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INDÚSTRIA 4.0 LOGÍSTICAS INTELIGENTES Trabalho realizado pelos alunos: Bernardo Barros [email protected] Bruno Teixeira [email protected] Joana Moreira [email protected] Marta Saraiva [email protected] Curso: MIEIG 2015/2016 – 1º Semestre Professor Supervisor Armando Leitão Monitor Sofia Cunha

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INDÚSTRIA 4.0

LOGÍSTICAS INTELIGENTES

Trabalho realizado pelos alunos:

Bernardo Barros [email protected]

Bruno Teixeira [email protected]

Joana Moreira [email protected]

Marta Saraiva [email protected]

Curso: MIEIG

2015/2016 – 1º Semestre

Professor Supervisor Armando Leitão

Monitor Sofia Cunha

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

1 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Resumo

No presente relatório são abordados conceitos como a Indústria 4.0 e logística

inteligente mostrando o modo como estes dois temas estão diretamente relacionados.

Por definição, a indústria 4.0 é o termo utilizado para referir as recentes

inovações que decorreram em vários campos como a automação e base de dados. Esta

nova indústria exige alterações a nível dos sistemas de controlo centrais que passam a

ser substituídos pela “inteligência” que utiliza: bases de dados que permitem grande

armazenamento e maior velocidade (Big data), a comunicação máquina com máquina

(M2M) e ainda a internet como rede principal (IoT).

Logística inteligente é o conjunto de todas as decisões empresariais que

necessitam de ser tomadas para tornar algo mais eficiente e produtivo. Para a tomada

de decisões são utilizadas técnicas de planeamentos novas tecnologias de informação

e comunicação juntamente com políticas formuladas e o interesse das pessoas. Assim,

podemos dividir a logística inteligente em quatro campos principais: Pessoas,

planeamento, políticas e infraestruturas (ICT).

Ao aprofundar estes dois tópicos é inevitável a perceção de que ambos se

encontram ligados já que a industria 4.0 permite que as decisões sejam tomadas de

maneira mais rápida e com um maior número de informação levando a que todo o

processo seja mais eficiente.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

2 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Agradecimentos

O nosso grupo de trabalho da unidade curricular Projeto FEUP gostaria de

agradecer aos professores Armando Sousa, Manuel Torres, Sara Ferreira e Luís

Guimarães. Um especial agradecimento ao professor supervisor Armando Leitão pelo

tema proposto e pelo seu apoio na elaboração do trabalho. Gostaríamos também de

deixar um agradecimento especial à monitora Sofia Cunha pela sua presença constante

no momento em que realizávamos este projeto.

Por fim, agradecemos à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e à

sua biblioteca pelos suportes bibliográficos e net gráficos disponibilizados.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

3 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Índice

Resumo ................................................................................................................................................................. 1

Agradecimentos .................................................................................................................................................... 2

Lista de Figuras..................................................................................................................................................... 4

Introdução ............................................................................................................................................................. 5

1. Indústria 4.0 ...................................................................................................................................................... 6

1.1. Conceito..................................................................................................................................................... 6

1.2. História....................................................................................................................................................... 6

1.3. Fatores que promovem a Indústria 4.0 ...................................................................................................... 8

1.4. Em que consiste a Indústria 4.0 ................................................................................................................ 8

1.5. Aplicação da Indústria 4.0 ....................................................................................................................... 10

1.6. Principais Consequências ....................................................................................................................... 11

1.7. Vantagens e Desvantagens/Desafios ...................................................................................................... 11

1.8. A Indústria 4.0 e o Mercado de Trabalho ................................................................................................ 13

2. Relação entre Indústria 4.0 e Logística Inteligente ......................................................................................... 14

3. Logística Inteligente ........................................................................................................................................ 14

3.1. Conceito................................................................................................................................................... 14

3.2. O Poder das ICT no Planeamento ........................................................................................................... 16

3.3. O Papel das pessoas na Logística Inteligente ......................................................................................... 16

3.4. As Políticas Governamentais na Logística Inteligente ............................................................................. 17

3.5. Aplicações diretas da Logística Inteligente .............................................................................................. 17

3.5.1. A Logística Inteligente nas Cadeias de Transporte .......................................................................... 17

