a nossa voz nº 59

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MEMBRO DO GRUPO EUROPEU DE PENSIONISTAS DAS CAIXAS ECONÓMICAS E BANCOS Publicação Trimestral da ANAC Ano XXII • N.º 59 • Outubro / Dezembro 2013 NATAL Mais um Natal... É nesta quadra que é tradição olhar para dentro de nós e pensar nos outros, de acor- do com os valores sobre os quais a nossa civilização foi construída. É tempo de soli- dariedade, dádiva, aproximação aos nossos semelhantes. É tempo de reflexão sobre o sentido da vida, da organização da sociedade e tam- bém de interrogação. Por que é necessário reservar um período do ano para exteriori- zar sentimentos e abrir o nosso espírito à existência do outro? Por que não é sempre assim todos os dias, nós somos os mesmos, a nossa bondade, solidariedade, estão em nós. Porque permitimos, muitas vezes pactua- mos, com a existência de sofrimento por falta de condições de vida básicas? Porque não exigimos a igualdade de oportunidades, a justiça, que os valores democráticos sejam reais e não fictícios, a erradicação da pobreza, a protecção das crianças, as condições de trabalho com di- reitos, a protecção na saúde, a defesa e o respeito pelos seniores. Também é tradição nesta quadra, desejar em Bom Natal e Feliz Ano Novo. A sua concretização é difícil, dadas as atuais condições da nossa vida colectiva, porém, é um desejo sincero dirigido a todos os sócios da ANAC e familiares. EDITORIAL Em primeiro lugar gostaria de, em nome da ANAC, saudar todos os presentes e desejar que desta Assembleia resultem decisões que engrandeçam ainda mais os nossos Serviços Sociais e os seus Sócios. Analisando a proposta de atividade da Direção dos Serviços Sociais para o ano de 2014 há três sublinhados que gostava de registar porque eles dizem respeito ao segmento de Sócios que nós representamos – os menos jovens: 1. Concretizar o projeto de criação de uma rede de suporte de cuidados de enfermagem ao domicílio (pág. 11) 2. Apoio a sócios aposentados e cuidados especializados na terceira idade (pág. 12); 3. Analisar a viabilidade da criação de uma Universidade “Sénior”, fo- mentando a participação dos sócios, na qualidade de alunos e de professores, e aproveitar o seu saber e experiência, contribuindo ao mesmo tempo para minorar os efeitos prejudiciais da inatividade e isolamento (pág. 14). Não sendo estas ideias novas, parece-nos muito importante que alguma ou algumas delas sejam concretizadas o mais rapidamente possível. Já em assembleias anteriores falámos sobre a justificação da necessidade de concretização destas e de outras ideias. Salvo opinião mais fundamentada, para que estas possam ser con- cretizadas terão de ser envolvidas todas as organizações que se pre- ocupam com estes problemas – desde logo os Serviços Sociais mas também a ANAC, o Séniamor a Administração e a área social da CGD. Porquê então a nossa insistência? É porque existe, entre os nossos colegas aposentados, uma faixa cada vez maior de pessoas que estão isoladas e que não desfrutam da felicidade a que têm direito. Com a inversão da pirâmide demográfica e também em função da me- lhoria da qualidade de vida dos cidadãos, temos pessoas que se apo- sentam e que têm uma esperança de vida cada vez mais alargada. No entanto, esse alargamento da esperança de vida só terá sentido em ter- mos humanos se puder ser vivida com qualidade. O lema que temos na ANAC é “dar vida aos anos de vida”. Quer isto dizer que não podemos apenas deixar envelhecer os nossos colegas, temos de criar condições para que os anos que temos de vida sejam plenamente vividos por- que nós já nos empenhámos, e muito, na construção da “nossa casa”. Entre os nossos associados contamos com situações de dificuldade não apenas económica (esta com tendência para agravamento…) mas também de abandono. A solução da primeira ultrapassa as capacida- des da ANAC (e creio que também dos Serviços Sociais) mas no que respeita à segunda todos temos responsabilidades acrescidas às quais não poderemos escusar-nos. A concretização da rede de suporte de cuidados de enfermagem ao domicílio será o passo decisivo para o combate ao abandono e à solidão. Com este serviço certamente serão despistadas muitas destas situações, contribuindo também para o reforço da ideia de “família COMUNICAÇÃO PARA A ASSEMBLEIA DE DELEGADOS DOS SSCGD

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Page 1: A Nossa Voz nº 59

MEMBRO DO GRUPO EUROPEU DE PENSIONISTAS DAS CAIXAS ECONÓMICAS E BANCOS

Publicação Trimestral da ANACAno XXII • N.º 59 • Outubro / Dezembro 2013

NATALMais um Natal...

É nesta quadra que é tradição olhar para dentro de nós e pensar nos outros, de acor-do com os valores sobre os quais a nossa civilização foi construída. É tempo de soli-dariedade, dádiva, aproximação aos nossos semelhantes.

É tempo de reflexão sobre o sentido da vida, da organização da sociedade e tam-bém de interrogação. Por que é necessário reservar um período do ano para exteriori-zar sentimentos e abrir o nosso espírito à existência do outro?

Por que não é sempre assim todos os dias, nós somos os mesmos, a nossa bondade, solidariedade, estão em nós.

Porque permitimos, muitas vezes pactua-mos, com a existência de sofrimento por falta de condições de vida básicas?

Porque não exigimos a igualdade de oportunidades, a justiça, que os valores democráticos sejam reais e não fictícios, a erradicação da pobreza, a protecção das crianças, as condições de trabalho com di-reitos, a protecção na saúde, a defesa e o respeito pelos seniores.

Também é tradição nesta quadra, desejarem Bom Natal e Feliz Ano Novo.A sua concretização é difícil, dadas as atuais condições da nossa vida colectiva, porém, é um desejo sincerodirigido a todos os sócios da ANAC e familiares.

EDITORIAL

Em primeiro lugar gostaria de, em nome da ANAC, saudar todos os presentes e desejar que desta Assembleia resultem decisões que engrandeçam ainda mais os nossos Serviços Sociais e os seus Sócios.

Analisando a proposta de atividade da Direção dos Serviços Sociais para o ano de 2014 há três sublinhados que gostava de registar porque eles dizem respeito ao segmento de Sócios que nós representamos – os menos jovens:

1. Concretizar o projeto de criação de uma rede de suporte de cuidados de enfermagem ao domicílio (pág. 11)

2. Apoio a sócios aposentados e cuidados especializados na terceira idade (pág. 12);

3. Analisar a viabilidade da criação de uma Universidade “Sénior”, fo-mentando a participação dos sócios, na qualidade de alunos e de professores, e aproveitar o seu saber e experiência, contribuindo ao mesmo tempo para minorar os efeitos prejudiciais da inatividade e isolamento (pág. 14).

Não sendo estas ideias novas, parece-nos muito importante que alguma ou algumas delas sejam concretizadas o mais rapidamente possível. Já em assembleias anteriores falámos sobre a justificação da necessidade de concretização destas e de outras ideias.

Salvo opinião mais fundamentada, para que estas possam ser con-cretizadas terão de ser envolvidas todas as organizações que se pre-ocupam com estes problemas – desde logo os Serviços Sociais mas também a ANAC, o Séniamor a Administração e a área social da CGD.

Porquê então a nossa insistência? É porque existe, entre os nossos colegas aposentados, uma faixa cada vez maior de pessoas que estão isoladas e que não desfrutam da felicidade a que têm direito.

Com a inversão da pirâmide demográfica e também em função da me-lhoria da qualidade de vida dos cidadãos, temos pessoas que se apo-sentam e que têm uma esperança de vida cada vez mais alargada. No entanto, esse alargamento da esperança de vida só terá sentido em ter-mos humanos se puder ser vivida com qualidade. O lema que temos na ANAC é “dar vida aos anos de vida”. Quer isto dizer que não podemos apenas deixar envelhecer os nossos colegas, temos de criar condições para que os anos que temos de vida sejam plenamente vividos por-que nós já nos empenhámos, e muito, na construção da “nossa casa”.

Entre os nossos associados contamos com situações de dificuldade não apenas económica (esta com tendência para agravamento…) mas também de abandono. A solução da primeira ultrapassa as capacida-des da ANAC (e creio que também dos Serviços Sociais) mas no que respeita à segunda todos temos responsabilidades acrescidas às quais não poderemos escusar-nos.

