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2013 A NÁLISEDASD EMONSTRAÇÕES C ONTÁBEIS Prof.ª Arlete Regina Floriani

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2013

Análise dAs demonstrAçõesContábeisProf.ª Arlete Regina Floriani

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Copyright © UNIASSELVI 2013

Elaboração:Prof.ª Arlete Regina Floriani

Revisão, Diagramação e Produção:Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

657.48F635a Floriani, Arlete Regina Análise das demonstrações contábeis / Arlete Regina Floriani.

Indaial : Uniasselvi, 2013. 197 p. : il ISBN 978-85-7830-709-7

1. Contabilidade analítica – Financeira. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

Impresso por:

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III

ApresentAção

Estimado/a acadêmico/a, você está de posse de um Caderno de Estudos importantíssimo para a sua formação profissional. A parte gerencial da contabilidade é imprescindível para o sucesso do contador, porque ela permite que as informações geradas propiciem ao gestor uma visão ampla do seu negócio. Estas informações permitem comparar o passado, segundo as demonstrações contábeis de cada período a ser analisado, com o futuro, através dos resultados decorrentes da preparação dos dados extraídos da contabilidade financeira e com a aplicação correta dos índices que permitirão evidenciar a situação econômica e/ou financeira das empresas, segundo a necessidade do gestor.

Pensando nisso, elaborou-se este caderno, que permitirá a você, acadêmico/a, ter conhecimento sobre o gerenciamento dos dados extraídos da contabilidade e a transformação deles em informações indispensáveis para a tomada de decisão.

Para atingir o objetivo da disciplina, este caderno foi dividido em três unidades, a saber: a Unidade 1 foi dividida em três tópicos, e o Tópico 1 aborda: a) as demonstrações contábeis a fim de que você relembre os pontos principais do balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, demais relatórios contábeis e, em especial, as notas explicativas que são fundamentais para a formação completa do diagnóstico da situação da empresa; b) as demonstrações contábeis após a promulgação da Lei nº 11.638/07 e da Lei nº 11.941/09, para ampliar seu entendimento contábil e permitir a elaboração do Tópico 2 desta unidade. No Tópico 2 foram apresentadas as técnicas de preparação das demonstrações contábeis para fins de análise, aqui compreendidas a reclassificação das contas contábeis para fins gerenciais e a atualização monetária de todas as contas, a fim de trazer a valor presente, em uma única base, os valores das contas dos balanços analisados. O Tópico 3 compreende as análises: I) horizontal e II) vertical. A análise horizontal, também conhecida como análise de tendência, tem a finalidade de demonstrar a você o desempenho da empresa, razão pela qual necessária se faz a atualização monetária. A análise vertical, que é a análise de estrutura, demonstra quanto cada conta representa percentualmente em relação ao grande grupo, assim entendido: ativo, passivo e DRE. Na demonstração do resultado do exercício a análise vertical inicia com a receita líquida de vendas, uma vez que os impostos são absorvidos pelo consumidor final, não cabendo à empresa analisá-los.

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A Unidade 2, que compreende a avaliação de desempenho, foi dividida em cinco tópicos, assim compreendidos: no Tópico 1, os indicadores de liquidez; no Tópico 2, os indicadores de estrutura de capital; no Tópico 3, os indicadores de rentabilidade; no Tópico 4, a lucratividade; e no Tópico 5, a liquidez dinâmica. Os indicadores de liquidez demonstram a capacidade que a empresa tem de pagamento das dívidas; os indicadores de estrutura de capital demonstram qual o grau de endividamento; os indicadores de rentabilidade demonstram quanto renderam os investimentos, tanto da visão da empresa quanto da visão do proprietário; lucratividade compreende a abordagem do resultado da produção e da comercialização dos bens e serviços. E por fim, no Tópico 5, abordou-se a liquidez dinâmica que é utilizada para determinar a capacidade de pagamento quando a empresa estiver pleiteando crédito em geral.

Por último, a Unidade 3 compreende a gestão financeira das empresas, abrangendo cinco tópicos, conforme segue: o Tópico 1 trata do capital de giro, item importante para o administrador financeiro quando se trata de investimentos de recursos; o Tópico 2 trata dos índices de atividade, que representam a velocidade com que os elementos patrimoniais de relevo se renovam; o Tópico 3 menciona o fluxo de caixa, um dos principais instrumentos para realização da análise que tem por objetivo identificar o processo de circulação do dinheiro; o Tópico 4 aborda o fator de insolvência de Kanitz, que tem por objetivo avaliar a saúde da empresa como um todo; e, por fim, o Tópico 5 aborda o tema alavancagem financeira e operacional, que possibilita conhecer a viabilidade econômica do negócio e conhecer as causas que determinaram eventuais desvios nos resultados.

Todos os tópicos possuem uma abordagem introdutória, continuando com a abordagem técnica do tema e complementando-o com atividades práticas, permitindo a você, acadêmico/a, a interação entre teoria e prática. Bons estudos e mãos à obra!

Prof.ª Arlete Regina Floriani

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Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

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Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

UNI

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UNI

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UNIDADE 1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................................... 1

TÓPICO 1 - AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07; LEI Nº 11.941/09 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) ..................................................................................................... 31 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 32 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................................................................................. 3RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 25AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 27

TÓPICO 2 - PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE ....... 331 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 332 PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................... 33 2.1 CONTAS DO ATIVO ...................................................................................................................... 42 2.2 CONTAS DO PASSIVO .................................................................................................................. 43 2.3 CONTAS DO DRE .......................................................................................................................... 453 RECONHECIMENTO DOS EFEITOS INFLACIONÁRIOS ....................................................... 46RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 49AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 50

TÓPICO 3 - ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL .................................................. 511 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 512 ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL ..................................................................... 51 2.1 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL .......................................................... 53LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 55RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 57AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 58

UNIDADE 2 - ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................ 59

TÓPICO 1 - INDICADORES DE LIQUIDEZ .................................................................................... 611 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 612 LIQUIDEZ CORRENTE ..................................................................................................................... 623 LIQUIDEZ SECA ................................................................................................................................. 644 LIQUIDEZ GERAL .............................................................................................................................. 665 LIQUIDEZ IMEDIATA ....................................................................................................................... 68RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 70AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 71

TÓPICO 2 - INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS .................................................... 731 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 732 QUOCIENTES DE ENDIVIDAMENTO ......................................................................................... 73 2.1 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS ...................................................................... 73 2.2 ENDIVIDAMENTO ........................................................................................................................ 74

sumário

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2.3 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO .................................................................................... 75 2.4 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................................................ 76 2.5 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES .......................................................... 77RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 79AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 80

TÓPICO 3 - INDICADORES DE RENTABILIDADE ...................................................................... 831 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 832 TAXA DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTOS ....................................................................... 843 TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ...................................................... 854 TAXA DE RETORNO DO INVESTIMENTO (DA EMPRESA) VERSUS TAXA DE RETORNO DO INVESTIDOR (DO EMPRESÁRIO) ................................................... 86RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 88AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 89

TÓPICO 4 - INDICADORES DE LUCRATIVIDADE ..................................................................... 931 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 932 LUCRATIVIDADE BRUTA ............................................................................................................... 933 LUCRATIVIDADE OPERACIONAL ............................................................................................... 944 LUCRATIVIDADE NÃO OPERACIONAL .................................................................................... 955 LUCRATIVIDADE DO EXERCÍCIO ............................................................................................... 956 LUCRATIVIDADE ANTES DOS IMPOSTOS .............................................................................. 957 LUCRATIVIDADE LÍQUIDA DO EXERCÍCIO ............................................................................ 968 GIRO SOBRE O ATIVO TOTAL ...................................................................................................... 969 GIRO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................... 9710 GIRO SOBRE O ATIVO OPERACIONAL LÍQUIDO ................................................................ 98RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 99AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 100

TÓPICO 5 - LIQUIDEZ DINÂMICA .................................................................................................. 1031 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1032 LIQUIDEZ DINÂMICA ..................................................................................................................... 103LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 106RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 107AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 108

UNIDADE 3 - GESTÃO FINANCEIRA ............................................................................................. 111

TÓPICO 1 - CAPITAL DE GIRO ......................................................................................................... 1131 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1132 TERMINOLOGIA ................................................................................................................................ 113 2.1 CAPITAL DE GIRO ........................................................................................................................ 113 2.2 CAPITAL EM GIRO ........................................................................................................................ 114 2.3 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO ..................................................................................................... 115 2.4 CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO ............................................................................................ 116 2.5 CAPITAL DE TERCEIROS ............................................................................................................ 117 2.6 CAPITAL PRÓPRIO ....................................................................................................................... 1173 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO ....................................................................................... 117RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 122AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 123

TÓPICO 2 - ÍNDICES DE ATIVIDADE ............................................................................................. 1251 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 125

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2 QUOCIENTES DE ATIVIDADE ....................................................................................................... 126 2.1 PMRE ................................................................................................................................................ 126 2.2 PMRV ................................................................................................................................................ 130 2.3 PMPC ................................................................................................................................................ 131RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 135AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 136

TÓPICO 3 - FLUXO DE CAIXA ........................................................................................................... 1391 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1392 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ............................................................................ 1443 FLUXO DE ATIVIDADES OPERACIONAIS - FAO ..................................................................... 1484 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL ............................................................................................... 149 4.1 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL LÍQUIDO ........................................................................ 151 4.2 EBITDA ............................................................................................................................................. 152LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 152RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 154AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 155

TÓPICO 4 - FATOR DE INSOLVÊNCIA ........................................................................................... 1571 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1572 ANÁLISE DISCRIMINANTE ........................................................................................................... 1583 FÓRMULAS PARA PREVISÃO DE FALÊNCIAS ........................................................................ 158 3.1 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ .................................................................................... 158 3.2 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE ALTMAN ................................................................................. 160 3.3 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE ELIZABETSKY ........................................................................ 161 3.4 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE MATIAS .................................................................................... 162 3.5 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE PEREIRA .................................................................................. 162RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 165AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 166

TÓPICO 5 - ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL .............................................. 1711 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1712 ALAVANCAGEM FINANCEIRA ..................................................................................................... 172 2.1 O EFEITO ALAVANCAGEM ........................................................................................................ 1763 ALAVANCAGEM OPERACIONAL ................................................................................................. 1774 ALAVANCAGEM TOTAL .................................................................................................................. 179RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 189AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 190REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 195

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UNIDADE 1

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• reconhecer as demonstrações contábeis;

• apresentar as demonstrações contábeis de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1);

• preparar as demonstrações contábeis;

• analisar as demonstrações contábeis.

Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará, no final de cada um deles, atividades que contribuirão para a compreensão dos conteúdos explorados.

TÓPICO 1 – AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1)

TÓPICO 2 – PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

TÓPICO 3 – ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL

Assista ao vídeo desta unidade.

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TÓPICO 1UNIDADE 1

AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI

Nº 11.638/07; LEI Nº 11.941/09 E

PRONUNCIAMENTO TÉCNICO

CPC 26 (R1)

1 INTRODUÇÃOCaro/a acadêmico/a! Iniciaremos este caderno com uma abordagem sobre

as demonstrações contábeis, com a finalidade de relembrar as demonstrações contábeis segundo a Lei nº 6.404/76, compreender as alterações ocorridas através da Lei nº 11.638/2007, da Lei nº 11.941/2009, do Pronunciamento Técnico CPC 26 e a finalidade da contabilidade no processo de gestão.

Segundo Iudícibus et al. (2010), a Lei nº 6.404/76 representou uma revolução no campo da contabilidade, introduzindo muitas técnicas que obrigaram grande parte dos profissionais da área a se preparar para a nova realidade. Este cenário passou a ter nova roupagem a partir de 2007 com a edição da Lei nº 11.638 e da Lei nº 11.941, promulgada em 2009, bem como do Pronunciamento Técnico CPC 26.

2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A Lei nº 6.404 foi criada em 15 de dezembro de 1976, em substituição ao Decreto-Lei nº 486, de 3 de março de 1969, que dispunha sobre a escrituração e sobre os livros mercantis. O art. 175, do capítulo XV da referida lei, dispõe sobre o exercício social e as demonstrações financeiras, enquanto o capítulo 176 complementa que, ao final de cada exercício social, serão elaboradas as seguintes demonstrações financeiras: (I) balanço patrimonial; (II) demonstração do resultado do exercício; (III) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; (IV) demonstração das mutações do patrimônio líquido; (V) demonstração das origens e aplicações de recursos. O § 4º prevê que as demonstrações contábeis serão complementadas por notas explicativas que esclarecerão a situação patrimonial e os resultados do exercício.

Iudícibus et al. (2010) explicam que o conjunto de informações que deve ser divulgado por uma sociedade por ações, de forma a prestar contas aos usuários, abrange o “Relatório da Administração, as Demonstrações Contábeis e as Notas Explicativas, e ainda o Parecer dos Auditores Independentes, o Parecer do Conselho Fiscal e o relatório do Comitê de Auditoria (se existirem).

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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Com o advento da Lei nº 11.638/2007, estes artigos da Lei nº 6.404/76 sofreram modificações, e, no que se refere a informações complementares, ocorreu a substituição da DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos) pela DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa, que abordaremos no decorrer do tópico.

Reis (2009) explica que todo tipo de sociedade enquadrada no regime de tributação pelo lucro real deve seguir os dispositivos básicos da Lei nº 6.404/76, relativos às demonstrações contábeis. Ressalta o autor que os demonstrativos são obrigatórios para todos os tipos de sociedades sujeitas ao regime de tributação pelo lucro real: I) Balanço Patrimonial; II) Demonstração do Resultado do Exercício; III) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Segundo o art. 178 da Lei nº 6.404/76, o balanço patrimonial tem por finalidade demonstrar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinado momento, o que representa uma posição estática. Neste mesmo artigo está previsto que as contas são classificadas segundo os elementos do patrimônio que registram e agrupadas de modo que permitam o conhecimento e a análise da situação financeira da sociedade. Para atender a esse objetivo, os artigos 178 a 182 definem como devem ser dispostas as contas: para o ativo as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez, isto é, em primeiro lugar são apresentadas as contas mais rapidamente conversíveis em disponibilidades. Para o passivo, em ordem decrescente de grau de exigibilidade, ou seja, classificam-se em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade ocorre antes. Esta classificação, se for elaborada de conformidade, ajudará o analista na preparação das demonstrações contábeis para análise.

Para que você, acadêmico/a, tenha melhor compreensão sobre as demonstrações contábeis, em especial o balanço patrimonial, foi elaborado o quadro a seguir, segundo o entendimento de Matarazzo (1994), amparado na Lei nº 6.404/76. Observe que a estrutura apresentada a seguir sofreu alterações com a edição das Leis nos 11.638/07 e 11.941/09.

IMPORTANTE

A leitura atenta das notas explicativas pelo usuário da informação contábil é indispensável para conhecer os procedimentos adotados pela empresa e realizados na elaboração das demonstrações financeiras.

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TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1)

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BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PERMANENTE RESULTADO DE XERCÍCIOS FUTUROS

Investimentos Imobilizado Diferido PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Reservas de capital Reservas de incentivos fiscais Reservas de reavaliação Reservas de lucros Lucros ou prejuízos acumulados

FONTE: Matarazzo (1994)

QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL

Você pode observar no quadro anterior que a estrutura do balanço patrimonial, segundo a Lei nº 6.404/76, é sintética, mas, para que o usuário das informações contábeis tenha maior conhecimento da situação da empresa e possa formar uma opinião a esse respeito, as informações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas, quadros analíticos etc.

Com as modificações geradas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09, os §§ 1º e 2º do artigo 178 determinam a segregação do Ativo e do Passivo nos seguintes grupos:

QUADRO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: Iudícibus et al. (2010)

Iudícibus et al. (2010) afirmam que os novos grupos que compõem o Balanço Patrimonial estão dispostos dentro do critério anteriormente apresentado, ou seja, do grau de liquidez. Ressaltam ainda que, dentro de cada grupo, a ordem de liquidez e exigibilidade também deve ser mantida.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO CIRCULANTEATIVO NÃO CIRCULANTEREALIZÁVEL A LONGO PRAZOINVESTIMENTOSIMOBILIZADOINTANGÍVEL

PASSIVO CIRCULANTEPASSIVO NÃO CIRCULANTEPATRIMÔNIO LÍQUIDOCAPITAL SOCIALRESERVAS DE CAPITALAJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIALRESERVAS DE LUCROSAÇÕES EM TESOURARIAPREJUÍZOS ACUMULADOS

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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O Pronunciamento Técnico 26 prevê que a apresentação das Demonstrações Contábeis, que segue o padrão internacional, não estabelece ordem ou formato para a apresentação das contas do balanço patrimonial, mas determina que seja observada a legislação brasileira. (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 3).

Complementa as demonstrações obrigatórias, a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, que, segundo Zdanowicz (1998, p. 23-25), “[...] é peça relevante na dinâmica patrimonial, pois informa a receita bruta da empresa, o custo para obtê-la e demais despesas operacionais, evidenciando os lucros: bruto e operacional”.

Matarazzo (1994, p. 47) tem um entendimento diferente sobre a DRE e a define como “[...] a demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa”, e vai além explicando que as receitas representam aumento do Ativo enquanto as despesas, a redução do Patrimônio Líquido.

Todas as receitas e todas as despesas estão compreendidas na DRE, e sua apresentação é feita de forma ordenada segundo sua natureza, fornecendo informações relevantes sobre a empresa.

Iudícibus et al. (2010) explicam tecnicamente a partir do art. 187 da Lei nº 6.404/76, que define que o seu conteúdo deve ser apresentado de forma dedutiva assim constituída: I) a receita bruta das vendas e serviços menos as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II) a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e dos serviços vendidos e o lucro bruto; III) as despesas com as vendas, as despesas financeiras deduzidas as receitas financeiras, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais. IV) o resultado do exercício antes do imposto sobre a renda e a provisão para o imposto; V) o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. O § 1º complementa que na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos, uma vez que os critérios de avaliação dos ativos e de registro dos passivos são aplicados segundo o regime de competência.

Para que fique claro como deve ser elaborada a DRE – Demonstração do Resultado do Exercício –, apresentam-se as principais contas, que, segundo Matarazzo (1994), são demonstradas destacando o resultado líquido do período.

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TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1)

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FONTE: FIPECAFI. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

QUADRO 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

DEMONSTRAÇÕES D O RESULTADO DO EXERCÍCIOOPERAÇÕES EM CONTINUIDADEFaturamento por venda e serviços prestados(-) Deduções da receita, abatimentos e impostos(=) Receita líquida de vendas e serviços prestados(-) Custos dos produtos vendidos e serviços prestados(=) Lucro bruto(-) Despesas com vendas(-) Despesas gerais e administrativas(-) Outras despesas(+) Outras receitas(-) Resultado financeiro líquido(+/-) Resultados com Coligadas e Controladas em Conjunto(=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro(-) Despesas de imposto de renda e contribuição social(-) Lucro (ou prejuízo) das operações em continuidadeOPERAÇÕES EM CONTINUIDADE(+/-) Lucro (ou prejuízo) das operações em descontinuidade (=) Lucro ou prejuízo líquido do exercício

Finaliza Iudícibus (1998, p. 48-58) mencionando que a DRE é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, que geralmente é de doze meses. É apresentada de forma dedutiva (vertical), isto é, primeiro se demonstram as receitas brutas de vendas e ou serviços, e na sequência subtraem-se os custos, as despesas até atingirmos o resultado do exercício que pode ser lucro ou prejuízo.

Os demais relatórios que acompanham o balanço patrimonial e a DRE, de acordo com Iudícibus et al. (2010), são: a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL evidenciando a mutação do patrimônio líquido em termos globais, isto é, novas integralizações de capital, resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores etc., e, em termos de mutações internas, as incorporações de reservas ao capital, as transferências de lucros acumulados para reservas etc., a demonstração dos lucros acumulados, a demonstração de fluxo de caixa e as notas explicativas.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC –, antes da Lei nº 11.638/07, não era obrigatória no Brasil, exceto para alguns casos específicos, como, por exemplo, para as empresas de energia elétrica (IUDÍCIBUS et al., 2010). Em abril de 1999, o IBRACON, através da NPC 20, e também a CVM já recomendavam que este demonstrativo fosse apresentado como informação complementar.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a elaboração da DFC passou a ser obrigatória, a qual veio substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR –, que passa a ser facultativa, ou seja, a empresa poderá elaborá-la e apresentá-la aos usuários das informações contábeis, se assim o desejar, conforme Morante e Jorge (2008).

Os autores (2008) afirmam ainda que as companhias fechadas que possuem o patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não serão obrigadas a elaborar e publicar a DFC.

Essa demonstração, ora tornada oficial e obrigatória nas condições estabelecidas pela legislação, contém a necessidade de capital de giro (NCG) da empresa, cujo conhecimento é relevante para a condução das atividades da empresa. Além disso, presta-se a uma avaliação da situação presente e futura do caixa da empresa, fornecendo informações relevantes para a análise da solvência da organização.

O objetivo da DFC é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos em determinado período, visando auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na análise da capacidade de gerar caixa e equivalentes de caixa e suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa.

As informações da DFC, quando analisadas em conjunto com as demais demonstrações contábeis, podem permitir que os usuários avaliem a empresa segundo:

a) a capacidade de gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;b) a capacidade de honrar seus compromissos;c) a liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa;d) a taxa de conversão de lucro em caixa;e) a performance operacional de diferentes empresas;f) o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;g) os efeitos sobre a posição financeira da empresa, transações de investimentos e

financiamentos etc. (IUDÍCIBUS et al., 2010).

Morante e Jorge (2008) recomendam que, antes de realizar qualquer análise de balanços, seja adotado um padrão de análise para a inserção dos elementos das demonstrações contábeis, isto porque o padrão contábil constante da Lei nº 6.404/76 foi modificado com a promulgação da Lei nº 11.638/2007, que cada empresa tem seu próprio plano de contas, elaborado com maior ou menor detalhamento e abrangência.

Segundo Helfert (2000), este demonstrativo concentra os resultados operacionais correntes e as mudanças no balanço patrimonial. Ele fornece um quadro dinâmico das mudanças recentes no caixa, que constituem o resultado das decisões combinadas de investimentos operacionais e de financiamentos, feitas durante determinado período. Complementa o autor (2000, p. 37) explicando

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que “[...] o demonstrativo de fluxo de caixa tem as mesmas limitações inerentes ao balanço patrimonial e ao demonstrativo de resultado operacional, porque ele deriva dos dados contábeis contidos neles”.

As notas explicativas não são consideradas relatórios legais, porém são obrigatórias porque elas complementam os dados do balanço patrimonial que requerem maior detalhamento de sua origem, prazo etc. De acordo com o art. 247 da Lei nº 6.404/76, as notas explicativas dos investimentos relevantes realizados pela empresa devem conter informações precisas sobre as sociedades coligadas e controladas, bem como suas relações com a companhia e enumera o mínimo de cinco dessas notas, assim identificadas: 1) a denominação da sociedade, capital social e patrimônio líquido; 2) número, espécies e classes de ações ou quotas, de propriedade da companhia, bem como o preço de mercado das ações, quando houver; 3) lucro líquido do exercício; 4) os créditos e as obrigações entre a companhia e as empresas ligadas (coligadas e controladas); 5) o montante de receitas e despesas em operação entre a companhia e as sociedades coligadas e controladas. Considera relevante o investimento na empresa ligada (coligadas e controladas) se o valor contábil for igual ou superior a dez pontos percentuais do valor do patrimônio líquido da companhia; e se for considerado o conjunto, das sociedades coligadas e controladas, é considerado relevante quando o valor contábil for igual ou superior a quinze pontos percentuais do valor do patrimônio líquido da companhia. A Lei induz à ampliação do número de notas, quando necessário for, para o devido esclarecimento dos seus haveres, obrigações e resultados do exercício.

Notas explicativas, segundo Matarazzo (2010), são dados e informações que complementam as demonstrações financeiras; são compostas por um conjunto de elementos que auxiliam a fazer uma avaliação mais ampla da empresa, como, por exemplo: as taxas de juros, os vencimentos, as garantias atribuídas a empréstimos etc.

Zdanowicz (1998) faz uma ressalva e explica que os analistas, de maneira geral, examinam as notas explicativas com atenção, buscando averiguar não só os critérios adotados, mas também a composição de determinadas contas patrimoniais, que são apresentadas de forma sintética no Balanço Patrimonial, e relaciona algumas das principais notas explicativas que o acompanha, como: I) dos critérios de avaliação apresenta: estoques, depreciações, amortizações, exaustões, entre outras; II) investimentos em outras sociedades, quando relevantes; III) taxa de juros, data de vencimento e garantias de obrigações assumidas a longo prazo; IV) bens e direitos do ativo imobilizado pelo custo de aquisição deduzido o saldo da conta de depreciação, amortização ou exaustão etc.

De acordo com Iudícibus et al. (2010), um dos grandes desafios da contabilidade, quando se refere à evidenciação, tem sido o dimensionamento da qualidade e da quantidade de informações de forma que atendam as necessidades dos usuários, principalmente os externos.

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Com base em requisitos mínimos de divulgação expressos na Lei, a CVM, com apoio do IBRACON e do CFC – Conselho Federal de Contabilidade – vem buscando aperfeiçoar-se para atingir os objetivos da evidenciação, o que levou a emissão até 2007 (antes da promulgação da Lei nº 11.638) de diversos atos normativos a título de complementação no que diz respeito à divulgação de informações relevantes aos usuários das demonstrações contábeis. Com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC – e a emissão de seus Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações, todos aprovados pela CVM, pelo CFC e demais agências reguladoras, observa-se maior atenção à questão da evidenciação.

O CFC, já em 1992, com base na norma NBC T-6, aprovada pela Resolução 737, dispunha sobre o conteúdo das notas explicativas.

Neste sentido a Lei nº 11.638/2007 é clara e dispõe que as notas explicativas são informações complementares às demonstrações contábeis, representando parte integrante delas. As notas podem ser expressas tanto na forma descritiva como na forma de quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias à plena avaliação da situação e da evolução patrimonial da empresa.

O § 5º do art. 176 da Lei das S/As menciona as bases gerais e as notas a serem inclusas nas demonstrações contábeis, as quais compreendem:

I. apresentação de informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;

II. divulgação das informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras;

III. fornecimento de informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e

IV. indicação dos:a) principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente

estoques; dos cálculos de depreciação; amortização e exaustão; de constituição de provisões para encargos ou riscos; e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização dos elementos do ativo;

b) investimentos em outras sociedades, quando relevantes, determina o art. 247, parágrafo único;

c) aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações prevê o art. 182, § 3º;

d) ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;

e) taxa de juros, datas de vencimento e garantias das obrigações a longo prazo;f) número, espécies e classes das ações do capital social;g) opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;h) ajustes de exercícios anteriores, disposto no artigo 186, § 1º;

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i) eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.

IMPORTANTE

Ressalta a Lei nº 11.638/2007 que nem sempre há necessidade de haver todas essas notas. Existem casos em que não são aplicáveis ou não representam informação relevante de utilidade para esclarecimento da demonstração financeira. Exemplo: numa companhia de prestação de serviços os estoques podem representar apenas um almoxarifado de materiais de escritório, o que não tem significância dentro das demonstrações contábeis para este tipo de empresa. Desta forma não há necessidade de divulgar.

Acadêmico/a, a seguir você poderá confirmar que não é apenas a Lei das S/As que estabelece notas explicativas, mas também o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), conforme dispomos a seguir:

De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 595-596), o CPC, através do Pronunciamento Técnico CPC 26, que trata da apresentação das demonstrações contábeis, aprovado pela deliberação CVM nº 595/09 e pela Resolução CFC nº 1.185/09, exigido para profissionais de contabilidade das entidades não sujeitas a alguma regulação contábil específica, dispõe que as notas explicativas devem:

a) apresentar informação sobre a base necessária para a elaboração das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas utilizadas;

b) divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; e

c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para a sua compreensão.

IMPORTANTE

As notas explicativas devem ser apresentadas de maneira sistemática e, sempre que forem aplicadas, devem fazer referência aos itens das demonstrações contábeis a que se referem.

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O CPC 26 prevê também que as notas explicativas normalmente são apresentadas na seguinte ordem, de maneira que auxilie os usuários a compreenderem as demonstrações contábeis e a compará-las com demonstrações de outras entidades:

I) declaração de conformidade com os Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis;

II) resumo das políticas contábeis significativas aplicadas;

III) informação de suporte de itens apresentada nas demonstrações contábeis pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e

IV) outras divulgações, podendo incluir: (i) passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos; (ii) divulgações não financeiras.

IMPORTANTE

A CVM pautada no § 3º do art. 177 da Lei nº 6.404/76, em complementação às notas explicativas previstas por essa lei, apresenta exigências sobre a divulgação de diversos assuntos relevantes para efeito de melhor entendimento das demonstrações contábeis, a seguir mencionados:

Ações em tesouraria DebênturesAdoção de nova prática contábil e mudança de política contábil

Ativo não circulante mantido para venda e operação descontinuada

Ágio/deságio Demonstrações condensadasAjuste a valor presente Demonstrações contábeis consolidadasArrendamento mercantil (leasing) Demonstrações separadas

Ativo biológico e produto agrícola Dividendo por ação

Ativo imobilizado Dividendos propostos

Ativo intangível Entidades de propósito específico (EPEs)Demonstração intermediária Equivalência patrimonialBenefícios a empregados EstoquesCapacidade ociosa Evento subsequenteCapital social autorizado Incorporação, fusão e cisãoCombinação de negócios Informações por segmento de negócioContinuidade normal dos negócios Informações sobre concessões

QUADRO 4 – ASSUNTOS RELEVANTES PARA NOTAS EXPLICATIVAS

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Contratos de construção Instrumentos financeirosContratos de seguros Investimento em coligada e controladaCorreção de erros de períodos anteriores Investimentos societários no exteriorCréditos Eletrobras Juros sobre capital próprio

Custos de transação e prêmios na emissão de papéis

Demonstrações em moeda de capacidade constante

Destinação de lucros constantes nos acordos com acionistas Empreendimentos em fase de implantação

Lucro ou prejuízo por ação Mudanças em estimativas contábeisParadas programadas Programa de desestatização

Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa

Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes

Programa de recuperação fiscal - Refis Propriedade para investimento

Receitas Redução ao valor recuperável de ativosRemuneração dos administradores Reserva de lucros a realizarReservas – detalhamento Retenção de lucrosSeguros Subvenção e assistência governamentaisTransações entre partes relacionadas Tributos sobre o lucroVendas ou serviços a realizar Voto múltiplo

Variações cambiais e conversão de demonstrações contábeis

FONTE: Iudícibus et al. (2010)

As notas explicativas não se limitam às que foram apresentadas acima e, segundo os autores (2010), quando houver necessidade - para o devido esclarecimento - este número poderá ser ampliado.

Se as notas explicativas são importantes e necessárias para deixar as demonstrações contábeis transparentes, então vamos analisar o que prevê o CPC 18 (Investimentos em Coligada e em Controlada), que dispõe onze itens que necessitam de nota explicativa, segundo Iudícibus et al. (2010, p. 202-203).

a) Valor justo dos investimentos em investidas para os quais existam cotações de preço publicadas.

b) Informações financeiras resumidas das investidas, incluindo os valores totais de ativos, passivos, receitas e do lucro ou prejuízo do período.

c) Razões que levaram a refutar a premissa de não existência de influência significativa, nos casos em que o investidor tem, direta ou indiretamente, menos de vinte por cento do poder de voto da investida por meio de suas controladas (incluindo o poder de voto potencial), mas conclui que possui influência significativa.

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d) Razões que levaram a refutar a premissa da existência de influência significativa, se o investidor tem, direta ou indiretamente por meio de suas controladas, 20% ou mais do poder de voto da investida (incluindo o poder de voto potencial), mas conclui que não possui influência significativa.

e) Data de encerramento do exercício social refletido nas demonstrações contábeis da investida utilizadas para aplicação do método de equivalência patrimonial, sempre que essa data ou período divergirem das do investidor e as razões pelo uso de uma data ou período diferente.

f) Natureza e extensão de quaisquer restrições significativas, como, por exemplo, em consequência de acordos de empréstimos ou exigências normativas, sobre a habilidade da investida transferir fundos para o investidor na forma de dividendos ou pagamento de empréstimos ou adiantamentos.

g) Parte não reconhecida nos prejuízos de uma coligada, tanto para o período quanto acumulado, caso o investidor tenha suspendido o reconhecimento de sua parte nos prejuízos da coligada.

h) O fato de uma coligada não estar contabilizada pelo método de equivalência patrimonial em conformidade com o item 13 desse Pronunciamento.

i) Informações financeiras resumidas das coligadas que não foram contabilizadas pelo método de equivalência patrimonial, individualmente ou em grupo, incluindo os valores do ativo total, passivo total, receitas e do lucro ou prejuízo do período.

j) Parte do investidor nos passivos contingentes de uma investida, incorridos conjuntamente com outros investidores.

k) Os passivos contingentes que surgiram em razão de o investidor ser solidariamente responsável por todos ou parte dos passivos da investida.

Iudícibus et al. (2010, p. 597) apresentam os aspectos mais importantes a ser cobertos pelas notas explicativas:

a) o critério de avaliação das aplicações temporárias em títulos e valores mobiliários (custo atualizado ou valor de mercado), em ouro etc.;b) a base da constituição das perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa;c) os critérios de avaliação dos estoques;d) os critérios de avaliação do imobilizado, por principais classes fazendo destaque aos bens arrendados, inclusive as taxas de depreciação ou exaustão utilizadas em função da vida útil econômica estimada dos bens e método de aplicação dessas taxas;e) o critério de avaliação dos investimentos, ou seja, se estão avaliados ao custo menos perdas estimadas, ou pelo método da equivalência patrimonial, no caso de investimentos em coligadas e ou controladas;

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f) o critério de registros dos passivos, particularmente quanto aos empréstimos, financiamentos e respectivas negociações, ou seja, se estão atualizados pelas variações monetárias correspondentes e juros, e o critério contábil quanto à apropriação das despesas financeiras (encargo de exercício, ativo diferido, se a empresa estiver em fase pré-operacional, entre outros) e quanto às condições das renegociações;g) a base de contabilização do Imposto de Renda a Pagar, inclusive quanto à consideração ou não dos incentivos fiscais correspondentes e a adoção do diferimento do Imposto de Renda;h) forma de reconhecimento dos efeitos da inflação etc.

Observando o volume de material apresentado sobre as notas explicativas, não restam dúvidas quanto à relevância que elas têm quando nos referimos às demonstrações contábeis. O balanço patrimonial e a DRE são apresentados de forma sintética, o que gera dúvidas aos usuários externos, os quais muitas vezes são investidores, mas leigos quanto ao conhecimento técnico das demonstrações contábeis. Nesse sentido, quanto mais compreensíveis forem as demonstrações contábeis, mais interesse despertará nos usuários das informações.

De acordo com Morante e Jorge (2008), a Lei nº 11.638/07, de 28 de dezembro de 2007, alterou alguns aspectos da Lei nº 6.404/76, atualizando-a e inserindo modificações nas demonstrações contábeis, possibilitando maior compreensão para os usuários com menor afinidade e acoplando-as às práticas internacionais.

O estudo das demonstrações contábeis é de fundamental importância para toda a análise de balanços, porque somente compreendendo a estrutura das demonstrações contábeis e a forma de contabilização e apuração das demonstrações contábeis será possível desenvolver avaliações mais acuradas das empresas, com informações que permitem analisar o seu desempenho.

A Lei nº 11.638/2007 introduziu alterações na estrutura das demonstrações financeiras, que Morante e Jorge (2008) assim identificam:

classificação de Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante;

extinção do grupo Ativo Permanente;

extinção de Receitas e Despesas Não Operacionais;

criação do subgrupo Ativo Intangível no Ativo não Circulante;

criação da conta Ajustes de Avaliação Patrimonial no Patrimônio Líquido;

vedada a Prática da Reavaliação de Ativos de forma espontânea;

saldo da conta de Lucros Acumulados deve ter destinação definida.

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Para que você, acadêmico/a, possa fazer uma análise comparativa das mudanças ocorridas no balanço patrimonial, a partir da Lei nº 11.638/07 e complementos, apresenta-se o quadro a seguir:

QUADRO 5 – BALANÇO PATRIMONIAL ANTES E DEPOIS DA LEI Nº 11.638/07

LEI Nº 6.404/76 NOVA LEGISLAÇÃO

ATIVO ATIVOATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTEATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO CIRCULANTEATIVO PERMANENTE Realizável a Longo Prazo Investimentos Investimentos Imobilizado Imobilizado Diferido Intangível

PASSIVO PASSIVO + PLPASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTEPASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PASSIVO NÃO CIRCULANTERESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS Exigível a Longo Prazo

PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Capital SocialReservas de Capital Reservas de Capital

Reservas de Reavaliação Ajustes de Avaliação PatrimonialReservas de Lucros Reservas de Lucros

Lucros ou Prejuízos Acumulados Prejuízos AcumuladosFONTE: Assaf Neto (2012)

A outra demonstração contábil obrigatória, e que apresenta o desempenho da empresa, denomina-se demonstração de resultados do exercício – DRE –, que, segundo Assaf Neto (2012), visa fornecer os resultados (lucro ou prejuízo) auferidos pela empresa em determinado exercício social, cujo valor é transferido para contas do patrimônio líquido. Vale lembrar que o lucro (ou prejuízo) é resultante de receitas, custos e despesas incorridas pela empresa durante o período, e são apropriados segundo o regime de competência, isto é, o registro dos eventos realizados pela empresa independe de que esses valores tenham sido pagos ou recebidos.

O mesmo autor (2012) apresenta algumas orientações básicas sobre esta demonstração, veja a seguir:

a) A DRE retrata as principais operações realizadas por uma empresa em determinado período, denominado exercício social, no qual são destacadas as receitas, os custos dos produtos vendidos e as despesas realizadas.

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b) As receitas e as despesas do período são consideradas na DRE independentemente de sua realização financeira. Exemplo de despesa: a empresa contratou seguros em 1º de abril de 2012, cuja apólice tem vigência para doze meses, e o pagamento do prêmio foi contratado para pagamento em três parcelas sendo uma à vista, a outra 30 dias após e a terceira 60 dias após a data da assinatura da apólice. No dia 30 de abril o contador reconheceu como despesa do período 1/12 (um doze avos) e assim sucessivamente a cada final de mês, pois deve seguir o princípio da competência.

Outro exemplo que podemos citar são as despesas com pessoal, que são consideradas na contabilidade no próprio mês da prestação de serviços, embora o pagamento, segundo a lei, esteja programado para o 5º dia útil do mês subsequente. A despesa com imposto sobre a renda é inserida na demonstração dos resultados – DRE – no exercício a que se refere quando o imposto é declarado.

As receitas de vendas são registradas quando de sua realização, independentemente de terem sido liquidadas ou não. Exemplo de receitas: quando da realização da venda a prazo é reconhecida a receita, registra-se a débito da conta clientes e a crédito da conta de receita de vendas, mesmo que o recebimento esteja previsto para trinta dias.

Os custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados são reconhecidos na DRE em conjunto com as receitas do mesmo período. Assim, os custos e despesas contabilizados correspondem às receitas de vendas apuradas no período.

