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SOCIEDADE GARANTIDORA DE CRÉDITO SÉRIE EMPREENDIMENTOS COLETIVOS

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SOCIEDADE GARANTIDORA DE CRÉDITO

série empreendimentos coletivos

© 2009. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAETODOS OS DIREITOS RESERVADOSA reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610)

INFORMAÇÕES E CONTATO

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAEUnidade de Capacitação Empresarial – UCESEPN Quadra 515, Bloco C, Loja 32 – CEP: 70.770-900 – Brasília, DF. Telefone: (61) 3348-7168 – Fax: (61) 3340-5095Home: www.sebrae.com.br

SEBRAE/Nacional

Presidente do Conselho DeliberativoAdelmir Araújo SantanaDiretor PresidentePaulo OkamottoDiretor TécnicoLuiz Carlos BarbozaDiretor FinanceiroCarlos Alberto dos SantosGerente da Unidade de Capacitação EmpresarialMirela MalvestitiCoordenação nacionalMichelle Carsten SantosEquipe técnicaBruna Machado TeixeiraProdução de conteúdoLuiz Humberto de Castro – 3.Com Assessoria Empresarial Ltda.Revisão ortográfica, tratamento de linguagem e editoração eletrônicai-Comunicação Integrada

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Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 5

O QUE É SOCIEDADE GARANTIDORA DE CRÉDITO?................................... 8

Definição ................................................................................................... 9

O SISTEMA NACIONAL DE GARANTIA DE CRÉDITO ................................. 11

COMO FUNCIONA UMA SGC ...................................................................... 13

VANTAGENS DE SE CRIAR UMA SGC ......................................................... 17

EMBASAMENTO LEGAL .............................................................................. 20

SUGESTÃO DE ROTEIRO PARA CRIAR UMA SGC ...................................... 22

1a Fase: Sensibilização .......................................................................... 22

2a Fase: Constituição ............................................................................. 23

3a Fase: Pré-operacional ....................................................................... 24

4a Fase: Operacional .............................................................................. 24

CASO DE SUCESSO ..................................................................................... 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 28

SOCIEDADE GARANTIDORA DE CRÉDITO

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introduçãoO cenário atual reserva muitas oportunidades para os empresários em nosso país: aumento de renda da população, em especial das classes c e d; e estabilidade e crescimento econômico, o que gera condições favoráveis para o desenvolvimento das empresas. Ao lado das oportunidades residem inúmeros desafios que exigem muito cuidado: a alta carga tributária, a informalidade em vários setores e a carência em infraestrutura. De todos esses o mais estimulante está no próprio cerne do ambiente empresarial: a competitividade entre as empresas.

“Como se manter ou se tornar competitivo para aproveitar o momento e construir o futuro” é a busca frenética de executivos e empresários de todos os setores. Para as MPEs esse momento é particularmente rico e perigoso. É preciso conquistar novos mercados, ampliar a participação no mercado em que atuam, fortalecer suas marcas e enfrentar os concorrentes. Gerar respostas eficazes para as questões acima pode significar o sucesso no negócio.

As respostas não são simples e exigem cada vez mais criatividade e inovação para serem encontradas, quer no campo gerencial e tecnológico quer na relação das empresas com o mercado.

Nesse contexto, a cooperação entre as empresas tem se destacado como um meio capaz de torná-las mais competitivas. Fortalecer o poder de compras, compartilhar recursos, combinar competências, dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas, partilhar riscos e custos para explorar novas oportunidades, oferecer produtos com qualidade superior e diversificada são estratégias cooperativas que têm sido utilizadas com mais frequência, anunciando novas possibilidades de atuação no mercado.

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Várias dessas estratégias cooperativas ganham um caráter formal de organização e caracterizam-se como “Empreendimentos Coletivos”. A legislação brasileira possibilita várias modalidades de formalização desses empreendimentos. Destacam-se as Associações, as Cooperativas, as Centrais de Negócios, os Consórcios de Empresas, as Empresas de Participação Comunitárias, as Sociedades de Propósito Específico, a Sociedade Garantidora de Crédito, entre outras.

