jornal ufg 68

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PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – ANO IX – Nº 68 – OUTUBRO DE 2014 Jornal UFG Mesa-redonda: prevenção é a melhor forma de combate ao vírus da Aids p. 6 e 7 Confira nesta edição, matérias sobre projetos e ações produzidos dentro da Universidade que refletem o tema do 11º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão Professora da Faculdade de Farmácia recebe prêmio nacional para mulheres cientistas p. 4 UFG BRASIL Mala Direta Postal 9912341620-DR/GO CORREIOS Básica

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Publicação da Assessoria de Comunicação Universidade Federal de Goiás ANO IX – Nº 68 – OUTUBRO DE 2014 www.jornalufgonline.ufg.br

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Page 1: Jornal ufg 68

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – ANO IX – Nº 68 – OUTUBRO DE 2014

Jornal UFG

Mesa-redonda: prevenção é a melhor forma de combate ao vírus da Aids p. 6 e 7

Confira nesta edição, matérias sobre projetos e ações produzidos dentro da Universidade que refletem o tema do 11º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão

Professora da Faculdade de Farmácia recebe

prêmio nacional para mulheres cientistas p. 4

UFG BRASIL

Mala Direta Postal

9912341620-DR/GO

CORREIOS

Básica

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2 DESTAQUEJornal UFG Goiânia, outubro de 2014

CAMINHOS DA PESQUISAEDITORIAL

Kharen Stecca*

Inclusão na Universidade

Universidade – Reitor: Orlando Afonso Valle do Amaral; Vice-reitor: Manuel Rodrigues Chaves; Pró-reitor de Graduação: Luiz Mello de Almeida Neto; Pró-reitor de Pós-Graduação: José Alexandre Felizola Diniz Filho; Pró-reitora de Pesquisa e Inovação: Maria Clorinda Soares Fiarovanti; Pró-reitora de Extensão e Cultura: Giselle Ferreira Ottoni Cândido; Pró-reitor de Administração e Finanças: Carlito Lariucci; Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos: Geci José Pereira da Silva; Pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária: Elson Ferreira de Morais.

Jornal UFG – Coordenadora de Imprensa e editora-geral: Kharen Stecca; Editora: Michele Martins; Conselho editorial: Angelita Pereira de Lima, Cleomar Rocha, Luís Maurício Bini, Pablo Fabião Lisboa, Reinaldo Gonçalves Nogueira e Silvana Coleta Santos Pereira; Suplente: Mariana Pires de Campos Telles; Projeto gráfico e editoração eletrônica: Reuben Lago; Fotografia: Carlos Siqueira; Reportagem: Camila Godoy, Serena Veloso e Silvânia de Cássia Lima; Colaboração: Renan Vinicius Aranha; Revisão: Cristiane Fernandes, Letícia Braz e Vanda Ambrosia; Estagiários: Dúnia Esper, Thaíssa Veiga e Warlos Morais; Bolsistas: Adriana Cristina, Águita Araújo e Letícia Antoniosi; Impressão: Centro Editorial e Gráfico (Cegraf) da UFG; Tiragem: 10.000 exemplares

Publicação da Assessoria de Comunicação Universidade Federal de Goiás

ANO IX – Nº 68 – OUTUBRO DE 2014www.jornalufgonline.ufg.br

ASCOM – Reitoria da UFG – Câmpus Samambaia C.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 www.ufg.br – [email protected] – www.ascom.ufg.br

UFGJornal

A Universidade Federal de Goiás vive um intenso pro-cesso de mudanças no que se refere à inclusão so-cial. Motivada pelo Programa UFGInclui e pelo Sis-

tema de Reserva de Vagas criado pela n. Lei 12.711/2012, a Universidade passou a receber, a partir de 2008, estu-dantes que não tinham as mesmas condições de acesso à graduação: negros, quilombolas, indígenas e estudantes de escolas públicas. Em 2015, 50% das vagas na gra-duação já serão direcionadas a essas pessoas. Embora o maior impacto tenha ocorrido na graduação com o in-gresso desses estudantes, a UFG busca estudar mais alternativas para tornar a universidade acessível, traba-lhando questões como acessibilidade de portadores de deficiência, gênero, acesso à pós-graduação, entre outros temas. Diante desse novo panorama, nada mais apro-priado do que o tema escolhido para o Congresso de En-sino, Pesquisa e Extensão de 2014 (Conpeex): “Conheci-mento, Inclusão Social e Desenvolvimento”. Com muitas novidades, como o trabalho de coleta seletiva, organizado pela Incubadora Social, e o Espaço da Saúde, organizado no Araguaia Shopping, o evento abordará discussões com diversos pesquisadores objetivando envolver a comunida-de acadêmica e também externa, dando um retorno sobre o que é produzido na UFG com relação à pesquisa, ensino e extensão.

Para marcar também esse tema, o Jornal UFG traz nesta edição uma matéria que destaca a pesquisa de uma professora da Faculdade de Farmácia que foi uma das vencedoras no Prêmio Nacional para Mulheres na Ciência 2014, organizado pela Unesco e pela empresa L´Oreal. A pesquisa busca encontrar novas alternativas farmacológi-cas para combater a leishmaniose, uma das doenças con-sideradas negligenciadas no mundo. Embora as mulhe-res já sejam a maioria na graduação, estejam em grande número na pós-graduação e tenham crescido em partici-pação nas pesquisas, elas ainda são minoria neste setor. Um prêmio como esse ressalta a importância da inserção feminina na área de pesquisa.

Outro destaque do Jornal UFG é para a discussão da Aids no Brasil. Com a diminuição da repercussão da doença, aumentou o contágio pelo vírus HIV. Embora hoje o tratamento seja garantido, muitas pessoas sequer sabem que estão contaminadas. E para essas pessoas, o precon-ceito e as dificuldades ainda existem, portanto, alertar a população para a importância de se prevenir e também de se tratar torna-se imprescindível.

Esperamos que o Jornal UFG de outubro traga ele-mentos para a discussão da inclusão social não só na uni-versidade, mas em toda a sociedade. Boa leitura!

*Coordenadora de imprensa da Ascom

O periódico é um importante espa-ço de divulgação de trabalhos técnicos e constitui-se em uma espécie de docu-mento. Entre as formas de divulgação de Ciência e Tecnologia, a revista científica é uma das mais procuradas. Esse tipo de veículo confere credibilidade a progra-mas de pós-graduação e instituições de pesquisa.

Respaldadas por instituições sé-rias e seguras, as revistas científicas integram e são integradas em diversos bancos de dados, as chamadas bases indexadoras, num excelente exemplo de

Revistas científicas: acesso e tendências

convergência de redes de informação, frequentemente atualizadas e expandi-das. Quanto mais bases publicarem a revista, mais credibilidade e visibilidade ela terá. Maior peso possuem as bases indexadoras internacionais. Assim, há uma tendência das revistas publicarem também em outra língua.

A rede mundial de computadores torna mais acessível essas publicações, praticamente todas são encontradas na internet, e há uma tendência a desapare-cer as versões impressas, normalmente encontradas nas bibliotecas.

Importância e impacto do periódico científico

Como publicar

Cada periódico científico tem suas regras quanto à especificidade, periodicida-de, artigos externos, critérios de qualidade da informação etc. Os trabalhos são rigo-rosamente avaliados por um conselho científico, especialmente em relação à política de periódico. As publicações contam ainda com pareceristas de outras instituições, nacionais e internacionais.

Revistas científicas da UFG

Atualmente, 25 revistas científicas ligadas a programas de pesquisa e pós-graduação da UFG estão cadastradas no seu Portal de Periódicos (www.revistas.ufg.br). Há outras em fase de estruturação. Desde 2003, essas publicações contam com a colaboração do Programa de Apoio às Publicações Periódicas Científicas da UFG (Proapupec). Este ano, o edital do programa destinou R$210 mil, variando entre R$ 9 mil e R$ 15 mil para cada revista contemplada.

Na próxima edição, saiba mais sobre a qualidade e os fatores de impacto das revistas científicas na atualidade.

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3ENTREVISTAJornal UFG Goiânia, outubro de 2014 3

Divulgação científica e integraçãoMichele Martins

O Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conpeex) da Universidade Federal de Goiás chega à sua 11ª

edição, reafirmando sua importância para a divulgação científica e a integração entre comunidade e Universidade. Com a participação de cerca de 6.500 inscritos, a programação oferecerá conferência de abertura, mesas-redondas, palestras, apresentações de trabalho, oficinas, minicursos e programação cultural. As atividades serão matutinas, vespertinas e noturnas. Confira o que a coordenadora geral de Extensão da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec), Claci Fátima Weirich Rosso destaca sobre as novidades do evento.

Quais serão as novidades e os principais destaques programados para o Conpeex 2014?

Nesta 11ª edição do Conpeex, teremos um diferencial na operacionalização do evento, que será a descentralização para a Regional Jataí. As Regionais de Catalão e Goiás irão participar juntamente com a Regional Goiânia. O evento terá um tema central único e parte da progra-mação científica será comum para as Regio-nais. A conferência de abertura será transmiti-da via videoconferência para a Regional Jataí e as demais atividades científicas e culturais se-rão realizadas conforme as especificidades de cada Regional. Em Goiânia teremos, no dia 4 de novembro, em período integral, a realização de uma série de atendimentos no “Espaço da Saúde”, que será montado no estacionamento do Araguaia Shopping. Haverá serviços de va-cinação, exames rápidos, distribuição de pre-servativos, avaliações bucais e outros serviços de saúde, com a participação das Ligas da Saú-de, de núcleos de estudos e de pesquisas, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás. A coordenação desta atividade será realizada pelo professor Marcos André de Ma-tos da Faculdade de Enfermagem (FEN). O Es-paço Planetário Móvel que estará instalado no Centro de Eventos Professor Ricardo Freua Bu-faiçal, durante os três dias, também será uma novidade nesta edição. Dentro da programação cultural, a XI Mostra Cultural do Conpeex, a II Mostra Artística Bosque Auguste Saint’Hillaire e a I Mostra Cultural do Conpeex na Regional Jataí acontecerão como parte das atividades do evento. As atividades culturais têm o objetivo de divulgar os trabalhos artísticos e culturais dos estudantes, servidores técnico-administra-tivos, docentes da UFG e comunidade externa. Além disso, visam proporcionar a aproximação das comunidades acadêmicas e externa por meio de expressões artísticas, diálogos e troca de experiências que democratizam o acesso aos bens culturais e ao conhecimento científico.

O tema deste ano será: “Conhe-cimento, Inclusão Social e Desen-volvimento”. Qual o objetivo dos organizadores com a escolha desse tema?

A escolha do tema teve como importan-te “referência” as temáticas recomendadas pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Ino-vação (MCTI), mas também pelo fato de que o conhecimento e o desenvolvimento científico e tecnológico devem ser promovidos na pers-pectiva dos princípios da inclusão social, as-sim como os avanços científicos e tecnológi-cos devem incentivar a troca de experiências nos diversos campos da pesquisa, do ensino e da extensão.

A comunidade externa à UFG também pode participar do evento?

Sim, é muito importante que a comuni-dade externa participe do Conpeex. A apresen-tação de trabalhos destina-se a docentes, dis-centes e técnico-administrativos da UFG, mas as atividades estarão acessíveis para todos. A comunidade externa poderá se inscrever, an-tecipadamente ou no local, na modalidade de “Participação sem apresentação de trabalhos” e nos minicursos, que são oferecidos princi-palmente para atender a comunidade exter-na, considerando que são ações de Extensão e Cultura.

Carlos S

iqueira

E quanto à importância desse evento para a UFG?

O Conpeex é o principal evento acadêmi-co da UFG, realizado anualmente pela admi-nistração superior e para divulgar a produção acadêmico-científica-cultural da instituição, envolvendo principalmente as Pró-Reitorias de Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Inova-ção, e Extensão e Cultura. Conta com o apoio das Pró-Reitorias de Administração e Finanças, Assuntos da Comunidade e Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos. Têm como importante desafio promover a divulgação e o intercâmbio da produção científica e cultural na perspectiva da pesquisa, ensino e extensão na UFG, assim como promover a discussão de temáticas que subsidiem novos projetos e ampliem a formação acadêmica e cultural dos participantes do Conpeex 2014.

