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Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Indústria 4.0 Logística Projeto FEUP 2015/2016 -- Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão: P. Armando Sousa P. Luís Guimarães P. Manuel Torres P. Sara Ferreira Turma2 Grupo1: Supervisor: P. Armando Leitão Monitor: Sofia Cunha Estudantes & Autores: Sofia Pinto [email protected] José Ribeiro [email protected] Bernardo Gomes [email protected] Mariana Fecha [email protected]

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Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Indústria 4.0

Logística

Projeto FEUP 2015/2016 -- Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão:

P. Armando Sousa P. Luís Guimarães

P. Manuel Torres

P. Sara Ferreira

Turma2 Grupo1:

Supervisor: P. Armando Leitão Monitor: Sofia Cunha

Estudantes & Autores:

Sofia Pinto [email protected] José Ribeiro [email protected]

Bernardo Gomes [email protected] Mariana Fecha [email protected]

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 1

1. Resumo

Este relatório não só tem como finalidade definir as palavras-chave do grande

tema - Indústria 4.0 e Logística - mas também mostrar as aplicações que estes

conceitos têm no mundo atual e no futuro.

Abordaremos a evolução da indústria ao longo do tempo e o conceito de

Indústria 4.0. Este termo corresponde a uma nova maneira de organizar os métodos

de produção de um modo mais eficiente e eficaz. Esta “Quarta Revolução” trouxe ao

mundo o conceito de smart factories, sendo estas fábricas capazes de uma maior

adaptação às necessidades do Homem.

Dentro deste abrangente tema, decidimos focar a nossa atenção na área da

Logística que consiste em gerir de um modo responsável os recursos,

equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma

empresa ou fábrica. Iremos abordar tópicos a diversos níveis como a definição do

próprio conceito, as suas aplicações a nível geral e particularmente na indústria, os

diferentes tipos de logística, First In First Out (FIFO) e Last In First Out (LIFO) e

respetivas vantagens, o projeto “Future Cities”, a inovação da “Internet das Coisas”

(IoT) e a tecnologia M2M (Machine to Machine). Para terminar o nosso relatório

usaremos alguns exemplos onde o uso da logística teve sucesso como o caso da

empresa KUKA e da DHL.

2. Palavras-Chave

Indústria 4.0

Logística

First in First Out (FIFO)

Last in First Out (LIFO)

“Internet das Coisas” (IoT)

Machine to Machine (M2M)

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3. Agradecimentos

“Na Indústria 4.0, as respostas devem

preceder às perguntas.” Ray Kurzwell

À Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto por nos dar a

oportunidade de desenvolver as nossas competências a nível da organização e

apresentação formal.

À nossa monitora e, acima de tudo, amiga, Sofia Cunha, por toda a simpatia,

dedicação e disponibilidade demonstrada.

Aos coordenadores do projeto por acreditarem e confiarem nas capacidades

dos alunos para desenvolver um trabalho desta dimensão.

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4. Índice

1. Resumo ............................................................................................................... 1

2. Palavras-Chave ................................................................................................... 1

3. Agradecimentos ................................................................................................... 2

4. Índice ................................................................................................................... 3

5. Lista de Figuras ................................................................................................... 4

6. Introdução ............................................................................................................ 5

7. Indústria 4.0 ......................................................................................................... 6

a) Evolução da indústria .......................................................................................... 6

b) Conceito .............................................................................................................. 6

8. Logística .............................................................................................................. 9

c) Definição .............................................................................................................. 9

d) Logística Industrial – objetivo e tipos ................................................................. 10

i. Sistema de armazém centralizado .............................................................. 10

ii. Sistema de armazenamento descentralizado ............................................. 11

iii. First In First Out (FIFO) ............................................................................ 12

iv. Last In First Out (LIFO) ............................................................................ 13

9. Logística na Indústria 4.0 ................................................................................... 15

e) IoT (Internet of Things) ...................................................................................... 15

f) M2M (Machine to Machine) ............................................................................... 16

g) Exemplos ........................................................................................................... 18

10. Discussão ....................................................................................................... 21

11. Conclusão ...................................................................................................... 22

12. Referências Bibliográficas .............................................................................. 23

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5. Lista de Figuras

Figura 1 -Evolução da Indústria ................................................................................. 8

