jovem socialista 427

4
NÚMERO 427 > 24 DE NOVEMBRO DE 2004 Director Miguel Pereira Lopes Director-adjunto André Fonseca Ferreira e Patrícia Palma Equipa de Redacção Bruno Noronha e João Gonçalves ÓRGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA Editorial Miguel Pereira Lopes >DIRECTOR DO JOVEM SOCIALISTA > PIDDAC 2005 NEGAÇÃO DO FUTURO P2 POR JOÃO GONÇALVES >ORÇAMENTO DE ESTADO 2005 OU PARA ONDE VAI O PAÍS? P3 POR BRUNO NORONHA FALÁCIAS E MALABARISMOS A velha teoria de que aquilo que se espera é aquilo que acontece colheu mais algumas evidências com os acontecimentos destes últimos dias. Pois não era de esperar que o governo da coligação começasse a abrir os “cordões à bolsa” com o aproximar das eleições? Não foi isso previsto por todos nós desde o dia em que Durão Barroso tomou posse? Não faria Durão Barroso o mesmo? Não está este governo a seguir a mesma linha política do governo anterior? Neste sentido, não estará este governo a governar como devia? Pois é. É fácil cair num raciocínio falacioso para legitimar todos os actos que se pretende. E o nosso Primeiro Ministro fá-lo relativamente bem, diga-se. Quando dá jeito, o governo anterior fez bem. Quando convém, nós temos de fazer diferente. Pelo menos já sabemos o que esperar deste Primeiro Ministro: uma postura de artimanha política, fundamentada em argumentos circunstanciais e fragmentados, que procura baralhar ainda mais alguns pobres espíritos. E não são poucos, infelizmente. Pior é que não será fácil combater este estilo. E mais grave é que enquanto este show acontece, se tomam decisões erradas com consequências nefastas para todos nós, como a venda de património ao desbarato e o aumento da dívida pública, sempre com slogan contínuo de Santana Lopes “mal dão os impostos directos para pagar aos custos com os funcionários...”. A que custos se refere ele? A que funcionários? É contra este discurso viciado e malabarista que temos de lutar. E pelo que vimos no congresso do PPD e durante a discussão do orçamento de estado, temos de faze-lo bem e mais do que nunca! Nem as favas estão contadas, nem a colheita é certa! [email protected] Envia-nos os teus contributos, criticas ou sugestões! [email protected] Governo compromete ainda mais o futuro dos portugueses > EUROPA EM MOVIMENTO P4 POR ANDRÉ FONSECA FERREIRA

Upload: juventude-socialista

Post on 20-Mar-2016

213 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

FALÁCIAS E MALABARISMOS >EUROPA EM MOVIMENTO P4 >ORÇAMENTO DE ESTADO 2005 OU PARA ONDE VAI O PAÍS? P3 POR BRUNO NORONHA Director Miguel Pereira Lopes Director-adjunto André Fonseca Ferreira e Patrícia Palma Equipa de Redacção Bruno Noronha e João Gonçalves ÓRGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA POR ANDRÉ FONSECA FERREIRA POR JOÃO GONÇALVES NÚMERO 427 > 24 DE N OVEMBRO DE 2004 Nem as favas estão contadas, nem a colheita é certa! [email protected]

TRANSCRIPT

Page 1: Jovem Socialista 427

NÚMERO 427 > 24 DE NOVEMBRO DE 2004

Director Miguel Pereira Lopes Director-adjunto André Fonseca Ferreira e Patrícia PalmaEquipa de Redacção Bruno Noronha e João Gonçalves

ÓRGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA

Editorial

Miguel Pereira Lopes>DIRECTOR DO JOVEM SOCIALISTA

>PIDDAC 2005NEGAÇÃO DO FUTURO P2POR JOÃO GONÇALVES

>ORÇAMENTO DE ESTADO 2005 OU PARA ONDE VAI O PAÍS? P3POR BRUNO NORONHA

FALÁCIAS EMALABARISMOSA velha teoria de que aquilo que seespera é aquilo que acontece colheumais algumas evidências com osacontecimentos destes últimos dias.Pois não era de esperar que o governoda coligação começasse a abrir os“cordões à bolsa” com o aproximardas eleições? Não foi isso previsto por

todos nós desde odia em que DurãoBarroso tomouposse? Não fariaDurão Barroso omesmo? Não estáeste governo a seguira mesma linhapolítica do governoanterior? Nestesentido, não estará

este governo a governar como devia?Pois é. É fácil cair num raciocíniofalacioso para legitimar todos os actosque se pretende. E o nosso PrimeiroMinistro fá-lo relativamente bem,diga-se. Quando dá jeito, o governoanterior fez bem. Quando convém,nós temos de fazer diferente.Pelo menos já sabemos o que esperardeste Primeiro Ministro: uma posturade artimanha política, fundamentadaem argumentos circunstanciais efragmentados, que procura baralharainda mais alguns pobres espíritos. Enão são poucos, infelizmente.Pior é que não será fácil combater esteestilo. E mais grave é que enquantoeste show acontece, se tomam decisõeserradas com consequências nefastaspara todos nós, como a venda depatrimónio ao desbarato e o aumentoda dívida pública, sempre com slogancontínuo de Santana Lopes “mal dãoos impostos directos para pagar aoscustos com os funcionários...”. A quecustos se refere ele? A quefuncionários?É contra este discurso viciado emalabarista que temos de lutar. Epelo que vimos no congresso do PPDe durante a discussão do orçamentode estado, temos de faze-lo bem emais do que nunca!

Nem as favas estão contadas, nem acolheita é certa!

[email protected]

Envia-nos os teuscontributos, criticas ou sugestões!

[email protected]

Governo compromete ainda mais o

futurodos portugueses

>EUROPA EM MOVIMENTO P4POR ANDRÉ FONSECA FERREIRA

Page 2: Jovem Socialista 427

PIDDAC 2005Negação do Futuro

Jovens socialistas doDistrito de Bragança

oferecem prenda aSantana Lopes

Por ocasião do Conselho de Ministros realizado em Bragança no passado dia 11 de Novembro, os jovenssocialistas do Distrito de Bragança ofereceram ao Primeiro Ministro Santana Lopes um Kit de inauguraçõescom placas de inauguração, fita e tesoura, numa forma irónica de chamar a atenção para o incumprimentodas promessas eleitorais que a maioria PPD/PP fez para a região, nomeadamente a passagem do InstitutoPolitécnico de Bragança a Universidade, a sede do ICN e a concretização da Ponte Internacional deQuintanilha. Promessas que, a concretizarem-se, representarão um passo vital para a convergênciaevolutiva e sustentada do distrito com o resto do país, de acordo com o Presidente da respectivaFederação da JS, Bruno Veloso.A mesma iniciativa contemplou ainda a entrega de uma carta aberta onde os jovens camaradas reclamaramainda a necessidade de tomar medidas para reduzir a tendência de interioridade e os problemas que osjovens enfrentam no distrito em termos de emprego, habitação e condições de vida em geral.

