revista food service news #43

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foodservicenews / 2009 8 GESTÃO PEQUENAS FRANQUIAS, GRANDES REDES Uma concepção necessária para quem quer aliar bom gosto ao paladar S egundo a Associação Bra- sileira de Franchising - ABF -, o setor de franquias representa cerca de 1,7% do PIB nacional e fechou 2008 com fatu- ramento 17% maior que no ano passado, em torno dos R$ 53 bi- lhões. O segmento que mais cres- ce é o da alimentação, que fechou o último ano com 14% a mais de franquias que em 2007. O setor também é responsável pela cria- ção de, aproximadamente, 30 mil novos estabelecimentos num pe- ríodo de 12 meses e 594 mil em- pregos diretos. Ainda de acordo com dados da ABF, no setor de alimentação, o grupo que mais cresceu foi o das cafeterias, com expansão de 33,91%. Analisando o mercado mais de perto, percebemos que há as grandes marcas, como Starbucks e Frans Café, e outras marcas menores, regionais, também com espantoso crescimento. Como é o caso da Planet Chokolate. Criada em 2007 pelo empresário mineiro Wallace Tonon, a franquia já pos- sui 22 lojas em diversas cidades brasileiras e gerou a Chocolônia, o maior parque temático itine- rante de chocolate da América Latina, em São Paulo, e que deve viajar todas as principais cidades do país. A rede possui mais de 40 lojas comercializadas, com inaugurações previstas até dezembro de 2009. “A Planet Chokolate dará um salto em seu faturamento de mais de R$ 7 milhões: de R$ 1,8 milhão em 2008 para R$ 9 milhões até o final deste ano”, declara Gerson Oliva, supe- rintendente da Planet Chokolate. A meta da Planet Chokolate é a abertu- ra de 450 lojas no país e um fatura- mento de R$ 72 milhões em 5 anos. Com as novas lojas, a previsão de crescimento nas vendas é de 400% este ano para uma rede que já vende 5 toneladas de chocolate por mês. Outra rede que também está cres- cendo entre as marcas menos conhe- cidas é o Café Jardim. De acordo com a gerente de expansão, Maura Leal, a rede está comercializando há apenas 1 ano e já tem 10 unidades vendidas em fase de instalação. “Já temos em funcionamento duas unidades. Uma na Avenida Paulista e outra no mer- cado municipal de São Paulo”, afir- ma. A marca Café Jardim já existe há mais de 100 anos como indústria de café. A gerente explica que a criação da rede de franquias é uma nova for- ma de distribuição do produto. “Com as franquias, potenciali- zamos as vendas e geramos visibi- lidade para a marca. Assim, temos novos canais de vendas em pronta entrega”, declara. Outra fatia do mercado capitada pelo Café Jardim é o mercado corporativo. “Nos- so franqueado tem liberdade para vender para vários mercados. Ele potencializa o retorno do capital investido e aumenta o faturamento como um todo. Com as franquias vendendo para o mercado corporati- vo, aumentamos em 20% a produção de café”. Diferencial De acordo com Marcos Hirai, diretor de real state da Franchi- Na maioria dos shoppings centers, 75% da praça de alimentação pertence a marcas nacionais Por Joyce Carla

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Revista Food Service News

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Page 1: Revista Food Service News #43

foodservicenews / 20098

GESTÃO

Pequenas franquias,

grandes redesUma concepção necessária para quem quer aliar bom gosto ao paladar

S egundo a Associação Bra-sileira de Franchising - ABF -, o setor de franquias

representa cerca de 1,7% do PIB nacional e fechou 2008 com fatu-ramento 17% maior que no ano passado, em torno dos R$ 53 bi-lhões. O segmento que mais cres-ce é o da alimentação, que fechou o último ano com 14% a mais de franquias que em 2007. O setor também é responsável pela cria-ção de, aproximadamente, 30 mil novos estabelecimentos num pe-ríodo de 12 meses e 594 mil em-pregos diretos. Ainda de acordo com dados da ABF, no setor de alimentação, o grupo que mais cresceu foi o das cafeterias, com expansão de 33,91%.

