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PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL TERRITÓRIO BAIXO ARAGUAIA - MT VITOR HUGO GARBIN CONSULTOR TERRITORIAL MEDSON JANER SILVA – RNC/SDT SISTEMATIZAÇÃO Novembro de 2006

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PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO

RURAL SUSTENTÁVEL

TERRITÓRIO BAIXO ARAGUAIA - MT

VITOR HUGO GARBIN

CONSULTOR TERRITORIAL

MEDSON JANER SILVA – RNC/SDT

SISTEMATIZAÇÃO

Novembro de 2006

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Ministério do Desenvolvimento Agrário

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AMBA Associação dos Municípios do Baixo Araguaia ANSA Associação Nossa Senhora Auxiliadora ATES Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária. BR Rodovia Federal CEDRS Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável CMDRS Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável CONDRAF Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável CO Centro Oeste CIAT Comissão de Instalação das Ações Territoriais CPT Comissão Pastoral da Terra CREATIO Organização da Sociedade Civil de Interesse Público EMPAER Empresa Mato-grossense de Assistência Técnica e Extensão

R lFAO Food and Agriculture Organization FCR Fundação Cândido RondonFETAGRI Federação dos Trabalhadores na AgriculturaGESTAR Programa de Gestão Ambiental Rural do MMA IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IDH Índice de Desenvolvimento Humano INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPTU Imposto Territorial Urbano MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário. MMA Ministério do Meio Ambiente MT Mato Grosso N Norte ND Núcleo Diretivo NE Nordeste NT Núcleo Técnico ONG Organização não Governamental. ONU Organização das Nações Unidas. PA Projeto de Assentamento PPA Plano Pluri Anual PROINF Programa de Apoio à Infra-estrutura e Serviços Territoriais PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PTDRS Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável S Sul SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial

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Ministério do Desenvolvimento Agrário

SECITES Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação S iSEDER Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural

SEPLAN Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral SNIU Sistema Nacional de Indicadores Urbanos STR Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais UNEMAT Universidade Estadual do Mato Grosso VABP Valor Bruto da Produção da Agricultura Familiar VPB Valor Bruto da Produção

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Municípios que formam o território do Baixo Araguaia e ano

de criação.

10

Tabela 2. População total nos anos de 1996 e 2000 nos municípios

pertencentes ao território do Baixo Araguaia.

21

Tabela 3. Rendimento médio mensal no ano de 2000 e Taxa de

Mortalidade Infantil em 2002 nos dos municípios do Baixo

Araguaia

22

Tabela 4. Relação entre a população rural e o número de

trabalhadores rurais nos municípios do Baixo Araguaia

24

Tabela 5. Relação entre a população urbana e o número de

trabalhadores nas empresas formais nos municípios do

Baixo Araguaia.

25

Tabela 6. Valores da receita orçamentária, arrecadação do ICMS e

transferência de capital da União e Governo Estadual para

os municípios do Baixo Araguaia em 2000.

26

Tabela 7. Renda anual gerada/ produtor de acordo com os produtos

(renda total/ número de produtores).

29

Tabela 8. Relação entre número de trabalhadores e de

estabelecimentos no meio rural no território do Baixo

Araguaia.

30

Tabela 9. Número de estabelecimentos e área ocupada nos

municípios do território do Baixo Araguaia.

32

Tabela 10. Principais atividades desenvolvidas nos municípios do 33

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Ministério do Desenvolvimento Agrário

território do Baixo Araguaia em relação ao Valor Bruto da

Produção

Tabela 11. Principais informações identificadas nas análises dos dados

primários e secundários no território do Baixo Araguaia.

44

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Sub-regiões do território rural do Baixo Araguaia 13

Figura 2. Territórios rurais no Brasil 16

Figura 3. Brasil e Regiões 16

Figura 4. Estado do Mato Grosso com o território destacado 17

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Estratégia Metodológica de Apoio ao Desenvolvimento Territorial

11

Quadro 2. Atividades desenvolvidas durante a vigência do convênio FCR/SDT/MDA.

12

Quadro 3. Visão de Futuro do território do Baixo Araguaia. 46Quadro 4. Programas e projetos estratégicos do território do Baixo

Araguaia.

49

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Número de estabelecimentos familiares de acordo com os produtos.

28

Gráfico 2. VABP dos principais produtos da agricultura familiar no território do Baixo Araguaia.

29

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES...................................................... 2 PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL. 6 TERRITÓRIO DO BAIXO ARAGUAIA...................................................... 6 ESTADO DE MATO GROSSO ................................................................. 6 1. APRESENTAÇÃO GERAL ................................................................. 6 2. INTRODUÇÃO.................................................................................. 8 2.1. PROCESSO METODOLÓGICO ....................................................... 9 A – METODOLOGIA DAS OFICINAS .................................................... 10 B- OFICINAS REALIZADAS ................................................................. 11 2.2. INSTITUCIONALIDADE................................................................. 13 A – CIAT............................................................................................ 13 B- Descrição do CIAT .......................................................................... 13 3. DIAGNÓSTICO ............................................................................... 14 3.1- Mapas......................................................................................... 15 3.2 – Caracterização do território .......................................................... 16 A - Identidade ..................................................................................... 16 B. Contexto sócio-econômico ............................................................... 18 B.1 Índices demográficos: a dimensão do rural no território do Baixo Araguaia......................................................................................................... 19 B.2 A pobreza no território do Baixo Araguaia......................................... 20 B.3 A economia do território do Baixo Araguaia: a produção agropecuária e o setor formal urbano ............................................................................. 22 B.4 Características gerais da atividade agropecuária ............................... 26 Produção ..................................................................................................................28

B.5 Análise Sistêmica .......................................................................... 33 B.5.1 Subsistema de Produção ............................................................. 33 B.5.2 Subsistema de Transformação ..................................................... 37 B.5.3 Subsistema de Comercialização ................................................... 39 C. Institucionalidades .......................................................................... 40 C.1 Ambiente institucional de apoio ....................................................... 40 3.3 - Análise da competitividade sistêmica e da qualidade de vida do território......................................................................................................... 42 A. - Aspectos básicos sobre o capital social no território do Baixo Araguaia.42 A.1 Quadro Resumo............................................................................ 43 4. VISÃO DE FUTURO ........................................................................ 45 5. EIXOS INTEGRADORES ................................................................. 47 6. PROJETOS ESTRATÉGICOS (ESTRUTURANTES) ........................... 48 7. AGENDA DAS AÇÕES TERRITORIAIS ............................................. 51 8. CRÉDITOS..................................................................................... 53 9. DATA E LOCAL: Campo Grande/MS, novembro de 2006 ..................... 53

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PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL TERRITÓRIO DO BAIXO ARAGUAIA

ESTADO DE MATO GROSSO

1. APRESENTAÇÃO GERAL

A decisão do Governo Brasileiro em propor uma política nacional que

apoiasse o desenvolvimento sustentável dos territórios rurais, foi resultado de um

processo de acúmulos e de reivindicações de setores públicos e organizações da

sociedade civil, que avaliaram como sendo necessária a articulação de políticas

nacionais com iniciativas locais, segundo uma abordagem inovadora.

Esta decisão teve como resultado a proposta de criação da Secretaria de

Desenvolvimento Territorial, no âmbito do MDA, e a formulação de dois

programas nacionais apresentados no âmbito do PPA do Brasil, 2004-2007.

Esses programas, a própria SDT, os demais órgãos da administração pública

federal com ações confluentes no desenvolvimento sustentável, os governos

estaduais e municipais, e um vasto número de organizações da sociedade civil e

movimentos sociais, além das próprias populações dos territórios rurais,

constituem a base política, institucional e humana desta proposta.

O enfoque territorial implica no desenvolvimento endógeno e na

autogestão. As regiões mais carentes de desenvolvimento são exatamente

aquelas que apresentam os mais altos índices de analfabetismo e que sofrem,

desde muito tempo, processos de exclusão social, de migração e de

desqualificação dos serviços públicos.

Essas regiões estão dentre as mais pobres do País e, geralmente,

possuem capital social pouco desenvolvido, devido a fatores econômicos (falta de

meios, pobreza, desemprego); sociais (dependência, subordinação, pouca

organização social); geográficos (isolamento, dificuldade de comunicações,

limitantes naturais); educacionais (educação formal deficiente, analfabetismo,

baixa informação e capacitação); e práticas políticas (pouca participação,

clientelismo).

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Esses elementos desfavoráveis reduziram dramaticamente as chances da

cidadania e da participação, acentuando as assimetrias sociais, econômicas e

políticas.

Em algumas partes, os fatores desagregadores são parcialmente

compensados por forte identidade cultural e pela solidariedade, desenvolvidas

sobre práticas sociais de Fé, de trabalho conjunto, compartilhamento de recursos

naturais escassos e uso comum da terra para criação de animais.

Em várias partes, o crescimento e institucionalização do capital social são

vistos como uma espécie de ameaça ao poder político local, sendo mesmo

comum que ocorram manifestações de alguns líderes locais contra as ações que

procuram mediar demandas sociais e políticas públicas, já que a gestão social

aparece como uma reivindicação em quase todos os fóruns, associações,

sindicatos e outras formas de organização social.

São também regiões de capital natural pressionado por escassos recursos,

como o semi-árido, ou por desequilíbrios eminentes, como a Amazônia, que

requerem sistemas de apropriação fundados na preservação e na gestão

cautelosa dos recursos naturais. Portanto, dificultam a apropriação pelo homem

do capital natural, ou cobram dele o esgotamento precoce dos recursos naturais,

reduzindo seus rendimentos e dificultando as condições de reprodução.

Quanto aos condicionantes humanos, social, político e ambiental, as

indicações são as recorrentes de todos os estudos, demandas e propostas:

- Prioridade para a educação formal, acesso aos serviços de saúde e

oportunidades de trabalho, de tal forma a reconstruir o capital humano no

espaço de uma geração;

- Mobilização, organização, valorização cultural, capacitação, participação e

desenvolvimento institucional, para construir o capital social;

- Renovação das práticas políticas e garantia de acesso às políticas públicas,

para redução da dependência e avanço da gestão social;

- Inovações com tecnologias apropriadas e ecologicamente amigáveis,

valorização dos recursos locais, difusão de conhecimentos contextualizados,

“saber fazer” democratizados, diversificação econômica, para melhor usar os

recursos naturais e preservar o ambiente.

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Em todos os casos, faz-se necessário: investimentos públicos e privados

focados nos territórios, proteção social dos grupos mais frágeis, informação,

capacitação e assistência técnica de qualidade. Sem esquecer os enfoques

transversais temáticos da maior importância, tais como gênero, geração, raça e

etnia.

A SDT adotou da academia a definição de território: É um espaço físico,

geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo cidades e

campos, caracterizado por critérios multidimensionais, tais como o ambiente, a

economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população,

com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e

externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou

mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial.

E para território rural a seguinte definição: São os territórios, conforme

anteriormente, onde os critérios multidimensionais que os caracterizam, bem

como os elementos mais marcantes que facilitam a coesão social, cultural e

territorial, apresentam, explicita ou implicitamente, a predominância de elementos

“rurais”. Nestes territórios incluem-se os espaços urbanizados que compreendem

pequenas e médias cidades, vilas e povoados. E para microrregiões rurais: As

microrregiões rurais são aquelas que apresentam densidade demográfica menor

do que 80 habitantes por km² e população média por município até 50.000

habitantes.

