grupo ii – classe vii – plenário · 1 grupo ii – classe vii – plenário tc-012.062/2014-6...

79
1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola. Interessada: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ. SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. 31º GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA – ESCOLA. PREGÕES ELETRÔNICOS. IRREGULARIDADES. AUDIÊNCIA. ADOÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR. 1. Constatada a ocorrência de irregularidades em certames licitatórios levados a efeito por unidade jurisdicionada, cabe, nos termos do art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, a audiência dos responsáveis. 2. Consoante disposto no art. 276 do Regimento Interno/TCU, é cabível a adoção de medida cautelar em caso de urgência de grave lesão ao interesse público com vista a suspender o ato impugnado, até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão suscitada. RELATÓRIO Em exame a Representação formulada pela Secretaria de Controle

Upload: vuongtram

Post on 28-Nov-2018

227 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

1

GRUPO II – CLASSE VII – Plenário

TC-012.062/2014-6

Natureza: Representação.

Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola.

Interessada: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. 31º GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA – ESCOLA. PREGÕES ELETRÔNICOS. IRREGULARIDADES. AUDIÊNCIA. ADOÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR.

1. Constatada a ocorrência de irregularidades em certames licitatórios levados a efeito por unidade jurisdicionada, cabe, nos termos do art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, a audiência dos responsáveis.

2. Consoante disposto no art. 276 do Regimento Interno/TCU, é cabível a adoção de medida cautelar em caso de urgência de grave lesão ao interesse público com vista a suspender o ato impugnado, até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão suscitada.

RELATÓRIO

Em exame a Representação formulada pela Secretaria de Controle

Page 2: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

2

Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ, a partir da coleta de informações e acompanhamento de atos e contratos por meio do Diário Oficial da União e do sistema Comprasnet, noticiando a possível ocorrência de irregularidades em certames realizados pelo 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola.

2. Os seguintes Pregões Eletrônicos – PE, todos no Sistema de Registro de Preços – SRP, cujos objetos e respectivos valores seguem descritos abaixo, foram objeto de investigação por parte da unidade técnica:

2.1. PE 1/2013: aquisição de material de escritório e toners, no valor de R$ 11.168.573,97;

2.2. PE 2/2013: compra de material de limpeza e higiene, no valor de R$ 10.247,817,93;

2.3. PE 6/2013: aquisição de equipamentos de cozinha, no valor de R$ 3.214.066,95;

2.4. PE 9/2013: manutenção de bens imóveis, no valor de R$ 30.880.681,05; e

2.5. PE 2/2014: aquisição de equipamento de informática e de cartuchos, no valor de R$ 19.104.379,80.

3. Na instrução inicial, a Secex/RJ, após examinar os elementos constantes do processo, propôs a expedição de medida cautelar com vistas a suspender a execução da continuidade do Pregão Eletrônico 2/2014, bem como que a unidade jurisdicionada se abstivesse de realizar novas contratações ou autorizar adesões nos outros certames supramencionados.

4. Alvitrou, ainda, a realização de diligências junto ao 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola e à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e Gestão – SLTI/MPOG para que aquele órgão informasse os endereços IP dos computadores nos quais haviam sido registradas as propostas de duas empresas no âmbito do Pregão Eletrônico 2/2013.

5. Por meio de Despacho (peça 41), determinei a realização de oitiva prévia do 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola, e da diligência junto à SLTI/MPOG.

6. Em apenso, para exame em conjunto, encontra-se o TC-

Page 3: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

3

015.443/2014-0, que cuida de Representação da empresa Mactenology suscitando a ocorrência de possíveis irregularidades que teriam ocorrido no âmbito do PE 2/2013.

7. Transcrevo, a seguir, com os devidos ajustes de forma, a instrução constante da peça 102, na qual este feito é analisado:

“5. As comunicações foram realizadas por meio dos Ofícios 1179/2014 (oitiva UJ), 1180/2014 (diligência UJ), 1181/2014 (diligência SLTI/MPOG) e 1182/2014 (comunicação Centro de Controle Interno do Comando do Exército), todos datados de 19/5/2014 (peças 43, 42, 45 e 44, respectivamente).

6. A diligência ao MPOG foi atendida por meio do documento de 30/5/2014, constante à peça 48. A oitiva e a diligência da UJ foram respondidas por meio do Ofício 199-SCCR/CCIEx (peça 68), de 22/8/2014, após concessão da prorrogação de prazo por ela solicitada.

(...)

DA REPRESENTAÇÃO DA EMPRESA MACTECNOLOGY (PEÇAS 53 A 55)

Das alegações e do pedido

8. Relata a representante que o PE 2/2014 estava agendado para o dia 5/5/2014, às 10h00min. Às 10h31min, o pregoeiro informou aos licitantes que iniciaria a análise das propostas cadastradas no sistema. Após acompanhar o pregão por dois dias seguidos, sem qualquer ação por parte da UJ, a então licitante enviou mensagem eletrônica ao pregoeiro, mencionando jurisprudência deste Tribunal (Acórdão 168/2009-TCU-Plenário), solicitando fosse postado aviso, por meio do chat do sistema, quando da reabertura da sessão e início da fase de lances.

9. Em 12/5/2014, depois de uma semana com a sessão aberta – sem qualquer resposta à licitante e sem qualquer aviso no sistema – o pregoeiro, às 8h02min, teria iniciado a fase de lances, começando por colocar os itens em fase de iminência em tempo inferior a um minuto, antes do horário comumente utilizado pelos órgãos públicos para início de licitações (9h00min).

10. Entende a representante que o pregoeiro deveria ter utilizado, no caso em análise, a suspensão do certame, momento em que informaria o

Page 4: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

4

horário e/ou a data para abertura da fase de lances, conforme orientação contida no citado Acórdão.

11. Entende compreensível que a análise das propostas consuma uma semana ou mais, mas considera inadequada a redução da duração da fase de lances. Alega que na fase de lances ocorreria verdadeiramente a competição. Ao reduzi-la desse modo, perde-se a oportunidade de se chegar à melhor proposta, finalidade precípua da licitação.

12. Alega ainda que houve elevado índice de empresas desclassificadas em todos os itens do certame, conforme verificado em ata, por motivo de preço acima do estimado, ou por informações relativas à garantia, validade da proposta ou prazo de entrega, falhas essas últimas que seriam sanáveis por meio de diligência.

13. Após a habilitação, o que teria levado dois dias, foi aberta, ao final do expediente e pelo prazo de trinta minutos, sem comunicação prévia, a oportunidade para registro da intenção de recursos. Em razão disso, somente uma empresa teria conseguido fazer tal registro, recusado, contrariando o disposto em jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 2.564/2009 e 339/2010, ambos do Plenário).

14. Em decorrência dos fatos apontados, não teriam sido observados os princípios da isonomia, da razoabilidade e da economicidade.

15. Ante o exposto, a representante requereu a adoção de medida cautelar, suspendendo o certame em tela até que fossem apurados os fatos, bem como, no mérito, a anulação do certame.

Análise

16. Quanto à falta de comunicação da data de retomada da sessão, assiste razão à representante. O fato é idêntico ao ocorrido nos Pregões Eletrônicos 1, 2, 6 e 9, todos realizados em 2013 pela unidade jurisdicionada.

17. O fato de constar no edital que cabe ao licitante acompanhar os atos praticados no certame não é justificativa para que a Administração proceda da forma relatada. Não é razoável exigir do licitante que fique conectado 100% do tempo, logado no Portal de Compras à espera do exato momento em que a Administração vai abrir a fase de lances ou o

Page 5: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

5

prazo para registro de intenção de recurso. O próprio item 10.7 do edital (peça 2, p. 10) trazia essa previsão de interrupção:

‘10.7. Havendo necessidade, o Pregoeiro suspenderá a sessão, informando no chat a nova data e horário para a [sua] continuidade (...).’

