grupo ii – classe iv – plenário

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GRUPO II – CLASSE IV – Plenário TC-012.277/2005-0 (c/ 1 volume, 4 anexos e 8 volumes dos anexos). Natureza: Tomada de Contas Anual, exercício de 2004. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região/SP. Responsáveis: Maria Aparecida Pellegrina, Dora Vaz Treviño, Rufina Popolin de Matos, Anna Soghomonian, Luiz Cláudio Junqueira da Silva, Tânia Hannud Adsuara, Lilian Yuri Takahashi, Mônica Gerber Bossolan, Giselle Pedroso Câmara, Durvani Brito, Marco Antônio Correia de Almeida, Alexandre Temple, Sérgio Henrique Darde, Renato Seigi Hayashida, Nivaldo Catânia, Ivan Freddi. SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS. EXERCÍCIO DE 2004. INDENIZAÇÃO DE FÉRIAS A MAGISTRADOS ATIVOS. UTILIZAÇÃO DE PRÉ-QUALIFICAÇÃO. ESCOLHA DE LICITAÇÃO DO TIPO “TÉCNICA E PREÇO”. AUSÊNCIA DE DIVULGAÇÃO DOS PESOS ATRIBUÍDOS À VALORIZAÇÃO DAS PROPOSTAS TÉCNICA E DE PREÇOS. CONTAS DO GESTOR PRINCIPAL REGULARES COM RESSALVA. CONTAS DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS REGULARES COM QUITAÇÃO PLENA. 1. É ilegal a indenização de férias não gozadas, por vulnerar o limite estabelecido no art. 67, § 2º, da Lei Complementar n. 35/1979. Situação excepcional caracterizada nos autos. 2. A teor do art. 114 da Lei n. 8.666/1993, o procedimento da pré-qualificação tem cabimento /home/website/convert/temp/convert_html/ 5870bd481a28abbd528b7c13/document.doc

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GRUPO II – CLASSE IV – PlenárioTC-012.277/2005-0 (c/ 1 volume, 4 anexos e 8 volumes dos anexos).

Natureza: Tomada de Contas Anual, exercício de 2004.Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região/SP.Responsáveis: Maria Aparecida Pellegrina, Dora Vaz Treviño, Rufina Popolin de Matos, Anna Soghomonian, Luiz Cláudio Junqueira da Silva, Tânia Hannud Adsuara, Lilian Yuri Takahashi, Mônica Gerber Bossolan, Giselle Pedroso Câmara, Durvani Brito, Marco Antônio Correia de Almeida, Alexandre Temple, Sérgio Henrique Darde, Renato Seigi Hayashida, Nivaldo Catânia, Ivan Freddi. SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS. EXERCÍCIO DE 2004. INDENIZAÇÃO DE FÉRIAS A MAGISTRADOS ATIVOS. UTILIZAÇÃO DE PRÉ-QUALIFICAÇÃO. ESCOLHA DE LICITAÇÃO DO TIPO “TÉCNICA E PREÇO”. AUSÊNCIA DE DIVULGAÇÃO DOS PESOS ATRIBUÍDOS À VALORIZAÇÃO DAS PROPOSTAS TÉCNICA E DE PREÇOS. CONTAS DO GESTOR PRINCIPAL REGULARES COM RESSALVA. CONTAS DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS REGULARES COM QUITAÇÃO PLENA.1. É ilegal a indenização de férias não gozadas, por

vulnerar o limite estabelecido no art. 67, § 2º, da Lei Complementar n. 35/1979. Situação excepcional caracterizada nos autos.

2. A teor do art. 114 da Lei n. 8.666/1993, o procedimento da pré-qualificação tem cabimento quando o objeto da licitação recomende análise mais detida da qualificação técnica dos interessados, não se limitando aos bens e serviços de alta complexidade.

3. O cabimento da licitação do tipo “técnica e preço” deve observar as hipóteses do art. 46, caput e § 3º, da Lei n. 8.666/1993. Quando cabível a licitação do tipo “preço”, todavia, a fixação de critérios técnicos de julgamento não prejudica a finalidade da licitação, desde que tais critérios sejam compatíveis com o objeto licitado e não haja prejuízo aos licitantes.

4. O Edital de pré-qualificação de concorrência do tipo “técnica e preço” deve descrever os critérios de julgamento das propostas, tanto no que se

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refere à técnica quanto ao preço, de forma detalhada, clara e objetiva, bem como os pontos e pesos atribuídos às valorizações de cada uma dessas propostas, como determina o art. 46, § 2º, do inciso II, da Lei n. 8.666/1993.

RELATÓRIO

Cuidam os autos da Tomada de Contas do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região/SP – TRTSP referente ao exercício de 2004.2. A Secretaria de Controle Interno do TRT/SP emitiu Relatório (fls. 83/112) e Certificado de Auditoria (fl. 113) concluindo pela regularidade, com ressalvas, das referidas contas, tendo em vista a ausência de prévia análise, pela Assessoria Jurídica, das minutas de editais e contratos nos processos licitatórios ns. 6/2003 e 1/2004 (fl. 92). 3. No âmbito deste Tribunal, a Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo efetuou a análise preliminar (fls. 132/145) e promoveu diligência junto ao TRT 2ª Região (fls. 147/149), ao Banco do Brasil (fl. 150) e à Procuradoria da República (fls. 194 e 201 do volume principal e 220 do volume 1). Os elementos encaminhados foram autuados, respectivamente, às fls. 1/1700 do anexo 2, 1/54 do anexo 1, e 2/104 do anexo 4, e examinados na instrução de fls. 176/192.5. Pelo Despacho de fl. 195, autorizei a audiência da Desembargadora Maria Aparecida Pellegrina, ex-Presidente do TRT/2ª Região, e do Sr. Ivan Freddi, Presidente da Comissão de Licitação, cujas alegações de defesa foram acostadas no Anexo 3.6. Quanto às razões de justificativa da primeira responsável, cabe destacar o que segue:

6.1 – Indenização de férias não gozadas6.1.1 – AudiênciaConversão em pecúnia de períodos de férias prescritas, vencidas e não

vencidas, aos Srs. Juízes do Trabalho: a) Sueli Tome da Ponte, no valor de R$ 18.358,11, pago em 19/01/2004, relativamente aos exercícios de 1998 (13 dias), 2000 (35 dias), 2001 (60 dias), 2002 (60 dias) e 2003 (60 dias); b) Laura Rossi, no valor de R$ 26.931,60, pago em 11/02/2004, relativamente aos períodos de 1989 (1 dia), 1997 (30 dias), 1998 (34 dias), 1999 (30 dias), 2000 (60 dias) e 2001 (16 dias); c) Antonio Ricardo, no valor de R$ 18.015,42, pago em 08/07/2004, relativamente aos períodos de 2002 (32 dias), 2003 (60 dias) e 2004 (60 dias).

6.1.2 – Razões de Justificativa (fls. 61/80 do anexo 3) A responsável, Presidente do TRT da 2a Região no biênio de 16/09/2002

a 15/09/2004, não autorizou todos os pedidos de indenização de férias apontados no ofício de audiência, mas apenas os seguintes: a) Juíza Sueli Tomé da Ponte, em 12/01/2004, relativamente a 30 dias de férias relativas ao ano de 2000; b) Juíza Laura Rossi, em 09/02/2004, referente a 32 dias do período de 2002; c) Juiz Antônio Ricardo, em 30/06/2004, abrangendo 32 dias do período de 2002 (documentação de fls. 109/128 do anexo 3).