Os desafios são muito grandes e as oportunidades também. É cada vez mais óbvia a conclusão de que as empresas que se mantiverem isoladas, agindo sozinhas, terão maiores dificuldades em enfrentá-los e em se manterem competitivas. Isso é particularmente verdade para as MPEs, que acessam com mais dificuldade as linhas de crédito e apresentam carências nos campos gerenciais e tecnológicos.

Aprender a trabalhar em conjunto, estabelecendo e mantendo relações de parceria, passa a ser uma nova fronteira para ampliar a competitividade das MPEs.

O Sebrae estabeleceu para si a missão de promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável de empreendedores individuais, micro empresas e empresas de pequeno porte. E, para cumpri-la, mantém-se atualizado sobre as tendências locais e mundiais que afetam os negócios e gera soluções que contribuam para o fortalecimento desses negócios no país.

Consciente da importância da cooperação para o sucesso no cenário atual o Sebrae prioriza a cultura da cooperação e investe em soluções que possam promovê-la. E, para disseminar conhecimentos sobre as possibilidades que a cooperação gera, lança a Série Empreendimentos Coletivos.

Escrita de modo a permitir uma consulta objetiva e obter respostas simples para as perguntas mais comuns sobre empreendimentos coletivos, a série

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não tem a pretensão de ser um compêndio sobre o assunto, nem de se aprofundar nele. Pretende, sim, ser uma ferramenta básica de consulta para todos aqueles que desejam obter informações sobre as temáticas relacionadas com a cultura da cooperação: Associação, Central de Negócio, Cooperativa, Cooperativa de Crédito, Consórcio de Empresa, Empresa de Participação Comunitária, OSCIP, Sociedade de Propósito Específico, Cultura da Cooperação e Sociedade Garantidora de Crédito, fascículos iniciais da série.

O Sebrae acredita que a cooperação é uma nova cultura que poderá revolucionar os negócios. Conheça na Série Empreendimentos Coletivos alguns modelos de união de esforços e inspire-se para utilizar a estratégia que pode ampliar, de forma inovadora, a competitividade dos empreendedores individuais, das microempresas e empresas de pequeno porte: a cooperação!

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o QuE É SoCiEdAdE GArAntidorA dE CrÉdito?

Nos últimos anos, o Brasil vem passando por um movimento de aumento da concessão de crédito. Atualmente, o volume de crédito em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) está na casa dos 40%. Embora seja um recorde interno, esse percentual ainda está muito aquém das economias desenvolvidas e mesmo de outros países em desenvolvimento.

Neste contexto, milhões de micro e pequenas empresas que representam a geração de mais de 90% dos empregos formais no setor privado se deparam com vários entraves para acesso ao crédito. O problema não é a falta de recursos, mas sua efetiva concessão, fazendo o crédito chegar às MPEs.

Um dos grandes obstáculos, identificado tanto pelas pesquisas do Sebrae/SP junto aos empresários quanto pela própria entidade representativa dos bancos, é a insuficiência de garantias satisfatórias, mais especificamente de garantias reais, por parte das MPEs. A falta de garantias reais, conforme pesquisa do Sebrae/SP, supera a existência de restritivos (SPC, Cadin, Serasa) ou a inviabilidade do projeto nas razões alegadas pelas instituições financeiras para negar crédito às MPEs.

Essa situação é agravada pela assimetria de informações (diferenças entre informações contábeis e gerenciais) tão comum nas MPEs, o que dificulta o processo de análise de crédito e aumenta o risco da operação. Consequentemente, quanto maior o risco, maior a exigência de garantias por parte das instituições financeiras.

Trata-se de um círculo vicioso onde a MPE não consegue crédito para financiar seu crescimento justamente por ainda ser micro ou pequena e não ter bens para serem dados em garantias. Afinal, como essas empresas poderão ter bens disponíveis (máquinas, equipamentos, imóveis etc.) sem crédito?

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Uma das soluções para romper este círculo e transformá-lo em um círculo virtuoso são os sistemas de garantias de crédito com objetivo de viabilizar o acesso de MPEs às melhores linhas de crédito (prazos, juros, carência e demais condições adequadas à necessidade da empresa) do Sistema Financeiro.

