber uma história”.

Maria João Brissos

Fundada em 1920, a Fábrica de Conservas Pinhais & C.ª Lda. recusa-se a fazer parte da maré de modernização que hoje se vive na indústria conserveira. Prefere manter os

métodos tradicionais e acredita que este é o segredo do sucesso e da qualidade. Na fábrica, o processo de produção de conservas é o mesmo que se vivia há cem anos atrás, mas se pensa que este é um método obsoleto, engana-se. António Pinhal acredita que “o processo tradicional é o que dá a qualidade” ao produto. Por outro lado, e numa época em que a massificação é cada vez mais a prioridade de muitas fábricas, aqui preza-se em primeiro lugar pela con-fiança no produto. A matéria-prima, seja a famosa sardinha, o carapau ou a cavala, é minuciosamente selecionada para que ao consumidor chegue apenas o melhor que existe nos nossos mares. A congelação é um conceito que a Pinhais não conhece e recusa--se a conhecer. E o resultado está à vista de quem conhece estas conservas, líderes no mercado nacio-nal e internacional. Apesar dos obstáculos pelos quais a indústria con-serveira tem passado - nomeadamente com a in-terdição da pesca da sardinha, devido ao facto se ter ultrapassado as quotas impostas - a Pinhais procu-rou alternativas que fomentassem e mantivessem a qualidade à qual têm habituado o consumidor. Pro-curaram este peixe tão nosso noutros mares, desde

que oferecessem a mesma qualidade e frescura. Por outro lado, apostaram noutros setores e produtos, de forma a que a Pinhais não deixasse de marcar presença junto dos consumidores. Abraçaram pro-jetos em parceria e até começaram a comercializar azeite, que não sendo de fabrico próprio, tem a mar-ca Pinhais associada, certificando e comprovando a qualidade do produto. E porquê? António Pinhal acredita que as conservas portuguesas devem ser cada vez mais ligadas aos nossos melhores produtos, como o azeite ou o vinho e, sendo assim, era inevi-tável criar estas parcerias. Atualmente, e ultrapas-sada esta fase, a indústria conserveira mantém-se em voga pelo sabor, qualidade e produtos de topo. “As conservas são ricas em Omega3, fazem bem ao coração e, portanto, há agora uma tendência de as pessoas consumirem mais conservas”, explica o ge-rente da marca. Por outro lado, sendo este peculiar produto ótimo para pratos simples ou confeções sofisticadas, é cada vez mais notória a presença das conservas em espaços gourmet. O mito de que a indústria conserveira não tinha o requinte necessá-rio está a deteriorar-se e, atualmente, este produto é visto com bons olhos por toda a sociedade.

A QUALIDADE TAMBÉM SE ExPORTAAtualmente, a Pinhais & C.ª Lda. exporta 90% das suas conservas, sendo possível encontrar este produto

tão português na Eu-ropa e Estados Unidos da América. Em tom orgulhoso, António Pinhal fala sobre o re-conhecimento interna-cional. Nos mercados onde comercializa os seus produtos, a marca é conhecida pela sua “fábrica, que prima pela qualidade do produto”. E a reputação é tão grande que há mesmo turistas que, durante o seu período de descan-so em Portugal, visitam este quase monumento da indústria conservei-ra. No futuro, a Pinhais pretende alargar hori-zontes e integrar, nome-adamente, os mercados brasileiro e chinês, que apesar de se mostrarem um desafio à indústria conserveira, facilmen-te se deixarão envolver pelo melhor que Por-tugal tem para oferecer. O objetivo é, segundo António Pinhal, “dar a conhecer” as suas con-servas, tão característi-cas e tradicionais.

A indústria conserveira tem sentido de perto a vinda das novas tecnologias, mas há uma fábrica que, ainda hoje, se mantem como exceção à regra. A marca Pinhais e C.ª Lda. tem na produção tradicional o segredo do sucesso e pretende manter-se à margem da era da inovação. A Revista Pontos de Vista foi até Matosinhos para conversar com o gerente da fábrica, António Pinhal, que é já a terceira

geração de uma família dedicada e apaixonada pelas conservas portuguesas.

A TRADIçãO que o futuro não apaga

E PORTUgAL? FAZ PARTE DO FUTURO? Obviamente que a casa-mãe das conservas tem de fazer parte dos objetivos da indústria conserveira. Apesar de as vendas em Portugal constituírem ape-nas 10% da produção total da fábrica matosinhense, António Pinhal pretende continuar a mostrar à so-ciedade portuguesa a qualidade das suas conservas, através da participação em eventos e da capacidade que o produto tem de se fazer destacar.

PRODUTOS DIFERENTES,A MESMA QUALIDADE

Sendo a Pinhais e C.ª Lda. uma empresa tradicio-nal voltada para o futuro, os sonhos e projetos não deixam de existir. Com a produção da sardinha em grande escala como principal objetivo, António Pinhal, pretendem, no entanto, aventurar-se tam-bém noutros produtos. O carapau, o atum, desde “que seja fresco”, e os patés serão a grande aposta da fábrica de conservas no futuro. Para já, os ad-miradores destas conservas de excelência poderão continuar a desfrutar dos produtos que a marca já faz tão bem.

UMA TRADIÇÃO QUE NÃO MORREÉ com uma certa tristeza no olhar que António Pinhal recorda outros tempos da indústria conser-veira. Afirma que a tradição já não é o que era e não é só na produção. Os próprios edifícios das fábricas, tão típicos e característicos deste setor de mercado, começam agora a sentir a modernização. Contudo, a Pinhais foge a essa mudança. Quem lá trabalha é visto como uma família, que tem vivido, de geração em geração, a essência das conservas. E os costumes mantêm-se. A fé é a mesma que se vivia quando a empresa foi inaugurada. Os funcionários não abdi-cam da hora do terço e o rádio é imperatoriamente ligado na hora da missa. “Aqui, a questão da fé está muito enraizada”. “Eu desconfio que somos os úni-cos a manter essa tradição”, admite António Pinhal.E quando o terço acaba, o ambiente é de que se sente em casa. A música e a alegria não faltam a quem trabalha por gosto. Talvez seja este o verda-deiro segredo do sucesso e do sabor que define as conservas Pinhais.

82

INDÚSTRIA CONSERVEIRA

António Pinhal

Sabor, qualidade e regionalismo. É tudo isto que a Casa Lucena exporta diaria-mente para países como Áustria, Alema-nha, Inglaterra, Espanha ou Emirados

Árabes Unidos. Criado em 2012, este projeto tem como objetivo levar os produtos típicos de cada região portuguesa a outros países. Priska Lucena afirma que a marca, “100% portuguesa”, veio colmatar uma falha existente em Portugal. Os turistas que visitavam o nosso país e prova-vam os nossos produtos, dificilmente teriam o prazer de disfrutar destes sabores novamente. “O nosso objetivo é levar ao cliente o produto que ele conhece quando faz férias em Portugal”, assume Priska Lucena. A responsável pelo pro-jeto garante que, antes da criação da Casa Lu-cena Portugal, o nosso mercado ainda não tinha uma estratégia de promoção nacional de forma unificada e era difícil para os produtores vende-rem individualmente os seus produtos artesanais gourmet. Assim, a administradora da empresa decidiu caminhar no sentido de juntar os melho-res produtos portugueses numa só marca e pro-mover Portugal além-fronteiras. Compotas feitas com fruta fresca, azeite, queijos, azeitonas, enchi-dos ou biscoitos, confecionados por artesãos com métodos tradicionais e naturais, são agora pos-síveis de encontrar noutros países. E os turistas agradecem. Priska Lucena admite que assim que o produto chega às mãos do cliente, “o feedback é ótimo”.Este sucesso advém não só da gama de produtos regionais, mas também de alimentos “sofistica-dos” que a responsável pelo projeto tenta imple-mentar nos mercados internacionais. A partir de produtos pouco tradicionais portugueses, a Casa Lucena Portugal cria autênticas maravilhas, que, ao provar, não poderá esquecer. São produtos não tão portugueses que “enriquecemos com “in-gredientes típicos”, sempre “feitos por artesãos”. Por exemplo, a Casa Lucena apresenta agora um chocolate, que à primeira vista, será um produto como tantos outros, mas que é completado com as melhores compotas que Portugal faz ou com o famoso azeite de Trás-os-Montes.Por outro lado, é importante salientar a procu-ra por produtos biológicos e naturais. A Casa Lucena Portugal faz um controlo rigoroso dos produtos que exportam. Os produtores devem apresentar qualidade na “forma como produzem e nos ingredientes que utilizam”. Priska Lucena refere, no entanto, a dificuldade que existe em encontrar produtos tradicionais certificados. “O que acontece em Portugal é que temos excelentes fornecedores que não têm dimensão para certifi-carem os produtos”, o que prejudica o mercado internacional. Contudo, e porque a qualidade é o conceito prioritário na Casa Lucena Portugal, a administradora da marca opta por produtores

“que têm produtos completamente naturais e feitos de forma artesanal”, mesmo que isso sig-nifique a ausência de um selo que garanta que o produto é biológico.

E PORTUgAL RECONHECE A QUALIDADE DOS SEUS PRODUTOS?

Com o sucesso que a Casa Lucena Portugal tem tido a nível internacional, é fácil comprovar o reconhecimento que outros países concedem aos produtos tradicionais e regionais portugue-ses. Os portugueses, por sua vez, “dão valor aos seus produtos de forma diferente”, conta Priska Lucena. Ao contrário de alemães, francês ou austríacos que compram estes produtos em es-tabelecimentos comerciais, os portugueses têm fácil acesso aos ingredientes e, portanto, optam pelos produtos “made in casa”, refere. Contudo, o povo lusitano não se tem mantido indiferen-te à Casa Lucena e começa agora a conhecer e reconhecer o valor do projeto e dos seus produ-tos. “Nós começámos com a exportação, porque considerámos que o mercado português tem os seus produtos tradicionais e não estava a precisar de mais uma marca”, esclarece Priska Lucena. No entanto, o aumento da visibilidade em Portugal permitiu um maior foco por parte da marca em criar uma presença mais forte no país. A Casa Lucena começa agora a pensar numa estratégia que permita que também os portugueses conhe-

Portugal tem os melhores produtos tradicionais. Neste aspeto não existem dúvidas. E foi com esta convicção que Priska Lucena, Administradora e Responsável pela criação da Casa Lucena Portugal, criou uma marca que pretende promover o melhor que se faz em Portugal. Sabores únicos são agora exportados para os mais diversos países, que reconhecem os nossos produtos como

primorosos e singulares.