3.5.2. Cadeias de transporte: Pickup e entregas ....................................................................................... 18

3.5.3. O problema VRP nas cidades .......................................................................................................... 19

3.5.4. Rotas e o trânsito ............................................................................................................................. 20

3.6. GSE Dispending – Um exemplo a seguir ................................................................................................ 21

Conclusão ........................................................................................................................................................... 23

Bibliografia e Netgrafia ........................................................................................................................................ 24

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4 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Lista de Figuras

Figura 1 – Definição das diferentes revoluções industriais……………………………………………………...7

Figura 2 – Nove tecnologias que estão a transformar a Indústria………………………………………………8

Figura 3 – As técnicas base da logística inteligente…………………………………………………………….14

Figura 4 – Divergência de Tipos de Rota………………………………………………………………………...19

Figura 5 – Máquina utilizada pela GSE Dispending no processo de mistura de cores……………………..21

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

5 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Introdução

Este relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP pelos

alunos do grupo 2 da turma 2 do curso Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e

Gestão. Foi proposto a exploração de um tema relacionado com a área do nosso curso:

Industria 4.0 – Logísticas Inteligentes.

Pretende oferecer-se, neste relatório, uma noção do que retrata a indústria 4.0,

demonstrando as suas novidades, as suas vantagens e as suas desvantagens.

Conectado a este tema, está o surgimento de logísticas inteligentes. Nos dias de hoje,

com o avanço tecnológico verificado, intenciona-se demonstrar de que forma as novas

tecnologias podem contribuir para o desenvolvimento de novas maneiras de executar

processos ligados à logística. Existe, portanto, o desejo de clarificar o conceito de

logística inteligente e demonstrar as suas aplicações no mundo real com situações

exemplificativas.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

6 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

1. Indústria 4.0

1.1. Conceito

Indústria 4.0 é o termo (proveniente de um ambicioso projeto alemão) utilizado para

referir as mais recentes inovações ao nível da automação e das bases de dados.

Corresponde a uma maneira totalmente nova de se organizarem todos os processos

relativos à logística e à comunicação de qualquer situação. Consiste, essencialmente,

numa nova revolução industrial – a quarta. Na Indústria 4.0 é defendida a

computorização da mão-de-obra. Com essa automatização, o governo será capaz de

criar fábricas inteligentes (Smart Manufacturing) caracterizadas por uma intensa

capacidade de adaptação, eficiência dos recursos e ergonomia, além da integração de

clientes e parceiros em processos de negócios e de valor. O termo ‘’indústria 4.0. poderá

ser substituído por: indústria inteligente ou cyber-indústria do futuro. (Wikipedia. 2015.)

Para que este conceito seja mais suscetível à compreensão, observe-se aquilo

que se passou no passado.

1.2. História

Ao longo dos últimos séculos, existiram três grandes revoluções tecnológicas que

modificaram o modo como o Homem trabalha. São elas:

Indústria 1.0: revolução da água e do vapor

Há 250 anos atrás, James Watt surpreendeu com o conceito de máquina a vapor (1ª

revolução industrial) que não tardou a aumentar abruptamente a produtividade da

indústria têxtil em várias ordens (ocorreu a mecanização das fábricas).

Indústria 2.0: revolução da eletricidade

Já em 1913, Henry Ford introduziu a linha de montagem da qual resultou, igualmente

um acréscimo da produção. Levou ao aparecimento da produção em massa tornando

acessível a um muito maior número de pessoas uma grande variedade de produtos.

Indústria 3.0: aparecimento dos processos computorizados

Nos anos 70, com a entrada do computador de fábrica (3ª revolução industrial) verificou-

se o crescimento da montagem automatizada que, foi substituindo os trabalhadores.

(McKendrick, Joe. 2015. ; Donovan, John. 2014.)

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7 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Atualmente, destaca-se o enraizamento de novas tecnologias no mercado de

trabalho (Indústria 4.0) que, vão mudar de modo total a produtividade de todos os

processos industriais que, presentemente, são controlados com menos pormenor e

intensidade levando a inúmeros desperdícios de tempo, dinheiro e mão-de-obra.

(Venturelli, Márcio. 2015.)