Dentre as iniciativas já consolidadas no Brasil encontram-se os Fundos Garantidores ou fundos de avais, tais como:

• FAMPE (1995) – Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas,administrado pelo SEBRAE.

• FGPC(1997)–FundodeGarantiaparaaPromoçãodaCompetitividade,administrado pelo BNDES.

• FUNPROGER(1999)FundodeAvalparaaGeraçãodeEmpregoeRenda,administrado pelo Banco do Brasil.

Recentemente, começou no Brasil o desenvolvimento das Sociedades de Garantia de Crédito – SGCs. Essas sociedades já são uma realidade em diversos países como Espanha, Chile, Argentina, Portugal. Na Itália, por exemplo, existem mais de mil sociedades garantidoras, denominadas Confidis, com mais de um milhão de MPEs associadas.

definição

SGCs são sociedades de caráter privado, cujo objetivo é complementar as garantias exigidas aos seus associados nas operações de crédito junto do sistema financeiro. Além disso, podem também lhes fornecer aval técnico, comercial e assessoria financeira.

As SGCs são formadas essencialmente por empresas, mas podem também ter a participação de entidades públicas e outros apoiadores. Seu objetivo principal é a promoção da competitividade e desenvolvimento

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empresarial, por meio do acesso ao crédito e assessoria financeira para as empresas associadas.

É importante frisar que as SGCs não realizam empréstimo ou financiamentos, mas prestam garantias (aval ou fiança) nas operações de crédito de suas associadas com as instituições financeiras. As garantias podem também ser dadas aos fornecedores das associadas (aval comercial) ou em processos de licitações (aval técnico).

A SGC realiza a análise dos projetos e pedidos de financiamento pleiteados por seus associados e assume o risco de inadimplência e eventuais falências. Nestes casos, a SGC honra a garantia ante o credor e passa a conduzir o processo de recuperação das perdas com a associada inadimplente ou falida.

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o SiStEmA nACionAL dE GArAntiA dE CrÉdito

A Lei Geral das MPEs (LC nº 123/06) autorizou o Poder Executivo a constituir o Sistema Nacional de Garantia de Crédito, pertencente ao Sistema Financeiro Nacional. Sua estrutura básica é a seguinte:

• SGC de 1º piso – É a própria SGC, sem fins lucrativos, formada por empresários, entidades públicas e demais apoiadores. Basicamente, presta garantias aos seus associados perante as instituições financeiras nas suas operações de crédito.

• Empresas Associadas – Sócia da SGC que, após integralização de capital, poderá ser avalizada ou afiançada pela SGC em suas operações com as instituições financeiras.

• Instituições financeiras – São as cooperativas de crédito, a CEF e os bancos públicos ou privados que aceitam a garantia da SGC para seus clientes.

• Fundo de Risco Local – Fundo financeiro formado pelo aporte de capital das empresas associadas. Pode também receber recursos de sócios apoiadores que não são passíveis de serem beneficiados com garantias como, por exemplo: grandes empresas, o próprio Sebrae, entidades de classe, organismos nacionais e internacionais e até mesmo o poder público. Os recursos ficam depositados (e remunerados) em uma ou mais instituições conveniadas e são utilizados para honrar as garantias prestadas nos casos de inadimplência.

• SGC de 2º piso – Entidade que supervisiona e apoia as SGCs de 1º piso além de administrar o Fundo de Contragarantia. Seu objetivo maior é fortalecer o sistema, minimizando mais ainda os riscos envolvidos para os participantes.

• Fundo de Contragarantia – Fundo formado por entidades públicas e privadas apoiadoras para fortalecer o sistema no caso de eventual insuficiência de recursos de algum Fundo de Risco Local.

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A estrutura básica do Sistema Nacional de Garantias de Credito

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Como FunCionA umA SGC

Após a constituição e a formação de um fundo de risco local, a SGC deverá aprovar a sua política de atuação (política de garantias) determinando os critérios e parâmetros a serem considerados nas análises dos pleitos de apoio às operações de crédito.

O início do processo de análise das operações pode ocorrer de duas formas:

• Naprimeira,aempresaprocuraumainstituiçãofinanceira,apresentaseu projeto ou pedido de financiamento/empréstimo. Após a resposta da instituição e definição das garantias exigidas, a empresa interessada procura a SGC e lhe apresenta a situação para análise.

