microeconomia historicamente, ao observar-se o...

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1 1 Microeconomia Teoria do Consumidor Oferta - Equilíbrio Aula 6 Prof. Dr. Daniel Bertoli Gonçalves UNESP Sorocaba -SP 2 Abordagens da Teoria do Consumidor Historicamente, ao observar-se o desenvolvimento da teoria do consumidor, nota-se a existência de duas abordagens, segundo as quais uma série de autores procuraram analisar o comportamento do consumidor: a abordagem cardinal e a abordagem ordinal. 3 TEORIA CARDINAL Os economistas Jevons (1854) e Walras (1874), os formuladores da teoria cardinal, acreditavam que a utilidade era uma característica "mensurável" dos bens e serviços, que podia ser medida. Acreditavam que a utilidade era uma qualidade "aditiva", isto é, a satisfação do consumidor era a soma das utilidades obtidas no consumo dos bens e serviços de sua cesta de mercadorias. Utilidade: de um bem ou serviço é a sua capacidade de satisfazer as necessidades das pessoas. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado. 4 TEORIA CARDINAL Vejamos mais detalhadamente os fundamentos da Teoria Cardinal. Em primeiro lugar, essa teoria supunha que a utilidade poderia ser medida. Em outras palavras uma xícara de café, por exemplo, daria ao consumidor 3 unidades de utilidade, ou 3 utis. = 3 UTIS 5 Se, juntamente com a xícara de café, o consumidor comesse um pedaço de pão que lhe oferecesse, por exemplo, 4 "utis", a satisfação total do consumidor seria de 7 "utis". + = 7 UTIS 4 3 TEORIA CARDINAL 6 Existem basicamente, duas críticas podem ser feitas à teoria cardinal da utilidade. São elas: 1. A primeira refere-se à mensuração da utilidade. Por ser uma qualidade avaliada subjetivamente, ela depende da escala de utilidade estabelecida pelo consumidor para cada bem, o que impossibilita a generalização dessa forma de mensuração. TEORIA CARDINAL

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1

1

MicroeconomiaTeoria do Consumidor – Oferta - Equilíbrio

Aula 6

Prof. Dr. Daniel Bertoli Gonçalves

UNESP – Sorocaba -SP

2

Abordagens da Teoria do Consumidor

Historicamente, ao observar-se o

desenvolvimento da teoria do consumidor,

nota-se a existência de duas abordagens,

segundo as quais uma série de autores

procuraram analisar o comportamento do

consumidor: a abordagem cardinal e a

abordagem ordinal.

3

TEORIA CARDINAL

Os economistas Jevons (1854) e Walras (1874),

os formuladores da teoria cardinal, acreditavam que a

utilidade era uma característica "mensurável" dos bens

e serviços, que podia ser medida. Acreditavam que a

utilidade era uma qualidade "aditiva", isto é, a

satisfação do consumidor era a soma das utilidades

obtidas no consumo dos bens e serviços de sua cesta

de mercadorias.

Utilidade: de um bem ou serviço é a sua capacidade

de satisfazer as necessidades das pessoas. A

utilidade representa o grau de satisfação que os

consumidores atribuem aos bens e serviços que

podem adquirir no mercado. 4

TEORIA CARDINAL

Vejamos mais detalhadamente os fundamentos da

Teoria Cardinal. Em primeiro lugar, essa teoria supunha

que a utilidade poderia ser medida. Em outras palavras

uma xícara de café, por exemplo, daria ao consumidor 3

unidades de utilidade, ou 3 utis.

= 3 UTIS

5

Se, juntamente com a xícara de café, o

consumidor comesse um pedaço de pão que lhe

oferecesse, por exemplo, 4 "utis", a satisfação total

do consumidor seria de 7 "utis".

+ = 7 UTIS

43

TEORIA CARDINAL

6

Existem basicamente, duas críticas podem

ser feitas à teoria cardinal da utilidade. São elas:

1. A primeira refere-se à mensuração da

utilidade. Por ser uma qualidade avaliada

subjetivamente, ela depende da escala de

utilidade estabelecida pelo consumidor para

cada bem, o que impossibilita a generalização

dessa forma de mensuração.

