jornal de abrantes - edição abril 2011

24
jornal Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5483 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA abrantes de ABRIL2011 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] GRATUITO Festas do Concelho voltam a animar a Vila Poema CONSTÂNCIA GALA ANTENA LIVRE VOLTA A PREMIAR A REGIÃO Semana Santa é fé, cultura e turismo, no Sardoal A 29 de Abril sobem ao palco do cine-teatro S. Pedro os nossos músicos e os nossos galardoados. Mais uma vez, a Gala vai marcar a agenda regio- nal e apoiar os músicos e um conjunto de pesso- as singulares e colectivas que merecem o nosso apoio. Filipe Santos, da primeira edição da Ope- ração Triunfo, vai marcar presença com o seu mais recente disco. Página 18 As Festas da Boa Viagem são um cartaz garantido. Com menos custos procura-se mais resultados. página 8 Entrevista com Paulo Vasco, director do Serviço de Urulogia MÉDIO TEJO Paulo Vasco dá-nos conta do trabalho de uma equipa pequena no tamanho e grande nos resultados. página 3 Escolas continuam em obras mas as vozes não são unânimes ABRANTES O balanço geral é possitivo, mas de perto ouvem-se queixas que deviam ser evitadas. páginas 4 e 5 O Sardoal prepara-se para receber milhares de amigos e forasteiros com um programa de festas rico e variado. páginas 11 e 15 Foto: Fábio Barralé Foto: Paulo Sousa

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Jornal de Abrantes - edição de abril 2011

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Page 1: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornalDirector ALVES JANA - MENSAL - Nº 5483 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

abrantesde

ABRIL2011 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]

Festas do Concelho voltam a animar a Vila Poema

CONSTÂNCIA

GALA ANTENA LIVREVOLTA A PREMIAR A REGIÃO

Semana Santa é fé, cultura e turismo, no Sardoal

A 29 de Abril sobem ao palco do cine-teatro S. Pedro os nossos músicos e os nossos galardoados. Mais uma vez, a Gala vai marcar a agenda regio-nal e apoiar os músicos e um conjunto de pesso-as singulares e colectivas que merecem o nosso apoio. Filipe Santos, da primeira edição da Ope-ração Triunfo, vai marcar presença com o seu mais recente disco. Página 18

As Festas da Boa Viagem são um cartaz garantido. Com menos custos procura-se mais resultados. página 8

Entrevista com Paulo Vasco, director do Serviço de Urulogia

MÉDIO TEJO

Paulo Vasco dá-nos conta do trabalho de uma equipa pequena no tamanho e grande nos resultados. página 3

Escolas continuam em obras mas as vozes não são unânimes

ABRANTES

O balanço geral é possitivo, mas de perto ouvem-se queixas que deviam ser evitadas. páginas 4 e 5

O Sardoal prepara-se para receber milhares de amigos e forasteiros com um programa de festas rico e variado. páginas 11 e 15

Foto

: Fáb

io B

arra

lé Foto: Paulo Sousa

Page 2: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL20112 ABERTURA

Costuma ir buscar o folar da Páscoa?

Luís AugustoAbrantes

Costumava, quando era solteiro.

Agora já não, passo a minha Páscoa

em família e com os amigos num

ambiente de confraternização.

Mudar

IDADE 32

RESIDÊNCIA Mação

PROFISSÃO Técnica de Comunica-

ção Autárquica

UMA POVOAÇÃO Amêndoa (Ma-

ção)

UM CAFÉ Il Caff è di Roma (é só o

que falta em Mação)

UM BAR Não frequento

UM PETISCO Moelas

UM RESTAURANTE Todos os de

Mação (come-se bem aqui)

PRATO PREFERIDO Migas com ba-

calhau assado

UM LUGAR PARA PASSEAR O Con-

celho de Mação. Temos locais fantás-

ticos para passear, na zona da serra

ou junto ao rio e ribeiras

UM RECANTO PARA DESCOBRIR

O Vale do Ocreza, no Concelho de

Mação.

UM DISCO “Em Fuga”, Tiago Betten-

court & Mantha.

UM FILME Cinema Paraíso.

UMA VIAGEM Marrocos.

UM LEMA DE VIDA Volta e meia é

preciso sair da caixa e ver o que está

lá dentro, só assim podemos evoluir,

analisando-nos de fora.

FICHA TÉCNICA

Director GeralJoaquim Duarte

DirectorAlves Jana (TE.756)

[email protected]

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179

E-mail: [email protected]

RedacçãoJerónimo Belo Jorge ([email protected]

Joana Margarida [email protected]

André Lopes

PublicidadeRita Duarte

(directora comercial)[email protected]

Miguel Ângelo [email protected]

Andreia [email protected]

Design gráfico e paginaçãoAntónio Vieira

ImpressãoImprejornal, S.A.

Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietáriaJortejo, Lda.Apartado 355

2002 SANTARÉM Codex

GERÊNCIAFrancisco Santos,

Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira,

Gabriela Alves e João [email protected]

MarketingPatricia Duarte (Direcção), Cata-

rina Fonseca e Catarina Silva. [email protected]

Recursos HumanosNuno Silva (Direcção)

Sónia [email protected]

Sistemas InformaçãoTiago Fidalgo (Direcção)

Hugo [email protected]

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 501636110

Sócios com mais de 10% de capital

Sojormedia 83%

jornal abrantesde

FOTO DO MÊS EDITORIAL

INQUÉRITO

SUGESTÕES

“O programa segue dentro de

momentos.” Não sabemos se é o

programa da crise, se o da reso-

lução da crise. Mas sabemos que

queremos continuar a viver. Que

venham os sacrifícios que forem

necessários para resolver a crise,

mas não para alimentar os que se

alimentam da crise. Por isso é im-

portante “ver, ouvir e ler” para sa-

bermos distinguir o que se passa

“lá por cima”. E apoiar o que deve

ser e recusar o que “não pode ser”.

Mas aqui à mão, é da nossa con-

ta directa. Todos vivemos no mar

das circunstâncias externas, que

decidem muito do que se pas-

sa connosco. Mesmo assim, te-

mos alguma margem de mano-

bra, ainda que curta e difícil e é a

nós que cabe ter mão certeira e

olho estratégico sobre “as nos-

sas coisas” - na nossa empresa, no

nosso serviço público, no nos-

so concelho, na nossa região.

Não vai ser fácil. O desânimo é ten-

tador. A verdade, porém, é que se

não formos nós, ninguém mais po-

derá fazer o que nos está entregue.

Só sairemos da crise com mu-

danças profundas, apesar de ser-

mos todos avessos à mudança.

Mas não está tudo em mudan-

ça? Lá fora, como cá dentro. Há,

por isso, que estarmos atentos,

sobretudo à direcção em que va-

mos. E atentos também à lição

que nos deixa Jack Welch: “Quan-

do a velocidade das mudanças

exteriores excede a das mudan-

ças interiores, o fi m está à vista.”

ALVES JANA

Vânia RicardoAbrantes

Sinceramente, não sei o que é. Pas-

so a minha Páscoa em família, onde

há apenas uma troca de amêndo-

as.

Nélia GodinhoPego

Até aos meus dez anos de idade,

costumava ir buscar o folar da Pás-

coa a casa da minha madrinha. Re-

cebia um tabuleiro com um bolo

de pão-de-ló, umas laranjas e umas

amêndoas, era assim a tradição. Ac-

tualmente, já não vou buscar, há

apenas uma troca de prendas e um

almoço em família.

VERA DIAS ANTÓNIO, presidente da Associação de Técnicos de Comunicação Autárquica

Abrantes, 2011É assim que se agride o mo-numento. Mata-se a leitura. Agride-se a imagem. Dá-se carta livre à poluição sobre os materiais. E difi culta-se o acesso a quem quer en-trar. Ah, e maltrata-se a ci-dadania. Enfi m, é também assim que se cria distância aos países mais desenvol-vidos.

Page 3: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL2011 ENTREVISTA 3

PAULO VASCO, DIRECTOR DO SERVIÇO DE UROLOGIA DO MÉDIO TEJO

“Somos uma equipa pequena, mas grande na intervenção”ALVES JANA

O Serviço de Urologia do Centro Hospitalar do Médio Tejo tem um excelente índice de produtivida-de e qualidade a nível nacional, é o único que faz consultas nas três unidades hospitalares e realiza no fi nal de Abril as suas Jornadas de Urologia, em Tomar, onde tem a sua sede.

O que é a Urologia?

É a especialidade da Medicina que

estuda e trata os problemas do apa-

relho urinário masculino e feminino

e os do aparelho genital masculino.

Os problemas do aparelho genital

feminino são objecto da Ginecolo-

gia. E os do aparelho genital mas-

culino têm já uma sub-especialida-

de que é a Andrologia, de que nós

também já cá temos consultas.

O Serviço está em Tomar, mas começou por ser em Abrantes, donde, aliás, chegou a ir cobrir os distritos de Viseu e Aveiro.

Quando, em 2006, se formou o

Centro Hospitalar do Médio Tejo,

foi feita a distribuição dos Serviços

pelas três unidades hospitalares. As

cirurgias fi caram em Tomar, e entre

elas a Urologia. Sem dramas.

Como estamos de saúde em ter-mos urológicos nesta zona?

Estamos com valores normais nas

taxas de doença, tendo em con-

sideração que somos uma zona

envelhecida e estas são doenças

muito relacionadas com a idade.

Por outro lado, quanto a cuidados

prestados, cirurgias e de consultas

por ano dão-nos um Serviço com

um excelente índice de produti-

vidade. Acompanhamos cerca de

1.000 doentes oncológicos. A equi-

pa é pequena, mas grande na inter-

venção. Estamos em 3º ou 4º lugar

a nível nacional, o que é muito bom

dada a população envelhecida com

que trabalhamos. Isto só é possível

com um grande empenho, posto

no facto de fazermos consultas nas

três unidades hospitalares, somos

os únicos a fazê-lo, e muito acom-

panhamento dos doentes. Tam-

bém a média de dias de interna-

mento de 4.7 [média de 4.7 dias de

internamento após uma operação]

é uma das melhores a nível nacional

face ao nosso tipo de população e

mostra a qualidade do trabalho fei-

to e, mais uma vez, do acompanha-

mento aos doentes, pois resulta de

não haver grandes complicações

no pós-operatório.

Além disso, enquanto há anos a vi-

sita aos doentes era feita pelo mé-

dico, agora é feita por uma equipa

composta por médico, enfermeiro,

farmacêutico e assistente social. A

doença não é só médica, e a nova

abordagem permite um melhor re-

sultado da nossa intervenção.

Que conselhos dá aos nossos leitores?

Que visitem regularmente o seu

médico. E que não aceitem como

normais o que nos habituámos a

achar normal, a difi culdade em uri-

nar, nos homens, e as perdas de uri-

na, nas mulheres. Não são normais,

e podem ser tratadas.

