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0 Margarida Fernandes de Sousa Graciano O IMPACTO DA GESTÃO NA MOTIVAÇÃO DOS PROFESSORES Artigo apresentado ao curso de graduação em Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciada em Pedagogia. Orientadora: Prof.ª MSc. Nina Cláudia de Assunção Mello Pró-Reitoria de Graduação Curso de Pedagogia Trabalho de Conclusão de Curso INDISCIPLINA ESCOLAR SUAS CAUSAS E ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO Autora: Cristiane Pereira da Silva Orientadora: Prof.ª MSc. Nina Cláudia de Assunção Mello Brasília DF 2011

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Margarida Fernandes de Sousa Graciano

O IMPACTO DA GESTÃO NA MOTIVAÇÃO DOS PROFESSORES

Artigo apresentado ao curso de graduação em Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciada em Pedagogia. Orientadora: Prof.ª MSc. Nina Cláudia de Assunção Mello

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Pedagogia

Trabalho de Conclusão de Curso

INDISCIPLINA ESCOLAR – SUAS CAUSAS E ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

Autora: Cristiane Pereira da Silva Orientadora: Prof.ª MSc. Nina Cláudia de Assunção Mello

Brasília – DF 2011

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CRISTIANE PEREIRA DA SILVA

INDISCIPLINA ESCOLAR – SUAS CAUSAS E ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

Artigo apresentado ao curso de graduação em Pedagogia, da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia. Orientadora: Profª MSc. Nina Cláudia de Assunção Mello.

Brasília 2011

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Artigo de autoria de CRISTIANE PEREIRA DA SILVA, intitulado

“INDISCIPLINA ESCOLAR – SUAS CAUSAS E ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO”,

apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em

Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, em 09 de junho de 2011, defendido

e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:

___________________________________________________ Prof.ª MSc. Nina Cláudia de Assunção Mello

Orientadora Pedagogia – Universidade Católica de Brasília

___________________________________________________

Profª. Doutora Divaneide Lira Lima Paixão Pedagogia – Universidade Católica de Brasília

Brasília 2011

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Dedico esse trabalho a Deus, autor da vida, aos meus pais que de alguma forma sempre estiveram comigo, em especial o meu pai, sem me dizer muita coisa me ensinou caminhar na estrada da vida e ao meu filho Emanuel que me faz seguir em frente.

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INDISCIPLINA ESCOLAR – SUAS CAUSAS E ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

CRISTIANE PEREIRA DA SILVA

Resumo Este trabalho tem como objetivo identificar as possíveis causas da indisciplina escolar, buscando novas alternativas pedagógicas, para um melhor desempenho nas escolas. Acredita-se que este assunto interfere diretamente no processo de ensino-aprendizagem, como fator agravante para o não aprendizado pelo aluno. A partir deste foco o presente estudo será desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica. Será conceituado indisciplina, analisaremos a relação entre professor-aluno, os possíveis fatores que contribuem para a indisciplina no contexto escolar e apresentaremos possíveis alternativas pedagógicas para a resolução deste problema. Através da pesquisa feita foi possível observar que não existe somente uma causa geradora da indisciplina e sim vários fatores que ocasionam essa situação, através de um trabalho entre a escola, família, sociedade é possível minimizar os efeitos da indisciplina no ambiente escolar. Palavras-chave: Indisciplina. Escolar. Autonomia.

1 INTRODUÇÃO

A indisciplina no contexto escolar, de acordo com Garcia (1999), está relacionada a fatores internos e externos à escola. Entre as razões internas estariam, por exemplo, as condições de ensino e aprendizagem, a natureza do currículo, as características dos alunos, modos de relacionamento estabelecidos entre alunos e professores, e o próprio sentido atrelado à escolarização. Entre os fatores externos destacam-se a violência social e os conflitos psicológicos causados por ela, a influência da mídia e o ambiente familiar dos alunos.

