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INDÚSTRIA 4.0
LOGÍSTICAS INTELIGENTES
Trabalho realizado pelos alunos:
Bernardo Barros [email protected]
Bruno Teixeira [email protected]
Joana Moreira [email protected]
Marta Saraiva [email protected]
Curso: MIEIG
2015/2016 – 1º Semestre
Professor Supervisor Armando Leitão
Monitor Sofia Cunha
Indústria 4.0 | Projeto FEUP
1 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Resumo
No presente relatório são abordados conceitos como a Indústria 4.0 e logística
inteligente mostrando o modo como estes dois temas estão diretamente relacionados.
Por definição, a indústria 4.0 é o termo utilizado para referir as recentes
inovações que decorreram em vários campos como a automação e base de dados. Esta
nova indústria exige alterações a nível dos sistemas de controlo centrais que passam a
ser substituídos pela “inteligência” que utiliza: bases de dados que permitem grande
armazenamento e maior velocidade (Big data), a comunicação máquina com máquina
(M2M) e ainda a internet como rede principal (IoT).
Logística inteligente é o conjunto de todas as decisões empresariais que
necessitam de ser tomadas para tornar algo mais eficiente e produtivo. Para a tomada
de decisões são utilizadas técnicas de planeamentos novas tecnologias de informação
e comunicação juntamente com políticas formuladas e o interesse das pessoas. Assim,
podemos dividir a logística inteligente em quatro campos principais: Pessoas,
planeamento, políticas e infraestruturas (ICT).
Ao aprofundar estes dois tópicos é inevitável a perceção de que ambos se
encontram ligados já que a industria 4.0 permite que as decisões sejam tomadas de
maneira mais rápida e com um maior número de informação levando a que todo o
processo seja mais eficiente.
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Agradecimentos
O nosso grupo de trabalho da unidade curricular Projeto FEUP gostaria de
agradecer aos professores Armando Sousa, Manuel Torres, Sara Ferreira e Luís
Guimarães. Um especial agradecimento ao professor supervisor Armando Leitão pelo
tema proposto e pelo seu apoio na elaboração do trabalho. Gostaríamos também de
deixar um agradecimento especial à monitora Sofia Cunha pela sua presença constante
no momento em que realizávamos este projeto.
Por fim, agradecemos à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e à
sua biblioteca pelos suportes bibliográficos e net gráficos disponibilizados.
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Índice
Resumo ................................................................................................................................................................. 1
Agradecimentos .................................................................................................................................................... 2
Lista de Figuras..................................................................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................. 5
1. Indústria 4.0 ...................................................................................................................................................... 6
1.1. Conceito..................................................................................................................................................... 6
1.2. História....................................................................................................................................................... 6
1.3. Fatores que promovem a Indústria 4.0 ...................................................................................................... 8
1.4. Em que consiste a Indústria 4.0 ................................................................................................................ 8
1.5. Aplicação da Indústria 4.0 ....................................................................................................................... 10
1.6. Principais Consequências ....................................................................................................................... 11
1.7. Vantagens e Desvantagens/Desafios ...................................................................................................... 11
1.8. A Indústria 4.0 e o Mercado de Trabalho ................................................................................................ 13
2. Relação entre Indústria 4.0 e Logística Inteligente ......................................................................................... 14
3. Logística Inteligente ........................................................................................................................................ 14
3.1. Conceito................................................................................................................................................... 14
3.2. O Poder das ICT no Planeamento ........................................................................................................... 16
3.3. O Papel das pessoas na Logística Inteligente ......................................................................................... 16
3.4. As Políticas Governamentais na Logística Inteligente ............................................................................. 17
3.5. Aplicações diretas da Logística Inteligente .............................................................................................. 17
3.5.1. A Logística Inteligente nas Cadeias de Transporte .......................................................................... 17
3.5.2. Cadeias de transporte: Pickup e entregas ....................................................................................... 18
3.5.3. O problema VRP nas cidades .......................................................................................................... 19
3.5.4. Rotas e o trânsito ............................................................................................................................. 20
3.6. GSE Dispending – Um exemplo a seguir ................................................................................................ 21
Conclusão ........................................................................................................................................................... 23
Bibliografia e Netgrafia ........................................................................................................................................ 24
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Lista de Figuras
Figura 1 – Definição das diferentes revoluções industriais……………………………………………………...7
Figura 2 – Nove tecnologias que estão a transformar a Indústria………………………………………………8
Figura 3 – As técnicas base da logística inteligente…………………………………………………………….14
Figura 4 – Divergência de Tipos de Rota………………………………………………………………………...19
Figura 5 – Máquina utilizada pela GSE Dispending no processo de mistura de cores……………………..21
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Introdução
Este relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP pelos
alunos do grupo 2 da turma 2 do curso Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e
Gestão. Foi proposto a exploração de um tema relacionado com a área do nosso curso:
Industria 4.0 – Logísticas Inteligentes.
