revista pontos de vista edição 10

60
ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL - AGOSTO 2011 / EDIÇÃO Nº 10 Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP: “A CPLP é uma organização global” LEILOSOC Por mais Profissionalismo no sector dos Leilões SAÚDE OFTALMOLÓGICA A Certificação da Qualidade e entidades privadas de saúde AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA Conheça o futuro deste sector com o memorando assinado com a Troika

Upload: revista-pontos-de-vista

Post on 24-Jul-2016

216 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 10

ESTE

SUP

LEM

ENTO

FAZ

PAR

TE IN

TEGR

ANTE

DO

JORN

AL P

ÚBL

ICO

/ D

ISTR

IBU

IÇÃO

NAC

IONA

L -

AGOS

TO 2

011

/ ED

IÇÃO

Nº 1

0

Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP:“A CPLP é uma organização global”

LEILOSOCPor mais Profissionalismo no sector dos Leilões

SAÚDE OFTALMOLÓGICAA Certificação da Qualidadee entidades privadas de saúde

AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA Conheça o futuro deste sector com o memorando assinado com a Troika

Page 2: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 3: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 4: Revista Pontos de Vista Edição 10

A LEILOSOC – MARKET PARTNERS en-contra-se presente no mercado há cerca de 12 anos, tendo sido responsável por uma melhoria significativa no sector onde actua, mais concretamente no do-mínio dos leilões públicos. De que forma é que a marca aportou uma nova forma de actuação no mercado?Sentíamos que o mercado se encontra-va numa fase um pouco amadora e de-sorganizada e assim decidimos apostar num modelo de negócio assente em bases que fomentassem o profissiona-lismo e fomos, passo a passo, «empres-tando» essa profissionalização ao sector na sua globalidade, facto que melhorou bastante o sector. Decidimos que seria lógico criar um modelo de negócio que promovesse a credibilidade junto das instituições com quem trabalhamos e conseguimos mostrar o que nos distin-gue no mercado que hoje, embora ain-da não esteja numa fase de maturação ideal, demonstra um desenvolvimento bastante positivo.

Mas foi esse novo conceito de profissio-nalismo que permitiu à LEILOSOC – MA-RKET PARTNERS alcançar a notoriedade e a credibilidade junto do mercado? Não tenho a mínima dúvida. Fizemos a diferença através de um enfoque muito forte no profissionalismo, em equipas multidisciplinares, formadas e capaci-tadas para o sector. Alcançamos a noto-riedade e a credibilidade através de um percurso difícil e ambicioso, mas que nos permite ser hoje um dos principais players do mercado.

Presumo pelas suas palavras que o balan-ço destes 12 anos de actividade é sobeja-mente positivo. Ainda existe algo mais a conquistar? Sim. Na LEILOSOC nunca estamos satis-feitos, porque há sempre espaço para continuar a crescer, melhorar e corrigir. Obviamente que num percurso de 12 anos existem sempre lapsos e pontos onde estivemos menos bem. Mas nada inviabiliza a sustentabilidade e a credi-bilidade que aportamos junto do mer-cado actualmente. Agora, o desiderato passa por continuar a promover o cres-cimento da marca, enveredar por novos mercados, outras vertentes e valências,

porque o nosso principal objectivo é crescer e acima de tudo satisfazer na plenitude os nossos clientes.

A LEILOSOC – MARKET PARTNERS as-sume uma preponderância superior na vertente dos leilões, mais concretamen-te no domínio da valorização de activos tangíveis. Tendo esta relevância neste sector, existirão outras áreas que pre-tendem desenvolver ou já estão em plena actividade? De facto somos líderes de mercado na valorização de activos tangíveis e realiza-mos essa valorização de activos em for-ma de venda, ou seja, leilão público que na minha opinião é a que melhores resul-

A Revista Pontos de Vista quis saber mais sobre este sector e sobre as principais razões que advogam a marca LEILOSOC a um patamar eleva-do, tendo conversado com Carlos Gomes, Presidente do Conselho de Administração da LEILOSOC – MARKET PARTNERS, que revelou as prin-cipais potencialidades deste mercado, a forma como a LEILOSOC tem vindo a assumir-se como player de enorme relevo nos diversos sectores em que actua, ou seja, Leilões, Business Logistics e Corporate Finance, tendo ainda assumido que o futuro passa por continuar a promover os serviços da marca e consequentemente a satisfação dos seus clientes, bem como a contínua aposta na alteração do próprio sector, que, apesar das visíveis melhorias, ainda convive com determinadas acções e conceitos amadores.

“A LEILOSOC mudou a «face» do mercado”

LEILOSOC – MARKET PARTNERS em destaque

PV10 // INSOLVÊNCIAS

4 Agosto 2011 Pontos de Vista

tados proporciona. Esta é de facto a nos-sa principal valência. Foi a nossa génese. Como pretendemos continuar a evoluir, naturalmente que vamos apostando em outros segmentos de negócio. Assim, já direccionamos a nossa actividade para outras áreas, nomeadamente, a verten-te de recuperação de activos de bancos, instituições de crédito de organismos pú-blicos e privados. Para tal, criámos uma nova equipa e um novo conceito deno-minado por LEILOSOC BUSINESS LOGIS-TICS. O nosso próximo enfoque passará pela vertente da Corporate Finance, que versará a gestão de algumas carteiras de crédito e a recuperação da dívida, redi-reccionando-a para novos financiamen-tos, bem como o domínio da recuperação de empresas. Esta será a nossa próxima prioridade, que contempla já alguns pro-jectos em análise e que foi sendo amadu-recida durante o primeiro semestre des-te ano, estando previsto que na segunda metade do ano possamos ter algo mais tangível no terreno.

Haverá alguma área de actuação da LEI-LOSOC que tenha maior preponderância na orgânica da empresa? Como referi, a LEILOSOC pode ser «me-dida» em três grandes áreas: Valoriza-ção de Activos Tangíveis, vulgo leilões públicos, Business Logistics e Corporate Finance, e nenhuma delas é melhor que qualquer uma porque são todas rele-vantes na nossa orgânica e estratégia de mercado. Assumo é que umas podem estar mais alicerçadas do que outras. Na vertente dos leilões públicos aportamos património proveniente de processos de insolvência e colocamo-los no mer-cado, integrando-os em novas activida-des e em outros ciclos económicos. No âmbito da Business Logistics estamos a trabalhar directamente com bancos na recuperação e gestão de activos prove-nientes de leasings e contratos de loca-ção. Na dinâmica da Corporate Finance temos carteiras de crédito e desenvol-vemo-las com o intuito de recuperar a dívida, bem como a própria gestão pro-cessual que envolve toda a carteira de crédito.

Portugal, à imagem dos mercados exter-nos, atravessa actualmente uma fase de

Fizemos a diferença através de um enfoque muito forte no profissionalismo, em equipas multidisciplinares, formadas e capacitadas para o sector. Alcançamos a notorie-dade e a credibilidade através de um percurso difícil e ambi-cioso, mas que nos permite ser hoje um dos principais players do mercado

‘’

Carlos Gomes

Page 5: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // INSOLVÊNCIAS

Agosto 2011 Pontos de Vista 5

conturbação financeira. É legítimo afir-mar que, face à actual conjuntura econó-mica, a vossa actividade retira melhores mais-valias do mercado?

Não colocaria a questão dessa forma. A nossa actividade faz falta em qualquer conjuntura. Se o mercado se encontra numa fase de expansão e a funcionar plenamente os bens comercializam-se e vendem-se sem muitas dificuldades, pois não existe tanta dívida para se gerir ou para se trabalhar. As dificuldades surgem quando o pano-rama é como o actual, ou seja, difícil e recessivo, em que é necessário apostar ainda mais na especialização e nos en-foques direccionados para resolver os problemas e ultrapassar os obstáculos. Naturalmente que o momento actual não é favorável, pois estamos num ciclo económico onde se verificam dificulda-des diárias, em que as próprias notícias não são auspiciosas, nem o espírito dos empreendedores está motivado. Des-ta forma, é necessário que se definam estratégias claras para conseguirmos encontrar uma solução para os proble-mas que advêm da dívida que impera em Portugal neste momento. Empresas como a LEILOSOC podem representar uma solução clara para resolver o pro-blema conjuntural de Portugal.

Com uma quota de mercado considerá-vel, a LEILOSOC veio mudar o panorama do mercado dos leilões, sector importan-te para Portugal. Apesar das mudanças e do novo quadro, sente que o sector ainda vive sob a lógica de algum amadorismo? Efectivamente ainda temos bastante amadorismo no sector. Ainda existem empresas que aportam os custos asso-ciados ao profissionalismo, competin-do com empresas que de forma menos responsável estão e actuam no mercado. Acredito que a LEILOSOC representou um ponto de viragem no mercado. A partir do momento em que começamos a ter maior visibilidade e notoriedade, assistimos a um conjunto de empresas do sector a apostarem numa orgânica e estratégia idêntica à nossa, facto que lhes permitiu uma melhoria significati-va ao nível do serviço prestado. Ficamos naturalmente satisfeitos por sermos vistos pelos próprios concorrentes

como um exemplo a seguir, até porque também possuímos uma preocupação e responsabilidade social de melhorar o sector. Fomos pioneiros e inovadores em diversas técnicas que nos permiti-ram figurar como líderes de mercado.

Até há uma década, os leilões eram enca-rados e vistos de uma forma negativa e céptica, facto que levou a que alguns «ví-cios» fossem instituídos no sector. O mer-cado dos leilões mudou? Em que âmbito? Tem toda a razão. De facto, num passado recente esse estigma existia no mercado dos leilões e estava directamente rela-cionado com o amadorismo imposto no sector. O mercado começou finalmente a compreender que era importante tra-balhar na profissionalização, porque só dessa forma o mercado dos leilões po-deria aportar uma melhoria qualitativa significativa. O profissionalismo permitiu um clima de maior transparência, onde todas as pessoas presentes no leilão sa-bem como é feita a venda, por quanto foi feita, quem compra e como compra. Exis-te uma transparência inquestionável. Te-nho que lembrar que o acto do leilão re-vigora a vertente emocional das pessoas que estão presentes no mesmo local para disputar um determinado bem. A partir de determinada altura o bem em ques-tão deixa de ser o mais importante, pois começa a existir um clima de rivalidade com a pessoa com quem estão a disputar o próprio bem.

Será uma feira das vaidades…?Sem dúvida. Essa é uma boa analogia e que caracteriza fidedignamente a re-alidade. Essa rivalidade e vontade de vencer o «adversário» é positiva, porque acaba por valorizar os bens em questão.

De que forma contribuiu a LEILOSOC para esta mudança da imagem dos leilões? Deixamos de realizar os denominados leilões volantes e passamos a efectuar

as hastas em auditórios. Também aqui mudamos a face do mercado, porque com esta mudança evitamos constran-gimentos e pressões, as intimidações e as especulações. Num espaço como um auditório, as pessoas estão sentadas no seu espaço, não se olham nem conver-sam entre elas e isso permite maior se-riedade e transparência do acto. Assim, o acto dos leilões perdeu, felizmente, esse estigma que provocava desconfian-ça, para começar a funcionar como uma forma de venda mais eficaz num merca-do extremamente retractivo em termos de investimento.

O mercado dos leilões encontra-se numa fase ascendente e há ainda muito a ex-plorar. Apesar de tudo, existe ainda a necessidade de regulamentação de todo o sector e da própria profissão, mesmo estando a actividade consagrada no Có-digo do Processo Civil, Artigo 906. De que forma seria importante promover esta regulamentação?É uma lacuna evidente deste mercado. Provavelmente esta regulamentação e legislação ainda não surgiram pelo facto da actividade dos leilões ser ain-da uma actividade com representativi-dade e expressão recente. Está já con-sagrada no Código do Processo Civil, Artigo 906, mas ainda falta dar o pas-so para o finalizar. A LEILOSOC já deu passos nesse sentido e promovemos iniciativas junto do grupo de trabalho da Assembleia da República no senti-do de se promover a elaboração dos estatutos e normas claras para esta ac-tividade. Este facto é importante para o sector e será um passo fundamental para o mesmo. É necessário que se crie um seguro de responsabilidade civil e um quadro que seja credibilizado, bem como um panorama de funcionários que estejam munidos com formação específica da área. Infelizmente estas regras ainda não surgiram, com os

efeitos menos positivos que aportam ao sector. Estamos à espera, mas pela importância que o sector assumiu e pela influência que advoga no momen-to actual, esperamos que a regulamen-tação do mercado seja criada o mais brevemente possível.

Com uma posição confortável no merca-do, quais são as principais prioridades de futuro da LEILOSOC?Possuímos actualmente uma quota de mercado que ronda os 65 por cento, va-lores que nos permitem ser líderes de mercado incontestados. Quando uma empresa atinge um nível de maturação e dimensão como a LEILOSOC é natural que novos horizontes sejam descober-tos e portanto o mercado internacional é algo que está nas nossas perspecti-vas. Se o mercado espanhol poderia ser atractivo, até pela proximidade geográ-fica, assumimos que o mesmo não fará parte das nossas intenções pois é bas-tante difícil e não está regulamentado. Assim, direccionamos a nossa atenção para o mercado brasileiro e estamos à espera dos resultados do estudo que en-comendamos. Se estes forem favoráveis e positivos creio que em 2012 estare-mos presentes no Brasil. Ao nível dos leilões pretendemos con-tinuar a consolidar a nossa posição de mercado. Temos algumas novidades que iremos incorporar no próximo semes-tre, sendo que o desiderato primordial passa por continuar a servir de uma for-ma qualitativa os nossos clientes. Na di-nâmica da Corporate Finance e Business Logistics pretendemos continuar a cres-cer. Se na segunda vertente apresenta-mos já um modelo de negócios muito favorável, célere e rentável com uma plataforma dedicada ao crédito e direc-cionada para os bancos, na vertente do Corporate Finance é nosso objectivo, dentro de três ou quatro anos, figurar como referência na área.

Deixamos de realizar os denominados leilões volantes e passamos a efectuar as hastas em auditórios. Também aqui mu-damos a face do mercado, porque com esta mudança evitamos constrangimentos e pressões, as intimidações e as especulações. Num espaço como um auditório, as pessoas estão sentadas no seu espaço, não se olham nem conversam entre elas e isso per-mite maior seriedade e transparência do acto. Assim, o acto dos leilões perdeu, felizmente, esse estigma que provocava descon-fiança, para começar a funcionar como uma forma de venda mais eficaz num mercado extremamente retractivo em termos de investimento

‘’

Page 6: Revista Pontos de Vista Edição 10

EDITORIAL

Page 7: Revista Pontos de Vista Edição 10

FICHA TÉCNICAPropriedade, Edição, Administração e AutorHorizonte de Palavras - Edições Unipessoal, LdaTiragem Nacional - 55.000 Exemplares

Impressão: Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SADistribuição NacionalPeriodicidade Mensal

Distribuição Nacional gratuitacom o Jornal Público

Sumário

X Mira Amaral, CEO do Banco BIC, re-vela as potencialidades de um banco em crescimento e lembra que em tempos de crise as oportunidades também surgem

XX Clínicas Leite – Certificação da Qualidade e as Entidades Privadas de Saúde

XX AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA – O que surge de novo com o acordo assinado com a Troika. Ruy Figueiredo, Presiden-te da ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários, revela o futuro

XX SIL – Salão Imobiliário de Portugal – De 11 a 16 de Outubro um certame de Excelência

XX Nova legislação que regula as normas de rotulagem dos alimentos – Players deste mercado abordam as mu-danças

XX GESTÃO DE PROJECTOS – A impor-tância na orgânica de uma organização. António Andrade Dias – Presidente da Direcção da APOGEP - Associação Por-tuguesa de Gestão de Projectos em en-trevista

XX Líder de mercado – Carlos Gomes, Presidente do Conselho de Administra-ção da LEILOSOC, revela as principais razões que levam a marca a ser um exemplo no mercado

XX FORMAÇÃO PROFISSIONAL como instrumento preponderante. Gondhu-manis – Educação e Formação, Lda

Rua Rei Ramiro 870, 6º B4400-281 Vila Nova GaiaTelefone/ Fax +351 220 993 250Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80E-mail: geral@pontosdevista.com.ptwww.pontosdevista.com.ptwww.horizonte-de-palavras.pt

Os artigos nesta publicação são da responsabi-lidade dos seus autores e não expressam ne-cessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização ob-rigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quais-quer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

X CPLP - Comunidade dos Países de Língua PortuguesaA aposta nos mercados lusófonos tem vindo a crescer sustentadamen-te e celeremente. Quem são os principais players deste mercado? Vá-rias opiniões, vários pontos de vista sobre as potencialidades destes mercados. Que mais-valias retira Portugal desta parceria? A Língua portuguesa reforça o seu estatuto de língua internacional

Page 8: Revista Pontos de Vista Edição 10

No memorando assinado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 reavaliar 5,4 milhões de imóveis urbanos, sendo reco-nhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa irá ser necessária a contratação de empresas privadas que pres-tam serviços de avaliação imobiliária. Qual a importância deste facto ao nível do direito imobiliário? Atribuir esta tarefa a empresas privadas é po-sitivo, nomeadamente porque, infelizmente, actualmente ainda há decisões jurisdicionais que, perante litígios de determinação do va-lor de mercado de imóveis, atendem essen-cialmente aos valores de avaliação atribuídos pelo Fisco, valores estes, que se encontram quase sempre desfasados da realidade do mercado imobiliário.

Os especialistas nesta área afirmam que esta é uma tarefa realizável, sendo contudo ne-cessária colaboração por parte de todos os intervenientes: municípios, empresas privadas e proprietários. Acredita que esta cooperação pode de alguma forma estar perigada? Com o recurso a «terceiros», ou seja, empresas pri-vadas, a tarefa poderá ficar mais complicada? O potencial “perigo existente” pode e deve ser afastado, bastando para o efeito que os competentes órgãos administrativos sejam devidamente dotados dos meios de controlo bastantes e necessários maxime para impo-rem com verdadeira acuidade o respeito pelo princípio fundamental do direito administra-tivo actual: o Princípio da Transparência. Diga-se a talhe de foice que semelhante principio, como é um facto público e notório, foi e tem sido dos mais exaltados por tudo e por todos, quer a nível nacional, quer em todos os países Europeus, quer ainda nos EUA e nos demais países ocidentais. Ou seja, neste momento único na história temos uma excelente oportunidade para passar das palavras aos actos e, desta forma, tes-tar se, de facto, queremos verdadeiramen-te erigir em princípio nuclear do sistema semelhante princípio. “A humanidade está pronta para acreditar em tudo, menos na verdade.”(Joseph Schumpeter)

Acredita que esta reavaliação é essencial e inadiável no sentido de acabar com injustiças? Porquê? A aludida reavaliação é como quase tudo o que provém da actividade humana “uma faca com dois gumes”. Estou, pois, convicto que inequivocamente contribuirá para aca-bar com algumas injustiças. De facto, uma das consequências que irá certamente ter é a de reflectir-se imediatamente no justo res-sarcimento dos direitos dos particulares, de-signadamente no âmbito das expropriações clássicas e no âmbito das expropriações de sacrifício decorrentes dos efeitos que a ela-boração e modificação dos instrumentos de gestão territorial têm na compressão e des-valorização do conteúdo dos direitos patri-moniais dos particulares. Sucede, porém, que existem mais consequências, e, agora, entre outras, cumpre destacar: Os novos valores que resultarem de semelhante reavaliação irão, certamente, aproximarem-se mais da realidade, com os valores dos prédios mais antigos, não transaccionados até à data, a evidenciar um acréscimo exponencial (ma-xime a repercutir-se em sede de IMI). Ora, o anteriormente referido, irá, porém, certa-mente trazer outro efeito colateral qual seja o de expor ainda mais as, já de per si enormes, dificuldades das famílias em cumprirem com todas as suas obrigações (contratuais e legais) até pelo efeito da descapitalização das mesmas. Ou seja, temos que actuar “cum granus salis”, i.e. com muito cuidado, não es-quecendo o princípio que todas as reformas fiscais são perigosas. Especialmente quando descentralizam a fixação da carga fiscal para as entidades municipais –- à semelhança do que se passou no começo da década 90 do século XX em Inglaterra (levou à demissão da “Dama de Ferro” a então Primeira Minis-tra Margaret Thatcher) - porque os senhores Presidentes das Câmaras gostam de maxi-mizar as suas receitas. Não podemos olvidar que as receitas do IMI são, à excepção de um «fee» de cobrança e gestão que fica para os serviços centrais das finanças, devidas às au-tarquias. Da mesma forma, a taxa anual que recai sobre cada imóvel, entre 0,2% e 0,5%, é fixada pelas Câmaras e até os coeficientes de zonamento, necessários para a avaliação do imóvel, são indicados aos serviços fiscais centrais por um técnico camarário. Isto con-fere, aos executivos camarários, o poder para aumentarem, e em muito, as receitas das suas autarquias.

Em entrevista à Revista Pontos de Vista, José Saramago, Advogado e Fundador da José Saramago Advo-gados Associados, abordou diferentes temáticas, ou seja, a avaliação imobiliária, tema em foque depois do memorando assinado com a Troika, bem como a vertente das insolvências e a necessidade em mudar alguns comportamentos e medidas impostas. Não perca.

“Excelente oportunidade para passar das palavras aos actos”

José Saramago Advogados Associados

PV10 // JOSÉ SARAMAGO ADVOGADOS ASSOCIADOS EM DESTAQUE

8 Agosto 2011 Pontos de Vista

Neste particular cumpre pois evidenciar uma verdade de Mr LaPalisse, qual seja a de que a fórmula de avaliação para efeitos de IMI é dura, as tabelas e os coeficientes definidos pelo Ministério das Finanças ava-liam, genericamente, as casas pelo seu real valor de mercado e, em alguns casos, até acima dele. É, pois, mais que provável que, com a reavaliação e à medida que o paga-mento do novo IMI for alastrando, algumas famílias começarão a ponderar alugar casa, em vez de a comprar, porque os custos de manter uma habitação se tornarão (ainda) mais incomportáveis. Uma questão ficará, porém, por dar resposta o que sucede às famílias que já contratualizaram com os bancos “a compra da sua habitação pró-pria”? E que, relembramos, em Portugal constituem a grande maioria. Concluímos, pois, em síntese que no mercado imobiliá-rio actual comprar casa tem agora maiores riscos associados. Ora, uma coisa é o risco e outra, completamente diferente, é o “re-bentamento o crash”. Contudo, às vezes, o aumento dos riscos precede o rebentar da bolha. Para bem fechar este puzzle, falta ainda conhecer em detalhe a nova lei das rendas. Mas o mercado do arrendamento deverá ajustar o preço para cima, por efeito do custo fiscal suportado pelo proprietário e por uma maior procura de casas para alugar.“A elevada percentagem de proprietários em Portugal pode ser boa para as famílias em questão, pois são detentores de importantes activos reais, mas poderá não ser tão boa para a economia nacional, visto que há me-nor mobilidade laboral e, assim, menor cria-ção de emprego. Por estes motivos, seria útil que, de uma vez por todas, o próximo gover-no atacasse este problema pela raiz, introdu-zindo uma nova lei das rendas e implemen-tando mecanismos para melhorar o mercado de arrendamento em Portugal” (sic Alvaro Santos Pereira Portugal na Hora da Verdade pg 245 – actual Ministro da Economia);Esperamos e desejamos que “o misterioso sub-prime” “não venha bater de mansinho e/ou menos ainda de supetão” à porta deste N/cantinho de terra à beira mar plantado, con-tribuindo para o agravar das já demasiadas agruras existentes … “ logo agora não dá mes-mo jeito nenhum” (populis dixit).

Actualmente vivemos um período de constran-gimentos económicos que tem promovido o endividamento de famílias e o cerrar de portas

por parte das empresas. qual deverá ser o pa-pel do advogado em casos aqui descritos?

Especificamente no que diz respeito aos incumprimentos contratuais/não paga-mento de divídas, o Advogado deve pro-mover, com todos os meios ao seu alcance, a rápida resolução destes litígios. Na ver-dade, para a grande maioria das empresas a rápida resolução destes litígios (meses ou mesmo semanas) é crucial para sua so-brevivência, sob pena de, o não funciona-mento do sistema e/ou as suas múltiplas falhas, as reconduzirem ao encerramento que, espera-se e deseja-se, todos querem evitar.

Que consequências poderão surgir pelo facto de termos actualmente um elevado nível de empresas em insolvência? Respondendo de forma directa e sintética à questão formulada, verificamos que face ao actual regime jurídico que, infelizmen-te, ainda protela bastante no tempo a justa satisfação dos créditos dos credores, a con-sequência inevitável é um contágio nocivo das dificuldades económicas entre os vários agentes de mercado. Ou seja, no momento em que lhe respondo, como é sabido, a Europa encontra-se “sobre forte ataque dos … “mercados” “, ou seja no seu todo é quase certo que vamos ter um agravamento da situação económica global, com mais desemprego e, claro está, uma agravamento da grave crise social que já vi-vemos. Assim, não obstante a resposta acima que se encontra mais enquadrada do ponto de vista jurídico e mais sintética, resta-me ainda expressar o meu crédito nas sábias pa-lavras de João César das Neves “ A recessão e o défice não tem uma solução; tem milhões” (Portugal e Futuro: Falam duas gerações de Economistas). Ou seja, se todos nós, e nesta fase temos que ser mesmo todos os Euro-peus, trabalharmos mais e melhor, poupar-mos mais, investirmos mais e melhor, cons-tatarmos que não podemos concorrer com quem não concorre com as “mesmas armas” e, consequentemente, melhorarmos todo o N/sistema legislativo Europeu e o adequar-mos verdadeiramente à realidade em detri-mento dos interesses instalados que só ser-vem para alguns acumularem “benesses” em detrimento do interesse global. “Se fizermos isto uns tempos veremos que a crise passa muito mais depressa que julgamos” (sic) João César das Neves obra citada.

José Saramago

Page 9: Revista Pontos de Vista Edição 10

Questionamos José Saramago sobre um dos problemas que assola actualmente o nosso país, ou seja, a vertente das insolvências em Portugal. Várias questões pertinentes foram realizadas ao nosso entrevistado, numa espécie de «jogo de palavras». Pergun-tas e Interrogações ao qual o nosso interlocutor não se rogou a responder. Eloquente, conciso e acima de tudo assertivo. Veja as perguntas e respostas.

PV10 // JOSÉ SARAMAGO ADVOGADOS ASSOCIADOS EM DESTAQUE

Agosto 2011 Pontos de Vista 9

Creio que em primeiro lugar todos os que possam ler estas singelas notícias têm que perceber claramente do que falamos. Assim, cumpre esclarecer que temos mais de dois mil processos de insolvência registados em Portugal em cada trimestre deste ano, sendo “um novo recorde histórico”. Um em cada três processos de insol-vência envolve “empresas directa-mente associadas ao sector dos ser-viços”. O segundo sector com maior registo destes processos é o da cons-trução, seguido do sector têxtil. Ou seja, se fizermos uma pesquisa ire-mos, certamente, verificar que ¼ de todos os negócios morrem com me-

nos de um ano. Os principais motivos que provocam a morte de um negócio são relacionados com falta de planea-mento e com erros estratégicos, entre outros: Falta de conhecimento do ramo de atividade; Falta de conhecimento do público-alvo de seu negócio; Falta de conhecimento dos concorrentes;Como pode verificar, muitos dos pro-blemas que causam o encerramento de uma empresa são causados por falta de planeamento. Neste sentido, as pesquisas têm papel decisivo no sucesso de uma empresa. A falência de uma empresa estará tão mais longe sempre e quando se realizou um ver-dadeiro business plan antes de colo-car uma ideia em prática. Isto, para lhe dizer que não são só os “mecanismos do Estado que dificultam a vida às em-presas, se bem que, claro está, embora repetindo um pouco o já afirmado nas respostas anteriores, a burocracia, a desorganização da máquina do Esta-do e o excesso de formalismos proce-dimentais e processuais são também uma das muitas causas das actuais di-ficuldades económicas das empresas. Neste ponto, uma vez mais, e sempre, não resisto a citar o mesmo autor na mesma obra, i.e. João César das Neves, “Os serviços públicos, se não compli-carem, já ajudam” (sic). Assim, não será certamente necessário desfazer o já feito e refazer tudo de novo, o que é de extrema necessidade é que o que já existe funcione e, actualmente, o certo é que, manifestamente, não funciona. Um Estado que se diz de Direito e De-mocrático no qual o sistema judicial não funciona adequadamente e/ou não funciona de todo, está no médio, longo prazo “condenado” no seu todo, i.e. inclusive como Estado.É, pois, antes de nos lançarmos a “fa-zer novas leis”, necessário, eu diria mesmo indispensável, dotar a “máqui-na” dos meios, maxime humanos.Estes, por sua vez, terão que ter uma verdadeira capacidade e conhecimento, i.e. todos os envolvidos, Administradores da Insolvência e demais, mas em espe-cial os Digníssimos Magistrados, quer do Ministério Público quer Judiciais, das duas uma: ou tem que estar dotados de conhecimentos de contabilidade, de

gestão, de todas as coisas práticas que constituem o dia-a-dia de uma empre-sa, recorrendo-se sempre à formação pois que, contrariamente ao que muitos julgam, ninguém nasce ensinado; ou, salvas honrosas e magnificas excep-ções, tem que reconhecer a sua falta de conhecimentos técnicos nestas áreas do conhecimento e, consequentemente, chamarem “para a sua beira” técnicos dotados de conhecimento nas citadas áreas do saber e do conhecimento.Só assim poderíamos então afirmar que todos os envolvidos estavam a contribuir para a solução do proble-ma e não para, como hoje em dia, serem parte do problema. Numa pri-meira fase, aparentemente iríamos incrementar os custos imediatos, mas

a médio longo prazo os ganhos (de tempo, de esforço, de agilizar os pro-cessos) em muito superariam estes “custos iniciais”. Em suma penso que a solução passa sim pelo reforço da qualificação dos meios humanos na Justiça a par de simplificação de toda a lei processual, isto porque como resulta claro do que lhe referi acima a mais a rápida e justa reso-lução de muitos litígios passa não tanto pelo adequado domínio da lei, também ele essencial, mas pelo do-mínio seguro de questões técnicas não directamente relacionadas com o Direito. “Embora possamos ser sá-bios do saber alheio, sensatos só po-deríamos sê-lo graças à nossa pró-pria sensatez.” Michel de Montaigne

- A justiça, sobretudo a que se re-laciona com as empresas, está na mira da troika. O Estado, ou seja, as Finanças e a Segurança Social, são os principais entraves à recu-peração das empresas?

- Há falências que demoram 30 anos a ser declaradas. Estado e os próprios administradores ficam quase sempre com os melhores ac-tivos. É legítimo afirmar que nun-ca se deu prioridade à justiça para os negócios?

- O que é necessário fomentar no sentido de diminuir a morosida-de dos processos de insolvência e a dificuldade de recuperação de empresas? São duas das vertentes que precisam de funcionar bem face à previsível contracção da economia em 2012. Que medidas deveriam ser impostas?

- Existem actualmente quatro tri-bunais comerciais em Portugal: Lisboa, Vila Nova de Gaia e mais recentemente Sintra e Aveiro. Este número é escasso face ao núme-ro de insolvências que cresceu 62 por cento em 2010 relativamente a 2009 e mais 7 por cento no pri-meiro trimestre deste ano face ao período homólogo?

- Haveria maior capacidade de resposta se se introduzisse o me-canismo previsto na lei que possi-bilita que o juiz seja assessorado por técnicos que o apoiem na sua decisão? É preciso urgentemente criar uma rede de tribunais co-merciais em todo o país?

“É indispensável dotara «máquina» dos meios”

Page 10: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 11: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 12: Revista Pontos de Vista Edição 10

A actual regulamentação, rela-tiva à rotulagem geral dos ali-mentos, tem mais de 10 anos e, desde então, as exigências

dos consumidores e as práticas de co-mercialização mudaram muito. De forma geral, quem vai às compras ou consome produtos alimentares quer estar melhor informado, exigindo-se que a informação presente nos rótulos seja simples, legível, compreensível e não enganosa. Para corresponder às expectativas do consumidor e numa perspectiva de sim-plificação do quadro regulamentar co-munitário, a futura regulamentação irá estabelecer princípios gerais sobre ro-tulagem dos alimentos, introduzir novas normas sobre a legibilidade da informa-ção e reforçar as normas destinadas a impedir práticas enganosas. As novas exigências poderão ainda aju-dar o conhecimento do consumidor acerca de determinadas características nutricionais dos alimentos pré-emba-

lados. Energia, gorduras, gorduras sa-turadas, hidratos de carbono, açúcares, proteínas e sal terão de constar obriga-toriamente dos rótulos. Será também possível incluir informações sobre nu-trientes específicos na parte da frente da embalagem como, por exemplo, o va-lor energético, o que facilitará a compa-ração dos produtos no acto da compra. O novo diploma reforça as disposições existentes aplicáveis à prestação de infor-mações sobre certas substâncias que pro-vocam reacções alérgicas ou intolerâncias, a fim de informar os consumidores alér-gicos e de proteger a sua saúde quando consomem alimentos pré embalados e não pré embalados e quando comem fora de casa. As empresas do sector alimentar terão de disponibilizar essa informação, sobre todos os alimentos, e as autoridades nacionais poderão decidir os meios para facultar essa mesma informação.A rotulagem sobre a origem dos produ-tos torna-se obrigatória no caso da carne

Questões quotidianas, como conhecer a percentagem de nu-trientes presentes num alimento ou a informação que deve estar disponível quando se encomendam produtos alimen-tares através da internet, ficarão mais claras em breve com a aprovação de nova legislação europeia sobre informação ao consumidor.

