jornal arrocha 02 - reflexôes urbanas

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Arrocha OUTUBRO DE 2010. ANO I. NúMERO 2 DISTRIBUIçãO GRATUITA - VENDA PROIBIDA Jornal JORNAL COMUNITÁRIO DO CURSO DE COMUNICAçãO SOCIAL/JORNALISMO DA UFMA, CAMPUS DE IMPERATRIZ DOUGLAS AGUIAR Reflexões urbanas Transporte público disputa usuários RODRIGO REIS LUISA CIRQUEIRA LUANA BARROS Os serviços de transporte público como mototáxis, táxis- lotação e ônibus disputam usuários, que exigem mais qualidade e segurança. Enquanto as empresas de ônibus se queixam das outras categorias, estas se organizam para garantir a legitimidade e ampliação das atividades. Em paralelo aos embates, Imperatriz convive com o crescimento da frota de veículos. Páginas 6 e 7. Imperatriz sofre com falta de infraestrutura Os ciclos de expansão populacional que marcaram a história de Imperatriz, desde a década de 1960, prejudicaram o adequado desenvolvimento da infraestrutura urbana. Apesar da existência de um Plano Diretor e de leis, como a de Uso do Solo, a cidade ainda sofre com problemas básicos, ora por omissão do poder público, ora por descaso da sociedade. Páginas 4, 5 e 12. Cenas típicas de uma cidade em expansão A concentração populacional em Imperatriz proporciona a visão de cenas típicas. Após a inauguração da rodovia Belém- Brasília, a cidade fortaleceu sua vocação como polo comercial, embora tenha perdido boa parte do seu território, transformado em outros municípios. A estimativa do Censo 2010 é que hoje a população ultrapasse 240 mil habitantes. Páginas 3 e 10. GRATUITO Fotografia premiada com a segunda colocação do “II Concurso de Fotografia” promovido pela Fundação Cultural da Prefeitura de Imperatriz: na sombra, o trabalhador ajuda na expansão da cidade que se desenvolve debaixo de um sol intenso BONECO JORNAL 02.indd 1 15/10/2010 15:20:59

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Jornal Comunitário laboratorial do curso de jornalismo da UFMA de Imperatriz (MA)

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ArrochaOUTUBRO de 2010. AnO I. númeRO 2 dIsTRIBUIçãO GRATUITA - VendA PROIBIdA

Jorn

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jORnAl COmUnITÁRIO dO CURsO de COmUnICAçãO sOCIAl/jORnAlIsmO dA UfmA, CAmPUs de ImPeRATRIz

DOUGLAS AGUIAR

Reflexões urbanasTransporte público disputa usuários

RODRIGO REIS LUISA CIRQUEIRA LUANA BARROS

Os serviços de transporte público como mototáxis, táxis-lotação e ônibus disputam usuários, que exigem mais qualidade e segurança. Enquanto as empresas de ônibus se queixam das outras categorias, estas se organizam para garantir a legitimidade e ampliação das atividades. Em paralelo aos embates, Imperatriz convive com o crescimento da frota de veículos. Páginas 6 e 7.

Imperatriz sofre com falta de infraestrutura

Os ciclos de expansão populacional que marcaram a história de Imperatriz, desde a década de 1960, prejudicaram o adequado desenvolvimento da infraestrutura urbana. Apesar da existência de um Plano Diretor e de leis, como a de Uso do Solo, a cidade ainda sofre com problemas básicos, ora por omissão do poder público, ora por descaso da sociedade. Páginas 4, 5 e 12.

Cenas típicas de uma cidade em expansão

A concentração populacional em Imperatriz proporciona a visão de cenas típicas. Após a inauguração da rodovia Belém-Brasília, a cidade fortaleceu sua vocação como polo comercial, embora tenha perdido boa parte do seu território, transformado em outros municípios. A estimativa do Censo 2010 é que hoje a população ultrapasse 240 mil habitantes. Páginas 3 e 10.

gRaTuITo

Fotografia premiada com a segunda colocação do “II Concurso de Fotografia” promovido pela Fundação Cultural da Prefeitura de Imperatriz: na sombra, o trabalhador ajuda na expansão da cidade que se desenvolve debaixo de um sol intenso

BONECO JORNAL 02.indd 1 15/10/2010 15:20:59

Com vocação clara para o comércio e localização geográfica privilegiada, Imperatriz viu sua po-pulação crescer muitas vezes sem controle em meio século. Questões como o trânsito confuso, trocas co-merciais marcadas pela informali-dade, saneamento básico precário, transporte coletivo em conflito e desenvolvimento desigual dos bair-ros precisam ser equacionadas com urgência para que impactos, já visí-veis, não continuem a afligir a lógica urbana.

Um órgão de imprensa como o jornal comunitário Arrocha, total-mente produzido pelos acadêmicos do curso de Jornalismo da UFMA, tem o dever de expor essas questões, buscar respostas e possíveis solu-ções. Nesta edição, os acadêmicos,

coordenados de forma interdiscipli-nar pelos professores, investigaram as raízes dos problemas urbanos de Imperatriz e constataram que, sem organização popular, vontade po-lítica e respeito ao Plano Diretor, aprovado, mas em fase de questio-namento judicial, fica difícil divisar um futuro confortável e próspero para o município.

Conforme esperado, a pri-meira edição do Arrocha, sobre as águas, chamou atenção da popula-ção pela preocupação dos futuros jornalistas em tratar sempre de um tema único e importante para a ci-dade por vez, desdobrado em várias reportagens.

Agora, refletindo sobre os as-pectos urbanos, os acadêmicos mais uma vez abrem o espaço para que

todos os setores responsáveis pelo bem estar da população possam se expressar. Anônimos e poder pú-blico, a comunidade e seus repre-sentantes, todos tem espaço seme-lhante nestas páginas, ampliadas de 8 na primeira edição para 12 nesta publicação.

Mais uma vez, repete-se o lema que dá título ao jornal no seu sentido exato: Arrocha, Imperatriz! Ou seja, falem sem medo, que nós arrochare-mos ou questionaremos os responsá-veis. Isso é liberdade de imprensa.

Arrocha: É uma expressão típica da região tocantina e também é um rit-mo musical do Nordeste. Significa algo próximo ao popular desembu-cha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito éti-co desta publicação.

EDIToRIaL - Questões urbanas

Ensaio Fotográfico

CHaRgE

2 ArrochaJorn

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Ano I. númEro 2 ImPErATrIZ, oUTUBro dE 2010

ExpEDIEnTE

Fotografia: Adelaide S. Rodrigues, Adriana de Sá Sousa, André Wallyson F. da Silva, Ayra Carlane de O. Carvalho, Dailane S. Santana, Delma de Assunção Mota, Douglas Da S. Aguiar, Ellyne A. Barbosa, Fernando C. da Silva, Fernando Ralfer de J. Oliveira, Francisco L. de Almeida, Geovana C. Frasão, Gerusa Carla P. Cabral, Gizelle de J. Macedo, Isabella S. Plácido, Jadiel Barbosa Reis, Jenifer O. Pessoa, João Batista F.

reportagem: Adriana de Sá, Carine Ribeiro, Ayra Carvalho, Claudyo Jackson, Dailane Santana, Delma de Assunção, Dilmara Tavares, Diulia Sousa, Dyego Wilson, Ellyne Barbosa, Fernando Costa, Francisco Lima, Jadiel Reis, Jairo Moraes, João Batista Guimarães, Zé Luis Costa, Pedro Jader, Raildo Portela, Rayza Machado, Renata Fonseca, Ricardo Magno, Sabrina Chamorro e Wyviann Costa.

Professores: diagramação: Adenilson S. de Oliveira, Adva A. Barros, Alan Milhomem, Alessandra F. da Rocha, Allana Cristina P. Marques, Ana Carla C. Rio, Azaías Lima Souza, Carla Kassis C. Farias, Chrystiane M. Sousa, Clésio M. Costa, Deijeane G. Morais, Eva F. de Souza, Fernando de Aquino Santos, Gilmara L. Teixeira, Gleiciane F. de Sousa, Grasiele G. da Silva, Hemerson P. da Silva, Jael M. de Sales, James P. Araújo, Jefferson de S. Moraes, Jessica Ruane S. Lima, Joaquim Nazaré R. de Mendonça, Kellyane B. de Sousa, Leonardo Varão, Letícia M. do Vale, Maria do Socorro F. de Castro, Mariana de S. Silva, Marta de O. Xavier, Mauricio A. Sousa, Max Dimes R. e Santos, Mirian G. de Oliveira, Mônica Brandão, Narcísio F. Cruz, Nilzeth A. Oliveira, Nubia Ângela C.

Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da Universidade.

Jornal Arrocha. Ano I. número 2. outubro de 2010

reitor - Prof. dr. natalino salgado filho | diretor do Campus de Imperatriz - Prof. dr. jefferson moreno | Coordenadora do Curso de Jornalismo - Prof. msc. Roseane Arcanjo Pinheiro.

msc. Alexandre maciel (jornalismo Impresso), msc. marco Antônio Gehlen (Programação Visual), msc. marcus Túlio lavarda (fotojornalismo). Revisão: dr. marcos fábio B. matos e msc. letícia Cardoso.

www.imperatriznoticias.com.br | Fone: (99) 3221-7627 Email: [email protected]

Contatos:

do Nascimento, Paula de Tarssia de S.Santos, Paulo Edson de M. Oliveira, Renata S. Costa, Ronie Petterson S. de Araújo, Rosana F. Barros, Roseane C.de Sousa, Simone M.Marinho, Thalyta O. Dias, Thuany Watina F. Silva, Wallikson Diniz B. dos Santos e Welbert de S. Queiroz.

