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especialização gestao pública

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1 Instituto Brasileiro de Ensino

Metodologia Científica

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

GUIA DE ESTUDO 7

PROFESSOR (A): PROF.ª MSc. CLÁUDIA APARECIDA

LAGE VIEIRA

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SUMÁRIO

UNIDADE I – METODOLOGIA CIENTÍFICA..................... ........................... 03

UNIDADE II - O MÉTODO E A PESQUISA ................................................. 16

UNIDADE III – ÚLTIMAS PALAVRAS ......................................................... 35

REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ...................................... 36

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

BREVE INTRODUÇÃO...

Quando um sujeito/aluno ingressa em uma Instituição de Ensino Superior

(IES), quer seja ela pública ou privada, uma faculdade ou universidade1, depara logo

no seu primeiro ano de vida acadêmica com situações do tipo: fazer uma resenha

crítica, escrever um artigo científico, montar um projeto de pesquisa... enfim, o aluno

é estimulado a desenvolver trabalhos acadêmicos ou produções científicas utilizando

normas de redação e formatação, geralmente de acordo com a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Sugerimos que comecem a prestar atenção nas abreviaturas e o que

significam, pois elas nos acompanharão ao longo de todo o curso.

Bem, porque estamos falando de faculdade, academia, trabalhos

acadêmicos? Muitos chegam a um curso de especialização sem entender bem

esses conceitos e suas respectivas importâncias. Outros chegam com preconceitos

sobre a Metodologia Científica. Um “bicho de sete cabeças”, “disciplina chata que

não acrescenta nada”. Vamos avisando que nosso intento maior aqui não é

simplesmente repassar conteúdos e dizer: “olha, essa disciplina é obrigatória e

importante”, mas mostra-lhe o quanto ela é presente em nossas vidas, em nosso

cotidiano e o quanto ela é interessante! Isso mesmo: Metodologia Científica é uma

disciplina muito interessante pelo simples fato de que nos leva a pensar, a

investigar, a descobrir, a crescer. Com certeza, quando realizamos um trabalho

científico, uma pesquisa, uma leitura de um artigo, estamos acrescentando

conhecimento em nossa bagagem.

Pois bem, dentre os vários objetivos deste módulo básico composto pelas

disciplinas: Metodologia Científica, Didática do Ensino Superior, Orientação de TCC

e Ética e Responsabilidade Social, dois objetivos são primordiais: primeiro fazê-los

compreender a aplicabilidade prática da metodologia científica, principalmente para

aqueles que almejam seguir carreira acadêmica e segundo, torná-los pesquisadores

em tempo integral. Isso quer dizer: levá-los a questionar sempre, a encontrar

respostas através dos diversos métodos. Parece repetição, mas é verdade: quem

questiona, quem pesquisa, quem busca caminhos alternativos para atingir um

objetivo está tirando um dos maiores proveitos da vida que é adquirir conhecimento!

1 A diferença entre uma faculdade e universidade reside no fato de a última se caracterizar pela

indissociabilidade de atividades de ensino, pesquisa e extensão, ou seja, elas são instituições pluridisciplinares em termos de formação, enquanto as faculdades têm obrigatoriedade do ensino e extensão, ficando a pesquisa a seu critério e escolha. Outra característica marcante diz respeito ao registro dos diplomas. As universidades registram o seu diploma, as faculdades precisam de uma universidade para tal.

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Evidentemente que a metodologia científica é tratada com mais seriedade,

rigor e ao mesmo tempo mais carinho, por aqueles que pretendem seguir a carreira

de pesquisador, mas nem por isso os demais deixam de fazer uso dela no seu dia-a-

dia.

Voltando um pouco ao contexto das IES, lembramos que a maioria dos

professores que nelas atuam, estão sempre envolvidos com várias pesquisas, cada

um no seu campo de atuação, utilizando incentivos governamentais, de

organizações privadas ou do terceiro setor. Geralmente os alunos da graduação

passam pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) mais

conhecido como Iniciação Científica, monitorias de disciplinas variadas, estágios em

áreas diversas e contam com remuneração em espécie ou moradia estudantil ou

ainda bolsa alimentação. O ambiente universitário é rico e oferece inúmeras

oportunidades ao estudante, principalmente para aquele que almeja um dia

ingressar no corpo docente de uma IES, percorrer esse caminho da pesquisa

estudantil é de suma importância, pois sedimentará a base para um futuro promissor

na academia. Mais uma vez a Metodologia Científica se faz presente e importante.

Ela é ferramenta fundamental na iniciação científica e nas produções de cunho

científico.

Segundo Rosane Maia (2008) a preparação, a redação e a apresentação de

trabalhos científicos envolvem um grande número de questões de natureza técnica e

estética, dentre as quais, pode-se destacar a disciplina, a criatividade na seleção da

bibliografia, a leitura de forma organizada, a ousadia e o rigor na abordagem do

assunto, além da obediência a certas normas de redação e apresentação do texto

final. A Metodologia Científica irá abordar as principais regras da produção científica

para alunos dos cursos de graduação, fornecendo uma melhor compreensão sobre

a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar para melhorar a produtividade dos

alunos e a qualidade das suas produções.

Para compreendermos o que é Metodologia Científica devemos

primeiramente decompor a expressão (método + ciência) e discutir um pouco sobre

os vários tipos de conhecimentos que existem (popular, teológico, filosófico e

científico).

Método é palavra de origem grega, significa caminho para chegar a um fim,

pode ser uma ação, uma técnica, um procedimento.

Ciência refere-se a qualquer conhecimento. Etimologicamente vem do verbo

“saber”. Já no sentido estrito, ela se opõe à opinião, à superstição. Simplesmente

quer dizer que ela explica algo através da observação.

Mais adiante aprofundaremos nos conceitos de conhecimento, mas vamos

entender rapidamente a diferença entre conhecimento popular e conhecimento

científico. O conhecimento popular também denominado de senso comum se

diferencia do conhecimento científico não pela veracidade ou natureza do objeto

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conhecido, mas pela forma, pelo modo, pelo método e pelos instrumentos para

chegar ao conhecimento.

Marconi e Lakatos (2004) nos oferecem um exemplo bem prático: saber que

uma determinada planta precisa de uma quantidade “X” de água e que se não a

receber de forma natural, deve ser irrigada, pode ser um conhecimento verdadeiro e

comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que esse conhecimento ocorra é

necessário ir além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de

desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie da outra.

Esse exemplo nos leva a crer que:

1 – A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade;

2 – Um objeto ou fenômeno como uma planta ou uma comunidade ou ainda as

relações entre chefes e subordinados pode ser matéria de observação tanto para o

cientista quanto para o homem comum. O que diferencia é a forma de observação.

OS TIPOS DE CONHECIMENTO...

Existem ainda mais dois tipos de conhecimento, além do científico e do

popular ou empírico, que são o conhecimento filosófico e religioso. Todos eles

explicados em detalhes na maioria dos livros que tem como objetivo discorrer sobre

a Metodologia Científica (Marconi e Lakatos; Cervo, Bervian e Silva; Mattar e outros)

utilizados como referência para esta apostila. Antes de explicarmos cada um deles,

o quadro abaixo sistematiza as suas características.

Conhecimento Popular

Conhecimento Científico

Conhecimento Filosófico

Conhecimento Religioso

(Teológico)

Valorativo

Reflexivo

Assistemático

Verificável

Falível

Inexato

Real (factual)

Contingente

Sistemático

Verificável

Falível

Aproximadamente

exato

Valorativo

Racional

Sistemático

Não verificável

Infalível

Exato

Valorativo

Inspiracional

Sistemático

Não verificável

Infalível

Exato

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Fonte: Trujillo (1974)

O conhecimento popular2 ou empírico é aquele adquirido pela própria

pessoa na sua relação com o meio ambiente ou com o meio social, obtido por meio

de interação contínua na forma de ensaios e tentativas que resultam em erros e em

acertos. Do ponto de vista da utilização de métodos e técnicas científicas, esse tipo

de conhecimento - mesmo quando consolidado como convicção, como cultura ou

como tradição - é ametódico e assistemático.

Para empiristas como Locke, Hume, Condillac e outros, esse conhecimento é

advindo da experiência e suficiente para se conhecer a verdade dos fatos. Ele pode

ser popular, filosófico ou religioso (SOUZA; FIALHO; OTANI, 2007).

A pessoa comum, que não precisa operacionalizar métodos e técnicas

científicas para a construção de seu conhecimento, tem, entretanto, conhecimento

do mundo material exterior em que se acha inserida e de um certo número de

pessoas, seus semelhantes, com as quais convive. Vê essas pessoas no momento

presente, lembra-se delas, prevê o que poderão fazer e ser no futuro. Tem

consciência de si mesma, de suas ideias, tendências e sentimentos. Cada qual se

serve da experiência do outro ora ensinando, ora aprendendo, em um intenso

processo de interação humana e social. Pela vivência coletiva, os conhecimentos

são transmitidos de uma pessoa a outra e de uma geração a outra.