A escolha desde tema ocorreu durante observações desenvolvidas nas disciplinas de Estágios Supervisionados I e II, componente curricular presente no curso de pedagogia. Analisando que a questão da indisciplina escolar se fará presente na minha prática docente, surgiu o interesse em aprofundar os estudos neste tema.

Durante o Estagio, pude observar que as escolas conseguem identificar o problema, mas em alguns casos não estão preparadas para lidar com ele e a saída mais viável é colocar o aluno como único responsável, camuflando uma série de fatores que também são responsáveis pela desordem da aula e do ambiente escolar.

Considerando o foco apresentado, este artigo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica com estudos teóricos sobre o tema, assim como analise de uma pesquisa desenvolvida em Portugal pelos professores Caeiro e Delgado (2005), onde os mesmos listam possíveis causas da indisciplina, trazendo ainda o impacto das conseqüências desses fatores sobre contexto escolar.

Nesta direção este artigo tem por objetivo identificar as possíveis causas que geram a indisciplina no ambiente escolar, esclarecendo a postura do professor diante dos alunos em relação à indisciplina e apontando alternativas pedagógicas

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para lidar com esses fatores que fazem parte do dia-a-dia de todos os envolvidos no processo educacional.

2 O QUE É INDISCIPLINA?

O sistema educacional está vivenciando um tempo de desafios e incertezas, as mudanças estão ocorrendo muito rápido e dentre essas mudanças está o papel da escola e por conseqüência a função do professor, as dúvidas surgem a cada momento, o que fazer diante de tantas transformações? A escola terá sem dúvida que se adequar às necessidades de seu tempo ou então não conseguirá cumprir seu papel diante da sociedade.

O professor com o comprometimento com a sua tarefa de educar, encontra-se em meio às transformações que vem surgindo com o passar do tempo no que diz respeito ao processo ensino-aprendizagem e, principalmente, nas relações em sala de aula e no ambiente escolar. Ela tem pouca clareza de qual deva ser o seu papel, consequentemente, assume muitas vezes uma posição autoritária, de superioridade diante dos alunos, gerando muitas vezes uma reação tanto de silêncio como de agressividade, além de outros atos como o não cumprimento das tarefas, e a violência. (VASCONCELOS, 2001).

Há algum tempo a indisciplina deixou de ser um fato isolado e se tornou talvez um dos maiores obstáculos em sala de aula e no ambiente escolar e sendo considerado uma das questões que mais afetam os professores (Aquino, 1996). A desobediência e desrespeito pelas normas estabelecidas assume uma tendência em sala e com isso o termo indisciplina quase sempre é usado para definir todo e qualquer comportamento que seja contrário às regras, às normas e às leis estabelecidas por uma organização. No contexto escolar sempre que o aluno desrespeitar as normas da instituição ou aquelas impostas pelos próprios professores será visto como indisciplinado. (CAEIRO e DELGADO, 2005).

As ideias acerca da indisciplina estão longe de serem consensuais, o próprio conceito, não tem uma definição concreta, ao longo do tempo isso vem sendo modificado devido às interpretações do tema. “Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais, nas diferentes instituições e até mesmo dentro de uma camada social ou organismo”. (AQUINO, 1996, p.84).

Vasconcelos (2001) nos alerta que o professor deve estar atento às necessidades e interesses da turma para que a aula seja algo prazeroso para ambos, fazendo com que a tarefa de ensinar e aprender se torne algo capaz de superar os desafios que fazem parte de toda essa trajetória que envolve não somente o professor e o aluno, mas também a sociedade e a família.

3 RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO

Um dos grandes pontos de discussão quando se fala de indisciplina é a relação professor-aluno, uma relação que é construída a partir da vivência dos mesmos em sala de aula. Essa relação tem papel fundamental no processo ensino-aprendizagem, por isso à necessidade de existir uma relação equilibrada, onde o

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aluno aceite o professor e sua disciplina, caso isso não ocorra, esse relacionamento poderá ser afetado e o professor não conseguirá motivar ou despertar o interesse do aluno. (VASCONCELOS, 2001).