CARLOS HENRIQUE

NÍCIA OLIVEIRA

DOUGLAS AGUIAR

JORDANA BARROS

Guimaraes, Joyce Theotônia Benigno Magalhaes, Lara de Paula Nascimento Oliveira, Larissa Fernanda Santana Rolim, Larissa Pereira Santos, Leide Silva Oliveira, Lierbeth da Silva Sa, Luana Barros Alves dos Santos, Luisa Maria M. Cirqueira, Maria José C. Vieira, Maria Talita N. Bessa Câmara, Marilia Otero de Alencar, Mario Clemilson A. da Silva, Nayane Cristina R. de Brito, Nícia de O. Santos, Pricila Aranha Gama, Raildo dos S. de Jesus, Raimundo Nonato de O. Pereira, Rayza M. de Morais, Renata R. da Fonseca, Rodrigo N. Reis, Thays Silva Assunção, Victor Aurélio Batista P. de Sousa, Vinicius L. Beserra, William Castro e Wyviann C. Silva.

JADIEL BARBOSA REIS

Fotografia premiada com a primeira colocação do “II Concurso de Fotografia” promovido pela Fundação Cultural da Prefeitura de Imperatriz

Fotografia que recebeu

menção honrosa no

“II Concurso de Fotografia”

promovido pela Fundação

Cultural da Prefeitura de

Imperatriz

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HIsTóRIaConstrução da estrada no final da década de 1950 fez com que a cidade se consolidasse como ponto comercial para muitos municípios do seu entorno

Belém-Brasília marca expansão de ImperatrizSABRINA CHAMORRO

A rodovia Belém-Brasília, com 2200 quilômetros de extensão, ao mesmo tempo em que integrou o país também dividiu não só o terri-tório de uma cidade, mas toda sua história. Imperatriz, na década de 1960, época em que foi inaugurada a estrada, vivenciou o maior surto de desenvolvimento. Do dia para a noite, o então pacato município recebeu pessoas de todas as partes do país e também mais casas e au-tomóveis.

Várias foram as consequências desse progresso desenfreado: o co-mércio e a pecuária se avolumaram e grandes usinas de beneficiamen-to se instalaram na cidade, que ga-nhou a fama de “capital do arroz”.

Em 1960, Imperatriz tinha 39.169 habitantes, contando com os moradores de Montes Altos, e passou para 80.827 habitantes em 1970, já sem aquele distrito. Ou seja, mais do que dobrou a popu-lação da cidade em apenas uma dé-cada, mesmo com a perda de cerca de 10 mil pessoas e a redução do território.

Na década de 1970, 64,1% dos moradores não eram naturais do município. Em 1980 esse quadro continuou praticamente o mesmo. De acordo com IBGE, o crescimen-to urbano no período de 1960-1970 foi de 313,9% e de 1960-1980, de 221,8%.

Desmembramento - Esse cres-cimento desordenado fez surgi-

rem novos povoados e aumentar a população de outros. Isso, além da falta de maior assistência por parte da administração municipal, levou algumas localidades a se destacarem e, assim, garantirem a elevação a municípios.

A primeira foi a vila de Montes Altos, que em 1955 virou municí-pio e abocanhou uma área de 1.338 Km² do território imperatrizense. Em 1961, o povoado Gameleira vi-rou João Lisboa, com 1.127 km². Açailândia foi pelo mesmo cami-nho em 1981, levando 5.806 km². Algum tempo depois, em 1997, seis municípios novos foram criados: Cidelândia, Governador Edison Lobão, Davinópolis, São Francisco do Brejão, Vila Nova dos Martírios e São Pedro da Água Branca, sen-do que este último pegou territó-rio tanto de Imperatriz quanto de Açailândia. Com isso, Imperatriz passou a ter somente 1.368 km² de área total.

Para o vereador e jornalista Edmilson Sanches, uma emancipa-ção municipal é consequência de fatores como a população, a eco-nomia, o interesse político e, mui-tas vezes, falta de assistência aos distritos. Sendo assim, elas não podem ser planejadas e nem vistas negativamente. “Por mais que um prefeito de Imperatriz trabalhas-se por um distrito, dificilmente o progresso se daria na mesma pro-porção em que ocorre com uma administração própria, próxima dos cidadãos, que devem obser-var, acompanhar, eleger e cobrar”.

Prova disso é o município de Açai-lândia, que após conquistar a sua autonomia tornou-se um dos mais importantes polos industriais do Maranhão.

Esse desmembramento de Im-peratriz possui pontos positivos e negativos, segundo o vereador. Se a cidade ainda mantivesse a posse desses ex-povoados, haveria mais

área para o desenvolvimento de projetos rurais, em contrapartida, o crescimento geral dessa região sofreria uma grande desacelera-ção.

Entrada da cidade de Imperatriz, via Belém-Brasília: ao longo das décadas vários municípios foram desmembrados, mas não afetaram expansão

GEOVANA FRASÃO

IBgE estima população superior a 240 mil no municípioDYEGO WILSON

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que o Censo 2010 revele uma Imperatriz com mais de 240 mil habitantes. Em 2007, o número era de 236 mil. Na ocasião, a população ocupava uma área de 1.367,90 km², o que conferia ao município uma densidade demográfica de 167,9 habitantes por km². Até outubro de 2010, o Instituto já havia praticamente concluído o Censo na cidade e contabilizado 240.419 habitantes. De acordo com Viviane Lima de Freitas, agente censitária, no início da coleta era esperado um crescimento populacional acima da média, devido ao fato de o município estar situado em uma região caracterizada como polo de atração.

Até outubro, as equipes do Cen-so 2010 percorreram as residências para a coleta de dados no municí-pio. Em Imperatriz, foram visitados aproximadamente 71 mil domicílios e as tarefas executadas com o au-xílio de computadores de mão (pal-

mtops) que contêm os questionários da pesquisa, e também receptores de coordenadas geográficas (GPSs) e mapas digitais.

A novidade do Censo 2010 é o

“questionário eletrônico”. Trata-se da primeira apuração totalmente informatizada e as respostas cole-tadas pelos recenseadores estão sendo enviadas via internet. A ex-

pectativa é de que os dados sejam divulgados até dezembro, sendo apresentados gradativamente. Se-gundo o coordenador do IBGE na região, Wellinton Jorge, o Censo é realizado a cada 10 anos, resultan-do no retrato mais completo da população brasileira, uma vez que os questionários envolvem várias perguntas de importância para apli-cação de políticas públicas pelo go-verno federal.

Expansão - “Imperatriz crescente, com as matizes do progresso, tens história imponente, pelo valor de teu sucesso”. O trecho do Hino de Imperatriz, composto pelo ex-pre-feito José de Ribamar Fiquene, já anunciava o vultoso crescimento da cidade, que hoje ostenta os títulos de “Portal da Amazônia” e “Capital Brasileira da Energia”.

A “pequena cidade”, como era conhecida, tornou-se, de forma de-sordenada, um aglomerado urba-no. O desenvolvimento começou a partir da construção da rodovia Belém-Brasília e um dos fatores que contribuíram para comprovar esse

crescimento é a explosão popula-cional nos últimos 30 anos.

Dados do IBGE revelam que, no período 1991 a 2000, a taxa de mor-talidade infantil do município di-minuiu 40,49%, passando de 74,73 em 1991 para 44,47 (a cada mil nas-cidos vivos) em 2000. A esperança de vida ao nascer cresceu 5,29 anos, passando de 59,09 anos em 1991 para 64,38 anos em 2000. Ainda não há previsões para 2010 quanto a esses dados.

Segundo o professor de Geogra-fia, José Carlos, na década de 1970 a cidade chegou a ser considerada a mais próspera do país, recebendo contingentes migratórios de diver-sos lugares do Brasil. Ele ressalta o elevado número de impactos am-bientais causados por essa explosão populacional, entre eles a poluição das águas e do ar, além da erosão. “A cidade perdeu grandes áreas de florestas nativas e houve uma efeti-va devastação do verde para a cria-ção de novos setores industriais e novos bairros. Hoje é quase impos-sível ver matas nativas no municí-pio”, lamenta.

Explosão populacional a partir da década de 1970 gerou problemas como a concentração das casas

LUISA MARIA CIRQUEIRA

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RICARDO MAGNO

Imperatriz é uma cidade com poucas avenidas e ruas estreitas. Com o “boom” verificado entre as décadas de 1960 a 1980, os ser-viços de edificação aumentaram, provocando o crescimento hori-zontal e o vertical do município. Surge daí a “necessidade de indu-zir a ocupação do solo de modo a conservar os recursos naturais e obter o desenvolvimento harmô-nico”, conforme menciona o arti-go 11, inciso IV, do Plano Diretor Municipal.

Com uma área de 1.367,901 km², a expansão desordenada da cidade gerou uma baixa densidade populacional, bairros com pouca infraestrutura além de inúmeros terrenos vagos.

Somente em 2001 foi criado um Plano Diretor com o intuito de organizar o espaço do municí-pio. O artigo 17 desse documento instituiu: “Proprietários e inquili-nos são responsáveis por conser-var o perfeito estado de asseio de seus quintais, pátios, prédios e terrenos.” O artigo 18 explica que: “Os terrenos, bem como pátios e quintais situados dentro dos limi-tes da cidade, devem ser mantidos livres de matos, água estagnada, lixo e quaisquer detritos que com-prometam a saúde e segurança”.