Figura 1 – Definição das diferentes revoluções industriais

É importante referir que o conceito de Indústria 4.0 foi já reconhecido por

algumas associações que mostraram um grande interesse e desenvolveram projetos de

investigação baseados neste. A título de exemplo refere-se o objetivo do ministro federal

da educação e da pesquisa na Alemanha, de projetar uma estratégia de implementação

da Indústria 4.0; a sua integração na alta-tecnologia; e, por último, o papel central que

este tema teve na feira de Hannover de Abril em 2015. (Donovan, John. 2014.)

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8 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

É, portanto, intensamente visível, a importância que começa a ser dada a esta

nova conceção. Mas qual a razão disto acontecer?

1.3. Fatores que promovem a Indústria 4.0

A Indústria 4.0, como já foi dito, representa um movimento evolucional. Traz ao

mercado de trabalho um grande número de novidades que irão provocar mudanças

essencialmente nas políticas empresariais. Estas alterações devem-se principalmente

a três fatores. Em primeiro lugar ao avanço exponencial da capacidade dos

computadores que, aliada à imensa quantidade de informação digitalizada e, ainda, a

todas as novas estratégias de inovação (pessoas, pesquisa e tecnologia), incentivam

toda a corrente progressão.

Assim, muito devido a estas alterações, os sistemas de controlo centrais e rígidos

começam a ceder lugar à inteligência descentralizada que utiliza a comunicação

máquina com máquina (M2M), interligada com a internet como rede de comunicação

principal (Internet of things), e as bases de dados de enorme abrangência (Big Data).

1.4. Em que consiste a Indústria 4.0

Esta indústria tem como pilares base de desenvolvimento as tecnologias modernas

que se expressam de três formas diferentes, sempre conectadas entre si, as quais se

explicam de seguida.

O Big data é definido como um armazenamento de dados de maiores dimensões.

Neste contexto, a recolha e avaliação dos dados que provenham de diversas fontes e

sistemas (produção de equipamento e sistemas assim como às empresas e gestão de

clientes) tornar-se-ão um elemento essencial, e padronizado, para a tomada de

decisões em tempo real.

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9 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

A Machine to Machine é a interconexão entre células de produção. Os sistemas

passam a trocar informações entre si, de forma autónoma, tomando decisões de

produção, custo, contingência e segurança. Tudo isto é realizado através de um modelo

de inteligência artificial, complementado pela IoT.

IoT (Internet of Things) é um mecanismo que consiste na conexão lógica de todos

os dispositivos e meios relacionados com o ambiente produtivo em questão. Os

sensores, transmissores, computadores, células de produção, sistema de planeamento

produtivo, diretrizes estratégicas da indústria, informações de governo, clima,

fornecedores, todos estes pontos estão gravados e analisados no Big Data.

Contrariamente ao que possa ser pensado, a implementação da indústria 4.0 inclui

variadas técnicas atualmente existentes, usadas em diversos outros campos (rádio,

sensores, módulos GPS…) e, que poderão facilmente seguir, por exemplo, as placas

de um circuito dentro do pavimento de uma fábrica.

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10 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Figura 2 – Nove tecnologias que estão a transformar a Indústria.

1.5. Aplicação da Indústria 4.0

As ideias subjacentes à indústria do futuro são aplicadas ao longo de todo o

processo de fabricação de qualquer produto, desde o seu planeamento até à sua

entrega, passando pela sua conceção e deslocamento ou, por outro lado, poderão ser

relevantes para o controlo da movimentação de objetos ou pessoas num centro

hospitalar ou lar, por exemplo. É, em vista disso, que em tudo aquilo em que sejam

aplicados os conceitos ligados à indústria 4.0, as mudanças serão verificadas, sendo

exemplo disso:

Os sistemas de controlo industrial que se tornarão mais complexos, criteriosos,

eficazes;

As tecnologias RadioFrequência, as quais interligarão os módulos de controlo

A lógica programável que terá em consideração as possíveis alterações

ambientais ou de defeito. (Donovan, John. 2014.)

