guia de estudos - história da educação

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História da EDUCAÇÃO Centro de Educação a Distância Universida de do Estado de Santa Catarina Universidade Aberta do Brasil FLORIANÓPOLIS CEAD/UDESC/UAB

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8/17/2019 Guia de Estudos - História Da Educação

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História daEDUCAÇÃO

Centro de Educação a Distância

Universidade do Estado de Santa Catarina

Universidade Aberta do Brasil

FLORIANÓPOLISCEAD/UDESC/UAB

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Governo Federal

Presidente da RepúblicaDilma Rousseff 

Ministro de EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educaçãoa Distância/MECJoão Carlos Teatini deSouza Climaco

Diretor da Educação aDistância da CAPES/UABJoão Carlos Teatini deSouza Climaco

Governo do Estado deSanta Catarina

Governador EstadualJoão Raimundo Colombo

Secretário da Educação

Marco Antônio Tebaldi

UDESC ReitorSebastião Iberes Lopes Melo

Vice-ReitorAntonio Heronaldo de Sousa

Pró-Reitora de Ensinode GraduaçãoSandra Makowiecky

Pró-Reitor de Extensão,Cultura e Comunidade

Paulino de Jesus F. Cardoso

Pró-Reitor de AdministraçãoVinícius A. Perucci

Pró-Reitor de PlanejamentoMarcus Tomasi

Centro de Educaçãoa Distância Diretor GeralEstevão Roberto Ribeiro

Diretora de Ensino deGraduaçãoAdemilde Silveira Sartori

Diretora de Pesquisa e Pós-GraduaçãoSonia Maria Martins de Melo

Diretora de ExtensãoSolange Cristina da Silva

Diretor de AdministraçãoIvair De Lucca

Coordenadora Curso

CEAD/UDESCRose Clér Beche

Secretária de Ensino deGraduaçãoMaria Helena Tomaz

 Universidade Aberta do Brasil

Coordenador GeralEstevão Roberto Ribeiro

Coordenador AdjuntoIvair De Lucca

Coordenadora de Curso

Carmen Maria Cipriani Pandini

Coordenadora de TutoriaFátima Rosana Scoz Genovez

Copyright © CEAD/UDESC/UAB, 2011

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

1ª Edição - Caderno Pedagógico

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Tânia Regina da Rocha Unglaub

Caroline Jaques Cubas

História da EducaçãoCaderno Pedagógico

1ª edição

Florianópolis

Diretoria da Imprensa Oficiale Editora de Santa Catarina

2011

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da UDESC

U57h

  Unglaub, Tânia Regina da Rocha

  História da educação: caderno didático / Tânia Regina da Rocha

Unglaub e Caroline Jaques Cubas; design instrucional Ana Cláudia Taú e

Carmen Maria Cipriani Pandini – Florianópolis : UDESC/CEAD, 2011.

148 p. : il. ; 28 cm.

Inclui Bibliografia.

ISBN: 978-85-64210-14-1

1. Educação - História - I. Cubas, Caroline

Professoras autoras

 Tânia Regina da Rocha UnglaubCaroline Jaques Cubas

 

Design instrucional

Ana Cláudia TaúCarmen Maria Cipriani Pandini

Professor parecerista

Norberto Dalabrida

Projeto instrucional

Ana Claudia TaúCarmen Maria Pandini Cipriani

Roberta de Fátima Martins

Projeto gráfico e capa

Adriana Ferreira SantosElisa Conceição da Silva Rosa

Pablo Eduardo Ramirez Chacón

 Diagramação

Elisa Conceição da Silva RosaPablo Eduardo Ramirez Chacón

Revisão de texto

Roberta de Fátima Martins

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Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Programando os estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

CAPÍTULO 1 - Educação da Antiguidade à Modernidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

 

Seção 1 - Educação na Antiguidade Clássica: mentes, corpos e o Princípioda Universalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Seção 2 - Educação na Idade Média: um bem divino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Seção 3 - A Educação das primeiras letras na América Portuguesa . . . . . . . . 28

Seção 4 - A Educação na América Portuguesa - Período Imperial . . . . . . . . . . 35

CAPÍTULO 2 - Educação na Primeira República do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Seção 1 - Educação na Primeira República: outro contexto,outra educação? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Seção 2 - Modernização das escolas normais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Seção 3 - Reinvenção dos Grupos Escolares: uma nova cultura escolar . . . . 61

Seção 4 - Reforma de Orestes Guimarães: reorganização da instruçãopública em Santa Catarina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

CAPÍTULO 3 - Escola Nova e Nacionalização do Ensino na Era Vargas . . . . . . . . . . . . . . .75

 

Seção 1 - Escola Nova e seus desdobramentos na cultura escolar . . . . . . . . . 78

Seção 2 - Reformas educacionais e o processo denacionalização de ensino na Era Vargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

CAPÍTULO 4 - Educação da Infância após o Autoritarismo Varguista (1945)até os Dias Atuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99

 

Seção 1 - Primeira LDB e os movimentos de educação popular . . . . . . . . . . 102

Seção 2 - Educação em tempos de Ditadura Militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

Seção 3 - Políticas públicas na educação brasileira contemporânea . . . . . . 117

Sumário

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Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

C o n h e c e n d o o s p r o f e s s o r e s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 3 3

C o m e n t á r i o s d a s a t i v i d a d e s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 3 5

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

Referências das figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146

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Apresentação

Prezado(a) estudante,

Você está recebendo o Caderno Pedagógico da disciplina de História daEducação. Ele foi organizado, didaticamente, a partir da ementa e objetivosque constam no Projeto Pedagógico do seu Curso de Pedagogia a Distância daUDESC.

Este material foi elaborado com base na característica da modalidade de ensinoque você optou para realizar o seu percurso formativo – o ensino a distância.É um recurso didático fundamental na realização de seus estudos; organiza ossaberes e conteúdos de modo que você possa estabelecer relações e construirconceitos e competências necessárias e fundamentais a sua formação.

Este Caderno, ao primar por uma linguagem dialogada, busca problematizara realidade aproximando a teoria e prática, a ciência e os conteúdos escolares,por meio do que se chama de transposição didática - que é o mecanismode transformar o conhecimento científico em saber escolar a ser ensinado eaprendido.

Receba-o como mais um recurso para a sua aprendizagem, realize seus estudosde modo orientado e sistemático, dedicando um tempo diário à leitura. Anotee problematize o conteúdo com sua prática e com as demais disciplinas queirá cursar. Faça leituras complementares, conforme sugestões, e realize asatividades propostas.

Lembre-se que na educação a distância muitos são os recursos e estratégiasde ensino e aprendizagem, use sua autonomia para avançar na construção deconhecimento, dedicando-se a cada disciplina com todo o esforço necessário.

Bons estudos!

Equipe CEAD\UDESC\UAB

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Introdução

Um importante movimento dentro da prática educativa é refletir acerca doque somos, do que fazemos e quais são nossos objetivos como educadores.Um olhar ao passado certamente enriquece essas reflexões. Até os equívocosnos ensinam. O Caderno Pedagógico de História da Educação vem, nessesentido, ser um aporte significativo para propiciar um debate construtivo efundamentado sobre os rumos da educação.

O Caderno que está em suas mãos busca construir uma visão híbrida acerca daHistória da Educação, valorizando os aspectos teórico-metodológicos do fazer

historiográfico sem desconsiderar as especificidades do pensamento relativo àprática pedagógica.

A História da Educação é compreendida aqui como disciplina de múltiplaspossibilidades: auxilia-nos a compreender a história como processo, ondehomens e mulheres participam ativamente da produção de nossa realidade,das mudanças e transformações e ajuda-nos a perceber a multiplicidade deidentidades que coexistem nos espaços sociais e, obviamente, nos espaçosescolares. É importante pontuar que nossa compreensão a respeito da Históriada Educação se dá a partir do conceito de cultura escolar. Esse conceito prevêum olhar apurado acerca do objeto de pesquisa histórica, abandonando

o discurso meramente memorialístico sobre a educação e adotando umposicionamento problematizador, a partir da produção de novos saberes e daatenção às novas fontes e objetos de pesquisa. Segundo Julia (2001, p. 10):

Para ser breve, poder-se-ia descrever a cultura escolar como umconjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas ainculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão dessesconhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas epráticas coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas(finalidades religiosas, sociopolíticas ou simplesmente de socialização).

A cultura escolar possibilita então a investigação sobre o espaço escolar,currículo, disciplinas, materiais, estruturas arquitetônicas e outros elementosrelacionados à composição de um aparato pedagógico em determinado espaçoe tempo, envolvendo pessoas e ações específicas.

Nesse sentido, o conteúdo deste Caderno Pedagógico foi intencionalmenteorientado à discussão sobre a História da Educação no Brasil, por acreditarmosser bastante significativa para a formação de profissionais que atuarão na área

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da educação, no contexto contemporâneo. Para tanto, o Caderno foi divididoem quatro capítulos:

No primeiro, oferecemos uma visão abrangente e panorâmica da estruturação

da educação da Antiguidade Clássica ao Período Moderno.Na PrimeiraRepública, em que aspectos as mudanças políticas significaram mudançasefetivas para a educação? Esta é a pergunta que norteia as discussões dosegundo capítulo. O capítulo seguinte busca conhecer a influência da EscolaNova e o processo de Nacionalização do Ensino na Era Vargas. Por fim, ocapítulo quatro apresenta as mudanças e transformações na educaçãoapós o autoritarismo do Governo Varguista até as políticas públicas dacontemporaneidade. Todos seguidos de contextualização e relações teoria-prática para oferecer subsídios para uma excelente aprendizagem.

Fica então nosso convite a esta viagem múltipla e polissêmica que é o estudoda História da Educação.

Boas Leituras!

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Programando os estudos

Estudar a distância requer organização e disciplina; assim como estudosdiários e programados para que você possa obter sucesso na sua caminhadaacadêmica. Portanto, procure estar atento aos cronogramas do seu curso edisciplina para não perder nenhum prazo ou atividade, dos quais depende seudesempenho. As características mais evidenciadas na Educação a Distância sãoo estudo autônomo, a flexibilidade de horário e a organização pessoal. Faça suaprópria organização e agende as atividades de estudo semanais.

Para o desenvolvimento desta Disciplina você possui a sua disposição um

conjunto de elementos metodológicos que constituem o sistema de ensino,que são:

 » Recursos materiais didáticos, entre eles o Caderno Pedagógico.

 » O Ambiente Virtual de Aprendizagem.

 » O Sistema de Avaliação: avaliações a distância, presenciais e deautoavaliação.

 » O Sistema Tutorial: coordenadores, professores e tutores.

Ementa

O sentido da educação nas diferentes sociedades históricas e as diversasconfigurações da instituição escolar: da Antiguidade Clássica ao PeríodoMedieval. A Educação e a construção da escola. A educação no mundomoderno: novo homem; nova escola; nova família. A educação brasileira e ainstituição escolar no Brasil. Elementos históricos para a análise e intervençãonas práticas educativas. O ensino da História da Educação.

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Objetivos de aprendizagem

Geral

Proporcionar um olhar histórico sobre a educação das diferentes sociedadese suas diversas configurações de instituição escolar da Antiguidade aModernidade, e a história da educação da infância no Brasil República, quepermita ao educando uma reflexão crítica sobre o papel da escola e das práticaspedagógicas em diferentes contextos sociais.

Específicos

 » Caracterizar a concepção educacional dos povos da Antiguidade, do

Período Medieval e Moderno.

 » Compreender o desenvolvimento da educação no Brasil Colonial,referenciando a presença jesuítica e as reformas pombalinas.

 » Pontuar as mudanças sociais e políticas ocorridas com a independênciae suas respectivas implicações para a educação.

» Compreender a história da educação no Brasil durante a PrimeiraRepública e seus processos de modernização verificando o papel daescola e das práticas pedagógicas que herdamos.

 » Conhecer historicamente a inserção da Escola Nova.

 » Analisar o processo de nacionalização do ensino e suas repercussões nocenário nacional e catarinense.

 » Verificar a articulação dos ideais da educação, no contexto socialbrasileiro, nos momentos vividos pela breve democracia, ditaduramilitar e redemocratização nacional.

» Conhecer a abordagem histórica das Constituições Federais e das LDBs.

Carga horária

54 horas/aula.

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Anote as datas importantes das atividades na disciplina, conforme sua agendade estudos:

DATA  ATIVIDADE TIPO

Conteúdo da disciplina

Veja, a seguir, a organização didática da disciplina, distribuída em capítulosos quais são subdivididos em seções, com seus respectivos objetivos deaprendizagem. Leia-os com atenção, pois correspondem ao conteúdo que deveser apropriado por você e faz parte do seu processo formativo.

Capítulos de estudo: 4

Capítulo 1 - No primeiro capítulo, você terá uma visão abrangente e panorâmicada estruturação da educação da Antiguidade Clássica ao PeríodoModerno. Verá então as especificidades de cada período e odirecionamento específico daquilo que compreendiam poreducação.

Capítulo 2 - No segundo capítulo, você estudará como os aspectos dasmudanças políticas sociais e culturais da primeira república

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CAPÍTULO

  1Educação da Antiguidade à Modernidade

Caroline Jaques Cubas

Com o estudo desse capítulo, você terá aoportunidade de compreender como se

estruturou a educação no período que se estendeda Antiguidade Clássica ao Período Moderno.Nesse sentido,estudará as especificidades decada período e o direcionamento daquilo que secompreendia por educação na época.

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CAPÍTULO

  1Compreender o desenvolvimento da educação no Brasil Colonial,referenciando a presença jesuítica e as reformas pombalinas.

Pontuar as mudanças sociais e políticas ocorridas com aindependência e suas respectivas implicações para a educação.

Perceber as proximidades entre processos formativosantigos e contemporâneos.

Objetivos gerais de aprendizagem

Seções de estudo

Seção 1 – Educação na Antiguidade Clássica:mentes, corpos e o Princípio da Universalidade

Seção 2 – Educação na Idade Média: um bem divino

Seção 3 – A Educação das primeiras letras na AméricaPortuguesa

Seção 4 – A Educação na América Portuguesa - PeríodoImperial

Educação da Antiguidade à Modernidade

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Iniciando o estudo do capítulo

Nesse capítulo, você estudará, de forma bastante genérica, algumascaracterísticas da educação em diferentes períodos históricos.Como se trata de uma temporalidade bastante extensa, com muitasdiferenças e transformações, nosso objetivo será demonstrar queas características e especificidades da educação estão relacionadasàs questões de cunho contextual (histórico-político-cultural-social-filosofíco), em cada um desses períodos.

Além disso, você estudará também as características da educação

na América Portuguesa, caracterizada pelos períodos colonial eimperial. Nesse sentido, verá quais são as especificidades de umpaís de estatuto colonial em suas relações com a metrópole. Apartir daí, estudará de que forma os interesses da metrópole foramministrados através da educação e, especialmente, qual o papel daOrdem Jesuítica nesse contexto. Em se tratando do período imperial,você refletirá sobre as mudanças políticas e suas implicações para aestrutura educacional do país.

Seção 1 - Educação na Antiguidade Clássica: mentes,corpos e o Princípio da Universalidade

Objetivos de aprendizagem

 » Compreender os processos educativos nas sociedadesGreco-romanas.

 » Perceber as proximidades entre processos formativosantigos e contemporâneos.

Quando pensamos em educação na atualidade, há uma estruturainstitucional que pauta nossas referências: a escola. Nesta, existem

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conteúdos, valores, métodos, hierarquias, cronogramas, horáriose inúmeros elementos que regulam o cotidiano de alunos e

professores, atuando veementemente na educação de corpos ementes e constituindo subjetividades. A própria definição do verboeducar sugere esta prática.

A ideia de conduzir ou preparar para o mundo não é, portanto,recente. Ainda que a instituição escolar seja moderna, o ato deeducar já existe há séculos. Cabe-nos compreender de que formae com quais motivações os sujeitos eram formados em diferentesmomentos. Começaremos pela Antiguidade Clássica já que asbases da nossa educação hodierna são ocidentais.

Figura 1.1 – Educação na Grécia

Educação na Grécia Clássica

Qualificar a Grécia Clássica de uma forma geral é uma tarefa

bastante arriscada, pois sabemos que sua organização em Cidades-Estado permitia a manutenção de características e formas deorganização diferenciadas em cada uma delas. Mesmo assim, apesardas diversidades, existia um ideal que pode ser consideradobastante abrangente quando nos referimos aos princípiosnorteadores da educação na Grécia Antiga.

O verbo educar provem do latim

educare. Está ligado tambéma educere = ex (fora) + ducere

(conduzir). Seu sentido, portanto,sugere a condução ou prepara-

ção do indivíduo para o mundo.

Por Antiguidade Clássicacompreendemos o período quevai do século VIII a.C., marcado

pelos poemas de Homero, até oV d.C., com a queda do Império

Romano.

As Cidades-Estado eram organi-zações políticas independentes

e autônomas. A cidadania sedefinia a partir do pertencimento

a uma cidade-estado específica.

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20 Universidade do Estado de Santa Catarina

    C    A    P    Í    T    U    L    O     1

O desenvolvimento do comércio, a ascensão da vida pública eo gradual abandono das explicações unicamente baseadas nos

mitos incitaram o desenvolvimento de certo racionalismo e de umamaior valorização do homem. Aliada a estas transformações, surgea necessidade de uma formação que prepare o homem para atuarneste novo contexto. Esse novo ideal de educação que viria a formaro homem para atuar dentre estas necessidades é a Paidéia.

A Paidéia pode ser compreendida como o processo formativo queconstituirá o homem e cidadão. Sua tradução literal não se refere àeducação, mas a instrução e formação em âmbito geral. Ainda quea princípio (século IV a.C.) o termo se referia apenas à instrução dosmeninos, seu significado se alastrou, abarcando conteúdos e resultadosde um processo mais abrangente.

Através da Paidéia e do que ela poderia proporcionar, o homemestaria apto a atuar em sua Polis e garantir assim seu status decidadão. Dependendo do período e da cidade-estado a qual nosreferimos, os princípios dessa educação poderiam dizer respeito aocultivo da mente ou do corpo.

Durante o período clássico, as cidades-estados Atenas e Esparta sesobressaiam na Hélade. Os princípios e valores exaltados em cadauma delas tinham especificidades. A educação era regida a partirdesses princípios.

Em Atenas, por exemplo, o desenvolvimento do comércio, dasartes, da vida sócio-cultural e especialmente o florescimento dademocracia exigiam um cidadão apto a exercer seus direitos,argumentar e se posicionar em público. A educação deveria, então,formar este cidadão. Para tanto, os sofistas exerciam funções

similares as de um professor, ensinando elementos de reflexãofilosófica e, especialmente, retórica. Como o cidadão ateniensedeveria subordinar seus desejos e ações à razão, na tomada dedecisões que concerniam a Polis, o cultivo da mente deveria serseguido de cuidados com o corpo. Assim, a ginástica era tão indicada

Hélade é a forma comoos gregos se referiamao território da Grécia.Autodenominavam-sehelenos por isso.

Eram filósofos que lecio-

navam retórica e política.Afirmavam que a arte deargumentar era essencialpara o sucesso nas assem-bleias. Como cobravam porseu ofício, eram mal vistospor Sócrates e Platão.

