jornal arrocha - edição 16 - calçadão

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Arrocha JANEIRO DE 2013. ANO III. NÚMERO 16 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA Jornal JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL-JORNALISMO DA UFMA, CAMPUS DE IMPERATRIZ HYANA REIS CALÇADÃO Movimento no Centro Comercial de Imperatriz atrai vendedores e consumidores

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Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão. Produzido pelos acadêmicos de Jornalismo da UFMA de Imperatriz

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Page 1: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

ArrochaJANEIRO DE 2013. ANO III. NÚMERO 16 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA

Jorn

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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL-JORNALISMO DA UFMA, CAMPUS DE IMPERATRIZ

HYANA REIS

CALÇADÃO

Movimento no Centro Comercial de Imperatriz atrai vendedores e consumidores

Page 2: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

Imperatriz tem no comércio a melhor representação do seu vigor econômico. Nesse sentido, o Calça-dão é um símbolo dessa força, pois agrega no seu espaço ricas histórias de vida em meio à correria cotidia-na do comércio formal e informal e da circulação dos clientes.

Os acadêmicos e professores de jornalismo que prepararam esta edição especial circularam com paciência e atenção pelo Calçadão para captar, da forma mais fidedig-na possível, os detalhes de um am-biente tão curioso.

Aqui você vai encontrar muitos personagens “famosos” na área que atuam, embora vários deles per-maneçam invisíveis para os meios de comunicação tradicionais. Tra-balhadores das lojas, camelôs, pe-dintes, artistas, seguranças, pro-

prietários de estabelecimentos comerciais já clássicos, entre tan-tos outros personagens enchem as próximas páginas de lições de vida e de conhecimento de economia de Imperatriz.

Percorrer o Calçadão permite recuperar muito da história da ci-dade, do seu espírito empreende-dor e da criatividade do seu povo e visitantes. Por isso, para os futuros jornalistas, fotojornalistas e dia-gramadores que elaboraram esta edição, o aprendizado foi inestimá-vel. Boa leitura.

Arrocha: É uma expressão típi-ca da região tocantina e também um ritmo musical do Nordeste. Significa algo próximo ao popular desembucha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito ético desta publicação.

EDITORIAL - CALÇADA DAS HISTÓRIAS

EXPEDIENTE

Ensaio Fotográfico

TIRINHA

HYANA REIS

2 ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 2013

Adriana Dias, Adriana de Sá, Andreza Vital, Breno Franco, Hyana Reis, Israel Shamir, Kellyanne Barros, Mirían Gomes, Núbia Carvalho, Raylson Lima, Raísa Sales, Stepheson Sousa, Sabrina Chamorro.

Adriana Dias, André Wallyson, Andreza Vital, Breno Franco, Eva Fernandes, Israel Shamir, Kellyanne Barros, Raylson Lima, Raísa Sales.

Professores: Fotografias:

Ana Paula Viana Ramos; André Ricardo Guimarães Cadete; Bruna Viveiros dos Santos; Islene Sousa Lima, Jorzennilio Alves Junior; Jose Silva de Moraes; Juliana Ferreira Eugenio; Juscelino da Silva Oliveira; Kayro Lima Ferreira Sousa; Leticia Kuniko Sekitani, Liana Melo Lima Bittencourt, Lucas Sousa Oliveira, Manoel Nascimento Silva de Maria, Mariana Sousa de Castro, Ramon Tulio Oliveira Dias, Samoel Perereira de Freitas, Thiago Coelho de Faria, Welton Gomes de Araujo.

Diagramação:

Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da universidade.

Jornal Arrocha. Ano III. Número 16. Janeiro de 2013

Reitor - Prof. Dr. Natalino Salgado Filho | Diretor Pró-tempore do campus de Imperatriz - Prof. Dr. Marcelo Soares dos Santos | Coordenadora do Curso de Jornalismo - Prof. M. Marcelli Alves.

Reportagens:

M. Alexandre Maciel (Jornalismo Impresso), M. Marco Antônio Gehlen (Programação Visual), M. Marcus Túlio Lavarda (Fotojornalismo). e Revisão: M. Alexandre Maciel.

www.imperatriznoticias.com.br | Fone: (99) 3221-7627 Email: [email protected]

Contatos:

SABRINA CHAMORRO

STEPHESON SOUZA

RAÍSA SALES

MÍRIAN GOMESRAÍSA SALLES

KELLY SARAIVA

Estágiarias:Adriana de Sá, Hyana Reis, Maria Felix.

Page 3: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

MUDANÇAComércio varejista, ao longo dos anos, deslocou-se da rua Godofredo Viana para a avenida Getúlio Vargas, onde hoje é conhecido como Calçadão

KELLYANE BARROS

A expressão no rosto da pro-fessora Maria Rodrigues dialoga com a fala poética desta senhora que rememora, com muito saudo-sismo, o Calçadão de outrora. Ela conhece cada cantinho de Impe-ratriz. Trabalhou vendendo legu-mes e frutas na antiga feira que fi-cava próxima ao centro comercial e onde hoje funciona uma esco-la infantil e o Hospital Regional. Com o olhar atento, Maria lembra que o Calçadão quase não tinha paisagem, mas se recorda de uma palmeira. Como nas outras ruas, havia asfalto e trafegavam carros.

A professora traz na lembran-ça que o Calçadão foi isolado das outras ruas devido ao movimento

das pessoas. O trânsito era cons-tante de carros e bicicletas. “Foi preciso a polícia prender alguns ciclistas, pois não obedeciam ao espaço dos pedestres”, menciona Maria.

Comércio - Sobre a década de 1960, a senhora lembra, emocio-nada, das primeiras casas de co-mércio. “No Calçadão tinha o ar-mazém muito grande, onde ficava o Bazar Ipanema. Eu gostava de comprar querosene”.

Articulando com as mãos e o lindo sorriso, recorda que os ar-mazéns ficavam junto das lojas de tecidos, já que não se encon-travam roupas prontas para com-prar. Maria Rodrigues comenta que “a loja que atraía as pessoas

era o Armazém Paraíba”. E faz o paralelo com o nascimento de sua filha primogênita. “No ano de 1967, a loja Paraíba já tinha inau-gurado na cidade”. Ela relembra a chegada de outras lojas que com-petiram com o Armazém Paraíba, no caso a Pernambucanas, Novo Mundo e as Bandeirantes. Na década de 1960, essas opções de compra já atraíam clientes de ou-tros municípios para Imperatriz.

Hoje a professora, bem humo-rada, comenta que “o Calçadão é o melhor lugar para as pessoas dis-putarem espaço umas com as ou-tras”. E se surpreende que a divisa dos calçadões seja o único lugar na cidade em que, na sua opinião, o motorista respeita a faixa de pe-destre.

KELLYANE BARROS

Quem visita Imperatriz e ignora o centro de compras mais popular da região Tocantina, o Calçadão, não sabe o que está perdendo. Dei-xa de apreciar um lugar no qual se encontram as mais diversas opções de comércio varejista.

O Calçadão é um espaço que aproxima os consumidores de 80 municípios da região. Mercado vasto, abastece uma população de mais de 1,6 milhão de habitantes, l e v a n d o em conta as cidades da região Tocantina. Imperatriz é plural e tem voca-ção para o comércio, oferecendo produtos e serviços próprios dos grandes centros.

Ambiente colorido, atraente e sofisticado, o Calçadão todos os dias oferece uma novidade para os mais diversos gostos e gastos. Ao caminhar pelo local, surge uma pergunta: como nasceu esse co-mércio tão popular e de que forma ele se tornou conhecido na região?

Origens - O espaço comercial

nasceu no final dos anos 1970 sen-do o prefeito da cidade, naquele período, Carlos Amorim. Segundo o historiador e jornalista Adal-berto Franklin, a prinicipal área comercial do município estava se deslocando da rua Godofredo Via-na para a avenida Getúlio Vargas, que passou, desde então, a abrigar o comércio varejista.

Conhecido como Calçadão e construído no ano de 1979, esse es-paço foi pensado levando em con-ta o fluxo das pessoas e tentando evitar o movimento de carros e bi-cicletas.

Quase como um parque de di-versões, as crianças são público frequente, indicando presentes que desejam ganhar dos pais. As vovós também costumam visitar esse comércio varejista para com-prar tênis de caminhada.

A questão crucial foi o deslo-camento das empresas de outros seg-mentos para as demais

avenidas da cidade. Os grandes armazéns foram cedendo espaço para as confecções, calçadeiras, joalherias e cosméticos, entre ou-tros. Segundo Adalberto Franklin, “esse comércio é da espécie que a gente diria, precursora dos shop-pings”.

Na década de 1970 Impera-triz passava pelo ciclo da madei-ra. Assim, o município vivenciou, naquele período, grande fluxo migratório nesta região que era impulsionada pelo crescimento econômico.

Naquele período, a intenção era construir três quadras, mas devido a um conflito com um supermer-cado, não foi concretizado o proje-to. Os comerciantes contribuíram com a paisagem urbanística cons-truindo os canteiros. “O Calçadão é um espaço de exposição nobre da cidade”, destaca Franklin.

