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ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA 1 Diretrizes para Atuação do Sistema SEBRAE em Acesso à Inovação e Tecnologia Diretrizes para Atuação do Sistema SEBRAE em Acesso à Inovação e Tecnologia

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ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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Diretrizes para Atuaçãodo Sistema SEBRAE em

Acesso à Inovação eTecnologia

Diretrizes para Atuaçãodo Sistema SEBRAE em

Acesso à Inovação eTecnologia

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA SEBRAE EM ACESSO À INOVAÇÃO E

TECNOLOGIA

Dezembro2007

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmpresasSEPN 515 - Bloco C - Lote 32 - CEP 70770-900 - Brasília - DFFone: (61) 3348-7100 - Fax: (61) 3347-4120

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DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA SEBRAE EM ACESSO À INOVAÇÃO E

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Conselho Deliberativo NacionalAdelmir Santana – Presidente

Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE)Associação Brasileira dos SEBRAE Estaduais (Abase) Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Industriais (Anpei)Banco do Brasil S.A. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Caixa Econômica Federal (CEF)Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB)Confederação Nacional da Indústria (CNI)Confederação Nacional do Comércio (CNC) Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

Diretoria Paulo Tarciso Okamotto – Diretor-PresidenteLuiz Carlos Barboza – Diretor-TécnicoCarlos Alberto dos Santos – Diretor de Administração e Finanças

Unidade de Acesso à Inovação e TecnologiaPaulo Cesar Rezende de Carvalho Alvim – Gerente

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Suely Vilela – ReitoraFranco Maria Lajolo – Vice-ReitorSelma Garrido Pimenta – Pró-Reitora de GraduaçãoArmando Corbani Ferraz – Pró-Reitor de Pós-GraduaçãoMayana Zatz – Pró-Reitora de PesquisaSedi Hirano – Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária

Núcleo de Política e Gestão Tecnológica Guilherme Ary Plonski – Coordenador Científi co

Equipe TécnicaGuilherme Ary Plonski – CoordenadorDesirée Moraes ZouainMarcelo Hiroshi NakagawaMaurício Guedes PereiraMaurício Susteras Nelson Satio Bito

SuporteIda Virginia ComarinMari GonçalvesSonia Maria Barbosa Vitorino

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APRESENTAÇÃO

A importância da inovação tecnológica das nossas empresas, para assegurar a aceleração do crescimento econômico, é hoje consenso nacional. No caso particular das MPE a inovação é uma das principais alavancas da sustentabilidade, crescimento e valorização desse segmento.

É chegada a hora, portanto, de focar a questão objetivamente. A tarefa de implantar essa cultura de facilitação, modernidade e desenvolvimento é imensa, pois compreende um universo de, aproximadamente, cinco milhões de pequenos negócios formais.

Até aqui o tratamento diferenciado dado às pequenas empresas tem surtido efeito importante no sentido de estimulá-las ao crescimento e, ao mesmo tempo, criar condições para aumentar as suas taxas de sobrevivência. Segundo pesquisa encomendada pelo SEBRAE, até os ano de 2002, da faixa do nascimento até os dois anos de existência, a mortalidade das empresas alcançava os 50%. A partir de 2005, caiu para 22% aproximadamente. São números que indicam estarmos no caminho certo, tanto do ponto de vista da legislação, que, desde a Constituição de 1988, criou tratamento favorecido às pequenas empresas, quanto do trabalho, que desenvolve o SEBRAE, no apoio a esse imenso e importantíssimo universo dos pequenos empreendimentos.

O avanço das normas legais foi produto da sensibilidade e compreensão, por parte da sociedade, da importância desse setor produtivo - que compreende todos os níveis econômicos, desde o extrativismo e a agropecuária até a indústria, o comércio e os serviços em geral – e o Congresso Nacional fez a sua parte e avançou mais ainda, focando a questão fundamental para o setor, que é a inovação tecnológica.

O resultado dessa sensibilidade produziu a Lei da Inovação (Lei nº 10973 de 02/12/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5563 em 11/10/2005) que estabeleceu o marco legal para o fomento e estímulos à inovação nas MPE, mediante extensão tecnológica por universidades e instituições de pesquisa, valorizando as incubadoras; depois a Lei do Bem (Lei nº 11196 de 21/11/2005, regulamentada pelo Decreto nº 5798 em 07/06/2006) que introduziu o automatismo nos incentivos à inovação e concedeu alguns incentivos fi scais. E, recentemente, a Lei Geral das Micro e Empresas de Pequeno Porte (Lei nº 123 de 14/12/2006) que estabelece

Inovação TecnológicaO grande salto da qualidade e da competitividade.

Senador Adelmir Santana

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional

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a alocação mínima de 20% dos recursos públicos, aplicados em pesquisa, desenvolvimento e capacitação tecnológica na área empresarial, para as MPE e prevê que as três esferas de governos e suas agências de fomento e instituições científi cas e tecnológicas mantenham programas específi cos que estimulem a inovação nesse segmento.

Agora, a questão estratégica que se coloca como desafi o é a sintonia entre as duas frentes: incentivo aos novos empreendimentos e legalização dos informais e a inserção da inovação tecnológica na agenda do cotidiano das MPE.

Em função disso é que o Conselho Deliberativo Nacional - CDN aprovou em julho de 2007, um documento defi nindo diretrizes para a atuação do Sistema SEBRAE no campo da inovação tecnológica. O SEBRAE tem condição reconhecidamente favorável para catalisar a construção de um modelo sistêmico de atuação integrada, de abrangência nacional, que dê a máxima efetividade à agenda da inovação nas MPE. A capilaridade do Sistema e a sua vocação histórica de articulador de políticas inovadoras, tanto no campo da gestão do conhecimento quanto na modernização tecnológica dos meios de produção, aliadas ao diagnóstico das diversidades regionais do setor produtivo, dão ao SEBRAE as condições ideais para a disseminação adequada da cultura da inovação tecnológica.

O Sistema deve, portanto, preparar-se para mais um grande esforço em seu ambiente e em articulações com entidades institucionais tecnológicas e fi nanceiras para esta verdadeira cruzada pela inovação, capitalizando a capacidade criativa do gênio humano em ações dinâmicas de mudanças focadas nos produtos, processos e serviços para a adoção de inovações tecnológicas e conhecimentos enfi m, cuja resposta deverá seguramente resultar em um grande salto de qualidade e competitividade das nossas micro e pequenas empresas, em todo o país.

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Lista de Siglas e Siglemas...............................................................................

1. Conceitos de inovação e de inovação tecnológica......................................

2. Indicadores de inovação tecnológica ..........................................................

3. Novo ambiente para apoio à tecnologia e inovação na MPE......................

4. Tecnologia e inovação no SEBRAE.............................................................

5. Modelo sistêmico de atuação.......................................................................

ANEXOS

A – Operacionalizando conceitos de gestão da inovação................................

B – Panorama da inovação tecnológica no Brasil............................................

C – Marco legal, políticas públicas e espaços de concertação........................

D – Evolução da tecnologia e inovação no Sistema SEBRAE.........................

E – Modelo sistêmico de atuação....................................................................

F – Destaques da experiência internacional....................................................

1. Especial – Contribuição para o Documento de Atuação do Sistema SEBRAE em acesso à Tecnologia e Inovação (elaborado pela Abase)....................

2. Metodologia..................................................................................................

3. Diretrizes......................................................................................................

4. Papéis e resposabilidades...........................................................................

5. Principais eixos de atuação..........................................................................

SUMÁRIO

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LISTA DE SIGLAS E SIGLEMAS

Abase Associação Brasileira dos SEBRAE Estaduais

ABC Academia Brasileira de Ciências

ABDE Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento

Anpei Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras

Anprotec Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

Anvisa Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APEX Agência de Promoção de Exportações e Investimentos

APL Arranjo(s) Produtivo(s) Local(is)

BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BNB Banco do Nordeste de Brasil

CACB Confederação das Associações Comerciais do Brasil

CDN Conselho Deliberativo Nacional

CEAG Centro(s) de Apoio à(s) Pequena(s) e Média(s) Empresa(s)

Cebrae Centro Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa e Média Empresa

CEF Caixa Econômica Federal

CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

CNC Confederação Nacional do Comércio

CNI Confederação Nacional da Indústria

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico

Compem Comitê Temático Permanente da Micro e Pequena Empresa

Confap Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa “Francisco Romeu Landi”

Consecti Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação

Copin Comitê Temático Permanente de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico

CT Comitês Temáticos

Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias

Fapesp Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FAT Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa

FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico

Finep Financiadora de Estudos e Projetos

Fipeme Fundo de Financiamento à Pequena e Média Empresa

FP Fórum Permanente das MPE

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Funtec (1) Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científi co (criado em 1964)

Funtec (2) Fundo Tecnológico (criado em 2006)

Geampe Grupo Executivo de Assistência à Média e Pequena Empresa

GEOR Gestão Estratégica Orientada para Resultados

GT Grupo de Trabalho “Tecnologia”

GTP Grupo de Trabalho Permanente para APL

IBGE Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística

ICG Índice de Competitividade Global

ICT Instituições Científi cas e Tecnológicas

IDH Indicador de Desenvolvimento Humano

IEL Instituto Euvaldo Lodi

infoDev Programa de Informática para o Desenvolvimento

Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

IP Inovação Produção

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

ITEP Korea Institute of Industrial Technology Evaluation & Planning

Kitech Korea Institute of Industrial Technology

Koita Korea Industrial Technology Association

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MEC Ministério da Educação

MEP Manufacturing Extension Partnership

MPE Microempresa(s) e empresa(s) de pequeno porte

NIST National Institute of Standards and Technology

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PAEP Pesquisa da Atividade Econômica Paulista

Pappe Programa de Apoio à Pesquisa em Pequenas Empresas

PAS Programa Alimentos Seguros

Patme Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas

P,D&E Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia

P,D&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PDI Programa de Desenvolvimento de Inovação

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PEIEx Programa de Extensão Industrial Exportadora

Pintec Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica

PIPE Programa de Inovação em Pequenas Empresas

Pitce Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior

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PNI Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Progex Programa de Apoio Tecnológico à Exportação

Profarma Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica

Prosoft Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços Correlatos

Prumo Projeto Unidade Móvel

Retec Rede de Tecnologia

SMBA Small and Medium Business Administration (Coréia do Sul)

SBA Small Business Administration (EUA)

SBC Small Business Corporation

SBIR Small Business Innovation Research Program

SBRT Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas

Seade Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEBRAE/NA SEBRAE Nacional

SEBRAE/UF SEBRAE(s) estadual(is)

SEBRAETec Programa SEBRAE de Consultoria Tecnológica

Secex Secretaria de Comércio Exterior

Setec Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação

Senac Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

Senai Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Senar Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Sigeor Sistema de Informação da Gestão Estratégica Orientada para Resultados

Siorc Sistema de Informação de Orçamento

Siplan Sistema de Informação de Planejamento

Softex Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

T&I Tecnologia e Inovação

TIB Tecnologia Industrial Básica

TPP Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos

UIAT Unidade(s) de Inovação e Acesso à Tecnologia

WEF World Economic Forum

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1. CONCEITOS DE INOVAÇÃO E DEINOVAÇÃO TECNOLÓGICA

1.1 Destaques do contexto

Há diversos entendimentos do que é inovação. A forma mais usual de en-tendê-la é pelas realizações do gênio humano. Mas inovação é essencialmente um processo – atitudes, comportamentos e práticas que ensejam à empresa, organização, região ou segmento da sociedade uma capacidade dinâmica de mudança. Dessa forma, pode um ente responder criativamente a desafi os e oportunidades e alcançar os seus objetivos. Um apoio importante para as MPE é, pois, capacitá-las a gerir o processo de inovação.

A inovação pode envolver uma extensão da fronteira do conhecimento tecnológico mediante pesquisa e desenvolvimento (P&D), utilização de tecnologias existentes ou combinação criativa de tecnologias, mas pode nem mesmo ter um componente tecnológico dominante. Importa perceber que inovação é muito distinto de invenção. Isso é reforçado pela principal referência internacional, que é o Manual de Oslo, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A segunda edição (1997), largamente difundida no Brasil, utiliza como defi nição de inovação as inovações tecnológicas em produtos e processos (TPP), que compreendem as implantações de produtos e de processos tecnologicamente novos ou que tiveram substanciais melhorias tecnológicas. Uma inovação é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo).

Em 2005 foi publicada a terceira edição do Manual, expandindo o marco conceitual da inovação em três sentidos:

(i) enfatiza o papel, no processo de inovação, das ligações das empresas com outras empresas e instituições, tais como universidades e institutos de pesquisa;

(ii) reconhece a importância da inovação em setores menos intensivos em P&D, tais como serviços e setores de “baixa intensidade” tecnológica; e

(iii) amplia a defi nição de inovação, reconhecendo dois tipos adicionais: a inovação organizacional e a inovação mercadológica, ambas percebidas como importantes para capturar de forma mais completa os fatores que afetam o desempenho de uma empresa.

A defi nição adotada para a produção de estatísticas sobre inovação no Brasil segue o Manual de Oslo, permitindo comparações internacionais. As instituições envolvidas com medição da inovação no Brasil, como o IBGE, têm grande cuidado na padronização das práticas de reconhecimento do que é e do que não é inovação, mediante ilustrações concretas. Cabe registrar que os

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novos marcos legais brasileiros adotam conceitos distintos, mas todos variantes da defi nição de inovação TPP.

No contexto interno do SEBRAE, a extensão do Sistema “até a ponta”, bem como a diversidade de situações, tende a gerar ambigüidades na percepção e, em decorrência, na atuação cotidiana. O exame das informações contidas nos sistemas de apoio à gestão do SEBRAE (Siorc, Sigeor e Siplan) evidenciam a necessidade de maior precisão conceitual.

1.2 Proposições para o SEBRAE

a) Considerar como ações de tecnologia e inovação (T&I) para MPE – inclusive para fi ns de atendimento à deliberação de 1998 do CDN, que defi niu a aplicação mínima de 10% do orçamento do Sistema em ações de apoio tecnológico para MPE – exclusivamente as que se enquadram na defi nição adotada na Lei Geral da MPE.

Todavia, a abrangência da atuação do SEBRAE, que não se limita às indústrias de transformação, recomenda a extensão do conceito de fabricação que está na Lei para o de produção (que abrange todos os produtos, ou seja, bens e serviços).

Assim, assume o SEBRAE como inovação:

A concepção de novo produto ou processo de produção, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.

b) Cuidar da uniformidade de entendimento e de procedimentos no Sistema, determinando à Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia (UIAT) do SEBRAE/NA que:

» Prepare um documento de fácil entendimento e acesso na intranet do SEBRAE contendo:

(i) a defi nição de inovação adotada;

(ii) uma ampla relação de exemplos do que é e do que não é inovação tecnológica, harmonizada com as práticas das instituições habilitadas a medir inovação e aproveitando a valiosa experiência do(a)s gerentes das UIAT do Sistema SEBRAE; e

(iii) uma taxionomia uniforme para registros nos sistemas de apoio à gestão;

» Lidere a preparação e realização de um processo objetivo e animado de capacitação do Sistema SEBRAE no reconhecimento do que é novidade ou aperfeiçoamento de produtos e processos, uma vez que as situações podem

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ser nebulosas (por exemplo, o fracionamento de um produto em embalagens menores pode ser considerado um novo produto?); e

» Disponibilize, até o fi nal de 2008, um serviço de suporte de tipo help desk

para ajudar as equipes dos SEBRAE/UF que atuam “na ponta” a discriminar as ações legitimamente de enquadráveis como T&I.

1.3 Referências complementares

O Anexo A contém um leque de informações que permite aprofundar os conceitos de gestão de tecnologia, inovação e inovação tecnológica. Esclarece a evolução das práticas internacionais e nacionais para medição da inovação tecnológica. Apresenta, também, conceitos de inovação presentes nos três principais novos marcos legais (Lei da Inovação, Lei do Bem e Lei Geral da MPE). Finalmente, alerta para ambigüidades remanescentes no registro de informações sobre ações de T&I nos sistemas de apoio à gestão do SEBRAE.

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2. INDICADORES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

2.1 Destaques do contexto

Em cumprimento à determinação do governo federal, o IBGE começou a apurar indicadores de inovação harmonizados com os padrões internacionais defi nidos pela OCDE. Estão disponíveis três versões da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), referidas a 2001, 2003 e 2005. Elas contemplam as empresas industriais com dez ou mais pessoas ocupadas; seu número era, respectivamente, de 72 mil, 84 mil e 95 mil. Na terceira edição estão incluídas quatro mil empresas de serviços de alta intensidade tecnológica: telecomunicações, informática e P&D.

O resultado central obtido pela Pintec é a taxa de inovação, ou seja, a fração de empresas que introduziu pelo menos um produto ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado nos triênios em análise (respectivamente, 1998–2000, 2001–2003 e 2003–2005). Examinando o detalhamento da taxa de inovação por porte da indústria, constata-se que:

(i) cerca de 1/3 das empresas teve alguma inovação;

(ii) quanto menor o porte da fi rma, menor a taxa de inovação;

(iii) as empresas com 10 a 49 pessoas ocupadas, foco da atuação do SEBRAE (a Pintec não pesquisa fi rmas com uma a nove pessoas ocupadas), aumentaram a taxa de inovação da primeira para a segunda edição, mas a reduziram no terceiro triênio pesquisado; e

(iv) nas empresas de serviços as taxas de inovação são substancialmente maiores: 45% em telecomunicações, 58% em informática e 98% em P&D.

A taxa de inovação verifi cada, de cerca de 1/3, tornaria o Brasil aparentemente comparável a países avançados. Mas é preciso dar-se conta que essa taxa de inovação tem como referencial a própria empresa. Na Pintec 2005, a mais recente, a taxa de inovação de 20% em produtos reduz-se a 3% quando referida ao mercado nacional; a marca de 27% de inovação em processo cai para 2% quando o critério é ser tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado e dirigido ao mercado em que a empresa atua no Brasil, e não voltado apenas para ganhos internos.

Análise feita pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) na edição de 2003 indica que várias fi rmas que inovaram não realizaram atividades inovativas no período, reduzindo ainda mais o número de indústrias inovadoras.

A magnitude do desafi o concreto da inovação para o tecido industrial brasileiro é evidenciada em estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), fundação pública federal vinculada à Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da República. Denominado inovações, padrões

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tecnológicos e desempenho das fi rmas industriais brasileiras, visualiza três categorias de fi rmas entre as aproximadamente 84 mil pesquisadas pela segunda edição da Pintec:

(i) empresas que inovam e diferenciam produtos: menos de 2%;

(ii) empresas especializadas em produtos padronizados: 21%; e

(iii) empresas que não diferenciam produtos e têm produtividade inferior: 77%.

2.2 Proposições para o SEBRAE

a) Estabelecer para as MPE:

» Indicador de inovação: fração (%) da receita derivada de produtos e processos inovadores implementados pela MPE nos três anos consecutivos anteriores (coincide com critério da Pintec); e

» Índice de inovação: taxa anual de crescimento (%) do número de MPE inovadoras (segundo o critério adotado pelo IBGE).

b) Adequar o GEOR e demais sistemas de apoio à gestão para que se possa utilizar, sempre que possível, os critérios e indicadores de inovação utilizados e medidos pela Pintec a cada dois anos, para acompanhar e avaliar as ações do SEBRAE no campo da T&I. Isso permitirá a comparação dos indicadores de resultado com empresas de outros tamanhos e MPE de outros países.

c) Harmonizar, para fi ns de valorização da inovação tecnológica feita pelas MPE, a classifi cação das ações com as categorias de atividades inovativas previstas na Pintec.

d) Ativar entendimentos com o IBGE, com o qual o SEBRAE tem um acordo de cooperação, para, tomando a posição de 2008 como baseline:

» Estender a pesquisa de inovação tecnológica para as microempresas, permitindo apreender o panorama da inovação nas fi rmas de 1 a 49 pessoas ocupadas;

» Cobrir todos os setores da atividade econômica, tendo em vista o escopo de atuação do Sistema; e

» Realizar um levantamento seletivo nos anos em que não se realiza a Pintec, de forma a permitir uma gestão das ações do SEBRAE em T&I baseada em evidências.

e) Estabelecer um Observatório de Inovação nas MPE capaz de captar, tratar e disseminar informações relativas ao estado da inovação nas MPE no País e no exterior, com base em pesquisas e estudos elaborados por órgãos estatísticos, instituições acadêmicas e outras entidades.

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2.3 Referências complementares

O Anexo B contém um detalhamento dos resultados da Pintec e sua interpretação. Expõe-se, também, a participação das MPE nas exportações nacionais. Entre as diversas classifi cações internacionais, apresenta-se a posição do Brasil, em termos de inovação, no Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial e no Índice de Desenvolvimento Humano elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

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3. NOVO AMBIENTE PARA APOIO À TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA MPE

3.1 Destaques do contexto

Para ajudar a reverter a situação insatisfatória descrita no campo da inovação, foi instituída a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce), que marca o retorno à intervenção do Estado no processo de desenvolvimento econômico, com bastante atenção à política tecnológica. Nesse contexto, foram estabelecidos, ao longo do triênio 2004 a 2006, três novos marcos legais, que passam a balizar a atuação do Sistema SEBRAE em tecnologia e inovação.

A Lei da Inovação de 2004 e a Lei do Bem de 2005 abrangem todas as MPE, ao instruir as agências de fomento a promover ações de estímulo à inovação nessas empresas, mediante a disponibilização de recursos subsidiados e de subvenção econômica para o desenvolvimento tecnológico das empresas. Estabelecem prioridade e alocação obrigatória mínima às MPE. Oferecem também estímulos à extensão tecnológica realizada por universidades e institutos de pesquisa.

As fi rmas inovadoras, em especial as incubadas, são também benefi ciadas, inclusive pela maior mobilidade do(a)s pesquisadore(a)s, pela facilitação no trato da propriedade intelectual e pela prioridade no acesso a laboratórios públicos.

A Lei do Bem atenua as clássicas limitações dos incentivos fi scais, ao estabelecer que não constituem receitas das MPE as importâncias recebidas de médias ou grandes empresas que lhes confi am a realização de pesquisa e desenvolvimento para inovação tecnológica. Já foram lançadas três chamadas para subvenção, com atenção diferenciada para as MPE.

A Lei Geral da MPE, sancionada em dezembro de 2006, prevê que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e as respectivas agências de fomento (...) manterão programas específi cos para as MPE, inclusive quando estas revestirem a forma de incubadoras, em condições de acesso serão diferenciadas, favorecidas e simplifi cadas”. Estabelece-se, com abrangência nacional, a meta de aplicação de, no mínimo, 20% dos recursos destinados à inovação para o desenvolvimento de tal atividade nas MPE. Os órgãos e entidades integrantes da administração pública federal atuantes em P&D ou capacitação tecnológica terão por meta efetivar suas aplicações, no nível mínimo de 20%, em programas e projetos de apoio a MPE.

Essa Lei estipula, também, benefícios fi scais na aquisição de equipamentos e outros ativos fi xos por MPE que “atuem no setor de inovação tecnológica”.

Um mecanismo relevante para reverter as difi culdades habitualmente encontradas no fornecimento ao setor público trata das contratações públicas da União, dos Estados e dos Municípios. A Lei Geral estabelece que poderá

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ser concedido tratamento diferenciado e simplifi cado para as MPE, objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da efi ciência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica. Para isso é necessário, todavia, que essa disposição esteja prevista e regulamentada na legislação do respectivo ente e os critérios para tratamento diferenciado e simplifi cado para as MPE este-jam expressamente previstos no instrumento convocatório.

