jovem socialista 458

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SOCIALISTA JOVEM NÚMERO 4 5 8 Director Bruno Julião Equipa de Redacção Diogo Leão, Luísa Fernandes, Pedro Sousa, Vítor Reis, Tiago Barbosa Ribeiro ORGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA JS Setúbal enaltece potencial turístico da região pág.2 > CÁ POR DENTRO O atentado a José Sócrates pág.6 > APETECE DIZER Kosovo: sempre na ordem do dia pág.3 > SOBRETUDO 03 EDITORIAL Políticas de Juventude e Sustentabilidade Ambiental 07 INTERNACIONAL África, um continente em ebulição 02 AFECTOS E DESAFECTOS Cartão vermelho ao trabalho do jornal Público ALTERNATIVAS ENERGÉTICAS: A ENERGIA NUCLEAR O JOVEM SOCIALISTA VAI DESTACAR AS VÁRIAS FONTES ENERGÉTICAS ALTERNATIVAS

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18 de Fevereiro de 2008

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Page 1: Jovem Socialista 458

SOCIALISTAJOVEM NÚMERO 458

Director Bruno Julião Equipa de Redacção Diogo Leão, Luísa Fernandes, Pedro Sousa, Vítor Reis, Tiago Barbosa Ribeiro

ORGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA

JS Setúbal enaltece potencial turístico da região pág.2

> CÁ POR DENTRO

O atentado a José Sócrates pág.6

> APETECE DIZER

Kosovo: sempre na ordem do dia pág.3

> SOBRETUDO

03 EDITORIAL

Políticas de Juventude e Sustentabilidade Ambiental

07 INTERNACIONAL

África, um continente em ebulição

02 AFECTOS E DESAFECTOS

Cartão vermelho ao trabalho do jornal Público

ALTERNATIVASENERGÉTICAS:

A ENERGIANUCLEAR

O JOVEM SOCIALISTA VAI DESTACAR AS VÁRIAS FONTES ENERGÉTICAS ALTERNATIVAS

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AJS/Porto esteve, no passado fim-de-semana, no Mercado do Bolhão. Esta iniciativa contou com uma forte participação dos militantes da concelhia do JS/Porto, bem como

da distrital da JS, permitindo o contacto directo com os comerciantes e o diálogo com outros mo-vimentos de contestação a mais esta privatização de um espaço emblemático da cidade. A JS/Porto entende que o Mercado do Bolhão necessita

de uma reabilitação urgente, mas manifesta-se frontalmente contra o sentido do projecto anunciado. Com ele não estão salvaguardados os interesses dos comerciantes, nem tão pouco a manutenção do património histórico, turístico e cultural da nossa cidade.A iniciativa foi um sucesso, o que permite que a JS continue na linha da frente à contestação das políticas falhadas de Rui Rio, rumo a uma mudança autárquica em 2009.

AfectosSaúde e Cultura Saudar os novos elementos do executivo e esperar que possam rea-lizar um trabalho que enobreça os seus antecesso-res. É sempre de salutar quando um governo, em escuta activa, consegue reformular-se à medida daquilo para que foi eleito, a defesa da vontade popular. Quando se faz um trabalho sério e rigoro-so, é de esperar que surjam aquilo que à maneira americana se poderia apelidar de ‘casualties’, mas não posso deixar de manifestar o meu receio em que elas não se fiquem por aqui... há pastas parti-cularmente dificeis e as pressões relativas a pastas como a da Educação, são tremendas. À imagem daquilo que temos hoje, ficaria apreensiva se esta fosse também alvo de remodulação.

Fisco A máquina fiscal começa finalmente a engrenar. Parecia existir uma prática regularizada e insistente de incumprimento fiscal, ao ponto deste representar aproximadamente 2% do P.I.B., por isso parece-me bastante razoável que as alte-rações introduzidas ao nivel da fiscalização mere-çam algum relevo. A possibilidade de conhecer a situação fiscal do contribuinte também inibe a ocorrência de eventuais penhoras ou penalizações que não respeitem os direitos do contribuinte.

02

CGTP, ah espera... PCP! O Congresso da CGTP realizar-se-á nos proximos dias 15 e 16 de Fevereiro. É natural que este Congresso seja alvo de alguma atenção, não só devido às últimas tentativas por parte do PCP de eleger uma lista que exclui todos aqueles que não pertencem ao Partido, mas também porque todos já assistimos às célebres (e não pelos melhores motivos) manifestações desta frente sin-dical e podemos observar como é dificil discernir aquilo que está realmente a ser reinvidicado!

por Luísa [email protected]

Desafectos&

Jornal Público Cartão vermelho ao trabalho levianamente apelidado de jornalistico, que vem sendo desenvolvido por esta publicação diária. Cartão vermelho ainda para as cores po-liticas que subtilmente (ou não) monopolizam o que é publicado e depois falham na concretização pública. Incapazes de se manterem fiéis ao ataque pessoal a Sócrates, que de tão evidente se tornou ridiculo, tanto por estarem distraidos em lutas de galos, como sucede a Santana e Menezes ou por-que estão simplesmente distraidos, como se torna evidente no ruido produzido por Portas.