AcALMEM-SE TURISTAS,os sabores portugueses estão a caminho

çam de perto os produtos de uma marca com su-cesso internacional.

COMO SERÁ ACASA LUCENA NO FUTURO?

A internacionalização continuará a fazer parte dos objetivos da marca, que pretende continuar a trabalhar na promoção dos produtos tradicio-nais portugueses. Alimentos de norte a sul do país poderão marcar presença em cada vez mais países. Pelo menos é este o desejo de Priska Lu-cena, que pretende “alargar o leque de destinos”. A tarefa não será difícil, uma vez que “Portugal tem produtos excelentes, capacidade, matéria--prima e pessoas com muito know-how”, afiança a responsável pela Casa Lucena.

E SOBRE A LIDERANÇA NO FEMININO?Numa fase de mutação social, existem cada vez mais mulheres no topo da sua carreira ou res-ponsáveis pelos mais diversos projetos. Priska Lucena, engenheira têxtil que decidiu criar o seu próprio projeto, é agora responsável por uma marca de sabores que tem vindo a conhecer o sig-nificado de sucesso. Assume que, desde a criação da Casa Lucena Portugal, nunca sentiu sinais de preconceito e acredita que a sociedade enfrenta um momento de mudança. A igualdade começa a ser conquistada e “na próxima geração” será re-solvida “naturalmente”.

83

ESSêNCIA DO gOURMET

Produtos Made in Casa Lucena Portugal

A história da cerveja leva-nos numa ex-tensa viagem pelo passado. Acredita-se que esta terá sido uma das primeiras bebidas alcoólicas criadas pelo Homem

e, hoje, depois do chá e da água, é das mais po-pulares em todo o Mundo. Para todos os palada-res, personalidades e momentos, há uma cerveja ideal e cada uma delas carrega consigo pedaços de história e é precisamente disso que aqui se fala. João Palmeira, bracarense de gema, sempre foi um curioso por natureza e, desde a sua ju-ventude, parar não fazia parte do seu quotidiano. Dedicava-se a muitos passatempos, desde cole-ções a desportos, mas, a partir de determinado momento da sua vida, o seu dia a dia resumia--se a trabalho. Formado em motricidade huma-na, João Palmeira trabalhava como operador de call center, conciliando estas funções com uma ocupação enquanto terapeuta em regime de part time numa clínica. Todavia, perante uma situação de desemprego, João Palmeira viu no fabrico de cerveja artesanal, aquilo que até àquele momen-to era apenas uma forma de ocupar o seu tempo livre, uma alavanca para o início de um negócio. Depois de ter sido convidado a participar no Ar-tBeerFest, em Caminha, João teve consciência de que, mais do que agradar a amigos e familiares, a sua cerveja era muito apreciada pelo consumidor em geral. Neste certame, os visitantes são convi-dados a provar diferentes sabores de cerveja ar-tesanal nacional e internacional, acompanhados de um vastíssimo leque de produtos gastronómi-cos e ao som de vários tipos de música. Depois de Caminha, “choveram” convites para outros eventos e pedidos de encomendas mas, uma vez que se tratava apenas de uma experiência, João Palmeira não tinha forma de responder a tantas solicitações. Paralelamente, as suas cervejas en-traram no ranking de um prestigiado website da especialidade, o Ratebeer. Foi então que se deu o click. Em março de 2014, com um investimento a rondar os 65 mil euros, iniciou a produção e, hoje, decorrido sensivelmente um ano, João Pal-meira não tem dúvidas: “o festival de Caminha, a organização (de um modo particular Octávio Costa e Miguel Cepa) e todas as pessoas que por lá passaram mudaram a minha vida de uma for-ma radical. De terapeuta e operador de call cen-ter passei rapidamente a ser um cervejeiro”. Prometendo novas experiências sensoriais, a cer-veja artesanal tem conquistado o seu terreno no mercado nacional e arrisca-se mesmo a dizer que cada variedade tem o toque pessoal do seu pro-dutor. Na marca Amphora não é exceção. A co-meçar pelas nomenclaturas que João Palmeira fez questão de “batizar” as suas produções. Amphora

“Escolha um trabalho que ama. Assim nunca terá de trabalhar um único dia da sua vida”. Confúcio tinha razão. João Palmeira, Fundador e Sócio Maioritário da empresa “Cerveja com História Lda.”, detentora da marca Amphora, soube ser um empreendedor na verdadeira aceção da palavra. De um passatempo que sempre lhe deu imenso gozo, o jovem bracarense soube ver mais além.

Perante uma situação de desemprego, arregaçou as mangas e fez do fabrico de cerveja artesanal um negócio rentável que lhe permite sentir que, dia após dia, estar no trabalho é quase como estar em casa. Pelo caminho muitos têm sido os entraves mas a

vontade de continuar permanece mais forte do que nunca.

AMPhORA,a cerveja que tem sabor a história

84

ESSêNCIAS PORTUgUESAS

João Palmeira

é já de si um nome com um forte caráter histó-rico. “Decidi introduzir nas minhas cervejas um pouco da história de Braga. Amphora eram os recipientes onde se transportavam cereais, vinho, água, cerveja e, por outro lado, era um termo usa-do como medida”, explicou o responsável em con-versa com a Revista Pontos de Vista. Além disso, em cada uma das suas variedades João Palmeira incutiu esse cunho histórico, nomeando-as como “Bracara”, “Augusta”, “Gladiador” ou “Imperador”, por exemplo. Também a região da Póvoa de La-nhoso é homenageada com uma cerveja dedicada à sua heroína, Maria da Fonte. “Além da história e do nosso passado, procuro transmitir a essência daquilo que é a verdadeira cerveja. Isto não sig-nifica que a cerveja industrial não seja verdadeira mas é muito diferente. Arriscaria dizer que esta é a forma original de fazer cerveja”, defendeu.

UM NEgóCIO E UMA PAIxÃOO potencial deste negócio é de tal ordem que despertou a atenção de três investidores que se tornaram sócios de João Palmeira. O facto de serem profissionais de áreas distintas (advogado, contabilista e professora) tem ajudado o mentor deste projeto a gerir o negócio. “Encontrei nos meus sócios os aliados perfeitos. Não percebia nada de negócios e confesso que hoje trabalho muito mais com paixão do que com razão e com uma ideia de negócio. Por mim vinha para o tra-balho só para fazer cerveja mas há sempre contas para pagar, a realidade é essa e não pode ser ape-nas paixão”, partilhou. Uma vez que a produzir cerveja em casa não poderia ultrapassar o limite permitido de 2500 litros por ano, era necessário e urgente encon-trar alternativas. Foi então que um dos sócios o

alertou para o facto de a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso estar a disponibilizar espaços para a implementação de negócios. Estabeleceu--se um protocolo com a autarquia no final de 2013 e a empresa “Cerveja com História” passou a estar sedeada nas antigas instalações de uma escola primária da freguesia de Águas Santas, na Póvoa de Lanhoso. De forma a assegurar todas as características naturais do produto e, como tal, a sua intrínseca qualidade, todo o processo caseiro foi mantido, tal como acontecia até então, sendo que atualmente a capacidade produtiva é de até

5000 litros por mês. Fugindo aos hipermercados e às grandes superfícies comerciais, a Amphora tem conquistado o seu lugar no mercado das cer-vejas artesanais portuguesas, estando disponível em restaurantes, supermercados locais, mercea-rias, cafés ou pequenas lojas. Todas as nove va-riedades atuais têm saída, sem exceção. Em con-traponto, o facto de estar inserida no segmento “gourmet”, para João Palmeira, não corresponde inteiramente à realidade. “Forçosamente por cau-sa dos preços, a cerveja artesanal acaba por estar enquadrada num produto gourmet mas eu não considero as minhas cervejas gourmet. Têm um gosto diferente e uma textura única, bastante distinta da industrial mas não são um produto gourmet”, explicou. Agora com nove variedades, cada uma com características únicas e diferen-ciadoras, a empresa faz ainda o outsourcing de cerveja, produzindo esta bebida em parceria com outras marcas. Ainda para este ano, João Palmeira tem grandes voos. Lusitânia será o nome da sua nova “meni-na”, como homenagem aos tempos em que Por-tugal era o celeiro da Europa. “No mundo cerve-jeiro, chamamos saison a uma cerveja feita nos celeiros belgas, preparada no inverno para servir aos agricultores como refresco em setembro, na época das colheitas. Esta vai ser, por isso, a minha homenagem ao meu país e é também uma forma de trazer para cá uma tradição belga e mostrar que tínhamos algo muito bom que foi deixado no esquecimento”, explicou o responsável. Para aqueles que nunca experimentaram este produ-to, João Palmeira deixou o convite: “pode ser a minha ou outra qualquer mas não deixem de ex-perimentar. É uma bebida diferente e com muito mais sabor”.

85

Variedades da marca Amphora- BRACARA: cerveja suave mas rica em sabores;- AVgVSTA: com sabor a café e leves toques de chocolate picante, é uma cerveja profunda e rica em corpo;- RVBER: uma variedade complexa e inebrian-te, com toques de caramelo e florais;- gLADIATOR: com aroma floral, pinho e citri-nos, o sabor amargor equilibrado com os mal-tes tornam esta cerveja inebriante;- ELYSIVM: uma cerveja apaixonante com aro-ma a mel e florais;- IMPERATOR: com sabor frutado e fortemente maltada, esta cerveja tornou-se numa referên-cia dentro da sua especialidade;- MARIA DA FONTE: também se caracteriza por ser suave mas com personalidade de guerrei-ra, excelente opção para o verão;- CENTVRIVM: cerveja intensa de sabores tor-rados profundos, com notas frutadas e aroma-tizada com zimbro;- NEMESIS: extramente complexa, estruturada e encorpada. Com os seus 13% de álcool pro-mete suscitar emoções e despertar sabores únicos.

