cisterna-calÇadÃo: 52 mil litros de oportunidades no semiÁrido

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CISTERNA-CALÇADÃO: 52 MIL LITROS DE OPORTUNIDADES NO SEMIÁRIDO Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1155 Agosto/2013 Lajes Pintadas/RN Na região do semiárido, sempre haverá um período chuvoso e um longo período de estiagem. Viver bem nessa região não é combater essa estiagem, mas enxergar as ricas oportunidades que existem nesse lugar. A história de vida de Pedro Giliarde da Silva está bastante ligada ao conhecimento dessas características do semiárido e à convivência nessa região. Nascido e criado na comunidade rural 'Catolé', situada em Lajes Pintadas, município da microrregião Trairi do estado do Rio Grande do Norte, Pedro, atualmente, tem 36 anos e mora com sua esposa Josicleide Maria de Lima, com dois filhos, Raquel Lima da Silva e Pedro Artur Lima da Silva, com uma irmã Maria Josete Feitosa da Silva e com o cunhado Genialdo Feitosa da Silva. Giliarde, como também é chamado, é agricultor, desde sempre, e tira da terra e da criação de animais o sustento de sua família. Faz isso por meio de um sistema cooperativo, entre ele, a esposa, a irmã e o cunhado, mas informa que nunca estiveram tão organizados. Existe uma grande diversidade no quintal da família de Pedro. Com uma terra de, aproximadamente, onze hectares eles cultivam uma grande diversidade de frutas (acerola, caju, coco, goiaba, graviola, jerimum, mamão, manga, maracujá, maxixe, melancia, none, pitanga, quiabo, tomate, tomate-cereja e umbu), raízes (batata-doce, macaxeira, beterraba e cenoura), grãos (fava, feijão, milho etc), hortaliças (alface, cebolinha, coentro, couve-flor, pimentão e rúcula) e plantas medicinais (hortelã, erva-cidreira e moringa), além do cultivo de palma e capim para dar conta da necessidade dos animais. Segundo diz a família, o segredo do sucesso está na cisterna-calçadão, uma tecnologia capaz de armazenar 52.000 litros de água da chuva. Construída em dezembro de 2012, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), uma das ações do Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), a tecnologia já tem melhorado muito a vida de todos da família de Giliarde. Família de Pedro: (da esquerda para a direita) Pedro, Raquel, Artur, Josicleide, Maria e Genialdo. Pedro Giliarde

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Page 1: CISTERNA-CALÇADÃO: 52 MIL LITROS DE OPORTUNIDADES NO SEMIÁRIDO

CISTERNA-CALÇADÃO: 52 MIL LITROSDE OPORTUNIDADES NO SEMIÁRIDO

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1155 Agosto/2013

Lajes Pintadas/RN

Na região do semiárido, sempre haverá um período chuvoso e um longo

período de estiagem. Viver bem nessa região não é combater essa estiagem,

mas enxergar as ricas oportunidades que existem nesse lugar.

A história de vida de Pedro Giliarde da Silva está bastante ligada ao

conhecimento dessas características do semiárido e à convivência nessa

região.

Nascido e criado na comunidade rural 'Catolé', situada em Lajes Pintadas,

município da microrregião Trairi do estado do Rio Grande do Norte, Pedro,

atualmente, tem 36 anos e mora com sua esposa Josicleide Maria de Lima,

com dois filhos, Raquel Lima da Silva e Pedro Artur Lima da Silva, com uma

irmã Maria Josete Feitosa da Silva e com o cunhado Genialdo Feitosa da Silva.

Giliarde, como também é chamado, é agricultor, desde sempre, e tira da terra e da criação de animais o sustento

de sua família. Faz isso por meio de um sistema cooperativo, entre ele, a esposa, a irmã e o cunhado, mas

informa que nunca estiveram tão organizados.

Existe uma grande diversidade no quintal da família de Pedro. Com uma terra de, aproximadamente, onze

hectares eles cultivam uma grande diversidade de frutas (acerola, caju, coco, goiaba, graviola, jerimum, mamão,

manga, maracujá, maxixe, melancia, none, pitanga, quiabo, tomate, tomate-cereja e umbu), raízes (batata-doce,

macaxeira, beterraba e cenoura), grãos (fava, feijão, milho etc), hortaliças (alface, cebolinha, coentro, couve-flor,

pimentão e rúcula) e plantas medicinais (hortelã,

erva-cidreira e moringa), além do cultivo de palma e

capim para dar conta da necessidade dos animais.

Segundo diz a família, o segredo do sucesso está na

cisterna-calçadão, uma tecnologia capaz de

armazenar 52.000 litros de água da chuva.

Construída em dezembro de 2012, através do

Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), uma das

ações do Programa de Formação e Mobilização

Social para Convivência com o Semiárido da

Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), a

tecnologia já tem melhorado muito a vida de todos

da família de Giliarde. Família de Pedro: (da esquerda para a direita) Pedro, Raquel, Artur, Josicleide, Maria e Genialdo.

Pedro Giliarde

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

Realização Apoio

Por meio do armazenamento de água, nesse reservatório, a família de Pedro consegue produzir

muito mais do que o que é necessário para a alimentação do pessoal de casa. Assim sendo, faz

uso de programas como Compra Direta da Agricultura Familiar e Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE) para vender aquilo que ultrapassa a necessidade deles. Além disso,

eles ainda distribuem para supermercados da região e vendem para os moradores da própria

comunidade.

Diversos são os produtos comercializados. Alguns desses são vendidos da forma que saem da

natureza, por exemplo, acerola, tomate, cebola, ovo, goiaba, jerimum, cenoura, pimentão e

maracujá. Outros alimentos sofrem um preparo. Isso é o que ocorre com a galinha caipira, que é

vendida já abatida, e com o coco seco, que é utilizado para produzidas cocadas.

A família vai produzindo, vendendo, ganhando e investido na própria terra. Foram aumentados

os canteiros de hortaliças e a criação de galinhas, que já chega a quase quatrocentas unidades.

Mostrando com satisfação o resultado do trabalho de sua família, Giliarde explica que não existe

semiárido seco, o problema é a falta de reservatórios para guardar a água que é necessária para

produzir os alimentos e manter os animais no período da estiagem.

O mesmo Pedro, além de agricultor, é Presidente da associação de moradores de Catolé e II

Secretário do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Lajes Pintadas/RN. Como sempre teve boa

relação com a comunidade e é uma pessoa livre de egoísmo, foi instalada também, uma Bomba

d'Água Popular (BAP), em um poço que estava desativado, na terra da família de Pedro. Essa

bomba é um equipamento destinado à captação de água em poços desativados com

profundidade de até cem metros. Também obtida por meio do P1+2, essa tecnologia fica sob a

responsabilidade dele e é de uso coletivo, ou seja, toda a comunidade tem direito a ela. Essa

ferramenta ajudou mais de 40 famílias no tempo de estiagem do ano passado.