Figura 2 - Sistemas de armazenamento .................................................................. 11

Figura 3 - Armazenamento em FIFO........................................................................ 12

Figura 4 - Armazenamento em LIFO ........................................................................ 13

Figura 5 - Condições propícias à expansão da IoT .................................................. 16

Figura 6 - Gestão de frotas (PT Empresas) ............................................................. 17

Figura 7 - Localização de ativos (PT Empresas) ...................................................... 18

Figura 8 - Linha de prodção (KUKA Robotics) ......................................................... 19

Figura 9 - Distribuição DHL ...................................................................................... 20

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6. Introdução

A unidade curricular Projeto FEUP visa desenvolver as aptidões para a

realização e estruturação de um relatório escrito e posterior apresentação, avaliando

também a capacidade de expor e apresentar de forma clara o tema proposto. Para

além disso, é também desenvolvida a capacidade de síntese e de organização de

um tema bastante abrangente, sendo avaliado no poster.

O tema a desenvolver ao longo deste relatório é Indústria 4.0, mais centrado na

vertente da Logística.

No mundo atual, onde a sociedade é cada vez mais competitiva, evolutiva e

interativa, as empresas são obrigadas a recorrer ao uso da logística para que

consigam ter maior controle e identificação de oportunidades para rentabilizar os

investimentos, reduzir os custos de produção, cumprimento e programação das

entregas, a contagem de stocks, facilidade na gestão dos pedidos, entre outros.

O conceito de logística tem evoluído ao longo dos anos devido ao progresso

das tecnologias da informação e pela constante exigência de desempenho por parte

dos consumidores em diversos aspetos, tais como, a qualidade e a rapidez. Sendo

assim, as empresas são obrigadas a uma gestão eficiente a todos os níveis.

Este trabalho tem por objetivo, não só expor alguns conceitos importantes no

mundo atual e futuro, mas também mostrar algumas das inúmeras aplicações da

logística, bem como as suas vantagens e importância para o avanço a nível mundial.

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7. Indústria 4.0

a) Evolução da indústria

O conceito de indústria surgiu em meados do século XVIII com a invenção da

máquina a vapor, que deu origem à Primeira Revolução Industrial. Esta revolução

caracteriza-se pela substituição dos métodos de produção artesanais pela produção

mecânica.

Com as novas evoluções tecnológicas, teve lugar uma nova revolução na

indústria - a Segunda Revolução Industrial - marcada pelo início da produção em

série. Graças à energia elétrica, foi possível diminuir os custos de produção e

aumentar a eficiência do processo.

No final do século XIX, assistiu-se à Terceira Revolução Industrial, possibilitada

pelos avanços na área da eletrónica, automatizando cada vez mais o processo de

fabrico de bens. (Lee 2015)

Com o passar do tempo, os países desenvolvidos passaram a focar mais os

seus recursos económicos no setor terciário, deixando de lado o setor industrial. A

Europa seguiu um rumo oposto ao dos países emergentes (como os BRIC),

resultando num fenómeno de desindustrialização, que se refletiu numa perda da

competitividade dos países com um pobre setor industrial.

Com o intuito de solucionar este problema, está em curso uma nova revolução

na indústria, conhecida como Indústria 4.0. (Roland Berger Strategy Consultants

2014)

b) Conceito

O termo Indústria 4.0 ganhou força na Alemanha, onde foi lançado um projeto

para modernizar a indústria já desenvolvida com o envolvimento de empresas,

universidades e do governo. Para a chefe do governo da Alemanha, Angela Merkel,

a definição de Indústria 4.0 é “a fusão do mundo online com o mundo da produção

industrial”.

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O surgimento da Indústria 4.0 não é definido como uma nova tecnologia, mas

sim como o aproveitamento daquela já existente para fins industriais, através da

criação de fábricas inteligentes, de modo a tornar os sistemas de produção

informatizados e autónomos, ou seja, sem a intervenção física do Homem.

Por fábrica inteligente entende-se uma fábrica na qual computadores, máquinas

e robôs interagem remotamente através de uma rede wireless. Para além disso,

todos os movimentos das máquinas são feitos de modo sincronizado e preciso,

sendo apenas supervisionadas pelo Homem à distância e programadas por este

mesmo.