Pelo conhecimento empírico, a pessoa percebe entes, objetos, fatos e

fenômenos e sua ordem aparente, tem explicações concernentes à razão de ser das

coisas e das pessoas. Esse conhecimento é constituído de interações, de

experiências vivenciadas pela pessoa em seu cotidiano e de investigações pessoais

feitas ao sabor das circunstâncias da vida; é sorvido dos outros e das tradições da

coletividade ou, ainda, tirado de uma religião positiva (CERVO; BERVIAN; SILVA,

2007).

Mattar (2008) ressalta que o conhecimento popular não tem a característica

da confiabilidade que marca o conhecimento científico, já que não segue uma

metodologia científica, além de não ter seus resultados divulgados nem sobmetidos

a julgamento.

O conhecimento filosófico distingue-se do conhecimento científico pelo

objeto de investigação e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos,

imediatos, perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem

material e física, são suscetíveis de experimentação. O objeto da filosofia é

constituído de realidades mediatas, imperceptíveis aos sentidos e que, por serem de

ordem suprassensíveis, ultrapassam a experiência. A ordem natural do

2 Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam que ele é erroneamente chamado de vulgar ou senso comum.

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procedimento é, sem dúvida, partir dos dados materiais e sensíveis (ciência) para se

elevar aos dados de ordem metafísica, não sensíveis, razão última da existência dos

entes em geral (filosofia). Parte-se do concreto material para o concreto

supramaterial, do particular ao universal (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).

Na acepção clássica, a filosofia era considerada a ciência das coisas por suas

causas supremas. Um dos maiores patrimônios da Filosofia, sem dúvida, é sua

própria história: iniciando-se com os pré-socráticos, na Grécia Antiga, a Filosofia

nasce como um tipo de saber que procura diferenciar-se dos mitos, da retórica, dos

sofistas, das tragédias e dos poetas, e, a partir de então, se estabelece por século,

como um espaço de liberdade de pensamento, desafiando a lei de que o

conhecimento pode tornar-se ultrapassado ou superado com o tempo, com novas

experiências ou com o surgimento de novos instrumentos de observação. Ao

contrário, Platão e Aristóteles, por exemplo, continuam fazendo parte dos nomes

mais importantes da Filosofia, dialogando em nível de igualdade com os filósofos

contemporâneos, não obstante os milhares de anos que nos separam dos gregos, e

permanecendo nossos mestres, fontes de inspiração e aprendizado (MATTAR,

2008).

Modernamente, prefere-se falar em filosofar. O filosofar é um interrogar, é um

contínuo questionar a si mesmo e à realidade. A filosofia não é algo feito, acabado.

É uma busca constante de sentido, de justificação, de possibilidades, de

interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o ser humano e sobre o próprio

ser em sua existência concreta.

Filosofar é interrogar. A interrogação parte da curiosidade, que é inata. Ela é

constantemente renovada, pois surge quando um fenômeno nos revela alguma

coisa de um objeto e ao mesmo tempo nos sugere o oculto, o mistério. Este

impulsiona o ser humano a buscar o desvelamento do mistério. Vê-se, assim, que a

interrogação somente nasce do mistério, que é o oculto enquanto sugerido. Jaspers

(apud HUISMAN; VERGEZ,1967, p. 8), em sua Introdução à filosofia, coloca a

essência da filosofia na procura do saber e não em sua posse. A filosofia trai a si

mesma e se degenera quando é posta em fórmulas. A tarefa fundamental da

filosofia consiste na reflexão. A experiência fornece uma multiplicidade de

impressões e opiniões; adquirem-se conhecimentos científicos e técnicos nas mais

variadas áreas; têm-se as mais diversas aspirações e preocupações. A filosofia

procura refletir sobre esse saber, interroga-se sobre ele, problematiza-o.

Filosofar é interrogar principalmente sobre fatos e problemas que cercam o

ser humano concreto em seu contexto histórico. Esse contexto muda no decorrer do

tempo, o que explica o deslocamento dos temas de reflexão filosófica. É claro que

alguns temas perpassam a história, como a própria humanidade. Qual o sentido da

existência do ser humano e da vida? Existe ou não existe o absoluto? Há liberdade?

Entretanto, o campo de reflexão ampliou-se muito em nossos dias. Hoje, os

filósofos, além das interrogações metafísicas tradicionais, formulam novas questões:

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a humanidade será dominada pela técnica? A máquina substituirá o ser humano?

Também poderão o homem e a mulher ser produzidos em série em tubos de

ensaio? As conquistas espaciais comprovam o poder ilimitado da espécie humana?

O progresso técnico é um benefício para a humanidade? Quando chegará a vez do

combate à fome e à miséria? O que é valor, hoje? (CERVO; BERVIAN; SILVA,

2007).

A Filosofia é a ciência-mãe da qual foram, pouco a pouco, separando-se

formas de pensar e métodos que mais tarde se especializaram e se tornaram

independentes, e que hoje consideramos ciências. Mas, mesmo hoje, essas

diferenças que separariam o conhecimento filosófico dos outros campos de

conhecimento não são sempre claras.

Para Souza, Fialho e Otani (2007) o conhecimento filosófico se caracteriza

pelo esforço da razão em questionar os problemas humanos. Reflete a crença de

um grupo de pessoas que são os filósofos. A postura destes é especulativa diante

dos fenômenos gerando conceitos subjetivos. Eles dão sentido aos fenômenos

gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência.

Enfim, a filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais

universal. Não há soluções definitivas para um grande número de questões.

Entretanto, a filosofia habilita o ser humano a fazer uso de suas faculdades para ver

melhor o sentido da vida concreta (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007).

O conhecimento religioso ou teológico apoia-se em doutrinas que contêm

proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural e

que, por esse motivo, são consideradas infalíveis e indiscutíveis.

O que funda o conhecimento religioso é a fé. Não é preciso ver para crer e

devemos crer mesmo que as evidências apontem para o contrário do que a religião

nos ensina. As “verdades” religiosas estão registradas em livros sagrados ou são

reveladas pelos deuses (ou outros seres espirituais) por meio de alguns iluminados,

santos ou profetas. Essas verdades são em geral tidas como definitivas e não

permitem revisão mediante a reflexão ou a experiência. Nesse sentido, podemos

classificar sob esse título os conhecimentos ditos místicos ou espirituais (MATTAR,

2008).

Duas são as atitudes que se podem tomar diante do mistério. A primeira é

tentar penetrar nele com o esforço pessoal da inteligência. Mediante a reflexão e o

auxílio de instrumentos, procura-se obter um procedimento que seja científico ou

filosófico. A segunda atitude consiste em aceitar explicações de alguém que já tenha

desvendado o mistério e implica sempre uma atitude de fé diante de um

conhecimento revelado.

Esse conhecimento revelado ocorre quando há algo oculto ou um mistério,

alguém que o manifesta e alguém que pretende conhecê-lo. Entende-se por mistério

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tudo o que é oculto, o que provoca a curiosidade e leva à busca. O mistério é o

oculto enquanto sugerido. Pode estar ligado a dados da natureza, da vida futura, da

existência do absoluto, para mencionar apenas alguns exemplos. Aquele que

manifesta o oculto é o revelador, que pode ser o próprio homem ou Deus. Aquele

que recebe a manifestação tem fé humana se o revelador for um homem ou uma

mulher e tem fé teológica se Deus for o revelador.

A fé teológica sempre está ligada a uma pessoa que testemunha Deus diante

de outras pessoas. Para que isso aconteça, é necessário que tal pessoa que

conhece a Deus e que vive o mistério divino o revele a outra. Afirmar, por exemplo,

que tal pessoa é o Cristo equivale a explicitar um conhecimento teológico.

O conhecimento revelado - relativo a Deus - e aceito pela fé teológica

constitui o conhecimento teológico. Este, por sua vez, é o conjunto de verdades ao

qual as pessoas chegaram não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a

aceitação dos dados da revelação divina. Vale-se de modo especial do argumento

de autoridade. São os conhecimentos adquiridos nos livros sagrados e aceitos

racionalmente pelas pessoas, depois de terem passado pela crítica histórica mais

exigente. O conteúdo da revelação, feita a crítica dos fatos ali narrados e

comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se de autenticidade e de

verdade. Essas verdades passam a ser consideradas como fidedignas e por isso

são aceitas. Isso é feito com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade,

venha de onde vier, contanto que seja legitimamente adquirida (CERVO, BERVIAN

E SILVA, 2007).