A concretização da rede de suporte de cuidados de enfermagem ao domicílio será o passo decisivo para o combate ao abandono e à solidão. Com este serviço certamente serão despistadas muitas destas situações, contribuindo também para o reforço da ideia de “família

COMUNICAÇÃO PARA A ASSEMBLEIA DE DELEGADOS DOS SSCGD

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OS DIREITOS DAS PESSOAS IDOSAS NECESSITAMDE AÇÃO A TODOS OS NÍVEIS

No passado dia um de Outubro foi celebrado o Dia das Pessoas Idosas, pondo ênfase na importância que deve ser dada à voz dos idosos quanto ao conteudo global da agenda. Tirando partido do momento, a AGE chamou a atenção dos órgãos de decisão da UE e Estados Membros para que seja permitido que as pessoas idosas se tornem atores sociais de forma plena, pedindo aos órgãos institucionais um mecanismo efetivo que promova e proteja os seus direitos.

A UE tem um exigente mandato para proteger os direitos dos seus cidadãos e instituições, dispõe um conjunto variado de instrumentos políticos de poderes, para promover os direitos humanos dentro e fora das suas fronteiras. Contudo, os direitos humanos são nos dias de hoje objeto de desafios, tais como o envelhecimento demográfico e a crise financeira e económica que estamos atravessando.

A UE não está só para dar respostas neste contexto de mudança: a Assembleia Geral das Nações Unidas (UN), criou em 2010 um Grupo de Trabalho para o Envelhecimento (OEWGA), um fórum para discutir falhas na proteção dos direitos das pessoas idosas e como comunicar com elas. Recentemente o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, constituiu um grupo de Peritos Independente, com o fim de investigar na generalidade, a situação dos direitos das pes-soas idosas. Para além disso o Conselho da Europa (COE) está a terminar uma Recomendação sobre os direitos dos se-niores. Todos estes processos irão determinar até onde os direitos dos idosos residentes na UE poderão ser realizados. Por intermédio do envolvimento com as NU, o Conselho da Europa e outros fóruns internacionais da UE, via Serviço de Ação Externa Europeia (EEAS), tem um efetivo potencial para contribuir para a proteção global dos direitos dos idosos na UE; por exemplo, foi desafiada a tomar parte no debate acerca da criação de um novo instrumento internacional dos direitos seniores e colaborar com o futuro órgão de Peritos Independentes. Neste processo, consistentemente com a política interna da UE, ficou garantida a consulta à sociedade civil.

Embora a UE esteja trabalhando em políticas favoráveis aos seus cidadãos idosos, não tem identificado sistematicamen-te as ameaças relativas aos direitos dos seniores, nem refletido adequadamente o que pode ser feito para salvaguardar os seus direitos ao abrigo do Artigo 25 da Carta das NU, como é sua obrigação. Os direitos seniores permanecem mais propriamente invisíveis para vários serviços da Comissão e há contribuições limitadas das diferentes DGs para discus-

Ficha Técnica

Propriedade da ANAC – Associação

Nacional dos Aposentados da Caixa

Geral de Depósitos

Sede: Rua Marechal Saldanha,

nº. 5-1º. 1200-259 Lisboa

Tels. 21 324 50 90/3

Fax 21 324 50 94

E-mail: [email protected]

Blogue: http://anaccgd.blogspot.com

Coordenação: Carlos Garrido

Publicação: Trimestral

Impressão: Gráfica Expansão -

Artes Gráficas, Lda.

Rua de S. Tomé, 23-A

2685-373 PRIOR VELHO

Tiragem: 3.500 exemplares

Depósito Legal: nº. 55350/92

Distribuição: gratuita aos sócios

Colaboraram neste número:

Cândido Vintém; Carlos Garrido;

Orlando Santos; José Coimbra

(Deleg. ANAC Norte); Peres de

Almeida; M.ª Eugénia Gaiolas

CGD” que todos queremos preservar. Acreditamos que os Serviços Sociais têm condições para desempenhar bem esta função.

Por outro lado, ainda no combate ao abandono e solidão, o “Apoio a sócios aposentados e cuidados especializados na terceira idade” é fundamental. Não apenas na prestação de apoio entendido na forma tradicional (isto é, internamento em instituições) mas sobretudo baseado nos atuais conceitos de manutenção das pessoas nas suas residências, tanto quanto possível.

A este propósito retomo a sugestão, já feita no ano passado, para desenvolvimento de um projeto de assistência domiciliária aos colegas que estão mais necessitados, utilizando os meios disponíveis e mesmo com o recurso à teleassistência como meio complementar. Sabemos que há institui-ções credíveis que têm centros de teleassistência que funcionam muito bem e cujos custos são perfeitamente suportáveis.

Por outro lado, e em situações extremas, não poderá ser descurado o projeto da assistência em cuidados continuados. A não concretização do projeto do Hospital dos Lusíadas não poderá levar ao abandono do mesmo, procurando- -se alternativas interna ou externamente.

Com a criação de uma academia social, intergeracional, todos ganham:• A geração mais velha porque pode sair do seu isolamento e partilhar

experiências;• A geração mais jovem porque pode comungar dos valores que tornaram a

nossa casa tão grande quanto ela é hoje e que esperamos continue a ser Quando definitivamente solucionada a questão dos terrenos e edifício do pavilhão da Ajuda, os Serviços Sociais têm condições para equacionar a criação de um complexo social digno da sua história, da memória dos seus pioneiros e daquilo que todos nós merecemos.

Esperamos, tão breve quanto possível, podermos ter um local onde se possam concentrar atividades e serviços que respondam às necessidades dos mais jovens e também dos “sexalescentes” como alguém já chamou à minha geração.

Sabemos que em tempos de dificuldades financeiras não é fácil desenvolver projetos deste tipo. No entanto, estes projetos concretos provavelmente não envolverão muitos custos e, de certeza, trarão benefícios muito mais elevados para todos.

Obrigado

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OS SENIORES QUE SE CUIDEM O IDOSO COMO CIDADÃO

Na sociedade alienada e vil em que temos a infelicidade de viver, o idoso pelo simples facto de deixar de trabalhar, passa a ser olhado como cidadão menor, havendo tendência a esquecer que a vida e a experiência dão à pessoa uma dimensão, que não pode ser reduzida à máquina produtiva. A instrução que adquiriu, a família que constituiu e as suas necessidades como consumidor, muitas vezes extensíveis a filhos e netos, são razões mais que justificativas dos direitos que lhe assistem no fim da carreira profissional, nos quais se inclui uma pensão de reforma e assistência condignas.

O passar do tempo permite ter uma forma diferente de ver as coisas, permitindo-lhe transmitir às gerações mais jo-vens os valores sociais, éticos e os saberes e conhecimentos de experiência feitos. Essa função só pode ser plenamen-te exercida se a mentalidade vigente deixar de associar o conceito de envelhecimento à incapacidade e inutilidade.

O tão falado e desejado envelhecimento ativo, tem mostrado que o cidadão sénior, tendo saúde e as condições míni-mas para uma vida digna, é um elemento válido para a sociedade, dando muitas vezes um contributo essencial para a sobrevivência da família e, com frequência, exerce uma participação voluntária ativa nas redes de proteção social, tão importantes nos tempos de crise que atravessamos.

A tomada de consciência desse papel é um facto da maior importância para o reconhecimento social e político dessa contribuição, não fazendo sentido a atribuição larvar de menoridade que tem sido fomentado pelo sistema que governa o mundo, o qual se tem esforçado por considerar descartáveis os que, pela idade ou circunstâncias infelizes, são obrigados a abandonar o mundo do trabalho. Mas, presentemente, este já não tem na cidadania, o peso que teve outrora; a cultura e consumo adquiriram um peso muito importante. É mais preocupante o deficiente nível de instrução que ainda se manifesta num importante subgrupo da população idosa, fruto das décadas de educação limitada do anterior regime, que poderá justificar em parte, o seu baixo nível de associativismo e da manifestação ativa das suas necessidades. Porém, a instrução tem aumentado no conjunto da população, sendo de esperar melhorias no capital social sénior. A sua influência pode alargar-se, se estes tiverem o engenho e arte de se associarem no sentido dos seus direitos serem reconhecidos, podendo as suas organizações próprias, virem a ser reconhecidas como parceiros sociais e não se entregando à proteção de associações de natureza assistencial.