Estima-se que em poucos anos o conceito de Indústria 4.0 se espalhe por

inúmeros países e, consequentemente, o perfil da mão de obra deverá mudar

totalmente. Segundo Cezar Taurion, da consultoria Litteris Consulting, especializada

em tecnologia da informação e transformação digital, “quem quiser trabalhar nas

fábricas do futuro terá de desenvolver habilidades técnicas e interpessoais bem

específicas”. De entre as várias características que um profissional técnico terá de

desenvolver as mais relevantes são a formação multidisciplinar, ou seja, os

profissionais terão de ser capazes de desenvolver mais áreas do que aquelas nas

quais se formaram, de modo a terem capacidade de pensar em novas formas de

gerar riqueza e de adaptação no manuseamento das máquinas e dos robôs

inteligentes. (Lenovo 2015)

São inúmeras as vantagens que esta “quarta revolução” pode trazer ao mundo

atual, nomeadamente na vertente financeira: o derradeiro objetivo da indústria 4.0 é

efetivamente diminuir os custos de fabrico e aumentar a eficiência, algo que se

insere na questão da logística que será abordada mais adiante.

O crescente relacionamento entre infraestruturas industriais e fábricas

inteligentes resulta numa notável redução do gasto energético. Vários grupos de

pesquisas sobre este tema afirmam que “muitas fábricas gastam enormes

quantidades de energia durante as pausas de produção, que ocorrem aos fins de

semana e feriados, algo que poderia ser evitado com o advento das fábricas

inteligentes.”

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Segundos os defensores da implantação de fábricas inteligentes, o trabalho será

visto de uma forma diferente, dado que as máquinas efetuarão tarefas repetitivas de

um modo muito mais eficaz do que do que um simples trabalhador. Este tema dá

asas ao problema do desemprego de inúmeras pessoas. No entanto, este poderá

ser combatido pois dar-lhes-á possibilidades de executarem trabalhos mais criativos

e elaborados, salvando-os desses serviços repetitivos. Para além disso, visto que os

sistemas serão autónomos, os trabalhadores serão obrigados a passar menos

tempo nos seus locais de trabalho, e poderão supervisionar a fábrica via Internet.

(Lenovo 2015)

Figura 1 -Evolução da Indústria

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8. Logística

c) Definição

Inicialmente, a Logística surgiu no contexto militar, através da necessidade de

transporte, quer de tropas, quer de recursos. Assim sendo, era vital o planeamento

de rotas, bem como de outras tarefas importantes, tais como a distribuição,

manutenção e armazenamento de diversos alimentos e equipamentos (armas,

roupas, para melhorar as condições físicas dos militares).

De acordo com o Council of Supply Chain Management Professionals, a

logística é a parte da gestão da cadeia de abastecimento que planeia, implementa e

controla o eficiente e eficaz fluxo e armazenamento de bens e serviços, bem como

as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até ao ponto de consumo,

com o propósito de atender às exigências dos clientes.

Atualmente, a logística é responsável pela organização e planeamento de

todas as atividades de uma empresa, daí envolver vários recursos de diversas áreas

como engenharia, contabilidade, economia, marketing, entre outras.

O conceito de logística pode ser definido como a “organização e gestão de

meios e materiais para uma atividade, para uma ação ou para um evento”.

(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa s.d.)

O conceito de logística está presente no nosso quotidiano, nas mais diversas

áreas, especialmente no que diz respeito à organização de tarefas e otimização do

tempo. Como tal, existem vários exemplos onde podemos ver a importância de um

bom sistema de logística, de destacar o caso de sucesso implementado na cidade

do Porto.