O que signifi cam as Jornadas de Urologia?

São a jóia do Serviço. São um fó-

rum de debate de assuntos técni-

cos e científi cos, mas também de

ligação com os Centros de Saúde

e com outras especialidades médi-

cas. O convívio informal desses dias

com pessoas de todo o país estabe-

lece cumplicidades e ligações que

são depois muito úteis no desen-

volvimento da actividade corrente.

Permito-me realçar o apoio mili-

tante da Associação dos Amigos do

Serviço de Urologia que dá o supor-

te organizativo às Jornadas.

Este ano, as Jornadas abrem uma ligação directa à Filosofi a.

Sim, procuramos estabelecer li-

gações com outras áreas não mé-

dicas. Este ano convidámos o pro-

fessor [de Filosofi a] José Heleno, de

Abrantes, a proferir a conferência

de abertura, que aceitou. Os escri-

tos que fez de preparação ganha-

ram uma dimensão considerável,

pelo que nos propôs a sua edição, o

que aceitámos. O lançamento será

então feito nas Jornadas.

Tem alguma mensagem fi nal

para os leitores do JA?A constituição do Centro Hospi-

talar do Médio Tejo e a distribuição

dos Serviços pelas três unidades

hospitalares trouxe algumas incom-

preensões e oposições. Pense-se o

que se pensar, o Centro está aí. Mas

parece que os utilizadores do hos-

pital de Abrantes fi caram a pensar

o seu hospital apenas como o sítio

onde vão às urgências ou buscar

umas receitas e fazer uns exames.

Devem assumir o hospital como

seu – o hospital é das pessoas – com

as valências que são as suas, e exigir

dos profi ssionais qualidade e efi cá-

cia, e ao mesmo tempo condições

de trabalho para esses profi ssionais.

Estes precisam de ser acarinhados e

motivados. Isto para obstar à ame-

aça, que é real, de um progressivo

esvaziamento de um hospital que

é o mais velho dos três e com pro-

fi ssionais que são bons, mas podem

via a fi car envelhecidos. Por isso, as

pessoas que utilizam o hospital de

Abrantes têm de ser mobilizados e

mobilizar-se para que o seu hospital

tenha a mesma dignidade e a mes-

ma qualidade que os outros dois.

Sejam exigentes com o seu hospi-

tal, mas, ao mesmo tempo, defen-

dam-no.

SERVIÇO DE UROLOGIA DO CEN-TRO HOSPITALAR DO MÉDIO TEJO Composição: Urologistas – 3; En-

fermeiros – 18; Tec. Operacionais –

9; Administrativa – 1; Doentes on-

cológicos tratados – 1000

Unidade de internamento: Ca-

mas – 20; Internamentos – 900/

ano; Taxa de ocupação – 80%; Dias

de Internamento – média 4.7

Produção anual: Grandes e mé-

dias cirurgias – 850; Consultas -

8000

Tempo de Espera: Consulta de

Oncologia – não tem; Outras situ-

ações – 5 meses

Page 4: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL20114 DESTAQUE

A Escola Secundária Dr.

Manuel Fernandes prepara-

se para receber nova inter-

venção, depois de ter tido

obras de requalifi cação ge-

ral há cerca de três anos. Só

que agora, previsivelmen-

te com início em Junho, terá

uma nova intervenção glo-

bal, num investimento da

ordem dos dez milhões de

euros e que vai mudar com-

pletamente o visual da escola

tal como a conhecemos.

A intervenção, da respon-

sabilidade da Parque Escolar,

já foi adjudicada e a empresa

que vai fazer a obra já iniciou

as reuniões com a direcção

da escola no sentido de co-

meçar a preparar o plano de

trabalhos. A começar em Ju-

nho deste ano, as demolições

necessárias serão realizadas

no período de férias, por for-

ma a agilizar os trabalhos nos

períodos lectivos.

Uma das grandes preocu-

pações do director da esco-

la, Alcínio Hermínio, é a segu-

rança da comunidade escolar

que afi rma “estar assegurada

pela empresa e pela Parque

Escolar, que tem desenvolvi-

do muitas obras em todo o

País”.

A outra grande preocupa-

ção é garantir, nos 19 meses

de intervenção, boas condi-

ções para as actividades lec-

tivas de alunos e professores.

Nesse sentido vão ser coloca-

dos na área da escola mono-

blocos para que ali decorram

as aulas.

Alcínio Hermínio garante

que está desde o ano pas-

sado a preparar as obras, do

ponto de vista da escola, mas

que o maior trabalho aconte-

cerá quando começar o seu

desenvolvimento em termos

físicos. Aliás, tal como acon-

tece nas outras escolas, vai

existir uma separação física

entre área escolar e a área de

obras.

Quanto à intervenção, vai

ser demolido uma parte do

edifício principal e construído

um outro, fazendo um L. O

actual ginásio será demolido,

mas será construído um novo

noutro local, assim como um

dos campos desportivos vai

levar cobertura. Com esta in-

tervenção, o número de sa-

las será idêntico, mas acres-

ce um edifício novo para ofi -

cinas onde fi cará instalado o

cursos de energias renová-

veis, uma das grandes apos-

tas, actuais, da escola.

Com esta requalifi cação a

escola vai ser apetrechada

com equipamento e ainda

com sistemas de climatização.

Alcínio Hermínio espera, ape-

sar das contrariedades nor-

mais de obras, uma interven-

ção pacífi ca, já que “há cerca

de um ano que iniciámos as

reuniões com a Parque Esco-

lar”.

As escolas de Abrantes estão ou vão estar em obras durante os pe-ríodos lectivos. As necessidades são prementes mas acarretam algumas complicações no dia a dia dos esta-belecimentos de ensino.

Se a Escola Dr. Solano de Abreu já

passou a fase mais difícil, falta ape-

nas a conclusão dos arranjos exte-

riores e a instalação de alguns ser-

viços, já a D. Miguel de Almeida vive

a complicação das maquinarias em

trabalho ao mesmo tempo que os

professores ensinam as matérias. A

Escola Dr. Manuel Fernandes prepa-

ra-se para uma nova intervenção de

fundo, um ano depois de uma in-

tervenção que durou cerca de dois

anos. Todos os directores concor-

dam que com melhores infra-estru-

turas melhora o ensino. Jorge Cos-

ta, director da Escola Dr. Solano de

Abreu, diz mesmo que “Há 50 anos

as condições da escola eram melho-

res do que a maioria das habitações

dos alunos, hoje é o inverso, por isso

a escola não é atractiva”.

As obras são necessárias. Inevitá-

veis. Mas conviver com obras du-

rante um ano é desgastante e os

directores têm trabalho reforçado.

Por um lado são as actividades lec-

tivas, por outro são os mestres de

obra que acompanham quase em

permanência o trabalho dos em-

preiteiros. Se às obras nas escolas

do segundo, terceiro ciclo e secun-

dário juntarmos as que estão a ser

desenvolvidas no primeiro ciclo,

concluímos que o parque escolar

de Abrantes está numa total revolu-

ção. Dos mais novos aos adolescen-

tes, as condições de ensino mudam

e para melhor.

A nova escola Solano de AbreuA Escola Secundária Solano de

Abreu há muito que reclamava uma

intervenção de fundo. Com uma in-

tervenção de dez milhões de euros

a cargo da Parque Escolar este esta-

belecimento ganhou um novo edi-

fício e uma intervenção global. Se

juntarmos o acordo com a Câma-

ra Municipal de Abrantes para que

o pavilhão desportivo integre o re-

cinto escolar, então pode fala-se de

uma nova escola.

Durante o período de obra, esta

foi fi sicamente separada das acti-

vidades lectivas, as aulas foram di-

vididas entre monoblocos (os cha-

mados contentores) e algumas das

salas do edifício antigo. Os alunos fi -

caram com menos espaço de ar li-

vre mas, segundo o director Jorge

Costa, compreenderam as contra-

riedades pensando nas melhores

condições que passam a usufruir.

Obra quase feita, com equipa-

mento novo, as salas apresentam

outras condições. Melhores condi-

ções. O que falta fazer é pouco. Ar-

ranjos exteriores e as obras de re-

qualifi cação do pavilhão desporti-

vo. Quando estiver concluída esta

intervenção a entrada principal

passa para a zona sul, com a entra-

da no recinto a ser efectuada pelo

novo edifício construído. O director

destacou que os condicionalismos

dos últimos dois anos foram muitos,

mas foram ultrapassados. E adianta:

“Agradeço à Câmara de Abrantes a

disponibilização da cidade despor-

tiva para as aulas de educação físi-

ca, sem a qual não poderíamos lec-

cionar a disciplina”, explicando que

o ginásio deixou de existir passando

a ser um auditório.

Depois das obras surgiram alguns

problemas com a reconstrução mas

que foram sendo resolvidos entre a

direcção da escola e a empresa res-

ponsável pela obra.

A escola tem muito mais espa-

ços com vidros para aproveitar a

luminosidade natural e está equi-

pada com aparelhos de ar condicio-

nado. Só que, Jorge Costa mandou

desligá-los ou então “não tínhamos

orçamento para pagar a conta da

electricidade”. Mesmo assim, garan-

te, as condições nas salas são avalia-

das e podem ligar-se os aparelhos,

mas não em permanência. Afi rma

o director que a colocação de vi-

dros duplos resolve uma parte da

climatização, embora o Verão possa

acarretar alguns problemas.

“Neste momento falta instalar o

arquivo da escola e o SASE para que

a intervenção seja concluída. Mas as

actividades lectivas já estão norma-

lizadas”, revelou o director, embora

tenha observado que foi um perío-

do muito cansativo mas, ao mesmo

tempo, gratifi cante, porquanto a es-

cola fi ca agora “nova” e com “condi-

ções”.

COM MELHORES CONDIÇÕES O ENSINO TAMBÉM MELHORA

Aulas e obras: complicado mas necessário

Dr. Manuel Fernandes, obras em cima de obras

Page 5: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL2011 DESTAQUE 5

O caso da Escola D. Miguel de Almeida é paradigmático. Necessidade de obras, mas ao contrário das secundárias não tem a intervenção direc-ta da Parque Escolar, logo há obras mas não equipamento, o que vai ser a dor de cabeça depois da intervenção física.

Com um investimento de

3,5 milhões de euros a dona

da obra é, por delegação, a

autarquia. A intervenção é

também global e visa dotar

os blocos de melhores condi-

ções para alunos e professo-

res. Também aqui os 25 mo-

noblocos (contentores) vie-

ram dar uma ajuda grande à

prossecução da intervenção,

havendo uma separação físi-

ca entre a obra e a escola. Jor-

ge Beirão, director da Escola,

revelou que uma das gran-

des preocupações foi a remo-

ção das antigas coberturas

dos pavilhões, já que tinham

na sua composição amianto.