A posição de um país de pequenas dimensões perante o mercado global, não é fácil. Manter a competitividade e a produtividade é um desafio constante e, nem a Finlândia tem escapado incólume ao problema do desemprego. Os setores tradicionais da indústria

têm vindo a atravessar grandes alterações estruturais e houve a necessidade de criar-se algo de novo em substituição do velho. Um dos exemplos será a implementação da produção dos biocombustíveis, em complemento à in-dústria florestal tradicional. Muito embora localizados em extremos opostos do continente europeu, verificam-se semelhanças entre Portugal e a Finlândia. Ambos são países pequenos a nível mundial, que lutam pela sua competitividade num con-texto global. As exportações são, para ambos, um motor essencial para o crescimento e o mercado Europeu é acima de tudo, de grande importância. A conclusão do mercado interno da União Europeia, incluindo o merca-do interno digital, são objetivos essenciais e das negociações dos acordos de comércio livre da União Europeia com países terceiros espera-se uma alavanca para o setor empresarial. Têm também em comum o facto de que, esperar-se-á das pequenas e médias empresas um acréscimo do potencial para o aumento das exportações.Devido à crise económica vivida em Portugal, verificou-se um ligeiro de-créscimo no interesse das empresas finlandesas no mercado português. Atu-almente, as exportações da Finlândia para Portugal são, maioritariamente, produtos químicos, produtos da indústria florestal, bem como maquinaria e equipamentos relacionados, enquanto que as exportações portuguesas para a Finlândia, consistem maioritariamente em produtos da indústria mineira. As estatísticas comerciais são excedentárias para Portugal, (segundo dados estatísticos da alfândega da Finlândia, em 2014, foram exportados cerca de 150 milhões de euros para Portugal, enquanto que Portugal exportou para a Finlândia, cerca de 294 milhões de euros). Na balança favorável a Portugal, pesará também a popularidade crescente, no meio dos finlandeses, relativa-mente à oferta turística de Portugal.Haverá certamente espaço para o aumento das relações comerciais e res-petiva diversificação. Ao lado dos setores tradicionais, sobretudo as peque-nas e médias empresas podem trazer novas aberturas. A conservação da natureza e as medidas de prevenção das alterações climáticas são questões fulcrais do nosso tempo e a Finlândia, bem como Portugal têm em comum, para além de um forte compromisso político nestes assuntos, um forte in-teresse a nível empresarial, como também da investigação relativamente às questões das energias renováveis e às soluções cleantech. Poderão surgir mais oportunidades numa área importante para ambos – tecnologias do mar ou ICT, beneficiando da comunidade dos startups em crescimento, ou

O POTEncIAL nAS RELAçÕES bILATERAIS

entre a finlândia e Portugal

por exemplo nos projetos sobre sistema educativo digital, ou prestação de serviços aos idosos – atendendo que ambos os países têm também outro problema em comum: o envelhecimento rápido da sua população.A acrescer à lista não deveremos esquecer as possibilidades da funciona-lidade como gateway dos dois países. Tal como as empresas portuguesas podem funcionar como excelentes parceiros em direção aos mercados lusó-fonos, as empresas finlandesas têm tradicionalmente bons conhecimentos dos mercados na Rússia. Não poderemos esquecer também que é precisa-mente o bom sistema educativo, o forte investimento na investigação e no desenvolvimento, como também a estabilidade económica e politica e a funcionalidade da sociedade finlandesa que fazem da Finlândia um bom destino para investimentos.

RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL – FINLÂNDIA

A Finlândia é um país estável, funcional e igualitário, que confia na educação. O mundo empresarial também se baseia nestes princípios. Partimos do princípio que a consolidação de conhecimentos, combinados com uma cultura de pouca

hierarquia e de grande transparência contribuem para o fomento da inovação. Os finlandeses inspiram-se nos valores do estado social Nórdico e na sua relação tradicionalmente

importante com a natureza, para a criação de soluções sustentáveis, quer a nível social, quer a nível ecológico.

A OPINIÃO DE Outi Holopainen, Embaixadora da Finlândia em Portugal

86

Criada em 2003, o WavEC assume o seu desenvol-vimento segundo três eixos: a investigação aplica-da, a consultoria e atividades pró-bono e a forma-ção de jovens no âmbito de estágios curriculares e formação avançada. Porquê estes três segmentos e qual o balanço que é possível perpetuar da ativi-dade da instituição ao longo destes 12 anos?Estes três eixos estão alinhados com a nossa missão: desenvolver a energia renovável offshore através de transferência de conhecimento, disse-minação e inovação. Desenvolvemos atividade de investigação aplicada relacionada com as áreas de modelação numérica, tecnologias e monitorização, economia, ambiente marinho e políticas públicas. Procuramos aliar os outputs desta investigação com as exigências de uma consultoria especializa-da ao longo de toda a cadeia de valor. As ativi-dades pro-bono são de formação e promoção das energias renováveis marinhas para a sociedade em geral. Com este tipo de segmentação procuramos assegurar a nossa sustentabilidade e cumprir a nossa missão. Ao longo destes 12 anos, o nosso contínuo envolvimento em inúmeros projetos eu-ropeus tem potenciado a criação de uma rede de parceiros internacionais e serviços de consultoria um pouco por todo o mundo. Somos já uma re-ferência tanto a nível nacional como internacional na área das energias renováveis marinhas.

É legítimo afirmar que a relação perpetuada entre o WavEC com a Finlândia surge através da ligação à marca AW-ENERGY, mais concretamente através do Projeto SURGE?O projeto SURGE permitiu-nos acompanhar de perto as várias etapas de desenvolvimento do projeto de energia das ondas da empresa finlan-desa AW-Energy em Peniche e adquirir know--how específico de experiências no mar. Esta relação mantém-se já que a empresa tem perspe-tivas de continuar o desenvolvimento em Portu-gal no âmbito do NER300.

O que aporta este projeto e quais as valias que o mesmo pode trazer para Portugal?

Este projeto, assim como outros que venham para Portugal, permite à indústria nacional en-volver-se na cadeia de fornecimento de uma área de elevado risco, mas de grande potencial.

O projeto SURGE visa testar o dispositivo Wave-Roller numa forma global e, consequentemente, além do desempenho, inclui um programa am-biental de forma a avaliar alguns dos impactos ambientais que poderão ocorrer. Este projeto vem ajudar a resolver uma lacuna existente em Portugal neste domínio? Este projeto teve uma componente de monitoriza-ção ambiental particularmente importante e deu o seu contributo para as questões de ordem ambien-tal, que não são, no entanto, específicas de Portugal. Porque se trata de uma tecnologia nova, ainda há pouco conhecimento sobre os potenciais impactos ambientais e sobre as metodologias de avaliação desses impactos, portanto, toda a informação que se consegue recolher durante a fase de testes dos protótipos no mar é valiosa, nomeadamente para o licenciamento de futuros projetos. É importante, ao nível dos órgãos que intervêm na regulamentação e licenciamento dos projetos, compreender o estado da tecnologia e dispor de informação sobre as tec-nologias que vão sendo testadas no mar. Qual será o poder de intervenção do WavEC no mesmo? O que pode “emprestar” a marca para que este projeto seja um sucesso? O WavEC pode intervir a vários níveis, desde a parte de conceção (de parques por exemplo, com recurso a modelação numérica e experimental) à avaliação do desempenho, monitorização am-biental, análise de custos, até à própria promoção do projeto, sensibilizando comunidades locais e intervindo junto dos principais stakeholders. O WavEC conta com uma qualificada equipa de in-vestigadores que combinam uma sólida formação académica com um vasto conhecimento sobre as tecnologias atuais e experiência de consultoria internacional. Atenção que o sucesso destes pro-jetos, na fase atual, está relacionado não só com a

Através do projeto SURgE, o WavEC tem acompanhado as várias fases de desenvolvimento do projeto de energia das ondas da empresa finlandesa AW-Energy em Peniche. Conheça mais de uma empresa que é hoje uma referência a nível nacional e

internacional na área das energias renováveis marinhas, pelas mãos de Ana Brito e Melo, Diretora Executiva WavEC - Offshore Renewables, numa conversa que terá ainda como bandeira as relações que o WavEC mantem com a Finlândia.

há 12 AnOS A REfORçARa sua posição num mercado competitivo

87

RELAÇÕES BILATERAISPORTUgAL-FINLÂNDIA

componente técnica, mas simultaneamente com a capacidade de mobilizar o investimento neces-sário para superar progressivamente cada etapa do desenvolvimento.

Acredita que com projetos similares a este e com este, Portugal pode aproveitar ainda mais a ver-tente da energia das ondas? Acredito que Portugal poderá aproveitar a ver-tente da energia das ondas se apostar numa estra-tégia nesta área. Não basta ter um bom recurso, know how e regulamentações. Só com isto, não atraímos desenvolvimento nesta área em Portu-gal. É necessário criar um ambiente favorável à inovação nesta área.

Quais são os principais desafios que se colocam de futuro ao WavEC? O nosso principal desafio é saber estar no mercado de uma maneira competitiva. Isto exige inovação e uma equipa motivada. Ao longo destes 12 anos, o WavEC tem procurado alargar o seu leque de competências, de modo a poder realizar atividades com grande abrangência, incorporando aspetos de natureza tecnológica, económica, comercial, industrial, ambiental, social e legislativa. Outros desafios futuros estão relacionados com o alinha-mento da nossa estratégia de forma a criar siner-gias com outras áreas do espaço marítimo.