Pretende oferecer-se, neste relatório, uma noção do que retrata a indústria 4.0,
demonstrando as suas novidades, as suas vantagens e as suas desvantagens.
Conectado a este tema, está o surgimento de logísticas inteligentes. Nos dias de hoje,
com o avanço tecnológico verificado, intenciona-se demonstrar de que forma as novas
tecnologias podem contribuir para o desenvolvimento de novas maneiras de executar
processos ligados à logística. Existe, portanto, o desejo de clarificar o conceito de
logística inteligente e demonstrar as suas aplicações no mundo real com situações
exemplificativas.
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1. Indústria 4.0
1.1. Conceito
Indústria 4.0 é o termo (proveniente de um ambicioso projeto alemão) utilizado para
referir as mais recentes inovações ao nível da automação e das bases de dados.
Corresponde a uma maneira totalmente nova de se organizarem todos os processos
relativos à logística e à comunicação de qualquer situação. Consiste, essencialmente,
numa nova revolução industrial – a quarta. Na Indústria 4.0 é defendida a
computorização da mão-de-obra. Com essa automatização, o governo será capaz de
criar fábricas inteligentes (Smart Manufacturing) caracterizadas por uma intensa
capacidade de adaptação, eficiência dos recursos e ergonomia, além da integração de
clientes e parceiros em processos de negócios e de valor. O termo ‘’indústria 4.0. poderá
ser substituído por: indústria inteligente ou cyber-indústria do futuro. (Wikipedia. 2015.)
Para que este conceito seja mais suscetível à compreensão, observe-se aquilo
que se passou no passado.
1.2. História
Ao longo dos últimos séculos, existiram três grandes revoluções tecnológicas que
modificaram o modo como o Homem trabalha. São elas:
Indústria 1.0: revolução da água e do vapor
Há 250 anos atrás, James Watt surpreendeu com o conceito de máquina a vapor (1ª
revolução industrial) que não tardou a aumentar abruptamente a produtividade da
indústria têxtil em várias ordens (ocorreu a mecanização das fábricas).
Indústria 2.0: revolução da eletricidade
Já em 1913, Henry Ford introduziu a linha de montagem da qual resultou, igualmente
um acréscimo da produção. Levou ao aparecimento da produção em massa tornando
acessível a um muito maior número de pessoas uma grande variedade de produtos.
Indústria 3.0: aparecimento dos processos computorizados
Nos anos 70, com a entrada do computador de fábrica (3ª revolução industrial) verificou-
se o crescimento da montagem automatizada que, foi substituindo os trabalhadores.
(McKendrick, Joe. 2015. ; Donovan, John. 2014.)
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Atualmente, destaca-se o enraizamento de novas tecnologias no mercado de
trabalho (Indústria 4.0) que, vão mudar de modo total a produtividade de todos os
processos industriais que, presentemente, são controlados com menos pormenor e
intensidade levando a inúmeros desperdícios de tempo, dinheiro e mão-de-obra.
(Venturelli, Márcio. 2015.)
Figura 1 – Definição das diferentes revoluções industriais
É importante referir que o conceito de Indústria 4.0 foi já reconhecido por
algumas associações que mostraram um grande interesse e desenvolveram projetos de
investigação baseados neste. A título de exemplo refere-se o objetivo do ministro federal
da educação e da pesquisa na Alemanha, de projetar uma estratégia de implementação
da Indústria 4.0; a sua integração na alta-tecnologia; e, por último, o papel central que
este tema teve na feira de Hannover de Abril em 2015. (Donovan, John. 2014.)