TEORIA CARDINAL

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2

7

TEORIA CARDINAL

2. A Segunda crítica diz respeito à propriedade

aditiva da utilidade. Sabemos que existem

alguns bens que, quando consumidos ao

mesmo tempo, têm utilidade maior do que

quando consumidos isoladamente. Nesse caso,

não é possível somar as utilidade de cada bem

para se obter a utilidade total. Assim, uma

pessoa que come um prato de arroz com feijão,

por exemplo, está obtendo uma utilidade bem

maior do que se consumisse o arroz e feijão

separadamente.

8

TEORIA ORDINAL

Os economistas Fischer (1892) e Pareto (1906)

contornaram os principais problemas da teoria

cardinal e deram à teoria do comportamento do

consumidor a forma que conhecemos hoje. Essa

formulação é conhecida como Teoria Ordinal do

comportamento do consumidor.

Inicialmente, esses economistas reconheceram

que a utilidade não é uma qualidade aditiva e passaram

a estudá-la como sendo decorrente do consumo de

todos os bens simultaneamente.

9

Dessa forma, a quantidade consumida de um

bem interfere na utilidade de outro bem. Por

exemplo: geralmente, as pessoas tomam café com

açúcar, numa dada proporção. Entretanto, se for

colocado muito açúcar no café, ele ficará tão ruim

que não será bebido, perdendo, conseqüentemente,

sua utilidade.

TEORIA ORDINAL

Por outro lado, convencidos de que a

utilidade dos bens, apesar de incontestável, é uma

qualidade de avaliação subjetiva, os quatro

economistas abandonaram a idéia de medi-lá.

10

TEORIA ORDINAL

Antes, reconhecendo que o consumidor prefere

alguns bens e serviços a outros, introduziram uma

ordem de preferência para qualificar a utilidade. Assim

pode-se dizer que um bem tem mais utilidade do que

outros, mas não se estabelece a quantidade de

utilidade correspondente de cada um. Para a teoria

ordinal, se uma pessoa prefere chá a café, o chá, para

essa pessoa, tem mais utilidade do que o café. Mais

uma vez, é importante ressaltar que a teoria ordinal

apenas ordena bens, não lhes atribuindo qualquer

quantidade de utilidade.

11

TEORIA ORDINAL

A abordagem ordinal da teoria do consumidor

representa uma linha de pensamento mais recente, em

relação à abordagem cardinal. Sua característica

fundamental está no fato de rejeitar a hipótese de

mensurabilidade quantitativa da utilidade, substituindo-a

pela hipótese de comparabilidade. Assim, para a

abordagem ordinal, a utilidade não é mensurável, mas

comparável. É, portanto, pela comparação das utilidades

das coisas que o consumidor escolhe as diferentes

alternativas de consumo de bens ou de combinações de

bens capazes de atender a suas necessidades.

12

Escolha do consumidor

As necessidades dos seres humanos são

insaciáveis, uma vez que nem todas podem ser

satisfeitas inteiramente. Adicionalmente, a plena

satisfação do consumidor é cerceada por seu

limitado poder de compra. Na realidade, grande

quantidade de pessoas deseja muitas coisas que

não pode adquirir. Assim, os consumidores devem

escolher entre bens que precisam ter e os que

podem ficar fora de seu plano de consumo.

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Fatores que afetam a escolha do

consumidor

Hábitos e costumes

Falta de informações

Consumo santuário (luxo)

Diferenciação dos produtos

Esforços de Venda Publicidade e Propaganda

Remarcações e liquidações

Crédito ao consumo

14

Escolha ótima: a maximização do

bem-estar

As necessidades dos seres humanos não são

todas passíveis de atendimento adequado - em

alguns casos nem mesmo podem ser atendidas, uma

vez que o consumidor enfrenta uma série de

dificuldades.

Em decorrência dessas dificuldades, a escolha

racional, aquela que permita efetivamente a maior

satisfação possível para cada unidade monetária

gasta, é praticamente inexeqüível.