Centro comercial é atrativo de compras

Imperatriz, anos 1960, no local onde hoje fica a Praça de Fátima e a avenida Getúlio Vargas

Calçadão nos anos 1960 aproximava pessoas de outros municípios

KELLYANE BARROS

“Ah! Era tudo”. A exclama-ção é da comerciante Adélia Carneiro, ao mencionar que o seu comércio vendia produtos variados. “Bebida tatuzinho, açúcar, café em grãos e ferra-

mentas. Era muita coisa”. O comércio de Adélia fun-

cionou no final dos anos 1960 e localizava-se onde está si-tuado, hoje, o Bazar Ipanema. Com o olhar atento, ela expli-ca que a organização paisagís-tica do Calçadão partiu dos

comerciantes.Na década de 1970 o pre-

feito Carlos Amorim organi-zou a divisão das duas quadras do Calçadão. Mas os comer-ciantes não esperaram a boa vontade do poder público mu-nicipal e se mobilizaram pela

melhoria do comércio varejis-ta. Segundo Adélia, o então prefeito construiu o Calçadão, mas não fez nem os canteiros e nem a bancada, obra dos co-merciantes. “Era cheio de bar-raca dentro do Calçadão”.

Ela recorda que os came-

lôs ocupavam boa parte do comércio no local. Foi preci-so que os comerciantes mu-dassem o cenário, criando, eles próprios, os canteiros e as bancadas para afastar seus concorrentes que trabalhavam na informalidade.

Comerciantes versus camelôs: em busca da conquista da clientela

ALBÉ AMBROGIO

ARQUIVO PESSOAL

Avenida Getúlio Vargas nos anos 1970, entre as ruas Sousa Lima e Coriolano Milhomem. Na imagem as antigas Redes Mossoró, Lojas Duca e A Potiguar

Essa espécie de comércio é precursora dos shoppings

ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 2013

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MORADORESNo Calçadão de Imperatriz ainda residem os últimos moradores, como a familía Cordeiro, que relata sobre as complicações de viver em meio ao centro comercial

A última residência do centro comercialANDRÉ WALLYSON

É por uma porta estreita, entre uma loja de calçados e outra de con-fecções, que se tem acesso a uma escada íngrime, que leva à casa de uma das poucas famílias que ainda moram no Calçadão.

A família Cordeiro chegou ali na década de 1960, quando a avenida Getúlio Vargas ainda era uma rua sem piçarra ou qualquer vestígio do comércio grandioso que viria a se tornar nas próximas décadas.

“Eu já nasci aqui. Minha infân-cia foi jogando futebol em frente às lojas e quebrando vitrines com a bola”, conta Milkson Cordeiro, um dos moradores da casa, que agora tem 25 anos.

De acordo com ele, morar em pleno coração do centro comercial de Imperatriz, nunca foi coisa das melhores. “A gente acaba ficando muito limitado. Não pode nem sen-tar na porta com os amigos, o baru-lho...” Somos interrompidos , neste momento, por um grito:

– Olha o quebra queixo!

“Tá vendo? É muito barulho e é assim todos os dias, de segunda a sábado”. Em meio aos gritos, que

vendem de DVD pirata à cachor-ro quente, Felipe Chaves, primo de Milkson, lembra que outro proble-ma é não poder ter garagem na sua própria casa. Além disso, a falta de vagas de estacionamento próximas à residência causa estresse no dia a dia.

“Você sai no meio da tarde pra ir ao supermercado e quando chega em casa, por volta das 18h, tem que ficar rodando pelo Centro para po-der estacionar”, exemplifica Felipe. “E, mesmo assim, ainda estaciona longe de casa, é um caos”, completa Milkson. Os dois rapazes lembram também, que viver no principal ponto de comércio varejista da ci-dade tem suas vantagens.

“É perto de tudo e à noite e aos domingos, é uma paz que não existe em nenhum outro lugar de Impera-triz. Fora a segurança. A gente vai para as festas e pode chegar a qual-quer hora que os seguranças das lojas estão todos por aqui”, garante Felipe.

Mas essa vantagem não conven-ceu muitas famílias a continuarem morando por ali, segundo Milkson. “Nossos últimos vizinhos se muda-ram no início deste ano. Venderam o prédio com ponto comercial e tudo por 2,5 milhões de reais”.

Variedade de móveis e eletros atrai clientes das outras cidadesANDREZA VITAL

O Calçadão de Imperatriz pos- Calçadão de Imperatriz pos-sui um comércio bem diversifica-do, podendo os frequentadores encontrar uma variedade de produ-tos que agradam diferentes públi-cos com um “precinho” para todos os bolsos. Porém, apenas uma das lojas se destaca por ser a única do Calçadão a vender móveis e eletro-domésticos: o Armazém Paraíba.

Criado em 1958, na cidade de Ba-cabal (MA), o Armazém Paraíba tem esse nome devido ao dono da loja ser natural deste estado. Inaugura-do em Imperatriz no ano de 1967, instalou-se na esquina da rua Sim-plício Moreira e da avenida Getúlio Vargas. Na época, ainda não exis-tia o Calçadão. “O ponto forte da loja eram os tecidos. Mas, aqui já vendia alguns poucos móveis e ele-trodomésticos”, explica o gerente Antônio Araújo, conhecido pelos funcionários e clientes da loja por

seu outro sobrenome, Dilson.No final da década de 1970, sur-

ge o Calçadão de Imperatriz, hoje considerado um dos maiores cen-tros de compras da região. Ainda segundo o gerente Dilson, um dos motivos do Paraíba ter se consoli-dado no ramo de móveis e eletro-

domésticos naquele setor - hoje possuindo 1,5 milhões de clientes - foi a criação do Calçadão. Ele acre-dita que as pessoas se sentem con-fortáveis em fazer compras sem ter que se incomodar com o trânsito na rua.

Preferência- Vendedor do setor

de móveis e eletrodomésticos, Ca-etano Macedo trabalha na loja há dois anos e diz que os melhores períodos de comercialização des-ses produtos são os que antecedem o Natal e devido ao Dia das Mães, o mês de maio. Quanto à clientela, Macedo afirma que boa parte vem das cidades circunvizinhas, “por-que lá não possui a variedade de produtos que aqui tem”.

Mesmo com o fato de Impera-triz disponibilizar diversas lojas do setor de móveis e eletrodomés-ticos, algumas pessoas residentes na cidade preferem comprar esses produtos no Paraíba do Calçadão. É o caso da artesã Lucimeire Lima. Frequentadora da loja há 10 anos, ela afirma que na época se tornou cliente do Armazém Paraíba devido à facilidade de crédito e a varieda-de de móveis e eletrodomésticos que a loja oferece, além do fato de não ter que se incomodar com car-ros passando na rua.

EVA FERNANDES

Referência por seu tradiciona-lismo no comércio imperatrizen-se, a farmácia São João, presen-ça clássica no Calçadão, está no mercado há mais de três décadas.

Farmacêutica responsável pela drogaria, Daniele Brige, 30 anos, conta que a saga da família no Ma-ranhão começou quando o seu avô materno e fazendeiro na Bahia, Cí-lio Brige, vendeu tudo o que tinha e comprou terras por aqui.

Logo em seguida mudou--se para cá com toda a família e, quando chegou, Sandra Brige, mãe

de Danielle, na época com 15 anos, casou-se com o então mecânico, Rayfran Magalhães.

Temendo que a filha fosse ser apenas dona de casa, Cílio Brige comprou a farmácia de um senhor chamado João Soares, que também era fazendeiro e deu parte à filha

como presente de casamento. O negócio passou para a dire-

ção da família Brige em 6 de no-vembro de 1982, como uma espécie de sociedade em família.

Nos últimos dez anos, novos serviços, como manipulação de re-médios e produtos, como medica-mentos do programa Farmácia Po-pular foram agregados à drogaria.

“Nós só trabalhamos na área de medicamentos. A São João não é como as outras farmácias, nós prezamos pela medicação. Tem farmácias que vendem até ração para cachorro”, assegura a farma-cêutica.

Farmácia São João: Décadas de história

Desde a década de 1970 a Farmácia São João funciona no Calçadão de

Imperatriz

As roupas no varal, da casa em cima da loja de calçados, comprovam que ainda há uma familia vivendo no centro comercial de Imperatriz

ADRIANA DE SÁ

HYANA REIS

SABRINA CHAMORRO

Farmácia São João comercializa remédios manipulados e produtos do programa Farmácia Popular

Instalado em Imperatriz em 1967, o Armazém Paraíba é a mais antiga loja de eletros do Calçadão

ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 20134

“O ponto forte da loja eram os tecidos. Mas,

aqui já eram vendidos alguns poucos móveis e

eletrodomésticos”

Page 5: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

PESQUISAA necessidade é o fator que mais influência na decisão de consumo da população, conforme dados levantados pelo Departamento de Economia da Fest

Necessidade e preços atraem consumidoresRAÍSA SALLES

Em uma manhã de sábado, as irmãs Luciana e Júlia Martins ob-servam...adivinhem o quê? Isso mesmo! Sapatos! E de preferência, com salto bem alto. A vendedora se aproxima. - Quanto custa? - pergunta Júlia, curiosa.-Essa aí é R$ 130.- R$ 130? - É, mas à vista fica R$ 117 ou divide em até três vezes no cartão.

Não gostando do preço, as ir-mãs saem à procura de promoções mais tentadoras. Um dos setores de maior venda da Getúlio Vargas é o de calçados, que conta com varie-dades de preços e modelos, procu-rando atender, assim, a demanda e a necessidade dos clientes.

Dados do Departamento de Eco-nomia da Faculdade de Educação Santa Teresinha (Fest), em estudo realizado em 2011, concluem que a necessidade é o fator que mais influencia na decisão de consumo da população, seguida do apelo

promoção/propaganda e até mes-mo o momento da economia. “Mu-lher fica bonita de salto”, ressalta o gerente da loja de calçados Kazzu Azze, Valterly Ferreira, 29 anos, mostrando que além da necessida-de, a vaidade feminina é um grande impulsionador das compras. “São elas que mais consomem”, informa a vendedora Bruna Rafaella Siquei-ra, há três anos no ramo.

