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2017 METODOLOGIA DE ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS Prof.ª Giandra Anceski Bataglion

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2017

Metodologia de ensino de atividades aquáticas

Prof.ª Giandra Anceski Bataglion

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Copyright © UNIASSELVI 2017

Elaboração:

Prof.ª Giandra Anceski Bataglion

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

613.707B328m Bataglion, Giandra Anceski

Metodologia de ensino de atividades aquáticas / Giandra Anceski Bataglion. Indaial: UNIASSELVI, 2017.

226 p. : il

ISBN 978-85-515-0126-9

1. Educação Física – Estudo e Ensino.I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

Impresso por:

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III

apresentação

Prezado acadêmico!

Este livro de estudos foi desenvolvido pela professora Giandra Anceski Bataglion, que possui graduação no curso de Licenciatura em Educação Física e mestrado em Educação Física, ambos pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Didaticamente este livro é organizado em três unidades, que atendem à ementa da disciplina. A ementa preconiza que sejam abordados conteúdos teórico-práticos da natação, apresentando procedimentos para o ensino, o planejamento, a organização e a execução de programas para a familiarização ao meio líquido, o aperfeiçoamento, o treinamento e a melhoria do desempenho.

Ao término dos estudos, espera-se que o acadêmico tenha desenvolvido conhecimentos acerca do processo de ensino-aprendizagem da natação e compreenda a mecânica dos diferentes tipos de nado, bem como as regras da natação de competição, estando aptos a utilizar estes conhecimentos na atuação profissional.

Para tanto, na Unidade 1, você aprenderá aspectos históricos e fundamentos básicos da natação como a propriedade da água, respiração, flutuação e mergulhos. Além disso, a unidade abordará a familiarização à natação, apresentando elementos da adaptação ao meio líquido e das atividades aquáticas recreativas.

Na Unidade 2, o enfoque será na aprendizagem dos nados crawl e costas, contemplando os princípios da pernada, da braçada, da respiração, da coordenação e das saídas e viradas do nado costas, além de aspectos históricos de ambos os nados.

Por fim, a Unidade 3 trata do histórico e de princípios técnicos dos nados peito e borboleta. Ademais, a unidade expõe as regras competitivas da natação.

Bons estudos!Prof.ª Giandra

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IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

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V

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VI

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VII

UNIDADE 1 - METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS ...................1

TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À NATAÇÃO .....................................................................................31 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................32 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA NATAÇÃO .............................................................5

2.1 A NATAÇÃO NO BRASIL ...........................................................................................................62.1.1 O Brasil nas Olimpíadas ......................................................................................................8

3 BENEFÍCIOS DA NATAÇÃO ..........................................................................................................124 ADAPTAÇÃO AO MEIO LÍQUIDO ...............................................................................................17

4.1 CARACTERÍSTICAS DO CONTATO COM O MEIO LÍQUIDO ............................................184.2 ASPECTOS FÍSICOS E FISIOLÓGICOS .....................................................................................184.3 ASPECTOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS ...................................................................................194.4 ASPECTOS TÉCNICOS ................................................................................................................194.5 ASPECTOS PEDAGÓGICOS .......................................................................................................20

RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................23AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................25

TÓPICO 2 - FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADESDA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHO .........................................................291 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................292 PROPRIEDADES DA ÁGUA ...........................................................................................................29

2.1 HIDRODINÂMICA .......................................................................................................................292.1.1 Viscosidade ............................................................................................................................302.1.2 Propulsão ...............................................................................................................................302.1.3 Temperatura ..........................................................................................................................31

2.2 HIDROSTÁTICA ..........................................................................................................................312.2.1 Densidade relativa ...............................................................................................................322.2.2 Pressão hidrostática ..............................................................................................................33

3 FLUTUAÇÃO .......................................................................................................................................333.1 CENTRO DE GRAVIDADE E A FLUTUAÇÃO ........................................................................343.2 O EQUILÍBRIO NA FLUTUAÇÃO .............................................................................................343.3 ASPECTOS PEDAGÓGICOS PARA O ENSINO DA FLUTUAÇÃO .....................................35

4 RESPIRAÇÃO......................................................................................................................................365 MERGULHOS .....................................................................................................................................39RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................43AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................45

TÓPICO 3 - NATAÇÃO RECREATIVA .............................................................................................491 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................492 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E DO COMPONENTE LÚDICO PARA A NATAÇÃO RECREATIVA ..............................................................................513 ATIVIDADES LÚDICAS/RECREATIVAS EM AMBIENTE AQUÁTICO ..............................544 NATAÇÃO RECREATIVA A PARTIR DO MÉTODO HALLIWICK .......................................64RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................66AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................67

suMário

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VIII

UNIDADE 2 - METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS ...................71

TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO AOS NADOS CRAWL E COSTAS ................................................731 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................732 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO NADO CRAWL .....................................................753 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO NADO COSTAS ...................................................77RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................78AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................79

TÓPICO 2 - NADO CRAWL ................................................................................................................831 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................832 POSICIONAMENTO DO CORPO .................................................................................................84

2.1 O ALINHAMENTO HORIZONTAL .........................................................................................842.2 ALINHAMENTO LATERAL .......................................................................................................86

2 PERNADA ............................................................................................................................................872.1 FASE DESCENDENTE ..................................................................................................................892.2 FASE ASCENDENTE ....................................................................................................................89

3 BRAÇADA ...........................................................................................................................................893.1 FASE AÉREA ..................................................................................................................................90

3.1.1 Saída da mão .........................................................................................................................903.1.2 Recuperação ...........................................................................................................................903.1.3 Entrada da mão na água ......................................................................................................91

3.2 FASE AQUÁTICA ..........................................................................................................................923.2.1 Extensão .................................................................................................................................92 3.2.1.1 Posição inicial ............................................................................................................92 3.2.1.2 Posição final ...............................................................................................................923.2.2 Agarre .....................................................................................................................................92 3.2.2.1 Postura inicial ............................................................................................................92 3.2.2.2 Postura final ...............................................................................................................933.2.3 TRAÇÃO ................................................................................................................................93 3.2.3.1 Posição Inicial ............................................................................................................93 3.2.3.2 Posição final ...............................................................................................................943.2.4 Empurre .................................................................................................................................94 3.2.4.1 Fase inicial ..................................................................................................................95 3.2.4.2 Fase final .....................................................................................................................95

4 RESPIRAÇÃO......................................................................................................................................954.1 INSPIRAÇÃO .................................................................................................................................964.2 EXPIRAÇÃO ...................................................................................................................................96

5 COORDENAÇÃO ...............................................................................................................................975.1 COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS ....................................................................................97

5.1.1 Coordenação de alcance ou distância por braçada ..........................................................975.1.2 Coordenação de superposição ............................................................................................98

5.2 COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇOS E RESPIRAÇÃO ............................................................985.3 COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS E PERNAS ...............................................................995.4 COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS E O TRONCO..........................................................99

6 SAÍDAS E VIRADAS .........................................................................................................................1006.1 SAÍDA DE AGARRE ....................................................................................................................1006.2 SAÍDA DE TRACK OU DE ATLETISMO ...................................................................................1026.3 SAÍDA DE COMPETIÇÃO ...........................................................................................................1046.4 VIRADA OLÍMPICA DO CRAWL ...............................................................................................108

RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................113AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................115

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IX

TÓPICO 3 - NADO COSTAS ..............................................................................................................119 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1192 POSICIONAMENTO DO CORPO .................................................................................................1193 PERNADA ............................................................................................................................................1204 BRAÇADA ...........................................................................................................................................120

4.1 ENTRADA ......................................................................................................................................1204.2 APOIO OU PRIMEIRA VARREDURA PARA BAIXO .............................................................1214.3 TRAÇÃO OU PRIMEIRA VARREDURA PARA CIMA...........................................................1224.4 FINALIZAÇÃO OU SEGUNDA VARREDURA PARA BAIXO .............................................1244.5 SEGUNDA VARREDURA PARA CIMA ....................................................................................1254.6 RECUPERAÇÃO ............................................................................................................................127

5 RESPIRAÇÃO......................................................................................................................................1276 COORDENAÇÃO ...............................................................................................................................127

6.1 A COORDENAÇÃO NOS MOVIMENTOS DE BRAÇOS PERNAS NO NADO COSTAS .....................................................................................................1286.2 A COORDENAÇÃO NOS MOVIMENTOS DOS BRAÇOS NO NADO COSTAS ..............1286.3 A COORDENAÇÃO NOS MOVIMENTOS DAS PERNAS NO NADO COSTAS ...............129

7 SAÍDAS E VIRADAS .........................................................................................................................1297.1 A SAÍDA DO NADO COSTAS ....................................................................................................1297.2 VIRADA DO NADO COSTAS .....................................................................................................134

RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................137AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................138

UNIDADE 3 - METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO ..................................................143

TÓPICO 1 - NADO PEITO ..................................................................................................................1451 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1452 PERNADA DO NADO PEITO .........................................................................................................146

2.1 FASE DE VARREDURA PARA FORA ........................................................................................1462.2 FASE DE VARREDURA PARA DENTRO ..................................................................................1472.3 FASE DE SUSTENTAÇÃO E DESLIZAMENTO.......................................................................1482.4 FASE DE RECUPERAÇÃO ..........................................................................................................148

3 BRAÇADA DO NADO PEITO ........................................................................................................1493.1 FASE DE APOIO DA BRAÇADA OU VARREDURA PARA FORA ......................................1493.2 TRAÇÃO OU VARREDURA PARA DENTRO ........................................................................1513.3 RECUPERAÇÃO ...........................................................................................................................151

4 RESPIRAÇÃO NO NADO PEITO ..................................................................................................1515 COORDENAÇÃO NO NADO PEITO ...........................................................................................152

5.1 COORDENAÇÃO BRAÇOS/PERNAS ......................................................................................1526 ESTILOS DE NADO PEITO .............................................................................................................152

6.1 ESTILO PLANO OU CONVENCIONAL ...................................................................................1536.2 ESTILO ONDULANTE, GOLFINHO OU EUROPEU .............................................................153

7 SAÍDA DO NADO PEITO ................................................................................................................1538 VIRADA DO NADO PEITO ............................................................................................................155RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................157AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................158

TÓPICO 2 - NADO BORBOLETA ......................................................................................................1631 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1632 POSICIONAMENTO DO CORPO NO NADO BORBOLETA .................................................1633 PERNADA NO NADO BORBOLETA ............................................................................................1654 BRAÇADA NO NADO BORBOLETA ............................................................................................166

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X

4.1 ENTRADA ......................................................................................................................................1664.2 FASE APOIO OU VARREDURA PARA FORA .........................................................................1664.3 FASE DE TRAÇÃO OU VARREDURA PARA DENTRO ........................................................1674.4 FASE DE FINALIZAÇÃO OU VARREDURA PARA CIMA ...................................................1684.5 FASE DE RECUPERAÇÃO ..........................................................................................................169

5 RESPIRAÇÃO NO NADO BORBOLETA ......................................................................................1706 COORDENAÇÃO NO NADO BORBOLETA ...............................................................................170

6.1 COORDENAÇÃO BRAÇOS/PERNAS NO NADO BORBOLETA .........................................1707 SAÍDA NO NADO BORBOLETA ...................................................................................................171

7.1 APROXIMAÇÃO ...........................................................................................................................1727.2 TOQUE/ROTAÇÃO/IMPULSO E DESLIZAMENTO ..............................................................1727.3 MOVIMENTOS INICIAIS DO NADO ......................................................................................172

8 VIRADA NO NADO BORBOLETA................................................................................................172RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................175AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................176

TÓPICO 3 - REGRAS COMPETITIVAS ...........................................................................................1811 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1812 AS REGRAS PARA COMPETIÇÕES DE NATAÇÃO .................................................................181RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................216AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................223

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UNIDADE 1

METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo dessa unidade você será capaz de:

• conhecer a história da natação;

• conhecer a história da natação no Brasil;

• conhecer a história do Brasil nas Olimpíadas;

• diferenciar os termos natação e nadar;

• identificar os benefícios da natação para os seres humanos;

• compreender aspectos da adaptação ao meio líquido;

• entender as propriedades da água;

• aprender os fundamentos da flutuação, da respiração e dos mergulhos;

• estudar a natação recreativa;

• compreender a importância do brincar e do lúdico para a natação recreativa;

• conhecer atividades lúdicas/recreativas para o ambiente aquático;

• estudar a natação recreativa a partir do método Halliwick.

Essa unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

TÓPICO 2 – FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

TÓPICO 3 – NATAÇÃO RECREATIVA

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TÓPICO 1UNIDADE 1

INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

A prática de atividades físicas regulares tem sido enfatizada como um componente indispensável para a manutenção de um estilo de vida ativo e saudável, pois resultam em benefícios biopsicossociais aos que as praticam (NAHAS, 2006).

Neste sentido, a natação é considerada por muitos autores como um dos exercícios mais completos, quer pelos seus efeitos terapêuticos, quer pelos benefícios utilitários ou pela ludicidade que o meio aquático proporciona. Todos são unânimes em afirmar que a água é um excelente meio auxiliar para o desenvolvimento global do ser humano. Através da natação, o indivíduo poderá melhorar o desenvolvimento total do corpo, incluindo a coordenação motora, a força muscular, a resistência dos sistemas cardiovascular e respiratório, bem como o seu nível geral de atitude. Neste sentido, a natação, ou as atividades aquáticas, são objeto de estudo em muitas vertentes, por exemplo, a educativa, a terapêutica, a desportiva e a recreativa. Devido a este fato, existe uma diversidade muito ampla de definições e metodologias descritas sobre o assunto em questão.

Reis (1983 apud DAMASCENO, 1992, p. 22) define a natação como "a técnica de deslocar-se na água, por intermédio da coordenação metódica de certos movimentos", e nadar "como se deslocar na água a seu nível ou através da força e adaptações naturais do próprio nadador". Para Andries Junior (2008, p. 30), “entendemos que o nadar se refere a formas variadas e diversificadas de manifestação do sujeito na água; essas manifestações têm aspectos culturais e mudam de um lugar para outro, não têm intenção de resultados esportivos. Já a natação carrega um caráter esportivo, busca através de movimentos técnicos e preestabelecidos, resultados e vitória”. Para Araújo Júnior (1993), nadar e natação também significam ação, exercício, arte, autopropulsão e autossustentação, mas deve-se acrescentar a isso o respeito pela individualidade, espontaneidade, criatividade e liberdade, fazendo com que a natação solicite exercícios tanto no aspecto físico quanto no intelectual, o que torna o processo de aprendizagem uma única unidade.

Alguns autores preferem adotar a definição da natação mais voltada para o esporte de alto rendimento, o qual está sempre atrás de um melhor desempenho e tempos cada vez menores. Assim, para Damasceno (1992, p. 19), “a natação é um desporto estruturado e regulamentado que busca obter registros de tempo cada vez mais inferiores através de um treinamento metódico, individualizado e

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

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específico, supondo-se para o mesmo fim, pelo menos, o domínio apropriado das técnicas, conhecimento de ritmo, além de urna boa preparação física”. Bonacelli (2004, p. 82) diz que "a natação competitiva busca, preferivelmente, o rendimento na luta contra o cronômetro, no excesso de treinamento, visando uma adaptação superior na padronização dos movimentos".

Em relação à metodologia de ensino da natação, a diversidade entre os autores continua. De acordo com Damasceno (1992), o primeiro manual de aprendizagem da natação foi escrito por Nikolaus Wynmann em 1538. Depois disso, surgiram muitos outros trabalhos, produzindo uma grande diversidade sobre o assunto. Hoje em dia, muitos autores defendem a ideia de que o processo de aprendizagem da natação deve ser iniciado com a adaptação dos alunos ao meio líquido, para depois serem ensinados os nados propriamente ditos. Nesta direção, Andries Junior (2008) entende que o homem, como os animais, tem as suas habilidades naturais dentro das atividades físicas, sendo-lhe, de um modo geral, relativamente fácil correr, saltar, trepar e arremessar.

Para o nadar essa facilidade não acontece, pois isso é uma habilidade adquirida, sendo preciso que se passe por um processo de adaptação e aprendizagem. Conforme Damasceno (1992), as adaptações na terra são bem diferentes das adaptações na água e, por isso, o homem deve passar por um novo processo de adaptação das estruturas de base para aprender a nadar. De acordo com Andries Júnior (2008), as fases que se deve dominar antes de iniciar a aprendizagem dos nados são: os primeiros contatos com a água, a respiração, a flutuação, a propulsão e a entrada na água. Após estas fases é que serão introduzidos os nados propriamente ditos.

Todavia, “nadar” não é apenas o nadar indo e vindo, numa piscina artificial e regulamentada, tal qual é ensinado e treinado nas escolas e nos clubes em geral. A natação é muito mais que nadar rapidamente em linha reta, é a múltipla, pura e simples relação com a água e com o próprio corpo. De acordo com Burkhardt e Escobar (1985), deve-se compreender a natação como contribuição no processo de educação integral dos indivíduos. Além disso, os autores salientam que o movimento humano sistematizado em exercícios terapêuticos, definidos como movimento do corpo ou das partes do corpo para aliviar sintomas ou melhorar as funções, é prática secular em diversas civilizações para corrigir problemas variados, como postura, respiração e equilíbrio mental.

Para Catteau e Garoff, (1990, p. 61), “saber nadar é ter resolvido, quantitativamente, em qualquer eventualidade, o triplo problema que se coloca permanente: melhor equilíbrio, melhor respiração e melhor propulsão, no elemento líquido". E continua: "Praticar a natação é ter gosto e a possibilidade, ou ainda a obrigação de expressar-se no elemento líquido, dentro de uma certa periodicidade, tomando consciência das próprias limitações e capacidade de progresso, propondo-se um ou mais objetivos e escolhendo a maneira de executá-los".

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

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Todos os exercícios físicos podem ser considerados uma necessidade aos seres humanos, porém a natação é considerada uma abrangente atividade física e formativa, pois possibilita a superação do medo e da insegurança, funcionando como agente modificador de comportamento. Isto porque a natação trabalha, sobremaneira, com as emoções. Uma das emoções evidentes é o medo. A pedagogia tradicional da natação considera que um estado emocional particular, o medo, acompanha necessariamente o primeiro ou os primeiros contatos do aprendiz de natação com a água. Se existe uma área na qual a ênfase tenha sido sempre colocada às emoções, é certamente a da natação (MAZARINI, 1992).

Por ser uma atividade altamente recreativa, quer seja pelo seu aspecto lúdico que tanto bem-estar proporciona aos seus participantes, permitindo obter a inteira cooperação de alunos, habitualmente, com muitos medos e tensão, a natação tem sido um elemento fundamental no desenvolvimento social dos indivíduos, especialmente das crianças e jovens. Todavia, a natação não é só uma excelente forma de exercícios e recreação, mas, também, um meio de sobrevivência. É essencial, quando se ensina a natação, ganhar a confiança do aluno e permitir-lhe muitas oportunidades para que ele esteja cômodo e relaxado na água. Com as instruções adequadas e com a prática, o indivíduo pode aprender a utilizar a natação com prazer através de sua vida. Há oportunidades ilimitadas para que os indivíduos participem da natação por meio de competições ou somente por entretenimento e recreação.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA NATAÇÃO

A natação é um dos esportes mais antigos praticados pelo homem. Historicamente, pode-se inferir que a natação era praticada desde a Pré-História e por absoluta necessidade utilitária. O homem buscava seu alimento nos rios e nos mares, em momentos de perigo, buscava refugiar-se transpondo cursos d'água ou talvez permanecendo nele, e é bem possível também que tenha se utilizado da influência saudável e higiênica que ela traz, e a usasse para se banhar (PÁVEL; FERNANDES FILHO, 2004). Pressupõe-se, a partir desta informação, que os homens primitivos estavam sempre próximos aos rios e que, em algum momento, pescando, caçando ou com finalidades locomotivas, eles entravam na água e se deslocavam dentro dela. Pode-se falar, assim, da existência de um nado primitivo, como mostra um desenho encontrado em uma gruta do deserto da Líbia, de aproximadamente 9000 anos, representando a arte de nadar (ANDRIES JÚNIOR, 2008).

Povos como os sumérios, os babilônicos e os assírios, que tinham como base econômica a agricultura, davam preferência para a vida próxima aos rios, onde tinham terra mais fértil. Sendo assim, pode-se dizer que estes povos deram continuidade ao processo de nadar, como comprova uma pintura mural etrusca do século IV a.C., que mostra uma pessoa mergulhando de uma encosta para a água. Ainda há dados na arqueologia que demonstram que na Índia, há 5000 anos

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

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a.C., já existiam piscinas aquecidas (ANDRIES JÚNIOR, 2008). De acordo com o autor, por volta de 3200 a.C., se desenvolveu a civilização egípcia às margens do rio Nilo, que era usado como meio de transporte. Há registros deste povo em hieróglifos, mostrando uma pessoa nadando em movimentos alternados de braços e pernas, sugerindo o nado crawl.

No período clássico surge a civilização grega, considerada como sendo o berço da civilização ocidental, entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, possuindo um litoral navegável e excelentes portos naturais. Com o grande número de guerras e possuindo tantos mares e rios como obstáculos naturais para invadir novos territórios, a natação era utilizada na Grécia e em Roma como parte do treinamento dos soldados do império (ANDRIES JÚNIOR, 2008). O autor ainda completa: "Platão acreditava que quem não sabia nadar não era educado. Em Roma, a natação era vista como símbolo de distinção social; era ensinada às crianças".

Durante muitos anos, na Idade Média, a natação deixou de ser praticada, pois se acreditava que o que realmente importavam eram as coisas do espírito. A valorização do corpo somente retoma suas forças durante o Renascimento, tendo como fator de disseminação dessa ideia o aspecto educativo do movimento (ANDRIES JÚNIOR, 2008).

Enquanto exercícios terapêuticos na água, as atividades em meio líquido encontram-se mencionadas em obras tão antigas como a de Aureliano, da Roma Antiga no final do século V, na qual o autor recomenda a natação no mar ou em nascentes quentes, e a do médico Jacques Delpcch (1777-1838), que escreveu sobre a correlação postural com aparelhos e enfatizou o valor da natação para a coluna vertebral, a saber: quando o corpo flutua na posição horizontal, o peso deixa de estar colocado sobre a coluna vertebral. A densidade e a temperatura da água são mais convenientes que as do ar. Com ação, semelhante a remo, dos braços, há uma verdadeira, embora ligeira, tração sobre a coluna vertebral ao longo do seu eixo (BURKHARDT; ESCOBAR, 1985).

A natação se organizou na Inglaterra em 1837, quando foi realizada a primeira competição pela Sociedade Britânica de Natação, tendo como único estilo: o peito. Nas Olimpíadas, a natação teve papel de destaque junto ao atletismo e, em 1896, em Atenas, foram disputadas provas de nado crawl e peito. Em 1904, o nado costas foi incluído, e o borboleta surgiu em 1940, como uma evolução do nado peito (ANDRIES JUNIOR, 2008).

2.1 A NATAÇÃO NO BRASIL

De acordo com Krug e Magri (2012), há indícios de que, há muitos anos, os índios que habitavam determinadas regiões do Brasil utilizavam a natação, apresentando-se como ótimos nadadores e canoeiros. Em 1557, quando Mem

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

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de Sá desembarcou no Brasil, foi atacado por índios da retaguarda e, ao tentar contra-atacá-los, os mesmos fugiram para o mar valendo-se do nado. Ocorreu, então, um combate sobre as águas. Os índios de Felipe Camarão caçavam os seus adversários a nado, o que favorecia as suas lutas no meio aquático.

Podemos perceber que os nossos primeiros habitantes se valiam dos

recursos naturais existentes para sobreviver, utilizando-se daquilo que lhes era disponível, ou seja, da caça e pesca para alimentação; das cavernas e vegetação para abrigo; dos rios para não só matar a sede como, também, para a natação. Pela utilidade que esta prática representava, passou a fazer parte da própria vida, sendo incorporada aos costumes tribais da época (ARAÚJO JÚNIOR, 1993). Partindo-se dessa visão histórica da natação, pode-se perceber que a filosofia que nos orienta tem muito a ver com uma prática que, antes de ser utilitária, é saudável e possibilita, certamente, a uma grande massa de comunidade, momentos de recreação e lazer com a utilização do meio líquido (ARAÚJO JÚNIOR, 1993).

Há uma lenda que envolve a história da natação no Brasil, se trata da lenda de Moema, a saber: “Diogo Álvares Correa naufragou ao norte da Baía de Todos-os-Santos, e foi capturado pelos indígenas. Sobreviveu porque estes o acharam muito magro. Enquanto os índios o deixavam engordar, chegou certo dia um barril à praia. Diogo encontrou nele uma espingarda e matou um pássaro. Com este feito, os índios chamaram-no de Caramuru (Homem do Fogo). Tratado com distinção, casou-se com Paraguassu, filha do cacique. Entretanto, uma das índias da aldeia, Moema, havia se apaixonado por ele. Mais tarde, Caramuru foi para a Europa com a esposa, mas, muitas índias, que por ele haviam se apaixonado, seguiram a embarcação a nado. Moema foi uma delas e o seguiu até morrer” (KRUG; MAGRI, 2012, p. 65).

Em termos oficiais, há registros da inserção da natação no Brasil a partir de 31 de julho de 1897. Nesta data, os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo fundaram a União de Regatas Fluminense, no Rio de Janeiro. Posteriormente, sua nomenclatura foi alterada para Conselho Superior de Regatas e Federação Brasileira das Sociedades do Remo. No ano seguinte ao da sua fundação, em 1898, o Clube de Natação e Regatas promoveu o primeiro campeonato brasileiro, na distância aproximada de 1.500 metros, entre a fortaleza de Villegaignon e a praia de Santa Luzia. Esta prova foi repetida até 1912. Em 1913, na Enseada de Botafogo, a Federação Brasileira de Sociedade de Remo promoveu a primeira competição; Abraão Saliture foi o campeão nos 1.500 metros de nado livre. Também foram realizadas as provas de 100 metros para estreantes, 600 metros para sêniores e 200 metros para juniores (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1915 foi inserida a prova de 600 metros no Campeonato Carioca de

Natação e a partir de 1916, a Confederação Brasileira de Desportos começou a patrocinar o Campeonato Brasileiro de Natação. Em 1920 foi realizada a primeira competição com seis provas olímpicas, na qual os cariocas foram os campeões. Em 1919, foi inaugurada a primeira piscina de competições no Brasil, sendo esta a do Fluminense, no Rio de Janeiro. Em 1923, surgiram, em São Paulo, a

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Associação Atlética de São Paulo e o Clube Atlético Paulistano. Antes disso, os cariocas nadavam na enseada de Botafogo e os paulistas no rio Tietê (KRUG; MAGRI, 2012).

Desde 1908, quando Abraão Saliture venceu as provas de 100 e de 500 metros em Montevidéu, o Brasil ocupou lugar de destaque na natação da América do Sul, mantendo esta posição por muitos anos. Em 1919, os brasileiros venceram quatro provas no primeiro Campeonato Sul-americano, realizado no Rio de Janeiro. Em 1929, esta competição foi oficialmente regularizada, ocorrendo em 1941 em Viña del Mar, em 1950, em Montevidéu, e em 1952 em Lima, nas quais o Brasil empatou seus resultados com a Argentina. Em 1954, a competição aconteceu em São Paulo e em 1960 em Cáli, em ambas, o Brasil foi campeão na categoria masculino. Em 1935, 1941 e 1946, a competição foi realizada no Rio de Janeiro, em 1947 em Buenos Aires, em 1954 em São Paulo e em 1958 e 1960 em Cáli. Nestas sete disputas, o Brasil foi campeão na categoria feminino. Faz-se importante ressaltar que Maria Lenk (1915-2007) foi a primeira mulher sul-americana a participar de uma olimpíada, sendo grande incentivadora da modalidade de natação e precursora do nado borboleta e do nado sincronizado no Brasil (KRUG; MAGRI, 2012).

Hoje, a natação é um dos esportes mais praticados no Brasil, tendo, aproximadamente, 65 mil atletas federados. No país, a modalidade era controlada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), porém, em 1977 a confederação foi desfeita. No dia 21 de outubro deste mesmo ano foi criada a Confederação Brasileira de Natação (CBN), que ficou até 1988, ano em que foi fundada a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) (MASSAUD, 2004).

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A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) responde pelos quatro esportes olímpicos: a natação, o polo aquático, o nado sincronizado e os saltos ornamentais. Além disso, responde pela natação em águas abertas, as chamadas “travessias”. A CBDA é uma entidade que abrange 27 federações, 1.171 clubes filiados e 640 eventos anuais (MASSAUD, 2004).

2.1.1 O Brasil nas Olimpíadas

O Brasil começou a participar das provas de natação, nas Olimpíadas, a partir de 1920, na Antuérpia. Nestas Olimpíadas, a delegação brasileira foi composta por 21 atletas, adquirindo destaque na prova de tiro. Em 1924, as Olimpíadas foram realizadas em Paris e o Brasil possuía uma delegação composta por 11 pessoas, porém, estas competiam nas provas apenas nos momentos de

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folga da Exposição Universal. Em 1928, nas Olimpíadas de Amsterdam, o Brasil não participou em decorrência da crise financeira do país (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1932, nas Olimpíadas de Los Angeles, o Brasil ficou em sétimo lugar, no revezamento 4x100 metros, com a equipe composta pelos atletas Isaac Novaes, Manuel Vilar, Benevenuto Nunes e Manuel Silva. Nesta edição das Olimpíadas, Maria Lenk, brasileira, foi a primeira mulher sul-americana a participar de uma olimpíada. Participaram da delegação 58 nadadores, dos quais, 45 viajaram até Los Angeles em um navio mercante e 13 viajaram por conta própria. Na composição da equipe estavam atletas como Havelange, Foisselle, Lenk, Novaes e De Paula (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1936, em Berlim, Piedade Coutinho ficou em quinto lugar na prova dos 400 metros livre; Willy Otto Jordan conquistou o sexto lugar nos 200 metros nado peito e a equipe de revezamento 4x200 metros masculino, composta por Sérgio Rodrigues, Willy Otto Jordan, Aram Boghossian e Rolf Kestner, ficou em oitavo lugar. A equipe de revezamento 4x100 metros nado livre feminino, composta por Piedade Coutinho, Talita Rodrigues, Maria Angélica Leão da Costa e Eleonora Schimidt, ficou com o sexto lugar (KRUG; MAGRI, 2012).

Destaca-se que, em 1939, na preparação para as Olimpíadas, Maria Lenk bateu o recorde mundial nas provas de 400 metros e 200 metros nado peito. Contudo, a Olimpíada não aconteceu devido à Segunda Guerra Mundial. A próxima edição das Olimpíadas aconteceu em 1948, na cidade de Londres, na Inglaterra. Neste ano, o Brasil contou com uma delegação composta por 73 atletas. Piedade Coutinho conquistou a vitória nos 200 metros nado peito, 12 anos após a sua primeira participação nas Olimpíadas de 1936. Em 1952, as Olimpíadas ocorrem em Helsinque, na Finlândia, e o Brasil participou com uma delegação de 112 atletas. Um destes, Tetsuo Okamoto, mais conhecido como “Peixe Voador”, se destacou pela conquista do terceiro lugar nos 1.500 metros nado livre. Sobre a Olimpíada de 1956, que foi realizada em Melbourne, na Austrália, não há registro das informações sobre os resultados da delegação brasileira (49 atletas que participaram dos jogos) (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1960, na Olimpíada de Roma, na Itália, Manuel dos Santos conquistou o terceiro lugar nos 100 metros livres após uma chegada polêmica devido à batida de mãos de forma simultânea com outro nadador, o qual ficou com o segundo lugar. Como o Brasil não tinha tradição de bons resultados na natação, era previsto que, em vista do ocorrido, o nadador brasileiro ficaria com o terceiro lugar. Em 1961, Manuel dos Santos bateu recorde mundial dos 100 metros livres. Contudo, este recorde foi considerado irregular por muitas pessoas devido à alta concentração de sal na água, superior ao limite permitido nas piscinas. Neste mesmo ano, o atleta foi campeão em Tóquio, no Japão, superando os maiores velocistas do mundo. Em seguida, em Osaka, Manuel dos Santos percorreu 100 metros em 55 segundos, o melhor tempo já alcançado em competições até aquela época. Em 20 de setembro do mesmo ano, no Clube Regatas Guanabara, no Rio de Janeiro, o atleta nadou 100 metros em 53,6 segundos, marcando um novo recorde

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mundial. Este tempo permaneceu como recorde mundial até 1964, quando o francês Alain Gottvales percorreu 100 metros em 52,9 segundos (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1964, os Jogos Olímpicos aconteceram em Tóquio, no Japão. O Brasil participou com uma delegação composta por 69 integrantes, contudo, não apresentou resultados expressivos. Em 1968, nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, no México, o Brasil contou com uma delegação de 82 integrantes, obtendo o quarto lugar na prova de 100 metros nado peito. Em 1972, nas Olimpíadas de Munique, na Alemanha, o Brasil participou com 12 atletas da natação, entre eles, destacam-se José Sylvio Fiolo, de 22 anos, Cristina Bassani, de 13 anos, e Rui Aquino, de 19 anos. Fiolo almejava, após os Jogos Olímpicos, cursar Educação Física e nadar nos Estados Unidos, porém, ao retornar da Olimpíada, estava com idade avançada em relação aos adversários. Fiolo conquistou o sexto lugar nos 100 metros nado peito e o quinto lugar no revezamento 4x100 metros medley (KRUG; MAGRI, 2012).

Na Olimpíada de 1976, que ocorreu em Montreal, no Canadá, o Brasil conquistou o quarto lugar nos 400 e nos 1.500 metros livres com o nadador Djan Madruga. Em 1980, os Jogos Olímpicos foram realizados em Moscou, na União Soviética, onde os nadadores brasileiros Cyro Delgado, Marcus Matioli, Jorge Fernandes e Djan Madruga conquistaram a medalha de bronze na prova de 4x100 metros livre. Em 1984, na Olimpíada realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos da América, Ricardo Prado conquistou o segundo lugar nos 400 metros medley e o quarto lugar nos 200 metros costas. Em 1988, em Seul, na Coreia, o Brasil participou, porém, não conquistou vitórias expressivas (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, na Espanha, Gustavo Borges conquistou a medalha de prata nos 100 metros nado livre. Em 1996, em Atlanta, o mesmo atleta de natação conquistou a medalha de bronze para o Brasil nos 100 metros livre e a medalha de prata nos 200 metros livre. Nesta mesma Olimpíada, o atleta Fernando Scherer obteve a medalha de bronze para o Brasil nos 50 metros livre (KRUG; MAGRI, 2012).

No ano 2000, nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, o atleta Gustavo Borges, do Brasil, conquistou a medalha de bronze no revezamento 4x100 metros livre, tornando-se um dos maiores esportistas da história do país, pois foi o primeiro brasileiro a conquistar quatro medalhas olímpicas. Entretanto, Gustavo Borges ficou de fora da final da prova dos 100 metros livre, que era a sua especialidade. Nesta mesma Olimpíada, Fernando Scherer, também atleta de natação brasileiro, teve uma contusão no tornozelo durante o seu treinamento, conquistando apenas a medalha de bronze no revezamento 4x100 metros livre em companhia de Edvaldo Valério, Carlo Jaime e Gustavo Borges. Nos 50 metros livre, Fernando Scherer não se classificou para a semifinal. O atleta também disputou o revezamento 4x100 metros medley, não conseguindo vaga para a semifinal (KRUG; MAGRI, 2012).

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Ainda nas Olimpíadas de 2000, em Sydney, Rogério Romero, aos 31 anos, disputou a sua quarta olimpíada, chegando à final e conquistando o sétimo lugar. Apontado como a maior revelação da natação brasileira, Alexandre Massura não conseguiu repetir, em Sydney, o bom resultado que havia tido no Pan-Americano de Winnipeg. Nas duas provas de que participou, 100 metros costas, sua especialidade, e revezamento 4x100 medley, não conseguiu chegar à prova final. Leonardo Costa, por sua vez, no Pan-Americano de 1999, ganhou o ouro, garantindo a sua vaga na Olimpíada de 2000, nos 200 metros costas. O atleta fez o tempo de 1min59s33, em Winnipeg, batendo o americano Aaron Peirson, que era o atual líder do ranking. Em Sydney, o norte-americano deu o troco e o brasileiro não chegou à final nas duas provas que disputou, 200 metros costas e revezamento 4x200 metros nado livre. Luiz Lima ficou em sexto lugar nas eliminatórias dos 400 metros livre e em 18o nas eliminatórias dos 1.500 metros livre. Edvaldo Valério, revelação do Troféu José Finkel, aparece como a esperança brasileira para as próximas Olimpíadas. Seu bom desempenho assegurou a medalha de bronze no revezamento 4x100 metros livres. Nas outras provas de que participou, 50 metros livre e revezamento 4x200 metros nado livre, não se saiu muito bem e foi eliminado na fase classificatória. Fabíola Molina, a única representante feminina da natação brasileira nas Olimpíadas de Sydney, foi eliminada na fase classificatória dos 100 metros borboleta e dos 100 metros costas. Carlos Jaime fez uma boa prova no revezamento 4x100 metros livre e conquistou a medalha de bronze para o Brasil. Eduardo Fischer nadou o estilo peito no revezamento 4x100 metros medley, além dos 100 metros peito, mas não conseguiu passar da fase classificatória em ambas. Rodrigo Rocha Castro competiu na equipe de revezamento 4x200 metros, contudo, também não conseguiu passar das eliminatórias. Além disso, o atleta participou dos 200 metros costas, sendo eliminado na semifinal (KRUG; MAGRI, 2012).

Nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, na Grécia, foram a mulheres que se destacaram na delegação brasileira de natação. Com as três finais que alcançaram, elas superaram o desempenho masculino pela primeira vez desde os jogos de Berlim, em 1938. Os destaques foram Joanna Maranhão, que chegou à final dos 400 metros medley, e Flávia Delaroli, que chegou à final dos 50 metros livres. Elas superaram uma lacuna de 56 anos sem mulheres brasileiras em finais olímpicas. Outro resultado positivo foi o da equipe de revezamento 4x200 metros livre, onde conquistaram o sétimo lugar. Nesta edição das Olimpíadas, a participação masculina do Brasil não teve o sucesso das outras edições. Os destaques foram Thiago Pereira e Gabriel Mangabeira, únicos finalistas masculinos. Foi a primeira vez, desde as Olimpíadas de Seul, em 1988, que a natação não trouxe medalhas para o Brasil e, por isso, o resultado não pode ser considerado satisfatório (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 2008, em Pequim, na China, a delegação brasileira foi composta por 27 nadadores. No feminino, o destaque foi para o número de participantes, 12, entre elas, quatro atletas de maratona aquática. No masculino, a primeira medalha de ouro em Olimpíadas foi conquistada por César Cielo na prova dos 50 metros nado livre, a mais rápida disputada em competições de natação. O mesmo atleta conquistou para o Brasil a medalha de bronze nos 100 metros nado

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livre (KRUG; MAGRI, 2012). Nas Olimpíadas de 2012, em Londres, na Inglaterra, César Cielo trouxe para o Brasil a medalha de bronze conquistada na prova dos 50 metros livre. Na mesma Olimpíada, o atleta Thiago Pereira conquistou, para o país, a medalha de prata na prova de 400 metros medley. Na última edição das Olimpíadas, realizada no Rio de Janeiro, a conquista do Brasil, na natação, foi na maratona dos 10 km feminino, na qual a atleta Poliana Okimoto conquistou a medalha de bronze.

3 BENEFÍCIOS DA NATAÇÃO

Apesar da literatura conter diversas definições para a natação e métodos bem diversificados para seu ensino, todos os autores concordam em um ponto: este é um esporte excelente devido ao seu caráter formativo e totalizador. Qualquer corpo no meio aquático esforça-se para superar as perturbações causadas pela água, o que caracteriza uma de suas vantagens em relação aos outros esportes (DAMASCENO, 1992). Para Araújo Júnior (1993), a natação é considerada uma das atividades físicas mais completas que existe na atualidade e, através dela, se obtém benefícios que auxiliam o praticante a ter uma vida mais saudável, buscando a otimização e o desenvolvimento das capacidades físicas, flexibilidade, força, resistência muscular, e da capacidade cardiorrespiratória. Além disso, dependendo da forma como for praticada, a natação pode vir a ser uma atividade de integração das pessoas que a praticam, muito mais voltada ao aspecto socializador, usada com prazer, onde e quando o ser descobre e aprimora a sua personalidade (ARAÚJO JÚNIOR, 1993). Nesse sentido, Carvalho et al. (2008) também apresentam algumas finalidades da natação, são elas: obtenção das habilidades básicas fundamentais, conhecimentos sobre a segurança no ambiente aquático e boa conduta social.

Para Catteau e Garoff (1990), saber nadar é ter resolvido, qualitativa e quantitativamente, em qualquer eventualidade, o triplo problema que se coloca permanente: melhor equilíbrio, melhor respiração e melhor propulsão, no elemento líquido". E continua: "Praticar a natação é ter gosto e a possibilidade, ou ainda a obrigação de expressar-se no elemento líquido, dentro de uma certa periodicidade, tomando consciência das próprias limitações e capacidade de progresso, propondo-se um ou mais objetivos e escolhendo a maneira de executá-los.

Para Araújo Júnior (1993), nadar e natação também significam ação, exercício, arte, autopropulsão e autossustentação, mas deve-se acrescentar a isso o respeito pela individualidade, espontaneidade, criatividade e liberdade, fazendo com que a natação solicite exercícios tanto no aspecto físico quanto no intelectual, o que torna o processo de aprendizagem uma única unidade.

O trabalho com programas de natação e atividades aquáticas proporciona ao indivíduo envolver-se mais plenamente, melhorando tanto a sua participação e interação social, como também o desenvolvimento da linguagem

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e do autoconceito. Neste sentido, a natação, como uma modalidade desportiva considerada de grande utilidade por proporcionar benefícios orgânicos e sociais, se bem desenvolvida, segundo o ponto de vista de Pável (1992), provoca uma grande procura por um número expressivo de pessoas. As aulas de natação oferecem um novo ambiente social, vivência de situações que são importantes na formação do indivíduo, como ganhar e perder, circunstâncias de aprendizagem diversificadas, como aulas individuais e em grupo, uma gama de informações que passam pelas regras básicas do esporte à prática da modalidade como um todo, pela aquisição de novos hábitos e gestos motores, pelas trocas interpessoais e muitos outros fatores motivacionais.

No esporte aquático, o indivíduo se vê confrontado com um meio

multidimensional, no qual ele pode explorar, descobrir e realizar possibilidades ainda desconhecidas. As atividades destinadas a desenvolver a noção espacial, a percepção do corpo como objeto e a noção do próprio corpo podem ser perfeitamente integradas na exploração dentro da água (ADAMS et al., 1985), A atividade na água, ou o movimento de nadar, significa um momento de liberdade e independência, momento este em que consegue movimentar-se livremente. O movimento livre lhe propicia a possibilidade de experimentar suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, isto é, conhecer a si próprio, confrontar-se consigo mesmo, quebrar as barreiras com o seu “eu” próprio. A partir do momento em que a pessoa descobre suas potencialidades, descobrindo sua capacidade de se movimentar na água, sem auxílio, inicia seu prazer em desfrutar a água, aumentando sua autoestima, sua autoconfiança e sua independência (GRASSELI; PAULA, 2002). O fato de poder ser independente na água, de atingir as habilidades que podem ser impossíveis ou difíceis no solo, só pode ter efeitos psicológicos favoráveis e duradouros, que elevam a confiança e a autoestima, e isso pode ser transferido para a vida em terra (CAMPION, 2000).

A água apresenta propriedades físicas que facilitam para o indivíduo sua locomoção sem grande esforço, pois sua propriedade de sustentação (empuxo) e eliminação quase que total da força da gravidade podem, segundo Campion (2000), aliviar o estresse sobre as articulações que sustentam o peso do corpo, auxiliando no equilíbrio estático e dinâmico, propiciando, dessa forma, maior facilidade de execução de movimentos que, em terra, seriam muito difíceis de serem executados. Segundo Mazarini (1992), os exercícios no meio líquido oferecem aos participantes a oportunidade de executarem livremente os mais diferentes movimentos, graças à flutuação do corpo. Essa movimentação poderá ser beneficiada ainda mais, se a temperatura da água for mantida em torno de 28 a 34 graus centígrados. A água aquecida proporciona um aumento da circulação sanguínea e da sensibilidade neurossensorial, que, juntamente com a diminuição dos efeitos da gravidade, são responsáveis pela melhora do tônus muscular postural. Nesse caso, favorecem uma adequada mobilidade articular e uma melhora da elasticidade muscular.

Segundo Catteau e Garoff (1990), uma das propriedades do tecido muscular é a de reagir a certo número de estimulações, e o meio aquático proporciona

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diversos estímulos com características mecânicas, térmicas, químicas, acústicas, ópticas, de influxo nervoso, levados aos músculos pelos nervos motores. Tsutsumi et al. (2004) afirmam que com o desenvolvimento da musculatura, há juntamente a melhora da postura corporal.

De acordo com Adams et al. (1985), o calor da água favorece o relaxamento dos músculos e anima o indivíduo a continuar explorando a movimentação dentro da água. Este relaxamento melhora o tônus postural e resulta em movimentos mais eficientes. O aumento da capacidade para o relaxamento, combinado com a diminuição da ação da gravidade, melhora a mobilidade e aumenta o potencial motor nos indivíduos. A força de empuxo é uma propriedade física da água, assim descrita pelo princípio de Arquimedes: "Um corpo imerso parcial ou completamente dentro de um líquido em repouso, recebe um impulso de baixo para cima, igual ao peso do volume do líquido deslocado". O autor ressalta que esta propriedade contribui de diversas maneiras para favorecer os movimentos dos indivíduos, pois a diminuição da gravidade reduz a resistência aos movimentos do corpo, além disso, a amplitude dos movimentos do nadador aumenta dentro da água, em consequência do princípio de Arquimedes.

Para Duffield (1985), quando na água ficamos em posição vertical, a pressão sofrida pelas articulações é mínima. A redução do peso nas articulações vai facilitar o principal aspecto da aplicabilidade de natação na correção das deformidades posturais (MAZARINI, 1992). Para Carmona (2001), a sensação da água envolvendo todo nosso corpo pode ter efeitos táteis cinestésicos e proprioceptivos incríveis, auxiliando na construção de nossa imagem corporal.

Lopes e Pereira (2004) afirmam que a prática da natação pode ocasionar redução não só de pequenos distúrbios neuromotores, como também facilitar a aquisição do conhecimento de novas habilidades. A estimulação das potencialidades motoras e cognitivas dos indivíduos no meio aquático favorece seu autoconhecimento, sua conscientização corporal, o que facilita também o aprendizado de novas habilidades, partindo-se do conhecimento por ele iniciado. Para Reis (1987), gera-se melhoria da coordenação de movimentos a partir de sensações e percepções decorrentes da prática da natação. Velasco (1994) diz que o meio aquático é um meio rico para esse tipo de vivência e propício para que a pessoa organize as informações e sensações recebidas em seu cérebro, transferindo-as para o movimento realizado na água, enriquecendo suas experiências motoras.

Vale destacar que os aspectos motivacionais e as propriedades terapêuticas da água estimulam o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva e o poder de concentração, pois o aprendiz busca compreender o movimento do seu próprio corpo explorando as várias formas de se movimentar, adaptando suas limitações às propriedades da água (LÉPORE et al., 1999).

Campion (2000) chama atenção para os benefícios no sistema de regulação térmica, salientando que quando o corpo está exposto a um estímulo frio, por exemplo, em água de temperatura fria, estes vasos se contraem, evitando que seja

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liberado calor interno; ao contrário, se o estímulo de calor é maior que a temperatura interna, há uma vasodilatação para que o calor seja liberado e a temperatura se mantenha em equilíbrio. Com as mudanças constantes de temperatura interna da água, este mecanismo é constantemente acionado, fazendo com que o organismo adquira uma maior resistência contra mudanças bruscas de temperatura externa, proporcionando ao indivíduo, também, maior resistência contra as doenças provocadas pelas intempéries do meio.

"As atividades em meio aquático constantes da natação trarão ainda modificações sensíveis na capacidade pulmonar do indivíduo, provocando assim efeitos estimulantes sobre o coração e a circulação dos praticantes" (BELLENZANI; MAZARINI, 1986, p. 18). De acordo com Maglischo (1986), ocorre aumento da capacidade de funcionamento do sistema cardiopulmonar, gerando maior aporte sanguíneo para o corpo e, consequentemente, maior trabalho fisiológico.

Campion (2000) explica que a natação proporciona grandes benefícios ao sistema circulatório e coração, pois a pressão e a resistência exercidas pela água sobre o corpo, juntamente com esforço exigido na execução dos movimentos, agem diretamente sobre o sistema, uma vez que provocam o aumento do metabolismo, promovendo o fortalecimento da musculatura cardíaca, o aumento do volume do coração e uma consequente melhoria no sistema circulatório; já no sistema respiratório provocará o fortalecimento dos músculos respiratórios, aumento do volume máximo respiratório e consequente melhoria, também, na elasticidade da caixa torácica.