O quadro de juízes tornou-se insuficiente. Havia apenas 103 Juízes Substitutos para cobrir as férias e demais afastamentos de 292 magistrados; em 2003 o Regional passou a contar “com 49 cargos vagos, mais 36 vagas de Juiz Substituto, 10 vagas de Juiz Titular de Vara e 6 vagas de Juiz Togado”, havendo apenas 17 candidatos habilitados a realizar a prova.

A jurisprudência apontada pela Unidade Técnica para sustentar a incidência do instituto da prescrição sobre a indenização por férias não gozadas (REsp

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n. 29.971-1-SP/STJ; RO 900101164-0/DF, RO 93.01.13997-91/PA e RO 92.01.00711-6/DF do TRF 1ª Região) não se prestaria à comparação com o caso vertente, pois todos os arestos teriam sido proferidos em situações disciplinadas pela Consolidação das Leis Trabalhistas.

O direito a férias anuais é estendido aos servidores públicos por força do art. 39, § 3o, c/c art. 7o, inciso XVII, da Constituição Federal e assegurado no art. 66 da Lei Orgânica da Magistratura; o art. 67, § 1o, da referida lei orgânica, segundo o qual “as férias individuais somente podem acumular-se por imperiosa necessidade de serviço e pelo prazo máximo de dois meses”, destinar-se-ia a vedar a acumulação de períodos de férias, e não a estabelecer prazo prescricional.

Se os períodos de férias não gozados não fossem indenizados, haveria ofensa ao princípio da razoabilidade, enriquecimento sem causa da Administração e afronta à isonomia, por deixar-se em desvantagem o juiz que não pôde desfrutar do descanso anual remunerado por necessidade de serviço, em relação a outro juiz que o usufruiu regularmente.

Teria sido pacificado no âmbito do STJ que: a) enquanto mantida a relação com a Administração, o s direitos potestativos, dentre os quais o de férias, poderia ser gozados a qualquer tempo; b) o termo inicial para contagem do prazo prescricional para ajuizamento da ação indenizatória pela não-fruição desses direitos é o da aposentadoria; o art. 1o do Decreto Federal n. 20.910/1932 disporia nesse mesmo sentido.

A imprescritibilidade do gozo das férias dos magistrados e o caráter reparatório do pagamento em pecúnia daquelas não usufruídas teriam restado reconhecidos nas Resoluções ns. 23 e 25/2006 do Conselho Nacional de Justiça (docs. 5 e 6, fls. 130/134 do anexo 3). A retroação abrigada no artigo 1o desta última Resolução, para alcançar os períodos de férias acumulados anteriormente, confirmaria a acerto da decisão da responsável.

Na Decisão n. 816/2002 – 1a Câmara, incluída em Relação do Gabinete do Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, o TCU teria reconhecido a licitude do pagamento feito.

O entendimento pela ilegalidade dos pagamentos inquinados equivaleria a afirmar a ilegalidade da disposição contida no parágrafo único do art. 1o da Resolução n. 25/2006 do CNJ.

A responsável não ousou contrariar qualquer decisão do TCU, em especial a proferida no Acórdão n. 691/2006 – Plenário, relatado pelo Ministro Valmir Campelo em que se teria determinado ao TRT 2a Região que observasse os prazos para concessão de férias previstos nos arts. 77 da Lei 8.112/1990 e 66 da Lei Complementar n. 35/1979 (Loman), abstendo-se do pagamento de indenização em pecúnia sob pena de responsabilidade , pois tal Acórdão teria sido prolatado em 10/05/2006, muito depois da adoção das decisões ora questionadas.

6.1.3 – Análise O reduzido número de magistrados no TRT 2a Região não justifica a

não-concessão de férias no tempo oportuno, pois, além de contrariar o direito a férias estabelecido pelo art. 39, § 3o, c/c art. 7o, inciso XVII, da Constituição Federal de 1988 e a vedação de acúmulo de férias por mais de dois meses contida no art. 67, § 1o, da Lei Orgânica da Magistratura (Lei Complementar 35/1979), tem gerado a prática por diversos Tribunais do pagamento de indenizações, as quais trazem repercussões negativas para os cofres públicos.

O direito ao gozo das férias deveria prevalecer sobre a necessidade de serviço, por seu status constitucional e por ser assegurado nas Resoluções n. 23/2006,

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art. 2º, e 25/2006 do Conselho Nacional de Justiça, e por não haver demonstração de que a não-concessão foi suficiente para normalizar a prestação jurisdicional.

Os precedentes do STF que reconheciam a legitimidade das indenizações de férias extemporâneas cingem-se aos casos de servidores aposentados.

O posicionamento deste Tribunal tem sido no sentido da ilegalidade dos pagamentos de indenizações de férias não usufruídas (Acórdão n. 691/2006 – Plenário, Acórdão n. 2.339/2006 – 2a Câmara, Acórdão 89/2004 – 2a Câmara), já tendo sido tolerado o pagamento em caráter absolutamente excepcional.

As indenizações pagas referem-se a períodos de férias não prescritas, tanto sob a ótica do STF quanto das referidas decisões do TCU, visto que se referiam a férias dos exercícios de 2000 (caso da Juíza Sueli Tomé da Ponte) e 2002 (casos dos Juízes Laura Rossi e Antônio Ricardo) e que as autorizações de pagamento foram feitas em 2004.

Procedem as alegações da responsável no sentido de que as indenizações de férias seriam devidas porque o não-pagamento implicaria em enriquecimento sem causa da Administração. No entanto, esse princípio é aplicável em caso de impossibilidade de o prejudicado usufruir férias, sem ônus financeiro para o Erário, cumprindo à Administração zelar pelo cumprimento da legislação.

6.2 Cessão de uso de áreas públicas 6.2.1 – AudiênciaCessão de uso de áreas públicas, com finalidade onerosa, para exploração de

serviços de estacionamento de veículos, no Fórum Trabalhista de 1ª Instância Ruy Barbosa, em desacordo com o art. 18 e §§ da Lei n. 9.636/1998 e a regulamentação do art. 12 do Decreto n. 3.725/2001, tendo em vista que a cessão deve ser promovida em benefício do órgão cedente e de seus servidores, condições que não foram atendidas.

6.2.2 – Razões de Justificativa (fls. 81/95 anexo 3) A contratação de terceiro para prestação do serviço de administração do

estacionamento está em consonância com o Decreto Federal n. 2.271/1997, que prioriza a execução indireta dos serviços instrumentais às atividades finalísticas do órgão público;

O edifício que abriga o Fórum Trabalhista Ruy Barbosa tem 1926 vagas de garagem, em quatro níveis de subsolo; não existe estacionamento público ou privado, na cidade de São Paulo, com essa capacidade de atendimento.

A terceirização implicava a cessão das respectivas áreas onde seria instalado o estacionamento, albergada pelo art. 12, inciso VI, do Decreto 3.725/2001.

O repasse para o Poder Público de 20% do total líquido arrecadado mensalmente minimizaria os prejuízos advindos ao Tesouro Nacional com a construção do prédio em suas fases iniciais.

Adotou-se o sistema de pré-qualificação mediante concorrência pública e o critério de julgamento de técnica e preço, quando já definida a idoneidade técnica dos que pretendiam contratar com a Administração, considerando as especificidades do objeto licitado, tais como: a dimensão do estacionamento, a metodologia de execução, a logística, a necessidade de estudos de viabilidade técnica de projeto de implantação, os recursos materiais e humanos, os equipamentos que seriam utilizados e os investimentos de monta que seriam empregados na prestação dos serviços, com a realização de benfeitorias, pelo cessionário, que se incorporariam ao imóvel público, e a necessidade de fixar prazo de cessão de 20 anos, de modo a não elevar o preços dos serviços.