O PIDDAC (Plano de Investimentos e Despesas Directas da Administração Central) é um plano inseridono Orçamento de Estado (OE), que apresenta detalhadamente onde o Estado irá investir, no ano a que oOE se refere e nos anos subsequentes.Neste plano os cidadãos ficam a saber quais são as obras, infra-estruturas e investimentos que o Governocontempla com o dinheiro dos seus impostos.Gera-se pois alguma expectativa, sobretudo junto dos Autarcas, aquando da apresentação do OE para verse os investimentos que anseiam para os seus municípios são inscritos neste Plano. Caso isso nãoaconteça é vulgar assistir-se a um descontentamento público, originado pelo facto de verem adiados,pelo menos por mais um ano, projectos de desenvolvimento do seu Município.Nos finais de Outubro último, aquando a apresentação do OE 2005 e consequentemente do PIDDAC,muitas foram as vozes críticas, que se levantaram contra as verbas inscritas neste Plano, mesmo até demilitantes dos Partidos da Coligação. Uns porque não vêm previstas as verbas necessárias paraequipamentos do seu Município, outros porque os montantes atribuídos são irrisórios, pelo que sedeparam com uma situação complexa, pois ou fazem um grande esforço financeiro ou a sua autarquia e/ou região fica mais um ano adiada.As saudades dos governos do Partido Socialista são cada vez maiores! Os investimentos inscritos emPIDDAC baixaram de uma forma estonteante. Não criam obra! Colocam o país em “stand-by”, hipotecama fixação de empresas que geram emprego, desinvestem em novas vias de comunicação, não apostam naqualificação e aumentam as diferenças sociais.Estabelecemos, então, um gráfico comparativo do PIDDAC desde o ano 2000, onde se constata aevolução das verbas atribuídas:

Destacam-se duas situações antagónicas. Por um lado, a evolução crescente dos governos do PS (até2002) onde se constata um aumento constante de verbas justificando o quanto de positivo o EngenheiroGuterres trouxe a Portugal. Por outro lado, com a chegada deste Governo PSD/PP as verbas diminuemem 2 anos consecutivos. Para 2005, o Governo teoricamente aumenta os valores de PIDDAC. Numclaro sinal relacionado com os anos eleitorais que se avizinham onde é preciso mostrar algumacoisa… não fosse este um Governo declaradamente populista! No entanto, ao estabelecer-se umacomparação entre o último PIDDAC do PS (2002) e o PIDDAC do próximo ano (2005), em relação aospreços correntes, constata-se uma diminuição de 500 milhões de euros, ou seja, 7% de quebra deinvestimento público.Pela análise do quadro seguinte, verifica-se que, mesmo assim, pelo 3º ano consecutivo, o PIDDACdiminui acentuadamente para os Ministérios cujo conteúdo é vital para futuro do país. Não se apostaem novas políticas, em políticas de incentivo à juventude portuguesa, que lhes aumente aauto-estima e os faça acreditar num futuro promissor dentro de Portugal. Como é possívelque Ministérios que tutelam a Educação, o Emprego, as Actividades Económicas, a Saúde, a Habitação,o Desenvolvimento Regional e os problemas sociais vejam diminuir os seus orçamentos?

