grupo ii – classe vii – plenário

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Page 1: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário

GRUPO II – CLASSE VII – PlenárioTC 005.086/2002-4 (com 02 volumes)Natureza: RepresentaçãoInteressada: Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás – Secex/GOÓrgão: Tribunal Regional do Trabalho – 18ª Região

Sumário: Representação. Inexistência de irregularidades. Conhecimento. Improcedência. Arquivamento.

RELATÓRIO

Versam os autos a respeito de Representação formulada em função de consulta ao Diário Oficial da União pela Secex/GO, versando sobre aditamento de contrato firmado entre o Tribunal Regional do Trabalho – 18ª Região e a empresa Alacar Serviços em Veículos Ltda., motivado pela alteração da relação de veículos oficiais abrangidos pelo objeto, em razão da dação de viaturas usadas em pagamento de outras novas.

O Sr. Diretor-Geral do Tribunal Regional do Trabalho – 18ª Região, por meio do Ofício nº 699/2002, foi ouvido em audiência a respeito dos seguintes pontos:

“a) realização de dação em pagamento de veículos pertencentes à frota do TRT 18ª Região, em desacordo com os ditames da Lei nº 8.666/93 e suas alterações, quando o correto seria proceder-se alienação por intermédio de leilão desses automóveis; e

b) as razões que motivaram a compra de sete automóveis, que possuem equipamentos como vidros elétricos e ar condicionados (05 Volkswagens Santana e 02 Fiat Palio Weekend), em desconformidade com as vedações impostas pelo art. 16 da Lei nº 1.081/50, que proíbe a aquisição de carro de luxo, e pelo inciso III, art. 17 da Lei nº 8.447/92, que desautoriza a compra de veículos de representação”.

Ás fls. 410-414, o responsável fez juntar razões de justificativas sintetizadas do seguinte modo pela Unidade Técnica:

a) a lei n.° 8.666/93, não veda que a administração possa, em um único procedimento licitatório, adquirir um bem novo, oferecendo outro como parte do pagamento;

b) que os processos de aquisições foram elaborados, após prévia avaliação dos bens inservíveis e antieconômicos, adequadamente formalizada em processo, de acordo com o que preceitua o Decreto nº 99.658/90, “instrumento legal regulador do reaproveitamento, da movimentação, da alienação e de outras formas de desfazimento de material no âmbito federal.”

c) que o artigo 14 do citado decreto, prevê, “expressamente, que a permuta com particulares poderá ser realizada sem limitação de valor, desde que as avaliações dos lotes sejam coincidentes e haja interesse público”

A Secex/GO, em instrução de fls. 662/664, analisou as razões acima transcritas na forma seguinte, verbis:

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“5.Ao analisar os argumentos apresentados, notadamente no que se refere à ausência de vedação explícita na Lei 8.666/93, impende ressaltar a utilização imprópria da modalidade de ‘pregão’ para a aquisição e a alienação dos veículos, conforme pretendido pela entidade.

6.Embora a Medida Provisória nº 2.108-10, de 26/1/2001, seja silente quanto a utilização de Pregão para a alienação de bens públicos, o Decreto nº 3.555/2000, alterado pelo Decreto nº 3.693/2000, que aprovou o Regulamento do pregão, veda em seu Anexo 1, artigo 5º, a aplicação de tal modalidade no caso em questão, ou seja, na alienação em geral.

7.Em processo de aquisição semelhante realizada no âmbito deste Tribunal de Contas, no TC 001.059/2001-0, cabe destacar o posicionamento adotado:

‘ ....................3.1.... seguindo ‘a sistemática adotada pelo Supremo Tribunal Federal em concorrência com a

mesma finalidade levada a efeito no ano passado, o carro de propriedade deste Tribunal poderá ser utilizado como parcela do pagamento do novo veículo a ser adquirido em procedimento licitatório apropriado, proporcionando uma economia para esta Corte de Contas.' E, ao final autorizou a aquisição de novo veículo (...)

4.A Comissão Permanente de Licitação manifestou-se (...):‘Registre-se que a respeito da alienação de material por parte da Administração Pública

Federal o artigo 8º do Decreto nº 99.658, de 30.10.1990, estabelece que as vendas efetuar-se-ão mediante concorrência, leilão ou convite. Entretanto, tal Decreto, por ter sido publicado anteriormente à Lei nº 8.666/93, foi recepcionado parcialmente pela legislação vigente, ou seja, apenas os seus dispositivos que não conflitam com o referido ditame legal permanecem em vigor. Isto posto, não se vislumbra óbice à realização de Tomada de Preços (...)’

