jovem socialista 464

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SOCIALISTA JOVEM NÚMERO 464 Director Bruno Julião Equipa de Redacção Diogo Leão, Tiago Barbosa Ribeiro, Luísa Fernandes, Pedro Sousa, Rui Miguel Pires, Vítor Reis ORGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA Código do Trabalho deba- tido em Castelo Branco pág.2 > CÁ POR DENTRO Ainda Pinochet pág.7 > INTERNACIONAL 03 EDITORIAL Combater a precariedade 06 APETECE DIZER Não nos pode passar ao lado 02 AFECTOS E DESAFECTOS Abonos e ADSE Contra a homofobia pág.8 > ÚLTIMA PÁGINA EMPREGO JOVEM e PRECARIEDADE LABORAL ENTREVISTA AO SECRETÁRIO DE ESTADO DO EMPREGO E DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL, FERNANDO MEDINA

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28 de Maio de 2008

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socıalıstaJoVEM NÚMERO 464

Director Bruno Julião Equipa de Redacção Diogo Leão, Tiago Barbosa Ribeiro,Luísa Fernandes, Pedro Sousa, Rui Miguel Pires, Vítor Reis

ORGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA

Código do Trabalho deba-tido em Castelo Branco pág.2

> cÁ PoR DENtRo

Ainda Pinochet pág.7

> ıNtERNacıoNal

03 EDıtoRıal

Combater a precariedade06 aPEtEcE DızERNão nos pode passar ao lado

02 afEctos E DEsafEctosAbonos e ADSE

Contra a homofobia pág.8

> ÚltıMa PÁgıNa

EMPREgo JoVEM e PREcaRıEDaDE

laBoRalENtREVısta ao Secretário de eStado do emprego e da Formação proFiSSional, fERNaNDo MEDıNa

AfectosObama O candidato Democrata garantiu a sua nomeação para as Presidenciais com a vitória no Estado do Oregon. Ainda assim, Hillary parece não querer desistir e ainda que esta atitude tenha imprimido uma dinâmica saudável à disputa, parece ter motivos bem mais instrumentais que a suportam. Especula-se que esta insistência visa uma recandidatura em 2012, a vice-presidência junto de Obama ou atrair superdelegados. Continuamos de olhos postos nestas eleições que trarão (esperemos) grandes mudanças na política Americana.

02

por Luísa [email protected]

Desafectos&

PCP e passes sociais O governo anunciou o congelamento do valor dos passes sociais até ao final do ano. O PCP sugeriu que esta medida não passa de uma mistificação, uma vez que deixa de fora tantos outros uten-tes que não usam este tarifário. A medida não satisfaz as expectativas detidas sobre a eventual descida do preço dos combustíveis, mas o passe social é o tarifário daqueles que usam o transporte público como meio principal de se deslocarem, de forma sistemática e continuada e seriam aqueles que mais sofreriam com o aumento do preço dos combustíveis.

Cá Por Dentro

Abonos e ADSE O governo anun-ciou o aumento em 25 por cento dos abonos de família do primeiro e segundo escalões que visa diminuir o encargo àquelas familias que detêm menos recursos. Foi também anunciado o alargamento do direito à ADSE a todos os trabalhadores que exerçam funções públicas indepententemente do seu regime contratual, o que até agora sucedia apenas aos funcio-nários com vínculo definitivo. Duas medidas no sentido da diminuição das desigualdades sociais, duas medidas de esquerda.

a Concelhia da JS Porto organizou no Sábado, dia 17 de Maio, uma conferência-debate subordinada ao tema «Passado, presente e futuro do socialismo democrático: que

desafios para o PS?». Para discutir e desenvolver este tema a JS Porto contou com a presença do Dr. Augusto Santos Silva, Ministro dos Assuntos Parlamentares do actual governo. A iniciativa decorreu na Federação Distrital do PS Porto.

a Juventude Socialista Concelhia de Vila Nova de Famalicão, criou o Gabinete de Formação de Jovens Autarcas, com o objectivo de atrair mais jovens para a

política e formá-los ao nível da política autárquica. O gabinete organizou no dia 24 de Maio, a primei-ra sessão de formação. Estas formações vão decor-rer até ao dia 28 de Junho. Assim, esta iniciativa versará vários temas e terá vários formadores:

Primeira SeSSão:

Poder Autárquico: origem, contemporaneidade e perspectivas de futuro – interligação ao futuro poder regional.Formador: Prof. Doutor Fausto Ferreira - Docente Universitário

Segunda SeSSão:

A Assembleia de Freguesia: eleição, composição, atribuições e competências.Formador: Dr. Paulo Folhadela, Presidente da Assembleia de Freguesia de Gavião

Terceira SeSSão:

A Junta de Freguesia: eleição dos seus vogais; competência do Presidente da Junta. Formador: Francisco Sá, Presidente da Junta de Castelões

QuarTa SeSSão:

A Assembleia Municipal: eleição, composição e competências.

Formador: Dr. Jorge Costa, Deputado Munici-pal do PS

QuinTa SeSSão:

A Câmara Municipal: eleição do Presidente e dos vereadores; competência.Formador: Dr. Mário Martins, Vereador do PS

SexTa SeSSão:

Plano de Actividades e Orçamento; Prestação de Contas.Formador: Dr. António Barbosa, Vereador do PS

enTrega de diPlomaS

Vaticano e homossexuali-dade No âmbito do Dia Mundial da Luta contra a Homofobia e de uma das bandeiras que marcou e continuará a marcar a actividade politica da JS, não é demais reprovar a posição reafirmada recentemente pelo Vaticano de inter-ditar o Seminário a qualquer pessoa com prática, tendência ou simplesmente simpatia pela cultura homossexual. Este é o tipo de discriminação que não podemos continuar a tolerar, aquela que amputa o sujeito para além do estigma que socialmente carrega, a que não respeita a auto-afirmação e o direito à diferença.

Campanha PSD Este partido não tem representado uma alternativa sustentável à actual governação, nem tão pouco uma oposição concertada e a actual campanha, caracterizada pelos ataques pessoais e não pela apresentação de programas e projectos políticos retira toda a expectativa que possamos ter de que o PSD pre-tenda algo mais que a sua auto-governação.

JS Porto organiza conferência-debate sobre «Passado, Presente e Futuro do Socialismo Democrático: que desafios para o PS?»

JS de Vila Nova de Famalicãocria gabinete de formação de jovens autarcas

03

Bruno Julião Director Jovem [email protected]

A precariedade laboral atinge níveis preo-cupantes e condiciona, particularmente, a emancipação dos jovens portugueses. A generalização das falsas prestações de serviço pelo uso abusivo e ilegal dos recibos verdes, os estágios, nomeadamente os não remunerados, ou os contratos a termo estão de tal forma implantados na nossa sociedade que não tenho dúvidas em afir-mar que este cenário se deve, em grande medida, a um problema de mentalidades por parte dos empregadores.

É necessária, cada vez mais, a formação dos gestores portugueses (três quartos dos donos de empresas em Portugal não têm o Ensino Secundário completo!) para que possam compreender melhor a necessidade de outro paradigma de gestão de recursos humanos qualificados que contribua para uma maior estabilidade e alegria no trabalho e, simultaneamente, para uma maior eficá-cia e produtividade dos negócios.

Também no sentido de colmatar estas fragilidades do nosso código de Rela-ções Laborais, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social apresentou uma série de propostas de alteração ao actual quadro legal. Entre outras ideias que podem mudar o que descrevi acima, destacam-se a presunção de existência de contrato de trabalho, o aumento da Taxa Social Única para os Contratos a prazo e diminuição da mesma taxa para contra-tos sem termo, bem como, a proibição de trabalho não remunerado, como são muitos estágios não curriculares. E mesmo entre os que usam recibos verdes há disparidades nos níveis de rendimen-tos auferidos, sendo que também deverá existir uma diferença de taxação que con-sidere essa situação, ou seja quem recebe menos sofrerá uma taxação menor.

A mudança nas contribuições para a Segurança Social não pode existir isola-damente, como tal, espera-se que com as restantes medidas induza a outros com-portamentos por parte dos empregadores que devem apostar nos jovens portugue-ses qualificados e, com efeito, contribuir para a sua autonomização.

EDITORIAL

Combater a Precariedadea Federação Distrital de Leiria da Juven-

tude Socialista (JS), por iniciativa do seu Secretariado Federativo, desenvol-veu no Sport Operário Marinhense, na cidade da Marinha Grande, no pró-

ximo dia 2 de Maio (Sexta-Feira) uma Conferência subordinada ao tema “Falar Sobre…as Memórias de um resistente à Ditadura” que contou com a presen-ça de Edmundo Pedro como Orador.

A sessão de abertura desta Conferência foi pre-sidida por Diogo Coelho, Presidente da Federação

Distrital de Leiria da JS, e por João Paulo Pedrosa, Presidente da Federação Distrital de Leiria do Parti-do Socialista.

Com esta sessão, aberta ao público, a Federação Distrital de Leiria da JS, procedeu ao encerramen-to de um mês de intensa actividade, marcado por importantes eventos que percorreram de norte a sul o Distrito de Leiria, destinados a assinalar o 34.º Aniversário da “Revolução dos Cravos”, que este ano decorreu sob o lema “Recordar Abril fortalece a Democracia”.

a Juventude Socialista de Lisboa organizou no dia 20 de Maio, pelas 21h00 na FAUL, uma

Conferência subordinada ao tema: Os Governos de Cavaco Silva e Portugal 1985-1995. O conferencista foi o Dr. Rui Paulo Figueiredo, Mestre em Ciência Política e actual Assessor Jurídico do Gabinete do

Primeiro-ministro. A actividade foi bastante participada, demons-trando uma enorme capacidade organizati-va da JS Lisboa.

No Sábado, dia 24 de Maio, ocorreu, na sede do Partido Socialista da Trofa, uma sessão de

formalização da Concelhia da Trofa da Juventude

Socialista. As eleições nesta estrutura realizaram-se no mês de Abril, tendo sido eleito coordenador concelhio o camarada Marco Ferreira.

JS Leiria realiza conferência sobre “Falar Sobre…as Memórias de um resistente à Ditadura”

JS Lisboa analisa governos de Cavaco Silva

a Concelhia de Penamacor em colabo-ração com a Federação Distrital de Castelo Branco da Juventude Socialis-ta organizou no passado Sábado, 17 de Maio um colóquio sobre o Código

do Trabalho.O colóquio contou com a presença de Artur Pene-

dos (assessor do Primeiro-Ministro para os Assuntos Sociais e do Trabalho) e de Rogério Bentes (dirigente distrital da União Geral de Trabalhadores).

A precariedade enquanto problemática actual dos jovens foi amplamente debatida, tendo-se aborda-do as alterações propostas ao Código do Trabalho nesta matéria, e em concreto no combate aos falsos recibos verdes.

Abordaram-se igualmente as novas introduções relacionadas com a adaptabilidade, a regulação contratual colectiva, e a promoção da qualidade do emprego. A promoção de políticas activas de empre-go em paralelo com a implementação de um novo Código de Trabalho é uma necessidade que ficou

patente neste debate. As formas de sindicalismo actual e o futuro da sua intervenção com o desen-volvimento do tecido empresarial e com as novas alterações legislativas na área do emprego foram também discutidas.

A Juventude Socialista, através da intervenção do seu Secretário-Geral no debate quinzenal de 30 de Abril com o Primeiro-Ministro, já se congratulou com a apresentação das propostas do Código do Trabalho no âmbito do combate à precariedade. Consideramos que as alterações propostas ao nível da alteração da presunção da existência de contrato legal de trabalho, o aumento da taxa social única para os contratos a prazo, a diminuição da taxa so-cial única para contratos sem termo e o fim dos es-tágios profissionais não remunerados, demonstram a preocupação deste Governo do Partido Socialista no combate à precariedade no mercado laboral.

Por fim, o VI Acampamento Distrital da Federa-ção de Castelo Branco já está marcado para os dias 25/26 e 27 de Julho terá lugar em Idanha-a-Nova.

Colóquio sobre o Código do Trabalho em Castelo Branco

Concelhia da Trofa activada

04

1. o governo apresentou aos parceiros sociais, propostas para alterar o actual enquadramento legal de vários contextos das Relações laborais. Quais são as principais alterações propostas e quais foram os princípios gerais que estiveram na sua base?

As propostas apresentadas pelo governo à concertação social têm três objec-tivos fundamentais: combater a precariedade, dinamizar a negociação colectiva, favorecer a adaptabilidade das empresas e dos trabalhadores.

Vejamos ponto por ponto. Primeiro: o combate à precariedade. Criamos uma nova presunção de contrato de trabalho, para combater de forma eficaz os falsos recibos verdes; isentamos de contribuição, até três anos, os empregado-res que contratem sem termo jovens com ensino secundário completo ou em formação; e isentamos ainda temporariamente, e por igual período, os empre-gadores que convertam “recibos verdes” e contratos a prazo em contratos sem termo; proibimos os estágios profissionais não remunerados; reduzimos de seis para três anos a duração máxima dos contratos a prazo. Reduzimos um ponto percentual a taxa patronal dos contratados sem termo e aumentando em três pontos percentuais a taxa patronal dos contratados a prazo. Finalmente, pro-pomos uma taxa “patronal” de 5% sobre os recibos verdes e reduzimos em 7,4 pontos percentuais a taxa contributiva a pagar pelos trabalhadores; e estende-mos aos recibos verdes a protecção social nas diversas eventualidades.

O nosso segundo grande objectivo é favorecer a negociação colectiva. O PS e este governo acreditam na negociação colectiva, no diálogo construtivo

entre trabalhadores e empregadores. Não acreditamos é nas convenções que se eternizam e que bloqueiam a negociação e a adaptação aos novos tempos e às novas realidades com que somos hoje confrontados.

O terceiro objectivo é favorecer a adaptabilidade na vidas das empresas, tendo em vista melhorar as condições de adaptação ao mercado. Hoje, num contex-to em que as empresas estão sujeitas a ritmos variáveis nas encomendas e nas actividades, é essencial assegurar mais adaptabilidade na gestão do tempo de trabalho, como forma essencial de proteger o emprego e evitar a precariedade. As propostas do governo defendem mais adaptabilidade, mas também que esta resulte da negociação entre sindicatos e associações empresariais. Por último, importa destacar a proposta de reforço das medidas de protecção à parentalida-de, para que os trabalhadores beneficiem de maior apoio aquando o nascimen-to dos seus filhos.

2. Que níveis atinge a precaridade laboral em Portugal, particular-mente, entre os jovens e em que medida as alterações a combatem?

A precariedade laboral é hoje um factor de enorme preocupação social, em especial nos jovens, por isso é que o Governo entendeu que era fundamental combate-la. Esta proposta tem várias medidas direccionadas para o jovens, como já foi referido anteriormente, o fim dos estágios profissionais não remu-nerados ou incentivos específicos à contratação de jovens. Outras, apesar de não se destinarem exclusivamente, têm efeitos muito vincados nos jovens,

Numa altura em que a revisão das Relações Laborais se assume como fundamental para o país e particularmente para os jovens que se debatem cada vez mais com o trabalho precário, principalmente no seu primeiro emprego, o Jovem Socialista decidiu colocar algumas questões ao Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional.

entreViSta ao Secretário de eStado fERNaNDo MEDıNa

coNstRuıR uM NoVo coMPRoMısso socıal EM toRNo Das RElaçõEs laBoRaıs, aMıgo Da coMPEtıtıVıDaDE E Maıs EQuıtatıVo E Justo

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como sejam as medidas relativas à diminuição dos limites dos contratos a pra-zo; combate aos falsos recibos verdes e co-responsabilização dos empregadores perante a segurança social.

3. Que medidas propõem para combater os falsos recibos verdes, actualmente um dos grandes flagelos que atinge os jovens em Portugal?

Várias medidas, com um alcance nunca antes proposto em Portugal. Em 1º lugar no combate à ilegalidade e em 2º lugar reduzir a precariedade legal. Acima de tudo, criar uma taxa contributiva a ser paga pelo empregador para o respon-sabilizar e tornar partilhados os custos de protecção social do trabalho indepen-dente – que até aqui recaía em exclusivo sobre quem passa o recibo. Além disso, propõe-se reforçar a fiscalização e tornar mais fácil a presunção de existência de um contrato de trabalho – nas situações em que se procurar provar que o recibo verde é “falso” e corresponde na verdade a uma relação de trabalho dissimulada.

A este respeito, é fundamental perceber que estas propostas não se destinam a “legalizar” qualquer recibo verde, antes pelo contrário. Os que são “falsos”, e portanto ilegais, continuam a sê-lo; e são, aliás, mais penalizados e mais “de-tectáveis” para serem convertidos em contratos permanentes. Há quem esteja a tentar fazer passar a mensagem contrária, mas é um acto de pura demagogia e de desonestidade intelec-tual e política que tem de ser denunciado.

4. também exigem que se acabe com os estágios não remune-rados que não sejam curriculares. Qual o papel dos estágios pro-fissionais em Portugal? acha que a necessidade de se proibir a sua não remuneração decorre de um problema de mentalidades?

Os estágios profissionais têm um papel importante a desempenhar. São ins-trumentos essenciais na aproximação dos jovens ao mercado de trabalho. Quer se trate de estágios de natureza curricular, quer estágios profissionais apoiados pelo Estado. Há um princípio que deve ser básico: o trabalho deve ser remunerado. E se é verdade que durante um estágio, parte importante do tempo pode e deve ser considerado como tempo de aprendizagem e adaptação à empresa, tal não significa que se possa aceitar a não remuneração de trabalho efectivamente realizado. As práticas que se têm generalizado de estágios profissionais não remunerados são assim, totalmente inaceitáveis.

As empresas devem, no seu próprio interesse, ver a aposta nos jovens como um investimento, não como um recurso barato – e muito menos quase gratui-to. Se algumas ainda não o fazem, torna-se necessário combater essas práticas e estimular aquelas que são socialmente mais justas para os jovens e mais ade-quadas ao próprio interesse das empresas e da economia.

5. De que forma é que as alterações propostas ao nível da segurança social pode influenciar o comportamento dos empregadores?

A taxa social única (TSU), que empregadores e trabalhadores pagam todos os meses à segurança social, é uma das componentes básicas do financiamento e configuração do modelo de protecção social, em Portugal como aliás nos outros países.

Por isso, mexidas significativas na TSU são um poderoso instrumento de promoção da mudança, por pelo menos duas vias. Em primeiro lugar, e como já referi, co-responsabilizar pela primeira vez em Portugal os empregadores por parte destes pagamentos no caso do trabalho independente (recibos verdes),

sendo que até agora todo o ónus recaía sobre quem “passava o recibo”. Segun-do exemplo: subir as contribuições mensais dos empregadores relativas aos contratos a termo em 3 pontos percentuais, ao mesmo tempo que baixam as contribuições para o trabalho permanente (em 1 ponto percentual). Ao fazê-lo estamos a tornar menos atractiva a contratação mais flexível, para que esta seja uma opção sobretudo nos casos em que é uma necessidade real.

6. considera que esta tentativa de acabar com as falsas prestações de serviço não pode levar as empresas a recorrerem mais ao trabalho temporário, igualmente precário?

Não, a legislação portuguesa sobre trabalho temporário é clara, e aliás relati-vamente restritiva em termos europeus, definindo as condições da sua presta-ção e utilização.

7. como vê as preocupações da Js no que diz respeito às Relações laborais? Qual foi o papel da Js na definição das propostas?

As preocupações da JS em matéria laboral, nomeadamente em matéria de combate à precariedade têm total acolhimento na proposta do governo.

Destaco em particular as posições que a JS tem assumido relativamente aos estágios não remune-rados e aos falsos recibos verdes que contribuíram significativamente para as propostas do governo.

8. como acha que vai decorrer a negocia-ção com os parceiros sociais e qual deve ser a participação dos jovens nesta fase?

É da maior utilidade a JS se envolva activamen-te no debate em curso e que tenha um papel activo na sensibilização dos diferentes parceiros sociais quer para as van-tagens que as propostas do Governo trazem aos jovens quer para as pre-ocupações destes sobre o mercado de trabalho, de que a JS tem sido um porta-voz importante.

Aliás, será da maior utilidade que a JS se em-penhe também noutros fóruns e com outros in-

terlocutores sociais e, de um modo geral, junto da opinião pública. Creio que é matéria que justifica prioridade máxima na agenda política e social dos jovens, e a JS tem todas as condições para a protagonizar.

Por exemplo, na denúncia do embuste que alguns estão a tentar fazer, desva-lorizando o alcance das medidas e do seu impacto, muito em particular, para os jovens – por exemplo, no campo dos contratos a prazo e dos recibos verdes.