15

Escolha ótima: a maximização do

bem-estar

Todavia, o consumidor realiza um esforço

bastante grande no sentido de maximizar seu bem-

estar, e é esse comportamento que a Teoria

Microeconômica procura explicar, definindo a

escolha ótima do consumidor, ou seja, a escolha que

permita a execução de um plano de consumo, que

leve ao mais alto nível de bem-estar ou de satisfação

(ou ainda utilidade), compatível com o orçamento

disponível para gastos.

16

Escolha ótima: a maximização do

bem-estar

Para explicar o mecanismo desse

comportamento a Teoria Microeconômica se vale de

conceitos e hipóteses tirados da Teoria Ordinal do

Comportamento do Consumidor, tais como os

conceitos de Tabela de Indiferença, Curva de

Indiferença, Taxa Marginal de Substituição e

restrição Orçamentária.

17

Tabela de Indiferença

Em uma tabela de Indiferença são colocadas

infinitas combinações possíveis entre dois bens,

igualmente desejáveis ao consumidor, porque todas

elas lhe propiciam a mesma satisfação, de tal forma

que, para ele, é indiferente a escolha de qualquer uma.

O fato de se considerar apenas dois bens deriva

da hipóteses da existência de um consumidor que

possua um plano de consumo constituído por apenas

dois bens, que tenham entre si certo grau de

substitutibilidade. É uma hipótese bastante

simplificadora, porém conveniente para a maior

facilidade de compreensão do mecanismo de ajuste.

18

Tabela de Indiferença

Tomemos um exemplo numérico para facilitar a

percepção do conceito da tabela de indiferença. A

tabela abaixo apresenta uma lista de combinações dos

bens X e Y, todas desejadas pelo consumidor.

Tabela de indiferença

Bem X Bem Y

10

4

2

1

0

5

4

7

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4

19

Tabela de Indiferença

A disposição das quantidades de X e Y está

feita de tal forma que o consumidor não

manifesta preferência por nenhuma das

combinações. É indiferente a todas elas porque

todas igualmente desejáveis; sente-se igualmente

bem ao escolher qualquer uma das combinações

existentes.

Como ajustar os

desejos do consumidor e

as quantidades dos bens?20

Tabela de Indiferença

Vejamos: se a combinação 7 unidades de X e

uma unidade de Y é indiferente à combinação 10

unidades de X e 0 unidades de Y, é porque para o

consumidor a perda de 3 unidades de X é

perfeitamente compensada em termos subjetivos

de bem-estar pelo ganho de 1 unidade de Y. Assim,

ao passar de uma combinação para outra, seu nível

de bem-estar não muda, embora seu patrimônio se

modifique em termos de quantidade possuídas de

cada um dos bens.

21

Tabela de Indiferença

Vê-se, assim, que só é possível manter o

nível de bem-estar constante quando houver uma

perfeita compensação entre a quantidade do bem

que se reduz e a quantidade do bem que aumenta

na nova combinação.

Em outras palavras...

22

Tabela de Indiferença

“...para que se mantenha o nível de bem-estar constante,

é necessário que haja uma perfeita compensação

subjetiva de satisfação, provocada pela redução da

participação de X, e o ganho subjetivo de satisfação

decorrente do aumento da participação de Y na nova

combinação.”

A necessidade de compensação entre perdas e

ganhos subjetivos de satisfação, quando as

combinações entre os bens são modificadas, leva a

outro conceito, a Taxa Marginal de Substituição.

23

Taxa Marginal de Substituição

Podemos entender por Taxa Marginal de

Substituição (TMS) entre os bens, a variação

necessária da quantidade de um deles, que compense

a variação da quantidade do outro, para que o nível de

bem-estar mantenha-se constante. Percebe-se, assim,

que a TMS vai sempre relacionar duas variações, uma

delas representando um decréscimo da participação de

um dos bens e a outra representando um acréscimo da

participação do outro bem.

Podemos representar a TMS da seguinte forma:

24

Taxa Marginal de Substituição

TMS = - X

+ Y

- X: decréscimo da participação de X na

combinação.

+ Y: acréscimo da participação de Y na

combinação.

Isso significa que a TMS é decrescente. De fato,

esse comportamento pode ser observado na tabela da

página seguinte.

