revista pontos de vista edição 34

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições Lda., Suplemento distribuído em conjunto com o Semanário SOL a nível nacional e não pode ser vendido separadamente ABRIL 2014 / EDIÇÃO Nº 34 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros DIA MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL MERCAL E A INTERNACIONALIZAÇÃO CERTIFICAÇÃO FLORESTAL DIA MUNDIAL DA ÁGUA – 22 DE MARÇO MANUEL DA SILVEIRA “SEMPRE FIZEMOS PROJETOS QUE MARCAM OS LUGARES EM QUE ESTAMOS INSERIDOS” IMOBILIÁRIO EM PORTUGAL pág. 20 ROYAL CANIN – LEISHMANIOSE pág. 14 pág. 16 Fotografia: Catarina Morais de Vista Pontos Administrador do Grupo Imobiliário Mafavis, revela TRANQUILIDADE SEGURADORA EM DESTAQUE

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 34

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições Lda.,Suplemento distribuído em conjunto com o Semanário SOL a nível nacional e não pode ser vendido separadamenteABRIL 2014 / EDIÇÃO Nº 34 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

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ficHa tÉcnica

Os artigos nesta publicação são da responsabi-lidade dos seus autores e não expressam ne-cessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização ob-rigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quais-quer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

Propriedade, Edição, Administração e AutorHorizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

Administração – Redação – Depº GráficoRua Rei Ramiro 870, 5º A4400 – 281 Vila Nova de GaiaTelefone/Fax +351 220 926 879

Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80E-mail: [email protected]@pontosdevista.pt www.pontosdevista.ptwww.horizonte-de-palavras.ptwww.facebook.com/pontosdevista

ImpressãoLidergraf - Sustainable PrintingDistribuição NacionalPeriodicidade MensalRegisto ERC nº 126093NIF: 509236448Distribuição Nacional gratuitacom o Jornal Público

DIRETOR: Jorge AntunesEDITOR: Ricardo AndradePRODUÇÃO DE CONTEÚDOS:Andreia Azevedo | Sara SoaresGESTÃO DE COMUNICAÇÃO:João Soares | Luís Alves | Luís PintoJosé Moreira | Miguel Beirão

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

eM deStaque Índice de TeMAS

20porto BaiXaConheça a Portobaixa, uma empresa de gestão imobiliária que recupera edifícios, mantendo sem-pre a originalidade dos mesmos. O Porto está finalmente a acordar e quer que a baixa, o coração desta cidade, seja o local ideal para viver

28gMS StoreA nova loja Apple Premium Re-seller do Grupo GMS juntou-se, no passado dia 27 de março, às três já existentes no Almada Fó-rum, no Amoreiras Shopping e no Centro Comercial Colombo, sendo a segunda maior loja Ap-ple Premium Reseller da Europa, com 150 metros quadrados

49anafreSão vários os eventos que irão assinalar o 40.º aniversário do 25 de abril. Decorridas quatro décadas, o que mudou? A Revista Pontos de Vista procurou a resposta a esta e a outras questões junto de Cân-dido Moreira, Presidente do Conselho Diretivo da ANAFRE

4 Propriedade Industrial6 Dia Mundial da Propriedade Industrial12 Setor Segurador13 Leishmaniose – Medidas de Prevenção16 Setor Imobiliário e a criação de valor28 GMS Store30 Certificação Florestal33 Internacionalização36 SIAC e QREN – Apoios40 Dia Mundial da Água42 19.º Congresso Português de Cardiopneumologia45 Dia Mundial da Saúde Oral46 CQEP – Ensino Profissional48 Dia Internacional do Enfermeiro49 40 anos do 25 de abril50 Os novos desafios das relações laborais

NOTA DO EDITOR: Fernando Ribeiro e Castro, Secretário-Geral do FórumEmpresarial da Economia do Mar, faleceu no passado dia 20 de março. Quis o destino que a sua última entrevista fosse dada à Revista Pontos de Vista. A equipa da Pontos de Vista deixa as condolências à sua família.

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1 • No artigo publicado na última edição desta Revista (14 de mar-ço p.p.) foram indicadas algumas decisões do TPICE - Tribunal de Primeira Instância da Comunidade Europeia (atualmente Tribunal Geral da União Europeia – TGUE ou, apenas, TG), relativas a casos de contrafação com adjunção ou agregação, que parecem extrema-mente importantes. Na verdade, Acórdãos desse Tribunal recusaram registos de marcas que continham outras já registadas – ou parte característica delas – considerando-se que o risco de confusão era inevitável e que, por con-sequência, os registos não podiam ser concedidos.

2 • No primeiro artigo desta série, respeitante à “contrafação com ad-junção ou agregação”, publicado em agosto de 2013, indicaram-se al-guns registos requeridos em Portugal e contendo, igualmente, marcas já registadas e que o INPI concedeu. O caso mais óbvio parece ser o da marca “GLAMOUR”, que tendo sido considerada como fundamento de recusa de, pelo menos, vinte e cinco pedidos de registo de marcas em que estava incluída, o INPI, mais recentemente, concedeu três ou quatro registos nas mesmas condições, o que, naturalmente, não é fácil de entender. Com efeito, não parece aceitável que, de um momento para o outro – e sem qualquer razão válida – seja tomada orientação totalmente oposta para a concessão de registos de marcas compostas por elemen-tos que integrem, também, a marca “GLAMOUR”. E uma dessas marcas foi, justamente, a LISBOA GLAMOUR WEEK, com o seguinte arranjo gráfico:

As razões indicadas para a concessão do registo foram, em resumo:

“Aferimos na situação em apreço que o vocábulo “GLAMOUR”é comum a ambos os sinais.

Contudo tratando-se o sinal requerido de um sinal misto constituído ainda pelos vocábulos “LISBOA” + “WEEK”, consideramos que apresen-

ta no seu conjunto suficiente caráter distintivo em relação às marcas da reclamante porquanto da pronúncia da marca registanda, não resultam

semelhanças fonéticas suscetíveis de gerar o risco de gerar o risco de confu-são ou de associação com as marcas registadas.

Consideramos que é apenas sobre a totalidade do sinal – o elemento nominativo e o elemento figurativo no seu todo, que deve recair a nossa atenção e desta análise verificamos que as diferenças gráficas e fonéticas, entre os sinais, são a nosso ver suficientes para a plena individualização

dos mesmos.Não nos parece evidente, atendendo a que a visão de conjunto dos sinais é distinta, que estas marcas em confronto provoquem confusão fácil no

consumidor mais desatento.”

3 • A inesperada concessão deste registo obrigou a reclamante e titu-lar do registo da marca “GLAMOUR” a recorrer para Tribunal. É, justamente, a decisão do 1º Juízo do Tribunal da Propriedade In-telectual que vamos seguidamente analisar.

4 • Mas há um aspeto que não pode deixar de ser salientado, desde já, e que se refere à orientação que este problema deve ter.

CONTRAFAÇÃOcom adjunção ou agregação

O INPI começou por recusar um número considerável de registos de marcas reproduzindo total ou parcialmente outras já registadas – e, de repente, sem aparente justificação, começou a conceder vários registos – embora, também, ao mesmo tempo, recusasse outros. Ora esta falta de coerência na orientação a seguir é realmente preocu-pante: como podem registos de marcas, com a mesma formação, ser recusados umas vezes e concedidos outras?

5 • Mas agora temos o Tribunal da União Europeia a recusar regis-tos de marcas com idêntica constituição e o Tribunal da Propriedade Intelectual, em Portugal, a seguir a mesma orientação: não será razão bastante para refletir sobre o problema e o INPI seguir o mesmo caminho, recusando este tipo de registos, que constituem, na verdade, uma descarada tentativa de concorrência desleal?

6 • Analisemos, então, a sentença do Tribunal da Propriedade Intelec-tual, nos seus aspetos fundamentais:

a ) Por despacho de 27 de novembro de 2012, o Ex.mo Senhor Diretor do Departamento de Marcas e Desenhos ou Modelos do INPI, por sub-delegação de competências do Conselho Diretivo, publicado no Boletim da Propriedade Industrial a 05 de dezembro de 2012, concedeu o registo da marca nacional n.º 495560 “LISBOA GLAMOUR WEEK” (mista). b) A marca consiste nos vocábulos em letras de imprensa “LISBOA GLA-MOUR WEEK”, em que a palavra “LISBOA” surge num tamanho de letra maior do que o das outras palavras, apresentando uma gravata no “i” e um cabide no “a”, e tem a seguinte configuração

c) A titular da mesma é TRYP NETWORK - MARKETING CONSULTING, Lda.. d) Em data anterior à do pedido de registo da marca, encontrava-se já registada a favor da recorrente: - a marca nacional n.º 348300 “GLAMOUR” (verbal) - a marca comunitária n.º 5.780.648 “GLAMOUR” - a marca comunitária n.º 9.056.681 “GLAMOUR”

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

DECISÃO DO TRIBUNAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial

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Page 5: Revista Pontos de Vista Edição 34

e) A questão que, nestes autos, importa analisar é saber se entre a mar-ca nacional n.º 495560 “LISBOA GLAMOUR WEEK” (mista) e a(s) marca(s) da(s) recorrente(s) se verifica uma situação de imitação, não es-tando o Tribunal vinculado a argumentos, mas tão-só à apreciação desta questão jurídica. No fundo, importa analisar se os fundamentos de concessão de registo pelo INPI se confirmam, ou pelo contrário se as razões apresentadas pela re-corrente, já invocadas na fase administrativa, merecem de algum modo acolhimento.

f ) Pelo registo o titular adquire o direito de propriedade e o exclusivo da marca para os produtos e serviços a que se destina (artigo 224.º, n.º 1, do Código da Propriedade Industrial), conferindo-lhe o registo o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento, de usar, no exercício das ativi-dades económicas, qualquer sinal igual ou semelhante, em produtos ou ser-viços idênticos ou afins daqueles para os quais a marca foi registada, e que, em consequência da semelhança entre os sinais e da afinidade dos produtos ou serviços, possa causar um risco de confusão, ou de associação, no espírito do consumidor (artigo 258.º do Código da Propriedade Industrial). O titular de marca registada adquire o direito de a usar, em exclusivo, para os produtos indicados no seu pedido de registo, pelo que os terceiros, ao escolherem as marcas para os seus produtos e serviços, têm que eviden-ciar espírito criativo e inovatório, de forma que as marcas que pretendem registar, por um lado, cumpram a referida função distintiva e, pelo outro, não sejam iguais ou confundíveis para os mesmos produtos ou serviços, ou para os produtos ou serviços que revelem uma relação de afinidade (princi-pio da especialidade) — cf. artigo 224.º, n.º 1, do Código da Propriedade Industrial.

g) O único pressuposto que a decisão administrativa afirma não se verifi-car, daí ter concedido o registo da marca registanda, consiste na semelhança gráfica, figurativa, fonética ou outra, donde o objeto do presente recurso circunscreve-se à análise do mesmo no sentido de apurar se no caso concreto se encontra ou não preenchido.

h) A marca registanda é composta somente por três palavras, duas descriti-vas e que o consumidor médio potencialmente associará ao lugar e duração em que ocorrerá o serviço/evento, centrando, naturalmente, a sua atenção no vocábulo “glamour”, pelo que as semelhanças gráficas e fonéticas entre as marcas em confronto são demasiadas para que se ignore a respetiva rele-

vância, havendo sério risco de o consumidor comum confundir as marcas em causa, atribuindo a produção do evento associado à marca registanda à recorrente, verificando-se, pois, igualmente, o requisito de imitação — ar-tigo 239.º, n.º 1, alínea a), do Código da Propriedade Industrial.

i ) Por fim, é de sublinhar que sempre estaríamos perante uma situação de concorrência desleal que serve de fundamento de recusa do registo — artigo 317.º, n.º 1, alínea a), do Código da Propriedade Industrial.

j) Nos termos expostos, concede-se provimento ao recurso interposto por ADVANCE MAGAZINE PUBLISHERS INC. e, em consequência, nega-se proteção à marca nacional n.º 495560 “LISBOA GLAMOUR WEEK” (mista), com a seguinte configuração

7 • A análise feita pelo Tribunal parece inteiramente correta e apoia o que tenho vindo a expor relativamente ao problema da contrafação com adjunção ou agregação, podendo resumir-se do seguinte modo:

a) O INPI recusou – pelo menos – VINTE E CINCO registos de marcas contendo a marca registada GLAMOUR, misturada com outros elementos; b) Mas nos últimos dois anos concedeu alguns registos de marcas com idêntica composição; c) Foi o que sucedeu, por exemplo, com a marca LISBOA GLA-MOUR WEEK, marca mista em que se destaca “LISBOA”, em letras grandes e, por baixo, em letras muito mais reduzidas, “GLA-MOUR WEEK”; d ) Esta decisão obrigou a titular do registo da marca “GLAMOUR” a recorrer para o Tribunal de Propriedade Intelectual, que lhe deu inteira razão e recusou o mesmo registo, porque entendeu que e) O consumidor centrará a sua atenção no vocábulo “GLAMOUR”, pelo que as semelhanças gráficas e fonéticas entre as marcas em con-fronto são demasiadas para que se ignore a respetiva relevância; f ) Haverá sério risco de o consumidor comum confundir as marcas em causa; g) Atribuindo a produção de eventos associados à marca registanda à da recorrente; h) Verificando-se, pois, igualmente, o requisito de imitação; i) O que ocasionaria sempre uma situação de concorrência desleal, que serve de fundamento de recusa do registo; j) Pelo que concedeu provimento ao recurso interposto por ADVAN-CE MAGAZINE PUBLISHERS INC. e, em consequência, ne-gou proteção à marca nacional mº 495560 “LISBOA GLAMOUR WEEK” (mista), com a seguinte configuração:

8 • Espera-se que esta decisão de um Tribunal Português ponha ponto final a este problema, repondo as decisões inteiramente corretas que o INPI vinha proferindo, ou seja recusando registos de marcas que, para produtos ou serviços idênticos ou afins, incluem outras já registadas e causando óbvios prejuízos aos seus legítimos proprietários.

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“Mas agora temos o Tribunal da União Europeia a recusar registos de marcas com idên-tica constituição e o Tribunal da Propriedade Intelectual, em Portugal, a seguir a mesma orientação: não será razão bastante para refletir sobre o problema e o INPI seguir o mes-mo caminho, recusando este tipo de registos, que constituem, na verdade, uma descarada tentativa de concorrência desleal?”

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De que modo a Propriedade Industrial (PI) pode ser importante para as empresas exportadoras?Muitas empresas fazem da exportação uma aven-tura de improviso, centrando nela o seu objetivo de sobrevivência, mas sem se prepararem devi-damente. Um dos erros é não protegerem devi-damente as marcas através dos seus registos no estrangeiro, ou inovações através de patentes.A competição empresarial obriga a uma aten-ção redobrada em mercados externos, inundados de concorrentes que fazem forte utilização dos meios legais para se protegerem. Uma empresa que arrisque comercializar uma marca ou inven-ção no estrangeiro sem a proteger, terá dificulda-des em sobreviver nesse mercado.Por isso a PI é a única forma de proteger a ex-

clusividade de um negócio e de assegurar a com-petitividade.

Há muitas empresas que exportam usando as suas Marcas sem ter o cuidado de as registar?De facto acontece mas é um risco sério. O re-gisto é a única forma de proteger o negócio de imitações e impedir a concorrência de se apro-priar abusivamente dos seus sinais distintivos. A marca registada é um bem intangível passível de ser avaliado e incluído no balanço. Como ativo da empresa pode ser negociada, já que pode ser licenciada a sua exploração, em Franchising, por exemplo. Na verdade é sempre um potenciador de riqueza, de valor acrescido, se for “Marca Ex-portadora”.

Uma das consultoras mais antigas do país, na área da Propriedade Industrial, esclarece como ter mais sucesso na Exportação, através da correta gestão dos Direitos de Propriedade Industrial e eficiente relação destes com o Marketing. Manuel Moniz

Pereira, Agente Oficial da Propriedade Industrial e Cristina Costa, do Departamento de Marketing, abordaram em entrevista a orgânica da marca. Saiba mais.

INTeRNACIONAlIzAÇÃO:ameaças ao sucesso da “Marca exportadora”

A ”Marca Exportadora” tem caraterísticas pró-prias?A “Marca Exportadora” foi um conceito criado pela nossa empresa para uniformizar a termino-logia e dar um apoio mais completo aos nossos novos clientes exportadores. Uma marca pode ser um nome, um slogan, um som, uma imagem, um rótulo, uma etiqueta, um tipo de embalagem, um cheiro, ou até um título dado a um novo objeto de design, mas também é forma de a empresa se distinguir da concorrência, sendo um elemento crucial no modo como a empresa se apresenta no mercado e potencia as margens de lucro. A “Mar-ca Exportadora” incorpora tudo isto de forma efi-ciente e programada, mas virada para o comércio internacional, tendo por bases princípios de PI e

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DIA MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Manuel Moniz Pereirae Cristina Costa

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de Marketing, permitindo reduzir riscos e poten-ciando o retorno do investimento.

Mas uma marca que tenha algum sucesso em Portugal poderá não ter êxito garantido na ex-portação. Enquanto especialistas em PI que con-selhos dão às empresas na escolha da “Marca Exportadora”?A escolha da ”Marca Exportadora” pode ser uma tarefa mais complexa do que parece. A designa-ção deve ser bem pensada uma vez que pode não ser possível, nem aconselhável, utilizar na expor-tação a mesma marca que é utilizada no mercado nacional. Os 75 anos de experiência permitem--nos resumir alguns conselhos. Em primeiro lu-gar, tendo em conta as características do produto / serviço e do mercado alvo, deve-se escolher uma marca com um grafismo curto de fácil lei-tura. Se existir uma imagem associada, melhor: facilita a memorização. Ajudará muito criar uma identidade para a marca, associá-la aos valores pretendidos e escolher criteriosamente as cores. Deve-se evitar sons e acentuações típicas da lín-gua portuguesa, difíceis de pronunciar em outros países, como os sons “lhe”, “nhe”, “ão”, “ç”. Caso o produto seja tecnológico reforça a marca se esta tiver o sufixo “x”. Também é preciso acautelar se a marca escolhida tem um significado indesejável na jurisdição de destino.Depois, ainda numa fase próxima à da conceção da marca, e antes de qualquer investimento em material publicitário, sites, rótulos, etc., é indis-pensável pesquisar previamente a possibilidade de registo no país de destino. Em sintonia com os Departamentos de Marketing dos nossos clientes, os nossos técnicos especializados em PI emitem com frequência, pareceres jurídicos sobre a viabilidade de registo da “Marca Exportadora”. Por termos acesso a pesquisas de marcas regista-das em qualquer país do mundo, é muito simples passarmos aos nossos clientes essa informação de forma a evitar conflitos com marcas já existen-tes na jurisdição escolhida. Este passo é muito importante pois evita problemas futuros quando os produtos já estão no mercado e os prejuízos poderão ser elevados.

Isso é válido também para pequenos negócios?Claro que sim, podemos dar como exemplo um pequeno produtor de vinhos que exportou para França, mas depois do produto estar à venda, foi obrigado a retirar porque a sua marca (não registada) era confundível como outra marca de vinhos já existente. Se considerarmos que 99% do tecido empresarial português é composto por PME´s, sendo estas responsáveis por 60% do vo-lume de negócios total em Portugal, é fácil veri-ficar que para crescer com sustentabilidade, e não arriscar perder a competitividade, é imprescindí-vel assegurar a exclusividade do negócio na ex-portação e garantir o retorno dos investimentos das PME´s sem riscos.

Registar a ”Marca Exportadora” pode ser moroso?Os registos de PI no estrangeiro são ações que devem ser feitas através de um Agente Oficial da Propriedade Industrial, que é um profissional re-conhecido oficialmente e que garante a qualidade nos serviços e informações prestadas.A “Marca Exportadora” deve ser registada nas jurisdições onde será comercializada.Salvo raríssimas exceções, cada país do mundo tem a sua entidade oficial competente para o

registo de marcas. Porém, é possível centralizar tudo numa empresa especialista em PI em Portu-gal, como a Gastão Cunha Ferreira, que coordena os registos em qualquer país do mundo, através da sua rede de associados, e funciona como se de um funcionário se tratasse. Cada país tem regras próprias e em geral só representantes autorizados podem proceder ao pedido de registo de marcas.Assim, a apresentação de um pedido de registo não é moroso, os nossos técnicos asseguram o de-sencadeamento do processo entre 24 e 72 horas, dependendo do país em causa (hemisfério norte mais rápido, hemisfério sul mais demorado).Existem também sistemas que permitem o regis-to da ”Marca Exportadora” num “lote” em vários países, o que reduz significativamente o tempo, os custos e as burocracias, como a Marca Comu-nitária e a Marca Internacional.

Como funcionam os registos sob Marca Comuni-tária e a Marca Internacional? São muito utiliza-dos pelas empresas portuguesas?Sim, são muito utilizados, os nossos clientes ex-portadores repartem-se muito por ambos os sis-temas. Talvez os Bancos e grandes industrias si-gam mais a vertente da Marca internacional e as PME´s a Marca Comunitária, mas não há regras claras que indiquem qual é a melhor: é necessário analisar caso a caso.A Marca comunitária consiste em um único re-gisto que produz efeitos em todos os 28 estados da União Europeia, sendo a opção ideal para quem exporta para a Europa. No Registo Inter-nacional, também conhecido como o “Sistema de Madrid”, poderão ser designados os países que interessam, de um total de 88, que pertencem a este sistema. Consultando um especialista em PI e descrevendo os destinos de exportação, é possí-vel identificar a forma mais eficiente e económica de registar a “Marca Exportadora”.

O registo da ”Marca Exportadora” é dispendioso?As empresas em geral não exportam de repen-te para 50 países. A exportação é progressiva tal como os registos da PI devem ser, acompanhan-do o processo de exportação como qualquer ou-tro investimento.Um orçamento para o registo da ”Marca Expor-tadora” é feito caso a caso, tendo em conta a lista de países e pode ser espaçado no tempo. Porém não é caro tendo em conta os benefícios que pro-duz. Está provado que um elevado rácio (Custos com PI/Volume de vendas) representa um sig-nificativo benefício, visibilidade e segurança. Ao mesmo tempo que se evitam imitações, a empre-sa vai reaver os custos que teve na conceção da imagem, marcas, logótipos, etc., porque são ativos que pode manter na sua posse para sempre, desde que renove de 10 em 10 anos. Caso a empresa comercialize através de marcas não registadas, e a marca seja usurpada pela concorrência, não só não se pode defender por meios legais, como terá gastos desnecessários na conceção e lançamento de uma nova imagem.

Como planear estrategicamente a ”Marca Expor-tadora” de modo a diferenciá-la da concorrência no destino?Será muito importante a empresa orientar-se através de um Planeamento Estratégico em re-dor de uma política de “Marca Exportadora” por jurisdição, que inclua também um Sistema de Controlo que permita, através de um conjunto

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de métodos pré-definidos, verificar se os recursos da empresa estão a ser eficazmente aplicados na concretização dos objetivos definidos. Isto implica ter, para cada “Marca Exportadora”, uma análise SWOT, um posicionamento, uma po-lítica de marca, segmentação, marketing mix, etc.Elevar o conceito de “marca” implica elevar a re-putação, dar imagem de credibilidade no merca-do, significa: “Estou aqui para ficar!”É importante que as empresas tomem consciên-cia de que o seu Marketing e a sua Propriedade Industrial devem evoluir de “mãos dadas”, adap-tando-se mutuamente. Não interessa produzir inovação, obter diferenciação e divulgar concei-tos vencedores, se ficam expostos a que outros se apropriem deles.

Há casos de marcas portuguesas que tenham sido imitadas no estrangeiro?Sim, e cada vez mais! Acontecem casos impen-sáveis, mas verídicos, de marcas portuguesas que são notórias apenas em Portugal, em que os pró-prios empresários subestimam a notoriedade das suas marcas, mas são registadas por particulares estrangeiros no seu país de origem. A maioria dos casos ocorre com imigrantes chineses que viveram em Portugal e registaram na China marcas notó-rias portuguesas. Em Angola também acontece. Quando a empresa, genuína proprietária da mar-ca em Portugal, decide exportar para aquele país, um mercado em pleno desenvolvimento para as exportações nacionais, depara-se com um sério problema ao nível do registo da sua marca, já que perde a oportunidade de a registar como sua, e vender os seus produtos, por já existir um regis-to igual. Também existem casos em que empre-sas protegem em Portugal uma tecnologia como patente, mas “esquecem-se” de proteger a patente internacionalmente, impedindo-as de, ao exporta-rem, terem um produto “premium”. Numa econo-mia global, hoje em dia, assiste-se ao fenómeno de algumas empresas criarem inovações disruptivas, mas não serem as beneficiárias das mesmas. Estu-dos revelam que, em média, as inovações são co-piadas em 3 a 4 meses na Europa mas em apenas 4 semanas na China. O mercado passou a inovar com base nas inovações alheias quando estas não estão devidamente protegidas.