A vaidade feminina fala alto, sendo decisiva na hora de adquirir uma peça do vestuário, de prefe-rência, que combine com seu gos-to pessoal. Em umas dessas lojas de calçados é possível encontrar produtos de R$ 10 até R$ 350, de-pendendo do estabelecimento e da marca. “Pesquisando os preços, você pode encontrar calçados bem em conta”, assegura a estudante do Ensino Médio, Luciana Martins, 17 anos.

Propaganda também é outro fator que, sem dúvida, influencia o comportamento de consumo da população. Em um passeio pelo Calçadão, percebe-se um turbilhão

de anúncios para atrair o consumi-dor. São faixas, cartazes e vitrines destacando as promoções do dia, em meio à música em alto volume, em paralelo ao vai-e-vem das pes-soas.

Nesse espaço de concorrência, as estratégias de venda são funda-mentais para o sucesso da loja. O diferencial é a chave para alavan-car os lucros. A exemplo disso, o gerente Valterly Ferreira contextu-aliza: “Quando vim pra cá entrei em várias lojas, pra ver como era o atendimento...então a gente aqui prioriza o cliente”.

Varterly acredita que o clien-te tem que ter toda liberdade com o produto e garante que isso não acontece em outras lojas. “Você pode pegar a sandália, pode vir aqui e sentar! Em outras lojas, se você gostar tem que chamar o ven-dedor, que vem com a chavezinha ali e abre aquela vitrine. Então é uma espera, e demora muito pra ser atendido. Então aqui não, aqui é tipo um self service de calçados”, conta, sorrindo. Clientes têm à sua disposição muitas opções de calçados que buscam atender aos mais variados gostos

RAÍSA SALLES

Lojas de confecções do Centro Comercial empregam 192 pessoasRAÍSA SALLES

Depois de acordar bem cedo, fa-zer o almoço e deixar sua casa arru-mada, como faz todo santo dia, ela sai para o trabalho maquiada como toda mulher vaidosa. Chega à loja às 7h55 e espera o gerente abrir as portas. Assim começa mais um dia, de jornada de Rosália da Silva Bor-ges, 30 anos, vendedora da loja de confecções, dentre muitas do Calça-dão da Getúlio Vargas.

Ela, que trabalha na mesma loja há 11 anos, conta um pouco da ro-tina e das suas expectativas profis-sionais e pessoais: “Não queria ser mais vendedora, não. Quero ser é dona...”. Rosália é uma das muitas funcionárias de lojas de confecções do Calçadão, setor que emprega 192 pessoas e todo ano aumenta cerca de 50,5% seu quadro de funcioná-

rios, de acordo com informação dos proprietários.

O setor acompanha as tendên-cias de expansão da economia, com novas empresas chegando à região. Esses fatores colaboram para o fo-mento do mercado de trabalho e aumento do poder de consumo.

Carlos Sousa, que trabalha no setor administrativo de uma gran-de loja varejista do Calçadão, frisa que uma das variáveis desse cres-cimento tem relação com os tipos de mercadoria. Ele acrescenta que enquanto a venda de eletrodomésti-cos diminuiu em relação aos meses de janeiro a abril do ano de 2011, a comercialização de vestuário e cal-çados aumentou no mesmo período de 2012. Dentro dessa perspectiva de aumento das vendas para o setor de vestuário e calçados, os comer-ciantes se entusiasmam.

Roderico Paiva Lima, com 65 anos, está há quase 40 no merca-do. Dono de lojas de confecção no Calçadão, ele comenta sobre o perí-odo de mais vendas. “É o verão, que começa mais ou menos no mês de abril, maio e vai até o final do ano. É uma constância, viu? Agora, o pe-ríodo invernoso, que vai do final do ano até janeiro, fevereiro, março e abril já é aquele com menos movi-mento”. A todo o momento surgem novidades nas lojas de confecção estabelecidas no local. Em busca de tendências, os lojistas viajam a cada dois meses para São Paulo, Belo Ho-rizonte e outros centros da indús-tria têxtil.

Todos esses aspectos demons-tram a importância do comércio para a região. No caso de Rosália, a vendedora, se traduz em perspecti-va do aumento de empregos.Rosália Borges, vendedora da loja Princesinha, trabalha há 11 anos no ramo das confecções

RAÍSA SALLES

Produtos importados no Calçadão apresentam preços baixos

RAÍSA SALLES

Imperatriz, como polo econô-mico, acompanha as tendências de mercado. Produtos vindos de outras fronteiras, principalmente da China, conquistam consumidores de todas as classes sociais, que são atraídos, necessariamente, pelo preço. O Cal-çadão conta com quatro lojas espe-cializadas neste segmento, que po-pularizou-se no início do Plano Real (década de 1990), quando os produtos

importados tornaram-se atraentes para os comerciantes. Aronildo Car-neiro da Silva, dono de uma loja de importados, também atribui a ausên-cia dos produtos nacionais em sua loja aos elevados impostos, como o Imposto sobre Produtos Industriali-zados (IPI).

Se o preço é o maior atrativo, a qualidade deixa a desejar? Até pode ser, mas, procurando direitinho se encontra, como ensina a vendedora Elizabeth Nunes: “Tirando a bateria

do celular e trocando por uma ori-ginal, acho que são bons”. Ela conta que é cliente incondicional dos pro-dutos importados.

A vantagem de possuir produtos importados, segundo o estudante de Geografia Joelson Alves Ribeiro, de 21 anos, “é, sem dúvida nenhuma, o pre-ço, que atrai o consumidor”. Porém, estes produtos possuem prazos de validade e durabilidade frágeis e não são tão comuns as peças de reposi-ção, como no caso dos nacionais.

RAÍSA SALLES

Acessórios para celulares estão entre os ítens importados mais comercializados no Calçadão

ArrochaJorn

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Page 6: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

ALIMENTAÇÃO

Dá para comer de tudo no Calçadão. Distribuídos no espaço estão 103 comerciantes informais vendendo alimentos que vão desde o açaí até o vatapá

Cardápio diversificado, histórias semelhantes

RAYLSON LIMA

“O destino foi cruel comigo”, la-menta José. Vestido em roupas co-loridas, rosto pintado de branco e vermelho. Na cintura, preso ao cin-to, um saco de bexigas coloridas e, nas mãos, origamis de papel. Escon-didos por trás da tinta branca, que suja o rosto, olhos tristes.

Esse é o palhaço Paçoquinha, há 15 anos no ofício. E seu nome é José Wicky Silva Brito. Desde dezembro de 2011 ele alegra as pessoas que transitam no Calçadão.

O oficio nasceu quando traba-lhava montando a estrutura de cir-cos. “Lá eu descobri que eu levava jeito para divertir”. E acrescenta: “Eu

adotei isso não como forma de levar alegria e descontração, mas como meu ganha pão”. Trabalho que ren-de, mensalmente, cerca de R$ 700.

A razão de sua presença solitá-ria na cidade - sua família mora no Pará - é contraditória ao sentimento que tenta distribuir diariamente das

6 às 17 horas. “Estou aqui só de pas-sagem”, afirma o palhaço.

Motivo - Há dois anos sofreu um acidente em um rodeio na cida-de de Açailândia. “Eu era animador e salva vidas de rodeio”. Naquele dia, quem precisou ser salvo foi José. Decorrente do acidente, ele desen-volveu uma infecção nos nervos e trata-se aqui na cidade.

Paçoquinha, já com olhos bri-lhantes e voz firme, sonha em “levar uma vida folgada, poder levar ale-gria e ensinar artesanato”. E sobre sua permanência na cidade só asse-gura: “Quem vai dizer é a vida”. Que ultimamente tem sido “cruel” com o

palhaço.

José Wilck, o Palhaço Paçoquinha, distribui alegria todos os dias

RAYLSON LIMA

Açaí, bolo, cochinha, caldo, en-roladinho, pastel, pão de queijo, pa-monha, refrigerante, salada de fru-tas, sorvete, sucos, tacacá, vatapá. Tem de tudo para alimentar os que passam pelo centro comercial de Im-peratriz.

Dividindo espaços determinados pela Secretaria de Meio Ambiente estão 103 comerciantes informais, inclusive cadastrados, que vendem estes produtos.

Entre eles, William Soares, ven-dedor de salgados há dois anos, tem a frente do Armazém Paraíba como seu “ponto”. Na sua banca, com R$ 2 é possível fazer um lanche comple-to. Salgado, suco ou refrigerante.

“Tem vez que meche com a gen-te”, reclama Soares, referindo-se à Prefeitura, que já o impediu de ven-der. Situação comum para quase to-dos os comerciantes informais. “A prefeitura só perturba aqui no final de ano”, garante Maria Barbosa, que trabalha vendendo salada de frutas há quatro anos.

Próximo dali, Francisco da

Conceição, 67 anos, assim como William, vende sucos e salgados, mas tem cinco anos a mais de expe-riência no local.

Cotidiano - Sua barraca está posicionada próxima a um esgoto que exala mau cheiro. O que não aparenta incomodá-lo e nem à velha senhora que queria comprar apenas um pão de queijo, mas, ao provar o produto ali mesmo, resolveu levar mais três.

A Vigilância Sanitária, por meio da coordenadora Dinaldete Mar-ques, justifica: “como eles não são formais, a vigilância não fiscaliza.

