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2015 BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA Prof.ª Dayane Cristina Vieira

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2015

Biossegurança, urgência e emergência em centros de estética

Prof.ª Dayane Cristina Vieira

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Copyright © UNIASSELVI 2015

Elaboração:

Profª. Dayane Cristina Vieira

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

620.8V657b Vieira, Dayane Cristina

Biossegurança, urgência e emergência em centros de estética/ Dayane Cristina Vieira. Indaial : UNIASSELVI, 2015.170 p. : il

ISBN 978-85-7830-912-1

1. Biossegurança.I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

Impresso por:

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III

apresentação

Caro(a) acadêmico(a)!

A disciplina de Biossegurança visa esclarecer questões pertinentes ao dia a dia de cada um dos indivíduos. O tema irá submeter você ao entendimento das relações entre a sua futura profissão e as questões importantes de segu-rança que nos remeterá à análise da nossa própria rotina.

As questões abordadas daqui em diante estarão alocadas em três unidades. A Unidade 1 objetiva fazer com que você possa conhecer os aspectos relaciona-dos à base em biossegurança, sua regulamentação, bem como diretrizes para uma excelente atuação no mercado de trabalho. Outro ponto relevante é a clareza de quais procedimentos de medidas preventivas e educativas devem ser adotadas para diminuir o risco de transmissão de doenças e acidentes de trabalho. Você terá acesso, também, ao conteúdo de impacto ambiental gera-dos em estabelecimentos de beleza, assim como os procedimentos que devem ser realizados para gerenciar estes resíduos.

Uma das maneiras de manter um bom relacionamento com os clientes é ter excelência no atendimento, isso em todas as atividades. Portanto, para me-lhor explorar o tema, iremos trabalhar, na Unidade 2, as questões referentes às definições, conceitos, gestão e ferramentas operacionais de qualidade. Ain-da nessa unidade, abordaremos a importância do conhecimento das emer-gências que poderão ocorrer nos centros de estética e imagem pessoal, pois entendemos ser de suma importância o domínio dos procedimentos em caso de emergência hipertensiva, diabética, neurológica e cardiológica.

A partir do estudo da Unidade 3 você terá acesso às características que vi-sam facilitar a identificação da abordagem primária e secundária à vítima, auxiliando você no reconhecimento de situações-problema, como traumas, hemorragias e sangramento. Outro aspecto abordado são os traumas a partir de contato com substâncias químicas, o que facilitará o reconhecimento de choque anafilático e alergias, bem como em lesões oculares.

Enfim, você será capaz de identificar os programas na área de Biossegurança e também os processos empregados no controle das ações nessa área.

Desejo uma boa jornada neste caminho!

Profª. Dayane Cristina Vieira

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IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

UNI

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sumário

UNIDADE 1 – BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA ........................................................................................... 1

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA ............................................................. 31 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 32 PRINCÍPIOS E CONCEITOS EM BIOSSEGURANÇA ................................................................ 3 2.1 BIOSSEGURANÇA .......................................................................................................................... 4 2.2 REGULAMENTAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA ......................................................................... 7RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 11AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 12

TÓPICO 2 – PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA .................................................................. 131 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 132 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ...................................................................... 133 RISCOS EM AMBIENTE DE SAÚDE .............................................................................................. 16 3.1 RISCOS PROFISSIONAIS ............................................................................................................... 17 3.1.1 Riscos de acidentes ................................................................................................................. 17 3.1.2 Riscos ergonômicos ................................................................................................................. 17 3.1.3 Riscos físicos ............................................................................................................................ 18 3.1.4 Riscos químicos ....................................................................................................................... 18 3.1.5 Riscos biológicos ..................................................................................................................... 18LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 18RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 22AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 23

TÓPICO 3 – HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO ........................................ 251 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 252 PROCEDIMENTOS DE HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO ................ 25 2.1 CONCEITUAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA ............................................................. 26 2.2 PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS ........................................................................................... 273 MANUAL DE ROTINAS E PROCEDIMENTOS ........................................................................... 27 3.1 MEDIDAS PREVENTIVAS NO AMBIENTE PROFISSIONAL ................................................. 28 3.1.1 Programa de controle médico de saúde ocupacional ........................................................ 28 3.1.2 Equipamentos de Proteção Individual ................................................................................ 28 3.1.3 Higiene ambiental ................................................................................................................... 29 3.1.4 Higiene pessoal ....................................................................................................................... 314 PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGO ................................. 32 4.1 LIMPEZA .......................................................................................................................................... 32 4.1.1 Limpeza manual ...................................................................................................................... 33 4.1.2 Limpeza mecânica ................................................................................................................... 33 4.2 TRATAMENTO DOS ARTIGOS - UTENSÍLIOS E INSTRUMENTOS .................................... 355 ÁREA FÍSICA ........................................................................................................................................ 396 PRODUTOS ........................................................................................................................................... 427 EQUIPAMENTOS ................................................................................................................................. 42

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VIII

8 IMPACTO AMBIENTAL DOS RESÍDUOS GERADOS NOS ESTABELECIMENTOS DE BELEZA E GERENCIAMENTO DESTES RESÍDUOS ........................................................... 44 8.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................... 46LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 49RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 57AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 59

UNIDADE 2 – BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA ........................................................................................... 61

TÓPICO 1 – GESTÃO E QUALIDADE ............................................................................................... 631 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 632 CONCEITOS DE QUALIDADE ........................................................................................................ 633 QUALIDADE DE ATENDIMENTO DURANTE AS AÇÕES NA CLÍNICA DE ESTÉTICA ........................................................................................................................................ 65RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 69AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 71

TÓPICO 2 – CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA ............................... 731 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 732 CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA .................................................... 733 ASSEPSIA, DESINFECÇÃO, ESTERILIZAÇÃO ........................................................................... 74LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 76RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 84AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 85

TÓPICO 3 – EMERGÊNCIAS................................................................................................................ 871 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 872 EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS ................................................................................................. 873 EMERGÊNCIAS DIABÉTICAS ......................................................................................................... 914 EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS ................................................................................................. 955 EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS ............................................................................................... 95LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 105RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 118AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 120

UNIDADE 3 – BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA ........................................................................................... 121

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA .......................................................................................... 1231 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1232 PRIMEIROS SOCORROS ................................................................................................................... 1233 ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA .......................................................... 124 3.1 ABORDAGEM PRIMÁRIA RÁPIDA ............................................................................................ 126 3.2 ABORDAGEM PRIMÁRIA COMPLETA ..................................................................................... 1274 HEMORRAGIAS E SANGRAMENTOS ......................................................................................... 130LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 132RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 137AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 138

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TÓPICO 2 – CHOQUE ANAFILÁTICO, ALERGIAS E QUEIMADURAS .................................. 1391 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1392 CHOQUE ANAFILÁTICO E ALERGIAS ........................................................................................ 139 2.1 CAUSAS DE ANAFILAXIA ........................................................................................................... 139 2.2 SINTOMAS DO CHOQUE ANAFILÁTICO ................................................................................ 140 2.3 TRATAMENTO DO CHOQUE ANAFILÁTICO ......................................................................... 1403 ALERGIAS E TOXIDEZ ...................................................................................................................... 141 3.1 HIPERSENSIBILIDADE AOS COSMÉTICOS ............................................................................. 142 3.2 COMO PROCEDER EM CASO DE REAÇÕES ALÉRGICAS ................................................... 1454 QUEIMADURAS E LESÕES OCULARES ....................................................................................... 145 4.1 PRIMEIROS SOCORROS EM QUEIMADURAS ......................................................................... 146 4.2 LESÕES OCULARES ....................................................................................................................... 150RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 152AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 154

TÓPICO 3 – INTOXICAÇÃO EXÓGENA E HIPOTERMIA ........................................................... 1551 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1552 INTOXICAÇÃO EXÓGENA .............................................................................................................. 1553 MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO .......................................................................................... 1574 HIPOTERMIA ....................................................................................................................................... 158LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 159LEITURA COMPLEMENTAR II ........................................................................................................... 161RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 164AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 165

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 167

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UNIDADE 1

BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE

ESTÉTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer os aspectos relacionados à base em biossegurança, sua regula-mentação, bem como diretrizes;

• observar equipamentos de proteção individual;

• conhecer assuntos relacionados ao risco eminente em estabelecimentos de embelezamento;

• conhecer os deveres do profissional, manter o Manual de Rotinas e Proce-dimento disponível a todos os profissionais do estabelecimento;

• ter clareza de quais procedimentos de medidas preventivas e educativas devem ser adotadas para diminuir o risco de transmissão de doenças e acidentes de trabalho;

• verificar o método correto de limpeza e esterilização específica, de am-biente físico, bem como pentes, escovas e utensílios instrumentais;

• ter acesso ao conteúdo de impacto ambiental gerados em estabelecimentos de beleza, assim como, os procedimentos que devem ser realizados para gerenciar estes resíduos.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA

TÓPICO 2 – PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

TÓPICO 3 – HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

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TÓPICO 1UNIDADE 1

INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA

1 INTRODUÇÃO

Você já parou para pensar em todos os riscos expostos nas diversas ações em nosso dia a dia? Muitas vezes essas situações passam despercebidas e não nos damos conta de que estamos cercados de riscos para a nossa saúde. Basta uma pequena ação, como ingerir um lanche ou fazer as unhas para que esses riscos possam causar graves doenças.

Quantos de vocês têm o costume de ir a clínicas de estética sem a preocupação de como é feita a limpeza e desinfecção dos materiais que serão usados nos procedimentos? Quantas pessoas emprestam seu alicate ou lixa de unha durante os atendimentos de manicure? Sobre essas questões que iremos tratar nessa unidade.

Neste primeiro tópico você verá assuntos relacionados à base em biossegurança.

Em seguida, observará quais as suas origens até os processos que envolvem o estudo e aplicação no seu dia a dia profissional e pessoal.

Por fim terá acesso à regulamentação de Biossegurança, bem como suas diretrizes.

2 PRINCÍPIOS E CONCEITOS EM BIOSSEGURANÇA

Com o impacto de novas tecnologias, o avanço nas pesquisas na área da cosmetologia no Brasil e no mundo, além do aparente crescimento na área, amplifica-se também os cuidados de higiene que os profissionais devem empregar nos centros de beleza e estética, com a finalidade de tornar esses espaços mais seguros.

Nos dias atuais, com a expansão do número de locais que oferecem serviços de estética, da grande rotatividade de clientes nestes espaços, faz-se necessário prevenir situações de risco, pois profissionais e clientes estão em constante exposição a riscos biológicos, por exemplo, presentes na realização de tratamentos faciais.

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Teixeira e Valle (1996) recomendam que a prevenção seja frequente, a fim de minimizar e eliminar riscos que possam comprometer a saúde dos clientes e dos profissionais, portanto, a aplicação dos conceitos de Biossegurança torna-se fundamental para assegurar a qualidade em todos os serviços oferecidos em estética facial.

A adoção das normas de Biossegurança auxiliará na segurança dos serviços oferecidos pelo profissional, além de minimizar, controlar e diminuir os riscos de transmissão de doenças em âmbito geral da população.

2.1 BIOSSEGURANÇA

Percebendo-se a preocupação com a transmissão de doenças durante a rotina de trabalho, salões de beleza e clínicas de estética também vêm adotando condutas de biossegurança, a exemplo de hospitais e consultórios odontológicos.

Um assustador percentual, de 80% a 90%, dos acidentes ocasionados com agulhas são responsáveis por transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores da saúde, segundo Marziale; Nishimura e Ferreira (2004), afirmando a importância da aplicação de condutas de Biossegurança com o propósito de diminuir o contágio de doenças nesses espaços.

Portanto, biossegurança vem a ser o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (apud TEIXEIRA; VALLE, 1996).

Para Costa e Costa (2002), biossegurança é uma ação educativa, que através da agregação de conhecimentos técnicos, propicia a segurança da saúde do homem e do meio ambiente em âmbito geral através de um sistema de ensino-aprendizagem. Em resumo, biossegurança são providências e normas adotadas para minimização de doenças ou riscos.

A biossegurança corrobora a importância de se trabalhar de forma segura e para isso faz-se necessário incorporar, no dia a dia, conhecimentos, hábitos, comportamentos e sentimentos, a fim de que se possam desenvolver as atividades de modo seguro. Para que este objetivo seja plenamente atingido, outras áreas profissionais devem entrar em ação, pois, segundo Silveira e Brito (2010), a Biossegurança anda junto com a Engenharia de Segurança, a Medicina do Trabalho, a Saúde do Trabalhador, a Higiene Industrial, Pessoal e Ambiental e com a Infecção Hospitalar.

A introdução dessa ciência envolvendo ações voltadas à prevenção de riscos à saúde humana é recente, pois os registros históricos estão relacionados aos

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA

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assuntos que tratam sobre alguns procedimentos específicos, como a manipulação de organismos geneticamente modificados (conhecidos também como transgênicos, como exemplo, alguns alimentos) e envolviam profissionais ligados a trabalhos em laboratórios. (SILVEIRA; BRITO, 2010).

Os primeiros registros sobre biossegurança com abordagem para os seres humanos foram feitos por estudiosos que criaram teorias para o surgimento e a propagação das doenças ou moléstias que afetavam a população de um modo geral. Algumas destas teorias explicavam a propagação das doenças devido a bruxarias, contato com vapores contaminados, devido ao toque ou ao contato com roupas e objetos contaminados, entre outros. Também, foram muitas as ideias de como prevenir o contágio das doenças. Têm-se aí os primeiros registros. (SILVEIRA; BRITO, 2010).

Ao passar do tempo, muitas dessas teorias foram aprimoradas e o homem foi descobrindo formas para melhorar técnicas e modo de trabalho visando à diminuição de riscos nos ambientes de trabalho, surgido então a Biossegurança.

A Biossegurança é utilizada também em ambientes como indústrias, hospitais, laboratórios, universidades, entre outros, no sentido de prevenir riscos/perigos gerados por agentes químicos (substâncias tóxicas), físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais, excesso de peso), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos (como o estresse). Locais como academias de ginástica, clínicas de estética, salões de beleza, lanchonetes, consultórios odontológicos e diversos outros ambientes presentes em nosso cotidiano também têm aderido à biossegurança em suas atividades.

Você já parou para analisar hábitos comuns no dia a dia, como uso compartilhado de alicate de unha em salões de manicure, descuido ao usar agulhas nos procedimentos de pigmentação de sobrancelhas, ou outras ações? Todas estas envolvem riscos que podem ser considerados perigosos para a saúde da população.

Silveira e Brito (2010) nos fazem recordar que os materiais utilizados de maneira incorreta pelos diversos profissionais nos serviços prestados, ao usar um alicate de outra pessoa nos salões de beleza, e até aqueles que usamos em casa, como lixas de unha, palitos, entre outros, possuem diversos micro-organismos, como germes e micróbios, que podem causar e/ou transmitir doenças.

O que vale também para os aparelhos de ginástica; devendo, portanto, estarem sempre limpos para o uso. Em relação aos sanduíches, estes podem, quando “sujos”, estragados ou contaminados, causarem grandes problemas de saúde em quem os consome, causando desde uma diarreia até infecções mais graves. Outro exemplo muito importante são os consultórios odontológicos; quando os materiais usados pelos dentistas não se encontram em boas condições de uso ou são usados de maneira errada, são importantes fatores de transmissão de doenças para pacientes e para os próprios profissionais.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

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Esses momentos de reflexão são importantes, pois nos permitem analisar situações rotineiras que, na maioria das vezes, passam despercebidas, mas que podem causar grandes transtornos. Com o grande número de doenças é necessário pensar na importância do uso das técnicas de biossegurança e inseri-la nas rotinas diárias.

Agora que você recebeu estas informações introdutórias sobre biossegunraça, convido você a procurar outros materiais sobre o assunto, como notícias, atualidades e reportagens na área. Quer saber um lugar ótimo para buscar estes materiais: a trilha de aprendizagem da disciplina.

Os institutos de beleza sem responsabilidade médica são considerados estabelecimentos de interesse da saúde, pois podem representar um risco para seus usuários se boas práticas não forem adotadas. Conhecer possibilidades e riscos de transmissão de doenças, noções de higiene, de processos, desinfecção de utensílios e instrumentos e o cuidado no uso de determinados produtos é fundamental na prestação desse tipo de serviço.

As boas práticas a serem adotadas pelos estabelecimentos de beleza consistem em um conjunto de medidas que visam garantir a qualidade sanitária. O risco de agravos à saúde nos Estabelecimentos de Embelezamento pode ser variado e cumulativo tanto para os trabalhadores como para os clientes. Portanto, é de vital importância que todos os profissionais conheçam e adotem o conceito de Biossegurança, a fim de se obter ambiente profissional livre de riscos para os trabalhadores e clientes.

O significado etimológico da palavra Biossegurança se dá pela união do prefixo bio – vida, e da palavra segurança e tem como “propósito proteger a saúde dos trabalhadores [...], evitando que eles contraiam doenças de pacientes, no local de trabalho ou de materiais biológicos provenientes deles”. (HIRATA; MANCINI, 2002, p. 14).

Entretanto, é ampla a visão da biossegurança, sendo ela um conjunto de normas e procedimentos estipulados através de Normas Regulamentadoras (NR) e legislações orientadas pela ANVISA, o Ministério da Saúde e do Trabalho, Fundação Oswaldo Cruz, entre outras instituições. Além disso, a biossegurança não é voltada somente para os riscos biológicos, mas também, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993), ela enfatiza sobre os riscos químicos, físicos, ergonômicos e de acidentes.

UNI

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA

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2.2 REGULAMENTAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA

A Biossegurança, segundo a Comissão de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz (apud TEIXEIRA; VALLE, 1996, p. 24):

É conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que possam comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente, ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.

O profissional que trabalha na área de Cosmetologia, dentro do segmento salões de beleza, deve estar ciente da existência de uma série de riscos físicos, químicos e biológicos inerentes às atividades desta profissão, a que podem estar sujeitos, mas que os mesmos podem ser minimizados através de medidas de prevenções básicas. As medidas de biossegurança abrangem uma série de cuidados, que, segundo Garcia e Moser (2006, p.15), “incluem limpeza do estabelecimento e mobiliários, desinfecção, assepsia e/ou esterilização dos artigos, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva (EPCs), o correto gerenciamento de resíduos gerados pelo estabelecimento e também a higienização das mãos”.

A arquitetura e disposição dos móveis e equipamentos em um centro de beleza também são quesitos importantes a serem observados como medidas de biossegurança, pois, através destes pode-se minimizar riscos físicos. Conforme RDC 50 da ANVISA (2002, p. 54) “o ambiente deve ter boa iluminação e ventilação; pisos e paredes devem ser lisos, laváveis e resistentes a saneantes”.

Os sanitários de pacientes e funcionários devem ser separados; deve haver local específico para que os funcionários guardem seus pertences, as superfícies fixas (pisos, paredes, tetos, portas e mobiliários) não representam risco significativo de transmissão de doenças. É imprescindível a limpeza destas áreas, porém é desnecessária a desinfecção, a menos que haja respingos de matéria orgânica contaminada, quando é recomendada a desinfecção localizada. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, p. 54).

Quanto à limpeza do estabelecimento (assoalho, paredes, bancadas) deve-se proceder ao uso de detergentes (sabão) que têm a ação de diminuir a tensão superficial e carrear as partículas de sujidades através da formação de micelas. No processo de desinfecção do ambiente, deve-se utilizar um agente químico adequado, usualmente um saneador que elimine 99,9% dos microrganismos contaminantes de uma área. Os compostos clorados são os principais produtos utilizados para estes procedimentos, especialmente o hipoclorito de sódio. Este composto, quando adicionado à água sofre hidrólise, dando origem ao ácido hipocloroso, que, por sua vez, em uma nova reação, origina o oxigênio nascente, constituindo-se em um poderoso oxidante capaz de destruir substâncias celulares vitais. O cloro também pode combinar-se diretamente com proteínas celulares e destruir suas atividades biológicas. (PELCZAR et al., 1996).

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

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Segundo Guandalini (1997), o sucesso do resultado da limpeza e desinfecção do ambiente e dos artigos depende dos produtos químicos utilizados. Entretanto, para Teixeira e Valle (1996, p. 108) “não existe um desinfetante que atenda a todas as situações e necessidades encontradas, sendo preciso conhecer as características de cada um para se ter subsídios suficientes que permitam a escolha correta do produto, evitando custos excessivos e uso inadequado”.

A desinfecção ou assepsia dos artigos pode ser definida como a redução da maioria ou eliminação dos microrganismos patogênicos em uma superfície ou objeto, tornando este objeto incapaz de transmitir doenças. No caso de assepsia e desinfecção de artigos, o principal agente utilizado é o álcool etílico (etanol) que, segundo o Ministério da Saúde (2004), tem sua concentração ideal recomendada a 70% em peso. Assim, “o etanol absoluto é menos ativo do que suas soluções aquosas, sendo assim, tem como ação principal a capacidade de desnaturar proteínas, ou seja, age na membrana celular, lesando as estruturas lipídicas das células microbianas” (PELCZAR et al., 1996, p. 112). Existe, nos salões de beleza, o risco de contaminação de algumas doenças causadas por fungos, bactérias e vírus através do uso de alicates, pinças, lixas, palitos e outros artigos que possam estar contaminados.

É recomendado aos profissionais que atuam na área da Cosmetologia e Estética fazer uso de Equipamentos Individuais de proteção (EPIs) durante alguns procedimentos específicos como: limpeza de pele, depilação, manicure e pedicure, podologia, aplicação de produtos, quando estão expostos a uma grande variedade de microrganismos causadores de doenças infectocontagiosas e também a produtos que exalam odores tóxicos como amônia e outros. (HINRICHSEN, 2004).

Essa exposição acaba sendo facilitada devido à proximidade profissional-cliente, que durante o seu atendimento pode aumentar as chances de contato com esses agentes patológicos e químicos, provenientes de pequenas lesões de pele, fluidos orgânicos do cliente, tinturas para cabelos, produtos para alisamento etc. Também a alta rotatividade no atendimento e a omissão, e até mesmo o desconhecimento de alguma doença infectocontagiosa, por parte do cliente, podem contribuir com o risco de contágio do profissional. (HINRICHSEN, 2004).

O Ministério do Trabalho e Emprego em sua NR 06 – da Portaria no 3.214/1978, considera Equipamento de Proteção Individual – EPI: “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador”.

Os profissionais devem evitar contato direto com matéria orgânica, através de barreiras protetoras, como luvas, gorros, aventais, óculos de proteção e máscaras (EPIs).

Conforme Resolução Normativa (NR 23) do Ministério do Trabalho e do Emprego (2004), deve haver extintores de incêndio para produtos químicos (extintores PQS de pó), eletricidade (extintores a gás CO2) e para papéis (extintores

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À BIOSSEGURANÇA

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de água comprimida) devem estar disponíveis. Em ambientes que utilizam muitos equipamentos elétricos deve-se ter maior número de extintores para eletricidade, enquanto aqueles em que o número de produtos químicos for muito grande devem conter extintores PQS em número suficiente. Os dois podem ser utilizados em ambos os casos e os mesmos devem ser guardados em local livre e não distante mais do que a um metro do piso e devidamente sinalizados. Os extintores devem estar com a carga válida e à disposição em local acessível a todos. Recomenda-se que em locais com maior periculosidade haja um extintor a cada dez metros.

A preocupação com o descarte dos resíduos gerados em estabelecimentos de beleza, como o lixo tóxico, o lixo contaminado com fluidos orgânicos, o lixo comum e o reciclável também faz parte da biossegurança. A ANVISA, através da RDC 306 (2004), dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Este gerenciamento constitui em um conjunto de procedimentos planejados e implementados a partir de bases científicas técnicas e normativas legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos gerados, estabelecer um encaminhamento seguro aos resíduos de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores e do meio ambiente.

O manejo dos resíduos é entendido como a ação de gerenciar os mesmos em todas as etapas, como segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento, coleta e transporte externo. A identificação destes resíduos deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta interna e externa e no local de armazenamento, em local de fácil visualização, utilizando-se de símbolo e frase de acordo com o tipo de lixo gerado. Deve-se lembrar de que todas as lixeiras devem ser acionadas por pedal para que não haja contato manual com o mesmo.

As medidas de biossegurança norteiam as ações que podem ser tomadas para a minimização dos riscos aos quais, diariamente, tanto profissionais quanto clientes dos salões de beleza estão expostos. Os profissionais da área de cosmetologia e estética estão cada vez mais interessados na conscientização da classe em relação às medidas de biossegurança, cujo principal objetivo é a preservação da saúde dos indivíduos e do meio ambiente.

A resistência dos profissionais em se atualizarem e colocarem em prática as medidas de prevenção contra riscos biológicos (doenças transmissíveis por objetos contaminados) ainda é muito grande. Segundo a pesquisa de Garcia e Moser (2006), observa-se ainda que em sua maioria os profissionais não saibam o que é biossegurança e qual a sua importância para a minimização e prevenção de riscos. Ressaltam ainda a importância das universidades, órgãos públicos e empresas ligadas à área de Cosmetologia e Estética elaborarem material informativo e esclarecedor enfocando as corretas condutas de Biossegurança.

Informações sobre biossegurança devem ser amplamente divulgadas através da promoção de palestras informativas, folhetos, programas de prevenção de doenças e utilização de meios de comunicação, a fim de que os estabelecimentos (salões de beleza) possam esclarecer suas dúvidas e aplicar, efetivamente, as

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

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medidas de biossegurança, trazendo, como consequência a melhoria dos/nos serviços oferecidos.

Para complementar este estudo inicial você pode conferir o livro: Biossegurança: Aplicada a Laboratórios e Serviços de Saúde, da Editora Atheneu, escrito por Marco Fabio Mastroeni.

DICAS

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Neste tópico você estudou que:

• Biossegurança é o conjunto de medidas e ações que visam à prevenção e/ou a diminuição de riscos em nosso ambiente de trabalho e em nossas atividades diárias.

• A Biossegurança busca o bem-estar do homem, dos animais e do meio ambiente.

• A atuação da biossegurança está presente desde o trabalho em uma instituição de saúde (hospitais, postos de saúde, laboratórios) até ambientes de uso diário, como salões de beleza.

• A história da biossegurança passou por muitas mudanças, focalizando, no início, a manipulação genética de alimentos, até o foco nos seres humanos, animais e meio ambiente, como é nos dias atuais.

• Para adaptar-se a essas mudanças, foram criadas as leis relacionadas à biossegurança.

• No Brasil, a legislação de maior importância na biossegurança em relação ao trabalho em instituições de saúde está representada pela NR-32.

• A NR-32 destaca a prevenção dos riscos presentes nos serviços de saúde.

RESUMO DO TÓPICO 1

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Para compreender melhor este tópico responda às seguintes questões:

AUTOATIVIDADE

1 Conceitue Biossegurança.

2 O profissional de Estética deve estar ciente dos riscos existentes em seu ambiente de trabalho, quais seriam?

3 Cite algumas medidas de Biossegurança.

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TÓPICO 2

PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Neste segundo tópico você verá assuntos relacionados aos equipamentos de proteção individual.

Em seguida, verá que o que são os riscos em ambiente de saúde, que podem trazer aos trabalhadores e usuários.

Terá acesso à classificação dos riscos profissionais, riscos de acidentes, riscos físicos, químicos, ergonômicos e biológicos.

Por fim, terá acesso a um artigo abordando a ação da biossegurança em centros de estética e embelezamento.

2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Ministério do trabalho e do emprego (1978) conceitua os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como: “é todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

Desta forma, os equipamentos de proteção individual atuam como barreiras protetoras, a fim de evitar o contato do profissional com o material biológico.

Observe, na Figura 1, os principais EPIs para centros de estética e imagem pessoal. E na sequência vamos conferir qual a importância dos EPIs para a prática na estética facial.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

FIGURA 1 - PRINCIPAIS EPIS PARA CENTROS DE ESTÉTICA E IMAGEM PESSOAL

FONTE: A autora

• Caracterizam-se por promover uma boa barreira mecânica para as mãos do profissional e para a pele do cliente. Devem ser usadas quando houver a possibilidade do profissional se contaminar ou entrar em contato com sangue, secreções, mucosas, tecidos e lesões sobre a pele. (RAMOS, 2009, p. 89).

De acordo com Guandalini et al. (1997) e Andrade et al. (2008), as luvas devem ser usadas quando houver a manipulação de artigos ou superfícies contaminadas, ressalta-se ainda que as mesmas não devem ser reutilizadas por perderem sua efetividade na proteção, devendo, posteriormente, serem descartadas em lixo para contaminados. Já relacionando com a estética facial, o uso de luvas se faz necessário, pois o profissional está sempre em contato com a pele do cliente, estando ela íntegra ou não. Observa-se ainda que o uso de luvas nos procedimentos de estética facial deve ser desde o início dos tratamentos até a finalização dos mesmos, salvo quando a pele esteja íntegra, retirando-a após a higienização (extração) para a aplicação de produtos cosméticos e finalização do procedimento.

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• Usa-se quando houver risco de respingo em mucosa oral e nasal, protegendo as vias aéreas superiores de micro-organismos contidos nas partículas de aerossóis, quando há um acesso de tosse, espirro ou fala. (GUANDALINI et al., 1997).

Em vista disso, nos procedimentos de estética facial, o uso desse EPI é de suma importância devido à proximidade entre cliente e profissional, evitando a contaminação cruzada. Visa acrescentar que, durante o procedimento não se deve puxar a máscara para a região do pescoço (pois esta região é considerada contaminada), além de trocar a mesma quando ficar úmida, no intervalo de cada cliente, e não ser reutilizada. (GUANDALINI et al., 1997).

• O uso da touca pelo profissional previne contaminação cruzada de paciente/profissional (por micro-organismos ou até mesmo piolhos). A touca pode ser utilizada tanto por profissionais como clientes, devendo cobrir todo o cabelo. (GUANDALINI et al.,1997).

Vale acrescentar que, tanto a touca como as máscaras faciais, devem ser descartadas em lixo infectante após o uso das mesmas.

• O uso do jaleco protege o profissional da exposição a sangue e fluídos corpóreos e de respingos de material infectado.

Nos procedimentos de estética facial utiliza-se o jaleco, pois poderá ocorrer risco de respingos de material orgânico ou o contato com líquidos. Baseado nisso, a sua utilização evita a transmissão de doenças não fazendo o transporte de microrganismos para outras partes do corpo. Ainda assim, aconselha-se não utilizar o jaleco em locais que não sejam do ambiente profissional, e estes devem ser trocados sempre que apresentarem sujidades.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

O calçado fechado e a calça comprida são utensílios de segurança adotados com o intuito de evitar que secreções orgânicas ou materiais de trabalho sejam lançadas sobre os pés do profissional, evitando acidentes e a transmissão de doenças. (GUANDALINI et al., 1997).

Partindo desse princípio, na estética facial, o uso de EPI se faz necessário a fim de que materiais (vidros quebrados, agulhas) ou substâncias (ácidos esfoliantes) e também secreções orgânicas não sejam responsáveis por acidentes ou transmissões de doenças em ambientes de trabalho.

É indicado o uso de óculos de proteção a fim de evitar que respingos de sangue ou secreções atinjam os olhos do profissional. (GUANDALINI et al., 1997).

Outro meio de proteção ocular é o uso da lâmpada lupa durante os procedimentos de extração e drenagem das lesões da acne, esta não sendo apenas uma ferramenta de trabalho, mas consequentemente auxiliando na proteção do profissional. Em face do exposto, considera-se que os EPIs são de suma importância na prática da estética facial, pois os mesmos agem como barreiras mecânicas contra micro-organismos. Entretanto, apenas o emprego dos EPIs não é suficiente para evitar as transmissões de doenças no ambiente de trabalho, mas também, faz-se necessário o emprego de procedimentos de higienização dos utensílios utilizados, bem como entre outras ações citadas ao longo deste trabalho.

3 RISCOS EM AMBIENTE DE SAÚDE

Para começar, você sabe o que são os ambientes ou serviços de saúde?

Os ambientes de saúde ou serviços de saúde são locais que prestam serviços específicos de saúde à população em geral e onde essa população busca se recuperar e/ou prevenir doenças. Alguns exemplos desses serviços são os hospitais, os postos de saúde, os Programas de Saúde da Família, os laboratórios, as clínicas, entre outros.

Os ambientes de saúde, além de prevenir ou tratar doenças, podem, também, representar perigo a seus trabalhadores e às pessoas que usam seus serviços, ou seja, os pacientes/usuários. Isso acontece porque os serviços de saúde, além de possuírem uma grande variedade de ações desenvolvidas, possuem também um

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

grande fluxo de pessoas (sadias e doentes), diferentes tipos de microrganismos causadores de doenças e um grande número de problemas (riscos).

Os serviços de saúde podem ser caracterizados pelo risco de contato com materiais e objetos contaminados (como agulhas com sangue); manuseio ou descarte inadequado de substâncias contaminantes (como o lixo hospitalar); a limpeza feita de forma incorreta ou não feita, e até mesmo a falta de equipamentos necessários para se prevenir os riscos e acidentes, com o uso de EPIs, que estudamos no item anterior.

Esses riscos que os ambientes de saúde podem trazer aos trabalhadores e usuários são classificados em: riscos profissionais, riscos de acidentes, riscos físicos, químicos, ergonômicos e biológicos.

3.1 RISCOS PROFISSIONAIS

Os serviços de saúde possuem muitas áreas de insalubridade, que variam de acordo com o tipo de ambiente (laboratório, lavanderia, pronto-socorro) ou tipo de trabalho realizado (atendimento a doentes, limpeza, trabalho administrativo).

Os riscos profissionais são caracterizados ou exemplificados por todos os riscos aos quais os trabalhadores estão sujeitos em seu ambiente de trabalho, como os citados anteriormente. Tais riscos, como, por exemplo, os de acidentes, podem ser agravados por problemas administrativos e financeiros, devido, entre outros, à falta de manutenção de equipamentos.

3.1.1 Riscos de acidentes

Esses riscos existem quando o trabalhador e/ou usuários ficam expostos a qualquer situação de perigo que possa afetar sua integridade e bem-estar físico e moral. Como exemplos desses riscos existem o uso de máquinas e equipamentos sem proteção adequada, a estrutura física inadequada, riscos de incêndio, entre outros.

3.1.2 Riscos ergonômicos

Os riscos ergonômicos estão presentes quando o trabalhador e/ou usuários ficam expostos a situações que possam afetar suas características psicofisiológicas, ou seja, situações que possam afetar seu corpo e sua mente. Como exemplos podemos citar o trabalho excessivo, a cobrança excessiva, o levantamento excessivo de peso, a má postura, os movimentos repetitivos, entre outros.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

3.1.3 Riscos físicos

Quando o trabalhador e/ou usuários ficam expostos a diversas formas de energia que possam causar danos em diversas funções do corpo, então falamos que eles estão sujeitos aos riscos físicos. Os exemplos desse tipo de risco são a exposição aos Raios X, a altas temperaturas, a materiais cortantes, ao ruído excessivo, entre outros.

3.1.4 Riscos químicos

Os riscos químicos existem quando o trabalhador e/ou usuários entram em contato (através da respiração, ingestão ou contato com a pele) com substâncias, como poeiras, gases, medicamentos, venenos, entre outros, que possam causar algum dano ao seu organismo. Alguns exemplos são os profissionais que trabalham em laboratórios de análises clínicas ou de manipulação de medicamentos, entre outros.

3.1.5 Riscos biológicos

Quando, nos ambientes de saúde estão presentes microrganismos, como bactérias, fungos, parasitas e vírus (causadores de doenças infectocontagiosas), dissemos que o trabalhador e/ou usuários estão em contato com riscos biológicos.

Concluindo, independente da função que exercemos, a adoção de normas e padrões de biossegurança é essencial para a existência de um ambiente seguro e para a saúde de todos os envolvidos na área da saúde (trabalhadores e usuários).

LEITURA COMPLEMENTAR

BIOSSEGURANÇA AÇÕES EM CENTROS DE ESTÉTICA E EMBELEZAMENTO

Thyago Cardozo de OliveiraMaria do Socorro Batista Santos

João Armindo Oliveira Silva Rogério Américo da Silva Brasil

André Henriques MedeirosSônia Maria Silva de Souza

Resumo: O mercado da beleza e estética tem crescido nas últimas décadas, impulsionado pelos meios de comunicação, que trouxeram consigo padrões de imagem e estilo atingindo todas as camadas sociais e faixas etárias. Ao prescrever e divulgar técnicas para o embelezamento um profissional de Estética estimula a autoestima, mas é de valor

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

fundamental que este profissional conheça e saiba aplicar as medidas de ações biosseguras, não promovendo o risco para si e para o seu cliente. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo realizar atividades de Educação em Biossegurança entre profissionais de alguns centros de embelezamento nos municípios de Niterói e São Gonçalo.

Palavras-chaves: Biossegurança. Estética. Embelezamento.