Assaf Neto (2012, p. 76) ressalta que “[...] estes aspectos contidos na legislação societária reforçam o conceito de ‘regime de competência’ para apuração do resultado do exercício”.

Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 480-481), o objetivo da DRE é fornecer informações sobre a formação do resultado (lucro ou prejuízo) do exercício. Visando atender tal objetivo, são apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais, de acordo com a função de cada uma delas, conforme segue:

Despesas com vendasDespesas financeiras deduzidas das receitas financeirasDespesas gerais e administrativasOutras receitas e despesas operacionais.

Deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, é apresentado o lucro operacional, que é considerado um dado importante na análise das operações da empresa.

Após o lucro operacional, apresentam-se as outras receitas e despesas, gerando então o “resultado antes dos tributos (imposto de renda e contribuição social sobre o lucro).

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Deduz-se a seguir o imposto de renda e a contribuição social a pagar e, por último, as participações de terceiros, chegando-se ao lucro (ou prejuízo) líquido do exercício, que é o valor final da DRE.

A Lei exige também que seja apresentado o montante do “lucro por ação”.

Complementa a Lei nº 6.404/76, o Pronunciamento Técnico CPC 26, que trata da apresentação das Demonstrações Contábeis e estabelece uma estrutura mínima para a DRE, segundo as determinações legais, composta por:

a) receitas;b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;c) lucro bruto;d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas

operacionais;e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método

de equivalência patrimonial;f) resultado antes das receitas e despesas financeiras;g) despesas e receitas financeiras;h) resultado antes dos tributos sobre o lucro;i) despesa com tributos sobre o lucro;j) resultado líquido das operações continuadas;k) valor líquido dos seguintes itens: i) resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; ii) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos

despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada;

l) resultado líquido do período.

IMPORTANTE

Esse formato não colide com a lei e deverá ser o modelo a ser utilizado no Brasil. O CPC fala em possibilidade de a demonstração apresentar as contas não apenas pela sua função (administrativas, vendas, custo dos produtos vendidos etc.), mas também pela natureza (material consumido, mão de obra, contribuições sociais, energia elétrica, aluguéis etc.).

A estrutura presente no CPC 26 (anteriormente descrita) estabelece a evidenciação, de forma destacada, do resultado proveniente da avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial, do resultado financeiro, além de destacar o resultado proveniente das operações continuadas e descontinuadas da entidade. (IUDÍCIBUS et al., 2010). Conforme este pronunciamento, são abordados dois outros aspectos relativos à DRE, a saber:

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1. A necessidade de divulgação, de forma separada, da natureza e montantes dos itens de receita e despesa quando estes são relevantes, conforme descrito no item 98, a seguir (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 481- 482):

98. As circunstâncias que dão origem à divulgação separada de itens de receitas e despesas incluem:a) reduções nos estoques ao seu valor realizável líquido ou no ativo imobilizado ao seu valor recuperável, bem como as reversões de tais reduções;b) reestruturações das atividades da entidade e reversões de quaisquer provisões para gastos de reestruturação;c) baixas de itens do ativo imobilizado;d) baixas de investimento;e) unidades operacionais descontinuadas;f) solução de litígios; eg) outras reversões de produção.

2. A necessidade de subclassificação das despesas, como pode ser constatado no item 101 (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 481-482):

101. As despesas devem ser subclassificadas a fim de descartar componentes do desempenho que possam diferir em termos de frequência, potencial de ganho ou de perda e previsibilidade. Essa análise deve ser proporcionada em uma das duas formas descritas a seguir, obedecidas as disposições legais.

Iudícibus et al. (2010, p. 482) ressaltam que as formas de análise citadas no item 101 do CPC 26 são as seguintes:

a) método da natureza da despesa – utiliza como elemento agregador das despesas a sua natureza, o que torna simples o seu uso por representar uma espécie de “listagem” das despesas incorridas no período. Por exemplo, depreciações e amortizações; consumo de matéria-prima e materiais; despesas com transporte; despesa com benefícios a empregados etc.; e

b) método da função da despesa ou do “custo dos produtos e serviços vendidos” – utiliza a função da despesa como elemento agregador e classificador. Nesse método, a companhia deve divulgar separadamente, no mínimo, o montante do custo dos produtos e serviços vendidos das demais despesas incorridas, que podem ser classificadas como de vendas, administrativas etc. Apesar de quando comparado ao método da natureza da despesa, a segregação das despesas por funções pode demandar alocações arbitrárias e considerável julgamento.

Acadêmico/a, agora você pode analisar e melhorar o seu entendimento através do exemplo que Iudícibus et al. (2010, p. 482) apresentam, pelos dois métodos:

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QUADRO 6 – DRE SEGUNDO O CPC 26

MÉTODO – FUNÇÃO DA DESPESAReceita de vendas 3.000Custo dos produtos vendidos (700)Lucro bruto 2.300Despesas de vendas (50)Despesas administrativas (230)Outras despesas (100)Resultado antes dos tributos 1.920

FONTE: Iudícibus et al. (2010)

QUADRO 7 – DRE SEGUNDO O CPC 26

MÉTODO – NATUREZA DA DESPESAReceita de Vendas 3.000Variação do estoque de produtos acabados e em elaboração 300Consumo de matérias-primas e de materiais 400Salários e benefícios a empregados 80Depreciações e amortizações 150Despesas com comissões 50Outras despesas 100Total das despesas (1.080)Resultado antes dos tributos 1.920

FONTE: Iudícibus et al. (2010)

Por fim, observa-se o que a norma estabelece sobre a subclassificação das despesas, ainda que caiba à administração escolher o método a ser utilizado, em função de fatores históricos, setoriais e da natureza da entidade. Porém, quando a entidade classifica as despesas por função, ela deve divulgar, adicionalmente, informações acerca da natureza de certas despesas, incluindo as despesas de depreciação, amortização e despesas com benefícios a empregados.

NOTA

De qualquer forma, a legislação brasileira induz diretamente à demonstração com as despesas por função.

Acadêmico/a, agora você terá a oportunidade de conhecer mais uma demonstração contábil, a qual foi instituída pelo Pronunciamento Técnico CPC 26, que, seguindo as normas internacionais de contabilidade, instituiu a

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obrigatoriedade de elaboração da Demonstração do Resultado Abrangente do Exercício – DRA.

Iudícibus et al. (2010) explicam que essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações que afetam o patrimônio líquido, mas que não são reconhecidas (ou melhor, não foram reconhecidas ainda) na Demonstração do Resultado do Exercício, conforme determinam Pronunciamentos, Interpretações e Orientações que regulam a atividade contábil.

Tais receitas e despesas identificadas como “outros resultados abrangentes”, de acordo com o CPC 26, compreendem os seguintes itens (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 482-483):

a) variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente (Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intangível); b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme item 93A do Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a empregados; c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior (Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeito das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis);d) ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda (Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração);e) ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos hedge em hedge de fluxo de caixa (CPC 38).

A DRA pode ser apresentada dentro da DMPL ou através de relatório próprio. O CPC sugere que se faça uso da apresentação na DMPL. Quando apresentada em demonstrativo próprio, a DRA tem como valor inicial o resultado líquido do período apurado na DRE, seguido dos outros resultados abrangentes, conforme estrutura mínima para a DRA estabelecida no CPC 26:

a) resultado líquido do período;

b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item c);

c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; e

d) resultado abrangente do período.

Segundo as normas internacionais de contabilidade, a DRA pode ser apresentada como continuidade da DRE, mas no Brasil o CPC determinou que seja como um relatório à parte.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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NOTA

Se a DRE e a DRA forem apresentadas separadamente, bastaria a DRA começar a partir do Lucro Líquido.

Acadêmico/a, a seguir apresentaremos um modelo a título de conhecimento, mas esse modelo, embora seja admitido pelo IASB (The International Accounting Standards Board), não foi aceito no Brasil, onde o CPC 26 obriga à adoção da alternativa em que a demonstração do resultado do exercício é apresentada à parte da demonstração do resultado abrangente total, explicam Iudícibus et al. (2010).

QUADRO 8 – DRA

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE

Lucro Líquido do Período R$ 272.000

Parcela dos sócios da Controladora 250.000

Parcela dos não controladores 22.000

Ajustes Instrumentos Financeiros R$ (60.000)

Tributos s/Ajustes Instrumentos Financeiros R$ 20.000

Equiv. Patrim. s/Ganhos Abrangentes de Colig. R$ 30.000

Ajustes de Conversão do Período R$ 260.000

Tributos s/Ajustes de Conversão do Período R$ (90.000)

Outros Resultados Abrangentes Antes Reclas. R$ 160.000

Ajustes de Instrum. Financ. Reclassif. p/Result. R$ 10.600

Outros Resultados Abrangentes R$ 170.600

Parcela dos sócios da Controladora 164.600

Parcela dos não controladores 6.000 ____

Resultado Abrangente Total R$ 442.600

Parcela dos Sócios da Controladora 414.600

Parcela dos não controladores 28.000FONTE: Iudícibus et al. (2010)

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TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1)

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NOTA

O Pronunciamento Técnico CPC sugere ainda que a DRA seja adicionada à Mutação do Patrimônio Líquido.

De acordo com o CPC 26, as empresas devem divulgar, como alocações do resultado do exercício na DRA consolidada, os resultados abrangentes totais do período atribuíveis à participação de sócios não controladores e os atribuíveis aos detentores do capital próprio da empresa controladora.

De acordo com Iudícibus et al. (2010), o item 93 do CPC 26 trata de alguns ajustes de reclassificação, quando pronunciamentos, interpretações e orientações devem ser reclassificados para o resultado do período. Estes ajustes de reclassificação são incluídos no respectivo componente dos outros resultados abrangentes no período em que o ajuste é reclassificado para o resultado líquido do período.

A seguir apresentaremos exemplo ilustrativo sobre o ganho realizado na alienação de ativo financeiro disponível para venda e reconhecido no resultado quando de sua baixa. Esse ganho pode ter sido reconhecido como ganho não realizado nos outros resultados abrangentes do período ou de períodos anteriores. Assim, os ganhos não realizados devem ser deduzidos dos outros resultados abrangentes no período em que os ganhos realizados são reconhecidos no resultado líquido do período, evitando que esse mesmo ganho seja reconhecido em duplicidade.

NOTA

A entidade pode optar por apresentar os ajustes de reclassificação em notas explicativas, não os divulgando na DRA. Nesse caso, ela deverá apresentar os itens de outros resultados abrangentes após os respectivos ajustes de reclassificação.

Iudícibus et al. (2010, p. 484) afirmam que não devem ser tratadas como ajustes de reclassificação as mutações na reserva de reavaliação, quando permitida por lei, ou os ganhos e perdas atuariais de planos de benefícios a empregados. Ambos são reconhecidos como outros resultados abrangentes, mas não são reclassificados para o resultado líquido de exercícios posteriores.

À medida que ocorrer a realização da reserva de reavaliação, suas mutações devem ser transferidas para Reserva de Retenção de Lucros ou para Prejuízos Acumulados.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

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Finalizamos com o Pronunciamento Técnico CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, que destaca: “[...] quando for relevante para a compreensão dos resultados da companhia, outras rubricas, contas, títulos e subtotais devem ser apresentados na DRA e na DRE”.

NOTA

A entidade não deve apresentar nas referidas demonstrações, ou em notas explicativas, rubricas, receitas ou despesas sob a forma de itens extraordinários. Também não é mais admitida a figura das receitas e despesas não operacionais. A única discriminação é a dos resultados derivados das atividades descontinuadas.

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Caro/a acadêmico/a, apresentamos agora de forma resumida as demonstrações contábeis segundo a Lei nº 6.404/76 e as alterações decorrentes da Lei nº 11.638/2007.

As demonstrações contábeis obrigatórias, segundo a Lei nº 6.404/76, eram: balanço patrimonial; demonstrativo do resultado do exercício; demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; demonstração das mutações do patrimônio líquido. As demonstrações contábeis complementam, ainda, as notas explicativas que não são consideradas relatórios contábeis, mas são obrigatórias porque esclarecem a situação patrimonial e os resultados do exercício e enumeram o mínimo necessário de cinco notas esclarecedoras a ser apresentadas. Ressalta-se que estas deverão ser ampliadas quando necessário for, permitindo que o usuário da informação contábil tenha condições de analisar a real situação da empresa.

Com o advento da Lei nº 11.638/2007, as demonstrações contábeis previstas na Lei nº 6.404/76 sofreram alterações e entre elas está a inserção da demonstração dos fluxos de caixa que é obrigatória (elaboração e divulgação) para as companhias abertas e para as companhias fechadas que tenham patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Com a obrigatoriedade da DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa) passou a ser facultativa a DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos).

O balanço patrimonial também sofreu alterações. Os grupos do ativo ficaram assim constituídos: ATIVO CIRCULANTE e ATIVO NÃO CIRCULANTE; os grupos do passivo foram classificados em PASSIVO CIRCULANTE e PASSIVO NÃO CIRCULANTE. No ativo não circulante estão contemplados os seguintes itens: realizável a longo prazo; investimentos; imobilizado e intangível. No passivo não circulante estão classificados: o exigível a longo prazo e o patrimônio líquido, que não apresenta mais de forma explícita os lucros acumulados, apenas os prejuízos acumulados, e foi inserida a conta ajustes de avaliação patrimonial.

Outro item que teve grande relevância com a promulgação da Lei nº 11.638/2007 são as notas explicativas, as quais também tiveram a contribuição do CPC 26.

Apresentamos também de forma reduzida as principais contas necessárias para análise, com as observações feitas pelos estudiosos da matéria.

Por fim, abordou-se a DRA. Esta demonstração segue as normas internacionais de contabilidade, e sua elaboração é obrigatória.

RESUMO DO TÓPICO 1

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Essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações que afetam o patrimônio líquido, mas que não são reconhecidas na DRE conforme regulam os Pronunciamentos, Interpretações etc. que regulam a atividade contábil. Segundo o CPC 26, tais receitas e despesas são identificadas como outros resultados abrangentes e compreendem itens como: variação na reserva de reavaliação; ganhos e perdas atuariais; ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior; entre outros.

Apresentou-se também a estrutura mínima para a DRA, e ressaltou-se que a DRA pode ser apresentada como continuidade da DRE. Para melhor compreensão apresentou-se um modelo devidamente preenchido.

O CPC sugere que a DRA seja adicionada à Mutação do Patrimônio Líquido.

Este tema é amplo e sabe-se que o assunto não foi esgotado, mas acredita-se que a abordagem contemplou os principais pontos que você, acadêmico/a, deve conhecer.

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1 Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O Balanço Patrimonial tem por finalidade demonstrar o lucro e/ou prejuízo da empresa no final de determinado período.

b) ( ) As Notas Explicativas não são obrigatórias na publicação do Balanço Patrimonial.

c) ( ) A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA pode substituir a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL – porque ela demonstra o patrimônio líquido na sua totalidade.

d) ( ) A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – é composta pelas receitas, custos e despesas.

e) ( ) A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos põe em evidência qual é a necessidade financeira da empresa, no curto prazo.

2 As demonstrações contábeis, exigidas pela legislação societária, são as seguintes:

a) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado; Passivo Circulante.b) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício;

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração do Fluxo de Caixa.

c) ( ) Balanço Patrimonial; Patrimônio Líquido; Ativo Circulante. d) ( ) Balanço Patrimonial; Origens e Aplicações de Recursos; e Patrimônio

Líquido.e) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração dos Lucros ou Prejuízos

Acumulados; Ativo Permanente.

3 As informações complementares sobre as demonstrações contábeis divulgadas pela empresa serão apresentadas através de:

a) ( ) Notas esclarecedoras do ativo.b) ( ) Parecer dos contadores independentes.c) ( ) Parecer do Conselho Fiscal.d) ( ) Notas explicativas.e) ( ) Parecer da administração.

4 Descreva, no mínimo, três das notas explicativas previstas no art. 247 da Lei nº 6.404/76.

AUTOATIVIDADE

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

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5 Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR) passou a ser facultativa, ou seja, a empresa poderá elaborá-la e apresentá-la aos usuários das informações contábeis, se assim o desejar, conforme Morante e Jorge (2008), e tornou-se obrigatória a elaboração e publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC).

Com relação à elaboração da DFC, é correto afirmar que:

I. Sua elaboração e publicação são obrigatórias a todas as companhias de capital aberto.

II. Sua elaboração é obrigatória para todas as companhias de capital fechado.III. Sua elaboração e publicação são obrigatórias a todas as companhias de

capital fechado com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Assinale a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.d) ( ) Apenas a alternativa I está correta.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

6 A análise das informações da DFC, em conjunto com as demais demonstrações contábeis, pode permitir que os usuários avaliem a empresa segundo...

I. a capacidade de avaliar fluxos líquidos positivos de caixa.II. a capacidade de honrar seus compromissos.III. a liquidez, a estrutura de capital e os quocientes de atividade.IV. a taxa de conversão de lucro em caixa.

Assinale a alternativa com a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e IV estão corretas.d) ( ) Apenas a alternativa III está correta.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

7 De acordo com Morante e Jorge (2008), antes de realizar qualquer análise de balanços, deve ser adotado:

a) ( ) Um padrão de análise para a inserção dos elementos das demonstrações contábeis.

b) ( ) Um critério de classificação das despesas operacionais.c) ( ) Uma técnica que demonstre a relevância das informações contábeis.d) ( ) Um modelo de relatório crítico das receitas.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

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8 O § 5º do art. 176 da Lei das S/As menciona as bases gerais e as notas a serem inclusas nas demonstrações contábeis, as quais compreendem:

I. A apresentação de informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos.

II. A divulgação das informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras.

III. O fornecimento de informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada.

IV. A indicação dos números de ações ordinárias.

Assinale a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.d) ( ) Apenas a alternativa II está correta.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

9 De acordo com Iudícibus et al. (2010), o CPC, através do Pronunciamento Técnico CPC 26 que trata da apresentação das demonstrações contábeis, aprovado pela deliberação CVM nº 595/09 e pela Resolução CFC nº 1.185/09, exigido para profissionais de contabilidade das entidades não sujeitas a alguma regulação contábil específica, dispõe que as notas explicativas devem:

I. apresentar informação sobre a base necessária para a elaboração das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas aprovadas;

II. divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis;

III. prover informação suplementar que tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para a sua compreensão.

Assinale a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.d) ( ) Apenas a alternativa II está correta.e) ( ) Apenas a alternativa I está correta.

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10 A Lei nº 11.638/2007 introduziu alterações na estrutura das demonstrações contábeis, que Morante e Jorge (2008) assim identificam:

I. Classificação de Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante.II. Extinção do grupo Ativo Diferido.III. Extinção de Receitas e Despesas Financeiras.IV. Criação do subgrupo Ativo Intangível no Ativo não Circulante.V. Vedada a Prática da Reavaliação de Ativos de forma espontânea.

Assinale a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I, IV e V estão corretas.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

11 A Lei nº 6.404/76 complementa o Pronunciamento Técnico CPC 26, que trata da apresentação das Demonstrações Contábeis e estabelece, segundo as determinações legais, uma estrutura mínima para a DRE composta por:

I. Despesa com tributos sobre o lucro.II. Despesas e receitas financeiras.III. Empréstimos financeiros.IV. Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do

método de custo.

Assinale a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I, IV e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

12 É correto afirmar:

A DRA pode ser apresentada dentro da DMPL ou através de relatório próprio. O CPC sugere que se faça uso da apresentação na DMPL. Quando apresentada em demonstrativo próprio, a DRA tem como valor inicial o resultado líquido do período apurado na DRE, seguido dos outros resultados abrangentes, conforme estrutura mínima para a DRA estabelecida no CPC 26:

I. Lucro bruto.II. Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua

natureza (inclusive montantes relativos ao item c).

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III. Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial.

IV. Resultado abrangente do período.

Assinale a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I, IV e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

13 É correto afirmar:

I. Método da natureza da despesa utilizada como elemento agregador das despesas à sua natureza, o que torna simples o seu uso por representar uma espécie de “listagem” das despesas incorridas no período.

II. Que essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações que afetam o passivo circulante, mas que não são reconhecidas (ou melhor, não foram reconhecidas ainda) na Demonstração do Resultado do Exercício, conforme determinam Pronunciamentos, Interpretações e Orientações que regulam a atividade contábil.

III. A DRA pode ser apresentada dentro da DLPA ou através de relatório próprio. O CPC sugere que se faça uso da apresentação na DMPL.

IV. A entidade pode optar por apresentar os ajustes de reclassificação em notas explicativas, não os divulgando na DRA.

Assinale a opção CORRETA:

a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I, IV e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I e IV estão corretas.e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

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TÓPICO 2

PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES

CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃOA análise financeira e de balanços é um dos aspectos mais difíceis no processo

de gestão e exige maturidade por parte do profissional responsável. Ela deve ser entendida dentro de suas possibilidades e limitações, explica Iudícibus (1998).

Quando a análise é convenientemente manuseada, pode transformar-se num poderoso “painel de controle” do administrador (IUDÍCIBUS, 1998). Para isso existem algumas condições para se efetivar uma análise de balanços, a saber:

I. A contabilidade da empresa deve ser mantida com esmero e sem interferências “manipuladoras” ou “normalizantes” de resultados.

II. As firmas de médio e grande porte devem ter suas demonstrações financeiras auditadas, se não pela auditoria independente, pelo menos, deve ter auditoria interna.

III. Os demonstrativos objetos de análise por meio de índices devem ser corrigidos detalhadamente, levando-se em conta as variações do poder aquisitivo da moeda, ou seja, deve o analista reconhecer os efeitos inflacionários.

2 PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Uma vez que estamos de posse das demonstrações contábeis desejadas, normalmente de três a quatro períodos, inicia-se a preparação das contas considerando-se os períodos selecionados. A este procedimento Marion (2010) denomina de reclassificação, que significa uma nova classificação, o reagrupamento de algumas contas, no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício. Esses ajustes são necessários para melhorar a eficiência da análise, podendo-se melhorar a situação econômico-financeira da empresa.

Reis (2009) explica que, quando a análise tem por objetivo determinar qual é a parcela pertencente aos sócios, do montante de recursos aplicados no ativo, esta postura significa uma preocupação com o aspecto estático da situação econômica; o autor continua dizendo que, na apuração e apreciação do resultado das operações sociais, da remuneração dos investidores e reinvestimento dos resultados, estará analisando a situação econômica sob o aspecto dinâmico.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Conforme Marion (2010), muitas vezes o contador visa, através do seu agrupamento de contas nas demonstrações financeiras, melhorar a situação econômico-financeira da empresa usando de certa subjetividade. Por exemplo: se uma empresa se dispõe a vender um imóvel que até o momento estava classificado no permanente, a atividade do contador é reclassificar esta conta no ativo circulante ou realizável a longo prazo. Se classificarmos no ativo circulante, evidentemente a situação financeira a curto prazo irá melhorar. Todavia não é fácil vender o imóvel e receber no mesmo ano. Neste caso, o ideal é classificá-lo no realizável a longo prazo, não obstante seja menos eficaz no momento de se mensurar a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo. Outras vezes, mesmo sendo o contador imparcial no agrupamento das contas, há necessidade de interferência do analista. É o caso da receita financeira que legalmente é uma despesa operacional, mas na realidade não o é. (MARION, 2010).

Se quisermos apurar a verdadeira taxa de rentabilidade obtida pela atividade operacional, deveremos reclassificar tanto as despesas financeiras, como as receitas financeiras no grupo não operacionais.

Para uma melhor compreensão, vamos apresentar alguns casos de reclassificação: a) duplicatas descontadas; b) despesas do exercício seguinte; c) não circulante (substitui o permanente); d) resultados de exercícios futuros; e) leasing; f) receitas financeiras e despesas financeiras.

I) DUPLICATAS DESCONTADAS

De acordo com a legislação, as duplicatas descontadas são classificadas no ativo circulante, como conta redutora do ativo. Para fins de análise, as duplicatas descontadas deverão ser reclassificadas no passivo circulante, pois, pelas suas peculiaridades, ainda há o risco de a empresa ter que reembolsar o dinheiro obtido, caso o cliente não liquidar a dívida no banco. Para demonstrar melhor, vamos ver o exemplo a seguir.

A empresa RIO tem por política interna operar com duplicatas descontadas para suprir seu caixa, enquanto a empresa MAR opera com empréstimos bancários (com depósito de duplicatas como garantia). Dessa forma, as duas empresas terão no passivo circulante uma dívida com terceiros, embora, no caso de duplicatas descontadas, haja apenas a coobrigação.

IMPORTANTE

Aplica-se o mesmo procedimento que o adotado com duplicatas descontadas quando a empresa possui títulos endossados, saques de exportação, operações de vendor.

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TÓPICO 2 | PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

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Demonstraremos a seguir a situação das empresas RIO e MAR, que possuem o mesmo valor no ativo circulante e no passivo circulante.

Empresa RIO Empresa MAR

AC 2.000 PC 1.000 AC 2.000 PC 1.000

+Entrada 200 + Entrada 200

-D.D. (200) Sem alteração + Empréstimo 200

TOTAL 2.000 TOTAL 1.000 TOTAL 2.200 TOTAL 1.200

FONTE: Marion (2010)

Se observarmos a situação patrimonial das empresas RIO e MAR, teremos:Empresa RIO = AC = 2.000 = 2,00 Empresa MAR = AC = 2.200 = 1,83 PC 1.000 PC 1.200

Analisando as duas empresas, nota-se que ambas tinham a mesma situação financeira e ambas tiveram uma entrada de igual valor, porém a diferença está no tipo de operação realizada, que gerou um lançamento contábil diferente, e, consequentemente, a situação da empresa MAR demonstra ter uma menor capacidade de pagamento em relação à empresa RIO.

Se reclassificarmos o balanço da empresa RIO, teremos a seguinte situação:

Empresa RIO Empresa MAR

AC 2.000 PC 1.000 AC 2.000 PC 1.000

+Entrada 200 D.D. 200 + Entrada 200 + Empréstimo 200

TOTAL 2.200 TOTAL 1.200 TOTAL 2.200 TOTAL 1.200

FONTE: Marion (2010)

QUADRO 9 – DUPLICATAS DESCONTADAS

QUADRO 10 – RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO

Nota 1: agora as empresas possuem o mesmo endividamento (R$ 1.200), e a capacidade de pagamento de cada uma é R$ 1,83, a mesma para ambas, isto é, para cada R$ (real) que a empresa deve, existe em caixa R$ 1,83, o que lhes possibilita saldar seus compromissos e ainda restar R$ 0,83 em caixa.Nota 2: endividamento igual para as duas empresas.

ATENCAO

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

II) DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE

A conta “despesas do exercício seguinte” é o único grupo de contas que não se converterá em dinheiro, portanto, não servirá para pagar as dívidas da empresa, conforme Marion (2010).

Por se tratar de uma despesa antecipada que será consumida pela empresa, no próximo ano, é classificada no grupo do Ativo Circulante, porém não se transformará em dinheiro. Esta despesa reduzirá o lucro do próximo exercício e, como consequência, o patrimônio líquido. Por este motivo os analistas mais conservadores preferem, no momento da análise, deduzi-la do patrimônio líquido, excluindo-a do ativo circulante.

Normalmente, esta despesa tem seu valor irrelevante em relação ao ativo circulante, o que não melhora por si só a situação financeira da empresa, caso não viéssemos a reclassificá-la, pois seu valor é, sem dúvida, imaterial. Na eventualidade de se tratar de um valor relevante, então, deveremos excluí-lo do ativo circulante e subtraí-lo do patrimônio líquido. Exemplo:

Ativo Circulante Passivo Circulante Observações

Caixa 2.000 Diversos a Pagar 15.000 Capital de Terceiros Duplicatas a Receber 5.000

Estoques 11.000 Patrimônio Líquido

18.000 Capital 10.000 Capital PróprioDespesas Exercício Seguinte 2.000 Reservas de Lucros 5.000

20.000 15.000

Ativo não Circulante

Imobilizado 10.000

Total 30.000 Total 30.000

{

{

FONTE: Marion (2010, p. 28)

Se não fizermos a reclassificação da Despesa do Exercício Seguinte:

- a relação AC/PC será de 1,33 (20.000/15.000);

- a relação Capital Próprio/Capital de Terceiros será de 1,00 (15.000/15.000).

QUADRO 11 – DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE

IMPORTANTE

Neste caso, a Despesa de Exercício Seguinte é relevante, pois representa 10% do Ativo Circulante, para cujo percentual é recomendável a reclassificação, excluindo-a do ativo circulante e em contrapartida vamos diminuí-la do Patrimônio Líquido.

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TÓPICO 2 | PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

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Com a reclassificação, teremos:

Ativo Circulante Passivo Circulante Observações

Caixa 2.000 Diversos a Pagar 15.000 Capital de Terceiros Duplicatas a Receber 5.000

Estoques 11.000 Patrimônio Líquido

18.000 Capital 10.000 Capital PróprioReservas de Lucros 5.000

(-) Desp. Exerc. Seg. (2.000)

Ativo não Circulante 13.000

Imobilizado 10.000

Total 28.000 Total 28.000

{

{

FONTE: Marion (2010, p. 29)

QUADRO 12 – RECLASSIFICAÇÃO

Neste caso, os resultados apurados geraram a seguinte situação:

- a relação AC/PC passa de 1,33 para 1,20 (18.000/15.000);

- a relação CP/CT passa de 1,00 para 0,87 (13.000/15.000).

III) NÃO CIRCULANTE (SUBSTITUI O PERMANENTE)

Uma vez que o Balanço Patrimonial esteja nos moldes da Lei das Sociedades por Ações, praticamente nada teremos a reclassificar nos grupos Investimentos e Imobilizado, conforme Marion (2010).

O subgrupo Diferido tem sofrido ajustes por parte de muitos professores e analistas, deduzindo-o do Patrimônio Líquido, sob a alegação de tratar-se de despesas que comporão resultados de exercícios futuros, e consequentemente, diminuindo o Patrimônio Líquido.

Com o advento da MP 449/08 e da Lei nº 11.941/09, o grupo Diferido deixou de ser grupo de contas do Balanço Patrimonial. Assim, explica Marion (2010), seu saldo precisa ser reanalisado e, quando cabível, reclassificado. Segundo a legislação contábil, o que não puder ser reclassificado para outras contas do ativo, como gastos pré-operacionais administrativos, gastos de reorganização, gastos com pesquisa etc., deverão ser baixados no balanço de abertura de 2009, contabilizando contra Lucros ou Prejuízos Acumulados. É admitido legalmente que esses saldos permaneçam nesse subgrupo até sua realização, ressaltando que a Lei nº 6.404/76 impedia a amortização desses valores em prazo superior a dez anos.

Outro tema que o autor ressalta é o grupo Intangível que, pela Lei nº 11.638/07, passa a fazer parte do Não Circulante e requer uma análise especial.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

IV) RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS

Com o advento da Medida Provisória nº 449/08 e da Lei nº 11.941/09, esse grupo desapareceu como grupamento de contas do balanço patrimonial. Os saldos existentes, se classificáveis corretamente segundo a legislação anterior, vão para o passivo não circulante, devidamente destacadas as receitas e despesas. O mesmo se aplica às entidades de atividade imobiliária, segundo já era determinado pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Havia circunstâncias em que entidades registravam como contrapartida da conta Resultado de Exercícios Futuros, a conta Venda de Direitos até então não inscrita no ativo, mas vinculada a algum elemento do ativo. Neste caso, conforme o Pronunciamento Técnico CPC 01, esses valores devem ser reclassificados como ajuste do respectivo ativo, em conta retificadora. Os valores recebidos por antecipação (adiantamentos) para futura entrega de produtos ou serviços, classificados inadequadamente, no grupo de Resultados de Exercícios Futuros (pois existe a necessidade de devolução no caso do não cumprimento das condições contratuais), em balanços anteriores a 2008, deverão ser reclassificados:

• no Passivo Circulante, nos casos em que as obrigações vençam até o final do exercício seguinte; ou

• no Exigível a Longo Prazo (Passivo não Circulante), desde que as obrigações vençam após o término do exercício seguinte.

Diante do exposto, o grupo Resultados de Exercícios Futuros será eliminado para fins de análise, sendo reclassificado no grupo Patrimônio Líquido ou no grupo Passivo Exigível, de acordo com o risco de haver devolução da parcela recebida antecipadamente.

IMPORTANTE

O grupo Resultados de Exercícios Futuros deixa de existir a partir da MP 449/08 e da Lei nº 11.941/09.

V) LEASING OU ARRENDAMENTO MERCANTIL

Leasing ou Arrendamento Mercantil, de acordo com Ferreira (2009), é “[...] uma operação de financiamento, que facilita ao empresário o acesso a bens de uso necessários ao funcionamento da empresa, sem que tenha de comprá-los imediatamente”. O arrendamento mercantil (leasing) pago por uma empresa, mensalmente, não se caracterizava como Ativo antes da Lei nº 11.638/07, embora

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TÓPICO 2 | PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

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o bem estivesse dentro da empresa, mas a empresa só tinha a posse e não a propriedade.

Ferreira (2009) explica que existem várias modalidades de leasing, porém cita as três mais usuais de arrendamento mercantil:

1 – leasing financeiro;2 – leasing operacional;3 – lease-back.

O leasing financeiro (arrendamento mercantil), que antes da promulgação da Lei nº 11.638/07 era tratado como aluguel, agora é contabilizado como Ativo para fins contábeis, enquanto que para fins fiscais continua sendo aluguel, explica Marion (2010).

Ressalta o mesmo autor que, no sentido econômico, o leasing financeiro é um financiamento com característica de aluguel. Se a empresa quer adquirir um equipamento de produção, este poderá ser adquirido à vista ou a prazo (financiado ou via leasing). Independente da forma de aquisição este bem trará para a empresa benefícios, mas também riscos para o seu negócio e dará à empresa controle sobre o bem. Diante do que expusemos, este bem deverá ser considerado Ativo.

O leasing operacional ou renting é um contrato de locação conjugada com assistência técnica quanto aos bens locados, como, por exemplo: computadores, aviões e não há necessidade de que haja a opção de compra. (FERREIRA, 2009).

O lease-back é uma operação realizada pela instituição financeira com a empresa, ou seja, o banco compra bens de uso permanente de determinada empresa, porém os deixa na posse da vendedora, a título de leasing, mediante uma cobrança de aluguel. Existe o direito de recompra dos bens, pela empresa vendedora. (FERREIRA, 2009).

IMPORTANTE

As operações de leasing são reguladas e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil.

VI) RECEITAS FINANCEIRAS E DESPESAS FINANCEIRAS

Segundo entende Marion (2010), no Demonstrativo de Resultado do Exercício, deverão ser reclassificadas as contas de despesas financeiras e receitas financeiras. De conformidade com a Lei das S/As (6.404/76), as despesas e receitas financeiras estão classificadas no grupo de contas operacionais, entretanto, para

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

fins de análise (gerencial), elas devem ser transferidas para o grupo de receitas e despesas não operacionais.

Este procedimento nos leva a obter o lucro operacional efetivamente apurado pela atividade principal da empresa, sem a inclusão de receitas financeiras (resultado nas aplicações financeiras) e despesas financeiras.

BALANÇO PATRIMONIALCia. Hipotética

Ativo X8 X9 Passivo X8 X9

Circulante 415.000 468.000 Circulante 224.000 227.000

Caixa 30.000 20.000 Fornecedores 100.000 160.000

Duplicatas a Receber 185.000 205.000 Salários a pagar 35.000 40.000

(-) Duplic.Descontadas 35.000 25.000 Encargos sociais a pg. 4.000 5.000

Estoques 190.000 220.000 Impostos a pagar 45.000 7.000

Desp. Ex. Seg. pg. Antecip. 45.000 48.000 Dividendos a pagar 40.000 15.000

Não Circulante 184.900 234.100 Não Circulante

Realizável a L. Prazo 900 600 Exigível a Longo Prazo 59.900 89.100

Investimentos 25.000 35.000

Imobilizado 155.000 195.000 Adiantamento de Acionista 28.000 42.000

Intangível 1.500 1.500

Diferido 2.500 2.000 Patrimônio Líquido 288.000 344.000

Capital 250.000 280.000

Reservas de Lucros 38.000 64.000

Total 599.900 702.100 Total 599.900 702.100

FONTE: A autora

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIOCia. Hipotética

Ativo X9

Vendas Brutas 9.000.000

( - ) Deduções de Vendas (800.000)

Vendas Líquidas 8.200.000

( - ) CPV (4.900.000)

Lucro Bruto 3.300.000

( - ) Despesas Operacionais (1.500.000)

De Vendas (700.000)

Administrativas (950.000)

Outras despesas (350.000)

Despesas Financeiras (400.000)

(+) Receitas Financeiras 900.000 500.000

Lucro Operacional 1.800.000

QUADRO 13 – BALANÇO PATRIMONIAL DA CIA. HIPOTÉTICA

QUADRO 14 – DRE DA CIA. HIPOTÉTICA

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TÓPICO 2 | PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

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( - ) Despesas não Operacionais (50.000)

Lucros antes do IR e da CS 1.750.000

( - ) IR/CS (550.000)

Lucro Líquido do Exercício 1.200.000

FONTE: A autora

BALANÇO PATRIMONIAL RECLASSIFICADOCia. Hipotética

Ativo X8 X9 Passivo X8 X9

Circulante 405.000 445.000 Circulante 259.000 252.000

Caixa 30.000 20.000 Fornecedores 100.000 160.000

Duplicatas a Receber 185.000 205.000 Salários a pagar 35.000 40.000

Encargos sociais a pg. 4.000 5.000

Estoques 190.000 220.000 Impostos a pagar 45.000 7.000

Dividendos a pagar 40.000 15.000

Duplicatas Descontadas 35.000 25.000

Não Circulante 182.400 232.100 Não Circulante 87.900 131.100

Realizável a L. Prazo 900 600 Exigível a Longo Prazo 59.900 89.100

Investimentos 25.000 35.000 Adiantamento de Acionista 28.000 42.000

Imobilizado 155.000 195.000

Intangível 1.500 1.500

Patrimônio Líquido 240.500 294.000

Capital 250.000 280.000

Reservas de Lucros 38.000 64.000

Desp. Ex. Seg. pg. Antecip. (45.000) (48.000)

Diferido (2.500) (2.000)

Total 587.400 677.100 Total 587.400 677.100

FONTE: A autora

QUADRO 15 – BALANÇO PATRIMONIAL RECLASSIFICADO

IMPORTANTE

O grupo Resultado de Exercícios Futuros foi reclassificado no Passivo Não Circulante. Neste exemplo hipotético, partiu-se do princípio que as obrigações vencerão após o término do exercício seguinte.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECLASSIFICADOCia. Hipotética

Ativo X9

Vendas Brutas 9.000.000

( - ) Deduções de Vendas (800.000)

( = ) Vendas Líquidas 8.200.000

( - ) CPV (4.900.000)

( = ) Lucro Bruto 3.300.000

( - ) Despesas Operacionais (2.000.000)

De Vendas (700.000)

Administrativas (950.000)

Outras despesas (350.000)

( = ) Lucro Operacional 1.300.000

( - ) Despesas não Operacionais (50.000)

( +) Receitas/Despesas Não Operacionais

( - ) Despesas Financeiras (400.000)

( +) Receitas Financeiras 900.000 500.000

( = ) Lucros antes do IR e da CS 1.750.000

( - ) IR/CS (550.000)

( = ) Lucro Líquido do Exercício 1.200.000

FONTE: A autora

QUADRO 16 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECLASSIFICADO

2.1 CONTAS DO ATIVO

Iudícibus (1998) afirma que o Ativo é composto de todos os bens e direitos de propriedade e controle da empresa, que são avaliáveis em dinheiro e que representam benefícios presentes ou futuros para a empresa. Assim, Iudícibus (1998, p. 41-48) exemplifica o que são bens e direitos:

• Bens: máquinas, terrenos, estoques, dinheiro (moeda), ferramentas, veículos, instalações etc.