Através do uso das novas tecnologias, em particular de sensores espalhados

pela cidade, os responsáveis pelo projeto “Future Cities” (implementado em 2013)

têm como objetivo melhorar a qualidade de vida dos portuenses. A aplicação da

logística, neste caso, está patente na recolha de lixo, onde as novas tecnologias

tentam otimizar o processo, de forma a poupar tempo e dinheiro. Segundo o

coordenador do projeto, João Barros, investigador da Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto (FEUP), "Os contentores vão ter instalados sensores que

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permitem a comunicação com os camiões do lixo, que, devido a algoritmos de

cálculo de rotas, passam a poupar tempo e combustível se se dirigirem apenas aos

contentores que estão mesmo cheios". (Brito 2015)

Como é visível, a logística não só otimiza os processos de produção nas

industriais, mas também constitui um importante contributo para a melhoria da

qualidade de vida da população, em inúmeras áreas do quotidiano.

d) Logística Industrial – objetivo e tipos

A nível industrial, podemos então afirmar que a logística é o elo que faz a

ligação entre o lado da produção e a exigente procura do mercado. O seu derradeiro

objetivo é, consequentemente, propiciar condições para oferecer ao cliente o

produto certo, no sítio certo, à hora certa, bem como ao menor custo possível, de

modo a otimizar lucros. (Sople 2007)

Para corresponder a tal procura do mercado, é necessário implementar várias

estratégias que levem ao sucesso de uma empresa, nomeadamente a decisão de

optar por um sistema centralizado ou descentralizado no que toca ao

armazenamento de produtos.

i. Sistema de armazém centralizado

Neste sistema de armazenamento, o stock de produtos encontra-se

centralizado num único armazém. Optar por esta estratégia implica uma máxima

utilização de espaço, equipamento e recursos humanos, levando a uma otimização

deste processo, o que pode aumentar a produção sem, com isso, aumentar

proporcionalmente os custos da mesma, sendo que, desta forma, o custo médio de

produção baixa, algo que se denomina como economia de escala.

Ainda assim, ao concentrar todo o armazenamento num único armazém,

existem desvantagens associadas como, por exemplo, o aumento do tempo de

resposta ao cliente e o risco de existir uma catástrofe, como um incêndio, que possa

inutilizar ou destruir todos os bens armazenados. (Ticon Logistics Park CO., LTD.

2012)

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ii. Sistema de armazenamento descentralizado

No caso deste sistema, o armazenamento do stock multiplica-se por uma

diversidade de armazéns, estrategicamente colocados, com o principal intuito de

criar uma maior proximidade com o cliente, de modo a ter tempos de resposta mais

curtos. Porém, os custos deste sistema acabam por ser mais elevados, dada a

existência de um maior número de executivos para gerir cada armazém e ainda a

necessidade de uma quantidade mínima de stock em cada um dos armazéns.

(Ticon Logistics Park CO., LTD. 2012)

Fator Centralização Descentralização

Tempo de resposta Elevado Baixo

Custos de fabrico Baixo Elevado

Linha de produção Diversa Limitada

Figura 2 - Sistemas de armazenamento

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iii. First In First Out (FIFO)

Tal como o seu nome indica, no caso do FIFO, o primeiro produto a ser

armazenado deve ser o primeiro a sair para o cliente, reduzindo-se os tempos de

espera em armazém desse mesmo produto, fazendo-o chegar o mais cedo possível

ao destino final. É o processo indicado e mais vantajoso para guardar produtos

perecíveis, com um curto prazo de validade, como é o caso de uma indústria

alimentar, ou produtos que possam passar de moda de uma forma relativamente

rápida, como pode suceder na indústria têxtil ou mesmo tecnológica.

Ainda assim, este método implica uma maior complexidade na organização da

área de armazenamento de produtos, visto que pressupõe a existência de duas

áreas para o fluxo de stock: uma área de entrada e outra de saída do lado oposto.

Figura 3 - Armazenamento em FIFO

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iv. Last In First Out (LIFO)

Por outro lado, ao aplicar o LIFO, e seguindo uma lógica contrária

relativamente ao processo anterior, os produtos recém-armazenados numa fábrica

são os primeiros a ser enviados para o cliente, fazendo com que o stock mais

recente tenha prioridade sobre o mais antigo. Contudo, apenas poderá ser utilizado

este método em indústrias que fabriquem produtos homogéneos e que não percam

a sua validade com o tempo, sendo um exemplo disso uma fábrica que produza

tijolos ou placas de mármore.