- O Ministério das Actividades Económicas e do Trabalho, ao ver reduzida a sua verba para o ano de 2005inviabilizará a criação de novas iniciativas empresariais para os jovens, assim como projectos para novosinvestimentos em geral, e sobretudo de propostas que visem a criação de postos de trabalho paracombater o flagelo que tem sido o desemprego, que afecta cada vez mais os portugueses e sobretudo osmais jovens. É inconcebível que este Governo admita que o Desemprego continuará a aumentar e nadafaça para contrariar esta tendência!- O Ministério da Educação vê, as suas verbas do PIDDAC, diminuir drasticamente também pelo terceiroano consecutivo. Trata-se de uma clara rejeição àquilo que era uma das grandes bandeiras do PS e queo PSD/PP deitou ao abandono! Não obstante, continuam a existir, em pleno séc. XXI, ainda inúmerasescolas, por todo o país, sem as mínimas condições, a funcionarem em pré-fabricados, sem aquecimento,em especial no interior norte do país onde as temperaturas são negativas em grande parte do anolectivo… Há um claro desinvestimento da Educação!- O Ministério da saúde vê também, pelo terceiro ano consecutivo, as suas verbas reduzirem, numa claraalusão à privatização dos serviços de saúde. Assim sendo, acesso à saúde torna-se muito mais complicadopara as classes mais desfavorecidas o que se contrapõe com as classes altas que podem pagar os seusseguros de saúde. Reduz-se o número de maternidades, aplicam-se taxas diferenciadas para o acesso àsaúde… Enfim, corta-se por todo o lado e o contribuinte, que cada vez paga mais impostos, arrisca-sea não poder ficar doente, porque também nem todos podem ficar doentes!- Ministério da Segurança Social da Família e da Criança reduz as verbas em PIDDAC comparativamenteao último Orçamento de Estado elaborado pelo Partido Socialista em mais de 100 milhões de euros!!!Programas como o combate à pobreza, à toxicodependência, à diminuição da marginalidade, combateà exclusão social, programas de apoio a inserção social e apoio aos imigrantes, etc. são renegados paraúltimo plano.- Ministério das Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional continua a sofrernos cortes orçamentais. É o fim anunciado dos Programas Polis, que apresentavam um desenvolvimentosustentado para as cidades que tendo sido um projecto do Engº José Sócrates quando Ministro nosgovernos do PS, serviu até de bandeira de algumas Autarquias do PSD. Continua-se, também, a não sevislumbrar nada no que despeita à aquisição de habitação própria pelos jovens quequerem começar a ter vida própria! Já aboliram o crédito bonificado jovem, prometeramalternativas, também pelo 3º ano consecutivo, prevê-se: NADA!Portugal precisa de um Governo que crie estruturas de base onde o pilar essencial seja a equidade social,onde diminuam as diferenças entre ricos e pobres, onde os jovens tenham oportunidades de desenvolveruma vida autónoma, onde o acesso à saúde seja justo e equilibrado, onde impere justiça fiscal deverdade, onde se aposte na formação inicial dos jovens… Só assim Portugal conseguirá acompanhar osparceiros europeus e colocar-se na Rota do desenvolvimento e de evolução, que pelo terceiro anoconsecutivo, a coligação PSD/PP adia.

> ENSAIOPOR JOÃO GONÇ[email protected]

Page 3: Jovem Socialista 427

Orçamento de Estado 2005 ouPara onde vai o país?Faz agora (no momento em que escrevo este artigo)4 horas que o OE 2005 foi aprovado na generalidadepela maioria parlamentar PSD-CDS/PP com osvotos contra da Oposição (PS, PCP, Verdes e BE).Ainda que a discussão em torno do OE seja algoque passa ao lado da maioria dos cidadãosportugueses (no seu plano técnico) devido àcomplexidade que envolve todo o processo,considerámos essencial prestar algumasinformações e esclarecimentos àqueles que noslêem. Tal dever prende-se com o facto de esteprocedimento legal (o OE encontra o seuenquadramento na Lei nº 91/2001 de 20 de Agosto,com as alterações entretanto introduzidas) ser umexcelente instrumento para acompanhar e prever aconcretização das políticas governamentais e a

sua adequação, ou não, ao redigido nos Programasde Governo.Para se ter uma perspectiva do impacto do OE navida dos Portugueses e na dinâmica de Portugalpassamos a enunciar algumas das personalidades/instituições (incluindo do quadrante político-partidário da actual coligação) que se pronunciaramnegativamente sobre a proposta de OE e as suasrepercussões:- Vítor Constâncio (governador do Banco dePortugal), que justificou a sua posição alegandoque “o OE para 2005 é insuficiente para assegurarqualquer redução do défice”;- Prof. Aníbal Cavaco Silva, que afirmou ter dúvidassobre o “rumo do País e as grandes orientaçõesestratégicas da política económica que sofreramgrandes solavancos e choques de naturezapolítica”;- Comissão Europeia, que prevê um déficeorçamental de 3,7% (quando este não deviaultrapassar os 3%) e um défice da dívida públicasuperior a 60%;- Associação Nacional de Municípios Portugueses;- Governo Regional da Madeira e dos Açores;- Pricewaterhouse Coopers, cujo estudorecentemente divulgado indica que com estapolítica orçamental o sistema fiscal fica maisarbitrário e menos competitivo;- Uma infindável quantidade de economistas,gestores, docentes universitários e outrasindividualidades cuja lista seria demasiado extensapara enunciar aqui mas que, na globalidade,chumbam este OE para 2005.Mas porquê tanta crítica, perguntar-se-ão osleitores? Eis algumas das medidas contidas no OEresponsáveis por esta onda de contestação:- Transferência de fundos de pensões para a esferado Estado (embora o Ministro das Finanças aindanão tenha assumido quais os fundos em questão ésabido que estão em aberto os da CGD, ANA, INCMe controladores aéreos);- Transferência de despesas correntes para PIDDAC;- Venda de património (“Vamos deixar de venderas jóias da coroa!”, dizia o Srº 1º Ministro eminício de mandato), que será posteriormentearrendado pelo próprio Estado;- Aplicação do princípio do utilizador-pagador noSNS para cobrir os custos de construção dosHospitais SA de iniciativa público-privada;