Pelo Bolhão, pelo Porto

Cá Por Dentro

Sérvia A vitória de Boris Tadic na segunda volta das presidenciais é um bom sinal para a Europa. No entanto, esta vitória deve ser acautelada, pela diferença pouco expressiva de votos entre este e o ultra nacionalista Nikolic e também porque a situação politica Sérvia parece ser tão volátil quanto o tempo. O presidente agora eleito, tem pela frente um longo trabalho, apesar destas eleições representarem um exce-lente barómetro no que respeita à vontade dos sérvios em pertencer à EU.

AA concelhia de Setúbal da JS realizou um debate sobre turismo no final de Janeiro com o Dr. Bernardo Trindade, Secretário de Estado do Turismo, Dr. Carlos Beato, Presidente da Câmara

Municipal de Grândola, moderado pela Arquitecta Teresa Almeida. O Dr. Carlos Beato explicou o pro-gresso que o concelho de Grândola hoje conhece e as suas perspectivas de futuro. Fez notar que a C. M. de Setúbal está de costas voltadas para o projec-to turístico do Concelho de Grândola, não tendo articulado nada com a edilidade vizinha. Por isso, os novos ferrys não podem ainda operar. A C. M. de Setúbal não tem tido capacidade de indicar uma

estratégia para o turismo do concelho de Setúbal, nem para afirmar Setúbal como pólo complementar do grande chamariz do Alentejo Litoral. Os resulta-dos da RTCA, ao nível da promoção dos produtos turísticos, são pouco notórios no estrangeiro e fora do Distrito. O futuro deste concelho e desta cidade passam obrigatoriamente por uma frente ribeirinha requalificada (e não alcatroada e cheia de carros como o PCP defende no POLIS) e por um centro histórico com vitalidade e património restaurado. A JS defende a valorização do património gastronómi-co e das zonas protegidas, por intermédio do sector dos serviços que complementem a oferta turística que as vilas e cidades do Alentejo Litoral vão ter.

Potencial turístico de Setúbal

AJuventude Socialista de Fafe realizou no dia 8 de Fevereiro uma Sessão de Esclarecimento sobre a saúde e pretendeu contribuir para um claro e sério esclarecimento da população do

concelho sobre a organização do Centro Hospitalar do Alto Ave, e os objectivos da reforma do Sistema Nacional de Saúde (SNS). O Dr. Raul Cunha do Cen-tro de Saúde de Fafe analisou a estrutura local a nível dos cuidados médicos primários e a implantação das

Unidades de Saúde Familiar, salientando que o con-celho de Fafe com a manutenção e reestruturação da Urgência Hospitalar terá claros ganhos ao nível dos cuidados médicos. A deputada Sónia Fertuzinhos realçou a necessidade de uma reforma criteriosa e racional do Sistema Nacional de Saúde, afirmando que a prioridade do governo é garantir a sustentabi-lidade do S.N.S., e aumentar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos. Esteve ainda presente na sessão o Presidente do Município de Fafe.

Realizou-se no passado dia 2 de Fevereiro, em Ferreira do Zêzere, um colóquio sobre Habitação Jovem, or-ganização da JS Ribatejo e com a pre-sença do Secretário Nacional, Duarte

Cordeiro. Contando com a presença de cerca de 30 jovens, muito se debateu acerca desta temática. Realce-se a discussão acerca das medidas que se po-dem implementar/apresentar a nível de Habitação

Jovem nos nossos Concelhos. Tendo as Autarquias um papel deveras importante neste tema, e con-tando com variadas formas de auxiliar os Jovens na compra e arrendamento de casa, os Ribateja-nos ficaram mais e melhor preparados para agir e trabalhar junto dos Órgãos Autárquicos. Falou-se também do programa “Porta 65”, bem como da coadjuvação que a Juventude Socialista tem dado para a melhoria do mesmo.