Explicou o director que essa

intervenção foi efectuada no

Carnaval do ano passado, por

forma a não ser feita com os

alunos na escola.Jorge Beirão

salientou a compreensão dos

encarregados de educação e

pessoal docente e não docen-

te com a intervenção, até nal-

guns pequenos problemas

que foram surgindo. Com me-

nos espaço disponível para os

alunos, embora com mais vi-

gilância, aumentou a confl itu-

alidade: “Questões que fomos

resolvendo à medida que iam

surgindo”. Outra complexida-

de foi, devido à escola ser em

pavilhões, abrir salas para os

alunos se abrigarem da chu-

va. Mas mesmo estes percal-

ços foram ultrapassados com

muita paciência dos funcioná-

rios. Jorge Beirão espera que

em Agosto a empresa cumpra

o fi nal das obras para poder

preparar a abertura do próxi-

mo ano lectivo de forma nor-

mal. Mas espera-o um novo

problema. A obra cria melho-

res condições para o ensino,

mas vai faltar o equipamento,

que não está incluído na em-

preitada. Embora possa con-

tar com algum equipamen-

to da Solano de Abreu, este

foi um problema já levantado

junto da autarquia. Por outro

lado, esta escola não vai ter

sistema de climatização, mas

ao nível da segurança vai ver

a factura a aumentar com a

quantidade de dispositivos

que ali vão ser colocados. E aí

vai surgir outro problema que

é gerir o curto orçamento que

tem e onde todos os tostões

são contados.

D. Miguel de Almeida ainda de casa às costas

Page 6: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL20116 ABRANTES

A Associação de Amigos do Servi-ço de Urologia do Centro Hospita-lar do Médio Tejo nasceu no dia 21 de abril de 2005. Foi fundada por médicos, enfermeiros e outros ami-gos e colaboradores do Hospital de Abrantes. Entre eles, Paulo Vasco, Amélia Bento, António Carvalho e António César.

Esta associação nasceu com a von-

tade de mudar a ideia que os utentes

tinham, e muitos ainda têm, do que

é um hospital, conforme explicou

ao JA António Carvalho. “Quando

se dirige a uma unidade hospitalar,

o utente vê e encara o hospital ape-

nas como um lugar de recurso, onde

pode somente resolver o seu proble-

ma de saúde. Nós pretendemos mu-

dar essa ideia, um hospital pode ser

um lugar onde a pessoa pode vir ad-

quirir novos conhecimentos e a sen-

tir-se realmente bem”.

Promover o intercâmbio de conhe-

cimentos técnicos e científi cos entre

os associados e outras pessoas que

se interessam pela urologia e con-

tribuir para o desenvolvimento de

educação, informação e prevenção

das doenças urológicas são alguns

dos objectivos da Associação. Esta

junta 14 associados e tem desenvol-

vido nestes últimos anos algumas

iniciativas. Entre elas, a organização

de congressos, conferências, coló-

quios e cursos. Amélia Bento desta-

cou a iniciativa que teve lugar no dia

23 de março de 2006, um debate so-

bre o aborto. A conferência subordi-

nada ao tema “O homem de 60 anos:

saber envelhecer” que aconteceu na

Biblioteca Municipal António Bot-

to, no dia 19 de junho de 2005, e a

apresentação do livro “Paixão, Amor

e Sexo”, de Francisco Allen Gomes,

sexólogo, que teve lugar no dia 16

de junho de 2005.

As Jornadas da Urologia, outra ini-

ciativa, que acontece anualmente, é

promovida pelo Serviço de Urologia

do Médio Tejo e conta com a total

contribuição da associação. Segun-

do António César, “é um momento

muito importante para a nossa Asso-

ciação e um projecto a que preten-

demos dar continuidade”.

IX Jornadas de Urologia “A Urologia e os Cuidados Primá-

rios” é o tema das IX Jornadas do Ser-

viço de Urologia do Centro Hospita-

lar do Médio Tejo, agendadas para

os dias 29 e 30 de abril, no Hotel dos

Templários de Tomar. O evento con-

ta com o apoio da Associação Por-

tuguesa de Urologia e tem juntado

médicos, enfermeiros e técnicos de

saúde de todo o país.

António Carvalho explicou que

nestes dias acontecem inúmeras

conferências e a comunidade tam-

bém pode assistir uma vez que a pri-

meira e a última conferências abor-

dam temas mais abrangentes e des-

tinados ao público em geral. Este

ano, a sessão de abertura que acon-

tece pelas 9 horas, no dia 29, vai con-

tar com uma conferência subordina-

da ao tema �Filosofi a e Medicina�

que fi cará a cargo de José Manuel

Heleno, professor, e dos médicos An-

tónio Requixa e Paulo Vasco. No últi-

mo dia, a conferência vai abordar a

temática do sexo e chama-se “Fron-

teiras do Sexo”.

Outros temas como as questões

urológicas em pediatria, algaliação,

e a patologia prostática vão ser apro-

fundados nestes dias destinados à

saúde.

Joana Margarida Carvalho

CENTRO HOSPITALAR DO MÉDIO TEJO

Amigos da Urologia

• Fundadores da Associação Amigos da Urologia.

Page 7: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL2011 ACTUALIDADE 7

O folar da Páscoa é um bolo

que tem um ou vários ovos

cozidos. Conta a lenda que,

numa aldeia portuguesa vi-

via a jovem Mariana que ti-

nha, como todas as moças da

sua idade, o sonho de casar

cedo e bem. Para isso, tanto

rezou a Santa Catarina que

esta fez-lhe a vontade. Um

dia surgiram-lhe dois jovens

e belos pretendentes, um po-

bre, Amaro, e um outro, rico.

Mas ambos lhe pediram res-

posta sem falta até ao Dia de

Ramos. Indecisa, Mariana vol-

tou a pedir ajuda a Santa Ca-

tarina. Chegou o Domingo

de Ramos e uma vizinha de

Mariana vem avisá-la de que

os dois pretendentes trava-

vam uma luta de morte por

ela. Mariana corre, afl ita, ao

encontro dos dois enquan-

to pede ajuda à sua santa.

Ao chegar, é o nome do pre-

tendente pobre, Amaro, que

solta em primeiro lugar. O jo-

vem rico viu-se assim preteri-

do e abandonou a luta. Mas

correu a notícia de viria no

domingo do casamento para

matar o preferido. Mariana,

de novo afl ita, mais uma vez

reza a santa Catarina por

uma solução para o seu pro-

blema.

No domingo de Páscoa,

Mariana foi reforçar a sua ora-

ção com um bonito ramo de

fl ores no altar da sua santa.

Quando chegou a casa, en-

controu em cima da mesa

um grande bolo com ovos

inteiros, rodeado das fl ores

que ela tinha ido colocar no

altar de Santa Catarina. Mes-

mo assim, correu para casa

de Amaro, pensando que

fora presente dele, mas este

também tinha recebido um

semelhante. Concluíram que

era uma oferta de paz do fi -

dalgo rico e foram agrade-

cer-lha, mas ele também ti-

nha recebido presente igual

e aceitava-o como um sinal

de paz da parte deles. E as-

sim fi caram todos em ami-

gos. Mariana percebeu que

era obra da sua Santa Catari-

na. E não mais deixou de lhe

agradecer o casamento e a

paz na família.

Em memória deste facto,

lendário, ainda hoje em mui-

tas zonas de Portugal os afi -

lhados vão, no domingo de

Páscoa, a casa da madrinha

de baptismo buscar o folar,

ou afolar, muitas vezes trans-

formado já num bolo co-

mum, ou em dinheiro.

Alves Jana

Páscoa é tempo de passagemO signifi cado mais profundo da Páscoa está no cíclico processo de renovação. É o início da primavera: tudo renasce, ou se renova.

Mas era a festa hebraica de celebração

da passagem (Páska em grego) da escra-

vidão no Egipto para a liberdade na Ter-

ra Prometida através do Mar Vermelho, o

momento fundador do Estado judaico.

Tratava-se, pois, de uma festa nacional,

religiosa e política. Vimos essa narrativa

histórica e mítica n’ Os Dez Mandamen-

tos, de Cecil B. DeMille (1956).

Foi nessa festa que se deram os acon-

tecimentos mais decisivos do Cristianis-

mo. Jesus foi condenado, morto e se-

pultado. E ao terceiro dia… Bem, não se

sabe o que aconteceu, mas os seus dis-

cípulos tiveram várias experiências que

os levaram a concluir e anunciar que “Ele

ressuscitou”. E daí, “Ele é o fi lho de Deus”.

A ponto de S. Paulo dizer que “se Ele não

ressuscitou, vã é a nossa fé”. E assim nas-

ceu um movimento religioso dissidente

do judeismo, que se expandiu primeiro

pelo Império Romano e depois por todo

o mundo. A Páscoa que hoje se celebra

tem estes três signifi cados. A renovação

de vida a que a primavera sempre convi-

da; a passagem ou libertação de todas as

formas de escravatura; e a afi rmação do

desejo de eternidade com a promessa,

para os que nela crêem, de que ela nos

será oferecida numa vida futura.

Alves JanaA Lenda do Folar da Páscoa

Ingredientes: 2,5 colheres de

sopa de leite; 120 gr de açú-

car; 110 gr de manteiga; 5

ovos; 225 gr de farinha de tri-

go; 12 gr de fermento de pa-

deiro; 1 gema; Raspa de limão

e miolo de amêndoa q.b; 1 co-

lher de sopa de açúcar de pas-

teleiro. Preparação: Dissolva

o fermento no leite morno e

deixe levedar por 10 minu-

tos. Misture muito bem a fa-

rinha com o açúcar e a raspa

de limão, junte a manteiga le-

vemente mole, 4 dos ovos e

amasse muito bem. Junte a

mistura do fermento já lêve-

da e amasse. Deixe levedar

durante 20 minutos. Coza o

quinto ovo em água a ferver

durante 12 minutos. Divida a

massa em duas partes iguais e

tenda-as em rolo. Enrole os ro-

los um no outro, com a forma

de um torcido.

Una as extremidades, colo-

cando no centro do folar o

ovo cozido. Deixe repousar

durante mais ½ hora, pince-

le com a gema de ovo bati-

da e polvilhe com o miolo de

amêndoa. Pré-aqueça o forno

a 180º C. Leve ao forno duran-

te 35 minutos. Depois, deixe

arrefecer um pouco, polvilhe

com açúcar de pasteleiro.

A receita

Page 8: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL20118 CONSTÂNCIA

Entre os dias 23 a 25 de abril acontecem as já tradicionais festas da Nossa Senhora da Boa Viagem em Constância.