18. Agrava nesse caso o fato de a licitante que efetuou o pedido ter informado a jurisprudência do Tribunal ao Pregoeiro, o qual ignorou o pedido e manteve a prática equivocada que vem sendo adotada pelo 31º Batalhão. Nesse sentido, o item 9.3.6 do Acórdão 168/2009-TCU/Plenário:

‘9.3.6. observe, quando da condução da fase pública do pregão eletrônico, os princípios estabelecidos no art. 5º do Decreto n.º 5.450, de 2005, em especial os da publicidade e da razoabilidade, de modo que o pregoeiro, a partir da sessão inicial de lances até o resultado final do certame, deverá sempre avisar previamente, via sistema (chat), a suspensão temporária dos trabalhos, em função de horário de almoço e/ou término do expediente, bem como a data e o horário previstos de reabertura da sessão para o seu prosseguimento;’

19. Ademais, o fato de os lances terem se iniciado às 8h02min, antes do horário usual em licitação, agrava a situação. Por exemplo, no caso do item 70, (peça 72, p. 953-960), de dezesseis licitantes registradas, apenas cinco efetuaram lances; para o item 71 (peça 72, p. 960-967), de dezesseis licitantes registradas, apenas seis efetuaram lances; para o item 96 (peça 72, p. 1136-1143), de dezoito licitantes registradas, apenas cinco efetuaram lances; situação que se repete nos demais itens. Isso demonstra claramente que grande parte das empresas interessadas não conseguiu efetuar lances, caracterizando prejuízo à competitividade do certame.

20. Cabe ressaltar que a falta de comunicação prévia também se repetiu quando da abertura do prazo para registro da intenção de recurso. O prazo foi aberto às 17h26min do dia 14/5/2014 e encerrado às 17h48min do mesmo dia. Não obstante o fato de várias propostas terem sido desclassificadas, somente duas licitantes conseguiram efetuar o registro no exíguo prazo concedido sem aviso prévio.

Page 6: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

6

21. Além disso, o pregoeiro recusou as duas intenções de recurso registradas, conforme pode ser constatado na ata (...).

(...)

22. Entende-se que não houve fundamentação clara para o segundo recurso, o que poderia ensejar sua recusa. Mas o primeiro recurso estava fundamentado. A análise da planilha caberia no julgamento de mérito do recurso. Nesse sentido, há vários julgados do Tribunal tratando do tema. A recusa de intenção de recurso deve observar somente os pressupostos recursais, conforme jurisprudência pacífica neste Tribunal (Acórdãos 2.564/2009, 339/2010, 1.462/2010 e 3.381/2013, todos do Plenário).

23. O entendimento é no sentido de que ao efetuar o juízo de admissibilidade de um recurso, devem ser analisados pelo pregoeiro, tão somente, os pressupostos recursais, quer sejam a sucumbência, a tempestividade, a legitimidade, o interesse e a motivação. Desse modo, a Administração impediu (...) o contraditório e a ampla defesa.

24. Com relação à desclassificação das empresas, cabe analisar o ocorrido em um dos itens. Tomando-se o item 103 como exemplo (peça 2, p. 1184-1191), a informação constante na ata [não apresenta a devida motivação para o afastamento da licitante] (...).

(...)

26. Cabe observar que não há motivação clara e individualizada para cada uma das propostas. Por exemplo, há várias propostas no valor de R$ 905,00. Assim, como pode o licitante saber qual foi a falha da sua proposta? Além disso, ao informar que ‘a proposta não observou o previsto do item 6.6 ao 6.8 do edital em sua plenitude’, de forma genérica, entende-se que não houve a devida motivação, obrigatória nos atos administrativos.

27. Assim, entende-se, quanto a esse ponto especificamente, que cabe dar ciência à UJ quanto às (...) irregularidades constatadas no Pregão Eletrônico 2/2014 (...).

(...)

28. Além disso, cabe efetuar a audiência do Sr. Pedro de Barros Montanha, pregoeiro responsável pela condução do Pregão Eletrônico 2/2014, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel,

Page 7: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

7

Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 2/2014, em razão das seguintes condutas:

a) não ter observado, quando da condução da fase pública do certame (pregoeiro) e quando da homologação do certame (ordenador de despesa), os princípios estabelecidos no art. 5º do Decreto 5.450/2005, em especial os da publicidade e da razoabilidade, de modo que o pregoeiro, a partir da sessão inicial de lances até o resultado final do certame, deveria sempre avisar previamente, via sistema (chat), a suspensão temporária dos trabalhos, em função de horário de almoço e/ou término do expediente, bem como a data e o horário previstos de reabertura da sessão para o seu prosseguimento, entendimento constante em jurisprudência deste Tribunal (Acórdão 168/2009-TCU/Plenário);

b) ter recusado preliminarmente a intenção de recurso, quando da condução da fase pública do certame (pregoeiro) e quando da homologação do certame (ordenador de despesa), a qual estava devidamente fundamentada, uma vez que eventual mensagem eletrônica, que não chegou no tempo de registro de intenção de recurso, deveria ser analisada no mérito do recurso, razão pela qual sua falta, naquele momento, não era motivo para tal recusa, o que afronta a jurisprudência deste Tribunal informada (Acórdãos 2.564/2009, 339/2010, 1.462/2010 e 3.381/2013, todos do Plenário) e, desse modo, representa cerceamento ao direito de defesa e contraditório.

29. Por fim, cabe manifestação especificamente quanto ao pedido de cautelar (...).

30. (...) com o desenrolar natural do processo, teria havido perda de objeto da cautelar, uma vez que a unidade jurisdicionada se comprometeu a não efetivar as contratações decorrentes desse certame enquanto o Tribunal não decidisse a questão no mérito.

31. Ocorre, no entanto, que a UJ está autorizando a adesão à ata decorrente do certame, conforme consulta realizada ao sistema de Compras Governamentais, contrariando, portanto, seu compromisso assumido por meio da resposta à oitiva (peça 68, p. 27).

DAS POSSÍVEIS IRREGULARIDADES PREVIAMENTE ANALISADAS

Page 8: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

8

I - Pregão Eletrônico 2/2014 (aquisição de equipamentos de informática e cartuchos)

A) Aumento das quantidades previstas (maior no Comprasnet do que no Edital), sem que tenha havido republicação do edital (itens 5 a 8 da instrução anterior)

F) Quantitativos desproporcionais à quantidade estimada de contratação (item 17 da instrução anterior)

Manifestação da UJ:

32. Alega que não houve perda de competitividade, uma vez que todas as propostas (por volta de 150 fornecedores) foram cadastradas com as quantidades do órgão gerenciador e de cada um dos participantes, não prejudicando suas formulações de lances. Além disso, não teria havido recurso nem pedido de esclarecimento por parte dos licitantes.

33. Aduz que o edital publicado no Comprasnet continha somente as quantidades da Unidade Gestora, não totalizando as unidades gestoras (UGs) participantes, de forma que, no edital publicado, a quantidade ficou menor. Todavia, no Comprasnet a quantidade registrada totalizou a quantidade do certame.

34. No que concerne ao porte da UG gerenciadora, a decisão teria sido amparada no poder discricionário atribuído aos agentes da Administração, utilizando a justificativa de compra no sentido de possíveis descentralizações de recurso, em função dos vários acontecimentos nacionais e internacionais previstos no Estado do Rio de Janeiro (Copa do Mundo, Operações de Garantia da Lei e da Ordem, Eleição, Pacificação de Complexo de Comunidades etc.).

35. Assim, desse modo, baseado na liberdade de atuação administrativa, no qual a oportunidade e conveniência foram inseridos nesse certame com o objetivo primordial de fazer possíveis aquisições dentro da previsão legal do Sistema de Registro de Preços – SRP para que não houvesse necessidade de se realizar outros procedimentos licitatórios, despendendo custo e tempo.

36. Alega que ainda que ‘salte aos olhos’ a quantidade expressiva de possível aquisição, não há que se falar em descumprimento dos princípios basilares da Administração Pública, uma vez que a o SRP é

Page 9: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

9

utilizado nos casos em que não seja possível a Administração definir, previamente, o quantitativo a ser demandado.

37. Em relação às UG participantes, quando fazem as intenções de registro de preço, não é possível identificar a necessidade de aquisição daquela Organização Militar – OM, portanto, não cabendo àquela UJ delimitar a quantidade a ser adquirida.

38. Na elaboração do termo de referência do certame teriam sido utilizados como parâmetros alguns pregões elencados na resposta (peça 68, p. 6-7).