Habitação Jovem em Ferreira do Zêzere

A Reforma do Sistema Nacional de Saúde e o concelho de Fafe

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Na ressaca das eleições Presidenciais Sérvias do passado dia 3 de Fevereiro de 2008 voltamos a ter o Kosovo na ordem do dia. Por resolver há mais de oito anos esta questão volta, ago-

ra, a colocar-se no âmago da política internacional. O ano de 2007 foi mais uma vez fértil em discursos inflamados acerca do Kosovo. Um que sempre recor-do, não pelas melhores boas razões, data de Junho de 2007 e teve como protagonista o, ainda, Presidente dos E.U.A. que, aquando de uma triunfal recepção em Tirana (Albânia) disse que”...é preciso dizer Basta quando as negociações se prolongam em excesso”. Talvez movido por um pueril entusiasmo provocado pela recepção histérica de que foi alvo afirmou ainda que “O Kosovo deverá em breve declarar unilateral-mente a sua independência sem esperar pelo veredic-to do Conselho de Segurança da ONU”.Talvez fosse interessante perguntar ao Sr. Bush o porquê de em 50 anos não ter sido possível criar um Estado independente na Palestina (com as hediondas consequências que todos conhecemos) e porquê, a contrário, deve a questão do Kosovo ser resolvida com tanta pressa, atropelando os pro-cedimentos diplomá-ticos e demediação que tão importantes podem e devem ser numa região tão sen-sível como os Balcãs.Aqui, a precipitação diplomática já foi, mais do que uma vez, sinónimo de calamidade. Lem-brar, por exemplo, o início da Guerra do Kosovo, em 1999, quando os E.U.A. e algumas das principais potências europeias se recusaram a continuar as negociações com Belgrado, se furtaram à obrigação de debate do seio do Conselho de Segurança da ONU e depois, desprovidos de mandato da ONU, utilizaram a NATO para, durante vários meses, bombardearem a Sérvia e obrigar as suas forças a saírem do Kosovo. A resolu-ção 1244 da ONU pôs fim a esta ofensiva e reconhe-ceu o Kosovo como pertencente à Sérvia.Podendo parecer, à primeira vista, de somenos importância, esta resolução, foi absolutamente decisiva no quadro do princípio adoptado pelas potências envolvidas nas recentes guerras dos Balcãs dentro o qual sempre se baseou no respeito pelas

fronteiras internas da antiga República Socialista Federal Sérvia.Dentro deste princípio, foram combatidos e rejeitados os projectos da Grande Sérvia e da Grande Croácia que, por várias vezes, ameaçaram desmantelar a Bós-nia-Herzegovina. A independência do Kosovo é pro-vavelmente inevitável, tantos são os obstáculos para a sua continuidade no quadro de soberania da Sérvia.Todavia, esta solução tem, forçosamente, de ser construída de forma estruturada, com passos pe-quenos mas seguros, em diálogo íntimo e cons-tante com Belgrado. Permitir uma independência precipitada, não negociada no quadro da ONU, poderia, no limite, qual precedente aberto, levar a uma enxurrada de tentativas de proclamação unila-teral da independência nos quatro cantos do globo: a Palestina (Israel); Taiwan (China); a Tchetchénia (Rússia); País Basco (Espanha); Curdistão (Turquia). Das eleições Presidenciais do passado dia três de Fevereiro saiu, para muitos, um verdadeiro referendo à adesão da Sérvia à União Europeia. E saiu com um Sim, ainda que tangencial.

Num momento em que a UE decidiu en-viar para o Kosovo um força de 1800 polícias e oficiais de justiça é impor-tante discernir que esta decisão pode, no entender do Primeiro-ministro Sérvio, Kostunica, colocar em causa a Convergência da Sérvia com os vinte sete e criar um novo potencial de insta-bilidade em relação ao Kosovo. Impor-tante é que tanto

o Primeiro-Ministro e o Presidente Sérvios sejam capazes de entender o exercício da diplomacia e da mediação como “A arte de olhar as pessoas como pessoas quando elas próprias já não se vêem assim” e medeiem de forma inteligente, sensível, corajo-sa e hábil um dossier que é, há demasiados anos, uma ferida aberta na Velha Europa. À falta de bons exemplos que não sigam os maus, o de Bush. Olhar o Médio Oriente e ver as aterradoras destruições causadas pela irresponsabilidade do Sr. Bush é um bom exemplo do que não se deve fazer.Imaginar o que a incursão, grosseira, de Bush poderia, num terreno tão sensível como os Balcãs, ter significado é, por si só, uma visão afitiva e aterradora.

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SobretudoBruno Julião

Direor Jovem [email protected]

Julgo que não há temas da exclu-sividade da política sénior. Mas há sem dúvida temas para os quais as estruturas políticas de juventude, nomeadamente a JS, mostram mais sensibilidade: o ambiente e a nossa sustentabilidade energética, intimam-ente ligados, são dois deles.