Novas regras nainformação ao consumidor

Por Pedro Queiroz, Director-geral da FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares

PV10 // SEGURANÇA ALIMENTAR

12 Agosto 2011 Pontos de Vista

fresca proveniente de ovinos, caprinos, aves de capoeira e suínos. As novas nor-mas mantêm, em geral, a actual aborda-gem de que a rotulagem relativa ao país de origem ou local de proveniência dos alimentos é voluntária, a menos que a sua ausência induza os consumidores em erro. Estas normas serão aplicáveis após a adopção das normas de execução, que irão determinar a forma de veicular a in-formação, por exemplo se a origem deve ser expressa em termos de Estado Mem-bro ou de UE e sobre os locais do ciclo de vida do animal (local de nascimento, local de criação ou local de abate). O processo de revisão das regras de ro-tulagem alimentar na União Europeia (UE), em discussão desde 2008, culmi-nou na adopção de um pacote de com-promissos alcançado entre o Parlamen-to Europeu, a Presidência Húngara e as anteriores Presidências da UE, o Conse-lho e a Comissão Europeia. O Plenário do Parlamento Europeu votou, no dia 6 de Julho de 2011, favoravelmente a pro-posta de regulamento sobre informação ao consumidor. Tudo leva a crer que o Conselho concorde com o compromisso alcançado e o regulamento será então publicado em Jornal Oficial no final de Outubro de 2011. Os novos requisitos de rotulagem se-rão aplicáveis três anos após a adopção formal do diploma. Todavia, no caso da

rotulagem nutricional a obrigação de incluir a respectiva informação só se aplicará cinco anos depois da adopção formal, embora seja necessário apre-sentar a mesma de acordo com as novas normas três anos depois, no caso da in-dicação voluntária.A FIPA – Federação das Indústrias Por-tuguesas Agro-Alimentares, defende que a nova legislação deve introduzir princípios claros que impeçam barrei-ras ao mercado interno e evitem en-cargos desnecessários aos operadores do sector alimentar, pois qualquer al-teração feita aos rótulos traduz-se em custos elevadíssimos para as empresas. Desta forma, continua a defender a re-jeição de qualquer disposição que abra espaço a esquemas nacionais, visto que os mesmos irão provocar distorções no mercado interno e prejudicarão a har-monização do quadro regulamentar ao nível da EU, e a introdução de mecanis-mos que proporcionem flexibilidade aos operadores. É indispensável uma abor-dagem holística de critérios, de modo a garantir que a legibilidade global não seja comprometida, tendo em conside-ração que a legibilidade da rotulagem depende de vários factores, tais como a cor, o contraste e o tipo de fonte. O ba-lanço final deverá sempre reforçar o di-reito do consumidor a uma escolha cada vez mais informada!

ζ

Page 13: Revista Pontos de Vista Edição 10

REVISTA PONTOS DE VISTA (RPV) - Quando é que surge Mendes Gonçalves S.A. e de que forma é que tem vindo a posicionar-se no mercado em que actua no sentido de promover produtos de qua-lidade aos consumidores?CARLOS GONÇALVES (CG) - A Mendes Gonçalves foi criada em 1982 e a sua ati-vidade consistia na produção de vinagre de fruta a partir do figo, matéria-prima em abundância e de grande qualidade oriunda dos arredores da Golegã, onde está sediada a fábrica. Os consumidores portugueses estavam, no entanto, mais habituados ao vinagre de vinho, pelo que a empresa começou a produzir tam-bém este vinagre (que representa ainda hoje um dos produtos com maior quota de vendas da empresa). A fruta não foi, todavia, ignorada por Carlos Gonçalves, administrador da Mendes Gonçalves, que foi lançando desafios ao departa-mento de investigação e desenvolvimen-to interno no sentido de combinar o vi-nagre com a fruta. Eis que se obtiveram produtos de excelência, lançados com a marca Creative, e que são totalmente inovadores tanto em Portugal como no estrangeiro (onde inclusive já foram re-conhecidos como tal). Já no ano 2000, a empresa achou que deveria diversificar a sua oferta em termos de portfólio de produtos, tendo-se estreado na produ-ção de molhos e condimentos - produ-tos que têm como um dos ingredientes

o vinagre. Neste momento, os molhos já representam uma fatia muito significa-tiva da facturação da empresa, pelo que foi mais uma aposta ganha.

RPV - A Mendes Gonçalves é uma empresa portuguesa que se dedica essencialmente à produção e comercialização de vina-gres, molhos e condimentos. Quais são as principais características dos vossos produtos?CG - O primeiro princípio é a qualida-de, com a satisfação total do cliente. A Mendes Gonçalves detém as certifica-ções ISO9001 e ISO22000, bem como a certificação de produto nos Vinagres Peninsular e DaCepa. Em 2008 os vina-gres Peninsular foram premiados com o selo “Produto do Ano” e já este ano ob-tiveram o selo “Sabor do Ano 2011” que consiste em testar o sabor dos alimen-tos. Ora, colocar consumidores a provar vinagre e obter uma boa nota gustativa não é fácil. Mas os vinagres conseguiram esse reconhecimento...O segundo é a apresentação de inova-ções, quer seja em termos de packaging, quer seja em termos de novas receitas, novos produtos... entre outros. Como referência, no ano passado o departa-mento de I&D desenvolveu 122 novos processos, dos quais resultaram 34 no-vos produtos no mercado.

RPV - A tecnologia é fundamental na prossecução dos desideratos das empre-sas. Neste âmbito, qual a relevância da aposta em novas tecnologias na orgânica da Mendes Gonçalves S.A? De que forma é esta aposta importante no vosso posicio-namento de mercado? CG - A aposta em tecnologia é tida para a empresa como um factor de extrema importância no que respeita à capacita-ção em termos produtivos. O apoio dos fundos do QREN foi, por isso, essencial no investimento feito este ano em no-

Edificada em 1982, a Mendes Gonçalves assume-se como uma marca dedicada à produção e comercialização de vinagres, molhos e condimen-tos, sendo um dos principais players deste sector de mercado. Recentemente o Parlamento Europeu aprovou a nova legislação que regula as normas de rotulagem dos alimentos, de modo a permitir aos consumidores uma escolha mais consciente em relação àquilo que pretendam adquirir. A Revista Pontos de Vista conversou com Carlos Mendes Gonçalves, Administrador da Mendes Gonçalves, S.A. e Susana Rodrigues, Directora de Qualidade da Mendes Gonçalves, S.A, que abordaram, entre outras, esta temática, bem como o impacto que a mesma terá no mercado e consumidores.

Mais e melhor informação sobre os produtos

Mendes Gonçalves S.A

PV10 // LEGISLAÇÃO ALIMENTAR

vos equipamentos, que permitiram a multiplicação da nossa capacidade de produção.

RPV - A internacionalização assume-se como um passo natural das empresas, representando a maturidade de uma or-ganização a nível interno. Neste domínio, existe a perspectiva de apostar em mer-cado externos? Se sim, quais? CG - A aposta já está em curso. Além das ex-colónias em África onde a Mendes Gonçalves já conta com uma penetração interessante nestes países, a empresa tem apostado em novos mercados, ten-do marcado presença em feiras interna-cionais como a SISAB em Lisboa, a Gul-food no Dubai, a IFE em Londres, a SIAL Canadá em Toronto, e a última a Fancy Food em Washington, numa primeira abordagem ao mercado dos Estados Unidos.

RPV - O Parlamento Europeu aprovou a nova legislação que regula as normas de rotulagem dos alimentos, de modo a permitir aos consumidores uma escolha mais consciente em relação àquilo que pretendam adquirir. Quais serão as prin-cipais alterações neste contexto? Susana Rodrigues (SR) - Essencialmen-te as alterações nos nossos produtos prendem-se com uma tabela nutricional mais descritiva, situação a que já nos estamos a adaptar neste momento por forma a fazer face aos requisitos dos mercados para os quais exportamos. Também já temos programada a intro-dução de VDR’s nos rótulos por forma a ajudar os nossos consumidores a gerir a sua alimentação em função dos valores nutricionais. A Mendes Gonçalves tem como meta satisfazer e surpreender os seus clientes e consumidores, daí estar-mos de acordo com a nova legislação na medida em que capacita os consumido-res de mais e melhor informação sobre os produtos que lhes propomos.

RPV - Que mais-valias para o sector ali-mentar e para os consumidores? SR - Serão incluídas novas informações, logo a compra por parte do consumidor será mais informada; para o sector ali-mentar vai harmonizar toda a informação, criando igualdade entre as empresas.

RPV - Esta nova legislação une num só

documento as regras sobre rotulagem em geral e rotulagem nutricional e pretende que os consumidores tomem decisões de forma mais informada. De que forma é que este novo regulamento diminuirá a burocracia no sector e fortalecerá o mer-cado a nível interno?SR - Actualmente tem-se uma situação em que a legislação é bastante dispersa, o que compromete uma aplicação eficaz. Assim este regulamento irá simplificar todo o processo, o que irá permitir a todos um quadro normativo mais claro e simples. As regras estando harmoni-zadas na União Europeia fortalecem o mercado, melhoram a informação e au-mentam o nível de defesa do consumidor. Cria também condições equitativas de concorrência para as empresas e irá criar mecanismos para controlar a flexibilida-de a nível nacional e da União Europeia.

RPV - Era uma lacuna evidente neste sec-tor? Que lacunas ainda detecta na nova legislação que regula as normas de rotu-lagem dos alimentos? SR - Sim era uma lacuna, pois as regras existentes eram muitas das vezes confu-sas, o que levava a encargos injustifica-dos para as empresas devido a requisi-tos pouco claros.Creio que poderia incluir também infor-mação sobre OGM’S, pois é um assunto que continua a preocupar os consumi-dores e muitas das vezes a informação não é clara.

RPV - Prevê-se que estas normas sejam aplicadas pelas empresas do sector ali-mentar no prazo máximo de cinco anos. Crê que este é um prazo aceitável? Será possível cumprir estas condições neste prazo? SR - Sim, é um prazo aceitável, até por-que muitas das empresas já cumpriam alguns requisitos até por opção (espe-cialmente os nutricionais). Cinco anos enquadra-se dentro dos ciclos normais de alteração de rótulos nas empresas.

RPV - Quais são os grandes desafios da Mendes Gonçalves S.A. de futuro? CG - Continuar a produzir com quali-dade, desenvolver/ apresentar inova-ções constantes no mercado, elevar os produtos que produzimos à excelência, sempre com o objectivo de satisfazer os consumidores a um preço justo.

Agosto 2011 Pontos de Vista 13

Carlos Gonçalves

Susana Rodrigues

Page 14: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quando é que surge a APOGEP - Associação Portuguesa de Gestão de Projectos e de que forma é que tem vindo a posicionar-se no sector de mercado onde actua, tendo como lógica da sua implementação a defesa dos interesses dos seus associados?A associação foi fundada em 1994 e dois anos depois passou a integrar a Interna-tional Project Management Association (IPMA), uma federação que conta com mais de 50 associações nacionais espalhadas nos cinco continentes. A APOGEP encontra-se representada no Council of Delegates e no Certification and Validation Management Board da IPMA que são as instâncias que regulam a aderência das práticas de gestão e de certificação às normas internacionais e apostamos no desenvolvimento e dissemi-nação do corpo de conhecimentos da gestão de projectos nas suas múltiplas aplicações. Somos uma associação de gestores de pro-jectos e não de gestores.Por esta razão, não podemos falar de um posicionamento de Mercado, pois a Gestão de Projectos é transversal às Or-ganizações. Contudo a APOGEP tem tido em consideração, que os interesses dos seus associados passam, pelas condições necessárias ao exercício da profissão, ao reconhecimento profissional com base na Certificação, no reconhecimento da formação como mecanismo de desenvol-vimento profissional e na definição das condições técnicas para o exercício da profissão. No fundo, estamos atentos à profissão, ao seu desenvolvimento e aos seus praticantes.

APOGEP é hoje um parceiro respeitável e de prestígio na vertente da gestão de pro-jectos. Os sócios da APOGEP passam pela comunidade dos gestores de projecto ou apenas por pessoas interessadas na gestão de projecto no exercício da sua actividade profissional?A esmagadora maioria dos sócios indivi-duais da APOGEP, hoje mais de 300 pro-fissionais, são gestores de projectos “pra-ticantes”, mas temos associados do meio académico e outros que não exercendo directamente a função de gestor de pro-jectos, acabam por estar envolvidos em projectos, procurando na APOGEP bases de conhecimento necessárias ao exercício profissional. Não podemos esquecer que através da IPMA efectuamos a certifica-ção de gestores de projecto, que assenta num modelo de níveis, facto que permite acompanhar, com a certificação, o desen-volvimento do profissional ao longo da

sua carreira. Acho importante salientar que Portugal possui mais de um milhar de profissionais certificados, nos quatro níveis de certificação, o que para um país exíguo como o nosso é significativo. Por outro lado, acreditamos que uma verda-deira mudança de mentalidades é neces-sária na forma como os projectos são geri-dos. Aqui o esforço, passa pela captação de sócios através da nossa estrutura “Young Crew” – a jovem tripulação da APOGEP – que através de eventos vai promovendo no meio universitário a adesão a boas prá-ticas de gestão de projectos. De que forma é que a APOGEP promove o apoio ao universo empresarial? Quais as mais-valias nesta ligação/parceria?Em primeiro lugar, uma das apostas desta direcção tem sido aproximar a APOGEP da Academia. Estas parcerias, passam nomeadamente pela validação de con-teúdos programáticos das cadeiras que incluem matérias de gestão de projectos. Esta é uma forma de assegurar que os alunos que frequentam esses cursos es-tão em condições de se candidatarem ao exame de certificação e assim saírem para o mercado de trabalho com mais uma fer-ramenta. Hoje, podemos dizer que de Norte a Sul de Portugal, ouvir-se falar de gestão de pro-jectos e da APOGEP é já algo que em 1994 não pensaríamos ser possível. Assim, as organizações acabam por usufruir indi-rectamente desta estratégia quando re-crutam no mercado um profissional com uma validação de competências em ges-tão de projectos. Por outro lado, o tecido empresarial acaba por ver o retorno desta estratégia no sucesso dos seus projectos. Esta tem sido a principal razão pela qual cada vez mais organizações acabam por aderir ao nosso modelo e acabam por ser tornar associadas da APOGEP.

“Hoje, podemos dizer que de Norte a Sul de Portugal, ouvir-se falar de gestão de projectos e da APOGEP é já algo que em 1994 não pensaría-mos ser possível”, afirma António Andrade Dias – Presidente da Direcção da APOGEP - Associação Portuguesa de Gestão de Projectos que, em entrevista à Revista Pontos de Vista abordou diversos temas no âmbito da Gestão do Projecto.

“O Mundo de hoje depende de projectos”

APOGEP - Associação Portuguesa de Gestão de Projectos

PV10 // GESTÃO DE PROJECTOS

14 Agosto 2011 Pontos de Vista

Contudo, podemos dizer que o objectivo estratégico número um, seria o reconhe-cimento por parte do Estado da necessi-dade de envolverem nos seus projectos, profissionais certificados. Bastaria que os concursos públicos apresentassem este requisito para que o impacto da gestão de projectos se fizesse sentir nas Organiza-ções e nos resultados dos projectos.

Actualmente quais são os principais pro-blemas existentes na vertente da gestão de projectos? Que lacunas ainda identifica neste domínio? O mundo de hoje depende de projectos: quase um terço da economia mundial é criada por meio de projectos. Mais im-portante é reflectir até que ponto estes projectos se enquadram na estratégia das organizações, pois basta aceder a pes-quisas de sucesso e fracasso na gestão de projectos para entendermos que algo tem que ser modificado. Ou seja, a taxa de insucesso contínua a ser muito elevada face á disseminação de boas práticas de gestão. O desafio passa por gerir projec-tos com eficiência e eficácia o que nos leva ao conceito de maturidade e nessa maté-ria o sector público e privado têm ainda um longo caminho a percorrer. Uma vez mais, não basta implementar processos e ferramentas, temos efectivamente que “mudar”. Dando apenas um exemplo, um gestor de projectos, só pode gerir se efec-tivamente tiver autoridade para o fazer e este conceito prende-se com o modelo de gestão e governação das nossas orga-nizações. Gerir uma efectiva revolução de mentalidades e cultura nas nossas organi-zações, esse é talvez o maior desafio e será um desafio para uma geração.

A APOGEP apresenta-se hoje como uma instituição de renome e prestígio ao nível nacional e internacional, sendo por isso,

uma das filiadas da IPMA - International Project Management Association, uma das mais valiosas e prestigiadas organiza-ções internacionais de gestão de projectos. Quais as mais-valias deste facto?

Como referi, dois anos após a criação da APOGEP aderimos à IPMA. Ao longo desta já longa parceria temos colaborado activa-mente no seio desta organização através da colaboração de alguns colegas portugueses. O programa de certificação de consultores em gestão projectos, um dos mais recentes produtos da IPMA, foi gerido integralmente por uma equipa liderada por uma colega portuguesa. Ao nível da direcção interna-cional, temos no Board da Young Crew a presença de outra colega. No mundo da certificação e validação de modelos de cer-tificação, assessores portugueses fazem a diferença sendo regularmente requisitados para colaborarem nesses processos. Resu-mindo estamos onde o mundo da gestão de projectos reconhece ser necessária a nossa presença e o nosso contributo.Por outro lado, APOGEP apresenta-se como o organismo de normalização sectorial para a gestão de projectos, sendo um participante activo da ISO, que neste momento se encon-tra a desenvolver a futura norma mundial de gestão de projecto denominada por ISO 21500. Nesta fase, a futura norma encontra--se já em formato DIS sendo previsível a sua publicação dentro de um ano. Simultane-amente, temos uma equipa a trabalhar na norma portuguesa que será publicada logo após a publicação da norma ISO. O ano de 2012 marcará a publicação da NP 21500.

Quais são os grandes desafios que se apre-sentam na área de gestão de projectos? Pas-sará pela certificação e normalização? Que vantagens aportará este facto ao sector?Nos próximos anos teremos muito prova-velmente a certificação de empresas em gestão de projectos. Ainda que a futura norma ISO 21500 não o preveja acredito que dentro de alguns anos veremos uma inversão nesta matéria, até porque não basta dotar as empresas com gestores de projecto de qualidade. É necessário que as organizações públicas ou privadas criem estruturas e condições para que esses pro-fissionais possam trabalhar com qualidade. Assim, devemos actuar sob dois vectores: verificar se os gestores de projecto são os adequados e estão devidamente certifi-cados e garantir que as empresas criam a cultura da qualidade da gestão de projec-tos. Este será o grande desafio da próxima década para a APOGEP.

António Andrade Dias

Page 15: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quais são os principais serviços disponibiliza-dos pela INTERVERTICAL?A empresa quando nasceu em Junho de 2008, estava longe de imaginar que o proces-so de criação de uma entidade inspectora de gás fosse tão moroso, pois só podemos come-çar a trabalhar como tal em Março de 2009. Para tentar rentabilizar este período, aposta-mos um pouco nas certificações energéticas de edifícios, recorrendo a parcerias.Actualmente e com o crescimento sustenta-do, já referido atrás, mudámos as nossas ins-talações para um local maior e com algumas parcerias estabelecidas procuramos oferecer um maior leque de ofertas aos nossos clien-tes. Para além das inspecções de gás assegu-ramos certificações energéticas de edifícios, auditorias energéticas, ensaios de acústica, coordenação de segurança em obra, forma-ção e apoio à certificação de empresas na área da qualidade.Em Portugal não são feitas inspecções perió-dicas às instalações de gás nem há nenhuma entidade pública que se responsabilize por essa fiscalização. Qual o papel das entidades privadas neste domínio? De que forma é que este «trabalho» de fiscalização tem vindo a ser realizado de uma forma frutífera? Na minha opinião o que faz falta em Portugal é informação. As pessoas não cumprem a le-gislação, essencialmente por falta de informa-ção. Provavelmente deveria existir um pouco mais de publicidade institucional. Acho que só podemos penalizar ou fiscalizar as pesso-as se previamente estiverem informadas das suas obrigações e mesmo da importância das inspecções de gás. A nossa atitude é prestar a melhor informação possível, às pessoas. É nesse intuito que tempos estado sempre quando aceitamos participar neste tipo de entrevistas e trabalhos jornalísticos sobre inspecções de gás. Infelizmente apenas quando acontecem problemas, como foi o caso recente do apar-tamento de Algés (e porque foi uma figura pública que esteve envolvida) é que as pes-soas se assustam e nos procuram. Agora re-almente não existe uma fiscalização apertada por parte das entidades competentes para confirmar se as pessoas estão a solicitar as inspecções ou não. Apenas os restaurantes e cafés estão sujeitos a uma fiscalização mais apertada da parte da ASAE, que em tom de brincadeira, costumo considerar como os melhores comerciais que tenho no terreno.Provavelmente com uma maior informa-ção das pessoas (recorrendo a publicidade institucional) e todos estivessem mais cons-cientes da importância das inspecções, per-

mitindo ainda a poupança de muito dinheiro ao país e às próprias pessoas. Não deveria ser necessário existir uma explosão de gás para lembrar as pessoas de que é necessário fazer uma inspecção periódica. Quanto aos restau-rantes e cafés... por vezes só se lembram que tinham uma inspecção para fazer depois de terem a multa passada pela ASAE, e isso faz com que saia mais caro.

O facto de só serem só obrigatórias inspecções periódicas, de cinco em cinco anos, a instala-ções de gás com mais de 20 anos é uma lacuna neste sector? Antes de mais permita-me uma correcção, essas inspecções quinquenais, para instala-ções com mais de 20 anos são apenas no caso do sector doméstico ou seja habitações pró-prias. Pois para restaurantes, cafés, serviços que recebam publico e industria, as inspec-ções periódicas são bianuais e em alguns ca-sos trianuais, dependendo de que instalação estamos a falar e dos consumos de gás que a mesma tem.Se eu considero uma lacuna estes períodos tão alargados?! Claro que sim, principal-mente esse período de 20 anos, que na minha opinião não faz sentido nenhum! Tirando a detioração natural dos materiais, e que numa instalação de gás, não é signifi-cativa os riscos a que a instalação está su-jeita nos primeiros 20 anos são exactamen-te os mesmos que nos 20 anos seguintes. Por que razão é que no segundo período temporal a instalação tem que ser sujeita a quatro inspecções e no primeiro período não?! Penso naturalmente que essa refe-rência aos 20 anos deveria desaparecer. E que deveria ser feito uma maior fiscaliza-ção pelas concessionárias ou mesmo pelas autarquias, para que o período dos cinco anos fosse realmente cumprido. Afinal de contas é o património de cada concelho que está em causa.

A INTERVERTICAL actua sobre todo o terri-tório nacional? De que forma é que os vossos recursos humanos estão preparados para cumpri com a legislação actual? Neste momento, e apesar de apenas termos instalações fixas em Viseu, podemos dizer que estamos no território nacional. Com as telecomunicações e internet, hoje em dia conseguimos estar presentes em vários pontos do país sem necessidade de um es-critório fixo. Conseguimos dar resposta a todas as solicitações que nos fazem, inde-pendentemente da sua localização. Temos aliás efectuado inspecções desde o Minho

“Não existe uma fiscalização apertada por parte das entidades competentes para confirmar se as pessoas estão a solicitar as inspecções ou não”, assegura João Bento, Director Técnico da INTERVERTICAL, em entrevista à Revista Pontos de Vista, em que ficamos a conhecer o sector das inspecções periódicas e insta-lações de gás. O que falta neste sector para que as nossas casas estejam mais seguras?

“O que faz falta em Portugal é informação”

João Bento, Director Técnico da INTERVERTICAL, revela

PV10 // INSPECÇõES PERIóDICAS A INSTALAÇõES DE GáS

até ao Algarve. Quanto à preparação, vamos desenvolvendo vários “brainstormings” en-tre nós, e vamos incentivando uma série de formações para tentar manter alguma infor-mação actualizada.

A internacionalização assume-se como um passo natural de todas as organizações. Neste âmbito, existe essa perspectiva da INTERVER-TICAL em apostar em outros mercados? Se sim, quais? Naturalmente que sim, existe um merca-do no qual gostaríamos de apostar mas a falta de solidez financeira não nos permite para já arriscar, que é o mercado Angolano e eventualmente porque não arriscar tam-bém no mercado Venezuelano. Mas foram perspectivas que já estiveram bem mais marcadas na minha cabeça. Neste momento parece-me que é um pouco utópico dadas as condições para estar a entrar em grandes

voos. Não temos ainda uma estrutura sufi-cientemente madura para arriscar noutros mercados. Penso mesmo que o mercado português tem ainda um enorme potencial por desenvolver. Se todas as pessoas cum-prissem as obrigações quanto a inspecções quer a nível do sector doméstico, quer no sector dos serviços e quer mesmo ao nível das redes de gás que estão espalhadas pelo país e muitas sem as devidas inspecções pe-riódicas, as 24 ou 25 entidades inspectoras que temos no país não chegariam para dar resposta a todas as solicitações. Mais uma vez volto a insistir na falta de informação e fiscalização de quem de direito. Nós en-quanto entidade privada vamos tentando dar essas informações, mas não nos compe-te a nós fiscalizar ou fazer cumprir, obrigan-do as pessoas a fazer as inspecções.

Agosto 2011 Pontos de Vista 15

LER NA ÍNTEGRAWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

João Bento

Page 16: Revista Pontos de Vista Edição 10

“As empresas portuguesas que pretendam internacionalizar-se encontram no Ap4 o parceiro insubstituível que as ajuda a manter o controlo e visibilidade dos seus projectos em tempo real, ultrapassando as barreiras que os milhares de quilómetros de distância e as diferenças horárias representam para o sucesso dos projectos”, revela Marcos Carvalho, Administrador da APOND, marca direccionada para as novas tecnologias no âmbito da gestão de projecto. Fique a conhecer uma marca de soluções vastas e que aportará um novo conceito na gestão das organizações e não só.

Pelo desenvolvimento da estratégia de negócios

APOND – Soluções que marcam a diferença

PV10 // GESTÃO DE PROJECTOS

16 Agosto 2011 Pontos de Vista

Quando é que surge a APOND e de que forma é que se posiciona no contexto do mercado em que actua? Quais as princi-pais características que vos permitem ser hoje um players de relevância no sector? A Apond é fundada em 2010 com a ideia central de ajudar a resolver a necessida-de de incrementar a colaboração entre todos os intervenientes de um projecto que as ferramentas ditas tradicionais não estão preparadas para oferecer. Sur-gimos de uma necessidade que verificá-mos existir na área da gestão colabora-tiva de projectos em sectores como o da construção civil e obras públicas, sector de actividade que se caracteriza por ser muito conservador e que apresenta ín-dices de produtividade muito reduzidos relativamente aos restantes sectores de actividade. Nós pretendemos resolver os problemas do fluxo de informação que passa por email de uma forma não organizada e que causa perdas de in-formação, tempo e eficiência. Imagine que vai ter uma reunião sobre determi-nado tema, aposto que abriu 30 emails para se lembrar de tudo o que tem que falar e que fazer (e que outros têm que fazer). O que a Apond quer fazer é criar plataformas que resolvam estes proble-mas de colaboração e que têm vindo a ser exponenciados pela proliferação do email, mobile devices e real time com-munication. Daí ter nascido o Ap4 e no futuro irão nascer outras plataformas de gestão de projectos e colaboração. Hoje, a Apond posiciona-se, claramen-te, como uma empresa Webware, com o

objectivo de se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento de aplicações web e móveis, em modelos de Software as a Service (SaaS) baseados em tecnologia Cloud Computing. Oferecemos aos nos-sos clientes aplicações web e móveis in-seridas num serviço completo de desen-volvimento da estratégia de negócios do cliente, arquitectura da aplicação, implementação, formação e suporte ao cliente. Compreender os modelos de negócios dos clientes, definir acordos de nível de serviço, conhecer as estratégias de ma-rketing aplicáveis a cada caso são ape-nas alguns dos muitos aspectos a consi-derar para o sucesso das soluções SaaS que a Apond propõe aos seus clientes.

Que serviços e produtos são disponibiliza-dos aos vossos clientes e de que forma os mesmos são representativos de um incre-mento de competitividade e optimização de recursos nas organizações/empresas?Paralelamente ao desenvolvimento de soluções client based, desenvolvemos aplicações web que promovem a co-laboração, a comunicação e a gestão de projecto entre equipas e empresas. A plataforma AP4 pretende criar um workspace para, de forma centraliza-da e segura, gerir pessoas, projectos e informações dentro e fora da empresa. Pretendemos que os nossos clientes co-muniquem, partilhem e trabalhem me-lhor com todos os seus colaboradores, dentro e fora da sua organização, a par-tir de qualquer lugar e a qualquer hora. Como já referi, as nossas aplicações são baseadas em tecnologia de “cloud com-puting”, um novo modelo que está a al-terar profundamente a forma como as pessoas criam e executam aplicações de software. O “cloud computing” elimina os custos e a complexidade da aquisição, configuração e gestão do hardware e do software necessários para criar e imple-mentar aplicações. Em vez disso, essas aplicações são fornecidas como um ser-viço SaaS (Software-as-a-Service) pela Apond através da Internet, ou seja, na “nuvem”. Os nossos clientes “compram” as nossas aplicações através de uma subscrição mensal, fixa e previsível. Sem outros custos associados. Sem pa-gamento de manutenções e up-grades. Agora, os clientes apenas consomem o que necessitam e quando quiserem, em

Compreender os modelos de negócios dos clientes, definir acordos de nível de serviço, conhecer as estratégias de marke-ting aplicáveis a cada caso são apenas alguns dos mui-tos aspectos a considerar para o sucesso das soluções SaaS que a Apond propõe aos seus clientes

‘’Marcos Carvalho

Page 17: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // GESTÃO DE PROJECTOS

Agosto 2011 Pontos de Vista 17

cada momento. Em termos de vantagens competitivas e optimização de recursos, um software como o Ap4 Project Ma-nagers, permite os clientes trabalha-rem virtualmente em qualquer lugar, acederem a dados e ainda partilharem documentos e projectos com colegas de trabalho, equipas de projecto, e do-nos de obra enquanto estiverem fora do escritório, criando sinergias e reduções de custos transversais às organizações. Oferecemos aos nossos clientes a capa-cidade de partilhar documentos e in-formação, rápida e facilmente, através de um espaço de trabalho online. É uma ferramenta indispensável a qualquer empresa que pretenda obter elevados ganhos de produtividade, maior rigor, controlo e segurança na gestão dos pro-jectos. A visualização de dados, a edição e partilha de dados digitais pode acele-rar muito o fluxo de trabalho e, isso, per-mite que os colaboradores partilhem, enviem e recebam documentos numa fracção do tempo que se gastaria para fazer a mesma coisa mas com documen-tos em papel.Um software de gestão documental on-line agiliza e acelera muito o processo de partilha e colaboração. A utilização do Ap4 é fácil, simples e intuitiva o que reflecte o elevado grau de adopção pelos utilizadores. As empresas portuguesas que pretendam internacionalizar-se en-contram no Ap4 o parceiro insubstituí-vel que as ajuda a manter o controlo e visibilidade dos seus projectos em tem-po real, ultrapassando as barreiras que os milhares de quilómetros de distância e as diferenças horárias representam para o sucesso dos projectos.

Que relação, na sua opinião, existe entre a gestão de projectos e as boas práticas de serviços numa perspectiva de que se

trata de um conjunto que é essencial para a qualidade do software?

A utilização generalizada de várias téc-nicas de gestão de projectos aplicadas a este sector de actividade está muito rela-cionada com a elevada taxa de insucesso no desenvolvimento de projectos de sof-tware e com a intensa pressão dos clien-tes para que se atinjam maiores níveis de desempenho a par com um cumpri-mento dos requisitos mais rigoroso, mais rapidez no desenvolvimento do produto, utilização de tecnologias mais avançadas, menos defeitos e custos mais reduzidos. Intrinsecamente ligada à gestão de pro-jectos temos como fundamental a ges-tão dos riscos associados ao desenvol-vimento de software desde mudanças e alterações constantes, natureza e mo-bilidade das equipas, níveis de colabo-ração, produtividade e ao, como muito importante, perfil do gestor de projec-to. “Encaixar” todas as variáveis de um projecto e harmonizá-las, utilizando os métodos e técnicas mais aconselháveis a cada projecto, promovendo a cola-boração entre todos os membros das diferentes equipas, criando regras de reporting obrigatório e mantendo uma “presença constante” embora não seja uma tarefa fácil, torna-se fundamental, em cada momento do ciclo de vida de um projecto, para garantir a fiabilidade e segurança do software.

O AP4 Construction Platform é o primeiro grande projecto da APOND. Quais são as

principais características do mesmo? Que mais-valias aporta o mesmo?