• Na outra, a associada procura a SGC com a ideia ou o projeto paraanálise, ajustes e aprovação antes de levar a operação a uma instituição financeira, geralmente conveniada com a SGC.

O pedido de apoio financeiro ou o projeto de financiamento é analisado pelos técnicos da SGC. Se necessário, deverá ser realizada uma visita técnica para enriquecer a análise.

Na sequência, a operação deverá ser aprovada por um comitê técnico (comitê decisório) autônomo e independente. Essa independência é fundamental para evitar que pressões políticas para aprovação de operações ponham em risco a saúde financeira da SGC.

Caso o projeto não seja aprovado, o associado interessado deve ser imediatamente informado com as justificativas técnicas sobre o motivo da não aprovação do crédito. Trata-se de uma importante contribuição para reavaliação crítica do plano de negócio ou do projeto de investimento. Nesses casos, o projeto poderá ser novamente apreciado desde que as alterações sejam justificadas, e não apenas um ajuste para “forçar” sua aprovação.

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Após a aprovação, a garantia é formalizada sob a forma de aval em um título de crédito ou um contrato de fiança. É importante salientar que a garantia prestada pela SGC, via de regra, não deve cobrir 100% da operação. É salutar que a empresa associada ou mesmo o empresário entre com parte da garantia exigida, o que gera mais comprometimento com a operação de crédito.

Pelo risco assumido, a SGC cobra uma Taxa de Concessão de Aval – TCA – em função do prazo da operação como, por exemplo, 0,20% sobre o valor da operação para cada mês de seu prazo. Assim, uma operação de crédito de R$ 10 mil reais, por 12 meses, com garantia de 80% da SGC teria um custo de garantia de R$ 192,00.

R$ 10.000,00 x 80% x 0,20% x 12 (meses) = R$ 192,00

A TCA pode variar de acordo com a finalidade da operação (capital de giro, investimento, misto), o prazo, a classificação de risco do associado, garantias prestadas à própria SGC, enfim, de acordo com sua política de concessão de garantias.

A TCA é debitada do valor da operação logo na sua liberação e creditada na conta da SGC.

No caso de inadimplência, a instituição financeira deverá, primeiramente, tentar promover a cobrança no sentido de receber seu crédito de forma negociada sem a necessidade de recorrer à SGC.

Caso não obtenha sucesso, a SCG é acionada para honrar a garantia e assumir o processo de cobrança. Se não houver uma solução negocial, será necessária uma solução judicial. Nesta hora, é importante que a SGC tenha um estatuto e uma política de cobrança bastante isenta de influências políticas. Afinal, será uma demanda judicial contra um de seus associados, um de seus próprios donos.

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Para agilizar todo esse processo, a SGC poderá realizar convênios com Instituições financeiras e entidades apoiadoras com relação à divulgação de linhas de crédito e suas condições; o trâmite da documentação; critérios de análise; limites operacionais de crédito e procedimentos, em caso de inadimplência.

Esquema básico de operacionalização de um SGC:

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Internamente, sua estrutura organizacional segue o modelo básico adotado pelas Sociedades Anônimas e Cooperativas, com o objetivo de se obter independência política, credibilidade, controle, fiscalização, definição de responsabilidades e governabilidade. O modelo é composto por:

No dia a dia, o trabalho é realizado pelos atendentes, analistas de crédito e cadastro, e pelo Comitê Técnico, que decide sobre as operações.

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VAntAGEnS dE SE CriAr umA SGC

Existem vários benefícios de se criar uma SGC. Esses benefícios não se estendem somente para aos associados, mas também para as próprias instituições financeiras e para as comunidades, como apresentado a seguir:

Benefícios para os associados:

• Maioracessoaocrédito, inclusiveàs linhasoficiais,geralmentemaisrestritivas e burocráticas para contratação.

• Menortempodeanálise,contrataçãoeefetivaliberaçãodosrecursos(dinheiro).

• Possibilidade de obtenção de crédito com maiores prazos e jurosmenores.

• Possibilidade de “leilão” demelhores condições ante as instituiçõesfinanceiras.