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5

25

Taxa Marginal de Substituição

Comportamento da TMS

Bem X

10

7

1

2

2 - 0,5

1 - 2

- 3

Bem Y + Y TMS

13

4

2

1

0

- X

4

5

26

Curva de Indiferença

É a representação gráfica de uma tabela de

indiferença. Utilizando, entretanto, uma linguagem

mais técnica, podemos definir curva de indiferença

como uma linha em que todos os pontos representam

combinações de dois bens que proporcionam ao

consumidor o mesmo nível de satisfação, de bem-

estar ou ainda de utilidade. Admitindo que o plano de

consumo do consumidor seja representado por

diversas curvas de indiferença - identificando sua

Escala de Preferências, passa-se ao conceito de Mapa

de indiferença, isto é, um conjunto de curvas de

indiferença, representando cada uma um dado nível

de bem-estar ou de utilidade usufruído pelo

consumidor.

27

Curva de Indiferença

q1

q2

U

Curva de indiferença

q1

q2

U1

Mapa de indiferença

U2

U3

28

Equilíbrio do consumidor

A escolha ótima do consumidor é aquela que

permite que ele maximize seu bem-estar ou de

satisfação, respeitadas as limitações do orçamento

disponível para gastos. A Teoria Microeconômica

considera que, quando o consumidor realiza sua

escolha ótima e, conseqüentemente, adquire

quantidades dos bens que lhe proporcionam

satisfação máxima, dentro dos limites do orçamento,

está em equilíbrio. É o chamado Equilíbrio do

Consumidor.

29

Equilíbrio do Consumidor

Orçamento e preços

Para a determinação desse equilíbrio, é

necessário que se introduza na análise, além da parte

subjetiva (satisfação, bem-estar, utilidade), também a

parte objetiva, isto é, os preços das mercadorias e o

orçamento que o consumidor dispõe para gastos. O

instrumento teórico, passível de representação

gráfica, e que permite sintetizar as informações sobre

o orçamento do consumidor e sobre o preço dos bens,

é denominado Linha de Preços, Linha de Orçamento

ou ainda Restrição Orçamentária.

30

Equilíbrio do Consumidor

Podemos definir linha de preços como uma

linha que representa as quantidades dos bens que o

consumidor pode comprar, combinadamente,

gastando toda a sua renda, dados os preços e dada a

renda disponível para consumo num dado momento.

Restrição Orçamentáriaq1

q2

100

10050

50

100

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6

31

Determinação do equilíbrio do

consumidor

Graficamente, é possível representa o equilíbrio

do consumidor lançado mão das ferramentas já

estudadas: as curvas de indiferença e a restrição

orçamentária. No gráfico a seguir, a linha reta AB

representa a restrição orçamentária ou o orçamento

disponível (renda disponível para gastos); sua

inclinação mostra a relação entre os preços dos dois

bens e sua posição define a dimensão do orçamento.

As três curvas de indiferença foram extraídas do

infinito conjunto de curvas de indiferença que

constitui o mapa de indiferença do consumidor.

32

Determinação do equilíbrio do

consumidor

Equilíbrio do consumidor

q1

q2

A

B0 N

U2

M

C

E

F

U1

U3

33

Determinação do equilíbrio do

consumidor

Esse consumidor estará em equilíbrio no ponto

E, que está simultaneamente situado sobre a linha de

preços AB e sobre a curva de indiferença U1. Isso

significa que ambas as linha são tangentes entre si no

ponto E. A combinação dos bens q1 e q2 em E

(OMq1=OMq2) é a preferida a todas as outras também

possíveis. Isso ocorre porque no ponto E o

consumidor maximiza seu bem-estar, representado

pela curva de indiferença U1, dentro das limitações de

seu orçamento, definido pela posição da linha AB.

34

Determinação do equilíbrio do

consumidor

Se tivesse que comprar menos de q2 e mais de

q1, indo por exemplo, para o ponto C, passaria para

uma curva de indiferença mais baixa, curva U2 -

portanto, com menos nível de bem-estar, mas com o

mesmo dispêndio total AB. Por outro lado, se tivesse

que comprar mais de q2 e menos de q1, iria, por

exemplo para o ponto F, também na curva de

indiferença U2, mais baixa e com o mesmo gasto total

AB.

