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DIAGNÓSTICO DE IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES TECNOLÓGICAS DA CADEIA PRODUTIVA DE AGRICULTURA ORGÂNICA NO DISTRITO FEDERAL - Relatório de Pesquisa Exploratória – - Resultados da Pesquisa Qualitativa – - Resultados da Pesquisa Quantitativa - Brasília/ DF Março de 2005

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DIAGNÓSTICO DE IDENTIFICAÇÃO DAS

NECESSIDADES TECNOLÓGICAS DA CADEIA

PRODUTIVA DE AGRICULTURA ORGÂNICA NO

DISTRITO FEDERAL

- Relatório de Pesquisa Exploratória –

- Resultados da Pesquisa Qualitativa –

- Resultados da Pesquisa Quantitativa -

Brasília/ DF

Março de 2005

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E Q U I P E T É C N I C A

COORDENAÇÃO GERAL

EDNALVA FERNANDES COSTA DE MORAIS, M.Sc. EM SOCIOLOGIA – ADMINISTRADORA DE

EMPRESAS - VICE-DIRETORA DO CENTRO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO –

CDT/ UNB. [email protected]

FERNANDO NEVES DOS SANTOS FILHO, ESPECIALISTA – ENGENHEIRO AGRÔNOMO –

GERENTE DE TECNOLOGIA DO SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO

DISTRITO FEDERAL – SEBRAE/ DF. [email protected]

COORDENAÇÃO TÉCNICA GERAL

ELIZABETE DO NASCIMENTO AGUIAR - ECONOMISTA – CENTRO DE APOIO AO

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO – CDT/ UNB. [email protected]

APOIO TÉCNICO GERAL

FABIANA COELHO FERREIRA MEIRA, ESPECIALISTA - PSICÓLOGA - CENTRO DE APOIO AO

DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO – CDT/ UNB. [email protected]

RAMON MAGALHÃES ALVES – GRADUANDO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS – CENTRO DE

APOIO AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO – CDT/ UNB. [email protected]

AUTOR

ERNANI DO ESPÍRITO SANTO, M.Sc. – ENGENHEIRO AGRÔNOMO

EQUIPE TÉCNICA

MARLON VINÍCIUS BRISOLA, M.Sc. – MÉDICO VETERINÁRIO

EROTHILDES SILVA ROHRER – MÉDICA VETERINÁRIA

NÍVIA GUIMARÃES DA COSTA – ADMINISTRADORA DE EMPRESAS

TATIANE DE ALMEIDA CRUZ – GRADUANDA EM ZOOTECNIA

MAGALI COSTA GUIMARÃES, M.Sc. – PSICÓLOGA

COLABORAÇÃO

CHESS AGRONEGÓCIOS

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Sumário

1 Introdução ................................................................................. 1

2 Objetivo..................................................................................... 2

3 Metodologia ............................................................................... 3

4 Agricultura Orgânica ................................................................... 4

5 Cadeia produtiva de orgânicos no Distrito Federal ......................... 8

5.1 Ambiente organizacional e institucional .................................. 9

5.1.1 Programas e entidades de apoio........................................ 9

5.1.2 Organizações de produtores rurais................................... 13

5.1.3 Certificação.................................................................... 16

5.2 Os elos da cadeia produtiva ................................................ 20

5.2.1 Insumos ........................................................................ 20

5.2.2 Elo de produção ............................................................. 24

5.2.3 Elo de processamento..................................................... 42

5.2.4 Elo de Atacado............................................................... 45

5.2.5 Elo de Varejo ................................................................. 45

6 Demandas tecnológicas e de capacitação da Cadeia produtiva de

alimentos orgânicos do Distrito Federal ....................................................... 54

6.1 Necessidades de Capacitação .............................................. 54

6.2 Demanda Tecnológica ........................................................ 57

6.3 Ergonomia......................................................................... 58

7 Bibliografia............................................................................... 63

ANEXOS.......................................................................................... 64

7.1 Anexo 1 – Lista de Produtores de Orgânicos......................... 65

7.2 Anexo 2 – Lista de Feiras de Produtos Orgânicos .................. 67

7.3 Anexo 3 – Lista de fornecedores de insumos, agroindústrias,

atacadistas e varejistas de produtos orgânicos no DF................................ 68

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7.4 Anexo 4 – Lista de produtores entrevistados......................... 69

7.5 Anexo 5 – Lista de supermercados e restaurantes entrevistados

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Número de produtores certificados e em conversão no DF e Entorno,

segundo as certificadoras .................................................................... 20

Tabela 2 – Área e resultados econômicos por cultura – propriedade nº1........ 41

Tabela 3 – Características do elo de produção de orgânicos no DF, segundo

levantamento de campo...................................................................... 42

Tabela 4 – Características levantadas na comercialização de orgânicos em

varejões e supermercados................................................................... 49

Tabela 5 – Temas para desenvolvimento de processos de capacitação para os

agentes da Cadeia Produtiva de Orgânicos no DF.................................. 56

Índice de Figuras

Figura 1 – Fluxograma da cadeia produtiva de alimentos orgânicos no DF .... 21

Figura 2 – Sistemas orgânicos de produção com apenas uma cultura e de

cultivo de diversas plantas................................................................... 22

Figura 3 – Distribuição dos produtores entrevistados conforme segmento...... 26

Figura 4 – Principal fonte de renda dos produtores entrevistados .................. 28

Figura 5 – Faixa etária dos produtores entrevistados.................................... 28

Figura 6 – Grau de escolaridade dos produtores entrevistados ...................... 29

Figura 7 – Administração das unidades de produção .................................... 29

Figura 8 – Tipos de produtos orgânicos cultivados ....................................... 30

Figura 9 - Tempo de atuação dos empresários no comércio de produtos

orgânicos........................................................................................... 31

Figura 10 - Faixas de áreas efetivamente cultivadas..................................... 31

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Figura 11 - Número de funcionários por propriedades trabalhando com

orgânicos (%) .................................................................................... 32

Figura 12 - Número de funcionários empregados por ha cultivado com

orgânicos........................................................................................... 32

Figura 13 - Faixa de faturamento mensal das propriedades de orgânicos ....... 33

Figura 14 – Grau de escolaridade da mão-de-obra contratada....................... 34

Figura 15 – Sexo da mão-de-obra contratada .............................................. 34

Figura 16 – Faixa de salários pagos aos funcionários.................................... 35

Figura 17 – Faixa etária da mão-de-obra..................................................... 35

Figura 18 – Uso de plasticultura, irrigação e sombrites. ................................ 36

Figura 19 – Problemas tecnológicos levantados na produção de orgânicos ..... 37

Figura 20 – Problemas sanitários levantados na produção de orgânicos ......... 38

Figura 21 - Percentagem dos produtores que vendem orgânicos em cada canal

de comercialização.............................................................................. 39

Figura 22 - Problemas citados pelos produtores referentes à comercialização

dos produtos orgânicos ....................................................................... 39

Figura 23 – Identificação dos pés de goiaba (rastreabilidade) ....................... 44

Figura 24 – Contraste entre as instalações caseiras e as industriais no

processamento de orgânicos. .............................................................. 44

Figura 25 – Gôndolas de supermercados sem e com diferenciação dos produtos

convencionais..................................................................................... 48

Figura 26 – Aspectos qualitativos do fornecimento na avaliação de varejões e

supermercados................................................................................... 50

Figura 27 – Aspectos qualitativos dos produtos na avaliação de varejões e

supermercados................................................................................... 51

Figura 28 – Aspectos qualitativos do fornecimento na avaliação dos

restaurantes....................................................................................... 52

Figura 29 – Aspectos qualitativos dos produtos na avaliação dos restaurantes 53

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Figura 30 – Ambiente de trabalho, falta de equipamento e postura inadequada

......................................................................................................... 60

Figura 31 – Posturas de trabalho inadequadas............................................. 61

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1 Introdução

O Distrito Federal caracteriza-se como uma região peculiar, quando

comparada com as demais Unidades da Federação. Está localizado em uma

região dentro do Estado de Goiás, com 5.822,1 km2, tendo Brasília como seu

único município, rodeado por regiões administrativas e cidades satélites. Sua

população ultrapassa os 2 milhões de habitantes, sendo urbana 97,2% desta

(IBGE, 2000).

O Distrito Federal está politicamente separado por dezenove Regiões

Administrativas, com características sócio-econômicas diferentes. Brasília, Lago

Norte e Lago Sul representam as Regiões Administrativas Centrais, onde se

concentram as populações de maior poder aquisitivo, bem como, melhor

estrutura urbana.

Estas características fazem com que o Distrito Federal apresente um

intenso afluxo de produtos (não só alimentos, mas também bens duráveis e

semiduráveis), demandados pela população.

A produção agrícola do Distrito Federal é, em linhas gerais, incapaz de

atender a sua demanda. A maioria dos grupos de produtos agro-alimentares é

“importada” de outros Estados da Federação, uma vez que as terras destinadas

a atividades agrícolas são insuficientes para tanto. Neste particular, municípios

da região do entorno, nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia possuem

importante participação no abastecimento de alimentos ao Distrito Federal.

Trata-se, portanto, de região com área agrícola relativamente pequena,

sofrendo pressão para ampliação de urbana. Este fato, aliado à proximidade da

cidade de maior poder aquisitivo do país, eleva o custo das terras, tanto do DF,

quanto do entorno.

Neste contexto, atividades que não exigem “grandes espaços”, e

permitem produção intensiva, são amplamente desenvolvidas no Distrito

Federal e em seu entorno, tais como a olericultura, a fruticultura e a avicultura.

A produção de alimentos de maior valor agregado, oriundos da agricultura

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familiar e/ou da produção orgânica, tende a ocupar estes espaços, apoiada por

uma demanda exigente, expressiva e crescente.

Apesar de tratar-se de um “nicho de mercado”, representando 1% do

mercado mundial de alimentos, a agricultura orgânica apresenta uma demanda

potencial a ser explorada, e de acordo com diversos trabalhos realizados no

Brasil, observa-se que os gargalos das cadeias, permeiam aspectos estruturais,

organizacionais, tecnológicos e institucionais.

A produção de alimentos orgânicos pode ser definida como aquela que

exclui o uso de agrotóxicos, fertilizantes solúveis, hormônios e qualquer tipo de

aditivo químico, com vistas a atender à preservação do meio ambiente e

garantir um alimento saudável, sem riscos à população. Os alimentos orgânicos

proporcionam ainda uma garantia de sustentabilidade ao meio ambiente e aos

seus produtores, já que lhes atribui um crescimento econômico (SILVA et al.,

2003).

Partindo de estudo denominado Perfil Competitivo do Mercoeste

elaborado pelo SEBRAE, este diagnóstico pretende aprofundar no levantamento

de dados sobre a cadeia produtiva de alimentos orgânicos visando subsidiar

políticas de apoio à capacitação e desenvolvimento tecnológico.

Neste estudo será desenvolvido um diagnóstico das principais cadeias

produtivas de orgânicos do Distrito Federal, buscando analisar as peculiaridades

sobre os seus diversos elos.

2 Objetivo

O objetivo geral deste estudo é diagnosticar as necessidades

tecnológicas e de capacitação de atores que atuam na cadeia produtiva de

orgânicos no Distrito Federal.

Os objetivos específicos do diagnóstico consistem em:

• Modelar a(s) cadeia(s) produtiva(s) de produtos orgânicos do DF,

segmentando seus elos e identificando os fluxos de materiais e

produtos que as compõem, bem como seus fatores críticos.

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• Descrever a tipologia dos agentes, nos elos de produção,

indústria, atacado e varejo das cadeias produtivas de orgânicos do

Distrito Federal (perfil sócio-econômico, localização e mercados de

atuação dos empreendedores).

• Identificar demandas tecnológicas e gerenciais de cada “tipo” de

empreendedor, no que se refere a aspectos de: i) ergonomia do

trabalho, ii) infra-estrutura de produção, iii) condições dos

equipamentos, iv) procedimentos sanitários e v) técnicas de

produção e vi) de comercialização, buscando identificar

oportunidades de capacitação gerencial e técnica, de maneira a

promover o desenvolvimento sustentável dessas empresas.

3 Metodologia

O diagnóstico contou com levantamento de informações secundárias e

primárias. Na primeira etapa realizou-se uma pesquisa exploratória com dados

secundários visando explorar a importância econômica da cadeia produtiva,

bem como identificar fatores críticos à competitividade.

Com o objetivo de melhor compreender o desenvolvimento e situação

das cadeias produtivas de orgânicos do Distrito Federal, foi feito um

levantamento de informações com especialistas e publicações (periódicos,

encartes, documentos internos, relatórios) de empresas responsáveis pelo

acompanhamento técnico e comercial deste setor no Distrito Federal. Nesta

etapa, foram entrevistados especialistas, e analisadas fontes secundárias de

diversas organizações, dentre as quais EMATER-DF, EMBRAPA, Universidade de

Brasília (pesquisas e estudos de mestrado e doutoramento), Ministérios de

Ciência e Tecnologia, Agricultura e Desenvolvimento Agrário, Secretarias do

Governo do Distrito Federal, produtores, consultores e representantes de

Associações de Produtores.

Realizou-se um painel com especialistas e representantes da cadeia

produtiva para testar o questionário do perfil do entrevistado para desenhar a

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tipologia dos agentes da cadeia. Grupos representativos dos elos da cadeia

produtiva debateram com apoio de moderadores as principais necessidades

tecnológicas e de capacitação / treinamento da mão-de-obra.

A última etapa do trabalho consistiu no levantamento de informações

primárias a partir de um Survey realizado por meio de entrevistas semi-

estruturadas aos agentes dos diversos elos das cadeias e especialistas do setor

de orgânicos.

4 Agricultura Orgânica

Desde o século XIX, existia na Europa e, mais especificamente, na

Alemanha um movimento por uma alimentação natural que preconizava uma

vida mais saudável. Esse movimento fazia parte de uma corrente de

pensamento que contestava o desenvolvimento industrial e urbano da época

(Darolt, 2002).

Fernandes (2003), baseada nos trabalhos de Hamerschimidt (2000) e

Darolt (2002), apresenta uma síntese das distintas correntes de pensamento da

agricultura orgânica:

Agricultura Biodinâmica: é definida como uma “ciência espiritual”,

ligada a antroposofia, em que a propriedade deve ser entendida como um

organismo. Preconizam-se práticas que permitam a interação entre animais e

vegetais; respeito ao calendário astrológico biodinâmico; utilização de

preparados biodinâmicos, que visam reativar as forças vitais da natureza; além

de outras medidas de proteção e conservação do meio ambiente.

Agricultura Biológica: não apresenta vinculação religiosa. No início, o

modelo era baseado em aspectos socioeconômicos e políticos: autonomia do

produtor e comercialização direta. A preocupação era a proteção ambiental,

qualidade biológica do alimento e desenvolvimento de fontes renováveis de

energia. Os princípios são baseados na saúde da planta, que está ligada à

saúde dos solos. Ou seja, uma planta bem nutrida, além de ficar mais

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resistente a doenças e pragas fornece ao homem um alimento de maior valor

biológico.

Agricultura Natural: corrente com vinculação religiosa (Igreja

Messiânica). O princípio fundamental é o de que as atividades agrícolas devem

respeitar as leis da natureza, reduzindo ao mínimo possível a interferência

sobre o ecossistema. Por isso, na prática não é recomendado o revolvimento do

solo, nem a utilização de composto orgânico com dejetos de animais. Aliás, o

uso de esterco animal é rejeitado radicalmente. Utilizam produtos especiais

para preparação de compostos orgânicos, chamados de microrganismos

eficientes (EM).

Permacultura: defende a manutenção de sistemas agrosilvipastoris,

visando a consorciação de culturas perenes e anuais. Seus princípios estão

incluídos no conceito de Manejo Sustentado, integrando os sistemas agrícolas,

florestais e pecuária, diferenciando-se dos outros movimentos por dar grande

importância à distribuição e arranjo destes fatores na propriedade.

Agricultura Orgânica: tem como princípio a manutenção da fertilidade

do solo e da sanidade geral da planta, através da adubação orgânica,

diversificação e rotação de culturas. Não tem ligação a nenhum movimento

religioso. É totalmente contrária à utilização de adubos químicos solúveis.