“A “Marca Exportadora” foi um conceito criado pela nossa empresa para uniformizar a terminologia e dar um apoio mais completo aos nossos novos clientes exportadores. Uma marca pode ser um nome, um slogan, um som, uma imagem, um rótulo, uma etiqueta, um tipo de embalagem, um cheiro, ou até um título dado a um novo objeto de design, mas também é forma de a empresa se distinguir da concorrência, sendo um elemento crucial no modo como a empresa se apresenta no mercado e potencia as margens de lucro”

Page 8: Revista Pontos de Vista Edição 34

A Sapec Agro está entre as principais empresas nacionais no ranking de pedidos de registo de patentes a nível nacional. Que tipo de projetos inovadores tem sido alvo do pedido de proteção da propriedade industrial pela Sapec? Na Sapec Agro fazemos investigação aplicada: criamos produtos com interesse para o utiliza-dor, gerando maior eficácia. Temos inovado em soluções agroquímicas: combinamos substâncias ativas de modo a que, dessa combinação, resul-te mais eficácia do que a soma de cada uma das substâncias apresentadas individualmente. Em termos técnicos, com a inovação que realizamos pretendemos um efeito sinérgico, que é o de obter uma eficácia biológica superior ao que se obteria com os componentes separados. Em ter-mos de resultados, eles traduzem-se em ganhos de eficácia no combate aos inimigos das cultu-ras, facilitando também a aplicação por parte dos agricultores e gerando um melhor rácio custo/benefício.

Que importância tem a inovação no seio da em-presa?A inovação é o motor da nossa empresa, com o objetivo de oferecer continuamente soluções di-ferenciadas que constituam ganhos efetivos para o agricultor e para a agricultura. A empresa in-veste 5% do seu volume de negócios por ano no esforço de inovação e regulamentar.

Quantas patentes tem já registadas ou submeti-das a Sapec Agro e quais as perspetivas de cresci-mento no número de patentes registadas para os próximos anos?Estão apresentados em Portugal cinco pedidos de patente, dos quais quatro já foram interna-cionalizados, entre a Europa e o Brasil. Temos mais soluções para apresentar brevemente, ainda durante este ano de 2014.

Quais as áreas em que a Sapec Agro tem apostado mais no que diz respeito à inovação e investiga-ção e que tipo de projetos têm em curso? Realizamos investigação aplicada de forma transversal, em todas as áreas de proteção de cul-turas: herbicidas, fungicidas e inseticidas. Temos sempre em conta as mais recentes exigências ao nível ambiental e toxicológico, para fornecermos as melhores soluções, quer para o agricultor quer

para os recursos ambientais impactados. Por exemplo, está na fase final de exame em Portugal (e está a iniciar o exame na patente europeia e no Brasil) uma combinação de três substâncias ativas para combater o míldio da vinha. Esta combinação inovadora, possibilitará ao agricultor uma maior eficácia no tratamento da sua vinha.

“A Sapec investe cerca de 5% do seu volume de negócios em inovação. O nosso fator diferenciador resulta deste processo inovador, que é absolutamente crítico para a empresa”, revela Luís Teixeira, Agente Oficial de Propriedade Intelectual e Diretor do

Departamento de Propriedade Intelectual Sapec Agro, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Ao longo desta conversa percebemos a evolução da marca, que está hoje entre as principais empresas nacionais no ranking de pedidos de registo de patentes a nível

nacional. Saiba mais de uma marca que tem a Inovação no seu ADN.

“A INOVAÇÃOé o motor da nossa empresa”

Os produtos fitofarmacêuticos são atualmente o principal foco do grupo? Porquê?Os produtos fitofarmacêuticos são um dos vér-tices da atividade do Grupo. Ao nível do negó-cio agrícola, os outros vértices são a nutrição de plantas (micronutrientes), onde o Grupo desen-volve investigação de base (síntese orgânica), e a

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Luís Teixeira

DIA MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

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de saúde animal (veterinária), que está a dar os primeiros passos mas já possui a única certifi-cação que existe em Portugal para o fabrico de medicamentos veterinários (Certificação GMP). A proteção de culturas e a nutrição de plantas são os negócios de base desta empresa, que está em Portugal desde 1926 e tem sabido crescer e acrescentar valor, mesmo em tempos adversos, o que comprova a visão da sua liderança e o sucesso das suas apostas.

Que peso representa o processo de inovação da Sapec no seu volume de negócios anual? Que im-pacto tem o processo de inovação desenvolvido pela Sapec Agro na competitividade da empresa? Com este processo, a presença do grupo nos mer-cados externos é reforçada?Como foi referido atrás, a Sapec investe cerca de 5% do seu volume de negócios em inovação. O nosso fator diferenciador resulta deste proces-so inovador, que é absolutamente crítico para a empresa. Somos líderes nacionais incontestados com 32% de quota de mercado (operando atra-vés de duas empresas – Sapec Agro e Selectis) e somos líderes ibéricos no segmento “genéricos” (terceiros no ranking ibérico global). Os números falam por si. Tendo sempre em vista as melho-res soluções para o agricultor no quadro de uma agricultura sustentável, os nossos destinatários têm sabido reconhecer a nossa mais-valia, que é também sua. Utilizando tecnologias e soluções de extrema atualidade e pertinência, os nossos produtos são competitivos mesmo em mercados muito sofisticados, como por exemplo o merca-do francês e o mercado italiano, onde já estamos implantados e onde esperamos crescimentos re-levantes nos próximos anos.

Existem hoje ferramentas de apoio ao processo de investigação e inovação. Em que medida a Sa-pec aproveita estes instrumentos?Em 2013 a Sapec viu aprovados os três projetos que submeteu no âmbito do Quadro de Referên-cia Estratégico Nacional (QREN). Dois deles

foram concedidos em sede de incentivos à in-ternacionalização, concedidos através da AICEP – Portugal Global, e o terceiro foi concedido através do IAPMEI, no âmbito da investigação e desenvolvimento. Até ao final deste ano de 2014, o Grupo prevê realizar investimentos avultados nestas áreas. A avaliação da Sapec Agro nos pro-jetos foi elevada, nomeadamente em termos de qualidade do projeto, impacto na competitivida-de da empresa, contributo para a competitividade nacional, contributo para a competitividade re-gional e para a coesão económica territorial.

O número de pedidos de patentes a nível nacional cresceu 336% em dez anos. Em 2013 o crescimen-to foi de 34,5%, colocando Portugal na linha da frente no que concerne aos países que mais cres-ceram no número de pedidos feitos ao Instituto Europeu de Patentes. Como se explica este notá-vel progresso que Portugal tem feito ao nível da proteção dos seus inventos?O que explica esse aumento percentual é, em lar-ga medida, o facto de as patentes não serem valo-rizadas em Portugal até há bem pouco tempo. Eu diria que a base era muito baixa, o que justifica este incremento percentual. Ainda assim, esta-mos bem longe de países europeus com popula-ção e área territorial semelhantes a Portugal. Para lhe dar um exemplo, tivemos 199 pedidos de pa-tente em 2013, enquanto a Holanda, no mesmo ano, teve 7606 e a Suíça teve 7966. Existe, como vê, uma larga margem para evoluir… Mas tem-se verificado um estímulo por várias vias, a come-çar pelos incentivos financeiros. Por outro lado, penso que os agentes económicos se começaram a aperceber das vantagens da inovação e da pro-teção de patente, em termos de mercado.

Há cada vez mais jovens a virar-se para a agricul-tura em Portugal. Isso já se reflete ao nível da ino-vação agrícola em Portugal? Que efeitos este reju-venescimento e aumento das qualificações da mão de obra agrícola se refletirá no futuro do setor?Tem-se verificado, efetivamente, uma alteração

do perfil do agricultor em Portugal, embora seja ainda ténue. A esmagadora maioria dos produ-tores, quase 90%, possui apenas formação agrí-cola exclusivamente prática. De qualquer forma, verifica-se uma alteração do posicionamento em relação à agricultura: de uma atividade de sub-sistência e de médio/baixo rendimento está cada vez mais a encarar-se como uma indústria, a exi-gir profissionalismo a todos os níveis. É evidente que o rejuvenescimento e uma maior qualificação dos recursos na agricultura conferem uma nova dinâmica ao setor, e orgulhamo-nos de ser par-ceiros desse sucesso. E é uma dinâmica que acaba por contagiar todo o setor, tornando-o global-mente mais competitivo e exigente, o que é para nós o melhor dos desafios.

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A importância destes ativos intelectuais fica claramente evidencia-da quando se analisam os mais recentes indicadores estatísticos disponibilizados pelas principais organizações internacionais. Em 2013 o número de pedidos de Patente apresentados no Institu-

to Europeu de Patentes (IEP) atingiu o impressionante valor de 266 mil pedidos, mais 2,8% do que em 2012; no sistema da Patente Internacional (PCT) gerido pela OMPI, foram solicitados 205 mil novos pedidos, cerca de mais 5.1% do que em 2012; na Marca Internacional (Sistema de Ma-drid) assistimos em 2013 à apresentação de novos 47 mil pedidos de regis-to, correspondendo a mais 6,4% do que em 2012; finalmente, e na área do Design, a OMPI recebeu 3 mil novos pedidos de registo, o que corresponde a um acréscimo de 14,8% comparado com o ano de 2012.Relativamente a Portugal e no âmbito dos dados apresentados pelo IEP merece especial destaque os resultados alcançados pelos requerentes nacio-nais. Portugal apresentou 199 pedidos de patente que designam a Patente Europeia, quer diretamente, quer pela via PCT, representando este número um aumento de 34,5% face a 2012. Nas vias internacionais relativas a Mar-cas também se registaram taxas de crescimento significativas, com o volu-me de pedidos na via Comunitária a subir 5,6%, enquanto a OMPI assinala um acréscimo considerável de mais 45% nos pedidos da via Internacional submetidos por requerentes residentes em Portugal.Estes indicadores contribuíram de forma decisiva para o desempenho de Portugal em matéria de inovação, colocando-nos o estudo europeu “Inova-tion Union Scoreboard 2014” no grupo dos países “inovadores moderados” e onde se incluem parceiros comunitários como Espanha, Polónia, Itália, Hungria e República Checa, entre outros.Mas ainda mais relevante é perceber a importância dos ativos intelectuais para o desempenho económico (PIB) e para a criação de emprego. O es-tudo Intellectual Property Rights intensive industries: contribution to eco-nomic performance and employment in Europe realizado pelo IEP e pelo Instituto de Harmonização no Mercado Interno (IHMI) aponta, como principais conclusões, que cerca de 39% (cerca de 4,7 triliões de euros/ano) da atividade económica total na UE são gerados por setores económicos

26 De ABRIldia Mundial da propriedade intelectual

com utilização intensiva de direitos de propriedade intelectual (PI) e apro-ximadamente 26% (56 milhões de postos de trabalho) de todo o emprego na UE estão diretamente nesses setores (indiretamente são responsáveis por mais 9% dos postos de trabalho na EU). Os dados apresentados neste estudo relativos a Portugal demonstram um desempenho abaixo da média da UE: 34% do PIB e 24,2% relativamente ao emprego.Os números que acabam de ser apresentados quer na perspetiva da utili-zação das diversas vias internacionais de proteção de Marcas e Patentes por requerentes portugueses, quer na perspetiva do seu contributo para o desempenho económico e para a criação de emprego apontam para duas conclusões que parecem óbvias: Portugal e a sua economia estão num ca-minho de convergência com economias mais desenvolvidas, mas o caminho tem de continuar a ser “caminhado” de forma firme e sustentada.Voltando ao dia 26 de abril, importa referir que o INPI tem assinalado este dia, através de diversas atividades; desde a isenção de taxas nos pedidos on-line relativos ao Design e às Patentes como forma de promover e apoiar as criações e as tecnologias portuguesas até à realização de Tertúlias sobre PI. No entanto, o traço mais constante das comemorações tem sido o trabalho de sensibilização junto de milhares de jovens, desenvolvido em parceria com os Centros Tecnológicos de Portugal, no âmbito do concurso “Isto é uma Ideia”. Este concurso premeia a criatividade dos jovens lançando-lhes o desafio de criar um produto novo e comercializável, simulando todas as fases do ciclo industrial, utilizando as novas tecnologias e os conhecimen-tos adquiridos em sessões de formação, não esquecendo nunca os conceitos associados à proteção e defesa da propriedade intelectual.Voltando ao dia 26 de abril, o INPI tem assinalado este dia através de diversas atividades sendo de destacar a realização da final nacional do con-curso “Isto é uma Ideia”. Este concurso, realizado em parceria com Centros Tecnológicos de Portugal, premeia a criatividade dos jovens lançando-lhes o desafio de criar um produto novo e comercializável, simulando todas as fases do ciclo industrial, utilizando as novas tecnologias e os conhecimen-tos adquiridos em sessões de formação, com particular enfoque nos concei-tos associados à proteção e defesa da propriedade industrial.

DIA MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

No ano 2000 os Estados Membros da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) designaram o dia 26 de abril “Dia Mundial da Mundial da Propriedade Intelectual”, como

forma de comemorar a entrada em vigor, em 1970, do Tratado da OMPI e

também homenageando e discutindo a importância e o contributo das Marcas, das Patentes, do Design, das Indicações Geográficas e do Direito de Autor para o desenvolvimento da economia e da

humanidade.

A OPINIÃO DE Marco Dinis, Vogal do Conselho Diretivo

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Na União Europeia, a Agenda Digi-tal 2020 parte do desígnio de criar um mercado único digital, capaz de colma-tar as falhas do mercado único europeu,

incapaz de ultrapassar a fragmentação nacional. Neste contexto, os Direitos de Autor estão a ser vistos como bem de menor importância que pode constituir um entrave à liberdade de circulação de obras. “Esta visão é profundamente errada e muito redutora acerca do papel do Direito de Autor e é certamente fruto da falta de “lobbying” intenso junto das Instituições Europeias”, um tipo de in-tervenção em que Victor Castro Rosa se especia-lizou enquanto foi responsável pelos assuntos jurí-dicos da TVI, a qual pertence à ACT (Association of Commercial Television in Europe.A Comissão assume como objetivo último acabar com as diferenças entre os regimes vigentes nos Estados-Membros, passando a existir um direito de autor comum para os Estados europeus. Para Victor Castro Rosa esta é uma medida que tem de ser combatida, por várias razões. A primeira é óbvia e trata-se da riqueza cultural dos países eu-ropeus. Para além disso, a territorialidade é tam-bém um elemento importante no que diz respeito à rentabilização dos direitos de autor e portanto deve ser respeitada, sob pena de os produtores e criadores intelectuais não conseguirem recuperar o investimento que fizeram na criação intelectual.

MAS NEM TUDO é MAU! Recentemente foi aprovada uma diretiva sobre a gestão coletiva de música no domínio do online, a qual vem introduzir um sistema específico para a música que permitirá a obtenção de licenças com validade pluriterritorial. Para Victor Castro Rosa, o resultado será positivo uma vez que “vai proporcio-nar algum dinamismo no mercado de licenciamen-to, já que até agora vigorava um sistema que não permitia concorrência entre as várias sociedades de gestão de cada Estado-Membro. Isto é bom, do ponto de vista dos utilizadores porque sempre que há concorrência os preços baixam. Neste caso, são as

comissões de gestão que podem e devem ser com-petitivas, o que beneficiará igualmente os autores e produtores e estimulará a eficiência de gestão.Victor Castro Rosa utilizou, nesta entrevista, uma frase de Charles Clarke – “A resposta para a máquina é a máquina”, como forma de defender a ideia de que os problemas criados pela evolu-ção tecnológica devem ser resolvidos pela própria evolução tecnológica. Nesse sentido, defende a criação de uma tecnologia a partir da qual, sem-pre que um conteúdo está a ser utilizado numa plataforma ligada a nível mundial, se possa iden-tificar quem são os detentores dos direitos. Esse é um trabalho que a Comissão tem vindo a finan-ciar, nomeadamente no caso da Linked Content Coalition (http://www.linkedcontentcoalition.org/) e uma forma de se retomar o controlo, por parte dos autores, da utilização que é feita dos conteúdos em plataformas interativas.Uma outra medida importante para a diminuição da pirataria, passa também pela introdução de um sistema de notificação e ação, implementado não só pelos ISPs mas também pelos motores de busca, à semelhança daquilo que foi introduzido em França e também, mais recentemente, na le-

é na área da Propriedade Intelectual e Direitos de Autor na Sociedade da Informação que Victor Castro Rosa tem vindo a focar a sua carreira enquanto advogado. A Comissão Europeia está a propor uma grande reforma relacionada com o uso da internet e

consequentes novas modalidades de utilização de obras e criações intelectuais, o que coloca graves problemas ao Direito de Autor. Várias são as iniciativas já avançadas com esse intuito, uma delas é a consulta pública, que esteve aberta de 5 de dezembro a 5 de

março, por forma a apurar as áreas do Direito de Autor que carecem de reforma, tendo em vista o estabelecimento de um mercado único digital. Antes disso, foi lançada uma outra iniciativa, focada em grupos de trabalho chamados a refletir sobre situações

particulares desta área do Direito, o que resultou num documento que institui dez compromissos. Victor Castro Rosa dá o seu parecer sobre algumas das questões mais relevantes que foram levantadas.

“A RespOsTA para a máquina é a máquina”

gislação em vigor no Reino Unido. Victor Castro Rosa explica: “os titulares de direitos fazem uma pesquisa, se encontrarem conteúdos seus cuja colocação na Internet não tenha sido autorizada, notificam o ISP ao qual foi atribuído o endereço IP, o qual, por sua vez, terá a obrigação de notifi-car os seus clientes de que foi indiciada a prática de uma infração. No caso dos motores de busca, depois de notificados, estes têm a obrigação de remover dos seus resultados as páginas ou sítios eletrónicos que disponibilizam conteúdos consi-derados ilícitos”.Outra importante questão levantada pela Comissão diz respeito à adequação ao mundo atual das exce-ções atualmente contempladas na lei. Victor Castro Rosa não tem dúvidas, “alguns estudos académicos defendem esse alargamento, à semelhança do que acontece nos EUA, em que existe a cláusula do “fair use” mas ninguém se entende em relação à exten-são e abrangência da mesma. Estou certo de que se devem manter as mesmas exceções contempladas na Diretiva 2001/29/CE de 22 de Maio (Direito de Autor e Direitos Conexos na Sociedade da In-formação), eventualmente alargando o seu sentido através de uma interpretação mais abrangente”.Estas foram algumas das posições defendidas por Victor Castro Rosa na resposta que enviou à Co-missão Europeia, enquanto Diretor e em nome da Associação Círculo d’Autor, que representa, em Portugal a ALAI (Association Littéraire et Artistique Internationale) fundada por Victor Hugo no Século XIX. O objetivo é claro: “espe-ro que na consulta pública obtenham uma forte oposição à mudança radical do sistema porque isso irá originar enormes perdas culturais, fuga dos autores para determinados países e benefício desses em detrimento de outros”.Victor Castro Rosa é advogado com escritório em Lisboa e trabalha principalmente no domínio da efetivação dos Direitos de Autor na Internet e na Sociedade da Informação.

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DIA MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

Victor Castro Rosa

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Ser a ‘Melhor Escolha’ é o lema há muito adotado pela Tranquilidade. Consumidores e entidades independentes têm confirmado essa re-alidade. Em 2013, a Tranquilidade renovou todos os prémios con-quistados no ano anterior – ‘Melhor Grande Seguradora Não Vida’,

‘Melhor Reputação’, ‘Superbrand’ e ‘Melhor Call Center’ – a que juntou “A Escolha do Consumidor” em seguros. Estas distinções, que têm de ser partilhadas com a nossa rede de mediadores, são um estímulo para conti-nuarmos a investir na qualidade, para manter elevados níveis de satisfação, com 85% dos nossos clientes a recomendarem a Tranquilidade. Temos soluções para os diversos segmentos do mercado, com abordagens mais standards para o cliente individual e “desenhadas à medida” para as empresas de média ou grande dimensão, tendo em conta a nossa forte ex-periência e competência nestes segmentos mais complexos tecnicamente. É com espírito de permanente inovação no desenho dos nossos produtos que conseguimos satisfazer de uma forma única todas as necessidades de proteção dos nossos Clientes: quer ao nível do automóvel, da saúde, do património, de responsabilidade civil ou de vida risco, entre outros.O difícil contexto económico português dos últimos anos obrigou a grande maioria das pessoas a reavaliar as suas despesas e os seus investimentos, mas também a valorizar a proteção, procurando reduzir o risco de algum impre-visto que possa acontecer. Consciente disso, a Tranquilidade tem trabalha-do no desenvolvimento das soluções que melhor se adequem a essa realida-de. Por isso, lançou uma coleção de seguros light, com auto, casa e saúde. Destina-se a clientes que queiram estar protegidos dos riscos essenciais.O novo Tranquilidade Auto, para além da opção ‘light’, que tem respon-sabilidade civil obrigatória e assistência, é uma forte aposta no conforto dos nossos clientes. Oferece coberturas ‘Multi Assistência’ alargadas e um conjunto de coberturas inovadoras (como despesas de tratamento para cães e gatos, única no mercado).Os seguros multirriscos têm tido uma procura crescente por via de uma maior preocupação com a proteção das residências a fenómenos de intem-péries ou roubo. A Tranquilidade renovou o seu Seguro Casa que oferece agora também uma opção light, com um custo a partir de 30€. Protege contra os grandes riscos como incêndio, inundações, tempestades e roubo e inclui ainda indemnização do recheio até 100% do capital, com base no valor dos bens novos, e serviços de assistência ao lar, 24h por dia.Na saúde, com as restrições introduzidas ao SNS, tem havido um aumento da procura. Os seguros de saúde assumem hoje um papel incontornável no sistema de prestação de cuidados de saúde em Portugal. A Tranquilidade

tem uma oferta muito completa nesta área. Para dar resposta a diferentes necessidades, a Tranquilidade criou também um seguro saúde light que, a partir de 7€ por mês, dá resposta a situações extremas, como uma hospi-talização. Temos também o seguro de saúde extracare destinado a clientes que pretendem garantir situações específicas de internamento muito gra-ves, ou já tendo um seguro de saúde pela empresa desejem um complemen-to adicional, por apenas 40€. Com capital de 150.000 euros de hospitalização, esta opção dá acesso a clínicas no estrangeiro dentro e fora da rede de prestadores e tem uma cobertura de doenças graves até um milhão de euros. De referir também o lançamento de produtos específicos como o Sanos Visão (oftalmologia), o Sanos Sorriso (estomatologia), o Sanos Chek-Up e o Sanos Sénior. Temos soluções de saúde para todo o tipo de necessidades que os nossos clientes possam ter.O conhecimento do mercado e dos consumidores, que levou ao lançamento dos Seguros Light, reflete a proximidade da Tranquilidade à realidade do país e à vida das pessoas. É uma resposta eficaz, de uma seguradora com quase 150 anos, sempre presente, às necessidades de proteção decorrentes da conjuntura atual.

“seguROs lIghT pARA pROTegeRo essencial com custos baixos”

SETOR SEGURADOR

A crescente importância da proteção de pessoas e bens e as rápidas e profundas transformações da sociedade e dos

riscos têm trazido enormes desafios à atividade seguradora. A Tranquilidade tem respondido a esta envolvente com

qualidade de serviço e com inovação na criação de produtos que respondem à globalidade das necessidades de seguros

dos consumidores.

A OPINIÃO DE Filipe Infante, Diretor de Marketing da Tranquilidade

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Em Portugal, a leishmaniose é causada por um parasita denominado Leishmania infantum que se localiza, sobretudo, na medula óssea, nos gânglios linfáticos, no baço, no fígado e na pele. O parasita é transmitido aos cães, aos gatos e ao Homem, pela picada de pe-

quenos insetos fêmeas das espécies Phlebotomus perniciosus e P. ariasi. Estes insetos de cor amarela clara vivem nos abrigos de animais, habitações, caixotes de lixo, jardins, matas, etc. e alimentam-se de sangue, picando, pre-ferencialmente, ao final do dia.O cão é o principal hospedeiro e hospedeiro reservatório e, em Portugal, estima-se que 110 mil cães estejam infetados embora muitos não manifes-tem a doença. Quanto ao papel do gato como possível hospedeiro reserva-tório de L. infantum não está ainda esclarecido. Outros animais, como as raposas, os lobos e os roedores, podem, igualmente, ser afetados. A principal via de transmissão da leishmaniose é através da inoculação do parasita pelo inseto quando este se alimenta. Porém, as transfusões sanguí-neas, o contacto direto, a transmissão venérea e a transmissão mãe-filho podem também estar envolvidas. Os cães que vivem sempre no exterior ou na maior parte do tempo fora de casa, os cães de raças exóticas, os cães de pelo curto e os animais com idade igual ou superior a 2 anos correm maior risco de ser infetados.Os donos de cães com leishmaniose devem cumprir rigorosamente o tra-tamento recomendado pelo Médico Veterinário. Contudo a leishmaniose canina é uma doença de caráter crónico e o tratamento nem sempre é efi-caz, sendo por isso muito importante fazer os controlos regulares recomen-dados.Para prevenir a doença no cão, é fundamental manter de um bom estado de saúde do animal, alimentando-o corretamente, e aplicando, com regula-ridade, inseticidas com efeito repelente (sob a forma de coleiras, de pulve-rização ou de spot-on), para impedir a picada do flebótomo. Em Portugal, existe já uma vacina contra a leishmaniose canina. No caso dos gatos, não existem, ainda, inseticidas ou repelentes contra flebótomos, seguros para aplicação nestes animais, nem vacinas contra a leishmaniose felina o que complica a prevenção desta doença.O rastreio da infeção por Leishmania deve ser feito anualmente com vista à deteção precoce do parasita sobretudo se os animais vivem numa área endémica. A prevenção é fundamental para reduzir o número de casos de leishmaniose nos animais e para evitar o risco para os humanos. Em humanos saudáveis, o risco de contrair leishmaniose é pequeno. A leishmaniose humana ocorre, principalmente, nas populações mais pobres em áreas rurais e suburbanas ou em indivíduos imunodeficientes (infeta-dos pelo VIH/SIDA, doentes submetidos a transplantes, crianças muito pequenas cujo sistema imunitário ainda não está bem desenvolvido, entre outros).

leIshmANIOse:Medidas de prevenção

LEISHMANIOSE – MEDIDAS DE PREVENÇÃO

A Leishmaniose canina, na forma visceral zoonótica, é uma doença endémica no Sul da Europa, Norte de África, Médio Oriente, China e América do Sul, que pode também atingir o Homem. Já a leishmaniose felina é menos conhecida embora tenha vindo a aumentar nos últimos anos, em regiões onde a leishmaniose, que

afeta cães e humanos, exista.