• Direitos: contas a receber, duplicatas a receber, títulos a receber, ações, títulos de crédito etc.

E continua: se o bem ou direito não for de propriedade da empresa, normalmente não constará do seu Ativo porque a empresa só tem a posse e não a propriedade.

Matarazzo (2010) corrobora e apresenta as principais contas do Balanço, para fins de análise, conforme segue: I) do ativo circulante, cita as disponibilidades e explica que representam o dinheiro que a empresa possui em caixa, os depósitos bancários à vista e as aplicações financeiras de imediata conversibilidade em dinheiro; clientes que compreendem os valores a receber decorrentes das

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TÓPICO 2 | PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

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vendas efetuadas pela empresa; duplicatas descontadas que indicam o desconto antecipado das duplicatas a receber; estoques, apresentados de forma sintética representam estoques, inventários, existências; aplicações financeiras em prazos diversos; II) do não circulante, cita o realizável a longo prazo; os investimentos assim consideradas as participações permanentes em outras sociedades; o imobilizado que compreende os bens e direitos destinados à manutenção da atividade da empresa; os bens incorpóreos também destinados à manutenção da empresa denominados de intangível, antes classificados no imobilizado assim denominados: patentes, direitos autorais, marcas; outros classificados em investimentos, como, por exemplo, os direitos de concessão; diferido, extinto pela Lei nº 11.941/09.

Marion (2010) esclarece que a Lei nº 11.638/07 alterou o art. 179 da Lei nº 6.404/76 e redefiniu o conteúdo que compreende o subgrupo Imobilizado. Explica que Imobilizado são os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da empresa ou que sejam exercidos com essa finalidade, inclusive os bens decorrentes de operações que transfiram à companhia os seus benefícios, riscos e controle, independente de ser propriedade ou não, deverão ser contabilizados como Ativo.

Se a empresa tiver um Título a Receber de uma empresa falida, este não será Ativo, pois não há possibilidade de convertê-lo em dinheiro.

Para ser Ativo é necessário que qualquer item preencha quatro requisitos simultaneamente:

a) constituir bem ou direito para a empresa;

b) ser de propriedade, posse ou controle de longo prazo da empresa;

c) ser mensurável monetariamente;

d) trazer benefícios presentes ou futuros.

2.2 CONTAS DO PASSIVO

Já o Passivo, simplificadamente, evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com terceiros, por exemplo: contas a pagar, fornecedores de matéria-prima a prazo, impostos a pagar, financiamentos, empréstimos etc.

O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida

vencer, será exigida (reclamada) a sua liquidação. Por isso Iudícibus (1998) entende que é mais adequado chamá-lo Passivo Exigível.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Neste sentido, Reis (2009) apresenta o passivo, sua estrutura, a partir da Lei nº 11.638/07, e comenta: no circulante são registradas as dívidas que devem ser resgatadas no exercício seguinte ao do encerramento do balanço e exemplifica: fornecedores, impostos a pagar, adiantamento de clientes. Ressalta que nestes casos (adiantamentos), se o custo relacionado com a receita antecipada ainda não foi efetivado, deve ser estimado e separado, pois corresponde a uma obrigação futura da empresa e, portanto, deve ser classificado no passivo circulante. A receita diferida líquida, sendo uma conta de resultado antecipada, deve ser classificada em resultado de exercícios futuros.

Exemplo: Receita antecipada R$ 200 (-) custo estimado R$ 150 (=) receita diferida líquida R$ 50

Se o custo da receita antecipada já foi efetivado e contabilizado, a verba será demonstrada da seguinte forma:

Resultado de exercícios futurosReceita antecipada R$ 200(-) custo respectivo R$ 150 (=) receita diferida líquida R$ 50

IMPORTANTE

Nos casos em que o custo não foi efetivado, ou não puder ser estimado, o total da receita antecipada deverá ser contabilizada no passivo circulante como adiantamento de clientes.

Matarazzo (2010) complementa o passivo com o grupo passivo não circulante assim compreendidas as obrigações da empresa vencíveis a prazo superior a um ano ou superior ao ciclo operacional; resultados de exercícios futuros, extinto segundo a MP 449/08 e Lei nº 11.941/09; e patrimônio líquido, que representa os recursos dos acionistas formados por capital (dinheiro ou bens) entregues pelos acionistas à empresa.

Quando nos referimos ao Patrimônio Líquido, dizemos que este evidencia os recursos dos proprietários aplicados no empreendimento. O investimento inicial dos proprietários (a primeira aplicação) é denominado, contabilmente, capital.

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TÓPICO 2 | PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

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Se houver outras aplicações por parte dos proprietários (acionistas no caso das S/As, ou sócios nos casos de LTDA.), será um acréscimo ao Capital. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 41-48).

Assim como no balanço patrimonial, as contas da demonstração do resultado do exercício também precisam ser esclarecidas, o que proporcionará a você, acadêmico/a, melhor compreensão para efeito da análise da rentabilidade.

2.3 CONTAS DO DRE

Segundo Zdanowicz (1998, p. 23-25), a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – é peça relevante na dinâmica patrimonial, pois informa a receita bruta da empresa, o custo para obtê-la e demais despesas operacionais, evidenciando os lucros bruto e operacional.

O art. 176 da Lei nº 6.404/76 esclarece com maior propriedade o tema.

Para Iudícibus (1998, p. 48-58), a demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período (12 meses). É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo).

Inicia-se a DRE com a demonstração da Receita Bruta de Vendas ou da Prestação de Serviços, que é o total bruto vendido no período. Nela estão inclusos os impostos sobre vendas (os quais pertencem ao governo) e dela não foram subtraídas as devoluções (vendas canceladas) e os abatimentos (descontos incondicionais) ocorridos no período.

Os impostos e taxas sobre vendas são aqueles gerados no momento da venda; eles variam proporcionalmente à venda, ou seja, quanto maior for o total das vendas, maior será o imposto. Exemplos de impostos, os mais comuns: IPI, ICMS, ISS, PIS, FINSOCIAL. O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) é um imposto federal oriundo das operações realizadas pelas indústrias; o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é um imposto estadual incidente nas operações de vendas de mercadorias e prestação de serviços; o ISS (Imposto sobre Serviços) é um imposto municipal e é incidente nas prestações de serviços; o PIS (Programa de Integração Social) é uma contribuição social de natureza tributária, devida pelas pessoas jurídicas, com objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego e do abono para os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos; e o FINSOCIAL (Fundo de Investimento Social), cuja contribuição foi instituída pelo Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, artigo 1º, e tem por finalidade custear investimentos de caráter assistencial em alimentação, habitação popular, saúde, educação e amparo ao pequeno agricultor.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A partir desta diminuição obteremos a RECEITA LÍQUIDA. A análise da DRE se inicia com base na Receita Líquida, porque, como observamos, os impostos não são de propriedade da empresa.

Reis (2009) reconhece a mesma sequência lógica e ordenada de todos os grupos de contas que influenciaram o demonstrativo e afirma que a Demonstração do Resultado do Exercício é “[...] uma peça contábil que mostra o resultado das operações sociais – lucro ou prejuízo – e que procura evidenciar o resultado operacional do período, e o resultado líquido do período, isto é, a parcela que ficou à disposição dos sócios para ser retirada ou reinvestida no negócio”.

Acadêmico/a, você acabou de ver no item 2 a preparação das contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício; também foram apresentadas as principais contas do balanço patrimonial e da DRE que devem ser reclassificadas e, por fim, foi demonstrado o balanço patrimonial e a DRE da Empresa Hipotética devidamente reagrupados. Na sequência você terá que reconhecer os efeitos inflacionários, cujo procedimento também é obrigatório na análise para que não haja distorção nos resultados apurados.

3 RECONHECIMENTO DOS EFEITOS INFLACIONÁRIOS

Reconhecer os efeitos inflacionários é fundamental antes de iniciar a análise horizontal e a análise vertical, para evitar resultados distorcidos em função da variação da moeda, explica Zdanowicz (1998).

Para tanto, primeiro deve o analista definir qual é o indicador econômico que deseja utilizar. Sugerem-se alguns dos mais comuns: IGPM, INPC, IPCA, entre outros, cuja escolha fica a cargo do gestor.

O processo de atualização é simples. Após definir o indicador, o próximo passo é a base de atualização. Exemplo:

O administrador da empresa Raios de Parábolas S/A decidiu fazer um teste e atualizar as demonstrações contábeis de sua empresa com o uso do indicador IGPM para observar a diferença nos resultados depois de realizar os cálculos. Para tanto solicitou ao contador cópia dos balanços, já reclassificados. No primeiro momento, vai realizar os cálculos apenas dos grandes grupos, ou seja: Ativo, Ativo circulante, Ativo não circulante; Passivo, Passivo circulante, Passivo não circulante; Patrimônio Líquido.

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TÓPICO 2 | PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE

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2006 2007 2008 2009 Base/atualização set. 2010

687,9575 723,4265 770,3151 802,0042 832,4510

FONTE: Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/igpm.htm>. Acesso em: 12 out. 2010.

BALANÇO PATRIMONIALEMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

Contas 2006 2007 2008 2009

Ativo 514.191 559.897 582.105 591.216

Ativo Circulante 217.483 104.198 101.177 117.370

Ativo Não Circulante 296.708 455.699 480.928 473.846

Passivo 514.191 559.897 582.105 591.216

Passivo Circulante 306.650 267.870 319.187 316.363

Passivo Não Circulante 184.190 267.726 239.968 249.503

Patrimônio Líquido 23.351 24.301 22.950 25.350

FONTE: A autora

BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTEEMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

Contas 2006 2006 at 2007 2007 at 2008 2008 at 2009 2009 at

Ativo 514.191 622.188 559.897 644.277 582.105 629.059 591.216 613.661

Ativo Circulante 217.483 263.162 104.198 119,901 101.177 109.338 117.370 121.826

Ativo Não Circulante 296.708 359.026 455.699 524.376 480.928 519.721 473.846 491.835

Passivo 514.191 622.188 559.897 644.277 582.105 629.059 591.216 613.661

Passivo Circulante 306.650 371.057 267.870 308.240 319.187 344.934 316.363 328.373

Passivo Não Circulante 184.190 222.876 267.726 308.074 239.968 259.324 249.503 258.975

Patrimônio Líquido 23.351 28.255 24.301 27.963 22.950 24.801 25.350 26.313

FONTE: A autora

QUADRO 17 – INDICADORES ECONÔMICOS NA DATA DE ENCERRAMENTO DO BALANÇO

QUADRO 18 – BALANÇO PATRIMONIAL

QUADRO 19 – BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE

Para sua melhor compreensão, caro/a acadêmico/a, faremos a demonstração dos cálculos realizados. A metodologia adotada foi igual para todos, por esta razão apresentaremos apenas uma conta.

Ativo 2006 = 514.191 dividido pelo indicador 687,9575 (2006) e multiplicado pelo indicador 832,4510 (referente a setembro de 2010, base de atualização).

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

O resultado apurado foi de R$ 622.188 (seiscentos e vinte e dois mil, cento e oitenta e oito reais), o que significa uma inflação de 21% (vinte e um por cento no período).

Com este procedimento as demonstrações contábeis terão os valores atualizados e com o mesmo poder aquisitivo, na data base definida para elaboração da análise, o que permitirá uma visão clara da situação da empresa naquele momento.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Este tópico contemplou a preparação das demonstrações contábeis para análise. Inicialmente, buscou-se identificar as principais contas do balanço patrimonial e do Demonstrativo do Resultado do Exercício – DRE –, e que são importantes na análise. Na sequência, foi tratado da atualização monetária. Para fins de análise não podemos deixar de reconhecer os efeitos inflacionários. Mesmo que o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício tivessem sido corrigidos durante o exercício, mas, depois do encerramento do exercício, isto não mais aconteceu, isso significa que perdeu parte do seu poder aquisitivo, influenciando no processo de análise. Para realizar a atualização monetária, o analista deve definir qual indicador oficial ele irá utilizar, a fim de trazer a valor presente os balanços patrimoniais e os demonstrativos de resultado, permitindo, desta forma, a realização da análise horizontal e da vertical, temas que serão tratados no próximo tópico.

Verificou-se qual é a participação de uma conta ou de um grupo de contas nos demonstrativos contábeis. No Balanço Patrimonial, o valor em R$ do total do grupo representa 100% (cem por cento) e, a partir deste contexto, cada conta realiza a sua relação com o grande grupo. Na DRE, a análise se inicia na receita líquida de vendas, sendo que o total em R$ desta conta representa 100% (cem por cento) e as demais contas vão diminuindo até a apuração percentual de lucro líquido, conforme demonstrado.

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AUTOATIVIDADE

1 Atualize o Balanço Patrimonial da Cia. Maracatu, constante no quadro a seguir, com os dados hipotéticos e escreva os valores atualizados no quadro indicativo.

Informações necessárias para atualização (dados hipotéticos)

2 A análise comparativa das Demonstrações Contábeis de vários exercícios sociais é exequível, se os valores monetários forem convertidos a(à):

a) ( ) diferentes bases.b) ( ) base móvel.c) ( ) base distinta.d) ( ) mesma base.e) ( ) nenhuma das respostas acima.

3 Escreva de que forma deve ser feita a atualização monetária dos balanços de forma a preparar os dados para análise.

4 Assinale com X a alternativa CORRETA. A reclassificação das contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício é um procedimento necessário para deixar as contas em formato:

a) ( ) aceitável.b) ( ) padrão.c) ( ) estimado.d) ( ) ampliado.e) ( ) nenhuma das respostas anteriores.

Contas 2006 2007 2008 2009Ativo 334.191 389.897 422.105 431.216Ativo Circulante 187.483 84.198 101.177 77.370Ativo Não Circulante 146.708 305.699 320.928 353.846

Passivo 334.191 389.897 422.105 431.216Passivo Circulante 176.650 147.870 239.187 246.363Duplicatas Descontadas 20.000 30.000 40.000 40.000Passivo Não Circulante 104.190 207.726 149.968 149.503Patrimônio Líquido 53.351 34.301 32.950 35.350

2006 2007 2008 2009 Base/atualização set. 2010547,9575 623,4265 713,3151 742,0042 799,4510

Assista ao vídeo deresolução da questão 4

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51

TÓPICO 3

ANÁLISE HORIZONTAL

E ANÁLISE VERTICAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Uma vez preparadas, o próximo passo das demonstrações contábeis é a realização da análise horizontal e da análise vertical. A análise de balanços deve ser entendida dentro de suas responsabilidades e limitações, explica Iudícibus (2007, p. 74). A análise mais aponta os problemas a serem investigados do que indica as soluções. Por outro lado, desde que utilizadas corretamente, poderão se transformar em poderoso “painel de controle” da administração. Para isso os registros contábeis devem ser mantidos com esmero; os relatórios financeiros devem ser submetidos à auditoria independente, ou pelo menos auditoria interna; os demonstrativos devem ser atualizados monetariamente para que os resultados estejam no mesmo poder aquisitivo de moeda. Para uma melhor visão dos resultados da análise, deve o analista utilizar entre três e quatro exercícios; isto permitirá ao analista uma visão mais apurada do desempenho da empresa, bem como a representatividade das contas no balanço patrimonial e demonstrativo do resultado do exercício.

2 ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL

Análise horizontal, segundo Reis (2009), é uma técnica de análise que compara cada item do demonstrativo, em cada ano, com o valor correspondente em determinado ano anterior, considerado como base.

O objetivo da análise horizontal é mostrar a evolução de cada conta isoladamente, ou de cada grupo de contas.

Para Iudícibus (2007), a principal finalidade da análise horizontal é apresentar o crescimento de itens dos balanços e das demonstrações de resultados a fim de caracterizar tendências. Diz ainda o autor que a tabela da análise horizontal sempre é realizada em termos de índices. No primeiro ano do período analisado, o índice terá como base 100, e os valores dos anos seguintes serão expressos em relação ao índice base 100, permitindo, desta forma, o analista observar a evolução.

Para Zdanowicz (1998, p. 59), a análise horizontal é conhecida por “análise de evolução” e, para realizar-se a análise horizontal, é preciso ter alguns cuidados, a saber:

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52

UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

a) os valores objeto da análise devem estar corrigidos, ou seja, deflacionados ou inflacionados à mesma data-base;

b) implica, necessariamente, uma série de períodos iguais, possibilitando comparações entre si;

c) escolha de um período-base, que não será, necessariamente, o primeiro da série histórica;

d) o período-base poderá ser o primeiro, o segundo, o último da série histórica ou qualquer outro, desde que represente um exercício normal (com doze meses);

e) o período-base deve ser aquele em que a empresa tenha exercido suas atividades em condições normais, isto é, que não tenha sido um período atípico.

Este tipo de análise permite a avaliação do aumento ou da diminuição dos valores, que componham o balanço patrimonial ou de resultados entre uma série histórica de períodos.

O instrumento utilizado para avaliar o crescimento monetário dos elementos do balanço patrimonial ou do Demonstrativo do Resultado do Exercício é denominado índice.

O cálculo é bastante simples: adota-se o índice 100 (cem) como representativo dos valores monetários do ano que serve de base, para confronto com os valores dos demais períodos. Aplica-se regra de três simples e direta, e calculam-se os índices correspondentes aos períodos que serão confrontados com o período-base. (ZDANOWICZ, 1998).

BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTEEMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

Contas 2006 at AH % 2007 at AH % 2008 at AH % 2009 at AH %

Ativo 622.188 100 644.277 3,550 629.059 1,104 613.661 -1,370

Ativo Circulante 263.162 100 119.901 -54,438 109.338 -58,452 121.826 -53,707

Ativo Não Circulante 359.026 100 524.376 46,055 519.721 44,759 491.835 36,991

Passivo 622.188 100 644.277 3,550 629.059 1,104 613.661 -1,370

Passivo Circulante 371.057 100 308.240 -16,929 344.934 -7,04 328.373 -11,503

Passivo Não Circulante 222.876 100 308.074 38,227 259.324 16,353 258.975 16,197

Patrimônio Líquido 28.255 100 27.963 -1,033 24.801 -12,224 26.313 -6,873

FONTE: A autora

QUADRO 20 – BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE

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TÓPICO 3 | ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO MONETARIAMENTE EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

Ativo 2006 at AH % 2007 at AH % 2008 at AH % 2009 at AH%

Vendas Brutas 561.095,88 282.655,14 257.707,45 317.701,03

( - ) Deduções de Vendas

(56.390,63) (25.154,43) (34.108,20) (44.701,46)

( = ) Vendas Líquidas

504.705,25 100 257.500,71 -48,98 223.599,25 -55,70 272.999,57 -45,91

( - ) CPV (361.856,32) 100 (225.838,36) -37,59 (198.492,22) -45,14 (228.825,88) -36,76

( = ) Lucro Bruto 142.848,93 100 31.662,35 -77,84 25.107,03 -82,42 44.173,69 -69,08

( - ) Despesas Operacionais

(95.670,32) 100 (76.408,29) -20,13 (61.182,75) -36,04 (67.049,06) -29,92

De Vendas (72.240,98) 100 (47.868,55) -38,73 (34.448,49) -52,31 (39.850,99) -44,84

Administrativas (19.203,43) 100 (22.415,76) 16,72 (18.072,31) -5,89 (18.425,95) -4,05

Outras despesas (4.225,91) 100 (6.123,98) -44,91 (8.661,95) 104,97 (8.772,12) 107,58

( = ) Lucro Operacional

(47.178,61) 100 (44.745,94) -5,15 (36.075,72) -23,53 (22.875,37) -51,51

(-) Financeiras Líquidas

(46.766,52) 100 (5.896,76) -87,39 (8.329,37) -82,19 (14.814,27) -68,32

( = ) Lucro Líquido do Exercício

(412,09) 100 (50.642,70) -12.189 (44.405,09) -10.675 (37.689,64) 9.045,97

FONTE: A autora

QUADRO 21 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO MONETARIAMENTE

2.1 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL

A análise vertical permite, inicialmente, que o analista avalie a estrutura do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, o que chamamos de lógica de balanço, isto é, se a proporcionalidade dos diferentes componentes patrimoniais e de resultados se mantém ao longo dos anos ou se existem desequilíbrios importantes, que merecem uma avaliação mais minuciosa.

Segundo Iudícibus (2007), este tipo de análise tem por finalidade avaliar a estrutura dos itens do balanço e da demonstração do resultado do exercício e sua evolução no tempo. A comparação dos números é feita com o total do ativo e do passivo (balanço patrimonial) e com as vendas líquidas (demonstrações de resultados).

Então, se algum componente do ativo circulante, por exemplo, apresentar uma variação significativa em relação ao total do ativo, o analista poderá vislumbrar e, sobre essa cifra, concentrar suas atenções.

Este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Zdanowicz (1998, p. 58-59) afirma que “[...] a análise vertical é o processo que objetiva a medição percentual de cada componente patrimonial ou de resultado econômico em relação ao total de que se faz parte”.

O coeficiente ou a percentagem é a medida que indica a proporção de cada componente em relação ao todo.

Calcula-se a participação de cada componente do ativo ou passivo e patrimônio líquido em relação ao total do ativo ou total do passivo, nesta ordem. Idêntico raciocínio desenvolve-se para os elementos de resultado em relação à receita operacional líquida da empresa, que expressa os cem por cento.

Neste sentido, o referido autor confirma que “[...] o objetivo da análise vertical é avaliar, em termos relativos, as partes que compõem o todo e compará-las no caso de análise de dois ou mais períodos sociais”.

BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTEEMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

Contas 2006 at AV % 2007 at AV % 2008 at AV % 2009 at AV %

Ativo 622.188 100 644.277 100 629.059 100 613.661 100

Ativo Circulante 263.162 42,30 119.901 18,61 109.338 17,38 121.826 19,85

Ativo Não Circulante 359.026 57,70 524.376 81,39 519.721 82,62 491.835 80,15

Passivo 622.188 100 644.277 100 629.059 100 613.661 100

Passivo Circulante 371.057 59,64 308.240 47,84 344.934 54,84 328.373 53,51

Passivo Não Circulante 222.876 35,82 308.074 47,82 259.324 41,22 258.975 42,20

Patrimônio Líquido 28.255 4,54 27.963 4,34 24.801 3,94 26.313 4,29

FONTE: A autora

QUADRO 22 – BALANÇO PATRIMONIAL ATUALIZADO MONETARIAMENTE

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO MONETARIAMENTE EMPRESA RAIOS DE PARÁBOLAS S/A

Ativo 2006 at AV % 2007 at AV % 2008 at AV % 2009 at AV%

Vendas Brutas 561.095,88 282.655,14 257.707,45 317.701,03

( - ) Deduções de Vendas (56.390,63) (25.154,43) (34.108,20) (44.701,46)

Vendas Líquidas 504.705,25 100 257.500,71 100 223.599,25 100 272.999,57 100

( - ) CPV (361.856,32) 71,70 (225.838,36) 87,70 (198.492,22) 88,77 (228.825,88) 83,82

Lucro Bruto 142.848,93 28,30 31.662,35 12,30 25.107,03 11,23 44.173,69 16,18

( - ) Despesas Operacionais (95.670,32) 18,96 (76.408,29) 29,67 (61.182,75) 27,36 (67.049,06) 24,56

De Vendas (72.240,98) 14,31 (47.868,55) 18,59 (34.448,49) 15,41 (39.850,99) 14,60

Administrativas (19.203,43) 3,81 (22.415,76) 8,71 (18.072,31) 8,08 (18.425,95) 6,75

Outras despesas (4.225,91) 0,84 (6.123,98) 2,38 (8.661,95) 3,87 (8.772,12) 3,21

Lucro Operacional (47.178,61) 9,35 (44.745,94) 17,38 (36.075,72) 16,13 (22.875,37) 8,38

(-) Financeiras Líquidas 46.766,52 9,27 (5.896,76) 2,29 (8.329,37) 3,73 (14.814,27) 5,43

Lucro Líquido do Exercício (412,09) 0,08 (50.642,70) 19,67 (44.405,09) 19,86 (37.689,64) 13,81

FONTE: A autora

QUADRO 23 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO

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TÓPICO 3 | ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL

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A análise vertical foi calculada aplicando-se a regra de três simples. Exemplo:

Vendas líquidas = 100. CPV multiplicado por 100 dividido pelo valor das vendas líquidas R$ 361.856,32 multiplicado por 100 dividido por R$ 504.705,25 = 71,70%.

QUADRO 23 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ATUALIZADO

IMPORTANTE

A análise horizontal e a análise vertical devem ser feitas conjuntamente. O analista deve sempre fazer um comparativo entre o percentual que aumentou ou diminuiu e o percentual da estrutura, quanto a conta ou grupo de conta representa no grande grupo.

LEITURA COMPLEMENTAR

GOVERNO AUTORIZOU MANOBRA CONTÁBIL FEITA PELA PETROBRAS

Mudança permitiu que a estatal adiasse pagamento de impostos de 4 bilhões

O governo e os ministros com assento no Conselho de Administração da Petrobras deram aval à decisão da empresa de alterar o sistema de cálculo do Imposto de Renda. Esse foi o instrumento encontrado pela cúpula da Petrobras para, no auge da crise, tornar viável a manutenção de um elevado nível de investimentos. “Trata-se de política de governo para manter os investimentos. É melhor do que socorrer a empresa com dinheiro do Tesouro”, defendeu o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), porta voz do Governo nas negociações de ontem para acalmar a oposição.

As críticas a esse procedimento tiveram origem no fato de a estatal ter mudado o regime de declaração do imposto. O presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, havia explicado em reunião do Senado, em março, que a manobra era natural.

Everardo Maciel, ex-secretário da Receita e autor da MP que permite às empresas a mudança do regime de declaração do IR, acha que a Petrobras errou. “Ela não pode mudar de ideia no meio do ano”, diz. Explicação: A Petrobras, em meados de 2008, mudou a fórmula de cálculo de Imposto de Renda do regime de competência para o regime caixa. Assim, o lucro aumentou em R$ 4 bilhões pelo imposto não pago.

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UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Por causa da desvalorização do Real, a Petrobras registrou um elevado ganho com essa variação cambial sobre os Ativos da empresa no exterior, mas esse ganho não se materializou em entradas no caixa.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=10745>. Acesso em: 17 dez. 2010.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Este tópico contemplou uma abordagem do que significa a análise horizontal e a análise vertical; demonstrou também que o objetivo da análise horizontal é mostrar a evolução de cada conta isoladamente ou de cada grupo de contas.

Apresentou a visão de Zdanowicz (1998) sobre o significado da análise horizontal bem como os cuidados que é preciso ter para a sua realização, como, por exemplo: atualização monetária levando os valores a terem o mesmo potencial de compra, possibilitando comparações entre si; a escolha de um período-base, que não será, necessariamente, o primeiro da série histórica; o período-base será de livre escolha do analista, desde que represente um exercício normal com doze meses; o período-base deve ser aquele em que a empresa tenha exercido suas atividades em condições normais, isto é, que não tenha sido um período atípico.

Abordou-se a forma de cálculo e ressaltou-se que se adota o índice 100 como representativo.

Com relação à análise vertical, observou-se que esta avalia a estrutura do balanço e da demonstração do resultado do exercício, destacando se existem desequilíbrios importantes que merecem avaliação mais detalhada.

A participação de cada componente do ativo, passivo e do patrimônio líquido em relação ao total do ativo ou total do passivo também foi demonstrado, bem como sua forma de cálculo.

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1 Dentre os vários indicadores em que o analista se ampara para avaliar a capacidade financeira da empresa, quais deles devem ser analisados conjuntamente?

I - Análise da capacidade técnica.II - Análise vertical.III - Análise neutra.IV - Análise de liquidez.V - Análise horizontal.

a) ( ) As opções I e IV estão corretas. b) ( ) As opções V e III estão corretas. c) ( ) As opções V e II estão corretas. d) ( ) As opções V e IV estão corretas. e) ( ) As opções V e I estão corretas.

2 Quando o analista busca apurar a relação percentual de um elemento do balanço ou da DRE de que faz parte, ele utilizará:

a) ( ) A análise subjetiva.b) ( ) Índices neutros.c) ( ) A análise horizontal.d) ( ) A análise vertical.e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.

3 A análise que tem por finalidade demonstrar ao analista a relação percentual de um elemento com o todo de que faz parte é o método de análise denominado:

a) ( ) Análise horizontal.b) ( ) Análise combinada.c) ( ) Análise flexível.d) ( ) Análise secundária.e) ( ) Análise vertical.

4 Complete a sentença a seguir:Análise vertical é a análise que tem por finalidade ____________________________________________________________________________________________.

5 Complete a sentença a seguir:De acordo com Iudícibus (2007), a principal finalidade da análise horizontal é ____________________________________, e a tabela da análise horizontal sempre é realizada em ________________.

AUTOATIVIDADE

Assista ao vídeo deresolução da questão 4

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UNIDADE 2

ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• calcular os indicadores de liquidez;

• calcular os indicadores de estrutura de capital;

• apurar os indicadores de rentabilidade;

• calcular os índices de lucratividade;

• calcular a liquidez dinâmica.

Esta unidade está dividida em cinco tópicos. A análise de liquidez demonstra a saúde financeira de uma empresa; a estrutura de capitais envolve as fontes de recursos financiados pela empresa; a análise de rentabilidade é o indi-cador que mede o retorno dos investimentos. Ao final de cada tópico, você encontrará atividades que contribuirão para a compreensão dos conteúdos explorados.

TÓPICO 1 – INDICADORES DE LIQUIDEZ

TÓPICO 2 – INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS

TÓPICO 3 – INDICADORES DE RENTABILIDADE

TÓPICO 4 – INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

TÓPICO 5 – LIQUIDEZ DINÂMICA

Assista ao vídeo desta unidade.

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TÓPICO 1

INDICADORES DE LIQUIDEZ

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Os índices de liquidez, segundo Matarazzo (2010), mostram a base da situação financeira da empresa.

Muitas pessoas os confundem com índices de capacidade de pagamento. Ressalta o autor (MATARAZZO, 2010) que os índices de liquidez não são índices do fluxo de caixa que têm por objetivo comparar as entradas com as saídas de dinheiro, mas, sim, são índices que, a partir do confronto entre os ativos circulantes com as dívidas, procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa que apresenta bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não garante que ela estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia, porque existem outras variáveis como prazo de pagamento, renovação de dívidas etc.

Marion (2010) é mais objetivo quando fala nos índices de liquidez. Ele explica que são índices utilizados para avaliar se a empresa tem capacidade de saldar seus compromissos e complementa dizendo que essa capacidade pode ser avaliada a longo e curto prazo e ainda a prazo imediato.

Para Silva (2007), a “[...] liquidez decorre da capacidade de uma empresa ser lucrativa, da administração do seu ciclo financeiro e de suas decisões estratégicas de investimento e financiamento”. Em outras palavras, o autor menciona que, através dos índices de liquidez, conhece-se a capacidade de a empresa saldar suas dívidas, comparando os direitos realizáveis e as exigibilidades.

Matarazzo (2010) corrobora e apresenta um estudo realizado sobre o índice de liquidez. Explica que, se um analista se deparar com um índice de liquidez inferior a 1,00, não deve, no ato, considerar a empresa sem condições de pagar suas dívidas. Para ficar mais clara esta situação, o autor apresenta a análise de liquidez pelo avesso, e inicia a explicação com a apresentação de um exemplo que comporá o índice de liquidez corrente.

Destaca que o capital circulante líquido – CCL – é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, e o resultado positivo desta operação representa uma espécie de folga financeira no que se refere à capacidade de pagamento.

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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2 LIQUIDEZ CORRENTE

Conforme foi mencionado no item anterior, Matarazzo (2010) explica a análise de liquidez pelo avesso, e exemplifica através do uso do índice de liquidez corrente partindo de uma situação original em que este índice era de 1,5.

O inverso disso é: 1 = 0,666 ou percentualmente igual a 66,6%. 1,5

Acadêmico/a, você deve estar pensando o que isso significa.

De acordo com o autor, este resultado significa que 66,6% do ativo circulante estão comprometidos com dívidas a pagar de curto prazo (passivo circulante) e que a diferença, ou seja, 33,33% é o grau de liberdade da empresa. Esses 33,33% são provenientes do Capital Circulante Líquido.

O autor (2010) afirma ainda que é importante conhecer a decomposição do financiamento do Ativo Circulante. O que se conhece é que 66,66% são financiados pelo Passivo Circulante e que, dentro do Passivo Circulante, encontram-se basicamente três tipos de crédito: 1) fornecedores; 2) despesas a pagar; 3) bancos.

Os fornecedores, em certos níveis não sujeitos a grandes alterações, continuam financiando a empresa, pois concedem-lhe financiamento para cada compra efetuada.

As despesas a pagar, decorrentes de: salário dos empregados, governo, prestadores de serviços, locatários, representam financiamento praticamente certo, uma vez que o salário deve ser pago até o quinto dia útil (previsto em lei); os encargos sociais e os tributos também têm vencimento determinado por legislação, os prestadores de serviços também contratam a vencimentos curtos, locatários têm vencimento estabelecido em contrato.

Por fim os bancos. Nestes a empresa não encontra nem a certeza da manutenção do nível de financiamento em moeda estável, nem de aumentos nominais para compensar a desvalorização decorrente da inflação. A insegurança quanto à renovação de empréstimos pode levar a empresa a enfrentar sérias dificuldades de pagamento.

Se utilizarmos o exemplo anterior (MATARAZZO, 2010, p. 210), onde a liquidez corrente era igual a 1,5 e o seu inverso de 66,6%, tem-se que os 33,3% do Ativo Circulante financiados pelo Capital Circulante Líquido – CCL – equivalem a 50%, ou 0,5 do Passivo Circulante que é o quanto excede de 1,00 o índice de Liquidez Corrente.

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TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ

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Assim, o valor de 1,5 da Liquidez Corrente pode ser interpretado da seguinte forma: os créditos tomados a curto prazo (passivo circulante) acham-se aplicados no Ativo Circulante no qual a empresa possui ainda investidos recursos de outras fontes (não correntes) que equivalem a 50% dos créditos de curto prazo e que representam a liberdade da empresa em relação a esses créditos.

Numa situação em que a empresa tivesse o índice de liquidez corrente de 0,60, o inverso desta seria:

1 = 1,66 ou 166%, 0,60

o qual mostra que a empresa não tem nenhuma liberdade em relação a créditos de curto prazo, os quais financiam 1,66% dos investimentos no Circulante (pode-se dizer que o Ativo Permanente também depende desses créditos de curto prazo).

Nota 1: o índice de liquidez corrente de 0,60 deve ser assim interpretado: a empresa tem uma insuficiência de investimentos no ativo circulante de R$ 0,40 para cada R$ 1,00 de crédito de curto prazo; esta insuficiência é motivada por aplicações desses recursos no ativo permanente, razão por que a empresa não tem nenhuma liberdade em relação aos recursos que os credores de curto prazo suprem.

Nota 2: observada a situação acima, infere-se que a empresa depende excessivamente dos credores de curto prazo. Em outras palavras podemos dizer que a empresa está na mão desses credores. Partindo desse pressuposto cabe a seguinte pergunta: e se os credores resolverem reduzir o crédito da empresa, como ficará o seu giro?

Acadêmico/a, qual é o seu entendimento? Para o autor (2010), das duas uma: ou a empresa reduz o ritmo de seus negócios, o que poderá ser ruinoso, ou, simplesmente, não pagará seus credores e cairá em situação de insolvência.

Nota 3: neste caso a vida da empresa passa a depender de terceiros e a sua continuidade torna-se ameaçada. Esta é uma situação comum que leva as empresas à insolvência, explica o autor (MATARAZZO, 2010).

Silva (2007) explica que o índice de liquidez corrente, também chamado de current ratio indica quanto a empresa possui em dinheiro mais bens e direitos realizáveis até o término do exercício seguinte, para pagar as dívidas que vencerão no mesmo prazo.

Matarazzo (2010) afirma que o índice de liquidez indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 que a empresa possui no Passivo Circulante:

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

64

LC = AC PC

Liquidez Corrente = LCAtivo Circulante = AC

Passivo Circulante = PC

Interpretação: quanto maior, melhor.

EXEMPLO: CIA. MISTERIOSA

Contas X2 Resultado X3 Resultado

Ativo Circulante 1.250,00 1,23 2.550,00 1,38

Passivo Circulante 1.020,00 1.850,00

FONTE: A autora

Liquidez corrente: AC 1.250,00 = 1,23 AC 2.550,00 = 1,38 PC 1.020,00 PC 1.850,00

Interpretação dos resultados obtidos: através deste exemplo, é possível observar que a Cia. Misteriosa, no exercício X2 possuía em caixa R$ 1,23 para cada R$ 1,00 de dívida; e no exercício de X3 este saldo aumentou para R$ 1,38 de dinheiro em caixa para cada R$ 1,00 de dívida. Observa-se que o desempenho do exercício X3 foi melhor que o X2, porque para cada R$ 1,00 de dívida a empresa possui R$ 1,38, ou seja, paga tudo o que deve e sobra R$ 0,38 em caixa. Neste caso, a empresa tem capacidade de saldar suas dívidas.

QUADRO 24 – LIQUIDEZ CORRENTE

IMPORTANTE

Quanto MAIOR for o resultado apurado, MELHOR.

3 LIQUIDEZ SECA

Padoveze e Benedicto (2007) explicam que, para fins de análise, este tipo de indicador deve considerar o “tipo de empresa”, haja vista que empresas comerciais tendem a ter estoques que mais facilmente se realizam em dinheiro, ao contrário de empresas industriais que, além de ter um ciclo operacional maior, possuem

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TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ

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LS = AC - E PC

LS = Liquidez SecaAC = Ativo Circulante

E = EstoquePC = Passivo Circulante

Interpretação: quanto maior, melhor.

três tipos de estoques assim identificados: os estoques de materiais e embalagens; estoques em processo de elaboração; e estoques de produtos acabados.

Segundo Marion (2010), nem sempre que uma empresa tenha um baixo índice de liquidez seca, ela está com a situação financeira apertada, e esclarece: um supermercado, por exemplo, cujo investimento de estoque é elevadíssimo e que não há duplicatas a receber, pois só vende à vista, esse índice só pode ser baixo. Neste caso, para determinarmos se um índice de liquidez seca de um supermercado é bom, é necessário comparar seu índice com o índice dos demais supermercados.

Explica o autor que o estoque é o item mais manipulável no balanço. Ele pode se tornar obsoleto, antiquado a qualquer momento, ou ainda pode ser um item perecível. (MARION, 2010).