3.2 Proposições para o SEBRAE

a) Adequar-se ao espírito da Lei Geral da MPE, elevando o piso de alocação de recursos do orçamento do Sistema para inovação tecnológica, que atualmente está defi nido em 10% por deliberação do CDN em 1998, aos seguintes níveis:

» 15% a partir de 2009 e 20% a partir de 2011;

» Logo que o Sistema atinja os 20% (a partir de 2011), as metas serão defi nidas por meio de compromissos com indicadores;

» Cabe observar que, de acordo com a diretriz orçamentária em vigor, o percentual está sendo aplicado apenas sobre o montante alocado a projetos e não no orçamento total (deduzido dos investimentos fi nanceiros) como antes.

b) Cuidar para que, no rebatimento estadual e municipal da Lei Geral da MPE, estejam explicitadas medidas que estimulem a inovação nas MPE, de forma consistente com o disposto na legislação sancionada em dezembro de 2006.

c) Sensibilizar o(a)s dirigentes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios e as respectivas agências de fomento para a importância de se atingir – de forma gradativa, mas em horizonte razoável – a meta de 20% estipulada na Lei Geral da MPE, a qual não estabelece prazos para esse atingimento. Isso requererá a mobilização de todo o Sistema, cabendo aos SEBRAE/UF trabalhar com as autoridades nos Estados, Distrito Federal e Municípios e dirigentes das respectivas agências. Ao SEBRAE/ NA caberá sensibilizar os órgãos e entidades integrantes da administração pública federal que atuam em P&D ou capacitação tecnológica.

d) Agir junto às entidades que realizam chamadas públicas de seleção de projetos de T&I para que, com urgência, simplifi quem drasticamente os formulários e demais requisitos de acesso às MPE, conforme disposto na Lei Geral das MPE.

e) Realizar ações similares de sensibilização para que o tratamento diferenciado e simplifi cado das MPE nas contratações públicas da União, dos Estados e dos Municípios esteja previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente e que os critérios para tratamento diferenciado e simplifi cado para as MPE estejam expressamente previstos no instrumento convocatório. Recomenda-se adicionalmente ao SEBRAE/NA preparar

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e disponibilizar minutas (gabaritos) de textos legais e respectivos procedimentos de mudança, assim como de instrumentos convocatórios, facilitando assim a implementação dessa medida.

f) Participar ativamente das iniciativas destinadas a qualifi car o meio empresarial para acessar o conjunto de medidas de estímulo à inovação, assumindo papel de protagonista no que se refere à capacitação das MPE. Essa ação, no âmbito das MPE, não pode se limitar a ações de divulgação e a treinamentos “empacotados”, sendo necessários mecanismos de orientação personalizados (como coaching). Estes têm sido realizados com êxito em pequenos agrupamentos de MPE conexas, como se tem visto nas incubadoras de empresas. O SEBRAE deverá contar com entidades e parceiros tecnológicos que assegurem a capilaridade dessa ação.

g) Estabelecer uma Central de Suporte ao Acesso das MPE aos Estímulos à Inovação, contemplando pelo menos:

» A disponibilização de uma infobase atualizada, inteligível, amigável e facilmente acessível de incentivos, benefícios, mecanismos, programas e outras iniciativas de estímulo à inovação nas MPE. Três são os públicos para essa infobase: as MPE e suas entidades, o(a)s profi ssionais do Sistema “até a ponta” e as entidades parceiras que atuam com MPE. A dinâmica desse campo sugere a utilização de solução colaborativa aberta (de natureza wiki);

» A preparação e realização de um processo objetivo e animado de capacitação do Sistema SEBRAE no reconhecimento e aproveitamento das oportunidades abertas pelo ambiente de estímulo à inovação; e

» Disponibilização de um serviço de suporte de tipo help desk para ajudar as equipes dos SEBRAE/UF que atuam “na ponta” a aumentar a taxa de aproveitamento, pelas MPE, dos estímulos à inovação existentes.

h) Incluir, no escopo do Observatório de Inovação nas MPE mencionado no item 2.2, o desenvolvimento de:

» Um sistema de medida de recursos alocados à T&I, permitindo acompanhar a evolução do atendimento da Lei Geral da MPE, consolidando informações do Ministério da Ciência e Tecnologia e de seus homólogos estaduais e municipais (que devem, por força da Lei, receber essas informações anualmente), bem como de outras fontes; e

» Um sistema de caracterização dos benefícios gerados pelos recursos públicos alocados à T&I nas MPE, com um componente quantitativo (medidas, índices e indicadores) e outro qualitativo (casos inspiradores).

3.3 Referências complementares

O Anexo C contém descrição analítica das medidas da Lei da Inovação, Lei do Bem e Lei Geral da MPE que interseccionam os campos da MPE e da inovação.

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Acresce-se uma análise da Pitce e outras iniciativas correlatas, como a volta do BNDES ao fi nanciamento à inovação, em que dá tratamento diferenciado para as MPE. O novo ambiente para a inovação no setor secundário é mostrado à guisa de ilustração, mediante apreciação sintética do Mapa Estratégico da Indústria.

São também detalhados e destacados três espaços de concertamento de ações voltadas a MPE: o Fórum Permanente das MPE, o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais e o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI).

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4. TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NO SEBRAE

4.1 Destaques do contexto

A presença dos temas tecnologia e inovação no direcionamento estratégico do SEBRAE para o período em vigor, 2006 a 2010, aprofunda uma linha de atuação já enraizada no Sistema. Suas bases intelectuais e ações práticas antecedem bastante a própria criação do Serviço. Destaca-se o início de operação, em 1982, do Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas (Patme), cuja fi nalidade era viabilizar o acesso das MPE ao conhecimento existente nas instituições científi co-tecnológicas do País. A partir de 1991 o Patme passou a ser parcialmente fi nanciado pelo então recém-criado SEBRAE, que passou a geri-lo a partir de 1996. A partir de 2002 aquela iniciativa passou a ser denominada Programa SEBRAE de Consultoria Tecnológica (SEBRAETec).

Os antecedentes descritos confi guram um caldo de cultura que torna compreensível a explicitação do reconhecimento da importância de prover apoio tecnológico às MPE no Decreto nº 99.570/90, considerado fundador do SEBRAE, a saber: metade dos recursos aplicados nas atividades-fi m “destinar-se-á à modernização das empresas, em especial as tecnologicamente dinâmicas, com preferência às localizadas em áreas de parques tecnológicos”.

A preocupação do Sistema SEBRAE com a efetiva incorporação da dimensão tecnológica em suas ações de apoio às MPE gerou três momentos de repensar estratégico ao longo dos 17 anos de sua existência, na forma de grupos de trabalho (GT). Em que pese haverem verifi cado uma percepção generalizada da importância da T&I e, também, uma evolução positiva em termos de ações e fi nanciamento, os dois primeiros grupos de trabalho registraram importantes hiatos entre as intenções e a prática do Sistema. Numerosas propostas inovadoras foram por eles feitas, parte das quais implantadas e outras ainda não. Foi fruto do GT1, criado pelo CDN em 1997, a deliberação de 1998 do Conselho que defi niu a aplicação mínima de 10% do orçamento do Sistema em ações de apoio tecnológico para MPE.

Na atualidade, a compreensão da importância da inovação para atingir a Visão de Futuro 2010 do Sistema SEBRAE a faz ser explicitada, no plano doutrinário, em quatro das 12 diretrizes do Direcionamento Estratégico 2006 a 2010 e, no plano prático, em duas das 12 prioridades.

Cabe observar a introdução, no Orçamento de 2006, de uma mudança no critério de cálculo das aplicações em ações vinculadas à T&I no Sistema: há uma redução tanto na base de cálculo como no cômputo desses dispêndios, que passaram a se limitar aos gastos relacionados aos negócios, excluindo os administrativos. Embora quase todos os SEBRAE/ UF superem o limite mínimo de 10% para dispêndio em T&I (a participação agregada em 2005 foi de 15%), há duas questões a registrar:

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(i) a parcela de deduções feitas nas unidades do Sistema apresenta uma dispersão elevada, variando de 0,3% a 30,1.

Se elas inexistissem, como previsto originalmente, o valor das aplicações poderia ser 21% superior ao apurado;

(ii) a necessidade de excluir gastos não-pertinentes à função de apoio à T&I.

Há espaço signifi cativo de avanço nas ações de âmbito próprio do Sistema para promover avanços expressivos na competitividade das MPE em termos de T&I, tanto pela concentração de esforços nesse sentido como por uma maior articulação interna e uma maior precisão nos critérios e práticas de contabilização.

4.2 Proposições para o SEBRAE

a) Inventariar, valorizar e aprofundar ações emblemáticas de abrangência nacional que sejam notoriamente bem sucedidas, em que a contribuição do SEBRAE faz a diferença. Estas incluem recomendações dos GT criados pelo CDN, tais como:

» Do GT1: transformar as universidades, centros de pesquisa e escolas técnicas em parceiros preferenciais, mediante um conjunto de ações voltadas (...) à realização de um grande jogo de empresas para estudantes. Essa recomendação materializou-se no Desafi o SEBRAE, que, em sua edição de 2007, tem 70 mil participantes, de quase 1.500 instituições de ensino superior do Brasil e de mais seis países da América do Sul;

» Do GT2: compromisso e responsabilidade no incremento e na sustentabilidade das incubadoras de empresas no Brasil, em especial mediante implantação de programas inovadores para as empresas nascentes ali abrigadas. Essa recomendação gerou um amplo elenco de medidas no âmbito do SEBRAE, que foi decisivo para, com outros parceiros, fazer com que o movimento brasileiro de incubadoras de empresas tenha atingido resultados expressivos (seis mil empresas entre residentes, graduadas e associadas, gerando receita da ordem de R$ 2 bilhões anuais). O Brasil se tornou referência internacional, sendo selecionado pelo Banco Mundial para capacitar outras nações nesse campo.

b) Alcançar os diversos setores do tecido produtor (agricultura e pecuária, indústria, comércio, serviços) e segmentar inteligentemente a atuação do SEBRAE, respeitando o fato de que:

(i) as MPE são diferentes, desde produção artesanal e serviços tradicionais até fi rmas intensivas em conhecimento ou mesmo hi-tech de presença mundial;

(ii) as MPE têm necessidades distintas no que se refere à necessidade de apoio em T&I, compreendendo, sem a elas se limitar: informação tecnológica básica, tecnologia industrial básica (TIB) para novos produtos e aperfeiçoamento

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do processo produtivo, gestão tecnológica, engenharia reversa, design, P,D&E pré-competitiva compartilhada e P&D competitiva própria; e

(iii) a limitação a ser superada para que a MPE tenha o apoio necessário pode ser cultural (não perceber a necessidade e o potencial da T&I) ou de recursos (fi nanceiros, humanos, gerenciais, relacionais).

c) Cabe, assim, ao Sistema SEBRAE compreender sempre melhor as singularidades de cada uma das categorias e delinear estratégias bem segmentadas para os tipos de empresas identifi cados pelo IPEA (referidos no item 2 e no Anexo B):

» Alavancar o crescimento e a competitividade internacional das MPE que já são inovadoras e diferenciam produtos; em particular, apoiar empresas paradigmáticas com elevado potencial de crescimento;

» Acelerar a estruturação interna e a introdução da inovação tecnológica na agenda e no cotidiano das MPE especializadas em produtos padronizados, capacitando-as a se alçar à primeira categoria; e

» Ajudar as MPE que têm produtividade inferior a melhorar a sua gestão e a incorporar tecnologia industrial básica (TIB), como instrumento para alcançar rapidamente níveis aceitáveis de qualidade e produtividade.

d) Sem perder as vantagens da abrangência e diversidade do leque de ações hoje desenvolvidas pelo SEBRAE na área tecnológica, buscar direcionamento, sinergia, focalização e complementaridade entre essas ações. Famílias de solução e modelos integrados de atendimento, tais como o da Barcelona Activa, servem como inspiração.

e) Ativar comunidades relevantes para ajudar na orientação das ações do SEBRAE em T&I, bem como na formulação de proposições. Além da já existente comunidade de gestores das unidades de Acesso à Tecnologia e Inovação (UIAT) do Sistema, recomendam-se a criação e animação de mais duas:

(i) a do(a)s conselheiro(a)s do Sistema que são representantes da área tecnológica; e

(ii) a dos agentes tecnológicos formados nos cursos realizados com a parceria do SEBRAE.

f) Realizar, anualmente, uma reunião plenária com a presença de todos os conselheiros estaduais que representem entidades tecnológicas e dos gerentes de tecnologia de todo o sistema, com o objetivo de manter uma permanente refl exão e avaliação do segmento. Esse encontro deve ser organizado pelas entidades tecnológicas do CDN, em colaboração com a Abase. Cabe lembrar que essa articulação já é feita em outros setores representados nos conselhos, tais como a indústria, o comércio e a agricultura, cujas federações estaduais têm um fórum natural de discussão nas respectivas confederações.

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g) Criar uma área de estudos e pesquisas no SEBRAE, aproveitando para resgatar uma proposta do GT1, já aprovada pelo CDN, de criação de “Cátedras SEBRAE”, que estimulem universidades selecionadas a constituírem grupos de pesquisas em temas especialmente relevantes para a MPE.

h) Para a Unidade de Acesso à Tecnologia e Inovação, em especial, as seguintes diretrizes podem ser benéfi cas:

» Inovação: seguindo um planejamento específi co para esse fi m, rever os atuais programas e desenvolver novos produtos de grande envergadura direcionados a apoiar saltos e mudanças sensíveis do patamar tecnológico das MPE, incluindo metas a serem atingidas e o acompanhamento mediante indicadores dos resultados fi nalísticos;

» Acesso à Tecnologia: desenvolver ferramentas que facilitem o acesso do empreendedor a informações tais como a transmissão on-line de cursos para vários escritórios com a presença de um facilitador local treinado; organização de videoteca sob demanda e eventos educativos modulares para serem utilizados por outras unidades estratégicas como cursos sobre captação de recursos das agências de fomento (Finep, BNDES e outras), para a Unidade de Acesso a Serviços Financeiros; cursos sobre “certifi cação internacional” para a Unidade de Acesso a Mercados. Além disso, a atuação do SEBRAE na prestação de serviços de acesso à tecnologia e inovação deve considerar a realidade individual do empreendedor, das MPE, do mercado em que atuam e das diferenças regionais. Se pelo lado da organização da oferta devem ser observados critérios de integração, qualifi cação e coordenação, do lado da demanda dos serviços, outros critérios devem ser levados em consideração na atuação do SEBRAE em tecnologia e inovação;

» Didatismo: a apresentação das informações deve privilegiar a abordagem didática, se possível com exemplos e estudos de casos, com preocupação especial sobre como a informação é escrita, levando-se em consideração a realidade individual do empreendedor;

» Usabilidade: a quantidade e a complexidade de informações que são e serão disponibilizadas são enormes e tendem a crescer com o fortalecimento da atuação do SEBRAE. Por essa razão, o acesso do conhecimento a respeito de serviços de tecnologia e apoio à inovação deve privilegiar a usabilidade. Apesar de a massa de dados ser complexa, deve ser percebido pelo empreendedor como algo simples de ser utilizado. O desafi o da usabilidade é grande e poucas iniciativas têm conseguido obter sucesso nessa forma de interação com a informação. Exemplos clássicos incluem o sistema de navegação computacional criado pelos laboratórios da Xerox e depois utilizados pela Apple e Microsoft no seu sistema Windows; e novos exemplos incluem Craiglist, Google e o sistema de navegação do iPod da Apple;

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» Pragmatismo: a atuação do SEBRAE em T&I deve privilegiar o uso efetivo do conhecimento adquirido. Mesmo a simples disponibilização de informações deve oferecer facilidades para que o empreendedor realmente identifi que:

• A oportunidade que o acesso à tecnologia ou o apoio à inovação trará para a sua empresa;

• As alternativas de acesso e apoio;

• Os locais onde esses serviços podem ser obtidos;

• As pessoas que podem ajudá-lo nesse processo; e

• Se há recursos que ele pode obter para acessar tais serviços e apoios.

4.3 Referências complementares

O Anexo D descreve, com algum detalhe, a evolução das idéias, normas e práticas sobre T&I no SEBRAE. Começa com iniciativas que antecederam a própria criação do Serviço e destaca o papel estratégico atribuído à tecnologia na constituição do Sistema. Foca em três momentos relevantes de refl exão crítica, polarizada por grupos de trabalho ad hoc respectivamente em 1997, 2003 e 2004, expondo algumas de suas proposições e decorrências.

Expõe-se a presença da T&I no Direcionamento Estratégico do SEBRAE em vigor e registram-se mudanças recentes nas práticas de orçamento e registro de dispêndios em T&I.

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5. MODELO SISTÊMICO DE ATUAÇÃO

5.1 Destaques do contexto

Estudos recentes da OCDE, fundamentados em casos de sucesso de países integrantes dessa organização internacional, concluem taxativamente que a atual dinâmica da competição no mundo globalizado requer uma nova geração de políticas de inovação. Essa nova geração, que começa a se delinear no primórdio deste século, visa a tornar a inovação o eixo estruturante dos processos de desenvolvimento econômico e social. Em outras palavras, fazer políticas pela inovação e não apenas para inovação.

O principal desafi o para realizar essa visão é superar a fragmentação de ações, estabelecendo uma governança capaz de:

» Integrar as políticas de apoio à inovação;

» Qualifi car o processo de formulação dessas políticas, mediante mais conhecimento baseado em evidências; e

» Coordenar as práticas dos numerosos agentes, dando coerência às agendas individuais.

Desafi o similar ocorre no trabalho de apoio tecnológico às MPE no Brasil. Há numerosas iniciativas, decididas autonomamente, que são nitidamente desarticuladas, ainda que superpostas – procuram benefi ciar um mesmo grupo de MPE com ações de caráter similar ou complementar, realizadas concomitantemente ou em momentos próximos. Nos APL em que tal superposição desarticulada ocorre freqüentemente tem sido verifi cado descrédito junto à população-alvo e outras partes interessadas.

A criação dos espaços de concertação expostos anteriormente e o exame das discussões ali havidas refl etem a crescente consciência nas instituições nacionais acerca da necessidade e da urgência de medidas exemplares para reverter essa situação clássica. Trata-se de desafi o institucional e político-cultural de elevada envergadura, cujo enfrentamento se justifi ca tanto pelo enorme benefício à causa das MPE como pelo efeito demonstração de maturidade que terá para a sociedade brasileira em caso de êxito, mesmo que parcial e gradual.

Registra-se uma janela de oportunidades no Brasil, ensejada pela coincidência de políticas públicas de estímulo à inovação e de apoio às MPE. A confi guração se torna singularmente favorável a partir de 2007, devido à sanção da Lei Geral da MPE, em decorrência da qual se prevê um montante adicional de recursos aportados para iniciativas de T&I em MPE de magnitude superior ao que hoje está disponível.

Experiências inspiradoras, no exterior e no Brasil, estimulam essa inovação radical na abordagem e trato do desafi o de absorção da T&I pelo tecido produtor nacional.

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5.2 Proposições ao SEBRAE

a) Consolidar na agenda estratégica do SEBRAE uma iniciativa voltada à construção de um processo pluriinstitucional convergente, que assegure à sociedade brasileira o uso mais efetivo – efi caz e efi ciente – do total de recursos alocados à T&I na MPE. Esse processo, cujo êxito requer a agregação de um conjunto de parceiros confi áveis e contributivos, sugere naturalmente o SEBRAE como catalisador, em decorrência da singularidade da sua missão, representatividade do CDN e dos conselhos estaduais, conhecimento dos benefi ciários e experiência com parcerias.

b) Desenvolver um estudo, sob supervisão da Diretoria e suporte do CDN, para delineamento de um Sistema Brasileiro de Inovação na Micro e Pequena Empresa (SBI-MPE), incluindo, sem a eles se limitar, os seguintes objetivos estratégicos:

» Universalizar o acesso à tecnologia e ampliar substancialmente a capacidade de inovação das MPE;

» Expandir as ações visando a aumentar a competitividade tecnológica e de inovação das MPE, tanto para competirem no mercado interno como no exterior;

» Potencializar MPE fortemente inovadoras e de rápido crescimento; e

» Dotar o Brasil de uma nova geração de empreendedores inovadores.

5.3 Referências complementares

O Anexo E expõe alguns contornos de um modelo sistêmico e ilustra os benefícios possíveis de uma solução singela – a Mpedia (ou Micropedia), modelo inovador de organização, gestão e uso da informação pela/para MPE.

O Anexo F apresenta três soluções de abrangência nacional, distintas entre si, mas igualmente inspiradoras, todas em operação efetiva, que vêm mostrando êxito expressivo na incorporação de T&I em suas MPE: EUA, Irlanda e Coréia do Sul.

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ANEXO A

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A. OPERACIONALIZANDO CONCEITOS DEGESTÃO DA INOVAÇÃO

O discurso da importância da tecnologia e da inovação (T&I) na sociedade contemporânea gera adesão ampla nos tempos atuais. A transformação do discurso em programa de ação estruturado, todavia, apresenta várias classes de desafi os, o primeiro dos quais é o de estabelecer uma plataforma conceitual1 consistente e operacional, sobre o que são tecnologia, inovação e sua combinação – a inovação tecnológica.

A.1 A gestão da tecnologia nas MPE

A gestão adequada do conhecimento tecnológico fundamentado em conhecimento científi co é uma competência cada vez mais necessária às organizações de qualquer porte. Essa dependência afeta diretamente a competitividade das MPE – e não apenas das que são usualmente denominadas de “base tecnológica”.

A tecnologia é, em essência, um estoque de conhecimentos dinâmico, cuja natureza é ser relevante para a produção e logística de bens e serviços. Esse estoque é amplamente distribuído na sociedade, apresentando-se de formas muito variadas, pois:

a) O conhecimento tem graus diversos de manifestação, podendo ser tácito ou explícito.

b) Quando é explícito, o conhecimento é organizado em numerosos formatos, tais como regulamentos e normas, documentos e bases de dados de patentes, manuais, desenhos e plantas, receitas, anotações e outras.

c) Ao conhecimento tecnológico podem ser permitidos níveis diferenciados de acesso, indo desde o domínio público até a elevada restrição, quando protegido pela legislação de propriedade intelectual.

A gestão adequada do conhecimento tecnológico é uma competência cada vez mais necessária às organizações de qualquer porte. Ademais, as mudanças nos padrões de competição, a crescente exigência de qualidade dos mercados e os requisitos cada vez mais rígidos dos organismos reguladores levam a que, cada vez mais, a tecnologia esteja fundamentada no conhecimento científi co2.

1 O Relatório do terceiro Grupo de Trabalho do SEBRAE sobre o tema, criado em 2004, evidencia preocupação similar, ao utilizar quase a metade das páginas do seu corpo num glossário de termos.

2 Tecnologia e ciência têm aspectos de semelhança, diferença e conexão. São semelhantes porque, como a tecnologia, a ciência é, também, um estoque de conhecimentos dinâmico e distribuído. São diferentes pela fi nalidade – a ciência se preocupa em descobrir respostas a perguntas de tipo por quê?, enquanto a tecnologia lida com inventar soluções a questões do tipo “como (fazer)?”. Ciência e tecnologia são conectadas porque, por

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Essa dependência afeta diretamente a competitividade das MPE – e não apenas das que são usualmente denominadas de “base tecnológica”.