Este ano, segundo Máximo

Ferreira, presidente da Câmara

Municipal de Constância, espe-

ra-se cerca de 80 embarcações

engalanadas, que vão colorir o

rio Zêzere no dia 25, feriado mu-

nicipal na vila. Estas oitenta em-

barcações têm como objectivo

“retratar as tradições históricas,

culturais e religiosas do conce-

lho”, segundo o presidente.

Os festejos vão contar com

57 stands que vão mostrar al-

gum artesanato local e nacio-

nal. Num dos stands, Cabo Ver-

de vai fazer-se representar, uma

vez que segundo Júlia Amorim,

vereadora na Câmara Munici-

pal, “estamos em processo de

geminação com Tarrafal e achá-

mos por bem, termos esta re-

gião representada nas nossas

festas”. Relativamente à doça-

ria, 13 stands vão estar em mos-

tra com a doçaria conventual e

mais tradicional da região.

A música não vai faltar, e The

Kaviar, Projecto Amar e Baile Po-

pular são alguns exemplos dos

grupos que vão passar pelos

três palcos. O espaço GICA, já

bem conhecido do público jo-

vem, vai mudar de localização

e este ano vai encontrar-se no

campo de ténis. Vários Dj`s, Ana

Laíns e Declínios vão marcar

presença para animação noc-

turna neste espaço.Passeios no

rio e pedestres, pinturas faciais,

folclore, canoagem, atletismo,

cerimónias religiosas e fogo-de-

artifício fazem parte do conjun-

to de actividades que estão pre-

vistas para os dias de festas.

A Vila Poema vai contar, du-

rante três dias, com ruas bem

fl oridas, muita animação e tas-

quinhas de comida variada. Um

certame com um investimento

municipal de 100 mil euros, se-

gundo o presidente da Câmara.

J.M.C.

A ponte sobre o Rio Tejo,

em Constância, reabriu ao

trânsito, embora de forma

parcial, no dia 6 de Abril. Vai

funcionar em permanên-

cia das sete às 21 horas mas

com limitações. Não po-

dem transitar veículos com

tonelagem superior a 3.500

quilos, uma altura superior

a 2,10 metros e uma largu-

ra superior a 2,40 metros.

Há, no entanto, uma ex-

cepção a veículos de emer-

gência e a transportes es-

colares. Neste caso, terá de

haver uma intervenção ma-

nual para que seja levanta-

da a cancela que faz o blo-

queio aos veículos pesados.

Máximo Ferreira, presi-

dente da Câmara Munici-

pal de Constância, afi rmou

que esta não é a “melhor

solução, mas a possível”, e

adiantou que o barco que

faz a travessia do rio vai

ter um horário menor mas,

nas noites em que a pon-

te esteja encerrada, con-

tinua a trabalhar ao fi nal

da madrugada e ao inicio

da noite. Todas as quar-

tas-feiras a autarquia vai

afi xar os horários em que

a ponte estará encerra-

da no período nocturno.

A ponte estava encerrada

ao trânsito desde julho do

ano passado, por questões

de segurança, depois de

uma inspecção feita pela

REFER que detectou pro-

blemas estruturais.

Ponte de Constância reabriu ao trânsito

Festas do Tejo nascem em livro

As festas religiosas li-

gadas ao rio Tejo estão

a ser objecto de um

trabalho colectivo que

pretende surgir com a

forma de livro na Pás-

coa de 2012. São as

10 festas de 10 conce-

lhos, de Constância à

Moita, ainda vivas, de

tipos diversos, de tra-

dição fl uvial ou com

ligação ao campo,

avieiras ou outras. A

coordenação é de An-

tónio Matias, assessor

cultural da Câmara de

Constância e membro

do Fórum Ribatejo. Os

textos sobre as várias

festas são de diversos

autores. A apresenta-

ção da obra está pre-

vista para Constância,

nas Festas do Conce-

lho do próximo ano,

num Encontro justa-

mente sobre as Festi-

vidades Religiosas do

Tejo.

Constância em festa

Page 9: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

CONSTÂNCIA 9

Page 10: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL201110 CONSTÂNCIA

RETRATO TIPO PASSE

O barqueiro que atravessa o rioO rio Tejo está diferente de há 30 ou 40anos. Os barcos são menos. Os pescadores também já não são tantos como noutros tempos. Mas Constância tem ainda um barco que faz a travessia do rio. Sérgio Silva é o barqueiro de Constância. Começou a viver no e com o rio aos sete anos de idade a acompanhar o pai na faina da pesca: “Comecei a andar com ele”. Como barqueiro “já aqui ando há 22 anos, sensivel-mente”.

As travessias do Tejo têm sido

sempre na mesma zona, entre os

dois cais que a autarquia ali co-

locou: “mais acima ou mais abai-

xo, consoante as correntes do rio”.

Face a tantas viagens, a travessia é

feita quase de olhos fechados.

Mesmo assim há que ter cuidado,

quando há cheias tem de se avaliar

o leito. “As cheias fazem sempre al-

terações. É sempre bom reconhe-

cer as margens”. Quando a corren-

te é mais forte “há que ter olhos

mais abertos, principalmente para

fugir aos troncos e lixo que vêm rio

abaixo”.

Este barco, municipal, sempre

teve clientes para atravessar o rio,

mas nos últimos nove meses, com

a ponte encerrada, os clientes au-

mentaram para cerca de 400 por

dia. E até com horas de ponta, o

início da manhã e o fi nal de tarde.

“Agora, com a ponte a funcionar

outra vez, há menos clientes”, subli-

nha Sérgio Silva, que continua, no

entanto, a fazer a travessia quando

tem clientes. Começou no rio com

o pai, pescador, por isso, apesar

de trabalhar como barqueiro, ain-

da não perdeu a vontade de lan-

çar as redes. “Vou lá muitas vezes,

praticamente todas as semanas

vou à pesca”. E nestas incursões se-

manais pela pesca, Sérgio Silva ga-

rante que ainda há muitas pessoas

que gostam de comprar peixe do

rio. Fataça, Barbo, Lampreia e Sável

são as espécies que ainda fazem as

delícias dos consumidores e que

Sérgio Silva ainda vai apanhando.

Mas a pesca já não é a mesma coisa

e cada vez há menos pescadores.

Constância recebe, habitualmen-

te, muitos turistas que acham “pia-

da à barca” e por isso, para além

das fotos e das perguntas, muitas

vezes pedem para dar uma vol-

ta no rio. Dizem que “é giro, e que

é um sossego”. Há alguns anos, os

habitantes da vila, em especial os

jovens faziam praia na margem Sul

do Tejo, passavam de barco para

os areais para fazer praia, mas hoje

“preferem muito mais o Zêzere”.

Sérgio Silva continua a conduzir

o barco, branco, que permite a tra-

vessia entre as duas margens em

Constância. E nas Festas de Nos-

sa Senhora da Boa Viagem é ele

quem transporta o Padre que no

meio das águas, entre 80 embarca-

ções, faz a bênção, sempre peran-

te milhares de olhos dos visitantes

e fi éis que acompanham esta cele-

bração

Jerónimo Belo Jorge • Sérgio Silva, o barqueiro de Constância.

Page 11: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

11especial SARDOAL

O Sardoal prepara-se para, mais uma vez, dar continuida-de e reforçar a sua tradição da Semana Santa. Fé, arte, cultu-ra, encontro, identidade, en-tre outras, são linhas de força de um projecto colectivo. Este Especial Semana Santa do Sar-doal é um convite. Venha par-ticipar e, assim, beber da água fresca da renovação.

Semana Santaleva milhares de visitantes à vila jardim

Page 12: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL201112 especial SARDOAL

O que é que a Semana Santa de Sardoal representa para o Sardo-al?

A Semana Santa é um dos mo-

mentos altos do nosso concelho.

Não só pela fé e religiosidade ao

longo deste período de quaresma,

mas porque é um momento de en-

contro entre todos os sardoalenses.

É um momento de festa para todos.

Que tipo de pessoas a Semana Santa atrai ao concelho para além das que já têm raízes na vila?

Vêm muitas pessoas a Sardoal,

uma boa parte pela fé. É a fé que

os move, como também o turismo.

Nesta vertente, a procura incide na-

quilo que o Sardoal tem para ofere-

cer ao nível de gastronomia, patri-

mónio, etc.

Estas festas religiosas são vão-se mantendo ou renovando?

Ao nível turístico a festa teve uma

renovação, a carga religiosa man-

teve-se. Como queremos valorizar

este momento no nosso concelho,

tentamos sempre introduzir novos

elementos. Este ano, a novidade é

a participação dos GETAS, com um

apontamento teatral, que vai retra-

tar a paixão e morte de Cristo na

sexta-feira santa. Temos o quiosque

das amêndoas que retrata e recupe-

ra uma tradição antiga, onde os na-

morados ofereciam às namoradas

amêndoas pela altura da Páscoa.

Vamos ter também, uma exposição

de fotografi a intitulada “A Semana

Santa aos olhos dos nossos fotógra-

fos”, no centro cultural Gil Vicente,

um conjunto de trabalhos feitos por

fotógrafos profi ssionais e amadores

sobre esta festividade.

Quanto a custos?São sobretudo os de divulgação,

mas são reduzidos.

Segundo a Constituição, há uma separação entre o Estado e as igrejas. Pensa que está garanti-da?

Temos tido situações em que pes-

soas de outras religiões nos têm pe-

dido apoio e nós temos sempre co-

laborado de igual modo. Neste caso

há um interesse histórico e turísti-

co, a que devemos dar especial re-

levância, é apenas isso.

Na última vez, falou-nos de um projecto, a lançar em Outubro passado, de impacto nacional ou internacional. Ficámos a pensar

que seria relacionado com a tra-dição religiosa no Sardoal.

Este projecto existe e está relacio-

nado com a nossa tradição religiosa

e com a pintura. De facto, ainda não

lhe demos avanço devido às difi cul-

dades económicas que o país atra-

vessa. Estamos à espera de melho-

res dias. Para já, não posso adiantar

mais nada.

Quais são as principais necessida-des ou prioridades das freguesias do concelho?

Temos concluído o nosso projec-

to de saneamento básico para al-

gumas localidades e queremos o

quanto antes implementá-lo. Temos

dois projectos no QREN a aguardar

aprovação, de forma a iniciarmos

obras na freguesia de Alcaravela e

na Cabeça das Mós, de repavimen-

tação das ruas. Temos também en-

tre mãos, mas ainda não está resol-

vida, a revisão do PDM. Talvez no fi -

nal deste ano, início do próximo.

Qual é o ponto de situação da fal-ta de médicos do concelho?

A falta de médicos é um problema

muito grave no Sardoal. No univer-

so de 4033 utentes nós não temos

um médico a tempo inteiro, temos

apenas uma medica, sob contracto,

que vem apenas ou de manhã ou

de tarde e à quinta-feira não pode

vir. Não é sufi ciente para dar respos-

ta às necessidades da população.