Com este enfoque definiu os critérios de seleção dos territórios rurais, a

saber: Lista classificatória das microrregiões nos estados; número de agricultores

familiares;número de famílias assentadas; municípios já beneficiados pelo

PROINF e pobreza rural (menor IDH). Os quais, depois de selecionados em

reuniões do CMDRS, movimentos sociais, associações e entidades representante

da agricultura familiar, ocorrerá a homologação pelo CEDRS.

2. INTRODUÇÃO

O Território do Baixo Araguaia, faz parte da Mesorregião Nordeste do

Estado do Mato Grosso, tendo como limites naturais o rio Xingu à Oeste e o rio

Araguaia à Leste.

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Atualmente , este território é composto por 15 municípios. A Tabela 1

apresenta todos os municípios que formam o território, bem como a distância para

a capital e o seu ano de criação.

Tabela 1. Municípios que formam o território do Baixo Araguaia e ano de

criação.

Município Ano de Criação Distância para Cuiabá (Km)

Alto Boa Vista 1993 1.063,50

Bom Jesus do Araguaia 1999 1.027,90

Canabrava do Norte 1993 1.132,50

Confresa 1993 1.165,50

Luciara 1963 1.166,50

Novo Santo Antônio 1999 1.118,00

Porto Alegre do Norte 1986 1.127,50

Querência 1993 912,70

Ribeirão Cascalheira 1989 877.60

Santa Cruz do Xingu 1999 1.021,00

Santa Terezinha 1980 1.313,50

São Félix do Araguaia 1976 1.143,00

São José do Xingu 1993 1.158,00

Serra Nova Dourada 1999 1.046,00

Vila Rica 1986 1.260,50

Distância Média -- 1.106,20

Fonte: SEPLAN – MT, 2005.

2.1. PROCESSO METODOLÓGICO

No desenvolvimento das atividades na Fase I (Quadro 1) ocorreram

oficinas de sensibilização, mobilização e articulação, assim como a constituição

do CIAT, ND e NT. A CIAT através do ND articulou-se politicamente com os

CMDRS, o MMA/GESTAR, secretarias municipais de agricultura e com a

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Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado do Mato Grosso (SEDER) para

estabelecer um arranjo político na implementação de ações de desenvolvimento

territorial no Baixo Araguaia.

Na Fase II a qual se refere ao planejamento e gestão do desenvolvimento,

realizou-se a oficina de gestão e planejamento territorial da CIAT e a oficina de

concepção básica do desenvolvimento territorial. Assim como, os estudos

propositivos, as linhas estratégicas do desenvolvimento territorial, modelo de

gestão e elaboração de projetos setoriais e específicos. Além de oficinas

conjuntas com o MMA/GESTAR para tratar de assuntos territoriais com enfoque

ambiental.

A – METODOLOGIA DAS OFICINAS

Quadro 1: Estratégia Metodológica de Apoio ao Desenvolvimento

Territorial.

FASES

I - FASE DE SENSIBILIZAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO

II - FASE DE PLANEJAMENTO E

GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO

III- FASE DE IMPLEMENTAÇÃO DE

PROJETOS, CONTROLE E AVALIAÇÃO

Tempo total desde

início

SETEMBRO DE 2003 A

MAIO DE 2004

MAIO DE 2004 A JUNHO

2005

JUNHO 2005 A

NOVEMBRO 2005

AÇÃO DE APOIO

– OFERTA

Oficina Nivelamento

Conceitual e Metodológico

(Estadual)

Oficina Nivelamento

Conceitual e Metodológico

(Territorial) em conjunto

com o MMA/GESTAR.

Oficina Planejamento e

Gestão Territorial (CIAT)

Oficina Concepção

Básica do

Desenvolvimento

Territorial

Consultorias: Estudo

Propositivo (FCR)

Oficina Gestão,

Monitoramento e

Avaliação do

Desenvolvimento

Territorial Rural

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AÇÃO DE AUTO-

ORGANIZAÇÃO –

DEMANDA

Acordo territorial,

Compromissos territoriais

e governamentais,

Constituição dos CIAT’s,

Núcleos Dirigente e

Operacional,

Levantamento de

Informações Preliminares.

Formação de grupos de

trabalho setores

priorizados

Aprofundar o

conhecimento da

realidade;

Definição das linhas

estratégicas do DT;

Consolidar um modelo de

gestão;

Elaboração de projetos

setoriais e específicos.

Organização dos Arranjos

Institucionais;

Articulação de Políticas

Públicas;

Monitoramento e

Avaliação dos Programas

e Projetos.

B- OFICINAS REALIZADAS

Na Fase III e no 2° e 3° Ciclos (Quadro 2) foram realizados quatro oficinas

e um curso como parte da estratégia da elaboração PTDRS. Ainda nessa fase a

SDT/MDA discute nos territórios e também no Baixo Araguaia a importância da

educação do campo e o desenvolvimento territorial. Para tanto foi realizado um

seminário estadual com as lideranças do setor.

Quadro 2 – Atividades desenvolvidas durante a vigência do convênio

FCR/SDT/MDA.

ATIVIDADES LOCAL DATA

Planejamento e Gestão Territorial (CIAT) (1ª F II) São Félix do Araguaia 19 a 21/07/05

Gestão, Monitoramento e Avaliação do

Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável

(Fase III)

São Félix do Araguaia 25 e 27/10/05

Monitoria e Avaliação do PTDRS (1ª Oficina do

2° Ciclo) Porto Alegre do Norte 13 e 15/12/05

Seminário Estadual de Educação do Campo e

Desenvolvimento Territorial Cuiabá 16 e 17/11/06

Monitoramento das Ações Territoriais (Oficina

estadual) Cuiabá 23 e 24/11/05

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Monitoria e Avaliação do PTDRS (2ª Oficina do

2° Ciclo) São Félix do Araguaia 14 a 16/03/06

Curso para Núcleos Diretivos e Técnicos das

CIATs sobre gestão do PTDRS Cuiabá 04 a 07/04/06

Monitoria e Avaliação do PTDRS (1ª Oficina do

3° Ciclo) São Félix do Araguaia 24 a 25/10/06

Desde o início dos trabalhos da SDT realizados no território do Baixo

Araguaia a instituição colegiada é a CIAT (Comissão de instalação das Ações

territoriais). Destaca-se como uma ação de relevância do CIAT a sua nucleação

em três sub-regiões microrregiões implementada a partir de dezembro de 2005, a

saber:

- Sub-região I: Confresa, Vila Rica, Porto Alegre do Norte, Canabrava, São

José do Xingu e Santa Cruz do Xingu, Santa Terezinha;

- Sub-região II: Ribeirão Cascalheira e Querência;

- Sub-região III: São Félix do Araguaia, Alto Boa Vista, Serra Nova

Dourada, Bom Jesus do Araguaia, Novo Santo Antonio e Luciara.

Figura 1. Sub-regiões do território rural do Baixo Araguaia

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Esse reagrupamento de municípios em sub-regiões facilitou a participação

e a discussão das ações territoriais, garantido as diversidades e identidades

locais. Bem como, facilitou a execução dos trabalhos de construção do PAC

REGIONAL realizado em parceria com o INCRA.

2.2. INSTITUCIONALIDADE

A – CIAT Toda a estratégia de apoio ao desenvolvimento dos territórios rurais que

está sendo implementada pela SDT/MDA desde 2003, está alicerçada na

concepção de que o território rural deve se constituir em um espaço de

integração, articulação e concertação da diversidade de atores sociais,

identidades culturais, interesses políticos e políticas públicas que nele se

manifestam.

Cada território se caracteriza pela diversidade de visões e interesses que

buscam construir espaços de concertação, onde ocorrem articulações,

entendimentos e negociações. Este espaço deve ser um fórum privilegiado e se

constituir numa nova institucionalidade, agora de âmbito territorial, onde seja

garantida e legitimada a presença dos diversos atores sociais existentes no

espaço do território.

A Resolução no 52 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural

Sustentável (CONDRAF), de 16 de fevereiro de 2005, preconiza que as

institucionalidades territoriais devem construir espaços nos quais “a gestão social

do desenvolvimento territorial deve ser concretizada por meio de espaços de

debate e concertação, com transparência e participação”.

B- Descrição do CIAT

A configuração do CIAT do Baixo Araguaia está composta por 21 membros

titulares e 21 membros suplentes, representado as seguintes instituições:

prefeituras municipais, câmaras de vereadores, CMDRS, STRs, movimentos

sociais, ONGs, CPT, UNEMAT, INCRA, representante das associações

indígenas, EMPAER e GESTAR.

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O Núcleo Diretivo está composto por cinco membros e respectivos

suplentes, representantes das seguintes instituições: STR de Vila Rica, Prefeitura

Municipal de Confresa, Associação APRUNAV de Luciara, GESTAR e a EMPAER

de Serra Nova Dourada.

O Núcleo Técnico está constituído por oito instituições, sendo: Escritório de

Planejamento Plantas e Projetos de São Félix do Araguaia, ASTEC de Confresa,

EMPAER de São Félix do Araguaia, Prefeitura Municipal de Alto Boa Vista,

INCRA de São Félix do Araguaia, GESTAR de São Félix do Araguaia e a

UNEMAT de Confresa;

3. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico preliminar foi desenvolvido a partir de dados secundários

junto a órgãos oficiais estaduais e federais, como IBGE, Ministério da Saúde,

Ministério da Fazenda, Secretarias de Governo do Estado de Mato Grosso.

Consta de informações sobre o perfil demográfico do território do Baixo Araguaia,

indicadores sócio-econômicos, aspectos quantitativos da produção agropecuária

e da agricultura familiar, além de informações sobre as demandas e ofertas de

políticas públicas orientadas para o desenvolvimento rural sustentável. A coleta

de dados secundários foi complementada pela análise de documentos e

diagnósticos já realizados sobre o território do Baixo Araguaia.

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3.1- Mapas

Figura 2. - Territórios rurais no Brasil.

Fonte: SDT/MDA, Outubro/2006.

Figura 3. Brasil e Região

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Figura 4. Estado do Mato Grosso com o território destacado

3.2 – Caracterização do território A - Identidade

O território do Baixo Araguaia está localizado na região Nordeste do Estado

de Mato Grosso, fazendo divisa com os estado do Pará, Tocantins e Goiás. Está

formado por 15 municípios, distantes, em média a mais de 1.100 Km da capital de

Mato Grosso.

A história da região deve ser compreendida de duas perspectivas

diferentes. De um lado os municípios a beira do Rio Araguaia, de origem de

migrações nordestinas, tendo como exemplo típico o município de São Félix do

Araguaia, e os municípios do interior, principalmente a beira da BR 158, como,

por exemplo, Confresa ou Vila Rica. Nestes casos, a colonização se deu

principalmente por empresas privadas (projetos de colonização) e pela

implantação de projetos de assentamentos do Programa Nacional de Reforma

Agrária.

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O processo de ocupação na região permite compreender alguns dos

conflitos vivenciados hoje no território. De maneira geral, conforme aponta

FERREIRA (1997), a região do Araguaia foi, desde tempos imemoriáveis,

habitada por diversas etnias indígenas, como tapirapé, xavantes e karajás. De

acordo com o autor, a história de colonização da região se deu a partir da

“marcha para Oeste” do governo de Getúlio Vargas na década de 40. A partir

desta década, concessões de terras aliadas aos incentivos para as empresas

colonizadoras e aos projetos governamentais de reforma agrária fizeram com que

a população na região crescesse de forma substancial. Deve-se destacar,

entretanto, que foram registrados vestígios das bandeiras paulistas do século XVI

na região, provavelmente em busca de uma suposta “Mina dos Martírios”. No

entanto, nenhuma bandeira fixou-se no local.

