revista pontos de vista edição 29

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SUPLEMENTO DISTRIBUÍDO EM CONJUNTO COM O JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL OUTUBRO 2013 / EDIÇÃO Nº 29 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO COOPERAÇÃO CPLP DIA MUNDIAL DA VISÃO – OPHTEC PORTUGAL O ENFERMEIRO NO SISTEMA DE SAÚDE Fotografia: Diana Quintela JOSÉ AZEVEDO RODRIGUES DEVEMOS SER PORTADORES DE UMA INEQUÍVOCA CREDIBILIDADE, PARA QUE OS MÚLTIPLOS UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO CERTIFICADA ACREDITEM NA QUALIDADE, NA ÉTICA, NA INDEPENDÊNCIA E NA COMPETÊNCIA DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS atual Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), revela: DIA MUNDIAL DO MAR PORTUGAL MARÍTIMO E OS DESAFIOS 2013/2020 FUNDOS REVITALIZAR EM DESTAQUE JORGE CRUZ PROPRIEDADE INDUSTRIAL PWC EM DESTAQUE

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 29

SUPLEMENTO diSTribUídO EM cONjUNTO cOM OJORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL

OUTUbrO 2013 / EdiÇÃO Nº 29 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

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Devemos ser portaDores De uma inequívoca creDibiliDaDe, para que os múltiplos utilizaDores Da informação certificaDa acreDitem na qualiDaDe, na ética, na inDepenDência e na competência Dos revisores oficiais De contas

atual Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), revela:

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PORTUGAL MARÍTIMOE OS DESAFIOS 2013/2020

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Page 2: Revista Pontos de Vista Edição 29
Page 3: Revista Pontos de Vista Edição 29

ficHa técnica

Os artigos nesta publicação são da responsabi-lidade dos seus autores e não expressam neces-sariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se re-sponsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

Propriedade, Edição, Administração e AutorHorizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda

Administração – Redação – Depº GráficoRua Rei Ramiro 870, 5º A4400 – 281 Vila Nova de GaiaTelefone/Fax +351 220 926 879

Outros contactos +351 220 926 877/78/79/80E-mail: [email protected]@pontosdevista.pt www.pontosdevista.ptwww.horizonte-de-palavras.ptwww.facebook.com/pontosdevista

ImpressãoLisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, S.A.Distribuição NacionalPeriodicidade Mensal | Registo ERC nº 126093NIF: 509236448Distribuição Nacional gratuita com o Jornal Público

DIRETOR: Jorge Antunes | EDITOR: Ricardo Andrade |PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Andreia Azevedo | Sara Soares | GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares | Luís Alves |Luís Pinto

em destAque

58 inovação

A Inovação assume-se, cada vez mais, como uma forma de criar valor no mercado em que se atua. Alguns do melhores intervenientes nesta área abordaram a relevância da Inovação no seu core business

6 Xi congresso Dos revisores oficiais De contas

José Azevedo Rodrigues, Bastonário da OROC, aborda este evento e aimportância do mesmo para todos os profissionais do setor e sociedade

40 Dia munDial Do mar – portugal marítimo e os Desafios 2020

O Mar português e as suas mais-va-lias. De que forma temos aproveita-do este recurso essencial? Diversos players abordam esta temática

70o enfermeiro no sistema

De saúDe

A Enfermagem é essencial para a sustentabilidade do Serviço Nacional

de Saúde. Saiba a importância destes profissionais, inúmeras

vezes «esquecidos»

24funDos revitalizar

Os Fundos Revitalizar foram anunciados há dezoito meses,

mas só no final de agosto é que foram oficialmente lançados pelo Ministro da Economia,

António Pires de Lima. Conheça as entidades gestoras

deste mecanismo

28O papel do Solicitador “Agente de Execução” na sociedade.Novo regime para a Ação Executiva

38EMIS e o objetivo da massificação do pagamento eletrónico em Angola. Edgar Bruno, Administrador da EMIS, aborda o crescimento

37Embaixador Murade Murargy, Secretário Executivo da CPLP, e asrelações económicas e comerciais entre os Estados membrosda Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

60O projeto NanoValor como motor de alavancagem de uma Euroregião de Excelência em Nanotecnologia. Vasco Teixeira, Coordenador do Projeto Nanovalor, aborda este tema

68“A nossa missão é contribuir para a melhoria da qualidade de vida”. San-dra Bayan, General Manager da Ophtec Portugal, em entrevista

78A qualidade de uma das principais riquezas lusas.Vinho português em destaque

80Dão Sul - Vindimas com cheiro a tradição

AssinaturasPara assinar ligue +351 220 926 877 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras– Edições Unipessoal, Lda - Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de GaiaFax 220 993 250E-mail: [email protected]ço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%)Assinatura anual (11 edições):Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%),Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

Page 4: Revista Pontos de Vista Edição 29

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS

1 = No número anterior desta Revista, iniciámos o estudo da CONTRAFAÇÃO COM ADJUNÇÃO OU AGREGAÇÃO, em linhas gerais e com limitação de espaço que não permite analisar aspetos do pro-blema que são importantes para o seu melhor en-tendimento.

2 = Essencialmente, a “adjunção” ou “agregação” pode dar-se por três formas distintas:a) A marca registada é incluída na marca que se pretende registar, constituindo, pode dizer-se, mais um elemento independente, que dela faz par-te, como,

PURE GLAMOURMY GLAMOUR NAILS ANGEL – ONEXT – STEPTRADIÇÃO DE FAMILIALISBOA GLAMOUR WEEK

b) No segundo caso, a marca registada mantém a sua individualidade, mas agregam-se outros sinais para a tornar diferente, tais como

TAG para MONTAGCLICK para COMPRACLICKGOYA para NAGOYACLICK para MULTICLICK PORTUGAL

c) No terceiro caso, a marca registada é incluída na marca que se pretende registar, mas perde, diga-mos, a sua individualidade fonética:

TAG para MONTAGEL ou

MONTAGINO ouTAGILDA ouATAGINA

d) Pode admitir-se uma quarta hipótese que, no entanto, no entendimento português da contrafa-ção, foge um pouco ao conceito, uma vez que não há reprodução integral da marca registada.

É o caso incluído nos exemplos dados no primeiro artigo sobre este tema e que adiante examinaremos:

QUINTA DA CARTAXA com CARTUXAVELA com WELLA

Relativamente à marca CARTUXA

há uma retificação a fazer quanto à grafia usada no primeiro artigo (CARTUCHA, com “CH” quando, na verdade, é CARTUXA, com X, o que a torna pratica-mente igual a CARTAXA).

3 = O caso mais grave – e mais frequente – é o da inclusão total da marca registada naquela que se pretende registar, apresentada no conjunto dos sinais que constituem a nova marca, mas como elemento independente.É o que se passa, por exemplo, com as marcas

COMPRA CLICKPURE GLAMOURMY GLAMOUR NAILS ANGEL – ONEXT – STEPTRADIÇÃO DE FAMILIA

IMITAÇÃO DE MARCACONTRAFAÇÃO COM ADJUNÇÃO OU AGREGAÇÃO

em que as marcas registadasCLICK GLAMOURANGELTRADIÇÃO

são reproduzidas tal como se encontram registadas.

A concessão de registos nessas condições parece um erro tremendo, pois infringe, sem qualquer dú-vida, direitos já concedidos.Trata-se, aliás, de uma imitação grosseira, sem qualquer imaginação e cujo registo deveria ser re-cusado sem hesitação.

4 = A segunda hipótese, também frequente, é a inclusão da marca registada na marca que se pre-tende proteger.É o caso das marcas

MONTAGNAGOYAMULTICLICK PORTUGAL

que englobam as marcasTAGGOYACLICK

devidamente registadas.

A apreciação deste tipo de imitação é muito mais delicada e requer um exame cuidadoso da marca, para verificar se a marca imitada, nela incluída, pode ou não induzir em erro o consumidor.Em termos práticos, parece que o melhor sistema

JORge CRuz, Agente OfiCiAl dA PROPRiedAde industRiAl

prOprIEDaDE INDuSTrIaL A oPiNiÃo de...

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Page 5: Revista Pontos de Vista Edição 29

será verificar se a marca imitada perde a sua indi-vidualidade ou se, pelo contrário, aparece nitida-mente na nova marca.Ora em MONTAG não há duvida de que TAG apa-rece totalmente separada de MON e que este pro-nome não dá qualquer característica à nova marca – bem pelo contrário, parece reforçar que se trata do “MEU” “TAG”.

Será que o registo de “MONROLEX”para relógios teria sido concedido?E o registo de “MONFERRARI” para automóveis?E “MONDIOR” para vestuário ?

É que o problema é rigorosamente o mesmo, até porque a marca TAG é notoriamente conhecida.

A explicação dada para justificar a concessão do registo de MONTAG é quasi ridícula, considerando “TAG” como um “sufixo” ou “partícula” – e dizendo que as duas marcas “apenas” têm em comum esse “sufixo” ou “partícula”.Por outras palavras: as duas marcas “apenas” têm em comum a marca registada “TAG”!

A situação com as outras duas marcas NAGOYA eMULTICLICK PORTUGAL

é inteiramente idêntica.Isto significa que, em meu entender, todos estes registos deveriam ter sido recusados.

5 = A terceira hipótese considerada, ou seja, se, por exemplo,

MONTAGELMONTAGINOTAGILDAATAGINA

imitam ou não a marca TAG

nelas incluída, suscita dúvidas, uma vez que a marca TAG

foi absorvida, digamos, pelos restantes elementos, deixando de aparecer como

TAGmas como

TAGELTAGINOTAGILDA, etc .

e, portanto, sem a individualidade que tinha isola-damente considerada.Na verdade, neste caso a marca

TAGpassa completamente despercebida no conjunto, tanto em relação à grafia como, principalmente, à fonética.As marcas referidas contendo “TAG” são de fanta-sia e não correspondem a pedidos de registo (pelo menos que seja do meu conhecimento).

Mas a concessão destes registos parece que seria correta.

6 = Resta analisar a ultima hipótese, em que se verifica mais imitação de marca registada, do que contrafação com agregação. É o caso, por exemplo, da marca

QUINTA DA CARTAXAque é uma descarada imitação de

CARTUXA e cujo registo deveria ter sido recusado.Referir QUINTA DA CARTAXA ou, simplesmente

CARTAXAé a mesma coisa, uma vez que “QUINTA”, “HERDA-DE”, “MONTE”, “CASAL”, “CASA”, etc, são usadas em larga quantidade de marcas destinadas a vinhos e não trazem, portanto, qualquer característica adi-cional à marca que as utiliza.

7 = Desde há alguns anos, um dos problemas mais preocupantes da Propriedade Industrial é a falta de coerência – ou de orientação – relativa à con-cessão e recusa de registos de marcas e logótipos, que, em condições idênticas, ocasiona, frequente-mente, decisões opostas.Ainda há poucas semanas – no passado mês de agosto – para uma situação absolutamente idên-tica, foi concedido um registo e recusado outro, o que causa natural preocupação.No fundo, é consequência da falta de transmissão de conhecimentos, dos mais antigos e sabedores para os mais novos e menos experientes, que pro-põem soluções diferentes para problemas iguais – por compreensível impreparação – e com as quais o Chefe do Departamento concorda, em vez de corrigir o que está errado.

É que deixou de empregar-se o nº 3 do artigo 245º do Código da Propriedade Industrial, onde se dis-põe que constitui imitação ou usurpação

“o uso de certa denominação de fantasia que façaparte de marca alheia anteriormente registada”,

o que se aplica, por maioria de razão, ao uso da propria marca, tal como se encontra registada.

O caso que referi diz respeito à marca nº 512.707 – CLICK PME (mista) e ao logótipo nº 21.208 – OPORTO CITY FLATS (também misto), que con-têm, respetivamente, as marcas nominativas “CLI-CK” e “CITY FLATS”.O registo da marca foi recusado – e muito bem – mas o registo do logótipo concedido – e muito mal.No próximo artigo examinaremos, com mais porme-nor, estes casos – que se inserem na contrafação com agregação ou adjunção, assim como os que temos vindo a tratar, com relevo para a marca GLAMOUR.

o caso mais grave – e mais frequente – é o da inclusão total da marca registada naquela que se pretende registar, apresentada no conjunto dos sinais que constituem a nova marca, mas como elemento independente. a concessão de registos nessas condições parece um erro tremendo, pois infringe, sem qualquer dúvida, direitos já concedidos. trata-se, aliás, de uma imitação grosseira, sem qualquer imaginação e cujo registo deveria ser recusado sem hesitação

“Desde há alguns anos, um dos problemas mais preocupantes da pro-priedade industrial é a falta de coerência – ou de orientação – relativa à concessão e recusa de registos de marcas e logótipos, que, em con-dições idênticas, oca-siona, frequentemente, decisões opostas

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Pontos de Vista Outubro 2013

Page 6: Revista Pontos de Vista Edição 29

São muitos os desafios que irão determinar a atuação dos revisores oficiais de contas neste difícil contexto finan-ceiro e económico. São ainda maiores as exi-gências que advêm des-

se trabalho, muitas vezes considerado “invisível”, mas de grande importância para a transparência de uma empre-sa, seja ela pública ou privada. O papel do ROC será de crescente vitalidade, assumindo-se como um pilar de con-fiança num ambiente económico dúbio e expectante. A Revista Pontos de Vista conversou com José Azevedo Rodrigues sobre os desafios da sua profissão, ten-do como linha de orientação a respon-sabilidade de ser o atual bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). “Trata-se de uma profissão in-visível mas o facto de o ser é fundamen-tal e, no mundo em que vivemos, muito importante para se criar alguma credi-bilidade e confiança junto das pessoas”, defendeu.Efetivamente, o desenvolvimento do sistema financeiro trouxe consigo novos paradigmas aos supervisores e audito-res externos, com dimensões ainda mais escrupulosas. A agitação dos mercados financeiros, a desaceleração da ativi-dade económica na Europa, a reforma das administrações públicas, a crise das

dívidas soberanas ou a luta pela susten-tabilidade das finanças públicas exigem uma especial atenção de todos, desde gestores aos responsáveis pelas ativi-dades de auditoria e controlo. “Em vez de estarmos num BackOffice, importa que sejamos mais pressionantes. A ati-

Foi à margem do XI Congresso dos Revisores Oficiais de Contas que a Revista Pontos de Vista conversou com José Azevedo Rodrigues, atual Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). Tendo como tema de fundo os desafios que se colocam aos auditores e o caminho percorrido em prol da conquista da confiança, o responsável deixa uma mensagem a todos os profissionais: “devemos ser porta-dores de uma inequívoca credibilidade, para que os múltiplos utilizadores da informação certificada acreditem na qualidade, na ética, na independência e na competência dos revisores oficiais de contas”.

QUALIDADE, éTICA, INDEPENDêNCIAE COMPETêNCIA

tude mais tecnicista deve dar lugar a uma postura mais proativa”, aconselhou José Azevedo Rodrigues. Importa ainda cortar relações com hábitos do passado que ditaram o rumo que muitas empre-sas acabaram por tomar. “Num passado recente, as entidades públicas olhavam para as suas contas apenas porque era uma obrigação legal e, para cumprir a lei, socorriam-se do seu corpo técnico que não analisava com profundidade o conteúdo”, realçou. Todavia, mais im-portante do que ter as contas auditadas, para o bastonário, é vital assumir res-ponsabilidades. “Esse foi o grande pro-blema na nossa gestão pública do pas-sado”, afirmou. O caminho, hoje, é outro, a linguagem utilizada tornou-se comum e as regras de comunicação bem mais transparentes. Mesmo assim, há sempre que fazer “em prol da transparência das contas nas entidades privadas e, sobre-tudo, nas empresas cotadas”, assegurou o responsável.

QuESTãO MEDIÁTICA“Vivemos numa sociedade onde existem cem factos. 99 são perfeitos e ninguém fala deles. Mas há um imperfeito e todas as atenções voltam para esse. Em ter-mos mediáticos, são sempre realçados

JOsé AzevedO ROdRigues, BAstOnáRiO dA ORdem dOs RevisORes OfiCiAis de COntAs (OROC) em gRAnde PlAnOOROC – XI CONGRESSO NACIONAL

sobre José Azevedo RodriguesNasceu em 1952, no concelho de Chaves, distrito de Vila Real. Licenciou-se em Finanças, pelo Instituo Superior de Economia e tirou um mestrado em Organização e Gestão de Empresas pelo mesmo instituto. Enquanto docente, é professor associado convidado no ISCTE-IUL, diretor e docente do Mestrado Executivo de Controlo de Gestão e Performance do 2º ciclo de Ensino, promo-vido pelo INDEG/ISCTE-IUL. Foi ainda docente na EGP (Escola de Gestão do Porto), no ISLA, foi formador no Tribunal de Contas em matérias de Contabi-lidade, Controlo de Gestão e Consolidação de Contas, entre outras funções. A nível profissional, exerce a atividade de revisor oficial de contas como sócio efetivo da sociedade de profissionais “ABC – Azevedo Rodrigues, Batalha e Costas, SROC”. É bastonário da OROC desde janeiro de 2012. Tem ainda vários livros publicados.

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em vez de estarmos num BackOffice, importa que sejamos mais pressio-nantes. a atitude mais tecnicista deve dar lugar a uma postura mais proativa

“José azevedo rodrigues

Page 7: Revista Pontos de Vista Edição 29

Pontos de Vista Outubro 2013

os aspetos negativos”, descreveu José Azevedo Rodrigues. A mediatização do trabalho acaba, em muitas situações, por colocar a posição de um revisor em causa. Em tom de brincadeira, José Azevedo Rodrigues comparou mesmo o trabalho deste profissional à função desempenhada por um “provador de sopas”. “Nós temos todos os cuidados para que a sopa não faça mal ao consu-midor. Se a sopa tiver hortaliça fora do prazo de validade, comemos e depois temos uma grande dor de barriga. Essa é a nossa preocupação. Mas não somos o cozinheiro e, se a sopa estiver muito bem confecionada, é ele que leva todo o destaque. Contudo, também leva com a crítica, mas nessa altura chamam o pro-vador, que somos nós”, relatou. Daí que a questão da confiança e da familiaridade seja de crucial importância no mercado atual caraterizado por uma crescente necessidade de “accountability”.

COOPERAÇãO COM PALOPEm auditoria, quando se fala em coo-peração internacional, o trabalho ainda está dar os primeiros passos, sobretudo nas relações com os países de língua oficial portuguesa. Mais do que o bene-fício que a própria cooperação acarreta, o acesso a mais conhecimento, a novas oportunidades de mercado, a uma cul-tura distinta da nossa, apesar das mui-tas semelhanças, são ganhos intrans-poníveis. Em termos práticos, “Angola e Moçambique são os dois principais

países para onde nos estamos a interna-cionalizar e existem muitos auditores a fazer trabalhos para lá. Uma vez que não conhecemos ao pormenor a legislação local, eles podem sempre ser indutores de conhecimento e facilitarem este tra-balho”, afirmou José Azevedo Rodrigues. Mas, ao longo deste processo, não pode-mos adotar uma postura de superiori-dade. “A cooperação é feita num sentido igual entre as partes. Complementamo--nos, estabelecendo uma relação win--win (ganhar-ganhar) ”, defendeu. Quem sabe, no futuro, não estará em cima da mesa a possível criação de uma entida-de que represente os países de língua oficial portuguesa. São projetos a lon-go prazo que não fogem à visão de José Azevedo Rodrigues, um profissional que acredita que, num cenário de globali-zação, “não podemos, nunca, caminhar sozinhos”.

“TEMOS DE SALVAguARDAR O INTERESSE PúBLICO”

Quando, na praça pública, defendem que as ordens profissionais assumem uma posição meramente corporativa e defensora dos seus interesses, José Azevedo Rodrigues mostra-se, de certo

modo, incomodado. Admite que, no pas-sado, essa poderá ter sido uma tendên-cia. Mas, hoje, a função de uma ordem profissional é claramente outra: “temos de salvaguardar o interesse público e ser exigentes com os nossos membros nesta defesa do interesse público”, ga-rantiu. Prova disso é a opção tomada pela OROC de não condicionar o acesso a revisor apenas a licenciados na área da gestão e economia. Hoje, nas regras de acesso à profissão de revisor oficial de contas, um dos requisitos é bastante cla-ro: “possuir a licenciatura em auditoria, contabilidade, direito, economia, gestão de empresas ou cursos equiparados, ou quaisquer outras licenciaturas que para o efeito venham a ser reconhecidas por portaria do Ministro da Educação, com prévia audição da Ordem”. Para José Azevedo Rodrigues, não há, por isso, qualquer “espírito corporativista”. “Há excelentes revisores e auditores com formações noutras áreas e é nossa pre-ocupação defender a qualificação das pessoas”, concluiu.

“ÉTICA, fATOR DE CONfIANÇA”Mais confiança, mais integridade, mais transparência. Com a globalização da

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dados dos RoC:- Existem cerca de 1200 ROC, quatro grandes sociedades de revisores, 20 sociedades de mé-dia dimensão e cerca de uma centena de sociedades com di-mensão mais reduzida;- Aproximadamente 30 mil em-presas precisam dos serviços de um revisor, ou seja, cerca de oito por cento da totalidade das em-presas registadas.

Principais mensagens deixadas pelo Bastonário no Xi Congresso dos RoC:

- “Mediante a nossa ação na auditoria e na fiscalização, temos de garantir uma maior transparência, zelar pelo rigor e pela legalidade, contribuir para uma sociedade mais justa e agentes mais responsáveis”

- “Defenderemos o prestígio e respeitabilidade de todos os revisores oficiais de contas, que podem contar com a sua Ordem para os salvaguardar das situações que possam pôr em causa a sua honorabilidade e as suas boas práticas. Pedimos, no entanto, a todos os colegas que sejam sempre exigentes e rigorosos na emissão dos seus Relatórios de Auditoria e Pareceres, agindo com elevada postura ética e reconhecida qualidade técnica”

- “Não basta granjear apenas a confiança dos investidores, mas sim alargá-la a múltiplos “stakeholders” que esperam dos revisores uma atuação credível e independente”.

Trata-se de uma profis-são invisível mas o facto de o ser é fundamental e, no mundo em que vive-mos, muito importante para se criar alguma credibilidade e confian-ça junto das pessoas

vivemos numa sociedade onde existem cem factos. 99 são perfeitos e ninguém fala deles. mas há um imperfeito e to-das as atenções voltam para esse. em termos mediáticos, são sempre realça-dos os aspetos negativos

“Num passado recente, as entida-des públicas olha-vam para as suas contas apenas porque era uma obrigação legal e, para cumprir a lei, socorriam-se do seu corpo técnico que não analisava com profundidade o conteúdo”

economia, é isto que acionistas, regu-ladores e outros skateholders exigem aos revisores. A estes cabe a responsa-bilidade de assegurar que o trabalho que desenvolvem é feito com a máxima qualidade, independência, competência e profissionalismo. Este é o primeiro passo para garantir a fiabilidade e as-segurar a clareza da informação certi-ficada. Mas, mais do que isso, há outra caraterística, bem mais difícil de moldar. Ética. “Como é que entramos na cabeça das pessoas?” É a questão que José Aze-vedo Rodrigues deixa no ar. O código de ética determina um conjunto de princí-pios, não de regras. Já diz o ditado popu-lar: “as regras foram feitas para serem torneadas”. “Os princípios estão relacio-nados com a cultura e com a educação das pessoas”, afirmou o responsável. A ética é, por isso, um fator de confiança e é esse o desafio que se coloca, hoje, aos revisores oficiais de contas, parceiros privilegiados das organizações na ga-rantia de melhores práticas.

Page 8: Revista Pontos de Vista Edição 29

O congresso que ini-ciámos sob o lema de “Auditoria: De-safio e Confiança”, lema que reco-nhecemos como o mais apropriado no contexto finan-

ceiro, económico e social por que esta-

mos a passar, leva-nos a acreditar que, inquestionavelmente, o serviço mais relevante transacionado pelos revisores oficiais de contas é mesmo a confiança”. Foi assim que José Azevedo Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) deu as boas vindas a uma plateia repleta de profis-sionais nacionais e internacionais que

Foi com a “bênção” da paisagem idílica de Sintra que se realizou mais um Congresso dos Revisores Oficiais de Contas. A 11ª edição do evento decorreu entre os dias 12 e 13 de setembro no Centro Cultural Olga Cadaval, sob o tema “Auditoria: Desafio e Confiança”. A iniciati-va, a cargo da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), reuniu profissionais de todo o país, abrindo espaço à participação de inter-venientes externos à profissão. Vários oradores de renome debateram, neste espaço, o papel do auditor enquanto garante da confiança e transparência num contexto económico deveras exigente.

DESAFIO E CONFIANÇA NO CONTExTO ATUAL

têm respondido com seriedade aos problemas surgidos num período eco-nómico conturbado. Nesta discussão le-vantaram-se questões relacionadas com a evolução da atividade da auditoria, or-ganização profissional, o papel das insti-tuições internacionais, cooperação com os países de língua oficial portuguesa, a importância das tecnologias de apoio

à prática da profissão e, por último mas não menos relevante, a ética como um factor de confiança. Ao longo de todas as intervenções foi sempre realçado o pa-pel do revisor como um elemento rigo-roso e transparente, indispensável para a garantia de boas e melhores práticas no seio de uma organização.Confiança foi a palavra de ordem. “Sem

eventO ReAlizOu-se nO CentRO CultuRAl OlgA CAdAvAl, em sintRAOROC – XI CONGRESSO NACIONAL

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“O desenvolvimento do sistema financei-ro veio trazer novos desafios aos super-visores e auditores externos e em novas dimensões”

Pedro Duarte NevesVice-Governador do Banco de Portugal

“Para uma Instituição como o Tribunal de Contas, considerando o papel fulcral que desempenha no controlo da gestão financeira pública, as preocupações re-lacionadas com a atividade de gestão pública prendem-se, acima de tudo, com a necessidade de rigor, transparência e responsabilidade das opções tomadas e da sua execução”

Guilherme de Oliveira MartinsPresidente do Tribunal de Contas

“A Cooperação no âmbito da CPLP pode e deve ser estimulada e intensificada. A língua comum e a relativamente grande proximidade dos sistemas jurídicos em vigor nesses países, bem como possíveis sinergias, são factores que favorecem essa cooperação, com inegáveis vanta-gens recíprocas”

Júlio SampaioPresidente da OCPCA (Ordem dos Conta-bilistas e Peritos Contabilistas em Angola)

“Mais importante do que uma palestra é saber dar o exemplo. As corporações profissionais devem defender os interes-ses dos associados mas, sobretudo, os in-teresses de uma sociedade. Em Portugal, não há muito o hábito de prestação de contas mas devemos olhar para esta fun-ção como um dever ético”

Rui NunesProfessor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Page 9: Revista Pontos de Vista Edição 29

Pontos de Vista Outubro 2013

esta confiança dificilmente se atingirão as mudanças e as reformas necessárias para o relançamento do mercado fi-nanceiro e, por conseguinte, da própria economia. Não basta granjear apenas a confiança dos investidores, mas sim alargá-la a múltiplos “stakeholders” que esperam dos revisores uma atu-ação credível e independente”, defen-deu José Azevedo Rodrigues, durante a sessão de abertura que contou ainda com as intervenções de Fernando Sea-ra, Presidente da Câmara Municipal de Sintra; Manuel Rodrigues, Secretário de Estado das Finanças, em substitui-ção de Maria Luís Albuquerque, Minis-tra de Estado e das Finanças, que não conseguiu estar presente e Pedro Du-arte Neves, Vice-Governador do Banco de Portugal, cujo discurso se centrou nas responsabilidades do auditor ex-terno na promoção da estabilidade fi-nanceira.

AuDITORIA:DESAfIOS fuTuROS

A cooperação assume-se como um dos grandes desafios, tanto a nível nacio-nal como internacional. Este trabalho é conseguido através de uma participação ativa na IFAC (International Federation of Accountants) e na FEE (Fédération des Experts Comptables), dois organis-mos internacionais em que a OROC está filiada há alguns anos. Esta parceria foi realçada por Warren Allen e André Ki-

lesse, Presidentes da IFAC e da FEE, res-petivamente. Por outro lado, estes profissionais não devem perder a consciência de que tra-balham em prol do interesse público e a atuação dos mesmos deve ser pauta-da por esse princípio. Em representa-ção do setor público, a OROC convidou António Gonçalves Monteiro, Presiden-te da Comissão de Normalização Con-tabilística; Miguel Soares de Oliveira, Presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e António Lobo Xavier, Sócio responsável pela

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“Estamos perante um trabalho desempe-nhado por profissionais habilitados, qua-lificados e de elevado valor acrescentado, o que é algo que, naturalmente, dignifica e tem enorme interesse para o país”

António Pires de LimaMinistro da Economia

“O relacionamento com o exterior torna a profissão mais relevante uma vez que são mais instantes os pedidos de informações seguras, que permitam decisões adequa-damente fundamentadas”

José Rodrigues de JesusVice-Presidente do Conselho Diretivo da OROC e Presidente da Comissão Organi-zadora do XI Congresso

“O investimento no desenvolvimento científico e tecnológico é fundamental, qualquer que seja a situação económica do país. Mas é um investimento que não tem retorno imediato, exige humildade”

Maria de Lurdes Rodriguesex-Ministra da Educação

“O papel do Revisor Oficial de Contas é crítico e importante porque comunicam os resultados das empresas. Felicito-os pela transparência e pelo rigor”

Manuel RodriguesSecretário de Estado das Finanças

enquanto dirigente de um serviço público, é preciso ter noção de que há limites à austeridade e que é importante garantir a sustentabilidade Miguel Soares de Oliveira

Page 10: Revista Pontos de Vista Edição 29

“A Cooperação Internacional traz como pré-requisitos a escolha es-tratégica dos parceiros; uma visão clara dos objetivos da parceria e do papel de cada uma das partes; uma clara definição das condições materiais e intangíveis de cada parceiro; relação de compromisso e de confiança; respeito dos prazos e dos compromissos financeiros; boa gestão das ações e consequentes bons resultados e, finalmente, avaliação dos impactos que devem ser francamente positivos”

João MendesPresidente da Ordem Profissional dos Auditores e Contabilistas Certificados de Cabo Verde – OPACC

área fiscal da Morais Leitão, Galvão Te-les, Soares da Silva. Para Miguel Soares de Oliveira, “enquanto dirigente de um serviço público, é preciso ter noção de que há limites à austeridade e que é im-portante garantir a sustentabilidade”. Assim, no INEM, esse trabalho foi feito através do encerramento de ambulân-cias de nível básico em locais de baixa casuística e/ou duplicação de oferta, da extinção de uma delegação regional, da redução de remunerações e de ren-das e da maximização das receitas pró-prias. A marca é hoje reconhecida pelo trabalho que desenvolve, assumindo os erros, comunicando as suas conquistas e seguindo sempre o lema: “cada dia é uma oportunidade única e irrepetível para melhorarmos. Não a desperdice-mos!”Outra das preocupações manifestadas prende-se com uma contínua procura de mais conhecimento e competências. “São as nossas competências que nos permitirão assumir uma posição res-peitada, em defesa da qualidade e da confiança”, realçou José Azevedo Rodri-gues. Nuno Amado, CEO do Millennium BCP, António Simões, CEO da Sovena e Pedro Reis, Presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) deram as suas visões acerca dos desafios deste trabalho no contexto empresarial, fechando, assim, o primeiro dia do congresso. Na abertu-

eventO deCORReu entRe Os diAs 12 e 13 de setemBROOROC – XI CONGRESSO NACIONAL

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ra do segundo dia, deu-se continuidade ao tema precedente, abordando uma outra perspetiva: o contexto científico e formativo, com os discursos de Maria de Lurdes Rodrigues, ex-Ministra da Edu-cação e José Marques dos Santos, Reitor da Universidade do Porto.

RELAÇÕES DE PARCERIAQuando se fala em cooperação, a OROC privilegia as relações de parceria, estan-do, por isso, em curso a celebração de um protocolo com o Tribunal de Con-tas. “Estamos motivados a fazê-lo com todas as entidades públicas e privadas que acreditem que tal relacionamento contribua para a melhoria dos desempe-nhos individuais e coletivos e para a de-fesa do interesse público”, afirmou José Azevedo Rodrigues. Em representação do Tribunal de Contas esteve o seu Pre-sidente, Guilherme de Oliveira Martins, para quem esta instituição, de acordo com a Constituição da República, “pauta a sua ação por um conjunto de princí-pios e procedimentos que procuram ir ao encontro dos grandes desafios que se colocam a uma instituição superior de controlo: incrementar a qualidade da auditoria e do controlo e, por esta via, a qualidade da gestão pública”.A parceria a nível internacional foi materializada com as intervenções de quatro principais figuras de destaque, nomeadamente: Martin Manuzi, Diretor para a Região da Europa do Institute of Chartered Accountants in England and Wales (ICAEW) que, “não querendo fa-zer marketing”, apresentou à audiência a instituição que representa; Júlio Sam-paio (Presidente da Ordem dos Contabi-listas e Peritos Contabilistas de Angola - OCPCA), uma entidade criada há três anos e que se encontra ainda em fase de instalação; João Mendes, Presidente da Ordem Profissional dos Auditores e Contabilistas Certificados de Cabo Ver-de - OPACC), que começou por fazer uma abordagem da história da auditoria

no mundo da “governance”, devemos assumir-nos como um parceiro ativo na renovação da gestão, da supervisão e, sobretudo, na ética e integridade profissionaisJosé Azevedo Rodrigues

são parceiros sociais de excelência que, através das suas prá-ticas, podem clara-mente contribuir para um clima de realismo económico e de con-fiança nos negóciosAntónio Pires de Lima

em Cabo Verde e da relação desta ativi-dade com a importância de uma maior cooperação; e, por fim, já num dos pai-néis da tarde, Mário Sitoe, Bastonário da Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique (OCAM).

ÉTICA, uM fATORDE CONfIANÇA

Na procura de melhores práticas, a ética assume um papel crucial. Competência e profissionalismo são caraterísticas que se adquirem no meio académico e profissional. Mas, como popularmente se diz, a ética “aprende-se em casa”, é uma questão de valores e de educação. Esta deve ser, cada vez mais, uma parti-cularidade intrínseca a qualquer revisor e, apesar do momento atual ser de uma

profunda “crise de valores”, José Azeve-do Rodrigues acredita que os revisores têm conseguido manter elevados pa-drões deontológicos. “No mundo da “go-vernance”, devemos assumir-nos como um parceiro ativo na renovação da ges-tão, da supervisão e, sobretudo, na ética e integridade profissionais”, ressalvou o responsável. Para falar desta temática, a OROC chamou ao “palanque” Rui Nunes (Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto), José Guilher-me Xavier de Basto, (Membro da Comis-são de Auditoria da Portugal Telecom) e António Magalhães, um já muito conhe-cido revisor oficial de contas.Em suma, a crescente importância do papel deste profissional foi resumida por António Pires de Lima, Ministro da Economia, no final deste XI Congres-so. “Uma economia sustentável só será possível com um tecido empresarial onde impere a confiança em detrimento da desconfiança e o realismo em detri-mento da ilusão, aspetos onde destaco o importante papel desempenhado pelo Revisor Oficial de Contas. São parceiros sociais de excelência que, através das suas práticas, podem claramente con-tribuir para um clima de realismo eco-nómico e de confiança nos negócios”, concluiu.

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No âmbito da atividade regular da APO-TEC quais os serviços que a associação tem ao dispor dos seus associados? A APOTEC é uma instituição criada há 36 anos por profissionais para profis-sionais. É uma associação privada, de utilidade pública e de livre inscrição. Defensora da competência, é adepta do ser em detrimento do ter. Sempre mais preocupada com o saber demonstrado pelos associados do que com os títulos que possam exibir, a APOTEC constituiu desde muito cedo, a formação dos pro-fissionais, uma das suas prioridades. Conta como iniciativas de referência: ações de formação, cursos, seminá-rios, jornadas e congressos. Também o periódico “Jornal de Contabilidade” concorre para a formação e informação dos associados bem como o consul-tório técnico, a página na internet, os protocolos institucionais, a biblioteca

especializada e os prémios anuais para trabalhos de contabilidade e história da contabilidade.

As dificuldades financeiras das empre-sas e o desemprego estão a fazer au-mentar os casos de pessoas que fazem contabilidade em casa, submetendo pela internet às Finanças, sem estarem, no entanto, qualificadas para tal. Que comentários lhe merece esta situação? Qual é a “qualificação” em falta? Os pro-fissionais que submetem pela internet os elementos às finanças têm que estar obrigatoriamente inscritos na entidade reguladora da profissão de TOC…

Que análise faz do mercado da con-tabilidade em Portugal no momento atual? De que forma esta área tem vindo a evoluir no nosso país? Temos uma cultura que valoriza muito pouco a contabilidade, ou sequer a com-preende e aplica. Costumamos dizer que a contabilidade estaria ao serviço da gestão senão estivesse ao serviço do fis-co. E num país onde mais de 80 por cen-to das empresas são micro-entidades, a prática da contabilidade, face aos atuais normativos contabilísticos é demasiado exigente e onerosa para os profissio-nais, sendo desejável uma simplificação e melhor adequação ao mercado. Em alinhamento com esta necessidade foi este ano publicada uma nova diretiva relativa às demonstrações financeiras anuais. Esperemos que os resultados correspondam aos objetivos.

Na atual conjuntura económica, a responsabilização que recai sobre os

Fundada em 1977, a Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC) é um organismo profissional de classe, autónomo e independente que tem como objetivo representar, dentro dos quadros legais, os seus associados, defendendo os seus interesses técnicos, profissionais, deontológicos e culturais. A associação tem registado um crescimento sustentado, ao qual não têm sido alheios os esforços contínuos na defesa e valorização dos profissionais que representa. Foi no exercício dessa defesa da classe que Manuel Patuleia, Presi-dente da Direção, falou com a Revista Pontos de Vista. Para o mesmo, os problemas que a classe enfrenta são muito sérios, “as exigências sobem de tom e a legislação fiscal contínua imparável, com o argumento de que é para o bem da Nação”.

“A CONTAbILIDADE ESTARIA AO SERVIÇO DAGESTÃO SE NÃO ESTIVESSE AO SERVIÇO DO FISCO”

profissionais da contabilidade é cres-cente. Como é trabalhar nesta área no momento atual? Quais são as prin-cipais dificuldades que a classe tem vindo a enfrentar? Os problemas são muito sérios. As exi-gências sobem de tom e a legislação fis-cal contínua imparável, com o argumen-to que é para bem da Nação. Dominar estas matérias representa um esforço relevante, pela multiplicidade de altera-ções e pela complexidade da fiscalidade. Por outro lado, os problemas de tesou-raria das empresas não abonam a uma boa relação para quem lhes presta ser-viços, seja nesta ou outra área.

No passado a APOTEC contribuiu de forma relevante para a regulamenta-ção da carreira de Técnicos de Con-tas. No futuro, quais as principais premissas de atuação da APOTEC? O que é que é ainda absolutamente necessário que a APOTEC faça pela classe? A defesa para todas as formas do exer-cício da profissão, a responsabilidade, a liberdade e a dignidade, no livre-arbí-trio com que se autodetermina cada ser humano e porque se regem os cidadãos de uma sociedade responsável e livre. Somos contrários a monopólios, defen-demos que os profissionais devem ser responsáveis e com liberdade de esco-lha. Para tal precisam de justiça, não po-dendo estar há 6 anos a aguardar o fim do monopólio da formação imposto pela entidade reguladora. Já a Autoridade da Concorrência, o Tribunal do Comércio e o Tribunal de Justiça da UE condenaram o abuso do poder corporativo, falta ago-

ra o veredito final do Tribunal da Rela-ção para que o direito à livre escolha da formação seja uma realidade.

É importante que se realizem even-tos como este XI Congresso da OROC como forma de unir a classe e dar resposta aos anseios dos seus profis-sionais e aos desafios que os mesmos enfrentam atualmente? Os Congressos são o lugar ideal para de-bater as questões profissionais, não só os aspetos estatutários como os desafios face ao mercado e às suas envolventes.

Quais são esses grandes desafios e de que forma é que os mesmos devem ser enfrentados? À luz da ética e do zelo profissional, cumprir e contribuir para uma melhor adequação, compreensão e utilização da contabilidade como instrumento funda-mental às boas práticas de gestão. O país bem que precisa.

O tema do Congresso é “Auditoria: Desafio e Confiança”. Como é que se poderá recuperar a confiança na área da contabilidade? Qual o papel da APOTEC nesse caminho? As práticas contabilísticas neste mundo globalizado afastaram-se muito das op-ções prudentes que dantes se seguiam na informação sobre o que era o patri-mónio e lucros ou prejuízos alcançados. A contabilidade deixou de ser patrimo-nial e passou a ser de expectativas. Há que repensar as normas contabilísticas. A APOTEC poderá ajudar na construção de opinião, a difundir e a formar os in-teressados.

entRevistA AO PResidente dA APOteC, mAnuel PAtuleiA Pontos de Vista Outubro 2013OROC – XI CONGRESSO NACIONAL

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manuel patuleia

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A situação de crise que o país atravessa aba-lou inevitavelmente a confiança na gover-nação das empresas, sobretudo as de cariz financeiro, revestindo--se o papel do auditor

como fundamental para que a confiança nas mesmas e no sistema financeiro, de um modo geral, possa ser restaurada. O trabalho de auditoria torna-se assim, cada vez mais, um tema de extrema im-portância para as empresas, quer por obrigação legal, quer porque se sente uma necessidade crescente de certificar que a informação financeira produzida é correta, apropriada e fiável.“Estas alturas, em que os mercados es-tão mais turbulentos e a economia em depressão, são também as alturas em que as empresas têm mais vantagens em ter as suas contas certificadas por entidades que sejam credíveis e passem

essa credibilidade para a informação que as empresas produzem porque, ao fim e ao cabo, o que os auditores fazem é trazer credibilidade àquilo que as em-presas produzem. Em alturas em que o acesso ao crédito é mais difícil e os mer-cados estão em queda, ter a informação financeira certificada por alguém que seja visto no mercado como uma enti-dade respeitada só pode ser uma mais--valia”, afirma Jorge Costa.Se todas as empresas assim o entendem é uma questão diferente e, quanto isso, este sócio da PwC tem as suas dúvidas. “Sendo realista penso que não mas, de facto, as empresas só têm a ganhar em não ver a auditoria como uma obrigação mas como algo de realmente vantajoso. Acredito também que a ideia do auditor inimigo já não existe e a mentalidade dos empresários portugueses tem mu-dado bastante. A maioria já vê o auditor de uma empresa como alguém que é útil e que presta um serviço do qual a em-

Quando Jorge Costa, Sócio da PwC, começou a trabalhar nesta que é hoje uma das grandes referências da auditoria em Portugal contavam--se apenas 25 pessoas entre os seus recursos humanos. Hoje são 950 os colaboradores permanentes que se distribuem pelos escritórios de Lisboa, Porto e Cabo Verde. Fique a conhecer melhor esta firma que marca presença em Portugal há mais de 50 anos e a forma como a auditoria pode ajudar as empresas a recuperar a confiança do mercado, numa altura em que a dúvida e a desconfiança são palavras de ordem como resultado da conjuntura económico-financeira.

“SOMOS A EMPRESA QUE AUDITA MAISEMPRESAS COTADAS EM PORTUGAL”

presa pode tirar uma mais-valia, ao dar credibilidade à sua informação finan-ceira e como tal reduzindo o risco que o mercado perceciona à empresa”.

“O MERCADO ExIgE CADA VEz MAIS DE NóS”

Por sua vez, a sociedade em geral mui-tas vezes não entende o trabalho de um auditor e por isso atribui à auditoria responsabilidades que não lhe perten-cem. Esse é, sem dúvida, um dos gran-des desafios que os auditores enfrentam atualmente, tendo sido, por isso, um dos grandes temas em debate no XI Con-gresso dos Revisores Oficiais de Contas.“O mercado exige cada vez mais de nós e atribui-nos responsabilidades que não são dos auditores. A auditoria está no fim da cadeia de produção de contas e, como tal, antes das contas chegarem a nós já passaram pela administração e pelos órgãos de fiscalização, nome-adamente um conselho fiscal ou uma

PwC, umA dAs melhORes emPResAs PARA tRABAlhAR em PORtugAl, em destAqueOROC – XI CONGRESSO NACIONAL

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estas alturas, em que os mercados estão mais turbulentos e a econo-mia em depressão, são também as alturas em que as empresas têm mais vantagens em ter as suas contas certifi-cadas por entidades que sejam credíveis e pas-sem essa credibilidade para a informação que as empresas produzem

“Jorge costa

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para estes jovens como sendo o futuro da empresa e uma das coisas que eu costumo sempre dizer quando vou falar com eles no primeiro dia de formação é que tenho a certeza que, algures naque-les cento e tal, está ali alguém que vai ser sócio da empresa daqui a uns anos e irá garantir a continuidade da mesma. Além de sermos das melhores empresas para trabalhar e das quatro somos a re-ferência em termos de capital humano, a única que está nos ranking´s, temos uma política de remuneração sempre. Não há estágios não remunerados, é essa a nos-sa postura”.No final desta conversa com a Revista Pontos de Vista, Jorge Costa referiu que “é seguramente um motivo de orgulho fazer parte da PwC, principalmente ten-do em conta que comecei a trabalhar num universo de 25 pessoas e hoje so-mos 950. Sinto que aquilo que a empresa é neste momento surge como resultado daquilo que tem sido feito e para o qual tenho contribuído bastante. Consegui-mos transformar uma micro empresa numa grande empresa”.

Pontos de Vista Outubro 2013

comissão de auditoria. No entanto, o mercado tem sempre a ideia que quan-do as contas têm um erro, a culpa é dos auditores. Para além disso, a sociedade não entende que a auditoria faz um tra-balho baseado em amostragem, não vê todos os documentos e, por isso, mesmo que o auditor faça o seu trabalho corre-tamente, cumprindo todas as normas, dá uma credibilidade a essa informação que analisou que não pode ser entendi-da como uma certeza absoluta de que as contas estão certas ao cêntimo. As contas estarão certas dentro de um cri-tério de razoabilidade e materialidade o que faz com que muitas vezes haja um gap entre aquilo que o mercado está à espera e aquilo que de facto acontece”, explica Jorge Costa e aproveita para es-clarecer ainda que “para as pessoas, as contas errarem em um milhão de euros é entendido como algo de muito grave mas, um milhão de euros pode ser um valor imaterial em contas cujo resultado sejam 500 milhões”.

