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RELATÓRIO PESQUISA QUALITATIVA III ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM AGENTES QUE SE RELACIONAM À CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO NO DISTRITO FEDERAL ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

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RELATÓRIO PESQUISA QUALITATIVA III

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM AGENTES QUE SE RELACIONAM À CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

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Relatório produzido com base em análise do discurso e conteúdo,

relativo à pesquisa qualitativa com agentes que se relacionam à cadeia

produtiva do Distrito Federal

Brasília Dezembro de 2010

RELATÓRIO PESQUISA QUALITATIVA III

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM AGENTES QUE SE RELACIONAM À CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

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Estudo para o Levantamento das Oportunidades de Investimentos para o Setor de Turismo no Distrito Federal 2010 Ministério do Turismo – Mtur / Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae-DF/ Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília – CET-UnB.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou transmitida sob qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio consentimento dos autores.

Endereço para contato: Centro de Excelência em Turismo Campus Universitário Darcy Ribeiro Gleba A Módulo E – Universidade de Brasília Asa Norte Brasília – DFTelefone: 3107-5959 Fax (61) 3107- 6380E-mail: [email protected]

MTUR

Luiz Eduardo Pereira Barreto FilhoMinistro de Estado do Turismo

Mário Augusto Lopes MoysésSecretário Executivo

Frederico Silva da Costa Secretário Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo

Hermano Gonçalves de Souza CarvalhoDiretor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo

SEBRAE-DF

Antonio Rocha da Silva Presidente

José Carlos Moreira De LucaMaria Eulalia FrancoRodrigo de Oliveira SáDiretoria Executiva Banco de Brasília S.A - BRB Banco do Brasil S.A.- BB Caixa Econômica Federal - CAIXA Companhia de Planejamento do Distrito Federal - CODEPLANFederação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal - FAPE/DF Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Distrito Federal - FACI/DF Federação das Indústrias do Distrito Federal - FIBRAFederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal - FECOMÉRCIO Secretaria de Estado de DesenvolvimentoEconômico do Distrito Federal – SDEServiço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas Empresas – SEBRAEUniversidade de Brasília - UnB

Conselho Deliberativo

Maria Eulalia FrancoFernando Neves dos S. FilhoRoberto Faria Santos Filho Aparecida Vieira Lima Giana Maria Gagno Maria Auxiliadora Umbelino de Souza Equipe Técnica do Sebrae-DF

Regina Célia Xavier dos Santos Consultora Técnica

CET-UNB

José Geraldo de Sousa JuniorReitor da Universidade de Brasília

Neio Lúcio de Oliveira CamposDiretor do Centro de Excelência em Turismo

Domingos Sávio SpeziaAssessoria Técnica do Centro de Excelência em Turismo

Maria de Lourdes Rollemberg MolloCoordenação do Núcleo de Economia do Turismo

Cléssios Renato Silveira CelestinoCoordenação de Projetos de Gastronomia

Ariádne Pedra BittencourtCoordenação de Projetos em Hotelaria

Elisângela Aparecida Machado da SilvaCoordenação de Projetos em Turismo

Karen Furlan BassoLuiz Carlos Spiller PenaDavi BimbattiAna Rosa Domingues dos SantosAnalistas de Projetos em Turismo

Milene TakasagoResponsável Técnica do Projeto

Karen Basso Entrevistadora

Sara PolettoResponsável pela análise de conteúdo e discurso

Dázia BezerraTécnicos em turismo

Humberto Sales de AndradeKeila Karine Silva RabeloEstagiários

Elaborado pela Coordenação de Projetos de Turismo CET/UnB

APRESENTAçãO, 04 1. METODOLOGIA, 05

2. ANÁLISE, 09 3. CONSIDERAçõES FINAIS, 19

4. BIBLIOGRAFIA, 20 5. ANExOS

I. Roteiro das entrevistas, 21

II. Degravação literal das entrevistas, 23

FICHA TÉCNICA SUMÁRIO

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APRESENTAÇÃO

O Projeto Estudo para o Levantamento das Oportunidades de Investimentos para o Se-tor de Turismo no Distrito Federal está sendo executado pela Fundação Universidade de Brasília (FUB), por meio do Centro de Excelência em Turismo (CET/UnB), para fornecer ao SEBRAE-DF e ao Ministério do Turismo os resultados de uma pesquisa direcionada a oportunidades de investimento em turismo no Distrito Federal. As informações prestadas ao fim da execução desse projeto deverão subsidiar novos investimentos e ações com abordagem clara e confiável das potencialidades existentes em curto e médio prazo, orga-nizadas em fichas técnicas e relatórios analíticos.

O estudo das oportunidades de investimento no setor do turismo no DF foi contratado segundo especificações técnicas que envolvem análise ambiental e setorial, pesquisas quantitativas e qualita-tivas, estudos comparados e prospecções, levantamento de dados secundários para construção de um cadastro de empreendimentos atuantes no setor turismo; visitas técnicas a atrativos e empre-endimentos turísticos; entre outros.

O presente relatório diz respeito a uma área especifica do projeto, que é relativa à pesquisa qua-litativa, realizada através de entrevistas de profundidade com uma amostra de 30 (trinta) agentes que se relacionam à cadeia produtiva do turismo no Distrito Federal.

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ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

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METODOLOGIA

Os resultados da pesquisa qualitativa ora expostos foram coletados com o objetivo de ex-trair dos entrevistados apenas noções gerais, particularidades e interpretações individuais que auxiliassem na identificação de possíveis investimentos (novos negócios, oportuni-dades e ameaças para o turismo no DF), por meio da observação da imagem do destino turístico Brasília segundo sua percepção.

Dessa forma, o CET-UnB optou pela realização de entrevistas individuais, aplicadas por meio de um roteiro pré-concebido e aprovado tecnicamente pela consultora técnica do SEBRAE-DF, gravadas em áudio e transcritas literalmente de forma a compor o corpus da análise de conteúdo.

A pesquisa qualitativa foi realizada junto a uma amostra não probabilística por conve-niência de 30 agentes que se relacionam com a cadeia produtiva do setor. Esta amostra é basicamente composta de representantes do poder executivo, lideranças empresariais, acadêmicos, entre outros. Para ela, foi sugerida pelo SEBRAE-DF a seguinte composição:

2 entidades de classe representante da categoria de Gastronomia (ABRASEL, SIN-DHOBAR, etc.)

2 entidades de classe representante da categoria Hospedagem (ABIH, RURALTUR, etc.) 1 entidade de classe representante da categoria Agenciamento (ABARE, ABAV, etc.) 1 representante do Brasília C&VB 1 entidade de classe representante da categoria Eventos (ABEOC) 2 representantes do poder legislativo local, que tenham atuação voltada para a ques-tão do turismo ou exerçam cargo/função em comissão que afete o setor

3 representantes do setor executivo local (Brasiliatur, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Secretaria de Cultura, Ibram, etc.)

1 representante da Secretaria Pública de Segurança do DF 1 representante da Secretaria de Transportes do DF 1 representante do Corpo de Bombeiros do DF 2 representantes da academia – notório saber sobre a questão do turismo (UnB e outra privada) 2 representantes do poder legislativo federal (1 senador e 1 deputado) 1 representante do Clube Dirigentes Lojistas DF 1 representante da Associação Comercial do DF

1 representante do SEBRAE-DF 2 representante de associações de feirantes – Guará / Feira dos importados 2 representantes de Shopping Centers 2 entrevistas com representantes de embaixadas / organismos internacionais aqui sediados 2 entrevistas com representantes dos setores de Comunicação locais – Jornal e TV (editores de cidade).

A lista de empresas e representantes aprovada pelo SEBRAE-DF, no entanto, precisou ser adaptada durante o processo de agendamento das entrevistas devido à necessidade de dar prioridade aos agentes que aceitaram participar da pesquisa no período reservado para sua execução, não comprometendo o prazo de encerramento previsto para o Projeto.

Pois uma das principais dificuldades enfrentadas pela equipe executora do Projeto foi conciliar a agenda dos entrevistados com o cronograma de execução do Estudo de Opor-tunidades, cujo prazo não poderia ser prorrogado.

Os agentes elegidos para a entrevista, principalmente os vinculados ao poder legislativo e executivo, normalmente possuem muitos compromissos, ou dispõem de pouco tempo para participar de pesquisas. Ainda assim, consideramos que o CET-UnB foi bem sucedi-do nesta coleta, uma vez que não fizeram parte da amostra proposta, de fato, apenas os representantes do poder legislativo local. Os demais, foram todos representados, mesmo que não na quantidade proposta (apenas um representante, ao invés de dois).

Outra dificuldade observada pelo equipe foi o fato de muitos representantes contatados não entenderem a importância de contribuir com esta pesquisa, ou simplesmente preferi-rem não participar, apresentando grande resistência (falta de resposta aos e-mails, indispo-nibilidade em diferentes horários de contato por telefone, agenda com mais de três meses lotada, entre outros fatores que denotaram resistência para contribuir com a pesquisa).

Nesses casos, não restou outra alternativa para a equipe do CET-UnB que não a subs-tituição do representante ou da entidade de modo a conciliar o prazo disponível para a realização da coleta com a agenda dos representantes.

Assim, das entidades representantes do setor gastronômico foram selecionados: ABRA-SEL-DF – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do DF e SINDHOBAR – Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Brasília, ocorrendo apenas o atraso no agen-damento com o representante da ABRASEL, por indisponibilidade de agenda.

Das entidades representantes do setor hoteleiro, foi selecionado o diretor do hotel Ma-nhattan PLAZA, antigo vice-presidente da ABIH – Associação Brasileira de Indústria e Ho-téis do DF, sem nenhum problema para agendamento da entrevista, e o atual presidente

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da ABIH, do qual encontramos grande resistência inicialmente, mas do qual, após conta-tos por parte de coordenações do CET-UnB, parece ter compreendido a importância de contribuir para a pesquisa, cedendo a entrevista. A RURALTUR também foi entrevistada, porém, alocada em outro perfil de amostra, conforme justificativa ainda neste capítulo.

Como representante das agências de viagens, foram escolhidos ABARE - Associação Brasiliense de Agências de Receptivo e ABAV – Associação Brasileira das Agências de Viagens. Ambas foram entrevistadas, porém, após a coleta o CET-UnB teve de administrar um problema técnico que eliminou cerca de 10 entrevistas já coletadas de sua base de dados. Destas, 5 puderam ser refeitas há tempo de entrega dos relatórios. Dentre o ma-terial coletado que não pode ser recuperado, lamentavelmente estava a entrevista com o representante da ABARE, o que não afetou, no entanto a amostra proposta.

Entrevistas foram realizadas também com duas entidades representantes de eventos: Acesso Eventos e Brasília Convention e Vistors Bureau; dois representantes da BRASILIA-TUR, empresa extinta logo após a coleta; um representante da Secretaria de Desenvolvi-mento Econômico e Turismo; um representante da Secretaria de Segurança do DF, através do 5° Batalhão da PM responsável pela GPTUR - Grupamento de Policiamento Turístico; dois representantes do poder legislativo federal sendo, um senador e um deputado fede-ral; um representante do SEBRAE – DF; um representante da Secretaria Pública de Trans-portes; dois representantes de instituições de ensino superior, sendo uma pública e outra privada; um representante da FECOMÉRCIO – Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do DF; um representante da FACIDF - Federação das Associações Comerciais e Empresariais do DF; e um representante do IBRAM - Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF. Todos esses sem problemas para agendamento.

Dentre as diversas opções de shopping centers disponíveis no Distrito Federal, foi sele-cionado o Iguatemi Shopping, recém inaugurado na RA do Lago Norte e Pátio Brasil, loca-lizado no Setor Hoteleiro Sul, porém a entrevista não pode ser realizada com o primeiro, pois a responsável estava viajando, sendo este substituído pelo Park Shopping.

Com representantes dos setores de comunicação, apenas conseguimos realizar a entre-vista com um representante do Correio Braziliense, jornal impresso. Foram feitos contatos com Rede Globo, que não nos deu uma posição até o presente momento, mesmo após varias ligações. Outro contato foi feito com a emissora de TV SBT, que na oportunidade informou não se sentir a vontade para falar sobre o assunto, uma vez que os programas jornalísticos da emissora nunca foram direcionados a essa área. Mesmo contatando outros profissionais desta emissora, manteve-se a resistência. Foi ainda contatado o Jornal da Comunidade, mas também sem entrevista marcada, pois não identificavam ninguém apto a responder a entrevista. Houve ainda um último contato com a rede CBN Brasília, onde

foi sugerido entrevista com Estevão Damazio, em contato com a produtora do mesmo, foi enviado um release do projeto, mas sem resposta à disponibilidade de entrevista até o momento de elaboração deste relatório analítico.

Dentre as sugestões de entrevistas, havia um representante de organismos internacio-nais, sendo cogitados três organismos: PNUD, UNESCO e BID. Dentre estes foi possível agendar e realizar uma entrevista com dois dirigentes do BID no Brasil, concomitantemen-te. O material, porém, estava entre os que foram perdidos por falhas técnicas (vírus) no banco de dados do CETUnB.

Além destes, foi possível entrevistar a Embaixada da Itália, somando ao material final anali-sado apenas um representante da amostra de 2 representantes de organismos internacionais.

Dentro dos representantes do Poder Legislativo Local, foram selecionados membros da Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Am-biente e Turismo, mas nenhuma entrevista foi marcada, alguns por indisponibilidade de agenda, outros por não se sentirem aptos e outros sem justificativa aparente.

Assim, da amostra inicialmente sugerida para a amostra que de fato compõe a presente análise, o CET-UnB justifica que:

a) Os dois representantes do poder legislativo local não foram entrevistadosb) Um dos organismos internacionais sugeridos e um representante da Feira dos Impor-

tados foi entrevistado, porém por falhas técnicas, não puderam integrar o material de análise. Ambos, no entanto, puderam compor a amostra com apenas um representante de cada categoria (Embaixada da Itália, para organismos internacionais e ASCOFEG para representantes de Feiras Comerciais)

c) Um dos representantes de setores de comunicação locais não foi entrevistado (emisso-ra de TV), compondo a amostra apenas o representante de jornais impressos (Correio Brasiliense)

d) O representante do Corpo de Bombeiros foi representado pelo GPTURe) Em substituição ao material perdido e/ou não atendido como sugerido, o CET-UnB

entrevistou:a. um representante da Federação Náutica de Brasíliab. um representante da Federação da Agricultura e Pecuária, representado pela presi-

dente do Sindicato de Turismo Rural c. um representante do Sindicato de Táxistas do DF Para representar a Federação da

Agricultura selecionou-se a FAPE-DF – Federação da Agricultura e Pecuária do DF, mas o presidente achou melhor indicar a presidente do Sindicato do Turismo Rural para realizar a entrevista, uma vez que seria uma pessoa mais apta e que também é ligada a Federação.

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Por entender a importância de aprofundar consultas com relação a agentes relacionados com a categoria Transportes, específicamente transportes turísticos, foram integrados à amostra, os representantes da Federação Náutica e do Sindicato de Táxistas do DF.

O CET-UnB reforça que, apesar de ter encontrado dificuldades com relação à resistên-cia e desconfiança por parte das empresas contatadas em ceder informações e participar de entrevistas gravadas, cumpriu com a maior parte da coleta sugerida. Por meio de um processo formal e burocrático de aproximação com os setores estratégicos das empresas listadas, as pessoas alvo foram contatadas e sensibilizadas para o Estudo, principalmente devido à articulação e o apoio direto de seus assessores.

Ressalta-se, no entanto, a necessidade de sigilo com relação à identidade dos entrevis-tados, que são expostas neste documento em confiança aos parceiros do Projeto, mas que demandarão autorização expressa dos entrevistados caso queira-se dar publicidade à totalidade ou parte de seu conteúdo em vínculo à sua fonte.

Segundo os pesquisadores que realizaram a coleta, a execução das entrevistas obteve maior sucesso quando o entrevistado havia compreendido os objetivos da pesquisa, as razões pelas quais havia sido selecionado e o breve roteiro de perguntas. Isso se repetiu nos casos onde o agendamento havia sido feito com maior antecedência. As entrevistas realizadas com poucos dias de antecedência à sua realização, segundo os pesquisadores, foram mais difíceis em termos de coleta de dados qualitativos.

Toda a coleta foi realizada presencialmente, com a visita de um pesquisador capacitado pelo CET-UnB a estas entidades citadas, ao longo do mês de abril, compondo ao final, 27 áudios de entrevistas com a seguinte amostra:

1. ACESSO EVENTOS

O guia de Eventos Acesso Eventos vem se consolidando como o mais completo cadastro do Arranjo Produtivo de Eventos do Distrito Federal. Sempre primando pela qualidade das informações é uma referência local e nacional para o cliente e para o promotor de eventos sendo especializada na promoção de eventos que fornecendo o espaço onde as empresas e profissionais podem adquirir anúncios publicitários, divulgar descontos e promoções, responder pedidos de orçamentos, registrar anúncios nos classificados, publicar comentários e manter suas informações atualizadas de forma dinâmica e autô-noma, possuindo uma grande aceitabilidade pelo mercado.

2. SINDHOBAR

Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília, entidade sem fins lu-crativos, com sede em Brasília, Distrito Federal, constituída para fins de coordenação

e proteção legal da categoria econômica prevista no Código de Atividades Econômicas do Ministério da Fazenda.

3. BRASILIATUR

Empresa Pública que era responsável pela promoção e divulgação do Turismo em Brasí-lia extinta em 2010 pelo Governador em exercício, com o intuito de reduzir os gastos da máquina pública, sendo sucedida por uma nova secretaria que foi criada no mesmo ato, a Secretária de Turismo do DF que surge com a missão de desenvolver o setor na cidade.

4. SENADO FEDERAL Comissão de Desenvolvimento Regional do Turismo

Comissão parlamentar criada no Senado Federal para a criação de projetos de lei, para o fomento e a promoção do turismo nas Unidades Federativas.

5. CET-UNB – Centro de Excelência em Turismo

Unidade de ensino, pesquisa e extensão da Universidade de Brasília (UnB) comprome-tida com a promoção do Turismo, da Gastronomia e da Hotelaria buscando atender as às exigências do mercado de trabalho, no que tange a capacitação da mão de obra e a integração e disseminação do conhecimento técnico, científico e cultural, planejando e orienta ações estratégicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva do turismo.Os conhecimentos produzidos são aplicados em pesquisas e projetos sociais que con-tribuem para o desenvolvimento do setor de Turismo no Brasil.

6. FACIDF - Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Distrito Federal

A Federação das Associações Comerciais e empresariais do DF é um órgão que vem unificar a atuação das entidades de classe ligadas ao comércio na cidade em prol da defesa de seus associados auxiliando na articulação das associações representativas com o poder Público Local.

7. PÁTIO BRASIL

O Pátio Brasil é um dos Centros comerciais mais populares da cidade devido a sua locali-zação privilegiada no centro da cidade, sendo um ponto de parada obrigatório para quem a visita. Administradora: Sonae Sierra Brasil. Empreendedor(es): EJB - Centros Comerciais; Sonae Sierra; Mult - Construtora e Incoporadora Ltda; GEJOR - Participação Ltda.

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8. IBRAM

O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal é o órgão executor de políticas públicas ambientais e de recursos hídricos no Distrito Federal. Foi constituído como uma autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) para atuar na fiscalização das ações realizadas pelo homem que podem ter efeitos negativos sobre o meio ambiente.

9. ABRASEL DF – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do DF

Associação composta pelos principais comerciantes e empresários ligados ao setor de Gastronomia da cidade, que busca promover e divulgar o setor , sendo um dos principais instrumentos que ajudaram no desenvolvimento do pólo gastronômico da capital, atuan-do como intermediador dos interesses da categoria junto ao Governo do Distrito Federa.

10. EMBAIxADA DA ITÁLIA

Corpo diplomático que representa o Governo Italiano responsável por articular junto ao governo Brasileiro, tratados e acordos para fortalecer as relações diplomáticas entre os dois países e dar suporte aos Italianos que residem no Brasil, tendo firmado recen-temente importantes acordos comerciais com o Brasil, sendo por isso escolhida para compor essa amostra.

11. SECRETARIA DE TRANSPORTES DO DF

A antiga Secretaria de Serviços Públicos foi transformada, por força de Lei, em uma Secretaria que iria cuidar apenas de questões relacionadas ao sistema viário, sua infra-estrutura e transporte de passageiros em 1989. A mesma Lei determinou a manuten-ção das competências, composição e classificação do Conselho do Transporte Público Coletivo, órgão colegiado da Secretaria de Transportes, e a vinculação da Sociedade de Transporte Coletivo de Brasília Ltda - TCB à Secretaria de Transportes.

12. SECRETARIA DE CULTURA DO DF

A Secretaria de Cultura é o órgão responsável pela articulação e coordenação da política cultural do Governo do Distrito Federal. Após uma ampla reforma administrativa, absor-veu a Fundação Cultural do DF, o que possibilitou a otimização dos recursos humanos e materiais com o objetivo de incentivar, apoiar, fomentar e difundir a cultura, em todas suas formas de manifestação, através de suas atividades, projetos, programas e eventos.

13. IESB

Instituição de Ensino superior particular que surge com a proposta de oferecer uma grade curricular diferenciada, com foco em atividades mais práticas em campo, que possui dentre os cursos oferecidos a graduação em Turismo, com ênfase na preparação de profissionais que venham a se tornar possíveis empreendedores na área do turismo.

14. FEDERAçãO NÁUTICA DE BRASÍLIA

Federação virtual, criada por empresários do setor, com o intuito de articular as asso-ciações cujos associados trabalham explorando os potenciais do lago Paranoá, incen-tivando assim projetos que estruturem meios para sua utilização sustentável de toda a orla do Lago Paranoá.

15. ASCOFEG – Associação dos Feirantes da Feira do Guará

Associação criada pelos feirantes que trabalham na feira do Guará, que é uma das mais tradiocionais do Distrito Federal e busca auxiliar os feirantes nas atividades internas e externas relacionadas as atividades da feira bem como defender os direitos de seus associados.

16. ABIH

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do DF é uma associação de direito privado, com prazo de duração indeterminado, com personalidade jurídica distinta de seus sócios.

17. FECOMERCIO

A Federação do Comércio de Bens, serviços e turismo do Distrito Federal (Fecomércio/DF) tem por objetivo, orientar, coordenar, proteger e representar legalmente todas as atividades e categorias econômicas do Comércio e Serviços dos sindicatos a ela filiados, associados e as categorias e atividades inorganizadas, harmonizando-as com os supe-riores interesses do país e do Distrito Federal, onde se acha sediada.

18. FEDERAçãO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO DISTRITO FEDERAL – FAPE - DF

Federação responsável pela articulação e promoção das atividades ligadas a agricultura e a pecuária no Distrito Federal, desenvolvidas pelos produtores, funcionando como intermediador nas negociações com os órgãos responsáveis pela atividade rural em âmbito local.

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19. DEPUTADO FEDERAL

Deputado Federal, ligado a Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputa-dos com vários projetos de lei ligados ao setor turístico local, sendo hoje uma das mais importantes figuras que representa o trade no Congresso Nacional.

20. JORNAL CORREIO BRASILIENSE

O Correio Braziliense é um veiculo de informação, que pertence aos Diários associa-dos, sendo o primeiro a ter sido inaugurado na nova capital e por isso acabou se tor-nando o principal jornal em circulação hoje na cidade.

21. SINPETAxI – Sindicato dos Permissionários e de Táxis e Motoristas Auxiliares do Distrito Federal

Entidade criada para articular o setor no Distrito Federal, como uma das formas de combater as altas taxas de informalidade que existiam no setor e dar um maior suporte às cooperativas e aos associados, em observância de lei distrital que regulamenta a prestação do serviço.

22. GPTUR - Grupamento de Policiamento Turístico

O grupamento especializado foi criado em parceria com a Polícia Militar para executar o policiamento nos principais pontos turísticos da capital, conciliando o serviço de ma-nutenção da ordem pública com a prestação de informações sobre a cidade.

23. BRASÍLIA CONVENTION & VISITORS BUREAU

O Brasília e Região Convention & Visitors Bureau é uma Fundação de caráter privado, sem fins lucrativos, que visa divulgar Brasília como destino turístico, a partir do apoio a captação de eventos, usufruindo, para tanto, de estratégias de marketing e comuni-cação com foco na promoção do destino. Obtendo suporte na iniciativa privada, que financia o desenvolvimento do trabalho realizado, ligada a cadeia produtiva do turismo da cidade, em conjunto com as instituições legais de cada segmento como ABAV, EM-BRATUR, SINDHOBAR, ABARE, ABIH, dentre outras.

24. PARK SHOPPING

Esse shopping é um dos centos comerciais mais tradicionais da cidade , que oferece uma grande variedade de lojas , com os mais diversos produtos e serviços para atender

as mais diversas necessidades de seus clientes , fica localizado em uma região que esta recebendo uma série de investimentos por parte do Governo do Distrito Federal , dentre eles a construção e a inauguração do novo terminal rodoviário próximo as suas instala-ções , o que deve aumentar o número de pessoas que freqüentam o local diariamente.

25. ABAV

Associação Brasileira das Agências de Viagens, que representa os interesses das agencias de viagens, promove os legítimos interesses do setor como um todo colaborando com os poderes públicos no estudo e solução dos problemas do setor, fomenta o desenvol-vimento do turismo nacional em troas as suas manifestações, promove a divulgação e publicação de matéria de interesse da entidade, entre outros.

26. SEBRAE-DF

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Entidade Civil sem fins lu-crativos que visa apoiar o desenvolvimento das micro e pequenas empresas de modo diferente de entidades com o mesmo objetivo em outros países, pelo fato de ter, como seu órgão máximo de orientação, um Conselho Deliberativo Nacional composto por representantes dos mais diversos tipos de instituições que podem contribuir de forma decisiva para o fortalecimento desse importante universo do setor produtivo. A partir de uma unidade central coordenadora, com sede em Brasília, o SEBRAE tem atuação de caráter nacional, por intermédio de unidades vinculadas em todos os Estados e no Dis-trito Federal, além de estruturas de atendimento existentes em várias cidades do interior.

27. SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E TURISMO

O principal objetivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico é criar políticas estratégicas que estimulem o crescimento econômico do Distrito Federal e Entorno por meio da implementação de programas de crescimento econômico, de capacitação e de orientação do micro e pequeno empreendedor.

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ANÁLISE

“O discurso é uma prática, uma ação do sujeito sobre o mundo. Quando pronunciamos um discurso agimos sobre o mundo, marcamos uma posição. Sujeitos falam de um lugar social” (Fernandes, 2005).

Analisar entrevistas implica no reconhecimento de que se está realizando a cada se-gundo uma releitura, uma resignificação, como diria Geertz. “Começamos com as nossas próprias interpretações do que pretendem nossos informantes, ou o que achamos que eles pretendem, e depois passamos a sistematizá-las” (GEERTZ, 1978, pág.25).

Nesse sentido é imprenscindível reforçar que a primeira e constante busca do cientista é - uma vez reconhecendo que não conseguimos manter a neutralidade – estar em constante vigilância epistemológica, ou seja, se manter alerta ao seu lugar de fala, a sua posição social, acadêmica e cul-tural, para que elas interfiram o mínimo possivel nas análises a serem realizadas (Barchelard, 1996).

Dessa maneira, reconheço aqui minha identidade de cientista social, Antropóloga, pro-fessora universitária e consultora de processos participativos antes de iniciar o processo que se segue, afinal como lembra Foucault (2005), o que define, de fato, o sujeito é o lugar de onde fala. “Não importa quem fala, mas o que ele diz nao é dito de qualquer lugar” (Foucault, 2005).

No mesmo sentido, faz-se importante reconhecer que nossos entrevistados são represen-tantes de agentes que se relacionam com a cadeia produtiva do turismo no Distrito Federal. Essa amostra especificamente é bastante heterogênea entre si, o que torna tal objeto de análise mais complexo no sentido de ser um desafio conseguir abarcar todas as suas espe-cificidades e, ao mesmo tempo, trazer uma fala que seja representativa do grupo como um todo. Como opção metodológica, o mapa mental conseguirá abarcar com maiores detalhes algumas interessantes contribuições, mesmo que não possamos apresentá-las no correr da análise como representação geral da amostra aqui representada. Ressalto, também, que a aplicação das entrevistas em profundidade foram realizadas por outros profissionais, dentro do roteiro pré estabelecido que encontra-se anexo nesse documento.

A presente análise tem como o ponto focal, reunir as idéias elucidadas pelos agentes rela-cionados à cadeia produtiva do turismo entrevistados, sobre três questões centrais, a saber:

1. O que os turistas procuram no Distrito Federal?2. O que há de mais impactante para compor o setor de turismo no Distrito Federal?

23. Quais são as principais deficiências para o setor do turismo no Distrito Federal?

Essa questões abarcam diversas categorias e subcategorias envolvidas com a análise se-torial e todas transitam pelas falas e, também, nesse relatório. São elas:

• Meios de hospedagem;• Agências de turismo;• Serviços de alimentação; • Espaços, infra-estrutura para realização de eventos;• Transportadoras turísticas; • Empreedimentos de lazer; • Serviço de transporte;• Outros serviços.

O relatório aqui subscrito traz uma leitura realizada através das entrevistas com 27 agen-tes que se relacionam à cadeia produtiva do turismo no Distrito Federal, a cerca de Oportunidade de Investimentos em Turismo no Distrito Federal. O objetivo nessa etapa do trabalho foi dar voz a personagens que vivenciam e assistem o turismo como forma de investimentos e possibilidade de empreedimento em nosso país.

Essa amostra pretende ser representativa e assim pode-se afirmar que “quando um dis-curso é proferido, ele já nasce filiado a uma rede tecida por outros discursos com seme-lhantes escolhas e exclusões” ( Indursky e Ferreira, 2005). A fala sempre reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente vinculada à dos seus autores e ao seu meio cul-tural. Como lembra Brandão (1993), “o sujeito nao é origem, a fonte absoluta do sentido, porque na sua fala, outras falas se dizem”.

Mesmo consciente de que na medida em que retira-se de um discurso fragmentos e insere-se em outro discurso, fazemos uma transposição de suas condições de produção (Brandão, 1993), opta-se por elucidar todo o relatório com trechos retirados das entrevis-tas degravadas, a fim de torna-lo o mais fidedígno possível, inclusive quanto a linguagem utilizada por nossos informantes.

A Universidade de Brasília, através de seus pesquisadores, se comprometeu com os entrevistados que suas identidades seriam mantidas em sigilo. Assim, faz-se necessário informar que, por esse motivo, não são apresentados nomes ou qualquer informação ao final das citações literais utilizadas.

Para dar início a sistematização dos discursos trazidos aqui pelos Agentes que se relacio-nam à Cadeia Produtiva do Turismo, utiliza-se a teoria da análise de conteúdo, buscando sistematizar estatísticamente os discursos, analisando numericamente a frequência de de-terminados termos e referências que geram uma espécie de mapa mental, no qual todas as idéias centrais presentes se fazem vizualizar :

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Potencialidade, capacitação, crescimento e divulgação são palavras fortemente presen-tes nas falas de todos os agentes entrevistados. Brasília como destino turístico teria uma possibilidade muito clara de crescimento devido, principalmente, a sua enorme potencia-lidade. Estaríamos falando de um turismo novo, incipiente, em fase de descobertas.

A Capital Federal está no centro do país, localizada em espaço geográfico estratégico em relação as escalas de voos para todo o país. É Patrimônio da Humanidade, cidade mo-dernista, centro de grandes obras arquitetônicas reconhecidas em todo o mundo, local da administração do país, rodeada por belezas naturais, terceiro polo gastronômico do Brasil, local de embaixadas e de representantes da imprensa internacional.

Frente a essas e tantas outras características, o Distrito Federal é visto como um ambiente com “vocação” para o turismo, para utilizar as palavras de nossos entrevistados. Ali assisti-mos as já consolidadas inserções no turismo cívico, arquitetônico e de eventos e negócios, que crescem e se fortalecem a cada dia, ao lado das tímidas emergências dos turismos rural, ecológico, de aventura, místico e cultural.

“...é uma cidade patrimônio mundial da humanidade, modernista, a primeira cidade jovem a ser tombada como patrimônio mundial da humanidade e isso já por si só é um atrativo muito grande pra um público em geral, mas também especificamente para pessoas que tratam com a área de arquitetura e urbanismo...”

“O Distrito Federal nós achamos que ainda é mercado que está por se de-senvolver, principalmente se formos comparar com o potencial que ele tem. Então, já existe um fluxo turístico, principalmente voltado para o turismo de negócios, né, existe um atrativo para o turismo motivado pelo fato de Brasília ser a capital do Brasil, um turismo em função da arquitetura e o urbanismo de Brasília, mas ainda é muito incipiente no nosso entender.”

Essa mistura e, ao mesmo tempo, leque de oportunidades e potencialidades visualizadas na Capital Federal seria um fator de contradição se não pudéssemos pontuar os motivos que justificam uma ainda baixa movimentação turística no destino. Brasília precisaria ser “mostrada ao mundo”. Esse fator é recomendado e reivindicado por todos os agentes como um investimento necessário ao desenvolvimento, não só da atividade turística mas da própria economia do país. A divulgação do destino turístico é apresentado como a alma de seu desenvolvimento e deveria ser um investimento de política pública. Essa rea-lidade geraria uma espécie de “efeito cascata” que reforça a desarticulação de todo trade turístico e agentes ligados à cadeia produtiva do turismo no sentido de não conseguirem se enxergar com possibilidades reais de complementaridade, buscando avançar numa meta em comum.

“Eu sinto que o mercado turístico em Brasília ainda, as pessoas ainda estão atuando muito cada um em seu segmento e isso é um ponto que eu acho negativo”

“(...) hoje o principal fator limitante da atividade, do desenvolvimento turís-tico no Distrito Federal, eu acho que é essa desarticulação das políticas de turismo, do próprio Trade turístico com um governo no nível local, né, estão muito desarticulados”

As agências de turismo do Brasil, segundo nossos entrevistados, não vendem o destino Brasília, não conseguem perceber a importância e potencialidade da visita, de um tempo maior de permanênica. Se tal afirmação recai sobre a avaliação do trabalho de agências, ela é muito maior para a população em geral que não teria chamariz especial para visitar a Capital, salvo por pertencer esse “título”.

“Nós queremos vender o que? Essa é a primeira coisa que nós temos que pensar. Então nós temos que vender restaurantes internacionais, o povo fa-lando inglês, em espanhol, português, nós temos que vender essa culinária internacional, que ela também é de fundamental importância, nós teremos que vender a nossa Catedral, vender o nosso museu. (...)”

“Você tem que tornar conhecida, clara, aberta, mas não só pra uma camada, tem informar para toda uma sociedade e isso depende de investimento, de-pende de gente, depende de uma série de coisas (...)”

“Nós temos que mostrar Brasília aos olhos do mundo. E para mostrar Brasília aos olhos nós temos que mandar para todas as agências de viagens do mun-do, para todas os Ministérios de cultura, de turismo de todos os municípios, não só dos Estados europeus, e dos países europeus, da Ásia, da África, mas entregar a eles também a oportunidade de eles conhecerem visualmente Bra-sília. E certamente vai despertar mais interesse para eles (...)”

Os agentes pontuam saídas estratégicas que já apoiariam a divulgação do destino e, ao mesmo tempo, a garantia de maior permanência no local

“(...) a malha aérea, você tem três grandes pontos, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Então do norte, do nordeste você obrigatoriamente passa por Brasília, então você precisa tornar essa estada em Brasília mais atraente até pra (...) que ele permaneça mais tempo na nossa cidade.”

O destino turístico Brasília é claramente visto pelos agentes como potencialmente rico e pouco explorado. De maneira geral ouvimos uma declaração de que o reflexo das polí-

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ticas públicas voltadas ao turismo em Brasília é muito pequeno. Alguns agentes lembram que grande parte das políticas públicas são voltadas para uma valorização do que é ex-terno a Capital e que, diante disso deve-se reforçar o reconhecimento de potencialidades locais em todas as áreas de atuação.

“Eu não vi assim uma iniciativa mais pesada, principalmente com os artistas locais, eu não vi, que eu acho que se você tá trabalhando a questão dos gran-des eventos, shows e tal, eu acho que não pode ser esquecido em momento algum os talentos locais, né, e que a gente já colocou muitos aí no mercado nacional e internacional, mas eu não tenho visto este espaço.”

As iniciativas voltadas para a divulgação da atividade turística e imagem do destino não conseguem se mostrar efetivas. Nesse sentido ouvimos um chamado para o investimento em massa da construção e reforço dessa imagem, que precisa se apoiar nas especificida-des, afim de criar concorrência com os tão cobiçados destino de “sol e praia”. A divulga-ção do destino deveria começar a partir do investimento nas escolas, da valorização da história local pelas crianças e adolescentes que nela vivem.

“Porque que todo mundo vai a Washington? Porque além de você ter um tra-balho nas escolas, havia um trabalho, por exemplo, na indústria cinematográ-fica dos Estados Unidos, de estar valorizando a bandeira, de estar valorizando o hino, de conhecer a capital. (...) Aqui no Brasil (...) é como ir ao maracanã no domingo assistir Fla x Flu. Entendeu? Então eu acho que a gente tem que trabalhar essa vertente e isso só vem a partir da educação, entendeu? “

“(...) você tem que tornar conhecida, clara, aberta, mas não só pra uma cama-da, tem informar para toda uma sociedade e isso depende de investimento, depende de gente, depende de uma série de coisas ”

Os 50 anos da Capital ocorridos no corrente ano foi um momento de divulgação do destino, porém teria partido de iniciativas privadas e mídia espontânea. Esse pequeno processo já inseriu uma realidade turística diferente e, segundo os agentes, esse é exemplo claro de que tal questão deve ser pautada como política pública.

“(...) uma série de reportagens importantíssimas, coisas que nós devíamos ter tido há muito tempo como ação governamental e não mídia espontânea, porque a mídia espontânea foi o fruto dos 50 anos a gente não pode esperar (...). Se tornou, de última hora, um fator positivo haja visto que tão logo as reportagens e o lado humano da cidade foi exposta, foi exposto aos quatro ventos assim nos mais diversos rincões do Brasil. Houve, num primeiro mo-mento, de um sem número de ligações para os conhecidos e principalmente

para os hotéis e etc, perguntando se tinham pacotes, se tinham acomodações, gente que se despertou para conhecer a cidade do ponto de vista que ela foi colocada, né. Quer dizer, que muita gente ignorava que isso existia aqui (...)”

“Eu vejo um total desconhecimento das pessoas com relação a história da cidade, quem foram aquelas pessoas que ajudaram a construir Brasília, né? Então nós tivemos aí pela mídia, tanto televisiva como jornal, rádio, dando ênfase, muita gente ficou assim impressionada por que desconhecia essa his-tória. Então eu acho que uma das coisas que a gente precisa trabalhar melhor seriam políticas no sentido de estimular a produção literária ou áudio visual (...)”

Caminham paralelamente a percepção de um turismo de negócios e eventos consolida-dos e em farta expansão e o reconhecimento da necessidade de investimentos em capa-citação de pessoal (para atendimento internacional, especializado e de qualidade) e em infra-estrutura (ampliação da rede hoteleira, criação dos centros de atendimento ao turista com atendimento bilingue (CAT), preservação dos patrimônios artísticos, arquitetônicos, ampliação do aeroporto, melhoria de transporte coletivo). A capacidade hoteleira e de centros de eventos já seria pequena para a demanda que aumenta a cada dia.

“É, não há uma preocupação em preparar a mão de obra, não há uma preo-cupação com a infra-estrutura da cidade, com os hotéis. Eu acho que ainda é tudo muito amador, o que contrasta com a beleza da cidade e com os mo-numentos tão interessantes e com a história de Brasília. Eu acho que ainda os gestores de políticas públicas, os administradores deveriam dar mais atenção ao potencial turístico da cidade, treinar a mão de obra, melhorar a infra-estrutura e tornar a cidade palatável pra quem vem visitá-la, fazer com que a pessoa que conheceu Brasília tenha vontade de voltar a cidade.”

As políticas públicas voltadas para essa questões básicas e de profundidade no turismo são vistas como investimentos necessários frente a uma realidade de grande desafio para o país, que é de sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada.

“(...)nós vamos ser sede da Copa do Mudo. Isso significa que nós receberemos milhares de pessoas na nossa cidade. Tudo tem que ser revisto, tudo tem que ser organizado em função disso. Porque é uma responsabilidade internacio-nal muito grande que nós temos.”

“(...) e isso tudo são frutos de uma política governamental que aceita um desafio de sediar um evento dessa grandiosidade e destina verbas específicas para a infra-estrutura, então, evidentemente, não basta só fazer estradas, não

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basta fazer saneamento básico para que isso funcione, nós temos que ter todo um conjunto também dos hotéis, dos restaurantes e de pessoas gabaritadas, especializadas no atendimento.”

“O grande ganho de uma Copa do Mundo não é o fato de ser a sede da abertura ou a sede do encerramento. O grande benefício que uma Copa do Mundo poderia trazer para Brasília é Brasília sediar o centro internacional de mídia, né, isso são jornalistas do mundo inteiro que ficarão durante um tem-po grande aqui. São investimentos em tecnologia, em redes de tecnologia, em rede de comunicação elevadíssimas e que deixariam uma contribuição enorme para Brasília para o futuro (...)”

“Eu sempre falo que a Copa do Mundo não é uma oportunidade apenas no ponto de vista de infra-estrutura, enfim, a cidade vai precisa se preparar em termos de infra-estrutura, de sua logística de mobilidade, e todos esses aspec-tos, reforma de estádio, ampliação de rede hoteleira, tudo isso é importante. Agora além disso é importante ter políticas sociais bastante claras e inclusivas para que possa fazer com que esse evento traduza numa oportunidade de desenvolvimento.”

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

3

PPromover a articulação e integração entre todos os agentes relacionados à cadeia produtiva do turismo parece ser ponto de congruência entre os agentes ouvidos. Brasília já teria avan-çado consideravelmente nos últimos cinco anos devido ao fato de fazer parte dos 65 destinos indutores. Esse ponto parece reforçar a idéia de que o investimento em um plano de desen-volvimento turístico para o Distrito Federal amenizaria o que eles apresentam como “instabi-lidadde institucional” ou desarticulação entre esses agentes responsáveis por toda a cadeia.

A interrelação entre divulgação e venda propriamente dita do destino, está unida a uma chamada para percepção e reconhecimento das diferentes potencialidades locais, vistas como únicas no país. Incentivar um tempo maior de permanência do turista na cidade significa propor, criar novas e interessantes atividades de turismo e lazer. Os agentes lem-bram que o lago Paranoá deveria ser um ponto forte no turismo local, uma vez que é um gerador de qualidade de vida local e que suas margens e o próprio lago oferecem possibi-lidades de esporte, cultura e lazer.

Os investimentos decorrentes do acontecimento da Copa de 2014 são vistos de manei-ra positiva desde que possam gerar o início de um crescimento constante. Para que isso se concretize, as políticas públicas voltadas diretamente para o turismo são chamadas a ter atenção especial para capacitação de pessoas, para suporte, captação e realização de eventos, para a infra-estrutura de recepção – desde o aeroporto, rodoviária até os Centros de Atendimento ao Turista -, e, principalmente, para a divulgação do destino como local de turismo dentro e fora do país. A construção de hotéis, estádios, centros de eventos não devem ser pensadas como únicamente direcionadas para a recepção dos jogos na Capital, mas sim como possíveis impulsionadores do crescimento das atividades turísticas locais.

A importância da melhoria de acessabilidade e locomoção do turista no destino parece estar diretamente ligada a todas as possíveis propostas de novos investimentos, seja nos atrativos hitóricos já consolidados, seja nas novas idéias de oferta de atividades de lazer, esporte e turismo. Quando fala-se no processo de divulgação do destino, os agentes liga-dos à cadeia produtiva do turismo aqui ouvidos, reforçam o desejo de ver reconhecidos os valores históricos, culturais e cívicos da Capital Federal, que segundo os mesmo, são únicos, têm importância ímpar em nosso país, mas foram constuídos e são mantidos por pessoas de todos os cantos do Brasil.

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“A gente mora na cidade que é real, a cidade das pessoas que estão produ-zindo, trabalhando, criando os seus filhos, né, toda aquelas coisas simples do cidadão comum e do cidadão que gosta dessa cidade, porque a despeito de todos os problemas Brasília é uma cidade que eu diria, pelas suas característi-cas, e como ela foi criada, com uma grande mobilização de pessoas de todas as regiões do Brasil, Brasília, de alguma forma, ela representa uma síntese do que é o povo brasileiro.”

BRANDÃO, Maria Helena. Introdução a análise do discurso. Ed 2ª. Campinas, SP: Ed da Unicamp, 1993.

BACHELARD, Gaston. A Formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Ed 7ª. Tradução de Luiz Felipe Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1978.

INDURSKY, Freda e FERREIRA,Maria Cristina (Org). Michel Percheur e a análise do discurso: uma relação de nunca acabar. São Carlos: ClaraLuz, 2005.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução de Bernardo Leitão et al. Ed 2ª. Campinas: Unicamp, 1992.

PERCHEUX, Michel. Línguas e instrumentos linguísticos. Campinas: Pontes, 1999.

BIBLIOGRAFIA

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ANEXOS

I. ROTEIRO DAS ENTREVISTAS

Roteiro de pesquisa qualitativa com agentes que se relacionam com a cadeia produ-tiva do turismo

Objetivo: Conhecer a percepção e a visão das principais lideranças públicas e privadas de Brasília, quanto aos fatores que afetam positivamente e negativamente o desenvolvi-mento da cadeia produtiva do setor de turismo no DF.

A. IDENTIFICAçãO

Ao iniciar a gravação informe:

A1. Seu nomeA2. Nome do entrevistadoA3. Cargo/FunçãoA4. Instituição

B. MERCADO TURÍSTICO DO DF

B1. Como avalia o atual mercado turístico do Distrito Federala. Pontos positivos e negativosb. Oportunidades e ameaças

B2. Opinião sobre a evolução do mercado turístico do DF nos últimos 5 anos: se cresceu, declinou ou manteve-se estável

a. Por que B3. Vê o DF como um mercado de oportunidades para investimento em turismo

a. Por quêb. Como avalia as oportunidades de investimento em turismo para os próximos 10 anosc. Destacaria alguma categoria (como transportes, hotelaria, lazer e entreteni-

mento, por exemplo)

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C. POLÍTICAS PÚBLICAS

C1. Em sua opinião, as políticas públicas federais e distritais implementadas nos últimos 2 anos favoreceram o setor de turismo no DF?

a. Se sim, quais foram essas polícias?b. Por quê?

C2. Em sua opinião, houve políticas públicas federais e distritais que dificultaram o setor de turismo no DF nos últimos 2 anos?

a. Se sim, quais foram essas políticas?b. Por quê

C3. Existe alguma política relacionada ao turismo que, em sua opinião, deva ser revista?a. Qual b. Que tipo de revisão?

C4. Em sua opinião, quais políticas públicas precisam ser implementadas para que o setor se desenvolva nos próximos 2 anos

a. Por que

D. ARTICULAçãO – FORMAçãO DE REDES, ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO

D1. Como avalia a cadeia produtiva do turismo no DF, do ponto de vista da articulação e da mobilização dos agentes

a. Por quêD2. Na sua opinião, o que falta para o fortalecimento

a. Da cadeia produtiva do turismo no DFb. Da imagem do DF como destino turístico (nacional e internacional)c. Da promoção e comercialização do DF como destino turístico

D3. De quais comitês, redes, associações, sindicatos e outros grupos, a sua instituição participa?

E. OPORTUNIDADES E AMEAçAS

E1. Quais os principais fatores que, em sua opinião, limitam o desenvolvimento do turismo no DF

a. Por queE2. Quais os principais fatores que, em sua opinião, possibilitam o desenvolvimento do

turismo no DFa. Por que

E3. Sugestões e recomendações para investimentos em turismo no DF nos próximos 4 anosE4. O(a) Sr.(a) gostaria de fazer mais algum comentário sobre o turismo no DF?

Agradecemos sua colaboração!

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II - DEGRAVAçãO DAS ENTREVISTAS

ENTREVISTA 1

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como a senhora avalia o atual mercado turístico no Distrito Federal?

Entrevistado: É.. o mercado de turismo do Distrito Federal está em plena expansão. Na parte de gastronomia existe um crescimento assim, fantástico. Em todos os (??), em termos de qualidade e diversidade. É... várias ações. Nós temos aqui Embaixadas, nós temos vá-rios estados aqui e aqui demos uma diversidade muito grande de... e a qualidade também melhorou muito, muito.

Então, a sua opinião sobre a evolução no mercado turístico no DF nos últimos cinco anos, se ele cresceu, declinou ou se ele manteve-se estável?

Entrevistado: Não ele cresceu bastante. Ele teve uma expansão tão visível pelo cresci-mento dos grandes investidores nacionais e internacionais. Tanto nos hotéis, como nos shoppings, como no setor imobiliário. Então, esse aí teve uma expansão muito grande.

É. Vê o DF como um mercado de oportunidades para investimento em turismo?

Entrevistado: Olha, eu acho que o mercado de turismo está mais crescendo na parte pri-vada do que no serviço público. Sabe? Eu acho assim, que o serviço público planeja muito e pouca ação. Entendeu? Então, há necessidade de mais ação para ter... é... para fazer crescer o setor de turismo.

Então, agora, sobre políticas públicas, em sua opinião, as políticas públicas federais e distritais implementadas nos últimos dois anos favoreceram o setor do turismo no DF?

Entrevistado: Olha, eu acho assim que muito pouco se for política pública, né? Eu acho que... o... a política, é...os políticos tinham que formar uma campanha de cidadania nas escolas, é, os sindicatos, as (??), porque Brasília ter que ser acreditada, amada pelos brasi-lienses. Então, tem que lançar o que nós temos de importante aqui. Isso não é feito. Nem nas escolas, nem em lugar nenhum.

E no caso aqui... Em sua opinião houve políticas públicas federais e distritais que difi-cultam o setor do turismo no DF nos últimos dois anos?

Entrevistado: Bem, o que dificulta... (pausa) Olha, eu acho que há mais é...é... investi-mento no setor privado do que nas políticas públicas. Acho assim, que o setor privado está entrando com tudo aqui. Agora, dentro das políticas públicas é muito centrado é..é.. dentro do próprio governo, dentro das próprias associações, sabe? Tudo focado em cima dos presidentes e os presidentes ficam com aquilo como se fosse deles. Então não há uma expansão, um crescimento. Enquanto isso a... a... o setor privado está crescendo a cada dia. Isso não está deixando com quê é...o governo perceba essa dificuldade que ele está tendo de centralizar, e as entidades de classe também, de centralizar o serviço ali dentro.

Então no caso, na sua opinião, houve políticas públicas federais e distrais que dificul-taram o setor de turismo no DF nos últimos dois anos?

Entrevistado: Isso. Eu acho que dificultou exatamente por essa centralização. Centraliza-ção tanto dos presidentes da cadeia produtiva de turismo, né? Muito centrada a cada um deles. E também, nos próprios diretores de...de...de... (pausa) diretores de turismo, secre-tários de turismo, é... esse negócio todo que fica com a coisa muito centrada, querendo fazer o que eles entendem e não quer pedir opinião para as pessoas que vivem isso dia a dia, que são as empresas ligadas a turismo, a eventos... Isso aí, eles teriam que ouvir mais e ter mais ação. Então, há muito planejamento e pouca ação.

É... Existe alguma política púb... é... alguma política relacionada ao turismo em sua opinião que deve ser revista?

Entrevistado: Há sim. Eu acho que deve ser revista sim. Eu acho que, primeiramente, se-ria, realmente, as que eu já havia falado, sobre as campanhas de cidadania, né? Mostran-do o quê nós temos de melhor em Brasília. É... Mostrar que Brasília é uma cidade única no mundo inteiro. Uma cidade que tem que ser amada, que tem que ser acreditada pelos brasilienses. Isso tem que ser nas escolas, tem que ser dentro dos sindicatos, tem que ser dentro de, de, de, onde tem aglomeração de pessoas. Então, é... mostrar o nosso diferen-cial cultural, a nossa beleza, tudo isso tem que ser mostrado. Então, hoje, eles não fazem isso. É mais fácil jogar uma coisa para fora. Primeiro nós temos que conscientizar nós, nós brasilienses, para depois começar a trazer pessoas para cá.

É. Como avalia a cadeia produtiva do turismo no DF no ponto de vista da articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistado: Olha, o... eu, eu falei que tá muito ligado à cadeia produtiva centralizada nos presidentes. Então eu acho assim, que os presidentes das associações e sindicatos, ela tem força, até força de lei, para que ela... ela possa é... fazer alguma coisa por Brasília. Eu acho que, na realidade, eles fazem mais em benefício próprio do quê para, em termos de Brasília. Então eu acho que tem que ter assim, uma... uma conscientização desse pes-soal, dos próprios dirigentes, da importância de nós, brasilienses, sentirmos prazer em ser

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brasiliense. Então, quando uma pessoa fala mal de Brasília, ele fala mal dos senadores, dos deputados, etc. E ninguém mostra que nós temos de importante aqui, que é a nossa cultura, a nossa gastronomia, a nossa beleza, sabe? O diferencial nosso, que é enorme. A cidade... que está se expandindo incrivelmente em termos de eventos, sabe? E tem muita coisa importante.

É. Dona Elvira, no caso, a sua instituição participa de algum comitê, redes, associa-ções, sindicatos?

Entrevistado: hum rum

Sim?

Entrevistado: sim.

A senhora quer fazer algum acréscimo nisso?

Entrevistado: (#) as entidades... é... Exatamente por pertencer a várias entidades é que eu sinto isso, sabe? Eu sinto isso das próprias.. é... muito centrada no presidente. Cada presidente que entra, sabe? Ele vê coisas que... sabe? Centra muito.

É. No caso de oportunidades e ameaças. Quais os principais fatores, em sua opinião, que limitam e possibilitam o desenvolvimento do turismo no DF?

Entrevistado: Eu acho assim, que existe uma coisa bastante importante que seria a qua-lificação dos prestadores de serviço na área de turismo. Então, as pessoas que estão de frente. Estão, agora, atualmente, todos os táxis estão sendo pintados. Isso aí eu achei que foi uma evolução assim, incrível, porque eu achava assim um horror essa falta geral, não ter uma identificação. Então, é... às vezes... é... tipo de recepção, de recepcionistas, esse... é... de hotéis, não só de hotéis mas como eventos, todo esse pessoal teria que ter um treinamento assim, bem diferenciado. Porque em Brasília tem gente assim, do mundo inteiro, e tem gente do Brasil inteiro. Então não tem assim, uma característica própria, uma cultura própria. Então, eu acho que é dando treinamento, qualificação, qualificando as pessoas é que você vai conseguir é...unificar isso, sabe? Dar uma qualidade melhor à nossa recepção. Sabe?

É. Sugestões e recomendações para investimentos em turismo no DF nos últimos... próximos quatro anos?

Entrevistado: Bom, eu acho que nesses quatro anos está todo mundo se preparando para a COPA. Então, assim, tem muita coisa a ser feita, sabe? Isso aí tem que realmente fazer uma análise em cada setor, sabe? De hotelaria, de gastronomia, de, de, de, mesmo na par-te de culturais, de, de, tudo isso eu acho que tem que ter, tem que rever e realmente tem que ter um treinamento muito grande, sabe? E dinheiro para qualificação é o que mais

existe. Agora, tem que realmente botar isso em prática, sabe? Com... não só teórico como prático. Isso aí também vai dar uma grande expansão de... é...oportunidade de emprego. Porque se a pessoa faz uma qualificação e ela sai com um estágio em determinados luga-res, ela pode ser contratada. Então isso aí vai dar uma ajuda assim... em todos os sentidos de crescimento. Não só no turismo, mas como cidade também.

E a senhora gostaria de fazer algum comentário sobre o turismo no DF? Dar alguma contribuição sobre o que precisa assim, na sua opinião?

Entrevistado: Bom. É... eu acho que Brasília, com cinquenta anos, ela estava precisando realmente de uma pequena reforma. Porque na minha infância, quando a gente chegava em Brasília, Brasília tinha uns tapetes de flores, é... fontes luminosas, coisas assim que, enchiam o olho da... quando a gente era criança. Então eu acho sim, que está faltando... é... uma, uma jardinagem, uma coisa visivelmente bonita. Porque você olha os Ministé-rios, tudo escorado, apagado, e, e, os jardins, não tem aqueles jardins bonitos como o de Goiânia. Você chega em Goiânia, Goiânia está toda florida. Então eu acho que tem que dar um sorriso maior para Brasília, que eu acho que é a planta.. que é a.... sabe? Que tem muita árvore, mas não tem assim... a flor, sabe? E.. Não tem assim, alguma coisa que enfei-te Brasília. Então, hoje, os hotéis já estão chegando, as multinacionais de hotéis, eles estão fazendo...é... é... bem modernos, empresas modernas. Aliás, prédios modernos. Então, os antigos começaram a fazer reformas. Mas até então estava tudo caindo aos pedaços, coisa de cinquenta anos. Então, eu acho que... que tem muita coisa bonita, mas tem muita coisa por... para melhorar. Muita coisa mesmo.

Obrigada.

ENTREVISTA 2

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Bom dia, senhor. Nós já conversamos sobre.. é... na avaliação, anteriormente. Eu gostaria de saber como o senhor avalia o atual mercado turístico do Distrito Federal.

Entrevistado: Olha, é um mercado que está em total crescimento e expansão, é... até por conta da pouca idade de Brasília e da importância que ela tem no cenário nacional, não só político, quanto arquitetônico, né. Nós sabemos das obras primas, né, que foram

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feitas em Brasília e hoje, na realidade, a grande vocação de Brasília, por conta da posição geográfica dela no país, que não dá para ter indústria; nós realmente não temos aqui um terreno muito fértil, né, para a questão de plantios... Então, a grande vocação de Brasília é a prestação de serviços. E o turismo se enquadra nesse segmento e... por conta disso, ob-viamente, a gente tem essa demanda. Então, nós temos aqui o turismo cívico, o ecológico, o arquitetônico, o religioso, o turismo de lazer. Ou seja, o turismo nas suas mais variadas formas e segmentos a gente pode explorar em Brasília. É bem verdade que, por parte da iniciativa privada, isso tá sendo de forma... é... vista como uma grande oportunidade desde sempre. Porém, pelo lado de gestão governamental a gente nunca, na realidade, nos cinquenta anos de Brasília, tivemos um olhar profissional dos governantes para esse segmento. Pensávamos que nessa gestão poderia ser diferente. Passamos por toda essa crise política. E de novo estamos há séculos de um órgão que cuide de forma profissional do turismo na nossa região.

Gostaria de saber a sua opinião sobre a evolução do mercado turístico do Distrito Federal nos últimos cinco anos. O senhor acha que cresceu, que declinou ou que se manteve estável?

Entrevistado: Eu diria que ele mais se qualificou do que cresceu. Cresceu também, mas num percentual muito pequeno. Por conta, exatamente, dessa dificuldade que a gente tem na interface com o poder público. Porque o empresário, né, a iniciativa privada, quando ele prioriza alguma coisa, ele põe a mão no bolso, aloca recurso e faz. Então, a velocidade e o dinamismo da iniciativa privada, ela é totalmente diferente da gestão pública. E a gente até entende o porque da máquina e tal. Só que, além dessa dificulda-de natural da máquina administrativa pública andar agregada, aliada, à falta de vontade política, isso impede, muitas vezes, que a iniciativa privada avance. Por muito dinheiro, muito recurso e muita vontade que a iniciativa privada possa ter, ela sempre esbarra num determinado momento com a falta de apoio, com a falta do braço do poder público. E aí, a gente tem que parar. Não tem como. Porque tem algumas ações que são políticas públicas e não dá para a iniciativa privada fazer, independentemente do recurso. É. Tem que necessariamente ter uma iniciativa do poder público. E isso vem atrapalhando muito este crescimento. No entanto, mesmo com esta dificuldade do crescimento, o quê a gente observa, em todos os segmentos, é a melhoria da qualificação desse setor.