Uma ilustração dessa tendência pode ser encontrada, por exemplo, na indústria cerâmica: já não é mais sufi ciente o olhar do operador experiente do forno (conhecimento empírico) para “acertar” o ponto de queima; diferenças sutis, não perceptíveis a olho nu, em cores de bateladas diferentes de produtos, provavelmente serão detectadas pelos importadores, levando a uma não-conformidade e à recusa da partida. Faz-se necessária uma compreensão da ciência dos materiais, dos processos de queima e do seu controle para manter a produção conforme.

Outra ilustração notória é a necessidade de tecnifi cação da atividade agropecuária no ambiente dos agronegócios globais, marcado pela exigência de produtividade e pela preocupação, legítima ou instrumental, com segurança alimentar e com cuidados ambientais.

A.2 O caleidoscópio da inovação

O entendimento mais abrangente da inovação é como processo. O foco deixa de recair sobre as façanhas e seus efeitos, passando a privilegiar as atitudes, comportamentos e práticas que ensejam à empresa, organização, região ou segmento da sociedade uma capacidade dinâmica de mudança.

Há diversos entendimentos do que é inovação. A forma mais usual de entender a inovação é pelas realizações do gênio humano, que por vezes são verdadeiras façanhas, materializadas em artefatos e serviços incorporados em nosso cotidiano – automóvel, internet, medicamentos e tantos outros.

Essas realizações podem envolver uma extensão da fronteira do conhecimento tecnológico (ou seja, requerendo pesquisa e desenvolvimento) ou a utilização de tecnologias existentes, freqüentemente combinando-as de forma criativa.

O entendimento mais abrangente da inovação é como processo. O foco deixa de recair sobre as façanhas e seus efeitos, passando a privilegiar as atitudes, comportamentos e práticas que ensejam à empresa, organização, região ou segmento da sociedade uma capacidade dinâmica de mudança. Dessa forma, podem responder criativamente aos novos desafi os e alcançar os seus objetivos3.

um lado, requer-se bastante tecnologia para produzir e operar os laboratórios em que se produzem os novos conhecimentos científi cos. A conexão recíproca é a dependência crescente que as tecnologias relevantes têm de conhecimento científi co sólido, em detrimento do conhecimento empírico (saber o como sem entender os fundamentos do porquê).

3 O conceito de inovação como processo remete à idéia de empreendedorismo. Empreender e inovar são duas faces de uma mesma moeda. Ambas se propõem a criar, transformar, superar, realizar. Ambas são complexas e multifacetadas, envolvendo risco e incerteza. Sua amálgama gera o empreendedorismo inovador, movimento que é um dos motores do progresso econômico e social contemporâneo.

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As políticas de inovação são, muitas vezes, afetadas por equívocos de entendimento, destacando-se os seguintes:

a) A não diferenciação entre inovação e invenção4: invenção é uma idealização que, até então, não era conhecida ou divulgada, visando à obtenção de um resultado novo. Inovação é o processo de criar oportunidades em novas idéias e colocar estas em prática de uso extensivo5. Para a invenção o aspecto da novidade deve ser compreendido de modo absoluto. Já o reconhecimento do que é inovação requer a identifi cação do referencial de novidade, ou seja, se a mudança se refere à própria organização, ao mercado/ setor regional, nacional ou global. Em seção anterior foi mostrada a drástica diferença entre as taxas de inovação na indústria brasileira se o referencial é a própria empresa ou o país.

b) A associação automática entre inovação e inovação tecnológica: inovação tecnológica é uma espécie do gênero “inovação”. Há inovações relevantes em que a tecnologia desempenha papel marginal. Um exemplo clássico é a criação do seguro; uma ilustração atual é o microcrédito, cujo efeito social levou seus criadores a receber o Prêmio Nobel da Paz de 2006. Toda inovação envolve mudanças. A inovação tecnológica é caracterizada pela presença de mudanças tecnológicas em produtos – bens ou serviços – oferecidos à sociedade. Ou na forma em que os produtos são criados e oferecidos, que é usualmente denominada de inovação no processo. Inovações tecnológicas em produto e processo evidentemente não se excluem mutuamente; pelo contrário, podem se combinar.

c) A limitação da inovação tecnológica à que frutifi cou de saltos da ciência: nem toda inovação tecnológica é espetacular. Em que pese ao natural destaque que as inovações movidas pelo avanço do conhecimento científi co têm na mídia, no mundo real, é grande a importância das inovações incrementais, movidas pelo mercado, para o resultado dos negócios de empresas de todos os portes6.

Há uma nova divisão social do trabalho de inovação tecnológica. Algumas das suas características são:

a) Ao contrário do que se pensa, parcela crescente das inovações radicais ocorre em MPE, muitas vezes empresas nascentes, freqüentemente incubadas, por serem menos presas a paradigmas e restrições.

4 Um dos pioneiros e, até hoje, um dos mais importantes estudiosos da inovação, Chris Freeman, da University of Sussex (Reino Unido), alertava, já há mais de duas décadas, que “um dos problemas em gerir a inovação é a variedade de entendimentos que as pessoas têm desse termo, freqüentemente confundindo-o com invenção”.

5 A identifi cação indevida desses dois conceitos tem gerado, em nosso meio, a supervalorização de uma medida, o número de patentes depositadas no U.S. Patent Offi ce por organizações e residentes no Brasil como indicador do estágio da inovação do país.

6 Uma classifi cação, de interesse para as políticas públicas – incluindo as de fomento à inovação – e para a gestão, busca lidar com o espectro de inovações tecnológicas no que se refere ao grau da mudança envolvida. Essa grande variedade leva à conhecida categorização das inovações em incrementais, radicais ou transformadoras (também chamadas de revolucionárias ou “de ruptura”).

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b) As grandes empresas estão sensíveis a esse fato e se envolvem nos novos negócios promissores, diretamente ou pelos seus braços de capital empreendedor.

c) As grandes empresas, ao associar-se com uma empresa menos inovadora, contribuem com o que sabem fazer melhor: engenharia, design, testes e obtenção de autorizações e certifi cações, marketing, pós-venda e inovações incrementais sistemáticas.

d) Aumentam os casos de co-projeto de novos produtos, envolvendo uma empresa âncora e seus fornecedores.

A inovação tecnológica é um fenômeno que tem fortes componentes socioeconômico e cultural. Assim, há que levar em conta o desafi o de como converter as manifestações de apreço pela importância da inovação em aportes concretos das partes interessadas, incluindo, mas sem a eles se limitar, investimentos fi nanceiros privados e públicos.

Outra questão crítica é como lidar com o elevado potencial de resistências decorrentes dos efeitos negativos, objetivos ou subjetivos, da inovação tecnológica7.

A.3 Referências práticas

A referência mais utilizada adota como defi nição de inovação as Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos (TPP), que compreendem as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação TPP é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo).

A principal referência internacional é o Manual de Oslo, publicado pela OCDE, contendo diretrizes para coletar e interpretar dados sobre inovação. Sua primeira edição (OSLO 1) foi publicada em 1992, o que mostra a juventude dessa preocupação.

A segunda edição (OSLO 2), publicada em 1997, atualizou o marco conceitual, as defi nições e a metodologia, pela incorporação da melhor compreensão do processo de inovação. Essa versão do Manual é largamente utilizada, no Brasil, na produção de estatísticas sobre inovação que tenham comparabilidade internacional.

7 Exemplos de efeitos problemáticos alegados da inovação tecnológica são: (i) a percepção de prejuízo aos trabalhadores, quer pela redução dos postos de trabalho quer pela sua desqualifi cação, especialmente pela adoção de tecnologias da informação e comunicação; (ii) os riscos ambientais, notadamente no desenvolvimento e utilização das biotecnologias avançadas e das nanotecnologias; e (iii) os usos da tecnologia para fi ns criminosos, para atos de terrorismo e, conforme evidenciado pela história recente, para realizar genocídio.

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Essa edição do Manual registra, já no começo, a observação de que a complexidade do processo de inovação, assim como as variações na forma como ele ocorre em diferentes tipos de empresas e setores, faz com que as defi nições claras nem sempre sejam possíveis e que se tenha de adotar convenções.

As versões OSLO 1 e OSLO 2 utilizam, como defi nição de inovação, as Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos (TPP), que compreendem as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação TPP é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo).

Uma inovação TPP envolve uma série de atividades científi cas tecnológicas, organizacionais, fi nanceiras e comerciais. Uma empresa inovadora em TPP é uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou com substancial melhoria tecnológica durante um período em análise.

Em 2005 foi publicada a terceira edição do Manual (OSLO 3), expandindo o marco conceitual da inovação em três sentidos:

a) Enfatiza o papel das ligações com outras empresas e instituições (tais como ICT) no processo de inovação.

b) Reconhece a importância da inovação em setores menos intensivos em P&D, tais como serviços e indústrias de “baixa tecnologia”.

c) Amplia a defi nição de inovação, reconhecendo dois tipos adicionais: a inovação organizacional e a inovação mercadológica. Ambos são percebidos como importantes para capturar de forma mais completa os fatores que afetam o desempenho de uma empresa.

Essa adição leva, naturalmente, a um número maior de fi rmas consideradas inovadoras. Assim, para medir a inovação, é necessário identifi car os tipos de empresas inovadoras, como base nos tipos de inovação que implantaram, assim como suas capacidades e atividades voltadas à inovação. Ou seja, não é sufi ciente saber se uma fi rma é ou não inovadora, mas saber como a empresa inova e que tipos de inovação implementou.

A defi nição de inovação praticada na produção de estatísticas, quer pelo IBGE, na Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), quer pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) de São Paulo, na mais recente edição da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (PAEP 2001), segue estritamente a de TPP, preconizada em OSLO 2.

As instituições envolvidas com medição da inovação têm grande cuidado na padronização da prática do reconhecimento do que é e do que não é inovação. Para evitar a consideração indevida, elas dão ilustrações concretas do que não é inovação, tais como:

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a) No Manual de Oslo: nova coleção de roupas associada à mudança da estação (a menos que um produto tenha uma alteração signifi cativa, tal como a introdução de um forro com características expressivamente melhores num blusão); ajustamento de um produto à demanda de um cliente (a menos que tenha atributos signifi cativamente diferentes dos produtos anteriormente feitos pela empresa); mudanças menores ou atualizações reduzidas em equipamentos e software existentes.

b) Na PAEP 2001: numa empresa que abate aves, embalar mercadorias em bandeja de isopor; numa indústria de vestuário, novos conjuntos de roupas; inovações puramente estéticas ou de estilo; mudanças administrativas ou organizacionais que demandem uso de tecnologias; introdução de páginas na internet que visem puramente à divulgação da empresa.

Seguindo mais uma vez o Manual OSLO 2, estabelece o IBGE as seguintes categorias de atividades que as empresas empreendem para inovar:

a) Atividades internas de P&D.

b) Aquisição externa de P&D.

c) Aquisição de outros conhecimentos externos, para que a empresa desenvolva ou implemente inovações.

d) Aquisição de máquinas e equipamentos.

e) Treinamento orientado ao desenvolvimento de produtos/processos tecnologicamente novos ou signifi cativamente aperfeiçoados e relacionados às atividades inovativas da empresa.

f) Introdução das inovações tecnológicas no mercado, compreendendo as atividades de comercialização diretamente ligadas ao lançamento de produto tecnologicamente novo ou aperfeiçoado.

g) Projeto industrial e outras preparações técnicas para a produção e distribuição, incluindo mudanças nos procedimentos de produção e controle de qualidade, métodos e padrões de trabalho e software requeridos para a implementação de produtos ou processos tecnologicamente novos ou aperfeiçoados, assim como atividades de Tecnologia Industrial Básica (TIB), os ensaios e testes (que não são incluídos em P&D) para registro fi nal do produto e para o início efetivo da produção.

Finalmente, cabe registrar que os novos marcos legais brasileiros adotam variantes da defi nição de inovação TPP, sendo a formulação da Lei do Bem e da Lei Geral da MPE muito próxima à original:

a) A Lei da Inovação assim a defi ne: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social, que resulta em novos produtos, processos ou serviços (Art. 2º, inciso IV).

b) A Lei do Bem defi ne inovação tecnológica como sendo a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado (Art. 17, inciso VI, parágrafo 1º).

c) A Lei Geral da MPE, ao tratar da inovação, adota exatamente a defi nição da Lei do Bem para inovação tecnológica (Art. 64, inciso I).

A.4 Defi nição operacional para o Sistema SEBRAE

A extensão do Sistema “até a ponta”, bem como a diversidade de situações, tende a gerar ambigüidades na percepção do que é inovação tecnológica. O exame detalhado feito no Sistema de Informação de Orçamento (Siorc) evidenciou a existência dessas ambigüidades, além de dispêndios que, pela indicação, não têm a ver com inovação e tecnologia.

Propõe-se que o Sistema SEBRAE passe a utilizar a defi nição de inovação da Lei Geral da MPE com um pequeno ajuste (trocando fabricação por produção): é a concepção de novo produto ou processo de produção, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo, que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.

O SEBRAE reconhece a importância da tecnologia e da inovação desde a sua constituição. Seria confortável assumir que essas noções sejam relativamente claras a todos os membros da comunidade SEBRAE, bastando aplicar o senso comum. Contudo, a extensão do Sistema “até a ponta”, bem como a diversidade de situações, tende a gerar ambigüidades nessa percepção e, em decorrência, na atuação cotidiana. O exame detalhado feito no Sistema de Informação de Orçamento (Siorc) e, em menos detalhe, nos demais sistemas (Sigeor e Siplan) evidenciou a existência dessas ambigüidades.

Com base nas informações extraídas do Siorc, foram examinadas 4.666 iniciativas, de todas as unidades estaduais e do SEBRAE/NA, classifi cadas na função “inovação e tecnologia”. Caso a caso foi verifi cado o tipo de ação, para identifi car se realmente os gastos apresentados correspondem a essa categoria da classifi cação funcional do SEBRAE. Foram atribuídos os seguintes conceitos:

S = Sim P = Sim em parte N = Não D = Depende

Na categoria “Sim em parte” foram consideradas todas as iniciativas que continham despesas associadas à inovação e tecnologia, mesmo quando houvesse inclusão de gastos de outra natureza. Na categoria “Depende” foram consideradas todas as iniciativas que podem ser de inovação e tecnologia, mas cujo título da conta não oferece poder discriminante, necessitando de informações primárias complementares. Nos demais casos, foi possível atribuir as categorias “Sim” ou “Não”.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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Como os títulos utilizados pelos contadores de cada região não são uniformes, foi elaborado um quadro sinóptico com o objetivo de facilitar a padronização da contabilização dos gastos em inovação e tecnologia8. Vale salientar que, além da classifi cação dos gastos apresentados, foi possível caracterizar a clientela que originou a demanda atendida, obtendo-se o seguinte quadro auxiliar:

Cadeias Produtivas

Atendimento Coletivos

a) APL.

b) Incubadoras.

c) Artesões.

d) Grupo de Produtores.

e) Agricultura Familiar.

f) Cooperativas.

g) Desenvolvimento de setor específi co (turismo, cerâmica etc.).

Atendimento Individual

Empresas de Tecnologias Dinâmicas

a) Incubadoras de base tecnológica.

b) Empresas Individuais.

Foram consideradas como despesas associadas à inovação e tecnologia as indicadas no quadro a seguir:

8 As informações estão em planilha eletrônica, permitindo fazer algumas simulações para avaliar os valores dos itens em relação ao total dos gastos.

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Demanda Atendida Ações

Cadeias Produtivas Ações tecnológicas na área decomercialização

Atualização de Processos

Capacitação de Fornecedores

Capacitação Tecnológica – Curso /Palestra

Capacitação Tecnológica – VisitaTecnológica/Missão

Captação de Recursos Financeiros paraDesenvolvimento Tecnológico

Consultoria Tecnológica

Desenvolvimento de Processos

Desenvolvimento de Produtos

Design

Diagnósticos Tecnológicos

Difusão Tecnológica

Gestão Ambiental

Informação Tecnológica

Metrologia / Normalização / Certifi cação

Modernização de Produção

Produtividade

Propriedade Intelectual (cartilhas,apostilas, livros)

Qualidade

Atendimento Coletivos

• APL

• Incubadoras

• Artesões

• Grupo de Produtores

• Agricultura Familiar

• Cooperativas

• Desenvolvimento de setor específi co (turismo, cerâmica etc.)

Atendimento Individual

Empresas de Tecnologias Dinâmicas

• Incubadoras de base tecnológica

• Empresas Individuais

Foram consideradas como não-pertinentes à função inovação e tecnologia as despesas relativas aos tópicos indicados no quadro a seguir:

a) Gestão/Consultoria Empresarial.

b) Custeio/Gestão Área Tecnológica.

c) Gestão de Projetos (não ligados à tecnologia).

d) Consultoria Gerencial.

e) Consultoria de Custos de Produção.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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Aos fatos apontados, deve-se agregar a própria evolução da compreensão nacional e internacional a respeito da inovação tecnológica, conforme foi avançando a percepção de sua importância e da necessidade de estabelecer marcos legais e indicadores. Essa complexidade tem levado à busca de explicitação pela própria comunidade, como no Relatório do GT3 e na diretriz para Atuação do Sistema SEBRAE em APL.

Para uma defi nição operacional de inovação para o Sistema SEBRAE, recomendam-se considerar as formulações estabelecidas nos novos marcos legais e as praticadas na mensuração da inovação, conforme exposto anteriormente nesta Seção.

Propõe-se que no escopo do que são consideradas ações de apoio tecnológico para MPE, inclusive para fi ns de atendimento à deliberação de 1998 do CDN, seja levada em conta a defi nição de inovação adotada na Lei Geral da MPE. Faz-se necessária, contudo, uma alteração, substituindo fabricação por produção, tanto por razão conceitual como porque a abrangência das MPE não se limita às de transformação industrial. Resulta, então, a defi nição operacional seguinte:

Concepção de novo produto ou processo de produção, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo, que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.

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ANEXO B

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B. PANORAMA DA INOVAÇÃOTECNOLÓGICA NO BRASIL

Cerca de 1/3 das empresas industriais brasileiras com dez ou mais pessoas ocupadas inovou. Quanto menor o porte, menor a taxa de inovação; o segmento das empresas com 10 a 49 pessoas ocupadas que permitiu um discreto crescimento na taxa de inovação entre os períodos 1998–2000 e 2001–2003, reduziu a sua taxa no período 2003–2005.

Recente estudo do IPEA caracterizou como empresas que inovam e diferenciam produtos menos de 2% das 84 mil indústrias pesquisadas; as demais são especializadas em produtos padronizados (21%) ou são empresas que não diferenciam produtos e têm produtividade inferior (77%).

A percepção da importância crescente da inovação tecnológica levou o governo federal a determinar, na virada do século, que o IBGE, seu órgão ofi cial de estatísticas, passasse a levantar regularmente a situação brasileira nesse campo.

Em cumprimento a essa determinação, começou o IBGE a apurar indicadores de inovação harmonizados com os padrões internacionais defi nidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Estão disponíveis três versões da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), referidas a 2001, 2003 e 2005. Elas contemplam as empresas industriais com dez ou mais pessoas ocupadas; seu número era, respectivamente, de 72 mil, 84 mil e 91 mil.

A terceira edição dessa pesquisa ampliou o universo estudado, incluindo cinco mil empresas de serviços de elevado conteúdo tecnológico, dos setores de telecomunicações, informática e P&D.

O resultado central obtido pela Pintec é a taxa de inovação, ou seja, a fração de empresas que introduziu pelo menos um produto ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado nos triênios em análise (respectivamente, 1998–2000, 2001–2003 e 2003–2005).

Uma vez que o foco desta diretriz é a MPE, extraiu-se das duas edições da abrangente Pesquisa apenas o detalhamento da taxa de inovação por porte da empresa, sintetizado na tabela adiante. As observações principais são:

a) Foi constatada inovação em cerca de 1/3 das empresas.

b) Nos dois períodos referidos, quanto menor o porte, menor a taxa de inovação.

c) Houve crescimento discreto na taxa de inovação da primeira para a segunda edição da pesquisa.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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d) O segmento responsável por esse crescimento foi o das empresas com 10 a 49 pessoas ocupadas, que é precisamente foco da atuação do SEBRAE (cabe reiterar que a Pintec não pesquisou as fi rmas com uma a nove pessoas ocupadas).

e) Todavia, esse segmento teve queda perceptível na taxa de inovação ao longo do terceiro triênio pesquisado (2003–2005).

f) Nas empresas de serviços as taxas de inovação são substancialmente maiores: 45% em telecomunicações, 58% em informática e 98% em P&D.

Análise feita pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) em recente estudo9 torna relativo esse resultado, pois parcela signifi cativa das empresas que inovaram não realizou atividades inovativas no período, da forma como elas foram defi nidas pela OECD e pelo IBGE/Pintec, o que reduz ainda mais o número de empresas que devem ser consideradas inovadoras.

Taxa de Inovação (em %)

Pessoas Ocupadas

Taxa de Inovação 1998–2000

Taxa de Inovação 2001–2003

Taxa de Inovação 2003–2005

Total 31,5 33,3 33,4

De 10 a 29* 25,3 30,4 28,5

De 30 a 49* 33,3 34,2 30,8

De 50 a 99* 43,0 34,9 40,6

De 100 a 249 49,3 43,8 55,5

De 250 a 499 56,8 48,0 65,2

Com 500 e mais 75,7 72,5 79,6

Fonte: IBGE/ Pintec

*Estes segmentos correspondem às microempresas e empresas de pequeno porte.

A taxa de inovação verifi cada, de cerca de 1/3, tornaria o Brasil aparentemente comparável a países avançados. Mas é preciso dar-se conta de que essa taxa de inovação tem como referencial todos os tipos de inovação tecnólogica considerados, ou seja:

a) Inovação de produto para o mercado nacional.

b) Inovação de produto tendo como referência a própria empresa.

c) Inovação de processo para o mercado nacional.

d) Inovação de processo voltado para a própria empresa.

9 ARRUDA, M. et al. – Inovação tecnológica no Brasil: a indústria brasileira em busca da competitividade global. São Paulo, Anpei, 2006.

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O otimismo ilusório se desfaz quando o referencial é a inovação de produto para o mercado nacional, que é a forma mais tradicional de compreender inovação tecnológica: neste caso a taxa de inovação cai para 3%10.

A indicação do salto a dar, para que o Brasil atinja níveis comparáveis aos de países desenvolvidos, está evidente no desempenho exportador. Registra a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que as MPE exportadoras foram cerca de nove mil em 2005, correspondendo a 46% do número total de empresas que venderam seus produtos no exterior. Foram elas, todavia, responsáveis por menos de 3% do total das vendas.

Comparando com o ano anterior, verifi cou a Secex que, apesar do crescimento havido no total do valor exportado, a presença das MPE contraiu-se tanto no número de empresas quanto no valor vendido. A nota positiva é que parcela importante das MPE exportadoras em 2004 continuou a exportar em 2005, mas já enquadrada como empresas médias (ou, eventualmente, grandes), pelo rápido aumento do volume de negócios. A nota negativa é que a taxa de entrada de novas MPE exportadoras não foi sufi ciente para contrabalançar a taxa de “promoção”.

A magnitude do desafi o concreto da inovação para o tecido industrial brasileiro é evidenciada em estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), fundação pública federal vinculada à Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da República. Denominado Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das fi rmas industriais brasileiras, visualiza três categorias de fi rmas entre as aproximadamente 84 mil pesquisadas pela Pintec:

a) Empresas que inovam e diferenciam produtos: (pouco menos de) 2%.

b) Empresas especializadas em produtos padronizados: 21%.

c) Empresas que não diferenciam produtos e têm produtividade inferior: 77%.