Esta deslocação da médica é ainda

assegurada pelo município. Em Al-

caravela temos um centro de saú-

de que não tem nenhum médico

onde estão mil e tal utentes. É um

problema que incide no interior do

país, mas vamos contar que esta di-

fi culdade seja resolvida com vinda

de médicos internacionais. Há dois

meses o município pediu uma con-

versa com o presidente da Admi-

nistração Regional de Saúde e ain-

da não obtivemos uma resposta, é

triste.

Há interesse da Câmara no apoio por uma das unidades móveis a que a câmara de Abrantes se candidatou?

Sim há, mas não resolve o nos-

so problema principal que é a falta

de profi ssionais da saúde. E as uni-

dades móveis não trazem médico.

Dão mais proximidade, mas fi ca-

mos na mesma sem médico.

O concelho municipal do associa-tivismo está a funcionar?

Está. Há um mês atrás, foi feita a

proposta de um conjunto de nor-

mas que vão reger as nossas rela-

ções com as associações. Preten-

demos passar a dar apoio a quem

trabalha, a quem desenvolve inicia-

tivas.

O PAMPI (Plano de Apoio Munici-pal à Pessoa Idosa) como está?

O PAMPI recomenda-se! (risos) Já

estamos no terceiro grupo da ini-

ciativa “avô on-line”, o que mostra

uma grande adesão. Relativamente

às aulas de dança, temos de mudar

o local, pois já é pequeno o espaço

para tantos bailarinos, vamos passá-

los para o Centro Cultural. Continu-

amos também, com o nosso Gabi-

nete de Apoio à Pessoa Idosa, que

garante visitas pelas freguesias do

concelho.

Como está a ser sentida a crise? Os pedidos de ajuda têm-nos che-

gado, o que signifi ca que as pesso-

as estão a perder a vergonha, e isso

é bom. Dentro do município tam-

bém se tem sentido e passa tudo

por uma boa gestão.

Temos tido atenção a uma série de

pormenores que podem fazer toda

a diferença, desde a poupança de

papel, ao cuidado com as chama-

das telefónicas.

Com a crise, o poder central está a

fazer uma série de transferências de

competências para as autarquias.

Por exemplo, vamos buscar a médi-

ca se queremos saúde, vamos bus-

car um representante da segurança

social que vem à CPCJ. Não encar-

gos imprevistos, sem contraparti-

das fi nanceiras

As ruas do Pisão já foram alcatro-adas?

Não. As respostas das candida-

turas ao QREN foram demoradas e

quando chegaram foi-nos dito que

não havia dinheiro. Fizemos uma re-

clamação, mas temos de pensar em

outra alternativa.

O projecto Redes do Tejo está a produzir resultados?

Este projecto permitiu que todos

os municípios integrados nas Re-

des do Tejo continuem a trabalhar

em parecia e com sentido de entre-

ajuda. De facto, para já não há um

projecto em cima da mesa, o que é

pena.

Joana Margarida Carvalho

MIGUEL BORGES, VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO SARDOAL

“É pelo seu interesse histórico e turístico que apoiamos a Semana Santa”

Page 13: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL2011 especial SARDOAL 13

Valhascos é uma

das quatro fregue-

sias do concelho

de Sardoal. Em

tempos mais anti-

gos, a agricultura

de subsistência era

a principal ocupa-

ção da população

desta freguesia.

As hortas eram

cuidadosamente

amanhadas e as

terras férteis cria-

ram uma varie-

dade de couve

conhecida como

couve de Valhascos ou couve tronchuda de Valhascos.

Mesmo sendo uma espécie produzida nesta região de-

vido aos solos e ao microclima local, a s mente é co-

mercializada pelas casas da especialidade. Já muito

pouca gente se dedica a plantar couve para semente,

mas ainda há quem consiga arrecadar algumas cente-

nas de euros com o negócio. As plantas são arrancadas

quando atingem um desenvolvimento próximo do

corte, tiram-se todas as folhas, fi cando apenas o repo-

lho, voltam a plantar-se e ganham uma grande “frança”

de sementes. As couves para semente “arrancam-se da

horta e levam-se para o pé da porta”, diz-se na aldeia.

Acredita-se em Valhascos que a boa qualidade desta

hortaliça, pertencente à família das Crucíferas, terá a

ver com a localização geográfi ca da aldeia. Esta couve

verde escura é conhecida por ser fofa, redonda, de re-

polho rechonchudo, compacto e pesado.

O GETAS Centro Cultural vai estar em grande actividade nesta época da Sema-na Santa.

No dia 22 de abril, às 9h00, inicia uma vi-

sita ao património histórico e religioso de

Santiago de Montalegre e mais tarde, no

mesmo dia 22, inaugura no seu átrio a ex-

posição de pintura “A nossa Semana San-

ta”, saída do seu Clube de Pintura. No dia

23, leva à cena um trabalho de teatro de

rua “A paixão de Cristo” e no dia seguinte,

24 de abril, sobe ao palco “A casa das Alba”,

adaptação da peça de Federico Garcia

Lorca. É obra, ou melhor, é um importan-

te contributo para esta quadra de forte in-

tensidade no Sardoal.

Entretanto, anuncia já para 28 de Maio

a representação da peça “Felizmente há

luar”, de Luís de Sttau Monteiro.

O GETAS nasceu 1982 como Grupo Ex-

perimental de Teatro Amador de Sardoal

(GETAS). Na sua origem estiveram Victor

Águas, Júlio Moleirinho e “uns quantos jo-

vens entusiastas do teatro”. E foi no teatro

de cariz popular que o grupo se afi rmou.

Entretanto, o desejo de avançar para ou-

tros campos de actividade fê-lo alterar os

estatutos e adoptar a designação que hoje

apresenta. Em razão dessa origem e des-

sa diversifi cação podemos constatar um

vasto leque de linhas de acção. Para lá de

uma forte tradição teatral, agora com no-

vas ambições estéticas, e de no GETAS te-

rem nascido as Semanas Culturais (1986),

que vieram a dar origem às Festas do Con-

celho, em Setembro, ali podemos encon-

trar, além do Clube de Pintura, já referido,

um Grupo Coral, um Clube de Cinema, um

Clube de Fado, um Clube de Fotografi a e

Grupo de Dança rítmica. Além disso, atra-

vés da sua página na Internet dá informa-

ção sobre as actividades culturais e religio-

sas do concelho.

Ali têm nascido acções de rua, têm tido

lugar cafés-concerto e colóquios, dali par-

tiu o seu Boletim e ali se fi zeram espectá-

culos de variedades e workshops vários.

O GETAS é hoje uma referência tanto no

concelho como na região. E mostra como

a iniciativa de cidadania pode dar grandes

frutos numa comunidade. Em www.getas.

pt pode o leitor espreitar este pequeno-

grande agente cultural que é o GETAS.

A couve tronchuda de Valhascos

• As casas das Alba pelo Getas.

GETAS CENTRO CULTURAL

Há quase 30 anos a fazer história

INSCRIÇÕES ABERTAS envie o seu nome e contacto para [email protected]

Page 14: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL201114 especial SARDOAL

Começou na pintura como um

hobby, pois durante trinta anos

não conseguiu dispensar-lhe o

tempo necessário, uma vez que

trabalhava no meio publicitá-

rio em Lisboa. No tempo em que

tudo era feito à mão, sem a pre-

sença dos computadores, Álvaro

Mendes foi um criativo no meio

publicitário e dedicou-se também

à ilustração. Trabalhou com pu-

blicidade para imprensa escrita

como os jornais e as revistas bem

como, para a televisão.

Há vinte anos atrás, Álvaro Men-

des não conseguia ter tempo para

a pintura, mas a vontade era gran-

de… A agência de publicidade

onde trabalhava acabou e foi nes-

ta altura que se dedicou à pintura,

mas não a tempo inteiro. A ilustra-

ção continuava presente no seu

quotidiano.

Esta mudança na vida de pin-

tor foi, segundo o mesmo, ópti-

ma por um lado e pior por outro.

“Deixei de cumprir horários, viver

constantemente sobre pressão e à

espera do fi m do mês, mas agora

nesta vida de pintor o fi m do mês

também não é garantido (risos).

Esta é uma vida feita de muitos

momentos baixos e poucos altos.

Mas quando surge um momento

alto compensa tudo o resto”.

Álvaro Mendes pinta sobretudo

em aguarela, mas também utili-

za o acrílico e o óleo. Este último

material, com menos frequência.

“Já me chamaram atenção, que

quando pinto a óleo mais parece

que resulta um trabalho em agua-

rela”.

Nas suas composições de pin-

tura opta por decompor e fundir

elementos de património histó-

rico e arquitectónico das aldeias,

vilas e cidades. Uma técnica difí-

cil de defi nir segundo o próprio.

“Muitas pessoas me perguntam

que técnica é esta. Eu respondo,

é uma técnica minha, não tem um

nome” (risos).

As serigrafi as de Álvaro Mendes,

produzidas no ateliê de António

Inverno, denotam algumas infl u-

ências, por exemplo de pintores

de que gosta. “Eu gosto muito de

Amadeu de Sousa Cardoso e, não

por infl uência mas por gosto pes-

soal, aprecio os trabalhos de Dali”.

Além disso, talvez haja ali algu-

ma infl uência do azulejo. “Sou um

apaixonado por azulejos”, diz. “O

azulejo é um elemento que traz

cor à minha composição e assim,

acabo sempre por colocá-lo”. Aliás,

sempre que Álvaro Mendes se de-

para com um azulejo de que gos-

ta e que tem história, acaba por

utilizá-lo nas suas pinturas.

Esta técnica do aguarelista sur-

giu de forma casual, mais precisa-

mente há vinte anos atrás, quan-

do pintou as ruas de Alfama, em

Lisboa. “Considerei interessante ti-

rar partido de todos os elementos

dignos de fi gurar, todos os com-

ponentes, interiores e exteriores

das ruas, e fundi-los”.

A convite de câmaras municipais

e galerias de arte, o pintor tem le-

vado esta técnica para todo o país

e ilhas. Este género de trabalho já

foi feito com o património da cida-

de de Abrantes, da vila de Sardoal

e Golegã.

Também nos Açores desenvol-

veu um trabalho sobre os 21 im-

périos da Ilha Terceira, que são as

capelinhas da ilha.

Quando elabora uma obra, Álva-

ro Mendes opta sobretudo pelas

cores que vê nos monumentos,

por exemplo os amarelos, azuis

e brancos… Antes de começar a

pintar recolhe todos os elementos

que pretende incluir na sua obra

e depois, mentalmente, estrutu-

ra toda a composição. Esta fase é,

segundo o próprio, a mais com-

plicada. Para além desta vertente

de pintor, agora a tempo inteiro,

o aguarelista dá aulas de pintura

na associação Palha de Abrantes,

há cerca de quatro anos. Um tra-

balho que lhe dá especial gozo.