“TEMOS QuE IR EM BuSCADE NOVOS MERCADOS

E SERVIÇOS”Para além dos auditores estarem no foco das atenções dos mercados, outro dos grandes desafios que as empresas de auditoria enfrentam na atual conjuntu-ra é, perante um mercado visivelmente estagnado, não surgirem novas empre-sas para auditar, reduzindo as possibi-lidades de crescimento das mesmas. A solução tem sido, pelo menos para as empresas de maior dimensão, a aposta noutros mercados, com destaque para Angola e Moçambique. Para além de apostar na internacionalização dos ser-viços, é necessário também diversificar a oferta, sendo esta uma das principais armas de combate à crise na PwC.“Temos que ir em busca de novos merca-dos e serviços, assim como apostar em alguma racionalização no serviço efetu-ado. Nós vemos a nossa atividade como uma atividade de assurance, não apenas de auditoria pura e simples, como tal, há outros tipos de assurance que podem ser feitos, ligados à área informática, de mercado de capitais e apoio em termos de matérias contabilísticas. Todos esses serviços estão-se a estruturar e come-çam a ser prestados a um nível bastante superior na PwC. No fundo, temos vindo a diversificar e a alargar os serviços que prestamos. A área da formação tem sido

outra das apostas”, afirma. A PwC desen-volve assim soluções através de um vas-to conjunto de serviços orientados para cada indústria sempre com o objetivo de construir confiança e acrescentar valor ao cliente. Atentos à evolução dos mer-cados, os serviços prestados têm vindo a adaptar-se às necessidades das or-ganizações e desenvolvem-se ao ritmo das mudanças no mundo dos negócios, atuando, neste momento, em cinco áre-as diferentes: assurance, advisory, deals, tax, management services e formação.

“TEMOS fOCADO A NOSSAATENÇãO NAS EMPRESAS

PORTuguESAS”Esta capacidade de evolução e adapta-ção faz da PwC uma empresa que tem assistindo a um crescimento contínuo e na qual as perspetivas são de conti-nuação desse crescimento. “Há mais de 50 anos em Portugal, a PwC agora nada tem a ver com aquilo que era quando co-mecei cá a trabalhar. Na altura eramos cerca de 25 pessoas, atualmente somos 950. Eramos basicamente uma empre-sa de auditoria, neste momento somos uma empresa em que a auditoria ainda representa à volta de 50 por cento do seu volume de negócios, mas em que as áreas de consultoria e apoio fiscal têm já um peso significativo, e que, espero, ve-nha a aumentar no futuro”, orgulha-se.Dois dos vetores fundamentais a esse crescimento são a aposta em Angola e nas grandes contas nacionais. “Temos focado a nossa atenção nas empresas portuguesas e, por isso, atualmente, so-mos a empresa que audita mais empre-sas cotadas em Portugal. Não o eramos há dois ou três anos. Neste momento so-mos com alguma vantagem em relação ao nosso concorrente mais próximo em termos de número de empresas cotadas auditadas. Vamos continuar a crescer

e isso vai-se refletir em coisas simples como, por exemplo, a formação que va-mos começar agora com os 140 recém--licenciados que admitimos este ano”, afirma Jorge Costa.

uMA DAS MELhORESEMPRESAS PARA TRABALhAR

EM PORTugALÉ já habitual todos os anos a PwC pro-curar nas universidades portuguesas os melhores alunos para integrar na em-presa, assegurando um permanente ca-nal de comunicação e envolvimento com os estudantes universitários. Só este ano foram admitidos cerca de 140 novos profissionais saídos agora das carteiras escolares para o universo profissional.“Todos os anos admitimos pessoas, formamo-las internamente e colocamo--las no mercado de trabalho. Este é um papel extremamente relevante que as empresas de auditoria têm. Anualmen-te, as quatro grandes empresas de au-ditoria a operar em Portugal vão buscar mais de 500 jovens às faculdades e é em parte por isso que os cursos de Econo-mia e Gestão continuam a ter uma boa saída no mercado. Dentro da PwC temos inclusivamente pessoas que estão o ano todo ocupadas com o recrutamento”, afirma.A diferença relativamente às outras empresas que fazem parte destas qua-tro líderes de mercado é que a PwC é a única a integrar o ranking das melhores empresas para trabalhar em Portugal.Jorge Costa explica o porquê. “Tenho no-ção, ou quero ter, que temos um relacio-namento com as pessoas diferente e, por isso, estes escolhem-nos para trabalhar. Está perfeitamente disseminado dentro da população estudantil que a PwC é um bom sítio para trabalhar, onde to-dos têm um bom ambiente de trabalho, são respeitados e valorizados. Olhamos

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o mercado exige cada vez mais de nós e atribui--nos responsabilidades que não são dos audi-tores. a auditoria está no fim da cadeia de produção de contas e, como tal, antes das contas chegarem a nós já passaram pela admi-nistração e pelos órgãos de fiscalização, nome-adamente um conselho fiscal ou uma comissão de auditoria

além de sermos das melhores empresas para trabalhar e das quatro somos a referência em termos de capital humano, a única que está nos ranking´s, temos uma política de remuneração sempre. não há estágios não remunerados, é essa a nossa postura

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Nos últimos anos, com as crises sucessivas que têm abalado o ambien-te económico-financei-ro em Portugal, o que significa ser revisor oficial de contas? Tal como ao longo de todo

o discurso, a resposta foi dada de forma assertiva por Ricardo Pinheiro, Partner de Auditoria da Ernst & Young Portugal. “Significa colaborar com um conjun-to de entidades, privadas, públicas ou de outra natureza, no sentido de dar credibilidade à informação financeira apresentada”. Apesar do trabalho de um ROC estar mais associado a informações de caráter contabilístico e financeiro, a verdade é que, com maior frequência, as empresas solicitam os pareceres de entidades externas, credíveis e com re-putação, para validar ou suportar outro tipo de informações. Engane-se quem

considerar que o papel deste profissio-nal se assemelha, em algumas situações, ao de um conselheiro que ajudará a tra-çar o rumo que uma empresa irá tomar. “Sendo um ROC, não sou um consultor ou assessor porque as normas e regras ligadas à nossa atividade profissional são claras e obrigam a que haja um con-junto de princípios que temos sempre de cumprir”, explicou. Independência e objetividade são, por isso, pedras de to-que do exercício desta profissão. Sem a vivência permanente destes princípios e valores, toda a complexidade de um trabalho pode estar em jogo. “Indepen-dentemente de algum tipo de conselho que possa ser dado durante o trabalho de auditoria, esse conselho nunca pode ser encarado como uma forma de dei-xarmos de ser independentes e objeti-vos ou deixarmos de expressar a opinião que consideramos tecnicamente mais adequada”, garantiu Ricardo Pinheiro.

Na prestação de serviços profissionais que incluem auditoria, assessoria fiscal, consultoria de gestão e apoio a transações, a Ernst & Young é um “peso pesado” do mercado internacional. Sendo uma das “Big Four” da atualidade, em 2007, a Revista Forbes colocou-a na sétima posição entre as maiores companhias privadas dos EUA. Num momento em que tem surgido a necessidade de reafirmar o papel do revisor oficial de contas na sociedade, a Revista Pontos de Vista conversou com Ricardo Pinheiro, Partner de Auditoria da EY Portugal para quem o trabalho será sempre sinónimo de “independência e objetividade”.

A AUDITORIA COMO GARANTE DA FIAbILIDADE E CREDIbILIDADE DA INFORMAÇÃO

Tal como em algumas outras profissões, no exercício da sua atividade, um au-ditor é confrontado com uma série de exigências éticas pelas quais deve reger o seu trabalho. Além do cumprimento de normas e regras técnicas, o ROC de-verá respeitar sempre um conjunto de normas de conduta. Se, por um lado, as competências profissionais de um ROC são moldadas em função da formação e experiência que vai adquirindo ao lon-go da carreira, a ética não se aprende

em qualquer licenciatura ou workshop. “Independentemente das melhores téc-nicas que aplicar no seu trabalho, se um auditor não cumprir regras éticas e de conduta, o seu trabalho não é con-siderado adequado. Associada à inde-pendência, a ética é um fator que gera confiança, uma palavra-chave no seio da atividade. Um parecer nosso só pode gerar confiança se quem for ler o cono-tar com objetividade e independência, nunca considerando que o nosso relató-

RiCARdO PinheiRO, PARtneR de AuditORiA dA eRnst & YOung (eY) e O PAPel dO ROC nA sOCiedAdeOROC – XI CONGRESSO NACIONAL

Recursos Humanos na ernst & Young“A EY tem desempenhado um papel ativo na formação global que ministra aos seus quadros ao longo da carreira. Nos tempos atuais, é bastante significativo o facto de continuarmos a recrutar anualmente em Portugal um conjunto apre-ciável de quadros técnicos. Além de colaborarmos no desenvolvimento da eco-nomia e no combate ao desemprego, damos a oportunidade a mais de uma centena de técnicos, maioritariamente recém-licenciados, de desenvolverem aqui os seus skills profissionais e pessoais” – Ricardo Pinheiro

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ricardo pinheiro

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Pontos de Vista Outubro 2013

rio possa estar enviesado por qualquer motivo”, defendeu o responsável.

NOVOS TEMPOS,NOVAS ATuAÇÕES

Revisores oficiais de contas credíveis e rigorosos contribuirão, certamente, para a existência de empresas mais só-lidas e com contas mais transparentes. Os “tsunamis” que surgiram na eco-nomia de muitas empresas levaram a profundas alterações de paradigma. As novas exigências fizeram com que as entidades passassem a apresentar a sua informação financeira com base em princípios e critérios atualizados. O ROC foi, por isso, obrigado a acompanhar esta evolução, adequando a sua atua-ção a novos desafios. “Quer do ponto de vista quantitativo como qualitativo, foi exigida a apresentação de mais informa-ção em tempo útil e de uma forma mais clara. Tivemos de evoluir no sentido de manter as exigências técnicas e éticas existentes e adaptá-las a normas de apresentação de informação financeira e de divulgação, de natureza quantitati-va e qualitativa, que no passado já exis-tiam mas que sofreram uma importante evolução”, explicou Ricardo Pinheiro. Daí a necessidade de haver uma discus-são permanente acerca do papel do re-visor oficial de contas enquanto garante da fiabilidade e credibilidade da infor-mação apresentada, tal como aconteceu, recentemente, no XI Congresso dos ROC. “É importante que os auditores debatam sempre a forma como estão a aplicar as normas de auditoria, o modo como rea-lizam o seu trabalho e as metodologias usadas para acompanhar a evolução das empresas, sobretudo nos dias de hoje em que nenhum setor de atividade é es-tático”, afirmou. No fundo, estes momen-tos de reflexão surgem como uma forma de demonstrar que, apesar de serem constantemente confrontados com no-vas informações e diferentes regras, as normas são aplicadas consistentemente e possibilitam ao auditor o exercício de um bom trabalho.

MAIOR MEDIATISMOMesmo sendo um setor bastante profis-sionalizado e regulamentado, o trabalho de um ROC tende, em algumas ocasiões,

a ser desvalorizado. Há mesmo quem de-fenda que só é considerado quando sur-gem problemas ou incongruências nas contas das empresas. Para Ricardo Pi-nheiro, o papel deste profissional sempre foi valorizado pelas entidades que proce-dem à sua nomeação ou contratação. “O auditor aparece numa empresa por via de legislação específica ou de determina-das regras societárias, que determinam a existência de um profissional (audi-tor) que seja independente e externo à empresa e que esteja habilitado a emitir determinados pareceres. Normalmente são as assembleias gerais das empresas ou as suas tutelas que aprovam a nome-ação do auditor”, esclareceu. Assim, tanto no passado como no presente, o papel do auditor e a sua convivência profissional com outras entidades não sofreram gran-des alterações. No entanto, os relatórios das empresas são hoje mais escrutinados por diversos stakeholders, incluindo a comunicação social, aumentando assim as atenções para os relatórios emitidos por este profissional. “Hoje, quer a in-formação financeira, intercalar e anual, que a empresa presta quer os correspon-dentes relatórios dos auditores são mais divulgados e consequentemente analisa-dos por diversas entidades. Desta forma a análise é cada vez mais aprofundada e abrangente”, defendeu Ricardo Pinheiro. Daí todo o mediatismo gerado em torno do papel que um auditor desempenha na validação da situação patrimonial e dos resultados das empresas.

CAPACIDADE DE ExECuÇãO DA EY

Sendo uma empresa de raiz interna-cional, a Ernst & Young possui uma pujança e uma capacidade de execução e implementação de metodologias téc-nicas, internacionalmente testadas, e de movimentação de recursos humanos que dificilmente teria se tivesse concen-trada apenas no mercado nacional. Com a vasta carteira de clientes nacionais e internacionais e com escritórios locali-zados em praticamente todos os países do Mundo, a EY aproveita esta experiên-cia internacional para transportar para Portugal todas as mais-valias que daí ad-vêm. “Isso leva a que, para as entidades com quem trabalhamos, haja uma maior eficiência na forma como executamos o nosso trabalho e sejamos mais eficazes. Além da validação técnica que fazemos sobre a informação financeira apresen-tada, enquadrado em algum aconselha-mento complementar, mas sem ferir qualquer objetividade e independência do nosso trabalho de auditoria, por ve-zes sugerimos a consulta de informação sectorial e geográfica internacional para que as empresas nacionais possam estar

informadas sobre o que de melhor se faz no Mundo”, esclareceu. De certo modo, a EY tem desempenhado um papel ativo e crucial no desenvolvimento do país, estando a par das melhores práticas e sabendo acompanhar a evolução das empresas e das informações que estas periodicamente têm de apresentar.O mesmo se passa com o revisor oficial de contas. Os grandes desafios do ROC serão sempre a constante atualização e o importante papel no sentido de “contri-buir para que a informação prestada seja a mais adequada relativamente às neces-sidades dos vários stakeholders envolvi-dos em cada momento”, concluiu Ricardo Pinheiro. Por outras palavras, ao longo de cada projeto procura-se demonstrar a atualidade e utilidade da profissão.

Principais atividades da eYAuditoria; Consultoria de gestão e de sistemas de informação; Serviços de gestão de risco; Con-sultoria económica e financeira; Assessoria contabilística e fiscal; Consultoria em Recursos Huma-nos; Consultoria em Investimen-tos; Elaboração de Projetos de Investimento; Estudos económi-cos e de mercado; Avaliação de empresas, de ativos imobiliários e de ativos incorpóreos; Apoio a transações de empresas; Apoio na gestão da tesouraria; Gestão financeira de empresas; Organi-zação e Processamento de con-tabilidade; entre outras.

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“sendo um RoC, não sou um consultor ou assessor porque as normas e regras ligadas à nossa atividade profissional são claras e obrigam a que haja um conjunto de princípios que temos sempre de cumprir”

“independentemente das melhores técnicas que aplicar no seu trabalho, se um auditor não cumprir regras éticas e de conduta, o seu trabalho não é considerado adequado. Associada à independência, a ética é um fator que gera confiança, uma palavra-chave no seio da atividade. Um parecer nosso só pode gerar confiança se quem for ler o conotar com objetividade e independência, nunca considerando que o nosso relatório possa estar enviesado por qualquer motivo”

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O revisor oficial de con-tas é hoje em dia um parceiro de negócio. Muito mais do que al-guém que se limita a fiscalizar as contas das empresas, é alguém que tem a capacidade

de credibilizar a informação contabilís-tica e financeira das mesmas e ao mes-mo tempo aconselhar os seus clientes sobre diferentes problemas ou dúvidas que possam surgir. A auditoria está para a área financeira como o médico de clínica geral está para a medicina. Quem faz este paralelismo é Paulo Gil André e explica porquê.“Temos que perceber as práticas con-tabilísticas, perceber os sistemas de in-formação, como é que uma empresa do ponto de vista organizacional pode fun-cionar melhor e até mesmo do negócio puro e duro… nunca seremos especia-listas nem perceberemos tanto quanto os nosso clientes sobre o negócio, nem é esse o nosso propósito, mas temos uma vantagem muito grande em relação a eles, que é passar por muitos setores de atividade, muitas empresas de áreas completamente diferentes, e portanto podemos aprender e partilhar o que ad-quirimos em cada uma delas, perceber o que são as boas práticas e mostrá-las aos nosso clientes, sempre dentro dos parâmetros de confidencialidade profis-sional. Como tal, há claramente inúme-ras vantagens que a empresa pode tirar, rentabilizando os honorários que nos são pagos”.

DE QuE fORMA PODESER RENTABILIzADO O PAPEL

DO AuDITOR?São várias as formas de o fazer. O pri-meiro passo nesse sentido é óbvio, per-cecionar que a auditoria não é “um caso de polícia” e tomar consciência de uma forma convicta da importância de ter in-formação correta e credível.Nenhum auditor desempenha o seu pa-pel como um fiscalizador, como alguém que vai às empresas com o objetivo úni-co de encontrar fraudes, se alguém rou-bou a empresa. É alguém que vai acres-centar valor à informação que audita. Como? Conferindo-lhe credibilidade.

Qualquer empresa quer crescer e ope-rar no mercado global o que a obriga a recorrer a financiamento – por exemplo, através de capitais de risco ou da banca, – entrada de novos sócios ou concreti-zando fusões com outras entidades. No entanto, se as suas contas não estiverem auditadas, dificilmente conseguirão dar qualquer um destes passos ou, caso con-sigam o financiamento necessário, pro-vavelmente os juros serão superiores porque as entidades bancárias demons-tram um manifesto desconforto quando a informação financeira não tem credi-bilidade.Hoje discute-se a possibilidade de em-presas de menor dimensão que, até en-tão, tinham de ser auditadas, deixarem de ter essa obrigatoriedade. Tendo em conta a conjuntura em que tal alteração é discutida, Rui Guedes Henriques não tem dúvidas em afirmar, “numa altura em que as empresas lidam com dificul-dades de acesso ao financiamento e até mesmo de credibilidade no mercado, deixar de ter contas auditadas pode efe-tivamente ser mais um fator que intro-duz incertezas quanto à fiabilidade dos números que apresentam”, reduzindo, como tal, a sua capacidade de acesso ao financiamento e condicionando o seu crescimento.O dinheiro está hoje mais caro, de difícil acesso e as transações mais complexas. O normativo contabilístico que entrou em vigor em 2009, alinhado com as nor-

Em Portugal há quatro anos, a Baker Tilly assegura um leque global de competências e capacidades financeiras, contabilísticas e fiscais, entre outras, de âmbito multidisciplinar e complementar. O objetivo é simples, transformar o conhecimento em valor, em prol do benefício dos clientes. Estes quatro anos têm sido de crescimento contínuo e incluem uma expansão para Angola e Moçambique. A Revista Pontos de Vista falou com dois dos Partners da empresa, Paulo Gil André e Rui Guedes Henriques, que se mostraram confiantes na continuidade desse crescimento. Mais do que isso, apesar de estarem ainda há pouco tempo em Portugal, por comparação com outras entidades que operam no mercado português há várias décadas, têm a convicção de que a Baker Tilly é já uma referência no que diz respeito à qualidade do trabalho desenvolvido. Mas não só da Baker Tilly se falou, a auditoria em geral e a sua importância nos dias de hoje foi o mote de uma conversa que lhe damos agora a conhecer.

“NO PELOTÃO DA FRENTE DA QUALIDADE”

mas internacionais, veio reforçar essa complexidade ao introduzir o conceito de justo valor, que confere uma maior subjetividade às interpretações feitas. Como é natural, apenas alguém plena-mente familiarizado com o conceito é capaz de dar uma recomendação e um conselho à altura das necessidades do tecido empresarial.O auditor tem hoje, como tal, que estar preparado numa perspetiva de parceiro da empresa e que ser capaz de validar as contas mas também de acrescentar valor, pela oferta de um conjunto de valências que são úteis às empresas. “É exatamente por isso que trabalhamos com equipas multidisciplinares. Os gestores estão preocupados com o seu negócio e precisam de alguém que lhes consiga dar resposta a outras questões de caráter fiscal, financeiro, estratégico e contabilístico, que não o negócio por si só. O papel do auditor tem, por isso, de ser visto de forma mais ampla e a mim parece-me que o mercado vem, cada vez mais, a caminhar no sentido de compre-ender esse valor acrescentado”, refere Rui Guedes Henriques.

MuLTIDISCIPLINARIDADEA multidisciplinaridade na Baker Tilly é evidente, uma vez que a empresa presta serviços profissionais nas áreas de “au-dit, tax, outsourcing, corporate finance, transactions, consulting, business advi-sory e information systems”.

Há uma outra área que poderá, no futu-ro, fazer parte desta panóplia de servi-ços prestados pela empresa, Rui Guedes Henriques explica. “Está neste momento a ser discutida, pela Ordem dos Advo-gados, uma alteração aos respetivos es-tatutos, que, a verificar-se, vai permitir que os advogados possam trabalhar de forma mais próxima com economistas, revisores oficiais de contas, entre ou-tras valências. Isto porquê? Porque se perceciona que as empresas, cada vez mais, querem contactar com uma única entidade, que lhes preste serviços dife-renciados e abrangentes. A Baker Tilly a nível mundial está a discutir este ce-nário e pondera-se a criação da Baker Tilly Legal Network, nos países em que isso seja viável do ponto de vista regu-latório. É um tema que está em cima da mesa e, ainda que não saibamos qual é a melhor solução, sabemos que noutros países desenvolvidos isto acontece e, por isso, creio que num futuro não mui-to longínquo será inevitável também em Portugal”.

ÉTICA E INDEPENDêNCIAFalar num aumento da importância da auditoria no dia a dia das empresas, obriga também a que se faça uma certa contextualização. É certo que se hoje em dia já se começa a percecionar a impor-tância desta área em questões como o financiamento da empresa, a credibili-dade da mesma e a diminuição do risco de incumprimento, esta é uma atividade que tem passado por alguns altos e bai-xos e pode-se mesmo falar em crises de cariz ético.Foi na década de 70 que a auditoria co-

BAkeR tillY - tRAnsfORmAR O COnheCimentO em vAlOROROC – XI CONGRESSO NACIONAL

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“Numa altura em que as empresas lidam com dificul-dades de acesso ao finan-ciamento e até mesmo de credibilidade no mercado, deixar de ter contas audita-das pode efetivamente ser mais um fator que introduz incertezas quanto à fiabi-lidade dos números que apresentam”

rui guedes Henriques e paulo gil andré

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Pontos de Vista Outubro 2013

meçou a ganhar importância generaliza-da em Portugal e, na década de 80, com o desenvolvimento da bolsa, cresceu sig-nificativamente, “não só por toda a en-volvência fiscal, mas também numa óti-ca de defesa dos acionistas ou credores. Nos anos 90 essa expansão manteve-se mas, em 2001, o caso da Enron, no fundo o 11 de setembro da auditoria, veio aba-lar um pouco a forma como a atividade era desenvolvida e colocar em causa a qualidade do trabalho dos auditores”, explica Paulo Gil André.A Enron Corporation era uma compa-nhia norte-americana a operar na área da energia que se tornou alvo de diver-sas denúncias de fraudes contabilísticas e fiscais. Um escândalo financeiro que arrastou consigo o seu auditor. Nessa altura, as investigações revelaram que a Enron havia manipulado a sua informa-ção financeira e escondido dívidas no valor de biliões de dólares com a ajuda de empresas e bancos, sendo os seus lu-cros inflacionados artificialmente.Este caso e outros semelhantes, que foram denunciados na altura, vieram abalar a credibilidade do auditor e tra-zer para a ordem do dia questões como a ética, a independência e o conflito de interesses.Essas questões têm sido ultrapassadas e Paulo Gil André acredita que “embora tenhamos passado por uma situação de descrédito, os stakeholders começam a perceber outra vez que precisam de nós e a exigirem, cada vez mais, que as empresas tenham a sua informação fi-nanceira validada. Esses stakeholders têm vindo a exigir um papel mais ativo dos auditores e proporcionado um cres-cimento da nossa atividade e no meu ver há um potencial crescente no mercado para a auditoria”. Vivemos num mundo de grande incerteza. Para quê, aumen-tar essa incerteza, divulgando contas não auditadas ou informação incorreta, incompleta, confusa e que não respeita os normativos contabilísticos aplicá-veis? Os auditores, podem diminuir essa incerteza, e os custos que esta acarreta (menor credibilidade da empresa, me-nos crédito bancário, custo do dinheiro mais alto, maior dificuldade em parce-rias e abertura do capital).

ANgOLA E MOÇAMBIQuEUm mundo de oportunidades existe também em Angola e Moçambique onde a Baker Tilly marca presença há dois anos. Em estágios de desenvolvimento diferentes daquele que se vive em Por-tugal, nestes países só agora se começa a ver a contabilidade como algo de pre-mente. Sendo a auditoria um dos passos que se seguirá neste processo, o facto da Baker Tilly estar presente nestes merca-dos será, certamente, uma porta que se abrirá para a empresa.“Começa-se agora a perceber a necessi-dade de ter a contabilidade bem organi-zada e os sistemas fiscais nestes países têm passado por reformas relevantes. As empresas portuguesas têm vindo a apostar nestes mercados e organizações

internacionais como a nossa, podem dar um apoio diferente e um contributo im-portante, quer para o desenvolvimento da área da contabilidade, quer da au-ditoria e profissionalização da gestão”, explica Rui Guedes Henriques.Em Portugal, a estratégia é simples. É bem conhecido o conceito big four como

referência às quatro maiores empresas que operam na área da auditoria. Passar do termo big four para best five é o que a Baker Tilly pretende, até porque, “big four é uma expressão que apenas signi-fica dimensão, mas não significa exclu-sividade de qualidade. O que o cliente quer do seu auditor e consultor, não é

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dimensão, mas sim qualidade. Quatro anos depois de iniciarmos a nossa ope-ração em Portugal, o mercado percecio-na-nos como uma empresa que entrega qualidade, sendo claramente nossa es-tratégia, manter e reforçar a nossa po-sição no pelotão da frente da qualidade”, afirma Paulo Gil André.

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Quais os produtos que a Banif Açor Pensões (BAP) disponibiliza para particulares e empresas?A Banif Açor Pensões desenvolve, gere e comercializa Fundos de Pensões para Particulares e Empresas, detendo já uma larga experiência, quer de gestão de todo o tipo de Fundos de Pensões - Benefício Definido, Contribuição Defi-nida e Mistos - quer na reconversão ou transformação de Planos de Pensões já existentes.Para particulares a Banif Açor Pensões disponibiliza a solução de comercializa-ção conjunta Banif Reforma Jovem, Ba-nif Reforma Ativa, Banif Reforma Sénior e Banif Reforma Garantida.Estes quatro fundos de pensões abertos constituem quatro carteiras de inves-timento com diferentes perfis de risco (i.e., agressivo, equilibrado, conserva-dor e defensivo, respetivamente), como resposta à existência de diferentes ca-racterísticas, motivações e perfis de in-vestimento existentes na população de Participantes (idade vs prazo de inves-timento, perfil do investidor, interesse em participar mais ativamente, entre outros). Independentemente da adesão se efe-tuar conjuntamente, a utilização dos fundos/ perfis disponíveis pode ser di-

ferenciada pelo Participante, quer quan-to ao número de fundos em que investe, quer quanto à respetiva percentagem que aloca a cada um (de 0 por cento a 100 por cento).Para empresas, a formalização do Plano de Pensões (‘Planos de Pensões Profis-sionais’) passa, habitualmente e sem prejuízo de qualquer outra solução es-pecífica, pela adesão coletiva àqueles mesmos fundos. É no plano de pensões que são estabelecidos o conjunto de be-nefícios concedidos e as respetivas con-dições de acesso.

Apostando na diferença, essencialmente pela qualidade e integração do serviço de assessoria e soluções desenhadas para cada caso específico, a Banif Açor Pensões, é hoje, cada vez mais, um parceiro com soluções inovadoras destinadas a empresas e a particulares. A Revista Pontos de Vista conversou com Armando Bandeira, Administrador da Banif Açor Pensões, que nos deu a conhecer um pouco mais da dinâmica da marca e a relevância dos Fundos de Pensões que ainda não é significativa comparativamente a outros países, “que reconhecem os Fundos de Pensões (FP’s) como a solução que melhor responde às necessidades e proteção económica na reforma”. Além disso, quisemos saber as razões que levaram a entidade a apoiar o IX Congresso da OROC - Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, reali-zado entre os dias 12 e 13 de setembro no Centro Cultural Olga Cadaval, sob o tema “Auditoria: Desafio e Confiança”.

PROPOSTAS DE VALORDE UM PARCEIRO DE CONFIANÇA

Qual a estratégia que a Banif Açor Pen-sões tem vindo a seguir? De que forma se consegue posicionar de forma dis-tinta e diferenciada no mercado?A Banif Açor Pensões diferencia-se, es-sencialmente, pela qualidade e integra-ção do serviço de assessoria e soluções desenhadas para cada caso. Este serviço não se limita à gestão de fundos de pen-sões e à disponibilização de informação, antes consiste numa gama variada de produtos e serviços. Possui uma equipa de profissionais especializados, qualifi-cados nas diferentes áreas de gestão dos Fundos de Pensões, capazes de propor-cionar respostas rápidas e apresentar soluções específicas e adequadas a cada caso.O processo de gestão assenta nos prin-cípios de (1) absoluta independência da gestão face ao negócio do grupo, (2) segregação operacional das restantes áreas do grupo, (3) equipa especializada e coesa e (4) processos de decisão trans-parentes e auditáveis.Integra ainda conceitos e ferramentas modernas de gestão como a análise e adequação da estrutura de ativos e de passivos (ALM) numa perspetiva liabili-ty driven investments (LDI).A estratégia e as grandes decisões de gestão são estabelecidas em Comité de Investimentos e posteriormente exe-cutadas pelos gestores dos fundos, que nele participam e estão especializados por classe de ativos, nomeadamente, ações, obrigações e imobiliário, entre

outras. Efetivamente, ‘fundos de tercei-ros’ e ‘hedge funds’ não são classes de ativos mas veículos e, para este efeito, também não faz sentido declinar obri-gações.A análise de risco das carteiras é re-alizada de forma sistemática por um departamento autónomo de análise de risco, que calcula diversos indicadores de risco sobre as carteiras, permitindo destacar diferentes perfis de risco dos produtos, adequados a segmentos de clientes com horizontes temporais e ob-jetivos diferenciados.A análise do cumprimento dos limites legais e específicos do investimento é re-alizada diariamente pelo departamento de compliance. A área de Operações as-segura o tratamento e a contabilização, o fecho e as cotações diárias dos fundos de pensões geridos.Os Atuários Responsáveis pelos fundos geridos pela Banif Açor Pensões são in-dependentes da organização e oferecem a qualidade e garantia de consultoras de renome nacional e internacional, sem prejuízo de poderem ser contempladas as escolhas dos Associados. Indepen-dentemente da subcontratação de ser-viços de actuariado (que a Banif Açor Pensões estrategicamente externaliza) e financeiros (gestão de ativos mobiliá-rios, dentro do grupo), a Banif Açor Pen-

BAnif AçOR Pensões – A melhOR sOluçãO OROC – XI CONGRESSO NACIONAL

A Banif Açor Pensões apoiou o iX Congresso da oRoC. que balanço faz do mesmo? qual a importância que atribui a este tipo de iniciativas?O balanço que a Banif Açor Pen-sões faz é claramente positivo. Este tipo de iniciativas é extre-mamente importante na medida em que se traduz na oportuni-dade de chegar mais próximo dos Participantes, conhece-los através da sua vida sociopro-fissional, divulgar informação, esclarecer questões e conhecer as suas preocupações, críticas e sugestões.

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é importante ter presente que o principal objetivo dos fundos de pensões é garantir aos participan-tes um complemento de reforma em linha com os seus objetivos e expectativas, o que implica tentar obter um rendimento adequado face ao risco incorrido, gerido pela sociedade gestora e pelos participantes/aforradores/investidores de acordo com diferentes variáveis e utilizando as diferentes soluções disponibilizadas

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sões acompanha, confere e valida todas as operações, metodologias e resulta-dos, os quais, obrigatoriamente, têm o seu acordo.Todos os aspetos administrativos, in-cluindo a elaboração de conteúdos e suportes informativos, informação a As-sociados, Participantes e Beneficiários, bem como todo o atendimento são da exclusiva responsabilidade da entidade gestora e do gestor do plano de pensões. Numa perspetiva de valor, a Banif Açor Pensões investe no desenvolvimento e especialização dos seus recursos huma-nos, por forma a possibilitar um serviço de excelência aos seus clientes e aposta, essencialmente, no elevado nível de ser-viço que oferece aos Associados, Parti-cipantes e Beneficiários dos fundos de pensões que gere.Compromisso, parceria e serviço são os princípios orientadores da atividade da Sociedade Gestora, pautando-se a sua atuação por elevados critérios de rigor, competitividade e personalização.

Na Banif Açor Pensões orgulham--se de serem capazes de proporcio-nar respostas rápidas e adequadas às exigências atuais das empresas modernas e dinâmicas. Quais são as principais exigências tidas em consi-deração na estruturação dos planos de pensões para empresas?Atualmente os planos de pensões cons-tituem, para as empresas, ferramentas de gestão de recursos humanos e de produtividade, naturalmente a par do seu papel com 2º pilar da Segurança Social, o qual vai assumindo cada vez maior importância.O Plano de Pensões é adequado a cada Empresa, integrando os fatores so-cioprofissionais que esta valoriza ou pretende ver valorizados, traduzidos, fundamentalmente, nos benefícios de reforma disponibilizados, no plano con-tributivo adotado e no esquema de di-reitos adquiridos concedidos.A Banif Açor Pensões assessora os Asso-ciados no desenho e na divulgação/pro-moção do Plano de Pensões na empresa, em parceria com o departamento de Recursos Humanos, fazendo o acompa-nhamento de todas as fases do processo, desde a conceção, constituição, comu-nicação e desenvolvimento do Plano de Pensões.A apropriação da solução por parte dos colaboradores/participantes é fun-damental, de forma a assegurar a sua perceção e a valorização do esforço fi-nanceiro e das preocupações sociais da empresa.

São ainda poucas as empresas por-tuguesas a constituir fundos de pen-sões. Porquê? O que é necessário fa-zer para alterar esta realidade?A relevância dos Fundos de Pensões ain-da não é significativa comparativamente com outros países, que reconhecem os Fundos de Pensões como a solução que melhor responde às necessidades e pro-teção económica na reforma. O sistema de Segurança Social português em vigor ainda não deixa grande espaço para ou-tro tipo de soluções complementares de natureza privada, mais pelo esforço con-tributivo que exige do que, atualmente, pelos benefícios que concede, objeto de grande redução na última reforma efe-tuada.O regime fiscal, embora privilegie os fundos de pensões, não constitui ainda um relevante fator de atratividade e in-centivo, especialmente no contexto atu-al. A falta de estabilidade fiscal também não tem ajudado.No entanto, apesar de estamos muito longe do que seria desejável, tem-se vindo assistir a um aumento de adesões coletivas a fundos de pensões abertos (‘planos de pensões profissionais’, pro-movidos por empresas).Em função do recente interesse pela poupança, em consequência do contex-to de “crise” que temos vivido, e uma maior consciencialização da redução significativa do peso da reforma pública no conjunto dos rendimentos pós vida ativa, espera-se que desperte uma maior atenção para a preparação da reforma, o que deverá ter efeito ao nível dos fundos de pensões. Crê-se que é inevitável uma redução substancial do papel do 1º pilar (Esta-do) na reforma dos cidadãos e que este vai ser paulatinamente transferido para o 2º e 3º pilar (empresas e cidadãos). Atualmente as empresas ainda não são muito sensíveis a este tipo de responsa-

bilidade social eventualmente porque não se sentem pressionadas pelos seus colaboradores que continuam a privile-giar a liquidez.

As incertezas relativamente à Refor-ma da Segurança Social têm constitu-ído uma oportunidade para os fundos de pensões ao nível dos particulares? Nota-se um investimento cada vez maior nestes fundos de modo a cons-tituir-se um bom complemento de re-forma que permita manter o nível de vida mais tarde?Independentemente da crescente pre-ocupação com a reforma e com a ideia geral de que ela já não será uma reali-dade para os mais novos, os cidadãos ainda não têm a consciência exata e ob-jetiva em que é que isso se traduz, quer em termos individuais, quer da real sustentabilidade do sistema público de pensões. Atualmente o mercado está alinhado, no que diz respeito ao cabaz de ofertas e soluções para particulares e empresas, com carteiras de investi-mento diferenciadas por perfis de risco. O escasso rendimento disponível das famílias condicionará, contudo, a fraca adesão a este tipo de produtos a que também não será alheia a falta de liqui-dez que os caracteriza.

De que forma os fundos de pensões contribuem para o desenvolvimento da economia como um todo?Os fundos de pensões são captadores de aforro, estável e de longo prazo, por excelência, e são grandes investidores institucionais, contribuindo assim para dinamizar a economia ao intervir dire-tamente no mercado de capitais.Por outro lado, ao proporcionar um re-torno pós vida ativa que eleva e sustenta o nível de vida da população reformada contribui para manter o seu poder de compra e consumo interno.

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Os vários governos têm recorrido a estes fundos, olhando para os mes-mos não tanto como um instrumento de poupança, mas antes como uma reserva de capital que está disponível quando são necessárias receitas adi-cionais para cumprir obrigações ime-diatas ou de curto prazo. Qual a sua opinião relativamente a este facto?Efetivamente, na última década em Por-tugal, vários Governos têm recorrido aos Fundos de Pensões, com integração na Segurança Social dos fundos de pen-sões da CGD, ANA (NAV), Imprensa Na-cional Casa da Moeda (INCM), Portugal Telecom, Rádio Marconi, CTT e uma par-te significativa dos FP’s da Banca (1º pi-lar). O mercado dos fundos de pensões perdeu cerca de 11,5 mil milhões de eu-ros, que por sua vez foram retirados dos mercados financeiros e utilizados para pagar dívida, não tendo efetivamente contribuído para a sustentabilidade do sistema e aumentando a responsabili-dade futura do estado e os encargos da Segurança Social.

De que forma a performance dos mercados se reflete nos fundos de pensões?Os FP’s investem nos diferentes merca-dos, naturalmente nos mercados de ca-pitais. Os seus ativos são habitualmente e desejavelmente valorizados ao “fair va-lue”, pelo que a performance dos merca-dos se reflete direta e imediatamente na valorização da carteira de ativos dos FP’s.

Como avalia a evolução do mercado de fundos de pensões na última dé-cada?Em Portugal, na última década, embora se tenha verificado um aumento signi-ficativo do número de novos planos de pensões, tem-se assistido a uma redu-ção significativa dos ativos sob gestão no mercado devido a desvalorizações

os fundos de pensões são captadores de aforro, estável e de longo prazo, por excelência, e são grandes investidores institucionais, contribuindo assim para dinamizar a economia ao intervir diretamente no mercado de capitais. por outro lado, ao proporcionar um retorno pós vida ativa que eleva e sustenta o nível de vida da população reformada contribui para manter o seu poder de compra e consumo interno

“O regime fiscal, embora privilegie os fundos de pen-sões, não constitui ainda um relevante fator de atrati-vidade e incentivo, especialmente no contexto atual. A falta de estabilidade fiscal também não tem ajudado”

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nos ativos a partir de 2007 e à transfe-rência de FP’s privados para o domínio da Segurança Social (após a transferên-cia da Banca, 1º pilar, em 2011, o merca-do situou-se num valor anterior a 2000).Paralelamente tem-se assistido a uma transformação rápida da estrutura dos fundos com redução significativa dos planos de pensões de benefício defini-do (mesmo os existentes têm vindo a fechar o plano a novos participantes) e opção pelos planos de contribuição defi-nida e pelos fundos de pensões abertos.

Os fundos de pensões começam a tomar o nível de risco pretendido? Como tem evoluído a rendibilidade dos mesmos?É importante ter presente que o principal objetivo dos fundos de pensões é garan-tir aos Participantes um complemento de reforma em linha com os seus objetivos e expectativas, o que implica tentar obter um rendimento adequado face ao risco incorrido, gerido pela Sociedade Gestora e pelos participantes/aforradores/inves-tidores de acordo com diferentes variá-veis e utilizando as diferentes soluções disponibilizadas.Atualmente, a gestão do risco das car-teiras dos fundos de pensões é regula-mentada por um conjunto de princípios, normas e funções que garantem a sua adequação aos objetivos e perfis pré--definidos e a sua monitorização e di-

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vulgação de forma explícita, acessível e regular. A rendibilidade dos fundos de pensões tem evoluído paralelamen-te com o mercado onde investem e de acordo com as respetivas políticas de investimento, as quais têm a sua tradu-ção nas estratégias adotadas e no cabaz de ativos de cada uma das suas carteiras de investimento. Independentemente da maior ou menor ‘agressividade’ das políticas de investimento, convém no-tar que a gestão nunca deve esquecer o objetivo fundamental e último destes veículos de investimento.

No que diz respeito à alocação de ati-vos nos fundos de pensões no primei-ro semestre, como foi o desempenho da Banif Açor Pensões?Os Fundos de Pensões geridos pela BAP obtiveram no 1º semestre de 2013 um retorno mediano de 1,3% (não anua-lizado), em linha com o mercado, em que a mediana foi igualmente de 1,3%, segundo dados divulgados pela Mercer Portugal.O primeiro semestre ficou marcado por um maior equilíbrio do crescimento económico global. Nos EUA, a economia

apresentou sinais de maior solidez, ape-sar da política fiscal mais contraccionis-ta que resultou do acordo no congresso americano que evitou o fiscal cliff no início do ano. Os indicadores de ativida-de recuperaram, suportados pela recu-peração dos mercados de construção e habitação, e a criação de emprego con-tinuou a um ritmo moderado. Na Zona Euro, o primeiro trimestre foi bastante fraco e volátil devido a um conjunto de eventos (eleições em Itália, resgate no Chipre), mas, no final da primeira me-tade do ano verificou-se uma melhoria gradual das condições económicas. Fi-nalmente, os países emergentes regista-ram dinâmicas económicas aquém das expectativas devido, em grande parte, à alteração de política económica na Chi-na, com impacto forte no preço das com-modities. Em meados de maio, a Reserva Federal americana indicou que estaria mais perto de reduzir o seu programa de estímulos monetários. Esta situação penalizou os ativos de risco e levou à su-bida dos yields de dívida pública. Apesar disto, no primeiro semestre, registou-se uma valorização significativa dos índi-ces de ações dos EUA (S&P +13.78 por

cento) e do Japão (Nikkei +31.57 por cento) e de menor magnitude na Euro-pa (MSCI Europe +1.43 por cento) no 1º semestre. Os Emergentes constituíram a única exceção, com uma desvaloriza-ção de 10.89 por cento (MSCI Emerging Markets) devido ao abrandamento do crescimento deste bloco. Ao nível das obrigações governamentais (índices EFFAS), verificou-se uma desvaloriza-ção dos mercados core, com os EUA a corrigir - 2.46 por cento e a Alemanha a desvalorizar -1.42 por cento.Neste contexto, a alocação média da classe de ações do Fundos de Pensões geridos pela BAP aumentou de 13 por cento no início de 2013 para 17 por cento no final do semestre, registando--se em contrapartida uma redução da componente de liquidez. As restantes classes mantiveram uma alocação cons-tante ao longo da primeira metade do ano, com as obrigações a representarem um peso de 62 por cento, o imobiliário 12 por cento e outros ativos cerca de 1 por cento. No segmento de obrigações, destaca-se um maior enviesamento para dívida pública espanhola e obrigações de empresas portuguesas.

O Congresso teve por base duas palavras-chave: desafio e confian-ça. em que medida as mesmas se aplicam à área dos fundos de pen-sões?O crescimento e a dinamização do setor dos FP’s são grandes desafios, que passam por criar uma verdadeira consciencialização dos cidadãos, empre-sas e associações socioprofissionais à problemática da reforma e estabe-lecer, de facto e de uma vez por todas, um regime de transição do setor público para o setor privado. Para este fim, o Estado tem que assumir os incentivos a conceder às empresas e conceber a forma de financiar as res-ponsabilidades em que já incorre.Socialmente temos que ser capazes de definir o que cada um de nós está disposto a perder para reformar um sistema que, no futuro, não servirá nin-guém. Acreditamos que a atual regulamentação e supervisão do setor traz bastante segurança e credibilidade, o que, naturalmente terá de ser suficien-temente percebido pelos cidadãos, de modo a que possa gerar a confiança efetiva de que já é credor.

“Para empresas, a formalização do Plano de Pensões (‘Planos de Pensões Profissionais’) passa, habitualmente e sem prejuízo de qualquer outra solução específica, pela adesão coletiva àque-les mesmos fundos. é no plano de pen-sões que são estabelecidos o conjunto de benefícios concedidos e as respeti-vas condições de acesso”

A relevância dos Fundos de Pensões ainda não é significativa comparativamente com outros países, que reconhecem os fundos de pensões como a solução que melhor responde às necessidades e proteção económica na reforma. o sistema de segurança social português em vigor ainda não deixa grande espaço para outro tipo de soluções complementares de natu-reza privada, mais pelo esforço contributivo que exige do que, atualmente, pelos benefícios que concede, objeto de grande redução na última reforma efetuada

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Criada em 2010 na P&P (Pessoas & Pro-cessos), a Giganomics é, hoje, uma orga-nização especializada em soluções Ora-cle. Que caraterísticas têm estruturado o desenvolvimento desta empresa? - Uma Visão para a Transformação Or-ganizacional baseada em Tecnologias de Informação. As organizações têm que inovar e aprender a colocar a tecnologia ao serviço do negócio. Só assim poderão fazer mais com menos e ganhar vanta-gens competitivas;- Especialização elevada nas melhores soluções tecnológicas no mercado: Base de Dados Oracle, Servidores aplicacionais Oracle, Oracle SOA Suite, Oracle BPM, … ;- Um forte investimento na Formação de uma equipa tecnicamente sólida e mo-tivada. Este objetivo tem sido facilitado pelo facto de que temos um Centro de Formação Certificado pela Oracle Corp. A Skillstep Lda é a entidade gestora do único Centro de Formação autorizado pela Ora-cle a divulgar um Calendário de Formação em Lisboa.

No segmento de outsourcing, de que forma os vossos recursos especializa-dos em soluções Oracle têm ajudado a aumentar a produtividade de uma empresa?O Outsourcing por definição deve ter como objetivo o aumento da produtivida-de e nunca a redução do custo. Este é um equívoco que temos encontrado nalguns projetos de Outsourcing de Serviços. Com as dificuldades económicas, as organiza-ções perderam alguma racionalidade e tentaram utilizar o Outsourcing como fer-ramenta para reduzir custos, o que é um erro que sai caro. O nosso sucesso no Out-sourcing depende essencialmente do ele-vado nível de especialização dos recursos envolvidos. Só assim, se consegue cumprir SLAs exigentes e fazer mais e melhor em menos tempo.