IMPORTANTE

Este índice representa qual a capacidade que a empresa tem de pagar suas dívidas, na hipótese extrema de a empresa sofrer uma paralisação de suas vendas, ou se o seu estoque se tornasse obsoleto.

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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EXEMPLO: CIA. MISTERIOSA

Contas X2 Resultado X3 Resultado

Ativo Circulante 1.250,000,90

2.550,001,01Créditos 920,00 1.870,00

Estoques 330,00 680,00

Passivo Circulante 1.020,00 1.850,00

FONTE: A autora

Liquidez seca: AC - E = 1.250,00 - 330,00 = 0,90 AC - E = 2.550,00 – 680,00 = 1,01 PC 1.020,00 PC 1.850,00

Interpretação dos resultados obtidos: através deste exemplo, que também tem a finalidade de mostrar a capacidade de pagamento da empresa, excluímos o valor dos estoques porque se busca verificar qual é a capacidade de a empresa saldar os seus compromissos na hipótese de não vender nada do seu estoque. Desta forma, é possível observar que a Cia. Misteriosa, no exercício X2, possuía em caixa R$ 0,90 para cada R$ 1,00 de dívida; e no exercício de X3 este saldo aumentou para R$ 1,01 de dinheiro em caixa para cada R$ 1,00 de dívida. Neste caso, a empresa apresenta dependência do capital de terceiros no exercício X2, ou seja, se a empresa desejar pagar seus compromissos no vencimento terá que emprestar R$ 0,10 para cada R$ 1,00 de dívida. No exercício X3, houve uma melhora na empresa e na hipótese de não vender nada do seu estoque a empresa conseguirá saldar suas dívidas no vencimento e ainda assim sobrará em caixa R$ 0,01 para cada R$ 1,00 de dívida.

QUADRO 25 – LIQUIDEZ SECA

IMPORTANTE

Quanto MAIOR for o resultado apurado, MELHOR.

4 LIQUIDEZ GERAL

De acordo com Silva (2007, p. 308), o índice de liquidez geral é também conhecido por current and long term assets to liabilities e mostra qual é o valor que a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e a longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais.

LIQUIDEZ GERAL = AC + RLP PC + ELP

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TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ

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AC = Ativo CirculanteRLP = Realizável a Longo Prazo

PC = Passivo CirculanteELP = Exigível a Longo Prazo

Exemplo: a Cia. Misteriosa, no ano de X1, apresentou os seguintes dados no balanço patrimonial.

Ativo Valores R$ Passivo + PL Valores R$

Circulante 16.783 Circulante 11.184

Não CirculanteRealizável a Longo PrazoImobilizado

4.11510.531

Não Circulante Exigível a Longo Prazo Patrimônio líquido

3.85816.387

TOTAL DO ATIVO 31.429 TOTAL DO PASSIVO 31.429

FONTE: A autora

Calculando a Liquidez Geral teremos: LG = AC + RLP PC + ELP

LG = 16.783 + 4.115 = 20.898 = 1,39 11.184 + 3.858 15.042

Interpretação: este resultado significa que, para cada R$ 1,00 de dívida que a empresa possui no curto e no longo prazo, a empresa disponibiliza R$ 1,39 no Ativo Circulante e no realizável a longo prazo.

QUADRO 26 – BALANÇO PATRIMONIAL

IMPORTANTE

Este indicador demonstra que, se a empresa fosse parar de realizar suas atividades naquele momento, pagaria suas dívidas com seu Ativo Circulante e realizável a longo prazo, não precisando, para isto, vender seu imobilizado.

Reis (2009) corrobora, vai um pouco além e explica que a liquidez geral mede a capacidade de solvência da empresa, porque ela compara o somatório das dívidas com todos os créditos da empresa independente do seu vencimento (disponíveis e realizáveis) não se preocupando com limites de prazo. Em outras palavras, ressalta o autor (2009) que a liquidez geral expressa a capacidade da empresa de pagar todos os seus compromissos sem ter que vender seu permanente.

Interpretação: quanto maior, melhor.

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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LI = Disponibilidades Passivo Circulante

LI = Liquidez ImediataD = Disponível

PC = Passivo Circulante

5 LIQUIDEZ IMEDIATA

Explicam Padoveze e Benedicto (2007) que este indicador é aquele que realmente se caracteriza como de liquidez, porque ele trabalha com os elementos patrimoniais do ativo circulante que podem ser disponibilizados imediatamente, ou quase, assim denominados de disponibilidades.

A fórmula para o cálculo da liquidez imediata é (PADOVEZE; BENEDICTO, 2007, p. 140):

IMPORTANTE

É a capacidade de que dispomos imediatamente (caixa, bancos, aplicações financeiras de liquidez imediata) para saldar nossas dívidas de curto prazo.

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TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ

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Exemplo:

CIA. MISTERIOSA

Contas X2 Resultado X3 Resultado

Ativo Circulante 1.250,000,42

2.550,000,33Disponibilidades 430,00 610,00

Caixa e Bancos 115,00 135,00

Aplic. F. Liq. Imed. 315,00 475,00

Créditos 490,00 1.260,00

Estoques 330,00 680,00

Passivo Circulante 1.020,00 1.850,00

FONTE: A autora

Calculando a liquidez imediata teremos: LI = D PC X2 X3 LI = 430,00 = 0,42 LI = 610,00 = 0,33 1.020,00 1.850,00

Os dados de X2 indicam que a empresa tinha R$ 0,42 em caixa, bancos e aplicações financeiras de liquidez imediata, para R$ 1,00 de dívida a liquidar de curto prazo; enquanto que no ano de X3 este indicador diminuiu para R$ 0,33 de dinheiro em caixa para cada R$ 1,00 de dívida.

Padoveze e Benedicto (2007) ressaltam que, se considerarmos a teoria clássica de finanças, observaremos que o excesso de liquidez deve prejudicar a rentabilidade da empresa. Afirmam que não é normal a manutenção constante de elevados indicadores de liquidez imediata.

QUADRO 27 – CIA. MISTERIOSA

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RESUMO DO TÓPICO 1Este tópico teve por objetivo apresentar e explicar os índices de liquidez,

qual a finalidade e aplicabilidade de cada um. Compras demasiadas de mercadorias mexem com o capital de giro e, por conseguinte, podem comprometer a capacidade de pagamento das dívidas da empresa.

Através dos índices de liquidez, é possível medir a capacidade imediata de pagamento da empresa, utilizando-se os valores de disponibilidades versus os valores devidos no passivo circulante; também se calculou o índice de liquidez corrente que utiliza os valores a receber até o término do exercício seguinte (AC) e os valores a pagar até o término do exercício seguinte, apurando-se a capacidade que a empresa tem de pagar suas dívidas a curto prazo. Neste índice procurou-se ilustrar com um exemplo desenvolvido por Matarazzo (2010) que apresenta uma análise pelo avesso, o que leva o analista a ter uma visão diferente, mais apurada, sobre o andamento da empresa, podendo chegar à insolvência.

Para uma melhor compreensão e absorção, calculou-se o índice de liquidez seco, que se utiliza dos valores a receber e a pagar até o término do exercício seguinte, diminuídos os estoques, pois este índice reflete a capacidade de pagamento da empresa na hipótese de não vender nada do seu estoque; e finalizou-se com o cálculo da liquidez geral, também conhecida por liquidez total, que trabalha com os valores a receber a curto e a longo prazo e valores a pagar a curto e longo prazo. Este índice mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo. Por se tratar de capacidade de pagamento, a interpretação dos resultados é quanto maior for o resultado, melhor será para a empresa. Em outras palavras, é possível dizer que um índice superior a um (1,00) significa que a empresa paga suas dívidas e ainda sobra o excedente de um. O contrário, ou seja, o índice inferior a um (1,00) representa que a empresa está dependente do capital de terceiros, devendo alavancar recursos se quiser honrar seus compromissos.

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AUTOATIVIDADE

1 Analisando do ponto de vista financeiro, o resultado do índice de liquidez seca é interpretado conforme segue:

a) ( ) quanto menor, MELHOR;b) ( ) quanto mais próximo do ponto de equilíbrio, PIOR;c) ( ) quanto maior, MELHOR;d) ( ) quanto mais próximo à mediana (padrão), MELHOR;e) ( ) quanto maior, PIOR.

2 A Cia. BYBY SOFT apresentou em 29 de novembro de X1 um Ativo Circulante de R$ 1.800,00 e Passivo Circulante de R$ 700,00. A empresa decidiu adquirir ainda em novembro X1 mercadorias, a prazo, no valor de R$ 400,00. Após esta aquisição, seu quociente de liquidez corrente passou a ser de:

a) ( ) 1,50.b) ( ) 2,00.c) ( ) 2,57.d) ( ) 3,14.e) ( ) 4,29.

3 Considerando o quociente de liquidez corrente igual a 0,75, é possível dizer que esta empresa:

a) ( ) Precisa diminuir a produção para pagar suas dívidas.b) ( ) Possui muita dívida decorrente de aquisição de imobilizado.c) ( ) Não tem capacidade de saldar suas dívidas.d) ( ) Depende do aumento da rentabilidade.e) ( ) Está falida.

4 Uma empresa que possua a liquidez seca igual a 1,00 e que efetua a maioria de suas vendas a prazo, o índice de liquidez corrente deverá ser:

a) ( ) superior a 1,00;b) ( ) inferior a 0,90;c) ( ) inferior a 1,20;d) ( ) inferior a 1,00;e) ( ) igual a 2,00.

Assista ao vídeo deresolução da questão 2

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ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponibilidades 300 Salários a Pagar 1.300

Duplicatas a Receber 400 Empréstimos Bancários 600

Estoques 200

TOTAL 900 TOTAL 1.900

A partir das informações dadas, pergunta-se:

a) Calcule o índice de liquidez corrente.

b) O gerente financeiro decidiu contrair novo empréstimo bancário a curto prazo, no valor de R$ 1.200,00, cujo valor foi creditado na conta bancos conta movimento. Você entende que esta operação melhora a situação financeira da empresa? Calcule o novo índice de liquidez corrente:

( ) Sim.( ) Não.Por quê? _______________________________________________________________________________________________________________________________.

c) Calcule o índice de liquidez seca, antes do novo empréstimo.

5 A Cia. ABC apresentou em seu balanço patrimonial do ano de X1 os seguintes valores de circulante:

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TÓPICO 2

INDICADORES DE ESTRUTURA

DE CAPITAIS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico/a, no item anterior foram abordados os indicadores de liquidez, ou seja, aqueles que mostram a capacidade que a empresa tem de pagar suas contas.

Neste tópico, o foco são os indicadores de estrutura de capital, aqueles que demonstram o grau de endividamento. Na análise de balanços, este é um dos itens mais relevantes porque ele demonstra as grandes linhas de financiamento escolhidas pela empresa.

De acordo com Bruni (2010), os indicadores de estrutura de capital ou de endividamento buscam analisar os efeitos que a alavancagem financeira tem sobre os resultados, sobretudo focando o risco da empresa.

Portanto, leia com muita atenção o conteúdo a seguir apresentado.

2 QUOCIENTES DE ENDIVIDAMENTO

Por se tratar de um tema amplo, não pretendemos esgotar o assunto, mas escolhemos cinco itens relevantes para a abordagem neste tópico, que se denominam: participação de capitais de terceiros; endividamento; composição do endividamento; imobilização do patrimônio líquido; e, por último, a imobilização dos recursos não correntes.

2.1 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS

Também conhecido por debt to equity ratio, este índice representa o percentual de capital de terceiros em relação ao valor do patrimônio líquido, demonstrando a dependência da empresa em relação aos recursos oriundos dos terceiros (SILVA, 2007).

Para Marion (2010), é através desses indicadores que se observa qual é o nível de endividamento da empresa. O ativo apresenta a aplicação de recursos que é decorrente do capital de terceiros, assim compreendido o passivo circulante mais o exigível a longo prazo, e do capital próprio, representado pelo patrimônio líquido.

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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Os indicadores de endividamento demonstram se a empresa está alavancando recursos de terceiros, ou se está apenas utilizando o capital próprio.

O autor afirma ainda que a participação exagerada do capital de terceiros em relação ao capital investido pelos sócios deixa a empresa vulnerável a qualquer intempérie. Ressalta que normalmente as empresas que vão à falência apresentam um grau de endividamento elevado em relação ao valor do patrimônio líquido da empresa, o que é decorrente da necessidade de renovação do ativo, para deixar a empresa mais competitiva.

2.2 ENDIVIDAMENTO

Os índices de endividamento são de muita importância, pois indicam a relação de dependência da empresa com relação a capital de terceiros. Mostram grandes linhas de decisões financeiras em termos de obtenção e aplicação de recursos.

ET = Exigível Total (passivo circulante + exigível a longo prazo)PL = Patrimônio Líquido

Este índice:

• relaciona o exigível total (capitais de terceiros) com os fundos totais providos (capitais próprios e capitais de terceiros);

• expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais;

• significa a porcentagem do ativo total financiada com recursos de terceiros.

Interpretação: quanto maior, pior.

PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS SOBRE OS RECURSOS = TOTAIS.

ET ET + PL

Exemplo: A Cia. ABC apresentou os seguintes resultados nos exercícios de X1 e X2:

X1 X2 ET = 396.000 = 0,56 ou 56% 387.000 = 0,52 ou 52%ET + PL 711.000 747.000

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TÓPICO 2 | INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS

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IMPORTANTE

Em X1 56% dos Recursos Totais são oriundos do Capital de Terceiros enquanto em X2 este percentual cai para 52%. A diferença para atingir 100%, ou seja, 44% do Ativo, é financiado com Capital Próprio.

2.3 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO

A composição do endividamento se faz com as participações das dívidas de curto prazo sobre o endividamento total.

ÍNDICE DE PARTICIPAÇÃO DAS DÍVIDAS DE = PC CURTO PRAZO SOBRE O ENDIVIDAMENTO TOTAL ET

PC = Passivo CirculanteET = Exigível Total

O objetivo deste índice é avaliar o equilíbrio entre os recursos a curto prazo e longo prazo.

IMPORTANTE

Representa a composição do endividamento total ou qual a parcela que vence a curto prazo, no endividamento total. Entretanto cada empreendimento possui uma estrutura otimizante de composição de recursos e não existem, a rigor, regras fixas.

Para Marion (2010), é de muita relevância observar que o endividamento a curto prazo é desfavorável, prejudicando a liquidez corrente da empresa (situação financeira).

Interpretação: quanto maior, pior.

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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2.4 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

A imobilização do patrimônio líquido tem por finalidade demonstrar que percentuais do patrimônio líquido estão aplicados no Imobilizado.

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO = IMOB PL

IMOB = ImobilizadoPL = Patrimônio Líquido

Segundo Padoveze e Benedicto (2007), quanto maior for a aplicação de recursos no Imobilizado, maiores serão os custos fixos da empresa, assim representados pela depreciação, seguros e despesas de manutenção, desta forma, elevando o ponto crítico ou o desequilíbrio da condição financeira da empresa.

IMPORTANTE

Quanto maior for o investimento da empresa, no Imobilizado, menores serão os recursos próprios que sobrarão para o ativo circulante e maior será a dependência de capitais de terceiros para financiar o ativo circulante.

FórmulaAno X0

R$ ÍndiceAno X1

R$ Índice

Ativo ImobilizadoPatrimônio líquido

1.198.000 1,50 800.000

1.126.955 1,32 854.015

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

No exemplo dado, é possível observar que a empresa aplicou no ativo permanente mais recursos que o valor do patrimônio líquido, ou o capital próprio representado, cuja decisão leva a empresa à dependência de capitais de terceiros para financiar o ativo circulante.

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TÓPICO 2 | INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS

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2.5 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES

IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES = IMOB + Inv. + Int. PL+ ELP

IMOB = ImobilizadoInv. = Investimentos

Int. = IntangívelPL = Patrimônio Líquido

ELP = Exigível a Longo Prazo De acordo com Matarazzo (2010), imobilização de recursos não correntes

indica o percentual aplicado no Imobilizado.

IMPORTANTE

Este índice não deve em regra ser superior a 100%, ressalta o autor (2010).

Exemplo:

A Cia. Misteriosa apresentou os seguintes valores de recursos não correntes:

X1 X2

Imobilizado 842.268 1.886.367Exigível a longo prazo 345.796 1.287.867 Patrimônio Líquido 1.177.947 1.547.903 Recursos não Correntes 1.523.743 2.835.770

Índice de Imobilização de 842.268 = 55,28% 1.886.367 = 66,52% Recursos não Correntes 1.523.743 2.835.770

Através dos resultados apurados é possível observar que a empresa destinou ao Imobilizado, respectivamente, em X1 e X2, 55,28% e 66,52% dos recursos não correntes, tendo sobrado para o ativo circulante 44,72% e 33,48, denominado de Capital Circulante Líquido (CCL).

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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Ressalta Matarazzo (2010), mesmo que a empresa quase não tenha necessidade de ativo circulante, deve sempre existir um pequeno excesso de recursos não correntes, em relação às imobilizações, destinado ao ativo circulante. O autor complementa citando: a parcela de recursos não correntes destinada ao ativo circulante é denominada capital circulante líquido (CCL).

Interpretação: quanto MENOR, melhor.

No que diz respeito ao CCL da Cia. Misteriosa ( X1 = 681.475; X2 = 949.403), ressaltamos dois aspectos importantes citados por Matarazzo (2010, p. 97):

a) A sua existência. A empresa deve imobilizar apenas parte dos Recursos não Correntes, destinando a outra parte – chamada CCL – ao Ativo Circulante.

b) A sua composição. O CCL pode ser formado de Capital Próprio e de exigível a longo prazo. A curto prazo essa composição afeta a capacidade de pagamento. A longo prazo surgem as diferenças, visto que o capital próprio, ou seja, o patrimônio líquido, não precisa ser pago, entretanto o exigível sim.

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RESUMO DO TÓPICO 2Os indicadores de estrutura de capitais compreendem os quocientes de

endividamento, cuja abordagem limitou-se a cinco itens aqui compreendidos:

Participação de capitais de terceiros: representa o percentual de capital de terceiros em relação ao valor do patrimônio líquido e demonstra a dependência da empresa em relação aos recursos oriundos dos terceiros. Mostra o nível de endividamento da empresa.

Endividamento: indica qual é a dependência da empresa com relação a capital de terceiros. Evidencia grandes linhas de decisões financeiras em termos de obtenção e aplicação de recursos.

Composição do endividamento: busca-se avaliar o equilíbrio entre os recursos a curto e longo prazo.

Imobilização do patrimônio líquido: através deste índice é possível observar quanto é o percentual de recursos aplicados no imobilizado e consequentemente quanto sobra para o giro da empresa, isto é, no ativo circulante.

Imobilização dos recursos não correntes: indica o percentual aplicado no Imobilizado, nos investimentos e no intangível, o que não deve ser superior a cem por cento (100%). Matarazzo (2010) afirma que, mesmo que a empresa não tenha necessidade de ativo circulante, deve sempre existir uma parcela destinada para o giro da empresa.

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AUTOATIVIDADE

1 O Banco Enjoadinho S/A dispõe, em seu manual de normas, que o limite de crédito para seus clientes será estipulado de maneira que o capital de terceiros não ultrapasse 60% dos recursos totais antes da concessão do empréstimo. Seu cliente, Raios de Parábolas Ltda., apresenta o seguinte balanço patrimonial resumido (MARION, 2012, p. 54).

BALANÇO PATRIMONIAL RESUMIDO

ATIVO PASSIVO

Circulante 180.000Realizável a longo prazo 320.000*Imobilizado 700.000*

Circulante 400.000Exigível a longo prazo 200.000*Patrimônio Líquido 600.000*

TOTAL 1.200.000 TOTAL 1.200.000

Obs.: * Estes itens fazem parte do grupo no não circulante.

Considerando as regras constantes do manual de normas do banco, o limite de crédito desta empresa será de:a) ( ) 720.000,00b) ( ) 360.000,00c) ( ) 120.000,00d) ( ) 60.000,00

2 Identifique os índices de estrutura de capital, indicando verdadeiro (V) ou falso (F).

( ) Imobilização do patrimônio líquido.( ) Custo do capital de terceiros.( ) Composição do endividamento.( ) Participação do capital de terceiros.

A sequência CORRETA é:a) ( ) V-F-F-V b) ( ) F-F-V-F c) ( ) V-F-V-V d) ( ) F-V-V-V

3 É correto afirmar:I - Os indicadores de estrutura de capital buscam analisar os efeitos que

a alavancagem financeira tem sobre as receitas, sobretudo as receitas operacionais.

II - Os indicadores de endividamento buscam analisar os efeitos que a alavancagem financeira tem sobre os resultados, sobretudo focando o risco da empresa.

III - Os índices de participação de capitais de terceiros representam o percentual de capital de terceiros em relação ao valor do patrimônio

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líquido, demonstrando a dependência da empresa em relação aos recursos oriundos de terceiros.

IV - Os indicadores de endividamento demonstram quanto a empresa está utilizando dos recursos de terceiros, para aplicar no intangível.

Assinale a alternativa com a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.d) ( ) Apenas a alternativa IV está correta.

4 Assinale com X a alternativa CORRETA. Quanto maior for o endividamento, tanto menor será a sua capacidade:

a) ( ) técnica.b) ( ) financeira.c) ( ) econômica.d) ( ) operacional.

5 A participação exagerada do capital de terceiros em relação ao capital investido pelos sócios deixa a empresa:

a) ( ) mais susceptível a fraudes.b) ( ) mais flexível para a tomada de decisões.c) ( ) menos participativa no mercado.d) ( ) vulnerável a qualquer intempérie.

6 A composição do endividamento representa qual a parcela que vence a curto prazo, no endividamento total. Cada empreendimento possui uma estrutura otimizante de composição de recursos e não existem, a rigor, regras fixas. O objetivo deste índice é:

a) ( ) avaliar o equilíbrio entre os recursos a curto prazo e longo prazo.b) ( ) avaliar os recursos não correntes.c) ( ) evidenciar o valor dos investimentos em intangíveis.d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores esta correta.

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

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TÓPICO 3

INDICADORES DE RENTABILIDADE

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e qual o grau de êxito econômico da empresa.

Segundo Marion (2010), os indicadores de rentabilidade abrangem os aspectos econômicos na análise empresarial, o potencial de vendas, a evolução das despesas etc. e, neste caso, a atenção do gestor deverá estar concentrada na habilidade da empresa de gerar resultados.

Denomina-se RENTABILIDADE quando a relação for entre rendimento e capitais investidos pelos proprietários.

Segundo o mesmo autor, o ativo significa os investimentos realizados pela empresa com a finalidade de obtenção de receita e, consequentemente, o lucro. Quando o gestor compara o lucro com o ativo da empresa, ou o lucro com o patrimônio líquido, deve levar em consideração os seguintes aspectos:

a) Com referência ao lucro, poderão ser utilizados conceitos de: lucro líquido, lucro operacional, lucro bruto, entre outros, entretanto, deve haver coerência no momento da definição dos valores, ou seja: se o gestor estiver analisando a rentabilidade do ativo total, a contrapartida deverá ser o lucro líquido, se for o ativo operacional, no denominador deverá ser utilizado o lucro operacional, e assim sucessivamente.

b) Com referência ao ativo e patrimônio líquido utilizado no denominador para cálculo da taxa de retorno, poderá ser utilizado o valor médio, o qual é apurado com a aplicação da seguinte fórmula:

Ativo Médio (Ativo do primeiro período + ativo do segundo período), 2

o mesmo procedimento adotado para o patrimônio líquido, isto é:

Patrimônio Líquido Médio (PL do primeiro período + PL do segundo período) 2

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84

UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Importante: para a avaliação de rendimento de uma empresa, os principais indicadores a serem considerados são:

a) lucratividade;b) rentabilidade do capital próprio; c) retorno de investimentos.

Segundo Padoveze e Benedicto (2007), a rentabilidade envolve todos os elementos operacionais, econômicos e financeiros do empreendimento. Portanto, abordaremos os aspectos econômicos na análise empresarial.

2 TAXA DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTOS

A Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI) é um índice que mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao valor aplicado.

De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 4),

Por meio da DRE - demonstração do resultado do exercício -, é possível conceituar o lucro líquido do exercício, estabelecendo os critérios de classificação de certas despesas. O lucro líquido apurado na DRE é o que se pode chamar de lucro dos acionistas, porque, além dos itens normais, já se deduzem como despesas o imposto de renda e as participações sobre os lucros a outros que não os acionistas, de forma que o lucro líquido demonstrado é o valor final a ser adicionado ao patrimônio líquido da empresa que, em última análise, pertence aos acionistas, ou é distribuído como dividendo.

Esta medida não é exatamente de rentabilidade, explica Marion (2010), mas uma medida da capacidade de a empresa gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. Para apurar a taxa de retorno sobre investimentos, aplica-se a seguinte fórmula:

RENTABILIDADE DO ATIVO (conhecida por = LL taxa de retorno sobre investimentos) ATM

IMPORTANTE

A análise do resultado da TRI poderá relatar sobre o poder de ganho da empresa.

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TÓPICO 3 | INDICADORES DE RENTABILIDADE

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Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Uma empresa com lucro líquido de R$ 207.380,00, decorrente de um ativo total de R$ 1.036.833,00, obtém uma taxa de retorno de 20%. Isto significa dizer que o poder de ganho desta empresa, para cada R$ 1,00 de capital investido, é de R$ 0,20.

Se desejarmos saber quantos anos vai demorar para que a empresa obtenha o valor do capital investido, realiza-se o seguinte cálculo: 100% dividido pelo percentual de ganho apurado no ano (20% de TRI).

Então: 100/20 = 5 anos.

O cálculo realizado foi payback = tempo médio de retorno.

Corroboram Padoveze e Benedicto (2007) explicando que, na taxa de retorno do investimento (TRI), busca-se conhecer a taxa de retorno que iguala os fluxos futuros com os investimentos realizados e confirmam: com o método pay-back é possível descobrir em quantos anos retornará o valor investido. Os autores ressaltam ainda:

• para decidir-se por um investimento, primeiro se analisa a sua rentabilidade;

• a empresa é vista como um ou mais projetos de investimento operando simultaneamente;

• o ativo representa o investimento realizado;

• o passivo representa o financiamento obtido para a viabilização do investimento.

3 TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Este índice visa medir se o lucro auferido pela empresa é suficiente para remunerar o capital investido nela pelos sócios, se atrairia, ou não, novos investidores.

Rentabilidade do Patrimônio Líquido (conhecida LL por Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido = PLM

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

IMPORTANTE

Apura-se o PLM (patrimônio líquido médio) a partir da seguinte operação = patrimônio líquido inicial corrigido + patrimônio líquido final corrigido ÷ por dois.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Uma empresa com lucro líquido de R$ 207.380,00, decorrente de um ativo total de R$ 1.036.833,00 e patrimônio líquido de R$ 829.521,00.

TRPL = Lucro Líquido = 207.380 = 0,25 ou 25% Patrimônio Líquido 829.521

Neste caso, o resultado obtido significa que o poder de ganho dos proprietários para cada R$1,00 de capital investido é de R$ 0,25.

Se desejarmos saber quantos anos vai demorar para que a empresa obtenha o valor do capital investido, realiza-se o seguinte cálculo:

100% dividido pelo percentual de ganho apurado no ano (25% de TRI).

Então: 100/25 = 4 anos em média o proprietário vai demorar para obter o retorno do valor investido.

O cálculo realizado foi payback = tempo médio de retorno.

4 TAXA DE RETORNO DO INVESTIMENTO (DA EMPRESA) VERSUS TAXA DE RETORNO DO INVESTIDOR (DO EMPRESÁRIO)

ROI, em inglês, significa Return on Investment (retorno sobre investimento), que usualmente é denominado de retorno sobre o ativo ou taxa de retorno sobre o investimento – TRI.

ROE, em inglês, significa Return on Equity (retorno sobre o capital investido pelos proprietários), que é conhecido como retorno sobre patrimônio líquido ou taxa de retorno sobre o patrimônio líquido – TRPL. (MARION, 2010).

Assim demonstra o autor:

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TÓPICO 3 | INDICADORES DE RENTABILIDADE

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ROI = TRI = Lucro Líquido Ativo

ROE = TRPL = Lucro Líquido Patrimônio Líquido

Complementa que a rentabilidade é medida em função dos investimentos, em que as fontes de financiamento do Ativo são o capital próprio (o patrimônio líquido) e o capital de terceiros (as obrigações). Uma administração adequada proporcionará maior retorno para a empresa, afirma Marion (2010).

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RESUMO DO TÓPICO 3

Este tópico compreendeu uma abordagem dos indicadores mais comuns que são utilizados no cotidiano dos gestores para tomar decisões financeiras e de rentabilidade.

Inicialmente foram apresentados e calculados os indicadores de liquidez, que mostram a capacidade de pagamento.

Através dos índices de liquidez, é possível medir se a empresa tem caixa suficiente para honrar seus compromissos. Os resultados apurados quando do cálculo dos índices devem ser superiores a um (1,00), o que representa que a empresa tem excedente de caixa.

Também foram abordados neste tópico os indicadores de estrutura de capital, que mostram o grau de endividamento da empresa. Foram abordados diversos indicadores, os mais utilizados pelos administradores em análises menos complexas.

Marion (2010) procura distinguir a dívida em três conceitos: bom, razoável, ruim e vai além explicando que o endividamento pode ser a longo prazo (normalmente decorrente do financiamento do ativo permanente) e a curto prazo (normalmente utilizado para financiar o ativo circulante, compra de estoque, por exemplo). Considera dívida favorável quando o maior volume é de longo prazo porque a empresa tem maior tempo para liquidar. Razoável é a dívida concentrada no curto prazo, principalmente se for formada por empréstimos. Ruim é a dívida formada por excesso de duplicatas descontadas e empréstimos de curto prazo.

Ressalta o autor (2010) que este índice não deve superar 100% porque a empresa sempre deve ter um valor sobrando no circulante para suprir necessidades não programadas.

No que se refere à rentabilidade dos capitais investidos tanto pela empresa quanto pelos acionistas, em determinado período de um ano, o procedimento de cálculo é feito com uso do balanço patrimonial e do demonstrativo do resultado do exercício - DRE. Para apurar o retorno do investimento através do giro, foram utilizadas as seguintes taxas: I) taxa de retorno sobre investimentos; II) taxa de retorno sobre o patrimônio líquido; III) e taxa de retorno do investimento realizado pela empresa versus taxa de retorno do investidor. Com a aplicação destes índices será possível saber quanto foi o lucro da empresa em relação ao valor aplicado.

Entende-se que esta medida mostra qual é a capacidade de a empresa gerar lucro, podendo capitalizar-se, evidenciando as fontes de financiamento e o resultado gerado com as mudanças, podendo diagnosticar o desempenho econômico da empresa.

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AUTOATIVIDADE

1 A Cia. Antenada apresentou os seguintes valores de recursos não correntes em:

X0 X1

Imobilizado 673.814 1.509.094Exigível a longo prazo 276.637 1.030.294 Patrimônio Líquido 942.358 1.238.322 Recursos não Correntes 1.218.995 2.268.616

Identifique com X as respostas CORRETAS para X0 e X1, respectivamente: a) ( ) 55,28% 66,25%b) ( ) 55,30% 66,52%c) ( ) 55,38% 66,25%d) ( ) 55,28% 66,52%e) ( ) 55,83% 66,25%

2 O contador da empresa Bambolê S/A apresentou o balanço patrimonial de forma sintética ao diretor que necessitava de informações sobre o comportamento de alguns indicadores.

ATIVO PASSIVOAtivo Circulante 5.000,00 Passivo Circulante 4.000,00ATIVO NÃO CIRCULANTE 9.000,00 Realizável a Longo Prazo 1.500,00 Imobilizado 7.500,00

PASSIVO NÃO CIRCULANTE 10.000,00 Exigível a Longo Prazo 1.200,00 Patrimônio líquido 8.800,00

TOTAL 14.000,00 TOTAL 14.000,00

Calcule:a) participação de capitais de ET terceiros sobre os recursos totais = ET + PL b) índice de participação das dívidas de = PC curto prazo sobre o endividamento total ET

c) imobilização do patrimônio líquido = IMOB PLd) imobilização de recursos não correntes = IMOB PL+ ELP

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

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As assertivas apresentaram os seguintes resultados. Identifique com C a resposta correta e com E a resposta errada.( ) 71,43%( ) 76,92%( ) 68,18%( ) 75,00%

Agora assinale a alternativa com a sequência CORRETA:a) ( ) CCCE b) ( ) EECE c) ( ) ECCE d) ( ) ECEC

3 Assinale com X a alternativa CORRETA. Quanto maior for o endividamento, tanto menor será a sua capacidade:

a) ( ) técnica.b) ( ) financeira.c) ( ) econômica.d) ( ) operacional.e) ( ) contábil.FONTE: Zdanowicz (1998)

4 Na análise de estrutura, a medida que indica a proporção de cada elemento patrimonial ou de resultado econômico em relação ao todo denomina-se:

a) ( ) coeficiente.b) ( ) índice.c) ( ) quociente.d) ( ) indicador.e) ( ) parâmetro.FONTE: Zdanowicz (1998)

5 Assinale com X a alternativa CORRETA. De acordo com Zdanowicz (1998), a análise, o controle e a interpretação da rentabilidade podem ser comparados à:

a) ( ) liquidez.b) ( ) taxa de retorno dos investimentos.c) ( ) margem.d) ( ) lucratividade.e) ( ) solvabilidade.

6 Qual é a TRI (taxa de retorno de investimento) e a TRPL (taxa de retorno do patrimônio líquido) da Cia. Misteriosa, que apresentou as seguintes informações:

Lucro Líquido – R$ 20.833,00 Ativo Total – R$ 250.000,00 Patrimônio Líquido – R$ 137.500,00

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Identifique com X a alternativa CORRETA.TRI TRPL a) ( ) 5,8% 9,1%b) ( ) 10,1% 17,9%c) ( ) 8,33% 15,15%d) ( ) 7,4% 16,13%e) ( ) Nenhuma das respostas acima.

FONTE: Zdanowicz (1998)

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TÓPICO 4

INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Segundo Zdanowicz (1998), quando aborda a lucratividade bruta, a produção e a comercialização de bens e serviços aos consumidores, por um preço que gere lucro, são os objetos básicos de empresas comerciais, industriais e prestadoras de serviços. O total das vendas realizadas no período denominado exercício social constitui a receita operacional bruta. Prossegue o autor evidenciando os diferentes conceitos de lucratividade que se analisa, de acordo com a profundidade e análise que se busca conhecer: lucratividade bruta, lucratividade operacional, lucratividade não operacional, lucratividade do exercício, lucratividade antes dos impostos, lucratividade líquida do exercício.

2 LUCRATIVIDADE BRUTA

A partir da exposição sobre lucratividade, Zdanowicz (1998) afirma que a lucratividade bruta é obtida pelo quociente entre lucro operacional bruto (LOB) e a receita operacional líquida (ROL).

O lucro operacional bruto é obtido a partir da diferença entre a receita operacional líquida e o custo dos produtos vendidos, ou o custo das mercadorias vendidas, ou o custo dos serviços prestados pela empresa. A receita operacional líquida é a diferença entre a receita bruta de vendas e as deduções de vendas (impostos, devoluções e abatimentos).

Exemplo:

A Cia. Misteriosa apresentou a demonstração dos resultados do exercício de XX, e o gerente financeiro apurou o quociente de atividade, a partir dos seguintes dados:

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO XX

Receita bruta de vendas de mercadorias e ou serviços 6.210

Deduções de vendas 530

Receita operacional líquida 5.680

Custo dos produtos vendidos 2.640

Lucro bruto 3.040

Despesas operacionais 490

Lucro operacional líquido 2.550

Outras receitas e despesas 150

Lucro antes do IR e da CSLL 2.700

Imposto de Renda e Contribuição Social 350

Lucro Líquido 2.350

FONTE: A autora

QUADRO 28 – DRE XX

LB = LOB x 100 ROL

LB = 3.040 x 100 = 53,52% 5.680 A lucratividade bruta representa 53,52% da receita líquida.

3 LUCRATIVIDADE OPERACIONAL

Apurado o lucro operacional bruto, devem ser deduzidas as despesas operacionais, ou seja, despesas administrativas, comerciais, financeiras, tributárias e outras despesas gerais.

Este procedimento gera a lucratividade operacional (LO) que é calculada através do quociente entre o lucro operacional líquido (LOL) e a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998).

Exercício: LO = LOL x 100 = ROL

LO = 2.550 x 100 = 44,89% 5.680

A lucratividade operacional representa 44,89% da receita operacional líquida.

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TÓPICO 4 | INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

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IMPORTANTE

Deverão ser consideradas as despesas financeiras líquidas, ou seja, serão deduzidas as receitas de natureza financeira, nos termos do Art. 187, da Lei n° 6.404/76.No entanto, para efeito de análise, estudiosos da área, como Marion, por exemplo, recomendam a reclassificação dessas duas contas para o grupo do resultado não operacional. Desta maneira, não temos com que nos preocupar, se já procedemos à reclassificação.

4 LUCRATIVIDADE NÃO OPERACIONAL

A lucratividade não operacional (LNO) pode ser calculada a partir da diferença entre as receitas não operacionais (RNO) e despesas não operacionais (DNO) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 93).

LNO = RNO - DNO x 100%ROL

5 LUCRATIVIDADE DO EXERCÍCIO

A lucratividade do exercício (LE) será obtida pela soma algébrica entre a lucratividade operacional (LO) e a lucratividade não operacional (LNO) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 93).

LE = LO + LNO x 100%ROL

6 LUCRATIVIDADE ANTES DOS IMPOSTOS

A lucratividade antes dos impostos é obtida considerando a lucratividade do exercício, mais ou menos os ajustes e ou as provisões constituídas, de natureza não operacional, para corrigir valores correspondentes a elementos do ativo, que não contribuem para a geração de receita básica da empresa.

Nestes termos, o cálculo da lucratividade antes dos impostos (LAI) será obtido pelo quociente entre lucratividade do exercício (LE), acrescida dos ajustes (AJU) e das provisões (PRO) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 94).

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

LAI = LE + AJU + PRO x 100%ROL

LLE = LAI - PIR x 100%ROL

7 LUCRATIVIDADE LÍQUIDA DO EXERCÍCIO

A lucratividade líquida do exercício (LLE) pode ser calculada após a dedução da provisão para imposto de renda (PIR) do lucro líquido antes dos impostos (LAI) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 94).

8 GIRO SOBRE O ATIVO TOTAL

O giro do ativo é calculado a partir da relação entre a receita operacional líquida (ROL) e o ativo total (AT). (ZDANOWICZ, 1998).

Segundo Silva (2007), giro do ativo, também conhecido como turnover asset, é um dos principais indicadores da atividade da empresa. Através dele o gestor analisa o resultado obtido da relação entre as vendas do período e os investimentos totais realizados pela empresa, representados pelo ativo total médio.

Exercício

A Cia. Misteriosa apresentou o balanço patrimonial encerrado em 31-12-XX; o valor do ativo é de R$ 5.200,00 e o valor do patrimônio líquido é de R$ 1.980,00. O valor da receita operacional líquida deve ser extraído da demonstração do resultado do exercício XX, apresentado anteriormente.