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1.6. Principais Consequências

A grande alteração centra-se no facto de, ao invés de simplesmente colocar um

tag RFID e seguir passivamente uma placa, ao longo de uma linha de montagem linear,

fornecer muito mais informação do que apenas aquela que um chip, com reduzida

memória, consegue. Concretizando: ao transmitir uma resposta a um determinado chip,

uma deformação por exemplo, este acabará por enviar essa mensagem a um

fornecedor remoto, bem como, a todas as máquinas intervenientes no processo, que

poderão ser reprogramadas automaticamente. Desta forma, o processo é automatizado

levando a uma mesma ou, até a maior eficácia, para a ocupação de um menor intervalo

de tempo. Deste modo, são os próprios processos que se governam autonomamente e

os sistemas embutidos comunicam sem fio através da ‘’nuvem’’ da Intenet of Things.

(Venturelli, Márcio. 2015.; Donovan, John. 2014.)

1.7. Vantagens e Desvantagens/Desafios

A Indústria 4.0 traz inegáveis vantagens, que têm um grau de importância

elevadíssimo para a evolução da indústria, através das novas tecnologias de otimização:

Maior eficiência de produção (mais produtividade em menor tempo);

É possível proporcionar uma considerável redução de custos, diminuição dos

erros cometidos e do desperdício, seja de energia ou de qualquer outro tipo de

matéria-prima.

Há um aumento considerável da segurança e, sobretudo, da qualidade de vida.

Existe conservação ambiental e economia de energia.

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No entanto, e apesar das inúmeras vantagens, também é relevante assinalar que

não existem apenas pontos positivos. Infelizmente, a Indústria 4.0, também, contém

alguns desafios que tardam em ser ultrapassados. Entre os quais estão:

Falta de competências (skill sets) para acelerar a ocorrência da quarta

revolução.

Resistência à mudança, poderá haver relutância geral por esta revolução

implicar mudanças significativas não só a nível empresarial como, também,

no quotidiano de cada um.

A eficiência trazida pelas máquinas é apetecível e leva a que as mesmas

sejam escolhidas em detrimento da mão humana nos processos

empresariais. Assim, torna-se necessário encontrar uma alternativa no

mundo do trabalho para precisamente estas pessoas tendo o fim de evitar

um aumento da taxa de desemprego a médio-longo prazo.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

13 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

1.8. A Indústria 4.0 e o Mercado de Trabalho

Os funcionários de hoje vão ser substituídos ou passarão por um processo de

atualização profissional, para se adequarem ao novo modelo de produção industrial e

às novas oportunidades de negócios. O debate sobre o assunto é longo e possui

diversos pontos ainda pouco claros, mas a escassez de trabalhadores qualificados na

área da tecnologia de informação, que será maioritariamente responsável pela 4ª

Revolução Industrial, já é uma realidade. Segundo o departamento de Educação dos

Estados Unidos, "60% dos novos empregos que vão surgir no século XXI exigirão

competências possuídas por apenas 20% da força de trabalho atual". Portanto, além do

desenvolvimento de novas tecnologias, também será necessário um processo de

adequação bastante claro dos profissionais dentro das indústrias e dentro do processo

de produção como um todo, para que a interação entre pessoas e máquinas ocorra com

benefícios para a sociedade.

A indústria tem um papel central na economia da União Europeia, representando

15% do valor acrescentado em termos económicos. A indústria constitui uma alavanca-

chave para o desenvolvimento da investigação, inovação, produtividade, criação

equilibrada de emprego e exportações.

Conclui-se que a Indústria 4.0 é um novo conceito que seguramente vai ser uma

realidade, mudará a forma como lidamos hoje com a produção de bens de consumo e

materiais, tendo uma melhor distribuição de riquezas e um planeta mais sustentável.

(Canal Comster. 2015.)

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2. Relação entre Indústria 4.0 e Logística Inteligente

Uma vez que a Indústria 4.0 incide essencialmente sobre processos

empresariais, é legítimo deduzir que este movimento tem também repercussões nas

atividades logísticas, as quais poderão ser aplicadas a vários níveis (centros de saúde,

escolas, projeção de um edifício…). De facto, a Indústria 4.0 torna esta logística numa

logística inteligente.

Ter o produto certo à hora, no local e na condição certa são requisitos conhecidos para

o bom funcionamento da logística e dos transportes em geral. No entanto, cumprir estas

exigências tem-se tornado cada vez mais complexo num ambiente logístico em

constante mudança. É exemplo disso, os casos em que enumeras relações comerciais

de longa duração são substituídas por conexões comerciais de curto prazo que são mais

rentáveis. Os mercados de logística e o avançar da complexidade das redes logísticas

exigem novos métodos, produtos e serviços. A flexibilidade, adaptabilidade e pro-

atividade são metas que ganham importância e só conseguem ser alcançadas com a

integração de novas tecnologias.