9. Depois do último código do trabalho ter sido proposto por um governo de Direita, podemos entender estas alterações como um con-tributo para um quadro mais justo e progressista das Relações laborais?

Esse é o objectivo fundamental da reforma: construir um novo compromisso social em torno das relações laborais, amigo da competitividade e mais equi-tativo e justo, e com base num consenso tão alargado quanto possível. É por isso que as mudanças propostas vão no sentido de combater a precariedade, de reforçar as condições e práticas de diálogo social e negociação colectiva ao nível dos sectores e das empresas e de promover avanços importantes nas políticas activas de emprego e formação. Uma reforma com estas características será uma vitória de todos os que acreditam ser possível um mercado de trabalho e uma estratégia de modernização do país em que justiça social e competitividade andam de mãos dadas.

Não Nos PodePassar ao LadoApós ouvir na televisão um dos candidatos à liderança do PSD e putativo can-didato a 1º Ministro de Portugal defender que “o Estado Social precisava de ser reformado” e “o fim do serviço de saúde universal e tendencialmente gratuito para todos” achei que isso merecia um comentário especial. Estamos perante um exemplo claro de Neo-liberalismo puro e duro que não nos pode deixar indife-rentes, pelos perigos que acarreta! Assim, como jovem consciente e preocupado que sou, decidi partilhar convosco, caros leitores, algumas ideias sobre o tema, pois é quanto a mim necessário desmistificar as parangonas do Neo-Liberalismo.

Estado Social, Estado Providência ou Welfare Sate é o modelo político, in-fluenciado na sua origem por John Keynes que defende o Estado como agente da promoção (protector e defensor) social e organizador económico, com a missão de conjugar as vertentes económica e social, no sentido de garantir um “Estado de Bem-Estar”, com os serviços públicos indispensáveis a esse objectivo e à protecção dos cidadãos.

O Estado Social é indispensável para garantir a liberdade dos próprios cida-dãos, garantindo um conjunto de direitos que estão eminentemente ligados à dignidade da pessoa humana, independentemente de os cidadãos terem ou não dinheiro para os pagar! Estou a falar da saúde, da educação, da segurança social, do livre acesso ao emprego, visando a criação de uma sociedade mais justa e igualitária, o combate à desigualdade social e uma melhor distribuição da rique-za. O estado Social é uma “conquista histórica das forças democráticas e um pilar indispensável da democracia e do desenvolvimento”.

Estará o Estado Social em crise? Será que temos que reformar estas políticas e acabar com o SNS? Será este o único meio de reequilibrar a nossa economia? Quanto a mim não! Hoje mais que nunca é urgente defender-se o Estado Social! É certo que adaptado aos novos tempos e às novas realidades mas nunca pondo em causa os seus fundamentos essenciais. É urgente combater a mensagem que tem sido divulgada pelos “pensadores” Neo-liberais, que constantemente

desvalorizam o papel do Estado na Sociedade, defendendo a sua redução ao mí-nimo, e insistindo na supervalorização do sector privado por, no seu entender ser sempre melhor e mais eficiente que o público, sem apresentarem soluções capazes de garantir os direitos individuais mínimos necessários à dignidade da pessoa humana! O Neo-Liberalismo consiste, simplesmente em eliminar o Estado e a sua função social, deixando simplesmente no seu lugar um nada, um vazio que ninguém iria ocupar!

O Estado Social é um mecanismo existente necessário e indispensável para corrigir as desigualdades que o capitalismo acarreta e para criar uma socie-dade mais justa e igualitária, sendo que os países que maior percentagem do PIB investem em políticas sociais são aqueles que obtêm um IDH (Indicie de Desenvolvimento Humano) mais elevado e que lideram os Índices de Competi-tividade Global.

06

ANáLiSE

APETECE DIzER...

1. em deFeSa do eStado Social

Um dos pilares do Estado Social é a politica de emprego. Esta é uma área que, a nós jovens nos diz muito e como tal gostaria de elogiar a política do Governo neste Sector. Segundo dados estatísticos de que tive conhecimento e dos quais gostaria de dar nota, Portugal aproxima-se cada vez mais da taxa de desempre-go que se regista na UE e Zona Euro, mantendo a tendência de descida da Taxa de desemprego. No mês de Março de 2008, contrariando a tendência Europeia e da Zona Euro, a descida manteve-se, sendo que a Taxa de desemprego em Portugal é já inferior aquela que se registava aquando da entrada em funções do actual Governo.

Também no sector do emprego, decorre nesta altura a fase de negociação

com os parceiros sociais da Proposta do Governo para a Revisão do Código do Trabalho. Esta proposta teve por base os Trabalhos de uma comissão indepen-dente criada em 2007 apara avaliar as relações laborais e propor alterações à sua regulamentação e da qual resultou o Livro Branco das Relações Laborais.

Coube depois ao Governo elaborar a Proposta de linhas gerais de Alteração que está neste momento a ser discutida com representantes do patronato e dos trabalhadores.

Gostaria de destacar o combate à precariedade, a redução da duração máxima do contrato a termo, a proibição dos estágios profissionais extra-curriculares não remunerados e a regulação dos estágios obrigatórios para acesso a profis-sões, para evitar o trabalho dissimulado, como algumas das medidas que a nós jovens mais dizem respeito e que vêm ao encontro das nossas expectativas, mas também, no campo social a criação da licença de parentalidade em substituição da licença de maternidade e paternidade, com maiores benefícios para ambos os progenitores.

Em meu entender trata-se de uma proposta de alteração positiva e racional, que vai de encontro às necessidades da economia, promovendo a competitivi-dade das empresas, mas sempre protegendo os trabalhadores, não liberalizando os despedimentos, mantendo inalteradas as normas em vigor quanto à justa causa de despedimento, procurando reforçar a efectividade da legislação laboral e promover a qualidade de emprego!

É uma proposta equilibrada e, acima de tudo, necessária, para um Código que previa a sua revisão em 2007! Deixo votos para que se obtenha acordo em sede de concertação social e que os parceiros sociais dêem o seu contributo para melhorar ainda mais esta proposta, defendendo os interesses das pessoas que representam e não a agenda de alguns partidos políticos!

2. a polÍtica de emprego do goVerno e a reViSão do cÓdigo do traBalHo

Taxa de desemprego – março de 2008

portUgal

eUro Zona

Ue 27

Eurostat

07

o juiz chileno Victor Montiglio orde-nou, esta segunda-feira, a detenção de 98 antigos agentes civis e militares da ditadura do general Augusto Pinochet

por terem participado em operações policiais que causaram a morte de 119 pessoas em 1975.

Entre os antigos membros das forças de segurança contam-se polícias e membros do exército de terra e da marinha que participaram na Operação Colombo, no âmbito da qual os 119 opositores de Pinochet foram mortos.

A Operação Colombo é considerada o início da co-laboração entre as ditaduras sul-americanas da época, tendo dado origem à Operação Condor, que contou com a participação de militares de vários países.

Victor Montiglio - que em Dezembro de 2007 pro-cessou Augusto Pinochet, que viria a morrer impune - notificou hoje da decisão três antigos membros da Direcção Nacional da Informação, a antiga polícia do general Pinochet, que estão já detidos por violação dos direitos humanos.

As diligências de notificação e detenção dos 98

antigos agentes, entre os quais figuram oito coronéis retirados do Exército e 32 sub-oficiais jubilados, irão prolongar-se por toda a semana.

Trata-se da operação judicial mais importante no Chile no que respeita a violações de direitos huma-nos durante a ditadura militar (1973-1990), que fez mais de três mil mortos.

Entre as vítimas da Operação Colombo, figuram os realizadores Carmen Bueno Cifuentes e Jorge Müller Silva, bem como Juan Chacón Olivares, Jorge Hum-berto D’Orival Briceño e Juan Carlos Perelman.

INTERNACI NAL

EStA SEMANA NO MuNDO(NOtíciAS DA iMpRENSA pORtuguESA)

Juiz ordena detenção de uma centena de colaboradores de Pinochet

a junta militar de Myanmar congratulou-se com o resultado do referendo constitu-cional no país, após a segunda fase deste acto eleitoral. Segundo os militares, 92 por

cento dos eleitores apoiaram a constituição proposta pela junta. Tratou-se de um acto eleitoral que contou, segundo os militares da antiga Birmânia, com 98 por cento de participação. O anúncio foi feito depois de completada a última fase do referendo que foi realizada no Sábado nas

zonas mais atingidas pelo ciclone Nargis, que fez 133 mil mortos e desaparecidos. A televisão estatal birmanesa anunciou ainda que nestas regiões 93 por cento dos eleitores votaram neste referendo apesar de grave crise humanitária que afecta o país desde a passagem do ciclone a 2 e 3 de Maio, que afectou 2,4 milhões de pessoas. A 10 de Maio, tinha-se realizado a primeira fase deste referendo que contou com a participação de 99,07 por cento dos 22 milhões de eleitores chamados então a

votar, com 92,4 por cento destes a darem o sim à cons-tituição dos militares. A oposição birmanesa já fez saber que rejeita estes resultados, tendo a Liga nacional para a Democracia, liderada pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, classificado o escrutínio como «manipulado». Apesar de os militares quererem organizar eleições plu-ripartidárias em 2010 e transferir o poder para os civis, a oposição diz que o texto constitucional proposto pelos militares é «anti-democrático» por promover a continuação do actual poder.

Junta militar birmanesa congratula-se com resultado de referendo

oantigo Presidente norte-americano Jimmy Carter disse hoje, du-rante uma conferência no festival literário de Hay, no País de Ga-les, que Israel tem, pelo menos, 150 armas nucleares. É a primeira vez que um ex-Presidente norte-americano fala concretamente

sobre o arsenal nuclear israelita.A declaração surgiu após Carter ter sido questionado, por um jornalista,

em relação à sua opinião sobre o arsenal nuclear iraniano e como o futuro presidente norte-americano deverá lidar com isso. Segundo Carter esse é um assunto que tem de ser analisado globalmente.

“Os Estados Unidos têm mais de 12 mil armas nucleares, a Rússia, mais ou menos o mesmo, França e Grã-Bretanha têm largas centenas e Israel tem 150 ou mais. Temos uma enorme diversidade de armamento”, disse.

Apesar da existência de armas nucleares em Israel ser mundialmente admi-tida, As entidades israelitas nunca admitiram a sua existência e os EUA nunca comentaram esta questão publicamente.

Jimmy Carter, Nobel da Paz, admitiu que Washington devia falar directamen-te com Teerão para pressionar o governo iraniano a abandonar a sua ambição nuclear. Uma vez que a política seguida há décadas, incluindo as sanções apli-cadas, nunca dissuadiu o Irão de produzir urânio enriquecido. Carter, presiden-te entre 1977 e 1981, ajudou a negociar o tratado de paz entre Israel e o Egipto e a concluir o acordo estratégico de armamento com a União Soviética.

opresidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, revelou, ontem, o conteúdo de um relatório das Nações Unidas, em que peritos desta organização acusam a Rússia de acto de agressão contra a Geórgia. “Hoje, a Geórgia encontra-se numa situação complica-

da, porque no seu território entrou o exército de um Estado estrangeiro, que nós não convidámos e cuja entrada recusamos categoricamente.

No domingo, a ONU publicou um relatório, em que acusa directamente a Rússia de acto de agressão contra a Geórgia. Confirmou-se que o avião russo bombardeou o território da Geórgia”, declarou Saakachvili, numa conferência de Imprensa conjunta com Lev Kacinski, presidente da Polónia. “Trata-se do primeiro caso em que uma organização internacional, e neste caso a ONU, acusa, sem qualquer equívoco, sem frases vagas, a Rússia dessas acções”, acrescentou.

Representantes da missão da ONU na zona do conflito entre a Geórgia e a república separatista da Abkházia afirmam que, no dia 20 de Abril, um avião russo derrubou um aparelho não tripulado georgiano.

Uma comissão especialmente nomeada para estudar o incidente chegou a essa conclusão com base num vídeo apresentado pelas autoridades russas, em que se via um caça Mig-29 ou Su-27 a disparar sobre o aparelho georgiano. A Rússia considerou esse vídeo uma “falsificação” e “provocação”, negando a participação de aviões militares seus em operações nos céus da Abkházia e da Geórgia.

ONU acusa Rússia de agressão contra a Geórgia

Jimmy Carter: “Israel tem pelo menos 150 armas nucleares”