39. Por fim, tratando-se de registro de preços e de cotação com valor unitário, se as alterações não são altamente relevantes, não geraria defeito ou violação de princípios, uma vez que não haveria prejuízo para a formulação das propostas exatamente porque o valor da disputa é unitário.

40. Alegou a UJ que não foi possível fazer a adequada estimativa, conforme determinado por meio do Acórdão 694/2014-TCU/Plenário, em função dos grandes eventos em que a UJ estaria envolvida no futuro, não havendo como antever o volume de crédito que seria descentralizado no período de vigência da Ata.

Análise

41. Não procedem os argumentos da UJ no sentido de que a quantidade licitada não interfere no valor da proposta, por se licitar valores unitários. No caso de o edital trazer uma determinada quantidade de cada item e o certame ser registrado no Comprasnet com quantidades muito superiores, cabe ressaltar que as potenciais empresas que tiveram acesso ao edital e não se interessaram em participar do certame para as quantidades informadas no edital, poderiam ter ficado interessadas em soubessem que as quantidades seriam substancialmente maiores, principalmente no caso de empresas que trabalham com grandes volumes (economia de escala).

42. Apesar de haver aumento de escala com o aumento das quantidades informadas, pode haver diminuição do número de fornecedores, considerando, agora, aqueles que não têm capacidade operacional de fornecer grandes quantidades mas poderiam fornecer quantidades menores.

Page 10: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

10

43. Desse modo, as aquisições da Administração devem ser adequadamente planejadas, estimando-se os quantitativos que ela realmente pretende adquirir, não superestimando nem subestimando as quantidades.

44. Acerca da justificativa da possibilidade que os grandes eventos viriam a demandar as aquisições, cabe ressaltar que não há qualquer documento concreto indicando que o 31º Grupo de Artilharia da Campanha – Escola seja um órgão de logística centralizador, o que embasaria a sua justificativa acerca da centralização, o que fragiliza a argumentação.

45. Ademais, os quantitativos que possivelmente seriam adquiridos para esses alegados grandes eventos deveriam estar indicados na UG participante que efetivamente iria adquiri-los, e não nas quantidades previstas para a UG gerenciadora. Ainda que houvesse tal possibilidade, cada órgão deveria realizar planejamento adequado, na medida de suas necessidades, entrando no certame na condição de unidade participante.

46. No caso das unidades informadas como sendo de aquisição prevista pela UG gerenciadora – desconsideradas as unidades a serem unidades adquiridas por unidades participantes, portanto –, pode-se tomar como exemplo apenas o grupo dos computadores (itens 1 a 8 do certame), [teríamos o valor de R$ 4.870.800,00 (...).

(...)

47. Tal valor é mais do que o dobro do valor total executado pela UG em 2013 (R$ 2,3 milhões). Obviamente, não há como argumentar que somente o 31º Grupo de Artilharia da Campanha – Escola pretende adquirir computadores no montante de R$ 4,87 milhões. O fato fica mais evidente se for considerado o valor estimado para todos os itens do edital.

48. Nesse sentido, cabe transcrever novamente o trecho do Acórdão 694/2014-TCU-Plenário, por meio do qual se deu ciência da seguinte irregularidade à UG promotora de certame licitatório para registro de preços:

‘9.3.4. a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas deve ser efetivada em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa deve ser obtida, sempre que possível,

Page 11: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

11

mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação, nos termos do art. 15, § 7º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993.’

49. Desse modo, a licitação SRP não é um cheque em branco, permitindo ao Administrador registrar atas que nem de longe serão utilizadas em percentuais razoáveis.

50. Dessa forma, entende-se necessário efetuar a audiência do Sr. Osmane Sales Cabral – 2º Sargento da Seção de Informática, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, em razão de terem sido signatários do edital do Pregão Eletrônico 2/2014, o qual consignou quantidades muitos superiores às reais necessidades daquela unidade gestora, o que caracteriza não ter sido efetuada estimativa das reais necessidades dos quantitativos de cada item a serem adquiridos pela UG gerenciadora e pelas UG participantes, contrariando o art. 15, § 7º, inciso II, da Lei 8.666/1993, os artigos 5º e 6º do Decreto 7.892/2013, bem como a jurisprudência deste Tribunal, a exemplo do Acórdão 694/2014-TCU/Plenário.

B) Itens repetidos no certame (itens 9 a 11 da instrução anterior)

Manifestação da UJ:

51. Com relação à repetição dos itens 71 e 77, tal ocorrência se deu em função da ausência da expressão colorido no fim do item 71, da mesma forma que se observa, claramente, no item 77, a expressão ‘cor tinta preto’.

52. Como não teria sido observado em tempo oportuno, a UJ desconsideraria o item 71 para futuras aquisições, uma vez que o item 77 é o mais vantajoso para a Administração e não possui erro na descrição do objeto.

53. No que se refere aos itens 78 e 80, informou que o item 78 também seria desconsiderado em função de o item 80 já atender à necessidade.

Análise

54. Não procedem os argumentos da UJ quanto à falta da expressão ‘colorido’, uma vez que o código do produto é exatamente o mesmo (HP 51645), o qual é preto, informação facilmente obtida por meio da internet.

Page 12: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

12

55. Isso demonstra, além do descuido da Administração, que incluiu duas vezes o mesmo objeto na mesma licitação, a falta de precisão dos valores estimados, que acabam orientando os licitantes (o item 71 foi estimado em R$ 232,00 e o item 77 em R$ 184,99).

56. Quanto aos itens 78 e 80, os valores licitados foram R$ 57,00 para o item 78 e R$ 120,00 para o item 80 (com 2 unidades), de forma que o item 78 ficou mais barato para a Administração. Os itens 71 e 7 tiveram o mesmo valor licitado. Nesse caso, cabe dar ciência à UJ acerca da [mencionada] falha (...).

C) Possível sobrepreço, com base nos orçamentos estimados (itens 12 e 13 da instrução anterior)

Manifestação da UJ

57. Com relação a esse ponto, alega a UJ que, ao iniciar o procedimento licitatório, são necessários orçamentos de empresas idôneas, contendo assinatura, carimbo e demais informações. Além disso, a empresa Kalunga, utilizada na pesquisa, possui diversas lojas e grande porte, diferente das empresas que forneceram os orçamentos. A citada empresa não concede orçamentos assinados, datados e carimbados, conforme exige a norma vigente.

58. Por outro lado, o valor do orçamento serve de parâmetro para formulação das propostas das licitantes. Na modalidade pregão, qualquer licitante pode diminuir o valor de referência ou o valor máximo o quanto achar conveniente e viável.

59. Alega que levou-se em consideração a marca de melhor qualidade e que a simples modificação da marca pode ocasionar grandes variações de preços. Embora os recursos tecnológicos possam ser similares, os preços de mercado são absolutamente distintos. Portanto, não seria possível aferir sobrepreço comparando produtos diferentes com fundamento apenas na similaridade tecnológica.

60. Argumenta que, para fins da Lei 8.666/1993, o preço de mercado de um produto não seria um valor único, mas sim um dos valores possíveis dentro de uma faixa de preços, usualmente praticada por fornecedores. A expressão faixa de preços pressupõe um valor mínimo e um valor máximo de mercado para cada produto.

Page 13: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

13

61. No pregão eletrônico, os licitantes iniciariam os lances no maior valor de mercado (ou acima deste) e, durante a disputa, atinge-se o menor valor de mercado (ou abaixo deste).

62. Ao verificar os valores adjudicados, foi constatado que os preços estariam muito próximos aos valores da empresa Kalunga, não configurando valores excessivamente acima dos praticados pelo mercado. Assim, mesmo que a pesquisa de preços realizada pela UG tenha valores expressivos em razão das cotações, nas quais as empresas não envidariam esforços em fazer orçamentos adequados, o que prejudicaria as fontes de consulta.