INTRODUÇÃO

Os estabelecimentos que prestam serviços na área de beleza e estética, definidos na Classificação Nacional de Atividades Econômicas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (CNAE-2.0-IBGE), como serviços de cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza fazem parte do cenário atual e contam com um grande número de consumidores. As ocupações profissionais desse segmento compreendem cabeleireiros, manicures, barbeiros, massagistas, esteticistas, pedicures, calistas, trabalhadores de clínicas de estética, institutos de beleza, tratamento capilar e depilação (OLIVEIRA; FOCACCIA, 2010). O aspecto cultural de se dar importância ao atributo da beleza, e a facilidade de acesso entre todas as camadas sociais para usufruir de serviços voltados para cuidados da aparência física em compasso com os padrões de estética corporal atuais, é uma realidade em todo mundo. Tal comportamento se reflete na economia, no crescimento da indústria de perfumaria e cosméticos e, sobretudo, nos serviços para o embelezamento, cuja prerrogativa é a da beleza pessoal como uma apresentação de maior impacto (GIR; GESSOLO,1998). Desta forma a procura por profissionais da beleza vem aumentando, sendo assim, é de suma importância a conscientização desses profissionais quanto aos riscos existentes no exercício desta profissão, tanto para ele quanto para os clientes (CORDEIRO; HEMMI; RIBEIRO, 2013).

A segurança biológica deve ser aplicada em ambientes de trabalho, em cuidados pessoais, na manipulação de materiais biológicos, cuidados com equipamentos e superfícies, descarte e destino de materiais perfurocortante, infectantes, prevenção e manejo da exposição biológica e ocupacional. Essas são precauções essenciais na prática da estética e técnicas associadas (COSTA; GOMES, 2012). Assim, as atividades desenvolvidas nos estabelecimentos de beleza e estética vêm despertando a preocupação de pesquisadores. A inquietação está na possibilidade do desconhecimento e falta de adesão entre os profissionais às recomendações de biossegurança preconizadas por agências nacionais e internacionais (GARBACCIO, 2013). Recentemente foi publicada a Lei no 12.595/2012, que reconhece o exercício das atividades profissionais de cabeleireiro, barbeiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador. A lei recomenda que os profissionais destas áreas sigam as normas sanitárias, realizando a esterilização de materiais e utensílios utilizados no atendimento aos seus clientes. Esta é a primeira lei federal que traz a obrigatoriedade da aplicação de normas sanitárias por profissionais da área de estética que estão diariamente expostos aos riscos biológicos e químicos, inerentes ao exercício da sua profissão (BRASIL, 2012). Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo realizar atividades de Educação em Biossegurança entre profissionais de alguns centros de embelezamento nos municípios de Niterói e São Gonçalo.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa documental descritiva, realizada por meio do levantamento e análise da rotina de centros de Estética e Embelezamento, com foco no processo de Educação em Biossegurança, pautado também em dados de publicações na área em fontes indexadas.

DISCUSSÃO

A partir do Projeto de Iniciação Científica intitulado Biossegurança Ações em Centros de Estética e Embelezamento, docentes e acadêmicos do Curso de Estética e Ciências Biológicas da Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO, campus Niterói, estão desenvolvendo um trabalho educativo em biossegurança com profissionais deste seguimento econômico. A proposta do projeto inclui a realização de oficinas e palestras voltadas para temas em saúde e biossegurança. Embora as oficinas e palestras, ainda não tenham sido realizadas, é importante ressaltar que o levantamento inicial realizado pelos acadêmicos possibilitou traçar um perfil dos profissionais e suas reais necessidades, favorecendo desta forma o direcionamento do trabalho a ser realizado, além de propiciar aos acadêmicos uma troca de conhecimentos, enriquecendo sua formação, uma vez que se põe em prática o exercício entre o conhecimento científico e o conhecimento do senso comum.

CONCLUSÃO

Pode-se perceber por meio dos levantamentos realizados pelos alunos até o momento, que em sua maioria, os profissionais e os próprios centros de estética e embelezamento necessitam de maior atenção no que tange a ações de Biossegurança na sua rotina de trabalho. As atividades voltadas para a educação em Biossegurança neste seguimento econômico tornam-se cada vez mais necessárias, uma vez que esses profissionais podem influenciar direta ou indiretamente na saúde dos seus clientes. Sendo assim, o presente projeto terá continuidade para que se faça uma avaliação detalhada dos levantamentos realizados com estatísticas dos dados coletados e discussão das oficinas realizadas, para que ocorra um processo efetivo de educação e que o mesmo tenha continuidade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei no 12.595, de 19 de janeiro de 2012. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011.../2012/Lei/L12595.HTM>. Acesso em: 24 jun. 2014.

CORDEIRO, Cláudia Aparecida Fernandes; HEMMI, Ana Paula Azevedo; RIBEIRO, Gabriela de Cássia. Noções de biossegurança e ergonomia no trabalho: uma proposta de educação em saúde para manicures e pedicures de Diamantina, Minas Gerais. Extramuros, Petrolina-PE. 2013.

GARBACCIO, Juliana Ladeira. Conhecimento e adesão às medidas de biossegurança entre manicures e pedicures. Tese de Doutorado. Belo Horizonte. 2013.

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

GIR E.; GESSOLO F. Conhecimentos sobre AIDS e alterações nas ações profissionais das manicures de Ribeirão Preto. Esc Enf USP. 1998.

GOMES, Luciene Andrade Pereira; COSTA, Evanice Geralda. Biossegurança na Estética. Rev de Inic. Cient. da Universidade Vale do Rio Verde. 2012; v. 1, n. 1.

OLIVEIRA, Focaccia R. Survey of hepatitis B and C infection control: procedures at manicure and pedicure facilities in São Paulo, Brazil. Braz J Infect Dis. 2010.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você estudou que:

• Os ambientes de saúde são locais reconhecidos também por apresentarem variados riscos a trabalhadores e usuários, ou seja, por serem locais insalubres.

• Para a redução dos diversos riscos, existem as precauções padrão, que são constituídas por atitudes, normas, cuidados e equipamentos que visam à proteção das pessoas envolvidas nos serviços de saúde de micro-organismos causadores de doenças.

• Uma das formas mais importantes e simples de proteção contra a transmissão de doenças nesse meio é a lavagem rotineira e adequada das mãos.

• Os equipamentos de proteção podem ser divididos em individual (protege o trabalhador durante a realização de suas atividades) e coletivo (quando tem a função de proteger um número maior de pessoas).

• Com o uso adequado dos EPIs e EPCs e seguindo de forma adequada as normas e precauções padrão, conseguiremos nos proteger da maior parte dos riscos a que estamos sujeitos em nosso dia a dia.

• Os ambientes de saúde são locais destinados a tratamento e prevenção de doenças e agravos de saúde.

• Por apresentar grande fluxo de pessoas, de trabalho e de organismos causadores de doenças, os ambientes de saúde representam, também, perigo à saúde de todos neles envolvidos.

• Os riscos em serviços de saúde podem ser classificados, basicamente, em profissionais, de acidentes, físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.

• A existência e a adoção de normas e rotinas de biossegurança tornam os ambientes de saúde mais seguros aos funcionários e usuários.

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Para compreender melhor este tópico responda às seguintes questões:

AUTOATIVIDADE

1 O que são EPIs?

2 Quais os equipamentos de proteção individual que são utilizados na área de estética?

3 O que são considerados riscos químicos?

4 O que são considerados riscos biológicos?

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TÓPICO 3

HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E

ESTERILIZAÇÃO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Neste terceiro tópico você verá assuntos relacionados ao risco eminente em estabelecimentos de embelezamento, como AIDS, hepatites e dermatoses ocupacionais.

Em seguida conhecerá que é dever do profissional manter o Manual de Rotinas e Procedimento, disponível a todos os profissionais do estabelecimento.

Terá clareza de quais procedimentos de medidas preventivas e educativas devem ser adotadas para diminuir o risco de transmissão de doenças e acidentes de trabalho.

Verificará o método correto de limpeza e esterilização específica, de ambiente físico, bem como pentes, escovas e utensílios instrumentais.

Por fim, terá acesso ao conteúdo de impacto ambiental gerado em estabelecimentos de beleza, assim como, os procedimentos que devem ser realizados para gerenciar estes resíduos.

2 PROCEDIMENTOS DE HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

Para melhor conhecer os procedimentos de higienização, desinfecção e esterilização deve-se ter em mente que os microrganismos podem ser transmitidos de várias formas, entre elas podemos citar de pessoa para pessoa ou através de superfícies e equipamentos de uso comum do serviço. Também é importante ressaltar que, entre as medidas de prevenção dessa transmissão, estão as mais importantes: a lavagem adequada e rotineira das mãos pelos profissionais de saúde, a limpeza, a desinfecção e a esterilização adequada do material a ser utilizado para os procedimentos e a limpeza e desinfecção do ambiente.

Os casos de infecções que ocorrem em ambientes de saúde, como hospitais, em grande parcela, podem ser associados a uma desinfecção inadequada de ambientes e de objetos ou artigos médicos.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

Os procedimentos que são indicados estão classificados em: limpeza, desinfecção e esterilização. Estes procedimentos são de extrema importância para a prevenção da disseminação de doenças em serviços de saúde.

O risco de agravos à saúde nos estabelecimentos de estética e beleza pode ser variado e cumulativo tanto para os trabalhadores como para os clientes. Portanto, é de vital importância que todos os profissionais conheçam e adotem o conceito de biossegurança a fim de se obter ambiente profissional livre de riscos para os trabalhadores e clientes, como já fora dito nesta unidade.

O risco mais preocupante nos estabelecimentos de embelezamento é a possibilidade de se contrair doenças infecciosas, como: AIDS (transmitida pelo Vírus HIV), Hepatite B (transmitida pelo Vírus HBV) e hepatite C (transmitida pelo Vírus HCV). Além das doenças infecciosas, o risco de se adquirir dermatoses ocupacionais, como as dermatites de contato, que podem ser causadas pelo manuseio inadequado de tinturas e de outros produtos químicos utilizados nesses estabelecimentos (tônicos capilares, loções fixadoras, produtos para rinsagens e permanentes) e pelo uso de toucas de banho, grampos de cabelo dentre outros acessórios, significa uma ameaça constante. Os abscessos purulentos e as micoses nas unhas causadas por bactérias e fungos decorrentes de acidentes com materiais perfurocortantes contaminados (alicates de cutículas, navalhas, lâminas de barbear, entre outros) esterilizados de forma inapropriada, também, são bastante frequentes nesses estabelecimentos.

2.1 CONCEITUAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA

São várias as denominações dos profissionais que trabalham na área de estética e imagem pessoal. Sob essa perspectiva e com o objetivo de facilitar a consulta, a seguir são apresentados os conceitos básicos.

• Cabeleireiro(a) ou barbeiro: refere-se à categoria profissional que trabalha com o cabelo humano e realiza diversas alterações no mesmo, como corte, coloração, entre outras.

• Manicuro(e): refere-se à categoria profissional especializada no tratamento das unhas das mãos.

• Pedicuro(a): refere-se à categoria profissional que trata dos pés e unhas de seus clientes.

• Esteticista: responsável por procedimentos ou atividades de mesoterapia, dermoabrasão, depilação definitiva a laser, peeling, aplicação de botox e preenchimento de rugas com ácidos, só podem ser executados em estabelecimentos sob responsabilidade médica.

Estes profissionais utilizam vários utensílios como instrumentos de trabalho, tais como: tesouras, navalhas, pentes, capas, máquinas de corte e de acabamento. É obrigatório utilizar material descartável para proteção de macas e bacias de manicure e pedicure. Também são consideradas de uso único, as lixas

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TÓPICO 3 | HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

para unhas e pés, palitos e espátulas de madeira e esponjas para higienização ou esfoliação da pele. Cabeleireiro(a) ou barbeiro que identificar alteração na pele ou no couro cabeludo do(a) cliente, deve orientá-lo(a) a procurar um médico.

2.2 PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS

Para os procedimentos denominados não invasivos, como: limpeza de pele, drenagem linfática, estimulação russa e bronzeamento artificial a jato, é imprescindível:

• ser realizado por esteticista, devendo estar afixado em local visível no estabelecimento, o certificado de qualificação;

• utilizar produtos que contenham no rótulo: nome do produto; marca; nº de lote; prazo de validade; conteúdo; país de origem; fabricante/importador; composição, finalidade de uso e nº de registro no órgão competente do Ministério da Saúde;

• utilizar produtos manipulados em farmácias somente quando devidamente prescrito por médico;

• possuir Manual de instrução dos aparelhos, notificação de isenção de registro no órgão competente do Ministério da Saúde e registro de manutenção preventiva e corretiva do aparelho, conforme orientação do fabricante.

3 MANUAL DE ROTINAS E PROCEDIMENTOS

Todo estabelecimento deve possuir Manual de Rotinas e Procedimentos disponível a todos os profissionais do estabelecimento. Trata-se de um roteiro descritivo do passo a passo de cada serviço prestado e as recomendações sobre as atividades executadas.

O Manual deve abordar as rotinas de trabalho, como: tingimento ou relaxamento de cabelos, depilação, tratamento estético, os procedimentos de podologia etc. É preciso constar, também, todos os cuidados com os instrumentos de trabalho como: toalhas, pentes, escovas, esterilização de alicates e orientações relativas à higienização do ambiente de trabalho.

Na elaboração do Manual, recomenda-se enfocar procedimentos relacionados a (à):

• Higienização do Ambiente: pisos e paredes, mobiliários e banheiros.• Produtos em Geral: cosméticos, toalhas, alicates, espátulas e outros.• Processos de Esterilização: tipos e equipamentos.• Serviços: manicure, pedicure, cabeleireiro e barbeiro, depilação e estética.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

3.1 MEDIDAS PREVENTIVAS NO AMBIENTE PROFISSIONAL

Para diminuir os riscos de transmissão de doenças e acidentes de trabalho nos estabelecimentos de embelezamento é necessário adotar algumas medidas preventivas e educativas que serão descritas a seguir.

3.1.1 Programa de controle médico de saúde ocupacional

De acordo com a Norma Regulamentadora nº 7 (NR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), da Portaria nº 3.214, de 08/06/1978 do Ministério do Trabalho, para os profissionais que trabalham nos estabelecimentos de embelezamento são obrigatórios os seguintes exames médicos:

a) Exame Admissional: Exame médico que deverá ser realizado antes de o profissional assumir suas atividades no estabelecimento.

b) Exame Periódico: Exame médico anual para profissionais acima de 45 anos e bianual para profissionais com idade entre 18 e 45 anos.

c) Exame de Retorno ao Trabalho: Exame médico que deverá, obrigatoriamente, ser realizado no 1º dia de retorno ao trabalho, no caso de o profissional ter sido afastado por período igual ou superior a 30 dias, por gestação, doença ou acidente de natureza ocupacional ou não.

d) Exames de mudanças de função: Exame médico que deverá ser realizado antes de qualquer mudança de função do profissional. Entende-se por mudança de função, qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou setor, que implique a exposição do profissional a risco diferente a que estava exposto.

e) Exame Demissional: Exame médico a ser realizado obrigatoriamente, dentro dos 15 dias que antecederem o desligamento definitivo do profissional. Para o profissional cabeleireiro, se o último exame (admissional ou periódico), foi realizado a menos de 135 dias, está dispensado do exame demissional.

3.1.2 Equipamentos de Proteção Individual

A NR nº 6 do Ministério do Trabalho define os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) como sendo “todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador no local de trabalho”, como já estudamos.

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TÓPICO 3 | HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

3.1.3 Higiene ambiental

É importante ressaltar que em ambiente coletivo onde há convivência de pessoas com origem e costumes diversificados, é necessário adotar procedimentos de higienização diferentes dos comumente utilizados em ambientes domésticos.

São princípios que norteiam qualquer procedimento de higienização eficaz:

• Limpar no sentido da área mais limpa para a mais suja. • Da área menos contaminada para a mais contaminada.• De cima para baixo (ação da gravidade).• Remover as sujidades sempre no mesmo sentido e direção.

Os procedimentos de higienização devem ser realizados nas seguintes áreas e superfícies fixas:

PISOPeriodicidade: diariamente e sempre que necessário

Procedimentos:

• varrer, retirando todos os resíduos existentes; • espalhar água e sabão em toda a superfície com auxílio de um pano; • enxaguar o pano em água limpa e retirar o sabão; • diluir a solução desinfetante conforme orientação do fabricante, e aplicar em

toda superfície com auxílio de um pano limpo; • deixar secar.

Uma vez por semana e sempre que necessário deve-se:

• varrer, retirando todos os resíduos existentes; • esfregar com água e sabão toda a superfície; • enxaguar com água limpa; • secar com rodo e pano limpo; • diluir a solução desinfetante conforme orientação do fabricante, e aplicar em

toda superfície com auxílio de um pano limpo; • deixar secar.

VASO SANITÁRIO Periodicidade: diariamente e sempre que se apresentar sujo

Procedimento:

• acionar a descarga; • iniciar a lavagem externa do vaso sanitário com água e sabão;• proceder à lavagem interna, com auxílio de uma escova de cabo longo,

esfregando todos os cantos visíveis;

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• acionar a descarga para enxaguar; • colocar solução desinfetante dentro do vaso sanitário.

MOBILIÁRIO Periodicidade: diariamente, sempre que houver respingo de algum produto

Procedimento:

• limpar com água e sabão, com auxílio de um pano limpo; • enxaguar o pano em água limpa e retirar o sabão; • aplicar solução desinfetante com auxílio de um pano limpo; • deixar secar.

PORTAS E PAREDES Periodicidade: uma vez por semana e sempre que necessário

Procedimento:

• limpar com água e sabão, com auxílio de um pano limpo; • enxaguar o pano em água limpa e retirar o sabão; • aplicar solução desinfetante com auxílio de um pano limpo; • deixar secar

OBS.: A diluição do desinfetante deve seguir orientação do fabricante.

ROUPASPeriodicidade: diariamente

Procedimento:

• armazenar as roupas sujas em sacos (plásticos ou de tecido);• colocar de molho em sabão em pó; • esfregar manualmente ou na máquina de lavar;• enxaguar com água limpa; • proceder à passagem das roupas; • armazenar em armário fechado específico.

OBS.: As toalhas e lençóis devem ser de uso individual ou descartável e devem ser trocadas a cada cliente.

FILTROS DE AR-CONDICIONADO

Os estabelecimentos que utilizarem o ar-condicionado para climatização dos ambientes, obrigatoriamente, seguirão a Portaria no 3523/GM, de 28/8/98 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre a higienização dos filtros dos aparelhos de ar-condicionado.

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TÓPICO 3 | HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

Cuidados básicos: • retirar os filtros; • lavá-los com solução de detergente neutro; • enxaguá-los em água corrente; • colocá-los em imersão em solução de hipoclorito de sódio a 1% por 30’; • enxaguá-los e deixar escorrer; • recolocá-los no aparelho de ar-condicionado.

3.1.4 Higiene pessoal

A imagem corporal é condição imprescindível para a manutenção do perfeito estado de saúde. Os profissionais devem apresentar-se com:

• roupas limpas; • unhas aparadas; • cabelos limpos e presos, se forem longos;

Obs.: os objetos de uso pessoal dos profissionais devem ser guardados em locais separados daqueles utilizados para roupas e equipamentos de trabalho.

LAVAGEM DAS MÃOS

A lavagem correta das mãos é uma das mais importantes medidas utilizadas na diminuição da propagação de doenças. Esta lavagem tem a finalidade de livrar as mãos da sujeira, removendo bactérias, transitórias e residentes, como também, células descamativas, pelos, suor, oleosidade da pele, e deverá ser feita antes e depois de atender cada cliente.

Os profissionais devem adotar este procedimento como um hábito e seguir as recomendações e etapas de desenvolvimento da seguinte técnica:

LAVAGEM BÁSICA DAS MÃOS

• Ficar em posição confortável, sem tocar a pia e abrir a torneira, de preferência, com a mão não dominante, isto é, com a esquerda, se for destro, e com a direita, se for canhoto.

• Manter, se possível, a água em temperatura agradável, já que a água quente ou muito fria resseca a pele. Usar de preferência sabão líquido.

• Ensaboar as mãos e friccioná-las em todas as suas faces, espaços interdigitais, articulações, unhas e extremidades dos dedos (Figura 2).

• Enxaguar as mãos, retirando totalmente a espuma e resíduos de sabão. • Enxugá-las com papel-toalha descartável.• Fechar a torneira utilizando papel-toalha descartável (evitar encostar na

torneira ou na pia).

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FIGURA 2 – PROCEDIMENTO DE LAVAGEM DAS MÃOS

FONTE: Disponível em: <http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=18041>. Acesso em: 17 maio 2015.

4 PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGO

4.1 LIMPEZA

Consiste na lavagem, enxágue e secagem do material, com objetivo de remover totalmente os detritos e sujidade dos artigos. Os critérios de escolha dos produtos químicos para higienização nos estabelecimentos de embelezamento devem ser feitos levando-se em consideração:

• Superfície, equipamento e ambiente. • Tempo de ação. • Variedade dos germes sobre os quais atua. • Custo.

Molhe as mão com água Aplique sabão para cobrir todas as superfícies das mãos

Esfregue as palmas das mãos, uma na outra

Palma com palma com os dedos entrelaçados

Seque as mãos com toalhete descartável

Utiliza o toalhete para fechar a torneira, se esta for de comando

manual

Agora suas mãos estão limpas e seguras

Parte de trás dos dedos nas palmas opostas com os dedos

entrelaçados

Enxague as mão com águaEsfregue o polegar esquerdo em sentido rotativo, entrelaçado na

palma direita e vice-versa

Esfregue rotativamente para trás e para a frente os dedos da mão

direita na palma da mão esquerda e vice-versa

Palma da mão direita no dorso da esquerda, com os dedos entrelaçados e vice-versa

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TÓPICO 3 | HIGIENIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

A limpeza dos artigos pode ser feita por processo manual, utilizando-se as mãos ou mecânico, sendo este o mais utilizado em serviços de saúde, devido à complexidade e o alto custo das lavadoras mecânicas.

4.1.1 Limpeza manual

Materiais indicados para limpeza manual:

• detergente; • solução desincrostante (opcional); • EPI (luvas de borracha e avental); • escova; • recipiente com solução detergente (bacia, balde).

Procedimentos de lavagem manual

Procedimento Observações

1. Imergir o material em solução de água com substância detergente e/ou desincrustante (para promover a remoção dos detritos orgânicos).

2. Proceder à lavagem do material através de fricção.

3. Após a lavagem do material deve-se efetuar um cuidadoso enxágue, para remover completamente os resíduos de detergente.

4. Enxugar os artigos.

• Utilizar EPI. • Deixar o tempo determinado pelo

fabricante da solução.

• Utilizar escova macia com cerdas de nylon, escovando no sentido das serrilhas.

• Utilizar água filtrada para o enxágue.

• Utilizar pano seco e limpo.

FONTE: Adaptado do Manual de Orientação para Instalação e Funcionamento de Institutos de Beleza sem responsabilidade médica. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Manual%20est%C3%A9tica%20revisado-11set13.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

4.1.2 Limpeza mecânica

O processo de limpeza mecânica utiliza lavadoras que funcionam de modo semelhante ao das lavadoras de louças industriais, com uso de detergentes apropriados e jatos de água. Os instrumentos devem ser colocados abertos. As lavadoras ultrassônicas propiciam uma limpeza em profundidade. Um núcleo gasoso gera minúsculas bolhas que se expandem até se tornarem instáveis e

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explodirem. Essa implosão produz áreas de vácuo que “puxam” as sujidades, desincrustando-as dos materiais.

Quando associado à ação do detergente e do calor, o ultrassom possibilita a remoção até das sujidades mais aderentes, em locais que a escovação manual não alcança.

Materiais indicados para limpeza mecânica:

• máquinas lavadoras; • lavadoras ultrassônicas; • detergentes apropriados para essas máquinas; • EPI (luvas, avental e protetores auriculares).

Procedimentos de lavagem mecânica

Procedimento Observações

1. Colocar os instrumentais abertos na lavadora.

2. Colocar detergente na máquina.

3. Ligar a lavadora conforme orientação do fabricante.

4. Após a lavagem do material, deve-se efetuar um cuidadoso enxágue, para remover completamente os resíduos de detergente.

5. Enxugar cuidadosamente cada peça.

• Utilizar EPI.• Deixar o tempo determinado pelo

fabricante da solução.

• Utilizar a quantidade de detergente apropriada recomendado pelo fabricante.

• Durante o funcionamento da lavadora ultrassônica, o funcionário deve usar protetores auriculares, pois o som emitido pela máquina pode causar surdez às pessoas que permanecerem nas suas proximidades durante sua operação.

• Usar EPI. • Utilizar água corrente para o

enxágue.

• Utilizar pano seco e limpo.

FONTE: Manual de Orientação para Instalação e Funcionamento de Institutos de Beleza sem responsabilidade médica. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Manual%20est%C3%A9tica%20revisado-11set13.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

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4.2 TRATAMENTO DOS ARTIGOS - UTENSÍLIOS E INSTRUMENTOS

a) Artigos críticos

O Ministério da Saúde classifica como artigos críticos os instrumentos de natureza perfurocortante (alicates de cutículas, brincos, agulhas de tatuagem, piercing, navalhas, dentre outros) que podem ocasionar a penetração através da pele e mucosas e, portanto, necessitam de tratamento específico (esterilização) após o uso, para se tornarem livres de quaisquer microrganismos capazes de transmitir doenças.

Os alicates, espátulas e outros instrumentos de metal esterilizados devem ser guardados, em local limpo e seco e constar na embalagem a data da esterilização.

O ideal é que esses materiais sejam de uso individualizado, ou seja, que cada cliente tivesse seu próprio material.

b) Artigos não críticos

Os artigos não críticos de uso permanente como: tigelas de vidro, plástico ou de aço inox usadas para colocar água destinada ao amolecimento de cutículas das unhas das mãos ou pés, devem ser lavados com água e sabão a cada atendimento e fazer uso de protetores plásticos, descartáveis, para cada cliente; caso não utilize o protetor plástico descartável, estes utensílios devem ser desinfetados.

Desinfecção: refere-se ao método capaz de eliminar a maior parte dos germes patogênicos, com exceção dos esporos (germe mais resistente). O tipo de desinfecção indicada para os estabelecimentos de embelezamento é a desinfecção de médio nível, descrita a seguir:

Materiais indicados:

• Utensílios passíveis de transmissão de doenças decorrentes do uso coletivo, como, por exemplo, os recipientes destinados à imersão dos pés e mãos.

Material necessário para desinfecção com álcool a 70%

• álcool a 70%;• algodão ou gaze;• luvas de procedimento e/ou limpeza.

Procedimentos:

• friccionar o algodão ou gaze com álcool a 70% por 30 segundos de contato e deixar secar;

• repetir a operação por três vezes.

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Este procedimento deve ser feito a cada utilização, ou seja, para cada cliente. Caso o serviço opte por não realizar a desinfecção destes recipientes com álcool 70%, deverá revestir o utensílio com protetor plástico descartável que deve ser desprezado a cada uso.

Esterilização: refere-se ao método capaz de eliminar todos os microrganismos patogênicos, inclusive os esporos. A esterilização nesses estabelecimentos deverá ser feita mediante aplicação de processos físicos (autoclaves e estufas).

Os artigos termorresistentes (resistentes ao calor) deverão ser esterilizados pelo calor seco (estufa) ou pelo vapor de água sob pressão (autoclave), que são processos físicos de esterilização. Para proceder à esterilização, deve-se, inicialmente, lavar e enxaguar cuidadosamente os artigos, a fim de remover os detritos neles existentes (sangue, dentre outros resíduos) e em seguida enxugá-los, para remover a umidade e, por fim, embalá-los adequadamente.

Esterilização por calor úmido – AUTOCLAVE

Artigos críticos termorresistentes como:• Alicate de cutícula • Alicate de cortar unhas • Navalhas de barbeiros • Lixas metálicas para unhas • Dentre outros

Material necessário: • Autoclave • Material a ser esterilizado • Fita adesiva• Embalagem específica para autoclave.

Tipo de material Tempo de exposição para esterilização em autoclave

De superfície: Inox, vidros. 15 minutos a uma temperatura de 121ºCDe densidade: Gases,

tecidos. 30 minutos a uma temperatura de 121º C

FONTE: Adaptado do manual de Orientação para Instalação e Funcionamento de Institutos de Beleza sem responsabilidade médica. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Manual%20est%C3%A9tica%20revisado-11set13.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

DICAS

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Procedimento Observações

1. Após a limpeza e secagem do artigo, proceder ao empacotamento do mesmo.

• Utilizar papel grau cirúrgico ou campo duplo de algodão cru ou descartável.

• Embalar os materiais abertos. • Utilizar técnica correta, mantendo os

pacotes frouxos, sem compactação, para permitir a penetração do vapor.

• Os pacotes de campos descartáveis ou de algodão devem ser fechados com fita crepe.

• Se for usar caixa de inox para esterilizar os artigos, esta deve ser perfurada ou com tampa embaixo, devidamente embalada em campo duplo de algodão.

2. Colocar fita indicadora química externa em todos os pacotes ou caixas.

• Permite diferenciar os pacotes já submetidos ao processo de esterilização, pois, a fita muda de cor.

3. Carregar a autoclave com um só tipo de material.

• Devido às diferenças no tempo de exposição conforme demonstrado.

4. Dispor o material no interior da autoclave de maneira a facilitar a penetração e a circulação do vapor.

• Deixar um espaço de aproximadamente 3 cm entre um pacote e outro.

• Utilizar somente 80% da capacidade da autoclave, para facilitar a circulação do vapor em seu interior.

5. Programar e ligar a autoclave conforme orientação do fabricante e o tipo de material a ser processado.

• Deixá-la completar o ciclo de esterilização.

6. Retirar o material da autoclave. • Aguardar o resfriamento dos materiais antes de retirá-los da autoclave.

VALIDADE: 7 DIAS

FONTE: Manual de Orientação para Instalação e Funcionamento de Institutos de Beleza sem responsabilidade médica. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Manual%20est%C3%A9tica%20revisado-11set13.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

Esterilização por calor seco – ESTUFA Tipos de artigos indicados

Artigos críticos termorresistentes como:• Alicate de cutícula

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• Alicate de cortar unhas • Navalhas de barbeiros, entre outros.

Material necessário:

• Estufa com termômetro externo (bulbo) que indica a temperatura atingida em seu interior, e um termostato responsável pela manutenção da temperatura desejada.

• Caixas de inox para acondicionar os materiais. • Fita adesiva. • Material a ser esterilizado.

Tipo de material Esterilização em estufa - Tempo de exposição

De superfície: tesouras, alicates de unha etc.

1 hora (60 min.) a uma temperatura de 170º C

FONTE: Manual de Orientação para Instalação e Funcionamento de Institutos de Beleza sem responsabilidade médica. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Manual%20est%C3%A9tica%20revisado-11set13.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

Procedimento Observação

1. Após a limpeza e secagem do artigo, remover qualquer resíduo de óleo ou gordura, causado por possível lubrificação do artigo.

• Os microrganismos ficam protegidos da ação do calor seco, quando em presença de matéria orgânica, como películas oleosas.

2. Montar a caixa, com pequena quantidade de materiais.

• Recipientes para acondicionar os materiais devem ser de aço inoxidável ou vidro refratário.

3. Proteger a ponta de materiais cortantes. • Utilizar papel alumínio.

4. Colocar fita indicadora química externa em todos os pacotes ou caixas.

• Permite diferenciar os pacotes já submetidos ao processo de esterilização, pois a fita muda de cor durante o processo.

5. Carregar a estufa.

• Colocar nas prateleiras superiores, as caixas maiores, e nas prateleiras inferiores as caixas menores.

• Não encostar as caixas na parede da estufa.

• Não encostar o bulbo do termômetro nas caixas.

• Não colocar grandes quantidades de material dentro das caixas.

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6. Ligar a estufa e selecionar a temperatura desejada. Deve-se controlar a temperatura e marcar o tempo de exposição a partir do momento que o termômetro atingir a temperatura adequada ao tipo de material que será esterilizado.

• Durante o processo de esterilização, a estufa não poderá ser aberta.

7. Aguardar o resfriamento dos materiais antes de retirá-los da estufa.

• Lacrar as caixas metálicas com fita adesiva.

8. Colocar a data da esterilização. • Armazenar em armário fechado e seco, livre de pó e insetos.

VÁLIDO – 7 DIAS

FONTE: Manual de Orientação para Instalação e Funcionamento de Institutos de Beleza sem responsabilidade médica. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Manual%20est%C3%A9tica%20revisado-11set13.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

Não se deve interromper o processo em nenhuma situação: abrir a porta da estufa, por exemplo. Fornos elétricos ou equipamentos com lâmpada ultravioleta não esterilizam os materiais de metal

5 ÁREA FÍSICA

Os estabelecimentos que realizam atividades de salão de cabeleireiro, institutos de beleza, barbearia, podem possuir os seguintes ambientes, com suas respectivas áreas físicas:

• Recepção e arquivo (administração).• Área de trabalho dos cabeleireiros.• Área de trabalho dos barbeiros.• Setor de química.• Área de lavatórios para lavagem de cabelo.• Setor das manicures/pedicures.• Sala de depilação.• Área de guarda de estoque de produtos e equipamentos. • Sanitários, um para cada sexo para o público.• Vestiários para funcionários.• Área de rouparia (não obrigatório).• Área de armazenamento de resíduos sólidos.

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A recepção e arquivo devem possuir área mínima de 10m2.

A área de trabalho dos cabeleireiros e barbeiros deve possuir dimensão não inferior a 10m2, com largura mínima de 2,50 m, para o máximo de cadeiras, sendo acrescido de 5m2 para cada cadeira adicional e ainda respeitar a seguinte distância linear:

• Distância mínima entre o eixo de bancadas = 1,20 m • Distância mínima do eixo da primeira cadeira para as paredes laterais (ambos

os lados) = 0,60 m • Distância mínima do espelho às costas dos cabeleireiros = 1,50 m • Para os secadores de cabelo e barbeadores elétricos devem ser previstos tomadas

na altura mínima de 2,30 m.

SETOR DE QUÍMICA

Deve possuir bancada com lavatório com água corrente e material de higienização.

A área de lavatórios deve possuir:

• Área Física compatível com o número de lavatórios de forma a permitir que os mesmos respeitem a seguinte metragem linear: o Distância mínima entre eixos de lavatórios = 0,60 m o Distância mínima do eixo do primeiro lavatório para parede = 0,40 m

SETOR DE MANICURE/PEDICURE

Área física compatível com cadeiras, de forma a permitir que respeitem a seguinte metragem linear:

• Distância mínima entre eixo de cadeiras = 0,80 m • Distância mínima do eixo da primeira cadeira para parede = 0,40 m • Distância mínima da parede às costas da manicure = 1,50 m • Se houver equipamentos elétricos (bacias, lixas, entre outros) possuir tomadas

duplas (127/220 volts).

SALA DE DEPILAÇÃO

A dimensão mínima para as cabines é 4,50m2. Os estabelecimentos que exercem atividade de depilação devem manter cabines individuais, exclusivamente para esta finalidade, com espaço, iluminação e ventilação adequados à prática profissional e acomodação confortável para o usuário.

A cabine deve possuir: bancada (para lavagem dos utensílios) com lavatório e água corrente para manuseio dos materiais do profissional e material de higienização. Quando houver box com maca para procedimento de depilação,

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esta deve possuir área mínima de 2,4m2 com dimensão mínima de 1,50 m para todos os gabinetes.

ÁREA DE GUARDA DE ESTOQUE DE PRODUTOS E EQUIPAMENTOS

A área física para guarda do estoque de produtos e equipamentos deve ser compatível com a quantidade e necessidade do estabelecimento. Esta área deve ser ventilada adequadamente, de forma a preservar a qualidade e integridade do estoque de produtos e equipamentos. A iluminação deve ser compatível com sua área física. Para a guarda de toalhas deve ser previsto local (armário fechado) e prateleiras revestidas com material impermeável.

ÁREA DE ROUPARIA (NÃO OBRIGATÓRIA)

A área física mínima deve ser de 2,2m2, podendo ser substituída por armários exclusivos ou carros roupeiros. Deve ser exclusiva e possuir armário fechado para guarda de toalhas (lavadas e embaladas em saco plástico fechado) não descartáveis e de demais peças de tecidos utilizados no estabelecimento.

ÁREA DE ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Área compatível para guarda de resíduos sólidos, a serem armazenados em caçambas fechadas. As paredes devem ser revestidas de azulejos até a junção com o teto e possuir ponto de água. O piso deve ser de material resistente, liso, lavável e de fácil higienização. Esta área deve possuir porta, dispositivo que impeça a entrada de insetos, roedores e animais e janelas teladas para ventilar a área.

EDIFICAÇÃO - INSTALAÇÕES NECESSÁRIAS

Todos os fios elétricos e equipamentos devem ser aterrados.

Os estabelecimentos descritos neste manual devem possuir em suas dependências pisos e paredes de superfície lisa (fixa ou móvel), composta de material compacto, lavável, de fácil limpeza e higienização, resistente à lavagem e ao uso de desinfetantes.

Manter as instalações físicas devidamente conservadas e asseadas.

Os lavatórios para a higienização das mãos pelos profissionais antes e após a realização de cada atividade devem ser munidos de água corrente, dispensador para sabão líquido e toalheiro com toalha de papel fixado na parede próxima, além de lixeira com tampa e acionamento automático com pedal.

As bancadas devem ser de material liso, lavável, durável, impermeável e resistente à ação de produtos químicos.

Os ralos, se existentes, devem ser sifonados (fecho hídrico) e possuir tampa com fechamento escamoteável (abre e fecha), para impedir a entrada de insetos.