A principal característica das aplica-ções a correrem no Ap4 Construction Platform, como é o caso do Ap4 Pro-ject Managers, é centralizar toda a informação sobre um projecto e obra num único sítio, de forma segmentada e selectiva, nos módulos Dashboard, Agenda, Mensagens (Emails), Gestão Documental, Actas de Reunião, Plano Financeiro, Livro de Obra, Aprovações e Lista de Tarefas, e o Gráfico Gantt, a qual poderá ser acedida e partilhada pelos intervenientes-chave autorizados. Agregado aos módulos temos ainda fun-cionalidades de workflow e integrações com o Microsoft Outlook, que oferecem aos nossos clientes uma nova dimensão e capacidade de intervenção, de relacio-namento e de colaboração entre todos os intervenientes-chave de um projecto. Desta forma, software como o AP4 Pro-ject Managers aumentará decisivamente a eficiência do processo de execução de um projecto pelo contínuo feedback das situações, reduzindo constrangimen-tos e agilizando processos de tomadas de decisões mais rápidas. O utilizador ganha ritmo de execução, poupa tempo e dinheiro, e reduz o risco do projecto exceder o orçamento e o prazo estabe-lecidos para o mesmo.O conceito da plataforma Ap4 Construc-tion pretende:- Criar um “ecosistema” de softwares online para o mercado AEC (Arquitectu-

ra, Engenharia e Construção);- Vários softwares diferentes, específicos para cada interveniente (arquitectos, empreiteiros, engenheiros projectistas, fiscais de obra, promotores imobiliários, manutenção) com capacidade para par-tilhar o mesmo projecto.- Aplicações que acompanham o ciclo de vida de um projecto- Reunir toda a informação referente a um projecto num único sítio seguro, acessível a qualquer hora e lugar (PC, Smartphone, Ipad, Tablet PC)- Oferecer uma ferrramenta de trabalho para o dia-a-dia, centrado em melhorar a colaboração e produtividade individu-al e colectiva.

Quais são as principais prioridades de fu-turo da APOND?Desenvolver, desenvolver e desenvolver. Estas são as palavras chave para os próxi-mos meses. Iremos dar especial atenção ao desenvolvimento de aplicações mó-veis de apoio às nossas aplicações web, justificado pelo aumento na elevada mo-bilidade dos colaboradores e equipas dos nossos clientes. Na vertente comercial do negócio estamos a fechar parcerias com empresas de telecomunicações e construção civil. Em meados de Outubro de 2011 vamos lançar no mercado uma grande actualização para as aplicações Ap4 introduzindo muitas novas funcio-nalidades. Ainda em 2011, lançaremos um novo produto mais genérico de cola-boração e gestão de projecto.

Intrinsecamente ligada à gestão de projectos temos como funda-mental a gestão dos riscos associados ao desenvolvimento de software desde mudanças e alterações constantes, natureza e mobilidade das equi-pas, níveis de colaboração, produtividade e ao, como muito importante, perfil do gestor de projecto‘

Page 18: Revista Pontos de Vista Edição 10

Em entrevista à Revista Pontos de Vista, o Director de Opera-ções, Hélder Martins, revela as estratégias adoptadas pela Pro-

jecto.Detalhe, para ser uma empresa de engenharia de referência, em Portugal e no mundo, a acrescentar valor aos stakeholders.A Projecto.Detalhe é uma empresa que actua nas áreas de actividade da Enge-nharia e Gestão de Projectos Industriais, estando essencialmente ligada aos sec-tores petrolífero, petroquímico, eléctri-co e infra-estruturas, ambiente e sector mineiro. Criada em 2000, com o objectivo de prestar serviços nestas áreas, a Projecto.Detalhe pauta-se pela exigência da exce-lência nos seus projectos, adequados às necessidades dos clientes, de forma a garantir a sua confiança, satisfação e fidelização, conforme afirmou Hélder Martins: “Na actividade de Gestão de Projecto, todo o projecto é desenvolvido em função das expectativas do cliente. Por isso, damos especial atenção à fun-ção do Gestor de Projecto, que é quem garante todo o controlo e planeamento físico e financeiro da obra, garantindo também as comunicações com o clien-te. Investimos ainda na função do Key Account Manager, o elemento que está essencialmente ligado a grandes clien-tes e que os acompanha do primeiro ao último minuto”. Não é quem discute as questões técnicas com o cliente, mas sim quem vai estar

sempre ao seu lado, entregando-lhe, no final, a obra em conjunto com o Gestor de Projectos. Assim se trabalha, na prá-tica em função do cliente. Se por um lado, apostamos nos detalhes, por outro temos uma visão global do projecto. E desta forma vamos ao encontro das ex-pectativas do cliente”.

A Revista Pontos de Vista foi conhecer a Projecto.Detalhe, uma das três maiores empresas de engenharia industrial portuguesa, que se assume como parceiro fundamental nos mercados em que actua em território nacional e a nível externo.

“Trabalhamos em função da expectativa do cliente”

Projecto.Detalhe, Global Engineering

PV10 // GESTÃO DE PROJECTO

18 Agosto 2011 Pontos de Vista

Projecto.Detalhepor todo o Mundo

A Projecto.Detalhe é uma empresa PME líder, título atribuído pelo IAPMEI às em-presas que se distinguem pelas suas qua-lidades de desempenho e perfil de risco e se posicionem como motor da economia nacional em diferentes sectores de activi-dade, prosseguindo estratégias de cresci-mento e liderança competitiva.Sendo já uma das grandes empresas de engenharia a nível nacional, a Projecto.Detalhe iniciou há alguns anos o seu processo de internacionalização, es-tando hoje presente com empresas de direito local, constituídas em Angola, Moçambique, Cabo Verde e Brasil, onde trabalha com as petrolíferas e as produ-toras de energia locais.Segundo o Director de Operações, Hél-der Martins, “o que leva a Projecto.De-talhe a olhar para o mercado externo é a ambição, enquanto empresa que quer crescer e desenvolver as suas capaci-dades, mas também enquanto empresa empenhada em levar mais longe a enge-nharia portuguesa e as capacidades de desenvolver projectos integrados e que acrescentem valor aos Países onde está presente, numa lógica de parcerias lo-cais, e tendo sempre presente a respon-sabilidade social e ambiental, essenciais a um crescimento sustentado”.

Para além das nações já referidas, a Pro-jecto.Detalhe tem ainda relações empre-sariais noutros países africanos como Guiné, Argélia, São Tomé e Príncipe e na Costa do Marfim, país no qual em Maio último, venceu o concurso para verifi-cação de Projectos em três parques de combustíveis em Abidjan, conseguindo assim o seu primeiro contrato neste país africano. A empresa tem ainda vindo a avaliar novas oportunidades em Marro-cos, Argélia, Tunísia e Líbia.Hélder Martins revelou ainda que a curto prazo a empresa pretende chegar ao mer-cado asiático e expandir-se na América Latina: “O Médio Oriente é um mercado onde temos boas perspectivas, bem como na América Latina, onde pretendemos uti-lizar a nossa sólida posição no Brasil para chegar a outros países, nomeadamente a Colômbia, a Argentina e a Venezuela”.

Certificação de Qualidade

“A empresa, em 2011, vai continuar a cer-tificação dos seus gestores de projecto, de acordo com o PMI (Project Management Institute), já que este reconhecimento e certificação de qualidade técnica é uma mais valia para os clientes da empresa, sobretudo em mercados como o asiático, onde se dá especial atenção a este tipo de reconhecimento”, refere.

Na actividade de Ges-tão de Projecto é essencial assegurar as expectativas do cliente e de todo o projecto a ser desenvolvido em fun-ção destas expectativas. Por isso, damos especial atenção à função do Gestor de Projec-to, que é quem garante todo o controlo e planeamento físico e financeiro da obra, garan-tindo também as comunica-ções com o cliente. Investi-mos ainda na função do Key Account Manager, o elemento que está essencialmente liga-do a grandes clientes e que os acompanha do primeiro ao último minuto

Hélder Martins Director de Operações da Projecto.Detalhe

Como empresa com Responsabilidades Sociais a Projecto.Detalhe acaba de lançar o programa piloto «Inovar em Engenharia». Trata-se de um programa de Verão que tem como objectivo promover nos jovens o desenvolvimento das suas capa-cidades de resolução de problemas e desafiá-los a aprender a pensar como enge-nheiros. Tem ainda como principal desiderato a explicação prática das matérias que normalmente não têm um enquadramento prático quando são ministradas. “Esta iniciativa destina-se a jovens do ensino secundário e superior, que serão in-tegrados em grupos distintos na empresa. A cada grupo será entregue um pro-jecto (real) com a finalidade de estudarem e apresentarem soluções, debatidas em conjunto com engenheiros das áreas civil, electrotécnica, mecânica, química e instrumentação”, refere, revelando ainda que o programa decorrerá essencial-mente nas instalações da Projecto.Detalhe, em Sintra, estando também previstas visitas de campo a obras desenvolvidas e/ou geridas pela empresa. “Este projecto--piloto enquadra-se na aposta da Projecto.Detalhe na vertente educativa e surge na sequência de outras iniciativas realizadas para estudantes do ensino secun-dário, como é o caso do desafio “Estudar Leva-te Mais Longe” , e para estudantes do ensino superior, através da criação de protocolos com Universidades”, conclui Hélder Martins, Director de Operações da Projecto.Detalhe.

Inovar em Engenharia

Page 19: Revista Pontos de Vista Edição 10

Por outro lado, consciente da actual dificuldade dos Portugueses na compra de casa, o Banco Primus lançou recen-temente uma nova solução de Crédito Habitação, destinada à aquisição de habitação própria, permanente ou secundária, que permite também a consolidação‘

Esta solução permite às famí-lias optimizar a gestão do seu orçamento mensal, reduzindo os seus encargos com a amor-

tização antecipada de vários créditos, e aumentando por consequência a sua ca-pacidade de poupança. O Consolide está disponível para financiamentos a partir de 12.500 euros e permite optar por pra-zos de amortização até 40 anos. Após análise detalhada de cada situação, o Banco Primus procura soluções susten-táveis no médio/longo prazo e que se tra-duzam num benefício mensal claro para o cliente face à sua situação actual.As suas características e o alívio imedia-to que permite na gestão do orçamento mensal fizeram do Consolide um produ-to muito procurado, desde o seu lança-mento, pelas famílias portuguesas. Evi-dentemente, o actual contexto de crise económica, caracterizado em simultâ-neo pela estagnação ou diminuição dos rendimentos e pelo forte aumento dos encargos, amplia a procura deste tipo de produtos, seja para enfrentar situações de sobre endividamento já declaradas, ou para proteger-se delas no futuro. Um dos temas que marca a actualida-de é o aumento do número de famílias sobre endividadas e sem capacidade de resposta às suas despesas mensais, apresentando muitas delas situações de atraso no pagamento das suas obri-gações. O ponto principal da questão do sobreendividamento é a prevenção. É essencial que, antes de pedir um crédito, exista por parte dos clientes uma avalia-ção consciente e real da sua capacidade financeira, ou seja, dos seus rendimen-tos e encargos mensais. É também es-sencial que essa avaliação não só con-temple a situação actual do cliente mas

Juntar vários créditos num só crédito hipotecário é uma das soluções propostas pelo Banco Primus, que em 2006 lançou o Consolide, um produto financeiro que permite consolidar dívidas dispersas num único crédito com garantia hipotecária, benefician-do de uma prestação única e mais reduzida.

Diminuir os encargos mensaisjuntando vários créditos num só

Por António Gomes Pedro, Director Comercial do Banco Primus

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

também a situação previsível a médio/longo prazo porque os rendimentos, tal como os encargos, podem evoluir no fu-turo e fazer com que a responsabilida-de na contratação do crédito, assumida pelo cliente hoje, não a seja amanhã. A mesma avaliação deve ser feita em si-tuações em que a prevenção já não se aplica. Neste caso, as famílias devem olhar para os seus rendimentos e encar-gos, tentando minimizar a sobreposição destes valores, através da procura de soluções financeiras que permitam res-peitar, ou restabelecer o equilíbrio do orçamento. O crédito consolidado é sem dúvida uma opção a considerar.Torna-se assim fundamental que haja na população portuguesa uma educação fi-nanceira sólida, que permita às famílias evitar o sobre endividamento, ajudan-do-as na sua organização financeira. Em primeiro lugar é necessário que exista uma consciência dos rendimentos e das despesas reais, tentando com estes dados estabelecer um orçamento fami-liar rigoroso e realista, no qual se con-

siderem todos os encargos de modo a garantir sempre liquidez. Este saldo po-sitivo deve, sempre que possível, estar dirigido para a poupança, a qual permi-tirá acautelar imprevistos e manter em equilíbrio o orçamento familiar, mesmo em caso de dificuldades imprevistas. O Banco Primus acredita firmemente num recurso responsável ao crédito, aconselhando sempre respeitar um co-eficiente de endividamento máximo de 40%, resultante da divisão entre a soma das prestações a pagar e os rendimentos líquidos. Após este cálculo, as famílias terão uma visão mais clara da sua situ-ação financeira, devendo iniciar acções

Agosto 2011 Pontos de Vista 19

ζ

O Banco Primus acredita firmemente num recurso responsável ao cré-dito, aconselhando sempre respeitar um coeficiente de endividamento máximo de 40 por cento, resultante da divisão entre a soma das prestações a pagar e os ren-dimentos líquidos

‘’

correctivas concretas sempre que o rá-cio ultrapasse este limite.Por outro lado, consciente da actual di-ficuldade dos Portugueses na compra de casa, o Banco Primus lançou recente-mente uma nova solução de Crédito Ha-bitação, destinada à aquisição de habita-ção própria, permanente ou secundária, que permite também a consolidação de outros créditos.Desta forma, o Banco Primus reafirma a sua vontade de estar ao serviço das famílias portuguesas, para ajuda-las a concretizar os seus projectos, inclusive neste momento difícil para a nossa eco-nomia nacional.

Page 20: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quando é que foi edificada a Solução Fi-nanceira - Particulares & Negócios e de que forma é que tem vindo a impor-se no mercado em que actua, apostando em soluções que satisfaçam os seus clientes?A SoluçãoFinanceira é um projecto que iniciou em Outubro de 2004. Os clientes chegam ate nos, recomendados, e/ou através de contacto directo mailings e fax, personalizados, onde fazemos uma breve apresentação e onde descrevemos de forma sucinta os nossos serviços. Trabalhamos vocacionados para o clien-te, e temos como objectivo encontrar uma solução, que dentro das possibili-dades do cliente, e da oferta disponibili-zada pelas Instituições de Credito, possa ir de encontro a sua necessidade.

Que género de crédito oferecem aos vos-sos clientes? As formas de actuação da empresa diferem consoante o crédito a atribuir?O crédito que mediamos, através de Insti-tuições de Credito nacionais e Internacio-nais, inclui todas as operações bancarias. Reunimos com o cliente e percebemos as suas necessidades. Muitas das vezes o cliente, não conhecendo toda a oferta dis-ponível no mercado, porque ainda existe a cultura da fidelidade ao Banco, e na maio-ria das vezes, a amizade. O que o cliente

nos transmite e pensa ser o mais viável é apenas o produto financeiro que o Banco ao qual este ligado, tem para lhe oferecer. Como entidade independente procura-mos dentro das ofertas disponíveis ir de encontro ao que o cliente pretende. Tam-bém existem situações em que o que é pretendido não e o que é possível.

Que análise perpetua do mercado em que actuam? Quais as principais vicissitudes com que se deparam diariamente?Dada a conjuntura, nacional e interna-cional, que estamos a atravessar, com os mercados financeiros instáveis, será um período de contenção e de contingência na obtenção de crédito. As políticas de crédito dos bancos estão em constante mutação. Todas as notícias que tem vindo a público sobre a situação política e eco-nómica do país, levam a que a prudência e o rigor ditem regras de crédito mais aper-tadas. Os rácios de solvabilidade dos Ban-cos, devido às directivas do BCE, ditando a sua diminuição implicam que o cliente tenha que envolver capitais próprios nas operações. Os financiamentos a 100 por cento do valor da operação acabaram.

Numa época de crise económica, onde os portugueses têm perdido poder de compra, é legítimo afirmar que o vosso negócio prospera em períodos de maior conturbação financeira?Não e de todo verdade. Temos mais soli-citações, mas muitas das vezes já não há hipóteses de satisfazer as suas preten-sões. Quando as dificuldades aumentam, o cliente tem tendência, a recorrer a es-pecialistas. Por essa via podemos dizer que o negócio aumenta. Mas em alturas de crise, também se da o contrario, uma retracção e um adiar de decisões. Alem disso também a Banca, em períodos de crise, restringe o acesso ao crédito.

Desemprego, incapacidade de cumprir obrigações financeiras, default, são apenas alguns dos termos que mais temos ouvido nos últimos tempos, fruto da famigerada crise económica que assola os diferentes mer-cados mundiais. Que soluções? Que caminhos? A quem recorrer? São diversas as questões que colocamos neste domínio. A Revista Pontos de Vista conversou com Victor Silva, Administrador da Solução Financeira - Particulares & Negócios, sobre estas e outras temáticas. Leia e fique esclarecido.

Promover a Educação FinanceiraSolução Financeira - Particulares & Negócios

PV10 // CRÉDITO CONSOLIDADO

20 Agosto 2011 Pontos de Vista

Na actual conjuntura foram entregues mais de 3600 habitações com o incum-primento das prestações no crédito ao consumo. Neste domínio, existe algum papel preventivo e sensibilizador da vos-sa parte perante o cliente?Sim. Temos muitas, e neste período di-fícil, as solicitações de ajuda para situ-ações de incumprimento. Em muitos casos, numa medida preventiva, rene-gociação dos creditos a decorrer. Os tempos são difíceis, habituamo-nos a um nível de vida, que em alguns casos foi superior ao que se poderia ter, e a dificuldade no acesso ao crédito e o seu encarecimento, através do aumento das taxas, leva muitos a entrar em “default”. O desemprego e a perda de rendimen-tos, quer pela redução salarial e pela via de agravamento fiscal, originam, e são responsáveis, em grande parte pelo in-cumprimento. Nas empresas a retracção do consumo repercute-se na quebra das vendas.

Além de soluções direccionadas para o público particular, a Solução Financeira - Particulares & Negócios tem no universo empresarial um público-alvo? Se sim, de que forma o perpetuam? O público-alvo são todas as empresas de todos os sectores de actividade. As ope-rações com empresas são mais comple-xas e os montantes envolvidos são mais elevados. As operações exigem uma especificidade, que não se verifica nos particulares. São operações mais buro-cráticas e que tem variáveis de análise que não tem um particular, tais como sector de actividade, quotas de merca-do, dimensão, mercado alvo. Quando se trata de um pedido de uma empresa é necessário elaborar o pedido da forma mais objectiva, mas que transmita segu-rança e confiança.

Quais são os principais projectos a deli-near pela Solução Financeira - Particula-res & Negócios de futuro? Temos como objectivo manter e consoli-dar a nossa presença. Dada a actual con-juntura, e as alterações, constantes das regras bancarias, acompanhamos as no-vas directivas. O trabalho futuro ira pas-sar por uma “educação financeira” do cliente. Grande parte do trabalho futuro, tem que ser feito na parte, pela parte do cliente, particular e empresarial, porque a Banca como a conhecíamos mudou to-talmente. As novas directivas impostas, ditam novas regras. Isso obriga a uma reeducação do perfil financeiro. Tera que se implementar cada vez mais a ver-tente da poupança, a utilização de meca-nismos que possam precaver e suportar o encargo em caso de alteração ou perda de rendimentos, através de seguros es-pecializados. Cada um de nos terá que ter a perfeita noção das suas limitações e das suas capacidades para contratar, e mais importante pagar, os encargos fi-nanceiros que assumir.

Quando as dificulda-des aumentam, o cliente tem tendência, a recorrer a espe-cialistas. Por essa via podemos dizer que o negócio aumenta. Mas em alturas de crise, tam-bém se da o contrario, uma re-tracção e um adiar de decisões. Além disso também a Banca, em períodos de crise, restringe o acesso ao crédito

‘’

Victor Silva

Page 21: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 22: Revista Pontos de Vista Edição 10

O dia 5 de Maio foi assinalado no espaço da CPLP como o “Dia da Língua e da Cul-tura”. O que representa esta data?O 5 de Maio foi instituído como dia de Língua e de Cultura na CPLP. É simbólico mas muito importante porquanto esta-belece o nosso marco, o ponto de parti-da – tudo começou com a língua e as e as culturas que se consagram e se têm influenciado mutuamente neste percur-so de já muitos séculos. Esta celebração deve lembrar a todos o longo caminho já percorrido e as florestas já desbravadas de forma a sabermos enfrentar os desa-fios futuros.

O Acordo Ortográfico vai ajudar?A sua implementação, que já está a de-correr na maioria dos nossos países, vai

ajudar a consolidar o discurso científico produzido em Língua Portuguesa, as expressões cultural e artística que cria e as relações económicas que veicula. Por outro lado, o Instituto Internacio-nal de Língua Portuguesa (IILP) tem assumido um papel crescente, apesar de almejarmos mais, na promoção, defe-sa, enriquecimento e difusão da Língua Portuguesa como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao co-nhecimento científico, tecnológico e de utilização em fora internacionais.

Face à ideia constitutiva da CPLP, há ob-jectivos por concretizar? Que balanço faz de quase quinze anos de vida da CPLP?A CPLP é hoje uma organização efectiva, presente, reconhecidamente actuante

A 5 de Maio, os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) celebraram a Língua Portuguesa e a Cultura, com todo o simbolismo. A actuação da CPLP está a ganhar crescente visibilidade internacional e o seu reconhecimento tem-se verificado nas actividades desenvolvidas em inúmeras áreas sectoriais. As demonstrações de interesse de alguns países e instituições em integrarem a CPLP comprovam a vitalidade de uma organização que comemora 15 anos de existência em 2012. A Revista Pontos de Vista conversou com Domingos Simões Pereira, actual Secretário Executivo da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que revelou os desideratos da organização, bem como o rumo a seguir de futuro. A não perder.

Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP, em discurso directo

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

22 Agosto 2011 Pontos de Vista

em diversos domínios da vida política, social e económica. Naturalmente, os objectivos da CPLP não se esgotam em quinze anos, são objectivos para serem permanentemente reconduzidos – de acordo com as disponibilidades finan-ceiras e a vontade dos nossos Estados--membros - no curto, médio e longo prazo. Actualmente, poderá verificar-se facilmente todo o trabalho efectuado pela nossa organização, numa constru-ção incessante da Comunidade idealiza-da há muito, por tantas pessoas, e for-malizada oficialmente em 1996.

O objectivo de um maior estreitamento dos laços entre os povos da CPLP está a ser cumprido? A CPLP é um pacto de amizade e de so-

lidariedade entre iguais. Esta é a nossa principal força e também o lema da ac-tual presidência pro tempore da CPLP, exercida por Angola, a “Solidariedade na Diversidade”. Ao contrário de outras co-munidades também assentes na Língua, mas baseadas em antigos vínculos po-líticos e numa mais ou menos aprofun-dada difusão do idioma comum, a CPLP não actua como um modelo centralista em que a antiga metrópole irradia para a sua periferia quer a sua prosperidade económica, quer o seu valor cultural. Ao contrário, a CPLP procura fortalecer-se e expandir-se a partir do somatório das potencialidades e o vasto manancial de riquezas que se encontram na diversi-dade dos oito Estados-membros que a constituem. Os nossos três vectores de

“A CPLP é um pacto de amizadee de solidariedade entre iguais”Domingos Simões Pereira

Page 23: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

Agosto 2011 Pontos de Vista 23

actuação, nomeadamente, a concertação politico-diplomática, a cooperação em todos os dominios e a defesa e promo-ção da Língua Portuguesa, a par da ac-tividade cultural, fortalecem-nos, mutu-amente a todos, na arena internacional e, internamente, ao partilharmos boas prácticas e conhecimento científico, ao elaborarmos projectos de capacitação e formação, ao enquadrarmos acordos de cidadania e circulação, entre outras abordagens.

Os motores da organização são Brasil e Portugal?Naturalmente, apesar dos nossos Esta-dos-membros serem iguais em direitos, Brasil e Portugal são desde o início os maiores contribuidores líquidos para a cooperação em todos os domínios, uma vez que são os países com maior capa-cidade económica. Angola também tem feito um esforço significativo suplemen-tar à quota obrigatória e Moçambique igualmente, sendo notório o esforço de todos em cada vez fazer mais.

Qual é a importância da Língua Portu-guesa para a CPLP?O nosso primeiro vector estratégico de actuação da CPLP é a promoção e defesa da Língua Portuguesa. A promoção do nosso idioma comum tem conseguido progressos importantes, tanto no plano do seu ensino nos Estados-membros como na sua utilização internacional. Os esforços feitos junto de organizações internacionais têm dado frutos e hoje o português já é reconhecido como lín-gua de trabalho em várias organizações internacionais e regionais. Do mesmo modo têm sido realizadas diligências para promover o ensino de português noutros países.

Ao defender a Língua Portuguesa, a CPLP fica estanque ao mundo?Com a presidência portuguesa da CPLP, entre 2008 e 2010, a Língua Portuguesa beneficiou do lema “Um Futuro Comum, Um Desafio Global”, ganhando uma maior visibilidade e reconhecimento, afirmando-se no cenário internacional e crescendo o número de interessados. Com Portugal à frente dos destinos da CPLP ouvimos intervenções dos oitos

presidentes dos Estados-membros em português perante a plateia da 63ª As-sembleia-geral da ONU, em Setembro de 2008, em Nova Iorque. Para saber o va-lor estratégico da Língua Portuguesa, a pátria de Camões apurou, através de um estudo concreto, que as indústrias e os serviços em que a Língua Portuguesa é um elemento chave representam 17 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal. A CPLP, por defender e acolher uma pluralidade de povos, tem assumi-do um papel activo na defesa da Diver-sidade, tentando assumir-se como um parceiro importante ao nível da Aliança das Civilizações. No âmbito dos Três Es-paços Linguísticos, os Secretários Gerais e Executivos da CPLP, da Organização Internacional da Francofonia e da Orga-nização de Estados Ibero-americanos e também a União Latina e a Organização da Liga Árabe para a Educação, Cultura e Ciência, esta enquanto Observador, reconhecem e estabelecem estratégias conjuntas para o respeito pela diversi-dade cultural e linguística, ajudando a preservar riquezas fundamentais do pa-trimónio da Humanidade. Assumimos, indubitavelmente, o compromisso de unir a nossa voz à causa da promoção do diálogo intercultural, com a consciência de que as culturas do mundo constituem património comum e devem ser reco-nhecidas e consolidadas em benefício das gerações presentes e futuras. E, para além do respeito pela Diversida-de? Que medidas têm tomado?A CPLP acredita ser possível incorporar sistematicamente os assuntos relacio-nados com as migrações internacionais nas estratégias de desenvolvimento nacionais, regionais e globais, tanto no mundo desenvolvido como no em de-senvolvimento. Devemos trazer a glo-balização aos nossos países, pautando igualmente pela capacitação em todos os domínios, uma questão crescentemente assegurada pelos nossos ministros sec-toriais que reúnem normalmente a cada dois anos para estabelecer estratégias comuns em prol do desenvolvimento dos nossos Estados. O papel da Educa-ção é fundamental para o progresso dos nossos Povos, para a consolidação da paz e da democracia. Simultaneamente,

a Educação e a cultura científica podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento pessoal e social dos cidadãos da CPLP, desig-nadamente, no combate à pobreza, na construção de uma cidadania conscien-te e activa, enfim, para a concretização das metas do Milénio para o Desenvol-vimento. No campo estratégico de um importante pilar de actuação, podemos verificar que a concertação político--diplomática facultou à organização um amplo reconhecimento internacional, sendo hoje participante de vários fóruns privilegiados, gozando do estatuto de observador na Assembleia Geral das Na-ções Unidas, fazendo parte do grupo de organizações que o Secretário Geral da ONU consulta anualmente sobre temas relevantes da vida internacional e inter-locutor escutado de outras organizações internacionais. Recordo, ainda, no pla-no das relações internacionais, que na cimeira de Bissau, em 2006, foi criado o Estatuto de Observador Associado, já concedido à Guiné Equatorial, às Maurí-cias e ao Senegal.

Muitos outros países têm demonstrado o seu interesse em aderir à organização?Na verdade, o nível de interesse que tem sido demonstrado inicialmente surpre-endeu e, em certa medida, até levantou alguma apreensão – não fosse esse in-teresse comprometer os princípios e a orientação da organização. Hoje, toda-via, há uma reflexão bem ponderada no sentido de acompanhar positivamente a evolução geopolítica global, mas preser-vando os fundamentos. Assim, já existe uma regulamentação específica para o relacionamento com os Observadores Associados, a Guiné Equatorial, Mau-rícias e Senegal, assim como o encami-nhamento das nossas manifestações. Porém, vontade de adesão, enquanto membro de pleno direito, só a Guiné Equatorial.

Como está o processo de adesão da Guiné Equatorial? Os Estados-membros da CPLP acolhe-ram com agrado o pedido de adesão plena da Guiné Equatorial e instaram a abertura de um processo de adesão, o qual já está sendo conduzido com toda

a minúcia e responsabilidade. Estamos crentes de que, mais que a satisfação das respectivas administrações, espera-mos ver os países aprofundarem o seu conhecimento mútuo, a proximidade e a cooperação fraternas.

Como explica esta atracção pela CPLP? A acção da organização é importante?A acção da CPLP, tal como a actuação de qualquer organização internacional, nunca é determinante para a governa-ção de qualquer país. Ela é complemen-tar. Os países da CPLP, integrados nos seus respectivos grupos regionais – Por-tugal na União Europeia, os cinco PA-LOP na União Africana, a Guiné-Bissau na UEMOA e CEDEAO, o Brasil no Mer-cosul, Cabo Verde na CEDEAO, Timor--Leste inserido na ASEAN e Angola e Moçambique na SADC – estão obrigados a cumprir os requisitos e directrizes as-sumidas regionalmente. Este facto pode parecer, efectivamente, um entreve às relações entre os nossos Estados. Po-rém, estamos constantemente a traba-lhar para que um significativo número de medidas legislativas seja adoptado para fortalecer as relações institucio-nais e aproximar os povos da CPLP. Por outro lado, estamos cientes que esta dispersão geográfica abre também no-vas janelas de oportunidade: Os Esta-dos-membros da CPLP, fruto dos laços consolidados pela nossa Comunidade, tornaram-se canais de comunicação pri-vilegiados entre regiões e sub-regiões à escala planetária e, juntos, tornam-se mais fortes no plano internacional uma vez que a nossa voz, multilateral, faz-se ouvir com mais impacto. Admito, ainda, na essência do fundamento, a existência sempre de alguma relação histórica ou de laços fortes com algum das nossas nações nas demonstrações de interesse dos países em integrar a nossa organi-zação. O desenvolvimento de um quadro privilegiado de concertação política e diplomática, o estímulo da cooperação nos mais diversos domínios, a adopção de posições comuns nas organizações internacionais, as consultas, intercâm-bios, trocas de experiência e colabora-ção daí resultantes facilitaram e refor-çaram a cooperação bilateral entre os Estados membros e, ao nível multilate-ral, deram-nos projecção no mundo glo-bal. O resultado está à vista.

A CPLP tem actuado visivelmente em prol da estabilidade da Guiné-Bissau. Quais os entraves que têm sido encontrados?A intervenção da nossa organização, a pedido das autoridades guineenses, en-controu, actualmente, creio eu, a formu-lação adequada, com a coordenação dos esforços internacionais e do reforço das parcerias estratégicas internacionais

Naturalmente, apesar dos nossos Estados-membros serem iguais em direitos, Brasil e Portugal são desde o início os maiores contribuidores líquidos para a cooperação em todos os domínios, uma vez que são os países com maior capacidade económica. Angola também tem feito um esforço significativo suplementar à quota obrigatória e Moçambique igualmente, sendo notório o esforço de todos em cada vez fazer mais‘

Page 24: Revista Pontos de Vista Edição 10

tratégico de Cooperação, o PECS-CPLP, actualmente a ser executado para o pe-ríodo 2009/2012. Futuramente, a CPLP vai potenciar ainda mais as suas acções de cooperação entre os Estados-mem-bros, sobretudo, nos domínios da coo-peração económica empresarial, mas também estará focada noutros sectores, como o da Cultura, das Finanças, das Co-municações, da Segurança Alimentar, do Trabalho e Assuntos Sociais, entre ou-tras não de menor relevância. É através das várias experiências partilhadas que potenciamos a transformação dos secto-res, ganhando relevância para as popu-lações e, correlacionadamente, para as respectivas economias.

Tocou numa área fundamental...Com efeito, a Confederação Empresarial, constituída em 2010vai complementar a nossa organização, constituída por Esta-dos e estruturada em órgãos de evidente natureza politica, a aproximar as Cons-tituições e outros diplomas legais para criar um espaço comum, gerando faci-lidades para o empreendedorismo dos negócios. As potenciais relações com os blocos de integração económica em que os nossos Estados-membros estão inte-grados e o Desenvolvimento dos nossos povos nos domínios já referidos, como também nos valores democráticos e de defesa do Estado de Direito, com Justiça e respeito pelas Instituições, vão garantir a solidez das nossas Economias. As pers-pectivas de progresso alargam-se ainda mais para os países da CPLP no âmbito do alargamento das plataformas conti-nentais e da correlacionada obtenção de direitos de exploração comercial dos recursos marinhos. Trabalhamos com to-das estas ambições.

para a implementação do programa em curso de Reforma do Sector da Defesa e Segurança. Mas, a CPLP aprovou um importante programa de apoio à Guiné--Bissau que, para além do acompanha-mento da situação politica (muito im-portante) também inclui os domínios da Saúde, Educação e Segurança Alimentar. Quem tem acompanhado a situação po-lítica na Guiné-Bissau, como a CPLP tem tentado fazer, não pode deixar de re-conhecer a complexidade dos desafios apresentados diariamente.