Nós fazemos uma ação educativa”. São três campanhas realizadas

anualmente. A assessora jurídica Ana Paula Galdino complementa mencionando que o trabalho da Vi-gilância consiste na “orientação de boas práticas de manipulação do ali-mento e de condicionamento para diminuir os riscos”.

Contrariando essas opiniões oficiais, Iolanda Chaves, vendedora há um ano, afirma enquanto prepa-ra um cachorro quente: “A vigilância nunca veio aqui”. Moscas zumbem próximo ao seu ouvido. Estão em cima das vasilhas coloridas que aco-modam os ingredientes. Iolanda não se incomoda.

Sentimento contrário ao do aca-dêmico de Enfermagem André Leite. “Tenho medo de ter uma salmone-lose ou uma bactéria”. Por isso, só lanchou no local uma vez. Quando tratam do assunto os entrevistados manifestam discursos comuns. “Tá devagar”. “Só vendo para sobreviver, nunca consegui construir nada”. “Só venho por vir mesmo”. “Só dá para ir escapando”. E esperam ansiosos o início de mês, segundas-feiras, o ve-rão e finais de ano.

“Como eles não são comerciantes formais a vigilância não fiscaliza.

Fazemos uma ação educativa”, informa a Vigilância Sanitária

RAYLSON LIMA

Comerciantes que atuam na região têm mais clientes nos inícios de mês, verão e finais de ano

Vendedores apelam para o improviso para dispor toda a variedade dos seus produtos aos clientes

RAYLSON LIMA

Sob o calçamento pedregoso, Francisco Júnior de Almeida Nobre empurra sua bicicleta cargueira. Em cima, duas caixas de isopor e quatro garrafas térmicas com o líquido que trouxe seu apelido: “Caldo forte”.

Francisco é nascido em Pe-dreiras (MA). Chegou a Imperatriz em 1985, quando ainda não era casado. Orgulha-se de não ter ne-nhuma assinatura em sua carteira

de trabalho e dele mesmo pagar o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

Há 20 anos, Francisco trabalha no Calçadão com vendas informais e há três vende lanches. Família? “Só tenho uma menina e crio quatro pessoas lá dentro de casa”. Sobre a origem dos produtos vendidos ele cita que “a mulher faz o salgado e o caldo pra mim dar o sustento à família”.

Rotina - “Tem caldo quente?”,

pergunta uma mulher. Vivamente ele responde: “Pegando fogo!”. Ape-nas cinco minutos de sua chegada e

ainda organizando a barraca, ele já vendera seu primeiro caldo.

Segundo Francisco, “dá para se manter”. Sua residência, própria, foi construída com o dinheiro “suado”, obtido das 10 às 19 horas, no Calçadão. Ele atribui a “vitória” vangloriando-se. “Se eu fosse de bebedeira, essa coisa assim, eu não arrumava nada. Por que o dinheiro ia para a bebida e muiézada”.

“Olha o caldo, olha o caldo, uma delicia aqui o caldo. Somente um real, somente um real o caldo”, grita Francisco. Seus berros pare-cem ter surtido efeito. Vendedores

das lojas próximas e pessoas que transitavam por ali se aproximam.

“Franguim ou carne?”. “Tem de um e de dois”. Os clientes comem ali mesmo, aos arredores da barra-ca. Rapidamente, Francisco atende todos e em dois minutos já estamos sós de novo.

“Eita caldão gostoso. Vitami-na A e B à força da macaxeira”. E o grito atrai mais clientes. Com o rosto já suado Caldo Forte confessa que sonha em “comprar um carro e vender caldo...no carro”.

“Caldo Forte” construiu sua casa com 20 anos de informalidade

“Eita caldão gostoso. Vitamina A e B à força da macaxeira”, grita Caldo

Forte

“Eu era animador e salva vidas de rodeio”. Naquele

dia quem precisou ser salvo foi ele

Personagem do palhaço Paçoquinha existe há 15 anos. Trabalho rende cerca de R$ 700 mensais

ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 20136

RAYLSON LIMA

RAYLSON LIMA

Page 7: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

COMÉRCIO INFORMALNo Calçadão, a venda de produtos e acessórios é a maneira que muitos procuram para se manter, em um mercado cada vez mais competitivo

ADRIANA DIAS

Ronaldo da Silva Bulhões chega ao Calçadão às 7h50 da manhã, olha de um lado para o outro, parece estar esperando alguém. Às 8h, funcioná-rias da loja Isabela Variedades chegam para abrir o estabelecimento e ele pa-rece ficar mais calmo.

Entra, retira uma mesa de primeiro e segundo andar de cor amarela para fora. Começa a organizar vários ele-trônicos, sua mercadoria de trabalho. O sol esquenta e Ronaldo se apressa para acabar de arrumar antenas e con-troles para televisão, carregadores de celulares e pilhas, que são algumas de suas mercadorias. Como último reto-que, amarra um elástico nas caixas de antenas Universal para não caírem.

A passos lentos, procura uma som-bra, senta em um banco que fica abai-xo de uma árvore a uns três metros à sua frente e espera, atento, os clientes. Ronaldo, mais conhecido por Bulhões, tem estatura baixa, cabelos brancos, rosto e pele já enrugados pela idade. Morava em São Paulo, há 12 anos re-side sozinho na cidade e há oito tra-balha com a venda de eletrônicos no mesmo lugar. Ele afirma que é pionei-ro no comércio informal deste tipo de produto no Calçadão de Imperatriz.

Compra suas mercadorias na cida-de, em lojas de atacado como Zumica, Naldo e JP Variedades. Os artigos que mais vende são as antenas. Ele diz que

não sabe porquê, as pessoas costu-mam quebrar muito esses produtos. Outro eletrônico com boa saída são os carregadores. Os preços de suas mercadorias variam de R$ 5 a R$ 20 e Ronaldo ganha em média, R$ 800 por mês sem contar com sua aposentado-ria conquistada há um ano. Paga R$ 220 de aluguel por quarto no centro da cidade.

Trabalha no comércio informal por acreditar que, com sua idade, não conseguirá arranjar outro emprego. “Quando a gente vai ficando velho, é difícil empresas quererem contratar, aí temos que se virar do jeito que der cer-to”.

Concorrência- “Já consegui com-prar minha moto, uma Biz preta, e tirar minha habilitação”. Essas são al-gumas conquistas que Diones da Silva Carvalho, 23 anos, conseguiu venden-do eletrônicos e produtos variados com comércio informal no Calçadão.

Ele trabalha há cinco anos venden-do carregadores e capas de celular, controles de televisão, meias, carteiras e cintos, em horário comercial e fatura cerca de R$ 500 por mês. Mas preten-de sair do mercado informal. “Quero ter minha própria loja”, revelou.

E para isso já está comprando aos poucos sua mercadoria e guardando em casa. Atacadão Oliveira, JP e Naldo Vaeiedades são lojas de Imperatriz vi-sitadas com frequência por ele.

“Pirataria” no Calçadão gera lucro para comerciantes que tentam driblar a políciaADRIANA DIAS

Marcos, como prefere se identifi-car, tem 24 anos e chega ao Calça-dão às 8 horas, pega uma caixa de papelão, coloca o fundo para cima e retira da sacola CDs e DVDs de fil-mes, músicas e desenhos infantis. Senta na calçada e espera os clien-tes.

Ele está nesse comércio há qua-tro anos, mas diz que quer mudar de emprego. “Quero fazer faculda-de, passar no concurso público, ou ser segurança”.

Diz que trabalha sempre com medo, e já teve sua mercadoria apreendida quatro vezes. Mora na cidade de Davinópolis a 12,3 quilô-metros de distância de Imperatriz. Um CD ou DVD custa R$ 5, dois ele faz por R$ 10 e ganha, em média, R$ 400 ao mês.

Quando questionado sobre onde compra sua mercadoria, não quis se pronunciar. Mas acrescentou: “Com esse comércio consegui comprar uma moto Titan vermelha 125 e ti-rar minha habilitação”.

Marcos faz parte do grupo de cerca de 25 pessoas que trabalham com a venda de produtos pirate-ados no Calçadão, de acordo com o coordenador de Fiscalização do Meio Ambiente da prefeitura, Fal-cão Galvão Silva.

Ele argumenta que a solução para essa informalidade é quase insolúvel. “Você faz a retirada hoje destas pessoas e amanhã estão de volta”. A fiscalização é organizada na forma de ações programadas e quando são recebidas denúncias.

De acordo com informações do escrivão da Polícia Civil, Kerlenio Maurício Ferreira Gonçalves, em 2011 foram incinerados toneladas de CDs e DVDs. Já nos primeiros

três meses de 2012, foram apreendi-dos cerca de 100 produtos.

No Brasil, a pirataria fere a li-cença dos direitos autorais e contra ela existe a Lei Antipirataria 10.695

de 1º de julho de 2003 do Código de Processo Penal, que pune os res-ponsáveis. Dependendo dos casos, a pena pode chegar a quatro anos de reclusão e multa.

ADRIANA DIAS

Com um fundo musical dan-çante vindo do seu celular, Anto-nio Pereira da Silva, 30 anos, tenta vender um aparelho Motorola de cor cinza com preto por R$ 200 a um freguês, que aparenta estar bastante empolgado.

Conversa vai, conversa vem, e o jovem convence o vendedor de ele-trônicos a deixar por R$ 70, dan-do em troca seu aparelho e com a desculpa de trazer R$ 50 no dia seguinte. O vendedor sorri descon-fiado, talvez por achar que dificil-mente o cliente volte.