Uma grande vantagem deste processo é que possibilita uma menor

preocupação com a área de armazenamento, sendo apenas necessário um só

corredor com uma dupla utilidade: descarregar produtos, empilhando-os, e

retirando-os pouco tempo depois para seguirem para o cliente.

Figura 4 - Armazenamento em LIFO

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Nos dias de hoje, através da Indústria 4.0, a ótima e mais eficiente aplicação

destes dois métodos referidos pode ser bastante facilitada com o auxílio da

tecnologia e da automatização das fábricas. Entenda-se que esta importância é

ainda maior no caso do First In First Out, uma vez que este pressupõe um controlo

dos tempos de espera em fábrica de um produto, bem como uma constante

supervisão da sua localização na área de armazenamento.

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9. Logística na Indústria 4.0

e) IoT (Internet of Things)

O conceito de Indústria 4.0, como já foi referido anteriormente, baseia-se numa

interligação dos vários componentes responsáveis pelo processo de fabrico. Essa

ligação é possível graças a uma das grandes inovações deste século aplicada à

indústria: a “Internet das Coisas” (IoT).

A “Internet das Coisas” consiste na ligação entre vários aparelhos e sensores,

possibilitando uma melhor leitura da situação do negócio, rentabilizando o processo.

Contudo, o verdadeiro potencial económico da “Internet das Coisas” só pode ser

alcançado se as empresas conseguirem perceber onde e como utilizar esta nova

ferramenta, aproveitando ao máximo todos os seus benefícios. (McKinsey Global

Institute 2015)

Atualmente, a IoT encontra-se num ponto de inflexão, graças a inúmeros

desenvolvimentos no campo tecnológico, que permitem um crescimento

exponencial da sua utilização e relevância. As condições que viabilizam este

crescimento são:

● Diminuição dos custos do hardware - Para além da melhoria da qualidade do

hardware, o custo de microchips e sensores tem caído significativamente;

● Software mais avançado - Software especializado na análise e tratamento de

dados, acessível a um vasto leque de empresas;

● Mais e melhores condições de conectividade - Com o apoio das operadoras

móveis e empresas de telecomunicações, a cobertura e a rapidez de banda

são cada vez maiores;

● Sistemas cloud - Com este tipo de sistemas cada vez mais acessíveis e

flexíveis, é possível o armazenamento dinâmico de uma grande quantidade

de informação;

● Grande retorno económico - Estima-se, segundo McKinsey Global Institute,

que o impacto da IoT pode chegar aos 11,1 biliões de dólares por ano, até

2025. (Edson 2015)

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O setor industrial é um dos que pode vir a representar uma grande parte da

riqueza originada pela “Internet das Coisas”, com um valor estimado de 1,2 a 3,7

biliões de dólares por ano. Neste grupo, o estudo da McKinsey Global Institute inclui

todos os ambientes de produção em série. Para além do impacto económico, a IoT

tem como consequência a diminuição dos gastos energéticos e o incremento da

eficácia laboral na ordem dos 20%.

f) M2M (Machine to Machine)

O termo M2M é, sem dúvida, uma expressão que iremos ouvir cada vez mais

frequentemente no mundo empresarial e industrial com os avanços tecnológicos e

com a progressiva afirmação da “Internet das Coisas” a nível mundial.

Este conceito baseia-se na conecção de aparelhos através de ligações sem

fios, aparelhos estes que são capaz de comunicar entre si, detetando problemas e

otimizando-se, sem qualquer intervenção humana.

Figura 5 - Condições propícias à expansão da IoT

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A implementação desta tecnologia serve de base para a IoT e,

consequentemente, para a Indústria 4.0. As aplicações do M2M são inúmeras, como

por exemplo nas máquinas de venda automáticas: com a instalação desta

tecnologia, sempre que um certo produto estiver a acabar, um conjunto de sensores

deteta-o e a máquina irá comunicar (por wi-fi, por exemplo) com o distribuidor que,

ao ser informado da falta do produto em questão, irá repor o stock. (Rouse 2010)

As implicações da implementação do conceito M2M à Indústria são colossais e

terão um enorme impacto na redução de custos e no aumento da produtividade das

empresas. Contudo, para que esta tal seja possível são necessárias algumas

condições para a comunicação entre as máquinas. Essas condições são

asseguradas pelas empresas de telecomunicações, como a Meo, em particular a PT

Empresas.