Apresenta um conjunto de normas bem definidas para produção e

comercialização da produção determinadas e aceitas internacional e

nacionalmente. Atualmente, o nome “Agricultura Orgânica” é utilizado em

países de origem anglo-saxã, germânica e latina.

Outras linhas não citadas pelo autor são a agroecologia e agrofloresta

que apresentam os mesmos princípios da permacultura de manejo sustentável

baseado no consórcio entre culturas perenes e anuais. No entendimento dos

entrevistados a agroecologia engloba a permacultura e a agrofloresta.

A Lei 10.831 de 2003 em seu Artigo 1º decreta:

“Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele

em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso

dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à

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integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a

sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios

sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável,

empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e

mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a

eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações

ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento,

armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio

ambiente....”.

O termo “agricultura orgânica” é utilizado oficialmente para englobar as

diversas correntes citadas acima, conforme descrito no 2º parágrafo do Artigo

1º da mesma lei:

“O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial

abrange os denominados: ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo.

Biológico, agroecológicos, permacultura e outros que atendam os

princípios estabelecidos por esta Lei. e sendo considerado como

sinônimo de agricultura biológica e engloba as práticas agrícolas da

agricultura biodinâmica e natural. Todas as correntes atendem a norma

ministerial”.

Para maior contextualização desse estudo, será apresentado um

panorama da situação internacional da cultura orgânica. A Alemanha foi o

primeiro país do mundo a criar um organismo para inspeção e controle da

produção orgânica, mediante a Associação Deméter. Atualmente, a Alemanha é

o segundo país da União Européia em termos de área total com agricultura

orgânica, atrás da Itália. O mercado alemão de produtos orgânicos é um dos

mais importantes da Europa, entretanto, ainda é pequeno se comparado com o

consumo alimentar geral: menos de 2 %. A principal forma de venda é o

marketing direto (feiras e outros canais, que representam 20% das vendas) e

as lojas de produtos naturais (33%). Recentemente, os supermercados têm

ganhado importância significativa como canal de marketing, representando

cerca de 27 % das vendas.

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Na Itália, num período de três anos, o número de agricultores passou de

4 para 15 mil, assim como o número de companhias processadoras, de 47 para

506. Na comercialização, um órgão privado de banco de dados no país, o Bio

Bank, computou a existência de 802 pontos de venda especializados. A

produção italiana em 1998 já era de cerca de US$ 2 bilhões de dólares (25 %

de crescimento): 8 % do volume é de frutas, verduras e legumes; 46 %

forragem; 23 % grãos e cereais; 10 % para cultivos industriais (azeite de oliva,

sorvete, vinho e molhos). Um terço de toda esta produção é exportada para

outros países da União Européia, Estados Unidos e Japão.

A Áustria é o país da União Européia com o maior percentual de

agricultores orgânicos (8%) e também possui a maior área orgânica

proporcionalmente cultivada (10,1%). Em algumas regiões do país, como

Salzbourg e Tyrol, 50% dos agricultores já são orgânicos. O objetivo do país é

atingir, nos próximos anos, 20% das terras com a produção orgânica.

Paralelamente, tem-se observado um forte crescimento e organização do

mercado orgânico, com destaque para os supermercados. Um dos motivos de

sucesso, além do apoio político, é o eficiente acompanhamento e serviço de

inspeção, executado pela ARGE-Biolandbau, sociedade independente, além de

20 outros organismos de controle.

O Japão é um dos maiores mercados mundiais para produtos orgânicos.

Devido à exígua dimensão territorial, o Japão importa grande parte dos

produtos orgânicos que consome, constituindo-se em um ativo mercado, em

franca expansão.

A Argentina é, atualmente, o país com a maior área certificada na

América do Sul. Os últimos dados mostram que no ano 2000 esta área chegou

a cerca de 380.000 hectares. Deste total, 28% eram destinados à produção

vegetal e 72% à produção animal. O volume exportado foi de

aproximadamente 10.000 toneladas, sendo 45% de frutas frescas (maçã, pêra,

citrus, melão); 39% de cereais e oleaginosas (girassol, soja, milho, trigo, linho);

4% produtos processados como óleo de oliva; 7% de olerícolas; 2% produtos

animais e 3% de outros produtos. É interessante observar que a maior parte

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dos produtos orgânicos argentinos é exportada (85%) principalmente para

Europa, Estados Unidos e Japão, sendo 15% deles vendidos no mercado local.

Quanto ao Brasil, o país ocupa atualmente o trigésimo quarto lugar no

ranking dos países exportadores de produtos orgânicos. Nos últimos anos o

crescimento das vendas chegou a 50% ao ano. Estima-se que já estão sendo

cultivados perto de 100 mil hectares em cerca de 4.500 unidades de produção

orgânica. Aproximadamente 70% da produção brasileira encontra-se nos

estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo.

5 Cadeia produtiva de orgânicos no Distrito Federal

Os estudos sobre produtos orgânicos, no Distrito Federal, têm se

intensificado nos últimos anos, em função da crescente demanda dos

consumidores finais. Este fato, não é uma particularidade desta Unidade da

Federação, mas representa uma realidade Nacional e Mundial, sobretudo nos

grandes centros consumidores.

A demanda por estes produtos não reflete apenas uma preocupação da

população com o consumo de produtos saudáveis, mas também de produtores,

pesquisadores e demais pessoas interessadas, em construir um ambiente

produtivo e sustentável no ecossistema do Cerrado.

Produtores de orgânicos expandiram nas décadas de 80 e 90 no Distrito

Federal. Destaque para a implantação do Projeto de produção de alimentos e

insumos orgânicos pela Fundação Mokiti Okada, em Brazlândia; e a criação da

primeira associação de produtores de orgânicos da Região e a segunda do

Brasil, a AGE, em 1989. Em 1993 foi promulgada a Lei Orgânica do Distrito

Federal, dando competência ao governo local para desenvolver ações de

preservação, recuperação e fiscalização do meio ambiente local. Ainda na

década de 90, a EMATER-DF recebeu a responsabilidade de acompanhar e

dirigir os projetos que envolviam a produção orgânica do Distrito Federal, que

se apresentava com um crescimento de 20% ao ano (FRANCISCO NETO,

2001). Em 1999 foi promulgada a Lei no. 2.499, de 07 de dezembro, que

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institui o Plano de Desenvolvimento Rural do Distrito Federal – PRÓ-RURAL/DF-

RIDE, que busca criar uma nova base de sustentação da agropecuária na

Região. No que diz respeito à produção orgânica, a Lei garante maior

profissionalização ao setor.

Entre 2004 e 2005, estima-se um crescimento em torno de 60% do

número de propriedades com produção orgânica (animal e vegetal) no Distrito

Federal. Segundo levantamento da EMATER/DF, em 2004 existia no DF cerca

de 120 produtores de orgânicos. Esta organização estima que em 2005 serão

cerca de 200 propriedades rurais. Destas, a atividade principal é a produção de

hortaliças, porém outras atividades como fruticultura, avicultura e produção de

leite vêm aumentando a oferta e diversidade de produtos orgânicos no DF

(EMATER-DF, 2004).

A atividade orgânica preconiza a diversificação e rotação de culturas,

portanto, geralmente uma única propriedade trabalha com vários produtos. A

conseqüência disto é que o escoamento de diferentes produtos segue pelos

mesmos canais de comercialização. Os principais produtos levantados são

hortaliças, frutas, leite e derivados, café, ovos, carnes de aves, além de casos

isolados de plantas ornamentais e de cogumelos.

5.1 Ambiente organizacional e institucional

5.1.1 Programas e entidades de apoio

As principais entidades de apoio à agricultura orgânica no DF são o

Sindicato dos Produtores Orgânicos do DF, a EMATER/DF, o SENAR, o SEBRAE,

o SENAI, a EMBRAPA, além das diversas organizações de produtores rurais.

O Programa Pró-Rural da Secretaria de Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, por meio da EMATER/DF, desenvolve alguns projetos

específicos para agricultura orgânica e outros gerais para o agronegócio do DF,

que podem ser considerados complementares. Estes estão focados em

produtos agropecuários, crédito, irrigação, sanidade animal, administração

rural, educação alimentar e ambiental, comercialização e verticalização /

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agroindústria que indiretamente podem beneficiar os diversos agentes da

cadeia de orgânicos.

Segundo o estudo SENAI/SEBRAE, existem no DF diversos projetos do

Programa Pró-rural, executados pela EMATER/DF, que visam garantir o

desenvolvimento da agricultura orgânica no DF:

• Projeto de Incentivo à Produção Orgânica – Tem o objetivo

de estimular a produção de alimentos orgânicos no DF e RIDE,

por meio de criação de unidades demonstrativas e de observação

na área agrícola, com a produção de espécies selecionadas, e

incentivo ao manejo orgânico das diversas atividades

agropecuárias e capacitação.

• Projeto Capacitação Tecnológica da Agricultura Orgânica –

Objetiva a geração e transferência de tecnologia, capacitação de

produtores e treinamento de técnicos. Visa promover a adoção de

normas e padrões nacionais e a instalação ou capacitação de

entidades certificadoras e de laboratórios locais que realizarem as

análises necessárias ao processo de certificação.

• Projeto Comercialização – Visa incentivar a criação de espaços

específicos para a comercialização dos produtos orgânicos nos

supermercados e em outros pontos de venda e distribuição, além

da adoção de selos de qualidade e da divulgação dos produtos na

Região, no Brasil e no exterior. Disponibilização de espaços na

CEASA-DF aos produtores e suas organizações.

• Incentivos Creditícios – Têm por finalidade o financiamento de

até 100% do orçamento de despesas com custeio, investimentos

e comercialização, com a utilização de todas as linhas de crédito

disponíveis (linhas específicas do BRB, do Banco do Brasil e de

outros agentes conveniados). O público alvo engloba entidades

representativas de produtores ou o próprio produtor.

Diversas organizações vêm realizando cursos de produção de orgânicos

como EMATER/DF, SENAR, SEBRAE, além de ações de algumas faculdades e

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ações realizadas por profissionais da área de ciências agrárias que desenvolvem

a atividade em áreas próprias.

O SEBRAE/DF elaborou ao final do ano de 2004 um Planejamento

Estratégico em conjunto com o Sindiorgânicos aponta como a principal

demanda do setor o desenvolvimento de tecnologias e processos para a gestão

do sistema orgânico. Existem complexidades na cadeia em estudo devido à

diversificação de cultivos dentro das propriedades, exigindo especialização em

várias culturas. O escalonamento de culturas com diferentes ciclos e manejos

dificulta o planejamento e a operacionalização.

Segundo o presidente do Sindiorgânicos três aspectos devem ser

considerados quando se trata da cadeia de orgânicos:

1. Transversalidade - várias cadeias produtivas com diversos

produtos agrícolas;

2. Processo de conversão – de diversos produtores que

deverão engrossar a base produtiva;

3. Mercado em estruturação – os agentes da cadeia estão

mobilizados e em desenvolvimento de trabalhos em conjunto com o ambiente

organizacional (SEBRAE, EMATER, MAPA, OnG’s) e com ambiente institucional

sensibilizado, com linhas de crédito específicas, programas distritais e federais

de fomento.

A EMATER/DF, toda quinta-feira, vem divulgando em parceira com a

Rede Globo no “Bom Dia DF” a cotação de produtos orgânicos das feiras de

produtores (AGE, Mercado Orgânico, Espaço Natural). Os preços divulgados são

apenas das feiras e são lançados em seguida no site da emissora, onde

permanecem até a semana seguinte.

O Sindiorgânicos está participando do desenvolvimento de um programa

de televisão periódico denominado Mundo Orgânico, que, em breve, será

transmitido em 12 capitais.

Existe uma tentativa de consolidação da certificação e da comercialização

por meio de uma cooperativa, que abranja as organizações coletivas existentes.

A certificação provavelmente realizar-se-á por meio da FUNDAÇÃO RURAL.

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Segundo o Sindiorgânicos, um Supermercado Orgânico no DF (CEASA) –

em fase de construção no CEASA – será um ponto focal de comercialização,

trazendo produtos de diversos tipos de diversas localidades. O supermercado

cooperativo funcionará como uma franquia social e deverá ser construído com

recursos do PRONAF Infra-estrutura.

Em Outubro de 2005 deverá ser realizada a 1ª Feira Agropecuária

Orgânica do DF e RIDE, para quando está prevista a inauguração do

Supermercado e o Encontro das Cooperativas dos Produtores de Orgânicos.

Quanto à assistência técnica, 42,1% dos entrevistados reclamaram da

falta de disponibilidade dos profissionais, existindo uma sobrecarga para os que

atuam, 26,3% disseram que “não” há problemas com a assistência técnica, e os

demais 31,6% não souberam responder. A avaliação dos profissionais da

assistência técnica é positiva. Existem basicamente dois tipos de consultores.

Aqueles da EMATER/DF, altamente demandados, por não haver custo direto

para o produtor e aqueles independentes. Estes, geralmente, também são

produtores e também contam com uma demanda elevada por seus serviços.

Existe uma empresa especializada em consultoria na área de orgânicos, a

I-Tec Biotecnologia Agrícola com tradição de 1997. A empresa atua no setor do

agronegócio orgânico e oferta tecnologias limpas. Tecnologias estas,

desenvolvidas pela própria empresa, por seus parceiros ou adquirida de

terceiros, relacionadas com a produção vegetal, animal, agroindustrial, assim

como o tratamento de seus efluentes. Utiliza como principal ferramenta

tecnológica os conhecimentos de microbiologia aplicados à conservação de

energia, através de processos fermentativos. Trata-se de empresa graduada

pela Incubadora do CDT/UnB.

Outra empresa de consultoria é a Ecoazul Design Ambiental fundada em

2001, incubada na Multiincubadora do CDT/UnB em fevereiro de 2005. A

empresa é voltada para a prestação de serviços e capacitação nas áreas de

design ambiental, agroecologia e paisagismo ecológico. Tem como proposta de

inovação a integração de técnicas no desenvolvimento de projetos através do

Design Ambiental, sendo realizado por equipe multidisciplinar de profissionais.

Oferecem soluções ambientalmente corretas e economicamente viáveis. As

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soluções e estratégias adotadas nesta abordagem incluem técnicas de:

Permacultura, Sistemas Agroflorestais, Agricultura Orgânica, Bioarquitetura,

Abordagem de Meios de Vida Sustentáveis e Ecovilas.

A proposta de criação da Bolsa de mercadorias do DF e Entorno (RIDE),

também vai ao encontro com as necessidades tecnológicas de micro e

pequenas empresas do setor de agronegócios no sentido de:

• Tornar-se uma fonte acessível de informações; • Inserir inovações tecnológicas no setor (comércio eletrônico),

contribuindo para a geração de lucro, a redução do tempo e maior relação social entre os produtores e consumidores;

• Organizar, estimular e apoiar o a integração, o desenvolvimento e o adensamento das cadeias produtivas locais;

• Colaborar no aumento do volume de negócios a serem firmados entre o DF e Estados Brasileiros, facilitando a inserção de produtos e serviços gerados para a economia local no âmbito do mercado nacional e, posteriormente, mundial.

Inicialmente, tal iniciativa poderá ser implementada no segmento de

fruticultura, uma vez que os indicadores críticos ao seu desenvolvimento na

região já foram levantados, e, posteriormente, em outros segmentos do já

referido setor.

5.1.2 Organizações de produtores rurais

Os produtores de orgânicos do Distrito Federal se organizam em grupos

associativos. Entre as associações mais expressivas, destacam-se a AGE,

(Associação da Agricultura Ecológica do Distrito Federal), a segunda mais antiga

do país; a Associação dos Participantes do Mercado Orgânico de Brasília –

CEASA; RURART e a APROCOR (Associação dos Produtores de Café Orgânico do

DF). Existiam outras duas organizações, a APOGEO e a APRONTAG, que

pararam de funcionar.

É comum um produtor participar de mais de uma organização. As

organizações, diversificando seus canais de comercialização e contando com os

diferentes benefícios que cada organização oferece. A seguir seguem alguns

comentários a respeito de cada organização em funcionamento no DF.