As atividades desenvolvidas com a água na altura do peito provocam o aumento da pressão hidrostática durante a respiração nas paredes peitorais e abdominais, havendo, assim, uma resistência na respiração, aumentando a capacidade respiratória, assim como também exercícios respiratórios imersos na água (MASSAUD, 2004). O autor destaca os baixos riscos de lesão e a sensação de bem-estar devido às substâncias químicas liberadas após a prática da natação.

Damasceno (1992, p. 24) listou, resumidamente, os principais benefícios da natação para os seres humanos:

• Musculatura e aparelho locomotor:• Melhor capilarização da musculatura;• Aumento da secção transversal;• Desenvolvimento geral da musculatura, levando a uma melhor postura.• Coração e circulação:• Aumento do volume do coração;• Hipertrofia;• Menor frequência cardíaca;• Maior transporte de oxigênio;• Menor esforço cardíaco;• Maior elasticidade dos vasos sanguíneos.• Sistema respiratório:

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

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• Maior absorção de 02 máxima (maior volume nos pulmões);• Maior difusão de 02;• Mais hemoglobina;• Maior irrigação sanguínea da musculatura envolvida;• Auxilia no combate às doenças do aparelho respiratório.• Metabolismo:• Mobilização de muita energia para execução dos movimentos;• Sistema nervoso:• Desenvolve o Sistema Nervoso de forma global.

Faz-se pertinente destacar que a natação proporciona, aos seus praticantes, um desenvolvimento global e equilibrado, não ocorrendo em cada parte deste separadamente. Para Damasceno (1992, p. 32), a natação promove:

• Percepção e controle do próprio corpo;• Equilíbrio postural; • Lateralidade bem definida;• Independência dos segmentos em relação ao tronco e uns em relação aos

outros;• Controle e equilíbrio das contrações ou inibições estreitamente associadas ao

esquema corporal e ao controle da respiração.

Dentre a grande diversidade de benefícios que a natação pode trazer ao indivíduo, damos destaque para a estruturação do esquema corporal. Para Damasceno (1992, p. 30), o esquema corporal é a "experiência do corpo com a maneira com que este se põe no meio ambiente". Portanto, o autor diz que para que um indivíduo se adapte ao meio, ele primeiro deve conhecer e dominar o seu próprio corpo. Já para Bonacelli (2004, p. 96), o esquema corporal se define como a "representação que a pessoa tem do próprio corpo, num certo espaço, num certo tempo". É a relação com o mundo e consigo mesmo na generalidade (BONACELLI, 2004).

Segundo Catteau e Garoff (1990), o esquema corporal que reflete o equilíbrio entre as funções psicomotoras e sua maturidade (depende de um conjunto funcional organizado através da relação mútua organismo-meio) é o núcleo central da personalidade, motivo pelo qual a metodologia do ensino esportivo deve permitir ao aluno a exploração e manejo do meio com atividades motoras que contribuam para a estruturação desta imagem corporal. A construção dos esquemas específicos no meio aquático depende dos aspectos psicomotores que dizem respeito ao conhecimento do próprio corpo, do mundo exterior e de alguns fatores de execução, como força, resistência, flexibilidade e velocidade. Assim, a natação permite ao indivíduo a exploração e manejo do meio, através de atividades motoras, que contribuem para a estruturação do seu esquema corporal. Ela ajuda cada um a ter noção perceptiva do espaço à sua volta, pois exige a execução de movimentos em diferentes posições (DAMASCENO, 1992).

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

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De acordo com Bonacelli (2004), é muito importante o conhecimento do próprio corpo quando se está no meio líquido, pois quando realizamos um movimento fora da água, podemos ver este movimento, mas quando estamos na água, ao nadar, isto é praticamente impossível. Então, a necessidade de conhecer o próprio corpo é bem maior. Vale lembrar, também, que na natação se exige que o aluno redobre sua atenção a todo o momento para estabilizar sua postura dentro da água e desenvolver os exercícios. Isso permite que sua capacidade mental seja ampliada, favorecendo a aquisição de novas posturas e desenvolvimento global de seu corpo (LOPES; PEREIRA, 2004).

Lopes e Pereira (2004, p. 205) afirmam que a prática da natação pode ocasionar redução não só de pequenos distúrbios neuromotores, como também facilitar a aquisição do conhecimento de novas habilidades. A estimulação das potencialidades motoras e cognitivas dos indivíduos no meio aquático favorece seu autoconhecimento, sua conscientização corporal, o que facilita também o aprendizado de novas habilidades, partindo-se do conhecimento por ele iniciado. Araújo Júnior (1993, p. 33) ainda diz: "além disso, o aspecto segurança faz com que o 'nadador' se sinta à vontade dentro do meio líquido, propiciando o desenvolvimento da autoconfiança para enfrentar algum tipo de dificuldade que eventualmente possa encontrar". Assim, a natação pode ser considerada como um esporte completo que possibilita o desenvolvimento total dos indivíduos que a praticam. Ela pode ser praticada por qualquer pessoa, independentemente do sexo, da idade e da condição física ou mental.

4 ADAPTAÇÃO AO MEIO LÍQUIDO

Não sendo o ambiente próprio do ser humano, qualquer atividade dentro da água exige uma série de condutas adaptativas à sua especificidade, representada pelos problemas de equilíbrio, respiração e propulsão. A superação destes problemas permite a aquisição da habilidade de "nadar", ou seja, manter-se sobre a água e ir por ela sem tocar no fundo. Esta habilidade, portanto, comprova a completa ambientação do indivíduo no meio aquático, mas também coloca em evidência que a habilidade de nadar pode ser executada sem preencher os requisitos dos nados esportivos. Assim, o processo de ambientação se organiza em níveis que conduzem a execução de um nado de características utilitárias (BURKHARDT; ESCOBAR, 1985).

Segundo Catteau e Garoff (1990), a boa adaptação ao meio líquido é o resultado de um número considerável de dias e horas em que o grupo ou o indivíduo passa na água, não sendo uma adaptação espontânea e instantânea. Segundo os autores, para o primitivo, da mesma forma que para o principiante, aprender a nadar representa uma sucessão de problemas que se apresentam a ele em ordem definida e imutável, porque estão ligados, de início, ao equilíbrio vertical do bípede e à necessidade de sobreviver à experiência. "Devemos a George Herbert observações notáveis pela exatidão e precisão feitas ao longo de suas

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peregrinações sobre o comportamento do homem primitivo que tinha de resolver um problema de aprendizagem da natação. Essas observações constituem uma preciosa contribuição ao estudo do comportamento psicológico do não nadador a ponto de servir de base à orientação de toda a pedagogia moderna" (CATTEAU; GAROFF, 1990, p. 32).

4.1 CARACTERÍSTICAS DO CONTATO COMO MEIO LÍQUIDO

O contato com o meio líquido gera inúmeros benefícios ao ser humano, dos quais se pode destacar a remoção das impurezas da pele, a desobstrução dos poros, facilitando a transpiração e a eliminação de toxinas. Ademais, os exercícios no meio líquido reduzem o peso corporal entre oito e doze kg devido à ação da gravidade, desta forma, a natação é uma excelente atividade física para as pessoas que possuem excesso de peso, problemas articular ou ligamentar, uma vez que diminui o impacto nos tornozelos, nos joelhos e na articulação coxofemoral (KRUG; MAGRI, 2012).

A prática da natação exige o aumento do ritmo respiratório do nadador, assim, faz com que o sistema respiratório passe a reagir às mudanças em um curto período de tempo, promovendo a melhora da eficiência e da capacidade respiratória. Assim, a natação reeduca movimentos e educa o ritmo da respiração. Além disso, aumenta a potência do coração, auxilia na recuperação de membros lesionados, de entorses, atrofias, fraturas, bem como no tratamento de asma. Além disso, a prática desta modalidade esportiva ajuda no desenvolvimento das musculaturas dos ombros, do dorso, das pernas e da caixa torácica devido à utilização de forças em diferentes direções, com o uso de diferentes grupos musculares nos variados tipos de nados. Ainda, pode-se destacar a reeducação dos movimentos de membros atingidos pela poliomielite. Por fim, trata-se de um componente educativo e de segurança para as pessoas (KRUG; MAGRI, 2012). Entretanto, para que estes benefícios sejam desfrutados pelos praticantes, alguns pré-requisitos devem ser considerados, a saber: condições de temperatura, claridade, tratamento químico e profundidade. Estas condições são fundamentais para que o aprendiz se sinta e tenha um aprendizado seguro, de acordo com as suas necessidades. Ademais, os aspectos físico-fisiológicos, sociais, psicológicos e técnicos devem ser contemplados.

4.2 ASPECTOS FÍSICOS E FISIOLÓGICOS

A condição orgânica, dos músculos, do coração, dos pulmões e dos órgãos em geral necessitam de avaliação prévia ao início da prática da natação. Quanto maior for a dedicação do sujeito à prática esportiva, seja nas aulas, em treinamentos, ou em competições, quando altas demandas energéticas são solicitadas, a

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

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resistência, a flexibilidade, a flutuabilidade e a eficiência mecânica serão cada vez mais acompanhadas, avaliadas e estimuladas (KRUG; MAGRI, 2012).

No início da aprendizagem, o aspecto que mais facilita ou dificulta é a

flutuabilidade do corpo do indivíduo na água. Isto possui relação direta com a posição dos segmentos corporais, com a composição corporal (densidade) e com a inter-relação das forças de impulsão hidrostática (empuxo) e de gravidade, as quais permitirão que o corpo flutue mais ou menos paralelo à linha da superfície da água. Os corpos que flutuam bem na água são considerados de flutuabilidade positiva, ao passo que os corpos que não flutuam bem na água são considerados de flutuabilidade negativa. Neste sentido, há indícios de que haja diferenças entre os sexos, sendo que as mulheres parecem apresentar melhor flutuabilidade em função do seu biótipo e do percentual de gordura, enquanto os homens apresentam melhor desempenho em termos de força e potência (KRUG; MAGRI, 2012). As autoras acrescentam que a posição do corpo mais paralela à linha da superfície da água contribuirá para um melhor resultado em termos de propulsão, isto é, mais rápido será o deslocamento do corpo na água, pois quanto menor for a intensidade da resistência hidrodinâmica oposta à direção de deslocamento do sujeito, maior será a velocidade de nado, conforme a intensidade da força aplicada.

4.3 ASPECTOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS

Não é comum que os seres humanos apresentem aversão à água, a menos que isto seja provocado por uma experiência negativa, porém, para “nadar”, é necessário que o indivíduo tenha uma motivação, uma vez que o aprendizado da natação depende muito do fator motivacional, o qual pode ser desencadeado pela expectativa de sucesso ou pelo medo do fracasso. Para isto, metas atingíveis devem ser estabelecidas e os objetivos devem estar de acordo com a idade, com as possibilidades e com as potencialidades do aprendiz. Isto definirá a maturidade e a prontidão para o envolvimento nos distintos níveis, o que, atrelado à atenção do indivíduo, poderá resultar em muitos avanços. Para tanto, o trabalho do professor é imprescindível desde o início da aprendizagem, pois é ele quem planejará os procedimentos didático-metodológicos, conforme o perfil do aluno, organizando a progressão das etapas de ensino e lidando com a ansiedade e com o medo do aprendiz no meio líquido. Por sua vez, o interesse do indivíduo que está aprendendo pelos ensinamentos disponibilizados pelo professor é de suma importância para que haja uma aprendizagem de sucesso (KRUG; MAGRI, 2012).

4.4 ASPECTOS TÉCNICOS

Os fatores técnicos são de fundamental importância para favorecer a aprendizagem da natação, visto que ela depende muito do conhecimento do professor, da sua experiência, além do seu empenho e da adequação dos objetivos

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em função das etapas e dos respectivos conteúdos de aprendizagem. Para o ensino da natação, a literatura apresenta a possibilidade da utilização de diferentes métodos de ensino, são eles: global, parcial ou partes progressivas. Cada um deles parece ser mais indicado para o ensinamento de determinadas técnicas ou nados. Para tanto, o professor deverá ter absoluto domínio da área, dos métodos e das técnicas a serem utilizadas, bem como controle das condições de aprendizagem, ou seja, do local, das condições de prática, da frequência semanal e da duração das aulas, da temperatura da água, do número de aprendizes ou de sujeitos em treinamento, das condições e do nível de cada um deles, da assiduidade, da responsabilidade e do interesse dos mesmos. Estes são alguns dos aspectos que estão envolvidos no ensino ou no treinamento da natação (KRUG; MAGRI, 2012).

Faz-se pertinente destacar que as experiências iniciais devem ser ricas,

contemplando diferentes gestos propulsivos, visando favorecer a aprendizagem por meio de diversificadas possibilidades, de retenção e de transferências positivas. Esta variedade de oportunidades é importante no início de qualquer aprendizagem. Para a escolha do primeiro estilo da natação a ser ensinado, deve-se observar as potencialidades do aprendiz, assim será mais perceptível a sua evolução na aprendizagem do nado (KRUG; MAGRI, 2012).

4.5 ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Ensinar a nadar é fácil, mas nadar não o é. Por isso, o aprendiz deve ser iniciado gradativamente, seja qual for a sua idade ou sexo. O ensino deve ser lento, gradual em intensidade, complexidade e, principalmente, do conhecido para o desconhecido. Motive mesmo no último minuto da sua aula, pois é importante que o aluno tenha a vontade de voltar. Além disso, sempre garanta a segurança do seu aluno (FARIAS, 1988). Para o autor, é essencial que alguns cuidados sejam tomados durante a realização das atividades para o ensino da natação, quais sejam:

• Sempre apresente e coloque os exercícios de maneira clara, despertando, assim, a atenção, o interesse e a vontade de realizá-los;

• Sempre que possível, demonstre ou facilite a compreensão do movimento com explicações claras;

• Nunca coloque movimentos difíceis no início das aulas, ou aqueles para os quais os alunos não estão preparados;

• Procure iniciar as atividades com exercícios gradativos;• Dose sempre as repetições mais ou menos pela maioria;• Nunca coloque os alunos diretamente de frente para o Sol;• Se o local possuir ducha, oriente os alunos para que passem por ela antes de

entrarem na piscina;• Corrija os erros com muito cuidado, mas sempre de uma forma global, para

não ferir os menos capacitados;

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

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• Retifique os erros de forma elogiosa, por exemplo: "está certo, mas procure fazer deste modo";

• Sinta sempre no rosto e no desempenho dos alunos as respostas às suas atividades;

• Faça demonstrações lentas, chamando atenção para os pontos mais importantes;• Observe a fadiga dos alunos;• Respeite as individualidades (FARIAS, 1988, p. 12).

Para dar início ao processo de adaptação ao meio líquido, o primeiro passo é tirar o medo dos alunos em relação à água. Para tanto, Farias (1988, p. 15) sugere os seguintes procedimentos pedagógicos:

• Verificar a temperatura da água com os pés e mãos:• Aproximar-se da borda da piscina lentamente, procurando conhecê-la;• Sentar na borda da piscina e molhar os pés;• Sentar na borda da piscina e jogar água no seu próprio corpo;• Sentar na borda da piscina, jogar água no seu companheiro;• Sentar na borda da piscina, jogar água na sua cabeça;• Sentar na borda da piscina, jogar água no peito do companheiro;• Sentar na borda da piscina e bater os pés lentamente;• Sentar na borda da piscina e bater os pés rapidamente;• Sentar na borda da piscina e com bastante agilidade de mãos e pés, tentar

molhar o companheiro;• Pegar água com as mãos em forma de concha e tentar molhar os companheiros;• Sentar na borda da piscina, pegar água com as mãos, encher a boca e tentar

molhar o companheiro;• Sentar na borda da piscina e repetir algumas das atividades (as que foram mais

aceitas).

Após ter conseguido que a maioria não tenha mais receio de brincar com a água fora da piscina, você irá colocá-los na água. Faça com que cada um desça as escadas lentamente até conseguir tocar no fundo da piscina, caso ela seja rasa ou de iniciação, se for de maior profundidade, coloque flutuadores em todos, caso necessário. Se forem crianças que não possam tomar pé, segure-os com leveza e segurança. Em uma piscina de iniciação, onde todos possam ficar de pé com o tronco fora da água, Farias (1988, p. 16) sugere a realização dos seguintes procedimentos:

• Realizar passeios exploratórios pela piscina em pequenos grupos;• Realizar passeios pela piscina, procurando encontrar objetos deixados pelo

professor no fundo dela;• Faça jogos de correr em duplas, ao longo da piscina;• Realize estafetas (jogos de ir e pegar objetos, trazendo-os de volta ao lugar

determinado);• Mande andar e correr de costas, realizando meia-volta para os dois lados;• Jogos com bolas (minivôlei, minibasquetebol).

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Caso a aula ocorra em uma piscina funda, onde nenhum dos alunos possa alcançar os pés no fundo da mesma, as orientações de Farias (1988, p. 17) são as seguintes:

• Coloque flutuadores em todos e deixe-os brincar um pouco na borda;• Realize pequenos passeios pela piscina com um ou dois alunos, os outros

permanecem na borda;• Utilize as raias ou estique uma corda sobre a piscina, oriente para que se

locomovam de um lado para outro da mesma, sempre em segurança;• Procure formar círculos, quadrados, retângulos e outras formações;• Oriente a todos para que tentem flutuar na horizontal, de lado (direito e

esquerdo);• Pergunte quem é capaz de ir até o outro lado da piscina (a tarefa-chave na

motivação é "quem é capaz"), ela realiza milagres, tente; • Procure jogar bola em duplas, elogiando os progressos dos alunos;• Tente jogar bola com os alunos, dando maior atenção aos menos capacitados;• Diga para que tentem transportar a bola segurando com as mãos, de um lado

ao outro da piscina:• Pergunte quem é capaz de transportar a bola, sem colocar as duas mãos dentro

da água.

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Nesse tópico você viu que:

• A natação é considerada um dos esportes mais completos, pois promove benefícios ao desenvolvimento global do ser humano.

• Natação significa a técnica de deslocar-se na água, por intermédio da coordenação metódica de certos movimentos, e nadar significa se deslocar na água a seu nível ou através da força e adaptações naturais do próprio nadador.

• Pelo viés do alto rendimento, a natação é um desporto estruturado e regulamentado que busca obter registros de tempo cada vez mais inferiores através de um treinamento metódico, individualizado e específico, supondo-se para o mesmo fim, pelo menos, o domínio apropriado das técnicas, conhecimento de ritmo, além de urna boa preparação física.

• As fases que se deve dominar antes de iniciar a aprendizagem dos nados são: os primeiros contatos com a água, a respiração, a flutuação, a propulsão e a entrada na água. Após estas fases é que serão introduzidos os nados propriamente ditos.

• A natação é um dos esportes mais antigos praticados pelo homem. Historicamente, pode-se dizer que a natação era praticada desde a Pré-História.

• Enquanto exercícios terapêuticos na água, as atividades em meio líquido encontram-se mencionadas desde a Roma antiga, no final do século V.

• Como modalidade esportiva, a natação se organizou, na Inglaterra, em 1837, quando foi realizada a primeira competição pela Sociedade Britânica de Natação, tendo como único estilo o peito. Nas Olimpíadas a natação teve papel de destaque junto ao atletismo e, em 1896, em Atenas, foram disputadas provas de nado crawl e peito. Em 1904, o nado costas foi incluído, e o borboleta surgiu em 1940, como uma evolução do nado peito.

• O Brasil começou a participar das provas de natação, nas Olimpíadas, a partir de 1920, na Antuérpia.

• Há indícios de que, há muitos anos, os índios que habitavam determinadas regiões do Brasil utilizavam a natação para fins de sobrevivência.

• Em termos oficiais, há registros da inserção da natação no Brasil a partir de 31 de julho de 1897, quando os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo fundaram a União de Regatas Fluminense, no Rio de Janeiro.

RESUMO DO TÓPICO 1

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• A prática da natação resulta em inúmeros benefícios em diferentes aspectos do corpo humano, tais quais coração e circulação, musculatura e sistema locomotor, sistema respiratório, metabolismo e sistema nervoso.

• A primeira etapa de ensino-aprendizagem da natação é a adaptação ao meio líquido, a qual envolve aspectos físico-fisiológicos, sociais, psicológicos e técnicos.

• A natação pode ser realizada por inúmeros motivos, entre eles estão a saúde, a performance, a reabilitação e o lazer, isto porque a prática da natação carrega consigo infinitos benefícios.

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1 Explique a diferença entre os termos “natação” e “nadar”, descrevendo as suas definições:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Descreva o conceito de natação como um esporte de alto rendimento: __________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 Quais os aspectos que devem ser abordados antes de iniciar o ensino dos “nados”, propriamente ditos?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à natação, e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas:

( ) A natação possibilita, aos seus praticantes, benefícios ao desenvolvimento total do corpo, incluindo a coordenação motora, a força muscular, a resistência dos sistemas cardiovascular e respiratório.

( ) O ensino da natação pode contemplar aspectos de cunho educativo, terapêutico, desportivo e recreativo.

( ) O “nadar” é uma habilidade adquirida, sendo preciso que se passe por um processo de adaptação e aprendizagem.

( ) Uma boa adaptação em meio líquido é o resultado de um número considerável de dias e horas em que o grupo ou o indivíduo passa na água, não sendo uma adaptação espontânea e instantânea.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, F, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

AUTOATIVIDADE

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5 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à história da natação, e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas.

( ) A natação, como uma modalidade de alto rendimento, é um dos esportes mais antigos praticados pelo homem.

( ) A natação era praticada desde a Pré-História por absoluta necessidade utilitária.

( ) Pressupõe-se que os homens primitivos estavam sempre próximos aos rios e que, em algum momento, pescando, caçando ou com finalidades locomotivas, eles entravam na água e se deslocavam dentro dela.

( ) A natação se organizou, enquanto modalidade esportiva, na Inglaterra em 1837, quando foi realizada a primeira competição pela Sociedade Britânica de Natação, tendo como único estilo o peito.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, V, V, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

6 No que se refere à história da natação no Brasil e no mundo, leia atentamente as assertivas a seguir e assinale a alternativa correta:

a) ( ) Nas Olimpíadas, a primeira participação da modalidade de natação se deu pela disputa nas provas de nado peito e nado borboleta.

b) ( ) O nado peito surgiu como uma evolução do nado borboleta. c) ( ) Há indícios de que, há muitos anos, os índios que habitavam

determinadas regiões do Brasil utilizavam a natação como esporte de alto rendimento, fazendo treinamentos diariamente.

d) ( ) Em termos oficiais, há registros da inserção da natação no Brasil a partir de 31 de julho de 1897, quando os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo fundaram a União de Regatas Fluminense, no Rio de Janeiro.

e) ( ) Desde 1897, com a criação da União de Regatas Fluminense, a Confederação Brasileira de Desportos começou a patrocinar o Campeonato Brasileiro de Natação.

7 A natação é um dos esportes mais praticados no Brasil, tendo, aproximadamente, 65 mil atletas federados. No que concerne à história do Brasil nas Olimpíadas, assinale a alternativa incorreta.

a) ( ) Na edição das Olimpíadas realizada no Rio de Janeiro, em 2016, César Cielo conquistou a medalha de ouro na prova dos 50 metros nado livre.

b) ( ) O Brasil começou a participar das provas de natação, nas Olimpíadas, a partir de 1920, na Antuérpia.

c) ( ) Em 1932, nas Olimpíadas de Los Angeles, Maria Lenk, brasileira, foi a primeira mulher sul-americana a participar de uma olimpíada.

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d) ( ) O Brasil não participou das Olimpíadas de Amsterdam, em 1928, em decorrência da crise financeira do país.

e) ( ) A primeira medalha de ouro em Olimpíadas foi conquistada por César Cielo, na prova dos 50 metros nado livre, nas Olimpíadas realizadas em Pequim, na China, em 2008.

8 Explique qual é a função da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA):

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9 A natação é considerada um dos esportes mais completos que existe na atualidade, pois possibilita o desenvolvimento total dos indivíduos que a praticam. Ela pode ser praticada por qualquer pessoa, independentemente do sexo, da idade e da condição física ou mental. Considerando os inúmeros benefícios da natação nos diferentes aspectos do corpo humano, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2

(a) Musculatura e aparelho locomotor

( ) Aumento do volume do coração; hipertrofia; menor frequência cardíaca; maior transporte de oxigênio; menor esforço cardíaco; maior elasticidade dos vasos sanguíneos.

(b) Coração e circulação ( ) Mobilização de muita energia para execução dos movimentos.

(c) Sistema respiratório ( ) Desenvolve o sistema nervoso de forma global.

(d) Metabolismo

( ) Maior absorção de 02 máxima (maior volume nos pulmões); maior difusão de 02; mais hemoglobina; maior irrigação sanguínea da musculatura envolvida; auxilia no combate às doenças do aparelho respiratório.

(e) Sistema nervoso( ) Melhor capilarização da musculatura; aumento da secção transversal; desenvolvimento geral da musculatura, levando a uma melhor postura.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta.

a) ( ) b, d, e, c, a.b) ( ) b, a, c, d, e.c) ( ) c, a, b, e, d.d) ( ) d, e, c, b, a.e) ( ) e, b, a, d, c.

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10 A primeira etapa para aprendizagem da natação está na adaptação ao meio líquido. No que concerne à adaptação ao meio líquido, assinale a alternativa incorreta.

a) ( ) A aprendizagem da natação deve ser iniciada com o ensino das habilidades para o desenvolvimento do nado costa, pois, em decúbito dorsal, os sujeitos conseguem flutuar melhor.

b) ( ) No início da aprendizagem, o aspecto que mais facilita ou dificulta é a flutuabilidade do corpo do indivíduo na água.

c) ( ) O trabalho do professor é imprescindível desde o início da aprendizagem, pois é ele quem planejará os procedimentos didático-metodológicos, conforme o perfil do aluno, organizando a progressão das etapas de ensino e lidando com a ansiedade e com o medo do aprendiz no meio líquido.

d) ( ) Para o ensino da natação, a literatura apresenta a possibilidade da utilização de diferentes métodos de ensino, são eles: global, parcial ou partes progressivas. Cada um deles parece ser mais indicado para o ensinamento de determinadas técnicas ou nados.

e) ( ) Antes da entrada na piscina, o professor deverá fazer algumas perguntas ao aluno, por exemplo: por que você procurou a natação?; você já praticou a natação alguma vez?; você sabe nadar?; você tem medo da água?; o que você sabe nadar? Essa é uma forma de o professor saber em qual nível se encontra o aluno para determinar o tipo de trabalho que precisará ser desenvolvido.

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TÓPICO 2

FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO:

PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO,

FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

A água tem propriedades físicas que precisam ser conhecidas pelo profissional que atua nela, pois são essas propriedades que irão causar muitos efeitos no corpo da pessoa que tiver em contato com esta. Estar na água é muito diferente de estar no solo. Apesar de nós, seres humanos, termos estado durante nove meses dentro de um meio líquido, ao nascer somos obrigados a nos adaptarmos ao meio aéreo, transformando muitas coisas no nosso corpo, a começar pela respiração. Assim, devemos reaprender muitas coisas quando voltamos a ter contato com a água.

De acordo com Massaud (2004), existem muitas diferenças entre estarmos na água ou estarmos no ar. Algumas dessas diferenças são óbvias: a água é molhada, o ar não; podemos sentir a água, mas normalmente não sentimos o ar; podemos inspirar e expirar no ar, mas quando nosso rosto está dentro da água não podemos inspirar; os movimentos dentro da água ficam mais lentos que fora dela; percebe-se um empuxo, ou força de ascensão – flutuabilidade à medida que se desce mais fundo na água. Portanto, ao estarmos na água devemos reaprender como nos equilibrar, girar, deitar, levantar, se deslocar etc., porque o método para esses movimentos será diferente. Mas essas diferenças, muitas vezes, poderão tornar-se grandes vantagens. Nesta perspectiva, apresentar-se-ão as propriedades da água com o intuito de facilitar a compreensão do que acontece com o corpo humano quando está em meio líquido. Em seguida, serão abordados os fundamentos da respiração, da flutuação e dos mergulhos em meio aquático.

2 PROPRIEDADES DA ÁGUA

2.1 HIDRODINÂMICA

A hidrodinâmica é a disciplina da mecânica que estuda os corpos em movimento (dinâmico) na água ou em fluidos em movimento (PALMER, 1990). A hidrodinâmica emprega conceitos de densidade, de pressão e de viscosidade, considerando os fenômenos de turbulência no interior dos fluidos (MASSAUD, 2004).

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

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2.1.1 Viscosidade

Viscosidade é um tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas de um líquido e que causa resistência ao fluxo do líquido. Essa fricção exprime a facilidade com a qual o líquido flui, e por essa razão só é observável quando o líquido está em movimento. Qualquer líquido com alta viscosidade, como o óleo, flui lentamente, e aquele com baixa viscosidade, como a água, fluirá mais rapidamente e oferecerá menor resistência (MASSAUD, 2004).

A viscosidade atua como uma resistência ao movimento, pois as moléculas do fluido tendem a aderir à superfície do corpo em movimento através dele. A fricção da pele na água é de 790 vezes maior que a fricção no ar, fator este que dificulta os movimentos e requer um gasto maior de energia comparado aos mesmos movimentos fora da água, no ar. De acordo com Massaud (2004), quando um corpo se move em meio líquido, os elementos deste, que estão em contato com o limiar sólido, prendem-se a ele. Eles não deslizam ao longo dele, como se poderia esperar. Os elementos que estão próximos do limiar passam pelos que estão presos. Este movimento relativo coloca em ação as forças de resistência da viscosidade que se opõem ao movimento, causando fricção ou rompimento (MASSAUD, 2004).

Ao nadar, os corpos carregam “capas” de água a distintas velocidades de movimento (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, se estas capas de água em movimento, que estão atrás dos corpos, tocam nas bordas ou no fundo por meio da chamada viscosidade dinâmica, significa que a resistência de atrito aumenta. Assim, nadar nas raias mais próximas das paredes da piscina, ou em piscinas pouco profundas, resulta na diminuição da velocidade.

A velocidade da água é determinada por um coeficiente que possui oscilação de magnitude, conforme a temperatura. Por exemplo: a zero grau o coeficiente é de 1,83; 10 graus, 1,33; a 20 graus, 1,03 e a 30 graus, 0,84. Desta forma, nadar em um ambiente aquático com a temperatura da água entre 25 e 28 graus favorece o alcance de bons resultados de tempo em relação ao nadar em água com baixas temperaturas (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, a viscosidade da água a 25 graus é cerca de 30% inferior a 10 graus. A água não acelera a uma velocidade infinita porque possui a viscosidade, caso contrário, os rios, correndo pelos vales pela ação da gravidade, iriam fluir a uma velocidade cada vez maior, atingindo centenas de quilômetros por hora, tendo resultados desastrosos.

2.1.2 Propulsão

O termo propulsão, conforme Palmer (1990), significa impulsionar ou empurrar para frente, estando isto relacionado com a necessidade de superar a resistência natural ou a fricção da água. A diferença de fricção da pele no ar para a água é 790 vezes maior, por isso, os movimentos realizados dentro da água

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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

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demandam um maior gasto energético quando comparados aos movimentos fora dela. Além disso, o ritmo dos movimentos dentro da água se torna mais lento (MASSAUD, 2004).

Para atingir o objetivo de “nadar”, o nadador precisa desenvolver uma força motora, ou uma força de sustentação, que lhe permitirá se movimentar para frente, para trás, para os lados ou manter-se flutuando. Ou seja, se faz necessário articular um ou um conjunto de membros para que se criem as forças necessárias para a propulsão ou para a flutuação (PALMER, 1990). Ao fazer uma ação na água, seja por meio de movimentos dos membros inferiores, dos membros superiores ou do tronco, imediatamente, o nadador terá uma reação por intermédio da qual se deslocará para frente. Nesta ação, inúmeros fatores estarão envolvidos, gerando a força propulsiva. Assim, ocorre o deslocamento horizontal dentro da água. Os movimentos para se vencer a resistência da água resultam em muitos benefícios para os músculos do corpo, pois, por meio da propulsão das pernas, trabalham-se os músculos dos membros inferiores e, por meio das braçadas, trabalha-se os músculos dos braços e do tronco. Além de não prejudicar as articulações, estes movimentos contribuem para a flexibilidade dos membros (MASSAUD, 2004).

2.1.3 Temperatura

Os efeitos fisiológicos do exercício na piscina estão intimamente relacionados com a temperatura da água. O sistema de termorregulação do indivíduo deve estar eficiente para suportar mudanças em relação à temperatura. Existe muita discussão sobre a temperatura ideal de uma piscina. Segundo Velasco (1997, p. 23), esta questão é muito individual, pois há pessoas que possuem muito desempenho em água mais quente e outras já preferem a mais fria. Neste sentido, o autor destaca que "devemos atender a essas necessidades de forma individual, principalmente com os bebês e os deficientes, pois estes são mais perceptíveis e sensíveis em nível tátil-bórico com a água e o seu desempenho motor é quase que relacionado diretamente a esse fator" (VELASCO, 1997, p. 23). Embora a maioria dos autores indique que a temperatura deve estar entre 30° e 35° no caso de realização de exercícios que não produzem muito calor corporal, principalmente nas aulas para bebês de 0 a 2 anos, bem como para os grupos de adaptação em meio líquido (MASSAUD, 2004). Para o autor, a condutibilidade da água produz um processo de desgaste térmico no corpo do nadador, sendo que a queda da temperatura do corpo é 25 vezes maior na água do que no ar. Assim, nadar em água abaixo de 20 graus aumenta consideravelmente o gasto energético dos indivíduos.

2.2 HIDROSTÁTICA

A hidrostática é a disciplina da mecânica que estuda a flutuação e a flutuabilidade (PALMER, 1990). Para o autor, o termo flutuabilidade significa a capacidade de flutuar, isto é, se um corpo possui uma boa flutuabilidade

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(flutuabilidade positiva), ele flutuará bem na água, mas, se o corpo possuir uma flutuabilidade ruim (flutuabilidade negativa), apresentará dificuldades para flutuar na água. Para flutuar na água é necessário que o objeto, neste caso, o corpo humano, possua uma densidade menor do que a densidade da água. Neste sentido serão apresentados os conceitos de peso, massa e densidade, segundo Palmer (1990) e Massaud (2004):

→ Peso: todo objeto, inclusive o corpo humano, possui características de peso. O peso é relativo à atração gravitacional em direção ao centro da Terra (gravidade), e quanto maior for a substância existente em um objeto, maior a atração gravitacional, e, portanto, maior o peso.

→ Massa: é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto. Neste sentido, uma massa de substância altamente concentrada vai pesar mais do que uma massa com baixa concentração, contida num mesmo volume.

→ Densidade: é a relação entre a massa total e o volume de um objeto que define sua densidade e também determina suas características específicas de flutuabilidade no fluido em que é necessário flutuar. A densidade de um objeto é seu peso dividido pelo seu volume. A densidade também varia de acordo com a temperatura da água. A densidade da água fresca em unidades atuais é de 1000kg/m3. Se um objeto tem uma densidade menor que isto, ele flutuará e, se for maior, ele afundará.

UNI

A água do mar é mais densa que a água potável e, por isso, proporciona maior flutuabilidade (MASSAUD, 2004).

2.2.1 Densidade relativa

Densidade relativa é a relação entre volume e massa, determinando se um objeto vai ou não flutuar. Segundo o princípio de Arquimedes, quando um corpo é submerso em um líquido, ele sofre uma força de flutuabilidade igual ao peso do líquido que desloca. A densidade relativa da água é aceita como uma proporção de 1. Portanto, qualquer objeto com densidade menor que 1 irá flutuar. A densidade relativa do corpo humano varia com a idade, sendo que uma criança nova possui uma densidade relativa total de aproximadamente 0,86; adolescentes e adultos jovens possuem densidade relativa de 0,97. A densidade relativa do corpo humano varia com a idade, sendo que uma criança nova possui uma densidade relativa total de aproximadamente 0,86; adolescentes e adultos jovens possuem densidade relativa de 0,97; decrescendo novamente para adultos de idosos (MASSAUD, 2004).

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O comportamento de um líquido é controlado pela natureza e velocidade do fluxo. O movimento pode ser tanto em linha reta como turbulento. Durante o fluxo em linha reta, ocorre um movimento contínuo do fluido. Há apenas uma pequena fricção entre as camadas do fluido. O fluxo turbulento é um movimento irregular do líquido e este tipo de fluxo cria ocasionais movimentos rotatórios denominados redemoinhos. Esse movimento irregular produz um aumento na fricção entre as moléculas do fluido e entre o objeto e o fluido (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, a resistência ao fluxo turbulento é maior que a resistência ao fluxo alinhado. O grau de turbulência depende da velocidade do movimento e a forma do corpo influencia na produção da turbulência.

2.2.2 Pressão hidrostática

As moléculas de um líquido exercem um impulso sobre cada parte da área de superfície de um corpo imerso. Este impulso por unidade de área é a pressão do líquido. A Lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é exercida igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso a uma dada profundidade. A pressão é diretamente proporcional à profundidade e à densidade do fluido. A pressão da água é mais evidente no tórax da pessoa quando entra na piscina, onde a água resiste à expansão e ela opõe-se à tendência do sangue de ficar nas porções inferiores do corpo, o que ajuda a reduzir inchaços. A pressão hidrostática também ajuda a estabilizar as articulações instáveis (MASSAUD, 2004).

3 FLUTUAÇÃO

O matemático grego Arquimedes foi o descobridor dos fundamentos da flutuação. Conforme Massaud (2004, p. 25), tal descoberta sustenta-se na seguinte teoria: “em um dia em sua banheira começou a pensar sobre a flutuabilidade, porque, quando se deitava na água, esta sustentava o seu peso e ele flutuava. Repentinamente a resposta veio a ele: “Eureca!” (Eu encontrei!), ele gritou e saiu correndo pela estrada, nu”. A partir disto, seu raciocínio legendário foi resumido da seguinte forma:

Quando ele entrou na água, percebeu que ela aumentava nas laterais da banheira, então, notou que este aumento em profundidade se devia ao volume ou massa de seu corpo, deslocando uma certa quantidade de água, e percebeu que esta quantidade de água deslocada era igual à porção de seu corpo que estava submerso no momento. À medida que afundava mais na banheira, a água deslocava-se mais para cima até que repentinamente ele flutuou e a água parou de se elevar. O peso do volume da água deslocada era igual ao peso do corpo que flutuava nela (MASSAUD, 2004, p. 26).

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A flutuação e a densidade relativa estão muito relacionadas. O corpo, quando está total ou parcialmente imerso em um fluido em repouso, experimenta um empuxo de baixo para cima ao volume deslocado, o que permite sua flutuação. O empuxo é uma força que atua na direção oposta à da força da gravidade, minimizando a sua ação. Para que um corpo na água atinja o equilíbrio, estas duas forças opostas devem estar alinhadas (metacentro). Se os centros não estiverem na mesma linha vertical, as duas forças atuando sobre o corpo farão com que ele gire até atingir uma posição de equilíbrio estável. O "alívio de peso" do corpo devido ao empuxo da flutuação constitui uma das principais vantagens da piscina, pois, sentindo-se mais leves, as pessoas se movimentam mais facilmente e sentem menos o peso nas articulações (MASSAUD, 2004).

3.1 CENTRO DE GRAVIDADE E A FLUTUAÇÃO

De acordo com Massaud (2004), há diferenças entre o centro de gravidade em termos do sexo masculino e feminino. O autor explica que algumas das explicações para isto são as seguintes: as mulheres possuem ossos menores e mais delgados do que os homens e tendem a apresentar os quadris mais largos, enquanto os homens possuem o tronco mais profundo e os ombros mais largos em relação às mulheres. Além disso, as pernas e os pés dos homens são maiores e mais pesados. Estes aspectos fazem com que o centro de gravidade dos homens seja mais ao alto do seu corpo, em relação ao centro de gravidade das mulheres.

Para o autor supracitado, é possível que o centro de flutuação exerça maior influência nas características de flutuação humana do que, de fato, os centros de gravidade, tanto dos homens quanto das mulheres. Assim, as características físicas do corpo masculino fazem com que o centro de flutuação dos homens seja mais alto do que o das mulheres. Por ter o centro de flutuação baixo, as mulheres tendem a flutuar naturalmente na posição horizontal. Os homens, por sua vez, por apresentarem as pernas mais pesadas e menor deslocamento corporal para baixo, tendem a flutuar mais verticalmente.

3.2 O EQUILÍBRIO NA FLUTUAÇÃO

Massaud (2004, p. 27) define equilíbrio como “o estado de um corpo cuja situação de repouso ou movimento permanece inalterada em relação a um sistema de eixos de referência”. Na natação, entende-se que o corpo está em equilíbrio quando, ao flutuar em posição dorsal ou ventral, consegue se manter na posição sem necessitar de auxílio. Isto porque flutuar significa a ação de manter um corpo na superfície de um fluido. Para tanto, este corpo precisa ter uma densidade igual ou superior à unidade. Por exemplo, quando um nadador, que tenha total domínio da técnica do nado, está realizando uma prova de natação, pode-se dizer que ele está em equilíbrio, pois estará se mantendo com um padrão de movimentos em relação aos eixos longitudinal e transversal (MASSAUD, 2004).

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3.3 ASPECTOS PEDAGÓGICOS PARA OENSINO DA FLUTUAÇÃO

Para o ensino da flutuação, inicialmente, o professor deve mostrar as diversas formas de flutuar na água na horizontal, na vertical e lateralmente, pois isto possibilitará aos alunos uma melhor posição no meio líquido (FARIAS, 1988). Segundo o autor, durante o ensino de como flutuar, o importante é mostrar aos alunos que o relaxamento no meio líquido é fator de suma importância, pois só conseguiremos flutuar naturalmente se estivermos bem relaxados.

De acordo com Farias (1988, p. 22), as primeiras orientações para o ensino da flutuação aos alunos são as seguintes:

• Primeiramente demonstrar como deve ficar o corpo na posição horizontal dentro da água (braços abertos, pernas levemente afastadas e em decúbito dorsal, isto é, de barriga para cima).

O relaxamento é a chave da flutuação. Assim, caso alguns alunos não consigam flutuar, segure seus pés ou coloque flutuadores nas pernas, isto facilitará muito suas tarefas de ensinar a flutuar.

• Amarre uma corda de uma extremidade a outra da piscina, no nível da água; oriente os alunos para que coloquem os pés sobre a corda tentando relaxar e flutuar de costas. O corpo permanecerá estendido.

• Oriente a todos para que respirem o mais normalmente possível, facilitando o relaxamento.

• Dois a dois, um segura nos pés do outro, arrastar o companheiro em decúbito dorsal pela piscina.

• Oriente os alunos para que tentem flutuar em decúbito dorsal sem movimento das pernas ou braços.

• Após ter conseguido mostrar a flutuação horizontal de costas, você deve mostrar a flutuação ventral; utilize os mesmos exercícios da flutuação dorsal.

• Dentro da flutuação, você deve ensinar a flutuação vertical e flutuação lateral.• Perguntar quem consegue flutuar somente com as mãos em movimento, na

posição de pé.

Mostre aos alunos como deve ser a flutuação vertical aparente (pernas movimentando-se alternadamente de cima para baixo e de baixo para cima, como se estivesse pedalando uma bicicleta). Os movimentos dos braços em círculos horizontais, alternados ou simultaneamente. Logo após o trabalho de flutuação vertical e horizontal introduza a flutuação lateral, procurando utilizar exercícios que possibilitem aos alunos sentirem como devem flutuar lateralmente, no lado esquerdo e direito. As aulas de flutuação devem ser feitas com um trabalho de respiração frontal, possibilitando melhor relaxamento. Outro aspecto no ensino de flutuar é a imersão, que é a colocação do aluno abaixo da superfície da água, com bloqueio respiratório. Este trabalho é muito importante, pois dará ao aluno noção de flutuação, totalmente imerso no meio líquido. Utilize atividades baseadas no trabalho da respiração, por exemplo:

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• Dentro da piscina, prender o ar e tentar flutuar, colocando o corpo dentro da água;• Inspirar, prender o ar afundando, tentar ficar de cócoras dentro da água;• Instrua os alunos para que inspirem o ar, afundem aos poucos, tentando flutuar

(pergunte o que aconteceu);• Diga aos alunos para inspirarem, prenderem o ar, afundarem e soltarem todo

o ar, permanecendo um pouco imerso (pergunte o que aconteceu) (FARIAS, 1988, p. 22).

4 RESPIRAÇÃO

A respiração em meio líquido possui características diferentes da respiração na terra. Por isso, em meio aquático, surge a necessidade de transformação desta respiração, da passagem de uma forma para outra (CATTEAU; GAROFF, 1990). Segundo os autores, na respiração em condições habituais, a inspiração é ativa e a inspiração, passiva. Em repouso, ou se o trabalho é moderado, a necessidade é reduzida e se acomoda ao circuito nasal. Na água, a expiração se torna ativa e a inspiração se torna reflexa, isto significa criar um automatismo respiratório fundamentalmente oposto ao automatismo inato. Este novo automatismo se aprende progressivamente, ao fim de períodos durante os quais as trocas respiratórias dependerão de um comando voluntário (CATTEAU; GAROFF, 1990).

De acordo com os autores supracitados, a inspiração só é possível no momento da emersão das vias respiratórias e ela é tanto mais breve quanto mais elevada é a cadência dos movimentos dos braços. Somente a abertura da boca pode permitir que muitos litros de ar possam ser absorvidos em algumas frações de segundo. A expiração não traz problemas, pois ela se ajusta à imersão dos orifícios respiratórios, porém, o débito respiratório tem limites. Quanto mais rapidamente o indivíduo nada, maior é a sua necessidade de oxigênio, tendo, contudo, cada vez menos possibilidades de absorvê-lo, uma vez que a duração de emergência das vias respiratórias varia em sentido contrário ao da frequência de rotação dos braços (CATTEAU; GAROFF, 1990).

Os autores explicam que, fisiologicamente, a respiração mais adequada é a chamada diafragmática, na qual a inspiração será feita durante o tempo em que os braços tenham um mínimo de apoio sobre a caixa torácica. Com efeito, os músculos motores dos braços são peritorácicos. Para conseguir deles um máximo de potência, a caixa torácica deve fornecer-lhes um ponto de apoio sólido, condição efetuada em bloqueio inspiratório.

Por possuir um duplo comando, automático e voluntário, de suas trocas respiratórias, os seres humanos possuem a capacidade de interromper momentaneamente as trocas respiratórias, seja durante a inspiração ou durante a expiração, o que é menos frequente. Isto se chama apneia. A apneia serve como um meio de defesa ou de transição. É uma preliminar que será necessário explorar e ultrapassar. O desenvolvimento desejável das possibilidades de apneia deve alterar não apenas o obstáculo da representação errônea, mas, também, o

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obstáculo afetivo, o da emoção suscitada por toda situação nova que desencadeia uma atitude de expectativa quanto à relação (CATTEAU; GAROFF, 1990).

Na iniciação da aprendizagem da natação, a respiração é o ponto crucial da aprendizagem, pois sua correta execução possibilitará um avanço mais rápido em termos da aprendizagem do nadar (MACHADO, 1998).

Neste sentido, no ensino da respiração em meio líquido, a maior preocupação deve ser no ato de inspirar, pois a expiração é mais fácil de ser aprendida. Durante o ensino da respiração aquática, os alunos devem ser orientados para que inspirem pela boca em forma de "O" e expirem pelo nariz ou pela boca, mas, a maneira mais fácil de soltar o ar é pelo nariz, pois se inspirarmos pela boca e soltarmos pelo nariz, estaremos realizando movimentos diferentes, que não confundirão os alunos. Importante é lembrar que o aluno é quem deve achar a sua melhor maneira de respirar no meio líquido, mas cabe a você orientar os menos capacitados, daí o motivo de mostrarmos as várias maneiras de expirar e inspirar (FARIAS, 1988). O autor dá algumas sugestões para o ensino da respiração em uma piscina rasa ou funda, a saber:

→Em piscina rasa:• Mostramos, fora d'água, o mecanismo da respiração (inspirar pela boca em

forma de "O" e expirar pelo nariz);• Procure verificar se todos estão realizando, corrija os possíveis erros;• Se possível, traga uma bacia para a aula, encha-a de água, coloque em cima

de um banco ou cadeira e faça com que todos executem a respiração aquática várias vezes;

• Com água até os ombros, puxar o ar pela boca e soltar pelo nariz lentamente, rosto fora da água;

• Dentro da água, tronco flexionado à frente, inspirar pela boca e soltar pelo nariz com o rosto dentro da água (Figura 1);

• Dentro da água de pé, puxar o ar pela boca, flexionar as pernas afundando e soltar o ar, prender no final da expiração (Figura 1);

FIGURA 1 – EXEMPLO DE ATIVIDADE PARA O ENSINO DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA

FONTE: Farias (1988)

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• Dentro da água, executar a gangorra (Figura 2);

FIGURA 2 – EXEMPLO DE ATIVIDADE PARA O ENSINO DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA (GANGORRA)

FIGURA 3 – EXEMPLO DE ATIVIDADE PARA O ENSINO DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA

FONTE: Farias (1988)

FONTE: Farias (1988)

• Individualmente, inspirar, prender o ar, sentar no fundo da piscina colocando a cabeça dentro da água e soltar o ar lentamente;

• Segurar na borda da piscina, inspirar, prender o ar, afundar, soltar o ar depois de breve bloqueio.