A indisciplina, muitas vezes, é uma resposta ao autoritarismo do professor, o aluno nem sempre está de acordo com exigências que são feitas em sala de aula.

Outro aspecto relevante a ser observado é a forma com que foi estabelecida: se imposta coercivamente, ou estabelecida com base em princípios democráticos. Se imposta autoritariamente, o sujeito pode não se sentir obrigado a cumpri-la, e a indisciplina pode ser um protesto em relação à autoridade. (AQUINO, 1996, p. 110).

Neste contexto, pode-se afirmar que a relação professor-aluno é carregada de desafios para o professor, não só no seu dia-a-dia em que o mesmo lida com cada individuo, mas também com fatores que vão além da sala de aula, como a falta de estrutura física, social e muitas vezes familiar, pontos que influenciam diretamente nessa relação e que em alguns momentos são pontos decisivos para o mau comportamento na escola.

Cabe ao professor conhecer a real necessidade do aluno dentro do contexto escolar, assim como sua realidade familiar, social e cultural. Podendo assim estabelecer uma relação de respeito e companheirismo, favorecendo um ambiente saudável para aquisição não só de conhecimento cognitivos, mas também de hábitos e atitude cidadão. (VASCONCELOS, 2001).

Diante das relações estabelecidas no ambiente escolar, sejam elas quais forem a autoridade estará sempre presente, cabendo ao docente utilizar essa autoridade de forma positiva em sala de aula e em todo contexto escolar. De acordo com Caeiro e Delgado (2005) para desenvolver esta relação de “autoridade positiva” o docente necessita encontrar na gestão escolar (direção, coordenação, etc.) o apoio e as orientações necessárias para os desafios diários.

A indisciplina é um problema freqüente e que mais afeta a escola o professor e os alunos em geral , e tem sido motivo de preocupação crescente nas instituições de ensino, pois os efeitos negativos não ocorrem apenas nessa relação, mas também no aprendizado e na socialização.

Estresse, a sensação de tempo perdido a tensão gerada, o sentimento de ineficiência, a baixa auto-estima, gerados pelo ambiente indisciplinado das salas de aula, tem provocado, em professores, frustração, desalento e desejo de abandonar a profissão. (VASCONCELOS, 2001, p. 78).

Segundo Aquino (1996), o que deve regular a relação é uma proposta de trabalho fundamentada no conhecimento e por meio dela é possível resgatar a moralidade em que o trabalho do conhecimento pressupõe a observação de regras, semelhanças e diferenças.

Outro ponto que se destaca entre professor e aluno em sala de aula é a família. É comum os professores sentirem que a indiferença dos pais em relação à vida escolar do filho, a desvalorização que fazem da escola e o desajuste familiar são muitas vezes fatores que justificam a perturbação exercida por alguns alunos em sala de aula, especialmente pela degradação do ambiente escolar. “Esta

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situação, muitas vezes confirmada na prática diária lectiva, acaba por ter um custo elevado em especial na progressiva desmotivação do professor e também na diminuição da sua qualidade de vida”. (CAEIRO e DELGADO, 2005, p.72). 4 CAUSAS DA INDISCIPLINA ESCOLAR

A vida em sociedade exige de cada individuo a criação e o cumprimento de

regras e preceitos que sejam capazes de direcionar as relações. A escola por sua vez também precisa de regras e normas para o seu funcionamento, visando o convívio de maneira positiva dos membros que atuam nesse cenário. (AQUINO, 1996).

No dia-a-dia escolar os educadores tentam buscar explicações para a existência da indisciplina, este comportamento cada vez mais presente no cotidiano escolar, que interfere diretamente nas relações escolares e principalmente no aprendizado do aluno.

A indisciplina na escola e na sala de aula não apresenta uma causa única, a origem do comportamento tido como indisciplinar está ligado a vários fatores como o sistema educacional, o professor, o próprio aluno, a sociedade e a família.