A OPINIÃO DE: Isabel Pereira da Fonseca, Vice-Presidente do Conselho Profissional e Deontológico da Ordem dos Médicos Veterinários

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“Os donos de cães com leishmaniose devem cumprir rigorosamente o tratamento recomendado pelo Médico Veterinário. Contudo a leishmaniose canina é uma doença de caráter crónico e o tratamento nem sempre é eficaz, sendo por isso muito importante fazer os controlos regulares recomendados”

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A Royal Canin tem-se afirmado como uma empre-sa que procura dar a melhor resposta às necessi-dades nutricionais de animais de companhia, ten-do como denominador comum “O gato e o cão em primeiro lugar”. Quais são os marcos históricos mais importantes da Royal Canin?A história da Royal Canin começou nos cães da raça Pastor Alemão. A Royal Canin foi fundada em 1967 em Aimargues, no sul de França, por Jean Cathary, um médico veterinário apaixonado por estes cães e que pretendia reduzir a recorrên-cia das lesões cutâneas associadas à intolerância alimentar tipicamente observada na raça. A Royal Canin tem o pioneirismo inscrito no seu ADN, o que tem permitido à empresa desenvolver solu-ções nutricionais para gatos e cães, considerando a sua idade, o seu nível de atividade e estilo de vida, o seu estado fisiológico, a sua raça e as suas sensibilidades. Todos os alimentos formulados pela Royal Canin representam marcos históri-cos para a empresa, pelo seu cariz inovador, pelo que acrescentaram à ciência da nutrição animal, e pelo impacto que têm na saúde, bem-estar e longevidade dos gatos e dos cães de todo o mun-do. Nos 47 anos de história da marca, podemos referir o alimento AGR, lançado em 1980 – o primeiro alimento específico para o crescimento de cachorros de raças grandes - e que foi único no mercado durante 16 anos. Em 1998, a Royal Canin lançou o primeiro programa nutricional, a nível mundial, para gatos e gatas esterilizados com venda exclusiva em clínicas veterinárias. Em 1999 deu mais um passo na viagem da precisão nutricional, introduzindo no mercado o primeiro alimento especificamente formulado para uma raça de gatos - o gato Persa. Em 2012, com o lançamento do alimento Anallergenic, a Royal Canin viu concretizado um sonho de 10 anos: produzir a primeira dieta extensamente hidro-lisada para casos refratários de alergia alimentar em cães.

Com a atual conjuntura económica, muitas famí-lias têm mais dificuldade em cuidar do seu animal como desejam, podendo a nutrição e os cuidados de saúde ficar para segundo plano. De que forma a Royal Canin se tem ajustado às atuais necessi-dades dos seus clientes?Um dos compromissos fundamentais que a Royal Canin tem perante os donos de gatos e de cães é exatamente partilhar com eles o conhe-cimento profundo que temos sobre as particu-

laridades dos seus animais. Acreditamos que o nosso conhecimento de nada serve se não puder ser partilhado, e acreditamos também que donos mais informados e sensibilizados conseguem tomar decisões mais conscientes em relação aos seus animais de estimação, e esse é o primeiro passo para cuidarem dos seus animais. Também proporcionamos um aconselhamento nutricional personalizado através do nosso serviço de Apoio ao Dono, ouvimos ativamente os nossos parcei-ros e os donos de cães e de gatos de maneira a conseguirmos perceber as suas expetativas e a promover a sua satisfação com os alimentos da Royal Canin. Criamos muitas oportunidades para sensibilização dos donos de gatos e de cães e desenvolvemos programas de fidelização que ajudam os donos de gatos e de cães a cumprir a prescrição nutricional mais adaptada aos seus animais, tanto de um ponto de vista preventivo como de suporte à doença.

No momento em que é diagnosticada uma pato-logia no animal, muitas pessoas não sabem o que fazer. De que modo o Programa Veterinary Exclu-sive, desenvolvido pela Royal Canin, pode ser um aliado neste período mais complicado?A gestão diária dos aspetos relacionados com o tratamento das doenças do gato ou do cão pode ser uma fonte de ansiedade e de dificuldades para

Foi em 1967, pelas mãos de Jean Cathary, um médico veterinário fascinado por cães da raça Pastor Alemão, que começaram a ser escritas as primeiras linhas da história da Royal Canin, uma empresa que, desde as suas origens, tem procurado dar a melhor resposta

às necessidades nutricionais de animais de companhia. Foi com Catarina Elias, Diretora de Vendas e Marketing do Canal Veterinário da Royal Canin Portugal que ficamos a saber mais de uma “casa” onde os gatos e cães estão sempre em primeiro lugar. Tendo sempre

presente a consciência de que, nos lares dos portugueses, os animais são tidos como membros da família, a Royal Canin responde às questões levantadas pelos donos de gatos e cães que “estão cada vez mais curiosos por informação que possa ajudá-los a cuidar

melhor dos seus animais e a assegurar a sua saúde e bem-estar”, referiu Catarina Elias. Neste caminho da sensibilização, saiba, por exemplo, qual a importância da nutrição no maneio da Leishmaniose, uma patologia de cura difícil que, além de ter grande

prevalência nos cães portugueses, pode afetar outras espécies, inclusivamente o Homem.

“A ROyAl CANIN Temo pioneirismo inscrito no seu adn”

o seu dono. Na grande maioria das doenças dos gatos e dos cães, é possível intervir com dietas especialmente formuladas para atenuar ou mes-mo controlar alguns sintomas. Estas dietas são formuladas recorrendo a nutrientes específicos em doses suplementares, que têm efeitos sobre diferentes órgãos e diferentes funções do orga-nismo. Na Royal Canin, e porque sabemos que habitualmente o cumprimento de um programa nutricional pelos donos de animais doentes é de-safiante, e pensando sobretudo no contexto atual, criámos um programa de suporte - o progra-ma Veterinary Exclusive – dedicado aos donos de gatos e de cães com patologias para as quais existem benefícios comprovados da utilização de dietas terapêuticas. Para o animal, os benefícios destas dietas só são percetíveis com uma utili-zação prolongada das mesmas: na grande maio-ria dos casos, o tratamento nutricional pode ser prescrito por períodos de 4 a 6 meses, sendo que, em algumas doenças, a utilização das dietas será vitalícia. Este programa de fidelização é especial, porque é exclusivo para dietas terapêuticas e aju-da estes donos a cumprirem o plano terapêutico prescrito para o seu animal pelas equipas médico veterinárias.

A Royal Canin procura desenvolver programas nutricionais específicos para cada animal. Neste âmbito, que preocupações existem atualmente e que conselhos procuram transmitir?O nosso compromisso fundador de “Conhe-cimento e Respeito” é baseado na observação constante de gatos e de cães e no conhecimento científico. Os benefícios nutricionais que os ali-mentos da Royal Canin oferecem aos gatos e aos cães, traduzem-se em resultados que são visíveis para os seus donos, e esses são muito fáceis de reconhecer. No entanto, sabemos que o caminho de precisão nutricional que a Royal Canin per-corre diariamente ao longo dos últimos 47 anos, pode ser difícil de explicar aos donos dos gatos e dos cães. Os alimentos da Royal Canin, pela sua especificidade, apresentam fórmulas complexas, e portanto um dos nossos objetivos principais é partilhar o conhecimento que detemos sobre gatos e cães com os seus donos, de uma forma clara e simples, por forma a ajudá-los a identifi-car as necessidades dos seus animais e a conhecer melhor as suas particularidades. Por outro lado, o grau de precisão técnica dos nossos alimentos exige um aconselhamento que só pode ser reali-

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LEISHMANIOSE – MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Catarina Elias

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zado pelos profissionais do segmento especiali-zado – médicos veterinários, profissionais de lo-jas da especialidade e criadores, razão pela qual a estratégia da Royal Canin assenta numa atuação exclusiva no mercado especializado, e por isso não é uma marca possível de ser encontrada na chamada Grande Distribuição. Assim, uma das nossas prioridades é dar suporte a estes profissio-nais para que possam facilitar a decisão dos do-nos de gatos e cães através da sua recomendação nutricional. Para nós, também é muito importan-te partilhar com os donos de gatos e cães alguns dos nossos “porquês”: a formulação com base em nutrientes e não em ingredientes, ou o simples facto de não comunicarmos os sabores dos nos-sos alimentos. Este exemplo em particular ilustra muito bem a nossa abordagem estritamente cien-tífica ao processo da seleção do alimento pelos gatos e pelos cães: o facto de terem apenas 500 e 1500 papilas gustativas respetivamente (por opo-sição às 9000 encontradas no homem) comprova o papel residual que o paladar representa na es-colha do alimento. Por exemplo, de um ponto de vista de marketing é mais fácil comunicar ingre-dientes porque é um conceito mais fácil para os donos. Na Royal Canin recusamo-nos a fazê-lo porque assumimos um compromisso com a saú-de dos animais. Assim, comunicamos o que faze-mos, comunicamos o nosso foco nos nutrientes: é complexo mas estamos dispostos a explica-lo as vezes que forem necessárias para termos donos bem informados e animais mais saudáveis. Para a Royal Canin, o desafio está em sensibilizar os donos de animais para estes factos científicos e assim dar suporte às suas decisões, contribuindo também para a desmistificação de alguns concei-tos que as podem influenciar.

Há quem defenda a necessidade de pensar numa só saúde que englobe a animal e a humana. No fundo, com casos recentes como o da gripe aviá-ria, há cada vez mais a consciência de que a saúde global mundial está dependente da evolução da saúde animal. Concorda?O crescente reconhecimento das ligações entre a saúde humana, a saúde animal e o ambiente tem vindo a potenciar uma maior cooperação e colaboração entre os profissionais que trabalham nesses setores. As doenças infeciosas emergentes, como a gripe aviária, chamaram a atenção para as zoonoses e a verdade é que muitas dessas do-enças são manifestações de alterações ambientais ou até climáticas. A prevenção dessas doenças deve envolver a criação e manutenção de am-bientes saudáveis, e está diretamente dependente da saúde animal. Trabalhando para melhorar o ambiente e para reduzir o risco da transmissão deste tipo de doenças, é um processo complexo que deve envolver os profissionais e as comu-nidades. A Royal Canin desde cedo percebeu a intricada relação que existe entre a performance do negócio, as pessoas e o próprio planeta: so-mos muito conscientes e proativos na procura do equilíbrio constante entre estas três dimensões, e a nossa política de seleção de matérias-primas sustentáveis é uma prova disso mesmo.

Qual é a importância da nutrição no maneio da Leishmaniose? Quais os alimentos mais indicados?O tratamento médico da leishmaniose é longo e envolve diversos tipos de medicamentos. No entanto, o suporte nutricional é simples. A Royal Canin desenvolveu o alimento Urinary UC Low

Purine de forma a dar o suporte mais específico e adaptado aos cães com esta doença. Este alimen-to foi formulado com fontes proteicas com um baixo teor de purinas, e ajuda a reduzir o risco de formação de cálculos urinários metabólicos (cálculos de uratos, xantina e cistina) um dos principais riscos associados à administração de Alopurinol (medicamento que habitualmente é utilizado no tratamento médico da leishmanio-se). Este alimento, contribui ainda para o reforço do sistema imunitário e da saúde da pele, que nestes animais se encontram mais fragilizados, contribuindo para o seu bem-estar e qualidade de vida, já que as lesões cutâneas associadas à doença podem ser difíceis de gerir e causam des-conforto aos animais.

Um dos grandes valores abraçados pela Royal Ca-nin consiste em alargar as fronteiras da Nutrição--Saúde. De certo modo, hoje em dia, os donos dos animais têm a preocupação de escolher a alimen-tação específica para o seu animal de estimação, querendo saber qual o programa nutricional mais adequado? Há a consciência de que uma boa alimentação previne doenças? A Royal Canin sabe que em Portugal os animais de estimação assumem cada vez mais o papel de membros da família e reconhecemos que os donos de gatos e cães estão cada vez mais curio-sos por informação que possa ajudá-los a cuidar melhor dos seus animais e a assegurar a sua saú-de e bem-estar. Os contactos que recebemos no nosso serviço de Apoio ao Dono, permitem-nos escutar ativamente as preocupações dos donos de gatos e de cães, as suas dúvidas, e a verdade é que muitos destes contactos mostram-nos que os donos de animais em Portugal têm cada vez mais consciência de que a saúde dos seus ani-mais pode ser influenciada pela nutrição e pelo alimento que escolhem para eles. Para a Royal Canin, ouvir a pergunta “qual é o melhor ali-mento para o meu animal?” é um excelente sinal de que os donos de gatos e cães estão atentos, são exigentes e querem perceber exata-mente os be-nefíc ios nutri-

cionais que um dado alimento proporcionará ao seu animal. Para a Royal Canin, estas perguntas representam uma oportunidade de falar com os donos de animais, de partilhar com eles as evidên-cias científicas que devem estar na base da escolha do alimento para o seu animal de estimação.

Tendo em conta as crescentes exigências dos donos e, sobretudo, dos animais, que desafios a Royal Canin terá de enfrentar no futuro?A Royal Canin é mundialmente reconhecida como uma marca pioneira na inovação científica e que molda a sua história e o seu crescimento na procura constante pela precisão nutricional. Na Royal Canin, desde sempre, todos os produtos nascem de uma necessidade identificada em pri-meiro lugar no gato e no cão. Esta abordagem é o fio condutor de tudo o que fazemos, mas também aporta à empresa uma grande responsabilidade: a de perpetuar esta procura pela precisão. Torna-se fácil adivinhar que para a Royal Canin, o princi-pal desafio é a expansão contínua do território da nutrição-saúde para gatos e cães, através da an-tecipação das suas necessidades, das tendências e dos modos de vida que influenciam a sua saúde e bem-estar. Queremos continuar a descobrir novos caminhos, mesmo percebendo que nessa descoberta reside sempre alguma resistência. No contexto atual, somos diariamente desafiados a fazer um exercício de futuro, de construção e solidificação das nossas raízes e da nossa missão, e de reforço das nossas relações de parceria com os profissionais do segmento especializado. Na Royal Canin às vezes dizemos que somos “tei-mosamente científicos”, e somos! Há mais de 47 anos que produzimos alimentos segundo fórmu-las muito precisas e equilibradas que satisfazem as verdadeiras necessidades dos gatos e dos cães. E fazemos tudo isto, confiando na ciência, nos dados e factos e no conhecimento sobre gatos e cães para o qual a marca também contribui. So-mos teimosamente científicos e vamos continuar a ser: não é o caminho mais fácil, mas é aquele que nos tem permitido cumprir junto dos gatos e cães com as promessas que os nossos alimentos

fazem, porque os resulta-dos são visíveis para os seus donos.

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Royal Canin SAS 2014. All Rights Reserved.

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2010 não foi um ano fácil para o sector imobiliário e Portugal foi mesmo consi-derado o oitavo pior mercado imobiliário do mundo. A análise faz parte do índi-

ce S&P/Case Shiller, que analisa anualmente a posição do sector e antevê as perspetivas para os próximos meses. O estudo mostrava uma queda dos preços na ordem dos quatro por cento.A situação do mercado certamente não deixou de criar receio em Manuel da Silveira, mas, ainda assim, não foi suficiente para o fazer baixar os braços. Depois de algum tempo sem construir, fruto da crise que se fazia sentir no sector desde 2008, a Mafavis retoma a construção com este Varandas Residence nesse ano.

“OS 3 B’S QUE TODOS PROCURAMOS:BOM, BARATO E BONITO”

Pronto a habitar, o Varandas Residence está lo-calizado no centro de Valongo, junto às escolas e ao novo campus de justiça. Para além das lu-xuosas habitações de tipologia t2 a t4, o empre-endimento compreende também 11 lojas. Com uma arquitectura contemporânea de qualidade, integra-se na perfeição nas exigências da vida moderna. Em cada habitação, os materiais uti-lizados denotam a preocupação com a harmonia, bem como o equilíbrio entre as fachadas exterio-res e os espaços interiores. E não são apenas os padrões estéticos de qualidade que marcam o Va-randas Residence, também padrões ambientais de grande rigor estão patentes nos revestimentos selecionados e nos acabamentos.“Nos últimos cinco/ seis anos praticamente não construímos para podermos escoar o muito stock que tínhamos mas de há três anos para cá de-cidimos voltar a construir e tenho-me dedicado de corpo e alma a este projeto. Já demos o ar da construção do século XXI com o Granja Park, em Águas Santas, mas este agora é sem dúvi-da um projecto com todas essas características, muito moderno e arrojado. Tentei posicionar-me sempre na ótica do cliente enquanto o projectei e isso resultou num prédio todo ele eficiente a nível energético, acusticamente bem preparado, com domótica, painéis solares, aspiração central, alarme, cofre, iluminação em led, enfim, vários

2014 começou bem para o mercado imobiliário! O início do ano ficou marcado por uma profunda recuperação do sector, tendo mesmo alcançado o valor mais positivo do índice de confiança do IMI (Imovirtual Market Index) desde o seu lançamento em julho de 2012. é certo que o primeiro trimestre do ano é geralmente o mais dinâmico no que concerne a este sector, ainda assim, outros factores deixam denotar uma clara recuperação do mercado imobiliário, algo que tem sido assinalado também pelos profissionais

da área, que se mostram confiantes e optimistas quanto aos próximos tempos. Um desses profissionais é Manuel da Silveira, Administrador do Grupo Mafavis que, ao contrário de grande parte dos players da área, soube quando “limpar a casa”, evitando

construir mais de forma a tentar escoar o stock existente, mas soube também quando correr esses mesmos riscos e investir. Assim, no início do ano em que o mercado imobiliário dá sinais de melhoria, a Mafavis termina também o Empreendimento Varandas Residence, localizado no centro de Valongo, que compreende apartamentos de luxo de tipologia T2 a T4. Saiba mais sobre o grupo Mafavis, que

celebra este ano o seu 30º aniversário, e este projecto em que Manuel da Silveira se lançou de cabeça nos últimos três anos!

mAFAVIs: quANDO TRADIÇÃO e experiência se aliam a renovação e modernidade!

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TEMA DE CAPA

Manuel da Silveira

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pormenores que vão ao encontro das necessida-des actuais. São 30 frações e uma pequena área comercial com 11 lojas, de arquitectura contem-porânea e arrojada mas ao mesmo tempo mini-malista, mantendo assim um equilíbrio que faz com que o mesmo seja apreciado pelas diferentes faixas etárias”, explica Manuel da Silveira.Para o administrador da Mafavis, o edifício acu-mula “os 3 B’s que todos procuramos: bom, bara-to e bonito”, pelo que “as expectativas são boas, ainda mais porque não tem qualquer tipo de concorrência nos arredores. A procura tem sido elevada e as críticas muito positivas”.Ainda assim, Manuel da Silveira não deixa de frisar que as vicissitudes do mercado imobiliário nos últimos anos fizeram, por um lado, com que os compradores se tornassem mais cépticos e, por outro, com que ganhassem algumas manhas que deixam o vendedor numa posição desigual face aos mesmos. “Uma vez que nos últimos anos houve inúmeros promotores que deixaram os prédios a meio e não cumpriram com os seus compromissos, o cliente tem agora mais receio e pretende forçosamente que o prédio fique pronto antes de partir para a compra. Para além disso, sabendo como está o mercado e imaginando as dificuldades que o pro-motor poderá estar a ter, tenta utilizar isso como arma de arremesso e como forma de chantageá--lo. Ou seja, vai protelando a compra para tentar sujeitar o vendedor a baixar os preços. Isto é uma luta inglória e por isso ter sucesso actualmente não é fácil”, refere. De acordo com os dados recentes, apesar dos sinais de melhoria do setor, o tempo médio de absorção no mercado residencial de venda conti-nua a situar-se nos 15 meses. Quanto ao tempo médio de absorção no mercado residencial de arrendamento mantém-se a tendência de agra-vamento ligeiro, iniciada em Outubro do ano passado, situando-se agora um pouco acima dos cinco meses.

IMAGEM RENOVADAOs últimos três anos ficaram marcados na Ma-favis pela retoma da construção mas, mais do que isso, 2010 foi também altura de refrescar a

imagem do grupo, mantendo a tradição mas re-forçando o dinamismo e as competências como forma a apresentar novos projectos e ambições. Este processo de renovação inicia-se pouco de-pois da entrada de Manuel da Silveira para a ad-ministração do grupo, trazendo assim uma lufada de ar fresco ao mesmo.“Em 2008 assumi de uma vez por todas a lide-rança das empresas e comecei imediatamente a desenvolver a empresa que tínhamos de constru-ção e que estava praticamente estagnada, funcio-nando apenas para pequenas reparações de assis-tência aos nossos clientes, porque tínhamos que prestar garantias das habitações vendidas. Hoje em dia essa empresa dedica-se já a pequenas obras, tendo capacidade para fazer pequenos edi-fícios ou moradias, mas essencialmente obras de restauro, o que entra na filosofia daquilo que se vem fazendo atualmente no centro das grandes cidades - o Porto com mais interesse para nós; e também para prestar apoios de manutenção uma vez que estamos muito vocacionados para a parte técnica, como por exemplo, questões rela-cionadas com problemas de infiltrações. É nessas áreas mais técnicas que temos feito intervenções de interesse, tal como a intervenção recente que fizemos no edifício de catering do aeroporto Sá Carneiro”, afirma Manuel da Silveira relativa-mente à Tecnigom Construções.De referir que o Grupo Imobiliário Mafavis se divide em três grandes empresas. A empresa mãe é a Mafavis Sociedade Imobiliária, no mercado

desde 1984, e que dispõe de amplas soluções para investidores, pelo arrendamento e venda de apartamentos, lojas, escritórios, lotes para mora-dias, armazéns e terrenos com projecto aprovado. Com provas dadas no sector e um vasto leque de património, a empresa dedica-se assim, no mo-mento actual, a encontrar as melhores oportuni-dades de negócio para os seus investidores.A Tecnigom Construções surgiu pouco depois, em 1988, com o objectivo de abraçar projectos de manutenção, construção e restauro. A sua equipa de profissionais possui a capacidade técnica e a experiência certa para efectuar a gestão de traba-lhos de uma forma contínua, escolher os forne-cedores e materiais adequados, fazer o controlo de qualidade, avaliar os meios e os seus processos de aplicação.

DESENVOLVIMENTO DA TECNIGOME APOSTA NA REABILITAÇÃOSÃO ESTRATéGIAS A SEGUIR

A Tecnigom ganhou um maior peso no seio do Grupo nos últimos tempos e o objectivo de Manuel da Silveira é continuar a desenvolver esta empresa nos próximos anos, como forma de acompanhar as tendências do mercado. “Vai continuar a haver menos construção do que em tempos e os projectos que se fizerem têm que pri-mar pela distinção. Por essa razão, as empresas têm que vocacionar-se mais para a prestação de serviços e é por isso que tenho vindo a desenvol-ver a Tecnigom. Os 30 anos de experiência que temos no ramo da construção permitem-nos, com menor dificuldade, chegar a um edifício e detectar, por exemplo, de onde vem um problema de infiltração, o que faz de nós um player com potencial na área da reabilitação Neste momento, temos dado resposta a empresas de condomínio que gerem vários imóveis e aos poucos afirma-mo-nos junto delas pelo reconhecimento do nosso trabalho. Qual é então o grande problema com que nos deparamos nesta altura? Se por um lado, estamos a tentar ganhar obras para justificar a maior aposta nos projectos de reabilitação ur-bana, por outro lado, é cada vez mais complicado reunir mão de obra qualificada porque, fruto des-ta crise, a grande maioria da mão de obra qualifi-cada foi para fora”, lamenta.Apesar do objectivo para os próximos tempos passar por uma maior aposta na reabilitação, o

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“A banca criou uma concorrência desleal ao desenvolver uma atividade dentro da própria atividade deles, ou seja, vender propriedades à boca do balcão. Para além disso, a entrada na União Europeia foi benéfica em certos aspetos mas levou a uma falsa ideia de como as coisas deviam ser geridas. O português sempre esteve mais habituado a ter as suas economias em casa do que propriamente no banco e a ter uma vida mais condicionada mas regrada dentro das suas possibilidades, o que a banca fez, de forma a colocar o país mais aproximado da UE, foi incutir nas pessoas o consumismo, o que levou a situações de conflito. Se eu recebo 1000 euros por mês não posso ter dinheiro para pagar a prestação do carro, da casa, dos electro-domésticos, das férias e de tantas outras coisas pelas quais se recorria à banca. É uma falsa ilusão! De referir também que, na altura, qualquer indivíduo estava na área da construção – falo em pseudo construtores que construíam prédios mas depois fechavam as portas, não cumprindo com as garantias e denegrindo a imagem do setor. Tudo isto foi muito negativo para quem estava aqui de forma séria, a manter a boa postura dentro das dificuldades e a assumir os compromissos. Como tal, o mercado asfixiou e todos foram levados na corrente mas agora, finalmente, creio que se pode voltar a pensar no futuro e a avançar, ainda que de forma diferente” Manuel da Silveira

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administrador do Grupo não tem dúvidas tam-bém que esse passo será dado como forma de acompanhar as tendências de mercado e a evolu-ção das urbes a nível nacional porque em termos de rentabilidade esta não é de todo a aposta mais apetecível para quem se dedica a esta área e ex-plica porquê.“A recuperação de edifícios é, muitas vezes, um engano porque acaba por ficar mais cara do que propriamente a construção de raiz. Há sempre condicionantes como a falta de estacionamento ou a impossibilidade de se criar um piso de es-tacionamento privado, necessidade de segurar as paredes laterias dos outros edifícios que são an-tigos, somos obrigados a por lajes novas, enfim, a reconstrução é muito interessante e as autarquias apoiam mas no meu entender só compensa se fo-rem sítios muito estratégicos da baixa do Porto. Até porque as isenções dadas são um ponto de partida mas não são suficientes e são um rebu-çado dado essencialmente ao consumidor final e não propriamente ao construtor”.