35

Determinação do equilíbrio do

consumidor

Evidentemente, o consumidor gostaria de

usufruir um nível de bem-estar representado por uma

curva de indiferença mais alta - por exemplo, a curva

U3; mas essa possibilidade não existe, porque seu

orçamento (reta AB) é insuficiente para permitir esse

nível de bem-estar. Assim, o ponto E é o melhor ponto

possível e a combinação dos dois bens

correspondentes a ele (OMq1=OMq2) é aquela que

proporciona o máximo de bem-estar dentro das

restrições do orçamento. Essa maximização do bem-

estar define o equilíbrio do consumidor.

36

Modificações do equilíbrio do

consumidor

O consumidor encontra-se em equilíbrio

quando maximiza a sua satisfação, respeitada a sua

restrição orçamentária. A noção de equilíbrio baseia-

se no princípio da racionalidade: o consumidor, sendo

racional, vai procurar, dentro do seu orçamento, tentar

obter o máximo de satisfação possível.

Uma vez atingido o equilíbrio, permanecerá

estável enquanto for possível manter seus pré-

requisitos, ou seja enquanto permanecerem

inalteradas as variáveis objetivas, a renda disponível,

e os preços dos bens.

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37

Modificações do equilíbrio do

consumidor

Logicamente, a posição de equilíbrio também se

modifica com a alteração das variáveis subjetivas, como

os hábitos do consumidor. Todavia estas últimas são de

difícil mensuração. As alterações na posição de

equilíbrio são conhecidas na teoria do consumidor como

análise dos efeitos ou, melhor, dizendo, das causas que

têm por efeito a modificação da posição de equilíbrio.

A análise dos efeitos, é feita separadamente pela

teoria econômica, havendo uma denominação peculiar

para cada uma. É extremamente importante lembrar que,

por razões didáticas, serão analisados os efeitos

separadamente. Na realidade, os mesmos ocorrem

simultaneamente. 38

Modificações do equilíbrio do

consumidor

Efeito-renda

Entende-se por efeito-renda a modificação na

posição de equilíbrio do consumidor, que decorre de

uma variação na sua renda disponível, mantidos

constantes os preços dos bens.

Em geral agindo racionalmente, e se houver um

aumento de sua renda, o consumidor comprará

maiores quantidades de bens, desde que os preços

não sofram nenhuma alteração. Por conseguinte, um

aumento da renda desloca a linha paralelamente para

a direita.

39

Modificações do equilíbrio do

consumidor

O deslocamento paralelo identifica a obtenção

de maiores níveis de satisfação decorrentes de

aumento da renda sem haver nenhuma modificação

nos preços dos bens. Se houvesse redução da renda

disponível, os deslocamentos da linha de preços

ocorreriam paralelamente para a esquerda.

O efeito-renda pode ser representado

graficamente na figura a seguir.

40

Modificações do equilíbrio do

consumidor

Efeito-renda

q

1

G G”G’

q

2

U3

F”

F’

F

U2U1

Curva de Renda-consumo

41

Observando a figura verifica-se a existência dos

pontos A,B,C, que são pontos de equilíbrio do

consumidor em diferentes níveis de satisfação

alcançáveis, em razão da variação da renda no sentido

de aumento. Unindo esses pontos, chega-se a uma

linha denominada linha ou curva renda-consumo, que

mostra a variação do consumo dos bens e, como

decorrência da variação da renda, mantidos

constantes os preços dos bens.

Modificações do equilíbrio do

consumidor

42

A OFERTA

• É a quantidade de um bem ou serviço que

os produtores desejam vender por

unidade de tempo.

• É um desejo, um plano, uma aspiração.

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8

43

LEI GERAL DA OFERTA

A quantidade ofertada um bem depende de seu preço,

ceteris paribus. Sendo essa relação direta, ou seja,

teoricamente se o preço do bem aumentar, a quantidade

ofertada aumentará.

