plano territorial de desenvolvimento rural sustentável do...

101
2011 Secretaria de Desenvolvimento Territorial Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

Upload: ngolien

Post on 10-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

2011 Secretaria de

Desenvolvimento Territorial

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste

Meridional de Pernambuco

2

Governo Federal

Presidenta da República

Dilma Vana Rousseff

Ministério do Desenvolvimento Agrário

Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário

Afonso Bandeira Florence Secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Márcia da Silva Quadrado Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

Celso Lisboa de Lacerda Secretário Nacional de Desenvolvimento Territorial

Jerônimo Rodrigues Souza Secretário Nacional de Agricultura Familiar

Laudemir André Muller Secretário Nacional de Reordenamento Agrário

Adhemar Lopes de Almeida Delegado Federal do MDA do Estado de Pernambuco

Luiz Aroldo Lima Departamento de Ações Territoriais

Fernanda Corezola e Carlos Osório Articulador Regional da SDT

Henrique Farias Articuladores Estaduais da SDT

André Vasconcellos e Ícaro Lobo

Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Agreste Meridional – PE

Organizações da Sociedade Civil (Coordenação do Colegiado Territorial)

FETAPE (Lucimar de Oliveira), MST (Almir Xavier), COOTAG (Stone costa Albuquerque) e STR de Angelim (Ivandilson Bezerra de Lima)

Organizações do Poder Público (Coordenação do Colegiado Territorial)

INCRA (Audálio Ramos Machado Filho) e Prefeitura de São Bento do Una (José Acácio Melo do Nascimento)

Núcleo Técnico

BNB (Danilo Alves), UFRPE (Vitor Pereira), PRORURAL (Ricardo Jucá), CHESF (Humberto Freitas), IPA (Pedro Henrique de Medeiros) e Prefeitura de Paranatama (Adelvanda de Almeida)

Assessor (a) Técnico (a) Territorial

Maria Márcia Rodrigues de Almeida

Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano - IADH

Conselho Gestor do IADH

Silvana Parente, Tania Zapata e Zenaide Bezerra Coordenadora Técnica do Projeto IADH / SDT

Jeanne Duarte Assessoria de comunicação:

Patrícia paixão Gerente Administrativo/financeira do IADH

Bevânia Nascimento Equipe Administrativa

Marcelo Bezerra, Jéssica Brito e Marcelo Alves Moderação das Oficinas e elaboração da versão inicial do documento PTDRS

Lucimar Maria de Oliveira e Ricardo Oliveira Elaboração do Resumo Executivo e Qualificação Final do Documento PTDRS

Jeanne Duarte e Nazaré Cavalcanti Fotografias

Edmar Melo

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

3

Sumário

APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 5

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 6

1 DIAGNÓSTICO TERRITORIAL ............................................................................................. 9

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO DO AGRESTE MERIDIONAL ........................................... 9

1.1.1 Apresentação Geral do Território ................................................................................... 9

1.1.2 Aspectos históricos e político-culturais ........................................................................ 12

1.1.3 Aspectos Étnicos ............................................................................................................ 15

1.1.4 Aspectos Demográficos ................................................................................................. 21

1.2 DIMENSÃO SOCIOCULTURAL. ............................................................................................. 22

1.2.1 Índices de Desenvolvimento Humano ........................................................................... 23

1.2.2 As Condições de Educação ........................................................................................... 25

1.2.3 As condições de Saúde .................................................................................................. 39

1.2.4 A Cultura no Território ................................................................................................. 46

1.3 DIMENSÃO ECONÔMICA ..................................................................................................... 46

1.3.1 Pobreza e Renda ............................................................................................................ 48

1.3.2 Empregos Gerados no Território .................................................................................. 50

1.3.3 Estrutura fundiária. ....................................................................................................... 51

1.3.4 Pecuária: Efetivo de rebanhos ...................................................................................... 60

1.3.5 Agricultura: lavouras permanentes e temporárias. ...................................................... 67

1.3.6 Turismo .......................................................................................................................... 71

1.4 DIMENSÃO AMBIENTAL ..................................................................................................... 71

2 IDENTIDADE TERRITORIAL E VISÃO DE FUTURO ...................................................... 76

3 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PTDRS .......................................................................... 78

4. VALORES E PRINCÍPIOS ..................................................................................................... 80

5 EIXOS DE DESENVOLVIMENTO, PROGRAMAS E PROJETOS ..................................... 83

6 MODELO DE GESTÃO DO PLANO ..................................................................................... 90

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 96

BIBLIOGRAFIA REFERENCIAL ................................................................................................. 99

4

Apresentação e

Introdução

5

Apresentação

O presente documento consiste no Plano Territorial de Desenvolvimento Rural

Sustentável - PTDRS, resultante do processo participativo de revisão e qualificação do

Plano Territorial do Desenvolvimento Rural Sustentável do Território da Cidadania do

Agreste Meridional, Estado de Pernambuco.

O planejamento do Desenvolvimento Territorial no Território do Agreste Meridional

teve inicio em 2003, a partir da constituição do Território do Agreste Meridional, como

parte da política de desenvolvimento territorial do Governo Federal (SDT / MDA –

Secretaria de Desenvolvimento Territorial / Ministério do Desenvolvimento Agrário). A

SDT tem como missão apoiar a organização e o fortalecimento institucional dos atores

sociais locais na gestão participativa do desenvolvimento sustentável dos territórios

rurais e promover a implementação e integração de políticas públicas

Isto se efetiva, praticamente, com a proposta de territorialização para o

desenvolvimento e de implementação de políticas públicas, através de ação integrada e

articulada de planejamento participativo.

Neste contexto, o Plano insere-se como um instrumento de Planejamento. Ele

deve orientar as ações estratégicas do Território, no sentido de viabilizar um processo

de desenvolvimento sustentável, compreendendo o Planejamento como um processo

dinâmico, contínuo, permanente, suscetível de complementações e atualizações.

O presente documento, portanto, não constitui um novo plano. Ele é fruto do

processo de revisão e qualificação do Plano elaborado anteriormente. Este documento

revisado e qualificado foi construído socialmente pelo colegiado territorial. O processo de

construção coletiva ocorreu por meio da realização de três oficinas, as quais contaram

com a participação significativa e ativa dos atores territoriais, representantes das

diversas organizações da sociedade civil e do poder público, das três esferas de

governo.

Portanto, o processo de revisão e qualificação do PTDRS foi realizado levando-se

em consideração a diversidade de grupos e os interesses sociais, culturais, políticos e

econômicos, de forma a se tornar gerador e estimulador da organização contínua do

Território, o que oportunizou ao colegiado as condições de elaborá-lo de forma crítica e

criativa.

6

Oficina territorial

Estes tiveram uma rica oportunidade de rever o Plano anterior, numa perspectiva

de avaliar sua validade, suas falhas e poder propor, de forma agora mais madura, mais

segura, e, portanto, com maior propriedade, seus complementos e conseqüentes ajustes

e correção de rumos, assegurando um Plano realmente mais qualificado, como era o

objetivo das oficinas.

“Planejamento não é fabricação de planos, mas mudança de mentalidade."

Arie P. de Geus.

Introdução

Os dados sócio-econômicos contidos neste documento são de fontes primárias e

secundárias, estes, foram extraídos de consultas a várias fontes, sejam elas federais,

como o Sistema de Informações Territoriais (SIT), no site www.mda.gov.br/sdt, Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Atlas de Desenvolvimento Humano,

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Ministério da Saúde, assim

como, outras fontes estaduais como Agência Condepe/Fidem Comissão Estadual de

Articulação das Comunidades Quilombolas/SICAB/Sistema de Informações das

Comunidades Afro-brasileiras.

A metodologia de revisão e qualificação do Plano foi pautada pela participação da

diversidade e pluralidade dos atores governamentais e sociais relacionados ao

desenvolvimento rural sustentável, que atuam no Território, possibilitando a obtenção dos

dados primários, oriundos de questionários aplicados aos atores territoriais, por ocasião

7

da realização das oficinas. Isso garantiu o envolvimento e a participação direta dos

agentes e organizações locais, parceiros das ações territoriais, os quais são ricos de

informações sobre a realidade econômica, política e social dos vinte municípios que

integram o Território da Cidadania do Agreste Meridional de Pernambuco, inclusive,

abordando aspectos que não foram encontrados disponíveis nos sites dos órgãos

oficiais de pesquisa.

Tendo em vista a necessidade de qualificação do Plano, buscou-se ampliar e

aprofundar as reflexões, organizando trabalhos de grupos, com aplicação de questionários,

realizando pesquisas bibliográficas e documentais (para obtenção de dados primários e

secundários) e observação direta assistemática. Os dados primários são muito

interessantes, pois permitem identificar especificidades dos municípios, que deverão ser

consideradas na ação territorial. Estes indicadores, ao serem agregados, cruzados e

analisados na perspectiva territorial, serão importantes elementos que contribuirão para

as definições de estratégias para o desenvolvimento, fortalecendo o Plano como o

principal instrumento de apoio à gestão social por parte do colegiado territorial,

estimulando a construção de um novo modelo de desenvolvimento.

8

Capítulo 1

Diagnóstico

Territorial

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

9

1 Diagnóstico Territorial

Esta parte do documento contém a realidade do território, uma leitura crítica dos dados

secundários referentes às diversas dimensões do desenvolvimento, bem como, em alguns

aspectos, informações coletadas junto aos atores sociais que integram o colegiado territorial

do território do Agreste Meridional.

1.1 Caracterização do Território do Agreste Meridional

Figura 01 – Distribuição dos territórios rurais no Estado de Pernambuco Fonte: SIT – Sistema de Informações Territoriais/SDT/MDA

1.1.1 Apresentação Geral do Território

O Território do Agreste Meridional está constituído por 20 municípios, estando

distribuídos nas Microrregiões do Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca, Garanhuns e Sertão do

Moxotó, sendo eles: Águas Belas, Bom Conselho, Buíque, Caetés, Capoeiras, Iati, Ibimirim,

Ibirajuba, Inajá, Itaíba, Manari, Paranatama, Pedra, Saloá, São Bento do Una, Terezinha,

Tupanatinga, Venturosa, Angelim e Garanhuns.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

10

Figura 02 – Divisão do Território do Agreste Meridional.

Fonte: Sit – Sistema de Informações Territoriais/SDT

O Território do Agreste Meridional está geograficamente localizado na Mesorregião do

Agreste e do Sertão Pernambucano, sendo uma área intermediária entre a Mata e o Sertão,

com uma área total de 13.153 km² e envolve as Microrregiões do Vale do Ipanema, Vale do

Ipojuca, Garanhuns e Sertão do Moxotó.

O Território limita-se ao norte com as Regiões de Desenvolvimento do Agreste Central

e Sertões do Pajeú e Moxotó. Ao sul, limita-se com o Estado de Alagoas. Ao leste limita-se

com o Estado de Alagoas e a Região de Desenvolvimento da Mata Sul. Ao oeste, com a as

regiões de Desenvolvimento dos Sertões do Pajeú e do Moxotó.

O clima e o relevo são alguns dos maiores diferenciais do Território em relação ao

resto do Estado, propiciando, além da atividade pecuária, diversidade de cultivos, a exemplo

da floricultura e oferecendo diversas opções de turismo, atividades econômicas dinâmicas e

empregadoras de mão-de-obra local.

Conhecido como bacia leiteira do Estado, o Agreste Meridional tem como base

econômica a pecuária leiteira, com a produção de leite e derivados de forma artesanal e

industrial.

O escoamento da produção local e o abastecimento da região são feitos pela rodovia

BR-232, principal via de acesso ao Agreste pernambucano. As demais rodovias que formam a

malha viária são deficitárias e sem manutenção.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

11

A maioria dos municípios que formam o Território Agreste Meridional é de base rural e

se originaram como distritos de Garanhuns, sendo dependentes economicamente dos

repasses do governo federal, através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e dos

recursos da Previdência Social pagos aos aposentados e pensionistas. A maioria da mão-de-

obra desses municípios é absorvida no serviço público, em especial, nas prefeituras e

Secretarias Municipais.

A diversidade natural e cultural está expressa através dos inúmeros sítios históricos,

museus, igrejas, grutas, cavernas, furnas, mirantes, engenho, trilhas ecológicas, bicas,

cachoeiras, parques de exposições, reservas florestais, artesanatos, festas populares,

religiosas, folclores e comidas típicas que compõem o Território. O potencial turístico deste

acervo construído, natural e cultural é apenas parcialmente aproveitado, dada a limitada

divulgação dos atrativos e a precária infra-estrutura de apoio.

O Território conta ainda com o segundo maior parque arqueológico do Brasil, o Vale do

Catimbau, perdendo apenas para a Serra da Capivara no Piauí, é o terceiro sítio arqueológico

indígena do país. Localizado no município de Buíque, tem mais de 150 milhões de anos e 23

sítios arqueológicos. A região do Vale do Catimbau se estende entre os municípios de

Buíque, Tupanatinga, Inajá e Ibimirim, no Sertão do Moxotó. Tem 90 mil hectares, abrigando

diversas cavernas e cânions e foi transformada pelo Governo Federal em Unidade de

Conservação de Proteção Integral para que seja garantida a conservação da biodiversidade

da região.

A presença humana na região é datada de seis mil anos e, de acordo com estudiosos,

os grafismos encontrados no Vale foram feitos por diferentes grupos étnicos em diferentes

épocas. No Vale, ainda vivem remanescentes de tribos indígenas. E outra grande riqueza da

região é a extensa reserva de vegetação típica de caatinga, característica do semi-árido

nordestino.

Entre os principais atrativos, encontram-se, no município vizinho (Venturosa), os sítios

arqueológicos Pedra do Tubarão (ou Buquinha), Peri-Peri (ou Morro dos Ossos) e o Parque

Municipal da Pedra Furada. O Parque da Pedra Furada abriga vários vales e tem a forma de

um “viaduto”. Constitui-se em um bloco de formação granítica de aproximadamente 50 metros

de altura, com diversas inscrições rupestres e é utilizado para a prática de rapel.

Dos municípios que compõem o Território, Garanhuns assume posição de destaque e

representa o pólo econômico ativo da região porque concentra as atividades industriais, do

comércio e do turismo, entre elas, o Festival de Inverno que acontece no mês de julho e leva

milhares de turistas à cidade. Este evento do calendário turístico aquece a economia local,

gera empregos temporários e incrementa as vendas no comércio. Com boa infra-estrutura de

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

12

hotelaria, restaurantes, bares e cafés, Garanhuns é conhecida como a Suíça pernambucana

pelo clima frio no período do inverno, cuja temperatura chega aos 15º C. Garanhuns é

também centro cultural da região, abrigando cursos da Universidade Federal Rural de

Pernambuco, Universidade de Pernambuco, bem como faculdades particulares e centros

experimentais de ensino.

1.1.2 Aspectos históricos e político-culturais

A região do Agreste Meridional fica localizada na zona de transição entre a Mata e a

Caatinga. O povoamento do Agreste foi conseqüência da expansão das plantações de cana

da Zona da Mata. Expulsos do litoral, os sitiantes e criadores de gado instalaram-se nas terras

do interior, antes ocupadas por indígenas. Dessa forma, o Agreste transformou-se em área

produtora de alimentos. O Agreste abastecia a Zona da Mata de alimentos e esta por sua vez

a Europa exportando açúcar.

A partir do século XVII teve início o processo de “colonização” da região Agreste, sendo

esta uma decorrência da necessidade de abastecer de gado a economia açucareira, o que

promove a ocupação de algumas de suas melhores terras com a cana de açúcar, no entanto,

a maior parte delas com agricultura de subsistência e, principalmente a pecuária bovina

povoando-a esparsamente. Este processo vai caracterizando o Agreste como uma área

policultora, já que seus sítios cultivam diversos alimentos e criam gado para a produção do

leite, queijo e manteiga. Fazia-se a penetração e requeria-se a demarcação das sesmarias e

expulsão dos índios que ali viviam.

.

Pecuária Bovina

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

13

Na Zona da Mata, as sesmarias açucareiras da época colonial foram se dividindo e

deram origem a centenas de engenhos, onde as fazendas resultantes não se tornaram

pequenas propriedades, uma vez que os proprietários precisavam manter uma área suficiente

para abastecer os engenhos. No Agreste, ao contrário, as propriedades foram se subdividindo

cada vez mais, já que não cultivavam cana nem tinham engenhos.

Com a sucessão de diversas gerações, as propriedades do Agreste atingiram um

tamanho mínimo, suficiente apenas para a produção dos alimentos necessários para a

família, ou seja, para a prática da agricultura de subsistência.

No seu blog, o Professor Biu Vicente (s/d) afirma:

Na primeira metade do século XVII, um fato contribuiu para o deslocamento de pessoas – escravos e livres – para a região em destaque: o período da dominação holandesa em Pernambuco, que vai de 1630 a 1654. Neste período, muitos proprietários tentaram escapar ao domínio flamengo migrando para o interior; também seus escravos aproveitaram a divergência da atenção dos portugueses para fugir e integrar o já significativo Quilombo dos Palmares. Aliás, a denominação correta seria os Quilombos dos Palmares, uma vez que havia várias comunidades quilombolas, espalhadas desde União dos Palmares (cidade do atual Estado de Alagoas) até o Cabo de Santo Agostinho e as proximidades de Garanhuns.

A ocupação e povoamento da região agreste, portanto, foi contemporânea às

guerrilhas dos escravos fugidos para o Quilombo dos Palmares, desenvolvendo uma

economia de subsistência e dando início à organização de uma série de fazendas e sítios,

provocando importante adensamento demográfico na zona agrestina, o que se explica pelo

fato de que nesta região encontraram os homens e as mulheres possibilidade de sobreviver

com base na economia de subsistência com base produtiva familiar.

Com o fim da escravidão, as plantações canavieiras passaram a utilizar trabalhadores

temporários, empregados durante a época da colheita, mão-de-obra fornecida pelo Agreste:

sitiantes e camponeses pobres que deixam a sua terra nos meses de safra. Enquanto os

homens ganham algum dinheiro na colheita, as mulheres e os filhos permanecem cuidando

da lavoura doméstica.

Segundo Oliveira (2007, p.87),

Um importante fator que condicionou a “evolução” de todos os demais consistiu na apropriação prévia da terra por indivíduos interessados na criação de gado. Assim, antes de qualquer capitalização a terra foi apropriada em grandes latifúndios. Uma parte desses latifúndios foi se dividindo pela herança, através dos séculos, dando lugar a um regime de pequena propriedade, que em algumas partes pode mesmo ser qualificado de minifúndios. No entanto, é importante ressaltar que esse fenômeno constituiu a exceção, representando pequeno percentual das terras do Agreste. A maior parte dessas terras continuou nas mãos de grandes proprietários, quase sempre ausentes de suas propriedades, por residirem fora de suas terras.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

14

Embora tais propriedades tivessem toda sua trajetória fundamentalmente baseada na

pecuária, a dinâmica mencionada acima tornou possível uma curiosa associação com formas

de agricultura de subsistência, que se estabeleceu a partir dos excedentes de população que

se deslocava para o Agreste, que obtinham permissão para trabalhar a terra, na área de um

grande latifúndio, com a condição de abandonar essa terra toda vez que o proprietário delas

necessitasse para soltar o seu gado. Terminadas as colheitas, o agricultor entregava os

roçados para que neles fosse solto o gado do proprietário, que coincidia com a época de

maior escassez de pastagens por ser o período mais seco. Essas combinações foram

evoluindo, na medida em que crescia a população, no sentido de tornar a terra cada vez mais

cara para o agricultor que nela trabalhava.