Há quem defenda que Portugal tem condições privilegiadas para o out-sourcing. No seu entender, os empre-

sários têm sabido retirar os devidos proveitos desta atividade? O que tem determinado este sucesso?Esta pergunta exige várias respostas, em função do tipo de outsourcing de que es-tamos a falar. Vamos analisar caso a caso:- Outsourcing de Serviços (desenvolvi-mento de aplicações, manutenção de apli-cações, administração de sistemas, …): neste caso Portugal tem boas condições para funcionar como nearshore para mul-tinacionais. Temos técnicos com qualida-de, proximidade geográfica e custo baixo. No mercado português, os empresários têm recorrido mais ao outsourcing de re-cursos do que ao outsourcing de serviços. Este facto não permite maximizar o retor-no da opção pelo outsourcing. Eu creio que as organizações portuguesas não têm a maturidade organizacional exigida pela implementação do outsourcing de ser-viços, o qual, sem processos rigorosos e claros não poderá funcionar. Nos últimos dois anos e motivado pela crise económi-ca, algumas organizações optaram pelo outsourcing numa tentativa de reduzir custos. Esta é uma opção claramente errada, pois as virtudes do outsourcing são o elevado nível de especialização e o aumento da produtividade das organi-zações. Este equívoco tem gerado alguns problemas, pois o esforço para reduzir o custo normalmente resulta numa solução de outsourcing com baixa qualidade, que não vai cumprir o SLA que foi contratado.- Outsourcing de Recursos tem sido um recurso para muitas organizações portu-guesas, incluindo a administração pública. No entanto esta opção tem evidenciado algumas dificuldades: quando não há ca-pacidade de gestão dos recursos, não será possível aproveitar a capacidade produ-tiva gerada pelo outsourcing; quando se colocam recursos em outsourcing com ta-refas críticas para o negócio, está a correr--se um risco elevado com a perda destes recursos. Este é um exemplo onde faz sen-tido apostar no outsourcing de serviços; quando o critério de seleção dos recursos é apenas o preço, tem que se assumir bai-xos níveis de produtividade, que não cor-respondem a uma estratégia com futuro. Têm-se adjudicado contratos de outsour-cing de recursos técnicos, na administra-ção pública, com valores inaceitáveis para recursos com formação universitária e es-pecializados. Tudo isto em nome da crise e da necessidade de reduzir custos, quando o objetivo deveria ser aumentar a produti-vidade e fazer mais e melhor.Todas estas dificuldades das organizações portuguesas, fazem com que os melho-res recursos optem por saír de Portugal, com um enorme prejuízo para o país, que

Especializada em soluções Oracle, a Giganomics têm-se assumido no mercado nacional com uma estratégia de crescimento lenta mas consolidada. Num dos segmentos em que atuam, o Outsourcing, a Giganomics disponibiliza um elevado nível de especialização dos recur-sos envolvidos. “Só assim se consegue cumprir SLAs exigentes e fazer mais e melhor em menos tempo”, defendeu Vítor Pereira, Gerente da Giganomics.

Há TRêS ANOS à CONQUISTA DO MERCADO

se irá fazer sentir nos próximos anos. O Outsourcing de Recursos em Portugal não deve esquecer que o mercado não é apenas Portugal. A Giganomics tem for-necido recursos especializados para pro-jetos nalguns países europeus, Angola e Moçambique. As limitações das organiza-ções portuguesas a nível estratégico e de organização, assim como a procura cega de soluções baratas, não permitirá que o Outsourcing se afirme como uma opção séria no mercado português das TI.

Num momento em que o mercado na-cional está a passar por momentos expectantes, que caminhos encontram no mercado externo? Cada vez mais, na sua opinião, uma empresa deve ter presente a importância da internacio-nalização do seu negócio?Sim, quando estamos num mercado que parou no tempo, onde os novos projetos são poucos e a disponibilidade financeira muito reduzida, só nos resta a internacio-nalização. A Giganomics está a aproveitar o facto de fazer parte do grupo P&P, para

dar os primeiros passos fora de Portugal. Já existe a P&P Angola e a P&P Moçambi-que e a Giganomics está nestes países em parceria com a P&P.

Para o futuro, qual será a estratégia da Giganomics para responder à altura aos desafios que irão surgir?A Giganomics irá no futuro desenvolver as linhas de orientação que já tem hoje:- Foco na Transformação das organizações através de Soluções IT para a implementa-ção de Processos IT;- Foco nas melhores tecnologias do mer-cado: Oracle, …;- Fazer crescer a atividade de Formação da Skillstep através do crescimento da oferta de formação em áreas complementares à tecnologia: Metodologias de desenvolvi-mento, …;- Manter o foco no desenvolvimento e certificação das competências da nossa equipa.

vítOR PeReiRA, geRente dA gigAnOmiCs Pontos de Vista Outubro 2013OROC – XI CONGRESSO NACIONAL

21LEr Na INTEgra EMWWW.PONTOSDEVISTA.PT

vítor pereira

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A Revista Pontos de Vista foi conhecer a Samsys, especialista em Softwa-res de Gestão há mais de 15 anos, e conversou com Ruben Soares e Samuel Soares, Sócios--Gerentes da empresa,

que nos deram a saber os principais desafios da marca e as razões que levam a Samsys a ser de facto um parceiro de sucesso.Como parceiro em softwares de gestão há mais de 15 anos, a Samsys está acos-tumada a lidar com todas as alterações fiscais, sendo portanto o parceiro a esco-lher quando abordamos a temática das novas regras de emissão e comunicação de documentos de transporte, com a en-trada em vigor da portaria 161/2013 de 23 de Abril, a forma como circulam as mercadorias em território nacional so-freu algumas alterações de fundo. Para Samuel Soares, o grande desafio “não será tanto a rapidez com que as no-vas obrigações surgem, mas sim a pou-ca antecedência com que por vezes são disponibilizadas as informações legis-lativas que condicionam os fabricantes no desenvolvimento das atualizações necessárias aos Softwares de Gestão, o que provoca uma sobrecarga de serviço difícil de gerir e prever”, afirma o nosso entrevistado. Assim, e sempre atenta a todas as con-dicionantes e mais-valias, a Samsys procurou melhorar a sua capacidade de resposta em 2012 e reforçou a equi-pa Interna de Suporte com consultores especialistas nesta área, assegurando assim uma maior e melhor capacidade de resposta. “Na Samsys estamos habi-tuados a encarar os desafios como opor-tunidades, e estes não são diferentes. Vemos estas novas obrigações fiscais como oportunidades para em muitos dos casos otimizar, atualizar e melhorar os softwares de gestão dos nossos clien-tes e parceiros”, revela Ruben Soares. De salientar que o percurso da Samsys durante os seus primeiros 15 anos foi bastante orientado para a diversificação

da oferta de valor, tendo sempre como li-nha de orientação o apoio dos seus par-ceiros em todas as vertentes possíveis “que estivessem ligadas às tecnologias de informação, permitindo aos mesmos focarem a sua atenção no seu negócio. Trabalhamos desta forma porque que-remos proporcionar um capital de valor aos nossos clientes e temos conseguido fazê-lo através de uma estrutura sólida constituída por diferentes departamen-tos especialistas nas diversas áreas de atuação respondendo às especificidades de cada uma com competitividade”.Na senda do desenvolvimento, a Samsys definiu como plano estratégico para 2013 e anos seguintes, a especialização e verticalização de cada uma das suas ofertas. “Temos feito grandes investi-mentos em capital humano, recrutando novos colaboradores e apostando forte na formação dos existentes, os resulta-dos dos três primeiros trimestres deste ano dão-nos um excelente indicador que a estratégia está bem definida”, salien-tam os nossos entrevistados. Prova disso mesmo, é que a Samsys foi reconhecida pela quarta vez consecutiva como PME Líder e pela terceira vez PME Excelência, fazendo parte das 160 maio-res empresas de TI a actuar em Portugal. “Estamos com um nível de crescimento acima dos 53 por cento, e já ultrapassa-mos o total de facturação de 2012”, reve-la Ruben Soares.Na Samsys o presente é importante, mas o futuro significa novos desafios. Desta forma foram recentemente adquiridas

Empresa de enorme relevo e prestígio, a Samsys atua na vertente das TI’s há mais de 16 anos e integra a prestação de serviços de consul-toria informática, tendo como principal desiderato o desenvolvimento de soluções que apoiem e auxiliem o universo empresarial a crescer, realidade que é cada vez mais necessária, principalmente se olharmos ao atual contexto económico existente em Portugal.

“AJUDAMOS AS EMPRESASA GERAR VALOR E A CRESCER”

novas instalações para o Porto com uma área de 1.040m2 e estando a ser ultimada a abertura de uma delegação da Samsys em Lisboa.

PARCEIRO DE ExCELêNCIA A Samsys sempre assumiu, desde a sua génese, um cariz inovador e direciona-do para o futuro. Desta forma, a marca assume-se como um relevante parceiro de todos os seus clientes, onde toda as soluções desenhadas, desenvolvidas e implementadas nos seus clientes “visam o aumento de eficiência e produtividade dos mesmos, baixando quando possível os custos operacionais. Desta forma aju-

damos os nossos clientes a serem mais rentáveis e competitivos e como conse-quência ajudamos estas empresas a ge-rar mais valor e a crescer.”A terminar, os nossos entrevistados re-velaram um pouco do futuro da marca, e assim, em 2014, “podem esperar a mes-ma C.O.R.A.G.E.M., ou seja, os mesmos valores, o mesmo empenho e dedicação aos parceiros, o mesmo desejo de os aju-dar e claro muitas novidades que vamos divulgar na nossa Reunião Anual, sendo uma delas, que já está prevista no pla-no estratégico, o início do processo de internacionalização”, finalizam Ruben e Samuel Soares.

sAmsYs – O melhOR PARCeiRO

CoRAgem – serviço mais inovador da samsysO acrónimo CORAGEM, Significa: Competentes, Objetivos, Rigorosos, Ambicio-sos, Geniais, Empenhados, Motivados. É com estes valores sempre em mente que a nossa equipa de 45 consultores atua. Também acreditamos que CO-RAGEM e Apoio é o que muitos empresários precisam para superar as adver-sidades que se sentem na economia e por esse motivo no início deste ano lançamos a iniciativa DAME+ que é o acrónimo de Dar, Ajudar, Motivar, Educar +. Esta iniciativa vem reforçar a nossa Missão de Ajudar os nossos Clientes, os objetivos mensuráveis que definimos para esta iniciativa foram: Dar apoio a três empresas, na recuperação do seu crescimento, através da uti-lização dos nossos serviços em pro bono; ajudar 50 empresários através de for-mações, tertúlias e workshops que acrescentem valor ao seu negócio ou à sua equipa; motivar 500 empresários através da realização de palestras e eventos de livre acesso com ideias que podem ajudar os seus negócios a crescerem; educar 10 formandos apoiando-os, na entrada do mercado de trabalho.“A taxa atual de concretização destes objetivos já é superior a 90%, o que é para nós um motivo de orgulho. Só num dos eventos que realizamos tivemos mais de 500 empresários presentes e o feedback foi excelente”, salientam os nossos interlocutores.

serviços de Consultoriasamsys – quatro grandes áreasSistemas e infraestruturasSoftware de GestãoSoluções de ComunicaçãoInvestigação e DesenvolvimentoSaiba mais: www.samsys.pt

22samuel soares e ruben soares

OROC – XI CONGRESSO NACIONAL

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Estão, finalmente, reunidas as con-dições do ponto de vista financei-ro para apoiar as empresas que necessitem de ser capitalizadas”. Foi

desta forma que, no passado dia 27 de agosto, o Ministro da Economia, Antó-nio Pires de Lima, lançou oficialmente os Fundos Revitalizar, com uma dotação de 220 milhões de euros. Trata-se de um estímulo à revitalização e expansão de empresas viáveis, geradoras de empre-go, exportações e crescimento económi-co. Disponibilizados a pequenas e mé-dias empresas dos setores da indústria, energia, comércio, transportes e logísti-ca, turismo, serviços e construção civil, o principal objetivo passa por promover a capitalização de empresas com projetos de expansão e crescimento, quando a si-tuação financeira se encontre equilibra-da e sustentável. Para o governante, este programa coloca os bancos e as entida-des gestoras dos fundos a atuar sobre a revitalização de empresas privadas, um trabalho para o qual, segundo o respon-sável, o Estado não tem vocação. A Explorer Investments (Norte), a Oxy Capital (Centro) e a Capital Criativo (Lisboa, Alentejo e Algarve) irão gerir os fundos de base regional que servirão de apoio aos programas de revitalização e

expansão das empresas. Estas entidades foram escolhidas por concurso público que teve por base, sobretudo, a experi-ência da equipa na gestão de fundos de capital de risco e na gestão de empre-sas. Deste processo, foram excluídos os concorrentes que tinham como acionis-tas, diretos ou indiretos, instituições de crédito que viessem a deter mais de dez por cento do capital dos Fundos Revita-lizar. A decisão final foi comunicada aos concorrentes por parte das autoridades de gestão dos programas operacionais do QREN que financiam a componente pública dos fundos, tendo o lançamento efetivo dos Fundos sido efetuado pelo Ministro da Economia, em 27 de agosto. Os Fundos terão um período de investi-mento de seis anos, que começa a con-tar a partir do momento da realização da primeira tranche de capital. Segue--se um período de desinvestimento por

Os Fundos Revitalizar foram anunciados há dezoito meses, mas só no final de agosto é que foram oficialmente lançados pelo Ministro da Economia, António Pires de Lima. São 220 milhões de euros disponibilizados a pequenas e médias empresas, que desenvolvam a sua atividade nos setores da indústria, energia, comércio, transportes e logística, turismo, serviços e construção civil.

UM NOVO FôLEGO PARA O UNIVERSOEMPRESARIAL PORTUGUêS

mais seis anos, que poderá ser acrescido de um período adicional de dois anos.

DEMORA NO PROCESSOA medida faz parte do Programa Revita-lizar, um programa mais alargado que incluiu o Processo Especial de Revita-lização (uma alternativa à insolvência na viabilização judicial de empresas) e o SIREVE - Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial. Os Fun-dos Revitalizar pretendem, assim, com-plementar do ponto de vista financeiro, as referidas medidas, fechando um ciclo, ou seja, estando as empresas economi-camente viáveis recuperadas do ponto de vista financeiro, através do acordo de um business plan e perdão da dívida as-sumidos pelos respetivos credores, es-tão reunidas as condições para se apoiar a necessária capitalização dessas em-presas, através dos Fundos Revitalizar.

A demora na operacionalização destes Fundos foi explicada pelo Secretário de Es-tado da Inovação, Investimento e Competi-tividade. “Estamos a falar de sete bancos, de um concurso público para escolha das entidades gestoras. Foi necessário cumprir todos os procedimentos de uma forma cla-ra”, afirmou à margem da cerimónia.O Estado tem como função estimular a existência de um clima de negócios que abra as portas ao investimento e criar um ambiente favorável para revigorar as empresas portuguesas. “É importante dar um contributo no sentido de revitalizar o tecido económico”, defendeu António Pires de Lima. Nesse sentido, o Programa Revitalizar, que envolve o Ministério da Economia, o Ministério das Finanças, o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social e o Ministério da Justiça, é um instrumento que visa dar às PME’s um novo fôlego neste momento crítico na economia portuguesa.

tRAtA-se de 220 milhões de euROs COmPARtiCiPAdOs PelO qRen e POR sete BAnCOsprOgraMa rEVITaLIZar

Como ter acesso aos Fundos?Os interessados deverão apre-sentar o seu plano de negócios e dossier de investimento à so-ciedade de capital de risco que gere o Fundo Revitalizar da sua região. Poderá ainda recorrer ao acompanhamento do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), podendo contactar esta entidade através dos centros de desenvolvimento empresarial presentes em várias zonas do país, da linha de infor-mação 808 201 201 ou através do email: [email protected].

quem é que se pode candida-tar aos Fundos Revitalizar?• Todas as PME que apresentem modelos de negócio sustentá-veis e que pretendam desenvol-ver estratégias de crescimento e expansão, incluindo aquelas que tenham saído de uma situ-ação de revitalização e que de-senvolvam a sua atividade nos seguintes setores: indústria, energia, comércio, transportes e logística, turismo, serviços e construção civil. • As PME em situação de dificul-dades financeiras só são elegí-veis no contexto destes fundos após um processo de reestrutu-ração no âmbito do Programa Es-pecial de Revitalização (PER),do Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial (SIREVE) ou outro.

informação útilA dotação financeira dos Fun-dos Revitalizar será garantida, em parcelas iguais, pelo QREN (COMPETE, POR Lisboa e PO Al-garve 21) e pelo sistema finan-ceiro, na base do acordo firmado entre o Ministério da Economia, as entidades gestoras do POFC/Compete e dos Programas Ope-racionais Regionais de Lisboa e do Algarve e 7 instituições ban-cárias (Caixa Geral de Depósitos, BPI, BES, Millenium BCP, BANIF, Montepio Geral e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo).

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Estão, finalmente, reunidas as condições do ponto de vista financeiro para apoiar as empresas que necessitem de ser capitalizada“

antónio pires de lima

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Os Fundos Revitalizar foram anuncia-dos há dezoito meses, mas só no final de agosto é que foram oficialmente lançados. São 220 milhões de euros disponibilizados a pequenas e mé-dias empresas. Na prática, e tendo em conta os setores considerados priori-tários, de que forma este mecanismo é fundamental para a economia por-tuguesa e para o tecido empresarial?O nosso tecido empresarial, nomeada-mente ao nível das PME, seja nas fases mais iniciais de atividade, seja nas fases de expansão, em geral ainda se debate com problemas de capitalização, gestão e organização e acesso ao mercado. Ins-trumentos à semelhança do Fundo Revi-talizar poderão ser fundamentais para suprir essas debilidades e potenciar o investimento, crescimento e o emprego, essenciais para superar a atual conjun-tura económica.

Quem se pode candidatar a este fun-do sul cuja sociedade gestora é a Ca-pital Criativo? Podem-se candidatar PME certificadas como tal pelo IAPMEI e que atuem, por exemplo, nos setores da indústria, ener-gia, comércio, transportes e logística, turismo e serviços e que se encontrem sedeadas nas regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve. O Fundo Revitalizar encontra--se dirigido para empresas que apresen-tem uma situação financeira sustentável mas necessitem de reforçar os seus ca-pitais próprios para financiar investi-mentos que potenciem o seu crescimen-to e expansão.

A Capital Criativo investe em que tipo de empresas? A Capital Criativo investe, preferencial-mente, em PME produtoras de bens e serviços transacionáveis com elevado potencial de crescimento. O modelo de negócio e a competência da equipa de gestão são igualmente determinantes para a concretização dos investimentos.

O que é preciso para empresas/empre-sários poderem beneficiar da capitali-zação de uma sociedade deste género?

Como foi referido, a Capital Criativo in-veste em PME com projetos de expansão sustentáveis e com equipas de gestão competentes. Para que esse investimen-to se concretize, os empresários têm de estar disponíveis para ter parceiros de negócio, nomeadamente através da par-tilha de algumas decisões estratégicas, sabendo também que a participação de uma sociedade de capital de risco será sempre temporária (entre 3-8 anos), fi-cando desde logo definido o momento a partir do qual se inicia o ciclo de desin-vestimento.

A Capital Criativo, juntamente com a Explorer Investments e a Oxy Capi-tal – SCR, são as capitais de risco que irão gerir os fundos de base regional que servirão de apoio às PME. Como receberam esta decisão? Com satisfação, pelo reconhecimento de mercado implícito nessa decisão, tendo em conta os critérios principais que determinaram a escolha no âmbito do concurso: independência e isenção da sociedade gestora, track-record e competências da equipa de gestão, ca-

“Os Fundos Revitalizar, enquanto instrumentos de financiamento (capitalização) e de partilha de risco, são relevantes alavancas para estimular o investimento empresarial, o crescimento dos negócios, a geração de emprego e em geral a produção de riqueza pelas PME nacionais”, afirma Gonçalo Gil Mata, Administrador da Capital Criativo, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Conheça as razões que levam a que este mecanismo, os Fundos Revitalizar, seja fundamental para potenciar o investimento.

ALAVANCAR O INVESTIMENTO EMPRESARIAL

pacidade de alavancar investimentos e conhecimento e acesso ao mercado.

Qual é a importância das sociedades gestoras, em particular nos Fundos Revitalizar?As sociedades gestoras, enquanto en-tidades responsáveis pela gestão dos fundos, são determinantes, de um modo independente dos investidores, no pro-cesso de originação e seleção de opor-tunidades de investimento, avaliação e concretização dessas mesmas oportuni-dades, acompanhamento da carteira de participações e preparação e execução dos desinvestimentos.

CAPitAl CRiAtivOprOgraMa rEVITaLIZar

o estado tem como função estimular a existência de um clima de negócios que abra as portas ao investimento. Com os Fundos Revitalizar, este ca-minho está a ser tomado?Sem dúvida. Os Fundos Revitali-zar, enquanto instrumentos de fi-nanciamento (capitalização) e de partilha de risco, são relevantes alavancas para estimular o inves-timento empresarial, o crescimen-to dos negócios, a geração de em-prego e em geral a produção de riqueza pelas PME nacionais.

“As sociedades gestoras, enquanto entidades responsá-veis pela gestão dos fundos, são determinantes, de um modo independente dos investidores, no processo de originação e seleção de oportunidades de investimento, avaliação e concretização dessas mesmas oportunida-des, acompanhamento da carteira de participações e preparação e execução dos desinvestimentos”

o fundo revitalizar encontra-se dirigido para empresas que apresentem uma situa-ção financeira sustentá-vel mas necessitem de reforçar os seus capitais próprios para financiar investimentos que poten-ciem o seu crescimento e expansão”

gonçalo gil mata

CAPITAL CRIATIVO - SCR, [email protected]

TEL. (+351) 21 356 98 00 - fAx. (+351) 21 356 98 09

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No final de agosto foram desbloque-ados os fundos do Programa Revi-talizar, no valor de 220 milhões de euros. Qual a importância destes fundos para as Pequenas e Médias empresas? De que forma o programa é fundamental ao tecido empresarial e à economia nacional?Estes fundos são importantes para as PME porque fornecem uma alternativa às fontes de financiamento tradicionais. Um dos principais impactos da crise que vivemos foi uma alteração significati-va do panorama de financiamento das Empresas Portuguesas. Se no passado o crédito bancário era a alternativa de eleição para as empresas prosseguirem os seus projetos de investimento hoje em dia não é tanto assim. Aquilo a que temos assistido, e que entendemos ser um retrato fiável da generalidade das PMEs, é que o crédito bancário diminuiu e o nível de remuneração e garantias exigido aumentou. É aqui que entram os Fundos Revitalizar, na medida em que fornecem uma alter-nativa de financiamento ajustada às ne-cessidades das Empresas e dos projetos de investimento, investindo nas Empre-sas através de instrumentos de Capital Próprio ou semelhantes. Isto quer dizer que não existem garantias e a remunera-ção do investimento está totalmente ali-nhada com as características do projeto. Portanto, quando falamos de Fundos Revitalizar estamos também a falar na recapitalização do tecido Empresarial Português.

Qual o papel da Pequenas e Média empresas no relançar da economia nacional? Estas poderão ser o motor de alavancagem da economia do país? As PME são fundamentais no relança-mento da economia nacional. Apesar dos números do INE serem referentes a 2008 estamos convencidos que, no es-sencial, as PME permanecem responsá-veis pela maior parte da produção e do emprego nacional. Portanto podemos afirmar, com algum grau de segurança, que a saúde das PME tem um impacto direto na situação económica do País. Aquilo a que temos assistido é de algu-ma forma encorajador na medida em que verificamos uma alteração do pa-radigma das Empresas Portuguesas. Se no passado existia uma dependência muito grande do mercado nacional, hoje

em dia as Empresas estão plenamente conscientes da importância dos merca-dos externos e da necessidade de serem competitivas na economia global.

Passados dois meses do Programa Revitalizar ter sido criado já mais de 60 PMES se tinham candidatado aos fundos. Passado mais de um ano, em quanto ascendeu esse valor? Como é que é feita a seleção das empresas a apoiar?Falando apenas do Fundo Revitalizar Norte, desde novembro do ano passado foram analisadas mais de 90 oportuni-dades de investimento. A seleção das empresas começa com a verificação das condições de elegibili-dade. Se estas estiverem reunidas então iniciamos uma análise mais extensa que pode resultar na apresentação de uma proposta de investimento. De forma resumida o espirito da análise efetua-da pretende identificar as barreiras à entrada, as vantagens competitivas e os riscos dos projetos e traduzi-los numa estimativa daquilo que será o seu poten-cial de libertação de fluxos de caixa.

Quais são os setores prioritários para o Programa Revitalizar?Novamente, falando apenas do Fundo Revitalizar Norte, não existem setores prioritários. Porém, existe um regula-mento de gestão que exclui do âmbito de atuação do Fundo alguns setores eco-

No sentido de promover a revitalização do tecido empresarial luso, foram lançados os fundos Revitalizar. Trata-se de 220 milhões de euros que serão disponibilizados a pequenas e médias empresas no sentido de apoiar as empresas que necessitem de ser capitalizadas. Serão três as entidades gestoras que vão gerir os fundos Revitalizar, divididas por zonas geográficas do país. A Revista Pontos de Vista conversou com Ana Leite, Partner Special Funds da Explorer Investments, entidade que ficará com os fundos da região Norte, no valor de 80 milhões. Saiba mais de um mecanismo essencial para a promoção do universo empresarial português.

“OS FUNDOS REVITALIzARSÃO IMPORTANTES PARA AS PME”

nómicos. Nomeadamente, as atividades relacionadas com a produção agrícola, produção animal, pesca, promoção imo-biliária, entre outras.

Uma vez que será uma das sociedades gestoras dos fundos de base regional, o que é que podemos esperar da Ex-plorer Investments a este nível? Que mensagem quer deixar as empresas que tenham interesse em candidatar--se a este Programa?Os empresários do Norte podem espe-rar da Explorer aquilo que nos tornou, ao longo de mais de 10 anos de ativi-dade, numa das referências do setor do capital de risco nacional. Ou seja, um conjunto de profissionais com elevada competência técnica, vasta experiência acumulada nos mais diversos setores e conhecimento profundo daquilo que são as empresas e as necessidades dos empresários. É importante que os em-presários apresentem apropriadamente os projetos de investimento. Para isso é fundamental a existência de um plano de negócios bem estruturado e funda-mentado que identifique as vantagens e riscos do negócio.

As decisões tomadas pelo governo têm ido no sentido de criar um clima de negócios que abra as portas ao inves-timento? Fundos como o Revitalizar estão em linha com essa estratégia?Claramente. Aliás, os fundos Revitali-

zar, financiados nomeadamente pelo FEDER, pelo QREN e pelo COMPE-TE, são, em si, são um mecanismo de inves¬timento uma vez que estão, in-teiramente, direccionados para apoiar projetos de ex¬pansão e modernização Empresarial atra¬vés do reforço dos capitais próprios das PME nacionais. Adicionalmente, o carac¬ter regional dos fundos irá beneficiar não só os seus destinatários mas todas as en¬tidades relacionadas. Portanto, existe, no nosso entender, um efeito multiplicador desta política que não pode ser ignorado.

De que forma a Explorer Investments é capaz de acrescentar valor às em-presas em que participa? De que for-ma se processa este envolvimento?A Explorer acrescenta valor às empre-sas em que participa através do seu envolvimento e acompanhamento no dia-a-dia das empresas participadas, em particular, prestando apoio na definição da estratégia da empresa, promoção da expansão da atividade, sobretudo nos mercados internacionais, na seleção, análise, financiamento e concretização de aquisições/fusões de empresas (buy & build), reforçando a equipa de gestão intermédia e de topo, assessorando no desenvolvimento e implementação de um plano de negócios, otimização da estrutura financeira e consolidação das práticas de planeamento e de controlo de gestão.

exPlOReR investmentsprOgraMa rEVITaLIZar

26 ana leite

é importante que os empresários apresentem apropriadamente os pro-jetos de investimento. para isso é fundamental a existência de um plano de negócios bem estru-turado e fundamentado que identifique as vanta-gens e riscos do negócio

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Pontos de Vista Outubro 2013

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A OxyCapital ficou responsável pelo Fundo Revitalizar da zona Centro. Es-tes fundos foram agora disponibiliza-dos. O que é que espera dos próximos tempos no âmbito da gestão deste instrumento destinado à capitaliza-ção das PME’s com planos de negócio viáveis? Qual vai ser no fundo o papel das entidades gestoras nesta matéria?A nossa expectativa é que os fundos canalizados para as PME beneficiárias, numa lógica de partilha de risco com os empresários, permitam às empresas al-cançar os níveis de liquidez necessários para o apoio a projetos de expansão, inovação e modernização, que se en-contram restringidos, nomeadamente, pelas dificuldades de acesso a financia-mento, uma situação que afeta particu-larmente este segmento empresarial. As entidades gestoras assumirão um pa-pel ativo na gestão destes instrumentos, no sentido de apoiar projetos que apre-sentem viabilidade e promover a profis-sionalização da gestão das empresas fi-nanciadas, de modo a potenciar a criação de emprego e a recuperação da economia.

Na OxyCapital estão já a analisar pla-nos de viabilização de empresas que se tenham candidatado a este fundo? Quando é que as primeiras empresas irão começar a beneficiar dos Fundos Revitalizar? Nesta fase a OxyCapital encontra-se muito ativa na identificação e análise de diversos projetos para o Fundo Revita-lizar, esperando que se comecem a rea-lizar os primeiros investimentos já nas próximas semanas.

As PME’s são as empresas mais afeta-das pela redução do acesso ao crédito. Neste contexto, este fundo era essen-cial ao tecido empresarial português?

De que forma acredita que o mesmo se irá refletir na economia nacional?Num contexto de escassez de fontes de financiamento tradicionais, conjugada com o reduzido nível de capitalização habitualmente registado pelas PME’s, este tipo de instrumentos surge como uma alternativa sólida para estas em-presas financiarem projetos de investi-mento fundamentais para o desenvolvi-mento da sua atividade. De referir que o capital investido tem um efeito mul-tiplicativo, apoiando não só a empresa alvo do investimento mas também as suas fornecedoras diretas ou indiretas e

O papel do Estado na Economia deve ser o de potenciar a existência de um clima de negócios favorável ao investimento, que seja gerador de riqueza, gerador de valor e de emprego. Foi neste panorama que foram lançados os Fundos Revitalizar, destinados à recapitalização de PME’s com planos de negócios viáveis. A Revista Pontos de Vista conversou com Luís Quaresma, Administrador da OxyCapital, sociedade que ficou responsável pelo Fundo Revitalizar da zona Centro, que nos deu a conhecer as expectativas existentes para este mecanismo, e que representará uma alavanca para a economia portuguesa.

PONTO DE PARTIDADE CAPITALIzAÇÃO DAS EMPRESAS

as próprias pequenas empresas da eco-nomia local, através do aumento do ren-dimento disponível dos trabalhadores. Assim, acreditamos que estes fundos poderão apoiar direta e indiretamente um alargado número de empresas de diversos setores e dimensões.

Quais os maiores desafios que as PME’s têm que enfrentar na atual conjuntura e quais os principais obstáculos ao in-vestimento por parte das mesmas?Um dos maiores desafios que as PME’s enfrentam atualmente é o de serem ca-pazes de se reorientar estrategicamente

e apostar em mercados em crescimen-to e onde sejam competitivas. Um dos principais obstáculos, se não mesmo o principal, ao investimento das PME é de facto a dificuldade de acesso a fontes de financiamento em condições adequadas aos seus projetos.

Qual o papel do capital de risco no âmbito dos processos de reestrutura-ção e reorganização empresarial?O capital de risco poderá contribuir de várias formas para a recuperação do tecido económico. Por um lado, existem fundos de capital de risco essencialmen-te vocacionados para a reestruturação financeira de PME’s com modelos de negócio viáveis, mas que se encontram sobrealavancadas, que se tornam essen-ciais por possibilitarem um saneamento financeiro em conjunto com uma rees-truturação operacional que permitam a sobrevivência daquelas empresas. Por outro lado, existem fundos de capi-tal de risco, como o caso dos Fundos Re-vitalizar, que proporcionam liquidez a empresas com uma situação financeira equilibrada, nomeadamente após pro-cessos de saneamento financeiro, dispo-nibilizando aos promotores a liberdade financeira para a prossecução de estra-tégias de criação de valor sustentáveis.

Como é ser uma sociedade de capital de risco na atual conjuntura?A atual conjuntura coloca desafios im-portantes para uma sociedade de capital de risco, cuja missão deve ser a de pres-tar um serviço de excelência na alocação de capital, não só através da identifica-ção e seleção de projetos com potencial, como também na definição e implemen-tação de soluções de financiamento que permitam ir ao encontro das necessida-des do tecido empresarial.

OxYCAPitAlprOgraMa rEVITaLIZar

luís quaresma

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Enquanto entidade repre-sentativa dos analistas financeiros portugueses, a APAF (Associação Portu-guesa de Analistas Finan-ceiros) congrega profis-sionais que desempenham atividades bastante distin-

tas. Tanto podemos estar a falar de um analista financeiro dito clássico como do membro de uma direção financeira ou mesmo de um académico. Ao longo dos últimos trinta anos, a associação dá voz aos interesses deste setor, aumentando a visibilidade e a representatividade dos mais de 400 associados. Para Raul Marques, Presidente da APAF, o objetivo é simples: “ligar os analistas entre si o melhor possível, dar-lhes mais qualifi-cações, através da realização de eventos a nível nacional e internacional e, so-

bretudo, criar uma espécie de via verde para que os profissionais portugueses possam desenvolver a sua profissão de uma forma mais fácil e imediata noutros mercados”.A nível europeu, a APAF encontra-se inserida na Federação Europeia das Associações de Analistas Financeiros (EFFAS), uma entidade onde estão re-presentados profissionais de mais deza-nove países e na qual desempenha um papel ativo através da participação em várias comissões especializadas. Mais recentemente, a Associação tornou-se membro de uma organização de am-plitude mais internacional, a ACIIA. Em breve, esta presença proporcionará aos profissionais portugueses o acesso à certificação CIIA (Certified Internatio-nal Investment Analyst), atualmente detida por mais de 45 mil profissionais

Gestores e Quadros técnicos superiores de bancos, Sociedades Corretoras e Financeiras de Corretagem, Fundos de Investimento, Socie-dades Gestoras de Patrimónios, Companhias de Seguros, Membros da Direção Financeira ou Administradores de Empresas, Docentes Universitários, entre muitos outros profissionais. Desde 1984 que a APAF tem representado todos os que têm como atividade a realização de análises financeiras e estejam envolvidos no Sistema Financeiro Português.

A IMPORTâNCIA ESTRATéGICADO MERCADO DE CAPITAIS

em todo o Mundo. Com estas parcerias com entidades europeias e mundiais, a APAF tem procurado qualificar os seus membros com o melhor conhecimento possível, através de um contacto direto com profissionais do mesmo setor. Esta troca de experiências é crucial, sobre-tudo num momento em que o mundo tem sofrido mudanças avassaladoras que colocam em destaque a função e a importância da análise financeira e dos profissionais que lhe dão voz.

APOSTA NA fORMAÇãO “Nada é mais importante do que melho-rar os níveis de qualificação das pesso-as, envolvê-las em eventos, dar-lhes a conhecer outros trabalhos, artigos, mes-trados, dissertações. Tudo isto contri-buirá para uma maior visibilidade e re-presentatividade da profissão”, afirmou Raul Marques. Assim, destacam-se as pós-graduações em Análise Financeira, promovidas pela APAF, em parceria com a EGP – University of Porto Business School no Porto e o IDEFE (Instituto para o Desenvolvimento e Estudos Eco-nómicos, Financeiros e Empresariais), em Lisboa. Através da formação de cer-ca de 900 pós-graduados até à presente data, a APAF tem dado um forte contri-buto à melhoria e reforço das qualifica-ções destes profissionais. Formação e qualificação são, por isso, as principais pedras de toque da atuação desta enti-dade, estando ainda em cima da mesa a possibilidade de alargarem estas forma-ções aos países lusófonos.

MERCADO DE CAPITAIS:QuE DESAfIOS?

Com as crises sucessivas que foram sur-gindo, o sistema financeiro português, com especial ênfase para os bancos, en-frenta grandes desafios. Apesar de tudo, os mercados de capitais continuam a desempenhar um papel ativo e insubsti-tuível no desenvolvimento económico e social. A APAF quer continuar a dar uma tónica especial à importância estratégi-ca do mercado de capitais para Portugal, para o financiamento das empresas e do crescimento. “O financiamento bancá-rio na Europa Continental tem um peso percentual muito superior ao que se ve-rifica nos EUA”, explicou Raul Marques. De facto, enquanto os Bancos da Zona Euro contribuem para mais de 90 por cento do financiamento das empresas, nos EUA as instituições bancárias forne-

cem 25 a 30 por cento do financiamento empresarial. O restante valor chega dos mercados de capitais. É por isso crucial encontrar mecanismos complementares para financiar as economias. Aí importa ter uma visão direcionada para a “im-portância do mercado de capitais, das várias profissões que estão envolvidas, entre as quais estão, claro, os analistas financeiros”, concluiu Raul Marques.

APAf - AssOCiAçãO PORtuguesA de AnAlistAs finAnCeiROsSOLICITADOR “AGENTE DE

EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

Comemorações de três déca-das de existência“Em princípio, teremos um even-to no primeiro trimestre que irá juntar várias atividades e profis-sões que estão ligadas ao merca-do de capitais e à análise finan-ceira. Queremos ainda dar um especial destaque às cerimónias de atribuição dos diplomas aos pós-graduados e, eventualmente, estudaremos algo que celebre os diplomados em anos anteriores”, explicou Raul Marques.

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raul marques

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Com o início da atividade em 1987 e a criação da empresa em 1995, como avaliam a forma como exercem o vos-so trabalho e o percurso da empresa?Sempre apostámos no trabalho em equi-pa multidisciplinar e na diversificação do tipo de projetos, o que nos permite “con-tinuar em jogo” mas também nos exige maior versatilidade e amplitude de conhe-cimentos. Da participação em concursos, resultaram todos os nossos projetos para a administração central e regional: Planos de Pormenor, várias Escolas e diversos edifícios municipais. Com os privados, o mérito também se constrói com o teste-munho dos projetos concretizados, em-bora de uma forma mais gradual. É indis-pensável uma boa relação com o cliente para compreendermos os seus objetivos, merecer a sua confiança e obter soluções consensuais. Aprendemos que os clientes não necessitam apenas dos projetos, mas também de quem os conduza e apoie nos meandros do processo de licenciamento. Enquanto não se verificar uma efetiva desburocratização do sistema, o apoio da equipa projetista nessa fase é fundamen-tal para estabelecer consensos e resolver as dificuldades que possam surgir. O turismo e a habitação marcam pre-sença constante no nosso trajeto, com projetos de Norte a Sul do País, em es-pecial na reabilitação e requalificação, na adaptação de casas rurais para tu-rismo ou habitação, e em processos de reclassificação de unidades hoteleiras. O urbanismo também ocupa um lugar im-portante, com numerosos Loteamentos e ainda reconversões de “Áreas Urbanas de Génese Ilegal”, processos em que pos-suímos vasta experiência.Realizámos ainda projetos de Estrutu-ras Desportivas, Edifícios Industriais e, recentemente, vários trabalhos na área dos Equipamentos de Apoio Social (la-res, ATL’s...) e Centros de Formação Pro-fissional.

Em que consistem os serviços “HOTEL UPgrade” e “HOME UPgrade” e quais as principais diferenças entre eles?O “HOTEL & HOME Upgrade” consiste num conjunto de serviços de aconse-lhamento e apoio técnico, em que de-senvolvemos serviços específicos para a hotelaria (HOTEL UPgrade) e para a habitação (HOME UPgrade). Pelos nu-merosos contactos já estabelecidos, po-demos afirmar que este projeto excedeu as nossas melhores espectativas, confir-mando que estamos no caminho certo! O “HOTEL UPGRADE” visa o apoio na requalificação, ampliação ou reformula-ção de unidades ou conjuntos turísticos,

A “Pedro de Almeida Carvalho, Arquitecto, LDA” é uma empresa que atua na área da arquitetura, urbanismo e engenharia, através de uma equipa multidisciplinar, capaz de responder a todas as áreas de projeto, nas diversas fases e níveis de complexidade. Atualmente, a grande aposta da empresa tem sido o serviço de consultoria que presta, específicos para a hotelaria e para a habitação - “Hotel & Home Upgrade”. “No curto e médio prazo a aposta é na reabilitação e requalificação, principalmente na habitação mas também na hotelaria. Esta opção tem vindo a ser crescentemente valorizada pelos proprietários com resultados bastante positivos, especialmente quando potenciados com uma diversificação e inovação da oferta”, afirma Pedro de Almeida Carvalho. Saiba mais sobre o projeto, através desta entrevista ao Arquiteto e Sócio Gerente da firma.

HOTELARIA E HAbITAÇÃO: APOSTAR NA REAbILITAÇÃOE REQUALIFICAÇÃO COM A “HOTEL & HOME UPGRADE”

de Hotéis a Turismo Rural, de Alojamen-to Local à restauração. As últimas alte-rações à legislação obrigam à atualiza-ção e adaptação dos estabelecimentos hoteleiros existentes. Nas pequenas e médias unidades esse processo tem sido mais lento, pelo que os nossos serviços são especialmente orientados para es-sas situações.O “HOME UPGRADE” visa intervenções simples em apartamentos, moradias e condomínios: alterações do interior, adaptações para pessoas com mobilida-de condicionada, obtenção de licenças, conversão em propriedade horizontal, certificação energética...Em ambos os serviços, é realizada uma avaliação prévia no local, para dimen-sionar a nossa intervenção.No HOTEL UPGRADE, a avaliação prévia inclui a apresentação de um Relatório, in-dicando os procedimentos necessários à resolução das deficiências detetadas, me-didas para melhorar a atividade e possi-bilidades de apoio financeiro. A avaliação prévia e Relatório não envolvem custos para o proprietário ou entidade gestora. Caso decidam concretizar as medidas propostas, podemos acompanhá-los nes-se processo em condições a definir.Para informações pormenorizadas so-bre os serviços, consultar o nosso web-site (www.pacarq.com).

Porque decidiram entrar na área da consultoria? Foi percecionada uma lacuna de mercado ou foi como alter-nativa, num mercado em que é prin-cipalmente ao nível da requalificação que continua a existir trabalho?É o resultado coerente de um percurso onde aplicávamos espontaneamente esses princípios: na coordenação da equipa e das especialidades, no acompanhamento e aconselhamento dos clientes junto das entidades, nas obras. Os projetos de reabi-litação e requalificação - especialmente na área da hotelaria e da habitação – foram uma aposta constante na nossa atividade: tínhamos a experiência, o conhecimento, as pessoas certas e os meios para atingir os nossos objetivos. O que fizemos foi or-ganizar esse conjunto de competências e serviços e apresentá-los de forma mais direta e vincada, para transmitir a nossa mensagem com mais eficácia. No curto e médio prazo a aposta é na rea-bilitação e requalificação, principalmen-te na habitação mas também na hotela-ria. Esta opção tem vindo a ser valorizada pelos proprietários com resultados bas-tante positivos, especialmente quando potenciados com uma diversificação e inovação da oferta. No setor do turismo, prevê-se que seja um dos poucos vetores que poderá beneficiar de apoio financei-ro nos próximos anos.

em destAque O PROJeCtO “hOtel & hOme uPgRAde” dA “PedRO de AlmeidA CARvAlhO, ARquiteCtO, ldA” Pontos de Vista Outubro 2013

CONSULTOR - ARQUITETURAE ENgENharIa

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pedro de almeida carvalho

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De que forma as novas regras para a ação executiva se refletem no seu trabalho diário? Quais as principais alterações que serão introduzidas ao mesmo?Refletem-se de uma forma bastante acentuada, considerando o fato das al-terações se aplicarem a todos os proces-sos pendentes, tendo assim um efeito retroativo, e não somente aos processos intentados posteriormente à entrada em vigor da Lei 41/2013, de 26 de junho. Requerendo assim uma adaptabilidade extrema, num curto espaço de tempo, para que sejam modificados os proce-dimentos nos vários processos, sem que tal prejudique ou lese alguma das partes.

Continuar a falar em “solicitadores” é um erro? A solicitadoria de execução deixa de existir para dar lugar ape-nas aos agentes de execução?Diria que é um erro grave. Desde a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 226/2008, de 20/11, que procedeu a alterações no Estatuto da Câmara dos Solicitadores, que o denominado “solici-tador de execução” passou a “agente de execução”, isto porque o exercício de tais funções deixou de ser um exclusivo dos solicitadores para abarcar igualmente os advogados e, como tal, preenchendo os requisitos de inscrição, estes dois profissionais poderão exercer a profis-são que anteriormente era de exclusivo acesso aos solicitadores.

A nova lei atribui mais poderes ao agente de execução?Define o artigo 719.º do Código de Pro-cesso Civil quais as competências que se encontram adstritas ao agente de exe-cução. De uma análise geral, verifica-se que existe a perda de algumas compe-tências, com este novo código, nome-adamente no que respeita à análise do requerimento executivo nos processos ordinários e o requerimento de redução da penhora, por parte do executado, são

Luís Sequeira Fernandes, licenciado em Solicitadoria pela Câmara dos Solicitadores, e em Marketing pelo Instituto Superior INP, em con-versa à Revista Pontos de Vista, explica as novas regras para a ação executiva e os principais desafios que se irão colocar com este novo regime. Uma entrevista elucidativa que tira margens para dúvidas relativamente a esta questão. Para o mesmo, “poderá, de facto, existir uma resposta mais célere aos processos pendentes, contudo tal não significa que se atinga o propósito inerente ao processo executivo”.

“OS AGENTES DE ExECUÇÃODEVERÃO TER UMA ORDEM PRóPRIA”

alguns dos casos que deixam de constar das competências atribuídas ao agente de execução e passam para a esfera de atuação do Juiz.

Quais os principais desafios que vão, no seu entender, impor-se à ação exe-cutiva com o novo regime?É de realçar a matéria inerente às penhoras de vencimento, conside-rando que por força do disposto no artigo 779.º do Código de Processo Civil, existindo somente a penhora de vencimento, depois de cumpridos os formalismos legais, o agente de execu-ção notifica a entidade patronal para a adjudicar as quantias à exequente, extinguindo-se a execução. Extinguin-do-se a execução, a questão coloca-se no montante do cálculo dos juros que são devidos à exequente, considerando que, na grande parte dos casos, os exe-cutados não descontam mensalmente um valor fixo, mas sim variável, em função do vencimento disponível para ser penhorado, pelo que não é possí-

vel proceder a uma liquidação correta aquando da notificação à entidade pa-tronal.

Qual a sua opinião relativamente a esta reforma da ação executiva? Com este novo código acredita que se con-seguirá efetivamente uma resposta mais célere aos inúmeros processos executivos pendentes?Poderá, de facto, existir uma resposta mais célere aos processos pendentes, contudo tal não significa que se atinga o propósito inerente ao processo exe-cutivo.