GAT = ROL = 5.680 = 1,09 vez. AT 5.200

Este resultado significa que o valor faturado no ano de XX é 1,09 maior que o valor investido no ativo total.

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TÓPICO 4 | INDICADORES DE LUCRATIVIDADE

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IMPORTANTE

Não é excelência no resultado, porém é aceitável, uma vez que o resultado obtido é maior que um.

Silva (2007) explica que a interpretação isolada do índice “giro do ativo” é no sentido de quanto maior, melhor, pois indica o nível de eficiência com que são utilizados os recursos aplicados na empresa, ou seja, o ativo total.

No exemplo apresentado anteriormente, observou-se que a empresa teve um nível de eficiência baixo, pois para cada R$ 100,00 de ativo total a empresa conseguiu realizar vendas de apenas R$ 109,00 durante o ano.

Deve-se observar também o desempenho das demais empresas do mesmo ramo, o que pode levar o gestor a ter outra visão do resultado apurado, uma vez que pode ter havido algum problema durante o período, naquele setor, que o levou a ter baixa eficiência.

9 GIRO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O giro sobre o patrimônio líquido é obtido entre o quociente da receita operacional líquida (ROL) e o patrimônio líquido (PL). (ZDANOWICZ, 1998).

Exercício

A Cia. Misteriosa apresentou o balanço patrimonial encerrado em 31-12-XX, o valor do ativo é de R$ 5.200,00 e o valor do patrimônio líquido é de R$ 1.980,00.

GPL = ROL = 5.680 = 2,87 vezes PL 1.980

Através do exemplo anterior, observa-se um nível de eficiência maior, pois, para cada R$ 100,00 de capital próprio (patrimônio líquido), a empresa conseguiu realizar vendas de R$ 287,00 durante o ano.

Em outras palavras, é possível dizer que o resultado apurado significa que a receita operacional líquida, em 31-12-XX, era duas vírgula oitenta e sete vezes o valor do patrimônio líquido.

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

10 GIRO SOBRE O ATIVO OPERACIONAL LÍQUIDO

O giro sobre o ativo operacional líquido (GAOL) é calculado, considerando as receitas operacionais líquidas (ROL) e todo o ativo operacional líquido (AOL) necessário para gerar aquela receita, deduzindo-se, assim, todos os elementos patrimoniais estranhos à atividade-fim da empresa, inclusive as depreciações. (ZDANOWICZ, 1998).

Nestes termos:

GAOL = ROL AOL

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RESUMO DO TÓPICO 4

O Tópico 4 compreende os indicadores econômicos, em que a análise está voltada para a geração de resultados, utilizando-se, para isso, os dados apresentados na demonstração do resultado. Conforme Marion (2010), para a avaliação do rendimento de uma empresa, existem diferentes indicadores, entretanto, trabalhou-se com os principais, assim identificados: a) lucratividade; b) rentabilidade do capital próprio; c) retorno de investimentos.

A lucratividade é um instrumento útil para interpretação do desempenho econômico da empresa e pode ser analisada e avaliada sob vários ângulos, dependendo da profundidade da análise que se busca, a saber: a) bruta; b) operacional; c) não operacional; d) do exercício; e) antes dos impostos; f) líquida do exercício. Os índices de lucratividade são compostos por: a) giro sobre o ativo total; b) giro sobre o patrimônio líquido; c) giro sobre o ativo operacional líquido. (ZDANOWICZ, 1998). O mesmo autor aborda o giro sobre o ativo total pela divisão da receita operacional líquida sobre ativo total; e o giro sobre o patrimônio líquido é obtido na divisão da receita operacional líquida e o patrimônio líquido.

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1 Para calcular a lucratividade de uma empresa são necessárias as informações e os dados contidos no(s):

a) ( ) Demonstrativo do resultado do exercício.b) ( ) Inventários.c) ( ) Balanço patrimonial.d) ( ) Demonstrativo dos lucros ou prejuízos acumulados.e) ( ) Fluxo de caixa. FONTE: Zdanowicz (1998)

2 Para o cálculo da lucratividade operacional é necessário conhecer o lucro operacional bruto para deduzir-se:

a) ( ) O custo do produto vendido.b) ( ) Despesas não operacionais.c) ( ) Receitas não operacionais.d) ( ) A contribuição sobre lucro líquido. e) ( ) Despesas operacionais.FONTE: Zdanowicz (1998)

3 O giro sobre o ativo total (GAT) é calculado a partir da relação entre a receita operacional líquida e o:

a) ( ) Ativo operacional líquido.b) ( ) Ativo total.c) ( ) Patrimônio líquido.d) ( ) Passivo exigível.e) ( ) Ativo permanente. FONTE: Zdanowicz (1998)

4 Se a receita operacional líquida anual for de R$ 1.200,00 e o lucro operacional bruto de R$ 280,00, então a lucratividade bruta da empresa será:

a) ( ) 18,53%.b) ( ) 13,33%.c) ( ) 8,71%.d) ( ) 23,33%.e) ( ) 15,71%. FONTE: Zdanowicz (1998)

AUTOATIVIDADE

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5 Calcule a TRI (taxa de retorno de investimento) e a TRPL (taxa de retorno do patrimônio líquido) da Cia. Misteriosa, que apresentou as seguintes informações:

Lucro Líquido – R$ 20.833,00 Ativo Total – R$ 250.000,00 Patrimônio Líquido – R$ 137.500,00

Identifique com X a alternativa CORRETA.TRI TRPL a) ( ) 5,8% 9,1%b) ( ) 10,1% 17,9%c) ( ) 8,33% 15,15%d) ( ) 7,4% 16,13%e) ( ) Nenhuma das respostas acima.

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TÓPICO 5

LIQUIDEZ DINÂMICA

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico vamos estudar aspectos referentes à liquidez dinâmica de uma empresa.

2 LIQUIDEZ DINÂMICA

A liquidez dinâmica é utilizada para determinar a capacidade financeira da empresa que estiver pleiteando crédito, em geral.

Reis (2009) explica que, quando o analista estiver verificando a solvência dos compromissos com terceiros, a preocupação estará voltada em apreciar a situação financeira da empresa. Este tipo de análise consiste em verificar a suficiência ou não de recursos em giro, aqui contemplados os valores disponíveis e os valores realizáveis, para o pagamento das dívidas da empresa.

Quando o autor (2009) estiver se referindo à capacidade de pagamento a curto prazo, sua preocupação está voltada à liquidação das dívidas vencíveis no exercício seguinte ao do balanço, ou seja, até 365 dias.

Determinar o Ativo Circulante Líquido é fundamental para a análise financeira, explica Reis (2009), porque corresponde à parcela do Ativo Circulante financiada por capital alheio a longo prazo e ou por capital próprio.

Reis (2009) afirma ainda que um baixo índice de liquidez não pode ser considerada a causa dos problemas financeiros da empresa. O índice é apenas um reflexo dos efeitos provocados por diversos fatores. O retorno do Ativo Circulante, isto é, quanto maior for o tempo que a empresa levar para vender suas mercadorias e para receber o pagamento dessas vendas, maior deverá ser o montante dos recursos investidos em estoques e em créditos concedidos aos clientes. Pensando assim, toda elevação dos prazos de rotação dos estoques e de recebimento de vendas acarretará, inevitavelmente, aumento da necessidade de financiamento para o giro dos negócios.

Infere o autor (2009) que as empresas que apresentam demorados prazos de retorno do Ativo circulante, isto é, rotação dos estoques mais recebimento das vendas, necessitarão de maior quantidade de recursos para financiar os estoques,

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

que permanecerão por mais tempo parados nas prateleiras, ou com os créditos com prazos mais longos concedidos aos clientes, estarão mais propensas a apresentar problemas financeiros.

O prazo de pagamento das compras é um tipo de financiamento que pode ser usado sem maiores problemas, porque é rotativo, isto é, renovado automaticamente.

Para complementar suas necessidades de financiamento, a empresa pode se valer de dois tipos de capital: 1) o capital próprio; 2) outros capitais de terceiros, aqui compreendidos empréstimos bancários e outras dívidas. (REIS, 2009).

A liquidez dinâmica é calculada mediante a associação de três indicadores, a saber:

a) índice de rotação de estoques (IRE);

b) índice de rotação de valores a receber ou clientes (IRVR);

c) índice de rotação de valores a pagar ou fornecedores (IRVP).

O tripé formado por esses três índices será relevante à fixação dos percentuais de vendas à vista realizadas no período de análise e de vendas a prazo. (ZDANOWICZ, 1998).

O cálculo do quociente de liquidez dinâmica (LD) é realizado pela aplicação da seguinte fórmula:

LD = (IRE x QVV) + (IRVR x QVP) IRVP

QVV = quociente de vendas à vistaQVP = quociente de vendas a prazoIRE = índice de rotação de estoques

IRVR = índice de rotação de valores a receber ou clientesIRVP = índice de rotação de valores a pagar ou fornecedores

O autor ainda diz que a análise e interpretação da liquidez dinâmica, quando iguais a um, expressam equilíbrio da política financeira adotada pela empresa. Os recursos originados das vendas realizadas à vista e a prazo fluem ao caixa a um prazo compatível para liquidação das dívidas assumidas com os fornecedores.

Abaixo de um, o indicador combinado poderá demonstrar que a empresa está desenvolvendo uma política financeira inadequada e, se assim continuar, poderá criar problemas futuros.

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TÓPICO 5 | LIQUIDEZ DINÂMICA

105

Acima de um, quanto maior o grau de liquidez dinâmica, maior será a capacidade financeira da empresa para atender à política empregada de financiamento das vendas e compras e de parcela das vendas realizadas a dinheiro. (ZDANOWICZ, 1998).

IMPORTANTE

O analista ao utilizar esse indicador combinado, deverá estender sua análise para um período significativo de três ou mais exercícios sociais.

Reis (2009) trata a liquidez dinâmica como liquidez operacional e explica que ela é obtida pela comparação entre os prazos médios de rotação do Circulante e o prazo médio concedido pelos fornecedores. Exemplo:

Liquidez Rotação dos EstoquesOperacional = + Recebimento de vendas = 30 + 90 = 2,00 Pagamento de compras 60

No exemplo anterior, o autor (2009) apresentou a liquidez operacional que demonstra a relação existente entre os prazos de rotação e os valores básicos do Ativo e Passivo Circulantes. Neste exemplo o índice de rotação dos estoques é de 30 dias e o recebimento de vendas é de 90 dias, que, dividido por 60 dias (prazo de pagamento das compras), dá um resultado igual a 2,00, o que na análise financeira dos prazos médios do Ativo e do Passivo Circulantes, normalmente, uma expressiva diferença a maior nos prazos do Ativo (30 + 90 = 120 dias) em relação aos do Passivo (60 dias) é considerado um fator negativo para a capacidade de pagamento da empresa, haja vista que a dívida da empresa vence antes do recebimento das vendas.

Se a empresa financia essa diferença com capital próprio, o seu índice de liquidez (por força dessa mesma diferença) será bastante elevado, o que é considerado, na análise tradicional, um fator altamente positivo para a capacidade de pagamento da empresa.

De outro lado, a situação oposta, quando o PMPC (prazo médio de pagamento das compras) é maior do que a soma dos prazos do Ativo Circulante (PMRE + PMRV), é considerada positiva, enquanto provável liquidez deficitária decorrente é considerada negativa. (REIS, 2009).

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UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

LEITURA COMPLEMENTAR

“PEQUENOS AINDA TÊM PROBLEMAS CONTÁBEIS”

Quando uma pessoa controla o dinheiro pelo canhoto do talão de cheques, procurando equilibrar os depósitos com débitos, está fazendo um dos tipos mais simples de contabilidade pessoa física. Também é contabilidade o controle que a dona de casa faz das contas do mercado e das demais despesas, para chegar ao fim do mês sem débito. Numa grande empresa, a contabilidade envolve processos complicados e sofisticados, que exigem um grande número de pessoas, entre as quais especialistas em legislação tributária, contadores, advogados. Porém, no caso de uma microempresa, quando o empreendedor tem o dinheiro contado para a operação do negócio e não sobra muito para pagar serviços de terceiros, a área contábil ganha uma dimensão diferente. A imagem não é nova, mas continua valendo: quem tem mais cara e coragem do que capital, e mesmo assim se atreve a abrir uma empresa (caso da maioria dos novos empreendedores), é obrigado a bater escanteio, correr mais que a bola e cabecear para o gol – e, se possível, marcar o gol, claro para não ficar atrás da concorrência. Antes era pior, quando não existiam, por exemplo, o Estatuto da Microempresa e outros processos que facilitaram a vida da pequena empresa, como o Simples. Mas ainda assim permaneceu uma boa carga de burocracia. Mesmo para uma microempresa – a forma jurídica mais descomplicada de desenvolver um negócio -, existem inúmeras obrigações fiscais. Veja só: declaração anual do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, Declaração para Índice de Participação dos Municípios (Dipam-ME), Declaração Anual de Microempresa (para prefeitura), Declaração de Contribuição e Tributos Federais, trimestral (DCTF), pagamento de impostos e escrituração dos livros de entrada, inventário, livro-caixa, livro registro de notas fiscais emitidas e do livro de recebimento de impressos fiscais e termos de ocorrência. Ufa! E não se esqueça: perdeu o prazo, vem a obrigação de arcar com multas, em alguns casos, juros de mora. (grifos nossos)

FONTE: Disponível em: <http://blogvelani.blogspot.com/2009/04/ainda-tem-problemas-contabeis.html>. Acesso em: 17 dez. 2010.

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RESUMO DO TÓPICO 5

O Tópico 5 abordou a liquidez dinâmica que é calculada mediante a associação de três indicadores: índice de rotação de estoques (IRE); índice de rotação de valores a receber ou clientes (IRVR); índice de rotação de valores a pagar ou fornecedores (IRVP).

O cálculo do quociente de liquidez dinâmica (LD) é realizado pela aplicação da seguinte fórmula: LD = (IRE x QVV) + (IRVR x QVP).

IRVP

A análise e interpretação da liquidez dinâmica, quando iguais a um, expressam equilíbrio da política financeira da empresa.

Reis (2009) trata a liquidez dinâmica como liquidez operacional e explica que ela é obtida pela comparação entre os prazos médios de rotação do Circulante e o prazo médio concedido pelos fornecedores. Exemplifica:

Liquidez Operacional = Rotação dos Estoques + Recebimento de vendas = 30 + 90 = 2,00 Pagamento de compras 60

Neste exemplo o índice de rotação dos estoques é de 30 dias e o recebimento

de vendas é de 90 dias, que, dividido por 60 dias (prazo de pagamento das compras), dá um resultado igual a 2,00, que significa na análise financeira dos prazos médios do Ativo e do Passivo Circulantes, uma expressiva diferença a maior nos prazos do Ativo (30 + 90 = 120 dias) em relação aos do Passivo (60 dias) considerado um fator negativo para a capacidade de pagamento da empresa, haja vista que a dívida da empresa vence antes do recebimento das vendas.

De outro lado, se a situação tivesse sido oposta, ou seja, o PMPC (prazo médio de pagamento das compras) fosse maior do que a soma dos prazos do Ativo Circulante (PMRE + PMRV), seria considerada positiva, enquanto provável liquidez deficitária decorrente é considerada negativa. (REIS, 2009).

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1 Segundo Zdanowicz (1998), um dos indicadores combinados que expressa se a política financeira adotada tem sido favorável ou desfavorável para a empresa é a/o:

a) ( ) Ponto de equilíbrio.b) ( ) Liquidez dinâmica.c) ( ) Método Monte Carlo.d) ( ) Capital circulante líquido.e) ( ) Rentabilidade.

As informações a seguir servirão de base para responder às questões 2 e 3. (ZDANOWICZ, 1998).

Prazo médio de rotação dos estoques 40 diasPrazo médio de rotação de valores a receber 90 diasPrazo médio de rotação de valores a pagar 180 dias Quociente de vendas a prazo projetado 80%Capital circulante próprio R$ 500.000Período de amortização do financiamento 120 diasValor do financiamento pleiteado R$ 400.000Lucro líquido anual R$ 600.000

2 Qual é a liquidez dinâmica, considerando o período de um exercício social?

a) ( ) 1,40.b) ( ) 2,50.c) ( ) 1,00.d) ( ) nula.e) ( ) 1,50.

3 Utilizando os dados da questão anterior, responda: qual é o índice de rotação dos estoques da empresa?

a) ( ) 2b) ( ) 9c) ( ) 4d) ( ) 3e) ( ) 5

AUTOATIVIDADE

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4 De acordo com Zdanowicz (1998), a liquidez dinâmica é utilizada para determinação da capacidade financeira da empresa quando:

a) ( ) Solicitar crédito em geral.b) ( ) Rentabilizar o capital.c) ( ) Projetar o seu capital de giro.d) ( ) Elaborar o fluxo de caixa.e) ( ) Analisar o ponto de equilíbrio.

5 Dentre as várias finalidades que a análise de indicadores combinados poderá destinar-se, marque aquela que não atende a esses propósitos:

a) ( ) Classificar a empresa na categoria de solvente ou não solvente.b) ( ) Prever falências.c) ( ) Conceder crédito a curto prazo e longo prazo.d) ( ) Analisar a viabilidade econômica e patrimonial do projeto.e) ( ) Constituir-se em instrumento de controle interno da empresa.

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UNIDADE 3

GESTÃO FINANCEIRA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• entender capital de giro;

• calcular os índices de atividade;

• elaborar o fluxo de caixa;

• calcular o fator de insolvência;

• aplicar a alavancagem financeira e operacional.

Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para a compreensão dos conteúdos explorados.

TÓPICO 1 – CAPITAL DE GIRO

TÓPICO 2 – ÍNDICES DE ATIVIDADE

TÓPICO 3 – FLUXO DE CAIXA

TÓPICO 4 – FATOR DE INSOLVÊNCIA

TÓPICO 5 – ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

Assista ao vídeo desta unidade.

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TÓPICO 1

CAPITAL DE GIRO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOO estudo do capital de giro é fundamental para o administrador financeiro,

quando se trata de investimento de recursos e para outras áreas operacionais nas empresas, como, por exemplo: departamento de produção, setor de compras, vendas, explica Silva (2007).

Zdanowicz (1998) afirma que um dos requisitos principais que o analista deve ter em mente é o equilíbrio entre os valores do capital de giro, porque existem momentos em que a manutenção de alto volume de recursos em caixa poderá gerar prejuízos para a empresa, caso a economia naquele momento esteja inflacionada. Deixa claro o autor que isto não é regra definitiva, pois bem se conhecem situações em que um bom volume de dinheiro em caixa poderá propiciar vantagens à empresa, como a possibilidade de realizar negócios atrativos.

Silva (2007) diz ainda que, para os analistas de empresas, os conceitos relativos à administração do capital de giro servem como facilitadores no entendimento das estruturas básicas de análise.

Complementa Zdanowicz (1998) que o montante necessário do capital de giro em qualquer época está vinculado ao prazo para financiar o ciclo de caixa, isto é, o valor deve ser suficiente para gerar os recursos necessários ao pagamento das dívidas no vencimento.

2 TERMINOLOGIA

Neste item, busca-se esclarecer as diversas expressões sobre o giro dos negócios, que pode em determinado momento assumir um significado diferente, conforme Silva (2007).

2.1 CAPITAL DE GIRO

Segundo Padoveze e Benedicto (2007), a expressão capital de giro vem da visão circular do processo operacional de geração de lucros, ou seja: comprar estoques, produzir, vender e receber, renovar estoques, produzir e vender/receber.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

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Do ponto de vista contábil, o capital de giro é representado pelo total do ativo circulante, também denominado capital de giro bruto.

Silva (2007) explica que a expressão capital de giro tem aparecido na literatura de administração financeira como sinônima do ativo circulante, compreendendo as disponibilidades, as duplicatas a receber e os estoques.

A empresa precisa manter “caixa e equivalentes” para atender às suas transações operacionais, contra pequenos imprevistos e também para poder negociar operações com descontos com seus fornecedores. Quanto às aplicações financeiras de curto prazo, estas são decorrentes de sobras de recursos.

Ressalta o autor que o excessivo volume de aplicações financeiras pode representar perda de oportunidade de investimentos lucrativos na atividade operacional da empresa. A gestão de duplicatas a receber deve estar integrada com as metas de negócios da organização.

O volume de estoques deve ser o mínimo, suficiente para atender aos pedidos de clientes, uma vez que a empresa não pode perder vendas por falta de estoque, entretanto, é recomendável a manutenção da menor quantidade possível, pois os recursos aplicados no ativo circulante têm custo de manutenção.

Complementam Padoveze e Benedicto (2007, p. 247) que “[...] o capital de giro constitui-se no fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro de uma empresa”. Através da análise dos seus elementos patrimoniais são identificados: I) os prazos operacionais; II) o volume de recursos permanentes (longo prazo) que se encontra financiando o giro; III) as necessidades de investimento operacional.

É possível observar que o comportamento do capital de giro é dinâmico e exige modelos eficientes e rápidos de avaliação da situação financeira da empresa. (PADOVEZE; BENEDICTO, 2007, p. 247).

Segundo o site Wikipédia:

Capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar). [...] O Capital de Giro é aquele recurso que autofinancia a atividade principal de uma empresa, ou seja, é o capital necessário para continuar a adquirir os bens que serão revendidos no volume que o seu mercado consome, e continuar a obter a sua principal fonte de renda perenemente.

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Capital_de_giro>. Acesso em: 2 nov. 2010.

2.2 CAPITAL EM GIRO

A expressão capital em giro, segundo o site Wikipédia, significa os bens efetivamente em uso para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar).

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TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO

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2.3 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO

Capital de giro próprio foi conceituado por Silva (2007) como “[...] a parcela do ativo circulante financiada com recursos próprios, isto é, o que sobra do patrimônio líquido após o comprometimento dos recursos próprios com o ativo permanente mais o realizável a longo prazo”.

Padoveze e Benedicto (2007) têm outra visão e explicam que, como os estoques podem ser financiados pelos fornecedores através de duplicatas a pagar, os impostos têm prazos a recolher, o salário dos funcionários tem prazo para pagamento até o 5º dia útil do mês subsequente etc. Do ponto de vista financeiro, o volume de dinheiro necessário para o giro dos negócios pode ser menor. Outros elementos que compõem o capital de giro próprio são as disponibilidades, as contas a receber, empréstimos de curto prazo etc. Vale lembrar que cada conta tem características próprias e, portanto, a gestão deve ser adequada para cada atividade.

Para calcularmos o capital de giro próprio utilizaremos a fórmula a seguir, proposta por Silva (2007).

CGP = PL - ANC

CGP = Capital de Giro PróprioPL= Patrimônio Líquido

ANC = Ativo Não Circulante

Exemplo:

Ativo Passivo + Patrimônio Líquido

Ativo circulante (AC) Disponibilidades Contas a receber de clientes Estoques Outros circulantes

33.900 2.60021.8008.4001.100

Passivo Circulante (PC) Fornecedores Instituições de crédito Salários e encargos

33.60010.00015.0008.600

Ativo não circulante (ANC) Realizável a longo prazo (RLP) Ativo imobilizado (AI)

24.100100

24.000

Passivo não circulante (PNC)Exigível a longo prazoResultado de exerc. futuro (REF)

1.3001.300

0

Patrimônio Líquido (PL) 23.100

Ativo Total 58.000 Passivo + PL 58.000

FONTE: Silva (2007)

QUADRO 29 – BALANÇO DA CIA. MISTERIOSA, ENCERRADO EM 31-12-XX

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

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CGP = PL - ANCCGP = 23.100 - (24.000 + 100)

CGP = - 1.000

Como podemos observar, o capital de giro próprio é negativo (-R$ 1.000,00).

Análise:

Os recursos próprios (o patrimônio líquido) não foram suficientes para cobrir as aplicações em ativos não circulantes. Como pode ser observado no balanço anterior, o valor do ativo imobilizado já é maior que o patrimônio líquido.

2.4 CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

O conceito do capital circulante líquido está baseado na diferença entre os ativos e passivos circulantes, também conhecido por CCL, conforme Silva (2007).

É possível dizer que o capital circulante líquido pode ser oriundo de operações realizadas pela empresa, como empréstimo tomado para pagamento a longo prazo, como também podemos dizer que uma venda à vista de um bem do ativo permanente é de origem de capital circulante líquido.

Para muitos estudiosos, quanto maior for o CCL, melhor será a condição de liquidez da empresa, entretanto, ressalta o autor, esta afirmativa dependerá do segmento em que a empresa está inserida. Em muitos supermercados, por exemplo, é possível encontrar o CCL negativo com boa liquidez, porque compram a prazo, vendem à vista, e têm o prazo de pagamento das compras superior ao prazo de rotação dos estoques.

O contrário também é verdadeiro, isto é, uma empresa pode ter o CCL positivo e apresentar dificuldade financeira, se os prazos de realização dos ativos circulantes não forem compatíveis, em face dos vencimentos de suas obrigações de curto prazo.

Exemplo: analisando o balanço da Cia. Misteriosa, encerrado em 31-12-XX, teremos:

CCL = AC - PC CCL = 33.900 - 33.600 CCL = 300

CCL = AC - PC

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TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO

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O resultado apurado (R$ 300,00) indica em quanto os ativos de curto prazo superam os passivos de curto prazo.

Ressalta Silva (2007) que, se todos os valores realizáveis e todas as obrigações de curto prazo tivessem o mesmo vencimento, o valor do CCL (R$ 300,00) seria uma espécie de folga financeira. Entretanto, não podemos esquecer que as dívidas podem vencer antes que os créditos se realizem e, neste caso, mesmo considerando a sobra de R$ 300,00 a empresa poderá ter dificuldade financeira.

Segundo a visão de Padoveze e Benedicto (2007), quando abordam o tema capital de giro próprio (CGP), é o mesmo que dizer CCL, pois pelo entendimento deles é a diferença entre ativo circulante e passivo circulante.

2.5 CAPITAL DE TERCEIROS

Segundo Silva (2007, p. 294), é possível dizer que “[...] o capital de terceiros é formado pela soma do passivo circulante com o exigível a longo prazo”.

2.6 CAPITAL PRÓPRIO

O capital próprio, segundo Reis (2009, p. 347), corresponde ao Patrimônio Líquido. Podemos demonstrar o capital próprio através da seguinte equação:

Capital Próprio = Patrimônio Líquido

Pelo exposto, observa-se que o capital próprio indica a situação econômica da empresa em termos absolutos. (REIS, 2009).

Helfert (2000) conceitua capital próprio como o valor registrado dos direitos residuais de todos os acionistas conforme aparece no balanço patrimonial.

3 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

Segundo Olinquevitch e Santi Filho (1995, p. 26-38), a variável NLCDG (Necessidade Líquida de Capital de Giro) constitui-se na principal determinação da situação financeira das empresas.

O seu valor revela o nível de recursos necessários para manter o giro dos negócios. As contas que compõem a Necessidade Líquida de Capital de Giro expressam operações de curto prazo e de efeitos rápidos.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

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Modificações na política de estocagem, na política de crédito e na política de compras produzem efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa. Neste sentido, a NLCDG transforma-se em verdadeiro leme da situação financeira das empresas.

Para que possamos avaliar corretamente e de forma global a NLCDG, explica o autor, é necessário fazer o seu desdobramento.

Assim o critério para a reclassificação das contas do Ativo Circulante que compõem a variável sob a analise é a relação de tais contas com o nível de atividades da empresa, ou seja, com o faturamento.

Então, se relacionarmos a NLCDG com as Vendas Brutas, determinaremos um parâmetro que reflete as necessidades de capitais para o giro dos negócios e suas dimensões em relação ao nível de atividades. Daí a definição deste parâmetro com o Ciclo Financeiro:

NLCDG × n° de dias do período * Vendas Brutas

* Período a que se refere o volume das Vendas Brutas; exemplo: vendas anuais, período de 360 dias; vendas mensais, período de 30 dias etc.

Quando nos referimos ao cálculo da necessidade de capital de giro, Marion (2010) complementa as palavras de Olinquevitch e Santi Filho (1995) e ressalta que, para um cálculo mais adequado da NLCDG, não é suficiente comparar o Giro de Estoque que, em outras palavras, é denominado prazo médio de renovação dos estoques (PMRE), e o recebimento das vendas a prazo (PMRV) apenas com o prazo de pagamento médio de pagamento das compras (PMPC). Existem contas cíclicas como matérias-primas, salários a pagar, impostos a recolher etc., que devem ser consideradas, pois elas sempre estão sendo alimentadas na produção e vendas dos estoques. Exemplo:

Ativo Circulante Passivo Circulante

Quando compra matéria-prima (MP) Gera Fornecedores

Quando transforma MP em estoques Gera Salários a pagar

Quando vende a prazo os estoques Gera Impostos a recolher

FONTE: Marion (2010, p. 115)

Marion (2010) apresenta um exemplo em que as contas cíclicas no ano de 20X5 eram:

QUADRO 30 – CONTAS CÍCLICAS

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TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO

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Ativo Circulante Passivo Circulante

Duplicatas a Receber 220.000 Fornecedores 220.000

Estoques 420.000 Salários a Pagar 40.000

Total 640.000 Total 260.000

FONTE: Marion (2010, p. 115)

QUADRO 31 – CONTAS CÍCLICAS

IMPORTANTE

Neste exemplo não seriam inclusos impostos a recolher como ICMS, IPI etc. (MARION, 2010).

Ainda conforme Marion, a Necessidade de Capital de Giro (NCG) é calculada a partir da seguinte equação: ACC - PCC, em que ACC = ativo circulante cíclico e PCC = passivo circulante cíclico.

Neste caso:

NCG = 640.000 - 260.000NCG = 380.000

Importante: essa Necessidade de Capital de Giro de R$ 380.000,00 representa em montante o Ciclo Financeiro. Neste caso, o administrador financeiro deverá providenciar de alguma forma recursos para cobrir as contas vincendas, porque as vendas e o recebimento delas são lentos. Uma alternativa para alavancar recursos é o desconto de duplicatas, que ajuda a fazer dinheiro, no entanto, o lucro da empresa será afetado porque o custo do dinheiro nos descontos de duplicatas é elevado. Portanto, operações de captação de capital de giro não são recomendáveis. (MARION, 2010).

Aí vem a pergunta, caro/a acadêmico/a, o que fazer neste caso?

O autor explica que o recomendável seria uma administração de estoque mais eficiente reduzindo o prazo do giro do estoque, isto é, renovando mais vezes os estoques por causa das vendas; reduzir o prazo de recebimento das vendas, implementando uma política de crédito mais adequada, com cobrança mais eficiente etc.; ampliar os prazos de compra e abrir as negociações com novos fornecedores também são atitudes importantes. Quanto aos salários a pagar, impostos etc., é quase impossível negociar novos prazos.

Para complementar este tópico, buscou-se o entendimento de Matarazzo (2010), que também concorda com os autores mencionados, de que a NCG é um

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

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conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, isto é, análise de caixa, e também de estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade.

Padoveze e Benedicto (2007) citaram um modelo de administração do capital de giro, desenvolvido por Fleuriet et al. (1978), que foi denominado “análise financeira dinâmica”, em que são separados os elementos do giro, e os classifica em dois tipos, em relação ao seu comportamento com o ciclo operacional:

a) contas cíclicas – são as contas de natureza operacional;

b) contas erráticas – as demais contas do ativo circulante.

Padoveze e Benedicto (2007) mencionam que as contas cíclicas são aquelas que se relacionam diretamente com o ritmo operacional, refletindo, em seus saldos, o nível de operações fins da empresa, e as exemplifica muito próximas de Marion (2010) como: duplicatas a receber de clientes, estoques, despesas pagas antecipadamente, no ativo, e duplicatas a pagar de fornecedores, obrigações tributárias incidentes sobre faturamento, obrigações trabalhistas, no passivo. As contas erráticas são aquelas cujos saldos evoluem sem qualquer relação com o ritmo das operações, podendo ser zeradas quando a empresa estiver desempenhando normalmente suas atividades.

Exemplo: caixa, bancos, aplicações financeiras, mútuos com controladas e coligadas, entre outras contas correntes no ativo, e financiamentos bancários, títulos descontados, provisões de impostos sobre o lucro, mútuos com controladas e coligadas e outras contas a pagar, no passivo.

Considerando as naturezas diferenciadas das contas do giro, há uma reclassificação do capital circulante: as contas cíclicas são classificadas como giro e, consequentemente, o total dos ativos cíclicos menos o total dos passivos cíclicos indica a NLCG – necessidade líquida de capital de giro. (PADOVEZE; BENEDICTO, 2007).

Exemplo:

X1 X2 X3

Ativo Circulante Operacional Clientes Estoques(1) SOMA Passivo Circulante Operacional Fornecedores Outras Obrigações(2) SOMANCG = (1) – (2)

1.045.640 751.206

1.796.846

(708.536)(275.623)(984.159)812.687

1.122.5121.039.4352.161.947

(639.065)(298.698)(928.763)1.233.184

1.529.0611.317.514

2.846.575

(688.791)(433.743)

(1.122.534)1.724.041

FONTE: Matarazzo (2010, p. 283-285)

QUADRO 32 – RECLASSIFICAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE

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TÓPICO 1 | CAPITAL DE GIRO

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FONTE: Matarazzo (2010, p. 283-285)

Para financiar as Necessidades de Capital de Giro, a empresa pode contar normalmente com três tipos de financiamentos (MATARAZZO, 2010):

1 – Capital Circulante Próprio;

2 – Empréstimos e Financiamentos Bancários de Longo Prazo;

3 – Empréstimos Bancários de Curto Prazo e duplicatas descontadas.

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122

Este tópico contemplou o tema capital de giro que consiste num item de fundamental importância para o administrador financeiro, quando se trata de recursos financeiros e em outras áreas no âmbito operacional como compras, produção, vendas etc.

Depois de esclarecido o que representa o giro dos negócios, abordou-se a Necessidade de Capital de Giro, cuja variável determina a situação financeira das empresas, mostrando ao gestor o nível de recursos necessários para manter o giro dos negócios.

Finalizou-se com a reclassificação do ativo circulante e do passivo circulante, para identificar as contas erráticas, ou seja, aquelas cujos saldos evoluem sem qualquer relação com as operações realizadas, podendo inclusive ser zeradas quando as atividades da empresa ocorrem normalmente; e as contas cíclicas, aquelas que formam a base para apurar a Necessidade de Capital de Giro (NCG).

RESUMO DO TÓPICO 1

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123

1 O capital de giro próprio indica a parcela do Patrimônio Líquido aplicada no:

a) ( ) Passivo Circulante.b) ( ) Passivo Não Circulante.c) ( ) Ativo Permanente.d) ( ) Resultado de Exercícios Futuros.e) ( ) Ativo Circulante.

2 O capital circulante líquido pode se originar de:

a) ( ) Empréstimo tomado pagável a curto prazo e venda a prazo de bem do ativo permanente.

b) ( ) Empréstimo tomado pagável a longo prazo e venda à vista de bem do ativo permanente.

c) ( ) Empréstimo tomado pagável a curto prazo e lucro do exercício.d) ( ) Empréstimo de curto prazo liquidado e venda à vista de bem do ativo

permanente.e) ( ) Empréstimo tomado pagável a curto prazo e empréstimo de curto

prazo liquidado.

3 Ao realizarmos a análise financeira de uma empresa, é possível dizer que o capital circulante líquido é determinado pelo/a:

a) ( ) Resultado da diminuição do ativo circulante menos passivo circulante, podendo ser positivo ou negativo.

b) ( ) Diferença entre o ativo total e o ativo não circulante.c) ( ) Diferença entre o ativo total e o ativo circulante.d) ( ) Diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, mais o lucro

líquido.e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.

AUTOATIVIDADE

Assista ao vídeo deresolução da questão 3

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124

4 As variações do capital circulante líquido são determinadas:

I- Pela aquisição de bem do ativo permanente pagável a longo prazo.II- Pela compra de matérias-primas pagáveis a curto prazo.III- Pela diferença dos recursos que ingressaram no capital circulante, menos as

aplicações de recursos em dividendos ou em elementos patrimoniais que não constituem capital circulante.

IV- Pelas vendas de bens do ativo permanente recebíveis a longo prazo.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Todas as sentenças estão corretas.b) ( ) Apenas a sentença II está correta.c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.d) ( ) Apenas a sentença III está correta.e) ( ) Todas as sentenças estão incorretas. 5 Indique nos parênteses de cada uma das contas do balancete da Cia.

Misteriosa o número correspondente:

1 Contas cíclicas.2 Contas erráticas.3 Nenhuma das contas anteriores.

Contas da Cia. Misteriosa:

a) ( ) Duplicatas a receber de clientes.b) ( ) Bancos.c) ( ) Estoques.d) ( ) Provisões de impostos sobre o lucro.e) ( ) Obrigações tributárias incidentes sobre faturamento.f) ( ) Capital social.g) ( ) Duplicatas a pagar de fornecedores.h) ( ) Caixa.i) ( ) Títulos descontados.j) ( ) Veículos.k) ( ) Despesas pagas antecipadamente.l) ( ) Obrigações trabalhistas.m) ( ) Financiamentos bancários.

a) ( ) 2 - 3 - 3 - 2 - 1 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2.b) ( ) 1 - 2 - 1 - 3 - 2 - 2 - 1 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2 - 2.c) ( ) 1 - 2 - 1 - 2 - 1 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2.d) ( ) 3 - 1 - 1 - 2 - 1 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2.e) ( ) 1 - 2 - 1 - 2 - 3 - 3 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 1 - 2.

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TÓPICO 2

ÍNDICES DE ATIVIDADE

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Índices de atividade podem ser identificados como índices que representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Em outras palavras, dizemos que são os dias que a empresa demora, em média, para receber suas vendas, para pagar suas compras e para renovar o seu estoque.

Para fins de análise, quanto maior foi a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, MELHOR. Por outro lado, quanto maior for o prazo para pagamento das compras, melhor.

Os índices de atividade têm por objetivo:

• conhecer o ciclo operacional da empresa;

• conhecer o período de rotação da empresa, de recebimento de vendas e de pagamento de compras.

O prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) com o prazo médio de renovação de estoques (PMRE) aproxima-se bastante do ciclo operacional da empresa, pois medimos, em média, quantos dias os estoques levam para serem vendidos, e somamos ao prazo de recebimento das vendas.

De acordo com Zdanowicz (1998), é a análise da circulação de bens, dos valores a receber e a pagar, tendo em vista estarem vinculados ao ciclo operacional da empresa. O autor caracteriza estes quocientes como meios de fortalecer a análise financeira no que diz respeito aos aspectos de liquidez e de capital de giro.

Sobre o ciclo operacional de uma empresa, ele compreende como todo o processo de produção e vendas, considerando o seu tipo de atividade econômica e também o seu porte.

Conforme Matarazzo (2010, p. 260), os índices de prazos médios não devem ser analisados individualmente, mas sempre em conjunto.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

2 QUOCIENTES DE ATIVIDADE

Segundo Marion (2010), neste grupo estudaremos quantos dias, em média, a empresa demora em receber suas vendas, para pagar suas compras e para renovar seu estoque.

Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, MELHOR. No que se refere aos pagamentos, quanto mais lento for o pagamento das compras, desde que não seja por atrasos, MELHOR. (MARION, 2010).

