jornal limeira 34

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Jornal Regional de Limeira www.redebrasilatual.com.br LIMEIRA nº 34 Maio de 2015 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual Empresa demite 500 e eleva tarifas; risco de colapso ainda é real Pág. 4 CRISE DA ÁGUA SABESP Conta de água terá aumento de 20,27% a partir de 2 de junho Pág. 2 CIDADE REAJUSTE Laranja Oliva abre trabalhos do palco principal do evento Pág. 7 SHOW VIRADA CULTURAL Homens e mulheres trabalham duro em busca de uma vida melhor no Brasil IMIGRAÇÃO DIREITOS Advogado de DH desmistifica polêmica debatida no Congresso sobre redução da maioridade penal Pág. 5 PERIGO: JUVENTUDE EM SÉRIOS RISCOS COLÔNIA DE HAITIANOS

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Jornal Brasil Atual Limeira - 34ª edição

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  • Jornal Regional de Limeira

    www.redebrasilatual.com.br LIMEIRA

    n 34 Maio de 2015

    DISTRIBUIOGRATUITA

    jornal brasil atual jorbrasilatual

    Empresa demite 500 e eleva tarifas; risco de colapso ainda real

    Pg. 4

    CRISE DA GUA

    SABESP

    Conta de gua ter aumento de 20,27% a partir de 2 de junho

    Pg. 2

    CIDADE

    REAJUSTE

    Laranja Oliva abre trabalhos do palco principal do evento

    Pg. 7

    SHOW

    VIRADA CULTURAL

    Homens e mulheres trabalham duro em busca de uma vida melhor no Brasil

    IMIGRAO

    DIREITOS

    Advogado de DH desmistifica polmica debatida no Congresso sobre reduo da maioridade penal

    Pg. 5

    PERIGO: JUVENTUDE EM SRIOS RISCOS

    COLNIA DE HAITIANOS

  • 2 Limeira

    Expediente Rede Brasil Atual LimeiraEditora Grfica Atitude Ltda. Diretor de redao Paulo Salvador Edio Enio Loureno Redao Ana Lucia Ramos, Giovanni Giocondo, Ivanice Santos e William da Silva Foto Capa - Direitos Laycer Tomaz/Agncia Cmara Reviso Malu Simes Diagramao Leandro Siman Telefone (19) 99264-6550 (11) 3295-2820 Tiragem 15 mil exemplares Distribuio Gratuita

    CIDADE

    Reajuste aprovado por agncia reguladora ser de 20,27%

    Conta de gua vai aumentar

    Confira como fica a sua conta

    EDITORIAL

    Uma agenda conservadora avana no Brasil. No final de maro, foi aprovada a constitucionalidade da Proposta de Emenda Consti-tucional 171/93, na Comisso de Constituio e Justia da Cmara dos Deputados, com o objetivo de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos, atropelando o Estatuto da Criana e do Adolescente.

    Alm de ser uma medida que no funcionou em nenhum lu-gar do mundo, a PEC escancara a forma como o pensamento conservador entende a violncia no Brasil: como causa, no con-sequncia. Consequncia da falta de investimentos em educao, da falta de oportunidades para os nossos jovens, da falta de equi-pamentos pblicos de esporte, cultura e lazer.

    A greve do professorado paulista exemplifica como os governos brasileiros no levam a srio a educao do seu povo. O governa-dor Geraldo Alckmin (PSDB) no mostra disposio em negociar com o sindicato da categoria, e menospreza os atos polticos dos educadores, que enfrentam diariamente salas superlotadas, com es-colas literalmente em runas, para ganhar salrios miserveis.

    Aceitar a tramitao da PEC 171/93 no Congresso admitir que falhamos como sociedade, que no sabemos lidar com seres humanos em formao. Relegar jovens de 16 anos ao sistema prisional significa alimentar ainda mais a mquina da violncia segundo a Fundao Casa do Estado de So Paulo, a taxa de reincidncia de crimes dos jovens internos de 13%; j no siste-ma prisional estima-se reincidncia de 70%.