Assim, esta estrutura agrária conseqüentemente colaborou para a constituição e

estabelecimento de relações sociais de dependência e subordinação, onde a única autoridade

reconhecida era a do coronel1 e a atividade política é dominada, controlada e disputada pelos

chefes de grupos locais, quase sempre grandes proprietários ou seus mandados, de forma

que neste cenário, o controle das posições de mando também significava acesso mais fácil

aos favores do governo (estadual ou federal), traduzidos em obras de interesse direto para as

propriedades.

Toda essa formação histórica da região trouxe como conseqüência a exclusão da

família do trabalhador das oportunidades de alfabetização, pois a necessidade de mão-de-

obra impunha desde muito cedo o trabalho de crianças, o que também contribuía para

eliminar a possibilidade da mesma ascender à cidadania efetiva, ficando a sua participação na

vida social limitada quase que exclusivamente ao fornecimento de força de trabalho.

Conforme nos argumenta ainda Oliveira, (2007, p.86),

Assim, foi se constituindo a estrutura agrária do Agreste Meridional, com um poder local historicamente concentrador e monopolizado pelas oligarquias agrárias, em que a cultura do coronelismo se consolidou, conseqüência de um processo histórico calcado na dominação e controle das instituições (como o Estado), com características patrimonialistas e relações clientelistas e paternalistas, que gerou ao longo dos séculos situações de dependência e subordinação.

Mudanças na macroeconomia, o processo redemocratização do país, o surgimento de

diversos movimentos sociais, populares e sindicais vem modificando, ainda que lentamente,

ao longo de décadas o quadro descrito. Esses fatores vêm atuando no sentido de “impor”

mudanças, tanto a nível sócio-político quanto de tomada de consciência, o que atua como

1 Fenômeno importante na organização da sociedade rural no Nordeste, caracterizando uma estrutura e

modo de poder, durando de forma bastante explicita aproximadamente até meados do século XX, mas ainda hoje se encontram resquícios deste modo de poder.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

15

força “corrosiva” sobre o prestígio dos antigos chefes políticos locais, colocando a velha

estrutura de poder e controle em xeque, abrindo-se espaço para uma maior participação e

conseqüentemente uma maior organização da sociedade civil.

1.1.3 Aspectos Étnicos

O povoamento do espaço onde hoje está estruturado o Território do Agreste Meridional

teve por base o povoamento por europeus (que “conquistaram” as melhores terras, as áreas

úmidas), pelos indígenas, que ali já viviam e pelos negros escravizados.

Para Oliveira (2007, p.77),

Neste processo histórico de ocupação, houve confrontos de culturas e modos de vidas, entre os brancos europeus, os indígenas e negros. Os europeus se impuseram como “cultura superior”, tornando-se hegemônica a cultura do colonizador e se apropriando de áreas indígenas e forçando estes a se refugiarem cada vez mais para o interior, onde resistiram, conservando em algum grau aspectos de suas culturas

Ainda de acordo com Oliveira, neste cenário, muitos desses índios se viram forçados a

migrar para outras regiões em busca de trabalho, passando por processos de aculturação

mais uma vez. Entretanto, muitos fazem o caminho de volta, atraídos pela luta de lideranças

pela demarcação de suas terras, apoiados, sobretudo pelo CIMI (Conselho Indigenista

Missionário), num processo de retomada de suas terras, alterando a rota migratória.

O Território é marcado pela presença de diversos povos indígenas, que primitivamente

habitavam o território pernambucano. Atualmente, segundo a Fundação Nacional do Índio –

FUNAI (2010) vivem no Estado um total de 23.526 indígenas, remanescentes dos povos

indígenas que primitivamente habitavam no Estado, distribuídos em 08 etnias, sendo: Atikum,

Fulni-ô, Kambiwá, Kapinawá, Pankararu, Truká, Tuxá e Xucuru.

A população indígena no Território em 2007, segundo a Fundação Nacional de Saúde

(2005) era de 15.317 habitantes assim distribuídos: Kambiwá, 1.552; Fulni-Ô, 3.903; Tuxá,

253; Kapinawá 3.623 pessoas,conforme quadro abaixo:

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

16

Tabela 01: Povos Indígenas no Território

Municípios /

Tribos

2005

Número

de aldeias

Número de

domicílios

Número

de

famílias

População

aldeiada

População

desaldeiada

População

total

Total 264 10.031 11.252 35.881 2.327 38.208

Águas Belas 5 925 1.149 3.416 487 3.903

Fulni-ô 5 925 1.149 3.416 487 3.903

Buíque 12 488 507 2.488 292 2.780

Kapinawá 12 488 507 2.488 292 2.780

Ibimirim 15 503 604 1.911 248 2.159

Kambiwá 10 389 471 1.461 248 1.709

Kapinawá 5 114 133 450 - 450

Inajá 10 290 341 1.270 142 1.412

Kambiwá 6 239 286 1.159 - 1.159

Tuxá 4 51 55 111 142 253

Tupanatinga 4 84 83 393 - 393

Kapinawá 4 84 83 393 - 393

Fonte: Fundação Nacional de Saúde, 2005

Eles são hoje pequenos agricultores e também desenvolvem trabalhos artesanais,

sobrevivendo em situação precária. Os índios disputam a posse das terras com fazendeiros

que também ocupam a região, fato que tem provocado constantes conflitos entre posseiros e

índios, estes últimos levando a pior e, muitas vezes, sendo mortos em emboscadas.

Apesar de alguns povos terem conseguido a demarcação, as áreas continuam

invadidas por posseiros, fontes de freqüentes conflitos e de impasses sobre a definição de

propriedade da terra. Outros, entretanto, após longos anos de processo de demarcação de

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

17

suas áreas, ainda não tiverem o processo concluído. Contudo, esses remanescentes

indígenas ainda guardam um pouco da cultura dos índios pernambucanos, massacrados ao

longo dos séculos. Ver resumo histórico e região de localização de terras indígenas no

quadro e figura abaixo , respectivamente.

Quadro 01: Resumo da história de cada uma dessas tribos do Território:

Povo Indígena Breve descrição histórica

Fulni-Ô:

Também conhecidos como Carnijó ou Carijó, vivem do artesanato e

agricultura de subsistência no município de Águas Belas, contando

com uma população de 3.903 indivíduos. Ocupam uma extensão de

11.505, 71 Km, conservam o idioma Yathê e alguns rituais como o

Ouricuri.

Kambiwá:

O grupo, com uma população de 2576 habitantes, ocupa uma área de

27 mil hectares de terra entre os municípios de Ibimirim, Inajá,

desenvolvendo agricultura de subsistência

Kapinawá: Estão distribuídos nos municípios de Buíque, Tupanatinga e Ibimirim,

com uma população de 3.623 habitantes.

Tuxá

Grupo de 141 índios assentados em um acampamento da Chesf, no

município de Inajá, depois que suas terras foram inundadas pelo lago

da hidrelétrica de Itaparica

Figura 03: Região de localização das terras indígenas Fonte: http://www.ufpe.br/nepe/povosindigenas/mapafulnio.htm

Os dados do IBGE para a população a partir da cor e de raça baseiam-se em auto-

declarações, podendo apresentar desvios em relação às populações dos municípios do

território nacional. De acordo com o IBGE (2000), a população residente por cor e raça no

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

18

Território é predominantemente amarela e branca. Entretanto, a população do Agreste

Meridional é composta por várias etnias, ocorrendo atualmente um grande destaque para as

comunidades quilombolas, as quais sofrem com a falta de inclusão social, ou seja, em sua

maioria vivem à margem da sociedade local, as quais, após passarem por um processo de

perda de sua identidade e valores culturais, ultimamente vêm atravessando um processo de

afirmação de suas identidades, impulsionados pelos dispositivos legais da Constituição

Brasileira de 1988, que reconheceu às comunidades remanescentes de quilombos o direito à

propriedade de suas terras, em função de sua identidade e cultura.

Segundo os moradores mais antigos e também vários estudos já publicados, a origem

dos quilombos na região do Agreste Meridional está relacionada à presença centenária dos

descendentes de escravos fugidos de Palmares, símbolo de resistência e organização dos

escravos fugidos na época do império. Palmares foi o grande reduto quilombola da região

situada ao sul do estado de Pernambuco e norte do estado de Alagoas. Os moradores das

diversas comunidades quilombolas no Território identificam sua origem a partir da destruição

do quilombo de Palmares.

De acordo com estudiosos, há registros de terra e testamentos nos cartórios que

mostram que alguns escravos herdaram pequenos lotes de seus senhores. Possivelmente

essas terras herdadas foram usadas para a formação dessas comunidades por

remanescentes do Quilombo dos Palmares.

Ao longo do século XX, várias comunidades de quilombolas da região foram vítimas de

violências e grilagem. Como resultado desse processo, elas tiveram seu território reduzido

significativamente. A falta de terra e de oportunidades de geração de renda, ocasionadas por

tal situação, levou muitos moradores a abandonar a área e procurar outros locais para

construírem sua vida. As comunidades sobrevivem principalmente das culturas de

subsistência, como mandioca, milho, feijão e hortaliças e são comercializados nas feiras

locais das cidades.

O decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, em seu artigo 2º, considera os

remanescentes das comunidades de quilombolas, os grupos étnicos raciais, segundo critérios

de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas,

com presunção de ancestralidade negra, relacionada com a resistência à opressão histórica

sofrida. Esse dispositivo legal tem contribuído para a conquista de políticas públicas

direcionadas aos mesmos, que, através da tomada de consciência de seus diretos, partiram

para a organização e têm apresentado demandas sociais historicamente negadas pelos

Gestores Públicos, quebrando o círculo vicioso do preconceito e discriminação agravado pela

exclusão social.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

19

As comunidades têm lutado em diversas frentes para garantir melhores condições de

vida. Portanto, tais políticas têm ampliando assim a afirmação de suas identidades,

provocando a valorização de suas culturas pela sociedade e ainda fortalecendo a economia

regional, na medida em que o atendimento às suas demandas amplia os investimentos

públicos, favorecendo a geração e distribuição de renda. O processo de titulação das áreas

das comunidades, com base no artigo 68 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição

Federal é bastante burocrático e esbarra sempre na falta de verbas e de profissionais para

darem andamento aos procedimentos legais.

As comunidades remanescentes de quilombo no Território são em número de 20 (vinte)

e estão distribuídas da seguinte forma: (Ver quadro a seguir)

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

20

Quadro 02 – Comunidades Remanescentes de Quilombos no Território. .

Município Comunidade Nº de Famílias

Data de Reconhecimento

Águas Belas

Sítio Pinhão 80 08/03/2005

Tanquinhos 60 08/03/2005

Sítio Quilombos 100 Sem informação

Garanhuns

Caluete 100 02/03/2005

Castainho 165 02/03/2005

Estiva 60 02/03/2005

Estrela 150 02/03/2005

Timbó 150 28/08/2004

Bom Conselho

Angico 250 08/03/2205

Izabel 100 08/03/2205

Macacos 80 08/03/2205

Capoeiras

Cascavel 200 Sem informação

Imbé 120 Sem informação

Fidelão 50 08/03/2205

São Bento do Una

Cãibra Sem Informação

08/03/2205

Caldeirãozinho Sem Informação

08/03/2205

Jirau 80 08/03/2205

Quilombola do Sítio Caldeirãozinho

Sem Informação

Sem informação

Serrote do Gado Brabo 500 28/08/2004

Caetés* Atoleiro Sem

Informação Ainda não foi reconhecida

TOTAL 20 1645**

Fonte: Fundação Palmares – SICAB/Sistema de Informações das Comunidades Afro- brasileiras.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

21

1.1.4 Aspectos Demográficos

Segundo o censo do IBGE 2010, o Território é habitado por 587.086 pessoas, sendo a

população urbana de 329.246 pessoas e 257.840 a população rural. O índice de urbanização

é de 56,00% e o de ruralização é de 44,00%. Destaca-se o município de Garanhuns com

129.392 habitantes, mais do que o dobro do segundo município mais populoso São Bento do

Una, com 53.232 habitantes. Garanhuns também se diferencia dos demais municípios, por ter

uma população urbana muito acima da rural, enquanto os demais municípios que compõe o

Território possuem população rural acima e/ou igual à urbana.

A tendência de crescimento do índice de urbanização verificada quando da elaboração

do PTDRS anterior apresentou ligeiro aumento no Território.

O Território do Agreste Meridional possui uma população rural que corresponde a

aproximadamente 44% da sua população total, o que pode caracterizar este território como

possuidor de uma grande influência vinda do meio rural em suas características sociais,

econômicas, culturais, de políticas públicas, dentre outras.

Os municípios do Território dispõem de 13% da área territorial e cerca de 7%da

população do Estado. Garanhuns é o município com maior número de habitantes -

129.392.

Do total dos municípios, Ibimirim é o que tem a maior superfície territorial (1.893,61)

km², e o município de Terezinha a menor área, (141,91) Km², e também, o que possui o menor

contingente populacional do território, com 6.737 habitantes.

Comparando-se a distribuição da população por sexo em relação ao PTDRS anterior,

verifica-se que é mantida a tendência de equilíbrio entre a população do sexo feminino e do

masculino, sendo a primeira levemente maior na maioria dos municípios que integram o

Território. Em apenas cinco municípios verifica-se um moderado predomínio da população do

sexo masculino. Contudo, na média geral mantém-se um equilíbrio, conforme pode se ver na

tabela abaixo:

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

22

Tabela 02- Distribuição da população urbana, rural e por sexo

MUNICÍPIO TOTAL Urbana Rural Homens Mulheres

Águas Belas 40.007 24.300 15.707 19.545 20.462

Angelim 10.204 6.089 4.115 5.019 5.185

Bom Conselho 45.506 29.782 15.724 22.010 23.496

Buíque 51.990 21.121 30.869 25.572 26.418

Caetés 26.577 7.520 19.057 13.172 13.405

Capoeiras 19.593 6.263 13.330 9.772 9.821

Garanhuns 129.392 115.344 14.048 60.962 68.430

Iati 18.271 7.718 10.553 9.124 9.147

Ibimirim 26.959 14.897 12.062 13.336 13.623

Ibirajuba 7.534 3.140 4.394 3.791 3.743

Inajá 19.081 7.958 11.123 9.554 9.527

Itaíba 26.264 9.651 16.613 13.039 13.225

Manari 18.187 3.844 14.343 9.197 8.990

Paranatama 11.001 2.238 8.763 5.506 5.495

Pedra 20.950 12.008 8.942 10.475 10.475

Saloá 15.283 7.659 7.624 7.375 7.908

São Bento do Una 53.232 28.007 25.225 26.568 26.664

Terezinha 6.737 2.860 3.877 3.271 3.466

Tupanatinga 24.254 8.496 15.758 12.022 12.232

Venturosa 16.064 10.351 5.713 7.869 8.195

Total Território 587.086 329.246 257.840 287.179 299.907

Fonte: Agência CONDEPE /FIDEM, Período de referência: 2010

1.2 Dimensão Sociocultural.

Na dimensão sociocultural, ressaltam-se para efeito de análise, neste documento, os Índices

de Desenvolvimento Humano, as condições da Educação, Saúde e a Cultura.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

23

1.2.1 Índices de Desenvolvimento Humano

Criado em 1990 por Mahbud ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya

Sen, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um índice que se contrapõe ao indicador

Produto Interno Bruto (PIB), o qual considera apenas a dimensão econômica do

desenvolvimento. Assim, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),

sugeriu substituir esta visão tradicional de desenvolvimento que o identifica ao crescimento da

renda e da produção de um país, por um enfoque mais amplo e abrangente, por entender que

o crescimento econômico não é um fim em si mesmo, mas um meio para atingir o objetivo

maior do desenvolvimento que é o bem estar social.

O IDH, portanto, é um índice proposto pelo PNUD, calculado por diversos países e que

tem três componentes: um indicador de longevidade (utiliza números de expectativa de vida

ao nascer); um índice de nível educacional (avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa

de matrícula em todos os níveis de ensino) e o indicador renda (mensurada pelo PIB). Essas

três dimensões têm a mesma importância no índice que varia de zero a um. Quanto mais

próximo de um, é considerado melhor.

No contexto nacional o Estado de Pernambuco apresenta os mais baixos índices de

Desenvolvimento Humano e elevados índices de exclusão social

Figura 4: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal no Território Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000

No Território os dados mostram que o IDH Municipal de um modo geral apresentou um

crescimento entre os anos de 1991 e 2000, porém a média para a região como um todo é de

Legenda

0,467 a 0532 (4)

0,533 a 0,561 (4)

0,562 a 0,567 (4)

0,568 a 0,601 (4)

0,602 a 0,693 (4)

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

24

0,570.(Ver figura acima). Se considerando que o IDH médio da Região Metropolitana do

Recife é de 0,783% e o do Estado de 0,692%, temos uma dimensão da dívida e do desafio da

diminuição das desigualdades sociais e econômicas do Território. A situação dos municípios

do Território é uma das mais graves. Todos eles apresentaram índices de Desenvolvimento

Humanos inferiores ao do Estado.

Entre os municípios os maiores índices estão em Garanhuns (0,693), seguido de

Venturosa (0,633) e São Bento do Una (0,623) e os municípios com os menores índices são

Iati (0,526), Caetés (0,521) e Manari (0,467) com o menor índice do Território. O nível de

exclusão econômica e social fica evidente, conforme

É possível dizer que das três dimensões do IDH (renda, educação e longevidade), o

destaque para o Território foi a constatação da elevação da instrução. Em todos os municípios

que integram o Território o IDH Educação foi o que mais cresceu no período analisado,

conforme se vê na próxima tabela.

De modo menos pronunciado, o componente longevidade colaborou para uma ligeira

elevação deste índice no Território, embora também seja em um pequeno percentual.

Ao contrário dos índices de Educação e Longevidade, a exceção no Território fica por

conta do IDH Renda, revelando uma distância considerável deste em relação aos outros dois

índices que compõem o IDH e refletindo uma clara tendência de concentração de renda e de

manutenção dos níveis de pobreza no Território, o que significa que o crescimento

econômico, que tem efeitos positivos no nível de renda e na criação de postos de trabalho

ainda se apresenta estagnado no Território, segundo os dados de IDH disponíveis. Por esses

dados pode-se inferir como a renda apropriada contribuiu para manter o baixo IDH do

Território, ressaltando que os mesmos ainda se referem ao período de 2000.

Embora não existam dados atualizados, contudo, é possível deduzir que os índices em

geral tenham sofrido alguma melhora, considerando os investimentos e Programas do

Governo Federal de combate às desigualdades regionais e melhoria de renda, que vem

impactando positivamente as economias locais e regionais, certamente contribuindo para

elevar o IDH-M.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

25

Tabela 03: Índices de Desenvolvimento Humano.