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História da Educação C A P Í   T  U L  O 1 

quanto à leitura dos grandes poetas. Conforme o conhecido ditopopular: Mens sana in corpore sano (mente sã, corpo são).

Já Esparta, cidade-estado, cuja inclinação bélica superava asensibilidade filosófica, desenvolvia a formação dos jovens de umaforma diferenciada. A partir dos sete anos as crianças eram retiradasdos cuidados da família e entregues a tutela da cidade-estado.Ficavam nessa situação até os 16 anos, quando deveriam ter obtidoformação militarizada, disciplinada e desenvolvido os predicadosnecessários para a defesa de Esparta. Esses predicados seriamtestados através da prática da Kriptia, que consistia na formação degrupos para perseguir e assassinar hilotas (escravos). Aqueles quesobrevivessem estariam aptos a integrar a sociedade espartana.

O caso da educação das mulheres também era peculiar e variavade acordo com cada cidade-estado. Em Atenas, as mulheres eramrestritas ao espaço doméstico, passando da tutela do pai a domarido. Eram criadas para serem dóceis e submissas, conformena canção de Chico Buarque. Já, em Esparta, as mulheres tambémrecebiam educação rigorosa e participavam da vida pública dacidade. Isto porque os homens estarem em guerra era uma situaçãocomum e, além disso, eram as mulheres responsáveis por gerar osguerreiros de Esparta.

É importante você saber que a formação e educação, característicasda Grécia Clássica, eram, em sua maioria, destinadas a um gruposocial específico e abastado. Ainda que a Grécia seja conhecidacomo o berço da cidadania (apesar de, conforme você pode notarem Filosofia da educação, essa cidadania era excludente) a educaçãonão era para todos.

Mirem-se no exemplo/ Daquelasmulheres de Atenas: Geram prosseus maridos,/Os novos filhos de

Atenas. Elas não têm gosto ouvontade,/Nem defeito, nem qua-

lidade; Têm medo apenas./Nãotêm sonhos, só têm presságios.

O seu homem, mares, naufrá-gios.../Lindas sirenas, morenas.(Composição de Chico Buarque

de Holanda).

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22 Universidade do Estado de Santa Catarina

    C    A    P    Í    T    U    L    O     1

A Educação em Roma: a humanitas

 Figura 1.2 – Senado Romano

Na imagem anterior, observamos a representação de um senadoromano. O senado, símbolo da república, possuía relação estreitacom os processos formativos que ocorriam na Roma Antiga.Veremos o porquê, a seguir.

Assim como ocorria na Grécia, a sociedade romana também eraescravista. A educação era, portanto, um privilégio dos grupos

mais abastados. Ela deveria preparar o cidadão (definido pelapossibilidade de contribuir economicamente com a manutençãodo Império) para a atuação política e social. Como deveria voltar-se a manutenção do Estado Romano, os conteúdos dirigiam-seespecialmente ao conhecimento do Direito Romano e da retórica,ou seja, dos elementos que permitiriam uma participação ativa navida política.

Com a expansão do Império Romano e o domínio de diversos povos,essa necessidade de conhecimento das leis para atuação política entrou

em contato com os ideais de diferentes civilizações, especialmente osgregos. Tal fator proporcionou uma universalização na forma de sepensar a educação. Surge daí o conceito de humanitas, referindo-se auma formação universalizante e cosmopolita.

Ao estudarmos a históriade Roma Antiga, podemosdar ênfase a três fases: 1)Realeza (753 a 509 aC):Roma era governada porreis apoiados por uma

aristocracia de nascença;2) República (509 – 27aC): Governo realizado pormembros do Senado; 3)Império (27 aC a 476 dC):Governo do Imperador eexpansão e decadência doImpério Romano

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Aconteceram resistências, em Roma, perante essa aproximação comos ideais helenistas. Muitos preferiam deixar a educação de seus filhos

sob a tutela da mãe, até os sete anos de idade, e do pai ou um tio quese responsabilizasse por preparar a criança para a vida pública (antesdo serviço militar). De qualquer forma, aos poucos as noções gregasde retórica foram apropriadas pelos romanos, afinal potencializariamaquilo que conheciam sobre eloquência (qualidade extremamentedesejada para aqueles que almejavam uma carreira pública).

Os romanos também herdaram dos gregos a adoção do termo paedagougos, que designava, em princípio, o escravo responsávelpor acompanhar a criança até a escola.

Entre os principais pensadores da educação, nesse período,podemos citar:

Cícero (106 – 43 AC) Responsável pela ampliação dovocabulário latino e um granderepresentante da Humanitas romana. Via aeducação de uma forma integral.

Sêneca (4 AC – 65 DC)Acreditava que a educação deveriaencaminhar ao bem viver. Compreendiaque a educação deveria preparar para umideal estóico e que a moral deveria sermais importante que a retórica.

Quintiliano (35 – 95 DC)Respeitado pedagogo romano, prezavapor uma formação geral, enfatizando os

aspectos técnicos da educação.

Quadro 1.1 – Principais pensadores do período romanoFonte: Elaboração da autora

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Ainda que seja difícil definir exatamente quais datas ouacontecimentos marcam o início da Idade Média, sabe-se que a

ascensão do cristianismo ajudou a assentar as bases de uma novasociedade que se formava: a sociedade medieval.

Entre os elementos que constituem esta sociedade, a substituiçãoda crença em divindades por um Deus onipotente e único,características do Império Romano, pode ser certamenteconsiderado um fator de enfraquecimento do Império. Isto porque

esta característica contrapunha-se a ideia de superioridade divinado imperador. A partir do momento em que o cristianismo foioficializado, tornou-se um elemento articulação e coesão social. AIgreja, consequentemente, passou a ser a instituição reguladora enormatizadora. Comportamentos padronizados, verdades, noçõesde bem e mal ou certo e errado passaram aos poucos a seguirem asdiretrizes do cristianismo.

Além do poder exercido pela Igreja Católica, a sociedade medievaltambém era caracterizada pelo sistema feudal de produção, compostopor uma estrutura hierarquizada, baseada na economia agrária, nosistema de trocas e na produção artesanal.

A Idade Média

A Idade Média é o nome atribuído ao período que inicia em 476d.C. com a queda do Império Romano e finda no século XV, com atomada de Constantinopla e as consequências da Crise do séculoXIV. É comumente dividida em dois períodos: a Alta Idade Média,que contempla a estruturação do medievo e ascensão da IgrejaCatólica, como instituição preponderante; e a Baixa Idade Média,

marcada pela emergência dos burgos, aumento populacional,formação dos Estados Nacionais Modernos e crises do sistemafeudal. É importante ressaltar que tais elementos auxiliam-nos aconstruir uma organização temporal, mas não limitam as mudançassociais e culturais, que acontecem de forma processual e dinâmica.

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Escolas Paraguaias Ensino de salmos e das escrituras aos futuroseclesiásticos. Eram ministradas a princípio emcasas privadas e posteriormente em Igrejas.

Escolas Monásticas

A princípio eram destinadas apenas aosmonges, em regime de internato, e depoisforam abertas aos leigos (filhos de reis e nobres,preferencialmente). Dedicavam-se especialmenteao estudo da bíblia, leitura, escrita, canto earitmética.

Escolas Palatinas

Fundadas por Carlos Magno, em seu própriopalácio. A partir delas, organizaram-se as escolasdivididas em triuvium (Gramática, Dialética,Retórica) e quadrivium (Aritmética, Geometria,Astronomia, Música e Medicina).

Escolas Catedrais

Instituídas no século XI passaram, a partir doConcílio de Latrão (1179), a remunerar seusmestres e a abordar autores clássicos comoAristóteles e Platão.

Universidades

Eram originalmente chamadas de StudiumGenerale. Fundadas no século XI, dedicavam-se

ao ensino superior de determinadas áreas doconhecimento (Teologia, Medicina ou Direito).O Nome foi substituído por Universitas quando,a partir da Baixa Idade Média, começou-se aabordar um conjunto universal de saberes.

Quadro 1.2 – Escolas da Idade MédiaFonte: Elaboração da autora

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Seção 3 - A Educação das primeiras letras na América

Portuguesa

Objetivos de aprendizagem

 » Compreender as especificidades da educação sob acustódia dos jesuítas.

 » Pesquisar as mudanças ocorridas na sistematização daeducação durante o período pombalino.

A educação na América Portuguesa - Período Colonial

 Figura 1.5 – Jesuítas catequizando os índios

A figura vista anteriormente, bastante difundida em livros emateriais didáticos, é representativa da forma como se estruturavaa educação no período colonial, ao menos até fins do século XVIII.Antes de falarmos da educação, porém, é importante retomarmosalgumas questões contextuais, a fim de melhor compreender os

sentidos das práticas pedagógicas do período. Acompanhe.

Como colônia portuguesa, o Brasil estava suscetível aosdesígnios de Portugal no que se referia a sua administração e,consequentemente, a estrutura da educação. Sendo assim a vinda

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dos Jesuítas, a partir de 1549, com a presença do padre Manuel daNóbrega, era considerada benéfica no sentido de conversão dos

indígenas ao cristianismo, que levaria a expansão da fé católica efacilitação no movimento colonizador.

A importância dos Jesuítas deve ser compreendida de formaampla, pois, além de responder a uma necessidade local, estavaenquadrada nas definições do Concílio de Trento, em função daContrarreforma. Você sabe o que foi a Contrarreforma? Veja umaexposição sobre o assunto, a seguir.

A educação no contexto da Contrarreforma

Um momento histórico bastante significativo da Idade Moderna, eque tem implicações diretas para a reflexão em torno da educação,foi o que abrangeu a Reforma Protestante e a Contrarreforma.

A Reforma Protestante, movimento inaugurado por MartinhoLutero e fortalecido por outros como João Calvino, enfraqueceuo poder absoluto da Igreja Católica. Esse movimento deu ensejoaos protestantismos, quando contestou os abusos políticos eeconômicos atribuídos à Igreja Católica.

Como resposta ao movimento reformista, a Igreja Católica, atravésdo Concílio de Trento inicia uma reforma interna, conhecida comoContrarreforma. Esse movimento tinha como características anegação do protestantismo, a proibição da venda das indulgênciase a instituição do índex (lista de livros proibidos). No que se refereàs relações diretas desse movimento com a educação moderna,a criação dos seminários e da Companhia de Jesus são bastantesignificativas.

A Companhia de Jesus foi fundada com um objetivo bastante

específico: disseminar o cristianismo e catequizar os povos do NovoMundo. Para tanto, os jesuítas foram formados para se dedicaremespecialmente à educação. Seu projeto educacional era norteadopor um conjunto de normas e preceitos reunidos na Ratio Studiorum,oficializada como método em 1559. Segundo o Norberto Dallabrida:

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Entre as estratégias de “governo” de condutas e de produçãode subjetividades definidas na “Ratio”, pode-se destacar oincitamento à atividade permanente do corpo discente, ocontrole do espaço, a escanção do tempo, a separação dosalunos em classes e grupos, a emulação, a classificação epremiação dos alunos, a vigilância panóptica. No início doséculo XIX, com a “restauração” da Companhia de Jesus, a“Ratio Studiorum” foi reestruturada para responder aos sinaisdos tempos da nascente sociedade burguesa e disciplinar.(DALLABRIDA, 2002, p.3).

Como você pode perceber, muito da estrutura moderna daeducação foi baseada nos métodos desenvolvidos pela experiênciadocente dos jesuítas, afinal tiveram uma forte influência na educação

do Brasil Colonial.A Companhia de Jesus foi fundada em 1534 por Inácio de Loyola,estudante da Universidade de Paris. Essa companhia atendia aosdesígnios do Concílio de Trento, sobre a disseminação do catolicismonas terras do Novo Mundo. Preocupados com a formação e educaçãoda infância, os jesuítas encontraram no ímpeto expansionista dosimpérios lusitano e espanhol o apoio necessário para a realização deseus objetivos. Entre as novas terras a serem convertidas estava o Brasil.

O investimento principal dos jesuítas, em terras brasileiras, foi com jovens e com crianças. Isso porque acreditavam que estas seriam maissuscetíveis aos valores cristãos que seriam ensinados. As escolas deinstrução, fundadas já na primeira metade do século XVI, atuavam deforma bastante profícua na institucionalização de certos elementosque estão presentes nas instituições escolares ainda hoje, tais comodidática, disciplina, método e currículo. Sobre a organização didáticados colégios jesuítas, eles tinham por base a Ratio Studiorum.

Na Ratio Studiorum evidenciava-se a seleção severa deconteúdos e textos, buscando isentá-los de elementoscontraditórios à fé católica. Além disso, recorria-seàs minúcias na organização e à emulação (prêmios,

recompensas, competições no interior da classe) e àobediência como virtude fundamental. Sendo assim, a formade disciplinamento dos corpos, o método, a organização,tornaram-se tão importantes quanto os conteúdos ensinados.Esses elementos, por sua vez, estavam subjugados àsestruturas de poder dentro dos colégios. (CAMPOS, 2008, p.47).

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Como os jesuítas eram os responsáveis pela educação da colônia,seu projeto era direcionado tanto aos indígenas quanto aos colonos.

Os Recolhimentos foram fundados para possibilitar a efetivaçãodesse projeto. Neles, efetuavam o ensino do português (leiturae escrita), da doutrina cristã, de canto e música e, além disso,aprendizado profissional agrícola. Alguns historiadores se referemaos recolhimentos como Reduções, com o argumento de queatravés do ensino de elementos ocidentais, a cultura indígena eranão apenas desvalorizada, mas negada e relegada ao esquecimento.

A reforma Pombalina

Figura 1.6 – Marques de Pombal

Uma mudança significativana estrutura da educação noBrasil Colonial aconteceu nasegunda metade do séculoXVIII sob a regência doprimeiro ministro português,conhecido posteriormentecomo Marquês de Pombal.

Para compreender os

princípios que nortearamas atitudes do Marquês dePombal é importante vocêrecordar alguns elementosdo período conhecido comoModerno.

O que você sabe sobre a educação na Modernidade?

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Esse período chamado Modernidade é bastante especial umavez que é a partir dele que vamos conhecer a estrutura da Escola

Moderna. Ainda que a crise do século XIV indique uma transiçãoentre os Períodos Medieval e moderno, não devemos tomá-la comoum ponto fixo para pensar a Modernidade. Neste momento, serámais eficaz entender o período de forma contextual relacionando-ocom as reflexões em torno da educação. Nesse sentido, pensena modernidade como o período marcado pelas transformaçõesque ocorreram na longa e descontínua transição entre o PeríodoMedieval e o Moderno. O crescimento da burguesia, o renascimento,o enfraquecimento de Igreja Católica, a estruturação dos EstadosCentralizados dividiam espaço com transformações de cunhointelectual, como o Renascimento, período compreendido como um

movimento cultural e científico que se intensificou na Europa, duranteos séculos XV e XVI. Entre suas características tem-se a valorização dacultura Greco-Romana, do conhecimento e dom artístico; a ascensãodo antropocentrismo em detrimento do teocentrismo; a apreciaçãoda experiência e da observação metódica.

As principais ideias renascentistas, foram:

 » Racionalismo: a explicação do mundo se daria através doexercício da razão, e não mais pela fé.

 » Individualismo: o homem passa a ser o centro de suaspreocupações intelectuais. Os artistas passam a assinar suasobras. Senso de competição.

 » Antropocentrismo: oposição ao teocentrismo. O homempassa a ser considerado o centro do universo.

É importante ressaltar que havia um confronto direto entre osideais humanistas e as concepções religiosas, o que gerou umadecadência do teocentrismo. Porém é importante destacar tambémque a decadência do teocentrismo não significou a eliminação dareligião, pois esta continua a existir e por muitas vezes, influenciaráem definições políticas. O que ocorre é uma convergência dasexplicações e estudos da época fundamentados pela dimensãohumanística.

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Na Modernidade, a burguesia (grupo social em ascensão desde ofortalecimento das cidades) costumava encaminhar seus filhos para

instituições não atreladas à Igreja Católica, uma vez que o objetivomaior era justamente formar administradores competentes, cujosideais eram elitistas e individualistas liberais. Por esse motivo, aescola foi se tornando uma instituição essencial para a manutençãoda nova ordem social.

Figura 1.7 – Erasmo de Rotterdam

Entre os pensadores que sededicaram a temática daeducação nesse período,podemos referenciarErasmo e Montaigne. Em

ambos, podemos encontraruma preocupação com aformação das crianças daburguesia.

Erasmo contrapõe a culturamedieval e defende aimportância do livre-arbítrio na formação.Montaigne, por sua vez,argumenta a necessidade

de preparar o juízo doaluno, pois o homemdeveria ser educado parao mundo. Defendia umaeducação que criticava apassividade com a qual os

alunos eram tratados. Dever-se-ia valorizar o juízo prático dos alunose formá-los dentre de sólidos princípios morais.

Já no século XVII, temos a ascensão do pensamento racionalista.Nesse, eram valorizadas o raciocínio lógico em busca da verdade de

determinadas proposições. O elogio do método e do uso da razãosão pressupostos desta corrente que tem em Descartes um de seusrepresentantes. Nesse mesmo período, a escola passou a exerceruma função fundamental de apoio à família. Segundo o historiadorPhillipe Aries:

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A escola deixou de ser reservada aos clérigos para se tornaro instrumento normal da iniciação social, da passagem do

estado da infância ao do adulto. Já vimos como isso se deu.Essa evolução correspondeu a uma necessidade nova derigor moral da parte dos educadores, a uma preocupação deisolar a juventude do mundo sujo dos adultos para mantê-lana inocência primitiva, a um desejo de treiná-la para melhorresistir às tentações dos adultos. Mas ela correspondeutambém a uma preocupação dos pais de vigiar seus filhosmais de perto, de ficar mais perto deles e de não abandoná-los mais, mesmo temporariamente, aos cuidados de umaoutra família. A substituição da aprendizagem pela escolaexprime também uma aproximação da família e das crianças,do sentimento da família e do sentimento da infância, outroraseparados. A família concentrou-se em torno da criança.(ARIES, 1981, p. 38).

Figura 1.8 – Comenius

Entre os pensadores desseperíodo, Locke e Comeniussão responsáveis pelodebate referente àstransformações ocorridasna educação na época.Comenius (1592-1670) é,por muitos, consideradocomo o instituidor daescola moderna, pois alémde escrever livros didáticos,estipulou passos para aaprendizagem, afirmandoque esta deveria acontecerde forma metódica,sempre tomando comoponto de partida aquiloque é conhecido. Para ele,

a valorização da experiência era a forma de construir uma educaçãoque se faz pela e para a ação. Defendia também que a escola deveriaser universal e ficar sob a tutela do Estado.

John Locke, em sua obra Pensamentos sobre a Educação, defendeuuma educação formativa fundamentada no desenvolvimento dointelecto do educando. Este autor afirma que todos são dotados derazão e, portanto, aptos a aprender através da própria experiência.

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Ele ressaltava a preparação para a vida prática e preocupava-seespecialmente com a formação do homem burguês.

Note que a reforma Pombalina envolvia, portanto, uma reforma noensino, a começar por torná-lo público e laico.

A expulsão dos jesuítas se efetivou em 1759. Nesse momento,as aulas passaram a ser chamadas de “aulas régias” por serem

submetidas ao poder real. Essas consistiam no ensino de disciplinaautônomo, ministradas por um professor e sem a vinculação aum sistema específico de ensino. Além das aulas régias, outroimportante referencial era a existência de dois estabelecimentos deensino secundário mantidos pela iniciativa particular: o SeminárioEpiscopal de Olinda, fundado em 1800 e o Colégio de Caraça, criadoem 1820.

