cisterna-calçadão contribui com produção de forragens para criação

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº 1168 Junho/2013 juazeiro - BA Quando uma família sertaneja recebe uma cisterna de produção, tipo calçadão, por exemplo, normalmente inicia logo o cultivo de verduras, hortaliças e frutas principalmente para a sua alimentação. Porém o casal de agricultores: Márcia Pereira e Valdomiro Dias, moradores da comunidade de Cacimba do Silva, interior de Juazeiro, contemplados com uma dessas cisternas por meio do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), estão fazendo diferente. Eles usam a água da cisterna basicamente para o cultivo de forragens que alimentam a criação de cabras, ovelhas e galinhas. Dona Márcia é bem direta em afirmar: “É uma felicidade muito grande pra mim ver a criação bem alimentada sem eu ter que gastar dinheiro com farelo, grão de milho ou tortas comprados no comércio e que por sinal tá muito caro.” Seu Valdomiro também diz a mesma coisa. Para o casal, plantar capim, sorgo e outras forragens para os animais é uma questão de planejamento para quem tem a criação como o principal sustento da família. O casal demonstrar ter muita experiência com a criação. Na propriedade, bem próximo da casa, logo se avista o chiqueiro das cabras e o galinheiro. Eles falam com muita convicção Cisterna-calçadão contribui com produção de forragens para criação sorgo e capim: alimento para criação irrigados com água da cisterna Márcia e Valdomiro não gastam dinheiro com ração

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Page 1: Cisterna-calçadão contribui com produção de forragens para criação

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº 1168

Junho/2013

juazeiro - BA

Quando uma família sertaneja recebe uma cisterna de produção, tipo calçadão, por exemplo,

normalmente inicia logo o cultivo de verduras, hortaliças e frutas principalmente para a sua alimentação.

Porém o casal de agricultores: Márcia Pereira e Valdomiro Dias, moradores da comunidade de Cacimba do

Silva, interior de Juazeiro, contemplados com uma dessas cisternas por meio do Programa Uma Terra e

Duas Águas (P1+2), estão fazendo diferente. Eles usam a água da cisterna basicamente para o cultivo de

forragens que alimentam a criação de cabras, ovelhas e galinhas.

Dona Márcia é bem direta em afirmar: “É uma felicidade

muito grande pra mim ver a criação bem alimentada sem eu

ter que gastar dinheiro com farelo, grão de milho ou tortas

comprados no comércio e que por sinal tá muito caro.” Seu

Valdomiro também diz a mesma coisa. Para o casal, plantar

capim, sorgo e outras forragens para os animais é uma

questão de planejamento para quem tem a criação como o

principal sustento da família.O casal demonstrar ter muita experiência com a criação. Na

propriedade, bem próximo da casa, logo se avista o chiqueiro

das cabras e o galinheiro. Eles falam com muita convicção

Cisterna-calçadão contribui com produção de forragens para criação

sorgo e capim: alimento para criação irrigados com água da cisterna

Márcia e Valdomiro não gastam dinheiro com ração

Page 2: Cisterna-calçadão contribui com produção de forragens para criação

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Realização Apoio

sobre as vantagens de se criar animais no sertão e

sobre os cuidados com a sanidade dos animais e

outros manejos necessários para que as cabras,

ovelhas e galinhas estejam sempre oferecendo

alimento e renda e, destacam a importância dos

criadores terem nas propriedades, uma boa

oferta de água e alimentos para os animais.As cabras, ovelhas e galinhas usadas para

alimentar a família também são comercializadas.

Seu Valdomiro diz que, principalmente as cabras,

são muito consumidas pelas famílias e amigos que

moram nas comunidades no entorno de Cacimba

do Silva. É através da comercialização dos

caprinos que ele faz o controle da quantidade certa de animais que se deve criar, uma vez que esses também

pastam nas áreas de caatinga que nem sempre dispõem de alimento suficiente para um grande número de

animais.O casal não tem filhos morando com eles na propriedade de 95 hectares e bem abastecida de água: além das

cisternas familiar e de produção, Márcia e Valdemiro utilizam ainda a água de um poço artesiano instalado na

comunidade. Mas eles lembram que no passado a falta de água provocava muita perda nas plantações e que em

alguns anos, nem a palma usada para alimentar os bichos resistiu à falta de água. Hoje, porém, a situação é bem

diferente. A água da cisterna-calçadão, por exemplo, significa uma segurança no cultivo do alimento para os

animais. Em volta da cisterna, logo se ver muitos pés de sorgo e uma variedade de capins que eles,

precavidamente, também fazem feno e armazenam para os períodos de estiagens. Mas só por precaução, pois

com a chegada dessa cisterna que aumentou a oferta de água na propriedade, como diz dona Márcia, eles

plantam e colhem o ano inteiro. É importante lembrar que o casal também iniciou um cultivo de coentro e

pimentão em uma pequena área próximo da cisterna, pois as verduras são muito bem vindas para deixar a

comida bem temperada e mais saborosa, lembra seu Valdemiro.A experiência do cultivo de forragem de Seu Valdomiro e

Dona Marcia a partir de uma cisterna-calçadão revela o

planejamento produtivo de uma família que investe

fortemente na criação de animais como atividade segura e

geradora de renda. Atividade bastante viável nesta região

onde a chuva irregular não oferece muita segurança para a

prática da agricultura, mas que por outro lado, não faltam

alternativas desde a criação ao extrativismo do mel ou de

frutos silvestres. Alternativas que asseguram uma vida

produtiva para o povo que a cada dia demonstra como é

possível viver com dignidade nesta região.

Galinhas alimentadas com sorgo

Márcia e Valdomiro alimentam a criação com forragens produzidas na propriedade