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É permitido uso de divisórias, desde que sejam de material liso, lavável e resistente ao uso de desinfetantes.

6 PRODUTOS

Os produtos considerados “produtos para a saúde” tanto em uso, como armazenados no estabelecimento devem obrigatoriamente atender o preconizado na legislação sanitária específica sobre registro no órgão competente do Ministério da Saúde e estar dentro do prazo de validade.

Os produtos químicos, saneantes domissanitários, que forem submetidos a fracionamento ou diluição devem ser acondicionados em recipientes devidamente identificados, de forma legível, por etiqueta, com o nome do produto, composição química, sua concentração, data de envase e de validade, e nome do responsável pela manipulação ou fracionamento.

O fracionamento a que se refere o item anterior deve ser de acordo com as especificações contidas no rótulo do fabricante.

É vetado o procedimento de reutilização das embalagens de produtos químicos. As ceras para depilação devem ser fracionadas em porções suficientes para cada cliente, sendo vetada a reutilização de sobras de ceras ou de qualquer outro produto químico.

Os estabelecimentos que oferecem serviços de cabeleireiros e congêneres ficam obrigados a afixarem, em local visível ao público, cartaz com os seguintes dizeres:

O formol é considerado cancerígeno pela OMS - Organização Mundial de Saúde. Quando absorvido pelo organismo por inalação e, principalmente, pela exposição prolongada, apresenta como risco o aparecimento de câncer na boca, nas narinas, no pulmão, no sangue e na cabeça. (OMS, 1993).

7 EQUIPAMENTOS

Os estabelecimentos de que tratamos nesta unidade do caderno devem dispor de todos os equipamentos necessários à realização das atividades a que se propõem, mantendo-os higienizados e em condições adequadas de funcionamento e ergonomia.

Os equipamentos e instrumentais devem ser disponibilizados em quantidade suficiente para atender a demanda do estabelecimento, respeitando os prazos para limpeza, desinfecção ou esterilização dos mesmos.

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Todos os equipamentos devem possuir registro no órgão competente do Ministério da Saúde, sendo observadas suas restrições de uso. Dispor de programa de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos, mantendo os registros atualizados.

A higienização dos equipamentos de ventilação artificial deve atender as orientações do fabricante, em se tratando de equipamento individual ou seguir normas técnicas específicas, em se tratando de central de ar-condicionado.

O estabelecimento deve possuir refrigerador exclusivo para guarda de produtos que necessitam ser mantidos sob refrigeração, munido de termômetro, com registro diário de temperatura. É vetado armazenar tais produtos em refrigerador de guarda de alimentos.

Os estabelecimentos de que trata este Manual devem possuir equipamentos de proteção contra incêndio, dentro do prazo de validade, conforme o preconizado em legislação específica.

Os produtos utilizados para embelezamento pertencem à categoria dos cosméticos e são regulamentados pela ANVISA/MS - Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Ministério da Saúde.

O rótulo desses produtos deve contemplar as seguintes informações:

• Nome do produto • Marca • Lote • Prazo de validade • Conteúdo • País de origem • Fabricante/importador • Composição do produto • Finalidade de uso do produto • Nº de registro na ANVISA/MS para os seguintes produtos:

- sabonete antisséptico;- xampu, condicionador e enxaguatório capilar anticaspa;- creme, gel, loção para área dos olhos;- tintura temporária, progressiva e permanente;- produtos para clarear os cabelos;- tônico, loção e máscara capilar;- depilatório químico.

Antes de aplicar qualquer produto sobre a pele, cabelos ou unhas, pergunte ao seu cliente se ele(a) tem algum tipo de alergia aos componentes químicos do produto que você vai utilizar.

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Equipamentos: siga corretamente as instruções do fabricante. Guarde o manual em local de fácil acesso para que possa ser consultado sempre que necessário.

Produtos químicos à base de formol para escova progressiva estão proibidos, pois não possuem registro na ANVISA para esta finalidade. O formol é cancerígeno e provoca queimaduras na pele e mucosas, irritação nos olhos, podendo levar à cegueira, tanto o cabeleireiro quanto o cliente.

Leia com atenção o manual técnico de seu equipamento e siga corretamente as instruções do fabricante. Guarde o manual em local de fácil acesso para que possa ser consultado sempre que necessário.

8 IMPACTO AMBIENTAL DOS RESÍDUOS GERADOS NOS ESTABELECIMENTOS DE BELEZA E GERENCIAMENTO DESTES RESÍDUOS

Vamos abordar este tema conhecendo primeiramente os símbolos universais, segundo a classificação de resíduos.

FIGURA 3 - SÍMBOLOS UNIVERSAIS NA CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS

FONTE: Manual de Orientação para Instalação e Funcionamento de Institutos de Beleza sem responsabilidade médica. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Manual%20est%C3%A9tica%20revisado-11set13.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

DICAS

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É responsabilidade de todos os profissionais que trabalham nos estabelecimentos de embelezamento gerenciar os resíduos gerados. A primeira etapa do gerenciamento de resíduos internos refere-se à operação de segregação ou separação dos resíduos, no momento e no local de sua geração, acondicionando-os, imediatamente, de acordo com a seguinte classificação:

• Resíduo comum

o Acondicionar em saco plástico de qualquer cor, exceto branca.o O preenchimento dos sacos deve alcançar, no máximo, 2/3 de sua capacidade.

FIGURA 4 - RESÍDUO COMUM

FONTE: Disponível em: <http://bpl_biosseguranca.biof.ufrj.br/wiki/normas-para-o-descarte-de-lixo-no-ibccf>. Acesso em: 17 maio 2015.

• Resíduo infectante

o Os materiais perfurantes e cortantes devem ser acondicionados em recipientes apropriados de parede rígida, devidamente, identificados como resíduo infectante.

o Para os não perfurantes e cortantes, utilizar sacos plásticos de cor branca leitosa.

FIGURA 5 - RESÍDUO INFECTANTE

FONTE: Disponível em: <http://www.fibracirurgica.com.br/material-de-consumo/coletor-perfuro-cortante>. Acesso em: 17 maio 2015.

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UNIDADE 1 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

Cuidados necessários ao manusear os resíduos infectantes:

a) A manipulação destes resíduos deve ser a mínima possível. b) Manter os sacos contendo resíduos infectantes em local seguro, até seu manejo

para descarte.c) Nunca abrir os sacos contendo estes resíduos para inspecionar seu conteúdo. d) Adotar procedimentos de manuseio que preservem a integridade dos sacos

plásticos contendo resíduos. e) No caso de rompimento, com espalhamento de seu conteúdo, rever os

procedimentos de manuseio. f) Armazenar em local previamente determinado e de fácil acesso ao serviço de

coleta especial.

8.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A classificação dos resíduos sólidos, estabelecida nas Resoluções ou Legislações do CONAMA e da ANVISA (RDC n° 306 pela ANVISA, em dezembro de 2004, e da Resolução n° 358 pelo CONAMA, em maio de 2005), com base na composição e características biológicas, físicas e químicas, tem como finalidade propiciar o adequado gerenciamento desses resíduos, no âmbito interno e externo dos estabelecimentos de saúde.

Os resíduos sólidos são classificados em cinco grupos distintos, segundo Silveira e Brito (2010):

• Grupo A – é o grupo dos resíduos com risco biológico. Representam risco à saúde e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos. Como exemplos temos: sangue, secreções, excreções e outros fluidos orgânicos, placas e lâminas de laboratório, carcaças de animais, entre outros.

• Grupo B – grupo dos resíduos com risco químico. Representam risco devido a características como corrosividade, reatividade, toxicidade, entre outras. Exemplos: medicamentos vencidos e/ou contaminados, objetos perfurocortantes contaminados com produtos químicos.

• Grupo C – grupo dos resíduos radioativos. Exemplos desse grupo são os resíduos dos grupos A, B e D, contaminados com substâncias radioativas.

• Grupo D – grupo dos resíduos comuns. São aqueles que não se enquadram nos grupos anteriores, pois não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente. Exemplos desse grupo são as sobras de alimentos e resíduos das áreas administrativas.

• Grupo E – grupo dos materiais perfurocortantes. Como exemplos, têm-se as lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, lâminas de bisturi, entre outros.

O primeiro passo ao adequado manejo dos resíduos sólidos é conhecer os tipos de resíduos gerados, identificando-os de acordo com os diferentes grupos que estudamos anteriormente. Os próximos passos seriam, em sequência, a segregação ou separação, o acondicionamento, a coleta interna, o transporte interno, o

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armazenamento, a coleta externa, o transporte externo, o tratamento e a disposição final.

O processo de segregação consiste em separar e selecionar os resíduos de acordo com a classificação adotada, no local de geração do lixo. Tem como objetivos a minimização da contaminação de resíduos comuns, a redução dos riscos à saúde e a prevenção de acidentes com perfurocortantes, a separação do lixo reciclável e, consequentemente, a diminuição dos custos no manejo dos resíduos.

O acondicionamento ou processo de guarda dos resíduos reduz o risco de contaminação, além de facilitar a coleta, o transporte e o armazenamento desse material (SILVEIRA; BRITO, 2010). É de extrema importância que a coleta interna seja realizada por trabalhadores qualificados e providos de EPI. A coleta é dividida em dois tipos ou níveis:

a) Coleta Interna I: é a remoção dos recipientes (resíduo acondicionado) do local de geração dos resíduos para o local de armazenamento temporário.

b) Coleta Interna II: quando os resíduos são transportados do local de armazenamento temporário para o local de armazenamento interno.

Após a coleta, seguimos para o transporte que tem como objetivo recolher o material das diferentes fontes geradoras para o armazenamento temporário ou interno. Durante o transporte, deve-se ter o cuidado de não danificar os recipientes (sacos plásticos, caixas de papelão etc.) contendo os resíduos. Para isso, eles devem ser transportados em carrinhos exclusivos para esse fim. O armanezamento dos resíduos consiste na guarda ou estocagem, de forma segura, dos resíduos em locais apropriados.

1) Armazenamento Interno ou Temporário: os resíduos são mantidos em locais seguros até o momento da coleta interna II.

2) Armazenamento Externo: os resíduos são mantidos em locais seguros até a realização da coleta externa.

A coleta externa deverá ser diária para os resíduos dos grupos A e D, para se evitar o risco de contaminação ambiental e proliferação de vetores e odores desagradáveis. Alguns estabelecimentos, dependendo do tipo de trabalho desenvolvido, terão uma coleta específica para os resíduos do grupo B. Na maioria dos estabelecimentos de saúde, os resíduos do grupo C são tratados por eles próprios, sendo coletados posteriormente.

O transporte externo tem o objetivo de levar o resíduo do local onde foi armazenado ao local de tratamento e disposição final, através de veículos devidamente equipados.

O tratamento que vem na sequência do transporte tem como objetivo alterar as características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas dos resíduos, diminuindo, assim, os riscos à saúde e à qualidade do meio ambiente.

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Na disposição final dos resíduos sólidos, são realizados procedimentos que visam à destruição ambientalmente adequada dos resíduos em concordância com as exigências legais. Dentre as técnicas para a disposição final dos resíduos, as mais usadas são o aterro sanitário e as valas sépticas. Lembrando que, para cada grupo de resíduos, existem diferentes tipos de riscos, sendo necessário, portanto, o emprego do tratamento e destinação final adequada para cada um.

Com o aumento populacional e, consequentemente, a evolução nas tecnologias da saúde, é possível observar, também, o aumento na produção de resíduos e aumento dos custos para lidar com esse lixo. Esse processo de causas e consequências afeta diretamente a saúde do homem e do meio ambiente, à medida que surgem maiores dificuldades na busca de áreas ambientalmente seguras disponíveis para receber os resíduos produzidos pelo homem.

Assim, torna-se necessária a minimização da produção de resíduos, com um processo de segregação eficiente e uma diminuição do volume dos resíduos a serem dispostos no ambiente, através da reciclagem.

A reciclagem reduz consideravelmente o volume de resíduos encaminhados para tratamento ou disposição final. Por isso, a reciclagem proporcionada pela segregação e coleta seletiva dos resíduos é muito importante no processo de gerenciamento dos resíduos sólidos. Outras vantagens da reciclagem seriam a economia de matéria-prima retirada do ambiente, a economia de energia elétrica, a preservação ambiental e a consciência ecológica.

Apesar de compor pequena parcela dos resíduos produzidos pelo homem, os resíduos dos serviços de saúde são perigosos, por trazerem muitos riscos (biológicos, principalmente) ao homem e meio ambiente.

No Brasil, a ANVISA e o CONAMA possuem a função de fiscalizarem o cumprimento da legislação em relação à geração e ao manejo dos resíduos dos serviços de saúde.

O Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos tem como função minimizar os riscos gerados pelos resíduos, sendo composto pelas etapas: geração do lixo, segregação ou separação, identificação, acondicionamento, coleta interna, transporte interno, armazenamento, coleta externa, transporte externo, tratamento e disposição final.

Os resíduos sólidos podem ser classificados em quatro grupos (A, B, C e D), diferenciados de acordo com os riscos que representam aos seres humanos e ao meio ambiente.

A reciclagem é de grande valia na redução de resíduos, por reduzir custos e produtos que degradem a natureza, através da redução do volume de resíduos encaminhados para tratamento ou disposição final.

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LEITURA COMPLEMENTAR

NOÇÕES DE BIOSSEGURANÇA E ERGONOMIA NO TRABALHO: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA MANICURES E PEDICURES

DE DIAMANTINA, MINAS GERAIS

Cláudia Aparecida Fernandes Cordeiro Ana Paula Azevedo Hemmi

Gabriela de Cássia Ribeiro

Resumo: De acordo com dados verificados na Vigilância Sanitária do município de Diamantina (Minas Gerais), os profissionais, normalmente, utilizam a mesma toalha e lixa para diversos clientes, não possuem estufa para esterilização dos materiais e quantidades insuficientes de alicates e materiais estéreis para cada cliente. Caracterizando um problema de saúde pública, visto que a transmissão de determinadas doenças pode acontecer por meio desses instrumentos. Nessa perspectiva o presente projeto visa realizar atividades de Educação em Saúde com profissionais manicures e pedicures de salões de beleza e autônomas do município de Diamantina, MG. O projeto teve início em março/2013 e se encontra em fase de execução, até o presente momento foram realizadas quatro oficinas com temas como: Qualidade de Vida, Autoestima, Alimentação Saudável e Ergonomia. As participantes relatam como dificuldades para a adesão de medidas mais seguras o alto custo dos Equipamentos de Proteção Individual, trabalho excessivo em casa etc.

Palavras-chave: Manicures e pedicures. Biossegurança. Ergonomia. Segurança.

Nociones de bioseguridad y de la ergonomía en el trabajo: una propuesta de educación en salud para manicuras y pedicuras de Diamantina,

MG

Resumen: De acuerdo con los datos verificados en la Vigilancia Sanitaria de la ciudad de Diamantina (Minas Gerais ), los profesionales suelen utilizar la misma toalla y lija de uñas para varios clientes, no tienen esterilizador de materiales y cantidades suficientes de alicates y materiales estériles para cada cliente . Caracterizando un problema de salud pública una vez que la transmisión de ciertas enfermedades pueden pasar a través de estos instrumentos. En esta perspectiva, este proyecto tiene como objetivo llevar a cabo actividades de Educación en Salud con profesionales manicuras y pedicuras en salones de belleza y también profesionales autónomas de la ciudad de Diamantina, Minas Gerais. El proyecto empezó en marzo del 2013 y se encuentra en la etapa de aplicación, hasta el presente momento se realizaron 4 talleres sobre temas tales como calidad de vida, la autoestima, la alimentación saludable y la ergonomía. Las participantes relataron como dificultades para la adherencia a las medidas de seguridad el alto costo de los Equipos de Protección Individual, el exceso de trabajo en casa etc.

Palabras-clave: Manicura y pedicura. Bioseguridad. Ergonomía. Seguridad.

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INTRODUÇÃO

O presente texto visa abordar ações de extensão que estão sendo desenvolvidas por docentes e acadêmicas do Curso de Enfermagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, a partir do Projeto de Extensão denominado Noções de biossegurança e ergonomia no trabalho: uma proposta de educação em saúde para manicures e pedicures de Diamantina, Minas Gerais. Este projeto visa realizar atividades de Educação em Saúde com profissionais manicures e pedicures de salões de beleza e as que trabalham de forma autônoma do município de Diamantina, Minas Gerais.

Atualmente, é possível perceber o crescimento de salões de beleza,

aumentando, por sua vez, o número de manicures e pedicures que atuam nos salões. Quando se trata de assuntos relacionados à beleza e estética corporal, a mídia se torna a principal incentivadora para a sociedade. Isso faz com que cresça o número de salões de beleza, de estética, de cabeleireiros, de manicures e de barbeiros (OLIVEIRA, 2009).

No entanto, as condições de segurança preconizadas para as manicures,

como quantidade adequada de materiais esterilizados a cada uso, toalhas e lixas de uso individual, uso de avental plástico, máscara, óculos de acrílico, luvas, dentre outros, nem sempre são seguidas pelos estabelecimentos (OLIVEIRA, 2009). De acordo com dados da Vigilância Sanitária de Diamantina, os profissionais, normalmente, utilizam a mesma toalha para diversos clientes, não descartam as lixas após o uso, não possuem estufa para esterilização dos materiais, não possuem quantidades suficientes de alicates e materiais estéreis para cada cliente. Isso se torna um problema de saúde pública, visto que a transmissão de determinadas doenças pode acontecer por meio desses instrumentos.

Assim, as atividades voltadas para educação em saúde tornam-se cada vez mais necessárias aos profissionais que atuam em estabelecimentos de estética, pois se as normas de segurança não forem seguidas por esses profissionais uma série de riscos podem acometer a saúde dos profissionais e dos clientes. Dentre essas doenças podemos citar as posturais, varizes nos membros inferiores, micoses, infecções de pele, Hepatites B e C ou até mesmo HIV. Essas doenças podem ser passadas de uma pessoa para outra por meio de sangramentos ao se retirar cutícula, por exemplo. (OLIVEIRA, 2009).

As Hepatites de tipo B e C constituem relevantes problemas de saúde pública

em todo o mundo. Estima-se que aproximadamente 720 milhões de indivíduos no mundo estejam infectados pelo vírus da hepatite B (VHB) e/ou vírus da hepatite C (VHC), tendo um índice de mortalidade de aproximadamente 25% (MELO, 2011). Após a infecção, o VHB concentra-se quase que totalmente nas células do fígado, nas quais haverá a replicação de seu DNA e, desta maneira, a formação de novos vírus.

Conforme uma pesquisa com profissionais manicures e/ou pedicures

nos salões de beleza em alguns bairros e shoppings centers do município de São

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Paulo, foi possível identificar que uma em cada dez manicures e/ou pedicures um apresentou marcadores sorológicos das hepatites B ou C, sendo 8% das hepatites B e 2% de hepatite C (OLIVEIRA, 2009). Assim, foi verificado que as manicures e/ou pedicures adotam normas de biossegurança na sua rotina de trabalho, além de avaliar a estimativa de prevalência dos marcadores sorológicos das hepatites B e C e os fatores de risco nas manicures e/ou pedicures, além de conhecer o nível de informação que as manicures e/ou pedicures tem sobre as vias de transmissão e prevenção das hepatites por essas profissionais.

Além da transmissão desses vírus, da hepatite B e C, também é importante

considerar a posição da coluna vertebral dessas profissionais, enquanto realizam o seu trabalho. A coluna vertebral humana não está adaptada para permanecer longo período em posturas estáticas. Entende-se que a postura na posição sentada, geralmente adotada em ambiente de trabalho, pode ser considerada de risco para a integridade da coluna vertebral se o indivíduo estiver em má postura. Quando esta é adotada existem algumas alterações músculo-esqueléticas na coluna lombar, aumentos da pressão interna no núcleo do disco intervertebral em aproximadamente 35%, e redução da circulação de retorno venoso nos membros inferiores (CANDOTTI; NOLL; CRUZ, 2010).

Diante disso, é importante a abordagem de técnicas que minimizem os

impactos à coluna vertebral dessas profissionais. Diante da quantidade de salões de beleza existentes em Diamantina-MG, sendo apenas 19 registrados, segundo dados coletados na Superintendência de Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais nos anos de 2011/2012, torna-se importante abordar de maneira educativa os profissionais que usam instrumentos, tais como alicates de unha, lixas, toalhas, dentre outros, para uma prática consciente. Além disso, torna-se fundamental contemplar outros aspectos que podem interferir na qualidade de vida dos profissionais envolvidos com a estética, como forma de propiciar um cuidado mais integral à saúde dos profissionais manicures e pedicures. Ressalta-se que mesmo que esse trabalho seja considerado uma atividade ‘simples’, a garantia de sua segurança é fundamental. (OLIVEIRA, 2009).

Outro aspecto a ser considerado se refere à Lei no 12.592, de 18 de janeiro de 2012, que dispõe sobre o exercício de profissionais que exercem atividades de higiene e embelezamento capilar, estético, facial e corporal dos indivíduos, tais como barbeiros, esteticista, depilador, manicures e pedicures (ANVISA, 2012). Conforme tal Lei, esses profissionais deverão obedecer às normas sanitárias, efetuando a esterilização de materiais e utensílios utilizados no atendimento aos seus clientes. Diante disso, torna-se importante realizar uma capacitação junto aos profissionais manicures e pedicures sobre os cuidados com os materiais utilizados diariamente em seu local de trabalho.

Diante do exposto, o projeto de extensão Noções de biossegurança e

ergonomia no trabalho: uma proposta de educação em saúde para manicures e pedicures de Diamantina-Minas Gerais tem como objetivo capacitar manicures e pedicures do município de Diamantina quanto à biossegurança e ergonomia no trabalho.

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Por se tratar de uma atividade extensionista, o projeto apresenta como metas: Integrar e inserir a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri com a comunidade externa, proporcionando melhorias no trabalho oferecido por manicures e pedicures à população; estimular a participação de acadêmicos em atividades de extensão, ampliando conhecimentos e adquirindo habilidades para planejamento, execução e avaliação de atividades comunitárias; estimular a participação de docentes e acadêmicos em atividades de extensão; promover capacitação ao público-alvo, conforme os temas identificados como prioritários para as profissionais e ampliar o nível de conhecimento da população acerca de melhorias de qualidade de vida.

METODOLOGIA

Como percurso metodológico, a capacitação de manicures e pedicures tem se pautado nos fundamentos da Educação em Saúde, que se caracteriza por um processo teórico-prático que visa integrar o saber popular e o saber científico. Para isso, é importante se considerar as representações sociais, crenças e atitudes de determinados grupos para envolvê-los de maneira mais ativa e participativa, visando uma atuação crítica, reflexiva e autônoma frente às condições de saúde e/ou doenças encontradas (GAZZINELLI et al., 2005 e GAZZINELLI; PENNA, 2006). Ao atingir a vida cotidiana das pessoas, o conhecimento científico modifica a compreensão da população sobre os condicionantes do processo saúde-doença, subsidiando a adoção de novos hábitos e condutas de saúde. (ALVES, 2005).

Este projeto apresenta a característica de ser educativo porque prioriza a capacitação de sujeitos para o serviço e/ou para a autonomia no cuidado. Assim, as oficinas realizadas estão acontecendo nas dependências da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) desde o início de 2013. A proposta inclui a realização de 10 (dez) oficinas com os seguintes temas: Qualidade de Vida, Autoestima, Saúde e Segurança no Trabalho, Alimentação Saudável, Limpeza do Ambiente, Cuidados com Esterilização dos materiais (2 oficinas), e três temas a serem definidos de acordo com a demanda levantada pelas participantes.

RESULTADOS

O projeto teve início em março de 2013 e se encontra em fase de execução, e a previsão para seu término é fevereiro de 2014. Até o presente momento, foram realizadas quatro oficinas com os seguintes temas: Qualidade de Vida, Autoestima, Alimentação Saudável, Ergonomia e Segurança no Trabalho.

Inicialmente, realizou-se a divulgação da capacitação, por meio de

panfletos e cartazes, em locais de fácil acesso à população. Inclusive, para abranger um número maior de pessoas, foi realizada divulgação através da rádio local. Por meio da divulgação as pessoas interessadas entravam em contato com a equipe do projeto. As inscrições aconteceram no período de 26 de março a 6 de maio de 2013. Após este período, pode-se contabilizar um total de 25 profissionais manicures e pedicures inscritas. Importante ressaltar que todas são do sexo feminino. Em

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seguida, todas foram contatadas por telefone, sendo então explicitada a proposta do projeto e o primeiro dia e horário da primeira oficina.

1ª OFICINA: QUALIDADE DE VIDA

A primeira oficina aconteceu no dia 15 de maio de 2013, durante a qual a equipe do projeto explicou os objetivos e metas da atividade. Além disso, foi ponderado que seria um curso com diversas oficinas e cada oficina trataria de um tema importante para o desenvolvimento de sua profissão com segurança e conforto. Esta primeira oficina abordou o tema Qualidade de Vida. Cada participante foi indagada sobre sua profissão e o que fazem a fim de melhorar sua saúde e garantir uma prática de vida saudável. A maioria do grupo relatou não ter condições de se alimentar adequadamente e não realizar uma prática regular de exercícios físicos. Relatam que a correria do dia a dia e o cansaço são os maiores dificultadores de realização de tais atividades. Algumas das participantes relataram que tentam fazer lanches mais saudáveis, levando de casa, porém quando o final de semana se aproxima a demanda de clientes aumenta e com isso impossibilita a realização de lanches, mesmo que de maneira rápida.

2ª OFICINA: AUTOESTIMA

A segunda oficina aconteceu no dia 16 de junho de 2013 e teve como tema abordado a Autoestima, com objetivo de tentar mostrar às mulheres participantes a importância de estar bem consigo mesma para a realização de um bom trabalho oferecido às suas clientes. Foi ressaltado que o bem-estar influencia diretamente no desenvolvimento de seu trabalho e consequentemente na sua produtividade. Todas as mulheres relataram não ter tempo para pensar em seu bem-estar e que tentam se desdobrar entre a casa, os filhos e o trabalho. Relataram também que a rotina se torna monótona e cansativa e que, na maioria das vezes, isso se reflete na vida conjugal e no relacionamento com os filhos. Neste dia, foi convidada uma psicóloga para auxiliar o trabalho realizado, esta trabalhou uma dinâmica de grupo, na qual as participantes, a partir de uma leitura prévia conseguiram perceber o quanto são importantes e fazem a diferença na vida de alguém. Algumas participantes relataram que se sentem valorizadas ao perceber o cuidado com os filhos e mesmo quando recebem elogios das clientes pelo trabalho realizado.

3ª OFICINA: ERGONOMIA E SEGURANÇA NO TRABALHO

A terceira oficina aconteceu no dia 29 de julho de 2013 com o tema Saúde e Segurança no Trabalho. O técnico em segurança do trabalho convidado apresentou todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários para garantir segurança durante a execução do trabalho. Foram apresentados jaleco, luvas, gorro, máscara, dentre outros. No decorrer da oficina várias dúvidas foram sanadas a respeito dos riscos e da real necessidade do uso desses equipamentos. As participantes relataram que o uso dos EPIs encarece o trabalho, devido ao preço elevado dos produtos e da sua frequência de compra, diminuindo a sua lucratividade. A equipe ressaltou que o valor gasto com o tratamento de saúde, caso seja contraído uma doença, é infinitamente maior. Além do uso correto

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e contínuo dos EPIs, foram ressaltadas questões sobre a postura correta para realização do trabalho, pausas para relaxamento durante a jornada de trabalho, exercícios de relaxamento/alongamento, assim como uma abordagem geral das doenças infecciosas que as mesmas estão sujeitas com a prática diária do trabalho.

4ª OFICINA: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

A quarta oficina foi realizada no dia 19 de agosto de 2013 e o tema abordado foi a Alimentação Saudável. Foram convidadas acadêmicas de nutrição para trabalharem juntamente com a equipe do projeto o tema proposto. As acadêmicas abordaram com as participantes os dez passos para uma alimentação saudável proposta pelo Ministério da Saúde, que orienta fracionar as refeições, tomar muita água, evitar doces, sal e alimentos gordurosos, prática de exercícios físicos, dentre outros. As participantes foram relatando suas dificuldades na adesão durante a apresentação e algumas sugestões foram propostas para minimizar essa dificuldade, como levar consigo mesma frutas e lanches mais saudáveis, além de uma garrafinha com água para ser ingerida ao longo do dia.

As próximas oficinas abordarão os demais temas propostos Esterilização

dos materiais e sua importância (dois encontros). Os demais temas serão escolhidos pelas participantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio das atividades realizadas até o momento, pode-se perceber que as manicures e pedicures necessitam de ações mais amplas para que diversos temas sejam esclarecidos e com isso o seu trabalho seja oferecido de forma mais qualificada e segura. Isso se deve ao fato de serem profissionais que, direta ou indiretamente, influenciam na saúde da população, precisando, por isso, de conhecimento e informação para se atualizarem e garantirem um serviço seguro e de qualidade aos seus clientes.

O projeto tem como foco subsidiar maior conhecimento quanto ao uso

adequado de materiais e/ou instrumentos de trabalho das manicures e pedicures, tais como alicates, toalhas, lixas. Porém, mesmo que a oficina que contemple esses aspectos ainda não tenha sido realizada, é possível perceber como outros aspectos referentes à saúde integral das participantes, como os cuidados com o próprio corpo durante a jornada de trabalho, tem se mostrado algo de interesse delas.

Além de propiciar crescimento profissional às manicures e pedicures, as

oficinas têm possibilitado a troca de conhecimentos entre todos os envolvidos no projeto, e têm, sobretudo, sensibilizado os acadêmicos para os diversos públicos que necessitam de ações voltadas para melhorar o trabalho oferecido a terceiros, principalmente quando este envolve a saúde. Além disso, os acadêmicos têm se sensibilizado sobre a importância de uma abordagem ao sujeito que trabalha, prestando atenção em suas necessidades de saúde de maneira integral.

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É importante ressaltar que os acadêmicos, uma vez inseridos em projetos desse âmbito, só contribuem e enriquecem com a sua formação, já que ela possibilita o elo entre teoria e prática, entre o conhecimento científico e o conhecimento do senso comum. Isso, por sua vez, depende do aproveitamento de oportunidades para o fortalecimento e busca de novos conhecimentos, sejam pessoais e profissionais.

A Universidade deve contribuir e possibilitar a inserção do acadêmico

neste contexto (pesquisa e extensão), que se apresenta como uma estratégia útil para aprimorar sua formação. Nesse contexto a Universidade consegue cumprir seu papel de desenvolver a comunidade que a cerca, desenvolvendo atividades voltadas para melhorar a qualidade de vida da população.

Pretende-se, ao fim deste projeto, elaborar um material didático sobre os cuidados mínimos com os instrumentos utilizados por manicures e pedicures. Além disso, percebe-se a necessidade de ações continuadas para que o processo educativo aconteça de maneira efetiva e de forma a garantir o vínculo entre educadores e educandos.

REFERÊNCIAS

ALVES, Vânia Sampaio. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. In- terface - Comunic, Saúde, Educ, v. 9, n. 16, p. 39-52, set. 2004/fev. 2005.

ANVISA. Lei 12.595 de 2012. Salões de beleza e similares. Disponível em: <http://portal.in.gov.br/>.

CANDOTTI, C. T.; NOLL, M.; CRUZ, M.. Prevalência de dor lombar e os dese- quilíbrios musculares em manicures. Revista Eletronica da Escola de Educaçao Física e Desportos UFRJ, v. 6, n. 1, jan./jun. 2010.

GAZZINELLI, M. F.; GAZZINELLI, A.; REIS, D. C; PENNA C. M. M. Educação em saúde: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, jan./fev. 2005.

GAZZINELLI, M. F. PENNA, C. Educação em Saúde: conhecimentos, representações sociais e experiência da doença. In: GAZZINELLI, M.F. REIS, D.C. MARQUES, R.C. Educação em Saúde: teoria, método e imaginação. Belo Horizonte: UFMG, 2006. Cap.2. p. 25-33.

MELO, F. C. A.; ISOLANI, A. Hepatite B e C: do risco de contaminação por materiais de manicure/pedicure à prevenção. Rev. Saúde e Biol., v. 6, n. 2, p. 72-78, mai./ ago., 2011.

OLIVEIRA, A. C. D. S. Estudo da estimativa de prevalência das hepatites B e C da adesão às normas de biossegurança em manicures e/ou pedicures do município de São Paulo. São Paulo, 2009. 254p.

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REIS, D. C. Educação em Saúde: aspectos históricos e conceituais. In: GAZZINEL- LI, M.F.; REIS, D. C.; MARQUES, R.C. Educação em saúde: teoria, método e imaginação. Belo Horizonte: UFMG, 2006. Cap. 1. p. 19-24.

SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DO ESTADO DE MI- NAS GERAIS. Divisão de Vigilância Sanitária. Secretaria Municipal de Saúde.

FONTE: CORDEIRO, Cláudia Aparecida Fernandes; HEMMI, Ana Paula Azevedo; RIBEIRO, Gabriela de Cássia. Noções de biossegurança e ergonomia no trabalho: uma proposta de educação em saúde para manicures e pedicures de Diamantina-Minas Gerais. Extramuros, Petrolina-PE, v. 1, n. 2, p. 53- 60, ago./dez. 2013. Disponível em: <http://www.periodicos.univasf.edu.br/index.php/extramuros/article/viewFile/314/134>. Acesso em: 17 maio 2015.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você estudou que:

• Os ambientes de saúde são locais reconhecidos também por apresentarem variados riscos a trabalhadores e usuários, ou seja, por serem locais insalubres.

• Para a redução dos diversos riscos, existem as precauções padrão, que são constituídas por atitudes, normas, cuidados e equipamentos que visam à proteção das pessoas envolvidas nos serviços de saúde de micro-organismos causadores de doenças.

• Uma das formas mais importantes e simples de proteção contra a transmissão de doenças nesse meio é a lavagem rotineira e adequada das mãos.

• Os equipamentos de proteção podem ser divididos em individual (protege o trabalhador durante a realização de suas atividades) e coletivo (quando tem a função de proteger um número maior de pessoas).

• Com o uso adequado dos EPIs e EPCs e seguindo de forma adequada as normas e precauções padrão, conseguiremos nos proteger da maior parte dos riscos a que estamos sujeitos em nosso dia a dia.

• A falta de estrutura, o uso inadequado de equipamentos são alguns dos fatores que contribuem para o aumento dos acidentes ocupacionais.

• Os ambientes de saúde são locais insalubres em que o risco de acidentes e de transmissão de doenças deve ser evitado todo o tempo.

• O risco mais preocupante nos estabelecimentos de embelezamento é a possibilidade de se contrair doenças infecciosas, como: AIDS (transmitida pelo Vírus HIV), hepatite B (transmitida pelo Vírus HBV) e hepatite C (transmitida pelo Vírus HCV). Além das doenças infecciosas, o risco de se adquirir dermatoses ocupacionais.

• Todo estabelecimento deve possuir Manual de Rotinas e Procedimentos disponível a todos os profissionais do estabelecimento.

• Os produtos considerados “produtos para a saúde” tanto em uso, como armazenados no estabelecimento devem, obrigatoriamente, atender o preconizado na legislação sanitária específica sobre registro no órgão competente do Ministério da Saúde e estar dentro do prazo de validade.

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• Os produtos utilizados para embelezamento pertencem à categoria dos cosméticos e são regulamentados pela ANVISA/MS - Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Ministério da Saúde.

• É responsabilidade de todos os profissionais que trabalham nos estabelecimentos de embelezamento gerenciar os resíduos gerados.

• A primeira etapa do gerenciamento de resíduos internos refere-se à operação de segregação ou separação dos resíduos, no momento e no local de sua geração, acondicionando-os imediatamente de acordo com sua classificação.

• O primeiro passo para o adequado manejo dos resíduos sólidos é conhecer os tipos de resíduos gerados, identificando-os de acordo com os diferentes grupos que estudamos anteriormente. Os próximos passos seriam, em sequência, a segregação ou separação, o acondicionamento, a coleta interna, o transporte interno, o armazenamento, a coleta externa, o transporte externo, o tratamento e a disposição final.

• Os resíduos sólidos podem ser classificados em quatro grupos (A, B, C e D), diferenciados de acordo com os riscos que representam aos seres humanos e ao meio ambiente.

• A reciclagem é de grande importância, em relação à produção de resíduos, por reduzir custos e produtos que degradem a natureza, através da redução do volume de resíduos encaminhados para tratamento ou disposição final.

• Apesar de compor pequena parcela dos resíduos produzidos pelo homem, os resíduos dos serviços de saúde são perigosos, por trazerem muitos riscos (biológicos, principalmente) ao homem e ao meio ambiente.

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Para compreender melhor este tópico responda às seguintes questões:

AUTOATIVIDADE

1 Registre o passo a passo da lavagem correta das mãos.

2 O que se indica para a limpeza manual dos materiais?

3 O que são considerados artigos críticos? Explique.

4 Qual tipo de desinfecção é mais indicada para os estabeleci-mentos de embelezamento? Indique os procedimentos que de-vem ser tomados.

5 Como ocorre a esterilização? Explique.

6 Os produtos utilizados para embelezamento pertencem à categoria dos cosméticos são regulamentados pela ANVISA/MS - Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Ministério da Saúde. O rótulo desses produtos deve contemplar quais informações?