Dentre esses fatores destacar o papel da família é válido tendo em vista que muitos professores associam a indisciplina como uma resposta do que o aluno tem no seu ambiente familiar. A desestruturação familiar, a falta de interesse dos pais em conhecer a vida escolar e até mesmo a falta de valorização pela escola onde seu filho estuda, acaba contribuindo para a indisciplina escolar. (AQUINO, 1996).

A pesquisa utilizada como referência de estudo nesse artigo, foi realizada por Caeiro e Delgado (2005) em duas escolas do concelho de Sesimbra que fica localizada na península de Setúbal, que se encontra a 30 km de Lisboa, no ano letivo de 2002-2003, envolvendo alunos e professores de turmas de 2º. / 3º. ciclo de ensino básico e do ensino secundário. Optou-se pela técnica de questionário. Este questionário era constituído por 60 perguntas, envolvendo situações agrupadas em áreas temáticas e dentre elas estava às causas da indisciplina.

As causas da indisciplina elaborado após a análise dos dados da citada pesquisa, estão sintetizadas e apresentadas no Quadro 01 a seguir:

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Quadro 01: Causas da Indisciplina. Categoria Opinião dos

professores Categoria Opinião dos

alunos Ambiente familiar

- desajuste familiar. - indiferença dos pais.

Relação do aluno com a família.

- sentir mau ambiente em casa. - falar poucas vezes com os familiares sobre os problemas em casa.

Relação Pedagógica

- repreensões constantes. - falta de diálogo professor / aluno. - aulas monótonas. - não definição de regras.

Relação do aluno com os professores

- não gostar do professor ou da matéria. - sentir que o professor foi injusto. - a aula estar mal preparada.

Factores morais/ Sociais

- descrença dos valores morais. - alguns programas de TV.

Relação do aluno com os pares

- os colegas inventarem coisas a seu respeito. - a brincadeira dos colegas.

Factores escolares

- desinteresse pela escola. - influência de alunos – líder. - furos nos horários dos alunos.

Relação do aluno consigo próprio

- estar mal disposto. - estar aborrecido com as situações do dia-a-dia.

A tabela apresenta as opiniões dos professores e alunos sobre as causas da indisciplina. Nas categorias é possível observar como cada um dos envolvidos percebe a indisciplina.

É possível perceber que os alunos sabem o que significa um comportamento indisciplinado no ambiente escolar e compreendem que podem ser prejudicados no seu processo de ensino-aprendizagem. É interessante perceber a critica ao trabalho pedagógico que aparece na fala dos alunos. Uma aula mal planejada ou até mesmo não planejada pode contribuir para a indisciplina na sala de aula.

Já entre os professores, destaca-se a necessidade de preservar os valores morais no combate à indisciplina, “numa clara alusão ao trabalho a ser desempenhado pela família do aluno”. (CAEIRO e DELGADO, 2005, p.83). Nesta fala é possível perceber a valorização que o professor faz ao contexto familiar, mas

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esta família nem sempre encontra condições emocionais para orientar e apoiar o aluno nas tarefas escolar. Caeiro e Delgado (2005) alertam para a importância da família nas atividades escolares, pois o ambiente familiar do aluno tem parte significativa na responsabilidade do comportamento do aluno em sala de aula que por sua vez em alguns momentos é indisciplinado, por esse motivo chamam a atenção para a importância do contato entre escola e família para “o equilíbrio do aluno não só a nível de comportamento e aproveitamento, mas também para a sua futura inserção e participação consciente na sociedade onde vivemos”. (CAEIRO e DELGADO, 2005, p.73). Muitos pais, por vários motivos, estão afastados do trabalho que é desenvolvido na escola acerca da aprendizagem do filho, exigindo ao professor e à escola responsabilidades na educação do aluno.