• Aumentodopoderdebarganhacomrelaçãoàreciprocidade,geralmentesolicitada pelas instituições financeiras quando da concessão do crédito.

• Assessoriatécnicanaanáliseecríticaaoprojeto,prevenindoeventuaiserros e falhas técnicas que possam comprometê-lo (orientação empresarial especializada).

• Possibilidadedeaumentodacompetitividadeecrescimentodaempresaem virtude do crédito saudável.

• Integraçãoaumaredeempresarial.

Para as instituições financeiras:

• Melhorqualidadedasinformaçõesrecebidas,umavezqueaassimetriade informações geralmente é menor nas operações garantidas por SGCs.

• Agilidadenaanáliseeformalizaçãodasoperações.

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• Melhor classificação das operações (rating) segundo os critérios do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central do Brasil, diminuindo a necessidade de provisionamentos contábeis.

• Aumentodabasedeclientes,principalmentenoscasosderealizaçãode convênio de cooperação entre a instituição financeira e a SGC.

• Reduçãodoriscomoral,umavezqueaeventualinadimplênciadeumaempresa acarretará prejuízos indiretos para as demais associadas que podem ajudar na fiscalização e solidarizar-se com a solução do problema (redução da probabilidade de inadimplência).

• Obviamente,a principal vantagem é a redução do risco e da possibilidade de perdas (prejuízo).

Para os sócios apoiadores:

• Aumentodacompetitividadeemgeral.

• Desenvolvimentodosetoredasempresasassociadasparticipantes.

• Aumento da cultura associativista, da cooperação mútua e deentrosamento entre as empresas na busca de soluções coletivas para seus problemas.

• Acessoa informaçõessetoriaisparadefiniçãodepolíticasdeapoioedesenvolvimento.

Para as entidades públicas e a comunidade em geral:

• Aumentodonúmerodeempresas.

• Aproximação entre agentes fornecedores e tomadores de recursosfinanceiros.

• Engajamentoempresarialnasoluçãodeproblemasenodesenvolvimentoeconômico.

• Geraçãodeempregoerenda.

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• Formalizaçãodeempresaseaumentodaarrecadaçãofiscal.

• Desenvolvimentolocalousetorial.

No caso de garantias comerciais e técnicas, pode-se extrapolar todas as vantagens acima como, por exemplo:

• Melhores condições de compra de matéria prima ou produtos pararevenda em função da garantia prestada aos fornecedores.

• Possibilidade de compras em volumes elevados (se necessário),reduzindo preço e custos com fretes, seguros, armazenagem e o próprio processo de compras.

• Reduçãodosjurosgeralmenteembutidosnascomprasaprazo.

• Liberaçãodeeventuaisgarantiasreais,umavezquemuitosfornecedores(principalmente grandes e médias empresas) somente fazem significativas vendas a prazo mediante garantia real.

• ReduçãodecustoparaobtençãodeCartadeFiançaparaparticipaçãoem processos de licitação pública para execução de obras e serviços, conforme edital.

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EmBASAmEnto LEGAL

A SGC é um assunto relativamente novo no Brasil e, por isso, a legislação específica ainda está em construção. A Lei Geral das MPEs (LC nº 123/06), em seu artigo 60-A, traz a possibilidade de se constituir o Sistema Nacional de Garantias de Crédito, conforme transcrito abaixo:

Artigo 60-A. Poderá ser instituído Sistema Nacional de Garantias de Crédito pelo Poder Executivo, com o objetivo de facilitar o acesso das microempresas e empresas de pequeno porte a crédito e demais serviços das instituições financeiras, o qual, na forma de regulamento, proporcionará a elas tratamento diferenciado, favorecido e simplificado, sem prejuízo de atendimento a outros públicos-alvo. (Incluído pela Lei Complementar nº 127, de 2007).

Parágrafo Único. O Sistema Nacional de Garantias de Crédito integrará o Sistema Financeiro Nacional.

Ainda com relação à Lei Geral, a participação de empresas no capital de Sociedades de Garantia de Crédito não a exclui da sistemática de tributação Simples Nacional.

Artigo 3º.