Pode enumerar alguns?São da mais variada ordem e natureza. Convergem para o campo político, para o complexo mosaico étnico da nossa estrutura social, para a elevada taxa de analfabetismo e a profunda pobreza na qual a grande maioria da população está mergulha. Uma economia incipiente em que os produtos estratégicos são sazo-nais e dependem de outras vontades noutros palcos, além da completa au-sência de infra-estruturas que completa o quadro. Perante tal cenário, só podia ser difícil. Mas, como referi, acredito que estamos no caminho certo. Esta minha perspectiva optimista foi em muito for-talecida, em Abril passado, com a con-versa que tive com o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, e com o representante do Secretário--geral da ONU para este nosso Estado--membro, Joseph Mutaboba.

Porquê?Porque os actores políticos e sociais do País dão mostras de comprometimento para a criação de consensos mínimos capazes de sustentar a paz e a solida-riedade e assim levar os guineenses a embarcarem todos num programa de desenvolvimento. A ausência de per-turbações é muito importante como pressuposto, mas começa sendo pouco para as ambições da população – há que sonhar de novo e concretizar o sonho de uma vida digna e próspera.

No início da entrevista referiu três vecto-res de actuação, a concertação político--diplomática, a cooperação e a promoção da Língua Portuguesa. Esta é a base da CPLP?São os pilares, os vectores de actuação. Paralelamente, a CPLP reflecte uma ou-tra dimensão, uma panóplia de redes. A actual existência de cerca de cem redes, desde biólogos a bombeiros, en-fermeiros a jornalistas, advogados a economistas, a associação em torno do conhecimento é catalisada pela Língua Portuguesa.Nesse contexto de envolvência da CPLP,

relevo ainda diversos protocolos de co-laboração celebrados com organizações multilaterais de cooperação para o de-senvolvimento, cuja concretização prati-ca vem paulatinamente sendo posta em prática e que a breve prazo vai permitir assegurar um conjunto de parcerias es-tratégicas nas quais a CPLP participará à escala global.

A CPLP assume-se como uma organiza-ção global?Multisectorial, pluridisciplinar e global. E, ao fazer esta referência, lembramo--nos de outro elemento que nos liga: o Mar. A entrada em vigor da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar alertou a CPLP para a necessidade de adoptar esta visão comum para o desenvolvimento sustentável das activi-dades ligadas ao mar com impacto am-biental, social e económico. Neste qua-dro, constituíram-se os objectivos gerais da Estratégia da CPLP para os Oceanos,

almejando ainda a segurança e vigilân-cia marítima em parte dos Oceanos, através da concretização dos objectivos de interligação de sistemas de controlo, de acompanhamento e de informação. Estas capacidades sinérgicas são de ex-trema importância nesta nova ordem mundial pautada por ameaças difusas e assimétricas, activando acções desde busca e salvamento marítimo, como a luta contra a pesca ilegal, o tráfico de seres humanos, o tráfico de drogas e o combate contra todas as formas de cri-me transnacional organizado.

Um papel na Segurança internacional?Sim. Como em acções sob a égide das Na-ções Unidas. Nesta matéria, realço que as Forças Armadas dos Estados-membros dos países da CPLP participaram no exer-cício “Felino 2010”, em Março passado, na região de Cabo Ledo, em Angola. Os Exercícios Militares Conjuntos e Combi-nados da Série “Felino”, desenvolvidos no âmbito da cooperação técnico-militar, têm a finalidade de permitir a interoperabi-lidade das Forças Armadas dos Estados--membros da Comunidade e o treino para o emprego das mesmas em operações de Paz e de assistência humanitária, sob a égide da Organização das Nações Unidas, respeitadas as legislações nacionais. Estes exercícios militares realizam-se desde o ano de 2000, em regime de rotatividade pelos diferentes países da CPLP.

Para terminar, sem síntese, pode elencar outros domínios de Cooperação?A actuação da CPLP tem-se destacado no campo da Saúde, evidenciando-se mes-mo como um caso de estudo mundial. O nosso trabalho nesta área tão importan-te está consubstanciado num Plano Es-

Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP, em discurso directo

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

A CPLP acredita ser possível incorporar sistematicamente os as-suntos relacionados com as migrações internacio-nais nas estratégias de desenvolvimento nacio-nais, regionais e globais, tanto no mundo desenvol-vido como no em desen-volvimento

‘’

Page 25: Revista Pontos de Vista Edição 10

Marcada por uma capacidade muito forte ao nível da inovação e da qualidade, a Cormar Angola Lda tem vindo a perpetuar um périplo de sucesso, assente na forma de estar no mercado e nas soluções que apresenta para satisfazer totalmente todos aqueles que preferem a marca Cormar. A Revista Pontos de Vista conversou com Rui Pinto, Gestor e Administrador da Cormar Angola Lda, que revelou as verdadeiras poten-cialidades da Cormar no mercado angolano, dando a conhecer ainda as principais prioridades de futuro da marca de renome.

“A Cormar é uma referência em Angola”Rui Pinto, Gestor e Administrador da Cormar Angola Lda, assume

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

A Cormar Angola Lda apesar de ser uma empresa recente em Angola, mais concre-tamente presente desde 2009, é já uma empresa de renome, pois foi fundada em 1970. Quais as principais razões que levaram a Cormar a apostar na inter-nacionalização, mais concretamente em território angolano?O Grupo Cormar foi fundado em 1970 Pinto & Leite S.A. – Cormar Portugal pelo seu ainda actual sócio-gerente Sr. Bernardino Pinto que ainda hoje conti-nua à frente do mesmo. A Cormar expor-ta para Angola á mais de 15 anos. Con-tudo, no inicio vendia para as lojas de mobiliário e para projectos de Hotéis em Angola, mas dado o aumento do merca-do e na diversidade da oferta, a Cormar decidiu que cada vez mais tinha a neces-sidade de acompanhar os seus clientes e estar mais perto deles tendo optado por se criar a Cormar Angola Lda.

De que forma é que a entrada no merca-do angolano foi realizada? Apostaram em parcerias e sinergias ou efectuaram--no a solo? A entrada no mercado Angolano foi atra-vés de uma excelente parceira realizada com o Grupo Importrading – Fermat. Desta forma, havendo esta junção de sinergias Fermat (materiais de Constru-ção) e Cormar (Mobiliário) poderíamos oferecer mais opções e concretizar os chamados projectos “chave-na-mão”.

Ao longo destes dois anos em território angolano, qual o balanço que pode fazer da evolução da Cormar Angola Lda? Ao instalarmo-nos em Angola, depara-mos com a Crise Mundial que afectou não só Portugal como Angola. Contudo, a Cormar encara a crise como uma opor-tunidade. Estamos sempre a inovar e a aproveitar as oportunidades que surgem.

Qual a quota de mercado entretanto alcançada pela Cormar Angola Lda? Ex-cedeu as vossas expectativas? De futuro existe uma quota de mercado a alcançar? Se sim, qual? Angola é um mercado bastante compli-cado, contudo, para quem já o conhece e está bem implementado poderá ser uma mais-valia. Relativamente a quota de mercado, a Cormar já era conhecida em Angola, no entanto, com a abertura de lojas e com o trabalho desenvolvido nos últimos dois anos e meio, a Cormar é já uma referência em Angola.

Que diferenças encontra na forma de actuação entre o mercado angolano e o mercado português? O nível de exigência entre ambos os mercados também difere?

Se sim, em que sentido?Para a Cormar, não existem diferenças na forma de actuação. O mercado por-tuguês sempre foi um mercado bastante exigente. Em Angola, o mesmo está a co-meçar a acontecer. Mas a nossa maneira de encarar e definir as estratégias para o mesmo são as mesmas.

Quais são as principais mais-valias dos vossos produtos? O facto de possuírem li-nhas de mobiliário próprias é uma forma de marcar a diferença? A Cormar aposta na qualidade e na ino-vação. Nos últimos anos começamos a criar algumas linhas e a melhorar linhas já existentes. Os nossos produtos têm qualidade garantida e uma assistência local. Isso é muito importante para os clientes que trabalhamos.

Como caracterizaria os vossos produtos? Quais as mais-valias dos mesmos? Em que áreas é que estão especializados? Apesar de termos várias gamas de pro-dutos, a Cormar aposta muito na quali-dade. Estamos especializados especial-mente no mobiliário tendo nos últimos anos dedicado bastante à linha de Ho-telaria.

Existem outras áreas onde pretendam apostar de futuro em Angola? Se sim, quais? Sim, iniciamos uma parceira em 2011 com a Intelcardio – Domótica. Desta forma, além do mobiliário estamos a propor aos nossos clientes soluções tecnológicas que nos permitem inovar e aumentar o nosso leque de produtos e soluções. Os nossos clientes, podem já ver nos nossos showroom, Salas de

Rui Pinto

A Cormar nos últimos anos têm-se vindo a destacar no mercado nacional. Desde que a aposta nos produtos próprios iniciou, a quota de mercado tem aumentado con-sideravelmente

‘’

Page 26: Revista Pontos de Vista Edição 10

26 Agosto 2011 Pontos de Vista

Rui Pinto, Gestor e Administrador da Cormar Angola Lda, assume

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

Cinema com Domótica associada, vídeo--conferência entre outros.

Da sua experiência, que características são necessárias reunir para apostar num mercado como Angola? A Qualidade dos produtos e a Inovação dos mesmos são dois vectores fundamentais para singrar em território angolano? Penso que os dois são muito importan-tes, no entanto, Angola é um mercado muito complicado e bastante competiti-vo. Existem importações de toda a parte de mundo, visto que por enquanto ainda não existem condições para o fabrico em Angola.

Em que mercados, além de Angola, se en-contra presente a Cormar? Quais os pró-ximos mercados a enveredar? A Cormar exporta neste momento para Espanha, França, alguns PALOP e para alguns países do Magreb, contudo, já equipou 2 hotéis na Austrália.

Crê que escasseiam apoios aos empresá-rios nacionais que pretendem enveredar pela internacionalização? Que instru-mentos deveriam ser colocados à disposi-ção das empresas de génese lusa?Dado o período de crise que Portugal atra-vessa, a dificuldade no acesso ao crédito, irá limitar muito a aposta das empresas Portu-gueses no mercado externo. Também temos o facto que muitas empresas Portuguesas não têm o “Know-how” para exportar, ou não têm meios para isso, apesar de terem bons produtos e design. No que diz respeito a An-gola, para se conseguir fazer algo neste país o investimento é extremamente elevado.

Que análise perpetua do mercado nacio-nal? Onde se posiciona a Cormar em ter-ritório português? A Cormar nos últimos anos têm-se vin-do a destacar no mercado nacional. Des-de que a aposta nos produtos próprios iniciou, a quota de mercado tem aumen-tado consideravelmente.

Para a Cormar, não existem diferenças na forma de actuação. O mercado português sempre foi um mercado bas-tante exigente. Em Angola, o mesmo está a começar a aconte-cer. Mas a nossa maneira de encarar e definir as estratégias para o mesmo são as mesmas‘

A Cormar aposta na qualidade e na inovação. Nos últimos anos começamos a criar algumas linhas e a melhorar linhas já existentes. Os nossos produtos têm qua-lidade garantida e uma assistência local. Isso é muito importante para os clientes que trabalhamos

‘’

Page 27: Revista Pontos de Vista Edição 10

Agosto 2011 Pontos de Vista 27

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

Quais as principais dificuldades en-frentadas em Portugal? De que forma é que o efeito da crise económica vivi-da se tem feito sentir na vossa orgâni-ca e no volume de negócios? A inflação e a diminuição do poder de compra em Portugal permite que qualquer empresa se retraia nomea-damente aos investimentos. Contudo, a filosofia da Cormar é encarar a crise como uma oportunidade, desta for-ma, não cruzamos os braços e vamos para a “luta”.

Quais são os principais desafios de fu-turo da Cormar Angola Lda? A Cormar Angola está a apostar na abertura de mais duas lojas em Luanda, e posteriormente expandir para algu-mas províncias em parceria com clien-tes actuais. Estamos ainda a apostar na informatização dos armazéns, assim como na parceira com a Intelcardio na vertente Tecnológica.

A Cormar Angola está a apostar na abertura de mais duas lojas em Luanda, e posteriormente expandir para algu-mas províncias em parceria com clientes actuais. Estamos ainda a apostar na informatização dos armazéns, assim como na parceira com a Intelcardio na vertente Tecnológica‘

Page 28: Revista Pontos de Vista Edição 10

A TBWA Angola surge em Outubro de 2007. Qual a razão da sua criação?A TBWA\ANGOLA nasce a partir de uma necessidade do próprio Mercado de ter uma agência que pudesse ter to-dos os serviços integrados mas também da necessidade do próprio grupo onde a TBWA\ANGOLA está inserida, de se expandir e ter à disposição dos seus vá-rios clientes de mais um serviço e apoio fundamental ao funcionamento das suas empresas.

Quais são os principais serviços e produ-tos «made in» TBWA Angola? De que for-ma são os mesmos uma mais-valia para quem os procura?Um dos pontos fortes da TBWA\AN-GOLA é o de ter recorrido a recursos e talento nacional. E a aposta foi ganha. Com este talento nacional, é-nos hoje possível fazer qualquer tipo de campa-nha, seja above the line, below the line e com recurso a qualquer tipo de tecnolo-gia que nos permita sempre fazer mais e melhor. Para o cliente, isto é uma enor-

me mais-valia, pois tem acesso a uma agência que compreende o mercado, os vários targets, com experiência e por pertencer a um grupo de várias empre-sas, cada uma dotada de conhecimentos técnicos, humanos e de infra-estruturas que as possibilitam a serem eficazes e com uma resposta rápida aos pedidos dos vários clientes. Por serem várias empresas, possibilita aos clientes deter-minarem as suas necessidades e depois ou se trabalha os vários pedidos com todas as empresas do Grupo ou com ou-tras empresas e agências que o cliente determinar sem influenciar o trabalho final.

Assumem cada vez mais o papel de lí-deres do mercado no vosso sector de actuação. Neste domínio, de que forma é que têm vindo a posicionar-se no sen-tido de ser actualmente uma referência no mercado?Ter um papel de destaque no mercado é apenas uma consequência do esforço e dedicação que foram feitos ao longo do

Angola. Um mercado em franco crescimento, repleto de oportunidades e munido de inúmeras potencialidades. Para todos? Sim, ou melhor, «apenas» para aquelas que reúnem um conjunto de características ímpares e que perpetuam a diferença, ou seja, qualidade, credibilida-de, valor, eficácia entre outros. A TBWA Angola assume esse paradigma, pois é hoje um player de relevo no mercado em que actua, tendo alcançado um reconhecimento e prestígio elevados em todos os quadrantes. Odiar Peres, Director Geral da TBWA Angola, fala-nos desta evolução e muito mais.

“Temos uma clara vantagem competitiva em Angola”

TBWA Angola – Aposta em recursos e talentos nacionais resultou

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

28 Agosto 2011 Pontos de Vista

tempo, não só na TBWA\ANGOLA, mas de todas as empresas do grupo. E claro, só com o apoio dos nossos clientes é que nos foi possível investir e melhorar. Um dos nossos objectivos neste momento é o de reduzir a quantidade de produtos importados para desenvolver o nosso trabalho. Temos feito isso através de uma maior produção local uma vez que o futuro de Angola depende da auto-su-ficiência do país. As empresas precisam de apostar na produção local e na for-mação dos seus funcionários, para con-seguirem dar resposta aos serviços re-quisitados. Muitas das matérias-primas ainda têm de ser importadas mas a sua conversão já pode ser feita localmente, como por exemplo, a impressão, t-shirts, produção de tv, entre outros.

A internacionalização assume-se como um passo natural de qualquer entidade empresarial que alcançou um estado de maturidade elevado. Neste domínio a TBWA é um colosso mundial, estando em mais de 75 países. Qual a importância de Angola na facturação do Grupo e as pers-

Um dos nossos objecti-vos neste momento é o de redu-zir a quantidade de produtos importados para desenvolver o nosso trabalho. Temos fei-to isso através de uma maior produção local uma vez que o futuro de Angola depende da auto-suficiência do país. As empresas precisam de apostar na produção local e na forma-ção dos seus funcionários, para conseguirem dar resposta aos serviços requisitados

Odair Peres

Page 29: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

Agosto 2011 Pontos de Vista 29

pectivas de poderem estar em outros paí-ses de língua oficial portuguesa?

Tentamos obter um crescimento de re-ceitas anual na ordem dos 25 porcento. Mas neste momento eu diria que o as-pecto mais importante do grupo não é o que estamos a facturar, mas sim o que estamos a investir para garantir o nosso crescimento. Nesse aspecto, investimos mais de $6 milhões em novas máquinas e espaço de escritório no ano passado. Com o mercado a mudar e a tornar-se mais competitivo nós vemos o nosso in-vestimento em equipamento como sendo crucial para o nosso sucesso no futuro. Em termos de investimento em outros países, por uma questão de língua, de facilidade de trocas comerciais, de proxi-midade cultural, enfim, de tudo o que nos aproxima de Portugal, bem como o Brasil, Cabo Verde, ou Moçambique onde já es-tamos implementados, são tudo factores primordiais. Claro que em termos de ne-gócios também é vantajoso. Por estarmos mais distantes “emocionalmente” julgo que temos vantagens em várias áreas que não estão a ser investidas em Portugal, e que pela nossa experiência num merca-do emergente e em grande crescimento, conseguimos identificar essas áreas. Outra vantagem é a agilidade com que é possível mudarmos de estratégia. Em termos de empresas angolanas, estamos mais preparados para a qualquer mo-mento mudar a estratégia para que possa funcionar, o que nas grandes empresas portuguesas é mais complicado devido ao peso que têm. Mas o investimento em Portugal é algo que ainda estamos a fazer com vários estudos de mercado para ser-mos bem-sucedidos, até porque o nosso foco continua a ser Angola, onde temos uma clara vantagem competitiva.

Que diferenças detectam na forma de actuação da TBWA Angola em relação a outros países em que se encontram?Tentamos que sejam os menores pos-síveis. Aliás, não existe nenhuma re-gra, mas existem linhas condutoras que seguimos sempre que possível. No caso de Angola, teremos apenas que as moldar para que se possam enquadrar da melhor forma possível para a nossa realidade. Sem ser isto, todo o trabalho é feito seguindo os mesmos princípios de adequação de criatividade de acordo com o cliente, o serviço e produto e num

As empresas que pensam que podem vir para Angola apenas para fornecer know-how e não investem no país não vão ter sucesso. Esses tempos já lá vão. Hoje em dia, qualidade e inovação são fundamentais em todos e quaisquer produtos ou serviços‘’ mercado como Angola, poder auxiliar

o cliente em ter toda esta comunicação onde realmente importa e onde ele vai ter impacto. Só o sucesso do cliente é que realmente nos interessa, pois só desta forma é que é possível continuar a crescer e a melhorar.

Quais são as principais lacunas que identifi-ca neste mercado e se ao fim de quase qua-tro de actividade se o momento da TBWA Angola excede as vossas expectativas?Lacunas há sempre em todos os merca-dos e o nosso não é diferente. A vanta-gem é que em Angola, todos são criativos para ultrapassar as dificuldades. Claro que não é de um dia para o outro e leva o seu tempo, mas todos sabemos que isso é necessário a fim de melhorar e termos aqui empresas sérias e determinadas em ajudar a melhorar o País. Quanto à TBWA\ANGOLA, sempre tivemos gran-des expectativas, bem como para qual-quer das empresas do Grupo Special Edition onde temos a Big Media, aluguer de outdoors, Digital Print, impressão de lona, vinil, tshirts, Imacop, caixas de luz, OnMedia, central de compra de meios de comunicação, Keyresearch, de pesquisa de mercado, Keypromotion de promoção e activação no ponto de venda, Uanda, empresa de relações públicas, bem como várias outras empresas, também elas li-gadas à comunicação.

Da sua experiência, que características são necessárias reunir para apostar num mercado como Angola? A Qualidade dos produtos e a Inovação dos mesmos são dois vectores fundamentais para singrar em território angolano?Quem decida investir em Angola tem de o fazer com os dois pés. Ou se investe ou nem vale a pena vir para Angola. Já vimos acontecer por várias vezes em-presas a entrarem aqui para ver o que dá e depois ficam receosos por investir mais. Nessa perspectiva, nunca vai fun-cionar. As empresas que pensam que podem vir para Angola apenas para for-necer know-how e não investem no país não vão ter sucesso. Esses tempos já lá vão. Hoje em dia, qualidade e inovação são fundamentais em todos e quaisquer produtos ou serviços.

Crê que escasseiam apoios aos empresá-rios nacionais que pretendem enveredar pela internacionalização? Que instru-

mentos deveriam ser colocados à disposi-ção das empresas de génese lusa?

A internacionalização é possível e uma realidade à já algum tempo, quando vemos empresas angolanas a investir e já implementadas em vários mercados, como Europa ou América do Norte. Jul-go que não é necessário nenhum ins-trumento especial. O que é necessário é visão, muito trabalho de análise e pes-quisa de mercado e claro, determinação para realizar todos os esforços necessá-rios para tornar da internacionalização uma realidade. Mas deverá ser uma in-ternacionalização com um propósito e não apenas para dizer que temos uma

rede de empresas. Tal como um inves-tidor estrangeiro quando vem para An-gola precisa de vir e chegar com os dois pés bem assentes no chão, o mesmo é necessário ser feito por nós.

Quais são as principais prioridades da TBWA Angola de futuro?Continuar com o investimento na for-mação de todos os colaboradores, me-lhorar em termos técnicos e dar um melhor serviço a todos os seus clientes. E claro, pretendemos com isto ajudar o grupo Special Edition onde estamos inseridos, também a melhorar e assim ajudar as várias empresas.

Page 30: Revista Pontos de Vista Edição 10

Tendo tido a inspiração do seu «irmão gémeo», o Banco BIC Angola, edificado há cinco anos e um dos mais prestigiados

bancos a nível mundial, o Banco BIC assume-se de génese portuguesa, tendo vindo a oferecer uma resposta cabal aos desafios emergentes em prol dos seus clientes no desenvolvimento permanen-te das suas organizações em três prin-

cipais segmentos: empresarial, banca de correspondentes e private banking. Assim, sendo um banco de direito luso, o Banco BIC desenvolve praticamente similar actividade dos restantes ban-cos, com uma forte incidência ao nível do sector empresarial, afigurando-se portanto, o Banco BIC, como um espe-cialista no financiamento ao comércio externo entre Portugal e Angola.

Edificado há cerca de três anos, mais concretamente em 2008, o BancoBIC tem vindo a implementar uma nova forma de es-tar e de actuar, assegurado pelo conhecimento que possui das diversas economias e dos sistemas financeiros de Portugal e de Angola, país em franca expansão e que tem sido um destino pri-vilegiado de um assinalável número de empresas lusas.

“Os períodos de crise também geram oportunidades de negócio”

Luís Mira Amaral, CEO do Banco BIC, em discurso directo

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

30 Agosto 2011 Pontos de Vista

Sabemos que actualmente o panora-ma nacional, europeu e mundial não se afigura complacente, sendo portanto fundamental promover medidas e ini-ciativas que promovam a competitivida-de nacional, bem como players de valor reconhecido e prestígio irrepreensível. Assim, o Banco BIC assume-se como um parceiro privilegiado ao nível dos investimentos recíprocos entre Angola e Portugal, onde mais do que exportar para a Angola, as empresas lusas devem investir em Angola.A Revista Pontos de Vista conversou com Luís Mira Amaral, Chief Executive Officer (CEO) do Banco Bic que, ao lon-go desta entrevista, nos deu a conhecer o presente e futuro da instituição ban-cária, deixando ideias e concepções relevantes para os empresários nacio-nais e para Portugal. Quisemos ir mais longe e ficamos a conhecer também o que pensa uma das «vozes» mais res-peitadas em Portugal relativamente à actualidade do país. Assim, num discur-so eloquente, convincente e categórico, Luís Mira Amaral, banqueiro formado em engenharia, com mestrado em eco-nomia e que conhece por dentro os meandros da política, ele que já foi, em diferentes Governos, Ministro da Indús-tria e da Energia e Ministro do Trabalho e da Segurança Social, abordou também

o actual estado do nosso país, assegu-rando que Portugal só pode «escapar» da actual situação económica se todos estiverem dispostos a «remar para o mesmo lado». Assumindo-se como banco nacional e de direito europeu, o Banco BIC não se arroga como filial ou sucursal do BIC Angola, sendo que, aquando do exórdio deste projecto, o nosso interlocutor sa-bia que iria actuar num sector de mer-cado bastante saturado e maduro, facto que o levou a afirmar, por diversas ve-zes, que só aceitaria encabeçar o início deste projecto num contexto de crise financeira internacional, porque estava ligado a um grande banco angolano, e iria aproveitar uma oportunidade de aprofundamento das relações económi-cas Portugal-Angola, os quais têm gran-de potencial. Se no primeiro ano de actividade, em 2008, o Banco BIC conheceu resultados normais para quem começa mas nega-tivos, ou seja, com um prejuízo de 700 mil euros. Nos dois anos subsequentes os dados do BIC Portugal foram comple-tamente distintos, pois em 2009 conhe-ceu um lucro de 200 mil euros e no ano seguinte, 2010, um proveito de cerca de dois milhões e quatrocentos mil euros, panorama que revela a senda evolutiva e positiva que o Banco BIC tem fomen-tado. São estes dados e mais alguns que atestam a relevância que o Banco BIC alcançou, assumindo-se portanto como um player de relevo no mercado nacio-nal e não só. Arrogando qualquer tentativa de as-sumir o Banco BIC como um banco de retalho, este assume a sua orgânica similarmente a outros bancos, embo-ra mais especializado em empresas e “muito especializados no financiamento do comércio externo entre Portugal e Angola”, afirma Mira Amaral, lembran-do que o Banco BIC não financia apenas empresas ligadas a Angola. “Possuímos actualmente uma carteira de crédito de 260 milhões de dólares e também finan-

Hoje somos reconhe-cidos no mercado e no seio empresarial como um ban-co de dimensão exígua, mas como um player com grande capacidade de resposta, com serviço personalizado e com especialização no domínio das relações com Angola

‘’

Luís Mira Amaral

Page 31: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

Agosto 2011 Pontos de Vista 31

ciamos empresas portuguesas que não estão ligadas a Angola”, assume o nosso entrevistado. “Hoje somos reconhecidos no mercado”Uma das outras áreas onde o BIC se encontra bastante ligado passa pelos bancos correspondentes com quem ac-tua, que actualmente são quatro: Banco BIC Angola, Banco SOL, BPC – Banco Poupança e Crédito e o BDA – Banco de Desenvolvimento de Angola. “Queremos posicionarmo-nos cada vez mais como um banco correspondente de bancos angolanos e o facto dos resultados al-cançados serem francamente positivos é um excelente cartão-de-visita para que mais bancos angolanos pretendam cola-borar connosco”, revela Mira Amaral. Com diversas áreas de actuação, o Ban-co BIC assume uma que estava implícita desde o início da instituição bancária mas que só agora começa a ter maior expressão, ou seja, o private banking. Questionamos o nosso entrevistado sobre as razões que levaram a que só agora esta vertente tivesse maior ex-pressão. Segundo Mira Amaral era ne-cessário “que nos registássemos como intermediários financeiros na CMVM, pois só dessa forma poderíamos comer-cializar produtos no domínio do mer-cado de capitais. Assim, a partir do mo-mento em que o fizemos começamos a ter capacidade para oferecer aos nossos clientes produtos que estão colocados no mercado de capitais e começamos a ter clientes angolanos e portugueses no domínio do private banking”, assume. Banca de empresas, banca correspon-dente de bancos angolanos e private banking são as três áreas de actuação do BIC portugueses, facto que permitiu alcançar resultados expressivos e posi-tivos em cerca de dois anos e meio de actividade. “Hoje somos reconhecidos no mercado e no seio empresarial como um banco de dimensão exígua, mas como um player com grande capacidade de resposta, com serviço personalizado e com especialização no domínio das re-lações com Angola”, esclarece o CEO do Banco BIC.

Grandes gruposmais receptivos

O Banco BIC iniciou-se numa fase em que a banca portuguesa já cobria na to-talidade todo o país no domínio do reta-lho, sendo que actualmente este sector de mercado está num estado maturado não fazendo assim sentido que o BIC

iniciasse a sua actividade no domínio do retalho, à imagem do que fizeram o BCP e o BNC há cerca de 25 anos. “Conversei com os accionistas do BIC questionan-do-os sobre a sua vontade em deter um banco de retalho de dimensão nacional. Caso a sua pretensão fosse essa então a solução deveria passar pela aquisi-ção de um banco ou de uma rede que estivesse disponível para ser comer-cializada como o BPN. Com a aquisição do BPN passaremos a ter uma rede de balcões e de centros de empresa a nível nacional que nos permitirá reforçar a aposta nas PMEs e nas boas empresas exportadoras. Mas não esqueceremos o nosso código genético, o nosso DNA, continuando e reforçando a nossa apos-ta nas relações económicas com Angola, financiando as nossas exportações para Angola e sendo banco correspondente de bancos angolanos para a gestão dos fluxos financeiros e comerciais entre os dois países”.Como já foi referido, o Banco BIC ini-ciou a sua actividade quando outros bancos começaram a sentir dificuldades de liquidez, pelo que muitas empresas começaram a ter dificuldades em ob-ter linhas de crédito. Ora este cenário não tornou o Banco BIC numa entidade de «portas abertas» às empresas que deixaram de ter crédito em outras ins-tâncias bancárias, bem pelo contrário. “Obrigou-nos a ter ainda mais cuidado e para que esse planeamento fosse de-vidamente concretizado foi bastante importante o Departamento de Gestão de Risco que existe desde a nossa gé-nese”, reconhece, dando a conhecer que de facto o Banco BIC “pretende apenas clientes de qualidade e com bom risco. Dessa forma, as designadas empresas de qualidade dúbia e risco elevado não são acolhidas aqui. Temos tido esse cuidado e felizmente que na nossa carteira de clientes aportamos empresas de quali-dade e de valor”, esclarece. Mas o que mudou desde 2008? De que forma é que a actuação do Banco BIC «sofreu» mudanças claras? Se no início do Banco BIC este não era apetecível pe-

los denominados grandes grupos e em-presas de dimensão elevada, “pois não tínhamos capacidade financeira para investimentos de envergadura”, com a crise económica e financeira, conhece-mos actualmente uma dramática crise de liquidez da banca portuguesa, facto que leva a que os grandes grupos este-jam presentes com valores mais baixos e “isso é perfeito para nós”, reconhece Mira Amaral. “A crise de liquidez da banca portuguesa tem-nos dado a oportunidade de entrar em grupos de grande dimensão, aos quais, num passado recente, não tínha-mos acesso. Hoje estão mais receptivos à nossa abordagem facto que me leva a afirmar que os períodos de crise tam-bém geram oportunidades de negócio”, afirma o nosso interlocutor.

“Estamos disponíveispara clientes de bom risco”

Apesar de não deter nenhum sector es-pecífico, foi no sector da construção civil que o BIC Portugal atingiu uma expres-sividade forte e elevada. Assim, o fito passa por não aumentar a concentração da actuação do BIC em sectores onde já possui uma forte presença, até porque “já reunimos um conjunto de boas em-presas neste sector e não pretendemos aumentar esse nível de empresas de construção civil”, afirma o nosso entre-vistado. Qual o rumo a seguir? Aproveitar seg-mentos em expansão como por exem-plo o sector do vestuário e do calçado em Portugal que se têm destacado em território nacional e a nível internacio-

“Mudar depende de todos nós”Portugal vive actualmente uma fase bastante complicada facto que leva ex-perts na área a afirmar que somos hoje um país em contínua degradação e declínio no que diz respeito aos mais variados indicadores económicos.Voz reconhecida e respeitada nos mais diversos quadrantes nacionais e in-ternacionais, para Mira Amaral o actual modelo económico em vigência em Portugal não é, de todo, sustentável, facto que tem sido afirmado e escrito pelo nosso entrevistado em diversos meios. “Quando entramos no euro, as taxas de juro desceram e os bancos aproveitaram esta oportunidade para criar modelos de financiamento ao consumo e à aquisição de habitação, facto que levou ao incremento do consumo em Portugal. Assim, aumentamos o nosso poder de compra e o nosso bem-estar, mas o lado da oferta e da pro-dutividade foram completamente esquecidos, e assim hoje estamos aparen-temente melhor do que estávamos aquando da entrada no euro”, assegura. Melhor? Melhores condições de vida actualmente? “Sim. Não produzimos mais nem tivemos mais produtividade, mas o euro concedeu-nos crescentes facilidades de endividamento. Portanto o país cresceu e melhorou de vida através do endividamento e não do aumento da produtividade”, esclarece. Quais as consequências? “O plafon de endividamento encontra-se esgotado em relação ao mercado externo e o país estagnou. Assim, este modelo de crescer para o lado da procura e com o aumento da despesa pública e do con-sumo privado sem qualquer resposta por parte da oferta gerou uma dívida pública e uma dívida externa demasiado elevadas, cenário que promoveu a desconfiança dos mercados em relação a Portugal e consequente corte do fi-nanciamento externo da economia portuguesa. O modelo estagnou, a «festa» acabou e temos de mudar de vida”, assegura Mira Amaral.