O conhecimento científico ultrapassa os limites do conhecimento empírico

na medida em que procura evidenciar, além do próprio fenômeno, as causas e a

lógica de sua ocorrência. O conhecimento científico, assim como o filosófico, é

racional, mas tem a pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da realidade.

As noções de experiência e verificação são essenciais nas ciências; o conhecimento

científico deve ser justificado e é sempre passível de revisão, desde que se possa

provar sua inexatidão. Entretanto, não devemos esquecer que a Matemática, por

exemplo, é considerada por muitos uma ciência, apesar de grande parte de seus

conhecimentos não se referir diretamente à realidade e não poderem ser por ela

provados ou refutados.

O ciclo do conhecimento científico (especialmente o das ciências empíricas)

inclui a observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o teste

dessas teorias e seu aperfeiçoamento. Há nas ciências, um movimento circular, que

parte da observação da realidade para a abstração teórica.

Agora que já falamos dos tipos de conhecimento podemos falar da ciência

não em sua acepção lato sensu3 (simplesmente significando conhecimento), mas em

3 Expressão latina que significa Sentido Amplo. No caso dos cursos de Pós-graduação, os cursos de

especialização lato sensu tendem a focar na aplicabilidade prática de um conceito.

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seu sentido stricto sensu4 que busca demonstrar as causas que constituem e

determinam o conhecimento.

OBS – Sugerimos uma leitura atenta das notas de rodapé 3 e 4, pois elas oferecem informações resumidas, porém importantes, sobre a rotina de produção de pesquisa que não faz parte do cotidiano das pessoas que estão fora da academia – os professores universitários e pesquisadores se reportam sempre a essa expressão “academia” quando falam do seu ambiente de trabalho e, por conseguinte, ambiente de produção científica.

As ciências possuem:

a)Um objetivo ou finalidade – preocupação em distinguir a característica comum

ou as leis gerais que regem determinados eventos.

b)Uma função – aperfeiçoamento, por meio do crescente acervo de conhecimentos,

da relação do homem com seu mundo.

c)Objetos que podem ser material (aquilo que se pretende estudar, analisar,

interpretar ou verificar) ou formal (o enfoque especial, em face das diversas ciências

que possuem o mesmo objeto material.

Devido à complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele

se manifestam, aliadas à necessidade do homem de estudá-los para entendê-los e

explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências

específicas. A classificação pode ser pela complexidade, conteúdo, objeto ou tema.

No livro Metodologia Científica, Marconi e Lakatos (2004) oferecem várias

classificações, mas ressaltam ser mais pertinente a classificação de Bunge (1974) o

qual divide as ciências em formais e factuais. Suas subdivisões são:

Lógica

4 Expressão também de origem latina que significa Sentido Restrito. Em nível de Pós-graduação leva

o aluno ao título de Mestre ou Doutor. Nos cursos reconhecidos pelo MEC e classificados pela CAPES, o Mestrado e na sequência Doutorado tem duração média de 3 anos cada, com foco na academia e ênfase nas atividades de pesquisa e extensão. São cursos que exigem sobremaneira do candidato. Àqueles que pretendem seguir carreira acadêmica em Universidades renomadas, tem-se exigido Doutorado e dedicação exclusiva. A seleção é rigorosa, criteriosa, passando por análise de currículo, entrevista e projetos de pesquisa que venham a contribuir com o desenvolvimento do país. A CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – é uma agência de fomento à pesquisa brasileira. Ela avalia trienalmente os cursos de Pós-graduação do Brasil. É a única entidade que pode determinar na prática o fechamento ou descredenciamento de cursos com notas baixas ou deficientes, o que acontece através do Qualis. O Qualis é o sistema de avaliação de periódicos mantido pela CAPES, classifica os veículos de divulgação da produção intelectual dos programas quanto à circulação local, nacional ou internacional e qualidade (conceitos A, B, C) por área de avaliação.

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FORMAIS Matemática

CIÊNCIAS

Naturais

Física

Química

Biologia e outras

FACTUAIS

Sociais

Antropologia

cultural

Direito

Economia

Política

Psicologia social

Sociologia

Nosso interesse é discorrer sobre as 17 características do conhecimento

científico no âmbito das ciências factuais, a saber:

1. Racional - porque é constituído por conceitos, juízos e raciocínios e não por

sensações, imagens, modelos de conduta, etc. Ele permite que as ideias que

o compõem possam combinar-se segundo um conjunto de regras lógicas,

com a finalidade de produzir novas ideias e essas se organizam em novos

sistemas.

2. Objetivo - à medida que procura concordar com seu objeto - isto é, buscar

alcançar a verdade factual por intermédio dos meios de observação,

investigação e experimentação existentes e à medida que verifica a

adequação das ideias (hipóteses) aos fatos - recorrendo, para tal, à

observação e à experimentação, atividades que são controláveis e, até certo

ponto, reproduzíveis.

3. Factual - porque parte dos fatos, pode interferir neles, mas sempre volta para

eles. Capta ou recolhe os fatos, da mesma forma que se produzem ou se

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apresentam na natureza ou na sociedade, segundo quadros conceituais ou

esquemas de referência. Por fim, utiliza como matéria-prima da ciência, os

"dados empíricos" - isto é, enunciados factuais confirmados, obtidos com a

ajuda de teorias, quadros conceituais e que realimentam a teoria.

4. Transcendente aos fatos - ou seja, descarta fatos, produz novos fatos e os

explica - ao contrário do conhecimento vulgar ou popular, que apenas registra

a aparência dos fatos e se atém a ela, limitando-se, frequentemente, a um

fato isolado sem esforçar-se em correlacioná-lo com outros ou explicá-lo. A

investigação científica não se limita aos fatos observados: tem como função

explicá-las, descobrir suas relações com outros fatos e expressar essas

relações; em outras palavras, trata de conhecer a realidade além de suas

aparências. Seleciona os fatos considerados relevantes, controla-os e,

sempre que possível, os reproduz - pode, inclusive, criar coisas novas:

compostos químicos, novas variedades de Vírus ou bactérias, de vegetais e,

inclusive, de animais. O conhecimento científico não se contenta em

descrever as experiências, mas sintetiza-as e compara-as com o que já se

conhece sobre outros fatos - descobre, assim, suas correlações com outros

níveis e estruturas da realidade, tratando de explicá-las por meio de

hipóteses. A comprovação da veracidade das hipóteses as transforma em

enunciados de leis gerais e sistemas de hipóteses (teoria). Por último leva o

conhecimento além dos fatos observados, inferindo o que pode haver por trás

deles.

5. Analítico - porque ao abordar um fato, processo, situação ou fenômeno,

decompõe o todo em suas partes componentes - (não necessariamente a

menor parte que a divisão permite), com o propósito de descobrir os

elementos constitutivos da totalidade, assim como as interligações que

explicam sua integração em função do contexto global. O procedimento

científico de “análise” conduz à “síntese”- se a investigação inicia-se

decompondo seus objetos com a finalidade de descobrir o “mecanismo”

interno responsável pelos fenômenos observados, segue-se o exame da

interdependência das partes e, numa etapa final, a “síntese”, isto é, a

reconstrução do todo em termos de suas partes inter-relacionadas. Assim, se

o processo de análise leva à decomposição do todo em seus elementos ou

componentes, o de síntese procede à recomposição “das consequências aos

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princípios, do produto ao produtor, dos efeitos às causas ou, ainda, por

simples correlacionamento” (TRUJILLO, 1974, p.15). O processo de análise e

a subsequente síntese são “a única maneira conhecida de descobrir, como se

constituem, transformam e desaparecem determinados fenômenos, em seu

todo” (Bunge, 1974, p. 20). Por este motivo, a ciência rechaça a síntese

obtida sem a prévia realização da análise.

6. Claro e preciso – o conhecimento científico ao contrário do popular, precisa

que o cientista se esforce ao máximo para ser exato e claro. O problema deve

ser formulado com clareza, partir de noções simples, que ao longo do estudo,

complicam, modificam e, se necessário, repelem-se.

7. Comunicável – sua linguagem deve poder informar a todos os seres

humanos que tenham sido instruídos para entendê-la; deve ser formulada de

tal forma que todos investigadores possam verificar seus dados e hipóteses e

deve ser considerado propriedade de toda humanidade.

8. Verificável – deve ser aceito como válido quando passa pela prova da

experiência ou da demonstração. Só após sua comprovação torna-se válido.

9. Dependente de investigação metódica – uma vez que é planejado, ou seja,

o cientista não age por acaso, ele planeja seu trabalho, sabe o que procura e

como deve proceder para encontrar o que almeja. É evidente que esse

planejamento não exclui, totalmente, o imprevisto ou o acaso; entretanto,

prevendo sua possibilidade, o cientista trata de aproveitar a interferência do

acaso, quando este ocorre ou é deliberadamente provocado, com a finalidade

de submetê-lo a controle; baseia-se em conhecimento anterior,

particularmente em hipóteses já confirmadas, em leis e princípios já

estabelecidos - dessa forma, o conhecimento científico não resulta das

investigações isoladas de um cientista, mas do trabalho de inúmeros

investigadores; obedece a um método preestabelecido, que determina, no

processo de investigação, a aplicação de normas e técnicas, em etapas

claramente definidas - essas normas e técnicas podem ser continuamente

aperfeiçoadas.