Análise

63. Não obstante o argumento de que as empresas que fornecem os orçamentos não trariam os preços adequados, deve-se considerar que a Lei 8.666/1993 estabelece que as compras, sempre que possível, deverão balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública (art. 15, inciso V), e que o registro de preços deve ser precedido de ampla pesquisa de mercado (art. 15, § 1º). Nesse sentido, este Tribunal, por meio do Acórdão 694/2014-TCU-Plenário, cientificou a entidade licitante que:

‘9.3.5. quando da fixação dos valores de referência, além das pesquisas de mercado, devem ser levantadas informações acerca dos preços praticados para o mesmo objeto no âmbito de outros certames lançados por órgãos e entidades da Administração Pública, nos termos do art. 15, inciso V e § 1º, da Lei nº 8.666/1993;’

64. Assim, a pesquisa de preços junto aos fornecedores não era o único meio disponível. A Administração deixou de verificar, junto às contratações anteriormente realizadas por ela, os reais preços praticados pelo mercado. Nesse sentido, cabe ressaltar que a Instrução Normativa 5/2014, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento – SLTI/MPOG, embora editada posteriormente à divulgação do edital, estabeleceu novos parâmetros para a realização de pesquisa de preços:

‘Art. 2º A pesquisa de preços será realizada mediante a utilização de um dos seguintes parâmetros: (Alterado pela Instrução Normativa nº 7, de 29 de agosto de 2014)

Page 14: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

14

I - Portal de Compras Governamentais - www.comprasgovernamentais.gov.br;

II - pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que contenha a data e hora de acesso;

III - contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços; ou

IV - pesquisa com os fornecedores.’

65. Portanto, a realização de pesquisa de preços agora pode ser realizada também por meio de consulta a sítios eletrônicos.

66. Ademais, cabe registrar que pesquisas de preços superestimadas podem afetar o resultado da licitação. Nesse certame, várias propostas foram desclassificadas com base no argumento da inexequibilidade. Assim, no caso de um item estar orçado em preços de 481% acima dos valores de mercado, como foi o caso do item 37, pode vir a trazer impacto na fase de aceitação das propostas. Assim, nem sempre o licitante pode diminuir o valor de sua proposta até o limite que entende ser viável economicamente, pois corre o risco de a Administração considerar sua proposta inexequível.

67. Quanto ao argumento de que se levou em consideração a melhor marca, cabe registrar que em muitos casos nem havia marca diferente a ser considerada (caso, por exemplo, dos cartuchos HP, em que há exigência do cartucho original). Além disso, nos casos em que não há indicação de marca, não há motivos para a Administração considerar a ‘marca de melhor qualidade’ (percepção subjetiva), até mesmo porque todas as que atenderem à descrição e forem ofertadas terão que ser aceitas.

68. Quanto ao argumento da faixa de preços, entende-se válida a consideração. No entanto, devem-se considerar valores normais. Seria possível imaginar um termo de referência relativo à compra de um carro popular indicando valores cerca de 200 % a 300 % acima do preço usual, por exemplo, um VW Gol estimado em R$ 100 mil? Assim, o argumento é válido, mas com limitações, evidentemente. Os valores orçados devem refletir minimamente os preços de mercado, sob pena de serem inócuos,

Page 15: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

15

ou, pior, induzirem os licitantes a cobrar, pelos produtos ofertados, mais do que eles realmente valem.

69. Tanto acima estavam que os preços ofertados acabaram ficando bastante próximos aos indicados pela Kalunga, alguns um pouco acima e outros um pouco abaixo.

70. Desse modo, cabe dar ciência à UJ acerca da seguinte falha [consubstanciada na existência de] orçamentos estimativos indicativos com valores unitários muito superiores aos valores usuais de mercado, em razão de terem sido considerados somente orçamentos fornecidos por empresas (...).

D) Descrição sucinta e/ou incorreta no cadastramento do Comprasnet (item 14 da instrução anterior)

Manifestação da UJ

71. Em relação a esse ponto, a UJ informou que na aba do campo descrição do sistema Comprasnet o preenchimento é realizado de forma engessada, na qual se escolhe apenas uma descrição que se aproxime da real especificação do termo de referência do edital. As empresas interessadas devem fazer o download do instrumento convocatório (...). Além disso, na ocasião da assinatura da ata de registro de preços, os itens estão descritos conforme o edital, para que, no momento da compra, seja possível a verificação do objeto na nota fiscal e, consequentemente, o reconhecimento da despesa.

Análise

72. Considerando que se trata de uma limitação do sistema Comprasnet, entende-se não haver medidas a serem adotadas.

E) Exigência de marca específica e grande diversidade de modelos, considerando o porte da UG (itens 15 e 16 da instrução anterior)

Manifestação da UJ

73. Alega a UJ que, como se trata de licitação SRP contendo diversos participantes, seria sensato exigir suprimentos da mesma marca dos suprimentos para evitar a perda de garantia. Além disso, alguns itens do certame são as próprias impressoras, que demandarão suprimentos originais, pelo mesmo motivo.

Page 16: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

16

74. Informa que há parecer técnico da equipe do Setor de Informática da UJ concluindo as vantagens dos cartuchos e toners originais das impressoras. Segundo o parecer, os custos de manutenção dos equipamentos serão baixos, visando, ainda, maior economicidade e continuidade da utilização dos equipamentos.

75. Não obstante, afirmou que deveriam, eventualmente, ter acrescentado as expressões ‘do tipo de’, ‘similar’ ou ‘para impressora tal’.

Análise

76. O argumento de que estão sendo adquiridas impressoras que demandarão suprimentos originais não faz sentido. Os itens 29 a 33 não trazem menção à marca específica, pressupondo que poderão ser fornecidas quaisquer impressoras que atenderem às especificações elencadas, a menos que as especificações somente sejam atendidas pelos equipamentos HP (mesma marca dos cartuchos).

77. A atual jurisprudência deste Tribunal admite a especificação de marca quando os termos de garantia expressamente consignarem a necessidade de utilização de suprimentos originais. Nesse sentido, a ementa constante no Acórdão 860/2011-TCU/Plenário:

‘Admite-se como legal cláusula editalícia que exija que suprimentos e/ou peças de reposição de equipamentos de informática sejam da mesma marca dos equipamentos originais, quando esses se encontrarem no prazo de garantia e os termos da garantia expressamente consignarem que ela não cobrirá defeitos ocasionados pela utilização de suprimentos e/ou peças de outras marcas.’

78. Não obstante, o mesmo acórdão tratou da questão dos cartuchos certificados pela fabricante, o que eventualmente pode vir a ocorrer, dependendo do fabricante. Assim, trouxe o seguinte comando à UJ:

‘9.2. alertar a [omissis] para que em futuros processos licitatórios que tratem de necessidades e circunstâncias semelhantes às do Pregão Eletrônico nº 29/2010 atente para a correta redação da exigência editalícia, mencionando ‘cartuchos originais ou certificados pelo fabricante’ ao invés de ‘cartuchos da mesma marca da impressora’.’

Page 17: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

17

79. Desse modo, entende-se suficiente seja recomendado à UJ que, em editais de certame relativo à aquisição de cartuchos e toners para impressoras, faça constar a expressão ‘cartuchos originais ou certificados pelo fabricante’.

G) Agrupamento desnecessário de itens, podendo gerar sobrepreços (itens 18 a 22)

Manifestação da UJ

80. A UJ alega que o item 1.2 do termo de referência consignou que ‘os itens foram agrupados de acordo com suas características similares tendo em vista o baixo valor de alguns itens superar os custos e despesas várias destes’.

81. Assim, optou-se por agrupar os itens, dentro da similaridade e em função do consumo demandado e utilização prévia dos produtos de menor preço, definindo o critério de aceitabilidade das propostas, prevenindo a Administração tanto do superfaturamento quando da inexequibilidade.

82. Afirma que ‘buscou-se evitar o aumento do número de licitantes, com intuito de preservar ao máximo possível a rotina das unidades, que são afetadas por eventuais descompassos no fornecimento de produtos por diferentes fornecedores’.

83. Acrescenta que lidar com um único fornecedor diminui o custo administrativo de gerenciamento de todo o processo de contratação: fornecimento, vida útil do bem móvel e garantia do produto. Assim, sob o ponto de vista da UJ, o aumento da eficiência administrativa do setor público passa pela otimização do gerenciamento de seus contratos de fornecimento, conforme entendimento firmado no Acórdão 5.260/2011-TCU/1ª Câmara.