A intenção principal das mudanças propostas por Pombal erareerguer Portugal economicamente e culturalmente, inserindo-o nocontexto das potências internacionais.

Seção 4 – A Educação na América Portuguesa -Período Imperial

Objetivos de aprendizagem

 » Compreender os efeitos da reforma Pombalina para a

educação.

 » Relacionar as instituições de período imperial com aestrutura da educação que conhecemos atualmente.

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O século XIX inicia com uma série de processos políticos eeconômicos que afetam diretamente a estrutura política do Brasil.

O avanço das dominações napoleônicas colocou em xeque a famíliareal portuguesa, uma vez que esta, como parceira comercial daInglaterra, recusou-se a obedecer ao Bloqueio Continental impostopelo imperador francês.

A solução encontrada pela família real foi antecipar-se a invasãonapoleônica e aportar em sua colônia além-mar. Sendo assim, em1808 chega a solo brasileiro não apenas a família real, mas grandeparte da corte portuguesa e de elementos que atendessem asnecessidades e hábitos da família real.

Além das questões culturais, como a fundação do Museu Nacional,do Observatório Astronômico, da Biblioteca Real e da ImprensaRégia, a presença da realeza no Brasil mudou uma série de questõespolíticas como a Abertura dos Portos (anteriormente restritosapenas aos navios portugueses) e a elevação de status de colôniapara Reino Unido ao de Portugal e Algarves.

As transformações desse período, somadas à circulação de ideiasliberais aos desejos de autonomia de parte da população brasileira eaos problemas conjunturais vivenciados pela metrópole portuguesa,culminaram, em 1822, com a declaração de independência do Brasil.

Ainda que existam inúmeras criticas a respeito do processo deindependência do Brasil e as mudanças que efetivamente tenhamacontecido, podemos afirmar que o status de Império representavamudanças administrativas no país. Junto a elas, entrava novamenteem pauta a discussão sobre as questões educacionais.

Sabemos que com a expulsão dos jesuítas, em 1759, o ensinopassou para a responsabilidade do Estado. Com a independênciae a primeira constituição do país, o ensino era garantido aoscidadãos do Império, ou seja, homens livres e de certa renda. Paraos chamados “negros livres” as possibilidades de instrução se

O Bloqueio Continentalproibia o acesso dos naviosbritânicos aos portossob domínio francês. Oobjetivo principal eraisolar economicamente aInglaterra e, para isso, astropas napoleônicas ame-açavam invadir qualquerpaís que desrespeitasse o

bloqueio.

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restringiam às irmandades religiosas afro-descendentes. Apenasa partir de 1834 é que as províncias ganharam a incumbência de

formar as Escolas de Primeiras Letras, voltadas ao ensino elementare secundário. O ensino superior seria responsabilidade do governocentral. Não podemos negar, porém, que havia formas alternativasde acesso às letras, como a educação domiciliar, as aulas particularese as escolas paroquiais.

Veja abaixo trechos do decreto de criação das escolas de PrimeirasLetras no Brasil:

Lei de 15 de outubro de 1827

Manda criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas elugares mais populosos do Império.

D. Pedro I, por Graça de Deus e unânime aclamação dos povos,Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemossaber a todos os nossos súditos que a Assembléia Geral decretou enós queremos a lei seguinte:

Art. 1o Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverãoas escolas de primeiras letras que forem necessárias.

Art. 4o As escolas serão do ensino mútuo nas capitais dasprovíncias; e serão também nas cidades, vilas e lugares populososdelas, em que for possível estabelecerem-se.

 Art. 6o Os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operaçõesde aritmética, prática de quebrados, decimais e proporções, asnoções mais gerais de geometria prática, a gramática de línguanacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religiãocatólica e apostólica romana, proporcionados à compreensão dosmeninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e aHistória do Brasil.

Art. 11. Haverão escolas de meninas nas cidades e vilas mais

populosas, em que os Presidentes em Conselho, julgaremnecessário este estabelecimento.

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Art. 12. As Mestras, além do declarado no Art. 6o, com exclusãodas noções de geometria e limitado a instrução de aritmética só assuas quatro operações, ensinarão também as prendas que servemà economia doméstica; e serão nomeadas pelos Presidentes emConselho, aquelas mulheres, que sendo brasileiras e de reconhecidahonestidade, se mostrarem com mais conhecimento nos examesfeitos na forma do Art. 7o.

Carta de Lei, pela qual Vossa Majestade Imperial manda executaro decreto da Assembléia Geral Legislativa, que houve por bemsancionar, sobre a criação de escolas de primeiras letras em todas ascidades, vilas e lugares mais populosos do Império, na forma acimadeclarada. Para Vossa Majestade Imperial ver.

 Observe que o artigo 4 da lei fala sobre o método mútuo e suautilização nas escolas do Império. Pois bem, segundo MarcilaineSoares Inácio e Luciano Mendes de Faria Filho, ambos pesquisadoresda UFMG, o momento imperial foi bastante intenso no que se refereà discussão sobre a escolarização da população. Especialmente apartir de 1820 é presente a busca por investimentos na educação.(INÁCIO, 2004, p. 1). Neste sentido, o método mútuo (também

chamado monitorial ou lancasteriano), que estava sendoamplamente utilizado na Europa, foi adotado nas escolas brasileiras.Segundo a professora Fátima Maria Neves, da UEM/PR,

Para Lancaster, os monitores eram os responsáveispela organização geral da escola, da limpeza e,fundamentalmente, da manutenção da ordem, outra tarefarelevante do monitor lancasteriano. Diferentemente deComênius, Lancaster defendia uma proposta disciplinarde instrução, relacionada a disciplinarização da mente, docorpo e no desenvolvimento de crenças morais próprias dasociedade disciplinar, e não na independência intelectual.Observa-se a utilização de monitores, no método de

Lancaster, como elementos fundamentais para a efetivaçãodo processo de aprendizagem. (NEVES, 2003, p. 1).

Além da Lei anteriormente citada, a referência para o ensinosecundário no Brasil Imperial foi o Colégio Pedro II, fundado em

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1837 com o objetivo de atender aos interesses da elite intelectual daCorte e Províncias. Nas primeiras décadas do século XIX, começaram

a surgir os primeiros liceus provinciais, como o de Pernambuco,fundado em 1926, o Ateneu do Rio Grande do Norte, em 1835 e em1836, na Bahia e Paraíba.

Figura 1.9 – Colégio D. Pedro II, RJ

A educação no Brasil imperial era compreendida como parte deum processo civilizatório. Especialmente na segunda metade doséculo XIX, sob a regência de Dom Pedro II, bastante afeito àsciências e filosofia, o Brasil precisava caminhar para seu progresso.Este progresso não poderia ocorrer apenas através da indústria.Era essencial que ele acontecesse também através das letras,da instrução. A educação seria a maneira de formar o homemdisciplinado, civilizado e ordeiro, sobretudo nos grupos sociaispopulares. As escolas e liceus seriam, a partir de então, os espaços

específicos de formação deste cidadão, deste sujeito desejado. Aolongo deste capítulo, você estudou as características e conceitosde educação da Antiguidade Clássica ao Período Moderno. Oobjetivo deste olhar panorâmico foi apresentar diferentes conceitose métodos e possibilitar o estabelecimento de análises e relações

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entre diferentes sistemas de ensino. Além disso, você pode observarcomo o sistema educacional brasileiro foi se estabelecendo desde

a entrada dos jesuítas. No capítulo a seguir, você observará certocontinuísmo das iniciativas do período Imperial, mas tambémencontrará significativas mudanças no Brasil República. Vamosconhecê-las?

Síntese do capítulo

 » Na Grécia Clássica, a educação estava relacionada àcidadania e ao pertencimento a uma Polis. A educação era

 justamente o processo de preparação do indivíduo paraatuar publicamente em sua Cidade-Estado.

» Ainda que o Império Romano tenha sofrido influênciasculturais da Grécia, seu ideal de educação era similar aopolítico, ou seja, à universalidade.

» Durante a Idade Média Ocidental, a educação estava soba custódia da Igreja Católica. Os “conteúdos” lecionadosreferiam-se, portanto, as verdades da fé.

» Na modernidade, a emergência da Razão veio substituiruma educação teocêntrica, baseada nos preceitos cristãos.A utilização da razão e do método atuaram na instituição daEscola Moderna.

 » A História da Educação, durante o período colonial brasileiro,está intimamente ligada à atuação da Ordem dos jesuítasem seu projeto de catequização no Novo Mundo.

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 » A atuação dos jesuítas não somente trouxe a aprendizagemdo idioma e de valores ocidentais como promoveu a

cristianização dos grupos indígenas. Esse processo recebecríticas veementes pela desvalorização da cultura eespecificidades dos grupos indígenas.

 » Marquês de Pombal promoveu a expulsão dos jesuítas dosdomínios portugueses como forma de agregar a educação àtutela do Estado.

 » No Brasil imperial, desenvolveu-se a fundação das Escolas dePrimeiras Letras.

 » A educação no Brasil pode ser compreendida dentre de umprojeto civilizador.

Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas aseguir:

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2. Preencha o quadro abaixo ressaltando quais os principais ideaiseducativos nos períodos estudados.

PERÍODO CLÁSSICO

IDADE MÉDIA

IDADE MODERNA

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3. Após estudar as características da educação ministrada pelos jesuítas, relacione-as com as estruturas escolares atuais. Quais

características continuam presentes e quais sofreram alterações?

4. No que se refere a educação no Período Imperial, explique como

o acesso às letras auxiliaria o processo de desenvolvimento eprogresso do Brasil.

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5. Retome os artigos que compõe a Lei de 15 de outubro de 1827.Após a leitura, explique que conclusões você pode tirar a respeito

do papel de homens e mulheres na educação durante esteperíodo? Você acredita que haviam diferenças? Quais e por quê?E hoje, como estão as relações entre homens e mulheres quetrabalham com educação?

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Aprenda mais...

 Algumas obras interessantes que completam os estudos desse capítulosão:

ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio deJaneiro: Zahar, 1981.

JANCSÓ, István. Independência: história e historiografia. São Paulo:Hucitec, Fapesp, 2005.

Existem dois filmes que ilustram muito bem as relações estabelecidascom o saber e as estruturas escolares da Idade Média. São eles:

 » O Nome da Rosa (Alemanha, 1986)traz uma intrigante discussão sobre o conhecimento e a fé personificadana figura de monges com visões diferentes sobre a Igreja e as verdadesdivinas. O Filme é baseado no livro homônimo de Umberto Eco.

» Em Nome de Deus (Inglaterra, 2002) 

narra a clássica história de amor entre Abelardo, filósofo e professorem Paris, e Heloísa. Além do romance, o filme retrata o momento deorganização das universidades tutoradas pela Igreja Católica, assimcomo as relações estabelecidas entre alunos e professores.

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CAPÍTULO

  2Educação na Primeira República do Brasil

Tânia Regina da Rocha Unglaub

Nesse capítulo, você será convidado a entenderas transformações políticas e sociais que

acompanharam a educação no período daPrimeira República. Sobre as mudanças queocorreram na educação você estudará amodernização das Escolas Normais e a reinvençãodos Grupos Escolares. Estes marcaram oitodécadas no século XX disseminando uma culturaescolar cujas práticas escolares ainda se fazemsentir na atualidade. Você verá que a propostarepublicana se pautava na ideia da liberdade,ordem e progresso.

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CAPÍTULO

  2Compreender a história da educação no Brasil durante a PrimeiraRepública e seus processos de modernização verificando o papelda escola e das práticas pedagógicas que herdamos.

Objetivo geral de aprendizagem

Seções de estudo

Seção 1 – Educação na Primeira República: outro contexto,outra educação?

Seção 2 – Modernização das escolas normais

Seção 3 – Reinvenção dos Grupos Escolares: uma novacultura escolar

Seção 4 – Reforma de Orestes Guimarães: reorganizaçãoda instrução pública em Santa Catarina

Educação na Primeira República do Brasil

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Inciando o estudo do capítulo

Nesse capítulo, você estudará como ocorreu o processo educativona Primeira República, período de grandes transformaçõespolíticas e sociais que marcaram a história da educação noBrasil. Os historiadores demarcam a Primeira República entre operíodo da Proclamação da República até o início do governo dopresidente Getúlio Vargas, isto é, o período entre 1889 e 1930.Liberdade, ordem e progresso era a proposta republicana. Esseideal trouxe a urbanização e industrialização que exigiu tantoda nova burguesia quanto do proletariado a escolarização comoforma de sobrevivência e afirmação social. Os Grupos Escolares seapresentaram como a solução ideal exigindo também um maiorpreparo de professores. Essa necessidade provocou a modernizaçãodas escolas normais que se tornaram um ícone da participaçãofeminina na vida pública e reinvenção dos Grupos Escolares.

Seção 1 - Educação na Primeira República: outrocontexto, outra educação?

Objetivo de aprendizagem

» Conhecer os primeiros passos da educaçãorepublicana.

O final do século XIX e início do século XX foi um período degrandes movimentos políticos e sociais no Brasil. Entre os muitosacontecimentos destacamos a abolição da escravatura (1888), a

proclamação da República (1889) e a elaboração de uma novaconstituição (1891). Essas ações foram motivadas por interesses eideais diversos, mas que convergiram para o mesmo processo demudanças.

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Nessa época, o país saiu do escravismo e ingressou lentamente noprocesso de construção de uma sociedade urbano-industrial, ainda

marcada pelo poder das oligarquias, dos coronéis e cafeicultores.Até a década de 20, aproximadamente, predominou a políticaeconômica de valorização de produtos agrícolas, com destaque parao café.

Embora grande parte da população brasileira vivesse no campo etrabalhasse na lavoura, a sociedade urbana se expandia com baseno desenvolvimento do comércio. Com o crescimento da sociedadeurbana o problema de analfabetismo tornou-se evidente. Pois, aleitura e a escrita tornaram-se instrumentos necessários à integraçãoe sobrevivência, naquele contexto social.

 Entre o grande grupo de analfabetos, encontrava-se o negro,recém-liberto da escravidão, promovido à condição de cidadãoem uma sociedade discriminatória, que adquirira uma cidadaniade segunda ou terceira categoria. O negro e seus descendentescontinuaram estigmatizados e excluídos do processo educacional.Eles não tinham acesso à escolaridade e nem ao direito mínimo dovoto, obstáculo presente na Constituição Imperial pela exigênciade renda e alfabetização. E, na Constituinte Republicana pelanecessidade do domínio das primeiras letras.

A Primeira República carregava o peso de uma massa analfabeta de82,63% da população. (ROMANELLI, 2008). A maioria dos analfabetosera formada por negros recém-libertos da escravidão e imigrantespobres, que chegavam ao país sem conhecer o idioma e as leisbrasileiras. Por isso eram depreciados pelas elites.

Portanto o grande desafio dos dirigentes da nação era: formar anova nação; construir a República; e moldar com essa populaçãouma realidade diferente do regime deposto. Para alcançar essesobjetivos era necessário mudar profundamente o país. “Essamudança passava pela instituição que se acreditava, na época,

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Benjamin Constant, primeiro ministro da Instrução Pública,elaborou uma reforma do ensino de influência positivista. Propôs

a substituição do velho currículo humanista pelo currículoenciclopédico. Com esta reforma, foram introduzidas disciplinascientíficas em um ensino seriado. O ensino primário, secundário esuperior foi alterado e criou-se o Pedagogium. (ROMANELLI, 2008).

Você sabe qual a importância do museu Pedagogium paraeducação no Brasil?

O Pedagogium, museu pedagógico criado em 1890, no Rio deJaneiro, serviu como um centro de aperfeiçoamento do magistério;serviu também para impulsionar reformas e melhorias no ensino.Os museus pedagógicos tiveram muita importância na Europa,no final do século XIX e início do século XX. Os países que nãopossuíam museus eram considerados atrasados, em termos deeducação. No ano de 1897, O Pedagogium transformou-se em umcentro de cultura superior, sob direção de Manoel Bomfim, quevalorizava a educação na constituição psíquica dos indivíduos. Em1906, o Pedagogium, recebeu primeiro laboratório de psicologiaexperimental do Brasil.

Durante a Primeira República, várias reformas tentaram resolver oproblema da educação, mas não obtiveram muito êxito. O ensinoacadêmico e propedêutico continuou sendo privilégio das classesmais abastadas. Enquanto o ensino Secundário e Superior recebiaverbas da União, o ensino primário, com a responsabilidadede reverter o alarmante quadro de analfabetismo no Brasil, erasubsidiado pelos estados. Sendo assim, os estados mais ricosexperimentavam novas saídas e procuraram encontrar soluçõesadequadas, como ocorreu em São Paulo. Já nos estados maispobres da federação, com escassos recursos, a educação elementarcaminhava a passos lentos.

Quanto ao ensino técnico, nem o país tinha estrutura econômicasuficiente para oferecer esta educação em abundância, nem apopulação (principalmente a nova burguesia) estava interessadanesse ensino, símbolo de classe dominada. A população pertencenteà classe média, que almejava ascender socialmente, afastou a ideia

Ensino propedêutico éaquele que tem por finali-

dade preparar o estudantepara ingressar nos cursos

superiores.

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de educar-se para o trabalho. Assim a educação privada encontrouseu espaço, representando o próprio símbolo da classe.

As reformas educacionais da Primeira República contribuíram para aformação do sistema dualista de ensino, favorecendo a educação daselites. Observe o cotidiano escolar da atualidade e pense como suaprática pedagógica pode contribuir para uma educação igualitária edemocrática?

As reformas educacionais, daquele período, levou Romanelli (2008,p. 42- 44) a afirmar que a dualidade de sistemas consagrada pelaConstituição Republicana foi também uma forma de oficializaçãoda distância que se mostrava, na prática, entre a educação da classedominante e a educação das camadas populares.

Seção 2 - Modernização das escolas normais

Objetivo de aprendizagem

 » Verificar o processo de modernização das escolasnormais.

A formação dos professores caminhou atrelada ao atendimentoda demanda escolar e, neste caso específico, junto à educaçãoprimária. No Brasil, as escolas normais e a instrução pública primáriaderam seus primeiros passos no tempo do regime imperial. Aprimeira unidade para formação de professores foi a Escola Normalde Niterói. Nesse período, essas instituições apresentaram muitasdificuldades causadas pelo contexto das crises financeiras, baixa

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frequência e ausência de professores capacitados para ministrar asaulas. Poucas escolas normais sobreviveram às crises. Até o final do

século, sucederam pequenas reformas na Escola Normal.

Com a instalação do regime republicano, a expectativa de formar onovo e moderno cidadão brasileiro provocou um novo olhar sobreas escolas normais. A renovação dessas escolas e a reorganizaçãodos Grupos Escolares, como base da reestruturação do ensinopúblico primário, tornaram-se elementos indissociáveis nas reformasde ensino promovidas pelos estados.

Nas escolas normais, a grade curricular foi modificada, sendoampliada a parte propedêutica, com inclusão de novas disciplinas.

Também foi criada a escola-modelo, classes de ensino primário emanexo à escola normal, para realização do estágio de normalistas,desenvolvendo assim um padrão de ensino para nortear asescolas oficiais. A prática pedagógica deveria ser a pedra angular.(MONARCHA, 1999).