10. Sistemático - é constituído por um sistema de ideias, logicamente

correlacionadas - o inter-relacionamento das ideias, que compõem o corpo de

uma teoria, pode qualificar-se de orgânico. Contém um sistema de referência,

que são modelos fundamentais de definições construídas sobre a base de

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conceitos e que se inter-relacionam de modo ordenado e completo, seguindo

uma diretriz lógica; teorias e hipóteses; fontes de informações; quadros que

explicam as propriedades relacionais.

11. Acumulativo - seu desenvolvimento é uma consequência de um contínuo

selecionar de conhecimentos significativos e operacionais. Novos

conhecimentos podem substituir os antigos, quando estes se revelam

disfuncionais ou ultrapassados. O aparecimento de novos conhecimentos em

seu processo de adição aos já existentes, pode ter como resultado a criação

ou apreensão de novas situações, condições ou realidades.

12. Falível - não é definitivo, absoluto ou final - a própria racionalidade da ciência

permite que, além da acumulação gradual de resultados, o progresso

científico também se efetue por “revoluções”.

13. Geral - em decorrência de situar os fatos singulares em modelos gerais, os

enunciados particulares em esquemas amplos, procurar, na variedade e

unicidade, a uniformidade e a generalidade e a descoberta de leis ou

princípios gerais permite a elaboração de modelos ou sistemas mais amplos.

14. Explicativo - em virtude de ter como finalidade explicar os fatos em termos

de leis e as leis em termos de princípios, além de inquirir como são as coisas,

intenta responder ao porquê.

15. Preditivo – baseia-se na investigação dos fatos, assim como no acúmulo das

experiências, levando a ciência a atuar no plano do previsível.

Fundamentando-se em leis já estabelecidas e em informações fidedignas

sobre o estado ou o relacionamento das coisas, seres ou fenômenos, pode,

pela indução probabilística, prever ocorrências.

16. Aberto – o conhecimento científico não conhece barreiras que, a priori,

limitem o conhecimento - a ciência não dispõe de axiomas evidentes: até os

princípios mais gerais e seguros constituem postulados que podem ser

mudados ou corrigidos; a Ciência não é um sistema dogmático e cerrado,

mas controvertido e aberto - isto é, constitui um sistema aberto porque é

falível e, em consequência, capaz de progredir: quando surge uma nova

situação, na qual as leis existentes revelam-se inadequadas, a Ciência

propõe-se a realizar novas investigações, cujos resultados induzirão à

correção ou, até à total substituição das leis incompatíveis; dependendo dos

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instrumentos de investigação disponíveis e dos conhecimentos acumulados.

Até certo ponto está ligado às circunstâncias de sua época.

17. Útil – O conhecimento científico é útil em decorrência de sua objetividade e

experimentação que lhe conferem um conhecimento adequado das coisas e

em decorrência de manter uma conexão com a tecnologia (MARCONI e

LAKATOS, 2004).

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O MÉTODO E A PESQUISA...

Até o momento analisamos a ciência, focando evidentemente o conhecimento

científico que é o caminho para entender Método Científico, afinal de contas é o que

nos interessa!

Método é o caminho pelo qual se atinge um determinado objetivo, é um modo

de proceder ou uma maneira de agir. No desenvolvimento de pesquisa científica,

obrigatoriamente nos utilizamos de um método de pesquisa. São técnicas e

instrumentos que determinam o modo sistematizado da forma de proceder num

processo de pesquisa (SOUZA, FIALHO, OTANI, 2007).

Para Trujillo (1974, p. 24) método é a forma de proceder ao longo de um

caminho. Na ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que têm uma

ordem de iniciar o pensamento em sistemas, enfim, traçam de modo ordenado a

forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo.

É bem verdade que ao longo da história da humanidade, esses métodos vêm

sofrendo transformações. No tempo de Pitágoras, Sócrates e Platão, bastava a

palavra do mestre para que fosse aceito um teorema como verdadeiro. A partir do

pioneirismo de Galileu Galilei, passando por Francis Bacon, Rene Descartes, Isaac

Newton, além de outros tantos pensadores, chegamos às técnicas atuais para

validação de nossos pressupostos a respeito dos acontecimentos que nos cercam.

Embora cada um dos pioneiros acima tenha traçado os seus passos,

achamos por bem exemplificar com Galileu. Os seus principais passos foram:

OBSERVAÇÃO DOS FENÔMENOS

ANÁLISE DAS PARTES, ESTABELECENDO RELAÇÕES QUANTITATIVAS

INDUÇÃO DE HIPÓTESES

VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES – EXPERIMENTO

GENERALIZAÇÃO DOS RESULTADOS

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CONFIRMAÇÃO DAS HIPÓTESES

ESTABELECIMENTO DE LEIS GERAIS

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se

devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de

pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo,

indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico (GIL, 1995; MARCONI;

LAKATOS, 2004).

Podem-se classificar os métodos de acordo com diferentes critérios.

Historicamente, no entanto, percebem-se duas grandes vertentes, que são

respectivamente o método dedutivo e o método indutivo.

Outros métodos existentes são o hipotético-dedutivo, o dialético, o

fenomenológico e alguns métodos específicos das Ciências Sociais (histórico,

comparativo, monográfico, estatístico, tipológico, funcionalista e estruturalista).

Método Dedutivo:

O Método Dedutivo, proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e

Leibniz, pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O

raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por

intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral

para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo da construção lógica

para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das

duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1995; LAKATOS,MARCONI, 1993).

O clássico exemplo de raciocínio dedutivo é:

Todo homem é mortal. (premissa maior)

Pedro é homem. (premissa menor)

Logo, Pedro é mortal. (conclusão)

O método dedutivo é típico das ciências exatas: “É um processo sistemático

de investigação, o qual envolve uma série de passos sequenciais, a saber:

identificação de um problema, formulação de uma hipótese, estudos pilotos,

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obtenção de dados, teste de hipóteses, generalização e replicação” (HENDRICK,

VERCRUYSSEN,1989 apud SOUZA; FIALHO; OTANI, 2007, p. 25).

Observar e explicar o que se observa são os objetivos principais de qualquer

ciência. Observar consiste, antes de tudo, na verificação empírica de um fenômeno,

na busca por uma definição operacional que permita uma observação controlada,

seguida por uma generalização estatística.

Existem, pelo menos, quatro abordagens principais utilizadas na pesquisa

científica: correlações, histórico de casos, estudos de campo e experimental.

Correlações são empregadas para estabelecer relações que permitam

predições ou grupamentos de elementos homogêneos. Histórico de casos, unido à

correlação, é útil para estabelecer a causalidade das relações. Estudos de campo

consistem em se observarem eventos ocorrendo em um meio ambiente natural e

diferem da abordagem experimental onde, para se ter controle sobre as variáveis,

trabalha-se em um meio ambiente artificial.

Experimentos exploratórios, confirmatórios e estudos-piloto são conduzidos

para formular hipóteses, confirmá-Ias/ refutá-Ias ou reforçá-Ias, respectivamente.

Demonstrações diferem-se de experimentos por não exigirem a manipulação de

variáveis. Estudos quase-experimentais combinam trabalho de campo e de

laboratório.

Método Indutivo:

O Método Indutivo foi proposto pelos empiristas: Bacon, Hobbes, Locke e

Hume. Consideram que o conhecimento é fundamentado na experiência, não

levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo, a

generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As

constatações particulares levam à elaboração de generalizações (GIL, 1995;

MARCONI; LAKATOS, 2004).

Um clássico exemplo de raciocínio indutivo:

Antônio é mortal.

João é mortal.

Paulo é mortal.

Carlos é mortal.

Ora, Antônio, João, Paulo ... e Carlos são homens.

Logo, (todos) os homens são mortais.

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O ponto de partida do método indutivo não são os princípios, mas a

observação dos fatos e dos fenômenos, da realidade objetiva. Por outro lado, o seu

ponto de chegada é a elaboração de modelos que regem o comportamento dos

fatos e dos fenômenos observados. Na verdade, a indução não é um raciocínio

único, mas um conjunto de procedimentos, uns empíricos, outros lógicos, outros,

ainda, intuitivos.

Aqui temos a indução formal e a indução científica. A indução formal ou

completa, estabelecida por Aristóteles, não leva a novos conhecimentos, mas

substitui por um termo geral uma série de termos singulares. Assim, ela não induz à

compreensão de um determinado fenômeno a partir somente de alguns casos, mas

de todos os casos observados. De fato, a lei que rege o ponto de chegada para a

elaboração de um modelo, expressa realmente a totalidade do comportamento dos

fatos e fenômenos observados.