- Desorçamentação através da passagem de todosos hospitais para SA (excepto os Universitários),passando assim a contar como receitas e nãocomo despesas;- Fixação de incentivos para quem arranjar empregofora do Estado;

- Desagravamento das taxas de IRS (cujos efeitossó serão sentidos em 2006, ano de legislativas, eque, no entanto, podem ser anulados pelarepercussão conjugada de 3 factores: a actualizaçãodos escalões do IRS, a perda de benefícios fiscaise diminuição do Orçamento em áreas que pesamno rendimento da famílias, como é o caso dasUniversidades);- Afectação de 50.000.000 de euro para contratos-programa entre municípios e executivo em ano deeleições autárquicas, distribuídos “ad hoc” pelosministérios;- Fim dos benefícios fiscais das CPH, PPR/E ePPA, o que desincentiva a poupança e que quandoassociado ao aumento do poder de compraderivado dos benefícios fiscais promove oconsumo.Para completar este panorama caótico e sintomáticode uma profunda desgovernamentação e falta deestratégia as Previsões de Outono da ComissãoEuropeia indicaram que os portugueses são osmais pobres da EU a 15 e que nos próximos anoscontinuarão a afastar-se da média europeia casoestas políticas não sofram uma inversão. Este anoo nível de riqueza dos portugueses corresponderáa 67,7% da média da EU, quando em 2001 era de70,2%. Ironicamente, a Proposta de OE para 2005diz que “(…) a salvaguarda da credibilidade doPaís junto da União Europeia (…) é um objectivoimportante (…)”.Neste quadro muitos têm sido os Governos da UEque têm avançado com propostas para alteraçãodo PEC, incluindo o nosso (nomeadamente oretirar das despesas com Investigação eDesenvolvimento, Militares e reformas dossistemas de pensões, para efeitos de cálculo documprimento do PEC). Joaquim Almunia,Comissário Europeu dos Assuntos Económicos,já se mostrou totalmente contrário a estapossibilidades alegando que “para isso não valea pena ter um Pacto de Estabilidade”. Posiçãosimilar tem Daniel Gros, director do Centro deEstudos Económicos e Jean-François Maystad,economista da Confederação do PatronatoEuropeu.Segundo especialistas o governo económico daUE deve-se centrar em 3 aspectos: acompetitividade económica concebida em funçãoda convergência real das economias europeias;

esta convergência deve ter como desígnio o plenoemprego, a coesão económica, social e cultural ea solidariedade cívica (“Convergência social”);maior ligação entre o esforço de consolidaçãoorçamental e a salvaguarda da sustentabilidade daspolíticas sociais.Nesta óptica, o Governador do Banco de Portugaladvoga que a política social tem que estar centradanas políticas da defesa do emprego, que, por suavez, devem ter como prioridade assegurar aoscidadãos as condições para o exercício profissionale para a educação, combatendo assim a pobreza emelhorando o nível do capital humano. De referirque a taxa de desemprego atingiu no 3º trimestrede 2004 o valor de 6,8%, mais 0,7% que no períodohomólogo e mais 0,5% que no trimestre anterior.Se associarmos a esta realidade a tentativa dediminuição do número de funcionários públicos,as medidas em sede de IRC que prejudicam otecido empresarial, a implementação das SCUT’s