É. O senhor vê o DF como um mercado de oportunidades para investimento em tu-rismo? Por que?

Entrevistado: Muito. Inclusive a gente tem tido demandas, procuras, no Sindicato, de empresários de outras regiões. Mas quando a gente passa qual é a realidade de Brasília, eles simplesmente desistem. Porque são empresários sérios, que estão dispostos a investir

alto em Brasília, só que, de novo, esbarra na questão do poder público porque, nós temos hoje em Brasília, um problema que se arrasta por “n” anos, mais de décadas, que é o pro-blema, principalmente, da questão do alvará. Né, nenhum de nós, praticamente 80% ou 85% do setor não tem alvará. Ou seja, é uma cidade sem (!!), burocrática, amarrada, presa em conceitos e em processos administrativos que imperram qualquer tipo de investimen-to, realmente, por parte de um profissional sério, e que pensam, realmente, em crescer. Exemplo particular dessa questão: o tamanho dos bares que hoje estão nas entrequadras e que incomodam a população por conta de vaga, de barulho, de número de pessoas nos bares, nós não temos hoje, à exemplo do que foi feito em Brasília, que é uma cidade setorizada, nós não temos hoje um local, um endereçamento onde nós, os empresários do segmento de gastronomia, possamos ter uma grande casa.

É um gargalo.

Entrevistado: É um gargalo, com certeza. Então, onde deveria ter o setor de gastronomia e de lazer, o mercado imobiliário se apoderou dele, se apossou dele e virou o que a gente vê. O Conjunto Nacional, o Setor de Diversões Sul, Norte, Sul, e o...o...

Park?

Entrevistado: O Park Shopping não, o.. edifício Venâncio, também, no Setor de Diversões Sul, é... que virou verdadeiro, verdadeiros prédios, gaiolas para salas comerciais. Olha o endereçamento: Setor de Diversões Sul e Setor de Diversões Norte. Onde tem verda-deiros prédios com 15, 18 andares, prédios de empresas particulares e (??), mas o foco principal desse endereçamento deveria ser destinado para a gastronomia, para a diversão. E aí, nós, do setor de gastronomia e entretenimento, ficamos sem lugar. Aí não sai o Pro-jeto Orla, não pode isso, não pode aquilo, principalmente no Plano Piloto, que é tudo tombado, você não tem onde colocar um grande bar. Ou seja, o nosso setor está fadado a ficar do tamanho que está por não ter uma área destinada, assim como teve a Cidade do Automóvel, tem o Setor de Oficinas, o Setor Hoteleiro, nós não temos um setor desti-nado para a gastronomia, né. Então, a gente vem trabalhando isso há anos, com todos os governos que passam, e infelizmente até hoje a gente não teve uma solução. Né, então isso atrapalha e retarda o crescimento do setor. Se tiver isso definido eu tenho convicção de que nós vamos ter um salto, talvez em 10 anos, do que tivemos em 50.

Eu ia perguntar isso agora. Então, essas oportunidades de investimento são para, da-qui a uns 10 anos, então pode ser que haja, que melhore essas oportunidades

Entrevistado: Se os governantes tiverem um olhar profissional para a vocação, e aí é uma coisa que a gente precisa deixar bem claro: não é um olhar para o SINDHOBAR, não é um olhar para o restaurante, para o hotel. É um olhar para a vocação da cidade. Porque quando ele tem um olhar com vocação para a cidade, que a gente tenha, nós estamos

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vivendo isso agora. A cidade, nos últimos dois finais de semana, estão.. olha, totalmente cheia. Tivemos aí o Congresso do Chico Xavier, tivemos outros congressos aí, dois ou três congressos paralelos, o lançamento, inclusive, da campanha do Serra. Ou seja, a cidade, você não tinha, você não tinha táxi. Você... Os bares estão cheios, os restaurantes estão cheios, boates estão cheios, os shoppings estão cheios. Isso movimenta a cidade. Então, na hora que o governante tiver o olhar profissional voltado para a vocação verdadeira de Brasília, todos os setores da economia vão ser contemplados.

Certo. E o senhor destacaria alguma categoria que tem oportunidade, tipo transporte, hotelaria, (#)

Entrevistado: (#) Hoje, na realidade, são todas interdependentes né. Se você não tem um número X de hóspedes nos hotéis, você também não vai ter um número Y de clientes no shopping, no táxi, no restaurante, e tal. Então, é uma cadeia. Na realidade, é uma grande cadeia. Porque no momento em que eu tenho meu restaurante cheio, eu vou estar com-prando mais bebidas, mais alimentos, daí consequentemente vai gastar mais frete para me entregar isso. A pessoa que tá lá na zona rural, vai permanecer na zona rural, vai plantar mais porque tá tendo demanda. Então é uma grande cadeia. Né. Então, na realidade, é...pontualmente, pode um ou outro segmento ser mais beneficiado ou menos beneficiado. Mas quando toda a estrutura é totalmente beneficiada, todos ganham.

Senhor, em sua opinião as políticas públicas federais e distritais implementadas nos últimos dois anos favoreceram o setor de turismo no DF?

Entrevistado: Tem favorecido. Aquém do que realmente é necessário. A grande dificulda-de, é comum a gente dizer “ah, recurso não falta”. E a gente sabe que existe muito recur-so. Bilhões e bilhões de reais para destinação nesse segmento. A grande dificuldade é o acesso a esse recurso. Nosso setor, especificamente o de gastronomia e hotelaria, é.. mais o de gastronomia, ele é composto 92% de pequenos e micro empresários, que tem as suas dificuldades naturais de um país em crescimento e tão burocrático quanto o Brasil. Então, para ele ter acesso a um recurso desse, ele tem que fazer um processo, tem que fazer um projeto, tem que ter pessoas que entendam, que realmente façam uma pesquisa de mer-cado. Então, tudo isso dificulta o acesso. Então, se houvesse, alguma forma disso, através de uma federação ou ou até do próprio sindicato, disso permeiar, de isso chegar de uma forma mais fácil na conta, no destino final, com certeza o crescimento ou a evolução seria muito maior. Mas sem sombra de dúvida, hoje, a situação é bem mais confortável, ou menos sofrível do que há uma década atrás.

No mesmo estilo, é... houve políticas públicas federais que dificultaram o setor de turismo?

Entrevistado: Bom, a dificuldade está na questão desse emperramento, né?! Do processo, da papelada e tal. A gente percebe, a cada momento, por conta da, por parte do governo

federal, o envolvimento, a vontade, realmente, nós podemos ver aí que o Ministério do Turismo foi criado recentemente, ainda nessa década, em 2002, se não me falha a memó-ria. Ou seja, o turismo no Brasil ainda é tratado por parte daqueles que liberam os recursos de forma muito amadora, né. E a gente sabe que isso leva um tempo para se consolidar, é mudança de comportamento. E mudança de comportamento e mudança de comporta-mente você não muda através de um decreto, é educação.

Existe alguma política relacionada ao turismo que em sua opinião deva ser revista?

Entrevistado: Olha, a política em si, não. Claro que no seu bojo maior, na sua estrutura maior, acho que ela tá bem, ela tá bem planejada. Por exemplo, nós temos aí agora a questão, agora que eu digo, já há algum tempo, o Viaja Mais Terceira Idade. Nós temos toda essa facilidade que o governo federal está disponibilizando para o interior, facilitando a vida de todo mundo. A questão, inclusive, dos financiamentos das passagens aéreas, pacotes turísticos, juros subsidiado. Agora, de novo, o que emperra é o acesso a isso, né. Então eu acho que, a forma, o jeito brasileiro de fazer isso acontecer, as pessoas já estão tendo essa consciência. Agora, o que precisa facilitar ou mudar o modus operandi é exa-tamente o modo de acessar esse recurso.

Certo. Então, nesse caso, é..., as, as políticas públicas precisam ser implementadas para que.. Que políticas você acha que precisam ser implementadas para que o setor se desenvolva nos próximos dois anos? É mais ou menos isso que o senhor já (#)

Entrevistado: É. Agora com o advento da Copa de 2014 a gente está vendo uma, uma, uma luz no fim do túnel no sentido de, é, flexibilizar um pouco mais esses recursos. Mas ainda precisa de um trabalho totalmente voltado para esses recursos chegar, realmente, onde precisam ser utilizados. Com referência à estrutura maior, eu acho que está no ca-minho certo, é uma questão de experimentação. Como eu disse, o turismo é uma coisa nova em termos profissionais no Brasil, então eu acho que tem que ser uma conta de ajuste. Vai, vai implantando e vai experimentando e vai deletando ou agregando aquilo que é preciso ser feito. Agora, via de regra, de novo, a questão de recurso, ela é sempre muito complexa.

E como o senhor avalia a cadeia produtiva do DF do ponto de vista da articulação e da mobilização de agentes?

Entrevistado: É, isso no nosso entendimento ainda precisa ser muito trabalhado porque é.. infelizmente nós temos, é... ainda entidades que procuram trabalhar de forma muito indi-vidualizada. É preciso ter uma consciência é...corporativa, de que juntos nós poderemos ser mais fortes, inclusive para pleitear junto ao governo, tanto federal quando local, essas dificuldades que nós temos, né. Por exemplo, na questão do receptivo nós temos uma série de leis que impedem, por exemplo, uma van de levar um pequeno grupo de turistas

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a Pirenópolis, por exemplo. É proibido. Você só pode viajar com um grande ônibus, quer dizer, isso é inviável na versão do custo final para o passageiro,né, para o, para o turista. Então, nós temos uma série de problemas, uma série de leis que, no nosso entendimento é pura e simplesmente administrativo. É uma questão de política interna, que poderia ser resolvido de uma forma muito mais simples, muito mais rápida, viabilizando a inte-gração dessas entidades. Então, as entidades por si, talvez, exatamente por conta dessas dificuldades, acabam ficando trabalhando nas suas seções particulares do seu setor e isso não lhe dá tempo de poder desenvolver de forma corporativa com o todo. Então, a gente precisa, realmente, de uma visão mais corporativa e com certeza, através dessa união a gente pode, talvez, ser mais forte junto ao governo para pleitear essas deficiências que hoje se falam aí.

Na sua opinião, o que falta para o fortalecimento da cadeia produtiva do turismo é como o senhor..., isso que o senhor já (#)

Entrevistado: (#) é o próprio conjunto de entendimentos, né, tanto das entidades porque, é, a gente também precisa deixar registrado é o seguinte. É... muitas vezes, né, algumas entidades é... acham que só tem direitos, né, e que o governo só tem dever. E muitas vezes o governo também pensa a mesma coisa. Não, eu só tenho direito e vocês que são obrigados a fazer. Eu acho que todos os envolvidos, em qualquer questão, têm direitos e deveres. E precisa, de forma clara, ser colocado isso à mesa para que cada um entenda qual é o seu direito e qual o seu dever, né. Por outro lado, é, uma questão que a gente vê a cada mudança de gestão governamental, seja ela federal ou local, é que não existe uma continuidade, uma sequência naqueles projetos que foram implantados anterior-mente. Então, quebra-se todo um ciclo e começa-se tudo de novo. Então, o grande, a grande solicitação do setor, a grande, o nosso grande sonho, na realidade, é que a gente possa trabalhar com a, de uma maneira mais técnica, e não tão política quanto é hoje, né. Porque a política a gente sabe que é necessária, em todo lugar, a política está instalada e aí tem um outro detalhe. A gente poderia rever essa questão política porque, de alguns anos, ou talvez de algumas décadas para cá, a palavra política foi muito desvirtuada, o entendimento dela, né. O que é política, na essência da palavra? É aquele que está na-quela função pública trabalhar em prol da comunidade, em prol de um todo, e não em prol dele mesmo, né. Então, se a gente volta a entender qual é realmente o objetivo, a definição da política, isso eu tenho a impressão de que pode começar a ser mudado. E a partir daí, a gente poder ter, é, nos pontos chaves, pessoas mais voltadas para técnicas, do que para função política. Ou seja, eu estou aqui porque um determinado partido me colocou e eu tenho que defender o interesse do partido, e não daquele segmento. Esse eu acho que é o grande entrave hoje para a gente deixar azeitado o setor de turismo no Brasil como um todo.

Ok. E.. A imagem do DF como destino turístico nacional e internacional. O que falta para fortalecer essa imagem?

Entrevistado: pois é. É... De novo. A iniciativa privada vem fazendo seu dever de casa e tal, para você observar, hoje, eu digo hoje de um ano para cá ou talvez um pouco mais, a Brasiliatur, que é o órgão que cuida do turismo em Brasília está proibida pelo Ministé-rio Público de mandar um bacharel em turismo para o exterior para captar um grande evento, né. E esses eventos, a gente, quando vai, observa que tá lá: o Mato Grosso, o Rio de Janeiro, a Bahia, o Amazonas, o Pará, fazendo a captação desses grandes eventos com dois anos de antecedência da realização do mesmo. E você não vê ninguém de Bra-sília. Por que? Porque ainda entendem, né, os burocrátas, as pessoas ligadas aos órgãos fiscalizadores, TCU, Ministério Público, que o turismo, as pessoas vão para passear, para beber cerveja, para ficar no hotel, tomar banho de piscina, e não é isso, né. Ora, se existe isso, então a gente tem que mudar a pessoa e não proibir o órgão de executar sua tarefa principal, né. Então, no nosso entendimento, falta essa visão profissional para que a gente entenda realmente o quê que é que aquela atividade, aquele segmento precisa, e a gente monitorar com um profissional adequado, competente, eficaz, para que ele realmente possa evoluir a sua origem. Então, Brasília hoje peca nesse sentido. Agora mesmo, nós estamos com um grande problema com o Salão de Turismo em São Paulo. Não se sabe se a Brasiliatur vai ou não. E tá alugado o espaço, está tudo organizado, quer dizer, a Brasília, quando eu digo não se sabe, porque, a Brasiliatur está preparada, está totalmente pronta, tudo certo. Mas existe uma, uma, uma onda, né, em Brasília, dizendo que a Brasiliatur provavelmente possa ser fechada.

Fechada?

É, fechada.

Fechada..

Fechada. O novo governador, que acabou de tomar posse, pensa em fechar a Brasiliatur. Pelo menos é a notícia extraoficialmente que a gente tem, ne. Ora, se o problema é de ges-tão, mude a gestão, mude o gestor. Né? E vamos deixar a entidade. Se a Brasiliatur fecha, quem cuida do turismo de Brasília? Ela vai ficar a pensar da Secretaria de Desenvolvimento Econômico? Porque o nome da Secretaria é o seguinte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico E Turismo, o turismo vem como apêndice, né. Então vai ficar como nas eras, nas outras, nos outros governos, né. Não existia uma secretaria de turismo. Ela era pensada a outra. Secretaria de Indústria e Comércio, é.. e tantas outras. Então, o que nós entende-mos é que deveria, por parte dos governantes e dos órgãos fiscalizadores, entender o turis-mo de forma diferenciada como um captador de recursos para a cidade. E aí, obviamente você melhora a imagem da cidade e vende a cidade de uma forma diferenciada.

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Com certeza. É... E para o fortalecimento da promoção e comercialização do DF como destino turístico?

Entrevistado: Perdão. Eu, eu...

É, o fortalecimento da promoção e comercialização do DF como destino turístico?

Entrevistado: Pois é. Essa é uma outra falha que nós temos porque, normalmente quando pensam em vender Brasília, pensam em vender Brasília aqui no aeroporto. E aqui não adianta vender porque a pessoa já está com a passagem de volta comprada, já está com o hotel reservado, a mala dela está feita para um dia ou dois. O que quê normalmente qualquer um de nós faz quando viajamos para qualquer congresso? Via de regra a gente leva um acompanhante e ficamos dois ou três dias a mais do que o período do Congresso. É assim que se faz em Salvador, no Rio, em Fortaleza, né. Em Brasília a pessoa chega de manhã e quer ir embora a noite. E nós temos em um raio de 100, 150km uma série de belezas que podem ser visitadas e não estão sendo exploradas. Mas, como que isso pode ser vendido? Lá. Quando lá no emitivo, não no receptivo. Tem que ser vendido lá em São Paulo, lá em Belo Horizonte, lá no Rio. Ou seja, lá em todo lugar fora de Brasília. Aqui em Brasília não adianta. Ele já chegou e já está com o destino certo de volta.

Então seria uma divulgação maior nos emitivos (!!)

Entrevistado: (!!) Falta uma divulgaçao maior e mais do que isso, falta uma antecipação maior. Porque o que a gente tem visto, inclusive, por ocasião do reveilón, né, que a gente todo ano está tendo em Brasília, mas quando sai a programação? Sai no início de dezem-bro. Todas as pessoas já fizeram sua programação, já compraram seu pacote. Eu sempre dei em exemplo, dei em exemplo para o antigo governador, é, você pega Goiânia e você pega Barreiras. Barreiras começa a fazer propaganda do carnaval deles em setembro, na TV aqui em Brasília. Ou seja, se eu penso em passar o carnaval em Barreiras, na Bahia, e eu sei que em setembro já tem propaganda, eu começo a me programar, a comprar o pacote em setembro. O nosso, a nossa festa de reveilón em Brasília, que é dia 31 de dezembro, ela começa a ser veiculada em dezembro, dia 15 de dezembro, dia 10 de dezembro. Ninguém vem. Então é preciso um calendário antecipado para que as pessoas possam se programar.

Certo. É.... agora, quais os principais fatores que em sua opinião limitam o desenvol-vimento do turismo no DF?

Entrevistado: Bom, aí eu acho que é... é toda uma estrutura que, envolvida no próprio, no próprio segmento, desde o taxista, inclusive com o segundo idioma, passando pelos nossos garçons, pelos recepcionistas de hotéis, é, pelos guias turísticos, né. As pessoas como um todo, e aí eu vou além do profissional. A cidade. Você vai, por exemplo, em

Ouro Preto, você vai no Maranhão, né, e vê como que as pessoas te recebem. As pesso-as da rua. O popular. O morador. Não é um profissional que vai ganhar dinheiro com a sua presença, mas ele vai ganhar você na cidade dele. Como um bom mineiro eu digo o seguinte, é como um mineiro recebe as pessoas em casa. Ele tem prazer de receber a pes-soa na sua casa, leva logo para a cozinha, toma um café, um pão de queijo. É isso que as pessoas precisam. Brasília não é minha, não é sua, não é de quem mora aqui. Brasília, até por conta de ser tombada, ela é da humanidade. Então, as pessoas precisam ter essa cons-ciência de que quanto melhor a gente atender a um turista que aqui está, a possibilidade dele vir e trazer mais gente é super maior. Mas infelizmente a gente não vê isso. A gente vê uma pessoa com má vontade de dar uma informação. Informação errada. Literalmente no caminho inverso, ao contrário ao que ela está procurando, ao destino, né. O próprio taxista, e aí todo mundo. Não vou só falar da questão produtiva, mas toda a população. Precisaria ter uma grande campanha com envolvimento de todas as entidades, do gover-no, uma campanha educativa para que todo mundo possa abraçar e ter a consciência, a grande consciência de que Brasília é um local bacana de ser visitado. Mostrar quem tá aqui, quem mora aqui, que o povo é guerreiro, que o povo é feliz, tem alto astral, é um povo novo, é uma juventude que tem em Brasília. E isso ninguém mostra, ninguém vende, ninguém põe a cara para bater. Então nós precisamos mostrar. Tirar essa cultura de que Brasília é fria, e não tem esquina, que aqui todo mundo é corrupto, só tem político. Não. Já foi. Hoje não é mais. Temos alguns casos, temos. Nós temos isso na área do repórter, nós temos isso na área médica, na área do advogado. É gente. Gente tem problema em todo lugar. Agora, graças a deus a maioria das pessoas são de bem. E é isso que a gente precisa mostrar. Para o Brasil e nesse momento, em particular, para a sociedade brasiliense e can-danga que realmente Brasília pode dar a volta por cima de tudo isso e realmente ser uma grande cidade, dos nossos sonhos, como a gente sempre esperou quando viemos para cá.

É fundamental que Brasília seja vista, seja vendida como o senhor falou, né, como uma cidade que recebe os turistas bem (!!)

Entrevistado: (!!) Que é hospitaleira, né. Até porque se a gente for buscar a história, quem fundou, quem criou Brasília? Um mineiro. Né? E qual é a mensagem do mineiro? Não é hospitaleiro? Não é? Ele não é... ele não recebe as pessoas e tal? E é isso. Hoje nós temos mais de 600 mil mineiros em Brasília. Então, quer dizer, se você for ver, um quarto da população de Brasília é mineira. Então, eu acho que a gente tem, mais do que a satisfação, o dever de mostrar que Brasília é hospitaleira, que nós amamos Brasília. Brasília é muito mais do que a gente tá vendo e que as pessoas vêem lá fora. Vale a pena visitar. É uma beleza diferente. Nenhum outro lugar do mundo tem igual, né. Então, é isso que precisa. Uma grande campanha. Mas não pode ser uma campanha de 15 dias. Isso deveria fazer parte da da, do currículo escolar das crianças, né. Você pega, eu tive a oportunidade de

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visitar a África, a China, você pega uma criançinha de 6, 7 anos africana, o que ele tem é a África no peito, a civilidade, o orgulho, o patriotismo. Os chineses a mesma coisa. Mas isso por que? Isso existe, a gente sabe que tem dois caminhos para chegar a algum lugar, pelo amor ou pela dor. Esses foi pela dor. E a gente, felizmente estamos pelo amor, ainda, né. Então. Vamos acordar e ver que existem possibildiades. Juntamente com os todos os órgãos, com todos os moradores, com o governo, de fazer uma bela campanha sem que a gente tenha que sofrer mais. Porque nós já estamos sofrendo, né. Sofrendo moralmente, sofrendo economicamente, políticamente, com tudo o que aconteceu agora. Eu acho que esse advento, é.. claro, sem comparar com África e com China, mas já foi um grande sofri-mento para Brasília, com tão poucos anos de vida, a gente pode tirar grande ensinamentos em cima disso que a gente acabou de sofrer e fazer, realmente, uma bela campanha para reverter esse quadro.

Tá. E em relação aos fatores que possibilitam o desenvolvimento turístico do DF?

Entrevistado: É. Aí eu acho, realmente, é a continuidade dos recursos que estão sendo disponibilizados. Facilitar o acesso. Os deputados, tanto federal, da nossa bancada aqui, quanto distritais, voltarem realmente a olhar para a vocação de Brasília, né. A... parte da população e dos empresários entenderem qual é o dever e o direito de cada um e se empenhar de verdade, né. Não pensar na minha empresa, no meu sindicato. Não, isso aqui, eu vou puxar aqui, essa sardinha para a minha lata, não. Vamos trabalhar com uma visão corporativa, associativismo. A gente percebe que, cada vez mais, mundo afora, a gente percebe que todo mundo que se une acaba vencendo. Individualmente você não consegue nada, não tem jeito.

É. O senhor tem alguma sugestão e recomendação para investimento no turismo do DF para os próximos quatro anos? O senhor vislumbra algum investimento?

Entrevistado: Olha, na realidade agora, por conta da Copa, existem vários investimentos, né. Desde equipamentos até mesmo, principalmente a questão da qualificação, né. Então eu acho que, de equipamentos nos falta ainda leitos, né, até por conta da própria exi-gência da FIFA. Mas eu acho que mais do que isso, também não adianta você ter equipa-mentos e edificações se você não tem poder, a força humana, né, a mão de obra. Então, eu acho que, ou paralelo ou até mais do que essa edificação, a preocupação de forma generalizada, em todos os segmentos, né. O cara que vende a revistinha lá na banca, o taxista, o cara da farmácia, do hospital, todos os profissionais, a polícia, seja foi a PM, o DETRAN, todo mundo que tem algum tipo de envolvimento com o turista, com pessoas, deveria ser qualificado, deveria ter uma cartilha, deveria estar sendo informado de que forma ele pode investir na cidade. Porque, na realidade, as pessoas falam de Copa, Copa são vinte dias de jogos, trinta dias no máximo. Pronto. Agora, o quê que fica disso? Qual

é o legado que pode ficar desse ensinamento, né? Dessa grande oportunidade que está sendo dada ao Brasil, né. Então eu acho que é exatamente isso, a gente poder é... plantar de vez a oportunidade dos turistas virem aqui, gostarem e começarem a voltar a ter Bra-sília como um destino turístico preferencial, né. Que hoje, infelizmente, a gente sabe que ainda não é assim. Mas nós temos todas as possibilidades de fazê-lo tornar dessa forma, é, para esse fim. Por que? É uma cidade nova, nós temos aqui uma série de riquezas, que nem um outro lugar tem, facilidades. Por exemplo, nós temos a facilidade, que nenhuma outra cidade do país tem, que é de levar um político, por exemplo, a um evento. Com 15 minutos ele vai. Qualquer outro lugar ele tem que pegar um vôo, uma hora e meia, duas, mais uma hora para chegar no aeroporto, mais para sair, você pega no mínimo um dia. E muitas vezes por conta da agenda de uma pessoa importante ela não pode ir. Em Brasília é comum você ver dois, três, cinco, dez políticos em qualquer evento, dada a facilidade que a gente tem. Então, a gente tem que enxergar essa oportunidade e vender isso como uma facilidade para os eventos e para as pessoas que querem vir a Brasília. Eu tive a oportuni-dade de ver na África, e na própria China, é.. eles fazem tudo o que você imaginar, eles vendem como turismo. Tudo. Eles, eles criam as condições em cima de um fato mínimo, elementar. É... ele, ele cria a condição de ser vendido como turistíco. Uma visão turística. Então, a gente deixa aqui N coisas passarem que, simplesmente, ninguém aproveita, nin-guém vende. Tá perdendo divisa. Tá perdendo não só divisa em termos de recurso, mas divisa em termos de visibilidade da cidade, para as pessoas. Não importa se são brasileiras ou estrangeiros, mas a gente poderia estar aproveitando isso de uma forma muito mais eficaz para mostrar o quanto Brasília é importante, bonita e vale a pena ser visitada.

Certo. O senhor gostaria de contribuir com alguma informação, algum comentário sobre o turismo no DF?

Entrevistado: Não, acho que já falei tudo. Realmente, para finalizar, talvez, é isso. Eu acho que é um momento importantíssimo. Eu tenho por costume enxergar na crise, as oportunidades. Eu acho que é um momento super importante da gente rever, a gente está vendo a campanha aí. Brasília pensada nos próximos 50 anos. Eu acho que é um belo projeto, um belo planejamento e que, realmente isso precisa ser envolvido toda a Brasília. Não só o setor produtivo e muito menos o setor produtivo ligado ao turismo. Porque se a gente for ver, tudo está ligado ao turismo. O turista, numa cidade, ele anda por todos os lugares. Ele vai, faz compra, ele leva N informações para a sua base daquilo que ele viu, né. Às vezes um simples fato de uma abordagem de um policial, ou um ambulante, ou um mendigo na rua, isso pode ser para um determinado turista o ponto dele voltar ou não naquela cidade. De achar que a polícia é agressiva ou não. Ela pode ser enérgica, mas não tem que, necessariamente, ser agressiva, né. Eu estou dando exemplos soltos. Não estou comparando isso com a nossa polícia. Mas, tem uma série de outros. Por exemplo, uma

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coisa que é muito positiva em Brasília é a faixa de pedestre. Onde a gente vai, as pessoas que vem aqui ficam admiradas. Isso é uma amostra de civilidade, é uma amostra de res-peito ao direito individual do cidadão, né. Então, quer dizer, a gente não poderia copiar isso para uma série de outros contextos? Depende de uma vontade política. A gente lem-bra que, essa questão da faixa teve uma vontade política. Teve campanha, várias pessoas morreram, mas taí, vingou e hoje valeu a pena. Então, eu dou como exemplo essa faixa de pedestre, que é um, é um... cidadania, uma amostra de civilidade, que a cidade pode pegar isso como exemplo. Claro, que dentre tantas outras, mas essa que é tão bem, é, usada, e tão bem falada fora de Brasília, a gente poderia pegar como exemplo e também repetir em N outros contextos.

Senhor, muito obrigada pela sua entrevista. Muito obrigada.

ENTREVISTA 3

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Bom dia, o meu nome é Cristina. Agora são nove e trinta e cinco. Então nós vamos falar sobre o mercado turístico no DF. Então, como o senhor avalia o atual mercado turístico no DF?

Entrevistado: Bom. Na minha opinião o mercado de turismo no Distrito Federal é um mercado com um potencial muito grande, existem oportunidades muito significativas de desenvolvimento. É... nós temos um caminho muito grande para crescer, para atingir os níveis de excelência necessários, é... E vejo algumas dificuldades. Nós temos um quadro de profissionais ainda não tão bem preparados para receber os turistas, principalmente os turistas de nível internacional e de classe A. Eu acho que há que se fazer uma quali-ficação muito forte em todos os agentes do turismo receptivo. É.. temos, ainda, um tra-balho intenso nos equipamentos turísticos para que eles sejam melhor preparados para o recebimento desses turistas, principalmente na questão de acessibilidade, que é muito deficiênte; na questão de idiomas, enfim. Oportunidades grandes. O potencial do Distrito Federal, não só de Brasília, é muito positivo, mas tem que se trabalhar muito e com muito foco. E o que a gente percebe é que nos últimos anos, pelo menos nos últimos 10 anos, esse trabalho não foi feito de uma maneira profissional, a exemplo de outros concorren-tes, outras cidades que conseguiram vencer esse estágio e se preparam melhor do que a

gente. Então a gente está aí estagnado aí num número ao redor de um milhão de turistas/ano e não saímos dele há anos. Então esse é o nosso grande desafio, vencer esse degrau e ver se a gente dá esse salto de qualidade que precisa ser dado.

E para você, a opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos cinco anos, se ele cresceu, declinou, ou se manteve estável?

Entrevistado: A minha opinião vai muito de encontro com o que o diretor colocou, né? Que eu acho que com as palavras dele a gente consegue fazer uma avaliação da evolu-ção do turismo no Distrito Federal nos últimos cinco anos. Eu acredito que, em alguns segmentos o Distrito Federal realmente deslanchou, como na questão do turismo rural, que é um segmento hoje que atua com estabilidade, que cresceu muito, principalmente nos últimos três anos. Em relação à questão, das políticas públicas, né, vinculadas a esse mercado turístico, eu acredito que Brasília também evoluiu, principalmente com a cria-ção da Brasiliatur, que vem de encontro aí com, também, com os parâmetros do governo federal, com a criação do Ministério do Turismo. Então, eu acho que os estados também evoluiram e avançaram muito nesses últimos cinco anos pelo trabalho desenvolvido pelo governo federal. Porque, em muitos setores os estados trabalham como órgãos descen-tralizados, né, dessa política pública macro aí do governo federal, que o governo federal vem desenvolvendo. E acredito que alguns segmentos a gente não conseguiu evoluir a olhos vistos, talvez em números inexpressivos, como o próprio [...] falou – na questão do número, né, de recebimento de turistas -, que é o turismo arquitetônico, esse sim precisa evoluir, tem capacidade, tem um potencial enorme para crescer, né, e o segmento de eventos é um segmento notório também, que cresceu, principalmente com a reforma do Centro de Convenções, então, a gente teria que fazer uma avaliação aí desse mercado, por segmentos. Então, alguns cresceram e outros estagnaram, mas eu acho que, de uma forma geral, eu enxergo que, apesar de todos os gargalos, né, que a gente enfrenta aqui no Distrito Federal para o crescimento do turismo, eu enxergo sim de uma forma positiva, como um crescimento. Talvez não tanto em números, mas talvez em termos de profis-sionalismo em alguns segmentos e de, de um trade mais maduro, né, para desenvolver atividades do setor.

Então, agora, é.. [...], você vê o DF como um mercado de oportunidades para investi-mentos em turismo?

Entrevistado: Sim, vejo. Essa é uma das grandes oportunidades de desenvolvimento que nós temos. Então, por exemplo, nós somos uma das poucas capitais que eu conheço que não tem um transporte coletivo de qualidade do aeroporto para o centro da cidade. Infelizmente o turista que chega a Brasília ou ele vem de táxi, ou ele... é, é, ele não tem um coletivo, né? O Distrito Federal tenta colocar aí um metro de superfície que daria um

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pouquinho mais de qualidade de transporte para o turista. Enfim, esse é um ponto impor-tante que eu vejo. O táxi em Brasília é um táxi caro, né? O quilômetro rodado em Brasília é muito caro. Então eu acho que tem que ser investido no transporte público dentro da cidade também, de acesso ao turista aos pontos que lhe interessam. Tem diversos pontos que o turista não chega a não ser de táxi. Ramo hoteleiro. A hotelaria de Brasília é uma hotelaria de qualidade, mas a gente vê mais da metade dos equipamentos se deteriorando com o tempo. Acho que precisa de investimento nessa área também. Grande parte dos hotéis são de proprietário individual, que precisa de uma retrofit no hotel inteiro para que ele possa atingir os níveis de qualidade que a gente quer atingir. E na parte de lazer também temos algumas oportunidades. Nós temos uma área gastronômica sendo lançada perto da Ponte JK. É um local que deve se transformar no maior pólo gastronômico do Distrito Federal. Local amplo, agradável, com uma vista maravilhosa, um lugar muito bom. Enfim. Na área de lazer eu acho que Brasília carece de algumas coisas de ponta. Nós não temos um grande resort aqui no Centro-Oeste, aí não é só Brasília, né. O maior resort que nós temos no Centro-Oeste está lá em Águas Claras, águas quentes, né, que está a 300km daqui. Então eu acho que Brasília merece um resort de qualidade, que poderia ser na beira do lago de Corumbá, que está a 60, 80km de Brasília... enfim. Eu vejo grandes oportuni-dades por aqui e estamos precisando de empreendedorismo nessa área sim, com certeza.

Agora a gente vai falar sobre as políticas públicas. Em sua opinião as políticas públi-cas federais, distritais implementadas nos últimos dois anos favorecem o setor de turismo no DF?

Entrevistado: Essa pergunta se parece um pouco com a última pergunta que me foi feita, né, para avaliar a questão do turismo nos últimos cinco anos no Distrito Federal. Mas, é... como eu disse, é... as políticas públicas sim, principalmente as dos últimos sete anos, né, desde a criação do Ministério do Turismo e a criação da Brasiliatur, elas vêm de encontro sim, né, ao desenvolvimento de políticas públicas que garantam o desenvolvimento da atividade turística no Distrito Federal e no Brasil como um todo. Então, eu poderia elencar aqui inúmeras políticas públicas e projetos, né, ações de governo, né, que, para desenvol-ver o turismo no Distrito Federal, mas eu vou escolher, então, uma que eu acredito que seja extremamente importante que está vinculada à questão da Regionalização, né, que é um grande programa, um programa lançado pelo Ministério do Turismo, mas que todos os estados, é... vêm acompanhando muito de perto, né, principalmente os 65 destinos indutores do turismo nacional. E Brasília, é... o Distrito Federal, né, nesse último mês, foi escolhida como a cidade piloto, né, a cidade referência no desenvolvimento e na cria-ção desse Comitê que articula todas essas políticas públicas dentro do destino. Então foi um trabalho feito não só pelo governo, foi um trabalho feito em parceria com o próprio CET-UnB, com o terceiro setor, com a iniciativa privada, né, com o intuito de desenvolver

políticas públicas, ações, que garantam o desenvolvimento dessa atividade. Então eu acho que essa foi uma grande iniciativa do governo federal, que foi abraçada pelos estados e principalmente pelo Distrito Federal e que a gente já tá colhendo frutos aí e com certeza, nos próximos anos, a gente vai ver o resultado da união dessas pessoas nesse Comitê.

Em sua opinião houve políticas públicas federais e distritais que dificultaram o setor de turismo no DF nos últimos dois anos?

Entrevistado: O DF é um estado diferente dos outros, uma Unidade da Federação dife-rente, porque parte dos nossos atrativos estão no estado de Goiás. Então, a [...] falou dos 65 destinos indutores, então nós temos Alto Paraíso, a 230km de Brasília e Pirenópolis, a 150km de Brasília, que estão em outro estado. Qualquer turista de fora do Centro-Oeste para visitar essas duas cidades passa por Brasília. E nós temos de cara uma dificuldade grande: para levar esses turistas até essas duas cidades, o transporte só pode ser feito em ônibus de turismo com 40 acentos. Se eu tiver um grupo de 7, 10, 15 pessoas, eu não pos-so levar numa van. Então, essa é uma questão que já vem sendo trabalhada há mais de três anos com o Ministério do Turismo, para ele nos ajudar a flexibilizar essa questão, porque há uma lei maior proibindo o tráfego de vans entre estados, né. Então, a Polícia Rodovi-ária Federal proíbe que uma van leve uma dúzia de turistas de Brasília para Pirenópolis, o que nós achamos um absurdo. Mesmo porque nós não temos uma quantidade grande de turistas para encher ônibus de turismo com 40 passageiros toda hora, né. Então, isso é um ponto crítico para nós. Dificulta sobremaneira qualquer trabalho do turismo receptivo nosso. Dentro do Distrito Federal, em final de 2008 foi decretada uma lei atribuindo à Brasiliatur uma ação que não tem nada a ver com o cunho turístico, que é a responsabili-dade pela execução de todas as festas do calendário oficial do Distrito Federal. Então, fes-tas de anivesário das 30 regiões administrativas e outras tantas festas do calendário oficial, trazem para a Brasiliatur um volume de trabalho que ela não foi preparada para cumprir. Então, isso é um estrangulamento na nossa ação em prol do desenvolvimento do turismo prejudicada por essas outras questões que nós somos obrigados a atender, né. Então, assim, só para citar dois exemplos de uma lei federal e uma lei distrital que prejudicam demais a gente aqui. Enfim. O nosso trabalho tem sido no sentido de, de criar mecanismos que permitam a gente trabalhar minimizando os efeitos dessas duas leis.

Na sua opinião, existe alguma política relacionada ao turismo que deve ser revista?

Entrevistado: (rs) Vou repetir o que o [...] falou praticamente (rs) porque vem muito, tam-bém, de encontro ao que ele respondeu. Então, é lógico que, eu não vou fazer uma avaliação macro aqui em termos de governo federal porque existem algumas políticas pú-blicas vinculadas ao Ministério do Turismo que eu acredito, sim, que deveriam ser revistas. Mas vou trazer então aqui, para o local, já que a gente está falando de Distrito Federal.

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Essa questão que o [...] colocou da realização de eventos pela Empresa Brasiliense de Turismo, esta é uma ação, é uma política, que deveria sim ser revista. Uma outra questão que é muito importante, que eu sempre me pergunto, né, por quê, que é a redistribui-ção das ações do governo do Distrito Federal. Por exemplo, a gente tem uma Secretaria da Cultura que cuida dos monumentos, que cuida do patrimônio, que é o patrimônio histórico-cultural da cidade, mas que tem um viés turístico muito forte, né. Então, assim, como vincular a Empresa Brasiliense de Turismo, como vincular o setor de turismo à cultu-ra, para melhorar esses espaços? Né, então eu acho que deveria ter, aí na minha opinião, muito particular, ser criado um órgão específico, como é feito em vários países da Europa, para cuidar só do patrimônio. E com esse viés, não só da questão cultura, mas também, principalmente da questão do turismo. Então eu vou, vou me ater só a essas duas ques-tões. A questão da legislação, que o [...] colocou, também é fundamental. Eu acho que é um ponto que vem sendo discutido não só em âmbito estadual, em âmbito, né, aqui no Distrito Federal, como em âmbito de Brasil, né, em âmbito federal, principalmente vincu-lado à questão da fiscalização. Essa questão da fiscalização é um gargalo no Brasil, é um problema que a gente tem, que a gente precisa sanar, que a gente precisa resolver, que o Ministério, desde que ele foi criado, vem tentando criar legislações, fazer convênios com os estados e sentar numa mesa para discutir essas questões e a gente ainda não chegou num ponto, assim, né, passível de discussão, nem de discussão. E a gente precisa resolver essa questão. Como fiscalizar? Quem é responsável pela fiscalização? Quem responde? Né. E quem está ali para o turista, né, para sanar esses problemas que o turista tem nos destinos? E, por exemplo, que ele tem aqui no Distrito Federal.

É, como avalia a cadeia produtiva do turismo no DF do ponto de vista da articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistado: Bom. O setor de turismo no Distrito Federal, ele é muito unido. O pessoal se conhece bastante bem, tem um relacionamento muito forte. É... Mas, ele é estruturado em pequenas e médias empresas. Portanto, nós não temos grandes empresários do turis-mo sob o ponto de vista econômico. Então, para as ações que precisam ser desenvolvidas no Distrito Federal há que haver um forte envolvimento da Empresa pública de turismo. E nessa questão, o relacionamento entre ambos, setor produtivo e empresa pública de turismo, tem que evoluir muito. Estou há 10 meses na Brasiliatur. Há 10 meses a gente tenta fazer um convêncio com o trade para que eles tenham recursos para poder nos aju-dar a trazer mais turistas para cá e a gente não consegue. Então, eu acho que tem muita a evoluir nessa área e.... a gente está trabalhando nesse sentido.

Na sua opinião, o que falta para o fortalecimento?

Entrevistado: Bom, em relação a.. Para o fortalecimento em relação à cadeia produtiva do

turismo, eu acho que um grande passo é a criação do CONDETUR, né, do Conselho de Desenvolvimento do Turismo do Distrito Federal, que..essa(!!).

(!!) reativação...

Entrevistado? (!!) É. A reativação. Exatamente. Que já é uma demanda, né, do trade, que já foi acatada, né, pela Brasiliatur, e que, em breve, estará criada e montada. E esse é um Forúm fundamental e importantíssimo para o fortalecimento dessa cadeia produtiva. É, em relação à imagem do Distrito Federal como destino turístico, é...a Brasiliatur vem fa-zendo um trabalho, né, em parceria com o trade, de divulgação, né, não só de criação de roteiros, mas de divulgação de todos esses roteiros em feiras nacionais e internacionais e de estratégias específicas de promoção da cidade de Brasília, né. Como... Participando de workshops internacionais, e... Diante, né, da realidade que a gente vive hoje no Distrito Federal, eu acredito que esse seja um ponto que a gente tenha que trabalhar agora com muito mais afinco. Não só o governo, como toda a cadeia produtiva e principalmente, a comunidade, né. Brasília, o cidadão brasiliense precisa ser sensibilizado para a impor-tância da imagem dessa cidade, né. Essa cidade não é política, essa cidade é uma cidade que vibra por si só. Eu acho que o aniversário de Brasília foi um grande momento, foi um evento importante, né, que mostrou para o Brasil que Brasília não é só política, né, Brasília é muito mais do que isso. E, em relação à promoção, eu acabei de falar, é isso mesmo.

É. Agora a gente vai falar de oportunidades e ameaças. Quais as principais fatores, em sua opinião, que limitam e possibilitam o desenvolvimento do turismo?

Entrevistado: Bom. Fatores que limitam o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal. E que possibilitam. Enfim, uma é complemento da outra. É. Eu acho que está mais vol-tado para o que eu falei na resposta anterior. Eu acho que a Empresa pública de turismo do Distrito Federal, ela tem que estar de braço dado com o setor produtivo do turismo. Não tem como, na minha opinião, estado nenhum ou cidade nenhuma ter um turismo eficiente, ter um desenvolvimento adequado, se não houver a junção do público e do privado. No caso de Brasília, infelizmente, há três anos essa união não está solidificada do jeito que deveria estar. Então a gente tem que criar mecanismos, criar convênios com o setor produtivo onde o público e o privado estejam de mãos dadas. Outras cidades já evoluiram nessa questão, outros estados também, e nós estamos perdendo espaço para eles. Então, a [...] falou do turismo de eventos, Brasília tem crescido, mas não crescido no volume de outros estados. Né? É... é... Pela distribuição geográfica do Brasil, eu entendo que Brasília tinha que ser o terceiro pólo de turismo de eventos do Brasil. E infelizmente não é. Nós devemos estar na oitava posição, se não me falha a memória, dentro do Brasil. No caso do turismo internacional, nós somos os quartos colocados. Só que em terceiro tem três cidades, então, na realidade nós somos o sexto. Então. Não pode. Brasília, pelo

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tamanho dela, pela importância dela, ela tem que ser o terceiro. Só podemos ficar tran-quilos perdendo para São Paulo e Rio. A gente não pode com o respeito (??) porque as outras cidades merecem, porque os outros estados também. Não podemos perder para as outras cidades. Então, é isso que eu me debato, a gente tem muito o que trabalhar e a gente só vai vencer essa batalha, porque é uma batalha, o dia em que o público e o pri-vado estiverem de mãos dadas.

É. Sugestões e recomendações para investimento no turismo no DF nos últimos quatro anos.

Entrevistado: Quando se pensa em quatro anos, né, a gente pensa em 2014. 2014, Copa do Mundo. Investimentos na área de turismo, inúmeros. Inúmeros. Principalmente no que se refere à questão hoteleira. Né, já um parque hoteleiro já planejado, para uma expansão já planejada, em áreas já definidas. É...Não sei dizer aqui o montante exato, né, de inves-timentos. Mas certamente um número grande de bandeiras internacionais, de bandeiras diversificadas que virão para o Distrito Federal em decorrencia da Copa. E aí o grande desafio, né, de não transformar esses equipamentos, todos estes, não só na área hotelei-ra, em grandes elefantes brancos, né. É importante que Brasília pós Copa se transforme num destino de desenvolvimento de grandes eventos, né. A gente tem que mostrar para o mundo que Brasília tem capacidade de desenvolver grandes eventos. Não só grandes eventos esportivos, mas grandes eventos nas áreas... em todas as áreas. Para que a gente possa realmente aproveitar todo o potencial de investimento que vai ser feito no Distrito Federal. Eu acho que o governo tem um plano audacioso, né, criação de vários viadutos, e estradas, e trilho leve sobre.. e, veículo leve sobre trilhos, e investimento de 500 milhões num novo estádio, e isso tem que ser utilizado, né. Esse planejamento tem que ser feito para que não seja só para a Copa. Né. Que a gente consiga colher frutos de todo esse investimento que vai ser feito. Então, eu acredito que na área privada, o principal investi-mento que vai será feito, realmente, vai ser na área de hotelaria.

É, vocês gostariam de dar uma contribuição sobre o turismo no DF?

Entrevistado: Não. Eu acho que a gente acabou falando praticamente de todos os pontos, né. Falando da cadeia produtiva, né, da importância da união do governo com a cadeia produtiva, com o trade, para que o turismo aconteça, falamos de políticas públicas... mas é isso. É, o Distrito Federal é um destino extremamente promissor, né, não só nos segmentos que já desenvolve, de negócios e eventos, mas, em inúmeros outros, que pre-cisam realmente de um trabalho mais minucioso, mais focado, né, para que esses outros segmentos também deslanchem, mas eu acho que a gente está no caminho certo. Apesar de toda a dificuldade que a gente vem enfrentando na questão política, né, no Distrito Federal, mas... Mas é isso. A gente tem que desassociar e mostrar que Brasília é muito mais do que política, porque definitivamente é, né.

Entrevistado: Bom. Eu vejo Brasília com diferenciais grandes em relação às outras cidades do Brasil, né. Então, se nós não temos o turismo de sol e mar, nós temos que encontrar é.. outros nichos de mercado para trabalhá-los. Então, a gente não pode desprezar, primeiro sermos sede do governo federal. Isso tem que trazer para Brasília é... grupos de turismo, a exemplo de outros países do mundo, onde todos os jovens, adolescentes, visitam a capital do seu país para conhecer a sua história. Nós temos que levar a todos os pais de família esse espírito de brasilidade e estimulá-los a trazerem seus filhos, jovens e adolescentes, para conhecer a capital do país. É... A gente tem que estimular os advogados em fase de formação nas universidades brasileiras a visitarem os tribunais superiores que estão em Brasília. Ah... ah... temos que estimular os arquitetos em formação a conhecerem a, o, o urbanismo da cidade, seus monumentos a céu aberto, o seu conceito urbanístico. Então, tem diversos nichos de mercado que.. que a gente pode tirar vantagens deles, né. É... nós temos o Lago Paranoá que é muito pouco conhecido do brasileiro. Mas dentro desse pequeno lago, nós temos a terceira frota náutica do Brasil, então... é... temos competições nacionais aí e o próprio brasiliense não conhece o Lago, não conhece o tamanho dele. Temos o Lago de Corumbá que, que, que ... o tamanho dele, para quem não sabe, é uma Baía da Guanabara e meia em termos de espelho d´água. Então, é um outro potencial de atração turística que nós temos aqui, do lado de Brasília. E muitas outras. Então, na realidade o que precisa é identificar esses equipamentos turísticos, esses pontos turísticos, fazer um trabalho de divulgação boa deles, preparar os nossos agentes para receber os turistas e... trabalhar forte em cima disto.

Obrigada.

ENTREVISTA 4

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como o senhor vê, como avalia o mercado atual de turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: É, no Brasil como um todo o turismo ele está crescendo de forma expressiva, principalmente com relação a chegada de estrangeiros ao Brasil e as receitas que advém desse fluxo turístico. O Distrito Federal nós achamos que ainda é mercado que está por se desenvolver, principalmente se formos comparar com o potencial que ele tem. Então, já existe um fluxo turístico, principalmente voltado para o turismo de negócios, né, existe

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um atrativo para o turismo motivado pelo fato de Brasília ser a capital do Brasil, um turis-mo em função da arquitetura e o urbanismo de Brasília, mas ainda é muito incipiente no nosso entender.

Sim, e os pontos negativos e positivos que você consegue enxergar no mercado de Brasília hoje?

Entrevistado: Com relação aos pontos negativos eu acho que o grande problema, ainda falta em Brasília um Trade turístico mais articulado, principalmente participando de todas as atividades que estão inerentes ao próprio turismo, né. Eu sinto que o mercado turístico em Brasília ainda, as pessoas ainda estão atuando muito cada um em seu segmento e isso é um ponto que eu acho negativo. O ponto positivo é Brasília por ser uma capital da repú-blica e por ter uma renda elevada, não é, ela tem um potencial grande pra ser explorado do ponto de vista turístico.

É, nesse mercado você, o que você viu de evolução no mercado turístico nesses últi-mos 5 anos? Cresceu? O que você acha que aconteceu? Cresceu, se ele declinou, se ele se manteve, teve uma melhora?

Entrevistado: Em termos internos eu acho que cresceu porque como um todo, né, em função da estabilidade econômica do Brasil nesses últimos anos, um momento já reco-nhecido por todos de renda, principalmente pela ampliação do mercado consumidor que aconteceu no Brasil nos últimos anos, isso ocasionou um barateamento da passagem aérea, os próprios programas do, da área federal do Ministério do Turismo, né, criando novos serviços tipo: o programa para os turistas da melhor idade, né? Programas de incentivo aos destinos turísticos, né, a partir de 65 destinos em tutores. Isso tem, é, a gente nota que tem feito aumentar o volume de turistas internos. Em termos externos, para o Distrito Federal, a gente ainda acha que é muito pouco. Ainda não vê um impacto maior desse fluxo turístico.

Assim você diz então que o DF é um mercado de oportunidades...

Entrevistado: É sim...

... de crescimento.

Entrevistado: É, bastante claro porque aqui tem um outro aspecto importante do Distrito Federal, né. Como centro logístico do espaço aéreo brasileiro, quer dizer, a maioria dos vôos brasileiros que cruzam o país tem Brasília como um nó, um eixo de articulação. Isso faz com que você possa aproveitar essa condição, essa vantagem comparativa em relação aos outros destinos.

Vantagem geográfica?

Entrevistado: É, é uma vantagem de logística, né, porque a partir do momento que os

vôos, quase todos eles que atravessam a região norte para o sul, nordeste, passa aqui por Brasília, isso, se você criar programas e projetos específicos dá pra capturar um pouco esse turista, esse passageiro passar aqui e parar para conhecer, passar 2 dias...

Não ser só uma passagem.

Entrevistado: Não ser só uma passagem, né.

Um ponto.

Entrevistado: É, que ele possa ficar aqui, 1, 2 dias. Quer dizer, aqui tem uma outra carac-terística que é muito marcante na atividade turística no Distrito Federal, é a sazonalidade, né. Como grande parte dos fluxos turísticos são ligados ao turismo de negócios, as pessoas chegam aqui terça, quinta-feira vão embora. Você vê, hoje em dia, a rede hoteleira do Distrito Federal tem uma capacidade de ocupação nesses dias que chega a quase 90%, né?

Dependendo da (?).

Entrevistado: Dependendo da (?) hora até 100%. E, mas nos outros dias a gente não verifi-ca isso. Então, quer dizer, se você, tem que criar, no nosso entender, programas específicos para capturar turistas que poderiam se aproveitar dessa rede hoteleira instalada pra poder conhecer a capital da república, promover mais Brasília enquanto capital da república. Acho que a imagem tem um aspecto importante, principalmente decorrente até desses últimos programas institucionais que o DF vem apresentando, é, uma campanha forte pra mudar a imagem de Brasília, né. As pessoas pensam que Brasília (#) é só uma cidadela de políticos. Quando Brasília tem muitas outras coisas importantes pra mostrar, pra ver um povo bastante interessante, uma diversidade cultural interessante.

Na sua opinião, assim, relacionado a políticas públicas federais e distritais implementa-das nos últimos 2 anos, elas favoreceram o setor de turismo no Distrito Federal? Ou... (!!)

Entrevistado: No nível federal a gente vê claramente Brasília se beneficiou principalmente de ser um dos 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico, isso daí é um, ele de alguma forma trouxe um impacto positivo na atividade turística a própria, essa questão de programas que favorecem ao aumento do fluxo turísticos de determinados segmentos, como eu citei o exemplo do pessoal da melhor idade, e isso faz com que aumente o fluxo turístico pra aqui. No Distrito Federal o que a gente, e... Quer dizer, tem um aspecto im-portante no nível federal, a atividade turística está institucionalizada, você tem programas desenvolvidos pelo Ministério do Turismo que tem continuidade independente, digamos, de quem é o ministro ou quem esteja no comando do ministério. Isso é uma coisa im-portante, a gente ter um plano nacional de turismo e esse plano está executado. No nível do Distrito Federal isso precisa ser imediatamente enfrentado. Nós observamos nesses últimos anos, principalmente uma grande estabilidade institucional no nível do Distrito Fe-

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deral, né, muita, e isso não é bom para o planejamento de políticas públicas, né, porque ela tem uma certa descontinuidade.

E você acredita que assim, essa não existência dessas políticas podem, podem não, dificultaram o setor de turismo em Brasília, ou o setor de turismo conseguiu se movi-mentar a pesar dessa ausência de políticas contínuas?

Entrevistado: Isso é o que a gente vai ver um pouco com os dados, né? Porque, na ver-dade, num aspecto que ressalta bastante na atividade turística é falta de informações sistematizadas acerca da atividade, não é? Então isso só pode, a gente só pode chegar a constatações através de uma séries de dados sistematizados e com uma certa regularidade na coleta desses dados. Então eu acho que esse é um dos aspectos que Brasília se ressente muito que é falta de uma estatística com dados realmente confiáveis e em série, que per-mita você fazer uma análise temporal confiável, né, e contínua. Então isso, eu diria assim, a gente acaba só achando, não temos ainda informações precisas.

Desde que eu comecei a estudar.

Entrevistado: Não é?

Tem alguma política relacionada ao turismo, uma política que na sua opinião assim, deve ser revista pra causar um impacto melhor, pra ter um resultado melhor?

Entrevistado: Mas em que nível? Federal? Local?

Federal e buscando pro Distrito Federal. Mais focado aqui no Distrito Federal mesmo.

Entrevistado: É, eu acho que, do ponto de vista, o plano nacional de turismos ele é um plano que eu acho que ele é bem compreensível, ele foi elaborado e, principalmente, compactua-do de uma participação bastante representativa do setor turístico e eu acho que mais vale a pena é executar mesmo o que está lá, né, a gente tá aí agora em final de 2010 vamos estar conhecendo que a discussão do novo plano já está sendo feita pelo Ministério do Turismo, mas vamos estar, digamos, discutindo todas as políticas que foram implantadas e ver as que realmente tiveram uma efetividade e aquelas outras que... Mas no plano geral eu acho que assim, do ponto de vista das políticas e das diretrizes que estão estabelecidas a atividade tu-rística no Brasil vai bem. Agora, no nível local o que eu ressinto é isso, é, mais do que nunca, primeiro tem uma instabilidade institucional, né? Hoje em dia, eu digo a Brasiliatur, ela tá, apesar de toda a crise, tá tentando superar essa instabilidade institucional pra poder ser a estância no nível local, no nível do Distrito Federal, que possa realmente estar planejando e liderando, né, as políticas públicas da atividade turística no Distrito Federal.

E assim, quais seriam essas políticas que, é, que precisam ser implementadas para esse setor de turismo, assim, no DF nos próximos 2 anos? Emergenciais.

Entrevistado: É, em termos emergenciais eu acho que tem que ter um plano de desenvol-vimento turístico, né. Não adianta, o turismo ele é uma atividade muito complexa, porque é multifacetada, envolve uma cadeia produtiva grande, tem a dimensão social importante, a dimensão ambiental, a dimensão econômica, não é? Então uma atividade com esse grau de abrangência se não tiver, ela, como diretrizes estabelecidas de forma bastante clara, você tende a ficar um pouco tateando, né, fazendo aqui e ali sem saber pra onde vai, onde vai dar.

Na tentativa e no erro.

Entrevistado: Exatamente. E o que acontece? Brasília tem um potencial pra isso, temos aí como desafio importante ser sede da Copa de 2014, então temos que nos preparar. Eu sempre falo que a Copa do Mundo não é uma oportunidade apenas no ponto de vista de infraestrutura, enfim, a cidade vai precisar se preparar em termos de infraestrutura, de sua logística de mobilidade, e todos esses aspectos, reforma de estádio, ampliação de rede hoteleira, tudo isso é importante. Agora, além disso, é importante ter políticas sociais bastante claras e inclusivas para que possa fazer com que esse evento traduza numa opor-tunidade de desenvolvimento. A gente tem defendido muito a questão da... Por exemplo, a imagem de Brasília precisa ser, mais do nunca, trabalhada, pra mudar. Quer dizer, eu pude observar que uma das coisas mais bonitas que teve nesses 50 anos foi exatamente as pessoas que até, extra-oficialmente, fizeram a comemoração Brasília outros 50 anos, quer dizer as manifestações culturais na sala Funarte de pessoas daqui que estavam... (!!)

A preocupação dos moradores da cidade de se vincular a isso tudo que aconteceu, da imagem que a cidade tem.

Entrevistado: (#) Exatamente. Claro , claro. Porque nós moramos na cidade real, nós não moramos (#) na cidade do (??) “sopólis”, né? A gente mora na cidade que é real, a cidade das pessoas que estão produzindo, trabalhando, criando os seus filhos, né, toda aquelas coisas simples do cidadão comum e do cidadão que gosta dessa cidade, porque a despei-to de todos os problemas Brasília é uma cidade que eu diria, pelas suas características, e como ela foi criada, com uma grande mobilização de pessoas de todas as regiões do Brasil, Brasília, de alguma forma, ela representa uma síntese do que é o povo brasileiro.

Agora sim a articulação. Como você avalia a cadeia produtiva do Distrito Federal, as-sim, do ponto de vista da articulação e da mobilização desses agentes?

Entrevistado: No turismo?

Do turismo.