Esta atitude não é estranha para nós, sócios da ANAC, não nos devendo porém fazer esquecer que estamos inseridos na União Europeia. Nesse âmbito, não é de mais salientar que a ANAC é membro importante do AGRUPAMENTO

sões a nível global. Enquanto o Parlamento Europeu possui peritos especializados e promove a defesa dos direitos humanos, não está suficientemente empenhado acerca do aprofundamento das questões relativas aos idosos na EU e a nível internacional. Para além disto, há oportunidades limitadas para a sociedade civil se empenhar nas Reuniões do Concelho do Trabalho (COHOM), as quais decidem a posição internacional dos direitos humanos tais como a OEWGA.

Tendo em vista identificar o “círculo vicioso”, que não dá a oportunidade aos políticos da UE e às organizações da sociedade civil, para avaliar o impacto da ação da UE neste campo, a AGE foi chamada para estabelecer o diálogo entre os vários grupos interessados, que possa contribuir em futuras ações, com vista à proteção dos direitos dos cidadãos seniores.

Na verdade, a plataforma AGE Europa dirigiu uma carta a várias entidades da UE interessadas no tema, expondo o efeito prejudicial de uma abordagem fragmentada dos direitos das pessoas idosas, a qual falha na construção de sinergias e mostra a real valia das ações tomadas a vários níveis. Por outro lado, reitera a chamada de atenção para o diálogo entre os diversos grupos, respeitante aos direitos dos idosos, o qual procura envolver todas as entidades relevantes, interessadas em ordem a:

• conseguir uma política coerente e sinergias entre iniciativas tomadas a diferentes níveis

• garantir uma consulta eficiente no seio da sociedade civil da UE e contrariar o deficit democrático existente nos debates internacionais acerca dos direitos das pessoas idosas

• por em funcionamento uma unidade especializada que possa fornecer peritos em direitos humanos relacionados com pessoas idosas.

Foram feitas também várias recomendações à EU e seus Estados Membros, pretendendo que o envelhecimento seja defendido por políticas alinhadas com os direitos dos seniores, aperfeiçoando a colaboração inter-institucional e garantir que a voz dos idosos será levada em conta.

Como as ações internas e externas da UE têm impacto nos direitos dos cidadãos seniores, a AGE desempenha um importante papel, no sentido de assegurar que a política interna da UE e as suas posições nos fóruns internacionais, leva em consideração a opinião dos cidadãos idosos. O nosso envolvimento a nível da UE, NU e COE e o apelo ao diálogo com as várias entidades interessadas, pretende comunicar a existência de separações e remover barreiras existentes na EU, face ao respeito dos direitos das diferentes gerações. Ações que reduzam desigualdades e apontem descriminações em toda a Europa, devem permanecer como uma prioridade nas ações interna e externas da UE, como um instrumento eficiente de mudança demográfica, em respeito pelos direitos humanos.

Tradução do artigo da AGE C. Garrido

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TIRANIA DEMOCRÁTICA

ESPAÇO DE REFLEXÃO

Talvez a maior e mais generalizada preocupação, no mundo de hoje, seja a segurança e a qualidade do emprego. Este, infelizmente, tem mudado por todo o lado e sempre para piores condições, seja na indústria, comércio, servi-

ços e até em algumas profissões liberais. A mudança mais preocupante é, sem dúvida, a que diz respeito à segurança. Os empregos considerados seguros, normalmente defendidos por convenções coletivas, estão em retração, sentindo--se da parte dos poderes públicos, uma pressão constante no sentido da alteração das leis do trabalho, desarmando os trabalhadores perante o patronato, de normas que procuravam equilibrar as desiguais forças em presença, procu-rando fazer prevalecer o contrato individual de trabalho cuja utilização torna mais fácil a imposição de cláusulas, mais desfavoráveis a quem vive do seu trabalho.

A verdade é que quando alguém perde o emprego, demora cada vez mais tempo a conseguir outro e, mesmo assim, com uma remuneração mais baixa para as mesmas funções. Esta segurança, maior nuns países menor noutros, permi-tiu aos trabalhadores, na segunda metade do século XX, planear a sua própria vida, privilégio apenas detido até então, pelos estratos mais elevados da sociedade. Possuir um automóvel, uma casa devidamente apetrechada, ter a possi-bilidade de proporcionar aos filhos uma educação superior à sua, parecia ser um conjunto de direitos, solidamente firmados na nossa maneira de viver, espelhando o progresso técnico e científico alcançado, e consolidando conquistas que pareciam irreversíveis e permitiam olhar o futuro com confiança.

As transformações em curso, exigem que se trabalhe cada vez mais para manter o nível de vida que se possuía, ao mesmo tempo que coloca no desemprego boa parte da força de trabalho, em nome da endeusada produtividade. Parece que o desenvolvimento exige em simultâneo mais tempo de trabalho para os que têm a sorte de manter o emprego, em manifesta contradição com as teses antigas que profetizavam a diminuição do tempo de trabalho, com o aumento da tal produtividade, originada pelos sofisticados equipamentos, paulatinamente introduzidos no mundo empresarial.

Parece ter sido esquecido que tudo isto se encaminharia para a elevada taxa de desemprego que martiriza uma grande parte da força de trabalho. Em consequência, o pouco tempo livre que resta para a família, convívio com os amigos e utilização em atividades de lazer, descontração e culturais, é consumido em compras e muitas vezes em formação profissional.

Esta situação de terrível insegurança no emprego, dilatação do tempo de trabalho e redução do tempo de descanso, não são compatíveis com a vida, que exige condições para que a liberdade, a democracia, a solidariedade e a valori-zação pessoal e cultural não sejam palavras vãs.

É tão atentatória da dignidade da pessoa humana, que o próprio Papa Francisco, no exercício das funções para que foi eleito, no documento de exortação publicado recentemente, O Evangelii, Gaudium (A alegria do evangelho), pro-clama que não podemos ficar tranquilos, defendendo com uma dureza pouco habitual no Vaticano, o primado da pessoa humana perante a atual “ditadura de uma economia sem rosto e que mata”. Estas palavras devem fazer refletir seriamente, aqueles que nos governam e se dizem crentes na Igreja e na palavra de Cristo, mas que na prática, mais não têm defendido que a ganância das forças ocultas pela anónima designação “dos mercados”, e que têm imposto às atuais gerações, uma forma de viver que em quase tudo, por enquanto, se começa a assemelhar à de anteriores regimes políticos de assustadora memória.

C. Garrido

EUROPEU, cuja presidência presentemente é desempenhada pelo seu presidente, e que é por intermédio da participação na AGE, que a sua voz poderá ser ouvida junto das Instituições Europeias, transmitindo-lhe o sentimento dos seniores europeus, na resolução dos muitos problemas que se têm vindo a agravar.

É necessária assim uma mudança de mentalidade e o desenvolvimento de uma cultura, que reconheça aos idosos os mesmos direitos de cidadania, que a democracia confere à totalidade dos cidadãos.

Qualquer país que esqueça os seus idosos e o passado, é um país sem identidade, desperdiçando um capital valioso que é a experiência acumulada dos seniores, que poderia transmitir às gerações mais novas a confiança, a tranquilidade e a esperança no futuro, mostrando-lhes como se pode reagir e vencer a adversidade, pois na sua vida já assistiram a outras crises e conseguiram superá-las.

A amputação de muitos dos seus direitos sociais, civis e por vezes políticos, não torna possível a existência e a vivência plena da democracia que nos prometeram.

Há que reagir contra esta situação. O envelhecimento da população na Europa, dá aos idosos um peso político que, se for bem conduzido, poderá tornar-se uma força eleitoral poderosa que os poderes políticos não poderão, por muito mais tempo, ter a impertinência de ignorar.

É bom não esquecer que só é vencido quem desiste de lutar.

C. Garrido

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ATIVIDADES

S. MARTINHO MEDIEVALNo passado dia 10 de Novembro, tendo como pretexto os festejos de S. Martinho, um grupo de 52 sócios e familiares, deslocou-se à região da Serra da Estrela, tendo ficado alojado na Quinta do Crestelo, em S. Romão (Seia), até ao regresso no dia 12.