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• Realizar respiração lateral (lado esquerdo e direito);• Mãos nos joelhos com o tronco flexionado, realizar respiração bilateral.

É muito importante ensinarmos a respiração bilateral aos iniciantes para que tenham uma maior noção e comodidade na respiração. Procure corrigir os possíveis erros, pois a respiração defeituosa é um obstáculo nas fases de aprendizagem do nado (FARIAS, 1988).

→ Em piscina funda:• Realize primeiramente atividades de respirar segurando na borda;• Segurando na borda, inspirar pela boca e soltar o ar pelo nariz próximo da água;• Segurando na borda com as duas mãos, braços estendidos, realizar respiração

lateral;• Segurando na borda, inspirar, prender o ar, colocar o rosto na água e expirar

lentamente pelo nariz;• Segurando na borda, inspirar pela boca, afundar o máximo e soltar o ar pelo nariz;• Após estender uma corda sobre a piscina, oriente os alunos para que a segurem,

inspirem, prendam o ar, afundem e soltem o ar após ter tocado o pé no fundo.

Tratando-se de uma piscina onde os alunos não possam ficar de pé, você deve ter mais cuidado ao colocar as atividades, isto para que eles não tenham experiências negativas que prejudiquem a aprendizagem. Dependendo da idade dos alunos, explicar para que sempre conservem um pouco de ar para soltar durante a subida.

Adapte algumas das atividades utilizadas nas piscinas rasas para as de maior profundidade, mas sempre com muito cuidado. O tempo dedicado a cada atividade ou fase deve ser proporcional ao rendimento dos alunos. Procure sempre novas atividades, elas é que possibilitarão uma melhor adaptação à respiração aquática. Ao passarmos para a fase seguinte, devemos verificar se a maioria dos alunos está conseguindo realizar a respiração aquática. Caso alguns não consigam, devemos repetir algumas das atividades da respiração nas fases seguintes com o intuito de fixar, melhorar e ensinar novamente (FARIAS, 1988).

5 MERGULHOS

Como parte do ensino da natação, deve-se inserir atividades que possam fazer com que os alunos mergulhem da borda da piscina de uma forma simples, isto chama-se “mergulhos elementares” (FARIAS, 1988). Para o ensino dos mergulhos, há fatores, relacionados à segurança dos alunos, que o professor deve considerar. Neste sentido, os alunos devem ser orientados no sentido de atentarem à segurança antes, durante e após o mergulho (PALMER, 1990). Segundo o autor, uma das questões mais importantes se refere à profundidade da piscina, pois o aluno, entrando na água sem nenhuma resistência e quase que verticalmente a uma

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velocidade, aproximada, de 15 km/h, fará uma trajetória descendente muito veloz em direção ao fundo da piscina de dois metros de profundidade, por exemplo. Se a direção do deslizamento submerso se mantém inalterada, o nadador baterá no fundo da piscina. Isto não é comum, mas o professor deve certificar-se de que o aluno estará na posição correta para o mergulho, ou seja, com braços estendidos acima da cabeça, firmando-se entre eles, a fim de protegê-la (PALMER, 1990). Além disso, o autor chama a atenção para o cuidado com a posição de saída, se está adequada, garantindo o equilíbrio e a segurança do indivíduo.

Na realização de atividades para o ensino dos mergulhos, o primordial é mostrar aos alunos os vários tipos de mergulhos que possam ser dados de uma borda para a água (FARIAS, 1988). Abaixo, seguem alguns exemplos de como ensinar os mergulhos elementares, de acordo com Farias (1988, p. 26):

• Inicialmente coloque os alunos sentados na borda da piscina, instrua-os a colocar os braços, estendidos acima da cabeça, mãos unidas e irem caindo para frente lentamente (repetir várias vezes).

FIGURA 4 – EXEMPLO DE MERGULHO, PARTINDO DA BORDA DA PISCINA, DA POSIÇÃO SENTADA

FONTE: Palmer (1990)

• Agora você deve orientá-los para que fiquem com as pernas levemente afastadas (largura dos ombros), tronco flexionado, braços acima da cabeça, mãos unidas, flexionar as pernas, e cair lentamente na água, tentando cair primeiramente com as mãos sobre a água (a cabeça permanece entre os braços).

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FIGURA 5 – EXEMPLO DE MERGULHO, PARTINDO DA BORDA DA PISCINA, DA POSIÇÃO EM PÉ

FIGURA 6 – EXEMPLO DE MERGULHO, PARTINDO DA BORDA DA PISCINA, DA POSIÇÃO EM PÉ

FONTE: Farias (1988)

FONTE: Farias (1988)

• Na posição anterior, tentar mergulhar com as pernas mais estendidas, procurando entrar com as mãos primeiramente na água.

• De pé na borda da piscina, pés naturalmente afastados, braços ao lado do corpo, tentar mergulhar desequilibrando-se e antes de tirar os pés da borda, colocar os braços acima da cabeça, mãos unidas – furando assim a água.

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Procure dar chances a todos de se expandirem nos mergulhos, deixando com que criem novas formas de saltar na água, mas controle os abusos. Se alguns dos seus alunos não conseguirem nadar da mesma maneira que a maioria, isto não é motivo para preocupações, lembre-se das individualidades, traumatismos aquáticos e outros fatores, que sem muito trabalho não teremos sucesso (FARIAS, 1988).

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você viu que:

• A água tem propriedades físicas que precisam ser conhecidas pelo profissional que atua nela, pois são essas propriedades que irão causar muitos efeitos no corpo da pessoa que estiver em contato com ela.

• A hidrodinâmica é a disciplina da mecânica que estuda os corpos em movimento (dinâmico) na água ou em fluidos em movimento.

• Viscosidade é um tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas de um líquido e que causa resistência ao fluxo do líquido.

• A viscosidade atua como uma resistência ao movimento na água.

• O termo propulsão significa impulsionar ou empurrar para frente, estando isto relacionado com a necessidade de superar a resistência natural ou a fricção da água.

• Para atingir o objetivo de “nadar” se faz necessário articular um ou um conjunto de membros para que se criem as forças necessárias para a propulsão ou para a flutuação.

• A hidrostática é a disciplina da mecânica que estuda a flutuação e a flutuabilidade.

• O termo flutuabilidade significa a capacidade de flutuar.

• Se um corpo possui uma boa flutuabilidade, ele flutuará bem na água, isto se chama de flutuabilidade positiva.

• Se o corpo apresenta dificuldades para flutuar na água, ou seja, se possui uma flutuabilidade ruim, diz-se que o corpo possui flutuabilidade negativa.

• Para flutuar na água é necessário que o corpo humano possua uma densidade menor do que a densidade da água.

• Para compreender os fundamentos da flutuação é preciso entender, inicialmente, os conceitos de peso, massa e densidade.

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• Densidade relativa é a relação entre volume e massa, determinando se um objeto, ou o corpo, vai ou não flutuar.

• O corpo, quando está total ou parcialmente imerso em um fluido em repouso, experimenta um empuxo de baixo para cima ao volume deslocado, o que permite sua flutuação.

• O empuxo é uma força que atua na direção oposta à da força da gravidade, minimizando a sua ação. Para que um corpo na água atinja o equilíbrio, estas duas forças opostas devem estar alinhadas.

• Há diferenças entre o centro de gravidade em termos do sexo masculino e feminino.

• Na respiração em condições habituais, a inspiração é ativa e a inspiração é passiva. Na água, a expiração se torna ativa e a inspiração se torna reflexa.

• Na iniciação da aprendizagem da natação, a respiração é o ponto crucial da aprendizagem, pois sua correta execução possibilitará um avanço mais rápido em termos da aprendizagem do nadar.

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1 O ambiente aquático é rico de propriedades, isto é, há inúmeras propriedades físicas da água que interferem na ação direta ou indireta, não só do corpo, mas em todo nosso universo de vida. Aponte quais são os dois grandes campos da física mecânica que discutem as propriedades físicas da água, definindo cada um deles.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Explique o significado da “viscosidade da água” e a sua relação com a natação:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 O termo propulsão significa impulsionar ou empurrar para frente, estando isto relacionado com a necessidade de superar a resistência natural ou a fricção da água. Explique de que forma o nadador conseguirá superar esta resistência do meio líquido e atingir o objetivo de nadar:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Um objeto, ou um corpo, somente flutuará na água se a sua densidade for menor do que a densidade da água. Para compreender plenamente esta afirmação, é necessário que se tenha entendimento dos conceitos de peso, massa e densidade. Considerando os conceitos destes termos, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) É a relação entre a massa total e o volume de um objeto que define sua densidade e também determina suas características específicas de flutuabilidade no fluido em que é necessário flutuar. A densidade de um objeto é seu peso dividido pelo seu volume. A densidade também varia de acordo com a temperatura da água. A densidade da água fresca em unidades atuais é de 1000kg/m3. Se um objeto tem uma densidade menor que isto, ele flutuará, e se for maior, ele afundará.

( ) Peso é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto.

AUTOATIVIDADE

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( ) Massa é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto. Neste sentido, uma massa de substância altamente concentrada vai pesar mais do que uma massa com baixa concentração, contida num mesmo volume.

( ) Para flutuar na água o corpo humano precisa possuir uma densidade maior do que a densidade da água.

( ) Todo objeto, inclusive o corpo humano, possui características de peso. O peso é relativo à atração gravitacional em direção ao centro da Terra (gravidade), e quanto maior for a substância existente em um objeto, maior a atração gravitacional, e, portanto, maior o peso.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, F, V.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

5 No que concerne aos aspectos que envolvem a hidrostática, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A água do mar é mais densa que a água potável e, por isso, proporciona maior flutuabilidade.

( ) O termo flutuabilidade significa a capacidade de flutuar, isto é, se um corpo possui uma boa flutuabilidade (flutuabilidade positiva), ele flutuará bem na água, mas, se o corpo possuir uma flutuabilidade ruim (flutuabilidade negativa), apresentará dificuldades para flutuar na água.

( ) Quando um corpo é submerso em um líquido, ele sofre uma força de flutuabilidade igual ao peso do líquido que desloca.

( ) As moléculas de um líquido exercem um impulso sobre cada parte da área de superfície de um corpo imerso. Este impulso por unidade de área é a pressão do líquido. A Lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é exercida igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso a uma dada profundidade.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, V.b) ( ) V, V, V, V.c) ( ) F, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F.e) ( ) V, F, F, V. 6 No que concerne aos fundamentos da flutuação, leia atentamente as frases a

seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O corpo, quando está total ou parcialmente imerso em um fluido em repouso, experimenta um empuxo de baixo para cima ao volume deslocado, o que permite sua flutuação.

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( ) O empuxo é uma força que atua na direção oposta à da força da gravidade, minimizando a sua ação. Para que um corpo na água atinja o equilíbrio, estas duas forças opostas devem estar alinhadas.

( ) Flutuar significa a ação de manter um corpo na superfície de um fluido.( ) O alívio de peso do corpo devido ao empuxo da flutuação constitui uma das

principais vantagens da piscina, pois, sentindo-se mais leves, as pessoas se movimentam mais facilmente e sentem menos o peso nas articulações.

( ) Não há diferenças entre o centro de gravidade em termos do sexo masculino e feminino.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.b) ( ) F, F, V, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, V, V, V, F.e) ( ) V, F, F, V, F.

7 Sobre a respiração em meio aquático, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Não há grandes diferenças em relação às características da respiração em meio líquido e na terra.

b) ( ) Na respiração em condições habituais, a inspiração é ativa e a inspiração é passiva. Na água, a expiração se torna ativa e a inspiração se torna reflexa, isto significa criar um automatismo respiratório fundamentalmente oposto ao automatismo inato.

c) ( ) Quanto mais rapidamente o indivíduo nada, maior é a sua necessidade de oxigênio.

d) ( ) Na iniciação da aprendizagem da natação, a respiração é o ponto crucial da aprendizagem, pois sua correta execução possibilitará um avanço mais rápido em termos da aprendizagem do nadar.

e) ( ) Por possuir um duplo comando, automático e voluntário, de suas trocas respiratórias, os seres humanos possuem a capacidade de interromper momentaneamente as trocas respiratórias, seja durante a inspiração ou durante a expiração, o que é menos frequente. Isto se chama apneia.

8 Sobre o processo de ensino-aprendizagem da respiração em meio aquático, leia atentamente as afirmações a seguir e, posteriormente, insira I às frases que apresentam procedimentos corretos e II para aquelas que apresentam procedimentos inadequados para o ensino da respiração em meio líquido.

( ) Durante o ensino da respiração aquática, os alunos devem ser orientados para que inspirem pela boca em forma de "O" e expirem pelo nariz ou pela boca.

( ) É muito importante ensinarmos a respiração bilateral (lado esquerdo e direito) aos iniciantes para que tenham uma maior noção e comodidade na respiração.

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( ) Um dos primeiros ensinamentos para a aprendizagem da respiração aquática consiste em orientar o aluno a inspirar pela boca e soltar pelo nariz, colocando o rosto dentro da água.

( ) Inicialmente, os alunos devem realizar as atividades de respirar segurando na borda da piscina, caso esta seja funda.

( ) Em uma piscina onde os alunos não possam ficar de pé, você deve ter mais cuidado ao escolher as atividades, isto para que eles não tenham experiências negativas que prejudiquem a aprendizagem.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) II, II, II, II, II.b) ( ) I, II, I, II, I.c) ( ) II, II, I, I, II. d) ( ) I, I, I, I, I.e) ( ) I, I, II, II, II.

9 Cite e explique o principal critério de segurança que deve ser observado pelo professor durante o ensino dos mergulhos:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 Descreva os passos didáticos para o ensino do mergulho, partindo das posições sentada e em pé:

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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TÓPICO 3

NATAÇÃO RECREATIVA

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Vimos nos capítulos anteriores que a natação pode ser realizada por inúmeros motivos, entre eles estão a saúde, a performance, a reabilitação e o lazer, isto porque a prática da natação carrega infinitos benefícios. Quando se fala do ensino da natação para as crianças, o profissional deve considerar que estará lidando com os aspectos da formação humana e do desenvolvimento das habilidades cognitivas, motoras e afetivas (QUEIROZ, 1998). Nesta perspectiva, considera-se o lúdico como um elemento essencial para se atingir resultados positivos em termos do desenvolvimento global das crianças, a partir das atividades em meio aquático.

As aulas de natação permeadas pelo componente lúdico permitem o

desenvolvimento de um trabalho, em ambiente aquático, que englobe o espaço, considerando todas as propriedades da água e o brinquedo; o movimento, ou seja, o corpo agindo no espaço e; a comunicação afetiva, isto é, as relações interpessoais (QUEIROZ, 1998). Para o autor, o entrelaçamento destes aspectos durante as aulas de natação leva a procedimentos pedagógicos criativos, nos quais o professor se envolve e interage com o aluno de forma lúdica, favorecendo as vivências alegres e prazerosas. Deste modo, o aluno é estimulado a participar e a aprender sobre os ensinamentos da natação. Quanto mais motivado o aluno estiver, mais facilmente ele conquistará a independência na água para aprender os fundamentos do nado. Um pressuposto essencial para se chegar ao ato de “nadar” está circunscrito no amadurecimento emocional do aprendiz. O professor, por meio da boa relação com este aluno, lhe permite vivenciar momentos de bem-estar, de satisfação e de diversão, favorecendo o desenvolvimento não apenas do aspecto emocional do sujeito, mas, sim, o desenvolvimento integral. Nesta direção, é importante que o professor observe em qual etapa do desenvolvimento está o seu aluno em termos das áreas cognitivas, afetivas e motoras para, assim, poder oferecer os estímulos adequados.

A utilização do componente lúdico em meio aquático possui a intenção de orientar e facilitar a capacidade de explorar e de descobrir os elementos que envolvem o ambiente, dando condições para a criança desenvolver a capacidade de usar o próprio corpo com certa autonomia e harmonia dentro deste ambiente (QUEIROZ, 1998). Para o autor, o uso do lúdico nas aulas de natação se encontra no bom diálogo entre as partes, ou seja, entre o professor e o aluno; o aluno e o brinquedo e; o aluno e o espaço. Assim, “por iniciativa do professor, este contexto deve ser envolvido pelo diálogo lúdico, de troca de afeto, de respeito aos limites e ao incentivo, através dos elogios, criando, assim, uma atmosfera de prazer e segurança. Assim, passo a passo, a criança alcança o êxito” (QUEIROZ, 1998, p. 21).

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

Quanto mais valorizada a criança se sente, mais confiança ela terá para se movimentar no meio aquático e, consequentemente, mais ela progredirá na aprendizagem das habilidades. Por isso, o elogio deve estar sempre presente nas aulas de natação, porém, é preciso que o professor respeite as necessidades, as possibilidades e o tempo de aprendizagem de cada aluno, uma vez que exigir o desenvolvimento de habilidades que a criança ainda não consegue fazer pode resultar em bloqueios ou em regressões do que já foi aprendido (QUEIROZ, 1998). Segundo o autor, o que faz, de fato, a criança progredir na aprendizagem das habilidades aquáticas, “é a frequência da qualidade de experiências que consegue captar durante a aprendizagem, que corresponderá ao domínio e harmonização do movimento do corpo com o ato respiratório na água. Seria a princípio o pequeno espaço que a criança conquista aos poucos com o seu fôlego e sua movimentação na água” (QUEIROZ, 1998, p. 22).

No uso do lúdico em ambiente aquático, o principal brinquedo é a água, ou seja, o próprio ambiente aquático. O corpo, por sua vez, é o mais importante. Desta forma, há uma boa relação e/ou ambientação neste contexto quando se consegue dominar o corpo na água. Mas, para que haja o envolvimento lúdico, é necessário que o professor coloque a ludicidade neste contexto. Neste sentido, apontam-se algumas estratégias para a criação de um contexto lúdico de aprendizagem:

Conversas bem-humoradas, interpretações de personagens conhecidos dos alunos, teatro de bonecos, histórias, brincadeiras infantis, brinquedo cantado e o próprio trato pessoal (tom de voz, olhar, abraço), despertando primeiramente o motivo para que a criança goste de ficar na água e goste também da companhia. No mais, toda essa estimulação relacional tem o objetivo de motivar a criançada a fazer uma determinada atividade motora com alegria e atenção (QUEIROZ, 1998, p. 22).

Como estratégias lúdicas no meio aquático, pode-se notar a possibilidade de utilização dos brinquedos cantados, da contação de histórias, das músicas, com o intuito de estimular a batida de pernas, a batida de braços, o salto da borda, a respiração, a flutuação e a imersão com alegria e descontração. Isto é, o profissional envolve a criança por meio do faz de conta, utilizando materiais como flutuadores, alteres, tapetes flutuantes, plataformas redutoras de profundidade e barras de apoio para desenvolver as habilidades motoras e aquáticas, bem como a adaptação ao meio líquido (BATAGLION, et al., 2017).

Outras possibilidades condizem na realização de atividades como acertar bolas de diferentes tamanhos em uma cesta de basquete, modificando-se a distância do arremesso conforme a possibilidade de cada criança; assoprar bolas pequenas, fazendo deslocamento pela piscina e podendo usar materiais de apoio como flutuadores e pranchas; e procurar e buscar brinquedos no fundo da piscina para trabalhar a imersão e a apneia. Apesar de estas serem atividades aparentemente mais técnicas, todas podem ser regidas pelo faz de conta, tornando-se lúdicas (BATAGLION, et al., 2017). Queiroz (1998) exemplifica o uso do faz de conta nas aulas de natação:

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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

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Imagine que somos uma tribo, caminhando por uma trilha na selva muito perigosa. No jogo do faz de conta nada impede que a piscina vire uma grande selva com todas as riquezas e situações que deverá ter, explorando, ao máximo, a imaginação. O professor colocará alguns obstáculos pela trilha imaginária: materiais didáticos, como o tapete de borracha, o bambolê, que poderão se transformar numa caverna ou até mesmo o tubo de PVC, material flutuante que poderá se transformar em um tronco caído de uma árvore. Os objetos aqui mencionados só se transformarão na presença do imaginário de cada criança. Portanto, a criança envolvida na fantasia vai interagindo com estes objetos de uma maneira lúdica (QUEIROZ, 1998, p. 24).

A brincadeira caracterizada pelo procurar e pegar os brinquedos no fundo da piscina é uma das que mais despertam expressões de satisfação, divertimento e alegria nas crianças, pois o profissional sempre pode desenvolvê-la com uma história motivadora diferente. Por meio desta imersão nas brincadeiras, o profissional estimula o desenvolvimento de novas habilidades da criança, além de motivar o uso das já aprendidas. Contudo, deve-se respeitar o tempo e as possibilidades de cada criança (BATAGLION, et al., 2017).

Nesta acepção, entende-se a atividade lúdica como um veículo privilegiado para o desenvolvimento motor da criança, o qual integra fatores de ordem cognitiva, física e social (MENDES; DIAS, 2014). Destaca-se também que, apesar de a aula de natação poder conter distintas atividades que visam desenvolver diferentes habilidades, o profissional deve buscar planejá-la e organizá-la de modo que siga uma sequência sem interrupções, ou seja, por meio da própria história, fazer a transição de uma atividade para a outra. Isto caracterizará que o profissional possui um olhar sensível ao gerenciamento do tempo das atividades, o que é considerado de suma importância durante a aula, pois um dos fatores essenciais para que ocorra o desenvolvimento da criança é a necessidade de ela se envolver nas atividades. Para este fim, de acordo com Schmitt et al. (2015), é preciso que os profissionais planejem e ministrem as sessões, com especial atenção para a otimização do tempo em atividade para que as crianças permaneçam efetivamente engajadas e os tempos de transição sejam reduzidos.

2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E DO COMPONENTE LÚDICO PARA A NATAÇÃO RECREATIVA

Quando se pensa em brincar, a primeira informação que, comumente, vem à mente das pessoas é a característica prazerosa da atividade, isto porque o prazer é um elemento essencial do brincar (FERLAND, 2006). Esta indissociação entre o brincar e o prazer possui íntima relação com as características do lúdico, quais sejam: a liberdade, a diversão, o entusiasmo, a alegria, a satisfação e o bem-estar (HUIZINGA, 1971).

A temática do brincar comporta uma vasta e diversificada bibliografia, uma vez que várias abordagens conceituais sustentam os estudos sobre o tema.

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

Neste sentido, o brincar tem sido investigado em áreas como a pedagogia, a psicologia, a antropologia, a sociologia, a filosofia e a educação física (KISHIMOTO, 1999; SANTIN, 2001; MARCELINO, 2003). Apesar da amplitude de áreas de conhecimentos que se dedicam ao desenvolvimento de pesquisas sobre o brincar, a definição deste fenômeno não possui unanimidade entre os autores (FERLAND, 2006). Para a autora, o fenômeno é conhecido por todos, mas, ao tentar dar-lhe uma explicação teórica, ocorre uma descaracterização dele, tendo em vista que os componentes que motivam ou que movem o brincar estão no plano intrínseco dos seres humanos, ou seja, “é uma atitude subjetiva em que o prazer, a curiosidade, o senso de humor e a espontaneidade se tocam; tal atitude se traduz por uma conduta escolhida livremente, da qual não se espera nenhum rendimento específico” (FERLAND, 2006, p. 18).

Santin (2001) corrobora com a autora supracitada ao apontar que o ser humano pode possuir familiaridade e intimidade com as atividades de brincar, mas quando busca formular e descrever ideias e conceitos sobre os elementos que antecedem as manifestações lúdicas, se depara com os limites e a insuficiência de palavras e definições, ou seja, “sabemos brincar, entretanto, temos dificuldades e nos sentimos perturbados quando queremos encontrar a energia primordial que inspirou as criações lúdicas e nos impulsiona a sentir a necessidade de brincar” (SANTIN, 2001, p. 14). Em decorrência disto, o autor aponta que há a sensação de que o lúdico ainda é considerado um tema atípico ou pouco importante para se estudar e/ou discutir no meio científico. No entanto, aos poucos, pode-se notar que pesquisadores e autoridades governamentais estão percebendo a importância do elemento lúdico para o desenvolvimento das crianças, bem como, para que seja mantida a boa qualidade de vida de qualquer pessoa.

Se não existe consenso na literatura quanto à conceituação do elemento

lúdico, a concordância é geral no que se refere à sua importância para o desenvolvimento da criança (FERLAND, 2006; DIAS et al., 2013; BATAGLION, et al., 2017). O brincar envolve descoberta, fantasia e diversão em qualquer fase da vida. No período da infância, particularmente, a brincadeira ganha uma amplitude ainda mais evidente, pois é, muitas vezes, o momento em que a criança manifesta emoções, medos, angústias e alegrias (BATAGLION, et al., 2017).

Entre os benefícios das atividades lúdicas, pode-se citar que elas permitem a apropriação da realidade e o conhecimento dos objetos; favorecem a formação de conceitos e o pensamento abstrato; desenvolvem a coordenação motora e a linguagem; permitem a resolução de problemas e a sensação de controle do ambiente; favorecem a descoberta de si; estimulam a socialização e a autonomia (BATAGLION, et al., 2017). Ademais, de acordo com Dias et al. (2013), tais atividades auxiliam no bom funcionamento dos aspectos fisiológicos, pois, principalmente as atividades mais ativas, atuam como estimulantes nos sistemas cardiovascular, respiratório e musculoesquelético, além de exercer importante influência sob a cognição. Assim, desempenham papel fundamental para o crescimento e desenvolvimento saudável e geram impactos positivos na saúde física e mental das crianças (DIAS et al., 2013).

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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

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O lúdico pode manifestar-se por meio do brinquedo (objeto) ou do brincar (ação), pelo jogo (como elemento da cultura), como divertimento (gerando sentimentos de alegria, prazer e satisfação), pelas atividades de lazer (ir ao cinema, teatro, passear), portanto, é bastante comum observar a utilização dos termos jogo, brinquedo, brincadeira, brincar, festa e lazer em substituição à palavra lúdico (MARCELLINO, 2003). O elemento lúdico não é algo manipulável, não está em um lugar específico e predeterminado, porém, ele pode ocorrer em qualquer momento, ambiente e situação, basta alguém ter a vontade de brincar, sendo isto uma vivência e uma fruição (SANTIN, 2001). Neste sentido, para aprender a brincar precisa-se viver o presente da situação, uma vez que o brincar não é uma preparação para nada, é fazer o que se faz em total aceitação. Assim, não são os movimentos que caracterizam um comportamento específico como brincadeira, mas, sim, a atenção sob a qual ela se realiza (BATAGLION, et al., 2017).

Nesta direção, quem participa da brincadeira se envolve e possui um sentimento de compromisso e responsabilidade enquanto joga ou brinca, tal qual a criança que se faz passar por um motorista ao simular que está dirigindo um carro ou a menina que cuida da boneca, trocando fraldas e dando papinha, fazendo-se passar pela mamãe de um bebê (HUIZINGA, 1971; KISHIMOTO, 1999). Estes são exemplos da brincadeira do faz de conta, que possui regras internas que conduzem a brincadeira, porém, Kishimoto (1999) também cita os jogos e as brincadeiras, nos quais estão presentes regras explícitas, como os jogos de tabuleiro, os jogos de cartas, a amarelinha, entre outros. Neste caso, todos os participantes estão cientes das regras que devem ser cumpridas com seriedade enquanto durar o jogo.

O elemento lúdico não se circunscreve apenas ou, necessariamente, ao desenvolvimento de uma atividade do ponto de vista material, por exemplo, de um jogo, de um brinquedo, de uma música ou de uma pintura, em um espaço e tempo determinados, mas, sim, como uma expressão humana. Nessa perspectiva, ao objeto, ou à ação que se pretende lúdica, devem ser acrescidos valores humanos, como a sensibilidade, a criatividade, a solidariedade, a ética, a estética, o altruísmo, a alegria, entre outros (SANTIN, 2001). Não se pretende, porém, separar o lúdico da possibilidade de seu componente material, mas, sim, que ele possa ser captado pelos sentidos humanos, algo a ser visto, ouvido, tocado, cheirado, saboreado. Assim, à ação deverão ser acrescidos valores humanos para enfim tornar-se lúdica, pois o jogo não teria o mesmo sentido sem indivíduos envolvidos pelo lúdico para brincar e, assim, obter o prazer no brinquedo, uma vez que o jogo, a pintura, o brinquedo, ou qualquer outro objeto ou atividade, por si só, não possuem vida (BATAGLION, et al., 2017).

Envolvidas pelo espírito lúdico, as crianças partilham seus conhecimentos e crescem em suas aprendizagens em um ambiente desafiador e instigante ao novo (BATAGLION, et al., 2017). É por meio das vivências lúdicas que se dá a criação de cultura da criança, uma vez que esta é adquirida e/ou ativada por operações concretas que são representadas pela própria atividade lúdica (KISHIMOTO, 1998; MARCELINO, 2002). Esta cultura é o conjunto da experiência lúdica acumulada pela criança desde as primeiras brincadeiras vivenciadas, geralmente, com a mãe e, posteriormente, com colegas e amigos, sendo as experiências iniciadas pela

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

observação (os mais novos visualizam os mais velhos antes de participarem pela primeira vez do jogo ou da brincadeira) e, em seguida, pela manipulação/inserção progressiva na atividade (KISHIMOTO, 1998). Para a autora, o desenvolvimento da criança determina as experiências possíveis, mas não constrói, por si só, a cultura lúdica, pois ela nasce das interações sociais e da exploração de brinquedos desde os primeiros anos de vida.

Nesta perspectiva, Simon e Kunz (2015) sugerem que na fantasia da brincadeira, a criança tem a liberdade de percorrer o caminho que quer e necessita para atingir o seu objetivo primordial, que é ter uma experiência de sucesso na atividade. Segundo os autores, favorecer a liberdade de imaginação, promovendo atividades em diferentes lugares, com variados materiais e com propostas diversificadas, facilita a apreensão de realidades, situações e fenômenos pelas crianças. Contudo, é preciso “ter cuidado para que a brincadeira não se torne completamente livre e sem intenção alguma, nem completamente fechada ou descontextualizada, apenas com propósitos externos à criança” (SIMON; KUNZ, 2015, p. 386). Isto é, a criança não deve estar presa a um roteiro, mas receber estímulos que se entrelacem com o seu mundo.

Nesta lógica, ressalta-se a necessidade de sensibilização profissional com vistas a identificar a intencionalidade da criança durante o seu brincar e os motivos pelos quais ela estabelece, ou não, relação com determinada atividade ou contexto. Esta sensibilização poderá colaborar para a concretização da tarefa essencial dos profissionais que trabalham com crianças, isto é, descobrir as possibilidades e necessidades individuais. Isto se faz particularmente importante no caso do ensino da natação para crianças.

Segundo Queiroz (1998), para as crianças de três a seis anos, por exemplo, a natação deve ser caracterizada como um espaço de experimentação, para que a criança vivencie situações variadas, de tensão e distensão, prazer e desprazer, acompanhadas da expressividade motora. Isto fará com que a criança perceba o seu próprio corpo, considerando tanto os aspectos motores, quanto os cognitivos e, também, os afetivos. O autor acrescenta que, a partir dos sete anos de idade, a criança apresentará maior interesse pelas atividades lúdicas permeadas por regras. Nesta fase, é importante que a criança possa fazer as suas escolhas, aprendendo, porém, a ter consciência e a respeitar as regras de cada atividade. Assim, a atividade no meio aquático possibilitará o trabalho da autonomia e da independência da criança.

3 ATIVIDADES LÚDICAS/RECREATIVAS EM AMBIENTE AQUÁTICO

→Mãe-peixe

A atividade será realizada na parte rasa da piscina. De um lado, ficam as crianças que serão os peixinhos. No outro lado, fica a “mãe-peixe”, que pode ser

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representada pelo professor. Em um canto reservado da piscina, ficará o tubarão, à espreita. Assim, a mãe-peixe começa a brincadeira:

• Meus peixinhos, venham cá!

Os peixinhos respondem:

• Temos medo do tubarão!• Mãe-peixe: O tubarão não faz mal!• Peixinhos: Faz sim!• Mãe-peixe: Vocês querem sardinha?• Peixinhos: Não!• Mãe-peixe: Vocês querem tainha?• Peixinhos: Não!• Mãe-peixe: Vocês querem minhoca?• Peixinhos: Sim!

As crianças começam a correr pela piscina em direção à mãe-peixe; o tubarão tenta pegar os peixinhos; quem chegar até a mãe-peixe, está salvo; quem for pego pelo tubarão, ajuda-o na próxima rodada da brincadeira que é desenvolvida até que todos os peixinhos sejam pegos (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 7 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “MÃE-PEIXE”

FONTE: Queiroz (1998)

→Voa ou não voa?

As crianças ficam em pé, dispostas em meia-lua, de frente para o professor. O professor começa a brincadeira, perguntando se um determinado animal voa ou não voa. Se voa, as crianças fazem, com os braços, movimentos iguais aos de um pássaro; se não voa, as crianças tentam fazer a imersão parcial ou total, dependendo do nível de adaptação, por exemplo:

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

• Professor: Urubu voa?• Crianças: Voa!

Então, as crianças movimentam os braços, imitando um pássaro.

• Professor: Elefante voa?• Crianças: Não!

Então, as crianças fazem a imersão (fazendo bolinhas na água) (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 8 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “VOA OU NÃO VOA?”

FONTE: Queiroz (1998)

→ Os mágicos

Espalham-se pela piscina, na parte rasa, vários objetos que afundam. As crianças tentam pegar no fundo os objetos imitando os mágicos falando “ABRACADABRA”, antes de fazerem a imersão. Logo após a grande mágica, o mágico (criança) mostra aos demais o objeto que ela pegou para que todos possam aplaudir (QUEIROZ, 1998).

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FONTE: Queiroz (1998)

FIGURA 9 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “OS MÁGICOS”

→O trem

As crianças ficam dentro de boias redondas, uma ao lado da outra, junto à borda. Cada criança receberá o nome de uma das partes que compõem um trem (vagão, caldeirão, roda, apito, máquina, passageiros). Ao sinal do professor, uma das crianças, que representará o maquinista, dirá: “o trem quer partir, mas falta o “......”, e citará um dos elementos representados pelas crianças. Então, cada um que for citado, segurará na boia da criança que está à sua frente, formando uma coluna; o professor puxa pela frente, fazendo evoluções pela piscina e todos os participantes cantam e imitam os movimentos do trem, por exemplo:

“O trem malucoQuando sai de PernambucoVai fazendo xiquexiqueAté chegar no CearáRebola – BolaVocê diz que dá que dáVocê diz que me dá bolaMas bola você não dáRebola pai, mãe, filhaEu também sou da famíliaEu também sei rebolarUm pouquinho de guaranáUm pouquinho de coca-colaDois burricos na escolaAprendendo o B-A-BAVocê diz que me dá bolaMas bola você não dá”.

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

A brincadeira é finalizada quando o trem chega à estação (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 10 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “O TREM”

FONTE: Queiroz (1998)

FONTE: Queiroz (1998)

→Escorrega

Da borda da piscina, coloca-se um tapete de borracha. Então, uma criança, de cada vez, se posicionará, da forma que o professor pedir. Inicialmente, as crianças escorregam sentadas, posteriormente, pode haver variação, escorregando deitadas com a barriga para baixo, mergulhando de cabeça (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 11 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “ESCORREGA”

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FONTE: Queiroz (1998)

→ O pulo do sapo

As crianças ficam sentadas na borda da piscina e o professor fica na água, lateralmente, segurando um tapete flutuante, afastado da borda. A criança solicitada ficará agachada na borda. Ao sinal do professor, dará um pulo em direção ao tapete, de forma que os pés da criança toquem o tapete, pulando na água em seguida. O professor ficará atento aos pulos das crianças (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 12 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “O PULO DO SAPO”

→ História da serpente

As crianças ficam dispostas em círculo, na parte rasa da piscina. O professor ficará no centro do círculo com as pernas afastadas, cantando a música “a história da serpente”:

“Essa é a história da serpente que desceu do morro para procurar um pedaço do seu rabo

Você também é um pedaço

Um pedação do meu rabããão, ããão, ããão”.

Na hora que o professor falar “você também”, ele indicará uma criança. Esta, passará por baixo das pernas do professor e, em seguida, se posicionará atrás dele, segurando-o na cintura, formando o rabão até que o último passe por baixo de todas as pernas, se possível (QUEIROZ, 1998).

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 13 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “HISTÓRIA DA SERPENTE”

FONTE: Queiroz (1998)

FONTE: Queiroz (1998)

→ O janelão

Inicialmente, o professor conta uma breve história, na qual a porta da casa das crianças está quebrada e, então, é preciso sair pela janela que será representada por uma boia grande redonda de plástico. O professor colocará a boia em pé, de frente para os alunos, segurando firmemente para não cair quando as crianças passarem. Uma a uma, as crianças passarão por dentro da boia, fazendo a imersão em seguida (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 14 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “O JANELÃO”

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FONTE: Queiroz (1998)

→ Corrida dos garçons

Usando ainda a parte rasa da piscina, as crianças ficam organizadas para a grande corrida dos garçons. Cada uma das crianças receberá uma prancha e, sobre a prancha, um copo de plástico. Ao sinal (1, 2, 3 e já!), as crianças levam as pranchas na palma da mão, como se fossem bandejas, até o outro lado, sem deixar cair o copo sobre a bandeja. O adulto pode mudar o estímulo, solicitando que a criança mude de mão, que venha com a prancha na cabeça etc. (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 15 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “CORRIDA DOS GARÇONS”

→ Jogo dos marujos

A superfície da borda representa a terra e a água representa o mar. Inicialmente, o professor fará o papel de capitão para mostrar às crianças que tipo de ordens podem ser dadas e os demais serão os marinheiros, que ficam um ao lado do outro, em cima da borda. O professor ficará dentro da água, atento quanto à segurança. Ao sinal do professor, os marinheiros devem pular da terra para o mar, conforme as instruções do capitão:

• Marinheiros ao mar, gritando!• Marinheiros ao mar, cantando!• Marinheiros ao mar, dançando! (QUEIROZ, 1998).

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 16 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “JOGO DOS MARUJOS”

FONTE: Queiroz (1998)

FONTE: Queiroz (1998)

→ Boliche

Ficarão, sobre a borda da piscina, 15 garrafas de plástico, de modo crescente (na frente, duas garrafas; atrás destas, mais três garrafas e assim sucessivamente). Cada criança terá três chances de acertar as garrafas, de uma distância preestabelecida, com uma bola pequena (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 17 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “BOLICHE”

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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

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FONTE: Queiroz (1998)

FONTE: Queiroz (1998)

→ Arranca-rabo

Distribuem-se tiras de plástico (rabos) que as crianças colocarão presas à sunga ou ao meio, sem amarrar. É importante delimitar uma área da piscina para a realização da brincadeira. Ao comando “1, 2, 3 e já!”, todos procuram “roubar” os rabos dos colegas, cuidando para ninguém roubar os seus. Ao sinal do professor, conta-se quantos “rabos” cada criança conseguiu “roubar” (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 18 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “ARRANCA-RABO”

→ Cestamania

Usar duas grandes “cestas” como alvos e uma bola de borracha para lançar. A turma é dividida em duas equipes. As crianças de uma mesma equipe passam a bola entre elas, até lançarem para a cesta. As crianças da outra equipe tentam interceptar as jogadas, pegando a bola para a sua equipe tentar acertar na cesta. Cada vez que uma equipe conseguir acertar a bola na cesta, esta marca um ponto (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 19 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “CESTAMANIA”

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

→ Ao ataque

As crianças ficam junto à borda, enumeradas alternadamente pelos números 1 e 2. O professor coloca uma bola no meio da piscina. Ao comando de “número 1 ao ataque”, só as crianças enumeradas pelo número 1 saem em busca da bola o mais rápido possível, para ver quem pega primeiro. Em seguida, recomeça, ao comando de “número 2 ao ataque”. Algumas vezes o professor surpreende os alunos falando “todos ao ataque”, e todos partem imediatamente em busca da bola (QUEIROZ, 1998).

→ Chulégua

A turma é dividida em duas equipes. Em lados opostos, demarca-se o gol, junto às bordas da piscina, com uma fita isolante colorida para melhor visualização. As crianças ficam sentadas nas boias redondas, podendo se deslocar somente desta maneira, passando a bola para os colegas, com o pé, até que alguém consiga acertar o gol. Quando alguém fizer um gol, a bola retorna ao jogo com a equipe que sofreu o gol, dando continuidade à partida (QUEIROZ, 1998).

4 NATAÇÃO RECREATIVA A PARTIRDO MÉTODO HALLIWICK

As atividades no meio aquático possuem aspectos ao mesmo tempo terapêuticos e recreacionais (DUFFIELD, 1985). Segundo o autor, quando estes aspectos se baseiam no mesmo método, se tornam complementares uns dos outros. Assim, é possível promover um programa de reabilitação contínua por meio da recreação aquática. Neste sentido, recreacionalmente são envolvidos maiores padrões de movimento, enquanto, terapeuticamente, estes padrões são refinados. Esta abordagem é valiosa, especialmente, para o trabalho em meio aquático com as crianças (DUFFIELD, 1985).

Na área de conhecimento da Educação Física, Adams et al. (1985) propõem que os objetivos da educação física devem envolver os aspectos social, emocional, interpretativo, orgânico e neuromuscular. Nesse sentido, a Educação Física pode se apropriar do conteúdo da natação para alcançar os objetivos propostos por Adams et al. (1985). Entre as diferentes metodologias para o ensino da natação, há o “conceito Halliwick”, o qual é definido como “uma abordagem para ensinar todas as pessoas, em particular as pessoas com dificuldades físicas e/ou de aprendizagem, atividades aquáticas, movimentação independente na água e a nadar” (IHA, 2014). Esse conceito tem influenciado o ensino tradicional de natação e técnicas de hidroterapia (GRESSWELL et al., 2010).

O Halliwick utiliza a evolução natural do desenvolvimento motor, de forma a atender à ordem sequencial de aquisição motora infantil (CHU; PAN, 2012). Seus principais objetivos são o controle da respiração e do equilíbrio e

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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

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a liberdade de movimentos (IHA, 2010; GARCIA et al., 2012). Nesse conceito, os aprendizes da natação, nomeados de “nadadores”, são ensinados a adquirir independência na água. Para tanto, dividem-se os nadadores, de acordo com suas habilidades aquáticas, em três níveis: 1o nível (Vermelho) – habilidades ligadas à adaptação ao meio líquido, independência e controle da respiração; 2o nível (Amarelo) – habilidades ligadas ao controle do equilíbrio e rotações do corpo em seus diversos eixos: transversal, sagital e longitudinal; 3o nível (Verde) – habilidades ligadas a movimentos, onde o nadador se desloca na água em progressões simples e os nados adaptados (GARCIA et al., 2012).

Outra característica marcante relacionada ao conceito Halliwick é o Programa dos Dez Pontos, compreendido como um processo de aprendizagem estruturado de forma que o “nadador”, mesmo sem experiência prévia, progrida na independência na água controlando movimentos corporais, melhorando capacidades cardiorrespiratórias, equilíbrio e motricidade. Ato contínuo, o “nadador” se torna mais confiante e participativo no que tange aos aspectos sociais e físicos (GARCIA et al., 2012). Atenta-se para o fato de que possuir independência é importante para aprender a nadar, mas também pode possibilitar a inclusão social por meio de atividades aquáticas.

Para o ensino da natação fundamentado no conceito Halliwick, o trabalho em grupo se constitui como fundamental para o processo de aprendizagem, da mesma forma que a relação entre os professores e os alunos, pois possibilita que os nadadores tenham a oportunidade de interagir uns com os outros e, assim, sintam-se motivados a aprender, a se comunicar e a socializar (IHA, 2010; GOMIDE NETO et al., 2011).

ATENCAO

Entre os inúmeros benefícios de natação para pessoas com deficiência, encontram-se: a reeducação e estimulação de músculos paralisados, o fortalecimento da musculatura que auxilia no controle postural, o alívio de dores, o trabalho de força sem o atrito, a independência na mobilidade que podem ser transferidos para fora da água (GOLDBY; SCOTT, 1993).

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RESUMO DO TÓPICO 3

Nesse tópico você viu que:

• A natação recreativa consta das aulas de natação permeadas pelo componente lúdico.

• As principais características do componente lúdico são a liberdade, a diversão, o entusiasmo, a alegria, a satisfação e o bem-estar.

• Quando se fala do ensino da natação para as crianças, o profissional deve considerar que estará lidando com os aspectos da formação humana e do desenvolvimento das habilidades cognitivas, motoras e afetivas. Nesta perspectiva, considera-se o lúdico como um elemento essencial para se atingir resultados positivos em termos do desenvolvimento global das crianças.

• O uso do lúdico nas aulas de natação se encontra no bom diálogo entre as partes, ou seja, entre o professor e o aluno; o aluno e o brinquedo e; o aluno e o espaço.

• No uso do lúdico em ambiente aquático, o principal brinquedo é a água, ou seja, o próprio ambiente aquático.

• Como estratégias lúdicas no meio aquático, pode-se apontar a possibilidade de utilização dos brinquedos cantados, da contação de histórias, das músicas, com o intuito de estimular a batida de pernas, a batida de braços, o salto da borda, a respiração, a flutuação e a imersão com alegria e descontração.

• As atividades lúdicas desempenham um papel fundamental para o crescimento e o desenvolvimento saudável e geram impactos positivos na saúde física e mental das crianças.

• Entre os benefícios das atividades lúdicas, pode-se citar que elas permitem a apropriação da realidade e o conhecimento dos objetos; favorecem a formação de conceitos e o pensamento abstrato; desenvolvem a coordenação motora e a linguagem; permitem a resolução de problemas e a sensação de controle do ambiente; favorecem a descoberta de si; estimulam a socialização e a autonomia.

• O conceito Halliwick é uma abordagem para ensinar todas as pessoas, em particular as pessoas com dificuldades físicas e/ou de aprendizagem, atividades aquáticas, movimentação independente na água e nadar. Seus principais objetivos são o controle da respiração e do equilíbrio e a liberdade de movimentos.

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1 Explique o que significa natação recreativa. _________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Descreva quais são as principais características do componente lúdico: _________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 Explique por que os profissionais devem utilizar atividades e estratégias permeadas pelo componente lúdico durante o ensino da natação, principalmente, com as crianças.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Sobre a natação recreativa, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A utilização do componente lúdico em meio aquático possui a intenção de orientar e facilitar a capacidade de explorar e de descobrir os elementos que envolvem o ambiente, dando condições para a criança desenvolver a capacidade de usar o próprio corpo com certa autonomia e harmonia dentro deste ambiente.

( ) O uso do lúdico nas aulas de natação se encontra no bom diálogo entre as partes, ou seja, entre o professor e o aluno; o aluno e o brinquedo e; o aluno e o espaço. Sendo assim, “por iniciativa do professor, este contexto deve ser envolvido pelo diálogo lúdico, de troca de afeto, de respeito aos limites e ao incentivo, através dos elogios, criando, assim, uma atmosfera de prazer e segurança.

( ) No uso do lúdico em ambiente aquático, o principal brinquedo é a água, ou seja, o próprio ambiente aquático. O corpo, por sua vez, é o mais importante. Mas, para que haja o envolvimento lúdico, é necessário que o professor coloque a ludicidade neste contexto.

( ) Como estratégias lúdicas no meio aquático, pode-se apontar a possibilidade de utilização dos brinquedos cantados, da contação de histórias, das músicas, com o intuito de estimular a batida de pernas, a

AUTOATIVIDADE

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batida de braços, o salto da borda, a respiração, a flutuação e a imersão com alegria e descontração.

( ) Nas atividades em que são utilizados materiais como flutuadores, alteres, tapetes flutuantes, plataformas redutoras de profundidade e barras de apoio para desenvolver as habilidades aquáticas, não há possibilidade de inserir o componente lúdico.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V, F.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F.d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

5 Descreva um exemplo de como se pode utilizar uma atividade lúdica permeada pelo uso do faz de conta nas aulas de natação.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6 O que significa possuir um bom gerenciamento do tempo das atividades em ambiente aquático e por que isto é importante?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 Sobre a definição de brincar e de lúdico, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O brincar é uma atitude subjetiva em que o prazer, a curiosidade, o senso de humor e a espontaneidade se tocam; tal atitude se traduz por uma conduta escolhida livremente, da qual não se espera nenhum rendimento específico.