Entrevistado: Eu vejo que ainda é muito fraca. Eu vejo que ainda... (!!)

O que você acha assim que, que?

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Entrevistado: Pois é, eu acho que uma série de fatores, principalmente, eu acho que a questão da instabilidade institucional do setor turístico no Distrito Federal, porque tem uma fase que eu diria que o papel do Estado enquanto um animador de uma articulação é importante, e... O que é que acontece quando você fala assim numa cadeia produtiva? A idéia por detrás de uma cadeia produtiva é que, mais além da competição, porque o mercado ele é competitivo, o mercado suscita a competição, mas você, quando você fala assim: “-Ah, eu vou trabalhar numa cadeia produtiva.” Você tá pensando o seguinte, além da competição deve prevalecer a cooperação, a complementaridade, políticas articuladas, para que eu não fique aqui “-Ah, eu to cuidando do meu setor...” E alí do lado o outro setor tá todo desorganizado e eu to com aquela (#) perspectiva... ...é, aquele olhar para o meu próprio umbigo, não é isso? Então eu vejo assim, que essa articulação ainda é um grande problema, né, principalmente pra poder a gente passar por uma fase mais de cooperação do que de competição... Competição naquele sentido mais negativo que é “-Ah eu só to olhando pra mim e não to olhando o outro.”

Aí, com isso, você acha que é o que falta pra o fortalecimento desse, dessa cadeia, essa desarticulação é o que faltaria pra...

Entrevistado: Essa desarticulação ela na verdade faz com que a cadeia produtiva você não tenha uma... apontando pra uma mesma diretriz, pra uma mesma meta. E muitas vezes perdendo a oportunidade de complementaridade, porque muitas vezes não é “-Não, eu até faço bem sozinho.” Mas aquilo que eu posso ganhar com a complementaridade, com a cooperação eu não ganho porque eu não to articulado, tá entendendo?

Tem uma pergunta aqui que ainda não ficou muito bem resolvida, mas vou fazer pra você porque eu posso até discutir isso com a Karem a hora que eu sair daqui que eu vou...

Entrevistado: Tá.

Porque eles perguntam assim, de... Né, no seu caso também não cabe, porque de quais comitês, redes e associações, sindicatos ou outros grupos a sua instituição participa?

Entrevistado: Não, mas cabe, no (??) SET cabe, porque de alguma forma a gente participa, por exemplo do, aqui no nível do Distrito Federal nos participamos dos comitês dos 65 destinos indutores, né, enquanto Universidade, né. Quando o conselho de turismo local estava funcionando a gente participava, não é? Eu acho que é uma pergunta importante (#). Mas diga a ela que é o seguinte, mesmo que... (#) (!!)

É que a gente tá pensando em mudar as vezes a maneira de perguntar para o entrevista-do, porque nós vamos falar com entrevistados as vezes muito focados em determinadas associações, né, então...

Entrevistado: Tá. Certo, que dizer, digamos, vocês vão entrevistas Rodrigo Rollemberg, né, aí não há instituição é o deputado, aí...

É, é bem isso. Os principais fatores, na sua opinião, que limitam e que possibilitam o de-senvolvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Os fatores que limitam?

É, e possibilitam.

Entrevistado: Porque são diferentes (#), vamos pensar aqui nos fatores que limitam, né. Eu acho que, hoje o principal fator limitante da atividade, do desenvolvimento turístico no Distrito Federal, eu acho que é essa desarticulação das políticas de turismo, do próprio Trade turístico com um governo no nível local, né, estão muito desarticulados. O outro fator que limita é a instabilidade institucional do setor no Distrito Federal. Agora dos fa-tores que são favoráveis ao turismo aqui, né, eu, uma das questões é a própria posição estratégica de Brasília enquanto eixo central do Brasil, que eu digo, aquele Brasil que era só o litoral e hoje o Brasil que também é interior, né, eu acho que Brasília foi um projeto vitorioso de desenvolvimento do Brasil, de dentro do Brasil, do interior. Então, isso faz com que hoje toda essa articulação dos fluxos e das redes que acontecem no território do Brasil tenha em Brasília um dos nós, um dos pontos focais, por isso, isso é um potencial grande. O outro potencial grande é a própria renda de Brasília, né. A gente sabe que por fatores históricos e principalmente por ser capital da república que hoje tem um conjunto de trabalhadores, de cidadãos que tem um nível de renda bastante elevado, com bom grau de instrução, né, você precisa trazer, se beneficiar bem desse fator, dessa vantagem, é distribuir melhor as oportunidades para quem não está participando ainda desse, dessa renda mais elevada, né, a gente tem em Brasília um processo de desigualdade sócio-eco-nômica muito grande, né. Brasília, a gente sente com relação a Brasília e do seu entorno, da sua, né? De todas as outras cidades mais afastadas é uma Brasília bastante diferente, o Distrito Federal é bastante desigual... (!!)

É verdade, o plano aqui vai com o tempo vai caminhando pra...

Entrevistado: ... Tendo mais, hoje em dia qualquer marca tem em Brasília como um dos grandes mercados consumidores, pelo nível de renda da cidade, né. Então isso abarcou (#) o turismo, né, alí é uma cidade marcada (??)...

Tem alguma sugestão, recomendação para investimentos, investimentos turísticos no DF, relacionados ao turismo que você acredita assim que são mais a cara, que poderiam...

Entrevistado: É, eu acho que tem que se investir bastante na imagem de Brasília. Acho que hoje em dia a imagem de Brasília, Brasília não é que é conhecida ainda como uma capital da república, né. Então isso é uma questão de imagem, e eu acho que eu, uma vez num seminário que teve lá na Câmara eu defendi bastante isso, quer dizer, ela não é uma capital de governo, ela é uma capital do Estado brasileiro e por uma circunstância

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histórica singular, e aí a gente tem que reconhecer o papel de Juscelino Kubtischec nesse processo, que ele não queria construir só, ele não queria que fosse construída a capital no interior, qualquer capital, ele queria construir uma cidade que servisse de símbolo de um Brasil que estava saindo de uma faceta muito mais de um país agrário, de um país bastante ainda subdesenvolvido para um país com grande potencial de desenvolvimento. Então Brasília, do ponto de vista do simbolismo, do que é que representa o Brasil ela foi bastante premonitória né, ela foi uma... porque é uma cidade ímpar, não tem no mundo nenhuma cidade que tenha sido concebida e construída de acordo com a sua concepção como Brasília foi. Tem várias capitais que são planejadas, mas com esse cuidado de marcar uma arquitetura moderna, um outro momento do país, eu acho que Brasília é singular. Então isso a gente tem que investir, nessa imagem, tem que fazer com que isso realmente apareça. Tem muita gente que não conhece Brasília, né? Até morando aqui.

Bem, muito obrigado pela sua entrevista, foi a minha primeira...

ENTREVISTA 5

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como você avalia o atual mercado turístico no Distrito Federal?

Entrevistada : É, eu acredito que Brasília tem um potencial muito grande por alguns mo-tivos. Primeiro lugar: é uma cidade patrimônio mundial da humanidade, modernista, a primeira cidade jovem a ser tombada como patrimônio mundial da humanidade e isso já por si só é um atrativo muito grande pra um público em geral, mas também especifica-mente para pessoas que tratam com a área de arquitetura e urbanismo. Então, nós temos um fluxo aqui muito grande de pessoas e engenheiro que vem aqui para ver a cidade como um todo, né, então isso é um atrativo muito grande. Segundo: nós somos capital de um país continental, um país que tem um peso muito grande na América Latina e aqui, Brasília, é onde podemos ter noção do que é o Brasil no sentido que é uma cidade que foi criada por todos os brasileiros, nós temos aqui nordestinos, gaúchos, amazonenses, gente da parte central, do sul, então evidentemente aqui você poderá conviver e ver com seus próprios olhos a expressão cultural de um Brasil. Então isso é um atrativo. Os pontos negativos, talvez, o primeiro eu acho que é o custo pra chegar aqui. É muito alto. Vir a Brasília do Rio Grande do Sul é quase o preço de uma passagem internacional, não

é? Vir da Amazônia pra cá é a mesma coisa, então, alguém que mora em Manaus, acho que é mais fácil e mais econômico ir a Venezuela ou a Colômbia, é muito mais barato. Então esse custo para o próprio mercado interno brasileiro é muito significativo. Então eu acho que isso é uma coisa difícil de ser enfrentada por um cidadão comum brasileiro. A nível de estrutura local também ainda é um pouco incipiente, ultimamente eu vejo coisas novas, inclusive esse ônibusinho que passa pela cidade que é algo que já tá comprovado no mundo inteiro que é interessante, que o turista gosta, mas eu acho que é um turismo que fica muito pouco tempo, muitas pessoas, como aqui o aeroporto é um aeroporto de passagem, largam a sua mala no aeroporto, passam um dia visitando e pegam o avião de noite. Então o resíduo dessa visita é muito baixo. Os hotéis não usufruem, os restaurantes muito pouco, desse turismo, o que faz com que o governo e os órgãos competentes pen-sem numa forma de fazer com que esse turista fique mais tempo em Brasília, e pra isso nós precisamos incrementar nossas instituições culturais, principalmente, que são o foco principal dos turistas.

E sua opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos 5 anos? Se ele cresceu, declinou ou se ele se manteve?

Entrevistada : Sei. Eu acredito que ele cresceu, porque existe uma séria de atividades que atraem e agora as festas nacionais, por exemplo, é um 7 de setembro é um período que atrai muitas, muitos visitantes do Brasil, que é o turismo cívico e isso se reflete no núme-ro de visitação nos Museus, da Praça dos 3 Poderes e no Memorial JK e o Catetinho e o Memória Viva Candanga, tem o seu público acrescido por visitantes que vem de fora. E, eu acredito que sim, está crescendo, talvez o que está não é o que se espera, mas está havendo um crescimento.

Vê o DF como um mercado de oportunidades para investimento em turismo?

Entrevistada : Eu espero, sim e acredito que é um mercado muito grande e virgem ainda quase, porque os empresários não se deram conta da importância de aplicar nessa infra-estrutura que atrai o turista. O que o turista gosta quando viaja? Ele gosta, primeiro de ser bem recebido no aeroporto, que o aeroporto tenha todas as indicações de atendimento específicos, que ele tenha segurança ao tomar um taxi e chegar no seu hotel, que os hotéis tenham preços razoáveis, compensatórios no sentido de que já que a passagem é tão cara que o turista veja nos hotéis uma compensação nisso, uma rede gastronômica importante que mostre um pouco da gastronomia de todo o país visto que é uma cidade que reflete o Brasil e internacional porque aqui nós temos as sedes das embaixadas, então nós temos um fluxo de visitantes estrangeiros muito grande que vem em função de reuniões das embaixadas, né, então esses restaurantes eles tem que saber atender muito bem, eles tem que ter pessoas que falem idiomas, as instituições tem que ter as folhas com informações

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pelo menos em inglês e espanhol, né, para que esse visitante tenha mais facilidade de compreensão. Bom, as empresas, você me perguntou das empresas, de investimento em turismo, é fundamental que exista uma credibilidade, que aplicar na infraestrutura que vai favorecer o turismo é fundamental, porque ela vai mover a cadeia produtiva, então isso gera renda e é muito importante.

Agora falando de políticas públicas. E sua opinião sobre políticas públicas federais, (???) implementadas nos últimos 2 anos favoreceram o setor do turismo no DF?

Entrevistada : Sim, eu acho o seguinte. Talvez não tenhamos ainda muito claro esse inves-timento porque como era muito incipiente, por mais que se aplique não aparece, há uma necessidade muito maior de fundos e de políticas direcionadas pra essa área, que é uma área muito ampla, porque o turismo não é só olhar a cidade, nós temos que ver essa cida-de bem conservada, nós temos que ver essa cidade bem preservada o que tem sido muito difícil, principalmente pra nossa sub-secretaria, que é a responsável pelo patrimônio, nós não temos orçamento coisa que eu nunca vi na minha vida, eu vivi em tantos países, 13 países e nuca vi uma secretaria que não tem um orçamento próprio pra preservação do seu patrimônio. Então essa luta eu estou enfrentando dia-a-dia e é realmente quase que inglória porque não existe a crença de órgãos competentes que poderiam financiar isso, como o próprio empresariado local que dificilmente dá dinheiro para qualquer iniciativa de preservação.

Em sua opinião houve políticas públicas federais e distritais que dificultaram o setor do turismo no DF nos últimos 2 anos?

Entrevistada : Olha, eu não gostaria de falar sobre esse tema, porque não é realmente algo que eu tenha um conhecimento profundo, que tenha dificultado. Eu diria que não tenha facilitado, seria o mais adequado, porque se existe dinheiro pra se fazer tanta coisa, porque não existe dinheiro para a estrutura básica, porque o turismo não se faz só de cha-madas e shows, nós temos que fazer um turismo mais consistente, perene, que crie uma clientela regular, que qualquer cidadão sabe que se chegar aqui vai encontrar tal, tal, tal e tal coisa, que os museus estejam bem apresentados, bem conservados, dinâmicos, com uma rotatividade de exposições temporárias, para que sempre tenha coisas novas. Então, realmente isso não existe porque? Porque não existe orçamento específico pra ele. Então talvez não é que tenha alguma lei que tenha impedido, mas sim o que existe talvez é um descaso maior em relação a esse tema que a infraestrutura cultural que é um elemento básico para a (??) atração do turismo.

E existe alguma política relacionada ao turismo em sua opinião que deve ser revista?

Entrevistada : Eu acabei, eu acho que eu já respondi essa pergunta.

Em sua opinião quais as políticas precisam ser implementadas para que o setor se desenvolva nos próximos 2 anos?

Entrevistada : Eu tenho a impressão que nós não (?) tivemos de esquecer que nós vamos ser sede da Copa do Mudo. Isso significa que nós receberemos milhares de pessoas na nossa cidade. Tudo tem que ser revisto, tudo tem que ser organizado em função disso. Porque é uma responsabilidade internacional muito grande que nós temos e, na minha área, o que me diz respeito, que é a área de cultura o que mais preocupa, porque nós temos que encarar isso como uma possibilidade eminente, porque as pessoas, não se sabe de um dia pro outro e nós precisamos pra ontem o dinheiro pra arrumar e preservar os nossos patrimônios.

Como avalia a cadeia produtiva no turismo no DF do ponto de vista de articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistada : É, talvez, eu acho que o que nós precisamos é justamente essa palavra “ar-ticulação”, porque acontecem muitas coisas desencontradas dentro do próprio governo distrital e do governo federal. O que seria muito mais apropriado e mais conveniente que se pudesse trabalhar em conjunto as ações visando uma economia de pessoal técnico, uma economia de fundos e um resultado muito melhor, já que estaria envolvendo várias pessoas, várias instituições. Então eu acho que esse ponto é um ponto que ser incremen-tado, tem que se levar a sério, que o sucesso depende de um trabalho ordenado, coorde-nado e em conjunto.

Na sua opinião o que falta para esse fortalecimento?

Entrevistada : Bom, o que, talvez pelas experiências internacionais de viver em alguns países, por exemplo, eu vivi na Espanha em Barcelona e posso dizer que essa cidade realmente ela floresceu muito depois das Olimpíadas, que houve um incremento muito grande, principalmente porque Barcelona ela vivia de costas pro mar, ela ignorava o mar e hoje, depois foi feito “La Rambla”, uma parte toda na beira do mar, com edifícios mara-vilhosos, Lisboa também com a feira internacional, (??) internacional, mudou, pegou uma parte que estava deteriorada e hoje é um bairro chiquíssimo, elegantíssimo, caríssimo. En-tão, e isso tudo são frutos de uma política governamental que aceita um desafio de sediar um evento dessa grandiosidade e destina verbas específicas para a infraestrutura, então, evidentemente, não basta só fazer estradas, não basta fazer saneamento básico para que isso funcione, nós temos que ter todo um conjunto também dos hotéis, dos restaurantes e de pessoas gabaritadas, especializadas no atendimento. Muitas vezes quando estava trabalhando para a Unesco, que eu fiz um diagnóstico dos Centros Culturais e Museus do DF, eu ficava escutando os guias, principalmente na Praça dos 3 Poderes dizendo barbari-dades, coisas que não tinham nada que ver com a realidade, romanceando e inventando

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coisas. Então isso me assustava muito porque o estrangeiro sai com idéias da cabeça desse guia e não idéias reais da história dessa cidade e do nosso país, porque nós somos também palco da história nacional. Então eu acho que tem que existir um, (??) uma convergência muito grande em todas as áreas para que a gente possa realmente ter um trabalho sério e consistente.

Quais os principais fatores, na sua opinião, que limitam e possibilitam o desenvolvi-mento do turismo no DF?

Entrevistada : Eu tenho a impressão que eu já respondi, é um pouco o que eu falei no iní-cio. Que limitam, a falta de ver o turismo como realmente um motor do desenvolvimento da cidade, do desenvolvimento econômico, social e cultural. O turismo é, e ainda tem países que vivem de turismo, a pouco eu citei a Espanha, eu posso dizer o projeto do Peru também é extraordinário, eles ganham rios de dinheiro pra divulgarem o turismo no exte-rior, e é um país pequeno com limitações orçamentárias, que não chegam perto do nosso, mas aplicam muito em cultura, parques e museus de primeira linha, tem grupos guiados com pessoas que falam qualquer idioma, então, e isso é uma infraestrutura. Eu trabalhei no Equador e tive um trabalho com o Ministério do Turismo de Equador e Ministério da Cultura onde se criou uma polícia para ficar no centro histórico de Quito, porque existia muito assalto então esses dois policiais eles eram treinados com a história da cidade, eles sabiam tudo sobre a cidade, sobre os edifícios, sobre o patrimônio e falavam pelo menos 2 idiomas. Então quando vinha um gringo assim meio perdido eles chegavam, se apre-sentavam e iam fazendo guia mas segurança também. Então, nos falta muito isso. No ano passado uma turista alemã foi assaltada porque ela saiu do Panteon por trás pra ir no, no, edifício do Niemeyer, aquele Centro Cultural pequeno que tem lá e roubaram a máquina de fotografia dela. É uma área totalmente, é na frente do Palácio do Planalto, mas é uma área desprovida de segurança total. Então e isso é um caso muito sério que nós temos que enfrentar, que é a questão de segurança também.

Segundo recomendações para investimento em turismo no DF nos próximos 4 anos? Quais são as suas sugestões e recomendações?

Entrevistada : Eu começo, eu tenho que puxar a brasa pro meu lado, eu só sou sub-secretária de cultura, eu tenho que pensar que cultura é um laço do turismo e eu vejo isso muito seriamente. Então, que existem, a minha sub-secretaria aqui é a que tem os museus (?), que recebesse um orçamento digno que pudesse fazer alguma coisa, porque eu não tenho, eu tenho zero de orçamento, é zero, não é nem pouco nem muito, é zero, não tenho nada. Então quando você pensa que você tem um Teatro Nacional, que a área construída é exatamente como quatro campos de futebol, que você precisa de milhões pra arrumar, nunca consegue, nunca se consegue nem dinheiro para o projeto executivo,

o Catetinho que é o nosso Palácio de Governo de madeira que está cheio de cupim e não se consegue dinheiro pra arrumar. Então, realmente quando você pensa no que se tem que fazer, sempre se investir em infraestrutura. Tem que se investir arrumando os nossos próprios, fazermos novos museus, e também treinando esses guias de primeira linha que saibam atender bem as pessoas e que contem a verdadeira história.

E a senhora gostaria de dar alguma contribuição pro turismo no DF?

Entrevistada : Eu tenho impressão que eu já dei alguma contribuição nessa entrevista, por-que eu já falei muito no processo que eu considero extremamente importante e eu acho que o DF tem que estar muito próximo, o turismo com a cultura, porque é o que a gente vende aqui, é a cultura, a nossa história, a história do nosso país, que tem que ser bem contada e que ainda não tem nem um espaço aqui que faz isso.

Muito obrigada...

ENTREVISTA 6

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Então seu Vicente nós vamos falar agora... Saber sobre o mercado turístico no DF. Como o senhor avalia o atual mercado turístico no Distrito Federal?

Entrevistado: Eu acho que melhorou muito. Brasília finalmente está sendo descoberta aí pelos turistas e isso é importante, é a capital do país. Durante muito tempo Brasília só foi vista como uma cidade voltada pros interesses do governo, uma cidade administrativa e a gente sabe que Brasília tem um grande potencial, é uma cidade que é considerada, recebeu o título de patrimônio histórico da humanidade, tem uma arquitetura moderníssima e é im-portante que realmente entre no círculo de turismo do brasileiro e mesmo dos estrangeiros.

E a sua opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos 5 anos? Se cresceu, declinou, ou manteve-se estável?

Entrevistado: Eu acho que, eu acho que aumentou muito, melhorou bastante. Brasília, como eu já disse, havia uma resistência das pessoas em virem pra cá, hoje é possível vir medir esse crescimento do número de turistas para Brasília nos aviões. O aeroporto de Brasília já é o segundo maior do país, já passou o Rio de Janeiro. E os aviões vem pra cá lotados, e o que eu acho mais interessante é que mesmo nos finais de semana os aviões

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estão lotados, ou seja, antigamente os aviões só ficavam cheios as segundas e as terças quando os parlamentares vinham pra cá e quando os interessados em falar com os parla-mentares vinham pra cá e as quintas e sextas-feiras quando todo esse pessoal ia embora. Hoje não, hoje muitas pessoas vêem passar o final de semana em Brasília, vem passar o feriado em Brasília, eu mesmo recebo muitos amigos que tem muito interesse em vir pra cá, em conhecer a arquitetura, em conhecer a história de Brasília, em saber como funcio-na a capital da república.

Ok, então. Em sua opinião as políticas públicas federais e distritais implementadas nos últimos 2 anos favoreceram o setor do turismo no DF?

Entrevistado: Eu acho que, de uma certa forma sim. Ainda que eu ache que muitas polí-ticas públicas tenham sido equivocadas, ainda os gestores de Brasília, os responsáveis por políticas públicas não tem uma visão correta do potencial turístico da capital do país. É, não há uma preocupação em preparar a mão de obra, não há uma preocupação com a infraestrutura da cidade, com os hotéis. Eu acho que ainda é tudo muito amador, o que contrasta com a beleza da cidade e com os monumentos tão interessantes e com a história de Brasília. Eu acho que ainda os gestores de políticas públicas, os administradores deve-riam dar mais atenção ao potencial turístico da cidade, treinar a mão de obra, melhorar a infraestrutura e tornar a cidade palatável pra quem vem visitá-la, fazer com que a pessoa que conheceu Brasília tenha vontade de voltar a cidade. Então isso que eu acho que falta, falta ainda uma visão estratégica pros gestores de políticas públicas, tanto do ponto de vista federal quanto do ponto de vista distrital.

Então, no caso, é, em sua opinião houve políticas públicas federais/distritais que difi-cultam o setor do turismo no DF nos últimos 2 anos?

Entrevistado: Eu acho que não dá pra dizer que eles adotaram políticas que dificultam o setor de turismo, eu acho que a falta de visão atrapalha, é, por exemplo, poderia-se ser mais ousado na estratégias de atração do turista, vender melhor a cidade, difundir melhor o potencial da cidade, mostrar os pontos que merecem ser visitados, apresentar a Brasília de verdade pros brasileiros e pros estrangeiros, eu não vejo essa preocupação ainda. As políticas públicas ainda são muito tímidas. A gente que viaja o mundo percebe que Paris, e Nova York, e Madrid, na Austrália em Sidney, há sempre uma preocupação em tratar bem o turista, porque o turismo é onde se gera o emprego mais barato do mundo, e é onde se tem o maior retorno, imagina quantas pessoas poderiam hoje estar empregadas pelo setor de turismo, certamente Brasília não teria um dos maiores índices de desempregos do país se o setor de turismo hoje fosse tratado com uma visão ampla de forma empresarial.

Existe alguma política relacionada ao turismo que, na sua opinião, deve ser revista?

Entrevistado: Eu acho que tudo que tá aí deveria ser rediscutido com a sociedade. Ter,

assim, uma visão mais empresarial, né, tratar o turismo como um negócio que dá retorno do ponto de vista do governo porque traz mais impostos, do ponto de vista do emprego porque ajuda a reduzir a população que hoje sofre, né, com a falta de um trabalho digno, ajuda a reduzir a violência porque a medida que você retira, você traz mais trabalhadores pro mercado de trabalho você reduz a violência, reduz o índice de roubos, de mortes, sobretudo no entorno de Brasília onde existe um grande contingente de desempregados. Então eu acho que as políticas públicas elas não devem ser restritas como são hoje, elas tem que ter uma visão mais macro, pensar, gerir o setor de turismo como se gere uma empresa.

Quais políticas públicas precisam ser implementadas para que o setor desenvolva nos próximos 2 anos?

Entrevistado: A primeira e a mais importante política pública que deveria ser implemen-tada deveria ser a de qualificação da mão de obra. Brasília é extremamente deficiente. Hoje, não só no setor de turismo, hoje pra você contratar uma pessoa pra fazer um con-certo na sua casa já é uma dificuldade. Pra você encontrar um profissional qualificado que realmente vai entregar o trabalho que você tá esperando é muito difícil. Hoje você vai num restaurante, você entra em uma loja, a sensação que você tem é que você está fazendo um favor em estar lá, que as pessoas estão te fazendo um favor em lhe atender e não deve ser assim, né? A gente quando é turista, eu mesmo se eu viajo e volto a um lugar, ou a um restaurante, a um museu, ou escolho ficar sempre no mesmo hotel, é justamente porque eu fui muito bem tratado, eu tive pessoas que é... serviços que corresponderam as minhas expectativas, pessoas que são agradáveis, me deram as informações que eu precisava, me trataram com respeito, aqui em Brasília a gente não sente isso. Então, é pre-ciso, primeiro de tudo, qualificar a mão de obra. Segundo, mostrar aos profissionais e aos políticos, aos empresários e aos políticos o quanto esse setor é importante pra sociedade, pra gerar emprego, pra gerar renda, pra melhorar a qualidade de vida. Há vários estudos, eu vou repetir, há vários estudos mostrando que o emprego no turismo é o emprego mais barato do mundo. Pra cada 1000 reais, ou 1 milhão de reais investido você consegue ge-rar mais de 1 milhão de empregos, a proporção é muito grande, nenhum outro setor da economia consegue gerar tanto emprego com tão baixo investimento.

Como avalia a cadeia produtiva no turismo no DF do ponto de vista da articulação, da mobilização dos agentes?

Entrevistado: Eu acho que essa questão das parcerias ainda é um ponto frágil, não há hoje uma visão tanto do ponto de vista do setor público, quanto do setor privado, de desenvol-ver estratégias conjuntas pra tornar Brasília um pólo de atração de turismo do país e ainda que o potencial pra isso seja imenso. Poxa, Brasília é capital do país, quem não gostaria de conhecer a capital do seu país? Mesmo com toda essa imagem negativa que, infelizmente, neste momento está manchando a imagem da cidade, mas Brasília vai muito além dos

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políticos, vai muito além de um governo de plantão. Aqui passa uma parte da história do país, aqui que são tomadas as decisões que nos influenciam no dia-a-dia. Eu, se morasse fora teria muita curiosidade em conhecer como funciona o Congresso, como funciona o Banco Central, como funciona o Ministério da Fazenda, onde mora o presidente da república, onde ele vive, e como é que é o dia-a-dia mesmo dos moradores de Brasília, como é essa relação com o poder, de viver próximo ao poder, ao centro de decisões e acima de tudo essa questão dos monumentos mesmo que são considerados uns dos mais belos do mundo. Essa visão de parceria hoje ainda é precária, e não se tem disposição em nenhum dos dois lados, tanto do público quanto do privado, pelo menos eu não vejo isso, de sentar à mesa e falar: “-Vamos fazer! O que cada um de nós pode contribuir pra que realmente a gente consiga tirar proveito desse potencial turístico?” O dia que isso aconte-cer ninguém segura Brasília.

Na sua opinião o que falta para o fortalecimento dessa cadeia produtiva?

Entrevistado: Falta vontade, vontade não só política, mas vontade também do empresariado em investir no seu negócio, em treinar a mão de obra e em ver o turismo como um negócio de verdade que resulta em lucros. E por parte do governo eu acho que o governo poderia baixar leis dando incentivos ao setor de turismo, incentivar por meio de desconto de tributos a criação de emprego, acho que se cada agente fizer a sua parte com certeza daqui uns anos a gente vai ter muito orgulho em relação a Brasília como pólo turístico do país.

Você participa de alguma instituição, comitês, redes, sindicatos?

Entrevistado: Não, não participo de nada, eu sou apenas um expectador e exerço o meu trabalho como jornalista pra mostrar as mazelas que ainda acometem a cidade, o descaso que a gente vê por parte do setor público e o despreparo do setor empresarial pra atender essa questão turística, né, pra viabilizar Brasília como pólo de turismo. Então o meu tra-balho como jornalista é esse, é discutir o que realmente é bom pra Brasília e o que hoje atrapalha e inviabiliza, dificulta pra que a cidade se torne um centro turístico do país.

Quais os principais fatores, na sua opinião, que limitam e possibilitam o desenvolvi-mento do turismo no DF?

Entrevistado: O fator que mais limita o desenvolvimento do DF é a visão míope dos admi-nistradores e dos empresários que ainda não se deram conta do real potencial de Brasília como foco turístico. E o que acho que mais possibilita o desenvolvimento (???) turístico de Brasília, em si o fato da empresa, da cidade ser a capital do país e um patrimônio histórico da humanidade com monumentos tão belos, é uma cidade agradável de se viver ainda, apesar da deterioração que a gente já percebe, né, com violência chegando, mas que ainda está num ponto de ser controlada. Mas eu acho que Brasília tem muitos potenciais, tem bons restaurantes, agora, precisa qualificar a mão de obra desses restaurantes, né,

cinema, a sinalização, pensar mesmo, ter uma visão de uma cidade que seja realmente voltada pro turismo. Eu acho que como Brasília não é um setor industrial, vive do setor de turismo, que segmento do setor, desculpa, é uma cidade que vive do setor de serviços, que segmento do setor de serviços tem maior potencial de desenvolvimento que o setor de turismo? Eu não conheço. Então eu acho que isso poderia ser executado pelo, tanto pelo poder público quanto pelo setor privado.

Sugestões e recomendações para investimentos em turismo no DF nos próximos 4 anos?

Entrevistado: Eu acho que Brasília, a grande recomendação que tem que ser feita hoje para que Brasília se torne um pólo nos próximos 4 anos é fazer uma ampla campanha de esclarecimento e de mobilização junto a sociedade e ao setor produtivo pra mostrar todo o potencial que a cidade tem. Hoje pouca gente sabe, não tem a menor noção, as pessoas não tem a menor noção de como Brasília pode se transformar num pólo turístico. Atrair o brasileiro, nós temos boas, bons restaurantes, a cidade é fácil de se movimentar, não tem ainda os grandes engarrafamentos que tem nas grandes cidades, a violência, ainda que assuste, mas ela tá sob controle, pode diminuir muito mais se o poder público quiser, então Brasília tem tudo pra disputar inclusive com Rio de Janeiro, com São Paulo, que são pólos, grandes pólos de atração de turismo, há o interesse mesmo dos viajantes tanto do Brasil quanto do exterior.

Gostaria de dar alguma contribuição sobre o turismo no DF?

Entrevistado: A minha, acho que a grande contribuição que eu poderia dar é sugerir ao poder público e ao setor privado que sentem, que conversem, que se acertem e que real-mente se empenhem pra tornar Brasília um pólo de atração de turismo, um lugar agradável de se visitar e que quando se vai embora se tem uma vontade de voltar. E isso passa por leis favoráveis, mais favoráveis ao setor, e pela qualificação da mão de obra, pela melhora da infraestrutura, por investimentos em hotéis, bares e restaurantes, bons museus, também é fundamental, tem museus aqui em Brasília que estão completamente abandonados, parte da história da cidade está guardada nesses museus e ninguém sabe. Então vamos mostrar para a sociedade, mostre o que Brasília tem de bom, eu acho que é fundamental, não é só mostrar a Brasília ruim, estas estão estampadas todo dia no jornal, mas essa não interessa pra ninguém, essa Brasília ruim não interessa pra ninguém, acho que as pessoas já estão cansadas, as pessoas querem ver uma Brasília feliz, alegre e interessante, e conhecer o seus monumentos. É isso que eu acho que é a melhor contribuição que se pode dar.

Obrigado

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ENTREVISTA 7

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Então, como o senhor avalia o atual mercado turístico no Distrito Federal?

Entrevistado: Eu considero que Brasília tem uma grande vocação para o turismo, espe-cialmente o turismo de eventos, o turismo de negócios e o turismo cívico. Entendo que até esse momento esse setor se desenvolveu apenas com as ações da iniciativa privada, não existe uma política pública do governo do Distrito Federal no sentido de estimular este segmento. Mas de qualquer jeito é forte. Eu considero que o Distrito Federal tem um grande potencial de geração de negócios, de geração de empregos, de geração de renda, especialmente na área de turismo de negócios e eventos e na área de turismo cívico.

E a sua opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos 5 anos? Se ele cresceu, declinou ou se manteve?

Entrevistado: Eu acredito que o mercado ele vem evoluindo, porque a economia brasileira vem crescendo, mas com eu disse apenas por iniciativas privadas, se houvesse uma polí-tica pública de incentivo, de estímulo ao turismo, nós poderíamos nesse momento estar muito mais avançados.

Vê o DF como um mercado de oportunidades para o investimento do turismo?

Entrevistado: Sim, acredito que o Distrito Federal é um grande mercado para investi-mentos no turismo. Acho que naturalmente nós temos crescido nossa rede hoteleira, nós temos um grande desafio, porque nós temos uma grande ocupação da rede hoteleira durante as terças, quartas e quintas, e uma baixíssima ocupação aos finais de semana. Por isso que eu entendo que tanto a área, o segmento de eventos como o segmento de tu-rismo cívico poderia suprir essa lacuna da baixa ocupação aos finais de semana. Entendo também que Brasília embora tenha avançado com a reforma do Centro de Convenções e do Pavilhão de Exposições, hoje esses espaços já são pequenos e são insuficientes para a capacidade de eventos que a cidade tem. Isso poderia ser um grande investimento pú-blico estratégico para a cidade um novo Centro de Exposições e Pavilhão, um Centro de Convenções e Pavilhão de Exposições grande, tecnologicamente avançado, dentro das mais modernas técnicas hoje exigidas para eventos, né, e isso daria um grande impulso ao turismo de eventos. Só a construção de um grande e moderno Centro de Convenções e Pavilhão de Exposições já, no meu entendimento, desencadearia um processo de estímulo

a construção de novos hotéis porque sem dúvida isso aumentaria muito o fluxo turístico pro Distrito Federal. Também entendo que a área de turismo cívico carece de uma união entre governo, setor produtivo, instituições, e a própria comunidade acadêmica, no sen-tido de formatar um programa consistente de divulgação deste produto em todo Brasil e de atração especialmente de jovens do Brasil todo para conhecer a capital. Entendo que essa também é uma grande oportunidade de negócio na área de turismo. Diria também que nós temos uma grande, um grande desafio na área da qualificação da mão de obra. O turismo é uma atividade que impacta diretamente em diversas profissões, em mais de 50 profissões e que exige um contato quase que permanente da pessoa com o turista e em função de todas essas coisas exige uma qualificação permanente na área de hotelaria, na área de gastronomia, na área de línguas, na área de transporte, especialmente na área de taxi, também de transportes coletivos adequados, próprios para os espaços turísticos, para as atividade turísticas e também uma maior articulação com as cidades do entorno do Distrito Federal. Também entendo que o Distrito Federal gasta uma quantia enorme de recursos fazendo propaganda do governo do Distrito Federal, mas não gasta praticamente nada fazendo a divulgação da cidade, a divulgação da cidade como destino turístico, ou seja, eu acho que uma das grandes deficiências hoje de Brasília é a falta de uma política de turismo construída conjuntamente pelo governo com o Trade turístico e a sociedade e a falta de um conselho de turismo que acompanhe e que contribua na formulação dessa política e acompanhe a execução dessa política no âmbito do Distrito Federal.

A sua opinião, se as políticas púbicas federais e distritais implementadas nos últimos dois anos favoreceram o setor do turismo no DF?

Entrevistado: Eu diria que pouco. Acho que o turismo avançou pelo país, ganhou impor-tância, sem dúvida alguma com a criação de um Ministério de Turismo, a política nacional de turismo aprovada no Congresso sem dúvida é um avanço nesse sentido, mas o reflexo no Distrito Federal é muito pequeno. Claro que nós vamos ter um benefício muito grande e será maior se tivermos capacidade de nos organizarmos em relação a isso, mas eu acre-dito que falta ao Distrito Federal uma política de turismo. Aqui as ações elas são isoladas, elas não tem sinergia com outras ações e com isso se perde em recursos, se perde em esforços e se perde em resultados. Por outro lado nós temos um grande desafio no que se refere... Brasília tem sido muito prejudicada pela crise política, seja porque isso desgasta enormemente a imagem da cidade no restante do país, seja porque há uma falta de go-verno, né, o governo tem, há essa instabilidade, né, que prejudica as políticas em relação ao turismo. Vou dar um exemplo do prejuízo enorme que Brasília está tendo pela falta de agente de públicos, né, governamentais pra defender a tese: nós vamos receber uma Copa da Mundo, né, e uma Olimpíada. O grande ganho de uma Copa do Mundo não é o fato de ser a sede da abertura ou a sede do encerramento. O grande benefício que

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uma Copa do Mundo poderia trazer para Brasília é Brasília sediar o Centro Internacional de Mídia, né, isso são jornalistas do mundo inteiro que ficarão durante um tempo grande aqui, são investimentos em tecnologia, em redes de tecnologia, em rede de comunicação elevadíssimas e que deixariam uma contribuição enorme para Brasília para o futuro, e no entanto pela falta de articulação política nós estamos perdendo isto pro Rio de Janeiro.

Em sua opinião houve políticas públicas federais, distritais que dificultaram o setor do turismo no DF nos últimos 2 anos?

Entrevistado: Não, o que eu diria que dificultou o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal foi exatamente a falta de política pública Distrital para o segmento do turismo no DF.

Existe alguma política relacionada ao turismo na sua opinião que deve ser revista?

Entrevistado: Eu não diria revista porque há ausência de política, né? Acho que o que deveria ser feito é formulada uma política que eu diria, eu resumiria, que, primeiro: um processo permanente de qualificação profissional, né. Brasília já tem uma qualidade boa nos seus restaurantes, né, mas pode avançar muito mais, e tudo isso aconteceu muito em função do próprio investimento feito pela iniciativa privada, se houvesse uma condução e um aporte de recursos pelo governo, isso poderia ser feito de forma muito mais ace-lerada e com muito mais qualidade. Então, um grande esforço de qualificação profissio-nal em todos os segmentos de atividade. Uma política, um programa de divulgação, de promoção da cidade como destino turístico, a implementação do projeto orla, projeto estratégico para o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal e que no entanto se iniciou, tinha todo o apoio do Trade turístico, todo apoio da cidade, mas os governos não levaram adiante. A implementação de infraestrutura turística nas outras cidades do Distrito Federal. É, aproveitar cidades como Planaltina, cidades como Braslândia, que tem alguma vocação turística também e implementar infraestrutura turística nessas cidades. A construção de um novo e moderno Centro de Convenções e um Pavilhão de Exposições. A implantação de um programa, uma política de turismo cívico para o Distrito Federal, ou seja, são ações que precisam ser construídas em comum acordo como Trade turístico e que significarão um ganho enorme para o turismo do Distrito Federal nos próximos anos.

Como avalia a cadeia produtiva do turismo no DF do ponto de vista da articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistado: Eu acho que há muitas ações isoladas, com pouca sinergia, com pouca arti-culação, inclusive com pouca articulação com a política. O segmento do turismo, até pelo perfil de Brasília ser uma cidade de serviços, ele tem uma importância muito grande na economia da cidade, setor de bares e restaurantes, o setor de hotelaria, enfim, o setor de eventos, só que esse segmento é pouco articulado politicamente. Por exemplo, a bancada do Distrito Federal nesses quatro anos, salve engano, apresentou duas emendas apenas

para a área de turismo no Distrito Federal, uma delas apenas foi executada. E isso se deu muito por uma ação isolada minha, particular minha, não foi uma articulação ou uma demanda trazida pelo Trade turístico. Então eu acho que uma das questões que poderiam começar a resolver esse problema era a implementação de um conselho de turismo do Distrito Federal, que definiria, com a participação de toda a sociedade, uma política de turismo e acompanharia a execução dessa política independente dos governos.

Na sua opinião o que falta para esse fortalecimento?

Entrevistado: Falta mais entrosamento, falta primeiro o governo perceber o turismo como área estratégica para o desenvolvimento econômico do Distrito Federal. Ou seja, orça-mento mais significativo, investimentos mais significativos. Fundamental alguns investi-mentos em infraestrutura como a construção de um no Centro de Convenções e de um novo Pavilhão de Exposições, a implementação do projeto orla, que é algo fundamental, e duas coisa que estão sendo feitas pelo governo, que são importantes, que é a construção de uma nova rodoviária e a reforma da feira de artesanato da Torre de TV, são duas ações positivas que vem sendo realizadas pelo governo, mas sem articulação com a política ge-ral. Tem algo também que está sendo feito pelo governo federal que vai ter um impacto positivo no turismo na cidade que é a ampliação do aeroporto internacional de Brasília. Mas considero que falta mais investimentos no turismo, mais recursos para a divulgação de Brasília, para a qualificação profissional e uma articulação maior entre todos os segmentos.

De qual comitê, redes, sindicatos ou outros grupos e instituição participa?

Entrevistado: Bom, eu sou parlamentar, sou da Câmara Federal, nós não participamos for-malmente de nenhum dessas... O que a gente participa, a gente tem sempre contato com o Convention Bureau, com o Trade turístico, todas as reuniões e eventos que acontecem no âmbito do Legislativo, ou fora do Legislativo que nós somos convidados nós estamos sempre participando porque nós entendemos, eu entendo de forma muito clara que o turismo para o Distrito Federa é a forma mais rápida, mais inteligente, mais barata e mais sustentável de promover desenvolvimento econômico.

Quais os principais fatores em sua opinião que limitam e possibilitam o desenvolvi-mento do turismo no DF?

Entrevistado: Eu acho que é essa falta de articulação. Eu vejo que há de fato uma grande vocação pro turismo em Brasília, sobretudo nessa área de turismo de eventos, e de turis-mo de negócios e de turismo cívico, mas uma falta de liderança política governamental para articular o segmento e prover os investimentos necessários.

Sugestões e recomendações para o investimento em turismo no DF nos próximos 4 anos?

Entrevistado: Eu não tenho dúvida que é ampliação do aeroporto internacional de Brasília

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é fundamental, a implantação do projeto orla é fundamental, e a construção de um novo e moderníssimo Centro de Convenções e Pavilhão de Exposições.

Ok. E, no caso, gostaria de dar alguma contribuição sobre o turismo no DF?

Entrevistado: É, só dizer que eu tenho muita confiança que nós conseguiríamos ainda construir apoios políticos suficiente para transformar de fato o turismo numa prioridade no âmbito do Distrito Federal.

Fim.

ENTREVISTA 8

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como você avalia o atual mercado turístico no Distrito Federal?

Entrevistada: Olha, eu acho que hoje a gente tá num momento especial que tá, Brasília está se voltando muito pro turismo e investindo no turismo, principalmente tendo em vista a Copa, né de 2014, as Olimpíadas, então a gente vê que todo o Trade está se mo-bilizando justamente para poder mudar essa visão. Então nós estamos fazendo parte do Comitê gestor dos 65 destinos turísticos, que é justamente para fazer, criar, como Brasília seja referência nessa área e o turismo rural, né, que eu represento, está inserido também nesse trabalho e também a idéia, a criação, reativação do CONDETUR que é o Conselho de turismo. Então eu acho que gente tá num momento especial aí e todas as forças estão voltadas justamente para esse desenvolvimento.

É, a opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos 5 anos? Se cres-ceu, declinou ou se manteve estável?

Entrevistada: É, eu acho que não cresceu, eu acho que agora é que pode ser que dê um salto, porque como eu falei, várias iniciativas estão sendo trabalhadas, né, em cima disso, em termos de treinamento, em termos de, quer dizer, de levantamentos realmente do que precisa pra que haja desenvolvimento. Vários planos, né, o plano até (?) “PLAIDITE”, né, que é o plano de desenvolvimento do turismo sustentável feito pela Brasíliatur, ele justa-mente, ele elencou quais são as necessidades de melhoria pra que haja um salto de quali-dade. Então eu acho que a idéia é que realmente haja um crescimento, estava realmente estacionado, né, o turismo, faltam várias iniciativas em termos de treinamento, em termos

de capacidade, em termos de marketing, principalmente a mudança da, a mudança visão aí fora de Brasília. Então eu acho que a gente agora que está no momento de crescimento.

Vê o DF como um mercado de oportunidades para investimentos em turismo?

Entrevistada: Vejo, vejo mas eu acho que é oportunidade, mas eu acho que tem que ser criadas algumas políticas públicas, algum incentivo para que realmente deslanche, né. Porque a gente tem várias idéias, mas como, em termos de governo, né, não tiver uma política especial, ter uma atenção especial para o turismo ele vai perder porque o turismo é um dos maiores empregadores, né, o mercado é muito grande, então eu acho que é necessário que haja, tem que ser feito uma avaliação, né, em termos de política.

Agora a gente falando de políticas públicas, em sua opinião as políticas públicas federais e distritais implementadas nos últimos 2 anos favoreceram o setor do turismo no DF?

Entrevistada: Eu acho que nos últimos 2 anos não. Eu acho, acredito que agora é que vai, com a criação, é... Eu acho que não. Eu acho que agora é que vai procurar favorecer por-que a gente, tiveram várias iniciativas isoladas, mas agora com a reunião do Trade, com a criação do CONETUR e com todo, com o trabalho em cima dos 65 destinos turísticos eu acho que sim, agora sim é que pode ser, tem a possibilidade para um salto.

Em as opinião houve políticas públicas federais/distritais que dificultaram o setor do turismo no DF nos últimos 2 anos?

Entrevistada: Não, eu desconheço. Não, que dificultaram não. Eu acho que iniciativas isoladas, mas que não houve comprometimento, então eu acho que há possibilidades de melhoria agora.

Existe alguma política relacionada ao turismo em sua opinião que deve ser revista?

Entrevistada: É, nós precisamos, é... que se visse assim um apoio, né, a questão, a própria criação da Brasíliatur que foi um grande salto, né, mas eu acho que precisa ser revisto isso, pra ter um comprometimento maior justamente com as ações realmente, direcionadas a todos os segmentos de turismo rural, ou, de turismo rural, de turismo que afetam o Distrito Federal, em especial ao turismo rural, né? (risos)

Em sua opinião quais as políticas públicas precisam ser implementadas para que o setor se desenvolva nos próximos 2 anos?

Entrevistada: É, vou repetir, vou enfatizar novamente, a criação do comitê, né, que o co-mitê trabalha com todo do Trade, e cada representante traz as suas necessidades pro seu setor e com o grupo isso é discutido e dá força para que seja reivindicado junto a todas as esferas, tanto federais, como estaduais, né, municipais na verdade.

Como avalia a cadeia produtiva do turismo no DF no ponto de vista de articulação e da mobilização dos agentes?

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Entrevistada: É, nós temos um grande parceiro que a gente sempre fala, é o Sebrae, né, que ele em termos de, para o desenvolvimento de todo Trade, da cadeia produtiva, é um dos maiores parceiros, né, que a gente encontra hoje dentro da, assim, até eu falando em termos de turismo rural, em termos de capacitação, em termos de desenvolvimento de programas, em termos de roteirização, em termos de, é justamente, divulgação, então eu acho que eles são, eu acho que é o maior parceiro, né. A Brasíliatur tem algumas iniciativas, mas por ser uma empresa... é... fica mais restrita, né. Então eu acho, eu citaria o Sebrae.

Na sua opinião o que falta para esse fortalecimento?

Entrevistada: Falta o comprometimento, eu acho que a gente tá num ponto que há pos-sibilidade de comprometimento, que não há como deixar isso de lado, né, então é tra-balhar justamente com toda a cadeia produtiva pra que a gente chegue, realmente mude essa visão que hoje as pessoas tem de Brasília, né, em termos de turismo, e possa trazer cada vez mais gente pra cá.

De quais comitês, redes, associações, sindicatos e outros grupos a sua instituição participa?

Entrevistada: O Sindicado de Turismo Rural e Ecológico, o Ruraltur, né, ele participa, ele tá ligado a Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal, nós temos alguma parceria também com o SENAR também, o Serviço de Nacional de Aprendizagem Rural, a parceria do Sebrae, nós fazemos parte do Comitê Gestor dos 65 destinos turísticos, né, do Ministério do Turismo, nós estamos fazendo parte do Comitê Gestor que é justamente, está fazendo a criação do, criação não, a reativação do CONDETUR que é o Conselho de Desenvolvimento do Turismo, é, e eu acho que aí o Sindicato a gente faz por todos os Sindicatos que fazem parte da Federação da Agricultura.

Agora falando de oportunidades e ameaças, quais os principais fatores, em sua opi-nião, limitam e possibilitam o desenvolvimento do turismo no DF?

Entrevistada: Bem, agora eu vou começar, vou falar do turismo rural, tá? O que acontece? A gente tem realmente vários delimitadores, o que acontece? As terras públicas, as terras rurais, muitas delas são caracterizadas como terras públicas e ela precisa de uma legaliza-ção, sem essa legalização fica muito difícil o setor crescer, porque as pessoas, por exem-plo, tem as propriedades rurais e elas querem investir em hotelaria, querem investir em restaurantes, lógico que precisam do apoio do governo. E todo esses pontos que tem eles precisam que as pessoas tenham a garantia e as pessoas não tem a garantia da terra. Então é necessário que tenha uma política pública, que já está em andamento para justamente aprovação pra que as pessoas possam ter suas terras e possam realmente dalí deslanchar, crescer, buscar financiamentos, são tanto oferecidos, mas por essa forma do Distrito Fede-ral faz com que realmente inviabilize muito o crescimento do setor, tá? Então...

Quais os principais fato... é... desculpa. Sugestões e recomendações para investimen-to em turismo no DF nos próximos 4 anos?

Entrevistada: Olha, eu acho que o setor de turismo rural ele vai ser um grande, uma grande, tem que ter uma grande parceria no governo em termos de desenvolvimento, tem que ter um grande apoio, por que? Porque, por exemplo, a gente com grandes eventos como a Copa de 2014, como as Olimpíadas, isso vai ter um ganho alto de crescimento, só que Brasília ela não tá, ela não comporta, ela não tem número de leitos para arcar com os vôos turísticos que vão chegar na cidade. Então, existe um incentivo que a 100 quilômetros, né, que você possa ter hospedagem até 100 quilômetros, e eu acho que a grande saída é o turismo rural, porque tem essa parte de hospedagem, tem os hotéis fazenda, as pousadas, então eu acho que o investimento grande é esse e precisa realmente de uma política pública para que ajude o desenvolvimento desse setor que ele vai ser de grande ganho em termos do desenvolvi-mento do turismo daqui, por que? Um dos, Brasília hoje, a vocação dela eleita por “PDIT”, que é o plano diretor do turismo, as duas vocações principais é a parte de negócios, seguido o desenvolvimento da... para eventos e negócios, né, e tanto cívico e o arquitetônico, só que também você tem que, tem que fazer com que esse turista que chegue aqui por esse motivo, ele permaneça e a forma com que ele permaneça aqui é através de (??) outras cidades de tu-rismo rurais, né, as propriedades, os roteiros, em tudo que Brasília tem pra oferecer, que tem muita coisa pra oferecer e muita gente não conhece. É, justamente na Copa vai ser justamen-te essa, esse ganho, eu acho que vai ser o grande desenvolvimento e a grande chance de Bra-sília mudar a imagem dela vai ser na Copa de 2014, né, porque realmente a gente tem uma imagem, infelizmente, fora, apesar de nós termos aqui grandes produtos turísticos, grandes equipamentos turísticos também, mas que realmente em termos de imagem isso inviabiliza.

Você gostaria de acrescentar, dar uma contribuição sobre o turismo no DF?

Entrevistada: É, eu acho que eu queria acrescentar o seguinte: o turismo rural e ecológico ele tá num passo de crescimento, nós temos várias propriedades que estão se mobilizando, estão se adequando para receber esse turista, hoje já é uma realidade em outros estados e Brasília está entrando também para oferecer bons produtos na área do turismo rural. Eu acho que a gente com grande, boas iniciativas, nós temos o sindicato, a gente vai poder dar essa contribui-ção e fazer com que as pessoas conheçam, muitas vezes a pessoas, turismo rural, não sabem o que é o turismo rural. Então a gente precisa de realmente de uma divulgação maior pras pessoas verem que Brasília tem essa vocação. E interessante, como a gente não tem praia né, você encontra uma propriedade rural a poucos quilômetros de Brasília, já é um grande ganho você ter essa, você né... E além do mais a propriedade de turismo rural o que ela tá fazendo? Ela tá fazendo a parte de preservação do meio ambiente, preservação da história, da cultura do homem rural, então eu acho que, eu gostaria de acrescentar esse papel do turismo rural.

FIM.

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Como o senhor avalia o atual o mercado turístico no Distrito Federal?

Entrevistado: Bom, com relação a essa questão eu queria deixar assim claro que eu vou falar um pouco mais sobre o turismo de negócio que é a área assim que mais diz respeito as atividades que desenvolvo, né. Pelo fato de eu ser presidente do sindicato das empresas que organizam eventos, né, eu acho que a gente vê mais essa visão. Bom, quando se fala do turismo de eventos, o que é o turismo de eventos? Ele é originário dos eventos que se realizam na cidade, turismo de negócios. As pessoas que vem pra cá, ou pra participar – pode botar aqui em cima – as pessoas que vem pra cá pra participar de um evento ou através da iniciativa privada ou o próprio governo que faz muitos eventos, treinamento, as grandes convenções do governo que tem feito, principalmente o governo do PT que atrai muita gente, então isso assim tem aumentado-se muito. Hoje Brasília realmente, a capacidade de, capacidade de infraestrutura de Brasília hoje ela já é até pequena com relação a demanda que existe, né. Então tem muita coisa que as vezes não está se conseguindo fazer em Brasília pelo fato de não ter, não ter lugar, não ter espaço, né, tá? O Centro de Convenções, se você for procurar lá no Centro de Convenções pra fazer uma, uma, não existe, tá lotado. Se você for ali naquele outro o Brasil 21, difícil, entendeu? Então é assim, é muito difícil hoje de você querer fazer um evento em Brasília de uma hora pra outra sem ter um período assim de mar-cação de 6 meses, 1 ano, você não consegue mais espaço, então a cidade já não tem muita infraestrutura pra isso né. A rede hoteleira também é deficitária, também, entendeu? A não ser final de semana, mas durante a semana tem dia, eu lembro de amigos meus que as vezes vem, quer vir de São Paulo pra cá não tem hotel, entendeu? Eu mesmo já tive oportunidade de hospedar amigos na minha casa, porque o cara “-Ah, porque em Brasília hoje pra uma reunião, mas se eu dormir?” Não tem vaga em hotel. Tem semana que não tem vaga em hotel mesmo, entendeu? Então a infraestrutura da cidade ela já é hoje deficiente, porque aumen-tou muito e tem aumentado a cada dia o número de entidades que vem. Porque quer fazer em Brasília? Porque tá perto do governo, é mais fácil levar os Ministros pra falar, é mais fácil você ter visibilidade, você levar a sua reivindicação, então por isso que as pessoas querem fazer aqui. A diferença de fazer um evento aqui em Brasília e fazer lá em Maceió, por exem-plo. Muito grande! Aqui é uma cidade política, né, então as pessoas querem trazer os seus eventos pra cá. Então a cidade, tá aumentando cada dia mais e eu acho que esse ponto que

realmente tem que ser ressaltado, é a falta de infraestrutura. Brasília já não tem infraestrutura pra tanta demanda, tá? E é uma coisa que a gente tem que falar bastante até para o governo se preocupar e assim, buscar a iniciativa privada pra que invista um pouco mais nessa infraes-trutura. Quer dizer, não é somente uma função do governo, né, de fazer centros de eventos, de fazer hotel, essas coisas, não é só o governo que tem que fazer isso, a própria iniciativa privada tem que fazer. Agora mesmo eu to sabendo de uma casa de eventos que está abrindo aqui no Lago Sul que chama Unique, parece, não sei se é bem esse nome, que é, que foi construída pela CTIS, quer dizer, que é uma iniciativa de uma empresa, não é o governo que tá fazendo. Então eu acho que precisa ressaltar isso, acho que tem que se divulgar isso, fazer uma política realmente de buscar mais investidores porque tá faltando realmente.

Na opinião do senhor (#), na evolução... Ai, eu não posso parar.... (pausa) A opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos 5 anos? Se cresceu, declinou ou se manteve estável?

Entrevistado: Pois é, mas aí, aí é o seguinte. O que eu posso falar sobre isso? Por exemplo, pra mim dizer oficialmente se aumentou, diminuiu, ou declinou, ou tá estável é meio complicado porque não tenho uma... Mas a minha visão é que aumentou, claro, isso que eu to falando pra você. Hoje se você quer fazer determinados eventos na cidade, se não for, se não for programado com antecedência você não faz, porque não tem lugar pra fazer. Então é uma prova de que aumentou, aumentou realmente, aumentou o número de eventos na cidade e assim, conseqüentemente o número de pessoas que tem vindo à cidade pra fazer isso. Então não tá estável, tá em crescimento, né.

Vê o DF como um mercado de oportunidade para o investimento do Turismo?

Entrevistado: Claro. Com certeza, eu acho que Brasília, isso que eu tava falando a pouco, né, eu acho que uma das funções do governo é incentivar a iniciativa privada a investir nessa área. Fazer esses Centros de Eventos, fazer mais hotel, e isso eu acho que com a Copa da Mundo aí, tá se falando que Brasília vai ser sede da Copa do Mundo, com certeza vai ter um investimento muito grande aqui nessa área de eventos, porque vai construir hotel e, evidentemente que o hotel é um lugar que se faz eventos, né. Então vão aparecer novos Centros de Convenções e a cidade vai se estruturar muito mais ainda.

Em sua opinião, políticas públicas federais/distritais implementadas nos últimos 2 anos favoreceram o setor do turismo no DF?

Entrevistado: Aí eu teria dificuldades de responder isso aqui, porque aí teria que saber quais, que tipo de políticas públicas que o governo federal ou governo local desenvol-veu para, não vamos fala no todo né, se falar no todo sim, aí eu acho que no todo sim, com certeza houve um (??) caimento do aumento do turismo aqui na cidade, as políticas

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públicas com certeza aumentaram, mas eu não sei assim precisar que tipo de ação que foi feita que fez com que esse aumento acontecesse, não sei precisar, aí eu teria que ter o conhecimento disso, eu não tenho. Mas, com certeza sim, pela visão que a gente tem como geral, aumentou, implementou, a gente tá vendo aí. Eu to dizendo toda hora as di-ficuldades que as pessoas tem de fazer eventos aqui na cidade. Esse mês de maio mesmo eu to, tenho o conhecimento de 2 eventos que vão vir mais, quase 20 mil pessoas aqui na cidade, tá? Que é o Congresso Eucarístico que vão vir quase 10 mil pessoas, depois tem a Convenção, a Convenção Nacional de Ciência e Tecnologia, também que vai ter agora, do Ministério da Ciência e Tecnologia, que vai vir muita gente, entendeu? Então eu acho que isso realmente tá ajudando a aumentar e o governo estimula muito isso. O governo fe-deral, principalmente o governo federal estimula muito a realização, todas as convenções, essas convenções que eles fazem do Ministério da Ciência e Tecnologia, do Ministério da Saúde, que o governo federal tem uma política de realização dessas convenções, tá eles fazem isso. Teve agora da, recentemente, das comunicações, que foi também, teve mais 5 mil pessoas aqui na cidade fazendo seus... e o governo PT instituiu essas reuniões e isso é uma política pública que realmente ajuda a aumentar a vinda de pessoas na cidade, né.