O certame teria atendido ao interesse dos usuários pagantes, por prever preços inferiores aos do mercado (R$ 2,50 as duas primeiras horas e R$ 2,50 as

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seguintes); mediante convênio com a OAB, os preços para advogados foram reduzidos em 20%.

6.2.3 – Análise As razões de justificativa da responsável indicam que o controle de

acesso ao estacionamento atendeu o interesse acessório do órgão de disponibilizar vagas a seus servidores, jurisdicionados e fornecedores a preços razoáveis e garantir reserva de vagas para atender às conveniências do órgão, e que a cessão foi promovida em benefício do órgão, face ao repasse de 20% do total líquido mensal arrecadado mensalmente ao Poder Público.

6.3 – Licitação do tipo melhor técnica e preço 6.3.1 – AudiênciaUtilização de licitação do tipo melhor técnica e preço, para cessão de áreas

públicas, visando a exploração de serviços de estacionamento, quando tal tipo de licitação, previsto no art. 46 da Lei 8.666/1993, destina-se à contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial a elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral, e em particular, a elaboração de estudos técnicos preliminares, projetos básicos e executivos.

6.3.2 – Razões de Justificativa (fls. 96/100 do anexo 3) Embora o art. 46, caput, da Lei n. 8.666/1993 estabeleça que a licitação

tipo técnica e preço seja utilizada exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, a doutrina não descartaria a sua utilização para fornecimento de bens, execução de obras ou prestação de serviços de vulto, dependentes de tecnologia especial.

Os serviços de estacionamento de veículos automotores em quatro níveis de subsolo não são simples, envolvem metodologia de execução apropriada à dimensão e número de vagas, requerem projeto técnico específico, equipamentos de última geração e sinalização para obtenção de padrões de segurança, eficiência, fluidez e conforto.

O art. 46, § 3º, da Lei n. 8.666/1993 autorizaria o administrador a utilizar, discricionariamente, o tipo técnica e preço, mesmo que o objeto licitado não fosse de natureza intelectual.

6.3.3 – Análise Os argumentos apresentados pela responsável não lograram demonstrar

que os serviços contratados tenham natureza predominantemente intelectual, nem que dependam majoritariamente de tecnologia nitidamente sofisticada, com soluções alternativas que impliquem variações significativas sobre a qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade concretamente mensuráveis.

6.4 – Pré-Qualificação6.4.1 – Ponto da AudiênciaUtilização do instituto da pré-qualificação, previsto no art. 114 da Lei de

Licitações, recomendado quando necessária análise mais detida da qualificação técnica, para desclassificar possíveis interessados, antes da abertura da Concorrência n. 1/2004, implicando em possível direcionamento de certame licitatório, em prejuízo do art. 3º da referida lei, uma vez que utilizado para aplicação das notas técnicas, ainda que antes da publicação do Edital da Concorrência.

6.4.2 – Razões de justificativa (fls. 101/104 do anexo 3) De acordo com a doutrina de Ivan Barbosa Rigolin e Marco Túlio

Bottino, o que impende avaliar numa pré-qualificação é a qualificação técnica, realizando-se uma “pré-licitação” não apenas quanto à habilitação, mas também, e principalmente, quanto à avaliação da qualidade do produto do interessado; a finalidade

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do sistema seria a escolha de empresa com idoneidade técnica suficiente para cumprir o objeto do contrato colimado.

O art. 114 da Lei n. 8.666/1993 facultaria à Administração a utilização de pré-qualificação naqueles casos referentes a grandes obras, instalações ou serviços, nos quais é imprescindível a análise técnica mais apurada, decisão que envolveria uma certa discricionariedade da Administração.

Teriam sido observadas todas as condições legalmente estabelecidas para as concorrências públicas, respeitando-se a mais ampla acessibilidade para os interessados no certame, não tendo se configurado o alegado possível direcionamento da licitação.

A análise da Unidade Técnica enfocou sempre o prisma da cessão de áreas públicas, desconsiderando os serviços objetivados pela Administração, o que teria levado a conclusões inadequadas.

6.4.3 Análise Contrariamente ao que estabelece o caput do art. 114 da Lei n.

8.666/1993, não restou demonstrado que o objeto requereria uma análise técnica mais apurada, razão pela qual descaberia a utilização da pré-qualificação; a habilitação técnica, prevista no art. 30 da Lei n. 8.666/1993, seria suficiente para o fim almejado.

O parecer do Diretor-Geral da Administração do TRT 2a Região apontou falha no uso da pré-qualificação, por não se tratar de hipótese que exigisse “necessidades intelectualmente especiais para ponderação” (fl. 52 do anexo 3).

A observância das regras aplicáveis à concorrência, prevista no § 2o do art. 114 da Lei n. 8.666/1993, não garante por si só o não-direcionamento da licitação.

A pré-qualificação não fixou antecipadamente o peso que a pontuação das propostas técnicas iria ter à época da realização da licitação (edital de fls. 1.641/1.678 do anexo 2, em especial, fl. 1.646), contrariando a jurisprudência do TCU (Acórdão 1.891/2006 – Plenário) e gerando a possibilidade de o Administrador conferir peso maior ou menor à pontuação técnica em relação à pontuação por menor preço, tornando possível o favorecimento de empresa que tivesse sido melhor ou pior classificada na pré-qualificação.7. Cumpre destacar os seguintes elementos das razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Ivan Freddi, Presidente da Comissão de Licitação:

7.1. – Ausência de parecer da Consultoria Jurídica (fl. 200)7.1.1 – AudiênciaAbertura da Concorrência n. 1/2004, sem prévia aprovação, pela

Consultoria Jurídica, do edital e seus anexos, no qual não constou exigência para apresentação de comprovantes de regularidade junto aos fiscos federal, estadual e municipal, bem como de regularidade junto ao FGTS e Previdência Social, em desacordo com os art. 38 e 29, III e IV, da Lei de Licitações.

7.1.2 – Razões de justificativa (fls. 1/3 do anexo 3) A não-exigência dos documentos acima enumerados deveu-se ao fato de

a Concorrência Pública em exame ter sido antecedida pelo procedimento de pré-qualificação n. 1/2003, em que a apresentação desses comprovantes teria sido exigida, conforme documentação acostada (docs. 8 a 14, fls. 24/50 do anexo 3).

A ausência de prévia aprovação do Edital da Concorrência n. 1/2004 pela Consultoria Jurídica do TRT 2a Região não poderia ser atribuída à Comissão de Licitações; o art. 45 do Regulamento Geral do Órgão (doc. 15, fl. 58 do anexo 3) cometeria à Secretaria de Apoio Administrativo, ligada à Diretoria Geral da Administração, a função de “(...) coordenar, orientar e dirigir as atividades concernentes a compras e licitações (...) típicas de apoio administrativo”.

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A responsabilidade objetiva, ou mesmo subjetiva, da Presidência e dos Membros da Comissão de Licitações fica comprometida pela ausência de qualquer regulamentação quanto ao funcionamento, competências, atribuições e limites da Comissão.