De acordo com Dom Pedro Casaldáliga, antigo bispo de São Félix do

Araguaia e um dos principais nomes relacionados à história da região, o fluxo de

migração para a região do Araguaia ocorreu em três momentos distintos, sendo

que esta dinâmica da população está na base dos problemas atuais vividos pelo

território.

De acordo com o entrevistado, primeiramente houve o contato dos

migrantes nordestinos, que chegavam atravessando o Rio Araguaia em busca da

“bandeira verde” (de acordo com antigas profecias do Padre Cícero os nordestino

deveriam ir para um suposto “sertão verde”, que foi associado na época às matas

da região do Araguaia). Esta população migrante logo encontrou os indígenas que

habitavam a região, gerando os primeiros conflitos entre estes povos.

O segundo fluxo ocorreu pela implantação dos projetos de colonização e

assentamentos, trazendo moradores das regiões NE e S. Esta população veio

acreditando nas mensagens que divulgavam uma área supostamente fértil e sem

qualquer tipo de conflito. Deve-se destacar que problemas com as empresas

colonizadoras e com a titulação das terras fez com que ainda hoje grande parte

dos assentados não possua o documento de posse destas terras.

Por fim se deu a chegada dos grandes empreendimentos agropecuários,

gerando conflitos ainda não resolvidos pela posse da terra com os posseiros que

estavam fixados no território desde as primeiras migrações nordestinas.

Atualmente, a falta de títulos e os conflitos agrários envolvendo índios, posseiros

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e fazendeiros dificultam o processo de desenvolvimento do território (ainda são

comuns casos de tensão e violência pela ocupação de terras).

A origem nordestina dos habitantes de grande parte da região pode ser

percebida pelas gírias e pela própria fala dos moradores. Termos comuns para

designar a região e seus habitantes são “sertão” e “sertanejo”, expressões típicas

do nordeste e que foram transpostas para o Baixo Araguaia. Cabe destacar ainda

o importante papel da igreja e dos sindicatos dos trabalhadores rurais na

intermediação dos conflitos agrários e no próprio processo de ocupação, através

da organização das comunidades rurais e estruturação dos municípios. Ainda

hoje a CPT realiza ações de fiscalização e denúncias de trabalho escravo e

violência no campo na região do Araguaia.

A grande distância dos principais municípios do Estado de Mato Grosso e a

precariedade de infra-estrutura tornou o processo de ocupação do território difícil.

Ainda hoje o Baixo Araguaia é marcado por estas questões, o que fez com que a

região fosse conhecida como “Vale dos Esquecidos” dentro do estado.

Todas as relações comerciais são feitas com os estados vizinhos,

principalmente Goiás e Pará (inclusive o fuso horário utilizado informalmente é o

de Brasília e não o horário oficial de Mato Grosso). A Figura 2 apresenta a

localização do território no Estado de MT. Já a Tabela 1 apresenta os municípios

que fazem parte do território do Baixo Araguaia, seu ano de fundação e a

distância para a capital do estado.

B. Contexto sócio-econômico

O território do Baixo Araguaia possui 11,40% da área total do Estado do

Mato Grosso mas somente 3,4% da população total do estado. Em média, os

municípios que formam o território possuem somente 6.328 habitantes.

Destacam-se os municípios de Confresa e Vila Rica, os únicos com mais de

15.000 habitantes, possuindo 17.841 e 15.583 habitantes, respectivamente.

Todos os demais possuem menos de 10.000 moradores, sendo que municípios

como Novo Santo Antônio, Nova Serra Dourada e Santa Cruz do Xingu possuem

pouco mais de mil moradores no total.

Em relação à população rural e urbana, observa-se que, mesmo com uma

população total pequena, o território é responsável por quase 10% da população

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rural total do Estado de MT. Em média, quase 50% da população é moradora das

áreas rurais. Ressalta-se, no entanto, que existem municípios como Bom Jesus

do Araguaia, Serra Nova Dourada e Novo Santo Antônio que possuem toda a

população alocada nas áreas rurais.

A forte presença de características rurais no território pode ser comprovada

pela baixa densidade demográfica média, calculada em torno de 0,9 habitantes/

Km2, variando muito pouco nos municípios da região, e pelo índice de

urbanização médio de 50,40%. Com referência a este índice, existem municípios

com 0% de urbanização, como é o caso de Bom Jesus do Araguaia, São José do

Xingu e Novo Santo Antônio, nos quais toda a população localiza-se na área rural.

Este valor está muito abaixo do índice de urbanização médio do Estado de MT

(79,4%).

Com respeito à razão de dependência, o território possui média de 62,3%,

muito acima da média do MT (54,9%). Destacam-se municípios como Luciara,

Novo Santo Antônio e Santa Terezinha, com 70% ou mais da população sendo

considerada dependente.

De maneira geral os dados sobre a população demonstram que, apesar de

contar com uma pequena população em relação ao total do estado, com menos

de 100.000 habitantes, o território do Baixo Araguaia assume importância em

relação a sua população rural, sendo que os municípios que fazem parte deste

território possuem basicamente características rurais.

B.1 Índices demográficos: a dimensão do rural no território do Baixo Araguaia

De maneira geral, a população do território vem aumentando a uma taxa de

2,95% ao ano, menor que o crescimento populacional do Mato Groso, que foi

3,44% ao ano, desde 1996 a 2000. No entanto, dois municípios se destacaram

por apresentar diminuição da população de 1996 a 2000: Canabrava do Norte

(queda de17,97%) e Porto Alegre do Norte (queda de 16,04%). Os municípios de

Luciara e São Félix do Araguaia não apresentaram alterações na sua população,

enquanto São José do Xingu e Alto Boa Vista foram os municípios que mais

cresceram. A Tabela 2 apresenta dos dados referentes ao crescimento

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populacional em cada município do território do Baixo Araguaia entre 1996 e

2000.

Tabela 2. População total nos anos de 1996 e 2000 nos municípios

pertencentes ao território do Baixo Araguaia.

Município 1996 2000 Variação

Alto Boa Vista 4.907 6.026 22,80

Bom Jesus do Araguaia - 3.718

Canabrava do Norte 6.082 4.989 -17,97

Confresa 17.196 17.841 3,75

Luciara 2.751 2.494 -9,34

Novo Santo Antônio - 1.180

Porto Alegre do Norte 10.271 8.623 -16,05

Querência 4.221 7.274 72,33

Ribeirão Cascalheira 8.578 8.866 3,36

Santa Cruz do Xingu - 1.036

Santa Terezinha 6.248 6.270 0,35

São Félix do Araguaia 10.862 10.697 -1,52

São José do Xingu 4.378 5.944 35,77

Serra Nova Dourada - 1.016

Vila Rica 13.244 15.583 17,66

Total do território 88.738 101.557 14,45

Total do Estado 2.235.832 2.543.548 20,61% Fonte: Adaptado de IBGE, 2000.

B.2 A pobreza no território do Baixo Araguaia

Um primeiro ponto a ser destacado com referência aos indicadores de

pobreza no território é com referência ao baixo IDH. Os municípios do Baixo

Araguaia possuem, em média, IDH menor do que a média do Mato Grosso e

menor do que a média brasileira (cerca de 8% menor). Nenhum município do

território possui IDH superior a média do Mato Grosso (0,773). Os municípios com

IDH mais baixo dentro do território são Luciara, Ribeirão Cascalheira, Canabrava

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do Norte, Santa Terezinha e São José do Xingu, que apresentam valores abaixo

de 0,7 para este índice. Os municípios com maior IDH são Vila Rica, São Félix do

Araguaia e Querência (com 0,723; 0,726 e 0,750 respectivamente).

Todos os componentes do IDH contribuem negativamente para a formação

do índice dentro do território tendo em vista que as médias para o IDH renda, IDH

longevidade ou IDH escolaridade são mais baixas no território do que no Estado

de MT. No entanto, os componentes “renda” e “longevidade” apresentam as

maiores diferenças em relação a média do estado (12,1% e 8,2%,

respectivamente).

A Tabela 3 apresenta alguns dados que refletem o baixo IDH no território.

De acordo com a tabela, o rendimento médio mensal dentro do território é mais

baixo do que o rendimento médio mensal no Estado de MT, fincando inclusive,

menor do que o rendimento médio brasileiro. Já a mortalidade infantil apresenta

valores extremamente elevados em diversos municípios, revelando os graves

problemas sociais e sanitários pelos quais a população está submetida (a

mortalidade infantil média no território é 45% maior do que a média do Estado e

cerca de 17% maior do que a média brasileira). Destacam-se municípios como

Luciara, Santa Cruz do Xingu e Santa Terezinha, que apresentam mortalidade

infantil extremamente elevada.

Tabela 3. Rendimento médio mensal no ano de 2000 e Taxa de Mortalidade Infantil em 2002 nos dos municípios do Baixo Araguaia

Município Mortalidade Infantil1 Rendimento Médio Mensal2

Alto Boa Vista 19,9 4,85

Bom Jesus do Araguaia3 45,5 -

Canabrava do Norte3 28,2 3,92

Confresa3 22,1 4,65

Luciara3 58,8 2,85

Novo Santo Antônio4 - -

Porto Alegre do Norte 15,8 3,66

Querência 33,8 5,80

Ribeirão Cascalheira 13,4 3,63

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Santa Cruz do Xingu 50,0 -

Santa Terezinha 52,6 3,05

São Félix do Araguaia 26,3 3,85

São José do Xingu 33,6 4,47

Serra Nova Dourada4 - -

Vila Rica 32,4 4,36

Total do território do Baixo Araguaia 33,26 4,10

Total do Estado de MT 22,90 5,13

Brasil 28,30 5,09

. Fonte: SEPLAN-MT, 2005 e Ministério da Saúde (DATASUS), 2005. 1. Número de crianças mortas a cada 1.000 crianças nascidas vivas 2. Número de salários mínimos/ mês/ domicílio 3. Dados de 2001 para a mortalidade infantil 4. Municípios sem informações que possibilitassem a construção do índice

B.3 A economia do território do Baixo Araguaia: a produção agropecuária e o setor formal urbano

Com relação à economia do território, a primeira informação que chama a

atenção é a pequena renda total gerada por cada município. Em média o território

responde por menos de 1% da renda total gerada no Mato Grosso. A renda per

capita média do território é de somente R$ 167,00/mês, sendo um pouco maior

nos municípios de Querência (R$ 267,61) e menor no município de Luciara (R$

89,82). Este fato explica em parte o baixo IDH renda observado nos municípios do

território.

Apesar de responder por quase 10% da população rural total do Estado, o

território do Baixo Araguaia responde por somente 4,3% do valor da produção

agropecuária do Estado. Assim, individualmente os municípios do território

produzem muito pouco, sendo que o município que mais produz na região é São

José do Xingu com VBP na ordem de R$ 18.000.000,00/ ano.

Com relação ao número de trabalhadores rurais, observa-se que, se de um

lado a renda total obtida na agropecuária é pequena, por outro existe um grande

número de trabalhadores rurais em relação a população total de cada município.