As penas cumulativas podem chegar a 632 reais. Contando com o auxílio de notificações pesso-ais, a imprensa e as denúncias da população, a fiscalização é feita pela Secretaria Municipal de Pla-nejamento Urbano e Meio Am-biente (Sepluma), comandada por

Enéas Nunes Rocha. Ele cita que o dono do imó-

vel pode apenas cercar o terreno. Mas observa que na região central

da cidade é necessário que os ter-renos sejam murados, evitando a ação de vândalos e contribuindo para a segurança pública.

Ele informa ainda que a maio-ria das pessoas notificadas na ci-dade passa a cumprir a legislação municipal.

Solos - Segundo o engenheiro agrônomo Armando Souza Costa, a topografia de Imperatriz apre-senta predominância de relevo ta-bular, planaltos e chapadas com formação de serras. Os tipos de solos são o latossolo vermelho escuro (solos minerais profundos e bem drenados); as areias quart-zosas (solos minerais, não hi-dromórficos de textura arenosa, pouco desenvolvido e com baixa fertilidade natural) e os solos li-toicos (rasos, pouco evoluídos e de difícil decomposição).

Com uma média pluviométri-ca anual de 1.400 mm, a cidade vem sofrendo constantes alaga-mentos devido ao processo de urbanização, ausência da rede de escoamento pluvial, redução da infiltração aquífera no solo e obstrução dos mecanismos de drenagem, causados pelo comum desrespeito ao Código de Postu-ra.

Nesse sentido, o inciso II do artigo 13 é claro ao avisar que: “A ninguém é lícito, sob qualquer pretexto, impedir ou dificultar o livre escoamento das águas pelos canos, valas, sarjetas ou canais de vias públicas, danificando ou obstruindo tais servidões”. Já o inciso II do artigo 15, é enfático ao proibir o escoamento de água servida da residência para as ruas da cidade.

Sem aspectos fundamentais de planejamento, o traçado urba-no se refletiu precário com ruas sem alinhamento e dimensões de lotes e quadras irregulares. A ci-dade foi crescendo com pouca in-fraestrutura.

CARINE RIBEIRO

É comum toda cidade home-nagear seus nomes mais importan-tes. Em Imperatriz, autoridades que tiveram grande importância na cidade como políticos, escri-tores, comerciantes e freis foram homenageados em ruas que se cru-zam e receberam os seus nomes. É o caso de Simplício Moreira, Luis Domingues, Coriolano Milhomem, Coronel Ma-noel Ban-deira, Sousa Lima, Urba-no Santos e a pioneira 15 de Novem-bro, agora avenida Frei Manoel Pro-cópio. Além das avenidas Getúlio Var-gas e Dorgival Pinheiro de Sousa.

Há 158 anos surgiu a Vila de Imperatriz com uma única rua, 84 casas ao longo do rio Tocan-tins terminando em uma praça em que foi construída a igreja matriz Santa Teresa D’Ávila. Hoje, a cida-de tem característica e tamanho de um centro regional, apesar de

possuir poucas avenidas amplas e largas. A Godofredo Viana, que é a terceira paralela ao rio Tocantins, já foi chamada de rua da Boiada, mas em homenagem ao ex-chefe do governo estadual que eman-cipou a Vila de Imperatriz, a via hoje tem o seu nome.

A rua nominada em homena-gem ao coronel Manoel Bandeira - um político e professor da cida-de nos seus tempos de vila - onde

atualmente se con cent ra m bares e res-taurantes no-turnos, já foi chamada de rua do Quero e hoje é a po-pular Getúlio Vargas.

Já a pon-te inaugurada neste ano e

que liga Imperatriz ao estado vi-zinho, o Tocantins, evoca o nome do bispo Dom Affonso Felipe Gre-gory, o primeiro a ocupar este car-go em Imperatriz. A ligação entre os estados tem atraído investi-mentos privados e trazido novas perspectivas de desenvolvimento econômico e social.

Lei do uso do solo precisa de divulgação

personagens históricas dão nome às principais ruas de Imperatriz

DEsCasonorma estipula que “proprietários e inquilinos são responsáveis por conservar em perfeito estado de asseio seus quintais, pátios, prédios e terrenos”

Moradores da área ribeirinha convivem com o processo de erosão agravado pelo mau escoamento da água no solo e também pelo descaso com o lixo

DOUGLAS AGUIAR

Quando surgiu, há 158 anos, a Vila de Imperatriz tinha uma única rua. Na foto, visão aérea da rua 15 de Novembro, uma das mais antigas da cidade

ANA PULGATTI

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Ano I. númEro 2 ImPErATrIZ, oUTUBro dE 2010

Rua Godofredo Viana já foi chamada de rua da Boiada

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JAIRO MORAES

Imperatriz é a segunda maior cidade do Estado do Maranhão, com 43 bairros oficialmente registrados e com quase 80, contando com peri-ferias e ocupações. Apesar de haver uma divisão mapeada destes locais, alguns moradores ainda têm dúvi-das. Um exemplo disso é o bairro São José do Egito, que se encontra entre o Centro e o Bacuri, mas que se confunde com os dois, causando certo embaraço de identidade.

A cidade possui alguns contras-tes “bairrísticos”, relacionados às condições financeiras de seus mora-dores, levando a distintos modos de vida. O Jardim São Luís é um modes-to bairro de classe média. Está situ-ado em uma área bem arborizada que sombreia suas casas protegidas por cercas elétricas.

Em suas ruas, em geral deser-tas, habitam a tranquilidade e o si-lêncio, cortado pelo canto dos pás-saros que se alvoroçam nas árvores. Porém, nada é perfeito. “Não sei se

aqui é perigoso, mas, a escuridão das ruas, devido à falta de ilumina-ção pública razoável, deixa o bair-ro meio tenebroso à noite”, afirma, descontente, o morador Renan Hen-rique, estudante de História. “As ruas, aqui, são completamente es-buracadas e o esgoto passa por suas silhuetas”.

O periférico bairro da Caema, localizado à beira do rio Tocantins, apresenta um contraste com tama-nha tranquilidade, O batismo des-se local se deu após a ocupação de muitas famílias em uma antiga sede abandonada da Companhia de Sa-neamento Ambiental do Maranhão (Caema). Formou-se, então, um ex-tenso conglomerado de casas e bar-

racões por entre vielas e ruas no mais alto descuido.

Não há saneamento básico e grande parte das crianças se diverte nos lixões que se aglomeram cada vez mais. A rústica paisagem do local, se olhada do rio, entra em contrastan-te choque com a beleza da Beira-Rio, que é nada menos do que o cartão-postal da cidade.

Nos períodos chuvosos o rio enche, transborda e devora grande parte do bairro, expulsando muitos moradores. Outros ainda conseguem tirar algum proveito da situação. “A gente gosta de morar aqui. Quando alaga, pra gente é diversão, porque a gente passeia de canoa nas ruas do bairro, pescando e tirando onda”, afirma, sorrindo, o morador Raimun-do Nonato Cunha Filho, mais conhe-cido como “Rande, o barbeirinho”.

Apesar de todo esse agravante, pode-se notar uma união fraternal entre os moradores que estão sempre nas portas das casas, nos barzinhos e nas esquinas, batendo papo sobre tudo o que se possa imaginar.

RENATA FONSECA

A problemática das favelas é comum na maioria das grandes ci-dades e, em Imperatriz, não é dife-rente. Como em outros locais, apa-renta ser uma realidade distante dos olhos da sociedade. São vários os pontos de favelização do muni-cípio, mas o problema é mais acen-

tuado na zona ribeirinha.O secretário de Planejamento

Urbano e Meio Ambiente, Enéas Nu-nes Rocha, disse que para resolver este problema está em andamento um projeto de desfavelização do Bacuri, como forma de “desafogar” a população, dando uma condição de vida melhor para os ribeirinhos. Ainda segundo Enéas, esse é um

projeto que provém de recursos federais mapeados há alguns anos e está sendo executado. Quanto ao orçamento, conforme ressaltou o secretário, por enquanto Impera-triz ainda não tem recursos finan-ceiros para a desfavelização. “Mas é um projeto que leva pelo menos uns 30 milhões de reais. Os benefi-ciados serão os moradores que re-

sidem próximo ao riacho Bacuri”.No entanto, o local para onde

serão transferidos os ribeirinhos ainda é incerto. “Quando isso acon-tecer vai ser nas melhores condi-ções para o futuro. A cidade vai se expandindo e terá condições logís-ticas para as pessoas morarem, tra-balharem e ter facilidade de aces-so”, assegura o secretário.

Em contrapartida, Manoel Co-elho do Nascimento, morador ri-beirinho, afirma que o modo como essas casas foram construídas ali deveria ter sido mais bem plane-jado. “Vivo aqui há muito tempo. Meu sonho era poder morar numa casa mais bem estruturada. Não importa que seja aqui na beira do rio”.

ADRIANA DE SÁ

A limpeza pública da cidade de Imperatriz é feita por pessoas “invisíveis” para maior parte da população. “A gente trabalha dia e noite pra sustentar a família. Não tivemos muita oportunidade pra estudar e trabalhar com digni-dade. É um trabalho como outro qualquer. Não tenho vergonha de ser um gari, não”, desabafa, com um tom de revolta, o profissional José de Ribamar. Ele alega que às vezes as pessoas fingem que eles “não são ninguém’’.

Para estes trabalhadores, o serviço é uma maratona. “Passa-mos horas correndo de um lado para o outro na cidade, recolhendo os lixos que ficam nas portas das casas, nas ruas. E às vezes ainda somos tratados mal quando che-gamos em uma casa pedindo um copo de água”, relata outro profis-sional da limpeza pública munici-pal, João Henrique da Silva.