A escola normal de São Paulo, atendendo o decreto nº 27 de1890, sob a gestão de Caetano Campos, passou a ser referência. A“Escola Normal da Praça” como foi denominada, foi idealizada, porCaetano de Campos e inaugurada em 1894, após seu falecimento.A imponência de sua construção, um verdadeiro palácio, e sua

proposta pedagógica deveriam estar associadas à importância daformação do professor primário.

Caetano de Campos defendeu a ideia da construção de umedifício próprio para a Escola Normal e para as escolas anexas, comespaços apropriados, dispondo de móveis e materiais pedagógicosadequados.

Figura 2.1 – Escola Normal da Praça da República (São Paulo-SP), no início da década de 1920

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A modernização das escolas normais tornou-se necessária parapreparar os educadores para atuarem nos Grupos Escolares. Essa

nova organização escolar conviveu paralelamente com a escolaprimária pública caracterizada pelo “ensino mútuo”, tambémchamado “método Lancaster”. A escola de ensino mútuo eraorganizada por grupos heterogêneos de alunos, tanto na faixa etáriaquanto nos aspectos cognitivos, reunidos em uma única classe.Além de ser multisseriada, essa escola também era unidocente. Osalunos mais adiantados atuavam como auxiliares do professor. Jáos Grupos Escolares fixaram a série-idade, tornando-se uma escolagraduada.

Na década de 30, Lourenço Filho - primeiro diretor geral de

ensino do Estado de São Paulo - estabeleceu novas e rigorosascondições para a equiparação entre as escolas normais particularese municipais. Elevou o curso normal para quatro anos e ocomplementar para três. Os grupos-modelo, anexos às escolasnormais, foram convertidos em Escolas de Aplicação, concebidascomo “centros de pesquisas pedagógicas”. A Escola Normal daPraça foi transformada em Instituto Pedagógico de São Paulo. Nessadécada, ocorreram outras significativas alterações curriculares, comoinclusão de Biologia Educacional, Higiene e Puericultura, Sociologia,Canto Orfeônico (antes era música e canto), Didática, LegislaçãoEscolar, Educação Física, Prática Pedagógica. Em Santa Catarina,

o Curso Normal teve seu início em 1883, e com a Proclamação daRepública, foi estabelecida a Escola Normal Catharinense (1892),tendo como referência a Escola Normal de São Paulo.

Em 1935, as escolas normais públicas foram transformadas em Institutosde Educação, servindo como referência às escolas normais particulares.(DORES; SILVA; DANIEL, 2005).

Até meados da década de 40, as escolas normais cresceramsignificativamente. Eram 540 espalhadas pelo país e não havia

Alunos mais adiantados nestecaso refere-se aos alunos que

tinham maio domínio sob os con-teúdos estudados, e muita vezes

mais tempos de escolaridade.

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Você já se perguntou por que geralmente são mulheres que ministramaulas para a educação infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental?Você sabe como esse processo se desencadeou? Será que o gênerofeminino é mais hábil para ministrar aulas a crianças da educaçãoinfantil e /ou anos iniciais do Ensino Fundamental?

A ocorrência da feminização do magistério do Brasil tem sido objeto

de discussão e polêmica. Alguns autores defendem a ideia quetal processo representou o primeiro passo dado pelas mulheres,naqueles tempos, para obterem alguma instrução e conseguirem oingresso no campo profissional. (SEVERINO, 1998).

Também há explicações que afirmam que a feminização domagistério se desencadeou devido ao incentivo político. Osdirigentes e intelectuais, nesse período, apelaram para a missãocivilizatória e patriótica das mulheres como mães e educadoras.Acrescentamos a este fator, a oportunidade percebida pelasmulheres de um maior acesso ao espaço público, frequentando as

escolas normais e depois atuando como servidoras da pátria noensino primário. (CHAMON, 2010). Praticamente era essa a únicaporta aberta às mulheres.

Jane Almeida (1998) considera que muitas mulheres por não terem aoportunidade de ingressar em outras profissões, acessíveis somenteaos homens, aceitaram o magistério. O fato de ser aureolado pelosatributos de missão, vocação e continuidade daquilo que erarealizado no lar, facilitou a feminização da profissão. Outro pontode vista é que foi a partir da urbanização e da industrialização dopaís, com ampliação da oportunidade de trabalho para homens,estes abandonaram as salas de aula em busca de atividades maisrendosas. (LOURO, 2001). Essa interpretação é compartilhada poroutra pesquisadora, Rose-Marie Lagrave, ela afirma:

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[...] as posições dominantes são sempre ocupadas porhomens, as posições desvalorizadas por mulheres. [...] uma

profissão feminização já não se masculiniza. [...] Quando asmulheres progridem numa profissão ou numa disciplina, oshomens abandonaram-na, ou já antes a tinham abandonado.Não é uma situação de rivalidade, nem sequer de justaconcorrência, é um abandono silencioso. (LAGRAVE, 1999, p.505).

Esse processo se deu gradativamente a partir das últimas décadasdo século XIX. Nos primeiros anos da Nova República, a necessidadede separar a Escola Normal do Liceu contribuiu para a feminizaçãodo magistério. Os homens procuraram o ensino superior nos liceus,enquanto as mulheres aos poucos tomaram conta do Curso Normal.

(KULESZA, p. 68).

No decorrer do século XX, as representações em torno dasprofessoras, e das normalistas, receberam várias terminologias,como: educadoras, profissionais do ensino, tias, professoras.(LOURO, 2001). Independentemente das terminologias utilizadas,permanece o fato de que as mulheres, no decorrer do século XX,desempenharam o magistério, sendo responsáveis pela educaçãode milhares de brasileiros, quer homens de elite, dirigentes ouoperários. Hoje, observamos a conquista de espaço, participandoem todos os níveis e modalidades de ensino.

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Grupo Escolar e construir uma memória afetiva dessa estruturaescolar com lembranças saudosistas.

Rosa Fátima de Souza (2008) discorre sobre a implantação dessanovidade em São Paulo e apresenta como as ideias escolanovistas jácirculavam durante os primeiros anos da república. Também expõeseus sucessos e fracassos, destacando sua longevidade, já que osGrupos Escolares foram mantidos até 1971.

Os Grupos Escolares representam a estruturação escolar dedeterminado momento político, em âmbito nacional. Continhamvários elementos para a sua constituição: um prédio próprio,currículo ampliado e enciclopédico, (SOUZA, 1999), e cuidado com a

arquitetura do próprio edifício. (BENCOSTTA, 2005).

Esses “Templos do Saber” apresentavam as novas práticaseducativas, favoráveis à “reforma de costumes” de base higiênica.Essas reformas eram motivo de grandes preocupações e intençõesde intelectuais e médicos higienistas e autoridades eugenistas, poisforam projetados para disponibilizar espaços salutares e adequadosà educação da infância.

Esses edifícios escolares deveriam servir de modelo na concepçãoarquitetônica: prédios altos, amplos, iluminados e, mobiliário

adequado para serem vistos como locais de excelência para aformação do corpo e do espírito.

  Figura 2.3 - Grupo Escolar Victor Meirelles

 Os eugenistas eram diri-gentes que se preocupavacom a melhoria da raçahumana

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A construção dos edifícios que abrigariam os Grupos Escolaresdeveria localizar-se na parte central da cidade, com localização e

orientação que garantisse aos alunos ar puro e salubre, bastanteluz solar, com aspecto risonho, porém modesto, sóbrio e semornamentos; com ajardinamento na frente e arborização nas áreasdos recreios. Os Grupos Escolares eram feitos mais ou menos coma mesma planta: o pavilhão, o jardinzinho interno, pátios, estruturaampla de simetria bilateral, de modo que as seções masculinas efemininas ficassem em lados opostos e separados por um pátiointerno. Possuíam salas internas com capacidade de comportar até50 alunos. As classes da seção masculina poderiam ser regidas porprofessores/as. Já as femininas, apenas por professoras. O cursotinha duração de quatro anos, com cinco horas de aulas diárias, de

segunda a sábado. (GASPAR, 2006).

Nesse período, a escola foi utilizada como um instrumento civilizador,visando atingir a mente, o corpo e a saúde da nação, considerada “semeira nem beira, sem educação e sem higiene”. (ROQUE PINTO apudMACHADO, et al., 2003). Esse local do saber deveria estar aliado aosprojetos dos engenheiros e médicos higienistas visando à higienizaçãodos corpos e mudança de mentalidade dos alunos.

Acreditava-se que pela analogia do ambiente escolar com a própriacasa, haveria uma mudança de hábitos e mesmo cultural. Paraisso era necessário que a escola preconizasse hábitos de higiene epolidez, para conscientizar “as crianças a tomar banho diariamente,mesmo que no morro faltasse água”. (MACHADO, et al., 2003).Situada em um local próprio, com arquitetura moderna paraos edifícios escolares, (BENCOSTTA, 2005), foi meticulosamente

orientada com regras higiênicas.Os Grupos Escolares significaram de certo modo a grande virada,reorganizando o tempo e os espaços escolares. Segundo Vidal(2006, p. 8), os Grupos Escolares

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primário foi alterada algumas vezes, durante a Primeira República,com objetivo de facilitar a permanência dos alunos na escola. Havia

uma tendência de associar a idade ideal à série, visando ter turmashomogeneizadas. Com o decorrer dos anos, a república tomoumedidas extraordinárias para atender os alunos fora das faixasetárias ideais, permitindo o acesso facultativo de crianças de seisanos e aos jovens. Entre as ações nesse sentido, estão as campanhasde alfabetização de jovens e adultos iniciadas na década de 40.

A escola graduada organizada por um currículo extenso, divididoem séries escolares, oferecia aos alunos dosagens diárias e reguladasde diferentes áreas do conhecimento. Este modelo educativo eramuito diferente da educação oferecida pelas escolas isoladas, pelos

professores particulares da educação doméstica e pelos antigosprofessores régios. Essa estrutura escolar separou a infância e aadolescência do trabalho, fato que provocou um índice significativode evasão escolar.

No âmbito das políticas educativas, outros problemas tambémdificultaram a estreita ligação entre a infância e a educação. Ademanda do ensino primário era maior que o número de GruposEscolares distribuídos no país, deixando a grande maioria dapopulação sem acesso à escolarização. Os Grupos Escolares ficaramestabelecidos em grandes centros urbanos, além de excluir a

população que vivia distante dos grandes centros, nem todos osmoradores desses locais puderam ser atendidos, devido à falta devagas e ao número escasso de escolas.

Por essa razão, as escolas isoladas ainda mantiveram seu papeleducador, quebrando a hegemonia pretendida e ocupando osespaços deixados pela nova modalidade. A implantação das escolasgraduadas, modelo seguido pelos Grupos Escolares, implicava emcusto elevado e maior número de professores. As isoladas seguiam oformato multisseriado.

Com o tempo, algumas alterações se tornaram necessárias. Entre asdécadas 30 e 40, os dirigentes, imbuídos com os ideais da segundacampanha de nacionalização do ensino, deram atenção especialao ensino primário, aumentando significativamente o número deGrupos Escolares.

Os pais justificavam a ausên-cia das crianças nas escolas,

mostrando a necessidade daprestação de serviços de seus

filhos. Esse foi um dos motivosde discussões reiteradas vezes

nas assembleias legislativas.

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Durante as primeiras quatro décadas republicanas, os GruposEscolares “assumiram a posição de uma escola de verdade a uma

parte da sociedade brasileira, para a qual funcionou como símbolode coesão e status”. (VIDAL, 2006, p. 10).

Embora tenham se constituído em uma representação significativana construção simbólica da escola primária brasileira e na produçãoda infância no Brasil, a influência das práticas da cultura dos GruposEscolares não foi a única que se estendeu até os anos 70. Em defesado ensino público e laico, também encontramos a Escola Nova, quepor meio de seus representantes influenciou a docência brasileira.

Os escolanovistas vislumbravam uma nova forma de organização

administrativa e pedagógica do ensino, de orientação laica, semnegar as conquistas da escola graduada. Métodos de projetos,centro de interesse, sistema platoon, são vocábulos que fizeramparte das novas práticas e saberes escolares no Brasil.

É importante lembrar também que as formas de escolarização queadentraram o século XX fizeram parte do legado das experiênciaseducativas formais e não-formais do século anterior, influenciadasprincipalmente pelo contingente imigrante com suas escolasétnicas. As escolas confessionais, católicas e protestantes, tornaram-se a principal referência para a formação educacional e religiosa dos

filhos e filhas da elite brasileira.

O entrelaçamento de representações de ensino-aprendizagemredesenhou os contornos da cultura da escola primária nesse país,tornando-o híbrido e singular, alcançando avanços e conservandoranços. Cabe a nós, conhecer e analisar a história da educaçãoda infância e reinventar nossas práticas em prol da educaçãodemocrática.

Qual seria então a importância de estudar e fazer reflexões sobre ahistória dos Grupos Escolares no Brasil? Qual o papel que estes grupostiveram na história da educação brasileira?

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Talvez um dos aspectos que devemos considerar, ao estudar sobre aconstituição e organização dos Grupos Escolares, seja a possibilidade

de compreender que a escola não pode ser entendida olhandoapenas para dentro de seus muros. E que não basta olhar para foradeles, para a sociedade. É necessário olhar ao mesmo tempo paradentro e para fora, tentar identificar o movimento, observandocomo as relações sociais interferem nas condições cotidianas daescola e a escola nas relações sociais.

Seção 4 - Reforma de Orestes Guimarães:

reorganização da instrução pública emSanta Catarina

Objetivo de aprendizagem

 » Verificar os motivos da reformas Orestes Guimarãese seus desdobramentos para a formação da culturaescolar catarinense.

O governador Vidal Ramos convidou o professor paulista OrestesGuimarães, em 1911, com a finalidade de reorganizar a instruçãopública em terras catarinenses, exercendo a função de InspetorGeral do Ensino. A escolha desse educador se deu por sua anterioratuação no trabalho de nacionalização do ensino no Estado de SãoPaulo e como diretor do Colégio Municipal de Joinville.

Na medida em que os primeiros Grupos Escolares do Estado eram instalados, Orestes Guimarães, na função de Inspetor Geral

do Ensino, deveria elaborar programas, regulamentos e regimentospara a instrução pública. O objetivo do governador catarinense,ao trazer o educador paulista Orestes Guimarães, era solucionar oproblema da educação pública. Segundo o diagnóstico do própriogovernante, esse era o mais grave problema de Santa Catarina.

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Os imigrantes e seus descendentes cresciam, prosperavam e criavamescolas particulares espalhadas pelas colônias do Estado, muitas

vezes financiadas total ou parcialmente por seu país de origem.Preocupado com a integração dos imigrantes, decidiu trabalharexaustivamente na nacionalização do ensino. Por esse meio,pretendia transformar o educando em cidadão. Esse foi o objetivoque alimentou o discurso educacional oficial do momento:

[...] escolher os livros didáticos, cadernos, mapas, em fim tudoque se chama material de ensino, certamente que é umadura tarefa, porque é o primeiro bocado do pão de espíritoatirado, como cimento de um alicerce, aos futuros cidadãosda Pátria. (GUMARÃES apud UNGLAUB, 2008, p. 38).

 

A reorganização do ensino deflagrada no governo Vidal Ramos, foiconsiderada uma das mais decisivas do setor nesse Estado. Guimarãesseguiu as linhas básicas da escola pública de seu estado de origem.

Os Grupos Escolares, como parte do processo nacionalizador,começaram a ser organizados e instalados já no primeiro ano de

atividade do inspetor Orestes Guimarães (1911). O primeiro GrupoEscolar foi organizado na cidade de Joinvile, com a adaptação doColégio Municipal de Joinville, dirigido por esse inspetor, entreos anos de 1907 e 1909. O prédio foi reformado completamentepara adaptar-se às características de um grupo escolar. Foi entãoreinaugurado com o nome de Grupo Escolar Conselheiro Mafra. Osegundo grupo escolar foi instalado na cidade de Laguna (GrupoJerônimo Coelho) e o terceiro em Florianópolis, (Grupo Escolar LauroMüller) em 1912. Em 1913, Florianópolis inaugurou o Grupo EscolarSilveira de Souza e as cidades de Lages, Itajaí Blumenau tambéminstalaram seus Grupos Escolares. Portanto, sete Grupos Escolares

foram inaugurados no intervalo de três anos.Paralelo a difusão dos Grupos Escolares, foi efetuado o trabalhode remodelação educativa no ensino cívico e na língua nacional.Buscou-se ensinar o civismo utilizando um programa sedimentado

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acabaram nomeando o estabelecimento. (Ex: Grupo Escolar VidalRamos, entre outros). O funcionamento dos Grupos Escolares

estendeu-se até início da década de 70 quando, por decreto-lei,passaram a funcionar como escolas do ensino de 1º Grau.

O Grupo Escolar foi uma instituição pautada pela percepção dasociedade como um sistema em que a escola teria um papeldefinido para a reprodução das relações sociais entendidas comoideais. Certo padrão ideal de organização social, econômica e dehumanidade permeou os conteúdos e as relações nos GruposEscolares, sendo reestruturados conforme os momentos sócio-históricos de sua permanência.

Síntese do capítulo

 » Proclamação da República surgiu com proposta deliberdade, ordem e progresso. Embora os governantes eburocratas acreditassem que a educação seria o meio paraalcançar progresso, ordem, civilização e modernidade,

o índice de analfabetismo continuou elevado e poucostiveram acesso à instrução pública.

 » A instalação do regime republicano levou a renovação dasEscolas Normais e a reorganização dos Grupos Escolares.

» A Escola Normal de São Paulo passou a ser referênciapara a formação de professores da educação brasileira. Amodernização das Escolas Normais propiciou a feminizaçãodo magistério. Essas escolas tornaram-se um ícone daparticipação feminina na vida pública.

 » Os Grupos Escolares foram implantados no Brasil noinício do período republicano, como parte da primeiraorganização efetiva da escola primária em nível nacional epermaneceram durante oito décadas.

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Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas aseguir:

Atividades de aprendizagem

1. Durante a Primeira República, iniciou o processo de construçãode uma sociedade urbano-industrial que influenciou a situaçãoeducacional. Pensando sobre o que você estudou a respeitodesse assunto explique por que o processo de industrializaçãoalterou o processo educacional no Brasil?

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2. Ao observar a história de formação dos professores, expliquequais as similaridades entre esse processo e a formação deprofessores da atualidade. Quais as principais diferenças? Comovocê considera estas mudanças? O que você acrescentaria paramelhorar a formação e valorização do magistério da “EducaçãoInfantil e dos Anos Inicias do Ensino Fundamental”?

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CAPÍTULO

  3Escola Nova e a Nacionalização do Ensinona Era Vargas

Tânia Regina da Rocha Unglaub

Nesse capítulo, você estudará a influência da EscolaNova e o debate sobre o dualismo do ensino. Verá

como este debate propôs soluções inovadoras para a educação brasileira. Terá oportunidade deconhecer também os movimentos educacionaisdurante a era Vargas até a ditadura, observandocomo ocorreu a implantação da ReformaCapanema que definiu a nacionalização do ensinoe estruturou a escolarização em torno das leisorgânicas do Ensino.

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CAPÍTULO

  3Compreender historicamente a inserção da Escola Nova.