    Existem duas premissas para tratar esse caso de forma levia-na: ou m-f de setores interessados no encarceramento em massa, uma vez que alguns pases j privatizaram suas cadeias, e para o negcio ser rentvel preciso que se tenha maior nme-ro de presos; ou inocncia comparada ao Mito da Caverna, do filsofo grego Plato, em que a pessoa s consegue enxergar o mundo das aparncias.

    Os limeirenses devem co-mear a preparar o bolso para mais um aumento nas contas. Depois da energia eltrica, agora o servio de gua e es-goto que vai ficar mais caro a partir do dia 2 de junho.

    Clientes que consomem at 10 m de gua por ms e que pagam, atualmente, R$ 25,40 passaro a pagar R$ 30,55.

    O reajuste de 20,27% foi aprovado pela Agncia Regu-ladora dos Servios de Sane-amento das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundia (ARES-PCJ), responsvel por regulamentar o servio forne-

    cido pela Odebrecht Ambien-tal, concessionria do trata-mento e distribuio de gua de Limeira desde 1995.

    Aps o parecer tcnico fa-vorvel da Agncia, o Conse-lho Municipal de Regulao e Controle Social deu aval ao au-mento. Segundo Osmar da Silva Jnior, presidente do Conselho e tambm do Servio Autno-mo de gua e Esgoto (SAAE), o reajuste inflacionrio j estava previsto em contrato (8,13%).

    J a elevao feita com base no aumento das tarifas de energia eltrica (12,14%) foi ratificada aps a apresentao de um relatrio tcnico pela empresa, que detm o servio at 2039.

    Correlao entre tarifas A energia utilizada,

    para fazer a captao de gua nos mananciais. A es-tao de tratamento est a uma altura de 200 metros em relao ao local da re-tirada da gua, requerendo muita potncia das bombas. Depois, so mais 16 km de

    distncia entre a estao e a cidade, alm da rede de distri-buio, que tambm consome muita energia, justifica Os-mar.

    Em nota, a Odebrecht Ambiental lamentou o refle-xo do aumento nas contas, e informou que o ndice foi

    considerado para manter a qualidade dos servios e in-vestimentos na cidade.

    A empresa, que lucrou R$ 450 milhes brutos em 2013, prometeu reduzir o valor das contas de gua caso o custo da energia tam-bm seja reduzido.

    J para quem gasta en-tre 10 e 15 m, as contas vo subir de R$ 48,00 para R$ 57,73. Nessa faixa de con-

    sumo esto 64% das resi-dncias da cidade, segundo informaes da Odebrecht Ambiental.

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    IMIGRAO

    Imigrantes sonham com uma vida melhor aps terremoto que devastou pas caribenho por Giovanni Giocondo

    Haitianos formam colnia de trabalhadores na cidade

    O precursor

    Memrias, trabalhos e esperanas em solo brasileiro

    Muitos quilmetros longe da terra natal e a saudade dos que l ficaram no fazem com que milhares de haitianos in-gressos no Brasil deixem de acreditar em um sonho: con-

    O haitiano Jean Renold Faustine, 35, viveu metade de sua vida na Repblica Dominicana, trabalhando como vendedor.

    Aps um ano e meio economizando para as pas-sagens, chegou ao Brasil em 2012, aps uma jornada que teve Panam, Equador e Peru.

    No Acre, por onde en-trou, no passou muito tem-po. Garantido pelo patro, pegou um nibus at Limei-ra, onde hoje trabalha em uma empresa de manuten-o de postes.

    Jean casado com Flori-zze (que veio em 2014), 33, com quem tem trs filhos de 13, 10 e 4 anos. Tinha saudade, a gente s falava

    A poucos quilmetros do lar de Jean e Florizze vivem outros oito haitianos em uma casa no bairro Santa Eullia. Cada um a seu tempo, foram se aconchegando nos quatro quartos que existem na resi-dncia e, aos poucos, rece-bendo doaes de mveis, geladeira e fogo.