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ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURA ECOLÓGICA DO DF – AGE

A AGE foi fundada em 24/10/88, foi a sendo a segunda associação de

produtores orgânicos fundada no Brasil.

Na parte organizacional a AGE é citada como referência, pois trabalham

hoje em cinco pontos de venda no DF. Trabalham com sistema de caixa único,

agilizando o processo de venda. Vêm desenvolvendo o transporte coletivo de

produtos minimizando os custos.

ASSOCIAÇÃO MOKITI OKADA

Conta com 06 produtores associados e centenas de consumidores. Trata-

se de uma associação diferenciada, que engloba atividades de pesquisa,

extensão e assistência técnica. Além de produção dos associados, a própria

associação tem uma área de produção em Brazlândia, e desenvolve atividades

de comercialização.

ASSOCIAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO MERCADO ORGÂNICO DE

BRASÍLIA – CEASA

Em maio de 2001, a EMATER/DF promoveu um seminário de

comercialização de produtos orgânicos no DF, no qual surgiu uma proposta de

agregar as associações numa nova associação. Em junho do mesmo ano

iniciaram-se reuniões com representantes das diversas associações, objetivando

abrir um local de comercialização específicos para Orgânicos.

O local escolhido foi o CEASA/DF, onde já existia um grupo com 05

produtores comercializando. Hoje o Mercado Orgânico congrega 12 produtores

e o projeto pretende atingir 80 produtores.

Os recursos financeiros foram dos próprios dos produtores, e o projeto

contou com o apoio da EMATER/DF, SEBRAE/DF, CEASA/DF e SEAPA/DF.

RURART - ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES RURAIS E ARTESANAIS DE

PLANALTINA

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A RURART iniciou suas atividades em 1ª de Maio de 2000, com 32

produtores rurais e de artesãos associados, sendo formalizada apenas em

Dezembro de 2003. Seu principal objetivo é divulgar os produtos de qualidade

típicos e regionais da cidade.

Hoje, o número de associados é de apenas 25 distribuídos em cinco

comunidades rurais, englobando as atividades de agroindústria, agricultura

orgânica, turismo rural e artesanato. Na parte de agricultura orgânica conta

com seis produtores associados atuando principalmente com hortaliças e frutas

do cerrado.

Para se associar o produtor deve trabalhar na propriedade, ter

consciência ambiental, cuidando para manter e preservar o meio ambiente.

Para os produtos processados não se exige que seja orgânico, mas para

produtos in natura sim. Os produtos são vendidos em feiras convencionais e

alternativas (feira de artesanato, realizada uma vez por mês, geralmente no 2ª

sábado do mês) e em exposições, além de terem um ponto de comercialização

da própria associação.

Os produtores levam seus produtos e a RURART os comercializa. A

associação está tentando certificar todos os produtores em bloco, para

minimizar custos. A RURART realiza uma feira alternativa mensal em Planaltina,

geralmente no segundo sábado com artesanato e produtos orgânicos.

GRUPO VIDA E PRESERVAÇÃO

Os agricultores do assentamento de Reforma Agrária Colônia I, Padre

Bernardo – GO, produzem hortaliças, morangos e ovos de forma orgânica

desde agosto de 2002. Esta associação é composta por 8 famílias. Atualmente

trabalham em uma horta coletiva numa área de 1,5 ha.

Os assentados contaram com o apoio financeiro da UniSol-Petrobras, por

meio do Projeto Educando para a Sustentabilidade, coordenado pelo Grupo de

Trabalho de Apoio à Reforma Agrária da Universidade de Brasília em parceria

com a Embrapa Cerrados, Embrapa Hortaliças, EMATER-DF e do INCRA SR-28.

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Comercializam seus produtos, incluindo também biscoitos e geléias, em

feiras nas terças e sextas feiras das 8 às 15 horas nos seguintes locais:

• Universidade de Brasília (Asa norte – Plano Piloto), na entrada do ICC Norte;

• Universidade Católica de Brasília (Taguatinga Sul – DF), em frente ao Banco Itaú;

• Esplanada dos Ministérios Bl. B, Ministério do Meio Ambiente, em frente ao Estacionamento;

• Setor Bancário Norte (Plano Piloto), no Edifício Palácio do Desenvolvimento, na Entrada do INCRA Sede.

CEPAVESTRUZ

A única cooperativa localizada foi a CEPAVESTRUZ (Cooperativa de

Empreendedores da Pecuária de Avestruz) que, segundo seu presidente conta

com 180 associados, visando o mercado de exportação. A maioria dos

associados encontra-se no DF e Entorno e alguns no estado do Goiás e Mato

Grosso. Um abatedouro já está em fase de construção no DF. Os membros

planejam realizar a certificação pelo IBD. Todos os produtores da cooperativa

obrigatoriamente serão orgânicos. A CEPAVESTRUZ vem encontrando

dificuldade com a alimentação dos animais, pois segundo a INSTRUÇAO

NORMATIVA No 07, que permite o uso de apenas 20% de alimentos não

orgânicos1. Portanto, teriam que produzir pelo menos 80% do alimento

orgânicos ou adquiri-lo no mercado, o que é inviável.

5.1.3 Certificação

A certificação tem por objetivo garantir aos consumidores o cumprimento

de certos requisitos diferenciados em termos de produto, processo ou serviço,

visando diminuir as incertezas quanto à qualidade. No caso especifico de

alimentos orgânicos objetiva garantir as condições de cultivo e manejo dos

produtos oferecidos.

1 No caso de monogástricos, como é o caso de avestruz.

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A certificação de produtos orgânicos é uma atividade reconhecida pelo

governo federal por meio da Instrução Normativa MAPA 007/1999 que

estabelece as normas de produção, tipificação, processamento, envase,

distribuição, identificação e certificação da qualidade para os produtos

orgânicos de origem vegetal e animal, e da Lei 10.831 de 23 de dezembro de

2003, que visa regulamentar a atividade.

Apesar do sistema orgânico já estar reconhecido por lei federal e

sancionada pelo presidente da república, a mesma ainda não foi

regulamentada, estando vigente a Instrução Normativa Nº 16 de 2004, que

estabelece os procedimentos para registro e renovação de registro de matérias-

primas e produtos de origem animal e vegetal, orgânicos, junto ao Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Esta normativa permanecerá em

vigor até a regulamentação da Lei 10.831.

Dois tipos de certificação têm sido adotados no Brasil: a auditada e a

participativa. A certificação auditada é realizada por meio de empresas

certificadoras credenciadas no Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, que têm a função de garantir as características do produto a

partir da aprovação e emissão de certificado de comercialização (selos).

Os procedimentos para a certificação auditada se iniciam com a

solicitação, do produtor, da inscrição de matrícula junto à certificadora e a

solicitação de elaboração de um plano de manejo realizado por algum técnico

credenciado na certificadora. Em seguida, é feita a primeira inspeção pela

certificadora, que emite um relatório a ser avaliado pelo conselho de

certificação. Uma vez aprovado, será elaborado um Contrato de Certificação,

que permitirá ao produtor comercializar os seus produtos.

As empresas certificadoras realizam inspeções periódicas na propriedade

e análise de resíduos, quando julgar necessário. Os custos das visitas técnicas e

analises são variados, em função das empresas certificadoras, bem como as

taxas sobre uso de marcas, caso tenham. No Distrito Federal, as certificadoras

de produtos orgânicos são a AAO (Associação de Agricultura Orgânica), o IBD

(Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural), e a FMO (Fundação Mokiti

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Okada). Para exportação e mercados distantes a única certificadora que atua

no Distrito Federal é o IBD.

Entretanto, a certificação auditada recebeu forte resistência por parte

das organizações mais tradicionais de produção de orgânicos, que

comercializam produtos em mercados locais, devido os custos impostos pela

certificação auditada. Segundo Brancher (2003), as organizações de produtores

e organizações não governamentais pioneiras na produção orgânica no Brasil

defenderam o processo participativo, baseado em redes de credibilidade e

geração de confiança, denominado certificação participativa ou horizontal,

social ou solidária.

Apesar do Art. 3º estabelecer que “para sua comercialização, os

produtos orgânicos de verão ser certificados por organismo reconhecido

oficialmente, segundo critérios estabelecidos em regulamento”, no § 1º do

mesmo artigo encontra-se o seguinte texto:

“No caso da comercialização direta aos consumidores, por parte dos

agricultores familiares, inseridos em processos próprios de organização e

controle social, previamente cadastrados junto ao órgão fiscalizador, a

certificação será facultativa, uma vez assegurada aos consumidores e ao

órgão fiscalizador a rastreabilidade do produto e o livre acesso aos locais

de produção ou processamento”.

Portanto, em substituição à certificação auditada, vários produtores de

orgânicos no Brasil, e também no DF, têm adotado a certificação social ou

solidária, que através do apoio de consumidores – também associados a

algumas organizações – têm legitimado os mecanismos de controle para o

mercado local. Os sistemas são variados, mas o princípio da certificação social

envolve a fiscalização mútua e o uso de marca da organização nos rótulos dos

produtos, permitindo aos pequenos produtores a venda de produtos orgânicos

em pontos coletivos (feiras), sem os altos custos cobrados pelas certificadoras

credenciadas no MAPA. Estudo realizado por Brancher (2003) em Curitiba/PR,

comprova a economia do sistema participativo.

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Por outro lado, o mesmo autor afirma que o estabelecimento de redes de

confiança exige uma forte interação entre comprador e produtor, o que implica

em circulação de informação e transparência. Trata-se de nichos específicos e

restritos, calcados em alto grau de organização e coesão de ambas as partes.

Existe um grande número de certificadoras no Brasil, dentre as quais

pode-se listar: Associação de Agricultores Biológicos (ABIO), Associação de

Agricultura Orgânica (AAO), Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural

(IBD), COOLMÉIA, Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região

(ANC), a Associação dos Produtores de Agricultura Natural (APAN) e a

Fundação Mokiti Okada (FMO), Farmers Verified Organic (FVO), a francesa

ECOCERT-BRASIL e a alemã BCS, BCS, CHÃO VIVO, IMO, OIA, SKAL, IBCERT.

Entretanto, no DF as únicas que têm atuado são AAO, IBD e FMO. Segue

abaixo, uma breve descrição das certificadoras que atuam no DF:

• IBD – Associação de Certificação Instituto Biodinâmico –

localizada em Botucatu é uma organização que desenvolve atividades de

certificação de produtos orgânicos e biodinâmicos que foi instituída em

1991, sendo a única certificadora brasileira reconhecida na Europa,

Japão e EUA. Noventa por cento dos produtores certificados pela IBD

são pequenos produtores.

• AAO – Associação de Agricultura Orgânica – fundada em maio de

1989 por um grupo de engenheiros agrônomos, produtores, jornalistas e

pesquisadores que já praticavam a agricultura orgânica. Sede no Parque

de Água Branca (Zona Oeste de SP). Atualmente certifica mais de 500

produtores sendo uma das maiores certificadoras brasileiras.

• CMO – Certificadora Mokiti Okada – vem desenvolvendo a

Agricultura Natural no Brasil desde 1979 (iniciada e instituída na década

de 30 pelo filósofo Mokiti Okada). Divulga a tecnologia da produção de

alimentos saudáveis ao ser humano e ao meio ambiente, capacitando os

agricultores de todo o Brasil, como também em outros países da América

Latina, Europa e África.

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Considerando o número de produtores levantado de 76,

aproximadamente a metade dos produtores do DF está certificada ou em

processo de conversão (Tabela 1). Esta adesão limitada à certificação auditada,

pode derivar do fato de praticamente toda produção de orgânicos do DF ser

comercializada no local, cuja proximidade facilita o estabelecimento de

confiança nas transações. Os produtos não certificados, praticamente ficam

limitados à venda em feiras, restaurantes e entrega direta ao consumidor.

Tabela 1 - Número de produtores certificados e em conversão no DF e Entorno, segundo as certificadoras

Situação Certificadoras Em

conversãoCertificado

s CMO* 6 IBD 7 6 AAO 2 15 * Não informou quantos estão em conversão

Para alcançar acessar mercados fora do DF a certificação torna-se

fundamental. Em todas as lojas das redes de supermercados visitadas os

produtos apresentavam certificação. Portanto, a certificação auditada, apesar

de apresentar aumento de custos, permite diversificar mercado e abrir novos

pontos de vendas, um dos fatores apontados como problemático no processo

de comercialização.

5.2 Os elos da cadeia produtiva

O fluxograma da cadeia produtiva é apresentado na Figura 1. As setas

indicam como o fluxo de produtos ocorre. As caixas internas demonstram os

elos segmentados.

5.2.1 Insumos

O elo de insumo pode ser subdividido em dois grandes segmentos, o de

insumos convencionais e o de insumos orgânicos. Os insumos convencionais

mais utilizados são sementes, mudas, equipamentos e máquinas. Dos insumos

orgânicos os principais são os de origem mineral, os biofertilizantes sólidos e

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líquidos, inoculantes ou aditivos biológicos. A produção de sementes e mudas

orgânicas ainda é incipiente, existindo poucas empresas especializadas no sul

do país2. Geralmente, as sementes e mudas oferecidas no mercado do DF como

orgânicas não são certificadas e também são produzidas pelos próprios

produtores. Tratam-se geralmente de mudas de plantas forrageiras, arbustos e

árvores.

O elo de insumos convencionais é desenvolvido, devido à tradição da

agropecuária convencional no DF e entorno, destacando-se os insumos

vinculados à olericultura que é a principal atividade dos produtores orgânicos

locais.

Os insumos convencionais estão ligados às cadeias do agronegócio e

vêm de diversos estados, oriundos de empresas nacionais, estrangeiras e

multinacionais. Os insumos orgânicos geralmente são produzidos por empresas

locais, nacionais e internacionais, bem como por OnG’s ligadas às causas

orgânicas.

As sementes de hortaliças e grãos geralmente são convencionais,

tratadas quimicamente e, comumente, são do tipo híbrida, cujos grãos

produzidos não servem como sementes para plantios subseqüentes. De acordo

com a filosofia de sustentabilidade da produção orgânica, o ideal é que se

utilizem sementes do tipo variedade, que permite a reprodução na propriedade

sem perda de produtividade ao longo dos anos. Além disso, as sementes

comercializadas foram melhoradas para o cultivo convencional, baseado em uso

de adubos químicos e de defensivos.

A produção de sementes de hortaliças é, portanto, um ponto crítico na

cadeia de orgânicos, principalmente porque estas sementes são tratadas com

produtos químicos e não existem alternativas técnicas que garantam os

aspectos sanitários exigidos na comercialização de sementes.

2 Informação levantada junto aos produtores entrevistados.

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Os aditivos biológicos são utilizados pela agricultura orgânica para

inoculação de compostos e preparo de solo. A principal função destes insumos

é viabilizar a utilização da matéria orgânica como nutrientes para as plantas.

Os corretivos e fertilizantes são de duas categorias, os de origem mineral

e os de origem orgânica. Os principais fertilizantes de origem mineral são as

rochas fosfáticas e os termofosfatos, e os corretivos são as rochas silicatadas e

os calcários. Quanto aos fertilizantes de origem orgânica, pode-se dividi-los em

primários (esterco, subprodutos, farinhas, farelos e tortas) e processados

(húmus, adubos fermentados).

Algumas empresas de insumos orgânicos têm escritórios de

representação no DF, porém o produto é importado de outros estados, como é

o caso do Bokashi - EM produzido pela Korin em São Paulo e comercializado

pelo Espaço Natural e o Naturaplus importado da Bahia. Outra empresa, a I-

TEC Bioteconlogia Agrícola, produz no DF uma linha de compostos orgânicos de

nome Nutriplanta.