3. Logística Inteligente

3.1. Conceito

Primeiramente deve-se definir a logística como o conjunto de decisões

empresariais que são tomadas de modo a tornar o mais eficiente possível

precisamente os fatores que se relacionam com o bom funcionamento de uma

determinada companhia. Estas decisões estão relacionadas com, por exemplo,

questões de design, de planeamento ou de controlo das mais variadas vertentes que

se encontram subjacentes à empresa em questão. A logística inteligente executa

tudo isto da forma mais inteligente possível.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

15 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Que técnicas são utilizadas na logística inteligente?

São utilizadas técnicas de planeamento que se aliam com as novas tecnologias

de informação e comunicação (ICT- Information and Communications Technology)

que, juntamente com políticas formuladas a partir dos interesses das pessoas,

tornam tudo significativamente mais eficiente desde que existam de forma

sincronizada e perfeitamente conjugada. Estas técnicas constituem então a regra

dos 3P+I e servem como a base da logística inteligente.

3P+I

Pessoas

Políticas

Infraestruturas ICT

Planeamento

Figura 3 – As técnicas base da logística inteligente

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16 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

3.2. O Poder das ICT no Planeamento

As ICT assumem uma posição cada vez mais preponderante principalmente no

processo de planeamento através da sua grande capacidade de fornecer a informação

mais exata, no momento mais exato, no local mais exato.

Nos dias de hoje, a quantidade de informação transmitida torna-se cada vez

maior, sendo esta mais detalhada e transportada muito mais rapidamente. Porém, existe

um desafio por parte dos especialistas em manter-se a par destes melhoramentos. Isto

é, é necessária a criação de ferramentas capazes de satisfazer e tornar eficiente o

transporte da informação. De facto, com todas estas novidades, o transporte da

informação é realizado de tal forma rápido que alguns pesquisadores e especialistas

chegam mesmo afirmar o planeamento prévio deixará de ser necessário. É

argumentado que é suficiente que haja uma reação às adversidades no momento em

que esta surge, havendo uma necessidade de reparar as estratégias pré-definidas.

Estas reparações tomam total flexibilidade em tempo real, uma vez que têm sempre o

objetivo de otimizar a operação.

3.3. O Papel das pessoas na Logística Inteligente

É notório o papel das ICT no processo de tornar inteligentes os processos

logísticos empresariais. Porém, nem tudo pode ser automatizado. A realidade é que não

se pode subestimar as capacidades das pessoas e os seus conhecimentos táticos

nestes processos. Considerar estas ferramentas de planeamento irá aumentar de forma

relevante a performance, assim podemos concluir que embora possa ser um desafio,

ter em conta este tipo de informação, valerá a pena pelas vantagens que nos irá trazer.

No entanto, para que as pessoas possam tomar as decisões corretas, é necessário que

lhes cheguem as informações certas. É preciso que inicialmente se tenham

conhecimentos da realidade e do problema que encontramos pois a chave para a

resolução deste consiste na compreensão da realidade que nos rodeia.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

17 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

3.4. As Políticas Governamentais na Logística Inteligente

Também as políticas governamentais desempenham um papel crítico no

sucesso ou fracasso das atividades logísticas. Note-se que, em bastantes casos, a

criação de diversas políticas foi contraproducente ao fortalecimento das logísticas

inteligentes. De salientar também que desde que as políticas têm um impacto

fundamental nos custos das atividades logísticas das empresas, de facto, o sector

público tem sido diretamente afetado. Exemplo disto são, por exemplo, os hospitais que

vêm os seus orçamentos cada vez mais reduzidos para as necessidades que surgem.

Infelizmente, a função pública ressente-se desta realidade. Um outro exemplo de política

ineficiente é o desalinhamento da regulamentação do tempo disponibilizado para a

circulação de veículos de mercadorias, condicionando os serviços das empresas

responsáveis, existe a possibilidade de causar elevados prejuízos económicos.