A PT Empresas oferece já soluções para que as empresas possam tirar o

máximo partido do M2M, agilizando os processos de distribuição e produção, o que

facilita a logística empresarial. Algumas das vantagens destes pacotes que a Meo

oferece residem localização de ativos e na gestão de frotas. (PT Empresas s.d.)

Figura 6 - Gestão de frotas (PT Empresas)

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Com esta tecnologia é possível às empresas conhecerem a localização das

suas unidades de distribuição e minimizar os custos e o tempo necessário para os

processos de transporte. Este trata-se de um exemplo claro da importância das

inovações tecnológicas para a melhoria da logística na Indústria 4.0.

g) Exemplos

“We manufacture a complete car body every 77 seconds…. (using an)

intelligent system (...).” Jake Ladouceur, Managing Director, KUKA Toledo

Production Operations

Para satisfazer as necessidades de produção em série, de forma mais rápida e

eficiente, a empresa KUKA (empresa ligada ao setor automóvel) serviu-se da

“Internet das Coisas” para otimizar o processo. O diretor da empresa definiu como

objetivo a capacidade de serem produzidos 8 modelos diferentes e 830 carros por

dia. Para que tal se verificasse, era necessário criar uma rede que ligasse todos os

componentes responsáveis pela manufatura. Esta empresa conseguiu atingir essas

metas usando as potencialidades do software criado pela Microsoft, o que permitiu

agilizar e diversificar a linha de produção.

Figura 7 - Localização de ativos (PT Empresas)

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Figura 8 - Linha de produção (KUKA Robotics)

A KUKA Systems trata-se de um exemplo pioneiro na implementação dos

recursos criados pela “Internet das Coisas” na indústria. Em parceria com a

Microsoft, um dos principais responsáveis pela divulgação deste novo conceito, a

automatização e interligação entre todos os sistemas na linha de produção foram

alcançadas com sucesso.

“The Internet of Things is not

a futuristic technology; it’s

here today.”

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Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 20

A Logística não se aplica unicamente ao processo de manufatura, mas

também à organização de produtos. Um caso de sucesso é a empresa DHL

(indústria do transporte de cargas), que graças ao seu desempenho a nível de

armazenamento e distribuição especializados, tornou-se líder europeu no transporte

terrestre de mercadorias. O seu sucesso tem maioritariamente origem na sua

consideração por aqueles que requerem os seus serviços e pela preocupação em

prestá-los exemplarmente.

A DHL assegura-se de todo o transporte dos produtos, desde que acabam de

sair da linha de montagem até ao consumidor. Esta empresa utiliza maioritariamente

a via terrestre como meio de transporte de mercadorias, usufruindo das vantagens

que este tipo de deslocação traz, como a elevada cobertura geográfica, fraco

investimento por parte do operador, menores custos das embalagens e a

flexibilidade do serviço. Por outro lado, visto que o modo rodoviário apresenta

também algumas falhas como o peso e dimensões da carga ser limitado e estar

sempre dependente das condições atmosféricas e do tráfico, esta empresa apostou

também no transporte via meio aéreo, marítimo e ferroviário.

De modo a tornar o seu método de distribuição mais eficiente, a DHL apostou

em fazer algumas melhorias com o uso da logística, entre as quais o uso de

sistemas de comunicação por rádio e a localização por GPS. Sendo assim, toda a

pontualidade, controlo de cargas, administração de veículos de distribuição e

redução de custos está controlada e segura devido ao progresso que tem vindo a

realizar ao longo dos anos. (DHL s.d.)

Figura 9 - Distribuição DHL

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10. Discussão

Como foi possível perceber ao longo do trabalho, a Logística é parte integrante

em todas as áreas da vida do ser humano. Com as inovações tecnológicas

aplicadas ao setor industrial, a ligação entre Logística e indústria é reforçada.

Em resumo, o ideal proposto pela Indústria 4.0 assenta na interligação e

conectividade entre os vários dispositivos e máquinas usados numa fábrica. Graças

à tecnologia M2M e ao conceito da “Internet das Coisas”, esta conectividade pode

ser alcançada. Estas inovações vêm permitir às empresas aumentar

exponencialmente a produtividade e alcançar um considerável retorno económico a

longo prazo, como já foi referido anteriormente.