PRóxIMO PASSO:ABRIR SOCIEDADE DE MEDIAÇÃO

Por fim, a última empresa a ser criada foi, em 2001, a Mafavis Real Estate, fruto de uma divi-são das áreas de negócio do Grupo e, neste mo-mento, totalmente vocacionada para a promoção imobiliária, oferecendo soluções de habitação e comércio. “Ainda antes da minha entrada defini-tiva no Grupo, tinha desenvolvido uma empresa direccionada para a gestão de condomínios e ga-lerias comerciais. Foi exactamente daí que surgiu o Emporium Plaza aqui em Gondomar, um pro-jecto único, que visava um conceito de shopping na verdadeira ascensão da palavra mas que, infe-lizmente, por questões de mercado e até hábitos de consumo do próprio concelho teve que se mu-

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TEMA DE CAPA

“Uma vez que nos últimos anos houve inúmeros promotores que deixaram os prédios a meio e não cumpriram com os seus compromissos, o cliente tem agora mais receio e pretende forçosamente que o prédio fique pronto antes de partir para a compra. Para além disso, sabendo como está o mercado e imaginando as dificuldades que o promotor poderá estar a ter, tenta utilizar isso como arma de arremesso e como forma de chantageá-lo. Ou seja, vai protelando a compra para tentar sujeitar o vendedor a baixar os preços. Isto é uma luta inglória e por isso ter sucesso actualmente não é fácil”

dar a filosofia e passar a ser uma galeria comercial normal. Essa empresa era, na altura, a Real Esta-te que entretanto alinhou a sua finalidade para a promoção nua e crua e para gestão dos novos projectos, como o Varandas Residence”, a desen-volver no Grupo Mafavis”, refere.Uma quarta empresa poderá estar para surgir uma vez que faz parte dos objectivos de Manuel da Silveira “criar uma sociedade de mediação, o que me parece fazer todo o sentido uma vez que neste momento apenas podemos comercializar o nosso produto. Temos 30 anos de experiência e uma política muito correcta desde sempre quan-to aos produtos que apresentamos. Como tal,

recebemos muitas vezes solicitações no sentido de vender um apartamento ou uma loja sem o podermos fazer, portanto, penso que fará todo o sentido enveredar por este caminho”.Para além da experiência e do respeito pelos clientes, a Mafavis distingue-se como um sóli-do parceiro de investimentos e uma referência na zona do Grande Porto, onde tem vindo a criar valor com o desenvolvimento de projectos ino-vadores e sustentáveis no sector imobiliário, onde os seus edifícios são verdadeiros ícones nas paisa-gens urbanas onde se inserem. “Sempre fizemos projectos que marcam os lugares em que estamos inseridos”, orgulha-se Manuel da Silveira.

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Notas do autor

“Projectaram-se num amplo e espraiado terreno, no Centro de Valongo, seis volu-mes paralelepipédicos perpendiculares ao horizonte, apoiados num embasamento na cor da ardósia que os desliga do solo, fazendo-os pairar no ar. Uma linha ver-tical fende cada volume em dois e pauta o ritmo compassado dos edifícios. Recor-taram-se as faces opostas em cinco linhas horizontais como se os dedos de uma mão deslizassem ao longo da face e imprimis-sem o seu percurso, emoldurando as va-randas numa caixa alva de betão”.

Arquiteto Fróis do Amaral

Exteriores • Caixilharia em alumínio com corte térmi-co;• Revestimento exterior em betão branco e chapa de alumínio (alucabond);• Envidraçados duplos, térmicos e acústicos;• Pavimento das varandas em deck e guar-das em vidro laminado.

Cozinha • Divisória da cozinha com a lavandaria em vidro temperado;• Torneira monocomando;• Lava loiça de encastrar sob o tampo em aço inoxidável;• Tampo em Silestone ou equivalente, cor branca;• Espaço de parede entre móveis em vidro opacificado em tom branco;• Pavimento em porcelana com rodapé em chapa inox ou equivalente;• Chaminé (Hotte) em inox;• Cozinhas equipadas com electrodomésti-cos de acabamento em inox (frigorifico, pla-ca, forno, micro ondas e máquina de lavar a louça;• Móveis em vidro pretos e brancos.

Casas de banho• Louças e banheiras da Sanindusa;• Banheiras rectangulares com chuveiro no tecto e telescópio;• Colunas de hidromassagem em aço esco-vado com chuveiro suspenso no tecto;• Louças sanitárias suspensas com estrutura de encastrar;• Lavatórios de pousar da Padimat;• Torneiras monocomando de pousar com bica em cascata;• Toalheiros aquecidos;• Banhos em porcelanato Porcelanosa;

Sustentabilidade• Edifício isolado termicamente com classe ENERGETICA A+;• Edifício isolado acusticamente de acordo com regulamento em vigor;• Aquecimento de águas sanitárias por cal-deira Mural tipo “Roca” e Painéis Solares na cobertura com aprovisionamento de energia solar;• Instalação de ar condicionado nas salas e quartos;• Aspiração central;• Iluminação (focos) em Led’s nos aparta-mentos e lâmpadas de baixo consumo no resto do edifício;• Portas de segurança na entrada das habita-ções com fechadura para doméstica;• Dois elevadores monta-cargas de alta qua-lidade Shindler;• Tubagens de rede de água em sistema Pex;• Instalação de telas elétricas (blackout) nos quartos e pré-instalação nas salas.

Outros acabamentos• Pavimento em madeira de Mutene, enver-nizado a meio-brilho;• Madeiras esmaltadas em cor casca de ovo – branco;• Portas interiores a toda a altura, pivotantes ou de correr;• Roupeiros esmaltados ou lacado em bran-co, optimizados com modelação e instala-ção de iluminação interior com Led´s;• Sala de condomínio;• Cofre no interior dos apartamentos;• Garagens fechadas para aparcamento de 1, 2 ou 3 viaturas;• Vídeo Porteiro com monitor a cores táctil e Domótica da PT.

Acabamentos do VArAndAs residence

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Ao entrar no número 342 da Rua de Cedofeita, no Porto, ainda são bastante visíveis sinais de que aquele edifício está a passar por várias transformações. No fundo, é sempre isso que acontece em qualquer espaço

que tenha o cunho da Portobaixa, uma empresa de gestão imobiliária que recupera edifícios, mantendo sempre a originalidade dos mesmos. Mais do que gerar negócio, esta equipa trabalha com emoções,

respeitando sempre o espaço de cada pessoa e indo ao encontro de todas as expetativas. Neste espaço coabitam outras empresas e, juntas, têm tornado a baixa do Porto um local apetecível, convidativo e familiar

para viver. Há espaço para todos. O Porto está finalmente a acordar e quer que a baixa, o coração desta cidade, seja o local ideal. Hoje já não estamos a falar de prédios devolutos, sem as mínimas condições para viver. Hoje,

graças a empresas como a Portobaixa, que executam verdadeiros milagres, estamos a falar de casas que são mais do que um espaço onde dormimos. Estamos a falar de lares feitos à medida de cada um! Arriscaremos

dizer que se trata de casas de sonho.

“NÃO pReTeNDemOs seRuma empresa comum”

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SETOR IMOBILIÁRIO E A CRIAÇÃO DE VALOR

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Antes da Portobaixa, José Teixeira e Pe-dro Soares, sócios gerentes da empresa, já davam cartas na área da reabilitação urbana. Juntando os conhecimentos

de ambos, um na promoção, outro na mediação imobiliária surgiu a gestão imobiliária na cida-de do Porto, mais como uma necessidade que o mercado foi impondo e de forma a responder à urgência de ter edifícios próprios e de clientes na área da reabilitação. Desde o primeiro ins-tante receberam todo o apoio dos parceiros que sempre os acompanharam. Criada há cerca de dois anos e meio, afinal, o que é que esta equipa multidisciplinar faz? “Não pretendemos ser uma empresa comum. Recuperamos edifícios, man-tendo sempre o máximo possível a originalidade dos mesmos e aumentando o conforto para que as pessoas tenham, acima de tudo, qualidade de vida”, respondeu prontamente José Teixeira. Em termos práticos, desde o recrutamento do pesso-al técnico à gestão de todo o processo camará-rio, “todo o trabalho começa e acaba nas nossas mãos”, acrescentou Pedro Soares. Aqui o cliente encontra o que foi descrito como o “pacote com-pleto”, desde a compra do edifício até à eventual revenda, dependendo do cliente, uma vez que muitos deles querem um espaço para habitação própria e o projeto é assim encaminhado. Aqui o conceito de “chave na mão” faz todo o senti-do. No fundo, o cliente tem apenas uma preo-cupação: “ter a máquina fotográfica carregada”. Porquê? “Para fazer a reportagem da reabilita-ção do seu apartamento ou casa. Tudo o resto é connosco”, respondeu José Teixeira. Tudo o resto traduz-se na parte mais burocrática, durante a qual, à partida, os clientes “perdem” mais tempo, talvez até a mais desagradável. “Para nós não, esse

é o nosso dia a dia e o que gostamos realmente de fazer e, como tal, dedicamo-nos a isso a cem por cento”, garantiu José Teixeira. Esta dedicação vai muito além do horário e do local de traba-lho. Para melhor responderem às necessidades e solicitações dos clientes, estão a frequentar uma pós-graduação em reabilitação urbana porque “é de facto isto que queremos”. Geralmente, quando os clientes contactam esta empresa, já têm ideias em mente e o que a Portobaixa faz é criar um projeto à medida dessas expetativas. Se há ideias estranhas? Não.

“Não temos nenhuma Madonna”, brincou José Teixeira. Normalmente os pedidos surgem mais nos acabamentos, nos materiais utilizados ou na disposição, sendo que, em muitos casos, os clientes querem reutilizar materiais antigos. Há uma crescente preocupação com o pormenor. Mas, de um modo geral, “as pessoas adaptam--se bem aos nossos projetos, havendo sempre aqueles pormenores que querem ver. De qual-quer forma, este tipo de edifícios também não convidam a grandes extravagâncias”, completou Pedro Soares.

IMPORTâNCIA DAS PARCERIASQuanto aos clientes que procuram a Portobaixa, existem vários tipos: “o cliente que compra para habitação própria, o que compra para investi-mento e temos clientes que são ainda parceiros de negócio, alguns deles até compram uma parte do edifício e desenvolvemos o projeto em con-junto”, explicou José Teixeira. Na Portobaixa o conceito de parceria vai muito além do que está descrito no dicionário empresarial.

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José Teixeira, Paulo Esteves e Pedro Soares

“Estamos a dar um grande contributo à cidade mas vai sempre depender muito de quem estiver à frente dos destinos do Porto. O poder camarário chega sempre muito mais longe do que um pequeno particular. Terá sempre de existir esta proximidade entre o poder local e os munícipes, havendo a preocupação de criar infraestruturas para que as pessoas possam estar cá e sentirem-se bem”

José Teixeira

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SETOR IMOBILIÁRIO E A CRIAÇÃO DE VALOR

ACORDAR PARA A REABILITAÇÃONos últimos anos, a reabilitação urbana, como alternativa à construção nova, alcançou uma po-sição de destaque no mercado imobiliário. Mas em comparação com grandes centros urbanos europeus, este “boom” chegou mais tarde. No caso concreto desta cidade, José Teixeira acredita que nem sempre houve interesse nisso. “A baixa foi esquecida. Tomaram-se decisões na cidade do Porto que acabaram por conduzir a isso. O investimento no Porto desenvolveu-se noutras zonas da cidade. Mas hoje isso já não acontece”, afirmou. O passado que sirva de lição para o que se está a fazer no presente. “A reabilitação urbana do Porto começou e estamos a seguir o exemplo de outras cidades europeias”, asseverou José Tei-

xeira. Como será, então, o Porto, imbuído de uma nova imagem criada por este processo de reabili-tação, daqui a duas décadas? “Honestamente, não sei”, respondeu muito claramente José Teixeira. São muitos os fatores determinantes mas há um crucial: as pessoas. “Neste momento, isto não pode parar. Temos de alimentar constantemente esta cidade, promovê-la e não ficar à espera que os turistas apareçam. Estamos a dar um grande contributo à cidade mas vai sempre depender muito de quem estiver à frente dos destinos do Porto. O poder camarário chega sempre muito mais longe do que um pequeno particular. Terá sempre de existir esta proximidade entre o poder local e os munícipes, havendo a preocupação de criar infraestruturas para que as pessoas possam

estar cá e sentirem-se bem”, defendeu José Tei-xeira. Este trabalho já está a ser feito mas o cami-nho continua a ser longo.

RUA DAS FLORES ESTÁ NA MODAAlvo de uma crescente procura, há quem não he-site em dizer que a Rua das Flores está na moda. Para a abertura de novos negócios, para viver, para reabilitar edifícios e colocar no mercado de arrendamento, a procura tem sido visível. Coin-cidindo com o dia dos centros históricos, esta rua do centro do Porto reabriu ao público, mas agora apenas para peões. Esta juntou-se, assim, a nove ruas que passaram a ser pedonais, dando início ao processo que a autarquia quer gradualmente aplicar àquela zona de forma a estimular o co-

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Exemplo dos centros urbanos europeusTem sido debatida a necessidade da simplifica-ção da recuperação de imóveis. Em compara-ção com a média europeia de 37%, Portugal tem um volume de 7% da construção civil alocado à reabilitação urbana. Na Europa, o investimento feito na reabilitação de edifícios já supera os montantes destinados à constru-ção de novas habitações. Segundo dados da Euroconstruc.-DAE17, “na União Europeia o investimento médio na reabilitação cifra-se nos 33% do total do setor da construção, o que representa um valor superior ao efectuado na construção de novas habitações, que se situa em 26%”.

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SETOR IMOBILIÁRIO E A CRIAÇÃO DE VALOR

mércio. Todavia, se há quem defenda que a Rua das Flores, em particular, levanta entraves à re-cuperação, José Teixeira não quer particularizar. Apesar de alguns transtornos que possam existir, a recetividade tem mudado. Hoje, as pessoas es-tão consciencializadas acerca da importância da reabilitação e não obstante as dificuldades que possam surgir, “conversando chegamos sempre a bom porto”, afiançou José Teixeira. Se há muitos anos os edifícios estavam desvirtuados, hoje as entidades não querem que aconteça o mesmo. É óbvio que gostávamos que o processo fosse mais célere mas é assim que tem de ser”, defendeu Pe-dro Soares. É, no fundo, um preço que se tem de pagar pelos erros que foram cometidos no pas-

sado e por se ter deixado esta zona da cidade ao abandono. A Baixa do Porto tem-se tornado mais apelativa para o investimento estrangeiro. Um passo mar-cante foi, na opinião dos nossos entrevistados, a instalação de uma conhecida companhia aérea no Porto. A Europa começou a acordar para a segunda cidade portuguesa e o resto do Mundo seguiu o exemplo. Falar dos planos para o futuro ou dos objetivos que estão em cima da mesa não é uma tarefa fácil para uma empresa que vive cada momento com a máxima intensidade. Todos os dias surgem novas oportunidades que são agarradas quando assim tem de ser. O desafio é requalificar, reabilitar.

Revista Pontos de Vista – O que é que a baixa do Porto tem para dar a quem quer cá viver?José Teixeira – A possibilidade de personalizar os apartamentos, sempre dentro das suas limitações claro. É na baixa do Porto que tudo acontece.Pedro Soares – Aqui, temos tudo e conseguimos tratar de qualquer assunto. A cidade está-se a desenvolver nesse sentido.

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Sendo filiada na CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário e na EUROEXPER (The organization for Europe-an Expert Association), a APAE representa mais de 800 membros individuais, coletivos e instituições. Tem a sua sede na Rua António

Patrício, n.º 26 r/c – 1700-049 Lisboa. Vamos fazer uma abordagem genérica sobre a problemática da avaliação e do setor da construção e do imobiliário.

O MERCADO IMOBILIARIO E DA CONSTRUÇÃO1. Economia e Mercado ImobiliárioA profunda alteração do contexto económico marcado pela recessão in-terna teve reflexos na gestão da maioria das Pequenas e Médias Empresas (PME) principalmente da Fileira da Construção, resultando em diminui-ção da atividade para níveis de há vinte anos, quebra acentuada nas vendas e no emprego, especialmente nos últimos cinco anos, causas: crise financeira sem precedentes, restrições no acesso ao crédito, instabilidade e incerte-za, a impedirem decisões de investimento, diminuição da rendibilidade e aumento das insolvências, dificuldades de internacionalização e aumento das exigências fiscais e laborais. A reabilitação urbana vem sendo elevado a novo paradigma da ordenação da cidade, assente na contenção em detri-mento da expansão, no regresso ao centro histórico em alternativa ao alar-gamento da periferia. Além da sua filosofia própria, a reabilitação urbana consubstancia um espaço propício para o investimento privado, onde se incluem particulares, promotores imobiliários e investidores. Uma das principais aliciantes, para os investidores, na reabilitação urbana é o conjunto de benefícios fiscais e incentivos financeiros que lhe está associada destacanco-se:• IMI - art.º 45 do EBF - isenção por período de 2 anos apos licença de utilização e (Artº 71 do ebf - isenção por período de 5 anos apos conclusão da reabilitação)• IMT - isenção nas aquisições de prédios urbanos para reabilitar e iniciar em 2 anos• IVA - taxa reduzida de 6% nas empreitadas de reabilitação

2. O que não pode acontecer para que o mercado imobiliário funcione bem e sem bolhas:2.1 Não se pode violar o princípio da confiança, já que as pessoas tinham uma perspetiva que é adulterada pois que se está constantemente a mudar as regras do jogo do setor.2.2 Tem de se respeitar os contratos em vigor.2.3 Tem de se dispor de crédito para permitir o encontro entre a oferta e a procura.2.4 A continuação de uma Recessão profunda gera quebra de grande dimensão

O meRCADO ImOBIlIáRIO

do emprego gerando credito mal parado, falências e consequentemente stress bancário e creditício. Há pois que fomentar políticas de crescimento económico.2.5 O sistema de bancos centrais e do Banco de Portugal não podem em pra-zos curtos fazer exigências sobre ativos imobiliários que provoquem o pânico e a venda acelerada para realizar capital, o que tem acontecido ultimamente, fazendo aumentar o credito mal parado. Acresce que a crise imobiliária e creditícia, as exigências de Basileia III e a perturbação da oferta e da procura de imóveis, o efeito de vendas em massa (“saldos”) de edifícios por incumpri-mento creditício, e a retração da procura são fatores temporários de crise de valor. Quando a confiança é tão gravemente afetada, é do senso comum que a sua recuperação exige medidas excecionais e precauções especiais com tempo2.6 O sistema financeiro não pode tomar atitudes restritivas dos mercados fa-zendo baixar avaliações por serem casa hipotecadas, pois isso é uma violação dos contratos firmados. O que deve sim é ter vários coeficientes de risco para diferentes uso de um imóvel.

CONSIDERAMOS TAMBéM QUE:• Toda a avaliação de imóvel rústico ou urbano (edifício, loteamento, lote de terreno, etc.) é feita pela aplicação de normas técnico-científicas que começam pela vistoria pelo perito avaliador ao imóvel e a sua pesquisa de indícios e evidências (no imóvel, na envolvente, nos projetos, licenças e ou-tros documentos), sobre parâmetros importantes para a definição do valor do imóvel e análise das características do mercado em que ele se integra. • Entre os vários parâmetros a considerar pelo perito avaliador, encontram--se: existência de ónus ou encargos que dificultem a alienação do imóvel, regime de copropriedade, cumprimento das normas e regulamentos aplicá-veis, cumprimento de condicionamentos de licenças, aspetos sustentáveis de longo prazo do imóvel, utilização corrente e utilizações alternativas adequa-das do imóvel, estado de conservação, obsolescência técnica, obsolescência ambiental e económica, eficiência energética, eficiência acústica, fontes de energias renováveis on-site, qualidade da construção, qualidade do ar interior, riscos de segurança e saúde dos utentes resultantes da construção ou do meio envolvente, indícios de vícios ou defeitos visíveis ou ocultos nos elementos construtivos ou nos equipamentos, segurança do edifício em relação a fenó-menos da natureza (sismos, cheias, ventos, deslizamentos de terrenos), resis-tência e prevenção de fogos, características da localização e da envolvente, características geológicas, existência de radiações provenientes do solo ou da envolvente, características dos solos das fundações, resultados das análises e ensaios, estado do mercado em que o imóvel se integra, condicionamentos conjunturais da oferta e da procura imobiliária, etc.

SETOR IMOBILIÁRIO E A CRIAÇÃO DE VALOR

A APAE – Associação Portuguesa dos Avaliadores de Engenharia, é uma associação sem fins lucrativos de âmbito nacional constituída por escritura lavrada em sete de julho de mil novecentos e noventa e um, do quarto Cartório Notarial de Lisboa. Tem por finalidade, de acordo com os respetivos estatutos, “a representação e defesa dos seus associados e o estímulo para uma ação deontologicamente dignificante; o desenvolvimento, em bases técnico-científicas, do domínio das avaliações de Engenharia; o apoio, a promoção, a regulamentação e a representação da atividade das avaliações de engenharia a nível nacional e nas suas

relações com o exterior; a promoção e qualificação dos seus membros, incluindo a certificação”. Segundo os estatutos, pode “filiar-se ou federar-se em organizações nacionais e internacionais”.

A OPINIÃO DE João Martins do Vale, Presidente da APAE

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LER NA INTEGRA EM WWW. PONTOSDEVISTA.PT

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A operar no mercado desde 1987, como é que a empresa conseguiu enfrentar as dificuldades que se apresentaram ao setor nos últimos anos? Que balanço faz da atuação da Empril neste período?É inegável que os últimos quatro anos tiveram um efeito demolidor no setor imobiliário. Nin-guém poderá dizer que passou ao lado da crise, que saiu ileso, com maior ou menor intensidade os efeitos fizeram-se sentir, e a Empril não foi, ou melhor dito não é exceção. Todavia, e remon-tando um pouco à génese da empresa, diria que o que fez a diferença foi a estratégia de diversifica-ção que adotamos.O Grupo Empril começou por se dedicar ex-clusivamente à Mediação Imobiliária, numa al-tura que o mercado era relativamente pequeno, e torna-se gradualmente transversal a todos os setores do mercado imobiliário. Estendeu a sua atividade á promoção imobiliária, através das empresas Citânia, Ldª, Imo-Seis, S.A., Predial Por, S.A., à consultadoria imobiliária ao investi-mento, em relação estreita com alguns fundos de investimento imobiliário e bancos, e à conceção e desenvolvimento de loteamentos urbanos e edi-fícios institucionais.Dentro do setor desenvolveu projetos e compe-tências nas mais variadas vertentes: Habitação, Industria, Retail, Comércio e Escritórios, Lotea-mentos Urbanos, Turismo, etc…, Basicamente, fomo-nos adaptando e se houve alturas em que o mercado residencial ocupava quase toda a atenção do grupo, hoje as atenções voltam-se para outras áreas de negócio, como o turismo, com especial enfoque para as Quintas no Douro.

A maior parte dos profissionais da área acreditam que 2014 marca a retoma do sector imobiliário. Qual a sua perspetiva? O que é que tem sido sen-tido na Empril?Vejo 2014 ainda com muitas cautelas, pois com o contexto macroeconómico atual, dificilmente poderemos falar em retoma do sector imobiliá-rio, tão dependente quer de investimento público, quer da capacidade aquisitiva dos privados, am-bos tão em falta…A retoma começará efetivamente quando os Bancos superarem o estigma do Imobiliário dos últimos anos, e perceberem que os ativos que lhes chegaram às mãos, lhes permitirão, no futuro, e aliados ao know-how dos promotores imobili-ários, produzir produtos de qualidade, a preços competitivos.As necessidades imobiliárias, quer dos particu-lares, quer das empresas manifestam-se. Há hoje

mais procura mas não chega para falar em reto-ma, assistimos sim a movimentações em alguns setores específicos, em alguns locais específicos.

Esta retoma resulta, em parte, de um aumento do investimento estrangeiro em Portugal, de 45 para 70%. Porque é que nos últimos tempos Por-tugal se tornou mais atrativo para o investimento estrangeiro? O que é que faz do imobiliário nacio-nal uma boa aposta para os investidores estran-geiros?Como empresário com interesses assentes no Norte, não posso deixar de referir que o inves-timento estrangeiro, nomeadamente o que nos chega através do mecanismo do golden visa, é um fenómeno mais ou menos circunscrito a Lisboa e a uma parte do Algarve, com exceção, a Norte, das Quintas do Douro.O Imobiliário Português é apetecido antes de

As dificuldades que se têm vindo a sentir no setor imobiliário são mais pertinentes no Norte do país e a retoma do setor está a ser mais sentida na zona centro e sul. A opinião é de Luís Rouxinol, Administrador do Grupo Empril. Esta retoma resulta, em parte, de

um aumento do investimento estrangeiro em Portugal, através do Golden Visa, que na zona Norte apenas se verifica na aquisição de Quintas do Douro. Estas têm sido por isso uma das apostas da Empril nos últimos tempos. Saiba mais sobre esta empresa que conta

já com 27 anos de experiência no mercado imobiliário, através da disponibilização de uma vasta gama de serviços integrados de imobiliário a investidores, proprietários e ocupantes.