84. Além disso, pondera que sob a ótica do princípio da economicidade nas licitações, um licitante que ganha um grupo maior tem maior possibilidade de reduzir seus preços finais, visto que reduziria seus custos fixos de produção.

Análise

85. Cabe ressaltar, inicialmente, os valores adjudicados nos grupos 1 a 3 (peça 71): o grupo 1 (27 itens) foi vencido pela empresa Solution Systems

Page 18: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

18

Comércio e Serviços Ltda., pelo valor total de R$ 2.254.631,38; os grupos 2 (14 itens) e 3 (21 itens) foram vencidos pela empresa Show Plastic Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda., com valores adjudicados de R$ 3.564.496,00 e 13.117.320,00, respectivamente.

86. Para o grupo 1, a diferença entre o valor total adjudicado para a empresa vencedora e a soma dos valores relativos às menores propostas, sem que tenham sido desclassificadas por inexequibilidade, foi de R$ 649.013,71. Assim, a soma das menores propostas representa uma economia potencial, em relação à soma dos valores adjudicados, de 28,78% (...).

87. No caso do grupo 2, a diferença entre o valor total adjudicado para a empresa vencedora e a soma dos valores relativos às menores propostas, sem que tenham sido desclassificadas por inexequibilidade, foi de R$ 663.552,94. Assim, a soma das menores propostas representa uma economia potencial, em relação à soma dos valores adjudicados, de 18,61% (...).

88. Cabe ressaltar, nesse caso, que foram excluídas as propostas que representaram valor inferior a 70% do valor da proposta vencedora, consideradas, hipoteticamente, inexequíveis.

89. Além disso, cabe ressaltar que no grupo 1, a proposta para o grupo melhor considerada foi da licitante vencedora do grupo 2, desclassificada por não enviar planilha de composição de custos no prazo arbitrário de trinta minutos definido pelo pregoeiro (peça 72, p. 1.331). Inversamente, no grupo 2, a licitante vencedora do grupo apresentou a melhor proposta em vários itens, mas não foi sequer convocada por ter deixado de [oferecer] proposta para todos os itens do grupo.

90. Também chama a atenção o fato de as empresas vencedoras não terem apresentado o menor lance válido para qualquer dos itens licitados.

91. Por fim, no caso do grupo 3, a diferença entre o valor total adjudicado para a empresa vencedora e a soma dos valores relativos às menores propostas, sem que tenham sido desclassificadas por inexequibilidade, e considerado o mesmo critério do item 88 acima, foi de R$ 1.592.350,00. Assim, a soma das menores propostas representa uma economia potencial, em relação à soma dos valores adjudicados, de 12,14% (...).

Page 19: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

19

92. Assim, somados os três grupos, obteve-se a melhor proposta em apenas dois dos 63 itens licitados (...).

93. Além disso, somados os três grupos, a diferença entre as melhores propostas por item e os valores das propostas declaradas vencedoras em razão do critério de julgamento por grupo foi de R$ 2.904.916,65, o que representa 15,34% do valor total adjudicado para os três grupos (R$ 18.936.447,38). Ora, a mera conveniência administrativa não pode impor um prejuízo em potencial dessa magnitude aos cofres públicos.

94. Além disso, a despeito do critério adotado, algumas licitantes tiveram suas propostas recusadas em razão de não terem enviado documentação que sequer era solicitada no edital (exemplo: grupo 2; peça 72, p. 1.332) (...).

(...)

95. Primeiro, pelo princípio da vinculação ao instrumento convocatório, previsto no art. 3º da Lei 8.666/1993, impede-se a solicitação de documento não mencionado no edital.

96. Não há qualquer previsão editalícia para envio de planilha de formação de custos (peça 2, p. 9), ainda mais se se considerar o prazo dado (30 minutos), o que efetivamente inviabilizou a contratação da proposta mais vantajosa para a Administração em vários itens e grupos (...).

97. Segundo, a planilha de formação de custos, especificando impostos, logística, margem de lucro, preço final e demais observações que julgarem cabíveis é mais aplicável aos casos de prestação de serviços. Entende-se que poderia ser subsidiariamente solicitada, caso houvesse dúvida acerca da exequibilidade de determinada proposta, com base no art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993.

98. Terceiro, ainda que fosse possível exigir tal documento, o prazo de trinta minutos concedido, considerada a existência de grupos com mais de vinte itens, torna praticamente impossível de ser cumprido (...).

(...)

99. No caso do grupo 1, encerrado às 8h33min, a empresa Port Distribuidora de Informática e Papelaria Ltda. foi a melhor classificada considerado o somatório dos itens, e teve proposta recusada às

Page 20: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

20

10h04min, cerca de uma hora após a convocação. A segunda licitante convocada, Fatal Comércio de Material de Informática e Serviços Ltda., teve proposta recusada às 11h20min. A terceira colocada, Show Plastic Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda., teve proposta recusada às 14h27min. Por fim, a empresa vencedora, Solution Systems Comércio e Serviços Ltda., que foi somente a quarta melhor colocada, teve sua proposta aceita. Todas as recusas se deveram ao fato de não ter sido enviada a documentação exigida via chat.

(...)

102. Assim, conclui-se que tal exigência, além de indevida, por si só, acarretou a seleção de propostas que não eram as mais vantajosas para a Administração.

103. Além disso, o prazo para envio da documentação de habilitação foi de apenas trinta minutos (...).

104. Nesse sentido, o art. 3º-A da Instrução Normativa SLTI/MPOG 3/2011 estabelece que o instrumento convocatório deve estabelecer o prazo mínimo de duas horas, a partir da solicitação do pregoeiro no sistema eletrônico, para envio de documentos de habilitação complementares, por fax ou outros meios de transmissão eletrônica.

105. Ademais, várias propostas foram consideradas inexequíveis por haver outros itens no grupo considerados inexequíveis, mesmo tendo preços dentro da faixa normal em outros itens. Tal procedimento ocorreu na fase de aceitabilidade das propostas, sem que para essas houvesse qualquer possibilidade de comprovar a exequibilidade dos valores ofertados. Nesse sentido, a jurisprudência do Tribunal consubstanciada na Súmula 262:

‘O critério definido no art. 48, inciso II, § 1º, alíneas ‘a’ e ‘b’, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma presunção relativa de inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à licitante a oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua proposta.’

106. Desse modo, verifica-se a existência de um conjunto de fatores (agrupamento de itens, exigência de planilha de formação de preços não prevista no edital, prazo para envio dessa documentação, prazo para envio da documentação habilitatória) que atentou contra a seleção da proposta mais vantajosa, tendo sido possível até mesmo quantificar o

Page 21: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

21

montante que a Administração estará pagando a mais caso fossem adquiridos em sua totalidade os itens nas quantidades previstas.

107. Quanto aos argumentos apresentados pela UJ, os valores relativos aos cartuchos e toners podem até ser relativamente pequenos sob a ótica individual, mas considerando-se a possibilidade – em tese – de se adquirir 2.000 unidades, os valores ficam consideráveis. Desse modo, não procede o argumento de que ‘os itens foram agrupados [...] tendo em vista o baixo valor’.

108. Além disso, a primeira parte do argumento ‘buscou-se evitar o aumento do número de licitantes, com o intuito de preservar o máximo possível a rotina das Unidades, que são afetadas por eventuais descompassos no fornecimento de produtos por diferentes fornecedores. [...]’ fere (...) os princípios que norteiam as licitações públicas. Ora, quanto maior o número de licitantes, maior a quantidade de propostas, o que aumenta a probabilidade de se obter propostas mais vantajosas para a Administração.

109. Quanto à segunda parte do argumento, ‘[...] lidar com um único fornecedor diminui o custo administrativo de gerenciamento de todo o processo de contratação: fornecimento, vida útil do bem móvel e garantia do produto’, cabe ressaltar que estamos falando de cartuchos e toners de impressora.

110. O fornecimento será facilitado se houver menos atas, mas não há a menor diferença na vida útil do cartucho pelo fato de ele ser fornecido em conjunto por um fornecedor. Também não procede o argumento acerca da garantia do produto (...).

(...)