Na ordem de processamento do procedimento de pré-qualificação (doc. 8, fl. 24 do anexo 3), a Presidência do TRT 2a Região teria enfatizado a imperativa urgência na consecução de todos os atos, tanto pela Comissão de Licitação, quanto pelos demais órgãos da Corte.

7.1.3 – Análise (fl. 241 do volume 1) O responsável demonstrou que no procedimento de Pré-Qualificação n.

1/2003, anterior à Concorrência n. 1/2004, houve comprovação de regularidade junto aos fiscos federal, estadual e municipal, ao FGTS e à Previdência Social, conforme o edital de fls. 25/36 do anexo 3.

Também pesa a seu favor o a declaração da Juíza Presidente do Tribunal Trabalhista à época, no sentido de que esses documentos teriam validade por seis meses, razão pela qual considerou que dificilmente o prazo de validade de algum deles poderia ter expirado (fl. 105 do anexo 3).

O Presidente da Comissão Permanente de Licitações não pode se eximir da responsabilidade a ele imputada pelo art. 6º, inciso XVI, da Lei de Licitações e Contratos, segundo o qual compete à referida Comissão examinar e julgar todos os documentos relativos às licitações, combinado com o art. 38 da referida lei, que torna indispensáveis as minutas de editais de licitação, dos contratos, acordos, convênios ou ajustes, previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração.8. Às fls. 243/246 do volume 1, a Analista apresentou a proposta de rejeição parcial das razões de justificativa apresentadas pela Sra. Maria Aparecida Pellegrina, no tocante à utilização de licitação do tipo melhor técnica e preço para cessão de área pública e do procedimento da pré-qualificação para aplicação das notas técnicas, antes mesmo da publicação do Edital da Concorrência, e do Sr. Ivan Freddi, quanto à abertura da Concorrência n. 1/2004 sem prévia aprovação, pela Consultoria Jurídica, da minuta do edital e seus anexos, em desacordo com o art. 38 da Lei de Licitações. Conseqüentemente, sugeriu fossem consideradas irregulares as contas da primeira responsável, com fundamento no art. 16, III, alínea b, da Lei n. 8.443/1992, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, I, do referido diploma legal, e regulares as contas dos demais responsáveis, dando-se-lhes quitação plena, nos termos dos artigos 1º, I, 16, I, 17 e 23, I, da Lei n. 8.443/1992. Na seqüência, propôs a autorização da a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação desta Corte, nos termos do art. 28, II, da Lei n. 8.443/1992, bem como a feitura de determinações corretivas ao Tribunal Regional do Trabalho – 2a Região/SP. Tais sugestões contaram com o endosso do Diretor Técnico e do Secretário de Controle Externo (fl. 246 do volume 1).9. A representante do Ministério Público, Procuradora Cristina Machado da Costa e Silva, aquiesceu à proposta da Unidade Técnica, exceto no tocante à responsabilidade pelo início da Concorrência n. 1/2004 sem a emissão de parecer prévio pela Consultoria Jurídica, nos termos seguintes (fl. 247 – volume 1):

“Obtidas as razões de justificativa dos agentes responsabilizados neste autos de tomada de contas do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT/SP) referente ao exercício de 2004, aquiescemos às conclusões da Unidade Técnica nos correspondentes exames registrados na instrução e parecer às fls. 221/246, à exceção do tópico abordado a seguir.

A emissão de pareceres jurídicos a que se refere o art. 38, inciso VI, da Lei n. 8.666/1993 se realiza na ‘fase interna da licitação’, assim denominada por

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desenvolver-se na esfera estrita do órgão administrativo, sem ainda atingir o interesse ou a atividade de terceiros interessados. A atribuição para emitir parecer jurídico sobre a licitação (o edital) é do órgão setorial consultivo, subordinado à autoridade competente para a aprovação do procedimento licitatório, referenciada no caput dos arts. 38 e 49 da Lei n. 8.666/1993.

Por sua vez, as funções da comissão (de licitação), nos termos da definição dada pelo art. 6º, inciso XVI, da Lei n. 8.666/1993, condizem mais com as atividades desenvolvidas na ‘fase externa’ do certame licitatório, inclusive perante terceiros, quanto ao recebimento, exame e julgamento de todos os documentos e procedimentos da licitação e do cadastramento de licitantes. Tais atribuições não compreendem, portanto, o exame e o julgamento de parecer jurídico acerca da licitação, nem abarcam eventual responsabilidade ou obrigação dos membros da comissão de licitação por aferir a sua existência ou não nos autos do procedimento licitatório. Ainda que a comissão de licitação possa alertar, caso se dê conta a tempo do fato, a autoridade hierarquicamente superior acerca da ausência de prévia aprovação do edital pelo setor jurídico do órgão, sua omissão nesse sentido não lhe acarretaria nenhum tipo de responsabilidade, por falta de amparo legal ao TCU para dela exigir a conduta.

Por esses motivos, divergimos das considerações e propostas da Unidade Técnica [...], resultando, a nosso ver, prejudicada a atribuição de responsabilidade ao Senhor Ivan Freddi, Presidente da Comissão de Licitação da Concorrência n. 1/2004, a respeito da ausência de prévia aprovação do edital e seus anexos pela Consultoria Jurídica do TRT/SP. Fica também prejudicado, no julgamento das contas, considerar o evento de responsabilidade da então Presidente do TRT/SP, Sra. Maria Aparecida Pellegrina, ante a falta de audiência da gestora a respeito do assunto.”

10. Estando os autos em meu Gabinete, a Desembargadora Maria Aparecida Pellegrina, após obter vista e cópia dos autos (fls. 251 do volume 1) apresentou o Memorial de fls. 252/269 do volume 1, no qual acrescenta as seguintes alegações:

Quanto à indenização de férias A insuficiência de Juízes do Trabalho Substitutos é calamitosa no

Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, conforme poderia ser observado nos quadros estatísticos divulgados no sítio eletrônico do Tribunal Superior do Trabalho.

Não há que se imputar à Responsável omissão quanto à solução da carência de juízes, uma vez que, ainda durante a sua gestão, em conjunto com a Associação dos Magistrados da Segunda Região – Amatra II, foi dado encaminhamento a projeto de lei com vistas à criação de 141 cargos de Juiz do Trabalho Substituto no TRT da 2ª Região (Projeto de Lei n. 5.471/2005 perante o Senado).

O juiz Antônio Ricardo aposentou-se em 20/12/2004; desse modo, não fosse a quitação das férias relativas ao exercício de 2002 em atividade, certamente teria sido realizada na condição de aposentado, igualmente a título de indenização.

Apenas 30 dias das férias da Juíza Laura Rossi relativas ao exercício de 2002 foram indenizadas, metade do período de 60 dias conferido pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional.

Quanto ao tipo de julgamento “técnica e preço” Para utilização do critério previsto no art. 46 do Estatuto Federal de

Licitações, o referido diploma não exige ineditismo, mas complexidade, que estaria presente nas máquinas implantadas com sistema de pagamento auto-serviço, fornecimento de troco em dinheiro, recebimento por cartão magnético.

O referido dispositivo traz conceito indeterminado, que enseja o uso dos

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critérios de conveniência e oportunidade pelo administrador. Ainda que não fosse serviço de natureza intelectual, justificar-se-ia o

julgamento do tipo “técnica e preço”, uma vez que a doutrina não descarta sua utilização para outras espécies de licitação, em especial para fornecimento de bens, execução de obras ou serviços de vulto dependentes de tecnologia especial.

Quanto à modalidade de licitação A modalidade adotada observou rigorosamente o procedimento traçado

na lei, estabelecendo, inclusive, critérios objetivos para o julgamento das propostas técnicas.