“Tem sido bastante interessante

e gratifi cante dar aulas, uma vez

que grande parte das pessoas

que têm vontade de pintar fogem

como o diabo da cruz da aguare-

la. É uma técnica que não permi-

te muitas emendas e é conside-

rada difícil por muitos. O truque é

tirar partido da mancha. Quando

começamos a pintar, as manchas

por vezes são imprevisíveis, ca-

be-nos a nós pintores saber tirar

benefício disso.” Segundo Álvaro

Mendes, para pintar em aguarela

é necessário ter noções de dese-

nho e depois não ter medo. Con-

tudo, refere o pintor ao JA, “ape-

sar de não ter medo, sempre que

inicio um trabalho sinto ainda um

certo friozinho, mas também é

saudável que assim seja”.

Há oito anos atrás, o pintor de-

cidiu voltar às suas raízes, ao Sar-

doal. Num acordo com a Câmara

Municipal, acabou por se instalar

na antiga Cadeia Velha do Sardoal

e é ali que mantém o seu ateliê.

Joana Margarida Carvalho

ÁLVARO MENDES

A arte em aguarela

Álvaro Mendes é sobretudo aguarelista con-ceituado. Natural de Sintra, por acidente, mas residente em Lisboa, tem as suas raízes no Sardoal, onde acabou por se radicar há quase uma década. Tem 66 anos e pinta desde a sua juventude.

Page 15: Jornal de Abrantes - edição abril 2011
Page 16: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL201116 ABRANTES

A empresa de Reciclagem e Sucatas Abrantina, RSA, tem já em bom funcio-namento um fragmentador de sucatas, um equipamento que lhe permite dar um salto em frente. Trata-se de um novo investimento da ordem dos nove mi-lhões de euros, que, como o nome indi-ca, permite fragmentar as estruturas de sucata em pequenos componentes que são depois separados.

“Até aqui, por exemplo, um automóvel

em fi m de vida era descontaminado e

depois o restante era comprimido para

fazer um fardo. Aí, ia tudo misturado, os

metais ferrosos e não ferrosos, os plásti-

cos, as esponjas Agora, é tudo fragmen-

tado e os fragmentos são separados. O

resultado tem, assim, mais valor fi nal”,

explicou ao JA Delfi na Batista, uma das

representantes da empresa.

“A preocupação ambiental é uma das nossas máximas”

Para além destes investimentos, Delfi -

na Batista explicou que “foram contem-

pladas boas práticas a nível ambiental,

tendo ainda sido feita a aposta num sis-

tema de recolha de água dos telhados,

para ser reaproveitada, foram colocadas

insonorizações, chaminés de fi ltragem

bem como todas as impermeabiliza-

ções e tratamentos de efl uentes”.

A responsabilidade social e ambiental

nunca é esquecida na empresa, diz-nos

a sua porta-voz. Por isso, a RSA colabora

regularmente com entidades e organi-

zações, como escolas, bombeiros, colec-

tividades de acção social, entre outras,

através de formações, visitas e acções

de divulgação.

Um programa em curso tem a ver com

a plantação de uma árvore por cada car-

ro abatido.

Em 2009, por cada veículo em fi m de

vida abatido nas instalações da RSA foi

oferecida uma árvore para refl orestar

a encosta norte do Tejo, uma zona fl o-

restal ardida no concelho. No ano pas-

sado, a empresa abateu mais de 92 ve-

ículos em fi m de vida que em 2009, no

total 1.246 veículos, que correspondem

ao número de árvores para plantar nes-

te ano 2011.

A empresaConstituída formalmente em janei-

ro de 1989, a RSA é a nova cara de uma

empresa familiar que vem já dos anos

50, no Olho-de-boi, Alferrarede. Hoje

desenvolve um vasto leque de activida-

des.

O desmantelamento industrial, a reco-

lha de resíduos e de pneus utilizados, a

valorização dos carros em fi m de vida,

a trituração de cabos eléctricos e o tra-

tamento de resíduos de equipamento

eléctrico e electrónico são algumas das

suas linhas de produção.

Conta com a participação de cerca de

70 trabalhadores e é considerada uma

referência no seu sector de actividade

em resultado de um processo que vem

desde 2003.

Alves Jana e Joana Margarida Carvalho

RSA aposta para ganhar

“S. Lourenço apetece” é a

palavra de ordem que do

parque urbano de Abrantes

está a chegar a toda a re-

gião. Luís Pires, da empre-

sa Trincanela, desde há seis

anos responsável pelo pro-

jecto, pensa que chegou a

altura de recolocar as cartas

na mesa. “Com aquilo que

foi possível aprender nestes

anos e aprendendo com al-

guns erros cometidos” trata-

se de relançar o negócio na

“fi delidade aos clientes ha-

bituais e para captar aqueles

que ainda não descobriram

este espaço privilegiado”. O

essencial mantém-se, “res-

taurante, cafetaria e lazer”,

com a tónica de que estão

abertos “7 dias por semana,

365 dias por ano”. Mas vão

ser acentuadas duas linhas

de trabalho: o jantar de ter-

ça a sábado direccionado

para grupos, portanto sob

marcação, e a promoção de

actividades “que tragam va-

lor acrescentado” ao espa-

ço. Uma noite de fados no

início de Abril e o Encontro

Nacional de Jogos de Tabu-

leiro são apenas dois exem-

plos, de outros que estão

em projecto ou em estudo.

A experiência do Verão Ani-

mação de 2006 vai agora

dar mais alguns frutos, pois

S. Lourenço quer ser “um

espaço reconhecido pe-

los seus eventos”. Luís Pires

aproveita a oportunidade

para lembrar aos que têm

“boas ideias” que S. Louren-

ço pode “acrescentar valor”

aos seus projectos, por isso

“vamos conversar”. Ou seja,

vai haver notícias.

Entretanto, O Pinhas apa-

rece “renovado, com novos

equipamentos, para dar aos

miúdos o que eles gostam e

mais qualidade ao lazer da

família”.

A.J.

PARQUE URBANO DE ABRANTES

S. Lourenço renova a aposta

• Luís Pires, administrador da Trincanela.

• Novo fragmentador de sucatas.

Page 17: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL2011 ACTUALIDADE 17

Como já vem sendo hábito, a cidade de Abrantes recebe o festival de tunas, a décima segunda edição, nos dias 29 e 30 de abril.

Marisa Neves, magister da ESTATuna,

explicou ao JA que estes dois dias ba-

seiam-se num puro convívio entre to-

dos. “No primeiro dia chegam as tunas

das várias regiões do país. Realizamos

uma serenata na escadaria da Igreja de

São Vicente, pelas 22h30, que será se-

guida por um arraial, na praça Raimun-

do Soares, mais conhecida por praça da

Câmara, para que todos possam convi-

ver e estabelecer contactos. No dia 30,

haverá o chamado “passa-calles”, em

que as tunas vão cantar e tocar pelas

ruas de Abrantes e assim acabam por

animar e dar vida à cidade. Para termi-

nar o dia, o festival vai ter lugar no cine-

teatro São Pedro pelas 21h30”.

Na cidade vão estar, além da

organizadora, a Tuna do Liceu de Évora,

a VicenTuna (Faculdade de Ciências, Lis-

boa), a Tuma Acanénica de Leiria, a Tuna

Iscalina (ISCAL, Lisboa) e a Real Tuna In-

fantina do Algarve. São tunas que já esti-

veram no festival em anos anteriores e já

receberam a ESTATuna nas suas cidades.

São à volta de 150 tunos (elementos das

tunas) que se juntam em Abrantes du-

rante estes dois dias.

“Este Festival tem tudo para continuar”

Marisa Neves referiu que este festival

conta sempre com casa cheia no cine-

teatro São Pedro e é um projecto que

tem tudo para ter continuidade. Contu-

do, este ano a crise fez-se sentir no con-

junto de patrocínios que têm por hábi-

to pedir para conseguirem promover o

certame.

JMC

TRADIÇÃO MANTÉM-SE ...

Festival de Tunas em Abrantes

• Estatuna, de Abrantes.

Apesar dos protestos das

comissões de utentes e da

providência cautelar apre-

sentada por quatro cida-

dãos abrantinos, o Gover-

no através do Ministério das

Obras Públicas emitiu no dia

6 de Abril um comunicado

em que anunciou a suspen-

são da introdução das novas

portagens nas SCUT por con-

siderar que essa introdução

por um Governo em gestão

seria inconstitucional, con-

forme apontou um parecer

emitido pelo Centro Jurídi-

co da Presidência do Con-

selho de Ministros (CEJUR).

Fica assim sem efeito a in-

tenção governamental

de aprovar um Decreto-

lei destinado a introduzir

portagens nas Auto-Estra-

das SCUT, incluindo toda

a A23, a partir do dia 15 de

Abril, como estava previsto.

Devido a esta decisão, os

responsáveis do movi-

mento de utentes “Pró IP6”

anunciaram que retiraram

a providência cautelar que

visava impedir a instala-

ção de pórticos para por-

tagens na A23, depois de

o Governo ter suspendi-

do a cobrança naquela via.

João Viana Rodrigues, um

dos autores da providência

cautelar revelou ao JA que a

mesma “fi cou sem objecto”,

devido à decisão do Gover-

no, por isso “antecipamos

o que o Tribunal iria dizer”.

Apesar de tudo João Viana

Rodrigues disse que vão

continuar atentos e que se

o próximo Governo decidir

avançar com as portagens,

o movimento voltará aos tri-

bunais.

Adiada a introdução de portagens na A23

Page 18: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL201118 ACTUALIDADE

Outubro de 1981. É constituído o

Lions Clube de Abrantes. O grande

obreiro terá sido Francisco Cardo-

so, do Rossio, mas o nome de Délio

Baptista Madail também costuma

ser associado a esse tempo inicial.

Abrantes via assim nascer o núcleo

local da maior organização mundial

de “clubes de serviço voluntário”, com

1,3 milhão de sócios que unem esfor-

ços para responder às necessidades

de quem mais precisa num total de

45.000 Clubes em 114 países.

O início foi em 1917, em Chicago, Es-

tados Unidos. Melvin Jones , o funda-

dor, sentiu que os “clubes comerciais”

locais podiam ir além dos interesses

profi ssionais e assumir cuidados com

o bem-estar de pessoas e comunida-

des que não podiam socorrer-se a si

mesmas. Esse ano era um tempo de

guerra (1914-18). O seu apelo caiu

em chão fértil. Chegou em 3 anos ao

Canadá. Em 1945 surgia na Europa e

em 1953 em Portugal (Lisboa) e em

1981, como acima fi ca dito, chegou a

Abrantes.