Em sua opinião essas políticas públicas federai/distritais que dificultaram o setor do turismo no DF nos últimos 2 anos? Qual a sua opinião?

Entrevistado: Existe alguma, você fala, é isso aqui que você tá falando, o C3 né?

Isso.

Entrevistado: É o C3 que você tá perguntando?

Não, não, eu to perguntando o C2.

Entrevistado: C2?

Isso. Em sua opinião, porque o senhor respondeu a primeira e agora eu to passando pra segunda.

Entrevistado: Ah tá.

Mas é, o senhor falou um pouco desse...

Entrevistado: Não, eu acho assim que alguma política pública que dificultou o incremento do desenvolvimento do turismo não conheço nenhuma não.

Existe alguma política relacionada ao turismo, em sua opinião, que deve ser revista?

Entrevistado: Essa é a C3, né? Não. Não sei, não tenho conhecimento.

Em sua opinião quais políticas precisam ser implementadas para o setor se desenvol-va nos próximos 2 anos?

Entrevistado: Essa é o C4, né? Essa é a C4 que você está perguntando né?

Hunhum.

Entrevistado: (...) (?) (...) Ah, essa aqui eu vou pular essa, eu não sei não viu. Não tenho idéia disso não.

Seu Francisco, agora a gente falando de como avalia a cadeia produtiva do turismo no DF, no ponto de vista da articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistado: (...) Não, eu acho que isso aqui é assim, eu acho que tem uma articulação muito boa, principalmente com relação ao Sebrae. O Sebrae ele consegue articular muito bem essas parcerias né, do setor de turismo, de eventos, os fornecedores, todas aquelas empresas que formam a cadeia, essa cadeia que está ligada a indústria do turismo estão bem articuladas, tá. Existe bons fornecedores na cidade, antigamente você não tinha isso, né, se você precisava fazer um trabalho, você tinha que trazer alguém lá de São Paulo pra fazer, hoje já você vê muita coisa que acontece aqui na cidade que são feitas por pessoas locais, entendeu? Isso porque cresceu tanto esse setor que hoje as pessoas já foram, os segmentos foram se organizando, foram investindo, né, de forma que formou um seg-mento, não digo assim completo, tem muita coisa que você precisa fazer aqui na cidade que você não tem ainda o fornecedor, né, mas todas as pessoas que estão nessa cadeia de produção elas já se falam, tá, sabem da existência, de que existe empresas, todo mundo sabe, se a gente faz um evento, quando você empreende aqui, normalmente você não tem uma estrutura toda completa, você busca as estruturas para fazer um evento, tá? E a gente aqui sabe realmente quem é que, quais são as pessoas que já funcionam muito bem, que você pode chamar, pode confiar, ou quando não dá pra confiar, “-Não isso aqui pra fazer aqui em Brasília não tem gente que dá conta. Tem que trazer gente de fora.” Tá? E isso também tá sendo muito bom, porque tá fazendo com que muitas empresas venham pra cá e se instalem aqui na cidade. Porque tá começando a haver uma demanda muito grande, tá. E o Sebrae tem uma posição muito boa em relação a isso, né.

Então, continuando o mesmo assunto: na sua opinião o que falta para esse fortalecimento?

Entrevistado: Eu acho que falta profissionalização. Isso eu acho que falta, entendeu? Muito mesmo, entendeu, acho que precisa profissionalizar mais as pessoas, precisa de treinar mais, entendeu, precisa assim passar experiência, ta? Porque realmente ainda tem muita gente amadora nessas pessoas ainda, muito mesmo. Isso aí eu acho que precisa investir nessa área.

É, quais as principais fatores em sua opinião que limitam o desenvolvimento do turis-mo no DF e possibilitam?

Entrevistado: (...) Eu acho que limita, o que eu acho que limita muito é que falta um pou-

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co e divulgação das coisas que tem cidade, né. Falta um pouco de trabalho de motivação para que as pessoas venham aqui, que as pessoas visitem a cidade. Eu sei que algumas coisas já foram feitas, por exemplo, aquele ônibuzinho que anda aí na cidade, mostrando para o turista, que já foi um trabalho aí feito pelo Paulo Otávio, porque eu sei que foi ele que foi o dono da idéia daquilo lá. Eu sei que assim algumas campanhas foram feitas nos estados, aquele negócio do turismo cívico pra trazer as pessoas no final de semana pra co-nhecer os locais aí, o Congresso, Palácio do Planalto. Existe já um trabalho nesse sentido, mas mesmo assim, por mais que você faça esse tipo de trabalho, Brasília nunca será assim uma cidade que vai ser, vai ter um grau de busca de pessoas de vir aqui como tem no Rio, como tem outras cidades, porque não tem muito, os atrativos do turismo daqui de, de... Porque na verdade o turismo aqui, é o que eu falei: ou o turismo cívico, que as pessoas vem pra cá pra conhecer os monumentos essas coisa, que é uma coisa que o governo tem batido nisso, ou o turismo que eu to batendo que eu acho que é o mais importante que é o turismo de negócio.

E, no caso, sugestões e recomendações para investimentos em turismo no DF nos próximos 4 anos? Quais seriam as suas sugestões e recomendações?

Entrevistado: Eu acho assim que se você for pelo lado do turismo mesmo, turismo como passeio, lazer, essas coisas, né, tá, Brasília tem pouco a oferecer pra isso, a gente tem que admitir que sim, né? Você vem pra Brasília aí o cara fala assim “-Pô, nós vamos fazer o que hoje a noite?” (#) É, não tem muita, entendeu? Agora, claro, hoje assim Brasília tá muito forte na gastronomia, quer dizer aqui tem bons restaurantes, hoje Brasília assim, eu, na mi-nha opinião, Brasília só perde pra São Paulo na gastronomia, muito melhor do que Rio de Janeiro, outras cidades, porque vem e fala “-Ah, no nordeste tem uns bons restaurante.” Mas já estão tudo vindo pra cá, pra Brasília, entendeu? Acho que tem o Camarões que é lá do nordeste, o Mangaio que é lá do nordeste e estão se instalando aqui na cidade, até porque aproveitando essa grande leva de pessoas que vem de São Paulo pra cá, enten-deu? E que eles chegam aqui pra reuniões, de noite ficam assim sem muito ter o que fazer, aí eles correm pros restaurante, né. Então hoje o setor de restaurantes aqui é muito forte, a gastronomia da cidade é muito forte, tá. E tá crescendo cada vez mais, né.

Gostaria de fazer assim algum comentário sobre o turismo no DF? Uma contribuição sua.

Entrevistado: Eu acho assim que tinha que fazer mais divulgação. Eu acho que tinha que fazer uma política permanente de divulgação de Brasília, focar em algumas coisas, fazer promoções, o próprio governo poderia fazer, como fez a promoção de 50 anos de Brasília agora, né, que de alguma forma trouxe gente, pra fazer um calendário mesmo voltado pra fora, entendeu? Que as pessoas “-Olha vai pra Brasília por isso! Participa daquilo..” Entendeu? Porque você vai pra Nova York, “-Ah, vou pra Nova York pra comprar. –Vou pra

Nova York pra mim ver a Broadway.” Tem os focos que interessam as pessoas, né. Você vai pro Rio por que? Vou pro Rio quero ir pra praia. Vou pro Rio porque a noite carioca é maravilhosa, tem as boates, não sei... Tem aos focos que chamam as pessoas. Agora a gente não tem isso, né, então acho que isso que precisava acontecer né.

FIM.

ENTREVISTA 10

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como o senhor avalia o atual mercado turístico de Brasília, do Distrito Federal?

Entrevistado: Bom, o mercado de uma maneira geral, pelos seus componentes, ele está num momento de transição, tá? Brasília completando 50 anos, a expectativa era grande que tivéssemos ganho com isso em termos de turismo, mas pelos acontecimentos po-líticos essa situação ficou extremamente delicada do ponto de vista de perspectiva de curto prazo, tá, e portanto várias ações que vinham sendo desenvolvidas ou pelo menos entabuladas para isso sofreram um processo de descontinuidade e principalmente em termos de repercussão que isso poderia dar, não é? Então, Brasília, nós num primeiro momento achávamos antes do aniversário que tínhamos regredidos 10 anos, né, de todos os esforços que a gente tinha feito, e é verdade. A sorte nossa, e aí é uma conseqüência, que a gente não pode medir de curto prazo pra Brasília, que isso desde comunicação, principalmente as televisões, os canais de televisão, fizeram um resgate de uma imagem que Brasília estava precisando que é do seu povo, da sua gente... (!!)

O senhor acreditaria então que teve pontos negativos dos acontecimentos turísticos, é, afastado um pouco a população, a cidade em si como um... (!!)

Entrevistado: É, eu vejo que realmente... (#)(??) de certo suas forças, né, a sociedade se mostrou de alguma forma engajada e fez, sensibilizou a mídia, né, e essa sensibilização se fez através de uma série de reportagens importantíssimas, coisas que nós devíamos ter tido isso há muito tempo como ação governamental e não mídia espontânea, porque a mídia espontânea foi o fruto dos 50 anos a gente não pode esperar isso sempre, né, mas o que poderia ter sido muito ruim se tornou, de última hora, um fator positivo haja visto que tão logo as reportagens e o lado humano da cidade foi exposta, foi exposto aos qua-

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tro ventos assim nos mais diversos rincões do Brasil houve, num primeiro momento, de um sem número de ligações para os conhecidos e principalmente para os hotéis e etc, perguntando se tinham pacotes, se tinham acomodações, gente que se despertou para conhecer a cidade do ponto de vista que ela foi colocada, né. Quer dizer, que muita gen-te ignorava que isso existia aqui e isso é muito bom, tá? Então como potencial ou como são as perspectivas de curto prazo elas são nebulosas, mas ou mesmo tempo nos tempo nos traz o alento de dizer que podemos construir tudo de novo. Não são promissoras os investimentos, as situações de (#)(!!)

... (??) ... feito dessa evolução turística.

Entrevistado: ... isso, não, nós não vemos assim de curto prazo grandes mudanças a que não seja a esse sentimento do povo brasileiro, principalmente do brasileiro de outros estados querer vir pra Brasília, e isso sim pode levar Brasília a um crescimento, uma pers-pectiva de melhoria turística.

O senhor vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidades para o turismo?

Entrevistado: O Distrito Federal é um mercado de oportunidades para vários segmentos, não só para o turismo, tá? Essa estória da maior renda, uma perspectiva as vezes assim di-ferente, de investimento, de qualidade de vida, etc. O que eu temo como brasiliense que, assim quer dizer, me considerar, é que isso não aconteceu o que aconteceu com várias cidade que foram também marcadas por esta situação, como Ribeirão Preto, Londrina, né, que se intitularam o “Eldorado Brasileiro” e de uma hora pra outra houve um afluxo enorme, uma migração tremenda de outros lugares do país e a cidade se transformou numa situação que hoje os governos locais não dão conta, com criminalidade, com falta de habitação, saneamento e infraestrutura, certo? Essa história tem que ser muito bem colocada. Não resta dúvida que aqui nós temos uma excelente renda, mas tem que ser mostrado é a disparidade, que essa renda não é bem distribuída da forma que todo mun-do imagina, né, então há grande disparidade na cidade... (!!)

... (???) ...fora de Brasília, “ah, você mora em Brasília.” Você... (??)

Entrevistado: É, não. Então essa situação, ela tem perspectiva, todo, não só turismo como todos os segmentos da economia tem perspectivas boas em Brasília, haja visto um sem nú-mero de empresas, principalmente empresas de linha, de primeira linha, vindo pra Brasília para buscar esse mercado, né. E o turismo (??) que vem também junto, agora não quer di-zer que cada segmento da economia cresça em igualdade e nas mesmas proporções de um pro outro, né, teríamos que avaliar melhor se o turismo como segmento e o crescimento previsto para os próximos anos em Brasília vai acompanhar outras áreas como a questão do comércio, dos serviços, e principalmente dessa parte de tecnologia, né, que Brasília tenta e vai, creio eu, ser um expoente nesse curto prazo como pólo tecnológico, né.

As políticas públicas. O senhor acha, as federais e as distritais, o senhor acha que as implementadas nos últimos dois anos elas favoreceram ou dificultaram o setor de turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Não, toda e qualquer política que seja voltada realmente para o turismo, né, ela produz resultados, o que não pode se ter são políticas que confundem, que se confundem com o que realmente é turismo, né, ninguém pode dizer que uma festa de co-memoração de uma cidade é, vamos chamar na antiga denominação, uma cidade satélite, de aniversário, seja um evento turístico. Não, ele é um evento de comemoração, de lazer da própria cidade, e aí é que tá, confundir lazer com turismo, que é uma das coisas que mais acontece, é o que inviabiliza, inviabiliza não, que não produz frutos e algumas polí-ticas governamentais, quer seja locais ou federais, muito mais as locais. Criar uma agência de turismo, que esta agência seja responsável pelos eventos comemorativos de festas de aniversários é no mínimo uma distorção grande, tá, porque se coloca toda a capacidade de infraestrutura, de pessoal, de um órgão como esse a disposição e pra, ao invés de estar sendo, cuidando realmente do que é o turismo, não, tá muito mais é atenta a algumas manifestações de natureza popular cujos os interesses políticos são os mais diversos para atender a coisa local, localizada, muito mais política de lazer para a população, ou seja, no bom vocabulário naquilo que dá voto aqui e não pra quem traz desenvolvimento através do turismo.

Existe alguma política pública na sua opinião que, relacionada ao turismo que deveria ser revista? Revisada, (??)

Entrevistado: Assim, com certeza, certo? A política voltada só assim para pólos de desen-volvimento de turismo, enfim, crescimento, capacitação e etc, só ela desconectada do resto ela não produz efeitos. Não adianta, é lógico que se treinar vem em primeiro plano, vem em primeiro lugar, mas não adianta nada nós treinarmos e não despertar o desejo de quem queira vir pra cá, tá? Ou seja, de que adianta eu treinar, e capacitar um sem número de pessoas para bem receber, né, se eu não vou receber ninguém, ninguém vem, certo? Então uma coisa, e o que acontece hoje é essa desconexão total, tá. Você não tem nenhum projeto que tenha este link do começo ao fim. Então, as entidades também ficam cerceadas até um determinado limite, o meu lado é treinar, minha obrigação é capacitar, e aí o resto que faça a outra função, e nisso é que traz o grande problema pro turismo de Brasília e acredito que em outros lugares. (#)

(##)... isso mesmo assim. A revisão dessas políticas seria um juntamento de todas elas, uma interligação de todas elas para um melhor funcionamento?

Entrevistado: Eu diria até que não deveria existir uma sem a outra. Fosse realmente, “-Olha, só posso treinar se eu descobrir quem tá fazendo a capacitação, ou quem vai fazer e res-

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ponsabilizar pela capacitação.” Certo? Treinar somente e esperar que o outro faça acaba não dando em nada, acaba se frustrando o próprio treinado que não vai ter serviço pra ele, certo? Quantos sem números de pessoas já passaram por capacitação, ou jovens que saíram de faculdades ou estão ainda em faculdades mas não tiveram, não tiveram... (!!)

(??)

Entrevistado: ... Não, certo?

... Passou, ele fez vestibular e agora...

Entrevistado: Cadê ele? O meu emprego, cadê minha renda, cadê minha... Não é isso? Então o que eu acho é que tem que ter as políticas fechadas de uma maneira e de outra, e tem como fazer isso, tá. Eu volto a dizer que um comercial, uma mídia espontânea que aconteceu agora, feita pela globo, só citando, mas as outras também fizeram, certo? Teve muito mais repercussão pra cidade, positiva, do que um “N” políticas que aí aconteceram, ou projetos, etc. (!!)

Falando como expectadora, eu nunca tinha visto Brasília tão bem na televisão...

Entrevistado: Exatamente.

E televisão e mídia impressa, (?) captar esse público...

Entrevistado: Exatamente. Né, quer dizer será que nós vamos esperar 50 anos de novo para ter uma coisa dessas? Porque que não fazemos como capital do país, e assim não é obrigação só do governo local, mas do governo federal também, que aqui é a capital de todos os brasileiros, tá? Investimentos que se faça aqui é um benefício de natureza total, né, da nação e não local. Uma coisa é você fazer uma promoção de Salvador, Fortaleza, Natal, e outra coisa é fazer uma promoção da capital do Brasil. Eu considero assim como obrigação. Então, despertar o desejo do brasileiro de conhecer a sua capital, a sua, a sua miscigenação de todas as origens aqui dos seus estados, né, isso é obrigação também do governo federal, aliás principal, né. Então divulgar a nossa cidade na mídia de uma forma lúdica, bonita como deve ser feito, sem que apareça a assinatura de governo A, B ou C, né? Isso é muito importante. Então essa é o único, eu considero um dos únicos passos imediatos para poder produzir efeitos no turismo, seja para desenvolvimento em qualquer situação, seja pra novos investimentos.

Quanto a cadeia produtiva do turismo do Distrito Federal do ponto de vista da articu-lação dessa cadeia e da mobilização do agente. Como é que você avalia?

Entrevistado: A cadeia produtiva? Não, o que acontece é que quando os agentes estão de uma certa forma amparados pelo poder público, porque isso é uma condição do Estado, né, e dá condições básicas para que isto aconteça, lógico que tem que ter iniciativa de

todos segmentos dessa cadeia para se interagirem, né, mas o governo tem que ser faci-litador, né. (#) Ele... é o papel. Então na medida que isso fica relegado a um segundo, terceiro, ou as vezes até quarto plano, como é o nosso caso, to sendo enfático, como é o caso de Brasília, volto a repetir como é o nosso caso, né, então as coisas são muito difíceis de acontecerem essa integração dos agentes, né, promotores do turismo, certo? Porque você fica na fase apenas do projeto, da, mas não vai pra ação.

Então o senhor acredita que isso, é, o que falta para esse fortalecimento assim? Go-verno? Ter um facilitador maior na articulação desses agentes?

Entrevistado: É, eu diria até que os agentes não precisam ser, vamos dizer assim, eles como diria mesmo, o próprio nome diz “agente”, o governo tem que ser um facilitador. O turis-mo em Brasília e eu acredito que no Brasil todo como a exemplo do mundo inteiro, né, não precisa que o governo faça o papel ou a tarefa, ele seja o facilitador disso tudo. Fazer um governo ser o promotor, né, acaba não dando certo pelo gigantismo da máquina pú-blica, pelas dificuldade de agilidade, de que o próprio, a maquina governamental tem de se mobilizar, de, cito o exemplo, por exemplo, de captação de eventos, tá? Em todo lugar onde deixou essa ação por conta do governo não deu certo, certo? Os Conventions Bureau estão aí para trabalhar, e aí sim os governos que fortaleceram os seus Conventions, tiveram realmente um retorno espetacular dessas ações, fortaleceram, deram apoio, e apoio não só, apoio financeiro de todas as maneiras, porque? Porque o governo tem, aliás o Conven-tion tem mais mobilidade, né, então esse órgão, principalmente o Convention Bureau que tem que ser o catalisador e o aglutinador de todas essas ações de seus agentes e os agentes de turismo de um destino, tá? O chato é quando você tem uma cidade ou um local que não é destino, como é o nosso, nós aqui não somos destino, Brasília é obrigação (!!)...

Essa é boa, obrigação...

Entrevistado: ... né? E isso tem que mudar.

... (??) ... eu acho que tem capacidade.

Entrevistado: É, tá? Eu diria que, que aqui temos exemplos bons, ainda embrionários, alguns dizem “-Ah, mas a cidade só tem 50 anos.” (Barulho) Ontem, domingo, hoje é segunda, fiz uma visita ao Memorial JK, tá? É o único local de visitação, diga-se de passa-gem, não é um monumento público, não sei se você sabe, é que lá é uma instituição, é um instituto, uma, não é o governo que mantém, né, (!!)...

É uma fundação.

Entrevistado: ... é uma fundação, não é? E é o único monumento de Brasília que tem uma proposta e que uma, um objetivo, aliás, um dos mais bem cuidados do ponto de vista de museus, de memorial, certo, dá até gosto de verificar (##)...

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... (??)

Entrevistado: ... De uma forma de mostrar, certo? Ontem era o monumento, eu fiz o percurso turístico de Brasília e tudo, é o monumento que tava mais visitado, né. E aquilo realmente deixa, dizer assim “-Olha, se todos fossem assim, nós estaríamos muito bem.” Né? Outros países fazem, porque aqui nós não podemos fazer com a sua capital?

Quais comitês ou redes, eu sei que da ABIH a que vocês participam, participam de alguma outra associação, comitês, redes, associação?

Entrevistado: Não, nós participamos do Convention Bureau, né, nós somos membros do Convention Bureau, da ABIH que é a local e nacional e do sindicato dos bares e restauran-tes, tá, porque nós temos na ala, na parte de gastronomia, né. É importante fortalecer essas entidades de classe porque é através delas que o setor se comunica, se expõe e coloca seus interesses, (#) (?) é, e há um fortalecimento pela aglutinação dos interesses, não resta dúvida. Agora o que a gente precisa realmente é fazer valer, sair da teoria para a prática o que a gente tem aí. (#) (!!)

É pesado... Quais os principais fatores, na sua opinião que limitam, e os que possi-bilitam esse desenvolvimento do turismo aqui no DF? Ou, quando vem assim, o que mais deixa espaço fluir do desenvolvimento desse turismo e o que mais entrava, para?

Entrevistado: Hunhum, tá. Nós temos aí um destino (?) formado, Brasília, ninguém de sã consciência pode dizer que Brasília é um lugar ruim, que não tenha a sua (?) pratibilidade, haja visto que acabamos de falar né, onde eu recebi um sem número de telefonemas das pessoas elogiando a cidade e já nesse fim de semana querendo vir a Brasília para conhe-cer os pilotis, o modo de ser e viver do brasiliense, o belo lago que nós temos, e etc. Tudo isso tá pronto. Então a arquitetura grandiosa, você precisa de ver quando eu me deparo com um italiano riquíssimo, um industrial de Milão e toca com a equipe todinha, né, de produção dele, de moda, e vem fazer o catálogo aqui na cidade de Brasília, capital mun-dial da marca dele. Né, então é porque essa cidade tem potencial, tem uma beleza, tem um atrativo. Essa é a principal. E a outra é porque é a capital da república, certo, ninguém pode jogar pedra em Brasília pura e simplesmente porque ela é a cidade que é Estado, que ela representa o Brasil inteiro, queira o não queira a capital vai continuar sendo aqui. Então, é aqui que é a capital dos brasileiros, não vem dizer que a capital vai voltar pro Rio, que vai mudar pra São Paulo, né, esse é um fator também muito grande. Segundo, aliás, terceiro é que Brasília, né, no que idealizou JK ela está ao centro, quase no centro do país e isso facilita em muito, seja a comunicação, seja o transporte aéreo, seja tudo aquilo de facilitador da eqüidistância entre as capitais... (!!)

O crescimento..(???)

Entrevistado: Ãnn? Exato, ela não está... E isso tem uma atratibilidade, porque? Porque ela fica, em ficar eqüidistante ela também nivela preços de custos turísticos, certo, aviação, urbano, transporte terrestre, tudo, entendeu? Então Brasília tem todas essas vantagens, hoje eu, é o segundo ponto aéreo do Brasil depois de São Paulo, já desbancando o Rio de Janeiro, ou seja as conexões todas acontecem aqui. Então tudo isso tem um poder aqui na própria cidade, né, que por um lado tem suas situações ruins, mas por outro tem suas situações boas. Então Brasília tem tudo para ser um destino turístico ímpar, que se veria em inegável, tá. Agora quais são, o que amarra, o que prende tudo isso? É que ao longo do tempo as políticas turísticas foram, não foram adequadas, né. (!!)

(???)

Entrevistado: ... Ou, quando existiram ela tinha um direcionamento diverso daquilo que o próprio turismo requer. Essa foi a grande, que acabamos de citar algumas, né. Instituir um órgão para cuidar de festa local, de cuidar de lazer, de shows, de isso e aquilo outro, quan-do a realidade não é essa, nenhum órgão de turismo cuida disso aí. E ter sua infraestrutura também, nós temos uma excelente rede hoteleira, né, que leva fama de que não tem lugar mas é uma inverdade porque a ocupação de Brasília ela é sazonal, se pegar pela média ela está muito abaixo de várias cidades do Brasil, então sobra hotel aqui, só não tem naqueles picos, né, em determinadas datas que aí se projetam como uma situação fato, é, não é, nós temos a ocupação abaixo o ano passado que foi de 58% só a ocupação anual...

É uma média?

Entrevistado: A média. Isso quer dizer que os hotéis, se pudéssemos imaginar, se eles passaram 4, quase 5 meses totalmente vazios e somente os outros é que eles encheram por completo também, né, é uma situação muito difícil por conta dessa sazonalidade. E Brasília sofre isso exatamente por conta da política que não se faz de turismo de atração, de captação, não se faz aqui interno, né. Eu não preciso rodar um filme dizendo que Bra-sília é bonita aqui pra minha televisão, a minha autoestima, e a autoestima do brasiliense é ótima, certo? O que falta é dizer isso para o brasileiro, que tá em Natal, que tá em Belo Horizonte, que tá no Rio Grande do Sul... (!!)

Praticamente só nos conhece de uma determinada forma.

Entrevistado: Só através do estigma da corrupção, da má gestão e de uma cidade com toda essa situação política indesejada, né? Então, os jovens não precisam estar sensibiliza-dos pra vir a Brasília desde que isso seja feito de uma maneira adequada. Então a grande dificuldade é fazer entender que os governos, os seus agentes governamentais, federais também entendam de transformar Brasília num pólo de atração do brasileiro e não pro brasiliense que está aqui, certo? Fazer com que o estudante do Rio de Janeiro não vá pra Porto Seguro fazer a tal da festa que tem até um nome, não sei...

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De formatura.

Entrevistado: ... De formatura, de bagunça, de bebedeira, tá, e fazer um trajeto cívico, né?

Mas isso tem... (!!)

Entrevistado: É muito mais, eu diria que os pais gostariam muito mais que isso acontecesse do que jogar o seu filho de 14, 15, 16 anos, né, pra Porto Seguro. Não que eu tenha nada contra Porto Seguro, muito pelo contrário, né, mas é uma desvirtuação disso, e isso só acontece porque não foram feitas as divulgações, as campanhas publicitárias que Brasília tanto requer. E não precisa muito não, é incendiário, basta riscar o primeiro fósforo que você vai ver que isso acontece.

Bem, o senhor tem alguma sugestão, mais alguma recomendação?

Entrevistado: Não eu gostaria muito que a academia, no caso a UNB que tem papel pre-ponderante, o SET também, né, nesse, tem um papel muito grande em tudo isso, né. Pode ser um agente catalisador, um agente muito forte não só de pesquisa, de reedificação que é necessária, né, sentido... (#)(!!)

Essa pesquisa tá sendo feita... (!!)

Entrevistado: ... amostragem de termômetro, né, para exatamente pautar outras ações.

Nesse sentido de arrecadar informações para (##)(!!)...

Entrevistado: Brasília não precisa, como eu disse uma vez aqui para um ex-governador, que quando nós íamos, o setor turístico levava uma infinidade de questões, né, e aí não acontecia nada. Segurança, lazer, infraestrutura, e convenções, centro de convenções, publicidade, divulgação, aí eles formavam uma comissão para estudar esse feixe todo de problemas e aí também não saia nada, até que um dia nós dissemos que só tínhamos um problema e aí ele não teve como fugir que nós só tínhamos um Centro de Convenções, “-Governador, um centro de convenções que nós queremos”, “-Mas não tem negócio de segurança?”, “-Não, não tem nada, tá tudo resolvido, só queremos o Centro de Conven-ções.” E foi assim que saiu o centro de convenções, né, bem ou mal, que não está acaba-do, mas é um investimento que tem que ser preservado, tem que ser bem administrado, né, que é o Centro de Convenções de Brasília. Não to aqui querendo dizer se ele deve ficar sob a administração do governo ou não, não defendo nenhuma coisa nem outra, mas eu acho que ele tem olhado, depois de uma conquista tão grande como esta, não pode ser relegado ao segundo plano, terceiro plano. Brasília tem vocação para eventos, gran-des congressos, grandes manifestações populares, grandes seminários, né, é aquilo que a gente chama de seminários ou eventos sérios. Então o evento de lazer que vai pra praia, esse não tem como nós tirarmos, mas aquele evento de trabalho, evento que realmente

vai produzir, chamasse, não seria até inadequado o argumento sério, não que o outro não seja, mas um evento de trabalho real, né, Brasília é o que mais tem hoje capacidade. Agora a academia junto com os seus agentes deveria também ajudar os agentes turísticos e os meios turísticos de Brasília a melhorar e terminar o seu principal, vamos dizer, produto que é o Centro de Convenções. Nós se perdermos a qualidade do atendimento do centro de convenções nós reduziríamos muito. Então eu sugiro até, eu faria a sugestão de que as entidades todas verificassem o que sugerir para dar um encaminhamento de gestão pro-fissional para um centro de convenções como aquele nosso. Ok?

Ok.

ENTREVISTA 11

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções Obs.: Baixa qualidade da gravação, com muitos ruídos e a voz muito baixa de ambos.

Como o senhor avalia o atual mercado turístico de Brasília? Do Distrito Federal?

Entrevistado: Nas nossas avaliações os trabalhos diuturnos, quer seja vindo pessoas quali-ficadas e entendidas do turismo da nossa capital, somando-se ainda as ações de todos os parlamentares do Brasil no Congresso Nacional, que tem um foco todo especial para a ca-pital. Eu entendo que o turismo no Brasil ajuda a capital. O turismo realizado em qualquer canto do nosso país ele traz ao turista a oportunidade de, não só conhecer as belezas da nossa pátria, como também a beleza e a grandeza da nossa capital. Por ser moderna, por ser artificial, por ser, como se fala, uma capital sem esquinas, sem calçadas, sem pedestres e tudo isso é uma curiosidade mundial. Então eu entendo que Brasília tem o seu turismo natural por ser a capital do Brasil. Ela tem o turismo da curiosidade, do conhecimento da sua arquitetura, do conhecimento de uma cidade com apenas meio século de vida ser da proporção, do tamanho que é hoje. Isto é uma curiosidade muito forte em qualquer parte. Eu tenho conhecido pessoas que vai conhecer o meu estado, Santa Catarina, que eu sempre digo que as vezes para falar em determinadas regiões se inspira poesia, porque teremos que falar nas pousadas, no reflorestamento, nas pastagens para (???), na celulose ou no papel, nós temos que falar na pousada, na uva, no vinho, na maçã, na neve, isso proporciona a essas pessoas que vem a oportunidade, embora sendo da Europa, também de conhecer a capital do estado. Isso é uma (?) orientação muito clara que eu falo de que “aonde tiver turismo no Brasil, ajuda a fazer o turismo na capital.” É lógico que também

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turismo se faz interno e esse ele é praticado praticamente pela competência das pessoas, pela educação de todos os segmentos, pelo conhecimento dos bancos escolares, pela du-plicidade, mais de uma língua que se possa falar para bem melhor receber e, sem dúvida nenhuma, eu vejo que em Brasília temos dois ou três pontos fundamentais e um deles é a gastronomia internacional. Esta também (?) fator forte e pesa bastante.

É um dos fatores que o senhor acredita que sejam mais fortes aqui em Brasília que poderia ser melhor explorado, digamos assim? Porque em Brasília nós já temos o co-nhecido, o cívico, a parte arquitetônica e a gastronomia que aqui em Brasília tem um alto poder aquisitivo, todas essas coisas podem, o senhor acredita que são fatores...

Entrevistado: São fatores diferenciais. São fatores que diferenciam praticamente... tudo bem (??)(??) tá aqui, aqui está o coração do Brasil, aqui palpita política, aqui palpita, todos os estados convergem para Brasília através de seus deputados, através de seus senadores, toda a vida, o cotidiano passa a ter uma vida muito forte e aqui temos um outro fator que também pesa muito que é a imprensa internacional, porque ela mora, ela vive em Brasília, as embaixadas vivem em Brasília, tudo isso são pontos que terão que ser explorados me-lhor. Eu tenho o exemplo também de Santa Catarina, do governador Luis Henrique que foi o verdadeiro garoto propaganda. Ele produziu em vários, um CD de todas as poten-cialidades turísticas do estado, e distribuiu algumas centenas de milhares para o mundo.

Então assim, aqui em Brasília o senhor sente falta de vender a imagem da cidade?

Entrevistado: É, e essa, vender essa imagem é um processo lento, embora que o mundo sabe que existe Brasília, que tem todos os seus diferenciais arquitetônicos e (?) pra uma eternidade, mas poucos conhecem a Brasília por dentro.

A Brasília do cidadão?

Entrevistado: Brasília do cidadão. E o encontro baseado num exemplo nosso, que nós te-mos que mostrar Brasília aos olhos do mundo. E para mostrar Brasília aos olhos nós temos que mandar para todas as agências de viagens do mundo, para todas os Ministérios de cul-tura, de turismo de todos os municípios, não só dos estados europeus, e dos países euro-peus, da Ásia, da África, mas entregar a eles também a oportunidade de eles conhecerem visualmente Brasília. E certamente vai despertar mais interesse para eles no momento em que tem um momento de lazer e de férias fazer dela uma caminhada por Brasília.

E assim, o senhor, qual a opinião do senhor sobre a evolução desse mercado turísticos de Brasília nesses últimos 5 anos?

Entrevistado: Fantástico! Nós estamos bem aquém. Você imagina que nós somos hoje o déci-mo terceiro país do mundo no ranking mundial de turismo, mas nós somos o quadragésimo e meio em importação de turistas, e somos o trigésimo nono em entrada de divisas pelos tu-

ristas internacionais. Isso nos dá, comparando que o país já é a oitava economia do mundo e estamos caminhando para ser a quinta potência do mundo ainda nessa década, nós estamos muito longe em, muito longe, temos uma caminhada muito grande por um lado, mas por outro lado temos um espaço fantástico para crescermos e para nos igualarmos com todas as atividades brasileiras. Então esse espaço ele é tão fantástico, tão grande, que se dum lado nos parece que nos deprecia, por outro lado ele nos dá grande oportunidade de um nicho de crescimento econômico e social, cultural, pessoal, para todos os segmentos. E eu não tenho dúvida nenhuma de que nós, talvez seja o setor que mais vai crescer nessa próxima década, só perderá para a produção de alimento na agricultura, que também é outro fator fantástico, porque o processo econômico faz com que se complemente com o turismo.

Então assim o senhor vê o DF como um mercado com oportunidade pro turismo, (##) de investimento (##) pro turismo mesmo?

Entrevistado: Sem dúvida...

Essa região do Distrito Federal o senhor acredita que...

Entrevistado: Porque o Distrito Federal não foi construído para construir indústrias, para construir grandes empreendimentos de emprego, foi construído como capital política, e como tal nós temos que explorá-la. Mas isso a gente tem exemplos em toda a parte (??)... eu estive nas férias, eu imagino que eu não conhecia, nas férias de julho do ano passado eu fui a Taiwan, fui a Taipei, China e de lá procurei depois um convite do próprio governo, fui conhecer mais três países muito pobres, principalmente o Vietnã, o Camboja, mas em Camboja me chamou a atenção muito forte que eles tem só um ponto de turismo, mas vi-sita milhões de pessoas todos os anos só para ver, não só a cidade abandonada a milhares de anos (??), por uma população remota, mas também para conhecer a sua religião, a sua religiosidade que dava, pela visão do céu e do sol a nascer, a (?) “bacer” você conhece?

Já, já ouvi falar. (risos)

Entrevistado: Você chega numa plataforma que é só os sacerdotes vivos e (?) lá dessa pla-taforma o pôr do sol se ergue de cima pra baixo (???), eles usam isso como único ponto turístico do país (##), como a maior renda para poder aquele povo sobreviver. Nós temos uma Brasília fantástica pra isso, porque ela tem pontos muito grandes, (??) para poderem elevar Brasília.

Quanto as políticas públicas, na opinião do senhor, essas políticas públicas federais e distritais que foram implementadas nos últimos dois anos, o que o senhor acha que elas favoreceram e o que elas dificultaram no turismo do Distrito Federal?

Entrevistado: O turismo no Brasil como parte pública é muito recente. Nós há 10 anos não tínhamos Ministério do Turismo, o Senado e a Câmara não tinha a comissão de turismo...(!!)

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O turismo não era tratado com... (!!)

Entrevistado: No Brasil o turismo era como o lazer dos brasileiros, não era como econo-mia, conseqüentemente em todo o país, nos municípios, no próprio, não é diferente Bra-sília ela vem num momento lento, mas crescendo e nós encontramos, nós encontramos diariamente essa diferença, que quem viaja pelo Brasil, pelo exterior, retorna a Brasília como nós fizemos sistematicamente a gente sente (??) turismo. Talvez não, no caso pelos brasilienses e também nos seus administradores, tá mesmo, tá da velocidade que pode-riam ser, mas quem tem, ainda hoje de manhã eu ouvi uma catedral... Ponto turístico, a nossa biblioteca pública, o nosso teatro público e nós podemos, isso são pontos funda-mentais... se eu colocar tudo isso num videozinho, 5 minutos, 10 minutos, em todos os pontos turísticos, a sua sociedade, mostrar a cidade que não tem calçada, porque isso é muito raro, não existe no mundo. Você colocar todas as diferenças e mandar isto ara todos os países do mundo. Certamente você está colocando Brasília na visão, nas vistas lá fora que despertará, talvez em 1%, 2%, mas são milhões de pessoas que poderiam vir pra cá.

Vir pra cá. Alguma política relacionada ao turismo que poderia ser revista para dar um sentido, pra melhorar, pra... O que é uma política boa e que ainda não foi...

Entrevistado: Não, não...

Ou o senhor acredita até que é isso ainda, ainda falta essa, essa (##) mobilização, de mostrar o produto que nos temos?

Entrevistado: Nós temos uma deficiência, eu diria que está na área econômica. Produto de maior entrada de divisa pro Brasil é minério de ferro, ninguém sabe que os autos que são produzidos na China, no Japão, nos Estados Unidos, tem ferro brasileiro. Como que ele vai de navios em grande (??), transforma e não tem marca. (?) Eu teria um outro ponto que nós exportamos pro mundo, petróleo bruto. Também vai em navios, não tem marca nenhuma, pode transformar (??) beneficiam, vai pros tanques dos veículos, das maquinas, desaparece. Eu chegaria num terceiro produto, que é o terceiro maior exportado que é o soja, mesma coisa, sai a granela, vai pra China, vai pra Ásia, vai pra África, vai América, pra tudo, mas ele vai a granel esse soja, lá ele vira azeite, vira óleo comestível e ninguém sabe da onde é.

A imagem... (!!)

Entrevistado: Agora, é. Agora se imagina se nós tivéssemos transformado isso, vou dar um ponto transformado. O quarto produto de maior exportação do Brasil é o frango, ele vai embalado um a um, que ali consta Brasil, o estado que é produzido, e vai pra mesa de todas as cozinhas. É um produto que leva propaganda. Então é o trabalho e só assim muito fanático nesta área e que nós pudemos criar um selo, um selo colocando “produto bra-

sileiro”, “produto de Brasília”, “produto de...” nós não temos, por isso que eu falo como Brasília não tem o produto pra mandar pra fora, embalado, feito, mas ela teria esse CD que pra mim seria fantástico. Acho que, tudo (??), na minha visão (??), nós vamos querer vender o que?

Nós temos a nossa imagem...

Entrevistado: Nós queremos vender o que? (??) Essa é a primeira coisa que nós temos que pensar. Então nós temos que vender restaurantes internacionais, o povo falando inglês, em espanhol, português, nós temos que vender essa culinária internacional, que ela também é de fundamental importância, nós teremos que vender a nossa Catedral, vender o nosso museu... (!!)

Os monumentos (?)...

Entrevistado: ...vender os monumentos, vender as (????) e pra vender isso nós não pode-mos embalar. Eu falei umas coisas de embalagem, você vê como é, e essa não tem como embalar, ela só tem um jeito.

Então o senhor acredita que assim é uma política... (!!)

Entrevistado: Um governo que chegasse (##), vou dar um exemplo, que chegasse e fizes-se um contato com todas as embaixadas que estão todas aqui em Brasília e com o mundo e fizesse com que essas embaixadas oferecesse endereço de todas as cidades que poderá ser mandado expedientes para eles divulgarem essa Brasília. E essa Brasília chegando em cada cidade através de... coisa simples, barata, e que demonstra ao mundo aquilo que a (??) tem. Opinião (??)

Bem parecida com as outras.

Entrevistado: É?

A opinião do senhor assim, é, Brasília precisa ser vendida, mostrada (##), as pessoas precisam conhecê-la.

Entrevistado: O vendedor ele só é bom quando consegue se vender a si mesmo. Ele nas-ceu (???), brasileiro nós temos que vender o Brasil, não tem outro jeito.

Quanto a articulação, como é que o senhor avalia a cadeia produtiva do turismo aqui no Distrito Federal, de acordo com a articulação dela com os agentes que existem aqui em Brasília? O senhor acha que existe essa articulação entre a cadeia produtiva do turismo com os agentes dela? Hotéis, as agências, os políticos que estão interes-sados em cuidar disso? O senhor acredita que essa articulação existe, ou ela ainda é falha, ou precisa melhorar, ou é satisfatória?

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Entrevistado: Eu não conheço muito bem. Talvez a minha opinião não seja a mais avaliza-da pra isto, mas, primeiramente, pra ser (?) recente, o turismo como um todo no Brasil, e segundo lugar por nós sermos quase todos no Brasil, procura só cuidar do seu negócio. Ele procura, não procura ajudar, procura atrapalhar o negócio dos outro, isso em atividades (?), isso é muito forte, é comum, talvez alguém que queira que o turismo fosse levado pro Ceará e não pra Brasília, mas na minha proposta tem que levar pro Ceará e complementar em Brasília (risos). Porque não demonstrar o Amazonas, para que o Amazonas no mundo chega também em Brasília, que o avião que vai pro Amazonas para um dia, dois dias. Então, eu não tenho essa condição de dar uma (??) proposta muito avalizada para saber se? Por exemplo: agências de viagens que tem programas de uma semana no Amazonas, eles podiam ter dois dias em Brasília? Eu não sei se existe isso. Eu não sei se existe para conhecer o pantanal, que alguém que venha da Europa, que lá tenha propaganda para conhecer o pantanal, está vinculado um ou dois dias, que o caminho é via Brasília.

Nós estamos no centro, né.

Entrevistado: É, no centro... Então (???) alguém que quer conhecer as nossas praias paradisía-cas do nosso grande nordeste ensolarado, para chegar lá ele teria que passar por Brasília e ta incluído nesses programas, então isso é um trabalho de governo. De governo com secretarias de governo, com pessoas especializadas nisso, com universidades especializadas, com profes-sores ensinando isso, isso é uma cultura e essa cultura é um processo lento, mas Brasília não tem outro caminho, ela não tem dois ou três caminhos, ela tem setor público e de turismo. Isso não (???), mas tem o comércio, o comércio para atender essas mesmas pessoas, ela não é uma cidade para industrializar, se industrializar, tem algumas indústrias mas é muito modesto.

Então o senhor acha que esse fortalecimento seria bom para o turismo de uma ma-neira em geral?

Entrevistado: Como (??), ele tem que ser integrado.

Essa integração... (!!)

Entrevistado: Ele tem que ser integrado... quando eu falei, dei um exemplo (???), falei no frango, eu conheço, por exemplo a Alemanha, a Alemanha compra a carne de frango do Brasil, de uma cidade até da minha região, 100% da indústria (???). (???) (???), tem uma em-balagem, todo ano centenas de pessoas vem conhecer a fábrica, vem conhecer a região, eu não sei se eles passam por Brasília, ou não passam, mas tem que despertar essa curiosidade.

Afinal é a capital do país.

Entrevistado: Tem que despertar essa curiosidade. Tem que ser um ponto turístico dis-crepado, esse ponto turístico discrepado só Brasília, todos nós podemos fazer isso, mas Brasília tem, ela tem que estar na agenda dos produtos (?)...

Na opinião do senhor quais os fatores que limitam e que possibilitam o desenvolvi-mento do turismo no Distrito Federal? Quais os fatores que limitariam ou possibilita-riam desse turismo?

Entrevistado: Eu acho que o que possibilita o desenvolvimento eu (?) praticamente falei. Você tem que tornar conhecida, clara, aberta, mas não só pra uma camada, tem informar para toda uma sociedade e isso depende de investimento, depende de gente, depende de uma série de coisas... (!!)

Uma conjunção... (!!)

Entrevistado: ...uma conjum... (??), máxima, muita coisa junta, isso eu acho que é muito importante. Mas também tem coisas assim, como é que eu vou explicar? Nós fizemos no ano passado o 10º WTTC em Florianópolis, o único país na América Latina, pela primeira vez, teve na França, em Londres, Dubai e foi, veio pro Brasil, por Brasília, Florianópolis. E lá estiveram umas duas centenas de jornalistas de turismo internacionais. Em princípio você não, tem um custo, mas você não dá a importância que tem, aí nesta mesma viagem de julho que eu fui pro exterior, eu passei, por exemplo em Los Angeles, fiquei duas horas no aeroporto, e fui pra sala vip, cheio de revistas e lá eu vi duas revistas de duas empre-sas diferentes que estavam lá com duas páginas de Florianópolis mostrando os pontos turísticos e fantásticos em função daqueles jornalistas. Então eu to citando esses exemplos que nós tivemos dos quais eles trazem (???). Um ponto muito forte em Brasília, ainda ela é muito forte nisso, é segurança. Ninguém quer fazer... eu to falando os pontos positivos, negativos (??)... Segurança é um ponto fundamental. Eu lembro quando deu os arrastões no Rio no Janeiro, em dois anos seguintes ninguém fazia, fazer turismo no Rio.. (##) Carnaval, vinha gente de todo mundo, parou. Porque enxergaram na televisão, em (??) vez de enxergar aqueles arrastões nas praias. Então segurança é um ponto fundamental e Brasília talvez seja, ainda é talvez uma das regiões mais seguras do país. Nós não temos um número, nós não temos favela, nós não temos aqui grande bolsões de pobreza, isso não existe, é muito pouco e isso tem que manter para poder manter aonde não tem essas coisas ruim nós não vamos tem, não tem bandidagem, não tem... Então a segurança é um ponto fundamental, a segurança boa é positiva e a segurança ruim... Aí eu te falo... A educação positiva e negativa em todos os sentidos. E talvez o ponto, também pode ser po-sitivo como negativo o envolvimento... o movimento público, independente de qualquer trabalho, porque se o poder público ele quer habitar no seu programa como uma meta de desenvolvimento e de crescimento, ele coloca nos trilhos, um setor fundamental para o futuro da capital, se ele não colocar ele passa a ser negativo.

Você tem alguma sugestão, alguma recomendação? Tipos de investimentos que pode-riam acontecer (##) aqui no Distrito Federal... (!!)

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Entrevistado: ... Essas coisas que nem eu sei se é isso que você queria ouvir.

É, a gente quer...

Entrevistado: Mais ou menos é tudo igual?

Nós queremos a opinião de pessoas ligadas diretamente ao setor do turismo que tem esse interesse para esse estudo ter um embasamento...

Entrevistado: Acho que (??)... muito mais coisa pra explorar (??). Não sei (??) as cartas. (!!)

É o entorno todo. (!!)

Entrevistado: O próprio lago. (!!)

Tem a cidade em si.

Entrevistado: Explorar mais o lago, eu acho que tem bastante coisa pra, inclusive para ser explorado com mais profundidade. Temos muitas riquezas próximas (??), o que nós pode-mos entrar aí, (??) as riquezas naturais da região.

O que ela já tem e que ainda não é... (!!)

Entrevistado: É, que não é explorado, são coisas que existem e não são explorados e, cer-tamente, terá outras coisas que eu não lembro. (risos)

FIM

ENTREVISTA 12

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções Obs.: Baixa qualidade da gravação, com muitos ruídos e a voz muito baixa de ambos.

Como que você avalia o atual mercado de turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Se você comparar a alguns anos atrás ele tá ótimo... (??) Porque eu acho que melhorou muito né. Antigamente o turismo eu acho que era muito fraco aqui em Brasí-lia, hoje com, acho que as convenções que tem aqui, as reuniões estão trazendo muitos turistas para Brasília. Quando eu era muito novo na administração, eu não era presidente da associação mas eu via,você quase não via ônibus de turismo em Brasília, empresa de turismo era muito pouco, hoje você vê empresas grandes aí com, hoje nós temos ali na torre até uma empresa que faz, mostra os pontos turísticos de Brasília e que antes não

tinha. Então pra mim isso é por que o turismo cresceu em Brasília. Há um aumento tam-bém de turistas aqui na feira do Guará e algumas outras feiras quando a gente freqüenta, a gente vê, então aumentou. E Brasília também cresceu muito né. Então hoje a gente tem o que ver em Brasília, antes a gente não tinha nada, por mais pouco que seja, mas ainda tem muita coisa. Acho que precisaria melhorar.

(??)... um ponto negativo nisso, você vê alguma coisa? Ou você, a percepção sua é que houve uma melhora?

Entrevistado: Não, acho que houve uma melhora sim.

Nos últimos 5 anos qual a sua opinião sobre esse mercado (??)... é de crescimento, você acredita que (??) ... nos últimos anos.

Entrevistado: Sim, acredito que nos últimos anos.

Você vê um Distrito Federal como um mercado de oportunidades para o turismo?

Entrevistado: Eu acho que ele tem condições de melhorar bastante. Eu acho que Brasília ela é muito nova, o Distrito Federal é muito novo, né, então ele tem como melhorar bas-tante. Agora vai depender de profissionais, né, tem como dar uma melhorada no turismo de Brasília, (Pausa)... no futuro talvez, ele tá indo devagarzinho a gente vai crescendo, e no futuro talvez.

As políticas públicas federais e distritais, você acred... a implementação nos últimos dois anos. Você acha que elas favoreceram ou elas dificultaram o setor do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Algumas, quando se trata de política tem algumas coisas que levam a gente pra um (????)... Não sei se isso vai atrair pessoas pra cá, porque foi de uma forma até ne-gativa, mas, que veio, que o investimento que o governo tem feito, que a gente, que eu tenho acompanhado as vezes em televisão, algumas coisas poucas que eu vi, ele deve ter ajudado o turismo sim. Tudo que faz, eu acho que a pessoa tem que fazer, né. Antigamen-te não tinha nada, desde que tem Brasíliatur aí investindo bastante no turismo de Brasília, então eu acho que isso melhorou bastante, isso ajudou a melhorar.

E tem alguma política relacionada ao turismo especificamente que você acha que se for revista, que deve ser revista, pode acarretar algum tipo de melhora?

Entrevistado: Não tenho uma específica, eu acho que o conjunto que tá começando, então eu acho que comecinho assim esses (??) tem que trabalhar em conjunto, tem que melhorar tudo um pouco, né, tem que fazer com que atraia as pessoas mais pra Brasília, fazer, é... Dar motivos para essas pessoas virem a Brasília.

O que você acha de política pública que precisa ser implementado assim nos próxi-

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mos dois anos para que esse setor turístico aqui no Distrito Federal se desenvolva? Qual é a sua visão que você tem?

Entrevistado: Política pública?

É, ou várias, ou um conjunto. Que você acha que traria um desenvolvimento?

Entrevistado: Não sei, acho que isso é o que eu falei antes, tem que investir mais, né, uma idéia assim do que fazer agora eu não tenho, mas eu acho que tem que ter uma, ter investimento do governo mais aonde, em todos os, em todas as áreas para que traga as pessoas, não sei se tem que fazer um prédio, (??), (??), fazer alguma coisa (risos), né, então eu não sei exatamente o que, eu sei que tem que ter mais investimentos em divulgação. Você vê muitas vezes, não é (??), eu, as vezes eu to assistindo a televisão, o pouco que eu assisto, eu vejo outros estados divulgando seus pontos turísticos, seus hotéis, pra atrair o cliente, eu não sei se Brasília faz isso, a não ser agora com o aniversário de 50 anos que eu sei que o Brasil todo viu um pouquinho de Brasília, e da parte boa, não da parte negativa, né. Então a não se esses 50 anos, eu acho que Brasília não deve divulgar fora ela mesma. Então eu acho que ele teriam que fazer uma divulgação, mostrar o que que aqui tem. Porque aqui tem algumas coisas que não se vê, que não é só política não. Eu acho que Brasília é uma capital que é muito boa pra morar, então também eles tinham que mostrar isso pras pessoas também, que aqui é bom pra morar, a gente tem algumas diversões, a gente tem alguns pontos turísticos legais de se ver, aqui tem, Brasília tem uma história, então eu acho que tinha que mostrar isso lá fora, que não, eu creio que não é mostrado, no meu conhecimento não é mostrado.

Como é que você avalia a cadeia turística, a cadeia produtiva de turismo aqui no Dis-trito Federal? Você acha que a articulação dos agentes ela existe e é feito um trabalho em conjunto ou é muito solto, cada um no seu setor?

Entrevistado: Eu acho que é muito individual, individualista ... (????) (Grande trecho inau-dível) (???)... (!!)

A cadeia toda assim.

Entrevistado: ...é, eu acho eles ainda não estão unidos. Eu sei que tem alguns sindicatos, seria nessa parte, sempre tem sindicatos, associações que eles estão tentando se unir, mas ainda não tá como deveria ser, porque se uma empresa de turismo, ela cresceu bastante (pausa)... nesses últimos anos, eu converso com ele na Catedral Turismo, ele me pass... (???)... já tinha associações, que eles criaram um sindicato pra ver se eles se unem pra me-lhorar o turismo de Brasília e até pra dar uma união, né, pra dar uma força, porque aí eles se conheciam, porque eles não se conheciam, mas eles ainda estão caminhando, não tá, tá precisando, tá faltando um pouco, muita coisa ainda, mas eles estão procurando se unir.

Seria um... você respondeu, precisaria da união mesmo assim... (!!)

Entrevistado: É, da união, eu acho que tudo quando está começando você não consegue construir nada sozinho. Você tem que ter parceiro para te ajudar a construir.

A ASCOFEG participa de alguma instituição de, de, são só vocês ou vocês tem um encontro de associações que vocês participam? Tirando aqui...

Entrevistado: Olha, existe em torno de 60 feiras em Brasília, né, e que cada feira, entre feiras livres, feiras populares e shoppings populares, shopping populares só são dois, né mais (pausa)... mesmo foi um novo nome que deram pra feira permanente né por causa da estrutura e feira livre quando se fala de pavilhão e no shopping claro você tem uma estrutura um pouco diferente, mas é a mesma, praticamente a mesma coisa tanto que a parte administrativa também (??), (??) de uma pra o outro, exceto a feira livre que tem um pequeno detalhe que elas são, fica naquele dia num lugar e saem, então é um pouco diferente só nesse caso e produtos que vendem. Né, então cada feira tem suas associa-ções, existem associações, existem reuniões entre as associações periódicas, não tem uma data certa mas quando há necessidade a gente chamamos. Existe o sindicato que algumas associações é ligadas outras não, mas existe esse sindicato. Querendo ou não quando é assunto comum nas associações todas, a maioria pelo menos tem interesse de estar lá, foi criada uma federação que ela tá parada agora, mas existe essa federação e é pensando em unir mais pra discutir, junto ao governo foi criada uma coordenaria de serviço público que trata só de feiras, (pausa) que isso faz com que unem as feiras e a gente consiga fazer um trabalho melhor junto que é a idéia do governo, dar apoio para os feirantes, que é uma área pública aqui, então a gente precisa do governo aqui dentro ele que administra, a as-sociação tem uma parte, o governo tem outra. Então existe a tentativa, acho que como um todo a gente também tá começando, a gente já tem um tempo, mas eu acho que pessoas atrás não viram esse lado de que tem que unir para poder crescer, né, então agora que está acontecendo isso, devagarzinho, a pessoa resiste, quando a coisa é nova as pessoas tá resistindo, mas devagarzinho a gente a vai conseguir também.

O que que você acha, quais são os principais fatores que limitam e que possibilitam o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Que limita?

Que limita e o que possibilita na sua opinião? Que visão você tem?

Entrevistado: O que limita, eu acho que hoje Brasília não é conhecida, isso limita. Ela é muito pouco conhecida no fato (pausa), na questão turística... (!!)

Tem reconhecimento só o político.

Entrevistado: ... é, ela tem conhecimento só político, para todos Brasília é só política e não é.

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Nós que moramos aqui nós sabemos que não é, talvez seja até o contrário do que eles pensam. Tem a política muito forte? Tem, mas Brasília tem muitas coisas também que não é só política, a política talvez não seja o principal pra gente que mora aqui, pelo menos pra grande maioria das pessoas. Então isso limita muito, é a falta de divulgação de quem somos nós. Agora Brasília é uma cidade que as pessoas daqui, eu acho que as pessoas de Brasília é diferente de muitos outros lugares, aqui contém pessoas, porque vem pessoas de vários estados, né, então você tem gente do sul, do norte, do nordeste, tudo, então as pessoas já tem vários, você consegue aqui, com essas pessoas que vem de outros lugares, cada uma conta um pouquinho da sua cidade, então isso ajuda você, ajuda, é bom pra Brasília. E quando essas pessoas saem daqui, já que nós temos uma, uma campanha pra divulgar Brasília alguma coisa eu acho que essas pessoas quando vai pra vários lugares do Brasil, porque elas são de lá elas divulgam Brasília (pausa), isso também ajuda muito.

Tem alguma sugestão ou recomendação para investimentos no setor turístico nos próximos 4 anos que você acha que poderia ser feito aqui?

Entrevistado: Eu só, a recomendação é que invista. Se investir em Brasília vai dar resulta-do, em qualquer que seja, qualquer área que seja. Investir e trazer o turista para cá que aí Brasília vai ganhar. A Copa do Mundo é um investimento, a gente tá, tá se falando que talvez não tenha nem jogos aqui em Brasília, isso aí seria uma perda muito grande pra Brasília, a Copa do Mundo vai deixar Brasília conhecida e vai conhecer Brasília pelo ou-tro lado que não é só política. Vai conhecer a gente, vai conhecer a nossa cidade, nossas cidades satélites, então acho que com isso vai divulgar muito, vai ver que Brasília não é só politicagem, ou política. Então eu acho que a gente tinha que fazer um investimento e correr atrás da Copa do Mundo para trazer ela pra cá porque eu acho que ia ajudar bastante. E a gente ainda tem joguinho aqui perto pra assistir. (risos)

Fim.

ENTREVISTA 13

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como que a senhora avalia o atual mercado do turismo no Distrito Federal?

Entrevistada: Nós temo um mercado hoje bastante vocacionado para a questão do papel exercido por Brasília como capital do país. Entendeu, é um turismo de executivos que

vem aqui em defesa dos seus interesses econômicos, seja para estabelecer um lobby junto a autoridades constituídas, ou ainda para participar de eventos, congressos, seminários, mas é uma coisa muito direcionada, né, com relação... (!!!)

Com concursos positivos e negativos.