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Figura 1 – Fluxograma da cadeia produtiva de alimentos orgânicos no DF

Produção Externa

AMBIENTE INSTITUCIONAL

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Empresa Formal

Agricultura Final de Semana

Super Mercado

INSUMOS

Atacado

Loja especial

Feira

Restau-rante

CONSUMIDOR

CONVENCIONAIS• Máquinas e equipamentos• Sementes e mudas

ORGÂNICOS• Fertilizantes • Sementes e mudas• Inoculantes• Organismos eficientes

UNIDADE PRODUÇÃO AGRÍCOLA

DISTRIBUIÇÃO ATACADO

DISTRIBUIÇÃO VAREJO

CONSUMIDOR

Agroin-dústria

PROCESSA MENTO

Agricultura Familiar

SacolãoEmpresa Familiar

Produção Externa

AMBIENTE INSTITUCIONAL

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Empresa Formal

Agricultura Final de Semana

Super Mercado

INSUMOS

Atacado

Loja especial

Feira

Restau-rante

CONSUMIDOR

CONVENCIONAIS• Máquinas e equipamentos• Sementes e mudas

ORGÂNICOS• Fertilizantes • Sementes e mudas• Inoculantes• Organismos eficientes

UNIDADE PRODUÇÃO AGRÍCOLA

DISTRIBUIÇÃO ATACADO

DISTRIBUIÇÃO VAREJO

CONSUMIDOR

Agroin-dústria

PROCESSA MENTO

Agricultura Familiar

SacolãoEmpresa Familiar

Fonte: Dados da Pesquisa

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Algumas linhas de produção orgânica, principalmente aquelas vinculadas

à linha agroecológica, tendem a consumir poucos insumos, segundo sua

filosofia que busca a sustentabilidade do sistema produtivo, evitando o uso de

insumos externos. A demanda concentra-se em sementes e mudas. Insumos

como defensivos biológicos ou fertilizantes orgânicos seriam evitados na

agroecologia. Estes sistemas condenam as monoculturas. Portanto, a

dependência e a relação com a cadeia de insumos tornar-se-iam menos

importante. Por outro lado, existem críticas à linha agroecológica, concentradas

na suposta incapacidade de produção em escalas comerciais. Os defensores

desta linha alegam que, apesar de não atingirem escalas econômicas de um

único produto, trabalham com maior diversidade e, portanto, estão menos

sujeitos às flutuações de preço no mercado.

As linhas de produção de orgânicos que trabalham com monoculturas,

mesmo que em sistemas rotacionados, são demandantes dos tipos de insumos

acima citados. A produção de insumos especializados para a agricultura e

pecuária orgânica no Distrito Federal não atende à demanda, embora possuam

estabelecimentos especializados neste ramo, principalmente de fertilizantes

orgânicos, que oferecem matéria-prima importada de outros estados em

escalas suficientes para atender a demanda, porém a custos considerados

elevados pelos produtores.

Figura 2 – Sistemas orgânicos de produção com apenas uma cultura e de cultivo de diversas plantas

Os principais insumos que estariam faltando no mercado local para a

produção de orgânicos, segundo os entrevistados: estercos, fertilizantes

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orgânicos preparados, pó de rocha, fertilizante foliar, resíduo de semente de

leguminosa, cinza de bagaço de cana, calda sulfocáustica, Terra de Ibirá,

húmus.

A seguir são apresentados os insumos produzidos ou comercializados por

empresas situadas no DF.

O NATURALPLUS® é um pó-de-rocha (silicatada) que possui vários

elementos, dentre eles fósforo, potássio, silício, cálcio, magnésio entre vários

outros micronutrientes. O NATURALPLUS® possui certificação internacional

como insumo próprio para agricultura orgânica e é trazido da Bahia.

A empresa TOP RURAL, que representa a Alltech, está há 04 anos no

negócio de orgânico, mas não tem filiais no DF. Os produtos vendidos são

produzidos fora do DF, especificamente em Curitiba/PR e Presidente

Prudente/SP. Os produtos oferecidos são suplementação para bovinos, eqüinos

e ovinos; e inoculantes para silagem.

O Espaço Natural representa a Korin Agropecuária, que está há 11 anos

no negócio de orgânicos e apesar de não ter filiais no DF, tem um escritório de

representação que traz produtos de SP, principalmente o Bokashi - EM.

A I-TEC Biotecnologia Agrícola Ltda. é uma empresa de base tecnológica

que foi concebida dentro do Programa de Incubadora de Empresas da

Universidade de Brasília - CDT/UnB. A empresa atualmente oferta dois tipos de

produtos:

• BIONUTRI – um inoculante microbiano para fermentação de

matéria orgânica

• NUTRIPLANTA – biofertilizante sólido para nutrição de plantas,

direcionadas para utilização em sistemas orgânicos de produção

ou na substituição de adubos químicos.

A ULMASUD comercializa o ROCKSIL, um produto a base de argilas (pó-

de-rocha ou rocha silicatada) que promove o controle de doenças fúngicas,

além de reforçar as defesas da planta e ajudar no crescimento da mesma. É

facilmente dispersível em água apresentando adesão aos vegetais. O produto é

utilizado de forma preventiva e curativa em hortaliças, frutíferas e plantas

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ornamentais. É utilizado no tratamento de sementes, mudas ou plantas em

campo.

5.2.2 Elo de produção

O levantamento da população formada por produtores orgânicos foi

realizado através de listas de fornecedores do varejo – como feiras, sacolões e

supermercados – e das agroindústrias; bem como dos membros das

organizações de produtores. Pretendeu-se, portanto, a partir dos pontos de

distribuição, mapear toda população de produtores que comercializam

orgânicos dentro do DF. Levantou-se o nome de cada produtor para evitar

dupla contagem, constatando-se a participação de um produtor em mais de

uma organização e o escoamento de produtos em diversos canais de

comercialização. O resultado do levantamento apontou a existência de 79

unidades de produção de alimentos orgânicos, envolvendo 85 produtores. A

diferença entre o número de unidades de produção e de produtores, deriva da

produção em lavouras coletivas em dois assentamentos da reforma agrária

(Anexo 1).

Vale ressaltar a entrada de novos produtores em fase inicial de

produção. Existem produtores ligados a grupos em início de produção com

estratégia de mercado coletiva como é o caso de 22 produtores de café

orgânico associados a APROCOR e 180 ligados a CEPAVESTRUZ. A maioria

destes produtores não está em fase de produção comercial.

Segundo a EMATER/DF, devem existir pelo menos mais 60 produtores

não identificados por comercializarem apenas pequeno volume de excedentes

diretamente para consumidores finais. Portanto, o número de produtores a ser

considerado dependerá do método adotado.

Este elo é caracterizado pela diversidade de manejos adotados. A maioria

dos produtores não são adeptos de uma corrente de pensamento específica, e

combinam diversas técnicas preconizadas pelas diversas correntes.

Em menor grau, são encontrados produtores que adotam práticas

circunscritas a determinadas correntes, principalmente, aqueles adeptos da

agroecologia ou da agricultura natural.

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25

A segmentação adotada no elo de produção agrícola com suas

respectivas características é:

• Empresa formalizada – caracterizada por desenvolverem a

atividade de forma empresarial e serem administradas

profissionalmente por empreendedores. Apresenta quadro de

funcionários responsáveis pela maior parcela da mão-de-obra

utilizada na condução da atividade. Trabalham em escalas

maiores, com produção regular e diversidade de produtos. Duas

empresas contam com agroindústrias formalizadas. Vendem para

todos os canais de comercialização.

• Empresa familiar informal – também caracterizada por

desenvolverem a atividade de forma empresarial, porém são

administradas pela família que participa com mão-de-obra na

produção. Apresenta quadro de funcionários responsáveis pela

maior parcela da mão-de-obra utilizada na condução da atividade.

Atua apenas na condição de pessoa física. Trabalha em escalas

intermediárias, com produção irregular e diversidade de produtos.

É normal embalarem os produtos com rótulo da propriedade e

número de inscrição estadual do produtor. É comum encontrar

unidades que processando os produtos orgânicos em instalações

simples, sem inscrição do DIPOVA/DF. Entregam produtos em

feiras, restaurantes, varejões. Vendem para quase todos os canais

de comercialização, menos para agroindústrias.

• Agricultura familiar – a mão-de-obra é formada principalmente

por membros da família, que têm na atividade orgânica sua

principal fonte de renda. Não contam com empresa constituída e

trabalham numa escala intermediária com diversidade de

produtos. Geralmente produzem diversos produtos de forma

irregular, sendo caracterizados pela comercialização de produtos

de época. É comum encontrar unidades que processando os

produtos orgânicos em instalações caseiras. Vendem seus

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26

produtos para consumidores finais em cestas, atua, como

feirantes, vendem para feiras, restaurantes e atacado.

• Agricultura de “final de semana” – geralmente caracterizado

por não ter na atividade orgânica sua principal fonte de renda

(profissionais liberais, aposentados, funcionários públicos,

empregados e empresários de outros setores). Desenvolvem a

atividade por hobby ou ideologia. Geralmente, trabalham em

escalas menores e a maior parte da mão-de-obra utilizada é

contratada. Comercializam pelos mesmos canais dos agricultores

familiares.

A distribuição dos segmentos no elo de produção encontra-se na tabela

abaixo. Apenas 17,5% das empresas são formalizadas, porém 45% são

desenvolvidas como atividade empresarial; 22,5% enquadram-se como

agricultura familiar, e 32,5% são constituídos por produtores não desenvolvem

a atividade orgânica como hobby ou por ideologia, de forma anti-econômica.

17,5%

27,5%22,5%

32,5%

Empresa Formal Empresa FamiliarAgricultura Familiar “Final de semana”

Figura 3 – Tipologia dos produtores de orgânicos entrevistados

A localização por região administrativa demonstra que 41,9% dos

produtores localizados concentram-se na região administrativa de Brazlândia,

21,5 na região do Paranoá e 14,5%, e outros 11,2% distribuídos nas regiões de

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Taguatinga, Sobradinho, Ceilândia e Gama. No Entorno, destaca-se o município

de Padre Bernardo com 8,1%.

Tabela 2 – Distribuição dos 79 produtores levantados conforme região administrativa e Entorno do DF

Região Percentagem

Brazlândia 41,9%

Paranoá 21,0%

Planaltina 14,5%

Taguatinga 4,8%

Sobradinho 3,2%

Ceilândia 1,6%

Gama 1,6%

Entorno Percentagem

Padre Bernardo 8,1%

Cidade Ocidental 1,6%

Formosa 1,6%

Fonte: Dados da pesquisa

Perfil dos Empresários

Dos entrevistados, apenas 39,4 têm a atividade de orgânicos como

principal fonte de renda, 21,1% são aposentados; 21,1% são funcionários

públicos; 5,3% são profissionais liberais; 10,5% são empresários de outro

setor e 2,6% são empregados de iniciativa privada.

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39,5%

21,1%

21,1%

5,3%

10,5%

2,6%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Produção Orgânica

Aposentados

Funcionários públicos

Profissionais liberais

Empresários de outro setor

Empregados da iniciativa privada

Figura 4 – Principal fonte de renda dos produtores entrevistados

Apenas 26,3% dos produtores entrevistados têm empresa formalizada;

42,1% participam de alguma associação. Não foi encontrada nenhuma

cooperativa específica para orgânicos.

Quanto à faixa etária dos entrevistados 18,4% têm entre 25 e 35 anos,

39,5% entre 35 e 50 anos e 42,1% acima de 50 anos. No item sexo, 18,4%

dos entrevistados são do sexo feminino e 81,6% do sexo masculino, devendo

ressaltar-se que no caso dos empreendimentos familiares, geralmente o casal é

responsável pela administração.

18,4%

39,5%

42,1%

Entre 25 e 35 anos Entre 35 e 50 anosAcima de 50 anos

Figura 5 – Faixa etária dos produtores entrevistados

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Quanto ao grau de escolaridade 18,5% têm até o 1º grau completo,

21,0% até o 2º grau completo, 44,7% até o 3º grau completo, e 15,8% são

pós-graduados. Trata-se, portanto, de público qualificado e esclarecido,

considerando que mais de 60,5% tem nível superior.

18,5%

21,0%

44,7%

15,8%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Até o 1.º Graucompleto

Até o 2.º Graucompleto

Até o 3.º Graucompleto

Pós graduados

Figura 6 – Grau de escolaridade dos produtores entrevistados

Perfil das unidades de produção

A administração das unidades de produção em 64,9% dos casos é

familiar, 13,5% profissional e 21,6% mista.

64,9%13,5%

21,6%

Familiar Profissional Mista

Figura 7 – Administração das unidades de produção

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Quanto ao tipo de produtos, 89,5% produzem hortaliças e frutas, 7,9%

produzem carne (frango), 8,6% produzem leite, 23,7% produzem café, 5,3%

produzem plantas ornamentais e apenas um produz cogumelos orgânicos.

89,50%

23,70%

8,60%

7,90%

5,30%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Hortaliças e Frutas

Café

Leite

Carne Frango

PlantasOrnamentais

Figura 8 – Tipos de produtos orgânicos cultivados

Como se pode observar na próxima tabela, poucos produtores

comercializam produtos a menos de três anos. Quase 55,2% dos produtores

que comercializam alimentos orgânicos o fazem a mais de 05 anos, apontando

uma barreira à entrada no mercado. Este dado contrasta com a demanda

crescente e com o aumento dos pontos de venda no DF, donde pode-se inferir

que a demanda vem sendo suprida pelo aumento de produção nas unidades

produtivas já existentes ou pela importação de outros Estados.

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2,60%

42,10%

26,30%

10,50%

10,52%

7,90%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Menos 3 anos

De 3 a 5 anos

De 6 a 10 anos

De 11 a 15 anos

De 16 a 20 anos

Mais de 20 anos

Figura 9 - Tempo de atuação dos empresários no comércio de produtos orgânicos

Quanto ao tamanho das áreas efetivamente cultivadas com orgânicos

por propriedade levantada, observa-se que mais de 50% têm áreas de até 03

ha e 23,8% encontram-se na faixa de menos de 10 ha, denotando um perfil de

pequenos produtores. A área média por propriedade ficou próxima de 14,66 ha.

Porém, se retiradas as 03 empresas com áreas superiores a 50 ha, a média das

áreas cultivadas seria de, aproximadamente, 08 ha.

26,30%

26,40%

23,80%

13,00%

2,60%

2,60%

5,20%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Até 1,5 ha

De 2 a 3 ha

De 4 a 9 ha

De 10 a 20 ha

De 21 a 50 ha

De 51 a 100 ha

Mais de 100 ha

Figura 10 - Faixas de áreas efetivamente cultivadas com orgânicos nas propriedades levantadas

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A quantidade média de funcionários por propriedade ficou em 4,3

funcionários, entretanto observa-se pela tabela abaixo, que 50,0% das

propriedades contam com até 03 (três) funcionários.

18,90%

18,90%

13,50%

29,70%

8,10%

10,80%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Um

Dois

Três

De 04 a 07

De 08 a 10

Mais de 10

Figura 11 - Número de funcionários por propriedades trabalhando com orgânicos (%)

A quantidade de funcionários empregados por área cultivada com

orgânicos nas propriedades ficou em 1,25 pessoas/ha, sendo que quase 70%

das propriedades empregam mais de 0,5 pessoa/ha e mais de 30% empregam

acima de 1,0 pessoa/ha. Trata-se, portanto de atividade desenvolvida em

pequenas propriedades e com uso intensivo de mão-de-obra.

30,6%

38,8%

13,9%

16,8%

Até 0,5 De 0,5 a 1,0 De 1,0 a 2,0 Mais de 2,0

Figura 12 - Número de funcionários empregados por ha cultivado com orgânicos

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Quanto ao gerenciamento do negócio, 72,0% consideram como

problema a baixa qualificação empresarial; 60,0% encontram dificuldade no

planejamento e não conseguem apurar custos; 56,0% têm dificuldade com

controle, 60% têm dificuldade para acessar o crédito.

Como se pode observar na próxima tabela, 61,1% dos produtores

faturam até R$ 5.000,00, demonstrando tratar-se na maioria de pequenas

produções. Ao inserir os que faturam até R$ 10.000,00, a percentagem sobe

para 77,8%. Outros 11,1% faturam entre 10 e 30 mil reais e apenas 11,1%

faturam acima de R$ 30.000,00.