3.5. Aplicações diretas da Logística Inteligente

3.5.1. A Logística Inteligente nas Cadeias de Transporte

Como já foi visto, a aplicação da logística inteligente nas várias áreas empresariais

por parte de uma companhia pode consistir numa considerável vantagem seja a nível

económico – permitem que haja uma maior retenção de custos – ou a nível de mercado

de trabalho visto que são implantadas medidas que consentem a possibilidade de

ultrapassar a concorrência e, desta forma, potencializar a empresa.

Uma das áreas empresariais que se encontram sujeitas a tais progressos é a cadeia

de transportes, isto é, o processo de carga, transporte e descarga de mercadorias. Mas

de que forma a logística inteligente tem argumentos para potencializar este processo?

Antes de dar resposta a esta questão, observe-se alguns exemplos da mesma que

demonstram precisamente a necessidade de que exista inteligência por trás deste

sistema:

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

18 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

● Um estudo do Reino Unido (McKinnon, 1999) demonstrou que em 22% dos

casos totais, camiões responsáveis pelo transporte de mercadorias circularam

sem qualquer carga. Sendo que, em média, apenas 75% da total ocupação do

camião é utilizada.

● Nos dias de hoje, é cada vez maior o número de áreas citadinas que regulam e

limitam o acesso dos camiões de mercadorias a um tempo específico ou

apresentam imposições acerca de utilização de certos equipamentos (veículos

elétricos, por exemplo). É, portanto, plausível concluir que um atraso no

processo de entrega significa uma entrega falhada.

● Dentro das cidades, a eficiência de entrega é baixa. Uma das razões para tal é,

por exemplo, a existência de muitos veículos a entregar na mesma estrada, na

mesma altura.

3.5.2. Cadeias de transporte: Pickup e entregas

Para uma eficiente e efetiva gestão dos vários recursos na cadeia de transporte é

necessário o conhecimento dos vários fatores que irão afetar a maneira como a

Pickup (processo de carregamento das mercadorias) e a Cadeia de entrega deve

ser feita.

Um dos grandes problemas cuja resolução é atribuída à logística inteligente é o

VRP (Problema da Rota do Veículo) que é descrito como “o problema de desenhar

a melhor rota de entrega ou recolha do pretendido tendo em conta um número de

cidades e clientes espalhados geograficamente” (Laporte, 1992; Cordeau et al.,

2002).

O VRP é resolvido através de uma combinação de otimização e programação.

Este tipo de problema vê a sua dificuldade aumentada exponencialmente à medida

que o seu próprio tamanho é também maior. É então pretendido criar uma rota de

veículos o mais barato possível de modo que cada cliente seja visitado uma e uma

só vez por exatamente um veículo. A rota tem também de começar e acabar no local

onde decorrem as cargas e descargas. São consideradas diversas condicionantes

tais como:

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

19 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Os limites e a capacidade de cada rota de veículo de modo a não ultrapassar

a capacidade máxima;

O veículo não pode levar mais peso do que o que lhe é permitido por lei;

Não se deve ultrapassar um número específico de clientes por rota;

Cada cliente deve ser visitado dentro de um intervalo de tempo pré-definido.

Porém, na prática, podem haver outros fatores que levem a uma alteração

na rota previamente decidida: acidentes podem ocorrer, o tempo de viagem

depende da hora a que o condutor sai do centro de distribuição ou do local de

entrega ou até pode ocorrer congestionamento das ruas. Considerando estes e

muitos outros fenómenos é possível perceber-se que existem problemas

complexos associados às rotas de veículo. Estes são resolvidos através de

configurações online e offline. As offline consistem no planeamento anterior ao

serviço e as online são realizadas durante o próprio dia. Os planeamentos offline

podem ter melhores resultados se baseados em dados online anteriores.

3.5.3. O problema VRP nas cidades

A importância da resolução destes problemas torna-se ainda mais

evidente quando associada a áreas urbanas. O uso dos novos equipamentos

desafia os anteriores modelos de planeamento e agendamento. Por exemplo,

considerando a utilização de veículos elétricos, passam a existir limitações ao

nível do número de operações. Assim, é necessário o estudo do horário do

condutor, o número de locais de entrega e o como e onde se dão as descargas.