Pen drives de dois a quatro gigas, celulares nacionais e importados, que variam de R$ 80 à R$ 250, car-tões para câmeras e chips para ce-lular Tim, Vivo e Oi, por R$ 10 são alguns de seus produtos.

Antonio mora em Imperatriz e trabalha há dez anos no ramo, sendo dois no Calçadão. Ganha em média, mil reais por mês, com-

pra os produtos por encomenda ou quando viaja. Antonio diz que gosta de trabalhar com eletrônicos e já conheceu vários lugares, como São Luís e Teresina.

Alternativa - Fernando, como prefere ser chamado, tem 23 anos e divide o mesmo espaço de traba-lho, vendendo CDs e DVDs piratas. Diz que não gosta de trabalhar nesse mercado, mas ainda perma-nece, porque não arranjou outro trabalho. “Fico o tempo todo com medo de levarem minhas mercado-rias”. Acrescentou que já perdeu a conta de quantas vezes ficou sem os produtos.

É casado, pai de dois filhos, mora na cidade, e há um ano tra-balha nesse ramo. Fatura uma mé-dia de R$ 400 por mês, e têm vá-rios projetos de vida, dentre eles, passar no concurso público da prefeitura, fazer uma faculdade, ou mesmo um curso de segurança do trabalho.

Comércio de eletrônicosvaria de chip a celulares

“Já consegui comprar minha moto, uma Biz, e tirar minha habilitação”. Essas são algumas conquistas de Diones da Silva Carvalho, 23 anos

ADRIANA DIAS

DVDs de músicas, filmes e jogos têm venda garantida nas calçadas do centro de Imperatriz

Na banca improvisada, pen drives, cartões para câmeras e chips para todos os tipos de celulares

ADRIANA DIAS

Mercado de CDs e DVDs é dos mais movimentados, gerando aproximadamente R$ 400 mensais

Ambulantes faturam no centro comercial ADRIANA DIAS

ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRODE 2013

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ADRIANA DIAS

Page 8: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

ISRAEL SHAMIR

Nos lugares onde há grande mo-vimentação de pessoas e de valores é necessário uma atenção especial do Poder Público no quesito segurança. No Calçadão não poderia ser diferen-te.

Um dos maiores aglomerados co-merciais de Imperatriz ainda deixa a desejar nesse sentido, apesar de al-guns sinais de melhora depois que o novo comando da Polícia Militar (PM) foi empossado em 2012.

Para compensar um pouco essa falta, a Associação dos Lojistas do Calçadão disponibiliza dois seguran-ças diurnos e um noturno, que traba-lham mais como fiscais preventivos do que como seguranças propria-mente ditos.

Eles exercem suas funções de-sarmados, trajando roupas comuns e uma blusa com o nome “apoio” na altura do peito, que os identifica como seguranças. Somente as gran-des lojas, como Armazém Paraíba, Óticas Maia, Chi-ck Center, Marisa e algumas outras possuem seguran-ças particulares. A grande maioria conta com a defesa da Associação e da PM.

Relatos - Todos os lojistas entre-vistados informaram que os seus es-tabelecimentos já foram vítimas de pequenos furtos. A Drogaria Ed Far-

ma, que tem 14 anos no Calçadão, já sofreu três assaltos ao longo desse tempo. O último foi há quatro anos, em um domingo de Carnaval. “A gente

nem chegou a abrir as portas direito e eles entraram jun-to, já armados. Eram dois”, lembra Gracilde, funcio-nária da farmácia desde a sua funda-ção.

Lourdes, pro-prietária da loja, mostrou-se muito angustiada ao tocar no assunto e preferiu não lembrar o incidente. O prejuízo foi de R$ 30 mil. Além da far-mácia, outra loja vítima de assalto foi a Mirelly Calçados, no ano passado.

O tenente-coronel Edeilson Car-

valho, Comandante do 3° Batalhão da Polícia Militar de Imperatriz diz que, apesar de recente no cargo, já come-çou a corrigir a falta de segurança do Calçadão.

“Vamos manter uma viatura nas imediações e sempre uma dupla de policiais no período da manhã ou à tarde, apoiados pelas motocicletas e pela viatura do centro”, declarou o major, quando citou sobre sua nova estratégia de segurança para o Calça-dão.

Ao se referir ao box da PM, que está desativado há mais de uma déca-da, informou que isso fazia parte de estratégia operacional dos comandos anteriores. Ainda está em fase de es-tudos a reativação do espaço como ponto de apoio aos policiais militares que protegem a região.

Formas e tonalidades noturnas do Calçadão ISRAEL SHAMIR

Quando se fala sobre Calçadão muitos imaginam barulho, movi-mento e consumismo. Poucos pa-ram para pensar que esse lugar toma forma e cores totalmente opostas no turno da noite. Ao invés de ponto de estresse e perturbação, o Calçadão se torna, para muita gente, um lugar até um tanto romântico.

Nesse horário, a zoada da multi-dão e o barulho das rádios difusoras dão lugar ao silêncio e o intenso mo-vimento é substituído por tranquili-dade e muita calmaria.

O Calçadão, com tonalidade ama-relada por causa das luzes, toma as-pecto de praça, e muitas pessoas vão pra lá para conversar e até mesmo para namorar.

Vivência - Já se aproximava das 18 horas do dia 4 de abril, véspera do feriado da Semana Santa. Embo-ra o Calçadão não fosse o lugar mais adequado para compra dos ovos de Páscoa, o movimento era intenso nesse dia.

À medida que escurecia, menor

era o fluxo de pessoas que circula-vam no Calçadão. O público não era

mais apenas dos clientes. Agora, os vendedores assumiam posição tam-

bém de pedestres, se misturando aos camelôs e ao resto das pessoas que

voltavam para suas casas. Aos pou-cos, as luzes dos postes começaram a acender. Nesse momento a maioria das lojas já tinha baixado suas por-tas. O Calçadão ficava vazio de pes-soas, mas cheio de lixo, na sua maio-ria sacos e caixas de papelão, que as lojas e os pedestres jogaram no chão ao longo do dia.

Zilda, vendedora ambulante de comidas típicas, é a última comer-ciante a voltar para casa. Ela acaba seu expediente por volta das 21h e acompanha esse mesmo movimento todos os dias.“O lixo que sobra na frente das lojas é um absurdo”, con-testa a vendedora. Em sua opinião, esse é o aspecto mais negativo ao fi-nal de todos os dias no local.

Segurança - Assim como de dia, o Calçadão dispõe de segurança particular no período da noite. Le-onardo Sales já trabalha como vigia noturno há cinco anos. Para ele, o perigo é o pior desafio da sua profis-são. Ainda mais depois que foi assal-tado por duas pessoas durante seu expediente.

Seu colega de trabalho, José Wal-do, conhecido como “Santeiro”, fa-leceu há um ano. A partir de então, trabalha sozinho. Desde que assu-miu o cargo, já presenciou várias tentativas de arrombamentos duran-te as madrugadas. Mas a presença do vigia ajuda a inibir essa prática.

Calçadão no turno da noite, com muito lixo no meio do caminho, se mistura com a solidão dos trabalhadores que se indignam com a sujeira do local

ISRAEL SHAMIR

“O lixo que sobra na frente das lojas é um absurdo”

Centro torna-se mais vulnerável aos perigos da noite

Lojas e pessoas que passam pelo Calçadão no período da noite ficam mais vulneráveis a assaltos pelo fluxo reduzido de policiais. É o que relatam alguns lojistas que trabalham no espaço

Lojistas entrevistados informaram que os

seus estabelecimentos já foram vítimas de pequenos furtos

ISRAEL SHAMIR

O vigia Leonardo Sales destacou

a presença de algumas figuras, em especial, que preenchem a noite do Calçadão. Começa entre 18h30 e 19h30 o fluxo de pessoas com mochilas nas costas e cadernos nas mãos. Logo em seguida, às 20h, ca-sais de namorados e rodas de ami-gos se formam em diversos pontos do Calçadão. Juntamente com eles aparecem os mendigos, catando o lixo e procurando algo que lhes te-nha utilidade.

Às 22h chega uma equipe de garis para fazer a limpeza do lixo que toma conta do local. Eles per-manecem no Calçadão até a meia noite, pois aproveitam o ambiente de tranquilidade para terem seu momento de intervalo.

Depois da meia noite ainda res-tam algumas pessoas que vão ao Calçadão para usar entorpecentes, mas sua grande maioria já foi em-bora. Leonardo ainda falou da pre-sença dos homossexuais e dos tra-vestis que passam por ali todos os dias depois das 2h da manhã. Para encerrar a noite no Calçadão, quase no raiar do dia, algumas mulheres aproveitam as calçadas largas e es-paçosas para caminharem e faze-rem exercícios físicos.

É nesse horário que Leonardo pega sua bicicleta e toma o rumo de volta para sua casa enquanto chegam os seguranças do turno da manhã. Nesse momento o silêncio se despede e dá seu lugar mais uma vez ao barulho e ao som do comér-cio intenso do Calçadão.

Frequentadores e os seus interesses

ISRAEL SHAMIR

ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 20138

NOITEÀ medida que escurece o Calçadão se torna um local frequentado por estudantes, catadores, casais de namorados, mas também escondem seus perigos

Page 9: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

ENTREVISTA

Presidente da Associação dos Lojistas do Calçadão, Jardson Lima, conta sobre o surgimento e quais os problemas enfrentados pelo centro comercial

ANDREZA VITAL

Há cerca de 30 anos, época em que o comércio imperatrizense ainda engatinhava para se tornar o atual polo atacadista, surgiu a Associação dos Lojistas do Calça-dão. Jardson Lima, comerciante do local e atual presidente da as-sociação, fala, em entrevista ao Jornal Arrocha, sobre a história, o funcionamento e os problemas en-frentados pela entidade.