Território Agreste Meridional – PE

Município IDH – M IDHM - Educação

IDHM -Longevidade

IDHM -Renda

Gini -Renda

Águas Belas 0,53 0,58 0,54 0,47 0,66

Angelim 0,60 0,67 0,63 0,51 0,62

Bom Conselho 0,57 0,62 0,59 0,51 0,62

Buíque 0,58 0,58 0,69 0,46 0,63

Caetés 0,52 0,57 0,55 0,44 0,55

Capoeiras 0,59 0,65 0,64 0,49 0,51

Garanhuns 0,69 0,77 0,68 0,63 0,62

Iati 0,53 0,58 0,56 0,44 0,60

Ibimirim 0,57 0,61 0,61 0,48 0,65

Ibirajuba 0,56 0,62 0,57 0,48 0,62

Inajá 0,57 0,62 0,60 0,48 0,70

Itaíba 0,57 0,58 0,63 0,49 0,61

Manari 0,47 0,55 0,51 0,34 0,72

Paranatama 0,56 0,63 0,58 0,48 0,51

Pedra 0,60 0,63 0,65 0,52 0,64

Saloá 0,56 0,62 0,57 0,50 0,60

São Bento do Una 0,62 0,64 0,62 0,62 0,78

Terezinha 0,57 0,62 0,64 0,44 0,63

Tupanatinga 0,54 0,58 0,61 0,43 0,62

Venturosa 0,63 0,70 0,66 0,54 0,58

Total Território 0,57 0,62 0,46 0,40 0,54

Fonte: Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada/Fundação João Pinheiro. Período de referência: 2000

1.2.2 As Condições de Educação

A Constituição Federal de 1988 determinou a universalização do acesso ao Ensino

Fundamental, que é a escolaridade mínima obrigatória estabelecida (artigo 60, parágrafo 6º) e

regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 20/12/1996.

Ainda que por si só a educação não assegure a produção e distribuição de riquezas, a

justiça social e o fim das discriminações sociais, ela, é sem dúvida, parte indispensável do

processo para tornar as sociedades mais prósperas, justas e igualitárias.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

26

A análise da escolaridade no Território, tendo como referência os dados do período de

2006 revela média inferior a 3 anos de estudo, ou seja, sequer a conclusão do ensino

fundamental, escolaridade obrigatória estabelecida pela Constituição Federal de 1988.

Idealmente, as pessoas de 25 anos ou mais de idade deveriam ter no mínimo 11 anos de

estudo, que corresponde ao Ensino Médio completo.

Segundo dados do Atlas de Desenvolvimento Humano, o IDH-M no Território mantém-

se por volta de 0,531, a educação tem média de 0,621, pouco acima dos dados de

longevidade e renda. Contudo, dados do Atlas de Desenvolvimento Humano revelam que os

municípios deste Território apresentam um nível educacional da população adulta (25 anos ou

mais) bastante precário, sendo a taxa de analfabetismo de 53,17% e a média de anos

estudados é de 2,42%. O índice de escolarização na faixa etária de 15 a 24 anos é de 22,7%.

Nos municípios que compõem o Território, a evasão e repetência são freqüentes,

sendo mais grave nas áreas rurais onde o envolvimento das crianças nas atividades

produtivas é responsável pelo distanciamento das salas de aula.

A tabela a seguir traz percentuais que ajudam a dar uma idéia do quanto à taxa de

escolarização no Nordeste das pessoas de 5 a 24 anos de idade, especificamente em

Pernambuco, está acima da média nacional.

Tabela 04: Taxa de Escolarização das pessoas de 5 a 24 anos de idade (por grupos de idade)

País/ Região e

UF

5 a 6 anos 7 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 19 anos 20 a 24 anos

Brasil 87,8 97,9 84,1 46,0 24,2

Nordeste 91,5 97,6 82,8 50,6 22,6

Pernambuco 96,8 96,4 97,3 97,5 97,1

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2008.

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)

O IDEB é um índice para avaliação da qualidade do ensino, criado pelo Instituto

Nacional de Estudos e de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em 2007, como

parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Ele é calculado com base na taxa de

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

27

rendimento escolar (aprovação e evasão) e no desempenho dos alunos no Sistema Nacional

de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e na Prova Brasil. Ou seja, quanto maior for à nota

da instituição no teste e quanto menos repetências e desistências ela registrar, melhor será a

sua classificação, numa escala de zero a dez.

De acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Educação, o IDEB (Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica) de Pernambuco está entre os piores do País, entre a

5ª e 8ª séries: o índice ficou em 2,4. Pela meta, deve chegar a 4,9 em 2021.

Ao analisar os dados da tabela abaixo, contendo os resultados do IDEB para o

conjunto dos municípios que formam o Território, a situação da qualidade de ensino é

bastante grave e preocupante, pois a maioria dos municípios apresenta resultado neste

indicador muito abaixo do razoável. Dentre os 20 municípios, o que alcançou o melhor

resultado foi Tupanatinga, com média 2,59, e está muito distante dos índices ideais.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

28

Tabela 05 : IDEB- Rede Estadual 2ª Fase Ensino Fundamental do Territorial

Território Agreste Meridional - PE

Município IDEB- Rede Estadual

2ª Fase Ensino Fundamental

Águas Belas 1,85

Angelim 0,00

Bom Conselho 2,31

Buíque 0,00

Caetés 0,00

Capoeiras 0,00

Garanhuns 0,00

Iati 2,48

Ibimirim 0,00

Ibirajuba 0,00

Inajá 2,55

Itaíba 2,50

Manari 0,00

Paranatama 0,00

Pedra 0,00

Saloá 0,00

São Bento do Uma 2,54

Terezinha 2,40

Tupanatinga 2,59

Venturosa 2,55

Fonte: MEC/INEP, 2006

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

29

Taxa de Alfabetização

O acesso da população à escola, de forma geral, vem aumentando gradativamente nos

últimos anos, todavia, persistem alguns problemas educacionais, tais como, a elevada taxa de

analfabetismo e a baixa escolaridade, isto é, a média de anos estudado da população. Os

dados da escolarização no Território evidenciam desigualdades educacionais. Sabe-se que

sua superação é um dos caminhos para a mitigação da pobreza.

O indicador Taxa de Alfabetização mede o grau de alfabetização da população de 15

anos ou mais de idade, ou seja, que sabe ler e escrever pelo menos um bilhete simples.

Nos últimos anos é possível observar que o Território vem apresentando aumento na

taxa de alfabetização, possivelmente este dado está diretamente relacionado ao aumento da

taxa bruta de freqüência escolar. Observa-se que nos municípios onde estes índices eram

mais baixo, como por exemplo Itaíba e Manari, houve uma melhora significativa dessas taxas,

com elevação de seus resultados.

Por outro lado, comparada com a média dos demais municípios do Território,

Garanhuns apresenta a melhor situação de alfabetização, 75,75, em 2000, taxa maior que a

do Estado de Pernambuco, 75,49 e da Região Nordeste que é de 61,16.

Segundo PNUD (2000) o percentual de pessoas de 18 a 24 anos com doze ou mais

anos de estudo em Garanhuns é bastante relevante. Salienta-se que enquanto o percentual

deste município é de 4,48, o do Estado de é de apenas 1,57. Porém é importante reconhecer

que a situação de Garanhuns é uma exceção dentre os 20 (vinte) municípios que compõem o

Território, pois se trata de um município pólo, que apresenta o 22º (vigésimo segundo) melhor

IDH do Estado, 0,769.

Pelos índices apresentados, pode-se observar que a população do Território na faixa

etária dos 15 a 19 anos é a parcela aparentemente com maior número de indivíduos

alfabetizados na zona rural em alguns municípios, se comparados à zona urbana, mas na

realidade esta “aparência” deve-se ao fato de que nestes municípios, o nível de ruralização é

superior ao de urbanização, o que justifica estas exceções, numa regra em que o

analfabetismo é maior na zona rural.

Outro dado interessante de se notar, é que comparativamente à população na faixa

etária dos 15 aos 19 anos, a população alfabetizada na faixa etária dos 20 ou mais anos de

idade tem um incidência maior em quase 50 % dos 20 municípios na zona urbana do que na

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

30

zona rural, o que pode ter como explicação um acesso mais difícil à educação no passado

para a população do campo. Apenas naqueles municípios em que a população rural é

superior à urbana é que o número de pessoas alfabetizadas na mesma faixa etária é maior no

campo do que na cidade.

A ampliação da alfabetização verificada nas faixas etárias dos 15 aos 29 anos de ,

muito provavelmente é devido ao esforço empreendido pelos governos e pela sociedade civil

para a universalização do Ensino Fundamental, destacando- se Programas de Educação de

Jovens e Adultos, Programas de Apoio a Estados e Municípios para a Educação Fundamental

de Jovens e Adultos, Programa Brasil Alfabetizado, entre outras iniciativas.

Taxa de analfabetismo

A taxa de analfabetismo mede o percentual de pessoas analfabetas de um

determinado grupo etário em relação ao total de pessoas do mesmo grupo etário.

Os municípios com os maiores índices de analfabetismo estão concentradas nas áreas

do Território do Agreste Meridional. Nesses lugares, pouco mais de 35% da população com

mais de 15 anos é analfabeta.

Ao analisar a quadro abaixo, é notório que as maiores taxas de analfabetismo no

Território concentram-se na população com de 50 anos ou mais, com nítida intensidade na

faixa etária de 60 anos ou mais, fato que se verifica em todos os municípios sem exceção,

sendo quase o dobro do percentual na faixa etária dos 11 aos dezenove anos.

Embora o percentual de pessoas analfabetas no Território se encontre

generalizadamente mais concentrado na população de 50 anos acima, em alguns municípios

esta realidade é ainda presente de forma mais acentuada, como é o caso dos municípios de

Águas Belas, Buíque, Caetés, Iati, Ibirajuba, Itaíba, Manari, Paranatama, Terezinha e

Tupanatinga.

Fatores como a dificuldade de acesso à educação num passado ainda recente, pela

falta de estabelecimentos de ensino na zona rural, a questão cultural nesse meio, que não

acreditava ser necessário educação para se viver e trabalhar no campo, sobretudo em

relação à população feminina, dentre outros, contribuem para agravar as taxas de

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

31

analfabetismo nas faixas etárias de idade mais avançada no Território em relação às demais

categorias.

Nas faixas etárias de 15 aos 49 anos de idade percebe um percentual um pouco

melhor em relação ao analfabetismo, todavia, são índices ainda bastante indesejáveis, que

certamente repercutem de forma bastante negativa no processo de desenvolvimento da

região, pois ao mesmo tempo em que incide na baixa renda, é também resultado da

concentração da renda, como já demonstrado anteriormente, perpetuando o ciclo de pobreza

e exclusão social. Ver tabela a seguir.

Nesta categoria, o município com os melhores índices é Garanhuns, seguido de

Angelim, Capoeiras, São Bento do Una e Venturosa.

Não foi encontrado registros sobre o índice de analfabetismo na faixa etária de 04 e 05

anos no Território, no entanto, registra-se um reduzido número de estabelecimentos que

ofertam Ensino Pré-Escolar, principalmente na zona rural, o que conseqüentemente irá refletir

de forma negativa na inserção desta categoria no Ensino Fundamental.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

32

Tabela 06 : Taxa de analfabetismo por faixa etária nos municípios do Território

Municípios

2000

11 a 14

anos

15 a 19

anos

15 anos ou

mais

20 a 24

anos

25 a 29

anos

30 a 39

anos

40 a 49

anos

50 a 59 anos

60 anos e mais

Águas Belas 36,80 31,50 51,60 37,90 41,90 50,70 58,50 67,10 75,60

Angelim 19,80 13,30 39,00 18,30 27,70 33,50 47,00 59,30 68,70

Bom Conselho 27,70 21,60 42,30 29,50 33,90 39,40 46,80 60,20 67,60

Buíque 35,00 30,60 52,00 41,20 49,20 52,90 56,10 67,70 75,80

Caetés 26,70 22,60 50,30 35,00 40,60 49,80 54,80 70,50 83,10

Capoeiras 22,90 19,90 43,90 27,70 35,10 43,70 48,60 61,80 74,90

Garanhuns 12,80 10,00 24,30 12,50 15,10 20,50 27,10 38,80 53,20

Iati 32,00 27,00 50,50 35,10 42,70 52,10 58,80 71,20 76,90

Ibimirim 24,80 21,90 42,30 31,20 35,10 39,70 47,30 59,00 71,30

Ibirajuba 19,60 17,10 45,10 24,70 31,60 40,60 49,60 63,50 74,60

Inajá 32,40 24,30 45,10 36,80 41,80 43,90 51,90 61,90 69,30

Itaíba 32,70 28,20 50,70 39,00 41,00 49,10 58,10 69,40 77,70

Manari 39,20 32,80 57,00 50,10 57,40 56,40 64,70 72,20 80,00

Paranatama 18,70 18,10 44,70 26,60 34,90 43,20 46,30 63,00 76,10

Pedra 25,90 22,90 42,30 30,00 34,00 41,50 46,10 57,40 68,60

Saloá 27,00 20,40 45,30 23,50 32,30 42,50 47,80 63,80 76,40

São Bento do Una 21,90 16,70 39,60 27,70 30,50 36,80 44,60 56,20 68,80

Terezinha 22,10 19,50 45,80 27,60 31,10 46,50 54,10 63,00 74,80

Tupanatinga 33,40 30,40 52,20 40,60 46,00 52,00 55,40 68,80 79,30

Venturosa 17,60 15,80 35,40 21,40 29,60 31,60 40,00 53,80 62,70

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

33

Número de Matrículas

Em relação ao número de matrículas efetuadas em 2009, registram-se 165.059

(cento e sessenta e cinco mil e cinqüenta e nove) pessoas matriculadas, sendo 54.446

(cinqüenta e quatro mil quatrocentos e quarenta e seis) na rede estadual, 97.842 (noventa e

sete mil oitocentos e quarenta e dois ) na rede municipal e 12.771 (doze mil setecentos e

setenta e um) na rede particular., conforme tabela abaixo

Tabela 7 – Número de matrículas por Nível de Ensino e Dependência Administrativa

Município TOTAL Pré - escolar Ensino Fundamental Ensino Médio

E M P E M P E M P

Águas Belas 12.677 164 896 330 1.701 7.688 522 1376 - -

Angelim 2.778 - 447 - 538 1.416 - 377 - -

Bom Conselho 12.811 - 1.090 247 1.842 6.918 661 1.960 - 93

Buíque 14.899 121 1.046 172 2.353 9.002 398 1.793 - 14

Caetés 7.629 - 1.201 46 93 5.060 89 1.140 - -

Capoeiras 5.810 - 559 37 438 3.785 50 941 - -

Garanhuns 35.439 349 1.545 2.025 8.570 10.837 5.232 5.841 - 1.040

Iati 6.072 - 820 45 237 4.121 71 778 - -

Ibimirim 8.221 71 426 116 2.480 3.445 207 1.476 - -

Ibirajuba 2.079 - 238 - 153 1.260 - 428 - -

Inajá 4.893 48 901 12 1.015 2.229 81 607 - -

Itaíba 8.035 - 1.119 67 519 5.156 93 1.081 - -

Manari 5.153 - 679 - 315 3.577 - 582 - -

Paranatama 3.420 - 512 - 90 2.411 - 407 - -

Pedra 4.016 - 732 107 1.;699 2.135 120 922 - -

Saloá 4.447 - 601 19 - 2.956 70 801 - -

São Bento do Una

13.353 - 1.077 107 7.924 1.952 348 1.945 - -

Terezinha 2.093 - 301 - 229 1.364 - 199 - -

Tupanatinga 6.999 18 887 - 407 4.733 - 954 - -

Venturosa 4.235 - 769 147 493 1.951 205 670 - -

Total 165.059 771 15.846 3.477 29.397 81.996 8147 24.278 1.147

Legenda: E = Estadual M = Municipal P = Particular Fonte: IBGE – Informações Estatísticas 2009

Ainda de acordo com os dados do quadro acima, liderando o ranking como o

município do Território com melhor acesso à educação, permanece o município de

Garanhuns, embora deva salientar de que estes dados podem estar mascarados em função

de que Garanhuns, por ser cidade pólo na região, recebe uma grande quantidade de alunos

dos municípios vizinhas.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

34

Estabelecimentos de Ensino:

Segundo dados do IBGE, em 2009 no Território do Agreste Meridional de Pernambuco

existem 1.909 estabelecimentos de ensino, sendo, 132 (cento e trinta e dois) estaduais, 1.633

(mil seiscentos e trinta e três) municipais e 144 (cento e quarenta e quatro) particulares,

conforme tabela a seguir:

Tabela 09– Número de Estabelecimentos por Dependência Administrativa (2009)

Município Total de

estabelecim

entos

Pré -escolar Ensino Fundamental Ensino Médio

E M P E M P E M P

Águas Belas 77 2 18 3 4 45 3 2 - -

Angelim 42 - 20 - 1 20 - 1 - -

Bom Conselho 96 - 33 4 3 49 4 2 - 1

Buíque 202 6 86 3 9 91 3 3 - 1

Caetés 92 - 44 1 1 44 1 1 - -

Capoeiras 93 - 43 1 2 45 1 1 - -

Garanhuns 217 1 30 43 20 62 40 16 - 5

Iati 72 - 33 1 1 35 1 1 - -

Ibimirim 83 4 30 2 9 32 2 4 - -

Ibirajuba 36 - 17 - 1 17 - 1 - -

Inajá 76 2 33 1 4 34 1 1 - -

Itaíba 136 - 65 1 2 65 1 2 - -

Manari 112 - 50 - 1 60 - 1 - -

Paranatama 78 - 36 - 1 40 - 1 - -

Pedra 85 - 38 3 3 37 3 1 - -

Saloá 91 - 42 1 - 46 1 1 - -

S. Bento do Una 130 - 55 4 4 60 4 3 - -

Terezinha 44 - 17 - 1 25 - 1 - -

Tupanatinga 101 1 41 - 2 56 - 1 - -

Venturosa 46 - 21 2 2 18 2 1 - -

Total 1909 16 752 70 71 881 67 45 0 7

Fonte: IBGE – Informações Estatísticas 2009

Ensino no meio rural

O número de estabelecimentos a e quantidade de matrículas aumentaram

significativamente nos últimos anos, no território.

Mas, as condições de ensino, principalmente das escolas do meio rural, ainda carecem

de melhorias.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

35

Do ponto de vista da infra-estrutura dos estabelecimentos de ensino do meio rural,

constata-se que a grande maioria dos prédios não oferece condições dignas de permanência:

Algumas escolas não possuem janelas (em pleno semi-árido), não considerando as condições

climáticas, a maioria de uma sala só. Faltam banheiros/sanitários em diversas escolas rurais.

Algumas não têm energia elétrica. A grande maioria não possui água encanada, sequer

possuem reservatórios de água, ou possuem reservatórios de água abertos, servindo de

depósito de lixo para a comunidade ou representando perigo para as crianças.

Ainda outro grave problema, que termina por ter implicações na qualidade da educação

ofertada diz respeito à distribuição geográfica das escolas, porque os critérios que definiram

sua construção foram político-eleitoreiros e não sócio-educacionais, acentuando assim as

desigualdades regionais na oferta nos diferentes níveis de ensino.