A participação consciente das famílias na formação educacional dos filhos junto à escola é importante, segundo Caeiro e Delgado (2005), pois além da colaboração com a escola e com os professores também é essencial para a prevenção da indisciplina, minimizando as conseqüências pedagógicas que tal comportamento traz para o ambiente escolar e para os envolvidos nesse processo. Ressaltando que essas conseqüências perturbam o processo ensino-aprendizagem, prejudicam o ambiente escolar, impedem uma adequada comunicação, desmotivam e fazem diminuir a qualidade de vida dos professores.

A presença dos pais na escola em contato com o professor e o interesse pela educação de seus filhos e por tudo o que realizam dentro do espaço escolar, poderá fazer com que eles “evitem comportamentos perturbadores na aula, que serão posteriormente alvo da sanção pelos seus encarregados de educação e pela escola”. (CAEIRO e DELGADO, 2005, p.39).

5 ALTERNATIVAS PEDAGÓGICAS PARA DESENVOLVER A AUTONOMIA NO EDUCANDO

Não é possível justificar a indisciplina escolar por um único fator, “as

concepções do ser humano trazem conseqüências à prática pedagógica”, pois grande é o desafio da escola e principalmente do professor em lidar com as determinações do sistema educacional e muitas vezes a escola ainda se vê sem valor e sem autonomia no processo de aprendizagem. (AQUINO, 1996, p.91).

Segundo o dicionário Aurélio autonomia significa “faculdade de se governar por si mesmo”. Existe a necessidade da compreensão do termo autonomia no contexto escolar para que não se corra o risco de entender que a busca do desenvolvimento da autonomia dos alunos venha através da liberdade. Deixar os alunos livres para decidir as regras de acordo com suas idéias, como se não vivessem em sociedade e não tivessem normas a cumprir, principalmente na escola, jamais irá criar uma consciência acerca do que se é governar. (Aquino, 1996).

As regras fazem parte da autonomia, o professor tem papel fundamental para que o aluno tenha consciência da importância de se seguir a política da instituição de ensino.

Com o passar do tempo observou-se que a repressão foi um dos métodos mais utilizados para lidar com a indisciplina escolar, essa metodologia tem perdido efeito no ambiente escolar, pois não auxilia os professores a trabalhar de maneira que a autonomia do aluno se desenvolva.

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Esses métodos só funcionam com sujeitos que temem a autoridade. Aqueles que não respeitam a autoridade, porque os sentimentos de medo ou de afeto não estão presentes em suas relações, ignoram as ordens e regras impostas no ambiente escolar e pelo contrário, quanto mais o professor se irrita e grita, por exemplo, mais podem se satisfazer internamente. (AQUINO, 1996, p.111).

Outra forma adotada por muitas instituições que querem romper com essa postura autoritária, é o da “liberdade”, geralmente confundida com permissividade. “Essas escolas, ou professores, que atuam dessa maneira também costumam ter problemas com a indisciplina”. (AQUINO, 1996, p.111).

Ao deixarem os alunos “livres” para fazer só o que acreditam ser correto reforçam a teoria que isso não leva o individuo a ter autonomia. Buscar soluções que rompa essa teoria só será possível com a democratização das escolas, a partir de relações de respeito mútuo e reciprocidade que modifiquem a visão sobre o papel que as regras devem exercer nas instituições. (AQUINO, 1996).

FLEURI (2008) afirma que os mecanismos disciplinares não atuam de maneira absoluta e constante, por isso a importância de se ter alternativas pedagógicas para que o aluno tenha a sua autonomia no ambiente escolar, a criação de espaços deliberativos na escola, “transverter” o currículo, redimensionar as relações pedagógicas, articular movimentos internos da escola com organizações sociais autônomas, são algumas das alternativas apresentadas depois de questões e propostas levantadas com um grupo de professores.