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UNIDADE 2

BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE

ESTÉTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• definir conceitos, gestão e ferramentas operacionais de qualidade;

• identificar um atendimento de qualidade em clínicas de estética;

• reconhecer cuidados no atendimento em clínica de estética;

• resumir acerca dos conceitos o que é assepsia, desinfecção e esterilização;

• reconhecer a importância do conhecimento das emergências;

• ter domínio do primeiro procedimento em caso de emergência hipertensi-va, diabética, neurológica e cardiológica;

• ter conhecimento e prática no protocolo de reanimação cardiopulmonar.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.

TÓPICO 1 – GESTÃO E QUALIDADE

TÓPICO 2 – CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA DE ESTÉTICA

TÓPICO 3 – EMERGÊNCIAS

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TÓPICO 1

GESTÃO E QUALIDADE

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico você verá assuntos relacionados à base da qualidade, bem como a gestão e as ferramentas que compõem a mesma.

Em seguida verá como é considerado um atendimento de qualidade em clínicas de estética.

Por fim terá acesso à organização do ambiente de trabalho, bem como sua aparência e qualidade.

2 CONCEITOS DE QUALIDADE

As organizações buscam sistemas de gestão da qualidade para melhorar seu desempenho interno e garantir a qualidade de produtos e serviços que oferecem, a fim de se manterem no mercado competitivo, visto que nos dias atuais, a qualidade é fator essencial para que empresas sobrevivam e se mantenham competitivas no mercado cada vez mais globalizado. Segundo Belluzzo e Macedo (1993), a busca da qualidade total, exercida em todas as etapas do processo produtivo e em todos os níveis hierárquicos das organizações, orienta uma verdadeira revolução de conceitos, hábitos e procedimentos que se verifica em âmbito internacional na sociedade atual.

Quando as organizações implementam sistemas de gestão permitem mostrar que estão bem estruturadas, além de introduzirem métodos de trabalho mais eficientes para melhoria da qualidade, atingindo não somente os membros internos, mas toda a sociedade na qual a organização serve.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002) afirma que, para conduzir e operar com sucesso uma organização é necessário mantê-la de maneira transparente e sistemática, e o sucesso pode resultar da implementação e manutenção de um sistema de gestão que é concebido para melhorar, continuamente, o desempenho, levando em consideração, ao mesmo tempo, as necessidades de todas as partes interessadas, além de elevar a satisfação do cliente.

Mello et al. (2002) afirmam que o sistema de gestão se refere a tudo o que a organização desenvolve para gerenciar suas atividades. Em organizações menores, provavelmente não exista um sistema, apenas uma forma de fazer as coisas, que, na maioria das vezes, não está

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UNIDADE 2 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

documentada, somente na cabeça do proprietário ou gerente. Sendo assim, quanto maior a organização, mais pessoas estão envolvidas, maior a possibilidade de existirem alguns procedimentos, instruções, formulários ou registros documentados.

Implantar sistemas de gestão da qualidade é importante tanto para pequenas quanto para grandes organizações. Estruturas maiores exigem que procedimentos sejam cumpridos de acordo com as normas e, devido à inviabilidade de acompanhamento das atividades, torna-se imprescindível a implementação de um sistema de gestão nessas organizações, garantindo a qualidade no ambiente interno e na relação com os clientes. Disponível em: <http://www.revista-ped.unifei.edu.br/documentos/V01N01/n1_art05.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2015.

Em organizações menores, a facilidade de acompanhamento de atividades e procedimentos, auxilia a garantia da qualidade. Porém, essa ocorrência depende do envolvimento dos funcionários e do estilo de liderança adotado, não se descartando a importância de um sistema de gestão da qualidade para estes ambientes.

Feigenbaum (1994) define qualidade como a combinação de características de produtos e serviços referentes a marketing, engenharia, produção e manutenção, correspondendo às expectativas do cliente. Já Yong e Wilkinson (2002) dizem que a definição mais usada de qualidade é a medida na qual o produto ou serviço está encontrando e/ou excedendo as expectativas do cliente. Partindo dessas definições, afirma-se que a qualidade está relacionada à visão do cliente e o envolvimento de toda empresa para atingir e/ou superar essas visões.

A partir das necessidades do mercado e da implementação de novas ferramentas e filosofias no setor da produção destacando, também, o atendimento das expectativas dos clientes, foram se desenvolvendo os estágios de qualidade.

Garvin (1992) cita que quase todas as modernas abordagens da qualidade foram surgindo aos poucos, através de uma evolução regular, e não de inovações marcantes. São produto de uma série de descobertas que remontam a um século atrás. Disponível em: <http://www.revista-ped.unifei.edu.br/documentos/V01N01/n1_art05.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2015.

Além da evolução, Garvin (1992) apresenta oito dimensões da qualidade. A intenção é fazer uma análise dessas dimensões e alinhar o conceito da qualidade do produto dentro das diferentes áreas de uma empresa, identificando:

• Desempenho: refere-se às características operacionais básicas de um produto.• Características: relacionadas com características secundárias que suplementam

o funcionamento básico do produto.• Confiabilidade: mede a consistência de execução de um produto ou serviço.• Durabilidade: mede a vida útil de um produto com dimensões técnicas e

econômicas.• Atendimento: facilidade de prestar serviço ao produto quando necessário. • Conformidade: é o grau em que o projeto e as características operacionais estão,

de acordo com padrões preestabelecidos dentro de limites de variabilidade.

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TÓPICO 1 | GESTÃO E QUALIDADE

• Qualidade percebida: refere-se às percepções subjetivas da qualidade que surgem como resultado da imagem da empresa, da publicidade ou da marca.

• Estética: relacionada com as características sensoriais e aparências externas de um produto.

A atualização e redimensão da economia fazem com que a implantação de sistemas de gestão da qualidade não seja mais considerada um diferencial estratégico, mas sim, a cada dia, um pré-requisito necessário para as empresas, no sentido de desenvolver com eficiência e eficácia produtos e serviços que melhor atendam seus clientes.

3 QUALIDADE DE ATENDIMENTO DURANTE AS AÇÕES NA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Os empresários atuais buscam oferecer melhores produtos e/ou serviços aos seus clientes, assim como um bom atendimento. Os clientes e usuários de qualquer instituição também se mostram mais exigentes na escolha de serviços e produtos de melhor qualidade. Assim, a relação entre clientes e usuários passa ser um novo foco de preocupação e demanda esforços para sua melhoria.

O conceito de qualidade é amplo e suscita várias interpretações. As mais expressivas se referem, por um lado, à definição de qualidade como busca da satisfação do cliente, e, por outro, à busca da excelência para todas as atividades de um processo. Na mesma linha de pensamento, a qualidade é também considerada como fator de transformação no modo como a empresa se relaciona com seus clientes, agregando valor aos serviços a ele destinados. Em face dessa diversidade de significados, cabe às empresas identificarem os indicadores de qualidade dos seus produtos e serviços do ponto de vista dos seus clientes. Entre estes, podem ser destacados a eficiência, a eficácia, a ética profissional, a agilidade no atendimento, entre outros.

Nesse sentido, visando à qualidade dos serviços, o produto deve ser:- adequado: realizado na forma prevista em lei devendo atender ao interesse público;- eficiente: alcança o melhor resultado com menor consumo de recursos; - seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a segurança, o patrimônio ou os direitos materiais e imateriais do cidadão-usuário; - contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sendo obrigatório o planejamento e a adoção de medidas de prevenção para evitar a descontinuidade. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/matbel2011/001-legislao-especifica-metro>. Acesso em: 24 jun. 2015.

O bom atendimento, visando qualidade, deve levar em consideração:

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UNIDADE 2 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

1. Foco no cliente: a importância dada a esse princípio se deve, principalmente, ao fato de que o sucesso da venda (lucro financeiro) depende da satisfação do cliente com a qualidade do produto e também com o tratamento recebido e com o resultado da própria negociação.

2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade do cliente: este

princípio se relaciona à dimensão da validade, isto é, o serviço ou produto deve ser exatamente como o usuário espera, deseja ou necessita que ele seja.

3. Manutenção da qualidade: o padrão de qualidade, mantido ao longo do

tempo é que leva à conquista da confiabilidade.

Algumas ações que imprimem qualidade ao atendimento:

• identificar as necessidade de seus clientes; • preocupar-se com comunicação (verbal e escrita); • preservar informações conflitantes; • minorar a burocracia; • efetivar prazos e horários; • desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade; • manifestar os diferenciais da organização; • marcar qualidade à relação atendente/usuário; • fazer uso da empatia; • verificar as reclamações; • atender as boas sugestões.

Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles: competência, presteza, cortesia, paciência, respeito.

Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, desrespeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o atendente intolerável, na percepção dos usuários.

No conjunto dessas ações deve ainda ser ressaltada a empatia como um fator crucial para a excelência no atendimento ao público. A utilização adequada dessa ferramenta no momento em que as pessoas estão interagindo é fundamental. No bom atendimento é importante a utilização de frases como “Bom-dia”, “Boa-tarde”, “Sente-se, por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que, ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o cliente a perceber o tratamento diferenciado que algumas empresas, consultório, clínicas etc., já conseguem oferecer ao seu público-alvo.

[...]

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TÓPICO 1 | GESTÃO E QUALIDADE

ATENDIMENTO PRESENCIAL

[...]

Princípios para a qualidade ao atendimento presencial:

• Competência: o usuário espera que cada pessoa que o atenda detenha informações detalhadas sobre o funcionamento da organização e do setor que ele procurou.

• Legitimidade: o usuário deve ser atendido com ética, respeito, imparcialidade, sem discriminações, com justiça e colaboração.

• Disponibilidade: o atendente representa, para o usuário, a imagem da organização. Assim, deve haver empenho para que o usuário não se sinta abandonado, desamparado, sem assistência. O atendimento deve ocorrer de forma personalizada, atingindo-se a satisfação do cliente.

• Flexibilidade: o atendente deve procurar identificar claramente as necessidades do usuário e esforçar-se para ajudá-lo, orientá-lo, conduzi-lo a quem possa ajudá-lo adequadamente.

[...]

ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO

Um ambiente limpo e organizado é bom e causa sensação de bem-estar. Outros pontos importantes estão relacionados à adequação do local, iluminação, ventilação, conforto térmico e acústico. Muitas empresas que aceitaram sugestões de seus clientes, além da atenção dispensada aos aspectos estéticos, estão buscando retirar os fatores ligados ao ambiente de trabalho que possam causar danos à saúde.

Entre eles:

• poluição visual: o excesso de material visual (cartazes, fotos, entre outros) ou a desordem dos objetos disponíveis no ambiente (mobiliário e equipamentos) podem causar desconforto visual;

• poluição sonora: barulhos em excesso são inadequados ao ambiente de trabalho, uma vez que a exposição contínua a grandes ruídos pode causar sérios prejuízos ao ser humano, tais como nervosismo, fadiga mental, distúrbios auditivos.

A aparência de qualquer ambiente chama a atenção quanto a aspectos como iluminação, ventilação, mobiliário, equipamentos, layout. Segundo especialistas, a iluminação adequada causa bem-estar físico e emocional aos indivíduos, e a boa ventilação diminui os níveis de agentes nocivos à saúde. Em linhas gerais, a disposição do mobiliário e dos equipamentos deve obedecer a dois princípios básicos.

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UNIDADE 2 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

O primeiro diz respeito à otimização do espaço, de forma a acomodar bem as pessoas, permitir fácil acesso ao material de trabalho e facilitar a circulação no ambiente. O segundo está relacionado ao local reservado ao atendimento do usuário. O ideal é deixá-lo livre de ruídos que possam interferir na qualidade dos serviços prestados.

A qualidade do ambiente de trabalho, fator essencial para causar boa impressão, está relacionada à qualidade no atendimento presencial. É importante que os interlocutores se sintam bem acolhidos, possam sentar-se, no caso de uma interação mais demorada, possam colocar-se diante de uma mesa bem arrumada, que indique eficiência e eficácia daqueles que ali trabalham.

A qualidade do ambiente de trabalho é um fator que transmite segurança

ao interlocutor e consolida uma imagem positiva da organização.

Uma parcela expressiva da humanidade tem demonstrado que não é mais aceitável tolerar condutas inadequadas na prestação de serviços e atualmente exige mudanças de postura do ser humano. Aos poucos, nasce a consciência de que precisamos abandonar velhas crenças, como “errar é humano”, “santo de casa não faz milagres”, “em time que está ganhando não se mexe”, “gosto não se discute”, entre outras, substituindo-as por:

a) “acertar é humano” – o ser humano tem demonstrado capacidade de eliminar

desperdícios, erros, falhas, quando é cobrado por suas ações; b) “santo de casa faz milagres” – organizações e pessoas, quando valorizadas,

têm apresentado soluções criativas na identificação e resolução de problemas;c) “em time que está ganhando se mexe sim” – em todas as atividades da vida

profissional ou pessoal, o sucesso pode ser conseguido por meio da melhoria contínua dos processos, das atitudes, do comportamento; a avaliação daqueles que lidam diretamente com o usuário pode apontar os que têm perfil adequado para o desempenho de atividades de atendimento ao público;

d) “gosto se discute” – profissões antes não aceitas ou pensadas, além de aquecerem o mercado de trabalho, contribuem para que os processos de determinada atividade ou serviço sejam reformulados em busca da qualidade total.

FONTE: Ibam Concursos. Disponível em: <http://www.ibam-concursos.org.br/documento/Atendimento.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

Para complementar este estudo inicial você pode conferir o livro: Biossegurança Estética e Imagem Pessoal, da Editora Buona Vita, escrito por Isabel Luiza Piatti.

DICAS

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você estudou que:

• Organizações vêm adotando sistemas de gestão e qualidade para garantir qualidade de produtos e serviços por elas ofertados.

• A qualidade é, no dia de hoje, fator essencial para que as empresas sobrevivam e se mantenham no mercado competitivo.

• O sistema de gestão refere-se a tudo o que a organização faz para gerenciar suas atividades.

• A implementação de sistemas de gestão da qualidade é tão importante para pequenas quanto para grandes organizações.

• Em pequenas organizações, a facilidade de acompanhamento de atividades e procedimentos, auxilia a garantia da qualidade.

• Qualidade é, definida por Feigenbaum (1994), a combinação de características de produtos e serviços referentes a marketing, engenharia, produção e manutenção, correspondendo às expectativas do cliente.

• Partindo dessas definições, afirma-se que a qualidade está relacionada à visão do cliente e o envolvimento de toda empresa para atingir e/ou superar essas visões.

• A globalização da economia e a crescente competitividade no mercado fazem com que a implementação de sistemas de gestão da qualidade não seja mais considerada um diferencial estratégico, mas torna-se, a cada dia, um pré-requisito necessário para as empresas.

• Os clientes e usuários das organizações públicas e privadas também se mostram mais exigentes na escolha de serviços e produtos de melhor qualidade.

• A arrogância, desonestidade, impaciência, desrespeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o atendente intolerável, na percepção dos usuários.

• No conjunto dessas ações deve ainda ser ressaltada a empatia como um fator crucial para a excelência no atendimento ao público.

• Um ambiente limpo e organizado é agradável e causa sensação de bem-estar.

• O excesso de material visual (cartazes, fotos, entre outros) ou a desordem dos objetos disponíveis no ambiente (mobiliário e equipamentos) podem causar desconforto visual.

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• Barulhos são inadequados ao ambiente de trabalho, uma vez que a exposição contínua a grandes ruídos pode causar sérios prejuízos ao ser humano, tais como nervosismo, fadiga mental, distúrbios auditivos.

• A qualidade do ambiente de trabalho, fator essencial para causar boa impressão, está relacionada à qualidade no atendimento presencial.

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AUTOATIVIDADE

1 Defina qualidade.

2 Quais as oito dimensões de qualidade, defendida por Garvin (1992)? Descreva-as.

3 Quais características devem existir no serviço público e privado? Especifique-as.

4 Quais os princípios para a qualidade do atendimento presencial?

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TÓPICO 2

CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA

ESTÉTICA

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste segundo tópico veremos assuntos relacionados aos cuidados no atendimento em clínica de estética.

Em seguida veremos quais os conceitos de assepsia, desinfecção e esterilização.

Por fim, teremos acesso aos procedimentos necessários e efetivos para que o consultório e/ou gabinetes de estética tornem-se locais seguros para realização de procedimentos em saúde.

2 CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA

A constante busca pela beleza pode ter consequências desagradáveis, visto que muitas pessoas excedem os limites para se sentir bem na frente do espelho, procurando diversas clínicas de estética, sem se preocupar com as condições nas quais o procedimento será realizado.

De acordo com o Site Saúde SP, em recentes visitas de fiscalização, realizadas pela Vigilância Sanitária do estado de São Paulo, diversos problemas foram encontrados em clínicas que fazem aplicação de botox, lipoaspiração, depilação a laser etc. como, por exemplo, falta de higiene, esterilização inadequada de equipamentos, profissionais não habilitados, uso de medicamentos vencidos, reutilização de seringas, agulhas ou sobras de anestésicos e até falsificação de receitas.

No momento de escolher a clínica estética que fará o procedimento, o cliente deve levar em consideração pontos fundamentais, como, a higiene do ambiente, as instalações são satisfatórias, os produtos que serão utilizados são de qualidade, observar o prazo de validade, não acreditar em promessas de resultados milagrosos e, principalmente, ser consciente de que riscos de infecção existem se os cuidados básicos com higiene não forem tomados durante os procedimentos.

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UNIDADE 2 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

3 ASSEPSIA, DESINFECÇÃO, ESTERILIZAÇÃO

Para que o seu consultório seja, efetivamente, um local seguro e de conforto e bem-estar para profissionais e clientes, a higienização dos utensílios terá que obedecer a diversos procedimentos, como já estudamos anteriormente. De acordo com Guimarães (2001), alguns desses procedimentos são:

Antissepsia: fundamenta-se na aplicação de produtos (microbicidas ou microbiostáticos) sobre a pele ou mucosa com o objetivo de reduzir os micro-organismos em sua superfície.

Antisséptico: se refere a tudo o que for utilizado no sentido de degradar ou inibir a proliferação de microrganismos presentes na superfície da pele e mucosas. São substâncias usadas para desinfectar ferimentos, evitando ou reduzindo o risco de infecção por ação de bactérias ou germes.

Assepsia: é o conjunto de procedimentos que visam impedir a introdução de germes patogênicos em determinado organismo, ambiente e objetos. É o cuidado com a limpeza e higiene de tudo que nos cerca.

Contaminação cruzada: a contaminação cruzada é aquela que resulta do transporte de microrganismos de um alimento para outro não contaminado. A contaminação cruzada pode ocorrer através dos equipamentos e utensílios, usados durante a manipulação dos alimentos, mas também, através dos manipuladores (mãos e vestuário de proteção).

Degermação: é o ato de redução ou remoção parcial dos microrganismos da pele, ou outros tecidos por métodos quimio-mecânicos. É o que se faz ao proceder com a higienização das mãos usando água, sabão e escova.

Descontaminação: remoção de microrganismos patogênicos na forma vegetativa de objetos e superfícies contaminadas com matéria orgânica, fazendo com que os mesmos fiquem seguros para serem manuseados durante o processo de limpeza manual. O processo pode ser químico (soluções germicidas) ou físico (lavadoras automáticas).

Desinfecção: processo que elimina formas vegetativas de microrganismos patogênicos de objetos inanimados. Pode ser feita através de processos químicos (soluções germicidas) ou físicos (fervura em máquinas lavadoras – desinfetadoras).

Desinfestação: A desinfestação é um conjunto de processos químicos e não só destinados a destruir insetos e bichos suscetíveis de serem vetores de doenças transmissíveis para o homem (e até para outros animais). Por isso este processo é extremamente importante para que não comprometa a sua saúde e dos que o rodeiam.

Desinfetantes: são substâncias que são aplicadas em superfícies não vivas para destruir os microorganismos que vivem nesses objetos.

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TÓPICO 2 | CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA

Detergente: substância ou preparação química que produz limpeza.

Equipamentos de proteção individual (EPIs): são equipamentos de proteção utilizados pelo profissional, auxiliares, paciente e equipamentos, a fim de evitar contaminação e acidentes (gorro, máscara, avental, luvas, óculos de proteção etc.).

Esterilização: esterilização é a destruição de todas as formas de vida microbiana (vírus, bactérias, esporos, fungos, protozoários e helmintos) por um processo que utiliza agentes químicos ou físicos.

Esterilizante: é a substância ou a preparação química capaz de destruir todas as formas de vida (bactérias, fungos, vírus, protozoários, formas vegetativas e esporos).

Infecção cruzada: é um termo utilizado para referir-se à transferência de micro-organismos de uma pessoa (ou objeto) para outra pessoa, resultando, necessariamente, em uma infecção.

Infecção endógena: é aquela causada por microrganismos que já estavam presentes no organismo hospedeiro, sendo, portanto, uma autoinfecção.

Infecção exógena: é uma infecção adquirida de fora para dentro, é causada por microrganismos adventícios que estavam presentes anteriormente no organismo hospedeiro. A infecção exógena significa um rompimento da cadeia asséptica, o que é muito grave, pois, dependendo da natureza dos microrganismos envolvidos, a infecção exógena pode ser fatal, como é o caso da AIDS, Hepatite B e C.

Procedimento crítico: é todo procedimento em que existe a presença de sangue, pus ou matéria contaminada pela perda de continuidade.

Procedimento semicrítico: todo procedimento em que existe a presença de secreção orgânica (saliva) sem perda de continuidade do tecido.

Procedimento não crítico: todo procedimento onde não há presença de sangue, pus ou outra secreção orgânica (saliva). Em odontologia não existe este tipo de procedimento.

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UNIDADE 2 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

LEITURA COMPLEMENTAR

AVALIAÇÃO DO POSSÍVEL CRESCIMENTO DE FUNGOS EM AMOSTRAS DE LIXAS DE UNHA METÁLICAS COLETADAS EM

CENTROS DE ESTÉTICA E RESIDÊNCIAS DO MUNICÍPIO DE CAMPOS NOVOS - SC

Jheniffher Ghisi* Nei Carlos Santin**

*Acadêmica do Curso de Farmácia da Unoesc, Campus de Videira - SC [email protected] **Professor do Curso de graduação em Farmácia da Unoesc, Campus de

Videira - SC [email protected]

Resumo: Onicomicose é um termo atribuído às infecções fúngicas que acometem as unhas, tanto das mãos quanto dos pés. São divididas em quatro apresentações clínicas distintas: onicomicose subungueal distal, subungueal proximal, superficial branca e onicomicose distrófica total. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a presença ou ausência de fungos em lixas metálicas de unha de centros estéticos e domicílios. Foram avaliadas no total 10 amostras, sendo 5 domiciliares e 5 de centros estéticos. A análise foi realizada em àgar sabouraud, com adição de ácido tartárico a 10%. Das amostras estudadas, 100% foram positivas para a diluição 10-1, já para as diluições 10-2 e 10-3 os resultados foram diferenciados. Os resultados obtidos demonstraram alto índice de contaminação, mesmo nos instrumentais que deveriam estar esterilizados.

Palavras-chave: Onicomicoses. Fungos. Lixas de unha. Esterilização.

Abstract: Onychomycosis is a term attributed to fungal infections affecting the nails of both hands and feet. They are divided into four distinct clinical presentations: distal subungual onychomycosis, proximal subungual, white superficial onychomycosis and total dystrophic. This study aims to assess the presence or absence of fungi in metal nail files cosmetic centers and homes. We evaluated a total of 10 samples, five household samples and 5 samples of beauty centers. The analysis was performed on Sabouraud, agar with addition of tartaric acid to 10%. One hundred percent of the samples studied were positive for dilution to 10-1 since the dilutions 10-2 and 10-3 the results were different. The results showed high levels of contamination, even where the instruments should be sterilized.

Keywords: Onychomycosis. Fungus. Nail file. Sterilization.

INTRODUÇÃO

Onicomicoses são caracterizadas por infecção ungueal, causada por agentes dermatófitos, leveduras e fungos filamentosos não dermatófitos. São classificadas clinicamente em onicomicose subungueal distal, onicomicose superficial branca, onicomicose proximal subungueal e onicomicose distrófica total. A onicomicose subungueal distal é responsável por mais de 90% dos casos, caracterizada por uma

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TÓPICO 2 | CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA

lesão que se inicia na borda livre da unha, progredindo para o descolamento da lâmina superficial, tornando-se esbranquiçada, opaca e apresentando materiais de aspecto farináceo, originados da intensa queratólise. Observa-se nas onicomicoses subungueais uma predileção aparente pelas unhas dos pés, em que seu principal agente infeccioso, sugerido por literaturas mundiais especializadas, é o T. rubrum (SIDRIM; ROCHA, 2004, p. 143-145).

A onicomicose subungueal proximal inicia pela extremidade proximal, e, nesse caso, observam-se manchas brancas ao nível da lúnula que comprometem toda a unha na medida em que cresce, adquirindo características semelhantes à onicomicose subungueal distal. Embora a onicomicose subungueal proximal seja raramente observada, a maior incidência se apresenta em pacientes portadores de AIDS (ARAÚJO et al., 2003).

Onicomicoses do tipo branca superficial representam entre 2 e 5% das onicomicoses dermatofíticas, que se caracterizam pelo aparecimento de manchas de coloração branca na parte medial da lâmina superior da unha. Os dermatófitos, frequentemente isolados nesse tipo de lesão são o T. rubrum e o T. mentagrophytes (LIMA; RÊGO; MONTENEGRO, 2007).

As onicodistrofias totais são originárias da evolução das lesões descritas anteriormente, caracterizadas pela fragilização e queda de todas as lâminas ungueais. Essas lesões são observadas em pacientes com descaso à doença e utilização de terapias erradas, favorecendo a evolução da lesão (SIDRIM; ROCHA, 2004, p. 143-145).

A onicomicose representa cerca de 20% das doenças das unhas e é uma das mais frequentes causas de onicopatias em todo o mundo. Na Austrália, Inglaterra e Estados Unidos, a prevalência é estimada em torno de 3% do total da população em geral, elevando-se para 5% após os 55 anos.

Existe uma diversidade de formas clínicas de onicomicoses e agentes etiológicos que podem ser dermatófitos, leveduras e fungos não dermatofíticos. A maioria dos autores diagnostica como agentes mais frequentes os dermatófitos (80 a 90%), seguidos pelas leveduras (5 a 17%), e, por fim, pelos fungos filamentosos não dermatofíticos (2 a 12%). Um estudo realizado em Barcelona demonstrou que a prevalência dos fungos filamentosos foi de 7,6%, sendo o Scopulariopsis brevicaulis a espécie mais encontrada (ARAÚJO et al., 2003, p. 466).

Segundo Souza et al. (2007), as onicomicoses causadas por dermatófitos,

leveduras ou fungos filamentosos não dermatófitos representam uma variável percentual entre 20 e 50% das onicopatias e 30% de todas as infecções micóticas superficiais. Segundo os mesmos autores, a prevalência de onicomicose é significativamente maior na população adulta, chegando a atingir 2 a 3%, com elevação da frequência à medida que a idade aumenta. Já em crianças, a frequência é baixa, fato justificável pelo rápido crescimento da unha, menor área superficial para invasão, probabilidade reduzida de trauma, menor incidência de Tinea pedis e menor contato com esporos infectantes.

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A prevalência das onicomicoses é crescente, o que pode ser explicado por fatores como o aumento da incidência de imunodeficiências e da idade da população, melhora da vigilância médica, dos cuidados em relação às unhas e do uso de calçados impermeáveis.

As onicomicoses estão em destaque nas patologias de regiões tropicais, principalmente devido ao clima quente e úmido (ZANARDI et al., 2008). As infecções fúngicas ganharam considerável importância ao longo da última década, como resultado do aumento significativo na incidência de agentes oportunistas, entre os quais se destacam as leveduras.

De acordo com estudos anteriores, esses agentes chegam a representar 75% dos casos de onicomicoses na Líbia; 59,10% em Roma e 49,10% na cidade do Rio de Janeiro (SOUZA et al., 2007).

Os fungos filamentosos não dermatofíticos isolados de unhas constituem uma longa lista, porém, apenas algumas espécies são causadoras de onicomicoses. Essas incluem o Scopulariopsis brevicaulis, Fusarium sp., Acremonium sp., Aspergillus sp., Scytalidium sp. e Onychocola canadiensis. Muitos outros não dermatófitos e algumas leveduras considerados sapróbios também podem parasitar a lâmina ungueal diretamente. Entre eles, incluem-se algumas espécies dos gêneros Alternaria, Curvularia, Penicillium, Scytalidium, Trichosporon e Hendersonula.

Outros fungos não dermatofíticos podem, excepcionalmente, causar onicomicoses. Nos últimos anos, os casos de onicomicoses não dermatofíticas, consideradas raras, estão aumentando rapidamente, sobretudo na Europa, em que são responsáveis por percentagem que varia de 1,6 a 6%, de acordo com diferentes estudos (ARAÚJO et al., 2003).

Diagnósticos micológicos são importantes, pois permitem a confirmação da etiologia das onicomicoses, estabelecem a terapia correta, correlacionam os resultados obtidos com a situação socioeconômica da população afetada e aplicam medidas profiláticas baseadas na espécie identificada (CAMPANHA; TASCA; SVIDZINSKI, 2007, p. 443).

Apesar de os grupos de agentes causadores das onicomicoses estarem bem definidos e do advento de numerosos medicamentos antifúngicos para a terapia dessas infecções, mantêm-se as dificuldades para o estabelecimento de diagnóstico correto e tratamento eficaz, motivo pelo qual se pode afirmar que as onicomicoses ainda são um problema da atualidade (ZANARDI et al., 2008).

O processo de esterilização, diante de tal problemática, desempenha papel fundamental, pois tem como objetivo a destruição completa de todos os micro-organismos vivos, incluindo esporos e vírus, que podem estar presentes nos materiais a serem esterilizados, já que não existem materiais quase estéreis ou parcialmente estéreis.

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TÓPICO 2 | CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA

Diante do grande número de infecções por fungos e leveduras, é de suma importância ressaltar que os processos de esterilização são indispensáveis em materiais utilizados em centros de estética para maior controle dessas infecções, considerando que um processo de esterilização incorreto pode acarretar danos à saúde do cliente exposto a tal procedimento (CARVALHO, 2010).

A Legislação Brasileira determina que alicates, espátulas e demais utensílios de manicure e pedicure sejam submetidos à desinfecção por meio de esterilizador, no mínimo a 160oC durante duas horas.

Já em estufa, recomenda-se que alicates e similares devam permanecer por pelo menos uma hora à temperatura de 180°C. Somente em autoclave, considerado equipamento ideal pela vigilância sanitária, o tempo de esterilização pode ser bem menor, podendo variar de 10 a 25 minutos. É estritamente vetada a utilização de lâmpada ultravioleta e forno doméstico para a desinfecção desses instrumentos, de maneira que não se assegura total desinfecção destes (MAIA, 2006). O arsenal terapêutico antifúngico aumentou nos últimos anos, com o objetivo de atender à crescente demanda na área da micologia médica.

Em 1980, alguns fatos, entre eles o surgimento de novas doenças

imunossupressoras, como a AIDS/SIDA, têm pressionado as indústrias farmacêuticas a buscarem alternativas novas de fármacos, a fim de solucionar o problema das infecções fúngicas (SIDRIM; ROCHA, 2004).

Ainda conforme os mesmos autores, os fármacos antifúngicos surgiram bem mais tarde do que os demais antimicrobianos, pelo fato de que os fungos são seres eucarióticos e, por essa razão, muitas substâncias com ação antifúngica causam efeitos inespecíficos deletérios, podendo causar efeitos colaterais durante a terapia, sendo esse um dos principais motivos pelo qual retardam o surgimento de novos fármacos, bem como a limitação no tratamento antifúngico. Entretanto, existe um considerável empenho no desenvolvimento de agentes antimicóticos muito mais específicos, garantindo uma margem de segurança maior ao hospedeiro.

Os agentes antifúngicos sistêmicos tiveram um considerável avanço na

prática médica, o que se tornou importante pelo estabelecimento da eficácia, interação com outros fármacos e principalmente por sua toxicidade (GILMAN; HARDMAN; LIMBIRD, 2003). A terapêutica das onicomicoses geralmente é dividida em três tratamentos distintos: terapia tópica, terapia sistêmica e terapia combinada. A terapia tópica é indicada nos casos em que a matriz ungueal não está envolvida, quando existir contraindicação no tratamento sistêmico, em casos de onicomicose superficial branca e na profilaxia pós-tratamento.

Tem como vantagem a baixa interação medicamentosa e nível mínimo de efeitos sistêmicos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2000, p. 194). Como relatam Sidrim e Rocha (2004), a terapia tópica tem se mostrado pouco eficaz. Porém, nas onicomicoses superficiais ou distais com comprometimento menor que 66% (sem alterações na matriz), a terapia demonstra bons resultados.

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Os fármacos utilizados na terapia tópica das onicomicoses são: morolfina 5% esmalte, ciclopirox 8% esmalte e tioconazol solução a 28%. O medicamento ideal para o tratamento tópico deve ter penetração efetiva e altas concentrações na lâmina ungueal. A terapia sistêmica é indicada em casos em que a matriz ungueal está envolvida. Essa terapia apresenta riscos de efeitos colaterais e interações medicamentosas. Entretanto, é considerada a mais efetiva. Os fármacos mais utilizados nessa condição são a griseofulvina, terbinafina, itraconazol e fluconazol (SIDRIM; ROCHA, 2004). Nenhum dos antifúngicos sistêmicos citados foi aprovado para uso na onicomicose por dermatófitos em crianças, porém, são muito utilizados em clínicas ambulatoriais como tratamento de rotina em inúmeros países subdesenvolvidos, o que ressalta a necessidade de discernimento médico para avaliar os riscos e benefícios em potencial ao paciente em questão (ARENAS; RUIZESMENJAUD, 2004).

A respeito do tratamento ajustado, as combinações das terapias tópicas e sistêmicas podem aumentar os índices de cura ou também diminuir o tempo de tratamento medicamentoso. No entanto, ainda não existem trabalhos que comprovem tal teoria.

Essa terapia tem a mesma indicação da terapia sistêmica, pois apresenta a

vantagem de ser mais efetiva quando comparada à monoterapia oral, por proporcionar um efeito sinérgico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2000, p. 194). Este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento fúngico das amostras de lixas de unhas coletadas em centros de estética do município de Campos Novo-SC, realizando um comparativo com as amostras coletadas em domicílios.

MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa se baseou em revisão bibliográfica sobre onicomicoses e testes de crescimento fúngico, com abordagem discursiva, incluindo coleta de material e análises laboratoriais. Ocorreu nas dependências do Núcleo Biotecnológico, no Laboratório de Microbiologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina, (Unoesc) Campus de Videira.

As amostras de lixas de unha foram cedidas pelos centros de estética e moradores do município de Campos Novos-SC, selecionados aleatoriamente. Em cada amostra foi realizado swab para obtenção de material presente em sua superfície. Em seguida, este foi colocado em tubos de ensaio juntamente com 22,5 ml de água peptonada, deixando a solução descansar de 10 a 15 minutos, para então realizar as diluições seriadas (10-1 até 10-3). Por fim, foram inoculadas em placas de Petri (triplicata) contendo meio Sabouraud com a adição de solução de ácido tartárico a 10% e incubadas a 25°C durante 7 dias (SILVA et al., 2010, p. 107). Os testes de avaliação do crescimento em meio Sabouraud foram desenvolvidos para verificar a presença ou ausência de agentes fúngicos.

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TÓPICO 2 | CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após o período de incubação, observou-se que todas as amostras apresentaram resultado positivo para a presença de fungos, na diluição 10-1. As demais diluições apresentaram crescimentos diferenciados. Isso pode indicar que as lixas não estavam devidamente esterilizadas, constituindo boa fonte de contaminação fúngica aos usuários, principalmente se houver compartilhamento dos instrumentos, fato corriqueiro nos centros estéticos e nos domicílios pesquisados. Conforme relatado por Borges e Santos (2007), a segurança da esterilização depende da eficácia da realização das etapas de forma adequada, para garantir um resultado final sem interferência na qualidade do processo.

Entre os processos disponíveis e conhecidos, o mais eficaz é o calor úmido

(autoclavagem). Entretanto, é o menos utilizado na área estética, possivelmente devido ao custo elevado dos equipamentos. Foi possível verificar que ainda são utilizados métodos básicos de desinfecção dos instrumentais com álcool 70% e calor seco (estufa); e que a incidência de contaminação, tanto em centros estéticos quanto em domicílios, são equivalentes, o que sugere que os métodos utilizados nos centros estéticos não obtêm resultados esperados, pois as amostras domiciliares não foram submetidas a processos de esterilização e apresentaram o mesmo índice de crescimento em relação às amostras dos centros de estética.

É indispensável fazer assepsia das mãos, considerando que a maioria dos

procedimentos nos centros estéticos são realizados manualmente, com quantidade significativa de micro-organismos, que podem servir de fonte para a proliferação de fungos e bactérias. O resultado deste estudo demonstrou que a realidade de tais centros é precária, e, que embora os profissionais saibam das necessidades de adequação às normas previstas em Lei, falta atualização por parte dos profissionais para agir preventivamente contra os riscos biológicos, os quais a população está exposta diariamente.