A viagem, com as paragens habituais, foi rápida, apesar da longa dis-tância a que Seia se encontra. Oportunidade para o convívio e encontro de antigos colegas e amigos, a viagem proporcionou uma visita signifi-cativa de boa parte da região da Serra da Estrela.

ALMOÇO NACIONAL 2013Decorreu, no dia 05 de outubro, o almoço nacional dos Sócios da ANAC. O convívio teve lugar na Quinta Nova (próximo de Pernes-Santarém).

A escolha desta Quinta teve a ver com a proximidade de Lisboa e, por conseguinte, da residência da maioria dos participantes. Cremos que, considerando a qualidade do serviço e a simpatia e dignidade com que fomos recebidos, esta foi uma boa opção.

Desta vez atingimos o número de 700 presenças entre Sócios, amigos e convidados. Podemos dizer que foi uma jornada gloriosa para a ANAC e os seus Sócios.

Tendo como guia o Dr. Alberto Martinho, proprietário da Quinta do Crestelo onde ficámos alojados, o qual, servindo-se da sua formação como Sociólogo e professor no Instituto Politécnico de Viseu, foi des-crevendo ao longo de uma parte da viagem, a vida, os costumes e as-petos do trabalho dos habitantes da região e a sua adaptação ao meio ambiente, característico das terras altas.

Logo à chegada e após o almoço, de acordo com o programa, foi feita uma visita à 11ª feira do Porco, do Enchido e do Fumeiro de Meruge, onde se manifestam, de forma tão genuína, as características das po-pulações da aldeia, incluindo música popular, onde sempre maravilha a espontaneidade dos cantores à desgarrada.

O segundo dia, 11 de Novembro, dia de S. Martinho, pretexto para a realização desta viagem, foi destinado ao passeio à Serra da Estrela, com passagem pelo Sabugueiro e Manteigas até ao teto de Portugal, a Torre. O regresso a Seia foi efectuado ao longo do Vale Glaciar do Zêzere, ex-libris da região de Manteigas, com os característicos vales em U típicos das formações glaciárias, onde a paisagem é salpicada de rochas polidas e blocos erráticos, os célebres covões e lagoas, sendo a presença da água uma constante.

Depois da chegada, realizou-se o Magusto, com muitas castanhas as-sadas, o bom vinho tinto e a indispensável geropiga. No jantar, como estava anunciado, foi servida uma ceia medieval, com vestimentas a rigor ao estilo da época.

Neste ambiente de convívio e boa disposição, seguiu-se um animado baile, que durou até que as gentis damas e nobres cavaleiros, cansados recolheram aos seus aposentos.

No dia 12 e último do programa, efetuou-se a visita ao Museu do Pão, utilizando o simpático Combóio Turístico. Ao almoço, servido na Quinta, cujo pessoal foi de uma simpatia e profissionalismo inescedível durante toda a estadia, seguiu-se o regresso a Lisboa sem qualquer contratempo.

C. Garrido

EXPOSIÇÃO DE ESCULTURA/MOLDAGEMDecorreu na nossa Sede entre os dias 11 de Novembro e 6 de Dezembro a exposição dos trabalhos realizados pelos colegas pertencentes à sec-ção de Escultura/Moldagem dos Serviços Sociais.

Foi com grato prazer que pudemos apreciar várias peças, cuja beleza e valor estético são reveladores do talento dos colegas que se dedicam com empenhamento a este tipo de expressão artística. Estão todos os participantes de parabéns, muito especialmente o nosso colega Orlan-do Santos, Seccionista e Vice-Presidente da ANAC.

Incentivam-se todos os sócios, que se sintam atraídos por este tipo de arte, que se inscrevam na Secção, pois para além da satisfação pesso-al que possam retirar dessa prática, não privem os outros colegas de apreciar a sua arte.

C. Garrido

Contámos com a presença de representantes da Administração da CGD, da Direção dos Serviços Sociais, da CT, dos Sindicatos, das As-sociações Amigas do ex-BNU, do Montepio Geral e das Seguradoras. Também o Seniamor e os Dadores de Sangue nos honraram com as suas presenças.

Vieram Sócios de todo o país, de Trás-os-Montes aos Açores. As De-legações da Beira Interior e do Norte fizeram um excelente trabalho de coordenação e contámos com mais de 160 Sócios e Amigos destas regiões. Para os Delegados o agradecimento da Direção.

O nosso Grupo Coral, apesar das difíceis condições acústicas, apresen-tou algumas das peças do seu repertório e o Maestro Manuel Matos fez um convite a todos para que incorporassem o conjunto dos membros do Grupo.

O Grupo de Cantares fez também uma apresentação, com grande agra-do geral e com a participação de muitos dos presentes no acompanha-mento das cantigas mais conhecidas e populares.

A Agência Abreu ofereceu três excelentes prémios que foram sortea-dos entre os Sócios. Como é norma, os membros dos órgãos sociais da ANAC não participaram neste sorteio…

Apesar do grande número de participantes não foi registado qualquer acidente, percalço ou indisposição... Da parte da Direção só temos uma palavra para qualificar este dia - EXCELENTE.

Daqui a dois anos voltaremos, com mais força ainda...

Cândido Vintém

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VISITA AO PALÁCIO NACIONAL DE MAFRAApesar da chuva quase permanente, um grupo de meia centena de Só-cios, familiares e amigos visitou o Palácio Nacional de Mafra - felizmente a visita foi feita “debaixo de telha”...

Após as explicações de quem sabe, a paragem seguinte foi no “Arma-zém dos Grelhados” onde houve oportunidade para mais momentos de convívio.

160 e 50 na Guarda. Em todos eles foi lida uma mensagem de Natal dirigida pelo Presidente da Direção a todos os presentes e tambémpara os que, por um motivo ou outro, não estavam fisicamente com os grupos.

Em Lisboa contámos com a participação dos Grupos Coral e de Can-tares da ANAC e os alunos das atividades de aprendizagem de viola e de danças animaram os momentos finais de excelente camaradagem, convívio e alegria.

Foram três jornadas de são convívio, na espírito natalício, com muita alegria e boa disposição a provar que nem a crise que nos impõem faz desmoronar a fortaleza que a amizade e a solidariedade constroem diariamente. PARABÉNS, SÓCIOS DA ANAC.

Cândido Vintém

ALMOÇO DE NATAL DOS SÓCIOSDA REGIÃO DA BEIRA INTERIOR

A Delegação da Beira Interior levou a efeito o seu 1º Almoço de Natal tendo o evento ocorrido no passado dia 14 de Dezembro no Hotel Vanguarda na Guarda contando com a presença de 51 amigos tendo decorrido de forma alegre, aberta e franca.

Na abertura, o Peres de Almeida deu as boas vindas e agradeceu a presença dos participantes. Lembrou os colegas ausentes nomea-damente aqueles que enfermos não puderam estar presentes de-sejando as suas melhoras. De seguida leu a “Mensagem de Natalaos Sócios reunidos nos Almoços de Natal 2013” subscrita pelo Dr. Cândido Vintém, Presidente da Direcção da ANAC. Mensagem que agradou a todos.

Com a intervenção da M.ª Eugénia Gaiolas, texto que se anexa e que colheu o aplauso dos presentes, estava encerrada a primeira parte do encontro.

O convívio contou sempre, com forte dose de companheirismo e solidariedade tendo o seu auge aquando da entrega das prendas, de “óptima qualidade”, com que todos foram presenteados.

Com um bom adeus, um forte abraço amigo despedimo-nos até ao próximo evento que, decerto, será em breve.

Peres de Almeida

Após aquilo que já começa a ser corrente (o mistério do autocarro de-saparecido...), foi a vez de visitarmos a magnífica basílica e o regresso a casa.

A visita foi acompanhada por técnicos do Palácio que deram a conhe-cer quer o edifício quer a sua história, chamando a atenção dos visi-tantes para pormenores que escapariam a qualquer visitante menos esclarecido.

Cândido Vintém

DESFOLHADA DO MILHO, NO MINHOCerca de 50 dos nossos Sócios, familiares e amigos deslocaram-se ao Minho para, entre outras atividades, celebrarem a desfolhada do milho.

Foram três dias de alegre e são convívio onde tivemos a oportunidade de saborear os néctares da região ao mesmo tempo que deglutimos a vitelinha, o bacalhau, os rojões, etc., etc., etc.