19,40%

41,70%

16,70%

11,10%

2,80%

2,80%

5,60%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Até 2.000 reais

De 2.000 a 5.000 reais

De 5.000 a 10.000 reais

De 10.000 a 30.000 reais

De 30.000 a 60.000 reais

De 60.000 a 100.000 reais

Acima de 100.000 reais

Figura 13 - Faixa de faturamento mensal das propriedades de orgânicos

Mão-de-obra

A mão-de-obra contratada foi considerada de baixa qualificação por

65,4% dos empresários entrevistados. O levantamento reforça esta avaliação,

pois 16,0% da mão-de-obra é analfabeta, 51,9% tem até o primeiro grau

completo, 17,8% até o segundo e 14,3% até o terceiro grau completo. A falta

de conhecimento por parte dos funcionários com a atividade orgânica foi

apontada como problema em 53,8% dos casos. Constatou-se a ocorrência de

propostas de um produtor para funcionários de outro, em busca de uma mão-

de-obra mais qualificada. A capacitação da mão-de-obra quanto à produção de

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orgânicos, em geral é realizada pelos próprios patrões e esporadicamente por

meio de cursos.

16,0%

51,9%

17,8%

14,3%

Analfabeta Até o 1º grau completoAté o 2º grau completo Até o 3º grau completo

Figura 14 – Grau de escolaridade da mão-de-obra contratada

Dos funcionários levantados 74% são homens e 26% mulheres,

conforme Figura 15.

74,0%

26,0%

homens mulheres

Figura 15 – Sexo da mão-de-obra contratada

O salário médio pago aos funcionários é de R$ 350,00 (trezentos e

cinqüenta reais). Apenas 10,4% dos funcionários que trabalham com orgânicos

recebem acima de R$ 500,00. Apesar da maioria da mão-de-obra ser do sexo

masculino, em duas propriedades o empregador manifestou a preferência de

mulheres, principalmente na colheita por não exigir força e por serem mais

cuidadosas.

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28,12%

31,25%

31,25%

9,37%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

Até R$ 260,00

De R$ 261,00 a R$390,00

De R$ 391,00 a R$520,00

Acima de R$ 520,00

Figura 16 – Faixa de salários pagos aos funcionários que trabalham co orgânicos

Quanto à faixa etária da mão-de-obra 16,2% têm até 25 anos de idade,

55,2% têm entre 25 e 35 anos, 13,0% entre 35 e 50 anos, e 15,6% têm acima

de 50 anos. Trata-se, portanto de uma população ainda jovem, considerando-

se que mais de 70% têm menos de 35 anos. Esta constatação é importante

para um processo de qualificação de mão-de-obra.

16,2%

55,2%

13,0%

15,6%

Até 25 anos Entre 25 e 35 anosEntre 35 e 50 anos Acima de 50 anos

Figura 17 – Faixa etária da mão-de-obra

Quanto à rotatividade de mão-de-obra, 72,2% dos entrevistados

afirmaram não ter trocado de funcionários nos últimos dois anos. Indicando,

que a rotatividade não é um problema grave.

Processos de seleção de mão-de-obra têm demonstrado para os

produtores entrevistados, que indivíduos com histórico no meio rural têm mais

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capacidade para o trabalho. Trabalhadores urbanos têm apresentado

preconceitos com atividades rurais.

Equipamentos e instalações

Quanto aos equipamentos de segurança, praticamente todos

funcionários utilizam botas e chapéus como meio de proteção e 64,3% utilizam

luvas. O uso de outros tipos de equipamentos é raro.

Praticamente não existem equipamentos específicos para produção de

alimentos orgânicos. Existem reclamações quanto ao dimensionamento de

máquinas para a pequena produção. O principal item citado como problema em

relação aos equipamentos refere-se ao preço e ao custo de manutenção,

61,5% e 38,5% dos casos, respectivamente.

As instalações foram consideradas na maioria dos casos em boas

condições e com grau de utilização adequado. A única reclamação neste quesito

refere-se à falta de recursos para investir (73,1% dos entrevistados) em novas

instalações.

A plasticultura está presente em muitas propriedades, onde comumente

encontram-se estufas, sombrites e uso de mulch3 para cobertura de solos na

produção principalmente de hortaliças.

Figura 18 – Uso de plasticultura, irrigação e sombrites.

3 Plástico de cobertura de solo de canteiros, comumente utilizados para cultivo de

hortaliças e morango (Figura 3 - direita)

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Tecnologia e sanidade

No que se refere às tecnologias de produção, 57,7% tem problema com

a sazonalidade da produção, 53,8% com manejo de pragas e doenças, 30,8%

com fertilidade do solo, 34,6% com técnicas de irrigação e 19,2% problemas

com colheita. Portanto, a dificuldade de regularizar a produção é o principal

problema, o que está relacionado com manejo de pragas e doenças em

determinadas épocas do ano, conforme a cultura.

57,70%

53,80%

30,80%

34,60%

19,20%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Sazonalidade daprodução

Manejo de pragas edoenças

Fertilidade do solo

Técnicas deirrigação

Problemas nacolheita

Figura 19 – Problemas tecnológicos levantados na produção de orgânicos

A falta de higiene por parte de funcionários foi considerada um problema

por apenas 20,8% dos entrevistados; e 37,5% apontam como inadequadas as

instalações dos pontos de vendas. Por outro lado, 54,2% consideram que têm

problemas com transporte e a mesma percentagem considera o manuseio dos

produtos nos pontos de venda como inadequado.

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54,20%

54,20%

37,50%

20,80%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Problemas com transporte

Manuseio inadequado nos pontos devenda

Instalações inadequadas nos pontos devenda

Falta de higiene dos funcionários

Figura 20 – Problemas sanitários levantados na produção de orgânicos

Comercialização

Quanto aos destinos da produção orgânica o resultado da pesquisa

encontra-se na tabela abaixo.

59,50%

42,10%

36,80%

27,00%

23,70%

18,40%

7,90%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Consumidores finais

Feirantes

Entrega a domicílios

Restaurantes

Supermercados e varejões

Atacadistas

Agroindústrias

* A soma das percentagens passa de 100%, pois existem vários produtores que

entregam em mais de um canal de comercialização.

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Figura 21 - Percentagem dos produtores que vendem orgânicos em cada canal de comercialização

A localização das feiras, supermercados, sacolões encontram-se nos

Anexos 2 e 3.

Os problemas apontados pelos produtores na comercialização

encontram-se na tabela abaixo. Os dois maiores problemas estão relacionados

e referem-se ao consumidor final. É comum o consumidor confundir orgânicos

com hidropônicos, caipira, natural, etc. Este ponto é fundamental para o

crescimento do setor.

89,50%

78,90%

63,20%

57,90%

55,30%

55,30%

52,60%

52,60%

44,70%

44,70%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Falta de propaganda

Falta de conscientização do consumidor

Falta de regularidade na produção

Falta de união dos produtores

Falta de embalagens adequadas

Dificuldade de abrir novos pontos de venda

Excesso de produtos de época

Falta de mão-de-obra qualificada

Dificuldade de calcular um preço justo

Alto custo de transporte

Figura 22 - Problemas citados pelos produtores referentes à comercialização dos produtos orgânicos

A falta de regularidade de produção aliada ao excesso de produtos de

época refere-se à questão tecnológica. Como a agricultura orgânica não utiliza

defensivos agrícolas, o controle de doenças e pragas em determinadas épocas

do ano torna-se difícil. É o caso da produção de folhosas no período das

chuvas. No caso das frutas a sazonalidade acentua-se, pois, mesmo na

produção convencional, a produção normalmente é temporária. Uma alternativa

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seria a importação de produtos de outras regiões nos períodos de escassez,

como vem sendo realizado pelo Espaço Natural. A destinação de produtos nos

períodos de excesso seria uma alternativa possível para minimizar os efeitos

negativos nos preços nos períodos de safra. Entretanto, esta estratégia

encontra algumas barreiras relacionadas à certificação, qualidade,

perecibilidade de produtos, abertura de canais de comercialização, concorrência

local e volume de comercialização. Portanto, este tipo de alternativa

necessitaria de ações planejadas e coordenadas de forma coletiva. Alguns

produtores para minimizar os prejuízos vendem o excesso como produto

convencional, portanto com preço baixo, principalmente em épocas de safra.

O problema das embalagens deriva da filosofia de sustentabilidade da

produção orgânica, que prega o uso de recursos renováveis. Como as

embalagens, principalmente de hortaliças e frutas faz uso de plástico e

bandejas de isopor, os produtores de orgânicos sentem-se “incomodados” por

utilizarem tais produtos. Os vendedores de feiras têm conscientizado

consumidores sugerindo a levarem sacolas próprias para diminuir a produção

de lixo.

A qualificação da mão-de-obra é apontada como um gargalo tanto na

produção, quanto no processo de venda. Esta avaliação está relacionada

principalmente à mão-de-obra responsável pela venda nas feiras, pois grande

parte dos produtores entrevistados utiliza este canal.

A abertura de novos pontos de venda apresenta certas dificuldades,

tanto para abertura de novas feiras, devido à necessidade de licenças, quanto

para supermercados e varejões. Nestes últimos, a regularidade de

fornecimento, a regularização do processamento e da certificação, a

formalização das transações tornam-se barreiras à entrada de produtores com

pequenas escalas.

Apesar do custo de transporte ser considerado alto, os produtores têm

desenvolvido alternativas de transporte coletivo para minimizar tais custos. A

dificuldade de calcular um preço justo é conseqüência da falta de controle de

custos. A monografia de Castro (2005) defendido como trabalho final do curso

de agronomia na UNB, e realizado junto a EMATER, apresenta a análise

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41

econômica de três propriedades características do DF. O trabalho inova ao

apresentar uma planilha de custos de diversas culturas e comparar com o preço

final (Tabela 8). O estudo aponta para uma primeira referência de custos,

principalmente para agricultores familiares, pois a metodologia para apuração

dos resultados não considera custos com mão-de-obra.

Castro (2005) conclui que uma os preços e custos nos três casos

estudados são compatíveis e que os empreendimentos com maior diversificação

de produtos apresentaram melhores resultados econômicos por amortecer os

impactos das flutuações de preços.

Tabela 2 – Área e resultados econômicos por cultura – propriedade nº1.

Culturas

% da

receita

total

Área

(m2)

Qtde

vendida

(un)

Receita

bruta total

(R$)

Custos

totais

(R$)

Preço

médio1

(R$/un)

Custo

médio2

(R$/un)

Lucra-

tividade

(%)

Abóbora Itália 1,41 1111 1435,0*** 1435,00 804,78 1,00 0,56 43,92

Acelga 2,59 702 1756,0* 2634,00 1195,35 1,50 0,68 54,62

Alface americana 7,71 5411 8707,0* 7836,30 4729,16 0,90 0,54 39,65

Alface crespa 6,82 2626 9898,0* 6928,60 3424,84 0,70 0,35 50,53

Alface lisa 8,13 2626 11804,0* 8262,80 4009,11 0,70 0,34 51,48

Alface mimosa roxa 11,33 3714 16447,0* 11512,90 5514,64 0,70 0,34 52,10

Alface mimosa verde 5,97 1857 8667,0* 6066,41 2709,30 0,70 0,31 55,34

Alface mini-crespa roxa 5,60 1857 8063,0* 5684,10 2611,45 0,70 0,32 54,06

Alho porró 2,49 244 1266,0** 2532,00 927,26 2,00 0,73 63,38

Berinjela 0,47 439 479,0*** 479,00 415,69 1,00 0,87 13,22

Brócolis 2,85 877 1927,0** 2890,50 1622,40 1,50 0,84 43,87

Cenoura 3,42 1608 2316,0** 3474,00 1206,49 1,50 0,52 65,27

Chicória 3,05 1052 3873,0* 3098,40 1441,07 0,80 0,37 53,49

Jiló 0,23 292 235,0*** 235,00 104,80 1,00 0,45 55,41

Mini berinjela 0,52 585 532,0*** 532,00 443,41 1,00 0,84 16,65

Morango 13,09 790 6251,0*** 13300,00 5029,04 2,13 0,80 62,19

Pimenta americana 0,40 98 410,0*** 410,00 161,95 1,00 0,40 60,50

Pimentão 0,57 98 579,0*** 579,00 393,53 1,00 0,68 32,03

Rabanete 3,11 1041 3510,0** 3159,00 2286,96 0,90 0,65 27,60

Radichio 5,19 2334 5271,0* 5271,00 2697,88 1,00 0,51 48,82

Rúcula 7,10 3216 8014,0** 7212,60 3108,68 0,90 0,39 56,90

Tomate salada 1,06 500 654,0*** 1074,00 632,82 1,64 0,97 41,08

Tomate sta. cruz 1,14 600 732,0*** 1153,80 725,17 1,58 0,99 37,15

Total 94,25 33678 - 95760,41 46195,78 - - 51,75

Fonte: Castro (2005).

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1 Preço médio nominal por unidade 2 Custo total = Custos fixos + variáveis *Cabeças **Maços (alho porró = 0,3kg; brócolis = 0,6kg; cenoura = 1,2kg; rabanete = 0,7kg e rúcula = 0,25kg). ***Bandejas (abóbora itália = 0,5kg; berinjela = 0,5kg; jiló = 0,5kg; mini berinjela = 0,5kg; morango = 0,3kg; pimenta americana = 0,3kg; pimentão = 0,5kg; tomate salada = 0,5kg e tomate santa cruz = 0,8kg).

O maior produtor de café orgânico do DF, afirmou que abandonará a

atividade, pois tem encontrado dificuldade de vender o produto como orgânico.

Disse estar vendendo o café orgânico ao preço de convencional e que está

dizimando parte do cafezal para re-implantar com técnicas convencionais.

Na próxima tabela, apresenta-se um resumo de indicadores para

caracterização da cadeia de orgânicos no DF.

Tabela 3 – Características do elo de produção de orgânicos no DF, segundo levantamento de campo

Indicador Valor Unidades de Produção Levantadas 78 Unidades Número de produtores 84 Produtores % dos produtores com nível superior 60,5% % das unidades administradas por famílias 63,2% % de produtores que comercializam hortaliças 89,5% % dos produtores que atuam no mercado a mais de 5 anos 63,2% % das propriedades com área cultivada menor que 3 ha 52,7% Quantidade média de funcionários por propriedade 4,3 Pessoas Média de empregos por hectare 1,25/pessoas Média de salários pagos aos funcionários R$ 350,00 % das propriedades com faturamento mensal inferior a R$ 5.000,00 61,1% % das propriedades com empresas formalizadas 26,3% % de produtores que participam em associações 42,1% % dos produtores com mais de 35 anos 81,6% % da mão-de-obra empregada com menos de 35 anos 70,0%

5.2.3 Elo de processamento

Apenas três agroindústrias foram encontradas com empresas

constituídas. Nos três casos, mais de 90% da produção é própria.

Em dois estabelecimentos a produção de hortaliças é o carro chefe,

principalmente de folhosas, sendo a alface o produto de maior participação.

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43

Uma das empresas produz leite e derivados. São estas duas empresas as

principais fornecedoras de produtos orgânicos em supermercados e varejões,

pois além de trabalharem em escalas suficientes para atendem diversas lojas,

transpuseram a barreira da informalidade. Uma das empresas está presente em

praticamente todos os varejões e supermercados visitados.

Entretanto, uma das agroindústrias vem trabalhando no ponto de

equilíbrio e pretende realizar investimentos para aumentar escala e melhorar

suas margens de lucro. O empresário, apesar de contar com situação legal

adequada e limite de crédito suficiente, tem encontrado dificuldade para

acessar o crédito, o que tem atrasado seu planejamento.

Outra agroindústria trabalha principalmente com o processamento de

goiaba, sendo a goiabada o principal produto. A proprietária também vende

goiaba in natura. Trata-se de uma empresa formalizada. As vendas ocorrem no

comércio do Paranoá, Mercado Orgânico, Empório Verde e Espaço Natural e em

feiras esporádicas. Parte da venda ocorre na própria chácara e também produz

para atender encomendas. Fazem entregas em domicílio na Asa Sul e Asa

Norte, Lago Sul e Lago Norte.

Esta agroindústria desenvolveu tecnologias próprias para a produção e

processamento. Cada árvore é tratada individualmente, sendo todas

identificadas para garantir rastreabilidade, aplicação de insumos e água

conforme a produtividade e qualidade de frutos apresentada. O sistema de

distribuição de água e insumos é inovador.