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciaram que houve, para 100% das amostras, crescimento de fungos na diluição 10-1, o que pode ser um indicativo da presença de fungos patogênicos (causadores de onicomicoses). Além disso, conclui-se que os métodos de esterilização realizados nos materiais utilizados nos centros de estética não estão sendo eficazes.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Adauto José Gonçalves de et al. Ocorrência de onicomicose em pacientes atendidos em consultórios dermatológicos da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. An. Bras. Dermatol, v. 78, n. 3, p. 299-308, 2003.

______. Onicomicoses por fungos emergentes: análise clínica, diagnóstico laboratorial e revisão. An. Bras. Dermatol, v. 78, n. 4, p. 445-455, 2003.

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ARENAS, Roberto; RUIZ-ESMENJAUD, Julieta. Onicomicose na infância: uma perspectiva atual com ênfase na revisão do tratamento. An. Bras. Dermatol, p. 229-230, 2004.

BORGES, Chistina Maria; SANTOS, Gabriela Claudino dos. Avaliação da efetividade de métodos de desinfecção e esterilização em alicates de manicuro. 2007. 12 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Cosmetologia e Estética) – Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2007.

CAMPANHA, Angela M.; TASCA, Raquel S.; SVIDZINSKI,Terezinha I. E. Dermatomicoses: Frequência, Diagnóstico Laboratorial e Adesão de Pacientes ao Tratamento em um Sistema Público de Saúde, Maringá-PR, Brasil. Latin American Journal of Pharmacy, p. 443, 2007.

CARVALHO, Clarissa Santos de. Estudo descritivo das onicomicoses na clínica de dermatologia da Santa Casa de São Paulo no período de janeiro de 2002 até dezembro de 2006. 2010. 95 f. Dissertação (Mestrado em Medicina) – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, 2010.

GARCIA, Danielle; MOSER, Denise Kruger; BOTTEGA, Janine Maria P. Ramos. Biossegurança nos salões de beleza de Balneário Camboriú – Santa Catarina. [200-]. 27 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Cosmetologia e Estética) – Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, [200-].

GILMAN, Alfred Goodman; HARDMAN, Joel G.; LIMBIRD, Lee E. As bases farmacológicas da terapêutica. 10. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2003. 1647 p.

LIMA, Kedma de Magalhães; RÊGO, Rossana Sette de Melo; MONTENEGRO, Francisco. Diagnósticos Clínicos e Laboratoriais das Onicomicoses. News Labs, 83. ed., 2007. Disponível em: <http://www.newslab.com.br/ed_anteriores/83/art02/art02.pdf>. Acesso em: 14 maio 2010.

MAIA, Karina Souza Ferreira. Aspectos Epidemiológicos e Clínicos da Hepatite C no Município de Feira de Santana, BA. 2006. 101 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, 2006.

RUIZ, Ligia Rangel B.; DI CHIACCHIO, Nilton. Manual de Condutas nas Onicomicoses. Diagnóstico e Tratamento. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: <http://www.cuce.com.br/arq/onicomicoses.pdf>. Acesso em: 15 set. 2010.

SIDRIM, José Júlio Costa; ROCHA, Marcos Fábio Gadelha. Micologia Médica à Luz de Autores Contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 388 p.

SOUZA, Eliane Alves de Freitas et al. Frequência de onicomicoses por leveduras em Maringá. Paraná, Brasil. An. Bras. Dermatol, v. 82, n. 2, p. 151-156, 2007.

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TÓPICO 2 | CUIDADOS NO ATENDIMENTO EM CLÍNICA ESTÉTICA

ZANARDI, Daniela et al. Avaliação dos métodos diagnósticos para onicomicose. An. Bras. Dermatol, v. 83, n. 2, p. 119-124, 2008.

FONTE: GHISI, J. & SANTIN, C. N. Avaliação do possível crescimento de fungos em amostras de lixas de unha metálicas coletadas em centros de estética e residências do município de Campos Novos-SC. Revista Unoesc & Ciência ACBS. Vol. 2, n. 1 (2011) Disponível em: <http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acbs/article/view/680/pdf_127>. Acesso em: 17 maio 2015.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você estudou que:

• A eterna busca pela beleza pode ter consequências desagradáveis, uma vez que para se sentir bem na frente do espelho, muitas pessoas procuram diversas clínicas de estética em busca do tratamento desejado, sem se preocupar com as condições nas quais o procedimento será realizado.

• Para escolher uma clínica de estética, o cliente deve levar em consideração vários fatores, como a higiene do ambiente, as instalações, se os produtos que serão utilizados são de qualidade e estão dentro do prazo de validade, e não acreditar em promessas de resultados milagrosos.

• Quando pensamos em gabinetes de estética, temos a sensação de bem-estar, relaxamento e beleza. Mas, para que essa sensação corresponda à realidade, os espaços terão que estar organizados, limpos e confortáveis.

• Cada proprietário de gabinete de estética deverá informar e formar os seus trabalhadores sobre as medidas a aplicar para proteção da saúde e segurança deles e sobre a prevenção de riscos de cada posto de trabalho.

• A participação voluntária e efetiva dos trabalhadores, não por encararem as medidas de prevenção de riscos como obrigatórias, mas com ânimo de contribuir para a melhoria das condições de trabalho, beneficiam não só os clientes, mas, acima de tudo, os próprios trabalhadores.

• Para que o gabinete seja, efetivamente, um local seguro e de conforto e bem-estar para profissionais e clientes, a higienização dos utensílios terá que obedecer a diversos procedimentos.

• A desinfecção é a eliminação de microrganismos patogênicos na forma vegetativa de consultório e demais ambientes da clínica, geralmente é feita por meios químicos (desinfetantes).

• A esterilização é a destruição dos microrganismos nas formas vegetativas e esporuladas. A esterilização pode ser por meio físico (calor) ou químico (soluções esterilizantes).

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AUTOATIVIDADE

1 Quais cuidados devemos ter ao escolher uma clínica de estética?

2 Defina contaminação cruzada.

3 Defina descontaminação.

4 Defina desinfecção e desinfestação.

5 Defina esterilização.

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TÓPICO 3

EMERGÊNCIAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste terceiro tópico você verá assuntos relacionados às emergências em clínica de estética.

Em seguida conhecerá o que significa a emergência hipertensiva, diabética, neurológica e cardiológica.

Terá clareza de quais procedimentos e medidas iniciais de primeiro atendimento deverão ser adotadas para diminuir o risco de sequela no paciente.

Verificará o protocolo de reanimação cardiopulmonar, de acordo com as diretrizes da Ilcor (2010).

Por fim terá acesso à sequência resumida dos passos para a execução do suporte básico de vida.

2 EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS

A pressão alta está relacionada com a quantidade de sangue que o coração bombeia e a resistência das artérias ao fluxo sanguíneo. Ao aumento da pressão arterial damos o nome de hipertensão arterial sistêmica (HAS), de acordo com o Ministério da Saúde é uma doença que atinge cerca de 20% da população brasileira e chega a 50% entre os idosos.

Desde o início do surgimento dos métodos de aferição da pressão arterial (PA), no começo do século XX, encontrou-se uma associação clara de níveis elevados de PA com um aumento da morbimortalidade. Inicialmente, foram definidas apenas duas entidades: a hipertensão arterial sistêmica (HAS) ‘maligna’, com rápida progressão para morte, em meses ou anos, e níveis muito elevados de PA, e a forma ‘benigna’, com um curso mais lento, levando décadas para causar danos. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5581/hipertensao_arterial_sistemica.htm>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Quando medimos e/ou aferimos a pressão, encontramos dois valores. Por exemplo, lemos 120 por 70, ou 12 por 7. Isso significa que quando coração se contrai, a pressão nas artérias está em 120 milímetros de mercúrio, e quando ele

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relaxa, a pressão fica em 70 milímetros de mercúrio. A pressão que ocorre quando o coração se contrai é chamada sistólica, e quando ele se dilata, é a diastólica.

A pressão é considerada acima do normal quando a pressão sistólica está acima de 130 ou a diastólica está acima de 85. Pressões sistólicas entre 130 e 140 são consideradas normais-altas, assim como pressões diastólicas entre 85 e 90. Quando a pressão sistólica está acima de 140 ou a diastólica está acima de 90 temos então a chamada hipertensão.Todavia, não se deve considerar que estando com a pressão normal-alta, está tudo bem. Na verdade, quanto mais alta a pressão, mais dano ela traz para o organismo, mesmo que ‘oficialmente’ ainda seja considerada normal. Portanto, na prática, o mais adequado é que nossa pressão esteja sempre abaixo de 120/80.Disponível em: <http://www.libertas.com.br/libertas/hipertensao-arterial-sistemica/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Atualmente, utilizamos a classificação de pressão arterial (PA) onde substitui os termos “leve, moderada e severa”, antes utilizados para quantificar a hipertensão, por estágios que variam de 1 a 3, observe a tabela:

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO ATUAL DA PRESSÃO ARTERIAL

.:

FONTE: Disponível em: <http://www.rbconline.org.br/artigo/crise-hipertensiva/>. Acesso em: 24 maio 2015.

Vale alertar que as alterações provocadas pela doença hipertensiva aumentam o risco de ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), de doenças nos rins e no coração. Além disso, facilitam a formação de placas de gordura nas artérias coronárias, elevando a predisposição do paciente hipertenso ao infarto agudo do miocárdio (IAM).

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TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS

Suceder um tratamento significa reduzir o risco das complicações, porque a HAS não causa sintomas (dores de cabeça, mal-estar, tonturas, frequentemente associados, pelos pacientes, com aumentos da PA, não apresentam correlação com os níveis pressóricos e têm a mesma incidência em hipertensos e normotensos). Em virtude de a HAS apresentar essa natureza assintomática, grande parte dos indivíduos hipertensos ainda não está diagnosticada.Após o devido diagnóstico, o tratamento ainda é de difícil realização, sendo o maior obstáculo o comprometimento do paciente. Com a exceção de algumas causas de hipertensão secundária, que podem ser revertidas completamente (porém representam menos de 5% dos hipertensos), o diagnóstico de hipertensão implica terapia medicamentosa diária e, na maioria das vezes, com mais de um fármaco para atingir os níveis considerados ótimos. Estima-se que para cada hipertenso tratado e com níveis adequados de PA existam dois hipertensos tratados sem atingir esses valores, e 30% de todos os hipertensos não sabe da sua condição. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5581/hipertensao_arterial_sistemica.htm>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Para o efetivo diagnóstico de hipertensão arterial são necessárias de três a seis aferições com resultados elevados, realizadas em diferentes dias, com um intervalo maior que um mês entre a primeira e a última aferição. Desta forma, minimizam-se os fatores confusionais externos. O paciente considerado hipertenso é aquele que apresenta a sua pressão arterial elevada frequentemente e durante vários períodos do dia. Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2009/02/sintomas-e-tratamento-da-hipertensao.html>. Acesso em: 21 jun. 2015.

O motivo da HAS está relacionado com a perda progressiva da elasticidade da parede das artérias, dificultando a passagem do fluxo sanguíneo. A falta de elasticidade gera sobrecarga ao coração, comprometendo sua função a longo prazo.

É possível ter a pressão arterial elevada durante anos sem apresentar nenhum sintoma. A hipertensão arterial não controlada aumenta o risco de problemas de saúde graves, incluindo ataque cardíaco e derrame.

A hipertensão é recebida dos pais em 90% dos casos. Em uma minoria, a hipertensão pode ser causada por uma doença relacionada, como distúrbios da tireoide ou em glândulas endocrinológicas, como a suprarrenal. Entretanto, há vários outros fatores que influenciam os níveis de pressão arterial.Sabe-se que a incidência da hipertensão aumenta com a idade. Isso porque com o passar do tempo nossas artérias começam a ficar envelhecidas, calcificadas, perdendo a capacidade de dilatar, são chamados de vasos menos complacentes. Com isso a hipertensão arterial é mais fácil de acontecer, cerca de 70% dos adultos acima dos 50 ou 60 anos possuem a doença. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/hipertensao>. Acesso em: 21 jun. 2015.

A ocorrência global de HAS entre homens e mulheres é semelhante, embora seja mais elevada nos homens até os 50 anos, invertendo-se a partir da quinta década. Em relação à cor, a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos de cor não branca. Estudos brasileiros com abordagem simultânea

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FONTE: Disponível em: <http://portaldocoracao.uol.com.br/hipertenso-arterial/hipertenso-arterial-quais-so-os-fatores-de-risco>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Quando a crise hipertensiva inicia repentinamente a pessoa pode apresentar:

• sensação de mal-estar;• ansiedade e agitação;• cefaleia severa;• tontura;• borramento da visão;• dor no peito;• tosse e falta de ar.

A crise é acompanhada de sinais e sintomas em outros órgãos.

• No rim, surge hematúria, proteinúria e edema.• No sistema cardiovascular, falta de ar, dor no peito, angina, infarto, arritmias e

edema agudo de pulmão.• No sistema nervoso, acidente vascular do tipo isquêmico ou hemorrágico, com

convulsões, dificuldade da fala e da movimentação.• Na visão, borramento, hemorragias e edema de fundo de olho.

Ao identificar uma crise de pressão alta, não há muito que possa ser feito em relação aos primeiros socorros enquanto o socorro médico é aguardado. Basicamente, o socorrista deverá acionar o atendimento médico de urgência (SAMU 192), posicionar a vítima sentada ou semissentada, garantir que as vias aéreas fiquem desobstruídas e manter a vítima em repouso.

de gênero e cor demonstraram predomínio de mulheres negras com excesso de HAS de até 130% em relação às brancas.

Um fator que nos chama a atenção é a ingestão excessiva de sódio que tem sido correlacionada com elevação da pressão arterial. A população brasileira apresenta um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em contrapartida, em populações com dieta pobre em sal, como a dos índios brasileiros yanomami, não foram encontrados casos de HAS. Por outro lado, o efeito hipotensor da restrição de sódio tem sido demonstrado.

Pode-se ainda citar que a atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indivíduos pré-hipertensos, bem como a mortalidade e o risco de DCV (doença cérebro-vascular, como o derrame cerebral).

A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS é complexa e difícil de ser estabelecida. No Brasil, a HAS foi mais prevalente entre indivíduos com menor escolaridade.

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TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS

O socorrista precisa manter-se calmo e tranquilizar o paciente enquanto a equipe de socorro não chega. Caso o paciente esteja vestindo roupas justas, o ideal é afrouxá-las para aliviar o desconforto e permitir a circulação do sangue.

Em caso de dúvida, procure sempre um médico. Adiar a consulta e/ou desprezar os sintomas são alguns dos erros mais comuns entre todos os pacientes. Apenas o médico especializado será capaz de identificar corretamente possíveis disfunções no organismo. Além disso, procurar um nutricionista e começar uma atividade física acompanhada por um profissional são dicas valiosas que continuam em vigor.

A transformação do estilo de vida do paciente é fundamental para sua recuperação. A atitude de aderir a um cardápio mais saudável à base de frutas, verduras e bastantes folhas, evitando gorduras e frituras, exercitando-se regularmente formam um conjunto de medidas essenciais para restabelecer a pressão arterial. Medicações anti-hipertensivas são indicadas sempre que necessário. O tratamento deve ser acompanhado por médico, que determina o medicamento mais indicado de acordo com a gravidade e os fatores de risco de cada paciente.

É indicado que toda pessoa, a partir dos 40 anos, consulte um cardiologista para a avaliação da pressão arterial e do estado geral de seu coração. Medidas preventivas incluem: peso ideal, prática regular de atividade física e dieta balanceada. Ingestão de bebida alcoólica em excesso e tabagismo também são hábitos que devem ser evitados. A obesidade é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento da HAS. Mulheres que utilizam anticoncepcional oral ou terapia de reposição hormonal devem ficar atentas quanto ao risco de elevação da pressão arterial.

3 EMERGÊNCIAS DIABÉTICAS

O diabetes constitui uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. O diabetes desenvolve quando o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina desenvolve a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Assim sendo, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes.

FONTE: Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes>. Acesso em: 21 jun. 2015.

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Outra definicação que podemos utilizar é de que o Diabetes Mellitus é uma doença do metabolismo da glicose causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas e cuja função é quebrar as moléculas de glicose para transformá-las em energia, a fim de que seja aproveitada por todas as células. A ausência total ou parcial desse hormônio interfere não só na queima do açúcar como na sua transformação em outras substâncias (proteínas, músculos e gordura). Vale lembrar que a diabetes não se trata de uma doença única, mas de um conjunto de doenças com uma característica em comum: aumento da concentração de glicose no sangue provocado por duas diferentes situações. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/diabetes/diabetes/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

A glicose é a principal fonte de energia para as células que formam o nosso corpo. Ela é obtida a partir da ingestão de alimentos ricos em carboidratos, como doces, mel, açúcar, algumas frutas, pães, massas, arroz, cereais, batata, mandioca, farinha e amido. Pelo sangue, a glicose chega a todas as células. Para facilitar esse transporte, nosso corpo produz a insulina. Já a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas. Sua função principal é promover a entrada da glicose nas células do organismo para fornecer-lhe energia. Quando se tem diabetes, pode não haver produção de insulina, ou a insulina produzida ser insuficiente, ou existir defeito na sua ação. Assim, a glicose não é enviada para a célula e fica acumulada no sangue. É o que chamamos de hiperglicemia (glicemia alta). Disponível em: <http://portal.unimedbh.com.br/wps/portal/inicio/home/saude_sempre/diabetes/entenda_o_diabetes>. Acesso em: 21 jun. 2015.

O diabetes pode prejudicar vários sistemas do corpo. As complicações comuns incluem problemas circulatórios, cegueira (em consequência da degeneração dos pequenos vasos sanguíneos da retina) e problemas do sistema nervoso central, incluindo a ausência de sensibilidade nas mãos e nos pés, esvaziamento retardado do estômago, disfunção sexual e impotência.

Existem dois tipos básicos de diabetes:

Diabetes tipo I

O diabetes mellitus tipo 1 é uma doença crônica que ocorre quando o pâncreas produz muito pouca ou nenhuma insulina. A insulina é um hormônio que ajuda o corpo a absorver e utilizar glicose dos alimentos. Sem insulina, os níveis de glicose tornam-se mais elevados que o normal. Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2011/12/sintomas-diabetes.html>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode aparecer em qualquer idade. Os sintomas clássicos são: sede intensa, grande quantidade de urina clara, fome excessiva, emagrecimento e cansaço. Sem o tratamento os sintomas podem evoluir de maneira rápida e grave, podendo chegar a dificuldades respiratórias e coma. Esse quadro é conhecido como cetoacidose diabética e necessita de internação para tratamento. O diabetes tipo 1 é resultado da destruição de células do pâncreas pelos anticorpos produzidos pelo próprio organismo. Com o pâncreas debilitado, não há produção suficiente de insulina. Disponível em: <http://portal.unimedbh.com.br/wps/portal/inicio/home/saude_sempre/diabetes/tipos_de_diabetes/diabetes_tipo_1>. Acesso em: 21 jun. 2015.

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O desencadeamento de diabetes tipo 1 é geralmente repentino e dramático e pode incluir sintomas como:

• Sede excessiva• Rápida perda de peso• Fome exagerada• Cansaço inexplicável• Muita vontade de urinar• Má cicatrização• Visão embaçada• Falta de interesse e de concentração• Vômitos e dores estomacais, frequentemente diagnosticados como gripe.

Os mesmos sintomas acima podem também ocorrer em pessoas com diabetes tipo 2, mas geralmente são menos evidentes. Em crianças com diabetes tipo 2, estes sintomas podem ser moderados ou até mesmo ausentes.

No caso do diabetes tipo 1, estes sintomas surgem de forma abrupta e às vezes podem demorar a ser identificados. Já no diabetes tipo 2, esses sintomas podem ser mais moderados ou até mesmo inexistentes.

Não se sabe ao certo porque as pessoas desenvolvem o diabetes tipo 1. Sabe-se que há casos em que algumas pessoas nascem com genes que as predispõem à doença, mas outras têm os mesmos genes e não têm diabetes. Outro dado é que, no geral, o diabetes tipo 1 é mais frequente em pessoas com menos de 35 anos, mas vale lembrar que ela pode surgir em qualquer idade.

FONTE: Disponível em: <http://www.diamundialdodiabetes.org.br/2015/06/11/sinais-e-sintomas/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Diabetes tipo II

É uma doença crônica que ocorre por uma combinação de produção insuficiente de insulina e resistência do corpo à mesma. Esclarecendo, o paciente produz menos insulina do que deveria e ela ainda funciona mal. O diabetes tipo 2 está intimamente ligado ao sedentarismo e ao excesso de peso.

É o tipo mais frequente, principalmente em adultos a partir dos 50 anos com excesso de peso. A instalação do diabetes tipo 2 é mais lenta e silenciosa e os sintomas costumam demorar para aparecer. Em alguns casos, podem levar anos para serem notados. Pode ocorrer devido à resistência à insulina (o organismo a produz, mas as células do corpo não respondem à sua ação) ou por sua produção insuficiente (o organismo produz insulina, mas não em quantidade suficiente para equilibrar o nível de glicose no sangue).

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Diabetes gestacional É aquela que ocorre durante a gravidez e, na maior parte dos casos, é

provocado pelo aumento excessivo de peso da mãe. Diabetes associados a outras patologias

É aquela que se desenvolve devido às pancreatites alcoólicas, uso de certos medicamentos, e outros fatores.

“Para fazer os primeiros socorros para diabéticos é preciso saber se se trata de um episódio de excesso de açúcar no sangue ou de falta de açúcar. Por isso, se for possível, é importante verificar com um aparelho para medir a quantidade de açúcar no sangue, qual o valor da glicemia”. Disponível em: <http://www.tuasaude.com/primeiros-socorros-para-diabeticos/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Na figura abaixo será possível compreender o que é hiperglicemia e hipoglicemia.

FIGURA 6 - HIPERGLICEMIA X HIPOGLICEMIA

FONTE: Disponível em: <http://www.lersaude.com.br/emergencias-diabeticas-o-que-fazer/>. Acesso em: 24 maio 2015.

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TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS

4 EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS

Vertigem

A vertigem é uma falsa sensação de movimento ou de rotação ou a impressão de que os objetos se movem ou rodam. Geralmente, ela é acompanhada por náusea e perda do equilíbrio. Somente a tontura verdadeira, a que os médicos denominam vertigem, causa uma sensação de movimento ou de rotação. A vertigem pode durar apenas alguns instantes ou pode persistir por horas ou mesmo dias.

A vertigem deverá ser vista como um aviso de que o organismo da vítima está debilitado. Os sintomas podem ser: alterações da visão, dificuldade de andar, debilidade passageira nas pernas, desorientação no espaço, alterações do equilíbrio até a inconsciência completa. Essas alterações poderão estar associadas à hipoglicemia, hipotensão, entre outros problemas de saúde. Disponível em: <http://lms.ead1.com.br/webfolio/Mod5986/mod_suporte_basico_v5.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2015.

No momento em que ocorrer esta intercorrência, devemos proceder da seguinte forma: sentar a vítima, colocar sua cabeça entre as pernas, com os braços caídos na lateral do corpo. Pedir a ele que empurre a cabeça para cima, enquanto o socorrista a força para baixo. Essa manobra aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro, melhorando o quadro do paciente. Levar a vítima a procurar atendimento médico ou orientá-la para isso. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/criisdiias/apostila-de-primeiros-socorros>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Síncope (Desmaio)

A síncope é definida como uma perda transitória da consciência, associada à incapacidade de manter-se na posição de pé. É popularmente conhecida como desmaio. A lipotimia é a sensação de desmaio, sem que esse, efetivamente ocorra. A perda da consciência é resultado da baixa perfusão cerebral (diminuição da chegada de sangue no cérebro). A história clínica é fundamental para o diagnóstico da causa da síncope.

No sentido da palavra, defini-se síncope à perda súbita da consciência e do tônus postural seguida de recuperação imediata e espontânea, sem sequelas e causada por interrupção transitória do fluxo cerebral.

Em alguns casos, o desmaio é precedido por sensações como vertigem, tontura, fraqueza e náuseas. Uma recuperação completa geralmente leva apenas alguns minutos após o desmaio. Se não houver nenhuma condição médica subjacente causando-lhe a desmaiar, o tratamento não é necessariamente obrigatório.

Na maioria das vezes, os desmaios não indicam doenças graves. Mas, em algumas situações, ele pode ser um sintoma de um problema de saúde sério.

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De qualquer forma, os desmaios devem ser motivo para uma consulta médica, principalmente se acontecem episódios recorrentes, mais de uma vez por mês. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/desmaio>. Acesso em: 21 jun. 2015.

A pessoa pode ter um ou mais dos seguintes sintomas de síncope:

• Sentir-se zonzo(a).• Sentir perda de consciência momentânea. • Sofrer uma queda sem motivo. • Sentir tontura. • Sentir-se sonolento(a) ou grogue.• Sentir instabilidade ou fraqueza ao ficar de pé. • Sentir o coração batendo irregularmente, com uma sensação de vibração no

peito, seguida de zonzeira.

Nem sempre a causa do desmaio é clara. No entanto, o episódio pode ser desencadeado por uma série de fatores, incluindo:

• Medo• Trauma emocional• Estresse• Dor severa• Uma queda súbita da pressão arterial• Baixo nível de açúcar no sangue devido ao diabetes ou longos períodos em

jejum• Hiperventilação (respiração rápida e superficial)• Desidratação• Ficar em pé por muito tempo• Levantar-se rápido demais de uma posição sentada ou deitada• Esforço físico em altas temperaturas• Tosse severa• Esforço excessivo durante a evacuação• Convulsões• Abuso de drogas ou álcool

Alguns medicamentos que reduzem a pressão arterial também podem causar desmaios, principalmente se você passa muito tempo em pé ou faz esforço. Esses remédios geralmente são aqueles usados para tratar a pressão alta, alergias, depressão e ansiedade.

Outro ponto que demanda atenção é que se você tem a sensação de desmaio ou sofre um desmaio quando vira a cabeça para o lado, pode ser que os ossos do seu pescoço estejam comprimindo um vaso sanguíneo.

Vale lembrar que as mudanças hormonais no início da gravidez, por vezes, podem causar desmaios. Em casos raros, um desmaio também pode

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ser sintoma de tumores cerebrais, principalmente se acompanhado de outros sintomas neurológicos, como consulvões.

FONTE: Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/desmaio>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Quando em episódios de síncope, devemos intervir da seguinte forma: impedir que a vítima caia, para que não se machuque; deitá-la em decúbito dorsal, elevando os membros inferiores cerca de 30 cm do chão, monitorar os sinais vitais, afastar os curiosos, ventilar o ambiente e afrouxar as suas roupas, se necessário; não dar tapas no rosto da vítima nem a fazer cheirar amônia ou álcool. Se ela não acordar em alguns minutos, chamar socorro. A síncope não é uma doença, mas um sinal de que algo não está bem no organismo da pessoa. Portanto, mesmo que ela recobre a consciência espontaneamente, oriente-a a procurar um serviço médico. Disponível em: <http://lms.ead1.com.br/webfolio/Mod5986/mod_suporte_basico_v5.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Deve-se ainda colocar a vítima em local arejado, proteger a cabeça e o corpo de movimentos involuntários que lhe causem futuras lesões. É importante ainda, afastar objetos existentes ao redor da vítima, afrouxar as roupas e deixar a vítima mais livre.

Caso a vítima ainda não tenha desmaiado, sente-a em uma cadeira, colocando os braços entre as pernas, abaixando a cabeça. Faça pressão na nuca para baixo enquanto ela força a cabeça para cima por alguns segundos, repetindo os procedimentos cerca de três vezes. Quando a pessoa estiver prestes a desmaiar aja rapidamente para evitar uma queda! Não permitir aglomeração no local para não prejudicar a vítima. Disponível em: <http://www.cit.ufam.edu.br/exposicao/convulsao_desmaio.htm>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Crise convulsiva

A convulsão ocorre quando há uma atividade elétrica anormal do cérebro. Essa atividade anormal pode passar despercebida ou, em casos mais graves, pode produzir uma alteração ou perda de consciência acompanhada de espasmos musculares involuntários, que é definido como crise convulsiva ou convulsão. As convulsões geralmente vêm de repente e variam em duração e gravidade. A convulsão pode ser um evento único ou acontecer repetidas vezes.

A crise convulsiva ou convulsão ocorre devido a um aumento excessivo e desordenado da atividade elétrica das células cerebrais, nesse caso os neurônios. Esta atividade elétrica alterada é em muito dos casos, a causadora das alterações motoras de uma crise convulsiva, muitas vezes caracterizada por movimentos desordenados, repetitivos e rápidos de todo o corpo. Além disto, a convulsão também pode ocasionar perda temporária de consciência, aumento da salivação, ranger de dentes, perda do controle do processo urinário e defecação. Vale lembrar que as crises convulsivas nem sempre estão associadas com a epilepsia, pois diversos fatores podem desencadeá-la, tais como: febre alta, diminuição do açúcar no sangue, desidratação, pancadas fortes na

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cabeça, perda excessiva de sangue, tumores, intoxicações por álcool, medicamentos ou drogas ilícitas, dentre outros fatores.Disponível em: <http://www.epilepsiabrasil.org.br/noticias/voce-sabe-como-ajudar-durante-uma-crise-convulsiva>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Definimos a convulsão como um distúrbio que se caracteriza pela contratura muscular involuntária de todo o corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade elétrica em determinadas áreas cerebrais. As convulsões podem ser de dois tipos: parciais, ou focais, quando apenas uma parte do hemisfério cerebral é atingida por uma descarga de impulsos elétricos desorganizados, ou generalizadas, quando os dois hemisférios cerebrais são afetados.Emoções intensas, exercícios vigorosos, determinados ruídos, músicas, odores ou luzes fortes podem funcionar como gatilhos das crises. Outras condições: febre alta, falta de sono, menstruação e estresse também podem facilitar a instalação de convulsões, mas não são consideradas gatilhos. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/letras/c/convulsao-2/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

O tipo mais comum e conhecido de convulsões é a crise convulsiva generalizada, onde o indivíduo desmaia e começa a ter abalos generalizados, sem nenhuma consciência, geralmente revirando os olhos e com hipersalivação acompanhando o quadro. Este tipo de crise, tecnicamente chamado de crise convulsiva generalizada-tônico-clônica, é o caso mais urgente e grave que pode acontecer no manejo das convulsões, uma vez que deve ser prontamente atendido, para evitar lesões cerebrais futuras. Existem, entretanto, outros tipos de crises convulsivas, como as crises de ausência, onde o indivíduo apenas perde a consciência e fica com o olhar parado por segundos, voltando ao normal em seguida; as crises parciais complexas, como explica o próprio nome, são mais heterogêneas, e podem dar sintomas mais diferentes, como movimentos da boca, virada da cabeça, mistura de vários movimentos estranhos, sempre com alguma perda da consciência, mas sem desmaio completo, como ocorre nas crises generalizadas. Por fim, existem ainda as crises parciais simples, onde o indivíduo acometido apresenta apenas sintomas focais sem nenhuma perda da consciência, como estar num momento conversando e de repente ter um abalo involuntário no braço e perna, incontrolável, ritmado, sabendo descrever tudo o que aconteceu depois disso.

FONTE: Disponível em: <http://www.ineuro.com.br/para-os-pacientes/convulsoes-e-epilepsia-entenda-qual-e-a-diferenca/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Em alguns casos, não é possível identificar a causa da convulsão. Nos outros, entre as causas prováveis, podemos destacar:

• febre alta em crianças com menos de cinco anos; • doenças como meningites, encefalites, tétano, tumores cerebrais, infecção pelo

HIV, epilepsia etc.;• traumas cranianos;• abstinência após uso prolongado de álcool e de outras drogas, ou efeito colateral

de alguns medicamentos;

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TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS

• distúrbios metabólicos, como hipoglicemia, diabetes, insuficiência renal etc.; • falta de oxigenação no cérebro.

Já a epilepsia ocorre principalmente em crianças, mas pode afetar todas as idades. As causas mais frequentes no adulto são: traumatismo craniano, acidentes vasculares cerebrais (AVC), tumores, malformações vasculares, doenças metabólicas, doenças infecciosas cerebrais ou doenças cardíacas. Na criança, as causas mais comuns são fatores ou doenças genéticas, problemas de oxigenação cerebral ocorridos durante a gestação ou parto, malformações cerebrais, infecções/ meningites, e por último as tão conhecidas convulsões febris (decorrentes de febre alta em crianças menores). Disponível em: <http://www.ineuro.com.br/para-os-pacientes/convulsoes-e-epilepsia-entenda-qual-e-a-diferenca/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Quando as crises são recorrentes caracterizam o diagnóstico de epilepsia. As crises epilépticas podem afetar um ou os dois lados do cérebro. Os sintomas podem durar de alguns segundos a muitos minutos por episódio. Algumas sensações ocorrem como sinais de alerta para uma convulsão que vai acontecer. Essas incluem:

• Sentimentos súbitos de medo ou ansiedade.• Sentir-se mal do estômago.• Tontura.• Alterações na visão.

Esses sintomas podem ser seguidos de uma crise, em que a pessoa pode:

• Perder a consciência, seguida por confusão.• Ter espasmos musculares incontroláveis.• Babar ou espumar pela boca.• Cair.• Ficar com um gosto estranho na boca.• Cerrar os dentes.• Morder a língua, que pode até sangrar.• Ter movimentos oculares rápidos e súbitos.• Fazer ruídos estranhos, como grunhidos.• Perder o controle da função da bexiga ou intestino.• Mudar de humor repentinamente.

FONTE: Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/convulsao>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Não é incomum as pessoas se assustarem ao se depararem com alguém tendo uma crise convulsiva e, em função disto, as mesmas sentem-se temerosas em auxiliar. No entanto, para aquele que sofre a convulsão a ajuda é de extrema importância, visto que durante o processo convulsivo o risco de lesões em decorrência da perda brusca ou muito rápida da consciência pode ocasionar queda desprotegida ao chão, causando ferimentos e até mesmo fraturas.

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A crise convulsiva não é um processo contagioso ou transmissível, sendo assim, não há qualquer risco para aquele que auxilia um indivíduo nesta condição. É muito simples auxiliar uma pessoa durante uma crise convulsiva, entretanto é necessário saber o que você deve ou não fazer durante este momento.

O que fazer:

• Mantenha-se calmo e acalme as pessoas ao seu redor.• Evite que a pessoa caia bruscamente no chão.• Acomode o indivíduo em local sem objetos, pois ao se debater ela pode se

machucar.• Utilize material macio para acomodar a cabeça do indivíduo, como, por

exemplo; um travesseiro, casaco dobrado ou outro material disponível que seja macio.

• Posicione o indivíduo de lado de forma que o excesso de saliva ou vômito (pode ocorrer em alguns casos) escorram para fora da boca.

• Afrouxe um pouco as roupas para que a pessoa respire melhor.• Permaneça ao lado da vítima até que ela recupere a consciência.• Ao término da convulsão a pessoa poderá se sentir cansada e confusa, explique

o que ocorreu e ofereça auxílio para chamar um familiar. Observe a duração da crise convulsiva, caso seja superior a 5 minutos sem sinais de melhora, peça ajuda médica.

O que não deve ser feito durante a crise convulsiva:

• Não impeça os movimentos da vítima, apenas se certifique de que nada ao seu redor irá machucá-la.

• Nunca coloque a mão dentro da boca da vítima, as contrações musculares durante a crise convulsiva são muito fortes e inconscientemente a pessoa poderá mordê-lo.

• Não jogue água no rosto da vítima.

FONTE: Disponível em: <http://www.epilepsiabrasil.org.br/noticias/voce-sabe-como-ajudar-durante-uma-crise-convulsiva>. Acesso em: 21 jun. 2015.

5 EMERGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS

Parada cardiorrespiratória

Uma emergência relativamente frequente é a parada cardiorrespiratória (PCR), que pode ocorrer em qualquer serviço de atendimento de emergência, significa a cessação dos batimentos cardíacos e dos movimentos respiratórios.

Já passou o tempo em que ausência de respiração e batimento cardíaco significava que a vítima não sobreviveria. Com a evolução das técnicas de reanimação cardiopulmonar, desenvolvimento de drogas, aperfeiçoamento de equipamentos e treinamento de leigos e

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TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS

profissionais, milhares de vidas são salvas em todo o mundo. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/27232>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Parada cardiorrespiratória (PCR) é o momento em que cessam os batimentos cardíacos e a pessoa para de respirar. Com isso, a circulação sanguínea sofre uma parada e o indivíduo perde a consciência dentro de dez a quinze segundos. A parada cardíaca pode também ocorrer sozinha, sem parada respiratória. Várias causas podem levar à parada cardiorrespiratória, como hemorragias, acidentes, choque séptico, doenças cardíacas ou neurológicas, infecções respiratórias, drogas, choques elétricos, asfixia, afogamento, intoxicação por medicamentos e monóxido de carbono, sufocamento etc. Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/568097/parada+cardiorrespiratoria+o+que+fazer.htm>. Acesso em: 21 jun. 2015.

A PCR pode apresentar-se em formas distintas. São elas:

• Fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso: caracteriza-se por um ritmo cardíaco acelerado, irregular e ineficaz.

• Assistolia ventricular: neste caso, há ausência de ritmo cardíaco.• Atividade elétrica sem pulso: neste caso, há a presença de atividade elétrica na

musculatura cardíaca, todavia, os batimentos são ineficazes e não há a presença de circulação sanguínea.