e os ataques à classe média, facilmente nosapercebemos da gravidade da situação eentendemos porque é que o número dedesempregados subiu 12,1% em relação aotrimestre homólogo e 8,2% face aos últimos 3meses.Algumas das medidas defendidas para inverter estasituação é o crescimento da exportação e daprodutividade. Porém, tal como “não se fazem ovossem omeletes” também não se aumenta aprodutividade sem trabalhadores qualificados emotivados e sem uma boa gestão dos dinheirospúblicos sustentada em opções políticas de carizsocial e progressista.Em jeito de conclusão, citamos o Sr. DeputadoJoel Hasse Ferreira: “(…) o Orçamento de Estadopara 2005 não é credível quer quanto ao cenário,quer quanto à exequibilidade das medidas. Nãoevidencia nenhuma visão estratégica clara no planodo desenvolvimento económico, é profundamentenegativo no domínio social e já prejudicou aimagem de Portugal no exterior e o “rating” dadívida pública portuguesa”.

> NACIONALPOR BRUNO [email protected]

O QUE É O DÉFICE?O défice representa o endividamento líquido do Estado, oseu contributo para a absorção da poupança nacional, o queafecta a faceta nominal da economia, o crédito, as taxas dejuro e de câmbio.

DÉFICEORÇAMENTALAGRAVA-SE...

... E DÍVIDA PÚBLICAAUMENTA.

Valores em % do PIB. Fonte: Comissão Europeia, Previsões de Outono.

Page 4: Jovem Socialista 427

ficha técnicaEdição Juventude SocialistaPeriodicidade Quinzenal | Contactos Rua Rodrigo da Fonseca, 24, 1º Dto., 1250-193 Lisboa

Europaem movimento

A EQUIPADE BARROSO» José Manuel Durão Barroso (Portugal) -

presidente da Comissão Européia

» Franco Frattini (Itália) - vice-presidente ecomissário de Justiça, Liberdade e Segurança.(Substitui Rocco Buttiglione)

» Lázsló Kovács (Hungria) - comissário deImpostos e União Aduaneira. (Substitui IngriaUdre)

» Andreas Piebalgs (Letónia) - comissário deEnergia. Em substituição de Lázsló Kovács.

» Margot Wallstrom (Suécia) - vice-presidentee comissária de Relações Institucionais eEstratégia de Comunicação.

» Jacques Barrot (França) - vice-presidente ecomissário de Transportes.

» Sim Kallas (Estónia) - vice-presidente ecomissário de Assuntos Administrativos, Anti-Fraude e Auditoria.

» Joaquín Almunia (Espanha) - comissário deAssuntos Económicos e Monetários.

» Viviane Reding (Luxemburgo) - comissáriade Sociedade da Informação e Meios deComunicação.

» Günter Verheugen (Alemanha) - comissáriode Empresa e Indústria.

» Stavros Dimas (Grécia) - comissário do MeioAmbiente.

» Danuta Hubner (Polônia) - comissária dePolítica Regional.

» Joe Borg (Malta) - comissário de Pesca eAssuntos Marítimos.

» Dalia Grybauskaite (Lituânia) - comissáriade Programação Financeira e Orçamento.

» Janez Potocnik (Eslovénia) - comissário deCiência e Pesquisa.

» Ján Figel (Eslováquia) - comissário deEducação, Formação, Cultura eMultilinguismo.

» Markos Kyprianou (Chipre) - comissário deSaúde e Defesa do Consumidor.