Entrevistada: É, o turismo de negócios e o turismo de eventos, né, que é o que é uma marca muito forte aqui em Brasília, quer dizer, ele traz uma série de benefícios, né, por-que este turista ele tem um poder aquisitivo maior, ele, além de se hospedar ele utiliza de outros serviços, como locação de veículos, ele participa, vamos dizer, reuniões em restau-rantes, quer dizer, ele beneficia vários segmentos econômicos, não é, e isso vamos dizer, pode satisfazer por um tempo, mas eu acho que Brasília tem muito mais potencial para desenvolver outros segmentos do turismo com muito sucesso. Mas ainda não descobriu esse caminho, né. A gente fala muito na questão do turismo cívico, o turismo cívico ele é fundamental, mas eu acho que precisa haver uma sensibilização muito grande das pessoas que trabalham aqui no Distrito Federal, as pessoas que moram no Distrito Federal, princi-palmente as pessoas que atuam no poder público, porque a maioria dos atrativos turísticos ela está inserida na estrutura física da cidade, né, nos prédios públicos, as pessoas tem interesse em conhecer e desvendar e, infelizmente, a gente não vê isso caminhar nesse sentido. Nós assistimos agora, por exemplo, no Congresso Nacional, por ocasião do ani-versário de Brasília, tem lá toda uma estrutura discorrendo sobre a questão da epopéia da construção de Brasília, tal né, mas isso já é uma coisa que tinha que acontecer permanen-temente, não é? Nós teríamos que ter por exemplo a disponibilidade de um ministro da educação para poder estar recebendo ou dando um certificado para todos os estudantes que viessem conhecer a capital do país. Então isso é uma coisa que vai ter que ser muito trabalhada, é uma coisa cultural, né, pra gente poder fazer isso virar uma realidade, né. Ainda eu acho muito incipiente. Temos várias tentativas que eu já vi acontecer na cidade, né, mas que ainda não deslanchou como deveria. Quando a gente pensa numa capital como Washington, aonde as pessoas, o sonho é completar aquela idade mínima para poder participar de uma excursão para conhecer a capital dos Estados Unidos. Então isso nós vamos ter que trabalhar e é um trabalho que eu acho que tem que começar dentro da própria cidade de Brasília, com seus habitantes, com seus gestores públicos, porque nós não somos apenas uma unidade federada, nós somos a capital do Brasil. Então isso é uma coisa que tem que estar muito forte e que as pessoas tem que começar a desenvolver, né. Já tem muita iniciativa, a gente vê alguns tribunais superiores que já tem estrutura, o Congresso Nacional já tem uma estrutura, o Palácio do Planalto, agora está em reforma, mas tinha uma estrutura para poder receber pelo menos um dia na semana, né, mas eu acho que tem que ser melhor trabalhado. E as pessoas quando vem a Brasília elas vem no fim de semana, e fim de semana a gente vai encontrar os museus fechados, a gente vai

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encontrar os prédios públicos fechados, então isso realmente é um trabalho cultural que precisa ser desenvolvido e aprimorado.

Você acredita que houve uma evolução no mercado turístico do Distrito Federal nos últimos 5 anos?

Entrevistada: Ah, com certeza, com certeza, eu vejo as entidades de classe mais fortes, mais conscientes sobre o seu papel, né, eu vejo as entidades de classe trabalhando de maneira integrada, não é, isso é muito importante para o desenvolvimento, e mais ainda, criou-se oportunidades, né, bandeiras internacionais passaram a administrar os hotéis, né, Brasília já passou a integrar roteiros das grandes operadoras de turismo, que antes você não via, você ia numa operadora de turismo “-Ah eu queria uma excursão para um fim de semana em Brasília!” Não existia, hoje a gente já vê acontecer, mas ainda é uma, va-mos dizer, é uma gotinha no oceano, eu acho que nós temos potencial, porque quando eu penso em Brasília eu penso Brasília plena, Brasília com o nosso bioma do cerrado, eu penso a Brasília que cria oportunidades e que a gente vê uma juventude maravilhosa, que tem acesso a escola, que tem, em todos os graus, né, eu vejo Brasília como uma cidade tecnológica, aonde você tem uma agricultura de ponta, sabe, trabalhando com orgânicos, né. Outro dia fui visitar um assentamento e eu fiquei muito impressionada porque eles estão praticando a agroecologia no plantio, todos organizados em associação, uma coisa muito bacana, quer dizer, que vai dar retorno, que deu dignidade para essas pessoas que antes não tinham uma terra para produzir e que agora estão produzindo. Então são exem-plos que a gente tem como estar disseminando para todo país. É uma experiência muito interessante, muito positiva, e que você vê isso pouco explorado.

Isso, então você veria, o DF é um mercado com oportunidades pro turismo?

Entrevistada: Pro turismo, e mais ainda, é a porta de entrada da região centro-oeste que é um outro produto (##), que é um outro produto muito cobiçado e que também precisa estar trabalhando mais integrado.

Na sua opinião as polícias públicas federais e distritais implementadas nos últimos dois anos, elas favoreceram ou dificultaram o setor de turismo no Distrito Federal?

Entrevistada: Olha, com relação ao Distrito Federal, quer dizer, foi dado muita ênfase a grandes eventos. Eventos sejam shows, sejam peças teatrais, né, então foi feito um traba-lho nesse sentido, mas há uma carência ainda muito grande de espaços para essas grandes produções, não é? Eu não vi assim uma iniciativa mais pesada, principalmente com os artistas locais, eu não vi, que eu acho que se você tá trabalhando a questão dos grandes eventos, shows e tal, eu acho que não pode ser esquecido em momento algum os talentos locais, né, e que a gente já colocou muitos aí no mercado nacional e internacional, mas eu não tenho visto este espaço. Com relação as políticas federais, né, eu acho que valorizou

todo o trabalho que foi feito com relação a municipalização do turismo, né, a gente agora começa a distinguir realmente os municípios com vocação turística e esses municípios com vocação turística eles passam a ser pólos de outros municípios circunvizinhos, e é jus-tamente isso, o turismo é uma atividade econômica que agrega, entendeu? Pra onde ele vai ele beneficia toda uma região. Então esta característica do turismo, ela vem se acen-tuando praticamente em todo país, principalmente no Distrito Federal, quer dizer, pela nossa própria infraestrutura. Por exemplo, a malha aérea, você tem três grandes pontos, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Então do norte, do nordeste você obrigatoriamente passa por Brasília, então você precisa tornar essa estada em Brasília mais atraente até pra (##) que ele permaneça mais tempo na nossa cidade. Então eu vejo as pessoas procuram a capital porque ela é uma cidade moderna, ela tem um comércio vibrante, não é, ela tem grandes marcas, tem coisas que atraem, ela tem um diferencial e isso, quer dizer, você tem que estar envolvendo, não apenas as entidades, os segmentos diretamente ligados ao tu-rismo, mas os que indiretamente se beneficiam, e o (?)acervo dessas se beneficiam muito mais, né, quer dizer, a questão da nossa produção da indústria de móveis, a indústria do vestuário, a indústria da beleza, “-Ôpa, vou, passo em Brasília, vou mudar meu visual.” Então são coisa que começam, as pessoas começam a dar dimensão de capital do país, mas precisa ser bem trabalhado esse aspecto.

Você acha que quais política, ou qual política relacionada ao turismo que pode ser revis-ta para dar uma ingestão de ânimo, para melhorar o turismo aqui no Distrito Federal?

Entrevistada: Olha, eu acho que em primeiro lugar, né, e a gente sentiu muito isso nesse mês de abril, esse mês de abril que é o ano do cinqüentenário de Brasília, é... Eu sou uma pessoa que eu cresci em Brasília, vim pra cá pequenininha e passei a minha vida toda em Brasília, então eu sou uma brasiliense de coração e quase nasci aqui, então eu vejo um muito desconhecimento das pessoas com relação a todos esses atrativos turísticos que a cidade tem. Eu vejo um total desconhecimento das pessoas com relação a histó-ria da cidade, quem foram aquelas pessoas que ajudaram a construir Brasília, né, então nós tivemos aí pela mídia, tanto televisiva como jornal, rádio, dando ênfase, muita gente ficou assim impressionada por que desconhecia essa história, então eu acho que uma das coisas que a gente precisa trabalhar melhor seriam políticas no sentido de estimular a produção literária ou áudio visual, né pra que isso possa chegar as escolas de Brasília para pessoas que nasceram aqui, que estão estudando aqui, tenham a oportunidade de conhecer tudo o que foi essa cidade que acabou revolucionando o Brasil. Quer dizer, foi a partir de Brasília, que a gente chama de ‘meta síntese’ que a região centro-oeste passou a ser a maior produtora de grão, que a região norte pôde (??)ser acessada, né, porque foi justamente a partir de Brasília, Juscelino começou a Belém/Brasília, quer dizer como é que você chegava lá? Era por mar. Viagens longas, aí, de repente você passa a ter acesso, quer

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dizer um novo Brasil floresceu a partir de Brasília. Então eu acho que essas questões aí a gente precisa estar levando com um maior vigor para as nossas crianças aqui no Distrito Federal, pras crianças de todo país pra saber o que é que foi que aconteceu. Que hoje eu vejo, quer dizer, as crianças vão aprender na quinta série uma históriazinha muito leve e tal. E isso precisa ser reforçado, né, precisa, vamos dizer, se a gente pegar o exemplo dos Estados Unidos, porque que todo mundo tem uma bandeira em casa? Porque que todo mundo sabe cantar o seu hino? Porque que todo mundo vai a Washington? Porque além de você ter um trabalho nas escolas, havia um trabalho, por exemplo, na indústria cine-matográfica dos Estados Unidos, de estar valorizando a bandeira, de estar valorizando o hino, de conhecer a capital, era como se aqui no Brasil pra você ir pra (###) (???) é como ir ao maracanã no domingo assistir Fla x Flu. Entendeu? Então eu acho que a gente tem que trabalhar essa vertente e isso só vem a partir da educação, entendeu?

Isso seriam... (!!)

Entrevistada: Essa seria, eu acho (##) que é uma coisa a longo prazo. Essa eu acho fun-damental, né. Agora, as outras coisa, elas estão acontecendo, oportunidades para inves-timentos... (!!)

Pros próximos dois anos você acharia que seria essa difusão de Brasília, para as pes-soas conhecerem Brasília, não apenas como a capital como uma cidade também que tem, somos o centro político do país, mas nós temos mais do que isso, seria esse conhecimento que as pessoas... (!!)

Entrevistada: Exatamente, eu acho que toda a mídia no mês de abril ela jogou muito forte com isso, sabe? Ela mostrou o lado bom, o lado ruim, ela mostrou que Brasília é um re-tratinho do Brasil. Entendeu? Aqui você tem desigualdades bastante acentuadas, né, você tem pessoas que não sabem ler... (!!!)

Maior renda per capta do país.

Entrevistada: ... tem a maior renda per capta, mas você tem a menor renda per cap-ta, você tem um índice de miserabilidade acontecendo no território do Distrito Federal, então, isso, vamos dizer, acaba por contribuir de uma maneira ou de outra para que a imagem que todo mundo imagina, “Mas onde é que é a sua casa? Brasília não é só aquela Explanada dos Ministérios?” Então foi muito importante essa mídia que, inclusive mídia nacional, veio a Brasília, vi alguns programas, por exemplo da Globo News “Cidade das soluções”, foi vasculhar lixão de Brasília, muita gente falou e mostrou essa cara que o país o não conhece, o país não conhece, então isso eu acho que contribuiu muito para desmis-tificar, agora cabe a gente poder trabalhar e mostrar essas facetas da capital do país, quer dizer, nós temos, exercemos o papel de capital, mas também somos uma cidade pujante que tem oportunidades e que, vamos dizer, não está, não é uma ilha da fantasia.

Como a senhora avalia a cadeia produtiva do Distrito Federal, de turismo do Distrito Federal do ponto de vista assim da articulação e mobilização com os agentes da ca-deia produtiva? Você acredita que eles estão fortalecidos, que eles estão mais indivi-dualistas, que estão começando a se juntar?

Entrevistada: É, eu vejo hoje um trabalho mais integrado. Eu já acompanho essa área de turismo há alguns anos e hoje eu sinto que há uma integração até pela própria necessidade de entrar no mercado, entendeu? (#)(?) É. Eu vejo também que o surgimento de faculdade de turismo, né, a exigência de capacitação, o próprio Ministério a partir da atualização dos cadastros no SISTUR, não é? Ele coloca em cheque essas coisas e a necessidade de capacitação, para se atualizar, para se aperfeiçoar, para aprimorar os seus conhecimentos, né. Então eu vejo essa preocupação assim muito forte. Agora eu acho que nós precisamos ousar mais e quem tem que puxar isso são justamente os líderes dos vários segmentos de turismo, né, eu vejo um movimento na hotelaria, muito interessante, eu vejo o pessoal de gastronomia fazendo um trabalho muito bom, de qualidade, o pessoal de agência de viagens e turismo também investindo aí em tecnologia, mas quem não for acompanhando esta evolução vai começar a ser esmagado, e grandes operadoras vão passar a ocupar esse cenário turístico do Distrito Federal, a gente já vê aí entradas de algumas operadoras de fora que estão se estabelecendo na cidade e isso pode tornar o segmento mais competitivo.

Na sua opinião quais os principais fatores que limitam e os que possibilitam o desen-volvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistada: Bom, eu vejo que a gente fala muito em ação integrada. Eu acho que precisa haver uma ação integrada dos organismos do governo em prol dessa atividade, não adian-ta ficar lá o secretário de turismo dizendo isso, isso e isso, se a secretaria de segurança não tiver alinhada, se a secretaria de educação, se a secretaria de saúde, porque são coisas que vão comprometer e essas são preocupações, principalmente, do turista internacional. O turista internacional ele quer saber se a cidade tem água potável, né, ele quer saber se ele vai poder andar na rua, se ele vai ter segurança, ele precisa ter certeza que as pessoas da-quela cidade vão saber compreendê-lo e recebê-lo a altura. Então as pessoas tem que ter um nível de educação elevado, dominar dois idiomas pelo menos, né. Então eu acho que essa ação integrada do governo e do próprio empresariado, e a questão também, vamos dizer aqui que nós somos uma cidade tombada pelo patrimônio histórico, pela Unesco, em construção, então nós precisamos finalizar algumas construções, algumas melhorias nas áreas centrais, né, nós precisamos ter a conscientização dos organismos públicos com relação a importância deles estarem na capital do país e poder respeitar esse turista, tanto nacional como internacional, né, nós temos que criar este modelinho, não é? O que nós podemos criar lá no Ministério tal que tem obras maravilhosas de arquitetos brasileiros, que estão no mundo inteiro? Né, como é que eu vou valorizar uma galeria de arte lá do

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Banco Central se o banco tá fechado, se a caixa econômica tá fechada... (!!)

(??)... os moradores de Brasília não ter o conhecimento de... (##)(!!)

Entrevistada: Não tem, não tem. Então, esse trabalho, quer dizer, que eu to colocando aqui de novo, é muita coisa pra fazer, é muita coisa pra fazer. É preciso estar acontecendo assim muito fortemente, né, nós estamos aí as voltas com uma Copa do Mundo, aonde Brasília pode ser, aliás foi escolhida como sede de um determinado grupo, né. Como é que nós vamos estar preparados para o antes, para o durante e para o depois desse even-to? Né, nós temos que definir que tamanho que ele vai ser. Então pra isso essas ações que eu to colocando são fundamentais que já estejam em funcionamento a partir de agora.

E a limitação seria essa... (!!)

Entrevistada: É a sua opinião (risos).

Esse descaso? Não é nem descaso, ou é... As pessoas parece que não levam a sério o turismo ainda aqui, o que seria esse fator limitador de não deixar isso acontecer? Que você acredita?

Entrevistada: Olha, talvez as pessoas não tenham a dimensão da importância dessa atividade econômica, né, da importância de você ter o intercâmbio com pessoas do próprio Brasil e do exterior, né, e o quanto que a gente pode estar trocando. Hoje a gente tá descobrindo a opor-tunidade de conhecer a Europa, os Estados Unidos e tal e deixando muitas vezes da gente fazer um trabalho de turismo aqui dentro do próprio Brasil, a gente conhecer o próprio Brasil. Então eu acho que é estimular, incentivar e ter orgulho de ser brasileiro eu acho que é fundamental, eu acho que é fundamental e nós precisamos quebrar uma série de barreiras, né. Você tem que estar engajado, quer dizer, e é a população toda. Vamos descobrir quem é essa Brasília, quem são esses nossos heróis da construção, quem são os novos heróis que vão ocupar os próximos 50 anos? Entendeu? Vamos, nós temos que definir esse espaço. Então eu acho que esse ano é um ano muito importante aqui pra gente, né, tem muitas decisões que tem que ser tomadas aí esse ano em termos de investimentos, melhoria de transportes, a nossa questão hospitalar, quer dizer, hoje não dá nem pra ter uma corridinha de autorama na cidade, né? Como é que você vai ter hospital a altura para atender, por exemplo, uma corrida de Fórmula 1? Nós não temos. Então nós precisamos corrigir e se voltar para a nossa rota de desenvolvimento, enten-deu? É melhorar a qualidade de vida da população, né, educação é fundamental, eu faço parte daquele grupo do Gerdau, quanto mais educação melhor. Eu acho que isso é que nós temos que reforçar, é a nossa educação, é o trabalho com essas crianças que daqui a 4 anos vão estar recebendo aí um monte de turistas e apresentando uma nova Brasília pro mundo.

Eu também, eu nessas entrevistas que eu to fazendo, eu só corroboro a opinião que nor-malmente todos nós temos...

FIM

ENTREVISTA 14

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como o senhor avalia o atual mercado turístico do Distrito Federal?

Entrevistado: Um grande potencial, porém pouco explorado. Hoje a gente tem, a visão turística de Brasília é apenas arquitetônica, ou seja, se tem uma idéia de que o turista vem aqui só pra ver o Congresso, a Torre, a Catedral, e, quer dizer o conjunto arquitetônico de Oscar Niemeyer, mas na realidade nós temos coisas fantásticas. Nós temos aí uma gama muito grande de oportunidades de turismo. Não só no arquitetônico mas também na na-tureza, nós temos um parque ecológico, nós somos a cidade do Brasil com maior área de parques preservado, não preservados totalmente, mas preservados. E se a gente tiver uma atividade de turismo que enfatize a necessidade de preservação ou de ampliação desses setores a sociedade só tem a ganhar, precisa disso.

Como o senhor avalia a evolução do mercado turístico nos últimos 5 anos? O senhor acha que ela cresceu, declinou, ela se manteve?

Entrevistado: Não, a gente tem algumas ações que tem dado resultado, por exemplo: Brasília hoje nos seus 50 anos ela teve oportunidade de estar divulgando o seu potencial, não só o seu potencial econômico, mas também o potencial humano, que é uma, talvez uma curiosidade turística né, que a gente tem que explorar todas as vertentes da nature-za, não só da própria natureza, mas da natureza humana também. O que o brasiliense tem a oferecer ao seu turista? O que o brasiliense tem a oferecer ao filho do país que não conhece a sua capital? Então nós precisamos usar isso, e foi trabalhado, pena que esses atropelos dos acontecimentos não trouxeram para nós os benefícios que a gente esperava que trouxesse. Mas nós últimos 5 anos, atendo a sua pergunta, nos últimos 5 anos tem crescido muito. Quer dizer, tá se descobrindo um potencial econômico enorme na ativi-dade turística, porque? Porque nós todos somos um país que estamos caminhando para um país mais velho, né, quer dizer a nossa sociedade já tá adentrando a idade, a 3ª idade, e precisa de ter atividade. Quer dizer, o sujeito que aposenta ele vai fazer o que? Se ele se aposenta lá no Acre de repente ele não conhece a capital federal. Se ele se aposenta em São Paulo de repente ele não conhece a capital federal. E esse é um ponto turístico por excelência que nós precisamos explorar mais ainda, nós precisamos dar, nós precisamos ter uma economia pujante nessa área e ela tem capacidade para isso nós só precisamos trabalhar. E as iniciativas elas estão aí borbulhando só que as vezes não são ouvidas, né.

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Ou seja, se a gente estiver atento a essas coisas a oportunidade de negócio ou a oportuni-dade financeira ela tá toda hora saltando aos nossos olhos.

Então o senhor vê o DF como um mercado de oportunidade para o turismo?

Entrevistado: Ah, com certeza. Em todas as áreas, seja ela, desde o turismo rural até o turismo urbano, seja um turismo de negócios, seja um turismo financeiro, seja um turismo gastronômico, seja um turismo de urbanístico, de passeio, de conhecer, até de conhecer quadra, como é a montagem, como é a nossa, qual é a metodologia, como é a metodo-logia de endereços numa cidade satélite ou mesmo na capital, quer dizer que isso não foi empregado em lugar nenhum e hoje nós... (!!)

(??) ... as pessoas aqui que nem conhecem essa (??)(!!!)

Entrevistado: ... exatamente, exatamente, e isso precisa ser divulgado, nós temos esse potencial.

Na sua opinião as políticas públicas federais e distritais implementadas nos últimos 2 anos elas favoreceram ou dificultaram o setor de turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Eu diria que a política federal ela favoreceu, ela não favoreceu no sentido de que não nos deu conhecimento pleno de todos os recursos colhidos pelo Ministério do Turismo, da cultura, do Ministério da Cultura e do Ministério do Turismo que tem muito recurso para ser empregado no turismo. O governo do Distrito Federal ele não trata o turismo como a necessidade que precisava tratar, então eu acredito que nos últimos 5 anos o turismo em Brasília, que era, que demonstrou esse potencial, ele não teve o tra-tamento adequado, ainda não tem o tratamento adequado pelas autoridades, pelo setor público, onde teria que ter uma política constante de ouvir a sociedade, de estar trazendo as, vamos dizer, grandes palestras, grandes eventos para Brasília, de estar trabalhando porque é nossa vocação. Porque a gente tem um centro aqui que se estivesse no centro de São Paulo não ficaria desocupado por nenhuma hora, e a gente tem um centro aqui totalmente ocioso. Nós temos lugares maravilhosos que estão ociosos por falta de política direcionada, por falta de um bom direcionamento político.

Quais as políticas que precisam ser implementadas para que o setor se desenvolva assim nos próximos 2 anos?

Entrevistado: Primeiro a política pública de, vamos dizer, de creditar ao setor privado, por-que a política pública ela não pode ser voltada intra-classe, a política pública tem que ser externada ela é uma flor que nasce do botão e ela vai desabrochar com o setor privado, primeiro, eu costumo dizer que os nossos governantes eles se esquecem, as vezes até a origem, as vezes o sujeito é comerciante, é da área de uma atividade comercial ou indus-trial qualquer, quando ele assume um cargo público ele simplesmente esquece a origem

dele, aí ele passa a ter, ele pensa que administrar é pra dentro e quando na realidade a gente tem que ter a idéia que o administrar é expandir essa política pública para o setor privado, porque quem faz as políticas de ação, quem implementa as ações é o setor pri-vado, o setor público apenas oferece os recursos, oferece o recurso seja ele oficial, ou seja no sentido de adequar, de planificar, de regular, quer dizer, no sentido de estar dando a regulação necessária ao setor, olha aqui pode isso, aqui pode aquilo, esse setor tá regula-mentado assim, assim... Não, hoje o setor público vive a reboque do setor privado e isso atrasa muito o desenvolvimento, porque? Porque o setor privado quer ir mas tem alguém que entrava, não tem regulação, você tem que ir atrás de criar, as vezes até de criar legis-lação para poder implementar uma ação e isso é muito ruim. Então o setor público não anda concatenado com o setor privado, e com a sociedade de maneira geral.

O senhor acha que alguma política relacionada ao turismo deveria ser revista?

Entrevistado: Todas ué. Todas elas, de uma maneira geral, é como eu acabei de dizer. Como o setor público entende que tem que dirigir pra dentro, intra-classe, ele necessita de modificar completamente o seu modelo de gestão. O modelo de gestão do turismo, ou seja, da parte oficial ela não funciona, porque não é, essas ações do governo não tem que estar intervindo no setor privado, porque? Só pra te dizer um... Entendeu-se nos últimos 5 anos que política de cultura, política de turismo seria estar contratando shows, seria estar colocando eventos em praça pública. Tá errado! Tá errado! Tá completamente errado, porque? Primeiro tira atividade do setor, o setor que sabe trabalhar com maestria essas coisas de eventos, quer dizer, perdeu, nos últimos 4, 5 anos nós estamos perdendo campo, o setor de atividades cultural perdeu campo. Porque não existe mais, você a cada momento tem ali uma coisa sem qualidade, sem pretensão, a pretensão pode até ser dis-torcida, mas aí a gente visualiza o que? Uma política mal empregada, que não tem um di-recionamento adequado, que a sociedade não colhe os seus frutos, que a sociedade não vê isso com resultado, não tem resultado para a sociedade de maneira efetiva e o setor privado se ressente disso. Ou seja, nós precisamos modificar urgentemente essas políticas, principalmente na área de turismo. (Fim da primeira parte)

Como é que o senhor avalia a cadeia produtiva de turismo no Distrito Federal do ponto de vista de articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistado: Tem carência exatamente porque não existe regulação, o setor público não regula as atividades e, por exemplo: como é que você monta uma atividade no nosso par-que “Água Mineral”? Como é que você monta atividade por exemplo no “Parque da Cida-de”? Como é que você monta uma atividade turística, por exemplo de exploração turística mesmo no “Parque Olhos d´agua”? Não existe regulação, o próprio setor ele não tem como se articular, porque? Porque não existe uma política pública direcionada para ele e eles não estão ouvindo o setor privado nessa atividade, e a gente precisa estar trabalhando

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junto ao setor público para que ele tenha um novo olhar, para que ele nos ouça e que a gente comece a implementar atividades turísticas para todo o DF. Não só, você concorda que conhecer, por exemplo, conhecer Ceilândia é uma, a Ceilândia tem um potencial turístico? Nós temos aí grandes coisas em Ceilândia, é a maior cidade satélite, nós temos uma atividade econômica pujante, que as pessoas pensam que Ceilândia é só problema, e se você tiver um olhar, um olhar, vamos dizer assim, uma atividade turística naquela região para mostrar, para desmistificar essa característica, quer dizer, você traz, além de atividade econômica, você mantém a autoestima do povo elevada, você traz ao morador um novo olhar sobre a sua própria cidade, você traz para o administrador público um novo olhar sobre as suas ações e o setor privado investe pesadamente em toda a atividade que seja lucrativa e o setor turístico é atividade extremamente lucrativa, porque você vende idéias, você vende sonhos, você vende acalanto, você vende tudo que a pessoa precisa, ela está afeita a isso, então é muito mais fácil trabalhar com o turista do que com outra atividade produtiva qualquer que é aonde você, muito poucas atividades o sujeito vem já pronto, e o turista tá pronto.

O que o senhor acha que falta para esse fortalecimento?

Entrevistado: Para esse fortalecimento vai ser interação entre o setor público, setor privado e a sociedade, ou seja, é um tripé onde nós tenhamos essa visão de organização, onde nós tenhamos a visão de que o setor precisa se organizar para criar as ações, pensar, e o setor público simplesmente apoiar, regulamentar.

A FACIDF participa de alguma outra instituição, tem algum conjunto?

Entrevistado: A FACIDF é confederada da Confederação Brasileira de Associações Comer-ciais, a CACB, que é uma entidade nacional. Essa entidade ela hoje, vamos dizer assim, ela representa o setor, nós somos 2500 associações comerciais no Brasil todo, porque a gente é, está e quase todos os municípios, tá em 50% dos municípios, né. Então a gente tem uma capilaridade muito grande. E as associações comerciais ela participa da vida eco-nômica do Brasil todo e ela está confederada, a nossa confederação que é a CACB ela tem essa representatividade, tem essa capilaridade através das associações comerciais. Quer dizer, na realidade o nosso dedo é a associação comercial. Aí nós vamos nos degraus da hierarquia aonde tem a federação e depois tem a confederação.

Quais os principais fatores, na sua opinião, que limitam e os que possibilitam o de-senvolvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Primeiro a geografia. A geografia não só econômica, mas a geografia pela geografia e a geografia política. A geografia política é extremamente favorável, porque? Porque aqui é o centro das decisões, aqui todo mundo reconhece na capital a, vamos dizer assim, o ponto de decisão, o setor de decisão para todo o Brasil, que emana, não só

para o Brasil, mas para o mundo. E isso ainda não está sendo explorado de uma maneira correta, quer dizer nós temos aí todo esse potencial que ainda tá meio que adormecido, nós fizemos 50 anos e 50 anos na analogia biológica a gente tem que entender que 50 anos já é, já tá adentrando numa 3ª idade, mas para a cidade a gente pensa que ela é uma garota, uma menina que tá desabrochando ainda, né. E que precisamos estar trabalhando com esse foco de desenvolver o turismo. Tem um potencial enorme.

Isso é o que possibilita o senhor acha?

Entrevistado: Isso é o que possibilita. Ela tem todas as características que possibilita o tu-rismo, o desenvolvimento do turismo.

E o que o senhor acha que limitaria?

Entrevistado: O que limita é atividade pública. É o setor público não ter uma política séria para o setor. Só isso. O setor privado tá pronto, mas não temos o apoio necessário.

O que o senhor sugeriria, recomendaria para investimentos de turismo no Distrito Federal nos próximos 4 anos?

Entrevistado: Você diz em matérias práticas? Primeiro nós temos uma rede hoteleira fan-tástica, nós temos uma gastronomia de primeira linha, nós temos hoje aí centros maravi-lhosos. O que a gente precisa investir em que? Na qualidade do povo. Na receptividade, na disposição e nas políticas públicas que venham incrementar, não só essa vontade, mas eu tenho que trabalhar, no turismo se trabalha desde o jardineiro que faz um jardim bo-nito para as pessoas passarem e admirarem, até o varredor de rua, ele tem uma caracte-rística própria, nós não temos essa pulsão social, não nos reconhecemos como elemento social, nós perdemos esse “felling”, nós perdemos essa, vamos dizer assim, o povo se faz visto pelas suas atividades, a arquitetura se faz vista pela sua imponência ou pelo seu de-sign diferenciado, a natureza se faz vista pela sua originalidade, né, quer dizer, nós temos que aproveitar tudo que nós temos de melhor e explorar turisticamente. Nós temos até os estudantes da UNB... (???)

FIM

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ENTREVISTA 15

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como o senhor avalia o mercado atual do turismo no Distrito Federal? A sua opinião.

Entrevistado: Eu acho que é um mercado em crescimento, a cidade está se tornando mais importante até em função dos 50 anos, infelizmente por causa dessa confusão política toda, tudo isso na verdade acaba projetando Brasília ainda que negativamente, mas ela tá sendo comentada e acaba chamando atenção também para o lado positivo da cidade, que é a arquitetura que é o que a gente sabe que as pessoas vem buscar em Brasília. Então eu sei que é um mercado que tá crescendo bastante, o Centro de Convenções tem um potencial bastante grande também, agora até com esses ônibus que a gente vê fazendo turismo pela cidade. Então a gente sabe que é um mercado em ascensão.

Você acredita que ele cresceu nos últimos 5 anos?

Entrevistado: Acredito que tenha crescido sim.

Vê oportunidade de investimento no turismo no Distrito Federal? Ainda? Ainda não... (!!)

Entrevistado: Não, com certeza, né assim, até esses ônibus que eu citei foi uma coisa bas-tante recente e o investimento certamente deve estar dando algum, já deve estar dando algum resultado, né. E eu imagino que com o aumento do fluxo de pessoas é claro que vai surgir uma série de negócios em função disso.

As políticas públicas federais (risos), você conhece, federais e distritais, você acredita que elas, as que foram implementadas nos últimos 2 anos, isso as políticas públicas de modo geral, elas favoreceram ou elas dificultaram o turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Imagino que tenham contribuído, não sei em que escala porque eu te con-fesso que eu não conheço esse segmento, mas algum resultado deve estar trazendo por-que a gente, vamos dizer assim, aqui no shopping a gente observa uma quantidade de turistas, eu não sei quantificar, mas observa uma quantidade maior de turistas do que a gente observava há alguns anos atrás.

O shopping não tem um estudo sobre o que recebe de turistas de fora? Vocês não tem...

Entrevistado: Entre 5 e 10%.

Essas políticas federais relacionadas ao turismo... Como você não tem, aqui, o que você acha que deveria ser revisto? Alguma dessas políticas que são... (!!)

Entrevistado: Eu vou ficar te devendo, porque eu não conheço em profundidade pra te falar ainda que revisar (??).

Certo. E o que você acha que poderia ser implementado no setor para melhorar isso? A sua opinião como diretor do marketing do Pátio Brasil?

Entrevistado: Eu, vamos dizer, atentando para essa questão, que é uma questão assim que a gente atente né, é claro, eu sinto a ausência de pacotes para Brasília. Eu acho assim que Brasília não, eu acho que não tem, não entrou ainda, tudo bem que tenha, que o Brasil tem praias, né, serras,(??) parece que o turismo cívico, ou o turismo arquitetônico ainda não mereceu o destaque das próprias agências de turismo, ainda não se valorizou isso o suficiente para criar uma demanda mais forte. Eu acho que o caminho seria esse, poderia ser o diferencial de Brasília, né, eu acho que é a arquitetura, é o, tudo bem que tem natu-reza aqui em volta também, tem cidadezinhas que são muito interessantes, por exemplo a Chapada, Pirenópolis, mas a cidade tem esse diferencial da arquitetura e eu acho que isso ainda não tá sendo bem explorado.

Não tem a imagem vendia fora da maneira como deveria?

Entrevistado: Não, eu acho que não.

A cadeia produtiva de turismo no Distrito Federal? (risos) Você lidar com empresários e conhece as pessoas, você acha que eles são mobilizados, eles tem uma mobilização assim, trabalham juntos, eles se uniram, ou é muito solto, cada um na sua área?

Entrevistado: Do pouco que eu, ou se já convivi com esse segmento eles estavam todos juntos, agora eu não sei se isso gera, vamos dizer assim, uma política, desenhando uma estratégia conjunta com resultados, não sei te dizer.

Isso poderia fortalecer. Porque esse estudo, essa entrevista que eu to fazendo é a visão que você tem do turismo no Distrito Federal, mesmo não tendo o conhecimento a respei-to do assunto você, diretor de marketing aqui, você tem uma visão do que acontece... (!!)

Entrevistado: Acho que Brasília é um baita de um produto. Ou seja, você teria que vender esse produto, eu sei que vai ter uma concorrência grande, mas certamente tem um nicho e ela vai se encaixar e tem um perfil de público que vai se interessar por Brasília. A questão é de se estudar isso e se chegar nessa, se conhecer esse mercado melhor.

O Pátio, vocês participam de alguma instituição, de associação, de...

Entrevistado: Só dos shopping centers.

E o que limita e o que possibilita o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal pra você? O que você acha que limita, que é limitador, quais os fatores que são limi-tadores e os facilitadores?

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Entrevistado: Eu acho que o que facilita é o fato de Brasília ser uma cidade central né, aqui tem uma quantidade grande de vôos e tudo mais. O que limita... Eu não sei, mas eu ouço as pessoas com muita dificuldade de vir a Brasília durante a semana em função de ocupação dos hotéis, eu não sei se isso é um limitado para as agências, para trazer paco-tes, coisas desse tipo, entendeu? Mas, talvez pudesse ter mais opções na rede hoteleira.

Você tem alguma recomendação para investimentos no Distrito Federal nesta área que você acha que funcionaria e atrairia pessoas de fora e seria um diferencial aqui? Uma opinião de diretor de marketing.

Entrevistado: Assim, diante do meu pouco conhecimento dessa área eu acho que eu co-meçaria focando em segmentos bem específicos, né, além claro de tentar envolver agên-cias de turismo, companhias aéreas, todas essas grandes do Trade aí, mas eu acho que deve ter uns segmentos de pessoas que gostam de arquitetura, pessoas que se interessam por, pelo aspecto da capital, essa coisa talvez mais cívica e tudo, eu trabalharia, pelo me-nos em princípio focado nesses grupos aí, trazer pelo menos essas pessoas pra cá.

FIM

ENTREVISTA 16

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como é que o senhor avalia o atual mercado de turístico no Distrito Federal?

Entrevistado: Olha, eu como cidadão que mora aqui há 30 anos, na verdade 31 anos que eu moro aqui em Brasília, eu acho o mercado turístico aqui no DF muito incipiente. Eu acho que é uma cidade que é capital da república, uma cidade que é patrimônio cultural da humanidade, por conta do seu urbanismo, da sua arquitetura, uma cidade que é a única cidade moderna, da era moderna tombada como patrimônio cultural da huma-nidade, eu acho que a gente explora pouco isso aqui no Distrito Federal. Eu sei que é uma cidade pequena, é uma cidade que quando você vem, uma pessoa que vem de fora conhecer Brasília pode conhecer muito rapidamente, mas eu acho que a gente poderia explorar mais isso e principalmente o turismo de eventos, eu acho , quer dizer eu não sou nenhum especialista em turismo mas eu acho que o fato de a gente agora ter um Centro de Convenções bem mais moderno, áreas, inúmeros auditórios bem aparelhados como no Museu da República aqui, a gente poderia explorar melhor essa questão do turismo de

eventos, de enfim, de pessoas que vem pra cá para participar de seminários, de encontros, de fóruns e tudo mais, a gente poder explorar mais isso. Outra coisa, não sei se eu to me alongando demais, eu entrando já numa outra pergunta aí, eu acho que nós exploramos muito mal, isso aí eu vejo assim no Brasil como um todo, as nossas áreas protegidas do ponto de vista ambiental, nossas unidades de conservação. Por exemplo, eu fico, eu sou freqüentador aqui do Parque Nacional de Brasília da Água Mineral e fico um pouco es-tarrecido com o desconhecimento que a própria população do Distrito Federal tem em relação ao que é aquilo lá, pra que serve o parque (#)... pois é, a piscina representa 0,3% da área do Parque. A área de uso público do parque, sem considerar a ampliação que foi feita recentemente, mas considerando os 30000 hectares originais, ela representa 0,3% da área do parque. Então, se você fizer uma pesquisa na rua, ou mesmo na porta do parque, perguntando “-Onde é que você está entrando?” Você vai se estarrecer de ver que a maioria das pessoas vão responder, porque eu já fiz isso, né, tempo atrás na minha dissertação de mestrado, lá atrás, e foi sobre o Parque Nacional, achando que estavam entrando no “Clube da Água Mineral”, e aqueles que sabiam que estavam entrando num parque nacional, não sabiam qual era a função do parque, não sabiam que ali tem uma barragem que abastece mais de 700.000 pessoas aqui no DF, que tem áreas muito bonitas ali, paisagens, enfim, mas isso é fruto, eu acho que duma visão absolutamente equivocada dos nossos administradores públicos e quem trabalha na área do meio ambiente de achar que a população, que a sociedade não pode por o pé em unidades de conservação. Que vai degradar, que vai acabar, que vai piorar, que vai... Isso, a meu ver, isso é uma opinião minha, é algo absolutamente equivocado, porque eu acho que as pessoas, a sociedade de Brasília se conhecesse melhor, por exemplo o Parque Nacional de Brasília, a Estação Ecológica de Águas Emendadas que é belíssima, a Estação Ecológica do Jardim Botânico, e outras áreas que existem aqui no DF, obviamente protegeriam melhor e incentivariam melhor outras pessoas virem de fora conhecer, enfim, enfim é isso aí, vamos lá.

Você acredita que houve uma evolução no mercado turístico do Distrito Federal nos últimos 5 anos? Ou ele declinou, ou ele se manteve? Na sua opinião você acha que...

Entrevistado: Eu acho que, é, eu não tenho muito assim como aferir isso aí, mas assim, em termos do que eu vejo eu acho que não houve nenhum aumento, eu acho que continua do mesmo jeito, sabe? Eu acho que a gente explora pouco as nossas potencialidades turís-ticas aqui, tá certo. Por exemplo: outro dia eu fiquei sabendo de coisa que eu não sabia, que existem mais de 30 espaços aqui no Distrito Federal desse tipo de Turismo Rural, de áreas de Turismo Rural, de, com um complexo né, que você vai lá, passa o dia, anda a cavalo, blá, blá, blá.... Isso, eu moro aqui há mais de 30 anos, sou um dirigente público, estou a frente de um órgão de meio ambiente, ou seja, sou um cidadão que tem um nível de informação nessa área talvez acima da média e não sabia disso, imagina se o cidadão

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comum... Não sabe dessas coisas. Então eu acho que a gente precisa... E o turismo não sei, você que é da área, imagina-se que é uma das indústrias mais aquecidas no mundo, enfim, né, (Muito agregador.) muito agregador... Então... E é isso.

Você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidades pro turismo? (!)

Entrevistado: Claro, com certeza. Eu acho que uma cidade, como eu te falei, que é uma das cidade que já é, a gente explora pouco, por exemplo, e isso aí eu faço, porque eu dou aula na UNB também, e eu faço questão de mostrar pros alunos em qualquer disciplina que eu der lá, qual é a, de onde surgiu o Distrito Federal, porque que Brasília foi cons-truída aqui? Porque que Brasília não foi construída em outro lugar? Resolveram construir Brasília neste sítio aqui? Isso tem razões que remontam lá a 1800, a primeira constituição da república onde ficou, no artigo 3º dela dizia que ficava reservado um quadrilátero de 14.400 km quadrado que é a Missão Cruz. E eu fico espantado com o grau de desconhe-cimento das pessoas aqui em Brasília, de pessoas, de formadores de opinião, professores, que não conhecem essa história. E é uma história belíssima, uma história belíssima, muito bonita. A história da Expedição Cruz, da Missão Cruz que veio pra cá em 1892, é uma epopéia realmente, saiu do Rio de Janeiro carregando 10 toneladas de equipamentos, foram até Uberaba de trem e depois vieram a pé pra Pirenópolis, dividiram em quatro turnos, fizeram um levantamento belíssimo da nossa região. Isso tudo poderia ser explo-rado por um nicho turístico, sabe? Eu acho que a gente remontar essa, por onde passou a Missão Cruz aqui no Distrito Federal, você fazer, de repente o sujeito ter a oportunidade de fazer a trilha até a cavalo, a pé, ou de carro mesmo, sei lá, tem que bolar isso aí, mas é uma, são, Brasília tem, o Distrito Federal é obviamente um mercado, eu acho um merca-do muito forte, deveria ser um mercado muito forte por causa dessas características. Capi-tal, Patrimônio Cultural da Humanidade, pela formação histórica aqui do Distrito Federal, pela questão do Urbanismo, pela questão da Arquitetura do Niemeyer, do Urbanismo do Lúcio Costa, e também pela quantidade de áreas protegidas do ponto de vista ambiental que nós temos aqui, que, por exemplo: Parques. Eu vou dar um exemplo pra você, a ci-dade de São Paulo tem 11 milhões de habitantes aproximadamente e cerca de 40 parques em São Paulo, nós temos aqui ¼ da população de São Paulo, mais ou menos 2 milhões e 600 mil habitantes e temos 70 parques no Distrito Federal. E parque, que pese, que nos-sos governantes em geral vêem aquilo como apenas uma área cercadinha pra lazer e tal, mas não é isso. Parque é importante do ponto de vista turístico, é importante do ponto de vista econômico, ele movimenta quando ele tá bem instalado a economia da região, ele está... Eu dou exemplo aqui do parque Olhos D água no final da Asa Norte que é o melhor parque que nós temos aqui no DF em termos de estrutura, cheio de problemas, não tem estacionamento, não tem, as nascentes do córregozinho que passa dentro, então fica fora da (??)poligomia do parque, problemas, mas mesmo assim é o melhor que nós temos aqui.

Pois bem, após a implantação do Parque Olhos D água no final da Asa Norte, as unidades imobiliárias do final da Asa Norte, isso aí foi atestado pelo departamento de economia da Universidade de Brasília, e não apenas aquelas unidades que estão em frente ao parque, no final da Asa Norte valorizaram em média 20%, ou seja, se eu tenho um apartamento na 315 norte valendo 100 mil reais, após a implantação do parque, ele funcionando de-centemente, passou a valer o meu imóvel 120 mil, todo mundo sai ganhando com isso. Não é a toa que você abre, por exemplo, os jornais, os grandes jornais brasileiros, é, no final de semana, Folha de São Paulo, o Estado, o Globo, você verifique lá os lançamentos imobiliários, todos eles hoje em dia vinculam, ou 90% deles, a maior parte deles, vinculam o empreendimento a uma área ambiental, ou tem um bosque dentro, ou tem um parque perto, ou tem uma coisa, uma vista bonita (#), porque? Porque isso aí as pessoas pagam mais por isso, a construtora não está anunciando isso porque ela é boazinha, porque ela é ambientalista, ela sabe que vai ganhar grana com isso aí, ela vai vender mais caro o apar-tamento porque eu vou querer pagar mais caro porque eu vou morar perto dum parque. E é isso, então as unidades do final da Asa Norte valorizaram 20% após o parque. Se todos os 70 aqui estivessem instalados decentemente, infelizmente não estão, desses 70 se nós tivermos uns 7 ou 10 que a gente possa dizer, olha esse funciona mais ou menos, apesar de ser atribuição nossa aqui de gerir esses espaços todos, mas não tem como a gente colocar os 70 porque os recursos aqui pra gente são, infelizmente não dá pra fazer isso, mas se tivesse os 70 funcionando, obviamente essa questão do turismo seria alavancada pelo menos num turismo mais, até o turismo interno aqui de uma cidade conhecer, você conhecer um parque em Samambaia, eu que sou morador aqui do Lago Norte, conhecer uma área diferente, ou... (!!)

Quem gosta de parque, procura.

Entrevistado:... isso, procura, procura pra conhecer, fazer um evento, eu gosto de andar de bicicleta por exemplo, to tentando promover trilhas e tal, as pessoas conhecerem. E todo mundo gosta disso, mas infelizmente a visão dos nossos governantes, eu sempre digo que educação ambiental tem que ser dada não só pra criança, obviamente para criança também, mas era melhor dar educação ambiental para governador, para presidente da república porque precisa disso, para ver que essa questão ambiental é uma questão im-portante e importante do ponto de vista econômico.

Quanto às políticas públicas federais e distritais implementadas nos últimos dois anos relacionadas ao setor de turismo no Distrito Federal, o senhor acha que elas favoreceram ou elas dificultaram o setor?

Entrevistado: Eu, se você me der um exemplo aí, porque eu realmente... (!!)

Mas assim, as políticas públicas de maneira em geral e a sua visão na área que você... (!!)

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Entrevistado: Não, eu acho assim, essas coisas assim do ponto de vista da minha área, que é a área de meio ambiente e a questão de turismo na área de meio ambiente tá muito vol-tada para a questão de unidades de conservação, ou seja: parques, estações ecológicas, áreas protegidas do ponto de vista ambiental, eu acho que a gente não avançou, a gente, não é não avançou no Distrito Federal, a gente não avançou no Brasil. Nós temos, eu não sei o dado exato, mas eu tenho certeza que nós temos mais de 60 parques nacionais no Brasil, por exemplo o Parque Nacional de Brasília que é um parquinho muito peque-no, é um parque urbano praticamente, né, inserido numa área urbana, mas nós temos inúmeros parques, mais de 60 com certeza que com certeza não devem em beleza, em atrativos, a dever por exemplos aos parques nacionais americanos, agora se você for com-parar a quantidade de turista que vai nos parques nacionais americanos em comparação a quantidade de turistas, de visitantes que vai nos parques nacionais brasileiros você vai ficar estarrecida. É uma diferença brutal! Eu não tenho esse número aqui, mas na minha época eu fiz o trabalho lá no parque nacional de Brasília eu fiz um levantamento sobre isso e fiquei estarrecido, porque que lá nos Estados Unidos, que os parques (??) não são melhores que os nossos em termos de meio ambiente, em termos de beleza, de paisagis-mo, de enfim, de atrativos e tal, porque que lá vai tanta gente e porque que aqui vai tão pouca gente? É uma visão, ao meu ver, equivocada de uma política que nós temos aqui no Brasil, equivocada de achar que área protegida por nicho ambiental ninguém pode por o pé. Isso é um absurdo! Eu dou exemplo de novo do parque nacional, eu gosto de falar do parque nacional de Brasília porque é um parque pra mim que aqui no DF mostra todos os problemas tanto internos, externos, é sempre um exemplo interessante. Então, o parque nacional de Brasília. Em volta do parque nacional de Brasília nós temos inúmeras comunidades, temos uma comunidade chamada Cidade Estrutural. A Cidade Estrutural é uma área que tem mais de 7000 unidades imobiliárias, ou seja, moram cerca de 50 mil pessoas na Estrutural, obviamente é um pessoal de muito baixa renda, (???) por dentro, não tem estrutura adequada, bla, bla bla. E ver o parque nacional como um problema, como uma ameaça pra eles, eles não sabem pra que que serve aquilo, pra que serve esse monte de, esse monte de terra aí, de vegetação, um monte de árvore cercado, esse pes-soal ameaça a gente, porque o fato da gente estar aqui perto ficam dizendo que a gente não pode ficar aqui por causa desse espaço aí. Eu já cansei de dizer pro pessoal do parque “-Vem cá, porque que vocês não fazem um programa de atrair o pessoal da Estrutural pro parque?” E como é que pode ser feito isso? Isso é muito simples, por exemplo: claro, eu to dando um exemplo assim macro, né, tem que detalhar mais isso aí, mas, a gente fazer um programa de treinar a garotada da Estrutural, enfim, os melhores alunos da escola assim, para serem guias no parque nacional de Brasília para trabalharem no final de semana nas piscinas, para ajudarem as pessoas numa trilha, para saber explicar alguma coisa, pra que serve o parque, pra dar uma aulinha pra um visitante, explicar uma espécie e tal, treinar.

Você chamar famílias da Estrutural franquear a entrada de famílias da Estrutural de graça, obviamente que é um pessoal que não tem grana e a entrada do parque nacional tá 6 reais por cabeça agora, então você vai uma família de 5 pessoas é 30 pratas e o pessoal obviamente isso aí faz, num orçamento de um cara que ganha salário mínimo isso aí é um peso muito grande, franquear famílias da Estrutura a conhecerem o parque nacional, a irem lá, passarem o dia, fazerem um lanche, ir na barragem pra conhecer, pra dizer “-Olha pessoal isso aqui é importante pra vocês também. A água que vocês vão beber – por en-quanto é de poço lá – de repente vai vir aqui do parque. Isso aqui é importante.” Porque não adianta você chegar lá falando, chegar lá falando de biodiversidade. É, além do mais tem que ter uma linguagem mais na altura né do que o entendimento do cidadão lá, mas atrair ele para fazer com que aquela comunidade la seja uma protetora do parque, mas pra isso eles tem que sentir beneficiados pelo parque e não prejudicados pelo parque.

Entender a importância.

Entrevistado: É, tem que se sentir beneficiados, eles tem que sentir e dizer “-Ó, isso aqui é importante, por exemplo, por que isso beneficia a gente por algum motivo.” Mas pra isso a gente tem que atrair eles lá, mostrar pra que serve aquilo, a gente dar alguma compensa-ção pra eles que é um pessoal de muita baixa renda e isso vale pra qualquer comunidade ali, porque ali em torno do parque tem, tem o pessoal de classe média do núcleo (??) oeste, né, que o pessoal fica ali pertinho...(???) pessoal já tem áreas de 2 hectares, então áreas maiores e tal. E esse pessoal também, porque esse pessoal também vê o parque como uma ameaça. “-Olha, a gente não pode ficar aqui por que tá do lado do parque, porque tem zona de emortecimento, tem isso, tem aquilo, (???) qualquer dia desses vão querer tirar a gente daqui.” Não, vamos atrair esse pessoal pra serem, eles serem aliados e, outra coisa que eu acho absolutamente fracassada no Brasil é esse modelo de gestão de unidades de conservação, com modelos de gestão centralizada em um órgão apenas. Como é aqui no DF também, por exemplo: quem é, o modelo de gestão é centralizado no Instituto Chico Mendes, não dá certo isso. Se isso desse certo, isso na época do IBAMA, não existia nem o Chico Mendes o instituto é muito recente, o nosso parques nacionais não estaria na situação que estão hoje em dia. Porque esse é um modelo de gestão, a meu ver, fracassado. Ou a gente tem que incorporar as comunidades que são beneficiadas pela existência daquela unidade de conservação e também as que se sentem prejudicadas, porque aí a gente, obviamente eles estão em conflito, tem conflito, claro, não tá havendo democracia é um negócio complicado, por todo mundo pra falar, um contra, um a favor, muito desinteresse, mas o resultado dessas coisa é um resultado muito mais sólido, muito mais forte. Então incorporar essas comunidades na gestão mesmo, na gestão, e não fazen-do de faz de conta como se faz aqui, com conselho consultivo que não se reúne nunca, eu faço parte do conselho consultivo do parque nacional de Brasília, como membro, como

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usuário lá, aaaahhh, quando é que foi feita a última reunião? Uns 3 anos? 2 anos? Nem isso. Então é um negócio que quando se reúne, se reúne pra tratar de abobrinha e não de coisas realmente de peso. Então é isso, to falando demais. (risos)

Uma política relacionada ao turismo então, na sua opinião, que deveria ser revista?

Entrevistado: É a política de gestão de unidades de conservação no Brasil e aqui em Bra-sília também. Por exemplo, a Águas Emendadas, eu vou dar um exemplo aqui no nosso quintal aqui, então Águas Emendadas. A Estação Ecológica das Águas Emendadas, não sei se você conhece, fica ali em Planaltina, tem esse nome “Águas Emendadas” porque ocorre um fenômeno raro de junção de duas grandes bacias hidrográficas brasileiras a do Araguaia/Tocantins, e do Paraná/(??)Prata numa mesma vertente, um lugar belíssimo, depois eu vou te dar até um livro pra ti ver isso sobre Águas Emendadas, e, mas é uma Estação Ecológica. Todo bem, do ponto de vista da organização nossa, da organização de uma Estação Ecológica não permite visitação, como é no caso do Parque Nacional que a pessoa vai na bilheteria, paga e entra e fica lá. A Estação Ecológica não permite isso, tá. Perfeito. Mas, obviamente pode permitir sem degradar aquele espaço, sem aviltar aquele espaço, é, visitas organizadas. Eu vou te dar um exemplo da dificuldade que eu tive aqui, eu tive, eu sou ciclista (???) (??) levei um tombo dia 20 andando de bicicleta e fraturei o cotovelo, e eu quis fazer um passei na Estação Ecológica de Águas Emendadas, dentro, eu, eu como presidente aqui do órgão, fui organizar um passeio lá de ciclistas, ah, não podia, “-Não pode, não pode, que vai degradar.” Aí eu falei, mas como vai degradar? Vocês não andam de caminhonete aqui dentro fazendo fiscalização? Caminhonete de 2 toneladas, caminhonete que anda pra cima e pra baixo, porque que uma bicicleta, ou 50 bicicletas, a gente fazer um passeio para conhecer a estação, obviamente não passando pelas áreas mais delicadas, as áreas mais frágeis, mas passando pelas áreas onde vocês vão me indicar aqui, qual é o problema disso? Ah, isso é uma confusão, mas eu insisti e fizeram. Aí eu vou te dar, a gente fez isso há um mês atrás mais ou menos, foi um sucesso, 80 ciclistas, todo pessoal de Planaltina, bacana, fomos lá, passeamos, andamos lá em volta da lagoa, tal. Alguns depoimentos, porque aí obviamente que me identificaram, o presidente do órgão também tava andando de bicicleta, tal e tal, e aí teve mais de um cidadão que participou e que chegou pra mim dizendo o seguinte: “-Olha doutor, é o seguinte, isso aqui, eu moro em Planaltina não sei quantos anos, eu sempre tive vontade de entrar aqui e nunca pude, o meu sonho era entrar aqui e conhecer essa lagoa.” Ele falou assim mesmo “-Eu tô realizando um sonho de vida aqui hoje.” Esse cidadão vai sair de lá obviamente vai ser um defensor daquilo lá, entendeu, ele viu de perto a beleza aquilo, eu dei uma aulinha lá da importância da estação, pra que serve, bla, bla, bla, porque que tem o nome Águas Emendadas e que ninguém sabia, ninguém sabia porque o nome era Águas Emendadas, eu perguntei “-Quem é que sabe porque que deram o nome de Águas Emendadas?”

Ninguém sabia. Ou seja a comunidade de Planaltina, a Estação exista há 42 anos desde 68 aquela estação existe lá e o pessoal de Planaltina não sabe sequer porque o nome da estação é Águas Emendadas. Ora, então isso, a gente tem que envolver mais aquela po-pulação, principalmente aquela população na gestão dos espaços. O pessoal lá da estação de educação ambiental faz um trabalho bem interessante lá com a comunidade e tal, mas eu acho que a gente precisa aprofundar mais isso aí, porque é a solução. Porque se a gente depender de que nossos governantes, eu digo aqui dos nossos aqui mesmo, eu falo isso como eu falava com o ex-governador aqui que foi preso isso eu falei. Se depender da boa vontade dele, o atual eu tive muito pouco contato com ele até agora, mas enfim, se depender da boa vontade desse pessoal em querer e achar que meio ambiente é uma coisa estratégica, que é uma coisa que pode trazer rendimentos econômicos, eu sempre digo isso, eu sou da área de economia ambiental, eu trabalho com a área de economia ambiental, me formei e fiz mestrado, comecei a fazer o doutorado e tive que parar por-que vim aqui pro IBRAM, na área de economia ambiental. Então, meio ambiente é uma questão econômica, é uma questão econômica, a gente tem que por isso na cabeça, meio ambiente não é bonitinho só porque a gente tá protegendo o bichinho, protegendo a fau-na, porque é bonito, verde, não o meio ambiente é uma questão econômica. E quando a gente tem descaso com a questão ambiental mais pra frente ou em curto espaço de tempo a gente vai ter prejuízo no nosso bolso, com certeza, só que a gente não contabiliza isso, hoje em dia a gente ainda não contabiliza esse prejuízo, mas tem prejuízo. Então a gente tem que por na cabeça que, por exemplo, ter uma estação ecologia bem implantada, bem conhecida, ter um parque, por exemplo: O parque Três Meninas em Samambaia, um par-que belíssimo, oitenta e tantos hectares, um dia fui lá mas fiquei com vergonha de entrar ali, já tá tudo caindo aos pedaços. Você vai num espaço lá que o pessoal, o administrador fica lá eu fiquei com medo daquele negócio cair na minha cabeça... (!!)

Tem (??) no Guará.