A indução científica ou incompleta, estabelecida por Galileu e aperfeiçoada

por Francis Bacon, fundamenta-se na causa ou na lei que rege os fenômenos ou

fatos observados em um número significativo de casos (um ou mais), mas não em

todos os casos.

Nesse sentido, a lei não exprime a totalidade, mas expressa uma parte dos

fenômenos. Assim, a partir da observação de um ou mais fatos particulares, pode-se

induzir para todos os fatos semelhantes.

Por meio de um raciocínio dedutivo, parte-se de premissas que julgamos

verdadeiras, sobre as quais aplicamos regras fornecidas por alguma lógica, para

concluir ou negar determinada proposição. No raciocínio indutivo busca-se alguma

generalização ou abstração capaz de descrever um conjunto de dados. Pelo

raciocínio analógico são estabelecidas relações de correspondência entre elementos

de dois sistemas distintos. Os problemas que enfrentamos em nosso dia-a-dia são

resolvidos pela combinação desses diferentes tipos de raciocínio.

Raciocinar envolve, tipicamente, considerar evidências relativas a uma

hipótese ou conclusão. Simplificando, pode-se dizer que o ato de raciocinar consiste

em gerar ou calcular um argumento.

A lógica formal distingue dois tipos de argumentos:

• Argumentos dedutivos: é necessário, dado que as premissas sejam

verdadeiras, que a conclusão seja verdadeira;

• Argumentos indutivos: dado que as premissas sejam verdadeiras, é

provável que a conclusão também o seja.

Em realidade, o pesquisador vê-se diante de uma infinidade de métodos e de

variantes aos mesmos.

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Método Hipotético-dedutivo:

Proposto por Popper, este método consiste na adoção da seguinte linha de

raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são

insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar

explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou

hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser

testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas

das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a

hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências

empíricas para derrubá-Ia (GIL, 1995, p.30).

Método dialético:

Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se

transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. É

um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os

fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico,

etc. Muito aplicado em pesquisa qualitativa (SOUZA, FIALHO, OTANI, 2007).

O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e

instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje, pois as

instituições alcançaram sua forma atual por meio de alterações de suas partes

componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de

cada época.

O método comparativo empregado por Tylor, considera o estudo das

semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos.

Contribui na compreensão do comportamento humano. Ele realiza comparações

com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências. É usado tanto para

comparar grupos no presente como no passado, ou entre os existentes e os do

passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de

desenvolvimento.

Esse método permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os

elementos constantes, abstratos e gerais. Constitui numa verdadeira

experimentação direta. Empregado em estudos de largo alcance (desenvolvimento

da sociedade capitalista), e de setores concretos (comparação de tipos específicos

de eleições), assim como estudos qualitativos (diferentes formas de governo) e

quantitativos (taxa de escolarização de países em desenvolvimento e

subdesenvolvimento) (MARCONI E LAKATOS, 2004).

O método monográfico foi criado por Le Play que o empregou para estudar

famílias operárias na Europa. Parte do princípio de que qualquer caso que se estude

em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de

todos os casos semelhantes. Esse método consiste no estudo de determinados

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indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a

finalidade de obter generalizações.

O método estatístico foi planejado por Quetelet. Os processos estatísticos

permitem obter de conjuntos complexos, representações simples e constatar se

essas verificações simplificadas têm relação entre si. Assim, o método estatístico

significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos

quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos

fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou

significado.

O papel do método estatístico é, antes de tudo, fornecer urna descrição

quantitativa da sociedade, considerada como um todo organizado. Por exemplo,

definem-se e delimitam-se as classes sociais, especificando as características dos

membros dessas classes e, após, mede-se sua importância ou variação, ou

qualquer outro atributo quantificável que contribua para seu melhor entendimento.

No entanto, a estatística pode ser considerada mais do que apenas um meio de

descrição racional; é, também, um método de experimentação e prova, pois é

método de análise.

O método tipológico habitualmente empregado por Max Weber, apresenta

semelhanças com o método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais

complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir da

análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo ideal

é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise e compreensão de

casos concretos, realmente existentes. Weber, através da classificação e

comparação de diversos tipos de cidades, determinou as características essenciais

da cidade; da mesma maneira, pesquisou as diferentes formas de capitalismo para

estabelecer a caracterização ideal do capitalismo moderno; e, partindo do exame

dos tipos de organização, apresentou o tipo ideal de organização burocrática.

O método funcionalista utilizado por Malinowski, é a rigor, mais um método

de interpretação do que de investigação. Levando-se em consideração que a

sociedade é formada por partes componentes, diferenciadas, inter-relacionadas e

interdependentes, satisfazendo cada uma das funções essenciais da vida social, e

que as partes são mais bem entendidas compreendendo-se as funções que

desempenham no todo, o método funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista

da função de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de atividades

(MARCONI E LAKATOS, 2004).

Desenvolvido por Lévi-Strauss, o método estruturalista parte da

investigação de um fenômeno concreto, eleva-se, a seguir, ao nível abstrato, por

intermédio da constituição de um modelo que representa o objeto de estudo,

retornando, por fim, ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e

relacionada com a experiência do sujeito social. Ele considera que uma linguagem

abstrata deve ser indispensável para assegurar a possibilidade de comparar

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experiências, à primeira vista, irredutíveis que, se assim permanecessem, nada

poderiam ensinar, em outras palavras, não poderiam ser estudadas (MARCONI E

LAKATOS, 2004).

Como vimos, a Metodologia Científica trata de método e ciência. A atividade

preponderante da metodologia é a pesquisa. O conhecimento humano caracteriza-

se pela relação estabelecida entre o sujeito e o objeto, podendo-se dizer que essa é

uma relação de apropriação.

Desse modo, a metodologia resulta de um conjunto de procedimentos a

serem utilizados pelo indivíduo na obtenção do conhecimento. É a aplicação do

método, por meio de processos e técnicas, que garante a legitimidade do saber

obtido.

A busca da necessidade humana de conhecer leva o homem a pesquisar.

Uma pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem como meta

principal gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento

preexistente. Basicamente, é um processo de aprendizagem tanto do indivíduo que

a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve.

Lembre-se:

Curiosidade intelectual + entusiasmo + independência + capacidade de

trabalho e ambição acadêmica ou profissional + paciência e muita determinação são

requisitos básicos para se tornar um pesquisador, em tempo integral ou somente

para realização de um único projeto.

De todo modo, todos os trabalhos científicos podem adotar uma estrutura

comum. Apesar de os trabalhos tratarem de temas diferentes e, com distintos

propósitos, variarem materialmente, podem coincidir formalmente numa sequência

comum.

Segundo Salvador (1982) a composição de um trabalho científico pode ser

expressa da seguinte forma: antecipar o que se vai transmitir, transmitir o que se

havia proposto e declarar o que se transmitiu. Essa sequência compreende a

introdução, o desenvolvimento do trabalho e a conclusão.

A pesquisa pode ser então definida como um procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo procurar respostas aos problemas propostos.

Portanto, a pesquisa científica desenvolve-se mediante utilização dos

conhecimentos disponíveis, métodos, técnicas e outros procedimentos científicos,

que vão desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação

dos resultados.

Santos (2000) classifica as pesquisas em dois níveis: acadêmico e de ponta.

O primeiro tipo é de caráter pedagógico que visa despertar o espírito de busca

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intelectual autônoma. Realizada no âmbito da academia (universidade, faculdade ou

outra instituição de ensino superior) conduzida por professores universitários, alunos

de graduação e pós-graduação. O resultado mais importante não é o conhecimento

de respostas salvadoras para a humanidade, mas sim a aquisição do espírito e

método para a indagação intencional. As pesquisas de ponta são desenvolvidas por

pesquisadores experientes e consiste na pesquisa direcionada a lidar com a

problematização, a solução e as necessidades que ainda permanecem, seja porque

simplesmente não foram respondidas ou adequadamente trabalhadas. A pesquisa

de ponta é tentativa de negação / superação científica e existencial.

Existem várias outras classificações para os tipos de pesquisa não havendo

um único esquema classificatório.

Vamos apresentar a classificação das pesquisas quanto aos objetivos

específicos, ao delineamento e à natureza e na sequência as principais técnicas de

coleta e análise dos dados. Buscamos respaldo em vários autores e no quadro

abaixo agrupamos os pensamentos de Gil (1995); Araújo e Oliveira (1997); Malhotra

(2001); Yin (2001); Marconi e Lakatos (2004); Vergara (2005); Cervo, Bervian e Silva

(2007); Souza, Fialho e Otani (2007); Moreira e Caleffe (2008)5.

