quem operar? lisboa, 17,18 e 19 de abril de 2008 maria joão fagundes psicóloga clínica serviço...
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Quem Operar?
Lisboa, 17,18 e 19 de Abril de 2008
Maria João FagundesPsicóloga ClínicaServiço de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo HSMNEDO
Porque se sofre…
• Psicossocial• Qualidade de Vida• Comorbilidades
• Psicopatologia
• A obesidade como
• Visível Pecado
• Visível Castigo
• Visível HUMANIDADE
TRATAR A OBESIDADETRATAR A OBESIDADE
• A quem serve?
• Como intervir?
• Insatisfação com a auto-estima corporal
• baixa auto-estima
• discriminação/hostilidade social
• sentimentos de rejeição e exclusão social
• problemas funcionais e físicos
• ideação suicida
• problemas familiares/conjugais
• sentimentos de vergonha e auto-
culpabilização
• Isolamento social
• absentismo
• psicossomatismo
Wardle , Waller, FoxAddictive Behaviors 27 (2002) 561–573
Stunkard, A. J., & Wadden. American Journal of Clinica Nutrition, 55, 524S–532S.
• Normoponderal sem alteração emocional
• Excesso de Peso sem alteração emocional
• Obeso (grau 1) sem alteração emocional
• Obesidade Mórbida
A quem serve a “mudança de estilo de vida”
• Os dados obtidos do último National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) revelam que não houve um aumento estatisticamente significativo da prevalência da obesidade desde 2004:
• 2003-04 (33.3% dos homens; 35.3% das mulheres)2005-06 (31.1% dos homens; 33.2% das mulheres)
• Apesar da prevalência da obesidade se manter muito elevada - mais de um terço da população adulta - este abrandamento no crescimento da obesidade é um passo positivo para o alcançar dos objectivos do Healthy People 2010: redução da prevalência da obesidade para 15%.
Cirurgia Bariátrica
O não reconhecimento de que se está doente.
Assim sendo quem “não está doente” não precisa mudar.
Porque mais do que a doença parece ser a mudança que assusta.
E a responsabilização porque afinal o que é compreendido, é que comportamento do próprio que provoca alteração do estado de saúde.
Inevitavelmente surge a culpa. Só que esta paralisa. Enquista.
Na consulta de psicologia
Dar um significado à doença e à mudança que esta despoleta
Enquadramento no momento de vida
Mobilizar recursos internos (afectivos, cognitivos e a
sua tradução comportamental)
Na consulta de psicologia
A cronicidade traduz-se
pela repetição de
esquemas comportamentais
nas relações com o meio,
por oposiçãopor oposição, ,
a mudança pela faculdade
de inventar
novos comportamentos.
• Department of Health and Human Services Australia
(36 estudos com 3495 participantes)
• Há benefício na intervenção psicológica
• Aumenta a eficácia se associada a EF e alteração dieta
• Resultados são mais consistentes para a Comportamental
(Shaw et al, 2005)
• 1991: NIH guidelines para a terapia cirúrgica da Obesidade Mórbida– Critérios recomendados IMC
• IMC > 40 • IMC> 35 + comorbilidades
• Cirurgia Bariátrica
Cirurgia Bariátrica
Adolescentes
Cirurgia Bariatrica em Populações Especiais
http://www.netfrases.com/wp-content/uploads/2007/12/killer-sofa.jpg
http://ambientequalvida.blogs.sapo.pt/arquivo/obesidade.bmp
Idosos (acima de 65 anos)
•Psicose
•Deficit Cognitivo
•Perturbações do Humor:Depressão Major / Bipolar
(não compensada)
•Perturbação de Personalidade (Eixo II)v.g.Border-Line; Obsessivo-Compulsiva
•Uso/abuso de álcool e/ou outras
substâncias
•Perturbação do Comportamento Alimentar
•Idade superior a 65 anos
Critérios de Intervenção Psicológica Obrigatória
Critérios de Exclusão
Critério Médico
Psicologia na Cirurgia Bariátrica
Deficit Cognitivo
Psicose
Pert. Personalidade(Eixo II)
Pert. Controlo do Impulso
Pert. Comportamento Alimentar
Depressão Major/Bipolar
Uso/Abuso de Álcool
BIG Prévio Inconsistência
Idade Superior a 65 anos*
Compensado
Não Compensado
Intervenção Psicológica
Individual e Familiar
Intervenção Psicológica
Individual / Psicoterapia
Contra-Indicação
Encaminhamento para a consulta de psiquiatria
Compensado
-Desistência
-Alta
BIG
Cirurgia Bariátrica(sem especificar técnica)
Cirurgia Bariátrica(Bypass ?)