...............................Finalmente, ressalte-se que a Lei nº 8.666/93 em seu art. 17, inciso II, prevê que a alienação de

bens móveis da Administração Pública ficará subordinada a existência de interesse público devidamente justificado, dependerá de avaliação prévia e realização de licitação, sem indicar a modalidade. Nesse sentido, o § 6º do mesmo art. 17 da Lei nº 8.666/93, a seguir transcrito, estabelece que nas vendas de bens móveis, além da tomada de preços, poderá ser admitido o leilão:

`§ 6º. Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea ‘b’ desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão.’’

8.Assim, tenho como parcialmente acatados os argumentos apresentados pelo responsável, sendo plausível propor determinação à entidade com vistas a alertá-la a não incorrer novamente em erro, eis que as aquisições dos veículos em questão teriam que ser procedidas por meio de tomada de preços e não de pregão como fez o TRT/18ª Região.

9.Para o item ‘b’ da audiência, o responsável argumenta que:a) as especificações dos editais dos pregões não constaram a exigência de vidros elétricos;b) quanto aos acessórios questionados, ar condicionado e vidro elétrico, afirma que a exigência

de vidro elétrico não constou das especificações nos atos convocatórios, acentuando que dos veículos adquiridos conforme os pregões nº 007/2000 (dois Fiat Palio Weekend), nº 015/2001 (um

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Volkswagen Gol) e nº 006/2001 (um Volkswagen Santana e um Volkswagen Gol), ‘cinco não contam com nenhum dos acessórios em suas especificações e que, se porventura foram ofertados com tais equipamentos deveu-se às circunstâncias peculiares do procedimento licitatório, no qual a expectativa de disputa propiciou melhores propostas para o ente licitante’ ...

10.Nesta linha de raciocínio, o responsável entende justificada a aquisição dos cinco veículos equipados com os mencionados acessórios, para em seguida apresentar as seguintes razões para a aquisição de dois deles com o equipamento de ‘ar-condicionado’, ou seja:

‘É sabido por essa Secretaria que a Região Centro-Oeste é extremamente quente e seca em boa parte do ano. Além disso, devemos registrar que este Tribunal possui 31 Varas do Trabalho no Estado, havendo dezenove delas no Interior, que devem ser assistidas pela Administração de sorte a assegurar-lhes plenas condições de funcionamento, além, evidentemente, de serem objeto de correições periódicas pela Presidência desta Corte . ... e da finalidade de tais veículos – propiciar o deslocamento de juizes e servidores a serviço, por toda a jurisdição do Tribunal, com a vestimenta de estilo, vale dizer, terno social completo, não é difícil perceber que o ar condicionado em tais veículos transforma-se em item essencial para que o mesmo possa cumprir com sua finalidade.’

11.Concluindo que tais veículos, por suas características não são de representação, mas de serviço, colaciona, ainda, às suas alegações, a Decisão TCU nº 34/O1TCU-2ª Câmara, ao julgar representação intentada contra a Procuradoria do Trabalho da 11ª Região, no que se refere à aquisição de veículos, em observância aos ditames da Lei nº 1.081/50, que em suma ressalvou, `quanto ao condicionador de ar e direção hidráulica, que atualmente, podem ser encontrados até mesmo em carros populares, ainda que não sejam extremamente baratos, por não representar elevação considerável do preço final, não faz com que um automóvel, apenas por isso, seja considerado custoso.’

Ante o exposto, ao acolher em parte a razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Ricardo Werbster Pereira de Lucena – Diretor-Geral do TRT/18ª Região, opino pelo envio destes autos ao Sr. Relator, Ministro Adylson Motta, acompanhado das seguintes proposições:

a) conhecer esta representação, formulada nos termos dos artigos 193, inciso 1, alínea ‘b’ do Regimento Interno/TCU e 69, inciso VI da Resolução TCU nº 136/00, para no mérito considerá-la parcialmente procedente;

b) determinar ao Tribunal Regional do Trabalho/18ª Região, abster-se da utilização de pregão com vistas a realização de alienações de bens em geral; e,

c) juntar os autos às respectivas contas.”

À fl. 676, o Analista responsável pela instrução ressalta que:

“2.Após a instrução de fls. 662-664, o responsável comparece novamente aos autos, com razões de justificativas complementares, fls. 666-675.

3.Da análise do citado referente, percebe-se que o mesmo só veio a corroborar com a nossa conclusão de fls. 664, ou seja, que a modalidade de licitação utilizada pelo o TRT – 18ª Região (Pregão) foi inadequada.