Obrigou-nos a ter ainda mais cuidado e para que esse planeamento fosse devidamente concretizado foi bastante importante o Departamento de Gestão de Risco que existe desde a nossa génese”, reconhece, dando a conhecer que de facto o Banco BIC “pretende apenas clientes de qualidade e com bom risco. Dessa for-ma, as designadas empresas de qualidade dúbia e risco elevado não são acolhi-das aqui. Temos tido esse cuidado e felizmente que na nossa carteira de clientes aportamos empresas de qualidade e de valor

‘’

Page 32: Revista Pontos de Vista Edição 10

nal, pela sua capacidade de inovação e pela qualidade imposta nos seus pro-dutos e serviços. “Se no início da nossa actividade detínhamos uma carteira de clientes alargada pertencente ao sector da construção civil, hoje alteramos esse modus operandi e estamos a assistir a um conjunto interessante de PME’s nos sectores industriais tradicionais como o vestuário e o calçado que se encontra actualmente numa fase de boom expor-tador”, revela Mira Amaral, para quem a aquisição de novos clientes é neste momento «secundária», porque o prin-cipal desiderato passa pela manutenção dos actuais clientes. “Naturalmente que estamos disponíveis para clientes de bom risco, e pretendemos aproveitar os mesmos como eventuais novos clientes do BIC. No entanto não esperamos um crescimento espectacular ao nível do volume de crédito, embora esteja esti-mado um crescimento na ordem dos 40 milhões de euros, que sendo positivo, já não podemos considerar como um cres-cimento expressivo. Queremos apostar na defesa e na rentabilização da carteira de clientes já existente”. O BancoBIC Portugal não financia inves-timentos directamente em Angola, sen-do que a estratégia passa por orientar os empresários portugueses que abordam o Banco BIC, sendo que a este cabe o pa-pel de transmitir a sua experiência e co-nhecimento sobre Angola, fornecendo--lhes informação rigorosa e de enorme fiabilidade. “Apoiamos na preparação do dossier e ajudamos a transferir o processo, que será submetido ao BIC Angola. A decisão é tomada em Angola”, revela Mira Amaral. Mas quais são as grandes prioridades do Banco BIC de futuro? Para o nosso

Luís Mira Amaral, CEO do Banco BIC, em discurso directo

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

32 Agosto 2011 Pontos de Vista

entrevistado o caminho a seguir terá sempre duas vias, ou seja, ou passa pela aposta na operação do BPN ou por uma outra aquisição. “Se um destes proces-sos se concretizar então passaremos a ter dimensão a nível do retalho. Se não se consolidar, continuaremos com a di-mensão actual, sendo que neste caso, a prioridade passará por rentabilizar a carteira de crédito que actualmente detemos, assume o nossos entrevista-do, assegurando contudo que o BIC tem avançado no domínio do retalho, em-bora através de canais virtuais e não de uma rede fixa.

“A Europa não nos vai financiareternamente”.

Mas qual o rumo a seguir? Passará por voltar a colocar na agenda nacional os sectores produtivos em Portugal? “Sem dúvida. Temos que a voltar a apostar na agricultura, na agro-indústria, na pecuária, nas pescas, em todo o sector primário, no sector industrial e na in-dústria transformadora. A reindustriali-zação tem de estar na ordem do dia, ou corremos o risco de continuar a incidir em erros cometidos no passado, facto que gerará consequências ainda mais graves do que aqueles em vivemos ac-tualmente. O problema é que deixamos de produzir e continuamos a consumir, cenário que nos obrigou a apostar na importação, aumentando portanto o nosso défice externo.”, afirma Mira Ama-ral, asseverando que a união económica e monetária em que estamos não é uma união política e assim os contribuintes alemães e outros europeus, “não estão dispostos a continuar a financiar o nos-so défice externo. A solidariedade euro-

peia não passa de fait diver. Temos de ser nós a fazê-lo através do aumento da competitividade”.A terminar, Mira Amaral assume que a responsabilidade de alterar o actual estado “é de todos. A sociedade civil não pode estar à espera que o actual Governo faça tudo e este deve ser ca-paz de criar medidas positivas como a desburocratização da administração pública que é actualmente ineficiente e dificulta o quotidiano dos cidadãos e empresas em vez de facilitar. Temos de acabar com empresas e serviços públicos sem qualquer utilidade, pro-movendo reformas na Justiça, na Ad-ministração Pública, nos mercados, no trabalho e no emprego, entre outras medidas importantes para que possa-mos «escapar» do actual cenário em que nos encontramos. Os empresários são também fundamentais nesta pro-moção da mudança e já o estão a fazer, pois temos um número elevado de em-

presas a exportar, facto que me leva a afirmar que temos hoje empresários de qualidade, pois perceberam que o mercado doméstico estava estagnado e apostaram além-fronteiras. Em suma, a responsabilidade de promover a saída de Portugal deste beco é de todos, seja sector privado ou público”. Recusando o fim da moeda Euro, se-gundo Mira Amaral não vale a pena continuar a carpir mágoas, sendo que o futuro só pode ser positivo. “O país vo-tou numa maioria absoluta e hoje temos estabilidade política e um Primeiro-mi-nistro determinado e que afirmou que iria além do programa assinado com a Troika. Assim, temos de dar o benefício da dúvida e acreditar que iremos dar a volta ao actual panorama. Temos tudo nas nossas mãos. Temos de cumprir exemplarmente o acordo assinado com a Troika, pois seria dramático para o nosso país se falhássemos”, conclui Mira Amaral, CEO do Banco BIC.

Naturalmente que estamos disponíveis para clientes de bom risco, e pretendemos aproveitar os mes-mos como eventuais novos clientes do BIC. No entanto não esperamos um crescimento espectacular ao nível do volume de crédito, embora esteja estimado um cresci-mento na ordem dos 40 milhões de euros, que sendo po-sitivo, já não podemos considerar como um crescimento expressivo. Queremos apostar na defesa e na rentabili-zação da carteira de clientes já existente

‘’

Page 33: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quando é que surge a CENTURY 21 – ANGO-LA e de que forma é que têm vindo a consti-tuir-se como uma alternativa credível e de reconhecimento?O Century 21 Angola inicia a sua actividade em Novembro de 2008, com o objectivo de prestar um serviço de qualidade internacio-nal, trabalhando directamente com os pro-prietários.

Angola assume-se como dos 69 países onde os vossos clientes podem usufruir dos serviços imobiliários da CENTURY 21®. Como carac-terizaria os vossos serviços e que mais-valias aportam os mesmos aos vossos clientes?Obrigados que estamos a prestar serviço re-ferência, trabalhando com uma marca com o prestígio da CENTURY 21®, temos exigên-cias acrescidas que estarão sempre á frente de qualquer negócio imobiliário, para a CEN-TURY 21® e para nós próprios enquanto gestores e prestadores de serviços, a garantia de que o negócio é efectuado de uma forma transparente é ponto de honra.

No domínio dos serviços imobiliários quais as principais potencialidades do mercado ango-lano? Que mais-valias podem retirar ambos os países, Portugal e Angola, pela promoção desta ligação? A actividade é muito nova, tem um potencial imenso, para a CENTURY 21® a mediação imobiliária começa quando os proprietários percebem que podem deixar os seus imóveis nas mãos de profissionais, podemos dizer que estamos a iniciar esta fase. Neste momento qualquer angolano, mesmo a nível particular pode fazer um investimento imobiliário em Portugal, independentemente da dimensão, enquanto que um cidadão por-tuguês só pode investir em Angola através de uma empresa de direito Angolano, o pro-cesso é muito mais dispendioso, logo só será viável para grandes investimentos.

Que lacuna ainda detecta no mesmo? Que me-didas deveriam ser colocadas em prática neste domínio?A principal lacuna na actividade, é a docu-mental, os imóveis não estão devidamente registados, uns porque os proprietários não sentiam essa necessidade, outros porque o

processo seria muito burocrático, na prática o mercado não era exigente. Hoje verificamos que as partes querem efectuar negócios imo-biliários com a maior transparência possível, quer estejamos a falar de um arrendamento ou de uma venda, da nossa parte tudo faze-mos para que as partes fiquem devidamente documentadas, concretizando assim negó-cios transparentes. Não será em 6 meses que todos os imóveis ficarão devidamente docu-mentados, mas temos de reconhecer que o Governo de Angola está a desenvolver gran-des esforços para tornar possível o registo dos imóveis, o Guiché Único do Imóvel, é um passo de gigante nesta grande caminhada.

Que diferenças encontra no mercado imobiliá-rio entre Portugal e Angola? Neste momento em Portugal existem mais ca-sas no mercado do que compradores em An-gola existem mais compradores do que casas, apesar desta grande diferença os negócios não se concretizam com maior fluidez em ambos os países devido às altas taxas de juro, sendo que, se em Angola a taxa de juro praticada fos-se igual a Portugal a dinâmica de vendas cres-cia exponencialmente, não é por acaso que que mais investe em imóveis em Angola são as pessoas que estão ligadas a empresas que lhe proporcionam vantagens financeiras, que no final calculados os juros que os compradores suportam rondam os cinco por cento.

Quantas agências «made in» CENTURY 21 – ANGOLA possuem? Existem perspectivas de incrementar esse número? Que mercados-alvo pretendem alcançar em Angola?Neste momento temos duas agências, uma em Talatona outra em Benguela, com a conclusão de novos empreendimentos na cidade, contamos abrir até ao final do ano uma nova agencia na Praia do Bispo. Estamos focados em ir crescendo junto das novas centralidades, e onde os imó-veis possam apresentar documentação integral. Não nos podemos esquecer que para a maioria das pessoas a compra de uma casa, este é o investimento mais alto que alguma vez irão realizar. Estamos pre-parados para todo o tipo de negócio imo-biliário, iremo-nos adaptando com a evo-lução do mercado, sendo que num futuro

“Neste momento qualquer angolano, mesmo a nível particular pode fa-zer um investimento imobiliário em Portugal, independentemente da di-mensão, enquanto que um cidadão português só pode investir em Ango-la através de uma empresa de direito Angolano, o processo é muito mais dispendioso, logo só será viável para grandes investimentos”, revelam Fernando da Ponte e Teresa Neto, respectivamente Administradores da CENTURY 21® ANGOLA, sendo que o primeiro aporta a responsabilida-de da gestão global da empresa e a segunda a vertente comercial. Em entrevista à Revista Pontos de Vista, os nossos interlocutores revelaram as principais potencialidades do mercado imobiliário angolano.

Garantia de partilhade negócios e de sucesso

CENTURY 21® ANGOLA

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

muito próximo o retalho representará 90 por cento do negócio imobiliário.

Porquê o sistema CENTURY 21? O sistema CENTURY 21® assenta numa experiência acumulada ao longo de mais de 40 anos dentro das mais diferentes realidades, estamos presentes em todos os continentes, o rigor que impomos a nós próprios, as ferramentas de marke-ting associados á partilha de experien-cias e á possibilidade de ajudarmos os nossos clientes a concretizar negócios dentro da nossa rede é certamente uma mais-valia para quem nos escolhe como parceiro. A dimensão pode ser diferente, mas o serviço será igual em Angola, na África do Sul, em Portugal, na China ou nos EUA. Quem já trabalhou com a CEN-

TURY 21®, contactar-nos-á onde quer que estejamos.

Quais são as principais prioridades de futuro da CENTURY 21 – ANGOLA?As nossas principais prioridades passam pela consolidação da marca no mercado, recruta-mento e formação de agentes, aberturas de novos escritórios quer sejam próprios ou através de franquias. Um dos grandes ob-jectivos da CENTURY 21® onde quer que esteja é proporcionar condições a pessoas ou empresas que queiram entrar no negócio de mediação imobiliária apoiados na experien-cia e conhecimentos que uma marca como a CENTURY 21®. Um franquiado CENTURY 21® tem a garantia de partilha de negócios e de sucesso, fazendo parte desta equipa nunca estará só.

Fernando da Ponte Teresa Neto

Page 34: Revista Pontos de Vista Edição 10

Munida com mais de 6500 funcionários e mais de 80 escritórios dispersos por todo o mundo, a Aurecon

aposta numa presença global, estando presente em diferentes mercados como Austrália, Nova Zelândia, África, Sudeste Asiático, China e Oriente Médio. A base do sucesso da Aurecon assenta em diversos factores, sendo que a marca apresenta um cliente modelo de negó-cios centrado, que permite à Aurecon uma agilização no sentido de oferecer toda a gama de serviços globais exis-tentes no seio da marca. Esta forma de estar permite a existência de equipas qualificadas e o desenvolvimento de re-lacionamentos fortes com clientes e com as soluções apresentadas. O cliente é fundamental na orgânica da Aurecon, beneficiando assim, do mode-lo de negócios apresentado por esta, ou seja, num quadro de total colaboração, uma vez que nutre o desenvolvimento de competências de liderança no mer-cado.

Por este facto, não é de estranhar que a marca Aurecon tenha alcançado um prestígio enorme, sendo regularmen-te reconhecida pela indústria e órgãos independentes através dos diversos galardões e prémios que regularmente vai conquistando. “É uma demonstração clara e inequívoca do nosso compromis-so com os nossos clientes e com o nosso povo”, afirma José Miranda, angolano de nascença e Director Regional para Costa Oeste de África e América do Sul da Au-recon, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer as prin-cipais potencialidades de mercado tão próximos e díspares como por exemplo Angola e Moçambique, bem como as principais prioridades da Aurecon, ela que é cada vez mais um player de relevo no desenvolvimento de países do conti-nente africano, entre outros.

Recursos humanos locais

Edificada depois da fusão de três empre-sas de renome mundial, há cerca de dois

Player de relevo e reconhecimento mundial, a Aurecon assume-se como uma em-presa especializada nos mais diversos campos da engenharia, estando direccio-nada para o domínio publico e âmbito privado, destacando-se também pelo enor-me contributo que tem dado no desenvolvimento de países como Moçambique e Angola, nações que se assumem actualmente como mercados cada vez mais emergentes e fundamentais para a economia mundial.

“Temos contribuído para o desenvolvimento dos países Lusófonos”

AURECON e a dinâmica Lusófona

34 Agosto 2011 Pontos de Vista

anos, entre elas a Africon Engineering International, Ldtd, a Connel Wagner e a Ninham Shand, a Aurecon tem vindo a expandir-se continuamente, sendo que o estabelecimento da marca em países como Angola ou Moçambique, provém da década de 90, ainda sob o nome da sul africana Africon Engineering Inter-national, Ldtd, já no final do período do apartheid. Este foi também o momento em que o nosso entrevistado, José Mi-randa, começou a cooperar na orgânica de direcção da Aurecon. Apesar de assumir que foi em Moçam-bique que os resultados da acção da Au-recon se começaram a sentir mais rapi-damente, segundo o nosso interlocutor Angola foi também fundamental para a marca, tendo sido na junção da acção em ambos os países que a Aurecon começou a ganhar maior capacidade para enfren-tar as vicissitudes e características do mercado lusófono. Cenário demonstra-tivo disso mesmo passa pelos recursos humanos de expressão portuguesa exis-tentes no seio da Aurecon no primórdio de actividade da marca em terras ango-lanas e moçambicanas. “Num conjunto de 1500 pessoas, provavelmente tínha-mos dois ou três técnicos de expressão portuguesa. Hoje essa nossa capacidade ascende as duas centenas de pessoas de expressão portuguesa. Isso é fundamen-tal, porque é essencial dominar o mer-cado e também se faz por esse meio”, assegura o nosso entrevistado.

As diferenças ao níveldo investimento

Que não subsistam dúvidas, Angola e Moçambique foram dois dos países lu-sófonos com o ritmo de industrialização mais rápido nas últimas duas décadas, sendo portanto dois mercados atracti-vos e apelativos para investidores ex-ternos. Mas será que ambos estão no mesmo estado de evolução e matura-ção? Segundo José Miranda o cenário de ambos é divergente, começando desde logo pela natureza de cada país. “Como é sabido Moçambique apresenta maiores necessidades de projectos, Angola tam-bém mas em menor escala, relacionados com a redução de pobreza, estruturas

de abastecimento de água, acessibilida-de e estradas, entre outros, sendo que estes projectos, em Moçambique, são na sua maioria financiados pois o país não possui tantos recursos financeiros como tem, por exemplo, Angola. Assim, estes projectos são financiados por entidades como o Banco Mundial, o Banco Africa-no de Investimento, a União Europeia, entre outros. Neste momento, assisti-mos a acréscimo forte de projectos re-lacionados com empresas mineiras nas mais diversas variantes como explora-ção de carvão, gás natural, entre outros”, afirma o nosso entrevistado. No inverso, Angola aporta uma maior capacidade de auto financiamento, em que existiu um extenso programa de reabilitação e reconstrução de grande parte das vias principais do país, facto que permitiu ao país localizado na Áfri-ca Subsaariana estar hoje num ponto mais desenvolvido relativamente a Mo-çambique. Assim, actualmente Angola encontra-se direccionada para projectos de «montra» ao nível de habitação, estra-das e acessibilidades, abastecimento de água, entre outros. Mas será que a grande vantagem da Aurecon passa pelo enorme conhecimento que possui do mercado africano? Segundo o nosso interlocutor esta capacidade e conhecimento têm sido fundamentais no crescimento da marca em terras africanas. “Mas não só. Além de conhecermos o mercado local inti-mamente, conseguimos ainda propor-cionar soluções técnicas adequadas às condições africanas. Temos uma grande necessidade em criar soluções técnicas que, por exemplo, não necessitem de um sistema de manutenção muito exaustivo ou que possuam elevados níveis tecnoló-gicos”, assegura José Miranda, lembrando que essa «preocupação» surge pelo baixo nível de formação e educação da mão-de--obra existente nesse país actualmente. “Temos portanto de «ser» realmente engenheiros para criar essas soluções mais viáveis, para que as infra-estruturas concebidas não entrem em colapso e no final do dia não tenhamos o benefí-cio desses equipamentos. Desta forma, estou em condições de assegurar que a Aurecon tem sido fundamental na forma inovadora como tem apresentado as suas

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

José Miranda

Page 35: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

Agosto 2011 Pontos de Vista 35

soluções e contribuído para o desenvol-vimento destes países”, reflecte convicto. O nosso tema de conversa prosseguiu exactamente por este facto, ou seja, a reduzida formação e educação existente nos recursos humanos de Angola. “Essa é a lacuna mais visível. Continuamos a não ter recursos humanos formados em engenharia em número suficiente face às necessidades do mercado e à demanda enorme que aqui existe”, as-segura o nosso entrevistado, lembrando que este cenário é contornado através do recrutamento de recursos externos ao país. “Naturalmente que esta forma de actuação é mais dispendiosa, com a agravante que esses mesmos recursos

humanos externos nem sempre deixam o seu know how aqui”, revela. “A educação é uma das grandes lacunas actuais em Angola, sendo que o país deve concentrar-se e focar-se com força nesta vertente porque um país sem uma educa-ção conceituada e abrangente não pode desenvolver-se tanto quanto gostaria”.

Novos projectos. A mesma linhade continuidade

Assumindo que os níveis de exigência para quem quer apostar em mercados angolanos e moçambicanos são hoje “consideravelmente mais elevados do que no passado”, segundo José Miranda

o futuro da Aurecon e olhando particu-larmente para os países lusófonos, pas-sará por continuar a fazer aquilo em que a marca se notabilizou. “.Pretendemos continuar a apostar nos sectores dos Transportes, Energia, Água, Habitação, entre outros, onde queremos continuar a concentrar os nossos esforços e dar o nosso melhor contributo em Angola, bem como na sub-região”, José Miran-da assegura que a Aurecon não ficará por aqui, pois mais projectos, em áreas distintas das já referidas, serão absor-vidos pela empresa. “Uma das grandes lacunas existentes passa pela habitação, em que já estamos envolvidos em vários projectos tal como o Projecto Nova Vida e certamente, pretendemos continuar a fazer parte de mais projectos neste sector. pr. Além disso, apostaremos em projectos relacionados com água, reser-vatórios, barragens, entre outras, que são sectores nos quais nos especializa-

mos e que irão permitir a alavancagem da região”, assevera.Angola e Moçambique são duas nações com um grande enfoque a nível de re-cursos minerais sendo um sector que está a concentrar em ambos os países players mundiais e externos de renome nestas áreas. Assim, a Aurecon preten-de estar na primeira linha deste sector, propiciando respostas e soluções a essas empresas de mineração na vertente das infra-estruturas das minas. “Seremos um parceiro importante na dinâmica do que necessita uma mina para estar a funcionar em pleno, como electricidade, acessos, ferrovias, portos, entre outros. Iremos de futuro investir fortemente nesta área, principalmente ao nível dos recursos humanos e técnicos, pois será uma área que irá garantir a nossa susten-tabilidade futura”, conclui José Miranda, Director Regional para Costa Oeste de África e América do Sul.

É uma demonstração clara e inequívoca do nosso compromisso com os nossos clientes e com o nosso povo‘ ’

Page 36: Revista Pontos de Vista Edição 10

No tecido empresarial portu-guês a existência destes di-reitos especiais, conhecidos como “golden shares”, já não

era pacífica e a sua subsistência, no qua-dro actual das necessidades do Estado Português, era considerada pelas ins-tâncias nacionais e comunitárias como de imperativa alteração. A questão, sobejamente conhecida do incumpri-mento das obrigações que incumbem ao Estado Português por força dos artigos 56º TUE e 43º TUE, fazia prever esta alteração legislativa aproximando e ca-tivando o investimento estrangeiro, tão necessário à nossa economia.O decreto-lei n.º 90/2011 determina a extinção de direitos especiais como o direito de voto qualificado na eleição de membros da administração, comissões executivas, decisões sobre aplicação de resultados de exercício, alterações dos estatutos, aumentos de capital, limita-ção ou supressão de direitos de prefe-rência, fixação de parâmetros para au-mento de capital, emissão de obrigações ou outros valores mobiliários e respec-tiva fixação de valor, as deslocações de sede e as autorizações de titularidade por accionistas que exerçam actividade

concorrente com a actividade desen-volvida pelas sociedades em relação de domínio com a sociedade dominante. São várias alterações que retiram a in-fluência que o Estado detém no poder de decisão relativo a investimentos das sociedades e que permite a livre circula-ção de capitais na acepção do artigo 56, n.º 1 TUE. Com efeito, em virtude deste sistema desadequado, a aprovação de um nú-mero considerável de decisões relativas a essas sociedades dependia sempre do acordo do Estado Português e a manu-tenção das mencionadas acções privile-giadas assumia uma natureza restritiva o que era susceptível de dissuadir os operadores dos outros Estados-Mem-bros de investir capital nestas socieda-des. A jurisprudência refere que as me-didas nacionais que restrinjam a livre circulação de capitais podem ser jus-tificadas pelas razões mencionadas no artigo 58º TUE ou por razões imperio-sas de interesse geral, desde que sejam adequadas para garantir a realização do objectivo que prosseguem e não ultra-passem o necessário para atingir esse objectivo (vide acórdão de 23 de Outu-bro de 2007, Comissão/Alemanha). No

O decreto-lei n.º 90/2011, de 25 de Julho representa o esforço compromissório assumido pelo Governo Português em tornar as empresas onde, enquanto accionista, detém direitos especiais mais competitivas e apelativas.

PV10 // INTERNACIONALIZAÇÃO

36 Agosto 2011 Pontos de Vista

que concerne às razões imperiosas de interesse geral, importa referir que a sal-vaguarda de condições de concorrência num determinado mercado não consti-tui uma justificação válida de restrições à livre circulação de capitais. Também a este respeito se dirá que, as derrogações do artigo 58º TUE não constituem moti-vo válido para a permanência na ordem jurídico-societária portuguesa dos di-reitos especiais. Assim, EDP – Energias de Portugal S.A., GALP Energia, SGPS, S.A, e Portugal Te-lecom, SGPS, S.A. são os casos onde as

“golden shares” serão eliminadas bem como as disposições dos diplomas rela-tivos à respectiva privatização que esta-belecem não ser aplicável ao Estado e às entidades a ele equiparadas, a limitação da contagem de votos permitidas pela alínea b) do n.º 2 do artigo 384º do Códi-go das Sociedades Comerciais, relativa-mente às acções a privatizar detidas em sociedades em processo de privatização.Perante este cenário importa reflectir sobre duas questões essenciais: a pri-meira, relacionada com o receio de que, a ausência de influência do Estado Por-

Golden Shares e o Investimento Estrangeiro

Por Oscar Azevedo, GAMEIRO & ASSOCIADOS, SOCIEDADE DE ADVOGADOS, R.L.ζ

Sem a existência de “golden shares” que condiciona-vam a entrada de capital estrangeiro e garantiam o controlo das principais empresas portuguesas, é necessário apostar numa estratégia nacional que envolva não só o espaço da lu-sofonia mas, outrossim, o fenómeno mais abrangente da in-ternacionalização empresarial pois o investimento directo estrangeiro (IDE) é um elemento muito importante para a economia portuguesa

‘’

Page 37: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV8 // INTERNACIONALIZAÇÃO

Para ultrapassar os receios criados em torno da extinção dos direitos especiais nalgumas das maiores sociedades portuguesas, é necessário acelerar a sua integra-ção económica no seio comunitário e internacional, aumentando a sua competitividade através de uma preferência

‘’tuguês nos centros decisórios das socie-

dades mencionadas, origine uma trans-ferência do lucro gerado pelas mesmas para outros espaços económicos. Note--se que, por regra, uma das primeiras decisões que os grandes grupos tomam, é a de maximizar as sinergias de grupo, reduzindo ao mínimo o valor acres-

centado retido no país onde operam. A consequência será uma distribuição de riqueza menor do que a hoje existente, porque as compras e subcontratações serão, tendencialmente, feitas a empre-sas do grupo situadas fora de Portugal, pelo que, os dividendos serão transfe-ridos para outros espaços financeiros e as actividades de investigação e desen-volvimento serão feitas noutro país. A segunda questão, intimamente relacio-nada com a primeira, tem a ver com o facto da liquidez económica se encon-trar nas novas economias emergentes e que a sua grande maioria se situa fora da Europa.Sem a existência de “golden shares” que condicionavam a entrada de capi-tal estrangeiro e garantiam o controlo das principais empresas portuguesas, é necessário apostar numa estratégia na-cional que envolva não só o espaço da

lusofonia mas, outrossim, o fenómeno mais abrangente da internacionalização empresarial pois o investimento directo estrangeiro (IDE) é um elemento muito importante para a economia portuguesa.Para ultrapassar os receios criados em torno da extinção dos direitos especiais nalgumas das maiores sociedades por-tuguesas, é necessário acelerar a sua integração económica no seio comuni-tário e internacional, aumentando a sua competitividade através de uma prefe-rência no modelo estratégico de privatizações português e, por outro lado, que Portu-gal assuma, de forma determinada, uma política de parcerias e de progressiva integração económica dos países do es-paço lusófono, como aliás, parece ser a posição assumida pelo Ministro dos Ne-gócios Estrangeiros, nas suas recentes deslocações a Angola e Brasil.

Page 38: Revista Pontos de Vista Edição 10

Nem todos, mas temos verificado, o que muito nos apraz, que há uma crescente tendência para atribuir aos colaboradores, enquanto seres humanos, uma maior impor-tância e valor nos resultados das organizações. Isto é visível através da crescente importância que se atribui ao assesso-ramento e acompanhamento que as pessoas recebem das chefias que as enquadram

‘’

A vertente de Recur-sos Humanos em Portugal está hoje sobre forte pressão, resultante das dificuldades decorrentes da situação que atravessamos e do impera-tivo de cada vez fazer mais com menos, por isso, o que verificamos é necessidades de melhorar o desempenho sob pressão e profissionali-zar competências e processos de actuação

Tendo marcado a sua ascensão por características como a qualidade, rigor e credibilidade, a Basilaris tem vindo a crescer de uma forma sustentada, sendo actualmente um dos players nesta área de maior reconhecimento. A Revista Pontos de Vista conversou com Carlos Melo Administrador da marca que também já conquistou o reconhecimento além-fronteiras.

“O nosso apoio responde às necessidades do cliente”Carlos Melo, Administrador da Basilaris Portugal, responde

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

38 Agosto 2011 Pontos de Vista

Quando é que surgiu a Basilaris e de que forma é que tem vindo a implementar-se no mercado, tendo sempre em linha de conta a satisfação plena dos seus clien-tes?A Basilaris surgiu na década de 80, atra-vés do espírito empreendedor do seu fundador, Carlos Vasconcelos. Desde essa altura que representamos a Achie-veGlobal, embora de inicio tenha tido outro nome (Learning International). Com a actual estrutura accionista, surgi-mos em 2003, continuando com a repre-sentação da AchieveGlobal e ganhando uma nova, Gazing Performance Systems. A implementação acontece com um for-te pilar de adequação às especificidades de cada cliente e um elevado grau de profissionalismo na entrega dos servi-ços por nós prestados.

A vossa edificação surge pela experiência acumulada de várias décadas de serviços prestados no desenvolvimento de Recur-sos Humanos. De que forma caracteri-zaria os vossos serviços e as mais-valias dos mesmos em prol da optimização de recursos e incremento da competitivida-de de quem vos procura? Realmente surgimos pela experiencia acumulada de várias décadas, em vários sectores de actividade e com diversos graus de responsabilidade. No decor-rer destas décadas, apraz-nos constatar que são muitos os clientes que ainda hoje continuam a confiar nos nossos serviços, caracterizados por rigorosas práticas de diagnóstico e avaliação das necessidades, para proporcionarmos soluções caso a caso, fundamentadas em

know-how investigado e desenvolvido a nível mundial. O nosso apoio responde às necessidades do cliente, e assim, é normal os resultados aparecerem. Que análise perpetua da vertente de re-cursos humanos e consultoria em Portu-gal? Quais são as lacunas que ainda iden-tifica neste domínio?A vertente de Recursos Humanos em Portugal está hoje sobre forte pressão, resultante das dificuldades decorrentes da situação que atravessamos e do im-perativo de cada vez fazer mais com me-nos, por isso, o que verificamos é neces-sidades de melhorar o desempenho sob pressão e profissionalizar competências e processos de actuação.

Qual a relevância da vossa actividade na promoção da competitividade de uma or-ganização/empresa? Quando os produtos/serviços são cada vez mais iguais e os clientes mais exi-gentes, a diferenciação só pode fazer--se pela melhoria das competências dos Recursos Humanos e é aí que a Basila-ris tem contribuído reconhecidamente para tornar as organizações mais com-petitivas, tanto no mercado local, como internacional. Para o fazer, temos de agir de maneira diferente e ajudar as organizações tam-bém a fazer o mesmo, pois actualmente, os clientes…• … não se deixam impressionar, com facilidade:Querem valor, acima e para além das ca-racterísticas do produto ou serviço.• … querem aliados de negócios:Querem alguém que seja também con-selheiro de negócio e que compreenda o seu sector de actividade.• … não concedem muito tempo:Não lhe dão muito tempo face-a-face (ou tempo de atenção).• … querem respostas mais rápidas:Podem querer uma proposta em 24 ho-ras e, depois, não reagir durante 3 meses. Subitamente, podem querer um segui-mento imediato, ou num prazo muito curto.E isto obriga a que cada vez mais as pes-soas sejam capazes de Tomar Conta da Experiência do Cliente, mudando o para-digma de centrar apenas os esforços nos profissionais operacionais, para garantir que toda cadeia de chefia impulsiona as acções de contacto com o cliente, ali-nhando competências de serviço, vendas e liderança, para tornar possível a criação de percepções de excelência de toda a or-ganização.

Sente que actualmente os empresários por-tugueses alteraram a sua forma de estar e hoje compreendem a relevância que o ser humano e as suas competências podem aportar à orgânica das suas empresas?Nem todos, mas temos verificado, o que muito nos apraz, que há uma crescente tendência para atribuir aos colabora-dores, enquanto seres humanos, uma maior importância e valor nos resul-tados das organizações. Isto é visível através da crescente importância que se atribui ao assessoramento e acompa-nhamento que as pessoas recebem das chefias que as enquadram. Quem são os vossos principais clientes? Que exigências e necessidades aportam os mesmos quando buscam os serviços «made in» Basilaris?Felizmente, podemos contar com um leque alargado de clientes que vão desde gran-des empresas, nacionais e multinacionais, até às denominadas PME´s e nos diversos sectores de actividade – Tecnologias, In-dustrias Transformadoras, Farmacêuticas, Banca, Serviços, Telecomunicações, Sector Automóvel, etc. Rigor, profissionalismo, ética, experiência, e liderança, são algumas das principais exigências dos nossos clien-tes, suporte amplo e sustentado ao longo dos anos são também exigências, como é o exemplo de um dos paradigmas de sucesso mundial, que é a Xerox, onde prestamos serviços há mais de uma década. Quais são as principais prioridades da Basilaris em Portugal? Continuar a crescer de uma forma sus-tentada, com base no sucesso dos nossos clientes, continuando a abranger todo o território nacional e até alargar o serviço ao mercado espanhol, onde também temos estado presentes desde há dois anos.