A dificuldade na cobrança de dívi-das é uma das causas para a elevada percentagem de pendências nos tri-bunais. A agilização da penhora das contas bancárias nos processos de cobrança de dívidas parece-lhe, como tal, uma medida positiva?Sim, é uma medida positiva que poderá originar uma recuperação célere de um bem que facilmente pode ser dissipado.

entRevistA AO sOliCitAdOR luís sequeiRA feRnAndes nO âmBitO dO nOvO Regime PARA A AçãO exeCutivA

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Desde a entrada em vigor do Decreto--lei n.º 226/2008, de 20/11, que procedeu a alterações no estatuto da câmara dos solicitadores, que o de-nominado “solicitador de execução” passou a “agente de execução”, isto porque o exercício de tais funções deixou de ser um exclusivo dos solici-tadores para abarcar igualmente os advogados e, como tal, preenchendo os requisitos de inscrição, estes dois profissionais poderão exercer a profis-são que anteriormente era de exclusivo acesso aos solicitadores

luís sequeira fernandes

“A falta de disponibilização eletrónica para a penhora dos saldos tem originado uma “para-gem” de todos os processos, resultando numa possível dissipação de património dos execu-tados e consequentemente prejudicando, em muito, aqueles que pretendem ver ressarcido o seu crédito”

SOLICITADOR “AGENTE DEEXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

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Pontos de Vista Outubro 2013

A comunicação entre os agentes de execução e as instituições finan-ceiras vai passar a ser feita por via eletrónica. Na sua opinião, as insti-tuições financeiras estão prepara-das para isso? Terão que ser feitas adaptações aos sistemas informáti-cos dos bancos para permitir a con-cretização da medida?Importa referir que, na presente data, ainda não é possível efetuar qualquer tipo de penhora bancária, por o sistema de suporte à atividade dos agentes de execução (SISAAE) não permitir o pedi-do de informação eletrónico. Não exis-tindo sequer perspetiva para a resolução do problema em questão. A falta de dis-ponibilização eletrónica para a penhora dos saldos tem originado uma “para-gem” de todos os processos, resultando numa possível dissipação de património dos executados e consequentemente prejudicando, em muito, aqueles que pretendem ver ressarcido o seu crédito. Sendo certo que eram necessárias alte-rações aos vários sistemas informáticos, as mesmas deveriam ter sido realizadas antes da entrada em vigor do novo có-digo e não posteriormente, sob pena, como atualmente acontece, de não ser possível aplicar a lei, causando graves prejuízos às partes.

João Correia, coordenador do gru-po de trabalho para a reforma deste Código, referiu numa entrevista que “o que se pretende é ver reconheci-da na função de agente de execução uma atividade deontologicamente ir-repreensível e não um modo de vida residual que a Câmara dos Solicitado-res alcançou por via de negociações privilegiadas com o poder político”. Que comentários lhe merece esta acusação?Não entendo o alcance de tal afirmação, considerando que já anteriormente a atividade de um agente de execução de-veria ser deontologicamente irrepreen-sível, sob pena de eventuais infrações disciplinares, originando as devidas sanções.No entanto os Agentes de Execução e penso que seja isso a que João Cor-reia se refere, deverão ter uma ordem própria, estatutos próprios e não estar inseridos na Câmara dos Solicitadores como uma especialidade sem qualquer funcionalidade intrínseca à sua própria natureza profissional. Não nos esque-çamos que os agentes de execução são agora os solicitadores e os advogados que tiraram este curso específico, e como tal, deveriam integrar uma or-dem própria.

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por força do disposto no artigo 779.º do código de processo civil, existindo somente a penhora de vencimento, depois de cum-pridos os formalismos legais, o agente de execução notifica a entidade patronal para a adjudicar as quantias à exequente, extin-guindo-se a execução

“Define o artigo 719.º do Código de Processo Civil quais as competências que se encon-tram adstritas ao agente de execução. de uma análise geral, verifica-se que existe a perda de algumas competências, com este novo código, nomeadamente no que respeita à análise do requerimento executivo nos processos ordiná-rios e o requerimento de redução da penhora, por parte do executado, são alguns dos casos que deixam de constar das competências atri-buídas ao agente de execução e passam para a esfera de atuação do Juiz”

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Por associação entende-se toda e qualquer inicia-tiva formal ou informal que reúne pessoas físi-cas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando supe-rar dificuldades e gerar

benefícios para os seus associados. No fundo, trata-se de uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de interesses comuns.Com vários anos de experiência no meio empresarial, Armando Marques desde cedo constatou que um dos principais entraves ao desenvolvimento das em-

presas são as constantes disputas entre os diferentes players. Estas, como é de esperar, obrigam a reduções nos valores praticados que, muitas vezes, levam a que a rentabilidade das empresas se tor-ne nula e isso resulte em processos de insolvência para as mesmas. Na perspe-tiva de Armando Marques, este final tão pouco feliz pode ser evitado através da união de forças.“O nosso objetivo é juntar os empre-sários sobre a mesma alçada, numa sociedade comum, e tirar-lhe o vício de julgarem que se o vizinho está a fa-bricar algo e isso lhe corre bem, então terá que fabricar também, o que leva a

Não restam dúvidas de que a cooperação entre empresas constitui uma forma de torná-las mais competitivas num mercado em que as guerras e disputas entre as mesmas predominam. Através das parcerias é possível fortalecer a capacidade de investimento, partilhar recursos, combinar competências, dividir os gastos associados à investigação, partilhar riscos e, naturalmente, oferecer produtos e ser-viços com qualidade superior e diversificada. Este facto não passou despercebido a Armando Marques, Solicitador com mais de 30 anos de experiência no apoio à gestão de empresas, nas áreas de fiscalidade e negociação internacional. Fique a conhecer o seu projeto mais recente, que promete unir as empresas num fim comum e irá mostrar ao tecido empresarial que mais importante do que competir é unir forças e cooperar.

“NÃO é POSSÍVEL VIVERMOS TODOS VOLTADOS DE COSTAS UNS PARA OS OUTROS”

que geralmente acabem os dois a guer-rilhar, a baixar os preços e, por fim, em processos de insolvência. Em vez disso, têm de perceber que o melhor é fabricar alguma coisa que complemente aquilo que o vizinho fabrica para que os dois juntos consigam colocar os seus produ-tos nos mercado externos, aumentar as exportações e retirar vantagens mútu-as”, afirma.

“AJuDAMO-LAS A CRIARAPOIO fINANCEIRO”

Para o efeito, será criada e terá sede em Gondomar a Trusting Consultancy and Business, que Armando Marques

define como “uma cooperação de em-presas de boa vontade”, a qual juntará um grupo de empresas de diferentes áreas (gestão, contabilidade, marke-ting, formação, internacionalização, preparação e gestão de projetos, entre outras), das quais possam advir com-plementaridade de atividades. Dentro desta cooperação, em tudo semelhante a uma joint venture, os empresários de áreas tão díspares como a metalur-gia ou o calçado poderão trocar ideias, mas, mais do que isso, os trabalhos que surgirem para cada uma das áreas em questão será atribuída à empresa asso-ciada cuja atividade seja essa.

ARmAndO mARques, sOliCitAdOR, AleRtA

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armando marques e sérgio martins

SOLICITADOR “AGENTE DEEXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

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Pontos de Vista Outubro 2013

Com uma equipa composta por profis-sionais de áreas distintas, com inúmeros contactos além-fronteiras e uma grande vontade de apoiar as empresas nacio-nais, o trabalho dos empresários fica, desta forma, facilitado. “Criamos pare-cerias, coordenamo-las enquadramo-las, e ajudamos os empresários no sentido de estes encontrarem mais e melhores oportunidades e de conseguirem impor--se com dimensão no mercado. Para além disso ajudamo-las a criar apoio financei-ro”, explica Armando Marques.Numa altura em que a banca corta cada vez mais nos apoios dados às empresas e estas, por norma, não têm um fundo de maneio que lhes permita investir sem aquele apoio, as empresas nacionais não têm, na sua maioria, capacidade de com-petir na economia mundializada. Esse flagelo é umas principais problemáticas que se pretende contornar com esta as-sociação.“De um momento para o outro, a banca cortou de forma infame com os apoios económicos. O que nós queremos é criar nos associados a ideia do mutualismo, através da criação de pequenas reservas 33

“Criamos parecerias, coordenamo-las enquadramo-las, e ajudamos os empre-sários no sentido de estes encontrarem mais e melhores oportunidades e de conseguirem impor-se com dimensão no mercado. Para além disso ajudamo-las a criar apoio financeiro”

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no agrupamento. De que forma? Um pe-queno valor da faturação das empresas, que à partida poderá ser dez por cento, que lhe continua a pertencer em exclusi-vo e será agregado ao fundo de garantia. Desses dez por cento, apenas um por cento constituirá a receita da sociedade que pertence em capital igual a todas as partes. Quando as empresas se diri-girem à banca para pedir um emprésti-mo, irão com o apoio de integrarem uma “organização de cúpula”, com técnicos e gestores especializados. As empre-sas podem ter uma dimensão pequena, mas, pelo facto de estarem associadas a um tal agrupamento com uma dimen-são completamente diferente, com uma carta de conforto da organização de garantia mútua que tem um escalão de garantia bastante superior, o acesso ao crédito torna-se então muito mais fácil. De outra forma, a banca atualmente não apoia e esse é o principal entrave ao desenvolvimento! Para além disso, têm ainda uma estrutura jurídica e técnica forte a apoiá-las, constituída por uma sociedade de juristas, entre todos os ou-tros especialistas”, afirma.

«SãO AS PEQuENAS E MÉDIAS EMPRESAS QuE ESTãO ASEguRAR O NOSSO PAíS»

Nesta entrevista, Armando Marques aproveitou para elogiar os pequenos e médios empresários nacionais que, segundo o mesmo, são os únicos que fazem haver pequenos focos de cresci-mento, o país mexer e as exportações aumentarem. No entanto, apesar disso, continuam a ser também os mais ataca-dos por uma banca que não empresta e uma fiscalidade cada vez mais dura.“São as pequenas e médias empresas que estão a segurar o nosso país nos úl-timos anos através das exportações. Se não fossem elas, já tínhamos chegado definitivamente a uma situação dramá-tica como a Grécia ou pior. Todo o cres-cimento de exportações que o governo apregoa vêm destas empresas e esses vestígios de crescimento existem pelo esforço de centenas de pequenos e mé-dios empresários que vão para casa de-sesperados a pensar se no final do mês irão pagar os ordenados, o IVA ou a ren-

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ARmAndO mARques, sOliCitAdOR, AleRtA

Os solicitadores sempre foram pessoas práticas, trabalhado-ras, organizadas e úteis no seu desempenho. As instalações inauguradas no passado dia 21 de setembro, em S. Cosme, Gon-domar, além de todo o leque de serviços de solicitadoria e que oferecem uma garantia extra de seriedade e organizada, vão ser a sede desta ideia e assessorar todas as empresas associadas a esta iniciativa.

da ao senhorio, optando geralmente por pagar os ordenados à custa de ficarem depois sem a sua própria casa”, afirma.Armando Marques vai mais longe e não poupa críticas ao sistema fiscal portu-guês. “Governo, banca e empresários estão, neste momento, cingidos a uma única entidade esforçada que é o em-presário. Todos os outros não cumprem as regras e é impossível o nosso país aguentar-se assim. Vivemos uma guer-ra económica mundial e a prepotência fiscal, que é talvez a única área da Ad-ministração Pública em que o cidadão é

considerado culpado até prova em con-trário, invertendo o principio do direito português de que todos são inocentes até que se prove o contrário”.Em breve, certamente, ouviremos falar mais desta associação de empresários que constitui um bom exemplo de como somos mais fortes unidos do que a com-petir e a lutar individualmente. As ins-talações foram inauguradas no passado dia 21 de setembro, em S. Cosme, Gon-domar, e entre os parceiros já definidos encontram-se as empresárias Ana Pinto Silva (Ecovariante), Elisabete Melo Cou-

tinho (Koser International), bem como José Augusto Teixeira (JAT Consulting), entre outros. A localização não é também um mero acaso. “O norte do país sempre foi muito avesso a associações e esta mentalidade tem que mudar - para isso, precisamos saber fazê-la mudar e acabar com os medos dos nossos empresários. Nesta época, não é possível vivermos todos voltados de costas uns para os outros e a acusar os outros dos problemas, ao invés de nos juntarmos para os resolver. Muito menos num país em que, sempre que existe alguma iniciativa com pés para andar, a primeira coisa que surge é alguém ou alguma força para a destruir. O meu grande objetivo neste momento é, na medida do possível, ajudar os em-presários nacionais”, conclui.

“de um momento para o outro, a banca cortou de forma infame com os apoios económicos. o que nós queremos é criar nos associados a ideia do mutualismo, através da criação de pequenas reservas no agrupamento. de que forma? um pequeno valor da faturação das empresas, que à parti-da será dez por cento, será agregado ao fundo de garantia. desses dez, um por cento constituirá a receita da sociedade que pertence em capital igual a todas as partes. quando as empresas se dirigirem à banca para pedir um empréstimo, irão com o apoio de uma “organiza-ção chapéu”,

“são as pequenas e médias empresas que estão a segurar o nosso país nos últi-mos anos através das exportações. se não fossem elas, já tínhamos chegado de-finitivamente a uma situação dramática como a Grécia ou pior. Todo o crescimento de exportações que o governo apregoa vêm destas empresas e esses vestígios de crescimento existem pelo esforço de centenas de pequenos e médios empresários que vão para casa desesperados a pensar se no final do mês irão pagar os ordena-dos, o ivA ou a renda ao senhorio, optando geralmente por pagar os ordenados à custa de ficarem depois sem a casa deles”

SOLICITADOR “AGENTE DEEXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

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Em 2003 entrou em vigor a chamada Reforma da Ação Executiva, cuja principal inovação foi a criação da fi-gura do solicitador de exe-cução, que passou a ser o dominus do processo exe-cutivo, tendo a responsabi-

lidade de efetuar todos os atos do pro-cesso: citação, penhora, convocação de credores, venda, entre outros. Passados seis anos, em 2009, foi possível aper-feiçoar este modelo, o de 2003, apro-fundando-o e criando condições para ser mais simples, eficaz e apto a evitar ações judiciais desnecessárias (Decreto--Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro).Chegados a 2013, eis que são promovi-das novas regras para a ação executiva. A Revista Pontos de Vista quis saber mais sobre esta temática e conversou com Fer-nando Cunha, agente de execução, desde 2003, período de introdução da cha-mada Reforma da Ação Executiva, que deu a conhecer algumas das mais-valias destas novas alterações, lembrando que esta mudança é sempre “difícil, mas pode funcionar como uma oportunidade para melhorar a visão da sociedade e dos ci-dadãos perante o agente de execução”, afirma o nosso entrevistado. Questionámos o nosso interlocutor sobre quais as alterações que as novas regras para a ação executiva aportavam ao quotidiano de um agente de execu-ção? “Acredito sinceramente que estas mudanças vêm acima de tudo clarificar determinados pontos que têm sido obje-to de litígio ou controvérsia no processo executivo. Além disso, vem «chamar» à responsabilidade os principais interve-nientes processuais como o exequente, o executado, o juiz do processo, o agente de execução, entre outros”, salienta Fer-nando Cunha, lembrando que estas alte-rações aplicam-se a todos os processos pendentes, tendo desta forma um efeito retroativo, e não somente aos processos intentados posteriormente à entrada em vigor da Lei 41/2013, de 26 de junhoAssegurando que estas alterações não perpetuam a atribuição de mais poderes aos agentes de execução, “nalguns casos até retira determinadas responsabilida-des ao agente de execução”, segundo o nosso interlocutor, uma das principais alterações passa pela responsabilidade do exequente no pagamento dos hono-rários dos agentes de execução. “Tive-mos um elevado número de processos que ficaram estagnados por culpa im-putável ao próprio exequente, que usou os serviços do tribunal e posteriormen-te não pagou aos agentes de execução, criando portanto um conflito complica-do nos tribunais”, salienta.

MuDANÇAS NuNCA SãO fÁCEISJoão Correia, coordenador do grupo de trabalho para a reforma deste Código, referiu numa entrevista que «o que se pretende é ver reconhecida na função de agente de execução uma atividade deon-tologicamente irrepreensível e não um modo de vida residual que a Câmara dos Solicitadores alcançou por via de nego-ciações privilegiadas com o poder políti-co». Profundo conhecedor deste merca-do, para Fernando Cunha esta afirmação pode ter diversas interpretações, assegu-rando que, acima de tudo, “temos de co-locar a profissão de agente de execução como um auxiliar importante da justiça e não como um modo de vida. Deve ser uma função, a de agente de execução, que tem de estar bem definida, conduzida por regras deontológicas e de ética bem identificadas, onde devem estar acaute-lados os interesses e direitos do cidadão”, assegura o nosso entrevistado. As mudanças nunca são fáceis. Em todos os quadrantes assistimos a inúmeras dificuldades na aceitação das mudanças e na adaptação às mesmas. Neste caso, segundo Fernando Cunha, o «problema» será o mesmo. “Trouxe a clarificação de alguns pontos, mas obviamente que o primeiro ano de implementação será sempre complicado, mas muito impor-tante, principalmente pelo processo de adaptação e alteração de todas as partes processuais. Mas creio que as dificul-dades irão ser visíveis do primeiro ao segundo ano. Depois penso que irá esta-bilizar e normalizar”, salienta.

PROCESSOS MAIS CÉLERESE DILIgENTES

Mas será que a solicitadoria de exe-cução deixa de existir para dar lugar apenas aos agentes de execução? Nes-te momento a profissão de agente de execução passou a ser uma profissão autónoma, definida nos termos da lei e o solicitador deve ser colocado numa carreira profissional distinta, ou seja, na área de direito. “Não se pode confundir solicitador com agente de execução. O solicitador de execução «morre» e surge uma nova figura que é o agente de exe-cução. Mas não acredito que tenhamos que extinguir o que quer que seja. Deve-mos olhar para esta realidade como uma adaptação e uma evolução da atividade. O solicitador de execução iniciou-se com uma formação e requisitos formais que existiam para a sua profissão. Apenas foram readaptados pela lei através de uma formação mais rigorosa e isso deve ser encarado como uma evolução e não uma extinção”, assegura o nosso entre-vistado, que será muito brevemente, o segundo Mestrado em Solicitadoria de

“O AGENTE DE ExECUÇÃO é UM AUxILIARIMPORTANTE DA JUSTIÇA”

Execução, formado a nível nacional. Além de reconhecer que a partir de ago-ra o agente de execução terá que atuar de uma forma ainda mais célere e dili-gente, “pelas regras apertadas que tem para cumprir”, para Fernando Cunha esta nova reforma permite duas altera-ções significativas, ou seja, definição dos processos que têm ou não recuperação. “Se não tiver possibilidade de recupera-ção o processo não pode ter viabilidade económica, logo não valerá a pena one-rar o próprio credor exequente, o tribu-nal e o juiz de execução. Por aqui o pro-cesso será mais facilmente recuperado”. Além disso, a comunicação entre os agentes de execução e as instituições financeiras vai passar a ser feita por via eletrónica. Apesar de reconhecer que serão necessárias adaptações aos siste-mas informáticos para que esta medida seja concretizada sem entraves, para Fernando Cunha é bastante positiva. “Obviamente que nem tudo está num estado perfeito. O Banco de Portugal, os tribunais, os grupos económicos e os cidadãos devem adaptar-se e as institui-ções bancárias têm que interligar os seus

sistemas com os dos agentes de execução para dar uma resposta real e correta so-bre as penhoras de saldos bancários, que na minha opinião, pode ser uma grande vantagem para o sucesso da ação execu-tiva”, finaliza Fernando Cunha.

feRnAndO CunhA em entRevistA Pontos de Vista Outubro 2013SOLICITADOR “AGENTE DE

EXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

35LEr Na INTEgra EMWWW.PONTOSDEVISTA.PT

fernando cunha

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SOLICITADOR “AGENTE DEEXECUÇÃO” NA SOCIEDADE

Com atividade de relevo na consultoria e formação em Portugal e nos PALOP, a PTC – Paula Tomás Consultores aposta na qualidade dos produtos que desenvolve e no compromisso com os objetivos do cliente. A Revista Pontos de Vista conversou com Paula Tomás, que nos deu a conhecer as mais-valias da PTC.

SER COMPETITIVO EM TEMPO DE TURbULêNCIA

Os tempos que vivemos alteraram significativamente as necessidades dos clientes no âmbito da consulto-ria?Num mundo on-line o tempo e o espaço encurtam-se, o local e o global mistu-ram-se, núcleo e periferia confundem--se. As necessidades dos clientes acom-panham a mudança a que assistimos no mundo. A rapidez e a velocidade da mu-dança impacta as organizações de forma determinante. Estamos a percorrer com grande velocidade uma estrada que não conhecemos, desafiando a nossa capaci-dade de reação. A questão é: como conti-nuar a conduzir nesta estrada e continu-ar competitivo? As empresas procuram encontrar o caminho de forma inovado-ra, através da implementação de proje-tos que ajudem a empresa a manter-se competitiva na adversidade e turbu-lência. Os clientes são impelidos a so-licitar intervenções mais rápidas ou ao contrário, projetos que se vão perdendo no tempo pois a urgência sobrepõe-se à importância. As empresas estão instá-veis, procuram outras formas de fazer, querem metodologias que respondam aos desafios de otimização de recursos e de um rápido retorno de investimento, minimizando por vezes a importância do impacto das mudanças nas pessoas. Face à dificuldade de compreender e do-minar o complexo, a tendência é utilizar uma atitude reducionista e privilegiar as partes em detrimento do todo. Mui-tas vezes encontramos sofisticação tec-nológica, marketing interno de elevada qualidade, mas pouco envolvimento dos gestores e das pessoas.

O que tem a PTC feito para responder a estas novas exigências?Sabemos que para uma maior probabili-dade de sucesso na atividade de consul-toria, torna-se urgente uma mudança da vertente técnica, para uma visão holísti-ca, que coloque o indivíduo no centro de um mundo de pessoas inteligentes. Tam-bém sabemos que os principais entra-ves, apontados aos projetos de mudança, são: a resistência dos níveis intermédios de gestão; o desconhecimento das me-todologias de implementação; o clima organizacional desfavorável; a falta de formação técnica e comportamental que permita compreender a necessidade de mudança e aumentar a segurança do in-dividuo num determinado saber-fazer; e a dificuldade do indivíduo se autorres-truturar cognitiva e emocionalmente. A atividade de consultoria tem que gerir pessoas capazes de influenciar os seus contextos. Na PTC temos vindo a inovar e a utilizar metodologias no nosso “com-petency center for change” que permi-tem lidar com o impacto da mudança nas pessoas, ajudam a organização a conseguir mais rapidamente ultrapassar as dificuldades e a obter resultados mais imediatos. A intervenção desenhada com o objetivo de otimizar as habilida-des cerebrais melhorando as respostas comportamentais das pessoas e o valor acrescentado que estas podem aportar aos diversos projetos e ambientes em que atuam, surge como uma atividade imprescindível e integrada na consul-toria. Para concluir, uma intervenção orientada para promover um maior en-volvimento das pessoas nos projetos de

consultoria é um aspeto determinante para o seu sucesso. A parceria que te-mos com a Cézanne, atual Talentia é bem ilustrativa da necessidade deste envolvimento.

De que forma a PTC aporta valor aos seus clientes?O nosso foco assenta num forte envolvi-mento com o cliente e o seu negócio: - Preparação e adaptação ao negócio e à realidade do cliente – Começamos a desenhar a intervenção, com o cliente. O consultor integra informação sobre negócio, produtos, cultura e objetivos operacionais a atingir, e depois constrói com o cliente ‘standards’ de atividade e comportamentos a desenvolver.- Metodologias ativas centradas no ne-gócio do cliente – A vivência, a experiên-cia e a participação são o ponto de par-tida para a concretização da mudança.- Atualização dos consultores – Temos paixão pelo conhecimento e pela pes-quisa de teorias, constructos e mode-los, pelo desenvolvimento das pessoas e das empresas. Os nossos consultores analisam o cliente, as dificuldades e os objetivos e propõem a solução de maior retorno para o cliente. - Inovação de produtos e metodologias – É nossa missão colocar ao serviço das pessoas e das empresas ferramentas que possibilitem a resolução de novos problemas em novos contextos. Criá-mos o «Modelo DATA», para situações de atendimento e venda, com acompa-nhamento que garanta os resultados. Desenvolvemos metodologias de in-

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paula tomás

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A CPLP comemorou 17 anos de existência em julho passado. Ao longo destes anos, constatamos que a nossa organização afirmou--se nos campos da Concertação Político-diplomática, da Coope-ração Técnica para o desenvol-vimento e da promoção e defesa

da Língua Portuguesa e da Cultura entre os seus Estados-membros. Quando assumi as atuais funções, há cerca de um ano, foi minha preocupação desenvolver o quarto pilar da nossa organização, o da Cooperação eco-nómica e Empresarial. Isto, em consonância com a Declaração Constitutiva da CPLP, de 17 de julho de 1996, na qual os Chefes de Estado da CPLP realçaram a necessidade de conjugar “iniciativas para a promo-ção do desenvolvimento económico dos seus Povos”. A CPLP tem, assim, vindo a debater o potencial económico dos nossos Estados-membros, dos seus espaços geográficos e culturais e, também, da diáspora. As dinâmicas de diversos setores entre os nossos países e no plano internacional permiti-ram à CPLP fixar a importância da cooperação eco-nómica e empresarial para o Desenvolvimento da nossa Comunidade, não esquecendo as parcerias público-privadas – um tema debatido num encon-tro realizado em julho passado pela Confederação Empresarial da CPLP.No Conselho de Ministros de julho de 2009, a coo-peração económica e empresarial no Espaço CPLP foi assumida como uma ação preponderante. Nesta ocasião, foi recomendado o estudo de mecanismos para apoiar as entidades públicas a ampliar e faci-litar a “cooperação económica e empresarial no es-paço da CPLP, através do incremento do comércio, do investimento e de parcerias, assegurando uma maior inclusão e interação dos agentes económicos e das economias dos Estados membros”.Com estes objetivos, a CPLP realizou uma Reunião de Peritos, em fevereiro de 2012. Este grupo, que envolveu economistas, investigadores, gestores e académicos dos nossos países, reuniu para refletir sobre as estratégias e mecanismos de uma aliança para a Promoção do Comércio e Crescimento Eco-nómico dos Estados-membros. Foram abordadas questões importantes para o potencial aproveita-mento de oportunidades e para suplantar barrei-ras, nacionais e dos blocos económicos regionais dos nossos países, alavancando a cooperação neste domínio deveras importante. Não esquecendo que o desenvolvimento do Capital Humano é a base para a Cooperação Económica e para a afirmação

da CPLP no quadro global, desta reunião de peritos resultaram recomendações e propostas de meca-nismos a criar.

SINERgIAS ENTRE ESTADOSE EMPRESAS

Para além do papel de harmonização e facilitação pelos Estados-membros, o caminho a seguir vai realçar o papel do setor empresarial na dinami-zação das iniciativas ligadas ao financiamento, propondo igualmente o envolvimento de bancos de desenvolvimento nacionais, regionais e multi-laterais. Este esforço não se deve limitar ao setor financeiro, abrangendo todo o setor privado em toda a sua dimensão.Enfatiza-se, também, que os Governos dos Esta-dos-membros poderiam adotar medidas concretas no seu ordenamento interno com vista a promover maior segurança jurídica, celeridade administrati-va e condições de concorrência, compatíveis com os respetivos níveis de desenvolvimento. Vamos potenciar ainda mais as ações de coopera-ção entre os Estados-membros, não só nos domí-nios da cooperação económica empresarial, mas também em outros setores, como o da Cultura, das Comunicações, do Trabalho e Assuntos Sociais, en-tre outros de igual relevância. Realço que a Cimei-ra de Maputo elegeu como lema para a presidên-cia moçambicana da CPLP a Segurança Alimentar e Nutricional, um tema deveras importante para os nossos povos. É através das várias experiências partilhadas que potenciamos a transformação dos setores, ganhando relevância para as populações e, correlacionadamente, para as respetivas econo-mias, impulsionando os fluxos comerciais entre os nossos países.A Confederação Empresarial complementa a nos-sa organização, constituída por Estados e estrutu-

As relações económicas e comerciais entre os Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) são fundamentais para o crescimento sustentável das nossas sociedades.

“O REFORÇO DA COOPERAÇÃOECONóMICA E EMPRESARIAL NA CPLP”

rada em órgãos de evidente natureza politica, para criar um espaço comum, gerando facilidades para o empreendedorismo dos negócios. As potenciais relações com os blocos de integração económica em que os nossos Estados-membros estão inseridos e o Desenvolvimento dos nossos povos nos domínios já referidos, como também nos valores democráticos e de defesa do Estado de Direito, com Justiça, vão garantir a solidez das nossas Economias. É indubitável que a estabilida-de favorável a um bom ambiente de negócios está, igualmente, associada às atribuições fundamen-tais de Defesa e Segurança. Neste campo, enalte-cemos o nosso papel na cooperação desenvolvida com os Estados-membros no sentido de garantir o respeito pelas instituições, a independência na-cional e a integridade do território, a liberdade e a segurança das populações. A partilha de conhecimentos, de estratégias na-cionais e de experiências académicas, científicas e empresariais, tem vindo a permitir ajudar a esbo-çar a cooperação no domínio da estruturação glo-bal da Oferta, da Procura e das Boas Práticas. Do nosso lado, envidaremos todos os esforços para criar um ambiente propício para a fluidez do co-mércio e desenvolvimento do espaço comunitário. Juntos, com certeza, vamos todos alcançar maior desenvolvimento e prosperidade para os nossos países e para os nossos povos.

emBAixAdOR muRAde muRARgY, seCRetáRiO exeCutivO dA CPlP

COOPERAÇÃO CPLP A oPiNiÃo de...

“Capital Humano é a base para a Cooperação económica

e para a afirmação da CPLP no quadro global”

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O fenómeno da globalização impõe aos países e às instituições desafios cada vez mais exigentes onde, os chamados países de mercados emer-gentes são convidados a empreender um esforço redobrado para não con-tinuarem na periferia do desenvol-vimento tecnológico e do progresso mundial. Neste sentido, de que forma tem vindo a EMIS a contribuir para o desenvolvimento e progresso do sis-tema de pagamentos angolano?A EMIS tem, ao longo dos seus 12 anos de existência, contribuído para que o Sistema de Pagamentos de Angola seja um dos mais avançados do continente africano. O sistema MULTICAIXA dis-ponibiliza aos clientes bancários um conjunto de funcionalidades vastíssimo, incluindo operações normalmente só disponíveis nos mercados mais desen-volvidos.A EMIS além de ser a gestora da rede MULTICAIXA, é o operador da Câmara de Compensação Automatizada de An-gola, CCAA. Neste contexto, a EMIS tem desenvolvido projetos para o desenvol-vimento do sistema de pagamentos de Angola, nomeadamente o Subsistema de Transferências a Crédito (STC), a Compensação Eletrónica de Cheques e futuramente os Débitos Diretos, todos baseados no standards SEPA, ferramen-tas que colocam Angola a par do desen-volvimento tecnológico e perfeitamente atualizada no panorama internacional.É de relembrar que o objetivo central e estratégico da EMIS é a massificação do pagamento eletrónico em Angola. Nesse sentido um grande empenho tem sido colocado na massificação do pagamento automático (ou seja, o pagamento atra-vés de Terminal de Pagamento Automá-tico, TPA ou POS). Neste aspeto a EMIS e os Bancos continuarão a fazer um esfor-ço conjugado no sentido de alargar este serviço, com mais qualidade, mais dis-ponibilidade e com maior divulgação. Claro que sem o apoio e as diretrizes que o Banco Nacional de Angola tem dado, a EMIS não teria alcançado o su-cesso de que goza atualmente.

De que forma veio a criação da EMIS – empresa Interbancária de Serviços, em 2001, alterar a face do sistema bancário em Angola? De que forma é que este passo, da edificação da EMIS, foi essencial neste âmbito?No momento de criação da EMIS, o sis-tema bancário estava a dar os primeiros passos na direção do seu desenvolvimen-to. Como sabe Angola conta hoje com cer-ca de 22 instituições financeiras bancárias a operarem ao mais alto nível. A criação da EMIS veio proporcionar a todos o acesso a um sistema de cartões de débito e uma

País em franco crescimento, Angola caminha também para se posicionar como um dos países mais avançados no que ao Sistema de Pagamentos concerne. Para isso, muito tem contribuído a EMIS, que além de ser a gestora da rede MULTICAIXA, é o operador da Câmara de Compensação Automatizada de Angola, CCAA. Edgar Bruno, Administrador Executivo da EMIS, analisou o crescimento de Angola neste segmento, lembrando que atualmente o país possui ferramentas que a colocam a par do desenvolvimento tecnológico e perfeitamente atualizado no panorama internacional.

“O ObJETIVO é A MASSIFICAÇÃODO PAGAMENTO ELETRóNICO EM ANGOLA”

edgAR BRunO, AdministRAdOR exeCutivO dA emis, RevelA em entRevistACOOPERAÇÃO CPLP

Quais são os principais desafios de futuro que se colocam à EMIS? R: Acabamos de implementar o Pagamento de Serviços em TPA, o que per-mitirá o pagamento e compra de recargas nos TPA’s. Estamos a finalizar o serviço host-to-host, que irá permitir aos bancos disponibilizar no seu Home-banking toda a gama de serviços de pagamento existente actualmente na Rede MULTICAIXA.Temos planeado para este ano finalizar uma Gateway de Pagamentos via In-ternet, na qual será possível o uso de cartões Multicaixa para pagamentos na Internet, desta forma, qualquer entidade ou empresa poderá vender os seus serviços e produtos online aceitando o cartão Multicaixa como meio de pa-gamento. Isto será possível através da nova Plataforma de Emissão e Gestão de Cartões, PEGC, que permite a emissão de cartões Multicaixa Pré-Pagos.

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edgar bruno

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Pontos de Vista Outubro 2013

rede de terminais ATM e POS com abran-gência nacional cujo principal contributo foi permitir que os bancos se concentras-sem em desenvolver as suas competência core podendo não despenderem esforços com a edificação desta ferramenta essen-cial a qualquer sistema de pagamentos. A EMIS coube a difícil tarefa de criar as condições técnicas e humanas para o lan-çamento e desenvolvimento de uma rede de serviços que, em nome dos Bancos e através destes, fosse capaz de disponibi-lizar os múltiplos serviços de pagamen-tos eletrónicos. De entre os serviços que compõem os chamados pagamentos de retalho, foi naturalmente dada a primazia ao desenvolvimento do pagamento por cartão bancário, nomeadamente o cartão MULTICAIXA.

De que forma é possível analisar atu-almente a eficácia geral do sistema de pagamentos eletrónico angolano? Que lacunas ainda existem e quais as medidas que deveriam ser impostas para as eliminar?Um dos indicadores é a percentagem de transações em TPA face às transações em ATM, bem como o número de trans-ferências efetuadas via STC. O número de transações em TPA já é superior a dez por cento das transações em ATM, espe-raramos atingir 15 por cento dentro de dois anos. Na Europa a percentagem de transações em TPA é superior às transa-ções em ATM. Este número é baixo devi-do a dois fatores, primeiro a baixa taxa de bancarização Angolana, e em segundo a qualidade ainda não desejável das comu-nicações. Quanto às comunicações, já te-mos um segundo operador para os TPAs, a Movicel, que servirá de alternativa à Unitel. Penso, e dadas as características de Angola, a bancarização da população não é fácil, o melhor caminho deve ser a inclusão financeira da população não bancarizada, através do serviço como os pagamentos móveis. Quanto ao sistema MULTICAIXA, podemos analisar um con-junto de indicadores como cartões perca-pita, terminais por 100 mil habitantes, e compará-los com os números internacio-nais, e neste domínio temos dos melho-res resultados a nível de África

Na qualidade da processadora do Sistema de Pagamentos Angolano, a que emissores e adquirentes presta a EMIS os seus serviços?A EMIS presta serviços a todos bancos emissores e adquirentes do sistema fi-nanceiro angolano.

De futuro será possível vermos a EMIS também a suportar a emissão de cartões de marca internacional? O que falta para que esse cenário seja de facto uma realidade? A EMIS atualmente já emite cartões de marca internacional, VISA, nomeada-mente VISA Pré-pago, VISA particular e VISA Empresarial. Até ao final do ano de 2013 iremos aceitar cartões MasterCard e emitir cartões MasterCard se algum banco o pretender. Em 2014, iremos abrir projetos para cartões AMEX e car-tões China UnionPay.

Quais são as mais-valias do serviço de Data Center Hosting ou alojamen-to de centros de dados? A EMIS já presta este tipo de serviços ou ainda carece de um novo centro informáti-co seguro? O custo de construção, pessoal e manu-tenção de um Data Center é elevado. A partilha deste custo é a maior vantagem. A EMIS já presta o serviço de alojamen-to de servidores a alguns bancos, infe-lizmente o espaço não é ilimitado logo não é possível responder positivamente a todas as solicitações para este serviço.

Quando abordamos temáticas relacio-nadas com pagamentos eletrónicos, sistemas bancários, entre outros, uma das questões que surge imediatamen-te passa pela segurança das operações realizadas. Neste sentido, de que for-ma consegue a EMIS garantir seguran-ça, fiabilidade e modernidade?Toda a base de dados da EMIS é encrip-tada bem como a comunicação com o exterior é feita em canal privado e en-criptado, SSL. A EMIS esta no processo de obter a certificação PCI-DSS, Pay-ment Card Industry Data Security Stan-dard, na qual esperamos obter antes do final do ano em curso.

A aposta na inovação no vosso core business é essencial. Como têm promovido e fomentado a aposta concreta na inovação e nas novas tecnologias em prol de produtos e serviços de maior valia? Na estrutura orgânica da EMIS, temos uma Área de Inovação e Desenvolvimen-to de Negócio afeto à Direção de Coordenação do Negócio. Esta área tem as seguintes responsabilidades:1. Analisar a evolução estratégica dos mercados, oportunidades de negócio e outros assuntos de relevo para a estratégia da EMIS;2. Assegurar a racionalidade económica dos negócios da EMIS, analisando as propostas de novos produtos ou serviços, ou a alteração dos existentes;3. Acompanhar as inovações e outros desenvolvimentos que têm lugar nos sistemas de pagamento;4. Garantir a constante atualização e desenvolvimento da rede MULTICAIXA e da EMIS em geral;5. Estudar a procura atual e perspetivar o futuro;

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a emis atualmente já emite cartões de marca internacional, visa, nomeadamente VISA Pré-pago, VISA particular e VISA Empresarial. Até ao final do ano de 2013 iremos aceitar cartões mastercard e emitir cartões mastercard se algum banco o pretender. em 2014, iremos abrir projetos para cartões ameX e cartões china unionpay

“toda a base de dados da emis é encriptada bem como a co-municação com o exterior é feita em canal privado e encrip-tado, SSL. A EMIS esta no processo de obter a certificação PCi-dss, Payment Card industry data security standard, na qual esperamos obter antes do final do ano em curso”

“A EMIS além de ser a gestora da rede MULTICAIXA, é o operador da Câmara de Compensação Automa-tizada de Angola, CCAA. Neste contexto, a emis tem desenvolvido projetos para o desenvolvimento do sistema de pagamentos de Angola, nomeada-mente o subsistema de transferências a Crédito (STC), a Compensação Eletrónica de Cheques e fu-turamente os débitos diretos, todos baseados no standards sePA, ferramentas que colocam Angola a par do desenvolvimento tecnológico e perfeita-mente atualizada no panorama internacional”

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Hoje é um dia par-ticularmente im-portante para a escola náutica e também por se comemorar o Dia Mundial do Mar. É um prazer estar

aqui mais uma vez mas não é um prazer tão grande quanto gostaria de ter por-que, às vezes, de facto, as nossas vonta-des de melhoramento e progresso não andam à velocidade que gostaríamos que andassem”, foi com estas palavras que Manuel Pinto de Abreu começou o seu discurso.Para o mesmo, a abertura de um novo ano letivo, com alunos que têm vontade de abraçar o mar e Portugal é algo que lhe dá um imenso orgulho, salientando também que é fundamental, cada vez

mais, discutir os temas falados neste evento.Segundo o mesmo, os temas apresen-tados apontavam fundamentalmente para três questões, sendo a primeira a dimensão imensa do território nacio-nal, uma segunda aquilo que é a sua geografia e uma terceira apontava para a identidade marítima. Aquilo que, para o Secretário de Estado do Mar, é impor-tante que os portugueses interiorizem é, de facto, que há um mar sem limites e que o mar sem fim é o mar português.“Há cerca de oito dias estive numa con-ferência internacional no Canadá, onde fui convidado a fazer uma intervenção de abertura na qual mencionei o que é o território nacional, a sua extensão, as suas oportunidades, características úni-ca e posicionamento. A reação que tive da audiência não foi nenhuma! Ninguém

O Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, foi figura de destaque na Conferência do Dia Mundial do Mar e abertura oficial do ano letivo da ENIDH. A Revista Pontos de Vista dá-lhe a conhecer alguns dos pontos chave do discurso que proferiu na sessão de encerramento.

“QUEM TEM TODA ESTA ExTENSÃO DE MAR PRECISA DE INTERNACIONALIzAR O SEU MAR Cá DENTRO”

ficou nada impressionado quanto àquilo que eu estava a dar relativamente à re-alidade portuguesa. No segundo dia, fui convidado a fazer o encerramento dos trabalhos e resolvi começar a sessão por apresentar o que é o mar para Portugal e depois apresentar um pouco do que é o ultramar e daquilo que Portugal tem estado a fazer e a tentar procurar conhe-cer do muito mar que existe no Mundo. Nessa altura sim, tive uma imensa rea-ção, primeiro de surpresa e depois de saudação especial àquilo que Portugal está a fazer. Os portugueses têm o mar em boa conta, Portugal não é um país pequeno, não é hoje um país periférico também, de facto, o eixo da Europa pas-sa hoje por Dublin e por Lisboa, porque Portugal tem um imenso território que é marítimo e é este território marítimo que interessa valorizar. Temos que o va-lorizar para benefício de todos os por-tugueses, utilizando instrumentos fun-damentais, alguns dos quais aqui hoje debatidos”, afirmou.Um desses instrumentos são as parce-rias, e, por isso, continuou o seu discurso referindo que “as parcerias, para mim, são algo de muito valioso porque pressu-põem primeiro uma vontade de colabo-ração e em segundo uma determinação inabalável daqueles que se juntam para levar a cabo um projeto que tem que chegar a bom porto. Portugal tem que ter consciência que apesar do muito territó-rio que possui, aquilo que é o território terrestre continuará a ser pequeno”.Como tal, Manuel Pinto de Abreu afirma a importância de que “todos colabore-mos e saibamos levar a cabo um aspeto fundamental, também hoje aqui falado,

que é o aspeto da internacionalização. Mas a internacionalização de uma ou-tra forma porque quem tem toda esta extensão de mar precisa de internacio-nalizar o seu mar cá dentro, precisa de atrair aqueles que querem ajudar-nos a valorizar este imenso mar para benefí-cio de todos os portugueses. É isto que constitui o objetivo daquilo que é a Es-tratégia Nacional para o Mar, que teve em discussão pública e será oportuna-mente alvo de aprovação pelos órgãos competentes. Uma estratégia que ainda não é uma estratégia de longo prazo e também aqui foi mencionada a impor-tância de uma estratégia a 30 anos. Nós, realmente, temos que construir uma es-tratégia de longo prazo olhando o per-curso internacional que constitui a base de toda a nossa ação do mar”.Mas mais do que uma estratégia para a internacionalização, o Secretário de Estado reforça a importância de um per-curso a nível interno que saiba aprovei-tar as oportunidades, algo que constitui parte da missão da ENIDH, uma escola que, para Manuel Pinto de Abreu, “só tem um caminho: ser uma escola de re-ferência a nível mundial”.O Secretário de Estado do Mar conclui a sua intervenção com a convicção de que “dentro de algum tempo, com muito trabalho, teremos o mar como desígnio nacional”.

mAnuel PintO de ABReu, seCRetáRiO de estAdO dO mAR, em destAqueDIa MuNDIaL DO Mar

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“dentro de algum tem-po, com muito trabalho,

teremos o mar como desígnio nacional”

manuel pinto de abreu

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Lamentavelmente, Portugal virou as costas ao mar nas últimas décadas, razão pela qual caiu na situação difícil em que se encontra. Felizmente, nos últimos anos tem vindo a acordar, ra-zão pela qual a “economia do mar” tem vindo a crescer, em contraciclo com a “economia de terra”, de que se desta-

cam os seguintes setores:• Portos e transportes marítimos: graças a um tra-balho extraordinário das administrações portuá-rias, de que se destaca a adoção da Janela Única Portuária com radical simplificação dos procedi-mentos de despacho da carga, todos os anos se têm batido sucessivos records de movimentação de cargas. Existe, neste domínio, ainda um enorme espaço para crescimento, manifestado no desen-volvimento do Terminal XXI, em Sines, no terminal de contentores da Trafaria, no terminal de conten-tores de Leixões e no terminal Vasco da Gama de Sines. Há, também, espaço para o crescimento da marinha mercante, eventualmente com o apare-cimento de armadores nacionais e estrangeiros, a fim de tirarem partido do enorme potencial do transporte marítimo de curta e média distância.• Cruzeiros marítimos: trata-se de um setor a cres-cer a mais de dois dígitos em Portugal, graças ao extraordinário trabalho efetuado pelos principais portos de cruzeiros (Funchal, Lisboa, Leixões, Aço-res e Portimão) assim como dos agentes nacionais das principais empresas de cruzeiros. Há muito para crescer, potenciado pela construção dos ter-minais de passageiros de Leixões e Sta Apolónia. O grande interesse manifestado por importantes consórcios internacionais à construção e explo-ração do terminal de Sta Apolóna são um sinal de que o futuro apresenta-se risonho neste setor. Oxalá em breve seja anunciado o vencedor e se dê início à construção!• Pesca, aquicultura e industria de pescado: como é sabido, não podemos pescar mais nas nossas águas, por razões de sustentabilidade das espé-cies. No entanto, podemos continuar a valorizar as espécies de menor valor, aumentar bastante a incipiente produção aquícola e prosseguir o cami-nho de sucesso da indústria de pescado, designa-damente de conservas, que tem vindo a crescer a dois dígitos, com a “descoberta” de novos merca-dos para exportação. • Energia: Portugal tem estado na linha da frente da investigação de energias renováveis offshore. Por outro lado, esperamos que, no próximo ano, se confirme a existência de gás natural e hidrocar-bonetos ao largo da nossa costa, o que daria uma excelente ajuda à nossa depauperada economia…Infelizmente, apesar destes resultados, ainda é frequente ouvir-se que se fala muito e faz-se pou-co e, também, uns a dizer que já estão fartos de estratégias, enquanto outros a reclamar que deve

haver uma estratégia…Quanto a nós, tal apenas revela que há que apostar mais na comunicação, uma vez que o país, em ge-ral, prefere entreter-se com outros temas. Por ou-tro lado, no último ano, houve, de facto, uma gran-de discussão sobre estratégia para o mar, quer a nível nacional, quer a nível europeu. O cenário mudará no próximo ano, quando quer a Comissão Europeia, quer o Governo, estabelecerem as suas prioridades de desenvolvimento e atribuírem as correspondentes dotações orçamentais.Quanto a nós, continuaremos, serenamente, a ten-tar pôr em prática as linhas de ação apontadas no estudo do “Hypercluster da Economia do Mar”, que é o nosso documento estratégico.Não nos podemos esquecer da situação em que o país está, e fazer de conta que não estamos sob um rigoroso ajuste orçamental! Mas isso não nos im-pede, com determinação e algum engenho, a con-tribuir para que a economia do mar continue a ser um motor da economia nacional. E é, assim, que, como tem acontecido em anos anteriores, iremos, no próximo dia 14 de novembro, realizar o nosso Congresso, não de lamúrias, mas mostrando proje-tos concretos de sucesso, graças a empreendedores de diferentes idades, origens ou formações!