112. Desse modo, constata-se que a Administração fora alertada acerca das questões envolvendo a adjudicação em grupo, inclusive com outros acórdãos deste Tribunal. Outro ponto a ser considerado é a questão da adesão, prevista no item 3.1 do edital (peça 2, p. 2) (...).

(...)

114. O Tribunal assim se manifestou em relação a licitação adjudicada em grupo, por meio do Acórdão 2.559/2014-TCU/Plenário:

Page 22: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

22

‘1.6.4. agrupamento do objeto do certame em lotes, cujos itens não guardam a mínima relação entre si, e, no caso do registro de preços, enseja a realização de jogo de planilha, uma vez que as aquisições efetivamente realizadas podem não guardar necessariamente a mesma proporcionalidade da tabela utilizada para fins de julgamento das propostas, atentando, portanto, contra a economicidade da contratação, em infringência ao princípio maior da licitação, quer seja, a busca da proposta mais vantajosa para a Administração, previsto no art. 3º da Lei 8.666/1993;’

115. Tal questão ganha relevância quando nem todos os itens tiveram a melhor proposta. Em determinadas situações, o Tribunal determinou à Unidade que se abstivesse de autorizar adesões às atas para os itens que, isoladamente considerados, não tiveram a melhor proposta. Em outras situações, o Tribunal entendeu que, no caso de licitações promovidas por registro de preços em grupos de itens, a aquisição ou autorização à adesão somente deveria ser feita por grupo. Nesse sentido, por exemplo, o Acórdão 620/2014-TCU-Plenário:

‘34. Por outro lado, apesar do reconhecimento da entidade no sentido de que o critério de aceitabilidade por menor preço global apenas se justifica na medida em que as aquisições serão feitas por grupo, observo que as atas de registro de preços decorrentes do certame consignaram os preços por item, e não por grupo, circunstância que, a rigor, poderia induzir à possibilidade de aquisição individualizada dos itens, seja pela [omissis] ou por outros órgãos ou entidades que venham a aderir às sobreditas atas.

35. Diante destas considerações, entendo pertinente a fixação de determinação à entidade para que se abstenha de adquirir, ou mesmo de autorizar adesões com vistas à aquisição individual de itens, medida que irá garantir à Administração o desconto global obtido em cada grupo.

Acórdão

9.3 determinar à [omissis] que se abstenha de adquirir, ou mesmo de autorizar adesões às atas resultantes do Pregão Eletrônico SRP nº 21/2013 com vistas à aquisição individual dos itens que compõem os grupos 1 a 7 daquele certame, sendo permitida somente a

Page 23: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

23

aquisição por grupos, em obediência ao critério de aceitabilidade por preço global, conforme estatuído no item 6.2 do edital;’

116. No caso em tela, verifica-se que dos 63 itens que compunham os três grupos, somente em dois itens obteve-se efetivamente a menor proposta, o que foi agravado por outros fatores já mencionados, além do agrupamento em si.

117. Cabe ressaltar, ainda, que várias propostas dos itens licitados individualmente (itens 1 a 60 do certame) também foram recusadas, em razão da planilha de custos exigida sem qualquer previsão no instrumento convocatório. Encontram-se nessa situação os itens 10, 13, 14, 19, 20, 23 a 25, 29, 30, 35, 37 a 40, 44 a 48 e 50 a 60, o que totaliza 31 itens em que não foi selecionada a proposta mais vantajosa, em razão da exigência do citado documento. Assim, considerados os 123 itens da licitação (60 individuais + 63 agrupados), a melhor proposta, em tese, foi obtida, na melhor das hipóteses, em 31 itens (29 individuais + 2 agrupados).

118. Além disso, estabelece a Súmula 247 deste Tribunal que:

‘É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade.’

119. No caso em tela, não restou comprovado o prejuízo para o conjunto ou complexo nem a perda de escala. Assim, considerando-se: a) a falha na comunicação prévia acerca da data e do horário em que se realizaria, impedindo que empresas que registraram a proposta tenham participado da fase de lances, prejudicando a competitividade do certame; b) a exigência de documentação não prevista em edital, que resultou na recusa indevida das melhores propostas registradas para 31 itens e para os três grupos adjudicados em lote; e c) a utilização antieconômica de critério de julgamento por grupo de itens em que os argumentos não

Page 24: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

24

justificam o custo a maior efetivamente comprovado; impõe-se adotar as medidas necessárias com vistas a evitar a utilização das atas de registro originadas a partir do Pregão Eletrônico 2/2014.

120. Considerando que não foi promovida a oitiva das empresas signatárias das atas de registro de preço decorrentes do certame e o conteúdo da Súmula Vinculante 3 do Supremo Tribunal Federal, entende-se não ser possível determinar à UJ que promova a anulação das atas. Assim, propor-se-á seja efetuada a determinação consubstanciada no item 310 desta instrução.

121. Além disso, comprovada a gravidade das irregularidades e o prejuízo efetivamente causado, agravado pela continuidade das autorizações à adesão às atas de registro de preços decorrentes do certame, cabe promover, nos termos do art. 43, inc. II, da Lei 8.443/1992, as seguintes audiências:

a) do Sr. Osmane Sales Cabral – 2º Sargento da Seção de Informática, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel e Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, em razão de terem sido signatários do edital do Pregão Eletrônico 2/2014, por meio do qual se promoveu a adjudicação dos itens licitados por meio de grupos, infringindo o disposto no art. 15, inc. IV, da Lei 8.666/1993 e contrariando o disposto na Súmula 247 deste Tribunal, o que, no caso, ocasionou a adjudicação de 61 itens, de um total de 63 itens agrupados, em que não foi obtida a melhor proposta, ferindo, ainda, o princípio da seleção da proposta mais vantajosa, previsto no art. 3º do citado diploma legal, inobstante o alerta da consultoria jurídica;

b) do Sr. Pedro de Barros Montanha, pregoeiro responsável pela condução do Pregão Eletrônico 2/2014, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 2/2014, por terem exigido a apresentação de planilha de composição de custos, não prevista no instrumento convocatório, quando da condução da fase pública do certame (pregoeiro) e quando da homologação do certame (ordenador de despesa), com o agravante de ter concedido apenas trinta minutos para sua apresentação, mormente a existência de grupos com mais de vinte itens, o que ocasionou a eliminação da proposta mais vantajosa para os três grupos licitados (63 itens), bem como para 31 dos 60 itens adjudicados individualmente,

Page 25: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

25

atentando, portando, contra a economicidade das contratações realizadas, em infringência aos princípios da seleção da proposta mais vantajosa e da vinculação ao instrumento convocatório, previstos no art. 3º da Lei 8.666/1993.

H) Aceitação de catálogos em vez de amostras, infringindo o disposto no instrumento convocatório (item 23 da instrução anterior)

Manifestação da UJ

122. A UJ informou que, mesmo não tendo atendido o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, entendeu que não haveria necessidade da análise de todos os itens adjudicados, consubstanciado nos princípios da eficiência, razoabilidade e da proporcionalidade. Acrescentou que tal medida não teria proporcionado óbice para a Administração, mesmo porque os itens elencados são produtos com especificação técnica de bom desempenho.

Análise

123. Acolhem-se parcialmente [os argumentos] apresentados. No entanto, se não havia a necessidade de apresentação de amostra, como parece ser o caso, tal exigência não deveria ter sido incluída no edital.

124. Desse modo, entende-se suficiente dar ciência à UJ acerca da [mencionada] falha (...).

(...)

II - Pregão Eletrônico 9/2013 (obras e serviços de engenharia – manutenção de bens imóveis)

A) Exigência da visita técnica em data e hora marcada, logo após a publicação do aviso (itens 24 a 28 da instrução anterior)

125. Constatou-se que o aviso de licitação do certame foi publicado no dia 14/11/2013 (peça 27, p. 1), véspera de feriado e quinta-feira. O certame foi agendado para o dia 28/11/2013, mas a visita tinha que ser realizada no próximo dia útil (18/11/2013), às 8h00min, com tolerância de apenas 15 minutos, conforme item 13.1 do edital.