» Olli Rehn (Finlândia) - comissário deAlargamento.

» Louis Michel (Bélgica) - comissário deDesenvolvimento e Ajuda Humanitária.

» Neelie Kroes-Smit (Holanda) - comissáriade Concorrência.

» Mariann Fischer (Dinamarca) - comissáriade Agricultura e Desenvolvimento Rural.

» Benita Ferrero-Waldner (Austria) -comissária de Relações Externas e PolíticaEuropeia de Vizinhança.

» Charlie McCreevy (Irlanda) - comissário deMercado Interno e Serviços.

» Vladimir Spidla (República Checa) -comissário de Emprego, Assuntos Sociais eIgualdade de Oportunidades.

» Peter Mandelson (Reino Unido) -comissário de Comércio.

> INTERNACIONAL

André Fonseca [email protected]

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia,fez esta semana aprovar a sua nova equipa paraconstituir a comissão. No mês passado, Barrosofoi colocado contra a parede pela oposição quecriticou de forma duríssima a inclusão de RoccoButtiglione na sua equipa. Rocco Buttiglione éum símbolo claro do mais perverso sentimentoconservador e reacionário que ainda existe nestanova Europa. Rocco foi então escolhido por DurãoBarroso para vice-presidente da ComissãoEuropeia, com a pasta da Justiça e AssuntosInternos da União. Contudo, registou-se um volteface na estratégia de Durão e Berlusconi, sendoDurão Barroso obrigado, na eminência do chumbo,a adiar a votação e reformular o seu executivo. Paraa história ficou a expressão de Buttiglione que falapor si mesmo: “A Homossexualidade é umpecado”. Perante isto, os membros do ParlamentoEuropeu acusaram este filósofo e jurista Italiano,amigo pessoal do Papa, de insensível para com osdireitos dos homossexuais e das mulheres, logo,era o homem errado para o cargo. O Parlamentovenceu, e provou com eficácia o seu poder.Todavia, o verdadeiro desafio de Durão Barrosoainda está para vir.Há sensivelmente três semanas, os líderes e osseus ministros dos negócios estrangeiros dos 25países que constituem a União Europeia assinaramformalmente, o Tratado Constitucional da UniãoEuropeia que consagra a união da Europa numcorpo governativo único, assinalando um marcohistórico para a Europa e para o Mundo. O passoseguinte é o envio da Constituição para os estadosmembros para revisões e ratificações. Durante osúltimos meses discutimos de forma quase emotivaas eleições americanas, mas estamos a sub-valorizar a importância decisiva e apaixonante queé o debate de 455 milhões de Europeus pelo reforçodo compromisso da cidadania europeia.Mas afinal, para onde vamos? Saberão os própriosarquitectos da Constituição, a verdadeira essênciado que ela mesmo representa? Neste momento aEuropa é uma instituição governante híbrida, nãosendo um Estado, mas agindo como um. As leissão anteriores hierarquicamente ás leis de cadaEstado. Há uma moeda única usada pela maioriados membros. A regulação da actividadeeconómica, geral e sectorial, é da sua inteiraresponsabilidade, desde a regulação do mercado,á coordenação da energia, transportes,comunicações e o processo de Bolonha abriu oespaço europeu de ensino superior. Todos nóspartilhamos um passaporte único. Temos umparlamento, que faz leis, e um tribunal cujasdecisões judiciais actuam sobre os países ecidadãos. A Europa tem um presidente e constróia arquitetara de um ministro dos negóciosestrangeiros e uma força militar. A União Europeiacoordena e regula a actividade que tem lugar dentrodas fronteiras territoriais dos estados membros, ecaracteriza-se de forma única à face da terra, comouma instituição governante extra-territorial.Depois de anos a fio de guerras e conflitos, o sonhode unir a Europa finalmente concretiza-se de formaformal. A União Europeia existe, em grande medida,porque os desafios do mundo globalizado são tão