Portugal tem uma localização geográfica privilegiada, no cruzamento das principais rotas marítimas E-W e N-S, com um clima ameno, e uma das maiores zonas económicas exclusivas da Europa. Estamos, ainda, no processo de alargamento da nossa pla-taforma continental, fazendo com que o nosso espaço marítimo venha a ser 40 vezes superior ao espaço terrestre!

PORTUGAL MARÍTIMO– ESTRATéGIAS E DESAFIOS

feRnAndO RiBeiRO e CAstRO, seCRetáRiO-geRAl dO fóRum emPResARiAl dA eCOnOmiA dO mAR

DIa MuNDIaL DO Mar A oPiNiÃo de...

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São vários os âmbitos em que Portugal e a Noruega podem cooperar, advin-do daí vantagens para os dois países. Ainda assim, o mar e tudo aquilo que economicamente se re-laciona com este recurso

surge, de forma natural, como o ponto mais fulcral desta cooperação. O facto de se tratar de dois países cos-teiros com recursos marítimos vastos é algo que aproxima Portugal da Noruega. Afasta-os, no entanto, um valor díspar na contribuição que o mar tem para o Produto Interno Bruto. Se na Noruega o contributo é de 30 por cento, em Portu-gal, a economia do mar representa ape-nas dois por cento do PIB.Para Ove Thorsheim não restam dúvidas de que a descoberta de gás e petróleo na Noruega contribui decisivamente para esta diferença acentuada na importância que o mar detém a nível económico. Mas esta não é a única explicação. Na Norue-ga houve sempre uma tradição marítima mais ativa do que em Portugal que, de-pois do 25 de abril, deixou o mar para trás durante vários anos e apenas agora se volta a virar para este recurso e a ten-tar revitalizar a relação com o mesmo.

“O SISTEMA LEgALCONSTITuI uM ENTRAVE”

Para o embaixador, a Noruega poderá ter um papel importante nesse proces-so. “Pode contribuir, por exemplo, na área da construção de barcos, através da cooperação entre as instituições de en-sino e investigação de ambos os países e pelo investimento de empresas norue-guesas em Portugal. Há várias empresas a mostrar interesse em estabelecerem--se cá, trazendo as competências que detêm e aproveitando também a expe-riência que existe em Portugal para de-senvolver projetos cá”.No entanto, uma das principais queixas que Ove Thorsheim recebe recorrente-mente dos investidores noruegueses diz respeito à clássica questão burocrática. “O sistema legal constitui um entrave porque têm leis muito específicas para tudo. Há atualmente mais empresários a olhar para o investimento em Portugal

do que havia há dez anos atrás mas, por vezes, as decisões tardam a chegar. No fundo, os noruegueses estão abertos a investir em Portugal mas têm dificulda-de em penetrar no mercado português. Penso que esse será o maior desafio a ultrapassar”, afirma Ove Thorsheim.

AQuACuLTuRA COM LEIDESAJuSTADA AO INVESTIMENTO

A exploração petrolífera faz da Norue-ga um dos países mais ricos do Mundo e alimenta o seu fundo de investimento internacional – gerido pelo Norges Bank. Ao nível da pesca, é o segundo maior ex-portador a nível mundial de peixe e ma-risco e tem a maior produção de aqua-cultura do mundo, tendo já levado esta experiência a países como a Escócia, a Irlanda e a Austrália. Um dos objetivos é trazê-la agora também para Portugal. Até porque Ove Thorsheim não entende

Numa visita à Embaixada da Noruega, a Revista Pontos de Vista entrevistou Ove Thorsheim. O Embaixador da Noruega em Portugal falou sobre as oportunidades de cooperação entre os dois países e deu ainda a sua opinião quanto à Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020. Saiba de que forma estes dois países costeiros podem tirar proveito da sabedoria e experiência de cada um deles!

“AS ESTRATéGIAS SÃO DECIDIDAS PELOGOVERNO MAS TêM QUE SERIMPLEMENTADAS LOCALMENTE”

o porquê da prática de aquacultura ser tão escassa no nosso país. O facto de o Governo planear conceder mais licenças para esta prática irá cons-tituir uma oportunidade assinalável. A aquacultura está ainda longe de atingir o potencial de produção mas, com esta concessão e o apoio que a Noruega está disposta a oferecer, dar-se-ão alguns passos nesse sentido. De referir que, no ano passado, foram produzidas apenas 12 mil toneladas de peixe e bivalve. Um número que tem po-tencialidade para crescer em dez vezes.

“AQuILO QuE SE PASSA A NíVEL EuROPEu TAMBÉM NOS AfETA”

Uma importante forma de cooperação entre os dois países e que é muitas ve-zes a face menos conhecida diz respeito ao fundo “EEA Grants”. Trata-se de um fundo de 58 milhões de euros atribuído

Ove thORsheim, emBAixAdOR dA nORuegA, em destAqueDIa MuNDIaL DO Mar

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o sistema legal constitui um entrave porque têm leis muito especificas para tudo. Há atualmen-te mais empresários a olhar para o investimen-to em portugal do que havia há dez anos atrás mas, por vezes, as deci-sões tardam a chegar

“ove thorsheim

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a Portugal pela Noruega, em parceria com a Islândia e o Liechtenstein, que se destina prioritariamente aos setores do mar, saúde pública, organizações não governamentais, energias reno-váveis, alterações climáticas, cultura e arte. A contribuição conjunta dos três países representa um conjunto de pro-gramas que a Noruega tem com 15 paí-ses europeus, num valor total de 1,8 mil milhões de euros. A Noruega contribui com 97 por cento das verbas e o Lie-chtenstein e a Islândia com os restantes três por cento. Estes fundos represen-tam uma importante contribuição para a cooperação entre os dois países nas áreas do mar, saúde e sociedade civil em Portugal.Ove Thorsheim afirma, “não fazemos parte da União Europeia, mas somos parte da economia da Europa e do mer-cado interno da UE, e por isso aquilo que se passa a nível europeu também nos afeta. Como tal, temos que contribuir para essa economia e, como tal, dispo-nibilizar dinheiro para apoiar os países em crise”.

EMPREgO PARA PORTuguESES NA NORuEgA

Outra forma de apoiar a crise nacional, que se traduz num elevado número de desemprego, é, naturalmente, pelo re-crutamento de recursos humanos. Des-ta forma, dá-se resposta ao problema do desemprego em Portugal, principal-

mente na área da engenharia, e colmata--se uma falha na Noruega que resulta de “um boom da indústria na Noruega. Devido à descoberta de gás e petróleo assiste-se a um elevado crescimento da indústria norueguesa e, como tal, precisamos de muitos engenheiros, as-sim como de estabelecer parcerias com empresas de engenharia em Portugal. Quando a economia em Portugal assistir a uma maior crescimento, muitos des-tes profissionais regressam a casa mas a cooperação nas áreas da engenharia mantém-se”, refere.De facto, os países nórdicos continuam na linha da frente para aqueles que pen-sam emigrar dentro da Europa, ou não oferecessem salários elevados, boa qua-lidade de vida e as taxas de desemprego

mais baixas do mundo. Entre estes, lide-ra a Noruega, a bater recordes na rece-ção de mão de obra estrangeira.Entre os profissionais mais necessários ao país estão as áreas da engenharia, saúde e educação.Ao contrário daquilo que se poderá pen-sar, são as regiões da costa ocidental que lideram esta necessidade, enquanto a capital, Oslo, é a zona onde poderá ser mais difícil encontrar trabalho, uma vez que é também a zona do país em que a taxa de desemprego é mais elevada.

ESTRATÉgIA PORTuguESAPARA O MAR 2013-2020

Relativamente à Estratégia Portuguesa para o Mar 2013-2020, Ove Thorsheim considera o documento “um plano am-

Como conseguir emprego na Noruega?Através da página na internet da Administração do Trabalho e Segurança So-cial Norueguesa (NAV) - https://www.nav.no/workinnorway/ - encontra um guia online para cidadãos europeus onde são descritos não só os passos necessá-rios à mudança para este país, como são também dadas dicas sobre a adap-tação do CV ao mercado em questão.Neste portal encontrará a maior base de anúncios de emprego oficiais. Mais de nove mil ofertas de emprego em todas as áreas profissionais. Para quem quiser encontrar trabalhos em que a língua inglesa seja suficiente deverá pes-quisar diretamente através da palavra “english”, continuando a oferta a estar na ordem das centenas.Embora não faça parte da União Europeia, a Noruega integra também a rede EURES onde se encontra a maioria das ofertas de trabalho para residentes europeus.Apesar de Oslo ser uma das cidades mais caras do mundo, algo que deve ser tido em consideração antes de partir, os salários praticados acompanham esse custo de vida. A média de salários por trabalhador anual é de 60 mil euros brutos, o que corresponde a uma média de 5 mil euros brutos por mês. Para além disso, as condições de trabalho são invejáveis para a maioria dos europeus: 26 dias de férias por ano a que acresce uma semana depois dos 60 anos e uma carga horária semanal que não pode ultrapassar as 40 horas são alguns dos exemplos.

43Devido à descoberta de gás e petróleo assiste-se a um elevado crescimento da indústria norueguesa e, como tal, precisamos de muitos engenheiros, assim como de estabele-cer parcerias com em-presas de engenharia em portugal

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bicioso e muito específico. É um traba-lho impressionante, que contém mui-ta informação e que não olha apenas para as possibilidades de desenvolvi-mento económico mas também assu-me responsabilidades pelos recursos e pela manutenção da qualidade dos mesmos”.O documento tem tudo para ser o pon-tapé de saída da implementação de uma estratégia que leve Portugal a voltar-se de novo para o mar e constitui uma peça fundamental para que saibamos o que fazer com um recurso de tamanha im-portância a nível nacional.Apesar disso, o embaixador da Norue-ga deixa uma ressalva, “o envolvimento das populações é muito importante. As estratégias são decididas pelo governo mas têm que ser implementadas local-mente, as atividades têm que ser criadas ao longo da costa, pelas suas popula-ções, que acreditam nas oportunidades

Ove thORsheim, emBAixAdOR dA nORuegA, em destAqueDIa MuNDIaL DO Mar

criadas pelo mar. Só desta forma se cria valor, empregos e empresas ligadas a este recurso. A iniciativa tem que sur-gir localmente, as pessoas têm que ver as oportunidades, usar a imaginação e tirar vantagem do mar”.A área da biotecnologia azul é uma dessas grandes oportunidades, e se, no que diz respeito à investigação, já vêm sido desenvolvidos projetos de eleva-do interesse, é necessário agora partir para uma segunda fase. “Há já várias universidades da Noruega a trabalhar em conjunto com universidades portu-guesas nesta área mas é preciso passar também para um segundo nível, ou seja, transformar aquilo que se descobre em negócios. É a questão da comercializa-ção da investigação. Temos vários proje-tos a correr e eu espero que, em pouco tempo, a biotecnologia azul possa ser comercializada de modo a criar empre-go e valor acrescentado”, conclui.

o envolvimento das populações é muito importante. as estratégias são decididas pelo governo mas têm que ser implementadas localmente, as atividades têm que ser criadas ao longo da costa, pelas suas populações, que acreditam nas oportunidades criadas pelo mar

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F oi com enorme prazer que a Revista Pontos de Vista recebeu este ano, mais uma vez, o convite para estar presente na Conferência do Dia Mundial do Mar. Este dia coincide sempre com o dia da ENIDH e assim se

deu início a mais um ano letivo! A sala encheu-se não só de armadores, docentes e outras pessoas cuja ativida-de profissional está ligada ao mar, mas também de muitos alunos que não qui-seram deixar de marcar presença. Não foram poucas as vezes que se ouviu no evento que é nestes que se deposita a esperança de levar o mar a bom porto. É neles que está o futuro desta nação costeira para quem o mar sempre foi tão importante, basta analisar a história do país ou simplesmente olhar para um mapa e ver a nossa posição geográfica para o perceber.Essa importância merece ser reforçada e esse facto serviu de mote a grande par-te das apresentações desta conferência, onde estiverem presentes também Ove Thorsheim e Frederico Richa Humbert, Embaixadores da Noruega e do Panamá em Portugal.

“PRIORIDADE NO MAR”Foi este o tema que assinalou o primeiro painel desta manhã subordinada ao mar e às suas potencialidades.Depois de Abel de Amorim, Presidente da ENIDH, ter dado as boas vindas aos presentes, passou a palavra a Fernan-do Cruz Gonçalves, Professor da escola. Este aproveitou o início do ano lectivo para mostrar a evolução que a mesma tem tido ao longo dos anos, não só pelo aumento da oferta formativa, mas tam-bém pelo aumento do número de ins-crições, que não chegavam às 300 em 2004 e, este ano, ultrapassaram os 700 alunos. Um crescimento em contraciclo com a maior parte dos estabelecimentos de ensino superior nacionais.“Tentamos todos os dias fazer mais pe-los alunos que são a nossa razão de exis-tir”, afirmou. Fernando Cruz Gonçalves

salientou ainda a importância da ENI-DH na aproximação de Portugal à CPLP, através da receção de vários alunos des-tas zonas do globo e das parcerias que têm vindo a estabelecer. Também a em-pregabilidade, superior a 90 por cento em todos os cursos da escola, foi tida em consideração nesta apresentação.De seguida, Carlos Vaz, Professor Uni-versitário, fez aquilo que designou como “uma crónica de um país pequeno e pe-riférico”. Ainda que, muitas vezes, estas duas palavras sejam utilizadas para ca-racterizar Portugal, esta apresentação mostrou que o nosso país não é tao pe-queno quanto o fazem parecer, apoiado em vários dados que mostram como, em inúmeros aspetos, Portugal se encontra na linha da frente na União Europeia. Apenas um deixa a desejar. “O que é ver-dade? É que somos pobres”, afirma.Quanto à questão da periferia, mostrou que, com a nova realidade comercial, que une a UE e os EUA, Portugal fica exatamente no centro das transações daquele que constitui o maior mercado do Mundo. “Vale a pena aproveitar e po-tenciar isto. Vão surgir novas oportuni-dades na área da logística e do finishing, que é uma nova tendência mundial”, ex-plica. O finishing diz respeito à alocação de fábricas para as linhas de montagem finais, porque vale mais uma etiqueta

A Escola Náutica Infante D. Henrique (ENIDH) voltou a realizar, no passado dia 26 de setembro, em parceria com a Projecto Detalhe, a Conferência do Dia Mundial do Mar, que coincidiu com a abertura oficial do ano letivo da escola. Subjugada ao tema “Mar a Bom Porto”, a conferência contou, entre outras entidades, com o Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu. O evento foi composto por dois pai-néis, um primeiro sobre as Prioridade do Mar e um segundo sobre a Paixão pelo Mar. A Revista Pontos de Vista, mais uma vez, fez questão de estar presente no evento que todos os anos assinala a importância deste recurso tão relevante para o nosso país!

“O MAR SEM FIM é PORTUGUêS”

que diga “Made in Portugal” do que, por exemplo, “Made in China” e isso é algo que os fabricantes com fábricas na Ásia começam a ter em conta.Carlos Vaz terminou com a seguinte fra-se “há pessoas que fazem as coisas acon-tecer, aqueles que veem acontecer e os que perguntam o que raio aconteceu”. Uma mensagem particularmente dire-cionada para os alunos presentes.Para Rui Moreira de Carvalho, Professor

do ISG, as parcerias têm uma impor-tância extrema nos processos de inter-nacionalização e foi esse o mote da sua apresentação.Falar em internacionalização, obriga necessariamente a que se fale também nos nossos portos marítimos, com uma importância inevitável neste processo. Como tal, seguiu-se a apresentação do Presidente da Administração do Porto de Sines, João Franco, que falou não só

COnfeRênCiA diA mundiAl dO mAR e ABeRtuRA OfiCiAl dO AnO letivO enidhDIa MuNDIaL DO Mar

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sobre o momento atual do porto, mas também das perspetivas de crescimen-to, porque foi com os olhos postos no futuro que se debateu o mar neste dia.O Porto de Sines é o maior porto nacio-nal mas, tendo em conta as suas poten-cialidades, tem ainda muito por onde crescer, principalmente quando com-paramos a outros portos internacionais com os quais concorre.Aproveitando a presença do Embaixa-dor do Panamá, que proferiu também algumas palavras a respeito desta apre-sentação, João Franco explicou, “o alar-gamento do canal do Panamá vai levar a que beneficiemos mas a médio prazo, não será no curto prazo, não será já amanhã. Ainda assim, é claramente uma oportunidade de crescimento para nós”. Isto porque o canal do Panamá escolheu Sines como porto europeu prioritário, um acordo de cooperação mútua que aproxima as duas nações e colocará Por-tugal numa posição estratégica ao nível do comércio mundial.De seguida, Jorge Antunes, Professor Universitário em Newcastle-upon-Tyne, falou da estratégia de longo prazo que Portugal deveria estabelecer para o mar. Uma estratégia a 30 anos porque, segun-do o mesmo, “para nos afirmarmos como nação marítima temos que saber o que queremos ser daqui a 30 anos. Leva tem-po a criar infraestruturas e competên-cias”. Jorge Antunes afirmou ainda que “a posição geográfica de Portugal é uma

das melhores do Mundo, se não mesmo a melhor quanto a rotas comerciais”.

PAIxãO PELO MARDepois do Coffee Break, foi tempo de falar sobre Paixão pelo Mar e, como tal, iniciou-se a segunda parte com um vídeo de António Silva, Surfista candi-dato ao Prémio da Maior Onda do Ano. Em sua representação, Ramon Laureano lamentou que tivesse que vir alguém de fora para colocar Portugal nas bocas do mundo. Uma referência clara ao surfista Garret McNamara que se tornou mun-dialmente conhecido depois de publica-da uma foto sua a surfar uma das enor-mes ondas da Praia do Norte, na Nazaré, algo que António Silva - assim como ou-tros surfistas nacionais - já vem a fazer há vários anos, com a mesma qualidade e, por isso, está também ele nomeado para este prémio mundial.De seguida Pedro Gomes e Rosália Neto apresentaram os seus projetos, Velas a Bordo e Projecto Detalhe. Duas empre-sas ligadas ao mar, de enorme potencial e que estão a assistir a um elevado cres-cimento, não só pela sua qualidade, mas pela paixão com que têm vindo a ser administradas. “O mar sem fim é portu-guês”, afirmou Rosália Neto.Para terminar a manhã foram entregues os prémios poliempreende, aos quais se seguiu o discurso de encerramento do Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu.

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Fernando Cruz GonçalvesProfessor da ENIDH“O transporte marítimo é uma das áreas que tem registado maior desenvolvimen-to e tem que se assumir como um eixo fundamental do cluster do mar”

Jorge AntunesProfessor Universitárioem Newcastle-upon-Tyne UK“Não há nações amigas, quando chega a altura de se imporem, lutam por alimen-tos, por energia e, muito em breve, irão lutar também por água potável”

Carlos PazProfessor Universitário“É necessária gente com visão! Estou farto de decisores que não fazem a mí-nima ideia do impacto das decisões que tomam. Não podemos continuar assim!”

Ramon LaureanoParceiro de António Silva, Surfistacandidato ao prémio Maior Onda do Ano“Teve que vir alguém de fora mostrar aquilo que já existe e que já é feito há algum tempo em Portugal”

Rui Moreira de CarvalhoProfessor do ISG“As exportações têm assistido a uma evolução muito grande nos últimos anos mas para a Europa o potencial de cresci-mento é menor”

Pedro GomesSócio Fundador do Velas a Bordo“Temos que amar o mar porque ele dá--nos muito em troca”

João FrancoPresidente da Administraçãodo Porto de Sines“Somos claramente o maior porto nacional em todos os segmentos. Não concorremos a nível nacional mas com os portos internacionais”

Rosália NetoAdministradora da Projecto Detalhe“Este projeto pretende levar Portugal mais longe, aliado à nossa paixão pelo mar, para podermos continuar a afirmar – o mar sem fim é português”

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A família Bensaude tem uma longa história de actividade comercial nos Açores e o grupo movimenta actual-mente um volume de negócios global na ordem dos 415 milhões de euros por ano. Quais as razões que expli-cam este bom desempenho e o cres-cimento que foram alcançando ao longo dos anos?As principais razões pelo bom desempe-nho do Grupo, após as nacionalizações de 1975, têm a ver com vários factores, o primeiro dos quais foi a decisão então tomada de transferir a sede do Grupo, novamente para Ponta Delgada, de onde tinha saído por finais do século XIX. O então líder do Grupo, Filipe Bensaude, ter ele próprio mudado a sua residência para Ponta Delgada, acompanhado pela mulher e alguns filhos; a partir daqui, coadjuvado com uma nova equipa dedi-cada, já na altura, incluindo alguns dos seus descendentes, dando ele sempre um salutar exemplo, de muito trabalho e ri-gor, reinvestindo a quase totalidade dos lucros nas empresas, com o apoio dos restantes accionistas membros da famí-lia, durante muitos anos; tendo-se desta forma, com muita austeridade e espírito de sacrifício, conseguido gradualmente recuperar a solidez financeira do Grupo; a partir dessa fase fomos seleccionando, desenvolvendo e fazendo crescer os bons negócios, mas mantendo uma sã diversi-ficação dos mesmos, nessa altura ainda sem objectivos de expansão. Isto aconte-ce até perto dos finais do século XX, ten-do Filipe Bensaude deixado a liderança

do Grupo em óptima situação financeira. Ainda nesse final de século, já sob a li-derança do Dr. Luís Bensaude, com uma equipa renovada, igualmente dedicada e mais profissional, deu-se então o grande crescimento - primeiro, com a aquisição de duas unidades hoteleiras e construção de mais seis, incluindo uma em Lisboa, primeiro investimento de vulto feito no Continente pós 25 de Abril; de seguida, em 2005/2006, a aquisição, por concur-so público, em associação com outros empresários, de cerca de 40% da Em-presa de Electricidade dos Açores (EDA), entrando no sector da produção de ener-gia então em franca expansão e moder-nização, com um grande potencial na ex-ploração da energia geotérmica, recurso natural endógeno e com custos compe-titivos. Em 2007 concluímos a aquisição do Grupo Nicolau Sousa Lima, altura que

“Pessoalmente, ainda gostaria de ver o Grupo, mais activo e desenvolvendo outras actividades na área da economia do mar, para além dos sectores onde tradicionalmente tem actuado”, afirma Joaquim Bensaude, Presidente do Conselho do Grupo Bensaude, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Fomos conhecer uma marca que é hoje um player de enorme relevo e que aposta fortemente na criação de valor e na inovação.

“TEMOS DE TER ESPÍRITO EMPREENDEDOR”

o nosso Grupo entra noutra área muito interessante e que há anos perseguía-mos: a da distribuição alimentar.

Qual o peso da Holding Bensaude Ma-rítima SGPS na facturação do grupo? O que é que o mar representa para o Grupo?Em termos de facturação, a Bensaude Marítima representa cerca de 10%, no universo do Grupo. Contudo em termos de tradição, cultura e conhecimento representa muito mais! Pessoalmente, ainda gostaria de ver o Grupo, mais ac-tivo e desenvolvendo outras actividades na área da economia do mar, para além dos sectores onde tradicionalmente tem actuado.

Estando o arquipélago dos Açores distribuído por 9 ilhas, o transporte marítimo é uma área absolutamente estratégica para o Grupo?O Grupo tem, nesta fase, a essência dos negócios na Região Autónoma dos Aço-res, com presença efectiva em todas as ilhas. Tem um conhecimento reconhe-cido de saber e saber-fazer neste sec-tor, e sendo o grosso do transporte de mercadorias feito quase exclusivamente por via marítima, não fazia sentido não sermos um forte actor.

Quais as áreas ligadas ao mar em que os Açores têm mais e maiores poten-cialidades? De que forma perspectiva a evolução da economia marítima no arquipélago?

Tenho esperança que a exploração de recursos minerais do fundo oceânico e das fontes hidrotermais submarinas em termos de recursos genéticos, no mar que circunda a Região, possam vir a ser uma realidade, dentro das próximas dé-cadas; com estas futuras actividades, a região, os empresários, a universidade, a marinha, têm o dever de estar activa-mente envolvidos, para além da cobran-ça de direitos, mesmo que não sejam os principais protagonistas. No curto prazo, acredito que as actividades náu-tico-turísticas vão continuar a crescer, dar emprego e criar riqueza; contudo a delimitação e gestão criteriosa, sem fun-damentalismos, de zonas costeiras com a criação de reservas naturais, umas ex-clusivamente para observação, outras para pesca desportiva, outras para pes-ca artesanal, outras eventualmente para aquacultura, etc…, com regulamentação adequada mas simples, e uma forte, mas sensata fiscalização, continuarão a ter um potencial de desenvolvimento.

Qual a sua opinião relativamente à Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020?Não li o documento de forma exausti-va; na parte que mais conheço ou me interessa, relativamente ao transporte marítimo, portos e serviços portuários, construção e reparação naval, na mi-nha opinião o documento minimiza a importância destas actividades, que re-presentam ainda uma parte importan-te da economia do mar real e onde há

JOAquim BensAude, PResidente dO COnselhO dO gRuPO BensAude, em gRAnde PlAnODIa MuNDIaL DO Mar

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por hábito embandeiramos os navios, em porto; sempre que solicitados, dispensamos os coman-dantes ou Oficiais Náuticos seniores, para irem dar o seu testemunho a escolas como o ciclo preparatório e o pré universitário

em termos de facturação, a bensaude marítima representa cerca de 10 por cento, no universo do grupo. contu-do em termos de tradição, cultura e conhecimento representa muito mais! pessoalmente, ainda gostaria de ver o grupo, mais activo e desenvolvendo ou-tras actividades na área da economia do mar, para além dos sectores onde tradicionalmente tem actuado

“Joaquim bensaude

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que apostar fortemente, até por razões estratégicas futuras. Eu sou um forte defensor da absoluta necessidade que o nosso País tem (mesmo que imagine-mos, num futuro este espaço geográfico como uma Região Europeia, com habi-tantes convivendo numa sociedade or-ganizada, motivada, culturalmente e se possível materialmente desenvolvida), de não interromper a transmissão, via geracional, de pai para filho, do conhe-cimento empírico e do gosto por estas “coisas do mar”, colocando as sementes do interesse nos jovens, quer pelas pro-fissões especializadas, quer pelas artes e ofícios, tais como os de:pescadores, carpinteiros navais, solda-dores, desenhadores navais, mecânicos marítimos, oficiais náuticos, mestrança e marinhagem, capitães comandantes, artistas marítimos, engenheiros, arqui-tectos, especialistas em Hidrografia, Oceanografia, Biologia, etc…; comple-mentando esse gosto e interesse, com aquisição do conhecimento científico dado pelas nossas escolas especializa-das e universidades, com as imprescin-díveis cadeiras de inglês e informática, etc., que devem continuar a procurar estar na vanguarda da modernização de métodos de ensino e novas tecnologias e ao que de novo se irá fazer com o Mar e no Mar. Podemos não ter empresários, podemos não ter capital para investir, mas que tenhamos sempre massa cin-zenta, com interesse e conhecimento empírico da realidade prática das ac-tividades que a economia do mar pode proporcionar. Tanto aqui À beira-mar, dentro do nosso mar territorial ou pla-taforma continental… como em qual-quer parte dos oceanos ou zonas costei-ras do nosso planeta.

A economia do mar portuguesa re-presenta apenas dois por cento do PIB Nacional. Tratando-se de um país com uma localização geográfica que lhe permite tirar o máximo de vantagens deste recurso e com uma história que o confirma, este valor não será bastante reduzido? Portugal deveria voltar a virar-se para o Mar?Portugal tem-se virado para o mar, quando necessita: vejamos a nossa história.Não podemos é ficar à espera que al-guém o faça por nós. Temos de ter espí-rito empreendedor. Olhemos para as oportunidades:- Na marinha de pesca: onde está a frota pesqueira? E toda a indústria a jusante

de apoio a esta actividade (conservas, frio, secagem, distribuição, etc.? - Na marinha de comércio: onde está a aplicação do nosso “saber-fazer”? A nos-sa frota tem vindo sempre a diminuir e a ficar reduzida ao serviço público para as Regiões Autónomas. E então os abastecimentos vitais ao país/região europeia? O petróleo bruto? Os cereais? O carvão? O Gás Natural? Se houver um conflito vamos ter que depender inte-gralmente da solidariedade (disponibi-lidade e interesse) dos nossos parceiros da União Europeia?- A náutica de recreio: quantas oportu-nidades neste sector? A hibernação das embarcações dos nossos parceiros mais folgados, do Norte da Europa, a manu-tenção e guarda dessas embarcações, a formação nesta área, etc.! - A Armada e os serviços da Marinha: va-mos ter de continuar a fiscalizar e pres-tar serviços de segurança, nas águas in-teriores, portos, reservas naturais, ZEE, etc… que representarão o nosso mar territorial.- As nossas tripulações: quando operam em navios de outras bandeiras são reco-nhecidas pela sua competência e disci-plina. Se não houver continuidade, qual o destino do nosso ensino náutico?- Construção naval – o que poderíamos ganhar aqui! É um crime perder-se esta escola de construção e reparação naval. Olhemos para a ex-Lisnave de Lisboa e reparemos na nova Lisnave de Setúbal. Quanto não pouparia o País/Europa, quantos empregos não se poderiam criar, se, no mínimo, fizéssemos to-dos um grande esforço de cooperação,

para que uma grande percentagem do abastecimento ao país/Europa tivesse que ser feito em navios com Registos Convencionais Nacionais/Países mem-bros, construídos em países membros da União Europeia incluindo Portugal, operados por europeus/incluindo por-tugueses, entre outros. Há muito a fazer, nomeadamente para nos mantermos competitivos. (o que fazem os America-nos? Russos? Chineses?)

No Grupo Bensaude vão assinalar o Dia Mundial do Mar de alguma for-ma? É importante comemorar esta data de modo a relembrar a impor-tância que o mar teve, tem e certa-mente terá para nós portugueses?

Na área do turismo, o grupo Bensaude, em parceria com a Associação Anda&Fala e no âmbito da edição 2013 do Walk&talk, promoveu recentemente um novo roteiro turístico nos Açores. Como foi a receptividade a este roteiro? de que forma o grupo consegue trazer inovação à área do turismo nos Açores e alinhar a oferta ao mercado turístico internacional?O Grupo Bensaude apoiou o Festival de arte pública, Walk&Talk desde a primeira edição, que aconteceu em 2011.No primeiro ano, o Festival estava a procurar o seu espaço no meio social e cultural urbano de Ponta Delgada. Sedimentou--se na 2ª edição e alargou o seu espectro nesta 3ª edição, avançando para outras ruas, praças e espaços, diversificando as acções e actividades culturais, que resultaram na criação de dezenas de obras inéditas.Este ano, surgiu a ideia de criarmos um Roteiro de Turismo Criativo, por forma a potenciarmos o apoio que temos vindo a prestar a esta organização. Este roteiro, que visitava as intervenções resultantes das três edições do festival, teve acompa-nhamento da equipa do W&T, com conteúdos em português e inglês. Esta iniciativa piloto foi um sucesso, e revelou o potencial turístico da colecção de obras resultantes das edições deste Fes-tival. Os hóspedes dos hotéis Marina Atlântico, Açores Atlântico e S. Miguel Park Hotel, puderam contemplar este conjunto de obras, num roteiro de intervenções artísticas da cidade de Ponta Delgada. Trata-se de inovar, criando ofertas alternativas para um público cada vez mais exigente e activo, que deseja envolver-se com o que acontece nos locais que visita. Estarmos associados a este roteiro piloto foi muito gratificante porque permite valorizar a oferta aos nossos clientes, numa lógica de inovação contínua, alinhada com as novas tendências do mercado turístico internacional.

49Por hábito embandeiramos os navios, em porto; sempre que solicitados, dis-pensamos os Comandantes ou Oficiais Náuticos seniores, para irem dar o seu testemunho a escolas como o ciclo pre-paratório e o pré Universitário.

O que é que podemos esperar da Bensaude Marítima nos próximos tempos? Há perspectivas de apostar também noutras áreas relacionadas com este recurso?Pessoalmente, gostava muito. Vamos certamente estar atentos às oportuni-dades.

Por indicação do autor, o texto não foi escrito com o

novo acordo ortográfico.

o grupo tem, nesta fase, a essência dos negócios na região autónoma dos aço-res, com presença efectiva em todas as ilhas. tem um conhecimento reconheci-do de saber e saber-fazer neste sector, e sendo o grosso do transporte de merca-dorias feito quase exclusivamente por via marítima, não fazia sentido não sermos um forte actor

““Portugal tem-se virado para o mar, quando necessita: ve-jamos a nossa história. Não podemos é ficar à espera que alguém o faça por nós. temos de ter espírito empreendedor”

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Um dos caminhos de futuro que tem sido apontado para o desenvolvimento económico do país é a chamada bio-tecnologia azul, área na qual a Bioalvo vem apostando desde a sua criação. Quais as oportunidades que existem em Portugal nesta área? São ainda poucas as empresas que estão a apos-tar na biotecnologia azul?Portugal terá três por cento de território terrestre e 97 por cento de território ma-rítimo com a aprovação da proposta do Governo à comunidade internacional para a Extensão da Plataforma Continental Portuguesa. Assim, será um gigante marí-timo com a maior plataforma continental da Europa. Faz todo o sentido aproveitar ao máximo este privilégio, que em ou-tros tempos tanto nos serviu! Neste mar profundo, Portugal tem recursos vivos que são exclusivos, devido às condições únicas, e por vezes extremas, dos nossos ecossistemas marinhos. Por outro lado, temos condições fantásticas para a aqua-cultura de bivalves ou algas que poderão ter aplicações biotecnológicas de elevado valor acrescentado. A biotecnologia é uma das melhores ferramentas para atingir esses objetivos. Começam agora a surgir algumas empresas nacionais com o po-tencial de explorar o crescimento da bio-tecnologia azul mundial.

A indústria biotecnológica é, sem dúvi-da, um setor promissor mas também complexo e ainda emergente em Por-tugal. Quais os principais desafios que se colocam a esta área no nosso país? Os apoios existentes são suficientes?Um dos maiores desafios é a falta de mas-sa crítica e experiente neste setor, mas acima de tudo, o financiamento ideal para este tipo de projetos: de alta envergadura e de longo termo. Há alguns apoios, mas a

maioria destes projetos são financiados a nível europeu e internacional.

Quais os principais projetos que a Bio-alvo está neste momento a desenvol-ver? Têm novos projetos em vista?A BIOALVO está neste momento a desen-volver uma nova coleção de microrganis-mos marinhos – LUSOMAREXTRACT – a partir de bactérias e fungos que estão a ser isoladas de amostras do subsolo mari-nho da nossa plataforma. Para além disso, continuamos intensamente a desenvolver novos ingredientes a partir destas amos-tras para as mais variadas indústrias como a cosmética, alimentar ou farma-cêutica. Temos ainda dois grandes proje-tos europeus – BlueGenics e o MaCuMBA – que permitirão fortalecer o nosso porte-fólio de produtos, coleções e serviços.

Entre os vários produtos que a Bioalvo tem vindo a desenvolver, aquele que maior projeção tem conhecido é, sem dúvida, o botox marinho que foi de-senvolvido para a área da cosmética. O produto já esta a ser comercializado? Quais as principais características e mais-valias associadas ao mesmo?O nosso mais recente produto é o Refir-MAR™ by BIOALVO, um potente neuromo-delador que funciona de forma semelhan-te à botulina A (Botox™). Este produto é derivado de uma bactéria marinha isolada a mais de 2200 m de profundidade nas fontes hidrotermais dos Açores, perten-cente a uma nova espécie, e que melhora o aspeto e suavidade da pele em geral, uma diminuição da profundidade das rugas até 23 por cento e uma aumento da hidrata-ção da pele em mais de 64 por cento em apenas 28 dias. O produto já tem os direi-tos vendidos a uma empresa internacio-nal e estará em breve no mercado.

Atualmente a desenvolver a nova coleção de micro-organismos marinhos – LUSOMAREXTACT –, a BIOALVO é uma referência incontornável na área da biotecnologia em Portugal. A empresa tem dado cartas na criação de produtos inovadores a partir de recursos naturais vivos existentes no nosso país, que utiliza de forma sustentável e maximiza as suas aplicações numa vasta gama de indústrias, tais como a farmacêutica, cosmética, alimentar ou têxtil. Em entrevista, Helena Vieira, Fundadora e CEO da BIOALVO, deu a conhecer os projetos que estão atualmente a desenvolver, com destaque para dois grandes projetos europeus – BlueGenics e MaCuMBA. Como não podia deixar de ser, falou-nos também do produto que a empresa desenvolveu e que estará em breve nos mercado, o Botox Marinho que promete revolu-cionar a área da cosmética e que tão falado tem sido.

“A bIOALVO é Já UM CASO DE ESTUDO INTERNACIONAL EM ESCOLAS DOS USA OU DA EUROPA”

O trabalhado desenvolvido pela Bioalvo tem tido uma grande projeção além--fronteiras, principalmente depois do desenvolvimento deste botox marinho que está, de facto, nas bocas do mundo. Quais os objetivos da Bioalvo em ter-mos de internacionalização? Quais as estratégias de crescimento e metas que têm delineadas para os próximos anos?A BIOALVO é já um caso de estudo inter-nacional em escolas dos USA ou da Euro-pa e uma das empresas bandeira do setor da Biomarine internacional. Temos uma reputação fundada em qualidade e exce-lência científica, uma equipa com reco-nhecido mérito internacional, inovadora e dinâmica que nos fazem ser aceites pelo setor. Estamos presentes em mercados como os USA, UK, Alemanha, Espanha ou França entre outros.

São várias as áreas em que a Bioalvo marca presença, desde a cosmética à têxtil. Quais aquelas em que a empresa tem apostado mais consistentemente e nas quais acredita que existem maio-

res e melhores oportunidades?A empresa tem maior tradição nas áreas da farmacêutica e da cosmética, sendo que o primeiro produto no mercado é no setor da saúde e bem estar e julgamos haver aí muitas oportunidades a explorar. Gostarí-amos em breve de entrar nas agrociências, têxteis e alimentar (nutracêutico).

Apesar de ser uma start-up, a Bioalvo já foi premiada em inúmeros concur-sos e por diversas entidades. Quais as razões deste sucesso?Excelência e mérito do nosso trabalho e ciência, uma equipa fantástica, motivada, trabalhadora e empreendedora em todas as vertentes que estão implícitas no dia a dia de uma start-up.

Qual a sua opinião relativamente à Estra-tégia Nacional para o Mar 2013-2020?É uma grande aposta deste governo a im-plementação definitiva do mar na vida dos Portugueses, trazendo para a ordem do dia as novas faces do mar e da exploração ma-rítima, sem nunca esquecer a sustentabili-dade e a ordenação e legislação dos usos do mar. Na minha opinião, gostaria de ver mais programas para os novos usos e recursos do mar, no setor da biotecnologia azul.

De que modo a Bioalvo encara este Dia Mundial do Mar? Que comentário gos-taria de fazer para assinalar esta data?A BIOALVO tem um papel educativo muito proativo e importante na sociedade. Assi-nalo a nossa presença na Noite dos Inves-tigadores (dia 27 de setembro) com uma mostra no Pavilhão do conhecimento ou nos eventos VOXMAR (oceanário) no dia 8 de outubro como apenas dois exemplos da nossa programação cívica constante.

BiOAlvO, um dOs mAiORes CAsOs de suCessO em PORtugAlDIa MuNDIaL DO Mar

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LEr Na INTEgra EMWWW.PONTOSDEVISTA.PT

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Pelas lotas portuguesas são anualmente comercia-lizados cerca de 200 milhões de euros e o volume de negócios da empresa ronda os 25 milhões de euros/ano. Com sede em Lisboa, responsável por 21 lotas e mais de 40 postos de venda de pescado, distribuídos ao longo de todo o território conti-nental português. A Docapesca presta um variado leque de serviços de apoio à pesca, garantindo a segurança dos dados estatísticos e a eficácia de uma cadeia de valor que confere eficiência e renta-bilidade tanto para a própria empresa como para os seus parceiros sociais.No contexto da sua missão de criar as condições adequadas e um serviço de qualidade para a pro-dução e comercialização do pescado, na primeira venda de pescado, a Docapesca desenvolve desde 2010 uma marca para o pescado fresco das lotas portuguesas que é o CCL - Comprovativo de Com-pra em Lota, materializado numa etiqueta para colocar nos pontos de venda. O principal objetivo desta etiqueta é dar informação de valor acrescen-tado ao consumidor final, garantindo a rastreabi-lidade do pescado, bem como a sua valorização quantitativa e qualitativa, contribuindo assim para a sustentabilidade e rentabilidade do setor da pes-ca Português.A valorização do pescado dentro do projeto CCL recebeu um impulso a partir de 2012, com alguns objetivos concretos:• Contribuir para a divulgação do pescado fresco Português como um produto gourmet e fator de atração turística, reconhecido como “O melhor peixe do mundo”;• Promover o consumo de espécies de menor valor comercial, mas ricas em termos nutricionais. A ca-vala é um bom exemplo, pois é abundante na costa Portuguesa, sem restrições de quotas e cuja valori-zação poderia contribuir para o desenvolvimento das comunidades de pesca.No âmbito deste projeto, no verão de 2012, com o apoio de Chefs de referência, a Docapesca iniciou uma campanha de valorização da cavala, através de um conjunto de ações nos mercados municipais e grandes superfícies, ao longo de todo o país. Em 34 cidades portuguesas mais de 1.000 visitantes participaram em aulas de culinária e degusta-ções gratuitas, onde se aprendia a fazer receitas

inovadoras com cavala fresca e em conserva. A campanha tem sido um sucesso, com centenas de referências nos media portugueses, e em poucos meses, a cavala tornou-se numa espécies reconhe-cida dos melhores Chefs nacionais, pelo seu valor nutricional e versatilmente gastronómico. Em re-sultado da campanha de valorização registou-se um aumento nas vendas em lota de cerca de dois milhões de euros.Em 2013, a Docapesca mantém seu foco na valo-rização do pescado, particularmente da cavala e alargado ao polvo, com vista à promoção do con-sumo responsável e sustentável de pescado. A eti-queta CCL teve a sua imagem renovada em 2013 desta vez incluindo o nome da lota de origem do pescado, uma informação que aproxima o produto ao consumidor, potenciando a decisão de compra.No plano estratégico para o triénio 2012-2014, a

A Docapesca é uma empresa de capitais públicos e uma importante empresa do setor da pesca em Portugal, devido à sua abrangên-cia geográfica e variedade de serviços prestados. Conta também com uma experiência e conhecimento únicos no âmbito europeu.

MELHORAR A INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR,COM MAIS EFICáCIA E EFICIêNCIA NO SERVIÇOPRESTADO AO SETOR DA PESCA

Docapesca também inclui o investimento de mais de dez milhões de euros na requalificação da rede das lotas, com o objetivo de reforçar as condições e procedimentos de segurança alimentar e quali-dade ambiental e energética, focando a gestão dos negócios, na obtenção de resultados operacionais positivos, sem recurso a indemnizações compensa-tórias, bem como a abertura ao Setor da pesca, cola-borando em projetos de interesse comum com vista à obtenção de sinergia no setor da pesca e do Mar.Neste contexto de consolidação de relações de confiança com todos os intervenientes na fieira do pescado, a Docapesca está também presente em diversas feiras internacionais como a Seafood em Bruxelas, a Conxemar em Vigo, ou a Anuga em Co-lonia, bem como a SISAB em Lisboa, potenciando os negócios de toda a fileira através da valorização do pescado português.

COnselhO de AdministRAçãO dA dOCAPesCA

DIa MuNDIaL DO Mar A oPiNiÃo de...

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Não é possível agir no Mundo sem que se tenha um co-nhecimento desse mesmo Mundo, o que está intrinse-camente relacio-nado com a repre-

sentação que fazemos dele. Os Sistemas de Informação Geográfica permitem--nos fazer essa representação da forma mais perfeita possível”. Só assim tere-mos uma maior capacidade de poder e ação. A ideia foi defendida por Gonçalo Magalhães Colaço, Administrador da Esri Portugal, uma empresa portuguesa presente no mercado desde 1987 e que, pela visão pioneira, se colocou na linha da frente na oferta de tecnologia de Sis-temas de Informação Geográfica.Falar de SIG, apesar de sistemas já in-trinsecamente ligados ao quotidiano é ainda para muitos um conceito desco-nhecido. Em termos latos, são sistemas integrados através dos quais é possível “ver, compreender, inquirir, interpretar e visualizar dados de muitas formas, revelando relações, padrões e tendên-cias espaciais, consubstanciadas em mapas, globos, relatórios ou globos”. É inquestionável a importância que os SIG têm para o desenvolvimento de um país, não só em aspetos económicos. “Permitem um maior planeamento, a definição de estratégias, a organização de informação e têm um forte contri-buto para o bem-estar das pessoas e para a melhoria da qualidade de vida”, defendeu Vítor Lopes Dias, avançan-do com um exemplo: “se vou na rua e vejo um candeeiro fundido, basta usar uma aplicação no telemóvel e comuni-car essa situaçã ao município. Estou de facto a contribuir para uma melhoria”. Na maior parte dos casos, apesar de se-rem sistemas já enraizados em práticas diárias, muitas pessoas não sabem que estão a utilizar um SIG e cada vez mais, estes sistemas são partes integrantes dos sistemas centrais, estando hoje presentes em autarquias, empresas de retalho, de gás, grandes instituições

bancárias, empresas de seguros, entre outros. São sistemas permanentemente conectados ao quotidiano, assumindo--se como um “dado adquirido”. , Racio-nalizam-se meios, o nível de operacio-nalização aumenta e todas as pessoas, mesmo não tendo consciência disso, têm ganhos significativos.

CONhECIMENTO E gESTãODO PATRIMóNIO MARíTIMO

Antes de se falar numa gestão do nos-

Há mais de 25 anos que a Esri Portugal está ao lado de organizações na tomada de decisões. Esta empresa pioneira e líder de mercado na oferta em Portugal de tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) tem sido a promotora de um maior conhecimento do mundo, transformando essa mesma informação numa “verdadeira capacidade de poder e ação”. Fomos conhecê-la junto de Vítor Lopes Dias e Gonçalo Magalhães Colaço, Presidente e Administrador da Esri Portugal, respetivamente.