A insuficiência de escolas na zona rural que atenda a demanda de 5ª à 8ª série e

Ensino Médio, é “contornada” com o uso de transporte escolar, para deslocar os (as) alunos

(as) para as escolas da zona urbana. Tais transportes normalmente são de qualidade e

segurança duvidosa, e os estudantes são expostos a riscos até de vida, como já se registrou

em acidentes fatais na região.

Comprometem ainda a qualidade da educação a falta de equipamentos, a precária formação

dos (as) professores (as), as deficiências e ausências de material didático, prática esportiva,

cursos profissionalizantes, bibliotecas, e poucas escolas com laboratórios de informática.

Concorre também para o fraco desempenho do sistema educacional a qualidade do

ensino ofertado, pois os currículos e metodologias adotadas nas escolas da zona rural, não

refletem uma educação contextualizada, que contemple a realidade do campo e nem os (as)

educadores (as) são formados (as) ou capacitados (as) para atuarem em uma escola que

respeite as diferenças e diversidades do campo.

Por isso, educação ofertada nas escolas rurais também termina por ser determinante

na “expulsão” de jovens rurais do campo para a cidade, na medida em que seus conteúdos

transmitem valores que cultivam o preconceito com relação à agricultura e aos (as)

trabalhadores (as), retirando-lhes a auto-estima e desvalorizando sua identidade camponesa

e de classe social.

A exceção é feita para uma experiência iniciada em 2005 em alguns municípios do

Território (Itaíba, Águas Belas, Saloá, Paranatama, Manari, Caetés e Capoeiras), através de

convênio entre as Prefeituras destes municípios e a Organização Não Governamental Serviço

de Tecnologia Alternativa (SERTA), para a implementação em algumas escolas da zona rural

de uma educação contextualizada.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

36

Outra experiência muito interessante foi a do Projeto Todas as Letras, convênio entre a

Petrobrás e Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizada no Território em parceria com

a FETAPE e STR’s, em quatro municípios (Buíque, Itaíba, Águas Belas e São Bento do Una).

Trata-se de um projeto de Educação de Jovens e Adultos, na ótica do letramento. É um

Projeto piloto, cuja intenção é construir uma proposta de Educação de Jovens e Adultos para

se tornar referência e ser adotada como política pública.

Escolas Técnicas e Ensino Superior

Na região, existem duas Escolas Agrotécnicas Federais, embora na divisão territorial

nenhuma tenha ficado espacialmente localizada na área geográfica do Território. Já as

Escolas Indígenas são de responsabilidade do Governo Estadual, onde já é adotado currículo

e metodologia de uma educação diferenciada. Uma experiência recente de educação

diferenciada está acontecendo na comunidade de remanescente de quilombos do Angico, no

município de Bom Conselho

O Ensino Superior no Território é representado pela Autarquia de Ensino Superior de

Garanhuns – AESGA, responsável pelas Faculdades de Ciências e da Administração (FAGA),

Faculdade de Direito de Garanhuns (FDG), Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e

Humanas de Garanhuns(FAHUG), e mais recentemente a Faculdade de Ciências Exatas de

Garanhuns (FACEG). Além dessas, existe também a Faculdade de Formação de Professores

(as) – (FAFIGA) e a Unidade Acadêmica de Garanhuns da Universidade Federal Rural, todas

localizadas no município de Garanhuns.

Distorção Idade/Série

O sistema educacional brasileiro considera como ideal a idade de 7 anos para o

ingresso no Ensino Fundamental, cuja duração é de 8 anos e sua conclusão com idade de 15

anos. Portanto, existe uma idade adequada para ingressar e concluir cada nível de ensino.

Constitui-se distorção idade/série o ingresso em qualquer dos níveis de ensino com idade

superior à recomendada nacionalmente. A partir do gráfico a seguir, com dados do IBGE

2009, é possível verificar o percentual de distorção da idade série no Território.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

37

Gráfico 01 - Distorção Idade Série, no território do Agreste Meridional,2009

44,9 52,425,7 38,5

33,5 46,630,4 44,931,3 53,7

27,0 43,925,7 41,1

35,5 57,031,4 45,5

24,229,934,1 47,633,7 45,9

25,9 46,137,5 52,7

31,9 42,543,0 52,7

20,0 34,427,0 40,7

37,9 50,736,3

37,031,8 45,2

0 20 40 60

Águas Belas

Angelim

Bom Conselho

Buíque

Caetés

Capoeiras

Garanhuns

Iati

Ibimirim

Ibirajuba

Inajá

Itaíba

Manari

Paranatama

Pedra

Saloá

São Bento do Uma

Terezinha

Tupanatinga

Venturosa

Média do Território

Ensino Médio

Ensinofundamental

Fonte: IBGE 2009

Nesta categoria, os municípios com as melhores taxas no ensino fundamental são:

Ibirajuba (29,9%) São Bento do Una (34,04%), e Venturosa (37%).

Os Programas de Aceleração, enquanto estratégia para o enfrentamento desta

problemática, entre outras iniciativas contribuíram para a melhoria desses índices,

considerando o período de 2006 a 2009. Ver dados de 2006 a seguir:

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

38

Tabela 09: Taxa de distorção idade/série - 2006

Municípios Ensino Fundamental

Ensino Médio

Águas Belas 54,64

68,43

Angelim 48,22 72,22

Bom Conselho 47,71 74,88

Buíque 47,74 69,30

Caetés 55,83 76,49

Capoeiras 50,73 71,59

Garanhuns 43,13 59,44

Iati 51,40 75,75

Ibimirim 50,85 58,35

Ibirajuba 38,68 65,02

Inajá 49,81 74,22

Itaíba 45,86 68,65

Manari 58,32 84,72

Paranatama 57,51 75,29

Pedra 51,45 69,78

Saloá 56,34 74,79

São Bento do Una 38,04 62,59

Terezinha 47,17 72,38

Tupanatinga 56,54 78,33

Venturosa 42,54 66,25

Fonte: Secretaria de Educação e Cultura, 2006

Apesar da evolução observada, diminuir estes índices ainda deve ser uma meta, pois o

acesso à faixa etária correta é condição básica para o desenvolvimento social e econômico e

revela por outro lado o grau de cidadania de um povo.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

39

1.2.3 As condições de Saúde

O direito à saúde, que está entre os direitos sociais definidos no artigo 6º da

Constituição (1988), é um direito de todas as pessoas e um dever do Estado. As ações e

serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que deve oferecer atendimento

integral. O acesso a essas ações e serviços é universal, gratuito e igualitário.

A saúde, enquanto direito de cidadania é afirmado na Declaração Universal dos

Direitos Humanos de 1948 e assegurado na Constituição Federal de 1988. Em 1990, foi

criado no Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS) e definidos as condições para a promoção,

proteção e recuperação da saúde, assim como para a organização e o funcionamento dos

seus serviços. Portanto, a lei estabelece a saúde como um direito fundamental do ser

humano, e torna o Estado, nos seus três níveis de governo, responsável pelas condições

indispensáveis ao seu pleno exercício.

De acordo com a Emenda Constitucional nº 29, de 2000, o mínimo que os Estados têm

que aplicar em saúde corresponde a 12% da arrecadação de impostos, e os municípios, a

15%. Embora existam diversas garantias constitucionais e vasta legislação para garantia do

direito Fundamental das pessoas à saúde, a situação enfrentada pelas pessoas no tocante a

esse Direito ainda esbarra em muitos obstáculos e dificuldades, decorrentes de problemas de

ordem crônica na área da saúde no Brasil, como por exemplo, a precariedade dos serviços

oferecidos à população.

Ainda que o SUS adote como diretrizes a descentralização do atendimento integral e a

participação da comunidade, que ocorre por meio dos Conselhos de Saúde, para a

elaboração das políticas de saúde para a população e para o controle na execução das ações

nessa área, sabemos que na prática existem muitas lacunas a serem preenchidas e que o

exercício pleno da cidadania ainda exige no país uma longa caminhada para se efetivar de

fato.

Um dos objetivos do desenvolvimento sustentável é proporcionar às pessoas uma vida

longa, saudável e satisfatória e isso está estreitamente relacionado às condições de vida e

saúde das pessoas, o que implica, no caso do Brasil, superar as desigualdades econômicas e

sociais, que dificultam e às vezes até impede o acesso democrático aos meios que

asseguram a qualidade de vida, como o direto democrático à alimentação, saneamento

básico, cuidados com a saúde e acesso a atendimento de qualidade nos serviços básicos de

saúde.

Em que pese que ao longo dos últimos anos algumas políticas na área de saúde

pública vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de amenizar os problemas que afligem a

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

40

população mais carente, ainda há muito que se fazer para alterar o quadro caótico na área da

saúde pública.

Uma das alternativas implementadas nos últimos anos no sentido de ofertar às

camadas mais humildes da população um melhor acesso aos serviços de saúde tem sido o

Programa de Saúde da Família (PFS). Estudo produzido pelo Ministério da Saúde e publicado

em 2006 (Macinko et al) mostrou que o Programa de Saúde da Família teve impacto

significativo na queda da mortalidade infantil no Brasil, no período de 1991 a 2002. Para cada

aumento de 10% da cobertura do PSF a mortalidade infantil caiu 4,5%. A cobertura média do

PSF, nos municípios, em 2004, foi de 62,3%, em 2002 foi de 54,8%.

Mortalidade Infantil

A mortalidade infantil possui uma estreita relação com as condições socioeconômicas e

de saúde da população. Por isso, o coeficiente de mortalidade infantil é considerado um

indicador clássico de saúde, pois além de mensurar o risco de morte para crianças com

menos de um ano de vida, informa sobre o desenvolvimento social de uma comunidade.

A taxa de mortalidade infantil é um indicador dos mais importantes das condições

socioeconômicas e ambientais da população e está estreitamente ligada ao rendimento

familiar, ao nível de escolaridade e fatores ambientais, como disponibilidade de saneamento

básico, entre outros. O IBGE (2008) traz em seu relatório do Índice de Desenvolvimento

Sustentável, a afirmação de que cada ano a mais na escolaridade média das mulheres reduz

em 15% a taxa de mortalidade infantil, daí pode-se concluir que a educação tanto é

instrumento de prevenção de doenças quanto ainda contribuindo para evitá-las, reduz gastos

com doenças.

A taxa de mortalidade infantil indica o risco de morte através da freqüência de óbitos de

menores de um ano de idade na população de nascidos vivos.

A redução da mortalidade é também um dos importantes objetivos do desenvolvimento

sustentável.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

41

Tabela 10-Taxa de Mortalidade Infantil de Menores de 5 anos de idade, a cada mil nascidos

vivos, no Território do Agreste Meridional , 2009.

Município Taxa de Mortalidade Infantil (Por mil nascidos vivos)

Águas Belas 29,9

Angelim 22,5

Bom Conselho 24,0

Buíque 31,6

Caetés 28,0

Capoeiras 23,3

Garanhuns 19,7

Iati 28,0

Ibimirim 46,7

Ibirajuba 28,9

Inajá 25,9

Itaíba 22,8

Manari 30,3

Paranatama 12,5

Pedra 18,5

Saloá 26,6

São Bento do Una 16,3

Terezinha 46,5

Tupanatinga 36,4

Venturosa 20,6

Média do Território 26,9

Fonte: IBGE 2009

Os municípios que apresentaram as taxas mais altas, em 2009, foram: Ibimirim (46,7),

Teresinha (46,5) e Tupanatinga (36,4).

Os municípios que apresentaram as taxas mais baixas,em 2009, foram: Paranatama

(12,5), São Bento do Una (16,3) e Venturosa (20,6).

Segundo dados do DATASUS (2005), as taxas de óbitos infantis no total de óbitos no

Território eram elevadas, com taxa de mortalidade infantil de 39,0% em 1000 nascidos vivos,

considerada, na época, a segunda pior das regiões pernambucanas. A partir das informações

municipais do IBGE, em 2009, a taxa média de mortalidade infantil no território é de 26,9.

Nota-se que houve uma redução, no período considerado.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

42

Essa redução muito provavelmente se deve a fatores relacionados às políticas de

saúde, como campanhas de aleitamento materno, imunizações, incrementada por ações que

possibilitam maior atenção e cuidado com pré-natal e parto, como a Estratégia de Saúde da

Família, (ESFS), entre outros.

O investimento na Estratégia de Saúde, a exemplo dos ESFs e do Programa de

Agentes Comunitários de Saúde (PACs), mesmo com suas limitações e deficiências em

diversos municípios, podem ser os responsáveis diretos pela melhoria nos índices de

mortalidade infantil, vez que proporcionam a redução de óbitos ocasionados por doenças

originadas no período pré-natal e possíveis internações.

Outro fator que atua para reduzir os índices de mortalidade infantil, ainda não aferidos,

mas empiricamente de conhecimento de todos, são os programas sociais do Governo Federal

de transferência de renda, como Bolsa Família, por exemplo, que terminam por contribuir na

melhoria das condições de vida.

Número de médicos e de leitos do SUS

A oferta de serviços básicos de saúde expressa a disponibilidade de recursos humanos

(e empregos médicos) e equipamentos físicos (estabelecimentos de saúde e leitos

hospitalares) na área da saúde para a população residente.

A qualidade de vida da população é um dos pré-requisitos para o desenvolvimento

sustentável, portanto, há que se garantir o acesso universal aos serviços de saúde. Os

parâmetros no Brasil para cobertura assistencial, de acordo com a Portaria nº 1101/GM de

2002 do Ministério da Saúde determinam que a necessidade mínima de leitos para cada

1.000 habitantes é de 2,5 leitos e 1 médico para cada grupo de 1.000 habitantes.

Observe a realidade do território, no quadro a seguir:

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

43

Tabela 11: Número de Médicos e Leitos do SUS, por 1000 habitantes –

Território do Agreste Meridional - 2009

Municípios Médicos por

1000 habitantes Leitos por

1000 habitantes

Águas Belas 0,33 1,29

Angelim 1,06 0,77

Bom Conselho 0,71 0,99

Buíque 0,15 1,20

Caetés 0,61 1,06

Capoeiras 0,60 1,40

Garanhuns 0,88 2,96

Iati 0,33 0,82

Ibimirim 0,21 1,38

Ibirajuba 0,13 0,89

Inajá 0,14 0,88

Itaíba 0,11 0,65

Manari 0,17 0,88

Paranatama 0,32 0,64

Pedra 0,14 1,11

Saloá 0,06 0,84

São Bento do Una 0,14 0,93

Terezinha 0,30 2,07

Tupanatinga 0,05 1,10

Venturosa 0,12 1,44

Fonte: IBGE 2009

O município de Garanhuns, com 2,96 leitos por mil habitantes, ultrapassou a

quantidade mínima de leitos para cada 1.000 habitantes, estabelecida pela referida Portaria

do Ministério da Saúde. Porém, isto não significa que as necessidades da população do

município estejam sendo bem atendidas, pois o município é um pólo que recebe pessoas dos

municípios de quase todo o território. Além de Garanhuns, os municípios de Terezinha (2,07)

e Venturosa (1,44) são os que apresentam as melhores quantidades de leitos por cada mil

habitantes. Na maioria dos municípios do território, a quantidade de leitos é muito reduzida,

tornado precário o atendimento de saúde à população.

De acordo também com os dados do IBGE, de 2009, Angelim (1,06), Garanhuns (0,88)

e Bom Conselho (0,71) são os municípios que apresentam as maiores quantidades de

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

44

médicos dos SUS por mil habitantes. Porém, o número de médicos ainda é muito reduzido na

maioria dos municípios do território.

O reduzido número de profissionais de saúde também é outro fator que contribui com a

precariedade do atendimento, tornando mais prejudicada ainda a zona rural, que carece de

atendimento médico e também da presença de agentes de saúde. Além destes, outro grave

problema que afeta a população do Território é a insuficiência de ambulâncias para o

atendimento dos cidadãos mais carentes.

Esta situação deficitária concorre para a desqualificação dos serviços de saúde tanto

em nível local quanto territorial, levando a população a demandar dos gestores públicos

municipais transporte para municípios fora de sua origem.

Verifica-se que em geral a oferta de infra-estrutura de serviços de saúde no Território

do Agreste Meridional, como se pode ver no quadro anterior, está abaixo dos parâmetros

recomendados pelo Ministério da Saúde, o que implica reconhecer que o potencial de acesso

aos mesmos por parte da população à qual se destina é extremante precário, comprometendo

e ferindo direitos constitucionais, que estabelece a saúde como direito da população e dever

do Estado.

Estabelecimentos de Saúde

O Território do Agreste Meridional, que é habitado por 587.086 pessoas, dispõe de 265

estabelecimentos de saúde, sendo 222 públicos e 43 privados.

Gráfico 2 – Percentual de estabelecimentos de saúde

Percentual de estabelecimentos de saúde do

territorio Agreste Meridional

83,77%

16,23%

Público

Privados

Fonte de informações: IBGE 2009

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

45

Gráfico 03- Estabelecimentos de Saúde no território do Agreste Meridional, 2009

10

1

7

0

15

0

13

2

11

0

12

0

42

33

8

0

14

0

6

0

6

0

6

1

4

0

6

0

16

1

9

0

13

2

5

0

9

1

10

2

0%

50%

100%

Águas B

elas

Angelim

Bom C

onselh

o

Buíque

Caeté

s

Capoeira

s

Garanhuns

Iati

Ibim

irim

Ibira

juba

Inajá

Itaíb

a

Manar

i

Paran

atam

a

PedraSa

loá

São B

ento

do U

ma

Tere

zinha

Tupanat

inga

Ventu

rosa

Estabelecimentos de saude

Públicos

Privados

Fonte de informações: IBGE 2009

De acordo com as informações acima, pode-se distinguir que dentre os municípios da

região, o município que dispõe de maior quantidade de estabelecimentos de saúde é

Garanhuns, totalizando 75 estabelecimentos, entre públicos e privados. Nota-se que um

conjunto de quatro municípios, sendo eles: Pedra, São Bento do Una, Buíque e Bom

Conselho, possuem uma quantidade de estabelecimentos de saúde um pouco maior que a

média dos municípios, que, entretanto está longe se ser suficiente para a demanda existente.

Considerando o número bastante reduzido na oferta de serviços de saúde nos

municípios no entorno de Garanhuns, tal situação concorre para comprometer a já precária

qualidade dos serviços, ocasionando uma superlotação dos poucos leitos hospitalares

disponíveis e de longas filas de espera nos corredores dos hospitais para realização de

consultas, exames e até cirurgias, sobretudo nos estabelecimentos de saúde conveniados

com o SUS.

As carências na área da saúde ficam ainda mais evidenciadas quando de trata da

necessidade de assistência médica de média e alta complexidade. Dados do DATASUS

(2008) informam que havia apenas 8 clinicas especializadas no Território, estando distribuída

nos municípios de Garanhuns, com 3 unidades, e Buíque, Capoeiras, Ibimirim e Pedra,

respectivamente com uma unidade cada.

Diante da ausência de equipamentos capazes de realizar avaliações diagnósticas nos

municípios, a alternativa é buscar esta assistência, sobretudo nos grandes centros urbanos,

principalmente na capital do Estado, que termina recebendo um grande número de pacientes

do interior e aumentando o grande fluxo de atendimentos.