Existem inúmeros exemplos demonstrativos das vantagens resultantes da

aplicação destas novas tecnologias à logística da empresa. As fases de

armazenamento e de distribuição são cruciais para o sucesso das empresas ligadas

à indústria e só com uma boa estratégia de organização (potenciada pela IoT e pela

M2M) é possível obter bons resultados.

As vantagens desta Quarta Revolução Industrial são bem visíveis e foram

enumeradas ao longo deste trabalho. Como tal, o grupo considera essencial este

progresso para o aumento da competitividade entre as empresas, melhorando a

qualidade e eficácia da produção.

Apesar desta Revolução não se caracterizar por uma inovação tecnológica,

trata-se da criação de um novo conceito de organização e conectividade, tornando a

Indústria 4.0 no culminar de todas as revoluções anteriores.

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11. Conclusão

No mundo atual, o Homem é cada vez mais competitivo, perfecionista e

exigente tentando por isso melhorar cada vez mais as suas técnicas de trabalho,

desenvolvendo assim uma nova era - a era da Industria 4.0. No futuro, a indústria

tornar-se-á cada vez mais dependente da informática e da comunicação, mas

sobretudo da internet que será o elo de ligação entre máquinas e trabalhadores.

A fusão da tecnologia com o mundo virtual possibilitou a criação das fábricas

inteligentes, permitindo assim um nível de produção e de fabrico mais equiparável

às necessidades humanas atuais. Estas fábricas ainda não abrangem todos os

países desenvolvidos devido ao valor do custo inicial e a sua manutenção, mas

pode prever-se que com a evolução da tecnologia, no futuro o homem terá cada vez

mais tendência a investir neste tipo de fábricas, pois liberta-o de trabalhos

repetitivos e que requerem extrema precisão, oferecendo-lhe também oportunidade

para inovar noutro tipo de projetos.

Graças à elaboração deste relatório, podemos concluir que devemos

contribuir para a formação de profissionais prontos para fazer parte da “quarta

revolução”, cujo objetivo é proporcionar uma nova indústria, mais flexível, mais

rápida e principalmente levar a aumentos de produtividade de modo a aumentar a

competitividade no mercado atual.

Com base no tema Logística, concluímos que são imensas as tarefas que

compõe um sistema de gestão que é responsável por controlar recursos,

equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma

empresa. Este controlo abrange a coordenação de mercadorias, transporte,

movimentação e distribuição, tudo para fazer uma gestão mais eficiente da

empresa.

O alcance da excelência da logística está em conseguir ao mesmo tempo

reduzir os custos e melhorar o nível de serviço ao cliente.

Em suma, verificamos que a tecnologia está extremamente desenvolvida e

será uma realidade que mudará de forma positiva a maneira como lidamos hoje com

a produção de bens e com a gestão de empresas.

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Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão 23

12. Referências Bibliográficas

Brito, Filipa. O portal de notícias do Porto. 25 de setembro de 2015.

http://www.porto.pt/noticias/porto-cidade-com-tecnologia-de-ponta (acedido em 28

de setembro de 2015).

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Priberam. s.d.

http://www.priberam.pt/dlpo/log%C3%ADstica (acedido em 5 de outubro de 2015).

DHL. DHL Logística. s.d. (acedido em 12 de outubro de 2015).

Edson, Barb. “Creating the Internet of Your Things.” 2015.

file:///C:/Users/UTILIZADOR/Downloads/Creating_the_Internet_of_Your_Things.pdf

(acedido em 6 de outubro de 2015).

Lee, Tom. BCM Blog. 25 de junho de 2015.

http://www.bcmpublicrelations.com/blog/what-is-industry-4-0/ (acedido em 30 de

setembro de 2015).

Lenovo. Think Progress. 15 de maio de 2015. http://www.think-

progress.com/es/blog/posts/la-industria-4-0-que-es-y-por-que-tiene-

importancia/#sthash.OLpa6t6m.dpuf (acedido em 9 de outubro de 2015).

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