Não houve prejuízo ao erário; os atos da requerente pautaram-se pela boa-fé e não destoaram do princípio da razoabilidade.

Quanto à pré-qualificação O art. 114 da Lei n. 8.666/1993 facultaria à Administração a utilização de

pré-qualificação nos casos referentes a grandes obras, instalações ou serviços, onde seja imprescindível a análise técnica mais apurada, com uma certa dose de discricionariedade da Administração.

Não há que se supor que possa ter havido direcionamento da licitação; para se imputar qualquer responsabilidade, necessário é que ele tenha ocorrido.

Ainda que haja falhas formais na Concorrência n. 1/2004, não são elas de molde a ensejar a desaprovação das contas da requerente, muito menos para se lhe aplicar a penalidade de multa.

Após a realização de licitação que teve o objetivo de dar ampla acessibilidade aos terceiros interessados, o TRT da 2ª Região cedeu gratuitamente as vagas aos advogados, mediante convênio assinado com a OAB, em 01/06/2006, no qual consta que a administração do estacionamento seria realizada pela OAB, estando a cargo do Tribunal a limpeza, manutenção e vigilância do espaço, sem nenhuma contrapartida da OAB.11. Por fim, a Responsável requer a produção de defesa oral.

É o Relatório.

VOTOI

Trata o presente processo da Tomada de Contas do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região/SP, alusiva ao exercício de 2004.2. Preliminarmente, esclareço que trago este processo à consideração do Plenário, com fundamento no art. 17, § 1º, do Regimento Interno do TCU, por considerar relevante a discussão da indenização de férias de magistrados. 3. Passo a examinar separadamente cada um dos temas tidos por irregulares na etapa de instrução e na manifestação do Ministério Público.

II 4. No que diz respeito à indenização de férias, cumpre registrar que essa ocorrência, dentre outras, foi determinante para que as contas do TRT da 2ª Região referentes ao exercício 2001 (TC 007.671/2002-3) fossem julgadas irregulares, com fundamento no art. 16, inciso III, alínea b, da Lei n. 8.443/1992, por intermédio Acórdão n. 89/2004 – TCU – 2ª Câmara. Tal deliberação foi mantida por ocasião do exame de embargos de declaração objeto do Acórdão n. 640/2004 – TCU – 2ª Câmara, considerando-se ilegais as indenizações de férias concedidas a servidores e magistrados que ainda podiam usufruir o direito, assim como as indenizações referentes a períodos já fulminados pela prescrição. Foi negado provimento ao recurso de reconsideração apreciado pelo Acórdão n. 2.339/2006 – TCU – 2ª Câmara.

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5. O referido processo de contas do TRT da 2ª Região deu origem ao oferecimento, pela Secex/SP, da Representação versada no TC n. 019.815/2003-0, com vistas à apuração das mesmas ocorrências que ensejaram a irregularidade das contas, porém relativas a outros exercícios. Pelo Acórdão n. 691/2006, sob a relatoria do Ministro Valmir Campelo, o Plenário rejeitou as razões de justificativa oferecidas quanto ao pagamento de férias aos servidores que ainda podiam gozá-las, por contrariedade aos arts. 77 da Lei n. 8.112/1990 e 66 da Lei Complementar n. 35/1979, e quanto ao pagamento de férias prescritas, por contrariar o princípio da indisponibilidade do interesse público (subitem 9.4). 6. Essas deliberações têm como fundamento o fato de que o art. 67 da Lei Complementar n. 35/1979 limita a acumulação de férias ao prazo máximo de 2 meses, mesmo em caso de necessidade de serviço, sem prever a possibilidade de indenização dos períodos não gozados, como se depreende dos seguintes dispositivos:

“Art. 66 – Os magistrados terão direito a férias anuais, por 60 (sessenta) dias, coletivas ou individuais.

(...)Art. 67 – Se a necessidade do serviço judiciário lhes exigir a contínua

presença nos tribunais, gozarão de 30 (trinta) dias consecutivos de férias individuais, por semestre:

I – os presidentes e vice-presidentes dos tribunais;II – os corregedores;III – os juízes das turmas ou câmaras de férias.§ 1º – As férias individuais não podem fracionar-se em períodos inferiores a

30 (trinta) dias, e somente podem acumular-se, por imperiosa necessidade do serviço e pelo prazo máximo de 2 meses.” (grifei)

7. Ao julgar o TC n. 008.369/2006-6, o Plenário proferiu o Acórdão n. 1.594/2006, reconhecendo a possibilidade de indenização de férias em caso de aposentadoria do interessado, limitada ao período máximo de acúmulo permitido em lei e à observância do prazo prescricional, cujo início coincide com o momento da inativação, em decorrência da inviabilidade e exercício do direito diante da cessação do exercício do cargo.8. Conforme se extrai do Parecer proferido pelo Ministério Público no referido feito, as férias estão submetidas a um limite legal de acumulação, o qual, se ultrapassado, resulta na perda do direito que tinha o seu titular, de usufruir o respectivo período de férias. Assim, pelo decurso de prazo, o próprio direito é extinto, operando-se a decadência.9. Nessa linha de raciocínio, são ilegais as indenizações examinadas nestes autos, as quais, segundo as razões de justificativa não contestadas pela Unidade Técnica, correspondem aos seguintes períodos:

Beneficiado (a) Período Aquisitivo N. de dias Fls.Sueli Tomé da Ponte 1998 30 109 do anexo 3Laura Rossi 2002 30 114 do anexo 3Antônio Ricardo 2002 32 122 do anexo 3

10. Todavia, dada a insuficiência de magistrados existentes naquele Tribunal Regional, entendo que essa ocorrência não deverá macular a gestão da Responsável. Refiro-me ao fato de haver 101 cargos vagos em 2004, num universo de 292 cargos de juízes titulares e 103 cargos de juízes substitutos, situação que por certo não se instalou de imediato e dificultou o deferimento de férias no momento oportuno. Além disso, a incidência de indenizações foi moderada, beneficiando 3 autoridades, com

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aproximadamente um mês para cada uma, não havendo quaisquer indícios de pessoalidade ou má-fé nas concessões.

III11. Em relação à licitação para contratação de projeto, implantação, administração, gerenciamento, operação e controle técnico dos serviços de estacionamento, importa consignar que o procedimento foi iniciado em 16/10/2003, com a assinatura do Edital de Pré-Qualificação n. 1/2003 (fls. 25/33 do anexo 3). Em 05/12/2003 foi publicado o aviso de adjudicação às empresas pré-qualificadas (fl. 41 do anexo 3).12. Diante dessa cronologia, entendo que as possíveis falhas referentes ao uso da pré-qualificação, da escolha do tipo licitatório “técnica e preço”, assim como ausência de definição dos pesos das notas da proposta técnica e da proposta de preço, acaso confirmadas, teriam como origem o referido edital, razão pela qual a sua discussão teria melhor lugar nas contas referentes ao exercício de 2003. 13. Efetuada essa ressalva, passo examinar separadamente cada uma dessas falhas, uma vez que o procedimento encerrou-se em 17/08/2004, conforme certidão acostada à fl. 57 do anexo 3, tendo havido oportunidade, no exercício ao qual estas contas se referem, para que a Administração anulasse os atos que entendesse eivados de ilegalidade.