Ana Brito e Melo

A COAPE - Cooperativa Agropecuária dos Agricul-tores de Mangualde tem vindo a promover um serviço de enorme relevância, sendo atualmente uma instituição de relevo. Que balanço é possível perpetuar da orgânica da instituição e em que de-safios se encontra envolvida? Somos efetivamente uma referência em Man-gualde, restruturamos o “velho” edifício do Gré-mio, com a criação de novas lojas, escritórios, café e um Centro Comercial Agropecuário. Somos o local de maior movimento de pesso-as, atraídas pelas excelentes condições que este “Centro de Negócios” oferece. Esta é só por si, a garantia, o selo da nossa gestão, que se perpe-tuará no tecido empresarial, económico e social de Mangualde.Mas tudo isto é só o início dos nossos projetos. Temos como objetivo a restruturação dos espaços ainda sem intervenção. São projetos com custos elevados, algo que nos obriga a uma gestão muito rigorosa, aguardando as oportunidades ao nível

dos apoios comunitários, e que exigem uma per-centagem de fundos próprios consideráveis. Te-mos que evoluir, nunca esquecendo que tudo tem de ser feito de forma sustentada e sustentável.Este é o grande desafio. Num país onde o ama-nha é uma interrogação, tal a precariedade da nossa economia, não podemos “arriscar”. Temos que investir por forma a resistir ao imprevisto, e isto não é fácil. A nossa aposta no futuro come-ça com a relação criteriosa dos nossos colabora-dores. Apostando numa juventude que aprende com a experiencia dos mais velhos e que garanta o futuro numa politica de inovação e qualidade. A restruturação dos espaços ainda sem interven-ção são nossos projetos futuros. Já temos em an-damento a criação da OP (Organização de Pro-dutores) dos produtores de leite; a OP dos frutos vermelhos; a Secção de Solidariedade Social e o Cento de Investigação, Desenvolvimento e Cer-tificação Agrícola.

Que género de servi-ços promove no vosso quotidiano? Na génese da nossa Cooperativa está a agricultura. Promo-vemos diariamente todo um conjunto de apoios aos agriculto-res. No nosso Centro Comercial Agropecu-ário encontram toda uma panóplia de al-faias, ferramentas e factores de produção, necessárias no seu dia a dia. Temos técnicos sempre disponíveis para o aconselhamen-to agrícola, quer ao balcão, quer a nível de deslocação ao terreno. Oferecemos infor-mação dos Avisos de Tratamento Agrícola, quer em painel fixo, quer em terminal in-formático. Nos nossos serviços efetuamos Subsídios Agrícolas, Produção Integrada e Seguros Agrícolas. Para além da venda da mercadoria ao balcão, fazemos a entrega ao domicílio duas vezes por semana.

“A política nacional e europeia há muito que investem neste setor. É um setor que para além sustentabilidade caseira, representa um negócio de muitos milhares. Podemos potencializar a exportação e minimizar a importação”, assegura Rui Costa, Presidente da COAPE - Cooperativa Agropecuária dos Agricultores de Mangualde, em entrevista á Revista Pontos de Vista, onde ficou vincada a

necessidade de se continuar a apoiar um setor essencial para o país.

“A cOAPE ESTá cOnTInUAMEnTEao serviço dos agricultores”

Crê que este ainda é um setor que carece de apoios? O que deve ser feito no sentido de conti-nuar a auxiliar a desenvolver este setor?A política nacional e europeia há muito que investem neste setor. É necessário investir, nas pessoas, nos agricultores, melhorar as suas qua-licações. Mais importante que o apio aos inves-timenstos, são os apoios na melhoria das qua-licações dos novos agricultores. Não podemos competir no mercado global sem conhecimentos e qualicações. Precisamos de uma nova aborga-dem, conscientes dos principios essenciais para o sucesso (escala, organização, prossinalismo,...) É um setor que para além da sustentabilidade ca-seira, representa um negócio de muitos milhões. Podemos potencializar a exportação e minimizar a importação. Podemos criar muitos postos de trabalho, incrementar realização de negócios co-merciais e preservar a única riqueza que podem dar aos nossos descendentes, que é a Natureza.

Como analisa atualmente o conceito de coope-rativismo em Portugal? Crê que o mesmo se tem vindo a desvirtuar? É importante que este concei-to mantenha as suas prioridades? O Cooperativismo em Portugal conheceu na passada época de ouro. No passado, no presente e no futuro será sempre uma alavanca de sustenta-bilidade e desenvolvimento do setor económico.Os princípios cooperativistas são sempre atuais e traduzem-se na Colaboração e Solidariedade em trabalhar juntos para o mesmo objetivo, infeliz-mente o passado cooperativista aporta cenários de evidente insucesso, por má gestão, oportu-nismo e contradição da gestão cooperativa, mas também aporta exemplos de sucesso. Hoje, co-nhecidos os maus exemplos, torna-se mais fácil garantir o sucesso. Os cooperantes estão mais conscientes da mais-valia que a sua Cooperativa representa para o seu negócio e são mais ativos na gestão da mesma.

88

COOPERATIVISMO

LER NA INTEgRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

Rui Costa

BREVES

a agriculturaem destaque De 6 a 14 de junho venha conhecer o mundo agrícola português e aquilo que de melhor este setor tem para oferecer.A 52ª edição da Feira Nacional de Agricultura regressa ao Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém, e promete um programa diversificado e com o máximo interesse.Equipamentos e serviços de agricultura, artigos comerciais, representação de associações e coope-rativas do mundo agrícola, artesanato, venda comer-cial diversa ou as tradicionais zonas gastronómicas vão fazer o sucesso de uma Feira que anualmente promove a agricultura portuguesa. Deixe-se envolver pelos melhores vinhos, azeites, queijos, enchidos, méis, compotas e frutas provenientes da agricultura portuguesa.

associação desafia portugueses a não fumar durante 1000 minutos para prevenir o avc Em Portugal morrem todos os anos 1000 pessoas vítimas de AVC e o tabaco é um dos principais fatores de risco para essa situação, contribuindo para 12% a 14% de todas as mortes. Com vista a combater a doença e no âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, a Associação Nacional AVC lança um desafio a todos os fumadores como forma de assinalar esta efeméride: estarem 1000 minutos sem fumar, amanhã, dia 31 de maio.

água em festa Faro convida-o a conhecer o Festival da Água, que decorre entre os dias 3 e 5 de junho, na vila de Estoi. Com o objetivo de celebrar um dos elementos mais importantes da Terra, cuja importância para a Humanidade é inquestionável, o festival promete três dias bem animados.Exposiçoes, concertos, artesanato, gastronomia e apresentações temáticas farão da vila de Estoi o centro do Festival da Água.

anPme leva empresasportuguesas aquatro continentes A Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas (ANPME) vai dar a conhecer as empresas portuguesas em feiras empresariais de nove países. Este circuito começa em julho de 2015 com uma missão de importadores russos a Portugal e termina em setembro de 2016 com uma viagem de empresários portugueses a Assunción no Paraguai.

89

Depois de um longo percurso pelo mundo fora, como é que foi recebido pelos portugueses?Primeiro que tudo, quando cheguei a Portugal como embaixador, senti-me em casa. Estive aqui muitas vezes antes de 2012, ano em que assumi o cargo. Frequentemente vinha a Portu-gal como académico, sobretudo para participar no Fórum Político do Estoril. Depois, tendo--me tornado Diretor Executivo da Comunida-de das Democracias, passei a vir várias vezes já que Portugal tinha assumido a presidência desta organização intergovernamental. Por isso, as autoridades portuguesas convidaram-me várias vezes para vir a Portugal, e eu assumo que me sinto muito privilegiado por reconhecer a maior

parte das personalidades políticas antes de assu-mir este cargo, em Lisboa. Assim, do ponto de vista de contactos, quer social, cultural ou polí-ticos, vim para cá com um portfólio fantástico, provavelmente, muito maior do que qualquer embaixador poderia ter sonhado. Mas há tam-bém outra coisa. Como sociólogo, cheguei aqui bem equipado com aparelhos de diagnóstico e de investigação para ser capaz de aprender ainda mais sobre a sociedade, a política e a cultura de Portugal. Fui formado com uma esclarecedora visão do mundo e, portanto, baseio as minhas decisões nas minhas experiências e provas. Não baseio as minhas decisões em boatos, intrigas ou informações não confirmadas. Os sociólogos

Além de uma vasta experiência na área de gestão global de ideias intelectuais e de pesquisa académica, tem, a par de muitas outras atividades, uma longa carreira científica na Polónia, Estados Unidos, Itália, França e Bélgica. Bronislaw Misztal é agora Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Polónia em Portugal. Conheça melhor o percurso de um eterno apaixonado por Portugal que tem dedicado o seu trabalho ao fortalecimento da relação entre portugueses, “os últimos aventureiros da Europa” e

polacos, “os últimos românticos”.

“nEM PORTUGAL nEM A POLónIAsão sociedades ou nações marginais”

falam com as pessoas, convivem com pessoas, vivem entre elas. Então, se assim o posso dizer, sinto que me misturei bem com a sociedade portuguesa. Ao longo dos últimos dois anos e meio, tenho estado em quase todos os lugares, registando mais de 80 mil quilómetros no meu carro. Visitei autarquias, sociedades culturais, empresas, universidades, regiões. Parece ser pouco comum, mas eu tive o privilégio de ter sido convidado para a casa por muitos portu-gueses, o que reconheço ser excecional, já que a maioria dos portugueses, para se encontrarem, costuma sair. Nós, eu e minha família, temos o privilégio de ter passado o Natal e a Páscoa com famílias portuguesas. Ou seja, posso dizer que

90

RELAÇÕES BILATERAISPORTUgAL – POLóNIA

Bronislaw Misztal

me sinto muito bem recebido, me sinto em casa no vosso país. Para além do mais, não fico em hotéis de seis estrelas nem como em restauran-tes de estrelas Michelin. Fico e como onde as pessoas estão, longe das áreas turísticas. Vou às pequenas tascas, a lugares familiares.

Da cultura à gastronomia até à própria língua, são muitas as caraterísticas que distinguem estes dois povos. Esta poderia até ser apelidada de uma relação ‘improvável’. O que aproxima polacos e portugueses?Esta é uma pergunta muito inteligente e pro-funda. Na verdade, ainda há pouco tempo or-ganizei a conferência “Portugueses e Polacos: O que nos une, o que nos afasta?” Ambos os pa-íses são nações relativamente pequenas, embora a Polónia pareça maior quando vista de Lisboa. Mas nós, ambos os países, tivemos que aprender a viver com grandes vizinhos, a ficar na borda (na orla) do continente e ainda assim sem nos sentirmos marginalizados. O que nos une é que nem Portugal nem a Polónia são sociedades ou nações marginais. Às vezes sentimos uma certa claustrofobia, sentimos que o nosso território é muito pequeno, e então vamos, fugimos, muda-mos, emigramos ou migramos. Não só estamos fisicamente em movimento, mas mentalmente também. Essa procura do novo, essa crença na aventura é o que nos une. Para Portugal, há o sen-timento de “saudade” e a sede inextinguível do desconhecido, que torna as pessoas mentalmente inovadoras. Na Polónia é a atitude do romantis-mo, é a crença às vezes ingénua na supremacia face ao pragmatismo que nos faz procurar novas ideias. Os portugueses são os últimos aventurei-ros da Europa, e nós, polacos, somos os últimos românticos da Europa. Os sabores da Europa são feitos pelo vosso aventureirismo e pela nossa ati-tude romântica.

Nos dois primeiros meses do ano, face a igual perí-odo de 2014, as exportações de bens de Portugal para a Polónia, subiram 14%, para 88,9 milhões de euros, e as importações avançaram 17,9% para 93,8 milhões de euros. O que é que estes valores nos dizem sobre o futuro das relações comerciais entre estes dois países?Os números correntes das exportações de Portu-gal para a Polónia e vice-versa testemunham as estreitas relações comerciais entre as nossas na-ções. O valor total do comércio entre os dois pa-íses no período de janeiro a outubro de 2014 foi de 935,3 milhões de euros. A Polónia exportou produtos no valor de 510.000.000€, e Portugal exportou 425,3 milhões de euros. Portanto, te-mos um saldo comercial positivo (85 milhões de euros para o mesmo período). Temos economias

complementares. A Polónia oferece um ambiente fantástico e amigável ao investimento estrangeiro português e Portugal é um mercado muito bom para os nossos produtos. O futuro, no entanto, deverá ser de empreendimentos económicos con-juntos. Poderíamos imaginar produtos comuns que gostaríamos de comercializar em mercados terceiros. Nós já estamos em testes para juntar as nossas indústrias marítimas.

De acordo com declarações recentes do Ministro da Economia, António Pires de Lima, a Polónia é um mercado que ‘pode valer mais de 1.000 mi-lhões de euros’ para as empresas portuguesas dentro de quatro a cinco anos. Hoje, mais do que nunca, é premente dar a conhecer ao tecido em-presarial português as potencialidades do mer-cado polaco? Que trabalho deve ser feito nesse sentido?Todos os que vêm para a Polónia com a expetati-va de criação de negócios são aconselhados pela Câmara de Comércio Português Polaco para pesquisar a cultura e especificidades polacas. Oferecemos uma força tremenda de trabalho altamente qualificado, uma infra-estrutura legal descomplicada para investidores, muitas zonas económicas especiais e um grande mercado para bens de consumo. Os polacos sabiamente apren-deram os benefícios da economia de mercado, são consumidores sofisticados que sabem o que querem comprar. E ainda assim é deles o poder de compra. A profundidade e a atratividade do mercado polaco oferecem muitas oportunidades para os agentes económicos portugueses. Mas nós tam-bém trabalhamos para torná-lo ainda mais sim-ples. Trabalhamos em estreita colaboração com as universidades técnicas de ambos os países, de modo que há uma possibilidade de certificação dupla para os alunos. Os estudantes portugueses do IST ou da Cató-lica em breve poderão ter um segundo diploma, paralelo, de uma reputada universidade polaca. A nossa economia contrata, o que significa que é mais fácil para um português encontrar emprego e obter colocação dentro da economia polaca. O mesmo vai acontecer no sentido inverso. Os es-tudantes polacos poderão obter os seus diplomas aqui. Isso irá fortalecer as relações entre as nos-sas duas economias.

O mercado polaco é visto como dinâmico, compe-titivo e exigente. Para um empresário que se quer “aventurar” por terras polacas, o que é necessário saber de antemão?A melhor forma de se aventurar no mercado po-laco é conectando-se com as instituições locais. A Câmara de Comércio não só lhe irá fornecer

informações práticas, como vai facilitar os con-tactos e relações com outros parceiros comerciais, o que irá ajudar a entrar em contacto com outros empresários e aprender com a sua experiência. É bom pesquisar o mercado e, para novos produtos ou novas marcas, pode ser aconselhável trabalhar com as empresas locais soluções estratégicas que ajudem as empresas que entram a circular pelas importantes etapas de crescimento. Há empresas de consultoria e aconselhamento tanto portugue-sas como polacas que podem ser úteis.

Que características fazem parte da “genética” de um trabalhador polaco e que são perfeitas para alavancar a competitividade das empresas portu-guesas?Os polacos são uma nação trabalhadora. Nós trabalhamos longas horas, não fazemos pausas, saímos depois da hora quando é necessário. Os trabalhadores polacos são também criativos e inovadores e algo que seja impensável noutros lugares pode ser feito na Polónia. Por exemplo, os operários polacos podem reparar equipamentos, em vez de substituir peças. Na minha carreira, também fui operário fabril e lembro-me o quão ambiciosas eram as pessoas na manutenção da linha de produção. Nós não só fabricamos como também projetamos. Muitos não sabem, mas muitos ícones de carros foram concebidos por designers polacos e são peças intemporais. Por exemplo, a maioria dos phares (refletores) dos Lancia são projetos polacos. Os modelos dos au-tomóveis mudam, mas estes detalhes não. Quem for para a Polónia convém saber que esta é uma nação inovadora e criativa.

Para concluir, que desafios se colocam, no futuro, ao relacionamento entre estes dois países?Ambos os nossos países são confrontados com as consequências e as trajetórias comuns como membros europeus. Os nossos destinos depen-dem dos sucessos da Europa. Os nossos países estão de muitas maneiras dependentes do desen-volvimento das relações transatlânticas. Eu diria que os portugueses e os polacos são naturalmen-te atlantistas. Nós também dependemos da nossa capacidade de fazer surgir novos produtos e da capacidade de os vender fora da UE. Idealmente, até poderiam surgir, como já disse, produtos co-muns - com uma plataforma de produção num país e de equipamento noutro. Para ir para oeste, idealmente poderíamos ter plataformas polacas a serem melhoradas em Portugal. Para ir para les-te, seria bom ter o produto português adaptado e atualizado na Polónia. Portugal é um país im-portante na expansão para o mundo lusófono. A Polónia é o país ideal para a expansão na Europa Centro-Oriental.

91

“A profundidade e a atratividade do mercado polaco oferecem muitas oportunidades para os agentes económicos portugueses. Mas nós também trabalhamos para torná-lo ainda mais simples. Trabalhamos em estreita colaboração com as universidades técnicas de ambos os países, de modo que há uma possibilidade de certificação dupla para os alunos”

A Vistos Lobo é uma marca sólida que pertence ao Grupo RLobo, tendo sido criada em 2009. Desta forma, como tem sido pautado o crescimento do grupo e de que forma têm conseguido aportar va-lor a este segmento?O crescimento tem sido feito de forma cuidada e sustentada. Temos acrescentado maior valor a este segmento com a excelência do nosso serviço.

A vossa atuação passa, exclusivamente, pela verten-te do trâmite de vistos. De que forma conseguem perpetuar um serviço personalizado e eficiente?Não só. Temos vários serviços complementares que fazem com que a obtenção de um visto resulte numa experiência fácil para os nossos clientes, in-dependentemente da complexidade do processo o que aliado à nossa flexibilidade nos tem granjeado a posição de líder de mercado no segmento.

Que análise perpetuam do setor em que atuam e quais as lacunas que ainda identificam no mesmo que urge alterar?

A principal lacuna é o fato do setor não estar re-gulamentado e organizado, havendo por isso mui-tos prestadores de serviço que trabalham de forma completamente desleal e à margem dos valores éti-cos, sendo necessário e urgente a regulação do setor.

As empresas que prestam serviços consulares sentem, do mesmo modo, estas barreiras? Pode-mos dizer que empresas como a Vistos Lobo su-portam os obstáculos que os clientes iriam enca-rar se não tivessem o vosso apoio?Claramente. Achamos que as outras empresas também sentem barreiras burocráticas e que de fato nós, Vistos Lobo, tudo fazemos para que o cliente não tenha qualquer tipo de problemas na obtenção do seu visto, sacrificando, muitas vezes, a imagem da Vistos Lobo perante os Consulados.

A Europa encontra-se a absorver uma nova legis-lação que tem como objetivo facilitar a autoriza-ção de residência a populações de outros conti-nentes. Como veem esta decisão, que tem tido o

apoio dos vários go-vernos europeus?O nosso nicho de mer-cado não tem muito a ver com este segmento. Tem mais a ver com a necessidade do cidadão português emigrar, no entanto, será natural que daqui a uns tem-pos se venha a verificar um decréscimo no vo-lume de negócio deste segmento. Por isso, desde já intensificámos o nosso investimento na diversificação das áreas de negócio.

Admitem ser uma marca que preza pela resposta mais ampla e acessível. O que vos distingue de outras empresas do setor? Que mais-valias têm para oferecer a quem vos procura?Neste momento já so-mos a empresa líder de mercado em Portugal fruto da flexibilidade e rapidez na resposta aos nossos clientes, se-jam eles particulares, empresas ou agências. Somos claramente a empresa de Vistos mais

“Neste momento já somos a empresa líder de mercado em Portugal fruto da flexibilidade e rapidez na resposta aos nossos clientes, sejam eles particulares, empresas ou agências”, afirma Ricardo Lobo, Administrador da Vistos Lobo, uma marca que tem granjeado

prestigio, fruto da sua competência e que se prepara para continuar a conquistar mercado, desta vez a nível internacional.

VISTOS LObO– Líder de mercado

profissional e preparada, tendo 28 colaborados dis-tribuídos pelos nossos escritórios de Lisboa, Porto e Luanda, com a estrutura mais capaz de fazer face a grandes volumes de trabalho sendo por isso que procurados por clientes de renome a nível mundial.

Além da vertente de tratamento de vistos, a Vistos Lobo integra o serviço Lobo Express. Que serviço é este e de que forma é o mesmo uma mais-valia?A Lobo Express vem complementar o serviço de Vistos trazendo mais eficiência e flexibilidade na entrega dos passaportes 24 sobre 24 horas, seja no Aeroporto, em casa do cliente, na agência ou até mesmo no estrangeiro.

E a nova empresa do Grupo, Simplifica? A Simplifica é um serviço de tratamento de do-cumentação que tem como objetivo simplificar a vida dos clientes. Esta empresa nasceu, por isso mesmo; por percebermos as dificuldades dos nossos clientes e dos seus colaboradores em tra-tar das burocracias junto das entidades com que qualquer cidadão se relaciona no dia a dia, como por exemplo: levantamentos do passaporte, car-tão do cidadão, entre outros.

A internacionalização da marca já foi dada. Desta forma, para que mercados apostam fortemente e como tem sido a concretização deste desiderato para a marca? Efetivamente a abertura de escritório de Luanda veio complementar ainda mais o serviço na me-dida em que envolvemos ambos os escritórios, no processo de Visto, fazendo a ponte, melhorando sempre o timming da concessão dos processos e dando um acompanhamento crucial aos nossos clientes expatriados.

Quais são as principais prioridades e desafios da Vistos Lobo de futuro?Os próximos desafios serão claramente abertura de escritório em Maputo e até ao final do ano de 2015, abertura de escritórios em Paris, Madrid e provavelmente Pequim.

92

SERVIÇOS CONSULARES

Ricardo Lobo

No sentido de contextualizar o nosso leitor, de que forma é que surgiu o projeto Good4Life e como é que o mesmo tem vindo a alcançar o sucesso e con-sequentemente a aceitação do mercado?A Good4life – Family & Career Services, nasce no seio de uma amizade de longos anos entre nós, Carla Pacheco e Elisabete Passas. O percurso en-quanto técnicas de RH foi desde cedo orientado para as áreas de Recrutamento e Seleção e For-mação Profissional. Enquadradas em empresas distintas, fomos sempre trocando impressões e experiências, acalentado a ideia de construir um projeto de raiz no âmbito dos Cuidados Domi-ciliários. Estávamos em 2009, no início da tão malograda crise, mas não hesitámos na tomada desta decisão. O arranque oficial deu-se em 2010. Desde então, a Good4life tem vindo a afirmar a sua identidade, procurando oferecer serviços personalizados que vão de encontro às necessida-des concretas de cada família. Quando os nossos clientes/famílias nos referenciam a amigos é si-nal claro que estamos no caminho certo, crian-do relações profissionais sólidas e de confiança com eles. Responsabilidade alargada à equipa de Enfermeiros, de Técnicos de Geriatria e de Em-pregadas de Serviço Doméstico que fazem parte da empresa.

De que forma é que os vossos serviços visam con-tribuir para a harmonia, bem-estar e equilíbrio das famílias?Partindo dos cuidados a bebés e crianças, passan-do pelos cuidados aos avós e grandes dependen-tes, trabalhamos, in home, para as diversas faixas etárias. Cada família tem as suas necessidades específicas, as suas características, gostos e roti-nas. Evidencia-se, desta forma, a importância da avaliação inicial feita pela equipa técnica. Intervimos aos mais variados níveis até ao limite do

acompanhamento 24H/dia de pessoas totalmente dependentes, atendendo aos seus cuidados de hi-giene e conforto, mobilizações e posicionamentos, administrando a medicação e alimentação, monito-rizando e vigiando o seu estado de saúde. O perfil do Cliente Good4life é bastante heterogéneo. Dele fazem também parte jovens casais com filhos em idade escolar que contratam os serviços Good4li-fe, porque se veem confrontados com horários de trabalho incompatíveis com os horários escolares, e precisam de apoio ao final do dia. Aí disponibi-lizamos profissionais que, para além de cuidar das crianças, podem igualmente preparar o jantar, con-tribuindo para amenizar o stress do final do dia. As situações são únicas e analisadas caso a caso.Não raras vezes, solicitam-nos para o recruta-mento de empregadas domésticas externas e internas, governantas, cozinheiras, amas e baby--sitters. Neste âmbito atuamos como uma con-sultora especializada em perfis domésticos e identificamos candidatos para trabalhar tanto em Portugal como no estrangeiro.

“Desde o primeiro momento, escutamos atenta e cuidadosamente a informação que nos é transmitida. A escuta ativa é fundamental no processo, para tal contribui a formação de ambas em Psicologia. É nosso objetivo compreender a história do cliente, expectativas, ansiedades e reais necessidades, para que o mesmo possa usufruir de um serviço preparado com carinho e dedicação, sem descurar o profissionalismo”. Quem o afirma são Carla Pacheco e Maria Passas, Coowners da good4life, em entrevista à Revista Pontos de Vista.

Conheça mais de uma marca que tem crescido exponencialmente e que torna mais fácil a vida das famílias.

GOOD4LIfE- Para tornar mais fácil a vida das famílias

Neste setor é fundamental que se criem relações de confiança e proximidade com cada cliente/fa-mília. De que forma perpetuam essa personaliza-ção, onde cada caso é um caso? Estamos convictas, e este tem sido o feedback dos nossos clientes, que a relação de transparên-cia, honestidade e rigor, é o fator chave que une a Good4life às famílias. A nossa disponibilidade, dedicação e flexibilidade têm sido fundamentais para a fidelização de clientes e manutenção dos profissionais que compõem a equipa de colabo-radores Good4life.

O que podem esperar os clientes/famílias quando escolhem os serviços «made in» Good4Life? Primeiro estranha-se, depois entranha-se - Fer-nando PessoaDesde o primeiro momento, escutamos atenta e cuidadosamente a informação que nos é transmi-tida. A escuta ativa é fundamental no processo, para tal contribui a formação de ambas em psi-cologia. É nosso objetivo compreender a história do cliente, expectativas, ansiedades e reais neces-sidades, para que o mesmo possa usufruir de um serviço preparado com carinho e dedicação, sem descurar o profissionalismo.Temos um propósito vital, trabalhamos com o que há de mais importante - as pessoas; e den-tro do universo que lhe é mais querido - as suas casas. O cliente tem de ser respeitado e simulta-neamente suportado na resolução dos problemas.

Escolher Good4Life é…? Ter a certeza que deste lado está uma equipa de profissionais empenhada, preparada para o apoiar nas fases críticas da vida, ou mesmo nas simples rotinas do dia a dia.A Good4life trabalha diariamente para tornar mais fácil a vida das famílias.

93

APOIO DOMICILIÁRIO

Carla Pacheco e Maria Passas

LIFETECH Group é sinónimo de soluções inova-doras e excelência das mesmas, de uma marca que nasceu em 2004. Ao longo destes 11 anos, como tem sido realizado o percurso da marca e de que forma tem a mesma marcado a diferença no mercado? A marca LIFETECH nasce em 2004, por for-ma a responder a uma lacuna de mercado. A primeira marca de periféricos de informática Portuguesa. Design inovador com uma relação qualidade/preço imbatível. E foi assim que em pouco tempo obtivemos uma enorme quota de mercado em Portugal. Hoje temos cerca de 150 referências de teclados, ratos, colunas, ma-las, auriculares e acessórios diversos. Em 2006 iniciamos a internacionalização da marca, que hoje está presente em Espanha, França, Polónia, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Brasil.

Os vossos produtos estão mais direcionados para um público mais jovem. Neste âmbito, porquê apos-

tar na estratégia de dar resposta a esta faixa etária? A estratégia de direcionar, inicialmente, os nos-sos artigos para um público mais jovem, tratou-se de conquistar um mercado com maior apetência para o consumo destes produtos. Hoje temos produtos profissionais, transversais a todo o mer-cado de periféricos de informática e telecomu-nicações.

Uma das grandes qualidades da marca e dos seus produtos, passa pela capacidade que possuem em apresentar elevada inovação tecnologia e a um excelente binómio preço/qualidade. Diria que estas são as grandes valias da marca? Sem dúvida, esses são os pressupostos de todos os nossos produtos. Eles nascem sempre, a partir das necessidades dos nossos parceiros de negó-cio. Desta forma tornam-se sempre sucessos de vendas, porque se trata de um trabalho em equi-pa. Somos uma marca dinâmica em permanente evolução.

“Hoje a LIFETECH é uma marca que atingiu a sua maturidade, que lhe permite entrar em novas áreas de negócio, pelo reconhecimento do seu brand”, afirma Jorge Custódio, Administrador - Business Manager da LIFETECH group, em entrevista à

Revista Pontos de Vista. Saiba mais de uma marca que nasceu em 2004 e que desde esse período tem vindo numa lógica ascendente, assente em padrões como a excelência, valor e inovação.

LIfETEch– a inovação em casa

Que análise perpetua da presença da marca a ní-vel nacional? Neste momento estão perfeitamen-te integrados em território português? De que forma promovem os vossos produtos e em que canais o fazem?O peso do mercado Português no nosso volume de negócio é cada vez menor. Estamos na grande maioria das principais insígnias, e alargamos cada vez mais o nosso raio de ação para o mercado pro-fissional. O nosso foco de promoção dos produtos, é 100% direcionado para o ponto de venda.

A marca já iniciou o seu processo de internacionali-zação? Porque foi dado esse passo e qual o balanço que pode perpetuar deste desenvolvimento?Sim, iniciamos como disse o processo de internacio-nalização em 2006, no sentido de replicar o sucesso obtido no mercado Português. Facto que tem sido conseguido, na medida da nossa capacidade financei-ra, no panorama atual da Banca. Hoje em dia, Por-tugal representa 20% do nosso volume de negócio.

94

INOVAÇÃO E VALOR

Jorge Custódio

95

Em que mercados é possível atualmente adquirir um produto com a chancela Lifetech? Tiveram de alterar de alguma forma a vossa atuação para sin-grar nos mercados externos? Hoje estamos presentes na Europa, Palops e Bra-sil. A nossa forma de atuar é exatamente igual, ao mercado Português. Julgo que esse foi um dos fatores de sucesso, nos mercados onde estamos presentes.

Os “três grandes” do futebol português confiaram em vocês para o lançamento dos seus produtos informáticos. De que forma é que este «cartão de visita» é uma vitória da marca, sabendo que as entidades faladas representam um vasto núcleo de potenciais consumidores?

Sem dúvida, que quando em 2006 apresentá-mos este projeto aos clubes de futebol, foi algo inédito, que correu muito bem. Afinal de contas, estamos a falar de três marcas com uma grande notoriedade. Na altura ajudaram também a pro-jetar a nossa marca no mercado Português e nos PALOPS.

Gerir uma marca da qualidade e excelência como a Lifetech é?

É estar em permanente evolução e sempre com uma dinâmica de ideias e negócio de excelência.

O que podemos esperar de futuro da Lifetech? Continuar o percurso de conceção e desenvolvi-mento de novos produtos, e aumentar a presença num maior número de países. Hoje a LIFETE-CH é uma marca que atingiu a sua maturidade, que lhe permite entrar em novas áreas de negó-cio, pelo reconhecimento do seu brand.

Lembra-se quando entra naquela padaria? Lembra-se das recordações de uma fra-grância que o leva numa viagem pelas me-mórias do seu passado, que o leva ao perfu-

me da casa da sua infância? Quem de nós nunca entrou num estabelecimento comercial e pelo simples facto do perfume lá presente nos trazer memórias, não ficou mais tempo ou até comprou algo, tudo porque essa fragrância despertou os nossos sentidos? Marketing olfativo. Sabe o que é? Passamos a explicar. Esta é uma nova dimensão de marke-ting fundamentada no sentido do olfato, um dos mais importantes e poderosos sentidos que pos-suímos. Atualmente, pela evolução da tecnologia, as empresas «lutam» para apresentar argumentos de diferenciação e de promoção de valor para os seus produtos e marcas. Os aromas e fragrâncias são os instrumentos concretos e poderosos de marketing eficiente na disputa pela fidelidade do consumidor. Mas será que uma boa composição olfativa é capaz de atrair a atenção do cliente, podendo aumentar o tempo de permanência no espaço comercial, despertando assim o impulso da compra? Factos concretos e estudos eviden-tes comprovam-no. O olfato funciona, cada vez mais, como um método de marketing apelativo para que o consumidor prefira determinada mar-ca, produto ou serviço. Mas não somos especialistas na matéria e por isso fomos conversar com quem o é e conver-sámos com Paula Gomes e Eduardo Oliveira, respectivamente a CEO e perfumista e o Direc-tor comercial e de inovação da i-sensis perfume design, uma marca inovadora e que tem crescido de uma forma sustentada, mantendo como prin-cipais padrões a qualidade, excelência, inovação, diferenciação e capacidade para acrescentar valor.

PERSONALIZAÇÃO E ACONSELHAMENTOApesar dos primeiros passos terem sido dados em 2004, foi somente em 2010 que tudo ficou mais definido na dinâmica da marca, onde a i-sensis perfume design se focou em duas grandes áreas: perfumaria propriamente dita, do desenvolvi-mento de fragrâncias e de produtos perfumados e na vertente do marketing olfativo dos espaços, em que a marca possui tecnologia própria e pa-

tenteada para promover essa aromatização. Atra-vés de um percurso cimentado pela “inovação e desenvolvimento”, aperfeiçoaram uma área do marketing que poucos conheciam em Portugal e criaram um “modelo de negócio” que permite ao cliente envolver-se numa fragância única e extraordinária. “Perfumes, desenvolvimento de aromas e assinaturas olfativas” são os grandes ob-jetivos de uma marca que nasceu de um projeto de investigação e desenvolvimento na Faculda-de de Engenharia da Universidade do Porto. A paixão e a extrema necessidade de aprofundar uma área que até então apenas era reconhecida fora de portas permitiram a criação da i-sensis, uma marca que preza por criar uma “sensação de bem-estar” através do aroma. Seja pelos seus pró-prios perfumes ou pela criação de uma fragância à imagem do próprio cliente, a i-sensis promete marcar a diferença. Não se admire se, enquanto estiver às compras num centro comercial ou a re-laxar num hotel a quilómetros de distância, sen-tir um aroma único que o transporta para novas sensações ou que o recorda momentos e histórias

Nos tempos atuais os produtos e serviços estão cada vez mais similares, sendo necessário recorrer a outras técnicas e soluções para promover a diferenciação e assim acrescentar valor a um produto, a um espaço comercial ou a um evento. Já imaginou vender pelo

nariz? Estranho? Nem tanto, até porque, hoje, é possível que uma marca ou mesmo pessoa deixe a sua marca através do olfato.

InSPIRE E DEIxE-SElevar pelos aromas

do seu passado. Porque a probabilidade de esta marca estar presente nestes e noutros espaços, como spas, lojas ou até espetáculos, criando as mais diversas sensações e experiências olfativas, é enorme. O aeroporto dos Açores é um dos gran-des exemplos em que a i-sensis está a deixar a sua marca…e o seu perfume. Num mundo em que o som e a imagem como forma de promoção estão mais do que gastos, a i-sensis dá uma nova cara às marcas que a procuram, oferecendo-lhes uni-cidade e caráter próprio. Através de “personaliza-ção” e “aconselhamento”, fazem “a ponte” entre o sonho e a realidade. Se sempre imaginou ter uma fragrância com a sua essência ou com o nome da marca que representa, esta é a sua oportunidade. A i-sensis acorda todos os dias para dar novas cores e aromas ao mundo.

O AROMA QUE SE DIFUNDE PELO MUNDO

Tendo já conquistado o mercado nacional, a i--sensis garante agora levar os aromas mais sin-gulares e extraordinários aos quatro cantos do mundo. A internacionalização, que já faz parte da marca e do seu empenho diário, continua a ser um dos grandes focos do futuro. Pensando na Europa e nos Países Africanos com Língua Ofi-cial Portuguesa, a marca pretende dar a conhecer as suas fragâncias, a sua personalidade e know--how, assumindo o grande sonho de “exportar o conceito” para outras culturas. Continuar a crescer e espalhar charme e aroma são os grandes sonhos bem concretizáveis de uma marca que continua a fazer a diferença pela sua capacidade extrema de criar fragâncias memorá-veis e envolventes.

96

INOVAÇÃO E VALOR

tlf. (+351) 223 260659 | www.i-sensis.com

Paula Gomes e Eduardo Oliveira

Surgiu no mercado em 1995 mas 2002 foi, efetivamente, o ano de mudança no seio da PComp. Quem o diz é Sérgio Barbosa, Ge-rente de uma empresa que, mais do que se

focar na programação de aplicações informáticas, entendeu que as soluções deveriam ser desenhadas com o intuito de resolverem problemas e serem ge-radoras de mais-valias para qualquer negócio. Foi assim que, em 2002, e num período ainda de adap-tação à entrada em vigor do euro em Portugal, a PComp começou a familiarizar-se com o conceito de “software as a service” (SaaS – Software como um serviço). Trata-se de um modelo de distribui-ção de software, em que não é vendido e instalado localmente, mas em que o utilizador utiliza-o via internet, pagando um valor pelo serviço oferecido. “Neste momento, todo o software que temos é disponibilizado via internet e o único requisito do cliente é ter acesso à internet. A PComp garante, além do software, a assistência técnica pós-venda. Todas as atualizações e cópias de segurança são fei-tas de modo automático”, explicou Sérgio Barbosa. Com aplicações certificadas pela Direção-Geral dos Impostos e desenhadas para todos os setores de ati-vidade, a PComp trabalha sobretudo com clínicas, escolas de línguas, rent-a-cars, administração de imóveis e, para cada um destes segmentos, a sua atu-ação é distinta. Assim, com aplicações de raiz, a em-presa desenvolveu softwares que facilitem a gestão de clínicas (informação sobre tratamentos, agendas dos médicos, faturação, entre outros) e, por exemplo, no caso das escolas de línguas, a PComp criou módulos através dos quais tanto alunos, como professores e encarregados de educação podem aceder, em qual-quer sítio, a dados específicos sobre notas, avaliações, marcações de testes, entre outras informações de cariz pedagógico. A par deste trabalho já bastante consolidado, a PComp desenvolveu uma aplicação de gestão de visitantes, para autarquias ou associa-ções, no sentido de partilhar informação turística da região, tal como explicou em conversa com a Revista Pontos de Vista Sérgio Barbosa. “Os visitantes têm um cartão e à medida que vão conhecendo determi-nados espaços, como museus ou outros monumentos importantes na região, vão sendo registadas as visitas para que, posteriormente, a entidade responsável te-nha noção do número exato de visitantes que aquele espaço teve. Em termos de comunicação e marketing