Ele conta que muitas pessoas parecem ter nojo dos agentes que

atuam nas atividades de limpeza pública.

A população percebe mais o resultado do trabalho de coleta e menos o ser humano por trás do serviço. Nos bairros mais afasta-dos, os moradores estão insatis-feitos com a frequência em que o serviço ocorre, ao contrário da-queles que estão no Centro.

“Nossos bairros às vezes caem até no esquecimento”, afirma Ma-ria Raimunda, moradora do Ouro Verde. Sem o serviço de coleta, a população joga o lixo em terrenos baldios, o que deixa a cidade mais suja.

No Centro, a história é dife-rente. “Cada rua tem o dia e horá-rio certo para que a limpeza seja feita. Na minha mesmo, os cami-nhões de lixo passam no horário da noite”. É o que garante Antonia Roberta de Souza.

Moradores entrevistados na região disseram que estão satisfei-tos com a frequência da limpeza, pois a cada dois dias o lixo é reco-lhido das portas das casas.

DIFEREnÇasContando com periferias e ocupações, Imperatriz reúne cerca de 80 bairros que oscilam entre o conforto e o descaso com as questões urbanas

Ribeirinhos podem passar por processo de desfavelização

WILLIAM CASTRO

Contrastes entre bairrossão comuns na cidade

No Jardim São Luís, entre a lama, buracos e belas casas, um retrato escancarado das diferenças

garis sentem que desenvolvem trabalho “invisível” para a sociedade

Para os trabalhadores, o serviço de coleta de lixo é uma verdadeira maratona diária, pois os garis passam horas correndo e às vezes são maltratados

NAYANE CRISTINA

5ArrochaJorn

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Ano I. númEro 2 ImPErATrIZ, oUTUBro dE 2010

Condições financeiras dos moradores levam a distintos modos de vida

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RAYzA MACHADO

Sol escaldante, pouca sombra e um aglomerado de pessoas à ex-pectativa de “pegar um coletivo”. Fato diário nas improvisadas para-das de ônibus de Imperatriz. Preço alto para longo tempo de espera, pouco conforto dos veículos, de-sorganização e lentidão na rota. A tarifa de transporte coletivo da cidade, R$ 2,30, equipara-se à das grandes capitais, perdendo somen-te para Florianópolis, onde a pas-sagem custa em torno de R$ 2,80.

O município conta com duas viações: a Branca do Leste (VBL) e a Aparecida. O gerente de transpor-te da VBL, Carlos Antônio de Sou-za, relata que a empresa possui 76 veículos, sendo acrescentados 15 ônibus novos, grandes e acessíveis para deficientes, obesos, idosos e

gestantes. No entanto, tais veículos não podem ser totalmente implan-tados para o tráfego por problemas no trânsito e infraestrutura.

“A utilização dos microônibus é em função da deficiência das vias. Imperatriz possui ruas muito estreitas e trânsito desordenado. Um dos motivos do elevado preço da passagem”, explica o gerente. Ele acrescenta que há diversas ca-tegorias isentas de pagamento, tais como, agentes de saúde e estudan-tes em geral, que só pagam meia passagem e não são subsidiadas pela prefeitura. Ao contrário de outras cidades maiores, que, além de subsídio, contam com trânsito e vias melhores, resultando em me-nores tarifas.

O gerente e proprietário da em-presa Aparecida, Anderson Mateus Picoli, contabiliza 39 ônibus e qua-

tro microônibus. Argumenta que não pode aumentar sua frota sem passageiros suficientes. Por isso, “os microônibus rodam nas linhas que não têm capacidade financeira

de manter um ônibus grande”. Em consequência, os estudan-

tes reclamam da desorganização nos horários. “Às vezes chego atra-sada na escola porque o ônibus

atrasa. Acho que deveria ter mais ônibus para o bairro onde moro”, reivindica a estudante Andressa Almeida Silva, moradora do bairro Centro Novo.

Mateus Picoli afirma que o preço da passagem é alto “porque existe táxi de lotação, mototáxi, van e muita gente que não paga”. Dessa maneira, a falta de usuários é compensada na tarifa. Por conta disso, ele afirma que se continuar assim, a passagem ficará tão cara a ponto de inviabilizar o ônibus coletivo.

Tarifa - Sabe-se também que o preço é escolhido por meio de uma planilha de custos apresentada aos poderes executivo e legislativo do município, os quais irão analisá-la para definir a tarifa. Procedi-mento que engloba fatores como

pavimentação, concorrência com outras categorias de transporte e demanda de passageiros.

Imperatriz é a única cidade do estado que tem o transporte coleti-vo totalmente licitado, segundo in-forma Mateus Picoli. Ao contrário de outras classes, licenciadas para se deslocar apenas de seu “ponto fixo” ao destino do passageiro. “E não rodar pela cidade fazendo lo-tação. Isso não existe na lei. Seria legalizar o ilegal”.

Ao passo que os passageiros reclamam das empresas, estas se queixam de outras categorias e aguardam resolução da prefeitu-ra. Enquanto isso, o chefe da Se-cretaria Municipal de Trânsito e Transportes, José de Ribamar Alves Soares, demonstra esperança. “Es-tamos trabalhando para amenizar essas problemáticas”.

FERNANDO COSTA

Carros buzinam; cavalos ten-tam galopar amarrados por uma carroça; motos brigam por espa-ço; ônibus correm contra o tem-po; muita fumaça e confusão em ruas estreitas. As vias estão lo-tadas. Está cada vez mais difícil circular nas ruas do centro da ci-dade e, em alguns casos, nos pró-prios bairros.

“O trânsito de Imperatriz está cruel, no centro principalmente, tem muito congestionamento”, afirma o mototaxista Reinaldo Cardoso Campos. Segundo o De-partamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran), são 73.899 veículos registrados na segunda maior cidade do Maranhão e a tendência é aumentar.

Dados do Detran revelam que Imperatriz é a cidade com maior

número de veículos por pessoa, com uma proporção média de um veículo para cada 3,76 habitantes. O secretário de Trânsito e Trans-portes de Imperatriz, José de Ri-bamar Alves Soares, diz que esses números são preocupantes: “Isso naturalmente cria embaraços, porque a cidade não foi prepara-da para essa explosão em quanti-dade de veículos”.

Ele afirma que a situação se torna mais grave com a presen-ça de aproximadamente 15 mil veículos flutuantes, aqueles de cidades vizinhas que transitam diariamente por Imperatriz, in-flando ainda mais o trânsito lo-cal. De janeiro a agosto de 2010, foram constatadas pouco mais de 11 mil notificações de trânsito na cidade. No ano de 2009, o total foi de 16,8 mil.

Temendo uma situação mais

caótica, a Secretaria de Trânsito e Transportes (Setran) de Impe-ratriz vem realizando cursos de educação para o trânsito direcio-nados aos profissionais que tra-balham com o transporte urbano. Outra medida tomada pela Setran para melhorar o tráfego foi o re-ordenamento de algumas ruas para que as mais sobrecarregadas tenham maior fluidez.

Já sem o capacete e ao lado da moto amarela, Reinaldo Cardoso disse que participou do curso e destaca as vantagens: “O curso da Setran melhorou 70% a edu-cação de quem participou. É uma pena que foram só quatro dias de treinamento”. Ele defende que a formação deveria ser aberta a to-dos os motoristas que se interes-sassem porque ainda falta muita educação nas ruas da cidade de Imperatriz.

Empresas de ônibus rebatem reclamações

CoLETIvosenquanto população reclama da desorganização dos horários e de poucas linhas, empresários se queixam de estrutura das ruas e da concorrência ilegal

LEIDE OLIVEIRA

aumento da frota de veículos causa problemas no trânsito da cidade

Tarifa cara, ruas estreitas, trânsito desordenado, paradas de ônibus sem estrutura e local definido são algumas das principais queixas dos usuários de transporte coletivo em Imperatriz. Empresas culpam poder público e política de gratuidade

LARISSA ROLIM

Imperatriz tem mais de 80 mil veículos nas ruas, uma das principais causas da confusão no trânsito

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Empresas de ônibus culpam táxis-lotação e

vans pelo preço alto das tarifas

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FRANCISCO LIMA

Imperatriz vive hoje uma bri-ga acirrada no transporte público, envolvendo os serviços de táxi-lo-tação, mototáxi e as empresas de ônibus. Em meio a tanta confusão, os usuários do transporte público são os maiores prejudicados.

No Brasil, em alguns estados o serviço de táxi-lotação já é regu-lamentado. Os taxistas que traba-lham desta forma na cidade contam com uma associação de cerca de 110 filiados que atuam no centro e nos bairros do grande Santa Rita. O presidente da entidade, Francis-co de Sousa Silva, disse que para o serviço não parar foi preciso impe-trar uma ação contra a prefeitura, coibindo-a de barrar o transporte de lotação.

“O serviço de lotação tem que ser regulamentado, para que so-mente assim as autoridades pos-sam exigir uma cobrança maior”, complementou o presidente. Os ta-xistas exigem das autoridades pro-vidências mantendo um número de veículos que assegure o transporte individual de passageiros, fixan-do tarifas e outras normais legais. Dessa forma, evitariam atritos en-tre o serviço de transporte indivi-dual (táxi) e o transporte coletivo (ônibus).

Para isso, a associação pretende cobrar da prefeitura a regulamenta-ção do serviço. Francisco informou, ainda, que não tem intenção de con-

frontar as empresas de transporte coletivo. Entretanto, almejam um acréscimo no preço da passagem de 25% a 30% acima do ônibus.