Dentre os diferentes fatores capazes de causar PCR encontram-se:

• Overdose• Afogamento• Patologias cardiovasculares• Engasgo• Demasiada perda de sangue• Choque séptico• Traumas• Choque elétrico• Envenenamento por monóxido de carbono• O socorro básico é feito reconhecendo-se o estado de PCR, traduzido na ausência

de pulsos carotídeos e de respiração, perda da consciência, palidez, cianose e pele marmórea.

O que se deve fazer na parada cardiorrespiratória é chamar, imediatamente, uma ambulância, ligando para o número 192, e iniciar a massagem cardíaca, para que o indivíduo tenha melhores chances de sobreviver. A parada cardiorrespiratória é sempre uma situação muito grave e de muita urgência, requerendo manobras imediatas de ressuscitação que devem ser realizadas por uma pessoa da equipe de saúde se o paciente se encontra internado num hospital ou que devem ser iniciadas por um leigo, se ele não está num hospital, até a chegada de socorro especializado. As manobras de ressuscitação incluem respiração boca a boca e reanimação cardíaca.

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Se a vítima não estiver respirando deve-se iniciar a respiração boca a boca.Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/568097/parada+cardiorrespiratoria+o+que+fazer.htm>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Sequência no atendimento

Elevação do queixo: os dedos de uma das mãos são colocados abaixo do queixo, o qual é suavemente tracionado para cima, elevando-o anteriormente. O polegar da mesma mão deprime o lábio inferior para abrir a boca. O polegar pode também ser colocado atrás dos incisivos inferiores, enquanto simultaneamente o queixo suavemente é levantado. Se a respiração boca a boca é necessária, as narinas são fechadas com o polegar e o indicador da outra mão.

Tração da mandíbula: localizam-se os ângulos da mandíbula e traciona-se a mandíbula para frente. Se os lábios se fecham o inferior pode ser retraído com o polegar. Se a respiração boca a boca é necessária, devemos fechar as narinas, colocando a bochecha contra elas, obstruindo-as.

Respiração boca a boca

Tomadas as medidas anteriores colocar a boca com firmeza sobre a boca da vítima. Assoprar para dentro da boca da vítima até notar que o seu peito está se mobilizando. A seguir, deixar a vítima expirar livremente. Devemos repetir este procedimento de 15 a 20 vezes por minuto.

Respiração boca-nariz

Colocar a boca sobre o nariz e fechar a boca da vítima. Em crianças podemos colocar a boca sobre o nariz, tomando o cuidado de não expirar com excessiva pressão.

FONTE: Disponível em: <http://www.bombeiros-bm.rs.gov.br/Emergencias/prisocparadacardiorespioratoria.html>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Parada respiratória

A parada cardíaca é uma situação de emergência que pode levar à morte em poucos minutos, se não for tratada rapidamente. Nesta situação, o coração está gravemente comprometido e deixa de bater ou passa a bater muito lentamente, de forma insuficiente.

Outra definição é de que ocorre a interrupção da função de bombeamento do coração. Pode ser constatada pela falta de batimentos cardíacos, de pulso e pela dilatação das pupilas (parte mais escura do olho, que abre e fecha de acordo com a intensidade da luz). Pode ocorrer sozinha ou com parada respiratória.

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Vale lembrar que essa ocorrência pode estar associada a diversos fatores como, arritmia cardíaca, hemorragia, estado de choque, uso de drogas, choques elétricos e infarto agudo do miocárdio. Portanto, é necessário redobrar a atenção se a pessoa tem um ou mais fatores de risco para doença cardíaca:- homens com idade acima de 45 anos e mulheres com mais de 55; - familiar que já teve ou morreu de infarto;- obesidade, hipertensão, diabetes, sedentarismo e tabagismo. Disponível em: <http://saude.ig.com.br/minhasaude/primeirossocorros/parada+cardiaca/ref1237829308944.html>. Acesso em: 21 jun. 2015.

Antes de a pessoa apresentar uma parada cardíaca, ela pode sentir:

• Dor forte no peito, abdômen e nas costas.• Dor forte de cabeça.• Falta de ar ou dificuldade em respirar.• Enrolar a língua, apresentando dificuldade em falar.• Dor ou formigamento no braço esquerdo.• Fortes palpitações.

Uma parada cardíaca pode ser suspeitada quando a vítima:

• É encontrada desacordada.• Não responde quando chamada.• Não respira.• Não tem pulso.

A medida a ser tomada nesses casos é: em primeiro lugar, chamar uma ambulância, ligando para 192 ou 193. Em seguida, iniciar, o mais rápido possível, a massagem cardíaca.

Diagnóstico

• Ausência de pulso (radial, femural e carotídeo).• Pele fria, azulada ou pálida.• Parada respiratória (frequente, mas não obrigatória).• Inconsciência.• Dilatação das pupilas (frequente, mas não obrigatória).• Na dúvida, proceda como se fosse.

Sequência no atendimento

1 - Coloque a vítima deitada de costas sobre uma superfície dura.2 - Coloque suas mãos sobrepostas no terço inferior do esterno.3 - Faça compressão sobre o esterno, de encontro à coluna.4 - Após recuperação dos batimentos cardíacos, leve imediatamente a vítima ao

hospital.

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Atendimento

Devemos fazer 30 compressões torácicas para duas insuflações pulmonares, num ritmo de 100 compressões por minuto, contando em voz alta: "e um, e dois, e três, e 4, e 5, e 6, e ..., ventila!, ventila!", portanto se a equipe trabalhar adequadamente, pelo menos 04 ciclos deve-se completar a cabo de cada minuto de RCP.

FONTE: Disponível em: <http://universodafisioterapia.blogspot.com.br/2012/11/parada-cardiorrespiratoria.html>. 24 jun. 2015.

Sem nenhuma tentativa de reanimação, a cada minuto se perde 10% da chance de reanimar a vítima. Se a reanimação não for feita em 10 minutos, a pessoa tem chances muito reduzidas de se salvar. É importante identificar a parada e começar imediatamente a manobra.

As pessoas sob maior risco de parada cardíaca incluem aquelas que: • Já tiveram um ataque cardíaco (enfarte do miocárdio).• Já experimentaram insuficiência cardíaca (coração com bombeamento fraco).• Sobreviveram a uma parada cardíaca anterior.• Possuem um histórico familiar de parada cardíaca.• Possuem fração de ejeção baixa.

A fração de ejeção, ou porcentagem de sangue que é bombeada para fora do coração durante cada batida, é um indicador-chave de um coração saudável. A fração de ejeção é frequentemente monitorada pelos médicos para determinar se o seu coração está funcionando bem como bomba. Disponível em: <http://www.medtronicbrasil.com.br/your-health/sudden-cardiac-arrest/index.htm>. Acesso em: 21 jun. 2015.

FIGURA 7 - IDENTIFICAÇÃO CORRETA DA METADE INFERIOR DO ESTERNO

• Com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima.• Percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifoide.• Colocar dois dedos acima do apêndice xifoide sobre o esterno. Atualmente é

preconizado encontrar um ponto entre os mamilos sobre o esterno.• Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno.

FONTE: Disponível em: <http://www.grupoisastur.com/manual_isastur/data/pt/1/1_12_5.htm>. Acesso em: 25 maio 2015.

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TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS

• Colocar a outra mão sobre a primeira, de forma que ambas fiquem paralelas. Pode entrelaçar os dedos ou mantê-los estendidos, mas não apoiá-los sobre a caixa torácica. O objetivo é impedir que a força de compressão seja efetuada sobre as costelas, podendo fraturá-las.

• Alinhar os ombros sobre o esterno da vítima, mantendo os cotovelos estendidos. A força de compressão deve ser provida pelo peso do tronco do socorrista e não pela força de seus braços.

FIGURA 8 - POSICIONAMENTO CORRETO

FONTE: Disponível em: <http://www.saudeeforca.com/ressuscitao-cardiopulmonar-primeiros-socorros/>. Acesso em: 25 maio 2015.

Após cinco ciclos de dois minutos de compressão e ventilação a vítima deve ser reavaliada. Caso o pulso seja ausente: reiniciar RCP pelas compressões torácicas, caso o pulso seja presente: verificar respiração; se a vítima estiver respirando, monitorizar os sinais vitais e colocá-la em posição de recuperação.

LEITURA COMPLEMENTAR

ESTIGMA NA EPILEPSIA: ASPECTOS CONCEITUAIS, HISTÓRICOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA ESCOLA

Fabiane Beletti da Silva* Raymundo Carlos Machado Ferreira Filho**

*Instituto Federal Sul-Rio-grandense, Câmpus Visconde da Graça** Instituto Federal Sul-Rio-grandense, Câmpus Visconde da Graça

Doutor em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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UNIDADE 2 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal desfazer mitos e corrigir os equívocos que persistem ao longo da história a respeito da Epilepsia, bem como dissertar acerca do estigma que afeta os pacientes e suas famílias. As consequências do estigma se agravam quando o ambiente escolar é considerado. O presente trabalho sugere ações, em sintonia com políticas de atendimento a pessoas com necessidades específicas, como a necessidade de qualificação dos profissionais da educação para prestar a assistência adequada aos alunos com Epilepsia, tanto com relação aos aspectos educacionais quanto aos procedimentos de primeiros socorros. Número de trabalhos referentes às implicações da Epilepsia na escola é escasso e as informações e propósito deste artigo visou, além do objetivo já evidenciado, apontar caminhos sobre como abordar a Epilepsia no ambiente escolar.

Palavras-chave: Epilepsia. Mitos. Escola. Preconceito. Primeiros Socorros.

Abstract: This article aims to unmake myths and correct misconcep- tions that persist along of history about Epilepsy as well as talk about how stigma affects patients and their families. The consequences of stigma are compounded when the school environment is considered. The present work suggests actions in line with policies of care for people with specific needs such as the need for qualified professional to teaching to provide appropriate assistance to students with epilepsy like respect to the edu- cational aspects and first aid procedures. The number of work on the im- plications of epilepsy in school is scarce and the information and purpose of this paper was, beyond the scope already evidenced, point out ways on how to approach Epilepsy in the school environment.

Keywords: Epilepsy. Myths. School. Prejudice. First Aid.

INTRODUÇÃO

A Epilepsia é uma condição neurológica crônica muito comum. Indícios históricos revelam a ocorrência de crises epiléticas em espécies de animais anteriores ao surgimento do homem. Desde o princípio da sua relação com a sociedade, a Epilepsia está associada ao conceito de possessão demoníaca, resultando em um comportamento preconceituoso de pessoas em relação à convivência com os pacientes (LINO, 2006).

Além da problemática do preconceito, a escassez de informação a respeito do tema coloca o paciente em situação de risco, no momento em que se percebe isolado, sem a certeza de que receberá os primeiros socorros adequados no momento da crise.

O quadro se agrava quando se considera o ambiente escolar. Os pais de crianças e jovens com Epilepsia assumem atitudes de superproteção, dificultando o crescimento autônomo dos filhos e criando a primeira célula de preconceito com relação ao problema (GOFMANN, 2004). Em muitos casos a escola sequer é informada sobre a condição do paciente, por vergonha ou por medo da exclusão.

O presente artigo tem por objetivo informar a comunidade de profissionais da educação a respeito do estigma na Epilepsia, abordando os aspectos históricos

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TÓPICO 3 | EMERGÊNCIAS

e conceituais, a fim de proporcionar um entendimento mais amplo sobre os principais mitos e equívocos relacionados à condição neurológica, bem como divulgar os procedimentos que devem ser adotados em casos de convulsões.

Nas seções seguintes serão abordados o conceito, causas, tratamento e primeiros socorros em Epilepsia, além de apresentar os fatos históricos que reforçam o estigma desta condição neurológica.

Epilepsia: Conceito, Causas e Tratamento

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam 50 milhões de pessoas com Epilepsia ao redor do mundo. O transtorno pode afetar pessoas de todas as idades, principalmente nos países em desenvolvimento (OMS, 2013). De acordo com Marchetti e Neto (2005), as taxas anuais de incidência são maiores nos países em desenvolvimento devido a vários fatores, como a maior ocorrência de neurocisticercoses ligadas aos problemas com saneamento básico, ocorrência de infecções intracranianas, virais ou bacterianas, doenças cerebro-vasculares entre outros.

Ainda não existe consenso em relação ao conceito de Epilepsia (FERNANDES, 2005). Esta afirmação pode ser observada através de um olhar sobre as conceituações de Epilepsia adotadas por vários autores que dissertaram sobre o tema ao longo dos tempos. Na Antiga Grécia, Hipócrates, o pai da medicina, definiu a Epilepsia como uma doença de causas naturais e não como uma maldição (GOMES, 2006), como pensava o senso comum na época. John Hugling Jackson, importante estudioso em Epileptologia, conceituou a Epilepsia, em 1873, como “uma descarga súbita, excessiva e rápida da substância cinzenta”. A definição de Jackson ainda é aceita pela comunidade médica (GOMES, 2006).

No início do século XX, Seixas (1922) conclui que a Epilepsia não é uma doença de tipo definido e uniforme, mas um mal de manifestações proteicas.

Para Kanashiro (2006) a Epilepsia não é considerada uma doença específica, mas sim um grupo de doenças que têm em comum a ocorrência de crises epilépticas, que acontecem na ausência de fatores tóxico-metabólicos ou febris. As crises epiléticas são “eventos clínicos que refletem uma atividade elétrica anormal, temporária e de início súbito”, podem acometer uma área (crise parcial) ou todo o cérebro (crise generalizada). Os sintomas das crises dependem das áreas cerebrais envolvidas (FERNANDES, 2005).

Com relação às causas da Epilepsia, estruturou-se para o presente trabalho um quadro demonstrativo, como mostra a Tabela 1. Os dados citados constam em Kanashiro (2006, p. 42).

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TABELA 1 - DEMONSTRATIVO DAS PRINCIPAIS CAUSAS DA EPILEPSIA DE ACORDO COM KANASHIRO (2006)

Sendo a epilepsia sintomática relacionada a causas identificáveis, convém citar alguns dos possíveis fatores desencadeantes deste tipo em especial: trauma craniano, malformações do Sistema Nervoso Central (SNC), abuso de álcool e drogas, entre outros (MEDINA e DURÓN - MARTÍNEZ, 2013).

Dadas as causas e consequências físicas, psicológicas e sociais, sugere-se que o tratamento para as epilepsias seja multiprofissional, ou seja, que se mantenha um tratamento farmacológico a partir do uso de Drogas Antiepiléticas (DAEs) e acompanhamento psicológico do paciente. Técnicas de relaxamento também podem contribuir para a melhora biopsicossocial dos pacientes (KANASHIRO, 2006).

No Brasil as DAEs são distribuídas pelo serviço de saúde pública e dentre as mais utilizadas estão: Fenobarbital (PB), Fenitoína (PHT), Carbamazepina (CBZ) e Ácido Valproico (VPA).

Nesta seção descreveu-se o que alguns autores entendem por epilepsia, bem como, uma visão geral das causas e tratamentos comumente recomendados para pacientes. Na próxima seção se fará um resgate histórico da epilepsia para que se possa contextualizar um dos pontos centrais deste artigo: o estigma.

UM BREVE RELATO HISTÓRICO

A epilepsia pode ser encontrada em escritos médicos que datam de mais de mil anos antes de Cristo. Supõe-se que a condição neurológica já afetava animais mais antigos que a própria espécie humana, pois nesses animais, filogeneticamente anteriores ao homem, encontraram-se evidências de crises epiléticas (LINO, 2006).

Provavelmente o primeiro relato que melhor descreveu essa condição neurológica foi entalhado em pedra, escrito em acadiano na antiga Mesopotâmia, entre 1067 e 1046 a.C. O documento chama-se Sakikku, e descreve uma suposta possessão demoníaca relacionada aos deuses da Lua, que, pelas características da descrição, sugere a ocorrência de uma crise epilética (BRUNO NETO, 2013). A imagem do entalhe pode ser observada na Figura 1.

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FIGURA 1: REPRODUÇÃO DO DOCUMENTO SAKIKKUI

A palavra “Epilepsia”, do grego epileptikós, que significa agarrar, bruscamente, explicita o estado em que o paciente se encontra no momento da crise, como se estivesse sendo possuído pelo demônio ou arrebatado por algo divino (SEIXAS, 1922).

Na antiga Grécia, quando alguém tinha uma crise epilética durante a realização dos Comícios (assembleias populares) o evento era imediatamente interrompido, pois a ocorrência da crise significava um sinal de descontentamento dos deuses (VALE, 2008). Nesse contexto a Epilepsia era denominada Mal Comicial.

Na cidade de Delfos, as Pitonisas – sacerdotisas do Templo de Apolo – eram vítimas de crises convulsivas após saírem de seus Oráculos, levando Platão a chamar este mal de Morbus Divinus, ou seja, o Mal Divino (SEIXAS, 1922). Recentemente, investigações geológicas concluíram que, emissões de gás vindas de fendas das rochas onde as Pitonisas buscavam inspiração, podem estar relacionadas ao frenesi que as sacerdotisas manifestavam no Oráculo de Delfos. Uma das prováveis substâncias que subiam pelas fendas é o gás etileno, que se inalado, pode levar à ocorrência de crises convulsivas (WIKIPÉDIA, 2013).

Ainda na Grécia Antiga, aproximadamente 400 a.C., Hipócrates – O pai da medicina – é o primeiro que atribui às causas do Mal Divino a problemas no cérebro. Hipócrates sugere que a enfermidade deveria ser tratada com drogas e dietas, contrapondo-se à crença que existia na época com relação às causas e à origem sobrenatural do problema. Para ele a atribuição religiosa do problema era devido à falta de informação, inexperiência no assunto, bem como peculiaridades da epilepsia (BRUNO NETO, 2010).

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Desde os tempos mais remotos a epilepsia traz agregada ao seu conceito a ideia mística de possessão. Trechos do Evangelho de São Lucas, capítulo IX, versículos 37 a 42 relatam o episódio da cura de um menino epilético:

No dia seguinte desceram do monte e uma grande multidão veio ao encontro de Jesus. Aí um homem que estava no meio do povo começou a gritar:Mestre, peço ao senhor pelo meu filho, o meu único filho! Um espírito mau o agarra, e de repente o menino dá um grito e começa a ter convulsões e a espumar pela boca. O espírito o machuca e não o solta de jeito nenhum. Já pedi aos discípulos do senhor que expulsassem o espírito mau, mas eles não conseguiram.Jesus respondeu:Gente sem fé e má! Até quando ficarei com vocês. Até quando terei de aguentá-los? Então disse ao homem:- Traga o menino aqui. Quando o menino estava chegando, teve um ataque, e o espírito mau o jogou no chão.Então Jesus deu uma ordem ao espírito, curou o menino e o entregou ao pai. E todos ficaram admirados com o grande poder de Deus.

A pintura intitulada “A Transfiguração de Cristo”, do artista renascentista Rafael Sânzio (1483 – 1520), disponível na Pinacoteca Apostólica do Vaticano, ilustra o adolescente epilético, devido a sequelas de meningite, da passagem do Evangelho de São Lucas citada anteriormente no texto do presente trabalho. A ilustração pode ser observada na Figura 2.

Realizando um recorte na imagem da Figura 2, pode-se observar, através da Figura 3, o menino com a boca entreaberta, olhos revirados, com os braços estendidos e os músculos tensionados. O pai o segura enquanto as pessoas presentes à sua volta apontam-no para Jesus, pedindo por sua cura.

FIGURA 2: A TRANSFIGURAÇÃO DE CRISTO ÓLEO SOBRE PAINEL

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FIGURA 3: APROXIMAÇÃO NA FIGURA 2, APRESENTANDO DETALHE DO MENINO EPILÉTICO

Contemporâneos de Rafael Sânzio, os inquisidores, Heinrich Kraemer e James Sprenger, publicaram em 1484, um manual de caça às bruxas denominado O Martelo das Feiticeiras, do latim Malleus Maleficarum (FREAK, 2013). O documento orientava que a ocorrência de crises epiléticas deveria ser interpretada como indício de feitiçaria, levando à perseguição e morte de mais de 100.000 mulheres, dentre elas conclui-se que várias eram pacientes com Epilepsia (GO- MES, 2006).

Algumas personalidades célebres têm sido sugeridas como pacientes com epilepsia, como o romancista russo Fiódor Dostoiévski e o pintor expressionista Vicente van Gogh (DANTAS et al., 2008).

Considerado o maior escritor russo, Fiódor Dostoiévski nasceu em 1821 e durante a adolescência apresentou a primeira crise epilética, sendo as mesmas recorrentes até o fim dos seus dias. A obra O Idiota possui trechos autobiográficos que fazem referência às crises epiléticas sofridas pelo autor (DANTAS et al., 2008).

Já o pintor Vincent van Gogh, nascido na Holanda em 1853, supostamente sofria de epilepsia do lobo temporal. Algumas características apresentadas pelo pintor remetem à chamada personalidade epilética, tais como: crises caracterizadas por manifestações emocionais, irritabilidade, alterações da sexualidade, entre outros. Van Gogh suicidou-se aos 37 anos deixando uma trajetória marcada pelo sofrimento (DANTAS et al, 2008).

Nota-se que a maior parte das referências históricas remetem a aspectos negativos desta condição neurológica, porém pode-se identificar relação da epilepsia com fatores divinos (no caso das Pitonisas) ou com relatos que não

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denotavam aspectos negativos, como a experiência do escritor Dostoiévski, que definia o momento da crise epilética como a “síntese da harmonia e beleza” (DOSTOIÉVSKI, 2001).

Que tem que seja doença? Que mal faz que seja uma intensidade anormal, se esse fragmento de segundo, recordado e analisado depois, na hora da saúde, assume o valor da síntese da harmonia e beleza, visto proporcionar uma sensação desconhecida e não advinda antes? Um estado de ápice, de reconciliação, de inteireza e de êxtase devocional, fazendo a criatura ascender a mais alta escala da vivência? Sim, por este momento se daria toda a vida! (DOSTOIÉVSKI, 2001, p. 250).

Estigma na Epilepsia

Assim como a palavra “epilepsia”, o termo “estigma” também provém do grego. O significado da palavra remete a uma prática comum na antiga Grécia, onde se marcavam com fogo ou cortes os corpos dos indivíduos que eram considerados criminosos, traidores ou escravos, ou seja, pessoas que deveriam ser evitadas, principalmente em público (GOFFMAN, 2004). Com este mesmo viés, o Dicionário Aurélio traz como definição da palavra estigma o conceito de sinal, cicatriz (FERREIRA, 2013).

Os conceitos apresentados no parágrafo anterior servem de base para algumas ideias tratadas por Goffman (2004), no livro Estigma – Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. A fim de proporcionar um melhor entendimento sobre o tema do estigma na epilepsia, alguns aspectos do livro de Goffman serão discutidos no presente artigo.

A ideia central do pensamento do autor é a de que a sociedade estabelece

meios para categorizar os indivíduos, bem como o total de atributos considerados comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias (GOFFMAN, 2004).

De acordo com Goffman (2004), quando se é apresentado a um estranho,

é possível realizar um mapeamento prévio dos atributos desse indivíduo, enquadrando-o em uma categoria, que definirá a sua identidade social virtual. As pré-concepções feitas sobre o indivíduo são transformadas em expectativas, ou seja, em exigências feitas de forma inconsciente, acerca do indivíduo. Nem sempre o indivíduo irá corresponder às expectativas, podendo surgir indícios de que ele possua um atributo diferente daqueles considerados comuns ou naturais à categoria em questão. Os atributos que o indivíduo prova possuir o enquadram em uma categoria que define sua identidade social real. O estigma surge quando ocorre uma discrepância entre a identidade social virtual e a identidade social real.

Levando-se em conta os atributos identificados, ou a falta deles, pode-se concluir que o indivíduo não é uma pessoa comum e total, sendo classificado como alguém diminuído, com fraquezas ou desvantagens.

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O termo estigma é utilizado com relação a atributos extremamente depreciativos no contexto social em que o indivíduo se encontra. O atributo, por si só, não determina se o indivíduo está sendo estigmatizado ou não, pois um fator estigmatizante em uma sociedade pode conceder normalidade em outro contexto. É possível distinguir três tipos de estigma. Primeiro aquele relativo às deformações do corpo. Em segundo estão as questões de caráter individual, como vontade fraca, vícios, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político radical. E o terceiro são os estigmas de raça, nação e religião.

Com relação à epilepsia, Goffman (1963, apud FERNANDES, 2005) define a condição como algo estigmatizante, devido ao fato de as pessoas não se adequarem às normas sociais, pois as crises são imprevisíveis, gerando o medo nos demais em lidar com a situação de presenciar uma crise epiléptica.

Devido ao preconceito histórico com relação às pessoas com epilepsia os

pacientes enfrentam problemas de ordem psicossociais, como medo, dificuldade de relacionamento, vergonha, restrição de atividades devido à possibilidade de ter crises inesperadas, dificuldade de formar família, entre outros (FERNANDES, 2005), já que a sociedade preza pela previsibilidade das situações, fato que não se aplica aos pacientes com epilepsia (ABLON, 2002, apud FERNANDES, 2005).

Desde a percepção dos gregos sobre o tema, até as ideias de Goffman, percebem-se as mesmas características sociais envolvidas. Já que indivíduos que poderiam ser aceitos interagindo em seu cotidiano possuem um traço que pode afastar os demais, impedindo que outros atributos seus sejam notados.

Quando a epilepsia começa na infância, as questões relativas ao preconceito

já se manifestam desde a primeira crise. A própria família demonstra sentimentos de tristeza e ansiedade, gerando um comportamento superprotetor, não invariavelmente percebido pela criança. Consequentemente, a criança assimila a ideia de que há algo errado com ela, culminando com atitudes de insegurança e imaturidade por parte das mesmas. Na adolescência as dificuldades estão relacionadas ao medo da crise ocorrer em público, bem como aos impedimentos que o jovem passa em função do diagnóstico como, por exemplo, impossibilidade de dirigir ou ingerir álcool e restrições de lazer. O adolescente passa a considerar-se diferente dos demais, limitando suas chances de crescimento pessoal e profissional (FERNANDES, 2005).

Considerando o contexto escolar como o primeiro contato com as relações sociais, pode-se inferir que, se a criança é tratada como diferente e assimila esse tratamento é provável que ocorram os primeiros problemas de ordem social e desempenho escolar (FERNANDES, 2005).

Com base no exposto até o momento sobre os mitos acerca da epilepsia, as atribuições religiosas quanto à ocorrência das crises e os fatores sociais ligados ao estigma, torna-se evidente a importância da disseminação de informações sobre o tema.

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Epilepsia na Escola

A incidência em epilepsia nas crianças em idade escolar é alta (ROSA, 1997), fato que torna indispensável a qualificação de professores e funcionários das escolas para o trato destas crianças, pois um professor com informações equivocadas sobre o problema pode assumir um comportamento inadequado em relação ao aluno que apresenta a condição neurológica. Outro aspecto preocupante é a escassez de trabalhos relacionados às necessidades de crianças com epilepsia no contexto escolar, pois para Rosa (1997), uma criança com epilepsia possui mais necessidade de sono, apoio emocional e auxílio nos processos de ensino-aprendizagem. Este fato explicita a urgência de uma preparação específica dos professores sobre o tema.

Dentre os principais problemas enfrentados por professores ao receber alunos com epilepsia podem-se destacar: falta de informações relacionadas ao quadro clínico do aluno, onde se deve encaminhar o aluno quando ele apresentar uma crise convulsiva sem recuperação imediata e o medo de serem surpreendidos por uma crise em sala de aula. (ROSA, 1997).

Além das problemáticas citadas no presente artigo, convém destacar alguns mitos que se consolidaram com o passar do tempo com relação às crises epiléticas, como, por exemplo, a possibilidade de contaminação através do contato com a saliva do paciente, bem como o risco de engolir a própria língua durante o ataque. Tais equívocos podem resultar em um atendimento de primeiros socorros ineficiente.

A partir do protocolo “Crises Convulsivas” realizado em 2019, seguem as informações necessárias ao atendimento de primeiros socorros em caso de convulsões:

• Tentar evitar que a vítima caia desamparadamente, cuidando para que a cabeça não sofra traumatismo e procurando deitá-la no chão com cuidado, acomodando-a;

• Retirar da boca próteses dentárias móveis (pontes, dentaduras), após a crise;• Remover qualquer objeto com que a vítima possa se machucar e afastá-la de

locais e ambientes potencialmente perigosos, como por exemplo: escadas, portas de vidro, janelas, fogo, eletricidade, máquinas em funcionamento;

• Não interferir nos movimentos convulsivos, mas assegurar-se que a vítima não está se machucando;

• Afrouxar as roupas da vítima no pescoço e cintura;• Virar o rosto da vítima para o lado, evitando assim a asfixia por vômitos ou

secreções;• Não colocar nenhum objeto rígido entre os dentes da vítima;• Quando passar a convulsão, manter a vítima deitada até que ela tenha plena

consciência e autocontrole (LIMA et al., 2019).

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FIGURA 4: ILUSTRAÇÃO DE PRIMEIROS SOCORROS EM CASOS DE CONVULSÕES

O QUE NÃO FAZER??

• Não levante ou remova a vítima, a menos que ela esteja em perigo imediato;• Não use a força para contê-la durante o ataque, pois pode haver fratura de

ossos da vítima;• Não impeça seus movimentos;• Não coloque nada na boca da vítima, inclusive panos ou até mesmo o seu

dedo (LIMA et al., 2019).

Para você ler na íntegra o protocolo “Crises Convulsivas” acesse em: http://repositorio.saolucas.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/3375/Mariana%20Lima%20-%20%20Protocolo%20crises%20convulsivas..pdf?sequence=1

A Figura 4 ilustra os procedimentos que devem ser tomados em caso de convulsões.

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Normalmente a recuperação do paciente ocorre depois de uma hora e é importante que ele receba acompanhamento até sua casa ou hospital.

Considerando a perspectiva da ocorrência de crises convulsivas em sala de aula, a escola deve buscar parcerias com as unidades de saúde, a fim de melhor prestar assistência a essas crianças, bem como desenvolver metodologias que auxiliem no desenvolvimento cognitivo das mesmas.

CONCLUSÕES E PERSPECTATIVAS FUTURAS

Considerando a complexidade do tema e o estigma histórico, impregnado na condição neurológica tratada no presente artigo, propõe-se a discussão de ações institucionais que tentem amenizar os problemas de ordem biopsicossocial de alunos com epilepsia. Torna-se urgente a intervenção dos órgãos que prestam atendimento de Orientação Educacional e de Assistência Estudantil em processos de esclarecimento acerca do tema, considerando os procedimentos adequados na assistência a alunos com epilepsia, tanto no âmbito pedagógico, quanto nas relações sociais no ambiente escolar.

REFERÊNCIAS

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GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos, 4. ed., 2004.

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KANASHIRO, Ana Lúcia Andrade. Epilepsia: prevalência, características epidemiológicas e lacuna de tratamento farmacológico. Campinas: UNICAMP, 2006. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 2006.

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SEIXAS, Henrique Carlos do Rosário. Os crimes dos epilépticos. Porto: UP, 1922. Tese de doutorado, Faculdade de Medicina do Porto, Universidade do Porto, 1922.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você estudou que:

• Classicamente, a crise hipertensiva tem sido definida como uma elevação abrupta e severa da pressão arterial, geralmente com pressão sistólica acima de 120 mmHg.

• A crise hipertensiva inicia repentinamente e a pessoa pode apresentar sensação de mal-estar, ansiedade e agitação, cefaleia severa, tontura, dentre outros.

• Ao identificar uma crise de pressão alta, não há muito que possa ser feito em relação aos primeiros socorros enquanto o socorro médico é aguardado. Basicamente, o socorrista deverá acionar o atendimento médico de urgência (SAMU 192), posicionar a vítima sentada ou semissentada, garantir que as vias aéreas fiquem desobstruídas e manter a vítima em repouso.

• Em diabéticos, o açúcar acumula-se na corrente sanguínea, pois não penetra nas células do corpo sem a ação da insulina.

• O diabetes pode causar complicações em vários sistemas do corpo. As complicações comuns incluem problemas circulatórios, cegueira (em consequência da degeneração dos pequenos vasos sanguíneos da retina) e problemas do sistema nervoso central, incluindo a ausência de sensibilidade nas mãos e nos pés, esvaziamento retardado do estômago, disfunção sexual e impotência.

• A regra a ser lembrada para o atendimento de emergência de diabetes é simples: na dúvida, dê açúcar. Não causaremos nenhum dano a um indivíduo com hiperglicemia se lhe dermos açúcar.

• A vertigem é uma falsa sensação de movimento ou de rotação ou a impressão de que os objetos se movem ou rodam. Geralmente, ela é acompanhada por náusea e perda do equilíbrio.

• No momento em que ocorrer vertigem, devemos proceder da seguinte forma: sentar a vítima, colocar sua cabeça entre as pernas com os braços caídos na lateral do corpo.

• A síncope, popularmente conhecida como desmaio, é uma perda súbita e transitória da consciência. É um sinal de aporte inadequado do oxigênio e de outros nutrientes ao cérebro.

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• Já foi o tempo em que ausência de respiração e batimento cardíaco significava morte. Com a evolução das técnicas de reanimação cardiopulmonar, desenvolvimento de drogas, aperfeiçoamento de equipamentos e treinamento de leigos e profissionais, milhares de vidas são salvas em todo o mundo.

• As manobras de reanimação cardiopulmonar vêm sendo aperfeiçoadas ao longo de várias décadas.

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1 Defina vertigem e cite alguns dos seus sintomas.

AUTOATIVIDADE

2 Na crise hipertensiva o que o paciente pode apresentar?

3 Quais os tipos de diabetes? Explique.

4 Quais os sinais que antecedem a síncope? Explique.

5 Como reconhecer os sinais de uma parada cardiorrespiratória?

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UNIDADE 3

BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE

ESTÉTICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• identificar a abordagem primária e secundária à vítima;

• reconhecer o ABCDE do trauma;

• definir os aspectos da hemorragia e sangramento;

• reconhecer o choque anafilático e alergias, bem como agir em caso de cri-ses;

• identificar os tipos de queimaduras e primeiro atendimento de socorro;

• caracterizar uma lesão ocular bem como a causa e possíveis procedimen-tos;

• reconhecer uma intoxicação exógena, manifestações clínicas e tratamento;

• definir hipotermina e seus sintomas, causas, diagnóstico e tratamento.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

TÓPICO 2 – ACIDENTE POR ANIMAIS PEÇONHENTOS, CHOQUE ANAFILÁTICO, ALERGIAS E QUEIMADURAS

TÓPICO 3 – INTOXICAÇÃO EXÓGENA, HIPOTERMIA E LESÃO DOS TECIDOS MOLES

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TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM

PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico você verá assuntos relacionados à abordagem primária e secundária a pessoas que possam ter sofrido um trauma e assim proceder com os primeiros atendimentos. Em seguida, para conduzir os processos de atendimento primário, abordaremos o chamado “ABCDE do trauma”, que designa a sequência fixa de passos.

Por fim, terá acesso aos conceitos de hemorragia e sangramento, sabendo diferenciá-los, além de técnicas de abordagem no primeiro atendimento.

2 PRIMEIROS SOCORROS

Os primeiros socorros são procedimentos de emergência para realizar um atendimento, de imediato, no local do acidente às vítimas de trauma, urgências ou emergências clínicas. Esse atendimento imediato visa garantir a segurança local, avaliando o estado da vítima, estabilizando os sinais vitais até a vítima ser encaminhada para a unidade hospitalar (QUILICI; TIMERMAN, 2011).

Os princípios básicos de primeiros socorros, conforme Quilici e Timerman (2011), podem ser visualizados na figura a seguir:

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UNIDADE 3 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

FIGURA 9 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Dependendo do trauma da vítima, costuma suceder simultaneamente à parada respiratória, a parada cardiorrespiratória. Para tal, a realização imediata de reanimação cardiopulmonar (RCP), até mesmo por leigos, contribui para o aumento das taxas de sobrevida das vítimas, principalmente de parada cardíaca (QUILICI; TIMERMAN, 2011).

FONTE: Adaptado de Quilici; Timerman (2011)

O atendimento imediado no local do acidente contribui expressivamente para a manutenção da integridade física e/ou psíquica do indivíduo em uma situação de risco. Conforme estudo desenvolvido por programas internacionais, as taxas de sobrevivência estão na ordem de 49 a 74%. O Código Penal brasileiro, art. 135 da Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, nos traz que é “crime de omissão de socorro”.

Vamos então conhecer a respeito das abordagens para o atendimento a vítimas. Para tal, vamos seguir com abordagem primária e secundária.

3 ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

O atendimento primário ou também dito como atendimento inicial a uma pessoa que sofreu algum trauma deve ser rápido, organizado e eficiente. Deve ainda

ATENCAO

Conhecer os sinais vitais;

Reconhecer situações que coloquem a vida em risco (tanto da vítima, quanto do socorrista e curiosos);

Confortar e tranqulizar a vítima, utilizando tom de voz moderado, confiante e previdenciar assistência médica e transporte (quando necesários).

Sinalizar o local do acidente;

Controlar sangramentos (quando necessário);

Aplicar respiração e circulação artificiais (quando necessário);

Minimizar o risco de outras lesões e comlpicações (manipulação incorreta da vítima);

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

permitir decisões quanto ao atendimento e ao transporte adequado, assegurando à vítima maiores chances de sobrevida.