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Figura 23 – Identificação dos pés de goiaba (rastreabilidade)

Muitos estabelecimentos familiares realizam processamento em

instalações caseiras e vendem produtos como conservas, extratos, doces,

queijos, patês, biscoitos, farinha de mandioca. Existe uma variedade de

produtos, tendo-se levantado casos de venda de mandioca e cana descascadas,

vendidos em saquinhos; produção de tofú e farinha de soja.

Figura 24 – Contraste entre as instalações caseiras e as industriais no processamento de orgânicos.

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45

5.2.4 Elo de Atacado

ESPAÇO NATURAL

Apesar de alguns entrevistados se autodenominarem atacadistas,

observou-se que apenas o Espaço Natural enquadra-se adequadamente neste

elo. Com exceção desta empresa, a distribuição é geralmente realizada ou pelas

agroindústrias, ou pelas organizações coletivas diretamente para o varejo, ou

pelos próprios produtores. No caso das redes de supermercados, constatou-se

que a distribuição é realizada pelos próprios fornecedores, constituídos pelas

agroindústrias.

O Espaço Natural é uma empresa representante da Korin Agricultura

Natural, uma empresa brasileira fundada em 1994, com visão empresarial

baseada na filosofia e no método de Agricultura Natural de Mokiti Okada, que

privilegia o perfeito equilíbrio entre preservação e uso dos recursos naturais.

Integram valores ecológicos e sociais, para a produção de alimentos naturais. O

Espaço Natural está a 11 anos no negócio de orgânicos. Esta empresa recebe

65% de seus produtos de produtores do DF. Quando alguns produtos estão em

falta no DF busca-os de SP, por meio da Korin. Além disso, comercializam

insumos como o fertilizante Bocashi - EM, também importado de SP.

Produtos como hortaliças, frutas e ovos são adquiridas e produzidas no

DF por produtores associados. O Espaço Natural executa atividades de varejo,

por meio de uma loja temática, na venda de produtos em feira própria e

entregando-os em domicílio. Também trabalham no atacado fornecendo

produtos orgânicos para diversos restaurantes, feirantes e alguns

supermercados.

5.2.5 Elo de Varejo

A comercialização de produtos orgânicos no Distrito Federal ocorre

comumente em feiras livres (principal canal de escoamento dos produtores),

“sacolões”, supermercados, restaurantes e casas de varejo especializadas. O

levantamento de dados apontou a existência de 14 feiras no Distrito Federal, 06

redes de casas de varejos, 14 restaurantes que adquirem parte de seus

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46

produtos, 03 lojas temáticas e diversos produtores que entregam cestas de

verduras em domicílio.

FEIRAS

A lista das feiras encontra-se no Anexo 2. As feiras são canais de

comercialização desenvolvidos pelos próprios produtores, por meio de suas

organizações.

Existem grupos de pequenos produtores com pontos de comercialização

que evitam a entrada de produtores com maior volume de produtos, por

temerem a concorrência dentro de seus pontos cativos de comercialização

(clientela cativa).

As feiras enfrentam por um lado problemas com a falta de produtos fora

da época de produção e por outro o excesso de produtos de época,

enfrentando uma competição em preço também com os convencionais.

Existe um problema entre aqueles que desenvolvem suas atividades de

forma empresarial com aqueles que a têm como atividade de “hobby”. Um

produtor que comercializa volumes maiores poderia vender mais barato,

entretanto, tem enfrentado conflitos com outros associados que comercializam

em menores quantidades e querem vender seus produtos mais caros. Quando o

agricultor orgânico não consegue vender todo seu estoque, acaba forçado a

entregar como produto convencional em outros canais de comercialização.

VERDURÕES E SUPERMERCADOS

Os verdurões que vendem orgânicos identificados foram: La Palma (404

Norte), OBA (306 e 209 Norte), Safra (215 Norte), Tigrão (409 Sul).

Os fornecedores dos varejões são basicamente 5 unidades de produção:

Hobbo, Malunga, o Mercado Orgânico, Fazenda Luciana, Chácara Guarujá.

Geralmente tem um local com uma tarja simples designando o produto

como orgânico. A maior parte dos clientes são cativos. Os clientes são cativos e

já buscam o produto no local. Geralmente existe uma explicação que o produto

orgânico não tem agrotóxico.

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As redes de supermercados que trabalham com orgânicos são Big Box,

Pão-de-Açúcar e Carrefour.

A rede Pão de Açúcar comercializa em três hipermercados Extra (Asa

Norte, SIA e Taguatinga) e em 12 lojas de bairro no DF. Na rede Big Box foram

identificadas apenas duas lojas comercializando. Em ambas as redes as

compras de produtos orgânicos é realizada individualmente por cada loja.

A rede Carrefour comercializa nos três hipermercados do DF (Sul, Norte

e Taguatinga), bem como em diversas lojas da rede sob a marca Champion.

Os produtos orgânicos que geralmente são comercializados pelos

supermercados são as frutas, legumes e verduras (FLV). Foram localizados

casos isolados de venda de carne bovina e de frango, soja, açúcar, café, leite e

cogumelos orgânicos; geralmente importados de outros estados, principalmente

São Paulo.

Os supermercados praticamente não se importam com o processo de

diferenciação de produtos orgânicos dos convencionais. Quem se preocupa com

o produto orgânico nas gôndolas destinadas para esse fim são os próprios

fornecedores, observando-se em alguns casos produtos orgânicos ocupando

seções de convencionais devido o restrito espaço reservado para esses.

O processo de conscientização e esclarecimento de consumidores é

responsabilidade dos fornecedores, que o fazem através de seus promotores de

vendas (empregado do fornecedor), responsáveis pela divulgação do produto

exposto.

Como nos varejões, basicamente o que se encontra é uma identificação

de produto orgânico simples, sem maiores destaques. Apesar de ficarem em

locais separados nas gôndolas, destinados aos produtos orgânicos, o

tratamento dado a eles é muito semelhante ao dado aos produtos

convencionais. Existem situações onde os produtos orgânicos não têm

tratamento diferenciado nas gôndolas e em outras existe uma identificação

conforme se observa na figura abaixo.

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Figura 25 – Gôndolas de supermercados sem e com diferenciação dos produtos convencionais

Os funcionários dos supermercados, que eventualmente trabalham com

os produtos orgânicos, são os mesmos que trabalham com os produtos

convencionais.

Caso existam outros produtos a venda, esses estarão na prateleira

correspondente àquele produto. Exemplo: café orgânico – estará no local

destinado à exposição de cafés.

O principal consumidor de produtos orgânicos comercializados por

supermercados e verdurões é o cliente pertencente às classes A e B, que

possuem consciência de qualidade.

Em praticamente todos os estabelecimentos visitados, existe carência de

treinamento de pessoas para trabalharem, especificamente, com produtos

orgânicos. A exceção decorre de iniciativa da Fazenda Malunga que

esporadicamente realiza visitas técnicas à propriedade com funcionários dos

supermercados visando conscientização e treinamento. Todo o processo, desde

o plantio até o escoamento nos caminhões são apresentados e discutidos,

visando criar maior conscientização nos funcionários do varejo.

A reclamação por parte dos produtores acerca de concorrência desleal,

de produtos não orgânicos vendidos com chamativos como “sem agrotóxico”,

“hidropônico”, pôde ser constatada durante a pesquisa de campo.

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Dentro dos supermercados praticamente existem dois fornecedores

expressivos, exatamente as agroindústrias que contam com empresas

formalizadas: Malunga e Moça Terra. Em um supermercado foi encontrado

produtos do produtor Hobbo.O tempo de atuação com orgânicos nos varejões e

supermercados é em média de 3,8 anos, tendo casos de 09 anos no varejão La

Palma e 07 anos na rede OBA.

Tabela 4 – Características levantadas na comercialização de orgânicos em varejões e supermercados

A participação dos orgânicos na área de FLV é de apenas 5,3%. A maior

parte dos produtos orgânicos comercializados no DF é originada do DF e

Entorno (97%). Quando se trata de hortaliças, praticamente todos os produtos

têm origem local (99,8%). O Espaço Natural é o único dos entrevistados que

comercializa hortaliças de outros estados.

O preço de compra dos produtos orgânicos são em média 39,5% acima

do convencional, e o de venda 43,5%. Apesar do preço elevado tanto de

aquisição quanto de venda, os supermercados consideraram o fator preço como

regular. A qualificação da mão-de-obra que manipulam orgânicos foi

considerada regular.

Itens Valor

Tempo médio que comercializa orgânicos 3,8 anos

Participação dos orgânicos na área de FLV 5,3%

% de produtos fornecidos por produtores do DF e Entorno 97,0%

% de hortaliças fornecidas por produtores do DF e Entorno 99,8%

Quanto se paga a mais na aquisição dos produtos orgânicos 39,5%

Quanto se cobra a mais na venda dos produtos orgânicos 43,5%

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Fornecimento

0,00

-0,09

0,00

0,73

-0,45

-2

-1

0

1

2

1

Des

empe

nho

Regularidade no fornecimento Quantidade dos produtos ofertadosExcesso de produtos de época Qualidade do transporteMix de produtos

Regular

Favorável

Muito Favorável

Desfavorável

Muito Desfavorável

Figura 26 – Aspectos qualitativos do fornecimento na avaliação de varejões e supermercados

Considerando-se a parte de fornecimento, a regularidade, quantidade e

excesso de produtos de época foram avaliados como regular. A qualidade de

transporte tendeu a favorável e o mix de produtos tende para uma situação

desfavorável.

O nível de conscientização do consumidor foi considerado tendendo a

favorável (0,73), porém à propaganda sobre produtos orgânicos atribuiu-se

uma nota desfavorável.

Quanto aos produtos, os aspectos sanitários e a qualidade dos produtos

foram considerados tendendo a muito favoráveis. Os níveis de perdas foram

considerados regulares e o tempo de prateleira e qualidade de embalagens

tendendo a favoráveis. Portanto, o item produto apresenta um desempenho

positivo na avaliação de varejões e supermercados.

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Produtos

1,27 1,36

0,360,73 0,73

-2

-1

0

1

2

1

Des

empe

nho

Aspectos sanitários Qualidade dos produtos Níveis de perda

Tempo de prateleira Qualidade das embalagens

Regular

Favorável

Muito Favorável

Desfavorável

Muito Desfavorável

Figura 27 – Aspectos qualitativos dos produtos na avaliação de varejões e supermercados

O crescimento do mercado foi considerado baixo. Uma grande rede

supermercadista considera que:

“O mercado orgânico encontra-se em forte expansão no exterior,

enquanto no Brasil ainda está adormecido. Para torná-lo sustentável é

imperativo reduzir custos de produção e comercialização, bem como melhorar a

escala de produção e logística de distribuição”.

RESTAURANTES

Os restaurantes adquirem principalmente hortaliças, tendo nas

folhagens os principais produtos orgânicos adquiridos. Todos os restaurantes

visitados são atendidos diretamente por produtores rurais, associações e pela

Fazenda Malunga e pela MOA. Os restaurantes visitados adquirem 100% dos

produtores de fornecedores locais, Sendo estes responsáveis pelo transporte do

produto. Existe uma demanda por produtos como frutas, soja, e arroz integral

não atendida.

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Produtos como carne de frango, ovo e leite também são demandados,

mas encontram nos “caipiras” produtos substitutos.

Os principais fornecedores de orgânicos no DF que atendem os

restaurantes são Centro de Agricultura Orgânica Palmares, empresas familiares,

Malunga, MOA, Vida e Preservação, e AGE.

Os restaurantes consideraram que o mercado apresenta crescimento de

médio a alto. O nível de conscientização favorável. A propaganda nele

segmento foi considerada tendendo a favorável.

Fatores relacionados ao fornecimento tiveram avaliações positivas,

próximo de muito favorável para quantidade e qualidade dos produtos,

regularidade de fornecimento. O item qualidade do transporte foi considerado

favorável.

Fornecimento

1,80 1,8

1,00

1,6

-2

-1

0

1

2

1

Des

empe

nho

Qualidade dos produtos ofertados Regularidade no fornecimento

Qualidade do transporte Quantidade dos produtos ofertados

Regular

Favorável

Muito Favorável

Desfavorável

Muito Desfavorável

Figura 28 – Aspectos qualitativos do fornecimento na avaliação dos restaurantes

Alguns problemas citados pelos restaurantes na aquisição dos produtos

orgânicos é a irregularidade e a falta de qualidade em determinadas épocas do

ano.

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Quanto aos produtos, os níveis de perda foram considerados regulares,

enquanto o tempo de prateleira e a variedade dos produtos ofertados tiveram

avaliação tendendo à favorável.

Produtos

0,00

0,60,80

-2

-1

0

1

2

1

Des

empe

nho

Níveis de perda Tempo de prateleira Variedade de produtos ofertados

Regular

Favorável

Muito Favorável

Desfavorável

Muito Desfavorável

Figura 29 – Aspectos qualitativos dos produtos na avaliação dos restaurantes

Os restaurantes atribuíram melhor desempenho para os fatores

relacionados com o fornecimento e os produtos, se comparada com a avaliação

realizada pelos supermercados e varejões. Estes trabalham com maior volume

de produtos, dificultando o atendimento por parte dos fornecedores.

Provavelmente os restaurantes recebem um atendimento mais personalizado

por parte dos produtores, por comprarem em menor volume a preço mais

interessante para estes.

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6 Demandas tecnológicas e de capacitação da

Cadeia produtiva de alimentos orgânicos do

Distrito Federal

Diversas demandas foram levantadas, envolvendo aspectos de

capacitação e tecnologia, mas também de organização e estruturação da cadeia

produtiva, como:

• Necessidade de divulgação dos atributos e vantagens sobre os

orgânicos perante o consumidor.

• Necessidade de desenvolver métodos de planejamento adequado

para orgânicos que trabalham com variedade de produtos e

gestão de sistema complexo.

6.1 Necessidades de Capacitação

A mão-de-obra envolvida na produção de orgânicos apresenta baixo nível

de capacitação, constituindo-se um gargalo importante, pois a agricultura

orgânica envolve processos mais complexos que os convencionais. Portanto, a

capacitação de mão-de-obra torna-se um desafio.

Utilizando a fertilização para exemplificar a diferença de princípios entre

sistemas orgânicos e convencionais. Nos primeiros, a fertilização envolve

sucessão e interação de plantas, manejo da microbiologia e mesofauna dos

solos, reciclagem e compostagem de produtos. Nos sistemas convencionais a

base da fertilização é química, prontamente adquirida no mercado.

A capacitação de mão-de-obra para produção orgânica deverá ser

estabelecida sob a nova práxis baseada na visão sistêmica e valorização do

processo integrado do conhecimento, de autonomia, de observação, de

criatividade, de intuição, de universalização e, principalmente, de aprendizagem

continuada.

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A capacitação em orgânicos não poderá prescindir de elevada carga

prática no processo de desenvolvimento de conceitos aplicados e integrados.

Portanto, deverá englobar aulas práticas e, de preferência, estágios de vivência.

Entretanto, esta alternativa encontra uma barreira prática, a da disponibilidade

da mão-de-obra, pois o deslocamento de funcionários para fora da propriedade

gera descontinuidades na produção e custos elevados para os empregadores.

Na prática, os produtores rurais têm se capacitado por meio de cursos e

repassam para seus funcionários os conhecimentos adquiridos. Uma alternativa

seria uma continuidade da capacitação por meio de acompanhamento da

implantação de sistemas orgânicos in loco, portanto, um serviço a ser prestado

por profissionais da assistência técnica.

Neste caso, encontra-se outra barreira, a disponibilidade de profissionais

efetivamente capacitados para ministrar cursos e treinamentos à mão-de-obra.

Além disso, tanto o acompanhamento in loco quanto os estágios de vivência

envolvem maiores custos que os processos convencionais de aprendizagem,

baseados em cursos.

Há necessidade de maior periodicidade de cursos para trabalhadores de

orgânicos, pois o produtor não pode dispor de todos os funcionários de uma

única vez.

O formato dos cursos parece atender as necessidades dos produtores.