    A diviso igualitria das tarefas domsticas, compras e pagamento das contas regra para os rapazes, que so evanglicos.

    A maioria veio h pouco mais de um ano para Limei-

    ra. Dois deles, que j esto com o portugus afiado (l fala-se crioulo e francs), rela-taram para a nossa reportagem suas histrias e os desafios de sua nova vida.

    Peguiel Pierre, de 29 anos, se emociona ao falar do terre-moto que varreu Porto Prnci-pe, em 2010, matando 120 mil pessoas, dentre elas seus pri-mos, irmos e, por pouco, seu pai. Graas a Deus ele conti-nua conosco, conta.

    Ele tambm recorda que, alm das perdas materiais e de entes queridos, o terremoto

    deixou muita gente desempre-gada devido crise econmica que se seguiu.

    De fala mansa, o amigo Jamique Louis, de 37 anos, conta que naquele momento a vida no Haiti, que j no era fcil, ficou ainda mais compli-cada. Foi por isso que resol-vemos vir para o Brasil.

    O primeiro trabalho de quase todos os moradores da casa em Limeira foi na Cer-mica Batistella, que decretou falncia em janeiro. Foi um momento de muita apreenso e medo, revela Jamique, que

    agradece o auxlio do Sindica-to dos Funcionrios Servidores Municipais de Limeira (Sind-sel) durante os dois meses em que ficou desempregado.

    Hoje, Jamique trabalha em um fbrica de escapamentos. Ele s no est satisfeito com a des-valorizao do real ante o dlar, que tem dificultado seu envio de dinheiro para a famlia no Haiti.

    Por outro lado, se a moeda nacional no vai bem, o trata-mento dado a eles pelos brasi-leiros encanta o estrangeiros. So muito carinhosos. Tm uma maneira muito boa de

    tratar as pessoas. Para ns muito bom, exalta.

    Essa inocncia perante o Brasil tambm aflora em Peguiel, que afirma no ter sentido racismo por parte dos brasileiros.

    Imediatamente, Silvana Arado, diretora do Sindsel, que intermediou as entre-vistas com os rapazes, inter-vm: que aqui crime. Mas o racismo se faz em ou-tras frentes, como a falta de acesso educao, salrios mais baixos para os negros. No se enganem, alertou.

    por telefone, mas consegui juntar dinheiro para ela vir, conta. O desafio deles, ago-ra, trazer os filhos, que es-to com a irm de Florizze na Repblica Dominicana.

    Atualmente, o casal vive nos fundos de uma casa, em um espao de 30 metros qua-drados, compartilhado com outros dois haitianos.Sinto falta dos amigos de l, mas gosto muito daqui e quero continuar no pas, s preci-so da documentao.

    Jean explica que renova sua permanncia no Brasil atravs do contrato de tra-balho, mas ainda no possui o visto definitivo, j obtido por outros colegas que imi-graram depois.

    quistar uma vida melhor. Esse povo idealista, reli-

    gioso, apaixonado pelo futebol j forma uma colnia de imi-grantes tambm em Limeira. Homens e mulheres de todas

    as idades tm mostrado como a solidariedade entre conterr-neos, como na oferta de abrigo aos recm-chegados, capaz de promover esperana aos imigrantes em nosso pas.

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    Jean Renold Faustine

    Peguiel Pierre e Jamique Louis

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    CRISE DA GUA

    Para manter lucros, empresa demite 500 funcionrios e mira reajuste de 15,24% por Giovanni Giocondo

    A conta no fecha: Sabesp demite e aumenta a tarifa

    Falta de transparncia com os clientes residenciais

    Perseguio poltica aos trabalhadores da companhia

    No dia 5 de maio, a Agn-cia Reguladora de Saneamen-to e Energia do Estado de So Paulo (Arsesp) autorizou a Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Pau-lo (Sabesp) a promover rea-juste de 15,24% nas contas de gua, a partir de junho.