A importância crescente da inovação tecnológica como fator crítico de bem-estar e competitividade tem levado entidades internacionais a incluir as dimensões de tecnologia e inovação nas classifi cações comparativas.

Isso ocorre, por exemplo, numa das mais utilizadas classifi cações internacionais no ambiente dos negócios, que é o Índice de Competitividade Global (ICG), elaborado por uma organização privada, o World Economic Forum (WEF). No ranking de 2006–2007 o Brasil está na 66ª posição, entre 125 nações.

É interessante observar que, nos dois componentes que incluem prontidão tecnológica e inovação, o País está classifi cado em posição melhor, respectivamente, em 57º e 38º lugares. Esse posicionamento refl ete, em medida

10 Na Pintec 2003, a mais recente, a taxa de inovação de 20% em produtos, reduz-se a 3% quando referida ao mercado nacional; a marca de 27% de inovação em processo cai para 2% quando o critério é ser tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado e dirigido ao mercado em que a empresa atua no Brasil, e não voltado apenas para ganhos internos.

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expressiva, a metodologia adotada (pelo WEF), em que os julgamentos são bastante calcados nas opiniões coletadas junto a altos executivos de empresas de grande porte, usualmente subsidiárias de corporações transnacionais. É questionável o que aconteceria se a enquete auscultasse, também, o(a)s dirigentes de empresas de porte menor11.

A inclusão das variáveis tecnologia e inovação é evidente, também, na mais conhecida classifi cação internacional de bem-estar. Levantada desde 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), baseia-se no Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH), que tem um componente de difusão e criação de tecnologia. No Relatório de 2006, o Brasil ocupa a 6ª posição no bloco das 83 nações de médio desenvolvimento humano.

Contribui para o País estar na “segunda divisão” menos o nível relativo de dispêndio em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e mais a reduzida presença de pesquisadores ativos e a falta de cuidado com a propriedade intelectual12.

A desejada promoção para o bloco das nações de IDH alto apenas será conseguida, nesse componente, com um vigoroso aumento da atividade tecnológica sistemática e organizada nas MPE e nas fi rmas de porte médio.

11 Por exemplo, o primeiro elemento do pilar Inovação é a qualidade das instituições de pesquisa. No Brasil, ela é, de forma geral, considerada boa pelos executivos desse segmento empresarial. Contudo, a reduzida condição de acesso das empresas de porte médio e pequeno e das microempresas muito provavelmente puxaria essa avaliação para baixo.

12 Na classifi cação divulgada em 2006, que se baseia em dados de 2004, o Brasil está na 69ª posição entre 177 nações (63 com IDH alto, 83 médio e 31 baixo). O dispêndio brasileiro em P&D relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB), que foi de 1%, é maior do que o gasto por cerca de metade dos países da “primeira divisão”. Mas, para estar na média dos países de IDH alto, o Brasil deveria ter um número de pesquisadores envolvidos com P&D nove vezes maior!

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ANEXO C

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C. MARCO LEGAL, POLÍTICAS PÚBLICAS EESPAÇOS DE CONCERTAÇÃO

C.1 Nova legislação aplicável

Três novos marcos legais balizam a atuação do Sistema SEBRAE em inovação e acesso à tecnologia.

A Lei da Inovação abrange todas as MPE, ao instruir as agências de fomento a promover ações de estímulo à inovação nas MPE, inclusive mediante extensão tecnológica realizada por universidades e institutos de pesquisa. As fi rmas inovadoras, em especial as incubadas, serão benefi ciadas pela maior mobilidade dos pesquisadores, pela facilitação no trato da propriedade intelectual e pela prioridade no acesso a laboratórios públicos.

A Lei do Bem oferece uma “cesta” de incentivos, entre os quais a permissão da dedução automática, como despesa corrente, de no mínimo 160% dos gastos com P&D e inovação tecnológica (chegando a até 200%). Introduz, juntamente com a Lei de Inovação, o conceito de subvenção econômica direta às empresas do setor produtivo, sendo que já foram lançadas três chamadas para subvenção, com atenção diferenciada para as MPE. Também atenua parcialmente as clássicas limitações dos incentivos fi scais, ao estabelecer que não constituam receita das MPE as importâncias recebidas de médias ou grandes empresas que lhes confi am a realização de pesquisa e desenvolvimento para inovação tecnológica.

A Lei Geral da MPE, sancionada recentemente, prevê que as três esferas de governo e as respectivas agências de fomento, assim como as instituições científi cas e tecnológicas, devem manter programas específi cos que estimulem a inovação nas MPE. Estabelece, com abrangência nacional, a alocação mínima às MPE de 20% dos recursos públicos aplicados em pesquisa, desenvolvimento e capacitação tecnológica na área empresarial. Há importantes oportunidades também na área das contratações com o governo.

Três novos marcos legais da maior importância para o balizamento da atuação futura do Sistema SEBRAE em inovação e acesso à tecnologia emergem no biênio 2004–2006. Todos têm em comum a intenção de fomentar a competitividade das empresas pela inovação tecnológica e simplifi car a vida das organizações que inovam, particularmente no caso das MPE.

Os dois primeiros marcos – a Lei de Inovação e a sua decorrente Lei do Bem – estabelecem um contexto autorizador que, acredita-se, dará maior fl uidez e estímulo aos processos de inovação e ajudará a superar o quadro refl etido na Pintec.

O terceiro, a Lei Geral da MPE, provê um novo estatuto capaz de reduzir parcela expressiva das múltiplas difi culdades que afl igem essas fi rmas. Com isso,

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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espera-se, haverá uma sensível redução dos altos níveis quer da informalidade quer da mortalidade das MPE formais.

C.1.1 Lei da Inovação

O estabelecimento de um marco legal para a inovação no Brasil seguiu um caminho turbulento, desde 2000 até fi ns de 2005.

Inspirada na legislação francesa de 199913, a Lei nº 10.973, sancionada em 2.12.2004 e regulamentada pelo Decreto nº 5.563, de 11.10.2005, com ela compartilha o apelido e a matriz intelectual.

Esta pode ser resumida em quatro proposições:

a) As empresas precisam inovar para se manterem competitivas na economia mundializada.

b) Fisicamente próximas às empresas, mas efetivamente distantes delas, estão universidades e institutos de pesquisa, que dispõem de tecnologias e competências relevantes.

c) Cabe ao governo a responsabilidade de criar condições para remover esse “biombo cultural”.

d) O instrumento legal é efi caz para criar uma nova dinâmica de relacionamento entre os dois universos, de valores distintos.

A Lei da Inovação “dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científi ca e tecnológica no ambiente produtivo”, buscando agir em quatro frentes:

a) Medidas para a construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação.

b) Mecanismos autorizadores que estimulem a participação das instituições científi cas e tecnológicas (ICT) no processo de inovação.

c) Medidas de estímulo à inovação nas empresas, incluindo a subvenção econômica.

d) Apoio ao inventor independente.

Às MPE é previsto tratamento diferenciado. Assim, na aplicação do disposto nessa Lei, deve-se assegurar prioridade às empresas de pequeno porte (Art. 27, inciso III). O Decreto nº 5563/05, que regulamenta a Lei de Inovação, defi ne que “Ato conjunto dos Ministros de Estado da Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Fazenda defi nirá anualmente o percentual dos recursos do FNDCT que serão destinados à subvenção econômica, bem como o percentual a ser destinado exclusivamente à subvenção para as microempresas e empresas de pequeno porte.”

13 Loi sur l’innovation et la recherche. A propósito, foi realizado no período de 6 a 8 de novembro de 2006 o Fórum Franco-Brasileiro de Inovação, em que um dos focos foi justamente o exame dos primeiros resultados do marco legal francês e os aprimoramentos ali instituídos.

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Menções específi cas ocorrem nas propostas de subvenção econômica às MPE:

a) Estímulo e apoio da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e as respectivas agências de fomento ao empreendedorismo tecnológico e à criação de ambientes de inovação, inclusive incubadoras e parques tecnológicos (Art. 3º, parágrafo único).

b) Autorização às ICT para compartilhamento, mediante remuneração e por prazo determinado, dos seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações com MPE, em atividades voltadas à inovação tecnológica, para a consecução de atividades de incubação (Art. 4º, inciso I).

c) Permissão para que ICT concedam licença sem remuneração ao pesquisador público, por três anos prorrogáveis por igual período, para constituir empresa com a fi nalidade de desenvolver atividade empresarial relativa à inovação (Art. 15), ao mesmo tempo facilitando a admissão de substituto para suprir a sua falta (Art. 24, inciso VII).

d) Instrução às agências de fomento para promover, por meio de programas específi cos, ações de estímulo à inovação nas MPE, inclusive mediante extensão tecnológica realizada pelas ICT (Art. 21).

e) Recomendação de apoio das ICT ao inventor independente que comprove pedido de patente (Art. 22).

C.1.2 Lei do Bem

A Lei 11.196 (cognominada Lei do Bem), sancionada em 21/11/2005 e regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 7/06/2006, inclui um capítulo sobre incentivos à inovação tecnológica (artigos 17 a 26). Destacam-se as suas características seguintes:

a) Introduz o automatismo nos incentivos.

b) Amplia o incentivo relativo ao imposto de renda.

c) Estimula a contratação de pesquisadores pelas empresas.

d) Estimula a cooperação empresa – ICT.

e) Prioriza o apoio e o fomento à inovação tecnológica das MPE.

A Lei do Bem mantém, no que se refere aos incentivos fi scais, uma fragilidade de mecanismos anteriores similares ao limitar os incentivos às empresas que recolhem imposto de renda com base no lucro real apurado (o que corresponde a cerca de um décimo das fi rmas formalizadas no País). Há, entretanto, alguns outros incentivos fi scais e não fi scais independentes e não aplicáveis ao imposto de renda.

Existem outras medidas que buscam atenuar essa limitação. De fato, o Art. 18 prevê que podem ser deduzidas como despesas operacionais as importâncias

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transferidas a MPE, destinadas à execução de pesquisa tecnológica e de desenvolvimento de inovação tecnológica de interesse e por conta e ordem da pessoa jurídica que promoveu a transferência. Não constituem receita das MPE as importâncias recebidas, desde que utilizadas integralmente na realização de P&D de inovação tecnológica.

Em decorrência desses novos marcos legais, introduziu-se o mecanismo da subvenção econômica às empresas, fortemente reivindicado pelo setor produtor. Entre os vários mecanismos de subvenção introduzidos, destaca-se o de subvencionar o valor da remuneração de pesquisadores, titulados como mestres e doutores, empregados em atividades de inovação tecnológica nas empresas.

No segundo semestre de 2006 foram lançadas pela Finep as três primeiras chamadas para subvenção. Entre elas, em 6/09/2006, foi aberta chamada pública para seleção e credenciamento de parceiros para operação descentralizada do Programa de Apoio à Pesquisa em Pequenas Empresas (Pappe)14, na modalidade subvenção à MPE. O montante alocado ao Pappe Subvenção, R$ 150 milhões, a ser aplicado em três anos (até 2008), destina-se ao custeio de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) realizadas por MPE, individualmente ou em consórcio.

A chamada realizada não envolveu, nessa etapa, a concessão de recursos fi nanceiros. Buscou, sim, estimular a formação de arranjos de instituições com atribuições complementares de fomento à C&T, análise técnica e gerencial de projetos de P,D&I, fi nanciamento e gestão fi nanceira, a fi m de operar de forma descentralizada a subvenção econômica voltada às MPE.

Cabe observar que é facultado aos parceiros estaduais ou regionais oferecer recursos complementares aos da Finep, a serem aportados em projetos de P,D&I nas MPE selecionadas mediante chamadas públicas específi cas. Sugeria o edital que esses recursos estejam na proporção de 1:1 até 1:3 do aporte da Finep (complementação proporcionalmente maior em São Paulo e menor em alguns estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste).

Alguns SEBRAE/UF se candidataram a essa parceria, geralmente em arranjo com outras entidades locais, tendo sido bem sucedidas na primeira etapa do processo de credenciamento. Na segunda etapa o número de iniciativas foi reduzido de 41 para 12.

14 Instituído em 2004, o Pappe é uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), realizada pela Finep em parceria com as fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAP). Busca fi nanciar atividades de P&D de produtos e processos inovadores empreendidos por pesquisadores que atuem diretamente ou em cooperação com empresas de base tecnológica. A operação desse Programa baseia-se no apoio direto ao pesquisador, associado a uma empresa já existente, ou em criação, pelo fi nanciamento de seu projeto de pesquisa de criação de um novo produto ou processo. São apoiados, no âmbito desse Programa, projetos que estejam em fases que precedem a comercialização.O Pappe inspira-se no Programa de Inovação em Pequenas Empresas (PIPE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Essa iniciativa pioneira, que tem apoiado um projeto de MPE por semana desde a sua criação, em 1997, foi, por sua vez, inspirada no Small Business Innovation Research Program (SBIR) norte-americano.

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Merece destaque, também, o edital para seleção de propostas para subvenção econômica, lançado na mesma data e prazo fi nal de 23/10/2006, no valor de R$ 300 milhões, para aplicação em três anos. Havia ali uma diferenciação explícita a favor das MPE na exigência de contrapartida mínima, que é 5% a 20%, de acordo com a região, em vez de 50% a 60% para empresas de porte grande. Estipulou-se, adicionalmente, a orientação de que, no mínimo, 20% dos recursos sejam aplicados em pequenas empresas inovadoras15.

O retorno surpreendeu agradavelmente o governo federal, quer pelo número quer pelo volume das propostas – 1099, com demanda de R$ 1,9 bilhão. Foi auspicioso o perfi l dos postulantes, estando 85% no foco da atuação do SEBRAE. Foram aprovados 69 projetos em projetos focados nas prioridades da Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce), no valor de R$ 145 milhões, sendo R$ 68,8 milhões para MPE. Cabe observar que o piso reservado para projetos de MPE era de R$ 60 milhões, uma vez que os recursos previstos eram R$ 300 milhões; todavia, não se conseguiu chegar a esse total por problemas encontrados pela Finep nas propostas. Mais 78 projetos, relativos a outros temas, foram aprovados.

Completando a tríade, foi lançada, em 8/11/2006, chamada pública para propostas de subvenção à inserção de novos pesquisadores, titulados como mestres ou doutores, em atividades de inovação tecnológica realizadas por empresas. Da mesma forma que nas duas outras chamadas, há um tratamento diferenciado favorável às MPE16 na avaliação das propostas, uma vez que os critérios explicitados atribuem nota maior quanto menor for a empresa. Foram aprovados 43 pedidos no total.

Cabe aperfeiçoar dois aspectos dessa chamada:

(i) deveria se aplicar, também nessa modalidade de subvenção, o critério de 20% para MPE; e

(ii) o procedimento de ressarcimento semestral de despesas difi culta o fl uxo de caixa das MPE.

C.1.3 Lei geral da microempresa e empresa de pequeno porte

Longamente aguardada pela sociedade brasileira, a Lei Complementar nº 123 foi sancionada pelo presidente da República em 14/12/2006. Propõe um novo Estatuto Nacional para as MPE, em substituição ao vigente, instituído pela Lei nº 9.841, de 5/10/1999, regulamentada pelo Decreto nº 3.474, de 19/5/200017.

15 Essa porcentagem está alinhada ao estabelecido na Lei Geral da MPE.

16 A Finep classifi ca as empresas de acordo com a receita operacional bruta anual ou anualizada: microempresa é a que tem receita até R$ 1,2 milhão; pequena empresa é a que receita superior a R$ 1,2 milhão e inferior ou igual a R$ 10,5 milhões.

17 O projeto de lei altera os tetos de valores da receita bruta anual que delimitam o porte das empresas, com relação ao estipulado no Decreto nº 5.028, de 31.3.2004, que alterou os defi nidos no Estatuto original: (i) microempresa: redução sensível, de R$ 433.755,14 para R$ 240.000,00; e (ii) empresa de pequeno porte: aumento discreto, de R$ 2.133.222,00 para R$ 2.400.000,00. Cabe observar a existência de outro teto, decorrente de resolução do Mercosul, estabelecido pela Portaria nº176, de 1/10/2002, do MDIC, respectivamente de R$ 1,2 milhão e R$ 10,5 milhões.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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O projeto trata fundamentalmente de mudanças no panorama tributário, criando um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, assim como no panorama trabalhista e previdenciário.

São previstas outras medidas de interesse geral das MPE, por exemplo, algumas concessões em contratações públicas da União, dos Estados e dos Municípios. Poderá ser concedido tratamento diferenciado e simplifi cado para as MPE objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da efi ciência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica, desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente (Art. 47).

Incluída no Estatuto em vigor, no capítulo dedicado ao desenvolvimento empresarial, a atenção à tecnologia e à inovação ganha espaço no projeto da Lei Geral. De fato, o Capítulo X (artigos 64 a 67) trata do estímulo à inovação. Ele começa com defi nições, sendo a de inovação mais ampla do que a constante na Lei da Inovação.

Os principais pontos tratados nesse capítulo afetam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e as respectivas agências de fomento, as ICT, os núcleos de inovação tecnológica (prescritos pela Lei de Inovação) e as instituições de apoio (tipicamente fundações). Esses entes devem manter programas específi cos para as MPE, inclusive quando estas revestirem a forma de incubadoras, observando-se o seguinte:

a) As condições de acesso devem ser diferenciadas, favorecidas e simplifi cadas.

b) O montante disponível e suas condições de acesso devem ser expressos nos respectivos orçamentos e amplamente divulgados, em conjunto com as suas estratégias, para maximizar a participação do segmento.

c) As entidades citadas devem ter por meta a aplicação de, no mínimo, 20% dos recursos destinados à inovação para o desenvolvimento de tal atividade nas MPE.

Quanto a essa última, cabe observar que se trata de disposição que dá uma abrangência nacional ao que, no Estatuto anterior, é demandado apenas dos órgãos e entidades da Administração Federal. Dos recursos federais aplicados em pesquisa, desenvolvimento e capacitação tecnológica na área empresarial, no mínimo 20% deveriam ser dedicados, prioritariamente, para o segmento da MPE (Art. 20 da Lei nº 9.841/99). Todavia, o Decreto nº 3.474/00, que regulamentou a Lei mencionada, omitiu o tratamento desse artigo, assim esterilizando-o. O entendimento vigente é que o dispositivo do Estatuto atual é de auto-aplicação no que se refere à aplicação de mínima de 20%, mas precisa de regulamentação na parte que se refere à desoneração tributária de bens de capital para P&D, indicada a seguir.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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Prevê, também, o projeto da Lei Geral autorização ao Ministério da Fazenda para reduzir a zero a alíquota do IPI, COFINS e contribuição para o PIS/PASEP incidentes na aquisição de equipamentos, máquinas, aparelhos, instrumentos, acessórios e ferramentas adquiridos por MPE que atuem no setor de inovação tecnológica (sic), na forma defi nida em regulamento.

Há, ainda, duas provisões de natureza institucional relevantes ao tema inovação. Assim, caberá ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e aos órgãos estaduais e municipais congêneres coletar e divulgar anualmente informações que assegurem a transparência dessas aplicações e previsões.

Por sua vez, a gestão do tratamento diferenciado e favorecido às MPE caberá ao Fórum Permanente das MPE, criado em 2000 pelo referido Decreto nº 3474/00 (o funcionamento e os resultados do Fórum no campo da tecnologia e inovação estão descritos mais adiante nesta Seção). O Fórum foi instituído e regulamentado pelo Decreto nº 6.174, de 1/8/2007, como instância governamental federal competente para cuidar dos aspectos não-tributários relativos ao tratamento diferenciado e favorecido dispensado às MPE.

C.2 A nova política industrial

A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) marca o retorno à intervenção do Estado no processo de desenvolvimento econômico, com bastante atenção à política tecnológica. É um referencial essencial para o entendimento do ambiente das MPE, subsidiando o empenho em aumentar o peso da variável tecnológica na agenda e na prática dessas fi rmas.

Merece destaque, também, a volta do BNDES ao fi nanciamento à inovação, em que dá tratamento diferenciado para as MPE.

A dimensão industrial é retomada com uma apreciação sintética do Mapa Estratégico da Indústria.

C.2.1 Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior

Lançada pelo governo federal, em 31/3/2004, essa política é uma coleção de 57 medidas, estruturadas segundo três eixos (os números indicam a quantidade de medidas):

a) Linhas de ações horizontais:

» Inovação de produto, processo e gestão (7);

» Fortalecimento de pequenas e médias empresas (3);

» Inserção externa e competitividade (5);

» Modernização industrial (4);

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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» Ambiente favorável ao desenvolvimento industrial (7);

» Fortalecimento do Sistema Nacional de Inovação (4).

b) Opções estratégicas: semicondutores, software, bens de capital e fármacos (23).

c) Atividades portadoras do futuro: biotecnologia, nanotecnologia, biomassa e energia renovável & mecanismo de desenvolvimento limpo (4).

As sete medidas voltadas à inovação de produto, processo e gestão, cinco delas voltadas ao fortalecimento do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), não excluem as MPE, mas não lhes dão atenção especial.

Já três das quatro medidas voltadas ao fortalecimento de pequenas e médias empresas têm caráter tecnológico e são de interesse direto das MPE:

» Programa de Extensão Industrial Exportadora (PEIEx), com meta de atender 100 mil empresas;

» Certifi cação de consórcio, bônus de metrologia e bônus de certifi cação; e

» Programa de Inovação Tecnológica em APL, com a meta de apoiar 50 arranjos.

As medidas enunciadas foram as previstas originalmente. Outras se agregaram ao longo do tempo.

C.2.2 Nova política do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Entre as medidas posteriores à emissão da Pitce, merece destaque o retorno do Banco ao conjunto de apoiadores da inovação tecnológica. As políticas operacionais do Banco estabelecem como prioridade o apoio aos investimentos que promovam a inovação tecnológica. A novidade, em vigor desde julho de 2006, é que esse apoio à inovação, entendido como a transformação da pesquisa em valor econômico e social, passa a constar entre as prioridades máximas do BNDES.

Outra mudança relevante para as MPE inovadoras é que o apoio não mais fi ca restrito a segmentos tecnologicamente sofi sticados da indústria (postura nova que a equipe do Banco denomina deselitização). Assim, ampliando o seu conceito anterior de inovação, pelo qual as linhas para P&D estavam restritas a programas específi cos, tais como o Profarma18 e o Prosoft19. Agora o BNDES quer estimular a idéia de que a inovação precisa estar presente em toda a cadeia produtiva, em qualquer segmento industrial.

18 Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica.19 Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços Correlatos.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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Na prática, o novo conceito de inovação resultou na criação de duas novas linhas de fi nanciamento à inovação, contempladas com os mais baixos custos cobrados pelo Banco, a saber: Programa de Desenvolvimento de Inovação (PDI) e Inovação Produção (IP). Foi também reativado o Fundo Tecnológico (Funtec), que libera recursos não-reembolsáveis.

Nesse novo contexto, estipula o Banco atenção diferenciada às MPE, qual seja:

a) Dispensa da constituição de garantias reais em operações de valor inferior a R$ 10 milhões, devendo, nesse caso, serem constituídas garantias pessoais.

b) Isenção da taxa de intermediação fi nanceira na linha Inovação Produção.

c) Possibilidade de apoio adicional aos pleitos de ambas as linhas de inovação para as empresas nascentes: linhas de renda variável, mediante subscrição de valores mobiliários, diretamente ou pelos fundos de investimento do BNDES.