Também fizemos uma visita à Quinta da Aveleda e a alguns dos me-lhores exemplos da arquitetura religiosa da região - Senhora da Lapa, Senhora da Abadia, ...

No Museu do ouro, em Travassos, tivemos oportunidade de ver como ainda hoje se fabricam as verdadeiras peças de arte que são as filigranas.

A desfolhada teve de ser feita “debaixo de telha” mas mesmo assim não faltaram a alegria, a música minhota, os petiscos e o baile. O “milho rei” também fez a sua aparição mas, pela quantidade de espigas encontra-das, desconfiamos que houve manipulação dos resultados…

Em Penafiel visitámos o seu excelente e premiado Museu Municipal. Em Felgueiras provámos o pão-de-ló de Margaride depois de visitarmos a sua fábrica...

Cândido Vintém

ALMOÇOS-CONVÍVIO DE NATAL

No passado dia 14 de dezembro, mais de 400 dos nossos Sócios, amigos e familiares reuniram-se em 3 locais distintos do país para celebrarem o Natal na “família ANAC”. Em Lisboa estiveram 200, no Porto estiveram

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lisboa cidade de encantos retirado da internet por Orlando Santos

PRAÇA LUÍS DE CAMÕES

A PRAÇA LUIS DE CAMÕES pertence à freguesia da Encarnação. Fica entre o Largo do Chiado e as Ruas do Alecrim, Misericórdia, Loreto, Norte, Gáveas, Horta Seca e das Flores.

O local onde iria nascer a Praça Luis de Camões e seu espaço envolvente mais a Norte, era ainda no século XV, um autêntico ermo, como naturalmente acontecia em todos extra muros.

Com a edificação da igreja de São Roque no século XVI, começaram a afluir pessoas e inicia-se a construção local, realçando o palácio setecentista dos Condes de Cantanhede, posteriormente de Marqueses de Marialva, onde brilhou a nobreza de Portugal em sumptuosas festas. Não possuía grande beleza arquitetónica, mais valendo pelos porme-nores e pelo recheio do que pela aparência, no entanto após o terramoto de 1755, os danos nele provocados foram talvez uma das razões para o seu abandono.

Aos escombros do palácio e de mais umas casas pobres entretanto construídas, passou o povo a chamar «Casebres do Loreto». Só em 1859, mais de um século depois do sismo, se efetuou a limpeza do sítio deitando abaixo o palácio e casas em redor.

Estava assim criado o novo espaço, onde viria a nascer a praça Luis de Camões com os contornos como hoje se co-nhece, com o poeta de frente para o Chiado (com as suas duas igrejas a da Encarnação e a do Loreto ou dos Italianos) e tendo atrás de si o edifício da Consulado Geral do Brasil, uma estação dos CTT e uma agência da CGD.

Victor Bastos foi o autor/escultor do monumento, construído entre 1860 e 1867, data da sua inauguração. Sobre um grande pedestal em pedra com 7,5m, rodeado de estatuária em pedra representativa de figuras notáveis da nossa história, ergue-se a figura do poeta executada em bronze com 6m de altura. É caraterizada por um paralelepípedo fa-cetado, cujas arestas se acostam às figuras mais prestigiadas da cultura clássica nacional, (de Fernão Lopes a Zurara de Pedro Nunes a João de Barros), empenhados como o poeta, no engrandecimento e celebração da Pátria.

Com a estátua de Luis de Camões, Lisboa via não só nascer uma bela e discreta praça urbana, como também um signo imperativo de conceitos modernos de cidadania, corporizados na figura de um herói- poeta, eterno exilado que morrera pobre e só. !!!!!!!

MINA DO LOUSAL

Meia centena de Sócios e familiares deslocaram-se até ao Lousal para visitar a vila mineira, o seu museu e as próprias minas.

Foi uma jornada muito interessante, com passeio pedestre através dos campos tantas vezes percorridos pelos mineiros na sua dura labuta.

No Museu tivemos oportunidade de ver muitas das peças de vestuário, de trabalho e até de diversão dos mineiros.

A zona da maquinaria, onde estavam as antigas oficinas, fruto de um excelente trabalho de manutenção, tem muitas das máquinas ainda em condições de funcionamento.

Depois, foi rumar até à “Escola” para degustar os seus famosos petiscos. Aqui tivemos outra vez a cultura popular connosco pois o choco frito, a empada de caça e todos os outros petiscos não são mais do que verda-deiras obras de arte da região.

No final ainda houve tempo para visitar um outro local único no nosso país – o porto palafita da Carrasqueira.

Cândido Vintém

INVOCAÇÃO DE NATAL

Hoje celebramos o almoço de Natal da Anac.Damos-Te Senhor, graças pelo dom da nossa vida. É muito bom fazer parte deste momento em que convos-co comemoramos o Nascimento de Jesus. Este é o dia especial de reencontro com todos os colegas e amigos, que servirá para apreciarmos juntos as ideias pintadas com palavras, as palavras transformadas em passos e as mudanças que fizemos e que nos tornaram aposenta-dos neste nosso pequeno planeta.Decidimos chamar a esta mudança o tempo de re-flexão, dando-lhe forma através das ideias e atitudes que temos vindo a escolher, desde que deixamos as responsabilidades laborais, com os nossos convívios, os nossos almoços e a nossa profunda sabedoria.Algumas mudanças o futuro ainda nos trará, umas serão uma bênção, outras parecer-nos-ão calamidades destinadas a destruir-nos. Aprendi com experiência própria que ambas as possibilidades existem.Pedimos a Tua Bênção Senhor, para a Associação e para todos aqueles que mostraram o quanto se pode conseguir, quando a amizade, ideias e propósitos se consubstancia com projectos que respondem à necessidade e união.Sofremos com a situação atual de probreza e fome,mas dai-nos Senhor força e esperança em dias melho-res, Faz do Deus Menino não a lembrança de um Natal diferente e mais pobre mas a luz que nos leva a vivê--lo como sentido, junto dos homens que lutam por uma vida melhor.Imploramos-Te ainda, que ajudes os nossos colegas doentes, lembrando também os que já partiram e que através da Amizade e Solidariedade encontraremos o caminho da Paz e Compreensão.Boas Festas.

Mária Eugénia

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Se me deixarem assumir o controlo dos jornais, da rádio, da indústria do cinema e talvez de mais meios de difusão cultural, garanto-lhe que em poucos anos faço das pessoas CANIBAIS.

Delegação Norte da Anac / Dezembro 2013

DELEGAÇÃO NORTE DA ANAC

Por N

é do

Resposta à Rubrica “Quem é o Autor ?”

Quem é o Autor ?

Conto de Ano Novo (À memória de Manuel Amaral)