    O aumento ficar acima da inflao acumulada nos 12

    Meu emprego no paga a omisso que seria no dizer as verdades sobre o que est acontecendo. Logo aps essa mxima exposta em au-dincia pblica realizada na Assembleia Legislativa, no ms de fevereiro, Marzeni Pereira da Silva foi demiti-do, no ms seguinte, aps 22 anos trabalhados na Sabesp.

    Ele, que tambm era membro da oposio ao Sindicato dos Trabalhado-res em gua, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de So

    meses anteriores, que chegou a 8,13%, segundo o ndice Nacional de Preos ao Consu-midor Amplo (IPCA). A justi-ficativa do diretor financeiro e de relao com investidores da empresa, Rui Affonso, de que a Sabesp vive um es-tresse financeiro maximizado pela crise hdrica.

    Segundo informaes da pr-

    devem ser demitidos at o incio da data-base da categoria, que neste ms.

    O Sintaema tentou mobilizar uma greve contra a poltica de demisses da Sabesp em meio crise hdrica, mas no houve adeso ao movimento.

    Na opinio de Francisca Adalgisa, presidenta da Asso-ciao de Funcionrios da Sa-

    besp, o Estado de So Paulo est beira de uma guerra civil por conta da gua.

    O colapso do sistema de abastecimento de gua um processo de reao da natu-reza a anos de descaso, no apenas uma crise, diz a servi-dora, que defende que a estatal no pode se sujeitar ao sucate-amento da m administrao.

    Paulo (Sintaema-SP), foi a pblico para apresentar infor-maes que a estatal sonegou

    ao consumidores residenciais durante toda a crise.

    A Sabesp conta uma s-

    rie de inverdades popula-o para blindar o governo do Estado e responsabilizar o consumidor residencial pelo colapso do sistema de abaste-cimento de gua, diz.

    Entre essas histrias mal contadas estaria a reduo de presso na capital paulista, que, segundo o ex-servidor, ilusria em bairros com alto desnvel entre as ruas e as casas, como na zona norte da cidade. A vlvula redutora de presso no est em todas as regies, explica.

    Adepto do racionamento total e irrestrito e da decretao de estado de calamidade pbli-ca no Estado, Marzeni acredita que esta seria a medida mais justa, atingindo a todas as clas-ses sociais, sem distino.

    Por isso defendo a re-estatizao da Sabesp, que deve ficar sob o controle da populao. Precisamos en-contrar uma sada para essa crise sem precedentes, mas isso no ser possvel com a Sabesp sob a tutela de seus acionistas, critica.

    pria Sabesp, o lucro obtido pela estatal entre 2004 e 2013 chegou a R$ 12,43 bilhes. Nesse pero-do, a empresa diz ter reinvestido 84,5% desses valores na estru-turao do sistema, enquanto o restante dos dividendos, cerca de R$ 2 bilhes, foi repassado aos acionistas. Entre 2002 e 2012, as aes da Sabesp valorizaram 601% na Bolsa de Nova Iorque.DI

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    Assembleia dos funcionrios

    da Sabesp

    Para a direo do PSOL, partido ao qual Marzeni fi-liado, a demisso configurou perseguio poltica contra o trabalhador, sobretudo por suas fortes crticas contra os desmandos da Sabesp.

    Junto com Marzeni, ou-tros 500 trabalhadores j fo-ram desligados da empresa neste ano, e pelo menos 200

  • 5Limeira

    DIREITOS

    Advogado de direitos humanos desmistifica argumentos favorveis ao encarceramento de jovens

    Congresso debate reduo da maioridade penal

    Impunidade aos jovens infratores trata-se de mitoM

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    Um erro histrico. des-sa forma que especialistas em direitos humanos encaram a recente aprovao da Propos-ta de Emenda Constituio (PEC) 171/1993 pela Comis-so de Constituio e Justia da Cmara dos Deputados, que reduz a idade penal de 18 para 16 anos. A matria ainda precisa ser apreciada pelo ple-nrio da Casa, e ter o aval de 3/5 dos parlamentares para ser apresentada ao Senado.