Conhecer o processo de nacionalização do ensino e suasrepercussões no cenário nacional e catarinense.

Objetivos gerais de aprendizagem

Seções de estudo

Seção 1 –Escola Nova e seus desdobramentos nacultura escolar

Seção 2 –Reformas educacionais e o processode nacionalização de ensino na Era Vargas

Escola Nova e a Nacionalização do Ensino naEra Vargas

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Iniciando o estudo do capítulo

Nesta unidade, você poderá conhecer como o sistema educacionalfoi estruturado no contexto histórico-cultural do período varguista.Você estudará as propostas e discussões da Escola Nova e seusdesdobramentos na cultura escolar. Poderá ver como essemovimento iniciado nos anos 20 alcançou seu ápice no Manifestodos Pioneiros em 1932, ao defender a escola pública, laica ea educação como direito para todos. Entre os representantesdos escolanovistas encontram-se Anísio Teixeira, Fernando deAzevedo e Lourenço Filho. Além desse grande movimento queinfluenciou nossa cultura escolar, aconteceram outras mudanças no

campo educacional durante o período varguista. Entre as muitasiniciativas encontram-se a criação do Ministério da Educação; aprimeira Constituição Federal que incluiu um capítulo específicosobre educação; o processo de Nacionalização do Ensino para aformação do novo cidadão brasileiro; e a Reforma de Capanemaque implementou as Leis Orgânicas do Ensino, entre 1942 e 1946.A nossa cultura escolar foi construída, nesse período, dentro de umcontexto histórico-cultural efervescente. A Segunda Guerra Mundialaconteceu e o desenvolvimento industrial estava em expansão,entre outros fatores mundiais e nacionais.

Seção 1 - Escola nova e seus desdobramentos nacultura escolar

Objetivos de aprendizagem

 » Analisar o debate educacional na década de 30.

 » Destacar as propostas do Manifesto dos Pioneiros daEducação Nova.

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O final do século XIX e início do século XX ficaram marcados pormuitas mudanças. Entre essas, o movimento de renovação do

ensino, denominado Escola Nova, inspirado por intelectuais daEuropa e da América. As várias teorias se assemelhavam, pelo menosem tese, no princípio de que “se aprende, fazendo”, e que “a criançaaprende brincando”. Os conceitos do americano John Dewey (1859-1952) influenciaram significativamente o pensamento escolanovistabrasileiro.

No Brasil, o movimento da Escola Nova, ou renovação do ensino,tornou-se evidente após a Primeira Guerra Mundial. Entre 1920 e1937, o poder das oligarquias agroexportadoras começou a declinardevido ao avanço do parque manufatureiro. A burguesia industrial

e o trabalhador urbano passam a se consolidar. O modo de viverdo povo, devido à crise financeira e ao processo de urbanizaçãoe desenvolvimento do setor industrial, despertaram, tanto emburgueses como em operários, a necessidade do acesso à educação.

Nesse período, entram em cena os intelectuais reformistas quepassaram a discutir com entusiasmo a questão da expansão do

sistema escolar no Brasil. Este grupo, embora com ideias divergentes,concordava que a educação era um dos instrumentos de transformaçõessociais almejadas e que caberia aos setores públicos a responsabilidadede reconstrução nacional com base na educação.

Como representantes desses intelectuais, podemos citar AnísioTeixeira, Fernando Azevedo, Lourenço Filho, o médico Miguel Coutoe o antropólogo Roquette Pinto. Eram chamados de “escolanovistasbrasileiros”, porque apresentavam ideias defendidas em váriospaíses pelo movimento da Escola Nova. Esse movimento em prol

da educação propiciou a criação, em 1924, da ABE - AssociaçãoBrasileira de Educação, que reuniu intelectuais muito heterogêneosquanto às tendências políticas, sejam de extrema direita oucomunistas; até os intelectuais anticomunistas, incluindo o grupocatólico.

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As discussões fomentadas por esse grupo desencadearam oentusiasmo pela educação, para ampliar o número de vagas nas

escolas da rede pública, e o otimismo pedagógico, que tinha aintenção de reorganizar os procedimentos didáticos e pedagógicos.

Os termos “Entusiasmo pela Educação” e “Otimismo Pedagógico”são definidos e explicados por Nagle (2001). Embora procuredistinguir estes termos, esclarece como um momento está atreladoao outro, na seguinte ordem:

De um lado existe a crença de que pela multiplicaçãodas instituições escolares, da disseminação daeducação escolar, será possível incorporar grandes

camadas da população na senda do progressonacional e colocar o Brasil no caminho das grandesnações do mundo; de outro lado, existe a crença deque determinadas formulações doutrinárias sobre aescolarização indicam o caminho para a verdadeiraformação do novo homem brasileiro (escolanovismo).A partir de determinado momento, as formulaçõesse integram [...] a escolarização é interpretada comoo mais decisivo instrumento de aceleração histórica.(NAGLE, 2001, p. 134).

 

Esses educadores escolanovistas buscaram reorganizar os sistemaseducacionais, implantando reformas na instrução pública no Riode Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e Bahia.Carneiro Leão, Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, Sampaio Dória,Lourenço Filho, Almeida Jr. e Francisco Campos asseguraram apropagação de suas propostas nesses estados.

No Rio de Janeiro, as reformas na instrução públicas, norteadas porprincípios escolanovistas foram estabelecidas por Carneiro Leão,Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira; em São Paulo, por SampaioDória, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e Almeida Jr.; em MinasGerais, por Francisco Campos; em Pernambuco, o expoente foiCarneiro Leão; no Ceará, Lourenço Filho; e no estado da Bahia, AnísioTeixeira.

O Manifesto dos Pioneiros foi o auge do movimento ideológico daEscola Nova no Brasil, constituindo-se em uma forma de protesto ao

Entre os anos de 1924a 1937, a A ssociação

Brasileira de Educação (ABE)realizou nove conferências.E conduziu a assinatura doManifesto dos Pioneiros daEducação Nova (1932).

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descaso do governo com a educação como um todo, conformeinterpretação dos signatários do documento. Esse documento se

apresentou como uma espécie de carta de princípios para nortearuma nova escola, propondo um Programa Nacional. Essa CartaMagna foi assinada por 26 pessoas, reunindo educadores, médicosadvogados e jornalistas empenhados em propor uma educaçãopública e laica, amparada em métodos ativos, que colaborasse paraas transformações trazidas pela Revolução Industrial.

Para os escolanovistas, o ensino público seria a única forma dese alcançar uma sociedade mais justa e democrática. Eles nãoacreditavam no sistema dual de ensino, sendo essa uma de suasbandeiras mais defendidas. Por isso, defendiam uma escola única e

gratuita para todos. O Estado deveria organizar e custear o ensinono âmbito nacional.

Para os integrantes da Escola Nova, a existência de um ensinopúblico seria a única forma de garantir uma sociedade igualitária.Você considera que essa proposta ainda é viável atualmente?É possível ter uma escola igual em uma sociedade desigual?Registre suas impressões:

Reflita sobre esta questão!

Como, evidentemente, o grupo católico tinha ideais totalmenteopostos, até em defesa de seu próprio sistema privado de ensino; ochoque se tornou inevitável. Para esses intelectuais ligados à igreja

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católica, a verdadeira educação seria aquela vinculada aos preceitoscristãos, com a participação ativa da igreja e da família. “No conflito

acirrado entre católicos e escolanovistas com freqüência essesúltimos eram acusados de ateus e comunistas”. (ARANHA, 2006,p. 303).

 Os militantes católicos acreditavam que o ensino laico e gratuitolevaria o Estado a excluir a família e a igreja do sistema educacionaltanto de crianças quanto de jovens. Essas diferenças fizeram ogrupo católico, abandonar a ABE, em 1932, quando os reformistasdefensores do ensino leigo e gratuito no país, se tornaramdominantes. Os católicos fundaram outra associação denominadaConferência Católica Brasileira de Educação (CCBE).

É interessante notar que a reforma Francisco Campos intensificouos debates em torno da política educacional do país, delineando-seentão duas grandes correntes:

» a dos reformadores, que lutavam por uma crescentedemocratização da escola - a chamada “escola nova”; e

 » a da igreja, que combatia o laicismo das novas teoriaspedagógicas.

Essas duas facções permaneceram em oposição até 1937, ano emque o golpe de Estado instituiu o regime ditatorial. A cartaconstitucional de 1937 adotou alguns dos principais pontosdefendidos pelos reformadores, mantendo o caráter gratuito ecompulsório do ensino primário e preocupando-se, sobretudo, coma instrução vocacional e pré-vocacional. Mas também manteve osistema dual e o ensino religioso nas escolas. A base da educaçãodeslocava-se do professor para o educando, baseado nascapacidades, interesses e habilidades da criança. A ação prática e aexperimentação eram, portanto, elementos essenciais nesseprocesso educativo.

Nesse sentido, Dussel e Caruso (2003) informam que para Deweya educação se daria pela “reconstrução contínua da experiência”,seguindo o modelo das ciências naturais que recorrem a hipóteses eprovas em uma espiral ascendente.

Pela aplicação da máximade “aprender f azendo”,a escola deveria criarsituações em que o alunopudesse vivenciá-las e nasquais pudesse observar eexperimentar, elaborandoassim seu próprio saber.O conhecimento seriadesenvolvido através darelação concreta do alunocom os objetos e fatos.

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Importa ainda observar que, fiel aos objetivos propostos, com basenas necessidades advindas do próprio momento econômico e social,

ler e escrever deveria ser uma capacidade fundamental do indivíduo.Preconizava, por isso, o aprendizado simultâneo do ler e escrever aoinvés do modo sucessivo habitual até então aplicado.

Estas são apenas algumas das alterações propostas, apresentadasno “Manifesto” de acordo com os princípios do escolanovismo, quetinha como ideal reformar a sociedade pela reforma do homem,através da educação. Seu objetivo era produzir novas formas noprocesso do ensino para alterar a cultura escolar, conforme defendeVidal (2003).

A seguir, você estudará sobre as reformas no período Vargas.

Seção 2 -Reformas educacionais e o processo denacionalização de ensino na Era Vargas

Objetivos de aprendizagem

 » Identificar as reformas educacionais efetuadas entreas décadas de 30 e 40.

» Compreender a conformação da educaçãonacional durante o Estado Novo (1937-1945) e seusdesdobramentos em Santa Catarina.

A década de 30 ficou marcada pelo fim da chamada RepúblicaVelha e a ascensão de Getúlio Vargas. Ele assumiu o governo apóscomandar a Revolução de 1930. Nesse mesmo ano, estabeleceuo Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública (Decreto

nº 19.402, de 14/11/1930), com o objetivo de ampliar sua faixa departicipação no desenvolvimento da educação nacional; estabelecerinstrumentos para unificar, disciplinar e proporcionar a articulação eintegração dos sistemas isolados estaduais; promover a intervençãodo Ministério e de suas relações com as Secretarias de EducaçãoEstaduais e com os próprios estabelecimentos. (PILETTI, 2002). Esse

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órgão se tornou importante para o planejamento e implantação dereformas educacionais com abrangência nacional.

  Francisco Campos foi escolhido para atuar como ministro da educaçãoe estabeleceu a Reforma do Ensino (1931/1932), contendo váriosdecretos para reorganizar o ensino secundário e universitário. O ensinosecundário foi dividido entre o ciclo fundamental, com duração decinco anos e o complementar, com apenas dois anos; esse último com oobjetivo de preparar o aluno para ingressar no ensino superior.

No ano de 1934, a Constituição incluiu um capítulo especial sobreeducação, estabelecendo a obrigatoriedade da escola primária,a gratuidade do ensino primário e assistência aos estudantesnecessitados. A partir dessa Constituição, ficou sob responsabilidadegovernamental a integração e o planejamento global da educaçãobrasileira; o controle, supervisão e fiscalização do cumprimento dasnormas federais. Essas atribuições governamentais constituíramo início da construção de um sistema nacional de educação,

assinalando profunda centralização das competências. Quase tudopassou a depender da autoridade superior.

A Constituição de 1934 teve curta duração, pois três anos maistarde, no ano 1937, Getúlio Vargas tornou-se ditador e estabeleceuo regime autoritário através de um Golpe Militar. Era o início do“Estado Novo” que perdurou até 1945. Como em toda ditadura,houve censura, repressão, direitos individuais desrespeitados,prisões sem respaldo jurídico, congresso fechado e partidos políticosextintos. Nos Estados foram nomeados interventores.

A Constituição de 1937 alterou alguns princípios educacionaiscentrais apresentados na Constituição de 1934 como, porexemplo, a compreensão de que a política educacional estejacomprometida com a defesa da democracia. Também o direito detodos à educação, defendido pelos representantes da Escola Novae presente naquela carta magna, não ficou explícito nesse texto

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constitucional. Além disso, o dever de educar os filhos deslocou-sedo Estado para a família. O ensino privado foi incentivado. A escola

pública atenderia à demanda não contemplada pelas instituiçõesprivadas.

A continuidade das reformas foi retomada somente em 1942, quando oMinistro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, implementou as LeisOrgânicas do Ensino, entre 1942 e 1946. Foram oito decretos-leis queordenaram o ensino primário, secundário, industrial, comercial, normale agrícola. (GIRALDELLI Jr., 2008.) No conjunto foram conhecidos como“Reforma Capanema”.

A campanha pela nacionalização do ensino promoveu reformaseducacionais que alteraram profundamente o sistema educacionale o influenciaram por décadas, mas tiveram um cunho elitistae conservador. Essa proposta para a escola primária incluía umcurrículo extenso, ao gosto da Pedagogia Tradicional, mas abrigoualguns dos princípios curriculares defendidos pelos liberais

escolanovistas. Pois além das disciplinas Leitura e Linguagem Orale escrita; Iniciação à Matemática, Geografia e História do Brasil,havia agora a inclusão de disciplinas como Conhecimentos GeraisAplicados à Vida Social, à Educação para a Saúde e para o Trabalho;Desenho e Trabalhos Manuais; Canto Orfeônico e Educação Física.

Qual a intenção no ensino secundário por parte do ministro?

Quanto ao ensino secundário, a intenção do Ministro Capanemafoi oferecer sólida cultura geral de base humanística que visavaà preparação de homens que deveriam assumir as maioresresponsabilidades dentro da sociedade e da nação. “[...] homensportadores das concepções e atitudes espirituais, que precisam

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infundir nas massas, o que é preciso tornar habituais entre o povo.”(CAPANEMA, 2000). Mas, esse ensino visava às elites para quem,

segundo Ghiraldelli (p. 84), “o caminho era simples: do primárioao ginásio, do ginásio ao colégio e, posteriormente, a opçãopor qualquer curso superior”. Para as classes populares estavamreservados os diversos cursos profissionalizantes, que só permitiamacesso a um curso superior da mesma área.

Entretanto o “sistema educacional não possuía a infra-estruturanecessária à implantação, em larga escala do ensino profissional”,diz Romanelli (2008, p. 166). Por isso o governo criou em 1942, oSENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Em 1946,surgiu o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).

O estabelecimento das escolas profissionalizantes, como umsistema paralelo ao sistema oficial de ensino, evidenciou odualismo educacional. As elites cursavam o ensino secundário nasescolas públicas enquanto às classes populares foi destinado oensino profissionalizante. A classe média, que via na escolaridadea oportunidade de ascender socialmente, preferia os cursos deformação propedêutica.

Segundo Romanelli (2008, p. 168), a população que buscava oensino profissionalizante era a que necessitava de um ofício,notadamente os pré-adolescentes, que não podiam frequentar o

sistema oficial pela necessidade de ingresso precoce ao mercado detrabalho. É nesse sentido que Aranha (2008, p. 202) critica o ensinosecundário derivado dessas reformas, por oferecer, aos filhos daelite, cultura geral e humanística que alimentava uma ideologiapolítica nacionalista e patriótica de caráter fascista (muito em vogano período) para proporcionar condições para o ingresso no cursosuperior e formar líderes.

Essas reformas acentuaram a tradição do ensino secundárioacadêmico, propedêutico e aristocrático. Segundo Capanema, essegrau de ensino deveria produzir “individualidades condutoras”.

Embora haja críticas, é necessário reconhecer que o governo Vargas,apesar do sistema dual de ensino, conseguiu uma significativaexpansão no sistema educacional.

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De 1930 a 1940, o desenvolvimento do ensino primário e secundárioalcança níveis jamais registrados até então no país. De 1936 a 1951,o número de escolas primárias dobrou e o de secundárias quasequadruplicou, ainda que essa expansão não seja homogênea, tendose concentrado nas regiões urbanas dos Estados mais desenvolvidos.Também as escolas técnicas se multiplicaram, e se em 1933 havia 133escolas de ensino técnico e industrial, em 1945 esse número subiu para1.368. O número de alunos, quase 15 mil em 1933, ultrapassou 65 milem 1945. (ARANHA, 1996, p. 203).

Os números citados parecem revelar a aplicação do consenso entreos líderes da educação e demais políticos dirigentes, definindo aescola como o lugar adequado para concretizar os dispositivosnormatizadores e consolidar um projeto de regeneração social.

O Estado assumiu o papel de construtor da Nação. Istosignificava, sobretudo, dizer ao povo quem era ele, isto é, formá-lo, incorporando-o à realidade nacional, identificando-o coma imagem do cidadão trabalhador. Por fim, provendo-lhe aeducação adequada às necessidades da nação. A constituição da

nacionalidade deveria ser a culminação de toda a ação pedagógicado Ministério de Educação e Saúde.

Segundo Schwartzman (2000), esta ação compreendia três aspectos:

a) O estabelecimento de um “conteúdo nacional” paraa educação transmitida nas escolas ou em outrosinstrumentos de formação cultural. Esse conteúdoincorporou certos aspectos do modernismo relacionadosao ufanismo, ao verde amarelismo, história mitificada dosheróis e das instituições nacionais, bem como o culto às

autoridades.

b) Padronização do ensino em todo o país.

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c) Erradicação das minorias étnicas, linguísticas e culturais, cujaassimilação passou a ser vista como questão de segurança

nacional.

A assimilação das minorias, apresentada no terceiro aspecto, sereferia às populações imigrantes que aportaram no Brasil nasdécadas que precederam o Estado Novo. Santa Catarina tornou-seum epicentro dessas ações, devido o grande número de imigrantesque habitavam nesse estado. Na parte seguinte, são apresentadasalgumas ações governamentais aplicadas em terras catarinenses.

Educação nacionalista e seus desdobramentos em Santa Catarina

A educação nacional em Santa Catarina, durante o Estado Novo,é um desdobramento de ações educativas iniciadas nos primeirosanos da Primeira República, mas com rigor bem mais intenso,devido ao governo ditatorial varguista. Entre os anos 20 e 40, parteda intelectualidade catarinense viveu um período de efervescência,derivada do cenário nacional. O tema dominante era a cultura e aformação moral e cívica do cidadão, voltado para a formação doespírito nacionalista brasileiro. O intercâmbio com a intelectualidadenacional tornava-se mais candente devido à problemáticaenfrentada pelo governo estadual, às voltas com a forte presença

europeia em solo catarinense.

Diante da necessidade de fomentar os sentimentos de brasilidade,Santa Catarina tornou-se foco de grandes atenções para osgovernantes da nação. Os núcleos estrangeiros, na ótica do governo,eram ameaçadores aos ideais de unificação nacional, principalmenteos de origem germânica pela vigorosa conservação de costumes etradições da pátria de origem.