Carlos Melo

Page 39: Revista Pontos de Vista Edição 10

Renascida com a actual estrutura accionista há cerca de oito anos, mais concretamente em 2003, a Basilaris tem vindo a calcorrear um trilho de sucesso assente em características fundamentais para se alcançar o sucesso, ou seja, qualidade, credibilidade e reconhecimento por parte dos seus parceiros.

“Temos estabilidade no mercado angolano”Alberto Nunes dos Santos, Administrador da Basilaris em Angola, revela

PV10 // CPLP EM DESTAQUE

Com uma vasta experiência acumula-da no domínio dos serviços presta-dos no desenvolvimento de Recur-sos Humanos, o passo seguinte da

Basilaris surgiu um ano depois do reinício da sua actividade em Portugal, ou seja, em 2004 deu-se o passo natural da marca para terras angolanos, onde ainda se encontra actualmente e com uma forte pujança e re-conhecimento dos seus parceiros e não só. A Revista Pontos de Vista conversou com Al-berto Nunes dos Santos, Administrador da Basilaris em Angola, que nos retratou a evo-lução da Basilaris em território angolano, a forma de actuação da marca e que lhe tem valido elogios e o reconhecimento dos mais diversos quadrantes, assegurando que para se singrar em Angola é necessário possuir uma enorme capacidade de sofrimento. Mas porque se deu esta aposta na inter-nacionalização por parte da Basilaris, so-mente um ano depois da sua constituição? Segundo o nosso entrevistado, esta aposta foi natural, mas acima de tudo deveu-se ao potencial que o mercado angolano já nessa altura demonstrava. “Além disso, compreen-demos que o mercado interno estava algo estagnado e assim decidimos apostar em Angola para também defender a posição e a participação da Basilaris no mercado por-tuguês”, afirma convicto o nosso entrevista-do, lembrando que esta aposta no mercado angolano surge também por um misto de paixão e opção estratégica.

Confiança dos parceiros

Ao longo destes sete anos o cenário não foi muito alterado, ou seja, o mercado portu-guês continua em francas dificuldades e o mercado angolano continua com uma forte capacidade de desenvolvimento e expansão. Mas como se tem posicionado a Basilaris neste domínio? Para o nosso interlocutor o balanço destes sete anos de presença da Basilaris em Angola é “extremamente po-sitivo. Quisemos seguir um rumo sereno e com bastante descrição. Hoje estamos num estado de desenvolvimento em que possu-ímos instalações próprias e temos bastante estabilidade no mercado angolano”, revela o Administrador da Basilaris. Assegurando que a ideia não passa por transformar ou elevar a Basilaris a uma empresa de grande envergadura na área da formação, nos mais diversos domínios, se-gundo Alberto Nunes dos Santos, o principal desiderato passa, acima de tudo, por conti-nuar a desenvolver uma imagem de credibi-lidade, sustentabilidade e qualidade, man-tendo assim o prestígio e o reconhecimento alcançado ao longo destes anos. “Não temos

nenhum cliente com quem trabalhamos que não tenhamos voltado a repetir. Isso é fun-damental para nós, porque nos permite ter a confiança dos nossos parceiros e clientes e dá-nos estabilidade de continuidade e um crescimento sustentado bastante positivo”, assevera o nosso interlocutor.

Educação e Saúde como novos projectos

Apesar das inúmeras potencialidades e das muitas oportunidades existentes no mercado angolano, principalmente para as denominadas PME’s, este ainda apresenta custos de entrada bastante elevados, sendo um mercado com características muito pró-prias, em que se tem que conquistar a cre-dibilidade e a confiança pelo desempenho e pela competência, e isso demora tempo, que alguns não têm. Neste domínio, a Basilaris conseguiu ultra-passar este obstáculo inicial, tendo diversi-ficado a sua orgânica e forma de actuação. Assim, além de ser uma empresa de referên-cia pela qualidade dos serviços prestados e pela qualidade dos seus Recursos Humanos em diversos sectores, um dos «sonhos» do nosso entrevistado e seus pares, ao nível da estratégia de aposta da empresa passa pela participação numa unidade escolar, sendo um projecto que está a ser devidamente ana-lisado e estudado. “Gostávamos de apostar numa escola, apostando na formação profis-sional, mas também estar ligados ao ensino, preferencialmente algo no domínio técnico, que estivesse relacionado com a nossa área, ou seja, numa vertente de escola comercial ou industrial”, afirma Alberto Nunes dos San-tos, lembrando que além da área da educa-ção, a Basilaris pretende também enveredar pelo sector da prestação de serviços ao nível da saúde, e do turismo agro-indústria. “Neste

momento estamos a proceder à recuperação de uma fazendo e a Basilaris é o «motor» des-se projecto”, assegura.

“Os nossos programas estãoadaptados ao mercado”

Quando analisamos as potencialidades de Angola, devemos ter presente as últimas três décadas da história deste país e o im-pacto da guerra no mesmo. O país perdeu neste período uma grande parte dos seus quadros. Assim, existe uma enorme aposta na formação profissional por parte das em-presas e governo angolano e com resultados positivos, visíveis e inequívocos, sendo ob-servável o enorme esforço que tem vindo a ser realizado ao nível da reconstrução, que não é só em infra estruturas é também em Recursos Humanos. Naturalmente que, à sua escala, a Basilaris tem contribuído e muito para esta alteração do panorama em Angola. Como? Simples. Através de acções de formação, entre ou-tros, vincadas em dois pontos que se reve-lam fundamentais, ou seja, programas di-reccionados e adaptados ao mercado local. “Os nossos programas estão perfeitamente adaptados ao mercado, através de ofertas específicas, mas também pelo desdobra-mento de alguns programas das nossas representadas, AchieveGlobal e Gazing Per-fomance Systems, para o mercado, adap-tando o produto às exigências do mercado”, assume Alberto Nunes dos Santos. Além disso, as acções de formação «made in» Ba-silaris orquestram uma dinâmica bastante prática, em que cerca de 80 por cento dos programas de formação são práticos. “Cria-mos exercícios e casos práticos retiradas de exemplos reais, pois o conhecimento que temos actualmente do mercado permite--nos ter essa capacidade, facto que nos leva

a marcar a diferença em relação a outros congéneres desta área”. Mas a Basilaris não se fica «apenas» pela área de formação de recursos humanos e consultoria. Bem pelo contrário. A evolução e a sustentabilidade da marca permitiram a aposta em outros segmentos de actuação, e hoje a Basilaris perpetua formação em di-versos quadrantes como aprovisionamento e logística, fiscalidade, legislação laboral, en-tre outros.

Capacidade de sofrimentopara singrar

É de conhecimento comum que Angola é hoje um destino predilecto de um conjunto vasto de empresas de génese portuguesa. Será este o El Dorado do século XXI? Segun-do Alberto Nunes dos Santos existem de fac-to um conjunto diverso de oportunidades em território angolano, contudo “este é um mercado com determinadas especificidades e se alguém pensa que chega aqui e ganha logo tudo, esta completamente enganado. O empresário português não pode chegar a Angola com uma atitude neo colonialista e prepotente, até porque actualmente o mer-cado angolano apresenta um número de players superior ao passado e com superior qualidade. Quem quiser abordar o merca-do angolano deve estar consciente do que vem fazer e acima de tudo deve trazer algo de inovador e de valor”, esclarece o nosso entrevistado, assegurando que o linha entre ter sucesso em Angola e fracasso é dema-siado ténue, sendo fundamental para ter êxito “ganhar a confiança dos parceiros. O mercado tem de nos aceitar e para que isso aconteça existe um conjunto de factores que temos de ter em conta. Além disso, temos de ter capacidade de sofrimento, porque o período que medeia, se tudo correr bem, o primeiro contacto e o primeiro fornecimen-to pode levar em média cerca de ano e meio, o que neste quadro é francamente positivo, embora nem todos tenham capacidade para resistir a este período”, assegura o Adminis-trador da Basilaris em Angola. Satisfeito com a evolução da Basilaris em ter-ras angolanas, segundo Alberto Nunes dos Santos o futuro passa por continuar a evoluir, “de uma forma sustentada”, sendo que para 2012 os principais projectos passam por con-quistar dois grandes clientes, “em termos de planos de formação”, e por concluir o projecto turístico agro-industrial. “Pretendemos inau-gurar o hotel em 2012 e concluir a desmata-ção de toda a área em que estamos a traba-lhar com o respectivo cultivo de café”, finaliza Alberto Nunes dos Santos, Administrador da Basilaris em Angola.

Alberto Nunes dos Santos

Agosto 2011 Pontos de Vista 39

Page 40: Revista Pontos de Vista Edição 10

A MCMF - Advogados Associa-dos, liderada por Maria Cidá-lia Mesquita Figueiredo, é uma equipa de referência no acom-

panhamento dos empresários e opera-dores económicos, no processo de inter-nacionalização das suas empresas para o espaço económico de Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique, assegurando uma prestação integrada de serviços ju-rídicos e consultoria, alicerçados na ele-vada especialização de competências da sua equipa, na celeridade das soluções que propõe e ainda no acompanhamen-to personalizado dos seus clientes no processo das respectivas tomadas de decisão e estruturação dos seus planos de investimento e inserção em novos mercados. Este projecto teve início em finais de 2007 e segundo Cidália Figueiredo, que “ apostou na advocacia de negócios e na consultoria jurídica para o espaço econó-

mico da CPLP”. A nossa interlocutora re-conheceu à Pontos de Vista que este “tem sido um desafio gratificante”, fazendo um balanço muito positivo destes quatro anos de actividade, afirmando ainda que a experiência adquirida no terreno, tem sido fundamental para o sucesso do pro-jecto que lidera: “Em termos pessoais co-nheço a realidade africana há mais de 30 anos, tenho a experiência não só teórica mas, o mais importante, é que conheço as principais oportunidades e os principais cuidados a ter no terreno. A minha vida

A falta de opções no mercado interno está a levar as empresas nacionais a procurar outros destinos. No primeiro trimestre de 2011 esta ten-dência fez-se reflectir junto das equipas de advocacia. Resultado: cresceram os pedidos de apoio jurídico à internacionalização das empresas e estruturação dos seus projectos de investimento. É neste âmbito que a MCMF- Advogados Associados se tem vindo a notabilizar, graças a uma equipa pluridisciplinar altamente especializada no direito nacional e angolano, dispondo ao mesmo tempo de uma sólida experiência no direito dos países da CPLP.

“Empresários devem medir o risco da internacionalização”

MCMF- Advogados Associados

PV10 // TEMA

40 Agosto 2011 Pontos de Vista

tem sido dividida entre os vários países da CPLP, tendo-me especializado no di-reito dos diferentes países de língua ofi-cial portuguesa”.

Mercado Lusófono

A MCMF - Advogados Associados, é deste modo uma equipa de referência no acompanhamento dos empresários e operadores económicos no processo de internacionalização das suas empre-sas para o espaço económico de Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique. De entre os principais espaços económicos da CPLP em que está inserida, a MCMF tem-se destacado sobretudo no merca-do angolano, onde através de uma equi-pa de Advogados especializada nos dife-rentes ramos do direito português e do direito angolano, com especial incidên-cia na área do direito comercial, direito das sociedades, construção civil e obras públicas, direito fiscal, direito do urba-nismo, direito laboral, direito aduaneiro e ainda na estruturação de projectos de investimento privado, tem contribuído para a internacionalização, com suces-so, de um número muito significativo de empresas portuguesas, quer através da constituição de novas sociedade, quer pela estruturação de outras formas de cooperação societária, através das quais as empresas que recorrem aos seus ser-viços, acedem a esse importante espaço económico que está a alcançar índices de crescimento notáveis.Este papel desempenhado pela MCMF assume ainda maior importância no contexto da crise económica em que nos encontramos, ajudando as empre-sas nacionais a conquistar uma posição de destaque no espaço económico da CPLP, conforme refere Cidália Mesquita Figueiredo: “Somos um parceiro impor-tante para os empresários portugueses no processo de internacionalização das suas empresas, associando a nos-sa competência técnica e a experiência

que colhemos no terreno, ao espírito empreendedor dos empresários a quem asseguramos uma prestação integrada de serviços jurídicos e de consultoria, através do acompanhamento personali-zado do processo dessa decisão e estru-turação dos seus planos de investimento e expansão dos seus negócios”.

Medir o risco.Conselho de quem conhece

No sentido de garantir um serviço de qualidade, a MCMF apostou numa estru-turada rede de parcerias com escritórios nas principais cidades do espaço econó-mico da CPLP, com infra-estruturas ade-quadas ao progresso, que lhe garantem um conhecimento ímpar da realidade económica destes países: “Entendemos que os empresários devem fazer uma gestão especializada do risco ao interna-cionalizarem a sua actividade comercial. A nossa acção passa por acompanhar os empresários que nos procuram no pro-cesso dessa decisão e, de acordo com o seu projecto e a sua área de negócio, transmitir-lhes o conhecimento que temos do terreno, apontando-lhes as oportunidades que têm pela frente e an-tecipando-lhes também as dificuldades mais frequentes, indicando-lhes desde logo os caminhos para as ultrapassarem ou desviarem-se delas.”

Somos um parceiro importante para os empresá-rios portugueses no processo de internacionalização das suas empresas, associando a nossa competência técnica e a experiência que colhemos no terreno, ao espírito empreen-dedor dos empresários a quem asseguramos uma prestação integrada de serviços jurídi-cos e de consultoria, através do acompanhamento personali-zado do processo dessa decisão e estruturação dos seus planos de investimento e expansão dos seus negócios

Em termos pessoais conheço a realidade africana há mais de 30 anos, tenho a experiência não só teórica mas, o mais importante, é que conheço as principais oportunidades e os principais cuidados a ter no terreno. A minha vida tem sido divi-dida entre os vários países da CPLP, tendo-me especializado no direito dos diferentes países de língua oficial portuguesa

‘’

Maria Cidália Mesquita Figueiredo

Page 41: Revista Pontos de Vista Edição 10

No passado dia 2 de Julho, às 5 horas da tarde, no alto da Ajuda, aquando da realização do nosso 5º Festival Delta Tejo, a Adminis-tração do Grupo Nabeiro/Delta Cafés, conjuntamente com cerca de 2.000 colaboradores, soprou as velas do bolo do seu 50º Aniversário.

“Somos todos uma«grande equipa familiar»”

POR João Manuel Nabeiro, Administrador GRUPO NABEIRO/DELTA CAFÉS

Nessa ocasião foi também dito: “As pessoas e não as coisas são, como sempre foram, o centro vital do Grupo empre-

sarial que hoje felicitamos pelos seus 50 anos de vida. Todos juntos e bem articu-lados constituímos o poderoso pilar, que é esta Marca, alicerçado nesta força in-destrutível que sois todos vós e os nos-sos clientes. Somos todos uma «grande equipa familiar» que caminhamos de forma solidária, com a vontade de quem quer caminhar com a força do trabalho e o respeito pelos outros.”O valor da responsabilidade numa mar-ca é reconhecido através de décadas de esforço e autenticidade. As empresas têm sucesso a longo prazo através de um comportamento consistente e res-ponsável. O verdadeiro desafio da RSE é construir uma estratégia que garanta a sustentabilidade dos resultados para todas as partes interessadas e encontrar soluções que permitam cumprir esse objectivo, independentemente dos si-nais dos tempos.O fenómeno crise e seu impacto na econo-mia global mostram, que a estabilidade do mercado global depende de modelos de negócios sustentáveis e responsáveis. Mas o que mais me preocupa são as pessoas, porque a crise significa a atenção para os custos e os custos estão directamente re-lacionadas com o factor humano.É por isso que introduzir incerteza na responsabilidade empresarial, em geral, é desafiar as questões que afectam as pes-soas em particular. Nos tempos que cor-rem, lutar e inovar para manter os postos

de trabalho é uma verdadeira atitude de responsabilidade social empresarial que merece respeito e reconhecimento.A forma por excelência de criar valor e apostar na sustentabilidade dos resul-tados quer em tempos de crise ou de expansão é aplicar uma gestão respon-sável dos próprios recursos por parte da organização e em especial das pessoas. Este aspecto deve ser salvaguardado in-dependentemente dos tempos que esta-mos a viver.Acredito que o consumidor esteja a mu-dar e as suas necessidades aceleram este processo, pois está cada vez mais atento às atitudes das marcas nacionais e mais comprometido com a importância da sua escolha de consumo. A sua decisão transforma-se numa atitude de co-res-ponsabilização solidária com a marca, a empresa, o empresário e com os seus colaboradores. Na Delta a gestão de rosto humano compromete-nos a todos dando origem a um ADN que permite aos par-ceiros interessados perceber a sua res-ponsabilidade solidária para a obtenção da sustentabilidade do negócio.

Agosto 2011 Pontos de Vista 41

PV10 // RESPONSABILIDADE SOCIAL

O fenómeno crise e seu impacto na economia global mostram, que a estabilidade do mercado global depende de modelos de negócios sustentáveis e responsáveis. Mas o que mais me preocupa são as pessoas, porque a crise significa a atenção para os custos e os custos estão directamente relacionadas com o factor humano‘

ζ

Page 42: Revista Pontos de Vista Edição 10

Actualmente, em Portugal, a Of-talmologia atingiu já patama-res muito elevados, possuindo um conjunto de personalida-

des do sector que lideram projectos eu-ropeus, entre os quais se encontra Eugé-nio Leite, estando o país envolvido em importantes projectos de investigação e já dotado da tecnologia mais evoluída, o que contribui para o sucesso e eficácia dos tratamentos realizados.Neste sentido, o nosso entrevistado con-sidera que falta agora que o sector dê um forte e decisivo passo: “O dilema e o passo que tem que ser dado nesta fase é investir na qualidade. A vertente quantitativa está cá, a vertente qualitativa é que ainda não está completamente desenvolvida”.Assim, Eugénio Leite considera que “o principal problema está relacionado com a formação e com a necessidade de se estandardizar procedimentos”: “Uma das questões que se tem colocado nos últimos anos prende-se com a não exis-tência de orientações objectivas para os diferentes procedimentos, comporta-mentos e actuações”. Preocupado com estas questões, Eugénio Leite há muito que tem criado “linhas mestras de orien-tação em todo o tipo de procedimentos”, por considerar que “quando existe um protocolo com definições base, o erro é

diminuído e, em Oftalmologia, o erro re-presenta na maioria dos casos, cegueira e perda de qualidade de vida”.

Aposta na certificação

Em Oftalmologia, errar pode significar muitas vezes retirar a ligação do indi-víduo ao mundo. Como seres humanos que somos, dotados de enormes capaci-dades de nos adaptarmos às circunstân-cias, conseguimos manter um elevado nível de qualidade de vida se, por infor-túnio, perdermos uma perna, um braço, uma mão ou um dedo. Porém, suprir a falta da visão é algo para o qual o ser hu-mano não está de todo preparado.É no sentido de evitar o erro, aumentan-do a qualidade do serviço prestado, que Eugénio Leite tem trabalhado ao longo dos últimos anos, investindo na certifica-ção das suas Clínicas: “Temos que maxi-mizar os resultados que somos capazes de obter através das novas tecnologias e só o conseguimos fazer reduzindo o erro e sistematizando processos e protocolos. É este o passo que as Clínicas Leite têm vindo a desenvolver ao longo da última década e afirmo, com orgulho, que so-mos das poucas clínicas privadas, sem internamento, a possuir certificação de qualidade. Aliás, refira-se que o progra-

As Clínicas Leite pautam a sua actividade por eleva-dos padrões de qualidade, possuindo um conjunto de valores comuns a toda a equipa liderada pelo Prof. Doutor Eugénio Leite, e que são os pilares da sua actividade e trabalho diá-rio. A Pontos de Vista este-ve à conversa com Eugénio Leite, uma das personali-dades mais reconhecidas a nível nacional e inter-nacional no domínio da Oftalmologia, que defende que a aposta na qualidade é essencial para o desen-volvimento da actividade no nosso país.

A Importância da Certificação da Qualidade numaUnidade Privada de Saúde

Nos seus olhos, a sua qualidade de vida

PV10 // CLÍNICAS LEITE EM DESTAQUE

42 Agosto 2011 Pontos de Vista

ma “Cirurgia segura salva vidas” da OMS, lançado há cerca de um ano, mais não é que o reflexo desta orientação. O nosso Sistema de Gestão da Qualidade, imple-mentado há já 3 anos, é uma perspectiva abrangente, pois abarcamos toda acti-vidade das Clínicas – consulta, exames complementares e cirurgia - não nos li-mitando a uma área apenas.”O facto de ter sido pioneiro na aposta da certificação das suas Clínicas leva Eugé-nio Leite, a estar, uma vez mais, na van-

guarda da Oftalmologia nacional. Embo-ra reconheça que “actualmente o número de utentes que olham para a certificação como um garante de qualidade e como factor de decisão na hora de optar é ain-da reduzido”, o nosso entrevistado enten-de que “este é o caminho a seguir porque as pessoas já começam a perceber que se a entidade conseguiu a certificação, então é porque possui um conjunto de valências de qualidade e que ajudam a garantir o sucesso dos tratamentos”.

Olhar o doente como um todo

As Clínicas Leite estão claramente na van-guarda da Oftalmologia nacional, sendo pioneiras em diversos aspectos, desta-cando-se deste modo da concorrência. Todavia, Eugénio Leite consegue ainda detectar algumas lacunas que espera ver supridas a curto prazo: “Tudo é passível de ser melhorado e, por isso, temos uma equipa de Gestão da Qualidade que traba-lha no sentido de podermos ser sempre melhores. Fruto da minha formação e li-gação à investigação, considero que este é um aspecto que podemos aprofundar e que está em falta, o que não significa que esteja totalmente descurado, estan-do neste momento em desenvolvimento um projecto de avaliação da qualidade de

Refira-se que o progra-ma “Cirurgia segura salva vi-das” da OMS, lançado há cerca de um ano, mais não é que o re-flexo desta orientação. O nosso Sistema de Gestão da Qualida-de, implementado há já 3 anos, é uma perspectiva abrangente, pois abarcamos toda activida-de das Clínicas –consulta, exa-mes complementares e cirur-gia - não nos limitando a uma área apenas

Prof. Doutor Eugénio Leite

Page 43: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // CLÍNICAS LEITE EM DESTAQUE

Agosto 2011 Pontos de Vista 43

serviços prestados em parceria com um grupo de gestão e psicologia de uma uni-versidade. Estamos ainda em processo de candidatura a dois projectos relacionados com equipamento e desenvolvimento de tecnologia. Queremos aumentar a com-ponente de investigação, porque sabemos que é a partir dela que conseguiremos a melhoria da parte assistencial”.A par do investimento na investigação, as Clínicas Leite estão focadas no alar-gamento das área de colaboração, no-meadamente através da psicologia, num projecto inovador, com uma metodolo-gia vocacionada para o desenvolvimen-to das capacidades pessoais, da cirurgia maxilo-facial, implantologia dentária, cirurgia plástica e pediatria, trabalhan-do especialidades complementares, no sentido de, como explicou Eugénio Lei-te, “olhar o doente como um todo”.O alargamento a outras áreas de in-tervenção não descura, obviamente, o princípio de oferecer aos seus doentes a mais inovadora tecnologia e terapêu-ticas oftalmológicas.

Rumo à internacionalização

Sempre imbuído de um espírito em-preendedor e dinâmico, Eugénio Leite

decidiu, em 2009, mais de duas décadas depois de ter inaugurado o espaço em Coimbra, alargar a área de influência das Clínicas Leite, tendo aberto um novo espaço em Lisboa, em plena Alameda dos Oceanos, no Parque das Nações.Na altura, esta aposta fez sentido, uma vez que cerca de 70 por cento dos uten-tes das Clínicas Leite vivem a sul de San-tarém, e assim, numa lógica de aproxima-ção, foi dado este passo para uma zona que permitisse uma maior facilidade de acesso dos doentes aos seus serviços.

Foram precisos mais de 20 anos para que a área geográfica de acção das Clí-nicas Leite se expandisse em termos de presença física no nosso país. Contudo, apenas dois anos após ter sido dado este importante passo, Eugénio Leite consi-dera-se pronto para alargar a sua área de influência ao estrangeiro: “Neste mo-mento temos duas perspectivas no nos-so horizonte. Uma delas é a ponderação de abertura de um terceiro espaço a ní-vel nacional, mas em contraponto a esta, está já em fase adiantada uma perspecti-

va de internacionalização, com as Clíni-cas Leite a passarem a prestar serviços fora de Portugal”, revelou o conceituado oftalmologista.

Parceria público-privadadeve ser complementar

Actualmente o Serviço Nacional de Saúde enfrenta graves problemas, apresentan-do défices brutais, resultado do despe-sismo que foi prática comum ao longo de vários anos, o que leva a que muitas ve-zes se olhe para a problemática da saúde, nomeadamente a oftalmológica, apenas através de vectores economicistas. Eugénio Leite defende que as parcerias público-privadas são importantes e de-vem ser implementadas, mas de uma forma cuidadosa e com o factor econó-mico a não pender apenas para um dos lados: “Se estamos a utilizar dinheiros públicos, a sua aplicação deve ser ge-rida como se de uma empresa privada se tratasse. É minha convicção de que este cuidado não tem sido acautelado, havendo a necessidade de rever a forma como os acordos estão delineados, por-que a parceria público-privada deve ser complementar, e não ser uma a assumir o papel da outra.”

Page 44: Revista Pontos de Vista Edição 10

“Agora é uma boa altura para este processo gigantesco de avaliação porque a maior parte dos avaliadores têm muito pouco trabalho, dado os bancos não estarem a emprestar dinheiro”, afirma Ruy Figueiredo, presidente da ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer, entre outros assuntos de relevo, qual o actual estado da avaliação imobiliária em Portugal.

“Interessa avaliar no prazo previsto, mas com rigor”ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários em destaque

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

44 Agosto 2011 Pontos de Vista

Quando é que surge a ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários e de que forma é que tem vindo a promover um serviço de apoio aos seus associados indo ao encontro dos seus desideratos?Em termos temporais, a ANAI – Associa-ção Nacional dos Avaliadores Imobiliá-rios surge por escritura pública lavrada em 1 de Outubro de 2004. Vai fazer, por-tanto, no próximo dia 1 de Outubro do corrente, 7 anos de existência.Em termos casuais, a sua criação apare-ce para dar resposta a um grupo alarga-do de avaliadores que começavam a ter uma consciência e convicção colectivas de que a actividade e os avaliadores não se encontravam suficientemente digni-ficados e que portanto importava fazer alguma coisa nesse sentido.A nossa designação original “Ordem dos Avaliadores – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários”, por diversas razões, teve de ser abandonada e actual-mente constituímos a “ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários”.Em resposta à segunda parte da sua per-gunta, e no que se refere ao modo como temos vindo a apoiar os nossos associa-dos, haverá que distinguir as iniciativas de apoio directo das de apoio indirecto.No grupo das primeiras destaco as mais relevantes: i) prestação de formação em diversas áreas ligadas à avaliação imo-biliária; ii) realização de seminários; iii) realização de jantares temáticos; iv) publicação de livros relacionados com a avaliação imobiliária; v) esclarecimento de dúvidas técnicas e de outra natureza realizadas pelos nossos associados; vi) distribuição aos nossos associados de serviço de avaliação solicitado à ANAI por diversos particulares; vii) forneci-mento, em condições mais vantajosas, de um seguro de responsabilidade civil; viii) outras.Quanto às iniciativas de apoio indirecto, temos feito esforços no sentido de que a actividade venha a ser regulamentada e certificada, e ultimamente temos ten-tado sensibilizar os diversos “players” sobre as consequências de continuarem a apostar no pagamento de reduzidos honorários aos avaliadores.

No actual contexto, que análise perpetua do sector de avaliação imobiliária em Portugal? Que lacunas ainda detecta? Há muito trabalho ainda a fazer, desig-nadamente: i) implementar uma mol-

Ruy Figueiredo

Page 45: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

Agosto 2011 Pontos de Vista 45

dura legal que enquadre a actividade de avaliação imobiliária, dado que ac-tualmente a acessibilidade e perma-nência na actividade de avaliação não tem regras; ii) criar um corpo técnico normalizador consensual que possa ser utilizado em uníssono por todos os avaliadores; iii) desenvolver uma base de dados imobiliários credível, acessível e suficientemente explicativa; iv) lutar por um quadro remuneratório digno e justo; v) realizar outras iniciativas.

Qual a importância que este sector aporta ao nível de se assumir como uma alavanca da económica nacional? Que apoios faltam para que este sector seja ainda mais forte?Sabemos que Portugal precisa de cres-cer em termos económicos. Para tal os bancos têm de injectar dinheiro no apa-relho empresarial e conceder crédito aos particulares. O dinheiro em grande parte serve para a aquisição de activos físicos imobiliários (armazéns, fábricas, casas, etc.). Uma casa que não é compra-da, significa também um televisor, um frigorífico, uma ou duas camas, etc., que também não são comprados. O imobili-ário tem portanto um efeito multiplica-dor interessante e faz mexer fortemente a economia. Mas a montante estão as instituições financeiras que emprestam, e estas só emprestam se as avaliações forem no sentido de que se deve em-prestar. Deste modo, o acto de avaliação, embora pequeno, é suficientemente po-deroso, dado dar o aval a um número infindável de operações financeiras que irão impulsionar o país a crescer.Em relação à segunda parte da sua per-gunta, para o sector de avaliação se tornar mais forte, temos que ser reco-nhecidos, tutelados, regulamentados e dignamente pagos pelos nossos serviços.

No memorando assinado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 reavaliar 5,4 milhões de imóveis urbanos. Sendo reconhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa,

irá ser necessária a contratação de em-presas privadas que prestam serviços de avaliação imobiliária. Qual poderá ser o nível de intervenção da ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários?

A ANAI não faz serviço de avaliação, mas poderá intervir neste processo de algu-mas formas, a saber: i) implementar for-mação na área das avaliações fiscais; ii) reflectir sobre a forma de aligeiramento de todo o processo avaliatório fiscal que se avizinha e apresentar propostas a quem de direito sobre as nossas conclu-sões; iii) apresentar proposta que visem alterar alguns aspectos da fórmula de cálculo do valor patrimonial; iv) outras.

Os especialistas nesta área afirmam que esta é uma tarefa realizável, sendo con-tudo necessária a colaboração por parte de todos os intervenientes: municípios, empresas privadas e proprietários. Acre-dita que esta cooperação pode de alguma forma estar perigada? Com o recurso a «terceiros», ou seja, empresas privadas, a tarefa poderá ficar mais complicada?É difícil esta cooperação. Repare que o acto de avaliar em termos fiscais ou seja o acto de calcular o valor patrimonial tri-butário através da fórmula legal postulada no CIMI, é relativamente simples pois para tal, basta multiplicar um certo número de números entre si, e pronto, o valor fica determinado. Contudo, para fixar estes números, o avaliador tem de ter no seu poder alguns documentos, e é aí, onde se encontra o principal problema. E porque? Porque por um lado, é necessário que as avaliações sejam feitas de forma muito rigorosa (sem erros), pois se tal não acon-tecer, verificar-se-á, depois, do processo avaliatório gigante terminado, uma inun-dação de reclamações por parte dos con-tribuintes que criará a ruptura total nos serviços de finanças, além do que acarre-tará para os cofres do Estado mais despe-sas com o pagamento dos honorários das 2ªs avaliações. Partindo do princípio que não possa haver erros, ao avaliador, como já referido, deverão ser entregues vários documentos, a saber:

i) licença de habitação ou de utilização, para saber a data em que estas foram emitidas, apurar a verdadeira idade do edificado e assim fixar o coeficiente de vetustez. Suponha que o avaliador não tem estes documentos e sugere, por in-tuição ou experiência, que a habitação tenha 40 anos de idade. O coeficiente de vetustez será de 0,75. Mas suponha que o contribuinte sabe, porque mora nessa casa há já 43 anos, que casa não tem os 40, mas sim 43 anos. Como o coeficien-te neste caso é de 0,65, o mesmo recla-mará pois está em jogo uma redução de (1 - 0,65/0,75) = 13,3% sobre o valor patrimonial calculado. Portanto, não há lugar para intuições na fixação da idade de uma fracção.ii) plantas das fracções, com indicação precisa a que fracções pertencem cada uma das áreas dependentes (parque-amentos garagens, arrecadações, es-tendais, outras, etc.). Ora, estas plantas servirão para o avaliador medir a área bruta privativa, as áreas dependentes e finalmente fixar a área de avaliação fiscal. Pois bem, qual é a realidade, no

nosso país, em relação às plantas?. Os serviços de finanças não têm plantas, as câmaras municipais têm plantas, mas nem todas (existem câmaras que foram vítimas de incêndios com destruição parcial do seu arquivo), os proprietários têm plantas, mas nem todos.Repare que há câmaras na grande Lis-boa, que demoram cerca de 2 meses para entregar uma planta, embora o acto de tirar uma fotocópia de uma planta seja rápido (5 minutos), é que o pessoal afecto a esse serviço não conse-gue dar vazão em tempo útil ao pedido. E o que dizer de edificados sem plantas no seu arquivo? Não esquecer que nas cadernetas prediais ou certidões de teor estão apenas declarados as áreas do piso, e não a área de cada fracção de cada piso e portanto, sem plantas o ava-liador não se safa. E se por artimanhas diversas, sem plantas, fizer erros gros-seiros na fixação da área, o contribuinte vai reclamar. Portanto, o avaliador tem de ter estes 2 documentos. Mas quem os fornecerá? As câmaras, os proprietá-rios, ou caso as hipóteses anteriores não

A Associação providência nas competências humanas académicas para o desempenho técnico dos seus peritos avaliadores com formação própria em ética e avaliação tais como: urbanas, rústicas, expropriações, florestais, má-quinas e equipamentos, embarcações de recreio, estudos do património de empresas e afins.Possui o único seguro colectivo de Responsabilidade Civil extensível aos seus Associados com cobertura em todos os riscos inerentes ao desempenho da sua actividade profissional.