AbordagemSecundária

AbordagemPrimária

Sinais vitais e escala de traumas e coma

Controle de cena

QUADRO 1 - ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA

FONTE:  Marconni (2009)

Antes de qualquer atendimento à vítima ou auxílio, deve-se garantir sua própria condição de segurança, das vítimas e dos demais envolvidos.

Na abordagem primária, o controle de cena ou local do ocorrido se faz de suma importância, eliminando de início a existência de alguma situação de ameça à vida. A abordagem inicial é realizada sem mobilizar a vítima de sua posição inicial, salvo em situações especiais que possam comprometer a segurança ou agravar o quadro da vítima. Para tal, indica-se observar as condições climáticas extremas em que a vítima está localizada (geada, chuva, frio, calor); verificar os riscos de explosão ou incêndio e; os riscos de choque elétrico.

Somente após verificar as condições de cena e elimiar os riscos, a abordagem primária deve ser realizada junto à pessoa com o trauma. Caso houver mais de uma vítima, o atendimento deve ser escolhido conforme o risco, ou seja, primeiro as que apresentem risco de perda de membros e por último as demais.

A abordagem primária é executada em duas fases: a abordagem primária rápida, e a abordagem primária completa.

IMPORTANTE

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UNIDADE 3 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

3.1 ABORDAGEM PRIMÁRIA RÁPIDA

Na abordagem primária rápida é realizada uma análise das condições de respiração, circulação e consciência da pessoa. Esse procedimento deve ser realizado de imediato e no tempo máximo de 30 segundos, por isso é chamada de abordagem primária rápida. (MARCONNI, 2009).

Essa abordagem tem por objetivo identificar as condições de risco de morte para desencadear os recursos de apoio, tais como médico no local e ambulância para o transporte. Vamos aos passos a serem seguidos:

1) Aproximar-se da vítima.2) Tocá-la garantindo-lhe o controle cervical.3) Verificar se está respirando.4) Verificar se está consciente.5) Verificar pulsação.6) Averiguar a temperatura, umidade e coloração da pele (palidez, pele fria e

úmida).7) Analisar rapidamente da cabeça aos pés procurando por hemorragias ou

grandes deformidades. 8) Transferir as informações para a Central de Emergência e repassar as

informações.

Não havendo respostas à respiração, iniciar as manobras de controle de vias aéreas e a ventilação artificial. Ao mesmo tempo palpar o pulso radial (em vítima inconsciente palpar direto o pulso carotídeo) e determinar se está presente e sua qualidade (normal, muito rápido ou lento). Se inexistente, palpar pulso de artéria carótida ou femoral (maior calibre) e, caso confirmado que a vítima está sem pulso, iniciar manobras de reanimação.

Vamos analisar o processo de verificação da pulsação por meio da figura a seguir:

FIGURA 10 - PULSO CAROTÍDEO E RADIAL

FONTE: Disponível em: <http://imgarcade.com/1/pulso-temporal/>. Acesso em: 10 jun. 2015.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

3.2 ABORDAGEM PRIMÁRIA COMPLETA

Existe uma sequência fixa de passos já estabelecidos cientificamente para segui-los na abordagem primária. Para conduzir com o procedimento de uma abordagem primária completa, tem-se o chamado “ABCDE do trauma” que mostra uma sequência fixa de passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (do inglês) que definem os passos para uma abordagem primária completa de socorro imediato (WILKINSON; SKINNER, 2000).

Vamos conhecer esse tipo de abordagem por meio da figura a seguir:

FIGURA 11 - ABCDE DO TRAUMA

FONTE: Adaptado de Wilkinson e Skinner (2000)

Conhecer os procedimentos básicos de socorro a vítimas para o profissional de estética vem contribuir para o primeiro atendimento quando uma pessoa que você estiver conduzindo algum procedimento de tratamento (facial, corporal, capilar, entre outros) vir a ter alguma reação a produtos químicos ou físico ou derivado de outros procedimentos estéticos.

Vamos conhecer essas etapas do chamado “ABCDE do trauma” de forma prática, com o passo a passo, adaptado de Wilkinson e Skinner (2000):

PASSO “A” – VIAS AÉREAS COM CONTROLE CERVICAL:

• Conduzir o controle cervical e a identificação da pessoa.• Questionar a pessoa para reconhecer se está ciente.• Se a pessoa responder normalmente é porque as vias aéreas estão permeáveis.• Se a pessoa não responder de forma correta, examinar as vias aéreas.• Liberar vias aéreas de qualquer objeto próximo (sólidos ou líquidos) para

garantir a respiração.

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PASSO “B” – RESPIRAÇÃO:

• Verificar se a respiração está presente.• Havendo respiração, observar suas características: lenta ou rápida, superficial

ou profunda, de ritmo regular ou irregular, silenciosa ou ruidosa. • Se observar sinais que antecedam parada respiratória (respiração superficial,

lenta ou irregular), ficar alerta para iniciar respiração artificial.• Caso a respiração estiver ausente, iniciar respiração artificial de imediato.

PASSO “C” – CIRCULAÇÃO COM CONTROLE DE HEMORRAGIAS:

Havendo situação de hemorragias, observar: pulso; perfusão periférica, coloração, temperatura e umidade da pele.

• Pulso: quando a pessoa está consciente, aferir a priori o pulso radial; se este não for percebido, tentar palpar o pulso carotídeo ou o femoral; já quando a vítima estiver inconsciente, examinar o pulso carotídeo do lado em que você se encontre. A avaliação do pulso dá uma aproximação da pressão arterial. Se o pulso radial não estiver palpável, possivelmente a vítima apresenta um estado de choque hipovolêmico descompensado, situação grave que exige uma intervenção imediata. No caso de o pulso femoral ou carotídeo estar ausente, iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar. Se o pulso estiver presente, observar sua qualidade: lento ou rápido, forte ou fraco, regular ou irregular.

• Perfusão periférica: realiza-se uma pressão na base da unha ou nos lábios, de forma que a coloração passe de rosada para pálida. Após recuar a pressão, a coloração rosada deve retomar num tempo inferior a dois segundos. Caso o tempo ultrapasse dois segundos é sinal de que a perfusão periférica está comprometida (oxigenação/perfusão inadequadas).

• Coloração, temperatura e umidade da pele: alguns sinais de comprometimento da oxigenação/perfusão dos tecidos são cianose e palidez. A pele fria e úmida indica choque hipovolêmico (hemorrágico). Se o atendente da vítima verificar hemorragia externa, deve utilizar métodos de controle. Se nesta abordagem observar sinais que sugerem hemorragia interna, agilizar o atendimento e transportar a pessoa o mais brevemente possível ao hospital, seguindo sempre as orientações da Central de Emergências.

PASSO “D” – ESTADO NEUROLÓGICO:

• Após realizar as medidas possíveis para garantir os passos “ABC”, é importante conhecer o estado neurológico da pessoa (passo "D"), para entender a gravidade e a estabilidade do quadro.

• O registro da evolução do estado neurológico da pessoa tem grande valor. Há pessoas que não apresentam alterações neurológicas num dado momento, mas passam a apresentá-las progressivamente.

• O nível de consciência deve sempre ser avaliado porque, se alterado, indica maior necessidade de atenção à vítima no que se refere às funções vitais, principalmente à respiração. A análise do nível de consciência é feita pelo método “AVDI”, de acordo com o nível de resposta que a vítima tem aos estímulos.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

FIGURA 12 - ANÁLISE DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

A variação do nível de consciência pode acontecer pelos seguintes motivos:

• Redução da oxigenação cerebral (hipóxia ou hipoperfusão).• Traumatismo cranioencefálico (hipertensão intracraniana).• Intoxicação por álcool ou droga.• Problema clínico metabólico.

PASSO “E” – EXPOSIÇÃO:

• Despir o paciente e procurar as lesões. • Se há suspeita de lesão cervical ou da coluna, é importante fazer a mobilização

em alinhamento.

O atendimento médico deverá ocorrer independente dos primeiros atendimentos, ou seja, o atendimento de primeiros socorros deverá ocorrer enquanto o médico não chega ao local em que a pessoa se encontra.

Para exemplificar a importância da abordagem primária e secundária na prática do profissional de estética, leia o quadro abaixo a respeito do uso do formol, suas causas e consequências:

FONTE: Adaptado de Wilkinson e Skinner (2000)

Sintomas frequentes em caso de intoxicação por formol

Inalação: fortes dores de cabeça, tosse, falta de ar, vertigem, dificuldade para respirar e edema pulmonar, irritação nos olhos, nariz, mucosas e trato respiratório superior. E ainda, quando em altas concentrações pode causar bronquite, pneumonia ou laringite.

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Ingestão: intensa dor na boca e faringe; dores abdominais com náuseas, vômito e possível perda de consciência, sintomas como proteinúria, acidose, hematemesis, hematúria, anúria, vertigem, coma e morte por falência respiratória.

Ocasionalmente pode ocorrer diarreia, pele pálida, fria e úmida, sinais de choque como dificuldade de micção, convulsões e estupor. A ingestão também pode ocasionar inflamação e ulceração, coagulação com necrose na mucosa gastrintestinal, colapso circulatório e nos rins. Podem ocorrer danos degenerativos no fígado, rins, coração e cérebro.

Pele: contato com o vapor ou com a solução pode deixar a pele esbranquiçada, áspera e causar forte sensação de anestesia e necrose na pele superficial. Longos períodos de exposição podem causar dermatite e hipersensibilidade, rachaduras na pele (ressecamento), ulcerações, principalmente entre os dedos.

Olhos: Pode causar conjuntivite.

FONTE: Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=795>. Acesso em: 24 jun. 2015.

QUADRO 2 - EFEITOS DO FORMOL EM HUMANOS APÓS EXPOSIÇÕES DE CURTA DURAÇÃO

Média de concentração Tempo médio Efeito à saúde da população

0,8 - 1 ppm Exposições repetidas Percepção olfativa

até 2 ppm Única ou repetida exposição Irritante aos olhos, nariz e garganta

3 – 5 ppm 30 minutos Lacrimação e intolerância por algumas pessoas

10 – 20 ppm Tempo não especificado Dificuldade na respiração e forte lacrimação

25 – 50 ppm Tempo não especificado Edema pulmonar, pneumonia, perigo de vida

50 – 100 ppm Tempo não especificado Pode causar a morteFONTE: IARC (1995)

4 HEMORRAGIAS E SANGRAMENTOS

A hemorragia caracterizada por uma intensa perda de sangue por algum orifício ou corte, para dentro ou para fora do corpo. Podemos ainda dizer que hemorragia é a resposta inicial do sistema cárdio-circulatório que está perdendo sangue, nesse momento ocorre vasoconstrição cutânea, muscular e visceral, para tentar manter o fluxo sanguíneo para os rins, coração e cérebro, órgãos mais importantes para a manutenção da vida. Ocorre também um aumento da

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

frequência cardíaca para tentar manter o débito cardíaco (MARCONNI, 2009). A hemorragia pode ser classificada como:

Hemorragia interna: como o nome diz, interna, o que fica é difícil de ser reconhecido. O sangue se acumula nas cavidades do corpo, tais como: estômago, pulmões, bexiga, cavidades craniana, torácica, abdominal etc. Os sintomas que aferem são: fraqueza, sede, frio e ansiedade ou indiferença. Os primeiros sinais a serem observados são: alteração do nível de consciência ou inconsciência, agressividade ou passividade, tremores e arrepios do corpo; pulso rápido e fraco; respiração rápida e artificial; pele pálida, fria e úmida; sudorese; e, pupilas dilatadas.

Hemorragia externa: as hemorragias externas são classificadas em: arterial, venosa e capilar. Assim temos:

• Hemorragia arterial: o sangue é vermelho vivo, rico em oxigênio e a perda é pulsátil, obedecendo às contrações sistólicas do coração. Esse tipo de hemorragia é particularmente grave pela rapidez com que a perda de sangue se processa.

• Hemorragia venosa: o sangue é vermelho escuro, pobre em oxigênio e a perda é de forma contínua e com pouca pressão. São menos graves que as hemorragias arteriais, porém, a demora no tratamento pode ocasionar sérias complicações.

• Hemorragia capilar: são pequenas perdas de sangue, em vasos de pequeno calibre que recobrem a superfície do corpo.

Você sabe como agir diante de uma hemorragia externa ou interna? Se externa: pegue um pano esterilizado ou bem limpo e faça compressão no local do sangramento com força. Antes, observe se não há objetos que impeçam a compressão e não movimente a pessoa. Se interna: nunca dê nada para a pessoa beber e leve-o imediatamente para o hospital.

Nos casos de sangramento de braços e pernas

Realizar o estancamento da hemorragia, utilizando um dos métodos abaixo:

• Compressão direta: é realizada uma pressão direta sobre a ferida, usando um pano esterilizado ou limpo. Manter até que ocorra a coagulação.

• Elevação do membro: a elevação do membro afetado acima do nível do tórax, normalmente utilizado em combinação com a compressão direta para controlar a hemorragia de uma extremidade (só utilizar essa técnica se não houver fraturas ou lesão na coluna).

• Compressão indireta (pontos de pressão): é realizada utilizando uma pressão da mão do socorrista para comprimir uma artéria, distante do ferimento.

DICAS

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Nos casos de sangramento do nariz

• Posicionar a pessoa sentada e com a cabeça para frente, evitando náuseas e vômitos.

• Deve-se pressionar as narinas com o seu dedo indicador e o polegar em forma de pinça durante dez minutos.

• Orientar a vítima para respirar pela boca.• Quando o sangramento cessar, orientar a vítima para não assoar o nariz, evitar

esforços e também evitar exposição ao calor.• Remova a vítima imediatamente para o serviço de saúde (pronto socorro ou

hospital).

Nos casos de sangramentos da boca

• Realizar as técnicas de compressão direta para sangramentos nos lábios.• Quando o sangramento ocorre nos dentes, o socorrista deverá analisar o local do

sangramento, preparar uma gaze, um chumaço de algodão ou pano limpo para colocar no local exato do sangramento e pedir à vítima para morder durante dez minutos.

LEITURA COMPLEMENTAR

EFEITOS TÓXICOS DO FORMALDEÍDO EM ESCOVA PROGRESSIVA

LILIANE DE MOURA PAIVA IONTAJADSON OLIVEIRA DA SILVA

INTRODUÇÃO

Devido ao uso indiscriminado de produtos para alisamento contendo formol em salões de beleza, houve a necessidade de realizar um trabalho mostrando os malefícios causados por essa substância em nosso organismo. Tanto em profissionais cabeleireiros, que aplicam esses produtos diariamente, como também em clientes que realizam esse procedimento em busca de uma beleza que nem sempre será favorável à sua saúde.

Nos últimos anos, introduziu-se nos salões de beleza brasileiros um novo procedimento de alisamento capilar, conhecido como escova progressiva. Este procedimento promete um alisamento duradouro, em torno de 1 a 4 meses, e é utilizado, em escala crescente, em diversos salões de beleza (BALOGH et al., 2009).

O alisamento consiste na quebra temporária ou permanente das ligações químicas que mantém a estrutura tridimensional dos fios de cabelo. Estas são divididas em ligações fortes (pontes dissulfeto) e ligações fracas (pontes de hidrogênio, força de Van de Waals e ligações iônicas). Os alisamentos definitivos visam romper as pontes dissulfeto da queratina. Podem ser à base de hidróxido de sódio, lítio e potássio,

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

hidróxido de guanidina (hidróxido de cálcio mais carbonato de guanidina), bissulfitos e tioglicolato de amônia ou etanolamina, que utilizam reação química de redução (ABRAHAM et al., 2009).

Hoje em dia também se utiliza o formaldeído como ativo para alisamento, porém, esse método não é permitido pela Vigilância Sanitária. O formaldeído se liga às proteínas da cutícula e aos aminoácidos hidrolizados da solução de queratina, formando um filme endurecedor ao longo do fio, impermeabilizando-o e mantendo-o rígido e liso (ABRAHAM et al., 2009).

FORMALDEÍDO

Fórmula molecular: CH2O Sinônimos: Formol, metanal, formalina, oximetileno, aldeído fórmico.

Características físicas: Muito solúvel em água, com ponto de fusão de – 92°C e ponto de ebulição de -21°C.

TOXICIDADE DO FORMOL

Bernstein et al. (1984) relataram a sensibilização de mediadores imunológicos em indivíduos expostos ao formaldeído, ocasionando dermatite e inflamação da membrana da mucosa nasal.

Kilburn et al. (1985) relatam que níveis de exposição aumentada de formaldeído também podem causar irritação das vias aéreas inferiores e que adicionalmente, a exposição crônica, pode causar sensação de queimação e pressão no tórax e alguns sintomas como cefaleia, náuseas e irritabilidade, além de tosse e taquineia.

Segundo Andersen e Proctor (1982), os efeitos irritantes do formaldeído sobre a mucosa das vias aéreas superiores estão relacionados com a alta solubilidade deste gás na água, ocasionando irritação nas membranas das mucosas do nariz, da faringe e da laringe e uma pequena concentração chegará às vias aéreas inferiores. Pitten et al. (2000) classificaram o formaldeído como neurotóxico após observar que ratos que inalam uma certa quantidade de formaldeído possuem uma habilidade e rapidez menor que os outros.

TOXICOCINÉTICA E TOXICODINÂMICA

A toxicocinética é similar entre todas as espécies estudadas, sendo o formaldeído um metabólito essencial nas células. É produzido normalmente pelo organismo sem prejudicá-lo, através do metabolismo de aminoácidos. O formaldeído exógeno é bem absorvido no trato respiratório e gastrointestinal, porém, é pouco. O formaldeído é metabolizado a formiato, principalmente, através da enzima formaldeído-desidrogenase. O formiato ou é excretado na urina (principalmente como ácido fórmico), incorporado a outras moléculas celulares ou oxidado a dióxido de carbono exalado. Como é rapidamente metabolizado, as

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UNIDADE 3 | BIOSSEGURANÇA, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM CENTROS DE ESTÉTICA

concentrações de formaldeído no sangue de ratos, macacos e humanos, que é de cerca de 2-3mg/L, não aumentam após exposição a concentrações aéreas elevadas. (COELHO, 2009).

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL CARCINOGÊNICO

Em estudos realizados com animais pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer), em 1995, suspeitou-se da carcinogenicidade do formaldeído, porém, apenas em 2006 esse fato foi comprovado, uma meta de análise, recentemente publicada sobre a exposição ao formaldeído entre os profissionais e o risco de leucemia, relatou um aumento significativo nas estimativas de risco relativo a embalsamadores e patologistas que estão em contato com o formaldeído diariamente. (MACAGNAN; SARTORI; CASTRO, 2010).

REGULAMENTAÇÃO DO FORMALDEÍDO

Segundo o grupo de estudos da OMS, conclui-se que concentrações de formaldeído menores de 0,05 ppm são aceitáveis, enquanto que concentrações maiores que 0,10 ppm são preocupantes.

No Brasil, a Portaria no 3.214/78 (BRASIL/MTb, 1978) estabelece através da NR-15, como limite de tolerância de exposição ao formaldeído, para todos os trabalhadores de 1,6 ppm ou 2,3 mg/m³ para uma jornada de até 48 horas semanais. O formol só é permitido pela ANVISA na função de conservante em uma concentração de até 0,2%, conforme Resolução no 162/01, e como agente endurecedor de unhas a uma concentração de até 5% conforme Resolução no 215/05.

OBJETIVOS

Devido ao aumento considerável de produtos ilegais para alisamento capilar contento formol, tornou-se necessário avaliar os efeitos tóxicos que o formaldeído pode trazer ao profissional cabeleireiro e ao cliente quando submetidos à escova progressiva em salões de beleza. Mostrando assim um alerta à população e medidas preventivas para não utilização do formol, já que pela ANVISA esse produto com ação alisante é totalmente proibido.

DESENVOLVIMENTO

Esse trabalho é baseado em referências bibliográficas e fontes de informações que consiste em analisar e comparar estudos referentes à utilização de produtos contendo formaldeído em escova progressiva. As fontes utilizadas para realização deste trabalho são de origem literária científica, retiradas de artigos científicos recentes, e em sites como Medline, Scielo e Google Acadêmico. Foi também utilizado para pesquisa de registros de produtos do site da ANVISA onde se pode ter acesso à classificação de registro do produto.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DISCIPLINA E ABORDAGEM PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA À VÍTIMA

RESULTADO E DISCUSÃO

A utilização de formaldeído tornou-se uma prática constante nos salões de beleza em meados de 2000, e depois dessa data observou-se o uso crescente desse produto. Pierce et al. (2011) analisaram quatro produtos utilizados em escova progressiva através de cromatografia gasosa e espectrometria de massa. O resultado das análises dos cremes mostrou-se muito acima do esperado, com uma variação de 3% a 11,5% de formol. Os autores também fizeram a amostragem do ar coletados durante a utilização desses quatro produtos em um salão de beleza no centro de Chicago e quantificaram as amostras utilizando HPLC e UV. Obteve-se resultados muito maiores que o permitido. Durante o processo houve uma variação de 0,08 ppm a 3,47 ppm durante o processo de alisamento. Pode-se observar que a quantidade de formol emitida no ar ultrapassa o limite de tolerância de exposição do formaldeído.

Segundo relatório da Anvisa obteve-se os seguintes valores seguidos dos sintomas: 0,1 a 0,3 ppm: menor nível no qual tem sido reportada irritação; 0,8 ppm: limiar para o odor; 1 a 2 ppm: limiar de irritação leve; 2 a 3 ppm: irritação dos olhos, nariz e garganta; 4 a 5 ppm: aumento da irritação de membranas mucosas e lacrimejamento significativo; 10 a 20 ppm: lacrimejamento abundante, grave sensação de queimação, tosse, podendo ser tolerada por apenas alguns minutos ( 15 a 16 ppm podem matar camundongos e coelhos após 10 horas de exposição); 50 a 100 ppm: causa danos graves em 5 a 10 minutos (a exposicão de camundongos a 700 ppm pode ser fatal em duas horas). Segundo Mendes (2003), a concentração de formaldeído de 2 a 3 ppm produzem irritação nos olhos e vias respiratórias superiores, podendo haver desenvolvimento de tolerância onde o trabalhador pode suportar a exposição por oito horas. Mazzei et al. (2010) investigaram a presença e a concentração de formaldeído em alisantes manipulados no próprio salão de beleza, por espectrofotometria UV e HPLC (análise cromatográfica). Na análise por HPLC a concentração de formaldeído em todos os cremes estudados excedeu o máximo valor permitido de 0,2%, com uma quantidade média quantificada de 1,6-10,5% mostrando claramente o elevado nível de risco sofrido pelos consumidores. Mesmo sabendo de todos esses malefícios causados pelo uso do formol, os cabeleireiros não demonstram nenhum tipo de preocupação. Através de um questionário elaborado por Lorenzini (2010) chegou-se a conclusão que os profissionais não possuem informações concretas sobre a legislação e os riscos de toxicidade do formol, além de não utilizar todos os equipamentos de proteção necessários. Temos que dar importância também aos clientes que entram em contato com essa substância quando estão alisando seus cabelos em salões. Macagnan; Sartori; Castro (2010), em uma pesquisa de campo com aplicação de questionário identificaram possíveis sinais e sintomas dos diversos graus de intoxicação em usuários de alisantes capilares, desde dor de cabeça, tosse, irritação no nariz, a boca amarga, feridas no nariz e bronquite.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda existem muitas empresas utilizando o formaldeído em suas escovas progressivas. Esses fabricantes apenas notificam seus produtos junto

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ao órgão de saúde, como se eles fossem um simples cosmético. Mas qualquer produto que modifique a estrutura do fio precisa, obrigatoriamente, de um registro para ser comercializado. E o mais preocupante é que nem sempre o profissional tem a consciência do malefício causado por essa substância. Muitos deles conhecem o produto, o cheiro e a característica, mas mesmo assim utilizam o produto pelos resultados estéticos e lucratividade que podem trazer, colocando a beleza e o benefício financeiro em primeiro lugar. Através desse trabalho procurou-se orientar os profissionais e consumidores e sugerir ações que possam minimizar casos de intoxicação. Primeiramente, não se deve utilizar produtos que não estejam aprovados pela Vigilância Sanitária. Salientando que 0,2% de formol não alisa cabelo, e se a mistura alisar é porque tem mais formol do que devia.

• Observar o cheiro do produto e a emissão de vapores, geralmente possui um cheiro característico mesmo sendo mascarado, muitas vezes, por essências.

• Analisar sempre os rótulos e registros dos produtos utilizados e comprados para esse fim. É importante verificar ainda se no rótulo não há termos como formaldeído, formalina, óxido metileno, metanal ou aldeído metílico, que são sinônimos do formol.

• Os produtos cosméticos registrados devem obrigatoriamente estampar, na sua embalagem externa, o número de registro, que sempre começa pelo número 2, e sempre terá ou 9 ou 13 dígitos. Esse número de registro é geralmente precedido pelas siglas “Reg. MS” ou “Reg. ANVISA”.

• Observar se o produto não está sendo manipulado no próprio salão, adicionando o formol em substâncias já preparadas. Segundo a ANVISA, a adulteração de produtos cosméticos, com adição de formol, é considerada crime hediondo pelo Código Penal Brasileiro.

• Se necessário entrar no site da ANVISA <www.anvisa.gov.br> para pesquisa do registro do produto. Através do trabalho realizado e dos estudos analisados e comparados chegou-se à conclusão que nenhum produto que gera alisamento e que tenha como base o formaldeído recebe o registro do órgão, provavelmente sua composição não foi avaliada e nem aprovada, tornando-se um produto ilegal.

Deve-se ter muito cuidado com produtos ilegais, pois muitos,

além dos malefícios estéticos, podem causar problemas irreversíveis à saúde. O consumidor deverá saber, antes de qualquer procedimento estético, qual produto será usado em sua pele ou seu cabelo, quais são os riscos que o composto oferece à saúde, e se ele é aprovado por órgãos sanitários, e se não foi modificado indevidamente, deixando de lado a beleza e a estética e pensando mais na sua própria saúde.

FONTE: IONTA, LILIANE DE MOURA PAIVA; SILVA, JADSON OLIVEIRA DA. EFEITOS TÓXICOS DO FORMALDEÍDO EM ESCOVA PROGRESSIVA. Publicado no 10º Congresso de Pós-Graduação. Disponível em: <http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/10mostra/5/483.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015.

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Neste tópico você estudou que:

• O atendimento inicial à vítima deve ser rápido, organizado e eficiente.

• O atendimento inicial à vítima se divide em quatro etapas: controle da cena, abordagem primária, abordagem secundária, sinais vitais e escalas de trauma e coma.

• Antes de qualquer atendimento à vítima, propriamente dito, deve-se garantir sua própria condição de segurança.

• A abordagem primária é realizada em duas fases: a abordagem primária rápida e a abordagem primária completa.

• O “ABCDE do trauma” é um procedimento para designar a sequência fixa de passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (do inglês) que definem os passos para uma abordagem primária completa de socorro imediato.

• A perfusão periférica é avaliada através da técnica do enchimento capilar. É realizada fazendo-se uma pressão na base da unha ou nos lábios, de modo que a coloração passe de rosada para pálida.

• Cianose e palidez são sinais de comprometimento da oxigenação/perfusão dos tecidos.

• Em condições normais as pupilas reagem à luz, aumentando ou diminuindo seu diâmetro conforme a intensidade da iluminação do ambiente.

• Hemorragia é caracterizada por uma intensa perda de sangue por algum orifício, ou corte, para dentro ou para fora do corpo.

• Quando há uma hemorragia externa, deve-se observar a coloração do sangue, se a cor for vermelho vivo, será um jato forte necessitando de uma compressa feita imediatamente, pois há grande risco de morte por perda sanguínea.

RESUMO DO TÓPICO 1

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Para compreender melhor este tópico responda às seguintes questões:

AUTOATIVIDADE

1 Os primeiros socorros são procedimentos de emergência para realizar um atendimento, de imediato no local do acidente, às vítimas de trauma, urgências ou emergências clínicas. Quais as quatro etapas de abordagem?

2 Na abordagem primária rápida é realizada uma análise das condições de respiração, circulação e consciência da pessoa. Esse procedimento deve ser realizado de imediato e tempo máximo de trinta segundos, por isso é chamado de abordagem primária rápida. Explique com suas palavras como se dá o procedimento de uma abordagem primária rápida.

3 Existe uma sequência fixa de passos já estabelecidos para segui-los na abordagem primária. Para conduzir com o procedimento de uma abordagem primária completa, tem-se o chamado “ABCDE do trauma”. A que está relacionado esse procedimento? Descreva-o.

4 Uma hemorragia caracteriza uma intensa perda de sangue por algum orifício, ou corte, para dentro ou para fora do corpo. Descreva os procedimentos de primeiro atendimento em caso de hemorragia.

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TÓPICO 2

CHOQUE ANAFILÁTICO, ALERGIAS E

QUEIMADURAS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste segundo tópico você conhecerá a respeito de choque anafilático, alergias e queimaduras, além de suas causas e sintomas e como proceder no primeiro atendimento, quando necessário for.

2 CHOQUE ANAFILÁTICO E ALERGIAS

O choque anafilático ou também conhecido como anafilaxia é uma reação alérgica grave que acontece poucos segundos ou minutos após estar em contato com um alergênico, ocasionando sintomas como dificuldade para respirar, inchaço da boca ou chiado ao respirar, por exemplo. Esse tipo de choque é uma resposta grave do organismo da pessoa e que pode gerar risco à vida. Portanto, chamar de imediato o socorro é primordial para a sobrevivência da pessoa, manter a calma e deitar a vítima de lado caso desmaie.

O choque anafilático pode acontecer quando se ingere um alimento a que se é alérgico, como amendoim ou camarão, por exemplo, mas também pode acontecer devido ao contato com outras substâncias alérgicas, como a picada de uma abelha ou contato com látex.

2.1 CAUSAS DE ANAFILAXIA

As causas da anafilaxia são variadas, podendo ser desde alimentos, produtos químicos até picadas de insetos ou outros animais.

• Comidas: os derivados de leite, ovos, peixes e frutos do mar, soja, amêndoas e amendoim são os mais habituais.

• Picadas de insetos.• Antibióticos: derivados da penicilina são os mais habituais.• Anti-inflamatórios: a pessoa alérgica a essa tipologia costuma ter alergia a todos

os derivados de anti-inflamatórios, inclusive aspirina e dipirona (metamizol) que não são propriamente do mesmo grupo.

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• Anti-hipertensivos: inibidores da ECA (ex.: captopril e enalapril).• Látex (produto da borracha).• Iodo: incluindo contrastes para exames radiológicos e antissépticos para pele.

Existe ainda a anafilaxia idiopática, que acontece sem causa definida. Evidentemente que para se ter anafilaxia devido a alguma dessas substâncias, a pessoa precisa ser alérgica a elas.

2.2 SINTOMAS DO CHOQUE ANAFILÁTICO

Os principais sinais e sintomas de um choque anafilático incluem os citados no quadro a seguir:

QUADRO 3 - SINTOMAS DE CHOQUE ANAFILÁTICO

FONTE: A autora

2.3 TRATAMENTO DO CHOQUE ANAFILÁTICO

A pessoa que apresenta os sintomas de anafilaxia deve ser instantaneamente levada para um hospital. Quadros novos de angioedema ou urticárias também devem ser analisados por um médico, pois não há como prever se eles evoluirão para choque anafilático ou não, pois o aumento costuma ser rápido.

O processo de tratamento se dá através de aplicação de adrenalina, corticoides, broncodilatadores e anti-histamínicos. Uma pessoa exposta a alguma reação anafilática deve ser consultada por um médico alergologista. Geralmente as pessoas que apresentam alguma alergia carregam consigo a identificação da

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TÓPICO 2 | CHOQUE ANAFILÁTICO, ALERGIAS E QUEIMADURAS

doença para o caso de o paciente estar inconsciente e não poder informar sua história no momento do atendimento médico.

Algumas pessoas com história conhecida de reação anafilática carregam consigo uma seringa automática de adrenalina para autoadministração em casos de urgência.

O choque anafilático é uma reação alérgica excessiva que pode levar ao fechamento da garganta, impedindo o indivíduo de respirar sozinho. Ele caracteriza-se pela intensa dificuldade em respirar, pele pálida e fria e pulso rápido.

Os primeiros socorros em caso de choque anafilático são:

• Ligar para emergência.• Observar se a vítima consegue respirar normalmente.• No momento de espera do atendimento de urgência, constatar o que causou a

reação alérgica. Caso tenha sido uma picada de inseto ou cobra deve-se retirar o ferrão do animal da pele e aplicar gelo no local, amarrar com força um tecido limpo alguns centímetros acima da mordedura do animal, para diminuir a disseminação do veneno.

• Alguns pacientes alérgicos costumam ter de praxe uma medicação antialérgica (Epinefrina) no bolso ou na carteira, pergunte a ele ou consulte em sua documentação, e se for o caso, dê a medicação o mais rápido possível.

3 ALERGIAS E TOXIDEZ

Alergia ou reação de hipersensibilidade é uma resposta imunológica exagerada do organismo, que se desenvolve após a exposição a um determinado antígeno (substância estranha ao nosso organismo) e que ocorre em indivíduos susceptíveis e previamente sensibilizados.

Trazendo esse contexto para a aplicação do profissional de estética, as reações alérgicas podem ser produzidas por exposição continuada do indivíduo a uma determinada substância presente em um cosmético. No processo alérgico, acredita-se que ocorra uma combinação de uma substância exógena com algumas proteínas presentes no organismo, causando falhas bioquímicas ou enzimáticas. O cérebro humano reage interpretando que esta substância é um invasor perigoso e produz histamina, visando a neutralizar a ação da “agressora”. Os efeitos da histamina variam de pessoa para pessoa, porém em todos os casos ocorre uma redução da imunidade do indivíduo e o aumento da sua propensão a doenças. Em casos mais extremos de sensibilização, o organismo reage muito rapidamente,

ATENCAO

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visando a impedir a entrada do “agressor”, causando o fechamento das vias respiratórias e morte por sufocação.

A reação alérgica mais comum produzida por um cosmético é a dermatite de contato, que se traduz pela irritação da pele ou do couro cabeludo, pela formação de eczemas e por rachaduras. Os solventes e os biocidas ou preservantes (como o formaldeído) são os componentes que desencadeiam com mais frequência essas reações (CHORILLI et al., 2007).

3.1 HIPERSENSIBILIDADE AOS COSMÉTICOS

As reações de hipersensibilidade são classificadas em quatro tipos (I, II, III e IV), de acordo com os mecanismos imunológicos envolvidos, no entanto, somente as hipersensiblidades do tipo I e IV estão associadas a reações contra cosméticos (BRITTON, 2003).

Quando os mecanismos se enquadram na hipersensibilidade do tipo I resultam em reações urticariformes, enquanto que quando se enquadram na hipersensibilidade do tipo IV resultam em reações eczematosas, sendo estas mais frequentemente associadas aos cosméticos. De forma geral, os cosméticos englobam formulações complexas, com diversos componentes, que não costumam causar reações de irritação. Porém, geralmente são produtos de uso contínuo, que eventualmente podem desencadear reações de hipersensibilidade em indivíduos geneticamente predispostos.

Para que ocorra o desenvolvimento das reações de hipersensibilidade, a substância capaz de desencadeá-la deve induzir a resposta imunológica adaptativa, levando a ativação de forma adequada dos linfócitos. Essas células são capazes de ativar diferentes mecanismos imunológicos através da liberação de citocinas. Dependendo do padrão de citocinas liberado, ocorrerá o desencadeamento da resposta imunológica humoral, na qual ocorre a produção de anticorpos pelo linfócito B ativado, ou da resposta imunológica celular, na qual ocorre a ativação de diversos tipos celulares, como os macrófagos e linfócitos T citotóxicos.

As dermatites de contato irritativas representam 80% dos casos de dermatites de contato, enquanto que as dermatites alérgicas totalizam 20%.

IMPORTANTE

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TÓPICO 2 | CHOQUE ANAFILÁTICO, ALERGIAS E QUEIMADURAS

HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I

Inicialmente ao se utilizarem mediadores químicos já sintetizados, as reações de hipersensibilidade do tipo I manifestam-se rapidamente, sendo denominadas reações de hipersensibilidade imediata. As substâncias capazes de desencadear esse tipo de reação são denominadas alérgenos.

A partir desse momento, o indivíduo apresentará crise alérgica quando em contato com o alérgeno. O processo de ativação resulta em três efeitos biológicos a serem considerados: a exocitose de histamina (responsável pelos efeitos imediatos), a síntese e secreção de mediadores lipídicos e a síntese e secreção de citocinas, assim ocorre o processo de desencadeamento da hipersensibilidade do tipo I.

De forma geral, as reações alérgicas envolvendo a pele manisfestam-se como pápula e eritema, induzido pelo contato com o alérgeno, resultando em lesão urticariforme. Os solventes, biocidas e conservantes são os componentes que desencadeiam com mais frequência essas reações. Deve-se levar em consideração, também, a exposição ocupacional a esses diferentes produtos, por exemplo, tanto o persulfato de amônia quanto a parafinilenodiamina são descritos como alérgenos, principalmente em cabeleireiros, devido à presença dos mesmos em diferentes produtos utilizados em salões de beleza, somado à exposição crônica desses profissionais aos referidos produtos. (BRITTON, 2003).