Analisando o mercado mais de perto, percebemos que há as grandes marcas, como Starbucks e Frans Café, e outras marcas menores, regionais, também com espantoso crescimento. Como é o caso da Planet Chokolate. Criada

em 2007 pelo empresário mineiro Wallace Tonon, a franquia já pos-sui 22 lojas em diversas cidades brasileiras e gerou a Chocolônia, o maior parque temático itine-rante de chocolate da América Latina, em São Paulo, e que deve viajar todas as principais cidades do país.

A rede possui mais de 40 lojas comercializadas, com inaugurações previstas até dezembro de 2009. “A Planet Chokolate dará um salto em seu faturamento de mais de R$ 7 milhões: de R$ 1,8 milhão em 2008 para R$ 9 milhões até o final deste ano”, declara Gerson Oliva, supe-rintendente da Planet Chokolate. A meta da Planet Chokolate é a abertu-ra de 450 lojas no país e um fatura-mento de R$ 72 milhões em 5 anos. Com as novas lojas, a previsão de crescimento nas vendas é de 400% este ano para uma rede que já vende 5 toneladas de chocolate por mês.

Outra rede que também está cres-cendo entre as marcas menos conhe-

cidas é o Café Jardim. De acordo com a gerente de expansão, Maura Leal, a rede está comercializando há apenas 1 ano e já tem 10 unidades vendidas em fase de instalação. “Já temos em funcionamento duas unidades. Uma na Avenida Paulista e outra no mer-cado municipal de São Paulo”, afir-ma. A marca Café Jardim já existe há mais de 100 anos como indústria de café. A gerente explica que a criação da rede de franquias é uma nova for-ma de distribuição do produto.

“Com as franquias, potenciali-zamos as vendas e geramos visibi-lidade para a marca. Assim, temos novos canais de vendas em pronta entrega”, declara. Outra fatia do mercado capitada pelo Café Jardim é o mercado corporativo. “Nos-so franqueado tem liberdade para vender para vários mercados. Ele potencializa o retorno do capital investido e aumenta o faturamento como um todo. Com as franquias vendendo para o mercado corporati-vo, aumentamos em 20% a produção de café”.

Diferencial

De acordo com Marcos Hirai, diretor de real state da Franchi-

Na maioria dos shoppings centers, 75% da praça de alimentação pertence a marcas nacionais

Por Joyce Carla

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9foodservicenews / 2009

sing Store, as pessoas interessadas em adquirir uma franquia devem observar bastante o mercado e as possibilidades de negócio. “Por exemplo, sabemos que, na maio-ria dos shoppings centers, 75% da praça de alimentação pertence a marcas nacionais”, afirma.

Contudo, Hirai mostra que o diferencial é uma grande opor-tunidade. “Mesmo com essa difi-culdade, temos casos como o de comidas mexicanas, que certa-mente encontrarão abertura em shoppings, pois, na maioria de-

les, não há a presença de marcas consagradas”, explica. O diretor lembra ainda que é importante ter uma operação diferenciada. “É importante criar caracterís-ticas próprias, para não concor-rer diretamente com as marcas conhecidas nacionalmente. Com um mix de tipos de produtos, apresentação da loja e atendi-mento, é possível ter crescimen-to nesse mercado, mesmo com marcas regionais. Um exemplo é a QG Pastéis, uma fast-food com gosto de comida caseira, que já tem

DESTAQUES

As franquias de •alimentação são responsáveis pela criação de, aproximadamente, 30 mil novos estabelecimentos num período de 12 meses e 594 mil empregos diretos.

Planet Chokolate. Em •cinco anos, a meta é a abertura de 450 lojas no país e um faturamento de R$ 72 milhões. Com as novas lojas, a previsão de crescimento nas vendas é de 400% este ano. A rede vende 5 toneladas de chocolate por mês.

O setor de franquias representa cerca de 1,7% do PIB nacional e fechou 2008 com faturamento

em torno dos R$ 53 bilhões

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GESTÃO

10 foodservicenews / 2009

Camarão & Cia.

Especialista em fast-food de frutos do mar. Existe há 10 anos, possui 30 lo-jas. O faturamento médio por loja é de R$ 100 mil/mês. O diferencial: produz seu principal insumo, o camarão. O vi-veiro instalado no Piauí tem capacida-de de produzir mais de 90 toneladas/mês do crustáceo.