!

Page 46: Revista Pontos de Vista Edição 10

serem viáveis, deverá ser o avaliador a elaborar a planta? Respondendo agora à segunda parte da sua pergunta, na minha opinião, a tarefa não ficará mais complicada, se o servi-ço de avaliação fiscal for efectuado em regime de “outsourcing”, desde que as empresas recebam, em tempo útil, os documentos referidos.

Acredita que esta reavaliação é essencial e inadiável no sentido de acabar com in-justiças? Porquê? Qual a melhor forma de agilizar todo o processo de avaliação? Sim, a situação tal como se encontra é de facto, injusta. Por exemplo, num mesmo prédio, poderão existir fracções idênti-cas com diferentes valores patrimoniais fiscais, porque uma pode ter sido avalia-da nos termos do CIMI e a outra ainda ter o valor patrimonial antigo e calcula-do noutros moldes.A agilização do processo passa por uma engrenagem consentida e cooperante entre os diversos “players”: câmaras, serviços de finanças e proprietários (se-nhorios ou utilizadores). Começamos pelas câmaras. Estas entidades deverão fazer o inventário por rua dos prédios existentes na sua comarca e indicar por prédio a data da respectiva licença de habitação ou de utilização. Rua A prédio nº 1 Licença de Maio de 1976, prédio nº 2 Licença de Outubro de 1982, etc..Este inventário seria fragmentado em di-versas partes, tantas quantas as reparti-ções de Finanças existentes na comarca e enviado cada parte à repartição de finan-ças correspondente que criaria por prédio um dossier, onde era mencionado a data da licença de utilização ou de habitação e as fracções já avaliadas, com as cópias das respectivas avaliações (cálculos).As repartições de Finanças enviariam uma carta ao proprietário de cada pré-dio (senhorio ou gestor dos condómi-nos) a solicitar a entrega ou envio de todas as plantas do prédio com indica-ção nas plantas afectas às áreas depen-dentes, sobre cada figura representativa da área dependente, qual a fracção a que respeitava. As plantas entregues seriam arquivadas no dossier respectivo. A cada empresa de avaliação era adjudicada um ou mais lotes de prédios. Estas com a respectiva credencial iriam às reparti-ções de Finanças buscar os dossiers dos prédios adjudicados.O problema agora é as plantas. E se o pro-prietário não as tiver, ou se não tiver todas

ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários em destaque

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

as plantas, como fazer? Ir à câmara solici-tar, como vimos é lento, a não ser que se crie para estas situações, um atendimento personalizado e imediato. E se não houver plantas, mesmo na câmara. O que fazer? Deverá ser solicitado a um arquitecto que elabore um esboço de cada planta (repare um esboço, pois para medir as áreas ape-nas interessa o contorno dessas áreas e não saber onde está a casa de banho, sala, etc..). Mas quem pagará a elaboração das plantas? O estado, o proprietário? E se o proprietário não entregar as plantas, como ficamos. Poderá ser obrigatório?Como vê, a cooperação pode não ser viável, sobretudo se os proprietários ti-verem de mandar elaborar plantas e pa-gar por esse serviço, sem vislumbrarem nada em retorno.

Sente que o sector privado está prepara-do para fazer em dois anos, com o Fisco, o que não se fez em oito anos?Vou tentar dar uma visão mais clara so-bre o problema gigantesco de avaliação que Portugal tem pela frente. Julgo que deverão existir em Portugal cerca de três mil avaliadores. Se contarmos que um ano de trabalho tem 300 dias (ti-rando domingos, feriados, férias, etc..), e se se entregasse a avaliação dos 5,4 milhões de activos urbanos a todos os avaliadores existentes, com um prazo de 12 meses para a sua realização (Ou-tubro de 2011 a Outubro de 2012), cada avaliador teria de fazer 6 avaliações por dia, o que na posse da documentação necessária, seria simples. Imaginemos agora que o serviço era entregue apenas a 10% dos avaliadores Cada um teria de realizar por dia 60 avaliações, ou cerca de 8 por cada hora de trabalho, o que já não era viável. Mas se adjudicação con-templasse 20% dos avaliadores (600), tal acarretaria a obrigatoriedade de rea-lizar 4 avaliações por hora, durante cada dia dos 300 dias que restam, o que já pa-rece ser algo viável, mas não totalmente viável. Ou seja, julgo que o número ade-quado seria um terço da população de avaliadores (1000). Teriam de fazer 18/dia ou 2 avaliações / hora, durante cada dia de trabalho e durante 300 dias.Agora é uma boa altura para este pro-cesso gigantesco de avaliação porque a maior parte dos avaliadores têm muito pouco trabalho, dado os bancos não es-tarem a emprestar dinheiro. Se o proces-so for bem concebido, sem burocracias pesadas, e custos para os proprietários,

e mais ou menos nos moldes atrás suge-ridos, julgo que em “outsourcing” pode-rá ser conseguido, pois sabemos que o desempenho e motivação privados são superiores aos do público.

Caso o sector privado seja «chamado» a intervir neste domínio, que condições deveriam ter as empresas privadas para que este processo possa ser considerado, aquando do seu términos, um sucesso? O sucesso tem duas faces: i) conseguir avaliar a totalidade dos 5,4 milhões de prédios urbanos, no tempo proposto; e ii) conseguir avaliar tudo minimizando o volume de reclamações. Qual o interesse de se conseguir avaliar tudo no prazo pre-visto se depois “irão chover reclamações” que irão provocar inundações catastrófi-cas em termos monetários e temporais. Interessa avaliar, sim, a totalidade, no prazo previsto, mas com rigor. Para haver rigor, tem de ser disponibilizado ao avalia-dor, a documentação referida.

De que forma é que a ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários tem vindo a delinear um plano estraté-gico para a certificação dos avaliadores imobiliários?A ANAI criou um sistema de certificação que pontua o candidato a certificado, em função da sua capacidade académica de base, sua capacidade académica suple-mentar, sua experiência profissional e ainda da sua capacidade para entender o problema da ética e deontologia na ac-tividade da avaliação imobiliária.O grau académico, a área de formação, os cursos de formação suplementares obtidos, o número de anos de experiên-cia profissional na área das avaliações bem como o tipo de avaliações efectu-ados nesses anos de experiência, todos

estes elementos são pesados e pontua-dos, e só poderá ser certificado pela nos-sa associação, os candidatos que obtive-rem uma pontuação igual ou superior a determinado patamar fixado e tenham frequentado e obtido aproveitamento num dos cursos de Ética e Deontologia ministrados pelos nossos formadores. Contudo, tal sistema não tem tido ainda repercussões no mercado. O mercado continua a aceitar avaliadores com um perfil qualquer e não temos conseguido inverter este estado de coisas. Vamos esperar pela regulamentação legal para ser possível “vender e implementar esta nossa ideia”.

Quais são as principais prioridades de fu-turo da ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários?As prioridades são as seguintes: i) regu-lamentação da actividade; ii) dignifica-ção dos honorários; e iii) na continuação da prestação do serviço de formação, agora alargado a novos temas de inte-resse para a avaliação (avaliação de bar-cos, avaliação de arte, outros).

Que mensagem lhe aprazaria deixar a to-dos os associados da ANAI – Associação Nacional dos Avaliadores Imobiliários?Apenas três. i) Aproveitem esta oportu-nidade de realização de avaliações fis-cais dado que a oferta de avaliações de outro tipo, neste e no próximo ano, não irá seguramente aumentar. i) Está para breve a regulamentação da nossa classe e iii) já começámos a efectuar diligên-cias no sentido de sensibilizar os paga-dores de avaliações da desvantagem que para eles decorre dos baixos honorários processados. Esperemos que esta situa-ção possa vir a ser gradualmente inver-tida nos próximos tempos.

Como vê, a cooperação pode não ser viável, so-bretudo se os proprietários tiverem de mandar elabo-rar plantas e pagar por esse serviço, sem vislumbrarem nada em retorno‘ ’

Page 47: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 48: Revista Pontos de Vista Edição 10

Para aumento das receitas do Esta-do em 2012, foi acordado, além do mais, alterar a tributação sobre o Património de modo a aumentar

a punção fiscal, no próximo ano, de pelo menos 250 milhões de euros.Haverá também novo aumento da carga fiscal sobre os imóveis, em 2013, de pelo menos 150 milhões, pela via da actuali-zação do valor patrimonial matricial dos imóveis. Cresce a compita do Estado e das empresas, pelas carteiras das famílias. E cresce o “direito à indignação”.

Reavaliaçãoe justiça tributária

O imposto sobre o valor patrimonial dos imóveis é receita municipal (IMI). O seu fundamento social reside no ressarcimen-to de gastos do município: ruas, águas, re-colha de lixo, creches, etc.. Esse benefício é prestado ao utente do prédio, seja inqui-lino ou proprietário. Mas só é pago pelos proprietários.Décadas de rendas congeladas deterio-raram os edifícios. O legislador congelou rendas, mas não congelou a Física. O “va-lor patrimonial” criou a “legalidade” de cobrar impostos sobre prejuízos patri-moniais. De 50% das casas novas que se destinavam anualmente a arrendamento, passou-se para 4 ou 5%. Famílias endivi-daram-se por três a quatro décadas para comprar casa, reduzindo mobilidade na busca de novo emprego. E correndo risco

O acordo dos três partidos do arco governamental com a troika (UE, BCE, FMI) contém 17 referências a “imóveis“ ou terrenos e 15 a “habitação”. Sobre a competitividade, há 8 referências.

Reavaliação de imóveis: questão de justiça social

Por Aníbal de Freitas Lopes, Presidente da APAE - Associação Portuguesa dos Avaliadores de Engenharia

PV10 // TEMA: AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

48 Agosto 2011 Pontos de Vista

de penhora da habitação, em caso de de-semprego ou falência. Passando de “pro-prietário” a mendigo de um tecto. Em 2003, o Estado redefiniu o valor patri-monial tributário. Para prédios urbanos, ele é calculado multiplicando seis facto-res que reflectem parâmetros tais como áreas, localização, estado de conservação, idade do edifício, etc.. Os 308 concelhos constituem, cada um, um caso singular, dentro do qual cada pré-dio e respectiva utilização têm caracterís-ticas também específicas.Num país com 20% de pobres e com “ín-dice de miséria” (soma da taxa de desem-prego e de inflação) em forte aceleração, a justiça do imposto, é da maior relevância social. As Finanças fizeram esforço notá-vel de conceptualização, formação, con-trolo e aperfeiçoamento, em particular na aplicação do Código do IMI. O papel da CNAPU (Comissão Nacional de Avaliação de Prédios Urbanos) tem sido reconheci-do como de elevado nível técnico.

Troika e metodologia

Nos primeiros quatro anos após a publi-cação do CIMI em 2003, foram avaliados milhão e meio de prédios urbanos. Temos 19 milhões de prédios, dos quais 11,5 mi-lhões são rústicos e destes apenas 2 mi-lhões estão em regime de cadastro. Às lacunas e incongruências no cadastro, acresce a má qualidade, deficiência e po-breza de conteúdo e de integração das bases de dados essenciais à avaliação cre-dível dos direitos de propriedade. Assim, a avaliação em massa, por inferência esta-tística, é cientificamente inaplicável. A questão da sustentabilidade dos edifí-cios e solos é importante para o valor de mercado, na UE e no Mundo. Em Portugal, ela é particularmente relevante, dado o risco sísmico de grande parte do edifica-do, os riscos do “sismo do congelamento de rendas”, as cheias catastróficas, o peso das construções ditas “clandestinas” e a elevada obsolescência técnica e funcional do edificado. O efeito de tudo isto no valor dos imóveis exige o prosseguimento do esforço de reavaliação pela metodologia em vigor, sem prejuízo da sua aceleração e da sua fácil adaptação aos factores da sustentabilidade. Esta metodologia garante grande trans-parência. Qualquer leigo sabe comparar os valores de cada um dos factores apli-cados ao seu prédio, com os dos prédios vizinhos. Os métodos estatísticos são

completamente opacos para a generali-dade dos contribuintes.O imposto resulta da multiplicação de uma taxa (fixada pelo município) pelo valor pa-trimonial. Em caso de urgência do aumen-to da receita do imposto, como se exige já em 2012 e 2013, é tecnicamente fácil aumentar o factor taxa ou o factor valor patrimonial, ou ambos. Ou qualquer outro método de aplicação geral, rápida e trans-parente. É tarefa descomunal realizar com um mínimo aceitável de justiça e em um ou dois anos a avaliação geral da propriedade. Acresce que, dos milhões de prédios rústi-cos, pouco imposto consegue ser cobrado para redução da dívida soberana.

Troika, especialistase objectivos

Diz a troika que, até ao 2º trimestre de 2013, “o Governo levará a efeito uma análise abrangente do mercado de habi-tação com o apoio de peritos de renome internacional”. As avaliações imobiliárias feitas por gran-des especialistas de renome mundial fo-ram uma das bases do colapso financeiro generalizado nos Estados Unidos e na Europa Aliás tais especialistas têm criado catastróficas bolhas imobiliárias nos pró-prios mercados anglo-saxónicos e outros em que tais actores têm domínio. Acresce que a cultura anglo-saxónica tem um conceito de conflito de interesses di-ferente do predominante em nações mais ligadas à cultura greco-romana. Também impõe a troika que até finais de 2012, o va-lor patrimonial tributário de todos os bens imóveis se aproxime do valor de mercado.Quando o cálculo do valor patrimonial foi concebido em 2003, a abundância de crédito à compra e pouco desemprego criavam procura acrescida, com aumento do valor de mercado. Sabiamente o Estado procurou que, em média, o valor tributá-rio fosse da ordem dos 85% do valor de mercado ou seja, um valor ligeiramente inferior ao valor alto do mercado, para não originar queixas e indignação quando os valores de mercado, nas suas oscila-ções, ficassem eventualmente abaixo do valor tributário.Com a crise actual da economia portu-guesa, profunda recessão, alto desem-prego e carência de crédito, tudo leva a crer que o valor de mercado tende aproximar-se automaticamente do valor patrimonial. Esse objectivo da troika já está claramente atingido.

ζ

Page 49: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 50: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quando é que surge a CP Urb – Consul-toria e Peritagens Unip. Lda. e de que forma é que tem vindo a promover a sua integração e crescimento no contexto do mercado nacional?A CP Urb foi criada em 2002 a partir do trabalho que, em nome pessoal, já de-senvolvia como avaliador externo junto da Caixa Geral de Depósitos. A partir daí, a empresa foi desenvolvendo capa-cidades de resposta às necessidades de inovação, de eficiência e serviços per-sonalizados dos seus clientes, priman-do por respostas em tempo útil e por preços competitivos. Inicialmente pres-tava serviços no distrito de Braga, mas, entretanto, estes já se alargaram aos distritos do Porto e Viana do Castelo. O nível de exigência, principalmente aque-le pelo qual pautamos o nosso trabalho, tem vindo a crescer, e, por isso, a CP Urb criou e mantém em constante actuali-zação uma base de dados própria, com cerca de quatro mil avaliações georrefe-renciadas, o que perfaz um valor de imó-veis avaliados superior a 750.000.000 €.

Quais os serviços de maior referência apresentados pela CP Urb – Consultoria e Peritagens Unip. Lda? Existe algum sector de actividade onde tenham maior preponderância? A CP Urb intervém em diversas áreas: avaliação e consultoria imobiliária em geral, análise e acompanhamento ao in-vestimento na construção, certificação energética, projectos de arquitectura e engenharia. No que se refere à avaliação, a CP Urb intervém em empreendimen-tos habitacionais, empreendimentos de comércio e serviços, terrenos, pavilhões industriais, entre outros. É ainda de re-ferir que, em 2010, foi criada a CP Urb - Projectos e Fiscalização, Lda, especifi-camente direccionada para as áreas de fiscalização de obras, de projecto e de certificação energética.

Luís Costa Pereira, Administrador da CP Urb, em entrevista

50 Agosto 2011 Pontos de Vista

No memorando assinado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 reavaliar 5,4 milhões de imóveis urbanos, sendo reconhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa irá ser necessária a contratação de em-presas privadas que prestam serviços de avaliação imobiliária. Qual poderá ser o nível de intervenção da CP Urb – Consul-toria e Peritagens Unip. Lda.?

A CP Urb pode fazer a diferença, pelo facto de ser uma empresa flexível, que apresenta soluções personalizadas à medida das necessidades dos clientes, contando já com uma vasta experiên-cia na área da avaliação imobiliária. O cálculo do valor patrimonial tributário prevê a avaliação de prédios urbanos segundo a metodologia de avaliação de-finida no Código de Imposto Municipal

sobre Imóveis (CIMI). A metodologia obedece a critérios de afectação, loca-lização, qualidade e conforto, e vetus-tez, que conjugados com o valor base de prédios edificados (custo médio de construção) e respectivas áreas, resulta no valor patrimonial tributário. Para o cumprimento da reavaliação de 5.4 mi-lhões de prédios urbanos até final de 2012 utilizando a metodologia de ava-liação do CIMI, identifico como grande dificuldade o levantamento “in situ” das diferentes variáveis que o método de avaliação carece (levantamento di-mensional, coeficiente de vetustez, co-eficiente de qualidade e conforto, coor-denadas geográficas, infra-estruturas envolventes, etc.). A CP Urb, sendo uma parte interessada no cumprimento do memorando em prol do crescimento do país, está disponível para contribuir para a delineação da estratégia de cum-primento da reavaliação de prédios ur-banos. No entanto, o compromisso de até final de 2012 reavaliar 5.4 milhões de prédios urbanos é muito ambicioso, isto porque, supondo a existência de

“A CP Urb pode fazer a diferença, pelo facto de ser uma empresa flexível, que apresenta soluções personalizadas à medida das necessidades dos clientes, contando já com uma vasta experiência na área da avaliação imobiliária”, afirma Luís Costa Pereira, Administrador da CP Urb – Consultoria e Peritagens Unip. Lda. em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer as razões que levam a que a marca, CP Urb, seja uma parte interessada no memorando assinado com a Troika relativamente à reavaliação imobiliária.

“A CP Urb pode fazer a diferença”

Luís Costa Pereira

Caso os peritos ava-liadores tenham as responsa-bilidades e autonomia que já referi, estão reunidas as con-dições para o sucesso do cum-primento do compromisso do memorando da Troika. Por outro lado, os proprietários terão direito de reclamação, cuja resposta será da inteira responsabilidade do perito avaliador

Percepcionamos como países objecto de “interesse” Cabo Verde, Brasil e Angola.‘ ’

PV10 // TEMA: AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

Page 51: Revista Pontos de Vista Edição 10

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

Agosto 2011 Pontos de Vista 51

uma bolsa de 2000 peritos avaliadores em funções num período de 16 meses, resultaria uma média de 6 avaliações por dia (incluindo sábados e domin-gos), o que me parece pouco rigoroso, senão impossível.Na minha opinião, a estratégia mais acertada para ultrapassar estes cons-trangimentos pode passar por contra-tar peritos avaliadores, com currículo reconhecido (exemplo – CMVM), que seriam os responsáveis máximos pelas equipas destinadas ao levantamento das variáveis anteriormente referidas. Essas equipas, à semelhança do recenseamen-to efectuado no âmbito dos Censos, esta-riam ao nível dos concelhos.Os peritos, numa primeira fase, teriam como obrigação o recrutamento e a for-mação específica dos elementos cons-tituintes das equipas. Os recrutados poderiam ser, por exemplo, algumas das inúmeras pessoas inscritas no Fundo de Desemprego com escolaridade míni-ma do 12º ano. A formação teria como objectivo a aprendizagem de conheci-mentos básicos de medição de prédios urbanos e o registo em base de dados de informação recolhida “in situ”, cujos campos de preenchimento seriam os do Modelo 1 do IMI.

Caso o sector privado seja «chamado» a intervir neste domínio, que condições de-veriam ter as mesmas para que este pro-cesso possa ser considerado, aquando do seu términos, um sucesso? Caso os peritos avaliadores tenham as responsabilidades e autonomia que já referi, estão reunidas as condições para o sucesso do cumprimento do compromis-so do memorando da Troika. Por outro

lado, os proprietários terão direito de reclamação, cuja resposta será da inteira responsabilidade do perito avaliador.

Os especialistas nesta área afirmam que esta é uma tarefa realizável, sendo con-tudo necessário colaboração por parte de todos os intervenientes: municípios, empresas privadas e proprietários. Acre-dita que esta cooperação pode de alguma forma estar perigada? Com o recurso a «terceiros», ou seja, empresas privadas, a tarefa poderá ficar mais complicada? Acreditando que as pessoas e institui-ções se regem por critérios de ética e de deontologia, sou de opinião que a tare-fa não deve ficar mais complicada, até porque, obrigatoriamente, terão que ser definidas todas as regras e responsabili-dades dos intervenientes.

Acredita que esta reavaliação é essencial e inadiável no sentido de acabar com in-justiças? Porquê?A exigência do memorando é uma das reformas fundamentais para minimizar as injustiças actualmente existentes no valor do Imposto Municipal sobre Imó-veis, porque este é uma percentagem do valor patrimonial dos imóveis. Com a actualização das avaliações, sou de opinião, que o país pode reduzir as per-centagens estabelecidas para o cálculo do valor do imposto e mesmo assim resultar numa receita superior à actual.

Sente que o sector privado, onde se inclui a CP Urb – Consultoria e Peritagens Unip. Lda, está preparado para fazer em dois anos, com o Fisco, o que não se fez em oito anos?Sim, conforme já referi, acredito que, com base numa estratégia bem defini-

A exigência do memorando é uma das reformas fundamentais para minimizar as injustiças actualmente existentes no valor do Imposto Municipal sobre Imóveis, porque este é uma percentagem do valor patrimonial dos imóveis. Com a actualização das avaliações, sou de opinião, que o país pode reduzir as percentagens estabelecidas para o cálculo do valor do imposto e mesmo assim resultar numa receita superior à actual

‘’

da, estabelecendo regras e chamando todas as entidades públicas e privadas, o objectivo estabelecido será cumprido.

Quais são os grandes desafios que se colo-cam à CP Urb – Consultoria e Peritagens Unip. Lda de futuro? Os desafios da CP Urb, a curto prazo, passam por dar continuidade ao tra-balho desenvolvido com os nossos clientes, tanto a nível de eficiência, confidencialidade, rigor técnico, pra-

zos curtos e preços competitivos, de forma a satisfazê-los e garantir a con-tinuidade das óptimas cooperações conseguidas. A médio e longo prazo, os objectivos direccionam-se já para a internacionalização da empresa, es-tando em curso um estudo de análise de investimento, e respectivo projecto, com uma empresa de construção ango-lana. Percepcionamos como países ob-jecto de “interesse” Cabo Verde, Brasil e Angola.

Page 52: Revista Pontos de Vista Edição 10

O SIL – Salão Imobiliário de Portugal rea-liza-se de 11 a 16 de Outubro, sendo uma oportunidade de mostrar e demonstrar o que de melhor tem este sector. Quais são as perspectivas para este certame?O SIL – Salão Imobiliário de Portugal – será um Evento dinâmico, com muitas novida-des, com oferta adaptada à conjuntura ac-tual, proporcionando aos visitantes uma visão do sector imobiliário na vertente de compra, arrendamento e reabilitação. Os profissionais do sector terão ainda oportu-nidade de participar nas conferências onde intervém os organismos sectoriais e se fo-cam as problemáticas e as oportunidades para as empresas.

Que novidades ponderam apresentar na edi-ção de 2011? O SIL realiza-se pela 1ª vez em simultâneo com a Intercasa, uma das feiras mais pres-tigiadas da FIL, permitindo um aumento significativo do número de visitantes, sen-do expectável mais de 80.000 visitantes. O novo horário, das 14H às 22H, é mais favorável ao Público em geral que visita as feiras com mais frequência ao fim do dia e aos fins-de-semana e os profissionais con-tinuam a ter a tarde para visitar o Salão.O Espaço SILCIDADES - Obras de Reabilita-ção / Soluções Inovadores, é uma novidade

que responde à necessidade de evidenciar uma nova área de negócio. Numa Locali-zação de prestígio, estarão representadas Câmaras, SRús e ainda empresas que se dedicam a Obras de Reabilitação, Remode-lação, Reparação, Manutenção e Gestão de Imóveis, assim como empresas que desen-volvem Materiais de construção específi-cos para a reabilitação de imóveis.O Espaço SIL - Consultoria Imobiliária, é outra novidade que consistirá na apresen-tação diversificada da oferta das Consul-toras - escritórios / habitação / comércio – que estarão na feira num espaço próprio igualmente identificado.O SILCIDADES, na vertente da Reabilitação Urbana, é mais uma novidade que visa es-sencialmente permitir às autarquias mos-trar a qualidade do seu trabalho no que se refere à reabilitação das cidades e à capta-ção do investimento e de nova população, para os seus municípios ou regiões. Esta é uma nova aposta na dinamização das Au-tarquias e Institutos Públicos.Ainda, pela 1ª vez, o SIL vai disponibili-zar a todos os expositores um auditório aberto, localizado nos Pavilhões de Expo-sição, no qual terão lugar as Apresenta-ções Comerciais SIL. Será um espaço para apresentações comerciais e outras, como lançamento de novos empreendimentos,

O SIL – Salão Imobiliário de Portugal realiza-se de 11 a 16 de Ou-tubro, sendo um evento de referência do sector imobiliário em Por-tugal e não só. Quais serão os principais destaques para a edição de 2011? De que forma é este certame importante para os diversos players do sector? De que forma tem este evento evoluído desde a sua edificação em 1998? A Revista Pontos de Vista convidou Jorge Oliveira, Director do SIL, para revelar as principais potencialidades do SIL. Não perca.

“Venha ao SIL”

SIL – Salão Imobiliário de Portugal – de 11 a 16 de Outubro

PV10 // SIL – Salão Imobiliário de Portugal

52 Agosto 2011 Pontos de Vista

projectos ou publicações técnicas, poten-ciando assim o negócio dos expositores.

Face aos actuais constrangimentos econó-micos, existe o receio no número de exposi-tores existentes na SIL 2011? De que forma tentaram contrariar esse cenário?As empresas têm este ano no SIL à sua dis-posição várias ferramentas que podem e devem utilizar para potenciar o seu negó-cio sem custos acrescidos. Desde a Bolsa de arrendamento (onde os expositores podem divulgar a sua oferta de imóveis para arrendamento), passando pelas apresentações comerciais (possibilidade de utilização de Auditório com condições para projecção e inserido no espaço de ex-posição), até ao facto do fluxo de visitantes ser permitido entre o SIL e a Intercasa e vice-versa com um único bilhete, são mo-tivos para o investimento no Salão. Com um investimento idêntico ao ano anterior, mantêm-se os preços de aluguer de espa-ço e serviços, os expositores podem obter uma maior notoriedade e optimizar o seu negócio.

Realizando-se desde 1998, de que forma é que o SIL tem registado uma evolução per-manente ao longo das várias edições, adap-tando-se às necessidades do mercado? de que forma é que este evento é hoje um ponto obrigatório para investidores, empresários, técnicos, organismos públicos e público po-tencial comprador? Não sendo um Evento estanque, o SIL tem de facto evoluído em função das necessida-des do mercado como poderão constatar pelas novidades e destaques deste ano. Sa-lientamos aqui o papel da Comissão Orga-nizadora composta por Organismos secto-riais e empresas, atenta ao mercado e que auxilia a organização do SIL a identificar as oportunidades do sector e a fazer deste Evento, um Salão acarinhado por todos e momento de troca de experiências, parti-lha de dificuldades, soluções e sucessos.

Qual é hoje o nível de notoriedade e relevân-cia que aporta a SIL a nível internacional? O que rem sido realizado neste domínio?As empresas portuguesas sabem que o SIL não se esgota em Lisboa. A AIP- Feiras Congressos e Eventos identifica oportu-nidades de negócio no estrangeiro e leva as empresas nacionais a apostar noutros mercados, de referir o SIMA em Luanda

onde estiveram em Junho mais de uma de-zena de empresas portuguesas no Espaço Portugal. Por outro lado, Angola estará presente no SIL 2011. Poderemos ainda referir outros mercados que apostam no Salão e com os quais pretendemos criar sinergias a curto prazo, nomeadamente Moçambique – País convidado SIL 2011 – e o Brasil.

Quais serão os principais destaques da edi-ção deste ano?Podemos destacar a Bolsa de Arrenda-mento, que consiste na promoção dos imóveis para arrendamento de forma concertada possibilitando ao visitante consultar toda a oferta do Salão no mesmo espaço e não representa custos acrescidos para os expositoresOs Prémios SIL do Imobiliário são um mo-mento alto do Salão, destacando-se este ano o lançamento de uma nova categoria – Trabalhos de I&D (Investimento e Desen-volvimento) – a atribuir ao melhor traba-lho de investigação na área do imobiliário (economia e construção) publicado em revista científica, livro ou dissertação de mestrado ou doutoramento. Os Prémios SIL do Imobiliário destinam-se a premiar a qualidade e a inovação da actividade nos domínios da promoção imobiliária, do desenvolvimento urbano, das autarquias, das obras públicas, da habitação, do ar-rendamento, da construção sustentável, da reabilitação urbana e da eficiência energética em Portugal. O Ciclo de conferências atrai anualmen-te os profissionais do sector por abordar temas actuais e oportunos. Este ano os grandes temas serão: Reabilitação Urba-na/ Arrendamento. O Maior Leilão Imobi-liário SIL 2011 será de 14 a 16 de Outubro e espera-se que tenha sucesso idêntico ao realizado no SIL 2010

Que convite gostaria de deixar aos leitores da Revista Pontos de Vista para visitar o SIL – Salão Imobiliário de Portugal ? Venha ao SIL – Salão Imobiliário de Portu-gal – e encontrará por certo uma solução à sua medida. Se pretende comprar, arrendar ou reabilitar Casas, Escritórios ou outros Espaços, viste o SIL. Não perca os Leilões e consulte o Programa de Conferências onde pode participar. Visite o SIL e aproveite para ver também a Intercasa Concept que integra o Lisboa Design Show.

Jorge Oliveira

Page 53: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 54: Revista Pontos de Vista Edição 10

A Revista Pontos de Vista aprofun-dou este tema e procurou profis-sionais de reconhecidos créditos no sector, tendo conversado com

Tiago Ribeiro de Carvalho, profissional no domínio da avaliação imobiliária e que nos revelou as principais potencialidades deste sector de mercado, as alterações que deve-riam ser realizadas, sem esquecer que o fu-turo será muito importante para Portugal e para o sector da avaliação imobiliária, “assim se tomem medidas que promovam a presen-ça desta classe nas obrigações assumidas com a Troika”, afirma o nosso entrevistado. Mas como é que surge a avaliação imobi-liária no quotidiano de Tiago Ribeiro de Carvalho, ele que é também sócio da Aval TN – Avaliação e Gestão de Imóveis, empre-sa dedicada à avaliação de imóveis, análise

de investimentos, consultoria e gestão de empreendimentos registada na CMVM – Co-missão de Mercados de Valores Mobiliários. Terminada a sua formação em gestão imobi-liária em 2007, o nosso entrevistado possuía já um vasto conhecimento e experiência no domínio da área da comercialização de imó-veis, facto que o levou a «apaixonar-se» pelo sector da avaliação, “pois compreendi que o mercado da avaliação possuía um potencial vasto para evoluir a nível da minha forma-ção e acreditei que esta seria uma área de interesse académico para desenvolver”, afir-ma convicto o nosso entrevistado. Munido com uma licenciatura em gestão imobiliária, fornecida pela ESAI Escola Su-perior de Actividades Imobiliárias, Tiago Ri-beiro de Carvalho desde cedo compreendei que esta vertente detém uma vasta cobertu-

Actualmente na ordem do dia, a avaliação imobiliária poderá ser um factor importante para Portugal no domínio da actual crise económico/financeira em que vivemos, ou seja, no memorando assinado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 serem reavaliados 5,4 milhões de imóveis urbanos. Contudo, sendo reconhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa irá ser necessária a contratação de empresas privadas que prestam serviços de avaliação imobiliária. As questões que se colocam são: Que medidas devem ser tomadas para agilizar um processo de enorme envergadura e exi-gência? Será exequível concretizar um projecto desta dimensão até 2012?