    Para o advogado Marcos Fuchs, diretor adjunto da ONG Conectas, o Congresso Nacio-nal equivoca-se quando atribui reduo da maioridade penal a responsabilidade por diminuir os ndices alarmantes de violn-cia no Brasil. No me parece o caminho correto, por vrios aspectos, pondera.

    Ele enumera trs motivos pelos quais a proposta no tem qualquer fundamento. O pri-meiro o baixo nmero de

    Alm de prever o tempo mximo de internao de adolescentes infratores, o ECA tambm determina o cumprimento de outras me-didas socioeducativas, que incluem a liberdade assisti-da e a prestao de servios comunidade.

    Segundo a assessoria da Fundao Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), at 10 de abril, 9.903 adolescentes esta-

    vam submetidos s regras da ins-tituio no Estado de So Paulo.

    A Fundao Casa substi-tuiu a Febem (Fundao Esta-dual de Bem-Estar do Menor) a partir de 2006, com um novo modelo de ressocializao, baseado em unidades descen-tralizadas, oferecendo edu-cao profissional, prtica de esportes, acesso cultura e ao lazer, entre outras atividades.

    Entre 2006 e 2015, o ndice de reincidncia criminal caiu

    de 29% para 14%. O nmero de rebelies, que chegou a 80 em 2003, s teve um registro em 2009.

    A grande maioria dos ado-lescentes atendidos pela Fun-dao Casa cumpre regime de internao (7.422) ou inter-nao provisria (1.721), en-quanto os que se encaixam na chamada semiliberdade so apenas 531 jovens.

    Em relao faixa etria, 7.263 tm entre 15 e 17 anos,

    702 esto entre os 12 e os 14 anos e 1.867 possuem 18 anos ou mais. Ao completar 21 anos, o jovem deve deixar automaticamente a instituio.

    Outra informao impor-tante divulgada pela assessoria da Fundao Casa que 43,6% dos internos cumprem medida socioeducativa por roubo qua-lificado e 38,74% por trfico de drogas, delitos que, na viso de Fuchs, tm origem nos proble-mas sociais do pas.

    A misria, a falta de po-lticas pblicas, a ausncia do Estado na sade, na edu-cao, tudo isso corrobora para esse cenrio, destaca.

    Considerados crimes he-diondos, o homicdio quali-ficado, o homicdio doloso, o latrocnio roubo seguido de morte e o estupro, jun-tos, respondem por somente 3% do total de internos da instituio. (por Giovanni Giocondo)

    crimes hediondos cometidos por adolescentes. Segundo da-dos do Anurio Brasileiro de Segurana Pblica, dos 20.532 jovens que cumpriam medidas socioeducativas em 2012, so-mente 11,1% haviam praticado delitos graves contra a vida.

    O tempo mximo de in-ternao previsto para esses crimes de trs anos, confor-

    me estabelecido no Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), em vigor desde julho de 1990 no Brasil. A entra o segundo fator pontuado por Fuchs para dirimir o clamor popular pela reduo da maio-ridade penal para 16 anos.

    Houve expertise do mun-do inteiro na confeco desse documento, que tanto lutamos

    para ser homologado. Aps muitos debates, chegou-se concluso de que, com 18 anos, a pessoa penalmente responsvel. A Constituio consagrou esse item em um artigo como clusula ptrea, que segue inclusive recomen-dao da Organizao das Na-es Unidas (ONU). Portanto, retirar esses direitos incons-

    titucional, esclarece.O advogado ressalta as ca-

    ractersticas que comprovam a falncia completa do sistema penitencirio brasileiro: Su-perlotao, falta de assistncia mdica, falta de trabalho, falta de tudo. Eis a realidade das ca-deias, informa.

    De acordo com as infor-maes do Anurio Brasilei-ro de Segurana Pblica, em 2014, o nmero de pessoas em recluso nas cadeias chegou a 574.207. No total, 40,1% eram presos provisrios, e ain-da aguardavam julgamento.

    Para Fuchs, colocar ado-lescentes de 16 anos no conv-vio com criminosos adultos s promove prejuzo recupera-o dos primeiros.