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É, portanto, intensamente visível, a importância que começa a ser dada a esta
nova conceção. Mas qual a razão disto acontecer?
1.3. Fatores que promovem a Indústria 4.0
A Indústria 4.0, como já foi dito, representa um movimento evolucional. Traz ao
mercado de trabalho um grande número de novidades que irão provocar mudanças
essencialmente nas políticas empresariais. Estas alterações devem-se principalmente
a três fatores. Em primeiro lugar ao avanço exponencial da capacidade dos
computadores que, aliada à imensa quantidade de informação digitalizada e, ainda, a
todas as novas estratégias de inovação (pessoas, pesquisa e tecnologia), incentivam
toda a corrente progressão.
Assim, muito devido a estas alterações, os sistemas de controlo centrais e rígidos
começam a ceder lugar à inteligência descentralizada que utiliza a comunicação
máquina com máquina (M2M), interligada com a internet como rede de comunicação
principal (Internet of things), e as bases de dados de enorme abrangência (Big Data).
1.4. Em que consiste a Indústria 4.0
Esta indústria tem como pilares base de desenvolvimento as tecnologias modernas
que se expressam de três formas diferentes, sempre conectadas entre si, as quais se
explicam de seguida.
O Big data é definido como um armazenamento de dados de maiores dimensões.
Neste contexto, a recolha e avaliação dos dados que provenham de diversas fontes e
sistemas (produção de equipamento e sistemas assim como às empresas e gestão de
clientes) tornar-se-ão um elemento essencial, e padronizado, para a tomada de
decisões em tempo real.
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A Machine to Machine é a interconexão entre células de produção. Os sistemas
passam a trocar informações entre si, de forma autónoma, tomando decisões de
produção, custo, contingência e segurança. Tudo isto é realizado através de um modelo
de inteligência artificial, complementado pela IoT.
IoT (Internet of Things) é um mecanismo que consiste na conexão lógica de todos
os dispositivos e meios relacionados com o ambiente produtivo em questão. Os
sensores, transmissores, computadores, células de produção, sistema de planeamento
produtivo, diretrizes estratégicas da indústria, informações de governo, clima,
fornecedores, todos estes pontos estão gravados e analisados no Big Data.
Contrariamente ao que possa ser pensado, a implementação da indústria 4.0 inclui
variadas técnicas atualmente existentes, usadas em diversos outros campos (rádio,
sensores, módulos GPS…) e, que poderão facilmente seguir, por exemplo, as placas
de um circuito dentro do pavimento de uma fábrica.
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Figura 2 – Nove tecnologias que estão a transformar a Indústria.
1.5. Aplicação da Indústria 4.0
As ideias subjacentes à indústria do futuro são aplicadas ao longo de todo o
processo de fabricação de qualquer produto, desde o seu planeamento até à sua
entrega, passando pela sua conceção e deslocamento ou, por outro lado, poderão ser
relevantes para o controlo da movimentação de objetos ou pessoas num centro
hospitalar ou lar, por exemplo. É, em vista disso, que em tudo aquilo em que sejam
aplicados os conceitos ligados à indústria 4.0, as mudanças serão verificadas, sendo
exemplo disso:
Os sistemas de controlo industrial que se tornarão mais complexos, criteriosos,
eficazes;
As tecnologias RadioFrequência, as quais interligarão os módulos de controlo
A lógica programável que terá em consideração as possíveis alterações
ambientais ou de defeito. (Donovan, John. 2014.)
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1.6. Principais Consequências
A grande alteração centra-se no facto de, ao invés de simplesmente colocar um
tag RFID e seguir passivamente uma placa, ao longo de uma linha de montagem linear,
fornecer muito mais informação do que apenas aquela que um chip, com reduzida
memória, consegue. Concretizando: ao transmitir uma resposta a um determinado chip,
uma deformação por exemplo, este acabará por enviar essa mensagem a um
fornecedor remoto, bem como, a todas as máquinas intervenientes no processo, que
poderão ser reprogramadas automaticamente. Desta forma, o processo é automatizado
levando a uma mesma ou, até a maior eficácia, para a ocupação de um menor intervalo
de tempo. Deste modo, são os próprios processos que se governam autonomamente e
os sistemas embutidos comunicam sem fio através da ‘’nuvem’’ da Intenet of Things.