( ) As características do brincar e do lúdico possuem intima relação, quais sejam: a liberdade, a diversão, o entusiasmo, a alegria, a satisfação e o bem-estar.

( ) O elemento lúdico não se circunscreve apenas ou, necessariamente, ao desenvolvimento de uma atividade do ponto de vista material, por exemplo, de um jogo, de um brinquedo, de uma música ou de uma pintura, em um espaço e tempo determinados, mas, sim, como uma expressão humana.

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( ) Para serem consideradas lúdicas, as atividades não podem ser realizadas com o uso de brinquedos, objetos ou outros materiais.

( ) Ao objeto, ou à ação que se pretende lúdica, devem ser acrescidos valores humanos, como a sensibilidade, a criatividade, a solidariedade, a ética, a estética, o altruísmo, a alegria, entre outros.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

8 Sobre a importância do brincar e do lúdico no ensino da natação, principalmente para crianças, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Embora beneficiem os aspectos psicossociais, o desenvolvimento de brincadeiras e de atividades lúdicas não auxilia no bom funcionamento dos aspectos fisiológicos.

b) ( ) Entre os benefícios das atividades lúdicas, pode-se citar que elas permitem a apropriação da realidade e o conhecimento dos objetos; favorecem a formação de conceitos e o pensamento abstrato; desenvolvem a coordenação motora e a linguagem; permitem a resolução de problemas e a sensação de controle do ambiente; favorecem a descoberta de si; estimulam a socialização e a autonomia.

c) ( ) As atividades lúdicas, principalmente as mais ativas, atuam como estimulantes nos sistemas cardiovascular, respiratório e musculoesquelético.

d) ( ) As atividades lúdicas desempenham um papel fundamental para o crescimento e o desenvolvimento saudável e geram impactos positivos na saúde física e mental das crianças.

e) ( ) Na fantasia da brincadeira, a criança tem a liberdade de percorrer o caminho que quer e necessita para atingir o seu objetivo primordial, que é ter uma experiência de sucesso na atividade. Favorecer a liberdade de imaginação, promovendo atividades em diferentes lugares, com variados materiais e com propostas diversificadas, facilita a apreensão de realidades, situações e fenômenos pelas crianças.

9 Qual é o significado de “conceito Halliwick”? _________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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10 Quais são os principais objetivos do “conceito Halliwick”? _________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11 O conceito Halliwick utiliza a evolução natural do desenvolvimento motor, de forma a atender à ordem sequencial de aquisição motora infantil. Nesse conceito, os aprendizes da natação, nomeados de “nadadores”, são ensinados a adquirir independência na água. Para tanto, dividem-se os nadadores, de acordo com suas habilidades aquáticas, em três níveis. No que se refere aos diferentes níveis de habilidades (1o nível, 2o nível, 3o nível), correlacione os itens I, II e III de acordo com o nível a que se refere.

I - Habilidades ligadas ao controle do equilíbrio e rotações do corpo em seus diversos eixos: transversal, sagital e longitudinal.

II - Habilidades ligadas a movimentos, onde o nadador desloca-se na água em progressões simples e os nados adaptados

III - Habilidades ligadas à adaptação ao meio líquido, independência e controle da respiração.

( ) 1o nível (Vermelho)( ) 2o nível (Amarelo)( ) 3o nível (Verde)

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) III, I, II.b) ( ) I, II, III.c) ( ) II, I, III.

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UNIDADE 2

METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer aspectos históricos do nado crawl e do nado costas;

• aprender aspectos técnicos do nado crawl;

• entender os princípios da pernada, da braçada, da respiração, da coorde-nação e das saídas e viradas do nado crawl;

• conhecer aspectos gerais do nado costas;

• aprender aspectos técnicos do nado costas;

• entender os princípios da pernada, da braçada, da respiração, da coorde-nação e das saídas e viradas do nado costas.

Essa unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AOS NADOS CRAWL E COSTAS

TÓPICO 2 – NADO CRAWL

TÓPICO 3 – NADO COSTAS

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TÓPICO 1

INTRODUÇÃO AOS NADOS

CRAWL E COSTAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

O estilo crawl da natação é conhecido no mundo todo por ser de mais fácil aprendizagem, sendo atualmente a modalidade de nado praticada nas provas de nado livre (CARVALHO, 2008). Isto porque o nado crawl se desenvolveu como o mais rápido dos estilos competitivos (PALMER, 1990). De acordo com o autor, o nado crawl, como estilo de natação, não é encontrado nos regulamentos oficiais da Federation Internationale de Natation Amateur (FINA), mas o documento apresenta o estilo livre. O motivo disto é que até o ano de 1990, todas as competições de natação tinham características de estilo livre. Todavia, nas competições atuais de estilo livre, os competidores são, excepcionalmente, nadadores de crawl (PALMER, 1990).

Machado (1998) explica que o nome “estilo livre” significa a liberdade de nadar qualquer estilo nesta prova, porém é realizada em nado crawl por este possibilitar uma maior velocidade no nado quando comparado com os demais estilos, isto é, é a forma de propulsão que apresenta o melhor rendimento (CATTEAU; GAROFF, 1990; MACHADO, 1998). Assim, o crawl é a forma de nadar utilizada nas provas de nado livre, sem sofrer, no tocante à execução do estilo, a ação fiscalizadora dos chamados juízes de percurso. De acordo com Carvalho (2008), o regulamento vigente de natação com respeito ao nado livre apresenta as seguintes informações:

• SW5.1 Nado livre significa que numa prova assim denominada, o competidor pode nadar qualquer nado, exceto nas provas de medley individual ou revezamento quatro estilos, em que nado livre significa qualquer nado diferente do nado de costas, peito ou borboleta.

• SW5.2 Alguma parte do nadador tem que tocar a parede ao completar cada volta e no final.

Neste sentido, permite-se, nas provas de estilo livre, nadar qualquer estilo ou combinação de estilos, sendo uma porta aberta ao progresso na busca de formas de nado mais rápidas (CARVALHO, 2008). Destaca-se que o crawl é a forma mais rápida de nado até o momento.

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

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Segundo Catteau e Garoff (1990, p. 123), “toda a evolução dos nados esportivos parece caminhar no mesmo sentido, a saber, que os nados procuram uma colocação ótima nas articulações dos membros superiores e inferiores, de forma a pôr em jogo, numa profundidade ótima, ações de grande amplitude que tendem a se afastar o mínimo possível do eixo de deslocamento”. Para o autor, o rendimento no nado possui a interferência de inúmeros fatores, são eles:

• Da utilização máxima das massas musculares que têm o melhor rendimento;• De um relaxamento muscular completo fora das fases propulsivas;• De uma respiração fisiologicamente adequada;• De uma resistência frontal reduzida;• Da procura de melhor sincronização das ações de membros inferiores e

superiores.

Todas as etapas da evolução da técnica do crawl enfatizaram, alternativamente, um ou vários destes aspectos para chegar à técnica moderna que tende a utilizar todos eles (CATTEAU, GAROFF, 1990). Os autores ressaltam que os nadadores Gottvellès, Schollander, Wenden, Rousseau e Spitz, os quais já representaram os melhores nadadores do mundo, apresentaram excelentes desempenhos devido às técnicas e, especialmente, à precisão nos gestos que utilizavam, tal qual aparece nos princípios supracitados. Nesta direção, o nadador que possuir a melhor técnica sempre terá vantagem em termos de velocidade, por isso, melhorando a técnica, o nadador, consequentemente, melhora o seu desempenho.

O nome crawl é de origem australiana. Seu surgimento veio através da percepção de Dick Cavill, membro de família de nadadores australianos, ao observar que o batimento simultâneo das pernas e braços atrasava a propulsão contínua. Assim, Cavill descobriu que alternando o movimento das pernas e braços resultaria em aumento da velocidade, melhorando a propulsão (CARVALHO, 2008).

Segundo o autor supracitado, “crawl” significa “rastejar” em inglês, que foi a primeira impressão de um técnico ao ver atletas nadando neste estilo. Sua principal característica é a possibilidade de se incorporar mudanças que o tornem mais rápido, ou seja, variações diversas são permitidas e até estimuladas, contribuindo para a evolução do nado (CARVALHO, 2008). O crawl moderno é a modalidade de natação que, atualmente, no que se refere à velocidade, se apresenta como capaz de conseguir maior rendimento (CATTEAU; GAROFF, 1990).

De acordo com o autor, as principais características do nado crawl são as seguintes:

• Posição ventral do corpo (barriga voltada para baixo);• Movimentos alternados e coordenados das extremidades superiores e

inferiores;• Rosto submerso, com água na altura da testa, olhando para frente e para baixo;• Respiração lateral, com rotação da cabeça, coordenada com os membros

superiores para realizar a respiração;

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AOS NADOS CRAWL E COSTAS

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• Um ciclo consiste numa braçada com o membro superior esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um número variável de pernadas.

Com relação às provas nadadas nesse estilo, temos as distâncias de 50m, 100m, 200m, 400m, 800m (feminino) e 1.500m (masculino). A posição do corpo permite trajetos subaquáticos bem orientados, com resultantes muito próximas da direção do nado. A alternância, continuidade e fluidez das ações segmentares implicam uma menor variação intracíclica da velocidade, o que contribui para a economia do movimento (CARVALHO, 2008).

No que concerne ao nado costas, a única técnica possível de se utilizar nas competições deste estilo de nado é o “nado costas” (CATTEAU; GAROFF, 1990). De acordo com os autores, neste nado, alternado e simétrico, o nadador possui o mesmo objetivo do nado crawl, ou seja, obter continuidade das ações propulsoras. Apesar de o regulamento limitar pouco a técnica do nado costas, uma vez que exige apenas que o nadador fique na posição em decúbito dorsal, os aspectos anatômicos e, particularmente, os limites articulares dos membros superiores restringirão o número de adaptações possíveis (CATTEAU; GAROFF, 1990).

As provas deste estilo de nado consistem no nado costas de 100 ou 200m – 100 ou 220 jardas. A distância a ser percorrida pode implicar a alteração da técnica adotada pelo nadador (CATTEAU; GAROFF, 1990).

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO NADO CRAWL

A primeira forma de nado rudimentar da qual se pode dizer que nasceu o crawl, é o "English Side Stroke", que nasceu na Inglaterra em 1840, e se caracteriza por nadar sobre a água com uma ação alternada de membro superior, mas sempre subaquática, enquanto os membros inferiores realizam um movimento de tesoura (CARVALHO, 2008).

FIGURA 20 – ENGLISH SIDE STROKE

FONTE: Carvalho (2008)

Posição com deslize curto

Golpes com os joelhos em direção ao quadril

Pernada em forma de tesoura

Separação de pernas

THE SIDE STROKE

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

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Somente dez anos depois apareceu o "Single over" ou "Over singelo”, o qual consiste no nado sobre o corpo, mas com uma recuperação aérea dos membros superiores, dito estilo é nadado pela primeira vez pelo australiano Wallis (CARVALHO, 2008). Posteriormente aparece o "Trudgen" (sobrenome do primeiro nadador que o utiliza), que é "importado" da Europa, pelo dito nadador inglês, após observar a sua realização por indígenas sul-americanos. O dito nado tem como novidade que se nade sobre o abdômen, movendo alternativamente os membros superiores fora da água, enquanto os membros inferiores realizam um movimento semelhante ao pontapé de peito. Em 1890 este estilo tem uma nova evolução, levada a cabo pelos nadadores australianos, que realizaram um nado "Trudgen", mas com movimento do membro inferior de tesoura, denominando-se esta nova técnica "Double over" ou "Dobro Over" (CATTEAU; GAROFF, 1990; CARVALHO, 2008).

Mas, em 1893, o movimento de tesoura é substituído por um movimento alternativo do membro inferior, dando a conhecer a forma mais rudimentar do estilo "crawl" ou crol, adotado pela primeira vez pelo nadador Harry Wickham (DUBOIS; ROBIN, 1992; 1997; REYES; CARVALHO, 2008); mas é o nadador Cavill o que mais difunde este estilo, introduzindo-o no ano 1903 em uma competição (DUBOIS; ROBIN, 1992; CARVALHO, 2008).

O crawl acaba de evoluir em 1920 quando o príncipe hawaiano Duke Kahanamoku, graças à realização de uma batida de seis tempos, consegue obter uma posição mais oblíqua que lhe permite bater todos os recordes (REYES, 1998; CARVALHO, 2008). Desde esse momento, o estilo crawl sofre pequenas variações: em 1928, Crabbe realiza um nado com respiração bilateral; em 1932, os japoneses realizam um crawl com uma tração descontínua para favorecer a eficácia da batida, e em 1955, John Weismüller realiza a tração subaquática com uma importante flexão de cotovelo na metade do percurso (DUBOIS; ROBIN, 1992; CARVALHO, 2008).

FIGURA 21 - JOHNNY WEISSMÜLLER E DUKE KAHANAMOKU

FONTE: Carvalho (2008)

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AOS NADOS CRAWL E COSTAS

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Na atualidade, a técnica de nado não tem variado muito desde a utilizada pelo dito nadador; ainda que nos últimos anos o australiano Michael Klim, em certos momentos da prova, realizou movimentos de crawl do membro superior coordenados como batida de borboleta nos membros inferiores, como ocorreu nos metros finais da primeira pista do relevo 4 x 100m livres na Olimpíada de Sydney (Austrália) em 2000 (CARVALHO, 2008).

3 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO NADO COSTAS

O nado costas é uma progressão do nado peito invertido, ou seja, uma evolução do nado peito em decúbito dorsal (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, inicialmente o nado costas era realizado com braçadas simultâneas, mas com o passar do tempo, os nadadores notaram que poderiam nadar mais rápido se realizassem braçadas alternadas, recuperando os braços sobre a água, visto que, com isso, não estariam desrespeitando as regras.

Entre os anos 1930 e 1960, o nado costas era praticado por meio de um estilo

que foi popularizado pelo nadador Adolph Kiefer (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, a braçada submersa era executada imediatamente abaixo da superfície e para o lado, com o braço reto. Da mesma forma, a recuperação foi efetuada para baixo e lateralmente, com o braço reto. Esse estilo mudou profundamente na década de 1960, pois, com o uso de filmagens submersas, os especialistas perceberam que os nadadores mais eficientes no estilo costas, na época, usavam um padrão de puxada de tipo S. Assim, seus braços eram dobrados no início da braçada e estendiam-se mais tarde. A recuperação, por sua vez, era realizada exatamente acima da cabeça e não para o lado (MASSAUD, 2004).

O autor supracitado compreende que o nado costas, atualmente, é muito parecido com o nado crawl, porém, é realizado em decúbito dorsal. No estilo costas atual, os braços realizam movimentos alternados e para cada ciclo de braçada são realizadas seis pernadas. O nado costas pode apresentar três fases propulsivas, são elas: primeira varredura para cima, segunda varredura para baixo e segunda varredura para cima (MASSAUD, 2004).

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RESUMO DO TÓPICO 1

Nesse tópico você viu que:

• O termo nado crawl, como estilo de natação, não é encontrado nos regulamentos oficiais da Federation Internationale de Natation Amateur, pois o documento apresenta o termo estilo livre.

• O nome “estilo livre” significa a liberdade de nadar qualquer estilo nesta prova.

• O nado crawl é a modalidade de nado praticada nas provas de nado livre, pois é a forma mais rápida de nado.

• O nome crawl é de origem australiana e o termo “crawl” significa “rastejar”, em inglês.

• A primeira forma de nado rudimentar da qual se pode dizer que nasceu o crawl é o "English Side Stroke", que nasceu na Inglaterra em 1840. Dez anos depois apareceu o "Single over" ou "Over singelo” e, posteriormente, aparece o "Trudgen".

• Em 1890 houve uma nova evolução, vinda dos nadadores australianos que realizaram o nado "Trudgen", surgindo um movimento do membro inferior de tesoura, denominando-se esta nova técnica "Double over" ou "Dobro over". Mas, em 1893, o movimento de tesoura foi substituído por um movimento alternativo do membro inferior, dando a conhecer a forma mais rudimentar do estilo "crawl".

• O nadador Cavill é quem mais difundiu o nado estilo crawl.

• As provas nadadas no estilo livre são as seguintes: de 50m, 100m, 200m, 400m, 800m (feminino) e 1.500m (masculino).

• O nado costas é uma progressão do nado peito invertido, ou seja, uma evolução do nado peito em decúbito dorsal.

• Inicialmente, o nado costas era realizado com braçadas simultâneas, mas com o passar do tempo, os nadadores notaram que poderiam nadar mais rápido se realizassem braçadas alternadas.

• No estilo costas atual, os braços realizam movimentos alternados e para cada ciclo de braçada são realizadas seis pernadas.

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AUTOATIVIDADE

1 Descreva a origem do nado crawl, bem como o significado deste termo: _________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 O nado crawl, como estilo de natação, não é encontrado nos regulamentos oficiais da Federation Internationale de Natation Amateur (FINA), explique por que.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 Em competições de natação, o termo “nado livre” sempre permite que o nadador utilize qualquer estilo de nado? Explique sua resposta:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Leia atentamente as frases a seguir, referentes ao nado “estilo livre”, e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O estilo crawl da natação é, atualmente, a modalidade de nado praticada nas provas de nado livre.

( ) Nas provas de estilo livre permite-se nadar qualquer estilo ou combinação de estilos, sendo uma porta aberta ao progresso na busca de formas de nado mais rápidas.

( ) Nas provas de medley individual ou revezamento quatro estilos, o nado livre não permite que o nadador utilize os nados de costas, peito ou borboleta.

( ) Embora o nado crawl seja reconhecido como a forma mais rápida de nado até o momento, este estilo nem sempre é utilizado pelos nadadores nas provas de nado livre.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, F, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

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5 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à história do nado crawl, e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O nome crawl é de origem britânica e o termo “crawl” significa “rastejar”, em inglês.

( ) A primeira forma de nado rudimentar da qual se pode dizer que nasce o crawl é o "English Side Stroke", que nasce na Inglaterra em 1840. Dez anos depois apareceu o "Single over" ou "Over singelo” e, posteriormente, aparece o "Trudgen".

( ) Em 1890 houve uma nova evolução, vinda dos nadadores australianos que realizaram o nado "Trudgen", surgindo um movimento do membro inferior de tesoura, denominando-se esta nova técnica "Double over" ou "Dobro over". Mas, em 1893, o movimento de tesoura é substituído por um movimento alternativo do membro inferior, dando a conhecer a forma mais rudimentar do estilo "crawl".

( ) O nadador Cavill foi quem mais difundiu o nado estilo crawl.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, V, V, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

6 O rendimento no desempenho do nadador possui a interferência de inúmeros fatores, neste sentido, leia atentamente as assertivas a seguir e assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Um bom desempenho no nado depende da utilização máxima das massas musculares que têm o melhor rendimento.

b) ( ) Um bom desempenho do nadador significa que não haverá relaxamento muscular durante qualquer fase do nado.

c) ( ) Um bom desempenho no nado depende de uma respiração fisiologicamente adequada.

d) ( ) Um bom desempenho no nado depende de uma resistência frontal reduzida.

e) ( ) Um bom desempenho no nado depende da procura por uma melhor sincronização das ações de membros inferiores e superiores.

7 O crawl moderno é a modalidade de natação que, atualmente, no que se refere à velocidade, se apresenta como capaz de conseguir maior rendimento. No que concerne às características do nado crawl, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) O posicionamento correto do corpo no nado crawl é a posição dorsal do corpo (barriga voltada para baixo).

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b) ( ) Os movimentos do nado crawl são alternados e coordenados das extremidades superiores e inferiores.

c) ( ) No nado crawl, o rosto do nadador fica submerso, com água na altura da testa, olhando para frente e para baixo.

d) ( ) No nado crawl realiza-se a respiração lateral, com rotação da cabeça, coordenada com os membros superiores para realizar a respiração.

e) ( ) No nado crawl um ciclo consiste numa braçada com o membro superior esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um número variável de pernadas.

8 Em termos de competição, descreva quais são as provas oficiais de nado crawl: _________________________________________________________________

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9 Em termos de competição, descreva quais são as provas oficiais de nado costas:

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 A primeira etapa para aprendizagem da natação está na adaptação ao meio líquido. No que concerne à adaptação ao meio líquido, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) O nado costas é uma progressão do nado peito invertido, ou seja, uma evolução do nado peito em decúbito ventral.

b) ( ) No que concerne ao nado costas, a única técnica possível de se utilizar nas competições deste estilo de nado é o “nado costas”.

c) ( ) No nado costas, o nadador possui o mesmo objetivo do nado crawl, ou seja, obter continuidade das ações propulsoras.

d) ( ) No estilo costas atual, os braços realizam movimentos alternados e para cada ciclo de braçada são realizadas seis pernadas.

e) ( ) Inicialmente, o nado costas era realizado com braçadas simultâneas, mas, com o passar do tempo, os nadadores notaram que poderiam nadar mais rápido se realizassem braçadas alternadas.

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TÓPICO 2

NADO CRAWL

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

A técnica de crawl ou livre é a técnica mais rápida das quatro técnicas de nado existentes em competição. Um ciclo de nado crawl consiste numa braçada com o membro superior esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um número variável de pernadas.

A técnica de crawl, ou livre, é a técnica mais rápida das quatro técnicas de nado existentes em competição. Um ciclo de nado crawl consiste numa braçada com o membro superior esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um número variável de pernadas. Todavia, o nado crawl varia de acordo com a individualidade dos nadadores. Deste modo, em relação à variação da propulsão de pernas e ciclo da braçada, o nadador poderá realizar duas pernadas a cada ciclo (duas braçadas), quatro pernadas para cada ciclo e seis pernadas para cada ciclo (LIMA, 2009).

Conforme o autor supracitado, houve um período, mais precisamente no início da década de 1970, em que se acreditava que os atletas fundistas deveriam realizar duas pernadas para cada ciclo para alcançar uma ótima performance. Isto porque, nas olimpíadas de Munique, em 1972, a nadadora australiana, Shane Gould, venceu as provas de 400 metros e 800 metros livre, nadando por meio desta técnica. Com isso, muitos técnicos passaram a forçar os seus nadadores a nadar com a mesma técnica, ou seja, com duas pernadas para cada ciclo de braçada.

O brasileiro Djan Madruga, ao estrear nas olimpíadas de Montreal, em 1976, adotou a técnica de seis pernadas para cada ciclo de braçada, provando que os fundistas poderiam nadar outra técnica, além daquela comumente utilizada, ou seja, a de duas pernadas para cada ciclo de braçadas (LIMA, 2009). Para o autor, geralmente os nadadores que utilizam duas pernadas para cada ciclo de braçada são os nadadores que possuem uma ótima flutuabilidade e, por isso, não dependem das pernas para a sustentação, mas, sim, para a propulsão e o equilíbrio.

É evidente que o nado crawl é o nado mais rápido para ser utilizado nas competições devido ao movimento contínuo de braços e pernas. Após o aluno ter adquirido uma boa adaptação ao meio líquido, o nado crawl costuma ser o primeiro nado a ser ensinado (GOMES, 1995).

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2 POSICIONAMENTO DO CORPO

A posição corporal no crawl é uma estrutura complexa, com todos os elementos interagindo uns com os outros. Para ter um bom entendimento da locomoção humana no meio aquático, é necessário conhecer que forças atuam nele quando submerso na água (CARVALHO, 2008).

Segundo Pável (1993) e Carvalho (2008), na análise da posição do corpo, há que se observar os seguintes movimentos oscilatórios:

• Rotação da cabeça para execução da inspiração, durante o final da ação submersa do braço;

• Rotação dos ombros, para colocar a mão em uma posição mais cômoda de apoio;

• Rolamento lateral do tronco e dos quadris, oferecendo apoio ao movimento das pernas;

• Movimento de pernas, que exercem ao mesmo tempo propulsão e equilíbrio corporal.

Nesse sentido, iremos, na descrição do posicionamento corporal, abordar os seguintes aspectos: o alinhamento horizontal; o alinhamento lateral e a rotação sobre o eixo longitudinal, a saber:

2.1 O ALINHAMENTO HORIZONTAL

Genericamente podemos afirmar que, ao longo da técnica global, o posicionamento corporal deverá manter-se o mais próximo possível da posição hidrodinâmica fundamental, o que permitirá minimizar a força de arrasto hidrodinâmico a que o nadador se sujeita, assim como favorecer a produção de força propulsiva pela ação dos segmentos motores (CARVALHO, 2008). Assim, no nado crawl, o corpo deve estar o mais horizontal possível, com a cabeça em posição natural no prolongamento do tronco e com as costas completamente planas (MASSAUD, 2004).

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FIGURA 22 – O ALINHAMENTO HORIZONTAL

FIGURA 23 – A POSIÇÃO DA CABEÇA

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

Para Carvalho (2008), durante o nado, o corpo deve manter-se o mais horizontal possível, ao nível da água, com ligeira arqueação nas costas e com os membros inferiores se movimentando de modo que o centro de ação dos pés fique a uma profundidade que deve ser aproximadamente a mesma que a dos quadris, de forma que apresente uma pequena superfície frontal de contato com a água, reduzindo assim o arrasto hidrodinâmico.

Maglischo (1986) refere que a melhor forma de observar e avaliar o alinhamento horizontal deverá ser sobre o plano sagital, isto é, visualizando o nadador de lado, onde a profundidade e inclinação do corpo é perfeitamente perceptível. Por outro lado, quanto maior for o comprimento total do corpo, menor será o arrasto hidrodinâmico, pelo que se deverá privilegiar as posições alongadas na água, não só no deslize após partidas e viradas, como durante o nado propriamente dito (CARVALHO, 2008). Conforme o autor, os nadadores mais longilíneos têm vantagens hidrodinâmicas, o que lhes permite reduzir o arrasto e aumentar a propulsão. Ademais, conjuntamente com as características antropométricas, o nível de flexibilidade dos nadadores também poderá afetar a capacidade do nadador em adotar a posição mais hidrodinâmica. Nesta

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perspectiva, os indivíduos hiperflexíveis conseguem, ao colocar o corpo numa posição mais alongada, minimizar o arrasto devido à diminuição da turbulência gerada perto dos pontos de pressão (ombros, bacia, joelhos e tornozelos) (CARVALHO, 2008).

2.2 ALINHAMENTO LATERAL

Durante o nado, qualquer movimento segmentar que crie forças com linhas de ação laterais em relação ao sentido de deslocamento do corpo provocará uma reação aplicada noutro segmento corporal, que o desviará do alinhamento corporal (CARVALHO, 2008). Assim, podem verificar-se movimentos de "ziguezaguear", com a anca e os membros inferiores oscilando lateralmente. Estas oscilações no alinhamento lateral levarão ao aumento da resistência ao avanço, devido ao aumento da superfície frontal de contato, conduzindo a um superior custo energético e à redução da velocidade de nado (CARVALHO, 2008).

Para permitir que o nadador preserve um correto alinhamento lateral é necessário aproximar as ações propulsivas do eixo longitudinal de deslocamento, o que é facilmente conseguido através da rotação sobre o eixo longitudinal (MAGLISCHO, 1993; MASSAUD, 2004; CARVALHO, 2008). Para os autores, é possível compensar a tendência lateralizante dos trajetos propulsivos através do papel equilibrador dos membros inferiores que exercem pressão sobre a água em direções laterais, acompanhando a rotação sobre o eixo longitudinal e a ação dos membros inferiores. No entanto, a cabeça não deve acompanhar a rotação sobre o eixo longitudinal do bloco tronco/membros inferiores, devendo manter-se sempre fixa (CARVALHO, 2008).

FIGURA 24 – O ALINHAMENTO LATERAL

FONTE: Massaud (2004)

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FIGURA 25 – ALINHAMENTO LATERAL SOBRE O PLANO FRONTAL

FONTE: Catteu e Garoff (1990)

Outro fator essencial para um correto alinhamento é "não cruzar os apoios", isto é, não ultrapassar a linha média do corpo durante a trajetória dos membros superiores (CARVALHO, 2008). Segundo o autor, este fato é importante durante toda a ação dos membros superiores, mas tem especial relevo no momento da entrada e na fase da recuperação, onde é de especial importância que o nadador não a realize lateralmente. A melhor maneira para avaliar o alinhamento é observar o nadador de frente (sobre o plano frontal), de maneira que se possa visualizar o eixo longitudinal de deslocamento (MAGLISCHO, 1993; CARVALHO, 2008).

Oscilaçõeslaterais

Contraoscilações

Ausência deoscilações

2 PERNADA

O movimento de pernas é uma oscilação solta dos membros inferiores, que realizam ações curtas, alternadas e diferenciadas, iniciando um, antes que o outro termine, que se dão principalmente no plano vertical, cuja importância se faz no equilíbrio, na propulsão e na sustentação do corpo no estilo crawl, mantendo o corpo, no seu conjunto, sempre estendido na posição horizontal, além de constituir como um excelente meio de preparação cardiopulmonar (CARVALHO, 2008). De acordo com o autor, o trabalho de pernas está longe de alcançar o mesmo efeito propulsivo dos braços, este auxílio, entretanto, representa uma grande percentagem no que diz respeito ao equilíbrio do corpo, podendo, quando aplicadas erroneamente, prejudicar até 70% da força propulsiva.

O movimento alternado na direção vertical ocorre de modo que as ações não percam a continuidade e que possam fundir-se de maneira tal, a ponto de parecer um único movimento de revolução das moléculas de água, criando uma força de sucção que auxilia a propulsão. A abertura entre as pernas no plano vertical (para cima e para baixo) deverá ser mais ou menos igual à largura do corpo, de 20 a 50 cm aproximadamente, dependendo da idade e do tamanho

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do nadador (CARVALHO, 2008). Segundo o autor, os movimentos de batimento de pernas se originam na articulação coxo-femural (quadril) com uma pequena flexão do joelho e sendo no peito do pé o ponto de pressão que impulsiona a água para trás. Os pés saem ligeiramente na superfície da água funcionando num meio que contém ar e água, este procedimento permite boa cadência, entretanto, é indispensável que os pés estejam em flexão plantar.

FIGURA 26 – A PERNADA DO NADO CRAWL

Fonte: Massaud (2004)

A eficiência da pernada, conforme Carvalho (2008), está diretamente ligada aos seguintes fatores:

• A completa soltura muscular que venha auxiliar para a chicotada que caracteriza este movimento.

• O ritmo sem interferência de desaceleração e quebra de continuidade.• A posição da perna, com os pés naturalmente voltados para dentro sem

movimentos forçados, visando o relaxamento muscular, para manter em atividade a zona de revolução da água.

• Movimento solto do pé na posição indicada, com grande flexibilidade dos tornozelos, para que a movimentação da água no nível dos dedos dos pés seja a mais atuante possível.

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De acordo com Massaud (2004) e Carvalho (2008), o movimento de pernas realiza dois movimentos, um ascendente (positivo) e outro descendente (negativo), a saber:

2.1 FASE DESCENDENTE

A fase descendente é o movimento ativo da pernada, ocorre de cima para baixo, com leve flexão do joelho, com o pé ligeiramente voltado para dentro e o tornozelo relaxado, oferecendo assim uma maior superfície motora (CARVALHO, 2008). Para o autor, no primeiro tempo, o joelho vai se abaixando e a perna flexionando-se um pouco mais sobre a coxa. A perna flexionada vai estender-se sobre a coxa que, por sua vez, vai manter-se apoiada na água e transmitir aos quadris o componente ascensional do movimento, ou seja, reação de elevação do quadril, mantendo o corpo do nadador numa posição plana e horizontal.

O valor motor do movimento das pernas está fundamentalmente ligado à flexibilidade do tornozelo e também do ritmo. Se compararmos o mecanismo motor das pernas com um movimento da cauda do peixe, somos tentados a procurar acelerar o gesto toda vez que a superfície motora se aproxima do eixo, e a desacelerá-lo quando ela se afastar do eixo (CARVALHO, 2008).

2.2 FASE ASCENDENTE

A fase ascendente é o movimento passivo, é o relaxamento da parte ativa, com extensão total da perna, até que o calcanhar atinja a superfície da água, mantendo o pé em posição natural (CARVALHO, 2008). De acordo com o autor, partindo em extensão, com o pé no prolongamento da perna, na sua posição mais baixa, o membro movido pelas massas musculares posteriores (especialmente glúteos máximos e isquiotibiais) vai se elevar, encontrando a resistência decrescente da massa de água superposta.

Quando essa resistência se atenuar, a ação dos isquiotibiais vai trazer como consequência uma inevitável flexão da perna sobre a coxa, compensada por um abaixamento do joelho. Essa flexão nunca é proposital nem comandada pelo nadador, mas é anatomicamente lógica e dá ao movimento harmonia e flexibilidade, além de aumentar a eficiência propulsiva (CARVALHO, 2008).

3 BRAÇADA

A ação dos braços pode ser analisada de acordo com Catteau e Garoff (1990), considerando o seguinte:

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• Movimento de um braço (ciclo de braço): o ciclo de braçada pode ser dividido em duas fases principais, a subaquática ou movimento propulsivo e a recuperação, que é executada sobre a superfície da água.

• Movimento de um braço em relação ao outro (coordenações): Os braços permanecem opostos um ao outro executando movimentos de rotação alternados e diferenciados.

Neste tópico será descrito o movimento completo de um braço, no tópico de coordenação será abordado o movimento de um braço em relação ao outro. Um ciclo de braço pode ser subdividido da seguinte maneira:

• Fase aérea: mediante a qual o braço se move sobre a água, preparando-se para a fase aquática. Caracteriza-se por ser um movimento de trás para frente em relação ao sentido do nado. Esta fase se imbui de grande importância no gesto total, por representar o descanso, o relaxamento muscular, além de armar para o movimento seguinte. Levando-o à atuação que irá representar o ângulo ideal de colocação na água. Esta fase nunca poderá ser representada por um gesto conduzido e lento, mas, ao contrário, solto e veloz (CARVALHO, 2008).

• Fase aquática: é caracterizada por ser um movimento de frente para trás em relação ao sentido do nado, essencialmente motor e inteiramente subaquático. Esse movimento motor pode também ser subdividido em quatro fases: extensão, agarre, tração e empurre (CARVALHO, 2008).

3.1 FASE AÉREA

3.1.1 Saída da mão

Tendo o braço terminado a fase de empurre, estando quase completamente esticado ao longo da lateral do corpo, o ombro sai da água, levando o braço, o cotovelo se dirige para cima, seguido do antebraço e da mão. A mão está descontraída orientada para dentro, dirige-se para cima e parte dela está fora da água (CARVALHO, 2008).

3.1.2 Recuperação

A recuperação do braço ocorre pela lateral do corpo e por cima da água que obriga uma oscilação contrária, obedecendo à terceira Lei de Newton. Esta oscilação deixa de existir graças ao cotovelo mais alto e palma da mão para baixo, o que proporciona um braço flexionado e relaxado, com diminuição do braço de alavanca, aumentando a força e diminuindo a resistência (CARVALHO, 2008).

O trajeto da mão se faz próximo à água e com o dorso relaxado e voltado para frente e posteriormente para dentro, mas sempre próximo ao corpo. Esta

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posição impede maior elevação. O movimento é relaxado até o momento da passagem da mão pelo cotovelo, quando deverá ser arremessado para água, de maneira solta e veloz, procurando uma entrada em um ângulo melhor possível, com a ponta dos dedos entrando antes do antebraço e este se antecipando ao braço. É importante ressaltar que o cotovelo é sempre mantido mais alto que a mão para poder dirigir o braço, com entrada da mão na água antes do cotovelo e oferecer um melhor descanso nesta fase (CARVALHO, 2008).

A transferência de momentum de força da fase de recuperação ajuda a diminuir a resistência e aumenta a força durante a fase de impulso subaquático do braço oposto. O ombro sairá da água, levando o braço, o cotovelo, depois o antebraço e a mão. O primeiro a romper a superfície da água é o cotovelo, seguido do braço, antebraço e da mão. Alguns nadadores realizam a passagem da mão longe do ombro e menos ou mais oblíqua para o lado. Nesta forma, o movimento é, incontestavelmente, menos econômico (a contração do deltoide é tanto maior quanto mais o braço vai roçar a água); mas, algumas vezes tal movimento é exigido por um relaxamento relativamente limitado da articulação do ombro (CARVALHO, 2008).

A recuperação deve ser a mais plana possível, uma vez que a sua grande elevação pode ocasionar uma queda curta na água, uma pancada desnecessária na superfície ou um rolamento exagerado do tronco. O movimento é relaxado até o momento da passagem da mão pelo cotovelo, quando deverá ser arremessado para água, de maneira solta e veloz, procurando uma entrada em um ângulo melhor possível, com a posta dos dedos entrando antes do antebraço e este se antecipando ao braço (CARVALHO, 2008).

3.1.3 Entrada da mão na água

A mão entra com o punho ligeiramente flexionado, devido à ação dos músculos flexores do carpo, com a palma um pouco para fora, dedos unidos com o indicador entrando em primeiro lugar, polegar voltado para baixo exercendo uma ação de pressão na água para baixo e para trás, sendo que o dedo mínimo estará ligeiramente voltado para fora quando iniciarmos um movimento para baixo desse dedo e uma condução da mão com a palma voltada para dentro, tentando manter a pressão na ponta dos dedos e na palma da mão (CARVALHO, 2008).

O ângulo exato de inclinação da mão com o qual se consegue o máximo de sustentação varia com a direção do fluxo. A mão penetra na água a pouca profundidade, seguida do antebraço, do braço, depois do ombro que também avança, no último momento, a fim de alongar na mesma medida o comprimento do trajeto motor. Há, portanto, extensão geral oblíqua dos segmentos do membro superior. Uma vez colocados os dedos na água, é aberta uma fenda, para onde se dirigem o cotovelo e o ombro. O braço se encontra ligeiramente flexionado e à frente de seu ombro. O cotovelo está dirigido para acima, a mão se encontra ligeiramente flexionada para abaixo e para fora (CARVALHO, 2008).

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3.2 FASE AQUÁTICA

3.2.1 Extensão

Compreende a entrada do braço na água, à frente do ombro e do corpo, com a mão alcançando o seu ponto de apoio, que está à frente e para o fundo, aproximando-se de uma posição abaixo do prolongamento do eixo do corpo, é a base da fase propulsiva (CARVALHO, 2008).

3.2.1.1 Posição inicial

O braço se encontra ligeiramente flexionado e em linha com seu ombro. O cotovelo está dirigido para acima e ligeiramente para fora. O pulso se encontra muito ligeiramente flexionado para abaixo e para fora. A extensão do braço não é completa, sua extensão máxima é seguida de uma ligeira flexão do cotovelo, que permite à mão aproximar-se do eixo do corpo e ao mesmo tempo conserva os músculos do braço em posição mais cômoda (CARVALHO, 2008).

Os ombros devem, neste estágio inicial da propulsão, ter começado seu rolamento lateral, auxiliando no correto posicionamento do braço para o início da tração. O apoio, com tração, deve ser feito com os dedos estendidos e unidos. O braço que traciona permanece estendido neste estágio, mas o punho mantém uma atitude ligeiramente flexionada em direção ao dedo mínimo (iniciada na entrada) e também na direção natural da palma da mão, para se estabelecer uma pressão propulsiva sobre a mão e o antebraço (CARVALHO, 2008).

3.2.1.2 Posição final

O braço se encontra quase totalmente estendido ligeiramente mais afora do que a linha de seu ombro. O cotovelo se orienta para acima e para fora e está mais alto do que a mão. O pulso está girado para abaixo e para fora e a mão olha na mesma direção (CARVALHO, 2008).

3.2.2 Agarre

3.2.2.1 Postura inicial

O braço se encontra quase totalmente estendido e ligeiramente mais fora do que a linha de seu ombro. O cotovelo se orienta para acima e para fora e está mais alto do que a mão. O pulso está girado ligeiramente para fora. A mão olha para abaixo e para fora (CARVALHO, 2008).

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3.2.2.2 Postura final

O braço se encontra no ponto de máxima profundidade, quase esticado, e para fora de seu ombro. O cotovelo em flexão olha para acima e para fora. O pulso em ligeira flexão e rotação interna. A mão olha para dentro, para atrás e para acima preparando a seguinte curva (CARVALHO, 2008).

3.2.3 TRAÇÃO

3.2.3.1 Posição Inicial

Segue-se logo após alcançar o ponto de apoio e termina quando a mão atingiu a posição ao lado e junto dos quadris, pronta para a retirada da água. Nessa fase, a mão, o antebraço e o braço exercem ação contra o líquido imprimindo-o para trás e fazendo o corpo deslocar-se para frente. A profundidade da mão muda quando ela se move para trás da água. A mão se apoia na água, e o mesmo princípio que faz a asa do avião se erguer, fornece a força que faz o corpo avançar à frente da mão (CARVALHO, 2008).

O padrão da puxada é um “S” alongado, com a mão procurando exercer a sua ação numa linha o mais próximo possível do eixo do corpo, para que a mão possa encontrar apoio na água e aumentá-lo, mantendo a mesma profundidade até o início da finalização. A propulsão do braço só pode acontecer quando houver pressão suficiente criada nas superfícies propulsoras da mão e do antebraço para sustentar a velocidade do nado, a pressão criada sobre sua mão e braço deve ser suficiente para superar todas as diversas formas de atrito criadas pela água (CARVALHO, 2008).

Precisamos saber que o nadador, para produzir uma força de elevação para a frente, precisa mover sua mão em diferentes sentidos, de cima para baixo e de um lado para o outro, para que haja uma diferença de pressão, esta movimentação é ocasionada pela busca de água calma. A trajetória da mão na água busca oferecer uma resultante (interação das forças de sustentação e resistiva) orientada o mais próximo possível para frente (CARVALHO, 2008). Em um fluido, a força de sustentação é sempre perpendicular à força resistiva e essa é sempre contrária ao movimento.

A palma da mão deve estar voltada, o mais próximo possível, imediatamente para trás, dirigindo, desta forma, as forças propulsivas de maneira mais vantajosa. Os dedos devem estar unidos, ou quase unidos, e a mão deve estar plana. Para que a palma da mão esteja voltada para trás, o punho terá que ser inicialmente ligeiramente flexionado e, para se atingir um bom rendimento na água, o cotovelo também deve estar flexionado e permanecer elevado acima da mão. O cotovelo é mantido alto, com o antebraço ligeiramente flexionado sobre

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o braço e penetra mais ou menos profundamente na água, conforme se trate de um nadador de velocidade (pouco profundo) ou de meio fundo (mais flexionado) (CARVALHO, 2008).

Devemos tentar o “apoio” e a pressão pelo músculo flexor do carpo, sendo que o dedo mínimo estará ligeiramente voltado para fora quando iniciarmos um movimento para baixo desse dedo e uma condução da mão com a palma voltada para dentro, tentando manter a pressão na ponta dos dedos e na palma da mão até o fim da empurrada. A flexão excessiva do cotovelo faz com que a mão fique muito próxima ao corpo do nadador e, embora a tração seja mecanicamente mais fácil, ela será menos efetiva (CARVALHO, 2008).

A boa dobra máxima dos cotovelos se aproxima de 90° na fase de impulso da braçada agindo “paralelamente” ao eixo do corpo, sendo mais marcada no momento da passagem da mão na vertical do ombro, apontando para a lateral da piscina, criando um potente deslizamento da mão e do antebraço, proporcionando uma aceleração progressiva durante a braçada.

Os dedos são posicionados de maneira a se moverem no plano vertical e central do corpo. O movimento excessivo da mão cruzando este plano central em qualquer direção tende a introduzir uma rotação longitudinal do corpo e aumentar a superfície de atrito. A rotação interna (ou medial) dos braços, que “coloca” o cotovelo em posição alta e avançada, deve ser compensada por uma rotação externa do antebraço para que a direção da mão possa ser mantida, é item fundamental para a propulsão do nado (CARVALHO, 2008).

3.2.3.2 Posição final

O braço se encontra entre o pescoço e a linha média do corpo, mais ou menos embaixo de seu ombro. O cotovelo, em máxima flexão, mira para fora e ligeiramente para cima. A mão se encontra no momento de menor profundidade e deve terminar dirigida para fora, atrás e acima com o fim de preparar a seguinte curva (CARVALHO, 2008).

3.2.4 Empurre

Podemos dizer que é o movimento do braço que vai desde a máxima flexão do cotovelo, até sua extensão completa, que ocorre com o polegar passando próximo da coxa da perna em ação, com a palma voltada para dentro. É o ponto de maior velocidade na rotação dos braços (CARVALHO, 2008).

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3.2.4.1 Fase inicial

A partir da máxima flexão do cotovelo, este é estendido a aproximadamente 135° visando aumentar a resistência e a força da alavanca e, consequentemente, a potência do nado. A fase de finalização é distinta da puxada e não apenas uma continuação, pois, além da mudança de direção, ainda há a modificação do movimento. Este gesto terminal é de suma importância e deve, no aperfeiçoamento, ser enfatizado até que se torne habitual ao nadador (CARVALHO, 2008).

Precisamos saber que o nadador, para produzir uma força de elevação para a frente, precisa mover sua mão em diferentes sentidos, de cima para baixo e de um lado para outro, para que haja uma diferença de pressão, esta movimentação é ocasionada pela busca de “água calma”. A trajetória da mão na água busca oferecer uma resultante (interação das forças de sustentação e resistiva) orientada o mais próximo possível para frente (CARVALHO, 2008). Em um fluido a força de sustentação é sempre perpendicular à força de resistência e essa é sempre contrária ao movimento.

É de extrema necessidade a manutenção do cotovelo sempre mais alto que a mão, não permitindo sua queda em nenhum momento, e para isto, o nadador deverá ter a sensação de que envia o cotovelo para trás e para cima, quando parte para o movimento da finalização. A mão empurra a água para trás, levando a palma diretamente para os pés, até cerca de 15 a 20 cm abaixo do nível d’água, onde o antebraço realiza uma rotação lateral fazendo com que a palma da mão fique voltada para dentro, sendo o dedo mínimo o primeiro a sair da água (CARVALHO, 2008).

3.2.4.2 Fase final

O braço se encontra quase completamente esticado ao longo do lateral do corpo. O cotovelo se dirige para acima e se encontra fora da água. A mão está orientada para dentro, dirige-se para acima e parte está fora da água (CARVALHO, 2008).

4 RESPIRAÇÃO

A respiração do nado crawl é composta por duas fases, uma aquática (expiração) e outra aérea (inspiração) (MASSAUD, 2004). Deve-se observar que ao invés de se elevar a cabeça, deve-se girá-la para respirar, a elevação da cabeça aumenta as forças de resistência corporal e causa um distúrbio no ritmo do nado (CARVALHO, 2008). Contudo, conforme o autor, deve-se compreender que a cabeça tende a se elevar quando há grande velocidade, é por isso que os nadadores de velocidade têm a posição da cabeça mais alta, as costas mais arqueadas e, da

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cabeça aos pés, a impressão que se tem do nadador em ação é a de um arco, devido à alta velocidade de pernas e braços. Quando a movimentação é lenta, somente a coroa da cabeça deve ser vista, os fundistas possuem as costas mais estendidas, a cabeça menos alta, com o nível da água chegando aos cabelos. Quando o nadador se desloca, principalmente em alta velocidade, podemos observar que a água passa por cima da nuca, com a formação de uma marola à frente da cabeça, que se abre em "V" para os lados e para trás, e entre as duas marolas forma-se a cava, onde repousa o tronco do nadador (CARVALHO, 2008).

4.1 INSPIRAÇÃO

É conveniente que a tomada de ar pela boca quebre o menos possível a continuidade da progressão por uma mudança do equilíbrio do corpo. O giro da cabeça, para o lado escolhido, não precisa ser grande, pois, com o deslocamento do nadador existe uma formação de marola à frente, forma-se ao lado da cabeça uma cava que auxilia na inspiração (CARVALHO, 2008).

O nadador deverá manter uma das orelhas submersas e a boca livre para inspiração, coincidindo com a mais alta posição do ombro durante a ação dos braços. É preciso que a inspiração se efetue num mínimo de tempo possível, daí a necessidade de abrir bem a boca para absorver o ar (CARVALHO, 2008).

A inspiração é executada depois de uma expiração forçada, é necessariamente reflexa e não exige a intervenção da vontade do nadador, e coincide com o momento em que a mão oposta ao movimento respiratório entra na água, e o final da ação motora da mão correspondente do lado da inspiração. À medida que o braço volta para frente, a cabeça também vai voltando à posição normal, girando em torno do pescoço, neste trajeto deve haver uma retenção da respiração (apneia) (CARVALHO, 2008).

4.2 EXPIRAÇÃO

A expiração é forçada e progressiva, pois desenvolve-se no mínimo durante um ciclo completo dos dois braços sob a água. É necessário que se faça explodir o ar que se está expirando imediatamente antes do rosto deixar a água para preparar a próxima tomada de ar. Para ser completa, a expiração deve expelir o ar ligeiramente dentro da água, isto é, pela boca, nariz ou nariz/boca, sem ser forte demais, a fim de não criar desvios excessivos de pressão no interior da caixa torácica (CARVALHO, 2008).