§ 5º. O disposto nos incisos IV e VII do § 4º deste artigo não se aplica à participação no capital de cooperativas de crédito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no consórcio referido no artigo 50 desta Lei Complementar e na sociedade de propósito específico prevista no artigo 56 desta Lei Complementar, e em associações assemelhadas, sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia solidária e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte.

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Por ser uma instituição sem fins lucrativos, pode ser constituída sob a forma de associação. Todavia, o modelo mais indicado, inclusive pelo Sebrae na chamada pública de apoio à constituição de SGCs, é a constituição de uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público com base na Lei nº 9790/99.

Artigo 1º. Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.

§ 1º. Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que não distribui entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social.

§ 2º. A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.

Para constituição das garantias é importante observar a legislação específica sobre o aval, fiança e solidariedade no Código Civil Brasileiro, além das leis que tratam especificamente sobre títulos de crédito.

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SuGEStão dE rotEiro PArA CriAr umA SGC

1ª Fase: Sensibilização

A cultura do associativismo e cooperação é um desafio inicial para

todos os empreendimentos coletivos. A SGC deve se basear na

mutualidade, reciprocidade, independência política, governabilidade,

pois a cooperação é elemento forte no processo. Por isso, nesta fase,

devem ser observadas as necessidades das empresas participantes, e

desenvolvidas as seguintes ações:

• Contato Inicial: O objetivo dessa etapa é identificar empresas interessadas

na organização de uma Sociedade Garantidora de Crédito. É importante dar

aos empresários envolvidos o maior número possível de informações sobre o

tema, tentando já identificar com o grupo o interesse por avançar no processo.

Caso seja positivo o interesse, deixar como tarefa para o grupo mobilizar

um número de micro e pequenas empresas com anseios em comum para

participar de uma palestra de sensibilização sobre SGCs.

• Palestra de Sensibilização: Como o nome sugere, o objetivo dessa

palestra é o de sensibilizar as pessoas para o tema. Esse é o momento

de aprofundar a discussão sobre associativismo, empreendedorismo,

competitividade, dificuldade de acesso ao crédito, garantias exigidas

pelas instituições oficias para as melhores linhas de financiamento,

spread, juros e prazos das operações, exigências de garantias e

burocracia para sua efetivação, custos correlatos ao fornecimento de

garantias colaterais enfim, assuntos que podem ser equacionados com

a constituição de uma SGC.

É importante esclarecer que, para constituição de uma SGC que atenda

desde sua constituição aos anseios e necessidades iniciais de garantias,

é necessária a rápida formação de um Fundo de Risco Local. Para isso,

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torna-se importantíssima a participação, como associados apoiadores,

de entidades de classe, de sindicatos, do poder público e até mesmo das

próprias instituições financeiras.

É fundamental, nessa etapa, tentar nivelar os anseios das pessoas frente

á SGC: O que elas pensam que é uma SGC? O que é risco moral? O que

elas esperam conseguir com ela? Se estão dispostas a assumir riscos, etc.

Caso o grupo concorde em avançar com o trabalho é importante organizar

entre todos, pessoas que ficarão responsáveis por levantar informações

sobre a constituição e legalização da SGC, outras que se responsabilizem

por estudar a viabilidade econômica do negócio, e as necessidades de

infraestrutura e recursos financeiros para viabilizá-lo.

• Apresentação dos resultados da etapa anterior: Caso o trabalho tenha

transcorrido conforme o acordado na fase anterior, o grupo terá levantado

informações importantes para decidir se constitui ou não a SGC. Terá

conseguido, também, informações sobre a documentação e tramitação

legal para constituir a SGC e, principalmente, feito um estudo da viabilidade

econômica do negócio.

2ª Fase: Constituição

A constituição e legalização de uma SGC pode ser feita sob a forma de

OSCIP (veja o fascículo de OSCIP que apresenta o passo a passo de como

constituí-la). Caso a SGC tenha associados apoiadores, o processo se torna

um pouco mais complicado, pois pode depender de mudanças em seus

respectivos estatutos e até mesmo autorizações legislativas. Além da

sociedade, é necessária a constituição e capitalização do Fundo de Risco

Local para garantir as operações. A ilustração a seguir representa bem a

estruturação da SGC.