“Os CeNTROs DAs CIDADesvoltaram a ser apetecíveis”

mais, e sejamos realistas, porque está em exce-lente preço! Preço esse, aliado a uma qualidade há muito reconhecida. Depois, porque reflete as vantagens que o País tem para oferecer, estabi-lidade jurídica, estabilidade política, segurança, bom clima e boa gente.

O comércio de rua também está a crescer em Por-tugal. A Empril tem apostado nesta área? Na sua opinião, onde é que que o segmento do retalho pode crescer? A reabilitação de centros comer-ciais antigos no coração das cidades poderá ser uma boa alternativa? O comércio nunca foi uma área com grande expressão na Empril, estivemos presentes em alguns projetos ao longo destes anos, mas sem grande dimensão. Mais uma vez, no Porto, as coisas acontecem mais devagar, sem dúvida que a febre dos grandes cen-

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SETOR IMOBILIÁRIO E A CRIAÇÃO DE VALOR

Luís Rouxinol

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tros comerciais periféricos acabou, e que a baixa da cidade tem vindo a assumir o protagonismo no comércio da cidade, que há muito merecia. A recente revitalização da zona dos Clérigos, hoje ocupada, também, com lojas de marcas de Luxo, é um feliz e recente exemplo.

Por sua vez, ao nível dos escritórios, o excesso de oferta parece evidente, isto tem levado a uma re-dução das rendas? Poderão as empresas mudar para o centro das cidades graças a esta quebra? Ou, pelo contrário, poderá este ano ser decisivo também para a retoma do setor imobiliário ao nível dos escritórios, através de um aumento dos preços praticados e maior dinamismo na entrada de novas ofertas no mercado?Não acredito, que a curto prazo, se escoe a oferta de escritórios disponível, especialmente a Norte do País, que é muito menos apetecível a empresas multinacionais. A promoção do Edifício Manuel Pinto Azeve-do, na zona industrial do Porto, onde se encontra instalado o IPAM, e da propriedade de um Fun-do de Investimento, conferiu-nos uma experien-cia recente a este nível, e a verdade é que a sua ocupação tem sido paulatina.Cada vez mais, as empresas precisam de menos metros quadrados para existirem e levarem a cabo os seus negócios. A internet e o e-commer-ce não consomem espaço físico. A optimização dos custos com as instalações tornou-se uma regra de ouro de gestão para qualquer empresa, que aliada á externalização de muitas tarefas, tem vindo a reduzir as necessidades das empre-sas a este nível, pelo que repito, a curto prazo, não vejo grandes alterações neste mercado.

Nos últimos anos, a reabilitação urbana, como alternativa à construção nova, alcançou uma po-sição de destaque no mercado imobiliário. Que peso tem a reabilitação para a Empril? Passa pela estratégia da empresa aumentar a aposta nesta área nos próximos tempos de forma a seguir esta tendência do mercado?Enquanto Consultora ao Investimento imobiliá-rio, temos acompanhado alguns clientes que in-vestiram na reabilitação urbana, principalmente na vertente do turismo, através da transformação de alguns edifícios antigos na baixa da cidade do Porto, em pequenas unidades hoteleiras low cost.Acompanhamos ainda algumas marcas interna-cionais na implementação de lojas no país, quase sempre nos centros das cidades.Estamos a estudar alguns dossiers de edifícios históricos na baixa do Porto, conjuntamente com a banca, no sentido de os reconverter ao serviço da cidade. As expectativas são as melhores, vere-mos como corre..

Que futuro perspetiva para a reabilitação urbana no nosso país, um segmento que teve um boom tardio em Portugal quando comparado com os grandes centros urbanos europeus em que a rea-bilitação tem um peso bastante elevado no setor há já vários anos? Que impacto terá a nova lei do

arrendamento urbano neste segmento?Sem dúvida que a reabilitação urbana é uma realidade que o setor não poderá ignorar. Está claramente na agenda política, quer através de reformas legislativas, quer através de benefícios fiscais, e é essencial ao crescimento sustentado das cidades. Os centros das cidades voltaram a ser apetecí-veis, as pessoas voltaram a lá querer viver, mesmo cientes dos constrangimentos que tal lhes pode trazer, hoje menores que as vantagens.Tendo como referencia, uma vez mais o Porto, o que noto claramente estar a melhorar é o pro-blema de falta de escala que havia até aqui. Era ainda muito complicado assistir a reabilitações de quarteirões inteiros, existiam apenas interven-ções isoladas aqui e além.Hoje assistimos a reabilitação em escala, como é o caso do quarteirão das Cardosas, da Rua das Flores, dos Clérigos e outros. É evidente que se consertaram vontades e, prin-cipalmente, que se arranjaram os financiamentos necessários para que grupos de proprietários com diferentes características viabilizassem projetos comuns.A reabilitação assumi-rá ainda mais protago-nismo quando a banca criar um produto de financiamento ape-tecível às famílias, de forma a que a compra de imóveis reabilitados passe a ser acessível a todos, uma verdadeira opção ao imobiliário novo de raiz.

O vosso slogan é “Se-gurança e solidez, a marca de confiança”. O que é que faz da Empril a marca de segurança? De que forma têm en-frentado os desafios dando sempre uma resposta segura ao cliente? Qual a postura e estratégias que irão adotar para os próxi-mos tempos?Investimos muito no relacionamento com clientes, ao longo destes 27 anos, temos situações em que, na mesma família, acom-panhamos duas ge-rações na compra de casa. Também o facto de desenvolvermos urbanizações com al-guma escala, com vá-rias fases, faz com que haja continuidade nos

projetos, o que transmite confiança aos nossos clientes.Primamos por prestar um serviço de qualidade, temos uma equipa multidisciplinar, que acompa-nha o cliente durante todo o processo aquisitivo, da escolha do imóvel, passando pelo financia-mento, às obrigações fiscais, até mesmo nas obras de remodelação e decoração damos um valioso contributo.A verdade é que, como qualquer crise, também esta limpou o mercado de alguns atores que não acrescentavam valor, presentes apenas pela ver-tente especulativa, pelo que hoje, para os que se mantiveram, as oportunidades serão maiores. Quanto à postura para o futuro, há que continu-ar, com cautela como referi, mas acreditando na recuperação. As parcerias são essências, quer com a Banca, quer com outros mediadores e promoto-res pois o mercado internacional é mais exigente.As necessidades imobiliárias estão presentes também nesta nova geração, e em determinados segmentos começa a sentir-se falta de produto novo, actualizado, pelo que há que continuar a trabalhar.

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“A nova GMS Store vai estar bem no coração de Lisboa, no Chiado, e vai ajudar-nos a levar a tecnologia Apple a um número ainda mais

elevado de clientes, consolidando o nosso papel enquanto especialista Apple em Portugal”. As palavras do Administrador da GMS Store, An-dré Marques da Silva, marcaram a abertura da mais recente “luz dos olhos” do Grupo. Ao longo de 150 metros quadrados de showroom, esta lo-calização “especial” confere à nova loja o estatuto de “flagship store”. Com um custo aproximado de um milhão de euros, este não é apenas o maior espaço Apple em Portugal. É a segunda maior loja Apple Premium Reseller da Europa, sendo vencida por uma da mesma categoria na Suíça.Além de uma gama completa de soluções da marca da maçã, um vasto leque de acessórios e um ambiente que convida a conhecer e experi-mentar os produtos disponíveis, esta é a única GMS Store que inclui um espaço dedicado à formação e workshops. Assim, se comprou um produto ou uma solução Apple mas não sabe como manusear o mesmo, aqui encontrará uma equipa totalmente disponível para tirar as suas dúvidas. Esta caraterística faz com que este es-paço ultrapasse o conceito de loja para ser bem mais do que isso. “É o melhor local para aprender tudo sobre o seu novo produto Apple”, com ações de formação regulares sobre este tipo de produto para privados e empresas. André Marques da Silva levantou um pouco do véu daquele que espera ser o futuro desta nova loja. “Queremos faturar 2,5 milhões de euros no primeiro ano”, revelou. Para tal, além de terem apostado num espaço que difere dos já existentes, o administrador garantiu que a escolha do local fez também parte de uma estratégia definida. Descrevendo esta região como sendo a “zona nobre da cidade”, André Marques da Silva acre-dita que este novo espaço, em termos de lucro, “roubará” o protagonismo atual da loja situada no Colombo.

O número 46 da Rua do Carmo, em Lisboa, tem, desde o passado dia 27 de março, um novo ocupante. A nova loja Apple Premium Reseller do Grupo GMS junta-se, assim, às três já existentes no

Almada Fórum, no Amoreiras Shopping e no Centro Comercial Colombo, sendo

a segunda maior loja Apple Premium Reseller da Europa, com 150 metros quadrados. Num investimento que rondou o milhão de euros, André

Marques da Silva, Administrador da GMS Store, abriu as portas daquela que é a

única loja do Grupo GMS com um espaço dedicado à formação e workshops.

CORAÇÃO DO ChIADOrecebe nova loja do grupo gMS

EVENTO

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André Marques da Silva

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Ao som do DJ Ride, a nova Apple Premium Re-seller deu-se a conhecer ao seu público, apresen-tando uma equipa composta por oito funcioná-rios especializados e disponibilizando uma série de ofertas especiais entre as quais três iPad Air e 10% de desconto em Mac. Para comprar o novo produto Apple ou simplesmente para pedir es-clarecimentos, o número 46 da Rua do Carmo terá sempre as suas portas abertas.

SETOR DAS EMPRESASNA MIRA DO GRUPO GMS

A principal distribuidora de produtos Apple em Portugal vê no setor das empresas, que representa atualmente 25% das vendas, uma aposta bastante promissora. Na vertente de E-commerce, as expetativas con-tinuam em alta e André Marque da Silva espera um crescimento substancial. “As pessoas descon-fiam muito das compras online. Antes de com-prarem qualquer coisa, telefonam para confirmar mas é uma questão de habituação”, defendeu. Depois de um longo período de retoma do con-sumo privado, a partir do final do verão passado houve um aumento na procura que o adminis-trador do Grupo GMS considerou “acima das expetativas”, sendo que cerca de 30% das vendas ocorreram nos meses de novembro e dezembro. Em relação ao período homólogo do ano ante-rior, André Marques da Silva garantiu que este número cresceu o dobro, mais um facto que prova que as lojas GMS Store são, cada vez mais, um aliado imprescindível nesta viagem pelo fasci-nante mundo da Apple.

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Principais serviços disponíveis na nova loja:- iPad;- iPad mini;- iPhone;- iPod;- MacBook;- iMac;- Apple TV;- Acessórios iPad, iPhone e MacBook;- Software.

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A ideia subjacente ao processo é bastante simples! Garantir entre outras premissas a reflorestação das florestas, assegurando que os produtos de origem florestal, que chegam ao consumo, são susten-tados e não contribuem para uma maior delapidação dos nossos já

tão escassos recursos naturais.A responsabilização não só do produtor ou do consumidor final mas tam-bém de todos os intervenientes no processo de transformação é fundamen-tal para assegurar que o mesmo tem um seguimento lógico e tratamento similar, com aplicação das mesmas regras para todos torna-se assim um elemento essencial no processo.Como em tantos outros exemplos, também neste caso a procura começou bem antes da oferta estar preparada para a suplantar! Cedo se começou a apostar na certificação da floresta mas tardou até termos uma verdadeira cadeia de responsabilidade devidamente sustentada…A incorporação de diferentes elementos com origem lenhosa ao longo da cadeia produtiva implica que os fornecedores dos mesmos também sejam certificados, bem como a existência de matéria lenhosa em quantidade e qualidade, o que se traduziu em alguma inércia inicial, nomeadamente li-gada à indústria de componentes e mobiliário.Da mesma forma, o período que atravessamos de alguma regressão no consumo de mobiliário e construção conduziu a uma contração no in-vestimento, levando assim muitas organizações a repensarem a forma de melhor distribuir o seu orçamento. Se por um lado a certificação florestal tem obviamente custos financeiros e de organização, por outro claramente, que pode ser um fator de diferenciação no mercado, abrindo assim novas frentes de vendas. No caso concreto da Balbino & Faustino, a procura por madeira certifica-da foi crescendo ao longo dos últimos anos. Começamos por ter pedidos essencialmente para o mercado de exportação, pedidos esses que foram crescendo de tal forma que justificaram a necessidade da certificação em Cadeia de Responsabilidade segundo os dois maiores organismos certifi-cadores mundiais.Em boa hora se apostou nesta certificação garantindo assim um volume de negócios alicerçado numa cadeia de valor acrescentado ao produto e com a garantia de sustentabilidade. Não foi uma decisão fácil e decorreu de um processo moroso e complexo. Sendo a maior dificuldade encontrada o não reconhecimento mútuo dos dois sistemas de certificação escolhidos. A diversidade de mercados com que trabalhamos, tanto na compra como na venda, levou a que seja necessária essa dupla certificação, a existência de produtos disponíveis para compra, ou a necessidade de venda a clientes certificados em apenas um dos esquemas conduziu a essa dupla certificação, sendo que, ainda assim muitos dos procedimentos adotados possam ser

A ImpORTâNCIA DeCeRTIFICAÇÃO FlOResTAl

na indústria transformadora

comuns a ambos, havendo apenas adaptações nos pontos onde os mesmos divergem.Por outro lado, é clara uma maior preocupação pela origem do material lenhoso, verificando-se atualmente uma maior necessidade de controlar os mesmos dentro do espaço europeu. Um bom exemplo são as medidas im-postas por diretivas comunitárias recentes que por um lado levam à necessi-dade de controlar a fonte e legalidade dos materiais lenhosos que entram na Europa e por outro lado obrigam a assegurar a rastreabilidade dos mesmos ao longo da cadeia de distribuição/transformação, sendo os mesmos certifi-cados ou não. Estes procedimentos já adotados, de forma paralela na certi-ficação florestal, permitem assim, com a implementação de um mecanismo de controlo em cadeia de responsabilidade, uma garantia de cumprimento de ambos os requisitos, legais e voluntários.Sendo um processo de certificação um ato voluntário, o mesmo só faz sen-tido se resultar numa verdadeira mais-valia para a organização que se dis-

CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

Mais que um fator de moda ou tendência passageira, a importância da certificação florestal traduzida pelo

aumento da procura de materiais certificados tem vindo a crescer a cada ano. Tradicionalmente o consumidor é, de uma forma geral, o elemento impulsionador deste tipo de tendências. As preocupações ecológicas e de

sustentabilidade conduziram à necessidade de assegurar essas premissas em toda a cadeia da fileira florestal, desde

a floresta ao consumidor final.

A OPINIÃO DE Marco Faustino, Diretor de Produção - Balbino & Faustino

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Page 31: Revista Pontos de Vista Edição 34

põe a aplicar esses princípios! É com essa certeza que decidimos avançar para os mesmos. Obviamente que nem tudo mudou, nem outra coisa seria de esperar, pois já existiam na organização mecanismos de controlo dos lo-tes recebidos, controlo sobre os fornecedores, qualidade do produto, análise às suas características físicas, etc. Contudo, hoje é necessário ir mais longe, ter ainda mais rigor no manu-seamento dos lotes, assegurar a sua rastreabilidade em todas as fases do processo desde a compra até à venda, garantir a integridade dos materiais e assim assegurar que o cliente que irá integrar a próxima fase do processo estará a receber exatamente o que pretende.Hoje, dois anos depois de obtermos a certificação em cadeia de responsa-bilidade, não creio ser possível voltar atrás! A cada dia que passa a procura

aumenta cada vez mais, a procura a montante está a provocar uma onda de procura a jusante ao longo das cadeias, dando assim sentido a todo o processo, alimentando a procura a cada nível, partindo do consumidor final e acabando na floresta.A preocupação pelo respeito do meio ambiente, mais que um capricho, deverá ser cada vez mais uma obrigação de cada um! Assegurar um fu-turo sustentado passa por todos: consumidor, cadeia de transformação e produtor florestal. A informação, a procura pelas melhores práticas e a redução de desperdícios, mais que uma moda terão de ser uma preocupa-ção constante na vida de todos, garantindo a sustentabilidade da cadeia e tornando cada elo da mesma suficientemente forte para resistir aos abalos que possam surgir.

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Em que medida a certificação florestal contribui para a competitividade do setor e de todos os agentes da cadeia de valor? Os diferentes agentes económicos ligados à área florestal parecem-lhe cada vez mais despertos para a necessidade de assegurar que as gerações vindouras usufruam dos mesmos recursos que nós?A Lidergraf sempre acreditou que o sucesso sus-tentado só seria alcançado através da capacidade para responder, no longo prazo e de forma equi-librada, a todos os desafios económicos, sociais e ambientais. Procuramos então ser promotores de crescimento sustentável, parceiros de confiança e ambientalmente empenhados. A certificação ambiental foi mais uma etapa neste nosso per-curso dos últimos 20 anos. Somos mais compe-titivos com esta certificação? Não creio. Estamos orgulhosos porque mesmo com as dificuldades existentes no mercado não nos desviamos neste Valor em que acreditamos. Os diferentes agentes económicos têm evoluído no sentido de tomarem consciência que este é o caminho mas ainda exis-te muito a “moda” da sustentabilidade.

A Lidergraf foi a primeira gráfica em Portugal a certificar-se segundo as normas FSC e PEFC, as quais garantem que o papel utilizado na empresa é oriundo de florestas geridas de forma sustentá-vel. Que papel ocupa a responsabilidade ambien-tal na Lidergraf?A Lidergraf reconhece a responsabilidade am-biental como um dos valores da organização. Acreditamos que é um dever das organizações do presente conciliar o crescimento económico com o desenvolvimento sustentável. As nossas deci-sões e escolhas têm como preocupação todos os nossos parceiros, desde os colaboradores, clientes, fornecedores e a sociedade em geral.

Quais as linhas estratégicas que a empresa tem

delineadas como forma de melhorar continua-mente o desempenho ambiental?As linhas de orientação para melhorar continua-mente o nosso desempenho ambiental são:a) Cumprir integralmente toda a legislação apli-cável aos nossos aspetos ambientais e assumindo a prevenção da poluição como um princípio de gestão;b) Promover uma política de gestão de contro-lo cuidadoso dos processos e dos materiais com vista a maximizar a produtividade e eficiência, minimizando erros, desperdícios e impactos no meio ambiente. Promover uma correta triagem e valorização dos resíduos gerados;c) Diminuir a utilização de produtos químicos com solventes e das respetivas emissões de com-postos orgânicos voláteis.d) Promover a consciencialização de todos os colaboradores para a importância de uma racio-nalização de consumo de recursos como o papel, água e energia;e) Apostar na sensibilização e formação de todos os nossos colaboradores e aqueles que connosco trabalham no sentido de reforçarem o cumpri-mento desta nossa política;f ) Implementar e manter os requisitos da cadeia de responsabilidade PEFC e FSC; g) Auditar periodicamente o cumprimento das nossas atividades e submeter relatórios de desem-penho ambiental aos organismos responsáveis.

O uso de papel reciclado é geralmente percepcio-nado como sendo ambientalmente mais bené-fico, contudo isto nem sempre é regra. Porquê? Quais as mais valias a nível ambiental do papel de pasta virgem?Essa é uma falsa verdade e é um tema controverso. Existem muitas opiniões. O papel reciclado evita algum abate de árvores, mas incorpora também pasta virgem, podendo ser de “origem desconheci-

Ecologia e ambiente são preocupações reais na Lidergraf e não o reflexo daquele a que Andrea Carneiro, Diretora Técnica da empresa, se refere como a “moda da sustentabilidade”. A certificação ambiental não fez com que a Lidergraf se tornasse mais

competitiva, mas é sem dúvida um motivo de orgulho dentro da gráfica que foi pioneira em Portugal na certificação segundo as normas FSC e PEFC. Saiba mais sobre o papel da responsabilidade ambiental nesta empresa que constitui um exemplo a seguir!

“A eFICIêNCIA NO seNTIDO lATOé uma preocupação constante”

da”; reutiliza parte dos resíduos de papel; consome mais tinta no processo de impressão; existe uma maior variação no aspeto final do papel; etc. A sua utilização deve ser favorecida para usos diferentes da do papel para impressão industrial.O papel virgem utiliza processos de fabrico de papel menos poluentes (utiliza menos químicos); o processo de impressão tem menos impacto ambiental (menos tinta, menos lavagens de má-quina, menos resíduos em geral); proporciona, na generalidade, melhor qualidade de impressão e existe uma menor variabilidade de qualidade en-tre lotes de fabrico.

A tecnologia tem um papel importante na redu-ção dos desperdícios. A Lidergraf tem investi-do também em inovação e tecnologia de ponta como forma de se tornar mais eficiente a nível energético e ambiental?A eficiência no sentido lato é uma preocupação constante quer nas nossas decisões mais estraté-gicas quer nas decisões do dia a dia. Esta orien-tação evidencia-se na seleção de equipamentos com as melhores tecnologias disponíveis, na me-lhor forma de produzir um produto, na seleção de matérias primas ou na otimização dos processos produtivos como exemplo.

O que é que podemos esperar da Lidergraf nos próximos tempos na promoção deste seu com-promisso ambiental? Que mensagem gostaria de deixar neste âmbito?Continuamos a acreditar no compromisso que tínhamos na fundação da empresa, há 20 anos. Naturalmente que houve uma evolução na forma de pôr em prática esta mensagem, mas o essen-cial mantém-se nos dias de hoje e prevalecerão no futuro: o sucesso sustentado só é possível res-pondendo de forma equilibrada a todos os desa-fios económicos, sociais e ambientais.

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IMPORTâNCIA DA CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

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Foi este o desígnio tomado por Pedro Reis, aquando da sua tomada de posse, ou seja, para o líder da AICEP era este o único rumo a seguir, ou seja, para promover uma recuperação da economia portu-guesa, era necessário apostar na exportação, na internacionalização e

na captação de investimento externo para Portugal. Estes desideratos eram ainda mais essenciais, quando assistimos a uma queda do investimento público e privado. “As exportações, a internacionalização da economia e a captação de investimento externo são cruciais para sairmos da atual crise e voltarmos a crescer”, disse nesse período Pedro Reis.Mas de que forma devem as empresas apostar? Qual o primeiro passo? Segundo Pedro Reis, é essencial envolver os recursos humanos das entida-des empresariais, ou seja, “temos de ser capazes de fazer mais com menos recursos. A motivação das equipas e do corpo de recursos humanos deve ser um elemento constante de qualquer empresa, de qualquer liderança. É necessário apostar num forte reconhecimento dos colaboradores, para que estes se identifiquem com a missão da empresa, criando mecanismos de comunicação regulares e de proximidade, implementando uma relação causal entre os serviços prestados e os resultados obtidos, que são essenciais para essa motivação”. A internacionalização e a capacidade de captação de investimento estran-geiro foram sem dúvida o vetor mais importante na dinâmica do mandato de Pedro Reis ao longo destes dois anos. Para Pedro Reis estes processos de captação de investimento “devem ser considerados uma vitória do país e dos investidores. A AICEP, nestes dois anos, conseguiu incitar, com su-cesso, mais empresas portuguesas a apostarem e a aceitarem os desafios da internacionalização”. Desta forma, foram encarteiradas mais de duas mil empresas para a internacionalização, alargando a base exportadora nacional, são agora cerca de 11 mil empresas. Quanto à diversificação de mercados, fazendo uma leitura antecipatória da estagnação europeia, foram abertas três novas delegações, passando a cobrir mais oito mercados, onde foram realizadas mais de duas dezenas de missões empresariais a mercados extracomunitários, tendo sido esta a componente que mais tem contribuído para o crescimento das exportações. E terá sido esta componente da internacionalização um sucesso assim tão

A INTeRNACIONAlIzAÇÃOé o caminho de portugal

evidente? Para Pedro Reis este processo de internacionalização é um exem-plo de êxito e isso também se deve ao mérito “das nossas empresas. Foi o comportamento das nossas exportações, e, em particular, da diversificação de mercados que se acentuou profundamente nestes últimos anos”. Desta for-ma, para Pedro Reis, é evidente que a economia exportadora portuguesa deu uma prova cabal da sua força, principalmente num momento em que o país tanto necessitava. “As empresas conquistaram os mercados mais exigentes, afirmando o país e as empresas de uma forma muito sólida e inovadora nas mais diversas áreas”. Mas foram «apenas» os setores considerados inovadores que deram essa resposta? Obviamente que não. Desde os setores tradicionais que se souberam reinventar para recuperar mercados e conquistar novos, até aos setores âncora que têm empresas líderes a nível mundial, passando por novos setores de ponta ao nível tecnológico que se afirmam crescentemente no mercado mundial e estão a ganhar quota de mercado com base na quali-dade e na Investigação e Desenvolvimento. “Ao visitar dezenas de mercados, sempre senti que as nossas empresas comparam perfeitamente com o que de melhor vi no mundo em termos de qualidade de gestão e de qualidade de oferta. A internacionalização é o caminho de Portugal”.

INTERNACIONALIZAÇÃO

Depois de dois anos de mandato, cessados em dezembro de 2013, Pedro Reis, Presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, confirmou que não vai continuar à frente da instituição. De salientar,

que ao longo destes dois anos, a AICEP ficou «rotulada» pelo fomento e alavancagem que deu para ajudar a reativar as exportações e captar o investimento estrangeiro.