vastos e complexos para serem enfrentados dentrodos tradicionais estados-nação. A União Europeiaé , sem qualquer dúvida, o primeiro esforço criadorde um espaço governativo transnacional.A Constituição Europeia, que ficou formalmenteassinada em Roma e espera pela resposta dosestados membros num prazo de dois anos, é oprimeiro e efectivo documento governativo dahistória que preconiza a criação de umaconsciência global. A Constituição enfatiza ocompromisso claro com o “desenvolvimentosustentável...baseado no equilibro do crescimentoeconómico”, e com uma “economia de mercadosocial”, bem como a “protecção e melhoramentoda qualidade do ambiente”. A Constituição afirmaclaramente também a persecução do Modelo SocialEuropeu e a promoção da paz, o combate àexclusão social, a promoção da justiça social eprotecção, igualdade entre homens e mulheres,solidariedade entre gerações e protecção dosdireitos das crianças.Se fosse necessário resumir o registo da nova

Constituição Europeia, resume-se um compromissoforte com o respeito pela diversidade humana,promovendo a inclusão, a qualidade de vida,perseguindo o desenvolvimento sustentável e aconstrução de uma paz eterna. Juntos, estesobjectivos e valores, desenham-se na carta dedireitos fundamentais do Tratado Constitucional, onosso “bill of rights”.O simbolismo da cerimónia de Roma é imenso. Otratado que aprova a Constituição foi assinado nomesmo local que, em 1957, foi assinado ograndioso Tratado de Roma. De 1957 a 2004,sublinha-se as mudanças enormes por que passouo processo de integração europeia. De 6 membros,passamos a 25, representando uma Europa sólida,unida e democratizada. Perseguidos os grandesobjectivos de 1957, como o mercado comum, aEuropa avança agora para uma união política. Nesteaspecto, a constituição, por aquilo que umaconstituição representa, combate os que são contra

a integração europeia e contra as ideologias maisfederalizantes. De uma associação de Estadosnasceu depois uma comunidade de cidadãoseuropeus, com direitos políticos próprios,incluindo o direito de voto em eleições europeias.Mas esta é também como diz o constitucionalistaVital Moreira, “Uma Constituição para os cidadãoseuropeus”. Esta nova armadura jurídica da UEpressupõe também num reforço da cidadaniaeuropeia, da “sociedade civil europeia”, melhorandoos mecanismos de democracia participativa, sendoreconhecido para além do direito de voto e petiçãojá consagrados em Maastricht, o direito de iniciativapopular (cidadãos podem requerer a necessidadede um procedimento legislativo junto da ComissãoEuropeia). Este novo direito é de uma simbologiagigantesca para a capacidade de afirmação dosmovimentos sociais europeus e grupos de cidadãos.Está feita a consolidação de Roma, Amesterdão,Maastricht, Nice e Laken.Durão Barroso encontra-se então na onda da história.Ficará recordado pelo primeiro presidente da

Comissão Europeia da fase de transição para umaEuropa totalmente nova que caminha a passos largospara a consolidação política. Será julgado tambémpelas suas opções. A sua equipa está eleita, o seuprojecto em efervescente arbitragem. E agora?Ficaremos à espera da aliança atlântica e asubserviência já “clichê” de Barroso face a Bush?Ou teremos uma Europa a encontrar o seu caminho,a perseguir o Modelo Social Europeu e a contribuirpara uma alternativa ao imperialismo e aoneoconservadorismo dominante do outro lado doatlântico?Uma garantia foi pelo menos dada pelo ParlamentoEuropeu, ao obrigar Barroso a fazer mudanças nasua equipa. Outra garantia é dada pelo entusiasmoenvolvente à assinatura do Tratado. Cá estaremospara julgar o futuro, e salvaguardar a herança social-democrata e prosseguir as reformas necessáriaspara ir ao encontro do novo projecto social-democrata para a Europa.