A Tabela 4 apresenta justamente a relação entre população rural e número de

trabalhadores rurais. Pode ser observado que, em média, para cada 1,5 morador

da área rural, existe 1 trabalhador na área rural (esta média é mantida em

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praticamente todos os municípios). Considerando que cerca de 50% da

população do território está na área rural, pode-se dizer que para cada 3

habitantes do Baixo Araguaia existe 1 trabalhador no meio rural. Esta informação

mostra a importância do trabalho rural para os moradores do território, mesmo

gerando poucos recursos financeiros.

A importância da área rural se torna mais clara ainda quando se analisa a

relação entre população urbana e número de empregos formais, conforme

apresentado na Tabela 5. De acordo com esta tabela, são necessário 22

moradores nas áreas urbanas para cada emprego formal existente. Existem ainda

municípios onde esta relação é muito maior, como por exemplo, Canabrava do

Norte (1 emprego para cada 66 moradores da área urbana). Considerando a

população total, são necessários mais de 44 moradores para cada emprego

formal urbano existente (enquanto para este mesmo número de moradores

existiriam cerca de 14 trabalhadores rurais).

Tabela 4. Relação entre a população rural e o número de trabalhadores rurais nos municípios do Baixo Araguaia.

Município

População Rural

Trabalhadores Rurais

Relação entre População Rural e

Trabalhadores Rurais

Alto Boa Vista 3.506 2.926 1,20

Bom Jesus do Araguaia1

Canabrava do Norte 3.813 2.345 1,63

Confresa 12.735 7.816 1,63

Luciara 891 730 1,22

Novo Santo Antônio1

Porto Alegre do Norte 5.061 2.918 1,73

Querência 2.511 1.256 2,00

Ribeirão Cascalheira 4.173 3.441 1,21 Santa Cruz do Xingu1 Santa Terezinha 2.283 2.046 1,12 São Félix do Araguaia 3.203 2.484 1,29 São José do Xingu 4.805 2.306 2,08 Serra Nova Dourada1 Vila Rica 5.586 4.265 1,31

Média do território 4.415,18 2.957,56 1,49 Fonte: Adaptado de IBGE, 1996. 1. Municípios inexistentes em 1996.

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Tabela 5. Relação entre a população urbana e o número de trabalhadores nas empresas formais nos municípios do Baixo Araguaia.

Município População Urbana

Trabalhadores nas empresas

formais

Relação entre População urbana e Trabalhadores nas empresas formais

Alto Boa Vista 1.401 80 17,51 Bom Jesus do Araguaia1

Canabrava do Norte 2.269 33 68,76

Confresa 4.461 284 15,71

Luciara 1.860 59 31,53

Novo Santo Antônio1

Porto Alegre do Norte 5.210 181 28,78

Querência 1.710 601 2,85

Ribeirão Cascalheira 4.405 341 12,92

Santa Cruz do Xingu1

Santa Terezinha 2.095 159 13,18

São Félix do Araguaia 3.045 494 6,16

São José do Xingu 6.057 165 36,71

Serra Nova Dourada1

Vila Rica 7.658 777 9,86

Média do território 3.651,91 288,55 22,18 Fonte: Adaptado de IBGE, 1996. 1. Municípios inexistentes em 1996.

Os dados apresentados na Tabela 6 apresentam ainda os baixos valores de

arrecadação e a baixa quantidade de recursos transferidos aos municípios do

Baixo Araguaia. Estes valores estão provavelmente relacionados a baixa renda da

população e ao reduzido número de empresas formais nos municípios. Além

disso, conforme destacado por um prefeito entrevistado, muitos moradores das

áreas urbanas ainda não possuem documentação do seu terreno, tendo em vista

que se trata de uma área proveniente de assentamentos, recusando-se a pagar

impostos municipais como o IPTU, reduzindo assim a arrecadação municipal.

Observa-se assim que a regularização fundiária é está diretamente relacionada

não apenas com o desenvolvimento do setor rural, mas também da área urbana

do território.

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Tabela 6. Valores da receita orçamentária, arrecadação do ICMS e

transferência de capital da União e Governo Estadual para os municípios do Baixo Araguaia em 2000.

Município Receita

Orçamentária (Reais)

ICMS (Reais)

Transferência de Capital (Reais)

Alto Boa Vista

Bom Jesus do Araguaia

Canabrava do Norte

Confresa

Luciara 2.656.660,20 372.636,89

Novo Santo Antônio

Porto Alegre do Norte 4.048.868,24 573.983,26 27.881,69

Querência

Ribeirão Cascalheira 3.935.575,20 806.066,97 50.000,00

Santa Cruz do Xingu

Santa Terezinha

São Félix do Araguaia 6.493.281,13 1.460.566,52

São José do Xingu 5.367.508,16 1.302.806,71

Serra Nova Dourada

Vila Rica 5.698.133,60 944.992,57 389.821,00

Total do território (a)1 28.200.026,53 5.461.052,92 467.702,69

Total do Estado (b)2 1.195.621.605,77 296.096.236,40 86.847.611,42

a/b 2,36 1,84 0,54 Fonte: SNIU, 2005. 1. Só foram obtidos dados referentes a 06 municípios junto ao SNIU. 2. Considerou-se 88 municípios no Estado que possuíam informações junto ao SNIU.

Finalizando a análise econômica do território, pesquisa realizada pela

SECITES –Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do

MT no ano de 2001 (utilizando dados de 1999) demonstra que:

SETOR PRIMÁRIO: atividade principal é a pecuária, com cerca de 10%

da população bovina do Estado de Mato Grosso. A agricultura é

incipiente, com destaque para a área plantada e a produção de

mandioca e banana.

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SETOR SECUNDÁRIO: a região conta com menos de 1% das

indústrias do estado, possuindo somente 1,34% dos empregados neste

setor no Mato Grosso.

SETOR TERCIÁRIO: as atividades comerciais e de serviços seguem o

modelo tradicional de gestão familiar, oferecendo à população somente

o essencial.

B.4 Características gerais da atividade agropecuária A agricultura familiar responde por cerca de 50% dos estabelecimentos

rurais do território. Deve-se chamar a atenção, no entanto, que dois municípios

deslocam esta média para baixo: São José do Xingu e Confresa – o restante dos

municípios possui destacada participação quantitativa da agricultura familiar. No

entanto, observa-se que apesar desta importância em termos de número de

estabelecimentos (e trabalhadores envolvidos), a agricultura familiar ocupada uma

área extremamente reduzida dentro do território (somente 8%), gerando somente

15% do VBP total da região. O único município onde a agricultura familiar

representa mais de 50% do VBP total é Porto Alegre do Norte.

A área média dos estabelecimentos familiares no território é de 140

hectares, sendo menor apenas no município de Santa Terezinha (cerca de 80

hectares) e maior São Félix do Araguaia e São José do Xingu (média de 230

hectares). Considerando o número de trabalhadores/ estabelecimento e o VBP

gerado, observa-se uma renda/ trabalhador/ ano extremamente reduzida (média

de R$ 990,00/ trabalhador/ ano). Esta média pode ser observada em praticamente

todos os municípios, sendo maior apenas em Querência e menor em Santa

Terezinha e Alto Boa Vista. Os índices técnicos apresentados são menores do

que a média do Estado de MT, menores do que a média da região CO e menores

inclusive do que a média brasileira.

Esta baixa rentabilidade da agricultura familiar explica em parte o porque

de 75% dos estabelecimentos familiares serem considerados “quase sem renda”

ou “renda baixa”. Somente 4% dos estabelecimentos familiares no território foram

considerados “Renda Alta”. Além disso, explicam ainda o baixo IDH renda da

região e a baixa arrecadação municipal, conforme apresentado anteriormente.

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Os dados apresentados nos gráficos 1 e 2 confirmam as análises até o

momento apresentadas. De acordo com o gráfico 1, grande parte dos

estabelecimentos familiares se dedica à criação de animais, destacando-se

galinhas, gado de corte, suínos e gado de leite. Do lado da lavoura, destacam-se

as plantações de arroz. No entanto, quando é analisado o VBP gerado por estas

atividades observa-se que duas atividades sobressaem-se as demais: a criação

de gado de corte e de gado de leite. As plantações de arroz não aparecem na

lista das 10 atividades que mais geraram riquezas para os agricultores familiares

do território.

Deve-se destacar que estas atividades geraram um valor/ propriedade/ ano

muito baixo (cerca de R$ 3.000,00/ ano/ estabelecimento), conforme apresentado

na Tabela 7, o que explica a baixa renda demonstrada anteriormente e a grande

quantidade de produtores considerados “quase sem renda” ou “renda baixa”.

Gráfico 1. Número de estabelecimentos familiares de acordo com os produtos.

.

3495

2287

21501911

1714

1482

832

593439 435

Galinhas Pec. corte Suínos Arroz Pec. leite Milho Extr. veg.Banana Mandioca Outros

Fonte: FAO/ INCRA, 1996

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Gráfico 2. VABP dos principais produtos da agricultura familiar no território do Baixo Araguaia.

3738334

2525292

1204967

1094071,18

1023157,12

935491

772569,32

638962

430018,66

527789,6

Pec. corte Pec. leite Galinhas Abelhas Banana Soja Milho Suínos Mandioca Outras

Fonte: FAO/ INCRA, 1996.

Tabela 7. Renda anual gerada/ produtor de acordo com os produtos (renda total/

número de produtores).

Posição Produção Renda Anual/ Propriedade (R$)

1 Soja 12.915,24

2 Cana 8.081,16

3 Hortaliças 6.572,60

4 Melancia 4.027,00

5 Extrativismo vegetal 3.592,91

6 Eqüinos etc 3.409,14

7 Banana 3.229,06

8 Pecuária de corte 3.080,43

9 Mandioca 3.003,63

10 Pecuária de leite 3.000,18

11 Arroz 2.919,53

12 Suínos 2.749,64

13 Galinhas 2.655,95

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14 Milho 2.574,05

15 Outr. temp. 2.557,97

16 Manga 2.514,75

17 Abelhas 1.088,94

Fonte: Adaptado de FAO/ INCRA, 1996.

Em relação ao pessoal ocupado nas atividades agropecuárias, mais de

80% é representado por familiares ou pessoal não remunerado. Somente dois

municípios não apresentaram esta elevada média: Querência (50%) e São José

do Xingu (63%), no entanto, mesmo nestes municípios a participação do pessoal

não remunerado ainda é alta. São nestes dois municípios também que estão as

maiores porcentagens de trabalhadores temporários e permanentes (são os

municípios com menor porcentagem de estabelecimentos destinados a pecuária e

com a maior porcentagem de estabelecimentos destinados a lavoura).

A Tabela 8 apresenta informações sobre o número médio de trabalhadores

rurais em cada estabelecimento rural do território do Baixo Araguaia em 1996.

Observa-se que cada estabelecimento congregava um grande número de

trabalhadores sendo que a média do território era observada em praticamente

todos os municípios, com exceção de Alto Boa Vista e Vila Rica, que

apresentavam ligeira redução.

Tabela 8. Relação entre número de trabalhadores e de estabelecimentos

no meio rural no território do Baixo Araguaia.