“UMA VERDADEIRA CAPACIDADEDE PODER E AÇÃO”

so património marítimo, importa, para Vítor Lopes Dias, ter um conhecimento profundo do assunto em questão. O pa-trimónio marítimo português está a ser redescoberto. Os portugueses voltaram a olhar para o mar como uma fonte inesgotável de recursos e a Esri Portu-gal tem, desde há muitos anos, vindo a desempenhar um papel fundamental na concretização desta visão. Este co-nhecimento do mundo, proposto pela utilização dos sistemas de informação

geográfico, também se aplica, invaria-velmente, ao mar e a todos os “segre-dos” que este esconde. A incomparável capacidade de integração dos SIG per-mite análise, correlação e compreensão do mar. Entre muitas outras relações de coo-peração, a Esri Portugal mantem uma ligação muito estreita com a Marinha Portuguesa. Através dos sistemas de-senvolvidos, a Marinha tem ao seu dis-por um conjunto de ferramentas que a

esRi PORtugAlDIa MuNDIaL DO Mar

mais do que fonte de negócio, o mar deve ser visto como estratégia“O mar é uma enorme fonte de negócio. No entanto a sua primeira importância é estratégica e é necessário ter esta ideia presente de um ponto de vista polí-tico. Economicamente, o mar é determinante para o futuro. (Gonçalo Colaço)

“Existem variadíssimos recursos no mar e não estamos só a falar de peixe. É necessário mostrar aos portugueses a real importância do mar para Portugal e tudo o que isso significa. O mar não pode ser entendido por decreto, tem uma tradição e é preciso um longo percurso para o entender. Para além do imprescindível conhecimento dos recursos, exige sistemas que o operaciona-lizem e de uma mudança do paradigma global.” (Vítor Lopes Dias)

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ver, compreender, inquirir, interpretar e visualizar dados de muitas formas, revelan-do relações, padrões e tendências espaciais, consubstanciadas em mapas, globos, relató-rios ou globos

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Pontos de Vista Outubro 2013

auxiliam nesta utilização do mar como fonte de riqueza e segurança e como base de projeção estratégica da atua-ção de Portugal no Mundo. Estamos a falar de áreas como busca e salvamen-to, combate a diversos tipos de tráfico, ao terrorismo e à pirataria, geologia marinha, cartografia náutica, sustenta-bilidade dos recursos marinhos, entre outras. Assim sendo, como resumiu Gonçalo Magalhães Colaço, “para toda esta representação marítima, a utiliza-ção dos SIG é decisiva”. A administração do Porto de Sines im-plementou um SIG que tem tido exce-lentes resultados não só no aumento da eficácia e eficiência da gestão, mas também no planeamento das opera-ções portuárias. Considerada a “Porta Atlântica da Europa”, o Porto de Sines foi dotado de um SIG que “visa a gestão e planeamento das operações, supor-tando a produção e gestão normalizada de informação portuária, bem como a integração das regras e processos de negócio de forma transversal”. Para Vítor Lopes Dias, o Porto de Sines “tem uma excelente estratégia de posiciona-

mento em todas as alterações profun-das que se fazem sentir no comércio mundial devido ao alargamento do Ca-nal do Panamá e das novas dimensões e categorias de navios”. A Esri Portugal continuará a afirmar-se na vanguarda do desenvolvimento de ferramentas que suportem a atuação de entidades como a Marinha Portuguesa ou o Porto de Sines.

Principais utilizadoresdos sig:- Administração Central- Administração Local- Defesa e Segurança- Ensino e Investigação- Telecomunicações- Transportes, Logística e Serviços- Utilities

“os sistemas de informação Geográfica como Multiplica-dor de Poder na defesa e se-gurança”No próximo dia 10 de outubro, a Esri Portugal vai realizar no IDN (Instituto de Defesa Nacional), em Lisboa, um seminário subor-dinado ao tema “Os Sistemas de Informação Geográfica como Multiplicador de Poder na Defe-sa e Segurança” que irá decorrer entre as 9 e as 13 horas. Ao lon-go do evento serão apresentados exemplos e casos de sucesso da utilização dos SIG nos mais va-riados organismos de Defesa e Segurança em Portugal. 53

permitem um maior pla-neamento, a definição de estratégias, a orga-nização de informação e têm um forte contributo para o bem-estar das pessoas e para a melho-ria da qualidade de vida

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F oi para operar nas áreas de consultoria e peritagem na-val que em 1981 foi criada a Navaltik, sendo hoje uma empresa bastante conhe-cida juntos dos diferentes players da área. Dentro do mercado segurador por-

tuguês, já desenvolveram trabalhos de peritagem e avaliação para a quase to-talidade das seguradoras nacionais, tais como a Mútua dos Pescadores, Fidelida-de, Lusitânia, Tranquilidade. Também no mercado segurador internacional, desenvolveram já inúmeros trabalhos de peritagem para os seguradores mem-bros do CESAM, de que a Navaltik Por-tugal é colaboradora em Lisboa, bem como para outras entidades que chegam pelas vias de comunicação do “shipping” mundial.Mas não é só no mercado segurador que a Navaltik é uma referência, é-lo tam-bém para armadores, autoridades marí-timas, portuárias e financiadores, graças aos frequentes trabalhos de avaliação de navios, estudos técnicos, preparação de cadernos de encargos e fiscalização para um elevado número de entidades, onde se incluem a FAO da União Europeia, Bad, KFAED, Porto de Aveiro, Enapor, governos de países africanos de língua oficial portuguesa, Transinsular, Galp (Sacor), Sonae, entre outros.

“A PARTE DA CONSuLTORIA QuASE QuE DESAPARECEu”

Com uma vasta experiência, a Navaltik proporciona uma gama de serviços téc-nicos especializados no ramo naval, com interesse para os armadores das mari-nhas mercante e de pesca, assim como para os agentes económicos que com eles se relacionam.No entanto, a atual conjuntura económi-ca tem levado a uma grande diminuição dos trabalhos a realizar nas áreas em que a Navaltik opera. “Em 1981, quan-do a empresa abriu, havia uma imensa movimentação portuária aqui no Tejo. Neste momento, há um navio a descar-regar de vez em quando. Todo o proces-so de peritagem naval foi decrescendo progressivamente ao longo dos anos”, lamenta José Marreiros Gonçalves.Mas se ao nível da peritagem naval fala-mos numa redução, no que diz respeito

à consultoria naval podemos pratica-mente falar em extinção. “A parte da consultoria quase que desapareceu. Antes trabalhávamos muito para Ango-la, Cabo Verde, Moçambique… mas, atu-almente, praticamente não há mercado para a consultoria naval, porque já está tudo feito. Dou-lhe um exemplo, somos nós que fazemos todas as peritagens para a Transtejo e a Soflusa, no entanto, quando essas empresas precisam com-prar novos navios, há já projetos feitos e, como tal, deixa de ser necessário en-trarmos como consultores. Para além disso, já fizemos muitos trabalhos para a banca. Quando os bancos financiavam novas construções ou aquisições de em-barcações pediam a nossa opinião sobre o negócio mas de há uns tempos para cá deixaram de requisitar-nos”, afirma.Apesar disso recentemente a Navaltik co-laborou no estudo de viabilidade para a recuperação do Navio Paquete Funchal.

O ABATE POLíTICO DA fROTA DE PESCA

A situação geográfica nacional deveria traduzir-se numa maior actividade cos-teira – Industria Pesqueira, mas Portugal

A Navaltik Portugal é uma empresa nacional de consultores de engenharia fundada em 1981 e que se dedica às áreas naval e industrial. Numa altura em que poucos são os navios que vemos atracados nos portos nacionais e em que as trocas comerciais feitas por via marítima são reduzidas face às potencialidades do país, os pedidos de avaliações, peritagens, fiscalizações ou consultoria que chegam a esta em-presa têm vindo a reduzir-se, a qualidade com que o trabalho é realizado, por sua vez, mantem-se elevada. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com o Engenheiro de Máquinas Marítimas José Marreiros Gonçalves, que é também Diretor Geral da empresa, assim como com o Engenheiro Naval Fernando de Macedo Costa que nos deram a conhecer, entre outras coisas, o estado da peritagem naval em Portugal.

“Já FIzEMOS PERITAGENS A PRANCHAS DE wINDSURF E AO MAIOR NAVIO DO MUNDO”

nos anos 90 virou as costas ao mar e a grande maioria da frota foi abatida. Actu-almente volta a colocar a economia marí-tima como uma prioridade, tornando-se assunto que marca a agenda. José Marrei-ros Gonçalves afirma convictamente “os anos 90 foram efectivamente adversos à indústria pesqueira nacional”.Em consequência também a indústria na-val que, depois das grandes expetativas

existentes no início da década de 70, en-trou em declínio e nunca chegou a vencer os fatores adversos que foram emergin-do. A retoma da indústria naval nacional foi tentada, mas nunca se realizou de for-ma convincente. Os estaleiros navais, de certa dimensão, que ainda existem, são os poucos que conseguiram resistir.A área naval encontra-se assim estag-nada nas suas várias vertentes mas, os

nAvAltik PORtugAl – mARine suRveYORs & COnsultAnts – em destAque

A Peritagem A peritagem de avarias foi a atividade de arranque da empresa, em 1981 e, desde essa data, tem sedimentado uma posição destacada que faz da mes-ma, atualmente, a empresa portuguesa com mais experiência na peritagem de navios. Desde a sua fundação, até ao final de 2011, o número de interven-ções ronda as 4500. No ano passado houve uma quebra mas até setembro deste ano já tinha sido realizado o mesmo número de peritagens que em todo o ano de 2012.A peritagem de uma avaria ou sinistro envolve, normalmente, a realização de uma ou mais vistorias, e o relatório contém, em regra, os seguintes elementos:- Constatação e averiguação das avarias e danos;- Análise das causas possíveis;- Descrição das reparações e estimativa de custos;- Acompanhamento e controlo das reparações;- Discussão final de faturas;

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José marreiros gonçalvese fernando de macedo costa

DIa MuNDIaL DO Mar

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Pontos de Vista Outubro 2013

nossos entrevistados estão confiantes na retoma desta área, até porque, “a zona exclusiva marítima portuguesa vai ter um aumento substancial”, explica Fernando de Macedo Costa.

“AS QuESTÕES INERENTES AOS CuSTOS DE IMOBILIzAÇãO DOS

NAVIOS SãO COMPLICADAS”Ate lá, vão desenvolvendo todo o tipo de peritagens. “Já fizemos peritagens a pranchas de windsurf e ao maior navio do mundo, com 650 mil toneladas”, afir-ma o diretor da empresa.É no porto de Sines que podemos encon-trar regularmente Fernando de Macedo Costa. “Devido ao fluxo de transporte de equipamentos das empresas portugue-sas para os PALOP, com frequência dois armadores escalam neste porto para pro-ceder aos carregamentos. É durante es-sas operações que muitas vezes aconte-cem danos e essa é uma das razões para termos de aparecer por lá. É importante perceber que as questões inerentes aos custos de imobilização dos navios são complicadas, porque são custos muito

elevados e é uma guerra na tentativa de que as avarias resultantes das operações de carga rapidamente sejam reparadas. Como tal, nós estamos ali também a ten-tar equilibrar as coisas e minimizar ao máximo os custos”, refere.

os outros serviços:• Avaliações - também nesta área a Navaltik é destacadamente a empresa portuguesa mais experiente e com maior número de avaliações de navios. A avaliação de navios apresenta-se relevante em três situações: para segurado-res ou financiadores disporem de uma base valorativa para efeitos de garantia financeira; para um armador saber se o(s) navio(s) que lhe são propostos se enquadram nos seus requisitos técnicos e numa gama de preços justa e razo-ável, e, por fim, para um armador dispor de um documento idóneo e indepen-dente, descritivo e valorativo do seu navio.• Inspeções de segurança de reboques – a eficiência e segurança de um sis-tema de reboque dependem da correção do sistema utilizado e da condição técnica dos elementos neles envolvidos. A peritagem das condições de re-boque fornece um parecer especializado, independente e atualizado sobre a operação que poderá salvaguardar os interesses, quer dos armadores, quer das seguradoras nela envolvidos.• Estudos e cálculos de engenharia naval – tais como provas de estabilidade, estudos técnicos económicos de exploração de navios, análise pericial a aci-dentes ou projetos de unidades flutuantes.• Especificações e cadernos de encargos – para que os armadores e/ou os seus financiadores tenham a garantia de que vão investir num navio com ca-racterísticas técnicas apropriadas à exploração prevista.• Fiscalização – consiste no acompanhamento técnico da construção ou re-paração do navio, centrado no controlo da qualidade e da conformidade dos trabalhos com as especificações. A Navaltik já fiscalizou cerca de 80 navios de diversos tipos em estaleiros portugueses, brasileiros, sul-africanos, polacos, noruegueses e holandeses. 55

em 1981, quando a em-presa abriu, havia uma imensa movimentação portuária aqui no tejo. neste momento, há um navio a descarregar de vez em quando. todo o processo de peritagem naval foi decrescendo progressivamente ao longo dos anos

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1º. AVALIAÇãOQualquer particular, família, empresa, associação ou entidade pública está su-jeito a diversos riscos: uns que implicam responsabilidades perante terceiros; outros que podem atentar na integridade física dos seus colaboradores; ou-tros ainda que ofendem o seu património e/ou rendimentos futuros.A primeira tarefa a atender consiste em identificar, qualificar e quantificar es-ses riscos, que podem variar bastante conforme a atividade.Por exemplo, uma família deve inventariar as responsabilidades decorrentes da posse e circulação automóvel, da propriedade de uma habitação e respetivo conteúdo, dos riscos de doença do casal e filhos, e da poupança para a reforma. E cada uma dessas preocupações pode ser quantificada.O mesmo acontece com os operadores marítimos, embora em maior varieda-de e escala.

2º. PREVENÇãOAntes do mais é importante considerar as medidas de prevenção – algumas delas obrigatórias - que podem eliminar ou atenuar os riscos e, no mínimo, reduzir o preço dos seguros. Por exemplo, se uma embarcação dispuser de todos os recursos de segurança, nomeadamente coletes, balsas, equipamento de combate a incêndios e meios de comunicação adequados, certamente que reduz substancialmente os im-pactos humanos e materiais dos riscos de fortuna de mar e outros. E o segurador naturalmente que levará em linha de conta na tarifação tal facto.

3º. RETENÇãOOs riscos infortunísticos não possuem todos a mesma dimensão. E a capaci-dade financeira dos segurados também não é exatamente igual. Assim, um pequeno empresário, sobretudo no início da atividade, pode ter necessidade de transferir globalmente a totalidade das suas responsabilidades e os riscos que afetam pessoas e património, por não dispor das condições financeiras mínimas para a sua reposição em caso de sinistro, ficando sujeito à situação

Existe uma cronologia na gestão do risco, que se aplica também ao setor marítimo, que neste artigo nos propomos descrever, em traços muito gerais, como forma de contributo da Mútua dos Pescadores, enquanto cooperativa de utentes de seguros, a todos aqueles que do mar fazem a sua profissão ou fonte de prazer.

A GESTÃO DO RISCO MARÍTIMO

de insolvência perante qualquer pequena adversidade. Mas uma grande em-presa já poderá fazer um raciocínio diferente, pois a sua capacidade financeira permite-lhe repor algumas perdas de menor expressão.

4º. TRANSfERêNCIAEm primeiro lugar, ter em atenção que determinados seguros são obrigatórios. E para esses a solução é mesmo contactar um segurador. O nosso ordenamento jurídico impõe muitos seguros obrigatórios, sobretudo no domínio da responsabilidade civil, pelo que se sugere vivamente a qualquer particular ou empresa que os tenha presentes antes do início da atividade e durante a sua existência (porque, entretanto, vão havendo alterações legisla-tivas).E nesse caso, não funciona o argumento de que existe capacidade económica para suportar os riscos em autosseguro, pois, no mínimo – para além de supor-tar todos os custos da reparação - o prevaricador terá de pagar as coimas que a lei prevê por ausência de seguro.Tendo o interessado identificado, qualificado e quantificado bem os riscos (eventualmente com a ajuda de peritos ou profissionais de seguros da sua con-fiança); garantido as medidas de prevenção obrigatórias e as facultativas que no seu entender possam evitar ou minorar os efeitos de acidentes mais drásti-cos (neste caso, o recurso à opinião avalizada dos técnicos de segurança pode ser fulcral); decidido, em função das disposições legais e do seu orçamento, qual a parcela de riscos que pretende reter (e esse exercício pode ser efetuado através do jogo de franquias); já pode, então, abordar com maior rigor a ques-tão da transferência dos restantes riscos para um segurador.A escolha do segurador é obviamente da esfera de direito do segurado, mas a tentação de efetuar uma seleção e decidir unicamente em função do preço, é pouco avisada, porque nos seguros, como na generalidade dos produtos, o preço é apenas uma das suas componentes.A maneira como o cliente é informado, a relação com ele estabelecida, a trans-parência na comunicação, o seu poder de intervenção no negócio e na gestão do segurador, a clareza do clausulado das apólices, o conteúdo das garantias, as franquias, as exclusões, a forma como os sinistros são geridos, a rapidez no pagamento das indemnizações, o acesso aos gestores dos processos, o trata-mento das reclamações, o direito ao contraditório, a possibilidade de contactar os dirigentes do segurador, bem como a própria solidez do segurador, são as-petos muito importantes a considerar, porque, no essencial, a qualidade de um seguro e de um segurador revela-se quando existe sinistro.E nos seguros existem poucos commodities, ou seja, produtos que apenas se diferenciam através do preço.

5º. CONTROLOOs seguradores mudam, os segurados mudam, as leis mudam e os riscos tam-bém mudam, pelo que é importante ir acompanhando a situação e proceder às adaptações que as novas realidades impuserem.

AdelinO CARdOsO – mútuA dOs PesCAdORes

DIa MuNDIaL DO Mar A oPiNiÃo de...

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Ilustração de Duarte Saraiva– Artista Plástico

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A Marmedsa é a empresa líder em serviços marítimos e logísticos na Península Ibérica. Qual o balanço que faz da experiência adquirida em mais de 50 anos de atividade?É um balanço bastante positivo, pois nestes 50 anos de atividade do Grupo Marmedsa, conseguimos tornar a Mar-medsa Noatum Maritime uma empresa líder no seu setor de atividade. Esta li-derança é uma realidade, graças à exce-lência de um serviço proporcionado por uma Equipa de Recursos Humanos alta-mente especializada, coesa e imbuída de um objetivo de crescimento e criação de valor para a empresa. Podemos afirmar que os pilares que sustentam o nosso êxito estão assentes num extraordinário espírito comercial, bem como na exis-tência de uma grande flexibilidade de adaptação à mudança.

Quais os principais serviços dispo-nibilizados pela Marmedsa e quais os fatores que fazem da empresa um player tão importante nesta área, a liderar o mercado da Península Ibé-rica?A Marmedsa Noatum Maritime oferece serviços a armadores e operadores de navios, bem como a exportadores e im-portadores, através de quatro grandes áreas de negócio: Agência Marítima, Lo-gística, Terminais Portuários e Serviços Portuários.

Quais as principais áreas de ativida-de com as quais a Marmedsa trabalha em Portugal? Há objetivos de expan-dir para outras áreas nos próximos tempos?Em Portugal temos a nossa atividade centrada nas áreas de Agência Marítima e Logística, prestando serviços a clien-tes nacionais e Internacionais nos por-tos de Leixões, Aveiro, Lisboa, Setúbal e Sines. Um dos fatores de sucesso do nos-so grupo é estarmos sempre atentos às necessidades dos nossos clientes. Desta forma podemos oferecer-lhes serviços adicionais, o que nos permite reagir com rapidez a novas oportunidades de negó-cio que possam surgir, sempre e quan-do esteja relacionado com o âmbito do transporte internacional de mercado-rias e logística.

Qual a importância que o mar tem no crescimento das exportações na Península Ibérica, tendo em conta a localização geográfica estratégica da mesma?

Desde o início da crise económica, que temos constatado uma diminuição na importação de mercadorias nos países do Sul da Europa originada pela contra-ção do consumo interno, no entanto, na exportação a tendência é precisamente a contrária com um aumento signi-ficativo nos últimos anos. Este facto, demonstra sem qualquer dúvida uma visão empreendedora e exportadora das nossas empresas, que abriram fron-teiras para compensar o decréscimo das suas vendas nos mercados tradicionais. O setor Marítimo é e será cada vez mais um “partner” essencial para as nossas empresas, para que os seus produtos

“O Mar deverá obrigatoriamente ter um papel relevante no desenvolvimento da economia portuguesa”, afirma Pedro Nunes, Diretor Geral Portugal da Marmedsa Noatum Maritime, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais relativamente a uma marca com mais de 50 anos de atividade e que é líder em serviços marítimos e logísticos na Península Ibérica.

O MAR E O DESENVOLVIMENTODA ECONOMIA PORTUGUESA

possam ser exportados aos países de destino.

A economia do mar representa ape-nas dois por cento do PIB português. Não será este um valor demasiado reduzido tendo em conta as potencia-lidades marítimas nacionais?É de facto um valor extremamente re-duzido quando comparado por exemplo com outros países costeiros da comuni-dade europeia. Somos um país que con-ta já com importantes infraestruturas portuárias e com um importante núme-ro de conexões marítimas com os prin-cipais portos europeus e mundiais. O dinamismo deste setor conjugado com o aumento das exportações e do comércio Mundial, fará com que esta percentagem seja com toda a certeza maior nos pró-ximos anos.

O mar poderá ter um papel de relevo na alavancagem da economia portu-guesa? Que medidas deveriam ser in-troduzidas nesse sentido?O Mar deverá obrigatoriamente ter um papel relevante no desenvolvimento da economia portuguesa. Para isso teremos que ser capazes de responder às novas exigências da globalização, tendo infra-estruturas de qualidade, tornando os portos menos onerosos para os armado-res, operadores logísticos devidamente formados e flexíveis para que possamos responder às novas necessidades, me-lhorando a eficiência dos serviços que oferecemos. Desta forma, cremos que nos conseguiremos tornar cada vez

mais competitivos relativamente a ou-tros países/portos.

Qual o papel que a Marmedsa poderá ter a esse nível?O nosso grupo tem delineado um plano estratégico para o periodo 2011/2015, que assenta numa visão estratégica para o futuro e uma forte componente de projeção internacional. Obviamente que continuaremos a desenvolver os nossos mercados atuais no qual se enquadra Portugal.

Portugal e Espanha deveriam criar mais parcerias forma a potenciar a economia do mar de ambos os paí-ses? A cooperação entre os dois paí-ses é crucial para o desenvolvimento dos mesmos?Os governos de Portugal e Espanha têm uma excelente relação bilateral, o que facilita a cooperação entre ambos os países e respetivas empresas. É essen-cial que Portugal e Espanha continuem a trabalhar conjuntamente, inseridos numa linha orientadora da Comunidade Europeia, para que possam ser criadas parcerias em todos os setores empre-sariais, incluindo obviamente o setor marítimo onde estamos inseridos. Se formos além das “fronteiras” políticas, a nivel logístico, a Península Ibérica pode ser vista como um mercado bastante aberto e com múltiplas interconexões e sinergias.

www.marmedsa.com www.noatum.com

mARmedsA nOAtum mARitime Pontos de Vista Outubro 2013DIa MuNDIaL DO Mar

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“o nosso grupo tem delineado um plano estratégico

para o periodo 2011/2015, que as-

senta numa visão estratégica para o futuro e uma forte

componente de projeção interna-

cional. obviamente que continuaremos

a desenvolver os nossos mercados atuais no qual se

enquadra Portugal”

pedro nunes

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Qual a principal dificuldade que a ICG sente no mercado Português atual-mente?Há realmente neste momento dificul-dades muito objetivas que se opõem a decisão de investimento em Portugal, efetuado no caso da ICG Software já há cerca de sete anos, onde o espaço para produtos nos segmentos de mercado onde a atuamos, já era e continua difícil. Eu resumiria a duas principais. Uma é o baixo investimento por parte das orga-nizações que também se ressentem cla-ramente do fraco consumo resultantes da crise Europeia que vivemos. E isso são causas que nos ultrapassam mas que nos afetam não só a nós, mas como a todos os nossos parceiros comercias, e inclusivamente a nossa concorrência. A segunda é bastante mais difícil de “di-gerir”, principalmente para uma softwa-re house de cariz internacional como a ICG que produz aplicações praticamente para todo o mundo.Esta prende-se com as obrigações im-postas pela Autoridade Tributária (AT) ás plataformas deste género existentes no mercado, que não têm parado de “evoluir” tanto em detalhes como em complexidade nos últimos dois anos. A gestão da comunicação, calendários e contextualização é quanto a nós al-tamente criticável, dessincronizada do resto da Europa e do mundo. Na verdade acabamos por assistir a que o controlo fiscal passe na prática e unilateralmente para as nossas soluções, que se vêm ago-ra (apenas) apetrechadas de mecanis-mos para evitar a fuga fiscal e aumento do controlo ao contribuinte.Se isto para as sofwares houses nacio-nais tem sido um balão de oxigénio, que envolve um misto de guerra comercial e performance para garantir o cumpri-mento das diretivas da AT da forma mais eficaz possível, e ao mesmo tempo em-polando perante os utilizadores o seu alinhamento com as nossas finanças, onde as consequências de um eventual incumprimento é muitas vezes inexis-tente, como mecanismos de venda numa altura de recessão – que obriga setores como a restauração, já altamente penali-zados pela quebra no consumo, acresci-dos da carga fiscal conhecida a fazer in-vestimentos forçados para se manterem legais – para a ICG tem representado um esforço titânico. Dado que este proces-so não está alinhado numa estratégia de desenvolvimento internacional, ou pela forma não Global como tem sido gerido pela nossa autoridade tributária,

acabamos por obrigar uma equipa de desenvolvimento internacional a fazer, muitas vezes em timings absurdos, um conjunto de adaptações que mais do que cumprir, não corrompam a amplitude operacional das nossas plataformas.E isto não é um problema só das sofware houses internacionais mas sim de todas aquelas que pela sua dimensão não con-seguem em Portugal acompanhar por falta de recursos os seus pares e que acabam por ser literalmente varridas do mercado – o que levanta questões sobre a idoneidade concorrencial de todo este processo, existindo inclusiva-mente já fóruns de discussão sobre esta matéria caraterizados pela gravidade e evidência destas suspeitas. Assiste-se a uma disparidade de informação, muitas vezes com especificações incompletas, outras vezes com especificações que entram claramente em rota de colisão com capacidades operacionais. E quan-to a mim, bastante mais grave do que tudo isso, são produtoras nacionais que anunciam o seu bom alinhamento com a AT e a sua rapidez no cumprimento de especificações que não existem na

Marca de enorme prestígio, A ICG foi a primeira empresa de desenvolvimento tecnológico do mundo a fabricar e a comercializar tecnolo-gia visual e táctil para o setor da hotelaria, sendo um player de enorme referência no âmbito da inovação e tecnologia e da aplicação das mesmas em prol da satisfação dos seus clientes. David Baltazar, Administrador da ICG, falou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, e deu-nos a conhecer os principais desafios da marca.

“A INOVAÇÃO TEM QUE SER PERMANENTE”

sua totalidade, ou não estão disponíveis para todos, ou pelo menos o estão para todos da mesma forma. A confirmar-se que a evidência seja mais do que apenas falhas na gestão deste processo, seria gravíssimo e leva-nos para questões que remetem diretamente a temas que quanto a mim mereceriam imediata-mente algum trabalho por parte da Au-toridade Nacional da Concorrência. Felizmente tivemos e vamos continuar a ter capacidade de responder a estas exi-gências mas é obvio que a ICG Portugal foi francamente penalizada, bem como os nossos utilizadores e parceiros que teriam muito mais à sua disposição para gerir os seus negócios. Neste contexto estivemos todos a trabalhar para a AT em detrimento do avanço tecnológico e da eficácia operacional.Temo que ainda não estejamos numa fase completamente terminal deste pro-cesso e enquanto não acabar, será lógico que a criatividade e a evolução tecno-lógica vão ter que esperar em Portugal. Como software house internacional te-mos exigências de evolução de outros países, que não se compadecem deste

revés, e que mantém as nossas plata-formas vivas e de valor acrescentado, contrariando claramente este período de mudança de focus que sem perceber-mos bem acabamos todos por fazer a nível nacional, mas vai haver quem não o consiga!.A ICG foi a primeira empresa de de-senvolvimento tecnológico do mundo a fabricar e comercializar tecnologia visual e táctil para o setor da hotela-ria. Com o surgimento de novas em-presas a atuar nesta área o que é que a ICG tem feito para se manter no mer-cado como um player de referência?Com a experiência adquirida desde 1985 no desenvolvimento destas plata-formas a ICG tem-se dedicado a especia-lizar os seus produtos em verdadeiras ferramentas operacionais de negócio, apetrechando-os com as necessidades evolutivas destes mercados.Conceitos como fidelização, promoções cruzadas, “happy-hours”, estratégias comerciais diferenciadas e globais, co-municações internas e externas, são algumas das áreas que se tornaram

dAvid BAltAzAR, AdministRAdOR dA iCg, e A inOvAçãOINOVAÇÃO

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a inovação tem que ser permanente não só em termos de tecnologia mas também, e com um peso muito grande, no acompanhamento das reais necessidades dos mercados onde a icg atua e que têm uma di-nâmica muitas vezes ver-tiginosa como é fácil de verificar no nosso país e nos palops, emergentes também nestas áreas de retalho, restauração e hotelaria

David baltazar

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Pontos de Vista Outubro 2013

essenciais em mercados cada vez mais agressivos e concorrenciais como o re-talho, a restauração e a hotelaria.

Quais os produtos mais inovadores que a ICG tem no mercado atualmente?Todos os anos a ICG lança no mercado, em outubro, as principais novidades para o ano seguinte e nesta altura es-tamos a falar das versões 2014. Como grandes novidades o desenvolvimento das plataformas de retalho e restaura-ção para Android, o Cash-Draw, que é um equipamento de pagamento automático para evitar quebras de caixa disponível para acoplar a qualquer plataforma ICG ou não, o ICGReports, uma ferramenta de aopoio à gestão para smartphones, o ICGDataExchange que facilita enor-memente a comunicação entre as pla-taformas ICG e outras plataformas, e o ICGPlanner, para resolver problemas de gestão de equipas de trabalho de um ou vários locais, e o ICGCommerce, uma verdadeira solução integrada de comé-rico online, diria que são as mais signi-ficativas principalmente nos mercados de atuação da ICG Portugal que inclui os PALOPS.

Esta é uma área em que a inovação e o desenvolvimento têm que estar presentes diariamente para que se consigam manter na vanguarda de forma constante? As parcerias com universidades e centros de investiga-ção são de extrema importância para que se consiga atingir este fim?Sim, a inovação tem que ser permanen-te não só em termos de tecnologia mas também, e com um peso muito grande, no acompanhamento das reais neces-sidades dos mercados onde a ICG atua e que têm uma dinâmica muitas vezes vertiginosa como é fácil de verificar no nosso país e nos PALOPS, emergentes também nestas áreas de retalho, restau-ração e hotelaria. E hoje a realidade do retalho, da restauração e da hotelaria está muito assente em cadeias nacionais e internacionais, ou em organizações que pela sua capacidade de oferta e di-ferenciação, conseguiram impor uma marca – isso é o que temos permanente-mente de acompanhar.Quanto a parcerias com as universida-des, elas são fundamentais e se inter-nacionalmente é muitas vezes uma re-ferencia na gestão de um mercado, em Portugal poder-se-ia fazer muito mais. O gap de contexto existente entre o mundo académico e o mundo empresarial faz

com que estes andem muitas vezes de costas voltadas. Principalmente no que toca a organizações mais pequenas, que não têm a mínima hipótese de construir estas pontes com meios próprio, e mes-mo que o quisessem, seria um verda-deiro desperdício e desencontro entre empreendedorismo e a tão necessária investigação e criatividade para o de-senvolvimento do mesmo. No que toca à ICG a ligação com a Universidade de Lé-rida, onde se situa a nossa fábrica, é fun-damental e completamente estratégica.

Quais os principais setores de ativi-dade para os quais a ICG desenvolve as suas soluções atualmente? Têm novos setores em vista?Os setores de atuação, já fui falando neles nas questões anteriores, são o retalho, a restauração e a hotelaria. Es-trategicamente a ICG aposta nestes se-tores aumentando a amplitude das suas plataformas e a orientação para as re-ais necessidades operacionais, criando produtos complementares como gestão de recursos, planeamento de ativida-des, controlo de assiduidade, comercio eletrónico e plataformas para Smar-tPhones de apoio à decisão, módulos especificamente desenvolvidos para as equipas de Marketing, com um grande aproveitamento de tecnologias já exis-tentes na maioria das organizações e que nos possibilita ofertas muito atrati-vas para os nossos utilizadores.

As soluções da ICG trabalham com um sistema ICG Remote. Quais as mais-valias associadas ao mesmo?É uma parte do que falei acima no apro-veitamento de tecnologias já existentes com as quais a ICG construiu um pro-duto próprio que aproveita os investi-mentos já existentes nas organizações no acesso à internet e integramos de uma forma interativa a informação en-tre as nossas plataformas independen-temente da sua localização geográfica. Ou seja, como exemplo, temos cadeias de centenas de lojas espalhadas pelo mundo para as quais é indispensável a comunicação e o alinhamento com os centros logísticos, seja por questões de pricing, disponibilidades, campanhas, fidelização, entre outros. Seria impensá-vel fazê-lo com o nível de investimento com que a ICG o possibilita se tivésse-mos para garantir esta centralização, de apetrechar todos estes pontos com es-truturas de comunicação proprietárias, ou pior até, depois faze-los depender da

estabilidade de um link. Inclusivamente em alguns pontos seria completamente impossível já que muitas vezes as ex-pansões destes segmentos de mercado se fazem para países em que o cresci-mento de mercado está explosivo com-parativamente ao nosso, e onde as infra-estruturas de comunicações são ainda inexistentes ou parcas. Além destas, a grande vantagem desta plataforma ICG Remote é que havendo comunicação garante a integridade da informação em tempo real evitando assim o isolamento sem que em nada torne o ponto remo-to dependente para a garantia das suas operações diárias – que na prática, na maioria das vezes, se concentra no aten-dimento ao cliente sendo de vital impor-tância a disponibilidade da ferramenta de gestão. Inclusivamente é um produto reativo que detetando a possibilidade de comunicar trata de o fazer de uma forma totalmente autónoma, sem necessidade de qualquer interveção de utilizadores.

A ICG, atualmente, distribui os seus produtos em mais de 60 países. Ain-da assim, o mercado asiático é aquele em que têm uma posição menos pro-eminente. É muito difícil ser competi-tivo por exemplo ao nível dos preços nesta zona do globo?Provavelmente haveria outras pessoas dentro da ICG que poderiam ser mais específicos nesta questão, mas a dificul-dade na minha opinião prende-se bas-tante mais com temas técnicos como por exemplo os idiomas. É completamente diferente desenvolver um produto que suporte mais do que um alfabeto do que desenvolver um produto que aceite ex-clusivamente o nosso.Outra questão importante que dá sem-pre bastante trabalho e obriga a um conhecimento profundo da realidade da região onde se pretende atuar, tem a ver com as obrigações fiscais – veja-se o caso de Portugal e o esforço, como já referi, quanto a mim incompreensível com que as produtoras de software na-cionais e internacionais se confronta-ram nos últimos dois, três anos; com as obrigatoriedades de controlo fiscal com que tiveram de apetrechar os seus pro-dutos, onde muitas destas obrigações são extremamente complicadas de im-plementar e ao mesmo tempo manter as funcionalidades do produto com a mes-ma amplitude, simplicidade e agilidade.

A ICG recebeu o prémio à melhor es-tratégia empresarial em inovação e

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internacionalização. Quais as razões para terem recebido essa distinção? Como caracteriza essa mesma estra-tégia?A especialização nas áreas de atuação, a inovação tecnológica apontando para a eficácia e redução de investimento por parte das organizações com as sua pla-taformas de TI e a sua capacidade de in-ternacionalização foram creio eu fatores decisivos nesta distinção, e claro que a ligação ás universidades é fundamental para tornar estes objetivos reais.

Quais os objetivos da ICG para os pró-ximos anos?Há claramente dois objetivos inseridos naquilo que é a nossa missão empresa-rial que é de dotar os nossos utilizado-res de plataformas cada vez mais efica-zes e avançadas tecnologicamente.Um objetivo claro é o de alargar, desen-volver e manter a estratégia de inter-nacionalização e o outro é o de acom-panhar a evolução tecnológica a que se assiste neste momento. A multi platafor-ma, ou seja produtos que funcionem in-dependentemente da plataforma é uma realidade, veja-se o exemplo do Android e as aplicações SaaS (Software as a Ser-vice), são uma realidade.No caso da ICG como temos tido sempre o cuidado de garantir e pretendemos manter, o nível de qualidade e de abran-gência dos nossos produtos indepen-dentemente das evoluções tecnológicas, e será estratégico que o continuemos a fazer de uma forma completamente consistente com a realidade tecnológica, sabemos que em termos de imagem nos pode prejudicar. Temos visto produtoras de softtware colocarem uma bandeira pública no aproveitamento de alguma tecnologia mais recente com o objetivo claro de se destacarem apesar de que para nós é bastante óbvio que uma coi-sa é dizemos que já estamos a fazer in-vestigação numa determinada filosofia de plataforma ou tecnologia e outra é dizer que a qualidade, as próprias pla-taformas, a capacidade de integração, e o nosso futuro, e aqui falo de nós e dos nossos utilizadores, está materializado com essas novas filosofias ou platafor-mas, é efetivo e sustentável – uma coisa é pôr um pé na lua, outra é ir para lá viver, e os nossos utilizadores usam as nossas plataformas em toda a sua abrangência e diariamente. Há uma responsabilida-de presente e futura em manter e fazer crescer a nossa marca ao nível do que tem sido feito até a data.

“No caso da iCg como temos tido sempre o cuidado de garantir e pretendemos manter, o nível de qualidade e de abrangência dos nossos produtos indepen-dentemente das evoluções tecnológicas, e será estratégico que o continuemos a fazer de uma forma completamente consistente com a realidade tecnológica, sabemos que em termos de imagem nos pode prejudicar”

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Tem-se observado nos últimos anos um importante desenvolvimento relativo à transferência de conheci-mento de resultados procedentes da atividade de I&D em Nanotecnologia na Euroregião do Norte de Portugal - Galiza. Parte do êxito encerra na sua base um esforço continuado por par-

te das instituições e grupos de investigação destas duas regiões, capazes de desenvolver investigação científica cada vez mais competitiva, eficiente e articulada. Muito embora o verdadeiro impacto da Nanotecnologia ainda não seja efetivamente men-surável, os produtos que a incorporam represen-tam, atualmente, um mercado que não pode ser ignorado. Não obstante, existem ainda inúmeras barreiras na comercialização de produtos, pro-cessos e tecnologias que resultam de projetos de I&DT ao longo do ciclo de inovação. Salienta-se a ausência de práticas de gestão de I&D e inovação adequadas, a desarticulação entre estratégias pú-blicas de I&D e necessidades das empresas, a au-sência de avaliação da viabilidade económica de ideias e projetos, a dificuldade na gestão de tecno-logias plataforma, a gestão ineficiente da proprie-dade industrial, o baixo investimento empresarial em investigação e o insuficiente financiamento específico para o desenvolvimento de protótipos e provas de conceito. Como principal conclusão destaca-se a necessidade em sensibilizar a comu-nidade empresarial, industrial e de investimento para a participação ativa em todo o ciclo de I&D e inovação. Existe a necessidade premente de apos-tar em políticas públicas assentes em estratégias de complementaridade e eficiência coletiva que deverão prevalecer sobre as ações isoladas de to-dos os agentes de apoio à inovação e transferência de conhecimento responsável pelos ativos existen-tes em Nanotecnologia na Euroregião. Destaca-se, assim, a importância das atividades, promoção de projetos e mapeamento de competências do Clus-ter Euro-Regional de Nanotecnologia (futuramen-te a ser constituído como Pólo de Competitivida-de em Nanotecnologia) e que, juntamente com o novo programa quadro Horizonte 2020 (H2020), representa uma oportunidade de crescimento, desenvolvimento, emprego e competitividade na Euroregião.O H2020, considerado como o maior programa de financiamento de ciência e inovação do mundo com uma dotação orçamental de 70.2 mil milhões de euros para o período 2014-2020, estabelece três prioridades: Excelência Científica, Liderança Indus-trial e Desafios Societais. O H2020 será crucial para a garantia de ecossistemas de inovação capazes de alavancar o crescimento das regiões europeias. O objetivo das indústrias competitivas visa tornar a Europa num local mais atrativo para investimento

em investigação & inovação e pela promoção de atividades onde o negócio é parte integrante da agenda. Este princípio estratégico irá aumentar o investimento em tecnologias industriais-chave, maximizando o potencial de crescimento das em-presas da Europa, proporcionando-lhes níveis ade-quados de financiamento e apoiar as PME inovado-ras na sua internacionalização e posicionamento mundial. Portugal também beneficiará do novo Quadro Financeiro Plurianual da UE para 2014-2020. O novo quadro comunitário que sucederá ao atual QREN designar-se-á Portugal 2020. Pretende--se que este novo ciclo de fundos contribua como o motor da inovação produtiva e tecnológica, na reindustrialização da base económica, da expansão e internacionalização das PME e de uma especiali-zação inteligente de base regional.O mapeamento de competências tecnológicas é fundamental para se explorar todas as potenciali-dades oferecidas por estes novos fundos comuni-tários. Em resultado do estudo do mapeamento de competências em Nanotecnologia efetuado pelo consórcio (disponível em www.nanovalor.org) po-de-se concluir que a realidade se encontra numa fase disruptiva na medida em que as empresas Euroregionais identificam a nanotecnologia como um veículo interessante para as suas áreas de ne-

O projeto NanoValor pretende ser um motor de alavancagem de uma Euroregião de Excelência em Nanotecnologia pela dinami-zação de uma rede de cooperação efetiva entre os seus principais atores-chave.

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLóGICOE O CLUSTER EURO-REGIONAL DE NANOTECNOLOGIA

gócio. A implementação de produtos nanotecnoló-gicos na indústria automóvel e da construção civil ocupam o 1º lugar uma vez que quase 30% das empresas da amostra identificam-nas como uma oportunidade. Seguem-se a indústria têxtil, da energia, sanitária e de materiais assinaladas por um quinto das empresas. Com 20% encontram--se as aplicações para as indústrias eletrónica e do meio ambiental. A aplicação na indústria alimen-tar é a seguinte na lista com uma percentagem de 18% seguindo-se as aplicações dirigidas à indús-tria da biotecnologia, farmacêutica e militar, com percentagens em torno de 15%. Destaque-se também a importância do Observa-tório de Vigilância Tecnológica, NanotechRadar, implementado no âmbito do NanoValor e que per-mitirá oferecer à comunidade de inovação, com-posta já nesta fase por mais de 500 investigadores e cerca de 300 empresas, um serviço de inteligên-cia competitiva. O NanotechRadar irá oferecer um conjunto de informação estratégica, roadmaps customizados, consultoria sobre propriedade intelectual, orientação sobre a nanotecnologia, serviços de vigilância competitiva para análise de novos produtos e tecnologias e potenciais oportu-nidades de projetos para os próximos programas Horizonte 2020 e Portugal 2020.

vAsCO teixeiRA, COORdenAdOR dO PROJetO nAnOvAlOR e PRó-ReitOR PARA A investigAçãO dA univeRsidAde dO minhO

NANOTECNOLOGIA EM DESTAQUE A oPiNiÃo de...

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Quais os produtos e serviços mais ino-vadores que a Indoorvias disponibiliza? Somos uma empresa multifacetada. De-vido à minha formação como Analista de Sistemas, começámos a atividade com a distribuição e comercialização de soluções e equipamentos informáticos. Somos revendedores das melhores mar-cas e distribuidores exclusivos de mar-cas como Raptor-Gaming, Iriver. Devido às tempestades que ocorreram há cerca de cinco anos e que afetaram profunda-mente a região Oeste, causando prejuí-zos avultados a empresários de diversos segmentos, incluindo a nós, e especial-mente aos agricultores, vimos aí uma oportunidade de negócio e começamos a procurar uma solução que colmatasse o problema das variações de tensão que causam estragos em equipamentos elec-troeletrónicos (kavas e sobretensão da rede elétrica), pois as UPS’s, conseguem resolver localmente (equipamento a equipamento), mas torna-se dispendio-so e inviável ter 1 ups para cada equipa-mento que possuímos. Encontramos os Power Saver, aos quais demos o nome de “Controladores”, que conseguem prote-ger a instalação e ainda evitam as perdas, estabilizando a rede com uma substan-cial redução de consumos de energia elé-trica. Antes do lançamento no mercado estivemos durante quase um ano a testar o seu funcionamento e ainda hoje esta-mos a aprender. Como os nossos clientes ficavam satisfeitos, solicitaram-nos uma solução para os combustíveis, e também por isso, já estamos a trabalhar e em bre-ve teremos a solução para a Água.

Quais as principais vantagens compe-titivas da Indoorvias? De que forma se posicionam e diferenciam dos concor-rentes? Temos várias. Sendo a principal delas a qualidade dos nossos produtos e serviços. Além disso, conhecemos profundamente os mesmos, contamos com a responsabili-zação de todos os profissionais que traba-lham connosco, somos líder de mercado. Todas as empresas da concorrência ten-tam copiar o que fazemos, porque todas as informações que estão disponíveis no mercado, foram de uma forma ou de outra, retiradas das nossas pesquisas e experiên-cias. Nós sabemos o que são e como fun-cionam os controladores, e principalmen-te os nossos. Somos a única empresa que possui equipa técnica própria e treinada especificamente para os Controladores de Energia e que é composta por técnicos e engenheiros com larga experiência! Faze-mos testes e se verificarmos que o cliente não será beneficiado, somos os primeiros a dizer-lhe que não compensa o investi-

mento. Não vendemos a qualquer custo! Profissionalismo, honestidade e seriedade fazem parte da nossa casa. Fazemos um trabalho personalizado para cada cliente, e vemos caso a caso, detalhe a detalhe. Co-locamo-nos no lugar dos nossos clientes a cada produto ou serviço novo que disponi-bilizamos. Somos os primeiros.

Como funcionam os controladores de energia e quais a mais-valias associa-das aos mesmos? São equipamentos amigos do ambiente, filtram, controlam e estabilizam a energia da instalação elétrica em que são inseri-dos e conseguem reduzir de forma eficaz e sem ser necessário fazer-se grandes alterações/atualizações na instalação dos nossos clientes, tais como mudança de tipo de iluminação, modernização da maquinaria, obras, entre outros, que têm custos muito elevados. Os controladores reduzem os custos operacionais dos nos-sos clientes, aumentam a sua margem de lucro, a sua eficiência e tornam-nos mais competitivos frente à sua concorrência. Têm uma vida útil bastante alargada e um payback muito interessante.