IV14. No que diz respeito a utilização da pré-qualificação, a toda evidência, o serviço desejado envolve aspectos técnicos, no sentido de que, nos mais variados campos da atuação humana, onde quer que exista um problema a ser solucionado, abre-se ensejo para uso de conhecimentos acumulados, mecanismos e instrumentos facilitadores que compõem um conjunto denominado “técnica”. Nem por isso pode ser considerado complexo, pois dentro do universo de interessados atuantes no setor, não se apresenta dificuldade excepcional. Basta dizer que os estacionamentos pagos são uma realidade cada vez mais corriqueira nas grandes cidades, estejam eles situados em áreas públicas ou privadas, muitos com capacidade superior à do Tribunal Regional do Trabalho localizado na Capital Paulista. 15. A ausência de complexidade, todavia, não afasta o cabimento da pré-qualificação, pois a razão para o uso do procedimento há de ser encontrada na peculiaridade do objeto a ser licitado, como reza a parte final do caput do art. 114, da Lei de Licitações, abaixo transcrito:

“Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser procedida sempre que objeto da licitação recomende análise mais detida da qualificação técnica dos interessados.

§ 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação será feita mediante proposta da autoridade competente, aprovada pela imediatamente superior.

§ 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigências desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos interessados, ao procedimento e à análise da documentação.” (grifei)

16. A doutrina de Marçal Justen Filho (in Comentários a Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 9ª Edição, Ed. Dialética, p. 603/604) também não erige a complexidade como um requisito de cabimento da pré-qualificação, instituto que, ao seu ver, permite que a Administração institua exigências mais severas sobre a idoneidade financeira e a capacitação técnica, além dos requisitos comuns sobre capacidade jurídica e regularidade fiscal, nos termos seguintes:

“ A pré-qualificação apenas é admissível em concorrências em que se exija uma qualificação técnica especial e superior à necessária às atividades normais.

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A instituição da pré-qualificação envolve uma apreciação discricionária da Administração. No entanto, não é admissível o sistema de pré-qualificação quando a licitação não versar sobre objeto que apresente peculiaridades. Essas peculiaridades fazem presumir que apenas particulares dotados de certos requisitos não ordinários poderiam executar satisfatoriamente o objeto.

A pré-qualificação envolve uma ampliação dos requisitos e exigências para participar do procedimento seletivo. Verificam-se restrições usualmente não praticadas.

A instituição do sistema de pré-qualificação e os requisitos previstos, em cada caso, serão examinados segundo os critérios usuais de necessidade e adequação. Deve justificar-se a adoção da pré-qualificação perante as peculiaridades do objeto licitado. Além disso, os requisitos deverão ser compatíveis e indispensáveis à boa execução do contrato futuro.”

17. Os precedentes de jurisprudência mencionados pela Unidade Técnica exemplificam casos de uso da pré-qualificação, mas não delimitam, expressa ou tacitamente, o seu campo de aplicação, que, na forma do dispositivo legal supra-transcrito, tem cabimento quando se fizer necessária uma análise mais rigorosa da qualificação técnica dos interessados.18. Observo, em primeiro lugar, que a iniciativa de pré-qualificar os possíveis interessados constitui um poder discricionário do administrador, na medida em que a lei cuidou de enunciar a ausência de impedimento para a pré-qualificação de licitantes nas concorrências, sempre que o objeto da licitação recomendar a análise destacada do corpo da licitação. Pelo sentido do verbo utilizado, a lei abre ensejo a atividade valorativa do administrador. Caso quisesse restringir o uso da pré-qualificação, poderia a lei condicioná-la a hipóteses de cabimento mais definidas e categóricas. 19. Em segundo lugar, a possibilidade de empregar maior zelo nas licitações do que aquele exigido pela lei é compatível com o espírito desse diploma. Exemplo disso é que as modalidades licitatórias mais simples constituem parâmetro mínimo a ser observado, não impedindo que o Administrador, por cautela, aplique a modalidade concorrência, mais rigorosas dentre aquelas descritas no caput do art. 23.20. Divergindo da unidade técnica, não vejo como a mera antecipação de uma das fases da concorrência possa restringir o caráter impessoal, isonômico e competitivo do certame, desde que sejam observadas as regras de publicidade e os prazos estabelecidos pela Lei para essa modalidade licitatória, bem como os parâmetros de qualificação das empresas, que permitirão a participação de todos os interessados, desde que razoáveis e compatíveis com o objeto a ser realizado.21. Na esteira desse raciocínio, a maior precaução da Administração em avaliar a capacidade técnica dos licitantes é justificável pela posse de área pública pelo prazo de 20 anos, assim descrita na Cláusula 1.1 do Edital de Pré-Qualificação n. 1/2003 (fl. 26 do anexo 3):

“1.1. O presente procedimento de pré-qualificação tem por objeto a seleção de empresas para participação em futura licitação do tipo conjugação de melhor técnica com a maior vantagem ao poder público, para a concessão de uso de área pública, localizada na Rua José Gomes Falcão n. 51, para projeto, implantação, administração, gerenciamento, operação e controle técnico dos serviços de estacionamento, com sistema de acesso automatizado, para veículos automotores e similares, em área coberta, com 4 (quatro) subsolos e área total de 20.305.86, m2, durante 20 (vinte) anos.”

22. Ao analisar de forma mais detida a habilitação dos licitantes, criando uma fase prévia à concorrência, a Administração minimizou a possibilidade de desconformidade

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na prestação do serviços e as demandas judiciais que dela poderiam decorrer, sem que esse procedimento causasse prejuízo a qualquer dos interessados. Por essa razão, entendo que a ato praticado não merece censura, sob este aspecto.

V23. Antes de discorrer sobre a pontuação dos fatores técnicos, considero necessário verificar, preliminarmente, o cabimento da licitação do tipo ‘técnica e preço”.24. No tocante aos critérios de julgamento da licitação, cumpre registrar que a licitação do tipo “técnica e preço” é indicada para escolha da proposta mais adequada à execução de serviços predominantemente intelectuais ou de grande vulto, desde que, neste último caso, majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, conforme prescreve o art. 46 da Lei n. 8.666/1993, com redação dada pela Lei n. 8.883/1994:

“Art. 46. Os tipos de licitação ‘melhor técnica’ ou ‘técnica e preço’ serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior.

(...)§ 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste artigo poderão

ser adotados, por autorização expressa e mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade da Administração promotora constante do ato convocatório, para fornecimento de bens e execução de obras ou prestação de serviços de grande vulto majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções alternativas e variações de execução, com repercussões significativas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade concretamente mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente fixados no ato convocatório.”