De que forma a associação con-tribuiu para a criação do Calça-dão?

O Calçadão foi um Projeto de Lei de um vereador, juntamente com a classe empresarial. Na épo-ca, aqui era um camelô puro. Os lojistas sofriam muito porque pa-gavam impostos e os camelôs não. Isso atrapalhava, pois enquanto tínhamos altas despesas com im-postos, nossos preços tinham que ser um pouquinho acima. Como os camelôs não pagavam nada disso, colocavam os preços da maneira que bem entendessem. Isso era uma ameaça para o comércio em si. Então juntou a classe empresa-rial com o poder público e assim surgiu a Associação dos Lojistas do Calçadão. Depois de sua funda-ção, a associação teve o poder para executar certas tarefas e consegui-mos tirar todos os camelôs daqui.

A iniciativa para construir o Cal-çadão partiu da associação?

Sim. Sem a associação o Calça-dão não existiria e não estaria do jeito que é. Hoje quem poda as ár-vores somos nós. A manutenção do piso e encanamento é a gente que se vira para resolver.

Como funciona a associação?Há toda uma hierarquia. Tem

presidente, vice-presidente, tesou-reiro, secretário... Se não me enga-no são 12 cargos. A escolha do pre-sidente é feita por votação. Quem quiser pode se candidatar e aquele que for eleito, assume. A cada dois anos muda a presidência.

A associação tem uma sede pró-pria?

Não. A sede muda de acordo com a presidência. No caso, como a presidência é minha, a sede aca-ba sendo aqui na minha loja.

Como funcionam as reuniões? A questão da reunião hoje é um

problema, porque convocamos os empresários e eles não compare-cem. A gente vai atrás deles para perguntar por que não foram e eles dizem que é porque não tive-ram tempo, ou esqueceram. Hoje somos em torno de 48 empresas. Quando fazemos a reunião compa-recem em torno de cinco pessoas. Então estamos quase desistindo de fazer reunião. Mas quando vamos fazer alguma coisa, a gente vai de loja em loja para poder conscienti-zar ou discutir qualquer assunto. Tem certas decisões que tomamos sem fazer reunião. Se acharmos que é algo que irá beneficiar a to-dos, então acabamos por executar a decisão.

Como lidam com o comércio in-

formal?Tentamos evitar ao máximo

para que eles não se instalem aqui. Mas, como não temos poder de

polícia, de multar, de tomar aque-la mercadoria, eles percebem que nossa voz não tem poder e acabam voltando para cá. Depois que o co-mércio informal se instala, para tirar é uma dificuldade. Tem gente que está como camelô há 15 anos. Em vez de tirar, a Prefeitura acaba padronizando as barracas e não co-bra nenhum tipo de imposto. Eles se instalam em frente às lojas, e isso aca-ba sendo uma con-corrência desleal, porque as lojas pa-gam impostos.

A associação arrecada fundos das empresas do Calçadão?

Sim. A associação é sem fins lu-crativos. Quem se voluntaria para ser presidente tem que ir de alma e coração porque não vai rece-ber nada em troca. O que arreca-damos é somente para manter o Calçadão. Se hoje aqui dispõe de bancos para os clientes sentarem, foram os próprios empresários os responsáveis por isso. Já o calça-mento foi parceria entre nós e a Prefeitura.

Então, a associação é a responsá-vel pela segurança do Calçadão?

Sim. Mantemos os nossos pró-

prios seguranças e a manutenção do local. Quem não deixa os ou-tros andarem de bicicleta somos nós. E tentamos não deixar ne-nhum camelô se instalar aqui.

A decoração natalina do Cal-çadão é de responsabi-lidade dos próprios co-merciantes?

Totalmen-te. É toda feita pelos empresários do Calçadão. A gente con-

trata um decorador que faz todo o projeto e dividimos entre as em-presas, dependendo do porte de cada uma.

Todos os lojistas participam da associação?

Isso é outro grande problema. Hoje a economia do Brasil está em crescimento, e por isso, grandes empresas do comércio varejista acabam vindo para Imperatriz, por aqui ser um polo de comércio. Es-ses empresários de grandes redes chegam aqui e não querem partici-par. Mas querem usufruir dos be-nefícios que a associação traz. Por estarem instaladas no Calçadão, a gente tenta cobrar uma taxa maior dessas lojas como uma punição.

“Sem a associação o Calçadão não existiria”

“O Calçadão foi um projeto de lei idealizado por um vereador com a

classe empresarial”

“Se hoje aqui há bancos para os clientes sentarem, foram os empresários os responsáveis por isso”

ANDREZA VITAL

“O calçamento do Centro Comercial é uma parceria

da Associação com a prefeitura”

ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 20139

Page 10: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

INFRAESTRUTURA

BRENO FRANCO

“Isso aí é comum”, diz um transeunte apressado ao ver nos-sa equipe registrando um fla-grante em que um funcionário de uma das lojas do Calçadão joga papelão e pedaços de madei-ra no meio da via.

Os poucos recipientes que acondicionam o lixo até o reco-lhimento por parte da prefeitu-ra, não são suficientes quando alguns lojistas despejam emba-lagens e outros materiais reciclá-veis que poderiam ser parte de materiais de coleta seletiva.

Tudo se mistura ao lixo co-mum que, no final do dia, é reco-lhido por garis de uma empresa privada que presta serviço para a prefeitura. “Esse lixo não pode fi-car na loja, mas eles da prefeitura recolhem isso daí direto”, infor-ma o funcionário de uma loja de variedades que, no momento da reportagem, jogava lixo no local.

O representante da Prefeitu-ra que responde pela coleta do lixo na cidade, Ernane Ribeiro, enfatiza os trabalhos de varrer

e recolher o lixo, que, segundo ele, são realizados diariamente. Existe ainda, segundo Ernane, uma equipe de 12 homens, que uma vez por mês, realiza traba-lhos mais apurados de manuten-ção, como retirar mato e entulho de diversos pontos do Calçadão, limpar meio-fios e realizar pe-quenas reformas.

Principalmente no horário da noite, é possível acompanhar o trabalho da equipe de limpeza. De acordo com um dos funcioná-rios da empresa responsável pelo recolhimento do lixo, centenas de quilos de dejetos produzidos no local são levados aos cami-nhões de coleta.

Todo o material é transporta-do para o lixão municipal, infor-ma, ainda, o funcionário. “Aqui a gente encontra de tudo, até ca-misinha”, confidencia Maria Rai-munda, que trabalha na limpeza da tarde.

Apesar dos poucos locais de depósito, muitos visitantes tam-bém ignoram os bons costumes e acabam jogando lixo que resulta da passagem deles pelo local.

Lixo jogado na rua piora a paisagem e revela descaso

BRENO FRANCO

Sacos de lixo espalhados obstruem a passagem de pedestres e causam transtorno ao comércio

BRENO FRANCO

Estacionar qualquer tipo de veí-culo nas imediações do Calçadão é uma missão difícil, principalmente em horário comercial. A populari-dade e a tradição de receber visitas dos mais variados públicos, torna o local um espaço onde vários consu-midores da periferia da cidade e de municípios em um raio de 500 qui-lômetros se encontram para fazer compras, ou simplesmente passear.

A todo momento é possível en-contrar, ou até mesmo esbarrar em alguém conduzindo a pé, o velho e bom “camelo’’. Há quem chame de “magrela”, ou na versão diminu-tiva do inglês, bike. Como pedalar no Calçadão é proibido, o trânsito

lento dos pedestres significa mais tempo de olho nas vitrines. É nes-sas horas que a bicicleta pode servir de cesta de compras e um convite para o visitante variar a forma de se exercitar.

Qualquer banco, poste, placa de propaganda ou parede, se torna es-tacionamento improvisado das bici-cletas. Ninguém se incomoda. Mas, alguns frequentadores como Fer-nando Da Costa, 59 anos, admitem que seria melhor um estacionamen-to adequado, onde todos pudessem usufruir do Calçadão com maior co-modidade.

Nas épocas do ano em que é re-gistrado grande movimento de con-sumidores, como no Natal e no Dia das Mães, o vai-e-vem de pedestres

que levam ao lado a bike, é intenso. De todas as cores e modelos,

algumas até surradas pelo tempo, outras de uso profissional, como as cargueiras, esses veículos são tão característicos do local que até já fazem parte da paisagem.

Estão presentes, ainda, em quase todas as fotos que abordam os pú-blicos visitantes da área. “É fácil de encostar e a gente leva quase tudo nela”, diz sorridente, Maria das Do-res, vendedora de uma loja que uti-liza diariamente a bicicleta para se locomover.

Se o visitante for conhecido dos vendedores e outros trabalhadores do local, até dá para pegar uma ca-rona no fim de uma jornada de tra-balho.

Varejo a pedaladas impulsiona comércio

Amontoado de bicicletas estacionadas aleatoriamente por falta de local adequado, se mistura à paisagem e impede o trânsito dos clientes no espaço

BRENO FRANCO

BRENO FRANCO

Um dos mais importantes espa-ços do comércio varejista de Impe-ratriz nunca passou por uma grande reforma desde a sua inauguração. O presidente da Associação dos Co-merciantes do Calçadão, Jardson Lima, afirma que os próprios lojis-tas, por meio da entidade, é que se encarregam da maior parte das mu-danças do local. “Aqui a gente paga três vigias e até pra podar as árvores, a gente tem que comprar serra elétri-ca, porque a prefeitura não se dispõe a ajudar”.