Classificação quanto ao:

Tipo de pesquisa Técnica de:

Objetivo Delineamento Natureza Coleta de dados

Análise de dados

Exploratória

Descritiva

Explicativa

Documental

Bibliográfica

Levantamento

Experimental

Ex-post facto

Estudo de campo

Estudo de corte

Estudo de caso

Pesquisa ação

Qualitativa

Quantitativa

Quali-quantitativa

Entrevista

Questionário

Observação

Documentação indireta

Bibliográfica

Qualitativa

quantitativa

5 Observe a ordem de colocação dos autores… por data e alfabética.

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Pesquisa participante

Classificação das pesquisas quanto ao objetivo específico

Quanto aos objetivos específicos, as pesquisas científicas podem ser

classificadas em três modalidades: exploratória, descritiva e explicativa. Cada uma

trata o problema de maneira peculiar. A pesquisa exploratória tem “como objetivo

proporcionar maior familiaridade com o problema” (GIL, 1995, p. 45). A descritiva

adota “como objetivo primordial a descrição das características de determinada

população ou fenômeno” (GIL, 1995, p. 46). Já a pesquisa explicativa tem “como

preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a

ocorrência dos fenômenos” (GIL, 1995, p. 46).

A pesquisa exploratória foca na maior familiaridade com o problema, com

vistas a torná-lo mais explícito ou a facilitar a construção de hipóteses. Esse tipo de

pesquisa tem como principal objetivo o aprimoramento de ideias ou a descoberta de

intuições, novas ideias.

A pesquisa exploratória é extremamente flexível, de modo que quaisquer

aspectos relativos ao fato estudado têm importância. Grande parte das pesquisas do

tipo envolve levantamento bibliográfico, documental e entrevista ou questionário

envolvendo pessoas que tiveram alguma experiência com o problema. Geralmente

são de natureza qualitativa.

A pesquisa descritiva objetiva a descrição de determinada população ou

fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Esse tipo de estudo tem

como característica mais significativa a utilização de técnicas padronizadas de coleta

de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Segundo Malhotra

(2001, p. 108), a pesquisa descritiva “tem como principal objetivo a descrição de

algo”, um evento, um fenômeno ou um fato. Os termos descritiva, descrição e

descrever referem-se ao fato de esse tipo de pesquisa apoiar-se na estatística

descritiva para realizar as descrições da população (mediante amostra

probabilística) ou do fenômeno, ou relacionar variáveis. Assim, a pesquisa descritiva

pura tem natureza quantitativa, mas pode ser quantitativa e qualitativa ao mesmo

tempo, se representar descrição de amostra não-probabilística.

A pesquisa explicativa procura aprofundar o conhecimento da realidade,

explicando a razão e o porquê das coisas. Tem como objetivo principal a

identificação dos motivos que determinaram a ocorrência de um fenômeno ou

contribuíram para tanto. Esse tipo de pesquisa é, na maioria das vezes, uma

continuação da pesquisa exploratória ou da pesquisa descritiva.

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Classificação das pesquisas quanto ao delineamento

O delineamento da pesquisa corresponde ao seu planejamento numa

dimensão mais ampla; ou seja, nesse momento o investigador estabelece os meios

técnicos da investigação.

O elemento mais importante para a adequada identificação de um

delineamento é o procedimento utilizado na coleta de dados. A classificação das

pesquisas quanto ao delineamento pode compreender diversos tipos, sendo os mais

conhecidos: a pesquisa documental, a pesquisa bibliográfica, o levantamento, a

pesquisa experimental, a pesquisa ex-post-facto, o estudo de caso e a pesquisa-

ação. Vale destacar que na proporção em que a pesquisa científica avança, novas

formas de delineamento tendem a surgir.

A principal característica da pesquisa documental está relacionada com a sua

fonte, a qual restringe-se a documentos escritos ou não-escritos, sempre de fontes

primárias.

Qualquer estudo científico supõe e requer uma prévia pesquisa bibliográfica,

seja para sua necessária fundamentação teórica, ou mesmo para justificar seus

limites e para os próprios resultados. Cervo; Bervian; Silva (2007, p. 48) afirmam que

a pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência. Como trabalho científico

original, constitui a pesquisa propriamente dita na área das Ciências Humanas.

Como resumo de assunto, constitui geralmente o primeiro passo de qualquer

pesquisa científica.

É por meio da pesquisa bibliográfica que o pesquisador faz contato direto com

tudo o que foi publicado, dito, filmado ou de alguma outra forma registrado sobre

determinado tema, inclusive através de conferências seguidas de debates.

A pesquisa bibliográfica muito se assemelha com a pesquisa documental.

Alguns detalhes, porém, ajudam a evidenciar as sutis diferenças entre os dois tipos:

a) as fontes de dados da pesquisa documental são sempre primárias,

algumas delas compiladas no momento do fato, outras algum tempo depois, e que

não foram tratadas com o foco específico para o tema em estudo;

b) a pesquisa bibliográfica, sempre utilizando fontes secundárias, compreende

as obras já editadas abordando o tema em estudo;

c) os objetivos da pesquisa bibliográfica geralmente são muito amplos, sendo,

assim, indicada para gerar maior visão sobre o problema ou torná-lo mais específico;

enquanto isso, os objetivos da pesquisa documental são específicos, quase sempre

visando à obtenção dos dados em resposta a determinado problema.

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Os dados obtidos de livros, revistas científicas, teses, relatórios científicos,

cuja autoria é conhecida, não se confundem com documentos, isto é, dados

primários, que propiciam o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,

possibilitando conclusões inovadoras, por meio da análise de seu conteúdo.

A pesquisa através do levantamento tem como característica principal a

coleta de informações diretamente das pessoas, para se conhecer o comportamento

de determinado grupamento. Essas informações são captadas por meio de

instrumentos que possibilitam a realização de análise quantitativa, cujas conclusões

podem ser projetadas para um universo mais amplo. Por utilizar técnicas estatísticas

para definir as amostras e o universo da pesquisa, o levantamento apresenta

algumas vantagens. Segundo Araújo e Oliveira (1997) melhora o conhecimento

direto da realidade; oferece maior economia e rapidez; e possibilita, por meio da

quantificação das variáveis, o uso de correlações e outros procedimentos

estatísticos.

Para estes mesmos autores, a pesquisa experimental “consiste em

determinar o objeto de estudo, selecionar variáveis que seriam capazes de

influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a

variável produz no objeto”.

Esse tipo de pesquisa caracteriza-se por manipular de forma direta as

variáveis relacionadas ao objeto de estudo. Com a manipulação das variáveis

através da criação de situações de controle, ou seja, manipulando-se as variáveis

independentes e observando-se o que acontece com as dependentes, pode-se

averiguar a relação de causa e efeito de determinado fenômeno.

A pesquisa ex-post-facto procura assemelhar-se ao máximo com a pesquisa

experimental, sendo que a principal diferença reside na manipulação das variáveis

independentes. Com efeito, enquanto na pesquisa experimental as variáveis são

controladas, na ex-post-facto não há controle sobre as variáveis.

Segundo Yin (2001), o estudo de caso é a pesquisa preferida quando

predominam questões dos tipos “como?” e “por quê?”, ou quando o pesquisador

detém pouco controle sobre os eventos e ainda quando o foco se concentra em

fenômenos da vida real.

Yin (2001) afirma também que o estudo de caso é um modo de pesquisa

empírica que investiga fenômenos contemporâneos em seu ambiente real, quando

os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos; quando há

mais variáveis de interesse do que pontos de dados; quando se baseia em várias

fontes de evidências; e quando há proposições teóricas para conduzir a coleta e a

análise dos dados.

A pesquisa-ação surgiu no final dos anos 1940, com a publicação do artigo

Action research and minority problems, de Kurt Lewin. Segundo Vergara (2005), a

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pesquisa-ação tem como objetivo resolver problemas por meio de ações definidas

por pesquisadores e sujeitos envolvidos com a situação investigada. Alguns

confundem esse método com consultoria, sendo que a principal diferença entre as

duas abordagens é que a pesquisa-ação procura elaborar e desenvolver

conhecimento teórico.

Classificação das pesquisas quanto à natureza

Quanto à natureza, as pesquisas científicas podem ser classificadas em três

modalidades: a qualitativa, a quantitativa e a quanti-quali.

A pesquisa qualitativa se dedica à compreensão dos significados dos

eventos, sem a necessidade de apoiar-se em informações estatísticas.

Desde a década de 1970, a pesquisa qualitativa vem assumindo certo grau de

importância no campo das ciências sociais. Esse tipo de pesquisa adota a

fenomenologia como base científica para moldar a compreensão da pesquisa,

respondendo a questões dos tipos “o quê?”, “por quê?” e “como?”. Geralmente, a

pesquisa qualitativa analisa pequenas amostras não necessariamente

representativas da população, procurando entender as coisas, em vez de mensurá-

las.