Conclui-se, portanto, que a oferta de serviços de saúde no Território é bastante

incipiente e incompatível com as demandas da população, e que a relação número de

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

46

leitos/número de habitantes e número de profissionais médicos/número de habitantes, entre

outros, demonstram a necessidade urgente de ampliar e melhorar os serviços de saúde.

1.2.4 A Cultura no Território

Assim como na economia e nos recursos naturais, há uma grande variedade de

formas de cultura e de lazer no Território do Agreste Meridional. Pode-se destacar: festas

populares, artesanato, turismo, vaquejadas, festas juninas, festas religiosas (padroeiras), que

estão fortemente presentes nos vinte municípios que compõem o Território e revelam bem a

identidade cultural da região.

Levantamento de dados primários feitos durante no processo de revisão e qualificação

do PTDRS tornou possível identificar que dos vinte municípios que formam o Território, em

treze são realizadas festas juninas; em doze são realizadas vaquejadas e as cavalgadas são

promovidas em sete municípios, conforme mostra o gráfico abaixo:

Gráfico 04: Principais festas populares no território.

12

Vaquejada

Festas juninas

Cavalgadas

0

5

10

15

Vaquejada

Festas juninas

Cavalgadas

Fonte: Coleta junto aos atores territoriais, 2010

1.3 Dimensão Econômica

O Território do Agreste Meridional apresenta como principais cadeias produtivas da

região a bovinocultura de leite e de corte (ver figura abaixo), pois, tradicionalmente suas

raízes econômicas derivam do campo, e por isso, apesar de crises ocorridas no setor, a

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

47

pecuária leiteira e de corte é muito importante na economia do Território do Agreste

Meridional. O setor de serviços tem uma grande expressão na formação do PIB (Produto

Interno Bruto) da região, com a contribuição de 68,99%. A Agropecuária contribui com

22,81%, e a Indústria contribui com 8,45%. O Turismo vem se expandindo também. Ver

gráficos a seguir:

Gráfico 5 - Composição do PIB do território do Agreste Meridional, 2008

Fonte: CONDEPE / FIDEM, ano de 2008

Mapa das Cadeias produtivas do Agreste Meridional Fonte: Governo do Estado – Agência CONDEPE/FIDEM

Ao lado destas atividades, permanecem sendo desenvolvidas ainda as culturas de

subsistência como feijão, milho e mandioca, nas áreas de brejo, culturas permanentes como

café e fruticultura (caju, banana, manga, pinha, entre outras). A participação do comércio é

bastante expressiva no município de Garanhuns, destacando-se ainda atividades nas áreas

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

48

de turismo e lazer e com a indústria de transformação (de milho e de leite) tendo o maior

peso, Bom Conselho, com a agropecuária bovina e leite, feijão e banana e Buíque com a

agropecuária (bovinos e leite).

Fruticultura (Caju)

1.3.1 Pobreza e Renda

Alcançar o desenvolvimento sustentável, erradicar a pobreza e reduzir as

desigualdades é um objetivo essencial. Os indicadores Renda Per Capta e Índice de Gini são

parâmetros para a análise da desigualdade e do desenvolvimento.

A Renda Per Capta representa a razão entre o somatório da renda per capita de todos

os indivíduos e o número total desses indivíduos. A renda per capita de cada indivíduo é

definida como a razão entre a soma da renda de todos os membros da família e o número

de membros da mesma.

O Índice de Gini mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos

segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a

renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima

(apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros

indivíduos é nula).

Os dados oficiais existentes sobre a Renda Per Capita são ainda do ano de 2000. De

acordo com esses dados, a média da renda per capita do território é de que R$ 77,02. É uma

renda muito baixa, sinalizando uma situação grave de pobreza e exclusão social. Nos últimos

anos a renda da população certamente melhorou, com a política de transferência de renda,

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

49

especialmente o Programa Bolsa Família, amenizando assim essa situação de baixa

qualidade de vida. Ver tabela a seguir:

Tabela 12- Renda Per Capita (2000) e Índice de Gini (2003) no

território do Agreste Meridional

MUNICÍPIOS Renda Per Capita (R$) - 2000

Índice de Gini - 2003

Águas Belas 65,40 0,41

Angelim 84,65 0,37

Bom Conselho 80,55 0,40

Buíque 59,95 0,41

Caetés 55,78 0,38

Capoeiras 73,20 0,38

Garanhuns 167,83 0,43

Iati 54,14 0,38

Ibimirim 68,39 0,39

Ibirajuba 68,96 0,39

Inajá 68,04 0,40

Itaíba 72,50 0,39

Manari 30,43 0,39

Paranatama 67,08 0,38

Pedra 87,14 0,41

Saloá 75,75 0,38

São Bento do Una 155,61 0,41

Terezinha 52,94 0,39

Tupanatinga 51,94 0,39

Venturosa 100,10 0,41

Média do Território 77,02 0,39

Fontes: CONDEPE / FIDEM; IBGE

Em se tratando das rendas geradas no Território, tem aquelas oriundas do trabalho e

as que são de transferências governamentais. O Território é contemplado com transferências

oriundas de Programas como Bolsa Família, que totalizou até o mês de maio de 2010, 76.543

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

50

famílias atendidas, segundo dados disponíveis no site do Ministério de Desenvolvimento

Social e Combate à Fome e repasse da ordem de R$7.999.582,00.

Os programas de assistência social também cumprem importante função de distribuir

renda às famílias residentes no Território. São R$ 8.244.596,13 mensais provenientes de

repasses referentes a benefícios assistenciais como Benefício de Prestação Continuada

(BPC), Serviço de Proteção Social Básica à Família (PAIF), ProJovem Adolescente, Ações

Sócio-educativas e de Convivência para Crianças e Adolescentes em Situação de Trabalho,

entre outros.

O Território, nos últimos anos tem sido impactado muito positivamente com ações de

Segurança Alimentar, através de programas do Ministério de Desenvolvimento Social e

Combate à Fome, que deixou como saldo positivo a construção de 4.654 cisternas de placas,

que contribuíram para repassar aos municípios um valor de R$ 6.302.003,76. Ainda o mesmo

Ministério destina ao Território, mensalmente, repasses no valor de R$ 13.542.786,2,

referentes ao Programa PAA (Programa de Aquisição de Produtos da Agricultura Família),

incluído aí a compra de leite.

Ações como a construção de cisternas, ao mesmo tempo em que asseguram melhor

acesso à água de qualidade, garantem melhorias na saúde e na qualidade de vida como um

todo, beneficiando diretamente os agricultores familiares e mais especificamente as mulheres,

que são responsáveis pelas questões que envolvem o uso da água na família. Portanto, o

acesso às políticas públicas por parte da população é fundamental para a melhoria das

condições de vida e de cidadania. O mesmo se aplica em relação aos programas de compra e

aquisição da produção da agricultura familiar, que colabora enormemente para a melhoria da

renda das famílias do Território e ao mesmo tempo dinamiza as economias locais,

provocando benefícios em diversos setores, como comércio e serviços.

Considerando toda a situação de miserabilidade de inúmeros municípios, estas rendas

de transferências governamentais representam um impacto de extrema importância para

impulsionar processos de inclusão social e econômica.

1.3.2 Empregos Gerados no Território

A população economicamente ativa era de 251.224 habitantes, segundo dados de

2003 do Ministério do Trabalho e Emprego, dos quais 227.316 estavam ocupados nos

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

51

seguintes setores produtivos: agropecuário 61,0%, comércio e serviços 10,6% e indústria d

transformação 4,2%, administração pública 5,3%. Os demais 18,9% estão distribuídos em

outros setores produtivos como construção civil, alimentação e transporte entre outros.

De acordo com os dados do CONDEPE / FIDEM, ano de 2009, o maior percentual de

empregos formais gerados no Território foi na Administração Pública, seguido do Setor do

Comércio e Serviços. A atividade Agropecuária contribuiu apenas com 4,9% dos empregos no

Território. O destaque vai para Garanhuns, por ser o município que mais agrega atividades na

área comercial e de serviços no Território, demonstrando claramente seu perfil mais urbano,

em relação aos demais municípios. O turismo também colabora para dinamizar o comércio

em Garanhuns. Ver gráfico a seguir:

Gráfico 06 - Empregos formais, por atividade econômica, no território do Agreste Meridional

Empregos Formais

4,9%7,0%

22%

13%

51%

2,2%0,3%

Agropecuária

Indústria de Transformação

ConstruçãoCivil

Indústria de Util idade Pública

Comércio

Serviços

Adminis-tração

Fonte: CONDEPE / FIDEM 2009

1.3.3 Estrutura fundiária.

A concentração de terras é a expressão maior das desigualdades sociais, sendo

inclusive a principal responsável pelos índices de pobreza e exclusão social de grande parte

da população rural. Sendo a terra e a força de trabalho, os meios de produção mais

importantes, a renda familiar rural está diretamente associada à sua disponibilidade. Famílias

que dispõem de áreas suficientes para sua própria produção, além de manter melhor

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

52

qualidade de vida, podem dispensar o assalariamento ou outras formas de geração e/ou

complementação de renda.

Para a análise da questão agrária, O Censo Agropecuário de 2006 é a fonte de

referência, pois não existem informações oficiais mais atualizadas.

Os dados que serão apresentados visam ajudar a compreender essas transformações,

isto é, levar a perceber as inter-relações, os cenários, os atores, as dinâmicas de produção, o

uso da terra, as questões ambientais.

O Censo agropecuário (2006) apresenta novos elementos, que em outros censos não

eram coletados, incluindo: caracterização do produtor (sexo, migração, etc.), formas de

ocupação da área, pluriatividade do produtor e da família, utilização de agrotóxicos,

disponibilidade dentro do estabelecimento, assentado (a) sem titulação definitiva, etc.

No Território, em geral os estabelecimentos são constituídos por minifúndios, onde os

produtores são classificados nas categorias de arrendatários, parceiros, meeiros, posseiros,

acampados, assentados, onde se desenvolve a agricultura familiar de subsistência e alguns

poucos excedentes, os quais são comercializados nas feiras livres locais e eventualmente nos

municípios circunvizinhos.

O Território do Agreste Meridional é fortemente marcado pelo minifúndio, embora

haja um significativo índice de concentração de terra, sendo a questão agrária, um dos

principais problemas encontrados. O aspecto fundiário é um componente forte e a principal

demanda está centrada na questão da falta de terra e/ou terras inadequadas para a atividade

agrícola.

No entanto, constata-se também a presença de assalariados rurais em alguns

municípios, notadamente São Bento do Una, o qual concentra parte considerável destes

assalariados, os quais trabalham em granjas do sistema de integração. Outro que concentra

um número grande de assalariados rurais é Garanhuns.

A condição legal das terras do produtor

Quanto à condição legal das terras dos produtores do Território a maior parte continua

sendo constituída de terras próprias (514.637 hectares, em números absolutos).

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

53

A concentração de terras próprias situa-se nos municípios de Itaíba, Buíque, Pedra,

Bom Conselho e São bento do Una. As terras arrendadas constituem 6.663 hectares, em

parceria são apenas 1.693 hectares.

O arrendamento e a parceria de terras são relações pouco mantidas no Território.

Existe ainda uma incidência significativa de acampamentos, com uma concentração maior

nos municípios de Buíque, Itaíba, Pedra, Águas Belas, Ibimirim, Inajá e Iati.

A novidade trazida pelo Censo Agropecuária de 2006 é o registro de assentados com

titulação definitiva, com 14.733 hectares, representando 940 unidades, colocando esta

categoria nas estatísticas oficiais e revelando o verdadeiro retrato do país no campo. É

interessante notar que a quantidade de terras tituladas definitivamente representa um índice

significativo de desconcentração de terras, fator que gera distribuição de renda, inclusão

econômica e promove a justiça social.

Ver tabela a seguir.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

54

Tabela 13: Estabelecimentos por grupos de área total e utilização das terras

Fonte: Censo Agropecuário, 2006

Município População

Total

Área em

Km2

Terras Próprias

(Ha)

Terras Arrendadas

(Ha)

Terras em

Parcerias (Ha)

Terras Ocupadas

(Ha)

Assentados (as) s/

Titulação Definitiva

Águas Belas

37.992

885 36.932 1.505 184 633 4.235 ha. 188 unidades

Angelim 9.836

118 8.047 16 Não disponível

1.031 -

Bom Conselho

43.397

786 50.411 333 32 1.037 157 ha 22 unidades .

Buíque 49.937

1.345 69.904 361 23 1.683 2.256 ha. 200 unidades

Caetés 25.219

330 20.409 211 246 1.221 114 ha 11 unidades.

Capoeiras 19.337 335 2.489 267 152 968 -

Garanhuns 124.996 472 2.667 210 283 728 302 ha 9 unidades

Iati 17.733 635 37.153

40 4 23 552 ha 30 unidades

Ibimirim 27.261

2.034 29.662 1.050 177 2.552 319 ha 30 unidades

Inajá 14.036 1.182

30.953 88 38 507 88 ha 16 unidades

Itaíba 26.735

1.068 71.116 1.209 125 6.652 3.085 ha 161 unidades

Ibirajuba 7.545

190 10.686 16 Não disponível

954 Não disponível 2 unidades

Manari 16.540 407 22.300 67 28 1.135 704 ha. 52 unidades .

Paranatama 11.669 231 14.308 352 64 619 -

Pedra 20.132 803 51.258 129 Não disponível

1.207 824 ha. 93 unidades

Saloá 15.027

252 18.651 189 20 1.387 -

São Bento Do Una

47.230 727 47.770 921 272 2.139 361 ha 52 unidades

Terezinha 6.496

151 9.552 29 17 400 -

Tupanatinga 18.913 796 30.449 70 28 399 1.629 ha 74 unidades

Venturosa 15.576 338 12.920 Não disponível Não disponível

716 107 ha 2 unidades

Total 548.816 12.877 514.637 6.663 1.693 25.991 14.733 ha 940 unid.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

55

Os assentamentos

Esta nova realidade é resultado do processo desencadeado pelos movimentos sociais

de luta pela terra, que vem alterando a estrutura agrária. Os assentamentos geram uma

razoável quantidade de beneficiários (as) dos programas de reforma agrária, que ocasionam

além da redistribuição da terra, um impacto econômico na economia local e regional,

percebido na geração de renda e de trabalho (de forma direta e indireta). Isto promove uma

dinamização do comércio, tanto pela sua capacidade de ampliação do consumo como pela

disponibilização de sua produção no mercado, promovendo ainda a inserção econômica local

e regional desse segmento. Entretanto, é notável a ausência direta de lideranças no Fórum

Territorial, o que contribui para também ficarem ausentes suas demandas nos planos

territoriais.

De maneira geral, há pequenas alterações no mapa agrário da região, em função dos

acampamentos, assentamentos, áreas retomadas pelos indígenas e áreas demarcadas para

os quilombolas e mais ainda as modificações que estes processos provocam nas relações

sociais, pois estes novos atores sociais, agora proprietários de seus meios de produção,

possuem também mais autonomia e independência em suas relações, ou seja, estão mais

empoderados.

A demanda pela terra gera a trajetória dos assentados, seguida pelas lutas para

conquista da terra e posteriormente pela regularização do assentamento, incluindo aí as

políticas de apoio à fixação das pessoas no campo, como: linhas de crédito, fomento, infra-

estrutura (habitação, estradas, energia, água).

A conquista de toda essa infra-estrutura é diretamente proporcional à capacidade de

organização política garantida pela atuação dos movimentos sociais, que assim viabilizam um

maior apoio institucional dos órgãos públicos em diferentes níveis de poder, fazendo emergir

novas redes de relações sociais, formulando demandas de saúde, educação, alimentação,

constituindo-se novos arranjos para a vida comunitária.

Em relação à infra-estrutura de energia elétrica, água, saneamento, postos de saúde e

escolas, a relação com os gestores municipais na maioria dos casos funciona como um

emperramento, já que estes consideram que as áreas de assentamentos são uma "ilha" no

município, sob a responsabilidade do Governo Federal.

Outra dificuldade enfrentada pelos (as) assentados (as) diz respeito ao transporte,

ainda bastante precário, que ocasiona outra dificuldade, que é o acesso aos mercados. Em

curto prazo e de forma mais imediata, os movimentos que coordenam a luta pela terra estão

tentando compensar essas "imperfeições" de forma alternativa, através de parcerias com

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

56

entidades de financiamento, que apóiam projetos produtivos, de infra-estrutura e de geração

de renda, como forma de promover a inserção econômica local e regional dos (as)

assentados (as), através de grupos de interesse e de comercialização em comum. A

diversificação da produção agrícola, a busca de outras atividades mais lucrativas respaldadas

na tecnologia, além da organização dos assentados em cooperativas e associações colabora

para o surgimento de outros arranjos produtivos locais, inovando e trazendo outra dinâmica

para o assentamento, o município e até mesmo para a região.

Algumas das questões que ainda são um desafio para a reforma agrária diz respeito à

assistência técnica e à comercialização. Em relação à assistência técnica, é sabido,

sobretudo em Pernambuco, do sucateamento do órgão estatal responsável pela ATER. Outro

problema, é que a assistência ainda é pautada no modelo tradicional (semente melhoradas,

uso de insumos químicos...) e os processos de tomada de decisão são pouco participativos,

constituindo-se mais numa transferência de conhecimentos dos técnicos que "sabem" aos

agricultores que "não sabem". O resultado está presente na degradação ambiental, por conta

de manejos inadequados de solo e recursos hídricos.

Embora de maneira tímida, os movimentos sociais estão contribuindo para introduzir

novos manejos, favorecendo um novo olhar dos (as) assentados (as) sobre o meio ambiente,

compreendendo o mesmo como parte de um projeto de sustentabilidade. Das lutas e

reivindicações dos movimentos sociais e sindicais começa a ser desenhada uma nova visão

de Assistência Técnica (ATER), orientando para novas práticas (agricultura orgânica,

convivência com semi-árido, etc.).

Com relação à comercialização da produção dos assentamentos, permanece bastante

precária, pois ainda não se chegou a um grau de organização para viabilizar de forma mais

coletiva a comercialização dos mesmos. Apesar de tudo, é evidente que a reforma agrária é

estratégica para o desenvolvimento da região e do país, por incluir os (as) excluídos (as) na

produção, alcançar a geração de emprego e, portanto, cidadania. Parafraseando José Eli da

Veiga: "um punhado de reis do gado não vale sua ineficiência distributiva".

A dimensão gênero é abordada pela primeira vez no Censo Agropecuário de 2006.

No quadro abaixo, uma comparação nos permite verificar que o proprietário masculino detém

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

57

40.775 estabelecimentos, em contraposição à proprietária, que detêm apenas 11.959 imóveis

rurais. Esses números já dão uma idéia do grau de desigualdade de gênero presente no

Território, revelando a situação de dependência das mulheres em relação aos homens.

Quando se compara a área dos estabelecimentos agropecuários do proprietário

masculino com a área dos estabelecimentos que as mulheres detêm, a desigualdade fica

ainda mais evidente. Em números absolutos, são 571.878 hectares em nome dos homens

contra 59.917 hectares em nome das mulheres. Portanto, a soma total das áreas legalmente

pertencentes às mulheres é infinitamente menor à soma das áreas pertencentes aos homens.