O camarão é exportado para vá-rios países da Europa e também abastece as lojas da rede. A curto prazo: planeja ter 100 unidades até 2014. 18 deverão ser abertas nos próximos 12 meses. Essa expansão representa a criação de 500 novas vagas de emprego e investimentos da ordem de R$ 5 milhões.

Percebemos que há as grandes marcas, como Starbucks e Frans Café, e outras marcas menores, regionais, também com espantoso crescimento

PEQUENAS FRANQUIAS, GRANDES REDES

1. Possibilidade de crescer com a rede. “Em uma rede grande, há pouco espaço para crescer. Nas redes menores, tem todo um mercado para desbravar”, explica Marcos Hirai, diretor de real state da Franchising Store.

2. O acesso direto aos donos da rede é facilitado quando o negócio é menor.

3. Mais espaço para opinar e sugerir mudanças no cardápio, permitindo adaptações favoráveis à região em que você atua.

4. Flexibilidade para negociar taxas.

10 lojas no Centro-Oeste e no Nor-deste”, afirma Marcos Hirai.

Um exemplo de novidade no seg-mento de alimentação é a franquia Camarão & Cia. A rede especialis-ta em fast-food de frutos do mar existe há 10 anos, possui 30 lojas, faturamento médio por loja é de R$ 100 mil/mês e produz seu principal insumo, o camarão. “No viveiro instalado no Piauí, a empresa tem capacidade de produzir mais de 90 toneladas mês do crustáceo. O mes-mo camarão que é exportado para vários países da Europa abastece também as lojas da rede”, explica Waldner Maribondo, gerente de Ma-rketing da Camarão & Cia. A rede

planeja ter 100 unidades até 2014. Dessas, 18 deverão ser abertas nos próximos 12 meses, o que represen-ta a criação de 500 novas vagas de emprego e investimentos da ordem de R$ 5 milhões.

Vantagens e desvantagens

Uma das vantagens de uma fran-quia de marca menos conhecida é a possibilidade de crescer junto com a rede. “Em uma rede gran-de, há pouco espaço para crescer. Nas redes menores, tem todo um mercado para desbravar”, expli-ca Hirai. Outras questões são o acesso direto aos donos da rede,

VANTAGENS DE INVESTIR EM UMA PEQUENA FRANQUIA

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11foodservicenews / 2009 11foodservicenews / 2009

DESVANTAGENS DE INVESTIR EM UMA PEQUENA FRANQUIA

1. A grande concorrência. 2. Possível falta de experiência que pode existir em redes muito novas.

Camarão & Cia www.camaraocia.com.br

Planet Chokolatewww.planetchokolate.com.br

Café Jardim

Franchise Storewww.franchisestore.com.br

mais espaço para opinar e sugerir mudanças no cardápio, e a flexibi-lidade para negociar taxas. “Já as desvantagens são a concorrência e a possível falta de experiência, que pode existir em redes muito novas”, enumera Hirai.

No Café Jardim, as vantagens englobam a flexibilidade da ope-ração. “O franqueado tem a liber-dade de agregar outros produtos

fora do mix controlado. Além disso, temos as menoras taxas de franquia do segmento”, afirma Maura Leal.

O Planet Chokolate apresenta a lucratividade como uma das maiores vantagens. “Nossa lu-cratividade gira em torno de 23% para o franqueado e o ticket mé-dio de R$ 18,00. Assim, a fran-quia tem atraído investidores que desejam abrir um negócio no se-tor das franquias de chocolate”, pontua Gerson Oliva.

A Camarão & Cia apresenta outra vantagem: assistência to-tal. “Estamos presentes desde o treinamento do franqueado, a ne-gociação com os fornecedores até o sistema de informática que fa-cilita a administração do negócio. A rede Camarão & Cia também se difere das demais por ter o seu próprio centro de treinamento

que forma a mão-de-obra que vai atuar nas lojas da rede”, declara Waldner Maribondo.

“O interesse pela franquia vem aumentando muito nos últimos anos. Temos recebido cerca de 12 candidatos por semana queren-do investir na operação. O fato de já estarmos estruturados e de sermos, nesta área, a única rede que produz seu próprio insumo, que é o camarão, nos coloca em uma posição privilegiada”, expli-ca o diretor da Camarão & Cia, Sylvio Drummond.•