Individual / Psicoterapia
Intervenção Psicológica
Critérios de Exclusão
Fagundes & Brito 2007 versão revista *Critério médico
Entrevista Estruturada
Anamnese
História da Doença Actual
Início da ObesidadeGenética/ConstitucionalHábitos FamiliaresImagem/Vivência Corporal
Motivo da Consulta (Pedido)Razões evocadasMomento de vida
Diagnóstico:•Diagnóstico Diferencial
•PCA •BED•atypical bulimia nervosa and binge eating disorder*•Padrão Alimentar do Obeso•Petisco contínuo •Hiperfagia prandial; •PseudoPseudo Binge Eating (Crise de Voracidade Alimentar)
•PSICOPATOLOGIA
*Fontenelle et al (2005)R O Braz J Med Biol Res. Volume: 38, Issue: 11, Date: 2005 Nov , Pages: 1663-7 2005
Psicologia na Cirurgia Bariátrica
InstrumentoTipo Medida Aplicação Indicação
Entrevista semi-estruturada
AnamneseDiagnóstico Diferencial
Psicólogo Todos os candidatos
EDI
Psicométrico
Comport.Alimentar
Auto-preenchimento
Todos os candidatos excepto*
SCL-90 R Psicopatologia Geral
Mini-Mult Personalidade
COPE Estratégias de coping
Rorschach Projectivo Funcionamento intra-psiquico
Psicólogo *Iletrados*Deficit Cognitivo**Pert. Personalidade**Necessidade de análise mais “fina ”
Bateria de Testes usados na Avaliação Psicológica prévia a Cirurgia Bariátrica
Após esta avaliação e se os valores forem considerados normativos são programadas 4 consultas, com um intervalo de um mês entre si, nas quais se pretende:
• Elaborar estratégias de modificação comportamental,
• Adequação aos novos hábitos de exercício físico, alimentares ex: comer de 3 em 3 horas, levar comida na mala, etc.
• Introdução de hábitos na família
• Expectativas vs Probabilidades (peso, dor, resultados físicos e sociais)
valores normativos
Reunião multidisciplinar
•Discussão do Caso
•Intervenção Psicológica e Cirúrgica
1 - Período pré-operatório Avaliação Psicológica
Tipo de EntrevistaBateria de Testes
2 - Período pós-operatórioFollow-UpAcompanhamento psicológico
PROTOCOLO
O follow-up pós-operatório consisteem 6 consultas calendarizadas do seguinte modo:
Dia da alta (referência temporal), 2 semanas após, 4 semanas, 12 semanas,24 semanas, 52 semanas.
No segundo ano: seis e 12 meses após a última consulta.
A todos os doentes operados é facultada a marcação de consulta, em qualquer data, sempre que o solicitem.
Pós-Operatório
É feita uma entrevista semi-estruturada, protocolar, onde são investigados:
dificuldades de ordem psicossocial
Segal et al. Obes Surg. 2004
o comportamento alimentar (padrão alimentar e PCA)
crises de voracidade alimentar, night eating syndrome, bulimia nervosaPost-Surgical Eating Avoidance Disorder (PSEAD)
alterações de humor (vida instintiva :sono, apetite e líbido)
Van Hout et al. Obes Surg. 2006 Jun;16(6):787-94
Pós-Operatório
• Critério Proposto :– Extrema ansiedade e/ou atitude negativa
quando uma correcção nutricional é introduzida.
– Medo intenso de voltar ao peso inicial (pré-op).
– Não aceitação de tentativas de interromper a perda de peso.
– Negação de comportamento exagerado que provoque excessiva perda de peso.
– A perda de peso ésentida de forma positiva mesmo quando excessiva.
Post-Surgical Eating Avoidance Disorder (PSEAD)
Em Síntese
A AP e intervenção no pré-operatório visam:
• excluir candidatos com patologia significativa;• aferir sobre a capacidade de entenderem o que é a cirurgia e
os riscos associados;• preparar os obesos, para as possíveis consequências
positivas e negativas;• As mudanças serão ao nível dos hábitos alimentares
(quantidade/qualidade e composição), o que irá directamente influenciar nos hábitos e rotinas
• relações sociais, inter-pessoais e também na percepção da imagem corporal
Fagundes & Marcos, 2005Endocrinol Metab Nutr, Vol 14, Nº5, pp 163-191. Setembro/Outubro 2005.
Em Síntese
•São doentes crónicos •Com necessidade de intervenção após anos de Cirurgia de Obesidade
Reforçam a necessidade de acompanhamento psicológico
Prevenção de Recaídas
Van Hout et al. Obes Surg. 2006 Jun;16(6):787-94.