Já a população que depende do transporte público em Imperatriz diz ser favorável a esse tipo de ser-viço. “Acho que a população deve

cobrar das autoridades junto com os taxistas, a devida regulamenta-ção”, relata a usuária Alzenir Vicen-te Alves de Sousa, residente no bair-

ro Santa Rita. Ela diz apoiar tanto o serviço do táxi-lotação quanto o aumento do número de mototaxis-tas na cidade.

DILMARA TAVARES

A Secretaria de Trânsito e Transportes de Imperatriz (Setran) decidiu tomar algumas medidas no sentido de desafogar o trânsi-to da cidade e tentar minimizar, a curto prazo, os problemas fre-quentemente observados.

Uma das soluções encontra-das foi o reordenamento de al-gumas ruas, entre elas, as ruas Pernambuco, Alagoas, Henrique Dias, Beta, Rio de Janeiro, Bahia e Gonçalves Dias. Além da avenida Bernardo Sayão, que passou a ter sentido único depois de reforma da rua Santa Teresa.

Para o mototaxista Raimundo Ferreira, a mudança da via é uma medida que gera um alívio provi-sório: “Vai ser bom, mas vai me-lhorar em um lugar e piorar em outro. A melhora praticamente vai ser somente no Centro, que

vai estar mais desafogado”.Segundo o secretário de Trân-

sito, José de Ribamar Alves So-ares, a alteração no tráfego da avenida Bernardo Sayão gerou reclamações por parte da popula-ção e dos empresários da área. Os comerciantes argumentaram que a mudança afetaria o movimen-to do comércio. Diante da situa-ção, a secretaria resolveu fazer um estudo e chegou à conclusão de que “todas as ruas comerciais dos grandes centros são de mão única”.

O secretário acredita que ou-tras medidas deverão ser toma-das a longo prazo. “Daqui a cinco anos o número de veículos tende a dobrar e teremos que pensar novas medidas, como construção de elevados e viadutos, aberturas de ruas, rodízios de placas e cam-panhas de incentivo ao uso do transporte público”.

serviços de transporte público em conflito

ConDuÇão disputa acirrada por passageiros envolve taxistas, táxi-lotação, mototaxistas registrados e clandestinos, além das empresas de ônibus

LUANA BARROS

Taxistas que trabalham com o serviço de lotação reivindicam a regulamentação da atividade, concordam com fiscalização e contam até com uma associação que reúne cerca de 110 filiados

Assim como o táxi-lotação, outra questão vem dando o que falar nos últimos anos. É a dis-puta entre os mototaxistas re-gulamentados e os clandestinos, que vai de agressões verbais a ameaças de mortes. Para alguns profissionais regulamentados, o

serviço de mototáxi clandestino está com os dias contados. Eles alegam que o serviço tem sido usado simplesmente como uma fachada para várias práticas de crimes.

Os mototaxistas prestado-res do serviço de forma clan-

destina criaram uma associação localizada na vila Lobão e pre-sidida por Gilvan da Silva. O presidente disse que a entidade conta hoje com 100 mototaxis-tas ativos e mais 60 inativos, aqueles que não contribuem. Gilvan cobra da prefeitura mais

vagas, alegando que a demanda de usuários é bastante para to-das as classes.

Ele contou que a Ouvidoria do município prometeu abrir um edital de licitação para criação de mais 100 vagas. Em relação à conduta dos mototaxistas, o

presidente deixou bem claro que todos, ao se associarem, compro-varam, além de residência fixa na cidade, os seus antecedentes criminais. Portanto, afirma que, se existe algum mototaxista in-fringente, não pertence à asso-ciação. (Francisco Lima)

Mototaxistas clandestinos enfrentam críticas dos regulamentados e cobram mais vagas

Ruas importantes passam por processo de reordenamento urbano MARCO GEHLEN

Avenida Bernardo Sayão, desde maio, passou a ser de mão única e a rua Santa Teresa, que fica em paralelo, está servindo para escoar o trânsito

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DELMA ASSUNçãO

Apesar de a Lei Municipal 10.098, aprovada em dezembro de 2000, prometer a eliminação de qualquer obstáculo que impe-ça o deslocamento das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, em Impera-triz esta ainda é uma questão pro-blemática. Nem sempre os locais públicos são adequados às neces-sidades dos idosos, cadeirantes e deficientes visuais, que sofrem com a situação.

Entretanto, algumas inicia-tivas já podem ser observadas. A empresa de ônibus coletivo Via-ção Branca do Leste (VBL) dis-ponibiliza um veículo adaptado, exclusivo para transportar gra-tuitamente pessoas com neces-sidades especiais ou mobilidade reduzida. Regivan Ribeiro dos Santos, motorista, argumenta ter o maior prazer em ajudar essas pessoas.

Existem 15 ônibus adaptados para portadores de necessidades especiais, segundo informa o se-cretário da empresa, Carlos Anto-nio de Souza. O usuário Alberto da Silva Costa defende que outras viações “deveriam colocar carros não só adaptados nas linhas, mas também para buscar nas casas”.

Já a Viação Nossa Senhora Aparecida conta apenas com dois ônibus desse tipo. “Temos um para João Lisboa e outro para Go-vernador Edson Lobão. A previsão é de vir mais coletivos já com esse preparo, para carregar essas pes-soas”, revela o auxiliar de tráfego da empresa, Valdenei Feitosa dos Santos.

Diane da Silva Lourenço tem um irmão cadeirante e depende dos transportes para ir à escola. “Minha mãe foi levar meu irmão na escola e pediu para o ônibus parar. Então o motorista falou que não iria parar, porque o ôni-bus não transportava cadeirante”.

Consciência - Calçadas com ní-veis irregulares em muitos locais e repletas de barracas de vendedo-res ambulantes e feirantes também atrapalham o trânsito de pessoas. “Tem que melhorar a educação do povo, tem muito lixo na rua. As pessoas usam a calçada para co-locar suas barracas e o nível está

totalmente errado tanto para os cadeirantes quanto para as pessoas que andam nas ruas”, reclama Divi-no Silva de Moura. “É, andar nessas calçadas é um sobe e desce”, con-corda o idoso Genésio Batista.

Para a diretora da escola Go-vernador Archer e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

(Apae), Maria de Oliveira, a lei “ca-ducou”. “Poucas instituições como escolas, igrejas, prédios públicos e ônibus são adaptáveis para essas pessoas. De certa forma, é preci-so que as políticas públicas vejam com mais carinho esse lado. Só as-sim pode melhorar essa questão”, avalia.

WYVIANN COSTA

Mesmo após a inauguração da ponte sobre o rio Tocantins, a balsa controlada pela empresa Pi-pes continua seu trabalho, ainda que com o movimento bem menor. “Após a inauguração da ponte, o nosso movimento diminuiu em 80% no fluxo de carros, caminhões e pessoas. A previsão é de que a bal-sa permaneça, já que é de interesse da empresa”, relata o gerente da Pi-pes na cidade, Francisco de Sousa Lopes, conhecido como Dino.

Em 1975, instalou-se em Im-peratriz o serviço de transportes fluvial, a balsa, que veio para inter-ligar os estados do Maranhão e do Tocantins, para melhor escoamen-to da produção. E assim foi duran-te anos até que, em 2007, começou a ser construída a ponte sobre o rio Tocantins.

Logo após a inauguração da obra, a Pipes anunciou que sairia do município, mas, antes, fariam um teste deixando a balsa por mais um tempo. Passados alguns dias da inauguração da ponte Dom Afon-

so Felipe Gregori, o fluxo nos cais diminuiu, causando assim um pre-juízo enorme para os comerciantes tanto do lado do Maranhão quanto do Tocantins.

Mudanças - “Antes, aqui era o porto da balsa, agora é o porto da bala¨, afirma o comerciante Fran-cisco de Assis, que mantém um co-mércio informal há 10 anos na rua Luis Domingues. “Assim que a pon-te foi inaugurada, a polícia saiu e os donos de vans ficaram no lugar do posto policial”, informou o co-

merciante Orlando Matos da Silva.Quem atravessa a ponte não

vê policiamento logo que sai do Maranhão. No entanto, do lado do Tocantins, há um posto policial. Para o vanzeiro Franks Coelho, 26 anos, não houve uma interferência muito grande, pois, como eles são do Tocantins, as pessoas acabam passando pela balsa de qualquer forma.

Dois municípios ficaram de fora do trajeto da Ponte: Bela Vis-ta e Grota do Meio. Por isso, ain-da usam balsa, conforme afirma a

estudante Anita Soares Ferreira. “É melhor, fica mais fácil do que dar uma volta toda”.

Os vanzeiros garantem que a balsa de transporte de cargas ainda não parou. Eles ainda passam por lá, levando, inclusive, passageiros. Um fato relevante destacado pelos comerciantes moradores do cais do porto é: se eles tiverem que ven-der suas casas o preço vai ser bem menor do que era antes da ponte inaugurar. Caso bem diferente dos loteamentos que ficam bem próxi-mos às margens da ponte.