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Você conhece, na sua região, alguém que saiba contar essa história,ouvida de quem vivenciou isso no cotidiano? Pessoas comuns,pesquisadores, educadores...Registre nas linhas abaixo:

Reflita sobre esta questão!

É importante dizer que os intelectuais e os políticos dirigentes da

sociedade catarinense elaboraram e colocaram em prática açõesque contribuíram de diversas formas para integrar a populaçãoà nova ordem. Campos (2004, p. 160) identifica o consenso entreeles, em relação à escola como “lugar adequado para concretizar osdispositivos normatizadores e consolidar um projeto de regeneraçãosocial”.

A nacionalização do ensino, empreendida nos anos 1938 e 1939,capitaneada pelo interventor Nereu Ramos, criou um movimentonacionalista ímpar na história catarinense, enfatizando a “boaeducação e um corpo saudável” como requisitos básicos para a

formação da nacionalidade brasileira. Foi apoiado por educadorese políticos influentes. Ivo D’Aquino atuou à frente da Secretaria doInterior, Justiça Educação e Saúde de Santa Catarina, à qual estavavinculado o Departamento de Educação Estadual.

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Sobre isso, faça um levantamento em livros escolares que se encon-

tram em escolas e bibliotecas e anote o resultado das pesquisas,com certeza será interessante!

Esse departamento foi o órgão máximo responsável pela orientaçãoe administração do ensino público estadual. Foi liderado pelosinspetores escolares João dos Santos Areão (Inspetor Federal dasEscolas Subvencionadas), Luiz Sanches Bezerra da Trindade (InspetorGeral das Escolas Particulares e Nacionalização) e Elpídio Barbosa,(Inspetor Escolar). Devido à atuação conjunta e permanente dessestrês educadores, tornaram-se conhecidos como a “santíssima

trindade da educação catarinense”. (DALLABRIDA, 2003).

Inspetores definiam a escola como uma oficina de caracteresadaptáveis ao regime político brasileiro. Coerente com essa visão,durante as inspeções às escolas, Areão focava três aspectos: a partepedagógica, a escrituração e, sobretudo a nacionalização.

A intervenção de Nereu Ramos seguia o procedimento do podercentral em relação ao jogo de poder com o conjunto de forçasexistentes. Por meio de Decretos e Leis, a partir da Constituição de10 de Novembro de 1937, com a instalação do Estado Novo, o

trabalho, para resolver o problema da nacionalização do ensino seintensificou. As escolas das zonas de imigração estrangeiratornaram-se o foco das ações da segunda campanha denacionalização apoiada durante o regime ditatorial.

Santa Catarina foiconsiderado o Estado “como problema de carátermais alarmante devido àgrande concentração deimigrantes, principalmen-te de origem germânica”.

(OLIVEIRA, 1939, p. 43).

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Nereu Ramos concretizou uma série de medidas do Decreto-Lei nº.88, de 31 de março de 1938, publicado no Diário Oficial do Estado

de Santa Catarina, em 02 de abril do mesmo ano. Composto de27 artigos, o documento estabelecia normas relativas ao ensinoprimário impondo-lhe um rígido controle, inclusive a proibição douso da língua estrangeira nas instituições educativas e a criação daSuperintendência Geral das Escolas Particulares e Nacionalização doEnsino.

As condições impostas pela legislação incluíam uma licençaobrigatória da Secretaria do Interior e Justiça, para a qual se exigiaentre outras coisas: todas as aulas dadas em português, comexceção do ensino de idioma estrangeiro; proibição do uso de

língua estrangeira nas escolas; diretor e professores natos ounaturalizados e com diploma oficial; adoção de livros oficialmenteaprovados; ensaio e canto de hinos oficiais; realização dehomenagens à bandeira; biblioteca com obras nacionais; declaraçãoexpressa do diretor de não existência de subvenção de governoestrangeiro.

É interessante notar que, se, por um lado, o Estado controlavarigidamente suas próprias instituições e os diretores e professoresbrasileiros. Por outro, o Estado agiu de forma sutil, mas bem definidano sentido de eliminar as escolas étnicas estrangeiras, seus

professores e diretores imigrantes. Não obrigava seu fechamento,mas diante das exigências a maioria das escolas particulares fechousuas portas, porque perceberam ser incapazes de cumprir as novasnormas estabelecidas.

No ano de 1939, foi instituído um atestado de “quitação escolar”,que permitia ao cidadão catarinense ser admitido ou promovidoem serviço público, ter contrato com o Estado ou receber dinheiropúblico. O certificado era obtido junto à escola mais próxima desua residência e atestava que suas crianças frequentavam a escolabrasileira. Apesar de tudo, houve pais que resistiram em mandar

seus filhos à instituição educativa do governo, e mantiveram “escolasclandestinas”. (D’AQUINO, 1942, p. 56).

Segundo dados oficiais, em 1937, havia 661 educandáriosparticulares. Em 1938, havia somente 113 escolas; e em 1939,o número de escolas baixou para 69. As poucas que restaram,

Subvenção de governoestrangeiro refere-seao auxílio pecuniário

concedido pelo governo

estrangeiro, por exemplo,patrocínio, ajuda de custode governo italiano às

escolas de cidades ondea imigração italiana era

predominante.

O Decreto-Lei n. 88 resolveu emparte o problema da naciona-lização do ensino. Isto porque

muitos estrangeiros não matri-cularam seus filhos nas escolas

oficiais do Estado.

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mantidas por comunidades religiosas naquelas zonas, foramrigorosamente fiscalizadas. D’Aquino (1942) escreveu que a cada

escola fechada correspondeu imediatamente à instalação de outra,pelo poder público estadual ou municipal por imperativo da próprialei.

Veja um dado interessante: entre o período de 1937 e outubro de 1942,foram criadas 244 escolas estaduais isoladas, 407 escolas isoladasmunicipais, 22 grupos escolares foram construídos e instalados, sendo

8 deles com o auxílio do Governo da União. Foram ainda estabelecidos36 cursos complementares. Portanto, o Estado de Santa Catarina podecontar com 710 novos estabelecimentos educacionais para educar acriança e a juventude nos parâmetros nacionalistas. (D’AQUINO, 1942).

Os cursos complementares eram anexos aos principais grupos efuncionavam cursos complementares de dois anos. O programadestes cursos correspondia aos dois primeiros anos ginasiais.

Sobre os inspetores escolares repousava a fiscalização rigorosado cumprimento das leis estabelecidas. Os inspetores cuidavamda parte burocrática com a eficiência esperada; mais que isto,eles verificavam in loco o trabalho realizado pelos professores. Oinspetor Areão defendia que não era suficiente ler, escrever e falar oportuguês, seria necessário que a escola ensinasse a criança a gostar,a “sentir o Brasil”. Para isso o ambiente deveria ser “nacionalizado”.(AREÃO, Relatório, 4º trim. 1939).

Com esse argumento, Areão defendeu a importância das canções

nacionalistas, pois dizia que é “a música que grupa todos os afetosda alma”. (ib. id.). Portanto, esse elemento, como linguagem dossentidos, com letras apropriadas, poderia ser a solução paraconduzir os estudantes, imigrantes ou descendentes, a sentirem-se brasileiros. Era a força inerente da música usada no processonacionalizador.

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As atividades escolares, como a Liga Pró-língua Nacional, clubesagrícolas, comemorações cívicas, desfiles patrióticos e Canto

Orfeônico, fizeram parte do currículo nacionalista, visando despertaro amor à pátria brasileira. O aprendizado dos hinos e cançõespatrióticas era efetivo e dinâmico. Esteve integrado em quase todasas programações curriculares e através da mente infantil era levadoaos lares.

E, para finalizar, podemos dizer que a escola transformou-se emum palco de brasilidade através de um projeto específico denacionalização, atuando de forma coerciva visando à assimilaçãocultural dos imigrantes a partir dos estabelecimentos de ensinoprimário. A padronização do ensino, com conteúdos nacionalistas

para todos os cursos e outras atividades curriculares, foideterminada pelos sistemas federal e estadual de educação.

A seguir, leia a síntese do estudo do capítulo, consulte as indicaçõespara aprender mais e complementar os conhecimentos edesenvolva as atividades de aprendizagem.

Síntese do capítulo

 » Os escolanovistas defenderam uma escola igualitária,democrática, laica promovida pelo sistema público. Osmaiores representantes do escolanovismo foram: Fernandode Azevedo, Anísio Teixeira e Lourenço Filho. O princípiopedagógico da escola nova centrou-se nos interesses ehabilidades da criança, tendo como máxima “aprenderfazendo”.

» As importantes transformações no campo educacionaldurante a década de 30 foram: Criação do Ministério daEducação (1931); assinatura do manifesto dos pioneiros(1932), promulgação da Constituição de 1934, que incluiu umcapítulo sobre educação.

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 » A escola durante o período estadonovista foi consideradalocal de difusão dos ideais nacionalistas. O governo

autoritário de Vargas propiciou a implantação da ReformaCapanema que definiu a nacionalização do ensino eestruturou a escolarização em torno das leis orgânicas doEnsino.

Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linha aseguir:

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Atividades de aprendizagem

1. Explique por que as reformas educacionais do governo Vargas,acentuaram o caráter dual da educação brasileira.

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2. “A educação como direito de todos” defendida pelos pioneirosda Escola Nova, esteve presente nas legislações e reformas de

ensino. Embora os documentos apresentem este princípio,ainda encontramos crianças que desistem ou não participam doprocesso educativo. A que você atribui esta questão? Faça umareflexão e diga como você pode contribuir para que a educaçãorealmente seja um “direito de todos”, no universo que vocêparticipa.

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Aprenda mais...

 Algumas obras interessantes que completam os estudos desse capítulo são:

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932). Revista HISTEDBR On-

line. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/doc1_22e.pdf> .Acesso em: 01 fev. 2011.

VIDAL, Diana. Pedagogia escolanovista. In: LOPES et al. 500 anos de

educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, p. 497-517. Disponívelem: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_cpedagogia_escolanovista.htm>. Acesso em: 01 fev. 2011.

OLIVEIRA, Marcos Marques de. As Origens da Educação no Brasil dahegemonia católica às primeiras tentativas de organização do ensino. In:Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Rio de Janeiro,v.12, n.45, p. 945-958, out./dez. 2004. Disponível: <http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v12n45/v12n45a03.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2011.

UNGLAUB, T. R. R. A Prática do Canto Orfeônico e Cerimônias Cívicas naConsolidação de um Nacionalismo Ufanista em Terras Catarinenses. Rev.Linhas – Rev. PPGE/UDESC, v. 10, p. 105-127, 2009. Disponível em: <http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1831>. Acesso em:01 fev. 2011.

D’ARAUJO, Maria Celina Soares. O Estado Novo. Rio de Janeiro: Ed. JorgeZahar, 2000.

SCHWARTZMAN, Simon; BOMENY, Helena Maria Bousquet.; COSTA, VandaMaria Ribeiro (orgs.). Tempos de Capanema. Santa Efigênia: Editora Paz e

Terra, 2000.

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CAPÍTULO

  4Educação da Infância após o AutoritarismoVarguista (1945) até os Dias Atuais

Você estudou como o contexto histórico-social epolítico influenciou o sistema educacional. Nesse

capítulo, você conhecerá a abordagem históricaque favoreceu o processo da implementação dastrês Leis de Diretrizes e Bases (LDBs). Também veráos movimentos da educação popular, bem comoconhecerá o grande expoente educacional, PauloFreire. Essa é a história da educação do tempopresente.

Tânia Regina da Rocha Unglaub

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CAPÍTULO

  4Verificar a articulação dos ideais da educação, no contexto socialbrasileiro, nos momentos vividos pela breve democracia, ditaduramilitar e redemocratização nacional.

Conhecer a abordagem histórica das Constituições Federais e dasLDBs.

Objetivos gerais de aprendizagem

Seções de estudo

Seção 1 – Primeira LDB e os movimentos de educaçãopopular

Seção 2 – Educação em tempos de Ditadura Militar

Seção 3 – Políticas públicas na educação brasileiracontemporânea

Educação da Infância após o AutoritarismoVarguista (1945) até os Dias Atuais

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O fim do período autoritário de Getulio Vargas, em 1945, possibilitouuma sucessão de governantes escolhidos pelo povo, ou seja, uma

breve democracia. Logo depois, com Juscelino Kubitschek (JK),o país passou a viver o ideal desenvolvimentista com ênfase nainternacionalização da economia, no ingresso de multinacionaise na ampliação do parque industrial do país, notadamente emSão Paulo. A indústria automobilística tornou-se um ícone dessesnovos tempos. O Brasil vivia a esperança de “crescer 50 anos em 5”,conforme o slogan de JK. As contribuições culturais pareciam fazereco ao ambiente político. É desse tempo o Cinema Novo, a BossaNova e até a conquista futebolística da Copa do Mundo de 1958.

Nesse cenário, a preocupação educacional continuou a ser a

formação do trabalhador brasileiro. A constituição liberal de1946, que legitimou a democracia no Brasil, estabeleceu que aeducação fosse um direito de todos. Entretanto, manteve o sistemadualista, dividindo, entre o poder público e a iniciativa privada, aresponsabilidade por tornar esse direito uma realidade.

Em 1948, iniciou-se um debate entre intelectuais, políticos e forçascatólicas, ímpar na história educacional do país. Girou em torno dareforma nacional da educação culminando com o lançamento daprimeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 4.024,em 20 de dezembro de 1961.

A Lei 4024/61 foi a primeira a englobar todos os graus e modalidadesdo ensino, após 13 anos de discussão. Suas principais características são:objetivos de ensino inspirados nos princípios de liberdade e nos ideaisde solidariedade humana; mudança na estrutura dos níveis de ensino:primário (de quatro a seis anos de duração), ensino médio: ginasial(quatro anos) e colegial (três anos); conteúdos curriculares com matériasobrigatórias.

Essa Lei foi resultado de longas discussões, que duraram 13 anos,quando foi promulgada já era considerada ultrapassada. Isto porquea nação que era semiurbanizada com forte influência da agricultura,agora tinha exigências distintas devido à industrialização.

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O principal debate desenvolveu-se pela polarização entre osreligiosos católicos e os “pioneiros da escola nova” apoiados por

intelectuais, estudantes e sindicalistas formando o movimento daCampanha em Defesa da Escola Pública.

O grupo católico, encabeçado por Alceu Amoroso Lima, defendia ainiciativa privada afirmando que a escola estatal não educava,apenas instruía. Os católicos propunham então a “liberdade” paraque as famílias pudessem escolher a melhor educação para seusfilhos. O deputado Carlos Lacerda, em 1959, foi um dos porta-vozesdesse grupo, que criticava o “monopólio” do governo sobre aeducação. O chamado “Substitutivo Lacerda” provocou o augedas discussões acaloradas, pois colocou o foco dos debates na

“liberdade do ensino”. Educação pública e particular deveriamcoexistir sob os auspícios do poder público.

Os escolanovistas e seus seguidores, por sua vez, combatiamessa visão conservadora e elitista que se opunha à laicidade doensino. Capitaneados por Fernando de Azevedo, no ano 1959, 189pessoas assinaram o Manifesto dos Educadores, documento quemarcou a culminação da luta em defesa da escola pública, exigindodo Estado um posicionamento mais efetivo em favor do ensinopúblico. Defendiam as mesmas diretrizes educacionais. “Admitiama existência das duas redes de ensino - a particular e a oficial - mas

as verbas públicas deveriam ser exclusivas da educação popular”.(ARANHA, 2006, p. 311).

Apesar dessas pressões populares por investimentos apenasdestinados ao ensino público, a LDBEN de 1961, expressou certavitória dos grupos conservadores.

Em seu Artigo 95, a Lei nº 4.024 de 1961 propunha que a União desseapoio financeiro, na forma de financiamento, tanto ao ensino públicoquanto particular para a compra, construção ou reforma de prédios

escolares, bem como para instalações e equipamentos.

Observe que os defensores das escolas particulares conseguiram,além de verbas, algo muito significativo e que garantiu a

Em 1959, o deputadoCarlos Lacerda propôs umsubstitutivo ao texto emdiscussão. Esse novo textoapoiava a iniciativa priva-da no ensino, oferecendoigualdade de condiçõestanto para escolas oficiaisquanto para as parti-culares. O Estado teriaa responsabilidade desuprir ambas igualmente.A proposta apresentadadefendia ainda a liberdadedas famílias na escolha daeducação que julgassem amelhor para seus filhos

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A proposta de Paulo Freire ficou conhecida como a “Pedagogia doOprimido”, de cunho democrático e libertadora. Buscava alfabetizarensinando a linguagem escrita, mas também habilitando o aluno a lero mundo. O processo envolvia a percepção de sua situação política comvistas à transformação social.

Paulo Freire criticava principalmente a educação convencional, vistapor ele como bancária baseada em uma “ideologia de opressão”.Observe que, nesse tipo de educação, o aluno é visto como alguémdestituído de qualquer saber.

Figura 4.1 - Paulo Freire

Como forma de se opor aeducação convencional(“bancária) Paulo Freire sebaseia na pedagogiaproblematizadora, queutiliza o cotidiano do aluno

como fonte doconhecimento.

É importante você saberque Paulo Freire propôsuma educação baseada no

[...] diálogo profundo entre o educador e o educando, demaneira que o educador não é único responsável pelo atode educar, mas aquele que, enquanto educa é educado,em diálogo com o educando, que, por sua vez, ao sereducado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos

do processo, crescem juntos e se educam em comunhão [...].(COTRIM, 1993, p. 295).

Paulo Freire procurava considerar a realidade cotidiana doeducando. Nesse sentido, Freire buscava situações reais do bairro,

O professor “deposita”conteúdos no educando,que passivamente osrecebe e memoriza, semqualquer reflexão crítica.Nesse caso, a avaliaçãonão é nada mais do que omomento do “saque”.

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cidade ou estado em que o estudante vivia. Considerava ainda asituação sócioeconômica, cultural ou até mesmo profissional vivida

pelo educando. Freire buscava, portanto mais que inculcar saberese defendia a ideia que “todo ato educativo é um ato político”.Defendia ainda que o “educador humanista revolucionário” deveriacolocar sua ação político-pedagógica a serviço da transformação dasociedade e da “criação do homem novo”. (GHIRALDELLI JR, 2008).

Para Paulo Freire, o processo de aprendizagem develevar em conta a vivência do educando, visto que

“ninguém atravessa a rua, partindo do lado de lá” eque, “estudar não é um ato de consumir ideias, mas decriá-las e recriá-las”. Diante dessas concepções comovocê compreende o movimento de diálogo mútuo,entre educador e educando, para que a tarefa deeducar vá alem da transmissão de conhecimentos?

Você pode registrar seus conhecimentos nas linhas abaixo:

Reflita sobre esta questão

É importante que você saiba que o golpe militar de 1964 silenciouquase todos os Movimentos de Educação Popular. Restaram osMEBs, embora com ritmo menos intenso quanto à orientação

política. Os MEBS, no ano de 2011, completam 50 anos.

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Seção 2 - Educação em tempos de ditadura militar

Objetivo de aprendizagem

 » Analisar o contexto social vivenciado no períododa Ditadura Militar e as consequências nas reformaseducacionais.

Figura 4.2 – Ame-o ou deixe-o

O período da Ditadura Militar é conhecido historicamente como”anos de Chumbo”, caracterizado pela ausência do Estado deDireito.

O regime da Ditadura Militar iniciou em 31 de março de 1964, comum golpe de estado contra o Presidente João Goulart, e terminouem janeiro de 1985, com a eleição indireta (via Colégio Eleitoral) deTancredo Neves e José Sarney.

O Congresso foi considerado um mal, e as decisões eramcentralizadas nos generais que ocupavam a cadeira da presidênciada república. O Executivo foi fortalecido em detrimento doLegislativo. O regime militar foi paulatinamente evitando o jogopolítico. Foi nesse período conturbado da história política brasileiraque surgiram nomes como Lei de Segurança Nacional, ServiçoNacional de Informações, prisões políticas, AI-5, exílio e outrostermos de nítido teor antidemocrático. No campo econômico, o

No Estado de Direito, asociedade é regulada poruma constituição queprevê uma pluralidadede órgãos dotados decompetência distinta, ex-plicitamente determinada.Os poderes judiciário,legislativo e executivo sãoexercidos separadamente.

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regime militar abandonou de vez o nacional-desenvolvimentismo,atrelando-se ao capital estrangeiro. A influência norte-americana se

fez sentir através da Aliança para o Progresso. Era do interesse dosEUA fortalecer sua influência sobre o Brasil, notadamente após aRevolução Cubana. E dessa forma, os militares se distanciaram cadavez mais da sociedade civil, possibilitanto o golpe de 1964.

Exemplo

Um exemplo marcante desse distanciamento foi justamente apolítica educacional, que foi atrelada aos acordos MEC-USAID,(Ministério da Educação e Cultura e United States Agency forInternational Development), pelos quais o Brasil receberia apoiotécnico e financeiro.

A educação, sob o regime dos militares, é representada por termoscomo: repressão, privatização do ensino, desmobilização domagistério e tecnicismo. Com esta política, o governo militaracabou por eliminar os movimentos de educação popular. E porconsequência de tais medidas, o analfabetismo cresceusignificativamente, durante esse período.

Para tentar reduzir os altos índices de analfabetismo, foi criado,em 1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).Esse modelo apregoou o uso do método de Paulo Freire, mascompletamente descaracterizado por esvaziar a conscientizaçãopolítica, um dos pilares da sua proposta pedagógica para aalfabetização. Apesar do grande número de inscritos no MOBRALsua efetividade foi contestada, pois muitos saiam sem ler direito emal sabendo desenhar seu nome.

O ano de 1968 foi marcado pela revolta estudantil de âmbitomundial, cujo idealismo refletiu-se também aqui no Brasil. Haviavárias reivindicações referente às políticas educacionais no país,principalmente por mais vagas no ensino superior. Então, nesse

Aliança para o progressoera um programa de

apoio à América Latina,como uma resposta

ao temor da expansãocomunista.

Tecnicismo trata a educaçãocomo capital humano,preocupado com o valoreconômico da educação.Nesse modelo, as escolas

seriam empresas especiali-zadas em produzir instrução.

(ARANHA,2006)

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mesmo ano, a ditadura produziu uma das peças mais repressivas eantidemocráticas de nossa história, o Ato Institucional nº 5 (AI-5).

Para enquadrar especificamente o sistema educacional contraqualquer ação tendente a confrontar o governo ditatorial, houveainda o Decreto-Lei nº 477, de 26 de fevereiro de 1969. A Lei definiaa proibição de qualquer manifestação política, ou que fosse assimconsiderada, e estabelecia as punições correspondentes paraprofessores e estudantes.

De olho nos estudantes

Figura 4.3 - De olho nos estudantes

Depois de iniciarem violenta repressão aos movimentos deeducação popular, principalmente destruindo as entidades que ospatrocinavam, os militares efetuaram a primeira ação da ditadurana educação formalmente estabelecida e em 9 de novembro de1964 foi baixada a Lei nº 4464, conhecida como Lei Suplicy deLacerda. Esta lei tinha como finalidade reorganizar a representação

estudantil, para neutralizar eventuais manifestações dos estudantes.

Nesse momento, a União Nacional dos Estudantes (UNE) foiconsiderada ilegal e foco de agentes subversivos. Em seu lugar,foram permitidos os Diretórios Acadêmicos (DA) representandocada curso e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) para cada

AI-5, deu poderessuficientes ao Presidenteda República para uniras funções: executiva elegislativa. Não haviamais garantia de direitospolíticos e individuais e aprópria Constituição pro-mulgada pelos militaresfoi desconsiderada.

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No clima de difusão de slogans otimistas de cunho ditatorial, a

reforma educacional foi introduzida em pleno período da DitaduraMilitar. Essa reforma teve um caráter autoritário, vertical edomesticadora, visando à preparação de mão de obra para otrabalho e o controle político e ideológico. Esteve amparada emduas leis fundamentais para as aspirações militares:

» a lei 5.540/68 que reformou o ensino universitário;

» a lei 5.692 de 11 de agosto de 1971 que reformou e fundiu oensino primário, e ginasial.

Enquanto a lei 5.540/68 visava à preparação de mão de obra qualificadapara o setor produtivo, a lei 5.692/71 preocupou-se em munir os altoscargos da burocracia de pessoas com formação adequada (técnicos).

A reforma educacional foi implementada sob a tutela de tecnocratasamericanos, amparada pelos preceitos tayloristas e fordistas 

da administração geral de empresas, que separa a concepção daexecução.

A proposta pedagógica seguiu a tendência tecnicista, pois focavaaspectos relacionados às empresas e às indústrias, tais comoobjetividade, organização, eficiência, racionalidade, burocratização eprodutividade, mas que quando aplicadas à educação transformamo professor somente em executor de tarefas originadas por técnicosem planejamento.

Veja, a seguir, uma abordagem mais ampla sobre essas duasreformas educacionais:

A Assessoria Especial deRelações Públicas, órgãode propaganda oficial,procurava comunicar“uma filosofia de governoinspirada na confiança,seriedade e austeridade”,e divulgava slogansotimistas como “Brasil:ame-o ou deixe-o”, “PráFrente Brasil”, e “Ninguémmais segura este país”.

Taylorismo: conceito deadministração e produção,no qual cada trabalhadorexecuta uma tarefaespecífica, deixando departicipar do processo deprodução total.

Fordismo: o processo deprodução se dá atravésda divisão por linhas demontagem. O trabalhadoré abastecido por peçase componentes que sãolevadas até ele atravésde esteiras. Tais conceitossurgiram no início doséculo XX, com o objetivode disciplinar o trabalhodos operários nas fábricase aumentar a produção.

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a) A educação sob a Lei 5692/71

A reforma proposta pela Lei 5692/71 aconteceu durante o períodomais repressivo da ditadura militar, mas sob o entusiasmo populardo “milagre econômico” de Médici.

Os professores acreditaram que o 2º Grau profissionalizante seriauma realidade positiva, e aceitaram com entusiasmo também asdemais propostas dessa lei, mesmo com seu caráter impositivo,autoritário e sem ter sido discutida pela sociedade civil.

A LDB 5692/71 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino dos 7 aos14 anos, período denominado como ensino de 1º grau, cursado de

forma sequencial, em 8 anos. O exame de admissão foi abolido.Foram estabelecidos os princípios de continuidade e terminalidade.Ou seja, a continuidade fazia o aluno ir “passando” de ano desde o 1ºaté o 2º Grau. Pela terminalidade, se imaginava que ao terminar cadanível o aluno estaria capacitado para o mercado de trabalho.

A escola secundária e técnica foram fundidas. Dessa forma, aofinal do ensino médio, o aluno teria uma profissão. Para isso foramretiradas do currículo as disciplinas Filosofia, Sociologia e Psicologia,para dar lugar às matérias profissionalizantes. Também as matériasde História e Geografia foram agrupadas como Estudos Sociais.

Note que essas medidas demonstravam o interesse do regimemilitar da época em despolitizar os alunos com a diminuição oueliminação do pensamento crítico que essas matérias poderiamproporcionar.

Analisando esse contexto histórico, você já se perguntou que papel vocêenquanto educador tem desempenhado na sua escola, de forma torná-

la democrática, ou seja, um ambiente que valoriza o pensamento críticoe a consciência política?

O milagre econômicoaconteceu, entre os anos

1969 e 1973. Nosso paístomou empréstimos no

exterior e conseguiu quealgum capital estrangeirose dirigisse para cá. Houveo crescimento do comércio

exterior fomentandoimportações e exportações.

O Estado brasileiro passoua arrecadar mais tributos.Isso diminuiu o déficit

público e a inflação.

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Essas alterações curriculares foram implementadas pelo ConselhoFederal de Educação (CFE), que também tinha a responsabilidade

de definir as matérias do núcleo comum e as diversificadas nos dois“graus”. As habilitações disponibilizadas pelo CFE para os cursosprofissionalizantes do 2º Grau chegaram ao número exagerado de158, (primeiro foram 130) e pretendiam contemplar as necessidadesregionais. (ARANHA, 2006).

Diante desse contexto, as escolas particulares continuaram apropiciar à sua clientela o que ela desejava: a preparação para oingresso nas faculdades, burlando a diretriz profissionalizante.Já a escola pública sofreu uma descaracterização de seu 2º grau.Ghiraldelli Jr. (2008) aborda que não havia recursos humanos nem

materiais necessários para tornar efetiva a profissionalização equestiona: “Onde estavam os laboratórios, materiais e oficinase onde estavam os professores formados para ensinar tantasdisciplinas novas pra as habilitações sugeridas pelo CFE?”.(GHIRALDELLI Jr., 2008).

Segundo Ghiraldelli Jr., o maior equívoco dessa reformafoi comprometer o ensino profissional efetivo já existente.Notadamente a formação dos professores sofreu duro golpe com aextinção do curso Normal, transformado-o em Habilitação parao Magistério. Então, na prática não houve a profissionalização,

acentuando ainda mais a dualidade do ensino entre a elite e orestante da população. Como os investimentos em educaçãopública foram muito baixos, não havia como sustentar a aplicaçãodo modelo tecnicista proposto.

A Habilitação para o Magistério, fundamentada na pedagogia tecnicista,trouxe um caos à educação, pois o elemento principal passa a ser aorganização racional dos meios, ocupando professor e aluno umaposição secundária.

Nesse sentido, Saviani (2001, p. 14-15) comenta que os “professores,ficaram relegados à condição de executores de um processo cuja

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concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargode especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos,

imparciais”. O magistério passou a ser submetido a um pesadoe sufocante ritual, com resultados visivelmente negativos. Ao setranspor para a escola a forma de funcionamento do sistema fabril,perdeu-se de vista a especificidade da educação, ignorando quea articulação entre escola e processo produtivo se dá de modoindireto e por meio de complexas mediações.

b) A reforma universitária sob a lei 5.540/68

A lei que reformou o ensino superior nasceu da constatação dopresidente da república, general Costa e Silva, e da necessidade deuma ação rápida que contivesse a onda de descontentamento geralno meio universitário. Foi criado, então, o Grupo de Trabalho daReforma Universitária (GTRU), que em poucos meses, intimidadopelas perseguições políticas da ditadura, apresentou uma propostavotada pelo Congresso. Embora formado por intelectuais derenome, a proposta do GTRU na verdade seguiu as orientações doRelatório Atcon e do Relatório Meira Matos. Ambos continhamtendências tecnicistas ligadas ao taylorismo.

Os principais pontos da reforma educacional universitáriaforam a busca da racionalidade, eficiência e produtividade. Acátedra foi extinta, o vestibular tornou-se unificado e houveaglutinação das faculdades em universidades para melhorconcentração de recursos materiais e humanos. Tambémfoi instituído o curso básico nas faculdades pra suprir asdeficiências do 2º grau; foram estabelecidos cursos de curtae longa duração; desenvolveu-se ainda um programa depós-graduação; uma nova composição curricular permitiu amatrícula por disciplina, instituindo-se o sistema de créditos.(ARANHA, 2006, p. 317).

A departamentalização era outra característica dessa reforma. Comessa medida, se burocratizou o sistema educacional criando umamentalidade empresarial e administrativa, de forma fragmentada.Como consequência, muitos professores se interessaram mais pelacarreira administrativa ou em articulações políticas do que noensino e pesquisa. Por outro lado, o sistema de créditos e a carreira

Rudoph Atcon era um teó-rico norte-americano ligado

aos acordos MEC-USAID.

Meira Matos era coronelda Escola Superior de Guerra

e um dos encarregadosde propor soluções para a

chamada “criseuniversitária”.

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aberta eliminaram as turmas e grupos estáveis minimizando osvínculos para evitar a politização dos alunos.

A medida do Decreto nº 68908/71 tornou possível o ingresso asuniversidades somente mediante o exame vestibular classificatório.Ou seja, a aprovação dos candidatos dependia do número de vagasexistentes, e não da nota obtida. Assim eliminou a figura dos“excedentes” no modelo anterio. Esse processo discriminatóriobeneficiou as escolas particulares e transformou o ensino desegundo grau em um filão de mercado altamente lucrativo. Tambémpassaram a pipocar cursinhos pré-vestibulares e universidadesparticulares em todo o país. Tal prática beneficiou os empresários doramo educacional

Repercussão das reformas educacionais

As análises disponíveis a respeito das reformas educacionais sob aditadura militar são várias, mas na maioria dos casos implacáveisquanto ao veredito de desastre. Afinal, o próprio general Figueiredo,em 1982, decretou o fim da profissionalização obrigatória do ensino.A “qualificação para o trabalho” na nova lei passou a ser “preparaçãopara o trabalho”. O governo “não matou, apenas sepultou algo que

 já estava morto. Toda a tecnocracia[...] cabisbaixa, afastou-se do

enterro de todo um sistema”. (GHIRALDELLI Jr, 2008, p. 126).

Por outro lado, os problemas do ensino superior se avolumaramcom as reformas e seus reflexos se vêem até os dias atuais. O carátertecnocrático e autoritário do projeto militar sobrepôs os valores deracionalização e produtividade aos pedagógicos.

Os excedentes faziam par-te do grupo que obtinhaa nota mínima exigidapara a aprovação, masnão ingressavam devidoà falta de vagas. Somente

os primeiros colocadosconseguiam ingressar nauniversidade.

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A aprovação da Constituição, em 1988, favoreceu o debate emrelação à necessidade de elaborar uma nova LDB, visto que a

legislação vigente (Lei nº 5.692/71), não era nada democrática. Essalei havia sido sancionada nos “tempos da ditadura”, e elaboradapelos tecnocratas nacionais e norte-americanos, portanto, nãosatisfazia as expectativas dos educadores e da sociedade emgeral. A tramitação da atual LDB, na Câmara Federal, demorou oitoanos. Esse processo foi longo e tumultuado, devido ao conflito deinteresses políticos.

A década de 90 surge conflitante, tanto na esfera social quantoeconômica e política. Como você pode ver os brasileiros vivenciaramuma inflação estratosférica e incontrolável, no final do governo José

Sarney. Também sentiam as dores das feridas abertas pela decepçãocom a corrupção que conduziu ao impeachment do presidenteFernando Collor de Mello. Assistiam, com ilusão e desilusão, asucessão dos presidentes: José Sarney, Fernando Collor de Mello,Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso[...] em meio as crisesde toda ordem, confrontando interesses dos mais diversos. Nessecontexto a LDB continuava sendo discutida no Congresso Nacionalainda sem nenhuma conclusão prática.

Nas discussões sobre a LDB, participavam os representantes daCâmara Federal, de órgãos de educação e da sociedade civil através

de várias entidades sindicais, científicas e estudantis. Paralelamente,o senador Darcy Ribeiro apresentou outro projeto, apoiado pelogoverno e pelo ministro da educação. O Projeto de Darcy Ribeirofoi aprovado em 1996, transformando-se na LDB 9.394/96.

Os defensores da reforma aprovada consideravam que o outro projeto,antes em discussão, tinha caráter corporativista e era muito detalhistacom seus 172 artigos. Já a lei aprovada foi vista como positiva porser enxuta e flexível. Os críticos da lei aprovada a consideravam vagae omissa em pontos fundamentais e tão “enxuta” que se tornoudemasiado generalizante.

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Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamentalforam distribuídos em todas as escolas públicas do país. A tirageminicial foi acima de 100 mil exemplares.

A proposta desses documentos é servir de referências nacionaiscomuns no processo educativo brasileiro, procurando respeitaras diversidades regionais, culturais e políticas existentes nasregiões do país. Esses parâmetros curriculares foram elaboradoscom a assessoria de Cesar Coll, seguindo a tendência pedagógicaneoconstrutivista.

A abordagem neoconstrutivista se baseia na ênfaseconstrutivista de Piaget, mas também reflete os modernosprogressos em nossa compreensão sobre os processos deaprendizagem. A aprendizagem para Coll envolve aspectosafetivo-relacionais e cognitivos e os conceitos são construídosnesse processo de interação. Para ele, a instituição escolartem caráter social e os seus aprendizes entram em contatocom a cultura social e organizada, aprendendo na interaçãosocial. (FRANCISCO FILHO, 2010, p. 55).

Além dos PCNs, a atual Constituição atribuiu para cada estado emunicípio a competência de organizar seus próprios sistemas deensino, respeitando as diretrizes e bases da educação nacional.Diante dessa possibilidade, o estado de Santa Catarina, elaborou suaproposta curricular, como resultado do processo histórico vividoem busca da democratização do ensino.

A proposta curricular de Santa Catarina aponta a importânciada influência do meio sociocultural, como determinante para aconstrução das funções psicológicas superiores. Reforça que éimpossível separar o biológico do social pela própria condição deexistência. (PANDINI, 2008).

É importante lembrar que em cada período histórico houvediferentes modos de ver e conceber a educação, gerando ideiaspedagógicas. Essas tendências estão em consonância com as

A concepção da apren-dizagem que estruturaa proposta curricular deSanta Catarina se baseiana teoria sócio-interacio-nista também chamadade sócio-histórica ou

histórico-cultural, fun-damentada nos estudosde Lev Vigotski e HenriWallon.

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demandas políticas, sociais e culturais dos dirigentes políticos eeducacionais, orientando o currículo e o fazer pedagógico. Passamos

por períodos marcados pela tendência tradicional, escolanovista,tecnicista e na década de 80 surgiram correntes pedagógicascríticas, que no Brasil, foram discutidas por Libâneo e Saviani.Atualmente vivemos um momento eclético quanto às ideiaspedagógicas.

Parece ser impossível, dentro dos limites desse Caderno Pedagógicodiscorrer sobre todas as questões relacionadas à história daeducação e suas repercussões no cotidiano de nossa práticapedagógica. Mas, como educadores de um mundo de rápidasmudanças, é necessário estarmos atentos para as novas exigências

que o atual contexto histórico nos apresenta. É importante tecerconstantes reflexões sobre as discussões das metodologias etecnologias de ensino que surgem a cada instante. Também énecessário refletir sobre nossa própria prática pedagógica, para quea construção da história da educação de nosso tempo não crie e/oufortaleça um modelo social elitista e excludente.

Síntese do capítulo

 » Nesse capítulo, estudamos três momentos marcantes nahistória brasileira: breve democracia, ditadura militar e oatual período de redemocratização brasileira. Nesse período,foram elaboradas três LDBNs para nortear a educaçãobrasileira de acordo com os ideais dos dirigentes do país.

» A primeira Lei (4024/61) do país foi elaborada em umperíodo democrático, sendo resultado de ampla discussão.Essa Lei foi a primeira a englobar todos os graus emodalidades de ensino.

Sobre a história dastendências pedagógicas

consulte o livro de Libâneo “Democratização do Ensinoda Escola Pública”; Também

leia “Pedagogia -Histó-rico - Crítica” e “Escola e

Democracia” de Saviani.

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 » Entre os anos de 1946-1964, houve certo avanço daparticipação popular e educação popular. Os principais

movimentos foram: Campanha de Educação de Adultos, apartir de 1947; Movimento de Educação de Base, a partir de1961; Programa Nacional e Alfabetização, a partir de 1963.

 » O grande nome do movimento da educação popular éo educador Paulo Freire. Suas concepções, discussões eseu “método de alfabetização de adultos” obtêm até hojerepercussão nacional e internacional.

» O regime militar instalado em 1964 pretendeu frear osavanços populares. Os estudantes foram reprimidos e suas

atividades foram controladas.

 » A reforma educacional (LDB 5692/71) foi aprovadapraticamente sem discussão e estabeleceu a preparaçãopara o trabalho. Alterou a estrutura dos níveis de ensino.Uniu educação primária e ginasial transformando em 1ºGrau (de oito anos); o 2º Grau (três ou quatro anos) tornou-seobrigatoriamente profissionalizante.

 » Em 1996, foi instituída a nova LDB 9394/96. Dentre asinovações introduzidas por esta lei encontra-se: a gestão

democrática do ensino público; a participação dosprofissionais da educação na elaboração do projeto políticopedagógico da escola; a participação da comunidade escolare local em conselhos escolares; nova composição dos níveisde ensino; educação especial oferecida na rede regular deensino; educação profissional desenvolvida em articulaçãocom o ensino regular ou por diferentes estratégias deeducação continuada em instituições especializadas.

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Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas aseguir:

Atividades de aprendizagem

1. Faça uma reflexão sobre as concepções pedagógicas de PauloFreire, contextualizando seu momento histórico. Discorra sobrecomo essas concepções podem ser aplicadas atualmente naeducação infantil e em anos iniciais do Ensino Fundamental.

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2. No período da Ditadura Militar, foi inserida no Primeiro Grau adisciplina “Educação Moral e Cívica”; as disciplinas de História eGeografia foram unificadas, transformando-se na disciplina de“Estudos Sociais”. Estas matérias visavam atuar no imagináriodo educando de acordo com os interesses do regime militar.Sugerimos que examine os livros didáticos dessas disciplinas,para as séries iniciais do Ensino Fundamental, e pontue algunsprincípios desse regime.

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4. Examine a Constituição Federal de 1988, a LDB 9394/96, os PCNs eos Parâmetros Curriculares do seu Estado e veja como eles podem

contribuir para a construção de seu pensamento crítico reflexivo.

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Aprenda mais...

Você que está estudando para atuar na área educacional deve conhecer a LDBatual, nº 9394/96. Também é importante que conheça a Constituição Federalde 1988, e a de seu Estado. Também é necessário conhecer a lei Orgânicado Município ao qual você pertence, ou onde atua, sobretudo, os capítulosreferentes à educação.

Para examinar a LDB entre no site do MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf.>. Acesso em: 21 maio 2011.

Para se inteirar da Constituição Federal de 1988, entre no site da CasaCivil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 21 maio 2011.

A Constituição de Santa Catarina pode encontrar no site da AssembleiaLegislativa. Disponível em: <http://www.alesc.sc.gov.br/portal/legislacao/constituicaoestadual.php.>. Acesso em: 21 maio 2011.

Veja também alguns filmes relacionados ao conteúdo deste capítulo:

»  Paulo Freire Contemporâneo (Brasil, 2007).

O documentário retoma as origens das primeiras experiências de alfabetizaçãoe de educação popular desenvolvidas por Paulo Freire. Mostra ainda como seuspensamentos e pedagogia ainda estão presentes nos dias atuais. Em homenagemaos dez anos de falecimento do grande educador brasileiro Paulo Freire, o MEC,por meio da Secretaria de Educação a Distância, lançou esse documentário.O diretor do filme é Toni Venturini e tem a duração de 55 minutos. Estedocumentário pode ser baixado gratuitamente do site governamental DomínioPúblico (Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>).

 » Que Bom Te Ver Viva (Brasil, 1989).O documentário aborda a tortura durante o período de ditadura no Brasil,mostrando como suas vítimas sobreviveram e como encaram aqueles anos de

violência duas décadas depois. A trama mistura os delírios e fantasias de umapersonagem anônima, interpretada pela atriz Irene Ravache, alinhavado aosdepoimentos de oito ex-presas políticas brasileiras que viveram situações detortura. Direção de Lúcia Marat, com duração 103 minutos.

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Considerações finais

Caro(a) estudante!

Ao longo deste Caderno Pedagógico, você pode perceber que as concepções dehomem e de educação não são estáticas. Cada contexto histórico é marcado porformas diferentes de se pensar o processo educativo e a formação do ser humano. Épossível dizer que não há uma única história da educação, e que esta representaçãodo passado pode ser constantemente reinventada de uma ou outra forma, por meio

de outras possibilidades.

O campo de pesquisa em História da Educação é multifacetado, e pluridisciplinar.(STEPHANOU; BASTOS, 2005). É possível abarcar vários temas e objetos, entre osquais estão: história do ensino, do livro e da leitura, manuais didáticos, históriada educação das mulheres, história das instituições, das disciplinas escolares, docurrículo, das ideias pedagógicas, dos sistemas escolares, das práticas educativasescolares e não-escolares, e muitos outros. Portanto, há um vasto campo a serpesquisado ou revisto sob novos ângulos, novas perspectivas.

Diante desse fato, consideramos difícil encerrar o conteúdo desse Caderno

Pedagógico. E, lhe fazemos o convite para despertar o olhar investigativo eaproximar-se das representações da História da Educação. Uma das formas deexercitar o pensamento investigativo é levantando questionamentos. Nesse sentido,sugerimos a seguinte pergunta: E na sua cidade/comunidade, como se desenvolveu,pensou, praticou a educação?

Quando falamos em educação, não nos referimos apenas ao que acontece emespaços institucionalmente destinados à educação, como colégios e educandários,mas também a outros processos que ocorrem informalmente, por meio da tradiçãooral, de grupos ou outras formas de associações.

A História é um processo inacabado, e a escrita da história representa um desafioque permite avançar e enfrentar questões do presente, da memória e dos lugaresde produção socioculturais. Ao direcionar seu olhar investigador sobre a históriada educação, você sempre terá oportunidade de construir novas interpretações enarrativas acerca do mundo, da sociedade e da educação.

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A disciplina de História da Educação e seu respectivo campo de pesquisa ampliao nosso universo como sujeitos históricos, professores, (ou futuros professores)e contribui para o conjunto de experiências da formação integral.

Professoras

Tânia Regina da Rocha Unglaub

Caroline Jaques Cubas

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PARECERISTA

Norberto Dallabrida

Possui graduação em História pela Universidade Federal de Santa Catarina

(1988), graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina(1984), mestrado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina(1993) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (2001).Atualmente é professor concursado (efetivo) na Universidade do Estado deSanta Catarina (UDESC). Tem experiência na área de Educação, com ênfaseem História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas:Ensino Secundário em Santa Catarina durante o século XX e Historiografia daEducação.

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Comentários das atividades

Capítulo 1

1. Em relação às ideias pedagógicas apresentadas ao longo deste capítulo,relacione duas delas cujas influências sejam perceptíveis nos dias atuais eexemplifique.

Ao longo do primeiro capítulo, foram apresentadas diferentes ideiaspedagógicas, referentes à Antiguidade, à Modernidade e à AméricaPortuguesa. Você deve escolher dois destes períodos e tentar relacioná-los

aos elementos presentes ainda hoje nas instituições educativas. As estruturasinstitucionais, as universidades da Idade Média, as concepções de razão damodernidade, a necessidade de catequização, entre outros, poderão serabordados em sua resposta.

 2. Preencha o quadro abaixo ressaltando quais os principais ideais educativosnos períodos estudados.

Período Clássico Idade Média Idade Moderna

Você deve agora organizar e sistematizar os ideais educativos em seusrespectivos contextos. Busque pontuar, no quadro, as características maismarcantes e os principais elementos de diferenciação de cada um dosperíodos.

3. Após estudar as características da educação ministrada pelos jesuítas,relacione-as com as estruturas escolares atuais. Quais característicascontinuam presentes e quais sofreram alterações?

O projeto educativo dos jesuítas foi extremamente importante para o

desenvolvimento das ideias educativas, no Brasil. Tanto é que até hojeencontramos grandes colégios, como o Colégio Catarinense, de Florianópolis,mantidos pela ordem dos Jesuítas. A estrutura dos colégios pode serconsiderada como uma dessas características. Procure observar quais eram assuas propostas para a educação da juventude e, em que medida se aplicamainda aos dias de hoje.

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4. No que se refere à educação, no período imperial, explique como o acessoàs letras auxiliaria o processo de desenvolvimento e progresso do Brasil.

Para responder essa questão, é essencial que você tenha compreendido o

processo de transição entre o período colonial e imperial. As motivações deMarquês de Pombal e a continuidade de suas decisões no período Imperialajudarão você a responder essa pergunta. Nesse sentido, busque apresentarem sua resposta qual a importância das aulas régias e do ensino secundário.

5. Retome os artigos que compõe a Lei de 15 de outubro de 1827, após aleitura, explique que conclusões você pôde tirar a respeito do papel dehomens e mulheres na educação durante este período? Você acredita quehaviam diferenças? Quais e por quê? E hoje, como estão as relações entrehomens e mulheres que trabalham com educação?

Essa questão é bastante interpretativa e reflexiva, pois apresenta umaabordagem baseada nas diferenças de gênero. Se você ler atentamente osartigos da lei, perceberá que o papel da mulher está bem definido. Diantedisso, busque abranger em sua abordagem a resposta para as seguintesperguntas: Você pensa que na lei previa-se a possibilidade de igualdade?Quais seriam as principais diferenças?

E entre as diferenças que você certamente perceberá, tente estabelecer umparalelo com as relações entre homens e mulheres nos dias atuais.

Capítulo 2

1. Durante a Primeira República iniciou o processo de construção de umasociedade urbano-industrial que influenciou a situação educacional. Por que oprocesso de industrialização alterou o processo educacional?

A leitura e a escrita tornaram-se instrumentos necessários à integração esobrevivência da indústria. Tornou-se imprescindível que o novo operáriosoubesse ler, escrever, fazer contas, ser disciplinado, higienizado e ordeiro.Cabia a escola desenvolver estas competências em seus educandos paraconstruir uma nação civilizada e progressista.

2. Ao observar a história de formação dos professores, quais as similaridadesque você percebe com a formação de professores da atualidade? Quais asprincipais diferenças? Como você considera estas mudanças? O que vocêacrescentaria para melhorar a formação e valorização do magistério da“Educação Infantil e dos Anos Inicias do Ensino Fundamental”?

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Você pode ter pontuado como similaridades a feminização do magistério;preocupação com a organização curricular voltada para a prática pedagógica;salários menores que em outros setores com responsabilidades e estudossimilares. Como diferenças, você deve ter apontado que este era praticamente

o único espaço de trabalho para as mulheres. Pode ter apontado ainda, avalorização do local de formação de professores, tomando como exemplos acriação do edifício da escola Normal de São Paulo e da escola modelo para osestágios e para servirem de centro de pesquisas, sendo que hoje as práticasde estágio e pesquisas são realizadas nas escolas distribuídas pelos municípiose comunidades. Também os alunos respeitavam e valorizavam a figura doprofessor, entre outras.

Ao responder esta questão, você deve ter levado em consideração o cotidianoescolar em relação à profissão docente interando-se de notícias sobre avalorização do professor na atualidade.

3. Observe uma escola de sua comunidade e faça uma análise comparativacom os Grupos Escolares implantados na primeira República. Liste assemelhanças e diferenças. Quais os pontos positivos e negativos que vocêconsidera que herdamos desse modelo de organização escolar?

Nessa questão, é necessário que você tenha descrito o que observou naescola de sua comunidade, com relação à questão dos:

 » tempos - de curta duração (horários do cotidiano escolar), e de longaduração (calendário acadêmico);

 » espaços escolares;

» critérios quanto à idade escolar;

» currículo escolar para séries graduada;

 » entre outras questões.

Capítulo 3

1. Por que as reformas educacionais do governo Vargas, acentuaram o caráterdual da educação brasileira?

O ensino secundário derivado dessas reformas oferecia aos filhos da eliteuma cultura geral e humanística, que alimentava uma ideologia políticanacionalista e patriótica para proporcionar condições para o ingresso no cursosuperior e formar líderes. Para as classes populares foi destinado o ensino

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profissionalizante. A classe média, que via na escolaridade a oportunidadede ascender socialmente, preferia os cursos de formação propedêutica.Essas reformas acentuaram a tradição do ensino secundário acadêmico,propedêutico e aristocrático. Por isto, concluí-se que as reformas educacionais

tiveram um cunho elitista e conservador.

 2. “A educação como direito de todos” defendida pelos pioneiros da EscolaNova, esteve presente nas legislações e reformas de ensino. Embora osdocumentos apresentem este princípio, ainda encontramos crianças quedesistem ou não participam do processo educativo. A que você atribui estaquestão? Faça uma reflexão e diga como você pode contribuir para quea educação realmente seja um “direito de todos”, no universo que vocêparticipa.

Para falar sobre a efetividade das crianças no sistema educacional, você deveter prestado atenção às notícias da atualidade sobre educação e refletidoporque há muitas crianças que ainda não frequentam ou desistiram depermanecer nas escolas. Também teve ter observado como as políticaspúblicas têm atuado em relação à valorização do magistério para a educaçãoinfantil e anos iniciais e disponibilização de equipamentos pedagógicose unidades escolares adequadas. Ao elaborar esta reflexão, você deve terverificado como ocorrem nos micro-espaços atitudes de discriminações,favoritismos, exclusões, entre outras ações. É importante que você tenhapensado em alternativas para incentivar o aluno a dar continuidade em seuprocesso educativo.

3. Sugerimos que faça uma viagem imaginária no túnel do tempo paraobservar às práticas educativas da nacionalização do ensino e suas reformasde ensino. Muitas daquelas práticas foram abandonadas. Há algumaspráticas daquela cultura escolar que você considera importante e ficaram noesquecimento? Há heranças que você considera relevante? Quais? Justifiquesua resposta.

É uma resposta pessoal que deve levar em conta a Reforma de Capanemaque estruturou as leis orgânicas do Ensino, em relação ao ensino primário,secundário, criação do SENAC e SENAI. Lembre-se que a escola transformou-se em um palco de brasilidade visando à assimilação cultura nacionalista.O cotidiano escolar foi permeado de práticas de civismo, disciplina com

objetivo de formar o cidadão brasileiro. Hinos e canções patrióticas, exaltaçãodos símbolos patrióticos, programações cívicas semanais, marchas enchiamo ambiente escolar. A língua alemã e italiana foi extinta das escolas,estrangeiros foram perseguidos devido o contexto da 2ª Guerra Mundial.Também foi estabelecida a padronização do ensino em todo o país.

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Capítulo 4

1. Faça uma reflexão sobre as concepções pedagógicas de Paulo Freire,contextualizando seu momento histórico. Discorra se podem ser aplicadas

atualmente na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Digacomo.

É importante comentar em sua resposta que Paulo Freire critica a educação“bancária”, e mencionar que ele defende a educação libertadora realizada porconstante diálogo entre educador e educando, e que era imprescindível levaros alunos a ler não somente as palavras, mas ler o mundo pelo seu contextohistórico-social.

 2. No período da Ditadura Militar, foi inserida no Primeiro Grau a disciplinaEducação Moral e Cívica, e História e Geografia foram unificadas,transformando-se na disciplina de “Estudos Sociais”. Essas matérias visavamatuar no imaginário do educando de acordo com os interesses do regimemilitar. Sugerimos que examine os livros didáticos dessas disciplinas, para asséries iniciais do Ensino do 1º Grau, e pontue alguns princípios desse regime.

Observe as entrelinhas dos discursos de despolitização com a diminuição oueliminação do pensamento crítico que essas matérias poderiam proporcionar.Observe como as atividades foram organizadas e como o texto foi redigido.

3. Sugerimos uma análise comparativa das três LDBs, com o objetivo deapontar alguns avanços e ranços entre as leis anteriores e a atual.

Ao elaborar a análise comparativa é importante estar ciente de determinadasmudanças:

» A LBD nº 4024/61 foi a 1ª lei a englobar todos os graus e modalidadesdo ensino. Seus objetivos, inspirados nos princípios de liberdade enos ideais de solidariedade humana, estabeleceram mudanças naestrutura dos níveis de ensino: primário ensino médio: ginasial ecolegial e conteúdos curriculares com matérias obrigatórias. As escolasparticulares conseguiram verbas, e puderam ter representação nosConselhos Federal e Estaduais de Educação. Manteve o caráter dualista

de ensino.

» A LBD nº 5692/71 alterou a estrutura dos níveis de ensino: 1º Graucursado de forma sequencial no período de oito anos (dos 7 aos 14anos). Exame de admissão foi abolido. A escola secundária e técnicaforam fundidas. Ao final do ensino médio, o aluno teria uma profissão.Foi estabelecido princípios de continuidade e terminalidade, com

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Colégio D. Pedro II, RJ

Fonte: <http://images.wikia.com/pedrosegundo/pt-br/

images/5/5b/Col%C3%A9gio_Pedro_II.jpg>

Acesso em: 25 fev. de 2011.

 

Figura 2.1 - Pág. 55

Escola Normal da Praça da República (São Paulo-SP), no início da

década de 1920.

Fonte: <http://www.usp.br/imprensa/wp-content/uploads/

escolas-para-a-republica.jpg> Acesso em: 25 fev. de 2011.

Figura 2.2 - Pág. 58

Professoras do grupo escolar Osvaldo Cruz - Rodeio/194

Fonte: Acervo da Autora

Figura 2.3 - Pág. 62

Grupo Escolar Victor MeirellesFonte: Acervo da Autora

Figura 2.4 - Pág. 69

Programação cívica do dia 07/09/1943, no pátio do Grupo

Escolar Osvaldo Cruz – cidade de Rodeio

Fonte: Acervo da Autora

Page 148: Guia de Estudos - História Da Educação

8/17/2019 Guia de Estudos - História Da Educação

http://slidepdf.com/reader/full/guia-de-estudos-historia-da-educacao 148/148

Figura 4.1 - Pág.106

Paulo Freire

Fonte: <http://reporteciencianl.com/wp-content/

uploads/2011/03/1970s_Freire_.jpg> Acesso em: 28 fev. 2011.

Figura 4.2 - Pág. 108

Ame-o ou deixe-o

Ilustração: Filipi Amorin

Figura 4.3 - Pág. 110De olho nos estudantes

Ilustração: Filipi AmorinFigura 4.4 - Pág. 111

Ame-o ou deixe-o

Fonte: < http://www.omartelo.com/blog/wp-content/up-

loads/2010/07/Histoblog153-300x258.jpg > Acesso em: 28 fev.

2011.