Até 200 hectares Mais de 200 Municípios % do Número total

de Estabelecimentos

% da Área Total

% do Número total de

Estabelecimentos

% da Área Total

Alto Boa Vista 80,25 14,91 19,75 85,09

Bom Jesus do Araguaia - - - -

Canabrava do Norte 82,55 23,63 17,45 76,37

Confresa 92,16 40,36 7,84 59,64

Luciara 72,39 14,06 27,61 85,94

Novo Santo Antônio - - - -

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Porto Alegre do Norte 84,13 27,84 15,87 72,16

Querência 67,99 4,78 32,01 95,22

Ribeirão Cascalheira 68,36 12,21 31,64 87,79

Santa Cruz do Xingu - - - -

Santa Terezinha - - - -

São Félix do Araguaia - - - -

São José do Xingu 66,87 5,02 33,13 94,98

Serra Nova Dourada - - - -

Vila Rica 73,90 16,16 26,10 83,84

Fonte: Adaptado de IBGE, 1996

Com relação a condição do produtor, destaca-se a pequena quantidade de

proprietários em Confresa e São José do Xingu (4,00 e 35%, respectivamente).

Nestes municípios destaca-se a grande quantidade de ocupantes (95 e 64%

respectivamente), revelando que a documentação de terra já era um grave

problema para a região. Cabe destacar ainda que estes valores extremamente

baixos prejudicam a média final do território quando comparado com a média do

Mato Grosso (mais de 86% no Mato Grosso, mas somente 63% de proprietários

no Baixo Araguaia). Estes números têm relação com o histórico de ocupação e de

conflitos da região, tendo em vista que muitos municípios são oriundos de

projetos de assentamentos, ainda sem regularização.

Os dados sobre o sexo do pessoal ocupado revelam que a mulher ainda

não desempenha um papel reconhecido na produção uma vez que somente

35,5% relataram estarem envolvidas na atividade agropecuária. Este número é

ainda menor principalmente em três municípios: São José do Xingu, Confresa e

Querência.

Observa-se ainda que mais de 79% dos estabelecimentos possuem menos

de 200 hectares (número maior do que o estado, uma vez que no Mato Grosso

73% dos estabelecimentos possuem até 200 hectares). No entanto, estes

estabelecimentos ocupam somente 10% da área do território. Chamam a atenção

os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares, que representam somente

7,3% do total de estabelecimentos mas ocupam mais de 82% da área do Baixo

Araguaia. A Tabela 9 apresenta algumas informações que podem dar a dimensão

da concentração de terras no território do Baixo Araguaia. Foi colocado o ponto

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de corte como 200 hectares tendo em vista a área média do estabelecimento

familiar no território (cerca de 120 hectares).

Tabela 9. Número de estabelecimentos e área ocupada nos municípios do

território do Baixo Araguaia.

Até 200 hectares Mais de 200

Municípios % do Número total de

Estabelecimentos

% da Área Total

% do Número total de

Estabelecimentos

% da Área Total

Alto Boa Vista 80,25 14,91 19,75 85,09

Bom Jesus do Araguaia

Canabrava do Norte 82,55 23,63 17,45 76,37

Confresa 92,16 40,36 7,84 59,64

Luciara 72,39 14,06 27,61 85,94

Novo Santo Antônio

Porto Alegre do Norte 84,13 27,84 15,87 72,16

Querência 67,99 4,78 32,01 95,22

Ribeirão Cascalheira 68,36 12,21 31,64 87,79

Santa Cruz do Xingu

Santa Terezinha

São Félix do Araguaia

São José do Xingu 66,87 5,02 33,13 94,98

Serra Nova Dourada

Vila Rica 73,90 16,16 26,10 83,84

Fonte: Adaptado de IBGE, 1996.

Se de um lado as propriedades com até 200 hectares ocupam a menor

área dentro do território (mas são em número muito maior), também são

responsáveis por empregar mais de 70% das pessoas nos estabelecimentos

rurais. As propriedades acima de 200 hectares respondem por menos de 30% do

pessoal ocupado na atividade agropecuária.

No entanto, os estabelecimentos com até 200 hectares produzem pouco.

Somente 22,69% do VABP é oriundo destas propriedades. Dentre as

propriedades com até 200 hectares, existe a participação um pouco maior das

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propriedades com 100 até 200 hectares no VABP, entretanto, o valor produzido

anualmente pelas propriedades com até 50 hectares é extremamente pequeno.

A análise dos produtos que mais geram VBP para o território confirma as

análises até o momento apresentadas, ou seja, a participação da pecuária e a

criação de animais de grande porte como principal atividade econômica sendo

que, em alguns municípios como Confresa, existe a participação um pouco maior

da lavoura. A Tabela 10 apresenta as atividades responsáveis por mais de 50%

do VBP no território. Em média a pecuária representa cerca de 72% do VBP do

Baixo Araguaia.

Tabela 10. Principais atividades desenvolvidas nos municípios do território

do Baixo Araguaia em relação ao Valor Bruto da Produção.

Municípios Atividade que geram mais de 50% do VBP

Alto Boa Vista Animais de grande porte (67,92%)

Bom Jesus do Araguaia -

Canabrava do Norte Animais de grande porte (74,70%)

Confresa Lavoura temporária (56,46%)

Luciara Animais de grande porte (69,64%)

Novo Santo Antônio -

Porto Alegre do Norte Animais de grande porte (62,17%)

Querência Animais de grande porte (51,04%)

Ribeirão Cascalheira Animais de grande porte (91,39%)

Santa Cruz do Xingu -

Santa Terezinha -

São Félix do Araguaia -

São José do Xingu Animais de grande porte (91,68%)

Serra Nova Dourada -

Vila Rica Animais de grande porte (73,09%) Fonte: Adaptado do IBGE, 1996*.

Os dados até aqui apresentados permitem concluir que existe uma grande

quantidade de propriedades rurais em relação à população rural do território.

Estes estabelecimentos ocupam grande parte da mão-de-obra, mas são

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responsáveis por menos de 50% do VBP do Baixo Araguaia. Desta forma, o valor

bruto anual para cada trabalhador é muito pequeno, ficando na ordem de R$

2.342,12/ ano/ trabalhador (este valor inclui a agricultura patronal, agricultura

familiar e assentamentos da região).

B.5 Análise Sistêmica O território do Baixo Araguaia apresenta uma baixa complexidade dos

subsistemas de produção. Grande parte da agricultura familiar, em especial

aquela localizada nos assentamentos, destina-se exclusivamente ao

autoconsumo. Pequenas quantidades de produtos excedentes são

comercializados nos municípios da região, em pequenas feiras municipais ou

mesmo através da negociação com atravessadores. As grandes dificuldades

estruturais da região, em especial a falta de energia elétrica em toda a área rural

do território impedem a transformação da produção. A baixa produção aliada a

falta de qualidade dos produtos e da falta de regularidade faz com que o

abastecimento da maior parte do mercado local de alimentos seja feito por

produtos oriundos do Estado de Goiás. A seguir são descritos com maiores detalhes cada um dos subsistemas:

produção, transformação e comercialização.

B.5.1 Subsistema de Produção

Á agricultura familiar desempenha um papel extremamente importante para

o território do Baixo Araguaia. Destaca-se o grande número de assentamentos

(mais de 60) e de famílias assentadas na região (mais de 13.000 famílias).

A principal fonte econômica dos produtores do território está associada à

pecuária, seja através da venda de bezerros para as grandes fazendas da região

(através dos atravessadores) ou pela produção de leite, atividade em franca

expansão pelo elevado número de pequenos laticínios espalhados ao longo do

território e pela estruturação de um grande laticínio novo no município de Alto Boa

Vista.

As propriedades do território não possuem grande diversificação da

produção. Praticamente toda a área é destinada as pastagens, existindo, em

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algumas propriedades, pequenos pomares e hortas. Dentre culturas produzidas,

destacam-se a mandioca, o arroz, o milho e o abacaxi, presentes em

praticamente todo o território e também direcionadas ao mercado local e,

principalmente, para o autoconsumo. Deve-se destacar que existem casos

pontuais de produtos diferenciados em todo o território, como a apicultura (Vila

Rica), a piscicultura (São Félix do Araguaia) entre outras. Estas atividades

constituem-se em iniciativas particulares e não refletem de forma real a situação

de grande parte dos agricultores do território.

Observou-se durante as visitas de campo e entrevistas que muitos

agricultores temem investir na terra. Este medo está diretamente relacionado com

a falta de títulos de terra e o permanente conflito ainda vivido na região. Os

agricultores temem perder sua área para os grandes fazendeiros da região que

pressionam constantemente os assentados para a venda de seus lotes (utilizando

o argumento que a terra pertence as fazendas e que, cedo ou tarde, perderão

seus lotes). De acordo com os entrevistados, grande parte dos assentamentos da

região ainda não possuem os títulos da terra.

Com referência a organização dos produtores e da produção, observou-se

que, apesar de existirem um grande número de associações nos assentamentos,

estas associações não fomentam a organização da produção. Também não

existem cooperativas na região. De acordo com alguns entrevistados a população

rural, em geral, está descrente nas formas associativas de trabalho, perdendo

inclusive a crença nas lideranças e no próprio sindicato dos trabalhadores rurais

que, de acordo com alguns presidentes entrevistados, perdem membros a cada

ano. Deve-se ressaltar que nos municípios de São Félix do Araguaia e em Vila

Rica existe um histórico de cooperativas que faliram, deixando grandes prejuízos

para os cooperados além de instalações abandonadas. Apesar de não estarem

diretamente relacionados com a agricultura familiar, estes exemplos negativos

acaba influenciando para consolidar a imagem negativa das diferentes formas de

organização da produção.

Deve-se apontar ainda o turismo como outra atividade de destaque para a

região, principalmente para os municípios que estão localizados a beira do rio

Araguaia. No entanto, a dificuldade de acesso durante o período das chuvas e a

falta de infra-estrutura adequada nos municípios limita os benefícios que

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poderiam ser gerados pela atividade no território. É importante destacar

entretanto que se trata de um turismo urbano, localizado nos centros urbanos dos

municípios, excluindo assim a agricultura familiar de seus benefícios diretos.

Apenas observa-se a venda de artesanato por parte de alguns índios.

A produção de bezerros destaca-se como sendo uma das principais

atividades da região. Estes bezerros geralmente são direcionados para as

grandes fazendas de gado de corte existentes dentro do território. É interessante

observar que muitas vezes são os próprios assentados ou agricultores familiares

os responsáveis pela manutenção das grandes fazendas da região, que por sua

vez os pressionam para a perda da terra. Observou-se que apensar de os lotes

na região serem grande (cerca de 120 hectares) o número de animais em cada

propriedade é baixo, revelando pequena produtividade e justificando a baixa

renda dos produtores do território.

Já a produção de leite aparece como outra atividade de destaque,

principalmente nos municípios que possuem laticínios, como Bom Jesus do

Araguaia, Alto Boa Vista, São Félix do Araguaia, Canabrava do Norte e Vila Rica.

No entanto, a baixa qualidade dos pastos, principalmente no período seco, aliada

a baixa aptidão leiteira dos animais reduzem a produtividade e os ganhos

financeiros dos produtores da região (os mesmos animais utilizados para a

produção de bezerros de corte são utilizados para a produção de leite).

É importante destacar ainda que todas as culturas da região possuem

baixa produtividade. Do ponto de vista técnico, um estudo realizado pela

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do MT, aponta

par as seguintes razões: adoção de um modelo de subsistência com baixa

modernização da atividade e baixa qualidade do solo (de acordo com o estudo,

mais de 50% da área do território pode ser considerada inapta para a produção

de grãos).