44

A oferta depende de um

conjunto de fatores:

• o preço do bem que se deseja

oferecer

• os preços dos fatores de produção

ou custo de produção

• o preço dos bens alternativos

• tecnologia

45

Tabela de Oferta

Curva de Oferta individual

• A relação numérica entre o preço e a

quantidade oferecida é a Tabela de Oferta. A

expressão gráfica dessa relação é conhecida

como Curva de Oferta Individual

• A curva de oferta mostra a quantidade de

uma mercadoria que os produtores estão

dispostos a vender a um determinado preço,

considerando constantes outros fatores que

possam afetar a quantidade ofertada.

46

S

A curva de oferta tem inclinação

positiva, demonstrando que, para

preços mais elevados, as firmas

produzirão mais

Gráfico da Curva

de Oferta

Quantidade

Preço

($ por unidade)

P1

Q1

P2

Q2

A curva de oferta

48

Deslocamentos da curva de

ofertaDepende:

– dos preços dos fatores de produção

– da tecnologia disponível

As variações de qualquer desses

elementos alteram a quantidade

oferecida a cada um dos preços e, em

conseqüência, fazem a curva da oferta

se deslocar

49

OBSERVAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A OFERTA

É importante distinguir variações da

oferta e variações na quantidade ofertada.

VARIAÇÕES DA OFERTA: deslocamento por

inteiro da curva da oferta, devido à alterações

no preço dos outros bens ou serviços ou

preço dos fatores de produção.

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9

50

Deslocamento da Oferta

• Ex: O custo das matérias-primas cai

– Ao preço P1, produz-se Q2

– Ao preço P2, produz-se Q1

– A Curva de Oferta desloca-se para a direita (S’)

– Para qualquer preço, a produção em S’ é maior do que em S

PS

Q

P1

P2

Q1Q0

S’

Q2

51

GRÁFICO DAS VARIAÇÕES NA OFERTA

Qut

P

Of2

Of1

Q2Q1

P1

EXEMPLO: Aplicação de uma nova tecnologia. Dessa forma

é possível diminuir os custos de produção, possibilitando

manter o preço constante, aumento a quantidade ofertada

desse bem.

52

Elasticidade da Oferta (EOF)

O conceito de

elasticidade também pode

ser utilizado na curva de

oferta, para medir a reação

dos empresários às

variações do preço. Como já

foi visto, a curva de oferta é

a relação entre as

quantidades de um bem ou

de um serviço que os

empresários estão dispostos

e aptos a produzir a

diferentes preços

alternativos. 53

Elasticidade da Oferta (EOF)

Elasticidade da oferta é a razão entre a variação

percentual na quantidade ofertada de um bem e a

variação percentual no preço desse mesmo bem.

Fórmula

EOF = Q2 - Q1

Q1

P2 - P1

P1

Interpretação

.EOF > 1 Oferta elástica.

.EOF = 1 Oferta com elasticidade unitária.

.EOF < 1 Oferta inelástica.

54

Equilíbrio de Mercado

55

Equilíbrio de Mercado

Quando se fala em equilíbrio, a noção intuitiva que

nos vem imediatamente à cabeça é de um

balanceamento de forças. Quando se transfere essa

noção de equilíbrio para análise do mercado, o

balanceamento de forças ocorre entre as forças básicas

do mercado, quais sejam, oferta e a procura. Dessa

forma, pode-se dizer que o mercado está em equilíbrio

quando o preço pelo qual os vendedores pretendem

vender uma quantidade do produto é exatamente igual

ao preço pelo qual os compradores pretendem comprar

essa mesma quantidade do produto.

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56

Equilíbrio de Mercado

Colocando-se em um gráfico a representação das

curvas de oferta e de procura, podemos visualizar o

equilíbrio de mercado. Esse equilíbrio é definido pelo

ponto A, determinado pela intersecção das duas curvas.

Gráfico 1 - Equilíbrio de mercado

P

Q1

P1

Q

Of

De

57

Equilíbrio Estático

O equilíbrio identifica um balanceamento de forças

focalizado em um dado momento do tempo. É como se fosse

um fotografia tirada em um dado momento. Os exemplos

dessa forma de equilíbrio na análise microeconômica são

diversos: equilíbrio do consumidor, equilíbrio do produtor,

equilíbrio de mercado.