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Pedro Reis

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Desde 1996 a criar parcerias de futuro. Tem sido com este lema que a Mercal, ao longo de 18 anos, se tem apresentado ao seu público. Quais são os marcos mais importantes associados ao cresci-mento de uma empresa que é já uma referência na atividade de consultoria de estratégia e ges-tão, internacionalização e de fusões & aquisições?A MERCAL tem vindo, na sua lógica evolutiva, a adaptar-se sucessivamente às necessidades re-veladas pelas empresas e organizações, dotando--as dos recursos, capacidades e competências em ordem a enfrentar o desafio da globalização, e a promover o seu desenvolvimento sustentável. A Mercal constituiu-se com o objetivo de apoiar a internacionalização sendo que nos primeiros anos os mercados-alvo mais procurados eram os PALOP e o Brasil. A atratividade deste último mercado crescia e sendo o modo de entrada preferencial o investi-mento direto via aquisição, houve a necessidade de se criar um departamento próprio, possibilitando assim a todos os empresários o acesso a oportuni-dades de investimento, nos mais variados setores de atividade nesse país, e que mais tarde se veio a estender a outras geografias. Por essa razão no ano a 2004 a Mercal integrou a IMCN, uma ne-twork internacional presente em todos os países europeus, na China e EUA. Este processo impli-cou a necessidade da certificação pela norma SGQ NP EN ISO 9001 nesse ano. Adicionalmente a Mercal acreditou-se oficialmente em 1999 como entidade formadora, junto do IQF-Instituto para a Qualidade da Formação (atual DGERT), tendo sido criado em 2009 o Instituto da Empresa, para vir a desenvolver, de forma autónoma e indepen-dente, a oferta de programas de formação profis-sional, educação empresarial, coaching e de Ínte-rim Management. Com esta empresa e ao nível académico a Mercal Consulting Group representa atualmente, em regime de formação à distância, um extenso leque de cursos, licenciaturas, MBA e mestrados promovidos por várias reputadas Uni-versidades Inglesas.

18 anos simbolizam maturidade. De que forma a Mercal está a assinalar o seu 18º aniversário? É importante nesta e em todas as outras datas ce-lebrar a relação que esta empresa tem procurado estabelecer e manter com os seus parceiros?Foi com muito orgulho que celebrámos no pas-sado dia 20 de março o nosso 18º aniversário que partilhámos com todos os nossos clientes

“A situação de crise foi mais acentuada em Portugal do que nos nossos parceiros comunitários. Sem prejuízo desta situação, é de relevar as capacidades demonstradas pelos nossos empresários no crescimento das exportações sobretudo em mercados

internacionais não tradicionais”, afirma João Ribeiro, Managing Partner da MERCAL, marca que aporta uma experiência de 18 anos de presença no mercado. A internacionalização foi o tema principal desta conversa, onde percebemos qual o papel que um parceiro de

excelência pode ter e tem quando uma marca de génese lusa pretende enveredar pela aposta no mercado externo. Saiba mais.

“A INTeRNACIONAlIzAÇÃO TORNOu-seum imperativo para as nossas pMe

e um desígnio nacional”

e parceiros com quem temos vindo a construir o futuro e que é caraterizador de todo o nosso percurso e atuação que se encontra espalhada in-ternacionalmente.

Com uma equipa de consultores e associados com vasta experiência nacional e internacional, a Mer-cal tem procurado disponibilizar serviços que se adaptem a todas as necessidades de uma forma pragmática. De que soluções estamos a falar?Na área de consultoria de gestão o propósito é de apoiar o desenvolvimento das PME promovendo todos os serviços associados às diferentes fases do ciclo dos negócios. No apoio à internacionalização o objetivo é de promover o crescimento dos negócios das PME ao nível do mercado externo, independentemente do modo de entrada ser via exportação ou investimen-to direto, identificando parceiros estratégicos, de-senvolvendo os planos de marketing internacional e assegurando os processos para a legalização dos investimentos, apoiando o arranque das socieda-des locais. A área de fusões & aquisições destina-se sobretudo a apoiar processos de aquisição e venda, avaliações de empresas e a reestruturação financeira.

A Mercal surgiu há 18 anos, com o principal pro-pósito de apoiar a internacionalização das PME. Mais tarde, perceberam que tinham de alargar as valências desta empresa. É esta estrutura flexível que vos distingue de outras empresas?Atualmente sim. A Mercal é constituída a nível de quadros permanentes, por uma equipa de consul-tores com uma expressiva e qualificada experiência profissional de caráter multidisciplinar e âmbito internacional. Este núcleo-base de quadros técni-cos é completado por um conjunto de especialistas que nos garantem uma adequada cobertura em todas as áreas em que somos solicitados a intervir, quer nacional quer internacionalmente.

Neste processo de internacionalização, no seu entender, que barreiras devem ser ultrapassadas para abrir as portas ao investimento?As barreiras são de diferente índole, com par-ticular enfase para as de natureza económica e legais. As restrições quanto à Lei do Investimen-to Estrangeiro nesses países, têm vindo a exigir aos empresários, maior capacidade financeira e a necessidade de se assumirem períodos de recu-peração mais longos no investimento o que tem tornado a acessibilidade por vezes mais difícil por parte das nossas PME.

Na sua opinião, as PME não gostam de ter muitos consultores mas quando têm depositam neles muita confiança. Esta é uma relação que exige muito de ambas as partes. Como é que se con-quista a confiança de um potencial cliente, num primeiro contacto?É inteiramente verdade. A imagem e notorieda-de da consultora e suas referências são um ponto de partida para o estabelecimento de uma relação de confiança, garantindo a qualidade desejada e o nível de utilidade pretendido para a contratação do serviço.

No cenário atual envolto pelo “fantasma” da crise e com a saturação do mercado interno, acreditam que as PME portuguesas têm que, invariavelmen-te, apostar na internacionalização dos seus negó-cios. Qual tem sido o apoio prestado pela Mercal a este nível? Quais são as principais dúvidas que surgem neste momento?A internacionalização tornou-se um imperativo para as nossas PME e um desígnio nacional. A situação de crise foi mais acentuada em Portugal do que nos nossos parceiros comunitários. Com

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IINTERNACIONALIZAÇÃO

João Ribeiro

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No âmbito da educação empresarial, formação empresarial e coaching, o Instituto da Empresa enfrenta o desafio de garantir a desejada com-plementaridade à atividade da consultoria. Neste sentido pretendemos ampliar as parcerias de for-ma a promover a crescente especialização desta nossa empresa, nas áreas da educação empresarial e formação profissional, garantindo a qualifica-ção e a geração de competências adequadas ao nível dos recursos humanos e assim poderem vir a protagonizar mudança e a implementação das suas estratégias de desenvolvimento, quer ao ní-vel nacional quer internacional.

ela acentuou-se a descapitalização das empresas e surgiram dificuldades de acesso ao crédito. A con-jugação destes fatores condicionaram nalgumas empresas a obtenção do financiamento desejado para desenvolverem a sua estratégia de internacio-nalização. Sem prejuízo desta situação, é de relevar a capacidade demonstrada pelos nossos empresá-rios no crescimento das exportações sobretudo em mercados internacionais não tradicionais.

O investimento em zonas da geografia mundial como alguns países lusófonos (por exemplo An-gola, Moçambique, Brasil) que, de acordo com al-guns estudos, estão a crescer acima do crescimen-to mundial, é um caminho que uma empresa deve seguir se quiser consolidar-se no mercado, sendo em muitos casos uma questão de sobrevivência?No caso dos empresários portugueses a proximi-dade cultural parece ser determinante. Tornou-se um imperativo para as PME e para a sua sobre-vivência, virem a crescer no mercado externo. As causas estão sobretudo na baixa utilização da capacidade instalada e as oportunidades em reduzirem o custo unitário dos produtos, o que faz com que as empresas possam praticar preços mais competitivos e garantirem sustentabilidade futura dos seus negócios.

Além da clara aposta nos recursos humanos, um dos fatores diferenciadores das empresas, que outros desafios julgam que esta entidade terá de enfrentar? Que objetivos espera que sejam alcan-çados em breve?Os desafios passam atualmente pelas elevadas exigências e complexidade dos serviços que nos

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são colocados diariamente. Estando a nossa ati-vidade intimamente ligada ao desenvolvimento da economia, a consultoria ainda não recuperou completamente. Tendo em conta os objetivos do atual governo de apostar no reforço do investi-mento e da inovação, pode-se adivinhar um futu-ro mais seguro para a consultoria em geral e em particular na consultoria de apoio à internaciona-lização das empresas. Neste sentido, os nossos objetivos passam por dar continuidade ao apoio que tem vindo a ser pres-tado às PME, no sentido de estruturar e facilitar o seu processo de internacionalização, identifi-cando oportunidades e desafios nos mercados--alvo considerados mais atrativos para os seus produtos e serviços, implementando planos de marketing internacional e de prospeção comer-cial, assegurando para o efeito os meios finan-ceiros e a desejada qualificação dos seus recursos, capacidades e competências. Adicionalmente, em face da atual conjuntura económica, os objetivos passam por continuar a promover oportunidades de consolidação empre-sarial, onde a nossa área de fusões & aquisições terá um papel fundamental, no sentido de garantir a sustentabilidade das PME, nomeadamente nos setores de bens não transacionáveis, dada a eleva-da maturidade dos mercados onde atuam. Por ou-tro lado, dado o facto de inúmeras PME estarem descapitalizadas, a sua viabilização passa cada vez mais pela implementação de operações de reestru-turação financeira, aproveitando nalguns casos os atuais instrumentos em vigor como forma de ga-rantir a sua recuperação (Programa Revitalizar) e a sustentabilidade futura dos seus negócios.

“Os desafios passam atualmente pelas elevadas exigências e complexidade dos serviços que nos são colocados diariamente. Estando a nossa atividade intimamente ligada ao desenvolvimento da economia, a consultoria ainda não recuperou completamente”

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É licenciado em Sociologia, tem curso de mestra-do em Gestão de Recursos Humanos, foi diretor--geral do CEVALOR (Centro Tecnológico para o Aproveitamento e Valorização das Rochas Orna-mentais e Industriais) e vereador da Câmara Mu-nicipal de Évora, além de dirigente de outras en-tidades privadas e públicas. A partir do momento em que foi nomeado para “liderar” a CCDRA, que objetivos trouxe consigo?Tínhamos vários desafios pela frente, a que foi sendo dada resposta. Destaco o objetivo de pre-paração do novo ciclo de fundos comunitários para o período 2014-2020, que está em fase de conclusão. Tratou-se de um processo exigente e complexo, em que a colaboração e a parceria em-penhada dos atores regionais representativos das diferentes dimensões (política, económica, social, ambiental e associativa) foi um elemento deter-minante para a proposta de Programa Operacio-nal Regional do Alentejo 2014-2020.A nível do Programa Regional 2007-2013, ainda em vigor, o objetivo de simplificação de proce-dimentos, a reorganização das equipas e o con-tacto direto com os potenciais promotores para os estimular a recorrer ao programa, partilhando prioridades de investimento, garantindo que o INALENTEJO os apoia e concretiza os proce-dimentos com rapidez. Também nas outras áreas de competência da CCDRA tinha o objetivo de se procurar um desempenho inovador e mais res-ponsabilizador, tendo como referencial o conceito de administração empreendedora, que estabelece princípios e orientações mas que também equa-ciona e operacionaliza soluções para dar resposta às solicitações que lhe são colocadas. A redução de prazos de resposta com o necessário aumen-to da transparência nos processos e a adaptação da estrutura organizacional da CCDRA ao novo paradigma de licenciamento.

A CCDRA está a concluir o novo ciclo de fundos comunitários para o período 2014-2020 para a região do Alentejo, mais concretamente no que se refere ao novo Programa Operacional Regional do Alentejo. O que espera retirar das reuniões de trabalho que estão a ser desenvolvidas com os parceiros regionais?Estamos já numa final de preparação do novo Programa Operacional Regional do Alentejo 2014-2020, realizámos muitas reuniões de traba-lho e recebemos muitos e importantes contribu-tos dos responsáveis de todos os setores, atores regionais, e população em geral, quer para o Pla-no de Ação Regional ‘Alentejo 2020’, quer para o documento do Programa Operacional Regional do Alentejo 2014-2020, os quais têm permitido

António Costa Dieb é Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e da Comissão Diretiva do INALENTEJO. Em conversa com a Revista Pontos de Vista falou de alguns dos desafios que tem pela frente na construção de “um

Alentejo distinto, competitivo e responsável”. Para o próximo período de fundos comunitários, o Alentejo vai receber mais de 42% de verbas, uma notável valorização das potencialidades desta região. Mas, para António Costa Dieb, o foco nunca deve ser perdido e neste ciclo importa que exista “uma aposta forte na competitividade das empresas para criar mais riqueza, mais valor acrescentado,

conciliar a especialização da vertente económico-produtiva com sustentabilidade”.

pOR um AleNTejOmais coeso e mais competitivo

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SIAC E QREN - APOIOS

“Queremos que outras empresas sigam este exemplo de dinâmica empresarial, que aproveitem e valorizem os nossos recursos e potencialidades, as infraestruturas e redes de suporte existentes, e as oportunidades para investir e inovar. Não precisamos de discriminação positiva, devemos buscar a diferenciação competitiva”

António Costa Dieb

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melhorar a proposta de documento final a entre-gar à Comissão Europeia.

O Plano de Ação Regional – Alentejo 2020 é en-carado como um “referencial estratégico para o desenvolvimento do Alentejo e da Lezíria do Tejo”. De que forma é que este instrumento será fundamental para continuar a desenvolver estas regiões, social e economicamente?O Plano de Ação Regional ‘Alentejo 2020’, apro-vado por unanimidade pelo Conselho Regional da CCDRA em Setembro de 2013, deve ser en-tendido como um quadro de referência para: i) a identificação de prioridades estratégicas de inter-venção por parte dos atores regionais (públicos, associativos e privados), ii) a integração regio-nalmente estruturada de opções estratégicas de intervenção sub-regionais, a formatar no âmbito dos respetivos instrumentos operacionais de de-senvolvimento e programação; iii) a coordenação regional das diferentes políticas de natureza seto-rial, horizontal ou territorial; iv) o acesso orienta-do a recursos de financiamento com origem nos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. A qualidade e a dinâmica dos valores e argumen-tos competitivos identificados no documento molda a visão estratégica de desenvolvimento para o Alentejo e a Lezíria do Tejo.

A região do Alentejo vai receber mais 42% de ver-bas do próximo período de fundos comunitários, atribuídas aos programas regionais de Portugal. Apesar de ainda existiram algumas carências e necessidades, este reforço dos apoios europeus mostra que as potencialidades desta região estão a ser finalmente valorizadas? Neste novo QREN, os programas operacionais regionais são todos reforçados. No caso do Pro-grama Operacional Regional do Alentejo 2014-2020, o reforço é superior, uma vez que passa a contemplar uma dotação adicional para a conclu-são das infraestruturas do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva. A valorização das potencialidades da Região está contemplada na proposta de Programa, mas a competitividade do tecido económico regional e a criação de emprego, num quadro de crescimento que se pretende tecnologicamente mais avançado e inovador, sustentável e inclusivo é prioritária; o apoio às empresas representa cerca de 50% da do-tação do programa, numa perspetiva de continui-dade de trabalho, associada à formação de capital humano. Neste novo ciclo, tem que existir uma aposta forte na competitividade das empresas para criar mais riqueza, mais valor acrescentado, conciliar a especialização da vertente económi-co-produtiva com sustentabilidade.

Cada região tem as suas prioridades e competên-cias. No Alentejo, quais são as mais prementes? Sabemos que o turismo, o património histórico e cultural ou os recursos institucionais são alguns dos principais ativos. Até 2020, o que deverá ser feito em cada segmento?O modelo de desenvolvimento e de especialização

regional deve combinar uma vertente económico--produtiva (geradora de valor e emprego) com as vertentes da sustentabilidade e deve centrar-se nas seguintes prioridades de intervenção: Consolidação do sistema regional de inovação e competências; Qualificação e internacionalização de ativos do território; Renovação da base económica sobre os recursos naturais e a excelência ambiental e patri-monial da Região; Qualificação do território: redes de suporte e novas dinâmicas territoriais; Qualifi-cações, empregabilidade e coesão social. Para que a estratégia de desenvolvimento regional agora pre-conizada seja bem sucedida, num contexto em que o País e a Região terão de recorrer de forma intensa no horizonte 2020 aos fundos comunitários como suporte ao seu desenvolvimento económico e social, a utilização racional desses fundos e a criação de si-nergias que permitam alcançar os nossos objetivos de desenvolvimento é fundamental.

O Novo Programa da Comissão Europeia de apoio à inovação e investigação (Horizonte 2020) dirige--se às pequenas e médias empresas. Na sua opi-nião, este programa alcança as reais prioridades e necessidades atuais? Este programa preten-de estimular as parce-rias entre as PME e as entidades de investiga-ção com o objetivo de potenciação económica. Cada Região tem as suas especificidades e necessidades, importa garantir que as peque-nas e médias empresas regionais têm acesso à iniciativa e que sabem aproveitar as oportu-nidades concedidas ao abrigo do programa para consolidarem e/ou desenvolverem a sua atividade, através de processos mais inova-dores ou tecnologica-mente mais avançados, ganhando a aposta da competitividade.

Em 1986, quando se co-meçaram a receber os apoios da União Euro-peia, dizia-se que esses fundos destinavam-se a infraestruturas e à coesão territorial. De-corridas quase três dé-cadas, o que falta para que o Alentejo seja um paradigma na criação de emprego e na atra-ção de investimento? Na Região Alentejo, temos empresas que

apostaram na competitividade e inovação em-presarial, mostrando como é possível fixarem-se no Alentejo e aqui desenvolverem a sua atividade em pleno, criando riqueza e postos de trabalho. Queremos que outras empresas sigam este exem-plo de dinâmica empresarial, que aproveitem e valorizem os nossos recursos e potencialidades, as infraestruturas e redes de suporte existentes, e as oportunidades para investir e inovar. Não preci-samos de discriminação positiva, devemos buscar a diferenciação competitiva.

Tendo em conta os desafios atuais para os quais está nitidamente preparado para responder, como imagina a região do Alentejo em 2020?Perspectivo um Alentejo mais coeso, com um de-senvolvimento mais alicerçado nos grandes em-preendimentos existentes na região, mas também com acréscimo da competitividade das pequenas e médias empresas regionais para a criação de riqueza e de postos de trabalho qualificados. De-vemos ter a arte e o engenho para tirar o melhor das oportunidades. Um Alentejo distinto, com-petitivo e responsável.

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“Tornar o mar num desígnio nacional”. A par de outros objetivos, o Fórum Empresarial da Eco-nomia do Mar quer afirmar Portugal como um player marítimo competitivo a nível global. No sentido de colocarem em prática o estudo do “Hypercluster da Economia do Mar”, que linhas de ação têm seguido no sentido de nortearem Portu-gal no que respeita aos seus recursos marinhos e respetivo aproveitamento económico?O estudo referido indica cerca de 90 linhas. A nossa estratégia fundamental tem sido colaborar com o Governo na elaboração da Estratégia Na-cional para o Mar, assim como com este, outras associações e a Rede Europeia de Clusters Ma-rítimos na Estratégia Europeia para o Atlântico. Também temos procurado montar projetos de apoio ao desenvolvimento. Atuamos, sobretudo, através dos nossos associados, procurando apro-veitar oportunidades, que existem.

O estudo “Hypercluster da Economia do Mar” es-tabeleceu como objetivo duplicar o PIB que resul-ta diretamente da economia do mar. Em concreto, espera-se que os atuais 4 a 5% passem para 10 a 12%. Estamos num bom caminho para se conse-guir atingir este desígnio? Este objetivo é paupérrimo! Um país como Por-tugal, nesta localização geográfica, não pode vir a ter apenas 12% do PIB resultante da economia do mar… sendo um objetivo perfeitamente atin-gível e, para isso, bastará contabilizar bem! Daí

o nosso apoio à elaboração da conta-satélite, um trabalho coordenado pela DGPM, com o apoio do INE, FEEM, Oceano XXI e consultoras nos-sas associadas. E estamos em muito bom cami-nho, alguns dos componentes em grande força. Por exemplo, o mercado de cruzeiros cresce a olhos vistos, todos os portos comerciais a cres-cerem em movimento, alguns a dois dígitos, o setor da aquacultura tem vindo a crescer mas tem imenso à sua frente, assim como transformação…

“O nosso futuro não está no mar, mas na “economia do mar”, que se realiza maioritariamente em terra. A economia do mar não é assunto de marítimos. Obviamente que é no mar que estão os marítimos, mas a esmagadora maioria do emprego na economia do mar não é para marítimos. Os nossos congressos “âncora” têm como mote “No mar com os pés assentes em terra”, afirma Fernando Ribeiro e Castro, Secretário-Geral do Fórum Empresarial da Economia do Mar, em entrevista à Revista Pontos de Vista. A estratégia

nacional para o Mar na agenda. Como podemos continuar a aproveitar este recurso de enormes valias?

“O NOssO FuTuRO NÃO esTá NO mAR,mas na «economia do mar»”

Portugal é um dos países com maior consumo de peixe per capita do Mundo, sendo, no entanto, deficitário na sua produção. De que forma é que a aquicultura, um segmento ao qual o FEEM tem dado especial relevância, pode ser vital para a economia nacional?É vital, uma vez que não podemos aumentar muito a produção de peixe selvagem, por causa das quotas que nos são impostas. Este desequilí-brio resulta sobretudo do consumo de bacalhau. Para o equilíbrio da balança, não só podemos (e devemos) aumentar a produção em aquacultu-ra, como exportar produtos cá transformados e, como tal, com mais valor, que é um esforço no-tável que os nossos industriais, com o apoio do Governo, têm vindo a fazer.

No “negócio do mar”, quais são os principais veto-res estratégicos? A aposta no mar é cada vez mais o caminho para o crescimento económico do país? Para nós, é tudo, desde que surjam investidores, que é o problema (e não só no mar). Por exemplo, estamos a ver se mais armadores estrangeiros vêm para Portugal, se mais navios vêm abstecer-se de combustível, saudamos Portugal ser cada vez mais procurado para provas internacionais, entre outros. Lamentamos bastante a situação difícil por que passa o setor da construção naval, mas temos ra-zões de esperança. A marinha mercante está bas-tante fragilizada, mas também vemos alguns raios de luz, e a economia do mar é muito mais que isso.

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ESTRATéGIA NACIONAL PARA O MAR

Um país como Portugal, nesta localização geográfica, não pode vir a ter apenas 12% do PIB resultante da economia do mar… sendo um objetivo perfeitamente atingível e, para isso, bastará contabilizar bem!

Fernando Ribeiro e Castro

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Olhando para o dinamismo atual dos portos portugueses, Portugal está num bom caminho? No que respeita ao turismo de cruzeiros, que tem registado um grande potencial económico, Portugal tem sabido aproveitar o franco crescimento que se tem verificado neste segmento a nível mundial?Todos os agentes têm vindo a fazer um trabalho extraordinário, cujos resultados são bem visíveis. Em breve serão inauguradas novas infra-estruturas.

Há uma convergência global da economia do mar como uma das gran-des prioridades em que o país deve apostar até 2020. É no mar que está a criação de emprego, o desenvolvimento industrial, o aumento das ex-portações. Na abertura deste novo ciclo, o mar está bem representado nas agendas nacionais e europeias?Permita-me uma correção. O nosso futuro não está no mar, mas na “eco-nomia do mar”, que se realiza maioritariamente em terra. A economia do mar não é assunto de marítimos. Obviamente que é no mar que estão os marítimos, mas a esmagadora maioria do emprego na economia do mar não é para marítimos. Os nossos congressos “âncora” têm como mote “No mar com os pés assentes em terra”. Por isso, no próximo congresso, de for-ma provocatória, o país convidado vai ser, provavelmente, o Luxemburgo, que, não tendo linha de costa, tem um dos clusters marítimos europeus mais fortes. Em Portugal, estamos cada vez mais preparados para este de-safio, com todos os agentes a trabalharem juntos a vários níveis.

Com base nos principais vetores da evolução económica recente de Portugal, que oportunidades e desafios estão guardados para o mar?Eu diria que “o céu é o limite”! Só falta tempo e MUITO trabalho, para além, é claro, investidores privados, já que as finanças não estão famosas, mas, na nossa visão, o Estado apenas terá que ser um agente regulador e facilitador.

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Na Declaração Universal dos Direitos da Água pode ler-se: “a água não é apenas uma herança dos nossos antecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos

sucessores. A sua proteção constitui uma necessi-dade vital, assim como uma obrigação moral do Homem para com as gerações presentes e futuras”. Que a água é vida todos sabemos. Mas, o que nem todos sabem é que todos os dias são dias da água. O nosso futuro dependerá sempre da forma como a consumimos. Ao longo de uma conversa em que a água foi a protagonista, Pedro Coimbra, Presi-dente do Conselho de Administração da Águas de Coimbra, fez questão de frisar um aspeto crucial: “estamos habituados a ter água com facilidade e, por isso, nem sempre lhe damos o mesmo valor que ela tem para outras populações”. Apesar disso, esta consciência mudou e, hoje, há uma maior sensibilização para questões de ordem ambiental, como é o caso da poluição da água, um tema ao qual esta empresa municipal tem dado especial atenção. É um trabalho de sensibilização que nunca acaba, é um acto contínuo e que com-pete a entidades como esta dar visibilidade. “Faz parte da educação das gerações atuais e vindouras e faz parte do nosso papel e da nossa vocação so-cial”, acrescentou Pedro Coimbra que está à frente dos destinos da Águas de Coimbra desde novem-bro último. Sabendo que este é um setor muito importante em todo o Mundo e que atravessa em Portugal um período de grande incerteza, esta

Dia 22 de março é assinalado no calendário como o Dia Mundial da Água, um bem escasso, valioso e sem o qual a sobrevivência de qualquer ser humano é colocada em causa. Assinalar esta efeméride é necessário. Mas importa não esquecer os restantes dias do ano, conservando e não poluindo um recurso ao qual todos darão mais valor no momento em que o mesmo deixar de existir em abundância. Se olharmos para outras regiões do planeta onde até são originadas guerras pelo acesso à água,

talvez a consciência mude e, a partir desse momento, começaremos a consumir água com uma atitude onde não há espaço para o desperdício. Esse caminho já está a ser trilhado e, por isso, neste e em todos os outros dias essa preocupação deve estar

presente. A Revista Pontos de Vista foi “celebrar” a água com a empresa municipal “Águas de Coimbra” e com o Presidente do Conselho de Administração, Pedro Coimbra.