    Obviamente que ele vai ser cooptado pelas organiza-es criminosas que funcio-nam dentro do sistema prisio-nal. So os novos soldados a servio do crime, ratifica.

  • 6 Limeira

    CULTURA

    Apresentaes iro debater tabus ligados intolerncia e ao preconceito na sociedade

    10. Mostra de Teatro de Limeira acontece neste ms

    A 10. edio da Mostra de Teatro de Limeira acon-tece entre os dias 16 e 22 de maio, no Teatro Vitria, com entrada gratuita para todos os espetculos. A variedade de temas explorados transita entre adaptaes livres e cria-es prprias, sobretudo de jovens atores e diretores que, em cena, prometem levar ao pblico muita reflexo e deba-tes referentes s contradies da sociedade brasileira.

    Os Saltimbancos

    Feminismo em pauta

    Os Saltimbancos um espetculo infantil inspi-rado no conto Os Msicos de Bremen, dos irmos Grimm. Musicado original-mente pelo italiano Sergio Bardotti, foi traduzido para o portugus pelo cantor e compositor Chico Buarque, que deu origem pea.

    Na adaptao feita por Allan Arajo, 22, da Compa-nhia Atores da Vida, so pes-soas com sndrome de Down

    e deficincia intelectual que interpretam os animais que sofrem maus-tratos, unindo--se posteriormente em busca de um sonho.

    Para Arajo, o texto tem tudo a ver com o grupo, muitas vezes desprezado at por familiares. A pea a forma como eles [atores] encaram a vida. Eles fazem isso para qu? Para que as outras pessoas aceitem essa condio, ressalta.

    Em Memria de Mim, da Companhia Andanas, en-cena o conflito de geraes entre me e filha. A primeira, uma prostituta profissional, tenta convencer a filha a se-guir o mesmo caminho em

    uma sociedade marcada pelo moralismo de ocasio.

    A atriz Ana Julia Noguei-ra, 20, conta que o espetculo busca humanizar essas mulhe-res marginalizadas. Eu mesma tinha certo preconceito, mas

    quando fizemos a pesquisa com elas passamos a conhe-cer um pouco desse mundo, e percebemos o porqu de as mulheres terem essa vida. E isso o que queremos mos-trar, revela.

    Adaptao de A Cor Prpura Programao Querida Celie, do Espa-

    o Ncleo, rene, em am-biente intimista, fragmentos da obra de Alice Walker, fil-mada por Steven Spielberg (A Cor Prpura).

    A histria conta a tra-jetria de uma adolescente negra, violentada sexual-mente pelo pai, que tem na troca de cartas com a irm e no companheirismo de ou-tra mulher a fonte para esca-par da opresso do marido.

    Segundo o ator Guto Oli-veira, 26, a pea sensvel e dolorosa por refletir sobre as

    A Mostra tambm apre-senta o espetculo Que Isso Fique Entre Ns, de jovens diretores locais, alm do mu-sical Florilgio II - Nas On-das do Rdio, oferecido pelo Circuito Cultural Paulista.

    Os detalhes sobre hor-rios, classificao etria e outras informaes de todos os espetculos podem ser conferidos no site da Secre-taria Municipal de Cultura. .

    Nosso intuito que as companhias tragam uma pro-

    adaptaes do indivduo ao longo da vida, principalmente aps en-frentar perodos de intempries.

    Guto tambm diretor de

    Outros 500, que retrata sem didatismo a histria do Brasil de maneira crtica, nem sem-pre contada nos livros.

    posta pedaggica interessan-te, alm de garantir a elas o espao para mostrar a sua verdade, sabendo o quanto difcil trabalhar com arte no Brasil, pondera a secretria de Cultura Glucia Vilatto.