P

Q1

P1

Q

Of

De

Gráfico 2 - Equilíbrio Estático

58

Equilíbrio Estático Comparativo

O Equilíbrio Estático Comparativo constitui-se na

comparação de diferentes equilíbrios estáticos em

diferentes momentos do tempo. Essa forma de equilíbrio

pode ser explicado por meio da análise das diferentes

relações econômicas, tais como as relações entre

orçamento e bem-estar, nos modelos de equilíbrio do

consumidor; as relações entre produção e custos, nos

modelos de equilíbrio da firma.

Tomando-se como exemplo o modelo de equilíbrio

de mercado, podemos representar o Equilíbrio Estático

Comparativo na página seguinte.

59

Equilíbrio Estático Comparativo

Gráfico 3 - Equilíbrio Estático Comparativo

P

Q

P2

D2

Of1

P1

Q2

D1

Q1

60

Equilíbrio Dinâmico e Dinâmico Comparativo

O Equilíbrio Dinâmico e o Equilíbrio Dinâmico

Comparativo constituem-se na análise simultânea de

diversos equilíbrios em diferentes momentos no tempo.

Quando for possível a comparação entre esses

equilíbrios em diferentes momentos no tempo, temos a

Análise Dinâmica Comparativa.

61

Tendência ao Equilíbrio

É importante

mencionar que o

equilíbrio é uma

posição para qual as

forças que se

confrontam tendem a

se dirigir. Tomando-

se como exemplo o

equilíbrio de

mercado, podemos

verificar claramente

esse fato.

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11

62

Tendência ao equilíbrio

• Para qualquer preço superior ao preço de

equilíbrio, a quantidade que os ofertantes

desejam vender é maior que aquela que

os consumidores desejam comprar –

chamado “excesso de oferta”

63

Tendência ao equilíbrio

Preço

Quantidade

100

10

20 130

40

90

Excesso de

Oferta

Ponto de

Equilíbrio

64

Tendência ao equilíbrio

• Para qualquer preço inferior ao preço de

equilíbrio, a quantidade que os

consumidores desejam comprar é maior

que aquela que os ofertantes desejam

vender – chamado “excesso de

demanda”

65

Tendência ao equilíbrio

Preço

Quantidade

100

10

20 130

40

90

Excesso de demanda

Ponto de

Equilíbrio

66

Tendência ao equilíbrio

• Quando existir excesso de demanda

surgirão pressões para que os preços

subam, pois:

– Os compradores estão dispostos a pagar

mais

– A situação de escassez é vista pelos

produtores como oportunidade para elevação

de preços.

67

Equilíbrio de MercadoMudanças no ponto de equilíbrio devido a

deslocamentos da curva de demanda

Ex: Situação de aumento de renda

• Num primeiro momento há o

deslocamento da curva da demanda

de 1 para 2

• Esse movimento provoca excesso de

demanda ao preço P que provoca alta

nos preços até que esse excesso de

demanda se acabe.

• Um novo ponto de equilíbrio em 3 é

estabelecido ao preço P’ e quantidade

Q’.

21

3

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O equilíbrio de mercado

• Quando existir excesso de oferta surgirãopressões para que os preços caiam, pois:

– Os vendedores percebem que não podemvender tudo que desejam, seus estoquesaumentam e os produtos encalham levando-os a realizar promoções.

– Os compradores notam a fartura e passam abarganhar por preços mais baixos.

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Equilíbrio de Mercado

Mudanças no ponto de equilíbrio devido a deslocamentos da curva de oferta

Ex: Situação de redução dos

preços de matéria prima

• Num primeiro momento há o

deslocamento da curva da oferta de 1

para 2

• Esse movimento provoca excesso de

oferta ao preço Po que provoca queda

nos preços até que esse excesso de

oferta se acabe.

• Um novo ponto de equilíbrio em 3 é

estabelecido ao preço P1 e quantidade

Q1.

Oo O1

D

Preço

do trigo

Qtde de trigo

Po = 10

P1 = 5

Qo=10 Q1=12 Qx

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