A pesquisa qualitativa é considerada essencialmente de campo, porquanto

nas ciências sociais a maioria dos estudos está relacionada a fenômenos de grupos

ou sociedades, razão pela qual o investigador deve atuar onde se desenvolve o

objeto de estudo.

Araújo e Oliveira sintetizam a pesquisa qualitativa como um estudo que (1997,

p. 11) [...] se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, obtidos

no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo

do que o produto, se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes, tem um

plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada.

Na pesquisa quantitativa, a base científica vem do Positivismo, que durante

muito tempo foi sinônimo de Ciência, considerada como investigação objetiva que se

baseava em variáveis mensuráveis e proposições prováveis.

A pesquisa quantitativa surgiu sob a influência do Positivismo, segundo o qual

o pesquisador não deve envolver-se com o objeto da pesquisa, além de pregar a

utilização de procedimentos rigorosamente empíricos, visando ao máximo de

objetividade possível no estudo realizado. Sendo assim, a neutralidade do

pesquisador constitui um ponto muito importante para o estudo.

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Pode-se definir a pesquisa quantitativa como aquela voltada para a

mensuração de segmentos do mercado e das informações qualitativas preexistentes

ou levantadas pela pesquisa qualitativa. Segundo Malhotra (2001, p. 155), “a

pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplicar alguma forma de análise

estatística”. Na maioria das vezes, esse tipo de pesquisa deve suceder a pesquisa

qualitativa, já que esta última ajuda a contextualizar e a entender o fenômeno.

A pesquisa quanti-quali, como o próprio nome sugere, representa a

combinação das duas citadas modalidades, utilizando em parte do trabalho a visão

positivista, e em outra parte a visão fenomenológica, aproveitando-se o que há de

melhor em cada uma delas (ARAÚJO; OLIVEIRA, 1997).

A pesquisa quanti-quali compreende a utilização de ambas as naturezas,

quantitativa e qualitativa, numa pesquisa científica. Estudos de natureza quanti-quali

têm como base tanto o positivismo como a fenomenologia.

Técnicas de coleta de dados

Toda pesquisa, em especial a pesquisa descritiva, deve ser bem planejada se

quiser oferecer resultados úteis e fidedignos. Esse planejamento envolve também a

tarefa de coleta de dados, que corresponde a uma fase intermediária da pesquisa

descritiva.

A coleta de dados ocorre após a escolha e delimitação do tema, a revisão

bibliográfica, a definição dos objetivos, a formulação do problema e das hipóteses ou

pressupostos e a identificação das variáveis.

A coleta de dados, tarefa importante na pesquisa, envolve diversos passos,

como a determinação da população a ser estudada, a elaboração do instrumento de

coleta, a programação da coleta e também o tipo de dados e de coleta. Há diversas

formas de coleta de dados, todas com suas vantagens e desvantagens. Na decisão

do uso de uma forma ou de outra, o pesquisador levará em conta a que menos

desvantagens oferecer, respeitados os objetivos da pesquisa.

Nessa fase podem ser empregadas diferentes técnicas, sendo mais utilizados

a entrevista, o questionário e a observação, quando aplicadas a pessoas, e a

documentação indireta documental e a documentação indireta bibliográfica, quando

não aplicadas a indivíduos.

Na aplicação da entrevista e do formulário, o informante conta com a

presença do pesquisador ou seu auxiliar, que registra as informações. O

questionário sem a presença do investigador, é preenchido pela pessoa que fornece

as informações.

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Além do instrumento usado, o tipo de pergunta, que pode ser fechada por um

número limitado de opções ou aberta, sem restrições, determina a maior ou menor

exatidão dos dados e o grau de dificuldade na tabulação e análise das informações.

Esses aspectos e a disponibilidade de tempo e de recursos devem ser levados em

consideração ao ser fixado o instrumento de coleta de dados. Somente depois de ter

sido definido o objetivo da pesquisa e depois de levantadas as hipóteses e as

variáveis, o pesquisador vai elaborar as questões do instrumento de coleta de

dados.

A preocupação básica ao elaborar as perguntas deve ser, além da validade, a

finalidade e a relação das questões com o objetivo da pesquisa. As perguntas, em

maior ou menor número, devem sempre colher informações a respeito das variáveis

e das hipóteses do trabalho. Em geral, as questões alheias aos objetivos da

pesquisa não se justificam.

Cervo; Bervian; Silva (2007) elencam alguns passos básicos que devem ser

observados na elaboração das perguntas:

Identificar os dados ou as variáveis sobre os quais serão feitas as questões;

Selecionar o tipo de pergunta a ser utilizado diante das vantagens e

desvantagens de cada tipo, com vistas ao tempo a ser consumido para obter

os dados e a maneira de tabulá-Ios e analisá-los;

Elaborar uma ou mais perguntas referentes a cada dado a ser levantado;

Analisar as questões elaboradas quanto à clareza da redação, classificação e

sua real necessidade;

Codificar as questões para a posterior tabulação e análise com a inclusão dos

códigos no próprio instrumento;

Elaborar instruções claras e precisas para o preenchimento do instrumento;

Submeter as questões a outros técnicos para sanar possíveis deficiências;

Revisar o instrumento para dar ordem e sequência para as questões;

Submeter o instrumento a um pré-teste para detectar possíveis reformulações

ou correções, antes de sua aplicação.

Outros instrumentos usados em pesquisas descritivas, como a entrevista e a

observação, embora não percorram rigorosamente os passos descritos, devem

cercar-se das devidas precauções para evitar prejuízos à pesquisa decorrentes de

falhas na coleta de dados.

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A entrevista não é uma simples conversa. É uma conversa orientada para

um objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para

a pesquisa.

A entrevista tornou-se, nos últimos anos, um instrumento do qual se servem

constantemente os pesquisadores em ciências sociais e psicológicas. Eles recorrem

à entrevista sempre que têm necessidade de obter dados que não podem ser

encontrados em registros e fontes documentais e que podem ser fornecidos por

certas pessoas. Esses dados serão utilizados tanto para o estudo de fatos como de

casos ou de opiniões. Devem-se adotar os seguintes critérios para o preparo e a

realização da entrevista:

Planejar a entrevista, delineando cuidadosamente o objetivo a ser alcançado;

Obter, sempre que possível, algum conhecimento prévio acerca do

entrevistado;

Marcar com antecedência o local e o horário da entrevista; qualquer

transtorno poderá comprometer os resultados da pesquisa;

Criar condições, isto é, uma situação discreta, para a entrevista, pois será

mais fácil obter informações espontâneas e confidenciais de uma pessoa

isolada do que de uma pessoa acompanhada ou em grupo;

Escolher o entrevistado de acordo com a sua familiaridade ou autoridade em

relação ao assunto escolhido;

Fazer uma lista das questões, destacando as mais importantes;

Assegurar um número suficiente de entrevistados, o que dependerá da

viabilidade da informação a ser obtida.

O entrevistado deve ser sempre previamente informado do motivo da

entrevista e de sua escolha. O entrevistador deve obter e manter a confiança do

entrevistado, evitando ser inoportuno, não interrompendo outras atividades de seu

interesse nem o entrevistando quando estiver irritado, fatigado ou impaciente.

Convém dispor-se a ouvir mais do que falar. O que interessa é o que o informante

tem a dizer. Deve-se dar o tempo necessário para que o entrevistado discorra

satisfatoriamente sobre o assunto (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007)

O entrevistador deve controlar a entrevista, reconduzindo, se necessário, o

entrevistado ao objeto da entrevista. Deve-se evitar perguntas diretas que

precipitariam as informações, deixando-as incompletas. É conveniente apresentar

primeiramente as perguntas que tenham menores probabilidades de provocar

recusa ou produzir qualquer forma de negativismo, uma após outra, a fim de não

confundir o entrevistado. Sempre que possível, conferir as respostas, mantendo-se

alerta a eventuais contradições.

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Finalmente, o entrevistador não deve confiar demasiadamente em sua

memória. Deve anotar, cuidadosamente, os dados, registrando-os sumariamente

durante a entrevista e completando suas anotações logo em seguida ou o mais

breve possível. Deve registrar também aqueles dados fornecidos após a entrevista,

quando considerados de importância.

Quando se há de recorrer à entrevista? Recorre-se à entrevista quando não

houve fontes mais seguras para as informações desejadas ou quando se quiser

completar dados extraídos de outras fontes. A entrevista possibilita registrar, além

disso, observações sobre a aparência, o comportamento e as atitudes do

entrevistado. Daí sua vantagem sobre o questionário. Deve-se evitar recorrer à

entrevista para obter dados de valor incerto ou para obter informações precisas, cuja

validade dependeria de pesquisas ou de observações controladas, tais como datas,

relações numéricas etc.