Em todos os municípios se verifica a mesma situação em relação à desigualdade entre

homens e mulheres no que se refere à posse da terra, fato este que irá se refletir em vários

outros aspectos das relações de gênero.

Conclui-se que além das desigualdades econômicas e sociais presentes no Território,

existe a concentração de terras sob controle do sexo masculino expressando relações de

poder desiguais mais uma vez, sendo esta realidade a principal responsável pelos índices de

pobreza e exclusão social de grande parte da população feminina, sobretudo no meio rural.

Ver tabela a seguir:

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

58

Tabela 14 : Caracterização do (o) Produtor (a) - Dimensão Gênero – Número e área dos

estabelecimentos agropecuários

MUNICÍPIOS

Condição do produtor - Proprietário - Masculino - Número de estabelecimentos agropecuários

Condição do produtor - Proprietário - Feminino - Número de estabelecimentos agropecuários

Condição do produtor - Proprietário - Masculino - Área (hectare)

Condição do produtor - Proprietário - Feminino – Área (hectare)

Águas Belas 1.317 212 34.522 2.705

Angelim 765 169 8.211 898

Bom Conselho 2.098 470 44.503 633

Buíque 5.907 4.805 67.909 6.350

Caetés 3.320 806 19.377 2.806

Capoeiras 2.518 305 23.253 2.515

Garanhuns 2.357 746 28.497 3.396

Iati 1.619 358 37.699 2.406

Ibimirim 1.505 405 30.488 3.379

Inajá 1.174 194 29.593 2.250

Itaíba 3.516 573 74.785 7.402

Ibirajuba 795 195 10.136 1.542

Manari 2.283 582 20.369 3.986

Paranatama 1.744 373 13.643 1.699

Pedra 1.419 253 50.097 3.346

Saloá 1.375 327 18.721 1.524

São Bento Do Uma

4.074 656 46.625 4.838

Terezinha 516 76 447 65

Tupanatinga 1.690 340 340 3.401

Venturosa 783 114 12.663 1.173

TOTAL 40.775

11.959 571.878 59.917

Fonte: Adaptado do Censo Agropecuário de 2006

Utilização das terras e disponibilidade de água

As áreas de matas e/ou florestas compreendem as áreas utilizadas como reserva

mínima ou para proteção ambiental. No Território, essas áreas correspondem a 33.693

hectares (ver quadro abaixo). Os municípios que concentram maiores quantidades de áreas

de matas e/ou florestas são respectivamente Águas Belas, com 2.244 hectares, Buíque

(2.238 ha), São Bento do Uma (5.222 ha), Tupanatinga (1.168 ha), Ibimirim (1.168 ha) e Iati,

com 1.595.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

59

Pela primeira vez o Censo Agropecuário (2006) investigou os recursos hídricos.

Tabela 15 : Pastagens, utilização das terras e disponibilidade de águas.

Fonte: Adaptado do censo Agropecuário de 2006

No Território é possível observar a existência de 2.902 hectares de áreas com tanques,

lagos, açudes e/ou áreas de águas públicas para exploração da aqüicultura. Importante

ressaltar que nos últimos anos foram construídas 4.654 unidades de cisternas de alvenaria

com o objetivo de armazenar água para beber e cozinhar nas residências rurais. Cada

cisterna tem capacidade para armazenar dezesseis mil litros de água, suficientes para manter

uma família durante mais ou menos oito meses.

O município de Buíque dispara na frente dos outros municípios em relação ao número

de cisternas construídas: 1.117 unidades, seguido por Manari, com 595 unidades e São Bento

do Una, com 302 unidades construídas.

Por pastagens naturais se compreendem á áreas de pasto não plantadas. Por sua vez,

as áreas planadas constituem as que são utilizadas para plantio ou em preparo para o plantio.

Municípios

Pastagens naturais

(ha)

Utilização das terras – matas e/ou florestas –

naturais (ha)

Disponibilidade de águas

(Tanques, lagos, açudes e/ou área de águas

públicas para exploração da aqüicultura) – Hectares

Águas Belas 26.903 2.244 31

Angelim 4.747 41 18

Bom Conselho 11.261 408 265

Buíque 22.682 2.238 155

Caetés 5.704 433 116

Capoeiras 6.517 148 136

Garanhuns 11.524 753 333

Iati 18.683 1.595 52

Ibimirim 11.297 1.168 14

Inajá 8.249 9.679 9

Itaíba 43.392 3.496 435

Ibirajuba 9.145 150 42

Manari 11.046 834 88

Paranatama 5.920 89 50

Pedra 18.966 1.372 488

Saloá 5.576 1.112 51

S. Bento Do Uma 15.438 5.222 400

Terezinha 6.520 15 3

Tupanatinga 7.054 1.860 187

Venturosa 4.171 836 29 TOTAL 254.795 33.693 2.902

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

60

Conforme dados da tabela anterior, no Território as áreas destinadas às pastagens

plantadas e naturais, correspondem a 254.795 hectares das terras e o destaque no uso das

terras é para as pastagens plantadas e naturais, com maior expressão nos municípios de

Itaíba, Águas Belas, Bom Conselho, Buíque, Pedra, Iati e São Bento do Una

1.3.4 Pecuária: Efetivo de rebanhos

O rebanho do território ,em 2009, concentra suas atividades na produção de aves

(7.169.930 cabeças), seguido de bovinos (583.393 cabeças), ovinos (218.308 cabeças),

caprinos (204.223 cabeças), suínos (6a9.055 cabeças).

Segundo dados do IBGE, apenas São Bento do Una e Ibirajuba produzem codornas, sendo a

maior produção em São Bento do Una com 30.000 cabeças, conforme ilustra a a tabela a seguir:

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

61

Tabela 16 - Efetivo de rebanhos no Agreste Meridional

Bovinos Caprinos Ovinos Suínos Asininos Equinos Muares Aves*

Águas Belas

40.484

1.960 7.000

1.700 380

1.270 160

27.250

Angelim 6.670

118 728

375 19

200 13

130.500

Bom Conselho

60.036

430 2.500

2.537 459

1.630 450

224.700

Buíque 55.000

16.000 24.000

7.700 800

3.200 700

174.000

Caetés 17.007

1.090 1.620

1.955 110

216 75

157.100

Capoeiras 22.064

440 1.810

3.610 164

512 109

44.600

Garanhuns 38.712

540 3.500

2.140 170

980 150

980.800

Iati 18.993

1.350 3.150

1.016 290

580 90

28.300

Ibimirim 14.000

80.000 28.000

1.870 1.200

3.100 900

19.000

Ibarajuba 9.534

1.600 5.200

2.060 50

950 40

285.200

Inajá 8.000

40.000 35.000

1.350 950

1.300 300

14.000

Itaíba 90.000

14.000 40.000

3.190 550

2.500 500

68.000

Manari 17.000 22.000 25.000

1.800 700

1.300 210 49.000

Paranatama 6.564

1.800 2.100

509 120

270 70

27.100

Pedra 40.000

7.000 16.000

5.490 400

2.200 290

42.000

Saloá 14.319

1.400 3.100

865 217

1.180 110

105.680

São Bento do Una

62.718

4.200 5.500

23.650 200

1.200 1.500

4.500.000

Terezinha 8.292

95 800

338 80

319 55

19.500

Tupanitinga

40.000

7.000 6.300

2.200 220

1.200 160

39.000

Venturosa 14.000

3.200 7.000

4.700 500

400 120

234.000

Total território

583.393 204.223 218.308

69.055 7.579

24.507 6.002

7.169.730

*Galos, galinhas, pintos, frangos e frangas. Fonte:Condepe/fidem 2009

Produção de aves – (Galos, frangas, frangos e pintos e galinhas)

A produção de aves é monopolizada por dois municípios: São Bento do Una, que

participa com mais de é 63% do volume de produção de aves do Território e Garanhuns, que

juntos são responsáveis por cerca de 77% da produção total de aves no Território

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

62

(7.169.730). Os 20% restantes da produção distribui-se entre os demais municípios do

Território. Ver tabela acima (Efetivo de rebanhos no Agreste Meridional).

É oportuno advertir que a produção, tanto em São Bento do Una quanto em

Garanhuns, é de cunho empresarial, não sendo, portanto empreendimentos da agricultura

familiar. Todavia, como a produção é baseada no sistema de integração, diversos agricultores

familiares dos municípios do entorno participam enquanto fornecedores para as empresas

que dominam a atividade na área da avicultura. A atividade gera empregos no campo e na

cidade.

O Estado tem quatro abatedouros com inspeção, sendo que entre os municípios que

formam o pólo avícola do Estado está São Bento do Una. Além das grandes empresas que

atuam na área de avicultura no Território, o Governo de Pernambuco tem atraído grandes

empresas nacionais como a Perdigão para a região, através da política de incentivos fiscais,

logística, ou tomando decisões importantes, como a de colocar o frango na merenda escolar

da rede estadual de ensino público.

Outra medida tomada recentemente pelo Governo de Pernambuco foi a de apoiar nova

tecnologia para aumentar produção de milho para serem destinados à avicultura da região,

numa tentativa de diminuir a dependência da região da produção de milho de outros Estados,

como Mato Grosso e Goiás, que atualmente alimenta as aves.

É interessante notar que a produção de aves é uma atividade desenvolvida em todos

os municípios do Território, embora apenas revele certa relevância nos municípios de

Ibarajuba, terceiro maior produtor, seguido de Venturosa, Bom Conselho, Buíque, Caetés ,

Angelim, Saloá , Itaíba e Capoeiras.

Caprinocultura

De acordo com os IBGE o Nordeste concentra mais de 90% do rebanho efetivo de

caprinos do país, especialmente nos estados da Bahia e Pernambuco (CNA, 2007). Há

predominância dos criadores com propriedades de até 100 hectares, o que os caracteriza

como agricultores de base familiar. A caprinocultura, pois, é de extrema importância para a

economia do Estado e da região Agreste, pois se apresenta como alternativa na oferta de

carne, pele, leite e seus derivados.

Os maiores rebanhos de caprino no Território estão localizados na microrregião do

Sertão do Moxotó, nos municípios de Ibimirim com 80.000 cabeças, seguido de Inajá, com

40.000 animais, Manari, com 22.000 animais, Buíque(16.000)e Itaíba com 14.000, que juntos

detêm mais da metade de todo o rebanho caprino do Território. Os demais municípios do

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

63

Território ficam com menos de 40% do rebanho de caprinos do Território, com destaque para

Tupanatinga (7.000) e Pedra (7.000).

Esta distribuição confirma a maior potencialidade da caprinocultura na micro-região do

Sertão do Moxotó (semi-árido), que é onde estão encravados os municípios com maiores

rebanhos. A explicação deve-se ao fato de que esses animais têm uma ótima adaptabilidade

às condições climáticas da região, além de ser uma atividade que requer pouco investimento

de capital. Nessa atividade, que pode ser a principal ou complementar, destaca-se a

participação de jovens e mulheres no manejo de animais.

O cenário atual reflete uma tendência de ampliação desta atividade em função de um

maior consumo da carne e derivados do leite, por serem considerados mais saudáveis à

saúde, o que confirma a potencialidade da cadeia, que, no entanto ainda permanece bastante

desorganizada e desarticulada, merecendo maiores atenções por parte de lideranças e

gestores públicos, segundo estudos realizados na região.

Caprinocultura

Ovinocultura

Com relação ao rebanho de ovinos, de acordo com o IBGE (2006) 58% do rebanho do

país se concentra na região Nordeste. No Território, em 2009, nota-se que há uma elevada

concentração nos municípios de Itaíba (40.000 animais), Inajá (35.000 animais), Ibimirim

(28.000), Buíque e Manari, localizados na micro-região do Sertão do Moxotó, com 24.000 e

25.000 animais respectivamente e presença mais moderada nos municípios de Pedra, águas

Belas, Tupanatinga, Venturosa, Ibirajuba e São Bento do Una, totalizando 218 308 cabeças

no Território. Juntos, esses municípios detêm mais de 80% do rebanho de ovinos do

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

64

Território. Nos demais municípios esta atividade tem pouca expressão, contribuindo com

menos de 17% do rebanho do Território.

Bovinocultura Leiteira

A bovinocultura leiteira e de corte é uma das principais cadeias produtivas do Território e é

desenvolvida tanto por grandes e médios produtores quanto por agricultores familiares. Esta

atividade está organizada em duas áreas: a não industrial (criação de animais) e a industrial

(produção de leite e de seus derivados). A produção de leite do Território é de cerca de

376.085 medido em 1000 lt/ano e corresponde a quase 45% da produção do Estado,

conforme dados do Condepe-Fidem – 2009.

Tabela 17 :Vacas ordenhadas e produção de leite - Período de referência: 2009

Municípios Vacas ordenhadas Produção de leite (1.000 l)

Total do território 172.367 376.085

Águas Belas 11.500 13.524

Angelim 1.980 2.287

Bom Conselho 14.683 21.584

Buíque 23.000 66.240

Caetés 4.420 5.198

Capoeiras 6.100 8.874

Garanhuns 6.990 11.009

Iati 3.930 5.364

Ibimirim 2.500 5.292

Ibirajuba 2.860 4.118

Inajá 1.450 2.388

Itaíba 28.000 78.674

Manari 3.300 5.061

Paranatama 1.400 1.617

Pedra 19.000 52.326

Saloá 3.330 4.545

São Bento do Uma 18.815 45.156

Terezinha 2.100 2.646

Tupanatinga 12.000 25.402

Venturosa 5.000 14.580

Pernambuco 566.583 788.253

Fonte: Condepe/Fidem 2009

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

65

O rebanho de bovinos do Território é de 583.393 bovinos e corresponde a 25%do

rebanho do Estado (2.297.336) Ver tabela relativa a “Efetivo de rebanhos no Agreste

Meridional”.

. O maior rebanho e produção de leite entre os municípios do Território estão em Itaíba com

16% do rebanho e 21% da produção anual do Território, seguido dos municípios de: Buíque,

Pedra, São Bento do Una, Tupanatinga, Bom Conselho, Venturosa, Águas Belas, Garanhuns

e Capoeiras. Exatamente nestes municípios se concentram a maior parte de indústrias de

laticínios na região do Agreste Meridional.

Coletas de informações realizadas no Fórum Territorial tornaram possível observar

uma relação entre a atividade da bovinocultura de leite e a predominância dos laticínios

enquanto estruturas de comercialização, confirmando a “vocação” desta atividade econômica

no Território, conforme mostra o gráfico abaixo:

17

2

36

13

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Feira Livre

Mercado público

Laticínios

Acougue

Feira de Gado

Gráfico 07: Espaços de comercialização no Território

Fonte: Coleta de dados com atores territoriais.

Outro levantamento de dados primários no Território, como se vê no gráfico abaixo,

possibilitou observar que em relação aos espaços de armazenamento da produção, aparecem

as estruturas de resfriadores e câmaras frias com grande destaque, realçando mais uma vez

a forte participação da atividade da bovinocultura leiteira no Território. Inclusive no município

de Águas Belas está sendo desenvolvida uma experiência de organização dos produtores de

leite em núcleos, através da Cooperativa de Agricultores Familiares do Vale do Ipanema

(COOPANEMA), envolvendo alguns assentados da reforma agrária, que conseguiram

viabilizar diversos tanques resfriadores de leite, em parceria com o PRORURAL, órgão do

Governo do Estado. Esta experiência vem servindo como referência para outros

assentamentos da região também buscarem se organizar para melhorar as condições de

comercialização da produção.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

66

0

20

40

60

80

Resfriadores

Câmara fria

Casa de Mel

Gráfico 08: Espaços de armazenamento

Fonte: Coleta de dados com atores territoriais.

Na área do apoio à produção e como âncoras dos investimentos da região foram feitas

ações voltadas para o fortalecimento da cadeia produtiva do leite, deixando evidente a forte

tradição da bovinocultura do leite na região. No entanto, a proposta de indução do

desenvolvimento precisa incluir os agricultores familiares nesse processo, uma vez que esse

segmento ainda permanece à margem, continuando o agricultor familiar refém dos

atravessadores, entregando a sua produção a grandes empresas, como é o caso da Perdigão

e Bom Leite que adquirem o leite a preços baixíssimos, beneficia e comercializa a preços

elevados.

Em Bom Conselho, cidade integrante do Pólo Leiteiro, a consolidação da indústria do

leite é fato consumado na região. A Perdigão realizou investimentos em fábrica de lácteos,

uma central de distribuição e uma fazenda-modelo. A intenção da empresa é abastecer todo

o Nordeste a partir de Pernambuco.

Assim, o agricultor familiar descapitalizado, não tem conseguido concorrer no mercado,

que é dominado basicamente por estas duas empresas no Território O desafio dos produtores

familiares de leite, junto com pequenos fabricantes de leite e outros derivados do leite, é

organizar melhor o controle da cadeia, de maneira a garantir a qualidade do produto e um

retorno econômico mais estável.

Apicultura

A atividade da apicultura tem pouco destaque no Território, em função de sua reduzida

produção. Contudo, existe a expectativa de que a atividade da apicultura possa se expandir,

em razão de apresentar um bom potencial em alguns municípios, o que vem estimulando a

organização de criadores de abelhas.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

67

Apicultura

Atualmente o mel é produzido em Ibimirim (230.000 kg), Buíque (800 kg), Bom

Conselho (480 kg), Iati (1.200 kg) e nos municípios de Águas Belas, Venturosa, Paranatama e

Terezinha, sem informação da quantidade produzida. Ibimirim é o maior produtor e onde a

atividade é desenvolvida com maior expressão pela Associação de Apicultores de Ibimirim –

ASSAPI. Também em outros municípios os produtores estão começando a se organizar para

a produção do mel, a exemplo de Venturosa, Paranatama, Águas Belas e Terezinha, segundo

dados primários coletados com membros do Colegiado Territorial.

32%

17%17%

17%

17%0%

Águas Belas

Angelim

Paranatama

Terezinha

Venturosa

Outros

Gráfico 09: Produção de Mel no Território Fonte: Coleta de dados com atores territoriais.

1.3.5 Agricultura: lavouras permanentes e temporárias.

As áreas de lavouras temporárias abrangem aquelas plantadas ou em preparo para o

plantio de culturas de curta duração, geralmente inferior a um ano, que após a primeira

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

68

colheita, necessitam de novo plantio. As lavouras temporárias no Território correspondem a

das terras utilizadas.

Por lavouras permanentes compreende-se a área plantada ou em preparo para o

plantio de culturas de longa duração, tais como: café, laranja, banana, manga, caju, etc., que

após a colheita, não necessitam novo plantio, produzindo por vários anos consecutivos.

Lavouras Permanentes

No processo de revisão do PTDRS (2010) , aparece uma produção diversificada de

frutícolas, sendo que algumas são mais significativas, como é o caso do melão, com 400

toneladas, o café, com 680 toneladas, banana (28.472 toneladas).

Com relação à cultura do café, apenas cinco municípios são responsáveis por quase

100% da produção do Território. São eles Garanhuns com 300; Paranatama 150 toneladas;

Saloá com 125 toneladas; Terezinha, com 50 toneladas e Bom Conselho com 50 toneladas.