InCLusãoAlém da carência de veículos urbanos adaptados para o transporte de portadores de necessidades especiais, Imperatriz tem também calçadas irregulares

acessibilidadeainda é rara em Imperatriz

Apesar das empresas de ônibus disponibilizarem 17 veículos adaptados para cadeirantes, frota ainda é insuficiente para atender aos usuários

Mesmo com a ponte sobre o rio Tocantins, fluxo da balsa continua

GERUSA CARLA

ANDRÉ WALLYSON

Após a inauguração da ponte, o serviço de transporte de carros, caminhões e pessoas sobre o rio Tocantins sofreu uma queda de 80% no seu fluxo, o que causou impactos diretos, principalmente, no comércio informal da balsa e no cais do porto

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O Plano Diretor é um planejamento para até 30 anos, que contempla estudos técnicos especializados para demarcação das áreas de expansão industrial, re-sidencial e proteção ambiental. Em entrevista concedi-

da ao Jornal Arrocha, o historiador e escritor impera-trizense, Adalberto Franklin, explica a polêmica criada em torno do embargo do Plano Diretor do Município (LC 02/2004).

Ele também opina a respeito dos melhores cami-nhos para o futuro econômico da cidade, que, na sua concepção, deve investir para se tornar um polo univer-sitário.

CLÁUDYO JACKSONJADIEL REISPEDRO JADER

O ex-prefeito Jomar Fernandes contesta na justiça o embargo do Plano Diretor, afirmando ter atendido todos os requisi-tos na época. Quem tem razão? Há moti-vação política?

Quando o então prefeito Ildon Marques assumiu, ele agiu de for-ma partidária nessa questão, entre outras, contestando tudo o que fez seu antecessor. Entretanto, os pro-motores que acataram a denúncia agiram de forma muito simplória, porque não investigaram o caso. Se buscarmos os arquivos de jornais e das emissoras de televisão da época, constata-se que foram cumpridos to-dos os pré-requisitos. Inclusive houve a pu-blicização de todos os atos e o lançamento na Associação Comer-cial. Era uma coisa tão simples de se fazer...O Ministério Público Es-tadual é culpado. O Plano Diretor foi vota-do na Câmara, sancio-nado e é Lei. Isso que está acontecendo é um absurdo, pois há uma demora muito grande. A situação não se resolve faz cinco anos e só quem se prejudica é Imperatriz.

Se considerarmos a aplicabilidade da Lei Complementar 02/04, que dispõe sobre as diretrizes físico-ambientais, o municí-pio deve criar uma política de drenagem e combate a inundações. Esse problema tem uma solução viável, levando-se em conta as novas práticas de engenharia ambiental?

Creio que existem três proble-mas graves. Imperatriz é uma cidade que cresceu muito rapidamente en-tre 1960 e 1980. Talvez 10 vezes em 20 anos. Não há recurso para infra-estrutura que consiga acompanhar um crescimento dessa magnitude. O município deve receber recursos fe-derais, visto que o Estado não tem condições e também não investiu na área ao longo do tempo. Mas a Caema é quem detém a concessão de serviços na área saneamento, de esgoto e das dre-nagens fluviais, sendo sua responsabilidade os serviços desta natu-reza e a aplicabilidade das drenagens. A falta de conservação do que ainda existe também é um problema. O poten-cial de drenagem da cidade é grande e não está sendo utilizado adequa-damente. O serviço de limpeza das galerias de esgotos da área central é inexiste. Eu defendo que a conces-são deveria ser cassada pela Câmara Municipal, logo que não correspon-de aos anseios da comunidade.

Em que sentido a arborização da cidade contribui para a qualidade de vida da população?

Em Imperatriz há questões históricas em relação à arborização.

Antes de 1960, a rua 15 de Novem-bro era totalmente arborizada, com mangueiras e um canteiro central, segundo fotos da época. Um prefei-to decidiu que aquilo era feio e man-dou derrubar todas as árvores. Nós sofremos de um mal muito grande. No entanto, o município não dispõe de um projeto de arborização. Às ve-zes é algum prefeito ou um secretá-rio que decide arborizar um trecho e depois abandona o plano. Não há nada que seja perene. O Plano Dire-tor é um planejamento para 10, 20 ou 30 anos, que contempla estudos técnicos especializados para demar-cação das áreas, expansão indus-trial, residencial e proteção ambien-tal. Algumas estão sendo destruídas,

principalmente as que margeiam o Rio Tocantins.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa) divulgou que apenas 20% de todo o Maranhão está disponível para uso econômico do solo. O Plano Di-retor dispõe de normas gerais de zonea-mento, parcelamento, uso e ocupação do solo. Isso é possível?

O município já tem Lei de Par-celamento, Uso do Solo e Código de Postura há muito tempo. A questão é que isso tinha que ser publicado como livro, a fim de que a popula-ção tivesse conhecimento e pudesse fiscalizar. O Estado já fez um estu-do de zoneamento e temos alguns problemas em algumas regiões. Às vezes a gente percebe que não há seriedade na aplicação dessa legisla-ção. O próprio Estado faz porque é obrigatório. Imperatriz é uma cida-de predominantemente urbana, com

apenas 5% da população que vive em área rural. Mas mesmo assim nós te-mos áreas que são degradadas e po-dem ser usadas de outra forma. Só que o que se vê é o apoio do governo a grandes empreendimentos que de-vastam e impedem a multiplicidade de culturas. Todo mundo bate pal-ma, a imprensa bate palma, o gover-no bate palma para implantação de uma indústria que só vai destruir a cidade na questão ambiental, que é a instalação de uma empresa produto-ra de papel e celulose, onde o objeti-

vo principal é capitalizar-se. O pro-jeto Celmar é um exemplo claro da estratégia dessas empresas, em que se montou uma grande monocul-tura de eucalipto para gerar carvão para as siderúrgicas. Isso é um crime e o governo é quem financia.

O projeto de lei 4729/09, aprovado re-centemente no Senado, cria em Impera-triz a Zona de Processamento de Expor-tação (ZPEs), como medida de estímulo para a economia da região. Além disso, essas ZPEs são áreas criadas para insta-lação de indústrias, com incentivos fis-cais e cambiais e tratamento aduaneiro diferenciado. Como a Política de Desen-volvimento Econômico do Plano Diretor pode ajudar nesse processo?

Eu ouço isso há 20 anos e não implantou-se até hoje. Porém, creio que essas zPEs não vão mudar a dinâmica de Imperatriz. Pode ajudar, contribuir, mas há que se regulamen-tar que tipo de indústria vai se instalar aqui. As cidades que mais se des-tacam hoje no Brasil e no mundo não são cidades industriais. A questão da

indústria nos dias atuais está em se-gundo plano. Hoje o que predomina no mundo e dinamiza as cidades são os o setores de serviços, principal-mente os de gerenciamento, intelec-tuais e técnico-profissionais.

Imperatriz tem a possibilida-de de se tornar um grande polo edu-cacional, o que é mais importante economicamente do que um distrito industrial. Investir na criação de um grande polo de saúde é mais impor-tante do que atrair indústrias. Um exemplo claro dessa nova visão é a cidade de São Paulo, onde a produ-ção industrial não representa 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, não representa 12% do PIB. As gran-des cidades gerenciam, ou seja, não apenas fabricam. Elas têm inteligên-cia para processar o controle admi-nistrativo do país ou região.

A construção da Usina Hi-drelétrica de Estreito, a consolidação do polo uni-versitário e a construção de shoppings centers di-namizam a economia e au-mentam as perspectivas de desenvolvimento para os próximos anos. Como o Pla-no Diretor contribui para regularização fundiária e quais os instrumentos que

a prefeitura pode dispor para coibir as especulações?

A questão do crescimento da construção civil, do setor imobiliá-rio, é consequência também da es-tabilidade da economia brasileira. O município tem uma defasagem muito grande no setor habitacional. Como a cidade não cresceu muito em termos populacionais nos últimos 20 anos, percebe-se que há uma for-te migração de pessoas que viviam de aluguéis para a casa própria.

Esses grandes projetos econô-

micos que estão se desenvolvendo na região podem atrair mais pesso-as para Imperatriz, aumentando a população. Contudo, verificamos que estimativas da última pesquisa populacional do Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram um decréscimo popula-cional. Isso significa que Imperatriz está se estruturando nessa questão. A acessibilidade de financiamentos habitacionais do governo federal, a estabilidade econômica e o aumento da renda das pessoas de classe mé-dia contribuiu para melhoria de vida das pessoas. Isso é favorável para

Imperatriz e impulsiona a economia, sendo fator primordial para o fenô-meno da verticalização observada. Essa é uma tendência para os pró-ximos 10 anos. O que a cidade tem que atentar é, principalmente, para as autorizações para a construção, uso e ocupação do solo para esses empreendimentos, dando prioridade às áreas de preservação ambiental e não deixando que se misturem seto-res comercial, industrial com o ha-bitacional, pois esse é um problema sério para o futuro. Esses cuidados de gerenciamento e da projeção da cidade são necessários.

“plano Diretor da cidade foi votado e é lei”

EnTREvIsTa: aDaLBERTo FRankLInem entrevista concedida ao jornal Arrocha, o escritor e historiador imperatrizense Adalberto franklin explica a polêmica criada em torno do Plano diretor

MARÍLIA OTERO

Escritor e historiador Adalberto Franklin: “Cidade tem que atentar para a Lei de Uso do Solo”

“Hoje o que predomina no mundo e dinamiza as cidades são os o setores de serviços, principalmente os de gerenciamento, intelectuais e técnico-profissionais.”

“Todo mundo bate palma, a imprensa bate palma, o governo bate palma para

implantação de uma indústria que só vai destruir a cidade na questão ambiental”

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DAILANE SANTANA

Em frente ao Sesi, começo minha jornada pelo Mercadinho. O que procuro logo avisto: uns aglomerados pelas esquinas, ou-tros em filas pelos acostamentos das calçadas e o mais inusitado: em frente a alguns armazéns. Essa é a rotina de quem faz carga, des-carga e frete de mercadorias no local. A concorrência faz as carro-ças pararem à espera de clientes e o medo de trabalhar à noite leva os caminhoneiros a estacionar em frente aos depósitos, congestio-nando o trânsito e ocupando as calçadas.