Sobe o preço do petróleo, aumentam as radiações de CO2 para a atmosfera e as alterações climáticas estão cada vez mais na ordem do dia. A União Europeia sabe-o e aposta em políticas relacionadas com as energias limpas, até para permitir, não só a sustentabi-lidade do globo, como também a sua independência energética. O Tratado de Lisboa registou estes objectivos.

Felizmente fazemos parte do projecto Europeu e, como tal, também o Gover-no Português assumiu esse compromis-so em investir nas energias renováveis. O facto de termos um Primeiro Minis-tro sempre sensível ás questões ambi-entais ajuda-nos a manter no caminho do progresso.

A energia nuclear não é uma das prioridades da Europa, bem pelo contrário, mas, em prol da informa-ção, não vamos evitar nenhum debate. Noutras edições aludiremos ao biodie-sel, à biomassa, à energia eólica, à hídrica, entre outras.

EDITORIAL

“Sempre na ordem do dia, a “independência do Kosovo é provavelmente inevitável, tantos são os obstáculos para a sua continuidade no quadro de soberania da Sérvia.”

Ambiente e Alternativas Energéticas

por Pedro Sousa [email protected]

Kosovo e Sérvia

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ENQUADRAMENTOO Jovem Socialista vai, a partir desta edição, desta-car as várias fontes energéticas alternativas. Este tex-to informativo, e particularmente este sobre energia nuclear, não pretende defender o recurso a qualquer tipo de energia, mas antes informar e mobilizar para debates importantes, como é o da dependência energética de Portugal.O debate sobre o recurso à energia nuclear volta a estar na ordem do dia quando as pressões interna-cionais sobre as emissões de CO2 e a partir do mo-mento em que se começaram a verificar aumentos descontrolados do preço do petróleo.O Governo já afirmou publicamente que o Nuclear, enquanto opção energética, não faz parte do progra-ma de Governo até final da legislatura. Num mo-mento em que se anunciou um acordo de venda de petróleo da Venezuela, o acesso da GALP aos poços recém encontrados na costa brasileira, é de salutar o

caminho que está a ser traçado pelo Governo portu-guês ao continuar a valorizar as energias renováveis. De facto, a aposta nas energias eólica, biomassa, biodiesel, hídrica, entre outras, são decisivas, mas serão suficientes?

COMO FUNCIONA A ENERGIA NUCLEARA energia nuclear consiste no uso controlado de reacções nucleares para a obtenção de energia para realizar movimento, calor e geração de electricidade.Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade de, através de reacções nucleares, emitirem energia durante o processo. Baseia-se no princípio (demonstrado por Albert Einstein) que nas reacções nucleares ocorre uma transformação de massa em energia. A reacção nuclear é a modi-ficação da composição do núcleo atómico de um

elemento, podendo transformar-se em outro ou em outros elementos. Esse processo ocorre espontane-amente em alguns elementos; em outros deve-se provocar a reacção mediante técnicas de bombarde-amento de neutrões ou outras.Existem duas formas de aproveitar a energia nuclear para convertê-la em calor: A fissão nuclear, onde o núcleo atómico se subdivide em duas ou mais partículas, e a fusão nuclear, na qual ao menos dois núcleos atómicos se unem para produzir um novo núcleo. As mais recentes gerações de cen-trais nucleares utilizam o tório como fonte de combustível adicional para a produção de energia ou decompõem os resíduos nucleares num novo ciclo denominado fissão assistida. Os defensores da utilização da energia nuclear como fonte energética consideram que estes processos são, actualmente, as únicas alternativas viáveis para suprir a crescente demanda mundial por energia ante a futura escassez dos combustíveis fósseis. E consideram a utilização da energia nuclear como a mais limpa das existen-tes actualmente.

ENERGIA DE FUSÃOO emprego pacífico ou civil da energia de fusão está em fase experimental, existindo incertezas quanto a sua viabilidade técnica e económica. O processo baseia-se em aquecer suficientemente núcleos de deutério até se obter o estado plasmático. Neste estado, os átomos de hidrogénio desagregam-se permitindo que ao chocarem ocorra entre eles uma fusão produzindo átomos de hélio. A diferença energética entre dois núcleos de deutério e um de hélio será emitida na forma de energia que manterá o estado plasmático com sobra de grande quantida-de de energia útil.A principal dificuldade do processo consiste em confinar uma massa do material no estado plas-mático já que não existem reservatórios capazes de suportar a elevada temperatura. Um meio é a utilização do confinamento magnético.Os cientistas do projecto Iter, do qual participam o Japão e a União Europeia, pretendem construir uma central experimental de fusão para comprovar a viabilidade económica do processo como meio de obtenção de energia.