O quadro de dificuldades econômicas e estruturais das áreas rurais faz

com que, de acordo com muitos entrevistados, cada vez mais os jovens percam o

interesse pela atividade rural. Apesar de existirem escolas localizadas nas áreas

rurais, as grandes distâncias que precisam ser percorridas dificulta o acesso e

desmotiva grande parte da população (foram mencionados inclusive problemas

de saúde em crianças devido ao longo período de viagem até as escolas). Dentre

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todos os municípios do território do Baixo Araguaia deve-se fazer um destaque

especial ao município d São Félix devido a uma política diferenciada de educação

do campo. Neste município foi desenvolvido um projeto específico de melhoria da

educação da população rural, envolvendo a comunidade e os professores

municipais. No entanto, com a mudança da administração, de acordo com uma

entrevistada, o trabalho foi interrompido.

Com respeito às mulheres, foram observadas iniciativas pontuais de

organização, como no município de Canabrava do Norte e em São Félix do

Araguaia. No primeiro, o grupo está buscado, com o apoio da CPT, a construção

de um barracão para o abate de frangos. Já em Sã Félix do Araguaia o grupo

“Margaridas do Araguaia” (formado por aproximadamente 50 mulheres) é ligado

ao STR e desenvolve trabalhos com artesanato e a produção de roupas. Em

Canabrava foi mencionado que não há recursos para a continuidade dos

trabalhos enquanto em São Félix são necessárias capacitações para as mulheres

e a doação de novos tecidos.

Finalizando, os principais problemas de infra-estrutura da produção citados

durante as entrevistadas foram:

• Luz nos assentamentos (nenhum assentamento possui luz elétrica)

• Estradas intransitáveis em parte do ano, no período das chuvas entre

outubro e abril (problema de transporte de pessoas e da produção)

• Apesar do território ser formado por uma rica bacia hidrográfica, os

assentamentos estão em áreas de difícil acesso aos rios, sendo

comum a falta de água principalmente durante o período seco.

• Problemas de habitação nos assentamentos uma vez que, de acordo

com os entrevistados, houve fraudes em muitos processos de

habitação, sendo que as empresas responsáveis não enviaram o

material necessário para a construção das casas. O resultado é que

muitos assentados utilizaram seus recursos próprios para a

construção de suas casas (citou-se o caso específico do município de

Alto Boa Vista).

• Qualidade da assistência técnica prestada pela EMPAER.

• Comercialização de terra públicas nos assentamentos e conflitos pela

terra.

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B.5.2 Subsistema de Transformação

Talvez a principal característica do subsistema de transformação do

território do Baixo Araguaia é que, dentro das duas principais atividades

geradoras de riquezas para a agricultura familiar (bezerros e leite), a

transformação não está nas mãos dos agricultores mas pertencem a empresários

das cidades. Como exemplo pode-se mencionar o frigorífico de Vila Rica e os

diversos laticínios espalhados ao longo do território.

Com respeito ao frigorífico de Vila Rica, deve-se destacar que ele não

atende diretamente a agricultura familiar uma vez que dificilmente este tipo de

agricultor consegue formar lotes para encaminhar ao frigorífico. Desta forma

aparece a figura do atravessador que adquire os animais de diversos produtores e

revende ao frigorífico. Apesar de possui a capacidade de abate de mais de 800

animais/ dia, alguns entrevistados citaram que a indústria ainda não consegue

absorver toda a produção de bovinos da região. A ampliação da capacidade de

abate dos animais na região pode ser uma medida importante para atender a

atual demanda existente.

Já com respeito aos laticínios, existem instalações nos municípios de Alto

Boa Vista (Piracanjuba), Ribeirão Cascalheira (assentamento Maria Tereza), São

José do Xingu, Vila Rica e Bom Jesus do Araguaia. Nestes destaca-se a

produção de queijo tipo mussarela. A produção deste queijo está relacionada a

necessidade de fabricação de um produto com longa vida útil uma vez que

praticamente toda a produção é direcionada ao mercado externo (São Paulo).

Além disso, deve-se apontar a baixa qualidade do leite da região não havendo

como produzir produtos mais elaborados (problemas relacionados a grande

contaminação bacteriana no leite e inexistência de refrigeração, mesmo porque

falta luz em todas as áreas rurais do território).

É interessante observar que a instalação recente de um grande laticínio em

Alto Ba Vista trouxe grande euforia em relação à produção de leite para o território

como um todo. Este laticínio atualmente funciona com somente 2.000 litros de

leite/ dia, captados somente no seu entorno, no entanto, de acordo com um

representante da empresa, existem planos para chegar até 100.000 litros de leite/

dia. Neste sentido, acordos estão sendo realizados com os municípios da região

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para fomentar a produção de leite. Deve-se estacar entretanto, a baixa

remuneração da produção de leite e a forte presença dos atravessadores. De

acordo com o responsável pelo laticínio de Vila Rica, o preço pago no mês de

Junho aos produtores do município foi de R$ 0,38, sendo descontado o frete de

R$ 0,10 (o que representa cerca de 26,32% do preço total do leite).

Existem ainda instalações para transformação no território sem utilização

ou mesmo sub utilizadas. É como da farinheira e do laticínio localizados em

Confresa, construídos com recursos do Governo Federal. No caso da farinheira,

que poderia absorver toda a produção do município e ainda mais, o antigo

prefeito, de acordo com o atual secretário da agricultura, destinou os

equipamentos a sua propriedade particular. O secretário ressaltou que somente

na atual administração o município descobriu junto ao Caixa Econômica Federal a

existência destes equipamentos e construiu uma pequena instalação para abrigá-

los. Já o laticínio, com capacidade de cerca de 2.000 litros/ dia, encontra-se

parado. Ambas indústrias estão localizadas em áreas sem energia elétrica.

Outras instalações presentes no território são uma despolpadeira da ANSA,

localizada em São Félix do Araguaia, atualmente funcionando de maneira ociosa

devido a baixa produção de frutas, e uma fábrica de óleo vegetais no município de

Porto Alegre do Norte, também funcionando a um ritmo muito lento devido a

inexistência de matéria prima na região (empresa privada). Esta indústria possui

capacidade de trabalhar a partir de mamona e atualmente discute-se a utilização

do girassol como matéria prima, podendo representar uma grande potencialidade

na região.

Deve-se destacar que a baixa renda da população em geral limita a

capacidade de beneficiamento da produção. Produtos mais elaborados e que

agregam maiores valores aos agricultores possivelmente não irão encontrar

mercado no território. Desta forma, a melhoria da renda da população em geral,

incluindo a melhoria da infra-estrutura dos municípios facilitando a geração de

novos empregos, é medida fundamental para sustentar o aumento da renda da

população rural.

Atualmente uma empresa privada (ISTAMBUL) está instalando uma

indústria de processamento de gergelim em Água Boa (município próximo ao

território). Para comprar a matéria prima, esta empresa instalou uma central de

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compras em Alto Boa Vista. Este fato está estimulando a plantação de gergelim

na região (os municípios são parceiros da empresa no projeto sendo que cada

município entrou com uma contra partida diferente). Esta indústria beneficiaria

todos os municípios do território, exceto Santa Cruz do Xingu.

B.5.3 Subsistema de Comercialização

O abastecimento interno do território do Baixo Araguaia é feito

principalmente por produtos oriundos dos Estado de Goiás e Tocantins. De

acordo com os entrevistados, o preço dos produtos oriundos do Mato Grosso é

maior do que os produtos destes outros Estados. Mesmo grande parte do

abastecimento de frutas e verduras de alguns municípios é feito com produtos de

Goiás. Observou-se, entretanto, que, enquanto um município possui excesso de

alguns produtos, como por exemplo, abacaxi, outros adquirem este mesmo

produto de outros estados. Desta forma, observa-se uma desorganização interna

no abastecimento. O trabalho de reordenação da produção e da comercialização

dentro do próprio território pode ser uma medida importante e que não requer

grandes recursos financeiros.

É interessante observar que toda a referência da região é o Estado de

Goiás (os municípios trabalham inclusive com o fuso horário de Brasília e não o

horário oficial de Mato Grosso). A maior facilidade de acesso ao Pará faz com os

municípios localizados mais ao Norte, como Confresa, Santa Cruz do Xingu e Vila

Rica, escoem sua produção por este estado e não em direção a Cuiabá.

A comercialização interna é feita principalmente através das feiras

municipais, presentes nos municípios de Confresa, Vila Rica e São Félix do

Araguaia mas ainda sem estruturação (em Confresa a feira é realizada nas ruas),

ou através de vendedores ambulantes (incluindo neste caso os vendedores

informais de leite).

A grande distância até os grandes mercados consumidores e a dificuldade

de transporte, com estradas praticamente intransitáveis durante o período

chuvoso, além da baixa renda da população local, limitando a quantidade e a

qualidade dos produtos a serem consumidos, representam grandes obstáculos a

serem superados.

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C. Institucionalidades

C.1 Ambiente institucional de apoio

Foram identificadas diversas instituições que realizam trabalhos dentro do

Baixo Araguaia. Destacaram-se neste sentido a ANSA, alguns Sindicatos dos

Trabalhadores Rurais, a CPT e a UNEMAT, além do próprio Governo Federal,

com o projeto GESTAR, e do governo estadual, com a EMPAER e a Associação

dos Municípios do Baixo Araguaia (AMBA), órgão ligado a Associação Mato-

grossense de Municípios. Também foram identificadas diversas instituições

privadas, geralmente relacionadas com a assistência técnica e elaboração de

projetos.

A EMPAER atua através de programas de extensão rural, principalmente o

programa Vida Nova, cujo principal objetivo é resgatar a qualidade e a quantidade

de alimentos destinada ao autoconsumo nas propriedades rurais. O programa

envolve financiamentos para a estruturação de pequenos sistemas de produção

em torno do domicílio do agricultor e a realização de capacitações. Atualmente

foram estruturadas sete propriedades modelos no território, nos municípios de

Alto Boa Vista, Luciara, Canabrava do Norte, Porto Alegre do Norte, Confresa,

Santa Terezinha, Santa Cruz do Xingu.

Foram realizadas duas visitas a estas unidades demonstrativas. Se por um

lado ficou clara a grande potencialidade que o programa traz para garantir em um

primeiro momento a alimentação adequada ao agricultor e sua família, por outro a

falta de recursos humanos da EMPAER pode representar um obstáculo ao próprio

programa (caso outros produtos queiram adotar o modelo sugerido, como será

garantida a assistência a estas famílias?).

Com respeito a UNEMAT, sua ação está centrada unicamente na formação

de professores para as escolas rurais. Este é um curso novo, que ainda não

formou nenhuma turma mas que irá mudar os indicadores de educação da região.

Também foram observadas ações relacionadas com a Associação

matogrossense de Municípios, através da formação da Associação dos

Municípios do Baixo Araguaia (AMBA). No entanto, esta associação, de acordo

com os atores locais entrevistados, ainda não apresentou resultados práticos para

a região.

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Ministério do Desenvolvimento Agrário

A CPT é outra entidade importante que desenvolve ações no território,

principalmente nos municípios de Canabrava do Norte, São Félix do Araguaia e

São José do Xingu. Sua ação está baseada na transição agroecológica da

produção, além de um assessoramento constante em relação aos direitos

humanos e organização comunitária. O número reduzido de pessoas envolvidas

diretamente no trabalho da entidade faz com que sua ação seja limitada a

pequenos grupos, mas bastante intensa (existem somente três pessoas em Porto

Alegre do Norte e mais 2, ainda não liberadas pela organização da Igreja Católica,

em Querência).