Estes quocientes estão relacionados ao ciclo operacional porque, através deles, medimos quantos dias os estoques levam para serem vendidos, e somamos ao prazo de recebimento das vendas. O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do PMRE com PMRV fosse igual ou inferior ao PMPC, em outras palavras, que o resultado fosse igual a UM.

PMRE + PMRV = ≤ 1PMPC

Exemplo: uma empresa que vende e recebe a mercadoria adquirida para, depois, liquidá-la junto a seu fornecedor, observando os seguintes resultados:

PMRE = 30 dias; PMRV = 54 dias; PMPC = 90 dias.Poderíamos dizer que a empresa tem, em média, uma folga de seis dias.

Aplicada a fórmula, teremos:

PMRE + PMRV = 30 + 54 = 0,93 PMPC 90

Esta é uma posição favorável porque a empresa vende e recebe antes que vença a fatura da compra realizada. Nem sempre obter esta situação é favorável, no entanto a empresa sempre deve perseguir esta meta.

2.1 PMRE

Segundo Silva (2007), o prazo médio de rotação dos estoques (Inventory Turnover) indica quantos dias, em média, os produtos permanecem armazenados na empresa antes de ocorrer sua venda.

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TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE

127

A quantidade de estoques mantida por uma empresa decorre fundamentalmente do seu volume de vendas e também da política de estocagem adotada. O autor continua explicando que existem duas formas principais de interpretar os estoques: na primeira forma o montante de estoques da empresa é visto como algo que representa certa potencialidade de se converter em dinheiro, isto é, a imagem que as empresas tentam passar aos usuários externos quando desejam alavancar empréstimos. Na segunda forma, o estoque é visto como investimento (aplicação de recursos) no ativo circulante. Desta forma, é possível afirmar que o índice de rotação dos estoques é resultante da associação de elementos econômico-patrimoniais.

Matarazzo (2010, p. 261) afirma que o volume de investimentos em duplicatas a receber é determinado pelo prazo médio de recebimento de vendas – PMRV. Assim, podemos dizer que o PMRV não afeta o Fluxo de Caixa, mas apenas o volume de investimentos.

Silva (2007) diz que quanto maior for o volume de estoques, maior é o volume de recursos comprometido com os mesmos. Além do custo de aquisição ou de fabricação dos estoques, existe uma série de outros gastos, dentre eles está o custo do capital aplicado, armazenagem e seguros.

Esclarece ainda que o mundo moderno está caminhando na direção de uma administração em que os estoques tenham giro rápido. A forma de financiamento dos estoques, quer seja pelo prazo concedido pelo fornecedor, quer seja por recursos próprios aplicados, ou com endividamento bancário, é item fundamental para o profissional que realiza as análises.

Exemplo:

a) o nível elevado de estoques com financiamento através de recursos próprios trará prejuízo aos seus proprietários;

b) a manutenção de estoques elevados à custa de empréstimos bancários, além do custo elevado dos recursos, trará tendência a elevar o risco financeiro da empresa.

Para calcular o prazo médio de rotação dos estoques (PMRE), aplica-se a seguinte fórmula (SILVA, 2007, p. 278):

PMRE = ESTm x DPCPV

ESTm = Estoque médioCPV = Custo do Produto (ou mercadoria) VendidoDP = Dias do Período considerado (360 dias para um ano; 30 dias por mês)

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Exemplo:

A Cia. Pneus Fortes apresentou os seguintes valores, nos balanços padronizados encerrados em 20X1, 20X2 e 20X3.

ATIVO 20X1 20X2 20X3

Disponibilidades 4.846 5.380 5.495

Aplicações financeiras 174.071 48.325 14.144

Duplicatas a receber 101.846 110.241 100.407

(-) Provisão para devedores duvidosos (5.448) (6.055) (7.495)

Duplicatas a receber líquidas 96.398 104.186 92.912

Estoques 55.848 67.087 73.659

Outros valores a receber 3.313 19.260 30.100

Despesas antecipadas 1.200 1.805 3.878

Ativo circulante 335.676 246.043 220.188

Partes relacionadas 0 6.398 1.126

Outros realizáveis a longo prazo 82.303 97.424 117.919

Realizável a longo prazo 82.303 103.822 119.045

Investimento 55.396 139.231 166.151

Imobilizado 155.226 154.094 171.039

Diferido 0 4 1.296

Ativo não circulante 292.925 397.151 457.531

TOTAL DO ATIVO 628.601 643.194 677.719

PASSIVO + PL 20X1 20X2 20X3

Duplicatas descontadas 29.144 29.978 14.190

Instituições financeiras 102.003 54.934 52.783

Outros não cíclicos (*) 16.069 19.881 25.782

Fornecedores 30.776 44.292 53.199

Salários e encargos sociais 31.539 35.141 31.761

Impostos e taxas 14.161 25.933 33.078

Outros cíclicos (*)

Passivo circulante 223.692 210.159 210.793

Financiamentos e debêntures

Outros exigíveis a longo prazo 77.166 101.106 125.952

Exigível a longo prazo 77.166 101.106 125.952

Passivo não circulante 77.166 101.106 125.952

Capital social integralizado 304.620 304.620 304.620

Reservas 6.725 10.631 19.136

Lucros ou prejuízos acumulados 16.398 17.218 17.218

Patrimônio líquido 327.743 332.469 340.974

TOTAL DO PASSIVO + PL 628.601 643.734 677.719

FONTE: Silva (2007, p. 254)

QUADRO 33 – BALANÇO PATRIMONIAL PADRONIZADO – EMPRESA: CIA. PNEUS FORTES

(*) Cíclicos são os itens de natureza operacional, relacionados ao ciclo da empresa.

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TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE

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FONTE: Silva (2007, p. 254)

Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3

Receita operacional bruta 870.414 967.716 974.655

(-) Devoluções e abatimentos 0 0 0

(-) Impostos sobre vendas (221.223) (231.912) (230.567)

(=) Receita operacional líquida 649.191 735.804 744.088

(-) CPV (- depreciações) (469.960) (509.419) (489.680)

(-) Depreciações (34.620) (32.563) (30.680)

(=) Lucro bruto 144.611 193.822 223.728

(-) Despesas comerciais (58.824) (75.820) (83.880)

(-) Despesas administrativas (38.650) (46.644) (43.674)

(-) Outras despesas operacionais (1.043) (607) (1.440)

+ Receitas financeiras 28.901 9.845

(-) Despesas financeiras (2.133) (3.557)

+ Resultado de equivalência patrimonial 2.352 17.460 27.381

(=) Lucro operacional 77.347 95.923 118.558

(+/-) Resultado não operacional (962) 309 (282)

(=) Lucro líquido antes do imposto de renda 76.385 96.232 118.276

(-) Provisão IR e CS (10.450) (18.106) (16.127)

(=) Lucro Líquido 65.935 78.126 102.149

FONTE: Silva (2007, p. 255)

QUADRO 34 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PADRONIZADA – EMPRESA: CIA. PNEUS FORTES

A partir do Quadro 33 e do Quadro 34, vamos calcular o PMRE para a Cia. Pneus Fortes nos três exercícios 20X1, 20X2 e 20X3.

Fórmula Anos Cálculos Índices

PMRE = ESTxo + ESTx1 2 x 360 CPV

20X1 (a) 53.693 + 55.848PMRE = 2 x 360 504.580

39 dias

20X2 55.848 + 67.087 PMRE = 2 x 360 541.982

41 dias

20X3 (b) 67.087 + 73.659PMRE = 2 x 360 520.360

49 dias

FONTE: Silva (2007, p. 278)

QUADRO 35 – PMRE PARA A CIA. PNEUS FORTES

IMPORTANTE

Conforme Silva (2007): a) o estoque final em 20X0 era de $ 53.693; b) ESTX2 = estoque final no ano; ESTX3 = estoque final no ano anterior (ESTX2 + ESTX3)/2 = estoque médio 67.087 + 73.659/2 = 70.373 estoque médio.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

2.2 PMRV

O prazo médio de recebimento das vendas (Days Sales Outstanding – DSO), de acordo com Silva (2007), indica em quantos dias, em média, a empresa recebe suas vendas.

O volume de duplicatas a receber é decorrência de dois fatores básicos:

a) o montante de vendas a prazo;

b) prazo concedido aos clientes para pagamento.

Quando se fala em vendas, são abordados (SILVA, 2007):

• os prazos concedidos aos clientes:

• os descontos concedidos para pagamento à vista;

• os instrumentos de formalização da venda a prazo.

As vendas a prazo seguem uma política de crédito adotada pela empresa, que deve ser adequada ao seu tipo de atividade e, por este motivo, deve estar de acordo com seus objetivos estratégicos de negócios. Existem diferenças fundamentais nos padrões para concessão de créditos utilizados por empresas diferentes e que atuam em ramos de atividades diferentes.

Nas empresas com atividades semelhantes, os padrões de crédito tendem a ser parecidos, salvo nos casos de empresas que detenham grande parcela do mercado, tenham produtos com qualidade diferenciada, que possibilite maior rigor nos critérios de apreciação do crédito. (SILVA, 2007).

Para calcularmos o PMRV, utiliza-se a seguinte fórmula (SILVA, 2007, p. 280):

PMRV = DRm x DP VL + IMP

DRm = Duplicatas a Receber (média do período)VL = Vendas Líquidas

IMP = Impostos sobre vendasDP = Dias do Período (360 dias para um ano, 30 dias por mês)

A partir do Quadro 33 e do Quadro 34, vamos calcular o PMRV para a Cia. Pneus Fortes nos três exercícios 20X1, 20X2 e 20X3.

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TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE

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Fórmula Anos Cálculos Índices

PMRV = DRxo + DRX1 2 x 360 VL + IMP

20X1 (a) PMRV = 102.534 + 101.846 2 x 360

870.414 42 dias

20X2 PMRV = 101.846 + 110.241 2 x 360

967.71639 dias

20X3 (b) PMRV = 110.241 + 100.407 2 x 360

974.65539 dias

FONTE: Silva (2007, p. 280)

QUADRO 36 – PMRV PARA A CIA. PNEUS FORTES

NOTA

Conforme Silva (2007): a) as duplicatas a receber no final de 20X0 eram de $ 102.534;b) DRx2 = duplicatas a receber no final do ano; DRx3 duplicatas a receber no final do ano; (DRx2 + DRx3)/2 = média de duplicatas a receber.

PMPC = FORNm x DP C

2.3 PMPC

O prazo médio de pagamento das compras (Days’ Purchases in Accounts Payable) indica quantos dias, em média, a empresa demora em pagar seus fornecedores. (SILVA, 2007, p. 280-281).

Segundo o autor, para apurar este resultado aplica-se a seguinte fórmula:

FORNm = Fornecedores (média no período)C = ComprasDP = Dias do Período considerado (360 dias para um ano, 30 dias por mês)

Segundo Silva (2007), os valores relativos à conta de fornecedores são extraídos das demonstrações contábeis. O saldo inicial para o primeiro período de atividade deve ser solicitado à empresa.

O valor das compras deve ser calculado. Para realizar este cálculo, o autor apresenta as fórmulas que devem ser aplicadas tanto para as empresas comerciais quanto para as empresas industriais.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Empresas Comerciais:

Para as empresas comerciais, o cálculo das compras é desenvolvido a partir da fórmula de cálculo do custo da mercadoria vendida (CMV = EI + C - EF), que segue (SILVA, 2007, p. 281):

C = CMV + EF - EI

CMV = Custo da Mercadoria VendidaEI = Estoque Inicial

C = ComprasEF = Estoque Final

Infere-se que, nas empresas comerciais, as compras correspondem ao custo da mercadoria vendida, mais o valor da variação dos estoques (EF - EI).

Empresas industriais:

O cálculo do volume das compras realizado nas empresas industriais é mais complexo para o analista externo, explica Silva (2007).

A empresa industrial adquire matérias-primas, materiais secundários, componentes e embalagens, adiciona mão de obra direta e outros custos indiretos de fabricação, para produzir um novo produto. Observa-se que tanto o custo de produtos vendidos (CPV) quanto os estoques das empresas industriais são formados por diversos componentes de custos, e muitos deles não são oriundos da conta de fornecedores, o que inviabiliza o uso da fórmula tradicional, explica o autor.

Silva (2007) realizou um estudo e apurou o resultado da ordem de 62% para os custos relacionados à matéria-prima, componentes, materiais secundários e embalagens, e 38% para os itens que não se relacionam com fornecedores como, por exemplo, depreciação, luz, água etc. O autor complementa que pode haver outras formas de estimativa estabelecidas a partir de outras relações que o analista julgue adequadas. Existem empresas que usam como padrão 10% do total das vendas para estimar os itens não relacionados com a conta de fornecedores, o que pode resultar em valores distorcidos.

Neste nosso estudo, conforme Silva (2007, p. 282-283), utilizaremos a seguinte fórmula:

C = (CPV + EF – EI) X 0,62

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TÓPICO 2 | ÍNDICES DE ATIVIDADE

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C = ComprasCPV = Custo do Produto Vendido

EI = Estoque InicialEF = Estoque Final

O autor afirma que o PMPC é um índice do tipo “quanto maior, melhor”, mantidos constantes os demais fatores, porém desde que o seu volume de fornecedores não seja alto por atraso nos pagamentos.

Existem limitações das fórmulas utilizadas nos cálculos do PMPC, que Silva (2007) apresenta da seguinte forma:

• aspectos de sazonalidades;• épocas de encerramento das demonstrações contábeis;• eventuais fornecedores com créditos não registrados;• atrasos nos pagamentos aos fornecedores.

Silva (2007) destaca a seguinte nota:

Considerando que a Cia. Pneus Fortes é uma empresa industrial, inicialmente será demonstrado o cálculo do valor das compras para os três anos, conforme segue:

(a)Ano

(b)CPV

(c)Estoque Final

(d)Estoque Inicial

(e)e = b +c -d

(f)Redutor

(g)g = e x fcompras

20X1 504.580 55.848 53.693 506.735 0,62 314.176

20X2 541.982 67.087 55.848 553.221 0,62 342.997

20X3 520.360 73.659 67.087 526.932 0,62 326.698

FONTE: Silva (2007, p. 283)

A partir dos quadros 33, 34 e 37, vamos calcular o PMRV para a Cia. Pneus Fortes nos três exercícios 20X1, 20X2 e 20X3.

QUADRO 37 – CÁLCULO DO VALOR DAS COMPRAS

Fórmula Anos Cálculos Índices

PMPC = FORNxo + FORNx1 2 x 360

Compras

20X1 (a) PMPC = 23.722 + 30.776 2 x 360

314.17631 dias

20X2 PMPC = 30.776 + 44.292 2 x 360

342.99739 dias

20X3 (b) PMPC = 44.292 + 53.199 2 x 360

326.69854 dias

FONTE: Silva (2007, p. 283)

QUADRO 38 – PMRV PARA A CIA. PNEUS FORTES

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Importante (SILVA, 2007):

a) FORN no final de 20X0 era de $ 23.722;

b) FORN no final de 20X0; FORN no final de 20X3; (FORNxo + FORNx1)/2 = média de fornecedores (23.722 + 30.776)/2 = 27.249.

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Este tópico contemplou os índices de atividade que identificamos como índices que representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Exemplo: o PMRE indica a renovação dos estoques por causa das vendas; o PMRV representa quantos dias, em média, a empresa demora em receber suas vendas; e, por último, o PMPC, que representa quantos dias em média a empresa demora em pagar seus fornecedores.

Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, MELHOR.

Estes quocientes são caracterizados como meios de fortalecer a análise financeira no que diz respeito aos aspectos de liquidez e de capital de giro.

Os índices de atividade têm por objetivo: a) conhecer o ciclo operacional da empresa; b) conhecer o período de rotação da empresa, de recebimento de vendas e de pagamento de compras. Todo o processo de cálculo destes índices foi exemplificado, de maneira a deixar claro como é feita a apuração dos dados necessários para a realização da análise.

O prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) com o prazo médio de renovação de estoques (PMRE) aproxima-se bastante do ciclo operacional da empresa, pois medimos, em média, quantos dias os estoques levam para serem vendidos e somamos ao prazo de recebimento das vendas.

O ciclo operacional de uma empresa compreende todo o processo de produção e vendas, considerando o seu tipo de atividade econômica e também o seu porte.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 Uma empresa com PMRE igual a 20 dias e PMRV igual a 45 dias terá um ciclo operacional igual a:

a) ( ) 25 dias.b) ( ) 65 dias.c) ( ) 35 dias.d) ( ) 15 dias.e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.FONTE: Marion (2010)

2 A Cia. Misteriosa possui ciclo operacional igual a 88 dias e o PMPC igual a 90 dias. Nesse caso:

a) ( ) O ciclo financeiro dessa empresa será de 178 dias.b) ( ) A empresa terá que se financiar em 2 dias.c) ( ) A Cia. tem uma folga financeira de 2 dias.d) ( ) Impossível calcular.e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.FONTE: Marion (2010)

3 O índice de rotação de estoques é resultante da associação de elementos:

a) ( ) Econômicos.b) ( ) Financeiros.c) ( ) Patrimoniais.d) ( ) Econômico-financeirose) ( ) Econômico-patrimoniais.FONTE: Zdanowicz (1998)

4 O prazo médio de recebimento de vendas PMRV é dado pela fórmula:

a) ( ) Vendas ÷ Estoques.b) ( ) Vendas ÷ 360.c) ( ) (Duplicatas a receber média ÷ vendas brutas) x 360. d) ( ) (Vendas ÷ duplicatas a receber) x 360. e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.

5 O PMRE é dado pela fórmula:

a) ( ) CVM ÷ Estoques do período.b) ( ) Vendas ÷ Estoques do período.c) ( ) Estoques média ÷ receitas operacionais.d) ( ) (Estoques média ÷ CPV) x DP.e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.

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6 O PMPC é dado pela fórmula:

a) ( ) Fornecedores média ÷ compras x DP.b) ( ) Compras a prazo ÷ estoques.c) ( ) Compras ÷ fornecedores.d) ( ) Fornecedores ÷ estoques.e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.

Assista ao vídeo deresolução da questão 4

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TÓPICO 3

FLUXO DE CAIXA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOFluxo de caixa, também conhecido por cash flow, é considerado por muitos

analistas um dos principais instrumentos para a realização de análise, propiciando identificar o processo de circulação do dinheiro, através da variação de caixa e equivalentes, segundo Silva (2007). Com a modernidade, as transações das empresas não envolvem o caixa propriamente dito, haja vista que a maioria dos pagamentos é feita via internet home bank, ou através de cheques, e os recebimentos podem ocorrer via transferência eletrônica de crédito, ou então depositados diretamente nos bancos sem que transitem pelo caixa no sentido contábil desta conta.

A expressão fluxo de caixa deve ter uma amplitude maior, envolvendo os pagamentos e os recebimentos de modo em geral, enquanto a análise do fluxo de caixa examina a origem e aplicação do dinheiro que transitou pela empresa.

Corroboram Assaf Neto e Silva (2007) na conceituação do fluxo de caixa e explicam que é um instrumento que relaciona os ingressos e os desembolsos, isto é, as saídas de recursos monetários de determinada empresa em determinado intervalo de tempo. Afirmam que a partir da elaboração do fluxo de caixa é possível observar eventuais excedentes ou escassez de caixa e determinar medidas a serem tomadas para sanar os problemas.

Marion (2010), quando menciona fluxo de caixa, explica que a demonstração do fluxo de caixa (DFC) é um dos principais relatórios contábeis utilizados para fins gerenciais. Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a demonstração do fluxo de caixa tornou-se obrigatória para as companhias abertas e as companhias de grande porte, assim entendidas as grandes empresas “Ltda.” Ressalta que as companhias fechadas com o patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a dois milhões de reais, não serão obrigadas a elaborar e publicar a Demonstração do Fluxo de Caixa.

Segundo Marion (2010, p. 54), a demonstração dos Fluxos de Caixa evidencia as modificações ocorridas no saldo de disponibilidades (caixa e equivalentes de caixa) da companhia em determinado período, por meio de fluxos de recebimentos e pagamentos. Essa demonstração será obtida de duas formas:

a) forma direta, a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa;

b) forma indireta, com base no Lucro/Prejuízo do Exercício.

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140

UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Marion (2010, p. 55) apresenta como as práticas internacionais classificam a demonstração do fluxo de caixa, a qual é segregada em três tipos, e cita:

I) fluxos das atividades operacionais;

II) fluxos das atividades de financiamento; e

III) atividades de investimentos.

Ferrari (2012, p. 837) também evidencia os três fluxos na elaboração da DFC e cita que a Deliberação da CVM nº 547/2008 determina o seguinte:

a) Os fluxos de caixa excluem movimentos entre itens que constituem caixa ou equivalentes de caixa porque esses componentes são parte da gestão financeira da entidade e não parte de suas atividades operacionais, de investimentos ou de financiamentos. A gestão de caixa inclui o investimento do excesso de caixa em equivalentes de caixa, porém ressalta que, se uma empresa, por exemplo, aplica parte do seu dinheiro numa caderneta de poupança, isto não é considerado entrada ou saída de fluxos de caixa.

b) Uma única transação pode incluir fluxos de caixa classificados em mais de uma atividade. Exemplo: quando o desembolso de caixa para pagamento de um empréstimo inclui tanto os juros como o principal, a parte dos juros pode ser classificada como atividade operacional, mas a parte do principal deve ser classificada como atividade de financiamento.

NOTA 1: o autor (2012) explica a diferença entre “pode ser” (pagamento dos juros) e “deve ser” (pagamento do principal) mencionados no item “b”. O que o autor quer dizer é: classificar o pagamento de juros como fluxo de atividade operacional é facultativo, no entanto, a classificação do pagamento do principal como atividade de financiamento é obrigatória.

NOTA 2: com relação aos itens componentes dos três fluxos, como, por exemplo: juros e dividendos, tanto os pagos quanto os recebidos, sua classificação é flexível, isto é, não há consenso sobre a exata classificação desses fluxos de caixa nas entidades que não sejam instituições financeiras, haja vista que nestas instituições “os juros pagos e recebidos” e os “dividendos e juros sobre capital próprio recebidos” são sempre classificados como fluxos de caixa operacionais.

NOTA 3: a deliberação CVM nº 547/2008, por exemplo, determina as seguintes regras para as entidades que não sejam instituições financeiras:

- os juros pagos e recebidos podem ser classificados como fluxos de caixa operacionais, tendo em vista que entram na determinação do lucro líquido ou prejuízo. Alternativamente os “juros pagos” podem ser classificados como fluxos de caixa de financiamento, porque são custos de obtenção de recursos

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TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA

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financeiros. Os “juros recebidos” podem ser classificados como fluxos de caixa de investimento, porque estão relacionados ao retorno sobre investimentos;

- os juros sobre capital próprio, recebidos, podem ser classificados como fluxos de caixa operacionais, pois entram na determinação do lucro líquido ou prejuízo. Alternativamente, podem ser classificados como fluxos de caixa de investimentos, pois estão relacionados ao retorno sobre investimentos;

- os juros sobre capital próprio, pagos, podem ser classificados como fluxo de caixa de financiamento, porque são custos da obtenção de recursos financeiros. Alternativamente, podem ser classificados como fluxos de caixa das atividades operacionais, a fim de auxiliar os usuários a determinar a capacidade de a entidade pagar esses juros utilizando os fluxos de caixa operacionais;

- os dividendos recebidos podem ser classificados como fluxos de caixa operacionais, pois entram na determinação do lucro líquido ou prejuízo. Alternativamente, podem ser classificados como fluxos de caixa de investimento, pois estão relacionados ao retorno sobre investimentos;

- os dividendos pagos podem ser classificados como fluxo de caixa de financiamento, pois são custos da obtenção de recursos financeiros. Alternativamente, podem ser classificados como componentes dos fluxos de caixa das atividades operacionais.

A regra geral ditada pela CVM, através da Deliberação nº 547/2008, para classificação é a seguinte:

- juros recebidos ou pagos – classificados, preferencialmente, como integrantes do Fluxo das Atividades Operacionais;

- dividendos recebidos e juros sobre capital próprio, recebidos – classificados, preferencialmente, como integrantes do Fluxo das Atividades Operacionais;

- dividendos pagos e juros sobre capital próprio, pagos – classificados, preferencialmente, como integrantes do Fluxo das Atividades de Financiamento.

NOTA: de acordo com o disposto na referida deliberação, se a regra geral acima não for observada, a entidade DEVE EM NOTA EVIDENCIAR O FATO.

Marion (2010, p. 193-194), para demonstrar a relevância do tema, usa um texto interessante que vale a pena conhecer.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

AS RAZÕES DA MORTALIDADE DAS PEQUENAS EMPRESAS

Pesquisa aponta motivos que pesam no encerramento das atividades

Pesquisa realizada pelo Sebrae revelou que a mortalidade prematura de novas empresas está fortemente ligada a fatores conjunturais, administrativos e financeiros. A pesquisa foi realizada em meados de 1999 abrangendo 3 mil empresas abertas nos anos de 95, 96 e 97, além de entrevistas qualitativas com 509 empresários. O objetivo maior do trabalho foi procurar o ‘porquê’ do insucesso das pequenas organizações. Pela ordem, pesaram mais: falta de demanda e de experiência, escassez de crédito, inadimplência de clientes, impostos e encargos. Outra consideração interessante é que o índice de mortalidade aumenta na mesma proporção que o empresário se ausenta do negócio. Ficou patente que a dedicação exclusiva é fundamental para a preservação da empresa nos primeiros anos de vida.

Sessenta por cento dos empreendedores entrevistados, que se dedicaram à sua atividade, permaneciam com as portas abertas. Das empresas que deixaram de existir, 43% contavam com a dedicação integral de seus dirigentes, o que revela que a presença pode ser condição necessária, mas não suficiente para garantir o êxito do empreendimento. Outros fatores detectados pela pesquisa e relacionados às causas do insucesso foram: falta de experiência prévia no ramo pretendido, falta de qualquer tipo de planejamento operacional e falta de cuidados no estabelecimento do fluxo de caixa.

O porte do estabelecimento também exerce influência no índice de mortalidade. Por razões aparentemente óbvias, quanto maior o empreendimento, melhores são as chances de êxito, o que não elimina a possibilidade de sucesso de um pequeno negócio, desde que observadas regras mínimas de administração.

Outro erro geralmente cometido pelo empreendedor novato é o de delegar ao contador ações que seriam de sua competência. Por deficiência gerencial ou desconhecimento do mercado, essas delegações redundam em fracasso, mesmo porque a atividade do contador é mais de retaguarda que de linha de frente. Pecado maior é de pretender iniciar a atividade ancorada em capital de terceiros. Hoje em dia, a empresa deve nascer profissionalizada, o que vale dizer que empirismo e espírito aventureiro são coisas do passado. Uma boa dose de sorte ajuda, mas um velho ditado diz que ‘a sorte só ajuda a mente bem preparada’.

Na totalidade dos entrevistados, ficou explícito que boa parte dos novos empresários saiu da condição de empregado para patrão, ou seja, a ‘escola’ ficou restrita ao ambiente anterior de trabalho, o que mostra a necessidade da ampliação de cursos voltados à formação do empreendedor; conhecidos também como ‘empreendedorismo’. O fato, por exemplo, de uma pessoa ter trabalhado num supermercado não lhe assegura necessariamente êxito empresarial ao abrir uma mercearia, muito embora o conhecimento da atividade seja importante.

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Nessa hora é que pesam outras variáveis como o conhecimento do mercado onde irá atuar, nível de renda do consumidor pretendido, fornecedores, capital, localização etc.

O levantamento realizado pelo Sebrae mostrou também que não é verdadeira a ideia de que 80% dos novos empreendimentos morrem no primeiro ano de vida. O índice detectado foi de 35%.

Em síntese, o trabalho revela que, cada vez mais, o espírito empreendedor deve estar conjugado com o conhecimento técnico, sem o que capital e trabalho acabam naufragando no redemoinho de uma economia cada vez mais sofisticada e implacável. (grifos realizados por MARION, 2010).

FONTE: LANA, Marcio. As razões da mortalidade das pequenas empresas. Gazeta Mercantil, São Paulo, 18 fev. 2000.

Reis (2009, p. 158) menciona que “[...] a demonstração dos ‘fluxos de caixa’ indica a origem de todos os recursos monetários que entraram no Caixa, bem como onde foram aplicados os recursos monetários que saíram do caixa em determinado período”. O objetivo básico deste demonstrativo é disponibilizar informações sobre as entradas e as saídas de numerário em determinado período.

O entendimento do autor está de acordo com Lana (apud MARION, 2010) e explica que o demonstrativo dos fluxos de caixa propicia ao administrador financeiro a elaboração de um planejamento mais adequado às necessidades reais da empresa, evitando recursos monetários inativos, como também evitar que, em determinadas circunstâncias, a empresa esteja desprovida de recursos necessários aos seus compromissos ou às suas despesas correntes.

Assaf Neto e Silva (2007) também entendem que o fluxo de caixa não deve ser uma preocupação exclusiva da área financeira: todos os setores da empresa devem estar envolvidos com os resultados líquidos.

Para melhor compreensão de quem está inserido no processo e o grau de envolvimento, os autores mencionam: (a) área de produção – ao promover alterações nos prazos de fabricação dos produtos, esta decisão afeta o fluxo de caixa determinando novas alterações nas necessidades de caixa; os custos de produção também têm importante reflexo sobre o caixa; (b) decisões de compras – devem estar ajustadas com os saldos disponíveis existentes em caixa. Em outras palavras, os autores (2007) afirmam que deve haver preocupação com o sincronismo entre os prazos concedidos para o pagamento das compras, com os prazos estabelecidos para recebimento das vendas, ou seja, podemos dizer que deve haver preocupação com o fluxo de financiamento; (c) políticas de cobranças – mais ágeis e eficientes constituem-se em importante reforço de caixa; (d) área de vendas – simultaneamente com a meta de crescimento da atividade comercial, deve acontecer um controle sobre os prazos concedidos e hábitos de pagamentos

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dos clientes, para não pressionar negativamente o fluxo de caixa; (e) a área financeira – deve analisar cuidadosamente o perfil de seu endividamento, para que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração de caixa da empresa.

2 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A demonstração dos fluxos de caixa, conforme mencionado no item anterior, será obtida de duas formas:

a) forma direta, a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa;

b) forma indireta, com base no Lucro/Prejuízo do Exercício.

De acordo com o NPC 20 – Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON nº 20, de 30/04/1999, na preparação da demonstração dos fluxos de caixa poderá ser utilizado o método direto ou indireto.

O método direto caracteriza-se por apresentar os componentes dos fluxos por seus valores brutos, ao menos para os itens mais significativos dos recebimentos e dos pagamentos. Neste método, devem ser apresentados, no mínimo, os seguintes tipos de recebimentos e pagamentos relacionados às operações: I) recebimento de clientes; II) juros, lucros e dividendos recebidos; III) pagamentos a fornecedores e empregados; IV) juros pagos; V) imposto de renda pago; VI) outros recebimentos e pagamentos.

Para você entender, caro/a acadêmico/a, apresentamos um exemplo elaborado por Marion (2010, p. 57):

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MODELO DIRETO

Saldo inicial em 31-12-X4EntradasReceita Operacional RecebidaReceitas FinanceirasRecebimentos de ColigadasVendas InvestimentosNovos FinanciamentosAumento de capital em R$SaídasCompras PagasDespesas de Vendas PagasDespesas AdministrativasDespesas FinanceirasImposto de RendaDividendos Pagos

730.000 10.00010.00010.00050.00040.000

(660.000)(30.000)(50.000)(30.000)(60.000)(50.000)

40.000

850.000

(880.000)

Saldo final em 31-12-X5 10.000

FONTE: Marion (2010, p. 57)

O método indireto caracteriza-se por apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo da: a) movimentação líquida das contas que influenciam na determinação dos fluxos de caixa das atividades operacionais, tais como estoques, contas a receber e contas a pagar; b) movimentação líquida das contas que influenciam na determinação dos fluxos de caixa das atividades de investimentos e de financiamentos, a partir das disponibilidades geradas pelas atividades operacionais, ajustadas pelas movimentações dos itens que não geram caixa, tais como: depreciação, amortização, baixas de itens do ativo permanente etc.

Para maior compreensão, apresentamos mais um exemplo (MARION, 2010, p. 55):

QUADRO 39 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXACasa das Lingeries Ltda. – Exercício 2005

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

MODELO INDIRETO

a) Atividades OperacionaisLucro líquido(+) Despesas Econômicas (não afetam o caixa):Depreciação

Ajuste por mudança no Capital de Giro(aumento ou redução durante o ano)Ativo CirculanteDuplicatas a Receber – aumento (reduz o caixa)Estoque de Lingeries – aumento (reduz o caixa)

Passivo CirculanteFornecedores – aumento (melhora o caixa)Salários a Pagar – aumento (melhora o caixa)Impostos a Recolher – redução (piora o caixa)

Fluxo de Caixa das Atividades Operacionaisb) Atividades de InvestimentoNão houve variação do imobilizadoVendas de Ações ColigadasRecebimentos de Empresas Coligadas

c) Atividades de FinanciamentosNovos FinanciamentosAumento de Capital em DinheiroDividendos

Redução de Caixa no ano

(70.000)(30.000)

(100.000)

20.00010.000

(54.000)(24.000)

-10.00010.00020.000

50.00040.000

(50.000)40.000

24.000

10.00034.000

(124.000)(90.000)

60.000(30.000)

Saldo Inicial de Caixa 40.000

Saldo Final de Caixa 10.000 10.000

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXACasa das Lingeries Ltda. – Exercício 2005

FONTE: Marion (2010, p. 57)

A conciliação do resultado com o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais deve ser demonstrada tanto pelo método direto como pelo método indireto. Todos os ajustes de conciliação entre o resultado e o caixa gerado pelas atividades operacionais devem ser claramente identificados como itens de conciliação. (NPC 20 – Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON nº 20, de 30/04/1999).

As práticas internacionais dispõem que essa demonstração seja segregada em três tipos de fluxos de caixa: I) fluxo das atividades operacionais; II) das atividades de financiamento; III) e das atividades de investimentos. (MARION, 2010).

Para melhor expor o tema, Marion (2010, p. 58) elaborou um modelo internacional, destacando os fluxos das operações dos financiamentos e dos investimentos.

QUADRO 40 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA, MODELO INDIRETO

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TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA

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QUADRO 40 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA, MODELO INDIRETO

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXACasa das Lingeries Ltda. – Exercício 20X5

MODELO INTERNACIONAL

a) OperaçõesReceita recebida(-) Caixa despendido nas compras(-) Despesas Operacionais Pagas Vendas Administrativas Despesas AntecipadasCaixa Gerado no Negóciob) Outras Receitas e Despesas(+) Receitas Financeiras Recebidas(-) Despesas Financeiras PagasCaixa Líquido Após as Operações Financeiras(-) Imposto de Renda PagoCaixa Líquido Após o Imposto de Rendac) Atividades de InvestimentoNão houve variação do imobilizadoVendas de Ações ColigadasRecebimentos de Ações Coligadasd) Atividades de Financiamentos(+) Novos Financiamentos(+) Aumento de Capital em Dinheiro(-) DividendosRedução do Caixa no ano

730.000(660.000)

(30.000)(50.000)-

10.000(30.000)

10.00010.000

50.00040.000(50.000)

70.000

(80.000)(10.000)

(20.000)(30.000)(60.000)(90.000)

20.000

40.000(30.000)

Saldo Inicial do Caixa 40.000

Saldo Final do Caixa 10.000

FONTE: Marion (2010, p. 57)

QUADRO 41 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA, MODELO INTERNACIONAL

Matarazzo (2010, p. 242) comenta que existe um número muito grande de situações que caberá ao analista avaliar. A análise do fluxo de caixa pode ser feita de muitas formas, entretanto, o autor apresenta uma sequência de ideias, assim identificadas:

a) A geração bruta de caixa é pequena em decorrência do baixo lucro e é insuficiente para cobrir o crescimento da NCG [necessidade de capital de giro], apesar de esta ser pouco expressiva.

b) A geração bruta de caixa é boa, mas insuficiente para cobrir o crescimento da NCG, em virtude da expansão da empresa.

c) A geração de caixa é elevada, mas insuficiente para cobrir o crescimento da NCG, em virtude das alterações desfavoráveis de ciclo operacional e ciclo financeiro.

Se a geração bruta de caixa é inferior ao crescimento da NCG, significa dizer que a empresa não tem geração operacional de caixa e, consequentemente, não

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

consegue: 1) pagar as dívidas bancárias de curto prazo; 2) realizar investimentos; 3) amortizar financiamentos de longo prazo.

Complementa Matarazzo (2010) que, nessas três situações, a empresa não tem geração operacional de caixa, porém a avaliação da gestão de caixa é diferente em função das diferenças entre os fatores que determinaram o crescimento da NCG.

Na introdução mencionamos os três fluxos que compõem a estrutura da demonstração do fluxo de caixa. A partir de agora trataremos de cada um com mais detalhe para que, você, acadêmico/a, amplie o seu conhecimento sobre o tema.

3 FLUXO DE ATIVIDADES OPERACIONAIS - FAO

São os fluxos que normalmente se referem às atividades principais da entidade, segundo Ferrari (2012), que exemplifica: numa empresa comercial estes fluxos são as atividades ligadas à compra e revenda de mercadorias, incluindo os gastos com despesas comerciais e administrativas. Sua identificação se dá pelas entradas (recebimentos) e pelas saídas (pagamentos), da seguinte forma:

São consideradas entradas:

- os recebimentos de clientes, tanto das vendas à vista, quanto das duplicatas referentes às vendas a prazo;

- os recebimentos de dividendos de participações no capital de outras sociedades;

- os recebimentos de juros de empréstimos concedidos;

- os recebimentos diversos, os quais, por regra geral, não podem ser classificados juntamente com os fluxos de financiamento ou investimento, tais como os recebimentos de aluguéis de imóveis, os recebimentos de seguradoras referentes a sinistros em estoques, recebimentos referentes a ganhos de causa em sentenças judiciais etc.

São consideradas saídas:

- os pagamentos a fornecedores, tanto os referentes às compras à vista, quanto os referentes ao pagamento de duplicatas das compras a prazo;

- os pagamentos de salários a funcionários;

- os pagamentos de tributos e multas;

- o pagamento de juros de empréstimos obtidos etc.

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TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA

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Em relação às normas gerais que regem o Fluxo das Atividades Operacionais, o Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2) – Demonstração dos Fluxos de Caixa – determina o seguinte:

O montante dos fluxos de caixa advindos das atividades operacionais é um indicador chave da extensão pela qual as operações da entidade têm gerado suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar dividendos e juros sobre o capital próprio e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas de financiamento.

Complementa dizendo que os fluxos de caixa advindos das atividades operacionais são basicamente derivados das principais atividades geradoras de receita da entidade e resultam de transações e de outros eventos que compõem a apuração do lucro líquido ou prejuízo, exemplificando:

(I) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços;(II) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;(III) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;(IV) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura, entre outros.

Transações, como a venda de bens do imobilizado, podem resultar em ganho ou perda, que é incluída na apuração do lucro líquido ou prejuízo. Neste caso, os fluxos de caixa relativos a tais transações são fluxos de caixa provenientes de atividades de investimento.