“A melhOR águA DO pAísestá em coimbra”

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DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Mensagem de Pedro Coimbraa propósito do Dia Mundial da Água:“Temos de perceber que a água é um recurso li-mitado e escasso. Se estamos habituados a abrir a torneira e a vê-la correr abundantemente, temos de ter a consciência de que não é assim em todo o Mundo e nunca se sabe se um dia não teremos racionalização de água no nosso País. Devemos associar esta ideia a um cuidado contínuo na sua não poluição, nunca a tratando mal. O setor vive, hoje, momentos turbulentos e esta é uma temática que não deve ser olhada com indiferença pelos cidadãos. Temos de estar atentos às opções que temos pela frente e aos caminhos que devemos escolher. A água não é igual ao gás, à eletricidade ou à Internet. É um direito humano essencial, sem o qual não po-demos viver. Portanto, más decisões neste setor podem trazer grandes consequências”.

Pedro Coimbra

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gestão encabeçada por Pedro Coimbra tem pela frente grandes desafios. “Fazer chegar água com qualidade a um preço o mais baixo possível a casa dos consumidores é importante e aliciante. Este desafio passa por otimizar todos os nossos siste-mas para que tal seja possível num contexto difí-cil”, salientou o responsável. Para tal, nesta admi-nistração existe uma estratégia muito clara: “a água não é um bem comercializável. É um direito hu-mano, um bem público. Não olhamos para a água como um produto comercial para gerar receitas e lucros. Queremos sim levar água de qualidade com eficiência a um preço justo”, salientou. Em termos financeiros, o interesse desta empresa con-tinuará a ser manter as contas equilibradas, através de uma gestão rigorosa. Mas para que tal aconteça, a Águas de Coimbra não depende apenas de si.

VISÃO GERAL DO SETORDA ÁGUA EM PORTUGAL

Logo no início da conversa, Pedro Coimbra fez questão de falar do estado atual do setor da água em Portugal, um segmento que tem atravessado períodos algo agitados. Sendo uma empresa de distribuição de água em baixa e tendo como prin-cipal fornecedor a empresa Águas do Mondego (participada a 51% pela Águas de Portugal), esta entidade está muito dependente do que se passa no setor. Por outras palavras, a Águas de Coimbra compra o produto à Águas do Mondego, no segui-mento de um contrato celebrado em 2004 e que, para Pedro Coimbra, tem lacunas que devem ser corrigidas. Esta empresa municipal presidida por Pedro Coimbra paga 17 milhões de metros cúbi-cos de água à Águas do Mondego, consumindo apenas 13 milhões, uma diferença que representa dois milhões de euros que a Águas de Coimbra paga “em troca de nada”, referiu. A par disto, este contrato prevê de forma objetiva um conjunto de investimentos que deverão ser feitos no concelho de Coimbra, quer no que se refere à água como ao saneamento. “Os incumprimentos contratuais da Águas do Mondego nos investimentos que deve-riam ter sido feitos representam em Coimbra cer-ca de 13 milhões de euros em infraestruturas que não foram realizadas. Nos últimos anos, se esses investimentos tivessem sido concretizados, terí-amos poupado três milhões de euros”, explicou. A Águas de Coimbra tem apelado a um contrato mais justo, “pagando apenas o que consumimos”, acrescentando: “nenhum de nós gosta de pagar aquilo que não consome”. Em relação a este contrato assinado entre as duas

entidades e que termina em 2039, o Presidente da Águas de Coimbra garantiu em conversa com a Revista Pontos de Vista que todas as hipóteses estão a ser estudadas, mesmo do ponto de vista legal. Não sabendo o que o futuro reserva, Pedro Coimbra deixou uma garantia: “não nos confor-mamos com esta questão porque é lesiva para o interesse público”.

PRIVATIZAÇÃO DO SETOR DA ÁGUAPedro Coimbra criticou, recentemente, as medi-das do Governo no setor da água, defendendo que estas têm como principal pano de fundo a privatização. Em concreto, o responsável pela Águas de Coimbra criticou a lei que foi publica-da no passado dia 6 de março e que, em matéria de fixação de tarifas, atribui competências à En-tidade Reguladora dos Serviços de Águas e Re-síduos. Questionado sobre esta posição, Pedro Coimbra salientou: “esta é uma competência dos municípios que está a ser retirada de forma abusiva e, há mesmo quem diga, inconstitucio-nal e que será lesiva para o cidadão uma vez que há a possibilidade de se definir uma tarifa supe-rior”. Voltando a salientar que a água deve ser gerida como um bem público e não como uma fonte de lucro, Pedro Coimbra teme que este seja mais um passo no sentido da privatização do setor. “Este é um caminho que devemos evi-tar e para o qual nos devemos mobilizar, técnica e politicamente. Há boas razões técnicas para argumentar contra esta privatização e razões políticas para combatê-la”, defendeu. Concreti-zando-se este cenário, Pedro Coimbra teme que a qualidade da água esteja em risco.

MUSEU DA ÁGUA REGISTOU16 MIL VISITAS EM 2013

No passado dia 22 de março, o Museu da Água celebrou sete anos de existência. Têm sido anos de crescimento durante os quais a Águas de Coimbra tem procurado chegar aos públicos mais jovens, sensibilizando-os para as questões ambientais, em particular para o recurso água. Mas este não é um espaço que abre as suas portas apenas aos mais pe-quenos. Pelo contrário. Ao longo de sete anos, o Museu da Água teve mais de 130 mil visitas. Só no ano passado, passaram por aqui 16 mil pessoas, cerca de sete mil das quais crianças. “Damos uma especial atenção às camadas mais jovens porque são um excelente veículo de mensagem”, afirmou Pedro Coimbra. Para melhor aproveitarem este espaço, esta entidade quer desenvolver algumas

parcerias sobre as quais o responsável preferiu não falar antes de totalmente concretizadas. Mas o objetivo é claro. “Queremos inserir o museu no contexto cultural e turístico da Região Centro e do País. Pretendemos que o Parque Dr. Manuel de Braga, onde se insere o museu, seja uma par-te integrante da nossa cidade e do nosso turismo e esteja melhor inserido no contexto urbano de Coimbra”, afirmou. Num futuro envolto em alguma incerteza, a Águas de Coimbra garante um trabalho contínuo de toda uma equipa caraterizada por um know how reco-nhecido no sentido de darem continuidade à mis-são de hoje e de amanhã: “disponibilizar água de excelência ao preço mais baixo possível”. Para esse caminho continuar a ser alcançado, investir será sempre uma constante preocupação. “Para 2014 temos um investimento previsto de 6,5 milhões de euros, 5,5 dos quais será para a nossa rede de água e para a rede de águas residuais. Na rede de água são mais de três milhões só para remodela-ção da rede uma vez que já temos uma cobertura de 100%. No saneamento temos mais de dois mi-lhões de euros de investimento, dividido em duas vertentes: manutenção e melhoria da qualidade da rede de águas residuais e alargamento da rede”, evidenciou Pedro Coimbra. Caraterizada por uma equipa de profissionais de excelência, a Águas de Coimbra tem levado este know how para fora das fronteiras da cidade. Nas últimas semanas foram fechados vários contratos de prestação de serviços a um conjunto muito alargado de municípios vizinhos e não só. Fora de Portugal, esta empresa municipal tem conseguido levar o nome de Coimbra e do país para outros mercados. Com um projeto já a decorrer em Cabo Verde e estando em vias de iniciar um novo em Angola, a Águas de Coimbra tem contribuído para o desenvolvimento do país, passando a ima-gem do que de melhor se faz e tendo sempre como bandeira um facto: “a melhor água do país está em Coimbra”, concluiu.

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Algumas dicas que ajudam a poupar água:- Lavar o carro com um balde e esponja;- Regar o jardim de manhã quando a evaporação é menor;- Não deitar cabelos, restos de comida nem outros lixos para a sanita;- Instalar redutores de caudal nas torneiras e chuveiros;- Tomar um duche em vez de um banho de imersão;- Ao lavar os dentes deve manter a torneira fechada;- Reutilizar a água. A da chuva, por exemplo, pode ser usada para regar as plantas.

Atividades desenvolvidasno Dia Mundial da ÁguaFoi inaugurada uma exposição de fotografia de João Almeida intitulada “Os caminhos de Água” e que estará patente no Museu da Água até ao dia 21 de abril. A par disto, foi ainda desenvolvido um workshop direcionado para crianças dos 5 aos 14 anos, alicerçado na temá-tica “H2O em perigo” e durante o qual foram levantadas questões relacionadas com a preser-vação da água e a não poluição da mesma.

Museu da Água de Coimbra

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Com o objetivo de construir um progra-ma atual e cientificamente relevante, que traduza uma visão holística dos cuidados de saúde e uma abordagem multidisci-

plinar de prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento do doente, as atividades do congresso centraram-se essencialmente na doen-ça ou entidade clínica, ao invés de se focalizar na técnica.´“O congresso é sem dúvida o evento mais im-portante da Cardiopneumologia porque permite a aproximação entre pares e a partilha de expe-riências não só na área científica mas também na sócio-profissional. Claro que a componente científica tem maior preponderância, até porque são áreas em constante crescimento e inovação cientifica e tecnológica e os congressos são uma forma de atualização E assim contribuir para

uma maior diferenciação nos cuidados de saúde prestados aos doentes”, afirma o Presidente da APTEC.

“CONSIDERAMOS SER ExTREMAMENTEBENéFICA A NOSSA PRESENÇA

NOS CUIDADOS PRIMÁRIOS”Assim, entre os temas das sessões podemos assi-nalar, no primeiro dia, um debate sobre “Preven-ção Primária ou Cuidados de Saúde Primários?”, com destaque para o papel do cardiopneumolo-gista nos cuidados de saúde primários e a apre-sentação de projetos de intervenção na comuni-dade.Em declarações à Revista Pontos de Vista, Pedro Almeida referiu que os cuidados de saúde primá-rios foi um tema que quis destacar por ser “uma das áreas mais importantes mas muito descurada

A 19.ª edição do Congresso Português de Cardiopneumologia decorreu nos passados dias 28, 29 e 30 de março no Centro de Congressos Lagoas Park em Oeiras. Este é o maior evento científico e social no Universo da Cardiopneumologia em Portugal e

reúne sempre vários players da área, entre participantes e convidados. A Revista Pontos de Vista também fez questão de marcar presença nesta edição cujo tema foi: A APTEC e os Cardiopneumologistas, traduzindo assim aquele que é o sentimento da Direção,

encabeçada por Pedro Almeida: “A APTEC é dos Cardiopneumologistas”.

A 19.ª eDIÇÃO DO mAIOR eVeNTOde cardiopneumologia em portugal

pelo sistema de saúde”. A razão da sua impor-tância é óbvia, pela necessidade do diagnóstico precoce e, acima de tudo, de promover a saúde e prevenir a doença. Temos ainda um longo ca-minho a percorrer nesta área e consideramos ser extremamente benéfica a nossa presença nos cui-dados primários”, garante.Sábado foi o dia mais preenchido do congresso e iniciou-se com o tema “Estudo multidisciplinar nas patologias do sistema nervoso central” numa das salas. A outra ficou marcada pela “Insuficiên-cia Cardíaca, à Direita e à Esquerda”. Seguiram--se os temas: “HTA: o eterno inimigo” porque jamais poderia passar em branco a hipertensão arterial num congresso de Cardiopneumologia, e “Síndromes metabólicas na ótica do Cardiop-neumologista”.Os últimos dois temas de cariz clínico em des-

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19.º CONGRESSO PORTUGUÊSDE CARDIOPNEUMOLOGIA

Pedro Almeida

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taque no dia 29 foram: “A intervenção em vasos centrais – a especificidade da Aorta “e a “Preven-ção secundária: do Hospital ao domicílio”.“A insuficiência cardíaca é uma área sempre muito atual e surgem regularmente novas tec-nologias e terapêuticas para o tratamento dos doentes. Também à Aorta se dá cada vez mais atenção como sendo um importante alvo de es-tudo, não só nos doentes já com sintomatologia, mas também no que diz respeito à realização de rastreios à população na faixa de risco e que poderão desenvolver doenças da Aorta”, explica Pedro Almeida.O domingo foi dia para colocar a “Cardiopneu-mologia out of the box”, tema da sessão que abriu a manhã e na qual se falou de novas áreas de es-tudo na Cardiopneumologia, sempre numa pers-petiva de alargamento de competências e saberes próprios. Para terminar o Congresso da melhor forma porque não uma revisão do ano em revista cien-tífica, destacando alguns dos melhores trabalhos publicados em 2013. Os “hot topics” em desta-que foram então: “Cardiologia Não Invasiva”, “Intervenção Cardiovascular”, “Arritmologia Invasiva”, “Ultrassonografia Vascular”, “Fisiopa-tologia Respiratória”, “Estudos do Sono”, “Perfu-são Cardiovascular”, “Ultrassonografia Cardíaca” e “Cardiopneumologia no Serviço de Urgência, abarcando todas aquelas que são as áreas de in-tervenção do Cardiopneumologista na sua práti-ca clinica ”.Durante estes três dias de Congresso foram também apresentados nas várias mesas de Co-municações Livres, resultados de trabalhos de investigação, numa clara aposta de divulgação da produção científica desenvolvida por Cardiop-neumologistas.“Na componente científica, este ano, demos mui-ta atenção à constituição de um programa trans-versal, não centrado na área tecnológica mas aci-ma de tudo na entidade clínica ou no estudo de sistemas orgânicos. A cardiopneumologia é uma profissão que abrange várias áreas das ciências da saúde Foi pelo facto intervirmos em várias áre-as do diagnóstico e da terapêutica que tentamos dar uma roupagem diferente ao programa, cen-trando-o na entidade clínica ao invés da vertente tecnológica”, referiu o Presidente da APTEC em conversa com a Revista Pontos de Vista.

“HÁ UMA APOSTA FORTE AO NíVELDA FORMAÇÃO PóS GRADUADA”

Porque muitos dos participantes eram jovens re-cém saídos das universidades, o Congresso não poderia começar de outra forma. O tema “Moti-vação e Empreendedorismo” constituiu o motor de arranque desta 19ª edição. Sendo esta uma “profissão que tem acompanhado a evolução do ensino”, nas palavras de Pedro Almeida, e “uma área da saúde que tem assistido a um forte cres-cimento de modo que, hoje, nos hospitais, temos cardiopneumologistas a trabalhar em quase to-dos os serviços e áreas do diagnóstico”, os próxi-mos anos vão ser fundamentais para a cardiop-

neumologia e serão naturalmente estes jovens a alavancar esse mesmo progresso.“Sabemos que o ensino nacional das tecnologias da saúde é um ensino de referência e nesta área não foge à regra. A perspetiva de evolução vai se centrar acima de tudo na diferenciação nas áreas de intervenção. Há uma aposta forte ao nível da formação pós graduada. Níveis de especialização cada vez maiores vão-nos permitir aliar as com-petências que temos a uma capacidade de inter-venção também maior na prestação de cuidados de saúde”, refere o Presidente da Associação.A evolução desta área torna-se premente se ti-vermos em conta que o número de doentes a recorrer aos serviços de saúde com sintomas de doenças cardiovasculares tem aumentado. Estilos de vida pouco saudáveis estão no topo das causas pelo que a resposta a este problema passa, antes de mais, pela prevenção. “Se houver um cuidado prévio no controlo de fa-tores de risco como o tabagismo, a dislipidémia, a diabetes, a hipertensão arterial e o sedentarismo, o número de doentes irá diminuir, seguramente. Acima de tudo é necessário que se adotem es-tilos de vida saudáveis e se previna a doença. É muito importante também a realização de ras-treios e avaliação de perfis de risco cardiovascular, nos homens a partir dos 40 anos, e nas mulheres a partir dos 45 ou pós menopausa, para que se possa identificar o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular e desta forma controlar esse mesmo risco de modo a prevenir o estabe-lecimento ou progressão da doença”. Foi esta a mensagem que Pedro Almeida não quis deixar de passar aos leitores da Revista Pontos de Vista.

“A APTEC SÃO TODOSOS CARDIOPNEUMOLOGISTAS”

No decurso do Programa do Congresso houve espaço também para uma pausa, para um mo-

mento de reflexão sobre os deveres e responsabi-lidades de uma associação profissional. Na ótica de Pedro Almeida, apenas através da participação informada de todos será possível construir um futuro melhor para a APTEC e para a Cardiop-neumologia.Neste sentido, na mesma mesa, com o próprio Presidente da APTEC como moderador, jun-tou-se o Deputado do PSD André Pardal, e Hél-der Simões, Presidente da Associação Nacional de Saúde Ambiental (ANSA) e representante do Fórum das Tecnologias da Saúde. Como preleto-ra esteve Raquel Rego, Socióloga e Investigadora na SOCIUS ISEG UL, a fazer um enquadra-mento sobre o associativismo socioprofissional em Portugal.André Pardal não quis deixar de destacar a im-portância destas reuniões de profissionais numa altura em que “vivemos um momento de crise de participação cívica e associativa. O que reúne as pessoas são os orçamentos, as questões finan-ceiras e as questões profissionais. Estas são das poucas causas capazes de criar união”, lamenta.Para Hélder Simões é necessário louvar o traba-lho das associações principalmente porque “há li-

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CardiopneumologistaNo exercício das suas funções, o Cardiop-neumologista é o profissional de saúde que, integrado em equipa multidisciplinar, atua em complementaridade funcional, com compe-tências no planeamento, execução, análise, interpretação e integração no contexto clinico do individuo, de meios de diagnóstico e intervenção terapêutica, ao nível da preven-ção, diagnóstico e tratamento, no âmbito dos sistemas cérebro-cardiovascular, respiratório e neurológico.

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mitações que nos são impostas hoje, no contexto em que vivemos, de forma muito aguda. O papel das associações não é fácil até porque o Estado não é obrigado a ouvi-las. Mas as associações são acima de tudo os profissionais”.Esta opinião é partilhada também por Pedro Al-meida e, por isso, o Presidente da APTEC consi-dera que “esta mesa teve um contributo bastante importante, através das questões colocadas pela assistência e dos pontos abordados pelos comen-tadores, fazendo deste momento sociopolítico um dos pontos mais importantes do Congresso. Estamos certos que os sócios têm expectativas sobre aquilo que a associação pode e deve fazer. Por isso levamos esta mesa ao congresso, de for-ma a ir ao encontro daquilo que os nossos asso-ciados esperam de nós. A participação de todos na vida associativa é muito importante porque a APTEC são todos os cardiopneumologistas e o contributo de todos é fundamental à construção de um futuro melhor para a cardiopneumologia!”.De salientar a presença da presidente da Co-missão Parlamentar da Saúde, Maria Antónia Almeida Santos na sessão solene de abertura, que no seu discurso apontou a importância da cardiopneumologia no contexto da saúde em Portugal, bem como a necessidade de organiza-ção e regulamentação mais efetiva da profissão. Também o Município de Oeiras se aliou a este evento, com a presença da Vereadora da Ação Social, Saúde e Cultura, Marlene Rodrigues na sessão de abertura.

19.º CONGRESSO PORTUGUÊSDE CARDIOPNEUMOLOGIA

Revista Pontos de Vista: De que forma os cortes orçamentais na saúde podem inviabilizar o tratamento destas patologias? É urgente que se aumente a eficácia nos serviços e se evite custos desnecessários?Pedro Almeida: Os cortes orçamentais estão na ordem do dia, sabemos que eles existem e temos que viver com eles. No entanto, o acesso global aos cuidados de saúde não pode ser afectado e os doentes têm que ser tratados de acordo com o estado da arte. A solução passa por aumentar a eficiência e a eficácia, fazendo mais e melhor com os recursos disponíveis, evitando o desperdício. O exemplo de doentes que repetem os mesmos exames, nos mesmos contextos, sem necessidade alguma e sem que isso traga qualquer acréscimo de informação diagnóstica é algo que podemos corrigir.

André Pardal, Pedro Almeida, Raquel Rego e Helder Simões

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A população tem agora ao seu dispor no SNS e nas equipas mul-tidisciplinares privadas aderentes, um conjunto de programas de rastreio, diagnóstico e assistência, assim como profissionais habi-litados a detetar qualquer anomalia na cavidade oral promovendo

a sensibilização para a saúde oral e educação dos jovens. É essencial que a população tenha um cuidado e atenção especial à sua boca e recorra aos profissionais habilitados. Este conjunto de fatores - estado, profissionais e população, vão certamente contribuir para uma melhoria da qualidade da saúde oral dos portugueses.Fazem parte do grupo de profissionais direta e indiretamente ligados à saú-de oral: estomatologista; médicos dentistas; técnicos de prótese dentária; higienista orais; assistentes dentários entre outros, contribuindo todos estes profissionais para o bem estar dos pacientes. Cada um tem uma função es-pecífica no seu contexto profissional, e aqui refiro-me especificamente aos técnicos de prótese dentária, a minha área de interesse específico. Foi criado um hábito, errado, mas com explicações culturais que não irei agora aprofundar, dos pacientes se deslocarem diretamente aos laboratórios de prótese dentária para fazerem as suas próteses. É minha obrigação, com responsabilidades neste setor, esclarecer o público que os técnicos de pró-tese dentária estão apenas habilitados a fabricar, alterar/corrigir e adaptar as próteses dentárias mediante uma prescrição médica, ou seja, não estão habilitados a analisar a boca num todo, portanto não estão capacitados legalmente para definir que tipo de tratamento protético o paciente ne-cessita. Existem bons e maus profissionais em todas as profissões, cabe a cada um agir da forma legal e correta, mas cabe também aos utilizadores certificarem-se da idoneidade de cada profissional, porque está em causa a sua própria saúde. Atitude incorreta é assumida também por alguns médicos dentista que, por sua indicação, reencaminham para os laboratórios de prótese dentária os pacientes para estes efetuarem as próteses ou trabalhos similares. Outra ati-tude incorreta de alguns médicos dentistas/estomatologistas e clinicas den-tárias consiste em enviarem as próteses dos seus pacientes para laboratórios

ClAsse que gARANTea qualidade da saúde oral

que não estão devidamente legalizados ou para profissionais não habilita-dos legalmente. Este é um problema de saúde pública que as autoridades devem ter em consideração e atuar em conformidade, pois a culpa de mui-tas das regulamentações dos profissionais de prótese dentária não existirem é consequência dos sucessivos governos e das instituições do ministério da saúde que não têm prestado a devida importância a esta temática. Cabe aos técnicos de prótese dentária unirem-se num esforço uno em tor-no de uma melhor qualificação, regulamentar a profissão e reivindicar ao estado a resolução de alguns assuntos prementes como o da regularização das cédulas profissionais para aqueles que já exerciam a profissão antes de existir a formação académica.A formação académica dos técnicos de prótese dentária (TPD) é o grau de licenciatura, estamos entre os melhores profissionais a nível internacional, com reconhecidos trabalhos, investigações e conferências apresentadas em todo do mundo, a maioria dos laboratórios nacionais estão equipados com a mais alta tecnologia de ponta. Estou certo que os portugueses têm desta classe profissional a segurança necessária para poderem confiar na qualida-de dos trabalhos que garantem a sua saúde oral.

DIA MUNDIAL DA SAÚDE ORAL

O dia mundial da saúde oral foi assinalado também em Portugal no passado dia 20 de março, com a presença do

Ministro da Saúde no evento, marcando assim a importância desta temática no contexto de saúde pública, disponibilizando

em primeira linha a melhoria de condições do diagnóstico atempado de doenças orais na população, projeto que tem vindo a ser desenvolvido na Direção Geral de Saúde (DGS) com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Desta forma

conclui-se que as entidades estatais consideram relevante a importância da promoção da saúde e a prevenção da doença,

asseguradas pelas equipas multidisciplinares envolvidas no SNS, encaminhando os doentes para os especialistas.