A ANSA é outra organização não governamental importante para todo o

território. Ligada a Prelazia de São Félix do Araguaia, a entidade atua em diversas

áreas: organização comunitária, comercialização, transformação da produção e

transição agroecológica. A ligação com a igreja faz com que a ANSA seja uma

instituição forte no território, principalmente devido ao histórico de ocupação da

região. É justamente a ANSA a entidade parceira para a realização do projeto

GESTAR no Baixo Araguaia (Gestão Territorial Ambiental Rural). O GESTAR é

dos projetos mais fortes na região, sendo amplamente conhecido pelos atores

locais (observou-se inclusive uma certa confusão entre as ações do MDA e as

ações do GESTAR).

Os STRs também desempenham um papel relevante para o território.

Desenvolvem todo o trabalho de organização e discussão política dos

agricultores, tendo grande atuação junto a FETAGRI.

Finalizando as instituições de apoio técnico aos agricultores, devem-se

destacar as empresas privadas de elaboração de projetos e assessoria técnica

mencionadas pelos entrevistados. Algumas destas empresas fecharam acordos

com a ANSA para prestar serviços de ATES nos assentamentos da região. A

mão-de-obra especializada oferecida por estas empresas é muito importante para

o território. No entanto, por atender interesses particulares, é importante envolver

tais instituições nas discussões e propostas maiores de desenvolvimento.

Muitos entrevistados citaram as grandes dificuldades impostas pelos

bancos da região para a obtenção de créditos sendo que, inclusive alguns

presidentes de STRs entrevistados citaram que é melhor o trabalhador

permanecer sem o título da terra mas amparado pelo INCRA do que receber a

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documentação e depender dos bancos.

De acordo com os entrevistados as dificuldades passam pela burocracia e

a não disponibilização de linhas alternativas como o PRONAF-Mulher ou o

PRONAF-Jovem. A disseminação da informação sobre estas linhas junto aos

sindicatos e a pressão junto à superintendência do Banco do Brasil para maior

agilidade na liberação dos recursos foi considerada medida fundamental para a

melhoria da situação.

3.3 - Análise da competitividade sistêmica e da qualidade de vida do território

A. - Aspectos básicos sobre o capital social no território do Baixo Araguaia.

O capital social do território pode ser analisado da perspectiva de dois

pontos fundamentais: a existência de espaços efetivos de participação

(associações, sindicatos, cooperativas entre outros) e a qualidade da participação

exercida pelos atores locais.

Existem associações em todos os assentamentos do território, com uma

média superior a uma associação/projeto de assentamento. Além disso, são

marcantes as presenças dos sindicatos dos trabalhadores rurais e conselhos

municipais de desenvolvimento rural, existentes em todos os municípios. Com

relação a cooperativas, os entrevistados comentaram que não existem exemplos

de sucesso na região.

Constatou-se que os municípios de São Félix do Araguaia, Porto Alegre do

Norte e Vila Rica possuíam diferentes tipos de cooperativas que acabaram

falindo. Apesar de não estarem diretamente relacionados com a agricultura

familiar, estes exemplos ruins acabam influenciando na percepção da população

sobre as formas cooperativas e associativas de trabalho.

Também foi evidenciado um sentimento de descrença e desconfiança

frente às instâncias de organização dos produtores. A dificuldade em conseguir

melhorias efetivas para a população rural (acesso ao crédito, luz elétrica, melhoria

nas estradas) está levando, na opinião dos entrevistados, a descrença nas

lideranças e nas instituições de representação.

A precariedade de infra-estrutura dificulta a própria participação dos

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produtores nas associações ou no sindicato. Por outro lado, estas instituições

também não possuem recursos humanos, financeiros ou materiais para facilitar o

acesso a todas as áreas rurais. Muito dos problemas vividos pela população rural,

como o comércio de terras públicas, poderia ser resolvido com uma atuação mais

direta destes órgãos, desde que existem recursos para tal.

Observou-se ainda que o território possui um forte sentimento de

identidade. A colonização semelhante e os problemas vividos no passado fizeram

com que a população local se reconheça mutuamente e esteja disposta a

trabalhar em conjunto. Uma ressalva deve ser feita em relação ao município de

Vila Rica. De colonização sulista e com características diferenciadas em relação

aos outros municípios, observou-se que se o município se diferencia dos demais.

O mesmo pode valer para os municípios mais ao Sul do território, como Ribeirão

Cascalheira e Querência, que até o presente momento tiveram uma participação

muito baixa nos trabalhos de desenvolvimento territorial (estes municípios não

faziam parte da conformação original do território do Baixo Araguaia).

A.1 Quadro Resumo

A Tabela 11 apresenta um resumo com as principais considerações sobre

a agricultura familiar no território do Baixo Araguaia. Nesta tabela são

apresentadas as informações consideradas prioritárias até o presente momento.

Estas informações serão utilizadas diretamente para a construção das propostas

de desenvolvimento no território.

Tabela 11. Principais informações identificadas nas análises dos dados

primários e secundários no território do Baixo Araguaia.

Variáveis Principais Pontos Observados

Índices demográficos

Território ocupa 11,40% da área total do Estado do Mato Grosso mas somente 3,4% da população total do estado.

Território formado por pequenos municípios (média de 6.328 habitantes), sendo que somente Confresa e Vila Rica se diferenciam (mais de 15.000 habitantes).

Praticamente 50% da população total do território está localizada na área rural (existem município com toda a população na área rural). Outras características rurais: baixa densidade demográfica (0,9 habitantes/ Km2), índice de urbanização de 50%.

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Razão de dependência média de 62,3% (muito acima da média do MT, 54,9%). Destacam-se municípios como Luciara, Novo Santo Antônio e Santa Terezinha, com 70% ou mais da população sendo considerada dependente.

Indicadores da pobreza

Baixo IDH, sendo que todos os índices são menores do que a média do Estado, destacando-se principalmente o IDH renda e o IDH longevidade.

Baixo rendimento médio mensal no território (4,10 salários mínimos/mês/ domicílio).

Elevada mortalidade infantil (33,26 mortes/ 1.000 crianças nascidas vivas).

Problemas com relação a número de domicílios com água tratada, instalações sanitárias e coleta de lixo.

Problemas com dados relativos ao perfil da mortalidade (fortes indícios de sub-notificação ou imprecisão nas informações). No entanto, pode-se destacar a elevada mortalidade por acidentes e agressões e a grande mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias. Principais problemas sanitários infecciosos: malária e leishmaniose. Destaque também par a hanseníase (problemas relacionados à subnutrição, falta de saneamento e desmatamento acelerado). Elevada incidência de diarréias e verminoses. Os problemas sanitários são agravados na população indígena do território. Necessidade de pensar de forma conjunta as estratégias de produção e povoamento da área rural com as estratégias de saúde coletiva, incluindo a necessidade de infra-estrutura para as áreas urbanas e rurais.

A economia do território

Baixa renda gerada por cada município (menos de 1% da renda total do estado).

Baixa renda per capita (R$ 167,00/mês). Grande número de trabalhadores rurais em relação a população rural

(cerca de 3 habitantes para cada trabalhador). Pequeno número de trabalhadores urbanos em relação a população

urbana (22 habitantes da área rural para cada emprego formal). Baixa arrecadação municipal (problemas com referência a regularização

dos terrenos urbanos).

Educação

Índice de escolarização elevado em todos os municípios do território (média superior a 80% da população entre 7 e 14 anos matriculada nas escolas).

Elevada porcentagem de pessoas analfabetas ou com baixa escolaridade (16,6% da população acima de 15 anos é analfabeta e 47,8% dos chefes de domicílio possuem menos de 4 anos de estudo).

Falta de uma política específica de educação no campo para grande parte dos municípios do território.

Número inadequado de escolas rurais no território, mesmo com a política de descentralização adotada.

Baixa qualificação dos professores (somente 5,21% dos professores municipais das escolas rurais do nível fundamental possuem nível secundário e 8% dos professores estaduais).

Características do setor

agropecuário

Predomínio da atividade pecuária em praticamente todos os municípios (tanto em número de estabelecimentos quanto da área ocupada ou mesmo de valor bruto da produção anual).

Mais de 4 trabalhadores/estabelecimento em média no território. Mais de 80% do pessoal ocupado é representado por “familiares ou

pessoal não remunerado”. Pequena quantidade de proprietários em Confresa e São José do Xingu

(4,00 e 35%, respectivamente). Nestes municípios destaca-se a grande quantidade de ocupantes (95 e 64% respectivamente).

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Concentração de terras (mais de 79% dos estabelecimentos possuem menos de 200 hectares ocupando somente 10% da área do território)

Os estabelecimentos com até 200 hectares produzem somente 22,69% do VABP.

Valor bruto anual para cada trabalhador na ordem de R$ 2.342,12.

Agricultura familiar

A agricultura familiar responde por cerca de 50% dos estabelecimentos rurais do território, somente 8% da área e 15% do VBP total da região

A área média dos estabelecimentos familiares no território é de 140 hectares

Média de R$ 990,00/ trabalhador/ ano. 75% dos estabelecimentos familiares considerados “quase sem renda”

ou “renda baixa”. Grande parte dos estabelecimentos familiares se dedica à criação de

animais, destacando-se galinhas, gado de corte, suínos e gado de leite. Do lado da lavoura, destacam-se as plantações de arroz.

Capital social

Existência de um grande número de associações mas pouca participação efetiva dos produtores.

Inexistência de cooperativas na região. Território com forte identidade.

Fonte: Estudo Propositivo do território do Baixo Araguaia, 2005. 4. VISÃO DE FUTURO

O Quadro 3 contém a expressão do desejo; a definição de como e onde

quer estar o território do Baixo Araguaia em um espaço temporal de cincos anos.

Originado de um exercício coletivo dos atores sociais, como se fosse um sonho

coletivo, traz a concepção ou imagem do que desejam alcançar ou obter no

espaço-tempo determinado.

É com base nessa visão de futuro que o território definiu o que quer, o que

fará, com quem contará, enfim, definiu o que deverão providenciar (a planificação)

para alcançá-lo. A visão de futuro antecipa possíveis desdobramentos da ação

racional e organizada dos atores sociais do território sobre a sua realidade e seu

contexto, expressando o seu desejo de mudança enquanto segmento da

sociedade que se define como agricultura familiar.

A visão de futuro portanto, torna-se um instrumento fundamental para

dimensionar as possibilidades de realização do desejo territorial, contribuindo na

orientação do diagnóstico, na definição dos objetivos específicos, metas e

estratégias de desenvolvimento territorial sustentável.

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Quadro 3. Visão de Futuro do território do Baixo Araguaia

Sonho Ações Resultados

Melhorar a qualidade de vida dos agricultores, indígenas e

posseiros

Promover ações de educação no campo; Incentivar à organização da produção da agricultura familiar; Fomento a produção agropecuária; Preservação do patrimônio cultural e ambiental.