Notemos que a expiração forçada é determinada pelos músculos expiratórios, em particular os do abdome (grandes e pequenos oblíquos, transversal e reto abdominal), exige que o nadador tenha uma musculatura abdominal adequadamente desenvolvida.

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5 COORDENAÇÃO

Quando falamos de coordenação de um estilo de natação estamos nos referindo à forma de coordenar os movimentos do corpo para que, além de atingir a máxima velocidade com a menor resistência, a fadiga apareça o mais tarde possível, isto é, coordenar o movimento de ambos os braços, coordenar o movimento dos braços com a respiração e coordenar o movimento de braços e pés (CARVALHO, 2008).

5.1 COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS

Para equilíbrio do corpo a ação se desenvolve na chamada “pegada dupla”, que consiste num melhor aproveitamento da braçada, pois, na sua execução, quando um dos membros está exercendo a fase de pressão, o outro está na ação de puxada (CARVALHO, 2008). Pode-se dizer que se usam dois tipos de coordenação e suas variantes, são elas: coordenação de alcance ou distância por braçada e coordenação de superposição.

5.1.1 Coordenação de alcance oudistância por braçada

Na primeira e mais usada, os braços se alternam em suas fases de propulsão, bloqueando a ação propulsiva de um braço até que o outro não tenha terminado sua braçada. Esta forma de encadeamento temporário tem duas variantes, ou inclusive três, de acordo como se encontre um braço com respeito ao outro. As três têm um aspecto em comum, sempre um braço traciona, o outro recupera (CARVALHO, 2008).

Na menos aberta das três, o braço bloqueado inicia sua tração imediatamente depois da finalização da braçada, produzindo sempre um momento propulsivo e fazendo que a velocidade do nadador seja mais constante. Esta forma é a mais usada e a que mais benefícios a priori contém. A busca de uma propulsão constante provoca que tenha uma curva de velocidade mais redonda, com a conseguinte poupança de energia em recuperar a velocidade e as turbulências que se omitem, ao fazer a desacelerações mais suaves (CARVALHO, 2008).

Na seguinte forma, o braço bloqueado adiante de seu ombro não inicia o movimento para baixo e para fora até que o outro braço chegue à metade de sua recuperação. Pode-se vê-la em Thorpe nos 400m livres de Atenas ou Phelps na final de 400m estilos. É muito parecida à anterior descrita, a diferença está em que se atrasa o início da braçada até que o corpo se encontra nivelado e o braço na fase de recuperação. Para poder realizar corretamente esta coordenação deve-se efetuar uma pernada o suficientemente propulsiva para que no momento em que nenhum braço produz propulsão, a velocidade não decaia demasiadamente. Como positivo tem que o braço que inicia sua braçada se encontra na água mais quieta (em função de seu corpo), fazendo mais eficazes as primeiras curvas que realiza (CARVALHO, 2008).

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A seguinte é muito difícil de observar, ao menos em nadadores de alto nível. Consiste em realizar um relevo total no movimento dos braços. Só se move um braço cada vez. Até que um braço não terminou as bases aquáticas e aéreas, o outro braço não inicia seu trabalho. Esta maneira de nado tem poucas vantagens e muitos inconvenientes. O único positivo que se poderia dizer, sempre que se mantenha uma vigorosa pernada, que procure a máxima longitude de nado por ciclo. Ainda que o preço seja uma frequência demasiadamente baixa (CARVALHO, 2008).

5.1.2 Coordenação de superposição

A seguinte variante é bem mais fechada; a mão contrária entra quando ainda a outra mão só completou a metade de seu percurso, esta mudança se efetua embaixo do peito. Iniciando o movimento para abaixo e para fora quando a outra mão se encontra ao final da varredura para cima e para dentro. A diferença com a anterior forma de acoplamento (coordenação aberta) está em que elege um diferente movimento para acima, para iniciar o movimento para embaixo do outro braço. Na aberta, se elege o movimento último para cima e para fora e na fechada se prefere o movimento acima e para dentro (CARVALHO, 2008).

Esta forma de nado é de importância às fases finais da braçada, que são com diferença as mais propulsivas. E só se produz um relevo na propulsão nesta zona. Desta maneira, teoricamente, se pode obter uma maior velocidade, mas com uma baixa eficácia, com um grande gasto energético e uma alta frequência. A razão do exposto estriba em que quando um braço traciona nas zonas iniciais da braçada, zonas pouco propulsivas, o outro braço está gerando o momento de maior velocidade com respeito à água, pelo que a mão que se encontra ao início da trajetória terá que deslocar água já em movimento (com respeito ao corpo), sendo isto pouco eficaz (CARVALHO, 2008).

5.2 COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇOS E RESPIRAÇÃO

O movimento da cabeça para inspiração ocorre no meio da puxada (segunda curva do “S”) de um dos braços (o lado escolhido pelo aluno), enquanto o outro braço encontra-se no movimento final da recuperação e próximo à pegada (entrada da mão) (CARVALHO, 2008).

Quando da finalização desse braço onde está ocorrendo a inspiração, a cabeça estará totalmente voltada para essa lateral do corpo, sendo que o outro braço já terá realizado a pegada, alongando-se à frente. A recuperação do movimento da cabeça ocorre junto com a do braço, sendo que ela retornará (pela água) mais rapidamente que ele e o outro braço estará iniciando a puxada (CARVALHO, 2008).

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5.3 COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS E PERNAS

Existem duas formas fundamentais de coordenação de pés e braços, o crawl de seis tempos e o crawl de dois tempos. O crawl de quatro tempos é uma forma intermediária. Os nadadores de velocidade tendem a utilizar o crawl de seis tempos e os de fundo o de dois tempos, já que este último é mais econômico quanto a gasto energético. No entanto, esta regra tem suas exceções nos dois sentidos (MASSAUD, 2004; CARVALHO, 2008). Segundo o autor, em qualquer caso, cada nadador deve ajustar seu ritmo de pernas segundo suas próprias características e a sua comodidade.

FIGURA 27 – COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS E PERNAS NO NADO CRAWL

FIGURA 28 – COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS E PERNAS NO NADO CRAWL

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

5.4 COORDENAÇÃO ENTRE OS BRAÇOS E O TRONCO

O momento mais importante da coordenação ocorre quando o membro superior entra na água e quando o outro membro superior está a completar o alinhamento lateral interior, o que permite ao corpo rodar para o lado do braço que vai iniciar a ação ascendente (membro superior “recuado”). Por outro lado, a extensão para frente do membro superior que entra na água permite que o corpo fique novamente alinhado enquanto a ação ascendente é realizada (CARVALHO, 2008).

Além deste aspecto, o membro superior não deve começar a deslizar para baixo antes que o outro membro superior tenha completado a ação ascendente, mantendo-se o alinhamento do corpo nesta ação. Este fato vai causar diminuição da velocidade na ação ascendente; contudo, este fato é preferível à redução da propulsão, que ocorre se o membro superior se deslocar para frente “contra a água”

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enquanto que o membro superior recuado se desloca para cima. Aparentemente, a velocidade de nado perdida durante o período desacelerativo compreendido entre o fim da ação ascendente do membro superior “atrasado” e o agarre do membro superior “dianteiro” é compensada por uma maior propulsão durante a ação ascendente (CARVALHO, 2008).

Há o movimento rotacional do tronco e da bacia para os membros superiores, implicando um aumento da força propulsiva gerada pelos membros superiores. A rotação do corpo sobre o eixo longitudinal do tronco e membros inferiores é uma causa natural da utilização alternada dos membros superiores. Assim, o corpo do nadador deverá acompanhar o movimento dos membros superiores, efetuando a rotação dos ombros, tronco e membros inferiores como um todo, senão a bacia e os membros inferiores oscilarão lateralmente (CARVALHO, 2008).

6 SAÍDAS E VIRADAS

De acordo com Massaud (2004), a literatura que aborda, especificamente, as saídas e viradas do nado crawl, se apresenta de forma bastante reduzida, ou seja, são poucos os trabalhos que abordam este assunto. Contudo, o autor sugere que seja dada uma maior atenção a este assunto, uma vez que os tempos de saída representam, aproximadamente, 25% do tempo total consumido nas provas de 25 metros, 10% nas de 50 metros e 5% nas de 100 metros. Os nadadores de nado crawl gastam entre 20% e 38% de seu tempo dando viradas, nas provas de piscina curta, que variam de 50 a 1500 metros, respectivamente. Dados reunidos ao longo de vários anos indicam que, na média, a melhora da técnica de saída pode reduzir os tempos das provas em, pelo menos, 0,10 segundos e que, nas viradas, pode diminuí-los em, pelo menos, 0,20 segundos por piscina nadada. Além disso, a melhora no desempenho da técnica de chegada pode reduzir os tempos das provas em, pelo menos, mais 0,10 segundos. Assim, duas horas de prática semanal destas técnicas podem melhorar o tempo do nadador de 50 metros em piscina curta em, pelo menos, 0,40 segundos; em um de 100 metros, 0,80 segundos e; em distâncias maiores, a melhora será ainda mais significativa (MASSAUD, 2004).

6.1 SAÍDA DE AGARRE

Na saída de agarre, o nadador deverá estar posicionado sobre o bloco de partida com os dois pés presos, com a flexão dos dedos na parte anterior do bloco; flexionar o tronco, mantendo as pernas ligeiramente flexionadas com o quadril alto e segurar com as mãos a parte anterior do bloco por entre os pés ou seus lados. A cabeça deverá estar encaixada nos braços, com a visão voltada para os pés (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, ao sinal de partida do árbitro, o nadador deverá executar os seguintes passos:

• Tracionar contra o lado inferior do bloco para fazer com que o seu corpo inicie o desequilíbrio à frente.

• Lançar a cabeça e as mãos para cima e à frente, sob o queixo, iniciando a projeção do corpo para o voo.

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• Decolar num ângulo de 45 graus.• Carpar ao passar pelo ponto mais elevado do voo, momento de se encaixar a

cabeça entre os braços.• Na entrada da água, procurar fazer com que todo o corpo o faça no mesmo

ponto onde entraram as mãos.• Manter as mãos sobrepostas, com os braços estendidos pressionando as orelhas,

mantendo o corpo em uma posição aerodinâmica.

Iniciar uma curta e rápida pernada do golfinho, aumentando gradativamente; iniciar a primeira braçada um pouco antes de o corpo atingir a superfície, de forma que isso ocorra quando o nadador estiver realizando a varredura para cima.

FIGURA 29 – SAÍDA DE AGARRE – FASE I

FONTE: Massaud (2004)

paravertebraldorsal largo

quadríceps

jarrete

gastrocnêmioe sóleo

tríceps braquial

redondomaior

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FIGURA 30 – SAÍDA DE AGARRE – FASE II

paravertebral

deltóide anterior

peitoral maior

glúteo maior

jarrete

gastrocnêmia e sóleo quadríceps

tríceps braquial

FONTE: Massaud (2004)

6.2 SAÍDA DE TRACK OU DE ATLETISMO

As principais diferenças da saída de agarre para a de track ou de atletismo, em seu posicionamento no bloco de partida, são que o nadador coloca um dos pés perto da parte de trás do bloco enquanto o outro permanece na posição à frente e o quadril do nadador fica posicionado mais para trás (MASSAUD, 2004). O autor menciona algumas das vantagens dessa saída, a saber:

• Os nadadores podem entrar na água mais rápido, pois seu centro de gravidade desloca-se quase que diretamente à frente, até chegar a um ponto onde começa a cair.

• Os nadadores realizam dois impulsos na projeção do corpo na saída, em vez de um.

• Reduz o tempo gasto pelo nadador até a entrada na água.

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FIGURA 31 – SAÍDA TRACK OU DE ATLETISMO – FASE I

FONTE: Massaud (2004)

Embora descritas estas vantagens, Massaud (2004) diz que não existe uma diferença significativa em relação às técnicas de saída de “agarre” e a de “track ou de atletismo”. Porém, o autor indica que é extremamente importante que os nadadores experimentem ambas, para verificar qual delas lhe oferecerá um melhor rendimento.

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FIGURA 32 – SAÍDA TRACK OU DE ATLETISMO – FASE II

FONTE: Massaud (2004)

6.3 SAÍDA DE COMPETIÇÃO

Nas competições, as saídas devem ser realizadas a partir do bloco de partida, no qual o nadador se posicionará de acordo com os comandos do árbitro de partida, os quais são descritos abaixo, de acordo com Massaud (2004, p. 77):

• Posicionar-se de pé atrás do bloco de partida da raia em que for nadar.

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FIGURA 33 – SAÍDA DE COMPETIÇÃO – FASE I

FONTE: Massaud (2004)

• Ao sinal do primeiro apito longo, o nadador estará autorizado a tomar posição sobre o bloco, da forma que lhe convier, ou seja, poderá ficar em pé; ou com o tronco flexionado semelhante à posição de partida; ou pronto para a partida (posição da partida de agarre, onde os dois pés estarão presos à frente da superfície superior do bloco, com um afastamento entre eles, de forma que se possa segurar com as duas mãos entre os pés no bloco, mantendo as pernas semiflexionadas e o quadril o mais alto possível. Poderão ser utilizadas várias técnicas de saída, ou seja, convencional, track e outras).

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FIGURA 34 – SAÍDA DE COMPETIÇÃO – FASE II

FONTE: Massaud (2004)

• Ao comando do árbitro de “suas marcas”, todos os nadadores deverão se posicionar com pelo menos um dos pés na parte superior e anterior do bloco de partida. Os nadadores que já haviam se posicionado ao comando anterior deverão permanecer imóveis. Assim que todos os nadadores estiverem posicionados, imóveis, o árbitro dará o comando de partida.

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FIGURA 35 – SAÍDA DE COMPETIÇÃO – FASE III

FIGURA 36 – SAÍDA DE COMPETIÇÃO – FASE IV

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• A posição ideal de entrada do corpo na água é de forma que, por onde entrarem as mãos, deverá entrar, progressivamente, o resto do corpo.

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• De acordo com a regra oficial para competições, por exemplo, o Campeonato Mundial Absoluto – Troféu Brasil de Natação – Troféu José Finkel, Campeonato Sul Americano, Campeonato Mundial e outras, não poderá haver saída falta, ou seja, saiu antes, desequilibrou e caiu na água, será automaticamente desclassificado.

• Terão direito a uma saída falta as seguintes competições: as competições não oficiais, em que fique previamente determinado em seu regulamento, ou em competições organizadas pela Federação Estadual, nas categorias de formação, por exemplo, no Mirim, Mirim I e Mirim II, ou seja, crianças iniciantes no meio competitivo dos sete aos nove anos, que esteja previsto no regulamento das competições.

6.4 VIRADA OLÍMPICA DO CRAWL

É possível observar nadadores realizando duas técnicas diferentes nas viradas olímpicas. Em uma delas, realiza-se a cambalhota de frente, com um pequeno giro do corpo, realizando o impulso na borda, na posição dorsal e, girando no decorrer do deslize submerso, até retomar a posição de nado. Na outra técnica, o nadador realiza um giro maior do corpo no decorrer da cambalhota, realizando o impulso na borda na posição lateral (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, a primeira técnica vem se apresentando como um método mais rápido em relação à segunda, porém, indica a necessidade de que os nadadores experimentem ambas as técnicas para, então, identificar qual delas deverão utilizar.

As viradas do crawl são denominadas “olímpicas” e são desenvolvidas por meio de uma cambalhota, na qual o nadador, ao se aproximar da borda da piscina, executa os seguintes movimentos, de acordo com Massaud (2004, p. 87):

• Um aumento da velocidade do nado para facilitar a cambalhota;

FIGURA 37 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE I

FONTE: Massaud (2004)

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FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• A união de seus braços ao longo de seu corpo, em que um dos braços, após a finalização da braçada, aguarda a chegada do outro;

FIGURA 38 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE II

FIGURA 39 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE III

dorsal largo

braquial

retoabdominal

quadríceps

gastrocnêmioe sóleo

• A inversão das mãos com uma pernada de golfinho, executando a cambalhota.

tríceps braquialgastrocnêmia e sóleo

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FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

FIGURA 40 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE IV

FIGURA 41 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE V

• No momento em que os pés estiverem tocando na borda, os braços estarão prontos à frente, para a realização do impulso, não devendo existir movimento dos braços para ajeitar o corpo.

• Assim que os pés tocam a borda, executar a impulsão nela, realizando o deslize em decúbito lateral, com os braços estendidos à frente, pressionando as orelhas e mãos sobrepostas.

glúteo maior

jarrete

reto abdominal

deltóide médioe posterior

glúteo maior

gastracnêmioe sóleo

quarícepsreto abdominal

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FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

FIGURA 42 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE VI

FIGURA 43 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE VII

FIGURA 44 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE VIII

• A pernada de golfinho, até o máximo na distância de 15 metros submersos (permitido pela regra).

quaríceps

trícepsbraquial

gastrocnêmio e sóleodorsal largo

reto abdominal

tríceps braquial

gastrocnêmio e sóleo

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FONTE: Massaud (2004)

FIGURA 45 – SAÍDA OLÍMPICA DO CRAWL – FASE IX

quadríceps

glúteo maior

glúteo maior

reto abdominal

reto abdominal

deltóide médioe posterior

jarrete

gastrocnêmio e sóleo

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RESUMO DO TÓPICO 2

Nesse tópico, você viu que:

● Um ciclo de nado crawl consiste numa braçada com o membro superior esquerdo e outra braçada com o membro superior direito e um número variável de pernadas.

● No nado crawl, o corpo deve estar o mais horizontal possível, com a cabeça em posição natural no prolongamento do tronco e com as costas completamente planas.

● Durante o nado crawl, qualquer movimento segmentar que crie forças com linhas de ação laterais em relação ao sentido de deslocamento do corpo provocará uma reação aplicada em outro segmento corporal, que o desviará do alinhamento corporal. Porém, é possível compensar a tendência lateralizante dos trajetos propulsivos, através do papel equilibrador dos membros inferiores que exercem pressão sobre a água em direções laterais, acompanhando a rotação sobre o eixo longitudinal e a ação dos membros inferiores.

● O movimento de pernas é uma oscilação solta dos membros inferiores, que realizam ações curtas, alternadas e diferenciadas, iniciando um, antes que o outro termine, que se dão principalmente no plano vertical, cuja importância se faz no equilíbrio, na propulsão e sustentação do corpo no estilo crawl.

● A pernada do nado crawl possui duas fases, sendo uma a descendente e, a outra, a ascendente.

● A braçada do nado crawl possui a fase aérea e a fase aquática.

● Na braçada do nado crawl é possível analisar o movimento de um braço, ou seja, o ciclo de braço, como também o movimento de um braço em relação ao outro.

● A respiração do nado crawl é composta por duas fases, sendo uma aquática (expiração) e outra aérea (inspiração).

● Coordenação no nado crawl significa coordenar o movimento de ambos os braços, coordenar o movimento dos braços com a respiração e coordenar o movimento de braços e pés.

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● No nado crawl, existem diferentes técnicas de saída, dentre elas estão a saída de agarre, a saída de track ou de atletismo.

● É possível observar nadadores realizando duas técnicas diferentes nas viradas olímpicas. Em uma delas, realiza-se a cambalhota de frente, com um pequeno giro do corpo, realizando o impulso na borda, na posição dorsal e, girando no decorrer do deslize submerso, até retomar a posição de nado. Na outra técnica, o nadador realiza um giro maior do corpo no decorrer da cambalhota, realizando o impulso na borda na posição lateral.

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AUTOATIVIDADE

1 Explique qual é a função do movimento da pernada no nado crawl. ___________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 No que condiz um “ciclo” do nado crawl? ___________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 A pernada do nado crawl possui duas fases, sendo uma a descendente e, a outra, a ascendente, explique-as:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 A posição corporal no crawl é uma estrutura complexa com todos os elementos interagindo uns com os outros. Considerando os elementos que constituem o posicionamento corporal no nado crawl, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O posicionamento corporal deverá manter-se o mais próximo possível da posição hidrodinâmica fundamental, o que permitirá minimizar a força de arrasto hidrodinâmico a que o nadador se sujeita, assim como favorecer a produção de força propulsiva pela ação dos segmentos motores.

( ) O corpo deve estar o mais horizontal possível, com a cabeça em posição natural no prolongamento do tronco e com as costas completamente planas.

( ) Massa é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto. Neste sentido, uma massa de substância altamente concentrada vai pesar mais do que uma massa com baixa concentração, contida num mesmo volume.

( ) Durante o nado crawl, qualquer movimento segmentar que crie forças com linhas de ação laterais em relação ao sentido de deslocamento do corpo provocará uma reação aplicada em outro segmento corporal, mas, isto não provocará o desviar do alinhamento corporal.

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( ) Um fator essencial para um correto alinhamento lateral é "não cruzar os apoios", isto é, não ultrapassar a linha média do corpo durante a trajetória dos membros superiores.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

5 A braçada do nado crawl possui a fase aérea e a fase aquática, sobre isto, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A fase aérea consiste em que o braço se move sobre a água, preparando-se para a fase aquática. Caracteriza-se por ser um movimento de trás para frente em relação ao sentido do nado. Esta fase se imbui de grande importância no gesto total, por representar o descanso, o relaxamento muscular, além de armar para o movimento seguinte. Levando-o à atuação que irá representar o ângulo ideal de colocação na água. Esta fase nunca poderá ser representada por um gesto conduzido e lento, mas, ao contrário, solto e veloz.

( ) A fase aquática é caracterizada por ser um movimento de frente para trás em relação ao sentido do nado, essencialmente motor e inteiramente subaquático. Esse movimento motor pode também ser subdividido em quatro fases: extensão, agarre, tração e empurre.

( ) Na fase aérea, a recuperação do braço ocorre pela lateral do corpo e por cima da água que obriga uma oscilação contrária, obedecendo à terceira Lei de Newton.

( ) Na fase aquática, o empurre é o movimento do braço que vai desde a máxima flexão do cotovelo, até sua extensão completa, que ocorre com o polegar passando próximo da coxa da perna em ação, com a palma voltada para dentro. É o ponto de maior velocidade na rotação dos braços.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, V.b) ( ) V, V, V, V.c) ( ) F, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F.e) ( ) V, F, F, V.

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6 No que concerne à respiração do nado crawl, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A respiração do nado crawl é composta por duas fases, uma aquática (inspiração) e outra aérea (expiração).

( ) O nadador deverá manter uma das orelhas submersas e a boca livre para inspiração, coincidindo com a mais alta posição do ombro durante a ação dos braços. É preciso que a inspiração se efetue num mínimo de tempo possível, daí a necessidade de abrir bem a boca para absorver o ar.

( ) A inspiração é executada depois de uma expiração forçada, é necessariamente reflexa e não exige a intervenção da vontade do nadador, e coincide com o momento em que a mão oposta ao movimento respiratório entra na água, e o final da ação motora da mão correspondente do lado da inspiração.

( ) A expiração é forçada e progressiva, pois desenvolve-se no mínimo durante um ciclo completo dos dois braços sob a água. É necessário que se faça explodir o ar que se está expirando imediatamente antes do rosto deixar a água para preparar a próxima tomada de ar.

( ) Para ser completa, a expiração deve expelir o ar ligeiramente dentro da água, isto é, pela boca, nariz ou nariz/boca, sem ser forte demais, a fim de não criar desvios excessivos de pressão no interior da caixa torácica.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.b) ( ) F, F, V, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) F, V, V, V, V.e) ( ) V, F, F, V, F.

7 Sobre a coordenação no nado crawl, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Existem duas formas fundamentais de coordenação de pés e braços, o crawl de seis tempos e o crawl de três tempos. O crawl de dois tempos é uma forma intermediária. Os nadadores de velocidade tendem a utilizar o crawl de seis tempos e os de fundo o de dois tempos, já que este último é mais econômico quanto ao gasto energético que se refere.

b) ( ) Na coordenação entre os braços, se usam dois tipos de coordenação e suas variantes, são elas: coordenação de alcance ou distância por braçada e coordenação de superposição.

c) ( ) Na coordenação de alcance, os braços se alternam em suas fases de propulsão, bloqueando a ação propulsiva de um braço até que o outro não tenha terminado sua braçada.

d) ( ) Na coordenação de superposição, a mão contrária entra quando ainda a outra mão só completou a metade de seu percurso, esta mudança se efetua embaixo do peito. Iniciando o movimento para abaixo e para fora quando a outra mão se encontra ao final da varredura para cima e para dentro.

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e) ( ) O momento mais importante da coordenação ocorre quando o membro superior entra na água e quando o outro membro superior está a completar o alinhamento lateral interior, o que permite ao corpo rodar para o lado do braço que vai iniciar a ação ascendente (membro superior “recuado”). Por outro lado, a extensão para frente do membro superior que entra na água permite que o corpo fique novamente alinhado enquanto a ação ascendente é realizada.

8 Na saída de agarre o nadador deverá estar posicionado sobre o bloco de partida e, ao sinal de partida do árbitro, o nadador deverá executar os passos da saída. Leia atentamente as afirmações a seguir e, posteriormente, insira I às frases que apresentam procedimentos corretos e II para aquelas que apresentam procedimentos inadequados para a realização da saída de agarre:

( ) Tracionar contra o lado inferior do bloco para fazer com que o seu corpo inicie o desequilíbrio à frente.

( ) Lançar a cabeça e as mãos para baixo e para trás, sob o queixo, iniciando a projeção do corpo para o voo.

( ) Na entrada da água, procurar fazer com que todo o corpo o faça no mesmo ponto onde entraram as mãos.

( ) Iniciar uma curta e rápida pernada do golfinho, aumentando gradativamente; iniciar a primeira braçada um pouco antes de o corpo atingir a superfície, de forma que isso ocorra quando o nadador estiver realizando a varredura para cima.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) II, II, II, II.b) ( ) I, II, I, II.c) ( ) II, II, I, I. d) ( ) I, II, I, I.e) ( ) I, I, II, II.

9 Cite algumas diferenças entre a saída de agarre e a saída de track ou de atletismo:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 De acordo com a regra oficial para competições, não poderá haver saída falsa, ou seja, saiu antes, desequilibrou e caiu na água, será automaticamente desclassificado. Porém, em algumas competições há algumas exceções nessa regra. Explique quais são essas exceções:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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TÓPICO 3

NADO COSTAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

O nado costas, geralmente, é o segundo a ser abordado no ensino da natação. A iniciação do nado costas pode ser realizada paralelamente à do nado crawl ou após a aprendizagem completa do mesmo (MARCON, 2002).

O nado costas, geralmente, é o segundo a ser abordado no ensino da natação. A iniciação do nado costas pode ser realizada paralelamente à do nado crawl ou após a aprendizagem completa do mesmo (MARCON, 2002). Este nado exige uma boa flutuação em decúbito dorsal, sendo o bom trabalho neste aspecto essencial, pois, sem uma boa flutuação, o aluno terá dificuldades em aprender a técnica do nado costas (GOMES, 1995).

Para Machado (1998), ao contrário do que muitas pessoas pensam, o nado costas não é um nado que se aprende facilmente com correção, devido à falta de condições perceptivas nos movimentos que fogem do nosso controle visual, principalmente no que concerne à execução subaquática, além de uma certa insegurança quanto à direção. Por isso, o treinador deve ter em mente que está ensinando um aluno com suas condições e com seu biótipo. Neste sentido, ensinando por fases, o treinador estará dando maior possibilidade de compreensão e de percepção, oferecendo ao seu aluno uma gravura mental de si mesmo para que ele tenha como meta um conceito de estilo ideal. No aspecto técnico, é preciso que o aluno saiba que à medida que ele cresce e se fortalece, seu estilo toma novo rumo e, para que sempre esteja em dia com este nado, o aluno terá que dirigir-se a suas partes específicas. As explicações, por sua vez, devem ser feitas fora da água, de modo confortável para que o aluno possa se concentrar. O desenho do estilo auxilia muito e deve ficar sempre à vista do nadador. A cada introdução de nova técnica, haverá uma coincidência com demonstrações fora e dentro da água (MACHADO, 1998).

2 POSICIONAMENTO DO CORPO

No nado costas, o corpo deverá permanecer na horizontal em decúbito dorsal, realizando movimentos de rolamento laterais, em seu eixo longitudinal (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, alguns nadadores possuem dificuldades para manter um bom alinhamento lateral devido à forma de execução dos movimentos de braços alternados, geralmente os direcionando demasiadamente para os lados, não apenas na recuperação, mas, também, na fase inicial da parte

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

aquática da braçada. Em relação ao alinhamento horizontal, alguns nadadores mantêm a cabeça um tanto elevada, acarretando o abaixamento do quadril, aumentando, assim, a força de arrasto. De acordo com Massaud (2004), a cabeça deve permanecer apoiada na água, passando junto à parte posterior ou mediana das orelhas.

3 PERNADA

Os movimentos de pernas do nado costas são realizados alternadamente com trajetórias descendente, ascendente e laterais de acordo com o rolamento do tronco (MASSAUD, 2004).

A trajetória descendente de pernada inicia-se com o dorso de um dos pés

alinhado com a superfície da água, com a perna estendida, posição que deverá permanecer até o final da fase descendente. Ao final desta fase, ocorrerá uma ligeira flexão da coxa sobre o tronco e da perna sobre a coxa, fazendo com que haja uma pequena elevação do joelho (sem que este atinja a superfície) para uma posterior extensão vigorosa da perna. Os pés deverão estar com flexão plantar e em inversão, procurando aproveitar bem a pressão realizada pelo dorso e pela perna (fase ascendente e lateral). Já no movimento descendente, a perna se mantém estendida, com o pé em flexão plantar, realizando a pressão sobre a água com a planta do mesmo (MASSAUD, 2004).

Para o autor, a pernada é muito importante para garantir a estabilização do nado costas, uma vez que os movimentos diagonais de braços submersos tendem a desalinhar o corpo, por isso, as pernadas diagonais, provavelmente, ajudam a contrabalançar esses movimentos potencialmente prejudiciais dos braços. Neste sentido, as pernas devem dar pernadas na direção geral de rotação do corpo, de modo que a natureza diagonal dessas pernadas possa facilitar o rolamento do corpo e cancele as tendências dos movimentos dos braços de empurrar o corpo para cima, para baixo e para os lados (MASSAUD, 2004).

4 BRAÇADA

4.1 ENTRADA

A entrada do nado costas deve ser feita à frente da cabeça, entre a linha central e desta e a linha da direção do ombro. O braço deve estar estendido, com a palma da mão voltada para fora, de modo que a ponta do dedo mínimo seja a primeira parte do braço a entrar na água. Ela deve deslizar para dentro da água, à frente, de lado, com a palma da mão ligeiramente voltada para fora (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, alguns treinadores são rigorosos em termos da exatidão do ponto de entrada da mão na água, a qual deverá ser executada na direção do ombro, tal qual representa a figura a seguir.

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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FIGURA 46 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – ENTRADA

FONTE: Massaud (2004)

tríceps braquialdorsal largo

glúteo maior

reto abdominal

jarrete

4.2 APOIO OU PRIMEIRA VARREDURA PARA BAIXO

O “apoio” ou “primeira varredura para baixo” consiste em uma puxada para baixo e para o lado em direção ao fundo da piscina e com o braço estendido, flexionando-se gradualmente até que a parte inferior de seu braço e a palma da mão estejam voltadas para trás, contra a água, no momento do agarre (MASSAUD, 2004). A palma da mão, que ao entrar na água estava voltada para fora, deverá ir, gradativamente, voltando-se para baixo, ou seja, em direção ao fundo da piscina, mas não totalmente. Em geral, a mão estará a uma profundidade de 45 a 60 cm e com uma abertura de, aproximadamente, 60 cm com relação ao ombro, por ocasião do agarre. O braço, por sua vez, flexiona-se entre 30 e 40 graus durante a varredura para baixo, e o ângulo do cotovelo fica entre 140 e 150 graus ao ser realizado o agarre. A mão também deve estar alinhada com o antebraço devido ao agarre (MASSAUD, 2004, p. 110). Para o autor, esta fase da braçada não é tão importante quando comparada com as duas ou três fases seguintes. Por este motivo, o nadador deve ter essa fase como um momento de alongamento e de pouco gasto de energia.

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 47 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – APOIO OU PRIMEIRA VARREDURA PARA BAIXO

FONTE: Massaud (2004)

quadrícepsbíceps braquial

dorsal largo

peitoralmaior

reto abdominal

flexor ulnardo corpo

flexor radialdo corpo

4.3 TRAÇÃO OU PRIMEIRA VARREDURA PARA CIMA

Na “tração” ou “primeira varredura para cima” começará a existir uma maior eficiência propulsiva da braçada, a qual se inicia no agarre, ponto em que o braço começará a dirigir-se em direção à superfície, com trajetória curvilínea, flexionando-se o braço, até a mão atingir um ponto abaixo da superfície, onde poderemos observar uma flexão do antebraço em relação ao braço (em torno de 90o a 110o), fase em que a mão, cotovelo e ombro deverão estar alinhados com o braço perpendicular ao corpo e cotovelo apontando para o fundo, aproximando-se do final da tração (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, a mão deve permanecer alinhada com o antebraço durante todo esse movimento, além disso, a velocidade da mão deve ganhar uma aceleração moderada durante todo esse movimento.

Ao observar um nadador praticando o nado costas na posição com a face

voltada para baixo, notará que a primeira varredura para cima no nado costas é muito semelhante à varredura para dentro do nado crawl em termos do modo de geração da força propulsiva (MASSAUD, 2004).

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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FIGURA 48 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – TRAÇÃO OU PRIMEIRA VARREDURA PARA CIMA I

FONTE: Massaud (2004)

quadríceps

bíceps braquial

dorsal largo

peitoralmaior

glúteomaior

jarrete

reto abdominal

flexor ulnardo corpo

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 49 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – TRAÇÃO OU PRIMEIRA VARREDURA PARA CIMA II

FONTE: Massaud (2004)

4.4 FINALIZAÇÃO OU SEGUNDA VARREDURA PARA BAIXO

A “finalização” ou “segunda varredura para baixo” é iniciada quando a segunda varredura para cima está sendo finalizada. Quando a mão passa o topo da varredura para cima, o braço movimenta-se para baixo e para trás até que esteja completamente estendido e abaixo da coxa. A mão deverá estar a 30 cm de profundidade, quando esse movimento se completar (MASSAUD, 2004). Da passagem da tração para a finalização haverá uma aproximação do braço e cotovelo ao tronco, com a extensão do antebraço, projetando a mão em direção ao fundo, fazendo com que haja um rolamento do corpo para o lado oposto a esse braço e uma consequente saída do ombro do mesmo lado. A mão deve ser girada para baixo e para fora durante esse movimento, mantendo as pontas dos dedos voltadas para o lado durante todo o movimento, e ao completar a varredura, a palma da mão deverá estar voltada para o fundo da piscina (MASSAUD, 2004). O autor sugere que a velocidade das mãos deve diminuir durante a transição para a segunda varredura para baixo, acelerando rapidamente, em seguida, durante

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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FIGURA 50 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – FINALIZAÇÃO OU SEGUNDA VARREDURA PARA BAIXO

FONTE: Massaud (2004)

todo o movimento. O autor ainda acrescenta que alguns nadadores de alto nível, após esta fase, antes de relaxar e liberar a mão da água, ainda conseguem fazer uma rápida rotação medial do antebraço, criando mais uma fase propulsiva que se denomina “segunda varredura para cima”.

4.5 SEGUNDA VARREDURA PARA CIMA

Assim que a segunda varredura para baixo estiver completa, a mão movimenta-se para cima, para trás e para dentro, na direção da superfície. Essa fase termina quando a mão atinge a altura da parte posterior da coxa. O braço deverá permanecer o tempo todo estendido. Neste sentido, a posição da mão é o aspecto mais importante deste movimento (MASSAUD, 2004). O autor explica que os nadadores que usam essa fase da braçada para propulsão hiperestendem sua mão ao nível do punho, de modo que a palma da mão fique inclinada para trás e para cima, com seus dedos apontando para baixo, na direção do fundo da piscina. Esse movimento é bastante parecido com as varreduras para cima dos nados crawl e borboleta, exceto, logicamente, o decúbito.

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 51 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – SEGUNDA VARREDURA PARA CIMA I

FIGURA 52 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – SEGUNDA VARREDURA PARA CIMA II

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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FIGURA 53 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – RECUPERAÇÃO

FONTE: Massaud (2004)

4.6 RECUPERAÇÃO

A recuperação do nado costas deverá ser feita através da retirada do braço estendido da água, de preferência com o polegar saindo primeiro, com a palma da mão voltada para a perna. Os nadadores diminuem a pressão sobre a água quando sua mão se aproxima das partes inferiores de sua coxa, porque a mão começa a deslocar-se para frente nesse momento e eles não podem gerar qualquer força propulsiva e, caso não o façam, correrão o risco de aumentar o arrasto. Os braços deverão recuperar-se elevados por sobre a cabeça e não para o lado e baixos, evitando-se desalinhamentos laterais. Devem estar o mais relaxado possível durante esta fase, até a entrada, para então iniciar-se um novo ciclo (MASSAUD, 2004).

quadríceps

tríceps braquial

dorsal largoglúteomaior

jarrete

trapézio I e II

deltóide posterior

5 RESPIRAÇÃO

A inspiração do nado de costas deverá ser feita pela boca no momento em que um dos braços estiver iniciando a recuperação e o outro, o apoio. A expiração, por sua vez, deverá ser realizada, preferencialmente, pelo nariz, evitando, assim, possíveis entradas de água pelo mesmo (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, talvez não seja necessário ensinar um ritmo respiratório aos nadadores, uma vez que, com o rosto fora da água, pode-se respirar quando quiser e cada nadador pode desenvolver o ritmo de respiração que seja mais eficiente para si.

6 COORDENAÇÃO

O nado costas pode parecer fácil de se praticar devido à posição em decúbito dorsal, que facilita a respiração, contudo, este estilo de nado necessita de uma coordenação e da manutenção de uma posição perfeita para que o nadador apresente um bom desempenho em sua propulsão (MACHADO, 1998).

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6.1 A COORDENAÇÃO NOS MOVIMENTOS DE BRAÇOS/PERNAS NO NADO COSTAS

A coordenação braços/pernas no nado costas deve ser realizada de forma que o ponto máximo ascendente da pernada coincida com o empurrão final da finalização da braçada do mesmo lado (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, a cada ciclo de braçada são realizados seis movimentos de pernas.

FIGURA 54 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – MOVIMENTOS DE BRAÇOS/PERNAS NO NADO COSTAS

FIGURA 55 – BRAÇADA DO NADO COSTAS – MOVIMENTOS DOS BRAÇOS NO NADO COSTAS

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

6.2 A COORDENAÇÃO NOS MOVIMENTOS DOS BRAÇOS NO NADO COSTAS

Segundo Massaud (2004), quando um dos braços entra na água, o outro deverá estar completando a segunda varredura para cima. Enquanto o braço da fase aquática estiver concluindo a segunda varredura para baixo e a segunda varredura para cima (se houver), o outro, que recém-entrou na água, deverá realizar a primeira varredura para baixo até o agarre, para evitar-se o ponto de desaceleração, já que a primeira varredura para baixo não tem significância propulsiva no nado (MASSAUD, 2004).

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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6.3 A COORDENAÇÃO NOS MOVIMENTOS DAS PERNAS NO NADO COSTAS

No nado costas, a ação das pernas é mais importante em relação à sua participação no nado crawl (CATTEAU; GAROFF, 1990). Isto porque a ação das pernas contribui para a propulsão do nadador, além de atuar na estabilidade do corpo, visto que no nado costas as ações motoras dos braços situam-se alternativamente afastadas do eixo de deslocamento.

De acordo com Catteau e Garoff (1990, p. 156), a coordenação dos

movimentos das pernas no nado costas compreende duas fases, a saber:

• Fase descendente, na qual o pé, a perna e a coxa, que estão em extensão, penetram na água e o pé fica no prolongamento da perna.

• Fase ascendente, onde o pé dirige-se deliberadamente para dentro, apresentando maior superfície propulsora. Tal rotação interna do pé é parcialmente transmitida para o joelho. Assim, o movimento se inicia, o levantamento da coxa precede o da perna, cujos músculos extensores não podem vencer bruscamente o peso da massa de água. Na sequência do movimento, a perna recupera esse atraso para chegar novamente estendida ao ponto morto alto, na superfície ou muito pouco acima da superfície.

7 SAÍDAS E VIRADAS

7.1 A SAÍDA DO NADO COSTAS

A saída do nado costas não recebe a mesma importância que é dada aos demais estilos de nado (MACHADO, 1998). Segundo o autor, o motivo pode ser a posição da saída, que pode ser considerada cômoda, a qual possui como principal preocupação impulsionar-se para trás. Porém, à medida que o nadador avança, podem-se encontrar falhas decorrentes de uma saída mal executada.

Antigamente, na saída de competição do nado costas, o nadador, nas provas de piscinas curtas (25 metros), podia colocar-se de pé na caneleta durante a partida (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, isto facilitava muito a projeção do corpo do nadador sobre a água. Contudo, esta regra foi modificada, obrigando os nadadores a manterem seus pés abaixo do nível da água no momento da partida.

Nas competições, as saídas do nado costas devem ser realizadas do bloco

de partida, onde o nadador se posiciona, conforme os comandos do árbitro de partida. Massaud (2204, p. 124) descreve as fases da saída do nado costas:

• Posicionar-se de pé atrás do bloco de partida da raia em que for nadar.

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FIGURA 56 – SAÍDA DO NADO COSTAS – FASE I

FIGURA 57 – SAÍDA DO NADO COSTAS – FASE II

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• Ao sinal do primeiro apito longo, o nadador estará autorizado a entrar na piscina.

• Já com os nadadores dentro da água, o árbitro dará um novo apito, onde os nadadores deverão tomar posição no bloco de partida, mantendo seus pés abaixo do nível da água.

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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FIGURA 58 – SAÍDA DO NADO COSTAS – FASE III

FONTE: Massaud (2004)

• Ao comando do árbitro de “às suas marcas”, todos os nadadores deverão se posicionar, flexionando os braços e pescoço, a cabeça ficará encaixada entre os braços e o quadril próximo aos pés. Neste momento da saída, o nadador tentará colocar o seu corpo mais alto em relação à superfície, ou seja, mais próximo ao bloco, para a realização do voo da partida ao comando do árbitro.

bíceps braquial

redondomaior

dorsal largo

jarrete

trapézio IV

deltóide posterior

• Assim que todos os nadadores estiverem posicionados, imóveis, o árbitro dará o comando de partida.

• Ao sinal de partida, o nadador deverá iniciar a extensão do pescoço (como se tentasse olhar para a borda oposta à da saída) e elevação do quadril para, logo em seguida, soltar suas mãos do bloco, lançando seus braços em direção à cabeça e aproximando as mãos para a entrada da água. O corpo, durante o voo, deverá ficar em uma posição semelhante à ponte (da ginástica olímpica), em uma trajetória paralela à água sem subir muito.

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 59 – SAÍDA DO NADO COSTAS – FASE IV

FIGURA 60 – SAÍDA DO NADO COSTAS – FASE V

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

quadríceps

glúteomaior

jarrete

paravertebral

gastrocnêmioe sóleo

deltóideposterior

• A posição ideal de entrada do corpo na água é de forma que por onde entrarem as mãos, deverá entrar, progressivamente, o resto do corpo.

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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FIGURA 61 – SAÍDA DO NADO COSTAS – FASE VI

FIGURA 62 – SAÍDA DO NADO COSTAS – FASE VII

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• No deslocamento submerso o corpo deverá atingir uma profundidade em torno de 50 a 60 cm abaixo da superfície. Durante este deslocamento, o nadador deverá executar a pernada de golfinho, com o corpo bem alinhado, até o máximo 15 metros.

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

7.2 VIRADA DO NADO COSTAS

Para a realização da virada do nado costas, os nadadores se orientam pelas bandeirinhas demarcatórias que ficam a cinco metros das duas cabeceiras, sobre a mesma posição onde as balizas mudam de cor, para a mesma referência em outros estilos de nado (MACHADO, 1998). De acordo com o autor, quando o nadador passar pela demarcação, sentindo-se próximo da parede, executará uma revolução no corpo, ficando de bruços, em posição de nado crawl, fará a aproximação e realizará a virada como se fosse de nado livre, reto sobre o eixo do corpo, e realizará a virada com um forte impulso na parede com ambas as mãos para trás e unidas. Executará as “golfinhadas” e iniciará o nado, conforme realizado no momento da saída. O nadador não pode esquecer que os braços ficam unidos, comprimindo a cabeça, com as mãos se sobrepondo até o início do nado (MACHADO, 1998). Ainda conforme o autor, quando é realizada a propulsão, há um pequeno deslize, as pernas iniciam o movimento de golfinho, a expiração é efetuada sob a água, um dos braços realiza uma poderosa braçada que leva o corpo para a superfície e, iniciando nado completo, evitando respirar até que o equilíbrio tenha sido dominado na segunda ou terceira braçada.

Segundo Massaud (2004), para realizar a virada do nado costas, ao se

aproximarem à borda, os nadadores, com o objetivo de virar e retornar, deverão girar o corpo, passando da posição dorsal para a ventral, realizando um único movimento de braço, semelhante à braçada de crawl, com a cambalhota, assim que este atinja a coxa. O autor explica que estes movimentos deverão ser realizados de forma contínua e o nadador deverá estar na posição dorsal, antes que os pés deixem a parede da piscina, evitando-se uma possível desclassificação. As viradas do nado costas são parecidas com as viradas olímpicas de nado crawl e são realizadas da seguinte maneira, conforme Massaud (2004):

• Realizar um aumento da velocidade do nado para facilitar a cambalhota.

FIGURA 63 – VIRADA DO NADO COSTAS – FASE I

FONTE: Massaud (2004)

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TÓPICO 3 | NADO COSTAS

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FIGURA 64 – VIRADA DO NADO COSTAS – FASE II

FIGURA 65 – VIRADA DO NADO COSTAS – FASE III

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• Realizar a mudança da posição dorsal para ventral quando o nadador estiver a uma distância da borda, ao fazer esta mudança, ele realiza somente um movimento com um dos braços na posição ventral, enquanto o outro o aguarda junto ao corpo, para logo a seguir realizar o giro.

• Realizar a inversão das mãos com uma pernada de golfinho executando a cambalhota.

bíceps braquial

peitoralmaior flexor ulnar

do corpo

dorsal largo

quadríceps

reto abdominal

tríceps braquial

dorsal largo

quadríceps

gastrocnêmio e sóleo

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UNIDADE 2 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 66 – VIRADA DO NADO COSTAS – FASE IV

FIGURA 67 – VIRADA DO NADO COSTAS – FASE V

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• No momento em que os pés tocarem na borda (na mesma profundidade do quadril), os braços estarão prontos à frente, para a realização do impulso, não devendo existir movimentos de braços que ajeitar o corpo.

• Assim que os pés tocarem a borda, executar a impulsão, realizando o deslize em decúbito dorsal, com os braços estendidos à frente, pressionando as orelhas e mãos sobrepostas.

• Realizar a pernada de golfinho até, no máximo, a distância de 15 metros submersos.

glúteomaior

jarrete

reto abdominal quadríceps

gastrocnêmioe sóleo

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RESUMO DO TÓPICO 3

Nesse tópico, você viu que:

● O nado costas, geralmente, é o segundo a ser abordado no ensino da natação.

● A iniciação do nado costas pode ser realizada paralelamente à do nado crawl ou após a aprendizagem completa dele.

●No nado costas, o corpo deverá permanecer na horizontal em decúbito dorsal.

●Na pernada do nado costas há uma fase denominada descendente e outra chamada ascendente.

● A pernada é muito importante para garantir a estabilização do nado costas.

●No nado costas a ação das pernas é mais importante em relação à sua participação no nado crawl.

● A braçada do nado costas possui diferentes fases, são elas: entrada, apoio ou primeira varredura para baixo, tração ou primeira varredura para cima, finalização ou segunda varredura para baixo, segunda varredura para cima e a recuperação.

● A inspiração do nado de costas deverá ser feita pela boca e a expiração deverá ser realizada, preferencialmente, pelo nariz.

● Algumas pessoas acreditam que o desenvolvimento do nado costas é mais fácil, em relação aos demais estilos, devido à posição em decúbito dorsal, a qual facilita a respiração. Todavia, no nado costas há uma alta demanda pela coordenação do nadador para que que este apresente uma boa propulsão.

●Nas competições, as saídas do nado costas devem ser realizadas do bloco de partida, onde o nadador se posiciona, conforme os comandos do árbitro de partida.

● Para a realização da virada do nado costas, os nadadores se orientam pelas “bandeirinhas” demarcatórias” e, ao se aproximarem da borda, passam da posição dorsal para a ventral.

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1 Descreva qual é o correto posicionamento do corpo para a realização do nado costas.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Quais são as suas fases da pernada do nado costas? Explique-as: ___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 No nado costas, a ação das pernas é mais importante em relação à sua participação no nado crawl. Explique por quê.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Sobre a braçada do nado costas, leia atentamente as frases e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A braçada do nado costas possui diferentes fases, são elas: entrada, apoio ou primeira varredura para baixo, tração ou primeira varredura para cima, finalização ou segunda varredura para baixo, segunda varredura para cima e a recuperação.

( ) A entrada do nado costas deve ser feita à frente da cabeça, entre a linha central e desta e a linha da direção do ombro. O braço deve estar estendido, com a palma da mão voltada para fora, de modo que a ponta do dedo mínimo seja a primeira parte do braço a entrar na água. Ela deve deslizar para dentro da água, à frente, de lado, com a palma da mão ligeiramente voltada para fora.

( ) O “apoio” ou “primeira varredura para baixo” consiste em uma puxada para baixo e para o lado em direção ao fundo da piscina e com o braço estendido, flexionando-se gradualmente até que a parte inferior de seu braço e a palma da mão estejam voltadas para trás, contra a água, no momento do agarre. A palma da mão, que ao entrar na água estava voltada para fora, deverá ir, gradativamente, voltando-se para baixo, ou seja, em direção ao fundo da piscina, mas não totalmente. Esta pode ser considerada a fase mais importante da braçada do nado costas.

( ) Na “tração” ou “primeira varredura para cima” começará a existir uma maior eficiência propulsiva da braçada, a qual se inicia no agarre, ponto em que o braço começará a dirigir-se em direção à superfície, com trajetória

AUTOATIVIDADE

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curvilínea, flexionando-se o braço, até a mão atingir um ponto abaixo da superfície, onde poderemos observar uma flexão do antebraço em relação ao braço (em torno de 90o a 110o), fase em que a mão, cotovelo e ombro deverão estar alinhados com o braço perpendicular ao corpo e cotovelo apontando para o fundo, aproximando-se do final da tração.

( ) A “finalização” ou “segunda varredura para baixo” é iniciada quando a segunda varredura para cima está sendo finalizada. Quando a mão passa o topo da varredura para cima, o braço movimenta-se para baixo e para trás até que esteja completamente estendido e abaixo da coxa. Assim que a segunda varredura para baixo estiver completa, a segunda varredura para cima é iniciada. Assim, a mão movimenta-se para cima, para trás e para dentro, na direção da superfície. Essa fase termina quando a mão atinge a altura da parte posterior da coxa. O braço deverá permanecer o tempo todo estendido.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, F, V, V.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

5 Explique como ocorre a fase denominada “recuperação” na braçada do nado costas.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6 Explique o mecanismo da respiração do nado costas, considerando a inspiração e a expiração.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 Sobre a coordenação no nado costas, leia atentamente as frases e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) Algumas pessoas acreditam que o desenvolvimento do nado costas é mais fácil, em relação aos demais estilos, devido à posição em decúbito dorsal, a qual facilita a respiração.

( ) No nado costas, o nadador necessita de uma coordenação e da manutenção de uma posição perfeita para que apresente um bom desempenho em sua propulsão.

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( ) A coordenação braços/pernas no nado costas deve ser realizada de forma que o ponto máximo ascendente da pernada coincida com o empurrão final da finalização da braçada do mesmo lado.

( ) Na movimentação dos braços, quando um dos braços entra na água, o outro deverá completar a segunda varredura para cima. Enquanto o braço da fase aquática estiver concluindo a segunda varredura para baixo e a segunda varredura para cima (se houver), o outro, que recém-entrou na água, deverá realizar a primeira varredura para baixo até o agarre, para evitar-se o ponto de desaceleração.

( ) A ação das pernas contribui para a propulsão do nadador, além de atuar na estabilidade do corpo, visto que no nado costas as ações motoras dos braços situam-se alternativamente afastadas do eixo de deslocamento.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V, V.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

8 Sobre a saída do nado costas, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Nas competições atuais, as saídas do nado costas devem ser realizadas do bloco de partida, onde o nadador se posiciona da maneira que se sinta melhor para obter uma eficiente impulsão no momento da saída.

b) ( ) Antigamente, nas saídas de competição do nado costas, o nadador, nas provas de piscinas curtas (25 metros), podia colocar-se de pé na caneleta durante a partida, isto facilitava muito a projeção do corpo do nadador sobre a água.

c) ( ) A principal preocupação do nadador na saída do nado costas é impulsionar-se para trás.

d) ( ) Nas competições de nado costas, ao comando do árbitro de “às suas marcas”, todos os nadadores deverão se posicionar, flexionando os braços e pescoço, a cabeça ficará encaixada entre os braços e o quadril próximo aos pés. Neste momento da saída, o nadador tentará colocar o seu corpo mais alto em relação à superfície, ou seja, mais próximo ao bloco, para a realização do voo da partida ao comando do árbitro.

e) ( ) Nas competições de nado costas, ao sinal de partida, o nadador deverá iniciar a extensão do pescoço (como se tentasse olhar para a borda oposta à da saída) e elevação do quadril para, logo em seguida, soltar suas mãos do bloco, lançando seus braços em direção à cabeça e aproximando as mãos para a entrada da água. O corpo, durante o voo, deverá ficar em uma posição semelhante à ponte (da ginástica olímpica), em uma trajetória paralela à água sem subir muito.

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9 Explique por que a saída do nado costas não recebe a mesma importância que é dada aos demais estilos de nado e por que isto pode acabar prejudicando o desempenho do nadador.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 Por estarem em decúbito dorsal, os nadadores não conseguem enxergar a parede da piscina. Sendo assim, como identificam o momento em que devem realizar a “virada”? E de que forma a realizam? Explique:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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UNIDADE 3

METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer aspectos históricos do nado peito;

• aprender aspectos técnicos do nado peito;

• entender os princípios da pernada, da braçada, da respiração, da coorde-nação e das saídas e viradas do nado peito;

• conhecer aspectos históricos do nado borboleta;

• aprender aspectos técnicos do nado borboleta;

• entender os princípios da pernada, da braçada, da respiração, da coorde-nação e das saídas e viradas do nado borboleta;

• aprender as regras competitivas da natação.

Essa unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.

TÓPICO 1 – NADO PEITO

TÓPICO 2 – NADO BORBOLETA

TÓPICO 3 – REGRAS COMPETITIVAS

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TÓPICO 1

NADO PEITO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Mansoldo (2009), o nado peito é o nado mais antigo de que se tem notícia em termos de sua utilização e de seu ensinamento. Para o autor, sua grande utilização no passado foi com fins bélicos, pois a melhor maneira de surpreender o inimigo no mar era fazer uma aproximação noturna no barco e, com um pelotão de ataque armado de punhais seguros pela boca, nadar até a outra embarcação e dizimar o inimigo. Pela posição do corpo, totalmente apoiado na água, e pela possibilidade de manter a cabeça fora da água, o nado de peito sempre foi o nado adotado pelos homens do mar, tanto pelos soldados gregos, romanos e vikings, como pelos bucaneiros, isto é, piratas.

Os demais nados nasceram da evolução do nado peito. No caso do nado

crawl, por exemplo, conforme Mansoldo (2009), tudo começou quando um inglês tentou nadar o nado peito, tirando um dos braços da água, até que ambos foram tirados alternadamente e chegou-se ao nado crawl atual. O nado borboleta, por sua vez, não fugiu à regra, tendo sido criado a partir de uma inovação na recuperação aérea de ambos os braços. Lançada pelos húngaros, causou furor nas Olimpíadas de 1952, em Helsinque, e, a partir da edição de 1956, em Melbourne, o nado peito, tirando os dois braços da água, tornou-se o nado borboleta de hoje.

O nado peito é o nado mais lento dentre todos os nados, pois todos os seus movimentos são realizados dentro da água, não havendo fase aérea de recuperação (MANSOLDO, 2009). Segundo o autor, antigamente o nado peito era chamado de nado clássico e guarda a tradição de um nado europeu, sendo muito utilizado pelos senhores da terceira idade por ser um nado estável, sem rolamentos, ter um grande campo visual e, em alguns casos, poder ser nadado até com a cabeça fora da água.

A característica que mais chama a atenção no nado peito é a sua enorme propulsão de pernas, tendo sido iniciado no passado com movimentos de tesoura. Atualmente, sua movimentação em cunha, similar aos movimentos de perna de rã, porém com os joelhos para dentro distantes o equivalente à largura do quadril, transfere ao nadador um forte impulso, fazendo com que este nado tenha um grande equilíbrio entre as forças de braços e pernas, aproximadamente 50% (MANSOLDO, 2009). Sendo um nado de pernas e braços, ele tem praticamente o mesmo resultado propulsivo, o nadador terá que se compenetrar em executar os movimentos no tempo certo, para que um movimento não iniba o outro, agindo assim, fica caracterizado um nado descontínuo, no qual ocorrem as braçadas

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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seguidas de golpes de pernada, cada um a seu momento. A prática da pernada do nado peito atual é utilizada em larga escala em alguns esportes aquáticos, como o nado sincronizado, em que o uso da pernada poderá ser simultâneo ou alternado, e o polo aquático, cujo goleiro na maior parte do tempo faz uso da pernada do nado peito para poder se sustentar e saltar na água. Tal pernada também é usada em salvamento para resgate e transporte de vítimas de afogamento, tanto em piscinas como em águas abertas (MANSOLDO, 2009).

2 PERNADA DO NADO PEITO

A pernada do nado peito passou por grandes mudanças no ano de 1968, quando Counsilman demonstrou que a pernada utilizada até aquele momento, a qual era realizada em forma de cunha, não era efetiva para projetar a água para trás. Para provar isto, ele colocou água colorida entre as pernas dos nadadores e solicitou que eles realizassem o movimento da pernada em forma de cunha. Assim, Counsilman comprovou que não havia o deslocamento da água para trás, como era o desejado pelos nadadores. Com a ajuda do nadador de nado peito “Chat Jastremski”, eles revolucionaram a pernada deste estilo de nado, apresentando a forma de ação das pernas no estilo de chicotadas estreitas, tal qual é utilizada pela maioria dos nadadores do nado peito até a atualidade (MASSAUD, 2004). O autor explica que esta forma de movimentação das pernas, em chicotadas, possui semelhança com os movimentos de uma hélice, onde os pés palmateiam para fora, para baixo e para dentro, assim como para trás. As solas dos pés são as superfícies propulsivas principais, deslocando a água para trás como fólios e não as empurrando para trás como remos. A pernada do nado peito é composta por quatro fases, quais sejam: recuperação, varredura para fora, varredura para dentro e sustentação e deslizamento.

2.1 FASE DE VARREDURA PARA FORA

Os pés devem estar flexionados e girados para fora nos tornozelos, de modo que as plantas estejam voltadas para fora e para trás e executarão um movimento circular com pressão simultânea no sentido lateral para fora, para baixo (em direção ao fundo) e alguma coisa para trás, sendo que, quanto menos os pés se deslocarem para trás, melhor será a eficácia da sustentação (pressão realizada pelos pés na água), melhorando, assim, a propulsão (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

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TÓPICO 1 | NADO PEITO

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FIGURA 68 – FASE DE VARREDURA PARA FORA NA PERNADA DO NADO PEITO

FIGURA 69 – FASE DE VARREDURA PARA DENTRO NA PERNADA DO NADO PEITO

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

grácilglúteo médio

jarrete

gastrocnêmioe sóleo

quadríceps

2.2 FASE DE VARREDURA PARA DENTRO

No meio da trajetória da extensão das pernas, que foi iniciada na fase anterior, chamada de agarre, os pés e as pernas movimentam-se, principalmente, para dentro, para baixo e para trás. As solas dos pés deverão posicionar-se voltadas para baixo e para dentro, até ficarem voltadas somente para dentro ao completarem a fase. A pressão realizada pelos pés e sua velocidade devem aumentar continuamente durante toda a fase, com o ponto de pico ocorrendo imediatamente antes dos pés reduzirem a pressão contra a água, para dar início à sustentação (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

glúteo médio

quadrícepstibial anterior

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2.3 FASE DE SUSTENTAÇÃO E DESLIZAMENTO

Essa fase é a continuidade do movimento circular da varredura para dentro, no qual, ao se liberar a pressão contra a água para baixo e para dentro, um pouco antes da união dos pés, eles projetar-se-ão em direção à superfície, finalizando a ação propulsiva da pernada e iniciando a sustentação. As pernas subirão até que estejam alinhadas com o corpo em uma posição imediatamente abaixo da superfície. Então, inicia-se a fase de deslizamento das pernas. Neste momento é importante que se mantenham as pernas em posição hidrodinâmica para que não prejudique a ação propulsiva dos braços. Quando as pernas se estenderem, os pés se unirão, com as plantas, uma voltada para a outra, por meio da flexão plantar e inversão dos pés (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

2.4 FASE DE RECUPERAÇÃO

O movimento de flexão das pernas, chamado de “recuperação”, deverá ser um movimento mais descontraído, isto é, com menor gasto energético, e a extensão, onde se realiza o apoio necessário ao deslocamento, deverá ser executada com vigor, com potência (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, os pés devem deslocar-se para frente, juntos, em flexão plantar, permitindo que os dedos estejam apontados para trás. Durante a recuperação, os pés e a perna deverão deslocar-se à frente, dentro da linha do quadril, de modo que a perna esteja na direção da coxa. Os calcanhares deverão aproximar-se dos glúteos para possibilitar uma boa amplitude do movimento propulsivo, por meio da flexão dos joelhos. Os joelhos poderão afastar-se um pouco, facilitando o movimento, mas, não mais que a largura dos ombros, o que resultaria em um aumento significativo do arrasto.

De acordo com Massaud (2004), a coordenação entre a recuperação das pernas e a devolução da cabeça à água é muito importante para o desempenho dos nadadores de peito, de estilo ondulante. Eles poderão reduzir significativamente o arrasto durante a recuperação das pernas, mantendo a cabeça e os ombros acima do nível da água, até que as pernas se recuperem completamente e comecem a varredura para fora. Isto fará com que o ligeiro abaixamento do quadril possibilite a recuperação das pernas sobre a coxa, com os pés dirigindo-se em direção ao glúteo e evitando-se a flexão da coxa sobre o tronco.

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TÓPICO 1 | NADO PEITO

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FIGURA 70 – FASE DE RECUPERAÇÃO NA PERNADA DO NADO PEITO

FONTE: Massaud (2004)

glúteo médio

jarrete

quadrícepstibial anterior

3 BRAÇADA DO NADO PEITO

3.1 FASE DE APOIO DA BRAÇADAOU VARREDURA PARA FORA

Conforme Massaud (2004), a braçada do nado peito caracteriza-se por possuir ênfase na lateralidade dos movimentos. Isto porque, partindo com os braços estendidos à frente da cabeça, mãos juntas, o início da braçada é realizado com pressão para os lados e ligeiramente para o fundo, isto denomina-se “fase de apoio da braçada ou varredura para fora”. Durante essa abertura dos braços, as mãos, inicialmente voltadas para baixo, vão girando lentamente para fora até ultrapassarem as linhas dos ombros, ponto em que elas, além da pressão lateral, exercerão um movimento para baixo, alcançando o agarre. Durante essa fase, o nadador não deve permitir que haja grande afastamento dos braços, para que no momento de tração (movimento de aproximação dos braços ao corpo), as mãos não ultrapassem a linha dos ombros e/ou do rosto. As mãos se deslocarão inclinadas, tendo como bordo de ataque o dedo mínimo e o de fuga, o polegar. Alguns nadadores, no início desta fase, realizam uma ligeira flexão do punho, o que é aceitável, mas, ao alcançarem o agarre, suas mãos e seus antebraços deverão estar alinhados (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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No momento do agarre, ponto de transição da varredura para fora e da varredura para dentro, os braços devem estar com uma flexão de 30 a 40 graus no cotovelo, de forma que os braços e as mãos alcancem uma orientação retrógrada. Os braços deverão movimentar-se para fora e para baixo por cerca de 50 a 80 cm, antes de alcançarem essa orientação.

FIGURA 71 – FASE DE APOIO DA BRAÇADA OU VARREDURA PARA FORA NO NADO PEITO

FONTE: Massaud (2004)

trapézio I e IIbíceps braquial

peitoralmaior

reto abdominal

braquiorradial

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TÓPICO 1 | NADO PEITO

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3.2 TRAÇÃO OU VARREDURA PARA DENTRO

Após o apoio da braçada, realiza-se a “tração” ou “varredura para dentro”, a qual consiste em um movimento de pressão do antebraço, inicialmente para dentro e para baixo, e também para dentro e para cima, onde existirá flexão do antebraço sobre o braço e adução do braço junto ao corpo, com união das mãos. Os cotovelos deverão manter-se elevados, e as mãos e antebraços giram para baixo e para dentro, em torno deles. Na finalização deste movimento da braçada, as mãos deverão estar juntas, à frente da linha dos ombros (posição de reza), alcançando um ângulo de 80 graus nos cotovelos. No decorrer da varredura para dentro, as mãos deverão permanecer alinhadas com os antebraços. Nesta fase, o bordo de ataque passa a ser o polegar e o de fuga, o dedo mínimo, ou seja, o inverso da fase inicial da braçada. É nessa fase que as mãos atingirão a maior velocidade, que deve ser máxima (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, estudos realizados com nadadores do estilo peito, em nível mundial, mostraram que nesta fase os nadadores chegam a alcançar velocidade de 5/6 m/s, sendo esta a fase mais potente e propulsiva da braçada. É no início desta fase que o nadador iniciará o movimento de elevação para a respiração, para, durante ou após a recuperação dos braços, devolver o rosto à água.

3.3 RECUPERAÇÃO

Finalizada a tração, inicia-se a última fase do ciclo da braçada, a qual se denomina “recuperação” e onde se observa o direcionamento das mãos à frente, próximas à superfície, ou sobre esta, e ao final desta ocorrerá ou não o deslize, para logo a seguir, iniciar-se um novo ciclo de braçada (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, existem basicamente três formas de se recuperar os braços à frente, quais sejam: as mãos dos nadadores deslocam-se um pouco sob a superfície; as mãos deslizam na superfície; as mãos deslizam na superfície sem que os cotovelos saiam da água, com exceção da última braçada de uma prova. Em todas essas formas, tem-se observado nadadores alcançando sucesso, o que nos leva a acreditar que seria conveniente, na formação de atletas, a possibilidade de experimentar as diferentes formas para se utilizar aquele que lhe dê o melhor desempenho (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

4 RESPIRAÇÃO NO NADO PEITO

Durante a pressão inicial da braçada (apoio), o nadador deverá realizar a expiração. Quando o nadador realizar a tração, estará elevando o tronco e, consequentemente, retirando o rosto da água, realizando a inspiração. No momento do lançamento dos braços à frente, na recuperação, ele retornará o rosto à água (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, os nadadores de peito realizam uma respiração para cada ciclo de braçada, independentemente da distância da prova: 50, 100 ou 200m.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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5 COORDENAÇÃO NO NADO PEITO

5.1 COORDENAÇÃO BRAÇOS/PERNAS

De acordo com Massaud (2004), a coordenação no nado peito, de braços e pernas, caracteriza-se por movimentos alternados, a saber:

• Apoio da braçada: pernas permanecem estendidas;• Tração da braçada: pernas permanecem estendidas;• Início da recuperação da braçada: início da fase lenta da recuperação das

pernas;• Segunda metade da recuperação da braçada: fase rápida da recuperação das

pernas;• Final da recuperação da braçada: ação, pressão das pernas (extensão).

Conforme o autor supracitado, há três classificações para esta coordenação de braços e pernas, quais sejam:

• Deslizante: o nadador, a cada ciclo de braçada e pernada, antes de iniciar o novo ciclo, realiza um pequeno deslize, ou seja, mantém o seu corpo estendido antes de iniciar um novo ciclo. Ocorrerá um pequeno intervalo entre o término da pernada e o início da braçada seguinte. Esta forma de execução do nado é indicada para nadadores iniciantes para facilitar a coordenação e melhor execução das técnicas de braçada e pernada.

• Contínua: o nadador não fará mais a parada dos braços à frente, realizando o deslize. Sempre ao finalizar a recuperação da braçada, imediatamente após, ele dará início a um novo ciclo, ou seja, assim que as pernas estiverem se unindo, os braços estarão se abrindo.

• Superposição: a braçada começa antes que se tenha completado a pernada, ou seja, no momento em que as pernas se unem, os braços estão no final na varredura para fora, no agarre.

Em geral, os treinadores de natação concordam que a coordenação por deslizamento é menos efetiva em relação às outras, pois os nadadores desaceleram desde o momento em que terminam a pernada até o começo da fase propulsiva de braço, que é iniciada no agarre (no momento do início da varredura para dentro).

6 ESTILOS DE NADO PEITO

Há dois estilos de nado peito utilizados pelos nadadores, a saber: estilo plano ou convencional e estilo ondulante, golfinho ou europeu (MASSAUD, 2004).

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TÓPICO 1 | NADO PEITO

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6.1 ESTILO PLANO OU CONVENCIONAL

O estilo plano ou convencional do nado peito caracteriza-se por uma posição horizontal do corpo, com os quadris permanecendo sempre o mais próximo possível da superfície, durante todas as fases do nado. A respiração é efetuada pelo levantamento e abaixamento da cabeça, evitando-se elevar o tronco, para que não haja reação de abaixamento do quadril. Este estilo de nado, conforme Massaud (2004, p. 157), caracteriza-se por:

• O nadador mantém-se na horizontal, durante o tempo todo na recuperação da pernada.

• O nadador mantém seus ombros submersos.• À medida que o nadador vai realizando a recuperação da braçada (submersa),

simultaneamente ele vai retornando o rosto à água.• Devido à manutenção permanente da posição do corpo na horizontal, o nadador

necessita realizar um maior abaixamento das coxas (maior flexão da coxa sobre o tronco), pressionando, assim, a água para frente (grande interferência do fluxo laminar da água) e, consequentemente, criando um grande arrasto.

6.2 ESTILO ONDULANTE, GOLFINHO OU EUROPEU

O estilo ondulante, golfinho ou europeu do nado peito é a forma mais utilizada atualmente nos grandes campeonatos. Este estilo, conforme Massaud (2004, p. 157), é caracterizado por:

• O nadador não se mantém na horizontal e tende a elevar os quadris ao final da pernada; a cabeça e os ombros saem fora da água, quando os nadadores respiram, e os quadris sofrem um abaixamento devido a esta elevação.

• O nadador tende a realizar uma recuperação dos braços com as mãos bem próxima à superfície ou sobre ela (recuperação aérea) e somente coloca o seu rosto na água no final da recuperação da braçada.

• Devido à maior elevação do tronco e, consequentemente, ao abaixamento do quadril, o nadador deste estilo realiza uma menor flexão da coxa sobre o tronco, assim, tende a interferir menos no fluxo laminar da água, criando um menor arrasto.

7 SAÍDA DO NADO PEITO

De acordo com Massaud (2004), o processo inicial de saída na prova de nado peito é semelhante ao das provas de estilo livre. Segundo o autor, as diferenças estão a partir do deslize realizado logo após a entrada na água, a saber:

• Após a entrada do nadador na água, ele deverá permanecer com o seu corpo bem alinhado, com os braços estendidos à frente e com as mãos juntas e sobrepostas.

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FIGURA 72 – FASE 1 DA SAÍDA DO NADO PEITO

FIGURA 73 – FASE 2 DA SAÍDA DO NADO PEITO

FIGURA 74 – FASE 3 DA SAÍDA DO NADO PEITO

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• No momento em que sentir que a sua velocidade de deslocamento está começando a diminuir, ele deverá realizar a primeira braçada, semelhante ao movimento da fase aquática da braçada de golfinho, permanecendo com os braços colados ao corpo até o momento em que sinta que a sua velocidade de deslocamento submerso é significativa.

• A seguir, o nadador, ainda submerso, fará a recuperação dos braços, sob o corpo, mantendo mãos, antebraços, braços e cotovelos o mais próximo possível do corpo, minimizando a resistência frontal criada por esta movimentação.

• A partir do momento em que as mãos estiverem passando sob o rosto, as pernas iniciarão a sua preparação para a ação (recuperação). Assim que os braços se estenderem à frente do corpo, o nadador deverá realizar a pernada, deslizando em direção à superfície e iniciando o nado peito.

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TÓPICO 1 | NADO PEITO

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FIGURA 75 – FASE 1 DA VIRADA DO NADO PEITO

FONTE: Massaud (2004)

• Após o toque à borda, ele deverá retirar rapidamente um dos braços, numa ação semelhante a uma cotovelada, por dentro da água e junto ao corpo, direcionando este braço em direção à borda oposta à da virada. Durante o movimento citado acima, paralelamente as pernas estarão flexionando e se dirigindo à borda juntamente com o quadril.

• Todo este processo de deslocamento submerso, explicado acima, denomina-se FILIPINA.

8 VIRADA DO NADO PEITO

Nas viradas do nado peito os ombros não necessitam estar paralelos ao nível da água, bem como durante o percurso. A virada do nado peito é semelhante à do nado borboleta, sendo que os nadadores de nado peito projetam mais para o fundo seus corpos para executarem a “filipina”, tal qual descreve Massaud (2004, p. 166):

• O nadador, ao se aproximar da borda para realizar sua virada, deverá ajustar o ritmo de braçadas, de forma que toque na mesma com as duas mãos, simultaneamente, e com os braços estendidos.

gastrocnêmioe sóleo

glúteo maior

paravertebral

jarretepeitoralmaior

reto abdominal

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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FIGURA 76 – FASE 2 DA VIRADA DO NADO PEITO

FIGURA 77 – FASE 3 DA VIRADA DO NADO PEITO

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

• O outro braço, que não havia saído da borda, deverá realizar uma ligeira ação de pressão à borda, auxiliando a sua recuperação, flexionando-o sobre a cabeça. Um pouco antes do braço passar sobre a cabeça, o nadador fará a respiração para, logo a seguir, em decúbito lateral submerso, unir as mãos para realizar o impulso na borda. É bom lembrar que no momento em que as mãos se juntarem à frente do corpo, os pés estarão tocando na borda, na mesma profundidade de quadril, com as pernas em um ângulo de aproximadamente 90o.

• A partir daí o nadador realizará o impulso na borda e a filipina, explicada na saída do nado.

trapézio I e II

deltóide médio

oblíquo menor

reto abdominal

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Nesse tópico você viu que:

• O nado peito é o estilo mais antigo de nado.

• Os demais nados surgiram a partir da evolução do nado peito.

• Dentre todos os nados, o nado peito é o mais lento.

• A característica que mais chama a atenção no nado peito é a sua enorme propulsão de pernas.

• A pernada do nado peito possui quatro fases, são elas: recuperação, varredura para fora, varredura para dentro e sustentação e deslizamento.

• A braçada do nado peito possui três fases, são elas: apoio da braçada ou varredura para fora, tração ou varredura para dentro e recuperação.

• A respiração do nado peito é composta pelas fases de expiração e de inspiração. Os nadadores de nado peito realizam uma respiração para cada ciclo de braçada.

• Há três classificações para esta coordenação de braços e pernas, quais sejam: deslizante, contínua e superposição.

• Há dois estilos de nado peito utilizados pelos nadadores deste, a saber: estilo plano ou convencional e estilo ondulante, golfinho ou europeu.

• O processo inicial de saída nas provas de nado peito é semelhante ao das provas de estilo livre. As diferenças estão a partir do deslize realizado logo após a entrada na água.

• A virada do nado peito é semelhante à do nado borboleta, sendo que os nadadores de nado peito projetam mais para o fundo seus corpos para executarem a chamada “filipina”.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 A característica que mais chama a atenção no nado peito é a sua enorme propulsão de pernas, tendo sido iniciado no passado com movimentos de tesoura. Atualmente, a pernada do nado peito é desenvolvida por meio de quatro fases distintas, quais são elas?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Descreva como ocorre a respiração no nado peito. ___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 Há dois estilos que podem ser utilizados pelos nadadores de nado peito, quais são eles?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Leia atentamente as frases a seguir, referentes ao nado peito, e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O nado peito é o nado mais antigo de que se tem notícias em termos de sua utilização e de seu ensinamento.

( ) O nado peito é o nado mais lento dentre todos os estilos de nado.( ) A característica que mais chama a atenção no nado peito é a sua enorme

propulsão de pernas.( ) O nado peito surgiu a partir da evolução do nado crawl.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, F, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

AUTOATIVIDADE

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5 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à história do nado peito, e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A partir da edição das Olimpíadas de 1956, em Melbourne, o nado crawl tirando os dois braços da água tornou-se o nado peito de hoje.

( ) A grande utilização do nado peito no passado foi com fins bélicos.( ) Pela posição do corpo, totalmente apoiado na água, e pela possibilidade de

manter a cabeça fora da água, o nado de peito sempre foi o nado adotado pelos homens do mar, tanto pelos soldados gregos, romanos e vikings, como pelos piratas.

( ) Antigamente o nado peito era chamado de nado clássico e guarda consigo a tradição de um nado europeu, sendo muito utilizado pelos senhores da terceira idade por ser um nado estável, sem rolamentos, ter um grande campo visual e, em alguns casos, poder ser nadado até com a cabeça fora da água.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, V, V, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

6 A pernada do nado peito passou por grandes mudanças no ano de 1968. Sobre isto, leia atentamente as assertivas a seguir e assinale a alternativa incorreta.

a) ( ) Em 1968, Counsilman demonstrou que a pernada utilizada até aquele momento, a qual era realizada em forma de cunha, não era efetiva para projetar a água para trás.

b) ( ) Counsilman colocou água colorida entre as pernas dos nadadores e solicitou que eles realizassem o movimento da pernada em forma de cunha. Assim, ele comprovou que não havia o deslocamento da água para trás, como era o desejado pelos nadadores.

c) ( ) Com a ajuda do nadador de nado peito “Chat Jastremski”, a pernada do nado peito foi revolucionada, apresentando a forma de ação das pernas no estilo de chicotadas estreitas, tal qual é utilizada pela maioria dos nadadores do nado peito até a atualidade.

d) ( ) A forma de movimentação das pernas, em chicotadas, possui semelhança com os movimentos de uma hélice, onde os pés palmateiam para fora, para baixo e para dentro, assim como para trás. As solas dos pés são as superfícies propulsivas principais, deslocando a água para trás como fólios e não as empurrando para trás como remos.

e) ( ) Hoje a pernada do nado peito é composta por quatro fases, quais sejam: entrada, varredura para fora, varredura para dentro e sustentação e deslizamento.

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7 A pernada do nado peito é composta por quatro fases. No que concerne às características destas fases, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Na fase de recuperação, o movimento de flexão das pernas deverá ser um movimento executado com vigor, com potência, demandando um alto gasto energético.

b) ( ) Na fase de varredura para fora, os pés devem estar flexionados e girados para fora nos tornozelos, de modo que as plantas estejam voltadas para fora e para trás e executarão um movimento circular com pressão simultânea no sentido lateral para fora, para baixo (em direção ao fundo) e alguma coisa para trás.

c) ( ) Na fase de varredura para dentro, no meio da trajetória da extensão das pernas, que foi iniciada na fase anterior, chamada de agarre, os pés e as pernas movimentam-se, principalmente, para dentro, para baixo e para trás. As solas dos pés deverão posicionar-se voltadas para baixo e para dentro, até ficarem voltadas somente para dentro ao completarem a fase.

d) ( ) A fase de sustentação e deslizamento é a continuidade do movimento circular da varredura para dentro, no qual, ao se liberar a pressão contra a água para baixo e para dentro, um pouco antes da união dos pés, os mesmos irão projetar-se em direção à superfície, finalizando a ação propulsiva da pernada e iniciando a sustentação. As pernas subirão até que estejam alinhadas com o corpo em uma posição imediatamente abaixo da superfície. Então, inicia-se a fase de deslizamento das pernas.

e) ( ) Na fase de recuperação, os pés devem deslocar-se para frente, juntos, em flexão plantar, permitindo que os dedos estejam apontados para trás. Durante a recuperação, os pés e a perna deverão deslocar-se à frente, dentro da linha do quadril, de modo que a perna esteja na direção da coxa. Os calcanhares deverão aproximar-se dos glúteos para possibilitar uma boa amplitude do movimento propulsivo, por meio da flexão dos joelhos. Os joelhos poderão afastar-se um pouco, facilitando o movimento, mas, não mais que a largura dos ombros.

8 A braçada do nado peito é composta por três fases. No que concerne às características destas fases, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) No momento do agarre, ponto de transição da varredura para fora e da varredura para dentro, os braços devem estar com uma flexão de 90 graus no cotovelo, de forma que os braços e as mãos alcancem uma orientação retrógrada. Os braços deverão movimentar-se para fora e para baixo por cerca de 80 cm, antes de alcançarem essa orientação.

b) ( ) A braçada do nado peito caracteriza-se por possuir ênfase na lateralidade dos movimentos. Isto porque, partindo com os braços estendidos à frente da cabeça, mãos juntas, o início da braçada é realizado com pressão para os lados e ligeiramente para o fundo, isto denomina-se “fase de apoio da braçada ou varredura para fora”.

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c) ( ) A fase da “tração” ou “varredura para dentro” consiste em um movimento de pressão do antebraço, inicialmente para dentro e para baixo, e também para dentro e para cima, onde existirá flexão do antebraço sobre o braço e adução do braço junto ao corpo, com união das mãos. Os cotovelos deverão manter-se elevados, e as mãos e antebraços giram para baixo e para dentro, em torno deles.

d) ( ) Finalizada a tração, inicia-se a última fase do ciclo da braçada, a qual se denomina “recuperação” e onde se observa o direcionamento das mãos à frente, próximas à superfície, ou sobre esta, e ao final desta ocorrerá ou não o deslize, para logo a seguir, iniciar-se um novo ciclo de braçada.

9 Há três classificações para a coordenação de braços e pernas no nado peito, quais sejam: deslizante, contínua e superposição. Explique-as.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 Há dois estilos de nado peito utilizados pelos nadadores deste, a saber: estilo plano ou convencional (A) e estilo ondulante, golfinho ou europeu (B). Leia atentamente as afirmações a seguir e, posteriormente, insira I nas frases que apresentam procedimentos referentes ao estilo “A” e II para aquelas que apresentam procedimentos referentes ao estilo “B”:

( ) Caracteriza-se por uma posição horizontal do corpo, com os quadris permanecendo sempre o mais próximo possível da superfície, durante todas as fases do nado.

( ) O nadador não se mantém na horizontal e tende a elevar os quadris ao final da pernada; a cabeça e os ombros saem fora da água, quando os nadadores respiram, e os quadris sofrem um abaixamento devido a esta elevação.

( ) À medida que o nadador vai realizando a recuperação da braçada (submersa), simultaneamente ele vai retornando o rosto à água.

( ) O nadador mantém seus ombros submersos.( ) O nadador tende a realizar uma recuperação dos braços com as mãos bem

próxima à superfície ou sobre ela (recuperação aérea) e somente coloca o seu rosto na água no final da recuperação da braçada.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) II, II, II, II, II.b) ( ) I, II, I, II, I.c) ( ) II, II, I, I, II. d) ( ) I, II, I, I, Il.e) ( ) I, I, II, II, II.

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TÓPICO 2

NADO BORBOLETA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

O nado borboleta é o mais jovem dentre todos os existentes, tendo surgido, oficialmente, em 1956, por ocasião da Olimpíada de Melbourne, na Austrália. Sua principal característica é a simultaneidade das ações motoras, na qual as pernas e os braços atuam em paralelo, diferenciando-se dos demais nados (MANSOLDO, 2009). Segundo o autor, analisando-se essas ações motoras, não é difícil relacionar os movimentos dos membros inferiores e dos membros superiores do nado borboleta com a movimentação do nado crawl. Porém, seria um crawl duplo, onde os membros inferiores e os membros superiores atuariam conjuntamente, cada um no seu ciclo de trabalho. Melhor dizendo, em vez de os membros inferiores irem para baixo e para cima alternadamente, o fariam de maneira conjunta, o mesmo acontecendo com os membros superiores, que realizariam toda a movimentação ambos ao mesmo tempo, respeitando a fase aérea e subaquática do nado.

Outro fato importante a ser comentado é o desgaste físico para a realização

do nado. Tal desgaste ocorre em função da característica dos movimentos simultâneos de pernas e braços, que fazem com que o nadador tenha que tirar ao mesmo tempo os dois membros superiores da água, conduzindo-os à frente sem que toquem a superfície. Quando o nadador realiza tal movimentação, a musculatura dorsal e dos ombros rapidamente fica fadigada, gerando o cansaço. Destaca-se que quanto maior for a mobilidade articular da escápula, maior será a facilidade e a economia de energia que o praticante promoverá. Para isto, exercícios de flexibilidade e alongamento são parte integrante na execução correta e eficiente deste nado (MANSOLDO, 2009).

2 POSICIONAMENTO DO CORPO NO NADO BORBOLETA

No nado borboleta o corpo permanece na horizontal em decúbito ventral e o nado caracteriza-se por ações simultâneas de braços e pernas. Durante o desenvolvimento do nado borboleta, o corpo apresenta oscilações verticais (movimento de enguia), que não devem ser excessivas para não aumentar o arrasto (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, há três posições que o corpo assume durante os ciclos de braçadas, as quais são imprescindíveis para a redução do arrasto. Ainda conforme Massaud (2004), no nado borboleta:

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

• O corpo deverá estar o mais nivelado possível à superfície, durante as varreduras para dentro e para cima, que são as fases propulsivas do nado. O nadador conseguirá esse nivelamento procurando, durante a varredura para dentro, elevar as pernas, e ao realizar a segunda pernada, não a executar muito profundamente.

• O quadril deve deslocar-se para cima e para frente acima da superfície, durante a primeira pernada, ou seja, a realizada no apoio ou varredura para fora, para proporcionar a propulsão e o ajuste hidrodinâmico do corpo.

• A força da segunda pernada não deve ser tão grande a ponto de empurrar o quadril sobre a superfície, porque isso iria interferir na recuperação dos braços, mas deverá ser forte o suficiente para deixá-lo nivelado a esta.

• Em termos do posicionamento da cabeça, o rosto fica em contato com a água, mantendo-se o nível da água na parte posterior da cabeça, ou seja, haverá uma maior aproximação do queixo em direção ao pescoço (comparando-se ao crawl) e um consequente abaixamento da cabeça.

FIGURA 78 – POSICIONAMENTO DO CORPO NO NADO BORBOLETA

FIGURA 79 – POSICIONAMENTO DA CABEÇA NO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

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TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA

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FIGURA 80 – PERNADA NO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

3 PERNADA NO NADO BORBOLETA

A técnica da pernada utilizada no nado borboleta denomina-se “pernada de golfinho”, pois devido à simultaneidade dos movimentos das pernas, formando uma unidade, lembra a cauda de um golfinho (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010). Segundo os autores, os movimentos de pernas do nado borboleta são realizados simultaneamente, com trajetórias descendente e ascendente. A trajetória descendente da pernada inicia-se com o calcanhar dos pés alinhado com a superfície da água, momento este em que ocorrerá uma ligeira flexão da coxa sobre o tronco e da perna sobre a coxa, fazendo com que haja um pequeno abaixamento dos joelhos para uma posterior extensão vigorosa da perna. Os pés deverão estar com flexão plantar e em inversão, procurando aproveitar bem a pressão realizada pelo dorso dos pés e pelas pernas. Este movimento deverá fazer com que os pés pressionem a água, até a uma profundidade de, aproximadamente, 40 a 50 cm abaixo da superfície.

No movimento ascendente, por sua vez, as pernas se mantêm estendidas, com os pés em flexão plantar realizando a pressão sobre a água, com a planta dos mesmos (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, existem duas correntes que falam sobre a ação deste movimento, quais sejam:

• Corrente 1: durante esta fase da pernada, haverá uma recuperação do movimento, com o relaxamento na articulação do tornozelo e da musculatura da perna;

• Corrente 2: durante esta fase adquire-se propulsão, com a pressão das pernas e da planta dos pés.

O autor supracitado considera que estas ações dependem da distância a que se pretende nadar, pois se a distância for curta, 50 e 100 metros, é necessária uma ação mais intensa de perna (propulsora), e com isso, a corrente 2 talvez seja mais recomendada para a utilização nos primeiros 100 metros de uma prova de 200 metros borboleta, procurando reduzir o gasto energético.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

FIGURA 81 – FASE DE ENTRADA DA BRAÇADA NO NADO BORBOLETA

FIGURA 82 – FASE DE APOIO OU VARREDURA PARA FORA NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

4 BRAÇADA NO NADO BORBOLETA

4.1 ENTRADA

A entrada do nado borboleta deve ser feita à frente da cabeça, com as mãos na direção da linha dos ombros. O braço deve estar ligeiramente flexionado (com rotação medial), com os cotovelos um pouco acima das mãos, de modo que as pontas dos dedos sejam a primeira parte do braço a entrar na água. As mãos devem deslizar para dentro da água, à frente, de lado, com as palmas das mãos voltadas para fora (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

4.2 FASE APOIO OU VARREDURA PARA FORA

O apoio ou varredura para fora no nado borboleta consiste em uma puxada para o lado, com os braços estendidos, não deixando haver uma abertura muito exagerada, até chegar ao agarre, onde o braço estará ligeiramente flexionado. Após terem entrado na água, as mãos devem deslocar-se para dentro e para a frente, durante um breve tempo, antes de fazerem o movimento curvilíneo para fora e para a frente. Elas devem continuar esse movimento até que os braços estejam “fora” dos ombros e fiquem voltados para trás contra a água. Este é o momento do chamado “agarre” (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, esta fase deve caracterizar-se por um suave alongamento dos braços para fora e à frente, com a finalidade de colocar as mãos e os braços em posição adequada para iniciar-se a aplicação de força a partir do agarre, já que esse um terço inicial da braçada não é propulsivo.

quadríceps

bíceps braquial

peitoralmaiorreto abdominal

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TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA

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FIGURA 83 – FASE DE TRAÇÃO OU VARREDURA PARA DENTRO NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

4.3 FASE DE TRAÇÃO OU VARREDURA PARA DENTRO

Após o apoio ou varredura para fora, começa-se a flexionar os antebraços em relação aos braços (mantendo-se os cotovelos altos), com uma trajetória das mãos em direção à linha mediana do corpo e para o fundo. A varredura para dentro tem uma trajetória semicircular dos braços, partindo do agarre até praticamente se unirem sob o corpo, na direção dos ombros. Durante este movimento, de flexão gradual dos braços, chega-se a obter um ângulo entre 90 e 100 graus, nos cotovelos. As mãos vão realizando uma rotação interna durante esta fase, até estarem voltadas para dentro e ligeiramente para cima (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, as mãos aceleram gradativamente durante o movimento, desde 2 m/s no agarre até velocidades de 3 a 4 m/s, ao final da varredura para dentro. Esta é a primeira fase propulsiva da braçada do nado borboleta, na qual, em algumas braçadas, há o início da elevação da cabeça para respirar (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

glúteo maior redondo maiordorsal largo

jarretepeitoralmaior

reto abdominal

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

4.4 FASE DE FINALIZAÇÃO OU VARREDURA PARA CIMA

De acordo com Massaud (2004), a fase de finalização ou varredura para cima é um momento quando começará a existir uma maior eficiência da braçada, onde poderemos observar uma flexão do antebraço em relação ao braço, fase em que as mãos, cotovelos e ombros deverão estar alinhados, sob o corpo (final da varredura para dentro, e início desta). A partir daí haverá uma aproximação do braço e do cotovelo ao tronco, seguida de vigorosa extensão do antebraço, retirando-se, logo a seguir, as mãos da água, próximas ao quadril. As mãos do nadador, que na fase anterior dirigiam-se para dentro, agora mudam de direção e passam a se movimentar de forma semicircular para fora, para trás e para cima, na direção da superfície da água. As palmas das mãos deverão permanecer com uma inclinação voltada para fora e para trás durante essa fase, tendo, assim, o dedo mínimo funcionando como bordo de ataque e o polegar como bordo de fuga das mãos em formato de fólio. Não só as mãos auxiliam no processo de deslocamento da água para trás, como também os antebraços, que deverão estender-se um pouco durante a varredura para cima, mas manter-se flexionados em cerca de 45 graus ao ser reduzida a pressão sobre a água. Não se deve fazer uma extensão completa até que esteja em curso a fase de recuperação. Essa é a segunda fase propulsiva da braçada (MASSAUD, 2004).

FIGURA 84 – FASE 1 DA FINALIZAÇÃO OU VARREDURA PARA CIMA NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

gastrocnêmioe sóleo

glúteo maior

redondo maiordorsal largo

jarrete

peitoralmaior

reto abdominal

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TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA

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FIGURA 85 – FASE 2 DA FINALIZAÇÃO OU VARREDURA PARA CIMA NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

4.5 FASE DE RECUPERAÇÃO

A fase de recuperação deverá ser realizada por meio da elevação dos cotovelos, flexionando os antebraços em relação aos braços e projetando as mãos à frente, com os braços passando lateralmente ao corpo, paralelos à superfície da água. Durante a trajetória desse movimento de recuperação, desde a saída da água até a entrada, o dedo mínimo deve permanecer acima e o polegar, abaixo (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, as palmas das mãos do nadador deverão permanecer voltadas para dentro, durante a primeira metade da recuperação, e realizar uma rotação para fora, durante a metade final. Os braços, por sua vez, deverão estar o mais relaxado possível durante esta fase, até a entrada, para então iniciar-se um novo ciclo.

Segundo Massaud (2004), alguns nadadores têm obtido êxito com o uso de uma recuperação com os braços retos, no caso em que estes deixam a água completamente estendidos e assim permanecem, até após ter sido efetuada a entrada. Outros foram alçados à classe mundial usando uma técnica de flexão dos cotovelos durante a segunda metade da recuperação. Outros ainda têm mantido seus braços flexionados durante toda a recuperação. Qualquer dos dois últimos métodos é recomendável, porque a entrada pode ser realizada com os cotovelos flexionados, para ajudar a superar sua inércia durante a mudança de direção dos braços, de dentro para fora, ao começar a varredura para fora (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010).

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

FIGURA 86 – FASE DE RECUPERAÇÃO NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

tríceps braquialdeltóide

reto abdominalreto anterior

5 RESPIRAÇÃO NO NADO BORBOLETA

Durante o momento em que o rosto permanece dentro da água, o nadador realizará a expiração, através da boca, nariz ou boca/nariz. A inspiração deve ser realizada logo após a expiração, através de uma ligeira elevação da cabeça, mantendo-se o queixo apoiado na água (respiração frontal) (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, alguns nadadores têm preferido a respiração lateral.

O nadador fará a inspiração, durante a varredura para cima, e, para isso, ao realizar a varredura para dentro, começar a projetar sua cabeça para cima e para frente. Após ter inspirado, ele, ao recuperar os braços, deverá devolver o rosto e a cabeça à água, durante a primeira metade da recuperação, facilitando o posicionamento do corpo e a recuperação dos braços (MASSAUD, 2004).

Para o autor supracitado, a respiração pode ser classificada de acordo com o número de braçadas realizadas para cada inspiração, isto é:

• Respiração na primeira braçada – 1x1 (um por um). Esta não é indicada para alunos iniciantes.

• Respiração na segunda braçada – 2x1 (dois por um).• Respiração na terceira braçada – 3x1 (três por um), e assim sucessivamente.

6 COORDENAÇÃO NO NADO BORBOLETA

6.1 COORDENAÇÃO BRAÇOS/PERNASNO NADO BORBOLETA

A coordenação braços/pernas no nado borboleta deve ser realizada de forma que para cada ciclo de braçada (um movimento completo de ambos os braços, em suas fases aquáticas e de recuperação) se realizem dois movimentos

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TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA

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FIGURA 87 – FASE DE COORDENAÇÃO NO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

de pernas e que os pontos máximos descendentes destas pernadas coincidam, conforme descreve Massaud (2004):

• A primeira pernada na entrada ou com o início do apoio ou varredura para fora.

• A segunda na finalização da braçada ou varredura para cima.

7 SAÍDA NO NADO BORBOLETA

As saídas nas provas de nado borboleta são realizadas seguindo os mesmos procedimentos das provas de crawl (MASSAUD, 2004).

De acordo com Palmer (1990), o regulamento do estilo borboleta diz que o corpo deve ser mantido perfeitamente sobre o peito e ambos alinhados à superfície da água. O toque na virada, ou no final da prova, deve ser feito com ambas as mãos, simultaneamente, no mesmo nível e com os ombros na posição horizontal (PALMER, 1990). Conforme o autor, depois da saída e das viradas é permitido ao nadador dar uma ou mais pernadas e uma ou mais braçadas embaixo da água que devem levá-lo à superfície da água.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

7.1 APROXIMAÇÃO

A aproximação ao ponto de virada deve acontecer em velocidade total. O nadador deve esforçar-se em avaliar o ritmo do nado de forma que o movimento final, antes da virada, resulte nos braços totalmente estendidos à frente (PALMER, 1990).

7.2 TOQUE/ROTAÇÃO/IMPULSO E DESLIZAMENTO

Todos estes movimentos são idênticos aos realizados no nado peito. A extensão do deslizamento deve ser menor, contudo, devido à velocidade, geralmente maior, do estilo borboleta (PALMER, 1990).