Naquela tarde de 30 de Dezembro, já a escurecer, o Zé da Venda, (era assim conhecido porque os pais haviam tido, em tempos, uma venda na aldeia) chegou a casa tão profunda-mente abatido como se lhe tivessem dado uma forte tareia e lhe tivessem quebrado alguns ossos, ou vinha gravemente doente. Logo que entrou em casa foi sentar-se no lugar do costume sem dizer nada. A Ermelinda, sua mulher, que an-dava a preparar a refeição da noite, estranhou aquele silên-cio que lhe não era habitual, e sobretudo aquela cara pior que de enterro, sobressaltada perguntou-lhe. - Que tens, Zé, vens doente? O companheiro olhou a mulher com ar tão profundamente magoado que a trespassou de lado a lado e disse com voz tremente: - Não, mulher, pior que isso. Muito pior. Se fosse doença tratava-se, e o que me aconteceu não tem cura. - Assustas-me. Diz já o que te aconteceu, E a Ermelinda, já esquecida do que andava a fazer, aguardou, numa angústia. - Fui despedido da fábrica. Eu e mais cinquenta e três traba-lhadores. Cerca de metade dos que trabalham na Têxtil Sa-brosa. Reestruturação da empresa, novas tecnologias, a crise no sector, diz o gerente. Ficam os mais novos por, diz ainda o gerente, estarem melhor preparados tecnicamente para lidarem com as máquinas modernas. Enfim, a conversa do costume. A Ermelinda, dum momento para o outro, também sofreu o choque. Começou a tremer, e ia desmaiando se não se sen-tasse de pronto. Reagindo, porém, à notícia fatal, pôs-se de pé num salto brusco, tomou nas duas as mãos do compa-nheiro e bradou com voz gritada e rouca de ira: - Filhos da puta! E cornos! Cornos é o que eles são todos! E os olhos, onde luzia um lume que não se sabia se era de raiva, se de coragem, talvez os dois sentimentos fundidos num só, encheram-se de lágrimas mas, num instante ficaram secos. E assim permaneceram algum tempo os dois, abati-dos, agora num abraço de desânimo extremo. Eram como dois náufragos num barco frágil que se afundava num abis-mo, sem que houvesse uma salvação. Como fora possível tal coisa acontecer assim, de um momento para o outro? O ordenado do Zé da Venda, que pouco passava de quinhentos euros, iria ficar reduzido ao subsídio de desemprego, o que ainda levava o seu tempo até o começar a receber. Que vida iria ser a sua! Que vida! Era preciso, porém, reagir àquela agonia, àquele penedo que tão abruptamente lhes caíra no caminho da vida, Era preciso ser forte, até porque tinham um filho com nove anos que era preciso educar. E naquele momento dramático, fora ele a sua tábua de salvação. Zé da Venda, meio tonto como se tivesse levado uma paula-da na cabeça, deslindou-se da mulher e, num ímpeto irresis-tível, deu um murro descomunal na mesa da cozinha vocife-rando, com voz torva e olhar enlouquecido: - Neste momento, mulher, roubava, matava, punha uma bomba no escritório quando lá estivesse o patrão e o geren-te, que é tão bom como ele. Entrava pela porta dentro e rebentava com eles todos. Era o que eu fazia e eles precisa-vam. A Ermelinda assustou-se. Nunca vira o seu homem tão trans-tornado pelo desespero que se volvia em raiva. Parecia lou-co e teve medo. Medo de que ele adoecesse, o que seria então uma tragédia total. Abraçou-se de novo ao compa-

nheiro, olhos rasos de lágrimas e suplicou: - Então, Zé, acalma-te. Não posso ver-te assim nesse estado. Tens de reagir. Olha o nosso filho como olha para nós com olhos suplicantes, quase e chorar. Com efeito, do seu quarto onde estava a tratar dos trabalhos escolares daquelas férias de Natal, o Luciano viera saber o que se passava de grave, de tão insólito que era aquele alvo-roço mau a que não estava habituado. O Luciano era uma criança loira e bela como um efebo de Botticelli, que olhava o pai com olhos de susto, quase a chorar. E aqueles olhos maravilhosos, dum azul magoado e doce, fitos nos seus fo-ram o bastante para apaziguar a sua alma onde rugia uma tempestade de raiva e desespero. Então, debruçou-se sobre o filho para o beijar e acarinhar com o rosto inundado de lágrimas. - Porque choras tanto, pai? Só te vi chorar uma vez, quando morreu a avó. Mas não foi tanto como agora. - É que estou desempregado, meu filho. Fui despedido da fábrica juntamente com muitos outros operários. Razões do interesse deles, dos patrões. O Luciano baixou os olhos e ficou pensativo uns instantes. “Pois é”, disse depois. A mão do pai acariciava os cabelos do filho e sentia que estava ali a sua força, a sua alma, o seu mundo. Depois, a custo, com lágrimas na voz, acrescentou: - Sabes, filho, custa-me muito dizer-te, mas não podemos ir passar a noite de Ano Novo na Serra da Estrela, como te tinha prometido como prémio do teu excelente aproveita-mento na escola. O Luciano ouviu com atenção, encolheu os ombros resigna-do e disse: - Não tem importância, pai. Será para outra vez. O que quero é que não estejas assim. De novo a emoção tomou conta do pai. E com veemência, como se prestasse um juramento de honra a si próprio, dis-se: - Juro, Luciano, que aconteça o que acontecer, hás-de conti-nuar nos estudos até onde quiseres. Nem que para isso eu tenha que ir… e o Zé ia pronunciar o nome de um verbo do qual se arrependeu no último instante. E, voltando-se para a mulher, acrescentou: - Já que não vamos passar a Noite de Ano Novo à Serra da Estrela, temos que telefonar sem demora para a Pousada, a suspender a reserva do quarto, alegando que surgiu um impedimento grave à última hora. A Ermelinda encarregou-se disso e, passados dez minutos, estava o assunto resolvido. Da Pousada, informaram que não havia inconveniente, pois haveria sempre quem viesse ocupar o quarto que ficara disponível. - Ainda bem, alegrou-se o Zé da Venda. Do mal, o menos. Ao outro dia, véspera de Ano Novo, iriam ter, como manda a tradição, ceia melhorada onde não faltaria o florido bolo-rei e a inseparável e volitante champanhe. E assim os três, ao calor dum bom lume, esperariam pelas doze badaladas da meia-noite para, de cálices de espumante nas mãos, aguar-darem o nascimento do Ano Novo. A tempestade de há pouco passara deixando, contudo, gra-ves destroços naquelas modestas vidas, tão inesperada e cruelmente afetadas. Mas já havia uma esperança de que iriam recompor-se das ruínas. E nisso a vida é prodigiosa, vislumbrava-se uma nesga de azul no novo ano que aí vinha. E esse azul era, sobretudo, a luz que manava dos olhos azuis do seu filho.

A. Magalhães

A resposta à rubrica “Quem é o Autor?” publicada no último boletim da Anac, é a seguinte: Urbano Tavares Rodrigues. Autor prolífico, figura como um dos mais prestigiados escritores da segunda metade do século XX em Portugal, sendo a sua obra marcada pela consciência do indivíduo face a si mesmo e aos outros. A resposta à rubrica deste número, deverá ser dirigida à Delegação da Anac-Norte e será divulgada no próximo número deste jornal.

Caldo de Letras

Se me deixarem assumir o controlo dos jornais, da rádio, da indústria do cinema e talvez de mais meios de difusão cultural, garanto-lhe que em poucos anos faço das pessoas CANIBAIS.

Delegação Norte da Anac / Dezembro 2013

DELEGAÇÃO NORTE DA ANAC

Por N

é do

Resposta à Rubrica “Quem é o Autor ?”

Quem é o Autor ?

Conto de Ano Novo (À memória de Manuel Amaral)

Naquela tarde de 30 de Dezembro, já a escurecer, o Zé da Venda, (era assim conhecido porque os pais haviam tido, em tempos, uma venda na aldeia) chegou a casa tão profunda-mente abatido como se lhe tivessem dado uma forte tareia e lhe tivessem quebrado alguns ossos, ou vinha gravemente doente. Logo que entrou em casa foi sentar-se no lugar do costume sem dizer nada. A Ermelinda, sua mulher, que an-dava a preparar a refeição da noite, estranhou aquele silên-cio que lhe não era habitual, e sobretudo aquela cara pior que de enterro, sobressaltada perguntou-lhe. - Que tens, Zé, vens doente? O companheiro olhou a mulher com ar tão profundamente magoado que a trespassou de lado a lado e disse com voz tremente: - Não, mulher, pior que isso. Muito pior. Se fosse doença tratava-se, e o que me aconteceu não tem cura. - Assustas-me. Diz já o que te aconteceu, E a Ermelinda, já esquecida do que andava a fazer, aguardou, numa angústia. - Fui despedido da fábrica. Eu e mais cinquenta e três traba-lhadores. Cerca de metade dos que trabalham na Têxtil Sa-brosa. Reestruturação da empresa, novas tecnologias, a crise no sector, diz o gerente. Ficam os mais novos por, diz ainda o gerente, estarem melhor preparados tecnicamente para lidarem com as máquinas modernas. Enfim, a conversa do costume. A Ermelinda, dum momento para o outro, também sofreu o choque. Começou a tremer, e ia desmaiando se não se sen-tasse de pronto. Reagindo, porém, à notícia fatal, pôs-se de pé num salto brusco, tomou nas duas as mãos do compa-nheiro e bradou com voz gritada e rouca de ira: - Filhos da puta! E cornos! Cornos é o que eles são todos! E os olhos, onde luzia um lume que não se sabia se era de raiva, se de coragem, talvez os dois sentimentos fundidos num só, encheram-se de lágrimas mas, num instante ficaram secos. E assim permaneceram algum tempo os dois, abati-dos, agora num abraço de desânimo extremo. Eram como dois náufragos num barco frágil que se afundava num abis-mo, sem que houvesse uma salvação. Como fora possível tal coisa acontecer assim, de um momento para o outro? O ordenado do Zé da Venda, que pouco passava de quinhentos euros, iria ficar reduzido ao subsídio de desemprego, o que ainda levava o seu tempo até o começar a receber. Que vida iria ser a sua! Que vida! Era preciso, porém, reagir àquela agonia, àquele penedo que tão abruptamente lhes caíra no caminho da vida, Era preciso ser forte, até porque tinham um filho com nove anos que era preciso educar. E naquele momento dramático, fora ele a sua tábua de salvação. Zé da Venda, meio tonto como se tivesse levado uma paula-da na cabeça, deslindou-se da mulher e, num ímpeto irresis-tível, deu um murro descomunal na mesa da cozinha vocife-rando, com voz torva e olhar enlouquecido: - Neste momento, mulher, roubava, matava, punha uma bomba no escritório quando lá estivesse o patrão e o geren-te, que é tão bom como ele. Entrava pela porta dentro e rebentava com eles todos. Era o que eu fazia e eles precisa-vam. A Ermelinda assustou-se. Nunca vira o seu homem tão trans-tornado pelo desespero que se volvia em raiva. Parecia lou-co e teve medo. Medo de que ele adoecesse, o que seria então uma tragédia total. Abraçou-se de novo ao compa-