Escola Família Agrícola instalada no território; Resgate da cidadania indígena

Reduzir o número de pessoas em condição de vulnerabilidade social

Estimular e fortalecer a organização do associativismo e cooperativismo Implementar novos assentamentos Campanha de regularização fundiária rural

Cultura dos povos indígenas resgatada Famílias sem-terra assentadas

Geração de Renda e emprego

Estimular novas formas de agro-turismo da agricultura familiar Estruturar o abastecimento e comercialização Estimular o micro crédito

Desenvolvimento do Turismo em Áreas Naturais Agroindústrias instaladas; Cooperativa de credito instalada

Garantir o uso ordenado dos recursos naturais visando o

desenvolvimento sócio-econômico com qualidade ambiental

Melhoria do uso dos solos Desenvolvimento florestal Gestão de recursos hídricos Gestão da biodiversidade Gestão de áreas degradadas Educação Ambiental Integrada

Número de pequenas propriedades que adotam práticas conservacionistas Recuperação de matas ciliares e cultivos consorciados

Promover o Desenvolvimento Sustentável da Economia,

fortalecendo a competitividade, a diversificação

Estimular a produção orgânica; Viabilizar uma certificadora territorial Diversificação da produção de produtos na agricultura

Desenvolvimento da agricultura

Atores sociais dos territórios capacitados e fortalecidos

CIAT fortalecida e estruturada para apoiar os municípios Capacitar o ND e NT Elaborar projetos de custeio para ações de formação e capacitação Elaborar projetos para estruturar o ND e NT via PROINF Curso de capacitação para CMDRS

CIAT e ND com escritório e veículo; Conselheiros municipais capacitados no DT; Revitalização da EMPAER

Com base na visão de futuro, o território tem condições de iniciar o seu

processo de planejamento estratégico, pois concebeu coletivamente o que quer,

gerando uma imagem de como estará quando chegar o tempo que determinou.

Este momento foi indispensável para que o território pudesse dar início ao seu

planejamento. Observaram-se as condições internas do território, suas

potencialidades, dificuldades e o contexto sócio-político organizativo, bem como a

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forma de interação dessa perspectiva com as condições futuras do contexto

externo. Esta confrontação do endógeno (condições internas) com o exógeno

(contexto externo) permitiu definir um cenário desejado plausível.

O território no exercício de construção de sua visão de futuro determinou

como poderão controlar as ações e não ficar a revelia de qualquer mudança de

rumo, pois possui claro o lugar para onde querem ir e o estado que querem

alcançar.

A função da visão de futuro é não ver os problemas, nem as dificuldades;

mas sim as oportunidades internas e externas que o território terá para

transformar em sucesso sua ação no presente.

Enfim é a expressão do sonho coletivo dos atores sociais do território para

uma vida melhor, de um cotidiano transformado e melhorado, com os interesses

coletivos devidamente expressos; grupos e segmentos interessados devidamente

representados e comprometidos.

5. EIXOS INTEGRADORES

Os eixos integradores construídos pelo território nortearam o processo de

construção do PTDRS de forma didática através da sistematização e organização

das propostas oriundas das forças vivas do território (atores sociais). Objetivou-se

dessa maneira formar um conjunto articulado de diretrizes e prioridades

convergentes para o PTDRS, levando em consideração as diferentes dimensões

do desenvolvimento sustentável. Essas dimensões foram determinadas a partir

das percepções dos atores sociais do território. O território do Baixo Araguaia

definiu assim os seus eixos aglutinadores:

Fortalecimento das organizações sociais do território;

Comunicação popular alternativa para o território;

Educação do campo;

Valorização das manifestações sócio-culturais do território;

Diversificação da produção e da renda;

Fortalecimento das ações sócio-ambientais;

Agroindústria familiar;

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Saúde no território;

Questão indígena da sustentabilidade e diversidade.

A base da definição e construção dos eixos foi a visão de futuro que os

atores sociais dos territórios construíram ao longo do processo de gestão social

oportunizado pela SDT em forma de oficinas, cursos e seminários.

A partir dos eixos foram definidos e estruturados os projetos setoriais e

específicos. Esses projetos estão amarrados entre si nos diferentes eixos

aglutinadores e devem responder as demandas específicas do território.

6. PROJETOS ESTRATÉGICOS (ESTRUTURANTES)

Quadro 4. Programas e projetos estratégicos do território do Baixo

Araguaia.

EIXOS PRIORITÁRIOS

PROGRAMAS PRIORITÁRIOS PROJETOS PRIORITÁRIOS

Projeto de capacitação dos CMDRS para a gestão social do território;

Projeto de infra-estrutura para a CIAT e CMRS

Projeto de infra-estrutura para as organizações sociais do território.

Projeto de fortalecimento de redes sociais de produção, comercialização e consumo solidário no território

Fortalecimento da gestão social do território

Programa de Fortalecimento da CIAT e dos CMDRS do Território

Projeto de organização de rede interterritorial de entidades executoras de assistência e assessoria técnica à agricultura e produção familiar (ATER e ATES).

Projeto de capacitação em comunicação social

Elaboração de programação de rádio

Produção de material informativo

Comunicação popular e alternativa para o território

Programa de comunicação territorial

Criar uma estrutura (rádio territorial de comunicação)

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Projeto de criação de núcleos de fomento de cultura e valorização das tradições: Valorização das

manifestações sócio-culturais do território

Programa de desenvolvimento sócio cultural do território

Formação de agentes sócios culturais no território

Projeto de capacitação de técnicos e agricultores em plantio e manejo de SAF´s e sistemas agrosilvopastoris

Programa de implantação de áreas experimentais de SAf´s e Sistemas Agrosilvopastoris Projetos de construção de viveiros de mudas nas

comunidades rurais

Programa de melhoria da qualidade e produtividade do leite

Projeto de fortalecimento da cadeia produtiva do leite na perspectiva da economia familiar e solidária;

‘Projeto de sensibilização e capacitação de técnicos e agricultores em agroecologia;

Programa de fortalecimento da agroecologia no território Projeto de ampliação de unidades agroecologicas no

território

Projeto de capacitação para confecção de biojóias e peças artesanais

Projeto de instalação de oficinas comunitárias para produção artesanal

Diversificação da produção e da renda

Programa de apoio e incentivo à produção de artesanato e biojóias;

Projeto de apoio à criação de cooperativas (central para vários ramos produtivos), de produção artesanal

Projeto de capacitação de agentes multiplicadores para realização de campanhas de conscientização

Programa de preservação e recuperação de APP (matas ciliares, nascentes e encostas) e ARL com essências florestais e frutíferas

Projeto de implantação de viveiros comunitários de produção de mudas

Fortalecimento das ações sócio-ambientais

Programa de incentivo ao eco- turismo e ao turismo rural

Projeto de implantação de empreendimentos coletivos para exploração da prática de eco-turismo;

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Projeto de capacitação de agricultores familiares em turismo rural

Projeto de formação de agentes comunitários de educação ambiental

Programa de capacitação em educação ambiental para dirigentes de organizações públicas e sociais do território e educadores e educandos das redes municipais de ensino

. Projeto de inserção da educação ambiental nas escolas do campo

Projeto de implantação de infra-estrutura para agroindústrias comunitárias

Projeto de capacitação para agricultores e técnicos em administração, processamento, manuseio, embalagem e armazenamento de produtos da agricultura familiar

Projeto de fortalecimento da comercialização da produção familiar do território;

Programa de apoio à organização de empreendimentos coletivos agroindustriais

Projeto de implantação de redes sócio-produtivas para consumo e comercialização da produção familiar do território

Agroindústria familiar

Programa de regulamentação do serviço de inspeção municipal

Projeto de capacitação para legisladores, gestores públicos, sociais e técnicos do território para implantação do SIM.

Projeto de viabilidade da construção e instrumentalização de hospital de referência no território

Programa de saúde especializada no território Construção de postos descentralizados de atendimento

ambulatoriais nos assentamento

Saúde no território

Programa de ampliação do saneamento básico no território

Projetos de construção de aterros sanitários nos municípios / coleta seletiva

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Projetos de construção de abatedouros municipais

Programa de fortalecimento da utilização de fitoterápicos

Apoiar os processos de comercialização (pescado)/ apoio à piscicultura e manejo de estoques pesqueiros;

Fortalecer os processo sociais de comunicação

Ampliação do acesso da energia elétrica

Questão Indigena - Sustentabilidade e Diversidade

Programa de soberania e segurança alimentar

cooperação na produção e comercialização de artesanato

Projeto de capacitação continuada dos educadores e profissionais da educação

Programa de implantação de escolas famílias agrícolas – EFA´s - no território

Realizar campanhas, seminários e oficinas sobre educação do campo no território;

Formação didático-pedagógica para professores das escolas do campo

Programa de formação continuada para professores das escolas do campo

Projeto de implementação da gestão democrática nas escolas do campo

Educação do Campo

Programa de formação integrada de escolarização e profissionalização para os agricultores familiares;

Construção de fortalecimento de centro territoriais de Desenvolvimento sócio-econômico no território

7. AGENDA DAS AÇÕES TERRITORIAIS No ano de 2003, o território do Baixo Araguaia encaminhou somente um

projeto para o PRONAF Infra-ESTRUTURA, envolvendo os municípios de São

Félix do Araguaia e Alto Boa Vista. Este projeto consistiu na reforma do espaço

destinado para a feira do produtor de São Félix (cobertura e piso), além da

compra de um trator de esteira para trabalho no campo em ambos municípios.

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Além disso, o projeto englobava ainda a realização de diversas capacitações para

os agricultores familiares da região.

No ano de 2004 o investimento do PRONAF – infra-estrutura foi de R$

428.873,00 com a reforma, ampliação e aquisição de equipamentos para o centro

de capacitação do território no município de Alto Boa Vista. Além disso, o território

contraiu um projeto de custeio no valor de R$ 94.050,00 para realizar atividades

de mobilização, sensibilização e construção do plano de desenvolvimento do

território através da ANSA.

Os projetos em 2005 foram na ordem de R$ 220.235,01 em infra-estrutura

e R$ 57.559,00 e no custeio através do PROINF. Foram seis projetos voltados

para as ações de infra-estrutura, tais como, a ampliação do laticínio municipal e a

implantação de micro destilaria para a produção de álcool em Confresa,

implantação de duas unidades demonstrativas para piscicultura em Alto Boa Vista

e Canabrava do Norte, implantação da Casa do Mel em Alto Boa Vista,

construção de viveiro de mudas nativas em Alto Boa Vista e Santa Terezinha,

banco de germoplasma em Alto Boa Vista e ações de custeio na capacitação para

a Organização da Produção em Santa Terezinha.

Em 2006 os recursos foram na ordem de R$ 443.223,62 em infra-estrutura

e R$ 23.219,29 em custeio através do PROINF. Foram vinte e cinco projetos

voltados para as ações de infra-estrutura, sendo:

- Aquisição de equipamentos para apicultura, construção de curral para 100

cabeças e aquisição de equipamentos para cerca elétrica para centro de

formação de Alto Boa Vista;

-Criação de Certificadora Sócio Participativa Territorial em Confresa;

- Construção de estrutura de comercialização de Alto Boa Vista;

- Ampliação da estrutura de comercialização de Vila Rica;

- Ampliação da estrutura de comercialização de Ribeirão Cascalheira;

- Construção de estrutura de comercialização de Porto Alegre do Norte.

As ações de custeio são voltadas para a elaboração do sistema de

inspeção municipal unificado, legalização das atividades da certificadora junto aos

órgãos competentes e capacitação dos técnicos atuantes na certificadora para

sua função no fortalecimento dos eixos da gestão ambiental, educação do campo

e capacitação.

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8. CRÉDITOS

SDT > do Secretário ao Consultor Territorial

CEDRS > Presidente e Secretário Executivo

CIAT > Denominação, Núcleo Diretivo, Núcleo Técnico

CREATIO/FCR

Outros > Comissão ou GT de elaboração

9. DATA E LOCAL: Campo Grande/MS, novembro de 2006