Prestar atenção na regula-mentação das placas de trânsito é quase impossível. Umas estão cobertas por guardas-chuvas dos feirantes e outras, praticamente apagadas pelo tempo. No estacio-namento das carroças a reclama-ção ouvida foi a de que eles per-deram suas vagas. A placa está lá e indica que eles podem estacionar, mas os veículos automotivos não respeitam e ocupam o espaço.

Todas essas confusões os obrigam a deixar as carroças em parte da rua, o que faz o trânsito muitas vezes ficar lento ou até pa-rar. Os carroceiros são acusados de imprudentes e ouvem gritos e xingamentos de quem passa de carro pelo local.

De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transpor-tes de Imperatriz (Setran), todos os condutores de tração animal têm que fazer um curso de dire-ção defensiva, primeiros socorros e legislação. Após o fim do treina-mento, que aconteceu em janeiro,

a primeira turma de carroceiros recebeu a carteira de identifi-cação de condutor e a partir daí foram convocados para realizar o emplacamento das carroças e a expedição dos alvarás.

Desordem - Antonio Figueire-do é carroceiro e está no ramo de

frete há 15 anos. Ele garantiu es-tar regularizado de acordo com a Setran. Participou do curso e está com sua carroça emplacada e com a licença em mãos, trabalhando de acordo com a lei. No entanto, denunciou que no Mercadinho não há fiscalização. “Antes o lo-cal onde nós estacionávamos era

marcado e em um espaço bem maior”. Hoje, eles se baseiam por uma linha imaginária, além de te-rem o espaço de estacionamento reduzido. Outro fator importan-te são os caminhões de carga que também não estacionam em lo-cais devidos.

Jayme Henrique é comer-

ciante e recebe mercadorias de fora duas vezes por semana. Ele disse que os horários de descar-gas não são fixos, mas geralmente acontecem de 5 às 10 horas.

No Mercadinho não existe placa de sinalização e os próprios comerciantes é que fazem os ho-rários. Jayme só concorda com uma sinalização durante o dia. À noite não há como fazer, pois as descargas e as normas seriam des-respeitadas, até porque os traba-lhadores não querem ficar neste período e têm medo de assalto.

A Setran informa que será contratado um engenheiro para fazer um estudo da área do Mer-cadinho e dos principais pontos críticos da cidade, para melhorar o fluxo do trânsito. Também exis-te um projeto em tramitação nas comissões técnicas da Câmara de Vereadores de Imperatriz, que, se aprovado, vai demarcar e discipli-nar os horários indicados nas pla-cas do setor Mercadinho.

Outra forma de frete muito comum no Mercadinho são os car-rinhos de mão. Eles cobram cerca de 2 a 5 reais por corrida e são es-senciais para quem abusa na hora de comprar. Mas, não queira que eles levem suas compras a qual-quer canto da cidade, pois quanto mais andam mais cobram.

José da Silva tem um frete de carrinho de mão e mantém al-guns clientes fixos. “Os fretes ge-ralmente já são em especial para algum cliente, mas perdemos cor-ridas pelo fato de alguns donos de armazém já terem seus pró-prios entregadores trabalhando na cidade.”

DIULIA SOUSA

Não só por ser a segunda maior cidade do estado, mas tam-bém por fatores fundamentais, como sua localização, Imperatriz é uma forte potência econômica.O PIB chegou no ano de 2007 à casa do 1,4 bilhão, registrando aumen-to de cerca de 15% ao ano e com possibilidade de crescimento de-vido ao grande número de inves-timentos que a cidade vem rece-bendo.

O município possui quase seis mil empresas devidamente ca-dastradas e cerca de 40 mil pesso-as empregadas formando, assim, a camada economicamente ativa. Esta população é quem permite a sustentabilidade da economia das pequenas, médias e grandes lojas e empresas locais.

Pesquisa desenvolvida pela Associação Comercial e Indus-trial de Imperatriz (ACII) informa que atualmente o setor logístico é composto 75% por micro e pe-quenas empresas. O comércio e a prestação de serviços somam 80% destes dados, incluindo em-presas de médio e grande portes, segundo destaca o consultor da entidade, Eduardo Soares. Porém, na exportação, a cidade está com a balança comercial negativa.

Na economia, destacam-se o centro de compras conhecido como Calçadão, e o popular Mer-cadinho, pois 87,3% do comércio de Imperatriz é varejista e 12,7%, atacadista, conforme os dados da pesquisa relatados por Eduardo Soares.

Entre estes setores, os que mais geram lucros em uma es-cala gradativa são artigos de ar-marinho, vestimenta e calçados, seguidos de carros, autopeças e reparação de veículos. Em tercei-ro lugar, vem ganhando mais vi-

sibilidade o setor da construção civil. Os últimos ítens da lista são os produtos alimentícios, as bebi-das e o fumo.

Para dar apoio logístico, a cidade conta com uma unidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Se-brae). A subgerente Márcia Maria Martins afirma que a missão da entidade é incentivar a elaboração de projetos e fazer de tudo para que os negócios de seus clientes prosperem, contribuindo com o desenvolvimento econômico.

AYRA CARVALHO

Humildade, bom-humor e força de vontade são caracterís-ticas marcantes do menino de apenas 10 anos, que tem como ofício vender salgados na rua. T. B. A., nascido em Imperatriz, estuda o 5º ano do ensino fun-damental em uma escola cujo nome ele não recorda. Tem pele clara, estatura média, é bastante curioso e sua brincadeira prefe-rida é soltar pipa.

De família simples, T.B.A. diz que vende salgados para manter suas próprias despesas e todo o dinheiro fica para ele mesmo. O trabalho é dividido com sua mãe e um irmão de apenas 11 anos. O pai conserta fogões e a mãe faz os salgados que são vendidos na porta de casa. T.B.A. estuda no turno ma-tutino e trabalha nas ruas à tar-de e o seu irmão faz o inverso.

À noite, os dois vendem em uma peixaria na Beira-Rio. O salgado custa um real e eles

chegam a vender até 80 reais em alguns dias.

Apesar do trabalho, T.B.A. se julga um garoto como qual-quer outro. À noite, chega cedo em casa, pois além de ser peri-goso ficar na rua, ele tem que estudar e fazer suas tarefas da escola. Mas apesar de tanto es-forço, diz que fica de recupe-ração todos os anos e sua pior matéria é justamente matemá-tica.

Muito empolgado, o pe-queno vendedor conta que já comprou uma bicicleta com seu próprio dinheiro. Como um bom negociante, o menino faz fiado apenas para seus amigos e, se por um acaso alguém se esquecer de pagar, ele faz a co-brança na casa da pessoa. Já le-vou muito calote ao longo desse um ano e meio de trabalho. O trabalhador honesto e que hon-ra com seus compromissos tem o sonho de ser policial, embora seu pai queira que se torne ad-vogado.

Mercadinho: onde posso estacionar?

FRETEComerciantes, carroceiros e caminhoneiros denunciam desordem na logística de carga e descarga em um dos setores mais movimentados do comércio

Menino vende salgado nas ruas e sonha ser policial

Quase 90% do comércio é varejista

Placas de trânsito que precisam de renovação e desrespeito com relação aos locais certos para estacionar são os principais problemas da região

JOYCE MAGALHÃES

Comércios formal e informal convivem no maior centro comercial da cidade: o Calçadão

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JOãO BATISTA GUIMARãES

A partir do início desta dé-cada, com a implantação das fa-culdades particulares e a conse-quente oferta de novos cursos de nível superior, Imperatriz viu crescer uma nova modalidade de mercado, os condomínios residen-ciais. Construídos perto dessas instituições, atendem à demanda de moradia provisória, principal-mente aos alunos provenientes de outras regiões, como o Sudeste do Pará e o Norte do Tocantins.

A demanda por novos empre-endimentos de pequeno e médio portes nas regiões próximas às fa-culdades chega a surpreender. Nas imediações da Faculdade de Impe-ratriz (Facimp), localizada no Re-sidencial JK, o número de condo-mínios construídos e que servem de moradia aos alunos supera 10, sendo que pelo menos outros cin-co estão em fase de construção.

Basta observar mais atenta-mente nas proximidades da Fest, Fama, UFMA, UEMA e Unisulma para encontrar dezenas de outros condomínios que servem de mo-radia aos acadêmicos. Para o pro-fessor e economista Edgar Olivei-ra Santos, vice-diretor da Facimp, este tipo de negócio é rentável tanto para os proprietários quan-to para os alunos e está dando certo porque em Imperatriz ainda não foram ampliadas as chamadas “repúblicas”, organizações sem fins lucrativos destinadas a alber-gar estudantes que vêm de outras cidades.

“Os alunos chegam a Impe-

ratriz e como não conseguem en-contrar locais para morarem ofe-recidos pela instituição, juntam-se com outros acadêmicos e alugam uma quitinete próximo aos locais onde vão estudar. Pelo fato de os estudos durarem apenas quatro anos, não há a necessidade de fi-xarem residência própria em Im-peratriz”, afirmou Edgar Oliveira.