Outro exemplo é o de uma loja que necessite de reabastecer o stock,

neste caso seria preciso utilizar modelos que se caraterizam por terem em conta

não só as simulações da rota necessária para que o produto seja reposto como

também os problemas associados a não ter esse mesmo produto disponível.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

20 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

3.5.4. Rotas e o trânsito

É necessária um rota de transporte que também seja eficiente quando se

trata de trânsito. Unidades padronizadas (contentores e equipamentos

específicos do setor como por exemplo rolos enjaulados no caso da agricultura)

são utilizadas. Cada vez mais os produtos são colocados neste tipo de

equipamentos pois estes permitem que os custos sejam reduzidos e que haja

uma maior acessibilidade no uso de diferentes tipos de veículo.

Ao ser possível que diferentes veículos transportem o pretendido, cria-se

uma maior flexibilidade e à independência deste fator o que permite que haja

uma melhor coordenação e menos problemas em relação ao planeamento.

A boa utilização destes recipientes, ou seja, quando é possível ocupar a

totalidade deles existe uma menor procura de recipientes vazios. Assim, há um

reposicionamento de custos para satisfazer movimentos futuros.

Assim o melhor percurso só pode ser escolhido se se optar por fazer um

plano de curta duração que vá sendo alterado, no entanto a maior utilização dos

meios de transporte requer uma maior quantidade de informação e um bom

controlo do trânsito em tempo real.

Figura 4 – Divergência de Tipos de Rota

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3.6. GSE Dispending – Um exemplo a seguir

Os processos da logística inteligente podem ser verificados, na prática,

numa empresa holandesa – GSE Dispending.

A GSE Dispensing é uma empresa que utiliza a logística inteligente no

ramo das tintas. Podendo, então, a logística desta empresa ser caraterizada

como um sistema para atingir a precisão, a rentabilidade e a qualidade de cor na

quantidade certa, com o custo mais baixo possível.

Para esta empresa a chave para o sucesso é a logística correta com o auxílio

de poderosos softwares de gestão de tintas tais como:

Distribuição automatizada de tintas: O convertedor produz precisamente o

volume exato necessário à partida, por meio de um cálculo sofisticado,

misturando componentes básicos de tintas ou vernizes. O operador informa

ao sistema os requisitos de cor e volume, o computador calcula a dosagem

e aciona a preparação.

Software Integrado: O software de gestão de tinta (IMS) fornece as

informações necessárias para executar operações de preparação de tintas

de forma eficaz, produtiva e rentável. A automação cuida da preparação das

fórmulas, ciclos de produção e horários. Através da cadeia de suprimentos,

produz relatórios detalhados e cálculos de custos de tinta por trabalho

executado.

Impermeabilização: Um sistema de impermeabilização consiste na medição

da cor, da densidade, do ganho e da intensidade de uma tinta. Isso

proporciona cores precisas, sem impressões digitais, e sem a necessidade

de ajustes de cor durante a aplicação na impressora definitiva.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

22 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Nesta empresa a logística inteligente permite a execução de todos os

processos de criação de tintas sem qualquer produção de resíduos e com um

local de trabalho limpo e organizado. Também facilita o controlo dos orçamentos,

oferece maior tranquilidade aos clientes, e fortalece as relações comerciais com

estes.

Figura 5 – Máquina utilizada pela GSE Dispending no processo de mistura de cores

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

23 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Conclusão

Com base neste relatório, e apesar do conceito da indústria 4.0 ser ainda uma

visão para a maior parte da sociedade, pode-se antever que apresenta grandes

potencialidades para se instalar na realidade quotidiana e que resultará em melhores

economias de tempo e custos. Ao longo deste relatório, foram-se demonstrando todas

as capacidades e vantagens do conceito.

A indústria 4.0 pode, assim, ser considerada como uma evolução (mais do que

uma revolução) que tornará a produção industrial mais eficiente e que trará

desenvolvimentos empolgantes. Tal evolução é, portanto, notória na área da logística.

Foram dados exemplos concretos no relatório que comprovam a grande utilidade das

tecnologias nestes processos empresariais, tornando-os mais simples, com menos

custos e, sobretudo, mais eficientes.

Indústria 4.0 | Projeto FEUP

24 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Bibliografia e Netgrafia

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Indústria 4.0 | Projeto FEUP

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