Entrevistado: Guará, parque do Guará (##)(??)... pois é, parque do Guará, ou é, então parque do Guará fica eternamente aquela discussão por causa dos chacareiros ali dentro, eu já falei aqui pessoal, desde que eu me entendo por gente, eu cheguei em Brasília há 30 anos, trabalho nessa área de meio ambiente há mais de 20, certo? Desde de que eu me entendo por gente aqui em Brasília fica essa polêmica dos chacareiros dentro do par-que do Guará, e o parque não vai pra frente por causa dos chacareiros, vamos esquecer os chacareiros, os chacareiros estão lá, estão lá, estão mais 70 chacareiros que ocupam praticamente a metade do parque, metade ou um pouquinho mais da metade. Ora, eles entram na justiça, conseguem liminar, conseguem fazer isso, não saem e a gente vai, e, mas eles não estão ocupando o parque todo, então vamos implantar o que, o que, onde eles não estão, esquece eles; “-Ah, não mas tem que tirar eles primeiro.” Eu falei, não mas

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a gente não vai conseguir tirar agora. Eu já vi entrar governo, sair governo, fazer cadastro de chacareiro, bla, bla, bla, e eles ficam lá, entram na justiça, estão lá há não sei quantos anos, aí fica aquela coisa, tem direito, não tem, bla, bla, bla. Então, se eles estão ocupan-do só a metade vamos implantar a outra metade do parque, é porque, e isso aí vai servir inclusive até para constranger os chacareiros. Na hora que tiver gente dentro do parque, um parque bem instalado, o pessoal usando, obviamente isso vai começar a constranger, vai surgir algum conflito, vai ajudar a resolver esse problema, mas não, fica essa estória, tem que tirar o chacareiro, tem que tirar o chacareiro, tem que tirar o chacareiro, eu sei, eu também acho que tem que tirar o chacareiro, mas só que a gente tem que conseguir tirar o chacareiro e a gente não consegue, então esquece dá o parque do Guará, ontem mesmo, hoje eu vou lá, de tarde vai ter uma cerimônia lá estão montando um orquidário, um centro educação ambiental na área onde não tem chacareiro, vamos implantar essa parte. Outra coisa que a gente fez aqui que eu acho que, sabendo dos poucos recursos que temos aqui e sabendo como é aqui em Brasília o setor imobiliário, é muito forte, muito poderoso, e sabendo que existe esse setor necessariamente tem que obter licen-ciamento para fazer os seus empreendimentos eu determinei aqui que empreendimento imobiliário perto de parque ou perto de unidades de conservação, no licenciamento vai ser obrigatório que o cidadão implante o parque. Eu vou te dar um exemplo, parque do Guará, você mora lá, então tem um grande empreendimento sendo construído ali o “Li-ving Park Sul”,né, “Living Park Sul”...

Tem um empreendimento.

Entrevistado: ...é, é um deles, porque ali tem vários, porque o plano diretor do Guará infelizmente permitiu isso aí, permitiu, e fora o PDOT que na (??) ficou os piores... (!!)

Eu, por exemplo só fiquei sabendo quando eu vi, começaram a se erguer... (!!)

Entrevistado: Não, pois é. Então, aquele primeiro “Living Park Sul” é o primeiro, mas tem vários outros ali querendo justamente (??), pois bem, o Living Park Sul é de um, é um em-preendimento de uma grande construtora de Brasília, uma grande construtora do Brasil, chamada JC Gontijo, pois bem, nesta cadeirinha aqui sentou o doutor José Celso Gontijo que é o dono da JC Gontijo, chamei o doutor Gontijo aqui pra dizer pra ele que a licença dele só iria sair se ele se comprometesse a implantar o parque do Guará. Na hora ele deu um pulo dessa altura aqui, disse que isso não era atribuição dele, que isso era do estado, que ele não tinha nada a ver com isso, eu falei “-Não senhor, o senhor vai lucrar, porque o senhor vai anunciar o Living Park Sul, o seu empreendimento lá dizendo – Venha morar perto do parque do Guará, venha morar numa área que tem uma belíssima vista, venha morar não sei o que. – e o senhor vai cobrar por isso, o seu apartamento lá vai ser mais caro por isso, o senhor sabe disso, e eu sei disso também, então nada mais justo se o se-

nhor está se beneficiando economicamente daquele espaço protegido do ponto de vista ambiental, que o senhor ajude aquele espaço lá. Ele no início chiou, reclamou, bufou aqui, mas depois concordou. E então o que ele está fazendo, ele tá fazendo o plano de manejo do parque (????) ele contratou, ele contratou, nós fizemos aqui todas as exigências ele contratou, o plano de manejo está sendo finalizado já e assim que for finalizado, o que tiver no plano de manejo ele vai implantar no parque do Guará, entendeu? É isso. Então isso é uma forma de a gente conseguir tirar esse espaço do papel.

E é, o que, a pergunta aqui, a cadeia produtiva de turismo no Distrito Federal, do pon-to de vista de articulação e mobilização dos agentes. Você acha que eles são soltos ou eles conseguem trabalhar em conjunto?

Entrevistado: Não, são absolutamente soltos, eu acho que é uma coisa, não tem articu-lações em relação a isso. Por exemplo, eu achava que por exemplo, você vai na Costa Rica, não que eu tenha ido a Costa Rico, nunca fui a Costa Rica, mas conheço porque eu gosto muito de trabalhar com essa parte de unidades de conservação, e gestão disso, a importância econômica aliada a esses espaços, tal, tal, tal, tal, tal, você vai lá na Costa Rica é a segunda maior indústria é a indústria de turismo lá por conta das áreas protegidas do ponto de vista ambiental. O nativo lá fala inglês, fala mais de uma língua até porque sabe que ele vai ter que atender turista que chega lá pra conhecer os parques, ou conhe-cer aquelas áreas belíssima, e tal, tal, tal, e, você chega lá, quer dizer eu não cheguei lá ainda, eu não fui mas eu conheço a literatura, leio, bla, bla, bla, e teve gente que já foi lá que me contou e tal, você chega lá, por exemplo a agência de turismo já tá toda ela articulada já pra oferecer esse atrativo, para oferecer um passeio, para oferecer um dia no parque, oferecer alguma coisa vinculada. Aqui se eu for a qualquer agência de turismo e perguntar, por exemplo “-O senhor sabe onde é que fica o parque nacional de Brasília?” Ele não sabe. Eu já fiz essa experiência, o cara não sabe. Então o turista que chega aqui ele, de repente ele é recebido por uma agência que não tem essa articulação (celular)... Então não existe essa articulação, essa coisa concatenada entre esses vários agentes. Não eu acho que aqui realmente não existe.

E o que faltaria para esse fortalecimento?

Entrevistado: (risos) Não, eu acho que falta vontade realmente, falta um conhecimento maior da potencialidade dessa área turística, sabe? Eu acho que fala, e falta vontade assim, de querer fazer as coisas direito sabe, eu acho que essas coisas aqui no Brasil são muito simples eu acho que a gente complica as vezes, mas enfim, principalmente vontade, de-cisão, vamos fazer isso aí.

O IBRAM participa de algum comitê, associação...

Entrevistado: Sim, vários, nós temos vários comitês aqui ambientais, conselhos ambientais,

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como em qualquer unidade de conservação. O Distrito Federal é uma unidade da federa-ção sui generis do ponto de vista ambiental, é a única unidade da federação no Brasil que tem praticamente 100% do território dela protegido do ponto de vista ambiental, 93% do território do Distrito Federal é constituído por unidades de conservação. Noventa e três por cento, ou é APA, ou é Parque, ou é Estação, ou é Parque Urbano, ou é Parque Eco-lógico, ou é área de relevante interesse ecológico, quando você soma tudo, você vai pro mapa, 93 % do território do Distrito Federal é constituído de áreas protegidas. Isso seria, só isso já seria um enorme atrativo. Se você vai pra um lugar no Brasil onde praticamente 100% do território é protegido do ponto de vista ambiental, mas tem que ser protegido mesmo e não só no papel, como é aqui que acontece com uma boa parte desse 93 % é só no papel, exista a APA tal, quando você vai ver o que que existe de concreto em relação aquela área de proteção ambiental, praticamente nada, foi criada, foi instituída, tem um documento, tem uma lei, tem um decreto, tem o raio que o parta, mas no concreto assim você na realidade você vê que aquilo ali não tá funcionando adequadamente. Mas isso, só isso já seria um enorme atrativo, imagina você ter um lugar e dizer, porque eu acho que talvez não existe algum lugar no mundo desse jeito, uma unidade da federação, uma área onde tem uma capital da república e praticamente 100% do território ser protegido do ponto de vista ambiental, e Brasília é assim, é desse jeito. Pouca gente sabe disso.

Quais os principais fatores, na sua opinião, qual é a sua visão que limitam o desenvol-vimento do turismo no Distrito Federal e o que possibilita? É, o que possibilita nós...

Entrevistado: É, eu acho assim, do ponto de vista da minha área, que é do ponto de vista ambiental, existe uma, eu diria assim uma visão atrasada, uma visão enfim ultrapassada, de que essa área de meio ambiente é uma área periférica, é uma área, enfim, é apenas um obstáculo a ser vencido. A área de meio ambiente no Brasil como um todo, é só a gente abrir, ver a declaração quando os nossos governantes abrem a boca pra falar dados do meio ambiente, se limita praticamente a uma coisa chamada licenciamento ambiental. Qualquer, ou o nosso presidente que tava preocupado com a perereca, não sei se você lembra lá na usina lá que tinha uma perereca, e eu vi o discurso e fiquei estarrecido com aquilo. Rapaz, como é que o presidente fala um negócio desse: “-... por causa de uma perereca, não sei o que, estão impedindo não o que, bla, bla, bla...” Mas essa, obviamen-te eu to fazendo uma brincadeira aqui mas é a visão desse pessoal, a preocupação é a questão da licença. Outro dia ele falou de novo, ele falou que tinha que agilizar a coisa porque ele não incluiu a licença ambiental como um problema, então, e é verdade, eu, se eu disse a você que 90% (##)(!!)...

(??)... é um entrave para o desenvolvimento... (###)

Entrevistado: É, é um entrave, é... É um entrave e a preocupação de todo mundo é em

relação ao licenciamento, porque? Porque o licenciamento é um documento que permite uma obra ser feita, ou ser implantada e aí nossa legislação exige isso. Então a preocupa-ção desse pessoal é ter o papelzinho com licença, só isso, e isso é uma visão obviamente míope, né uma visão reduzida da questão ambiental ou seja, ou então no dia do meio ambiente se criar unidades de conservação no Brasil, vai lá o presidente ou o governador, nararan, “-Criamos unidades de conservação!” Mas não basta só criar, não basta você criar por exemplo o parque nacional do Jaú, tem mais de 2 milhões de hectares na Amazônia e ter duas pessoas trabalhando no parque nacional do Jaú no instituto Chico Mendes, não dá, não dá porque? Aí é a mesma coisa que você dizer, “-Olha eu criei, mas abandonei aquilo lá.” Você tem que criar e criar estrutura, criar estrutura para turismo, para receber visitante, para ter atrativo, por exemplo: eu recentemente visitei o parque nacional lá de Iguaçu e aí achei, pô encontrei um parque que tem uma estrutura turística razoável, boa, razoável não até boa, ali você tem informação, você tem os prospectos, você tem os guias, você tem os passeios lá dentro, tem lá a catarata que realmente é belíssima e tal, mas tem uma estrutura para receber o turista e obviamente aquilo gera renda, gera divisa, gera co-nhecimento, (##) pois é, muda a realidade. Vai ver o nosso aqui, vai no parque nacional da Tijuca, vai no das Emas, vai, é tudo assim aquela coisa, tá lá os (??) do Chico Mendes, não querem ver visitantes de jeito nenhum, visitantes é sempre um problema. É sempre um problema, aqui, eu fui presidente da associação dos amigos do Parque Nacional de Brasília durante muito tempo, eu era freqüentador, hoje em dia não vou muito, não te-nho muito tempo, mas antigamente eu ia todo dia, sou carioca, vivi em beira de praia e quando cheguei aqui não tem praia nesse negócio, foi Água Mineral que me salvou e eu sempre ficava assim assustado com a visão dos gestores do parque que achavam que o visitante que era o problema. Ai eu matematicamente, hoje em dia o pessoal nem encara, não dá pra entender, uma área que é 0,3 % da área do parque ela é responsável pelos problemas nos 99,7% que sobram aí, não dá pra entender. Até porque o visitante não pode por o pé fora dos 0,3 % porque se não vai um fiscal em cima, vem um carro atrás correndo, bla, bla, bla. Por exemplo: você já foi a barragem de Santa Maria?

Só passei.

Entrevistado: Você foi, mas se você for fazer uma pesquisa aqui dentro e perguntar, pri-meiro você vai, a maioria das pessoas não sabem nem de onde é que vem a água que ela bebe, que é água aqui do plano piloto vem da barragem de Santa Maria que é dentro do parque nacional de Brasília, mas ninguém pode ir na Barragem Santa Maria. Se o visitante do parque querer ir a barragem de Santa Maria, o pessoal do parque vai dizer que não pode. Ora, como é que não pode, se pode ir o caminhão da CAESB, se pode ir o carro da CAESB porque (??), se pode ir a turma da fiscalização, se pode o pessoal, porque que não pode fazer uma coisa organizada por exemplo, pequenos grupos, 10, 20 pessoas, or-

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ganizadamente, vamos lá conhecer, pra como é que é, daqui que vem a água que a gente bebe, é lindo lá o lugar, a gente vê anta, vê isso, vê aqui, vê uma capivara aqui e acolá, ah porque que não? E aí fica essa estória, não não pode per o pé aqui porque vai degradar, isso é ridículo, pode por o carro e não pode por o pé, não pode por uma bicicleta, não pode andar de bicicleta dentro do parque. (!!)

Vai degradando mas eles não tem uma preocupação por exemplo (!!)...

Entrevistado: Não, degradar vai até degradar, pode até degradar, mas isso é um risco que a gente corre que.. (!!)

Isso pode ser calculado.

Entrevistado: ... calculado, exatamente, você, é um prejuízo muito menor do que o bene-fício que a aquilo vai gerar. (#) Por exemplo, lá em São Jorge lá em Parque da Chapada os Veadeiros, lá, é um belíssimo parque que... um certo iô-iô né, porque tinha uns 600 mil hectares quando foi criado, depois passou pra 200 mil, depois pra 600, voltou pra 200, enfim, belíssimo. Mas lá tem pelo menos aquele pessoal da comunidade de São Jorge que foi treinada, que são os nativos lá, que tem alguma renda e que vão em visitas organizadas, 10, 15 pessoas, então porque que não pode fazer em todos os parques isso aí, ser uma política generalizada de conhecimento de mostrar os benefícios de uma área protegida, porque que um parque, uma área protegida é importante, porque que isso é importante, porque que a gente tem que proteger isso aí, não é proteger só porque é bonito não, é proteger porque de repente um pesquisador que tá lá dentro pode estar fazendo uma pesquisa que de repente vai identificar um principio ativo de uma espécie lá que vai curar uma doença como a AIDS por exemplo, quanto é que vale isso pra nossa sociedade? É um valor incomensurável, quanto é que vale a água de boa qualidade que o parque ofe-rece a nossa sociedade? Que ali é uma água de boa qualidade porque não tem ninguém fazendo xixi nem coco, nem jogando porcaria, porque tá protegido pelo parque. Então isso a gente tem passar para a sociedade e as pessoas aí começam a se conscientizar, né, abrir a cabeça “-É mesmo, isso é importante, tem que proteger, não pode fazer isso, não pode fazer aquilo...” Começa a condenar o governo que tá fazendo uma coisa próxima que não presta, então, é isso.

Sugestões e recomendações para o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: É, eu acho que a gente tem que explorar melhor a nossa beleza, a beleza do cerrado, sabe? Não só, essa beleza do cerrado que ela está protegida em vários espaços aqui que são... (!!)

É única né, não tem em outra parte do mundo.

Entrevistado:... pois é, explorar melhor essa condição de ser a única cidade moderna que

é patrimônio cultural da humanidade, isso não é pouca coisa, a gente tem que explorar melhor isso aí, explorar a história do Distrito Federal, a história de Brasília, uma história belíssima do ponto de vista ambiental inclusive, a questão da Missão Cruz, a questão do relatório Velcher que foi feito no início da década de 50 quando houve a decisão de se construir a cidade, tudo isso são elementos importantes e elementos assim que eu acho que podem alavancar o turismo aqui. Fazer uma trilha por exemplo na Missão Cruz, por onde passou, pro sujeito ver, por exemplo tem um acampamento, o Cruz, a Missão Cruz fez um acampamento numa área, obviamente naquela época não existia o parque, mas num córrego chamado Córrego do Brejo que virou, o nome tem lá hoje em dia é Córrego do Acampamento, porque foi um acampamento que a missão Cruz fez naquela área que hoje em dia tá dentro do parque. Ora, porque que a gente não pode ter alguma coisa que resgate isso, até fazer uma simulação, um simulacro lá do acampamento... (!!)(##)

A estrada real lá em (??)

Entrevistado: ... a estrada real, pois é... (!!)

No Rio de janeiro.

Entrevistado: ... isso tudo é o pessoal aí vir e chamar um turista aqui ó, e mostrar como é que foi a Missão Cruz, ou se ela conhecer o acampamento (???), essas coisas e a gente sim-plesmente ignora isso, a gente joga isso no lixo. Tudo é isso. Não sei se deu pra atender aí...

FIM

ENTREVISTA 17

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como você avalia o atual mercado turístico no Distrito Federal?

Entrevistado: É, boa tarde né. Eu acho que Brasília tem muito pra crescer ainda no mer-cado turístico na parte do desenvolvimento do turismo cívico, que a gente tá começando agora, também tem uma vertente nova do turismo rural que tá começado a se organizar, pra gente fazer com que Brasília não seja só visita de um dia só, ganhando mais espaço, atendendo o turismo religioso, a parte gastronômica também que é muito avançada aqui em Brasília, nós somos o 3º pólo gastronômico. Então eu acho que a gente está em franco

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desenvolvimento, acredito que para os próximos anos até por ser sede da Copa do Mundo nós chegaremos a um bom nível aqui em Brasília de turismo.

A sua opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos 5 anos? Se ele cresceu, declinou ou se manteve estável?

Entrevistado: Não, Brasília começa a atrair turistas de, não só do Brasil, né, tá começando agora a atrair turista do mundo inteiro, (??)por já ser uma modalidade muito difundida nos outros países, Brasília agora tá começando a ver esse mercado de turismo cívico, de conhecer a capital, das pessoas terem esse interesse. Então eu acredito que nesses últimos 5 anos até o governo já tá mais interessado em buscar o turismo, no governo federal já foi criado um ministério só pra isso, aqui em Brasília já tem uma secretaria voltada a isso, a empresa de turismo a Brasiliatur. Então eu acho que nós estamos indo num caminho bom para o desenvolvimento desse turismo aqui.

Vê o DF como um mercado de oportunidades para o investimento em turismo?

Entrevistado: A rede hoteleira em Brasília já tá crescendo bastante, foi criado o setor hote-leiro turístico norte aqui perto do Palácio da Alvorada que fica próximo ao lago que é uma vertente diferente aqui em Brasília que os hotéis eram concentrados todos na área urbana, né, e agora fica mais ali mais afastado, mais aconchegante acredito. Fora isso eu acho que Brasília tá crescendo, começando a trazer eventos internacionais, já trouxe a Copa do Mundo de Salão, e agora trazendo a Copa do Mundo de futebol mesmo, eu acho que é importante para a cidade e vai desenvolver bastante o turismo aqui.

Agora falando de políticas púbicas. Em sua opinião as políticas públicas federais, dis-tritais implementadas nos últimos dois anos favoreceram o setor de turismo no DF?

Entrevistado: Grande parte do turismo, o melhoramento do turismo, como eu disse, foi a implantação do Ministério só para o turismo, né. Isso aí foi um grande avanço que teve do nosso governo fez nos últimos anos. E Brasília também acreditando numa empresa, designou uma empresa só para o turismo, também é um grande avanço. Agora o que falta é a gente confiar todas essas ações para desenvolver melhor o turismo da cidade.

Em sua opinião houve políticas públicas federais e distritais que dificultaram o setor do turismo no DF nos últimos dois anos?

Entrevistado: É, eu acredito que a interferência do... a criação da Brasíliatur foi muito interessante, mas a interferência deixando a Brasíliatur funcionar praticamente a base de emendas parlamentares, isso dificultou muito, porque não faz a divulgação fora de Brasí-lia, fica só a divulgação do turismo interno, algumas ações pequenas que os parlamentares privilegiam não favorece isso trazer o turista pra cá. Eu acho que a Brasíliatur poderia ser mais independente pra buscar o público fora daqui da cidade.

Existe alguma política relacionada ao turismo em sua opinião que deve ser revista?

Entrevistado: Sim, como eu falei, eu gostaria que a Brasíliatur fosse mais independente, deixar ela só funcionando com emendas parlamentares, isso não funcionou. Por um lado foi bom que a empresa deu, deu um gás na empresa, deu uma incrementada na empresa, né, a empresa pode trabalhar em Brasília, mas pro turismo, trazer o turista de fora não funcionou. Eu acho que isso, essa parte precisa ser revista. Como que a independência da Brasíliatur para poder trazer eventos de fora, ser independente de emendas parlamen-tares, divulgando ações acontecem aqui em Brasília. Hoje em dia se você não tiver uma emenda parlamentar você não consegue trazer grandes eventos pra Brasília. Eu acho que a Brasíliatur já tem independência pra poder, pra ver qual os eventos que podem funcio-nar sem interferência do parlamentar.

Como avalia a cadeia produtiva do turismo no DF do ponto de vista da articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistado: Olha, hoje em dia a Abrasel trabalha muito bem com o Sebrae, desenvolve ca-pacitação dos agentes que trabalham nos restaurantes, a gente também consegue, tá fazen-do, a Abrasel faz parte do grupo gestor do turismo em Brasília que se reúne todas as sextas-feiras para discutir ações que possam ser implementadas em conjunto entre o Ministério, a Brasíliatur, o Sebrae, todos os agentes da cadeia turística que eu não gostaria de falar muito bem da parceria com o Sebrae. O Sebrae é o grande parceiro nosso, hoje em dia nós alcan-çamos o 3º lugar como pólo gastronômico do país, conseguimos trazer pra cá, a abertura do... a Abrasel nacional reconhece a Abrasel de Brasília como um exemplo, por isso a aber-tura do festival gastronômico todo ano é feito aqui em Brasília e o congresso também, da Abrasel, conseguimos também trazer todos os anos aqui pra Brasília. Então eu acho que essa parceria tende a crescer e estamos aqui começando a articular os outros agentes do turismo para não só trabalhar só a Abrasel e o Sebrae, mas trabalhar toda a cadeia do turismo junto.

Na sua opinião o que falta para esse fortalecimento?

Entrevistado: É, eu acho que nós demos o primeiro passo: conseguir congregar todas as ações num só local. Nós conseguimos hoje com o Trade turístico reunido, nós conseguimos ver quais as ações que já eram mesmo pra não ter um confrontamento, conseguir juntar todas essas ações numa área só pra poder juntos articular o melhor, junto ao Ministério do Turismo, junto ao Governo de Brasília pra poder que essas ações consigam transitar mais facilmente em Brasília. Tá? Conseguir que essas ações saiam mais rápido, não fiquem perdidas por aí.

De quais comitês, redes, associações, sindicatos, grupos a sua instituição participa?

Entrevistado: A Abrasel hoje além do... A Abrasel hoje participa do Conselho Nacional de Turismo, ela é muito, participa do Sindicato de Bares e Restaurante, nós estamos no

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Grupo Gestor do turismo de Brasília, nós fazemos pelo Ministério também fazemos parte dos 65 destinos indutores do turismo. Então a Abrasel tá participando muito bem de toda articulação turística para o setor, não só em Brasília como nacionalmente.

Agora falando de oportunidades e ameaças. Quais os principais fatores, em sua opi-nião, que limitam e possibilitam o desenvolvimento do turismo no DF?

Entrevistado: Acho que a principal que limita é a descontinuidade, quando você... a cria-ção da Brasíliatur como empresa foi muito interessante, por dar, pra gente ter a perspecti-va de continuidade, saber que aquela, mudando o governo vai continuar aquela empresa fomentando o turismo, trazendo o turista pra cá. Então, todas as políticas públicas tem sofrido esse problema, você começa um trabalho e assim que ocorre a mudança de go-verno a gente não tem a continuidade. Mas eu espero agora com esse planejamento a longo prazo pra Copa do Mundo a gente consiga reverter esse processo, que não mude o governo, que as políticas continuem auxiliando o turismo aqui.

As suas sugestões e recomendações para investimento em turismo no DF nos próxi-mos 4 anos.

Entrevistado: Em Brasília eu acho que vai crescer muito o turismo rural, tá tendo uma articu-lação do sindicato em relação a isso, e eu acredito muito no turismo de eventos em Brasília eu acho que ela nasceu pra isso, ela tem, fácil você se deslocar em Brasília e vindo outros meios de transportes aí vai facilitar ainda mais o deslocamento aqui, é uma cidade que tem o mês julho praticamente que não chove, isso facilita muito pra você fazer eventos a céu aberto... e outros fatores, tem o turismo de negócios também por a gente estar aqui no meio do centro oeste a gente pode trazer, Brasília já fez a parte do desenvolvimento aqui agora eu acho que a gente tem que dar continuidade a esse processo. Além disso tem o turismo cívico, que a UNB tá com esse projeto muito interessante de trazer os alunos aqui a conhe-cerem Brasília, o Conventinon também tá com projeto de conheça Brasília. Eu acho que tudo isso é importante para o desenvolvimento da nossa capital. E também somos uma das sedes da Copa, uma das 12 sedes e já temos um programa alinhado agora com o Ministério do Turismo, que é o “Bem receber”, e a Abrasel também já faz parte desse grande pacote de treinamento que nós vamos ter agora pelo Ministério do Turismo, com a ajuda do Sebrae, com a ajuda da Abrasel, nós vamos capacitar tantos os funcionários, como os proprietários de restaurantes, vamos conseguir capacitar também os ambulantes, para melhor atender... qualidade de serviço, vamos ter também, vamos ser ponto de referência pro turista em Bra-sília, você vai poder chegar num restaurante e saber qual é o monumento que está aberto, vamos ter qualificação de línguas, o pessoal vai poder falar, vai falar inglês, vai aprender, ter noções de espanhol pra poder melhor atender esses turistas, o turista na época da Copa.

FIM

ENTREVISTA 18

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Eu gostaria de perguntar como o senhor avalia a atual mercado turístico do Distrito Federal?

Entrevistado: Avalia o que? Desculpa.

O atual mercado turístico do Distrito Federal.

Entrevistado: Sim, é, bem... Do ponto de vista qualitativo?

É uma visão, visão, uma visão geral.

Entrevistado: Sim, eu avalio, digamos, um pouco desequilibrado, porque, claro, Brasília que é uma cidade interessante do ponto de vista turístico, bem que não seja uma destina-ção, digamos única (???) “per se”, mas é uma destinação interessante, pode ser juntada a outras destinações no Brasil dentro de um roteiro, portanto Brasília tem a sua identidade turística acho bastante forte e importante, o resto do (??) Distrito Federal, é “mino” atrativa pelos turistas estrangeiros mas também brasileiros, eu digo. Portanto é um pouco desequi-librado dentro do próprio território do Distrito Federal. Isso é a primeira coisa que me vem na minha mente. A segunda é que o interesse de Brasília para um turista é sobretudo arqui-tetônico, arquitetônico artístico, agora nesta forma talvez um certo volume de turismo não fique interessado, porque há turistas que são mais interessados para praia, esporte, passeios e turista, e Brasília não tem, não me parece que tem uma atrativa para este tipo de turista. Isso significa, a meu ver, mas é realmente apenas uma minha sensação, impressão, que tal-vez Brasília poderia diversificar um pouco e criar também outras atrativas de maneira atrair turistas que também tem outros interesses, não só artísticos e arquitetônicos.

O senhor teria alguma idéia do que (risos) fazer? Porque ... (!!)

Entrevistado: Não, a idéia é, bem, (??) tem o lago que é muito agradável e que é uma, é um recurso, é uma coisa que de fato já é utilizado, aproveitado, talvez alguma coisa mais poderia ser feita no lago, quer dizer, o lago continua sendo bastante selvagem e tranqüilo, não muito utilizado do ponto de vista turístico, ou que talvez é também uma coisa boa para não estragar esse local magnífico. Mas de qualquer forma o que eu queria dizer é que Brasília tem uma atrativa, artística e arquitetônica, muito forte, muito clara, portanto aquele tipo de pessoa interessados nessas áreas com certeza gostam de visitar Brasília, mas para eles voltarem ou para atrair também outras pessoas, talvez é preciso fazer uma,

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um, diversificar um pouco, apresentar também outras oportunidades. E, como dizia antes, criar alguma coisa no Distrito Federal, não distante a área do Distrito Federal, (##) (???)...

... O senhor quer dizer nas cidades do entorno também?

Entrevistado: Nas cidades del entorno, sim, o parco a tema talvez (##) (!!)...

Um parque temático.

Entrevistado: ... parque temático, de maneira a, por exemplo a família, onde, ela tem esse interesse arquitetônico forte para visitar Brasília, mas deve também oferecer alguma coisa as crianças, aos adolescentes que estão na família, o marido que talvez não tenha este tipo de interesse, oferecer uma oferta um pouco mais diversificada.

Senhor Antônio, qual é a sua opinião sobre a evolução do mercado turístico no Distri-to Federal nos últimos 5 anos? O senhor acha que o turismo daqui cresceu, declinou ou se manteve estável?

Entrevistado: Bem, eu cheguei em Brasília no final de 2009, 2008, desculpa, portanto não posso realmente dizer muito sobre esta pergunta, mas acredito que também graças aos 50 anos de Brasília houve um certo aumento, acredito, de interesse, pelo menos na Itália, eu posso falar pela Itália, na imprensa italiana durante o mês de abril saíram muitos artigos, fotografias, sobre a cidade de Brasília, sobre o cinqüentenário e tal. Portanto acredito que este tipo de ocasiões e de celebrações ajudam muito atrair turistas e promover o local.

Como o senhor vê o DF? O senhor vê o DF como um mercado de oportunidade para investimento em turismo?

Entrevistado: Aqui... O Brasil todo, acho que sim, apresenta muitas oportunidades. É um país que oferece uma oferta muito diversificada, muito rica, de qualidade do ponto de vis-ta turístico, portanto o Brasil todo sim, mas o Distrito Federal no específico, eu penso que sim com respeito ao que dizia antes, isto é, poderia se investir mais assim na cidade e no restante do território do Distrito Federal e também, outra consideração, há boas estruturas de hotelaria e de convenções, né, pode dizer, Brasília é uma destinação bem desenvolvida do ponto de vista de convenções, congressos e eventos, e isto é uma coisa importante. O próprio turista que vem pra lazer talvez também... uma oferta hoteleira menos desenvol-vida, menos diversificada, menos interessante, eu acho. Portanto, há oportunidades de investimentos? Sim, mas a concorrência é atrair investimentos que vem de outros lugares no Brasil é muito forte, portanto, como investir (??) agora, se eu tivesse um montante a investir no meio turístico, entre, não sei, a costa da Bahia, entre Rio que agora vai ter esses eventos esportivos, cidades históricas e Brasília tendo em conta a fisionomia peculiar de Brasília, não sei, quer dizer, a concorrência do resto do Brasil é forte do ponto de vista de atração de investimento estrangeiro, sim.

Então como o senhor avalia as oportunidades de investimentos em turismo nos pró-ximos 10 anos?

Entrevistado: É, média. É, no Brasil todo, não, muito boa, em Brasília especificamente tam-bém pelo fato de ser bastante, quer dizer, remota, com respeito a outras áreas do país, é um pouco, quer dizer, há oportunidades com certeza no setor de eventos, como estávamos fa-lando, e há oportunidades para diversificar, como eu dizia, como eu falei antes, a oferta. Por-tanto há a oportunidade, mas a concorrência de outras regiões do Brasil eu acho que é forte.

Então o senhor acabou de falar que uma das categorias que o senhor acha que seria uma oportunidade de investimentos seria na área de eventos, como o senhor acabou de falar?

Entrevistado: Sim, sim, bem e já tem estruturas boas e sendo a capital, portanto o centro político, administrativo do país, tem eventos de negócios e de... sim, políticos, numerosos e com muitas pessoas que vem. Aí, novamente, mais uma vez, o assunto da diversificação, porque? Eu que tenho de participar de algum evento político ou administrativo em Brasília e que quero levar a minha esposa ou a minha família, bom, temos que providenciar alguma coisa para essa família, que não seja apenas visitar a catedral e a esplanada, entende? (!!)

Os monumentos... (??)

Entrevistado: É, aí a diversificação, providencial alguma coisa torna a estadia de 2 dias, 3 dias em Brasília interessante também para as pessoas que não trabalham diretamente área do evento.

Certo, e agora (??) sobre as políticas públicas. Em sua opinião as políticas públicas fe-derais e distritais implementadas nos últimos 2 anos favoreceram o setor do turismo no distrito federal?

Entrevistado: É, não tenho realmente uma, não conheço bem esse assunto. Com certeza a política pública federal no Brasil todo parece-me que ajudam muito o turismo, encontrei várias vezes o ministro Parlito e, do turismo, ministro federal do turismo que está realmente empenhado, com-prometido a apoiar o desenvolvimento do turismo no país todo. Agora, Brasília especificamente e a política do Distrito Federal, francamente não conheço, não tenho muitos elementos a respeito.

Houve alguma política pública que o senhor acha que tenha favorecido alguma atividade?

Entrevistado: (...)

É, em nível federal o senhor acho que, o senhor acabou de falar, mas em nível de Brasília...

Entrevistado: É, Brasília...

De Brasília o que é que o senhor acha?

Entrevistado: No próprio Distrito Federal, políticas públicas no meio de turismo não co-nheço, não conheço.

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Tá bom, sim senhor. E na sua opinião houve algumas políticas públicas federais e distritais que dificultaram o setor de turismo no DF nos últimos dois anos?

Entrevistado: Só pensando...

Algum setor que o senhor acha que tenha sido favorecido, ou que tenha se dificultado o crescimento do turismo, algum setor, pode ser qualquer setor que o senhor acha, do Trade, da estrutura.

Entrevistado: Não, eu penso que... que dificultaram, não, com certeza não. Não, não vejo. Que favoreceram? Bem eu acho que alguma coisa foi, com certeza foi feita, por exem-plo a abertura de mais shoppings centers elegantes, e isso com certeza tem um impacto também no turismo. Há um problema, se posso exprimir-me assim, um ponto estrutural da cidade que não convida a um passeio, né. É uma cidade onde tem que andar de carro permanentemente, portanto... Aí é até um limite estrutural que não encoraja muito a ir a pé, ir passeando e tal... Não sei se alguma coisa em termos de políticas públicas possa ser feita, em termos de criar áreas “pedestrians”... ‘peton...’ (!!)

Para os pedestres, áreas, vias...

Entrevistado: ... para os pedestres, exatamente... O Pontão do lago sul deste ponto de vista é um pouco, é o único lugar bonito onde a pessoa pode andar a pé agilmente e tal... No resto Brasília, por razões estruturais isto não é fácil. E também bicicleta porque a cidade é bastante plana, quer dizer, não tem variações muito marcadas, portanto bicicleta pode ser também uma oportunidade. E foram construídas algumas pistas... (!!)

Ciclovias.

Entrevistado: ... ciclovias... Isso é bom, pronto, houve sim com certeza algumas políticas públicas favoráveis, com certeza foram implementadas.

Obrigado. E existe alguma política relacionada ao turismo que o senhor acha que deva ser revista?

Entrevistado: É... Apenas voltando para trás, por exemplo o fato de o domingo ser fechado o eixo rodoviário, uma boa coisa (??)...

Para o lazer né?

Entrevistado: ... para o lazer, e para o turista... E, não, voltando ao discurso do desequi-líbrio entre Brasília e o resto do território do Distrito Federal, talvez tenho a impressão que as políticas públicas... o objetivo foi potenciar a destinação de Brasília como turística, como, o papel de Brasília como destinação turísticas e as cidades nos arredores, no resto do Distrito Federal como moradias para os trabalhadores, para os serviços que servem a cidade, portanto vejo um pouco um desequilíbrio (???)... É, em termos de políticas públi-

cas, é... não sei se alguma coisa possa ser feita para reequilibrar um pouco, para envolver o restante do território dentro de um discurso turístico, uma estratégia turística.

Em todo o Distrito Federal né, não só aqui em Brasília né?

Entrevistado: Do ponto de vista naturalístico há locais muito agradáveis, muito bons, mui-to únicos, posso talvez, (???) (??), podem ser aproveitados e desenvolvido mais do ponto de vista turístico. Isso necessita também de uma política pública que ajude.

Certo. E na sua opinião quais políticas públicas precisam ser implementadas para que o setor se desenvolva nos próximos dois anos? O senhor tem alguma idéia do que pode se fazer para que... implementar alguma política para... nos próximos dois anos?

Entrevistado: Certo... É, próximos dois anos significa ir pra Copa e também preparar a cidade de Brasília para hospedar algumas das, dos “maches” de futebol da Copa e Brasília é uma dessas cidades, das doze cidades, talvez terá a cidade que vai ter “mach” de início.

Certo, a abertura? O senhor quer dizer a abertura?

Entrevistado: (##) ... ainda não tá decidido. Portanto como preparar-se, e... eu diria que a cidade (??), o Distrito Federal deve utilizar aquilo que tem mais, portanto, o clima bom, o espaço e a arquitetura? Claro, mas o clima bom, espaço e possibilidade de fazer roteiros e passeios... falta um pouco na cidade, na própria cidade e também no resto do Distrito Federal essa dimensão de passeios a pé, que falta um pouco acho ao turista estrangeiro que, não sei como a política pública possa ajudar nesse ponto de vista, mas aquilo que possa do ponto de vista do trânsito, da organização da circulação, da criação de área para pedestres, da autorização a restaurante, bar também em locais onde, no momento, não tem, por exemplo, beira do lago, não há muitos, com exceção do Pontal do lago sul, o lago não é utilizado por turistas ou por bares e restaurantes... (!!)

Da gastronomia.

Entrevistado: ...da gastronomia. É... E um parque temático, acho que também possa ser uma solução para o restante do território, né, escolher uma área onde, investir num par-que temático, porque espaço tem com certeza, agora também tem os serviços de todo, serviços de boa qualidade em qualquer área. Portanto, há condições para construir um parque temático que posso complementar a oferta turística do território. Portanto uma oferta turística que é mais sofisticada, não é arquitetura, museus, esta identidade de Brasí-lia com alguma coisa mais popular, mais de lazer, mais para as crianças e os adolescentes.

Certo. Agora, como o senhor avalia a cadeia produtiva do turismo aqui no Distrito Federal, do ponto de vista da articulação, da mobilização dos agentes? Ah essa...

Entrevistado: É... Articulação do ponto de vista da?

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É, articulação com outros agentes de turismo de turismo, digamos, transporte, lazer, hotéis, outros agentes que compõe o Trade.

Entrevistado: Aí há um espaço para política púbica em termos de cria sinergias, e coorde-nação entre os vários, entre as várias áreas, portanto hotelaria, gastronomia, circulação, o trânsito, taxi, transportes, aeroporto, não tenho conhecimento direito de quanto é co-ordenado, se há fórum onde todos esses setores podem (??), discutirem e compartilhar projetos e objetivos, não, (??) não conheço, portanto não sei, mas talvez é uma área onde o governo do Distrito Federal poderia fazer alguma coisa.

Certo. E na sua opinião o que falta para o fortalecimento da cadeia produtiva? Isso que o senhor acabou de falar ou o senhor tem mais alguma coisa pra acrescentar?

Entrevistado: Bom, acho que está madurando, é, faltava, agora já vai melhor, eu penso o orgulho de Brasília, do Distrito Federal de ser uma grande capital e de ter uma própria iden-tidade, (???) é uma coisa recente, né, como é óbvio tendo em conta que Brasília apenas tem 50 anos, portanto, quer dizer, em relação, em comparação com outras cidades mais antigas, mais desenvolvidas, mais grandes do Brasil, Brasília um pouco sofre como população desta falta de identidade, falta de orgulho de ser uma destinação importante. E isso está (?) creio que recuperando também o fato dos 50 anos ajudou muito também a... (??) junto com o senso de identidade do brasileiro com as autoridades federais, Congresso, Planalto, né, e que, acredito, durante a presidência do presidente Lula cresceu muito esse senso de identificação e que, por-tanto, convida os brasileiros a visitar a sede do governo, a sede do país onde as instituições do país tem (??)... Vejo sempre com grande admiração aos domingos, sábados, turistas brasileiros que vistam o Congresso, o Palácio do Itamarati e tal. Portanto há um interesse dos brasileiros em conhecer a sede das instituições, eles tem interesse, claro, aumenta com o aumento do senso de (??), de identidade dos brasileiros com o país todo, acho que está melhorando muito, mas ao que faltava e que talvez ainda falta é aos brasilienses, uma identidade dos brasilienses, que é uma cidade jovem mas que já começa a ter pessoas que nasceram cá e que tem filhos cá e que, portanto, está desenvolvendo uma identidade própria de brasiliense com orgulho de ser parte desta cidade capital. Isso ajuda muito depois a construir uma estratégia de turismo e implementá-la. Porque se não acreditam, se as próprias pessoas da cidade não acreditam na cidade onde vivem, não é, quem nem um carioca que vive aqui para trabalhar na área política administrativa deve também sentir-se parte dessa comunidade brasiliense porque se não é assim, é claro que continua a faltar alguma coisa na potencialidade turística da cidade. E aí eu vejo muito progresso, pelo menos a minha impressão é que aumenta essa classe média de pessoas que são brasilienses e que adoram Brasília e que, portanto, ao ponto (???) (??) ... a investir na cidade, a acreditar nela, na potencialidade turística dela, mas é uma coisa que ainda falta um pouco, né, nem todos estão assim, portanto é um, este... (!!) (risos)

Tá começando né? (???)

Entrevistado: Tá começando, é. A minha contribuição à pesquisa talvez seria esta.

Hum. E se, agora o que o senhor acha pro fortalecimento da imagem do Distrito Fe-deral como um destino turístico, tanto nacional quanto internacional. O que falta?

Entrevistado: Bem, é um pouco, um pouco o que acabo de dizer, falta o fortalecimento, como é a pergunta exata?

É, o que falta para fortalecer a imagem do Distrito Federal como destino turístico tan-to nacional quanto internacional?

Entrevistado: Hum. É... A divulgação é um aspecto importante, né, de um lugar no nível internacional e no Brasil todo a história dessa cidade, a (??) “bivulgaridade”, as belezas do local, naturais e... (!!)

Materiais...

Entrevistado: ... materiais, produzidas pelos homens, é... Portanto, sim, diria que há espa-ço para promover mais dentro dos roteiros turísticos que são promovidos no estrangeiro e tal, a cidade de Brasília talvez pode, tem direito a ser mais ilustrada e promovida. Eu fui na terça-feira, anteontem, em São Paulo para um seminário turístico sobre, da Itália organizado conjuntamente pela Embratur e pelo organismo do turismo italiano “Enit”, e a (?) ‘senhora’ Embratur falou dos roteiros turísticos e falou também de Brasília, devo dizer, e portanto... Se bem que são muitas outras destinações turísticas no Brasil e é importante para o Distrito Federal que realmente consigam incluir Brasília dentro dos roteiros... (!!)

Dos roteiros de destino...

Entrevistado: ... dos pacotes que são vendidos, aí também é importante os transportes, porque, por exemplo, do ponto de vista internacional, como sabem, o único vôo direto é de Brasília para... bem, à Lisboa, Atlanta agora e nada mais.

São poucos.

Entrevistado: São poucos... (!!)

Então, o senhor vê um gargalo aí...

Entrevistado: Há um gargalo, acredito que tem um gargalo pro turista, porque de qualquer maneira, para um turista que chega em São Paulo ou no Rio depois pegar um avião “apo-sitamente” para vir para Brasília é um custo, claro, adicional e portanto, quer dizer, a pos-sibilidade de entrar diretamente por Brasília, ou sair por Brasília ajudaria muito, não tenho dúvida, não tenho dúvida que ajudaria muito o desenvolvimento do turismo em Brasília. E, ir de carro para Brasília também é bastante longe das outras destinações turísticas brasi-leiras, portanto, o avião é a única maneira e este avião, como eu falei, é preciso organizar

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uma ida e volta específica de Brasília, não é de passagem, né, isto também é uma outra coisa junto com a divulgação, com a, é... que talvez possa ter um pouco a melhorar, sim.

O senhor acha que tem pouca divulgação por enquanto, né? Teria... (!!)0

Entrevistado: Ah, pode-se fazer mais, sim.

Certo, entendi. E quais as principais, quais os principais fatores que, na sua opinião, limitam o desenvolvimento do Distrito Federal, do turismo aqui no Distrito Federal? O senhor gostaria de acrescentar mais alguma coisa do que o senhor já falou?

Entrevistado: É... Bem, não, acho que falei, limita um pouco a falta de vôos diretos para o estrangeiro, o fato de ser um pouco remoto, de necessitar de um avião para ir para o Distrito Federal, o fato de ter uma conformação urbanística não ajuda o passeio a pé, ou, esse tipo de lazer que é ir passeando um pouco pela cidade, mas já falei isso.

O que o senhor acha que possibilita o desenvolvimento do turismo no DF? Falou so-bre o que limita agora sobre o que possibilita.

Entrevistado: Sim. Não, como eu falei, o espaço, o clima, a história dessa cidade que é muito especial, que é muito particular, os monumentos, e a presença das instituições, (??) ...isto são (?)‘hacen’ (??), são as bases para construir uma estratégia turística, sim.

O senhor tem alguma sugestão ou recomendação para investimento em turismo no DF nos próximos 4 anos? Gostaria de sugerir...

Entrevistado: É, falei do parque temático que talvez é uma idéia e uma outra idéia é replicar o Pontal do lago sul, talvez replicar um pouco este tipo de espaço onde há pas-seio, gastronomia, shopping, à beira do lago com possibilidade de aproveitar do lago, dos esportes aquáticos, ‘eco’, talvez até espaço para replicar este tipo de espaço numa área mais distante do centro da cidade que possa envolver um pouco o restante do território.

Então o turismo com o lago Paranoá o senhor acha que é bastante interessante dada o lugar dele?

Entrevistado: Sim, exatamente.

Maravilhoso e bonito. Bom, senhor Antônio (?), o senhor gostaria de fazer mais algum comentário sobre o turismo no Distrito Federal? Esteja a vontade para comentar algu-ma coisa que o senhor ache necessário, que o senhor gostaria de falar.

Entrevistado: Não. Acho que... (!!)

Já falou.

Entrevistado: falei, falei, sim.

Gostaria de agradecer...

ENTREVISTA 19

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como é que o senhor avalia o atual mercado de turismo do Distrito Federal? Com o seu conhecimento.

Entrevistado: Com o meu conhecimento... A gente entende de turismo quando a gente faz, né. Então a gente entende de turismo na casa dos outros. Pra gente entender de turis-mo na casa da gente, a gente tem que talvez ir lá pra fora e depois voltar com as malas e tentar chegar nos lugares pra conhecer. Eu acho que Brasília, por exemplo, é uma cidade planejada, por sua vez deveria ser muito fácil para o turismo e muito pelo contrário, o turismo aqui é muito difícil. Então, o turismo, quem vem de fora para explorar esta ques-tão do turismo ela vem pra se deslocar facilmente, ela vem pra conhecer, tem mais infor-mações sobre cada elemento, cada valor histórico, valor, vamos dizer de edificação, de paisagem, e tentar traçar na cidade uma forma mais fácil de levar de volta essa informação para até divulgar, é como faz o beija-flor, que vai, né, tirando, extraindo informações e le-vando. Então, o turismo, eu vejo como, aqui em Brasília, alguns problemas e dificuldades de acolher bem o deslocamento desse turista dentro da cidade. Então ele ter, primeiro a informação, depois ele ter acessibilidade, isso tudo eu vejo ainda, em Brasília, com certa dificuldade.

O senhor acredita que houve uma evolução do mercado turístico aqui no Distrito Federal nos últimos 5 anos?

Entrevistado: Bom, eu acho que tudo que recebe um pouquinho de investimento ele evolui, mas proporcionalmente a gente tem que ver se o que foi gasto e com o tanto de pessoas que vem, se isso foi proporcional. Eu não teria a capacidade de avaliar isso, mas eu sempre vejo que se investe pouco, principalmente na questão do apoio ao desloca-mento do turista. O turista aqui fica muito solto. Quando ele não tem uma acessibilidade fácil a todos os locais... (!!)

Deslocar aqui em Brasília.

Entrevistado: ... é muito difícil. Então ele tá vendo a edificação, “-Ah, é ali que eu vou?”. É, mas é longe pra caramba, e pega um sol na moleira... Tudo isso, pra mim, dificulta para o turismo.

Mas o senhor vê o Distrito Federal como um mercado... (!!)

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Entrevistado: Muito bom...

... de oportunidade para investimento nesta área?

Entrevistado: Eu digo isso porque recentemente recebemos uns grupos de fora, do Cana-dá, da Espanha, do México, estiveram aqui em dois seminários que nós acompanhamos, então eu posso dizer assim, eu tive acompanhando eles como se fosse uma agência de turismo pra mostrar um pouco da cidade. Então eu digo isso com muita propriedade com um pouquinho de tempo que experimentei essa questão de mostrar a cidade. E eu vejo que realmente Brasília tem um potencial muito grande e muita coisa que lá fora a gente vê e aqui é muito pouco explorado, como a questão de grutas, a questão de exploração da vegetação, da questão do cerrado, do clima, de ter eventos noturnos que envolvam todo (??), que tenha... Porque a coisa é muito, vamos dizer assim, cada um se vire por sua conta.

Na sua opinião: as políticas públicas federais e distritais que foram implementadas nos últimos 2 anos, elas favoreceram ou elas dificultaram o setor de turismo no Dis-trito Federal?

Entrevistado: Bom... (!!)

Com o conhecimento que você tem.

Entrevistado: ... as políticas públicas... Bom, primeiro eu acho que as políticas públicas do Distrito Federal e a federal, cada um vai por um caminho diferente, esse é um primeiro ponto. Quer dizer, é muito difícil encontrar caminhos que trilhem pra... Mas se, em ter-mos de políticas, eu não diria que seria (?) memorável não, eu acho que não, eu acho elas não focam o turismo como um ponto, é, como prioridade. Eu acho que elas focam outras coisas e o turismo é o reflexo. Tomam, focam outros valores e o turismo ele, eu acho que o turismo meio que sobrevive aqui porque o potencial é grande. O potencial de turismo é grande. Então as pessoas exploram a questão do artesanato, a questão da Catedral que esteve em reforma, quer dizer, um monte de coisas. A Catedral em reforma, completando 50 anos e ela em reforma, muita conhecidência. Mas...

Alguma política relacionada ao turismo que deveria ser revista aqui?

Entrevistado: Alguma política relacionada ao turismo. É, eu acho que, não sei se eu en-quadraria a questão de eventos sazonais, eventos tipo, como tem algumas vocações mes-mo no nordeste, semana santa lá em... então todo mundo corre pra lá, o turismo lá se fortalece e tal, carnaval na Bahia. Eu acho que Brasília precisa encontrar alguma coisa de vocação, né, o seu nicho, isso é... Nicho. Pra ele dizer, a partir daqui eu vou ficar com mais coisas dentro de um calendário turístico, ter umas promoções, trazer as pessoas com vôo, com peças que (?) atraem podiam começar tudo por aqui, algumas coisas culturais mais fortes. Isso tudo atrela ao turismo. (risos)

Como que você avalia a cadeia produtiva do Distrito Federal do ponto de vista de articulação com os agentes? Essa cadeia produtiva ela trabalha em conjunto ou eles são soltos? Cada um faz a sua parte e quando dá certo, calha de combinar... Você acha que é solto mesmo?

Entrevistado: A cadeia produtiva ela depende muito da cadeia produtiva do governo, tan-to do federal como do Distrito Federal. Então, Brasília se tivesse assim grandes produções de produtos de cultura, as produções de Brasília são reflexos de ações que acontecem, en-tão Brasília tem movimentos de alguma coisa ou de outra, mas isso é reflexo, é... alguma coisa na música já houve, né, a gente vê alguns conjuntos, Paralamas, não sei o que, né? Alguns artistas que começam, mas todos vão pra fora, aqui dentro, pra trazer aqui, como fazer daqui um “New York, New York”, né, que seria esse o grande nicho, que é esse gran-de, os incentivos que a gente deveria ter mais. Por exemplo esses eventos, recentemente abriram aí agora o, pra fazer um monte de atividades para chamar a comunidade pra vir participar desse evento, mas são coisas muito isoladas, muito isoladas. Eu acho que tem que ter coisas que envolvessem mais nas cidades satélites, né, e ter uma movimentação maior. Então eu acho que nesse ponto a gente, o turismo dessa um pouco a desejar... (!!)

Então senhor acha... que não tem esse fortalecimento?

Entrevistado: ... esse fortalecimento eu não vejo, e que poderia, sei lá, eu fico imaginando, quem que poderia dar, começar a investir ou, não sei. Tudo a gente depende de governo (risos). Não é mesmo? (risos)

Quais os principais fatores que limitam, na sua opinião, que limitam e os que possi-bilitam o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Eu acho que o fator econômico. Eu acho que o econômico, eu acho que é o mais pesado, por exemplo: eu fico vendo assim pontos turísticos, porque é que são poucos explorados. O Catetinho, vamos dizer, ao redor do Catetinho você tem uma mata ciliar muito bonita, tem cachoeira, tem não sei o que, pouco se explora ao redor disso. A gente tem as coisas históricas da cidade ali no núcleo bandeirante, onde começou Brasí-lia, tal não sei o que. Não tem, deveria ter caminhadas por ali, inclusive ia ter eventos ali, coisas assim que explorassem mais essa coisa do início de Brasília... (!!)

Brasília é muito limitada ao plano piloto, essa região...

Entrevistado: ... não , não se explora. E a coisa bonita de Brasília, que a gente vê agora, que eu fui ver uma série de fotografias e aqui o lago começou, aqui ele encheu, aqui tinha uma cidade, ela deslocou, quer dizer, coisas que marcaram nessa época Brasília , mas se perderam na histórias. Olha, eu acho que com mais de 50 anos será assim se (???) ainda tá falando, é difícil... A gente valorizar coisas daqui, eu vejo muito isso de que iniciativa

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privada de alguns indivíduos que ainda ousam em investir são, seu dinheiro pra lá, então eu acho que a parte econômica ela pesa muito, se tivesse um incentivo do governo, dizer “-Eu tenho isso para explorar tal área.” Por exemplo, eu tenho aqui Itiquira, vamos pensar em Itiquira como um pólo turístico. É um salto d água muito bonito e tal... (!!)

Maior do (???).

Entrevistado: ... um dos maiores, né? E tá lá, ninguém vai, ninguém... não tem uma coisa assim maior, em qualquer outro lugar do mundo teria uma excursão para lá todo tempo, saindo pra ver... (#)(!!)

... (??) um pólo distribuidor desse... (!!)

Entrevistado: ... desse negócio, não é isso? Então eu vejo que fica um... fora que aqui ainda tem o Piripau, tem umas outras, tem, olha aqui, isso aqui Brasília toda, depois que a gente (?), tem alguns saltos pequenos aqui, coisas naturais, né, volta e meia você vê, por exemplo, alguém investindo, fazendo ali uma pequena pousada, um hotel, mas muito iniciativa individual, mas não tem uma coisa assim, sistêmica, uma coisa que envolva um incentivo de governo patrocinar, não existe, isso realmente fica a desejar.

O senhor acha que o que possibilitaria era um investimento maior? Um encadeamento maior... (!!)

Entrevistado: Jogar dinheiro neles!! (risos) Né? Jogar dinheiro. E outra: jogar dinheiro em várias coisas. Na parte de hotelaria, de transporte, desde o cara que chega do aeroporto, blá, blá, blá, não sei que, sabe, explorar os recursos minerais, os recursos geológicos, os re-cursos... E ter essa coisa como um, sei lá um envolvimento maior, não sei se talvez devesse a secretaria de cultura patrocinar, secretaria de indústria e comércio com alguma coisa, eu não sei, a quem compete isso eu não sei, mas que deveria ter um apoio maior para, vamos dizer assim, incentivar aquele que já tem a iniciativa de começar alguma coisa. Eu vou dar um exemplo aqui de um hotel que tem bem ali no Paranoá, um hotel que era de uma francesa, ela tinha um restaurante e um hotel, chamava, agora não to lembrando, eu sei que ele fica nessa posição aqui, nessa rua aqui, certo? Esse hotelzinho aqui (??) pra você, tem cascata, ela fez um monte de coisa na chácara, como se fosse uma chácara, é um hotel e um restaurante fino. Foi embora, não tem nada nem um, quer dizer, ela come-çou e vai desaparecer. Então eu acho que tendo um incentivo maior seria... Bom, começa pelo dinheiro, depois, eu acho, pegar quem entende bem dessa exploração turística no mundo, que já viu, já fez teses, já escreveu, já não seio que, vai pegar isso e dizer “-Olha, invista nisso.” Fazer uma coisa orientada como faz o Sebrae, como faz algumas estruturas de governo para algumas coisas que dá incentivo para a costureira da esquina, por exem-plo, e você envolver mais gente dentro desse processo. Quer dizer, talvez a gente fica ali insistindo ali na Torre de Televisão, colocar ali aqueles artesanatos, né, porque esses arte-

sanatos poderiam ser produzidos nessas áreas e as escolas também, além daquelas aulas de português, matemática, história e geografia, ter outras aulas das pessoas desenvolver um conhecimento, de descobrir uma vocação nela ao fazer alguma coisa. Então você pega “-Ah eu sei escrever bem.” Ôpa, vamos explorar essa pessoa, esse menino que ainda tá pequeno, vai crescer, para ele ir buscando chegar na profissão dele, essa profissão encon-trar no turismo aí no futuro um fechamento né. Então eu acho que são caminhos que são trilhados individualmente por cada cidadão, mas que eles poderiam receber um incentivo maior e uma atenção maior por quem conhece mais sobre o assunto. (??) (risos)

Fim!

ENTREVISTA 20

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Professor Sérgio, como o senhor avalia o atual mercado turístico do Distrito Federal? Quais são os pontos positivos e negativos, oportunidades e ameaças?

Entrevistado: Pontos positivos: acredito que seja a questão do turismo cívico, Brasília tem esse diferencial que as outras não tem e da área de eventos. Brasília por ser capital federal tem esse diferencial. Pontos negativos é realmente a falta de qualidade da mão de obra que em Brasília é triste, né, a mão de obra é muito ruim e isso acaba revertendo numa ameaça também porque você vai ter outras cidades próximas que podem trazer pessoas também para visitação e que vão preferir o produto turístico dessas cidades porque, pela falta de qualidade no atendimento em Brasília, isso é uma ameaça grande. As oportunidades talvez seria, Brasília vai ser sede da Copa do Mundo, vai ser uma das sedes da Copa do Mundo isso é uma grande oportunidade e a infra-estrutura para eventos que Brasília tem hoje já.

Certo. E qual a sua opinião sobre a evolução do mercado turístico no DF nos últimos 5 anos? Se cresceu, se declinou eu se manteve estável?

Entrevistado: É, eu acho que cresceu porque você tem uma grande quantidade de empre-sas, principalmente na área de eventos e de hotelaria, né, porque a rede hoteleira cresceu muito em Brasília nos últimos anos, e o crescimento também se nota nesses setores que indiretamente estão ligados a hotelaria e a eventos.

Certo. Professor, na sua opinião, as políticas públicas federais e distritais implemen-tadas nos últimos dois anos favoreceram o setor de turismo no DF?

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Entrevistado: Olha, eu... as federais eu acredito que tenham dado algum resultado, já comecem a dar algum resultado, né, agora as distritais eu acho que desde a criação da Brasíliatur eu acho que ainda são muito tímidas as atitudes da Brasíliatur em relação as políticas públicas. Precisa mostrar um pouco mais a cara, precisa divulgar um pouco me-lhor a imagem turística de Brasília, tá certo que a imagem tá um pouco desgastada e a própria Brasíliatur deve ter passado por alguns problemas aí nesses últimos anos, então tá devendo um pouquinho.

Certo. Em sua opinião as políticas públicas dificultaram o setor de turismo nos últi-mos dois anos?

Entrevistado: Não, acredito que não. Podem não ter ajudado muito, mas dificultar é uma palavra muito forte.

É, existe alguma política relacionada ao turismo que, em sua opinião, deva ser revis-ta? Qual e que tipo de revisão?