Nota: os ativos imobilizados são fluxos de caixa advindos das atividades operacionais, e os recebimentos de aluguéis e de vendas subsequentes de tais ativos são também fluxos de caixa das atividades operacionais.

Continuando o tema sobre fluxo de caixa, neste caderno será tratado o modelo direto e o modelo indireto.

4 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL

Fluxo de caixa operacional (operating cash flow) é o NOPAT mais a depreciação, explica Silva (2007), que inicialmente esclarece: NOPAT (net operating proft after taxes) é um conceito relativamente simples, que considera somente o lucro líquido operacional após a dedução do imposto de renda. Ainda para efeito do NOPAT, as despesas financeiras são consideradas como decorrentes da estrutura de capitais não sendo tratadas como despesas operacionais.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

NOPAT = EBIT x (1 – Alíquota de IR)

EBIT (Earnings Before Interest and Taxes), ou seja, Lucro Antes dos juros e Imposto de Renda (LAIR)

Exemplo:

Demonstração de Resultado 20XX

Vendas 80.430,00

CPV (40.215,00)

Lucro Bruto 40.215,00

Despesas de salários e encargos (13.719,00)

Despesas gerais (4.875,00)

Despesa de provisão para devedores duvidosos (583,56)

Depreciações (1.693,20)

Despesas financeiras (2.295,00)

Lucro operacional 17.049,24

Provisão para IR (2.557,38)

Lucro Líquido 14.491,86

FONTE: Silva (2007)

Baseados na demonstração dos resultados acima, é possível observar que o lucro operacional foi de R$ 17.049,24 (dezessete mil, quarenta e nove reais e vinte e quatro centavos).

Para apurarmos o EBIT, deveremos somar o lucro antes do imposto de renda que é de R$ 17.049,24 (dezessete mil, quarenta e nove reais e vinte e quatro centavos), mais as despesas financeiras de R$ 2.295,00 (dois mil, duzentos e noventa e cinco reais), que neste caso totaliza R$ 19.344,24 (dezenove mil trezentos e quarenta e quatro reais e vinte e quatro centavos).

Calculando o NOPAT: R$ 19.344,24 x (1 - 0,15) R$ 19.344,24 x 0,85 NOPAT: R$ 16.442,60

QUADRO 42 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA CIA. MISTERIOSA

IMPORTANTE

Para este exemplo considerou-se uma alíquota hipotética de 15%, apenas para fins didáticos, explica o autor (SILVA, 2007).

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TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA

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FCO = NOPAT + Depreciação

FCO = Fluxo de Caixa Operacional

Utilizando-se os dados apurados, teremos:

FCO = 16.442,60 + 1.693,20FCO = 18.135,80

Assaf Neto e Silva (2007, p. 52), ao abordarem o tema fluxo de caixa operacional, explicam que é também conhecido como fluxo de caixa das atividades operacionais. Ele representa basicamente os resultados financeiros no sentido estrito de caixa, isto é, produzidos pelos ativos identificados diretamente na atividade da empresa. Em outras palavras, é possível dizer que é uma medida dos recursos financeiros decorrentes das atividades estritamente operacionais cujos valores são disponíveis em termos de caixa.

Neste sentido, apresentam a seguinte fórmula para cálculo:

FCO = Lucro operacional - IR sobre Lucro Operacional ± despesas e receitas operacionais que não envolvem recursos

Um dos itens gerenciais mais importantes, quando se trata do fluxo de caixa operacional, é o estabelecimento de valores máximos suportáveis pela geração interna de caixa da empresa, de amortização de dívidas. Prosseguem explicando que o cuidado com relação à geração operacional de caixa é indispensável ao equilíbrio financeiro. Outras necessidades de uso do fluxo de caixa operacional como: investimentos para expansão, reposição de ativos, pagamentos de dividendos etc. podem ocorrer e isto altera o volume máximo de captação que poderá ser realizado. (ASSAF NETO; SILVA, 2007, p. 54).

4.1 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL LÍQUIDO

Silva (2007), ao se reportar a fluxo de caixa, analisa o conceito de fluxo de caixa operacional líquido também conhecido por net operating cash flow (OCF) e de fluxo livre de caixa ou free cash flow, e ressalta que esses conceitos diferem dos conceitos utilizados na demonstração do fluxo de caixa (DFC), uma vez que consideram ocorrências que, em termos de caixa, transcendem o exercício social.

A base conceitual do fluxo de caixa é preservada, porém, para atender aos objetivos dos conceitos apresentados, são feitos alguns ajustes.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

4.2 EBITDA

Cavalcante e Associados, em seu boletim nº 226, explicam o que significa EBITDA em inglês e em português. Em inglês quer dizer earnings before interest, taxes, depreciation and amortization. Em português, EBITDA é o lucro antes de juros, imposto de renda, amortização e depreciação, o que quer dizer LAJIDA, ou seja, lucro antes dos juros, imposto de renda, depreciação e amortização.

No mesmo boletim (226), os autores conceituam EBITDA como a geração operacional de caixa da Cia., isto é, quanto a empresa gera de recursos apenas em sua atividade, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. É um importante indicador para avaliar a qualidade operacional da empresa.

LEITURA COMPLEMENTAR

EBITDA – O “CASH-FLOW” DOS PREGUIÇOSOS?

No âmbito da análise das demonstrações financeiras das empresas, uma das variáveis que costumam ser postas em destaque pelas notícias que sintetizam os “números” apresentados pelas empresas é o EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), algo que, em português, se deve designar por Resultado Antes de Impostos, Encargos Financeiros e Amortizações.

Tratando-se de uma medida popular entre alguns (muitos?) analistas e investidores, importa refletir um pouco sobre o que ela representa de fato, ou como deve ser interpretada. A circunstância de uma empresa apresentar um EBITDA mais elevado do que outra, ou mais alto do que no ano anterior, significa, forçosamente, um melhor desempenho e, consequentemente, um bom sinal para o mercado?

Provavelmente, não... Vejamos por quê.

Há quem encare o EBITDA como indicador da capacidade de uma empresa gerar “dinheiro”, antes de reembolsar o capital alheio (“pagar juros”) e de pagar impostos. Se estiver de acordo com esta definição, reflita conosco nas seguintes deficiências do EBITDA:

• ignora os investimentos (em equipamentos, na aquisição de outras empresas etc.) efetuados pela empresa. Estes investimentos podem corresponder a desembolsos incomparavelmente superiores ao propalado montante do EBITDA para um determinado ano;

• não vem em conta a capacidade de a empresa cobrar as suas dívidas (isto é, para o seu cálculo não interessa saber se os clientes pagam à empresa – não constituirá grande novidade dizer que “vender é fácil; já receber é mais difícil”);

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TÓPICO 3 | FLUXO DE CAIXA

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• não considera os níveis de estoques existentes na empresa (quanto mais estoques existirem, maior o capital “empatado”, o que pode ser sintoma de dificuldades comerciais e, mais tarde ou mais cedo, de tesouraria);

• em sentido inverso, esquece que as empresas podem gerar fundos pela simples negociação de melhores condições de pagamento com os seus fornecedores (este ponto é especialmente importante no caso dos “hipermercados” que, como se sabe, tendem a receber a pronto e a pagar a prazo).

No cenário descrito, uma empresa pode apresentar um EBITDA verdadeiramente “astronômico” e nem sequer ter dinheiro para pagar os salários (basta que tenha vendido a clientes que não pagam ou que tenham efetuado avultados investimentos). A tristemente célebre Worldcom é um bom exemplo disso: um investidor que se tenha deixado “guiar” pelo EBITDA, foi enganado pelas “manipulações contabilísticas” efetuadas; um investidor que utilizasse o verdadeiro conceito de “free-cash-flow” (“dinheiro” gerado pela empresa) estaria a salvo dessas habilidades.

Deixemos a exploração do “verdadeiro conceito de free-cash-flow” para outra “conversa”. Para hoje, o que é importante reter é que na Análise Fundamental de uma empresa não há um “indicador milagroso” fácil e rápido de calcular. Para efetuar julgamentos corretos sobre o real desempenho de uma empresa, devem ser utilizados vários indicadores, efetuar comparações no tempo (evolução da empresa) e no espaço (com outras empresas) e nunca esquecer que uma empresa vale pela sua capacidade de gerar dinheiro (e não resultados) para os acionistas.

FONTE: Adaptado de: <http://pt.portaldebolsa.com/pt/stocks/homos.asp?id=144>. Acesso em: 24 nov. 2010.

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Este tópico contempla o fluxo de caixa, assunto relevante para o processo de gestão. Este tema é bastante antigo, porém nunca foi tão evidenciado como na atualidade, principalmente após o advento da Lei nº 11.638/07, que obrigou a publicação anual pelas Cias. Abertas e Grandes Empresas, assim entendidas aquelas com personalidade jurídica Ltda. Este demonstrativo substituiu a demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR). Inicialmente, abordaram-se os conceitos, formas, tipos, setores envolvidos, entre outros. No que diz respeito às formas, abordou-se o seguinte: formas diretas, formas indiretas e internacional. Apresentou-se o modelo de fluxo de caixa pela forma direta, forma indireta e internacional (conforme MARION, 2010). O Tópico 3 contempla ainda: o fluxo de caixa operacional; fluxo de caixa operacional líquido e EBITDA, compostos de conceitos, fórmulas e exemplos.

RESUMO DO TÓPICO 3

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AUTOATIVIDADE

1 O fluxo de caixa pode ser elaborado diretamente a partir da conta:

a) ( ) Empréstimos.b) ( ) Fornecedores.c) ( ) Patrimônio líquido.d) ( ) Disponibilidades. e) ( ) Capital social.FONTE: Zdanowicz (1998)

2 Segundo Zdanowicz (1998), toda vez que o passivo circulante diminuir, por substituição ou por pagamento, tal fato:

a) ( ) Provoca alteração no capital de giro.b) ( ) Aumenta o capital circulante próprio da empresa.c) ( ) Diminui o capital circulante líquido de terceiros.d) ( ) Não provoca alteração no capital circulante líquido. e) ( ) Reduz o capital circulante próprio da empresa.

3 O instrumento que representa o movimento de numerário diário da empresa denomina-se:

a) ( ) Balancete de verificação.b) ( ) Ponto de equilíbrio.c) ( ) Grau de alavancagem.d) ( ) Balanço matricial.e) ( ) Fluxo de caixa. FONTE: Zdanowicz (1998)

4 Há uma redução no capital circulante líquido quando ocorre um/a:

a) ( ) Redução do patrimônio líquido. b) ( ) Aumento do patrimônio líquido.c) ( ) Aumento dos resultados de exercícios futuros.d) ( ) Aumento do passivo exigível a longo prazo.e) ( ) Redução do ativo permanente.FONTE: Zdanowicz (1998)

Assista ao vídeo deresolução da questão 3

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5 Zdanowicz (1998) explica que se verifica um aumento do disponível da empresa quando ocorre um/a:

a) ( ) Aumento do ativo circulante (exceto caixa).b) ( ) Redução do passivo circulante.c) ( ) Aumento do ativo realizável a longo prazo.d) ( ) Diminuição do passivo exigível a longo prazo.e) ( ) Redução do ativo circulante (exceto caixa).

6 Qual é dos itens a seguir que corresponde a uma origem de recursos para a empresa?

a) ( ) Utilização das reservas previamente aprovisionadas pela empresa.b) ( ) Argumento do dimensionamento dos estoques.c) ( ) Integralização de capital social, em dinheiro, pelos sócios. d) ( ) Amortização parcial de financiamentos de longo prazo.e) ( ) Encerramento do exercício social com prejuízo.FONTE: Zdanowicz (1998)

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TÓPICO 4

FATOR DE INSOLVÊNCIA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOAcadêmico/a, fator de insolvência não é um termo muito comum no nosso

vocabulário, até porque sempre desejamos tratar de assuntos positivos, e o fator de insolvência pode nos levar a analisar situações desagradáveis sobre a situação em que a empresa está inserida. No entanto, você precisa conhecer muito bem esse processo porque o/a auxiliará no exercício de sua profissão como contador/a na área gerencial ou até mesmo como consultor/a de empresas, analista bancário/a, entre outras.

O objetivo maior do fator de insolvência é avaliar a saúde da empresa como um todo, bem como conhecer o risco de falência da empresa. Com esta análise, torna-se possível avaliar o grau de solvência de qualquer empresa, possibilitando, com um razoável grau de segurança, detectar com antecedência qual a situação financeira de uma empresa.

Segundo Matarazzo (2010, p. 167), em 1968, Edwards Altman publicou o artigo “Financial ratios, discriminant analysis and the prediction of corporate bankruptcy, no Journal of Finance, dos Estados Unidos, inaugurando uma série incontável de estudos sobre a capacidade preditiva dos índices de balanços em diferentes países”.

O primeiro passo a ser dado é determinar o fator de insolvência e, em seguida, verificar se o valor obtido coloca a empresa em grau de risco ou não.

Segundo Matarazzo (2010), a insolvência de uma empresa ocorre pela incapacidade de pagar suas obrigações, isto é, pela falta de dinheiro em caixa no momento do vencimento de uma dívida, dada a impontualidade a curto prazo.

Ressalta o autor que toda empresa está sujeita à falta de dinheiro, dadas as naturais incertezas e irregularidades da atividade em que atua. Essa carência de moeda é suprida por empréstimos de emergência que a empresa pode obter com bancos, e a curto prazo pode ser suprida pela reformulação de prazos de duplicatas a receber e fornecedores. A falta de dinheiro a curto prazo deve-se aos seguintes motivos: a) desempenho de vendas aquém do esperado; b) falta de controle das despesas; c) prejuízo; d) má administração dos ativos e passivos circulantes; e) excesso de investimento no ativo permanente.

A falta crônica de dinheiro e a perspectiva do agravamento de insuficiência de entradas em caixa é que caracteriza a insolvência, e as soluções que restam são a concordata ou a falência. (MATARAZZO, 2010, p. 181).

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Estes são avisos importantes que devem ser dados ao gestor, para que ele não seja surpreendido com um cenário desastroso e de sua responsabilidade. Portanto, esteja atento/a, pois este tema é de vital importância para quem deseja atuar na área financeira.

2 ANÁLISE DISCRIMINANTE

Segundo Matarazzo (2010), a análise discriminante constitui-se numa técnica estatística que permite indicar se uma empresa pertence à população de solventes ou de insolventes.

O mecanismo de análise discriminante pode ser resumido da seguinte forma: a) escolhem-se dois grupos, denominado de população, que podem ser: empresas insolventes e empresas solventes; b) coletam-se os dados das empresas de cada grupo, para saber se uma empresa se enquadra no grupo de solventes e insolventes.

De forma resumida, a análise discriminante aplicada à análise de balanços, através de indicadores financeiros, indica simultaneamente: I) que índices devem ser utilizados; II) qual peso deve ser atribuído aos índices; III) qual a probabilidade de acertos nas previsões de insolvência do modelo, explica o autor.

3 FÓRMULAS PARA PREVISÃO DE FALÊNCIAS

De acordo com Matarazzo (1994), estudiosos como: Kanitz, Altman, Elizabetsky, Matias e Pereira realizaram aqui no Brasil trabalhos sobre a previsão de falência. O autor demonstrou a fórmula que cada um utilizou e sua forma de aplicação.

3.1 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ

O fator de insolvência é um indicador geral resultante da ponderação de cinco variáveis que podem ser considerados índices parciais. Esses indicadores determinam se a empresa irá situar-se em faixa perigosa ou não, em termos de solvência.

Como base de julgamento do fator de insolvência, Kanitz construiu uma escala de valores para indicação da maior ou menor possibilidade de falência ou concordata da empresa. A escala de valores estabelecida por Kanitz (1978) é a seguinte:

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TÓPICO 4 | FATOR DE INSOLVÊNCIA

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7 --------------------------------------------- :::::::::::::::::::::::::::::::::::: ! :::::::::::::::::::::::::::::::::::: ! INTERVALO DE SOLVÊNCIA :::::::::::::::::::::::::::::::::::: ! (reduzidas possibilidades de falência) :::::::::::::::::::::::::::::::::::: ! :::::::::::::::::::::::::::::::::::: ! :::::::::::::::::::::::::::::::::::: ! :::::::::::::::::::::::::::::::::::: !0 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- / / / / / / / / / / / / / / / / / / ! PENUMBRA / / / / / / / / / / / / / / / / / / ! (situação indefinida) / / / / / / / / / / / / / / / / / / !-3 -------------------------------------------------------------------------------------------------------- xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx ! xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx ! INSOLVÊNCIA xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx ! (propensão à falência) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx ! -7 --------------------------------------------------------------------------------------------------------

O fator de insolvência é um indicador que expressa a faixa de risco em que se encontra a empresa, podendo levá-la a uma situação de extrema dificuldade, se não adotar medida para correção de seu desequilíbrio financeiro e ou incremento da capacidade de geração de lucros.

As cinco variáveis do fator de insolvência de Kanitz (1978) utilizadas na determinação do fator de insolvência com seus respectivos pesos são os seguintes:

FI: X1 + X2 + X3 – X4 – X5

FI = Fator de Insolvência = total de pontos obtidosX1 = LUCRO LÍQUIDO/PATRIMÔNIO LÍQUIDO x 0,05

X2 = LIQUIDEZ TOTAL x 1,65X3 = LIQUIDEZ SECA x 3,55

X4 = LIQUIDEZ CORRENTE x 1,06X5 = EXIGÍVEL TOTAL/ PATRIMÔNIO LÍQUIDO x 0,33

Importante: segundo Kanitz, a análise do índice de solvência permite:

a) descobrir empresas em estado de pré-solvência;

b) descobrir as empresas numa escala de solvência/insolvência, a fim de selecionar clientes prioritários;

c) determinar previsões para a conta “devedores duvidosos“ segundo a probabilidade de insolvência de cada cliente.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Importante: cuidados que devem ser tomados na aplicação do termômetro:

a) o modelo de Kanitz (1978) é destinado à indústria e comércio, portanto é um fato que o analista deverá levar em consideração;

b) as demonstrações financeiras devem refletir a sua real situação financeira e econômica.

IMPORTANTE

Interpretação: este índice é do tipo QUANTO MAIOR, MELHOR.A classificação adotada por Kanitz (1978) foi:FI entre 0 e 7 – intervalo de solvência (reduzidas possibilidades de falência);FI entre 0 e -3 – penumbra (situação indefinida);FI entre -3 e -7 – insolvência (propensão à falência).

FONTE: Krauter, Sousa e Luporini (2010), Kanitz (1978)

No modelo apresentado por Kanitz, há uma região crítica, em vez de um ponto crítico. (MATARAZZO, 1994, p. 246).

3.2 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE ALTMAN

De acordo com Krauter, Sousa e Luporini (2010), em 1979, em parceria com professores da Pontifícia Universidade Católica/RJ, Altman desenvolveu um modelo de previsão de insolvência aplicável a empresas no Brasil. Nesse estudo foi aplicada a técnica de análise discriminante e de regressão múltipla e utilizada uma amostra contendo 58 (cinquenta e oito) empresas de porte semelhante, sendo que 35 (trinta e cinco) empresas não tinham problemas financeiros e 23 (vinte e três) empresas apresentavam problemas financeiros.

Altman (1979) apud Krauter, Sousa e Luporini (2010) desenvolveu dois modelos que apresentamos a seguir:

Z1 = - 1,44 + 4,03 X2 + 2,25 X3 + 0,14 X4 + 0,42 X5Z2 = - 1,84 - 0,51 X1 + 6,32 X3 + 0,71 X4 + 0,53 X5

onde Z1 ou Z2 = total de pontos obtidos.

X1 = ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE/ATIVO TOTALX2 = (RESERVAS + LUCROS ACUMULADOS)/ATIVO TOTAL

X3 = LUCROS ANTES DOS JUROS E IMPOSTOS/ATIVO TOTALX4 = PATRIMÔNIO LÍQUIDO/EXIGÍVEL TOTAL

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TÓPICO 4 | FATOR DE INSOLVÊNCIA

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X5 = VENDAS LÍQUIDAS/ATIVO TOTAL Observação: nesses modelos o ponto crítico é zero.

3.3 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE ELIZABETSKY

Elizabetsky (1976) apud Krauter, Sousa e Luporini (2010) desenvolveu um modelo matemático baseado na análise discriminante, com o objetivo de padronizar o processo de avaliação e concessão de crédito a clientes, tanto pessoas físicas, quanto pessoas jurídicas. A amostra definida e utilizada foi de 373 (trezentas e setenta e três) indústrias do setor de confecção, sendo 274 (duzentas e setenta e quatro) indústrias classificadas como boas e 99 (noventa e nove) indústrias classificadas como ruins. O critério utilizado para classificar as empresas como ruins foi o atraso nos pagamentos. Elizabetsky escolheu empresas do mesmo ramo de atividade em função das diferenças existentes nas empresas de ramos diferentes, explicaram Krauter, Sousa e Luporini (2010).

O modelo desenvolvido foi:

Z = 1,93 X32 – 0,20 X33 + 1,02 X35 + 1,33 X36 – 1,12 X37

onde Z = total dos pontos obtidos.

X32 = LUCRO LÍQUIDO/VENDASX33 = DISPONÍVEL/ATIVO PERMANENTEX35 = CONTAS A RECEBER/ATIVO TOTAL

X36 = ESTOQUES/ATIVO TOTALX37 = PASSIVO CIRCULANTE/ATIVO TOTAL

Observação: nesse modelo, o ponto crítico é 0,5.

IMPORTANTE

Nesse modelo, o ponto crítico é 0,5.Z inferior a 0,5 - empresa insolvente; Z superior a 0,5 - empresa solvente.

FONTE: Krauter, Sousa e Luporini (2010), Pereira (apud SILVA, 2007)

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

3.4 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE MATIAS

Segundo Krauter, Sousa e Luporini (2010), Matias (1978) desenvolveu um modelo de análise discriminante e utilizou uma amostra composta de 100 (cem) empresas, sendo 50 (cinquenta) classificadas como solventes e 50 (cinquenta) como insolventes.

Matarazzo (1994) demonstra o modelo desenvolvido por Matias (1978), conforme segue:

Z = 23,792 X1 – 8,26 X2 – 8,868 X3 – 0,764 X4 – 0,535 X5 + 9,912 X6

onde Z = total dos pontos obtidos.

X1 = PATRIMÔNIO LÍQUIDO/ATIVO TOTALX2 = FINANCIAMENTO E EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS/ATIVO CIRCULANTE

X3 = FORNECEDORES/ATIVO TOTALX4 = ATIVO CIRCULANTE/PASSIVO CIRCULANTE

X5 = LUCRO OPERACIONAL/LUCRO BRUTOX6 = DISPONÍVEL/ATIVO TOTAL

Observação: nesse modelo, o ponto crítico é zero.

IMPORTANTE

Segundo Krauter, Sousa e Luporini (2010), Matias (1979) classificou da seguinte forma:Z inferior a 0 – empresa enfrentando problemas financeiros – insolvente;Z superior a 0 – empresa apresentando situação financeira favorável – solvente.

3.5 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE PEREIRA

De acordo com Krauter, Sousa e Luporini (2010), Pereira (apud SILVA, 2007) criou dois modelos sendo um aplicável a empresas comerciais e o outro a empresas industriais, classificáveis para a concessão de crédito. O autor adaptou estes modelos para prever a situação da empresa em função do tempo.

O modelo 1 indicava a situação da empresa para o exercício seguinte ao período utilizado na análise. E o modelo 2 indicava a situação da empresa para os dois anos seguintes, ao período utilizado na análise.

Os modelos desenvolvidos para a indústria foram:

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TÓPICO 4 | FATOR DE INSOLVÊNCIA

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Z1 = 0,722 – 5,124E23 + 11,016L19 – 0,342L21 – 0,048L26 + 8,605R13 – 0,004R29Z2 = 5,235 – 9,437E3 – 0,010E9 + 5,327E10 – 3,939E13 – 0,681L1 + 9,693R13

onde Z = total de pontos obtidos.

E23 = DUPLICATAS DESCONTADAS/DUPLICATAS A RECEBERL19 = ESTOQUE FINAL/C.M.V.

L21 = FORNECEDORES/VENDASL26 = ESTOQUE MÉDIO/C.M.V.

R13 = LUCRO OPERACIONAL + DESPESAS FINANCEIRAS/ATIVO TOTAL MÉDIO - INVESTIMENTO MÉDIO

R29 = EXIGÍVEL TOTAL/(LUCRO LÍQUIDO + 0,1X IMOBILIZADO MÉDIO + SALDO DEVEDOR DA CORREÇÃO MONETÁRIA*)

Observação: nesse modelo, o ponto de separação é zero.

Para o comércio, segundo Krauter, Sousa e Luporini (2010) e Pereira (apud SILVA, 2007), os modelos são os seguintes:

Z1 = 1,327 + 7,561E5 + 8,201E11 – 8,546L17 + 4,218R13 + 1,982R23 + 0,091R28Z2 = 2,368 – 1,994E5 + 0,138E9 – 0,187E25 – 0,025L27 – 0,184R11 + 8,059R23

onde = E5 = (reservas + lucros acumulados)/ativo totalE9 = (variação do imobilizado)/(lucro líquido + 0,1 x imobilizado médio – saldo

da correção monetária + variação do exigível a longo prazo)E11 = disponível/ativo totalE25 = disponível/ativo permanenteL17 = (ativo circulante – disponível – passivo circulante + financiamentos +

duplicatas descontadas)/vendasL27 = (duplicatas a receber x 360)/vendasR11 = (ativo total médio – salários, tributos e correções médios)/patrimônio

líquido médioR13 = (lucro operacional + despesas financeiras)/(ativo total médio –

investimento médio)R23 = lucro operacional/lucro brutoR28 = (patrimônio líquido/capital de terceiros)/(margem bruta/ciclo financeiro)

IMPORTANTE

* A correção monetária foi extinta pela Lei nº 9.249/95 e entrou em vigor em 1º de janeiro de 1996.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

IMPORTANTE

A classificação adotada em todas as equações é:Z inferior a 0 - empresa enfrentando problemas financeiros – insolvente;Z superior a 0 - empresa enfrentando situação financeira favorável – solvente.FONTE: Krauter, Sousa e Luporini (2010), Pereira (apud SILVA, 2007)

Para ilustrar a técnica de análise discriminante, apresentamos a seguir um quadro com tabela elaborada por estudiosos, no Brasil, cujos resultados apurados foram:

Modelo Empresas solventes classificadas corretamente pelo modelo

Empresas insolventes classificadas corretamente pelo modelo

KANITZ 80% 68%

ALTMAN 83% 77%

ELIZABETSKY 74% 63%

MATIAS 70% 77%

PEREIRA 90% 86%

FONTE: Matarazzo (2010, p. 168)

QUADRO 43 – PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA, SEGUNDO ESTUDIOSOS

Como pode ser observado no quadro, os vários modelos de previsão de insolvência apresentam índices diferentes. A análise realizada por Matarazzo (2010) revela que todos os modelos apresentaram razoável capacidade de classificar corretamente as empresas solventes e insolventes, dentro da amostra utilizada.

Pelo exposto é possível formar a seguinte opinião:

a) que o uso da Análise Discriminante na previsão de insolvência, através das demonstrações financeiras, tem levado a resultados inconsistentes. Variando-se a amostra, chega-se a parâmetros (pesos) e variáveis (índices) completamente diferentes, o que significa dizer que os modelos ou têm vida curta ou variam muito de acordo com a amostra.

b) não convém, portanto, usá-los.

c) os modelos apresentados anteriormente não substituem a análise através dos índices tradicionais e, se utilizados, isso deve ser feito apenas para complementar as conclusões destes últimos.

d) A multiplicação de parâmetros diretamente pelos índices deve ser observada com cuidado, porque ela pode levar a resultados distorcidos, haja vista que os índices decorrem da divisão entre dois valores absolutos e podem variar de menos infinito a mais infinito, distorcendo o fator final. (MATARAZZO, 2010, p. 168-169).

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Este tópico contemplou uma abordagem específica sobre o processo e análise da situação financeira de uma empresa, buscando conhecer se sua situação encontra-se em dificuldade momentânea ou se está insolvente.

De acordo com Krauter, Sousa e Luporini (2010), a palavra insolvente é confundida com dificuldade financeira. A dificuldade financeira é uma situação onde o fluxo de caixa é insuficiente para cobrir obrigações correntes; e a insolvência é a incapacidade de pagar as dívidas. A insolvência pode ser interpretada de duas formas: a) de saldo; b) de fluxo. A insolvência associada a saldos ocorre quando uma empresa possui patrimônio líquido negativo, isto é, o valor do ativo total é menor que o valor das dívidas assim representadas pelo exigível total. A insolvência associada a fluxo ocorre quando os recursos gerados pelas operações são insuficientes para cobrir as obrigações correntes. Em outras palavras é a incapacidade de pagamento das dívidas, explicaram Krauter, Sousa e Luporini (2010).

A busca por assunto específico para expor detalhadamente este tema nos permitiu apresentar os seguintes modelos de previsão de insolvência: modelo de Kanitz, também conhecido como termômetro de Kanitz; modelo apresentado por Altman; fator de insolvência de Elizabetsky; modelo apresentado por Matias e o modelo desenvolvido por Pereira.

Cada autor apresenta detalhadamente as fórmulas, que permitem realizar cálculos e inferir sobre a situação das empresas; entretanto Matarazzo (2010) finaliza apresentando uma tabela comparativa dos resultados dos modelos mencionados anteriormente, oriundos de um trabalho realizado por estudiosos, no Brasil. Estes resultados nos permitem verificar que os resultados apurados são divergentes entre si, entretanto eles são capazes de classificar corretamente as empresas solventes e insolventes, dentro da amostra utilizada. Afirma ainda o autor que os modelos apresentados não substituem a análise através dos índices, apenas servem para complementá-las.

RESUMO DO TÓPICO 4

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AUTOATIVIDADE

1 Os vários modelos de previsão de insolvência têm apresentado:

a) ( ) Perfeita e sólida capacidade de prever falências.b) ( ) Índices completamente incorretos, sendo necessária a utilização de

outros índices.c) ( ) São perfeitos para determinados ramos e imperfeitos para outros.d) ( ) Todos os modelos apresentam razoável capacidade de classificar

corretamente as empresas solventes e insolventes, muito embora os vários modelos de previsão divirjam quanto aos índices utilizados e incluam alguns de pouco significado.

e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.

2 A análise discriminante, segundo Matarazzo (2010), constitui-se numa técnica estatística que permite:

a) ( ) Indicar se uma empresa pertence à população de solventes ou de insolventes.

b) ( ) Indicar quantas empresas entrarão em falência a curto prazo.c) ( ) Indicar os índices que demonstram a capacidade de pagamento.d) ( ) Indicar uma fórmula estatística que apresente as vantagens de trabalhar

com nota.e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.

3 Elizabetsky desenvolveu um modelo matemático baseado na análise discriminante, com o objetivo de:

a) ( ) Padronizar o processo de falências.b) ( ) Padronizar os índices para cada empresa de serviço.c) ( ) Padronizar o processo de avaliação e concessão de crédito a clientes,

tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas.d) ( ) Padronizar o total dos pontos obtidos.e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.

4 Krauter, Sousa e Luporini (2010) apresentaram um conceito de dificuldade financeira que significa:

a) ( ) O prazo médio de compras é muito alto.b) ( ) Ciclo operacional maior que 365 dias.c) ( ) É uma situação onde o fluxo de caixa é insuficiente para cobrir obrigações

correntes.d) ( ) Período de entressafra no processo produtivo.e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.

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5 Os modelos de previsão de insolvência foram desenvolvidos por:

a) ( ) Kanitz.b) ( ) Elizabetsky.c) ( ) Pereira.d) ( ) Matias.e) ( ) Matarazzo.

6 A palavra insolvente é confundida com dificuldade financeira. Pensando nisto, insolvência significa:

a) ( ) O excesso de comprovantes não pagos.b) ( ) A incapacidade de gerar vendas.c) ( ) O prazo médio de pagamento muito elevado.d) ( ) A incapacidade de pagar as dívidas.e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.

7 Elizabetsky desenvolveu um modelo matemático com o objetivo de padronizar o processo de avaliação e concessão de crédito a clientes, tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas. Nesse modelo, o ponto crítico é:

a) ( ) 0,5.b) ( ) zero.c) ( ) - 0,5.d) ( ) 0,3.e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.

8 O fator de insolvência é um indicador geral resultante da ponderação de cinco variáveis que podem ser consideradas índices parciais. Esses indicadores determinam se a empresa irá se situar em faixa perigosa, ou não, em termos de solvência. Segundo Kanitz (1978), o índice de solvência permite algumas ações, sendo assim escreva V para as verdadeiras e F para as falsas:a) ( ) Descobrir empresas em estado de pré-solvência.b) ( ) Descobrir as empresas numa escala de solvência /insolvência, a fim de

selecionar clientes prioritários.c) ( ) Descobrir as empresas deficitárias na área tributária de acordo com cada

tipo de imposto e vencimento.d) ( ) Descobrir as empresas que operam com ciclo financeiro em descompasso

com as vendas.e) ( ) Determinar previsões para a conta “devedores duvidosos“ segundo a

probabilidade de insolvência de cada cliente.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:a) ( ) V - F - F - V - V.b) ( ) V - V - F - V - V.c) ( ) V - F - V - V - F.d) ( ) V - V - F - F - V.e) ( ) V - F - F - F - V.

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9 É correto afirmar que:I - O objetivo maior do fator de insolvência é avaliar a saúde da empresa como

um todo, bem como conhecer o risco de falência da empresa.II - Segundo Matarazzo (2010), a insolvência de uma empresa ocorre pela

incapacidade de pagar suas obrigações. III - Nem toda empresa está sujeita à falta de dinheiro, dadas as naturais

incertezas e irregularidades da atividade em que a empresa atua. IV - A carência de moeda nas empresas é suprida por financiamentos que a

empresa pode obter com bancos.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.

10 É correto afirmar que:I - A falta esporádica de dinheiro e a perspectiva do agravamento de

insuficiência de entradas em caixa é que caracteriza a insolvência.II - Análise discriminante constitui-se numa técnica estatística que permite

indicar se uma empresa pertence à população de solventes ou de insolventes.III - O fator de insolvência é um indicador parcial resultante da ponderação de

cinco variáveis que podem ser considerados índices totais. IV - Indicadores totais determinam se a empresa irá situar-se em faixa perigosa

ou não, em termos de insolvência.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas a alternativa II está correta.d) ( ) Apenas a alternativa III está correta.

11 É correto afirmar que:I - Como base de julgamento do fator de insolvência, Kanitz construiu uma

escala de valores para indicação da menor possibilidade de falência ou concordata da empresa.

II - A escala de valores estabelecida por Kanitz prevê: de 0 a 7 = intervalo de solvência; de 0 a -3 = situação indefinida; de -3 a -7 = insolvência.

III - O fator de insolvência é um indicador que expressa a faixa de risco em que se encontra a empresa.

IV - A insolvência pode levar a empresa a uma situação de extrema dificuldade, se não adotar medida para correção de seu desequilíbrio financeiro.

Assinale a opção correta:a) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.

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12 Segundo Matarazzo (1994), estudiosos como Kanitz, Altmann, Elizabetsky, Matias e outros realizaram aqui no Brasil trabalhos sobre a previsão de falência, e demonstrou a fórmula que cada um utilizou, bem como sua forma de aplicação. Diante do exposto é correto afirmar que:

I - As cinco variáveis do fator de insolvência de Kanitz são X1 + X2 + X3 – X4 – X5.

II - Altman desenvolveu dois modelos de previsão de insolvência cujo ponto crítico é zero.

III - Elizabetsky (1976) desenvolveu um modelo matemático baseado na análise discriminante.

IV - O objetivo do modelo matemático desenvolvido por Elizabetsky (1976) é integrar o processo de avaliação com a concessão de crédito a clientes.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.

13 É correto afirmar que:I - Matias (1978) desenvolveu um modelo de análise matemática para

comprovar a capacidade de pagamento.II - Pereira (apud SILVA, 2007) criou dois modelos de análise para concessão

de crédito sendo um aplicável a empresas comerciais e o outro a empresas industriais.

III - Matarazzo (2010) revela que todos os modelos desenvolvidos para classificar corretamente as empresas solventes e insolventes apresentaram razoável capacidade.

IV - O uso da análise discriminante na previsão de insolvência, através das demonstrações financeiras, tem levado a resultados consistentes.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.

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TÓPICO 5

ALAVANCAGEM FINANCEIRA

E OPERACIONAL

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOAcadêmico/a, iniciaremos a abordagem do tema alavancagem que

contempla conceitos fundamentais relacionados à estrutura de capitais de empresas como suporte para a compreensão da alavancagem financeira (financial leverage), operacional e alavancagem total.

“Um dos aspectos mais importantes do processo de avaliação de uma empresa é o estudo da alavancagem financeira e operacional”, explica Assaf Neto (2009, p. 132). Quando da tomada de decisão financeira na empresa, a expectativa é que ela contribua para elevar o resultado operacional e líquido.

Com a aplicação da alavancagem operacional e financeira na avaliação de uma empresa, é possível conhecer a viabilidade econômica do negócio e conhecer as causas que determinaram eventuais desvios nos resultados.

O autor afirma que a alavancagem financeira permite que se avalie também como o endividamento da empresa está influindo sobre a rentabilidade dos proprietários.

Cardoso et al. (2007, p. 133) corroboram e esclarecem que “a alavancagem operacional corresponde à ponderação entre a variação porcentual de lucro e a variação de volume”, isto quer dizer que a alavancagem operacional indica quantas vezes o lucro aumenta em relação a cada variação de 1% nas vendas.

Tanto o administrador quanto o analista financeiro precisam ter claro esses conceitos. O administrador toma decisões de investimento analisando as expectativas de risco e de retorno inerentes ao objeto de sua apreciação.

Simultaneamente precisa tomar decisões inerentes às fontes de capitais que utilizará para financiar os ativos, que decidirá entre o uso de capitais de terceiros (empréstimos) e de capitais próprios, explica Silva (2010). Esclarece ainda que o conceito de alavancagem está associado à ideia de uma alavanca que, em física, possibilita o deslocamento de um corpo com o uso de uma força menor.

A alavancagem financeira – em administração financeira – tem recebido interpretações diferentes, desde a simples relação entre capitais de terceiros e capitais próprios, denominado de índice de endividamento, até mesmo em

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

processos mais complexos onde é comparado o custo do empréstimo com o retorno propiciado pelos ativos da empresa, considerando o poder aquisitivo da moeda.

A seguir abordaremos de forma mais detalhada a alavancagem financeira.

2 ALAVANCAGEM FINANCEIRA

Alavancagem financeira é a possibilidade de os acionistas da empresa obterem maiores lucros para suas ações, utilizando em volume maior o capital de terceiros, como, por exemplo, empréstimos. (PADOVEZE, 2007).

A alavancagem financeira fundamenta-se nos juros que são custos fixos e que permitem a alavancagem. Como contrapartida negativa, explica o autor, existe o risco financeiro. O fato de os juros serem um custo fixo permite duas possibilidades de alavancagem financeira, que podem ser utilizadas conjuntamente, e as identifica: a) a primeira é decorrente da obtenção de custos de financiamentos de fontes externas, em percentual inferior à rentabilidade oferecida pelos ativos da empresa; b) a segunda alavancagem decorre da natural possibilidade de as empresas aumentarem seu nível de atividade, com vendas e lucros operacionais maiores, e alavancando rentabilidade para os acionistas por manterem fixos os valores pagos ao capital de terceiros.