“Haverá negligência perante o perigo de se verificarem alguns fenómenos físicos que podem ser devastadores e, com efeito, alguma insensibilidade social na defesa

da energia nuclear? (...) Por outro lado (...) defendem a energia nuclear, dado que os reactores das centrais

nucleares não produzem gases tóxicos, como acontece com a combustão de combustíveis fósseis.”

por Bruno Julião [email protected]

ENERGIAS ALTERNATIVAS: A ENERGIA NUCLEAR

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CENTRAL NUCLEARUma Central Nuclear é uma instalação industrial que produz electricidade a partir de energia nuclear, pelo uso de materiais radioactivos que, por sua vez, através de uma reacção nuclear, produzem calor. Esse calor é usado por um ciclo termodinâmico convencional para mover um alternador e produzir energia eléctrica.As Centrais Nucleares apresentam um ou mais reac-tores, que são compartimentos impermeáveis à ra-diação, onde estão barras ou outras configurações geométricas de minerais com algum elemen-to radioactivo (geralmente, o urânio). No processo de decomposição radioactiva, gera-se uma reacção em cadeia que é sustentada e moderada mediante o uso de elementos auxiliares, dependendo do tipo de tecnologia empregada.Em resumo, o grande objectivo das centrais nucleares é controlar reacções nucleares de maneira a que a energia seja libertada gradualmente sob a forma de calor. Assim coimo as centrais que funcionam com com-bustíveis fósseis, o calor gerado é usado para ferver água de modo a produzir vapor, que por sua vez faz funcionar turbogeradores convencionais. Consegue-se assim obter energia eléctrica.

ENERGIA LIMPA OU NÃO?Desde a descoberta da radioactividade que os cien-tistas se ocupam cada vez mais a evitar acidentes ou prejuízos para a saúde. Parece que muita da opinião pública tem consciência do perigo que podem re-presentar as radiações radioactivas, mas pouca gente sabe que a exposição à radiação é natural, faz parte do nosso quotidiano e que existem mecanismos de defesa naturais que o nosso sistema imunitário pos-sui. Claro que também tem limites, até porque o que preocupa nesta matéria é precisamente o aumento dos níveis de radioactividade para níveis incompor-táveis e extremamente perigosos para a saúde.As instalações nucleares são construções muito complexas devido às diversas tecnologias industriais

empregues e devido ao elevado grau de segurança que é adoptado. As reacções nucleares são altamente perigosas. A perda de controle durante o processo pode elevar a temperatura a um valor que pode levar à fusão do reactor e/ou ocorrer um vazamento de radiações nocivas para o exterior.A energia nuclear, para além de produzir uma grande quantidade de energia eléctrica, também produz resí-duos nucleares que devem ser isolados em depósitos impermeáveis durante longo tempo.

A primazia na produção de plutónio nestas centrais propiciou o surgimento de gran-

des quantidades de resíduos radioactivos de longa vida que devem ser enterrados convenientemente, sob fortes medidas de segurança, para evitar a contaminação ra-dioactiva do meio ambiente. Actualmente os movimentos ecológicos têm pressio-

nado as entidades governamentais para a erradicação das usinas termonucleares, por

entenderem que são uma fonte perigosa de contaminação do meio ambiente. Haverá negligência perante o perigo de se verificarem alguns fenómenos físicos que podem ser devastadores, e, com efeito, alguma insensibilidade social, na defesa da energia nuclear? De facto, já aconteceram acidentes nuclea-res que tiveram graves impactos na áreas atingidas, nomeadamente o de Sellafield, na Irlanda (1957), o de Three Mile Island, nos EUA (1979) e o mais badalado, Chernobyl (1986).Por outro lado, existem organizações (algumas am-bientalistas) que defendem a energia nuclear, dado que os reactores das centrais nucleares não produzem gases tóxicos, como acontece com a combustão de combustíveis fósseis. Quando surgiu, parecia que esta energia podia conduzir à resolução de todos os problemas energéticos globais, resolvendo defini-tivamente a dependência dos combustíveis fósseis. Contudo, será que o evoluir da situação, mostrou que mesmo as rigorosas formas de controle não eram desprovidas de risco? Uns defendem que um reactor fora de controle é um desastre de grandes dimensões, outros argumentam que, hoje, a possibilidade dessa

situação é muito baixa. Quanto ao armazenamento de resíduos, vão-se propondo solouções ditas mais seguras. Num artigo publicado no Le Quotidien du Médicin, Marcel Chabrillac, director das realizações nucleares Framatome, afirma que: “À medida que a experiência de funcionamento se acumula através de um melhor conhecimento do funcionamento e do envelhecimento dos materiais, que a análise dos riscos e falhas se aperfeiçoa,(...), destacam-se com mais precisão os limites do risco residual das insta-lações. Esse risco, avaliado nas instalações existentes no mundo ocidental, é já extremamente baixa”.