Dentre as informações prestadas por Jardson, está a de que dependen-do do tamanho do estabelecimento, é cobrada todo mês, de cada comer-ciante, uma taxa que varia de R$ 30 a R$ 800 para que a entidade possa se manter.

Irismar Pereira de Carvalho é lo-jista há oito anos no Calçadão e paga uma quantia de R$ 50 por mês. Se-

gundo ela, o maior transtorno com relação à infraestrutura do Calçadão aconteceu em março de 2012, quan-do parte do calçamento da entrada da loja dela cedeu, criando um bura-co de aproximadamente três metros de comprimento, quase o tamanho completo da entrada do local.

Ela procurou a associação, que prometeu resolver e depois aconse-lhou que Irismar procurasse a pre-feitura. “Nem corri atrás porque eu sabia que ia demorar e a maior pre-judicada era eu, com o tempo que passava. Gastei R$ 200, que estão sendo descontados na minha men-salidade”.

Outra lojista, Edite Pereira de Almeida, denuncia que o calçamen-to está precisando urgentemente de reparos. Os bancos e algumas barras de proteção feitas de concreto e fer-ro, também estão se deteriorando. “Não tem conforto pra quem visita, nem banheiro e praticamente tudo que deve ser feito aqui é por conta

da gente”, reclama a proprietária. Procurado por nossa equipe de

reportagem, o secretário de Infraes-trutura do município, Roberto Alen-car, foi receptivo em seu gabinete e ressaltou as limpezas gerais, que in-cluem a retirada do mato nos cantos de bancos e calçadas.

Com relação às reformas, Rober-to Alencar ressaltou: “Olha, não vou mentir, mas para haver reforma é preciso licitação e o Ministério das Cidades recusou que o Calçadão fosse incluído na revitalização da Getúlio Vargas porque a benfeitoria contemplava essencialmente a pa-vimentação asfáltica, o que não é o caso do Calçadão”.

A obra da avenida Getúlio Vargas custou R$ 1,5 milhão, sendo que dois terços deste recurso foram disponi-bilizados pelo Governo Federal e o restante pela prefeitura. O secretário enfatizou que não há previsão de obras para o Calçadão, pelo menos para 2013.

Sem previsão de obras, visitantes convivem com poucas condições de infraestrutura em um dos mais tradicionais pontos do comércio varejista da cidade

Lojistas reivindicam reforma no Calçadão

Fios elétricos mal organizados em uma vista panoramica da maior loja de departamentos do local

BRENO FRANCO

ArrochaJorn

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ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 201310

Page 11: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

EVA FERNANDES

“A educação é o ponto princi-pal para reduzir o número de pe-dintes”. É com esta afirmação que o comerciário Antônio Dilson, 46 anos, 28 deles dedicados ao comér-cio, expõe sua opinião sobre a rela-

ção entre comerciantes e pedintes no Calçadão.

Ambiente comercial, referência entre os principais cartões postais da cidade, o Calçadão de Imperatriz é também um dos pontos de men-dicância. Segundo o comerciário, os pedintes não interferem no co-mércio. Mas, ressalta que é preciso

“mudar a cultura dessas pessoas”. Ele acredita que somente a educa-ção dará suporte para isso.

“O Brasil é um país de Tercei-ro Mundo. O que deve ser feito é investir em uma educação de quali-dade. Temos verbas para isso, mas, enquanto os poderes públicos em todas as esferas não fizerem isso, não vai acabar”.

Dilson acredita que a maioria desses pedintes é deficiente e re-cebe benefícios, mas mesmo assim vivem nas ruas mendigando, o que seria resultado da falta de prepa-ro e conhecimento. “Hoje, de 3% a 5% das vagas de uma empresa são reservadas para deficientes. Nunca conseguimos atingir este percentu-al”, argumenta Dilson. “O que seria

um total de 26 funcionários só aqui no Paraíba”, conclui.

O gerente da loja Casas Ribeiro, Abraão Sousa, 43 anos, ressalta que é comum ver pessoas que pedem por vício e não por necessidade. Ele informa que o fluxo de pedintes no Calçadão interfere nas vendas a partir do momento em que eles adentram as lojas. “Tem clientes que se sentem incomodados quan-do abordados no momento das compras”.

A estudante Vera Souza, de 18 anos, é frequentadora do Calçadão e afirma que os pedintes têm luga-res fixos e que não atrapalham de forma nenhuma o comércio. “Sem-pre que tenho, ajudo. Não me nego. Eles somente pedem. Diferente dos ladrões, que roubam”. A estudante conta que nas vezes em que não pode ajudar, é tratada com educa-ção.

Gil Fran Magalhães, 47 anos, é balconista há quatro e diz que já teve que solicitar que pedintes se retirassem do ambiente. “Alguns usam fotos de pessoas com doen-ças sérias para causar comoção”.

PEDINTESDeficiente das pernas desde que nasceu, Manuel, pedinte do Calçadão, frequenta o local há mais de dez anos com o seu popular “coador de moedas”

NÚBIA CARVALHO

Pedintes adotam Calçadão como um local para recoher esmolas das pessoas que por alí passam

EVA FERNANDES

Ao nascer da manhã, quando o comércio em Imperatriz começa a se levantar, Manoel Lopes Sousa, um jovem senhor de 39 anos, 45 quilos e 1,40 de altura sai de casa para mais um dia de trabalho. Defi-ciente das pernas desde que nasceu, Manoel não se lamenta. “Isso aqui não vale nada”, comenta, referindo-se à deficiência. Dificulta um pou-co, mas não o impede de “pegar no batente”.

Manoel é pedinte. Há três anos complementa o benefício que re-cebe do INSS com as esmolas que ganha das pessoas que andam pelo centro comercial. Entra no ônibus às 6h30 para chegar às 7h ao Calça-dão, seu local de trabalho e rotina diária.

Anda descalço, com short ver-melho e camisa com a logomarca do Paraíba, com um crachá acima do peito esquerdo: “Manoel, amigo do Paraíba”. É assim que ele circula “fardado”. No trabalho, o principal instrumento de Manoel é um “coa-dor de moedas” que ele movimen-

ta de um lado para o outro sempre que percebe alguém se aproximan-do. O Calçadão, de homogêneo só tem o calor de 36º que envolve a todos que por ele caminham. Diver-sidades que se misturam, mas não se igualam. Sol com muitas nuvens durante o dia. Períodos de tempo nublado, com chuva a qualquer hora, máxima de 36° e mínima de 22°. O dia continua da forma como começou, todo imprevisível. E com o vai e vem de pessoas e bicicletas, sons de carros, vozes e anúncios.

Compreensão - Manoel é uma das peculiaridades percebidas e des-percebidas diante da correria que acontece à sua volta. O preconceito social e marginalidade até parecem não fazer parte dos seus problemas.

Diante dos olhares perplexos, solidários ou expressões de intole-rância mantém-se firme, com pro-fissionalismo. “Mesmo que a pessoa não me ajude, eu agradeço e trato bem, é meu trabalho”.

Quando o movimento ameniza, ele pega a carteira de cigarros e o isqueiro na bolsa da cintura e co-

meça a dar uns tragos enquanto descansa. Sentado sobre as pernas entrecruzadas, sem outra opção, apoia-se no chão com os pequenos braços. Para se mover, arrasta-se por cima das pernas apoiando-se nas pequenas mãos e, para protegê-las, usa luvas.

Após um dia de trabalho, o “co-ador de moedas” costuma abrigar, em média, de R$ 30 a R$ 70 e, ao final de um mês, R$ 720 a R$ 1.680. O comerciário Antônio Dilson, 43 anos, fala da troca de favores entre a empresa e o pedinte. “Quando ob-serva movimentos ou conversas es-tranhas ele nos informa. E sempre diz que está trabalhando pra nós. Demos a ele um crachá e uma ca-misa com a logomarca da empresa. Às vezes damos alimento. Ele não atrapalha. Fica no cantinho dele”. Manoel orgulha-se de fazer parte da “segurança” do Paraíba. “Eu tra-balho aqui na loja”, cochicha.

Fumante desde os nove anos de idade, conta que gosta muito de bebida alcoólica. A mãe, Joaqui-na Sousa Soriano, viúva, 75 anos, não gosta de vê-lo ingerir álcool.

“Há um tempo tive uma enrolada”, lembra, entre gargalhadas. “O nome dela é Bete, mas mamãe não quis. Eu bebia. Ela também e por isso não

deu certo. Mandou largar de mão. Sou alegre, animado. Você pode ter tudo, mas se não tiver amigos você não tem nada”.

EVA FERNANDES

“As pessoas que moram na rua tornam-se pedintes, mas nem to-dos eles são moradores de rua. Tem pedintes que recebem bene-fícios e mesmo assim mendigam. Para essas pessoas nós fazemos um acompanhamento social”. A afirmação é da assistente social Larissa Carvalho, responsável pelo Serviço Especializado em Aborda-gem Social da Secretaria de Saúde

e Desenvolvimento Social (Sedes). Quanto aos que não tem onde

morar, Larissa destaca que um dos focos do serviço de abordagem social é o de identificar e se apro-ximar das pessoas que vivem na rua e inseri-los nos programas da área. A Sedes promete que o tra-balho será intensificado em 2013.