Vários cursos serem divididos em uma aula semanal. Os produtores reclamam

de falta de tempo para participar dos cursos. Existe necessidade de aumentar a

carga prática nos cursos.

Os cursos fornecidos em Brasília não foram considerados caros. Várias

organizações oficiais (EMBRAPA, EMATER, SEBRAE, SENAR) fornecem cursos

gratuitamente.

Foi levantada a sugestão de que os cursos deveriam atender produtores

de níveis diferentes, por exemplo, para iniciantes e outros avançados ou

específicos.

Os temas para desenvolver cursos envolvem diversas linhas, classificadas

como: i. Gestão; ii. Tecnologia de produção e iii. Comercialização.

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Tabela 5 – Temas para desenvolvimento de processos de capacitação para os agentes da Cadeia Produtiva de Orgânicos no DF

GESTÃO TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO

COMERCIALIZAÇÃO

• Planejamento e Gerenciamento considerando as especificidades da produção orgânica (altamente diversificada e altamente verticalizada)

• Gestão financeira • Gestão da produção • Planejamento (estratégico, gerencial

e operacional) • Processo decisório • Administração rural

• Plantio, condução da cultura • Produção de mudas • Irrigação • Defensivos biológicos • Prevenção de doenças • Manejo orgânico • Tratos culturais • Sistema agroflorestal • Sistema agroecológico • Fertilidade (adubação orgânica) • Operação de máquinas • Educação ambiental • Homeopatia animal

• Colheita e pós-colheita • Como abrir novos pontos de vendas • Organização / preparo de produtos

para venda • Sistema de controle de vendas • Gerenciamento de feiras com sistema

único de cobrança e pagamento • Atendimento ao cliente • Gerenciamento de vendas • Formulação de preços • Marketing e comercialização • Cadeia produtiva de orgânicos • Qualidade dos produtos • Associativismo e cooperativismo

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6.2 Demanda Tecnológica

Produtores orgânicos encontram dificuldade para regularizar a entrega

de produtos, principalmente de hortaliças e frutas. É comum Trabalharem com

produtos da época. Portanto, a tecnologia de produção ainda é incipiente para

garantir a produção constante de determinados produtos.

Existe, ainda, uma questão de filosofia, em que alguns produtores

acreditam não ser necessário desenvolver tecnologias para regular a oferta,

mas que o consumidor deveria ser conscientizado a consumir produtos de

época. Entretanto, essa alternativa é contrária às orientações do marketing e

pode ser inviável para massificar o uso de produtos orgânicos.

A sazonalidade é um problema intrínseco da maioria das culturas

agrícolas, entretanto, a produção convencional já conta com tecnologias que

minimizam este problema. No caso da produção orgânica, a sazonalidade é um

problema mais grave, alternando períodos de safra com excesso de produtos

com períodos de entressafra com falta de produtos.

A produção de sementes de hortaliças é um ponto crítico na cadeia de

orgânicos, principalmente porque estas sementes são tratadas com produtos

químicos e não existem alternativas técnicas que garantam os aspectos

sanitários exigidos na comercialização de sementes. A produção de sementes e

mudas orgânicas ainda é incipiente, existindo poucas empresas especializadas

no sul do País;

O uso de embalagens derivadas de produtos não renováveis (como o

plástico e isopor) é um ponto contraditório com a filosofia da produção

orgânica. O mesmo pode ser considerado em relação ao uso de plasticultura na

produção (estufas, mulch, sombrites, sistemas de irrigação localizada), porém

são exatamente essas tecnologias que têm permitido maior controle sobre a

produção, bem como a garantia desta em períodos de entressafra. Trata-se,

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portanto, de um problema de princípios da produção orgânica, que tem sido

tolerado tanto pelos produtores, quanto pelas certificadoras.

Outro gargalo tecnológico levantado refere-se ao manejo de pragas e

doenças, pois o uso de produtos químicos é limitado e o controle depende do

adequado manejo de rotação de culturas, fertilidade de solos e de interação de

plantas. Trata-se de um processo complexo, cujo manejo não se encontra

sistematizado em publicações para a maior parte das culturas.

A fertilidade dos solos também se fundamenta em rotação de

culturas, bem como em compostagem, e uso de fertilizantes naturais. Como os

fertilizantes naturais nem sempre contam com análises químicas, o manejo da

fertilidade não é baseado em cálculos quantitativos de elementos químicos do

solo. A fertilidade do solo nos sistemas orgânicos está fortemente baseada na

atividade microbiana, capaz de disponibilizar elementos do ar ou do solo.

A produção de grãos, ainda é incipiente, por falta de tecnologias que

viabilizem o controle de pragas e doenças. Produtores de soja e café

reclamaram também da dificuldade de comercializar os produtos.

A falta de tecnologias para produção animal ainda não permitiu o

desenvolvimento desta atividade. Geralmente, os produtos animais estão sendo

vendidos como caipiras. A exceção tem sido a produção de leite, já certificada

no DF. Existem novos entrantes na produção de avestruzes orgânicos. O

grande gargalo tecnológico está na produção de alimentos orgânicos a custo

acessível para a produção de animais. Além disso, tem a questão sanitária.

Algumas tecnologias já vêm sendo divulgadas como a homeopatia animal.

6.3 Ergonomia

Segundo dicionário Houaiss (2001), a Ergonomia estuda cientificamente

as relações entre homem e máquina, visando a uma segurança e eficiência

ideais no modo como um e outro se interagem, bem como a otimização das

condições de trabalho humano, por meio de métodos da tecnologia e do

desenho industrial.

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Um dos aspectos fundamentais da ergonomia refere-se aos aspectos

cognitivos do trabalho, quanto à sua compreensão por parte das pessoas e as

transformações ocorridas na interação entre pessoas e trabalho. Aborda os

aspectos de capacidades e limites, sendo norteado pela segurança, eficácia,

conforto dos trabalhadores e, conseqüentemente, sua saúde (Abrahão, 1999).

A ergonomia, portanto, busca apreender, analisar e diagnosticar a

dinâmica do trabalho, os problemas e dificuldades enfrentados pelos sujeitos e

propor transformações necessárias (Ferreira, 1997).

A atividade de produção orgânica segue critérios que limitam o uso de

insumos, portanto trata-se de atividade regida por rigorosos prescritos, gerando

uma necessidade de monitoramento constante por parte dos empregadores.

As atividades de trabalho realizadas em determinado contexto produtivo

requerem e exigem daqueles que trabalham esforço e competências. Estas

exigências denominadas por Ferreira e Mendes (2003) de Custo Humano do

Trabalho (CHT) podem ser: físicas (custo corporal, dispêndio fisiológico e

biomecânico); cognitivas (custo cognitivo, dispêndio mental e aprendizagens

necessárias); ou afetivas (custo afetivo, dispêndio emocional, reações afetivas,

sentimentos e estado de humor). Este último não foi abordado na análise.

Custo Físico

Como em quase todas atividades rurais, o custo físico é elevado na

medida em que exige o trabalho sob condições adversas (sol, chuva, calor, frio,

vento, poeira). É comum encontrar trabalhadores rurais executando serviços

debaixo de chuva ou de sol intenso, sem nenhum tipo de proteção.

Pela própria natureza da atividade os trabalhadores deslocam-se

intensamente, principalmente em dias de colheita, quando a jornada de

trabalho costuma iniciar nas primeiras horas do dia (06:00h) e estender-se

noite adentro. Geralmente, os trabalhadores rurais têm jornadas mais

cumpridas, por morarem no próprio local de trabalho e costumam trabalhar nos

sábados até o meio-dia pelo menos. É comum encontrar escalas de trabalho

para os dias de domingo.

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A postura adotada na realização das tarefas é em boa parte inadequada

nas diferentes fases do processo, como por exemplo, durante a colheita de

hortaliças, onde os trabalhadores ficam agachados ou de cócoras por longas

horas. Além disso, o espaço entre canteiros costuma medir menos de meio

metro por onde os trabalhadores passam carregando caixas com verduras

várias vezes. Em períodos chuvosos essas “ruas” ficam alagadas ou juntam

barro nos sapatos aumentando seu peso e, conseqüentemente o custo físico.

O uso de ferramentas cortantes como falcão, foice e enxada são comuns

e os equipamentos de segurança utilizados, praticamente limitam-se no uso de

botas e, menos comumente de luvas e chapéus.

O carregamento de cargas pesadas com posturas inadequadas é

recorrente, bem como utilização de máquinas com elevado ruído e instalações

precárias. Na figura abaixo à esquerda, observa-se num ambiente mal

iluminado, um trabalhador de bermuda e chinelo de dedo, outro carregando um

peso numa postura inadequada. A foto da direita apresenta um canteiro de

semeadura com altura inadequada de meio metro, sob as quais o trabalhador

fica dobrado para semear. Além disso, a temperatura dentro de estufas é

elevada e o ar abafado.

Figura 30 – Ambiente de trabalho, falta de equipamento e postura inadequada

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O que se percebe é que parece não existir, por parte dos gestores e dos

próprios funcionários, uma preocupação com seu bem-estar físico. No discurso

dos gestores e funcionários, no material de treinamento e nas observações de

campo estão presentes: uma grande preocupação com o meio ambiente; com a

qualidade do produto; e com as exigências do consumidor, mas não com o

bem-estar do trabalhador. Abaixo, mais duas ilustrações de posturas

inadequadas de trabalho.

Figura 31 – Posturas de trabalho inadequadas

Custo Cognitivo

A complexidade das tarefas ocorre em três níveis: i) técnico, ii) de

quebra de paradigmas e iii) de fatores ambientais ligados à tarefa.

Nos níveis técnicos e de fatores ambientais ligados às tarefas, a

complexidade deriva da diversidade de processos e produtos, onde cada

produto tem especificidades técnicas de plantio, manejo, colheita e comércio. A

sucessão e interação de plantas, bem como as relações solo-planta são cruciais

para o desenvolvimento de processos orgânicos. Os princípios da produção

orgânica ancoram-se na biodiversidade, da integração entre várias espécies

num mesmo ambiente, ampliando a complexidade do ecossistema e

conseqüentemente da tarefa.

No nível de quebra de paradigmas, a complexidade estaria na

reconstrução de representações mecanicistas do modelo de produção

convencional para a construção de novos esquemas mentais baseados em

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modelos sistêmicos da .produção orgânica. Esta reconstrução é complexa, pois

envolve a quebra de hábitos e costumes (saber-fazer) sedimentados.

Pode-se, portanto, encontrar resistência a mudanças e necessitar de

períodos longos de aprendizados por combinar a reconstrução de esquemas

mentais com a complexidade intrínseca à atividade orgânica.

Outro custo cognitivo reside nas exigências por parte do consumidor final

que são levadas em consideração na execução da tarefa. Estes fatores,

atrelados à condução de atividade de produção envolvendo fatores biológicos,

climáticos e mercadológicos dificultam o processo de planejamento por parte

dos agentes.

O processo de treinamento e capacitação deverá focar na redução do

longo tempo de “socialização”, visando o desenvolvimento de capacidades que

permitam adotar um modelo de gestão menos centralizado. Estratégias de

sensibilização tornam-se fundamentais em processos de capacitação para

produção de orgânicos.

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7 Bibliografia

ABRAHÃO, J. I. Ergonomia: Modelo, Métodos e Técnicas. Brasília: UnB, 1999.

BRANCHER, P.C. Importância da certificação na definição dos preços de produtos orgânicos praticados na Região Metropolitana de Curitiba. In: XLI Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural. I. Juiz de Fora, 2003. Anais... Brasília: SOBER, 2003.

CASTRO, M.M. Análise econômica e tecnológica da produção orgânica de propriedades de agricultura familiar do Distrito Federal e Entorno. Brasília: UnB, 2005. (monografia)

DAROLT, M.R. Agricultura orgânica: inventando o futuro. Londrina: Fundação Instituto Agronômico do Paraná, 2002. 249p.

EMATER-DF. Evolução do cultivo e comercialização de produtos orgânicos no DF. Documentos Internos – Gerência Agropecuária. EMATER-DF/Pró-Rural DF/RIDE, 2004.

FERNANDES, A.M. Avaliação de diferentes volumes de substrato na produção de mudas de alface tipo americana (Lactuca sativa l.) e seus efeitos no cultivo orgânico em dois sistemas de cobertura de solo. Brasília: UnB, 2003. (monografia)

FERREIRA, M. C. (1997). Serviço de Atendimento ao Público: O que é? Como analisá-lo? Esboço de uma Abordagem Teórico-Metodológica em Ergonomia. Brasília, DF: Laboratório de Ergonomia.

FRANCISCO NETO, J. Breve histórico da agricultura orgânica do Distrito Federal. In: Workshop de olericultura orgânica na região agroeconômica do Distrito Federal, I. Brasília, 2001. Anais... Brasília: EMBRAPA, 2001. p. 11-16.

HAMERSCHIMIDT, I.; Silva, J.C.B.V.; Lizarelli, P.H. Agricultura orgânica. Curitiba: Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural, 2000. 68p. (MAPA – CENAGRI)

IBGE. Censo demográfico 2000. Brasília, 2003 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acessado em: 15 out 2003.

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ANEXOS

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7.1 Anexo 1 – Lista de Produtores de Orgânicos n NOME Reg. Administrativa TELEFONE Endereço de Correspondencia1 Adelmo Altoé (61) 501-2393 / 9645-8653 Cx Postal 08272 - Cep: 73301-970 - Planaltina - DF2 Adenilson Sobradinho (61) 3034-3507 / 932-8334 Centro de Agricultura Organica Palmares.Nucleo Rural Sobradinho - 01 Chacará 36 caixa Po3 Agnaldo Francisco de Lima Brazlandia (61) 391-4186 / 479-3235 / 479-3234 / 4 Alairton Beneves Calai (61) 3033-3213 SHIN QL 03 Cj - 07 casa - 01 CEP: 5 Algemiro Ribeiro Brazlandia6 Amival dos Santos Brazlandia EMATER Avenida Veredinha sem numero Setor Tradicional CEP 72.760 - 660 7 André Micoles (Agrofloresta) Paranoa (61) 3963-2076 / 9979-6622 EQS 104 / 304 Caixa Postal - 22148 Antonio José Brazlandia9 Arlindo Getulio Golfetto (61) 501-1230 / 9972-2070 Quadra 10 bloco T casa 34 - Cep: 70645-200 - Brasília - DF