POR FIMAo longo da história, as centrais nucleares têm sido usadas para fins civis e militares. Não se pode falar de energia nuclear sem se aludir à possibilidade de pro-dução de armamento nuclear. A 16 de Julho de 1945, os norte-americanos fizeram explodir a primeira bomba atómica, no campo de experiência no Novo México. Claro que há um risco, mas nesse domínio, Portugal será uma peça fora do xadrez.Para Portugal, as questões mais decisivas que se levantam, quando tratamos desta matéria, são as am-bientais e parece que esta discussão sobre a energia nuclear se implantará em Portugal, quase inevitavel-mente. Como tal, precisamos de estar todos muito bem informados, até em relação aos benefícios para o cidadão em termos de preços da electricidade (ape-sar de ser um assunto menos relevante que a saúde dos portugueses). Espanha não consegue ter custos médios de produção inferiores aos nossos apesar das 7 centrais nucleares que possui e de a electricidade que produzem representar 20 por cento da produção global de electricidade. Estes dados, suportados pela ERSE, dão que pensar, mas assistiremos certamente a mais debates num futuro próximo.

ALGUMAS FONTES:http://energianuclear.naturlink.pt/http://www.wikipedia.orghttp://www.abcdaenergia.com

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ANÁLISE

APETECE DIZER...

por Diogo Coelho Pridente da Federação Distrital de Leiria da Juventude Socialista

“Estando neste considerável ataque cerrado do Jornal Publico uma motivação notoriamente política, logo, não com objectivos prioritários de melhor informar os cidadãos(...). É, por isso, preciso indagar e descobrir a razão ou as razões que levam um jornal respeitado e de grande tiragem nacional a desenvolver uma campanha tão suspeita, intensa e focada sobre uma determinada pessoa.”

O atentado a Sócrates

Opapel preponde-rante que, nos dias de hoje, assume a comunicação social no âmbito de uma sociedade global

de informação é absolutamente inques-tionável. Se, por um lado, aos cidadãos cabe o direito à informação, sendo esta verdadeiramente imparcial, criteriosa e fidedigna quanto à natureza das fontes que mais tarde se formam naquilo a que apelidamos de noticia, por outro lado, corresponde aos meios de comunicação social dar resposta concreta com a isen-ção e a credibilidade que se lhes impõe e é, no mínimo, exigível. Ora, durante a semana em que se assinalou com algum ênfase, dada a importância do motivo em causa pelas repercussões que originou posteriormente, o centenário do Regicídio ocorrido no dia 1 de Fevereiro de 1908, outro facto de natureza maior saltou para a manchete de um jornal e consequentemente para os ecrãs de noticiários televisi-vos. Estou com isto a cingir-me às várias notícias trazidas à colação pelo Jornal Público, num pseudo acto de jornalismo de investigação, com o intuito de vasculhar o passado do Primeiro-Minis-tro, José Sócrates. Numa perspectiva de enquadramento cronológico dos factos, a primeira capa do dito jornal expressava que Sócrates, na qualidade de autor de vários projectos na Guarda, no decurso da década de 80, teria supostamente assinado projectos de arquitectura da sua não autoria, enquanto a segunda, mais recente, referia que Sócrates enquanto deputado da Nação teria recebido indevi-damente, entre 1988 e 1992, um subsídio de exclusividade da Assembleia daRepública (AR), por acumular funções parlamentares com a actividade profissio-nal de engenheiro técnico.Não me querendo imiscuir, obviamente, no processo de investigação decretado pelo jornal, tendo definido como alvo cirúrgico a vida e os actos tomados ao longo desta por José Sócrates, honesta-mente, e, em abstracto, não contesto tal atitude enquanto acto per si, pois isso depende e muito da linha editorial esta-

belecida, contudo, ponho naturalmente em dúvida a boa-fé que lhe está ou não subjacente. E, este é o elementar juízo que deve ser feito a priori. É, por isso, preciso indagar e descobrir a razão ou as razões que levam um jornal respeitado e de grande tiragem nacional a desenvolver uma campanha tão suspeita, intensa e focada sobre uma determinada pessoa. Obviamente que, este exercício mental nos leva a vários campos de análise, porém, no seu intrínseco deverá estar certamente uma razão política, portanto, não de menor afectividade por aquela pessoa em concreto. Na perspectiva de raciocínio aponta-do, estando neste considerável ataque cerrado do Jornal Publico uma motivação notoriamente política, logo, não com objectivos prioritários de melhor infor-