(Venturelli, Márcio. 2015.; Donovan, John. 2014.)
1.7. Vantagens e Desvantagens/Desafios
A Indústria 4.0 traz inegáveis vantagens, que têm um grau de importância
elevadíssimo para a evolução da indústria, através das novas tecnologias de otimização:
Maior eficiência de produção (mais produtividade em menor tempo);
É possível proporcionar uma considerável redução de custos, diminuição dos
erros cometidos e do desperdício, seja de energia ou de qualquer outro tipo de
matéria-prima.
Há um aumento considerável da segurança e, sobretudo, da qualidade de vida.
Existe conservação ambiental e economia de energia.
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No entanto, e apesar das inúmeras vantagens, também é relevante assinalar que
não existem apenas pontos positivos. Infelizmente, a Indústria 4.0, também, contém
alguns desafios que tardam em ser ultrapassados. Entre os quais estão:
Falta de competências (skill sets) para acelerar a ocorrência da quarta
revolução.
Resistência à mudança, poderá haver relutância geral por esta revolução
implicar mudanças significativas não só a nível empresarial como, também,
no quotidiano de cada um.
A eficiência trazida pelas máquinas é apetecível e leva a que as mesmas
sejam escolhidas em detrimento da mão humana nos processos
empresariais. Assim, torna-se necessário encontrar uma alternativa no
mundo do trabalho para precisamente estas pessoas tendo o fim de evitar
um aumento da taxa de desemprego a médio-longo prazo.
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1.8. A Indústria 4.0 e o Mercado de Trabalho
Os funcionários de hoje vão ser substituídos ou passarão por um processo de
atualização profissional, para se adequarem ao novo modelo de produção industrial e
às novas oportunidades de negócios. O debate sobre o assunto é longo e possui
diversos pontos ainda pouco claros, mas a escassez de trabalhadores qualificados na
área da tecnologia de informação, que será maioritariamente responsável pela 4ª
Revolução Industrial, já é uma realidade. Segundo o departamento de Educação dos
Estados Unidos, "60% dos novos empregos que vão surgir no século XXI exigirão
competências possuídas por apenas 20% da força de trabalho atual". Portanto, além do
desenvolvimento de novas tecnologias, também será necessário um processo de
adequação bastante claro dos profissionais dentro das indústrias e dentro do processo
de produção como um todo, para que a interação entre pessoas e máquinas ocorra com
benefícios para a sociedade.
A indústria tem um papel central na economia da União Europeia, representando
15% do valor acrescentado em termos económicos. A indústria constitui uma alavanca-
chave para o desenvolvimento da investigação, inovação, produtividade, criação
equilibrada de emprego e exportações.
Conclui-se que a Indústria 4.0 é um novo conceito que seguramente vai ser uma
realidade, mudará a forma como lidamos hoje com a produção de bens de consumo e
materiais, tendo uma melhor distribuição de riquezas e um planeta mais sustentável.
(Canal Comster. 2015.)
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2. Relação entre Indústria 4.0 e Logística Inteligente
Uma vez que a Indústria 4.0 incide essencialmente sobre processos
empresariais, é legítimo deduzir que este movimento tem também repercussões nas
atividades logísticas, as quais poderão ser aplicadas a vários níveis (centros de saúde,
escolas, projeção de um edifício…). De facto, a Indústria 4.0 torna esta logística numa
logística inteligente.
Ter o produto certo à hora, no local e na condição certa são requisitos conhecidos para
o bom funcionamento da logística e dos transportes em geral. No entanto, cumprir estas
exigências tem-se tornado cada vez mais complexo num ambiente logístico em
constante mudança. É exemplo disso, os casos em que enumeras relações comerciais
de longa duração são substituídas por conexões comerciais de curto prazo que são mais
rentáveis. Os mercados de logística e o avançar da complexidade das redes logísticas
exigem novos métodos, produtos e serviços. A flexibilidade, adaptabilidade e pro-
atividade são metas que ganham importância e só conseguem ser alcançadas com a
integração de novas tecnologias.