Adaptação
As mudanças não são poucas na vida de quem deixa de ser obeso mórbido. Quem opta pela cirurgia deve saber que está a optar por enormes mudanças internas e externas, mas também opta pela vida. A psicoterapia ajuda na reorganização desta nova vida, num corpo inevitavelmente diferente”.
(Levy, 2004).
• Normoponderal sem alteração emocional
• Excesso de Peso sem alteração emocional
• Obeso (grau 1) sem alteração emocional
INTERVENÇÃO
• Normoponderal sem alteração emocional
• Excesso de Peso sem alteração emocional
• Obeso (grau 1) sem alteração emocional
Qualquer tratamento deve pesar os potenciais benefícios da perda de peso (por exemplo melhoria da auto-estima, QOL e doenças cardiovasculares)
E nos custos potenciais da intervenção por exemplo alimentação excessiva e flutuações de peso
Não há uma equivalência entre o grau de obesidade e a dor mental que ela provoca;
Não há uma correlação entre a idade dos doentes e a dor mental por se ser obeso.
Obesidade enquanto Doença Crónica
Hábitos de Vida:
Alimentares
Exercício Físico
Estratégias de gestão de emoções
Intervenção
Comer é….comer e não:
Zangar-se
Confortar-se
Punir-se
Confundir-se com a reciclagem
O “único” prazer
Saudável (normativo)
Intervenção
Emagrecer é…emagrecer e não:
Solução mágica para:
Arranjar namorado
Obter um emprego, ser promovido
Modificar aspectos da personalidade (ser extrovertido, popular).
Saudável (normativo)
Intervenção
Sinais de fome e saciedade ignorados. “Reaprendê-los”.
Nunca retirar alimentos, mesmo se “acrescentou” outros
Sinais de prazer ignorados. “Re-aprendê-los”
• Comer devagar e mastigar os alimentos.
• Saborear, texturas, cheiros.
Saudável (normativo)
Intervenção
Para emagrecer tem que comer
Seguir as instruções nutricionais (rigorosamente) no tempo
Relógio, despertador, telemóvel.
Noutros contextos: crianças, idosos.
Saudável (normativo)
Intervenção
Grantwood “American Gothic” Fernando Botero-Una familia
OBRIGADA
• Classificaçãoproposta de nova PCA
• Não consta no DSM IV
Post-Surgical Eating Avoidance Disorder (PSEAD)
• Perturbação pós cirurgica– Sem história anterior a CB
• Não tem critérios para AN, BN, ou BED• Características suficientemente consistentes
para sugerir PCA
Post-Surgical Eating Avoidance Disorder (PSEAD)
Mini-Mult
O Mini-Mult é um outro teste utilizado, que se apresenta como sendo uma versão reduzida do MMPI (Inventário Multifásico de Personalidade Minnesota), sendo desenvolvida por Kincannon em 1968, a sua estrutura contém 71 itens representativos escolhidos a partir da versão original, sendo que cada um deles se agrupa por afinidade em:
Três escalas de validade (L- mentira; F- frequência e K- correcção)
Oito escalas clínicas (Hs- hipocondria; D- depressão; Hy- Histeria; Pd- Psicopatia; Pa- Paranóia;
Pt- Psicastenia; Sc- Esquizofrenia; Ma- Hipomania
Personality and eating disorders: use of the Mini-Mult in the assessment of outpatients with eating disorders.Personal Authors: López Seco, F., González Molinero, J. L., Tárrega Esteller, B. Psiquis, 2003 (Vol. 24) (No. 5) 236-244
Psicologia na Cirurgia Bariátrica
Post-Surgical Eating Avoidance Disorder (PSEAD)
• Critérios Propostos :– Insatisfação e/ou distorção da imagem corporal– Resultados de avaliação nutricional e analíticos
alterados durante 2 ou maismeses – Exclui AN and BN, (critérios do DSM IV)– Exclui Fobia (Fobia alimentar) DSM IV– Exclui causa orgânica como mais provável
para perda de peso
Segal et al. Post-Surgical Refusal to Eat: Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa or a New Eating Disorder? A Case Series. Obes Surg, 14:353-359, 2004
•O custo indirecto total da obesidade em Portugal no ano de2002 foi estimado em 199,8 milhões de euros. •A mortalidade contribuiu com 58,4% deste valor (117 milhões deeuros) e a morbilidade com 41,6% (83 milhões de euros).•Os custos da morbilidade advêm de mais de 1,6 milhões dedias de incapacidade anuais, principalmente por faltas aotrabalho associadas a doenças do sistema circulatório ediabetes tipo II. •Os custos da mortalidade são o resultado de 18 733 potenciais anos de vida activa perdidos, numa razão de 3 mortes masculinas por cada morte feminina.