126. A jurisprudência deste Tribunal é pacífica em relação às datas de realização da visita técnica, no sentido que restrições de datas anteriores

Page 26: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

26

à da realização do certame ocasionaram restrição à competitividade do certame, citando-se, como exemplo, o Acórdão 714/2014-TCU-Plenário.

127. No caso em tela, além da restrição em relação à data da abertura das propostas, também houve restrição em relação ao dia da publicação do aviso, ocorrendo no dia útil seguinte à publicação, com data e hora marcados e quase nenhuma margem de tolerância (15 minutos) (...).

128. Cabe ressaltar, por fim, que a falta de realização de visita técnica ensejou a desclassificação das propostas da licitante Elivaldo da Silva Pena – EPP, que ofertou as melhores propostas para 3 grupos do certame. No grupo 5, a oferta desse licitante foi R$ 2.474.968,00, ao passo que a proposta da empresa adjudicatária foi de R$ 3.971.100,00, proposta essa que apresenta diferença de 60% a maior em relação ao melhor preço, e possível prejuízo de R$ 1.496.132,00.

(...)

Manifestação da UJ

130. Alega que apesar do entendimento apresentado pelo Tribunal, a ausência de tempo hábil não teria ocorrido de forma premeditada. O instrumento convocatório teria sido elaborado com o objetivo de atender ao maior número possível de participantes por parte da UG gerenciadora. Contudo, a inobservância da ampla divulgação em atender a todos os participantes não proporcionou prazo mais longo para a visita às instalações da UJ, ensejando a desclassificação da empresa Elivaldo da Silva Pena – EPP.

131. No entanto, não teria havido intenção por parte da equipe de apoio do pregão em exigir documento ou conduzir o certame que pudesse elidir o caráter competitivo da licitação. Equivocadamente, não foi observado que no dia seguinte à divulgação do edital seria feriado e que o próximo dia útil seria o estipulado para a visita técnica.

132. Esclarece que a Divisão Administrativa da UJ não possuía servidores tecnicamente capacitados para, juntamente com o pregoeiro, acompanhar as visitas em dias sucessivos. Isso posto, a UJ planejou e solicitou apoio de um profissional do ramo de engenharia, o qual somente teve disponibilidade na data e horário estabelecidos no edital.

Page 27: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

27

133. Acrescenta que, caso houvesse algum tipo de óbice, o prazo legal para impugnação seria de dois dias antes da abertura das propostas.

134. Alega que a mesma sistemática foi realizada no Pregão 5/2013 da Uasg 160297, servindo como exemplo no caso em questão, bem como em todo o certame.

135. A UJ reconhece que a exigência contida no instrumento convocatório é inadequada para o processo desse vulto (SRP), no entanto, tal exigência não comprometeu a lisura do certame e nem foi alvo de impugnação.

Análise

136. Inicialmente, quanto ao argumento de que se utilizou como modelo o edital do Pregão Eletrônico 5/2013 da Uasg 160297, cabe esclarecer que, naquele caso, a sessão pública se realizou no dia 21/6/2013 e a visita foi agendada para o dia 20/6/2013, às 9h30. Portanto, naquele caso, os licitantes tiveram prazo para conhecimento do edital e preparação da visita técnica.

137. Assim, em que pese a similaridade de estipulação de data e horário, no caso do pregão em análise, houve restrição de prazo para conhecimento do edital e preparação da visita (por ser o próximo dia útil em relação à divulgação do edital), com os agravantes da restrição de horário (8h00min) em local distante e da tolerância de quinze minutos estipulada.

138. Se o pregão estava agendado para o dia 28/11/2013 e a visita só poderia ser realizada em um único dia, então por que motivo ela não foi realizada no dia anterior ao certame (27/11/2013), como no certame que supostamente teria servido de exemplo?

(...)

140. Segundo a jurisprudência deste Tribunal, o fato de a exigência de visita técnica ser em um único dia e horário torna prejudicial a obtenção de proposta mais vantajosa para a Administração, uma vez que possibilita às empresas tomarem conhecimento de quantos e quais são os participantes do certame (...).

141. Assim, muito embora a UJ alegue não ter tido a intenção de causar restrição à competitividade do certame, o fato é que houve sim prejuízo, o

Page 28: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

28

que pode ser demonstrado pela desclassificação da melhor proposta em três dos grupos, sendo esse o prejuízo demonstrável (...).

(...)

142. A estipulação da data de visita técnica consta no item 13.1 do termo de referência anexo ao edital, assinado por Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento e Pregoeiro, (...) [que também assinou o edital, ratificado] (...) por Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel e Ordenador de Despesa.

143. Assim, comprovada a gravidade da irregularidade (...) cabe efetuar a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, signatário do edital do Pregão Eletrônico 9/2013 e do termo de referência a ele anexo, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha – Escola e signatário do edital do Pregão Eletrônico 9/2013, em razão da estipulação, no item 13.1 do termo de referência anexo ao edital, de realização de visita técnica em apenas uma data, no dia útil seguinte à publicação do edital, com restrição de horário, considerando o local da visita, e tolerância de atraso de apenas quinze minutos (...).

B) Da combinação da visita técnica com a sistemática do registro de preços (item 29 da instrução anterior)

Argumentos da UJ

144. Com relação a esse ponto, a UJ alegou que a exigência de vistoria técnica deveu-se à preocupação em demonstrar aos pretensos licitantes a real necessidade para a execução do serviço, possibilitando a verificação das instalações. A exigência não teria ocorrido de forma intencional para desclassificar qualquer proposta apresentada.

145. Acrescenta que, em relação à vistoria realizada naquela UJ, dada a similaridade dos serviços executados também na UG participante, decidiu-se pela vistoria somente na unidade gerenciadora, por configurar um serviço comum e não específico para o 31º GAC (Es).

Análise

146. A UJ se contradiz ao alegar que ‘decidiu-se pela vistoria somente na unidade gerenciadora, por configurar um serviço comum e não específico para o 31º GAS (Es)’. Ora, se é um serviço comum e não específico, não

Page 29: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

29

há necessidade de realização de visita técnica. Cabe ressaltar que a visita deve ser exigida quando houver necessidade, por ser uma possível restrição à competitividade do certame, por si só – independente da questão analisada no tópico anterior.

(...)

148. No caso em tela, pode até haver similaridade entre as instalações da UJ e de outras unidades militares, em especial as unidades participantes, podendo ser aceita a justificativa em parte. O que não é compatível é a exigência de realização de visita técnica com a possibilidade de autorização de adesões por outras unidades que não participaram do certame.

149. Ora, se qualquer UG pode contratar os serviços por meio da ata de registro de preços, não haveria necessidade de realização de visita. A contrário senso, se há a necessidade de realização da visita como condição à adjudicação do objeto licitado, a UG gerenciadora não pode autorizar adesões a caronas. No caso em tela, a adesão estava expressamente prevista no item 3.1 do edital (...).

(...)

150. Ao analisar os registros de gestão das atas do certame no Portal de Compras Governamentais, verifica-se que, de fato, ocorreram várias adesões aos itens licitados nesse certame, o que elidiria qualquer argumento acerca do fato de o dispositivo constante no item 3.1 do instrumento convocatório lá estar por padronização de editais, por exemplo.

151. Assim, considerando os fatos aqui apontados, cabe dar ciência à UJ acerca da (...) existência simultânea, no mesmo instrumento convocatório, das figuras da visita técnica (item 9.15.3 do edital) com a possibilidade de autorização de ‘caronas’ às atas de registros de preços decorrentes do certame (item 3.1 do edital), incompatíveis entre si por questões lógicas, uma vez que a exigência de visita técnica, que constitui medida de exceção e pode restringir a participação de empresas no certame, indica a necessidade de a licitante tomar conhecimento do local da prestação dos serviços, ao mesmo tempo em que, se a licitante signatária das atas pode ser contratada para realizar os serviços em unidades não

Page 30: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

30

participantes da licitação (‘caronas’) onde não foi realizada visita técnica, não haveria tal necessidade.

152. Além disso, entende-se pertinente recomendar à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG), na qualidade de gestora do Portal de Compras Governamentais, que avalie a conveniência e oportunidade de incluir orientação acerca do assunto em normativo por ela expedido, de forma a evitar a ocorrência da impropriedade em outros órgãos e entidades da Administração Pública.