Numa altura em que as famílias têm que estar cada vez mais atentas aos seus gastos e precisam necessariamen-te de os reduzir, a Indoorvias posicio-na-se estrategicamente no mercado, dando uma resposta a essa necessida-de? Poderá estar na crise uma oportu-nidade para a empresa? O nosso público-alvo não é o consumidor doméstico, mas as PME’s. Queremos aju-dar o tecido empresarial que está com muitas dificuldades. Neste momento, a maioria dos nossos clientes residenciais

A inovação é hoje uma premissa essencial e fundamental para a sociedade, onde o universo empresarial assume-se como um «produtor» sem fim de inovações que têm como principal desiderato facilitar o dia-a-dia do cidadão comum e de empresas. Aline Paschoal, CEO da Indoorvias, Lda, em entrevista à Revista Pontos de Vista, revelou algumas das potencialidades da Indoorvias, uma marca que assume um cariz multifacetado e de enorme valor.

INOVAR COM VALOR

são os empresários que adquiriram os nossos equipamentos para as suas em-presas, comprovaram a eficácia e com-pram para as suas casas. Somos capazes de dar resposta em termos de soluções, digo que sim. Apesar de representar uma fasquia interessante de mercado, a nossa experiência diz que seria necessário ter uma equipa maior de Consultores para ser possível aconselhar caso a caso, sobre a melhor solução. Nós não descuramos as necessidades dos clientes domésticos e assim disponibilizamos no nosso site um Simulador que indica o quanto cada clien-te pode poupar com as nossas soluções face ao seu consumo, ou então podem-nos facultar as faturas e fazemos esse trabalho gratuitamente.

Apesar desta necessidade que a maior parte das famílias têm de reduzir os seus consumos, em Portugal, é o setor residencial aquele que tem evidencia-do um aumento maior dos consumos energéticos. Como é que isto se expli-ca? Há algum desconhecimento em relação às soluções que existem para reduzir os consumos por parte dos mesmos? Este ponto tem diversas variáveis, vou tentar ser sucinta e focar-me nas prin-cipais. Se por um lado há algum desco-nhecimento de como evitar custos. Há a questão de que cada vez mais, precisamos de usar equipamentos que nos facilitem o dia-a-dia, que trabalhem quase sozinhos. Vejamos o meu exemplo, que expressa a realidade da maioria das mulheres portu-guesas. Sou empresária, também dona de casa com filhos, trabalho a tempo inteiro, é impensável voltar ao tempo em que se lavava a louça e a roupa a mão, fazia a

sopa dos miúdos usando o passevite. Hoje preciso de usar a máquina de lavar, a pi-cadora, o forno elétrico, enquanto cuido dos miúdos. As máquinas fazem o traba-lho chato e necessário e assim tenho tem-po para estar com meus filhos e marido, acompanhar os trabalhinhos da escola, cuidar de mim mesma. Portanto, ao faci-litar o nosso dia-a-dia, temos mais tempo. O uso de eletrodomésticos cada vez mais sofisticados também implicam mais con-sumos. Os controladores podem dar uma ajuda preciosa. Na minha casa reduziram em mais de 15% os consumos mensais.

O que é que, na sua opinião, é necessá-rio fazer para que Portugal comece a apostar mais nas energias renováveis? Portugal tem vindo a investir bastante nesta área, mas temos margem para fazer mais e melhor. Temos de aprender com o que foi feito, porque não adianta só criti-car, há que estudar e apresentar soluções que sejam exequíveis e economicamente viáveis e dá-las a conhecer ao público, aprimorar o positivo e não repetir o nega-tivo, aproveitar mais e melhor os recursos que temos de forma gratuita.

Acredita que Portugal tem condições para se tornar autossuficiente a nível energético? É possível que se consiga ter mais autono-mia, mas a auto-suficiência, que para qual-quer país é a situação ideal. Infelizmente considero que seria utópico pensar-se que é para sempre, pois, precisamos de crescer e o crescimento necessita de mais fontes de energia, ou seja, mesmo que em deter-minado ponto tenhamos essa tão almejada auto-suficiência, não a poderemos manter se quisermos continuar a crescer de forma sustentável e com qualidade.

Que metas a Indoorvias tem estabele-cidas para os próximos anos e quais as expectativas em relação aos tempos que se avizinham? A primeira meta, é aumentar a quota de mercado para a zona norte de Portugal. Neste momento, detemos cerca de 60 por cento da quota dos controladores. Queremos manter a liderança, concomi-tante com a confiança de nossos clientes, sem descurar a qualidade e a excelência dos nossos serviços. Para tal, estamos a reforçar a nossa equipa, através do recru-tamento de 40 Consultores Comerciais e outras dez pessoas para diversos setores da empresa, entre cargos administrativos e técnicos. A segunda meta passa pela in-ternacionalização. Fiz prospeção e temos estudos que apontam para a aceitação do nosso projeto em vários países europeus e não só.

Aline PAsChOAl, CeO-indOORviAs, ldA, em entRevistA Pontos de Vista Outubro 2013INOVAÇÃO

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aline paschoal

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Pela sua saúde traba-lhamos mais e me-lhor”. Desde 1952 que este tem sido o compromisso as-sumido pelo Labo-ratório Edol, uma empresa que co-

meçou numa farmácia em Lisboa e que conquistou o respeito de todos nesta vasta cadeia que carateriza a indústria farmacêutica em Portugal. Adotando um crescimento sustentado que não leva a cometer grandes loucuras, a empresa tem acompanhado os altos e baixos que a saúde enfrenta, assumindo um lugar de liderança no mercado de vendas no setor de oftalmologia e com uma sólida implementação em dermatologia.Definindo-se como uma empresa “hu-mana e humanizante”, familiar, de pes-soas para pessoas, o Edol orgulha-se de ter vindo a passar pela crise financeira e económica que nos envolve, sem ter dispensado qualquer colaborador em-bora atento a contenção de custos. É uma empresa virada para o mercado global, 100% portuguesa. Não querendo dar passos maiores do que as pernas, a empresa procurou conquistar nichos de mercado de uma forma lenta e con-solidada, especializando-se em quatro principais segmentos: oftalmologia, dermatologia, dermocosmética e otor-rinolaringologia. Com o objetivo de dis-ponibilizar aos seus utentes as melhores soluções terapêuticas, a empresa agar-rou um novo desafio e entrou no mer-cado da ginecologia. “Sentimos a neces-sidade de alargar a nossa atuação. Uma vez que somos uma empresa pequena, temos que nos aproximar de áreas de negócio que possamos dominar. Temos de pensar em projetos relativamente comedidos e desafios que não sejam de grande loucura”, salientou Carlos Setra, Presidente do Conselho de Administra-ção do Laboratório Edol, em conversa com a Revista Pontos de Vista. Apesar da instabilidade que se faz sentir na indústria farmacêutica em Portugal,

o Laboratório Edol não perdeu terreno, sendo uma das empresas mais bem po-sicionadas no mercado.

O QuE SIgNIfICA INOVAÇãO?No seio desta empresa, inovação é “tudo o que tivermos possibilidade de fazer no sentido de melhorar os nos-sos produtos e criar situações novas. É apostar numa permanente atualização e aumentar a nossa competitividade”. A definição chegou por Carlos Setra. Aperfeiçoar o que se sabe fazer de me-lhor é o propósito do presente e do fu-turo. Inovar é contribuir para o desen-

Apostar em produtos diversificados, enquadráveis com os mais elevados padrões de qualidade tem sido o compromisso de honra do Laboratório Edol perante a sociedade, tendo conquistado um lugar de referência na indústria farmacêutica em Portugal. Num crescimento assente em bases sólidas e sustentáveis, ao longo de mais de seis décadas de existência, a empresa especializou-se em quatro principais áreas: oftalmologia, cosméticos e higiene corporal, dermatologia e otorrinolaringologia. Apesar da pequena dimensão, as ambições con-tinuam em alta e os resultados estão à vista. A atual líder nacional de vendas na área de oftalmologia, abraçou agora um novo ramo de negócio: Ginecologia.

UMA EMPRESA COM “UMA SAúDE QUE SE Vê”

volvimento da indústria farmacêutica e estar constantemente conectado a ins-tituições de ensino ou outras entidades no desenvolvimento de novos produtos. Por conseguinte, foram estabelecidos protocolos e parcerias com instituições de renome no setor científico para que, deste modo, o Laboratório Edol possa, efetivamente, acompanhar a criação e o desenvolvimento de novos produtos. Falamos, por exemplo, da Faculdade de Farmácia de Lisboa, do Instituto Biomé-dico de Investigação da Luz e Imagem, do Laboratório de Ensaios Farmacêuti-cos, da Associação para a Investigação

Biomédica e Inovação em Luz e Ima-gem, da Agência de Inovação (ADI), do Health Cluster Portugal, entre outras sociedades médicas ou companhias internacionais com produtos inovado-res. Estas relações de proximidade e de permanente atualização com os seus parceiros permitem que o Laboratório Edol consiga retirar as melhores expe-riências possíveis no desenvolvimento dos seus próprios produtos.

O PAPEL DA INVESTIgAÇãONESTA INDúSTRIA

Enquanto representante de uma com-panhia farmacêutica especializada no desenvolvimento, fabrico e comercia-lização de medicamentos, dispositivos médicos, dermocosméticos e suplemen-tos alimentares, Carlos Setra lamenta que não se faça mais pela investigação em Portugal. Para que tal aconteça é ne-cessário conjugar uma série de fatores cruciais para a “boa saúde” desta indús-tria. São necessários sistemas de saúde bem-sucedidos, mercados prósperos e um aproveitamento eficaz da proprieda-de inteletual. No fundo, e tal como Car-los Setra resumiu, apesar de existirem muitas mentes brilhantes em Portugal, tudo se centra num “problema econó-mico”. “A investigação custa dinheiro e se continuarmos a assistir a esta políti-ca de baixar o preço dos medicamentos não conseguimos chegar lá”, garantiu o responsável. Para que se consiga encon-trar um equilíbrio entre a capacidade financeira dos sistemas de saúde e a necessidade de inovação farmacêutica não basta ficar eternamente à espera da aprovação de fundos comunitários. “Te-mos de criar mecanismos próprios que nos permitam abrir os nossos projetos sem precisarmos desses subsídios. O país tem de conseguir resolver os seus problemas sem apoios que nos podem custar sempre muito dinheiro”, afirmou. Apesar deste “emagrecimento brutal no setor, sobretudo ao nível das em-presas nacionais que têm vindo a ser progressivamente esmagadas pelas

CARlOs setRA, PResidente dO COnselhO de AdministRAçãO dO lABORAtóRiO edOlINOVAÇÃO

investigação edesenvolvimento - Principais áreas de atuação:- Fabrico à escala piloto;- Validação do processo de fabrico;- Desenvolvimento e validação analítica;- Dossiers técnicos de registo.

Pela quinta vez consecutiva, o Laboratório Edol conquistou o estatuto de PME Líder, no âmbi-to do Programa FINCRESCE, do IAPMEI, cujo objetivo é distinguir as empresas nacionais com per-fis de desempenho superiores.

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carlos setra

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internacionais”, a indústria farmacêu-tica ainda é um importante gerador de inovação, sendo uma alavanca para o desenvolvimento médico e científico. Mas, quando se fala em investigação e desenvolvimento, surge uma série de riscos associados que cada vez mais pe-sam na hora de avançar. Uma vez que as taxas de insucesso continuam a ser ex-tremamente altas, importa saber se uma empresa tem sustentabilidade para su-portar os investimentos associados aos longos períodos de tempo. Este ciclo de-penderá, portanto, dos retornos finan-ceiros resultantes dos medicamentos comercializados. A esperança, essa, não é animadora para grande parte destas empresas, sobretudo com a asfixia pro-vocada pela indústria do medicamento genérico e com a contrafação de medi-camentos que, segundo dados do centro norte-americano que acompanha o mer-cado paralelo, cresceu 90 por cento em todo o mundo, desde 2005. Os fármacos

falsificados representaram cerca de 55 mil milhões de euros em 2010.

IMPORTâNCIA DOS MERCADOS ExTERNOS

No Laboratório Edol, a aposta na inter-nacionalização é feita através de parce-rias com empresas locais. Com o tama-nho reduzido e com a situação atual do mercado interno, a solução passa pelo reforço das exportações. Neste sentido, a Edol continua a trabalhar para atingir um dos grandes objetivos: as exporta-ções representarem 50 por cento do to-tal da sua faturação. Mas este é um tra-balho lento e que exige determinação. Hoje, a empresa tem cerca de 180 pro-dutos em fase de registo o que, apesar da lentidão caraterística deste processo de registo de medicamentos, é um sinal positivo para o futuro. O mercado nacional continua a ter uma importância chave e a empresa continua-rá a apostar na introdução de novos pro-dutos. Contudo, o mercado externo está a crescer e, atualmente, a Edol já exporta produtos em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Marrocos, Líbia, Iraque, Líbano, Etiópia, África Francófona, entre outros. Nos planos de Carlos Setra, continua ainda e desde há algum tempo um espa-ço por preencher. “Há muitos anos que tento fazer alguma coisa no Brasil mas, objetivamente, não consigo. Falamos to-dos a mesma língua, temos os mesmos horizontes mas temos pensamentos completamente divergentes. É um país enorme que não tem necessidade de ter a presença de empresas estrangeiras”, concluiu Carlos Setra. Levar o nome da Edol ao mercado brasileiro continuará a fazer parte dos horizontes desta equipa que, “com perseverança”, continuará a ser a força motriz de uma empresa com “uma saúde que se vê”.

Laboratório Edol em dados cronológicos:1952 – Início da atividade a partir de uma farmácia de Lisboa;1962 – Foi construída a primeira unidade fabril;2000 – Início de um período de reestruturação e modernização;2005 – Processo de internacionalização;2007 – Criação da nova imagem corporativa;2008 – Mudança para novas instalações;Ainda em curso – Construção de uma nova unidade fabril.

Produção para terceirosA flexibilidade de fabrico permite que o Laboratório Edol possa responder com prontidão às necessidades dos clientes. Com autorização de fabrico e certifi-cado de conformidade com as GMP’s, emitidas pelo Infarmed, para produzir uma vasta gama de formas farmacêuticas líquidas e semissólidas, a empresa produz, atualmente, cerca de 3,5 milhões de unidades por ano com uma capa-cidade instalada de 7,2 milhões de unidades por turno, por ano.

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temos de criar mecanis-mos próprios que nos permitam abrir os nossos projetos sem precisar-mos desses subsídios. o país tem de conseguir resolver os seus proble-mas sem apoios que nos podem custar sempre muito dinheiro

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A Umbelino Monteiro considera o telhado um importante elemento arquitetónico e é essa a filosofia que tem procurado transmitir, desde a sua génese, ao cliente. Esse mesmo cliente tem partilhado da mesma pre-ocupação?Eu diria que em muitos casos há sensibi-lidade para perceber o impacto do telha-do no edifício, a localização do telhado e a exposição faz do telhado um elemento preponderante no edifício. A opção no que respeita ao modelo e à tonalidade das telhas deverá estar em harmonia com os materiais e tonalidades das facha-das, arquitetura do edifício, e do enqua-dramento do edifício com a envolvente. No que se refere ao telhado na paisagem, principalmente urbana, eu diria que essa preocupação está pouco presente ainda. A topografia acidentada da maioria do território faz com que o telhado assuma protagonismo nos edifícios, como se de uma quinta fachada se tratasse, impon-do-se na paisagem. Quando admiramos a paisagem urbana de um qualquer mi-radouro numa qualquer cidade, vila ou aldeia, é o telhado, com as suas diferen-ças cromáticas e formas que se afirma na paisagem Portuguesa, o protagonismo dos telhados na paisagem faz deles um elemento da nossa cultura e identidade. A vista das nossas cidades e aldeias não seria a mesma sem o colorido dos te-lhados cerâmicos, na minha opinião um valor cultural que deveríamos preservar.

Hoje em dia, a reabilitação dos telha-dos assume-se como um passo funda-mental nos projetos de regeneração. Além de todas as vantagens económi-cas e energéticas, que mais-valias se destacam?Eu diria que a cobertura se reveste de importância em três dimensões funda-mentais: a estética, de que já falei, a fun-cional e a económica. A cobertura tem que assegurar a sua função de proteção do edifício relativamente aos agentes da natureza, chuva, neve, vento, frio ou ca-lor. Tem uma dimensão económica por-que, às diferentes opções construtivas correspondem: investimentos diferen-tes, com vida útil diferente e que indu-zem consumos energéticos diferentes, para manter iguais condições térmicas no interior do edifício. No que respeita à vertente económica tende-se a privile-giar uma visão de curto prazo, limitada

à analise do custo da solução a adotar, em detrimento de uma perspetiva de longo prazo em que o custo da solução é avaliado tendo em consideração o seu ciclo de vida útil, ou seja a duração da solução e os consumos decorrentes da utilização, os custos de manutenção e os custos associados ao fim de vida dos materiais utilizados. Se seguirmos uma abordagem de ciclo de vida, a cobertura cerâmica apresenta os melhores resul-tados em termos de sustentabilidade, em larga medida resultado da longa du-ração, da reduzida manutenção.

De um modo geral, as pessoas têm consciência de que um telhado pode

Adotando o slogan “Ganhe um telhado grátis e proteja a sua casa com o melhor escudo”, a Umbelino Monteiro está a sortear dois telhados. Sabendo que esta será sempre uma compra complexa, pouco frequente e consciente das dificuldades que isto representa para o consumi-dor, a Umbelino Monteiro criou a campanha UM – Renovar para chegar mais perto do consumidor. “A nossa ideia é colocar ao serviço do edifício comum a experiência que acumulámos na área da reabilitação”, revela Teresa Monteiro, Diretora Geral da Umbelino Monteiro, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Saiba mais de um concurso que vai na segunda edição e que tem tido bastante sucesso.

UM–RENOVAR - CHEGAR MAIS PERTODOS CONSUMIDORES

permitir poupar energia? De que forma se pode tornar um telhado eficiente? Que conselhos procuram transmitir?Cada vez há uma maior sensibilidade para as questões relacionadas com a redução dos consumos energéticos. Pergunta-me como é que um telhado se pode tornar eficiente, a resposta é minimizando as transferências de ca-lor ou frio entre o edifício e o exterior e vice-versa. Ou seja, no verão em que as temperaturas no exterior são eleva-das, pretende-se limitar os ganhos de calor, inversamente no inverno em que a temperatura exterior é mais baixa pretende-se evitar as perdas de calor por parte do edifício através da cobertu-ra. Este príncipio não se aplica apenas à cobertura, mas, por causa da exposição, localização e dimensão da cobertura, sobretudo na habitação unifamiliar, um estudo realizado pela Energybuilding, estima que as perdas térmicas através da cobertura representam cerca de 30% do total das perdas de energia de uma residência unifamiliar, o que faz da co-bertura uma área que deve ser objeto de especial atenção no que respeita ao conforto térmico do edifício quando se quer ter uma fatura energética baixa. Os cuidados que se devem ter para assegu-rar uma cobertura de elevada eficiência térmica começam logo no planeamento da cobertura, este planeamento deve ter em conta arquitetura do edifício e a localização, se possível, deverá ser escolhida a melhor geometria e orien-tação em função dos ganhos solares, a

escolha dos materiais adequados é fun-damental para o bom funcionamento do telhado, e estes devem ser selecionados de acordo com as necessidades do edi-fício e das exigências da localização. A solução construtiva a adotar deve ser a mais adequada à telha escolhida; Para assegurar comportamento térmico eficiente tem que haver ventilação, ou seja, circulação de ar na face inferior da telha, deixando uma “caixa de ar” entre a telha e o suporte. De forma a garantir a efetiva circulação de ar é necessária a ventilação de todos os elementos da cobertura, recorrendo a acessórios de fixação mecânica na fixação dos elemen-tos da cobertura para que não haja im-pedimentos à circulação do ar, juntando a utilizando telhas ventiladoras para aumentar o caudal de ar e promover a circulação do ar que se encontra entre a telha e o suporte, por último escolher o isolamento térmico e forma de aplicação adequada para a solução construtiva.

Deste trabalho em prol do telhado eficiente nasceu a solução UM-RENO-VAR. Em linhas gerais, em que consis-te este sistema? Quais são as princi-pais vantagens?O sistema integrado “UM-Renovar” é o resultado da contínua investigação e de-senvolvimento, da procura permanente de soluções técnicas para coberturas cerâmicas. Pretendemos com o sistema construtivo UM RENOVAR pôr ao servi-ço da reabilitação dos edifícios comuns a experiência e know-how obtido em mais de 30 anos de dedicação à renovação do património edificado, integrando preo-cupações de sustentabilidade. A solução UM-Renovar é uma solução fácil, completa e integrada para a renovação de telhados, resulta da combinação de três produtos com a assinatura Umbelino Monteiro: telhas cerâmicas e respetivos acessórios, placas de fibrocimento UM (sub-telha) e telhas solares fotovoltaicas Solesia.

Adotando o slogan “Ganhe um telha-do grátis e proteja a sua casa com o melhor escudo”, a Umbelino Montei-ro está a sortear dois telhados. Como nasceu esta ideia? Como é que uma pessoa se pode habilitar? Qual a data final do concurso?Estamos conscientes de que o telhado é uma compra complexa e pouco frequen-

umBelinO mOnteiRO, sAINOVAÇÃO - UM-RENOVAR

64mosteiro de alcobaça

palácio da Junqueira

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te, conscientes das dificuldades que isso representa para o consumidor criámos a campanha UM – Renovar para chegar-mos mais perto dos consumidores. A nossa ideia é colocar ao serviço do edi-fício comum a experiência que acumulá-mos na área da reabilitação, experiência adquirida ao longo de mais de 30 anos a trabalhar na reabilitação do património edificado. As pessoas que se inscrevem no concurso, em www.telhadogratis.pt beneficiam logo de aconselhamento técnico gratuito para a renovação da co-bertura ou nova construção, se vierem a adquirir as nossas telhas habilitam-se a receber de volta o montante gasto até ao limite de 2.500 Euros. Este concurso tem dois sorteios, o primeiro já aconteceu em 4 setembro, mas ainda há oportunidade para ganhar, o próximo e último sorteio está marcado para 4 de dezembro.

De que forma têm procurado divul-gar este concurso que vai já na se-gunda edição? Qual é o feedback que tem tido?Em termos de divulgação, contamos com o apoio da rede de distribuidores dos nossos produtos, lojas de materiais de construção, espalhados por todo Por-tugal continental e Ilhas, complementa-do com publicidade na rádio, imprensa, televisão, internet e participação em feiras. Tem sido importante para nós aproximarmo-nos dos consumidores, e temos tido também da parte dos con-sumidores uma boa adesão a esta ini-ciativa, parece-me que todos, nós fabri-cantes, consumidores e distribuidores temos a ganhar com esta proximidade.

Mais do que um mero “carimbo ver-de”, a Umbelino Monteiro tem uma preocupação constante no que respei-ta à adoção de uma “mentalidade am-bientalmente amigável”. Na prática, em que é que esta filosofia se traduz?Na Umbelino Monteiro estamos seria-mente comprometidos com a promoção de uma cultura com preocupação am-biental junto de todos os stakeholders. A preocupação com a defesa do ambien-te faz parte da estratégia empresarial e está presente em todas as decisões da empresa. Na Umbelino Monteiro atua-

mos na redução do impacto ambiental da atividade industrial da empresa, o sistema de gestão ambiental está certifi-cado de acordo com a NP EN ISO 14001; fazemos investigação e desenvolvimen-to ao nível dos produtos e sistemas construtivos que são capazes de elevar o conforto térmico, reduzindo o consumo de energia, aumentando a longevidade da cobertura e desta forma a sustenta-bilidade do edifício.

O Mosteiro dos Jerónimos, a Basíli-ca da Estrela, a Casa de Serralves ou o Palácio de Monserrate são alguns dos projetos de referência ao nível da revitalização de edifícios com a assi-natura da Umbelino Monteiro. Que outros projetos estão, atualmente, em cima da mesa? Que desafios terão de enfrentar no futuro?Destacaria o “Centro de Arte Contempo-rânea Graça Morais” em Bragança, um projeto do Arq. Souto Moura; A “Torre de Menagem de Barcelos” que integrou na cobertura um sistema Solesia, de produ-ção de energia elétrica; A reabilitação do “Edifício Varela” em Pombal, um projeto do Arq. Korrodi, para o qual foram pro-duzidas réplicas dos beirados originais; Estamos a fornecer mais uma fase da reabilitação da cobertura do “Mosteiro de Alcobaça” e da “Igreja de Santa Clara” em Santarém; e a Pousada da Serra da Estrela no antigo sanatório dos ferrovi-ários da Covilhã, também um projeto do Arq. Souto Moura. Em termos de desa-fios, queremos continuar a crescer nos mercados externos, manter a liderança na renovação do património e na cons-trução sustentável. Estamos confiantes face ao futuro porque os nossos produ-tos até quando colocados em condições estremas, como em zonas frias ou perto do mar, tem uma qualidade reconhecida; o nosso sistema construtivo acrescen-ta valor ao edifício, temos uma equipa disponível para dar o apoio técnico ne-cessário para estudar casos concretos de renovação ou reabilitação, com o pro-motor, o projetista, ou quer com o cons-trutor. Continuamos a preparar o futuro, envolvidos em projetos de investigação e desenvolvimento nas áreas de produtos e sistemas construtivos.

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palácio de sintra

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Pelo 6º ano consecutivo, entre os dias 21 de ou-tubro a 2 de novembro, a cidade de Barcelos irá celebrar a excelência do cinema turístico. Duran-te cerca de duas semanas, o Festival ART&TUR oferece aos seus visitantes exposições culturais e fotográficas, animação noturna, sessões de fil-mes e uma Conferência Internacional.Este evento tem atraído anualmente entre 200 a 300 de filmes turísticos, provenientes de de-zenas de países. Este ano, o Júri internacional inclui 15 nomes sonantes, entre os quais Mário Augusto, Júlio Magalhães e Luís Paixão Martins, sendo presidido por António Carneiro, ex-presi-dente do Turismo do Oeste.Durante o Festival, todos os filmes da 6ª edição premiados pelos membros do Júri serão exibi-dos de forma gratuita a todos os visitantes.A Gala de Prémios do Festival ART&TUR, conhe-cida pelos Óscares do Cinema Turístico, terá lu-gar no dia 2 de novembro. O galardão atribuído aos filmes vencedores será o GALO DE BARCE-LOS, diversos galos concebidos por diversos ar-tesãos locais especificamente para este evento.Para mais info, visite: www.tourfilm-festival.com

Assinalando a sua 16ª edição, o SIL – Salão Imobiliário de Portugal regressa à FIL, no Parque das Nações, em outubro, entre os dias 9 e 13, afirmando-se enquanto plataforma privilegiada no apoio à internacionalização das empresas do setor da construção e do imobiliário. Em colabora-ção com várias entidades ligadas ao setor, a organização do certame promoverá conferências focadas em mercados em crescimento ou com elevado potencial de investimento, visitas e en-contros com investidores estrangeiros convidados a virem a Lisboa por ocasião do salão.

Está a chegar a 26ª edição da CONCRETA, a Feira Internacional da Construção para uma Rege-neração Urbana Sustentável. A Exponor irá receber entre 23 e 26 de outubro um momento de debate, networking e internacionalização da fileira da construção nacional. Efetivamente, inter-nacionalização, I&D e Inovação e Regeneração Urbana e Sustentabilidade são os principais fo-cos deste evento que pretende reforçar a vertente da internacionalização através do convite feito a compradores de mercados considerados estratégicos. Paralelamente, a organização pretende destacar a construção sustentável, dando enfoque à regeneração urbana e gestão inteligente das cidades.

A Comissão Executiva da Especialização em Direção e Gestão da Construção promove, no próximo dia 16 de ou-tubro, a partir das 10h00, uma visita técnica às obras de construção da nova sede da EDP - Energias de Portugal.O novo edifício, sede da EDP, terá oito pisos acima do solo e seis em cave, com uma área total de 46.258 m2, dos quais 13.967 m2 destinados a escritórios, onde se concentrarão cerca de 750 trabalhadores. Este espaço contará ainda com 481 lugares de estacionamento, sendo 172 lugares de utilização pública.O atelier Aires Mateus Associados é o responsável pela arquitetura e o gabinete AFAconsult tem a cargo a respon-sabilidade dos projetos das diversas especialidades.A construção foi adjudicada ao consórcio Mota-Engil/HCI sendo a Fiscalização da Pengest. A construção tem um custo previsto de 57 milhões de euros, prevendo-se a sua conclusão no 3.º trimestre de 2014.

A INTERCASA – Feira Internacional de Decoração de Interiores e Exteriores, regressa à FIL, no Parque das Nações, a partir do dia 5 de outubro para a sua 37ª edição e por lá ficará durante nove dias apre-sentando a mais completa oferta de tendências e estilos para a casa dos portugueses. O evento constitui-se hoje como uma verdadeira montra de ideias, conceitos e tendências, com as melhores e mais inovadoras propostas para o interior e exte-rior, numa oferta completa apresentada por mais de cem empresas presentes nos certames.

FESTIVAL ART&TUR TRAz CINEMA TURÍSTICO A PORTUGAL

DECORAÇÃO, MObILIáRIO,INDúSTRIA E DESIGN NACIONALNA 37ª EDIÇÃO DA INTERCASA

NOVA SEDE DA EDP

SIL 2013PONTO DE ENCONTRO ENTRE EMPRESAS E INVESTIDORESDA CPLP E DO ORIENTE

26.ª EDIÇÃO DA CONCRETA

BREVES

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A cegueira acontece quando a visão é praticamente nula ou inexisten-te. Devemos distinguir a cegueira legal e a cegueira médica. A ce-gueira legal está presente quando a acuidade visual é menor que 1/10 com a melhor correção óti-ca possível e ou quando o campo

visual é menor que 10 graus. A cegueira médica é a ausência de perceção luminosa e neste caso é uma situação irreversível. A baixa visão acontece quan-do, como o nome indica, a visão é baixa e ou de má qualidade ótica, mas ainda permite a realização de tarefas pessoais e profissionais sem muita dificul-dade com ou sem ajudas técnicas.As principais causas dos 285 milhões de casos de baixa visão e cegueira no mundo são as cataratas, as doenças da córnea com opacificação da mesma, as infeções oculares e os erros refrativos não cor-rigidos. Todas elas poderiam ser prevenidas e ou tratadas se as populações tivessem acesso a cui-dados de saúde adequados, o que não acontece na maioria dos países em vias de desenvolvimento.A catarata tem como principal causa de apareci-mento o envelhecimento natural do cristalino, pelo que não é muito fácil preveni-la. No entanto, a exposição à radiação solar ultravioleta acelera o seu aparecimento e, por conseguinte, uma forma de tentar prevenir ou atrasar o seu aparecimento será através do uso de óculos com proteção anti--UV. A baixa visão por catarata pode ser resolvi-da através de cirurgia muito eficaz e gratificante, como acontece no nosso país. As opacidades da córnea, resultantes de infeções, poderiam ser prevenidas com o melhoramento das condições de higiene das populações, nome-adamente nos países em desenvolvimento. E os erros refrativos não corrigidos teriam o seu pro-blema solucionado com o aumento das capacida-des socioeconómicas das populações, de forma a facilitar um melhor acesso às várias modalidades de correção. A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) está empenhada no combate ao flagelo das do-enças oculares em países em vias de desenvolvi-mento, pelo que estabeleceu um protocolo com o

Ministério da Saúde de Moçambique para iniciar um trabalho de diagnóstico e tratamento de várias patologias oculares no Hospital Central da cidade de Maputo. Com isto, a SPO pretende minorar os problemas oculares e ajudar a melhorar o bem--estar das populações mais carenciadas. Esta ini-ciativa só será possível com o enorme contributo de médicos oftalmologistas portugueses que, de uma forma voluntária e não remunerada, aceita-ram abraçar este projeto. Já em Portugal, como nos outros países ocidentais, as principais causas de baixa visão e ou ceguei-ra são a degenerescência macular ligada à idade (DMI), o glaucoma e a retinopatia diabética. A DMI é geneticamente determinada e relacionada com a idade. Contudo, é possível fazer uma pre-venção, embora controversa. Há estudos que mos-tram que uma alimentação rica em ácidos gordos polinsaturados, a inibição tabágica, o controlo da

O Dia Mundial da Visão foi criado pela Organização Mundial de Saúde com a finalidade de chamar a atenção para as principais causas de cegueira e baixa visão no mundo, como também com o objetivo de desenvolver condições para o rastreio, diagnóstico e tratamento de doenças de acordo com as diferentes populações. É muito importante a reabilitação de pessoas com deficiência visual pelo impacto que a mesma tem, quer a nível individual quer a nível coletivo, nomeadamente socioeconómico.

“DIA MUNDIAL DA VISÃO”:A IMPORTâNCIA DA PREVENÇÃO

hipertensão e da obesidade e a proteção eficaz da radiação UV e da luz visível intensa poderiam aju-dar a prevenir ou pelo menos a retardar os efeitos da evolução da doença. A prevalência da DMI está a crescer, acompanhando o aumento da esperança de vida. Estimam-se que cerca de 355 mil portugueses possam sofrer de DMI. A retinopatia diabética, um dos flagelos do estilo de vida moderno (sedenta-rismo e alimentação rica em hidratos de carbono e gordura), poderia ter a sua prevalência reduzida através de campanhas de prevenção e de sensibili-zação das populações. A baixa visão por glaucoma poderia ser evitada através da ida regular ao oftal-mologista para ser efetuado o controlo da tensão intraocular e a monitorização do estado do nervo ótico. Há também um componente hereditário e, por conseguinte, todos aqueles que têm familiares diretos com glaucoma deveriam ter uma maior pre-ocupação no despiste desta patologia. Em 2013, a mensagem internacional associada ao Dia Mundial da Visão é “Get your eyes tested” (ava-lie os seus olhos) e incentiva-nos a cuidar melhor dos nossos olhos e da nossa visão. Felizmente, em Portugal começa a haver um conhecimento gene-ralizado por parte da população de que certas do-enças oculares podem ser prevenidas, ou os seus efeitos prejudiciais retardados, através da reali-zação de consultas oftalmológicas ou rastreios. A SPO alerta que só nas consultas especializadas de Oftalmologia é possível a deteção, o diagnóstico e o tratamento das doenças oculares.

PAulO tORRes, PResidente dA sOCiedAde PORtuguesA de OftAlmOlOgiA

DIA MUNDIAL DA VISÃO – 10 DE OUTUBRO A oPiNiÃo de...

“As principais causas dos 285 milhões de casos de baixa visão e cegueira no mundo são as cataratas, as doenças da córnea com opacificação da mesma, as infeções oculares e os erros refrativos não corrigidos. todas elas poderiam ser prevenidas e ou tratadas se as populações tivessem acesso a cuidados de saúde adequados, o que não acontece na maioria dos países em vias de desenvolvimento”

Já em portugal, como nos outros países ocidentais, as princi-pais causas de baixa visão e ou cegueira são a degenerescência macular ligada à idade (Dmi), o glaucoma e a retinopatia diabética

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Com cerca de 30 anos de existência, a Ophtec BV International, sedeada na Holanda, produz e distribui dis-positivos médicos para oftalmologia. Sendo o core business da empresa as lentes intraoculares premium para catarata, miopia e astigmatismo, a população portuguesa respondeu bem à vossa implementação no mer-cado nacional?Sim, a entrada da Ophtec em Portugal através da criação de uma subsidiária foi extremamente bem recebida pelos profissionais da área. Era um projeto que estava a ser analisado há algum tempo, na sequência da expansão inter-nacional da Ophtec que se iniciou em 1996. Neste momento Estamos presen-tes diretamente em 7 países.A marca Ophtec já era conhecida por estes profissionais há anos, pois estava representada em Portugal, de forma in-direta desde finais dos anos 90.No entanto, a vinda da empresa para Por-tugal, possibilita-nos um maior envolvi-mento com os oftalmologistas em geral e em particular com os KOL’s (Key opinion Leaders) através do no nosso Programa Cientifico que compreende a participa-ção em estudos para o desenvolvimento de novos produtos, e através disso, in-tensificar o nosso relacionamento com o mundo da oftalmologia em Portugal.Temos agora a oportunidade de apro-fundar o relacionamento entre a em-presa e os cirurgiões criando relações duradoras de parceria, através de uma oferta mais rápida e melhor, prestada por profissionais altamente qualificados e especializados.

Sendo especialista em dispositivos médicos para oftalmologia, a Ophtec aposta em produtos inovadores e de primeira linha. De que tipo de produ-tos estamos a falar?As soluções de que dispomos para as ci-rurgias de miopia, astigmatismo e hiper-metropia (cirurgia refrativa) constituem a par das nossas soluções para cirurgia traumática (lentes para reconstrução de iris), dois dos segmentos de produtos mais inovadores da empresa.Por exemplo, ao nível da miopia, conse-guimos contribuir de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida de muitos milhares de pessoas, com as nossas lentes Artisan® e Artiflex®, com as quais conseguimos correções de até, pelo menos, 26 Dioptrias negativas.

Nenhum outro produto ou técnica cirúr-gica per si permitem a correção de um erro refrativo tão elevado. Estas lentes, Artisan® e Artiflex®, possuem uma característica que as dis-tingue das demais lentes intraoculares presentes no mercado e que consiste na forma como são implantadas no olho do paciente. Estas lentes são fixadas na iris através dos seus claws ou sistema ‘’pata de lagosta’’ como inicialmente foi desig-nado pelo seu criador Prof. Jan Worst. No caso do segmento de trauma, ofe-recemos um conjunto de soluções que podem ser customizadas de acordo com a especificidade dos casos traumáticos, de acordo com as necessidades de cada paciente. Estas próteses, possibilitam ao cirurgião e ao paciente obter excelentes resultados quer a nível estético quer a nível funcional.

Apesar de ter recursos intelectuais do mais alto nível, em Portugal pou-cos passos são dados em termos de investigação nesta área. Na sua opi-nião, o que poderia ser feito? A buro-cracia é, em muitas situações, bastan-te excessiva?

“Queremos ter um papel de liderança na área da cirurgia refrativa em Portugal, e ser uma referência a nível nacional no que respeita à qua-lidade e diversidade dos produtos oferecidos”, afirma Sandra Bayan, General Manager da Ophtec Portugal, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Nesta conversa percebemos como a marca tem crescido de uma forma sustentada em Portugal, onde foi ainda lembrado a impor-tância da prevenção quando se fala de saúde, em concreto na visão, porque no dia 10 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Visão.

“A NOSSA MISSÃO é CONTRIbUIR PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA”

Como tenho referido diversas vezes, o nosso capital intelectual é fortíssimo em áreas muito diversas, e naturalmen-te também na área da oftalmologia exis-tem profissionais que se destacam quer a nível nacional quer internacional. Dis-pomos no nosso país, das mesmas téc-nicas cirúrgicas, produtos e tecnologia que se encontram em qualquer parte do mundo.No entanto, ao nível da investigação infelizmente pouco se faz com o apoio e investimento de entidades públicas, remetendo-se estas iniciativas para o investimento privado. Temos bons exemplos a nível nacional, de iniciativas pioneiras na área da saúde, quer ao nível do desenvolvimento de novos produtos e técnicas cirúrgicas, quer ao nível da investigação científica.A Ophtec Portugal, está neste momento a desenvolver alguns trabalhos de inves-tigação de novos produtos, juntamente com alguns cirurgiões nacionais. Natu-ralmente, a burocracia é sempre um fa-tor a ter em conta pois sendo a área da saúde uma das mais legisladas, torna os processos de estudo e investigação mui-tas vezes demasiado morosos.

Recentemente, o coordenador do Grupo de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia alertou para o facto de cerca de 20 por cento das crianças em idade escolar terem algum défice da função visual, que poderá inter-ferir com o rendimento escolar. Que conselhos devem ser deixados aos pais?Sim, entre 15 a 20% das crianças neces-sitam de algum tipo de correção visual. Em idade escolar, é fundamental que os pais estejam atentos a sintomas como dor de cabeça no regresso da Escola, olhos irritados ao realizar as tarefas es-colares, ou franzir a testa quando estão a ler, pois estes podem ser prováveis sin-tomas de alguma dificuldade visual.As crianças também podem ter miopia, hipermetropia, astigmatismo e estra-bismo (olhos desviados) entre outras dificuldades que podem interferir no seu bom desempenho escolar. É por isso muito importante fazer exames regula-res de monitorização. Recomenda-se a realização de rastreios aos 5 e aos 10 anos de idade. No entanto, há sempre uma avaliação das funções visuais feita à nascença. Posteriormente é recomen-dável nova avaliação aos 2 e 6 meses e 2 anos de idade.

Na deteção precoce dos problemas visuais das crianças, seria importan-te apostar na realização de mais ras-treios? Qual é a idade ideal?Sim, como referi, todas as crianças são avaliadas à nascença no que respeita às suas funções visuais. Após esta primeira avaliação compete aos pediatras reali-zarem rastreios visuais para despistar eventuais problemas ou sensibilizarem os pais a procurar um oftalmologista que possa seguir e acompanhar a crian-ça. Pontualmente existem ações de ras-treio em escolas, que decorrem quer de indicações por iniciativa principalmente de privados (Óticas) mas estas devem ocorrer com mais frequência.

Existe a ideia de que a utilização de computadores e outros dispositivos eletrónicos podem influenciar a fun-ção visual. Trata-se de uma falácia ou, de facto, estes hábitos provocam e/ou estimulam problemas como miopia?A utilização de computadores e outros dispositivos eletrónicos induz normal-mente olho seco ou vista cansada. Estas

sAndRA BAYAn, geneRAl mAnAgeR dA OPhteC PORtugAl, em entRevistADIA MUNDIAL DA VISÃO

– 10 DE OUTUBRO

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sandra bayan

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Pontos de Vista Outubro 2013

situações podem ocorrer por falta de lubrificação do olho, pois quando utili-zamos estes dispositivos há a tendência para se focar prolongadamente os ecrãs, esquecendo-nos de piscar os olhos com alguma frequência. A miopia é normalmente hereditária e decorre de uma alteração na estrutura do olho. Olhos míopes são mais longos do que o normal, pelo que as imagens se focam à frente da retina, o que tem como consequência uma visão de longe desfocada.

Com a comemoração do Dia Mundial da Visão, a 10 de outubro, quais são as principais mensagens que devem ser transmitidas à população?Prevenção será a palavra de ordem quando se fala de saúde! No caso parti-cular da visão, a prevenção primária é a medida mais eficaz na redução dos pro-blemas oftalmológicos devendo basear--se na realização de rastreios visuais (infantis e para adultos). A população em geral deve estar sensibilizada para os potenciais riscos que podem por em causa a sua saúde e bem-estar. Existem uma série de doenças sisté-micas como por exemplo a diabetes e hipertensão, que podem afetar e in-fluenciar a qualidade da nossa visão. No entanto, existem muitas outras patologias que podem afetar os olhos, sendo também verdade que, por vezes, é através de alguma perturbação ocular que posteriormente se detetam algumas doenças.Assim, os rastreios visuais, são a única forma de se poder de forma atempada encaminhar a criança ou o adulto para a consulta da especialidade, no caso de deteção de qualquer anomalia.Para o adulto, a periodicidade dos ras-treios é variável de acordo com a idade e também com a sua história clínica e fa-miliar. Os considerados grupos de risco, por histórico familiar de doenças como a diabetes, hipertensão ou DMI (dege-nerescência macular relacionada com a idade) por exemplo, devem ser acompa-nhados com uma regularidade temporal menor (6 em 6 meses ou 1 ano) do que aqueles que não se enquadram nestes grupos. A partir dos 40 anos, deve-se visitar bianualmente o oftalmologista.

Durante todo o ano mas com especial enfoque neste dia, importa concen-trar a atenção para a erradicação da

cegueira evitável e para a melhoria da visão? Na prática, o que pode ser feito neste sentido?O Estado tem aqui um papel fundamen-tal, pois é através dos seus programas nacionais de rastreios, que se pode che-gar a toda a população, sensibilizando--a para a importância de deteção de eventuais anomalias no seu estado de saúde geral.A Ordem dos Médicos, a Sociedade Por-tuguesa de Oftalmologia e a Sociedade Portuguesa de Pediatria, têm desenvol-vido iniciativas conjuntas, em parceria com os Governos, no sentido de serem definidas as orientações gerais dos pla-nos nacionais de saúde da visão.

Tendo em conta a forte presença internacional da empresa, que ob-jetivos estão a ser delineados? Qual será a estratégia para os próximos tempos?No que respeita à Ophtec Portugal, que-remos ter um papel de liderança na área da cirurgia refrativa em Portugal, e ser uma referência a nível nacional no que respeita à qualidade e diversidade dos produtos oferecidos. A área de Trauma e cirurgia reconstrutiva é também para nós muito interessante. Pretendemos disponibilizar, no médio prazo, um vas-to portfolio de produtos que permita cobrir as diversas áreas da oftalmologia.O desenvolvimento de parcerias com instituições de referência na área da of-talmologia, no que respeita ao desenvol-vimento de trabalhos científicos e ações de formação que contribuam para o desenvolvimento de melhores soluções. O nosso Departamento de R&D (Investi-gação e Desenvolvimento) tem em curso o desenvolvimento de um vastíssimo le-que de produtos cujo lançamento se pre-vê para breve. Existem ainda n projetos que nos permitirão apresentar mais no-vidades no decorrer dos próximos anos, sendo a nossa prioridade dada sempre às lentes intraoculares premium. A estratégia da Ophtec e o seu principal objetivo é tornar-se, até 2020, um for-necedor à escala global, de um vasto e completo portfolio de dispositivos mé-dicos, que abarque as principais áreas da oftalmologia, Cornea, Glaucoma e Retina-Vitreo. A nossa principal missão, e que é para nós motivo de grande satis-fação, é o facto de podermos contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população em geral.