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4.Cumpre informar ainda que o pregão nº 01/2001 – Segedam/TCU, fl. 672), foi anulado em razão do disposto no Decreto nº 3.555, de 08/08/2000, alterado pelo Decreto nº 3.693, de 20/12/200, que aprova o Regulamento do Pregão, veda, em seu Anexo 1, artigo 5°, a aplicação de tal modalidade no caso em questão (alienação em geral).

a) Ante o exposto, ratificamos as conclusões de fl. 664.”

Às fls. 665 e 680, as ilustres titulares da 2ª Diretoria Técnica e da Secex/GO anuem à proposta acima transcrita.

O douto representante do Ministério Público junto a essa Corte, à fl. 683, manifesta sua anuência.

É o Relatório.

VOTO

Preliminarmente, deve-se asseverar que a presente Representação cumpre os requisitos de admissibilidade previstos no art. 69, inciso VI, § 1º, da Resolução TCU nº 136/2000 cumulada com o art. 237 do Regimento Interno desta Corte de Contas, razão pela qual deve ser conhecida

No que se refere ao mérito, inicialmente posicionei-me, ante à ponderação dos fatos pela Unidade Técnica, no sentido de se considerar parcialmente procedente a presente Representação.

No entanto, após o pedido de vista do Ilustre Procurador-Geral do Ministério Público junto a esta Corte de Contas, e a apresentação de vasta argumentação para considerar-se o contrário, ou seja, pela improcedência da presente Representação, tendo em vista, inclusive, uma visão mais ampla do tema, reconsidero minha posição diante dos fatos.

Assim, peço vênia à Unidade Técnica, para concordar com a proposição trazida aos autos pelo Sr. Procurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU, uma vez que no presente caso trata-se de aquisição de bens e não de alienação.

No caso em tela, utilizou-se o pregão de forma consentânea com a legislação vigente, dando-se como parte do pagamento os bens inservíveis à administração, no caso, veículos que já tinham sido utilizados pelo TRT/18ª Região e que, por sua depreciação, deveriam ser descartados.

Importa destacar, ainda, que a forma pela qual foram adquiridos os bens, sobretudo no que tange à celeridade e à redução de custos operacionais indica para o acerto da modalidade licitatória adotada pelo gestor, não deixando de atentar, como bem asseverou o Sr. Procurador-Geral, para a busca do equilíbrio entre a legalidade e outros princípios da administração pública, como o da eficiência e o da economicidade.

Há que se lembrar, também, que as vantagens embutidas no bojo do pregão visam, sobretudo, dar ao administrador público, maior flexibilidade na administração da coisa pública, dando condições de atuação semelhantes às praticadas pelo setor privado.

Dessa forma, tem-se no pregão uma nova modalidade de licitação que deve ter seu uso mais incentivado pela Administração Pública, norteando-se, por óbvio, pelo princípio da legalidade.

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Ante o exposto, Voto por que este Plenário adote o Acórdão que submeto à sua elevada apreciação.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de março de 2003.

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

ACÓRDÃO Nº 277/2003 TCU – Plenário

1.Processo TC 005.086/2002-42.Grupo II, Classe de Assunto VII – Representação3.Interessado: Tribunal de Contas da União4.Entidade: Tribunal Regional do Trabalho – 18ª Região5.Relator: Ministro Adylson Motta6.Representante do Ministério Público: Dr. Ubaldo Alves Caldas7.Unidade Técnica: Secex/GO8.Advogado constituído nos autos: não consta.

9.Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de Representação, formulada por Técnicos da

Secex/GO tendo em vista indícios de irregularidades na aquisição de veículos para o TRT da 18ª Região por meio da modalidade pregão.

Considerando a inexistência nestes autos de quaisquer irregularidades que possam macular o processo de compra de veículos realizado pelo TRT – 18ª Região.

Considerando a inexistência nos autos de qualquer ato que possa apontar para a prática de má-fé ou desvio de recursos para favorecimento a terceiros, ou ainda, indícios de locupletação por parte dos gestores.

Considerando os benefícios advindos da implementação do pregão na Administração Pública.Considerando os esclarecimentos trazidos aos autos pelo Ilustre Procurador-Geral junto ao TCU

com proposição pela improcedência da presente Representação.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as

razões expostas pelo Relator, em:9.1 conhecer da presente Representação, por preencher os requisitos de admissibilidade, para, no

mérito considerá-la, improcedente.9.2 arquivar o presente processo

10. Ata nº 10/2003 – Plenário11. Data da Sessão: 26/3/2003 – Ordinária12. Especificação do quorum:

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12.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Humberto Guimarães Souto, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar e os Ministros-Substitutos Lincoln Magalhães da Rocha e Augusto Sherman Cavalcanti.

12.2. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELOPresidente

ADYLSON MOTTAMinistro-Relator

Fui presente:

LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral