jornal nossa voz (março/abril de 2015)

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INFORMATIVO OFICIAL DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES – UNE NOSSA VOZ MARÇO/ABRIL DE 2015 - WWW.UNE.ORG.BR - FACEBOOK.COM/UNEOFICIAL NAS RUAS EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DA REFORMA POLÍTICA Os rumos da democracia brasileira estão em disputa. A UNE e os movimentos sociais querem barrar a ofensiva conservadora e aprovar uma reforma política verdadeira, que possa mudar o Brasil. Para acabar com a corrupção, os estudantes querem, entre outras medidas, o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais. PAG. 3 EM DEFESA DO FIES E DA REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO PRIVADO PAG. 5 UNE AO LADO DA PETROBRAS PÁG. 11 PARANÁ RESISTE AO DESMONTE DA EDUCAÇÃO PAG.12 MANIFESTAÇÃO NO DIA 13 DE MARÇO, QUE REUNIU 100 MIL PESSOAS NA AVENIDA PAULISTA (SP) CRÉDITO: MÍDIA NINJA

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Informativo Oficial da União Nacional dos Estudantes - UNE (março/abril de 2015)

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Page 1: Jornal Nossa Voz (março/abril de 2015)

1NOSSA VOZ |

INFORMATIVO OFICIAL DA UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES – UNE

NOSSA VOZMARçO/AbRIL DE 2015 - www.UNE.ORg.bR - FACEbOOk.COM/UNEOFICIAL

NAS RUAS EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DA REFORMA POLÍTICAOs rumos da democracia brasileira estão em disputa.

A UNE e os movimentos sociais querem barrar

a ofensiva conservadora e aprovar uma reforma

política verdadeira, que possa mudar o Brasil. Para

acabar com a corrupção, os estudantes querem,

entre outras medidas, o fim do financiamento

empresarial das campanhas eleitorais. PAG. 3

EM DEFESA DO FIES E DA REgULAMENTAçÃO DO ENSINO PRIVADO PAG. 5

UNE AO LADO DA PETRObRAS PÁG. 11

PARANÁ RESISTE AO DESMONTE DA EDUCAçÃO PAG.12

MANifeStAçãO NO diA 13 de MArçO, que reuNiu 100 Mil peSSOAS NA AVeNidA pAuliStA (Sp)

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REFORMA POLÍTICA PARA AMPLIAR A DEMOCRACIA

AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL

O movimento da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a UNE participa, desenvolveu um projeto de lei de iniciativa popular com os principais pontos para uma mudança verdadeiramente eficiente no país. No

entanto, boa parte da Câmara e do Senado já mostrou que vai tapar os seus ouvidos para essa demanda. Prova disso é que a bancada conservadora trabalha fortemente para a aprovação da PEC 352, uma proposta de emenda constitucional negativa e bem diferente daquela que as vozes das ruas esperam.

O projeto, além de não proibir o financiamento de empresas a políticos, constitucionaliza essa prática e estabelece outras medidas democraticamente questionáveis, como o voto distrital e a cláusula de barreira.

“Não há como se pensar em reforma sem acabar com o financiamento de empresas a campanhas eleitorais. Essa é a raiz mais profunda da corrupção”, ressalta Aldo Arantes, ex-presidente da UNE e representante da OAB na Coalizão. “Há um certo cinismo de algumas pessoas ao dizer que a corrupção é fruto de um só partido ou um só político. A corrupção está em todos os lugares porque o problema está, justamente, no sistema.”, pontua Aldo.

Para combater a corrupção, a UNE quer o fim do financiamento empresarial de campanhas. Parlamentares conservadores e o ministro Gilmar Mendes, porém, fingem não ouvir.

A juventude brasileira está mobilizada na defesa do país. Enquanto a ofensiva conservadora de alguns aposta na desestabilização nacional, no enfraquecimento das instituições, no desmanche da Petrobras e pega carona no discurso golpista, a UNE se posiciona onde sempre lhe coube: nas ruas, pela democracia, pelos avanços sociais e por um futuro de oportunidades para todas e todos.

Queremos erguer as paredes de um

novo sistema político, mas sabemos que enfrentamos o mais conservador e limitado Congresso Nacional desde os tempos da ditadura militar. Defendemos uma ampla reforma política, verdadeiramente democrática, para proibir o financiamento de empresas a campanhas, diminuir o personalismo e fortalecer a participação social. Não queremos a reforma da PEC 352, conhecida como a “PEC dos Corruptores“, que parte dos deputados e senadores já ensaiam preparar para a sociedade.

O Brasil é a nossa casa e estamos em reforma. A UNE e a juventude brasileira são uma parte fundamental desse processo, que passa pela garantia dos avanços na educação do país, pelo crescimento democrático e a consolidação ampla e irrestrita de direitos. Nossa luta é para erguer um novo país e o caminho é sempre para cima, não há como retroceder.

Neste ano de 2015 o movimento estudantil está, também, em alerta

máximo para defender a educação. Questionamos o cenário recente de contingenciamento orçamentário, bloqueio de recursos das universidades federais e restrições ao FIES. É necessário ter unidade, energia e a resolução inabalável de que nós, estudantes brasileiros, não daremos nenhum passo atrás, não aceitaremos a retirada de nenhum tijolo do que foi construído. Pelo contrário, queremos ir além, queremos mais avanços.

Exigimos o cumprimento das

metas do Plano Nacional de Educação, aprovado a partir de uma mobilização sem precedentes dos estudantes e do movimento educacional no país. Lutamos pela implantação dos 10% do PIB investidos na educação, garantidos pelos royalties do petróleo e o fundo social do pré-sal,

conquistados a partir de uma grande mobilização dos estudantes.

É hora de mostrar a nossa força, organização e determinação. A UNE sempre teve participação crucial nos momentos mais importantes da história do Brasil e não será diferente agora. Aos que pregam o golpe, defendemos o respeito à decisão soberana das urnas e a democracia. Aos que querem ver o Brasil sangrar, defendemos o crescimento econômico inclusivo e a ampliação de direitos. Aos que difundem o ódio, respondemos com amor e esperança. Vamos lutar e vamos continuar construindo, com suor e luta, o Brasil dos nossos sonhos.

Vic BarrosPresidentaUnião Nacional dos Estudantes

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DIRETORIA EXECUTIVA DA UNE – GESTÃO 2013/2015 EXPEDIENTE

O jornal NOSSA VOZ é uma publicação da União Nacional dos Estudantes.

Dir. Comunicação da UNE: Thiago José SilvaJornalista responsável: Rafael Minoro – CR (DRT/Mg 11.287)Redação: Artênius Daniel, Cristiane Tada, Renata bars e Yuri PerezProjeto gráfico: Fields Comunicação – fieldscomunicacao.com.brEndereço: Rua Vergueiro, nº 2485, bairro Vila Mariana, São Paulo/SP - Cep 04101-200Telefone: +55 11 5539.2342Fale com a UNE: [email protected] com a comunicação da UNE: [email protected] com a assessoria de imprensa da UNE: [email protected]

Presidenta: Virgínia barrosVice-presidente: Mitã Chalfun1º Vice-presidente: katerine Oliveira2º Vice-presidente: Ronald Luis3º Vice-presidente: Adriele ManjaboscoSecretária-geral: Iara Cassano1º secretário-geral: Tony Sechitesoureiro-geral: bruno Correadir. Assistência Estudantil: Thiago wender Ferreiradir. Comunicação: Thiago José Silvadir. Universidades Públicas: Mirelly Cardoso2° dir. Universidades Públicas: Iago Camposdir. relações internacionais: Thauan Fernandesdir. Área de Humanas: Ivo bragadir. direitos Humanos: Camila Souzadir. Cultura: Patrícia de Matos

dir. Movimentos Sociais: Déborah Costa3° dir. Movimentos Sociais: Laís Rondis Nunes de Abreudir. Políticas Educacionais: Juliana dos Anjos de Souza1º dir. Políticas Educacionais: Pedro Paulo Rocha de Araújodir. de relações institucionais: Patrique Lima1° dir. relações institucionais: william Rodrigues Dantas2º dir. relações institucionais: André Amaral Filho1° dir. Universidades Particulares: Matheus weber2° dir. Universidades Particulares: rafael da Silva da Costa

editOriAl pOlítiCA

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Dia 13 de março: Passeata na Paulista (SP).

NÃO À “PEC dOS COrrUPtOrES”! dEVOLVE GiLMAr!

Para o diretor de comunicação da UNE, Thiago José, a luta pela verdadeira reforma política depende da grande mobilização nas ruas. “Precisamos reunir a juventude para mostrar o nosso sonoro ‘não!’ à PEC 352. Essa é, na verdade, a ‘PEC dos Corruptores’, porque constitucionaliza o financiamento empresarial das campanhas e todo o sistema de interesses escusos que já conhecemos”, defende. Segundo ele, o conservadorismo e o corporativismo do Congresso Nacional não podem se virar contra a vontade popular.

Os estudantes também farão muito barulho para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que “escondeu” em algum lugar a Ação Direta de Inconstitucionalidade da OAB que proíbe o financiamento empresarial de campanhas. Já faz um ano que o ministro pediu vistas do processo e não retornou a peça para o trâmite no tribunal. Para cobrar o ministro e para que a ação volte ao Supremo, foi lançada a campanha “#DevolveGilmar”.

Outros pontos defendidos pelos movimentos sociais são maior inclusão de grupos excluídos da política, como mulheres, negros e jovens, além da criação de novos e melhores instrumentos de participação popular direta na política. (Acesse o site da campanha: www.reformapoliticademocratica.org.br)

PLEBiSCitO POPULAr

Uma demonstração de que o povo brasileiro quer mudanças na política se deu em setembro de 2014, quando mais de 7 milhões de pessoas participaram de um Plebiscito Popular, das quais 97% afirmaram que querem mudanças por meio de uma Constituinte Exclusiva. Em outubro a votação popular foi entregue em Brasília aos três poderes e, agora, a luta continua com mobilizações pela regulamentação do Plebiscito.

Entenda mais pelo portal: www.plebiscitoconstituinte.org.br

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Para alguns estudan-tes do Ensino Supe-rior privado, o início do ano letivo chegou cheio de transtornos

devido às mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O Ministério da Educação (MEC) anunciou uma série de medidas que podem limitar o repasse do financiamento das universidades que não apresentam contraparti-das, que não garantem a qualida-de ou que cometem reajustes das mensalidades acima da inflação sem justificativa.

Para a UNE, as contrapartidas são importantes, porque ajudam no combate à mercantilização do ensino. Contudo, nessa fase de transição, muitos estudantes saíram prejudicados. “A cobrança devida sobre as IES acabou chegando aos estudantes que ainda estão convivendo com a ameaça de terem os estudos prejudicados”, destaca a presidenta da entidade Vic Barros.“É por isso que o Ensino Privado precisa urgentemente de regulação definitiva. Contribui para isso a aprovação do Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes)”, afirma.

Segundo a UNE, diversas uni-versidades tiveram problemas com o programa porque aumentaram a mensalidade de forma abusiva, o que prejudica tanto o estudante re-gular como o bolsista do FIES, au-

DEFENDER O FIES E A REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO PRIVADO

CRESCE A LUTA PELO PASSE LIVRE ESTUDANTIL

UNE e UEEs lutam pelo controle das mensalidades e pela resolução dos problemas no programa federal .Estudantes já conseguiram a aprovação do direito em São Paulo, rio, recife e diversas cidades. Batalha segue pelo país contra o aumento nas tarifas do transporte público.

As entidades estudantis UNE, UbES e ANPg, assim como diversos outros movimentos ligados à juventude, já se preparam para a Jornada de Lutas, que deverá acontecer entre o fim de março e início de abril. A série de manifestações em todo o país movimentará diversas cidades, envolvendo temas como a luta pela educação, o fim do extermínio da juventude negra, a reforma política, o passe livre e a democratização dos meios de comunicação.

JORNADA DE LUTAS DA JUVENTUDE

MOViMeNtO eStudANtil eduCAçãO

O direito ao transporte público de qualidade e ao passe livre para estudantes é uma luta que se intensifica

desde as manifestações de junho de 2013. Conquistas têm mobilizado o movimento estudantil de diversos estados em torno desse tema, com vitórias no Rio de Janeiro, para os estudantes de baixa renda, e em Recife, para estudantes da rede municipal e estadual de educação básica.

A mais recente vitória foi a aprovação do passe livre em São Paulo para estudantes de escolas públicas, prounistas, bolsistas e estudantes de baixa renda, após as entidades estudantis organizarem acampamento em frente à prefeitura da capital para pressionar pela ampliação do direito. Ao todo, cerca de 800 mil alunos de todo estado terão o direito garantido nos ônibus municipais, nos trens da CPTM, no metrô e coletivos intermunicipais.

A presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), Carina Vitral, afirma, no entanto, que ainda há muito pelo o que lutar, pois as regras limitam o acesso para alguns estudantes. “Nossa luta é pelo passe livre irrestrito, sem limite de viagens e para todos os estudantes, na forma de um bilhete único mensal gratuito”, explica.

PELO BrASiL, A LUtA CONtiNUA...

Em Porto Alegre, que já conta com o passe livre estudantil desde o ano passado, milhares de pessoas marcharam pelas ruas da cidade em manifestações contra o aumento de 10,58% no preço da viagem, o que eleva a tarifa de R$ 2,95 para R$ 3,25, tornando-a a quarta mais cara do país.

Em Manaus também ocorreram

protestos. A alta de 9% elevou a tarifa de R$ 2,75 para R$ 3. A população se queixa de más condições e, principalmente, atraso nos itinerários. Estudantes têm

MAiS iNVEStiMENtOS

Em Santa Catarina os estudantes da Furb mobilizaram blumenau chamando atenção para os problemas na renovação dos financiamentos do Fies. A Furb é uma instituição pública de caráter privado e de acordo com o presidente do DCE, John Maicon Albanis, cerca de 30% dos estudantes da universidade, ou seja, 2.600 alunos dependem do programa do governo federal para estudar. “Temos uma Lei Orgânica no município que prevê o repasse de verbas para a instituição, mas há 3 anos isso não acontece. A nossa mobilização quer chamar atenção do governo federal, estadual e municipal”, explicou.

mentando a sua dívida acumulada ao final do curso. Na Universidade de Fortaleza, por exemplo, o DCE obteve uma grande conquista. “Os estudantes conseguiram reduzir o aumento abusivo de mensalida-de, enquadrando a universidade às novas regras”, conta o diretor de universidades privadas da UNE Mateus Weber. “Está aberta a tem-porada de caça aos tubarões do en-sino”, complementa.

Outro problema ocorrido foi o congestionamento no Sisfies, site oficial do programa, que acarretou filas imensas de estudantes para renovar seus contratos nas instituições, como aconteceu no Complexo Educacional FMU, em São Paulo.

O Fies é um importante instrumento de ampliação do acesso ao ensino superior. Por isso, a UNE

não vai aceitar que o programa seja restringido. Mais FIES representa mais jovens cursando o ensino superior. Por isso, a entidade tem defendido o direito de milhares de estudantes cobrando soluções das universidades e do MEC, assim como exigindo melhorias na qualidade de ensino das instituições.

A UNE se coloca à disposição através do endereço [email protected] para lutar por todo e qualquer estudante que enfrenta algum problema no programa.

PAGAMENtO iNdEVidO

Várias instituições estão pressionando os estudantes para que assinem uma concessão de dívida com os valores da diferença entre o valor do aumento da mensalidade e o índice da inflação. A UNE está exigindo do MEC a devida fiscalização e punição dos gestores que tem agido dessa forma. Essa cobrança é indevida.

se mobilizado e em março marcharam pelas ruas para pressionar a prefeitura.

No Rio de Janeiro, após a conquista do passe livre municipal, a luta agora é para que o direito seja irrestrito e também intermunicipal.

Acampamento dos estudantes em frente a Prefeitura de São Paulo.

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BIENAL DAS BIENAIS REÚNE 15 MIL E FAZ HISTÓRIA NO RIOCom o tema “Vozes do Brasil”, encontro na Lapa marca retorno à capital fluminense e consolida a Bienal como o maior festival estudantil da América Latina.

CulturA

Estudantes, artistas, movimentos sociais e culturais brasileiros realizaram, entre os dias 1º e 6 de fevereiro, a 9ª Bienal da UNE. Essa foi considerada a maior das edições do evento, reunindo 15 mil pessoas e mais de 200 atrações entre as mostras selecionadas e convidadas. O encontro marcou também o retorno do festival ao Rio de Janeiro.

A Bienal é a grande vitrine da produção realizada, atualmente, dentro das universidades brasileiras, além de trazer uma série de reflexões, debates e trocas com representantes da academia, do poder público e de organizações da sociedade civil.

O tema em 2015 foi “Vozes do Brasil”, trazendo uma reflexão a respeito da linguagem e das diferentes formas de expressão em um país diverso, porém ainda marcado por grandes desigualdades.

Entre os convidados do evento estiveram o ministro da Cultura Juca Ferreira, o cartunista Ziraldo, o dirigente do MST João Pedro Stédile, o publicitário Jefferson Monteiro (Dilma Bolada), o cineasta Sílvio Tendler, o poeta e compositor Silvério Pessoa, o organizador do Sarau da Cooperifa Sérgio Vaz, além de representantes das áreas da comunicação, cultura e direitos humanos.

Realizada no bairro da Lapa, a Bienal também trouxe grandes atrações para o público da cidade do Rio de Janeiro, de forma gratuita e democrática. Passaram pelo palco do festival artistas como Arlindo Cruz, Pitty, Alceu Valença, Cidade Negra e Criolo. Segundo a diretora de Cultura da UNE, Patrícia de Matos, o festival é um caldeirão da diversidade para a juventude brasileira: “É um espaço para trocas culturais e para reflexão sobre a identidade cultural brasileira, além de ser um território livre da criatividade, onde todos podem ajudar a projetar o Brasil do futuro, tendo como ponto de partida a cultura”, analisou.

CUCA dA UNE A tOdO VAPOr

Após a realização da Bienal no Rio de Janeiro, a área cultural da UNE continua em movimento com as atividades e planejamentos do CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte). Em breve deverá ser lançado o edital do Prêmio Cultural Eduardo Coutinho, em homenagem ao cineasta e com o objetivo de valorizar a produção artística das universidades. O CUCA também planeja intervenções no próximo Congresso da UNE e um seminário de gestão após o encontro estudantil.

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Crédito: Juliana Pimenta

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NEM UM CENTAVO A MENOS PARA A EDUCAÇÃO!

NOtAS

As universidades federais brasileiras começaram o ano enfrentando o bloqueio de verbas que tem levado a uma situação crítica, causando protestos da UNE e da rede do movimento estudantil pelo Brasil. Uma das razões alegadas pelo MEC foi o negligente e absurdo atraso do Congresso Nacional para a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), o que bloqueou um terço dos recursos das federais. Soma-se a isso o contingenciamento anunciado pelo ministro Joaquim Levy, que levou ao corte de R$ 7 bilhões para a área da educação.

Segundo a secretária-geral da UNE, Iara Cassano, a situação tem lesado diretamente os estudantes: “Com o orçamento arrochado, as reitorias precisam fazer cortes

COMBAtEr O rACiSMO: ESSA LUtA NOS UNE

Acontece de 3 a 5 de abril, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, o IV Encontro de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE (Enune). Sob o tema ‘’O Brasil que queremos para a população negra’’, o evento promete debater a fundo o desenvolvimento nacional e a superação do racismo ainda inerente em muitos setores da sociedade.

CONAE 2014A II Conferência Nacional de Educação (Conae) ocorreu de 19 a 23 de novembro

de 2014 e reuniu mais de três mil pessoas no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. Para a UNE, foi o momento de fortalecer a relação com outros movimentos educacionais do país, organizar as lutas vindouras pela execução das metas do Plano Nacional de Educação e reforçar a pauta dos 10% do PIB para a educação.

e, às vezes, retiram da assistência estudantil”, critica. É o que relata o presidente da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG) Paulo Sérgio: “Aqui no estado a UFMG chegou a cortar o pagamento de suas contas de água e luz. Já na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), houve o corte de bolsas, o que é muito negativo”, protesta.

VitóriA EM rECifE

Em outubro do ano passado a prefeitura de Recife anunciou a criação do ProUni municipal. O projeto, que oferecerá quase 500 bolsas de estudo por ano para estudantes e professores, é mais uma conquista das reivindicações do movimento estudantil. A presidenta da UNE, Vic Barros, presente ao ato de lançamento, lembrou da luta dos estudantes pela democratização do acesso ao ensino superior: “Temos lutado para pintar a universidade de todas as cores. Já é um lema nosso em todo o Brasil que, agora, o filho do pedreiro vai poder virar doutor”, comemorou.

VEM Aí!

A III Conferência Nacional de Juventude, com o tema “As várias formas de mudar o Brasil”, foi lançada no último dia 26 de fevereiro, em Brasília. Previsto para o fim do ano, o encontro terá como principais objetivos discutir as novas formas de participação e expressão da juventude, a promoção do combate aos preconceitos, a participação dos jovens no ambiente digital e a aprovação do Primeiro Plano Nacional da Juventude.

VEr-SUSCom o objetivo de proporcionar aos estudantes vivências do Sistema

Único de Saúde (SUS), o Ver-sus, parceria do Ministério da Saúde com a UNE e a Rede Unida, vem crescendo a cada dia. Neste início de ano já foram realizados estágios em Minas Gerais, nas cidades de Araguari, Uberlândia, Belo Horizonte e no Vale do Jequitinhonha. ‘’O Ver-sus é uma nova forma de diálogo com o estudante. É uma ferramenta de transformação social conectada com a saúde. Neste projeto, a juventude tem a oportunidade de entender o funcionamento do SUS para apontar soluções e desenvolver críticas propositivas’’, explica a diretora de Universidades Públicas da UNE, Mirelly Cardoso.

rONdON 2015As novas atividades do Projeto Rondon já têm data marcada. A

Operação Bororos será realizada no Mato Grosso, no período de 10 a 26 de julho de 2015, em 15 municípios da região. Já a operação Itacaiúnas será realizada nos Estados do Pará e do Tocantins, no período de 17 de julho a 2 de agosto de 2015. Em janeiro, a Operação Porta do Sol levou mais de 200 estudantes de 30 instituições públicas e privadas de ensino superior do país para a capital paraibana, João Pessoa. Para conhecer mais acesse: projetorondon.pagina-oficial.com

NOVO SitE dA UNEEm breve você estará ainda mais conectado

com a UNE. A entidade lançará um novo site, mais moderno, interativo e fácil de navegar. O novo portal foi pensado para incentivar cada vez mais a interatividade: ‘’O novo site vem para reforçar essa trincheira da democratização dos meios de comunicação, pois com mais espaços colaborativos aumentaremos ainda mais a participação dos estudantes’’, conta o diretor de comunicação da UNE, Thiago José. É a estudantada de luta nas redes e nas ruas!

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MARÇO: MÊS DAS MULHERES EM LUTA ESTUDANTES EM DEFESA DA PETROBRAS E DA DEMOCRACIA

Coletivos feministas, trabalhadoras e estudantes ocuparam as ruas e promoveram o debate sobre o fim das opressões. UNE prepara seu próximo encontro de mulheres.

UNE foi as ruas, junto aos movimentos sociais, para defender a riqueza nacional e seu investimento nas áreas da educação, ciência e tecnologia, além da reforma política.

O Encontro de Mulheres Estudantes da UNE (EME), que reúne representantes de diversas universidades do país em torno da luta contra o machismo e outras pautas, já tem data marcada. O encontro acontecerá entre os dias 1º e 3 de maio, em local ainda a ser definido. O EME é marcado por debates, oficinas, atividades de formação e atos de manifestação a favor de um ambiente de maior protagonismo feminino, dentro e fora da universidade.

VEM AÍ O 6º EME

O mês de março é um período importante para as mulheres afirmarem, historicamente, a sua luta por uma sociedade mais

justa, com o fim do machismo e direitos iguais a todas. No Brasil, o 8 de março foi mais uma vez realizado com grande unidade, reunindo mulheres dos mais diferentes movimentos. Estudantes, trabalhadoras, representantes da luta por moradia, pela democratização da mídia e agricultoras organizaram atos em diversas capitais.

Neste ano as pautas do movimento

foram a defesa da democracia, a reforma política, o fim da violência contra a mulher e a busca por mais direitos. Temas como a legalização do aborto e equidade salarial também foram lembrados.

Para a diretora de Mulheres da UNE, Lays Gonçalves, o movimento feminista fortalece o mesmo projeto de transformação dos grupos progressistas. “A democratização dos meios de comunicação e a reforma política são pautas centrais dos movimentos e de suma importância para as mulheres, pois dizem respeito diretamente a qual imaginário é cotidianamente construído na mídia e na política em relação às mulheres e ao capital (espaço privado, padrão de feminilidade, controle do Estado e da polícia, de política racista, machista e lbgtfóbica)”, explica Lays.

No último dia 13 de março, os movimentos sociais brasileiros realizaram uma mobilização nacional de

grandes proporções em defesa da Petrobras, da reforma política e da democracia. A UNE esteve entre as entidades que coordenaram o ato, junto à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Mais de 500 mil pessoas participaram em todo o Brasil. Somente em São Paulo 100 mil marcharam da Av. Paulista até a Praça da República, mesmo sob forte chuva.

A presidenta da UNE, Vic Barros, lembrou que a luta dos estudantes pelo Petróleo já é antiga no Brasil. Na década de 1950, os estudantes foram protagonistas do movimento que culminou com a criação da Petrobras. Ela criticou aqueles que, atualmente, agem no sentido de enfraquecer a empresa. “Quem ataca atualmente a Petrobras tem uma sanha privatizadora. Foram os mesmos que estiveram contra o

MULHErES E A rEfOrMA POLítiCA

Debater o atual cenário de desigualdade enfrentado pelas mulheres brasileiras na esfera política, também foi um dos motes do 8 de março. Maioria no eleitorado mas ainda minoria no poder, elas exigem uma reforma com alternância de gênero.

Para a presidenta da UNE, Vic Barros, muitos avanços já ocorreram, mas as principais conquistas ainda estão por vir. ‘’Nós, mulheres, representamos apenas 10% do Congresso Nacional, embora sejamos maioria das que votam. Precisamos avançar rumo a uma reforma política com paridade de gênero nas eleições proporcionais. Infelizmente, nosso Congresso está cada vez mais conservador, então só com muita

mobilização das mulheres de todo o país faremos avançar estas pautas’’, avaliou.

Movimentos de mulheres lançaram,

no último dia 25 de fevereiro, o Manifesto em Favor da Reforma Política Inclusiva. Entre as propostas estão a ampliação da democracia participativa e democracia interna nos partidos, aprimoramento dos mecanismos da democracia direta, defesa do voto proporcional e a paridade entre homens e mulheres nas listas de votação.

Pré-sal para a educação. Defendemos a investigação irrestrita, o julgamento e punição de todos os envolvidos em casos de corrupção, mas não aceitaremos o uso político para enfraquecimento da companhia”, defendeu.

O dia 13 de março foi marcado também pela defesa da reforma política democrática como instrumento de combate à corrupção, contra os cortes na área da educação e ameaça aos direitos trabalhistas no país.

ENtrEViStA: JOSé MAriA rANGEL, PrESidENtE dA fEdErAÇÃO ÚNiCA dOS PEtrOLEirOS

PORqUE DEFENDER A PETRObRAS NESSE MOMENTO?Sabemos que o petróleo ainda representa a principal matriz energética

do mundo e nesse cenário, a Petrobras é a empresa que realiza as maiores descobertas dessa riqueza em todo o planeta. Isso explica o interesse daqueles que sempre foram contrários à Petrobras estatal. O desejo deles é sangrar a companhia, mudar a lei da partilha e entregá-la a outros interesses.

qUAIS SÃO hOjE OS INTERESSES qUE DISPUTAM A PETRObRAS?Acredito que temos um campo bem definido que sempre esteve ao lado

da companhia, desde a sua criação. São movimentos populares, estudantes, trabalhadores e até mesmo empresários que entendem a sua importância para o país. De outro lado, você vê setores do empresariado que sempre buscaram a privatização e grupos políticos que também agem nesse sentido.

OS ESTUDANTES bATALhARAM E CONSEGUIRAM A APROVAÇÃO DOS ROyALTIES DO PETRóLEO E FUNDO SOCIAL DO PRé-SAL PARA A EDUCAÇÃO. qUAL A IMPORTâNCIA DESSA VITóRIA?

É fundamental. O povo nunca será completamente livre se a sua riqueza não for revertida, diretamente, em educação. Acompanhamos esse tipo de iniciativa em outros países, como a Noruega, e foi por isso que lutamos pela criação do fundo soberano do Pré-Sal. Sabemos, porém, que teremos embates sérios. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), por exemplo, quer rever a lei de partilha e, consequentemente, rever os recursos desse fundo. Precisamos ficar em alerta.

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Passeata na capital paulista no dia 8 de março.

Estudantes exibem faixa na Avenida Paulista no protesto do dia 13.

contra o machismo na universidade

MOViMeNtOS SOCiAiS

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PARANÁ RESISTE E LUTA PELA EDUCAÇÃO

Histórica greve geral dos professores pressiona governo tucano contra política do “pacotaço” para retirada de direitos.

Neste início de ano letivo, o Estado do Paraná protagonizou um dos episódios mais marcantes na luta contra o desmonte da educação no país. Os professores das escolas estaduais permaneceram um mês

em greve e só voltaram ao trabalho no dia 12 de março. “A mobilização no Paraná é um exemplo de resistência à política neoliberal, que significou jogar nas costas do trabalhador, através do arrocho salarial, de demissões e da retirada de direitos, a responsabilidade de uma crise que o próprio governo estadual criou”, destacou o diretor da UNE, Iago Montalvão, que junto com a União Paranaense dos Estudantes (UPE) esteve lado a lado na luta dos professores.

Acampados em frente ao Palácio Iguaçu e à Assembleia Legislativa, os manifestantes realizaram uma ocupação história da casa legislativa para impedir a votação do “pacotaço”, que validaria uma série de retirada de direitos no funcionalismo e queria acabar com o Fundo Previdenciário Paranaense para pagar as dívidas salariais atuais.

Pressionado, o governador Beto Richa (PSDB) teve que voltar atrás e acatar as exigências do movimento. Para a presidenta da UPE, Elys Maryna, a greve foi vitoriosa porque teve ampla participação da sociedade. “O cenário todo é muito negativo. A greve foi, desde o começo, no sentido de não deixar retroceder direitos”, destacou.

Desde que assumiu o estado em 2011, beto Richa vem cortando, ano após ano, as verbas destinadas à manutenção e custeio das instituições, numa clara opção política de sucatear e privatizar a educação. A comunidade universitária também está colocando em cheque a suposta “autonomia universitária” para gerir os recursos proposta pelo governo, o que na verdade seria um congelamento do orçamento anual que não beneficiaria em nada as instituições.

GOVERNADOR BOM DE CORTE

Crédito: APP Sindicato

eduCAçãO

UNiVErSidAdES NA LUtA

O Governo do Paraná deve, ao menos, R$ 30 milhões em verbas de manutenção atrasadas para as universidades que ameaçam até mesmo fechar. Existe ainda falta de professores nas salas de aula e paralisação de obras nos campus. De acordo com Iago Montalvão, os estudantes universitários aproveitaram o momento de negociação, se organizaram, ocuparam algumas das reitorias das estaduais e estão se manifestando, principalmente, por mais Assistência Estudantil. “O Paraná não tem nenhum programa de assistência e importantes universidades como a UEM, por exemplo, que tem mais de 20 mil estudantes, não tem Restaurante Universitário, parado para obras há dois anos”, destacou Iago. Além disso, os estudantes também pedem o fim do vestibular e a entrada nas universidades por meio do Enem, além da implementação de um sistema de cotas sociais.

Assembleia dos professores aprova greve no Paraná.

Diretor da UNE Iago Montalvão em protesto na capital Curitiba.