7.3 MOVIMENTOS INICIAIS DO NADO

O regulamento do nado borboleta estabelece que o nadador pode dar uma ou mais pernadas, mas apenas uma única braçada, sendo a subsequente recuperação por sobre a superfície (PALMER, 1990). De acordo com o autor, a puxada do braço é similar àquela usada na virada do estilo peito, mas é um movimento inicial das mãos direcionado para baixo, que leva o nadador de volta à superfície. Deve ser usado o mesmo tipo de técnica de respiração do estilo peito.

8 VIRADA NO NADO BORBOLETA

Nas viradas do nado borboleta, os ombros não precisam estar paralelos à superfície da água. Seguem os passos indicados por Massaud (2004, p. 190) para a virada do nado borboleta:

• O nadador, ao se aproximar da borda para realizar sua virada, deverá ajustar o ritmo de braçadas, de forma que toque na mesma com as duas mãos, simultaneamente, e com os braços estendidos. A mão do braço que irá sair da borda primeiro deverá realizar o toque um pouco mais abaixo, em relação à outra.

FIGURA 88 – FASE 1 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

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TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA

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• Após o toque na borda, ele deverá retirar rapidamente um dos braços, numa ação semelhante a uma cotovelada, por dentro da água e junto ao corpo, direcionando este braço à borda oposta à virada. Durante o movimento citado acima, paralelamente as pernas estarão flexionando e se dirigindo à borda do lado, juntamente com o quadril.

• O outro braço, que não havia saído da borda, deverá realizar uma ligeira ação de pressão à borda, auxiliando a sua recuperação, flexionando sobre a cabeça. Um pouco antes de o braço passar por sobre a cabeça, o nadador fará a respiração para, logo a seguir, em decúbito lateral submerso, unir as mãos para realizar o impulso na borda. É bom lembrar que no momento em que as mãos se juntam à frente do corpo, os pés estarão tocando na borda, mesma profundidade do quadril, com as pernas em um ângulo de aproximadamente 90 graus.

FIGURA 89 – FASE 2 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

• Após o impulso, o nadador deverá iniciar o trabalho de pernadas semelhante ao da saída, até no máximo à distância de 15 metros, tendo-se como referência a cabeça.

FIGURA 90 – FASE 3 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA

FIGURA 91 – FASE 4 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA

FONTE: Massaud (2004)

FONTE: Massaud (2004)

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Nesse tópico, você viu que:

● O nado borboleta é o mais jovem dentre todos os estilos, tendo surgido oficialmente em 1956, por ocasião da Olimpíada de Melbourne, na Austrália.

● A principal característica do nado peito é a simultaneidade das ações motoras, pois neste estilo as pernas e os braços atuam em paralelo, diferenciando-se dos demais nados.

● Um fator importante do nado borboleta é o desgaste físico para a sua realização. Tal desgaste ocorre em função da característica dos movimentos simultâneos de pernas e braços, que fazem com que o nadador tenha que tirar ao mesmo tempo os dois membros superiores da água, conduzindo-os à frente sem que toquem a superfície.

● No nado borboleta a posição do corpo permanece na horizontal em decúbito ventral.

● A técnica da pernada utilizada no nado borboleta denomina-se “pernada de golfinho”, devido à simultaneidade dos movimentos das pernas.

● Os movimentos de pernas do nado borboleta são realizados simultaneamente, com trajetórias descendente e ascendente.

● A braçada do nado borboleta possui várias fases, são elas: entrada, apoio ou varredura para fora, tração ou varredura para dentro, finalização ou varredura para cima e recuperação.

● Quanto à respiração do nado borboleta, durante o momento em que o rosto permanece dentro da água, o nadador realizará a expiração, através da boca, nariz ou boca/nariz. A inspiração deve ser realizada, logo após a expiração, através de uma ligeira elevação da cabeça, mantendo-se o queixo apoiado na água.

● A coordenação braços/pernas no nado borboleta deve ser realizada de forma que para cada ciclo de braçada se realizem dois movimentos de pernas, e que os pontos máximos descendentes destas pernadas coincidam.

● As saídas nas provas de nado borboleta são idênticas às das provas de crawl.

● Nas viradas do nado borboleta, os ombros não precisam estar paralelos à superfície da água.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 Descreva em qual ano e em que ocasião surgiu o nado borboleta. ___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Qual é a principal diferença que se estabelece entre o nado borboleta e os demais estilos de nado?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 O desgaste físico é uma questão muito importante na realização do nado borboleta, explique por que motivo.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Considerando os elementos que constituem o posicionamento corporal no nado borboleta, leia atentamente as frases e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) No nado borboleta o corpo permanece na horizontal em decúbito ventral.( ) O quadril deve deslocar-se para cima e para frente acima da superfície,

durante a primeira pernada, ou seja, a realizada no apoio ou varredura para fora, para proporcionar a propulsão e o ajuste hidrodinâmico do corpo.

( ) O corpo deverá estar o mais nivelado possível à superfície, durante as varreduras para dentro e para cima, que são as fases propulsivas do nado. O nadador conseguirá esse nivelamento procurando, durante a varredura para dentro, levantar as pernas, e ao realizar a segunda pernada, não a executar muito profundamente.

( ) Durante o desenvolvimento do nado borboleta, o corpo apresenta oscilações horizontais.

( ) Em termos do posicionamento da cabeça, o rosto fica em contato com a água, mantendo-se o nível da água na parte posterior da cabeça, ou seja, haverá uma maior aproximação do queixo em direção ao pescoço (comparando-se ao crawl) e um consequente abaixamento da cabeça.

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Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

5 A técnica da pernada utilizada no nado borboleta denomina-se “pernada de golfinho”, sobre isto, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) Os movimentos de pernas do nado borboleta são realizados simultaneamente, com trajetórias descendente e ascendente.

( ) A trajetória descendente da pernada inicia-se com o calcanhar dos pés alinhado com a superfície da água, momento este em que ocorrerá uma ligeira flexão da coxa sobre o tronco e da perna sobre a coxa, fazendo com que haja um pequeno abaixamento dos joelhos para uma posterior extensão vigorosa da perna. Os pés deverão estar com flexão plantar e em inversão, procurando aproveitar bem a pressão realizada pelo dorso dos pés e pelas pernas. Este movimento deverá fazer com que os pés pressionem a água, até a uma profundidade de, aproximadamente, 40 a 50 cm abaixo da superfície.

( ) No movimento ascendente, as pernas se mantêm estendidas, com os pés em flexão plantar realizando a pressão sobre a água, com a planta dos mesmos.

( ) Existem duas correntes que falam sobre a ação deste movimento, quais sejam: corrente 1: durante esta fase da pernada haverá uma recuperação do movimento, com o relaxamento na articulação do tornozelo e da musculatura da perna; corrente 2: durante esta fase adquire-se propulsão, com a pressão das pernas e da planta dos pés.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, V.b) ( ) V, V, V, V.c) ( ) F, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F.e) ( ) V, F, F, V.

6 No que concerne à respiração do nado borboleta, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O nadador fará a expiração durante a varredura para cima, e, para isso, ao estar realizando a varredura para dentro, começar a projetar sua cabeça para cima e para frente.

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( ) Durante o momento em que o rosto permanece dentro da água, o nadador realizará a expiração, através da boca, nariz ou boca/nariz.

( ) A inspiração deve ser realizada, logo após a expiração, através de uma ligeira elevação da cabeça, mantendo-se o queixo apoiado na água.

( ) A respiração pode ser classificada de acordo com o número de braçadas realizadas para cada inspiração, por exemplo: respiração na primeira braçada – 1x1 (um por um), respiração na segunda braçada – 2x1 (dois por um), e assim por diante.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F.b) ( ) F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F. d) ( ) F, V, V, V. 7 Cite quais são as cinco fases da braçada do nado borboleta: ___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8 A braçada do nado borboleta é composta por cinco fases. Considerando os elementos que circunscrevem estas diferentes fases, leia atentamente as frases a seguir e assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Após terem entrado na água, as mãos devem deslocar-se para dentro e para trás, durante um breve tempo, antes de fazerem o movimento curvilíneo para fora e para a frente.

b) ( ) A entrada do nado borboleta deve ser feita à frente da cabeça, com as mãos na direção da linha dos ombros.

c) ( ) O apoio ou varredura para fora no nado borboleta consiste em uma puxada para o lado, com os braços estendidos, não deixando haver uma abertura muito exagerada, até chegar ao agarre, onde o braço estará ligeiramente flexionado.

d) ( ) A varredura para dentro tem uma trajetória semicircular dos braços, partindo do agarre até praticamente se unirem sob o corpo, na direção dos ombros. Durante este movimento, de flexão gradual dos braços, chega-se a obter um ângulo entre 90 e 100 graus, nos cotovelos. As mãos vão realizando uma rotação interna durante esta fase, até estarem voltadas para dentro e ligeiramente para cima.

e) ( ) A fase de finalização ou varredura para cima é um momento quando começará a existir uma maior eficiência da braçada, onde poderemos observar uma flexão do antebraço em relação ao braço, fase em que as mãos, cotovelos e ombros deverão estar alinhados, sob o corpo (final da varredura para dentro, e início desta). A partir daí haverá uma

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aproximação do braço e do cotovelo ao tronco, seguida de vigorosa extensão do antebraço, retirando-se, logo a seguir, as mãos da água, próximas ao quadril.

9 Nas viradas do nado borboleta, os ombros não precisam estar paralelos à superfície da água. Leia atentamente as afirmações a seguir e, posteriormente, insira I nas frases que apresentam procedimentos corretos e II para aquelas que apresentam procedimentos inadequados para a realização da virada do nado borboleta.

( ) O nadador, ao se aproximar da borda para realizar sua virada, deverá ajustar o ritmo de braçadas, de forma que toque na mesma com as duas mãos, simultaneamente, e com os braços estendidos. A mão do braço que irá sair da borda primeiro deverá realizar o toque um pouco mais abaixo, em relação à outra.

( ) A virada do nado borboleta é idêntica à virada do nado crawl.( ) Após o toque na borda, ele deverá retirar rapidamente um dos braços,

numa ação semelhante a uma cotovelada, por dentro da água e junto ao corpo, direcionando este braço à borda oposta à virada. Durante o movimento citado acima, paralelamente as pernas estarão flexionando e se dirigindo à borda do lado, juntamente com o quadril.

( ) O outro braço, que não havia saído da borda, deverá realizar uma ligeira ação de pressão à borda, auxiliando a sua recuperação, flexionando sobre a cabeça. Um pouco antes de o braço passar por sobre a cabeça, o nadador fará a respiração para, logo a seguir, em decúbito lateral submerso, unir as mãos para realizar o impulso na borda.

( ) Após o impulso, o nadador deverá iniciar o trabalho de pernadas semelhante ao da saída, até no máximo à distância de 15 metros, tendo-se como referência a cabeça.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) II, II, II, II, II.b) ( ) I, II, I, II, I.c) ( ) II, II, I, I, II. d) ( ) I, II, I, I, I.e) ( ) I, I, II, II, II.

10 Explique a coordenação braços/pernas do nado borboleta. ___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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TÓPICO 3

REGRAS COMPETITIVAS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

A Federação Internacional de Natação (FINA) é a entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), responsável por administrar competições internacionais nos desportos aquáticos. A FINA foi fundada em 19 de julho de 1908, no Hotel de Manchester, em Londres, no final dos Jogos Olímpicos de Verão de 1908, pelas federações belga, britânica, dinamarquesa, finlandesa, francesa, alemã, húngara e sueca.

Atualmente, a sede da FINA fica em Lausanne, na Suíça. O presidente atual da Federação é o uruguaio Julio César Maglione. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, fundada em 21 de outubro de 1977, filiada à Federação Internacional de Natação e ao Comitê Olímpico Brasileiro, segue as regras da FINA para as competições de natação, as quais são apresentadas a seguir, conforme a CBDA (2017).

2 AS REGRAS PARA COMPETIÇÕES DE NATAÇÃO

BL 6 – OFICIAIS FINA

A idade máxima dos oficiais (juízes, juiz de partida e árbitro geral) quando atuarem em campeonatos ou competições da FINA, exceto os oficiais de máster e polo aquático, é sessenta e cinco (65) anos no ano da competição. Para polo aquático, o limite de idade é de cinquenta e cinco (55) anos no ano da competição. Oficiais da lista de árbitros internacionais da FINA, árbitro geral, juiz ou juízes de partida acima dessa idade terão direito de arbitrar até o fim da sua nomeação.

BL 7 – PUBLICIDADE EM CAMPEONATOS MUNDIAIS DA FINA E COMPETIÇÕES DA FINA PREÂMBULO

Identificação na regra da FINA GR 6.1 significa que a exibição normal do nome, denominação, marca registrada, logotipo ou qualquer outro sinal distintivo do fabricante do item ou de qualquer outro anunciante é permitida de acordo com esta regra.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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BL 7.1 Publicidade

Identificação de publicidade que surge no traje, equipamentos de deck da piscina e uniformes de oficiais nos campeonatos e competições da FINA, com exceção para FINA World Masters Championships, é permitido o seguinte:

BL 7.1.1 Trajes

Um logotipo (1) do fabricante de um tamanho máximo de 30 cm² quando usado. Onde são usados trajes de uma peça, dois (2) logotipos do fabricante serão permitidos, um acima da cintura e um abaixo da cintura, de um tamanho máximo de 30 centímetros quadrados cada em caso de desgaste. Estes dois (2) logotipos do fabricante não poderão ser colocados imediatamente adjacentes uns aos outros. Onde são usados trajes de duas peças, os dois (2) logotipos do fabricante devem ser colocados em uma parte cada. O logotipo deve ser calculado tendo em consideração toda a superfície do logotipo.

Um logotipo (1) do patrocinador de um máximo de 30 cm² quando usado.

Uma (1) bandeira e um (1) país, ou código, de um tamanho máximo de 50 cm² quando usado. Repetições da bandeira nacional, elementos da mesma ou as cores da bandeira nacional, incluído como um elemento de design do maiô, não deve ser considerado sob esta regra.

BL 7.1.2 Toucas de natação

• Um logotipo (1) do fabricante de um tamanho máximo de 20 cm² na parte dianteira.

• Um (1) bandeira e/ou nome do país (código) de um tamanho máximo de 32 cm². O lado em que o nome da bandeira e do país (código) deve ser impresso será aconselhado pela FINA.

• Para o Campeonato da FINA um (1) logo do tamanho decidido pela FINA em uma base, caso a caso com o patrocinador da FINA. O lado em que o logotipo do patrocinador deve ser impresso será aconselhado pela FINA.

• Para a competição FINA, 1 (um) a bandeira e/ou nome do país (código) de um tamanho máximo de 32cm² pode ser impresso duas vezes (o que significa que o nome da bandeira e do país pode aparecer em ambos os lados da tampa). Isto será aconselhado pela FINA, sempre que aplicável.

• Nome de atleta de um tamanho máximo de 20 cm². O nome do atleta deverá ser impresso no mesmo lado que o nome da bandeira e do país (código). Imprimir o nome dos atletas não é obrigatório.

• É permitido usar dois (2) toucas. Ambas as tampas devem respeitar as regras de publicidade.

BL 7.1.4 Óculos

· Dois logos (2) do fabricante de um tamanho máximo de 6 cm² cada são permitidos em óculos de proteção, mas apenas no quadro ou banda.

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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BL7.1.5Identificaçãodeatletas

• O tamanho máximo da identificação será de 24 cm (largura) x 20 cm (altura).• A altura dos dígitos na identificação não deve ser inferior a seis centímetros e

não mais de 10 centímetros.• A altura máxima da identificação acima dos algarismos são 6 cm. A identificação

pode exibir o nome/logotipo do Patrocinador da FINA.• A altura máxima da identificação abaixo dos dígitos são quatro centímetros. A

identificação pode exibir o nome/logotipo da cidade sede e no ano.• Os identificadores serão impressos a cores adequadas, a fim de garantir a

máxima visibilidade dos dígitos.• O identificador deve ser usado totalmente visível durante a introdução e

adjudicação cerimoniais dos atletas.

Um atleta que remover o identificador antes de ser apresentado no início do evento ou antes da conclusão da cerimônia de vitória pode ser desclassificado. Apenas um patrocinador FINA pode ser exibido em identificadores. No entanto, pode haver um promotor para os homens e outro para as mulheres nos mesmos campeonatos.

BL 7.1.6 Equipamentos no deck da piscina

• Um máximo de 2 (duas) identificações de publicidade, um dos quais deve ser do fabricante e o outro de um patrocinador são permitidas, com um tamanho máximo de 40 cm² cada quando usado para qualquer um dos itens de vestuário listados abaixo, e um tamanho máximo de 6 cm² cada um para qualquer um dos acessórios e itens de equipamentos listados abaixo. Identificação na roupa deve ser colocada no lado superior. Para itens de vestuário – partes superiores somente, o logotipo do fabricante (uma marca de design máximo de 8 cm de largura) pode ainda ser apresentada na forma de uma tira em uma das seguintes posições: a) em torno da parte inferior de ambas as mangas; ou b) centrado para baixo a costura exterior de ambas as mangas (a partir da gola em toda a parte superior dos ombros para baixo para a parte inferior da manga).

BL 7.1.8

A FINA reserva-se o direito de solicitar, das Federações que participam de Campeonatos e Competições da FINA, a apresentação de identificação de publicidade, de acordo com a regra, para exame e aprovação da FINA antes do início do evento.

BL 8 – TRAJES DE NATAÇÃO

BL 8.1 – O traje de natação aprovado pela FINA para ser usado nos Jogos Olímpicos e Campeonato Mundial – FINA deve ser aprovado pela FINA doze (12) meses antes do início da competição. Além disso, deve estar disponível para todos os competidores em 1º de janeiro do ano da realização dos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundial FINA.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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BL 8.2 – Os competidores devem usar apenas trajes com uma ou duas peças. Nenhum item adicional como ligaduras nos braços ou pernas deve ser considerado parte do traje.

BL 8.3 – A partir de 1º de janeiro de 2010, o traje para os homens não deve passar acima do umbigo e nem também abaixo do joelho e para as mulheres não deve cobrir o pescoço, passar dos ombros e nem passar do joelho. Todo traje deve ser confeccionado com material têxtil.

BL 9 JOGOS OLÍMPICOS, Campeonatos Mundiais e Campeonatos Mundiais de Natação (25m) PREÂMBULO

O programa de eventos nos Jogos Olímpicos estabelecidos pelo COI sob proposta do Bureau da FINA será anunciado logo que ele foi aprovado. O programa de eventos no Campeonato Mundial será como no GR 9.6.

BL9.1Oficiais

Os juízes nomeados devem ser da mesma nacionalidade que a Federação Membro da FINA, assinar o formulário e estarem certificados pelo respectivo Comitê Técnico. Os Comitês Técnicos da FINA irão propor oficiais técnicos (juízes e árbitros) para atuar nos Jogos Olímpicos ou Campeonatos Mundiais das atuais listas de oficiais da FINA na respectiva disciplina, para aprovação pelo Bureau da FINA ou FINA Executivo. Para não comparecimento de oficiais técnicos nomeados da respectiva Federação será multado 2'000 francos suíços.

BL 9.3.6 Natação

A idade mínima para nadadores competindo nos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais da FINA e da FINA Campeonatos Mundiais de Natação (25m) deve ser o mesmo que a idade mínima para as FINA World Junior Swimming Championships: mulheres, 14 anos de idade, e os homens, 15 anos de idade, no ano de competição, exceto atletas mais jovens podem participar nessas competições se eles têm conseguido, pelo menos, o tempo padrão "B" de entrada no respectivo evento.

GR 5 – TRAJES

GR 5.1 – Os trajes de todos nadadores (maiô/sunga, touca e óculos) devem estar de acordo com a moral e ser apropriado para cada esporte e não podem usar qualquer símbolo considerado ofensivo.

GR 5.2 – O traje não pode ser transparente.

GR 5.3 – O árbitro geral da competição tem autoridade para excluir qualquer competidor cujo traje ou símbolos no corpo não estejam de acordo com esta regra.

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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GR 5.4 – Antes que um traje com um novo modelo, nova concepção, ou novo material seja utilizado em competição, o fabricante deverá submetê-lo à FINA e obter a sua aprovação da FINA.

GR 6 – PUBLICIDADE

GR 6.1 – Identificação na forma de logotipos nos trajes, isto é, maiô, sunga, toucas e óculos, e nos equipamentos a utilizar no deck da piscina, como agasalhos, uniformes oficiais das equipes, chinelos, toalhas e mochilas, é permitida de acordo com o regulamento By – Laws (BL 7). O traje de duas peças, em relação à publicidade será considerado como um. O nome e a bandeira ou código do país do nadador não devem ser considerados como publicidade.

GR 6.2 – A publicidade sobre o corpo não é permitida, de nenhuma forma, qualquer que seja.

GR 6.3 – Publicidade de tabaco ou álcool não é permitida.

GR7 – SUBSTITUIÇÕES, DESCLASSIFICAÇÕES E FALTAS

GR 7.1 – Qualquer nadador inscrito pode ser substituído por outro nadador inscrito durante a reunião dos chefes de delegação. É obrigatória a presença de um representante de cada Federação na reunião dos chefes de delegação. Faltar à reunião implicará o pagamento de uma multa no valor de 100 francos suíços.

GR 7.2 – Em todos os esportes aquáticos, exceto o polo aquático, um nadador ou equipe que não deseje participar das semifinais ou finais, para a qual foi classificado, deverá retirar-se nos 30 minutos seguintes às eliminatórias ou semifinais da prova em que obteve essa classificação. A Federação de qualquer nadador que se retire da eliminatória, depois da reunião dos chefes de delegação, ou que se retire da semifinal ou final, após o prazo de 30 minutos das eliminatórias ou semifinais em que se classificou, deverá pagar ao tesoureiro, sem perdão, a multa na quantia de 100 francos suíços; no caso de revezamento, dueto, equipe ou associação, o valor será de 200 francos suíços.

GR 7.4 – Na natação, saltos ornamentais e nado sincronizado, quando um atleta que tenha participado das semifinais ou finais seja desclassificado por qualquer razão, incluindo controle médico, a posição por este obtida na semifinal ou final será dada ao outro atleta que o segue e todos os atletas avançarão um lugar. Se a desclassificação ocorre depois da premiação, estas premiações serão devolvidas e entregues aos atletas correspondentes, aplicando os procedimentos mencionados.

GR 7.5 – Se um erro de um oficial seguir um erro de um atleta, este poderá ser relevado.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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GR 8 – PROIBIDO FUMAR

Em todas as provas internacionais não é permitido fumar em qualquer área destinada aos atletas, antes ou durante a competição.

GR 9.2 – PROTESTOS

GR 9.2.1 – Os protestos são possíveis:

a) se as regras e os regulamentos da prova não forem seguidos,b) se outras condições puserem em perigo a prova e/ou os atletas, ou,c) contra decisões do árbitro; no entanto, não será permitido realizar um protesto

contra a decisão de fato.

GR 9.2.2 – Os protestos devem ser apresentados:

a) ao árbitro,b) por escrito num Formulário FINA,c) pelo chefe da delegação,d) com depósito de 100 francos suíços, ou equivalente,e) até 30 minutos após a conclusão da prova.

Se condições que podem levar a um protesto são percebidas previamente à competição, um protesto deverá ser entregue antes de o sinal de partida ser dado.

GR 9.2.3 – Todos os protestos devem ser analisados pelo árbitro. Se ele rejeitar o protesto, deve justificar sua decisão. O chefe da delegação pode recorrer da rejeição ao júri de apelação, cuja decisão será definitiva. Nos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais, a comissão de cada esporte deve considerar o protesto e dar recomendação ao júri de apelação.

GR 9.2.4 – Se o protesto for indeferido, o depósito será feito para entidade promotora da competição. Se o protesto for considerado procedente, o depósito será devolvido.

GR 9.6 – PROGRAMAÇÃO

GR 9.6.1 – Programação de eventos

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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FIGURA 92 – GR 9.6.1.1 – NATAÇÃO – CAMPEONATO MUNDIAL (25M)

Homens MoçasNado livre 50m, 100m, 200m,

400m, 800m*, 1.500m50m, 100m, 200m,

400m, 800m, 1.500m*Nado costas 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200mNado peito 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200mNado borboleta 50m*, 100m, 200m 50m*, 100m, 200mMedley 200m, 400m 200m, 400mRevezamentos:Livre 4x100m, 4x200m 4x100m, 4x200mMedley 4x100m 4x100mMisto 4x100m livre e 4x100m medley

Homens MoçasNado livre 50m, 100m, 200m,

400m, 1.500m50m, 100m, 200m,

400m, 800mNado costas 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200mNado peito 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200mNado borboleta 50m, 100m, 200m 50m, 100m, 200mMedley Individual 100m, 200m, 400m 100m, 200m, 400mRevezamentos:Livre 4x50m, 4x100m, 4x200m 4x50m, 4x100m, 4x200mMedley 4x50m, 4x100m 4x50m, 4x100mMisto 4x50m livre e 4x50m medley

FONTE: CBDA (2017)

FONTE: CBDA (2017)

• Eliminatórias, semifinais e finais podem ser nadadas em 10 raias.

• Eliminatórias, semifinais e finais podem ser nadadas em 10 raias.

FIGURA 93 – GR 9.6.1.2 – NATAÇÃO – CAMPEONATOS MUNDIAIS (50M)

GR 9.7 – PREMIAÇÃO – CAMPEONATOS MUNDIAIS

GR 9.7.1 – Medalhas: serão concedidas medalhas de ouro, prata e bronze aos três primeiros lugares nas provas individuais e nos revezamentos.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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Diplomas:

• Serão concedidos diplomas a todos os oito finalistas em provas individuais e para os seis primeiros revezamentos, quando da utilização de oito raias.

• Serão concedidos diplomas a todos os 10 finalistas em provas individuais e para os oito primeiros revezamentos, quando da utilização de 10 raias.

GR 9.8 – PONTUAÇÃO

Somente em campeonatos mundiais são concedidos pontos a todos os finalistas, de acordo com a seguinte pontuação:

GR 9.8.1 – Natação

• Provas individuais com oito raias:Colocações 1-16: 18, 16, 15, 14, 13, 12, 11, 10, 8, 7, 6, 5, 4, 3. 2, 1 pontos.

• Revezamentos com oito raias:Colocações 1-8: 36, 32, 30, 28, 26, 24, 22, 20.

• Provas individuais com 10 raias:Colocações 1-20: 22, 20, 19, 18, 17, 16, 15, 14, 13, 12, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1.

• Revezamentos com 10 raias:Lugares 1-10: 40, 36, 34, 32, 30, 28, 26, 24, 22, 20 pontos.

REGRAS PARA CATEGORIAS DE IDADES

SWAG 1 – As federações podem adotar as suas próprias regras para as categorias de idade, utilizando os regulamentos da FINA.

W 1 – ORGANIZAÇÃO DE COMPETIÇÕES

SW 1.1 – O Comitê Organizador designado pela entidade responsável pela competição terá jurisdição sobre todos os assuntos que não sejam atribuídos pelas regras à competência dos árbitros, juízes ou outros oficiais e terá competência para adiar competições de acordo com as regras adotadas para a condução de qualquer competição.

SW 1.2 – Nos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais, o Bureau da FINA nomeará o seguinte número mínimo de oficiais para o controle das competições:

• Árbitro geral (2)• Supervisor da mesa de controle (1)• Juízes de nado (4)• Juízes de partida (2)• Chefe dos juízes de viradas (2, 1 em cada cabeceira da piscina)

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• Juízes de viradas (1 em cada raia nas duas cabeceiras da piscina)• Anotador chefe (1)• Banco de controle (2)• Locutor (1)

SW 1.2.1 – Para todas as outras competições internacionais, a entidade responsável pela competição designará o mesmo número ou um número menor de oficiais, sujeito à aprovação da respectiva autoridade regional ou internacional, conforme o caso.

SW 1.2.2 – Quando o equipamento eletrônico não estiver disponível, esse equipamento deve ser substituído pelo cronometrista chefe, três (3) cronometristas por raia e dois (2) cronometristas adicionais.

SW 1.2.3 – Um juiz de chegada chefe e juízes de chegada podem ser utilizados quando o equipamento eletrônico e/ou 3 (três) cronômetros digitais por raia não são usados.

SW 1.3 – A piscina e o equipamento técnico para os Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais devem ser inspecionados e aprovados com a devida antecedência em relação à competição pelo delegado da FINA, juntamente com um membro do Comitê Técnico de natação.

SW 1.4 – Sempre que o equipamento vídeo subaquático é utilizado pela televisão, o equipamento deve ser operado por controle remoto e não deve obstruir a visão ou o curso dos nadadores e não deve alterar a configuração da piscina ou obstruir as marcações exigidas pela FINA.

SW 2 – OFICIAIS

SW 2.1 – Árbitro geral

SW 2.1.1 – O árbitro geral deve ter completo controle e autoridade sobre todos os juízes, aprovar as suas atribuições de funções e instruí-los acerca de todas as características e regras especiais relacionadas às competições. Ele deve fazer respeitar todas as regras e determinações da FINA e decidirá todas as questões relacionadas com a condução do evento, prova ou competição, cuja decisão final não esteja prevista nas regras.

SW 2.1.2 – O árbitro geral pode intervir na competição, em qualquer momento, para fazer observar as Regras da FINA e deve julgar todos os protestos referentes à competição em curso.

SW 2.1.3 – Quando atuarem juízes de chegada e não houver três (3) cronômetros digitais, o árbitro geral estabelecerá a classificação sempre que necessário. Se houver aparelhagem automática e estiver funcionando, deverá ser consultada conforme a SW 13.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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SW 2.1.5 – No início de cada prova, o árbitro geral, por meio de uma série de apitos curtos, convidará os nadadores a tirarem todas as roupas, exceto o traje de natação, seguindo-se de um apito longo, indicando aos nadadores que devem tomar os seus lugares nos blocos de partida (ou, para o nado de costas e revezamento medley, entrar imediatamente na água). Um segundo apito longo indicará aos nadadores, no nado de costas e nos revezamentos medley, que se coloquem imediatamente na posição de partida. Assim que os nadadores e os juízes estiverem preparados para a partida, o árbitro geral indicará ao juiz de partida, com um braço estendido que os nadadores estão ao seu controle. O árbitro geral deverá permanecer com braço estendido até que a partida seja dada.

SW 2.1.6 – Uma desclassificação por sair antes do sinal de partida deve ser observada e confirmada tanto pelo juiz de partida quanto pelo árbitro geral. (Recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 2.1.7 – O árbitro geral desclassificará qualquer nadador por qualquer outra infração às regras que observar pessoalmente. O árbitro pode também desclassificar qualquer nadador por qualquer violação reportada a ele por qualquer outro oficial autorizado. Todas as desclassificações estão sujeitas à decisão do árbitro geral (Congresso Extraordinário FINA, Doha, Qatar, 2014).

SW 2.2 – Supervisor da mesa de controle

SW. 2.2.1 – O supervisor deverá verificar a operação da cronometragem automática, olhando se necessário as câmeras de vídeo.

SW 2.1.4 – O árbitro geral assegurar-se-á de que todos os oficiais estão nos respectivos lugares para a realização da competição. Ele pode nomear substitutos para os ausentes, incapacitados de atuar ou julgados incompetentes. Pode aumentar, se necessário, o número de oficiais.

SW 2.2.2 – O supervisor é responsável de verificar os resultados do computador.

SW 2.2.3 – O supervisor é responsável por verificar a impressão das trocas dos revezamentos e comunicar ao árbitro as escapadas.

SW 2.2.4 – O supervisor poderá rever o vídeo para confirmar os tempos das escapadas.

SW 2.2.5 – O supervisor controlará as desistências após as eliminatórias ou finais, registrará os resultados em impressos oficiais, listará todos os novos recordes estabelecidos e manterá as pontuações, quando for o caso.

SW 2.3 – Juiz de partidas

SW 2.3.1 – O juiz de partidas terá total controle sobre os nadadores a partir do momento em que o árbitro geral lhe entregar a prova (SW 2.1.5) e até o início da prova. A partida deverá ser dada de acordo com SW 4.

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SW 2.3.2 – O juiz de partidas comunicará ao árbitro geral todo o nadador que atrasar a partida, que desobedecer voluntariamente a ordem ou qualquer comportamento de má conduta que estiver acontecendo na hora da partida, mas só o árbitro geral poderá desclassificar um nadador pela demora, desobediência voluntária ou má conduta.

SW 2.3.3 – O juiz de partidas terá autoridade para decidir se a partida é correta, sujeito apenas à decisão do árbitro geral.

SW 2.3.4 – Ao iniciar uma prova, o juiz de partidas deve estar no lado da piscina, aproximadamente a cerca de cinco (5) metros da borda de partida, onde os cronometristas possam ver e/ou ouvir o sinal de partida e os nadadores possam ouvir o sinal.

SW 2.4 – Banco de controle

SW 2.4.1 – Juiz do banco de controle reunirá os nadadores antes de cada prova.

SW 2.4.2 – O juiz do banco de controle deverá comunicar ao árbitro geral qualquer violação relativa a publicidade (GR 6) e se um nadador não estiver presente no momento da chamada.

SW 2.5 – Chefe dos juízes de viradas

SW 2.5.1 – O chefe dos juízes de viradas deve assegurar que todos os juízes de viradas cumpram as suas funções durante a competição.

SW 2.5.2 – O chefe dos juízes de viradas receberá os boletins dos juízes de viradas, se ocorrer alguma infração, e os entregará imediatamente ao árbitro geral.

SW 2.6 – Juízes de viradas

SW 2.6.1 – Será designado um juiz de virada para cada raia em cada cabeceira da piscina.

SW 2.6.2 – Cada juiz de virada deve se certificar de que os nadadores cumprem as regras estabelecidas para as viradas, desde o início da última braçada antes do toque e terminando logo que acabar a primeira braçada após a virada. O juiz de virada na cabeceira de partida deve se assegurar de que os nadadores cumprem as regras em vigor, desde a partida até à finalização da primeira braçada. Os juízes de virada colocados na cabeceira de chegada verificam se os nadadores terminam as suas provas dentro das respectivas regras.

SW 2.6.3 – Nas provas de 800 e 1500 metros, um juiz de volta colocado na cabeceira de saída ou de virada deve anotar o número de voltas completadas pelo nadador de sua raia e informá-lo sobre o número de voltas que falta completar,

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mostrando-lhe as placas de volta. Poderá ser utilizado equipamento automático, incluindo display subaquático (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 2.6.4 – Cada juiz, colocado na cabeceira de saída, dará um sinal de aviso quando, ao nadador de sua raia, faltarem duas voltas e mais cinco (5) metros para terminar a sua prova de 800 ou 1500 metros. Este sinal deverá ser repetido após a virada até uma distância de cinco (5) metros. O aviso poderá ser dado por apito ou sinos.

SW 2.6.5 – Nas provas de revezamentos, cada juiz colocado na cabeceira de saída verificará se o nadador que vai partir está ou não em contato com o bloco de partida quando o nadador anterior toca na borda de chegada. Quando houver aparelhagem automática que verifique as trocas no revezamento, deverá ser utilizada de acordo com SW 13.1.

SW 2.6.6 – Os juízes de virada darão conhecimento ao chefe de juízes de viradas de qualquer violação das regras, na papeleta de ocorrência assinada, especificando a prova, o número da raia e a infração verificada. O chefe dos juízes de viradas apresentará de imediato a ocorrência ao árbitro geral.

SW 2.7 – Juízes de nados

SW 2.7.1 – Os juízes de nado deverão colocar-se em cada lado da piscina.

SW 2.7.2 – Cada juiz de nado assegurará que as regras relativas ao nado a ser nadado em determinada prova estão sendo respeitadas e observará as viradas e as chegadas em colaboração com os juízes de virada.

SW 2.7.3 – Os juízes de nado deverão dar conhecimento ao árbitro geral de qualquer violação, na papeleta de ocorrência assinada, especificando a prova, número da raia e infração cometida.

SW 2.8 – Chefe de cronometristas

SW 2.8.1 – O chefe de cronometristas deverá atribuir lugares sentados a todos os cronometristas e as raias de sua responsabilidade. É aconselhável que haja três (3) cronometristas por raia. Se não for utilizado o equipamento automático de cronometragem, deverá haver dois (2) cronometristas adicionais, para substituir um cronometrista cujo cronômetro não disparou ou que parou durante uma prova ou que, por qualquer outra razão, não esteja apto para registrar o tempo. Quando se utilizam cronômetros digitais, o tempo e classificação final serão definidos pelo tempo registrado.

SW 2.8.2 – Quando houver apenas um cronometrista por raia, deverá haver um cronometrista extra em caso de mau funcionamento dos cronômetros. O chefe dos cronometristas deverá registrar sempre o tempo de cada ganhador de cada série.

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SW 2.8.3 – O chefe dos cronometristas deve recolher de cada cronometrista em cada raia o cartão de nado com os tempos registrados e, se necessário, conferir os cronômetros deles.

SW 2.8.4 – O chefe dos cronometristas registrará ou examinará o tempo no cartão de nado de cada raia.

SW 2.9 – Cronometristas

SW 2.9.1 – Cada cronometrista deverá marcar o tempo dos nadadores na raia que lhe estiver atribuída de acordo com SW 11.3. Os cronômetros devem estar atestados como corretos pelo Comitê Organizador.

SW 2.9.2 – Cada cronometrista deverá iniciar seu cronômetro ao sinal de partida e deverá pará-lo quando o nadador de sua raia tiver completado a prova. Os cronometristas poderão ser instruídos pelo chefe de cronometristas a registrar tempos de passagem em provas superiores a 100 metros.

SW 2.9.3 – Logo após a prova, os cronometristas de cada raia deverão registrar os tempos dos seus cronômetros no cartão de nado, entregar ao chefe dos cronometristas e, se solicitado, entregar os seus cronômetros para inspeção. Seus cronômetros devem ser zerados no apito curto do árbitro, ou quando instruídos para isso.

SW 2.9.4 – Pode ser necessário utilizar todos os cronometristas, mesmo quando se está usando aparelhagem automática, a não ser que esteja usando um sistema de “backup” em vídeo.

SW 2.10 – Chefe dos juízes de chegada – se necessário

SW 2.10.1 – O chefe dos juízes de chegada deverá indicar a cada juiz de chegada a sua posição e a classificação a determinar.

SW 2.10.2 – Depois da prova, o chefe dos juízes de chegada recolherá as papeletas assinadas de cada um dos juízes e estabelecerá o resultado e a ordem de chegada que será enviada ao árbitro geral.

SW 2.10.3 – Sempre que se utilizar aparelhagem automática, o chefe dos juízes de chegada deverá comunicar a ordem de chegada registrada pela mesma, após cada prova.

SW 2.11 – Juízes de chegada – se necessário

SW 2.11.1 – Os juízes de chegada deverão colocar-se em posição elevada e em linha com a chegada, onde possam ter sempre boa visão da prova e da linha de chegada, a não ser que acionem um sistema automático nas raias que lhe tiverem sido atribuídas, pressionando um botão no final da prova.

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SW 2.11.2 – Depois de cada prova, os juízes de chegada decidirão e comunicarão a ordem de chegada dos nadadores, de acordo com as suas atribuições. Os juízes de chegada que utilizarem botões não poderão atuar como cronometristas na mesma prova.

SW 2.12 – Mesa de controle (menos Jogos Olímpicos e campeonatos mundiais)

SW 2.12.1 – O anotador chefe é responsável pela verificação dos resultados impressos pelo computador ou dos resultados dos tempos e ordem de chegada em cada prova, recebido pelo árbitro geral. Deve certificar-se de que o árbitro geral assine os resultados.

SW 2.12.2 – Aos anotadores caberá controlar as desistências após as eliminatórias ou finais, registrar os resultados em impressos oficiais, listar todos novos recordes estabelecidos e manter as pontuações, quando for o caso.

SW 2.13 – Decisões dos juízes

SW 2.13.1 – Cada juiz tomará as suas decisões autônoma e independentemente de qualquer outro, salvo se as regras de natação estabelecerem o contrário.

SW 3 – COMPOSIÇÃO DE SÉRIES ELIMINATÓRIAS, SEMIFINAIS E FINAIS

A distribuição das raias em todas as provas dos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e outras competições da FINA será organizada como se segue.

SW 3.1 – Eliminatórias

SW 3.1.1 – Os melhores tempos obtidos pelos nadadores dentro do período de classificação estabelecido devem ser indicados nas fichas de inscrição através de formulários de inscrição ou on-line, conforme solicitado. Os nadadores que não entregarem tempos deverão ser considerados os mais lentos e colocados no fim da lista sem tempo. A raia de partida dos nadadores com o mesmo tempo ou mais de um nadador sem tempo deverá ser determinada por sorteio. As raias serão atribuídas aos nadadores conforme em SW 3.1.2. Os nadadores serão colocados nas eliminatórias de acordo com o tempo de inscrição, do seguinte modo.

SW 3.1.1.1 – Se houver apenas uma série eliminatória, esta deverá ser considerada como final e nadada durante a etapa final.

SW 3.1.1.2 – No caso de duas séries eliminatórias, o nadador mais rápido será colocado na segunda série, o segundo nadador mais rápido será colocado na primeira série, o seguinte na segunda série, o seguinte na primeira série etc.

SW 3.1.1.3 – No caso de três séries eliminatórias, exceto para as provas de 400m, 800m e 1500m, o nadador mais rápido será colocado na terceira série,

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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o segundo mais rápido na segunda série, o terceiro mais rápido na primeira. O quarto mais rápido será colocado na terceira série, o quinto na segunda série e o sexto mais rápido na primeira série, o sétimo mais rápido na terceira série etc.

SW 3.1.1.4 – No caso de quatro ou mais eliminatórias, exceto os 400m, 800m e 1500m, as três últimas eliminatórias da prova serão compostas conforme o disposto na SW 3.1.1.3 acima mencionada. A série anterior às três últimas será constituída pelos nadadores mais rápidos que se seguirem; a série anterior as quatro últimas serão constituídas pelos nadadores mais rápidos que se seguirem etc. As raias serão atribuídas em ordem descendente aos tempos de inscrição em cada série, de acordo com regra SW 3.1.2 abaixo mencionada.

SW 3.1.1.5 – Para as provas de 400m, 800m e 1500m, as últimas séries deverão ser compostas de acordo com a SW 3.1.1.2.

SW 3.1.1.6 – Exceção: quando houver duas ou mais séries eliminatórias de uma prova, haverá um mínimo de três nadadores colocados em qualquer das séries, mas subsequentes desistências poderão reduzir o número de nadadores em qualquer eliminatória para menos de três.

SW 3.1.1.7 – Utilizando uma piscina com 10 raias, e tempos iguais forem estabelecidos para o oitavo lugar nas eliminatórias dos 800m e 1500m livre, a raia 9 vai ser usada com um sorteio para a raia 8 e a raia 9. Em caso de três (3) tempos iguais para o oitavo lugar, a raia 9 e a raia 0 serão usadas com um sorteio para a raia 8, raia 9 e raia 0.

SW 3.1.1.8 – Quando uma piscina não tiver 10 raias aplica-se a regra SW 3.2.3.

SW 3.1.2 – Exceto nas provas de 50 metros em piscina de 50 metros, a atribuição das raias deverá ser (raia 1 no lado direito da piscina (raia 0 quando usando piscina com 10 raias), quando se olha a piscina do lado da cabeceira de partida) colocando o nadador mais rápido ou equipe de revezamento na raia central se a piscina tiver um número ímpar de raias ou na raia 3 ou 4, respectivamente, em piscina com 6 ou 8 raias. Nas piscinas com 10 raias, o nadador mais rápido será colocado na raia 4. O nadador que tiver o tempo mais rápido seguinte será colocado à sua esquerda, alternando em seguida os outros para a direita e para a esquerda, de acordo com os tempos de inscrição. Nadadores com tempos idênticos serão colocados conforme sorteio das raias e segundo a norma referida anteriormente.

SW 3.1.3 – Quando são disputadas provas de 50 metros em piscina de 50 metros, as provas podem ser nadadas, segundo decisão do Comitê Organizador, ou da cabeceira de partida para a de virada ou desta para a cabeceira de partida, dependendo de fatores como: a existência de aparelhagem automática adequada, posição do juiz de partida etc. O Comitê Organizador deverá avisar os nadadores da sua decisão muito antes do início da competição. Independentemente de como

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a prova vai ser nadada, os nadadores deverão ser colocados nas mesmas raias em que seriam colocados se começassem e terminassem na cabeceira de partida.

SW3.2–Semifinaisefinais

SW 3.2.1 – As semifinais serão organizadas conforme SW 3.1.1.2.

SW 3.2.2 – Quando não houver necessidade de séries eliminatórias, as raias serão atribuídas de acordo com SW 3.1.2. Quando houver séries eliminatórias e semifinais, a raias serão atribuídas segundo SW 3.1.2 tendo em conta os tempos obtidos nessas séries eliminatórias.

SW 3.2.3 – No caso em que nadadores da mesma série ou de séries diferentes tenham tempos iguais registrados até ao 1/100 de segundo, para o oitavo/décimo ou décimo sexto/vigésimo lugar, dependendo se estiverem sendo usadas oito ou dez raias, deve haver uma prova de desempate para determinar qual o nadador que avançará para a respectiva final. Esta prova de desempate deverá ser realizada após os nadadores terem terminado suas séries em um horário acertado entre a organização da competição e as partes envolvidas. Em caso de novo empate, a prova de desempate deverá repetir-se. Se necessário haverá uma prova de desempate para determinar o 1º e o 2º reservas se estes obtiverem tempos iguais.

SW 3.2.4 – Quando um ou mais nadadores desistem de uma semifinal, os reservas serão chamados por ordem de classificação nas eliminatórias ou semifinais. A prova ou provas deverão ser reordenadas e devem ser publicadas folhas suplementares de informação, conforme previsto na SW 3.1.2.

SW 3.2.5 – Para eliminatórias, semifinais e finais, os nadadores devem chegar ao primeiro banco de controle 20 minutos antes da hora prevista para nadar, após a verificação, os nadadores passam para o banco de controle final.

IMPORTANTE

SW 3.3 – Em outras competições, o sistema de sorteio pode ser usado para designar as posições de raias.

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SW 4 – A PARTIDA

SW 4.1 – A partida nas provas de livre, peito, borboleta e medley será efetuada por meio de salto (mergulho). Ao apito longo (SW 2.1.5) do árbitro geral, os nadadores devem subir no bloco de partida e ali permanecer. Ao comando “às suas marcas”, do juiz de partida, devem colocar-se imediatamente na posição de partida, com pelos menos um pé na parte dianteira do bloco. A posição das mãos não é relevante. Quando todos os nadadores estiverem imóveis, o juiz de partida deve dar o sinal de partida.

SW 4.2 – A partida para as provas de costas e revezamento medley será efetuada dentro da água. Ao primeiro apito longo do árbitro geral (SW 2.1.5), os nadadores deverão entrar imediatamente na água. No segundo apito longo, os nadadores deverão colocar-se, sem demora indevida, na posição de partida (SW 6.1). Quando todos os nadadores estiverem na posição de partida, o juiz de partida dará o comando “às suas marcas”. Quando todos os nadadores estiverem imóveis, o juiz de partida dará o sinal de partida.

SW 4.3 – Nos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e outras provas organizadas pela FINA, o comando “às suas marcas” terá que ser em inglês, “Take your marks”, e o sinal de partida difundido por múltiplos alto-falantes, um para cada bloco de partida.

SW 4.4 – Qualquer nadador que parta antes do sinal de partida ser dado será desclassificado. Se o sinal de partida soar antes de a desclassificação ser declarada, a prova continuará e o nadador ou nadadores serão desclassificados após a prova terminar. Se a desclassificação for assinalada antes do sinal de partida, o sinal não será dado, os demais nadadores serão chamados de volta e proceder-se-á a nova partida. O árbitro geral repete o procedimento de partida começando com o apito longo (o segundo para a prova de costas), como mencionado em SW 2.1.5.

SW 5 – NADO LIVRE

SW 5.1 – Nado livre significa que numa prova assim denominada, o competidor pode nadar qualquer nado, exceto nas provas de medley individual ou revezamento medley, quando nado livre significa qualquer nado diferente do nado de costas, peito ou borboleta.

SW 5.2 – Alguma parte do nadador tem que tocar a parede ao completar cada volta e no final.

SW 5.3 – Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante a prova, exceto quando é permitido ao nadador estar completamente submerso durante a volta e numa distância não maior que 15 metros após a partida e cada volta. Nesse ponto, a cabeça deve ter quebrado a superfície da água.