De acordo com Larissa, já fo-ram identificadas mais de 30 pes-soas nos últimos anos. A assisten-te social ressalta também que o

município foi contemplado com o Centro de Tratamento Especializa-do em Assistência Social Popular (Creas Pop).

O programa, que está em fase de implantação, tem por objeti-vo, prestar assistência social e acompanhamento psicossocial e pedagógico, bem como oficinas terapêuticas. Também pretende viabilizar a inclusão dessas pes-soas nos programas de assistência social. Larissa estima que, até o fi-

nal do primeiro semestre de 2013, o programa já estará implantado.

De acordo com o diretor o Centro de Atenção Psicossocial (Caps III), Alberto Clésio, o fato de serem pedintes não significa que sejam esquizofrênicos ou tenham qualquer tipo de doença psíquica. “A doença mental não tem rótu-lo. Não é regra nem que sempre pedinte tenha doenças mentais e nem que doentes mentais necessa-riamente sejam pedintes”.

O diretor afirma que as ações do Caps estão voltadas para as pessoas que vivem nas ruas, não têm residência e que apresentam transtornos mentais. “O objetivo é oferecer tratamento, resociali-zar e reingressar essas pessoas no mercado de trabalho, bem como conscientizar a população sobre o fato da doença mental ter con-trole. Não é necessário que o pa-ciente tenha que ser tratado entre quatro paredes” .

A equipe de reportagem ouviu 10 pessoas com o tema central: “Você acha que dar esmola aju-da?” Seis responderam que costu-mam contribuir com os pedintes e acreditam que o dinheiro auxilia quem precisa. Dos entrevistados, dois disseram que dão esmolas às vezes e o mesmo número de pes-soas afirmou que não costuma agir desta forma. Confira algumas opiniões:

• Lúcia Martins, 42, professora“Sim. Acredito que ajuda e às ve-zes dou esmola”

• Leila Lopes, 40, professora.“Não acho certo dar esmola. A es-mola incentiva o ócio e não esti-mula as pessoas a produzirem”.

• Aline Magalhães, 18, confe-rente

“Sim. Dou esmola. Temos que aju-dar a quem precisa”.

• Fernando Dinis, 47, adminis-trador

“Dou esmola apenas para pessoas deficientes”.

Relação entre comerciantes e pedintes no Calçadão

Comerciantes ajudaram a construir bancadas e canteiros, cenário que a

população conhece

“Mesmo que não me ajudem, eu agradeço”

Manuel, o amigo do Paraíba, pede esmola todo dia no Calçadão para complementar a sua renda

SABRINA CHAMORRO

ENQUETE

Serviço Especializado em Abordagem Social ajuda moradores de rua

ArrochaJorn

al

ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 201311

Page 12: Jornal Arrocha - Edição 16 - Calçadão

CLIENTES

Público que visita o Calçadão procura por mercadorias para revenda e acaba encontrando diversidade em produtos para as necessidades pessoais

BRENO FRANCO

Nos mais de 200 metros do Cal-çadão de Imperatriz, todos os dias é possível encontrar consumidores de outras cidades da região e também de outros estados. O centro de compras reúne gente que procura mercadorias das mais diversas, para atender às ne-cessidades pessoais e também comer-ciantes revendedores, que buscam um bom preço nos produtos para reven-dê-los em sua cidade de origem.

As lojas presentes no centro co-mercial, especialmente no Calçadão, representam uma mola econômica para Imperatriz e região. Por isso, não é difícil encontrar pessoas de so-taques diferentes que se aglomeram no objetivo de cumprir o orçamento, adquirindo o produto desejado pelo preço mais em conta.

Nos trilhos e caminhadas do con-sumo, por entre lojas e ofertas, en-contramos as irmãs Creuza Duarte de Sousa e Berenice Duarte de Meireles. Creuza mora na cidade de Buritirana, a 60 quilômetros de Imperatriz. “Não deixo de comprar aqui, venho toda se-mana e sempre levo alguma coisinha”, conta ela, que ao lado do marido ad-ministra uma renda mensal de mais de dez salários mínimos. Berenice vive em Imperatriz e revela que nem sempre visita o Calçadão porque quer. “É mais por necessidade mesmo e por

causa da família. Se dependesse só de mim, eu vivia no shopping, lá é mais confortável e tem ar condicio-nado”.

Com uma renda de aproxi-madamente um salário e meio, o oleiro imperatrizense Valdinar de Jesus, de 43 anos, mora atualmen-te em Itaituba, no estado do Pará. Vem uma vez por mês para Im-peratriz e diz que a preferência é por confecção. “Compro aqui des-de quando comecei a trabalhar e volto sempre pra comprar roupa e uma coisa ou outra que falta pra lá onde eu moro”. Casado e com três filhos, Valdinar não se incomoda em andar com um capacete numa mão e sempre na expectativa de le-var para casa um presente para a mulher e os filhos que o esperam em casa.

Na maior loja de departamen-tos do centro de compras, os dias de grande movimento trazem al-gumas das consequências mais comuns do corre-corre: o calo nos pés. A vendedora Eliene Farias con-fessa que a escolha do calçado ide-al para trabalhar tem que ser cui-dadosa. “Nos dias normais até que nem precisa se preocupar tanto. Mas no Natal, aqui é uma loucura e os pés sempre sofrem nesse lá e cá”, afirma a vendedora, já prepa-rada para atender mais um cliente.

Calçadão: polo comercial de ImperatrizMÍRIAN GOMES

No Calçadão de Imperatriz não é difícil encontrar pessoas de sotaques diferentes que se aglomeram e buscam cumprir o orçamento adquirindo produtos

Caixas de som animam o clima de quem transita

RAYLSON LIMA

7h30. Um vai e vem de pesso-as, característico de todo centro comercial. Andam em bandos, trajando uniformes iguais. São os vendedores das lojas do Calçadão indo ao trabalho.

No meio deste movimento, está a Revistaria Estrela, que exis-te deste a fundação do espaço co-mercial. “Antes eram duas bancas. Uma em frente ao Bazar Ipanema”, relembra a proprietária há oito anos, Andiara dos Santos.

Atualmente, funciona ape-nas a Estrela, que às 7h50 levan-ta os seus portões alaranjados. Em cinco minutos, a proprietária já organizara toda a banca. Cin-co também eram as pessoas que observavam as revistas ao abrir o estabelecimento e os minutos es-perados para vender o primeiro jornal do dia.

Uma mulher, meia idade, bai-xa e loira, observa umas revistas e transfere seu olhar para os jor-nais que naquela manhã traziam como manchete: “TAM confirma suspensão de voos em Imperatriz”, no O Progresso e “Ex-detento Mar-cio ‘Capeta’ é assassinado na Vila Nova”, no Correio Popular. Aquela foi a primeira venda dos 15 Correio Popular que Andiara teria que co-mercializar naquele dia. “O capeta morreu”, brinca um mototaxista

que também escolhera o jornal. Nossa conversa é interrompi-

da.- Me dá um crédito da Oi?- Qual valor?- R$ 5!

Esta é a primeira venda de re-carga para celular, que represen-tam o maior lucro diário da revis-taria. A proprietária orgulha-se: “Quando eu comprei era uma ban-quinha caindo aos pedaços”.

Revistaria Estrela acompanha crescimento do centro de compras desde sua fundação

No início funcionavam duas bancas no Calçadão e atualmente apenas a Estrela continua ativa

MÍRIAN GOMES

ISRAEL SHAMIR

Penduradas em postes de ener-gia, as oito caixinhas de som espa-lhadas por todo o Calçadão integram o sistema sonoro do JM Studio, que se instalou no espaço há mais de 20 anos.

Desde a década de 1990 os clien-tes que passam pelo local estão ex-postos às ondas sonoras produzidas por essas caixinhas, que de minuto em minuto informam a hora certa.

Quando começou, tudo era bem diferente do que se tem hoje. Ao in-vés de um computador com todas as trilhas programadas e os comerciais gravados, a programação era feita ao vivo, e as músicas eram reprodu-zidas de LPs.

“Era como uma rádio”, revela o proprietário do JM Studio, José Moreira Sobrinho, 64 anos. “No iní-cio, o Calçadão era um silêncio de museu. Vi a necessidade de animar mais esse lugar”.

Moreira é uma figura muito importante na história da comuni-cação em Imperatriz. Ele afirmou que montou o primeiro sistema de som volante da cidade, o cinema pioneiro – Cine Muiraquitã – e trou-xe a primeira repetidora de sinal da Rede Globo e do SBT para o muni-cípio. Foi também o precursor do telejornal em Imperatriz, na década de 1970.

Hoje ainda trabalha com pu-

blicidade. Todos os comerciais que rodam no Calçadão também são reproduzidos simultaneamente no Mercadinho, que, da mesma forma, possui caixinhas do JM Studio espa-lhadas.

Quem se atenta aos anúncios comerciais esperando descobrir al-guma promoção relâmpago de uma loja do Calçadão, por exemplo, pode perder seu tempo. A maioria dos anunciantes não estão situados ali. Apenas uma pequena parcela das lo-jas instaladas no Calçadão utilizam--se deste serviço.

A sede do JM Studio está locali-zada em anexo à oficina de relógios de Waldir Queiroz, 62 anos, que atu-almente divide o aluguel do lugar.

ISRAEL SHAMIR

Sistema de sonorização acompanha as compras

ArrochaJorn

al

ANO III. NÚMERO 16 IMPERATRIZ, JANEIRO DE 201312