A alternativa apresentada de se “Transcrever” o Currículo é um dos maiores desejos apresentados pelos professores, com essa mudança a relação com os estudantes seriam revistas e redirecionadas, em suas práticas como docentes perceberam que muitas vezes, impõem um programa formal, desconsiderando o contexto da criança e ignorando os problemas vivenciados por cada um. “Como no caso da professora da creche que se flagrou insistindo em fazer atividades ligadas à páscoa, quando o pai de uma das crianças da comunidade havia sido assassinado”. (FLEURI, 2008, p.92).

Estar atento em sala de aula é algo primordial para o professor, ser sensível quanto aos interesses dos alunos, abre portas para estabelecer uma relação saudável entre ambos. “O educador se faz não como dono-da-verdade, mas como instigador da reflexão, como desafiador. Porque está constantemente assumindo riscos e desafios”. (FLEURI, 2008, p.66).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema abordado neste trabalho é muito amplo, porém concluí-se que se

pode minimizar a indisciplina na sala de aula e na escola, com isso melhorar as condições de ensino no ambiente escolar, desde que o professor tenha consciência da realidade de cada aluno e de suas necessidades.

Ter papel definido é ponto fundamental para cada individuo envolvido nesse processo ensino-aprendizagem. A necessidade de enxergar que o aluno não é o único responsável por esse fenômeno é um grande ponto de partido para se buscar alternativas para lidar com os conflitos gerados no ambiente escolar decorrente da indisciplina. Cabe ao professor e a escola identificar possíveis causas da indisciplina

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e estabelecer o diálogo como oportunidade para os alunos exporem seus pensamentos, sentimentos e com isso será mais fácil para ambos lidarem com as diferenças.

As alternativas pedagógicas como busca para lidar com a indisciplina escolar é algo que as escolas precisam repensar, pois através de mudanças em suas gestões, os alunos poderão estar mais envolvidos no contexto escolar, desempenhando seu papel de educando de forma que seja capaz de desenvolver sua autonomia sem estar envolvido em conflitos em sala de aula.

O diálogo é uma grande ferramenta para se adotar como arma contra a indisciplina, tendo em vista que o professor pode modificar suas aulas, adotando atividades estimulantes e práticas.

Com o estudo apresentado é possível concluir que o diálogo, confiança, respeito também são fatores que juntamente com as alternativas apresentadas na pesquisa auxiliam na construção de ambiente saudável, com uma “autoridade positiva”. Valorizar o aluno trará mudanças significativas no comportamento em sala de aula e em todo ambiente escolar, o professor terá seu trabalho reconhecido e conseguirá desempenhar seu papel mesmo com externos que influenciam diretamente no mau comportamento do aluno e principalmente não perderá o foco do trabalho em sala de aula.

Reconhecer que a indisciplina é algo real e que existe uma grande preocupação entre os profissionais da área da educação em identificar e discutir soluções para tal fato, nos faz perceber que essas pessoas buscam soluções que transformem um cenário de conflitos que é possível se ver em algumas escolas e até mesmo noticiada pela mídia em um local saudável onde se possa transmitir conhecimentos, trocar experiências e formar cidadãos comprometidos com a educação.

Diante disso podemos concluir que existem soluções para a indisciplina escolar e que apesar de desafiadoras se fazem necessárias, num esforço coletivo envolvendo as instituições escolares, pais, alunos e professores podemos trilhar o caminho certo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, Julio R. Groppa. Indisciplina na escola alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. DELGADO Pedro; CAEIRO José. Indisciplina em contexto escolar. Lisboa: Instituto Piaget, 2005. FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Minidicionário da língua portuguesa. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1989. FLEURI, Reinaldo Matias. Entre disciplina e rebeldia na escola. Brasília: Líder Livro, 2008.

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GARCIA, J. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Revista paranaense de desenvolvimento, Curitiba, n. 95, p. 101-108, jan./abr.1999. SILVA, Nelson Pedro. Ética, indisciplina e violência nas escolas. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 2009. VASCONCELOS, Maria Lucia M. Carvalho. (In)disciplina, escola e contemporaneidade. São Paulo: Mackenzie, 2001.