«Arte» da Avaliação Imobiliária

Tiago Ribeiro de Carvalho em discurso directo

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

54 Agosto 2011 Pontos de Vista

ra de saídas profissionais, uma delas a ava-liação de imóveis, tendo sido este o momen-to em que o nosso entrevistado passou da vertente comercial para a área da avaliação. “Esta aposta, em 2007, resulta também pelo facto de já realizar algumas avaliações ao ní-vel da parte comercial, em que era inúmeras vezes convidado a promover pareceres em tribunal, no sentido do juiz compreender o real valor dos imóveis nos diferentes pro-cessos judiciais. Foi aqui que a paixão pela avaliação imobiliária começou”, assegura.

Formação promove a qualidade

Mas como vê o nosso entrevistado o pano-rama actual da avaliação imobiliária? Que vicissitudes existem numa área que não possui uma legislação específica para avalia-dores imobiliários? “Acima de tudo seria ne-cessário criar essa dinâmica legislativa, para evitar que qualquer pessoa que esteja ligada aos imóveis pudesse realizar avaliações, em alguns casos sem a devida qualidade e que pode, em casos extremos, descredibilizar o sector”, esclarece. Falamos então em avaliação imobiliária ile-gítima? “Não é ilícita porque actualmente ainda não existe legislação sobre o sector. O problema é que não existe ainda uma profis-sionalização do sector e dos seus principais intervenientes”, esclarece o nosso interlo-cutor, assegurando que a formação e o co-nhecimento nesta área, tal como em outros sectores de mercado, é fundamental para se singrar no mesmo. Paradigma desse cenário é o trajecto de Tiago Ribeiro de Carvalho que depois da licenciatura em gestão imobiliá-ria, complementou a sua formação com um MBA em avaliação imobiliária, ou seja, um período vasto em estudo sobre um ramo es-pecífico. “Naturalmente que, na maior parte dos casos, a qualidade imposta por alguém que tem conhecimentos, formação e expe-riência no sector é potencialmente superior do que alguém que se encontra na área das vendas e é chamado para dissertar sobre va-lores de imóveis. A qualidade e os resultados serão diferentes”, assegura convicto. Com o regime da mediação e da angariação imobiliária criou-se a perspectiva da introdu-ção de um quadro legislativo neste sector, em-bora esse desiderato tenha sido manietado por um conjunto de razões, entre as quais, se-gundo Tiago Ribeiro de Carvalho, pela ausên-cia de um sector associativo forte e expressi-vo que permitisse a edificação desse pacote legislativo. “Existe de facto um movimento

associativo que se encontra dividido pela As-sociação Nacional dos Avaliadores e a APAE – Associação Portuguesa dos Avaliadores de Engenharia e que tentam realizar o melhor trabalho possível, embora nem sempre al-cançando os resultados que seriam expectá-veis”, afirma o nosso entrevistado, lembrando que neste ponto Portugal ainda se encontra um pouco atrasado relativamente ao que é realizado pelos nossos congéneres europeus, “pois existem associações internacionais que promovem a credibilidade do sector e isso é fundamental para termos força”. Os fundos de investimento assumem-se proprietários de imóveis arrendados em que é realizada a avaliação desse imóvel. Basicamente, em função do valor fornecido ao edifício, o fundo de investimento é cotado e a pessoa que investe nesse mesmo fundo saberá se o fundo está numa fase de valori-zação ou desvalorização em função das ava-liações que se fizerem.

Sem as empresas privadas,o insucesso é provável

Como já foi referido, no memorando assi-nado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 serem reavaliados 5,4 milhões de imóveis urbanos. A incapacida-de do Fisco para elaborar um trabalho desta grandiosidade é visível, sendo necessário re-correr aos serviços das entidades privadas. Na opinião do nosso entrevistado, qual seria a melhor forma de agilizar este processo? “Acredito que seria uma boa solução atribuir lotes de avaliação por zonas de empresas, ou seja, promover uma contratualização e esta-belecer uma área com empresas do sector”, assevera, lembrando que a ambição do pro-jecto é de facto enorme pela grandiosidade do mesmo e pelos timings impostos que são de facto bastante exigentes. “Se contratarem empresas privadas para concretizar este projecto acredito que seja possível. Caso contrário não vejo possibilidade de sucesso”. A terminar Tiago Ribeiro de Carvalho reve-lou quais os principais desafios de futuro da Aval TN, empresa da qual é sócio e que ini-ciou a sua actividade em Janeiro deste ano, estando mais direccionada para o mercado institucional. Assim, a principal prioridade passa por conquistar quota de mercado no domínio das avaliações, “promovendo tam-bém a credibilidade da marca Aval TN e do sector”, assegura.

LER NA ÍNTEGRAWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

Tiago Ribeiro de Carvalho

Page 55: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quando é que se deu a entrada no mercado da Arm-Apprize e de que forma é que tem vindo a promover serviços de excelência nes-ta área? A ARM-APPRIZE foi fundada em 2005, de-finindo então a sua estratégia e desenvol-vendo uma serie de serviços ligados à ges-tão e avaliação de patrimónios, para serem colocados no mercado a partir de 2006, ano efectivo do início da actividade da ARM--APPRIZE. Desde então, temos promovido os nossos serviços através duma actividade comercial direccionada, assim como pelo reconhecimento, fidelização e recorrência dos nossos clientes - alcançados pela nossa capacidade de dar uma resposta fiável em termos de qualidade de serviço e dos rela-tórios de avaliação, escoamento de eleva-dos volumes de trabalho, cumprimento de prazos, resolução de problemas e resposta rápida a dúvidas e questões emergentes do serviço prestado, quer este esteja em curso ou já concluído.

Que mais-valias oferecem aos vossos clientes no sentido de criar uma visão estratégica que permita optimizar a rentabilidade? A nível de consultoria estratégia de bens imobiliários, a ARM-APPRIZE elabora aná-lise de planos de investimento e estudos de avaliação técnica, económica e financeira de projectos de empreendimentos urbanísti-cos, imobiliários, turísticos e industriais. Neste contexto, desenvolvemos estudos de optimização permitindo a mais eficiente utilização de recursos imobiliários (terre-nos, fracções e edifícios/instalações) asso-ciada a critérios de rentabilidade. Este tipo de serviços também pode ser solicitado por particulares, pois todos os indivíduos e/ou agregados familiares devem ter consciente o valor do seu património, quer seja para ven-da, compra, investimento ou arrendamento - principalmente, hoje, em que a conjuntura económica não é a mais favorável e é difícil ler as oscilações do mercado.

No memorando assinado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 reavaliar 5,4 milhões de imóveis urbanos, sendo reco-nhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa irá ser necessária a contratação de empresas privadas que pres-tam serviços de avaliação imobiliária. Qual

poderá ser o nível de intervenção da Arm--Apprize - Consultores de gestão?

A ARM-APPRIZE dispõe de um corpo de algumas dezenas de avaliadores com com-petências para responder a esta exigência. Si-multaneamente, desenvolvemos um modus operandi com base em aplicações informá-ticas concebidas internamente, que nos per-mite implementar um work-flow de modo a que cada avaliador, por sua vez, consiga rea-lizar diariamente dezenas de avaliações, com a qualidade devida no âmbito do IMI/IMT. Colocando-nos um pouco mais a “montante” de todo o processo e tendo presente que o su-cesso desta operação dependerá sobretudo duma boa preparação do trabalho antes de este ser afecto às empresas, a ARM-APPRIZE dispõe das melhores competências para in-tervir logo a este nível, nomeadamente na pré-formatação de todo o projecto para um padrão de linguagem e uma métrica ajusta-dos ao âmbito das avaliações assim como na pré-definição das variáveis de gestão opera-cional a monitorizar ao longo do trabalho.

Os especialistas nesta área afirmam que esta é uma tarefa realizável, sendo contudo neces-sário colaboração por parte de todos os inter-venientes: municípios, empresas privadas e proprietários. Acredita que esta cooperação pode de alguma forma estar perigada? Com o recurso a «terceiros», ou seja, empresas priva-das, a tarefa poderá ficar mais complicada?Acredito que os eventuais obstáculos e difi-culdades inerentes a um projecto desta natu-reza, não advenham ou se agravem pelo facto deste ser desenvolvido com recurso a empre-sas privadas. Em boa verdade, as empresas de avaliação apenas poderão trazer vanta-gens visto que, por se tratarem de entidades independentes e imparciais, mais facilmente poderão harmonizar a interacção de todos os intervenientes. Ocorre-me, por exemplo, que poderá haver por parte dos titulares dos imóveis alguma relutância em cooperar pelo receio de verem agravado o IMI sendo tam-bém de antever, entre outros factores, a pos-sibilidade de ocorrerem reclamações e con-sequentes pedidos de reavaliação. Será então necessário equacionar antecipadamente me-canismos que impeçam uma proliferação de pedidos de reapreciação que não sejam fun-damentados, pois é neste domínio que reside a maior componente de imprevisibilidade do projecto e o principal foco de possíveis com-plicações com impacto no cumprimento dos prazos estabelecidos.

Acredita que esta reavaliação é essencial e inadiável no sentido de acabar com injusti-

No memorando assinado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 serem reavaliados 5,4 milhões de imóveis urbanos, sendo reconhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa irá ser necessária a contratação de empresas privadas que prestam serviços de avaliação imobi-liária. Foi sobre esta temática e outras, que incidiu a conversa com Nuno Antunes, Director Técnico da ARM – APPRIZE, onde ficamos conhecer as potencialidades da marca, num sector de mercado, avaliação imobiliária, que irá sofrer alterações de futuro.

“As empresas de avaliação poderão trazer vantagens”

Nuno Antunes, Director Técnico da ARM – APPRIZE, afirma

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

ças? Porquê? Qual a melhor forma de agilizar todo o processo de avaliação?

Mais do que “acabar com injustiças” julgo que esta reavaliação é imperativa essencialmente para obter uma actualização de valores pa-trimoniais, conseguindo assim quantificar uma variável determinante para a tomada de decisões no que concerne à tributação patrimonial. Tratando-se duma operação de dimensão nacional, que terá de ser protago-nizada pelas Finanças (e não pelos titulares dos imóveis), a melhor forma de garantir o seu sucesso será através da nomeação de em-presas credenciadas no âmbito da avaliação de imóveis, às quais seriam atribuídas quotas do trabalho a desenvolver, em função da sua capacidade de resposta e/ou da sua zona de actuação. Pelo volume de trabalho e pelo prazo a ter em conta, esta abordagem será a mais expedita, excluindo-se assim a ideia duma abertura de concurso público para a prestação do serviço em apreço.

Desconheço até que ponto a informação já existente e disponível em suporte informá-tico poderia servir de base/suporte para o trabalho a desenvolver - desejavelmente, cor-rendo agora o risco de ser um pouco irrealis-ta, o melhor input possível para as empresas de avaliação seria um ficheiro com uma lista de imóveis organizada por zonas/bairros, contendo todos os dados necessários para a sua avaliação, dados estes que seriam revis-tos e actualizados de forma a obter o valor pa-trimonial, à data, para os diferentes imóveis. Uma alternativa interessante seria a criação dum portal sobre o qual se desenvolveria todo o processo, porém a sua elaboração poderá consumir muito tempo útil precioso, para além de haver o perigo do seu layout e/ou interface não ter a flexibilidade necessária para se adaptar à forma de trabalho das dife-rentes empresas.

Nuno Antunes

LER NA ÍNTEGRAWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

Agosto 2011 Pontos de Vista 55

Page 56: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quais os serviços de maior referência dispo-nibilizados pela NEOCONSUL? Existe algum sector de actividade onde tenham maior pre-ponderância?A actividade da NEOCONSUL centra-se exclusivamente na avaliação imobiliária, conforme antes referido, onde cobre todos os tipos de imóveis em todo o país, não se podendo, neste âmbito, individualizar qual-quer segmento ou sector, já que, ao longo da vida da empresa, procedemos ao estudo e acompanhamento de todo o tipo de em-preendimentos, em todos os segmentos de actividade (habitações, industrial, turismo, turismo residencial, agricultura, etc…). Na-turalmente que esta diversificação implica tipos de actuações radicalmente diferentes (por exemplo, a simples avaliação de uma fracção habitacional, ou a avaliação e acom-panhamento de um grande empreendimen-to habitacional ou turístico).

No memorando assinando com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 reavaliar 5,4 milhões de imóveis urbanos, sendo reco-nhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa irá ser necessária a contratação de empresas privadas que pres-tam serviços de avaliação imobiliária. Será este projecto exequível? Qual poderá ser o nível de intervenção da NEOCONSUL?Eu dividiria essa tarefa em duas:1º- Análise do modelo a utilizar pelo Fisco para avaliação dos Imóveis;2º- Valorização dos conjuntos de imóveis a reavaliar.Efectivamente, não terá sentido iniciar uma tarefa com a dimensão da que está em cau-sa e com a qual se pretenderá, entre outros objectivos, uma maior justiça na tributação do património, trabalhar sobre um modelo que não garanta os melhores e mais justos resultados. Esta tarefa terá forçosamente que

“Recorrer a terceiros (empresas privadas) permitirá, garantidamente, tornar o processo mais transpa-rente para todos. Aquilo que se fizer, terá de ajudar a sociedade a eliminar os seus fantasmas e a retirar o carácter de coisa hermética a actividades básicas que têm afectado a confiança dos cidadãos no Esta-do”, afirma Fernando Neto, Administrador da Neoconsul, em entrevista à Revista Pontos de Vista. O que vai mudar no sector da avaliação imobiliária depois do memorando assinado com a Troika que prevê um compromisso de avaliação de 5,4 milhões de imóveis urbanos até final de 2012.

“Por um processo transparente”Fernando Neto, Administrador da NEOCONSUL, e a avaliação imobiliária

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIáRIA

56 Agosto 2011 Pontos de Vista

ser realizada num intervalo de tempo muito reduzido conjugando a experiência das pes-soas ligadas a este projecto, no actual quadro da Administração Fiscal, com outros ligados à actividade privada, que possam, dar maior fiabilidade ao modelo a ser utilizado sem, no entanto, alterar significativamente as práticas actuais, sob pena de se inviabilizar a concre-tização da avaliação de 5,4 milhões de imó-veis no prazo estabelecido. Relativamente à exequibilidade desse projecto, temos a favor uma grande disponibilidade das empresas que se dedicam à avaliação que, face à grave recessão que atravessamos, apresentam ca-pacidade de absorver e suprir as lacunas que o Fisco, se condicionado aos meios actuais e actuando isoladamente, teria dificuldade em cumprir o que é exigido ao País.A NEOCONSUL terá, naturalmente, disponi-bilidade para intervir, quer na actualização e melhoramento do modelo actualmente utilizado nas avaliações fiscais (atenda-se que estamos num período recessivo e que, muitos aspectos determinantes do valor dos imóveis, e da sua variação no tempo estão omissos no actual modelo), quer na colo-cação em prática do modelo adoptado, seja para certo tipo específico de edifícios, seja in-tervindo para valorizar todo o tipo de imóveis nas zonas onde se verifique “deficit” de capa-cidades, por parte da actual equipa utilizada pelas finanças.

Os especialistas nesta área afirmam que esta é uma tarefa realizável, sendo contudo, ne-cessária colaboração por parte de todos os intervenientes: municípios, empresas privadas e proprietários. Acredita que esta cooperação pode de alguma forma estar perigada? Com o recurso a “terceiros”, ou seja, empresas priva-das, a tarefa poderá ficar mais complicada? As empresas privadas realizam diariamente milhares de avaliações, em geral ao serviço da Banca, em que essa cooperação existe e as quais vêm apresentando um nível de fia-bilidade crescente. O recente desequilíbrio na relação oferta/procura tem colocado novos desafios a esta tarefa. Respondendo directa-mente à sua pergunta, a colaboração entre as entidades referidas, nessas situações já é uma tradição e, portanto, teoricamente pos-sível. Penso portanto que o efeito da interven-ção de empresas privadas não complicará o processo, supondo, naturalmente, uma cor-recta coordenação das várias intervenções. Não será possível pressupor, em princípio, uma colaboração perfeita por parte dos pro-prietários tendo nomeadamente em conta o descontentamento por parte destes da forma como essas avaliações irão ser utilizadas.

Recorrer a terceiros (empresas privadas) permitirá, garantidamente, tornar o proces-so mais transparente para todos. Aquilo que se fizer, terá de ajudar a sociedade a elimi-nar os seus fantasmas e a retirar o carácter de coisa hermética a actividades básicas que têm afectado a confiança dos cidadãos no Estado. O que se fizer tem que merecer o acordo, quer das entidades que tradicio-nalmente intervêm na fixação do valor dos imóveis para efeitos fiscais, como dos espe-cialistas do sector, de forma a encontrar-se, no mínimo intervalo de tempo, a melhor e mais expedita actuação que garanta fiabili-dade, rapidez e justiça. Assim a intervenção de empresas privadas, além de dar ao pro-cesso uma validação para a qual poderão contribuir os mais diversos especialistas no sector, transmitirá ao cidadão a real convic-ção de que o resultado das avaliações é total-mente independente das pressões, e sendo universalmente aplicado, permitirá uma fácil correcção de lapsos ou erros inerentes a uma operação pública com esta dimensão. (de facto indirectamente aumentará sig-nificativamente o número de especialistas privados a que os particulares poderão re-correr sempre que queiram contestar uma avaliação fiscal).

Sente que o sector privado, onde se inclui a NEOCONSUL, está preparado para fazer em dois anos, com o Fisco, o que não se fez em oito anos?Eu não poria a questão assim. Existe um desafio que nos foi imposto cuja resposta só pode ser dada em tempo útil, juntando os esforços dos meios tradicionalmente con-troladas pelo Fisco e as empresas privadas. Essa imposição surge numa altura em que o sector privado, face à debilidade da econo-mia e à reduzida actividade da indústria da construção, tem uma capacidade disponível assinalável. Vamos então aproveitar essa coincidência, que neste aspecto tem factores muito positivos, para melhorar o que é feito, e conseguir, em tempo útil, dar a resposta que nos foi pedida e, simultaneamente, dar aos cidadãos um quadro que indiscutivel-mente pareça a todos mais justo. Esta tarefa não seria possível ser efectuada apenas pelo Fisco, actuando com os meios tradicionais, nem pelas empresas privadas, nem se o mercado estivesse a funcionar normalmen-te. Portanto, vamos aproveitar, pela positiva, o que a situação actual, que é em si negativa, mas nos permite fazer melhor do que era até aqui efectuado nesta matéria.

Fernando Neto

LER NA ÍNTEGRAWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

Page 57: Revista Pontos de Vista Edição 10

Quando é que surge a JMA - João Marcelo & Associados – Sociedade de Advogados, RL e de que forma é que tem vindo a posicionar-se no mercado ao nível do apoio jurídico prestado?A JMA foi criada em Fevereiro de 1996 ten-do inicialmente adoptado a denominação de “João C. Marcelo & Teresa M. Pereira – So-ciedade de Advogados”. Em 2005, fruto da evolução natural do projecto inicial, adop-tou a denominação actual “João Marcelo & Associados – Sociedade de Advogados, RL”. A JMA posicionou-se no mercado oferecen-do aos seus clientes, quer individuais, quer empresariais, uma assistência global, pronta e competente, em todos os casos e circuns-tâncias em que os mesmos necessitaram de apoio jurídico desde a consultadoria até à defesa judicial, se necessária. Prestou e presta o seu amplo leque de serviços nas mais diversas áreas do direito, com qualida-de, eficiência e rigor, no âmbito de uma re-lação personalizada e de proximidade com os clientes, baseada em elevados padrões de profissionalismo, ética, confidencialidade, lealdade e de defesa dos interesses de cada cliente, primando pela qualidade no traba-lho profissional, a relação personalizada e de lealdade com o cliente.

No âmbito legislativo em que consiste o pro-cesso de avaliação de imóveis e quais são seus objectivos?Com a entrada em vigor do CIMI (Código do Imposto Municipal sobre Imóveis) em 2003, estipulou-se a reavaliação da totalida-de dos imóveis (urbanos) existente em Por-tugal, embora não de uma forma geral mas progressiva. A reavaliação é efectuada pela Administração Fiscal, através de um método assente em factores objectivos (área, locali-zação, características, tipo de utilização), de grande simplicidade (fórmula matemática) e coerência interna (aplicável pela totalidade dos avaliadores / peritos fiscais). Com esta reforma visava-se não só actualizar o valor tributário (aquele que consta da caderneta) dos prédios face aos preços que se vinham praticando no mercado das transacções mas colmatar discrepâncias existentes entre os contribuintes adquirentes, por qualquer tí-tulo, de imóveis urbanos, novos ou usados, daqueles não transaccionados e aumentar as receitas provindas deste imposto face à actu-alização daqueles valores patrimoniais para valores mais próximos da “realidade”.

Que análise perpetua da legislação existente neste domínio? Que alterações deveriam, na

sua opinião, de ser perpetuadas?

O ter-se criado um sistema fiscal dotado de processo de avaliações totalmente assentes em factores objectivos, de grande simpli-cidade e coerência interna são valores que deveriam ser mantidos. Tais como a trans-parência e a coerência que proporcionam uma actualidade do valor do imóvel tendo em conta as diversas situações depreciati-vas que o mesmo vai sofrendo ao logo dos anos ou as condições de melhoramento que lhe vão sendo administrados pelos seus proprietários. No campo dos princípios subjacentes à actual avaliação dos imóveis não deveria haver alterações pois que com aqueles vedou-se a entrada a critérios de subjectividade e discricionariedade do ava-liador, implícitos no método, por exemplo, “comparativo” ou de “rendimento”.A legislação deveria consignar que ao obter--se a total avaliação da totalidade dos imóveis e sabendo-se que o valor patrimonial tributá-rio deles é utilizado em vários impostos (IMT, IS, IRS e IRC), não só as taxas de IMI deveriam baixar substancialmente (atento o aumento exponencial de receitas obtidas), como se de-veria reequacionar a política de diminuição / supressão do benefício concedido à habita-ção periódica e permanente, como criarem--se outras espécies de incentivos à aquisição e manutenção do património imobiliário. É que não somos apologistas da “teoria” que concebe que o Estado poderia ser “obrigado” a adquirir o imóvel caso o proprietário dis-cordasse do valor atribuído, cabendo ao Es-tado colocá-lo no mercado de arrendamento ou vendê-lo. Esta não é uma das funções do Estado, em nossa opinião.

No memorando assinado com a Troika existe o compromisso de até final de 2012 reavaliar 5,4 milhões de imóveis urbanos, sendo reco-nhecida a falta de meios por parte do Fisco para realizar esta tarefa irá ser necessária a contratação de empresas privadas que pres-tam serviços de avaliação imobiliária. Qual a importância deste facto ao nível do direito imobiliário? Apenas se encontram incluídos naquele número, imóveis cujos proprietários são pessoas individuais ou colectivas. Nenhum imóvel do domínio público (e são inúmeros) está sujeito a qualquer avaliação ou sequer se pensou na tributação dos que não serão vendidos por necessários. Ao admitir-se a possibilidade de se vir a contratar entidades privadas para avaliação de património urba-no do domínio privado deve não só levar ao

Maria Teresa Matos Pereira, advogada da JMA – João Marcelo & Associados – Sociedade de Advogados, RL, abordou a vertente da avaliação de imóveis do ponto de vista legislativo, tendo abordado as mais--valias e os aspectos menos positivos existentes neste sector.

“Não será líquido que os privados venhama fazer parte deste esforço de avaliação”

JMA – João Marcelo & Associados – Sociedade de Advogados, RL

PV10 // AVALIAÇÃO IMOBILIARIA

equacionar de que tal actividade deverá ser limitada no tempo como de forma concisa e precisa. Sendo certo que tais “entidades pri-vadas” teriam que ser dotadas de um “poder idêntico” ao que actualmente o Estado detém quando apura o valor do imóvel avaliado.Dotar entidades privadas de um tal “poder” é permitir que o sector privado possa deixar de só poder discordar do valor agora atri-buído pela Administração Fiscal ao imóvel, para passar a fazer lhe também concorrên-cia. Concorrência não só ao nível de avalia-ção, como ao nível da oposição ao valor en-contrado pela Administração Fiscal.Mesmo admitindo que tais “entidades priva-das” sejam imparciais e objectivas na avalia-ção que irão fazer daqueles imóveis, o certo é que tal não será nunca pacífico e facilmen-te aceite pelos particulares / proprietários visados. Será por causas idênticas aos acima mencionados que o memorando da Troika, previu não o envolvimento de “entidades privadas” no Plano de Reavaliação Global dos Imóveis mas “incluir o envolvimento de funcionários municipais”, além dos tra-balhadores da administração fiscal. Assim, não será líquido que os privados venham obrigatoriamente a fazer parte deste esfor-ço de avaliação.

Os especialistas nesta área afirmam que esta é uma tarefa realizável, sendo contudo neces-sária colaboração por parte de todos os inter-venientes: municípios, empresas privadas e proprietários. Acredita que esta cooperação pode de alguma forma estar perigada? Com o recurso a «terceiros», ou seja, empresas priva-das, a tarefa poderá ficar mais complicada? Estamos perante uma legislação e uma avaliação com cerca de 7 anos não permi-tindo dúvidas que a tarefa é realizável, mas (atentas as alterações que sofreu em 2009 – não avaliação dos imóveis herdados pe-los herdeiros dos contribuintes) a opinião pública não está consciente dos benefícios, como reprova o peso dos impostos que so-bre a mesma recaem. Avaliação efectuada até à presente data de forma progressiva e com “colaboração” entre todos os interve-nientes pois que o contribuinte declara e os munícipes vendem as respectivas plantas de localização e de implantação. Não nos pode-mos deixar de pensar que, mesmo seguindo princípios básicos as entidades particulares não estão sujeitas a nenhum tipo de vin-culação “pública/política” a que os peritos avaliadores fiscais estão, pelo que a mesma avaliação pode ter resultados distintos. É

que o acto de avaliar depende de factores como quem avalia, porque se avalia e qual o contexto económico, social e politico no momento da avaliação. Estes são elementos que também poderão dificultar, sem dúvida, a tarefa do recurso a “terceiros”.

Acredita que esta reavaliação é essencial e inadiável no sentido de acabar com injusti-ças? Porquê? Costumamos dizer que “o fisco está sentado à espera que o contribuinte lhe declare os urbanos para avaliação” demonstrando com esta frase que a avaliação não é inadiável e que imóveis idênticos serão taxados de forma idêntica. De uma forma clara e simples expla-namos o princípio da igualdade e da equida-de na tributação de imóveis similares. Não se deveria colocar a tónica na “reavaliação dos imóveis”, mas sim nas taxas que incidem sobre o resultado da avaliação e que olvidam a realidade social existente no país, nomea-damente o salário tipo auferido pela maio-ria dos contribuintes. É que atribuir-se, por exemplo, um VPT de 200000,00€ a um imó-vel não deverá existir erro na avaliação, mas aplicar-lhe uma carga fiscal entre 400,00€ / 800,00€ já é um problema enorme quando se aufere o salário de 485,00€.

Caso o sector privado seja «chamado» a inter-vir neste domínio, que condições deveriam ter as mesmas para que este processo possa ser considerado, aquando do seu términos, um sucesso? Fazendo referência ao que já dissemos so-bre o acto de avaliar e aos princípios subja-centes à avaliação será inquestionável que não existiram em Portugal neste momento e em nossa opinião entidades particulares que pudessem desempenhar tal tarefa com o sucesso que se deseja. É que actualmente os “avaliadores” existentes estão “ao servi-ço” de entidades bancárias ou imobiliárias… A “formação” destes avaliadores, em nossa opinião, ab inicio está comprometida.

Agosto 2011 Pontos de Vista 57

Teresa Pereira

LER NA ÍNTEGRAWWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT

Page 58: Revista Pontos de Vista Edição 10

Em épocas de crise coma aquela que atravessamos, com o gradu-al aumento do desemprego, em-presas como a Gondhumanis,

entidade proprietária da Escola Profis-sional de Gondomar, assumem particu-lar importância, no sentido de dotar a população activa das qualificações ne-

cessárias à manutenção dos seus postos de trabalho, ou para a obtenção de um lugar no mercado de trabalho.Para o conseguir, a equipa lidera por Agostinho Lemos apresenta uma oferta formativa diversificada, dirigida a jovens, mas também a adultos, neste caso, sobre-tudo através do Centro Novas Oportu-nidades (CNO): “O nosso maior desafio passa por continuar a fazer cada vez me-lhor, através de uma oferta formativa am-pla e que vá de encontro às necessidades do mercado de trabalho. Neste momento, no que diz respeito a jovens, possuímos ofertas de dupla certificação ao nível do 3º ciclo e do nível secundário e, relativa-mente a adultos, cobrimos desde o 1º Ci-clo do Ensino Básico, passando por cur-sos de Educação e Formação de Adultos,

Agostinho Lemos, Director da empresa Gondhumanis – Educação e Formação, Lda., proprietária da Es-cola Profissional de Gondomar, defendeu em entrevista à Pontos de Vista que, as Escolas Profissionais são um elemento preponderante no combate ao abandono escolar. Todavia, para o nosso entrevistado, há ainda muito a fazer no sentido de escoar para o mercado de trabalho os formandos dos respectivos cursos.

EPG atinge taxa de empregabilidade de 80 por cento

Gondhumanis – Educação e Formação – Escola Profissional de Gondomar

PV10 // FORMAÇÃO

58 Agosto 2011 Pontos de Vista

bem como Formações Modular. Através do Centro Novas Oportunidades, onde podem desenvolver processos de Reco-nhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), quer a nível esco-lar, quer a nível profissional”. Desta forma poderão ver reconhecidas competências que darão origem a uma certificação es-colar ou profissional, ou mesmo ambas.Dentro das várias modalidades for-mativas, o nosso entrevistado destaca o papel dos Cursos Profissionais que, num concelho marcado pelo abandono escolar, têm conseguido fixar os jovens na Escola: “O nosso público é de difícil gestão, devido aos muitos problemas de ordem social porque passa grande parte dele. Neste sentido, os Cursos Profissio-nais, pelo seu carácter específico, são um elemento atractivo para este tipo de jovens, que se sentem mais motivados para continuar a estudar”.

Cursos profissionais – Solução para reduzir insucesso escolar

São mais de 40 mil, os jovens portu-gueses que frequentam hoje o ensino secundário através de cursos profissio-nais, travando o abandono prematuro da escola, por opção ou por exclusão. De referir ainda que 37 por cento dos alu-nos prosseguiram os seus estudos, in-gressando no Ensino Superior. Todavia, no que respeita à absorção do mercado de trabalho, Agostinho Lemos considera que ainda há muito a fazer: “Ao nível dos jovens, os cursos profissionais são uma solução óptima para reduzir o problema do insucesso escolar, uma vez que os jovens mais problemáticos sentem difi-culdade em estar inseridos no ensino re-gular. Contudo, claramente que isto não resolve o problema do emprego haven-do neste aspecto muito trabalho a fazer. Ao nível dos cursos para adultos, aqui sim existe uma dupla vertente, uma vez que os formandos desempregados po-dem usufruir de uma bolsa de formação, o que é uma ajuda económica para quem se encontra na situação de desemprego. Devido a todas estas condicionantes, a Gondhumanis procura trabalhar uma re-lação de proximidade e parceria com os agentes económicos sociais locais, ten-do celebrado inúmeros protocolos com diversas associações, autarquias e em-presas da região. “O nosso concelho terá

sido o primeiro em que, por iniciativa da autarquia, os agentes ligados ao ensino e à formação profissional começaram a pen-sar colectivamente as ofertas formativas, definindo as áreas que cada uma iria apre-sentar oferta educativa, de acordo com as necessidades do concelho. Esta ideia resultou e é hoje pensamos que é prática comum nas várias regiões. Existe de facto uma boa articulação entre as escolas, au-tarquia e tecido empresarial o que faz com que os nossos formandos consigam mais facilmente chegar ao mercado de traba-lho, sendo que neste momento consegui-mos já atingir uma taxa de empregabilida-de perto dos 80 por cento”.

“O estigma dos cursos profissionais foi ultrapassado”

Durante vários anos o mercado de tra-balho e a população em geral olhou para os cursos profissionais com preconceito, considerando que seria uma opção de fuga para aqueles que por dificuldade ou falta de vontade não pretendiam continuar o seu percurso académico. Hoje, Agostinho Lemos considera que “este estigma está já ultrapassado, uma vez que se compreen-de que estes alunos têm uma preparação diferente e que lhes permite mais facil-mente enfrentar os desafios do mercado de trabalho, pois concluem o seu percurso académico com as competências para no imediato exercerem uma profissão”.Com a alteração do panorama político nacional e a entrada em funções do novo Governo, Agostinho Lemos não espera grandes alterações no sector da Educa-ção, considerando que “a máquina do en-sino está em perfeito funcionamento” e mostrando-se “optimista quanto à ques-tão do financiamento das escolas”, por entender que “o Estado sempre apoiou a formação profissional e vai continuar a fazê-lo, até pelos excelentes resultados que esta aposta tem trazido”.Assim, o director da Gondhumanis en-tende que no futuro a sua equipa “vai continuar a apostar na qualidade, fazen-do um esforço para tornar a Escola Pro-fissional de Gondomar numa referência positiva”, prevendo “o lançamento de um curso de Técnico de Energias Renováveis para o próximo ano lectivo e mantendo as apostas nas áreas do Design, que vem desde o nosso início da escola, e na área do Turismo”.

Agostinho Lemos

Page 59: Revista Pontos de Vista Edição 10
Page 60: Revista Pontos de Vista Edição 10