narrador em memorial do convento
TRANSCRIPT
Para compreender melhor…
Classificação do Narrador
Narrador
Presença
Não-participante Heterodiegético Não participa na ação
Participante
Autodiegético Personagem principal
Homodiegético Personagem secundária
Ciência/Focalização
(perspetiva adotada pelo narrador em relação ao
universo narrado)
Omnisciente Colocado numa posição de transcendência, o narrador mostra conhecer toda a história, manipula o tempo, devassa o interior das personagens.
Interna Adota o ponto de vista de uma ou mais personagens, daí resultando uma diminuição ou restrição de conhecimento.
Externa O conhecimento do narrador limita-se ao que é observável do exterior.
Ponto de Vista
Objetivo Relata a história com objetividade e imparcialidade.
Subjetivo Relata a história com subjetividade, expressando juízos de valor e considerações pessoais. É parcial no que diz.
Na obra Memorial do Convento deve-se assumir, ainda, uma focalização interventiva (quando o
narrador interage com o narratário) e até judicativa (quando existem alguns juízos de valor)
Quanto à presença
No romance Memorial do Convento, o narrador é geralmente heterodiegético, ou seja, trata-se de uma
entidade exterior à história que assume a função de relatar os acontecimentos. Surge normalmente na 3ª
pessoa (visível nas marcas linguísticas, como o pronomes e verbos na 3ª pessoa)
Ex: Pág. 80-81: narrador heterodiegético e omnisciente, conhece os pensamentos da personagem e
sabe a resposta que esta lhe daria se a interrogasse num diálogo imaginado.
Por vezes, a voz do narrador heterodiegético confunde-se com o pensamento de outra personagem.
C o l é g i o A m o r d e D e u s - C a s c a i s Português – 12º ano
Ficha informativa Ano letivo 2011/2012
Ex: Pág. 36 ou 47
Surge, igualmente, na obra um narrador homodiegético, que ocorre na 1ª pessoa do singular ou do plural.
Trata-se de uma personagem secundária da história, que revela as suas próprias vivências, um eu nacional e colectivo, associado aqui à ideia de pátria. Pág. 35
«eu» narrador com o «eu» autor textualmente implícito Pág. 143 ou 187
Narrador misturado com a própria multidão: Pág. 101 ou 130
União entre a voz do narrador e a de outras personagens em substituição do discurso direto: Pág. 92
Para além do narrador principal, existem outros narradores secundários homodiegéticos/ vozes narrativas, como por exemplo:
Manuel Milho que durante a ida a Pêro Pinheiro, noite após noite, vai contando parte de uma
história aos companheiros.
João Elvas que para entreter a noite, enquanto estão abrigados no telheiro, conta a Baltasar uma
série de crimes horrendos.
Quanto à focalização
O tipo de focalização que predomina na obra é a omnisciente: o narrador tem um conhecimento absoluto
acerca dos eventos; saber que implica não apenas a transcendência em relação a todas as personagens,
mas também uma perspetiva tridimensional do tempo – o passado, o presente e o futuro. É esse
conhecimento que permite ao narrador seguir eventos ocorridos em tempos distintos – tempo da história e,
simultaneamente, tempo da escrita. Ex. pág. 109; pág.111; 139
Focalização interna:
é-nos dada a perspectiva de outra personagem - Ex. pág. 221 ou 291
acontecendo ser esta que relata os acontecimentos – Ex. pág. 53
ou nos apresenta os seus pensamentos – Ex. pág. 122
Focalização externa:
Narrador observador, que descreve objetivamente o ambiente que o cerca: pág. 101
Focalização interventiva:
A voz do narrador irmanado com o leitor/narratário: o narrador interpela o narratário, criando
uma certa cumplicidade e familiaridade. - Pág. 83-84; 314
Focalização judicativa: o narrador não se inibe se fazer comentários, juízos de valor, dar opiniões. – Ex. pág. 189; 266 ou 351
Mudança de um discurso de 3ª pessoa para a 1ª pessoa sem transição
Ex: pág. 262-263
Passagem da voz do narrador para a voz de uma personagem em discurso directo,
Ex. Pág. 121-122
Narrador
A presença do narrador em Memorial do Convento é marcada por um discurso a várias vozes/polifónico
que ora revela o seu distanciamento do que conta (e então é de 3ª pessoa, heterodiegético com focalização
omnisciente), ora se introduz na história (e então é de 3ª pessoa, heterodiegético com focalização omnisciente,
mas aparece como testemunha), ora ignora o narratário, ora apela à sua participação nos eventos (e então é de
1ª pessoa, normalmente «nós», em que ele é heterodiegético com focalização omnisciente em que surge
irmanado com o narratário – ex. p.161 Abril «diríamos hoje…» e p.236 «hoje diríamos…»), ora narra, ora
instaura um discurso em que coloca as personagens em interação ou até mesmo assume a voz de uma
personagem (narrador de 1ª pessoa homodiegético com focalização interna ou, por vezes, externa; também
surge como narrador judicativo, quando formula juízos de valor – ex. Cap.III no contraste entre ricos e pobres),
ora usa um registo cuidado, ora salta para um registo familiar ou mesmo calão.
Assim sendo, o narrador quanto à presença e ciência pode ser:
3ª pessoa Heterodiegético Focalização omnisciente Pode ser testemunha e/ou
formular juízos de valor –
narrador judicativo
1ª pessoa Homodiegético Focalização interna e/ ou externa (quando é personagem)
1ª pessoa
«nós»
Heterodiegético Focalização omnisciente Irmanado com o narratário
Desmonta (desconstrói) o enredo ou
situação existencial criada
Descreve paisagens,
situações, factos acontecidos (e a
acontecer)
Profetiza Domina
Autolimita-se face ao
conhecimento da história
Ironiza /
Assume / Compromete-se
Manipula as personagens
Apaga-se face às
personagens
Dialoga
com o narrador
Sentencia Segue ou inventa
provérbios
Narrador