Entrevistado: Olha, eu acho que o programa de regionalização do turismo em nível na-cional, né, do Ministério do Turismo acho que carece de uma revisão por dois aspectos: primeiro porque eu acho que tem uns destinos turísticos, como você fala em questão de região, na questão da região, tem muitas regiões que você vai ter cidade que estão muito mais desenvolvidas que as outras e que vão acabar absorvendo a mão de obra dessas ou-tras dificultando o crescimento, de repente, dessas outras. Esse é um aspecto que eu acho relevante e complicado em relação ao programa de regionalização, tanto que eles já estão revendo isso e estão buscando trabalhar um programa que é o programa de governança, então esse é um outro aspecto que eu acho importante que seja revisto que é a questão da capacitação da mão de obra. Eu acho que as atitudes relacionadas a capacitação da mão de obra ainda estão muito tímidas em relação a isso, pouco divulgadas também.

Certo. (??) Em sua opinião quais as políticas públicas precisam ser implementadas para que o setor se desenvolva nos próximos 2 anos?

Entrevistado: Acho que precisa-se investir muito na qualificação da mão de obra, o Brasil perde, não é só Brasília não, o Brasil todo perde muito por conta da má qualidade da mão de obra e tem que se pensar, se repensar a questão da logística no Brasil, dos transportes. Tanto do transporte aéreo, quanto o transporte rodoviário em Brasília precisa ser, no Bra-sil, precisa ser repensado. As estradas brasileiras estão uma vergonha, os aeroportos brasi-leiros também funcionam muito precariamente, isso aí dificulta o crescimento do turismo.

Certo. E como o senhor avalia a cadeia produtiva do turismo no DF do ponto de vista da articulação e da mobilização dos agentes?

Entrevistado: Olha, eu já trabalhei no GDV e já vi a dificuldade que existe em relação a arti-

culação, né, existe uma rixa muito grande de determinados setores que faz com que isso não se desenvolva, né, os setores não se falem e não gerem novos negócios que possam fazer com que o turismo cresça, então isso é uma dificuldade grande que eu vejo. Pode ser que nos últi-mos 3 anos, que eu to afastado do governo, a coisa tenha melhorado, mas vejo que na maioria dos órgãos, das entidades aí, as pessoas são as mesmas, as pessoas não mudaram tanto.

Certo. E na sua opinião para o fortalecimento da cadeia produtiva do turismo no DF?

Entrevistado: Eu acho que deveria haver uma preocupação maior da Brasíliatur em ter um conselho forte, Condetur que funcionasse efetivamente e que criasse propostas para incentivar o crescimento do turismo. O Condetur seria uma forma de planejamento par-ticipativo atuante, acho que o Condetur tá longe de ser atuante.

Certo. E o fortalecimento da imagem do DF como destino turístico nacional e interna-cional? O que o senhor que... (??)

Entrevistado: Ah, tem que se investir na qualificação da mão de obra, melhorar um pou-quinho mais o produto de Brasília para que seja um produto mais vendável e vender o produto de Brasília. Porque nacionalmente eu acho que ele já tem uma certa possibilida-de de sucesso, né, mas quando você fala em nível internacional, que é o segundo aspecto que eu falei na questão da regionalização, que além de você não trabalhar bem a questão municipal você também divulga destinos que ainda não tem capacidade de receber turis-tas estrangeiros, o Brasil também tem, Brasília também tem esse problema de não ter ca-pacidade de receber turistas estrangeiros com qualidade. Então isso gera uma dificuldade.

Certo. E da promoção e comercialização do DF como um destino turístico?

Entrevistado: (?) Vender a imagem turística, né, Brasília precisa participar de mais eventos, eventos que sejam eventos de captação de novos eventos para Brasília, de novos turistas para Brasília... (!!)

Que tipo de eventos professor?

Entrevistado: Todo tipo de evento, né, a gente tem estrutura para receber, então Brasília pode receber qualquer tipo de evento, evento esportivo, evento de negócios, eventos que sejam científicos, por exemplo, todos eles.

Certo. Quais os principais fatores que, em sua opinião, limitam o desenvolvimento do turismo no DF?

Entrevistado: Os que eu falei anteriormente, a questão da qualificação da mão de obra é muito marcante e talvez a rodoferroviária, se você tivesse uma rodoviária decente em Brasília, porque tá longe de ser, a gente talvez tivesse uma maneira de, uma entrada mais interessante para turistas (??) rodoviários.

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É, e quais os principais fatores que, em sua opinião, possibilitam o desenvolvimento do turismo no DF?

Entrevistado: Diversidade cultural, uma variedade grande gastronômica, a possibilidade de se fazerem eventos por ser a capital federal isso é uma força muito grande no segmento de eventos, e na possibilidade do turismo cívico também porque Brasília é a única cidade que é a capital federal, então logicamente o turismo cívico é forte e se você aliar esses dois segmentos a um segmento de eco-turismo/turismo rural que já tem uma grande quantida-de de produtos aqui em volta eu acredito que se faça roteiros muito interessantes e que Brasília pode ser o portão de entrada para esses roteiros.

O senhor tem alguma sugestão, recomendação para investimentos do turismo no DF nos próximos 4 anos? O que você vislumbra de investimento, o que o senhor acha?

Entrevistado: Olha, quem trabalhar com capacitação de mão de obra, quem trabalhar com o planejamento turístico, com todos os setores, desde o setor, para setor público, para os municípios em volta e também para a iniciativa privada vai ter um bom caminho aí pra trilhar, porque eu acho que é o que tá pegando aí no turismo de Brasília ainda é isso.

Ok. O senhor gostaria de fazer mais algum comentário sobre o turismo no DF?

Entrevistado: Não, boa sorte.

Muito obrigada, professor.

ENTREVISTA 21

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como é que você avalia o atual mercado turístico do Distrito Federal?

Entrevistado: Olha, o mercado turístico de Brasília está em ascensão, né. Nós vemos aí pelo crescente número de leitos em Brasília, né, de hospedagem, é um número crescente e quando a gente se defronta fica aí com a realização, por exemplo, da Copa do Mundo a gente vê que os leitos ainda são poucos, né. Então, nós temos aí um mercado em cres-cimento e temos espaço para crescer.

Então você acredita que houve uma evolução nesse mercado nos últimos 5 anos?

Entrevistado: Sim, uma evolução, um crescimento em qualidade e em quantidade.

Você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidades então para o desen-volvimento do turismo?

Entrevistado: Sim, bastante grande, não só o Distrito Federal, o entorno também e suas atrações, né? A mais (?) afeta e a nossa área, principalmente, é o lago Paranoá, né, que oferece grandes oportunidades e já vem crescendo em termos de empreendedorismo dentro do... com a utilização do lago Paranoá e suas margens, né.

As políticas públicas federais que foram implantadas nos últimos dois anos, federais e distritais, você acha que elas favoreceram ou elas dificultaram o setor de turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Olha, falar de política em Brasília é bem interessante e delicado, né. Eu não saberia distinguir as ações governamentais federais das distritais para o assunto em voga, né, nós temos aí a operação das destinações de algumas áreas que são bastante interes-santes, algumas áreas que... ao lago, nas margens no lago Paranoá que eram antes terras públicas, alguma coisa assim, e hoje vem tendo destinação até pra residência e turismo também, hotéis, né, e o crescimento das Marinas, o crescimento do número de embarca-ções em Brasília é muito grande, então essas áreas tem sido utilizadas também pra Marinas particulares.

Não tem nem muito a ver assim. Não tem um sub-uso do lago? Não sei, poderia ser mais explorado, de uma maneira mais, que atingisse as pessoas, que a gente tivesse uma área realmente de lazer nesse lago enorme?

Entrevistado: Olha, uma das aspirações nossas, das nossas principais metas e a nossa ban-deira principal é a criação de uma Marina Pública. A Marina Pública em Brasília nós tive-mos aí incipiente alguns projetos da ‘projeto orla’, né, e que com a mudança do governo, das tendências do governo, elas foram totalmente abandonadas, esses projetos orla. Então que deu-se um incentivo para a criação, mas não se efetivou essa coisa. Então há sim uma sub-utilização do lago Paranoá no que tange o turismo e o empreendedorismo, não obstante que a gente já vê um crescimento bastante grande das embarcações (?) chatas né, as embarcações enormes, com capacidade para 80, 100, até mais de 100 pessoas, que são locadas para eventos e para festas, turismo, tudo mais, tem passeios regulares, algumas delas fazem passeios regulares, é o caso da embarcação “Tô a Tôa”, que ela fica sediada ali na (?)ASBAC, então ela por 15 ou 20 reais o turista paga ali o seu ingresso e dá uma volta pelo lago Paranoá. Outras embarcações atuam de dia outras a noite com festas, casamentos, até cerimônias particulares que são, que dão essa utilização. Então nós temos aí um cenário de pessoas que se beneficiam do turismo já no lago Paranoá, nós temos o crescimento das embarcações, no número de embarcações, que hoje nós temos aí o ter-ceiro número no país dada a capitania do portos de Brasília ser Brasília, Goiás e Tocantins,

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então inclui-se nessas embarcações que nós vemos no lago, lanchas e veleiros, soma-se aí as embarcações de pesca que são registradas também. Então Goiás e Tocantins tem um grande números de rios e pescadores então esse número é tão grande que chega a quase 30 mil embarcações. Então é um número bem alto, mas Brasília é realmente concentra em torno de 4 a 5 mil embarcações do coisa, é um número também já bastante grande. E essas embarcações fazem uso do Paranoá como um lazer, turismo, até negócios, né.

Você acredita que, qual política relacionada ao turismo que poderia ser revista, que deveria ser revista? Do seu ponto de vista.

Entrevistado: Até, eu vou focar no esporte e na vocação de Brasília pela organização de grandes eventos. A gente tem aí... nós tivemos esse ano uma pré olímpica que reuniu aí os melhores velejadores do Brasil, então dá a noção aí, esses atletas que vieram competir no lago Paranoá ficaram hospedados nos hotéis da orla e engrandeceram em muito, deu mídia, né, muita mídia para a utilização do lago Paranoá e Brasília tem realmente essa vo-cação de organizar grandes eventos, dada aí ao Centro de Convenções, as estruturas, né, que eles tem tanto na orla como em toda a cidade, então a gente tem essa vocação de or-ganizar grandes eventos. Então eu acho que isso poderia ser incentivado um pouco mais, porque a gente fica muito restrito a Rio e São Paulo e hoje nós temos grandes problemas nessas grandes cidade, né, uma mera chuva pode inviabilizar um evento, se você organiza um evento seis meses, oito meses e no dia chove, simplesmente as cidades param, né. Então, Brasília não tem esse problema, a localização de Brasília central favorece receber pessoas de todo o país e até de todo o mundo dada a boa estrutura aéreo portuária, então nós temos que incentivar aí a promoção de grandes eventos, eu acho que está na hora de Brasília alavancar essa organização de grandes eventos por causa dessa característica, des-sa (?)pacificidade da cidade, né, tranqüila, bom trânsito, tudo mais, tem, tudo favorece.

É... Então, esse enfoque, né, focar Brasília nesse turismo de eventos, seria uma....

Entrevistado: Seria uma... Uma boa hora para entrar na... numa hora boa para (?)entre-mear esse espaço aí, né.

A cadeia produtiva de turismo no Distrito Federal, do ponto de vista da articulação dos agentes e mobilização. Você acha que trabalha-se em conjunto ou ainda tá muito solto? É... Focando o turismo, né, eles estão... É feito um trabalho conjunto ou tá mais cada um focado na sua área ainda? Você acha que...

Entrevistado: Olha, eu acho que precisa existir um Convetinon Bureau, ou o, agora nós to-mamos uma, desculpa, uma grande porrada, um grande baque, né, que foi a extinção da Brasíliatur. Então a gente vem se organizando, estabelece um setor para pensar em turismo e aí vem um governador e explode com isso tudo, né. Então temos que caminhar de novo, acho que perdemos alguns degraus dessa escalada que já tínhamos empreendido, mas

temos que retomar isso aí, e um governo, fundamental, o governo mostrar, deixar bem as cartas, botar as cartas na mesa e dizer como está o turismo agora organizado em Brasília e quando a gente fala de turismo fala de eventos, fala de aspectos turísticos simplesmente, não é, a cidade, e dessa estrutura que ficou agora meio capenga, ficou solta, sem (???)(#)...

Quem é o responsável, o órgão responsável pelo turismo em Brasília, não.... (!!)

Entrevistado: Exato, né. Então, quer dizer, ele tá solto a partir da ação do governo local que extinguiu a Brasíliatur, não obstante os motivos que o levaram a extinção disso, talvez a condução tivesse sendo mais política do que técnica. Isso é um grande prejuízo pros nossos, para a condução dos nossos processos, que deveriam ter, tudo bem a gente não pode escapar da política, mas um viés maior para o técnico, um pouco menor para a política, né. Escolher dentro dos políticos um técnico que seja capaz de fazer isso, e não conduzir o turismo, os eventos, os negócios somente com a política, isso seria uma grande, desvirtua o negócio turístico e não dá sustentação para os novos empreendedores, porque em Brasília se você quiser empreender tem que ser amigo do rei, porque se você não for amigo do rei a sua empresa vai fica a míngua, né, é impossível, mesmo com capacidade técnica instalada você não consegue auferir grandes realizações por conta da política, isso é muito ruim pra cidade.

Pro país como um todo. (risos)

Entrevistado: Pro país como um todo. (??)

Você acha que falta... O que falta para esse fortalecimento? É esse, seria esse, você falou esse cuidar-se mais da parte técnica, investir-se mais na parte técnica, o governo ficar, deixar a política de lado e mexer e focar o técnico. Você acha que o fortalecimen-to para essa área, para esse conjunto de agências... (!!)

Entrevistado: Bem, eu acho que isso, dado até a extinção da Brasíliatur né, que foi uma coisa política e atrapalha os destinos, eu quero fazer aqui um julgamento se é bom ou ruim a extinção da Brasíliatur, mas o fato de você ter o seu (!!)(O órgão), o órgão de tu-rismo extinto cria um vazio muito grande e cria um prazo para o reestabelecimento das suas relações. Hoje se você tem um projeto de turismo, de lazer, ou de utilização do lago Paranoá, ou até de empreendedorismo dentro dessa área você fica perdido, aonde pro-curar, quem recorrer no governo para isso, né? Então você cria um vácuo que precisa ser trabalhado com urgência pelos técnicos, e eu acho que a participação da educação do órgão de pesquisa da UNB, principalmente, e do Sebrae também que lida diretamente com a parte do empreendedorismo e a parte negocia, isso, esses três órgãos, o governo, a educação e o trabalho precisam estar bem juntos aí pra não criar esse vácuo, ou acelerar a resolução dessa questão, né, o mais rápido possível.

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Certo. Vocês participam de alguma associação, comitê?

Entrevistado: Olha, nós somos do COB, do Comitê Olímpico Internacional brasileiro, a Confederação brasileira reúne todas as federações náuticas de todo país e da nossa parte a federação náutica é composta por clubes de Brasília, associações, ligas e atletas também, né, vinculados, nós não recebemos nada da... incentivo nenhum do governo, isso é mal para o país, né, porque o esporte deveria ser mais assistido pelo governo, pelas entidades oficiais, mas sobrevivemos com muita paz e tranqüilidade dada as contribuições de clubes e velejadores e moto-náutas, porque a gente tem vela e motor também, então a contribui-ção dessas pessoas vem garantir a nossa sobrevivência. Mas nós fazemos parte do sistema nacional do esporte que até agora, de três a seis de junho se reúne para traçar os novos planos do esporte para o Brasil, do qual nós fazemos parte também.

Você, quais os principais fatores que você acha que limitam e os que possibilitam o desenvolvimento no Distrito Federal? Acho que o que limita você falou assim, né, essa soltura assim do governo, essa falta de interesse do governo de ter um órgão responsável por isso. Pra melhorar essa área você acha o que poderia ser feito? Além de um órgão... (!!)

Entrevistado: Campanha, né. Eu acho que as campanhas estão aí pra isso é a função de uma campanha de marketing, uma campanha de comunicação ela em muito auxilia isso aí. Agora tem ser uma campanha forte, né, tem que ser uma campanha que tenha dados concretos, que tenha, ofereça destinos exeqüíveis, né, que cria na cadeia da população em todo Brasil e do mundo inteiro ao acesso a Brasília, né.

Perfazem o interesse né de se conhecer a cidade, porque o que eu muito ouvi nas en-trevistas que fiz foi que Brasília não é vendida, as pessoas não conhecem, conhecem a parte política, praticamente a parte política de Brasília... (!!)

Entrevistado: O que denigre a imagem de Brasília, né. A gente precisa desvincular um pouco a imagem dos três poderes e a imagem da população da cidade de Brasília. Nós estamos hoje com 2 milhões e 800, beirando aí os 3 milhões na grande Brasília e isso torna a gente uma metrópole, né. Não podemos falar que um político que vem aí de qualquer estado que seja do Brasil e esteja aqui seja a cara da cidade. Não, a cara da cidade hoje é feita pelos brasilienses, como nesses 50 anos eu sou até pioneiro de Brasília, cheguei pra cá antes dos anos 60 e vi todo o crescimento da cidade, me orgulho muito, gosto muito de Brasília, como outros famosos, estilo Nelson Piquet, alguma coisa assim, que tem a chance de morar em qualquer lugar do mundo, né, e fixa a sua residência na cidade natal, vamos dizer assim, a cidade que ele cresceu, que viu crescer e que a cidade o viu crescer e ficar famoso também, né. Então Brasília tem um imã muito grande, as pessoas gostas daqui, ficam aqui, esse inchaço de Brasília com 2 milhões e mais de 2 milhões de habitantes é,

essa realidade né, a pessoa vem a Brasília pra trabalhar um ano, dois anos e já tá há 20, 30, 40 e fica aqui, não quer sair daqui nunca, a qualidade de vida ainda é muito alta, a violência urbana tem aumentado, lógico, como tem aumentado em todo o país, mas os níveis ainda são aceitáveis, cria um alerta muito grande pra essa área, né, pra gente crescer no turismo, pra gente dar segurança as pessoas que nos visitam nós temos que ter algumas regras de segurança para que essa fama da cidade não seja quebrada, né, “-Ah, Brasília é tranqüila, a qualidade de vida é alta”, e tudo mais, então é disso que a gente tem que se vangloriar e cuidar para que as pessoas que venham aqui conhecer tenham essa noção né. A função do lago Paranoá nisso é muito importante porque cria uma qualidade de vida muito grande, você de qualquer acesso, por exemplo, daqui de onde nós estamos para gente acessar o lago a gente não demora 5 minutos, a gente pode ir a pé ou de carro, mas (?) é muito rápido. Então de qualquer, da asa sul, asa norte, de algumas, até de cidades satélites e tudo mais, você acessa o lago Paranoá com muita facilidade, daí a necessidade da gente ter um ponto de referência nesse lago Paranoá que seria a Marina Pública. Uma marina com recursos distritais, federais, (??), que seja, mas uma marina que dê acesso, dê a garantia de acesso. Por exemplo, você tá em Angra do Reis que é um grande destino náutico do país, se você for hoje a Angra do Reis a pé você vai circular quase toda a orla de Angra dos Reis e vai encontrar uma ou duas praias populáveis, porque o resto tudo tá loteado. Os grandes condomínios, as grandes fortunas estão instaladas devido a beleza da região e tudo mais, mas o popular não acessa, não tem garantia pra acessar o mar. Ele não vê, é uma beleza que se fala de Angra dos Reis, o turista chega lá e não vai ver a beleza de Angra dos Reis e não acessa a praia, então ele vai ter pegar uma embarcação, alugar uma embarcação, pegar algum sistema de transporte para ele se (?)fazer ao mar e conhecer Angra dos Reis. Brasília no seu lago Paranoá corre esse risco também de empreender-se hotéis e moradias e grandes eventos ao lado de grandes empresas ou residências, ou, a utilização desses terrenos né, fechar o acesso popular ao lago Paranoá. Então, de novo, a Marina Pública teria essa função né, garantir esse espaço e lá ter escolinhas de lanchas, escolinhas de veleiros, escolas para crianças, adultos, alto rendimento, esporte, e a in-clusão social que a Marina Pública daria a sustentabilidade com escolinhas de fibra de vidro, escola de tapeçaria, escolas de madeira, tudo isso, essas pessoas se formando ali e prestando serviço para ali mesmo. Os próprios marinheiros né, que é uma função fun-cional, uma profissionalização né, o marinheiro hoje devido a quantidade de clubes e o aumento das marinas e o aumento das embarcações, cria-se a necessidade da formação de marinheiros, então a Marina Pública poderia ser o centro de excelência nessa formação profissional que atendesse também a área náutica como um todo, dando isso aí, fibra, eletricidade, madeira, tapeçaria, toda a construção cresceria com isso, né. Então a garantia de uma Marina Pública ela garantiria o turismo, garantiria negócios, e fortemente a criação de emprego e renda, né, a formação de mão de obra e tudo mais. Então nós temos aí o

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conjunto fechado e, não sei, hoje é uma tendência, você vê no Rio de Janeiro acaba de ser privatizada a Marina da Glória, né, que é um ponto turístico muito forte, muito grande e tudo mais, e quem assumiu lá foi nada menos do que o (?)Ueife Batista, né, um dos maiores milionários do Brasil e do Mundo que anteviu já essa utilização, então, quer dizer, ele não é bobo, ele não, ele tem aí a visão negocial muito presente, então ele investir na Marina da Glória é uma garantia de que a Marina é utilizável, é rentável, é útil, tem todos esses aspectos aí.

O senhor teria mais alguma recomendação de investimentos no turismo nos próxi-mos anos?

Entrevistado: É, a grande rede que envolve aí o esporte e o lago Paranoá notadamente aí por lado da Federação Náutica de Brasília. Então o lago Paranoá ele estaria (?) afeto a lazer, a turismo e ao estudo também, nós estamos dentro da UNB e estamos falando com o Sebrae e com a UNB e a pesquisa também é muito forte, a área é muito, é infindável a área de pesquisa no lago Paranoá, seus ecos-sistema e as suas maneabilidades, né sus-tentabilidades, nós temos aí algumas experiências aí no lago de inclusão de peixes, de espécies, de plantas que, para limpar, purificar, ou pra sujar, a sujeira cria plantas, ervas daninhas, alguma coisa assim no lago Paranoá que se torna grande ambiente de pesquisa para área técnica do estudo. Então o lago Paranoá tem essas (??)... temos um colégio parti-cular que mantém uma embarcação e leva pra ali o seus alunos, uma vez por mês ou uma vez por semestre, alguma coisa assim, tem uma plano lá do curso que usa o lago Paranoá como demonstração de estudos, né, então tem turmas de freqüência de alunos que vão ao Paranoá para conhecer, vão pescar ou o barco teria uma rede, alguma coisa assim para conhecer o seu eco-sistema. Nós temos um lago aí de mais de 40 km de extensão, de pro-fundidades altas de até 40 metros, então, não é uma coisa muito rasinha não, nós temos um volume de água muito grande, temos uma preocupação com as dificuldades da água no mundo inteiro, a CAESB faz uma... lança um projeto de utilização do lago Paranoá para (??) servir a coisa, é bem meio duvidoso isso, né, a CEB já utiliza para a geração de eletricidade e nós temos um período de seca muito longo em Brasília e aí o lago Paranoá baixa o seu nível drasticamente, nós já vimos com outros órgãos de Brasília a manutenção do nível do lago que é muito interessante, que (??) cota a mil, né, é mil metros acima do mar. Então é um lago projetado para isso, né, então tem a cota mil e as vezes eles chega em níveis muito baixos então dificulta o lazer, dificulta o turismo, quem empreendeu para fazer aquilo ali fica muito prejudicado porque aí a sua embarcação não chega ao píer ou então o turista tem que andar ali no meio da terra pra chegar na embarcação, isso não garante uma sustentabilidade. Então a utilização do lago Paranoá tem que ser vista por todos os órgãos federais e locais para que se mantenha e dê garantias de crescimento, de utilização desse cenário, né. (!!)

Utilização sustentável, né.

Entrevistado: Sustentável, exatamente para que não se perca, ou se gera um empreende-dorismo, mas se gera aí também alguns problemas pra essas pessoas que acreditam nessa proposta. Então a utilização do lago Paranoá ela é multi-funcional, né, para lazer, turismo, negócios, esporte, grandes eventos, lazer de final de semana, durante a semana, nós te-mos velejadores aqui que se destacam no mundo inteiro haja vista o crescimento aqui de Torbem Grael e Lars Grael, os irmãos que aprenderam o seus primeiros passos em Brasília e hoje são, o Torbem Grael é o maior medalhista mundial da modalidade com 5 medalhas olímpicas, né. Então não é uma história simples não, é uma conquista fenomenal. E dado isso às mudanças constantes de vento em Brasília, Brasília não tem um regime como o mar que venta sempre na mesma direção, Brasília venta do norte, vento de sul, isso no mesmo dia, na mesma hora o vento muda, e para o velejador que se faz o seu motor no vento e o vento não é aparente, o vento você não vê o vento (??), então essa sensibilidade das pessoas que crescem aqui no esporte a vela é reconhecidamente benéfica para a for-mação. Então nós temos aqui escolinhas de iatismo, escolas náuticas que estão, fruto do empreendedorismo também, são poucas ainda, tem espaço pra ter muito mais, as marinas podem crescer também nesse filão, né. E a Marina Pública também dá essa parte, garante essa parte de multi-funcional, incluindo aí a criação de mão de obra, emprego e renda e a distribuição desses profissionais no próprio mercado de Brasília que já assimila e tem essa carência de pessoal.

ENTREVISTA 22

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como é que o senhor avalia o atual mercado turístico do Distrito Federal?

Entrevistado: Ele é bastante promissor como todo o mercado turístico nacional, né. Nós temos aí uma projeção que nos próximos 5 anos teremos um crescimento aí da ordem de 100% na área de turismo nacional e Brasília por ser uma cidade que ainda é carente de um turismo receptivo, tem muito a ser explorado, mas ela é bem forte no turismo emis-sivo. Devido ao alto poder aquisitivo da sua população, né, então é um mercado bem... Hoje pode-se considerar que é o segundo mercado emissivo do Brasil é Brasília.

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Qual a opinião sobre a evolução desse mercado turístico nesses 5 anos, nesses últi-mos 5 anos? Você acha que ele melhorou, ele declinou, ele se manteve?

Entrevistado: Não, ele cresceu muito, né. O mercado de turismo, o mercado de (???), teve um crescimento a partir do momento das companhias de baixo custo, baixa tarifa, né, então você tendo a Gol contribuindo muito para esse processo, as outras empresas que estão surgindo aí como a Azul, a Bianca que é a antiga Ocean Air e isso tá possibilitando que o brasileiro cada vez mais possa viajar. Se não me engano nós tínhamos antigamente uma projeção de 30 milhões de pessoas que viajavam de avião e hoje você tem prati-camente dobrado, né. Eu acho que nos próximos 4, 5 anos vai chegar a 120 milhões de habitantes, quer dizer, de viagens né, isso quer dizer, pode ser que uma mesma pessoa viaja 2, 3 vezes, né? Mas, para se ter um dado, nos Estados Unidos você tem 200 milhões de habitantes e tem 700 milhões de viagens. Então há muito ainda o que crescer no Brasil nesse setor, né.

Você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidades para investimentos no turismo?

Entrevistado: Vejo, vejo muito, porque é um... Há uma carência de hotéis, né, hoje em dia você tem visto aí que os eventos que são realizado os hotéis de modo geral tem ficado cheios, há uma deficiência de quartos, é uma cidade que é um pólo central que tem um hub de distribuição de todos os vôos nacionais, né, agora com a entrada também de vôos internacionais, então tem muito a crescer nessa área e dos produtos turísticos Brasília tam-bém precisa mostrar pro mundo e pro brasileiro, como o turismo cívico, turismo religioso, o turismo arquitetônico, turismo de eventos, que hoje também tá muito forte, então eu vejo que tem muito a crescer nessa área Brasília.

Qual a opinião sobre as políticas públicas: Federais, distritais implementadas nos últimos 2 anos. Você acha que elas dificultaram ou elas facilitaram o setor de turismo?

Entrevistado: Olha, eu não sei os dados não, mas está tendo muito investimento na área de turismo. Nós não podemos negar que realmente (?) (interrupção)... Um barril de (??) de 50 litros atrás da poltrona deles, combustível (?), um tanque sobressalente, na hora isso é uma bomba, né...

As políticas públicas implementadas nos últimos dois anos, você acha que elas con-tribuíram ou elas dificultaram o setor de turismo?

Entrevistado: Não, dificultaram não. A gente tem muita carência ainda de investimentos, principalmente investimento no setor aeroportuário, precisa ser feito reformas em vários aeroportos, precisa incrementar a aviação regional, tem uma deficiência da parte rodo-viária, né, mas é claro que a demanda cresceu muito em outros setores como o setor

rodoviário com o preço do carro ficando acessível ao consumidor, então isso fez também com que... tudo o que se quisesse era pouco. O que nós esperamos agora é que os inves-timentos aumentem bastante uma vez que está ai pra vir a Olimpíada, a Copa do Mundo, então tem que se realmente resolver. Nós estamos aí com os aeroportos estrangulados, né. Quem viaja sabe disso, né, e a projeção para se dobrar, de 250 aeronaves hoje que se voa no país, ter 500 aeronaves nos próximos 4, 5 anos, então, com o nível de aeroportos, de pátios de estacionamento não vai dar conta de atender, né, então, é preocupante...

Você acha que... Nesse caso seria uma política com os aeroportos que você acha que deveria ser alterada, ou mudada, esse investimento. O que você acha que poderia melhorar o turismo relacionado a sua área que pode ser revista, qual política que deveria ser revista para poder haver uma melhora?

Entrevistado: São os investimentos públicos mesmo. Eu acho que, no caso da Infraero, tem que desamarrar a Infraero, eu vejo que a Infraero é muito amarrada, demora muito nos in-vestimentos. A política de céus abertos que também é onde que uma empresa internacio-nal pode também fazer vôo nacional, quer dizer, eu não sei se nós estaríamos preparados para isso, mas pode vir a ser. Também aproveitar a ociosidade de determinadas aeronaves que estão paradas nos aeroportos internacionais. A parte também que se questiona muito de investimento de companhias estrangeiras em companhia nacional que hoje tá limitado, se não me engano, a 20% e a tendência que se espera chegar é 49%, quer dizer, e fora a questão, realmente que os investimentos se concretizem e que sejam feitas parcerias públi-co/privadas, né, que se dê condições ao brasileiro a viajar cada vez mais.

Como é que você avalia a cadeia produtiva do turismo na Distrito Federal? Assim, do ponto de vista de articulação. Você acha que os agentes eles trabalham em conjunto ou ainda estão muito soltos? Cada um cuida da sua área e...

Entrevistado: É, eu acho que falta uma, uma, falta uma integração, né. Recentemente nós tivemos oportunidades de reunir o Trade que é a Base, que participou, o Conventinon Bureau, a ABIH, mais o SIDOBAR, outras entidades, sim o sindicato do turismo também e nós levamos ao governador, atual governador o nome de pessoas que a gente achava que devia estar conduzindo e também mostrando o que a gente gostaria lá da Brasíliatur. Ele aceitou nossas sugestões, esse já foi um primeiro passo, mas eu acho que falta justamente que nós assumimos a nossa, nós devemos assumir a nossa posição enquanto entidade, enquanto empresário do setor, não deixar que a política sobreponha nessas áreas, por-que é uma área que representa muito empregabilidade, eu acho que nós devemos ser mais atuante. Nós devemos até participar de formação de determinados candidatos que possam defender o turismo local e nós já estamos pensando isso, o que é importante é que o Trade turístico, as entidades já estão pensando nisso. Até por uma questão do que

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Brasília vendeu aí nos últimos meses e nós sentimos que nós não podemos ficar refém de pessoas, nós temos que ter uma política voltada para o turismo, isso aí de... Para qualquer governador que venha, mas enfim que seja gerido também por pessoas da área.

Com características técnicas...

Entrevistado: Com características técnicas, é. (risos)

É, então você acha que falta um fortalecimento nesse setor ainda que poderia...

Entrevistado: Poderia, se houvesse uma integração maior e que fosse dado a oportunidade para que as entidades atuassem em conjunto com o governo de uma forma coordenada, eu acho que o resultado seria melhor, seria mais rápido e melhor. É o que a gente em pouco tem-po agora, infelizmente, com o governador tá se querendo ter, mas é pouco tempo, é pouco orçamento, é agora, também, é a nova, nova Brasíliatur, né, quer dizer... todo... agora... uma criação de uma nova empresa, né, então isso retarda tudo, né, quando você tá caminhando...

Você acha... Quais os principais fatores que, na sua opinião, limitam e possibilitam o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Que limitam?

É, os que limitam e os que possibilitam.

Entrevistado: Bom, os que limitam é... É a concorrência de vários destinos que estão, desti-nos altamente competitivos no Brasil. Não resta dúvida que Brasília é um destino, mas ele compete com vários destinos. Mas o que possibilita é que Brasília é uma cidade sui generis, é uma cidade que precisa ser conhecida por cada cidadão brasileiro, é uma cidade que quem vem gosta, é uma cidade que tem capilaridade com outros destinos, outras cidades da região aqui, você pode fazer roteiros integrados, né, então, e é uma cidade nova, uma cidade que tem 50 anos, então, eu vejo que é um lugar que tem um potencial enorme pra fazer eventos, é um lugar enorme para fazer o turismo rural, para fazer o desenvolvimento do turismo cívico aonde que, a exemplo do que Washington faz com seus estudantes, né, e outros mais roteiros que poderiam ser feitos, enfim. Por um lado tem fatores que limitam, mas tem fatores que facilitam tremendamente, sem falar que Brasília por estar no centro do país, né, isso possibilita que você tenha aqui uma facilidade de vôos enorme, né.

Quais seriam as suas recomendações de investimento pro Distrito Federal nos próxi-mos 4 anos? Sugestão...

Entrevistado: Olha, é, primeiro tem que realmente fazer uma política para que melhore os monumentos públicos, nós vemos aí que estão muito desgastados, muitos sem cuidado, a gente precisa que tenha uma política de investimento para o setor hoteleiro, né, nós esta-mos aqui no aeroporto, se pensa até em construir um hotel aqui perto do aeroporto pras

pessoas que são favoráveis, outros não, mas enfim, há um déficit de quartos em Brasília, há uma deficiência também na qualidade do atendimento, muito grande né. É preciso que se defina essa parte do investimento no estádio, né, porque Brasília vai ser o que? Vai ser uma das cidades que vai ter, ou que é aquela que vai poder hospedar também os jornalistas, né, ou uma cidade que possa até fechar, fazer a abertura ou a final da Copa do Mundo, é enfim, também que tenha a definição do que que depois vai ser feito com esse estádio, né, que termine os investimentos que já começaram, que são grandes inves-timentos rodoviários, toda esse crescimento que Brasília tá passando. E que tenha, que continue também a manter como patrimônio cultural, né, que não haja essas invasões, que Brasília possa ser o que a gente tenha orgulho, que é uma cidade que a gente gosta de viver e nada melhor, né, o turista quer ir para uma cidade onde que o povo gosta (??)... isso é natural. Então eu acho que não é muita coisa não, é só que dê continuidade e que realmente execute aquilo que todo mundo fala, não sou eu não, todo mundo fala. Deu?

OK.

ENTREVISTA 23

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como que a senhora avalia o atual mercado turístico do Distrito Federal?

Entrevistado: É... Eu, é difícil avaliar assim porque eu acho que, o que tem acontecido? Tem havido um crescimento de hotéis (#), né, de oferta de leitos, que eu acho que o mercado turístico ele é baseado em o que você tem pra oferecer pro turista, pra ele ver, ou pra ele, as vezes você pode ter o turismo de negócio, o turismo de entretenimento e lazer, o turismo cultural e o turismo histórico, né, e eu acho que Brasília tem um potencial grande pra explorar isso aí, mas assim, eu vejo muito estagnado, assim pra atrair pessoas, né, eu vejo um crescimento de hotéis, há dias nessa cidade que as pessoas não tem onde ficar, voltam pras suas cidades de origem para vir trabalhar no outro dia porque não é sufi-ciente e depois tem uma ociosidade muito grande no fim de semana. Então, o que é uma coisa que eu acho que pode ser compensada com outros atrativos não só o de negócios. As pessoas vem pra cá fazer negócios, afinal a gente tem a sede do governo federal aqui, então, com todas as empresas estatais, não estatais, e aqui, e tudo mais. Então assim, de forma geral o que que eu vejo? Eu vejo que tem um grande potencial de crescimento, mas eu não vejo grandes iniciativas, nem públicas e nem privadas pra isso.

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ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

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Você acha que houve uma evolução nos últimos 5 anos ou continua...

Entrevistado: Depende, assim... É, eu acho assim, como eu moro aqui há mais de 20 anos eu posso dizer que não houve. É, a gente teve uma evolução nessa questão de, pra quem mora na cidade, você teve um crescimento de restaurantes, que eu a (interrupção), hoje já estagnado, a gente vê aí há dois anos não aparecem grandes novidades, tem uma rota-tividade muito grande de oferta de bares interessantes, mas a gente praticamente não tem bares temáticos, que normalmente nas cidades mais turísticas é um grande atrativo, tem gente que vai pra cidade e não pode deixar de passar naquele bar por isso ou por aquilo, ou naquele restaurante, a gente quase não tem isso aqui, e o turismo cívico, como eu tenho família de fora eu sempre quando vem gente que não conhece a cidade e tal eu sempre faço os pontos turísticos e tal e continua a mesma incipiência, falta de material, falta de material de gerenciação, falta de catálogo, falta de informação, não existe uma produção literária forte sobre isso como você pode observar em qualquer outra grande cidade. Uma cidade como Paris, Nova York, Lisboa que eu conheço muito bem, você chega, onde chega você tem, seja nas livrarias, seja nos pontos turísticos, você tem muita oferta de material que te dá passeios em 3 dias, em 2 dias em 4 dias, em uma semana, aqui não existe isso, então eu não considero que avançou não, eu considero que continua muito parado.

Mas você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidade para o turismo?

Entrevistado: Com certeza. Primeiro porque essa é uma cidade patrimônio cultural, então acho que isso já é um grande valor, a gente tem, é uma cidade, é um monumento a céu aberto, então assim, podia muito bem focar nessa área, na exploração da arquitetura da cidade que é única, você vê gente lá de fora, de vários países, ouvem e querem, tem inte-resse em conhecer Brasília, aqui os brasileiros não valorizam a cidade nesse ponto porque tá muito associada a questão política, mas ainda na questão política você pode ter uma população brasileira muito interessada em conhecer de perto o Congresso, os Palácios e tal, e eu acho que isso não é explorado. Não é o fato de ter horário de visitas que significa que está sendo resolvido, porque eu acho que não tá. Então eu acho que tem um grande potencial e como um lugar de cultura, Brasília é uma cidade consumidora de cultura mui-to forte, então assim, peças de teatro, podia ser isso, São Paulo hoje é o que? Você tem 500 peças em cartaz, você tem um público lá consumidor de cultura, de cinema, mostra internacional de cinema, então Brasília podia fazer alguns eventos relacionados a música, a própria arquitetura, a fotografia, seja lá o que for de âmbito mais, de âmbito nacional que pudesse atrair as pessoas em determinado período e eu não vejo isso.

E na sua opinião as políticas públicas que foram implementadas nos últimos dois anos, federais e distritais, você acha que elas favoreceram ou elas dificultaram o de-senvolvimento do turismo?

Entrevistado: É, eu assim, como eu não sou da área eu não posso falar com propriedade. Porque eu acho que quem trabalha na área ou que tem algum negócio na área pode dizer se determinada lei, se determinada decisão política favoreceu ou dificultou. Como mora-dora da cidade isso não é claro, assim, o que é claro pra mim como moradora da cidade, consumidora de produtos culturais da cidade, que ama essa cidade é que não há nada efe-tivo do ponto de vista político de política pública para desenvolver o turismo em Brasília.

Então você, teria alguma política que você tem um conhecimento, ou não, o que você acharia que poderia, que deveria ser revisto? Do ponto de vista político assim que você acha que poderia, revendo esse conceito poderia mudar, ajudar a cidade?

Entrevistado: Não, eu acho que primeiro ter alguma entidade séria ligada ao turismo, por-que eu acho que as entidades, não sou eu que to dizendo, são os jornais que noticiaram durante um tempo, Brasíliatur, essas entidades aí elas só serviram para distribuir verbas para eventos que nada agregam à cidade, então assim, serviu só de interesse político. Então eu acho assim, ter uma entidade séria, realmente comprometida com o desenvolvimento do turismo, com o apoio ao pequeno empresário, ao grande empresário que queira desen-volver projetos nessa área, apoio que eu digo não financeiro, porque eu acho que isso nunca dá certo, eu acho que o turismo ele precisa de ter uma política sim, eu acho que a política pública ela deve ser do ponto de vista educativo de criar projetos que possam ser desenvolvidos para mostrar a cidade, o valor da cidade, o que a gente tem, agora ficar dan-do dinheiro para empresário montar empresa para explorar o turismo eu não concordo. Então eu acho assim que tem muita coisa a ser feita, depende muito da iniciativa privada, mas eu não sei te dizer como resolver isso, assim, eu vejo que qualquer outra cidade bem desenvolvida nessa área de turismo ela tem uma preocupação com a segurança, tem uma preocupação com a recepção dessas pessoas que chegam, uma orientação, pontos de apoio, onde que você tem um ponto apoio de turista aqui em Brasília? Eu não sei de ne-nhum. Então assim, eu sei porque eu vivo isso, eu levo as pessoas na Torre, na Praça dos 3 Poderes, tá tudo abandonado gente, tá tudo abandonado, então assim, não tem um apoio, uma distribuição, você vai numa cidade como Aracaju e você vai lá tem uma delegacia do turista, tem o centro de apoio ao turismo, que você chega se você tem qualquer problema, se você tem problema, qualquer problema de segurança você tem uma delegacia especiali-zada para te ajudar, tem uma secretaria especializada para te indicar bons passeios, para te dar apoio na área de hotéis, aqui não tem, aqui não tem, assim, o turismo daqui é se vira!

Como é que você avalia a cadeia produtiva aqui do Distrito Federal do ponto de vista as-sim da articulação dos agentes? Você acha que trabalha-se em conjunto ou é cada um...

Entrevistado: Não, eu acho que, eu acho que, por exemplo, tem um setor, aí o pessoal mais associado de sindicatos e bares, restaurantes, acho que eles conseguem ter alguma força para tentar mudar alguma coisa, se fortalecer, a associação dos hoteleiros, eu acho

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que eles tentam fazer alguma coisa, mas tudo é iniciativa particular eu não acho que existe cadeia assim, o que existe é focos de pessoas que se reúnem, se associam... (!!)

Só (??) na sua área, né...

Entrevistado: ... Exatamente, pra tentar defender os interesses da sua área, claro que é sempre pensando no turismo, mas a articulação de um com o outro e deles todos com a esfera pública não existe, ou se existe é muito insuficiente.

Quais os principais fatores que, na sua opinião, eles limitam e quais os que possibili-tam o desenvolvimento do turismo aqui no Distrito Federal?

Entrevistado: É, do ponto de vista de imagem, Brasília tem uma imagem lá fora muito ruim, lá fora que eu digo, dentro do país né. Já aconteceu comigo, pegar um taxi em São Paulo e dizer que to indo pra Brasília e cara desejar boa sorte, ou então, segura a sua bol-sa, que é uma coisa que não é da cidade, é o fato de ter aqui a imagem que os políticos tem o fato daqui ser um centro político entendeu? (##) (!!)

(??) ... cidade ser tão associada...

Entrevistado: Exatamente, mas assim, porque as pessoas também desconhecem a verda-deira cidade civil, que moram as pessoas, que trabalham, as pessoas do bem que fazem, que trabalham, que contribuem com o desenvolvimento da cidade e a própria economia da cidade né, porque aqui é uma cidade com muitos shoppings, o próprio Park Shopping é o melhor shopping da cidade, a gente pode ver porque é o maior, é o mais organizado e tudo mais. Então assim, você tem algumas áreas que tem algumas ofertas de serviços, de produtos e tal, muito interessantes e tem... A pergunta era exatamente sobre?

Os fatores que possibilitam e que limitam o desenvolvimento do turismo.

Entrevistado: Eu acho que o que limita é a falta de vontade. Não existe uma vontade pública, eu não sei porque até hoje nenhum governo teve realmente interesse. Porque se você for ver cidades brasileiras hoje que tem um turismo bastante desenvolvido, como Fortaleza e o próprio estado do Ceará, como Pernambuco, Recife, e sendo o Pernambuco mais a questão das orlas, você tem ali a iniciativa privada atuando fortemente com o apoio do governo naquilo que é preciso, que é divulgar, formar parcerias, trazer investimentos pra cá, então eu não vejo essa preocupação do governo trazendo investidores para Brasília nessa área específica né? O que tem havido de crescimento de hotéis, por exemplo, que a gente vê redes entrando, cadeias entrando, é um interesse absolutamente de mercado no mercado hoteleiro por si, para ter é... dentro do seu próprio negócio, ninguém tá ali articulado como aconteceu em Natal, por exemplo, foi criada toda orla costeira que era, havia a divulgação, havia o planejamento urbano e o desenvolvimento de hotéis. Então, se você junta a parceria, faz a parceria o público e o privado, cresce, é visível, basta ver

o que aconteceu com Natal. Natal hoje é referência no nordeste de turismo, Fortaleza é uma indústria de turismo, Recife decaiu também por questões governamentais, políticas e tal, mas tem uma parte de exploração da orla também muito desenvolvida pro turismo e outras cidades assim, a gente já teve cidades históricas mais desenvolvidas, Gramado no Rio Grande do Sul você vai cada ano você pode ir é diferente, existe essa grande explora-ção... Então as pessoas precisam assim, ter orgulho de Brasília e estabelecer essas parcerias que eu não vejo.

Quais as suas sugestões ou recomendações para investimentos no turismo aqui no Distrito Federal? A sua visão, o que você acha que poderia melhorar.

Entrevistado: Olha, eu vejo assim. É... Um, pensando assim do ponto de vista empresarial para você pensar assim, o que eu posso investir no turismo? Eu acho muito difícil, acho muito difícil porque um investidor, um empresário sozinho ele não vai conseguir mu-dar a realidade, não vai fazer nada, precisava ter realmente, assim, vamos ter agora, por exemplo, mapear todos os museus da cidade, todos os centros culturais, vamos ter uma agenda cultural, aí ter, realmente é você poder investir nisso, seja como produtor cultural, seja como editor, entendeu? Aí eu vejo um caminho totalmente sem exploração ainda que pode ser bom pro empresário, né. E criar serviços, empresas de serviço pro turismo, recepcionista, explorar mais o turismo de congresso, por ser essa uma cidade capital do país, assim, não tá tão inchada nesse sentido, para haver congressos brasileiros de todas as áreas, entendeu? Eu acho que isso podia ser muito interessante, explorar próprios arre-dores da cidade. Então eu acho, eu vejo assim: os investimentos, se eu fosse investir, por exemplo, nessa área eu fico pensando, fica muito incipiente, ou é da sua vocação ter uma pousada, ir pra um lugar como a Chapada dos Veadeiros, ou você é um grande empresá-rio que vai ter um hotel porque tá vendo que a oferta é menor do que a demanda, do que a procura, principalmente durante a semana, que é o que os grandes hotéis estão fazendo, mas não é um setor como é o comércio, aí, “-Ah, o comércio.” Pode ser, mas assim, ele se alimenta da própria cidade, pensando no turismo em si eu não vejo muito o que fazer, entendeu? Não vejo muito o que fazer isoladamente, eu acho que precisava existir um projeto, por exemplo, se existisse um projeto para exploração da orla, como já houve e foi totalmente decadente, não teve resultado nenhum, entendeu? Ou um projeto para, público, para que você posso ter pontos de apoio ao turista e tal e que a pessoa possa colocar lá seus pontos de vendas e (?) matéria e tal, de uma forma mais organizada, que cada monumento, que cada (??) um vendo possa ter uma loja de souvenir organizada e tal, aí eu vejo o pequeno empresário atuando, mas tudo isso depende da vontade pública.

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ENTREVISTA 24

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Como é que você avalia o atual mercado de turismo do Distrito Federal?

Entrevistado: Bom, a gente hoje tá muito motivado, né, por conta das Olimpíadas e da Copa, principalmente da Copa porque Brasília vai ser uma das cidades sede e a gente tá com expectativa de um crescimento muito grande nos próximos anos, né? Os inves-timentos já começaram agora né, vai ser iniciada a reforma do Mané Garrincha, o VLT também tá pra iniciar né, tá demorando mas a gente tá na esperança de que comece. A rede hoteleira ela vai expandir vários leitos e apartamentos novos vão surgir aqui, né, em Brasília e o número de eventos tem crescido muito na cidade. Os congressos médicos, né, a gente tem conseguido trabalhar bastante esse mercado e conseguimos coma divulgação que a gente faz nas feiras, em eventos que a gente faz pra fora de Brasília e fora do Brasil também, a gente tem conseguido atrair muitos turistas pra cá, mas o nosso foco hoje ainda é o turista de eventos, né, é o que movimenta mais a cidade, é o turista certo. Quando a gente consegue apoiar a captação de um evento pra cá e ela é bem sucedida, então isso tem crescido muito, a ocupação dos hotéis tem estado assim (??), o hotéis lotados. Tem determinados congressos que a gente não consegue encaixar todo mundo nos hotéis, porque são vários acontecendo ao mesmo tempo. Então a gente manda até o pessoal pras Satélites porque aqui em Brasília não tá comportando, e isso é um fato importante por causa da Copa. Então a hotelaria tem que crescer obrigatoriamente... (!!)

(??)Problema na hotelaria em Brasília já?

Entrevistado: É, porque a gente tem esse problema sério? A gente tem bastante leito, hoje, só em Brasília, só no Plano Piloto e no Lago né, aqui em volta, a gente tem cerca de 4000, 5000 apartamentos, mas os leitos chegam a uns 8000, 10000 leitos, até 12 a gente con-segue chegar, mas com a ocupação de mensalista, porque isso é muito alto em Brasília, de segunda a quinta então, a gente, por isso a gente tem esse problema com a ocupação durante esse período com os eventos, porque 30 a 40% do hotéis estão ocupados por mensalistas, são “habit ways”, né, que o pessoal chama. Então a gente tá com a esperança de que cresça pra liberar mais quartos pra gente. Vários apart-hoteis estão sendo constru-ídos também aqui em volta, então a gente tá com essa esperança de que a gente consiga adquirir mais leitos, mais apartamentos. Mas a expectativa do turismo é muito boa, né, a gente teve alguns probleminhas de governo agora, mas parece que foi resolvido esses pro-

blemas, com a criação da nova secretaria, então eu acho que eles vão priorizar realmente, é divulgar Brasília como destino para eventos, negócios e lazer. Atrair realmente turistas pra cá, que usem os serviços da cidade, né. Então pelo menos a gente tem essa promessa, e a gente espera que eles cumpram e se cumprirem realmente aí sim a gente vai ter um crescimento de 40 a 50% aqui.

E você acha que teve uma evolução nesse mercado turístico do Distrito Federal nos últimos 5 anos? Ele cresceu, ele tá se mantendo, ele declinou?

Entrevistado: Eu acho que ele cresceu um pouquinho. (???) por conta, é porque assim. A gente não tem aquela tradição de ser uma cidade turística, então a gente não atrai aquele turista de lazer como o Rio atrai, como as cidades de praia atraem... (!!)

(??) (???)...

Entrevistado: ...exato, não ninguém vem pra nadar no lago, né? (risos) Aí, em que a gente foca então. O nosso foco são os eventos, são os negócios, são os eventos corporativos, né, eventos de governo a gente realiza muitos, a gente tem muitos eventos apoiados pelo Brasília Convention. Então eu acho que houve um crescimento por conta do Centro de Convenções e de outros espaços que foram construídos, por exemplo, o Brasil 21, que um outro Centro de Convenções grande, o CNTC, tem o Espaço (?) MI que é agora ali perto do lago que foi construído, alguns outros hotéis que tem já o seu espaço para eventos. Então isso acarretou esse crescimento. Então a gente cresceu sim, a gente não tá parado não. Como cresceu o numero de eventos os turistas crescem constantemente. Então a gente teve essa evolução nesses últimos 5 anos, tá?

Você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidade do mercado turístico?

Entrevistado: Sim, vejo sim. Tanto que a demanda aqui tem crescido muito, né. Novas empresas sendo abertas, novos hotéis sendo construídos, novos centros de convenções. É porque é a capital do Brasil, então a gente tenta despertar esse interesse nas pessoas de fora em conhecerem a capita. Então esse potencial a gente tem, potencial turístico sim. É só a gente conseguir explorar esse potencial de uma maneira bacana, junto dos parceiro, né, claro. Nas feiras de turismo é muito importante que é o foco da agência que partici-pam, operadoras participam e eles querem oferecer (??) esse nicho, então a gente tenta encaixar Brasília. (?) ... com a data de negócios a gente faz, aconteceu agora o salão a gente tava lá divulgando Brasília junto com a secretaria de turismo nova, então assim, as pessoas realmente se interessam. E o que prejudica um pouco a gente é a imagem nega-tiva que até hoje a gente tem. A mídia divulga a gente de uma maneira muito ruim. (#) Maltrata a gente. (##)

(??) ... Brasília com a política.

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Entrevistado: Exatamente, exatamente. O pessoal chega, vai na explanada, acabou Brasí-lia. A gente sabe que não é assim que funciona. Então, me desculpa, qual foi a pergunta mesmo? Eu vou falando e esqueço.

(risos) As principais oportunidades assim que você acha que o Distrito Federal tem um mercado bom de oportunidades de investimento em turismo?

Entrevistado: Sim, tem sim. Tanto que também agora existem essas várias construções que estão sendo feitas, por conta da Copa de novo. A gente vai viver por conta da Copa, né, até 2014. A gente vai viver por conta dela porque é o que a gente tem.. (!!)

Preocupado, 2014 tá ali. (risos)

Entrevistado: ... exatamente. (risos) Mas isso pra gente, pelo menos, serve um pouquinho como garantia de que alguma coisa vai ser feita e de que Brasília de alguma maneira vai crescer nesse período, porque se não acontecer a gente não sedia nenhum jogo da Copa. Como a (??) (??), né, o pessoal teve que correr com uma licitação para poder começar a fazer, quebraram tudo lá, porque o Comitê tava aqui. (!!)

É, eu ouvi conversas que (##) (?) ... ia perder realmente porque...

Entrevistado: Exato, porque eles deram prazo, e várias cidades brasileiras, não só Brasília, o prazo se esgotou e ninguém começou a fazer obra (###)... (Elisângela: (?????)) Não, in-clusive alguma movimentação (?), Rio... (##) (!!) (Elisangela: São Paulo, Belo Horizonte..) Humhum, você viu que quebraram as arquibancadas, né, aí isso foi pro Comitê ver que já tava acontecendo alguma coisa, mas a obra em sim mesmo, não (???). Então assim, mesmo com todos esses probleminhas de política ou o que é que seja a gente tem muito potencial de investimento, porque Brasília, o mercado imobiliário de Brasília é um dos mais caros, né, do Brasil, então é porque aqui, como é que posso falar? Desperta muito interesse em quem é de fora, tanto que a população vem aumentando a cada ano aqui em Brasília. (!!)

(????????)

Entrevistado: Exato, a segurança que a gente ainda tem, o trânsito, os acessos ainda que são mais fáceis, né, você não demora 2 horas pra chegar, como é São Paulo, como é Rio, entendeu? Então a gente tem muito potencial, o mercado pode crescer muito ainda, né. Você pode dar pause rapidinho? (...) Não, vamos continuar porque se não você vai perder tudo aí, desculpa. (risos)

Na sua opinião as políticas públicas Distritais e Federais implementadas nos últimos 2 anos elas favoreceram ou elas dificultaram o mercado turístico do Distrito Federal?

Entrevistado: As políticas públicas? Me explica a questão? Vocês (?) tem...

É, as que você tem conhecimento assim, o que foi implementado que você acha que aju-dou ou que dificultou o turismo? Ou você acha realmente que (???)?

Entrevistado: É... Ah sim... (risos) (###) Política pública, é... Não, infelizmente não tem, mas assim, a gente como base aqui, a gente trabalha muito com o Ministério do Turismo e com a EMBRATUR, né. Eu não sei se isso chega a ser uma política pública efetiva... (!!)

Eu vou ter que parar aqui.

Entrevistado: Tá muito barulho, né?

É. Se não... Na sua opinião Elisângela

PARTE 02 02/06/2010

Como vocês dois avaliam o atual mercado de turismo do Distrito Federal?

Entrevistada: Bom, eu avalio que o mercado de turismo de Brasília tem tido excelentes oportunidades na atual conjuntura, né. Passamos aí pelo aniversário dos 50 anos de Brasília, estamos ainda no ano do aniversário dos 50 anos que é uma excelente oportunidade para esse mercado estar trabalhando a sensibilização do país para que venham conhecer uma Brasília, a capital, né, de todo os brasileiros, um destino turístico que realmente deve ser pro-gramado dentro das férias dos brasileiros. Então, assim, em termos de hotelaria também, de alguns anos pra cá, o mercado tem se mostrado muito mais promissor, muito mais positivo, a ocupação melhorou bastante, né, então, até, inclusive, tem tido poucos problemas com sazonalidade, praticamente apenas dezembro, janeiro e fevereiro tem sido realmente os períodos de baixa temporada, até questões de final de semana também, na medida do pos-sível, nós conseguimos trabalhar com eventos também que podem estar se estendendo um pouco mais e diminuindo essa questão da sazonalidade nos finais de semana. Em termos de eventos o Luciano pode até falar um pouco mais, mas também no mercado turístico a área gastronômica tem tido uma projeção muito interessante, são vários projetos acontecendo que estão fomentando essa área, né, projetos de festivais e que tem mostrado que Brasília tá num momento muito bom, porém, quando você fala em destino turístico essa demanda que existe é uma demanda que vem muito segmentada do negócio de eventos, mas em termos de destino de lazer e entretenimento a gente ainda tem uma caminhada longa a ser percorrida e que precisa ser também mais, como eu posso dizer, os empresários da área precisam se atentar mais para as oportunidades que existem, como a Copa e o próprio “50 anos” para eles irem atrás do cliente, prospectar o cliente. Como a gente anda numa demanda, numa situação bastante cômoda do mercado, né, que tem essa demanda de seg-mentos específicos, eles não tem buscado ir atrás do cliente, prospectar esse cliente para os seus negócios e daí gerar uma demanda duradoura, uma demanda sustentável de turismo e de lazer e entretenimento. Eu acho que aí existe sim uma caminhada a ser percorrida, eu acho que o mais arrojo, exige um pouco mais de arrojo dos empresários.

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Vocês acham que houve uma evolução no mercado turístico de Brasília nos últimos 5 anos?

Entrevistada: Sim, com certeza.

Entrevistado: Eu falo de novo?

Não, a sua parte...

Entrevistado: (????)

Ah, tá...

Entrevistada: Com certeza, houve sim, a gente vê pelos próprios números, a gente conver-sando com o hoteleiro houve até aumento, como eu falei anteriormente. Em termos de turismo de lazer a gente tá trabalhando, na própria Convention, trabalhando num projeto “Brasil visita Brasília”, que é trazendo o estudante para cá, então a gente percebe também que essa demanda de estudantes que foi uma demanda latente e que a gente tá agora fo-mentando ainda mais, então, com certeza, ainda tem um caminho ainda a melhorar, mas já existe também uma melhoria nesse sentido... Eventos a gente aumentou, melhorando o nosso ranking da ICA, tivemos uma caída agora nesse último ano, mas assim, tudo que já estava sendo esperado mesmo, é o normal que essa dinâmica aconteça, mas Brasília tem sido, hoje é o segundo maior aeroporto em poso e decolagem, então assim, ela tem sido realmente um destino de negócios e eventos, então, de 4, 5 anos pra cá a gente percebe que várias entidades, várias empresas que trabalham eventos corporativos, que antes não pesavam em Brasília como o local de realização desses eventos, estão pensando. E fora tudo o que o governo já realiza, né, em termos de eventos político administrativos. Então, o mercado sim melhorou bastante de 4 anos, acho que 4 anos, 3, 4 anos pra cá.