A Tabela 2 traz um resumo de importantes substâncias capazes de desencadear a hipersensibilidade do tipo I e/ou a do tipo IV.

HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IV

É também denominada hipersensibilidade tardia. Dentro desse tipo de hipersensibilidade econtram-se as reações de dermatite de contato. Esse tipo de reação costuma ser desencadeada após a exposição típica aos alérgenos.

As dermatites de contato podem ser do tipo irritativa ou alérgica.

A dermatite de contato irritativa resulta de efeito tóxico local, originado por algum componente químico da formulação com ação irritante, tratando-se de uma reação cutânea inflamatória localizada. Os indivíduos acometidos podem apresentar eritema, descamação, vesiculação e edema. Em exposições crônicas, podem ocorrer também hiperqueratose e fissuras.

Já a dermatite de contato alérgica, por sua vez, envolve o estímulo do sistema imunológico e o desencadeamento de resposta imunológica celular proeminente, o que leva a ser classificada como reação de hipersensibilidade do tipo IV (tardia).

As substâncias capazes de causar dermatite de contato alérgica compõem um grupo bastante heterogêneo, dentre as quais frequentemente são encontradas reações contra o sulfato de níquel, sulfato de neomicina, bálsamo do peru (Myroxlon pereirae), mix de fragrâncias, timerosal, quartérnio 15, formaldeído,

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bacitracina e cloreto de cobalto. A tabela correlaciona os principais cosméticos e alguns componentes presentes em suas formulações contra os quais já foram relatadas reações de hipersensibilidade (BRITTON, 2003).

A tabela, a seguir, traz a correlação entre os componentes possivelmente sensibilizantes e os cosméticos nos quais podem ser encontrados com maior frequência.

TABELA 2 – COMPONENTES SENSIBILIZANTES X COSMÉTICOS

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FONTE: Britton (2003)

3.2 COMO PROCEDER EM CASO DE REAÇÕES ALÉRGICAS

O indivíduo que apresentar reações de hipersensibilidade aos cosméticos, seja do tipo I ou IV, deve passar pelo atendimento médico para uma avaliação clínica adequada e pesquisar quais substâncias podem estar envolvidas no desencadeamento das reações, além de receber tratamento farmacológico, se necessário. Com a correta identificação dos componentes dos cosméticos desencadeantes das alergias, o paciente deve ser adequadamente orientado em relação ao nome químico da substância, sinônimos e produtos onde ocorre sua presença e principais formas de evitar a exposição.

Outra orientação importante é alertar o paciente para leitura de rótulos de novos produtos, a fim de verificar a possível presença das substâncias contra as quais o paciente é alérgico. (BRITTON, 2003).

4 QUEIMADURAS E LESÕES OCULARES

As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) que são capazes de produzir calor excessivo, levando dano aos tecidos corporais e podendo acarretar morte celular e até a morte da pessoa. Os agravos podem ser classificados como:

• queimaduras de primeiro grau;• queimaduras de segundo grau; ou• queimaduras de terceiro grau.

Esta classificação é feita tendo-se em vista a profundidade do local atingido. O cálculo da extensão do agravo é classificado de acordo com a idade da pessoa queimada. É possível, de forma simples, calcular o grau utilizando a conhecida regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em conta: a extensão atingida, a chamada superfície corporal queimada (SCQ).

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Para superfícies corporais de pouca extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos corporais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o tamanho da palma da mão (incluindo os dedos) do paciente, o que é tido como o equivalente a 1% da SCQ. A avaliação da extensão da queimadura, em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente. (BRASIL, 2012).

O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores, entre eles a extensão local e a profundidade da lesão. A queimadura também afeta o sistema imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importantes, com consequências sobre o quadro clínico geral do paciente.

• As queimaduras são classificadas segundo: o O agente causalo A profundidadeo A extensão (área corpórea atingida)

• Conforme o agente causador, a queimadura pode ser: o TÉRMICA (causado por calor, líquidos quentes, objetos aquecidos, vapor).o QUÍMICA (causado por ácidos e bases).o ELÉTRICA (quando causada por raios e correntes elétricas).o RADIAÇÃO (quando causada por radiação nuclear).

• Quanto à profundidade da queimadura (número de camadas de pele):o 1º grau: acomete a camada mais superficial da pele, a epiderme, e se manifesta

como uma lesão vermelha, quente e dolorosa. A queimadura solar é um exemplo.

o 2º grau: superficial gera bolhas e muita dor; profunda é menos dolorosa, a base da bolha é branca e seca. Pode gerar repercussões sistêmicas e causar cicatrizes.

o 3º grau: agride todas as camadas da pele, podendo chegar até aos ossos e gerar sérias deformidades.

4.1 PRIMEIROS SOCORROS EM QUEIMADURAS

De forma prática, conheça os primeiros socorros que você poderá realizar quando uma pessoa apresentar queimaduras:

• Elimine, no mesmo instante, o efeito do calor (utilize água fria, não use água gelada).

• Se a queimadura for por corrente elétrica, não toque na vítima até que se desligue a energia. Tome cuidado redobrado com os fios soltos e água no chão.

• Se a queimadura for por corrente elétrica, analise se há parada respiratória, em caso afirmativo, proceda com a respiração de socorro. Transporte no mesmo instante a vítima para o hospital.

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• Faça a avaliação primária da vítima. Identifique qual o tipo, grau e extensão da queimadura.

• Retire pulseiras, joias, relógios, roupas que não estejam fixas e/ou agarradas na pele da vítima.

• Caso a queimadura seja de 1º grau, tirar a pessoa do sol, utilize substâncias refrescantes, como produtos para aliviar a dor e faça a administração por via oral de líquidos.

• Caso a queimadura seja de 2º ou de 3º grau, lembre-se de proteger a área queimada com gazes molhadas em soro fisiológico ou água limpa.

• Mantenha o curativo umedecido, usando recipientes de soro ou água limpa até levar a vítima ao hospital.

a) Jamais dê água a pacientes com mais de 20% do corpo queimado.b) Jamais coloque gelo sobre a queimadura.c) Jamais dê qualquer medicamento intramuscular, subcutânea ou pela boca sem consultar um Médico, exceto em caso de emergência cardíaca.d) Jamais jogue água em queimaduras provocadas por pó químico. e) Deve-se arrumar o transporte imediato do acidentado.f) Além da percentagem da área corporal atingida, a gravidade das queimaduras é maior nos menores de 5 anos e maiores de 60.

FONTE: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/queima.htm>. Acesso em: 10 jun. 2015.

TRATAMENTO

O tratamento irá depender do tipo de queimadura. Veja:

• Queimadura de 1º grau: realize compressas frias nas primeiras horas após o acidente; não colocar nenhum tipo de produto sobre a queimadura; tomar analgésico se necessário e use filtro solar regularmente.

• Queimadura de 2º grau superficial: as bolhas podem ser drenadas, mas jamais devem ser estouradas. O procedimento deve ser realizado preferencialmente por um médico. Curativos utilizando sulfadiazina de prata ou nitrato de cério e limpeza com água corrente e clorexidina devem ser feitos. Após a cicatrização, deve-se usar filtro solar para evitar o surgimento de manchas.

• Queimadura de 2º grau profunda e 3º grau: há necessidade de internação hospitalar, pois ocorrem manifestações sistêmicas, como desequilíbrio acentuado dos níveis de sódio, potássio e/ou cálcio, e desidratação; necessidade de retirada de tecidos necrosados, partículas estranhas na ferida; e até realizar enxertia.

Conheça os procedimentos necessários a serem tomados se a queimadura for causada por um agende químico, por exemplo, se for derivado do processo de tratamento estético. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012):

DICAS

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Queimadura química:

• Identifique o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico.

• Avalie a concentração, o volume e a duração de contato. • Lembre que a lesão é progressiva, remova as roupas e retire o excesso do agente

causador. • Remova previamente o excesso com escova ou panos em caso de queimadura

por substância em pó. • Dilua a substância em água corrente, por no mínimo trinta minutos, e irrigue

exaustivamente os olhos no caso de queimaduras oculares. • Interne o paciente e, na dúvida, entre em contato com o centro toxicológico

mais próximo. • Nas queimaduras por ácido fluorídrico com repercussão sistêmica, institua a

aplicação por via endovenosa lenta de soluções fisiológicas com mais 10 ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhe laboratorialmente a reposição do cálcio iônico.

• Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel sobre a lesão, friccione a região afetada durante vinte minutos (para atingir planos profundos) e monitore os sintomas dolorosos.

• Caso não haja melhora, infiltre o subcutâneo da área da lesão com gluconato de cálcio diluído em soro fisiológico a 0,9%, na média de 0,5ml por centímetro quadrado de lesão, com o uso de agulha fina de 0,5cm da borda da queimadura com direção ao centro (assepsia normal).

• Nos casos associados à dificuldade respiratória, poderá ser necessária a intubação endotraqueal.

Infecção da área queimada:

São considerados sinais e sintomas de infecção em queimadura:

• Mudança da coloração da lesão. • Edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado. • Aprofundamento das lesões. • Mudança do odor (cheiro fétido).• Descolamento precoce da escara seca e transformação em escara úmida.• Coloração hemorrágica sob a escara.• Celulite ao redor da lesão. • Vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados). • Aumento ou modificação da queixa dolorosa.

Para entendermos mais sobre a importância do primeiro atendimento, veja a reportagem a seguir e analise a situação.

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Em MS, jovem sofre queimadura de 1º grau em sessão de bronzeamento29/12/2011

A Vigilância Sanitária mandou suspender os serviços de estética prestados por um salão de beleza no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande, após denúncia de uma jovem que teve parte do corpo queimado em uma sessão de bronzeamento natural. Uma equipe do órgão esteve no local na manhã de quarta-feira (28). A proprietária foi autuada e parte do estabelecimento foi lacrado.

A jovem de 25 anos, que não quis ter o seu nome divulgado, ainda tem dificuldades para andar e para se vestir por causa das queimaduras na virilha, barriga e tórax. Em entrevista ao G1, ela relatou que chegou ao salão para a sessão de bronzeamento natural com a irmã, por volta das 11h30 (horário de MS) do dia 24 de dezembro. “Quando chegamos ao salão tomamos um banho, depois uma funcionária do salão fez as marcas de biquíni no nosso corpo com as fitas colantes e pediu para que ficássemos deitadas em umas macas no quintal dos fundos”, contou.

Segundo relatos da jovem, a funcionária teria passado diversos produtos

no corpo dela e da irmã enquanto estavam expostas ao sol. “Não pude ver muita coisa porque ela pediu que eu cobrisse o meu rosto com uma toalha. Teve uma hora que levantei a toalha e consegui ver ela passando um creme branco em mim. Perguntei o que era e ela respondeu que era um coquetel de vitaminas para a pele”, afirmou a jovem.

Após a sessão de bronzeamento, a jovem afirmou que foi para casa e apresentou sintomas como vômitos e tremores. Após algumas horas desmaiou e foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Coronel Antonino. O diagnóstico feito pelo médico de plantão indicou queimaduras de 1º grau, além de insolação e dermatite (inflamação da pele). Por conta das queimaduras, a jovem passou a noite de Natal internada. A irmã não apresentou qualquer sintoma ou queimadura.

A jovem registou um boletim de ocorrência contra o salão de beleza na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes contra as Relações de Consumo (Decon). A denúncia foi tipificada como lesão corporal. Ela foi encaminhada para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), onde deverá passar por exames periciais.

IrregularidadesO agente fiscal informou ao G1 que o salão de beleza prestava serviços

de estética de forma irregular, já que não possui licença da Vigilância Sanitária. Ainda, segundo informações do órgão, o estabelecimento já havia sido autuado pela Vigilância Sanitária outras vezes.

No dia 16 de dezembro técnicos do órgão estiveram no local para fazer uma vistoria. “Foram encontradas diversas irregularidades e demos a ela o prazo

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de um mês para que ela se adequasse às exigências e entrasse com o pedido para obter a licença de funcionamento”, explicou o técnico.

Cinco dias depois, no dia 21 de dezembro, foram apreendidos no estabelecimento produtos que estavam sendo manipulados irregularmente. Segundo termo de apreensão feito pelo órgão, entre os produtos apreendidos estavam vidros de óleo de bronzeamento sem rótulos e sem nenhuma identificação.

No local onde era realizado o bronzeamento, área exposta ao sol com uma piscina e diversas macas, os agentes encontraram outros produtos, como bronzeadores, esfoliantes e parafina.

FONTE: Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Disponível em: <http://www.sbcd.org.br/noticia/2234>. Acesso em: 11 jun. 2015.

4.2 LESÕES OCULARES

Ocasionalmente, no trabalho ou mesmo num momento de lazer, pode acontecer um acidente ocular, como queimadura por produtos químicos, trauma ou perfurações ou ainda a entrada de um corpo estranho. Diante disso, os olhos devem receber cuidados especiais até o momento do atendimento médico.

É significativo destacar que muitas lesões graves, com potencial para deixar sequelas permanentes na visão, podem, primeiramente, não apresentar dor ou diminuição de visão. Dessa forma, sempre que um traumatismo ocular acontecer, a melhor maneira de prevenir o comprometimento dos olhos é procurar atendimento oftalmológico para a realização de exames adequados e um pronto estabelecimento de tratamento específico.

PRIMEIROS SOCORROS Traumas por fragmentos – O primeiro passo é tranquilizar a pessoa e

estabilizar o olho atingido. Não se deve tentar retirar os fragmentos ou realizar qualquer tipo de tratamento, pois se corre o risco de agravar o quadro. As medidas específicas devem ser realizadas por equipe médica treinada para tal atendimento.

Produtos químicos – O ponto mais relevante em acidentes que envolvem

contato com produtos químicos é tentar reduzir o tempo de exposição do olho ao produto, através da lavagem com água, continuamente, por pelo menos 15 minutos. Caso a pessoa seja um utilizador de lentes de contato, estas devem ser removidas imediatamente, para facilitar a lavagem e aumentar sua eficácia. Após, é necessário procurar um oftalmologista para avaliar as lesões e indicar o tratamento adequado.

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Corpo estranho – Caso o trauma envolva a existência de corpo estranho (poeira, areia, cílios etc.) na superfície ocular, deve-se impedir de a vítima esfregar os olhos. Se o corpo estranho se movimentar, é preciso piscar os olhos para estimular o lacrimejamento e, sendo assim, deslocá-lo até a sua saída; nesses casos, lave as mãos com água e sabão.

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Neste tópico você estudou que:

• O choque anafilático, também conhecido como anafilaxia, é uma reação alérgica grave que surge poucos segundos ou minutos após estar em contato com um alergênio, provocando sintomas como dificuldade para respirar, inchaço da boca ou chiado ao respirar, por exemplo.

• O paciente com sintomas de anafilaxia deve ser imediatamente levado para um hospital.

• O choque anafilático é uma reação alérgica exagerada que pode levar ao fechamento da garganta, impedindo o indivíduo de respirar sozinho.

• Os primeiros socorros, em caso de choque anafilático, são: ligar para emergência; observar se a vítima consegue respirar normalmente; constatar o que causou a reação alérgica; se for picada de inseto ou cobra deve-se retirar o ferrão do animal da pele e aplicar gelo no local; verificar se a pessoa possui medicação antialérgica (Epinefrina) no bolso ou na carteira.

• Alergia ou reação de hipersensibilidade é uma resposta imunológica exagerada do organismo, que se desenvolve após a exposição a um determinado antígeno (substância estranha ao nosso organismo) e que ocorre em indivíduos susceptíveis e previamente sensibilizados.

• A reação alérgica mais comum produzida por um cosmético é a dermatite de contato, que se traduz pela irritação da pele ou do couro cabeludo, pela formação de eczemas e por rachaduras.

• Os solventes e os biocidas ou preservantes (como o formaldeído) são os componentes que desencadeiam com mais frequência essas reações.

• As reações de hipersensibilidade são classificadas em quatro tipos (I, II, III e IV), de acordo com os mecanismos imunológicos envolvidos, no entanto, somente as hipersensibilidades do tipo I e IV estão associadas a reações contra cosméticos.

• Quando os mecanismos se enquadram na hipersensibilidade do tipo I resultam em reações urticariformes, enquanto que quando se enquadram na hipersensibilidade do tipo IV resultam em reações eczematosas.

• As dermatites de contato irritativas representam 80% dos casos de dermatites de contato, enquanto que as dermatites alérgicas totalizam 20%.

RESUMO DO TÓPICO 2

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• As substâncias capazes de causar dermatite de contato alérgica compõem um grupo bastante heterogêneo, dentre os quais frequentemente são encontradas reações contra o sulfato de níquel, sulfato de neomicina, bálsamo do peru (Myroxlon pereirae), mix de fragrâncias, timerosal, quartérnio 15, formaldeído, bacitracina e cloreto de cobalto.

• O indivíduo que apresentar reações de hipersensibilidade aos cosméticos, seja do tipo I ou IV, deve passar pelo atendimento médico para uma avaliação clínica adequada e pesquisar quais substâncias podem estar envolvidas no desencadeamento das reações, além de receber tratamento farmacológico, se necessário.

• As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica).

• Primeiros socorros que você poderá realizar quando uma pessoa apresentar queimaduras: elimine no mesmo instante o efeito do calor; se a queimadura for por corrente elétrica, não toque na vítima até que se desligue a energia; se a queimadura for por corrente elétrica, analise se há parada respiratória, em caso afirmativo, proceda com a respiração de socorro. Transporte no mesmo instante a vítima para o hospital; retire pulseiras, joias, relógios, roupas que não estejam fixas e/ou agarradas na pele da vítima.

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AUTOATIVIDADE

Para compreender melhor este tópico responda às seguintes questões:

1 O choque anafilático, também conhecido como anafilaxia, é uma reação alérgica grave que surge poucos segundos ou minutos após estar em contato com um alergênico. Com relação ao choque anafilático, descreva os principais sinais e sintomas de uma pessoa que sofreu anafilaxia.

2 As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) e dependendo do grau pode levar à morte da pessoa. Descreva os primeiros socorros em queimaduras.

3 A reação alérgica mais comum produzida por um cosmético é a dermatite de contato, que se traduz pela irritação da pele ou do couro cabeludo, pela formação de eczemas e por rachaduras. Quais são as substâncias capazes de causar dermatite de contato alérgica?

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TÓPICO 3

INTOXICAÇÃO EXÓGENA E HIPOTERMIA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste terceiro tópico você verá assuntos relacionados à intoxicação exógena, sendo este um dos problemas de saúde pública. Em seguida, conhecerá o que é hipotermia, classificação, sintomas e tratamento.

2 INTOXICAÇÃO EXÓGENA

Através de sinais e sintomas e dos efeitos nocivos produzidos em um organismo vivo como resultado da sua interação com alguma substância química (exógena) denomina-se a intoxicação. É o efeito nocivo que se gera quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, os olhos ou as mucosas.

As intoxicações compõem um problema de saúde pública em todo o mundo. Além disso, existem diferenças geográficas, sociais, econômicas e culturais que determinam perfis diferentes entre os países. Entre os mais de 12 milhões de produtos químicos conhecidos, menos de 3.000 causam a maioria das intoxicações acidentais ou premeditadas.

Apesar disso, praticamente qualquer substância consumida em grande quantidade pode ser tóxica. As fontes comuns de venenos incluem drogas, produtos domésticos, produtos agrícolas, plantas, produtos químicos industriais e substâncias alimentícias. O reconhecimento do produto tóxico e a avaliação exata do perigo envolvido são fundamentais para um tratamento efetivo (SCHVARTSMAN; SCHVARTSMAN, 1999).

O conceito de intoxicação exógena está atrelado à consequência clínica ou bioquímica da exposição a substâncias químicas encontradas no ambiente ou encontrada de forma isolada. (SCHVARTSMAN; SCHVARTSMAN, 1999).

São exemplos de substâncias intoxicantes ambientais: ar, água, alimentos, plantas, animais peçonhentos ou venenosos. Dentre os principais representantes

UNI

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de substâncias isoladas estão os pesticidas, medicamentos, produtos químicos industriais ou de uso domiciliar.

A intoxicação é um processo patológico causado por substâncias endógenas ou exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico. Nesse contexto, ressalta-

se o conceito de intoxicação exógena de modo a diferenciá-la da intoxicação endógena, que ocorre por meio de substâncias produzidas no próprio organismo, seja pelas toxinas de microrganismos infecciosos ou por perturbação metabólica /glandular (autointoxicação).

Vamos conhecer alguns tipos de intoxicação e suas manifestações clínicas para que possamos tomar as medidas necessárias para prevenir e remediar.

• TÓXICOS INALADOS

INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO: O monóxido de carbono exerce seu efeito tóxico ao se agregar com a hemoglobina circulante, diminuindo a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. A hemoglobina ligada ao monóxido de carbono, chamada de carboxiemoglobina não transporta oxigênio.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Uma pessoa que é acometida por intoxicação de monóxido de carbono parece intoxicada (devido à hipóxia cerebral). Entre os sinais e sintomas pode-se citar a cefaleia, fraqueza muscular, palpitação, confusão mental, que podem evoluir rapidamente para o coma. A cor da pele pode mudar de rósea vermelho cereja à cianótica e pálida, constitui um sinal confiável. A exposição ao monóxido de carbono exige tratamento imediato.

TRATAMENTO: Os objetivos do tratamento são reverter a hipóxia cerebral e miocárdica e acelerar a eliminação do monóxido de carbono:

• Deslocar imediatamente o paciente para o ar fresco.• Abrir todas as janelas e portas.• Afrouxar todas as roupas apertadas.• Iniciar a reanimação cardiopulmonar.• Administrar oxigênio.• Evitar o calafrio; enrolar o paciente em cobertores.• Manter o paciente mais quieto possível.• Não administrar álcool.

• INTOXICAÇÃO ALIMENTAR

A intoxicação alimentar é uma doença súbita que pode ocorrer depois do consumo de alimento ou água contaminada. O botulismo (envenenamento) é uma forma grave de intoxicação alimentar que exige vigilância contínua.

IMPORTANTE

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TÓPICO 3 | INTOXICAÇÃO EXÓGENA E HIPOTERMIA

TRATAMENTO: A solução para o tratamento é definir a fonte e o tipo de intoxicação alimentar. Alimento, conteúdo gástrico, vômitos, soro e fezes são coletados para exame. São monitorizados com afinco os sinais vitais, sensório, PVC e atividade muscular do paciente quando indicados. São assim instituídas medidas para sustentar o sistema respiratório. A morte por paralisia respiratória pode ocorrer com o botulismo, intoxicação por peixes e outras intoxicações alimentares.

• INTOXICAÇÃO POR DROGAS

Nesta situação é importante avaliar três variáveis:

• O USUÁRIO: a personalidade psicológica, fisiologia, motivação para o uso da droga, expectativa quanto ao efeito, medo etc.

• O CENÁRIO: se o local é seguro ou ameaçador, estranho ou familiar, acolhedor ou apertado, tranquilo ou agitado, quente ou frio, barulhento ou quieto, o que está ocorrendo em volta, hora do dia etc.

• A DROGA: qual tipo de droga foi ingerida, quantidade, quantas vezes foi usada, como foi administrada (fumada, aspirada, ingerida, injetada), se já era usada antes, durante quanto tempo, grau de pureza da droga, se misturou algo com a droga etc.

Apenas quando a somatória desses três fatores é negativa a pessoa necessitará de ajuda. O socorrista, quando for atender, pode ser de grande ajuda:

• Sendo tranquilizador, não ameaçador.• Colocando a pessoa em lugar calmo, seguro e não barulhento.• Mantendo a temperatura agradável.• Interferindo de forma valiosa na modificação do hábito de usar drogas.• Explicando para o usuário os efeitos ocorridos.• Explicando os efeitos da droga.

3 MEDIDAS DE DESCONTAMINAÇÃO

De uma maneira geral, nos envenenamentos, a descontaminação da vítima é uma atuação que está sempre indicada. A forma de exercer essa prática vai mudar de acordo com a via de exposição ao agente. Na maioria das intoxicações acidentais por produtos químicos, a contaminação acontece por exposição dérmica ou de mucosa (pele, olhos, couro cabeludo).

Esses produtos atravessam com extrema facilidade roupas e calçados criando áreas de depósito que, quando permanecem muito tempo em contato com o corpo da vítima, podem contribuir para o agravamento do acidente. A descontaminação, quando realizada antecipadamente e com técnicas adequadas, constitui medida eficaz para um bom prognóstico das intoxicações.

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4 HIPOTERMIA

A hipotermia acontece quando a temperatura normal do corpo, que é 37ºC (98.6F) desce para menos de 35ºC (95ºF), é comumente causada pela longa permanência num ambiente frio. A hipotermia é muitas vezes provocada pela exposição prolongada à chuva, ao vento, à neve ou à imersão em água fria.

Durante uma exposição por longo período ao frio, o mecanismo de defesa do organismo tenta evitar a continuação da perda de calor. A pessoa começa a tremer para tentar manter os órgãos principais a uma temperatura normal. O fluxo sanguíneo para a pele é restringido e são libertadas hormonas para produção de calor. Se o corpo já não tiver energia, a hipotermia pode ser fatal. Os idosos e os doentes, que não conseguem se movimentar com facilidade, estão particularmente mais vulneráveis à hipotermia.

CLASSIFICAÇÃO

Hipotermia aguda: é definida pela perda de temperatura corporal, de forma brusca e rápida, que ocorre à exposição intensa ao frio. Essa queda corporal de forma agressiva é causada pela incapacidade do organismo de suprir e manter a energia interna, devido ao fato de ter sido esfriado também. É muito comum em casos de exposição à neve, tempestades etc.

Hipotermia subaguda: é definida pela perda de temperatura corporal, gradualmente, em períodos mais longos, até o desgaste total das reservas do organismo para suprir o calor interno.

Hipotermia crônica: a mais comum em centros urbanos, principalmente em estações como o inverno, onde o índice de resfriados e enfermidades acontece com maior frequência. A hipotermia crônica é causada por consequências de alguma patologia.

SINTOMAS

Vale ressaltar que o início da hipotermia costuma ser tão gradual e sutil que tanto a vítima como os outros não percebem o que pode vir a suceder. Os movimentos tornam-se lentos e entorpecidos, o tempo de reação é mais lento, a mente turva-se, a pessoa não pensa com clareza e tem alucinações.

Os sintomas mais costumeiros de hipotermia são tremores, esfriamento das mãos e pés, dormência nos membros, pouca energia para realizar suas atividades, dificuldade em respirar, pulsação lenta, inchaço na face, perda de controle da bexiga. Nos estágios mais avançados a hipotermia causa perda de memória, perda de controle dos membros superiores e inferiores, perda dos sentidos, perda da pulsação e pupilas dilatadas.

DIAGNÓSTICO: o diagnóstico da hipotermia acontece de acordo com os sintomas. Deve-se utilizar um termômetro para medir a temperatura. Se estiver

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abaixo dos 35ºC (95F), é porque tem hipotermia. Assim que for diagnosticada a hipotermia, poderá ser realizado um electrocardiograma para determinar até que ponto a temperatura baixa lhe afetou. Algumas análises de rotina ao sangue também mostrarão se os órgãos foram acometidos.

TRATAMENTO: ao reconhecer um quadro de hipotermia são necessários alguns procedimentos para restabelecer a temperatura corporal, como:

• Massagens vigorosas no corpo.• Ingestão de bebidas quentes.• Se a vítima estiver com roupas úmidas, retire-as imediatamente, pois a água da

roupa retira o calor do corpo.• Deitar encostado à vítima, uma vez que a transmissão de calor vinda de outro

corpo ajuda a aquecer e melhorar de forma rápida a temperatura corporal da vítima.

• Jamais dê bebidas alcoólicas, pois elas dão uma sensação instantânea de aquecimento, porém, reduzem a temperatura do corpo.

• Em casos mais graves, serviços médicos devem ser acionados, para adotar procedimentos mais específicos como infusão de soros aquecidos, aquecimento do tecido sanguíneo através da circulação extracorpórea entre outros procedimentos.

LEITURA COMPLEMENTAR

Salões de beleza e similares

Qualquer serviço de salão de beleza, cabeleireiro, barbeiro e afins deve:

• Ser independente de residência.• Possuir local próprio para lavagem de material.• Apresentar-se limpo, organizado e possuir ventilação e circulação de ar.• Manter rotina de limpeza dos pentes, escovas, bobies etc. Esta limpeza deve ser

realizada a cada cliente.• Utilizar toalhas limpas, devendo estas serem lavadas a cada uso.• Utilizar apenas produtos com registro na Anvisa. Isto vale para esmaltes,

cremes, shampoos, tinturas, maquiagens etc.• Manter cadeiras e colchões de macas revestidos de material impermeável e em

bom estado de conservação.• Possuir licença sanitária.

Cuidados na depilação

• Não realizar o procedimento quando houver lesões na pele.• As ceras quentes deverão ser descartáveis e de uso individual.• As espátulas devem ser de material liso, lavável e impermeável, ou descartáveis.

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Cuidados com os cabelos

• Evite fazer tintura, ondulamento, alisamento ou qualquer outro procedimento que utilize produtos químicos quando apresentar lesões no couro cabeludo.

• Verifique o nome do produto, fabricante e registro na Anvisa.• Não utilize produtos caseiros.• Observe se as tolhas são limpas e de uso individual, e se as escovas e pentes

estão limpos.

Escova progressiva, alisantes e formol

O formol só pode ser usado na fórmula de cosméticos como conservante ou agente endurecedor de unhas e nas quantidades determinadas pela vigilância sanitária. Seu uso como alisante capilar é ilegal e pode causar, em quem aplica ou recebe o tratamento, problemas de saúde, como queimaduras no couro cabeludo, queda de cabelo e sérios problemas respiratórios. Os riscos que o formol pode causar são:

• No contato com a pele – irritação, vermelhidão, dor e queimaduras.• No contato com os olhos – irritação, vermelhidão, dor, lacrimação e visão

embaçada. Altas concentrações causam danos irreversíveis.• Inalação – dor de garganta, irritação no nariz, tosse, diminuição da frequência

respiratória, irritação e sensibilização do trato respiratório.

Também podem ocorrer graves ferimentos nas vias respiratórias, levando ao edema pulmonar, pneumonia e câncer no aparelho respiratório.

O formol também pode causar queda dos cabelos. Quando absorvido pelo organismo por inalação e, principalmente pela exposição prolongada, apresenta como risco o aparecimento de câncer na boca, narinas, pulmão, sangue e cabeça.

Atenção:

• Adicionar formol ou qualquer outra substância a produtos sujeitos à vigilância sanitária é infração sanitária (adulteração ou falsificação) é crime hediondo pela legislação brasileira, de acordo com o art. 273 do Código Penal.

• O uso do formol pode ser fatal.• O risco aumenta à medida que se aumenta a concentração utilizada e a frequência

de uso.• O formol é considerado cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde.

Serviços de Manicure, Pedicure e Podologia

Estes serviços deverão:

• Possuir profissionais capacitados.

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• Manter rotina de esterilização dos materiais utilizados em procedimentos invasivos.

• Possuir local exclusivo para a realização dos procedimentos de podologia.

É importante também que:

• Bisturis, navalhas e agulhas sejam descartados após o uso, não podendo ser reutilizados.

• Os materiais estéreis devem estar embalados individualmente e armazenados em local próprio e exclusivo, atentando-se para o controle da data de validade da esterilização.

• O podólogo utilize equipamentos de proteção individual, como luvas e jaleco.• Realizar a higienização e antissepsia da pele do cliente, antes de iniciar o

procedimento.

Lembrete: É proibido ao podólogo prescrever ou indicar qualquer medicamento ou substância para uso sistêmico ou tópico.

Serviços de Estética

Muito cuidado com técnicas de estética que envolvam procedimentos invasivos (botox, preenchimento, bioplastia etc.).

Estes procedimentos apenas podem ser realizados por um profissional médico.

Antes de submeter-se a um procedimento estético é importante verificar:

• Se todos os equipamentos e produtos utilizados nestes procedimentos possuem registro na Anvisa. O registro é a única garantia de que os produtos utilizados atingem a finalidade a que se propõem, sem expor o usuário aos riscos à saúde.

• Se o profissional é capacitado para a realização do procedimento.• Se o local está limpo, organizado e possui licença sanitária.• Se materiais como agulhas e seringas são estéreis e de uso único, devendo ser

descartados após o uso.

Em caso de procedimentos invasivos é importante que o profissional utilize equipamentos de proteção individual, como luvas, máscara e jaleco ou avental.

FONTE: Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Ouvidoria/Assunto+de+Interesse/Fique+de+Olho/Saloes+de+beleza+e+similares>. Acesso em: ago. 2015.

LEITURA COMPLEMENTAR II

Norma da ANVISA estabelece regras para salões de beleza

Ainda que salões de beleza sejam considerados estabelecimentos de interesse da saúde, por muito tempo a ausência de uma regulamentação clara para o setor representou riscos a quem frequenta os centros de estética; a principal

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preocupação é com a esterilização e o descarte de instrumentos. Mas essa situação, felizmente, acabou.

Desde janeiro de 2012, a Lei nacional 12.592/12 reconhece os profissionais de beleza e torna obrigatório o seguimento das normas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Essa medida abrirá caminhos para novas ações da ANVISA na proteção de cabeleireiros, manicures, esteticistas e seus clientes.

De acordo com a diretora da Anvisa, Maria Cecília Brito, a lei abre caminho para que sejam feitas novas ações de proteção à saúde do trabalhador de salões de beleza e dos próprios clientes.

“Esses profissionais, que passam a ser reconhecidos pela lei, tem uma importância muito grande em nossa cultura, mas é preciso observar os riscos a que eles estão sujeitos por conta das características de seu trabalho, como, por exemplo, o uso constante de produtos químicos”, explica. Ela lembra, ainda, que esta é a primeira lei federal que traz, de forma expressa, a obrigatoriedade da aplicação de normas sanitárias por profissionais da área de beleza. Para donos de salões que queiram se capacitar mais sobre como administrar seu salão, existem cursos que trazem todos os conhecimentos necessários para que seu salão esteja dentro da lei.

Confira algumas das instruções da ANVISA que devem ser seguidas:

• Toalhas e lençóis devem ser devidamente lavados e trocados a cada cliente.• Lixas para unhas e pés, espátulas de madeira e lâminas não podem ser

reutilizadas nem reprocessadas.• Alicates, pinças, afastadores e tesouras devem ser esterilizados após o uso.• Ceras para depilação devem ser fracionadas em porções suficientes para cada

cliente.• Escovas e pentes devem ser limpos após o atendimento a cada cliente.• Cadeiras, armários, macas, colchões, travesseiros e almofadas devem ser

revestidos de material impermeável, resistente, de fácil limpeza e desinfecção, mantidos em bom estado de conservação e higiene.

• Trabalhadores de salões de beleza devem receber equipamentos de proteção (óculos, máscaras, luvas e jalecos) de acordo com as funções exercidas.

• Profissionais que realizam procedimentos com materiais perfurocortantes devem ser vacinados contra hepatite B e tétano.

• Materiais perfurocortantes devem ser descartados após o uso.• Todos os produtos devem estar dentro do prazo de validade.• Produtos químicos que forem submetidos a fracionamento e diluição devem

ser acondicionados em recipientes devidamente identificados com etiqueta legível, que informe o nome do produto, a composição química, concentração, data de envase e validade e o nome do responsável pela manipulação e pelo fracionamento. O fracionamento deve seguir as normas do fabricante.

• É vetada a reutilização de embalagens de produtos químicos.• Equipamentos e instrumentos devem ser disponibilizados em quantidade

suficiente para atender a demanda do estabelecimento, respeitando os prazos de limpeza, desinfecção e esterilização.

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• Produtos que devem ser mantidos sob refrigeração devem ser guardados em refrigeradores específicos, com termômetro e registro diário de temperatura, não podendo dividir espaço com alimentos.

FONTE: Disponível em: <http://blog.carreirabeauty.com/lei-anvisa-regras-para-saloes-de-beleza/>. Acesso em: ago. 2015.

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Neste tópico você estudou que:

• Intoxicação é a manifestação, através de sinais e sintomas, dos efeitos nocivos produzidos em um organismo vivo como resultado da sua interação com alguma substância química (exógena).

• Entre os mais de 12 milhões de produtos químicos conhecidos, menos de 3.000 causam a maioria das intoxicações acidentais ou premeditadas.

• Praticamente qualquer substância ingerida em grande quantidade pode ser tóxica.

• A intoxicação alimentar é uma doença súbita que pode ocorrer depois da ingestão de alimento ou água contaminada.

• Nos envenenamentos, de uma maneira geral, a descontaminação da vítima é um procedimento que será sempre indicado. A forma de executar essa prática varia de acordo com a via de exposição ao agente.

• A hipotermia ocorre quando a temperatura normal do corpo, que é 37ºC (98.6F) desce para menos de 35ºC (95ºF).

• Quem sofre hipotermia pode cair, andar sem destino fixo ou, simplesmente, deitar-se para descansar e até morrer. Se a pessoa se encontrar na água, move-se com dificuldade, pouco depois desiste e, finalmente, afoga-se.

RESUMO DO TÓPICO 3

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AUTOATIVIDADE

Para compreender melhor este tópico responda às seguintes questões:

1 Defina intoxicação exógena.

2 Quais as classificações utilizadas em hipotermia? Descreva.

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