O seu símbolo é o leão, um animal

“forte, corajoso, fi el e vital”, um nome

que “dá ideia não só de fraternidade,

companheirismo, força de carác-

ter e propósito, mas, acima de tudo,

a combinação das letras L-I-O-N-S

transmite um verdadeiro signifi cado

de cidadania: liberdade, inteligência,

e segurança da nossa nação (Liberty, Intelligence, Our Nation’s Safety)”.

Passados 30 anos em Abrantes,

Eduardo Margarido é o presidente

à frente de um Clube que atravessa

um momento de alguma difi culda-

de, porque os membros estão “bas-

tante envelhecidos”. As admissões

têm sido poucas, as últimas há cinco

anos, e entre estas o actual presiden-

te. A grande maioria dos 27 mem-

bros tem entre 60 e mais de oitenta

anos. É natural, por isso, que a vitali-

dade e a iniciativa estejam diminuí-

das. Talvez por isso estejam agora a

preparar a celebração deste aniver-

sário redondo.

Ao longo da sua existência em

Abrantes, o Lions Clube tem atribu-

ído bolsas de estudo, tem apoiado

algumas operações, tem feito cam-

panhas de testes à audição e à vi-

são, e tem contribuído com alimen-

tos. “Ainda no Natal passado entre-

gámos ao Cónego José da Graça 30

cabazes de Natal, para ele entregar a

famílias necessitadas.” E também tem

apoiado a sua “obra social”, em espe-

cial a Casa de S. Miguel, no Rossio, e o

Projecto Homem. Há anos, para esse

projecto, através do Lions Internatio-

nal foi dado um contributo de 75.000

dólares. “Também há uns 10 ou 15

anos, o Lions Clube de Abrantes ofe-

receu ao Hospital de Abrantes um

aparelho que custou na altura cinco

ou seis mil contos. Foram os maiores

contributos fi nanceiros”, explica Edu-

ardo Margarido, escusando-se da im-

precisão das datas, pois só entrou há

cinco anos.

Os fundos para esses apoios são re-

colhidos nos almoços e passeios que

o Lions organiza para sócios e con-

vidados. Então, há um pagamento

acima do valor da refeição ou da via-

gem cujo produto é para a solidarie-

dade. Além dessa função de recolha

de fundos, essas iniciativas têm ainda

por função desenvolver a sã camara-

dagem e a “enculturação” das pes-

soas. Este mês, por exemplo, há um

passeio a Belmonte, onde irão visitar

os museus ali existentes. “Podíamos

fazer outras actividades, como uma

noite de fados, por exemplo, mas

não contamos com o apoio da Câ-

mara na cedência do teatro. Há tem-

pos fomos a uma noite de fados do

Lions da Ponte de Sor, onde fi zeram

uma boa receita, porque a câmara lo-

cal lhes emprestou o teatro sem en-

cargos. A nossa, não.”

Eduardo Margarido, o actual pre-

sidente, deixa um apelo “às pesso-

as que gostam de ajudar: juntem-se

a nós, para em conjunto podermos

ajudar quem precisa”. O Clube pre-

cisa de renovação, de sangue novo

e mais jovem, para poder enfrentar

o futuro com mais energia. E tem a

vantagem de ter uma sede no centro

da cidade, uma casa restaurada que

lhe foi cedida pelo anterior presiden-

te, Joaquim Ribeiro. Há condições,

portanto só faltam os braços.

Alves Jana

A grande festa da música e dos galardões vai subir ao palco do cine-teatro S. Pedro, no dia 29 de Abril, pelas 21h30. Mais uma vez, espera-se casa cheia para aplaudir e apoiar os nossos músicos e para acarinhar os galardoados deste ano.

A Gala Antena Livre tem vindo

a marcar o calendário cultural da

nossa região. Ali têm sido divul-

gados e apoiados muitos dos va-

lores da nossa vida musical, que

vêem na Gala Antena Livre um lu-

gar de afi rmação e destaque. De

igual modo, ali tem sido divulga-

da e aplaudida a obra de pessoas

singulares e colectivas que não de-

vem passar despercebidas. A Gala

deste ano quer dar continuidade a

este projecto.

No campo da música, vão subir

ao palco, depois de um trabalho

a assinalar o Dia Mundial da Dan-

ça, os jovens dos Apple Pie, do

Tramagal, Os The Joes, de Lisboa

mas com dois músicos de cá, e ain-

da a participação de três dos gru-

pos que participaram no CD “es-

cuta”, que a Antena Livre lançou

no dia em que cumpriu 30 anos,

em Janeiro passado. Para fechar,

temos Filipe Santos, do Entronca-

mento, que conhecemos da pri-

meira edição da Operação Triunfo,

e que apresenta nesta Gala em pri-

meira mão, alguns temas do seu

mais recente disco editado neste

mês de Abril.

Os galardões deste ano vão ser

atribuídos nas categorias de cultu-

ra, empresa, social, jovem jornalis-

ta, comunicação (nacional), e pres-

tígio / carreira.

A VI Gala Antena Livre, como é

hábito e por princípio, é uma or-

ganização da Antena Livre, mas

é uma iniciativa assumida e le-

vada a cabo por todas as entida-

des que a patrocinam e apoiam e

por todas as pessoas que naque-

la noite vão aplaudir os nossos va-

lores musicais e homenagear os

galardoados. Por isso, a Gala Ante-

na Livre é um lugar de arte musical

e de cidadania responsável.

29 DE ABRIL, CINE-TEATRO S. PEDRO

VI Gala Antena Livre

HÁ 30 ANOS

Lions Clube de Abrantesao serviço de quem precisa

• Apple Pie, do Tramagal

Page 19: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL2011 CULTURA 19

Encontramos esta ponte entre Mon-talvo e Constância e em tempos fez parte da estrada que liga estas duas localidades, mas há perto de ses-senta anos que se encontra desacti-vada, devido a arranjos na referida estrada e cujo objectivo principal foi o de tirar uma apertada curva ali existente o que tornava o local, sob vários aspectos bastante perigoso.

Ainda bastante robusta, tem um só

arco amplo, rematado por pedras de

granito, bem aparelhadas. Sob ela

corre o Ribeiro da Quinta, que des-

ce do pinhal próximo, passa perto da

Quinta de Santa Bárbara e vai desa-

guar, não muito longe, na margem

direita do Tejo. Este curso de água

dividia duas quintas: a da Gorda a

poente e a da Fatacinha a nascente.

Perto, podemos ver um obelisco de

pedra com uma inscrição na base,

atestando a importância da constru-

ção desta ponte e a data, já pouco le-

gível da construção. Nela podemos

ler o seguinte: NO ANO DE 182…(O

último algarismo está ilegível)

REINANDO O MUITO ALTO E MUI-

TO PODEROSO REI E SENHOR D.

JOÃO VI SE CONSTRUIO PARA UTILI-

DADE PUBLICA, ESTA PONTE

A estrada, que passa perto, era a

única que, antes da construção da

A 23, ligava Abrantes a Constância,

pela margem direita do Tejo. A pon-

te e o obelisco podem ver-se (mal,

devido à vegetação ali existente) do

lado direito da estrada, quando nos

aproximamos da entrada de Cons-

tância.

Parece que, no início, não tinha

quaisquer guardas, mas como caí-

am, com alguma frequência, pessoas

nas águas do ribeiro, que no Inverno

eram turbulentas, foram construídos

os muros laterais que agora pode-

mos ver e que embora baixos, sem-

pre ofereciam alguma protecção.

Os simbolismos ligados às pontes

são muitos e antigos, tanto que se

perdem na noite dos tempos. Elas li-

gam as margens dos cursos de água

e por associação começaram tam-

bém a ligar o mundo dos vivos com

o mundo do Além, onde estão os es-

píritos dos antepassados, mas tam-

bém os seres sobrenaturais e várias

entidades míticas pagãs, que de-

pois o Cristianismo conotou com o

mal e com a noite. As pontes moder-

nas perderam já, para as populações

que as utilizam agora, este simbolis-

mo, mas a ponte de Santo Antoni-

nho, como ponte antiga que é, ain-

da o conserva, ou conservava, até há

cerca de cinquenta anos atrás.

Quando os meios de transporte

eram poucos e vagarosos, sobretu-

do os rapazes andavam muito a pé,

durante a noite. São estes, hoje já ho-

mens idosos, que mais histórias têm

para contar. Este era um lugar som-

brio, que a noite tornava arrepiante e

os motivos eram vários. A curva aper-

tada tirava a visibilidade, tornando o

local propício a assaltos, que tinham

como móbil mais comum o roubo,

mas também vinganças e ajustes de

contas que algumas vezes levavam à

morte. Mas o medo do sobrenatural

fazia arrepiar ainda mais.

Contam os antigos que um certo

rapaz namorava uma rapariga que

morava em Montalvo e ao regres-

sar a casa, já a altas horas da noite,

ao passar pela curva da ponte ou-

via sempre cantar um galo. Conti-

nuava o seu caminho sem qualquer

problema, mas passados uns tem-

pos começou a aborrecer-se com

tal facto. Uma noite, resolveu seguir

na direcção do canto e encontrou a

casa onde residia a dona do animal.

No dia seguinte, foi lá, comprou-o,

levou-o consigo e passado pouco

tempo matou-o, dizendo:

- Agora já nunca mais me aborre-

ces com as tuas cantigas!

O que é certo, dizem, é que passa-

dos poucos dias o rapaz apareceu

morto, precisamente no sítio onde

costumava ouvir o canto do galo.

Não se sabe como nem porquê, mas

dizem que foi morto por “aquilo” que

o galo afugentava com o seu canto.

Este anunciava o amanhecer e ao

matar o seu protector o rapaz fi cou

entregue às forças das trevas, que

acabaram por o aniquilar.

Era habitual, dizia-se, aparecerem

por ali seres ligados com a noite,

que tinham também uma conota-

ção diabólica: carneiros pretos que

se alguém os quisesse agarrar torna-

vam-se tão pesados que tinham que

os largar imediatamente, ouviam-se

cães a ladrar e a correr mas que nun-

ca ninguém via e era por ali que pas-

savam os lobisomens que nas noites

de segunda para terça e de quinta

para sexta tinham de correr sete vi-

las acasteladas, sete fontes, sete pon-

tes…

Junto da ponte foi mais tarde co-

locado um cruzeiro, para com a sua

força benéfi ca, afastar os seres das

trevas que por ali costumavam va-

guear. Estas e outras histórias nos

contaram os mais velhos, algumas

já as tinham ouvido a seus pais e são

vestígios de crenças antigas que, se

não forem passadas a escrito, desa-

parecerão com os últimos que eram

detentores deste conhecimento.