A OPINIÃO DE Moisés Rocha, Presidente da Associação dos Industriais de Prótese Dentária

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Fundado em 1984, como caracteriza o percurso que o CFPSA tem vindo a percorrer?O Centro de Formação Profissional para o Setor Alimentar foi fundado efetivamente fundado em 1984 em resultado da fusão entre as antigas Esco-las de Panificação e de Pastelaria e Confeitaria de Lisboa e de um protocolo de cooperação entre a Administração Pública, representada pelo IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP e seis Associações Empresariais e Sindicais do setor, designadamente a ACIP – Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Paste-laria e Similares, a ACCCLO – Associação dos Comerciantes de Carnes do Concelho de Lisboa e Outros, a AIPAN – Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte, a AHRESP – Associação da Hotelaria, Restaura-ção e Similares de Portugal, a ARTOGEL – As-sociação Portuguesa dos Geladeiros Artesanais e o SITESE – Sindicato dos Trabalhadores e Téc-nicos de Serviços.O objetivo primordial do CFPSA era assegurar a valorização profissional dos trabalhadores deste setor económico e preparar novos profissionais que pretendessem desenvolver a sua atividade no mesmo, valorizando assim a vertente da Restau-ração e Similares.Ao longo dos últimos trinta anos, esse objetivo mantém-se inalterado mas o Centro tem vindo continuamente a adaptar-se, tanto às novas po-líticas de formação de ativos e de jovens, como também e ainda mais importante, a evoluir sig-nificativamente quanto aos programas forma-tivos com o objetivo de poder acompanhar as exigências dos empregadores e do mercado, uma vez que, cada vez mais, os clientes sabem exigir qualidade de produto e serviço e só com pro-fissionais qualificados capazes de assegurar essa qualidade, as empresas deste setor podem vingar e desenvolver-se.Para a consecução deste trabalho tem-se reve-lado de extrema importância a gestão tripartida desta instituição, pois a formação desenvolvida responde aos interesses dos empregadores e às necessidades de valorização dos trabalhadores, respeitando as políticas públicas de formação.

Quais os principais desafios que se colocam atu-almente ao ensino profissional, nomeadamente, ao CFPSA?Os principais desafios que se nos colocam são a cada vez melhor preparação dos jovens e adultos que nos procuram, para um mercado de trabalho exigente e cada vez mais seletivo. Numa época de recessão económica o CFPSA tem tentado fa-zer mais e melhor formação com cada vez menos custos, o que numa área como esta não é nada fá-cil. Face ao número de desempregados existentes, temos tentado ainda captar outros públicos que possam vir a fazer alguma reconversão profissio-

nal, preparando-os para um mercado de trabalho cada vez mais globalizado e que já não se confina a Portugal mas que se abre ao resto do mundo.É assim que, tendo como objetivo o incremento e valorização de todas as suas capacidades, o CFP-SA tem vindo, e continuará, a apostar na criação e desenvolvimento de relações técnicas e insti-tucionais com entidades parceiras nacionais e internacionais dos mais diversos quadrantes, par-tilhando experiências e sobretudo aprendendo mais para também mais e melhor poder ensinar.Entre os vários projetos em que o CFPSA tem focado o seu empenho, refira-se o exemplo do Programa ERASMUS + enquanto elemento enriquecedor de experiências e conhecimentos e consequentemente facilitador da mobilidade de formandos e formadores no espaço europeu.Uma formação de excelência, tal como a enten-demos e pretendemos sempre conseguir, só é possível com formadores muito qualificados, atu-alizados em termos de conhecimentos técnicos, sensíveis às evoluções de técnicas e tendências a nível mundial e motivados para transmitir e in-centivar os seus formandos, que por cá passam, a serem também profissionais de excelência.

Desde finais de 2012 que assistimos a um esmore-cimento das políticas de educação da população adulta, com o encerramento dos Centros Novas Oportunidades. No entanto, no passado dia 11 de dezembro foi lançada a rede nacional de Centro para a Qualificação e o Ensino Profissional. Que importância isto terá para a educação e formação em Portugal?O CFPSA também faz parte da rede de Cen-tros para a Qualificação e o Ensino Profissional, estando a funcionar na nossa sede na Pontinha. A criação dos CQEP é muito importante para alguns setores de atividade, tal como o nosso, uma vez que muitos dos trabalhadores, ativos e não ativos, ingressaram no mercado de trabalho muito precocemente e apenas aprenderam a fa-zer fazendo. Estes Centros têm a virtude de, com base na experiência de vida e de trabalho de cada cidadão, poder encaminhá-lo para a formação es-

“Os principais desafios que se nos colocam são a cada vez melhor preparação dos jovens e adultos que nos procuram, para um mercado de trabalho exigente e cada vez mais seletivo”, assume o Centro de Formação Profissional para o Setor Alimentar - CFPSA. A Educação e Formação em Portugal assumem um papel essencial. Em dezembro do ano transato foi dado mais um passo, ou seja, foi lançada a rede nacional de Centro para a Qualificação e o Ensino Profissional e que contribuirá para o reconhecimento social e

profissional dos trabalhadores, fomentando portanto um nível de qualificação escolar e profissional dos ativos em Portugal.

“sABeR mAIs… fazer melhor!”

colar e/ou profissional na justa medida das suas necessidades.Não podemos esquecer que a maioria do público que frequenta os CQEP, já saiu há muito da es-cola, sendo que alguns nunca fizeram nenhuma formação profissional. A dificuldade reside em captar e motivar estes trabalhadores, daí a impor-tância de um trabalho em rede com instituições de proximidade que promovam o encaminha-mento para o CFPSA.Para o trabalhador esta perspetiva de evolução é muito motivante e aumenta a sua autoestima pois fá-lo reconhecer que afinal sempre sabe algo, apesar de não possuir um documento que o ates-te. Para as instituições é uma forma de não dis-pender verbas em formações não úteis. Do nosso ponto de vista, é uma medida que contribuirá para o reconhecimento social e profissional dos trabalhadores e que necessariamente incremen-tará o nível de qualificação escolar e profissional dos nossos ativos.

Segundo Gonçalo Xufre, existem formadores que estavam à espera da abertura dos CQEP para recu-perar a sua função. Por outro lado, entrarão ainda pessoas novas. Qual a importância da formação profissional também na absorção de recursos humanos, numa altura marcada pelas elevadas taxas de desemprego no ensino regular?Tendo em conta que os CQEP asseguram uma certificação escolar e profissional, irão ser neces-sários formadores das áreas escolares, pelo que iremos recorrer preferencialmente a professores. No que se refere às áreas profissionais e apesar de termos ainda alguns formadores internos, iremos certamente necessitar de contratar formadores externos, em função da procura que o CQEP irá ter. Digamos que os CQEP irão ser outra opor-tunidade de trabalho para estes recursos huma-nos e que se vierem a abranger o público espera-do será ainda necessário um número significativo de formadores.

De que forma o crescimento do turismo em Portu-gal se tem refletido na CFPSA?O crescimento do turismo em Portugal tem vin-do a ter reflexos de duas dimensões no CFPSA pois, se por um lado, implicou o aumento do número de formandos abrangidos anualmente - que cresceu de 6001 em 2009 para 8655 em 2013 -, por outro, veio reforçar a adaptação dos progra-mas e conteúdos formativos às novas exigências do turismo. Este crescimento do turismo à escala global e que se reflete no movimento de pessoas provenientes de países e culturas cada vez mais diversos, tem-nos motivado a sair do CFPSA em busca de novas formas de saber e de fazer, capi-talizando competências que visam a satisfação do cliente a todos os níveis e de acordo com as suas reais expetativas.

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CQEP – ENSINO PROFISSIONAL

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Este foi um dos principais motivos que nos levou ao estabelecimento de protocolos com institui-ções de outros países para que os nossos profis-sionais contactem com outras realidades antes de irem para o mercado real.

A formação na área alimentar é cada vez mais um requisito exigido para aqueles que trabalham nesta área? Como é que Portugal tem evoluído a este nível?Portugal tem tido uma evolução muito positiva quanto às competências básicas exigidas para o desempenho de funções nos domínios da Hote-laria, Restauração e Similares. Graças também ao trabalho de sintonia com todos os parceiros que o CFPSA tem promovido, são já os empresários que começam a assumir em definitivo todas as vantagens de terem ao seu serviço profissionais qualificados e também a procurar o CFPSA para garantir não só um recrutamento de pessoas de-tentoras das competências mais adequadas, como também para garantir a atualização técnica dos profissionais que já têm ao seu serviço. Atual-mente, a detenção de competências através da formação, não só é necessária para encontrar em-prego, como é indispensável para assegurar a sua manutenção.

O que é que podemos esperar do CFPSA para os próximos tempos? Uma vez que a educação de adultos constitui uma pedra basilar no sistema de ensino e formação dos países mais ricos e que a Co-missão Europeia incentiva este tipo de aprendiza-gem, as perspetivas de crescimento são elevadas?A missão e objetivos do CFPSA enquanto enti-

dade formadora de referência, não se esgotam no potencial formativo, antes se reforçam e desenvol-vem, assentes na capacidade técnica de uma estru-tura que se tem adaptado às mutações evolutivas do mercado de trabalho neste setor de atividade. Ainda que sempre sustentado nos valores das an-cestrais tradições culturais nacionais e procuran-do nunca as desvirtuar, tenta o CFPSA de forma atual, moderna e sobretudo real, preparar o futuro profissional de todos quantos o procuram com elevadas e justificadas expectativas de sucesso.O diálogo constante com todos os parceiros, com especial relevância para as entidades outorgan-tes do protocolo, a preparação de novas soluções técnicas, de novos programas de formação bem como até a pesquisa e criação de novos produtos, são alguns dos fatores de impulsão e de sustenta-bilidade do crescimento.Enquanto resultado/exemplo desta motivação e potenciadores do crescimento, já estão registados os seguintes produtos e marcas CFPSA:- VEOLEO – Teste Rápido de Controlo de Qualidade de Óleos de Fritura (desde 1998 e com forte implantação internacional)- BOMBOM d’AZEITE – em fase inicial de comercialização- PÃO DE ROSAS – idemA Acreditação do Laboratório de Ensaios, a Certificação dos Serviços de Implementação e Manutenção de Sistemas de Higiene e Seguran-ça Alimentar na Restauração e Similares, bem como o apoio técnico e formativo direto e perso-nalizado às empresas do setor, têm permitido ao CFPSA a entrada em novos mercados e a conso-lidação de uma posição já por si forte e credível.

No quadro da formação profissional, ao fim de 30 anos de atividade e após já terem passado pelas “suas mãos” mais de 100.000 pessoas nas áreas de Cozinha, Restaurante/Bar, Pastelaria/Panifica-ção, Preparação de Produtos Cárneos e Controlo de Qualidade Alimentar, a fazer fé nos testemu-nhos que regularmente recebe, está o CFPSA certo de ter já conquistado, por direito, a confian-ça de atuais e futuros profissionais, bem como das empresas e entidades do setor, pelo que se sente estimulado e fortemente empenhado num traba-lho de continuidade do reforço de competências técnicas e profissionais na perspetiva da contri-buição para um crescimento económico sólido.Continuando a crer naquele que é o seu lema e a poder contar com o apoio de todos, apenas se pode apontar um caminho… trabalho, trabalho, trabalho! Saber mais… fazer melhor!

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O futuro programa para a saúde está relacionado com a Estratégia Europa 2020, que visa um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, bem como com a estratégia europeia “Juntos pela Saúde”. Sim, parece-me bem. Há objetivos a cumprir. São 4: a promoção da

saúde, prevenção de doenças e desenvolvimento em ambientes promotores de estilos de vida saudáveis; proteger os cidadãos de ameaças para a saúde; contribuir para a inovação, eficiência e sustentabilidade dos sistemas de saúde e facilitar aos cidadãos europeus o acesso a cuidados mais seguros.Prevê-se cumprir estes objetivos e implementar o programa utilizando um número limitado de ações priorizadas ao abrigo do critério europeu de valor acrescentado; indicadores de progresso para monitorizarem os objetivos e o seu impacto; planos de trabalho anuais baseados em políticas de longo prazo, simplificação dos procedimentos financeiros e administrativos, e uma melhor disseminação e comunicação de resultados. Sim, também me parece bem. Mas temos de esmiuçar tudo isto e ver a questão prática do que é proposto.Indo ao âmago dos objetivos enunciados posso afirmar que a OE sempre defendeu a existência de uma melhor Rede de Cuidados na Comunidade e, nesse sentido, há que trabalhar diretamente com as instituições e associa-ções de doentes a fim de promover a adesão a tratamentos de VIH/SIDA, Tuberculose e hepatite e intervir em contextos comunitários mais propícios à clandestinidade de emigrantes fazendo uma articulação direta destes ca-sos com a Direção-Geral da Saúde e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, talvez a Rede Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e instituições europeias como a European Federation of Nurses Associations, reduzindo a ameaça para a saúde transfronteiriça. Há que avaliar as tecnologias de saúde, no sentido de obter uma avaliação da custo-efetividade dos processos de prestação de cuidados, apoiar o lançamento de soluções baseadas em e-health por enfermeiros, como é exemplo disso, a app Material de Penso, para Android, criada por um enfermeiro dos Açores que, de forma rápida, simples e clara, permite a consulta de informações sobre os diversos materiais de penso com ação terapêutica aos profissionais de saúde.

O DIA INTeRNACIONAlDO eNFeRmeIRO

e a sua contribuição nas políticas de Saúde europeias

Implementar estudos de dotações seguras, articular o desenvolvimento de políticas de apoio à terceira idade a par com os municípios e promover serviços de controlo de infeções que poderão existir nas unidades de saúde, são outros exemplos.Todas estas medidas irão permitir-nos beneficiar quem mais precisa, o do-ente, e eu posso afirmar que a Ordem dos Enfermeiros tudo fará para que tal seja possível. Sei que Portugal não se encontra neste momento numa posição financeira e social ideal para fazer face a estes propósitos, mas mes-mo assim há que tomar a iniciativa. Temos, neste momento, um desafio prévio a nível nacional, que é agregar as várias unidades de saúde e de Ensino Superior de Enfermagem num consórcio que permita a criação da massa crítica necessária para sermos competitivos a nível internacional. É importante estabelecer parcerias de natureza regional entre unidades de saúde e de ensino orientadas para a especialização em determinadas áreas, pois só assim conseguiremos acrescentar valor em projetos a nível europeu. Iremos implementar iniciativas dirigidas às políticas das profissões de saú-de, na medida em que se torna essencial para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde uma abordagem integrada à questão dos perfis profis-sionais e a consequente reflexão em torno das dotações seguras. Continuaremos a fazer todos os possíveis para que cada vez mais a profis-são se una em torno de uma estratégia que visa não só beneficiar o doente a nível social, mas também regulamentar a profissão, atribuindo-lhe o devido reconhecimento de competências nas mais diversas áreas. Sei que há ainda há muito por fazer e que os enfermeiros estão muito céti-cos e desanimados com os cortes que têm sido feito a nível laboral e salarial, com a falta de emprego, a não progressão na carreira e o desaproveitamento profissional, mas acredito que se continuarmos unidos e a lutar em defesa dos nossos direitos e pelo reconhecimento profissional, o futuro será com certeza mais risonho e conseguiremos, desta forma, erigir a Enfermagem de uma forma sólida e duradoura.

DIA INTERNACIONAL DO ENFERMEIRO

Por ocasião da celebração do Dia Internacional do Enfermeiro – dia 12 de maio - e estando tão perto das eleições europeias, não deixo de pensar no que está previsto em termos de Políticas de Saúde para a Europa, de que forma as mesmas se irão refletir no Sistema de Saúde português e em que formato poderá a Ordem dos Enfermeiros (OE) ter uma participação ativa na sua implementação prática.

A OPINIÃO DE Germano Couto, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros

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25 de abril. 40 anos. São vários os eventos que, um pouco por todo o país, irão assinalar o qua-dragésimo aniversário da revolução que pôs fim à ditadura. De que modo é que a ANAFRE preten-de destacar esta data tão importante na história portuguesa?A ANAFRE, não fará qualquer comemoração específica no dia 25 Abril. As Freguesias e mui-tos dos seus eleitos estarão envolvidos em ações locais ou nacionais que se vão realizar por todo o país, o que viria prejudicar a visibilidade e a parti-cipação de qualquer iniciativa da ANAFRE.A Instituição desenvolverá duas iniciativas de âmbito nacional onde será dada visibilidade às boas práticas das Freguesias. Através de uma ou-tra, com a duração de um mês, será evidenciado o serviço funcional e social da Freguesia na co-munidade.

O 25 de abril foi o dia que mudou um país. De que forma a ANAFRE tem procurado fazer a sua “revolução”, representando o melhor possível as freguesias nacionais?A ANAFRE, desde a primeira hora, propor-cionou informação importante e permanente às suas associadas. Tendo conseguido aceder a fundos comunitários equipou muitas Freguesias com software e hardware, criando ferramentas de nova geração. Do mesmo modo, recorrendo a fundos comunitários, tornou possível, desde 2002, ministrar formação a eleitos e funcionários das Freguesias.

Foi recentemente eleito para “liderar” a ANAFRE, recebendo 94% dos votos. Qual será a sua linha de atuação no sentido de aproximar cada vez mais as juntas de freguesia das populações?A primeira linha de atuação é a via negocial jun-to dos Poderes Instituídos, iniciativa já em curso, com apresentação da moção de estratégia aprova-da no Congresso e de propostas de solução para outros assuntos ainda pendentes. Num segundo momento, se as preocupações da ANAFRE e das

Freguesias não encontrarem respostas, essa situa-ção será denunciada à sociedade portuguesa.

No encerramento do congresso da ANAFRE, onde foi aliás eleito presidente, alguns dos presentes interromperam o discurso do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional como forma de protesto. Acredita que este 25 de abril será mar-cado por uma nova onda de manifestações? No seu entender, a posição do Executivo tem sido a mais adequada?Acredito que esta data marcante na e para a so-ciedade será assinalada por um misto de alegria e de raiva face às expetativas criadas de liberdade, de melhoria de qualidade de vida e de acesso a um conjunto de bens e serviços como: educação, mais e melhor saúde, melhores vias de comuni-cação, construção de redes de água potável e de resíduos sólidos. A situação de desemprego, a re-dução de vencimentos e de reformas forçadas le-vam a que muitos cidadãos estejam a perder bens que construíram com muito esforço, planeado no tempo, e que agora se vêem deles despojados. Por isso, manifestarão a sua discordância quan-to ao rumo que o país leva. O governo tem sido agressivo com o poder local, particularmente, com as Freguesias, retirando--lhes condições de bom funcionamento com diminuição de meios fi-nanceiros que deveriam garantir o funcionamen-to da maior parte das freguesias.

Segundo o eurodeputado comunista João Ferreira, o período atual represen-tado pela austeridade da ‘troika’ é uma “antítese dos valores” da Revolu-ção dos Cravos. Concorda com esta posição?Concordo e não será di-fícil encontrar milhares de pessoas que pensam o mesmo. Estudos de opinião o comprovam. Há, na sociedade, um conjunto de cidadãos que não viveram antes do 25 de Abril, que não sentiram as dificuldades e pensam mais no “ter” do que no “ser”. Preocu-pam-se com o futuro dos filhos e esquecem-se de quem nos trouxe até aqui com muito sacrifício. Sentem-se espoliados, após uma vida de traba-lho planeado e fundado em expetativas criadas.

Com o 25 de abril a chegar, o país está preparado para celebrar os 40 anos da revolução que colocou termo à ditadura. Decorridas quatro décadas, o que mudou? Este 25 de abril será marcado por uma nova onda de manifestações encabeçadas por uma população descontente que apregoa uma série de valores perdidos? Foi com Cândido Moreira, Presidente do Conselho Diretivo da Associação

Nacional de Freguesias (ANAFRE) que a Revista Pontos de Vista recolheu algumas destas respostas.

de que forma a anafre tem feito a sua “revolução”?

No momento em que o país celebra os 40 anos de uma revolução democrática, vive-se uma das mais graves crises das últimas décadas. Com al-guns valores a entrarem num ciclo depressivo, como é que Portugal estará nos 50 anos da “Re-volução de Abril”?Portugal teve de lidar com um atraso de 50 anos, relativamente ao resto da Europa; enfrentou uma descolonização apressada; protagonizou a orga-nização do poder democrático. Estava tudo por fazer na educação; faltava saúde para todos, vias de comunicação, redes de água, recolha e trata-mento de resíduos. Havia uma enorme vontade de fazer tudo ao mesmo tempo. Por isso, o que cresce depressa nem sempre cres-ce bem. Foi o possível. A culpa não foi só dos Portugueses e dos seus Governos. A Europa e a Banca empurraram os privados e a administra-ção pública para muitos dos erros cometidos. Não posso prever o que acontecerá nos próximos dez anos, mas tenho esperança que se invista no conhecimento. E, como a sociedade é dinâmica, poderemos melhorar e progredir.

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40 ANOS DO 25 DE ABRIL

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Cândido Moreira

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Quando se levanta a questão dos novos desafios que surgiram nas relações laborais é inevitável não mencionar a palavra “crise”. As dificuldades económicas que os países enfrentam trouxeram desafios sem precedentes aos atores e às institui-ções. Hoje, num momento em que decorrem pro-fundas mudanças no seio das empresas, quais são as questões mais prementes às quais se deve dar uma resposta rápida?A perceção que formo a partir do que me é trans-mitido é a de que persistem diversos encargos, taxas e custos, nomeadamente energéticos, que inibem o crescimento e a gestão das empresas. Note-se que, apesar de algumas medidas cirúrgi-cas e emblemáticas, como seja o IVA de caixa, a rapidez pode ser inimiga da perfeição. A par de tais medidas, é sobretudo necessário empreender uma estratégia ou reforma global nos mais diver-sos domínios para se obter o retorno desejado, mas isto implica investimento, tempo e paciência.

Recentemente foi orador na segunda edição do Workshop subordinado aos “novos desafios das relações laborais”. Que mais valias procurou dei-xar com o seu contributo?Muitas das alterações legislativas a que temos assistido são anunciadas como sendo favoráveis para as empresas, como será o caso da renovação extraordinária dos contratos de trabalho a termo certo ou a redução das compensações pela ces-sação dos contratos de trabalho. Porém, cria-se alguma aparência de facilitismo, e procurei aler-tar para a necessidade de se criarem mecanismos internos de controlo, pois cada vez mais se exige que os agentes económicos saibam ser auditores de si próprios.

Nesta iniciativa foram abordadas várias temá-ticas transversais às atuais relações laborais, nomeadamente as recentes alterações legislati-vas, as consequências da recente declaração de inconstitucionalidade de normas laborais, entre outros. Na sua opinião, é cada vez mais importan-te que entidades como a Confederação do Turis-mo Português e a AHETA levantem questões tão atuais como os temas aqui abordados? Sim. Não tenho qualquer dúvida quanto à rele-vância do papel desenvolvido por estas associa-ções, sendo de facto importante privilegiar a sua consulta efetiva, pois representam aqueles que estão mais próximos dos problemas e das neces-sidades das empresas.

No setor do turismo em particular, qual é o atual estado das relações laborais em Portugal? É impor-

tante juntar profissionais de vários setores para esta troca de experiências e de preocupações?Os problemas são transversais aos diversos seto-res de atividade, mas no Turismo continua a não se perceber que estamos perante uma atividade económica que não convive bem com modelos rígidos ou normas proibitivas relativas à contra-tação, sucessiva ou não, de trabalhadores, ou sem instrumentos mais flexíveis de gestão do tempo de trabalho. A troca de experiências e de preocu-pações só beneficia as próprias empresas.

Dedicou uma parte do seu testemunho às “novas armas de combate aos falsos recibos verdes”. A lei tem atuado corretamente? Por outro lado, a socie-dade está mais desperta para este problema? Nes-te sentido, denunciar é a decisão mais acertada?As manifestações da sociedade civil são demons-trativas disso mesmo. O combate aos falsos re-cibos verdes ou ao trabalho não declarado, para além do interesse dos trabalhadores, é sobretudo um interesse coletivo merecedor de intervenção. De todo o modo, é uma matéria juridicamente complexa, que não se resolve com a mais recen-te lei que cria mecanismos ao referido combate, a qual, em vez de criar soluções, suscita diversas dúvidas de interpretação, para além de não acau-telar devidamente o impacto de se atribuir efei-to meramente devolutivo ao recurso da decisão proferida em primeira instância que reconhece a existência de um contrato de trabalho.

Foi no passado dia 14 de março que o auditório da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em Albufeira, recebeu a segunda edição do workshop subordinado ao tema “Os novos desafios das relações laborais”. Numa iniciativa que teve como principal objetivo fazer uma abordagem objetiva e transversal às novas alterações introduzidas no nosso mercado

de trabalho, foram vários os intervenientes que transmitiram o seu testemunho a uma plateia composta por empresários, gestores, diretores e outros profissionais do turismo. Entre eles, a Revista Pontos de Vista conversou com um dos oradores, Pedro Petrucci de Freitas, Advogado na PPCS (Pedro Petrucci e Camila Sávio) que procurou alertar para a necessidade de serem criados mecanismos

internos de controlo.

“A TROCA De expeRIêNCIAs e Depreocupações só beneficia as próprias empresas”

A crise veio mostrar que todos os níveis das re-lações laborais (empresarial, nacional, europeu, interprofissional…) são vitais para o sucesso e para a estabilidade. Em Portugal, esta preocupa-ção tem estado presente e bem representada nas agendas políticas?É inegável que tem estado presente, pese embo-ra algumas das opções tomadas sejam bastante discutíveis.

Nos últimos anos tem-se assistido a uma preocu-pante degradação das condições de vida e de tra-balho, traduzindo-se em dados bem atuais como o aumento do desemprego, a diminuição real dos salários e das retribuições, entre outros dados não menos importantes. Esta tendência veio para ficar? Creio que é muito difícil fazer ou antecipar pre-visões no atual contexto. No entanto, e sem pre-juízo dos dados conhecidos suportarem a expe-tativa na redução da taxa do desemprego, admito que a diminuição dos salários seja uma realidade que perdurará no tempo.

Num mundo em constante mudança, que novos desafios surgirão? Qual o contributo que quer continuar a dar com o seu trabalho?O maior desafio será o de sabermos adaptarmo--nos para lidarmos cada vez mais com a incer-teza. Da minha parte, creio que é importante ajudar a informar e a promover um exercício constante de reflexão.

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OS NOVOS DESAFIOSDAS RELAÇÕES LABORAIS

Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve

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