é uma ferramenta bastante relevante”, acrescentou. Deste modo, mediante as necessidades que os clien-tes vão apresentando, a PComp desenvolve aplica-ções específicas para cada negócio e, sendo viável, o sucesso é garantido. Depois da conversão de todas as aplicações para o modelo de cloud computing, Sérgio Barbosa foi notando, inicialmente, alguma resistência mas as mais-valias deste modelo acabaram por conquistar os clientes da PComp. Perante a necessidade de ra-cionalizarem os seus recursos a nível de tecnologias de informação, muitas empresas começaram a ter uma nova perceção acerca do valor dos serviços de cloud computing, tornando-se num conceito que há muito tem despertado alguma curiosidade. “O cliente entrega-nos todo o tipo de serviço, ou seja, todas as ferramentas disponíveis para poder gerir a sua empresa. Cada vez mais tudo o que diz respeito à administração de sistemas passa a ser da nossa res-ponsabilidade, basta que para tal ele tenha acesso à internet. O nosso objetivo passará por complemen-tar de forma crescente estas ferramentas, isto é, à gestão comercial o cliente pode agregar, por exem-plo, a gestão de frotas ou outros módulos. Tudo isto facilitará a gestão do seu negócio”. Paralelamente, ao adotar este tipo de sistema, a empresa deixa de investir na com-pra de equipamentos e softwares porque os serviços em nuvem já disponibilizam uma in-fraestrutura completa. Daí que esta virtualiza-ção de processos traga uma iminente redução de custos. “A PComp disponibiliza estas aplicações mediante uma avença mensal que inclui a licença de aplicação, assistência, atualizações e cópias de segurança. O cliente não tem, assim, custos adicionais com equipas de assistência e servi-dores, passando todas as suas preocupações a este nível para a nossa empresa”. Estes são, para Sérgio Barbosa, os principais benefí-cios operacionais deste novo conceito que im-plica um elevado grau de confiança entre o cliente e o fornecedor. Mas esta é, para o res-ponsável, uma relação que se conquista pas-so a passo. “Os nossos clientes são o testemu-nho para a entrada de

Quando nasceu, em 1995, dedicava-se ao desenvolvimento de aplicações de gestão, direcionadas para os mais variados setores de atividade. Tendo consciência de que a programação de aplicações informáticas por si só têm pouco valor, ao longo do tempo, a PComp (Programação de Computadores) soube diferenciar-se no mercado, acompanhando as evoluções e desenhando as suas

soluções como ferramentas que geram mais-valias e resolvem problemas.

SOLUçÕES DESEnhADAS à medida

novos. As nossas referências é que irão dar confian-ça a um futuro cliente”, salientou. A aposta em tecnologia tem sido inevitável para reforçar a competitividade perante a concorrência. As empresas querem tirar o máximo de proveito das ferramentas disponíveis que contribuam para sobrevalorizar as especificidades do seu negócio. Neste cenário, há outro conceito que tem invadido o quotidiano das empresas. “Mobilidade. Cada vez mais são dadas ferramentas aos trabalhadores para que, independentemente do local onde estão pos-sam dar respostas mais rápidas”, salientou Sérgio Barbosa. Esta possibilidade de gerir e ter a informa-ção nas mãos em qualquer sítio tem sido uma das principais exigências que os clientes apresentam à PComp. Sérgio Barbosa, por sua vez, na senda desta constante evolução, não esconde o desejo de avan-çar para o mercado dos PALOP. “Como o software é disponibilizado via internet, podemos estar em qualquer mercado e este, pela facilidade da língua, tem sido uma curiosidade”, afirmou. O objetivo será sempre o mesmo, independentemente do mercado onde estão a operar: “acrescentar valor a cada uma das nossas aplicações para que o cliente nos entre-gue todas as suas componentes tecnológicas. Só as-sim conseguiremos evoluir com eles”, concluiu.

97

INOVAÇÃO E VALOR

Sérgio Barbosa

Quando foi edificada a Best-id e de que forma é que a mesma se tem vindo a implantar no merca-do, promovendo serviços e produtos de qualida-de e excelência?A Best-id nasceu em 2008 e foi crescendo e evoluindo à medida dos desafios que nos foram colocando, bem como às necessidades que nos fomos apercebendo. Entrámos no mercado dos eventos através de pedidos de aluguer de equipa-mentos para pequenos eventos. Identificámos aí uma oportunidade para desenvolver um softwa-re específico para a gestão desses eventos, com a impressão direta das credenciais no próprio local.Graças a isso, estivemos presentes na Cimei-ra Ibero-Americana, em 2009, e na Cimeira da Nato e na visita de Sua Santidade, o Papa, em 2010, eventos esses de alta segurança, que servi-ram de alavanca para os produtos que hoje con-seguimos apresentar.

Que balanço é possível perpetuar da dinâmica e atuação da marca em Portugal? O balanço que fazemos é bastante positivo. Te-mos vindo a crescer, construindo a nossa própria marca de uma forma sólida e consciente. As coi-sas têm acontecido no tempo certo e damos sem-pre o melhor de nós.Temos recebido cada vez mais procura pelas empresas de ativação de marca e de organização de eventos não só para desenvolver aplicações personalizadas (APP para telemóveis, tablet’s, computadores, etc.), mas também porque viram algum dos nossos produtos num outro evento. Esse feedback, para nós, é um indicativo de que estamos no caminho certo.

Que género de produtos e serviços são apresen-tados pela Best-id? O grande foco atual da Best-id é a identificação e o controlo de acessos. Desde cartões PVC com as várias tecnologias existentes, personalizadas ao gosto do cliente, pulseiras RFID (também estas personalizadas), credenciais, biometria, reconhe-cimento facial, e tudo o que isso implica desde o seu design até à sua produção. Fazemos tam-bém a comercialização de todos os acessórios e suportes para cartões, bem como das impressoras e consumíveis. A outra grande componente é o desenvolvimento de software à medida das ne-cessidades de cada cliente. Aí poderá ir desde a simples criação do site, à gestão de base de dados, desenvolvimento de aplicações, bem como a ges-tão do próprio evento - registo, validação, vetting e acreditação no local. Graças a toda a nossa ex-periência adquirida, temos um software, do qual nos orgulhamos particularmente, que é a nossa Solução RFID para festivais, a qual designamos como “All in one”.

O que nos pode dizer sobre a Solução RFID, parti-cularmente interessante para o apoio aos festivais?O “All in one” tem garantia de funcionamento mesmo em condições de Offline! Funciona com encriptação única e com algoritmos próprios contra fraude.O “All in one” trata-se de um software específico para grandes festivais, onde uma única pulseira RFID, atribuída ao festivaleiro cumpre 3 requisi-tos: o controlo de acessos - respeitando o número de dias comprados ou até mesmo se tem ou não parque de campismo, ofertas, etc.; os pagamen-tos – o festivaleiro deixa de andar com trocos, os “barmen” não “perdem” tempo com pagamentos e podemos aplicar não só nos bares, mas também nos restaurantes e até na compra de merchandi-sing; Redes Sociais – o festivaleiro pode empa-relhar a pulseira com a sua conta de Facebook e assim partilhar diretamente, no seu mural, as fotografias que forem tiradas em locais especí-ficos tipo fotobooth ou pelas promotoras que circulam pelo recinto, bastando fazer a leitura da sua pulseira.

Que outros produtos “chave na mão” têm para apresentar aos vossos clientes, tendo em consi-deração as suas necessidades e exigências?Além do software “All in one”, temos um outro grande produto também baseado em soluções RFID. Trata-se de um sistema integrado, desen-volvido para fazer toda a gestão de atividades ho-teleiras, ou packs promocionais existentes, com os vários parceiros envolvidos, dentro ou fora do recinto, sejam estes hotéis circundantes, vende-dores, comissionistas. Perfeito para os parques temáticos.

Estão preparados para responder a clientes de di-ferentes setores de mercado? De que forma é fun-damental o acompanhamento e a personalização que colocam em cada cliente?Estamos totalmente preparados, graças a uma equipa multidisciplinar especializada em diversas áreas das novas tecnologias. Assim como nós te-mos de acompanhar a evolução das novas tecno-logias, os nossos clientes necessitam eles próprios de estar preparados para acompanhar tal evolução. O próprio mercado assim o obriga. Nesse sentido temos de estar em sintonia. Essa mesma sintonia, consegue-se através do acompanhamento antes do projeto, para um levantamento total de neces-sidades, bem como durante a sua implementação. Apesar dos nossos produtos serem extremamente intuitivos, “user friendly”, fazemos questão de es-tar sempre presentes. É a melhor forma do cliente se sentir acompanhado! Além disso, criamos sem-pre um produto personalizado para que o cliente o identifique como “seu”.

Com a tecnologia como pano de fundo, a Best-id oferece produtos únicos e inovadores, criando sistemas de fidelização e identificação, softwares ou controlos de acesso com a máxima qualidade. Com uma simples pulseira, prometem transformar a

sociedade e os festivais de música nunca mais serão os mesmos. Francisco Oliveira, responsável da Best-id, conversou com a Revista Pontos de Vista, que nos deu a conhecer a marca e os seus produtos.

ESTA é A PULSEIRAcom que sempre sonhou

Que lacunas e dificuldades ainda existem em Por-tugal? Que mais-valias aportam os mesmos aos vossos clientes?Podemos apontar algumas lacunas como a falta de segurança, tecnologia já ultrapassada, creden-ciais facilmente copiadas ou adulteradas, facilitis-mo na entrada. Existem vários eventos, de dimensões considerá-veis, cuja acreditação ainda é feita, recorrendo a listagens em Excel, impressas!Uma outra grande dificuldade, com que nos de-paramos são os possíveis congestionamento de rede e internet, nos grandes eventos. Neste mo-mento conseguimos ultrapassar essa dificuldade, uma vez que todos os nossos sistemas estão pre-parados para funcionar em condições de Offline.Tentamos sempre imaginar as várias formas pos-síveis de tentar “defraudar” o nosso próprio siste-ma para assim conseguirmos ir um pouco mais além, e nos superarmos.

Quais são os principais desafios de futuro da BEST-ID?O nosso objetivo é acompanhar o futuro das no-vas tecnologias. Estar sempre a par das novidades para podermos continuar a apresentar soluções únicas, inovadoras e com qualidade, aos nossos clientes. A internacionalização é também um dos desafios, a que nos propomos, procurando para isso parceiros, em qualquer mercado internacio-nal, onde haja “espaço” para nós!

[email protected]+351 913 675 395

98

INOVAÇÃO E VALOR

Francisco Oliveira