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3ª Fase: Pré-operacional

É a fase da Estruturação: Definição de localização, aquisição de móveis e equipamentos, contratação de funcionários, contadores, elaboração do plano de contas contábil, capitalização do fundo de risco local, realização de convênios com instituições financeiras, licenças e alvarás etc.

4 ª Fase: operacional

• Início das atividades da sociedade: A partir daqui, começam os desafios reais da SGC. As fases anteriores não serviram apenas como forma de levantar informações para constituir ou não a SGC, mas também como

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laboratório para os empresários sobre sua capacidade de trabalhar em conjunto em torno de um objetivo comum. A expectativa é a de que esse senso já tenha sido criado até aqui, o que diminuirá as tensões no dia a dia do negócio. Caso não tenha sido ainda desenvolvido, deve-se estar atento para acompanhar o processo, pois ele, provavelmente, ainda estará muito frágil.

• Emseguida,aSGCdeveráatuarnomercadoanalisandoospedidosdegarantia e, se aprovados, efetivamente concedendo-as para viabilizar o crédito saudável para as associadas,e sendo fiel ao seu propósito (objeto social) para realmente trazer vantagens para as MPES participantes.

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CASoS dE SuCESSo

(Adaptado do site da Associação de Garantia de Crédito da Serra Gaúcha – www.agcserra.org.br)

A Associação de Garantia de Crédito da Serra Gaúcha (AGC Serra) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 2003 sob a forma de OSCIP na cidade de Caxias do Sul – RS. Seu objetivo principal é a “promoção do desenvolvimento econômico, social e o combate à pobreza, realizando, para atingir seus fins, assessorias administrativa, técnica, econômica, financeira, legal, e propiciando às micro, pequenas e médias empresas condições de acesso ao crédito, através de concessão de garantias junto à rede bancária”.

Sua constituição contou com o apoio de diversas entidades, entre elas o Sebrae Nacional e o Sebrae Rio Grande do Sul, o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul.

Sua área de atuação não se limita à cidade de Caxias do Sul, mas a toda a região da Serra Gaúcha, englobando 32 municípios e atendendo a uma diversidade de empresas associadas.

Na consecução de seu objetivo, atua na concessão de garantias complementares de acordo com as exigências das instituições financeiras conveniadas e a sua política própria de análise e aprovação das operações.

Além de prestar garantias, a AGC presta assessorias econômica, financeira, legal, informações gerenciais, qualificação e suporte a projetos, propiciando às suas associadas melhores condições de acesso ao crédito.

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A AGC Serra Gaúcha possui convênios com as seguintes instituições financeiras:

• BancodoBrasil.

• BancoRegionaldoDesenvolvimentodoExtremoSul.

• CaixaRS(AgênciadeDesenvolvimento).

• Sicredi.

• NBCBankBrasil.

Para facilitar o acesso à sua Carta de Garantia, a Garantiserra firmou convênio com as seguintes entidades representativas da região:

• ACOMACRegiãoNordeste –AssociaçãoComercial deMateriais paraConstrução de Caxias do Sul e Região Nordeste.

• ACISSãoMarcos–AssociaçãoComercial, IndustrialedeServiçosdeSão Marcos.

Com cinco anos de atividades, possui mais de 350 empresas associadas. Suas Cartas de Garantia, já viabilizaram mais de R$ 12 milhões em financiamentos, principalmente para Micro e Pequenas Empresas – MPEs.

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rEFErÊnCiAS BiBLioGráFiCAS

• SANTOS,CarlosAlberto.Risco de Crédito e Garantias: A proposta de um sistema nacional de garantias. Brasília: SEBRAE, 2006.

• ZICA, Roberto Marinho Figueiroa: Sistema de Garantia de Créditopara Micro e Pequenas Empresas no Brasil: A proposta de um modelo. 2007. Dissertação de Mestrado em Administração, Faculdade de Estudos Administrativos – FEAD – Centro de Gestão Empreendedora.

• SEBRAE– www.sebrae.com.br

• LEGISLAÇÃO–www.presidencia.gov.br

• GARANTISSERRA–www.agcserra.org.br

• www.redegarantias.com

• www.garantizar.com.ar

• www.iberaval.es

• www.avalmadrid.es

• www.bancadigaranzia.com