25. Muito embora a responsável argumente que o serviço desejado pela Administração requeira planejamento e metodologia, os elementos intelectuais por ele exigidos dizem respeito à concepção da proposta, e não à execução do contrato propriamente dita. Uma vez estabelecido o melhor traçado do estacionamento, as formas de circulação de veículos e os equipamentos a serem empregados, cessam as definições técnicas, executando-se o serviço de forma repetitiva e até mesmo automática. Não é possível equipará-lo aos serviços em que a produção intelectual é a essência e a substância da prestação devida pelo contratado. 26. Uma outra tentativa de justificar o tipo de licitação escolhido menciona o vulto do contrato (fl. 24 do anexo 3), cujo faturamento médio estimado era de R$ 100.000,00 ao mês e R$ 1.200.000,00 ao ano, perfazendo R$ 24.000.000,00 ao longo de 20 anos (fl. 55 do anexo 3). Apesar de vultoso o contrato, a responsável não demonstra o matiz tecnológico do serviço, distanciando-se da hipótese excepcional prevista no § 3º acima reproduzido. 27. Embora a escolha efetuada pela Administração não encontre exata adequação legal, entendo que o erro cometido não ofendeu qualquer bem jurídico nem restringiu a competição. Sob o primeiro prisma, assinalo que o tipo de licitação têm caráter instrumental para a consecução do interesse público, desde que fixados critérios de julgamento razoáveis. Vale lembrar que o interesse público nem sempre reside na

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obtenção da oferta mais vantajosa em termos financeiros, mas também na prestação do serviço adequado.28. Nessa linha de raciocínio, vejo que os critérios de julgamentos apresentados no Anexo II do Edital de Pré-Qualificação (prazo de implantação, quantidade de estacionamentos automatizados, tempo de experiência em operação com sistema automatizado, número de vagas operadas por sistema automatizado em um único estacionamento e sistema de pagamento utilizado) são compatíveis com a seleção de empresas com maior experiência e que pudessem oferecer maior comodidade aos usuários.29. Caso tivesse sido adotada licitação do tipo melhor preço, esses mesmos critérios poderiam ter sido deslocados para a fase de habilitação, com amparo no art. 30, inciso II, da Lei n. 8.666/1993, que assim dispõe:

“Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:(...)II comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e

compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos”

30. Neste ponto acolho a doutrina de Marçal Justen Filho, no sentido de que o tipo de licitação não condiciona, necessariamente, o atingimento do interesse público, assim proferida:

“Qualquer que seja o tipo de licitação, o interesse perseguido pelo Estado poderá ser satisfeito se o certame for adequadamente estruturado. Uma licitação de menor preço pode conduzir a resultado disparatado tanto quanto uma de técnica. Basta a omissão do padrão de qulidade mínima para que uma licitação de menor preço propicie desenlace inadequado. Já a licitação de técnica requer a identificação perfeita dos atributos técnicos aptos a produzir a realização das funções atribuídas ao Estado e demanda sabedoria na fixação dos parâmetros de sua apreciação.

Portanto, um dos grandes equívocos na interpretação da Lei n. 8.666 reside na aplicação inflexível do texto legal, presumindo-se que certos tipos de licitação são intrínsecamente adequados a produzir a melhor contratação, de modo automático. Supõe-se, muitas vezes, que basta identificar o objeto licitado e daí se obteria a seleção do tipo de licitação adequado. Não é assim, eis que o fundamental é identificar a natureza do interesse a ser satisfeito e, muito mais, elegar critérios de qualidade mínima e de julgamento satisfatório.” (in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Ed. Dialética, 11ª edição, p. 442)

31. No que diz respeito ao caráter competitivo do certame, estimo que a redação de uma proposta técnica, versando sobre itens que poderiam ter sido enfrentados na fase de comprovação da qualificação, não é suficiente para afastar o interesse de empresas candidatas à execução de um contrato com faturamento anual de R$ 1.200.000,00.32. Por tais motivos, entendo que a falha configurada não apresenta gravidade, ensejando a feitura de determinação, por parte deste Tribunal, no sentido de que o órgão se abstenha de utilizar esse tipo de licitação fora das hipóteses previstas no art. 46 da Lei n. 8.666/1993.

VI33. A Unidade Técnica apontou que o Edital de Pré-Qualificação n. 1/2003 não fixou os pesos relativos das propostas técnicas e de preço, o que em tese tornaria

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possível o favorecimento de empresa que tivesse sido melhor ou pior classificada na fase de habilitação.34. Para refletir sobre a finalidade da pré-qualificação e os seus requisitos, considero necessário iniciar pela distinção entre “qualificação técnica” e “proposta técnica”. A qualificação técnica refere-se à empresa interessada, enfocando a sua capacitação e experiência, por meio da demonstração do atendimento dos requisitos delimitados no art. 30 da Lei n. 8.666/1993. O seu exame, juntamente com o da habilitação jurídica, da qualificação econômico-financeira e da regularidade fiscal, constitui o objeto da habilitação dos interessados. Na pré-qualificação, a habilitação constitui uma fase anterior à licitação propriamente dita, não havendo ainda procedimento licitatório instaurado, conforme autoriza o art. 114 da referida Lei. 35. A proposta técnica, por seu turno, diz respeito ao serviço, compreendendo a metodologia, organização, tecnologias, recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos e a qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução, conforme definição constante no art. 46, inciso I, do Estatuto das Licitações. Deve ser avaliada na fase de julgamento. 36. Em princípio, a pré-qualificação não precisaria envolver elementos que são próprios do julgamento, especialmente as propostas, por se destinar a avaliar a habilitação dos interessados. Todavia, a jurisprudência deste TCU é pacífica no sentido de que o ato convocatório da pré-qualificação deve conter descrição suficiente dos critérios, pontuações e pesos das propostas, evitando que as informações reveladas no contexto da habilitação técnica possam influenciar o estabelecimento dos critérios de julgamento, dado o estreito relacionamento existente entre uma e outra fase, conforme se desume dos Acórdãos ns. 1.891 e 2.063/2006 – TCU – Plenário. 37. A Pré-Qualificação n. 1/2003, efetuada pelo TRT da 2ª Região, incluiu não só o julgamento da habilitação, como também o da proposta técnica, prevendo no item 7.2 (fl. 32 do anexo 3) que seriam declaradas pré-qualificadas as interessadas que, além de terem apresentado toda a documentação exigida, alcançassem mais de 200 pontos nos critérios de julgamento técnico (elencados às fls. 35/36 do anexo 3). 38. É evidente que o procedimento em tela avançou sobre a fase de julgamento, sem discipliná-lo por completo, pois não estabeleceu qual o peso que a nota técnica ocuparia na nota final do julgamento, conforme apontou a Secex/SP. Assim, pelo lado da Administração, deu-se margem ao aumento ou diminuição da participação da nota técnica no resultado final, e, pelo lado dos interessados, à manipulação das propostas de preços. Em conseqüência, restaram comprometidos os princípios da isonomia, da impessoalidade, do julgamento objetivo e da vantajosidade para a Administração. 39. Sendo esta a única falha apurada nos autos capaz de ofender os bens jurídicos tutelados pela Lei n. 8.666/1993, e não havendo indícios concretos de favorecimento das interessadas, entendo que ela não se reveste de gravidade bastante para comprometer o mérito das contas ou ensejar a aplicação de penalidade à sua Titular, devendo ser objeto de determinação ao Órgão.

VII40. No que tange à ausência de parecer jurídico, o fato de o Presidente da Comissão de Licitação não ter sido incluído no rol de responsáveis não o exime de figurar no pólo passivo deste processo, na qualidade de gestor de bens e recursos públicos. A sua regular audiência é ato suficiente à integrá-lo à relação processual. 41. No mérito, acolho o posicionamento do Ministério Público, no sentido que a dita omissão não pode ser atribuída ao Presidente da Comissão de Licitação, tampouco enseja a responsabilidade da Presidente do TRT da 2ª Região, por não ter sido objeto da sua audiência.

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42. Não obstante, a falha em tela enseja a feitura de determinação ao órgão, de caráter preventivo em relação a futuros procedimentos licitatórios.

VIII43. Ante o exposto, cumpre julgar regulares com ressalva as contas da Sra. Maria Aparecida Pellegrina, a teor do art. 16, III, da Lei n. 8.443/1992, c/c o art. 208 do RI/TCU, em face da ausência de definição dos pesos da nota das propostas técnica e de preço no Edital da Pré-Qualificação n. 1/2003, dando-lhe quitação. Quanto aos demais responsáveis, considerando que nenhuma outra ocorrência lhes foi atribuída, pertinente julgar as respectivas contas regulares, com quitação plena.