mar os cidadãos mas sim de colocar em cheque a honorabilidade de

um cidadão, é recomendável que apresentados os factos haja o correspondente ónus de produ-ção da prova devendo esta ser peremptória e insofismável sob pena de se estar a fomentar nos

leitores erróneos juízos de valor sobre a conduta ética de um cida-

dão. Até este preciso momento, não me parece pela ulterior análise das ditas

notícias, que o pressuposto da clareza da prova venha nelas consagrado. Eis a minha humilde mas firme interpretação.Deste modo, é meu parecer que se trata de uma campanha orquestrada pelo Publico que tem um evidente e único propósito de atingir em grande escala o calibre ético de que dispõe José Sócrates, numa toada semelhante a um atentado sendo este de índole objectivamente po-lítica. É de causar espanto que, num país onde tantos assuntos mereçam manchete de jornal, com importância substancial para a vida dos portugueses, o que move o Público é a vida profissional de há vinte anos atrás de José Sócrates. Como afirmei anteriormente, não coloco em causa que o Público adopte tal compor-tamento jornalístico, sendo legítimo que o faça se atender aos critérios e princípios editoriais que norteiam a acção do jornal, porém, o que causa suprema preocu-pação é o fim tácito que está inerente à divulgação de tais noticias.

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07

No passado mês de Dezembro quando as diversas delegações da União Europeia e restantes esta-dos se reuniram em Lisboa para a Conferência Europa – África com os representantes de praticamen-

te todos os estados africanos e da União Africana, estariam provavelmente à espera de encontram do outro lado uma representação fragilizada e dividida pelas suas debilidades políticas e económicas, pelo trilhar aparentemente distinto de caminhos via ao desenvolvimento. Afinal à sua frente estaria a Euro-pa, com os seus países outrora colonizadores, ainda e sempre fortemente influenciadores, financiadores de projectos de desenvolvimento e de promoção da democracia e direitos humanos.Mas África mostrou-se decidida, unida em bloco e, aparentemente, consciente do caminho que quer percorrer rumo ao desenvolvimento. Bateu o pé às exigências europeias e mostrou ser um continente com decisores maduros, exigindo ser tratado com respeito e não como um mero fornecedor de matéria-prima para ser explorado. O futuro está nas suas mãos. A tomada de posição africana tem alicerçado o apoio de outros intervenientes da cena mundial, como a China, ou a Rússia, por exemplo. Segundo se lê em toda a imprensa, a China é um parceiro cómodo de África, pois financia os seus projectos de crescimento e desenvolvimento, e não faz pergun-tas, nem levanta objecções quanto ao modo de gestão do governo. Apesar da aparente confiança crescente no meio político africano, justificada pelo crescimento económico e pela prevista redução da pobreza nas próximas décadas, ainda muito está por fazer no continente. Obviamente que falar de África enquanto continente é extrema-mente redutor, pois tão vasta extensão de território e de povos é marcada por profundas diferenças e contrastes. No entanto, certos comportamentos censu-ráveis parecem ainda subsistir naquilo que foram territórios antes governados por estados europeus, onde o tribalismo e o separatismo étnico parecem grassar, passando por cima das convergências so-ciais e dos interesses comuns de sucesso.

QUÉNIANo passado mês de Dezembro, após as eleições presidenciais e proclamação da reeleição do ante-rior presidente Mwai Kibaki, pertencente à etnia kikuyuo, os seus opositores, encabeçados pelo deputado e candidato Raila Odinga, da etnia luo,

saíram às ruas e despoletaram uma onda gigante de contestação e violência, que contabiliza já centenas de mortos. Às acusações de corrupção no governo do país juntam-se as de fraude eleitoral, com diver-sas irregularidades alegadamente cometidas pelo presidente Kibaki e seus apoiantes.A predisposição para jogos de poder com eventuais irregularidades e violência para assegurar esse poder parecem estar permanentemente na ordem do dia neste país, marcado pelas diferenças tribais e onde a segurança e estabilidade social pareciam assegura-das aos olhos da comunidade internacional.