Na produção de manga destacam-se os municípios de Bom Conselho ( 540 t.) Angelim

(264 toneladas) .

Quanto à produção da banana, se destacam os municípios de Ibimirim (20.000 t.), Bom

Conselho (7.200 t.), Águas Belas (760 t.) e Inajá (180 t.). Totalizam 28.472 toneladas de

bananas no Território, Incluindo os demais municípios não citados.

A produção da castanha do caju está mais concentrada nos municípios de Buíque, com

2.200 toneladas, seguido de Tupanatinga com 850 toneladas, Garanhuns (63 t.), Saloá (60 t.),

Paranatama (51 t.) e Terezinha (50 t.). Estes municípios são responsáveis por quase 100%

da produção de castanha de caju no Território. Ver tabela a seguir.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

69

Tabela 18 : Lavouras Permanentes – Agreste Meridional - 2009

MUNICÍPIOS Bananas (t.) Laranjas (t.) Manga

(t.) Café (t.)

Castanha de caju (t.)

Águas Belas 760 12

24

Angelim 32 40

264 3 10

Bom Conselho 7.200 24

540 50

Buíque 80 30 2 2.200

Caetés

48

Capoeiras

48

Garanhuns 140 52 300 63

Iati

Ibimirim 20.000

Ibirajuba

Inajá 180 10

Itaíba

Manari

Paranatama 40

96 150 51

Pedra 80 10

Saloá 16

171 125 60

São Bento do Una

Terezinha 12

192 50 50

Tupanatinga 12 850

Venturosa 20

Total Território 28.472 248

1.383 680 3.314

Fonte: IBGE/CIDADES 2009

Lavouras Temporárias

Quanto às principais culturas temporárias no Território, de acordo com os dados IBGE

Cidades 2009, predominam as lavouras de feijão (41.256 toneladas), mandioca (152.610

toneladas), milho (37.716 toneladas).

Levantamento realizado no Fórum Territorial durante o processo de revisão e

qualificação do PTDRS corresponde aos dados oficiais quanto ao predomínio das principais

lavouras temporárias, ao mesmo tempo em que revela que em relação ao primeiro Plano, não

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

70

houve nenhuma mudança quanto às principais culturas temporárias desenvolvidas no

Território.

Outras culturas, como algodão, mamona e cebola são cultivadas especificamente em

alguns municípios, notadamente naqueles localizados geograficamente mais próximos à área

do sertão.

A cultura da mamona está presente em apenas três municípios do Território (Ibimirim,

Tupanatinga e Inajá), com produção total de 76 toneladas.

Do total de 25.789 toneladas de melancia produzidas no Território, Inajá concentra

21.000 e Ibimirim 4.000 toneladas, ficando o restante da produção distribuída entre os demais

municípios do território.

Já o melão é produzido unicamente no município de Inajá, responsável por 400

toneladas.

O Território tem uma produção total de 28.520 toneladas de tomates. Os maiores

produtores são: Ibimirim,(10.400 t), Garanhuns (9.000 t) e Inajá (4.500 t.).

A batata doce é cultivada nos municípios de Bom Conselho (1800 t.), Buíque (3.550t) e

Garanhuns (160 t.), enquanto a cultura da cebola é produzida por Inajá (300 t.) e a de sorgo,

por São Bento do Una, com 400 toneladas.

Tabela 19 - Lavouras temporárias – Agreste Meridional (em toneladas)

MUNICÍPIO Algodão Feijão Mandioca Milho Tomate Melancia

Águas Belas 5 3.350 1.500 3.120 120

Angelim 126 1.000 32 52

Bom Conselho 33 3.590 2.000 1.900 200 39

Buíque 250 4.368 60.000 5.700 300

Caetés 3.258 30.000 1.200

Capoeiras 2.196 9.000 1.100

Garanhuns 1.100 6.500 500 9.000 48

Iati 18 2.420 2.250 1.500 650

Ibimirim 40 800 4.800 8.000 10.400 4.000

Ibirajuba 660 100 960

Inajá 50 366 600 480 4.500 21.000

Itaíba 24 4.230 600 3.600

Manari 40 4.536 2.400 4.800

Paranatama 2.020 10.000 850

Pedra 1.248 1.200 1.260 1.200

Saloá 1.580 6.000 750 1.350

São Bento do Una 2.084 12.000 1.800

Terezinha 756 600 520 250

Tupanatinga 1.560 3.600 1.536

Venturosa 20 1.008 960 1.260 1.200

Total Território 480 41.256 152.610 37.716 28.520 25.789

Fonte: IBGE/CIDADES 2009

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

71

1.3.6 Turismo

A atividade do turismo vem crescendo ano a ano, sobretudo em Garanhuns,

consagrando o município como cidade turística, impulsionado pela particularidade climática,

com temperaturas médias anuais de 21º, podendo chegar a 12º no período mais frio. Dados

de 2.001 revelam que a infra-estrutura hoteleira da região era representada por 117 hotéis e

pousadas, das quais 68% localizadas em Garanhuns, gerando 5 mil empregos temporários,

incrementando 15% do comércio local, e recebendo cerca de 50 mil turista/dia. O evento

turístico de maior porte é o Festival de Inverno, que faz parte do Circuito do Frio, promovido

pelo Governo do Estado e atrai milhares de turistas.

Outros municípios que despontam como potencial turístico são Buíque, que abriga o

segundo maior parque ecológico do Brasil e que tem investido no turismo rural, sendo

exploradas potencialidades turísticas como o Vale do Catimbau, que possui sítio arqueológico

com inscrições rupestres e Saloá, também investindo no turismo rural.

1.4 Dimensão Ambiental

Na Dimensão Ambiental serão abordadas as características geoambientais, bem

como o impacto do ser humano na situação ambiental do território, ou seja, as características

antrópicas.

O relevo é acidentado, fazendo com que o clima na região apresente-se variado. Em

certas microrregiões, devido a altitude , apresentam-se temperaturas menores e índices

pluviométricos mais generosos. No mais, mostra-se uma área de transição, apresentando

assim um clima tropical semi-úmido, com seu período de chuvas mais concentrado entre os

meses de abril a julho.

A região está inserida na área de abrangência do Polígono das Secas, mas

apresentando um tempo de estiagem menor que a do sertão, devido a sua proximidade do

litoral. Os índices pluviométricos podem variar em cada microrregião.

Esta localização sujeita a região a um regime de chuvas que é responsável pelo

“fenômeno da seca”, podendo esta área ser caracterizada como semi-árida, com baixa

precipitação pluviométrica, alta taxa de evaporação e chuvas irregulares. A irregularidade das

chuvas acarreta uma redução na quantidade de água retida nos solos. O clima predominante

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

72

do Território é o de transição, entre o quente e úmido e semi-árido quente, com temperatura

média em torno de 25° C.

A precipitação pluviométrica que varia entre 800 e 1000 mm tem duração de quatro a

seis meses do ano. Existe, de forma quase que permanente uma preocupação com o

abastecimento à população, sobretudo nos períodos de seca, num contexto em que a

capacidade dos pequenos agricultores enfrentarem a seca é reduzida.

Além das vulnerabilidades climáticas do semi-árido, grande parte dos solos encontra-se

degradados. Dados do IBGE,(1994), afirmavam que 54% do Bioma Caatinga, com vegetação

característica do semi-árido, encontrava-se em elevado estágio de antropização. Como

conseqüência, os recursos hídricos caminham para a insuficiência ou apresentam elevados

índices de poluição, o que torna a situação ainda mais séria em virtude de a água ser o fator

crítico do semi-árido; primeiro, porque é o limitador da ocupação humana e, segundo, porque

é inibidor das atividades produtivas.

O Território exibe uma baixa capacidade hídrica, sendo a grande maioria de seus rios

temporários, e alguns raros rios de pequeno porte permanentes. São três as principais bacias

hidrográficas localizadas no Território: a do Una, que apresenta uma área de 6.740,31 km²,

dos quais 6.262,78 km² estão inseridos no Estado de Pernambuco, correspondendo a 6,37 %

do total do Estado. A bacia abrange 42 municípios, dos quais, 04 dos municípios que

compõem o Território possuem sede inserida ou parcialmente inserida na bacia (Capoeiras,

São Bento do Una, Caetés, e Venturosa); a do Ipanema, que apresenta uma área de 6.209,67

km², que corresponde a 6,32% da área do estado.

Os municípios pernambucanos totalmente inseridos na bacia são Águas Belas e Pedra.

Aqueles que apresentam sua sede na bacia são Buíque, Iatí, Itaíba, Saloá, Tupanatinga e

Venturosa, enquanto os parcialmente inseridos na mesma são Bom Conselho, Caetés,

Ibimirim, Manari e Paranatama, e do Mundaú, o qual em toda sua extensão, tem uma área de

4.090,39 km², dos quais 2.154,26 km² no Estado de Pernambuco (2,19% da área do estado).

A área de drenagem da bacia em Pernambuco envolve 15 municípios. Dentre estes, 4

municípios estão inseridos em sua totalidade, quais sejam Angelim, Correntes, Palmerina e

São João. Os municípios com sede na bacia são Caetés, Canhotinho, Garanhuns e Lagoa do

Ouro.

A demanda é para abastecimento humano, animal e para irrigação. Os poucos riachos

permanentes são poluídos, seja por agrotóxicos, lixo doméstico e até lixo hospitalar,

comprometendo ainda mais os já poucos recursos hídricos disponíveis. A alternativa para

armazenamento de água dá-se através de barragens, açudes e barreiros, também com

graves problemas de poluição.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

73

No diagnóstico realizado para levantar informações primárias, no quesito que

investigava quais os principais problemas ambientais nos municípios que constituem o

Território, aparece em primeiro lugar, com 27% das respostas o desmatamento como o

principal problema, seguido do lixo, com 23% das repostas e as queimadas e uso de

agrotóxicos. Entretanto, informações sobre os tipos, quantidades de agrotóxicos utilizados,

área plantada e em quais culturas são mais utilizados não foram levantadas. Contudo, dados

divulgados recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que

o Brasil lidera o ranking mundial de uso de agrotóxicos.

Sendo comum o uso de agrotóxicos nas propriedades rurais brasileiras, especialmente

em unidades dirigidas pelos proprietários, de acordo com dados do Censo Agropecuário

(2006), sabe-se que o Território do Agreste Meridional não foge à regra. O equipamento mais

usado é o pulverizador costal, o que torna maior o potencial de exposição, agravando mais a

situação o fato de que as pessoas que manipulam os equipamentos não recebem orientação

técnica do governo, cooperativas ou da iniciativa privada e o fato de que a maioria dos

proprietários tem um nível de escolaridade muito baixo , o que potencializa os riscos de

intoxicação.

Quanto ao destino das embalagens vazias, geralmente são deixadas no campo, sem

nenhum cuidado, haja vista que não há recolhimento das embalagens vazias.

A seguir, segue gráfico dos percentuais referentes aos principais problemas ambientais

do Território do Agreste Meridional, segundo os membros do Colegiado:

27%

19%23%

19%

12% Desmatamento

Queimadas

Lixo

Uso de agrotóxico

Outros

Gráfico 10: Principais problemas ambientais do Território do Agreste Meridional em 2007 Fonte: Informação coletada com atores locais.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional de Pernambuco

74

As principais limitações impostas ao uso agrícola mais amplo estão relacionadas com a

“falta” d’água. Isto porque os períodos de estiagem são longos, as chuvas são irregulares e o

manejo estratégico dos recursos hídricos é pouco articulado e ineficiente.

Atualmente, está em curso no Território a construção de cisternas de placas, através

do Projeto de Construção de Um Milhão de Cisternas (P1MC), executado pela Articulação do

Semi-Árido (ASA) e também construção de cisternas de placas pelo Programa de Apoio ao

Pequeno Produtor Rural (PRORURAL), órgão do Governo do Estado, com financiamento do

Banco Mundial. Essas medidas estão minimizando um pouco os efeitos das estiagens.

75

Capítulo 2

Identidade

Territorial e

Visão de

Futuro

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

76

2 Identidade Territorial e Visão de Futuro

Os membros do colegiado territorial do Agreste Meridional presentes nas oficinas de

qualificação do PTDRS, juntos, definiram que o território tem uma identidade que os une,

que expressa as características semelhantes existentes nos municípios que compõem o

território. Abaixo segue a expressão dessa identidade:

A Visão de Futuro definida traz um desejo referente a um estado futuro que os atores

sociais membros do colegiado territorial querem ver realizado no território. Eles almejam

que o território seja uma referência de cidadania e de desenvolvimento sustentável:

“Somos um Território caracterizado por atividades agrícolas e não agrícolas

diversificadas (mandioca, feijão e milho) com predominância na bovinocultura

leiteira e caprinovinocultura, bem como ocorrência de comunidades tradicionais

(indígenas, quilombolas, pescadores artesanais) e assentados da reforma agrária,

com forte tradição da agricultura familiar, além de possuir um rico patrimônio

cultural (material e imaterial)”.

“Ser referência nas ações socioeconômicas, tendo como objetivo a

efetivação das políticas públicas voltadas para o fortalecimento das

potencialidades territoriais, como forma de combate às desigualdades sociais no

Território, através do acesso a terra, da geração de renda de forma solidaria por

meio do estímulo ao associativismo/cooperativismo, assegurando assim as

condições adequadas de saúde, educação, segurança, alimentação, lazer,

moradia, cultura, preservação e conservação ambiental, com vistas a promover,

de forma participativa, o desenvolvimento sustentável e a cidadania”.

77

Capítulo 3

Objetivos

Estratégicos do PTDRS

78

3 Objetivos Estratégicos do PTDRS

Os Objetivos Estratégicos do PTDRS são assim definidos:

- Garantir a segurança alimentar e a promoção da unificação das políticas de

compartilhamento solidário;

- Reverter as condições atuais do IDH dos municípios, através da ampliação das

disponibilidades orçamentárias para o Território;

- Assegurar condições justas de comercialização da produção, fortalecendo as

cadeias produtivas do Território;

- Nortear ações de desenvolvimento sustentável no Território e a formação de

ações através de consórcio dos municípios do Território;

- Colaborar na elaboração de estratégias de convivência com o semi-árido,

enfatizando a garantia de acesso à água potável de forma regular;

- Definir, visibilizar e acompanhar a execução das ações planejadas pelo conjunto

das entidades e instituições que atuam no Território;

- Criar mecanismos de acompanhamento dos projetos contemplados no do

Território.

79

Capítulo 4

Valores e

Princípios

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

80

4. Valores e Princípios

Na teoria administrativa, os Valores dizem respeito à atitude compromissada da

Organização com o seu modo de “estar”, na sua relação com o ambiente externo.

Os Valores podem ser adaptados, renovados ou reconstruídos de acordo com a

situação vivenciada no ambiente externo, por exemplo.

Os Princípios, dentro de uma Organização, referem-se ao “modo de ser” de uma

organização, ao seu “caráter”. Eles são considerados universais, e imutáveis, sendo

perseguidos em qualquer situação em que a organização se encontre ou atravesse,

norteando a prática da organização.

Os Valores e Princípios são elementos que constituem referências para identidade

espiritual da responsabilidade coletiva no trabalho do colegiado e na implementação do

PTDRS, gerando desse modo uma nova ética para a sustentabilidade territorial.

Considerando a institucionalidade Colegiado Territorial, um espaço de concertação e

de controle social, existem Princípios pelos quais os atores sociais integrantes do

colegiado primam internamente (nas relações internas estabelecidas entre eles, na sua

gestão), mas que também lutam para que os mesmos Princípios sejam vivenciados pela

sociedade da qual fazem parte.

Os Valores e Princípios que devem permear a definição dos eixos, Programas e

Projetos, bem como a execução das ações de desenvolvimento estão definidos

abaixo:

Ética

O Colegiado Territorial zela pela prática de seu conjunto de Valores e Princípios

na condução de seus trabalhos e decisões coletivas.

Transparência

A noção de transparência pode ser definida de forma simples: os atos do setor

público devem ser de domínio público. Em nível federal, estadual e municipal, o cidadão

tem direito ao pleno conhecimento e ao controle das políticas públicas e dos atos do

governo. Entre os membros do Colegiado Territorial também deve ser construída a

prática da transparência.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

81

Responsabilidade Sócio-ambiental e Econômica

Os parceiros que atuam no fortalecimento das ações de desenvolvimento

territorial rural sustentável devem se comprometer, na concepção e execução das

ações, com a sociedade, com o bem estar social, com a distribuição de renda e com o

meio ambiente, além das suas obrigações legais e econômicas.

Participação

O Colegiado Territorial prima pelo respeito à decisão da maioria, criando

condições de real participação de todos os seus membros nos processos de

discussão, de deliberação coletiva e de envolvimento na execução dos

encaminhamentos deleiberados.

Solidariedade

É a condição que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a

constituir o grupo em apreço em uma unidade sólida, capaz de resistir às forças

exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora.

82

Capítulo 5

Eixos de

Desenvolvimento,

Programas e

Projetos

83

5 Eixos de Desenvolvimento, Programas e Projetos

O entendimento básico para Eixo de Desenvolvimento pode ser aquelas atividades

norteadoras do desenvolvimento sustentável do território, segundo os objetivos ou

importância dentro de cada dimensão.

Os programas podem ser entendidos como um conjunto de projetos

interdependentes, coordenados de modo a produzirem os resultados desejados,

segundo a natureza dimensional ou multidimensional dos eixos de desenvolvimento.

Todos os programas devem se caracterizar pela sua ligação com os objetivos e

benefícios dos projetos, para que possam alcançar não somente o seu entendimento,

mas também os resultados desejados.

Em relação às dimensões do desenvolvimento, foram considerados os seguintes

Eixos Estratégicos:

Dimensão Ambiental

Educação para o desenvolvimento sustentável; e Conservação e preservação ambiental.

Dimensão Político-Institucional

Organização social e institucional.

Dimensão Sócio-Cultural.

Equidade de gênero, etnia, e geração e comunidades tradicionais.

Educação do campo;

Acesso aos serviços de moradia e segurança pública;

Acesso aos serviços de saúde;

Segurança alimentar e nutricional.

Dimensão Econômica

Geração de trabalho e renda;

Eficiência econômica e agregação de valores à produção da agricultura familiar;

Infraestrutura e serviços de apoio à produção familiar;

No quadro abaixo, identificam-se os Projetos, localizados por Programa,

considerando o Eixo Estratégico, o qual segue, por sua vez, dentro de uma referida

dimensão do desenvolvimento.Para cada Projeto segue a definição dos objetivos, os

quais se esperam ser atingidos, com a efetivação dos referidos Projetos. Ainda

aparecem as Estratégias e o Arranjos Institucionais a serem organizados para a

implementação dos Projetos.

84

DIMENSÃO AMBIENTAL

EIXO PROGRAMA PROJETO OBJETIVOS ESTRATÉGIAS ARRANJOS

INSTITUCIONAIS

Educação ambiental; e conservação e Preservação para o desenvolvimento sustentável.