Padoveze (2007, p. 173) ressalta que a alavancagem financeira decorrente do aumento do volume é similar à alavancagem operacional, e pode até aceitar taxa de juros maiores daquelas admissíveis, desde que os volumes esperados sejam maiores. Quando uma empresa não utiliza capital de terceiros, não existe a possibilidade de alavancagem financeira.

Iudícibus (2007, 109-110) apresenta um exemplo que compara duas empresas distintas.

A empresa A somente se utiliza de capital próprio para financiar o seu ativo e consegue obter um retorno de 20% sobre este ativo. O retorno sobre o patrimônio líquido será de 20% também, pois todo o lado direito do balanço é formado pelo patrimônio líquido, que é igual ao ativo.

A empresa B obtém o mesmo retorno de 20% sobre o ativo, mas, recorrendo a recursos de terceiros, consegue dobrar seu investimento em ativo.

A partir do exposto, apresentam-se três situações distintas para que você possa compreender o que vem a ser alavancagem financeira (veja os quadros a seguir).

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TÓPICO 5 | ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

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Empresa A Empresa B

Ativo R$ 100 R$ 200

Passivo - R$ 100

Patrimônio Líquido R$ 100 R$ 100

Lucros antes dos Juros (retorno do ativo) R$ 20 R$ 40

Despesas de Juros - R$ 20

Lucro após Juros R$ 20 R$ 20

FONTE: Iudícibus (2007, p. 109)

QUADRO 44 – CUSTO DO EMPRÉSTIMO: IGUAL À TAXA DE RETORNO SOBRE O ATIVO

IMPORTANTE

No quadro anterior observa-se que o retorno sobre o patrimônio líquido é idêntico, ou seja, 20%. O empréstimo não gerou benefício ou prejuízo adicional aos acionistas.

Empresa A Empresa B

Ativo (valores iniciais) R$ 100 R$ 200

Passivo - R$ 100

Patrimônio Líquido R$ 100 R$ 100

Lucro Antes dos Juros R$ 20 R$ 40

Despesa de Juros - R$ 10

Lucro Após Juros R$ 20 R$ 30

FONTE: Iudícibus (2007, p. 110)

QUADRO 45 – CUSTO DO EMPRÉSTIMO: INFERIOR À TAXA DE RETORNO SOBRE O ATIVO (CONSIDERE O CUSTO DO EMPRÉSTIMO DE 10%)

IMPORTANTE

A empresa A obteve retorno de 20% sobre o patrimônio líquido;a empresa B, recorrendo ao endividamento, teve retorno de 30% (cálculo sobre o patrimônio líquido inicial).Neste caso, o rendimento dos acionistas aumentou de 20% para 30%, pelo uso do endividamento.

FONTE: Iudícibus (2007, p. 110)

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Empresa A Empresa B

Lucro Antes dos Juros R$ 20 R$ 40

Despesa de Juros - R$ 30

Lucro Após Juros R$ 20 R$ 10

FONTE: Iudícibus (2007, p. 110)

QUADRO 46 – CUSTO DO EMPRÉSTIMO: SUPERIOR À TAXA DE RETORNO SOBRE O ATIVO (DIGAMOS 30%)

NOTA

Neste caso, a obtenção do financiamento foi desvantajosa, porque tivemos um lucro final menor. A empresa A obteve um retorno de 20% e a empresa B obteve um retorno de apenas 10% sobre o patrimônio líquido.O fator fundamental nos três exemplos reside na comparação entre a taxa de retorno o ativo e o custo da dívida. (IUDÍCIBUS, 2007).

Silva (2010) também apresenta sua contribuição sobre a alavancagem financeira e explica que consideraremos a variação percentual no lucro líquido sobre a variação percentual no LAJIR. O grau de alavancagem financeira (GAF) é obtido pela divisão da variação percentual do lucro líquido sobre a variação percentual do LAJIR.

Para maior compreensão, o autor (2010) exemplifica baseado no quadro a seguir:

QUADRO 47 – IMPACTO DECORRENTE DA VARIAÇÃO NA QUANTIDADE

Demonstração do Resultado Pessimista Mais Provável Otimista

Receita de Vendas (R) 160.000 200.000 240.000

Custo variável (VT) -64.000 -80.000 -96.000

Margem de contribuição (MC) 96.000 120.000 144.000

Custos Fixos (F) -35.500 -35.500 -35.500

LAJIR (EBIT) 60.500 84.500 108.500

Juros (J) -12.000 -12.000 -12.000

LAIR (EBT) 48.500 72.500 96.500

Imposto sobre o lucro -16.490 -24.650 -32.810

Lucro líquido 32.010 47.850 63.690

FONTE: Silva (2010)

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TÓPICO 5 | ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

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Se analisarmos o quadro anterior, observamos três cenários. Num cenário mais provável, onde a empresa estima um faturamento de R$ 200.000,00, o lucro da empresa é de R$ 47.850,00. No cenário otimista a empresa espera atingir um faturamento de R$ 240.000,00 e um lucro de R$ 63.690,00.

Neste caso é possível observar que o crescimento do lucro será de 33,1% realizando a seguinte operação:

R$ 47.850,00 100%R$ 63.690,00 ?Então: 63.690,00 x 100 ÷ 47.850,00 = 133,10%.

O autor (2010) afirma que na alavancagem financeira considera-se a variação percentual no lucro líquido sobre a variação percentual no LAJIR.

Se partirmos do princípio que as vendas crescerão 20% e atingirão o valor de R$ 240.000,00 e o LAJIR atingir R$ 108.500,00, o crescimento será de 28,4%, conforme demonstraremos a seguir:

R$ 84.500,00 100%R$ 108.500,00 ?Então:108.500,00 x 100 ÷ 84.500,00 = 128,40%.

Considerando que o GAF é obtido pela divisão da variação percentual do lucro líquido sobre a variação percentual do LAJIR, conforme equação:

GAF = Variação do lucro líquido ÷ variação do LAJIR, teremos o seguinte resultado (SILVA, 2010):

GAF = 33,1% ÷ 28,40% = 1,17.

Se, por outro lado, o resultado tivesse uma redução de 20% nas vendas, o lucro líquido cairia em 33,1%, mantendo o mesmo GAF.

O GAF pode ser obtido através da divisão do LAJIR pelo LAIR, conforme equação (SILVA, 2010):

GAF = LAJIR ÷ LAIR

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Aplicando os valores, temos:

GAF = R$ 84.500,00 ÷ R$ 72.500,00 = 1,77

NOTA: este grau de alavancagem financeira igual a 1,77 está associado a um volume de vendas de R$ 200.000,00 no período.

BALANÇOS

Em T0

Em T1

Ativo Circulante R$ 120 R$ 286

Passivo Circulante - R$ 20

Passivo Exigível a Longo Prazo - R$ 100

Patrimônio Líquido R$ 120 R$ 166

FONTE: Iudícibus (2007, p. 111)

QUADRO 48 – BALANÇOS

2.1 O EFEITO ALAVANCAGEM

Prosseguindo, Iudícibus (2007) complementa o tema “alavancagem financeira” e explica que o significado é “Financial Leverage”, e está correlacionado aos exemplos apresentados.

Quando a alavancagem ou o grau de alavancagem é maior do que 1, o endividamento tem um efeito de alavanca sobre o lucro que é levado para o acionista, puxando para cima a taxa de retorno dos acionistas. Exemplo:

O empréstimo foi obtido imediatamente após o balanço de T0.

O ativo, assim, ficaria igual a R$ 120,00 mais R$ 100,00, que a uma taxa de retorno suposta de 30%, se transformou em R$ 286,00 em T1 (220 x 1,30).

O juro de R$ 20,00 está lançado na dívida de curto prazo e somente é contabilizado em T1. O financiamento está lançado no Passivo Exigível a Longo Prazo.

O lucro do período foi de R$ 166,00 - R$ 120,00 = R$ 46. A taxa de retorno (sobre o patrimônio líquido inicial) é de R$ 46/R$ 120 = 38,33%.

Imaginemos que os R$ 100,00 de recursos tivessem sido supridos por acionistas. O patrimônio líquido inicial (para efeito de análise) ficaria igual a R$ 220,00 e o patrimônio líquido final seria de R$ 286,00, pois não teríamos a despesa

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TÓPICO 5 | ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

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de juros para ser subtraída (nem o PELP – passivo exigível a longo prazo). O lucro, portanto, seria de R$ 66,00. O retorno sobre o patrimônio líquido seria de R$ 66/R$ 220 = 0,30 ou em percentual seria igual a 30% (0,30 x 100).

O grau de alavancagem (GA) é calculado dividindo-se a taxa de retorno obtida, utilizando os empréstimos com aquela que teria sido obtida utilizando capital.

GA = 0,3833/0,30 = 1,28. Esta é a fórmula ideal, porém, ressalta o autor, nem sempre possível de ser utilizada na prática.

O resultado apurado (1,28) indica que os acionistas tiveram um retorno de 28% maior sobre o seu capital inicial investido, do que teriam obtido se tivessem, eles próprios, integralizado mais R$ 100,00. Explica o autor que este resultado a maior deve ser entendido em relação percentual a cada real investido.

3 ALAVANCAGEM OPERACIONAL

A alavancagem operacional é possível de ser realizada, pela presença de custos e despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa, explica Assaf Neto (2009). Esses custos (despesas) não sofrem variação diante de mudanças no volume de atividade, mantendo-se constante no tempo. Exemplo: a depreciação de uma máquina ocorre independentemente de o volume de atividade ter assumido acréscimos ou reduções. O mesmo acontece com o valor de aluguel, salários, despesas de juros de empréstimos e financiamento etc.

Zdanowicz (1998, p. 143) corrobora e explica que o grau de alavancagem operacional (GAO) relaciona a possibilidade em se incrementar o nível de atividade da empresa sem aumentar seu ativo imobilizado, apresentando estabilidade de custos fixos. Complementa o autor que o grau de alavancagem operacional pode ser conceituado como indicador de análise, que relaciona o crescimento esperado dos lucros em função do acréscimo projetado nas vendas. Afirma ainda que a alavancagem operacional é a estratégia utilizada para o aumento do lucro operacional, antes das despesas financeiras, através do incremento do volume produzido e vendido pela empresa no período projetado.

Para Iudícibus (2007, p. 206), o grau de alavancagem operacional pode ser definido como sendo “a variação percentual nos lucros operacionais, relacionada com determinada variação percentual no volume de vendas”.

Fórmula para calcular o grau de alavancagem operacional:

Q = Q(P – V) ou Q = S – VC Q(P – V) – F S – VC – F

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Q = Unidades de ProdutoP = Preço Médio de Venda por Unidade de Produto

V = Custo Variável por Unidade de ProdutoF = Custo Fixo TotalS = Vendas em Reais

VC = Custos Totais VariáveisGAO = Grau de Alavancagem Operacional

Exemplo: Custos fixos = R$ 1.800,00Preço médio unitário de venda a um volume de 300 unidades = R$ 25,00Custo unitário variável = R$ 12,00GAO = 300(25,00 – 12,00) 300(25,00 - 12,00) - 1.800,00

GAO = 3.900 = 1,857 ou 185,7% 2.100

Silva (2010, p. 504-505) também discorre sobre alavancagem operacional, mas explica de forma prática, utilizando como base o disposto no Quadro 47 onde o lucro antes dos juros e impostos (LAJIR) é de R$ 84.500,00 para um cenário mais provável.

Se as vendas crescerem 20% e atingirem o valor de R$ 240.000,00 de receitas de vendas, o LAJIR crescerá de R$ 84.500,00 para R$ 108.500,00, o que representa uma variação positiva de 28,4%.

Na sequência o autor (2010) demonstra o grau de alavancagem operacional – GAO.

GAO = Variação do LAJIR ÷ Variação das vendas

O autor afirma que, dividindo a variação do LAJIR pela variação das vendas, obteremos um grau de alavancagem operacional de 1,42, conforme segue:

GAO = 28,4% ÷ 20,0% = 1,42

Havendo redução de 20% nas vendas, o LAJIR cairá em 28,4%, mantendo o mesmo GAO.

Acadêmico/a, sugiro que você confira os cálculos como exercício prático.

Nota 1: partindo do nível de atividade do cenário mais provável, o GAO pode ser obtido também pela divisão da margem de contribuição (MC) pelo lucro antes dos juros e impostos (LAJIR), ou seja:

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TÓPICO 5 | ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

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GAO = Margem de contribuição ÷ LAJIR

Tomando como base o Quadro 47, temos:

GAO = R$ 120.000,00 ÷ R$ 84.500,00 = 1,42.

Nota 2: o LAJIR corresponde à margem de contribuição total, menos os custos fixos.

4 ALAVANCAGEM TOTALConforme mencionado anteriormente, o Quadro 47 apresenta o impacto

decorrente da variação na quantidade, em três cenários diferentes. O primeiro deles demonstra o resultado sob uma visão pessimista; o segundo deles demonstra sob uma ótica mais provável de realização e o terceiro apresenta o resultado de forma otimista.

Há um desvio de 20% dos cenários otimista e pessimista em relação ao cenário mais provável de realização, que apresenta o faturamento estimado em R$ 200.000,00, e a empresa espera ter um lucro líquido de R$ 47.850. Se porventura o faturamento for superior em 20% e atingir o faturamento em R$ 240.000,00, o lucro será de R$ 63.690,00.

Neste caso o crescimento do lucro será de 33,1%, ou seja, de R$ 47.850,00 para R$ 63.690,00, o que representa um resultado proporcionalmente superior ao crescimento do faturamento.

Deste procedimento temos o grau de alavancagem total (GAT), que é calculado de acordo com a equação (SILVA, 2010):

GAT = Variação do lucro líquido ÷ variação das vendas

O resultado desta divisão será um grau de alavancagem total que neste caso é de 1,66, conforme é demonstrado a seguir pelo autor (2010).

GAT = 33,1% ÷ 20,0% = 1,66

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Se houver uma redução nas vendas da ordem de 20%, o lucro líquido também cairá em 33,1%, mantendo o mesmo GAT.

Acadêmico/a, confira os cálculos como forma de exercitar, se julgar necessário.

O GAT também pode ser obtido pela divisão da margem de contribuição (MC) pelo lucro antes dos impostos (LAIR), ou seja (SILVA, 2010):

GAT = MC ÷ LAIR

Calculando-se teremos:

GAT = R$ 120.000,00 ÷ R$ 72.500,00 = 1,66

Nota: o efeito de alavancagem é obtido em decorrência das características dos custos fixos que se mantêm constantes frente a certos níveis de variação na produção e vendas da empresa. Desse modo, um crescimento de 1% nas vendas da empresa provocará um crescimento de 1,66% no lucro líquido.

Acadêmico/a, como deveremos compor o grau de alavancagem total (GAT)?

Para melhor compreensão, apresentaremos a seguir a equação, segundo Silva (2010):

GAT = GAO X GAF

O grau de alavancagem total é igual ao produto do GAO vezes GAF (SILVA, 2010).

GAT = 1,42 x 1,17 = 1,66

Acadêmico/a, agora você terá a oportunidade de analisar os detalhes do GAT, que o autor (2010) ilustra com a apresentação do quadro a seguir, no qual demonstra o resultado a partir da estrutura de custos e despesas considerando seus componentes variáveis e fixos. Esta forma de cálculo é bastante utilizada e divulgada.

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TÓPICO 5 | ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

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Sua validade está focada sobre o lucro, porém esta não considera de forma direta a estrutura de capitais da empresa. O montante de juros é função da dívida da empresa que decorre da estrutura de capitais e de seus níveis de atividade.

QUADRO 49 – ÁREAS DE ALAVANCAGEM DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Alavancagemoperacional

Receita de Vendas

Alavancagem total(GAT ÷ GAO x GAF)

(-) Custos/despesas variáveis

Margem de contribuição

(-) Custos e despesas fixas

LAJIR

Alavancagemfinanceira

(-) Juros ou despesas financeiras

LAIR

(IR)

Lucro Líquido

FONTE: Silva (2010, p. 507)

Falando em estrutura de capitais, o autor (2010) apresenta duas alternativas hipotéticas de capitais: em uma delas existe dívida de R$ 100.000,00 e patrimônio líquido também de R$ 100.000,00, totalizando R$ 200.000,00, resultando num endividamento de 100%. A outra alternativa não apresenta dívida e parte do princípio de que a empresa utilizaria somente recursos próprios. O quadro a seguir ilustra a situação.

QUADRO 50 – ESTRUTURA DE CAPITAIS E RESULTADOS

1 Estrutura Com dívida Sem dívida

Patrimônio Líquido (PL) 100.000 200.000

Dívida (D) 100.000 0

ATIVO TOTAL (AT) 200.000 200.000

2 Resultado Com dívida Sem dívida

LAJIR (EBIT) 84.500 84.500

Juros (J) -12.000 0

LAIR (EBT) 72.500 84.500

Imposto sobre o lucro (34%) -24.650 - 28.730

LUCRO LÍQUIDO (LL) 47.850 55.770

FONTE: Silva (2010, p. 507)

Nota: a parte dois do quadro anterior apresenta os dados da demonstração do resultado a partir do LAJIR, onde as duas alternativas apresentariam valores iguais. Esses valores estão associados ao Quadro 47, que utilizou a alternativa

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

com dívida como ponto de partida para o desenvolvimento dos cálculos relativos à alavancagem a partir da estrutura de gastos.

Na alternativa “com dívida”, a empresa apresenta despesas de juros no valor de R$ 12.000,00, que corresponde a uma taxa de 12%. Os juros aparecem após o LAJIR. A alternativa sem dívida apresenta um lucro líquido maior, no valor de R$ 55.700,00, enquanto que na alternativa com dívida o lucro é menor, totalizando R$ 47.850,00.

Nota: a alíquota de imposto sobre o lucro, para fins deste exercício, é de 34%.

Pelo exposto, pergunta-se:

• É conveniente a utilização de capitais de terceiros a um custo de 12%?

O pagamento dos juros reduz o lucro da empresa, conforme demonstra o Quadro 50.

Logo: o valor absoluto do lucro não é suficiente para responder à questão. Portanto, o autor (2010) explica que precisamos recorrer a alguns indicadores financeiros para avaliar os resultados relativos às duas condições. O quadro a seguir apresenta alguns indicadores.

QUADRO 51 – ALGUNS INDICADORES

Indicadores Com dívida Sem dívida

LAJIR sobre ativo total (LAJIR ÷ AT) 42,25% 42,25%

LAIR sobre ativo total (LAIR ÷ AT) 36,25% 42,25%

Retorno sobre ativos (ROA) 27,885% 27,885%

LL sobre PL (LL ÷ PL = ROE) 47,85% 27,885%

FONTE: Silva (2010, p. 508)

Nota: os indicadores constantes no quadro anterior foram extraídos do Quadro 50, conforme demonstra o autor (2010), a seguir:

LAJIR ÷ AT= R$ 84.500,00 ÷ R$ 200.000,00 = 42,25%

O LAIR é um totalizador que vem após os juros e, portanto, reflete o custo da dívida, mostrando um valor diferente, em que a alternativa “sem dívida” não deve apresentar juros.

Desta forma teremos:

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LAIR com dívida ÷ AT = R$ 72.500,00 ÷ R$ 200.000,00 = 36,25%LAIR sem dívida ÷ AT = R$ 84.500,00 ÷ R$ 200.000,00 = 42,25%

O ROA que é decorrente da capacidade dos respectivos gerarem lucro, independente da estrutura de capitais utilizada pela empresa, é igual para as duas alternativas apresentadas (com dívida e sem dívida).

O ROA é um indicador que deve refletir a comparação entre o lucro após a sua tributação e o total de ativos necessários para geração desse lucro.

Considerando que a alternativa “sem dívida” não apresenta gastos com juros, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) daquela alternativa é também o retorno sobre ativos (ROA).

Partindo desta explicação temos:

ROA = R$ 55.770,00 ÷ R$ 200.000,00 = 27,885%

O ROA pode ser calculado também a partir da alternativa “com dívida” através da seguinte equação, conforme Silva (2010):

ROA = [LL + J (1 – T)] ÷ AT

Partindo desta equação temos:

ROA = [47.850,00 + 12.000,00 (1 – 034)] ÷ 200.000,00 = 27,885%.

Nota: o ROE é maior na alternativa com dívida. Assim, se a empresa não utilizar recursos de terceiros, terá um lucro líquido de R$ 55.700,00 que corresponde a 27,885% do patrimônio líquido de R$ 200.000,00. Por outro lado, se a empresa utilizar R$ 100.000,00 de capital de terceiros, obterá um lucro líquido de R$ 47.850,00, que corresponde a 47,85% do patrimônio líquido de R$ 100.000,00.

Acadêmico/a, para a sua melhor compreensão apresentamos a seguir o quadro que demonstra o lucro obtido de R$ 47.850,00 na alternativa com dívida.

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QUADRO 52 – COMPOSIÇÃO DO RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Composição do Retorno sobre o Patrimônio Líquido

Retorno dos ativos (ROA) vezes o PL: 0,27885 x R$ 100.000,00 R$ 27.885,00

Ganho adicional provocado pela dívida, que é a diferença entre o retorno dos ativos (ROA) e o custo da dívida após o efeito da tributação, vezes o

valor da dívida:[0,27885 – 0,12 x (1-0,34)] x 100.000,00

R$ 19.965,00

Lucro Líquido (LL) R$ 47.850,00

Patrimônio Líquido (PL) R$ 100.000,00

Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) = LL/PL 47,85%

FONTE: Silva (2010, p. 509)

Silva (2010) afirma que, se utilizarmos a alternativa “com dívida” e dividirmos o seu retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) pelo retorno sobre o ativo (ROA), obteremos o GAF:

GAF = ROE ÷ ROA

Logo: GAF = 47,85% ÷ 27,885 = 1,72

Nota: o uso de capitais de terceiros propiciou um ROE 72% maior, comparativamente à alternativa de uso exclusivo de recursos próprios. Isto decorre do fato de o custo da dívida [12% x (1 – 0,66) = 7,92%] ser inferior ao rendimento gerado pelo ativo (27,885%). Portanto, o uso da dívida elevou o retorno para os acionistas ou quotistas em 72%.

A seguinte equação possibilita o cálculo do GAF:

LL PL

GAF= LL + J(1 – T)AT

Aplicaremos a equação acima, para conferir o cálculo do GAF:

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TÓPICO 5 | ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

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GAF = (47.800,00 ÷ 100.000,00) ÷ {[(47.850,00 + 12.000,00 (1 – 0,34)] ÷ 200.000,00} = 1,72.

O numerador da equação corresponde ao ROE, que é de 47,85%, enquanto o denominador expressa o ROA, que é de 27,885%. O “T” corresponde à alíquota de tributação sobre o lucro.

Acadêmico/a, no Quadro 50, que trata da estrutura de capitais foi abordado o imposto sobre o lucro e utilizada uma alíquota de 34% e o grau de alavancagem financeira de 1,72. (SILVA, 2010).

A seguir analisaremos uma situação hipotética com alíquota de imposto sobre os lucros (T) de 20% para avaliarmos o efeito da tributação sobre o lucro no grau de alavancagem financeira, mantendo constantes as demais condições, conforme pode ser observado no quadro a seguir, elaborado para este fim.

QUADRO 53 – ESTRUTURA DE CAPITAIS E RESULTADO COM IR DE 20%

Patrimônio Líquido (PL) R$ 100.000,00 R$ 200.000,00

Dívida (D) R$ 100.000,00 0

ATIVO TOTAL (AT) R$ 200.000,00 R$ 200.000,00

Resultado Com dívida Sem dívida

LAJIR (EBIT) R$ 84.500,00 R$ 84.500,00

Juros (J) - R$ 12.000,00 0

LAIR (EBT) R$ 72.500,00 R$ 84.500,00

Imposto sobre lucro (20%) - R$ 14.500,00 - R$ 16.900,00

LUCRO LÍQUIDO (LL) R$ 58.000,00 R$ 67.600,00

ROE (LL÷ PL) 58,0% 33,8%

FONTE: Silva (2010, p. 510)

Nota: reduzindo a alíquota de tributação sobre o lucro, de 34% (conforme exemplificado no Quadro 50) para 20%, o ROE se eleva para 58% com a utilização de dívida de R$ 100.000,00. Utilizando apenas capital próprio para financiar os ativos, o ROE também subiu para 33,8%.

A seguir apresentamos o grau de alavancagem financeira com a nova alíquota de IR.

GAF = (58.000,00 ÷ 100.000,00) ÷ {[(58.000,00 + 12.000 (1 – 0,2)] ÷ 200.000,00} = 1,72.

Nota: independente da alíquota de tributação sobre o lucro, o resultado do GAF foi o mesmo, ou seja, de 1,72, nas duas condições tributárias, isto é, com tributação de 34% ou de 20%.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

Considerando que a mudança da alíquota de tributação sobre os lucros no grau de alavancagem financeira (GAF) não interferiu no resultado, este pode ser obtido a partir da seguinte equação, conforme Silva (2010):

LAJIR + (LAJIR – TJ) x D GAF= AT ( AT ) PL

LAJIRAT

Acadêmico/a, para que você tenha maior compreensão sobre este tema tão relevante na sua formação profissional, aplicaremos os valores sobre a equação anterior, extraídos do Quadro 50:

Calculando o LAJIR ÷ AT, temos = 84.500,00 ÷ 200.000,00 = 0,4225

GAF = {0,4225 + [(0,4225 - 0,12) x (100.000 ÷ 100.000)]} ÷ 0,4225 = 1,72

Sugerimos que você reveja os cálculos realizados para fixar melhor o assunto, que não termina aqui. Complementamos o tema abordando cenários econômicos, grau de alavancagem e risco, sobre o que o autor (2010) ressalta o seguinte: o uso de capitais de terceiros pode levar a duas direções principais, ou seja, elevar ou reduzir o ROE.

Entre os fatores determinantes de seu impacto, temos: I) a comparação entre o ROA e o custo da dívida; II) o risco financeiro que o volume de dívida pode representar; III) o nível de atividade econômica, isto é, as variações que possam ocorrer nas vendas.

Apresenta-se a seguir um quadro que demonstra uma situação hipotética em que o volume de capital de terceiros represente percentuais de: 0, 10, 30, 50, 70 e 90%.

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TÓPICO 5 | ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL

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QUADRO 54 – EVOLUÇÃO DO GAF PELO CRESCIMENTO DA DÍVIDA

% de dívida 0% 10% 30% 50% 70% 90%

Patrimônio Líquido 200.000 180.000 140.000 100.000 60.000 20.000

Dívida (capital de terceiros) 0 20.000 60.000 100.000 140.000 180.000

ATIVO TOTAL 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000

LAJIR (EBIT) 84.500 84.500 84.500 84.500 84.500 84.500

JUROS 0 -2.400 -7.200 -12.000 -16.800 -21.600

LAIR (EBT) 84.500 82.100 77.300 72.500 67.700 62.900

Imposto sobre o lucro -28.730 -27.914 -26.282 -24.650 -23.018 -21.386

LUCRO LÍQUIDO 55.770 54.186 51.018 47.850 44.682 41.514

Indicadores

ROE 27,89% 30,10% 36,44% 47,85% 74,47% 207,57%

GAF 1,08 1,31 1,72 2,67 7,44

FONTE: Silva (2010, p. 512)

O autor (2010) afirma ainda que, com 10% do ativo financiado com capital de terceiros, a empresa apresentaria um ROE de 30,10% e seu GAF seria da ordem de 1,08. Com 90% de capitais de terceiros, sendo do PL apenas R$ 20.000,00, a empresa obteria um lucro de R$ 41.514,00 e alcançaria um ROE de 207,57%. Nesse nível de endividamento, o GAF seria de 7,44.

Pelo exposto pergunta-se:

Deveria a empresa utilizar a maior participação possível de capitais de terceiros?

Resposta: NÃO.

Não deveria porque à medida que o endividamento da empresa cresce seu risco aumenta, seu rating de crédito piora, os credores cobrarão maiores taxas de juros e exigirão garantias nas operações. Chegará a um limite de endividamento em que os credores não estarão dispostos a fornecer empréstimos ou financiamentos para a empresa, mesmo que as taxas de juros possam ser muito elevadas.

Até agora Silva (2010) se manteve otimista. E se o cenário fosse desfavorável e houvesse uma queda significativa nas vendas, da ordem de 70%, e o LAJIR fosse reduzido a R$ 500,00? Qual seria o efeito no GAF e também no risco da empresa?

Para que haja melhor compreensão, utilizamos o quadro a seguir que demonstra uma situação desfavorável e destaca a evolução do GAF pelo crescimento da dívida.

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UNIDADE 3 | GESTÃO FINANCEIRA

QUADRO 55 – EVOLUÇÃO DO GAF E O CRESCIMENTO DA DÍVIDA

% DE DÍVIDA 0% 10% 30% 50% 70% 90%

Patrimônio Líquido 200.000 180.000 140.000 100.000 60.000 20.000

Dívida 0 20.000 60.000 100.000 140.000 180.000

ATIVO TOTAL 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000 200.000

LAJIR (EBIT) 500 500 500 500 500 500

JUROS 0 -2.400 - 7.200 - 12.000 - 16.800 - 21.600

LAIR (EBT) 500 -1.900 - 6.700 - 11.500 - 16.300 - 21.100

Imposto s/ o lucro -170 646 2.278 3.910 5.542 7.174

LUCRO LÍQUIDO 330 -1.254 - 4.422 - 7.590 - 10.758 - 1.926

INDICADORES

ROE 0,165% - 0,697% - 3,159% - 7,590% - 17,930% - 69,630%

GAF - 4,22 - 19,14 - 46,00 -108,67 - 422,00

FONTE: Silva (2010, p. 514)

O quadro mostra de forma transparente que o resultado líquido da empresa seria positivo se ela trabalhasse exclusivamente com o capital próprio, que é a condição em que o retorno ROE seria de 0,165%, um nível de retorno não compensador. À medida que o índice de dívida aumenta, seu prejuízo cresce e, portanto, seu risco e seu rating também piorarão.

Como pode ser observado no quadro anterior, o GAF passa a impactar negativamente, evoluindo de -4,22 para uso de 10% de dívida, e chegando a -422 quando a dívida atinge 90% do ativo total.

Cabe observar: este resultado ainda “está otimista”, pois está admitindo a possibilidade de um crédito de imposto decorrente do prejuízo. Tudo decorreu do fato de que houve uma queda no ROA decorrente da queda das vendas da empresa, afetando o retorno, o risco e também o GAF.

Acadêmico/a, como não tivemos a intenção de esgotar o assunto, acreditamos ter abordado o conteúdo relevante para aplicação prática no exercício profissional. Entretanto recomendamos que você não deixe de ampliar seu conhecimento e experiência teórica através da prática de leitura especializada no tema como um todo, mas, sobretudo, em estrutura de capitais. A seguir apresentamos um resumo sobre o Tópico 5 que permitirá uma análise rápida do conteúdo apresentado.

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Este tópico contemplou um item relevante dentro do processo de análise de balanços. Trata-se de um tema amplo e muito importante para o gestor, todavia não temos a pretensão de esgotá-lo. O grau de alavancagem teve origem no princípio da alavanca da Física. Para o estudo do grau de alavancagem, é necessário ter conhecimento prévio da estrutura de custos, os pontos de fechamento e ruptura do mesmo. O grau de alavancagem é também conhecido pela expressão inglesa leverage. É um indicador utilizado pelas empresas para realizar o planejamento de lucros. Existem três tipos assim denominados: 1) alavancagem operacional; 2) alavancagem financeira; 3) alavancagem total ou combinada. Neste estudo foi abordada a alavancagem financeira e a operacional.

O grau de alavancagem operacional relaciona a possibilidade em se incrementar o nível de atividade da empresa sem aumentar seu ativo imobilizado, apresentando estabilidade de custos fixos, daí a necessidade de ter conhecimento em custos. Alavancagem financeira é a possibilidade de os acionistas da empresa obterem maiores lucros para suas ações, utilizando em volume maior o capital de terceiros, assim entendidos os empréstimos etc. A alavancagem financeira está fundamentada nos juros que são custos fixos e que permitem a alavancagem. A alavancagem não tem apenas pontos positivos. Como ponto negativo existe o risco financeiro. As alavancagens financeira e a operacional podem ser utilizadas conjuntamente. Observou-se através deste estudo que, quando a alavancagem ou o grau de alavancagem é maior do que 1, o endividamento tem um efeito de alavanca sobre o lucro que é levado para o acionista, puxando para cima a taxa de retorno dos acionistas. Por fim queremos ressaltar a alavancagem total ou combinada que trabalha com três cenários: um considerado o mais provável de realização, o outro considerado pessimista e, por fim, o cenário otimista. Toda a parte teórica abordada está acompanhada de exercício prático para que você tenha o melhor aproveitamento possível do assunto. Não deixe de aproveitar esta riqueza que preparamos. Bom estudo!

RESUMO DO TÓPICO 5

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AUTOATIVIDADE

1 Se o aumento no resultado for mais do que proporcional ao realizado no nível de atividade, isso caracteriza:

a) ( ) Análise de técnica.b) ( ) Alavancagem operacional.c) ( ) Alavancagem financeira.d) ( ) Margem de contribuição.e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.FONTE: Zdanowicz (1998)

2 Qual é o grau de alavancagem operacional da empresa A, ao nível de 300 u.f./ano?

a) ( ) 0,5b) ( ) 1,2c) ( ) 0,8d) ( ) 1,0e) ( ) 3,0FONTE: Zdanowicz (1998)

3 A finalidade da alavancagem financeira é estudar se a utilização do capital de terceiros, a uma determinada taxa média de encargos, contribui para o aumento ou a redução da taxa de retorno do:

a) ( ) Custo.b) ( ) Ponto de equilíbrio.c) ( ) Investimento.d) ( ) Capital de terceiros.e) ( ) Capital próprio.FONTE: Zdanowicz (1998)

4 Se o grau de alavancagem financeira for menor que a unidade, é possível afirmar que a taxa:

a) ( ) De juros é maior que a taxa de retorno dos capitais totais.b) ( ) De retorno dos capitais próprios é maior que a taxa de juros.c) ( ) Média de encargos é igual à taxa de retorno dos capitais de terceiros.d) ( ) De retorno dos capitais próprios é maior que a taxa de retorno dos

capitais de terceiros.e) ( ) De juros é maior que a taxa de retorno dos capitais próprios. FONTE: Zdanowicz (1998)

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5 Os recursos financeiros aplicados no ativo pela empresa B foram originados por R$ 1.800,00 de capital próprio e R$ 1.200,00 de capital de terceiros.

Informações complementares:- Vendas totais R$ 2.500,00- Despesas financeiras R$ 500,00- Custos operacionais R$ 1.000,00- Despesas operacionais R$ 600,00OBS.: utilizar a alíquota de 30% para o cálculo da PIR.

Calcule o grau de alavancagem financeira da empresa B.a) ( ) 1,28b) ( ) 0,50c) ( ) 0,21d) ( ) 0,76e) ( ) 0,33

6 Utiliza-se esse instrumento de avaliação para medir a eficiência com que a empresa emprega os recursos financeiros provenientes de terceiros e dos acionistas. A assertiva refere-se ao (à):

a) ( ) Grau de alavancagem operacional.b) ( ) Ponto de ruptura.c) ( ) Grau de alavancagem combinada.d) ( ) Grau de alavancagem financeira.e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.FONTE: Zdanowicz (1998)

7 É correto afirmar que:I - Silva (2010) ressalta que, dividindo a variação do LAJIR pela variação das

vendas, obteremos o grau de alavancagem operacional. II - O LAJIR corresponde à margem de contribuição total, menos os custos

fixos. III - Partindo do nível de atividade do cenário mais provável, o GAO pode ser

obtido também pela divisão da margem de contribuição (MC) pelo lucro líquido.

IV - O GAT é calculado pela divisão da variação do lucro líquido com a variação das vendas.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

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8 É correto afirmar que:I - O efeito de alavancagem é obtido em decorrência das características dos

custos fixos que se mantêm constantes frente a certos níveis de variação na produção e vendas da empresa.

II - O grau de alavancagem total é igual ao produto do GAO vezes GAT.III - A margem de contribuição e os custos e despesas fixas são parte da

alavancagem operacional.IV - Os juros ou despesas financeiras e IRRF são parte da alavancagem financeira.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas.

9 É correto afirmar:I - O LAIR é um totalizador que vem após os juros e, portanto, reflete o custo

da dívida, mostrando um valor diferente, em que a alternativa “sem dívida” não deve apresentar juros.

II - O ROA é um indicador que deve refletir a comparação entre o lucro após a sua tributação e o total de ativos necessários para geração desse lucro.

III - O ROA, que é decorrente da capacidade de os respectivos ativos gerarem lucro, depende da estrutura de capitais utilizada pela empresa.

IV - Fatores determinantes do impacto da alavancagem: a comparação entre o ROI e o custo da dívida e o risco financeiro que o volume de dívida pode representar.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I, II e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.

10 É correto afirmar:I - O grau de alavancagem operacional foi definido como a variação monetária

nos lucros operacionais, relacionada com a variação monetária no volume de vendas.

II - A alavancagem operacional não pode ser realizada pela presença de custos e despesas fixos na estrutura de resultados de uma empresa.

III - O grau de alavancagem operacional (GAO) relaciona a possibilidade de se incrementar o nível de atividade da empresa sem aumentar seu ativo imobilizado, apresentando estabilidade de custos fixos.

IV - O administrador toma decisões de investimento analisando as expectativas de risco e de retorno inerentes ao objeto de sua apreciação.

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Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.

11 É correto afirmar:I - Com a aplicação da alavancagem operacional e financeira na avaliação de

uma empresa é possível conhecer a viabilidade econômica do negócio e conhecer as causas que determinaram eventuais desvios nos resultados.

II - A alavancagem operacional corresponde à diferença monetária entre a variação de lucro e a variação de volume.

III - A alavancagem operacional indica quantas vezes o lucro aumenta em relação a cada variação de 1% nas vendas.

IV - A alavancagem financeira fundamenta-se nos juros que são custos fixos e que permitem a alavancagem.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.

12 É correto afirmar:I - A alavancagem financeira decorrente do aumento do volume não é similar

à alavancagem operacional, porque não aceita a taxa de juros maior daquela admissível, desde que os volumes esperados sejam maiores.

II - A alavancagem operacional é a estratégia utilizada para o aumento do lucro operacional, antes das despesas financeiras.

III - O grau de alavancagem (GA) é calculado, dividindo-se a taxa de retorno dos investimentos com aquela que teria sido obtida através do ROA.

IV - Quando a alavancagem ou o grau de alavancagem é maior do que 1, o endividamento tem um efeito de alavanca sobre o lucro que é levado para o acionista.

Assinale a opção CORRETA:a) ( ) Apenas as alternativas II e IV estão corretas.b) ( ) Apenas as alternativas II, III e IV estão corretas.c) ( ) Apenas as alternativas I, III e IV estão corretas.d) ( ) Apenas as alternativas I, II e III estão corretas.

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