Para ele, a economia feita quando dois ou mais acadêmicos dividem aluguel é razoável, já que o preço do imóvel nestas áreas ainda não é tão alto. “Uma quitine-te com dois quartos sai em média por 400 reais. Quando é pago por apenas uma pessoa o custo é alto, mas quando se divide esse valor entre três ou quatro se torna mais

fácil de administrar as despesas”.A acadêmica Dinay Olivei-

ra de Carvalho mora em Jacundá (PA) e, ao ser aprovada no curso de Farmácia da Facimp, teve que aprender um novo estilo de vida, dividindo uma quitinete com mais duas amigas. Ela confessou que no início tudo foi muito difícil, mas acredita que, com o tempo, a

adaptação vai se tornando natu-ral.

“Preferimos alugar em um condomínio por ficar mais próxi-mo à faculdade. Isso facilita mui-to a nossa vida, porque não pre-cisamos pegar coletivo. Fazemos muitas amizades com pessoas de outras cidades e que vivem na mesma situação que a nossa”.

RAILDO PORTELA

As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Imperatriz totalizam um com-promisso de investimento de 17 milhões de reais. O trabalho envol-ve a participação de cerca de 250 trabalhadores, entre engenheiros, arquitetos, carpinteiros, mestres de obra, pedreiros e auxiliares.

Localizado em uma área de 257 mil metros quadrados, o Re-canto Universi-tário é uma das principais obras e deve abrigar as famílias que hoje vivem em situa-ção de risco em casebres à beira do trecho Riacho Bacuri, situado entre a Belém-Brasília e a Beira-Rio.

Segundo coordenador de Engenharia da Unidade Executo-ra Local (UEL), órgão responsável pelo cumprimento do PAC em Im-peratriz, Demosthenes Lima, as obras estão indo “muito bem”, já com mais de 35% do serviço com-pleto. Estão em construção 1,2 mil casas, três estações elevatórias de

esgoto, uma escola com 10 salas de aula, um centro comunitário, um posto de saúde e outro poli-cial. Também estão em andamento a implementação da rede de esgo-to, urbanização do riacho Bacuri, esgotamento na Cafeteira e regu-larização fundiária.

O engenheiro também expli-cou como é procedida a escolha

dos locais onde serão investi-dos os recursos do PAC. “Os es-paços escolhi-dos para rece-berem as obras fazem parte das zonas Especiais de Interesse So-cial (zeis). São áreas de assen-tamentos habi-tacionais com

população de baixa renda”. Esses pontos são escolhidos

de acordo com o projeto do gover-no federal, onde haja possibilida-de de urbanização e regularização fundiária, conforme explicou o engenheiro. Em Imperatriz exis-tem várias áreas assim, como as vilas Cafeteira e Fiquene, o Parque Alvorada, Vilinha e Ouro Verde, todas na lista do governo para re-ceber os benefícios do PAC.

No Centro de Referência do Grande Cafeteira, que trabalha di-retamente com os beneficiados, o ambiente é de muito trabalho e confiança de que todas as obras vão ser concluídas no tempo cer-

to. Williany Sales, que é uma das muitas mães beneficiadas, diz que no início ficou intrigada e com medo, devido a tantas promessas, mas depois se traquilizou. “Es-tou muito feliz com a nova casa.

Minha filha já até escolheu o seu quarto”. Williany ainda diz que a casa veio em boa hora, porque a sua antiga residência não oferecia a segurança necessária para sua família.

Condomínios aquecem mercado de imóveis

MoRaDIaCom característica de polo universitário, Imperatriz atrai pessoas de outras regiões que buscam moradias com preços em conta e perto das faculdades

GIZELLE MACEDO

Forma preferida dos universitários, que costumam dividir o aluguel, os condomínos geralmente oferecem um ou dois quartos. Morar em uma quitinete, por exemplo, custa em média 400 reais

paC promete estações de esgoto e reurbanização na cidade

Casas do PAC em fase de acabamento no setor universitário, nas imediações da Vila Fiquene, devem abrigar famílias que vivem em situação de risco

TALITA BESSA

“Estou muito feliz com a nova casa. Minha filha

já até escolheu o seu quarto”, conta Williany

Sales, uma das mães beneficiadas.

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ELLYNE BARBOSA

Os vetores para o crescimen-to de uma cidade estão relacionados diretamente com ações na infraes-trutura, saneamento básico e habi-tação. Hoje, Imperatriz está acom-panhando um surto demográfico, que pode ser percebido por todos os cantos.

Se antes o município crescia apenas de forma horizontal, cau-sando grandes distâncias, bair-ros com pouca infraestrutura, além de inúme-ros terrenos va-gos, agora o que se vê é sua ex-pansão vertical, urbanizando as áreas vazias da cidade.

No sen-tido de João Lisboa, por exemplo, as construções de condomínios são feitas com uma visão moder-na, lembrando a aparência de obras deste tipo nas grandes cidades. No entanto, embora Imperatriz viva o sabor do progresso, por outro lado a desordem tomou proporções bem mais relevantes. Nos bairros da pe-riferia, e porque não dizer do cen-tro, a falta de infraestrutura vem causando grandes desconfortos à

população. O saneamento básico, a pavimentação e o fornecimento de água apresentam deficiências.

Segundo o morador do bairro Parque Tocantins, Givaldo Monteiro, o problema da falta de esgoto persis-te há mais de dez anos, sem falar nas ruas que, no período chuvoso, ficam intrafegáveis. O secretário de Pla-nejamento Urbano e Meio Ambien-te, Enéas Nunes Rocha, disse que o

problema da falta de pavimentação das ruas seria solu-cionado logo após a época das chuvas mais fortes.

Já em relação à iluminação públi-ca, vários bairros da cidade deixam muito a desejar. Nos mais distan-tes, como é o caso do Santa Inês, a situação em alguns

locais é preocupante, pois há ausên-cia deste serviço em vários pontos. Em contraposição, neste mesmo bairro, ao redor dos novos condo-mínios mais luxuosos, a iluminação é de excelente qualidade.

Mesmo diante desta constata-ção, o secretário Enéas Rocha afirma que a iluminação pública de Impe-ratriz é bastante satisfatória. Ele garante que os serviços são feitos regularmente.

zÉ LUíS COSTA

As duas praças principais de Imperatriz, a de Fátima e a Brasil, andam de mãos dadas com a história da cidade. Cada uma com sua peculiaridade, mas ain-da assim semelhantes em alguns aspectos, como as passeatas po-líticas que, de acordo com o mo-mento, se iniciam na praça Brasil e finalizam na frente da catedral de Fátima.

Há cerca de 30 anos esta úl-tima era um espaço do terreno da paróquia de Fátima, como fica cla-ro nas conversas com os taxistas veteranos. “Desde que entrei na

vida de taxista, aqui neste ponto, uns 12 anos atrás sei que ela fazia parte do terreno da igreja. Hoje ela está sob a responsabilidade do poder público municipal”, afirma Paulo Sérgio, 40 anos.

Niltão, 19 anos, trabalha há cinco em uma das lanchonetes da praça e reclama da pouca arbori-zação. “Aqui tem poucas árvores. E ainda assim resolveram cortar, algumas dessas que ficavam aqui próximo ao lanche”.

Enquanto conversamos, um personagem se destaca nas me-sas das lanchonetes que se loca-lizam quase no canto da praça com a igreja, divididas apenas por

uma viela. É o desenhista de rua Willian, que está fazendo o rosto de Bob Marley, já conhecido pelos regueiros, hippies e adeptos de uma vida alternativa na cidade, também ocupantes do espaço.

As árvores que ficam so-bre alguns bancos proporcionam sombras, que servem para o des-canso no horário de almoço dos trabalhadores do comércio vizi-nho à praça. “Todos os dias quan-do dá certo eu venho repousar do almoço aqui”, diz timidamente a comerciária Viviane Laís Oliveira, de 19 anos.

Em seu repouso, ela espera ansiosa a hora de encerrar o ex-

pediente do sábado, que para ela será às duas da tarde.

Cotidiano - Na praça Brasil, que tem como companhia o colégio Mourão Rangel, é pouca a movi-mentação em um sábado. Apenas aqueles que estão sofrendo com o sol no ponto de ônibus, sem um mínimo de conforto, permane-cem no local. No meio de semana, em uma quarta, por exemplo, ela conta com a agitação dos alunos da escola, fazendo raiva a Geral-do Tavares.

Taxista de 45 anos, que há 15 trabalha no ponto da praça Brasil, ele faz de tudo para zelar

uma ingazeira no meio da praça. “Eles querem ingá. Mas eu já disse para eles que ainda não estão ma-duros e para não derrubar”.

As poucas sombras estão no ponto de táxi e na banca de re-vista de Edivaldo Gomes, onde o ônibus faz o retorno pela avenida Getúlio Vargas para chegar à rua Luís Domingues e seguir em dire-ção ao viaduto. Edivaldo, com três anos vendendo revistas ali, fala pouco, demonstra desconfiança às minhas perguntas, mas recla-ma da escuridão durante a noite e da falta de segurança. Logo ele que fica com a banca aberta mui-tas vezes até as 22h30.

Praça de Fátima reúne religiosos, hippies, ambulantes, artistas de rua, taxistas e costuma abrigar manifestações políticas

RAIMUNDO NONATO

praças centrais: cotidiano e personagensPraça Brasil tem intensa movimentação de usuários de ônibus e alunos, além de incentivar conversas sobre diversos assuntos

RAIMUNDO NONATO

Falta de saneamento básico e pavimentação aflige principais bairros

Em relação à infraestrutura básica, muitos bairros de Imperatriz deixam a desejar. Na foto, o flagrante de uma rua totalmente intransitável

ELLYNE BARBOSA

O problema da falta de esgoto persiste há

anos e ruas ficam intrafegáveis

no período chuvoso

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