Educação

Ambiental e

sustentável

Revitalização

das áreas

degradadas

Recuperar as

áreas degradadas

das micro e

pequenas bacias

Criar programa

de formação

educacional

curricular

Implantar viveiro de

mudas nativas

Campos permanentes

nas Áreas de

preservação

permanente (APP)

Governo Federal, Estadual,

Municipal e instituições da

sociedade civil.

DIMENSÃO POLÍTICOINSTITUCIONAL

EIXO PROGRAMA PROJETO OBJETIVOS ESTRATÉGIAS ARRANJOS

INSTITUCIONAIS

Organização social e institucional

Fortalecimento e

empoderamento

institucional

Formação em

políticas públicas

Qualificar as

implantações das

políticas públicas

Capacitar os agentes

institucionais

SEBRAE,

UNIVERSIDADE,

FUNDAÇÕES

85

DIMENSÃO SOCIOCULTURAL

EIXO PROGRAMA PROJETO OBJETIVOS ESTRATÉGIAS ARRANJOS

INSTITUCIONAIS

Equidade de gênero, etnia e geração nas comunidades tradicionais

Valorização e

incrementos

produtivos nas

comunidades

tradicionais.

Valorização e

incrementos

produtivos nas

comunidades

tradicionais

Fomentar a produção

Agregar valor à

produção

Capacitar as

comunidades

Fortalecer os elos

institucionais

Articular políticas

públicas

Criar fóruns

específicos

Estabelecer

parcerias.

Mapear as

potencialidades

existentes.

Desenvolver métodos

adequados à

realidade.

Desenvolver

tecnologias próprias

para as

comunidades.

IPA, MDS, CEF,

BB, BNB,

Ministérios,

ITERPE, FAT,

FAO.

Educação do Campo

Educação

contextualizada,

voltada para a

realidade do meio

rural, envolvendo

jovens e adultos.

Implantar, na grade

curricular das

escolas, conteúdos

disciplinares

relacionados ao

campo.

Valorizar as

atividades do campo:

Evitar o êxodo rural.

Promover melhorias

sócio-econômicas da

família.

Discutir o tema

Educação do Campo

com as instituições

co-participantes.

Capacitação de

professor para ensino

da educação

contextualizada.

Envolver entidades

Secretaria de

Educação, IPA,

SERTA, SENAR,

Bancos, ONG’s,

Associações,

Sindicatos, etc.

86

que trabalhem com o

meio rural. Com IPA,

SERTA, SENAR,

Bancos, ONG,

associações,

sindicatos, etc.

Acesso aos serviços de moradia e segurança pública.

Moradia e

habitação rural

com acesso a

água potável

Construção de casas,

ampliação, reforma,

nas áreas rurais

construção de

cisternas

Assegurar dignidade

para famílias e

assegurar a

permanência no

campo

Mutirão com as

comunidades.

Capacitação, cursos

de pedreiros e

serventes.

Curso para

construção de

cisternas.

Caixa Econômica,

sindicatos e

prefeituras.

Acesso aos serviços de saúde

Saúde nos

assentamentos e

áreas de agricultores

familiares

tradicionais.

Construção de PSF

nos assentamentos e

áreas de agricultores

familiares

tradicionais.

Melhorar e prestar

assistência na área

de saúde para os

assentamentos rurais

e para os agricultores

familiares tradicionais

Construção de PSF.

(Posto / Unidades)

Capacitação das

equipes para atuação

junto ao agricultor

familiar.

Trabalhar a saúde

preventiva.

Oficinas de educação

e saúde.

- Ministério da

Saúde, MDA,

Secretária Estadual

de Saúde.

Segurança

alimentar e

Garantia de

segurança alimentar

Aquisição de

alimentos e prestação

Aprimorar o programa

de aquisição de

Capacitação e

oficinas junto aos

MDA, SDT, SARA,

IPA, CMDR’s,

87

nutricional.

e nutricional.

de assistência técnica

(ATER)

alimentos.

Capacitação para

melhorar a produção

e comercialização.

Melhorar a qualidade

da alimentação.

Garantir a merenda

escolar com produtos

da agricultura

familiar.

Colaborar com a

diminuição

desnutrição infantil.

produtores familiares.

Capacitar os comitês

locais.

Ampliar o número de

técnicos de ATER.

Capacitar jovens para

atuar com ADL

apoiando as

comunidades rurais.

Sindicatos.

DIMENSÃO ECONÔMICA

EIXO PROGRAMA PROJETO OBJETIVOS ESTRATÉGIAS ARRANJOS

INSTITUCIONAIS

Geração de trabalho

e renda

Qualificação e

assistência técnica

continuada

Implantação de

cursos

profissionalizantes

regionalizados no

âmbito da Agricultura

Dotar os agricultores

de condições

técnicas para

desenvolverem suas

atividades produtivas

Elaborar diagnóstico

regionalizado e

articular as parcerias

para a implantação

dos cursos.

Sistema “S”;

Universidade

Federal Rural de

Pernambuco; MDA

88

Familiar.

Eficiência

econômica e

agregação de

valores na

agricultura familiar

Assistência técnica

efetiva nos arranjos

produtivos

Organização da

produção e

comercialização da

agricultura familiar

Organizar sistemas

produtivos das

cadeias qualificando-

as e desenvolvendo

sistemas de

comercialização em

redes.

Contratação de

técnicos e ADL’s

(Agentes de

Desenvolvimento

Local)

MDA, SARA, IPA,

PRORURAL,

cooperativas

Infraestrutura de

apoio à agricultura

familiar

Apoio à

comercialização dos

produtos da

agricultura familiar

Construção de

centros de

armazenamento e

comercialização dos

produtos da

agricultura familiar

Evitar o êxodo rural

Garantir a segurança

alimentar

Construção de

centros de

armazenamento e

comercialização dos

produtos da

agricultura familiar

MDS; SARA

89

Capítulo 6

Modelo de

Gestão do

Plano

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

90

6 Modelo de Gestão do Plano

A gestão do plano se caracteriza, sobretudo, pela responsabilidade do colegiado

perante a implementação do PTDRS. Para isso, deverá se estruturar de alguma forma

(câmaras temáticas, comitês, núcleos, grupos de trabalho, dentre outros) e constituir um

instrumento de gestão que seja capaz de articular, acompanhar e monitorar o processo.

A gestão do PTDRS deverá contribuir para:

a) Transformar as estratégias / programas do PTDRS em ações operacionais;

b) Transformar essas estratégias / programas em tarefas para o colegiado;

c) Estruturar a sinergia institucional para a execução das estratégias/programas do

PTDRS

A Gestão Social do PTDRS deverá ser feita por todos que integram o colegiado

territorial, por isto, ela deve ser Participativa. Os membros do Colegiado seguem

descritos:

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

91

Membros do Poder Público: Membros da Sociedade Civil:

01 - representante do Banco do Brasil.

01 – representante da CEF.

01 – representante do BNB

01 - representante do PRORURAL

01 - representante da UFRPE

01 - representante da UPE

01 - representante da AESGA.

01 - representante da GERES

01 - representante da GRE

01 - representante do INCRA

01 – representante da SARA

01 - representante do IPA

01 - representante da ADAGRO

01 - representante do FUNTEPE

01 – representante do Ministério Público Federal

01 - representante da CHESF

01 - representante de cada Prefeitura (20)

01 - representante de cada Agência CONDEPE

FIDEM.

01 - representante da CODEAM.

01 - representante do Conselho Estadual de Educação

01 - representante do Conselho Estadual de Saúde.

01 - representante do Conselho Estadual de

Assistência Social.

01 - representante da Agência do Trabalho.

01 - representante da Secretaria de Articulação

Regional

01 - representante da Secretaria de Juventude e

Emprego

01 - representante da Secretaria da Mulher

TOTAL – 45 MEMBROS

01 - Representante de cada CMDS. (14)

01 - Representante dos STR’s (14)

01 - Representante do MST.

01 - Representante da FETAPE

01- SINTRAF Regional

01 - Representante da FETRAF

01 - Sindicato Rural Patronal

01 - Representante da CPT

01 - Representante do MLST

01 - Representante da ASA

01- Representante das Cooperativas de Crédito.

01 - Representante das Cooperativas de

Agricultores Familiares

01 - Quilombolas

01 - Indígenas

01 - Representante de ONG (COOTAG ou ICN)

01 - Representante do Sistema S (SEBRAE,

SENAI, SENAC, SESC).

01 - Representante da Fundação Bradesco

01 – Representante de Associação de Mulheres.

01 – Representante de entidade que trabalha

com jovens (SERTA)

TOTAL – 45 MEMBROS

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

92

No exercício da Gestão do PTDRS, a Direção do Colegiado, juntamente com o

Núcleo Técnico que a assessora, terá um papel importante nesse processo. Segue

abaixo a composição do Núcleo Diretivo e do Núcleo Técnico:

NÚCLEO DIRETIVO:

NOME FUNÇÃO ENTIDADE / INSTITUIÇÃO

Lucimar Maria de Oliveira Coordenadora Geral FETAPE

Almir Silva Xavier Vice Coordenador MST

Audálio Ramos Machado 1º Secretário INCRA

Stone Costa Albuquerque 2º Secretário COOTAG

José Acácio Melo do

Nascimento

1º Tesoureiro Prefeitura de São Bento do

UNA

Ivandilson Bezerra de Lima 2º Tesoureiro Sindicato dos

Trabalhadores Rurais de

Angelim

NÚCLEO TÉCNICO:

NOME ENTIDADE / INSTITUIÇÃO

Danilo Alves de Moraes BNB

Vitor Pereira de Oliveira UFRPE

José Ricardo Jucá Sampaio PRORURAL

Humberto Freitas CHESF

Adelvanda de Almeida Soares Prefeitura de Paranatama

Nesse processo, as informações deverão estar disponíveis a todos, então o

processo será norteado pela Transparência.

O Desenvolvimento que se busca alcançar, com a execução do Plano pretende

ser Integrado, Sustentável e com Equidade Social.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

93

Para a eficácia da Gestão do Plano, deverão ser implementadas / construídas as

seguintes Ações Estratégicas de Fortalecimento da Gestão Social:

Realizar a revisão dos projetos em execução ou em tramitação;

Realizar estudos de viabilidade socioeconômica dos projetos em execução ou em

tramitação.

Realizar prévio estudo de viabilidade para as novas propostas a serem

apresentadas;

Obter apoio das universidades;

Para a Gestão eficiente do Plano serão realizadas as seguintes Tarefas

Organizacionais do Colegiado:

Criar câmaras setoriais por eixos temáticos de desenvolvimento, composta por

integrantes com interesse na temática e/ou experiência no eixo (vincular as

câmaras setoriais à Coordenação do Fórum);

Utilizar ferramentas para gestão do Plano, como a realização de reuniões

plenárias e a utilização de sistemas de gestão;

Formar uma equipe técnica para acompanhamento dos projetos;

Ações de Monitoramento e Avaliação do Plano

Algumas ações devem ser implementadas para a realização do monitoramento a e

avaliação do Plano:

- Realização de visitas técnicas;

- Criação de banco de dados;

- Acompanhamento sistemático aos projetos implantados e aos que estão em

tramitação;

- Geração de relatórios periódicos (definição de instituições responsáveis e

recursos/logística).

- Realização de reuniões por micro-regiões dentro do Território para avaliação e

monitoramento;

- Realização de reuniões por eixos temáticos dentro do Território para avaliação e

monitoramento;

- Elaboração de instrumentos de diagnóstico: questionários, relatórios, entrevistas, etc.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

94

- Viabilização das Câmaras Setoriais com a responsabilidade de realizar o

monitoramento e avaliação;

- Viabilização das Câmaras setoriais com a atribuição de articular conselhos e

associações para levantamento das informações.

Estratégia de divulgação do Plano:

Para a legitimidade do Plano, o que contribui para o fortalecimento de sua gestão,

deve ser implementada uma Estratégia de Divulgação. Seguem abaixo alguns

instrumentos que deverão ser viabilizados e algumas tarefas que devem ser realizadas,

para a divulgação do Plano:

- Jornal informativo;

- Blogs;

- Rádio comunitária;

- Seminários locais;

- Formação de grupos de comunicação;

- Socialização dos espaços já existentes para divulgar as ações do Território.

- Realização de um grande evento de lançamento do Plano;

- Criar estratégias de divulgação interna e externa dos acontecimentos do Território;

- Criação de um site do Território da Cidadania do Agreste Meridional;

- Criação de informativo/folder com as ações planejadas e as ações executadas no

Território;

- Divulgação das atas e síntese das reuniões do Fórum.

95

Considerações

Finais

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

96

Considerações Finais

O Território do Agreste Meridional pode ser definido como predominantemente

familiar, tanto no que diz respeito ao número e tamanho de suas propriedades, quanto

no modo de ocupação e produção.

Observando os dados relativos ao Território, expostos ao longo deste documento,

pode-se afirmar que a agricultura familiar na região cumpre importante papel na geração

de ocupação e renda. Todos os municípios do Território têm como base social a

agricultura familiar em alguma proporção, porém, ainda minimamente tecnificada e com

sistema de produção fortemente voltado para subsistência.

Com relação ao processo de comercialização local e regional apresenta pouca

organização social, expressa em associações de produtores ou cooperativas, o que

dificulta a inserção no mercado local e regional.

Existe potencial para a pluriatividade em grande parte dos municípios, bem como

é possível identificar uma diversificação da produção, mas há pouca dinamização sócio-

econômica ocorrendo. É impreterível compreender e conhecer a realidade, identificando

os pontos de estrangulamento do desenvolvimento, todos eles interelacionados com os

aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais.

Por outro lado, o Território tem enormes potencialidades, que se transformadas

em oportunidades podem reverter várias situações desfavoráveis ao seu pleno

desenvolvimento. A política de desenvolvimento com enfoque territorial pode ser uma

possibilidade de mobilizar lideranças locais e regionais, canalizando as forças e energias

para a busca de soluções para os graves problemas que afetam grande parte da

população do Território.

A superação dos níveis de pobreza, desigualdades e exclusões de toda ordem

representa um grande desafio, com o qual precisa se comprometer todos aqueles e

aquelas que sonham e desejam ver uma sociedade em que os direitos básicos dos

cidadãos e cidadãs sejam respeitados. Garantir o acesso à educação deve ser

prioridade máxima, pois as taxas de analfabetismo e a pouca escolarização presentes

em todos os municípios do Território comprometem qualquer projeto de desenvolvimento

e condena sua gente a se perpetuar na miséria e na pobreza.

O acesso à terra é outro ponto crucial de promoção do desenvolvimento, à

medida que sua redistribuição, acompanhada de todas as políticas de apoio à produção

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

97

(crédito, assistência técnica, transporte, infra-estrutura produtiva e social), permitirá

gerar postos de trabalho e ocupação, com conseqüente ganho de renda.

Esses pilares precisam ser tocados para de fato gerar o tão sonhado e necessário

desenvolvimento. Portanto, este documento pode vir a contribuir, sendo um dos

instrumentos norteadores das ações e políticas a serem implementadas no Território

com a finalidade de se construir o almejado desenvolvimento sócio-econômico, onde as

pessoas serão valorizadas, as relações humanizadas, as desigualdades eliminadas e a

diversidade respeitada. As alternativas virão, fruto do compromisso conjunto dos atores

sociais com a gestão do Plano.

98

Bibliografia

Referencial

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

99

Bibliografia Referencial

AGRESTE Meridional – Colonização e Questões Indígenas. Disponível em:

http://biuvicente.com/blog/p=433. Acesso em 14/07/2010.

BRASIL, Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003. Disponível em

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/11/268702.shtml Acesso em: 13/07/20010

BRASIL. Portaria nº 1101/GM de 2002 do Ministério da Saúde.

CARVALHO, Daniela Moreira e SOUZA, Jalmir Pinheiro de. Análise da Cadeia Produtiva da

caprinovinocultura em Garanhuns. Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/9/673.pdf.

Acesso em: 16/07/2010.

COMUNIDADES Quilombolas do Estado de Pernambuco. Disponível em:

http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_brasil_pe.html. Acesso em: 21/08/2010.

COSTA, Débora da Silva. Gestão Social do Desenvolvimento Rural Sustentável de um Território:

fatores determinantes para o fortalecimento e articulação horizontal e vertical de conselhos e

fóruns participativos. Dissertação de mestrado. Recife, janeiro de 2007.

DISTORÇÃO Idade Série. Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco. Disponível em:

http://www.educacao.pe.gov.br/. Acesso em: 05/09/2010.

EVOLUÇÃO da Mortalidade Infantil no País. Secretaria de Vigilância Sanitária em Saíde.

Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/saude_brasil_2008_web_20_11.pdf

Acesso em: 18/07/2010

FUNAI – Fundação nacional do Índio. Disponível em:

http://www.funai.gov.br/mapas/etnia/etn_pe.htm. Acesso em: 18/09/2010

GESTÃO Social e Planejamento do Desenvolvimento territorial. Um Subsídio aos Facilitadores e

Animadores do Apoio ao Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais. SDT/ MDA,

Brasília, julho de 2.004.

MARCO Referencial para Apoio ao Desenvolvimento de Territórios Rurais. SDT/ MDA, Brasília,

novembro de 2005.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

100

OLIVEIRA, Lucimar Maria. Fórum do Agreste Meridional como parte da Política de

Desenvolvimento Territorial: Caminho para a Ampliação do Capital Social? Monografia de

Especialização. Campina Grande, novembro de 2007.

ORIENTAÇÕES Para a Prática no Apoio ao Desenvolvimento Territorial. SDT/MDA, Brasília,

maio de 2004.

ORIENTAÇÕES Para a Prática no Apoio ao Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais.

SDT/MDA, Brasília, junho de 2004.

PLANO de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Agreste Meridional, SDT/MDA,

Garanhuns, Setembro de 2006.

PLANO Integrado de Desenvolvimento Local – Regiões do Agreste e Sertão do Moxotó.

Governo do Estado de Pernambuco. Recife, abril de 2004.

PLANO Regional de Inclusão Social. Agreste Meridional Estratégico. Governo do Estado de

Pernambuco. Recife, 2003.

PLANO Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável: Guia para o Planejamento. SDT/MDA,

Brasília, novembro de 2005.

REFERÊNCIAS Metodológicas Para o Desenvolvimento Territorial. SDT/MDA, Brasília, março

de 2004.

REFERÊNCIAS para a Gestão social de Territórios Rurais. SDT/MDA, Brasília, novembro de

2005.

REFERÊNCIAS para a Gestão Social dos Territórios Rurais. Guia para a Organização Social.

SDT/MDA, Brasília, novembro de 2005.

REFERÊNCIAS para uma Estratégia de Desenvolvimento Rural Sustentável. SDT/ MDA,

Brasília, novembro de 2005.

SEGUNDO Ciclo da Gestão Social: Orientações para a Prática no Apoio ao Desenvolvimento

Sustentável dos Territórios Rurais. SDT/MDA, Brasília, janeiro 2005.

Outros Sites visitados:

www.pnud.org.br/atlas

www.mda.gov.br

www.ibge.gov.br

www.condepe/fidem.pe.gov.br

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Agreste Meridional – Pernambuco

101

www.portaldatransparencia.gov.br

www.ufpe.br/nepe/povosindigenas/fulnio

www.mds.gov.br

www.brasiloca.com.br

www.bde.pe.gov.br