C.2.3 Mapa Estratégico da Indústria

O Mapa, elaborado pelo Fórum Nacional da Indústria, um órgão consultivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), representa a visão da indústria sobre a agenda de desenvolvimento do setor no País para o período de 2007 até 2015. Trata dos processos fundamentais e das relações de causa e efeito, voltadas a:

a) Expandir a base industrial, promovendo o fomento de pequenas e médias empresas e de regiões menos favorecidas.

b) Inserir-se internacionalmente, a partir do desenvolvimento da cultura exportadora doméstica e da melhoria das condições de acesso aos mercados internacionais.

c) Melhorar a gestão empresarial, aumentando a qualidade e a produtividade.

d) Dar ênfase à inovação, a fi m de preparar as empresas para a competição da economia do conhecimento.

e) Desenvolver cultura de responsabilidade socioambiental, visualizando-a como uma oportunidade de negócio e um benefício para a sociedade.

O Mapa estabelece objetivos estratégicos a serem perseguidos nas seguintes áreas:

a) Educação, incluindo a criação de mecanismos de absorção e retenção de pesquisadores nas empresas, com vista a materializar os conhecimentos gerados na produção científi ca em inovação.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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b) Infra-Estrutura Tecnológica20:

» Desenvolver a rede de infra-estrutura tecnológica para atender à demanda por ensaios, testes, avaliação de conformidade e processos de certifi cação;

» Atestar a qualidade e o padrão dos produtos (cada vez mais requerida no mercado internacional), incluindo a metrologia, normalização e regulamentação técnica;

» Avaliar a conformidade; e

» Suporte à P&D e à engenharia.

c) Inovação:

» Desenvolvimento interno ou aquisição externa de P&D;

» Licenciamento de direitos de exploração e patentes;

» Aquisição de know-how e softwares;

» Aquisição de máquinas e equipamentos; e

» Atividades de treinamento orientado à criação de produtos ou processos tecnologicamente novos ou signifi cativamente aperfeiçoados.

d) Gestão Ambiental e Cultura de Responsabilidade Social.

O Mapa Estratégico prevê programas destinados às MPE para expandir a base industrial e criar vantagens competitivas. Inclui o fortalecimento das cadeias produtivas e APL e o fomento às indústrias, mediante maior acesso a mercados e à tecnologia, elevação do grau de encadeamentos de negócios e interatividade e conectividade das empresas do setor nos elos e/ou na estrutura da cadeia produtiva.

Prevê, também, a inclusão das pequenas e médias empresas no mercado internacional, possibilitando investimentos em novas tecnologias e uso de modernas formas de gestão, aumentando a competitividade global.

Uma medida prática recomendada é o estímulo a uma Rede de Centros Tecnológicos.

Diversas ações que constam no Mapa Estratégico da Indústria devem ser realizadas pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL)21 e pelo Sistema S22.

Em adição ao que consta desse Mapa, é oportuno mencionar a realização, pela CNI, de dois Congressos Brasileiros de Inovação na Indústria, em outubro de 2005 e abril de 2007. Foram ali emitidas diversas propostas específi cas voltadas às MPE.20 Esta expressão, traduzida do inglês, corresponde ao que no Brasil se convencionou denominar de Tecnologia Industrial Básica (TIB).

21 O IEL criou em 1998 a Rede de Tecnologia – Retec, que fornece as informações sobre ofertas e demandas de serviços tecnológicos aos seus usuários as quais são armazenadas formando um grande banco de dados.

22 Na área de tecnologia industrial, o Senai atua em programas que são destinados às indústrias em geral, incluindo as MPE: Programa Alimentos Seguros, assessoria técnica e tecnológica, certifi cação de produtos, design, informação tecnológica, inovação tecnológica, metrologia e qualidade ambiental.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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C.3 Espaços de concertamento

Três espaços de concertamento de ações voltadas a MPE são destacados: o Fórum Permanente das MPE (FP), o Grupo de Trabalho Permanente para APL (GTP) e o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI).

C.3.1 Fórum Permanente das MPE

O Fórum Permanente das MPE (FP), previsto na lei que instituiu o Estatuto da MPE em vigor, foi criado, no âmbito do MDIC, pelo Decreto nº 3.474, de 10/5/2000, que a regulamentou. Sua fi nalidade é orientar e assessorar na formulação e coordenação da política nacional de desenvolvimento das MPE, bem como acompanhar e avaliar a sua implantação.

O Fórum foi instituído e regulamentado pelo Decreto nº 6.174, de 1/8/2007, como instância governamental federal competente para cuidar dos aspectos não-tributários relativos ao tratamento diferenciado e favorecido dispensado às MPE.

Três das suas seis atribuições estão explicitamente voltadas à articulação:

a) Promover a articulação e a integração entre os diversos órgãos governamentais, as entidades de apoio, de representação e da sociedade civil organizada que atuam no segmento das MPE;

b) Articular as ações governamentais voltadas para as MPE; e

c) Promover ações que levem à consolidação e articulação dos diversos programas de apoio às MPE.

O FP é coordenado e presidido pelo titular do MDIC. A secretaria técnica é exercida pelo Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas, da Secretaria do Desenvolvimento da Produção desse Ministério. Seu Regimento Interno foi estabelecido pela Portaria nº 59, de 24/5/2001, do MDIC.

Na composição de julho de 2007, tinham 50 órgãos de governo, praticamente todos da esfera federal e 57 entidades de representação, a maior parte das quais de MPE.

O funcionamento do FP se dá por meio de seis comitês temáticos (CT)23. Um deles é o de Tecnologia e Inovação, com o objetivo geral de identifi car, disseminar e propor políticas e ações nesse campo focadas na necessidade das MPE. Tinha, em fi ns de 2006, o representante do MCT como coordenador do governo e, eleito pelos seus pares, o representante da Associação Goiana da Micro e Pequena Empresa como coordenador da iniciativa privada.

O CT de Tecnologia e Inovação, que se reuniu 42 vezes até setembro de 2006, teve aprovadas pelo FP as seguintes sete propostas: 23 O Regimento do FP estabelece que, como entidade de apoio às MPE, o SEBRAE pode participar de todos os comitês temáticos.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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a) Oferecer apoio institucional às atividades do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI), que está descrito mais adiante nesta Seção.

b) Oferecer apoio institucional à criação e à implantação de centros de capacitação tecnológica.

c) Articular com o Programa Fóruns de Competitividade e o Programa Brasil Empreendedor o estabelecimento de ações e a realização de um trabalho conjunto em setores estratégicos ligados à vocação socioeconômica local/regional onde predominem as MPE que atuem no campo tecnológico.

d) Criar um Comitê Interministerial com a incumbência de orientar, coordenar e gerenciar os esforços governamentais na indução ao desenvolvimento local.

e) Garantir a permanência, na Lei Geral das MPE, da disposição de alocação mínima às MPE de 20% dos recursos aplicados em inovação pelo Poder Público e seus agentes.

f) Propor às agências de fomento a redução dos limites mínimos para subvenção econômica (R$ 30 mil) a projetos apresentados pela MPE, limitando a contrapartida a 10%.

g) Institucionalizar o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (Progex) e o Projeto Unidade Móvel (Prumo), ambos fruto da iniciativa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Previu-se, ainda, a criação de grupos de trabalho para tratar da aplicação de maior volume de recursos em programas de extensão tecnológica e, também, para levantamento das necessidades e demandas das MPE nas áreas de tecnologia e inovação.

Um dos resultados recentes é o Mapeamento da Cadeia de Fomento à Tecnologia e Inovação para MPE, em verdade um conjunto de planilhas em que se identifi cam entidades apoiadoras e se verifi ca a aplicação de cada programa aos elementos de T&I considerados: identifi cação de oportunidades, pesquisa tecnológica, proteção da tecnologia, estudo de viabilidade técnica e econômica, uso de serviços tecnológicos, planejamento do negócio, desenvolvimento do produto, desenvolvimento de processos, prototipagem, transferência de tecnologia, comercialização do produto e melhoria de processos e produtos.

C.3.2 O Grupo de Trabalho Permanente para APL

Levantamento feito em 2005, divulgado pelo MDIC, identifi cou 955 arranjos no país24. O foco em APL é um fenômeno recente no País, ainda que se possam apontar experiências de trabalho com aglomerados econômicos nas últimas décadas do século passado.

24 Levantamento feito em 2003 havia identifi cado 460 APL.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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O SEBRAE estabeleceu a atuação em APL como uma de suas prioridades em 2002. No ano seguinte, o CDN defi niu a atuação em ações coletivas, especialmente aquelas focadas em APL, como uma das prioridades estratégicas para o período 2003–2005. Em julho de 2003 veio à luz a abrangente diretriz para Atuação do Sistema SEBRAE em APL.

O Direcionamento Estratégico do Sistema SEBRAE 2006 a 2010 mantém como prioridade o aprimoramento e a intensifi cação do atendimento coletivo, embora não mencione explicitamente o formato APL sem. Esse direcionamento, entretanto, não reduz a prioridade para o atendimento individual, quando prevê uma “revolução” nesse tipo de atendimento. O exame das práticas atuais do Sistema mostra um número expressivo de projetos que têm o conceito de APL como eixo estruturante.

A partir de 2006, o governo federal passou a organizar o tema APL pela sua incorporação no PPA 2004–2007, por meio do Programa 0419 – Desenvolvimento de Micro, Pequenas e Médias Empresas.

Ocorre que o foco em APL também foi adotado por numerosos outros órgãos e entidades envolvidos com o apoio às MPE. Essa onda APL rapidamente gerou ações concomitantes desarticuladas e com redundância expressiva, acarretando perda de efetividade global e, possivelmente, prejuízo ao atendimento individual.

Para superar essa situação, foi criado o Grupo de Trabalho Permanente para APL (GTP), envolvendo 33 entidades governamentais e não-governamentais (uma delas é o SEBRAE), sob a coordenação do MDIC. A secretaria técnica do GTP é exercida pelo Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas, da Secretaria do Desenvolvimento da Produção desse Ministério.

O Grupo, que começou a se reunir em março de 2003, foi institucionalizado pela Portaria Interministerial nº 200, de 2/8/200425, com a fi nalidade de articular as ações governamentais com vistas à adoção de apoio integrado a APL.

Um fruto destacado dessa articulação foi a Linha 1 da Chamada Pública MCT/SEBRAE/Finep/Ação Transversal – Cooperação ICT–MPE – 7/2006, que selecionou propostas para apoio a projetos de inovação tecnológica de interesse de MPE em APL26.

Essa iniciativa está alinhada à intensidade da presença dos temas tecnologia e inovação na retromencionada diretriz. Preconizam-se, ali, ações de promoção da capacidade inovativa local, a saber:

a) Promover a cultura da inovação e da propriedade intelectual no arranjo.

b) Estimular projetos cooperativos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos.

25 Essa Portaria foi reeditada em 24/10/2005.

26 Foram contemplados projetos de inovação tecnológica de interesse de grupo formado, no mínimo, por três MPE, com domicílio na área de abrangência de APL selecionada pelo GTP APL, com o acréscimo de indicações do SEBRAE.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

6527 Prosperaram e mantêm-se ativas as de Campina Grande (PB) e São Carlos SP).

c) Incentivar projetos conjuntos de difusão e absorção de novas tecnologias.

d) Estimular projetos conjuntos visando à capacitação e desenvolvimento em design.

e) Incentivar projetos conjuntos de qualidade e certifi cação dos produtos dos arranjos.

f) Estimular as parcerias com centros tecnológicos e instituições de ensino para difundir/produzir conhecimento para o APL.

g) Estimular a interação do arranjo com outros arranjos que tenham a mesma especialização produtiva e especializações produtivas complementares.

h) Incentivar a criação de estruturas complementares de pesquisa, desenvolvimento e engenharia.

i) Incentivar a busca de informações e a criação de “observatórios”.

j) Estimular a codifi cação e registro de conhecimentos tácitos.

C.3.3 Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI)

O movimento de incubadoras de empresas e parques tecnológicos começou no Brasil em 1984, graças ao estímulo do CNPq à criação de cinco fundações parque tecnológico27.

O crescimento desse movimento acelerou-se a partir da civilização da infl ação, em 1994. O número de incubadoras (377), benefi ciando diretamente mais de seis mil MPE diferenciadas, vem aumentando consistentemente à taxa de 30% ao ano, colocando o Brasil entre os cinco principais países do mundo nessa área.

A qualidade do trabalho aqui feito vem obtendo reconhecimento internacional. Isso permitiu que a Anprotec, em parceria com o SEBRAE e a Incubadora Internacional de Negócios (San Jose, EUA), ganhasse concorrência internacional do Programa de Informática para o Desenvolvimento (infoDev) do Banco Mundial, para produzir material de referência e realizar ações de suporte em conhecimento a incubadoras de países em desenvolvimento.

Mais recente, o fenômeno dos parques tecnológicos ganha evidência neste primórdio do século 21. Estudo que está sendo desenvolvido pela Anprotec mapeou 54 empreendimentos que se auto-identifi cam como parques tecnológicos, a maior parte dos quais em planejamento ou em implantação.

Essa evolução singular vem atraindo novos parceiros ao movimento – entre os quais o SEBRAE se destaca. A percepção da importância da atuação sinérgica levou esses órgãos e entidades a estabelecer o PNI.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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O Programa visa a congregar, articular, aprimorar e divulgar os esforços institucionais e fi nanceiros de suporte a empreendimentos residentes nas incubadoras de empresas e parques tecnológicos, a fi m de ampliar e otimizar a maior parte dos recursos que deverá ser canalizada para apoiar a geração e consolidação de um crescente número de micro e pequenas empresas inovadoras.

O objetivo do PNI é fomentar o surgimento e a consolidação de incubadoras de empresas de base tecnológica, mistas e tradicionais caracterizadas pela inovação tecnológica, pelo conteúdo tecnológico de seus produtos, processos e serviços, bem como pela utilização de modernos métodos de gestão.

Outro grande objetivo desse Programa é apoiar o surgimento e a consolidação de parques tecnológicos, em diversas regiões do País, localizados em áreas próximas às universidades e centros de pesquisa, para implementação de serviços que deverão apresentar relevância tecnológica, viabilidade e sustentabilidade econômica.

O Programa é administrado por um Comitê Gestor, no qual estão representadas instituições de âmbito nacional ou regional, comprometidas com o desenvolvimento de políticas e com o fomento de incubadoras de empresas e parques tecnológicos. Esse Comitê é composto por representantes das seguintes instituições:

(i) Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec), do MCT, que o coordena;

(ii) MDIC;

(iii) Ministério da Educação (MEC);

(iv) CNPq;

(v) Finep;

(vi) SEBRAE;

(vii) BNDES;

(viii) Banco do Nordeste de Brasil (BNB);

(ix) IEL;

(x) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai);

(xi) Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti);

(xii) Fórum Nacional de Secretários Municipais de Ciência e Tecnologia;

(xiii) Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa “Francisco Romeu Landi” (Confap);

(xiv) Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex); e

(xv) Anprotec, que desempenha a função de Secretaria Técnica.

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Os objetivos do Programa referem-se às expectativas locais onde estão ou estarão instaladas as incubadoras e os parques tecnológicos. São eles:

a) Apoio à elaboração de estudo de viabilidade técnica e econômica para implantação de empresas nas incubadoras de empresas e nos parques tecnológicos.

b) Apoio à elaboração de planos de negócios para as incubadoras já implantadas.

c) Apoio à elaboração de planos de investimentos para parques tecnológicos já implantados.

d) Capacitação de gerentes de incubadoras de empresas e parques tecnológicos.

e) Capacitação de empresários-empreendedores localizados nos parques e nas incubadoras.

f) Estímulo à associação entre as ICT e as empresas instaladas nos parques e nas incubadoras, pela realização de pesquisas integradas, da transferência de tecnologia e da inserção de pessoal qualifi cado – alunos de graduação, mestres e doutores – nas empresas ali instaladas.

g) Criação de uma cultura empreendedora.

h) Geração de empregos.

i) Apoio à introdução de novos produtos, processos e serviços no mercado com maior conteúdo tecnológico, gerando maior competitividade.

j) Promoção de agregação de conhecimento e a incorporação de tecnologias nas MPE.

k) Redução da taxa de mortalidade de novas MPE.

l) Consolidação de MPE que apresentem potencial de crescimento.

m) Interação entre MPE e instituições que desenvolvam atividades tecnológicas.

n) Apoio para a saída das empresas das incubadoras e reinstalação em parques tecnológicos.

o) Estímulo à instalação de grandes e pequenas empresas industriais e de serviços e de seus centros de pesquisa em áreas próximas a campi universitários e instituições de cunho tecnológico.

p) Implementação de uma sistemática de acompanhamento e avaliação que permita a identifi cação do desempenho das incubadoras e parques apoiados e do impacto do PNI.

q) Apoio a eventos nacionais e programas de formação de recursos humanos.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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r) Estímulo à produção intelectual sobre o tema, como estudos, pesquisas e publicações.

s) Promoção da interação do setor privado com instituições de cunho tecnológico.

t) Busca de cooperação bilateral, entre organismos internacionais.

As estratégias de implementação contemplam:

a) Articulação entre as instituições que participam do Comitê Gestor do PNI visando à complementação de ações em editais publicados isoladamente.

b) Articulação com Programas afi ns, para apoiar as etapas anteriores e posteriores à incubação.

c) Lançamento de editais anuais e outras formas de apoio, em parceria com as entidades participantes.

d) Promoção de ações em parcerias com Programas Estaduais de Apoio às incubadoras de empresas e parques tecnológicos.

e) Apoio à realização de eventos de abrangência nacional, tais como cursos e seminários, bem como a publicação de material sobre o tema.

f) Acompanhamento e avaliação das incubadoras e parques apoiados pelo PNI e os impactos socioeconômicos gerados na região de sua instalação.

g) Publicação de documento com a avaliação do desempenho e do impacto das incubadoras e dos parques apoiados pelo Programa.

Chamadas públicas regulares têm sido feitas, por exemplo, a Chamada Pública MCT/Finep/Ação Transversal – PNI 9/2006, para selecionar, para concessão de recursos não reembolsáveis, até 20 projetos de consolidação de incubadoras com especialização em empresas de base tecnológica. Elas deverão demonstrar capacidade de promover aumento signifi cativo da taxa de sucesso das empresas incubadas, bem como de agregar em rede pelo menos outras três incubadoras de menor porte existentes na região.

O PNI está engajado na proposta da Anprotec de avançar qualitativamente o movimento. O eixo central é o posicionamento das incubadoras e parques tecnológicos como plataformas institucionais, estratégicas e operacionais dos agentes de fomento e entidades promotoras de desenvolvimento econômico e social. Dessa forma, o movimento colaborará de forma ainda mais intensa para desenvolver e implantar os projetos estratégicos nos segmentos prioritários para o país.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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ANEXO D

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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D. EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NOSISTEMA SEBRAE

A presença da tecnologia e, mais recentemente, da inovação, é marcante na trajetória do SEBRAE. Este Anexo resgata a história do seu tratamento, registra os avanços e aponta algumas questões a serem lidadas.

D.1 Antecedentes

A presença dos temas tecnologia e inovação no direcionamento estratégico do SEBRAE para o período 2006 a 2010 aprofunda uma linha de atuação já enraizada no Sistema. Suas bases intelectuais e ações práticas antecedem bastante a sua própria criação.

Destaca-se o início de operação, em 1982, do Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas (Patme), fruto da parceria entre a Finep e o Cebrae, ambos integrantes da estrutura do então Ministério do Planejamento e, também, localizados no Rio de Janeiro. A fi nalidade desse Programa era viabilizar o acesso das MPE ao conhecimento existente nas instituições científi co-tecnológicas do país.

A busca da inserção das MPE no processo de desenvolvimento industrial do País, então calcado no modelo de substituição de importações, data do fi nal dos anos 1950. São marcos dessa evolução, prévia à existência do atual SEBRAE:

a) A instituição, em 1960, do Grupo Executivo de Assistência à Média e Pequena Empresa (Geampe) no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE, hoje BNDES).

b) A criação, em 1964, também no então BNDE, do Fundo de Financiamento à Pequena e Média Empresa (Fipeme) e do Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científi co (Funtec). Este passou a operar com 3% dos recursos do BNDE, destinando 60% à pesquisa tecnológica e 40% à pesquisa científi ca e formação de recursos humanos28 .

c) A criação, em 1967, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que substituiu e ampliou o papel então exercido pelo BNDE por intermédio do Funtec29.

28 O Funtec foi uma evolução da “Quota de Treinamento e Ensino Técnico”, criada em 1958, cuja utilização pelos mutuários do Banco foi aquém da esperada. Entre as razões para a sua criação estavam: (i) a percepção de que o ritmo de expansão do setor industrial estaria condicionado à qualifi cação da força de trabalho e ao fortalecimento das bases científi co-tecnológicas do País; e (ii) a constatação de peso da tecnologia importada no balanço de pagamentos.

29 Cabe mencionar que o BNDES relançou o Funtec, em junho de 2006, com o nome de Fundo Tecnológico.

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d) A criação, em 1972, do Centro Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa e Média Empresa (Cebrae)30, a partir da constatação de que a má gestão – incluindo a tecnologia incipiente – estava causando elevado nível de inadimplência nos financiamentos contraídos no âmbito do Fipeme/BNDE.

e) O início de operação, em 1982, do Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas (Patme), fruto da parceria entre a Finep e o Cebrae, ambos integrantes da estrutura do então Ministério do Planejamento e, também, localizados no Rio de Janeiro. A fi nalidade desse Programa era viabilizar o acesso das MPE ao conhecimento existente nas instituições científi co-tecnológicas do país.

O Patme passou por quatro fases:

a) 1982 a 1990: foi gerido fi nanceiramente pela Finep, com recursos originados do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (FNDCT), fruto de repasse do Tesouro Nacional; os Centros de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (CEAG) – precursores das unidades estaduais do Sistema SEBRAE – faziam o acompanhamento do Programa.

b) 1991 a 1995: passou a operar com recursos agregados pela Finep e pelo SEBRAE, que há pouco havia adquirido nova identidade, focalizando duas linhas de ação: melhoria do produto/processo e desenvolvimento de novas tecnologias.

c) 1996 a 2002: passou a ser gerido pelo SEBRAE, quando se precisou mais as duas linhas de atuação anteriores e se acrescentou uma terceira, voltada a inovações tecnológicas.

d) 2002 em diante: após desvinculação da Finep na alocação dos recursos, passou a se denominar Programa SEBRAE de Consultoria Tecnológica (SEBRAETec), operando quatro linhas: suporte tecnológico, suporte empresarial, modernização tecnológica e inovação tecnológica.

D.2 Tecnologia e inovação na constituição do Sistema SEBRAE

Os antecedentes descritos confi guram um caldo de cultura que torna compreensível a explicitação do reconhecimento da importância de prover apoio tecnológico às MPE já na legislação de criação do SEBRAE.

Por ela, metade dos recursos aplicados nas atividades-fi m deveria se destinar à modernização das empresas, em especial as tecnologicamente dinâmicas, com preferência às localizadas em áreas de parques tecnológicos.

30 Ao longo de sua história o Cebrae teve nomes ligeiramente distintos do indicado, que é a forma constante do Decreto indicado à seqüência.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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O Decreto nº 99.570/9031, que desvincula o Cebrae da administração pública federal e o transforma em serviço social autônomo, estabelece que compete ao SEBRAE “planejar, coordenar e orientar programas técnicos, projetos e atividades de apoio às MPE, em conformidade com as políticas nacionais de desenvolvimento, particularmente as relativas às áreas industrial, comercial e tecnológica” (destaque introduzido).