nheiro, olhos rasos de lágrimas e suplicou: - Então, Zé, acalma-te. Não posso ver-te assim nesse estado. Tens de reagir. Olha o nosso filho como olha para nós com olhos suplicantes, quase e chorar. Com efeito, do seu quarto onde estava a tratar dos trabalhos escolares daquelas férias de Natal, o Luciano viera saber o que se passava de grave, de tão insólito que era aquele alvo-roço mau a que não estava habituado. O Luciano era uma criança loira e bela como um efebo de Botticelli, que olhava o pai com olhos de susto, quase a chorar. E aqueles olhos maravilhosos, dum azul magoado e doce, fitos nos seus fo-ram o bastante para apaziguar a sua alma onde rugia uma tempestade de raiva e desespero. Então, debruçou-se sobre o filho para o beijar e acarinhar com o rosto inundado de lágrimas. - Porque choras tanto, pai? Só te vi chorar uma vez, quando morreu a avó. Mas não foi tanto como agora. - É que estou desempregado, meu filho. Fui despedido da fábrica juntamente com muitos outros operários. Razões do interesse deles, dos patrões. O Luciano baixou os olhos e ficou pensativo uns instantes. “Pois é”, disse depois. A mão do pai acariciava os cabelos do filho e sentia que estava ali a sua força, a sua alma, o seu mundo. Depois, a custo, com lágrimas na voz, acrescentou: - Sabes, filho, custa-me muito dizer-te, mas não podemos ir passar a noite de Ano Novo na Serra da Estrela, como te tinha prometido como prémio do teu excelente aproveita-mento na escola. O Luciano ouviu com atenção, encolheu os ombros resigna-do e disse: - Não tem importância, pai. Será para outra vez. O que quero é que não estejas assim. De novo a emoção tomou conta do pai. E com veemência, como se prestasse um juramento de honra a si próprio, dis-se: - Juro, Luciano, que aconteça o que acontecer, hás-de conti-nuar nos estudos até onde quiseres. Nem que para isso eu tenha que ir… e o Zé ia pronunciar o nome de um verbo do qual se arrependeu no último instante. E, voltando-se para a mulher, acrescentou: - Já que não vamos passar a Noite de Ano Novo à Serra da Estrela, temos que telefonar sem demora para a Pousada, a suspender a reserva do quarto, alegando que surgiu um impedimento grave à última hora. A Ermelinda encarregou-se disso e, passados dez minutos, estava o assunto resolvido. Da Pousada, informaram que não havia inconveniente, pois haveria sempre quem viesse ocupar o quarto que ficara disponível. - Ainda bem, alegrou-se o Zé da Venda. Do mal, o menos. Ao outro dia, véspera de Ano Novo, iriam ter, como manda a tradição, ceia melhorada onde não faltaria o florido bolo-rei e a inseparável e volitante champanhe. E assim os três, ao calor dum bom lume, esperariam pelas doze badaladas da meia-noite para, de cálices de espumante nas mãos, aguar-darem o nascimento do Ano Novo. A tempestade de há pouco passara deixando, contudo, gra-ves destroços naquelas modestas vidas, tão inesperada e cruelmente afetadas. Mas já havia uma esperança de que iriam recompor-se das ruínas. E nisso a vida é prodigiosa, vislumbrava-se uma nesga de azul no novo ano que aí vinha. E esse azul era, sobretudo, a luz que manava dos olhos azuis do seu filho.

A. Magalhães

A resposta à rubrica “Quem é o Autor?” publicada no último boletim da Anac, é a seguinte: Urbano Tavares Rodrigues. Autor prolífico, figura como um dos mais prestigiados escritores da segunda metade do século XX em Portugal, sendo a sua obra marcada pela consciência do indivíduo face a si mesmo e aos outros. A resposta à rubrica deste número, deverá ser dirigida à Delegação da Anac-Norte e será divulgada no próximo número deste jornal.

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Delegação Norte da Anac / Dezembro 2013

DELEGAÇÃO NORTE DA ANAC

Viagem à Madeira Decorreu de 10 A 13 Outubro a viagem à Madeira. Preenchida com o melhor que se pode apreciar naquela Ilha, veio ao encontro de todos aqueles que ainda não conheciam a Ilha Paradisíaca. Dos muitos lugares visitados referimos os seguintes que caracterizam a Ilha da Madeira: Camacha; Pico do Areeiro, segundo pico mais alto da ilha a 1.810mts; Ribeiro Frio, parque na-tural e viveiro de trutas; Santana, com casas típicas triangulares com telhados de colmo; Portela, miradouro a 670mts; Fun-chal e as suas Inúmeras igrejas e conven-tos do século XV; Prova do afamado vinho da madeira; Igreja de Nossa Senhora do Monte; Pico dos Barcelos, com vista do Funchal e Ilhas Desertas; Eira do Serrado, miradouro a 1.094mts; Curral das Freiras; Câmara de Lobos; Cabo Girão, o mais alto promontório da Europa direto sobre o mar (580mts); Ribeira Brava; Encumeada, cume a 1.007mts onde se pode apreciar simultaneamente as costas norte e sul da ilha; São Vicente e a famosa floresta Lau-rissilva; Porto Moniz, com as piscinas naturais e o Véu da Noiva; Paul da Serra, planalto da ilha a 1400mts; e Ponta do Sol. Este foi em resumo, a nossa viagem à Madeira, a “Ilha das Flores”.

Passeio de S. Martinho Em 9 de Novembro, realizamos o nosso tradicional Pas-seio/Festa de S. Martinho na Quinta de Samaiões, em Cha-ves. O passeio iniciou-se com uma visita guiada à cidade de Chaves e seus monumentos, orientada pelos Técnicos de Turismo da Câmara Municipal de Chaves. O almoço, festa, baile e lanche, decorreram na Quinta de Samaiões, muito perto da cidade de Chaves. Foi uma festa de confraternização e amizade entre os muitos Sócios e Familiares (cerca de 170) que participaram neste passeio da Delegação Norte da Anac.

Almoço de Natal Realizamos o Convívio de Natal no dia 14, em Vila Verde, na Quinta da Aldeia. Na parte da manhã visi-tamos o Mosteiro de Rendufe e o Santuário da Senhora da Abadia. O convívio de Natal teve a participa-ção de cerca de 170 Colegas e seus familiares. A confraternização, o convívio e a amizade, caracteriza-ram este encontro natalício. O Grupo de Cantares da Delegação Norte da Anac interpretou diversas canções que foram acompanhadas (e também cantadas) por todos os participantes. Após os cantares, os Participantes desejaram BOM NATAL a Todos os Sócios da ANAC!

Passeios no Porto

O ciclo de Outono dos passeios à descoberta do Porto, que se iniciou em 25 de Setembro com a visita à Biblioteca Mu-nicipal do Porto e ao Teatro S. João, teve mais três progra-mas: -No dia 9 de Outubro, visita à Casa Oficina António Carneiro e ao Museu Militar; -No dia 24 de Outubro, visita ao Estádio do Dragão; -No dia 6 de Novembro, visita à Casa Museu Guerra Junqueiro, ao Arqueossítio da Rua D. Hugo e à Casa dos Redemoinhos. Este ciclo de Outono que privilegi-ou a visita a edifícios, museus e monumentos da cidade do Porto, teve muita participação dos Sócios da Anac que esgo-taram as inscrições possíveis para estes passeios “à desco-berta do Porto…”.