Você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidades para o turismo?

Entrevistada: Eu vejo. Vejo, agora realmente, assim, o que não pode acontecer é... se o turismo continuar sendo levado da mesma forma que ele vinha ao longo desses anos, né. Ele precisa ser trabalhado de uma forma, com políticas públicas mais focadas realmente no desenvolvimento do setor sustentável, buscando uma ação promocional mais organizada e mais arrojada mesmo, né, então as vezes a gente vê exemplos aí de vários outros estados que conseguiram se projetar, estados que não tem praia, Minas Gerais tá se despontando, é um estado que não tem praia e tem conseguido bastante retorno com as ações arrojadas que tem feito de promoção. Então assim, o que precisa é a gente conseguir ter mais aí uma, um ali-nhamento entre o poder público e privado do que realmente vai fazer diferença pra Brasília. Continuar remando nessa mesma velocidade e nessa mesma direção não pode. Aí a gente não tem perspectiva nenhuma de bons resultados futuramente, mas se a gente conseguir mudar um pouco o curso dessa direção aí, e trabalhando ações mais focadas principalmente em marketing e promoção, aí sim, aí a gente tem um mercado excelente para investimento.

Na opinião dos dois as políticas públicas federais e distritais implementadas nos úl-timos 2 anos, elas favoreceram ou elas dificultaram o mercado turístico, o setor de turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: É, é difícil falar de política pública né. Assim, eu não tenho conhecimento de nenhuma política pública efetiva distrital, nenhuma, né, federal, eu não sei se pode ser visto como uma política pública, mas a gente tem as políticas da EMBRATUR que a gente usa muito pra captação de eventos internacionais para Brasília, na divulgação de Brasília lá fora e que a gente trabalha casado é uma coisa que nos ajuda muito, e não dificulta em momento algum. É o que salva a nossa vida hoje, né Elis? É, agora, quanto aos Ministérios, voltado pro turismo, eu não sei Elis, você tem conhecimento de alguma coisa?

Entrevistada: Tenho, tenho sim. Assim, eu, em termos distrital eu ratifico o que o Luciano colocou, realmente a gente não tem políticas públicas e o que tem de direcionamento, o que tinha, né, a gente espera que tenha passado essa etapa, o que a gente tinha de direcionamento era totalmente retrocesso, era (???) totalmente fora do espectro que a gente podia esperar para o desenvolvimento turístico mesmo, (##) é, não tem nada que a gente possa aproveitar disso, né, em termos de fluxo turístico e tudo mais. Bom, agora em termos federais sim a gente tem políticas públicas que são muito boas, muito, temos pro-gramas de incentivo de investimentos que o Ministério do Turismo facilita o investimento do micro e pequeno empresário, temos aí programas para área de gastronomia como o projeto “Brasil Sabor”, temo trabalhos com a melhor idade que Brasília foi beneficiada com isso, né, temos aí alguns projetos que Brasília aparece como um mercado emissor, que não é o que a gente quer, mas aí até por falta de um arrojo da política local não foi mudado esse direcionamento, né, de fazer com que Brasília em vez de ser simplesmente um pólo emissor para o “Viaja mais jovem” e “Viaja mais”, é ser também um receptor. Né, nós começamos a mudar um pouco essa característica com o “Viaja mais melhor idade”, mas isso poderia ser trabalhado com todos os demais programas, né, então assim, em ter-mos de políticas federais eu acho que a gente precisa aproveitar melhor e aí, só que essas políticas chegam até nós através dos (??) distrital, né, elas não vem diretamente, algumas só acabam beneficiando diretamente porque vem através de uma entidade, mas mesmo assim sem o apoio do governo local acabam as coisas se perdendo, não tendo continui-dade. Então eu acho que tem aí um bom trabalho que a gente pode valorizar e aproveitar mais das políticas federais.

Alguma política relacionada ao turismo que deva ser revista?

Entrevistado: Eu acho que tem uma. Existe um programa do Ministério do Turismo que são as chamadas para eventos. O Ministério ele patrocina, ele libera recursos para eventos que vão gerar fluxo turístico para a cidade, mas a gente tem uma dificuldade muito grande

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porque? Eventos que geralmente geram fluxo, grandes congressos, são eventos que vão trazer pessoas de fora, que vão ficar hospedadas 3, 4, 5 dias, vão fazer um pré, um pós evento, alguma coisa desse tipo... (!!)

Entrevistada: Esses com certeza geram fluxo... (!!)

Entrevistado: Esses com certeza geram fluxo Elis, mas o problema que a gente tem é o tipo de análise que é feita pra cada evento, porque? O sistema funciona assim: é como se fosse uma análise de títulos, você vai respondendo as questões, inserindo material e eles vão analisando. Cada ítenzinho que você atende é um ponto que você ganha e no final das contas o maior número de pontos é aprovado e patrocinado até 30% do valor total do evento, não podendo passar de 300 mil. Então tem todas essas regrinhas desse (???), que saem de 3 a 4 vezes por ano, depende muito do ano o que acontece. Então assim, normalmente os eventos que são aprovados, são eventos locais, são festas, são eventos culturais que acontecem, ou na esplanada, ou em algum outro lugar, ou uma feira de arte-sanato, entendeu? Não é o interessante pra gente, isso não gera um fluxo real que a gente possa mensurar. Ah, durante 20 a 25, cinco mil pessoas estiveram hospedadas em Brasília, entendeu? Então assim, eu acho isso realmente deveria ser reavaliado, né, e refeito.

Entrevistada: E isso você pergunta em termos de política federal e local?

É.

Entrevistada: Né? Então, tem uma política que é local que a gente (risos) tem que estar, né, esperamos né, estamos aí num novo momento e acreditamos que não, não... o decreto que estabelecia que a Brasiliatur era responsável para realizar eventos e tudo, hoje não existe Brasiliatur, também recai. Então a secretaria trabalhar aí com ações realmente que desenvolvam o turismo. Em termos de governo federal, em princípio eu acredito que o que deveria trabalhar um pouco mais é a questão de aproveitamento de todo o marke-ting, de toda a divulgação que cada destino vai ter através da Copa. Foi anunciado no salão do turismo pelo ministro que todos os destinos indutores vão receber, vão poder, vão receber recursos para fazer o seu plano de marketing, só que são 3 milhões para 65 destinos, (risos) então realmente vai ser só o imput do plano de marketing... (!!)

Entrevistado: É, é só pra escrever o plano. (risos)

Entrevistada: É... (risos) Então assim, de alguma outra forma o Ministério do Turismo vai ter que se preocupar com isso, porque realmente é o grande legado que a Copa deixa, são dois grandes, é infra-estrutura e imagem. Então a gente tem que aproveitar bastante isso. Não podemos correr o risco fazer como aconteceu aqui em Brasília com a Copa de Futebol de Salão que Brasília tava sendo projetada, principalmente na Europa e no Mundo inteiro e que não tinha uma divulgação e mostrava o estádio Mané Garrincha vazio e não

tinha a menor divulgação do que era o destino aonde estava acontecendo aquela copa.

(??) (???) (??)

Entrevistada: É. Então assim, a gente não aproveitou uma oportunidade, tudo bem, não é uma projeção que Copa do Mundo traz, mas é uma projeção e que já é, como é que se diz... (!!)

É só aproveitar a (???).

Entrevistada: É, é aproveitar melhor o espaço. É gastar um pouquinho mais aproveitando aquilo ali... “Ah não, eles estão com o olhar direcionado pra cá então vamos abrir agora a nossa, tudo, o nosso leque de opções, tudo que a gente tem pra apresentar.” Isso daí Brasília ainda tá muito longe do que a gente... é o ideal, né?

Quais as políticas que vocês acham que deveriam ser implementadas para o desen-volvimento do setor? Assim, dois anos...

Entrevistado: (??) Eu vou falar por eventos (risos), porque outras áreas, é a área que eu tenho mais conhecimento, né. E... Política pública. Hoje existe a política da EMBRATUR de apoio a captação de eventos e a promoção de eventos. É na esfera federal, né, e a EMBRATUR, como a EMBRATUR só divulga o Brasil no exterior, é responsável pela nossa imagem lá fora, eu acho que deveria se fazer algo local com a nova secretaria de turismo se criar uma política parecida com ela para eventos nacionais. Que isso ia fomentar muito, porque? Qualquer evento que a (??) gente captar eles querem o apoio do governo, a gente não consegue fugir disso. Por mais que a gente tente se afastar um pouco, dar outras op-ções, mas o que a gente tem depois que o evento é captado é muito pouco pra oferecer. Eles querem realmente o apoio do governo, apoio financeiro, ou apoio com o desconto no Centro de Convenções, bom, né. Então assim, a secretaria de turismo ela vai entrar nesse momento e tendo essa política de apoio, a gente pode fazer isso, isso, isso, isso por você, a gente patrocina material pra captar o seu evento, a gente faz um material gené-rico para distribuir, porque nem todos no mundo hoje tem dinheiro. Eles querem muito, tem aquela paixão para fazer o evento aqui, “-Quero muito fazer na minha cidade”, mas quando chega o evento aí só (?) Jesus acalma, porque dinheiro é difícil conseguir, muito complicado. Então, pelo menos tendo essa ajuda, esse pontapé para eles começaram a trabalhar, que é o que a EMBRATUR faz. A EMBRATUR a gente consegue fazer convênio, de 20 a 30 mil reais, então você cria um site pro evento, você consegue mandar uma mala direta pro pessoal, consegue fazer várias coisas com esse valor, montar um stand bacana com mais divulgação. Então, e a gente não tem isso local. A gente não tem um apoio efe-tivo do governo local para a captação de eventos. Não só pra captação eu acho que pra vários outros segmentos, né Elis?

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Entrevistada: É, acho também que, falando do Centro de Convenções, alguma política de administração dos espaços... (!!)

Entrevistado: Ah isso é interessante também. A gente tem hoje um Centro de Conven-ções que já foi considerado o mais moderno do Brasil, mas infelizmente não é mais pelas condições hoje do equipamento, não é mais inteligente como era, e não é mais o mais moderno. A gente tinha o Centro de Convenções no Brasil do que o Centro de Conven-ções hoje. Então, o Centro de Convenções ele é muito maltratado, ele não é cuidado da maneira como se deveria, né. E uma coisa que dificulta muito o nosso trabalho dentro do Centro de Convenções é realmente, como a Elis falou, a maneira como se administra hoje, porque? Ele é administrado pelo governo. Era pela Brasíliatur e agora pela secretaria de turismo. E quando um Centro de Convenções ele é administrado pela iniciativa privada eles tinham muito mais facilidades, por exemplo: a gente captou o mundial de “Doença Cérebro Vascular” para 2012, e toda a negociação de contratação de serviço, o location Ted, o contrato com o Centro de Convenções tá sendo feito diretamente com a organiza-dora internacional. É uma organizadora lá da Suíça, ela já veio em Brasília, a gente ficou 3, 4 dias com ela, ela veio só pra fechar negócios em Brasília porque ela não vai contratar um parceiro local, que seria o ideal pra gente, né. Então qual é a maior dificuldade dela hoje? É fechar o contrato com o Centro de Convenções, por que? Porque como ele é administrado por um órgão público ele tem uma instrução normativa que rege e que tem que ser seguida, e pra qualquer clausula que precise mudar existe um departamento jurí-dico que analisa e ali fica 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, ela veio no início do ano passado (??) e até hoje ela não conseguiu fechar o contrato com o Centro de Convenções. Então assim, pra você ver o pesadelo que a gente vive todos os dias né Elis, porque ela liga pra gente, é “-Luciano eu não consigo, ninguém me responde, ninguém me fala, me dá uma notícia, a gente liga, a gente manda e-mail, diz pelo amor de Deus...” Manda um e-mail, diz que existe, eu to aqui, eu to vivo. Ou então manda um e-mail, eu não quero o seu evento, pronto, vamos acabar com essa história. Pra mulher não ficar se achando uma otária, ou chamando a gente de incompetente. Por que o Brasília Convention Bureau não é incom-petente, a gente faz um trabalho muito bacana aqui pela cidade, mas a gente depende...

Entrevistada: O contrato né, que não tava em outra língua, só tinha o contrato em portu-guês. O Centro de Convenções da capital do país, que recebe evento internacional, foi a quarta até o ano passado em realização de eventos internacionais e o melhor equipa-mento, o maior equipamento na verdade, não tem um contrato em inglês. Então eu acho assim que deve existir sim uma política pública que dê suporte a captação de eventos e a realização de eventos em Brasília. E... (##)... Isso, e isso, nessa política pública entra a administração desses espaços, que tem o Expo Brasília também que tá em processo de re-forma, já era pra estar, a gente perdeu um evento de 10 mil participantes porque não ficou

pronto em 2010 como tinha sido prometido pelo GDF, né. Então assim, acaba que o nosso trabalho também aqui enquanto Convention acaba sendo prejudicado por falta dessas políticas, né, que atendam também esses exemplos que o Luciano deu de EMBRATUR são excelentes, mas também a gente precisa cuidar melhor da administração dos espaços, não impedindo que eventos deixem de vir pra Brasília porque o Centro de Convenções tem uma formatura numa sexta-feira e o evento tinha que ser desmontado na sexta-feira, ou porque era até sexta-feira, um evento de 4, 5 dias Brasília deixa de receber 5, 6 mil participantes por conta de uma formatura que tá agendada no Centro de Convenções. Então isso é uma falta de política, realmente direcionada para Brasília como um destino de negócios e eventos. E assim, eu já falei das outras áreas, nos outros segmentos, o que pode surgir né, de ser criado de políticas públicas nessa área, eu acho que tem que ter aí um plano de marketing, um planejamento realmente estruturado do desenvolvimento tu-rístico de Brasília, o plano diretor, tem um PDI mas que ele ainda tá muito teórico, muito, ele precisa se transformar num plano operacional mesmo, né. Então a partir do PDI você consegue trabalhar a política pública, mas assim, a gente precisa avançar nesse sentido. Esse trabalho, ainda a gente tá muito a desejar, Brasília (??) fazendo eventos. Então a gente não tem política. (risos)

Como que vocês avaliam a cadeia produtiva do Distrito Federal do ponto de vista da articulação dos agente?

Entrevistada: (??) ... do conjunto ou... (##)(??)

Todos os agentes que participam da cadeia produtiva do turismo?

Entrevistado: Ah, sim. Articulação em que sentido?

Se eles são mobilizados, se eles estão juntos, ou se estão muito soltos, cada um...

(#####)

Entrevistado: ... Responde aí Elis... (risos)

Entrevistada: É, eu vou responder, assim, pode parecer até de uma certa forma contra-ditório, mas é a realidade hoje que a gente tá passando. Ao mesmo tempo que a cadeia produtiva é muito, no ‘vamo vê’, no operacional mesmo, no dia-a-dia deles eles são cada um por si e Deus por todos, eles trabalham de uma forma desarticulada, sempre querendo tirar vantagem um segmento em cima do outro, né. Por exemplo, a gente tem um pro-blema de guias que querem fazer agenciamento, de agências que querem trabalhar com o guia pagando um preço lá em baixo, que é um simplesmente um dos atores principais do processo... (!!)

Que mostra a cara...

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Entrevistada: ... que mostra a cara, é o que encanta o turista com Brasília, encanta né... Então assim, você vê Brasília com os olhos de um guia é outra coisa. Você tem também aí um trabalho da questão, aí o guia e a agência ficam ali naquela briga que nunca termina. Então assim, a gente tem os restaurantes que acabam falando assim, “Eu to sempre lotado, não preciso de vocês, vocês podem trabalhar do jeito que vocês quiserem, eu to sempre lotado aqui mesmo.” Porque o mercado de Brasília dá esse suporte pra ele, né. Você tem os hotéis também que aí você trabalha com o receptivo ou com o recepcionista, que agencia os passeios turísticos, ganhando não sei quantos por cento em cima disso, que é o que faz realmente o salário dele valer a pena, porque tem um salário muito ruim, Então ele agencia e passa o preço final pro turista muito alto, o turista começa achar os passeios em Brasília não prestam porque cobra-se muito alto por um passeio que as vezes iria valer a metade do preço normalmente. Aí, com isso as agências vendem pouco, as agências de receptivo vendem pouco, o que vendem eles vêem o dinheiro deles ficar lá com o recep-tivo, o hotel, por outro lado também, quando você vai para uma negociação ele também fala assim “-Muito obrigado, não quero participar dessa negociação do jeito que tá porque eu to lotado.” De segunda a sexta-feira. Então assim, esse pensar coletivo do dia-a-dia, do operacional não existe. Agora o que existe? Nós estamos num outro momento que é bem positivo, que foi instigado pelo Ministério do Turismo através do programa dos 65 destinos indutores que o Ministério do Turismo criou nos destinos indutores o grupo gestor. E aqui em Brasília isso tem funcionado muito bem, acabamos de ser premiados lá no Salão do Turismo como referência para o Brasil inteiro por conta da sistematização em que vínha-mos trabalhando as ações, por conta dos encontros que tem sido semanais desse grupo e o grupo tá muito motivado. Tem algumas lideranças que são lideranças novas então assim eles estão acreditando que é um novo momento pra Brasília, tá muito motivado por conta de ter Copa, tá muito motivado por conta do Ministério do Turismo dizer “-Olha as ações, os projetos que a gente vai apoiar em Brasília vai ter que ter o OK do grupo gestor.” Então assim, em termos de lideranças estamos muito bem alinhados, tanto que quem entrou na secretaria de turismo, o secretário e a secretária adjunta foram lideranças indicadas pelo Trade turístico. Então foi uma união do Trade, foi uma, né, realmente uma proposta con-junta, alinhada que levou a gente ter aí a frente do maior órgão distrital pessoas, técnicos da nossa área. Então, lideranças estamos muito bem obrigada. Agora essas lideranças precisam passar pros seus pares que o operacional do dia-a-dia ainda não tá andando muito bem.

O que vocês acham que falta para esse fortalecimento?

Entrevistada: (??) Só uma... vontade. (risos) Eu acho que existe a necessidade de um pensar mesmo como destino turístico. É fazer um trabalho, que, tudo bem, Brasília já chega a ser uma, é uma metrópole, mas é uma metrópole provinciana que a gente fala nessa dicoto-mia assim, né, porque... é fazer um trabalho que, por exemplo, Bonito fez, de trabalhar

um Voucher em que todos vão ganhar e que todos... já tem ali um preço que é pré-esta-belecido, que tem um controle que o próprio governo já controla ali os impostos daquelas atividades todas que foram prestadas, mas assim, não sei se o modelo “Bonito” poderia ser totalmente transferido pra Brasília, até acho que não, mas a gente precisa encontrar um modelo adaptado como (????) que é em Bonito que possa estabelecer um pouco, regulamentar melhor essa atividade aqui. Por exemplo, vou dar outro exemplo aqui da-queles (??) dos guias, que os guias reclamam é que ônibus chegam aqui de outros estados e chegam com guias de lá, de outros estados que fazem o guiamento aqui em Brasília. Aí, porque que não é um guia? Porque não existe uma regulamentação do, no DF dizendo que só entra ônibus no DF se tiver um guia local. Porque aí a partir do momento que eles passam aí por uma barreira da polícia, alguma coisa assim, tem que ter ali um contrato de guia local, o guia local estar esperando para entrar no ônibus e fazer, acompanhar o grupo nessa visita aqui. Então existe realmente ali um pensar coletivo, vem de políticas públicas, a política pública pode ser o fator motivacional disso, mas precisa uma organização desses atores pra eles pensarem um pouco mais enquanto destino. Enquanto destino.

Vocês participam de alguma associação, comitê, grupo...

Entrevistado: Filiado?

É, filiado a algum?

Entrevistado: Hoje não mais. Hoje nós temos os nossos parceiros que a gente faz ações em conjunto, que são as entidades representativas do Trade, a ABAV, a (?)BAR, a (?)LIH, mas a filiação nós éramos, há um tempo atrás, filiados à Federação Brasileira dos Conventions, né, mas saímos porque a gente não estava tendo o retorno que a gente esperava, eles não estavam cuidando da gente da maneira como deveria. Assim como nós cuidamos de um mantenedor que é associado ao Convention Bureau. Cuidamos dele, damos toda a atenção, todo o material que ele precisa, toda a informação que ele quer, criamos oportunidades de negócios pros mantenedores, é, indicamos para eventos e a gente esperava algo parecido das entidades que nós éramos filiados, só que isso não tava sendo, não estava acontecendo. Aí acabou que nossa diretora ela achou melhor desfiliar para que não haja nenhum gasto a toa, né? Nós éramos filiados a ICCA, Internetional Congress and Convention Assossiation, que é aí que eles fazem o ranking das cidades que mais sediam eventos internacionais. E a gente também, há um ano mais ou menos, a gente não é filiado mais a ICCA, porque é mui-to caro. A gente paga tantos mil euros por ano e a gente realmente não tinha condições de arcar com esse valor, solicitamos o apoio de alguns parceiros, né, na época a gente solicitou também para a Brasíliatur, só que também não houve esse retorno, aí acabou que a gente ficou, teve que infelizmente se desfiliar da ICCA, mas a gente espera que esse ano a gente consiga voltar, né, mudando esse cenário aí, melhorando as coisinhas (??).

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Entrevistada: (#)(??)Muito cheio de esperança. (risos) Assim, em termos de comitês a gente participa do comitê gestor dos 65 destinos, né, que se reúne aí todas as sextas-feira lá no (?)SET.

Qual a opinião, quais os principais fatores, na opinião de vocês, que limitam e os que possibilitam o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal?

Entrevistada: Quais os fatores que limitam...

Entrevistado: Eu acho que os que possibilitam... É... Tá o que possibilita o desenvolvi-mento são os investimentos que a cidade tem tido nos últimos anos, isso eu acho que é inegável né Elis, a cidade tem crescido em estrutura, né, mesmo que tenha sido de forma lenta os investimentos estão vindo, né, porque na época de outros governos isso não acontecia, né. Muitos problemas aconteceram, de governo principalmente, mas de todos os problemas uma coisa boa aconteceu, Brasília parece que se abriu um pouco mais. (##)(?) Exato. E os investimentos estão vindo, então com a estrutura crescendo e esses investimentos entrando, isso possibilita realmente o desenvolvimento do turismo na cida-de, porque quando a gente atrai as pessoas pra cá, a gente tem que ter no mínimo uma infra-estrutura (##)(risos) básica, né, pra receber esse pessoal. E hoje Brasília eu acho que tá muito bem preparado nessa parte da infra-estrutura para receber esses visitantes, né. Agora o que impede, você tem algum?

Entrevistada: O que impede o desenvolvimento do turismo? (##)

O que dificulta né, o que atrapalha?

Entrevistada: Anhan... Eu acho que...

Pode falar...

Entrevistado: Vai ser o governo. (risos) (##)(?) Isso atrapalha bastante.

Entrevistada: (risos) ... Eu acho que é essa mudança né, a gente sofreu aí até o pessoal brincou com a gente lá no Salão do Turismo dizendo que a gente tinha governador des-cartável, né, porque entra um, entra outro, não sei que... Então assim, isso que aconteceu realmente foi muito ruim, eu acho que uma das questões é a gente estar muito vinculada mesmo, a imagem de Brasília tá muito vinculada a imagem política, né, então isso acaba impedindo um pouco, atrapalhando, na verdade, um pouco o nosso desenvolvimento turístico enquanto destino de lazer e entretenimento, né, Brasília com um outro formato, né. Agora, além disso eu não vejo assim grandes impedimentos não, a não ser realmente o que eu coloquei que é essa organização, né, desse, dessa política que possa organizar até a aonde que comece e termina o trabalho de cada um, qual é a sua atividade, como é que regulamenta essa atividade, como funciona, isso realmente, não ter isso, e não ter um plano de marketing do destino, né, que isso daí assim é não querer realmente que venha

turista pra cá (risos), então (###) é... dificulta demais mesmo o nosso trabalho. O Con-vention faz uma ação promocional continuada, anualmente em todas as feiras, em todos os eventos, mas é uma verba muito pequena e aí a gente praticamente só tá nas principais feiras e ainda assim com uma ação bem tímida perto de quem você pode tomar como exemplo, que realmente consegue gerar fluxo turístico através de suas ações promocionais que é Rio de Janeiro, Salvado, Minas, São Paulo. Então assim nós estamos ainda a quem. E uma das coisas é não ter plano de marketing. E o que, é o que facilita hoje é... gente pra mim o que facilita, e que sempre facilitou e que a gente não aproveita é o fato de a gente ser a capital do país, então assim, a gente tem aí um título de patrimônio cultural da humanidade, né, então tudo muito sub-aproveitado mesmo, então a gente precisa saber trabalhar um pouco mais isso. E outra coisa que facilita, que é ao mesmo tempo o que prejudica é o fato de estarmos aqui do lado do governo federal. Então assim, muito mais fácil algum projeto meu não estar dando... se enrolando por entraves burocráticos e tudo, eu sentar lá na mesma hora com o pessoal do Ministério do Turismo e tentar resolver e tudo do que o cara que está lá em outro estado, em outros lugares. Então a gente tem que explorar (?) a máquina aqui muito perto e a gente precisa aproveitar isso melhor também. A gente tava falando até no grupo gestor que, por exemplo, a gente não tem um político que leve a bandeira realmente do turismo, né. O Rodrigo Rollemberg, de vez em quan-do acena pra isso, mas nunca, de fato, carregou essa bandeira. Então assim, a gente não tá aproveitando que a gente tem esses caras todos aqui, né, e precisa aproveitar melhor isso. Essa facilidade de sermos a capital do país, vamos trabalhar, o Convention tá com um projeto “Brasil visita Brasília” que é pra trazer estudantes do Brasil inteiro pra Brasília, e aí espelhado um pouco na experiência que Washington tem de visitas de estudantes e tudo. Então, isso daí, o fato da gente sermos a capital do país, podendo trabalhar o centro cívico patriótico, a consciência dos (????) tudo, que aí a gente, já que não temos como desvincular totalmente a nossa imagem da política, então vamos aproveitar o que a gente tem, o que que pode, o sumo que a gente pode tirar de estar ligado à política, né.

(???) (????) (???) ... cada um deste país tem de mandar pra cá.

Entrevistada: De mandar pra cá, é, o que que é, o que que é estar ali. Que Brasília, sim, oferece uma estrutura muito bem preparada para uma excelente legislação, para o depu-tado, para o senador que está ali conseguir seus projetos e fazer com que dê certo e que chegue lá na cidade dele. Brasília oferece essa estrutura. Então é isso que eles precisam saber. “Olha, o que é responsabilidade de Brasília, tá aqui, muito bem feito”, agora o pen-samento dele, a forma que o político tá operacionalizando isso, o não acompanhamento dele enquanto eleitor lá do estado, aí não é culpa de Brasília, né? (risos)

Quais as sugestões e as recomendações de vocês para investimentos no turismo no Distrito Federal nos próximos quatro anos?

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Entrevistado: 4 anos, pensando na Copa? (risos)

É, pode desvincular, mais um pensamento pra Brasília a respeito do que vocês acham que funcionaria aqui, que seria bom pra cidade?

Entrevistado: Investimento né?

Recomendações, investimentos, é...

Entrevistado: (##) Funcionaria bem, o que eu acho, é a gente fazer um trabalho maior em conjunto, não trabalhar só Brasília, sozinha, porque Brasília não funciona sozinha. Tra-balhar todo o Centro Oeste integrado, como alguns destinos fazem, Minas Gerais faz isso, trabalho fantástico que eles desenvolvem e a gente ainda tá muito tímido nessa parte. A gente, aqui, no trabalho de captação a gente sempre coloca no material pré e pós even-to e a gente sempre coloca mesmo, Goiânia, Cidade de Goiás, Pirenópolis, a gente vai divulgando todo o centro oeste pro pessoal, né, principalmente eventos internacionais a gente realmente coloca tudo ali, mas na hora de se fazer um planejamento, na divulgação efetiva do destino a gente acaba indo sozinho. Este ano não, este ano no Salão do Turismo realmente se trabalhou em conjunto, né, tinha lá um stand de todo o centro oeste, mas também foi uma formatação que o Salão exigiu. Mas no final das contas Brasília sempre acaba indo sozinha, não existe um material integrado do centro oeste para se vender a não ser os materiais que a EMBRATUR fazia antigamente, hoje eu acho que nem faz mais, então eu acho que isso seria uma sugestão, né, que trabalhar melhor em conjunto, o centro oeste, claro, tendo Brasília sempre como porta de entrada, pra eles virem pra cá e depois vai. (risos)

Mas é né, é capital, tem...

Entrevistado: Exato... Tanto que (?????)...

Entrevistada: É, eu acho que concordo com o Luciano também, assim trabalhar um pouco mais essa oportunidade de Brasília central né, trabalhado também esses roteiros integra-dos aqui junto com Goiás. Eu vejo também como uma oportunidade de investimento para os empresários é trabalhar em conjunto com o, com essas iniciativas que trabalham com os estudantes. Tem esse projeto do Convention, mas outros também podem estar trabalhando isso, então os empresários aproveitarem e enxergarem nessa vinda desses estudantes de que forma que eles podem estar fazendo com que os serviços deles sejam melhor aproveitados, né, então, ah tem um passeio de barco no lago, como é que eu pos-so encaixar isso dentro do roteiro? Isso não tá hoje no roteiro que a gente vende. Como é que a gente pode estar aproveitando um passeio de barco dentro do roteiro “Brasil visita Brasília” ou o roteiro cívico/patriótico, então assim, eles enxergarem também as oportu-nidades que existem nos arredores daqui de Brasília, como as propriedades rurais, né, o

eco-turismo, o turismo rural que tem aqui também bem próximo, então que eles possam estar também já reconhecendo esses produtos que já tem muitos que são produtos turís-ticos e estar também dentro dos seus catálogos de comerciário. Tem isso que o receptivo poderia trabalhar mais, eu vejo uma oportunidade muito grande principalmente para o receptivo, para hotelaria é até uma recomendação, não é nem uma oportunidade, eu acho assim que eles divulgam muito mal que eles tem de promoção de final de semana, de baixa temporada, o pouco de Brasília que sabe é porque alguém que trabalha na área ou que conhece alguém lá, funcionário do hotel que disse pro outro, pro outro, pro ou-tro, mas não porque houve uma promoção do próprio hotel, uma divulgação do próprio hotel nos shoppings, enfim, em alguns lugares que sabe que tem um público de Brasília que pode estar consumindo esse produto, eles não fazem esse aproveitamento, né. Então eu acho que ainda de investimento eu penso que em espaços a gente precisa muito me-lhorar, melhorar muito ainda em espaços para realização de eventos. A Copa pode estar trazendo aí, acenando né, abrindo a mente dos empresários para de repente criar espaços multi-funcionais, né, aproveitando o espaço para esporte, ou pra treino desses jogadores e aí fazer com que eles depois se tornem um espaço também para receber eventos (???). A gente ainda tem uma limitação muito grande de espaço, eu acho que agente precisa aproveitar isso. Né?

Entrevistado: Espaços em condições. Sempre, né. E não deixar construído ali aquela jóia e daqui a pouco estar todo quebrado, sujo, entendeu? Então a gente realmente, seria até uma reivindicação, né, reformar o Expo-Brasília, que já está arrastando a beça e manter o Centro de Convenções em boas condições de receber os congressos, e terminar o Centro de Convenções, gente, porque todo mundo divulga que terminamos, é meu filho, mas não é, aquilo não é filho de ninguém e ninguém terminou aquilo, né.

Entrevistada: Eu acredito que apesar de encontrar várias outras oportunidades, mas assim, a Copa mesmo tem toda a oportunidade assim, eu acredito que uma questão que é bem sub aproveitada é você ter ali uma praça dos 3 poderes, uma Catedral, alguns equipamen-tos que possam facilitar o guiamento lá interno e tudo, então assim, eu não sei se como são espaços públicos eu não sei se isso seria um investimento do empresariado de fato, mas pode ser também com, por exemplo, a Catedral fez, o ônibus aí o Double Deck, foi um empresário que resolveu bancar essa estória e aí conseguiu a concessão do governo por um tempo para estar operando isso, porque teve um investimento dele. Então assim, os nossos equipamentos ainda operam muito com uma operação ainda muito primária, pra ser uma capital (?) destino turístico, né. Então a gente precisava dar uma equipada me-lhor nesses atrativos de Brasília, e aí poderia ser um investimento de um empresário e que poderia estar tendo o seu retorno com a concessão administrativa desses equipamentos por determinado período aí negociável. Então é isso aí. Tá bom né? (risos)

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ESTUDO DE OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM TURISMO NO DISTRITO FEDERAL

ENTREVISTA 25

Legenda: (?) Trecho ou palavra inaudível/dúvida (#) Entrevistado (a) e entrevistador (a) falam ao mesmo tempo (!!) Interrupções

Para iniciar eu queria que você respondesse como você avalia o atual mercado turístico do Distrito Federal em relação a pontos positivos e negativos e oportunidades e ameaças?

Entrevistado: Pois bem, eu vejo que a cidade de Brasília ela tem um potencial turístico muito grande. Ela tem uma diversidade de atrativos turísticos, de religiões, enfim, uma gama de atrativos que podem serem explorados, né, e chamar turistas para a cidade. Mas eu vejo, isso é o ponto positivo, mas eu vejo, por outro lado, que todos esses atrativos eles estão sendo pouco explorados. Existe uma, talvez um desinteresse político, ou até mesmo empresarial e eles não estão explorando o que a cidade pode oferecer.

E, em relação a, você falou agora na empresarial, o que você vê como pontos fortes e fracos, como positivo e negativo em relação aos empresários (??) que você vê traba-lhando aí com o turismo?

Entrevistado: Bom, a questão empresarial ela tem sido, a gente trabalha diretamente com o turismo, a gente observa que tem sido ainda muito tímida, né. Poucas empresas que exploram os passeios turísticos, vamos dizer assim, poucas empresas que exploram... E é sempre assim: ali no centro da cidade, né, no Congresso Nacional, Catedral, Torre, aquele centro político ali. E aí eles esquecem que existe todo uma gama de outros atrativos até mesmo dentro da cidade e entorno, distanciando um pouco, que passam desapercebidos. Alguém que vem a Brasília ela tem... a única coisa que ela leva, a imagem de Brasília que ela leva é o Congresso Nacional e a Catedral. Esquece que aqui nós temos uma diversi-dade enorme de religiões, de templos, e que o que é mais interessante, que todas elas vivem harmoniosamente. Esquecem que nós temos inúmeros atrativos naturais, Chapada dos Veadeiros, Chapada Imperial, até mesmo aqui pro lado do Goiás, águas quentes, etc... Cristalina, muitas coisas estão no entorno de Brasília que também não são exploradas. E aí quando se fala em Brasília a única idéia que se tem é o Congresso Nacional e a Catedral. Então eu acho que o empresarial, o sistema empresarial, eles deveriam focar um pouco mais nessa outra diversidade, nessa gama...

E nos últimos 5 anos, qual a sua opinião sobre a evolução desse mercado? Você... Cresceu, manteve estável, caiu?

Entrevistado: Não, crescer com certeza cresceu, até porque o país ele entrou num pro-

cesso de crescimento econômico, o que possibilita as pessoas que vivem no país viajarem um pouco mais. Agora, uma pena, pra gente ouvir ainda que é muito mais barato e muito melhor viajar pra fora do país do que no interior do país. E a pergunta que se fica nesse contexto é, por que disso? Então, de repente uma, se se criasse uma política interna de “Vamos conhecer o Brasil”, “Vamos conhecer Brasília”, “Vamos conhecer a história de cada lugar”, de repente se tivesse uma política pública nesse sentido nós alavancaríamos ainda mais esse número de turistas que tem visitado aí a acidade.

Bom, então o senhor tá dizendo que, ah evidentemente cresceu. (!!)

Entrevistado: Sim.

Uma pergunta: em relação a ocorrência de que vocês tem recebido de turistas? Isso tam-bém cresceu nesse período? Ou ainda é mais ou menos o mesmo que era a cinco anos?

Entrevistado: Por incrível que pareça, é até engraçado isso, mas o número de ocorrências ela continua mais ou menos igual, né, não tem, a gente não tem notado tantas ocorrên-cias assim, em relação ao turismo não, diretamente nos pontos turísticos no qual a gente trabalha, né, não sei informar em outras localidades, mas não tem, são pequenos furtos na verdade que acontecem né, ocorrências de grande vulto nós não temos reportado nenhu-ma. E o número permanece mais ou menos o mesmo.

Então (??) elas são só os furtos, não... ou chega a ter reclamações em relação a pres-tação de serviço?

Entrevistado: Ah, sim. Não nesse sentido aí sim, nesse sentido, eles falam mais como uma, como eu sou policial as reclamações que vem é quanto a delitos, quanto a crimes, e aí, informalmente, eles falam isso quanto ao transporte público na cidade que ainda tá defi-citário, né, aí eles correm muito pra o serviço particular que é o taxi, né, aluguel de carro e aí isso aí é muito caro. Então nesse sentido eles reclamam sim.

Mas queixa ou ocorrência policial em relação a hotéis, a agências, a coisas assim vo-cês não recebem?

Entrevistado: Não, não temos, é... Nós, polícia militar nós não temos o dado, né, de re-pente se eles (!!)(##)...

Ah, seria da civil, né?

Entrevistado: ... eles vão na civil e registram lá, então a polícia civil de repente tenha um dado mais específico nesse sentido.

E você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidades para investimentos em turismo?

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Entrevistado: Sim, com certeza. Fui perguntado certa vez no aeroporto, como fazia pra alugar bicicletas. E aí, pra minha surpresa da pergunta e a decepção do turista, eu falei: “não, aqui nós não temos esse serviço.” “-Ah, não tem esse serviço? No parque da cida-de, por exemplo?” Não. E ele até sugeriu: “Vamos montar uma empresa? Eu entro com o capital e você com a administração.” E aí ficou essa idéia. Então, uma idéia tão simples, aluguel de bicicletas e nós não temos. Então existem vários serviços que estão dentro des-se (?)’efer’ turístico que poderia ser explorado e não é.

Então como que você avalia essas oportunidades para investimento em turismo nos próximos 10 anos?

Entrevistado: Sim, e aí Brasília, de certa forma, tem que haver isso, né, por causa desses eventos esportivos que vão acontecer aí nessas proximidades, principalmente quanto a questão da infra-estrutura da cidade né, e a parte hoteleira que ela já vem sendo explo-rada já há bastante tempo, já vem tendo melhorias, mas, o trânsito, ou o próprio policia-mento turístico tá meio assim, precisa também dar uma, ter um novo ‘upgrade’, vamos dizer assim, e o transporte, o sistema de transporte da cidade ele precisa dar uma melho-rada, eu acho que em 10 anos é mais ou menos por aí.

E você destacaria alguma categoria, você já falou de transporte, a gente tem o trans-porte turístico também que são esses ônibus que você aluga, vans, ou de hotelaria, de lazer, você tem alguma categoria que você destacaria, que você acha que vai ter mais investimento, ou que tem mais oportunidade de investimento?

Entrevistado: É uma boa pergunta, talvez de lazer, né, talvez de lazer. A visão hoje do envolvimento turístico ela é míope, ela só é focada naquele centro ali, Congresso, na Catedral, então o turista chega aqui pra passar uma semana, em dois dias ele vê tudo, e aí fica sem fazer nada, e aí ele acaba levando consigo de novo, de volta os dólares que ele trouxe pra gastar aqui, os recursos financeiros que ele trouxe para gastar aqui. Então de repente se tivesse um pouco mais de entretenimento, “Ah, já conheceu ali o centro da cidade, vamos conhecer agora o entorno da cidade que também é muito rico, vamos fazer um turismo além de cívico, vamos fazer um turismo religioso, um turismo, como eu posso dizer? Que explore as questões naturais da terra, né. Vamos fazer um outro tipo de turismo, mas não ser só o cívico. Então nesse sentido poderia sim aumentar os investimen-tos, aumentar as políticas públicas e de repente melhorar a imagem turística de Brasília.

Então (??) de políticas públicas. Em sua opinião, as políticas públicas federais, distritais implementadas nos últimos 2 anos favoreceram o setor do turismo no Distrito Federal?

Entrevistado: Olha, federal, federal não, não muito, eu não acredito não, porque a gente vê muito o governo federal fazendo mais propaganda do litoral, do norte, né, como se o

Brasil fosse apenas praias, é... como se o Brasil fosse apenas praia e carnaval. Isso do lado federal, né, pelo menos é a visão que eu tenho. E local, talvez tenha aumentado um pou-co pelo aniversário de Brasília. Então apareceu mais propagandas relativo a Brasília, mas isso foi direcionada pelo aniversário da cidade e não com o intuito de mostrar a cidade pro resto do país ou pro mundo, entende?

E houve alguma política em relação a sua área de atuação, né. Alguma diretriz para a polícia militar estar trabalhando com o turismo, alguma novidade nos últimos anos?

Entrevistado: Bom, como esse turismo em Brasília ainda a visão é míope, como eu disse outrora, que as visitas turísticas elas são realizadas apenas ali naquele eixo central de Bra-sília, houve num determinado momento na polícia, especificamente falando, que tentou-se implementar um policiamento, uma política de policiamento nessa região. Mas como, com o passar do tempo, como não teve um respaldo da, do governo, um respaldo de repente da própria política, vamos dizer assim, foi definhando esse pensamento, né. Hoje está se tentando novamente implementar esse policiamento com um pouco mais de efeti-vidade, né, aumentar o número de policiais, aumentar a qualificação desses policiais, mas isso é uma questão ainda que vai demandar um pouco de tempo, né, algo em torno aí de 3, 4 anos talvez. É, com as proximidades dos jogos.

Em relação a qualificação, o que você acha, atuando na área, que seria importante (?) ter pro policial que vai trabalhar com o turista?

Entrevistado: Sim, informação, né, informação. Informação que eu digo é um curso, va-mos dizer, que mostrasse para o policial, para a pessoa que tá trabalhando diretamente com o turismo a respeito da cidade porque as vezes o policial ele não tem essa noção da grandiosidade que a polícia, que a cidade pode oferecer, né. E aí informar esse policial e o grande, talvez a grande carta do baralho, o grande naipe assim é a questão do idioma, né, qualificar o policial quanto a questão do idioma, inglês, em espanhol, que são os idiomas mais falados no mundo.

E, na sua opinião, você falou que houve aí um abandono em relação a polícia, mas no geral, houve políticas públicas federais e distritais que atrapalharam em algum senti-do, que dificultaram o setor do turismo nos últimos dois aos?

Entrevistado: Não, que atrapalharam ou dificultaram não. O que eu vejo é que existem os investimentos, existe o interesse, mas que ainda é muito pequeno, não tem uma palavra mais exata pra dizer, mas ainda é muito tímido. Poderia ter um investimento maior, quan-to mais se investe, a princípio, maior é o retorno, então nesse sentido.

E você acha que tem alguma política relacionada ao turismo que você acha que tenha que ser revista, que tenha que ser revisada?

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Entrevistado: Sim, sim. Brasília não é apenas, Brasília ela não tem um potencial apenas de turismo cívico, né, isso aí poderia ser revisado. Ela tem outras vertentes que poderiam ser exploradas.

E quais são as políticas que você pensa que precisam ser implementadas para o setor se desenvolver nos próximos 2 anos?

Entrevistado: É, investir, se olharmos Brasília como um produto turístico e aí levarmos esse produto numa visão comercial, o que ser precisa fazer? Comercial. Comercial desse produto. Então, na minha visão deveria ter um pouco mais de comercial da cidade, de mostrar a cidade, né, para dentro do país, pra fora do pais e mostrar essa cidade como um produto... (!!)

Uma política de marketing?

Entrevistado: Marketing, essa é a palavra, desculpa, essa é a palavra é o marketing. Ma-rketing turístico.

Políticas pro dia-a-dia você acha que tem alguma que poderia ajudar o turismo, que poderia ser implementada?

Entrevistado: Eu acho que são os serviços básicos, os serviços básicos de acomodações, de transporte, de alimentação, nesse sentido assim.

E, bom, não sei até que ponto você tem esse conhecimento mas a gente tem que perguntar, né. Como você avalia a cadeia produtiva do turismo do ponto de vista da articulação e mobilização das pessoas que fazem parte dessa cadeia? Empresários, poder público, como... (!!)

Entrevistado: Eu vejo que ele agem, nós agimos muito isolados, né, cada um dentro do seu círculo e aí fica muito fragmentado. De repente se houvesse uma interação maior... O empresariado, a política, a polícia, todos esses vieses que compõem o trade turístico, de repente ter uma resposta maior, talvez até com pouco investimento, se houvesse assim uma coordenação, não sei, um entrelaçamento entre esses grupos.

E então, o que você acha que falta para o fortalecimento da cadeia produtiva do turismo, da imagem do Distrito Federal como destino turístico e da promoção e comercialização como destino turístico? Então, o que falta para fortalecer a cadeia produtiva do turismo?

Entrevistado: Bom, essa pergunta ela é bem complexa, e ai eu colocaria ela num triângulo cuja os vértices desse triângulo seria, investimento, políticas públicas e marketing. Se tiver esses três componentes trabalhando juntos, né, implementados de fora junta eu acredito que nosso turismo em Brasília, o nosso turismo local vai alavancar grandiosamente.

O fortalecimento da imagem do Distrito Federal como destino turístico, já citou assim

trabalhar com outros segmentos que não o turismo cívico, né? Acha que falta alguma coisa pra fortalecer essa imagem?

Entrevistado: É, porque assim, a gente, culturalmente, nós somos um misto de várias ou-tras culturas, né, e a gente acaba importando cultura nortista, goiana, então culturalmente a gente não tem muita coisa assim, e aí seria mesmo explorar as outras, os outros vieses que Brasília tem, que, no meu ponto de vista pequeno é a questão do turismo religioso, que é pouco explorado né, nós temos aqui coisas muito interessantes e que não são vistas pelas próprias pessoas do local as vezes não sabem e o turismo natural, vamos dizer assim, seriam os parques, as cachoeiras, coisas que estão em volta de Brasília e o turista poderia vir e deixar os seus recursos aqui e não levar de volta por não ter essas opções.

Tem-se falado no turismo a questão do marketing, e pra fortalecer essa promoção e comercialização, o que você acha que falta?

Entrevistado: O que falta seria mostrar mais a cidade, mostrar mais o potencial dela, seja no rádio, seja da televisão, seja em campanhas educativas nos colégios, sabe? Seja passeios nos colégios, já trabalhar desde lá da base, desde lá da infância, você já, aquela criança que de repente vai num passeio no colégio como era quando eu era criança que tinham as colônias de férias que se passeava nos pontos turísticos, já crescia com uma ba-gagem bem grande, já mostrava a cidade de uma forma que os moradores que não tinham aquele acesso possuía um senso mais crítico, entende? Trabalharia isso desde criança e aí adulto, de repente ficariam melhor formado, sei lá.

É. E aí no caso a (??) a participação da polícia: De quais comitês, redes, associações, sindicatos e outros grupos a instituição participa pra discutir a questão do turismo?

Entrevistado: Nossa, aí essa é uma pergunta que extrapola o meu conhecimento porque aí quem trabalha mais com isso é o comando, né, eu sou uma parte intermediária, vamos di-zer assim, o comando é que discute, mas eu acredito que ele tem buscado o contato com a secretaria de turismo local, de repente nesse sentido. Eu não tenho visto, pelo menos não tem chegado ao meu conhecimento outras tentativas de outros contatos com outros grupos que envolvem o turismo.

E você acha que seria interessante?

Entrevistado: Com certeza, com certeza, como eu disse antes deveria ter um entrelaça-mento entre todos os componentes do turismo, desde a pessoa que promove, a pessoa que dá a sensação de segurança, a pessoa que vende um serviço, sabe? Deveria ter um entrelaçamento maior entre essa rede, né.

E aí pra gente ir finalizando já. Quais os principais fatores que na sua opinião limitam o desenvolvimento do turismo no Distrito Federal?

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Entrevistado: O Distrito Federal hoje é a questão da infra-estrutura, do transporte público principalmente. Por exemplo: eu sei que está mudando essa questão da rodoferroviária, essa é uma questão bem específica, se uma pessoa desembarca, um turista desembarca num aero-porto ele não tem um ônibus direto do aeroporto para a rodoferroviária. Ele tem que vir até, obrigatoriamente, até o centro da cidade e do centro da cidade deslocar com outro ônibus. Então fica meio cansativo, existem turistas que queriam fazer o serviço andando de ônibus, mas quando se fala dessa dificuldade já não vai. Uma outra questão é, transporte... Uma outra questão seria, eu to vendo que já ta começando a aparecer são empresas que começam, mui-to tímido, a mostrar a cidade, tipo esses ônibus como tem na Europa que tem dois andares e tal e aí passa ali nos pontos turísticos e até isso, até um ano, dois anos atrás não existia, né, en-tão seria aumentar esse número de coisas e melhorar, principalmente a questão do transporte.

Você acha que a infra-estrutura da cidade é que está... (!!)

Entrevistado: Que tá deixando a desejar.

Certo. E quais os fatores, os principais fatores que você imagina que possibilitam o desenvolvimento do turismo? O que Brasília tem que é diferente de outras cidade e que facilita o turismo?

Entrevistado: Ah, o que fascina, vamos dizer assim, o turista é a arquitetura... é inovadora, é uma cidade com 50 anos, mas tem uma arquitetura muito atual, muito moderna e aí isso tem chamado bastante atenção do turista, eles relatam pra gente, “-Nossa! Uma cate-dral daquele jeito! Nunca tinha visto em lugar nenhum.” Foge aquela questão clássica das grandes catedrais, das igrejas. Então a arquitetura eu acho que em Brasília né, é interes-sante, de repente seja explicado aí o porque do turismo ser só voltado ali naquele grande centro da cidade, porque os maiores monumentos, assim, os mais interessantes estão ali.

Você acha que tem alguma coisa da infra-estrutura da cidade que possibilita o cresci-mento do turismo muito mais fácil do que outras cidades? Uma coisa que tenha em Brasília que não tenha em outros lugares? Aqui que você veja que é bom para o turista.

Entrevistado: Uma coisa que eu acho que é interessante, e aí é uma visão não só voltada para o turismo, mas até pra nós mesmo que moramos aqui é a setorização das coisas, os hospitais essão todos setorizados, o hotel tá setorizado, né, as farmácias, os restaurantes, então isso eu acho que facilita bastante, né, porque em outros locais onde você tenha, por exemplo, os endereços com nomes de personalidades aqui não, “-Ah, vai na rua das far-mácias!” “-Fica aonde isso?” “-Fica no centro do lado assim...” Então fica bem mais fácil, isso facilita a vida do turista. (??) (ruído)

E quais seriam as suas sugestões e recomendações para investimento em turismo nos próximos 4 anos?

Entrevistado: Tá. Infra-estrutura da cidade. O trânsito, o lazer, transporte público, o que seria mais? Seria basicamente esses 4.

Certo. Só pra terminar. O senhor gostaria de fazer mais algum comentário sobre a questão do turismo aqui, alguma outra coisa que não foi abordada?

Entrevistado: Bom, eu acho que, resumindo toda essa minha fala, eu poderia acrescentar que: Brasília ela tem um potencial muito grande de atrativo turístico e tá sendo pouco explorado devido ao pequeno investimento, devido ao pequeno interesse político e em-presarial. Né, ela poderia ser melhor explorada.

Bom, sargento, então eu agradeço muito o seu tempo, muito a possibilidade de a gente poder estar refazendo essa entrevista e assim que a gente tiver com esses dados mais organizados a gente vai buscar estar passando, fazendo um resumo (???)...

Entrevistado: Certo, e se vocês puderem também fazer com que esses dados cheguem nos órgão competentes na questão do turismo de repente possa mostrar pra eles que o serviço está sendo realizado, mas que poderia ser implementado outras políticas, outras, poderia ser melhorado nesse sentido...

Muito obrigada.

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Bom dia. Como é que o senhor avalia o... (...) Como você avalia o atual mercado tu-rístico do Distrito Federal?

Entrevistado: É, tem melhorado bastante, a gente tem procurado várias ações principal-mente a categoria dos Taxis, tem se equipado mais, procurando fazer cursos de captação e a gente tá achando que está evoluindo. O hotéis estão se movimentando, os bares, então, eu acho que tá bem melhor do que antes, a gente tá avançando muito.

Qual a opinião que você tem sobre esse mercado nesses últimos 5 anos, você acha que houve realmente um crescimento, um declínio, ou assim, permanece...

Entrevistado: Não, houve um crescimento muito quantitativo, né. Muita gente investindo porque Brasília realmente tá criando várias áreas de turistas, até áreas rurais turísticas, né,

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então a gente tá todo mundo nessa luta pra atrair os clientes para o turismo em Brasília.

Você vê o Distrito Federal como um mercado de oportunidades para investimento no turismo?

Entrevistado: Sim, vejo muito, tem muito campo ainda pra esses tipos de bares, tem muita área, Brasília cresceu muito e tá evoluindo muito, né. Muitas obras, o governo tem inves-tido bastante e a gente tá acreditando que é um bom investimento, Brasília é um bom investimento hoje.

Assim, o que você conhece de políticas públicas federais, ou distritais implementadas nos últimos dois anos, você acha que elas favoreceram ou elas dificultaram o setor do turismo?

Entrevistado: Políticas públicas?

(??) É.. (??) O que apareceu aí de política que (?) acha que favoreceu ou atrapalhou?

Entrevistado: Não, favoreceu. Eu acho que eles tem procurado trazer os empresários de fora, né, investindo em vários segmentos de Brasília, eu acho que tem aumentado sim.

Tem alguma política relacionada ao turismo que na sua opinião deveria ser revista?

Entrevistado: (?) (??) Repete aí a pergunta?

Política pública relacionada ao turismo que assim, você acha que sendo revista aju-daria, melhoraria o mercado?

Entrevistado: (...) Fugiu.

É, não, mas assim, qualquer coisa que você imagine assim, se o governo fazendo a parte dele, ele implementando valeria, seria de grande ajuda pro mercado assim. Como por exemplo aqui em Brasília o VLT, se sair do papel, ou melhorar o, não enten-do muito bem se é a permissão de licença pra vocês.

Entrevistado: É, não, eu acho que não, nesses dois sentidos aí não.

Você não... Mas não tem problema porque é o que você tem o conhecimento da... E quais deveriam ser implementadas pra esse desenvolvimento? Que você, na sua área você acha que ajudaria?

Entrevistado: Agora eu acho que melhoraria o pólo dos taxistas se hoje eles estão, inven-tam umas coisas sem falar com a categoria, né, colocam faixa em taxi e não tem necessida-de, eu acho que a categoria ela necessita ter um pólo grande, que é o mercado de empre-sários que vem a Brasília e estão indo pras locadoras, porque? Locaram as faixas nos taxis sem a opinião da categoria e isso dificulta o nosso trabalho. Hoje nós estamos perdendo para as locadoras porque o cliente hoje ele não quer pegar um taxi com as faixas no carro todo, ele quer um carro diferenciado. E aí a gente tá com esse grande problema, por que?

Hoje um casamento, você vai fazer um casamento o taxi tá todo enfaixado, então ele não tem como atingir esses casamentos, não tem como fazer um aniversário. Então, as vezes o cliente chega no aeroporto, “-Não, eu quero um carro descaracterizado.” E eu não tenho mais esse, porque eles estão enfaixando os nossos carros tudinho contra a nossa vontade. A categoria até entende uma nova padronização, mas que seja uma padronização leve, uma padronização com faixa imantada, que eu tenha atrativo de fazer os dois serviços. Quando o cliente pedir que eu descaracterize o meu carro eu faço o serviço e quando eu estiver a captura de passageiros eu coloco as faixas imantadas. Isso realmente para nós atrapalha muito a categoria, a categoria tá perdendo um leque muito grande. Porque nós conquistamos hoje, hoje nós estamos todos com carros novos, carro Corola, Vectra, Astra, Meriva e hoje tá caindo pro segmento, vamos voltar pros carros tudo antigo porque não tá tendo mais serviço. Então quando nós chegamos a um pólo de que precisa carros novos e bons, luxuosos... põe essas faixas tá caindo o nosso padrão.

Como você avalia a cadeia produtiva do turismo assim, que entra tudo, restaurantes, hotéis, shoppings, comércio, do ponto de vista assim da articulação, você acha que eles trabalham em conjunto e, inclusive, vocês, a categoria de vocês assim, você acha que há um conjunto de ações ou é muito, ainda tá muito solto? Cada um tá muito preocupado ainda com...

Entrevistado: É, hoje tem várias ações, né, o pólo turístico de Brasília tá tentando fazer vá-rias reuniões, a Brasíliatur fizeram várias reuniões tentando captar isso, um ajudar o outro. Mas acho que ainda falta muito ainda, eu acho que falta muito incentivo do governo em unir todas as categorias. O que é melhor pro taxi? O que é melhor pro setor hoteleiro? O que é melhor pros bares e restaurantes? A gente fazer um conjunto só, acho que ainda precisa disso ainda.

E você acha que o que faltaria para esse fortalecimento? Sentar e conversar, ou interesses...

Entrevistado: É, eu acho que teria que vir o governo, né, fazer as reuniões igual vinha fazendo, mas que concretize as reuniões. A gente vai pras reuniões, fica o tempo todo discutindo, mas não sai do papel. Acho que teria que sair do papel. Umas ações mais voltadas para o turismo.

Vocês, aqui é o sindicato dos taxistas, vocês participam de algum outros grupos, ou-tros sindicatos e tem alguma associação? (..)

Entrevistado: É, não a gente sempre participa em todas as ações do governo que o sin-dicato é chamado a gente tem comparecido fortemente, conselho de segurança, todas as áreas que chama o sindicato dos taxistas a gente estamos lá pra ajudar e beneficiar a todos, né. Não temos nos furtado disso.

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Quais são os principais fatores que na sua opinião eles limitam o desenvolvimento do turismo e quais os que possibilitam o desenvolvimento? Na sua opinião, aqui pro DF.

Entrevistado: É, eu acho que eles limitam quando eles, as vezes eles fecham as portas, né, eu acho que tem que abrir mais as portas e mostrar mais Brasília pra fora, acho que Brasília precisa de mais propaganda, tem que ter muitas propagandas e pra mostrar ela lá fora. Mostrar aqui dentro de Brasília, dentro de Brasília mesmo, eu acho que se ele fazen-do propaganda próprio brasiliense. Os nosso brasilienses você procura, você já viu, foi no Congresso? Já foi na Catedral? Muitos brasilienses não conhecem Brasília. Moram há anos em Brasília e nunca fizeram turismo em Brasília. Eu acho que teria que não só pra fora, mas mostrar pra dentro de Brasília mesmo, mostrar, fazer as ações e mostrando pra popu-lação pra elas conhecer Brasília. Porque nós somos brasilienses, igual eu nasci em Brasília, e tem muito brasiliense que não conhece Brasília, só sabe vir no Plano Piloto e mais nada. Então eu acho que essas ações teriam que ser melhor distribuídas.

Tem alguma sugestão para investimento no DF, ou recomendação?

Entrevistado: É, eu acho que o governo teria que fazer propagandas incentivando a popu-lação a conhecer Brasília. Os próprios brasilienses conhecer Brasília.