CHADEO Chade está noutra encruzilhada política neste continente. Destino de milhares de refugiados do Darfur, região do vizinho Sudão, que ali buscam a paz, longe das tropas governamentais sudanesas, teve no último mês um ressurgimento da violência interna, com tropas rebeldes ao governo encabeça-do por Idriss Deby a insurgirem-se. Aparentemente armadas pelo Sudão e com o total apoio político e financeiro deste, as tropas rebeldes atravessaram o país numa espectacular coluna de 300 carrinhas armadas, apenas travadas pelas forças governamen-tais nos arredores da capital N’Djamena.O regime de Deby, também ele conquistado pela força das armas nos anos 90, resiste agora a um golpe para a partilha do poder por parte de alguns anteriores apoiantes, que também o acusam de cor-rupção e de aproveitamento pessoal do poder para enriquecer. Não obstante, a França, antiga potência colonial, reiterou o apoio ao actual regime, não pondo de parte, na última semana, uma eventual

participação militar no conflito.Repito que a parca análise aqui feita jamais

ilustrará o universo do continente afri-cano, mas certos comportamentos das elites políticas, essencialmente, parecem estar intimamente ligados ao processo colonial. Senão, vejamos: o continente africano foi dividido pelas potências europeias na Conferência de Berlim em 1885, num esforço de travar uma escalada

militar europeia pela exploração dos recur-sos africanos. Das milhares de identidades

étnicas presentes no continente formavam-se identidades políticas, uma ideologia circunscrita

á sua tribo e região, ainda que pouco conscientes. Com esta divisão territorial, que resultou nalgumas dezenas de estados e colónias, os grupos étnicos foram comprimidos para dentro de estados que os unificaram e “normalizaram” perante a lei. Se bem que durante a presença colonial, a consciên-

cia de ocupado e explorado com inimigo comum se sobrepusesse às diferenças étnicas, após as indepen-dências, os governantes africanos tiveram que repar-tir o poder do estado entre os diversos interesses. E antigos aliados rapidamente se transformaram nos mais odiosos inimigos em busca desse poder. Coisas como repressão de um grupo étnico sobre outro e limpezas étnicas foram e são possíveis de assistir. Li algures que o senador americano Barack Oba-ma, de origem queniana, aquando de uma visita a este país africano, alertou para o ressurgimento da identidade étnica enquanto elemento fundador da política. Tentava Obama consciencializar as elites políticas a deixarem de lado as diferenças e a traba-lharem o que lhes é comum.África, efectivamente, cresce a nível económico, fruto da sua consciencialização enquanto parceiro e interveniente activo na economia global, fruto da posse de recursos primários riquíssimos. Mas, quem beneficiará desse crescimento? O enriquecimento de alguns estados estará ser feito para políticas de desenvolvimento e de democratização?

por Vitor Reis [email protected]

“África cresce a nível económico, fruto da sua consciencialização enquanto parceiro e interveniente activo na economia global. Mas, quem beneficiará desse crescimento?”

INTERNACI NAL

África, um continente em ebulição

ECONOMIA

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De acordo com o no 1 do art. 2o do Regula-mento Geral Eleitoral da Juventude Socialista, “As eleições dos núcleos da Juventude Social-ista realizam-se entre 1 de Março e 31 de Mar-ço, todos os anos.”

Assim sendo, o Secretariado Nacional da JS dá início ao processo, enviando às estruturas, com órgãos eleitos, todas as informações e materi-ais necessários para a realização das eleições nos Núcleos.

Cada coordenador de Núcleo receberá na próxima semana, ou já terá recebido, por cor-reio electrónico, o caderno eleitoral da sua estrutura e o código de convocatória. Após a convocatória do acto eleitoral, o Secretariado Nacional enviará um novo caderno eleitoral com os militantes com capacidade eleitoral à data da eleição.

Não estão abrangidos nestas eleições os Núcleos concelhios, ou seja, os Núcleos, que em virtude de serem o único no seu concelho, assumem funções de estrutura concelhia. Lembramos ai-nda os camaradas, que as estruturas que não fizerem as eleições dentro dos prazos previstos no RGE da JS, serão extintas, transitando os seus militantes para o núcleo concelhio.

Todos os Formulários necessários para o acto eleitoral nos Núcleos estão disponíveis no Por-tal da JS no Menu Sede Virtual.

Os processos eleitorais só são validados pelo Secretariado Nacional, após terem dado entra-da nos serviços da Sede Nacional da JS, devida-mente preenchidos e assinados. A ausência de contactos de correio electrónico verificados, dos elementos eleitos implica a rejeição imediata do processo eleitoral.

JS ELEIÇÕES NOS NÚCLEOS DA

DATA LIMITE PARA ENVIO DE CONVOCATÓRIAS 21 DE MARÇO

Para mais informaçõ dev visitar o site da Juventude Social-ista ou contacta atrav do e-mail: [email protected]