O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita

medir com mais exatidão o que se deseja. Em geral, a palavra questionário refere-se

a um meio de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante

preenche. Assim, qualquer pessoa que preencheu um pedido de trabalho teve a

experiência de responder a um questionário. Ele contém um conjunto de questões,

todas logicamente relacionadas com um problema central.

O questionário poderá ser enviado pelo correio, entregue ao respondente ou

aplicado por elementos preparados e selecionados. Nesse caso, pode ser aplicado

simultaneamente a um maior número de indivíduos (MINAYO; DESLANDES, 2009).

Todo questionário deve ter natureza impessoal para assegurar uniformidade na

avaliação de uma situação para outra. Possui a vantagem de os respondentes se

sentirem mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações e

respostas mais reais (o que pode não acontecer na entrevista). Deve, ainda, ser

limitado em sua extensão e finalidade.

É necessário estabelecer, com critério, as questões mais importantes a serem

propostas e que interessam ser conhecidas, de acordo com os objetivos. Devem ser

propostas perguntas que conduzam facilmente às respostas de forma a não

insinuarem outras colocações. Se o questionário for respondido na ausência do

investigador, deverá ser acompanhado de instruções minuciosas e específicas.

O uso de perguntas abertas permite obter respostas livres. Exemplo: Do que

você mais gosta na cidade? Já as perguntas fechadas permitem obter respostas

mais precisas.

Exemplo: Seu nível de escolaridade é:

( ) ensino fundamental ( ) graduação

( ) ensino médio ( ) pós-graduação

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As perguntas fechadas são padronizadas, de fácil aplicação, simples de

codificar e analisar. As perguntas abertas, destinadas à obtenção de respostas

livres, embora possibilitem recolher dados ou informações mais ricas e variadas, são

codificadas e analisadas com mais dificuldade.

O formulário é uma lista informal, catálogo ou inventário, destinado à coleta

de dados resultantes quer de observações quer de interrogações, e seu

preenchimento é feito pelo próprio investigador.

Entre as vantagens que o formulário apresenta, podemos destacar a

assistência direta do investigador, a possibilidade de comportar perguntas mais

complexas e a garantia da uniformidade na interpretação dos dados e dos critérios

pelos quais são fornecidos. O formulário pode ser aplicado a grupos heterogêneos,

inclusive a analfabetos, o que não ocorre com o questionário.

A observação tem como o principal objetivo a obtenção de informações por

meio dos órgãos dos sentidos do investigador durante sua permanência in loco ao

ensejo da ocorrência de determinados aspectos da realidade. A observação não

consiste tão somente em ver ou ouvir, mas também em analisar o fato ou fenômeno.

O investigador pode identificar e obter provas a respeito de objetivos de que até

então não tinha consciência, exercendo importante papel no aspecto da descoberta,

ponto inicial para a investigação social.

Os procedimentos para coleta de dados descritos, conforme mencionado

anteriormente aplicam-se quando coletados diretamente de pessoas. Entretanto,

segundo Gil (1995), não são os indivíduos as únicas fontes de dados. Registros em

papel, como arquivos públicos e privados, dados estatísticos, etc., são importantes

fontes de informações, que serão colhidas mediante documentação indireta.

A coleta de dados baseada na documentação indireta consiste na leitura e

análise de materiais produzidos por terceiros, que podem apresentar-se sob forma

de textos, jornais, gravuras, fotografias e filmes, entre outras (MARCONI;

LAKATOS, 2004). A documentação indireta documental trata especificamente da

coleta de informações de fontes primárias, tais como documentos de arquivos

públicos e privados, cartas, contratos, diários e autobiografias.

Essa técnica é bastante utilizada em pesquisas puramente teóricas e

naquelas em que o delineamento principal é o estudo de caso, pois pesquisas com

esse tipo de delineamento exige, na maioria dos casos, a coleta de documentos

para análise.

A documentação indireta bibliográfica trata especificamente de recolher

informações de fontes secundárias, tais como relatórios de pesquisa baseada em

trabalho de campo, estudos históricos recorrendo aos documentos originais e

pesquisas utilizando correspondências de terceiros, entre outras. Trata-se de técnica

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bastante empregada em pesquisas nas quais o delineamento principal é o estudo de

caso e em pesquisas puramente teóricas.

Técnicas de análise de dados qualitativa

Dentre as técnicas de análise de dados qualitativa, destacam-se a análise de

conteúdo e a análise de discurso.

A análise de conteúdo é utilizada no tratamento de dados que visa identificar

o que vem sendo dito acerca de determinado tema (VERGARA, 2005). Ela

compreende um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter,

por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de

conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas)

dessas mensagens.

As principais fontes da análise de conteúdo são materiais jornalísticos e

documentos institucionais.

A análise de discurso é definida por Vergara (2005) como um método que

pretende não somente apreender como uma mensagem é transmitida, mas também

explorar o seu sentido. A análise de discurso avalia quem enviou a mensagem,

quem recebeu a mensagem e qual o contexto em que está inserida.

Uma das condições indispensáveis para que a análise de discurso seja

efetivada com clareza é a transcrição de entrevistas e discursos na íntegra, sem

cortes, correções ou interpretações iniciais.

Vergara (2005) sugere que o relatório final, subsequente à análise, deve

conter trechos do material analisado, no sentido de assegurar a fiel interpretação do

pesquisador. A autora defende também a importância desse relatório explicitar os

critérios utilizados na análise dos dados, de modo a facilitar a sua compreensão pelo

leitor.

Técnicas de análise de dados quantitativa

Muitas são as ferramentas estatísticas voltadas para análise de dados, dentre

elas as frequências, médias, modas, medianas e testes de significância.

A análise de regressão e a análise discriminante são duas técnicas de análise

de dados quantitativa adotadas com frequência nas áreas de Administração e

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Contabilidade. Malhotra (2001, p. 459) ensina que a análise de regressão é um

“processo estatístico para analisar relações associativas entre uma variável

dependente métrica e uma ou mais variáveis independentes”. Essa técnica tem

como principal objetivo verificar o grau e a natureza de associação entre as

variáveis.

Segundo Malhotra (2001, p. 482), a análise discriminante “é uma técnica de

análise de dados onde a variável dependente é categórica e as variáveis

prognosticadoras ou independentes têm natureza intervalar”. Essa técnica tem como

objetivo estabelecer funções matemáticas ou combinações lineares que podem

melhor discriminar as categorias das variáveis dependentes.

Como vimos a pesquisa possui os mais variados caminhos para atender ao

seu objetivo, é recheada de variáveis, de possibilidades, cabendo ao pesquisador

descobrir qual deles seguir.

Evidentemente que nossa pretensão não foi a de esgotar aqui todo o

conhecimento oferecido pela Metodologia Científica, tentamos compilar, organizar o

que é mais importante para aqueles que pretendem enveredar pelos caminhos da

pesquisa. Ao final da apostila estão as referências bibliográficas consultadas e

utilizadas. Neles poderão de aprofundar, sanar dúvidas, aumentar conhecimentos.

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ÚLTIMAS PALAVRAS...

Guardem algumas palavras de Marisa Costa (2002) úteis para jovens

pesquisadores:

1. Pesquisar é uma aventura, seja um bom detetive e esteja atento às

suas intuições!

2. Achados e resultados de pesquisa são parciais e provisórios. Não

tenha a pretensão de contar a verdade total e definitiva.

3. Pesquisar é um processo de criação e não de mera constatação. A

originalidade da pesquisa está na originalidade do olhar.

4. O mundo não é de um único jeito. Desconfie de todos os discursos que

se pretendem representativos da “realidade objetiva”. A realidade

assume as mais diversas formas, tantas quantas nossos discursos

sobre ela forem capazes de compor.

5. O novo não é necessariamente melhor do que o velho. Não deixe o

mito do progresso perturbar sua pesquisa.

6. O mundo continua mudando. Não cristalize seu pensamento. Ponha

suas ideias em discussão, dialogue, critique, exponha-se.

7. A neutralidade da pesquisa é uma quimera. Pergunte-se

permanentemente a quem interessa o que você está pesquisando.

8. Ciência e ética são indissociáveis. Lembre sempre de que não se pode

fazer qualquer coisa em nome da ciência.

9. Pesquisar é uma atividade que exige reflexão, rigor, método e ousadia.

Lembre sempre que nem toda a atividade intelectual é científica.

10. Pesquisar é uma tarefa social. Divulgue sua pesquisa e procure

conhecer as dos outros.

11. A verdade ou as verdades são deste mundo. Lembre-se sempre que a

humildade é uma virtude e não transforme seu saber em autoridade.

12. Os resultados de sua pesquisa são importantes. Seja um pesquisador

engajado.

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