3. Logística Inteligente
3.1. Conceito
Primeiramente deve-se definir a logística como o conjunto de decisões
empresariais que são tomadas de modo a tornar o mais eficiente possível
precisamente os fatores que se relacionam com o bom funcionamento de uma
determinada companhia. Estas decisões estão relacionadas com, por exemplo,
questões de design, de planeamento ou de controlo das mais variadas vertentes que
se encontram subjacentes à empresa em questão. A logística inteligente executa
tudo isto da forma mais inteligente possível.
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Que técnicas são utilizadas na logística inteligente?
São utilizadas técnicas de planeamento que se aliam com as novas tecnologias
de informação e comunicação (ICT- Information and Communications Technology)
que, juntamente com políticas formuladas a partir dos interesses das pessoas,
tornam tudo significativamente mais eficiente desde que existam de forma
sincronizada e perfeitamente conjugada. Estas técnicas constituem então a regra
dos 3P+I e servem como a base da logística inteligente.
3P+I
Pessoas
Políticas
Infraestruturas ICT
Planeamento
Figura 3 – As técnicas base da logística inteligente
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3.2. O Poder das ICT no Planeamento
As ICT assumem uma posição cada vez mais preponderante principalmente no
processo de planeamento através da sua grande capacidade de fornecer a informação
mais exata, no momento mais exato, no local mais exato.
Nos dias de hoje, a quantidade de informação transmitida torna-se cada vez
maior, sendo esta mais detalhada e transportada muito mais rapidamente. Porém, existe
um desafio por parte dos especialistas em manter-se a par destes melhoramentos. Isto
é, é necessária a criação de ferramentas capazes de satisfazer e tornar eficiente o
transporte da informação. De facto, com todas estas novidades, o transporte da
informação é realizado de tal forma rápido que alguns pesquisadores e especialistas
chegam mesmo afirmar o planeamento prévio deixará de ser necessário. É
argumentado que é suficiente que haja uma reação às adversidades no momento em
que esta surge, havendo uma necessidade de reparar as estratégias pré-definidas.
Estas reparações tomam total flexibilidade em tempo real, uma vez que têm sempre o
objetivo de otimizar a operação.
3.3. O Papel das pessoas na Logística Inteligente
É notório o papel das ICT no processo de tornar inteligentes os processos
logísticos empresariais. Porém, nem tudo pode ser automatizado. A realidade é que não
se pode subestimar as capacidades das pessoas e os seus conhecimentos táticos
nestes processos. Considerar estas ferramentas de planeamento irá aumentar de forma
relevante a performance, assim podemos concluir que embora possa ser um desafio,
ter em conta este tipo de informação, valerá a pena pelas vantagens que nos irá trazer.
No entanto, para que as pessoas possam tomar as decisões corretas, é necessário que
lhes cheguem as informações certas. É preciso que inicialmente se tenham
conhecimentos da realidade e do problema que encontramos pois a chave para a
resolução deste consiste na compreensão da realidade que nos rodeia.
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3.4. As Políticas Governamentais na Logística Inteligente
Também as políticas governamentais desempenham um papel crítico no
sucesso ou fracasso das atividades logísticas. Note-se que, em bastantes casos, a
criação de diversas políticas foi contraproducente ao fortalecimento das logísticas
inteligentes. De salientar também que desde que as políticas têm um impacto
fundamental nos custos das atividades logísticas das empresas, de facto, o sector
público tem sido diretamente afetado. Exemplo disto são, por exemplo, os hospitais que
vêm os seus orçamentos cada vez mais reduzidos para as necessidades que surgem.
Infelizmente, a função pública ressente-se desta realidade. Um outro exemplo de política
ineficiente é o desalinhamento da regulamentação do tempo disponibilizado para a
circulação de veículos de mercadorias, condicionando os serviços das empresas
responsáveis, existe a possibilidade de causar elevados prejuízos económicos.
3.5. Aplicações diretas da Logística Inteligente
3.5.1. A Logística Inteligente nas Cadeias de Transporte
Como já foi visto, a aplicação da logística inteligente nas várias áreas empresariais
por parte de uma companhia pode consistir numa considerável vantagem seja a nível
económico – permitem que haja uma maior retenção de custos – ou a nível de mercado
de trabalho visto que são implantadas medidas que consentem a possibilidade de
ultrapassar a concorrência e, desta forma, potencializar a empresa.