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MERCADO DE ARTE

De acordo com notícias da Lusa, o quadro Silver Car Crash (Double Disaster), do artista norte-americano Andy Warhol, foi vendido pelo valor recorde de 105,4 milhões de dólares (78, 3 milhões de euros) numa sessão da leiloeira Sotheby’s em Nova Iorque. A obra faz parte de um conjunto de quatro trabalhos, sob o tema “Morte e Desastre”, criado por Andy Warhol, em 1963.

A obra foi licitada por três compradores e superou o anterior recorde do artista de 71,2 milhões de dólares (52,88 milhões de euros). Silver Car Crash (Double Disaster), um painel duplo de 2,43 metros de altura e quatro de largura, estando representadas no primeiro 15 fotografias de um acidente, retiradas da imprensa, às quais foi aplicada a técnica da serigrafia, com a carcaça e um corpo retorcido no interior, tendo o segundo painel a forma de um retângulo prateado.

Andy Warhol nasceu a 6 de Agosto de 1928, na Pensilvânia, nos Estados Unidos da América do Norte, e morreu a 22 de Fevereiro de 1987 em Nova Iorque. É considerado um dos artistas mais influentes do século XX, pelo impacto que a sua obra teve na prática do processo e conceito do movimento de arte, designado por pósmoderno.

Com uma obra polémica e de temas fortes, iniciou a sua carreira como desenhador de publicidade na década de 50. Experimentou a pintura no início da década de 60. Os trabalhos desse período incidem sobre temas relacionados com a natureza da produção em massa, e outros aspetos da cultura americana, concretamente, a expansão do mercado de produtos comerciais e as imagens de personalidades famosas, com incidência no mundo do espetáculo. O seu trabalho sobre as latas de Sopas Campbel, é representativa da adesão crescente ao consumismo e à alienação que provoca. Com a mesma finalidade, a obsessão de Warhol com o cinema, manifesta-se através dos fotogramas de artistas que então se encontravam no topo da carreira como Elvis Presley, Marlon Brando, Elizabeth Taylor e a icónica imagem de Marilyn Monroe, bem como os seus quadros sobre desastres, um dos quais o Silver Car Crash atrás referido, retirados de recortes de jornais, as manifestações relacionadas com os direitos civis e a sua repressão, tendo o quadro sobre o tema cadeira elétrica originado comentários politicamente comprometidos àcerca da pena de morte.

A arte de Warhol segue os princípios da pop arte, arte popular plena de originalidade, que integrou noções de arte convencional e da vida quotidiana. Esta corrente estética pode entender-se como uma visão muito própria acerca da sociedade mergulhada no consumismo, induzido por uma atividade comercial intensa, usando cores brilhantes e imagens em serigrafia.

Para além de proporcionar ao mundo da arte numa nova direção, utilizando uma linguagem marcada pela originalidade, o artista também ficou conhecido pela sua presença no teatro, tendo até produzido um disco de grande êxito do grupo The Velvet Underground em 1969, e no mundo do cinema produziu trabalhos de vanguarda sobre a cultura homossexual e exploração da sexualidade. Foi cofundador da Interview, revista sobre a cultura da comunicação e espetáculo.

Fonte: Grandes Artistas de Stephen Farthing

ESPAÇO CULTURAL

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Hoje é dia de era bom.É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,de falar e de ouvir com mavioso tom, de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros-coitadinhos – nos que padecem,de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitara sua miséria,de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.É só abrir o rádio e logo um coro de anjos, como se de anjos fosse,numa toada doce, de violas e banjos.Entoa gravemente um hino ao Criador.E mal se extinguem os clamores plangentes,a voz do locutoranuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o CéuE as vozes crescem num fervor patético.(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que oMenino Jesus Nasceu?Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suase fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passammais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates, com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,como se Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãose favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento e compra – louvado seja o Senhor! – o que nunca tinha pensado comprar.

DIA DE NATAL

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.Naquela véspera a santaa sua comoção é tanta, tanta, tanta,que nem dorme serena.

Cada menino abre um olhinhona noite incertapara ver se a aurorajá está desperta.De manhãzinha,salta da cama,corre à cozinhamesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!!

Na branda maciezada matutina luzaguarda-o a surpresado Menino Jesus.

Jesuso doce Jesus,o mesmo que nasceu na manjedoura,veio pôr no sapatinhodo Pedrinhouma metralhadora.

Que alegriareinou naquela casa em todo o santo dia!O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,fuzilava tudo com devastadoras rajadas e obrigava as criadasa caírem no chão como se fossem mortas:Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!

E fazia-as erguer para de novo matá-las.E até mesmo a mamã e o sisudo papáfingiamque caíam crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,de Sonhos e Venturas.É dia de Natal.Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.Glória a Deus nas Alturas.

Poema de: António Gedeão

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XX.EUROENCONTRO 2014 em FuengirolaXX.EUROENCONTRO 2014 em FuengirolaXX.EUROENCONTRO 2014 em Fuengirola

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A G R U P A M E N T O E U R O P E U D E A P O S E N T A D O S D E C A I X A S E C O N Ó M I C A S E I N S T I T U I Ç Õ E S F I N A N C E I R A S

Assumimos, assim, o compromisso de celebrar dignamente os vinte anos do nosso Grupo Europeu.

Cândido Trabuco Vintém (Presidente), Jean Claude Chrétien e Francisco Ramírez Munuera (Vice-presidentes)

No ano de 2014 celebramos os 20 anos destes momentos de muito tra-balho, de celebração da amizade e de convívio entre os bancários euro-peus reformados.

Como é habitual, teremos as jorna-das de trabalho com o Grupo de Es-tudos e Trabalho (GET) a preparar a síntese das conclusões do tema dis-

Como sairá a Europa da crise e qual será o papel dos aposentados no futu-ro As diversas reuniões do Conselho de Administração e da Assembleia de Delegados também serão dias de muito trabalho. Na quarta feira (dia 07 de maio) todos os presentes po-derão participar na Assembleia Geral Plenária, debatendo o tema proposto.

Claro que as componentes turística e cultural terão um peso importante. Para celebrar os vinte anos de união escolhemos um hotel em Fuengirola que reúne excelentes condições de

Aí teremos salas de jogo, animação depois do jantar, internet gratuita para todos e acesso direto à praia. Como estaremos na Andaluzia, re-gião espanhola muito marcada pela cultura árabe, vamos visitar as suas cidades mais importantes. Não esque ceremos as lindas paisagens que o

nos proporcionam. Em Málaga va mos visitar a sua Catedral, pas-seando pelas ruas envoltas em mis-tério. Vamos passear pelos caminhos de Pablo Picasso e subiremos ao Gi-bralfaro para admirar a cidade e o Mediterrâneo. Em Marbella vamos passear pela cidade velha, com as suas ruas estreitas e floridas. Em Puerto Banús teremos oportunidade de conhecer os grandes iates priva-dos que atravessam o Mare Nostrum.

Frigiliana -luzia), Mijas, Puerto Marina (em Be-

fazem a simbiose da terra com o mar. Para as jornadas de dia inteiro reser vámos as duas cidades mais míticas da Andaluzia Córdova e Granada. Nesta histórica cidade de Granada

-de) visita-remos a Catedral e a Cartuja e o seu bairro medieval árabe. Em Córdova visitaremos a Mesquita e o bairro judeu (ambos Património da Huma-

mais antigas da Andaluzia (as Bo-degas Alvear) e degustaremos os vinhos característicos da região.

MijasMijas

Vista da costa de MálagaVista da costa de Málaga

XX. ANIVERSÁRIO DO GRUPO EUROPEUXX. ANIVERSÁRIO DO GRUPO EUROPEUXX. ANIVERSÁRIO DO GRUPO EUROPEU

Do 2 ao 9 de maio 2014Do 2 ao 9 de maio 2014

Para mais informações pedimos que contactem com:

VIAJES TRANSVIA: Tel: +34 96 514 39 50 - E.mail: [email protected]

A Mesquita de CórdovaA Mesquita de Córdova