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SW 6 – NADO DE COSTAS

SW 6.1 – Antes do sinal de partida, os competidores devem alinhar-se na água, de frente para a cabeceira de saída, com ambas as mãos colocadas nos suportes de agarre. Manter-se na calha ou dobrar os dedos sobre a borda da calha é proibido. Quando o suporte de partida para o nado costas estiver sendo usado na saída, os dedos de ambos os pés devem estar em contato com a borda ou com a placa de toque do placar eletrônico. Curvar os dedos dos pés na parte superior da placa de toque é proibido (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 6.2 – Quando o suporte de partida do nado costas estiver sendo utilizada, cada inspetor na cabeceira de saída deve instalar e remover após a saída (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 6.3 – Ao sinal de partida e quando virar, o nadador deve dar um impulso e nadar de costas durante o percurso, exceto quando executar a volta, como na SW 6.4. A posição de costas pode incluir um movimento rotacional do corpo, até, mas não incluindo os 90º a partir da horizontal. A posição da cabeça não é relevante.

SW 6.4 – Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante o percurso. É permitido ao nadador estar completamente submerso durante a volta e por uma distância não maior que 15 metros após a saída e cada volta. Nesse ponto a cabeça deve ter quebrado a superfície.

SW 6.5 – Quando executar a volta, tem que haver o toque na parede com alguma parte do corpo na sua respectiva raia. Durante a volta, os ombros podem girar além da vertical para o peito, após o que uma imediata contínua braçada ou uma imediata contínua e simultânea dupla braçada pode ser usada para iniciar a volta. O nadador tem que retornar à posição de costas após deixar a parede.

SW 6.6 – Quando do final da prova, o nadador tem que tocar a parede na posição de costas na sua respectiva raia.

SW 7 – NADO DE PEITO

SW 7.1 – Após a saída e em cada volta, o nadador pode dar uma braçada completa até as pernas, durante a qual o nadador pode estar submerso. Uma única pernada de borboleta é permitida em qualquer momento antes da primeira pernada de peito após a saída e após cada virada (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 7.2 – A partir da primeira braçada após a saída e após cada virada, o corpo deve ser mantido sobre o peito. Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento, exceto quando da volta, após o toque na parede onde é permitido girar de qualquer maneira, contanto que quando deixar a parede o corpo deve estar na posição sobre o peito. A partir da saída e durante a prova, o ciclo do nado deve ser uma braçada e uma pernada, nessa ordem. Todos os movimentos dos braços devem ser simultâneos e no mesmo plano horizontal, sem movimentos alternados.

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SW 7.3 – As mãos devem ser lançadas junto para frente a partir do peito, abaixo ou sobre a água. Os cotovelos deverão estar abaixo da água, exceto para a última braçada antes da volta, durante a volta e na última braçada antes da chegada. As mãos deverão ser trazidas para trás na superfície ou abaixo da superfície da água. As mãos não podem ser trazidas para trás além da linha dos quadris, exceto durante a primeira braçada, após a saída e em cada volta.

SW 7.4 – Durante cada ciclo completo, alguma parte da cabeça do nadador deve quebrar a superfície da água. A cabeça tem que quebrar a superfície da água antes que as mãos virem para dentro na parte mais ampla da segunda braçada. Todos os movimentos das pernas devem ser simultâneos e no mesmo plano horizontal sem movimentos alternados.

SW 7.5 – Os pés devem estar virados para fora durante a parte propulsiva da pernada. Não são permitidos movimentos alternados ou pernada de borboleta, exceto o descrito na SW 7.1. É permitido quebrar a superfície da água com os pés, exceto seguido de uma pernada de borboleta para baixo.

SW 7.6 – Em cada virada e na chegada da prova, o toque deve ser feito com as duas mãos separadas e simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da água. No último ciclo do nado antes da virada e no final da prova, uma braçada não seguida da pernada é permitida. A cabeça pode submergir após a última braçada anterior ao toque, contanto que quebre a superfície da água em qualquer ponto durante o último completo ou incompleto ciclo anterior ao toque.

• Interpretação "Separado" significa que as mãos não podem ser empilhadas uma em cima da outra. Não é necessário espaço entre as mãos. O contato acidental com os dedos não é uma preocupação.

FIGURA 94 – POSIÇÃO DAS MÃOS NO NADO PEITO

FONTE: CBDA (2017)

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SW 8 – NADO BORBOLETA

SW 8.1 – A partir do início da primeira braçada, após a saída e em cada volta, o corpo deve ser mantido sobre o peito. Pernada submersa na lateral é permitida. Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento, exceto quando da volta, após o toque na parede é permitido girar de qualquer maneira, quando deixar a parede o corpo deve estar na posição sobre o peito.

SW 8.2 – Ambos os braços devem ser levados simultaneamente à frente por sobre a água e trazidos para trás simultaneamente por baixo da água durante todo o percurso, conforme SW 8.5.

SW 8.3 – Todos os movimentos para cima e para baixo das pernas devem ser simultâneos. As pernas ou os pés não precisam estar no mesmo nível, mas não podem alternar um em relação ao outro. O movimento de pernada de peito não é permitido.

SW 8.4 – Em cada virada e na chegada, o toque deve ser efetuado com ambas as mãos separadas e simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da superfície da água.

SW 8.5 – Após a saída e na volta, ao nadador são permitidas uma ou mais pernadas e uma braçada sob a água, que deve trazê-lo à superfície. É permitido ao nadador estar completamente submerso até uma distância não maior do que 15 metros após a partida e após cada virada. Nesse ponto, a cabeça deve quebrar a superfície. O nadador tem que permanecer na superfície até a próxima volta ou final.

SW 9 - NADO MEDLEY

SW 9.1 – Na prova de medley individual, o nadador nada os quatro nados na seguinte ordem: borboleta, costas, peito e livre. Cada nado deve percorrer um quarto (1/4) da distância.

SW 9.2 – Nas provas de revezamento medley, os nadadores nadam os quatro nados na seguinte ordem: costas, peito, borboleta e livre.

SW 9.3 – Cada nado deve ser finalizado de acordo com a regra aplicada a ele.

SW 10 – A PROVA

SW 10.1 – Todas as provas individuais devem ser separadas por sexo.

SW 10.2 – O competidor nadando o percurso sozinho deve nadar a distância total para se classificar.

SW 10.3 – O nadador deve permanecer e terminar a prova na mesma raia onde começou.

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SW 10.4 – Em todas as provas, o nadador deve fazer contato físico com a borda na virada. A virada deve ser feita contra a borda da piscina e não é permitido andar ou tomar impulso no fundo da piscina.

SW 10.5 – Ficar de pé durante a prova de nado livre ou durante o nado livre nas provas de medley não deve desclassificar o nadador, mas ele não poderá andar.

SW 10.6 – Puxar a raia não é permitido.

SW 10.7 – Obstruir outros competidores, atravessando outra raia ou interferindo de qualquer outra forma, será motivo de desclassificação do nadador infrator. Se a falta for intencional, o árbitro deverá relatar o fato à entidade promotora e à associação do nadador infrator.

SW 10.8 – A nenhum competidor deve ser permitido usar ou vestir qualquer objeto adicional ou maiô que possa ajudar sua velocidade, flutuação ou resistência durante uma competição (tais como: luvas, pés de pato, fitas terapêuticas e fitas adesivas etc.). Óculos podem ser usados. Nenhum tipo de adesivo no corpo é permitido, a menos que aprovado pelo Comitê de Medicina Esportiva da FINA.

SW 10.9 – Qualquer nadador que entre na piscina durante a realização de uma prova em que não esteja inscrito antes que todos os nadadores tenham completado sua prova, deve ser desclassificado da próxima prova em que estiver inscrito.

SW 10.10 – Serão 4 (quatro) nadadores em cada equipe de revezamento. Estão permitidas equipes mistas. Estas equipes serão formadas por dois (2) homens e duas (2) mulheres. Os tempos parciais registrados nestas provas não poderão ser considerados como recordes e nem como tempos de inscrição.

SW 10.11 – Nas provas de revezamento, a equipe de um competidor cujos pés perderem contato com o bloco de partida antes de o nadador anterior tocar na parede será desclassificada.

SW 10.12 – Qualquer equipe de revezamento deve ser desclassificada de uma prova, se um membro da equipe, diferentemente do nadador designado para nadar aquela distância, entra na água enquanto a prova está sendo disputada e antes que todos os nadadores de todas as equipes tenham acabado a prova.

SW 10.13 – Os membros de uma equipe de revezamento e sua ordem de competir devem ser designados antes da prova. Qualquer membro da equipe de revezamento pode competir numa prova somente uma vez. A composição de uma equipe de revezamento pode ser mudada entre as séries eliminatórias e as finais de uma prova, visto que isso é feito a partir da lista dos nadadores propriamente inscritos por um responsável nessa prova. Nadar em ordem

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diferente da apresentada resultará em desclassificação. Substituições podem ser feitas somente em caso de emergência médica com atestado.

SW 10.14 – Qualquer nadador, tendo acabado sua prova ou sua distância numa prova de revezamento, deve deixar a piscina assim que possível sem obstruir qualquer outro competidor que não tenha ainda terminado sua prova. De outra maneira, o nadador faltoso ou sua equipe de revezamento devem ser desclassificados.

SW 10.15 – Se uma falta tirar a chance de sucesso de um competidor, o árbitro terá o poder de permitir a ele competir na próxima série, ou se a falta ocorrer numa prova final ou na última série eliminatória, ele pode ordenar que a prova seja nadada outra vez.

SW 10.16 – Nenhum artifício de controle de tempo é permitido, nem o uso de qualquer auxílio ou plano adotado para obter esse efeito.

SW 11 – REGISTRO DE TEMPO

SW 11.1 – A aparelhagem automática deve ser operada sob supervisão de juízes designados. Os tempos registrados pela aparelhagem automática serão usados para determinar o vencedor, todas as classificações e o tempo obtido por cada raia. A ordem de chegada e os tempos apurados deste modo terão prioridade sobre as decisões dos cronometristas. No caso de defeito da aparelhagem automática, ou se verificar claramente ter havido uma falha da aparelhagem, ou que um nadador não tenha conseguido fazer funcionar a mesma, os registros dos cronometristas serão oficiais (SW 13.3).

SW 11.2 – Quando for utilizada aparelhagem automática, os resultados serão registrados apenas até ao 1/100 de segundo. Quando a cronometragem até ao 1/1000 de segundo estiver disponível, o terceiro dígito não será registrado ou usado para determinação do tempo ou da classificação. Se houver tempos iguais, todos os nadadores que tiverem registrado o mesmo tempo até 1/100 de segundo terão a mesma classificação. Os tempos expostos no placar eletrônico de resultados deverão mostrar apenas até 1/100 de segundo.

SW 11.3 – Qualquer aparelho para medição do tempo utilizado por um juiz será considerado como um cronômetro. Estes tempos manuais deverão ser tirados por três cronometristas nomeados ou aprovados pela Federação Nacional do país onde é realizada a competição. Todos os cronômetros deverão ser dados como precisos pela Federação Nacional onde acontece a competição. Os tempos manuais deverão ser registrados até ao 1/100 de segundo. Quando não for utilizada qualquer aparelhagem automática, os tempos manuais serão determinados como segue:

SW 11.3.1 – Se dois dos três cronômetros registrarem o mesmo tempo, diferente do terceiro, os dois tempos iguais são o tempo oficial.

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SW 11.3.2 – Se os três tempos forem diferentes, o tempo oficial será o do cronômetro que registrar o tempo intermediário.

SW 11.3.3 – Quando se utilizam três cronômetros e um deles não funcionar, o tempo oficial será a média dos outros dois.

SW 11.4 – No caso de um nadador ser desclassificado durante ou após uma prova, a desclassificação deverá ser registrada nos resultados oficiais, mas nenhum tempo ou classificação será registrado ou anunciado.

SW 11.5 – No caso de desclassificação de uma equipe de revezamento, os tempos parciais até à desclassificação deverão ser registrados nos resultados oficiais.

SW 11.6 – Nos revezamentos, todos os tempos parciais a cada 50 e 100 metros deverão ser registrados para o nadador que abre o revezamento e incluídos nos resultados oficiais.

RECORDES MUNDIAIS SW 12

SW 12.1 – São reconhecidos como Recordes Mundiais e Recordes Mundiais Juniors, em piscina de 50 metros, as seguintes distâncias e nados para ambos os sexos: (Recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

• Livre: 50, 100, 200, 400, 800 e 1500 metros• Costas: 50, 100 e 200 metros• Peito: 50, 100 e 200 metros• Borboleta: 50, 100 e 200 metros• Medley: 200 e 400 metros• Revezamentos livre: 4x100 e 4x200 metros Revezamento medley 4x100 metros• Revezamento Misto: 4x100 livre e 4x100 medley metros

12.1.1 Os grupos etários para registros de recorde Mundial Júnior são os mesmos que para os Campeonatos Mundiais Júnior da FINA e só podem ser reconhecidos em piscinas de 50 metros. (Recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.2 – São reconhecidos como recordes mundiais, em piscina de 25 metros, as seguintes distâncias e nados para ambos os sexos:

• Livre: 50, 100, 200, 400, 800 e 1500 metros• Costas: 50, 100 e 200 metros• Peito: 50, 100 e 200 metros• Borboleta: 50, 100 e 200 metros• Medley: 100, 200 e 400 metros • Revezamentos livre: 4 x 50, 4x100 e 4x200 metros

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• Revezamento medley: 4 x 50 e 4x100 metros • Revezamento misto: 4 x 50, livre e 4 x 50 medley metros

SW 12.3 – Os membros das equipes de revezamento têm que ter a mesma nacionalidade.

SW 12.4 – Todos os recordes devem ser obtidos em competições ou prova individual contra o tempo, realizada em público e publicamente anunciada por pelo menos três dias de antecedência da sua realização. Na hipótese de uma prova individual contrarrelógio ser mencionada por uma Federação, como tentativa de recorde, durante uma competição, então o aviso não será necessário.

SW 12.5 – O comprimento de cada raia da piscina deve ser verificado por um inspetor ou outro oficial qualificado, nomeado ou aprovado pela Federação Nacional onde a piscina estiver situada.

SW 12.6 – Quando for usada uma borda móvel, a medição de cada raia deverá ser confirmada após a conclusão da sessão em que o tempo foi obtido.

SW 12.7 – Os recordes mundiais e recordes mundiais juniores só serão homologados quando os tempos registrados por aparelhagem automática, ou por aparelhagem semiautomática no caso de não funcionamento da aparelhagem automática (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.8 – Os recordes mundiais e recordes mundiais juniors só serão homologados se os nadadores estiverem usando trajes aprovados pela FINA (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.9 – Tempos iguais até ao 1/100 de segundo serão reconhecidos como recordes igualados e os nadadores que obtenham esses tempos serão chamados correcordistas. Apenas o tempo do vencedor de uma prova pode ser apreciado para recorde mundial – exceto para recordes mundiais juniors. No caso de empate numa prova, todos os nadadores empatados com tempo Recorde serão declarados vencedores. (Recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014)

SW 12.10 – Os recordes mundiais e os recordes mundiais juniores só serão homologados quando estabelecidos em piscina de água doce. Nenhum recorde será reconhecido quando estabelecido em água salgada (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.11 – O primeiro nadador de uma prova de revezamento, exceto nos revezamentos mistos, pode estabelecer um recorde mundial ou um recorde mundial júnior. No caso do primeiro nadador de uma equipe de revezamento completar o seu percurso em tempo recorde de acordo com o previsto nesta subseção, seu registro não será anulado por qualquer desclassificação de sua

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equipe que venha a verificar-se por infrações cometidas após a sua distância ter sido completada. (Recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.12 – Um nadador numa prova individual poderá estabelecer um recorde mundial ou um recorde mundial júnior em uma distância intermediária se ele/ela, ou seu/sua treinador(a) ou representante requerer especificamente ao árbitro geral para que a sua prova seja cronometrada especialmente ou se o tempo na distância intermediária for registrado por aparelhagem automática aprovada. Este nadador deve terminar o percurso previsto da prova para poder requerer a homologação do recorde do percurso intermediário (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.13 – Pedidos de homologação de recordes mundiais e recordes mundiais juniores devem ser feitos em impressos oficiais da FINA pela autoridade responsável da Organização ou Comitê Técnico Organizador da Competição e assinada por qualquer representante autorizado da Federação do país do nadador uma vez verificado que todos os regulamentos foram cumpridos, incluindo um certificado de Controle Antidoping (DC 5.3.2). A solicitação deve ser enviada ao Secretário da FINA dentro de 14 dias após a realização da prova (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.14 – A reivindicação de um Recorde Mundial ou recorde mundial júnior deve ser provisoriamente relatada por e-mail ou fax ao Secretário Honorário da FINA dentro de sete (7) dias da data da prova. (Recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.15 – A Federação do país do nadador deve comunicar esta prova por carta ao Secretário Honorário da FINA para conhecimento e procedimento, se necessário, para assegurar que o pedido foi devidamente enviado pela respectiva autoridade.

SW 12.16 – Uma vez recebido o pedido oficial e após verificação de que a informação contida no pedido, incluindo o Certificado Antidoping negativo, está correto, o Secretário Honorário da FINA declarará o novo Recorde Mundial ou recorde mundial júnior, verificará se esta informação foi publicada, e verificará se os certificados foram enviados às pessoas cujos pedidos foram aceitos (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.17 – Todos os recordes feitos durante os Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais, Campeonatos Mundiais Juniors de Natação e Copas do Mundo serão aprovados automaticamente (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.18 – Se o determinado na SW 12.13 não tiver sido respeitado e na falta disso, a Federação do país do nadador pode solicitar a homologação de um recorde mundial ou recorde mundial júnior. Após as investigações devidas, O

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Secretário Honorário da FINA está autorizado a aceitar tal recorde, no caso de o pedido ser considerado correto (Congresso Extraordinário FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.19 – Se o pedido de homologação de um recorde mundial ou recorde mundial júnior for aceito pela FINA, será enviado um diploma assinado pelo Presidente e pelo Secretário Honorário da FINA à Federação do país do nadador para lhe ser entregue, em reconhecimento pelo seu feito. Um quinto diploma do recorde mundial ou recorde mundial júnior será enviado a todas as federações cujas equipes de revezamento estabeleçam um recorde mundial. Este diploma ficará de posse da Federação (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 12.20 – Periodicamente, a FINA pode adicionar novos eventos para os quais os nadadores podem estabelecer recorde mundial ou recorde mundial júnior. Para cada caso, a FINA estabelecerá os tempos a serem superados; se um nadador consegue um tempo que é melhor do que o tempo-alvo, deve ser considerado um Recorde Mundial ou recorde mundial júnior, desde que todos os requisitos em SW 12 sejam atendidos (recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

RECORDE MUNDIAL E RECORDE MUNDIAL JUNIOR – FICHA DE INSCRIÇÃO

1. Nado (livre, costas, borboleta, peito ou medley)2. Duração do evento3. Distância ou metragem (circule um): 25 metros 50 metros4. Nome e país do nadador:5. Data de nascimento: / /

Dia Mês Ano (Recomendação após o Congresso Extraordinário da FINA em Doha, Qatar, 2014).

SW 13 – PROCEDIMENTO ELETRÔNICO

SW 13.1 – Quando for usada aparelhagem automática (ver FR 4) em qualquer competição (FR 4), a classificação e os tempos apurados por este meio, bem como as trocas nos revezamentos julgadas pela aparelhagem, terão prioridade sobre a decisão dos cronometristas.

SW 13.2 – Quando a aparelhagem automática não registrar o lugar e/ou tempo de um ou mais nadadores numa determinada prova, deve-se:

SW 13.2.1 – Registrar todos os tempos e classificação da aparelhagem automática disponíveis.

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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SW 13.2.2 – Registrar todos os tempos e classificações manuais.

SW 13.2.3 – A classificação oficial será estabelecida como segue:

SW 13.2.3.1 – Um nadador com tempo e classificação dados pela aparelhagem automática deverá manter a sua classificação relativa quando comparada com os outros nadadores com tempos e classificação também obtidos pela aparelhagem automática nessa mesma prova.

SW 13.2.3.2 – Um nadador que não tiver classificação da aparelhagem automática, mas tiver o tempo por ela registrado, terá a sua classificação estabelecida comparando o seu tempo registrado automaticamente com os tempos obtidos pela aparelhagem automática para os outros nadadores.

SW 13.2.3.3 – Um nadador que não tiver nem classificação nem tempo obtido pela aparelhagem automática terá a sua classificação estabelecida pelo tempo de “backup” ou pelos três cronômetros manuais.

SW 13.3 – O tempo oficial será estabelecido como segue:

SW 13.3.1 – O tempo oficial para todos os nadadores que tiverem um tempo da aparelhagem automática será esse seu tempo oficial.

SW 13.3.2 – O tempo oficial para todos os nadadores que não tiverem tempo da aparelhagem automática será o tempo manual dos três cronômetros ou da aparelhagem semiautomática.

SW 13.4 – Para estabelecer a ordem relativa de chegada para um conjunto de eliminatórias de uma prova, proceder-se-á como segue:

SW 13.4.1 – A ordem relativa de todos os competidores será estabelecida comparando os seus tempos oficiais.

SW 13.4.2 – Se um nadador tiver um tempo oficial igual ao(s) tempo(s) de um ou mais nadadores, todos os nadadores que tiverem esse tempo ficarão empatados na classificação dessa prova.

FR – PISCINA PARA NATAÇÃO – MEDIDAS OFICIAIS FINA

Preâmbulo

As regras se destinam a proporcionar o melhor ambiente possível para uso competitivo e de treinamento. Estas regras não são destinadas a regular as questões relacionadas com o público em geral. É de responsabilidade do proprietário ou controlador de uma instalação para a supervisão de atividades do público.

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FR 1 – Geral

FR 1.1 – Piscina com medidas olímpicas da FINA. Todos os campeonatos mundiais (exceto campeonatos mundiais masters) e os Jogos Olímpicos devem ser disputados em piscinas que cumpram as regras FR 3, FR 6, FR 8 e FR 11.

FR 1.2 – Piscinas com medidas normais da FINA. Outras provas da FINA podem ser disputadas numa piscina olímpica com medidas da FINA, mas a organização pode prescindir de certas medidas para as piscinas existentes se não interferirem com a competição.

FR 1.3 – Piscinas com medidas mínimas da FINA. Todas as outras provas disputadas sob as regras da FINA devem ser conduzidas em piscina que cumpram todas as medidas mínimas nesta parte.

FR 1.4 – De modo a proteger a saúde e a segurança das pessoas que usam as piscinas para lazer, treino e competição, os responsáveis das piscinas públicas ou piscinas reservadas só para treino e competição devem cumprir com os requisitos estabelecidos por lei e pelas autoridades sanitárias do país onde as piscinas estão situadas.

FR 1.5 – Para a realização de uma competição com equipamentos novos (por exemplo, blocos de partidas, cordas das raias etc.), estes deverão estar disponíveis até 1 de janeiro do ano de realização dos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais FINA.

FR 2 – Piscina de natação

FR 2.1 – Comprimento

FR 2.1.1 – 50,0 metros. Quando são usadas placas eletrônicas da aparelhagem automática na parede de partida, ou adicionalmente na parede de viradas, a piscina deve ter comprimento que permita a distância exigida de 50,0 metros entre as duas placas.

FR 2.1.2 – 25,0 metros. Quando são usadas placas eletrônicas da aparelhagem automática na parede de partida, ou adicionalmente na parede de viradas, a piscina deve ter comprimento que permita a distância exigida de 25,0 metros entre as duas placas.

FR 2.2 – Tolerâncias nas dimensões

FR 2.2.1 – A distância requerida de 50,0 metros pode ter uma tolerância de entre mais 0,03 e menos 0,00 metros em ambas as cabeceiras e em todos os pontos entre 0,3 metro acima da superfície da água até 0,8 metro abaixo dessa superfície. Estas medidas devem ser verificadas por um inspetor ou outro juiz qualificado, designado e aprovado pela Federação do país onde estiver situada a piscina. As

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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diferenças toleradas não podem ser excedidas mesmo quando estejam instaladas placas eletrônicas.

FR 2.2.2 – A distância requerida de 25,0 metros pode ter uma tolerância de entre mais 0,03 e menos 0,00 metros em ambas as cabeceiras e em todos os pontos entre 0,3 metro acima da superfície da água até 0,8 metro abaixo dessa superfície. Estas medidas devem ser verificadas por um inspetor ou outro juiz qualificado, designado e aprovado pela Federação do país onde estiver situada a piscina. As diferenças toleradas não podem ser excedidas mesmo quando estejam instaladas placas eletrônicas.

FR 2.3 – Profundidade – Para piscinas com blocos de partida é exigida a profundidade de 1,35 metros numa extensão de 1 a 6 metros da cabeceira de partida. Em todo o resto da piscina é de 1 metro.

FR 2.4 – Bordas

FR 2.4.1 – As bordas devem ser paralelas e formar ângulos retos com a superfície da água e devem ser construídas com materiais sólidos, sem superfícies escorregadias até 0,8 metro abaixo da superfície da água, de modo a permitir ao nadador tocar e impulsionar-se sem risco.

FR 2.4.2 – São permitidos apoios de descanso ao longo da piscina; nunca devem estar a menos de 1,20 metro abaixo da superfície da água e podem ter entre 0,1 e 0,15 metro de largura.

FR 2.4.3 – Podem existir calhas nas quatro bordas da piscina. Se houver calhas nas cabeceiras, elas deverão permitir a instalação de placas com requeridos 0,3 metro acima da superfície da água. Devem estar cobertas com uma grade ou tela própria.

FR 2.5 – As raias devem ter pelos menos 2,5 metros de largura, com dois espaços de pelo menos 0,2 metros, na primeira e última raia, entre essas raias e as bordas laterais.

FR 2.6 - Divisórias das raias

FR 2.6.1 – As divisórias serão estendidas ao longo do comprimento total da piscina, presas em cada uma das bordas, com ganchos cravados nas bordas. Os ganchos devem estar colocados de maneira que as raias fiquem à superfície da água. Cada divisória da raia terá flutuadores que ocuparão o comprimento total tendo a dimensão mínima de 0,05 metro e máxima de 0,15 metro.

Em uma piscina, as cores das divisórias das raias devem ser:

• Piscina com oito raias: Duas (2) VERDES para as raias 1 e 8. Quatro (4) AZUIS para as raias 2, 3, 6 e 7. Três (3) AMARELAS para as raias 4 e 5.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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• Piscina com 10 raias: Duas (2) VERDES para as raias 0 e 9. Seis (6) AZUIS para as raias 1, 2, 3, 6, 7 e 8. Três (3) AMARELAS para as raias 4 e 5.

• Os flutuadores numa distância de cinco metros de cada um dos extremos da raia deverão ser de cor VERMELHA. Não poderá haver mais do que uma divisória em cada raia. As divisórias da raia devem estar firmemente esticadas.

FR 2.6.2 – A 15 metros da cabeceira de partida, os flutuadores devem ter uma cor diferente dos restantes.

FR 2.6.3 – Nas piscinas de 50 metros os flutuadores devem ser de cor diferente aos 25 metros.

FR 2.6.4 – Os números das raias devem ser colocados nas divisórias das raias, no início e no fim, devendo ser feitos de material macio.

FR 2.7 – Os blocos de partidas devem ser firmes e sem qualquer efeito de mola. A altura do bloco acima da superfície da água pode variar entre 0,5 metro e 0,75 metro. A área da superfície do bloco de partida deve ter pelo menos 0,5 metro X 0,5 metro e estar revestido com material antiderrapante. A máxima inclinação não pode ser superior a 10º. Os blocos de partida podem ter uma rampa ajustável na parte traseira. Os blocos devem ser construídos de tal maneira que permita ao nadador agarrar nele com as mãos, na frente e nas laterais; recomenda-se que se a espessura exceder 0,04 metro, podem ser cavados sulcos de 0,1 metro de largura nas laterais e 0,4 metro de largura na parte da frente, a 0,03 metro da superfície do bloco. Podem ser instalados agarres para as mãos na parte lateral dos blocos. Agarres para as saídas de costas devem ser posicionadas entre 0,3 metro e 0,6 metro acima da superfície da água tanto horizontalmente quanto verticalmente. Eles devem ser paralelos à superfície da borda e não devem avançar sobre a piscina. A profundidade da água numa distância entre 1,0 metro e 6,0 metros da parede deve ser pelo menos 1,35 metro no local onde estão instalados os blocos de partida. Podem ser instalados, por debaixo dos blocos de partida, quadros eletrônicos de leituras. Não podendo ser intermitentes. Os números não devem se mover durante a partida de costas.

FR 2.8 – Numeração

Cada bloco de partida deve estar nitidamente numerado nos quatro lados. A raia número 0 deve ser marcada no lado direito, quando se olha a piscina na cabeceira de partida, com exceção das provas de 50m, que podem iniciar-se a partir da extremidade oposta. Os painéis eletrônicos podem ser numerados na parte superior.

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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FR 2.9 – Indicadores da virada de costas (bandeirolas)

Cabos com bandeiras suspensas transversalmente sobre a piscina, a 1,80 metro acima da superfície da água, em postes de apoio fixados a 5,0 metros de cada cabeceira. Devem ser colocadas marcas em ambos os lados da piscina, e onde for possível em cada divisória da raia, a 15 metros de cada extremo da parede.

FR 2.10 – A corda de partidas falsas

Deve estar suspensa transversalmente sobre a piscina, pelo menos a 1,2 metro acima da superfície da água, em postes colocados a 15 metros à frente da cabeceira de partida. Deve estar preso aos postes por um sistema de desprendimento rápido. A corda deve abranger todas as raias quando ativada.

FR 2.11 – Temperatura da água

A temperatura da água deve situar-se entre 25º C e 28ºC. Durante a competição, a água da piscina deve ser mantida ao mesmo nível, sem movimento apreciável. A fim de respeitar as leis da saúde em vigor na maioria dos países, o fluxo e o refluxo da água são permitidos desde que não provoquem qualquer corrente ou turbulência apreciável.

FR 2.12 – Iluminação

A intensidade da luz na cabeceira de partida e na cabeceira de virada não deve ser inferior a 600 lux.

FR 2.13 – Marcações das raias

As marcações das raias devem ser de cores escuras contrastantes, colocadas no fundo da piscina, no centro de cada raia. Largura: mínima 0,2 metro, máxima 0,3 metro. Comprimento: 46,0 metros para piscina de 50,0 metros e 21,0 metros para piscina de 25,0 metros. Cada linha deve terminar a 2,0 metros das cabeceiras, com uma linha transversal, nítida, de 1,0 metro de comprimento e da mesma largura da linha da raia. Linhas-alvo devem ser colocadas nas bordas ou nas placas eletrônicas, no centro de cada raia e da mesma largura das linhas da raia. Prolongar-se-ão desde a linha superior da borda, sem interrupção até o fundo da piscina. Uma linha transversal de 0,5 metro de comprimento deverá estar colocada 0,3 metro abaixo da superfície da água, medida no centro da linha transversal. Para as piscinas de 50 metros construídas depois de 1 de janeiro de 2006, será colocada uma linha transversal de 0,5 metro nos 15 metros de cada cabeceira da piscina.

FR 2.14 – Divisão

Quando uma divisão serve de cabeceira, ela deve ocupar toda a largura da piscina e apresentar uma parede vertical e não escorregadia e estável, na qual se possa montar painéis eletrônicos numa extensão não inferior a 0,8 metro abaixo e 0,3 metro acima da superfície da água, deve ser livre de orifícios abaixo ou acima da superfície da água, em que o nadador possa introduzir pés, mãos,

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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dedos dos pés ou dedos das mãos. A divisão deve ter um formato que permita um movimento livre dos juízes ao longo de todo o seu comprimento, e de modo a que esse movimento não provoque correnteza ou turbulência da água.

LARGURA DA LINHA DE MACARRÃO DA CHEGADA A 0,25m ± 0,05

FINA MARCAÇÕES

DAS RAIAS

COMPRIMENTO DA LINHA TRANSVERSAL B 0,50mPROFUNDIDADE DA LINHA TRANSVERSAL C 0,30mCOMPRIMENTO DO "T" DE FUNDO D 1,00mLARGURA DAS RAIAS E 2,50mDISTÂNCIA DO "T" DE FUNDO À BORDA F 2,00mPLACA DE TOQUE - PLACAR ELETRÔNICO G 2,40m x 0,90m x 0,01m

FIGURA 95 – DIMENSÕES DA PISCINA DE NATAÇÃO

FONTE: CBDA (2017)

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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FR 4 – EQUIPAMENTO AUTOMÁTICO DE CRONOMETRAGEM

FR 4.1 – Equipamento automático ou semiautomático de cronometragem registra o tempo de cada nadador e determina sua posição relativa em uma série. O julgamento e a aferição devem ser até duas casas decimais (1/100 de segundo). O equipamento que é instalado não deve interferir nas saídas e viradas dos nadadores, ou no funcionamento do sistema de escoamento.

FR 4.2 – O equipamento deve:

FR 4.2.1 – Ser ativado pelo juiz de partida.

FR 4.2.2 – Não ter fios expostos no deck da piscina, se possível.

FR 4.2.3 – Poder mostrar todas as informações registradas para cada raia por colocação e por raia.

FR 4.2.4 – Proporcionar uma leitura digital clara do tempo do nadador.

FR 4.3 – Equipamentos de partida:

FR 4.3.1 – O juiz de partida deve ter um microfone para comandos verbais.

FR 4.3.2 – Se uma pistola for utilizada, deve ser usada com um transdutor.

FR 4.3.3 – Tanto o microfone como o transdutor devem estar conectados a alto-falantes em cada bloco de partida onde tanto os comandos do juiz de partida como o sinal de partida possam ser ouvidos igualmente e simultaneamente por cada nadador.

FR 4.4 Placas de toque para o equipamento automático:

FR 4.4.1 – As medidas mínimas das placas de toque devem ser de 2,4m de largura e 0,9m de altura, sua largura deve ser de 0,01m±0,002m. Elas devem se estender de 0,3m acima até 0,6m abaixo da superfície da água. O equipamento em cada raia deve ser conectado independentemente, de maneira que possa ser controlado individualmente. A superfície das placas deve ser de cor destacada e devem conter as marcações das linhas aprovadas para as cabeceiras.

FR 4.4.2 – Instalação – as placas de toque devem ser instaladas em uma posição fixa no centro das raias. As placas devem ser portáteis, permitindo que o responsável pela piscina as remova quando não houver competidores.

FR 4.4.3 – Sensibilidade – A sensibilidade das placas deve ser tal que elas não podem ser ativadas pela movimentação da água, mas serão ativadas por um leve toque da mão. As placas devem ser sensíveis na borda superior.

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UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO

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FR 4.4.4 – Marcações – As marcações nas placas devem estar em conformidade e se sobreporem às marcações existentes na piscina. O perímetro e os limites das placas devem ser definidos por uma borda preta de 0,025m.

FR 4.4.5 Segurança – As placas devem ser seguras da possibilidade de choques elétricos e não devem ter bordas afiadas.

FR 4.5 - Com o equipamento semiautomático, a chegada deve ser registrada por botões apertados pelos cronometristas no toque final do nadador.

FR 4.6 – Os acessórios a seguir são essenciais para a instalação mínima do equipamento automático:

FR 4.6.1 – Impressão de toda informação, que pode ser reimpressa durante a série subsequente.

FR 4.6.2 – Placar para apresentação para o público:

FR 4.6.3 – Julgamento das trocas de revezamento com precisão de 1/100 de segundo. Onde câmeras suspensas estiverem instaladas elas devem ser revistas como um suplemento para o julgamento das trocas de revezamento do sistema automático. O fabricante do equipamento deve ser consultado sobre a tolerância das trocas de revezamento.

FR 4.6.4 – Contador de voltas automático.

FR 4.6.5 – Leitura dos tempos parciais.

FR 4.6.6 – Resumos do computador.

FR 4.6.7 – Correção de toques incorretos.

FR 4.6.8 – Possibilidade automática de operação por baterias recarregáveis.

FR 4.7 – Para Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais os seguintes acessórios também são essenciais:

FR 4.7.1 – O placar eletrônico para o público deve ter no mínimo 12 linhas de 32 caracteres, cada um capaz de mostrar tanto letras quanto números. Cada caractere deve ter uma altura mínima de 360mm. Cada linha – mostrador de matriz deve ser capaz de rolar para cima e para baixo, e de fazer as informações piscarem, e cada placar eletrônico deve ser programável e capaz de mostrar animações. O placar deve ter no mínimo 7,5m de largura e 4,5m de altura.

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TÓPICO 3 | REGRAS COMPETITIVAS

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FR 4.7.2 – Deve haver um centro do controle com ar-condicionado, e dimensões 6,0m x 3,0m, localizados entre 3,0m e 5,0m da cabeceira de chegada, com uma visão desimpedida da chegada durante toda a prova. O árbitro deve ter fácil acesso ao centro de controle durante a competição. Durante todo o tempo, o centro de controle deve ter condições de ser um local seguro.

FR 4.7.3 – Sistema de cronometragem por vídeo.

FR 4.8 – Equipamento semiautomático pode ser usado como backup do sistema automático de cronometragem nos eventos da FINA ou em outros grandes eventos, se houver três botões por raia, cada um deles operado por um oficial diferente (nesse caso, outros juízes de chegada não serão necessários). Um inspetor de virada pode operar um dos botões.

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Nesse tópico, você viu que:

● A Federação Internacional de Natação (FINA) é a entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), responsável por administrar competições internacionais nos desportos aquáticos.

● Atualmente, a sede da FINA fica em Lausanne, na Suíça. O presidente atual da Federação é o uruguaio Julio César Maglione.

● A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos segue as regras da FINA para as competições de natação.

● A idade mínima para nadadores competindo nos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais da FINA e da FINA Campeonatos Mundiais de Natação (25m) deve ser o mesmo que a idade mínima para as FINA World Junior Swimming Championships: mulheres, 14 anos de idade, e os homens, 15 anos de idade, no ano de competição, exceto atletas mais jovens podem participar nessas competições se eles têm conseguido, pelo menos, o tempo padrão "B" de entrada no respectivo evento.

● O árbitro geral deve ter completo controle e autoridade sobre todos os juízes, aprovar as suas atribuições de funções e instruí-los acerca de todas as características e regras especiais relacionadas às competições. Ele deve fazer respeitar todas as regras e determinações da FINA e decidirá todas as questões relacionadas com a condução do evento, prova ou competição, cuja decisão final não esteja prevista nas regras.

● A partida nas provas de livre, peito, borboleta e medley será efetuada por meio de salto (mergulho).

● A partida para as provas de costas e revezamento medley será efetuada dentro da água.

●Nado livre significa que numa prova assim denominada, o competidor pode nadar qualquer nado, exceto nas provas de medley individual ou revezamento medley, onde nado livre significa qualquer nado diferente do nado de costas, peito ou borboleta.

●No nado costas, antes do sinal de partida, os competidores devem alinhar-se na água, de frente para a cabeceira de saída, com ambas as mãos colocadas nos suportes de agarre. Manter-se na calha ou dobrar os dedos sobre a borda da

RESUMO DO TÓPICO 3

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calha é proibido. Quando o suporte de partida para o nado costas estiver sendo usado na saída, os dedos de ambos os pés devem estar em contato com a borda ou com a placa de toque do placar eletrônico. Curvar os dedos dos pés na parte superior da placa de toque é proibido.

●No nado peito, a partir da primeira braçada após a saída e após cada virada, o corpo deve ser mantido sobre o peito.

●Na prova de medley individual, o nadador nada os quatro nados na seguinte ordem: borboleta, costas, peito e livre. Cada nado deve percorrer um quarto (1/4) da distância.

● Todas as provas individuais devem ser separadas por sexo.

● A temperatura da água deve situar-se entre 25º C e 28ºC.

● A intensidade da luz na cabeceira de partida e na cabeceira de virada não deve ser inferior a 600 lux.

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AUTOATIVIDADE

1 Descreva qual é o significado do termo FINA e qual é a sua função. ___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Sobre as provas de natação, leia atentamente as frases abaixo e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) Todas as provas individuais devem ser separadas por sexo.( ) Em todas as provas, o nadador deve fazer contato físico com a borda na

virada. A virada deve ser feita contra a borda da piscina e não é permitido andar ou tomar impulso no fundo da piscina.

( ) Ficar de pé durante a prova de nado livre ou durante o nado livre nas provas de medley não deve desclassificar o nadador, mas ele não poderá andar.

( ) Serão quatro nadadores em cada equipe de revezamento. Estão permitidas equipes mistas. Estas equipes serão formadas por dois homens e duas mulheres. Os tempos parciais registrados nestas provas não poderão ser considerados como recordes e nem como tempos de inscrição.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V.b) ( ) F, F, F, V.c) ( ) F, V, V, F. d) ( ) V, F, V, F.e) ( ) V, F, F, V.

3 Sobre as regras referentes aos trajes utilizados nas competições de natação, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O traje de natação aprovado pela FINA para ser usado nos Jogos Olímpicos e Campeonato Mundial – FINA deve ser aprovado pela FINA doze (12) meses antes do início da competição. Além disso, deve estar disponível para todos os competidores em 1º de janeiro do ano da realização dos Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais FINA.

( ) Os competidores devem usar apenas trajes com uma ou duas peças. Nenhum item adicional, como ligaduras nos braços ou pernas, deve ser considerado parte do traje.

( ) A partir de 1º de janeiro de 2010, o traje para os homens não deve passar acima do umbigo e nem também abaixo do joelho, e para as mulheres não deve cobrir o pescoço, passar dos ombros e nem passar do joelho. Todo traje deve ser confeccionado com material têxtil.

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( ) Os trajes de todos nadadores (maiô/sunga, touca e óculos) devem estar de acordo com a moral e ser apropriados para cada esporte, e não podem usar qualquer símbolo considerado ofensivo. O traje não pode ser transparente.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V.b) ( ) F, F, F, V.c) ( ) F, V, V, F. d) ( ) V, F, V, F.e) ( ) V, F, F, V.

4 Sobre a “partida” nas competições de natação, leia atentamente as frases e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A partida nas provas de livre, peito, borboleta e medley será efetuada por meio de salto (mergulho). Ao apito longo do árbitro geral, os nadadores devem subir no bloco de partida e ali permanecer. Ao comando “às suas marcas”, do juiz de partida, devem colocar-se imediatamente na posição de partida, com pelos menos um pé na parte dianteira do bloco. A posição das mãos não é relevante. Quando todos os nadadores estiverem imóveis, o juiz de partida deve dar o sinal de partida.

( ) A partida para as provas de costas e revezamento medley será efetuada dentro da água. Ao primeiro apito longo do árbitro geral, os nadadores deverão entrar imediatamente na água. No segundo apito longo, os nadadores deverão colocar-se, sem demora indevida, na posição de partida. Quando todos os nadadores estiverem na posição de partida, o juiz de partida dará o comando “às suas marcas”. Quando todos os nadadores estiverem imóveis, o juiz de partida dará o sinal de partida.

( ) Nos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e outras provas organizadas pela FINA, o comando “às suas marcas” terá que ser em inglês, “Take your marks”, e o sinal de partida difundido por múltiplos alto-falantes, um para cada bloco de partida.

( ) Qualquer nadador que parta antes do sinal de partida ser dado será desclassificado. Se o sinal de partida soar antes de a desclassificação ser declarada, a prova continuará e o nadador ou nadadores serão desclassificados após a prova terminar. Se a desclassificação for assinalada antes do sinal de partida, o sinal não será dado, os demais nadadores serão chamados de volta e proceder-se-á à nova partida. O árbitro geral repete o procedimento de partida começando com o apito longo.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V.b) ( ) F, F, F, V.c) ( ) F, V, V, F. d) ( ) V, F, V, F.e) ( ) V, F, F, V.

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5 Explique qual deverá ser a temperatura da água nas piscinas durante as provas de competições de natação:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6 Descreva as regras, estabelecidas pela FINA, para as provas de nado medley. ___________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 Sobre as provas de competição de “nado livre”, leia atentamente as frases abaixo e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) Nado livre significa que numa prova assim denominada, o competidor pode nadar qualquer nado.

( ) Alguma parte do nadador tem que tocar a parede ao completar cada volta e no final.

( ) Nado livre significa que numa prova assim denominada, o competidor pode nadar qualquer nado, exceto nas provas de medley individual ou revezamento medley, onde nado livre significa qualquer nado diferente do nado de costas, peito ou borboleta.

( ) Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante a prova, exceto quando é permitido ao nadador estar completamente submerso durante a volta e numa distância não maior que 15 metros após a partida e cada volta. Nesse ponto, a cabeça deve ter quebrado a superfície da água.

( ) Ambas as mãos do nadador têm que tocar a parede ao completar cada volta e no final.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, V, V, V, F.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

8 Sobre as regras para as provas de nado costas, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Ao sinal de partida e quando virar, o nadador deve dar um impulso e nadar em decúbito ventral durante todo o percurso.

b) ( ) Antes do sinal de partida, os competidores devem alinhar-se na água, de frente para a cabeceira de saída, com ambas as mãos colocadas nos suportes de agarre. Manter-se na calha ou dobrar os dedos sobre a borda da calha é proibido. Quando o suporte de partida para o nado costas estiver sendo usado na saída, os dedos de ambos os pés devem estar

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em contato com a borda ou com a placa de toque do placar eletrônico. Curvar os dedos dos pés na parte superior da placa de toque é proibido.

c) ( ) Quando executar a volta, tem que haver o toque na parede com alguma parte do corpo na sua respectiva raia. Durante a volta, os ombros podem girar além da vertical para o peito, após o que uma imediata contínua braçada ou uma imediata contínua e simultânea dupla braçada pode ser usada para iniciar a volta. O nadador tem que retornar à posição de costas após deixar a parede. Quando do final da prova, o nadador tem que tocar a parede na posição de costas na sua respectiva raia.

d) ( ) A posição de costas pode incluir um movimento rotacional do corpo, até, mas não incluindo os 90º a partir da horizontal. A posição da cabeça não é relevante.

e) ( ) Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante o percurso. É permitido ao nadador estar completamente submerso durante a volta e por uma distância não maior que 15 metros após a saída e cada volta. Nesse ponto a cabeça deve ter quebrado a superfície.

9 Sobre as regras para as provas de nado peito, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) A partir da primeira braçada após a saída e após cada virada, o corpo deve ser mantido sobre o peito. Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento, exceto quando da volta, após o toque na parede onde é permitido girar de qualquer maneira, contanto que quando deixar a parede o corpo deve estar na posição em decúbito dorsal. A partir da saída e durante a prova, o ciclo do nado deve ser uma braçada e duas pernadas, nessa ordem. Todos os movimentos dos braços devem ser alternados e no mesmo plano horizontal.

b) ( ) Após a saída e em cada volta, o nadador pode dar uma braçada completa até as pernas, durante a qual o nadador pode estar submerso. Uma única pernada de borboleta é permitida em qualquer momento antes da primeira pernada de peito após a saída e após cada virada.

c) ( ) As mãos devem ser lançadas junto para frente a partir do peito, abaixo ou sobre a água. Os cotovelos deverão estar abaixo da água exceto para a última braçada antes da volta, durante a volta e na última braçada antes da chegada. As mãos deverão ser trazidas para trás na superfície ou abaixo da superfície da água. As mãos não podem ser trazidas para trás além da linha dos quadris, exceto durante a primeira braçada, após a saída e em cada volta.

d) ( ) Durante cada ciclo completo, alguma parte da cabeça do nadador deve quebrar a superfície da água. A cabeça tem que quebrar a superfície da água antes que as mãos virem para dentro na parte mais ampla da segunda braçada. Todos os movimentos das pernas devem ser simultâneos e no mesmo plano horizontal, sem movimentos alternados.

e) ( ) Em cada virada e na chegada da prova, o toque deve ser feito com as duas mãos separadas e simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da água. No último ciclo do nado antes da virada e no final da prova, uma braçada não seguida da pernada é permitida. A cabeça pode submergir após a última braçada anterior ao toque, contanto que quebre a superfície da água em qualquer ponto durante o último completo ou incompleto ciclo anterior ao toque.

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10 Sobre as regras para as provas de nado borboleta, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Os braços devem ser levados alternadamente à frente por sobre a água e trazidos para trás por baixo da água durante todo o percurso.

b) ( ) A partir do início da primeira braçada, após a saída e em cada volta, o corpo deve ser mantido sobre o peito. Pernada submersa na lateral é permitida. Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento, exceto quando da volta, após o toque na parede é permitido girar de qualquer maneira, quando deixar a parede o corpo deve estar na posição sobre o peito.

c) ( ) Todos os movimentos para cima e para baixo das pernas devem ser simultâneos. As pernas ou os pés não precisam estar no mesmo nível, mas não podem alternar um em relação ao outro. O movimento de pernada de peito não é permitido.

d) ( ) Em cada virada e na chegada, o toque deve ser efetuado com ambas as mãos separadas e simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da superfície da água.

e) ( ) Após a saída e na volta, ao nadador são permitidas uma ou mais pernadas e uma braçada sob a água, que deve trazê-lo à superfície. É permitido ao nadador estar completamente submerso até uma distância não maior do que 15 metros após a partida e após cada virada. Nesse ponto, a cabeça deve quebrar a superfície. O nadador tem que permanecer na superfície até a próxima volta ou final.

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