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    Guto, Allan e Ana Jlia

  • 7Limeira

    VIRADA CULTURAL

    Primeira edio local ter banda com origem limeirense, lanando Arroz, Feijo e Mistura

    Laranja Oliva abre palco principal da Virada Cultural

    Sobre a experincia da criao do primeiro disco

    Uma mistura de samba, funk, soul, rock e outros ritmos compe o repertrio da Laran-ja Oliva, banda limeirense que vai inaugurar o palco principal da primeira edio da Virada Cultural a ser realizada na ci-dade, no dia 23 de maio, s 19h30.

    No ano passado, eles lan-aram o primeiro disco, cha-mado Arroz, Feijo e Mistura, celebrando uma dcada de par-ceria da banda que nasceu em famlia. Curiosamente, todos os membros Srgio Moreira Jnior (vocal), Thiago Val (te-clado), Bruno Bertoni (baixo),

    Cego Bertoni (bateria) e Gui Escafandro (guitarra) tm al-gum grau de parentesco entre si.

    Apesar de a origem ter sido em nossa cidade, hoje os msi-cos esto espalhados pelo Esta-

    letras, mas, na melodia, a con-tribuio geral.

    Voc escuta um som aqui, outro acol, e a simplesmen-te acontece, ao natural, uma sinestesia de ideias que se jun-tam. A gente vai tocando, vai sentindo, escuta, vive, e assim surge a inspirao, revela Val.

    Entre as principais influ-ncias do Laranja Oliva des-tacam-se as bandas Socieda-de Soul, Grooveria, Red Hot Chili Peppers, Funk como le Gusta, Bixiga 70 que tam-bm se apresenta na Virada Cultural, s 21h, logo aps os limeirenses.

    De um incio baseado em covers de grupos famosos, com apresentaes em bares e festas, a Laranja Oliva foi de-lineando um trabalho autoral, que, em maio de 2014, resul-tou no primeiro lbum da ban-da: Arroz, Feijo e Mistura.

    O disco tem canes que vo do rock funkeado, como na arrebatadora Vesti-da para Danar, ao samba--rock de Alguma coisa a

    gente tem que amar, que ainda conta com doses de arranjos eletrnicos. Foi um processo mpar. Resgatamos canes antigas e colocamos novas composies, sintetiza Val.

    O show na Virada Cultu-ral ser a primeira apresen-tao pblica do lbum, que est disponvel para compra no iTunes e Spotfy, e tambm pode ser adquirido em bancas montadas durante os shows.

    O download pode ser feito gratuitamente no site . No adianta lutar contra isso [compartilhamento on--line]. No rende frutos mo-netrios, mas sabemos que o sentimento de satisfao do pblico quando conhece uma msica no tem preo. O CD fsico, com encarte, tambm existe. O importante poder escolher, afirma Val.

    Expectativas para a apresentao do dia 23 de maioSurpresos com o convite

    para tocar na Virada Cultu-ral Paulista, os integrantes da Laranja Oliva se dizem contentes pela oportunida-de, mas tm os ps no cho. No temos empresrio,

    nem produtor de shows, muito menos ligao com Secretaria de Cultura, somos indepen-dentes, lembra Sergio, que ressalta ter muita gente boa na msica em Limeira, o que engrandece a apresentao.

    Para Thiago Val, o even-to uma conquista da cida-de e dos artistas limeirenses. Muito do que se faz de bom aqui fica no underground, no s na msica, mas no grafite, no skate, no hip-hop, diz o

    tecladista, que cita o coletivo King Chong com o qual eles excursionaram para shows na Bolvia em 2014 como um dos vetores da arte local.

    Para a apresentao do dia 23 de maio, Sergio d um

    recado bem-humorado ao pblico: V preparado, porque ns tambm vamos. V de mente aberta, de cor-po aberto, conecte-se com a gente, que a viagem vai ser boa, avisa o vocalista.

    do entre Limeira, So Carlos, Campinas, Bauru e So Paulo. E qual o segredo para cair na estrada? A gente marca um ponto, a depender de onde vai ser o show, coloca os instru-

    mentos no carro e vai embora, conta Srgio.

    A separao espacial no limita a criatividade na hora de compor. Thiago Val o principal responsvel pelas

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