Claci Fátima Weirich Rosso

“É muito importante que

a comunidade externa participe

do Conpeex”

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4 SOCIEDADEJornal UFG Goiânia, outubro de 2014

Professora da Faculdade de Farmácia recebe prêmio nacional para mulheres cientistas

Carolina Horta Andrade foi reconhecida por sua pesquisa de novos fármacos para o tratamento da leishmaniose

Serena Veloso

A leishmaniose é um conjunto de doenças causadas por proto-

zoários do gênero Leishma-nia e transmitidas ao ho-mem por meio da picada do mosquito-palha. É uma das seis doenças infecciosas de maior impacto no mundo. A cada ano, são reportados dois milhões de novos casos mundialmente, incluindo a população brasileira, que é afetada em todos os esta-dos. Apesar de existir trata-mento, os poucos medica-mentos disponíveis no mer-cado não são totalmente efi-cazes para alguns tipos da doença, além do alto custo e dos efeitos colaterais.

Alguns pesquisadores têm se dedicado a encontrar novas alternativas farma-cológicas para combater a leishmaniose. É o caso da pesquisa da professora da Faculdade de Farmácia (FF) da UFG e coordenadora do Laboratório de Planejamen-to de Fármacos e Modela-gem Molecular (LabMol), Carolina Horta Andrade, que chamou a atenção da comunidade científica na-cional e tornou-se uma das sete vencedoras do Prêmio para Mulheres na Ciência 2014. Há aproximadamen-te quatro anos, a professora coordena um projeto na área de Química Medicinal com o intuito de descobrir novos compostos para a produção de medicamentos eficazes e de baixo custo, para o trata-mento da leishmaniose vis-ceral, forma mais perigosa da doença.

A premiação, ofere-cida pela empresa L’Oréal em parceria com a Organi-zação das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e com a Academia Brasileira de Ciências (ABC), incentiva a participação de mulhe-res brasileiras no cenário científico nacional. Carolina Horta Andrade concorreu com outras 312 cientistas e foi a primeira pesquisadora de uma instituição goiana a

ser contemplada com a ini-ciativa, recebendo o valor de US$ 20 mil dólares para auxílio à pesquisa. A ceri-mônia de premiação ocorre-rá no dia 21 de outubro, no Rio de Janeiro-RJ.

Novos compostos no combate à doença

Até então, a pesqui-sa identificou, durante si-mulações em programas de computador e experimentos in vitro, algumas moléculas promissoras para comba-ter o parasita da doença. “Três novos compostos fo-ram mais potentes do que o medicamento padrão uti-lizado para o tratamento da leishmaniose”, ressaltou a pesquisadora. Para buscar compostos potencialmen-te ativos, primeiramente, foi realizada a quimioge-nômica, que consiste na extração das informações químicas dos genes do pa-rasita. Por esse processo, identificaram-se duas pro-teínas essenciais à sua so-brevivência, sobre as quais novos medicamentos po-derão atuar. Em seguida, foram utilizados softwares para simular a interação de milhares de moléculas com proteínas-alvo, sendo selecionadas aquelas que mostraram maior resposta contra o parasita.

Atualmente, a pes-quisa está em fase de me-lhoria de algumas das pro-priedades das moléculas para que os experimentos resultem num medicamen-to. O estudo irá averiguar ainda a ação dos compos-tos por meio de testes em animais.“Este prêmio é um grande estímulo para con-tinuarmos a nossa pesqui-sa, devido à visibilidade que tem proporcionado não só no meio acadêmico, mas também nas indústrias, o que permitirá futuras par-cerias”, enfatizou Carolina Horta Andrade.

O projeto tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeg) e do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a colaboração de pesquisa-dores do Instituto de Patolo-gia Tropical e Saúde Públi-ca (IPTSP) e do Instituto de Química (IQ) da UFG, além do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo.

Leishmaniose em números

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, doze milhões de pes-soas sofrem com a doença em todo o mundo. “A leish-maniose é endêmica em aproximadamente noventa países, a maioria deles sub-desenvolvidos ou em desen-volvimento, e em regiões de clima tropical”, explicou a professora. A doença é endê-mica também no Brasil, sen-do o Centro-Oeste a segunda região com maior número de casos de leishmaniose tegu-mentar americana, conforme levantamento do Ministério da Saúde.

Segundo a pesquisa-dora, devido à falta de investi-mento das indústrias farma-cêuticas, os medicamentos utilizados no tratamento da doença são antigos, desen-volvidos há mais de 50 anos, e causam efeitos colaterais nos pacientes. “A indústria farmacêutica praticamente

não tem interesse em buscar novos medicamentos para combater a doença porque ela atinge, principalmente, populações de baixa renda”, motivo pelo qual a doença é considerada negligenciada, esclareceu a professora.

Carolina ressaltou ainda que o processo de de-

senvolvimento de um medi-camento até a inserção dele no mercado, além de envol-ver mais de uma década de pesquisa, demanda altos custos de investimento da indústria farmacêutica, os quais podem variar de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão de dólares.

Mulheres estão cada vez mais presentes na ciência

Um levantamento feito pelo Programa L’Oréal-ABC-Unesco para Mulheres na Ciência revelou que, em uma década, a participação feminina em pesquisas científicas aumentou em 12%. Ainda assim, o espaço destinado às mulheres na ciência continua restrito: somente 29% da comunidade científica mundial é composta por mulheres, apontou a pesquisa realizada em seis países: França, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido e Espanha. No Brasil, esse quadro tem se revertido com o aumento do acesso das mulheres às universidades, sendo elas dos cursos de graduação, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), e, em boa parte, dos de pós-graduação. Só na UFG, 2.405 alunas estão matriculadas atualmente nos cursos de pós-graduação stricto sensu, o que corresponde a mais da metade dos ingressos, que atualmente somam 4.652. No entanto, quando se trata de incentivo à pesquisa nas universidades, a realidade é bem diferente. Grande parte dos contemplados com bolsas de produtividade em pesquisa e tecnologia do CNPq em Goiás é do sexo masculino. Na UFG, dos 145 bolsistas que coordenam pesquisas, 51 são mulheres, muitas delas ainda iniciantes como pesquisadoras. A pró-reitora de Inovação e Pesquisa (PRPI) da UFG, Maria Clorinda Soares Fioravanti, acredita que a maternidade é um dos principais fatores a interferir na carreira das pesquisadoras, que chegam ao auge do nível de produtividade após os 45 anos. Dentre o pequeno número de pesquisadoras da UFG com PQ 1 – conceito do CNPq para nível máximo de produtividade –, a professora Mariana Pires de Campos Telles, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, foi destaque no CNPq como uma das 22 jovens pesquisadoras do Brasil reconhecidas, com menos de 40 anos de idade.

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Pesquisadora utilizou programas de computador para simular interação de compostos em organismos infectados pela Leishmania, evitando testes excessivos em animais

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COMUNIDADEJornal UFG Goiânia, outubro de 2014 5

Estudantes do UFGInclui participam de ações voltadas à inclusão e permanência

Ingressantes na UFG pelo Programa UFGInclui participam de atividades e realizam pesquisas que visam debater e superar os desafios encontrados no ambiente acadêmico

Águita Araújo

A implementação do Programa UFGInclui, em 2009, contri-buiu para a existência de um

cenário mais plural dentro da uni-versidade, por meio da geração de vagas para estudantes de escola pública, negros e uma vaga adicio-nal para indígenas e quilombolas em cada curso de graduação. Atual-mente, o Programa gera uma vaga extra em cada curso para estudan-tes indígenas e quilombolas, bem como quinze vagas para candidatos surdos no curso Letras-Libras. Con-tudo, os universitários que ingres-saram na UFG por intermédio desse programa apontam desafios que ain-da precisam ser superados para que consigam permanecer na instituição e concluir os cursos escolhidos. Ten-do em vista esta realidade, estudan-tes do UFGInclui vêm desenvolvendo estudos e participando de atividades promovidas por órgãos da Universi-dade com o objetivo de ampliar os canais de reivindicação e afirmar sua presença na UFG.

Mariza Fernandes dos Santos ingressou no curso de Jornalismo, Faculdade de Informação e Comuni-cação (FIC), pelo programa UFGInclui, em 2009. Ela realizou em 2013, para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Ações afirmativas no curso de Jornalismo da UFG, uma pesquisa a respeito das influências e repercussões ocasionadas pela inclusão de cotistas no curso de Jornalismo. De acordo com a jornalista, esse tema é relevante porque, durante sua graduação, ações sobre a conscientização referente à condição dos cotistas ou informações sobre programas de permanência não chegavam a seu alcance.

A partir dessa pesquisa, foi rea-lizado o Primeiro Colóquio de Jorna-lismo e Diferença da FIC, em setem-bro de 2013, com coordenação da professora Luciene Dias, no qual os estudantes que ingressaram pelo UF-GInclui puderam expor problemas na estrutura do curso e apontar soluções como, por exemplo, disponibilizar tu-tores para auxiliar estudantes com dificuldades de gramática e produção textual. A jornalista explica que tais dificuldades são decorrentes, princi-palmente, da formação deficiente na escola pública. Agora, em sua pes-quisa de mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Geo-grafia, Mariza Fernandes pretende investigar como a condição de cotis-ta alterou ou influenciou a trajetória de estudantes, na universidade e em outros espaços por eles percorridos, como família, casa, bairro e trabalho.

Inclusão e permanência – Em março deste ano, criou-se no âm-bito da Prograd a Coordenação de Inclusão e Permanência (CIP), com o objetivo de promover ações volta-das à diminuição da evasão e da re-tenção de estudantes de graduação. “A função da coordenação é tratar o estudante de forma mais pessoal, muito além do número de matrícu-la, assegurando sua permanência acadêmica”, explicou o coordenador da CIP, Jean Baptista.

Além de prestar atendimento cotidiano aos estudantes, algumas atividades da CIP já estão em anda-mento, como o projeto UFG nas Co-munidades, que visita comunidades indígenas e quilombolas para difun-dir o Programa UFGInclui. Também foram criadas disciplinas de núcleo livre em Química, Matemática e Por-tuguês em parceria com os professo-res Ana Canavarro, Bethânia Santos e André Marques. A principal estra-tégia de conexão da Prograd com os estudantes do UFGInclui está na sexta edição do projeto Rodas de Conversa, o qual ainda se realizará. Este consiste em reuniões mensais

com o reitor, pró-reitores, profes-sores, servidores, lideranças comu-nitárias e estudantes indígenas e quilombolas para discutir o ingresso e a permanência na UFG. Por meio destas e outras atividades, conse-guiu-se garantir que os estudantes do UFGInclui estivessem informados sobre as políticas de permanência, bem como não se registrou nenhu-ma evasão de indígena ou quilombo-la ao longo de 2014. “Além do empe-

nho geral da equipe da Prograd, os resultados positivos devem-se à mo-bilização dos estudantes do UFGIn-clui, unidos pela busca de garantias por um ensino superior onde o di-reito à diferença seja assegurado”, disse Jean Baptista.

Além da CIP, outras equipes foram montadas na gestão anterior e na atual com o objetivo de desenvolver ações relacionadas ao acolhimento dos estudantes da universidade (ver box).

Pesquisas – Os encaminhamentos e sugestões que surgiram nas rodas de conversa servirão de auxílio para o desenvolvimento de outra pesquisa de TCC. A estudante quilombola do cur-so de Relações Públicas da FIC, Marta Quintiliano, está fazendo um estudo sobre as representações sociais de in-dígenas e quilombolas em relação às políticas de cotas da UFG, entre 2009 e 2013, com estudantes que partici-pam desse grupo de reuniões.

Marta Quintiliano afirma que, desde seu ingresso na universidade, tinha o interesse de produzir algo para dar visibilidade à sua comu-nidade, Vó Rita, da cidade de Trin-dade. Contudo, ela decidiu ampliar mais seu estudo. “Eu percebi que a questão era maior, não era só com o meu grupo. Os indígenas, por exem-plo, expressavam preocupações se-melhantes às nossas durante as reu-niões. Nós entramos na universidade pensando em melhorar a realidade da comunidade”, explicou.

A estudante está elaborando seu estudo com base em entrevistas e na análise das rodas de conversa para saber a opinião desses estudantes a respeito do processo de permanência na universidade. De acordo com Mar-ta Quintiliano, sua pesquisa terá uma abordagem mais humanizada: “Irei problematizar os dados existentes, por exemplo, sobre a evasão desses estudantes, buscar causas e medidas que procurem melhorar”. A estudante acredita que, uma vez que ela integra uma comunidade quilombola, esse trabalho possibilitará que as próprias comunidades possam se expressar de forma diferenciada. “Esse fato trará mais pessoalidade à pesquisa e per-mitirá mais espontaneidade nas res-postas dos entrevistados”.