IX44. Tendo em vista que o exame de diligência efetuado na instrução preliminar de fls. 176/192 apontou falhas que, embora não comprometam o mérito das contas, estão a ensejar a adoção de medidas corretivas por parte do TRT da 2ª Região, acolho as propostas de determinação descritas nos subitens 9.8.f a 8.8.j do Relatório precedente, com alguns ajustes de forma. Excetuo apenas a proposta 8.8.i, referente à instauração de TCE para obter, da Prefeitura Municipal de Franco da Rocha, o ressarcimento da remuneração paga à servidora cedida Ana Clara Ferreira Bueno, tendo em vista que a instauração de TCE acerca de matéria encaminhada à Advocacia Geral da União causaria redundância de esforços.

Feitas essas considerações, Voto por que seja adotada a Deliberação que ora submeto a este Colegiado.

T.C.U., Sala de Sessões, em 26 de setembro de 2007.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

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ACÓRDÃO Nº 2005/2007- TCU - PLENÁRIO

1. Processo n. TC-012.277/2005-0 (c/ 1 volume, 4 anexos e 8 volumes dos anexos).2. Grupo II; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas relativa ao exercício de 2004.3. Responsáveis: Maria Aparecida Pellegrina, CPF n. 609.579.808-68; Dora Vaz Treviño, CPF n. 027.521.828-72; Rufina Popolin de Matos, CPF n. 008.940.598-66; Anna Soghomonian, CPF n. 082.237.688-1; Luiz Cláudio Junqueira da Silva, CPF 070.938.568-45; Tânia Hannud Adsuara, CPF n. 065.588.388-69; Lilian Yuri Takahashi, CPF n. 086.236.228-80; Mônica Gerber Bossolan, CPF n. 060.495.568-57; Giselle Pedroso Câmara, CPF n. 064.945.618-10; Durvani Brito, CPF n. 167.055.809-68; Marco Antônio Correia de Almeida, CPF n. 601.455.796-20; Alexandre Temple, CPF n. 114.122.688-00; Sérgio Henrique Darde, CPF n. 073.575.978-22; Renato Seigi Hayashida, CPF n. 029.405.568-12; Nivaldo Catânia, CPF n. 041.795.458-10; Ivan Freddi, CPF n. 039.792.658-89.4. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região/SP.5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.6. Representante do Ministério Público: Dra. Cristina Machado da Costa e Silva.7. Unidade Técnica: Secex/SP.8. Advogado constituído nos autos: Dr. José Roberto Opice Blum, OAB/SP n. 18.572.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Tomada de Contas do Tribunal

Regional do Trabalho da 2ª Região alusiva ao exercício de 2004.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do

Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:9.1. julgar regulares com ressalva as contas da Sra. Maria Aparecida Pellegrina,

com fundamento nos artigos 1º, I, e 16, II, da Lei n. 8.443/1992, dando-lhe quitação, na forma dos artigos 18 e 23, inciso II, da referida lei;

9.2. julgar regulares as contas dos demais responsáveis arrolados nos autos, indicados no item 3 acima, com fundamento nos artigos 1º, I, e 16, I, da Lei n. 8.443/1992, dando-lhes quitação plena, na forma dos artigos 17 e 23, inciso I, da referida lei;

9.3. determinar ao TRT – 2ª Região que:9.3.1. adote providências para que os magistrados usufruam o direito de férias em

conformidade com o disposto nos arts. 66 e 67, § 1o, da Lei Complementar n. 35/1979 e o art. 1º, caput, da Resolução n. 25/2006 do Conselho Nacional de Justiça;

9.3.2. submeta as minutas de edital de licitação, de contratos, acordos, convênios ou ajustes ao exame prévio e aprovação da assessoria jurídica da Administração, conforme determina o art. 38, parágrafo único, da Lei n. 8.666/1993;

9.3.3. limite a utilização de licitação do tipo “melhor técnica” e “técnica e preço” à contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, a teor do art. 46, caput, da Lei n. 8.666/1993, ou, em caráter excepcionalíssimo, à contratação de objeto de grande vulto, dependente majoritariamente de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, que admita soluções alternativas e variações significativas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade concretamente mensuráveis, com base no § 3º do referido artigo;

9.3.4. reserve o procedimento da pré-qualificação, previsto no art. 114 do Estatuto das Licitações, aos casos em que o objeto licitado recomendar análise mais detida da qualificação técnica dos interessados;

9.3.5. divulgue, nos editais de pré-qualificação, os critérios de julgamento e

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pontuação atribuída as propostas, tanto no que se refere à técnica quanto ao preço, de forma detalhada, clara e objetiva, bem como os pesos atribuídos às valorizações de cada uma dessas propostas, como determina o art. 46, § 2º, do inciso II, da Lei n. 8.666/1993;

9.3.6. inclua no balanço financeiro os saldos das disponibilidades do exercício anterior e para o exercício seguinte, em atenção às disposições contidas no art. 103 da Lei n. 4.320/1964;

9.3.7. abstenha-se de formalizar contratos destinados à cessão de bens públicos a título oneroso sem vigência preestabelecida, em observância ao art. 57, § 3º, da Lei n. 8.666/1993;

9.3.8. faça constar, em futuras tomadas de contas anuais, todas as peças exigidas nos normativos expedidos por este Tribunal, em especial:

9.3.8.1. relatório sobre as comissões de inquérito e processos administrativos instaurados no exercício para apurar dano ao erário, fraude ou corrupção, ou informação expressa de que no período avaliado esses procedimentos não foram instaurados;

9.3.8.2. demonstrativo sintético das tomadas de contas especiais de valor inferior ao estabelecido para encaminhamento imediato ao TCU, na forma do art. 6º da Instrução Normativa TCU n. 13/1996, ou informação expressa sobre a não-instauração ou tramitação desses processos no exercício em apreço;

9.3.9. informe, nas tomadas de contas referentes aos próximos exercícios:9.3.9.1. o nome dos servidores do seu quadro de pessoal cedidos, o órgão

cessionário, o fundamento da cessão, o cargo/função desempenhado, a quem compete o ônus da(s) respectiva(s) remuneração(ões) e se o cessionário a tanto obrigado está ressarcindo regularmente o TRT/2ª Região;

9.3.9.2. o nome dos servidores do quadro de pessoal de outros órgãos cedidos ao TRT da 2ª Região, o órgão cedente, o fundamento da cessão, o cargo/função desempenhado, a quem compete o ônus da(s) respectiva(s) remuneração(ões) e se o TRT/2ª Região está ressarcindo regularmente o órgão cedente, caso obrigado;

9.4. determinar à Secretaria de Controle Interno que, ao ter presente as próximas prestações de contas do órgão, manifeste-se acerca do cumprimento das determinações contidas no subitem anterior.

9.5. arquivar o presente processo.

10. Ata nº 40/2007 – Plenário 11. Data da Sessão: 26/9/2007 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2005-40/07-P 13. Especificação do quórum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro.13.2. Auditor convocado: Marcos Bemquerer Costa (Relator).13.3. Auditor presente: Augusto Sherman Cavalcanti.

WALTON ALENCAR RODRIGUES MARCOS BEMQUERER COSTAPresidente Relator

Fui presente:

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LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral

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