Nesse sentido, os recursos arrecadados pelo SEBRAE “terão como objetivo primordial apoiar o desenvolvimento das MPE por meio de projetos que visem ao seu aperfeiçoamento técnico, racionalização, modernização e capacitação gerencial” (destaque introduzido).

É notável a disposição desse Decreto fundador do Sistema SEBRAE de que a metade dos recursos aplicados nas atividades-fi m “destinar-se-á à modernização das empresas, em especial as tecnologicamente dinâmicas, com preferência às localizadas em áreas de parques tecnológicos”.

O novo Estatuto Social do SEBRAE, aprovado em 2003, mantém o espírito original, ao dispor, como objetivo institucional “fomentar o desenvolvimento sustentável, a competitividade e o aperfeiçoamento técnico das MPE, notadamente no campo (...) da ciência, tecnologia e meio ambiente (...), em consonância com as políticas nacionais de desenvolvimento” (destaques introduzidos)32.

A composição do Conselho Deliberativo Nacional do SEBRAE refl ete essa sensibilidade ao incluir, entre seus 13 membros, representantes de três entidades que têm como eixo estruturante a inovação de cunho tecnológico: a Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei)33, a Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)34 e a Finep, além da participação do BNDES, atualmente atuando também como agência promotora e fi nanciadora do desenvolvimento tecnológico e da inovação.

Cabe observar que outros membros do referido Conselho também dedicam atenção à tecnologia e à inovação em suas atividades, como a ABDE, Banco do Brasil, CNI e outras. Além disso, pelo Estatuto do SEBRAE, todos os Conselhos Deliberativos dos SEBRAE Estaduais (SEBRAE/UF) contam com entidades tecnológicas semelhantes às do CDN.

31 Esse Decreto regulamenta a Lei nº 8.029/90, que dispõe sobre a dissolução de entidades da administração pública federal.

32 Essa disposição é elaborada no Regimento Interno, que estabelece “a promoção da inovação e de facilidades para acesso à tecnologia, bem como difusão de informações tecnológicas para as MPE. Apoio às MPE que operam com tecnologia de ponta e apoio às MPE com vistas à modernização contínua de seus processos operacionais”.

33 Quando foi criado o SEBRAE, a denominação da Anpei era Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Industriais.

34 Quando foi criado o SEBRAE, a denominação da Anprotec era Associação Nacional das Entidades Promotoras de Tecnologias Avançadas.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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À guisa de exemplo, o Sistema Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federações das Indústrias dos Estados têm, como parte integrante, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), cujo fi m é promover a educação profi ssional e tecnológica, a inovação e a transferência de tecnologias industriais, contribuindo para elevar a competitividade da indústria brasileira. Faz parte do Sistema, também, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), criado em 1969, com o objetivo de promover a interação entre a indústria e a universidade, que tem, entre seus focos, o suporte à inovação. Entre os comitês temáticos permanentes da CNI estão o de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico (Copin) e o da Micro e Pequena Empresa (Compem).

O sistema da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é integrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que tem um papel importante na difusão de tecnologias para as pequenas propriedades. Na área de promoção social, o SENAR inclui o segmento do artesanato.

O sistema da Confederação Nacional do Comércio (CNC) tem entre seus integrantes o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), com a missão de formar profi ssionais com uma visão mais ampla do que os limites da sua ocupação, acompanhando as inovações técnicas e tecnológicas.

Algumas dessas entidades trabalham, junto com o SEBRAE, no Programa Alimentos Seguros (PAS), em convênios com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o Ministério do Turismo e a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).

D.3 Evolução do apoio tecnológico no âmbito do SEBRAE

A preocupação do Sistema SEBRAE com a efetiva incorporação da dimensão tecnológica em suas ações de apoio às MPE gerou três momentos de repensar estratégico ao longo dos cerca de 15 anos de sua existência, na forma de grupos de trabalho.

D.3.1 Primeiro Grupo de Trabalho – 1997

O primeiro momento, aproximadamente na metade da jornada até os dias atuais, lastreou-se no Grupo de Trabalho “Tecnologia” (GT1), formado, em 1997, por determinação do CDN35. Seu relatório fi nal tem dois focos: análise do caminho percorrido e propostas de aprimoramento.

A análise do período 1990–1997 enfatizou, por um lado, as mudanças profundas decorrentes da estratégia de inserção competitiva do Brasil no mercado mundial sobre o ambiente de negócios no País e as conseqüentes exigências sobre a competitividade das empresas. Destacou-se, entre elas, a de criar ou fortalecer seu diferencial competitivo mediante elevação da competência tecnológica.

35 O GT1 atuou segundo determinação da Resolução nº 42/97 do CDN.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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O trabalho do GT1 reconheceu, por outro lado, o êxito alcançado pelo SEBRAE ao longo desses primeiros anos em seu processo de estruturação e no seu esforço de sensibilização da sociedade brasileira e das suas instâncias organizadas para a importância da MPE no sistema econômico e social do país.

No que se refere ao objeto de seu olhar, verifi cou o Grupo que, ao longo dos primeiros sete anos, criou o SEBRAE “uma série de programas e ações de apoio que, com certeza, ajudaram as empresas no seu processo de criação de competência tecnológica. Há, entretanto, uma grande dispersão de esforços, e os objetivos do ponto de vista estratégico e de elevação da competitividade das MPE a médio e longo prazos não estão sufi cientemente claros. Além disso, em muitos Estados, não há ainda uma real consciência da importância da tecnologia na vida de todas as empresas e de como a Entidade deve conduzir seus programas nessa área. É baixa a prioridade e pequeno o volume de recursos aplicados nos programas de apoio tecnológico36” (destaques introduzidos).

Sintetizam-se a seguir as proposições do GT1, algumas de cunho estratégico e outras de ações imediatas:

a) Nova atitude para com o apoio tecnológico, a ser materializada por um aumento substancial dos investimentos nessa área.

b) Efi cácia na aplicação das novas orientações, com uso de mecanismos de estímulo e compartilhamento de experiências.

c) Tratamento especial à inserção tecnológica no Sistema SEBRAE como um todo, evitando considerar essa questão como exclusiva das unidades administrativas focalizadas nessa área.

d) Segmentação da clientela na área de tecnologia, oferecendo tanto produtos de massifi cação (para as MPE aprimorarem a sua base tecnológica) como de nichos (estimulando o surgimento de novas MPE “de base tecnológica”).

e) Transformar as universidades, centros de pesquisa e escolas técnicas em parceiros preferenciais, mediante um conjunto de ações voltadas:

» Ao desenvolvimento do empreendedorismo no público estudantil;

» À realização de um grande jogo de empresas para estudantes37;

» À criação de cátedras SEBRAE; e

36 Verifi cou-se que “no período janeiro de 1995 a setembro de 1997, na grande maioria dos Estados, as aplicações em tecnologia não chegaram a atingir 5% do total. Apenas em quatro unidades os gastos foram superiores a 10%. (...) também no SEBRAE/NA as aplicações efetivas na área de tecnologia têm sido muito limitadas, atingindo no período mencionado apenas 3,67% do total.”

37 Essa recomendação está materializada no Desafi o SEBRAE, que em sua edição de 2007 tem 70 mil participantes, de quase 1.500 instituições de ensino superior do Brasil e de mais seis países da América do Sul.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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» À criação de um programa de apoio às incubadoras38.

f) Elevar a competência tecnológica e gerencial das MPE brasileiras, para que atinjam um nível que permita a sua inserção em cadeias produtivas globais, mediante:

» Criação de centros especializados de apoio tecnológico;

» Aprimoramento dos mecanismos de aproximação entre a oferta tecnológica das universidades e centros de pesquisa e o segmento das MPE; e

» Promoção da extensão tecnológica, por exemplo, mediante feiras bienais de negócios tecnológicos voltadas para as MPE.

g) Estímulo ao capital de risco para pequenas empresas inovadoras.

Uma decorrência prática desse trabalho foi uma deliberação de 1998 do CDN, que defi niu a aplicação mínima de 10% do orçamento do Sistema em ações de apoio tecnológico para MPE.

D.3.2 Segundo Grupo de Trabalho – 2003

Novo posicionamento ocorreu, seis anos depois do acima descrito, subsidiado por um Grupo de Trabalho “Tecnologia” (GT2), estabelecido em 2003, por determinação do CDN39. Seu relatório fi nal expõe uma breve análise da situação encontrada, com base em análise documental e visitas efetuadas a seis Estados e oferece propostas de aprimoramento que, da mesma forma que no estudo anterior, são de cunho estratégico algumas e de ações imediatas outras.

A análise do período 1997–2003 mostrou uma evolução positiva, tanto de atitude como de prioridade e volume de recursos aplicados no apoio à tecnologia e à inovação. Assim, de acordo com os dados apurados, a maior parte dos Estados cumprira o mínimo de 10% de aplicação no apoio tecnológico. Contudo, observa o GT2 que “o nível atual de aplicações na área é na realidade bem mais baixo do que mostram os números, na grande maioria dos Estados, e no Sistema como um todo, pois não há critérios para classifi car o que é investimento em tecnologia. Isso contraria não só os interesses das MPE, mas também a própria legislação que regula as ações do SEBRAE.”

Também registrou o Grupo de Trabalho que persistiam problemas para dar efetividade ao trabalho do Sistema SEBRAE nessa área, entre elas a postura reativa (“balcão”), o distanciamento entre as unidades do SEBRAE e o cliente fi nal (acentuado pelo sistema de gestão e pela terceirização dos consultores),

38 Essa recomendação gerou um amplo elenco de medidas no âmbito do SEBRAE, que ajudou a fazer com que o movimento brasileiro de incubadoras de empresas seja referência internacional, escolhida pelo Banco Mundial para capacitar outros países nesse campo. Com outros agentes, o SEBRAE integra o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI).

39 O GT2, composto por representantes da Anpei, da Anprotec e da Finep, atuou segundo determinado na Resolução de 2003 do presidente do CDN.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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o despreparo da equipe do SEBRAE que atua “na ponta” para atuar e gerenciar programas mais sofi sticados e complexos de apoio tecnológico, a falta de uso de efeito demonstração dos casos de sucesso e a precariedade dos indicadores utilizados, que eram mais de cunho processual do que de resultados.

Um amplo leque de recomendações é apresentado, algumas das quais reiterando proposições feitas pelo GT1, que se mantinham atuais, a saber:

a) Aumentar signifi cativamente os investimentos do Sistema na área de tecnologia.

b) Estímulo do SEBRAE/NA à atuação dos SEBRAE/UF nessa área.

c) Maior coordenação entre os responsáveis pela área nos componentes do Sistema SEBRAE e entre as entidades tecnológicas que participam dos seus conselhos deliberativos.

d) Maior aproximação com as universidades e escolas técnicas para promoção da cultura empreendedora nesses âmbitos.

e) Criação das cátedras SEBRAE.

f) Aprimoramento dos mecanismos de aproximação entre a oferta tecnológica e o segmento das MPE, mediante capacitação de equipes para operar “escritórios de transferência de tecnologia” nas universidades e centros de pesquisa, assim como maior disponibilização de informações quanto à referida oferta.

As proposições novas são, em síntese, as seguintes:

a) Recomendação de que o Sistema SEBRAE atue mais intensamente, também no apoio tecnológico, em focos e modelos “novos”, a saber:

» Sensibilizando, induzindo e conscientizando os empresários para a inovação40;

» Aumentando o número de MPE exportadoras de produtos de alto valor agregado41; e

40 O tema inovação entra na agenda pública nacional em 2001, quando se realiza a II Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, convocada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).

41 O GT2 mencionou que, em suas visitas, “(...) não encontramos nenhum programa de capacitação tecnológica de empresas exportadoras. E, pelo que sabemos, também não há na APEX. É um problema sério e que precisa ser resolvido. Não se pode admitir que pequenas empresas exportadoras estejam à margem do SEBRAE, no apoio à capacitação tecnológica delas”. Cabe observar que: (i) está em operação permanente, desde 1999, o Programa de Apoio Tecnológico às Exportações (Progex), voltado às MPE, numa iniciativa pioneira do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em parceria com o SEBRAE/SP; (ii) a Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX) é apoiadora efetiva desse Programa praticamente desde o seu começo; (iii) a metodologia Progex foi transferida pelo IPT a dez instituições de pesquisa, criando uma rede nacional de apoio tecnológico às exportações das MPE operante, que vai do Amazonas ao Rio Grande do Sul; (iv) o êxito do Progex tornou-o programa de caráter nacional, reconhecido e apoiado pelo MCT e seus organismos (em particular a Finep) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em particular o Departamento de Microempresa. Cabe observar que o SEBRAE integra o Comitê do Progex e, desde 2005, apóia o PEIEx.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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» Valorizando o âmbito de arranjos produtivos locais (APL), que já se mostrava efi ciente espaço de ação do SEBRAE.

b) Recomendação de compromisso e responsabilidade no incremento e na sustentabilidade das incubadoras de empresas no Brasil, em especial mediante implantação de programas inovadores para as empresas nascentes ali abrigadas.

c) Recomendação de maior interação do Sistema SEBRAE com as demais entidades do Sistema Nacional de Inovação (em particular com as vinculadas ao MCT) e dos Sistemas Regionais (estaduais e locais) de Inovação, aproveitando ao máximo as entidades tecnológicas componentes do CDN e dos conselhos deliberativos estaduais (CDE).

d) Recomendações para aprimoramento da gestão do SEBRAE, mediante:

» Capacitação das equipes estaduais do SEBRAE (SEBRAE/UF), quer pelo desenvolvimento de competências quer de inclusão de engenheiro ou tecnólogo em cada unidade;

» Estabilização e reforço da equipe do SEBRAE/NA a cargo dessa área;

» Intercâmbio de casos de sucesso entre os integrantes do Sistema;

» Reformulação do sistema de indicadores, privilegiando os de resultado; e

» Inovação na forma de atuar nessa área.

D.3.3 Terceiro Grupo de Trabalho – 2004

As considerações do GT2 ensejaram uma iniciativa de repensar a atuação do Sistema SEBRAE no apoio tecnológico às MPE centrada nos próprios gestores. Assim, foi constituído Grupo de Trabalho (GT3), coordenado pela Associação Brasileira dos SEBRAE Estaduais (Abase), composto por cinco técnicos de SEBRAE/UF.

O GT3 gerou uma diretriz para a Atuação do Sistema SEBRAE em Inovação Tecnológica, contendo:

a) Uma contextualização da inovação nas pequenas empresas e um histórico da tecnologia no Sistema SEBRAE42.

b) Conceitos sobre inovação e acesso à tecnologia.

c) Uma relação de instrumentos operados pelo Sistema SEBRAE, acompanhado de cinco casos de sucesso.

d) Algumas recomendações, de natureza conceitual (adoção e disseminação do conceito de inovação ali proposto) e gerencial (melhor capacitação dos técnicos do Sistema e dos prestadores de serviços tecnológicos, bem como maior interação entre as unidades específi cas do SEBRAE /NA e dos SEBRAE /UF).

42 Essa parte do Anexo está baseada no trabalho “O desafi o da inovação nas MPE”, elaborado, em 2003, por Paulo Cesar Rezende Carvalho Alvim, gerente da Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia do SEBRAE/NA.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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Esse documento subsidiou a realização de uma breve “ofi cina de tecnologia”, com a participação de cerca de 20 entidades.

Subseqüentemente, foi preparada pelo SEBRAE/NA, em 2005, uma proposta de Referências para a Atuação do Sistema SEBRAE em Inovação e Acesso à Tecnologia. Consta de:

a) Conceitos de inovação e acesso à tecnologia.

b) Ampla relação de necessidades principais das MPE nessa área.

c) Diretrizes para a atuação do SEBRAE nessa área: objetivos, principais eixos de ação, contribuição das ações do SEBRAE e de seus parceiros, principais parcerias, papel do SEBRAE, ações para viabilização e integração de esforços interinstitucionais e estratégias para difusão dos conceitos e ações propostas43.

D.4 Presença no Direcionamento Estratégico do SEBRAE 2006 a 2010

A compreensão de sua importância para atingir a Visão de Futuro 2010 do Sistema SEBRAE é explicitada em quatro das 12 diretrizes e em duas das 12 prioridades.

Capacidade de inovar e competência tecnológica são requisitos essenciais para a perenização de qualquer organização e, no agregado, para a prosperidade, bem-estar e sustentabilidade de uma região, nação e sociedade.

A compreensão de sua importância para atingir a Visão de Futuro 2010 do Sistema SEBRAE44 é explicitada em quatro das 12 diretrizes do Direcionamento Estratégico 2006 a 2010, a saber:

a) Diretriz 1: priorizar a atuação do SEBRAE como agente indutor do desenvolvimento sustentável das MPE, da geração de emprego e renda, da inclusão social e da preservação do meio ambiente; para isso deve se alinhar com as políticas econômica, industrial, comercial (interna e externa), científi ca e tecnológica e com as modernas práticas de gestão empresarial, com foco numa cultura de empresas de pequeno porte empreendedoras e competitivas.

b) Diretriz 8: considerar a inovação tecnológica, a educação e a capacidade empreendedora como fatores primordiais para o aumento da competitividade das MPE nos mercados externo e interno.

c) Diretriz 10: multiplicar parcerias com instituições públicas, privadas e do terceiro setor visando a alavancar competências, conhecimentos, mercados e recursos para as MPE.

43 Essa proposta é acompanhada de um glossário de termos.

44 “As micro e pequenas empresas constituem-se em importante fator de desenvolvimento do País, atuando em ambiente institucional favorável, com alto índice de formalização, competitividade e sustentabilidade”.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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d) Diretriz 12: intensifi car a atuação do SEBRAE visando a garantir às empresas de pequeno porte incentivos fi scais e não-fi scais à inovação, como previsto na Lei de Inovação Tecnológica, na Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, e na legislação específi ca de incentivos à inovação.

É, também, contemplada em duas das 12 Prioridades ali apontadas:

a) Prioridade 1: estabelecer alianças estratégicas para mobilizar recursos, competências e conhecimentos.

b) Prioridade 6: promover o acesso à tecnologia e a ampliação da capacidade de inovação.

Esta prioridade enfatiza as seguintes ações:

a) Ampliar a adequação e a inovação tecnológica de produtos e serviços para inserção competitiva nos mercados.

b) Ampliar a difusão de tecnologias apropriadas.

c) Buscar novas fontes de recursos para inovação tecnológica.

d) Apoiar o fortalecimento das redes prestadoras de serviços tecnológicos.

e) Desenvolver a prospecção tecnológica em áreas prioritárias de atuação do SEBRAE.

f) Intensifi car a disseminação de soluções tecnológicas para as MPE.

g) Apoiar sistemas e ambientes de promoção a empreendimentos inovadores.

D.5 Diretrizes do Plano Plurianual 2006/2008 e Orçamento 2006

Verifi ca-se uma mudança no critério de cálculo das aplicações em ações vinculadas à inovação e à tecnologia. Há uma redução tanto na base de cálculo como no cômputo desses dispêndios, que agora se limitam aos gastos relacionados aos negócios, excluindo os administrativos.

Este documento, aprovado pelo CDN em 5/6/2005, rege as operações presentes do Sistema. Reitera as decisões incorporadas no Direcionamento Estratégico 2006 a 2010, em particular:

a) A Visão de Futuro 2010 e respectivos indicadores de resultado.

b) Os resultados institucionais e respectivas diretrizes.

c) As opções estratégicas.

d) As prioridades estratégicas, entre elas a de estabelecer alianças estratégicas para mobilizar recursos, competências e conhecimentos (P4) e a de promover o acesso à tecnologia e a ampliação da capacidade de inovação (P6).

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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O documento estrutura o plano plurianual em:

a) Projetos – conjuntos de ações inter-relacionadas, coordenadas e orientadas para o alcance de resultados, com prazo e recursos defi nidos. Determinados conjuntos de projetos podem ser agrupados em programas, em caso de haver sinergia e ganho de gestão. Os projetos são classifi cados em quatro tipos: fi nalístico; conhecimento e tecnologia; articulação institucional; e gestão interna.

b) Atividades – conjuntos de ações permanentes relacionadas à gestão do Sistema SEBRAE. Elas podem ser de quatro tipos: conhecimento e tecnologia; articulação institucional; suporte a negócios; e gestão interna.

c) Inversões fi nanceiras.

Cada projeto, atividade ou inversão fi nanceira é composto por ações. Cada ação deve ser classifi cada na função de maior prevalência, entre as 19 constantes da Tabela de Classifi cação Funcional, uma das quais é Inovação e Tecnologia.

Para fi ns de apropriação de custeio e remuneração de recursos humanos, o modelo orçamentário diferencia duas categorias. Uma é relacionada a negócios e a outra, de natureza administrativa, conforme as despesas e remuneração tenham ou não vinculação direta ou indireta com a atuação do Sistema SEBRAE nas tipologias fi nalístico, conhecimento e tecnologia e articulação institucional.

A fi m de focar as prioridades estratégicas, foram estabelecidos limites e condições de aplicação dos recursos orçamentários, entre os quais:

a) O mínimo de 60% do total dos recursos orçamentários destinados a projetos fi nalísticos deve ser alocado a projetos fi nalísticos coletivos (público-alvo organizado em grupo ou rede).

b) O mínimo de 60% do total das aplicações, excluindo-se os valores referentes a Inversões Financeiras, deve ser alocado em ações vinculadas à Inovação e Tecnologia, em observância à prioridade 6 retromencionada. Esse limite foi mantido nas Diretrizes para a Reprogramação do Plano de Trabalho e Orçamento, aprovada pelo CDN, em 25/5/2006.

As Instruções para Elaboração do Orçamento 2006, de 6/9/2005, indicam a fórmula (VT/VTB) *100 para verifi car o atendimento a esse limite mínimo, onde:

VT = Valor de Tecnologia

É o valor das despesas de ações com a classifi cação inovação e tecnologia.

VTB = Valor Total Básico

É o valor total das despesas dos projetos e atividades.

Verifi ca-se, assim, uma mudança com relação ao critério anterior. Na elaboração do Orçamento de 2005, a base de cálculo era o valor total do Orçamento do SEBRAE/UF, excluída a soma dos recursos orçamentários

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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alocados às ações classifi cadas na função “Administração Financeira”. Há uma redução tanto na base de cálculo como no cômputo dos dispêndios em tecnologia e inovação, que agora se limitam aos gastos relacionados aos negócios, excluindo os administrativos.

D.6 Dispêndio em Tecnologia e Inovação

O exame das informações do Siorc mostra que, em 2005, quase todos os SEBRAE/UF superaram o limite mínimo de 10% para dispêndio em T&I, sendo a participação agregada de 15%. A parcela de deduções feitas nas unidades do Sistema para chegar à base de cálculo do limite orçamentário apresenta uma dispersão elevada, variando de 0,3% a 30,1%, sendo que as duas unidades que mais deduziram, em termos relativos, são justamente as que detêm maior parcela dos recursos do Sistema. Se inexistissem deduções, como previsto originalmente, o valor poderia ser 21% superior ao apurado. Adicionalmente, deve ser considerada a exclusão de gastos não-pertinentes à função de inovação e tecnologia, mostrando um potencial importante de recursos, a serem cuidadosamente aplicados.

Os dados do Sistema de Informação de Orçamento (Siorc) indicam os valores constantes da tabela abaixo para o exercício fi ndo.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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Monitoramento do Atendimento ao Limite Mínimo de 10% na Promoção do Acesso à Tecnologia e Ampliação da Capacidade de Inovação (T&I) em 2005

UnidadeDispêndio T&I

(MR$) Dispêndio T&I

(%) Dedução para cálculo T&I (%)

AC 2,3 12,1 0,3

AL 3,3 14,9 2,8

AM 3,9 13,8 1,4

AP 1,6 8,1 1,8

BA 7,6 15,7 1,6

CE 9,7 22,4 3,9

DF 3,3 13,6 1,2

ES 2,4 9,5 4,0

GO 4,6 12,8 5,6

MA 3,2 12,9 3,5

MG 14,6 15,8 2,8

MS 3,0 13,3 8,6

MT 3,6 13,4 12,8

PA 5,6 15,6 1,9

PB 3,2 12,3 2,6

PE 7,8 16,5 11,2

PI 3,6 17,9 3,5

PR 7,0 13,8 14,8

RJ 8,6 12,6 1,8

RN 6,5 25,0 2,1

RO 1,6 11,3 3,1

RR 1,6 10,8 7,4

RS 10,6 16,0 5,5

SC 13,3 24,1 1,9

SE 2,8 14,6 10,9

SP 19,5 12,3 30,1

TO 3,3 16,5 0,7

NA 27,7 2,4 25,1

Total com NA 185,8 Total sem NA 158,1

Fonte: Siorc/SEBRAE (acesso em 15/10/2006)

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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O exame das informações do Siorc mostra que:

a) Quase todos os SEBRAE/UF superaram o limite mínimo de 10% para dispêndio em T&I, sendo que nove unidades ultrapassaram 15%. Apenas as unidades de AP e ES não atingiram o limite mínimo em 2005. A participação agregada dos dispêndios em T&I dos SEBRAE/ UF é de 15%.

b) O SEBRAE/NA, segundo os dados publicados, teria despendido 2,4% em T&I45. Pela parcela expressiva da base de cálculo a ela correspondente (R$ 1,2 bilhão do total de R$ 2,2 bilhões), o dispêndio agregado do Sistema SEBRAE em T&I, se incluído o SEBRAE/NA, passaria a ser 8,3%. Recomenda-se à área responsável rever esse cálculo, pois, examinando a memória indicada, parece haver um equívoco expressivo, a saber: o VTB = Valor Total Básico (valor total das despesas dos projetos e atividades) utilizado foi o valor agregado do Sistema e não o do SEBRAE/NA.

c) A parcela de deduções feitas nas unidades do Sistema para chegar à base de cálculo do limite orçamentário apresenta uma dispersão elevada, variando de 0,3% a 30,1%. Cabe observar que existe uma instrução uniforme sobre critérios aplicáveis, resumida no item anterior.

d) As duas unidades que mais deduziram, em termos relativos, são justamente as que detêm maior parcela dos recursos do Sistema – o SEBRAE/NA (25,1%) e o SEBRAE/SP (30,1%). Isso faz com que a parcela média de dedução varie expressivamente, de acordo com a abrangência do universo observado:

» Para o conjunto dos SEBRAE/UF, exceto SEBRAE/SP: 4,8%.

» Para o conjunto dos SEBRAE/UF, incluindo SEBRAE/SP: 9,7%.

» Para o conjunto do Sistema, incluindo SEBRAE/NA: 18,5%.

e) A título de exercício, verifi ca-se que, mantidas as demais condições constantes, o volume de recursos para dispêndio em T&I no exercício fi ndo poderia ser quase 10% superior ao havido (chegando a MR$ 203) se as deduções de todas as unidades do Sistema fossem não superiores a 5%. Essa condição se mostrou confortável para 18 unidades.

f) Se inexistissem deduções, como previsto originalmente, o valor subiria a MR$ 225, ou seja, poderia ser 21% superior ao apurado. Adicionalmente, deve ser considerada a exclusão de gastos não pertinentes à função de inovação e tecnologia, mostrando um potencial importante de recursos, a ser cuidadosamente aplicado.

45 A Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia contesta esse indicador e recomenda que sejam explicitados e uniformizados os critérios de classifi cação e apropriação dos dispêndios em T&I no Sistema.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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ANEXO E

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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E. MODELO SISTÊMICO DE ATUAÇÃO

A exposição feita nos itens anteriores retrata uma convergência singular de movimentos favoráveis tanto à inovação tecnológica como às MPE. Há uma janela de oportunidade para uma mudança sensível no panorama da atividade econômica do País, mediante alavancagem das MPE, a partir de um movimento pluriinstitucional de reforço da inovação tecnológica nesse segmento. O SEBRAE tem todas as condições de catalisar esse movimento.

E.1 Bases

O modelo de atuação recomendado para o SEBRAE tem as bases seguintes: abordagem sistêmica; consolidação de uma plataforma capaz de abrigar parceiros e demais partes interessadas na construção de agendas convergentes e mecanismos efi cientes de operacionalização; valorização dos ativos intangíveis acumulados pelos parceiros e demais partes interessadas que tenham credibilidade; e estabelecimento de uma rede distribuída de inteligência estratégica, capaz de orientar uma atuação proativa do sistema de apoio à inovação tecnológica das MPE.

Esse modelo leva à criação, gestão e acompanhamento dos resultados de um portafólio de ações programadas e adaptadas às condições setoriais e geográfi cas do País, que visem a levantar o patamar atual de T&I das MPE brasileiras, capacitando-as a enfrentar competitivamente a concorrência internacional, tanto no mercado interno como externo.

Estudos recentes da OCDE, fundamentados em casos de sucesso de países integrantes dessa organização, concluem taxativamente que a atual dinâmica da competição no mundo globalizado requer uma nova geração de políticas de inovação.

Essa nova geração, que começa a se delinear no primórdio deste século, visa a tornar a inovação o eixo estruturante dos processos de desenvolvimento econômico e social. Em outras palavras, fazer políticas pela inovação e não apenas para inovação.

O principal desafi o para realizar essa visão é superar a fragmentação de ações, estabelecendo uma governança capaz de:

a) Integrar as políticas de apoio à inovação.

b) Qualifi car o processo de formulação dessas políticas, mediante mais conhecimento baseado em evidências.

c) Coordenar as práticas dos numerosos agentes, dando coerência às agendas individuais.

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Desafi o similar ocorre no trabalho de apoio tecnológico às MPE no Brasil. Há numerosas iniciativas, decididas autonomamente, que são nitidamente superpostas – procuram benefi ciar um mesmo grupo de MPE com ações de caráter similar ou complementar, realizadas concomitantemente ou em momentos próximos. Nos APL em que essa superposição é reiterada, tem sido verifi cado descrédito junto à população-alvo e outras partes interessadas.

A criação dos espaços de concertação expostos anteriormente e o exame das discussões ali havidas refl etem a crescente consciência nas instituições nacionais acerca da necessidade e da urgência dessas medidas.

Assim, modelo de atuação proposto para o SEBRAE tem as seguintes bases:

a) Abordagem sistêmica.

b) Convergência: consolidação de uma plataforma capaz de abrigar parceiros e demais partes interessadas na construção de agendas convergentes e mecanismos efi cientes de operacionalização.

c) Competência: valorização dos ativos intangíveis acumulados pelos parceiros e demais partes interessadas que tenham credibilidade.

d) Inteligência: estabelecimento de uma rede distribuída de inteligência estratégica, capaz de orientar uma atuação proativa do sistema de apoio à inovação tecnológica das MPE.

e) Referência: criação, gestão e acompanhamento dos resultados de um portafólio de ações programadas e adaptadas às condições setoriais e geográfi cas do País, que visem a levantar o patamar atual de competitividade tecnológica e de inovação das MPE brasileiras, capacitando-as a enfrentar competitivamente a concorrência internacional, tanto no mercado interno como externo. Para isso, caberá delinear cadeias de inovação, identifi cando atores e papéis, vazios e formas de fomento.

E.2 Confi guração do modelo

Propõe-se um modelo sistêmico, pluriinstitucional, provisoriamente denominado SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAÇÃO NA MICRO E PEQUENA EMPRESA (SBI–MPE), com os seguintes objetivos estratégicos: universalizar o acesso à tecnologia e a ampliação da competitividade tecnológica e da inovação das MPE, tanto para competirem no mercado interno como no exterior; potencializar MPE fortemente inovadoras e de rápido crescimento; e dotar o Brasil de uma nova geração de empreendedores inovadores.

O porte e complexidade das questões em jogo, a janela de oportunidades existente pela coincidência de políticas públicas e a experiência do SEBRAE no apoio à inovação e na construção de parcerias com outros agentes de inovação recomendam a adoção de um modelo de caráter sistêmico.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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Esse modelo, provisoriamente denominado SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAÇÃO NA MICRO E PEQUENA EMPRESA (SBI–MPE) tem condições de atingir os seguintes objetivos estratégicos:

a) Universalizar o acesso à tecnologia e ampliar a capacidade de inovação das MPE.

b) Expandir as ações visando a aumentar a competitividade tecnológica e de inovação das MPE, tanto para competirem no mercado interno como no exterior.

c) Potencializar MPE fortemente inovadoras e de rápido crescimento.

d) Dotar o Brasil de uma nova geração de empreendedores inovadores.

Para alcançar esses objetivos, será necessário, sem a isso se limitar:

a) Agregar uma massa crítica de parceiros confi áveis e contributivos.

b) Levantar, selecionar e expandir as melhores práticas e a experiência adquirida pelo sistema e seus parceiros, nestes quase 17 anos de vivência no apoio ao desenvolvimento tecnológico e à inovação das MPE.

c) Formular soluções especiais, compreendendo as necessidades e peculiaridades de cada segmento, setor e localização geográfi ca de MPE.

d) Criar, implementar com perseverança e acompanhar os resultados de produtos e programas estáveis, sustentáveis e de impacto na competitividade tecnológica e de inovação das MPE.

e) Desenvolver uma capacidade de aprendizagem que leve a uma evolução adaptativa.

O SBI–MPE facilitará a articulação entre agentes de naturezas diversas, como sejam:

a) Instituições que expressam a demanda de apoio tecnológico das MPE.

b) Instituições que ofertam apoios tecnológicos.

c) Instituições de governo nas três esferas, tais como MCT e suas agências CNPq e Finep: MDIC, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da Fazenda; Confap; Consecti; Fórum Nacional de Secretários Municipais de Assuntos de C&T.

d) Instituições do setor fi nanceiro: bancos de desenvolvimento (BNDES, BNB e outros) ou que operam carteiras importantes nesse campo; entidades de capital empreendedor.

Cabe observar que há entidades que se enquadram em mais de uma categoria.

Pelo alinhamento com as diretrizes expostas, será benéfi ca a participação dos espaços de concertamento em funcionamento, tais como o Fórum

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Permanente das MPE (FP), o Grupo de Trabalho Permanente para APL (GTP) e o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (PNI).

E.2.1 Exemplo singelo de benefício do modelo sistêmico

MPEDIA: modelo de organização, gestão e uso da informação pela/para MPE.

O primeiro desafi o de um sistema de acesso à tecnologia e apoio à inovação é a questão da organização, gestão e uso da informação a respeito desses assuntos.

Observam-se, no Brasil, diversos exemplos de organização de informações a respeito do acesso à tecnologia e apoio à inovação. São esforços verticais na organização de informações em sites institucionais, como ocorre com agências de fomento/fi nanciamento e entidades que prestam serviços tecnológicos como universidade e institutos de pesquisa. E esforços horizontais, onde é possível encontrar informações sobre várias fontes em um único local, como as iniciativas recentes do Portal da Inovação e do Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT).

Essas informações, embora disponíveis, demandam constante atualização, o que nem sempre ocorre. Um desafi o adicional da gestão da informação é permitir que outras pessoas, que também possuam conhecimentos importantes, possam complementar as informações a respeito de um serviço de acesso à tecnologia ou apoio à inovação. Por serem iniciativas de uma entidade, a informação tem um “dono” responsável pelo seu direcionamento, forma e atualização.

Por fi m, há o desafi o do uso da informação. A principal alegação do empresário da MPE é o desconhecimento das linhas de acesso e apoio. Outra barreira sempre mencionada é a falta da capacidade em obter e utilizar tais linhas. Além disso, quando o empresário da MPE sabe da existência de uma linha, é usual não saber a quem recorrer. Já foi demonstrado, inclusive pelo próprio SEBRAE que o apoio de consultores é usualmente bastante relevante para o bom resultado da aplicação das linhas.

Nesse contexto, um modelo de organização, gestão e uso da informação precisa ser organizado e gerido para que a sua utilização por parte do empresário (e pelo próprio SEBRAE) seja fácil e efetiva.

A partir dessas premissas, o modelo de organização, gestão e uso da informação proposto baseia-se em dois serviços de sucesso da internet e comprovadamente efi cazes: Wikipedia e Google. A Wikipedia é uma enciclopédia multilíngüe, em linha (on-line), livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns, de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias. Por ser livre, entende-se que qualquer artigo dessa obra pode ser transcrito, modifi cado e ampliado, desde que os direitos de cópia e

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modifi cações sejam preservados, visto que o conteúdo da Wikipedia está sob a licença GNU/FDL. O Google, cuja lógica se baseia na popularidade do critério de busca, é o mecanismo de busca mais utilizado no mundo, sendo que a sua capacidade de reunir informações com qualidade é muito rápida e ele é de uso muito simples.

O modelo de organização, gestão e uso da informação prevê a criação da MPEDIA (que também poderia ser chamada Micropedia). Ali estariam informações, alimentadas pelos agentes que as operam, sobre serviços de acesso à tecnologia, linhas de apoio, fomento, fi nanciamento e capitalização, tipos de processos (como TIB, Alimento Seguro, certifi cações). Elas seriam disponibilizadas na internet por meio de uma plataforma livre e única, nos moldes da Wikipedia.

Além disso, essas informações seriam acrescidas de dados de entidades que prestam cada serviço e contatos de responsáveis pelo serviço na entidade e de entidades e consultores da rede do SEBRAE e independentes, capazes de auxiliar localmente o empresário. As informações poderiam ser buscadas diretamente no site da Wikipedia, ou por meio de um acordo com o Google. Este disponibilizaria um serviço de busca especial (http://inovacaompe.google.com), onde só se buscariam as informações no site da Wikipedia e, talvez, em sites relacionados.

O MPEDIA é um exemplo de inovação na prestação de serviços que o SEBRAE poderia desenvolver dentro das novas aplicações Web 2.0. O intuito desse modelo é o de permitir que o empresário tenha acesso a uma informação pronta para uso. Ela complementa, mas não substitui o Portal de Inovação, acrescendo uma dinâmica associada aos projetos de T&I.

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ANEXO F

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F. DESTAQUES DA EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL

Cientes da importância das pequenas empresas na competitividade nacional, vários países têm desenvolvido esforços para apoiar empresas de menor porte no acesso à tecnologia e à inovação.

Identifi cam-se experiências de sucesso em países como Espanha (CDTI), Itália (ENTE), França (OSEO) ou Suécia (VINNOVA), que desenvolveram iniciativas específi cas para apoiar empresas de menor porte no acesso à tecnologia e inovação.

A seguir, destacamos três experiências importantes que trouxeram resultados expressivos e lições de aprendizados úteis para o Brasil.

F.1 Manufacturing Extension Partnership (EUA)

Destaca-se o Manufacturing Extension Partnership (MEP), uma rede de centros sem fi ns lucrativos presentes em 350 localidades, em 50 Estados norte-americanos. Esses centros são sustentados por recursos federais, estaduais, locais e privados, com o objetivo principal de auxiliar empresas industriais a competir globalmente por meio do suporte na integração da cadeia de valor e do acesso à tecnologia para o aumento da produtividade. Seu expressivo impacto sobre as empresas pequenas e médias é amplamente reconhecido.

A) Descrição da iniciativa

O foco de atuação do Manufacturing Extension Partnership (MEP) são empresas industriais de pequeno porte. Criado em 1988, por iniciativa do National Institute of Standards and Technology (NIST), o MEP é uma rede de centros sem fi ns lucrativos presentes em 350 localidades (dados de 2006), em 50 Estados norte-americanos. Esses centros são sustentados por recursos federais, estaduais, locais e privados, com o objetivo principal de auxiliar empresas industriais a competir globalmente por meio do suporte na integração da cadeia de valor e do acesso à tecnologia para o aumento da produtividade.

A missão do MEP é “fortalecer a competitividade global das empresas pequenas industriais norte-americanas pelo fornecimento de informações, suporte à decisão, assistência na implementação e adoção de tecnologias, técnicas ou práticas de negócios industriais mais avançadas”.

Cada centro do MEP atua regionalmente para prover experiência e serviços customizados para necessidades críticas de empresas do setor industrial, o que inclui desde melhoria de processos e treinamento de funcionários até novas práticas de negócios e aplicações da tecnologia da informação. Os serviços são oferecidos por uma combinação de capacidades dos integrantes dos Centros e consultores

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externos da rede. Isso permite que até mesmo as menores empresas tenham acesso ao conhecimento de especialistas de qualquer região dos Estados Unidos.

Os Centros do MEP atuam como centros regionais de convergência (hubs) que facilitam a interação das empresas de menor porte dos Estados Unidos com provedores de soluções tecnológicas. Antes disso, cada empresa precisava fazer inúmeros contatos para descobrir quem eram os provedores e depois envidar novos esforços para escolher e entrar em contato com o provedor. Como os próprios Centros são entidades de consultoria, boa parte dos esforços anteriores é eliminada. A empresa passa a receber uma atenção individual e tem acesso privilegiado a uma rede de cerca de quatro mil provedores de serviços.

B) Resultados

O orçamento do MEP começou tímido, com apenas US$ 6 milhões em 1989 e atingiu o patamar acima de US$ 100 milhões a partir de 1998, quando o MEP conseguiu atender cerca de 30 mil empresas no ano. Desde então o Programa tem se mantido com um orçamento nesse patamar. O orçamento de 2005 foi de aproximadamente US$ 109 milhões, quando o programa atendeu 16,5 mil clientes (49% assistência técnica, 43% treinamento e 8% avaliações – dados 2005).

O Governo Bush tem sido contra o MEP. No começo da sua primeira gestão, propôs a redução dos recursos para o Programa até a sua eliminação. O Congresso dos Estados Unidos foi contra essa redução e conseguiu manter o Programa em funcionamento, com a destinação dos recursos constantes em patamares acima de US$ 100 milhões.

A avaliação de resultados da iniciativa tem sido feita por meio de pesquisas junto aos clientes atendidos pelos Centros. Os dados têm indicado que o MEP tem sido consistentemente importante no fortalecimento das vendas das empresas (+ US$ 1,9 bilhão em 2005), na redução de custos (- US$ 0,7 bilhão em 2005), na capacidade de investimento em modernização (+ US$ 0,9 bilhão em 2005) e na criação de empregos (+ 12.753).

C) Lições Aprendidas

Após 18 anos de atuação, é possível identifi car algumas lições aprendidas pelo MEP no auxílio a pequenas e médias empresas norte-americanas, no que se refere aos serviços de acesso à tecnologia e inovação:

a) Atuação organizacional: o MEP conseguiu alavancar atendimento local com acesso a recursos em nível nacional. Cada Centro do MEP é uma empresa local de consultoria de atuação regional, estruturada na forma de entidade sem fi ns lucrativos. Como há limitações da capacidade de pagamento por parte das pequenas empresas, os recursos para a manutenção de cada Centro têm sido bancados com uma combinação de recursos federais, estaduais e privados. Com isso, o MEP fomentou o desenvolvimento de uma nova geração de consultores locais interessados na geração de resultados e, conseqüentemente, novos negócios no futuro.

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b) Estrutura de gestão: ao criar os Centros como uma entidade de consultoria, houve uma preocupação de que o atendimento local fosse orientado para necessidades efetivas dos clientes. Foi dada ênfase no atendimento individual – cerca de 80%, em detrimento do coletivo e em detrimento a potenciais interesses políticos ou institucionais. Para que houvesse o equilíbrio na condução das atividades locais, foi instituída uma estrutura de governança por meio de conselhos de administração, com conselheiros da região, em geral, representantes de parceiros e provedores regionais de soluções dos setores público, privados e sem fi ns lucrativos.

c) Evolução do foco de atuação: a atuação do MEP, por meio dos seus Centros associados, foi concentrada em questões básicas da tecnologia, tais como: qualidade, gestão de processo, sistema de negócios, questões ambientais, tecnologia da informação, automação e desenvolvimento de produto. Agora, após 18 anos de atuação, o novo plano estratégico do MEP para os próximos seis anos apresentado em 2006 privilegia o tema inovação. A partir de 2006, o desafi o do MEP é capacitar seus Centros e parceiros para auxiliar as pequenas empresas no desenvolvimento de inovações.

F.2 Enterprise Ireland (Irlanda)

A Enterprise Ireland tem contribuído para tornar a Irlanda um caso mundialmente reconhecido de sucesso na formulação e implementação de uma estratégia de desenvolvimento alicerçada na inovação tecnológica. Seu foco são empresas nascentes e de pequeno porte, altamente inovadoras e que tenham grande potencial para competir internacionalmente.

A) Descrição da Iniciativa

O foco de atuação da Enterprise Ireland são empresas nascentes e de pequeno porte, altamente inovadoras e que tenham grande potencial para competir internacionalmente. Criada em 1998, é uma agência de desenvolvimento do governo irlandês. Sua missão é “acelerar o desenvolvimento de empresas irlandesas de classe mundial para alcançar posições sólidas em mercados globais, resultando no aumento da prosperidade regional e nacional”.

A Enterprise Ireland mantém 13 escritórios na Irlanda e 32 escritórios internacionais. Por meio de quase 1.000 funcionários, a entidade atua como agência de desenvolvimento, empresa de consultoria, promotora de exportações e investidora, simultaneamente.

Para cumprir tantos objetivos simultâneos, a Enterprise Ireland desenvolveu uma série de programas. O Programa de Desenvolvimento de Empresas, por exemplo, é desenvolvido em parceria com universidades para a criação de novas empresas inovadoras. Além de capital semente (€ 35 mil), o programa oferece espaço em incubadoras das universidades, assistência no planejamento,

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implantação e expansão para o exterior. Além disso, ainda na criação e fortalecimento de empresas, a entidade mantém um amplo programa de capital de risco.

Desde a sua fundação, a Enterprise Ireland investiu cerca de € 164 milhões em 30 fundos. A partir desses investimentos, os fundos conseguiram levantar € 391 milhões adicionais, totalizando € 555 milhões. A entidade já se comprometeu a investir 175 milhões de euros adicionais.

Além disso, a entidade presta consultoria em aconselhamentos individuais – como avaliação de idéias ou mercados, propriedade intelectual e plano de negócios. Também presta apoio em outras áreas, tais como fi nanças, pesquisa de mercado, gestão de pessoas e da tecnologia. Para esses apoios, a entidade designa um consultor especializado para o atendimento e também disponibiliza linhas de apoio fi nanceiro, para que o empreendedor execute as sugestões da consultoria recebida.

Para ser mais efetivo em áreas estratégicas, a Enterprise Ireland criou áreas de apoio setoriais como alimentos e varejo, industrial e ciências da vida, software, serviços e setores emergentes.

No campo da tecnologia, a entidade divide o apoio em três atividades: diagnóstico, planejamento e implementação. Nesse assunto, há uma atenção especial com o tema licenciamento de tecnologias. Para isso, foi criado, também, um programa específi co chamado TechSearch. Em todas as alternativas, a possibilidade de obtenção de recursos fi nanceiros e o acesso a recursos humanos e de infra-estrutura são sempre considerados por parte dos consultores da Enterprise Ireland.

B) Resultados

A Enterprise Ireland é uma operação de alto custo se comparada a outras iniciativas similares no mundo. Em 2005, a entidade consumiu cerca de € 244 milhões para gerir as suas operações. Parcela majoritária desses recursos foi oriunda do Ministério da Empresa, Comércio e Desenvolvimento. Todavia, a entidade também tem sido capaz de obter recursos de suas próprias operações, vendendo, por exemplo, participações de empresas e também recebendo dividendos das empresas de sua carteira, levando-se em consideração que a Enterprise Ireland também faz aporte de capital em empresas emergentes.

Por outro lado, os dados do balanço anual da Enterprise Ireland indicam que as empresas apoiadas pela entidade ampliaram suas exportações em € 1,3 bilhão, em 2005, gerando 11,6 mil empregos, o que é um resultado bastante expressivo.

C) Lições aprendidas

A Enterprise Ireland é uma experiência ainda recente, com aproximadamente oito anos de atividade. É um dos principais esforços do governo irlandês para posicionar o país como uma das referências mundiais em tecnologia e inovação. Para ser implementada, houve uma série de pesquisas de iniciativas similares

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em outros países. A entidade foi estruturada considerando as melhores práticas observadas nesses países e, também, a capacidade do país em desenvolver uma iniciativa como essa.

Nesse contexto, as lições aprendidas que podem ser observadas na Enterprise Ireland referem-se a práticas de vanguardas. Como exemplos, é possível citar:

a) One stop shop: a Enteprise Ireland foi planejada para ser uma forma fácil do empreendedor inovador buscar apoio para o crescimento do seu negócio. Em um só local, o empreendedor pode obter orientação, apoio e recursos (inclusive fi nanceiros) para criar, expandir e consolidar o seu negócio. Isso tem permitido que haja um planejamento e execução únicos quando se trata de apoio ao empreendedor, evitando hiatos (gaps), trabalhos/iniciativas duplicadas, confl itos entre entidades que atuam no mesmo assunto, entre outros contratempos, se o empreendedor fosse buscar apoio em várias entidades simultaneamente.

b) Parceria com universidades: a Enterprise Ireland estabeleceu parcerias com as principais universidades irlandesas para que estas apóiem o surgimento de empresas inovadoras, principalmente por meio da incubação de empresas e acesso à tecnologia.

c) Atuação como investidora: a entidade também oferece recursos fi nanceiros para serem investidos em empresas na forma de capital empreendedor. Isso pode ser feito diretamente, como recurso de fomento, ou por meio de fundos no qual a Enterprise Ireland é investidora. Essa atuação já tem trazido resultados para a entidade. Em 2005, por exemplo, a Enterprise Ireland recebeu cerca de € 32,9 milhões, que foram gerados a partir de vendas de ações de investimentos anteriores feitos pela entidade e € 1,8 milhão, que foi oriundo de dividendos das empresas do portfólio.

d) Desenvolvimento de uma nova geração de empresas inovadoras: a Irlanda conseguiu se posicionar como um dos países mais inovadores do mundo, atraindo novas empresas e aumentando sensivelmente o valor e teor das exportações. Nesse novo contexto, a Enterprise Ireland tem tido um papel crítico no desenvolvimento de novas alternativas de crescimento baseado em novas empresas, novos produtos, novos segmentos de atuação e novos mercados.

e) Mais do mesmo: ao contrário do MEP, que só alterou sua atuação para concentrar esforços no tema inovação em 2006, a Enterprise Ireland nasceu para apoiar esse assunto. Graças aos resultados obtidos, as metas para os próximos anos incluem novos objetivos para as mesmas áreas de atuação da entidade, tais como: ampliação da exportação (+ € 3 bilhões adicionais); ampliação do número de empresas que fazem P&D signifi cativo (+ de € 100 mil/ano); mais empresas nascentes realmente inovadoras; e mais empresas com programas de melhoria de qualidade e produtividade.

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F.3 Experiência da Coréia do Sul

A Coréia do Sul tem sido utilizada para ilustrar vários exemplos de melhores práticas na área de ciência, tecnologia e inovação. O país, de fato, conseguiu obter ótimos índices de crescimento sustentado pela sua capacidade de desenvolver novas tecnologias e inovações. É um dos raros exemplos de países que conseguiram realmente implantar e fazer funcionar os Sistemas de Inovação em seus vários níveis: nacional, regional e local. A política industrial sul-coreana privilegia a integração industrial de universidades/centros de pesquisa, pequenas e grandes empresas.

A) Descrição da Iniciativa

As iniciativas na área de tecnologia e inovação na Coréia do Sul são desenvolvidas de forma centralizada pelo governo federal. Dessa maneira, as iniciativas são planejadas para se complementarem. Nesse contexto, diversas iniciativas, e não apenas algumas, são responsáveis pelo sucesso do desenvolvimento de empresas sul-coreanas. Destacam-se entidades como a Korea Industrial Technology Association (Koita) ou a Korea Institute of Industrial Technology Evaluation & Planning (ITEP).

O planejamento estratégico do país tem privilegiado os grandes conglomerados sul-coreanos, que, por sua vez, mantêm estreitas parcerias com empresas de menor porte, responsáveis pelo fornecimento de partes, componentes e peças.

Para também fortalecer as pequenas e médias empresas, o governo sul-coreano criou uma classifi cação de empresas de menor porte em: geral, pequena e inovativa. Para auxiliar cada grupo de empresas, o governo sul-coreano desenvolveu mais de 80 programas de apoio às MPE, que são administradas por 12 ministérios diferentes. Todos os programas estão diretamente relacionados ao tema tecnologia ou inovação.

Observa-se que o sistema sul-coreano de tecnologia e inovação para MPE tem forte inspiração em iniciativas norte-americanas. Mimetizando o Small Business Administration (SBA) dos Estados Unidos, o governo sul-coreano criou, em 1996, o Small and Medium Business Administration – SMBA (www.smba.go.kr). Inspiração semelhante foi obtida no Small Business Innovation Research Program (SBIR), que inspirou a Coréia do Sul a instituir o Small Business Corporation – SBC (www.sbc.or.kr).

Em função do planejamento da tecnologia e inovação ser centralizado no governo federal, busca-se alavancar sinergias entre as várias iniciativas de acesso à tecnologia e à inovação por parte das MPE. Enquanto que o SMBA trata de questões mais amplas e estratégicas como desenvolvimento da cultura empreendedora, acesso a instrumentos de fi nanciamento e capitalização, apoio a incubadoras de empresas, compras governamentais de MBE, outras entidades, tais como a SBC, o ITEP ou o Korea Institute of Industrial Technology (Kitech), buscam oferecer apoios específi cos.

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O SBC, por exemplo, oferece fi nanciamentos e serviços de consultoria para MPE, enquanto que o Kitech presta serviços de co-desenvolvimento de tecnologias, implantação de plantas piloto, serviços de automação e acesso a laboratórios.

B) Resultados

Por também ser tratada como prioridade e política de Estado, assim como ocorre com o apoio às empresas maiores, o apoio à tecnologia e inovação para MPE na Coréia do Sul recebe investimentos vultosos. O ITEP, por exemplo, um dos principais institutos de P&D do país, recebe cerca de US$ 1,5 bilhão/ano para desenvolver pesquisa industrial em universidades e institutos de pesquisas. Cerca de 70% desses recursos têm como orientação o desenvolvimento de tecnologias industriais para MPE. Isso tem permitido que as MPE tenham condições de desenvolver e produzir inovações de classe mundial, com a competitividade das grandes corporações mundiais.

Com o apoio do governo federal, MPE sul-coreanas estão expandindo as suas operações para o exterior. Tem sido comum, por exemplo, MPE sul-coreanas desenvolver projetos na China. Ao fi nal de 2004, o governo da Coréia do Sul contabilizava cerca de 1.080 projetos na China.

Outro bom resultado que vem sendo obtido pelas MPE sul-coreanas tem sido o avanço nas exportações, que tem crescido 20% a.a., em média. Cerca de 30% das empresas do país já costumam exportar, o que é uma taxa bastante alta para qualquer país.

C) Lições aprendidas

A Coréia do Sul tem sido utilizada para ilustrar vários exemplos de melhores práticas na área de ciência, tecnologia e inovação. O país, de fato, conseguiu obter ótimos índices de crescimento sustentado pela sua capacidade de desenvolver novas tecnologias e inovações. Para o apoio às pequenas empresas, o país também oferece uma série de exemplos de aprendizados que podem ser destacados:

a) Sistemas de Inovação: são raros os exemplos de países que conseguiram realmente implantar e fazer funcionar os Sistemas de Inovação em seus vários níveis: nacional, regional, local. A Coréia do Sul é um exemplo. Por meio de uma política de Estado que considera a Ciência, Tecnologia e Inovação como uma das principais prioridades do país, a Coréia do Sul tem obtido sucesso na formação de pesquisadores, no desenvolvimento de novas tecnologias e na introdução de inovações de classe mundial.

b) A seriedade com que realizam estudos prospectivos em C&T, o valor dado à educação e a preocupação com a governança das políticas de inovação constituem alguns dos pilares dessa abordagem.

c) Evolução do papel das MPE46: a política industrial sul-coreana privilegia a integração industrial de universidades/centros de pesquisa, pequenas

46 Cabe observar que a associação coreana equivalente à Anpei, a Koita tem mais de cinco mil associados, a maior parte MPE.

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e grandes empresas. Tradicionalmente, as MPE têm sido responsáveis pelo desenvolvimento e fabricação de peças, partes e componentes que são utilizados pelas grandes empresas. Apesar de ainda desenvolver essa função vital para o crescimento do país, as MPE estão buscando novos mercados externos.

d) Incentivos fi scais para a inovação em MPE: tratamento especial para MPE que investem em inovação, como a redução de cargas tributárias e recebimento de recursos fi nanceiros privilegiados.

É importante ressaltar que o conjunto de medidas resultou num vigoroso processo de ampliação de 40 para mais de dez mil no número de empresas com centros de P&D próprios, sendo que 95% está localizado em fi rmas de pequeno e médio porte.

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1. ESPECIAL – CONTRIBUIÇÃO PARA O DOCUMENTO DE ATUAÇÃO DO SISTEMA SEBRAE EM ACESSO À

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (ELABORADO PELA ABASE)

Introdução

O presente documento, elaborado pelo Grupo de Trabalho criado por meio da Portaria PRESI nº 0505/07, de 9/5/2007, composto por representantes do SEBRAE/NA e Abase – Associação Brasileira dos SEBRAE/Estaduais tem como objetivo propor recomendações ao Capítulo 6 do texto sobre a “Atuação do Sistema SEBRAE em Inovação e Acesso a Tecnologia”, elaborado por uma equipe técnica da USP, atendendo encomenda do CDN. Não se posiciona, portanto, em relação ao conteúdo e às propostas dos demais capítulos.

O Grupo de Trabalho entende que o documento é uma contribuição à diretriz elaborada pela Abase em 2004 para oferecer subsídios à ação de tecnologia do Sistema SEBRAE, visando orientar o atendimento das demandas coletivas ou individuais das MPE inseridas em Projetos Finalísticos.

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2. METODOLOGIA

2.1 Defi nição do escopo do trabalho

Em 9/5/2007, durante a primeira reunião do Grupo de Trabalho antes mencionado, fi cou defi nido que a análise e conseqüente contribuição fi cariam restritas às questões de atuação do Sistema SEBRAE no apoio à Inovação e Acesso a Tecnologia pelas MPE, capítulo 6 da diretriz elaborada pela USP.

2.2 Harmonização de conceitos

Na mesma reunião foi feita a harmonização dos conceitos de Inovação e Acesso à Tecnologia utilizados na elaboração do presente trabalho. Os conceitos consensuados estão apresentados a seguir:

» Inovação

“É a concepção de um novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivos ganhos de qualidade ou produtividade, resultando em maior competitividade no mercado.”

Fonte: capítulo X da Lei Geral das MPE.

» Acesso à Tecnologia

“É a difusão de um conjunto organizado de conhecimentos científi cos, empíricos ou intuitivos, empregados na produção e comercialização de bens e serviços, representando ganhos de competitividade e produtividade. Isso não se restringe a adoção de um novo processo, método ou produto.”

Fonte: diretriz para atuação do Sistema SEBRAE em Inovação Tecnológica elaborada pela Abase–2004 .

2.3 Defi nição de premissas

Foram defi nidas ainda, nessa mesma reunião, as premissas para atuação do Sistema SEBRAE em Inovação e Acesso à Tecnologia baseadas na apresentação feita pelo consultor Ari Plonsky, da USP, ao Grupo de Trabalho (em anexo), em encontro realizado no dia 9 de maio, no SEBRAE/Nacional.

As premissas discutidas e assumidas pelo GT são:

a) Inovação como fator de competitividade.

b) Respeito às diferenças locais e regionais.

c) Simplicidade e objetividade.

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2.4 Levantamento de contribuições do Sistema SEBRAE

Em reunião em 9/5/2007, na sede da Abase os representantes dos SEBRAE/UF do GT estruturaram um questionário único para coleta de sugestões e experiências, referentes à atuação do Sistema SEBRAE em Inovação e Acesso à Tecnologia (anexo):

a) Papéis e responsabilidades do SEBRAE/NA, SEBRAE/UF, Entidades e Parceiros Tecnológicos.

b) Diretrizes para atuação do Sistema SEBRAE.

c) Ações mais relevantes desenvolvidas pelo SEBRAE/UF.

Ainda nessa data o questionário foi encaminhado pela Abase a todos os dirigentes dos SEBRAE/UF, aos responsáveis pelas ações de Tecnologia nos UF e à UAIT do SEBRAE/NA. O SEBRAE/NA adotou o mesmo questionário no levantamento junto às Unidades do SEBRAE/NA e reforçou, junto aos SEBRAE/UF, a importância do atendimento do pleito da Abase.

2.5 Consolidação das contribuições do Sistema SEBRAE

Em reunião realizada em 21 e 22/5/2007, na sede do SEBRAE/PA, foram apresentadas as contribuições enviadas pelo SEBRAE/NA e por 23 SEBRAE/UF, abaixo relacionados: AL / BA / CE / PE / PI / RN / SE / PA / AM / RR / RO / AP / SP / RS / MT / DF / GO / MG / ES / RJ / PR / MS / SC.

Nessa reunião os representantes regionais apresentaram a consolidação das contribuições dos Estados por região (apresentações em anexo). Na oportunidade o SEBRAE/NA também apresentou sua consolidação.

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3. DIRETRIZES

O Sistema SEBRAE desenvolverá esforços no sentido de universalizar a inovação e acesso à tecnologia pelas MPE, com base nas seguintes diretrizes:

a) Disseminar a cultura da inovação e acesso à tecnologia junto a to-dos os colaboradores e dirigentes do Sistema SEBRAE.

b) Reforçar a atuação voltada para as MPE inovadoras – setores intensivos em conhecimento.

c) Fomentar o empreendedorismo inovador.

d) Difundir e promover o acesso e uso de serviços tecnológicos pelas MPE.

e) Manter equipes no Sistema SEBRAE capacitadas para apoiar ações de T&I para MPE.

f) Zelar pelo cumprimento da aplicação do Capítulo 10 – do estímulo à Inovação – da Lei Geral da micro e pequena empresa.

g) Articular parcerias estratégicas para o estabelecimento de políticas que levem à construção de ambiente favorável para o desenvolvimento sustentável das MPE.

h) Alavancar recursos voltados para a aplicação em inovação e tecnologia de forma a atender às necessidades das MPE.

i) Intensifi car a oferta de soluções de tecnologia de atendimento individual.

j) Priorizar o desenvolvimento e aplicação de soluções de tecnologia integradas com o conjunto de ações do Sistema SEBRAE no apoio às MPE.

k) Desenvolver e aplicar soluções de tecnologia para comércio e serviços.

l) Potencializar o uso das competências regionais no desenvolvimento e operacionalização das soluções de tecnologia.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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4. PAPÉIS E RESPONSABILIDADES

4.1 SEBRAE/NA:

a) Desenvolver e disseminar soluções de tecnologia customizadas para atendimento coletivo setorial.

b) Realizar prospecções tecnológicas em setores intensivos em MPE.

c) Participar de fóruns nacionais e internacionais de discussão das temáticas tecnológicas e inovação para as MPE.

d) Propor estratégias e diretrizes de atuação para o Sistema SEBRAE em Inovação e Acesso à Tecnologia.

e) Coordenar ações de integração e capacitação das equipes de tecnologia dos SEBRAE/UF e parceiros, quando couber.

f) Acompanhar a aplicação dos itens que dizem respeito à inovação e tecnologia na Lei Geral.

g) Articular parcerias estratégicas com instituições de atuação nacional e internacional, para disponibilizar recursos, capacitação, serviços e informações de T&I, com condições diferenciadas para as MPE.

h) Elaborar material de divulgação, tipo fôlderes, cartazes, cartilhas etc.

i) Atuar como facilitador nas articulações regionais no papel de orientador da construção de projetos com outras instituições locais de CT&I.

j) Apoiar a elaboração e execução de projetos estruturantes em inovação e acesso à tecnologia.

k) Elaborar indicadores para monitorar o crescimento e desenvolvimento da inovação e acesso à tecnologia de MPE e parceiros.

l) Disseminar os mecanismos de inovação e acesso à tecnologia existentes no País e internacionalmente.

m) Promover a disseminação de conhecimento e a avaliação e difusão das melhores práticas para o Sistema SEBRAE.

n) Promover o fortalecimento das redes prestadoras de serviços tecnológicos para as MPE.

o) Disseminar e desmistifi car T&I para as MPE.

p) Desenvolver Banco de Dados (impresso e web) com os casos mais exitosos das MPE atendidas pelos SEBRAE/UF.

q) Mapear e disseminar soluções de tecnologia customizadas e desenvolvidas pelas UF para o atendimento coletivo setorial.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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4.2 SEBRAE/UF:

a) Desenvolver e/ou adaptar soluções de tecnologia para atender às demandas levantadas a partir do seu público-alvo.

b) Sugerir ao SEBRAE/NA estratégias e diretrizes de atuação para o Sistema SEBRAE em Inovação e Acesso à Tecnologia.

c) Participar de fóruns de discussão das temáticas sobre inovação e acesso à tecnologia para as MPE.

d) Desenvolver soluções de tecnologia customizadas para atendimento coletivo setorial.

e) Realizar prospecções tecnológicas em setores intensivos em MPE, de interesse local.

f) Prover as MPE com conhecimento, informação e soluções de tecnologia.

g) Credenciar entidades executoras e profi ssionais para atuar na implantação de soluções de tecnologia junto às MPE.

h) Zelar pela aplicação dos conteúdos programáticos das metodologias e soluções de tecnologia disponibilizadas pelo SEBRAE/NA, adequadas às realidades locais.

i) Monitorar e acompanhar a aplicação dos recursos de tecnologia nos diversos projetos e atividades do SEBRAE/UF, com base nos indicadores defi nidos pelo SEBRAE/NA.

j) Articular parcerias para ações de T&I nos Estados.

k) Capacitar suas equipes para ofertar ações de T&I para as MPE.

l) Cumprir os percentuais estabelecidos nas Diretrizes Orçamentárias do SEBRAE/NA.

m) Participar das redes locais de T&I, quando couber.

n) Buscar oportunidades para captar recursos e ações em prol da temática T&I.

o) Elaborar material de divulgação, tipo fôlderes, cartazes etc.

p) Articular, interna e externamente, o desenvolvimento da cultura da inovação.

q) Atuar em parceria com o SEBRAE/NA na elaboração, planejamento e execução de ações e projetos de cunho inovativo para fomentar MPE.

r) Prover os projetos fi nalísticos de conhecimento e soluções de inovação e tecnologia.

s) Incentivar a aplicação da Lei Geral e da Lei de Inovação pelo Estado, pelas instituições de ensino/pesquisa.

ACESSO À INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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t) Estimular a troca de experiências de sucesso dentro e fora do Estado.

u) Aprimorar a interação entre os produtores de conhecimento, os provedores de recursos e MPE.

v) Desdobrar as diretrizes nacionais em plano de ações local.

x) Levantar demandas e propor soluções de tecnologia que possam ser nacionalizadas.

z) Promover a difusão de informações tecnológicas.

w) Desmitifi car T&I para as MPE.

y) Alimentar o Banco de Dados (impresso e web) com os casos mais exitosos das MPE atendidas pelos SEBRAE/UF.

4.3 Entidades e Parceiros Tecnológicos:

As entidades parceiras deverão observar, entre outros, os seguintes aspectos:

a) Cumprir a Lei Geral, no que lhe competir.

b) Identifi car, desenvolver e prover soluções tecnológicas adequadas às necessidades das MPE.

c) Viabilizar o acesso e uso de informações tecnológicas de interesse das MPE.

d) Simplifi car os procedimentos de atendimento das necessidades tecnológicas das MPE.

e) Dar tratamento diferenciado às MPE.

f) Dar visibilidade à parceria com o Sistema SEBRAE.

g) Dispor de interlocutor capacitado e habilitado para atuação junto às MPE.

h) Capacitar técnicos na elaboração de projetos para captação de recursos com foco em inovação.

DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DO SISTEMA

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5. PRINCIPAIS EIXOS DE ATUAÇÃO

a) Capacitação do Sistema SEBRAE e de parceiros.

b) Acesso à Tecnologia – Difusão Tecnológica.

c) Inovação Incremental – Melhoria/Aperfeiçoamento.

d) Inovação de Produto/Processo – Novo Produto/Novo Processo.

5.1 Áreas Temáticas e Soluções de Tecnologia

Consultoria Tecnológica

a) SEBRAEtec.

Design

a) Via Design.

b) Ofi cina de Design.

Econegócios – Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

a) Sistema de Gestão Ambiental.

b) Produção Mais Limpa.

c) Efi ciência Energética.

d) 5 menos que são mais.

e) 5 S.

TIB – Tecnologia Industrial Básica

a) Bônus Metrologia.

b) Bônus Certifi cação.

c) Certifi cação de Sistema da Qualidade.

d) Avaliação de Conformidade.

e) Propriedade Intelectual.

f) Informação Tecnológica – SBRT.

SST – Saúde e Segurança no Trabalho Alimentos Seguros

a) PAS – Programa de Alimentos Seguros – BPF e APPCC.

Incubadoras de Empresas

a) Incubadoras de Base Tecnológica.

b) Incubadoras Setoriais/Tradicionais.

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c) Incubadoras Mistas.

PROIMPE – Programa de Informatização para as MPE

Casos de Sucesso Tecnológicos

Inteligência Competitiva

Qualidade

Inovação

5.2 Instrumentos para operacionalização das Soluções de Tecnologia

As soluções de tecnologia são operacionalizadas para atender às demandas das MPE no âmbito do Acesso à Tecnologia (difusão tecnológica), Inovação Incremental (aperfeiçoamento/melhoria) e a Inovação de Novos produtos e Novos Processos, por meio dos instrumentos abaixo relacionados:

Atendimento Individual – presencial e remoto

a) Cursos, Ofi cinas e Clínicas Tecnológicas.

b) Consultoria e Diagnósticos Tecnológicos.

c) Workshops, Palestras, Seminários e Congressos.

d) Feiras, Mostra e Salão de Tecnologia.

e) Missões e Caravanas.

f) Rodadas de Negócios em Tecnologia.

g) Apoio a Redes e Núcleos.

h) Editais.

i) Produção de Cartilhas, Manuais e Publicações.

j) Prêmios e Concursos.

k) Desenvolvimento de Novas Metodologias.

l) Bolsas de Iniciação Tecnológica.

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