O reitor Orlando Amaral participa da 4ª Roda de Conversas com estudantes indígenas e quilombolas

Visita à Comunidade Kalunga Quilombola do Engenho 2 para divulgação do Programa UFGInclui

Órgãos voltados ao acolhimento do estudante:

• Coordenadoria de Ações Afirmativas da Reitoria, coordenada por Luciene Dias;

• Coordenação de Inclusão e Perma-nência da Prograd, coordenada por Jean Baptista;

• Comissão Consultiva do UFGInclui da Prograd, coordenada por Renata Dias e Alex Ratts;

• Núcleo de Acessibilidade da Prograd, coordenado por Régis Silva.

Para mais informações procurar Espaço Afirmativa no piso superior do Centro de Convivência do Câmpus Samambaia. Telefone 3521-1714

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6 Jornal UFG Goiânia, outubro de 2014MESA-REDONDA

Prevenção é a melhor forma de combate ao vírus da AidsTV UFG e ASCOM

A Aids, doença que causou comoção na década de 1980, continua a ser um problema

de saúde pública em todo o mundo. A prevenção ainda é a única forma de evitar a doença, mas ela continua crescendo em todas as classes sociais e faixas etárias da população. Para falar sobre como têm sido realizados a prevenção e o tratamento dos portadores do vírus HIV e pacientes com Aids, entrevistamos Sandra Brunini, professora da Faculdade de Enfermagem da UFG (FEN), Rosilda Marins Marinho, presidente da ONG Pela Vida, de Goiânia, e Edvan Miranda, coordenador de DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde.

Qual é o cenário atual da Aids no Brasil e no estado de Goiás? Quais são as estratégias do governo para prevenção e tratamento? Como vocês avaliam essas estratégias?

Sandra Brunini – Essa epidemia existe há 30 anos, e ainda temos muitas dificuldades, questões a serem resolvidas e dúvidas a serem esclarecidas no meio científico, mas, principalmente, entre a população. Temos dúvidas até a respeito da diferença entre ser exposto ao vírus, ser um indivíduo infectado, e ser uma pessoa doente de Aids. Ainda não se sabe bem a diferença entre ter o HIV e ter Aids. E isso, de alguma forma, interfere no direcionamento das políticas de enfrentamento dessa importante epidemia. Ao contrário do que muitos imaginam e do que muitas vezes é divulgado na mídia, a Aids não está diminuindo. Tem-se a falsa impressão de que ela está diminuindo, de que não existe mais, de que não tem mais importância epidemiológica nem impacto na vida da população; mas nada disso é verdade.

Rosilda Marins – A população relaxou muito e, em função disso, os dados têm mostrado aumento do número de casos de pessoas infectadas, e esses números vão aumentar ainda mais. A ONG Pela Vida iniciou um projeto de sete meses, que contou com a participação de outras ONGs e que consiste na aplicação de testes com fluidos orais para a obtenção de dados mais precisos. O que temos hoje, por meio desse projeto, são dados de pessoas em tratamento. E a política do Ministério da Saúde é fornecer remédio para todos, independentemente do tipo de carga viral: indetectável, baixa ou alta. Além disso, se o paciente tem o exame HIV positivo, ele é inserido no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan). Com isso, será possível ter dados mais precisos e, de fato, teremos um cenário que mostrará a realidade, que, lamentavelmente, será assustadora.

Então pode haver casos de subnotificação? Há pessoas que não têm ideia de que têm o vírus?

Edvan Miranda – Sim, temos muitos casos não notificados. Porém, uma novidade que a população deve saber é que, a partir de junho deste ano, o Ministério da Saúde lançou uma Portaria na qual foram revistos os agravos de notificação compulsória, e, agora, o HIV faz parte desses agravos. No Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que é nosso banco de dados, tínhamos apenas registros dos casos de Aids, mas, a partir de agora, esse sistema vai notificar também os casos de HIV. Isso vai contribuir para que tenhamos dados mais reais e precisos sobre essa epidemiologia. Uma vez notificadas de que estão com o vírus, as pessoas já iniciarão o tratamento, independente da carga viral. Uma das ações preventivas que o Ministério da Saúde está começando a adotar é o uso dos retrovirais. Antes eram feitos exames para ver a carga viral do paciente, e, de acordo com isso, é que se iniciava o tratamento. Mas a recomendação agora é entrar com a medicação a partir do momento em que se sabe portador do HIV. Isso para que a carga viral seja reduzida e diminuam, também, as possibilidades de transmissão do vírus, caso o portador tenha relações sexuais desprotegidas.

Como estão os números no estado de Goiás?Edvan Miranda – Os dados acumulados em

Goiás desde o início da epidemia, em 1984, até setembro de 2013, mostram 12.109 casos de Aids. Porém, registramos no Sinan uma média de 500 novos casos anuais.

Sandra Brunini – É importante distinguir os casos de Aids dos casos de infecções. Até agora, o Brasil só trabalhava com a vigilância epidemiológica da Aids. No entanto, a Aids é a reta final do desenvolvimento de uma infecção. Do período em que a pessoa é exposta ao vírus e se infecta, até o momento em que ela desenvolve a Aids, seguindo o

curso natural da doença e não havendo nenhuma interferência natural ou terapêutica, pode levar de sete a dez anos. Monitorar a Aids é ter o retrato de uma situação iniciada de sete a dez anos atrás. Alguns países no mundo já fazem vigilância do HIV há quinze anos. Essa é a vigilância de segunda geração.

Uma pessoa que já recebe o diagnóstico no estágio da Aids ainda pode voltar a ser saudável?

Sandra Brunini – Sim, mas o prognóstico é mais reduzido do que quando o vírus é descoberto precocemente. Por isso, toda a importância do investimento em diagnóstico precoce.

Rosilda Marins – Hoje, a maior causa de morte por Aids é o diagnóstico tardio. Isso mostra

como o diagnóstico é importante para a qualidade de vida das pessoas infectadas e também para a prevenção. A carga viral, a quantidade de vírus que a pessoa tem no sangue, se tratada, também reduz o risco de transmissão. O paciente que recebe esse tratamento, às vezes, não precisará tomar outros tipos de medicamento. A política atual é a de um só comprimido com três drogas para tais pacientes. Isso é um avanço. Essas pessoas farão exames pelo menos de seis em seis meses, serão acompanhadas e terão uma vida normal como qualquer outra pessoa com problemas crônicos, como a diabética. Nossos maiores problemas eram a falta de diagnóstico e o fato de as pessoas estarem se infectando como se a doença não existisse. Esses problemas sempre foram enfrentados tanto entre jovens quanto por indivíduos na terceira idade.

Ainda existe grupo de risco?Edvan Miranda – Não usamos mais esse

termo. Hoje o termo correto seria comportamento de risco, porque a contaminação pelo HIV permeia todas as classes sociais e faixas etárias, não existindo mais um grupo específico, como existiu no início da epidemia, quando os casos iniciaram em grupos de homossexuais. Hoje os dados evidenciam que o número de casos é maior entre heterossexuais do que entre homossexuais. Os mais vulneráveis à infecção são os profissionais do sexo e os usuários de álcool e outras drogas, mas não há mais grupos de risco. Inclusive, mulheres casadas estão apresentando o vírus. Às vezes o esposo tem relações extraconjugais, e a negociação do uso do preservativo pode denunciar problemas como a traição, e, por isso, acaba sendo menor o uso de preservativo entre casais.

Em relação ao combate e à prevenção, como são desenvolvidas hoje as campanhas, os públicos-alvos? Em Goiás existem campanhas específicas?

Edvan Miranda – Temos quatro campanhas pontuais executadas todos os anos. Iniciamos as ações de prevenção no período de carnaval,

Sandra Brunini

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MESA-REDONDAJornal UFG Goiânia, outubro de 2014 7

distribuindo materiais informativos com o apoio das secretarias municipais de saúde. Também veiculamos campanhas na TV, rádio e redes sociais, e aumentamos a cota de distribuição de preservativos para dar suporte a essas ações. Temos ainda a campanha de férias, criada diante de uma necessidade do estado de Goiás. Antes, as ações eram pontuais, nos municípios ribeirinhos do Araguaia, por causa do concentrado fluxo de pessoas neste local nas férias de julho. Mas percebemos que outros municípios, como Caldas Novas e Pirenópolis, também recebem muitos turistas, e isso fez com que ampliássemos a campanha para todo o estado. A sífilis é outra doença relevante e preocupante em nossa sociedade, e, em outubro, temos a campanha de combate a essa doença. Preconizada pelo Ministério

da Saúde, a campanha acontece anualmente, em geral, no terceiro sábado de outubro. Também promovemos o Dia Mundial de luta contra a Aids, no dia 1º de dezembro. Fora essas quatro campanhas, realizamos ações de prevenção durante todo o ano em escolas, com a parceria da Secretaria de Estado da Educação. Entre essas ações, está o projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, voltado para o trabalho com adolescentes que estão descobrindo sua sexualidade. É um momento oportuno para trabalhar a prevenção com essa população. Também damos suporte às secretarias municipais, a universidades e outras instituições, para prevenção e informação.

Sandra Brunini – Essa parceria da secretaria com outros órgãos, como ONGs e universidades, tem sido profícua. A UFG tem desfrutado dessa parceria, tanto nas ações de extensão quanto de pesquisa. Como professora, venho contando com esse apoio e suporte da coordenação estadual no ensino, na pesquisa e na extensão. Um projeto recente surgiu da convivência com o jovem universitário, e ele será implementado ainda este ano na UFG, com o apoio da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). Temos um projeto de prevenção de DSTs na Faculdade de Enfermagem, com a implantação de dispensadores de preservativos na Universidade, cedidos pela coordenação (do DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde). O projeto prevê, além da distribuição dos preservativos, oficinas para vivenciar o uso deles. Essas ações serão ampliadas para toda a Universidade. Essa forma de prevenção em grupo, muitas vezes, não é possível em situação de risco.

Rosilda Marins – Acho que perdemos bastante do começo da epidemia até agora. Houve mudanças, como a descentralização de recursos, mas a ONG Pela Vida não tem hoje nenhum projeto em parceria com o governo do estado, apenas com o Ministério da Saúde. Percebo um enfraquecimento das coordenações, em nível nacional. Quando o recurso chega, ele vai para a Assembleia, vai para edital, e isso demora quatro, cinco anos até que ele chegue a nós para ser trabalhado. O trâmite dos recursos tem sido complicado. E é uma política nacional: o governo tenta fazer com que a Aids seja

uma doença como qualquer outra, mas ela tem, sim, suas particularidades: ela não é uma doença sexualmente transmissível, como a sífilis.

Existem estudos com vacinas. Estamos avançando com relação à cura?

Sandra Brunini – A infecção por HIV não tem cura, isso é preciso ficar claro. O portador deve cuidar da sua saúde, como em outras doenças, mas ele sempre será portador do vírus. Contudo, o desenvolvimento da doença no indivíduo dependerá de como ele vai enfrentar o diagnóstico e conduzir o cuidado com sua saúde. Uma vez que não há cura, a pesquisa hoje procura investir em métodos de prevenção biomédica, como a fabricação de vacinas que impeçam a replicação viral e a infecção ou que possam retardar o processo de adoecimento. As vacinas são muito complexas. Seu desenvolvimento implica ensaios biomédicos. Seja a vacina, uma medicação específica ou as terapias combinadas, todas só podem ser utilizadas em seres humanos após o cumprimento de uma série de protocolos de ensaios clínicos. São várias fases, que começam com os testes em animais e vão até a última fase, que são os testes em humanos. Os protocolos são muito rígidos, e devem ser assim, para garantir segurança às pessoas que participam das pesquisas e à população-alvo desses testes. No momento não temos nenhuma vacina que esteja na fase 4, que é a fase de testes em pessoas. Ou seja: não há probabilidade de uma vacina chegar ao mercado antes de dez anos. Outros métodos conhecidos hoje são eficazes para reduzir a replicação viral no organismo. É com isso que se trabalha atualmente. Com o tempo, impede-se que o indivíduo desenvolva doenças chamadas oportunistas. Antigamente tínhamos uma medicação extremamente tóxica. O marco brasileiro dessa época foi o Cazuza. O AZT era a única medicação disponível no mundo. Hoje, trinta anos depois, temos um arsenal terapêutico importante, não tão grande como o dos antibióticos, por exemplo, mas com medicações que atuam em várias fases do ciclo viral.

Como é a vida para um portador do vírus? É possível ter uma vida normal? Como é a disponibilização de medicamentos pelo SUS?

Rosilda Marins – Hoje a vida é quase normal, em vista do que era no passado. Eu cheguei a tomar vinte e oito comprimidos por dia. Hoje tomo seis comprimidos específicos. Tomávamos muitos medicamentos, mas que produziam pouco efeito sobre a doença e muitos efeitos colaterais. Além disso, não havia uma disponibilidade satisfatória desses medicamentos. Hoje já temos os medicamentos e os serviços de referência disponíveis. Ainda é complicado, como a saúde em geral no país também é. Você tem de ir ao hospital, tem de ir ao serviço público, gastar horas para realizar a consulta e os exames. Ademais, tem de fazer caminhada, ter uma alimentação saudável e tomar remédios todos os dias. Você precisa lutar por uma vida com qualidade, mas é uma vida quase normal. Você tem a possibilidade de discutir com seu médico as melhores terapias, aceitá-las e se tratar.

A aceitação é difícil?Rosilda Marins – Sim. O preconceito ainda

é muito grande. Nem o portador aceita a doença, que dirá a população. E ele precisa tomar os remédios todos os dias. Mesmo a medicação de um comprimido só, tem efeitos colaterais. Mas se você fizer tudo isso, é possível ter uma vida quase normal. Claro que vêm outros agravantes, como o aumento do triglicérides, por exemplo.

Sandra Brunini – Os efeitos colaterais já melhoraram muito. Os novos fármacos têm reduzido aqueles mais graves que antes existiam, como as alterações do metabolismo no organismo e em sua

distribuição, os efeitos sistêmicos, neurológicos e dermatológicos e o envelhecimento precoce. Como lidar com o preconceito, principalmente, os que acabam de descobrir que tem o HIV?

Edvan Miranda – Para a aceitação e o trabalho com o preconceito, contamos muito com as ONGs, que realizam reuniões e encontros para dar assistência e apoio a quem acaba de receber o diagnóstico do HIV. Quando o paciente não tem o apoio da família ou não tem coragem de contar para a família, nós o encaminhamos para as ONGs, que fazem esse trabalho de sensibilização e acolhimento, para que o paciente aceite a nova condição, aderindo à medicação. Ele começa a enxergar que não é o fim da vida, mas que precisará ter alguns cuidados. O portador do HIV pode ter uma vida quase normal, mas

sabemos dos efeitos colaterais. Conheço pessoas que vivem com o vírus há anos e são bem saudáveis, pois fazem adesão ao tratamento e praticam exercícios. Elas não possuem aquele aspecto magro do portador do HIV, como tinha o Cazuza.

Sandra Brunini – Uma coisa é estar infectado e outra é evoluir para a doença. O diagnóstico precoce dá início ao tratamento precoce, o que impede a evolução da doença. Não deveríamos mais ter tantos casos de Aids como ainda temos. Aqui em Goiás, em um trabalho que fazemos há vários anos com pacientes do hospital de referência, percebemos que 60% dos indivíduos que são atendidos pela primeira vez já chegam com Aids, isso que precisamos combater. Com toda a tecnologia de testes que temos, como as pessoas só se descobrem portadoras do vírus quando já estão doentes? Desse jeito elas não vão usufruir dos benefícios da medicação.

Rosilda Marins – Tivemos um caso de uma jovem de 25 anos que teve morte súbita, e, só cinco meses depois, foi descoberto que ela morrera de Aids. Falta de diagnóstico. É uma situação que vai se repetir muito se as pessoas não se sensibilizarem para a importância de fazer o exame. É difícil, mas é a melhor forma. Fugir é uma possibilidade de adoecer.

É possível perceber sintomas?Sandra Brunini – Os sinais e sintomas são

bastante conhecidos da população: diminuição de mais de 10% do peso sem dieta, queda de cabelo, febre, falta de apetite, manchas no corpo, tuberculose, pneumonia. Hoje, no Brasil, a tuberculose é a porta para a descoberta da Aids. E isso é absolutamente desnecessário tendo em vista tantos recursos de diagnóstico e tratamento. Porque a doença significa que o paciente estava há dez anos infectado pelo vírus, sem nenhuma intervenção. Hoje o Brasil tem uma política que oferece medicação independente da carga viral dos pacientes. Ou seja, se diagnosticado, ele não vai adoecer. E é isso que queremos.

Rosilda Marins – Temos de procurar o serviço de saúde. Não devemos nos tratar em casa, nem nos automedicar. É importante ir ao serviço de saúde, relatar seu histórico, dizer se transou sem camisinha e pedir para fazer o exame.

Edvan Miranda Rosilda Marins

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Vítimas invisíveis da violência em busca do sonho americano

Pesquisador, Júlio da Silveira Moreira, investigou a relação entre violência contra imigrantes brasileiros que tentam atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos e crime organizado

Serena Veloso

Agosto de 2010: 72 imi-grantes ilegais que tentavam atravessar

a fronteira do México com os Estados Unidos foram assas-sinados em um rancho próxi-mo à cidade de San Fernando, no Estado de Tamaulipas. As mortes foram causadas por integrantes de um cartel de drogas, que sequestraram os estrangeiros, oferecendo trabalho como matadores de aluguel e, devido à recusa, os assassinaram. A chacina, que ficou conhecida como Massa-cre de Tamaulipas, teve reper-cussão na imprensa mundial, que colocou em pauta as dis-cussões sobre a migração de latino-americanos pela fron-teira México-Estados Unidos e a relação com a violência promovida por organizações criminosas. Entre os mortos, quatro eram brasileiros, sendo dois da região de Governador Valadares, em Minas Gerais.

O caso despertou o in-teresse do advogado e então doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociolo-gia da UFG, Júlio da Silveira Moreira, que passou a inves-tigar os motivos pelos quais os brasileiros continuam se submetendo aos diversos pe-rigos no trânsito ilegal para os Estados Unidos e, ainda, a relação entre a política mi-gratória do país e a violência contra os imigrantes. A pes-quisa resultou na tese Violên-cia contra migrantes em trân-sito no México, defendida no início do mês de agosto, sob orientação do professor e di-retor da Faculdade de Ciên-cias Sociais (FCS), Dijaci Da-vid de Oliveira.

Durante um ano, entre 2012 e 2013, Júlio Moreira esteve no México, em dou-torado sanduíche na Univer-sidad Nacional Autónoma de México (Unam), realizando pesquisa dentro do Centro de Investigaciones sobre Améri-ca del Norte, sob orientação da professora Adriana Es-tévez López. Lá, o pesquisa-dor acompanhou de perto a realidade vivida por aqueles que tentam entrar nos Esta-dos Unidos sem o visto. Já no Brasil, ele foi à região de Governador Valadares entre-vistar as famílias dos dois jo-vens assassinados no Massa-cre de Tamaulipas.

Guerra às drogas

Segundo o pesquisador, a vigilância da fronteira entre México e Estados Unidos pelo governo norte-americano é ex-tremamente severa e integra a própria política de guerra ao terror e de combate às drogas no país. Para combater o nar-cotráfico e, ao mesmo tempo, evitar a entrada de pessoas indocumentadas, ou seja, sem autorização ou visto, em seu território, foram criadas estra-tégias que envolvem a inter-ferência política e militar no México. “Essa política se ma-terializa no México por meio de acordos de cooperação estra-tégica e militar, um prolonga-mento do Tratado Norte-Ame-ricano de Livre Comércio (Naf-ta) e outras iniciativas, como a Aliança para a Segurança e Prosperidade da América do Norte (Aspan)”, explicou.

No entanto, ele afirma que tais restrições acabam por incentivar o desenvolvimento do narcotráfico: “Quanto mais proibições e restrições, mais o tráfico ganha poder, porque os traficantes começam a atuar no mercado ilegal. Assim, o preço da droga aumenta, mes-mo sendo muito barato o cus-to de produção”.

O governo mexicano, em 2006, também aderiu ao mo-delo norte-americano de guer-ra às drogas. Anos antes, o então presidente, Vicente Fox, havia aprovado um acordo de isenção de vistos entre Brasil e México para livre trânsito de empresários, o que teria cau-sado um aumento no fluxo mi-gratório de brasileiros para os Estados Unidos que viajavam

para a Cidade do México, de onde seguiam trajeto rumo à fronteira. Com o fim do acordo em 2006, os imigrantes encon-traram grande dificuldade para se deslocarem diretamente da capital mexicana e traçaram nova rota pela fronteira entre Guatemala e México.

Para fazer a rota, os via-jantes adentravam o México de forma anônima – o que os tor-nava vulneráveis diante de si-tuações de violência, roubo ou sequestro – possibilitando que as organizações criminosas estabelecessem novas formas de lucro. “O massacre de 2010 leva a uma interpenetração entre o problema do tráfico de drogas e o da migração, porque chega um momento em que es-ses cartéis lidam não só com o narcotráfico, mas também com o tráfico de pessoas”, apontou.

O sonho americano

Em sua pesquisa, Júlio Moreira remonta o contexto de início dos fluxos migrató-rios do Brasil para os Esta-dos Unidos a partir da década de 1980. Para ele, a questão econômica era – e ainda é – o principal motivo da saída de brasileiros do país que, devi-do à falta de perspectiva de emprego, sonhavam em tra-balhar em países estrangeiros para acumular dinheiro e re-tornarem para suas famílias. Porém, uma vez que se esta-belecem no país norte-ameri-cano também abrem possibi-lidades para que seus familia-res se arrisquem na emigra-ção. Júlio Moreira afirma que o fluxo migratório também é mantido pelas redes de agen-

ciadores, que providenciam o visto, documentação ilegal, e fazem a passagem dos viajan-tes pelo México.

Baseado no estudo de caso sobre a região de Go-vernador Valadares, o pes-quisador pôde avaliar que as emigrações se dão, principal-mente, entre habitantes das áreas rurais, que enxergam possibilidade de mudanças na situação socioeconômica. Po-rém, as perspectivas não são correspondidas já que eles são submetidos à pesada carga de trabalho e não conseguem ar-recadar o necessário para me-lhorar de vida.

Estrangeiros sem direitos

Apesar da grande de-manda no mercado de traba-lho dos Estados Unidos, o país investe fortemente em políti-cas para restrição da entrada de imigrantes, dificultando a concessão de vistos para tra-balhadores brasileiros. Para explicar essa questão, Júlio Moreira utilizou a teoria do mercado de trabalho dual ou segmentado. A teoria verifica

que grande parte das atrações exercidas sobre a migração internacional, em que indiví-duos de países menos desen-volvidos vão para países com maior desenvolvimento econô-mico, está relacionada ao mer-cado de trabalho secundário, que necessita de mão de obra flexível e menos qualificada.

No caso dos Estados Unidos, enquanto o mercado de trabalho primário atrai em grande parte a população na-cional, já que compreendem ocupações que exigem maior escolaridade e liderança, o se-cundário reserva vagas para pessoas indocumentadas de outros países. Os emprega-dores não oferecem para os trabalhos informais e menos qualificados salários altos, plano de carreira, nem direi-tos trabalhistas, o que retira as responsabilidades do go-verno com os imigrantes como cidadãos. Além disso, a inten-ção dos próprios migrantes é de retornar ao país de origem. “Eles precisam ser indocu-mentados para que eles não sejam sindicalizados, não te-nham direitos”, constatou.

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Mães da Guatemala se reúnem em caravanas para procurarem filhos desaparecidos no trânsito migratório pelo México

Na capela do Albergue Hermanos en el Camino, na cidade mexicana de Ixtepec, pessoas observam

fotos de imigrantes desaparecidos

8 Jornal UFG Goiânia, outubro de 2014PESQUISA

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Estudo demonstra que consumo de amêndoa baru reduz a concentração de colesterol no sanguePesquisadores do Laboratório de Nutrição Experimental realizaram ensaio clínico inédito para analisar o efeito do fruto em seres humanos

Águita Araújo

A prevenção de doenças cardiovasculares, como a arteriosclerose, agora tem uma nova aliada: a amêndoa de baru. Pesquisadores do Laboratório

de Nutrição Experimental (Lanut) da Faculdade de Nu-trição (Fanut) da UFG descobriram, por meio de uma pesquisa inédita, que indivíduos com alteração mode-rada nos níveis de colesterol total (hipercolesterolemia) podem se beneficiar do consumo de baru.

A pesquisa, iniciada em 2013 e desenvolvida como parte de uma dissertação de mestrado da então estudante do Programa de Pós-Graduação em Nutri-ção e Saúde, Ana Paula Nunes Bento, foi publicada este ano no Nutrition, Metabolismand Cardiovascular Disease, periódico de referência mundial na área de nutrição e doenças cardiovasculares. Ana Paula Ben-to desenvolveu o estudo com a orientação da professo-ra Maria Margareth Veloso Naves e coorientação das professoras Mara Reis Silva e Cristiane Cominetti.

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da inclusão de uma porção diária de amêndoa de baru na alimentação de pessoas moderadamente hiperco-lesterolêmicas. Foram avaliados o perfil lipídico e o estado oxidativo desses indivíduos. O método utiliza-do foi o crossover, no qual todos os voluntários da pesquisa são submetidos tanto ao tratamento testado (nesse caso, o baru) quanto ao tratamento com pla-cebo (nesse caso, uma cápsula de amido de milho). Esse método permitiu a observação mais precisa do momento em que houve o processo de redução das concentrações lipídicas dos indivíduos, aumentando a força estatística dos resultados obtidos.

Homens e mulheres com idade entre 21 e 57 anos compuseram o grupo de 20 indivíduos que par-ticiparam do estudo. Eles consumiram 20g, que equi-vale aproximadamente a 15 unidades de amêndoa de baru por dia, durante seis semanas. Ao final da su-plementação, foi observada uma redução significati-va, comparada ao período que o voluntário consumiu placebo, nas concentrações de colesterol total (-8,1%) e lipoproteínas de baixa densidade associadas ao co-lesterol, LDL - colesterol (-9,4%). De acordo com Ana Paula Bento, a suplementação da dieta de indivíduos moderadamente hipercolesterolêmicos com amên-doas de baru melhorou o perfil lipídico, isso indica que este alimento pode ser incluído em dietas para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

As vantagens do baru

A formação de placas de gordura na parede dos vasos sanguíneos é considerada um dos principais fatores para o desenvolvimento de doenças cardiovas-culares, como a arteriosclerose. Segundo a nutricio-nista, Ana Paula Bento, o colesterol e os triglicerídeos compõem a categoria dos lipídios que, em níveis ele-vados na corrente sanguínea, contribuem mais para a ocorrência dessa doença.

Ela esclarece que o baru atua justamente na redução desses lipídios. Esse efeito é atribuído à com-posição nutricional do alimento, com destaque para o conteúdo de ácidos graxos mono e poli-insaturados. Além disso, o fruto possui fibras e compostos bioati-vos, como os polifenóis, que possuem a propriedade de reduzir a absorção de gordura no intestino e atuar como antioxidantes, respectivamente, explica Ana Paula Bento.

O efeito do consumo da amêndoa de baru na re-dução das concentrações de colesterol total e de LDL possui um diferencial em relação a outras oleginosas já pesquisadas. “A maior parte dos estudos feitos com oleaginosas, como castanha-do-pará, amêndoas, ma-cadâmia e nozes, utilizou uma porção de 60g a 100g. No nosso estudo, utilizamos apenas 20g de amêndoa de baru, o que foi suficiente para obtermos um resul-tado satisfatório, ou seja, a porção utilizada foi de 3 a 5 vezes menor em comparação a outros estudos”, explica a nutricionista.

Essa importante descoberta para a prevenção de doenças cardiodvasculares pode contribuir tam-bém para a valorização da vegetação do bioma Cerra-do. Ana Paula Nunes explica que a árvore do baru cos-tuma ser abatida para a comercialização da madeira. Uma vez que o fruto se torna um elemento importante para a alimentação, a espectativa da nutricionista é de que a exploração da madeira seja evitada.

Novas questões

Os resultados do estudo realizado por pesqui-sadores do Lanut estimulam outras investigações, como a relação entre a dose consumida e a resposta no organismo; se o fruto pode beneficiar indivíduos

Cristiane Cominetti, Ana Paula Nunes Bento e Maria Margareth Veloso Naves, autoras do artigo no periódico

Nutrition, Metabolismand Cardiovascular Disease

em diferentes fases e condições fisiológicas; o impac-to sobre outros tipos de doença e desfechos clínicos, além de estudos com enfoque no impacto do alimento sobre a expressão de genes e a influência da genética no efeito do alimento no organismo.

Segundo a professora Maria Margareth Veloso Naves, coordenadora do Lanut, análises prévias da composição da película que envolve o fruto, seme-lhante a do amendoim, porém mais espessa, indicam a presença de altas concentrações de compostos fenó-licos, que possuem atividade antioxidante. Ela explica que é importante conduzir outras pesquisas para es-clarecer os tipos de compostos fenólicos existentes na película do fruto e quais benefícios podem trazer para a saúde das pessoas.

Pesquisas da Fanut sobre o fruto

Há sete anos, o grupo de pesquisa da pro-fessora Maria Margareth vem desenvolvendo estudos para identificar os benefícios do baru para a alimenta-ção. Ao longo deste tempo, os pesquisadores já reali-zaram atividades como o levantamento completo dos componentes do fruto, como macronutrientes, com-posição mineral, perfil de ácidos graxos, qualidade pro-teica, compostos bioativos e capacidade antioxidante de frutos coletados em diferentes regiões do Cerrado. Em decorrência desses estudos, o grupo já publicou vários artigos em revistas de impacto internacional. Além dos estudos de caracterização química e nutricional, ensaios com modelos animais foram rea-lizados para investigar o efeito do baru no perfil lipídi-co no sangue, tendo sido obtidos resultados positivos, o que motivou o estudo em seres humanos. De acordo com a professora Maria Margareth, o Lanut contribuiu fundamentalmente para a identificação e análise do potencial do fruto para consumo humano, em termos de qualidade proteica e lipídica, tendo em vista que constitui um laboratório próprio para experimentação com animais, com o objetivo de investigar o efeito dos alimentos ou seus componentes na saúde.

A descoberta da suplementação alimentar diária com a castanha relacionada à prevenção de doenças cardiovasculares pode contribuir também para a valorização da vegetação do bioma Cerrado

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10 Jornal UFG Goiânia, outubro de 2014VIDA ACADÊMICA

O curso de Matemática está na UTI e precisa urgentemente de uma cirurgia de risco. Essa é a impressão que tenho desde que cheguei ao Câmpus Catalão da UFG em de-

zembro de 2012. E é sem medo que escrevo para relatar o pro-blema e apontar algumas ações que estão sendo desenvolvidas na Regional Catalão, desde 2013, por docentes da instituição e pesquisadores externos, que acreditam em uma possível melhora em médio prazo.

Desde que cheguei, coordeno o Seminário Semanal de Álge-bra (SSA), que visa diminuir a evasão, o abandono, a desistência e a reprovação em disciplinas ligadas direta e indiretamente à Álge-bra (disciplina com alto índice de reprovação e desistência). Den-tro desse projeto, há o Workshop de Álgebra da UFG-CAC, evento gratuito que chegará em sua terceira edição no período de 20 a 23 de outubro. Para mais informações acesse o sítio www.ssa_mat.catalao.ufg.br/

Não é exagero pensar que, se a evasão e as vagas ociosas continuarem no ritmo atual, o curso de Matemática Licenciatura tende a acabar. Meu maior espanto é ao confrontar a realidade de discentes desse curso na Regional Catalão com a minha na UnB há quase uma década. Os tempos mudaram, mas a vontade de estudar deve permanecer. Tomei posse como docente na UFG re-centemente e observo que falta nos estudantes maior motivação e apego com aquilo que se propõem a fazer e sobra deficiência na formação básica. É constante a desmotivação discente advinda, às vezes, justamente dessa falta de “base”. É evidente também a dificuldade deles em assuntos básicos que acaba tendo de ser contornada em âmbito de Ensino Superior, como ocorre na dis-ciplina Elementos de Matemática, pré-requisito para Cálculo I.

Estamos lidando com jovens e adultos que, de um modo geral, não têm perspectivas de continuarem os estudos após a gra-duação. Parte da responsabilidade é também da falta de recicla-gem dos professores e do Projeto Pedagógico de Curso (PPC), que não atendem com maior êxito os alunos com dificuldades na for-mação e com sérios problemas de horários de estudo – o curso de Matemática Licenciatura é noturno (predominantemente) e muitos alunos trabalham durante o dia e outros tantos saem mais cedo das últimas aulas para não perderem o ônibus (coletivo).

Sou consciente de que é necessário um levantamento maior para endossar o relatado neste texto. Porém, é o contato direto com os discentes que me motiva a realizar ações de melhoria para a Regional Catalão baseadas em projetos que deram certo em ou-tras instituições de ensino, como os projetos de extensão Dominó de Lógica (Unesp) e Rei da Derivada (UnB- Gama), que já tem a autorização dos autores e serão implantados na Regional Catalão em 2014, e o curso de especialização em Matemática (IME-UFG), já apresentado ao Departamento de Matemática como pedido de implantação para 2015. Além desses, há o PET-MAT (UnB) e esse será realizado em parceria com o Centro Acadêmico de Matemáti-ca (CAMat), que está sendo criado pelos discentes.

Ações como as citadas e também orientações de alunos em projetos de pesquisa ou iniciação científica são apenas a “cereja de um bolo”, que, sem dúvidas, é bem maior do que se pensa. Dis-ciplinas como Raciocínio Matemático: técnicas de demonstração melhoram a formação dos discentes, principalmente os de Exa-tas. Outra sugestão que poderia amenizar esse “grito de socor-ro” seria designar um orientador acadêmico para cada aluno do curso. O III Workshop de Álgebra da UFG-CAC também contribui com isso, visto que o evento, em suma, é uma iniciativa singular de complementação didática e acadêmica, que auxilia na forma-ção profissional do público-alvo (discente de diversos cursos e participantes do público externo à UFG) e daqueles envolvidos no projeto. Ao final do Workshop, espera-se que os alunos estejam mais motivados e que os problemas que forem desenvolvidos se transformem em artigos científicos e projetos de pesquisa.

*Professor do Departamento de Matemática da Regional Catalão - UFG

Senti que o curso de Matemática da Regional Catalão pedia socorro

ARTIGO

Igor dos Santos Lima*

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ação Licenciaturas no cen tro do debate na UFG

Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) aposta em diálogo e bolsas para alunos de licenciatura como estímulo para a escolha da carreira docente

Angélica Queiroz

Em todo o país os cursos de licen-ciatura têm perdido prestígio so-cial, o que resulta em alta evasão

e vagas ociosas (ver matéria na edição de setembro do Jornal UFG). Na UFG essa realidade não é diferente. No entanto, a Universidade tem se empenhado para encontrar soluções que minimizem o problema. No centro da ação está o deba-te. Para a coordenadora de Licenciatura e Educação Básica da Prograd, Miriam Fábia Alves, mais do que tomar medidas internas, é preciso estimular uma mu-dança política e cultural que funcione como chave para que as licenciaturas voltem a ser atraentes.

A UFG oferece hoje 57 licencia-turas com mais de sete mil alunos ma-triculados. Esses cursos conseguem formar aproximadamente 55% dos in-gressantes, número pequeno, mas ainda significativo quando comparado aos do cenário nacional. Para a coordenadora de licenciaturas da Prograd, a situação das licenciaturas no país é preocupante, mas ela é otimista e acredita nas ações que a Universidade tem desenvolvido.

O Programa Bolsas de Licenciatura (Prolicen), o Programa de Monitorias e o Programa Institucional de Bolsa de Inicia-ção à Docência (Pibid), projetos que apro-ximam a licenciatura e a educação bási-ca, estão entre as apostas para diminuir a evasão. A Prograd, em parceria com os institutos e unidades acadêmicas, tem in-vestido ainda em cursos de núcleo livre visando à permanência dos estudantes que ingressam com dificuldades básicas e acabam tendo problemas nas discipli-nas mais complexas, como Cálculo (ver reportagem na página 12). Na opinião de Miriam Fábia, superando essas dificulda-des, que muitas vezes desmotivam os alu-nos, a tendência é que a taxa de evasão nas licenciaturas diminua.

A maior aposta da coordenadora de licenciaturas é no debate. “Não temos outra saída, senão estimular o diálogo,” ressalta. Por isso, está sendo realizado mensalmente o Fórum de Licenciatura da UFG, um espaço para que os profes-sores discutam, formulem e acompa-nhem a criação de uma política de licen-ciatura para a instituição. No dia 22 de setembro, a reunião do Fórum contou com a presença do professor Luiz Dou-rado, da Faculdade de Educação (FE). Segundo ele, que é membro da Comissão de Formação de Professores do Conselho Nacional de Educação (CNE), “é preciso pensar no conjunto de políticas de gestão da educação superior”. Para Luiz Doura-do, a saída é discutir o projeto pedagógi-co dos cursos, sem dissociar a educação superior da educação básica.

Quadro crítico – Professor da Facul-dade de Artes Visuais (FAV) e membro do banco de avaliadores INEP/MEC, Cleomar Rocha, alerta para o fato de que muitos cursos de licenciatura es-tão sendo extintos no país. Segundo ele, as universidades particulares já fecharam ou estão fechando turmas e as instituições públicas têm problemas para atrair alunos. “Nas licenciaturas, as vagas é que disputam candidatos, e não o contrário,” afirma.

A solução para melhorar a quali-dade da educação em todos os níveis e em todo o país, de acordo com Cleomar Rocha, é encontrar caminhos para res-gatar o interesse pela carreira docente. “A licenciatura é o coração de todo o processo,” assinala. Para ele, as licen-ciaturas deveriam ser os carros-chefes da Universidade. “O nosso papel não é apenas formar, mas mudar cultural-mente o que está posto. Precisamos dialogar com os governos para reverter esse quadro. A Universidade não é uma ilha,” defende.

Durante Fórum de Licenciatura professor Luiz Dourado faz panorama sobre a carreira docente no Brasil

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VIDA ACADÊMICAJornal UFG Goiânia, outubro de 2014 11

Neste espaço, conforme aprovado no Colegiado da Uni-dade Acadêmica Especial de Matemática e Tecnologia (IMTec), da Regional Catalão, apresentamos elementos

que destacam o compromisso sério e responsável com que esta unidade conduziu e conduz o curso de licenciatura em Matemática ao longo de seus 26 anos de atuação no sudeste goiano.

Esse foi o terceiro curso de graduação da Regional Ca-talão, tendo sido implantado em 1988, com o objetivo de ga-rantir a formação de professores de Matemática para atuar nas escolas da região. Até o primeiro semestre de 2014, con-tribuiu com a formação inicial de 366 professores dessa disci-plina, estando acima da média nacional no índice de egressos na licenciatura. Entre os profissionais aqui formados, vários atuam em diversas instituições de ensino de maneira com-promissada. Aliás, parte significativa do corpo docente do IM-Tec consiste de ex-alunos do curso de Matemática.

Desde que foi alcançada a autonomia na construção e no desenvolvimento do projeto pedagógico do curso de Mate-mática, por meio da atuação do Núcleo Docente Estruturan-te, são constantes as discussões sobre adequações no curso para atender a legislações e pela necessidade de inovação no processo de ensino e aprendizagem de Matemática.

O curso de Matemática foi o embrião para a criação do IMTec, que vem se consolidando por meio da implantação de outros dois cursos de graduação (Matemática Industrial 2008 e Licenciatura em Matemática a Distância 2014) e dois programas de pós-graduação: Mestrado Profissional em Ma-temática (PROFMAT) 2012 e Mestrado em Modelagem e Oti-mização 2014. O PROFMAT visa à formação continuada de professores do ensino básico, e, no mínimo, 80% das vagas ofertadas destinam-se a este público.

Além dos cursos de graduação e pós-graduação, o IM-Tec desenvolveu e continua desenvolvendo ações que promo-vem a melhoria do ensino e aprendizagem de Matemática, entre as quais podemos citar: cursos de especialização; Sim-pósio de Matemática e Matemática Industrial; curso Galileu; Jornal Math-Folha; Olimpíadas Brasileiras de Matemática da Escola Pública (OBMEP); Integrar – Escola e Matemática; Tor-neio de Jogos Matemáticos; Workshop de Álgebra; Seminário Semanal de Álgebra; Phi: Reforço Escolar em Matemática; Dominó da Lógica Matemática; A Informática Básica como Ferramenta Motivadora no Ensino de Matemática; o Progra-ma de Iniciação à Docência (Pibid); e inúmeros projetos de pesquisa. Por meio dessas ações de extensão e pesquisa, o IMTec tem captado recursos para adequar sua infraestrutura e ofertar diversas bolsas aos estudantes, possibilitando-lhes maior vivência e dedicação às atividades acadêmicas.

Promovendo uma política de qualificação de seus do-centes, o IMTec facilita o afastamento deles para cursar doutorado e pós-doutorado em programas de excelência e incentiva-os à participação em eventos científicos. Iniciativas como estas se mostram importantes para fortalecer a interlo-cução com pesquisas recentes, especialmente, nas áreas de Matemática, Educação Matemática e Matemática Industrial. Ademais, os professores efetivos e em exercício possuem pelo menos a titulação de mestre.

Enfim, o IMTec apoia a luta pela valorização do traba-lho docente e se encontra aberto ao desenvolvimento de ações em prol do fortalecimento do ensino de Matemática.

*Chefe da Unidade Acadêmica Especial de Matemática e Tecnologia, Regional Catalão- UFG

Curso de Matemática da Regional Catalão: vem somar você também!

ARTIGO

Thiago Porto de Almeida Freitas*

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açãoLicenciaturas no cen tro do debate na UFG

Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) aposta em diálogo e bolsas para alunos de licenciatura como estímulo para a escolha da carreira docente

“Dá pra se fazer muito e acreditar no que se faz”

“Os desafios estão aí para serem superados”

Ricardo Gomes Assunção foi aluno de Matemática na UFG-Catalão e hoje é mestrando em Matemática pelo Mestra-do Profissional em Matemática (PROF-MAT) da mesma instituição e professor no Instituto Federal Goiano em Urutaí. Segundo ele, a desvalorização dos pro-fessores, o desinteresse dos alunos e as condições precárias de trabalho são os principais motivos para que a carreira do professor não seja atraente para o fu-turo estudante de ensino superior. “Eu, como professor de licenciatura, percebo claramente isso quando converso com meus alunos. Um trabalho de divulga-ção das licenciaturas e uma campanha de valorização dos professores devem ser feitos com urgência para garantir o futuro da profissão, que motiva todas as demais profissões”, alerta.

Para Ricardo Assunção, é errado culpar as instituições de ensino superior por esse desinteresse pelas licenciaturas. “Tive e tenho um ótimo curso, com pro-fessores qualificados, com ótimos pro-

jetos de pesquisa e extensão, com uma política de estágio muito significativa e todo o apoio dos professores. Inclusive, fui bolsista do CNPq na época da gradu-ação e hoje sou bolsista da CAPES. Claro que tive dificuldades também, mas onde elas não existem?,” detalha. Segundo ele, muitas vezes, falta investimento dos go-vernos nas licenciaturas, e os adminis-tradores têm de ter jogo de cintura para exercer um bom trabalho.

Mesmo com todos os problemas, ele tem orgulho da profissão que esco-lheu. “O fato é que hoje me considero um grande professor de matemática, e o que me deu todas as condições para exercer minha profissão foi o bom tra-balho desenvolvido pelos professores do curso de matemática da regional Cata-lão. Inspirado na luta diária deles é que hoje tento desenvolver um trabalho com meus alunos, mostrando o quanto essa profissão é bonita. Cheia de desafios, mas os desafios estão aí para serem su-perados,” conclui.

Pedro Augusto Lino Silva Costa, 21, é estudante do 8º período de Letras da UFG na regional Goiânia e acredita que não poderia ter escolhido um curso melhor. “Eu, de fato, gosto de estar me formando professor. Quero ser professor mesmo. O curso de Letras e as licencia-turas em geral nos proporcionam um crescimento muito grande,” declara.

O estudante concorda que tem ocorrido certo abandono da vontade de

ser professor. “Acho que conseguiram inculcar a ideia de que ser professor é menos digno porque se ganha menos. É uma situação muito difícil, mas é pos-sível. Dá pra se fazer muito e acreditar no que se faz,” opina. Para o estudante de Letras, a UFG tem investido cada vez mais em pesquisa, e isso é um grande avanço. Ainda segundo Pedro, o Proli-cen, do qual é bolsista, é de grande aju-da nesse incentivo.

Estudantes da Regional Catalão durante o I Workshop de Álgebra da UFG-CAC

Page 12: Jornal ufg 68

12 Jornal UFG Goiânia, outubro de 2014UNIVERSIDADE

Disciplina é criada para superar deficiências na

formação em MatemáticaOferecida como Núcleo Livre de Matemática Básica, a disciplina

irá auxiliar alunos com dificuldades em Cálculo I

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Camila Godoy e Thaíssa Veiga

O diretor do Instituto de Matemá-tica e Estatística (IME), Maurício Pieterzack, realiza, desde o início

do ano de 2013, estudos sobre aprova-ções e reprovações de alunos que cur-sam a disciplina de Cálculo I. Após a obtenção dos dados, foram detectadas falhas no aprendizado dos alunos, em especial, no que se refere aos conteú-dos de matemática básica. “As discipli-nas de Cálculo são mais difíceis, muitos alunos vêm com dificuldades dos ensi-nos básico e médio. Em geral, Cálculo I é a primeira disciplina que os alunos fa-zem, existe um grande choque, e é onde muitos desistem”, destaca o diretor do IME, Maurício Pieterzack.

Tendo conhecimento sobre as inúmeras reprovações, a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) e o IME cria-ram a disciplina de Matemática Bási-

Núcleo LivreCada turma de Matemática Bá-

sica tem como ementa: frações, equa-ções do primeiro e do segundo graus, inequações, potências, representação geométrica, funções elementares (linear, potência, módulo, racionais, seno e cosseno). Os alunos têm o au-xílio de monitores e devem cumprir exercícios e testes quinzenais com e sem consultas, além de avaliações em seminários para compor as notas das avaliações.

A PROGRAD recomenda ainda que os alunos se matriculem em, no máximo, seis disciplinas por semestre a fim de que tenham tempo para resol-ver exercícios e frequentar a monitoria.

No primeiro semestre de

2013 estavam matriculados na UFG

1.354 alunos em Cálculo I. O número

de estudantes reprovados foi de 831, o equivalente

a 61,37%

ca, oferecida como Núcleo Livre com 64 horas. As aulas pretendem auxiliar alunos com dificuldades para que pos-sam cursar posteriormente a disciplina de Cálculo I. Maurício Pieterzack deci-diu avaliar os estudantes dessa disci-plina e detectou dificuldades durante o processo de aprendizagem. A análise ocorreu mesmo antes de a média final dos cursos de graduação passar de 5,0 (cinco) para 6,0 (seis), com a aprovação do novo Regulamento Geral dos Cursos de Graduação (RGCG).

Durante os levantamentos, o diretor notou que o número de repro-vações iria aumentar quando a média subisse. “Fiz um estudo do que iria acontecer se a média fosse seis, antes mesmo de ela subir. A constatação foi de que 50% dos alunos que tinham sido aprovados em Cálculo I em 2013 teriam sido reprovados se a média fosse 6. A aprovação iria ficar por volta de 20% apenas”, relata o diretor.

Os interessados em se matricu-lar nessa disciplina passaram por uma prova, realizada no dia 11 de agosto. Segundo Maurício Pieterzack, 1.200 alunos foram notificados por e-mail por apresentarem mais dificuldade na disciplina de Cálculo I, porém apenas 390 se inscreveram e apenas 164 reali-zaram a prova.

Dentre os alunos que realiza-ram a avaliação, estava a estudante do 3º período do curso de Engenharia de Computação, Ana Paula Rodrigues de Oliveira, que não considerou o teste di-fícil, mas acredita que as deficiências da formação dos alunos poderiam impedir que eles se lembrassem das matérias cobradas: “O que estamos estudando no curso é fácil saber, porque é visto todos os dias, mas se você tem problemas com

a matemática básica e empurra com a barriga ao longo dos anos, não consegue responder nem a questões simples”.

Para Murilo Henrique Azevedo, estudante do 4º período do curso de Agronomia, a disciplina de Matemática Básica abrirá portas para quem não teve boa formação no ensino médio. Mas de-fendeu que, além das deficiências bási-cas, outros dois fatores são responsáveis pelo alto índice de reprovação na disci-plina de Cálculo I: a didática dos profes-sores e o empenho dos estudantes. “Se eu não me esforçar, nunca conseguirei ser aprovado. O teste de hoje me fez per-ceber que preciso me empenhar mais”, disse. A prova detecta se o aluno pode fazer a disciplina de Cálculo I ou se terá de passar antes pela Matemática Básica.

Teste realizado em agosto selecionou estudantes para cursar a nova disciplina

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13UNIVERSIDADEJornal UFG Goiânia, outubro de 2014

Momento de resgate das atividades esportivas

Desde a criação da Coordenação de Esporte e Lazer na Procom, equipes da Universidade ganharam destaque em competições e, este ano, várias modalidades terão representantes na etapa nacional dos Jogos Universitários

Angélica Queiroz

Este ano a cidade de Ara-caju vai sediar a final dos Jogos Brasileiros

Universitários (JUBs), e a UFG enviará para a competição representantes de várias mo-dalidades. Cerca de sessenta pessoas farão parte da delega-ção goiana. Essa participação expressiva da Universidade na competição é resultado de um trabalho que vem sendo de-senvolvido pela Coordenação de Esporte e Lazer, da Pró-Rei-toria de Assuntos da Comuni-dade Universitária (CEL/PRO-COM). Desde 2010, quando foi criada, a coordenação traba-lha para o resgate das práticas esportivas na Universidade.

O pró-reitor de assun-tos comunitários, Elson Fer-reira de Morais, lembra que a década de 1980 foi marcada por disputas esportivas acir-radas dentro da Universidade, mas tais competições deixa-ram de ser realizadas na déca-da de 1990. Para ele, colocar o esporte novamente em desta-que na Universidade faz com que esse seja um momento especial, sobretudo, por con-ta das Olímpiadas de 2016 no Brasil. “Fico muito feliz de es-tar presenciando esse impor-tante período para o esporte na Universidade. Acredito que esporte e lazer têm tudo a ver com assistência, que é o papel da PROCOM, e é por isso que estamos empenhados nesse trabalho”, afirma.

“Reconquistamos o lugar de grande Universidade do Centro-Oeste”

Centro de Esportes Câmpus Samambaia

Localizado ao lado da Casa do Estudante 5 (CEU V) no Câmpus Samambaia, o Centro de Esportes Câmpus Samambaia, que foi inaugurado com festa no dia 25 de setembro de 2014, é mais um marco no resgate das atividades esportivas na Univer-sidade. O local, com moderna academia e quadra poliesportiva, é um espaço para toda a comunidade acadêmica e funciona das 7 às 22 horas, com profissionais de Educação Física e monitores durante todo o período. O Centro de Esportes é administrado pela CEL/Procom, e as matrículas para a academia já estão abertas, assim como os agendamentos para o uso da quadra.

De acordo com o coordenador da CEL, o Centro é uma necessidade antiga da UFG, que contava com poucos espaços destinados à prática esportiva. “O Câmpus Samambaia não tinha um espaço para a comunidade, e o Centro vem para su-prir essa necessidade,” afirma. O local funciona como um es-paço de integração com a comunidade, reservando-se horários para as práticas esportivas de lazer (as populares peladas) e para festivais esportivos com equipes formadas aleatoriamen-te. Outro importante projeto destacado pelo coordenador da CEL é a implantação de uma política de incentivo aos espor-tes que também contemplará os servidores da Universidade. “Eles vão poder frequentar o Centro antes ou depois do expe-diente e sair do sedentarismo”.

Juracy esclarece que o espaço é para toda a comunida-de universitária, não estando diretamente relacionado com a Faculdade de Educação Física e Dança. No entanto, em de-terminados horários, também poderá servir de apoio para as aulas práticas dos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física. O coordenador destaca que já existem diver-sos projetos a serem desenvolvidos no local, como iniciação esportiva em várias modalidades e atividades específicas para portadores de necessidades especiais.

Destaques da UFG nos Jogos Universitários Goianos

as seguintes colocações:Campeã: basquetebol masculino e voleibol feminino;Vice-campeã: handebol e basquetebol femininos;Terceiro lugar: futsal, handebol e voleibol masculinos e futsal feminino.

Entre os dias 27 e 31 de agosto de 2014, a UFG participou dos Jogos Uni-versitários Goianos, compe-tição que foi seletiva para a etapa nacional em Aracaju. A Universidade destacou-se com equipes representati-vas em todas as modalida-des coletivas e conquistou

Segundo o coordenador da CEL/PROCOM e profes-sor da Faculdade de Educação Física e Dança (FEFD), Juracy da Silva Guimarães, a coordenação foi criada para atender às demandas esportivas que apareciam na Procom e instituir uma política de esporte e lazer para a UFG. Essa política está em construção e deve ser apro-vada pelo Conselho Universitário em 2014. Por meio de pesquisas realizadas, a equipe da CEL percebeu que era preciso democratizar a prática esportiva na Universidade e ampliar o número de praticantes de esportes no âmbito da instituição e de participações em eventos oficiais.

“Em 2010 fomos para os jogos universitários esta-duais apenas com uma equipe de futsal feminino. Depois começamos a chamar todo mundo e, já em 2011, con-quistamos o primeiro lugar geral na competição, porque tínhamos representantes em várias modalidades,” conta Juracy. Depois dessa vitória, criou-se outra necessidade: qualificar. A partir daí a coordenação começou também a fornecer materiais para treinamento e jogo e a contratar treinadores temporários para auxílio às equipes da UFG.

Em seguida, utilizando um banco de dados com os contatos dos alunos, a CEL/PROCOM passou a divul-gar as seletivas para os times e competições e a auxi-liar na formação das equipes, o que antes ficava a cargo dos próprios alunos. “Assim reconquistamos o lugar de grande universidade do Centro-Oeste para a UFG, que até então estava apagada nas competições,” comemora o professor. Graças a essas ações, a UFG é hoje a terceira universidade federal mais bem colocada do país, atrás apenas da Universidade de Brasília e da Federal do Rio Grande do Norte.

O estudante de Educação Física Danilo Tavares, 24, é um dos destaques da equipe de basquete da UFG, bi-campeã goiana. Ele acredita que a coordenação tem um papel essencial para a melhor visibilidade dos esportes na universidade. “Esse apoio tem sido muito importante. Com certeza ajudou, por exemplo, no bom desempenho da nossa equipe,” observa.

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Espaço foi inaugurado no dia 25 de setembro e oferece práticas esportivas para toda a comunidade universitária

Equipe tetracampeã de voleibol feminino está entre os destaques da UFG

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Page 14: Jornal ufg 68

UNIVERSIDADE14 Jornal UFG Goiânia, outubro de 2014

Estudos avaliam processos organizacionais na universidade

Modelagem de processos de negócios e mapeamento da qualidade de vida dos trabalhadores são os assuntos abordados pelos profissionais empenhados nesses processos

Águita Araújo

Os servidores técnico-administrativos da UFG estão atentos às mudanças que ocorrem nesta universidade. Dispostos a

aproveitar os benefícios decorrentes das altera-ções de sistemas de informação da instituição, eles estão realizando levantamentos e documen-tação das rotinas de trabalho e qualidade de vida dos servidores na tentativa de gerar diag-nósticos que possibilitem um melhor aproveita-mento de futuras ações para melhorar a gestão da Universidade.

O estudo Modelagem de processos de ne-gócios: uma abordagem ágil, desenvolvido pelos servidores Vinícius Sobreira Braga, da Pró-Rei-toria de Desenvolvimento Institucional de Re-cursos Humanos (Prodirh), e Wilane Carlos da Silva, do Centro de Recursos Computacionais (Cercomp), foi elaborado em decorrência da im-plantação do Sistema Integrado de Gestão (SIG), em 2013, voltado para a área de formações ge-renciais da Universidade. O estudo consiste no levantamento e sistematização do funcionamen-to interno das rotinas das áreas gerenciais da UFG, com a finalidade de obter informações so-bre processos de recursos humanos e sobre ges-tão de ensino e de cursos acadêmicos.

De acordo com o coordenador de plane-jamento e processos institucionais da Prodirh, Vinícius Sobreira Braga, um fator importante para o sucesso da implantação do novo siste-ma é a compreensão do modo atual de execução dos trabalhos na organização. “Esse novo sis-tema traz uma série de fluxos de trabalho que são diferentes dos atuais. Então, a gente precisa entender a Universidade para estimar as custo-mizações necessárias para que o novo processo de trabalho responda às necessidades e às ex-pectativas da instituição”, esclarece.

Foram realizadas, até o momento, aproxi-madamente, 1.500 horas de trabalho, modelan-do-se 70% dos processos de gestão do ensino e 30% dos processos de gestão de recursos huma-nos. Como o objetivo do trabalho é, entre outros, a transparência e a formalização dos processos organizacionais da UFG, grande parte do mate-rial documentado está disponível para consulta no site http://portalsig.ufg.br

Os autores do trabalho citado afirmam que os modelos produzidos contribuem para a institu-cionalização dos processos, que passam a ser co-nhecidos e formalizados, criando-se registros de movimentação de grande parte das rotinas geren-ciais adotadas na Universidade, de forma a melho-rar a interação entre os executores e usuários de determinado processo da instituição. Uma vez au-tomatizados, estes processos podem diminuir o ní-vel de intervenção manual e retrabalho. Além disso, “a maior visibilidade de certos problemas possibili-ta que, rapidamente, eles possam ser detectados e solucionados, e isso produz uma gama de melhoria muito grande na locação e diminuição dos recursos da Universidade”, explicou Wilane Carlos da Silva.

Saúde do servidor públicoPor meio da pesquisa SIASS-UFG: Um ca-

minho para a qualidade de vida dos trabalha-dores das Ifes de Goiás, a gestora do Subsiste-ma Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS-UFG), Edinamar Aparecida Santos da Silva, demonstrou como este sistema pode se tornar um caminho para a promoção da saúde dos professores e servidores técnico-administra-tivos da UFG. No estudo, Edinamar Silva apre-sentou um histórico da quantidade de perícias e atestados médicos de curta duração emitidos pelo SIASS de 2009 a 2013.

A servidora explica que esses dados só passaram a ser digitalizados em 2009, com a implantação do sistema Siape-Saúde, desen-volvido pelo Ministério do Planejamento. Isso tornou possível que as informações, uma vez levantadas, pudessem ser analisadas, favore-cendo, assim, o desenvolvimento de futuros diagnósticos da saúde do trabalhador. “É por meio do diagnóstico de saúde, ou seja, da iden-tificação do motivo pelo qual essas pessoas es-tão adoecendo, que teremos condições de pla-nejar e propor as ações de promoção à saúde”, explica a gestora.

Além disso, foi calculada no estudo, por meio do registro dos atestados e das perícias ofi-ciais, a quantidade de dias de afastamento dos servidores. De acordo com Edinamar Silva, no ano de 2013, foram geradas 1.480 concessões de licenças, o que corresponde a 41.544 dias de afastamento de trabalho. A partir desses núme-ros, será possível, segundo a pesquisadora, fa-zer um dimensionamento de pessoal. Tendo em vista que algumas atividades da Universidade

não podem ser executadas devido à ausência de determinados servidores, esse cálculo pode criar condições para se fazer um levantamento de quantos servidores são necessários para su-prir essas lacunas em determinado local.

O estudo contribui, portanto, para se tra-çar um perfil epidemiológico dos profissionais que recorrem ao SIASS e um mapeamento das necessidades dos servidores em relação à pro-moção da saúde. Além disso, colabora, como se afirma na conclusão, para “pensar politica-mente a integração da equipe multiprofissional e o estímulo ao desenvolvimento de ações ins-titucionais integradas e permanentes, de forma a consolidar a Política de Atenção à Saúde do Servidor Público”.

Publicação dos trabalhosAmbos os trabalhos mencionados foram

apresentados em setembro deste ano no Encon-tro Nacional de Dirigentes de Pessoal e Recursos Humanos das Instituições Federais de Ensino, que ocorreu na Universidade Federal do Ama-zonas (UFAM). O pró-reitor de Desenvolvimento Institucional de Recursos Humanos, Geci Perei-ra Silva, aponta que a exposição de tais traba-lhos é importante para toda a comunidade aca-dêmica, uma vez que são estudos desenvolvidos pela UFG com o objetivo de trazer melhorias para os processos de trabalhos realizados na instituição e para a qualidade de vida dos tra-balhadores vinculados a ela. Ele explica que o órgão procurou dar auxílio aos autores por meio do material necessário para se fazer o levanta-mento e o registro das informações.

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Os servidores Vinícius Sobreira Braga, da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional de Recursos Humanos (Prodirh), e Wilane Carlos da Silva, do Centro de Recursos Computacionais (Cercomp), autores do estudo

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EM TEMPOJornal UFG Goiânia, outubro de 2014 15

Estudantes alemãs conhecem o Centro-Oeste

COMUNIDADE PERGUNTA

Por que a Funape não oferece mais o auxílio para participação de eventos para estudantes e servidores da UFG?

Caroline Pires, jornalista da Assessoria de Comunicação da UFG

Reinaldo Gonçalves Nogueira, diretor executivo da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape)

A UFG recebe, neste semestre, quatro estu-dantes da Universidade de Heidelberg, entre elas, uma brasileira. As estudantes (Sarah Grein, Sarah Kaminsky, Romja Guenther e Rose Alves) cursam Ciências Latino-Americanas, na Alemanha. As ale-mãs querem aprender sobre o Brasil, aperfeiçoar o português e adquirir amigos. Rose Alves, a brasi-leira, mora há oito anos na Alemanha. Atraída pelo

Estudos comparativos atraem cabo-verdenses

Assessor de educação espanhol informa sobre intercâmbios

A UFG recebeu em 2014 quatro estudan-tes de graduação da Universidade de Cabo Verde: Erick Fernando Gomes, Keila de Jesus Andrade Correia, Mauro Alexandre Lopes Vieira e Patrí-cia Solange dos Reis. Até outubro, eles realizarão atividades de iniciação científica nas Faculdades de Ciências Sociais (FCS) e de Letras (FL). Com o objetivo de conhecer o imaginário dos brasileiros sobre a literatura cabo-verdiana por meio do estu-do da crítica literária, são orientados na FL, pela professora Marilúcia Mendes Ramos. Na FCS, sob a orientação do professor Dijaci David de Oliveira, buscam analisar o uso da literatura na formação do ensino médio e do superior. “Há vários anos a UFG vem respondendo afirmativamente às chama-das da Capes referentes ao Programa de Incenti-vo à Formação Científica de Estudantes de Cabo Verde (PIFC), que, entre outros objetivos, pretende

contribuir para a inclusão tecnológica e científica dos países africanos de língua portuguesa”, disse a coordenadora de Assuntos Internacionais da UFG, Ofir Bergemann Aguiar. Quanto aos benefícios para a UFG, a coordenadora ressalta a diversifica-ção geográfica e cultural no processo de interna-cionalização do ensino superior.

Estudantes da UFG participaram, em 11 de setembro de 2014, da palestra “Estudar na Espa-nha”, proferida pelo conselheiro de educação da Embaixada da Espanha, José Suárez Inclán.

Segundo o professor, são oferecidas diversas modalidades de bolsas para estrangeiros em gra-duação e pós-graduação. O estudante interessado em estudar na Espanha pode recorrer a quatorze programas disponibilizados pelas universidades

e por outras organizações que promovem a coo-peração acadêmica do intercâmbio. José Suárez apresentou o país aos estudantes enfatizando as cidades onde são ofertadas as vagas e bolsas de intercâmbio e salientando a existência de cidades com características similares às do Brasil, tanto no clima quanto nas paisagens e riquezas natu-rais. Mais informações podem ser encontradas no site www.universidad.es/estudiar-en-espana

aprendizado da língua alemã, ela decidiu refazer o segundo grau e entrou para a universidade. Agora, no Brasil, como bolsista pelo Deutsch Akalimisch Austauch Dienst (DAAD), a brasileira busca ampliar seus conhecimentos sobre a região Centro-Oeste e os povos indígenas Javé-Carajá.

O convênio entre a UFG e a Universidade Ca-tólica de Eichstaett-Ingolstadt, denominado Ciên-cias Humanas e Comunicação Intercultural, está em vigor há quatro anos. Trata-se de um acordo de mão dupla financiado, no Brasil, pela Capes e, na Alemanha, pelo DAAD, o departamento alemão de intercâmbios acadêmicos. Nesse período, cerca de trinta estudantes da UFG foram para a Alemanha, e vinte estudantes alemães foram recebidos em cursos da UFG. De acordo com o coordenador do convênio na UFG, professor da Faculdade de História, Sérgio Duarte, a troca de conhecimentos e a elaboração de projetos de pesquisa vêm se efetuando entre docen-tes das áreas de História, Geografia, Letras, Ciências Sociais, Comunicação e Filosofia.

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Até o ano de 2012 a Fu-nape disponibilizava para alu-nos e servidores (professores e técnico-administrativos) da UFG um auxílio para participar de eventos, visando a divulga-ção da produção acadêmica. O

auxílio era de R$ 600,00 para professor da ins-tituição, R$ 450,00 para estudantes de pós-gra-duação e R$ 350,00 para graduação. Ao todo, no ano de 2012, foram gastos cerca de 117 mil reais.

Por força do decreto n 7.423, de 31 de de-zembro de 2010 aliada a uma queda na receita que tem ocorrido desde 2008, o Conselho Deliberativo da entidade aprovou a suspensão temporária do programa de auxílio para participação em eventos, em virtude da não reserva de caixa suficiente para custeio de apoios com recursos próprios da funda-ção. Os acadêmicos que necessitam de apoio em eventos podem procurar a Pró-reitoria de Assuntos da Comunidade Acadêmica (Procom). Mais infor-mações pelo telefone: (62) 3209-6240.

Estudantes recebem apoio para participação em eventos

A Pró-Reitoria de Assuntos da Comunida-de Acadêmica (Procom) disponibiliza aos gradu-andos o Programa de Passagens para Estudantes, que oferece passagens terrestres para participa-ção em atividades científicas, culturais e político--estudantis em âmbito nacional.

Como viajar com o auxílio do programa?Havendo disponibilidade de recurso finan-

ceiro, cada estudante poderá solicitar até duas viagens por ano, com antecedência mínima de quinze dias em relação à data do evento. A Pro-com oferece auxílio a dois estudantes por curso e por evento. Os formulários (disponíveis em www.procom.ufg.br) deverão ser assinados pelo profes-sor responsável e pelo diretor da unidade acadê-mica.

Para conseguir o benefício, o estudante deve estar regularmente matriculado e em dia com a prestação de contas à Procom. Também deve anexar à documentação o fôlder, prospecto ou ficha de inscrição no evento e o aceite do tra-balho que será apresentado.

Ao retornar, o estudante deverá socializar a experiência da viagem com os colegas por meio de participação em aula, seminário, encontro ou similar.

Prestação de contasDeverá ser feita na Procom, no prazo de

até cinco dias úteis da data de retorno da viagem, com a apresentação do bilhete das passagens (ida e volta) e cópia do certificado de participação ou declaração do evento. O formulário de avaliação, preenchido pelo professor responsável pela so-cialização, deverá ser entregue no máximo com trinta dias da data de retorno. A não prestação de contas implicará o bloqueio de futuros benefícios.

Page 16: Jornal ufg 68

aperfeiçoamento profissional dos servidores do e viabilizou o surgimento de um projeto de extensão que permitiu a contratação de estagi-ários e bolsistas que receberam orientação de especialistas responsáveis pelo desenvolvimen-to das atividades. “É significativo mostrarmos que a UFG possui profissionais qualificados em uma área de carência na sociedade, como a área de conservação e restauro”, defendeu a diretora.

Ela também destacou que o retorno acadê-mico que ocorreu pelo estabelecimento do projeto de extensão foi muito significativo por agregar o trabalho de estudantes em todas as etapas do ser-viço prestado e que a estrutura do Laboratório foi melhorada. A partir do contrato estabelecido com a empresa Marsou Engenharia Ltda., foi possível adquirir uma Câmara de Desinfestação que a em-presa doou para o Museu. Esse novo equipamento será fundamental para o Laboratório em trabalhos de restauração e conservação de acervos patrimo-niais salvaguardados pelo órgão. “Vale lembrar que as disciplinas práticas dos estudantes do curso de Museologia também poderão usufruir do Labora-tório de Conservação e Restauro posteriormente. Esse tipo de trabalho ajuda ao Museu Antropológi-co se equipar com recursos além dos que a Univer-sidade pode adquirir”, declarou a diretora.

de Carvalho: “não realizamos apenas procedimen-tos de conservação como a higienização e aplicação de uma camada de proteção nas telas. Intervimos nas lacunas de suporte e de policromia, sendo que, em algumas obras, tivemos de adotar o critério de remoção de repintura, o que caracteriza, de fato, uma intervenção de restauro”.

Um dos procedimentos realizados foi o de reentelamento (técnica que consiste em conso-lidar o tecido original fragilizado por acréscimo de um tecido novo devidamente tratado) que uti-lizou uma mesa térmica pertencente ao Centro Cultural da UFG (foto acima). Mônica de Carva-lho informou que essa intervenção de restauro é indicada apenas quando a obra apresenta seu tecido comprometido pela falta de resistência e perdas de suporte. Caso contrário, deverá optar--se sempre por condutas que envolvam menor intervenção possível sobre a obra.

Ana Cristina de Menezes disse ainda que o trabalho foi realizado por técnicas específicas, de acordo com normas internacionais de res-tauro, e que todo o procedimento também foi acompanhado por técnicos do Iphan. Ela apon-tou que a maior dificuldade é a responsabilida-de de atender à expectativa de quem nos soli-citou o trabalho no nível que estão esperando. Mais do que isso, é a responsabilidade com a obra de arte. Em todas as intervenções optamos pelo critério da reversibilidade.

Contribuição acadêmica – De acordo com a diretora do Museu Antropológico, Dilamar Cân-dida Martins, esse trabalho colaborou para o

16 Jornal UFG Goiânia, outubro de 2014EXTENSÃO

Museu Antropológico realiza restauração de obras sacras

Equipe do Laboratório de Conservação e Restauro recupera nove pinturas de cavalete de igreja da cidade de Corumbá de Goiás

Michele Martins

Por ser uma instituição de referência no Esta-do de Goiás em trabalhos de conservação e restauro de obras de elevado valor artístico

e cultural, o Museu Antropológico da UFG, por meio do Laboratório de Conservação e Restauro, realizou a recuperação de nove pinturas de cava-lete pertencentes à Igreja de Nossa Senhora da Pe-nha de França, da cidade de Corumbá de Goiás. O serviço, finalizado em setembro, foi estabelecido por meio de contrato entre a empresa Marsou En-genharia Ltda. e acompanhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Uma equipe formada pelas restauradoras Mônica Lima de Carvalho e Ana Cristina de Me-nezes Santoro, as estagiárias Daniela Barra e Werydianna Marques, as bolsistas voluntárias Andressa Lopes e Mariana Naves, todas do cur-so de Museologia da Faculdade de Ciências So-ciais e, ainda, Edenize Santos Ribeiro estagiária do curso de Artes Visuais da Faculdade de Artes Visuais da UFG se dedicaram a esse trabalho.

Trabalho minucioso – As telas ficaram por mui-to tempo em local inapropriado e foram expostas a fatores de degradação como alterações bruscas de temperatura e umidade, poeira e ataques por agentes biológicos. “Elas chegaram ao Laboratório muito danificadas, apresentavam rasgos e perda do tecido original, fungos e muita sujeira aderida”, informou a restauradora Mônica Lima de Carvalho. As obras passaram por diferentes procedimentos de conservação e restauro, como esclarece Mônica

Patrimônio histórico e cultural

O Centro Histórico de Corumbá foi tombado pelo Iphan, em 2000 e abrange casas e pontes, a Praça da Matriz, a Praça Antônio Félix Curado, a Praça Waldemar Gomes Teles, as ruas Comendador João José de Campos Curado, das Flores, Bernardo Élis e a Avenida Cônego Carlos Plangger. A cidade surgiu em 1731 em decorrência das atividades de mineração com habitantes de origem paulista e portuguesa, que se instalaram entre o rio Corumbá, o ribeirão Bagagem e a capela. Corumbá ficou situada em um ponto estratégico de passagem das rotas terrestres Goiás-Paracatu e Goiás-Bahia. Sua urbanização se consolidou ainda no século XVIII, resistindo à decadência da mineração e assumindo a função de entreposto comercial para o abastecimento da Província de Goiás. Tornou-se um município em 1902.

Fonte: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

Estudantes de graduação ajudaram nos trabalhos e receberam formação complementar

sobre a técnica de reentelamento

Atenção e precisão são as principais características do trabalho de um restaurador

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