Teresa Aparício

LUGARES COM HISTÓRIA

A ponte de Santo Antonino

Page 20: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL201120 CULTURA

Abrantes Até 29 de abril - Exposição “A I República na Génese da BD e no

olhar do século XXI” - Biblioteca António Botto

Até 6 de maio - Exposição de Cerâmica de Ilda Bragança - Gale-

ria de Arte

14 de abril – Entre nós e as palavras com o escritor Mário Zambujal

- Biblioteca António Botto, às 21h30

20 de abril - Ler os nossos com José Luís Cordeiro a propósito do li-

vro Transparência da Alma - Biblioteca António Botto, às 21h30

22 a 25 de abril - Encontro Ibérico de Música Coral - Concerto dia

24 de abril às 17h00 na Igreja de São Vicente - Orfeão de Abrantes

29 de abril - Festa da Primavera - Centro histórico de Abrantes, a

partir das 10h30

29 de abril - Gala Antena Livre - Cine-teatro São Pedro, às 21h30

30 de abril – Festival de Tunas de Abrantes- Cine-teatro São Pedro,

às 21h30

5 de Maio - UPA, conferência - A osteoporose social e política, por

José Alves Jana, na Biblioteca Municipal António Botto, às 21h30.

CINEMAEspalhafi tas - Teatro São Pedro, às 21h30:

20 de abril – Canino

27 de abril – O Cisne Negro

Barquinha Ate 22 de abril - Exposição - Natureza em risco - Fauna e Flora

ameaçada de Portugal- Edifício do Paços do Concelho

25 de abril - À conversa com o escritor Emílio Miranda no âmbito

do Dia Mundial do Livro: - O Livro como veículo de transmissão do

conhecimento - Centro Cultural, às 17h00

Constância 23 a 25 de abril – Festas em Honra da Nossa Sr.ª da Boa Viagem

� música com The Kaviar, Projecto Amar, baile popular, artesanato,

tasquinhas, entre outros

Mação Até 29 de abril - Exposição - Fernão Mendes Pinto, deslumbramen-

tos de um olhar - Edifício dos Paços do Concelho, das 9h00 às 12h30

e das 14h00 às 17h30

18 de abril – Passeio pedestre nocturno pelo património da vila -

junto do Museu da Arte Pré-histórica, às 21h00

Sardoal Até 14 de maio - Exposição colectiva de fotografi a “Pelos Nossos

Olhos” – Centro Cultural Gil Vicente

22 a 25 de abril - Exposição de pintura alusiva à Semana Santa -

Clube de pintura do GETAS - Atrium do Getas

23 de abril –Teatro - A Paixão de Cristo, pelo GETAS – Praça da Re-

pública, às 16h00

24 de abril - Teatro A Casa das Albas - Centro Cultural Gil Vicente,

às 21h30

29 de abril - Concerto com a fadista Dora Maria - Centro Cultural Gil

Vicente, às 21h30 - entrada livre

CINEMACentro Cultural Gil-Vicente, às 16h00 e 21h30:

16 de abril – “Hereafter”

7 de maio – “Cisne Negro”

AGENDA DO MÊSJosé Luís Cordeiro apresenta “Transparências da Alma”

“Beluga”, o album estreia dos KaviarO ano de 2010 foi determinante para

os portugueses Kaviar. Ao tornarem-se

vencedores do concurso Optimus Live

Act, têm o privilégio de integrar o car-

taz do Festival Optimus Alive e de edi-

tar o seu EP de apresentação, “Sevruga”.

Encontraram o seu público numa série de

concertos pelo país, de onde se destacam

os palcos do Festa do Avante, Festival do

Alentejo, Aula Magna - com os britânicos A

Silent Film - e o concerto para mais de 20 mil

pessoas, em Abrantes, com os Xutos e Pon-

tapés. O encontro com o produtor Pedro

Carvalho, no fi nal de um concerto, acaba por

levar a banda ao Zero Estúdio para um novo

desafi o – a gravação de “Beluga”, composto

por 10 temas, álbum de estreia da banda de

Abrantes. O disco foi masterizado nos len-

dários Abbey Road Studios OM e está à ven-

da desde o dia 28 de Março de 2011. Cha-

mar Kaviar à banda partiu do objectivo de

que esta se manifestasse numa atitude esté-

tica e sonora que ambicionasse o luxo, o re-

quinte, a opulência, nunca esquecendo que

ao virar da esquina está e estará sempre a

decadência, a ruína e o excesso que sempre

vaguearam no estereótipo do consumidor

de caviar, tal como no arquétipo do Rock’n’

Roll. “Beluga” é o mote para novos concer-

tos. A banda está na estrada e poderá ser

vista a 23 de Abril em Constância, 29 de

Abril em Aveiro e 30 de Abril em Abrantes.

Os Kaviar são: Humberto Felício (voz e gui-

tarra), Afonso Alberty (baixo), Miguel Da-

mas (guitarra e vozes), José Tomás (teclas) e

Hélder Martins (bateria).

O escritor e poeta José Luís

Cordeiro vai estar presente em

Abrantes para falar sobre o seu

livro - Transparências da Alma -

(Editora Papiro, 2010). O autor vai

falar do seu livro de poesia que

mais não é que “fragmentos de

memória, pedaços da sua própria

existência, transparências da sua

própria alma .- José Luís Cordei-

ro nasceu em Santarém em 1963,

é licenciado em Línguas e Litera-

turas Modernas e actualmente é

professor de Língua Portuguesa.

Dia 20 de Abril, na Biblioteca An-

tónio Botto, às 21h30.

Exposição colectiva de fotografi a no Sardoal

São dez os autores que contri-

buíram para a exposição de foto-

grafi a que está patente no Cen-

tro Cultural de Sardoal até ao dia

14 de Maio. Integrada nos feste-

jos da Semana Santa, “Pelo Nosso

Olhar” é uma mostra fotográ-

fi ca sobre temas religiosos em

que cada fotógrafo dá o seu

contributo, o seu ponto de vis-

ta expresso em imagens. Con-

de Falcão, Paulo Sousa, Paulo

Salgueiro, Pedro Rosa, Nuno

Simples, Pedro Sousa, Paulo

Machado, Luís Costa, João Sa-

raiva e Ricardo Salgueiro são

os autores das fotografi as em

exposição. São sardoalenses e

por isso sempre estiveram en-

volvidos no ambiente festivo que

é a Semana Santa. Nos dias 21 e 22

de Abril a exposição pode ser vista

das 15h00 às 21h30 e nos restan-

tes dias entre as 15h as 18h00.

Page 21: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

CULTURA 21

Page 22: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

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AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Novena infalível.Oh! Jesus que dissestes: Pede e receberás, procura e acharás, bate e a porta se abrirá. Por intermédio de Maria Vossa Mãe Santíssima, eu bato, procuro e vos rogo que minha prece seja atendida. (Menciona-se o pedido).Oh! Jesus que dissestes: tudo o que pedires ao Pai em meu nome, Ele atenderá. Com Maria, Vossa Santa Mãe, humildemente rogo ao Pai, em Vosso Nome, que minha prece seja ouvida. (Menciona-se o pedido).Oh! Jesus que dissestes: O céu e a terra passarão, mas a minha palavra não passará: Com Maria Vossa Mãe Bendita eu confio que a minha oração seja ouvida. (Menciona-se o pedido).Rezar 3 Avé Marias e uma Salve Rainha. Em casos urgentes, esta novena deverá ser feita em 9 horas.Mandada publicar por ter alcançado uma grande graça.

M.H.

AO DIVINO ESPIRITO SANTOAO MENINO JESUS DE PRAGA

AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Novena infalível.Oh! Jesus que dissestes: Pede e receberás, procura e acharás, bate e a porta se abrirá. Por intermédio de Maria Vossa Mãe Santíssima, eu bato, procuro e vos rogo que minha prece seja atendida. (Menciona-se o pedido).Oh! Jesus que dissestes: tudo o que pedires ao Pai em meu nome, Ele atenderá. Com Maria, Vossa Santa Mãe, humildemente rogo ao Pai, em Vosso Nome, que minha prece seja ouvida. (Menciona-se o pedido).Oh! Jesus que dissestes: O céu e a terra passarão, mas a minha palavra não passará: Com Maria Vossa Mãe Bendita eu confio que a minha oração seja ouvida. (Menciona-se o pedido).Rezar 3 Avé Marias e uma Salve Rainha. Em casos urgentes, esta novena deverá ser feita em 9 horas.Mandada publicar por ter alcançado uma grande graça.

A.S.M

Page 23: Jornal de Abrantes - edição abril 2011

jornaldeabrantes

ABRIL2011 SAÚDE 23

Estabelecimentos comerciais: processo de licenciamento e vigilância higio-sanitária

SAÚDE É ... Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Publica do ACES do Zêzere

A instalação de estabelecimentos de comércio ou de armazenagem de pro-dutos alimentares, não alimentares e de prestação de serviços, está mais simplifi cada desde a publicação do Decreto-Lei 259/2007, de 17 de Julho, com o regime de declaração prévia.

Desta forma, sem dispensar os pro-

cedimentos estabelecidos em matéria

de urbanização e edifi cação, o titular

da exploração dos estabelecimentos

e armazéns abrangidos pelo decreto-

lei atrás referido deve, até 20 dias úteis

antes da sua abertura ou modifi cação,

apresentar uma declaração na respec-

tiva Câmara Municipal e cópia na Di-

recção-Geral da Empresa, na qual se

responsabiliza que o estabelecimento

cumpre todos os requisitos adequados

ao exercício da actividade ou do ramo

de comércio, fi cando deste modo dis-

pensado da vistoria que antecede a sua

abertura.

Os requisitos legais a que devem obe-

decer os estabelecimentos, armazéns

e secções acessórias estão publicados

na Portaria 789/2007, de 23 Julho. No

mesmo diário da república poderá en-

contrar também o modelo da decla-

ração prévia e os estabelecimentos

abrangidos.

O cumprimento das obrigações a que

estes estabelecimentos estão sujeitos

pode ser fi scalizado em qualquer altu-

ra, pela ASAE, sem prejuízo das compe-

tências atribuídas às Câmaras Munici-

pais, às competências das Autoridades

de Saúde e às competências das enti-

dades que intervêm no âmbito dos re-

quisitos específi cos aplicáveis.

Por considerarmos que estes estabe-

lecimentos são de grande importân-

cia na sociedade actual, foi criado um

projecto de vigilância sanitária para es-

tabelecimentos comerciais na Unida-

de de Saúde Pública do Agrupamento

de Centros de Saúde do Médio Tejo II

– Zêzere, por forma a suprimir eventu-

ais riscos para a saúde dos consumido-

res. Estamos ao seu dispor sempre que

considerar necessária a nossa colabo-

ração no que diz respeito às compe-

tências atribuídas à Saúde Pública, de-

vendo para tal dirigir-se ao Centro de

Saúde da área de abrangência do seu

estabelecimento.

Patrícia CruzTécnica de Saúde Ambiental

Page 24: Jornal de Abrantes - edição abril 2011