10 Branca Adelina Justino da Costa Melo / B Planaltina (61) 347-1124 / 349-9998 / Elias(filho) 99 SQN - 208 Bl '" F" Apt 204 CEP - 70,853-06011 Celso Tomita ( M.O.A.) Brazlandia (61) 391-3354 / 9961-3080 CCSW - 01 Lt "04 " Bl " A " Lj - 01 Ed. Portal Master - Sudoeste CEP: 70680-00012 Cesar Castro (61) 414-2212 / 976-1042 Qd 201 Bl " 01 "Apta 801 - Aguas Claras13 Cesar Giani Brazlandia (61) 347-1098 / 414-146314 Clemente Riquelme Planaltina (61) 9282-564015 Crismarino Eleutério Brazlandia (61) 479-1564 / 9635-7995 SEPS - 709 / 909 Bl 'D' Lj 07 CEP - 70.390-00016 Demerval José Ribeiro / Alison Brazlandia (61) 9651-8114 SEPS - 709 / 909 Bl 'D' Lj 07 CEP - 70.390-00017 Dimas Porto Brazlandia18 Divino Fernandes Alves Brazlandia (61) 461-3605 Chacara Guaruja Caixa Postal - 5080 CEP - 72.701-970 Brazlamdia.19 Edna Nakamura / Evandro Nakamura A. Gusmao (61) 540-1171 Caixa Postal 5307 CEP: 72001-097 Taguatinga.20 Fabio Luiz da Silva / Maita Planaltina (61) 501-0424 / 9648-7225 SQN - 412 Bl 'K' Apt 202 _ Asa Norte CEP - 70.867-11021 Gilmar dos Santos Brazlandia EMATER Avenida Veredinha sem numero Setor Tradicional CEP 72.760 - 660 22 Hélio Sazaki (61) 3034-1241 / 921-8725 23 Hideaki Numazaki / Shigeru Sagae / Lucinei Brito (61) 500.1136 Quadra 13 Cl 16 Loja 1/3 - Cep: 73040130 - Sobradinho - DF24 Idalercio Dirceu Barbeta (61) 9629-8573 / 242-1542 SQS 409 Bl "P" entrada "B " Apt - 301 CEP: 70.258-16025 Iolanda Ramiro Mamão / Oswaldo Pereira Planaltina (61) 9624-8137 / 388-6575 Quadra 03 Conj " I " Casa - 33 Villa Buritis Planaltina -GO CEP: 73.350-01026 Ismar Afonso Cortes Brazlandia (61) 391-1155 / 461-3566 / 9962-6042 Quadra - 02 Lote - 06 Setor Tradicional - Brazlandia CEP: 72.720-02027 Israel Sakurai Ceilandia28 Ivo Guanais Brazlandia (61) 9238-2646 Quadra 14 lote 01 INCRA 8 Brazlândia29 Joao Alberto Vanderlei (Moça Terra) Planaltina (61) 9267-1942 / 274-0384 Edifício Serrano Center QI 26 bloco E sala 114 - Lago Sul30 Joao Batista Alves Ribeiro Pe Bernardo (61) 9904-3559 QR - 318 Conj."06" Casa 08 - Samambaia Sul CEP: 72308-80031 Joao Fukushi Brazlandia (61) 500-0052 / 597-197832 Joao Lazari Planaltina (Agricultura Organica) Praça Salviano Monteiro - 570 Planaltina - DF CEP. 73.330 - 33 Joe Carlo Lamarao (61) 500-0554 / 9267-0042 / 275-2003 / 3 SQN 314 bloco J apt° 312 CEP:70767-10034 Jorge Arthur / Tereza Brazlandia (61) 501-6913 / 9618-1343 / 347-6913 (caSQN - 314 Bl "J " Apto 312 35 José Ibaldi Mendes / Dinora PAD - DF (61) 500-2812 / 9979-5569 SQN - 407 Bl " M " Apto 20436 José Luiz Filho 9908-1702 / 9902-170237 José Vitorino Pe Bernardo (61) 9902 7912 Assentamento de Reforma Agrária Colônia I38 Lucio (BURITI ALEGRE) (61) 9975-6939 ERRADO39 Luiz Carlos Pinage Brazlandia (61) 326-693540 Manoel Rafael Planaltina (61) 389-4826 / 9643-3334 CR 54 CASA 2 VALE DO AMANHECER CEP:73370-000

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n NOME Reg. Administrativa TELEFONE Endereço de Correspondencia41 Marcelino Baberato / Maria Abadia Barbe Taguatinga (61) 8418-1022 / 8418-1023 / 358-1497 Chacara Geranium - Nucleo Rural Taguatinga chacara 29 42 Marcelo Mandelli SEPS - 709 / 909 Bl 'D' Lj 07 CEP - 70.390-00043 Márcio Jório (61) 313-5208 / 319-587244 Marcos de sousa Silveira / Mario (Terra V Brazlandia (61) 9977-8579 / 9999-9709 / 355-5515 Ed. Brasilia Radio Center Sala - 3081-2 CEP:70.719-90045 Massae Watanabe Taguatinga (61) 9987-2290 / 234-1397 SQN - 114 Bl 'G' Apt 508 CEP - 70.740-07046 Mauricio (AGROFLORESTA) Formosa (61) 9978-476247 Milton Oliveira Silva Cidade Ocidental 48 Míriam Roedael Manoel Ribas Paranoa 501-302049 Moacir Pereira Paranoa (61) 234-4397 / 9964-9606 50 Odália Pinto Cardoso dos Santos Brazlandia (61) 9976-8590 EMATER Avenida Veredinha sem numero Setor Tradicional CEP 72.760 - 660 51 Iolanda Ramiro Mamão / Oswaldo Pereira Brazlandia52 Pedro Jardim Paranoa (61) 500-1404 SQN 308 Bl "I " Apta 508 CEP: 70747-090 53 Ricardo Luiz Alcantara / Francinaide Brazlandia (61) 503-3052 / 9641-2859 / 9642-0431 SCLN 306 Bloco C - loja 40 - Cep: 70745530 - Brasília - DF 54 Ricardo Rodrigues / Elisabete (61) 447-6507 SCLN 306 Bloco C - loja 40 - Cep: 70.745-530 - Brasília - DF 55 Roberto Catarino da S. Sobral Paranoa (61) 9964-960656 Roberto Guimaraes Carneiro Brazlandia (61) 340 3098 / 9978-5142 EMATER - Central Parque estaçao biologica Edifio EMATER/DF CEP: 70.770-220 B57 Roosevelt Tomé Silva Paranoa (61) 500-6140 / 9983-5318 Avenida Buritis chácara 51 cx comunitária número 100 CEP:73.007-99458 Rosangela de Almeida Moraes / Roberto Paranoa (61) 500-1442 / escola natural SHIN - QL 04 Cj - 04 Cs-11 Lago Norte59 Rudi Saper Belter Paranoa (61) 501-0526 / 349-4190 SQN 205 Bl "D" Apt 40160 Rui Barbosa Pe Bernardo (61) 9624 1220 Assentamento de Reforma Agrária Colônia I61 Sergio Hobbo PAD - DF (61) 501-2292 / 9970-818562 Silvio Geibeili Brazlandia (61) 501-280863 Teobaldo Rocha Brazlandia64 Valdemar Carneiro de Almeida Planaltina (61) 9955-0286 / 447-5931 SQN - 312 Bl 'J' Apt 208 _ Asa Norte CEP - 70.867-11065 Valdemar da Costa Barbosa Brazlandia (61) 9607-3691 SEPS - 709 / 909 Bl 'D' Lj 07 CEP - 70.390-00066 Vania Paranoa67 Vilmar Coimbra Taguatinga (61) 567-5867 / 248-7008 / 9985-3783 SMPW - Qd. 05 conj. 04 Lt - 04 Recanto Rural68 Walmir dos Santos Brazlandia69 Leda Sobradinho (61) 369-0215 / 9694-7773 70 Patricia (61) 3034-6530 / 9209-2488 71 Michel72 Manoel Paranoa73 Arlei J. M. Gama (61) 500-5676 / 9972-6277 / 9958-5676 75 José Flanklin Ferreira de Castro Planaltina (61) 347-5606 / 349-0014 76 Jacinto77 Roberta Sara (61) 9979-081478 Victor (61) 500-022679 Valdemir Veloso Pe Bernardo (61) 923 2947 Assentamento de Reforma Agrária Colônia I80 José Firmo Pe Bernardo (61) 9625 8274 Assentamento de Reforma Agrária Colônia I

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7.2 Anexo 2 – Lista de Feiras de Produtos Orgânicos

FEIRA LOCAL DIASAGE 315/316 Norte SábadoAGE Sindicato dos Prod. Rurais (909/709 Sul) Quarta e SábadoAGE 112 Sul Quarta e SábadoAGE Sudoeste Quarta e SábadoAPOGEO 306 Norte SábadoEspaço Natural 315/316 Norte Terça,Quinta e SábadoEspaço Natural Qd. 01 bl"G" lote 03 - Cruzeiro Velho SábadoEspaço Natural QE 20 conj "N" casa 05 - Guará I SábadoFeira do Guará Banca 409 - Guará SábadoMercado Orgânico Ceasa SábadoRecanto Rural SMPW Qd 5 conj"4' lote 4 SextaRURART Praça Salviano Monteiro Qd 44 lote 10 - Planaltina Quarta e SábadoFeira Permanente Brazlândia Sábado e DomingoGrupo vida e Preservação Em frente ao INCRA Sexta

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7.3 Anexo 3 – Lista de fornecedores de insumos, agroindústrias, atacadistas e varejistas de

produtos orgânicos no DF

Fornecedor de Insumos Nome Localidade / Endereço TelefoneEspaço Natural Verinaldo da Silva Sousa SCRN - 711 Bl 'F' Lj - 04 Asa Norte (61) 447-9251 / 3202-0900Top Rural José Santana SCLN - 113 Bl 'A' Lj - 33 Asa Norte (61) 349-4867

Lia Ulmasud Ltda. SIG/Sul Quadra 06 Lotes 2190/2200 - Brasília - DF - CEP 70610-460

I - Tec Alberto Luiz Wanderley CLN 111 Bloco "C", sala 208 - Asa Norte CEP 70.754-530 (061) 274 0384 Fax: 3033 6062

Agroindustria Contato Localidade / Endereço TelefoneD' RO (Goiabada) Augusto / Rosangela SHIN - QL 04 Cj - 04 Cs-11 Lago Norte (61) 500-1442 / escola naturalAPLIC (embalagem de Ovos) Earle / Ivone Sitio Uniao Caixa Postal - 5131 CEP - 72.701-970 Brazlandia (61) 501-1866 / 9658-6658Moça Terra João Alberto Edifício Serrano Center QI 26 bloco E sala 114 - Lago Sul (61) 274-0390 / 274-0384

Malunga Joe Carlo SQN 314 bloco J apt° 312 CEP:70767-100 (61) 500-0554 / 9267-0042

Atacadista Contato Localidade / Endereço TelefoneKorin - IPEUNA SP (19) 3576-1354Korin - ATIBAIA SP (11) 4411-2299Espaço Natural Verinaldo da Silva Sousa SCRN - 711 Bl 'F' Lj - 04 Asa Norte (61) 447-9251 / 3202-0900

Supermercado Contato Localidade / Endereço TelefoneBig Box Xiquinho 402 norte (61) 326-5191 Big Box Evandro Lago Sul (61) 366-1222CARREFOUR / Champion Natasha (61) 392-9000 / 392-9084Extra José Roberto S.I.A. (61) 403-4600Extra Amador Taguatinga (61) 451-4600Extra Santiago Asa Norte (61) 348-4600

Verdurão / Sacolão Contato Localidade / Endereço TelefoneRede OBA Josuildo 306 Norte (61) 349-9575Rede OBA Civalmir 209 Norte (61) 273-6895Varejao Tigrao Carlos 409 Sul (61) 344-4210Verdurao La Palma Rogerio / Marico 404 Norte (61) 326-3209Verdurao Safra Eladio 215 Norte (61) 347-3468Verdurao Madri 104 / 105 NorteCEASA Divino Fernandes Alves Chacara Guaruja Caixa Postal - 5080 CEP - 72.701-970 Brazlamdia.Feira do Guará Eduardo Feira do Guará Banca - 409 (61) 9984-0776

Loja especializadas Contato Localidade / Endereço TelefoneDona Terra Alberto / MaraEspaço Natural Verinaldo da Silva Sousa SCRN - 711 Bl 'F' Lj - 04 Asa Norte (61) 447-9251 / 3202-0900

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7.4 Anexo 4 – Lista de produtores entrevistados

No NOME Reg. Administrativa TELEFONE1 Adelmo Altoé Planaltina (61) 501-2393 / 9645-86532 Adenilson Sobradinho (61) 3034-3507 / 932-83343 Agnaldo Francisco de Lima Brazlandia (61) 391-4186 / 479-3235 / 479-3234 / 8125-12694 Alairton Beneves Calai (61) 3033-32135 André Micoles (Agrofloresta) Paranoa (61) 3963-2076 / 9979-66226 Arlindo Getulio Golfetto Planaltina (61) 501-1230 / 9972-20707 Branca Adelina Justino da Costa Melo / Benicio Planaltina (61) 347-1124 / 349-9998 / Elias(filho) 9977-0776 / 30368 Celso Tomita ( M.O.A.) Brazlandia (61) 391-3354 / 9961-30809 Cesar Castro (61) 414-2212 / 976-1042

10 Cesar Giani Brazlandia (61) 347-1098 / 414-146311 Crismarino Eleutério Brazlandia (61) 479-1564 / 9635-799512 Demerval José Ribeiro / Alison Brazlandia (61) 9651-811413 Divino Fernandes Alves Brazlandia (61) 461-360514 Edna Nakamura / Evandro Nakamura A. Gusmao (61) 540-117115 Fabio Luiz da Silva / Maita Planaltina (61) 501-0424 / 9648-722516 Idalercio Dirceu Barbeta (61) 9629-8573 / 242-154217 Iolanda Ramiro Mamão / Oswaldo Pereira Mamão Planaltina (61) 9624-8137 / 388-657518 Ismar Afonso Cortes Brazlandia (61) 391-1155 / 461-3566 / 9962-604219 Ivo Guanais Brazlandia (61) 9238-264620 Joao Alberto Vanderlei (Moça Terra) Planaltina (61) 9267-1942 / 274-038421 Joao Batista Alves Ribeiro Brazlandia (61) 9904-355922 Joao Fukushi Brazlandia (61) 500-0052 / 597-197823 Joe Carlo Lamarao (61) 500-0554 / 9267-0042 / 275-2003 / 347-762924 Jorge Arthur / Tereza Brazlandia (61) 501-6913 / 9618-1343 / 347-6913 (casa)25 José Ibaldi Mendes / Dinora PAD - DF (61) 500-2812 / 9979-556926 Manoel Rafael Planaltina (61) 389-4826 / 9643-333427 Marcelino Baberato / Maria Abadia Barberato Taguatinga (61) 8418-1022 / 8418-1023 / 358-149728 Marcos de sousa Silveira / Mario (Terra Viva) Brazlandia (61) 9977-8579 / 9999-9709 / 355-551529 Massae Watanabe Taguatinga (61) 9987-2290 / 234-139730 Moacir Pereira Paranoa (61) 234-4397 / 9964-960631 Pedro Jardim Paranoa (61) 500-140432 Ricardo Luiz Alcantara / Francinaide Brazlandia (61) 503-3052 / 9641-2859 / 9642-043133 Roberto Guimaraes Carneiro Brazlandia (61) 340 3098 / 9978-514234 Roosevelt Tomé Silva Paranoa (61) 500-6140 / 9983-531835 Rosangela de Almeida Moraes / Roberto Augusto Paranoa (61) 500-1442 / escola natural36 Sergio HOBBO PAD - DF (61) 501-2292 / 9970-818537 Silvio Geibeili Brazlandia (61) 501-280838 Vilmar Coimbra Taguatinga (61) 567-5867 / 248-7008 / 9985-3783

Page 78: - Relatório de Pesquisa Exploratória – - Resultados da ...intranet.df.sebrae.com.br/download/uam/Pesquisa/Organico... · • Descrever a tipologia dos agentes, nos elos de produção,

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7.5 Anexo 5 – Lista de supermercados e restaurantes entrevistados

Restaurantes Contato Endereço TelefoneEmporium Verde Solano dos Santos SCRN - 714 / 715 Bl 'G' Lj 34 CEP - (61) 347-7725Girassol Hani Moraes Taveira SCLS - 409 Bl "B" Lj 16 - Asa Sul (61) 242-1542 / 242-5973 / 443-4445Oca da Tribo Ilo Antonio Barbosa Setor de Clubes esportivos Sul Trecho 02 Conj 59 (61) 225-3041Sabor Divino SCS Qd - 02 edifício OK Lj 74 Setor Comercial Sul CEP - 71.302 - 000 (61) 322-9551Sabor Glacê Maria Helena Brizolim SCN Qd - 02 Bl 'A' Lj 14/15 (61) 328-0404

No Supermercado / Verdurao / Sacolão Nome Localidade / Endereço Telefone1 Big Box Francisco Pontes 402 norte (61) 326-5191 2 Big Box José Rodrigues Lago Sul (61) 366-1222 / 366-33623 CARREFOUR / Champion Natasha (61) 392-9000 / 392-90844 Extra José Roberto do Nascimento Sousa S.I.A. (61) 403-46005 Extra Amador Alves de Araújo Taguatinga (61) 451-46006 Extra Santiago Asa Norte ( 716 Norte ) (61) 348-46007 Rede OBA Josuilton Bispo 306 Norte (61) 349-95758 Rede OBA Antonio Gandara Torres 209 Norte (61) 273-68959 Varejao Tigrao Carlos Diogione 409 Sul (61) 244-4210 / 443-4929

10 Verdurao La Palma Rogerio Muniz Netto 404 Norte (61) 326-320911 Verdurao Safra Eladio Costa da Silva 215 Norte (61) 347-3468