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“Prevenção será a palavra de ordem quan-do se fala de saúde! No caso particular da

visão, a prevenção primária é a medida mais eficaz na redução dos problemas oftalmo-

lógicos devendo basear-se na realização de rastreios visuais (infantis e para adultos). A

população em geral deve estar sensibilizada para os potenciais riscos que podem por em

causa a sua saúde e bem-estar”

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Os enfermeiros de família podem ajudar indivíduos e famílias a lidar com a doença e incapacida-de crónica ou períodos de stress ou de maior vulnerabilidade, dedicando grande parte do seu tempo ao acompanhamento dos doentes e suas famílias nas suas

habitações. Prestam aconselhamento em áreas tão diversas como estilos de vida e fatores de risco comportamentais, bem como assistem as famílias em questões relativas à sua saúde. Através da rápi-da deteção, podem assegurar que os problemas de saúde das famílias são tratados numa fase preco-ce. Podem, de facto, agir como o eixo entre a famí-lia e o médico de família.Há que destacar a atenção primordial à família, in-troduzindo respostas adequadas ao meio familiar, uma visão global e próxima do utente, através de novas formas de acesso aos serviços de saúde. A Organização Mundial de Saúde considera que os enfermeiros são aqueles que, pela formação espe-cífica que detêm, estão melhor posicionados para avaliar globalmente as necessidades em cuidados de saúde das pessoas e mobilizar os recursos (in-ternos e externos), tendo em conta não só as ex-petativas dos utentes, mas também a adequação e a rentabilização dos meios. Os enfermeiros consi-deram que as respostas em cuidados de saúde se-rão mais adequadas se se tiver em conta a família como um todo, ou seja, se toda a unidade familiar for tida como alvo do processo de cuidados, qual-quer que seja a intervenção em saúde. Especialmente na área de cuidados de saúde pri-mários, o modelo de “Enfermeiro de Família” exis-te já em vários países. Temos de clarificar o âmbito de ação do Enfermeiro de Família, identificar as áreas de partilha de responsabilidade na presta-ção de cuidados de saúde primários com outros profissionais de saúde, com enfoque na gestão da doença crónica, com reforço do auto cuidado, e nos programas de saúde. A visita domiciliária po-derá ser promovida como oportunidade de avaliar o contexto onde as pessoas vivem e interagem, de modo a detetar precocemente sinais de crise ou de maior vulnerabilidade. No final, o enfermeiro con-tribuirá para a “segurança”, para a “estabilidade” e para o “apoio” que as famílias carecem quando têm alguém doente. A Ordem dos Enfermeiros aprovou no início de 2011, o Regulamento das Competências Especí-ficas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Familiar, que destaca, desde logo, o cui-dar da família como uma unidade de cuidados e o prestar cuidados específicos nas diferentes fases do ciclo de vida da família ao nível da prevenção primária, secundária e terciária. Os enfermeiros

não podem deixar de ter um lugar adequado no sistema de saúde. Têm uma ação relevante que se encontra definida como cuidador da pessoa, ao longo do seu ciclo de vida, bem como dos gru-pos sociais em que o mesmo indivíduo se inte-gra, acompanhando os saudáveis com a mesma atenção, profissionalismo e carinho com que o faz aos doentes. A manutenção, a melhoria ou a recuperação da

A Enfermagem é essencial para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde. É necessário assegurar um papel mais rele-vante da Enfermagem no planeamento de cuidados e gestão da doença crónica na comunidade. Devemos continuar a melhorar a qualidade e o acesso efetivo dos cidadãos aos cuidados de saúde, quer ao nível da organização, quer ao nível da prestação, definindo, designadamente, como medida, a transferência, de forma gradual, de alguns cuidados atualmente prestados em meio hospitalar para estruturas de proximidade ao nível da rede de cuidados primários.

O PAPEL DO ENFERMEIRONOS CUIDADOS DE SAúDE PRIMáRIOS

saúde de todos nós, constitui um aspeto funda-mental da construção da própria identidade de uma sociedade, pelo que esta ação nobre, o exer-cício da Enfermagem, tem de ser reconhecida pelo Governo como um contributo para os seus proje-tos e programas de futuro. Não deixarei de acom-panhar os enfermeiros, tal como queremos que eles continuem a acompanhar quem precisa. Sei que o farão, sempre…

geRmAnO COutO, BAstOnáRiO dA ORdem dOs enfeRmeiROs

O ENFErMEIrO NO SISTEMa DE SaÚDE A oPiNiÃo de...

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“os enfermeiros de família podem ajudar indivíduos e famílias a lidar com a doença e incapacidade crónica ou períodos de stress ou de maior vulnerabilidade, dedican-do grande parte do seu tempo ao acompanhamento dos doentes e suas famílias nas suas habitações. Prestam aconselhamento em áreas tão diversas como estilos de vida e fatores de risco comportamentais, bem como as-sistem as famílias em questões relativas à sua saúde”

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Não obstante, vivemos hoje tempos tremendamente difíceis, não ape-nas como resultado dos constran-gimentos económico-financeiros que o país e a Europa atravessam, mas também em consequência das alterações sociodemográ-ficas e das exigências políticas

em matéria de gestão dos serviços de saúde e da qualidade desses serviços. Nesta matéria, temos que ter bem presente que este setor de atividade apresenta características socioeconómicas muito particulares, em que o cliente/utente é, ainda, o contribuinte e o cidadão, cada vez mais consciente e exigente dos seus direitos. Para enfrentar este desafio, estamos convictos de que a alternativa é melhorar continuamente os serviços prestados e apostar em experiências inovadoras de prestação de cuidados de proximidade.O programa do XVII Governo Constitucional defi-ne como meta a “instauração de políticas de saúde, integradas no Plano Nacional de Saúde, e de po-líticas de segurança social que permitam: desen-volver e implementar ações próximas das pessoas em situação de dependência, investir no desenvol-vimento de cuidados de longa duração (...)”. Assim, parece clara a importância da proximidade dos cuidados de saúde (através dos diversos interve-nientes no processo), junto da população, numa lógica de cooperação e articulação que permita um melhor levantamento das necessidades, mais concretamente, daqueles que apresentam maior necessidade dos mesmos e que sejam abrangidos por estes, não apenas em termos geográficos, mas num sentido mais humanizador e global.Em consonância com este posicionamento, a Or-ganização Mundial de Saúde (OMS) salienta a “im-portância das metodologias de trabalho direcio-nadas para a família e que assente na efetividade, integralidade e na proximidade”. Em função de toda esta realidade, e já que a go-vernação política e gestionária não tem encon-trado, ou não tem querido encontrar, as melhores soluções, cabe aos enfermeiros assumir um papel de liderança nesta problemática e, sobretudo, na

conjuntura atual. Os enfermeiros têm hoje a opor-tunidade de aprofundar uma metodologia de tra-balho de proximidade – “enfermeiro de família”, inseridos em equipas de saúde junto dos cidadãos ou através do próprio exercício autónomo de en-fermagem, o qual, traduzir-se-á em ganhos de saú-de para as populações e, consequentemente, com redução dos custos associados.A figura do enfermeiro de família tem vindo a ser criada nos sistemas de saúde de vários países da região europeia da OMS, reforçando a importância dos contributos da enfermagem para a promoção da saúde e prevenção da doença.O “enfermeiro de família” é um profissional que, integrado na equipa multidisciplinar de saúde, assume a responsabilidade pela prestação de cuidados de enfermagem globais a um grupo de famílias, em todo o processo de vida, do nasci-mento à morte, incluindo a promoção e proteção da saúde, a prevenção da doença, a reabilitação e a prestação de cuidados; atua, também, como agen-te facilitador para que os indivíduos e famílias de-

O exercício profissional da enfermagem centra-se, fundamentalmente, no relacionamento interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa ou um grupo de pessoas (família ou comunidades) que se desenvolve através de atitudes humanizantes. Cuidar é comprometer-se a manter a dignidade e integridade da pessoa que é cuidada.

O “ENFERMEIRO DE FAMÍLIA” CRIAPROxIMIDADE NOS CUIDADOS DE SAúDE

senvolvam competências para um agir consciente, quer em situações de crise quer em questões de saúde. Por outro lado, é ainda o gestor e organi-zador de recursos, com vista ao máximo de auto-nomia daqueles a quem dirige a sua intervenção, sendo para cada família a referência e o suporte qualificado que, numa perspetiva de intervenção em rede e equipa multidisciplinar, responde às ne-cessidades da família.A Ordem dos Enfermeiros considera ser aceitável que o modelo orgânico-funcional dos cuidados de proximidade garanta a potencialização dos recur-sos existentes, onde o foco de atenção são as fa-mílias e onde o modelo de enfermeiro de família, como “modelo integrado” de cuidados de proximi-dade, tem um papel preponderante na resolução dos problemas dos utentes em diferentes contex-tos da prática.Estamos convictos de que é nas fases de maior dificuldade que devemos apelar à nossa criativi-dade, ao nosso valor intrínseco. Aos enfermeiros cabe, pois, a responsabilidade de reinventar novas formas do exercício profissional, de encontrar no-vos caminhos, novos métodos e novas estratégias. Face às condições adversas dos nossos dias, devem assumir essas adversidades como janelas de opor-tunidade para novas expressões (externas) do seu desempenho profissional; serem empreendedores em áreas do seu domínio, já que é apenas através da interioridade dos seus gestos e da expressão dos afetos que, verdadeiramente, acedem ao outro, con-cretizando o cuidado de enfermagem.

JORge CAdete - PResidente dA seçãO RegiOnAl dO nORte dA ORdem dOs enfeRmeiROs

O ENFErMEIrO NO SISTEMa DE SaÚDE A oPiNiÃo de...

“A figura do enfermeiro de família tem vindo a ser cria-

da nos sistemas de saúde de vários países da região

europeia da oms, refor-çando a importância dos

contributos da enfermagem para a promoção da saúde e

prevenção da doença”

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Muitos estudos têm revelado o impacto que os cuidados de enfermagem têm na melho-ria dos resultados nos doen-tes, na qualidade e na redu-ção de custos. Apesar disso o cuidado de enfermagem, enquanto produto, tende a

ser muito simplificado ou pouco valorizado por aqueles que não são enfermeiros e que não têm uma ideia clara do que os enfermeiros podem e de-vem fazer e como o seu trabalho é diferente e tem resultados diferentes daquele que é levado a cabo por pessoas com menores competências e forma-ção, porquanto quando um enfermeiro atua fá-lo de forma intencional para obter um resultado. Não é por acaso que os países mais desenvolvidos da Europa estão a recrutar enfermeiros estrangeiros, nomeadamente Portugueses, para fazerem face a uma escassez crónica destes profissionais, agudi-zada nos últimos anos pelo envelhecimento das populações com o aumento concomitante das do-enças crónico-degenerativas e portanto com maio-res necessidades de cuidados de enfermagem seja numa base comunitária seja numa base hospitalar. Esta aposta nos enfermeiros em dotações adequa-das, vem do fato de já terem identificado que esse investimento é efetivo, reduz os acidentes, as que-das, as infeções, a mortalidade, os reinternamen-tos, diminui os tempos de internamento, aumenta a satisfação dos doentes e dos profissionais. Um estudo realizado no Reino Unido, publicado na re-vista Nursing Standard em janeiro de 2009, refere que o valor económico para a sociedade resultante da entrada de um enfermeiro no sistema é de 38 mil libras ano, o que significa que os enfermeiros e os cuidados de enfermagem possuem o potencial de poupar nos custos do sistema. O Enfermeiro é o profissional que está com a pes-soa desde que ela nasce até que morre. Garante que ao longo da vida a vivência de todos os proces-sos de transição que a pessoa sofre (nascimento, infância, adolescência, gravidez, saúde e doença, por exemplo) sejam ultrapassados de forma a ga-rantir a manutenção do bem-estar. Para isso, ajuda a pessoa, entendida como parceira, a potenciar as suas capacidades para um desenvolvimento sau-dável, ajudando-o nas dependências que as res-postas às situações de saúde e de doença impõem. Ajuda a promover um desenvolvimento harmonio-so, promovendo hábitos de vida saudáveis, ajuda na prevenção da doença, e ajuda a pessoa, mesmo em situação de doença, a manter níveis aceitáveis de bem-estar mantendo sempre uma relação en-fermeiro/pessoa que se pretende síncrona. Ga-rante as condições para uma morte em dignidade sempre numa perspetiva profissional respeitando a individualidade de cada pessoa tendo em conta os valores desejos e preferências individuais da pessoa cuidada.Diria ainda que as pessoas são internadas nos

hospitais, mesmo em situação de doença grave, porque precisam de cuidados de enfermagem. Isto é, quando não são capazes de satisfazer, por eles próprios, as necessidades mais básicas, como a alimentação e a higiene, como as mais complexas que podem resultar da situação de doença e do tratamento, como a monitorização e vigilância dos mais variados parâmetros vitais, sinais e sintomas, a necessidade de administrar medicamentos (que implica não apenas o ato de fornecer, mas tam-bém a vigilância e controlo dos seus efeitos), seja a prevenção de complicações que podem advir do próprio tratamento e/ou internamento (como as infeções nosocomiais, as úlceras de pressão etc).Quando um doente é internado é porque a situa-ção exige uma vigilância profissional sistemática ou, porque os tratamentos têm um processo de administração mais complexo ou exigem uma vi-gilância mais sistemática dos seus efeitos, isto é quando são necessários cuidados de enfermagem. Mesmo em cirurgia a decisão de a realizar em am-bulatório ou de internar tem a ver com as necessi-dades em cuidados de enfermagem. Quando o do-ente regressa ao seu domicílio encontra as equipas de cuidados de enfermagem na comunidade que garantem a continuidade dos cuidados.Qualquer intervenção de um enfermeiro resulta sempre de uma decisão em função de um con-junto complexo de dados que é superior ao sim-ples ato de fazer. Mesmo os atos que podem ser considerados simples mobilizam competências e conhecimentos que vão para além dos aspetos meramente técnicos. Quando o enfermeiro dá banho a um doente está a proporcionar conforto, mas, ao observar a pele, o comportamento do in-dividuo, os fluidos etc. ele mobiliza conhecimentos que lhe permitem diagnosticar uma complicação, está a prevenir a maceração da pele, a prevenir as

Apesar dos enfermeiros serem responsáveis por 90 por cento dos cuidados de saúde prestados no Mundo e ser a profissão que mais cuidados disponibiliza, o seu contributo tem permanecido invisível nas decisões políticas em saúde e nas descrições dos cuidados de saúde.

“OS ENFERMEIROS SÃO ESSENCIAIS”

úlceras de pressão e sobretudo a estabelecer com o doente uma relação terapêutica que ajuda a po-tenciar as capacidades que cada individuo tem de se autocuidar ajudando-o a recuperar mais rapi-damente.A não existência de cuidados centrados na poten-ciação e no empowerment dos doentes faz com que muitos, quando têm alta, não estejam pre-parados para regressar a casa, porque não foram capacitados (os doentes ou os prestadores de cui-dados familiares), para gerir a sua terapêutica, a saber identificar as mudanças no seu corpo que o seu estado e as suas necessidades vão implicar, a saber cuidar de si, a saber a quem se dirigir em caso de complicação. Estes são os doentes que re-gressam ao hospital várias vezes após um episódio de doença, muitas vezes com condições piores do que originalmente, e têm vários internamentos e naturalmente ficam mais caros. Os estudos mostram, nomeadamente um que está a ser realizado em 4 hospitais da zona Centro de Portugal, que em situação de falta de enfermeiros os doentes saem do hospital mais dependentes do que entraram (depois de eliminar o efeito que a doença e a idade pode ter sobre essa dependência) e ficam mais tempo no hospital. Estudos interna-cionais, levados a cabo por Linda Aiken e outros, mostram que os doentes que morrem em meio hospitalar, morrem em consequência de complica-ções da sua situação, das quais podiam ser recupe-rados se estas tivessem sido detetadas e tratadas a tempo. Sendo os enfermeiros os profissionais que estão em permanência nos serviços, um número insuficiente destes profissionais não permite o diagnóstico atempado de qualquer complicação o que pode levar à morte. Esses estudos mostram que um enfermeiro a mais por doente / dia evita a infeção em 7 casos de ferida e 4 casos de sepsis nosocomial por cada 1000 doentes cirúrgicos hospitalizados, para além da prevenção da mortalidade que lhes estaria as-sociada. Em Cuidados intensivos um aumento de um enfermeiro a tempo inteiro por doente / dia evita 7 casos de pneumonia nosocomial, 7 casos de insuficiência respiratória, 6 casos de extubação acidental e 2 casos de paragem cardíaca por 1000 doentes (resultados de uma meta-análise elabora-da por Kane em 2010).Também quando se aumenta a carga de trabalho dos enfermeiros, como se assiste agora em Por-tugal, os efeitos podem ser bastante nefastos. A cada doente acrescentado à carga de trabalho dos enfermeiros está associado um aumento de 7% na mortalidade e nas mortes evitáveis, quer em hos-pitais do Estados Unidos como em Hospitais Ingle-ses (Raffaty et al. 2007), no Canadá (Estabrooks et al. 2005) e na Nova Zelândia (McCloskey e Diers, 2005). Para além do número de enfermeiros, os estudos demonstraram que o nível de diferencia-ção dos enfermeiros está também associado a uma melhoria da qualidade dos cuidados e a menores

AntóniO feRnAndO s. AmARAl, PROfessOR COORdenAdOR dA esCOlA suPeRiOR de enfeRmAgem de COimBRA/investigAdOR dA unidAde de investigAçãO em CiênCiAs dA sAúde – enfeRmAgem (uiCisA-e)

O ENFErMEIrO NO SISTEMa DE SaÚDE A oPiNiÃo de...

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apenas e não no equilíbrio entre essa contenção e a maximização dos resultados, pode a prazo colo-car em causa a sustentabilidade de todo o sistema. As pessoas não estão a ter acesso a cuidados de enfermagem como deveriam. Os enfermeiros que emigram começam a trazer-nos informações in-teressantes. Enquanto em Portugal chega a haver um ratio de 12 doentes por enfermeiro numa en-fermaria hospitalar, o que reportam os enfermei-ros emigrados é que “…num dia mau o máximo é 5 doentes por enfermeiro”. Assim pensamos que as lideranças de enferma-gem devem tentar sistematicamente encontrar as formas para, junto dos atores envolvidos nas deci-sões de consumir ou recrutar cuidados de enfer-magem: - pessoas individuais, instituições presta-doras, financiadores e políticas – dar visibilidade e aumentar o valor do seu produto. Necessitamos de documentar, e encontrar uma boa forma de divul-gação do valor acrescentado que os cuidados de enfermagem trazem para os resultados que os do-entes obtêm com os cuidados de saúde em contra-partida com os custos. Para isso é necessário que seja produzida, guardada e utilizada informação sobre os cuidados prestados e sobre os resultados que são obtidos pelos doentes tendo em conta es-ses cuidados. Desta forma as decisões de gestão serão mais informadas e responderão de forma mais sustentada às solicitações e necessidades dos doentes e utilizadores em geral.

índices de mortalidade (Aiken, 2008). Se o aumen-to do número de enfermeiros está associada a me-lhores resultados alcançados pelos doentes, então pode afirmar-se que os cuidados de enfermagem se pagam a si próprios. Também ao nível da intervenção comunitária os enfermeiros são essenciais. Portugal tem o me-lhor índice de cobertura vacinal do mundo e sem dúvida que este fato se deve à intervenção que os enfermeiros dos Centros de Saúde e das USF têm desenvolvido ao longo dos tempos. O que tem acontecido nos últimos anos é que não têm sido colocados enfermeiros nos cuidados de saúde pri-mários, existindo centros de saúde com mais mé-dicos do que enfermeiros, o que é um paradoxo. Se existissem enfermeiros de família em número suficiente, a cada família o seu enfermeiro; se as Unidades de Cuidados na Comunidade para o acompanhamento das situações de doença cróni-ca estivessem em funcionamento em número sufi-ciente, muitas das ineficiências que se apontam ao

Serviço Nacional de Saúde estariam minimizadas. Neste ambiente complexo e de paradoxos tem-se verificado que o corte no número de enfermeiros tem sido a estratégia privilegiada de contenção económica, dado muitos decisores e administra-dores, não percebendo a forma como os enfermei-ros produzem valor, ou não valorizando o valor produzido pelos enfermeiros, os colocam na pri-meira linha da contenção para obter uma diminui-ção imediata da despesa, ignorando as repercus-sões dessa medida no curto e médio prazos.Esta falta de informação dos gestores é, talvez a base para a substituição de enfermeiros por ou-tros a mais baixo custo em situações de constran-gimento financeiro.Por tudo o que ficou dito, fica claro que não exis-tem em Portugal muitos enfermeiros, o que acon-tece é que eles não estão a ser utilizados de forma a conseguirem-se maiores ganhos em saúde, mais qualidade, maior satisfação e mais eficiência. A aposta na eficiência através da redução de custos

qualquer intervenção de um enfermeiro resulta sempre de uma decisão em função de um conjunto complexo de dados que é superior ao simples ato de fazer. mesmo os atos que podem ser considerados simples mobilizam compe-tências e conhecimentos que vão para além dos aspetos meramente técnicos

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Apesar das acusações de conservadorismo e re-sistência à mudança, a Associação de Antigos Alunos do Colégio Mi-litar já há mais de dez anos que vem recla-mando junto da tutela

militar e do Ministério da Defesa algu-mas reformas que entende como essen-ciais para torná-lo mais atrativo, econo-micamente sustentável e elevando ainda o grau de excelência do ponto de vista dos resultados académicos.

ESTuDO REALIzADO EM 2010Como tal, em 2010, foi preparado e entregue ao Chefe de Estado Maior do Exército um documento que contem-plava uma série de medidas entendidas como as adequadas para essa melhoria. Na base do mesmo estava, não só, o co-nhecimento das vivências e necessida-des do colégio mas também um estudo feito na região de Lisboa, junto de um grupo alvo constituído por mais de 300 famílias com crianças entre os seis e os dez anos.As conclusões desse estudo evidencia-ram um colégio com uma extraordinária notoriedade, surgindo como top of mind para 97 por cento dos inquiridos, e uma imagem globalmente muito positiva. No entanto, foram identificados também al-guns aspetos que exigiam mudança para uma maior aproximação às preocupa-ções atuais dos pais.Desta forma, concluiu-se que, principal-mente as mães, têm uma certa resistên-cia ao internato e que é dada preferên-cia, pelos encarregados de educação, a colégios com ensino primário, que ofe-reçam continuidade dos alunos.Nessa altura, respeitando os valores identitários da matriz da formação mi-litar, foi feita então uma proposta de modernização do colégio, que incluía o arranque da escola primária no mesmo. Então em 2011, eram já 144 as candida-turas para o primeiro ciclo mas no início de agosto, quando já estava tudo pre-parado para o arranque do ano letivo, a proposta foi chumbada, o que obrigou os encarregados de educação, grande parte dos quais em período de férias, a

regressar a Lisboa para tratar do colégio dos filhos.De referir que através do arranque do ensino primário no colégio iriam ser retiradas vantagens do ponto de vista económico, uma vez que, como refere António Reffóios, “para além de ser a fonte natural de recrutamento para as crianças que entram depois no segun-do e terceiro ciclo, o ensino primário é também o mais rentável porque o rácio professor/ aluno é de um para 20 ou 25, enquanto, um professor de secundário tem um custo superior e um rácio que é, em média, de um para oito. Uma vez que temos no colégio um espaço que podia ser adaptado muito facilmente e com um custo bastante reduzido, o reembol-so seria inferior a um ano”.A proposta foi chumbada em 2011,

Os antigos alunos do Colégio Militar estão “de luto” pela reforma desta instituição que conta já com mais de dois séculos de existência e que é também a instituição mais condecorada de Portugal. Para perceber esta situação, a Revista Pontos de Vista visitou o colégio e falou com o Presidente da Associação de Antigos Alunos. António Reffóios mostrou claramente que não é uma reforma que os preocupa mas esta reforma e o modo como a mesma está a ser conduzida, alterando de forma abrupta e não fundamentada caraterísticas diferencia-doras de um modelo em funcionamento há 210 anos. As alternativas existem, o diálogo é pretendido, mas nem a Associação de Antigos Alunos nem a Associação de Pais estão a ser ouvidas neste processo.

COLéGIO MILITAR:UMA REFORMA AbRUPTA

quando contava já com 144 inscrições, para arrancar agora, passados dois anos, com apenas 37 alunos. “Em primeiro lu-gar, no final de maio, já a grande gene-ralidade dos pais escolheu o colégio dos filhos e, para além disso, muitos pais estão lembrados daquilo que aconteceu há dois anos”, afirma o presidente da As-sociação de Antigos Alunos, claramente descontente com este número.

OS DOIS PRINCIPAISPONTOS DE DISCóRDIA

Desta forma, uma das queixas tidas como principais nesta campanha dos Antigos Alunos do Colégio Militar é a forma abrupta e “irresponsável” como a reforma ao colégio está a ser realizada.Alargar a oferta educativa ao ensino pri-mário é uma alteração estrutural que

estava já bem amadurecida e ponderada por todas as partes, no entanto, tomar uma decisão dessa ordem em maio tra-duz-se neste número reduzido de inscri-ções, ainda mais quando comparamos com as 144 inscrições de 2011.A Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar reforça assim a sua po-sição colaborativa nesta reforma e os próprios vêm mesmo a reclamá-la há mais de uma década, não só através da inclusão do primeiro ciclo, mas também pelo reforço da coordenação pedagógica do ensino, a continuação do aumento da eficácia da gestão e o reforço dos fato-res diferenciadores que distinguem o colégio.No entanto, segundo os mesmos, há dois pontos que contribuirão para a destrui-ção do Colégio Militar e por isso recla-

A RefORmA dO COlégiO militAR nA ótiCA dO PResidente dA AssOCiAçãO de AntigOs AlunOsCOLÉGIO MILITAR EM DESTAQUE

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Há dois pontos que contribuirão para a destruição do colégio militar e por isso reclamam a sua imediata suspensão: são eles a entrada de alunas para o colégio já em 2013/14 sem a ponderação e preparação que seriam exigíveis e em anos posteriores ao sétimo ano de escolaridade

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Pontos de Vista Outubro 2013

mam a sua imediata suspensão: são eles a entrada de alunas para o colégio já em 2013/14 sem a ponderação e prepara-ção que seriam exigíveis e em anos pos-teriores ao sétimo ano de escolaridade. Para os mesmos trata-se de um pedido simples, isento de custos para Portugal e que decorre de um conhecimento pro-fundo do colégio. Os Antigos Alunos acusam mesmo o Ministro da Defesa Nacional de tratar da mesma forma alterações com im-plicações conceptuais profundas no projeto educativo do colégio, que exi-gem adequada reflexão e ponderação, e simples melhorias de eficácia opera-cional e coordenação com outros dois estabelecimentos militares de ensino que são de fácil e rápida concretização. Transformar em dois anos um projeto educativo com 210 baseado em interna-to masculino, num colégio com interna-to e externato, masculino e feminino, é uma decisão que, ainda segundo estes, está a ser tratada com enorme ligeireza, descaracterizando o conceito educativo do colégio, sem que tenha sido feita uma discussão profunda da sua justificação e das suas consequências.

NãO hÁ RAzÕES fINANCEIRAS NEM PEDAgógICAS

Nesta entrevista, António Reffóios fez questão de demonstrar que não existem razões financeiras para a imposição de uma reforma tão abrupta, umas vez que os custos diminuíram cerca de 30 por

cento nos últimos três anos para além de que poderão baixar ainda mais se forem implementadas as reformas cur-riculares recomendadas e um conjunto de serviços comuns aos estabelecimen-tos militares de ensino. No espaço de um ano, o custo por aluno do colégio poderá ser então semelhante ao custo de qual-quer outro aluno do ensino público.Para além de financeiras, não existem também razões pedagógicas. Mudar abruptamente as características diferen-ciadoras do modelo educativo do Colégio Militar altera o equilíbrio da instituição e a atratividade da mesma, como demons-tra o número reduzido de inscrições para o ensino primário neste primeiro ano letivo. Ainda mais quando essas al-terações são feitas sem que seja tida em consideração a opinião dos encarregados de educação que não foram ouvidos em momento algum durante este processo mas que, de acordo com o que a Associa-ção de Antigos Alunos apurou, jamais es-colherão um modelo que mistura os dois sexos no mesmo internato.O Ministério da Defesa alega o facto das Forças Armadas serem mistas como exemplo justificativo, mas não tem em conta as diferenças entre um aluno adolescente e um profissional adulto e maior de idade. Como tal, pretende gastar quase três milhões de euros na construção de um internato feminino dentro das instalações do colégio sem averiguar o interesse dos pais em colo-car as suas filhas no mesmo.

MODO DE PROCEDER CONTRARIA CONCLuSÕES DO PROfESSOR MARÇAL gRILO

Ainda que esta reforma, na altura em que foi anunciada, tenha sido chama-da de Reforma Professor Marçal Grilo, António Reffóios lamenta que as reco-mendações do professor não estejam a ser, de facto, seguidas, uma vez que o mesmo recomendou que fossem mantidas as características diferencia-doras do Colégio Militar e que o tema do internato feminino fosse tratado com a maior ponderação. Para o nosso entrevistado, a forma como o proces-so está a ser conduzido contraria as conclusões do Professor Marçal Grilo, coordenador da Comissão para a Rees-truturação dos EME.O próprio Professor Marçal Grilo parti-lha desta opinião, uma vez que foi a pri-meira personalidade a subscrever a car-ta enviada ao Presidente da República a apelar ao diálogo e a uma análise serena e profunda desta reforma, que envolva as Associações de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos do Colégio Mili-tar e dos Antigos Alunos.Importa referir por fim que as candida-turas para o ano letivo 2013/14 no con-junto Colégio Militar e Instituto de Odi-velas, como previsto pela Associação de Antigos Alunos, evidenciam que a opção do internato continua a ser preferida e uma diminuição do número de alunos do sexo feminino em 11 por cento.

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uma das queixas tidas como principais nesta campanha dos antigos alunos do colégio mili-tar é a forma abrupta e “irresponsável” como a reforma ao colégio está a ser realizada

o ministério da Defesa alega o facto das forças armadas serem mistas como exemplo justifica-tivo, mas não tem em conta as diferenças entre um aluno ado-lescente e um profissional adulto e maior de idade

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De que forma na Henriques & Henri-ques se consegue adaptar os vinhos às crescentes exigências do mercado? De que modo é possível inovar numa área tão tradicional?A H&H foi sempre reconhecida como uma das melhores produtoras de vinho Madeira fundamentalmente devido ao facto de ter apostado nas mais recentes inovações tecnológicas mas mantendo contudo inalterável a tradição familiar que perdura há 200 anos na produção de excelentes vinhos Madeira. A de-tenção de stocks de vinhos antigos e o controlo total de todos os aspetos da produção e envelhecimento permite à Henriques & Henriques (H&H) produzir e comercializar vinhos de qualidade ex-cecionais. Neste ano, no passado mês de julho recebeu o prémio mais prestigian-te do mundo dos vinhos concedido pelo “International Wine Challenge” em Lon-dres, o “Len Evans Award”, reconhecen-do a consistência da qualidade dos seus vinhos entre os milhares provenientes de todo o mundo e submetidos ao con-curso internacional nos últimos cinco anos, tendo obtido 94 por cento de su-cesso no que toca a medalhas e troféus.Contudo na senda da inovação, hoje já não chega fazer um bom vinho, é fun-

damental estudar e perceber a verdade dos consumidores e não nos fixarmos naquilo que gostaríamos que fosse ver-dade. Essencialmente compreender porque é que se consome Madeira e em que ocasião é que isso é satisfação para o consumidor.

A produção de vinho da Madeira au-mentou, no segundo trimestre deste ano, 20,3 por cento, gerando uma re-ceita de oito milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 18,9 por cento. A que se deve este cresci-mento? O aumento das vendas nos mercados externos é a principal razão?O crescimento da comercialização do Madeira não pode ser avaliado em apenas dois trimestres, a reposição de stocks em determinados mercados é sazonal e varia de ano para ano reve-lando em determinadas alturas maior crescimento e noutras nem tanto. Há que sublinhar que se este crescimento que refere, se mantiver consistente até final do ano, isso dever-se-á em parte ao enorme trabalho feito na promoção e presença em feiras internacionais, quer por parte dos produtores, quer pelo Ins-tituto do Vinho da Madeira, que têm em conjunto promovido diversas ações em

A família Henriques estabeleceu-se na zona de Câmara de Lobos no século XV e esteve na origem das primeiras vinhas que foram culti-vadas nesta zona, por volta de 1425. Inicialmente fizeram-se plantações nos socalcos do Pico da Torre, propriedade da família Henriques e nas encostas dos vales de Estreito da Câmara de Lobos e Quinta Grande, regiões tradicionalmente conhecidas por serem as melhores produtoras de vinho da Madeira. Em 1968, faleceu o último dos Henriques, João Joaquim Henriques e, não tendo herdeiros diretos, trans-mitiu a sua empresa a três colaboradores e amigos que entregaram por sua vez, aos seus descendentes. No início, a produção era essen-cialmente “artesanal”, respeitando as tradições transmitidas de geração em geração. Atualmente, a qualidade dos vinhos foi aprimorada pelos desenvolvimentos que se assistiram no setor. A Revista Pontos de Vista conversou com Humberto Jardim, Administrador Delegado da Henriques and Henriques, que nos deu a conhecer um pouco mais do potencial desta marca.

SAbOREAR UM VINHO DE REQUINTE

diferentes mercados dando muita rele-vância aos Estados Unidos, país que su-gere ser um destino de grande potencial de crescimento para o Madeira até pela ligação ancestral de muita popularidade no passado, tanta, que levou a brindar com vinho Madeira a celebração inde-pendência dos Estados Unidos pelos “Founding Fathers”.

Particularmente na Henriques & Henriques, o aumento das vendas nos mercados internacionais tem sido sentido? Os vossos vinhos são cada vez mais reconhecidos lá fora? As nossas vendas estão num patamar es-tável. Perspetivamos atingir os níveis de vendas conseguidos no ano anterior mas a qualidade dos vinhos vendidos têm prevalecido as categorias mais antigas e portanto de maior valor acrescentado. O Madeira Verdelho Henriques & Henriques em 2011 foi considerado o melhor vinho licoroso a nível mun-dial a mais de dez libras, estando, por isso, entre os 25 melhores vinhos a nível mundial. Para além desta, já fo-ram várias as distinções arrecadadas pelos vinhos da Henriques & Henri-ques. O que significam para si estas distinções? Ao nível das vendas, é notório um aumento sempre que são distinguidos lá fora?Na verdade esse é um dos muitos re-conhecimentos internacionais que re-cebemos. Temos continuado a receber muitas medalhas de ouro e troféus em diversos concursos e sentimos que isso nos dá exposição junto dos consumi-dores mais informados. Não podemos

humBeRtO JARdim, AdministRAdOR delegAdO dA henRiques And henRiques, em entRevistAVINHO DE QUALIDADE PORTUGUÊS

78Humberto Jardim

na verdade esse é um dos muitos reconheci-mentos internacionais que recebemos. temos continuado a receber muitas medalhas de ouro e troféus em diversos concursos e sentimos que isso nos dá exposi-ção junto dos consumi-dores mais informados

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dizer que esses prémios levem a um imediato aumento de vendas, pelo me-nos é difícil de avaliar esse resultado, mas estou convencido que ajudam mui-to particularmente na seleção de vinhos por parte dos nossos importadores, pois estes prémios, constituem um referen-cial de qualidade.

Quais são as caraterísticas intrínse-cas aos vinhos Henriques & Henri-ques, o ADN que faz com que os mes-mos sejam tão apreciados?Julgo ser a grande consistência e o seu estilo mais poderoso e concentrado, no fundo o resultado de uma produção muito tradicional do vinho Madeira, que reflete uma transmissão homogénea da arte de bem-fazer ”blends” ao longo de gerações, lotes enriquecidos com vinhos antigos conservados cuidadosamente desde o longínquo passado da empre-sa. Digamos que cada winemaker que se tem sucedido ao longo dos anos na H&H, “assina” os seus vinhos com “tin-ta” do passado.

Quais os mercados em que os vinhos Henriques & Henriques marcam pre-sença atualmente? Qual o peso das ex-portações na faturação da empresa?Exportamos fundamentalmente para a Inglaterra, França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Japão, Estados Unidos e Ca-nadá. A exportação representa oitenta por cento das nossas vendas.

Aumentar a presença nos mercados externos passa pelos objetivos futuros? Quais os mercados em que querem apostar nos próximos anos e porquê?O nosso objetivo é crescer. Por um lado procuraremos com isso incentivar os viticultores sublinhando a justificação económica da sua produção através do escoamento das uvas e por outro, dese-jamos criar valor na nossa economia lo-cal. Estamos expandindo a nossa quota de mercado para Rússia e para a China, onde julgamos que com muita persis-tência e resiliência poderemos obter sucesso no futuro.

Na sua opinião, o vinho português é olhado no mundo como um vinho de qualidade? Acredita que este é um dos grandes cartões de visita do país, nomeadamente através do enoturis-mo, e que se trata de um setor com forte capacidade de ajudar a alavan-car a economia nacional? O vinho português é cada vez mais e melhor reconhecido no mundo pela sua excelente qualidade. Ainda não conse-guimos colocá-lo no mesmo patamar de preços de outros vinhos provenientes por exemplo de França ou de Espanha, mas estamos indubitavelmente entre as melhores regiões vitícolas do mundo. No meu ponto de vista cometemos al-guns erros no passado e que passaram

por plantar castas que já existiam por todo o mundo em detrimento de dar-mos valor às castas tradicionais portu-guesas e à sua genuinidade associada ao “terroir” português. Penso que a maior parte dos grandes produtores já perce-beu que temos que “emendar a mão” e apostar na promoção do que é nosso e único de modo a podermos ser preferi-dos pela nossa diferença. Claro que o enoturismo pode desen-cadear mais uma alternativa para o tu-rismo de “incoming” e ser um excelente veículo do “passa palavra” tão impor-tante para levar a mensagem a outras pessoas que nos possam vir a visitar. A produção e comercialização de vinho é um importantíssimo contributo para a economia nacional. Basta ver o conjun-to de famílias que dependem direta ou indiretamente deste setor económico, desde os viticultores, passando pelos transportadores e todas as equipas de trabalho das empresas, cooperativas e associações envolvidas na produção e comercialização de vinhos.

A Henriques & Henriques é o maior produtor independente de Vinho da Madeira e também a única empresa a possuir as suas próprias vinhas. Por-que é que não há uma aposta mais intensa no vinho da Madeira? Falta tradição vinícola na região?O facto de possuirmos vinhas não impli-ca dizer que não haja por parte das ou-tras empresas, ou mesmo por parte das entidades reguladoras, uma aposta forte no vinho da Madeira. Recentemente ou-

tro produtor de vinho Madeira também investiu em vinhas. E mais, o que não nos falta é tradição vinícola. Falta-nos é dinheiro! O mercado do vinho é extre-mamente competitivo e o custo de pro-moção por litro comercializado de Ma-deira é imenso face à pequena dimensão da produção proveniente de uma área total de menos de 500 hectares e por es-tarmos numa ilha com apenas 780 Km2, isolada no oceano Atlântico, sofrendo custos de transporte elevadíssimos, quer na importação de todas as matérias secas que são necessárias para “vestir” o vinho e colocá-lo pronto para novamen-te suportar os custos de transporte com destino aos diferentes mercados.

Como perspetiva a evolução do setor vinícola na Madeira?O setor vinícola terá que se adaptar a novos desafios que passam por uma adequação da produção à procura, atra-vés da substituição de parte da casta tin-ta negra que é neste momento excessiva em termos de oferta e plantio de mais castas brancas, Malvasia, Boal, Verdelho, Sercial e Terrantez. As podas terão que

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ser mais curtas de modo a racionalizar a produtividade e permitir um maior equilíbrio sem que se perca o potencial vitícola da Madeira. Estou esperança-do no resultado do imenso trabalho de promoção que tem sido feito por todos os envolvidos em que isso resulte num crescimento de vendas para um pata-mar consolidado mais acima.

O que é que podemos esperar da em-presa nos próximos tempos? Quais as metas que têm estabelecidas para o curto prazo? A H&H vai continuar a investir no au-mento de capacidade de stockagem e me-lhoria das suas condições ergonómicas e equipamentos técnicos. A utilização de diversos tipos de madeira de carvalho na acomodação dos seus vinhos que estão a envelhecer em canteiro, tem resultado num aumento considerável da concen-tração e complexidade de aromas e sa-bores que permitirão chegar ao mercado com colheitas e vintages ainda mais com-plexos e sofisticados de que certamente nos vamos orgulhar no futuro pelo reco-nhecimento que iremos obter.

“o nosso objetivo é crescer, por um lado procu-raremos com isso incentivar os viticultores subli-nhando a justificação económica da sua produção através do escoamento das uvas e por outro, desejamos criar valor na nossa economia local. estamos expandindo a nossa quota de mercado para Rússia e para a China, onde julgamos que com muita persistência e resiliência poderemos obter sucesso no futuro”

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Mudam-se os tem-pos mas perma-necem as vonta-des. Por mais que as mentalidades das novas gera-ções sejam dife-rentes, a curio-

sidade que se gera à volta da tradição das vindimas permanece, em alguns casos, inalterável. Acordar cedo, ir para a vinha munido da tesoura, cortar as uvas, alimentado por um cacho ou ou-tro enquanto se descansa de uma tarefa que parece fácil mas exige experiência e força de vontade. A Revista Pontos de Vista deslocou-se a Santar com este desafio em mente, em colaboração com a equipa da Dão Sul que nos abriu as portas da Casa de Santar, uma das mais emblemáticas propriedades vinícolas do Dão. Pelo peso da sua história, pela dimensão e pela notoriedade dos seus vinhos, a Casa de Santar, com cerca de 103 hectares de vinha, é a representa-ção das melhores castas do Dão. A Tinta Roriz, uma casta ibérica por excelência, foi a eleita para esta experiência parti-lhada com um grupo composto por por-tugueses, belgas e brasileiros. Contudo, este dia não se fez apenas da “apanha da uva”. Todos os pormenores foram pensa-dos, desde o cardápio das refeições, não esquecendo a tradicional “bucha”, até ao tempo de descontração completado por um pequeno concurso de rótulos. Ao longo do dia, foram sempre dadas explicações sobre o circuito da adega, os vários processos de vinificação e, para os mais ousados, houve mesmo um mo-mento dedicado à tradicional pisa. No final, foi tempo de fazer uma visita guia-da pelos jardins e museu dos coches da Casa de Santar, concluída com a entrega do diploma de participação na Vindima Casa de Santar 2013.Para Luís Santos, Enólogo Assistente na Dão Sul, “este é um momento de alegria”.

“É o culminar de um ano de trabalho. Depois de um ano na vinha, este é o mo-mento em que pegamos nesse trabalho e damos corpo, personalidade e alma a uma garrafa de vinho”. Para qualquer enólogo, é um misto de trabalho, de re-compensa e expetativa. Todo o potencial cria-se na vinha. “A partir do momento em que temos todos os cuidados, sabe-mos selecionar e colher, na adega só te-mos que tentar não estragar o potencial que vem da videira. A partir daí, com a tecnologia que temos ao nosso dispor, com o conhecimento e o estilo de cada um, só podemos fazer grandes vinhos”, afirmou. No que depender deste grupo de pessoas comuns que fizeram parte de uma tradição milenar e ainda muito vincada nos hábitos portugueses, esse trabalho está garantido. Podem não ser enólogos, mas sabem certamente apre-ciar a qualidade de um grande vinho.

Quando o objetivo é “arregaçar as mangas”, pegar na tesoura e na caixa e cortar as uvas, a tradição ainda é o que era. A época das vin-dimas já começou. Se para muitos este é um momento de festa e de convívio, para outros é o culminar de um ano de intenso trabalho. A equipa da Dão Sul aceitou o desafio e levou-nos a um dia de vindima na Casa de Santar, em Santar -Nelas - Viseu.

VINDIMAS COM TRADIÇÃOem éPOCA de vindimAs, A RevistA POntOs de vistA AliOu-se à dãO sul nestA AventuRA

VINHO PORTUGUÊS- VINDIMAS 2013

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“Aprecio este convívio porque o vinho é mesmo isso. Um bom vinho exige uma boa gastronomia e um momento de convívio com amigos e não sabe tão bem quando o bebemos noutra altura”

Mónica Pinto (Portuguesa)

“Não conhecia o vinho desta região mas estou a adorar esta experiência. É um dia diferente. É basicamente tudo aquilo que ouvia falar como tradição mas que nunca tinha vivido verdadei-ramente”

Maria João Silva (Portuguesa)

“Os vinhos portugueses ainda não são muito co-nhecidos na Bélgica mas são extremamente bons e a relação entre qualidade e preço é importante. Os belgas começam a apreciar este vinho. Tenho hóspedes que levam garrafas para casa porque experimentam e ficam a gostar muito”

sabine defever (Proprietária da Quinta do Pisão, Belga)

“No vinho português aprecio o sabor e os aromas. É um vinho muito bom, não há explicação. Esta experiência das vindimas é diferente do que temos no Brasil. É um passeio turístico mas é também uma tradição familiar e uma festa. Há muito tempo que queria vivenciar mais um item da cultura portuguesa que vai deixar uma boa lembrança que levarei para o Brasil”

Marcelly Gullo (Brasileira)

Fotografia de grupo, à entrada do paço das cunhas de santar

almoço

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Pontos de Vista Outubro 2013

VINHO PORTUGUÊS - VINDIMAS 2013

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boas vindas no paço dos cunhas de santar

passeio até à vinha casa de santar

tradicional “bucha”

concurso de rótulos

Principais momentos do dia...

pisa tradicional

enólogo assistenteluís santos

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O Grupo BIAL lançou, recentemente, o primeiro medica-mento com iodo no mercado nacional. Trata-se de um suplemento de iodeto de potássio indicado para corrigir deficiências nutritivas em adultos, grávidas e lactantes, corrigindo ainda a profilaxia de defeitos neurológicos no feto. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a carência de iodo é a principal causa mundial evitável de atraso mental. Em Portugal, e de acordo com conclusões retiradas de um trabalho realizado pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, as grávidas têm um nível muito insuficiente de iodo, com-parativamente com as recomendações da OMS.

A Ordem dos Enfermeiros encontra-se a colaborar com a Associação Portuguesa dos Enfermeiros Gestores e Liderança (APEGEL) na organização do seu 3º Congresso, que se irá realizar no dia 25 de outubro de 2013, com o tema «Competências do Enfermei-ro Gestor e Boas Práticas da Gestão em Enfermagem». O evento terá lugar no Auditório do Metropolitano da Estação Alto dos Moinhos de Lisboa.

Ministro da Educação e Ciência destacou iniciativa da IBM como um exemplo a seguir no que toca ao envolvi-mento das empresas no crescimento do paísDecorreu no passado dia 24 de setembro, no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, a cerimónia de entrega do Prémio Científico IBM, que distinguiu o melhor trabalho de investigação a concur-so no ano de 2012 na área das Ciências da Computa-ção e Tecnologias de Informação. O galardão, no valor de 15 mil euros, foi entregue pelas mãos do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, a Pinar Oguz Ekim, de 33 anos, uma jovem investiga-dora do IST a terminar o programa de Doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, pela sua investigação na área da georreferenciação com o trabalho: “Algoritmos robustos de localização em redes de sensores com aplicações a seguimento de alvos”.

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PRIMEIRO MEDICAMENTO COM IODO EM PORTUGAL

ORDEM DOS ENFERMEIROS COLAbORANA ORGANIzAÇÃO DO 3º CONGRESSO DA APEGEL

INVESTIGADORA DO IST RECEbEU PRéMIO CIENTÍFICO IbM 2012 PELAS MÃOS DE NUNO CRATO PROMOÇÃO IRREAL DAS

POUSADAS DE PORTUGAL

BREVES

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