Uma das áreas empresariais que se encontram sujeitas a tais progressos é a cadeia
de transportes, isto é, o processo de carga, transporte e descarga de mercadorias. Mas
de que forma a logística inteligente tem argumentos para potencializar este processo?
Antes de dar resposta a esta questão, observe-se alguns exemplos da mesma que
demonstram precisamente a necessidade de que exista inteligência por trás deste
sistema:
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● Um estudo do Reino Unido (McKinnon, 1999) demonstrou que em 22% dos
casos totais, camiões responsáveis pelo transporte de mercadorias circularam
sem qualquer carga. Sendo que, em média, apenas 75% da total ocupação do
camião é utilizada.
● Nos dias de hoje, é cada vez maior o número de áreas citadinas que regulam e
limitam o acesso dos camiões de mercadorias a um tempo específico ou
apresentam imposições acerca de utilização de certos equipamentos (veículos
elétricos, por exemplo). É, portanto, plausível concluir que um atraso no
processo de entrega significa uma entrega falhada.
● Dentro das cidades, a eficiência de entrega é baixa. Uma das razões para tal é,
por exemplo, a existência de muitos veículos a entregar na mesma estrada, na
mesma altura.
3.5.2. Cadeias de transporte: Pickup e entregas
Para uma eficiente e efetiva gestão dos vários recursos na cadeia de transporte é
necessário o conhecimento dos vários fatores que irão afetar a maneira como a
Pickup (processo de carregamento das mercadorias) e a Cadeia de entrega deve
ser feita.
Um dos grandes problemas cuja resolução é atribuída à logística inteligente é o
VRP (Problema da Rota do Veículo) que é descrito como “o problema de desenhar
a melhor rota de entrega ou recolha do pretendido tendo em conta um número de
cidades e clientes espalhados geograficamente” (Laporte, 1992; Cordeau et al.,
2002).
O VRP é resolvido através de uma combinação de otimização e programação.
Este tipo de problema vê a sua dificuldade aumentada exponencialmente à medida
que o seu próprio tamanho é também maior. É então pretendido criar uma rota de
veículos o mais barato possível de modo que cada cliente seja visitado uma e uma
só vez por exatamente um veículo. A rota tem também de começar e acabar no local
onde decorrem as cargas e descargas. São consideradas diversas condicionantes
tais como:
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Os limites e a capacidade de cada rota de veículo de modo a não ultrapassar
a capacidade máxima;
O veículo não pode levar mais peso do que o que lhe é permitido por lei;
Não se deve ultrapassar um número específico de clientes por rota;
Cada cliente deve ser visitado dentro de um intervalo de tempo pré-definido.
Porém, na prática, podem haver outros fatores que levem a uma alteração
na rota previamente decidida: acidentes podem ocorrer, o tempo de viagem
depende da hora a que o condutor sai do centro de distribuição ou do local de
entrega ou até pode ocorrer congestionamento das ruas. Considerando estes e
muitos outros fenómenos é possível perceber-se que existem problemas
complexos associados às rotas de veículo. Estes são resolvidos através de
configurações online e offline. As offline consistem no planeamento anterior ao
serviço e as online são realizadas durante o próprio dia. Os planeamentos offline
podem ter melhores resultados se baseados em dados online anteriores.
3.5.3. O problema VRP nas cidades
A importância da resolução destes problemas torna-se ainda mais
evidente quando associada a áreas urbanas. O uso dos novos equipamentos
desafia os anteriores modelos de planeamento e agendamento. Por exemplo,
considerando a utilização de veículos elétricos, passam a existir limitações ao
nível do número de operações. Assim, é necessário o estudo do horário do
condutor, o número de locais de entrega e o como e onde se dão as descargas.
Outro exemplo é o de uma loja que necessite de reabastecer o stock,
neste caso seria preciso utilizar modelos que se caraterizam por terem em conta
não só as simulações da rota necessária para que o produto seja reposto como
também os problemas associados a não ter esse mesmo produto disponível.
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3.5.4. Rotas e o trânsito
É necessária um rota de transporte que também seja eficiente quando se
trata de trânsito. Unidades padronizadas (contentores e equipamentos
específicos do setor como por exemplo rolos enjaulados no caso da agricultura)
são utilizadas. Cada vez mais os produtos são colocados neste tipo de
equipamentos pois estes permitem que os custos sejam reduzidos e que haja
uma maior acessibilidade no uso de diferentes tipos de veículo.
Ao ser possível que diferentes veículos transportem o pretendido, cria-se
uma maior flexibilidade e à independência deste fator o que permite que haja
uma melhor coordenação e menos problemas em relação ao planeamento.
A boa utilização destes recipientes, ou seja, quando é possível ocupar a
totalidade deles existe uma menor procura de recipientes vazios. Assim, há um
reposicionamento de custos para satisfazer movimentos futuros.
Assim o melhor percurso só pode ser escolhido se se optar por fazer um
plano de curta duração que vá sendo alterado, no entanto a maior utilização dos
meios de transporte requer uma maior quantidade de informação e um bom
controlo do trânsito em tempo real.
Figura 4 – Divergência de Tipos de Rota
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3.6. GSE Dispending – Um exemplo a seguir
Os processos da logística inteligente podem ser verificados, na prática,
numa empresa holandesa – GSE Dispending.
A GSE Dispensing é uma empresa que utiliza a logística inteligente no
ramo das tintas. Podendo, então, a logística desta empresa ser caraterizada
como um sistema para atingir a precisão, a rentabilidade e a qualidade de cor na
quantidade certa, com o custo mais baixo possível.
Para esta empresa a chave para o sucesso é a logística correta com o auxílio
de poderosos softwares de gestão de tintas tais como:
Distribuição automatizada de tintas: O convertedor produz precisamente o
volume exato necessário à partida, por meio de um cálculo sofisticado,
misturando componentes básicos de tintas ou vernizes. O operador informa
ao sistema os requisitos de cor e volume, o computador calcula a dosagem
e aciona a preparação.
Software Integrado: O software de gestão de tinta (IMS) fornece as
informações necessárias para executar operações de preparação de tintas
de forma eficaz, produtiva e rentável. A automação cuida da preparação das
fórmulas, ciclos de produção e horários. Através da cadeia de suprimentos,
produz relatórios detalhados e cálculos de custos de tinta por trabalho
executado.
Impermeabilização: Um sistema de impermeabilização consiste na medição
da cor, da densidade, do ganho e da intensidade de uma tinta. Isso
proporciona cores precisas, sem impressões digitais, e sem a necessidade
de ajustes de cor durante a aplicação na impressora definitiva.
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Nesta empresa a logística inteligente permite a execução de todos os
processos de criação de tintas sem qualquer produção de resíduos e com um
local de trabalho limpo e organizado. Também facilita o controlo dos orçamentos,
oferece maior tranquilidade aos clientes, e fortalece as relações comerciais com
estes.
Figura 5 – Máquina utilizada pela GSE Dispending no processo de mistura de cores
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Conclusão
Com base neste relatório, e apesar do conceito da indústria 4.0 ser ainda uma
visão para a maior parte da sociedade, pode-se antever que apresenta grandes
potencialidades para se instalar na realidade quotidiana e que resultará em melhores
economias de tempo e custos. Ao longo deste relatório, foram-se demonstrando todas
as capacidades e vantagens do conceito.
A indústria 4.0 pode, assim, ser considerada como uma evolução (mais do que
uma revolução) que tornará a produção industrial mais eficiente e que trará
desenvolvimentos empolgantes. Tal evolução é, portanto, notória na área da logística.
Foram dados exemplos concretos no relatório que comprovam a grande utilidade das
tecnologias nestes processos empresariais, tornando-os mais simples, com menos
custos e, sobretudo, mais eficientes.
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24 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Bibliografia e Netgrafia
[1] Venturelli, Márcio. 2015. “Indústria 4.0: Uma Visão da Automação Industrial”.
Acedido a 26 de Setembro de 2015.
http://www.automacaoindustrial.info/industria-4-0-uma-visao-da-automacao-industrial/
[2] Wikipedia. 2015. “Industry 4.0”. Acedido a 23 de Setembro de 2015.
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Indústria 4.0 | Projeto FEUP
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