C) Restrições ao registro de intenção de recurso (item 30 da instrução anterior)

D) Falta de comunicação das datas e horários de retorno (itens 31 e 32 da instrução anterior)

Argumentos da UJ

153. Com relação ao primeiro ponto, a UJ alegou que não houve comunicação formalizada no sistema para encerramento e a apresentação dos registros da intenção de recurso, porém o sistema divulgou o início da fase de apresentação do recurso, às 17h31min do dia 28/11/2013, e teve seu fechamento às 18h00min, considerando o horário comercial.

154. Alegou que cabe ao licitante acompanhar as operações do sistema durante a sessão pública, observando o disposto no art. 13, inc. IV, do Decreto 5.450/2005.

155. Com relação ao segundo ponto, alegou que o certame ocorreu em sessão única, não havendo necessidade de aviso de retorno, e que tudo ocorreu eletronicamente, sem qualquer prejuízo aos licitantes ou cerceamento à competitividade. No que se refere às propostas de desempate, todos os convocados para essa fase participaram efetivamente da disputa.

Análise

156. Ora, não se pode exigir do licitante que pratique atos fora do horário de expediente, como ocorreu no caso do certame em tela. Cabe ressaltar que questão correlata foi tratada em tópico relativo ao Pregão Eletrônico 2/2014, o qual traz proposta de ciência à UJ acerca da falha relativa à

Page 31: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

31

ausência de comunicação das interrupções e retornos durante a sessão pública (...).

(...).

158. Verifica-se que o pregoeiro alegou que as empresas teriam três dias úteis para entregar a documentação de habilitação. Seria lógico, portanto, que suspendesse a sessão e reagendasse a reabertura para uma data que considerasse adequada, não sendo razoável exigir dos licitantes, dado o prazo para envio da documentação habilitatória, que a habilitação e aceite de quatorze grupos itens viesse a ocorrer em apenas três horas.

159. No entanto, a sessão permaneceu aberta, e às 17h31min, quase no encerramento do expediente, foi aberto (comando dado pelo sistema) o prazo de registro da intenção de recurso, anunciando-se, posteriormente, o término do prazo para 8h00min do dia seguinte.

160. Assim, entendeu o pregoeiro que os licitantes deveriam, se assim quisessem, fazer o registro fora do horário de expediente, o que ofende o princípio da razoabilidade (...)

(...)

161. Assim, cabe promover a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, pregoeiro responsável pela condução do Pregão Eletrônico 9/2013, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 9/2013, (...) [em razão das falhas acima mencionadas] (...).

(...)

E) Processamento expresso da fase pós-lances (itens 33 a 35 da instrução anterior)

Argumentos da UJ

163. Alega a UJ que após a aceitação das propostas, foi enviada, por meio eletrônico, toda a documentação, no prazo de trinta minutos, conforme instrumento convocatório, que teria ocorrido entre 10h16min e 10h46min do dia 28/11/2013. Após o recebimento da documentação por meio de e-mail, foi realizada a análise pela equipe do pregão, que,

Page 32: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

32

verificando que estava toda de acordo com as exigências do edital, e, desse modo, todas as empresas vencedoras foram habilitadas.

164. Em razão do princípio da motivação, o pregoeiro, de acordo com as informações enviadas nas propostas, estabeleceu contato com os licitantes vencedores, os quais encaminharam a documentação física para finalizar a fase habilitatória. Esclareceu, ainda, que na tarde do dia 28/11/2013 o pregoeiro operava somente o Pregão 9/2013.

Análise

165. (...) A transcrição das mensagens (...) deixa claro que a solicitação da documentação se deu às 14h27min quando foram concedidos três dias úteis. No entanto, o aceite/habilitação dos grupos ocorreu por volta de 17h30 min do mesmo dia, quando foi aberto o prazo para registro da intenção de recursos. Ou seja, toda a habilitação/aceite ocorreu, de fato, em cerca de três horas.

(...)

173. Assim, cabe promover a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, pregoeiro responsável pela condução do Pregão Eletrônico 9/2013, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 9/2013, em razão de três das quatro habilitações realizadas no certame possuírem irregularidades graves, caracterizando ofensa aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da legalidade e do julgamento objetivo, previstos no art. 3º da Lei 8.666/1993 e ensejando a realização de contratação insegurança e inadequada quanto à efetiva qualificação das empresas vencedoras, conforme itens a seguir:

a) empresa Janira Santos Arte Decore Ltda., não atendendo aos itens 9.15.1, 9.15.2 e 9.15.2 (repetido), todos do edital, bem como ao item 15 do termo de referência;

b) empresa Employ Comércio e Serviços EPP – EIRELI, não atendendo aos itens 9.15.1, 9.15.2 e 9.15.2 (repetido), todos do edital;

c) empresa AXG Construções e Reformas Ltda., não atendendo aos itens 9.15.1, 9.15.2 e 9.15.2 (repetido), todos do edital, bem como ao item 15 do termo de referência.

Page 33: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

33

174. Além disso, cabe dar ciência à UJ acerca das falhas constatadas, desde já.

F) Julgamento por grupos, pela junção de diversos itens que já são expressivos por si só e não ensejariam agrupamento (itens 36 e 37 da instrução anterior)

Argumentos da UJ

175. Quanto a esse item, argumentou que a junção de diversos itens no grupo 2 ocorreu em razão de apresentarem uma mesma característica e/ou finalidade, independente dos valores diferenciados, para que se tenha uniformidade e padronização. Argumenta que ao lidar com um mesmo fornecedor, certamente o preço do objeto será menor, pois o custo administrativo de gerenciamento de todo o processo de contratação também o será.

176. Para embasar seu argumento, colacionou o entendimento trazido no Acórdão 5.260/2011-TCU/1ª Câmara: ‘inexiste ilegalidade na realização de pregão com previsão de adjudicação por lotes, e não por itens, desde que os lotes sejam integrados por itens de uma mesma natureza e que guardem correlação entre si.’

Análise

177. O argumento já foi tratado nos itens 80 a 121 desta instrução, referente ao Pregão Eletrônico 2/2014. Consideram-se parcialmente procedentes os argumentos apresentados. A adjudicação do por lotes é admitida, mas deve ser realizada com cautela, como exceção ao disposto no art. 15, IV, da Lei 8.666/1993 e na Súmula 247, e não como regra geral.

(...)

179. No caso em concreto, no grupo 2, apesar de haver seis propostas registradas, somente duas empresas deram lances para os itens desse grupo, que tinha valor estimado de R$ 4.063.016,70 (peça 6, p. 31), o que comprova a falta de competitividade para os itens desse grupo. Agrava a situação o fato de a licitante AXG ter sido a vencedora em todos os itens do grupo e, posteriormente, ter renunciado à proposta (peça 10, p. 86-164), o que, ademais, levanta a possibilidade de conluio no certame, em

Page 34: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

34

razão de os licitantes terem tido contato prévio em razão da vistoria técnica (...).

180. Desse modo, a opção de agrupar vários itens, apesar de semelhantes entre si, trouxe restrição à competitividade do certame, em razão de o grupo ter ficado com valor elevado para o porte das empresas participantes (...).

(...)

183. Desse modo, cabe efetuar a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, signatário do edital do Pregão Eletrônico 9/2013 e do termo de referência a ele anexo, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha – Escola e signatário do edital do Pregão Eletrônico 9/2013, em razão de terem sido agrupados vários itens de valor elevado em um único grupo, o que gerou restrição à competitividade, caracterizada na participação de apenas dois licitantes na fase de lances, em oposição aos seis licitantes que efetivamente registraram proposta e participaram da disputa dos demais grupos do certame, caracterizando ofensa ao disposto no art. 15, inc. IV, da Lei 8.666/1993 e na Súmula 247 deste Tribunal.

(...)

G) Falhas na elaboração do termo de referência, com descrição de itens sucinta ou contraditória (item 38 da instrução anterior)

Argumento da UJ

188. A UJ alegou que as expressões como ‘qualidade de segunda’ e ‘qualidade extra de 1ª qualidade’ foram usados pelo fato de a descrição destes mesmos itens serem usualmente utilizados pelas empresas, profissionais do ramo e pelos fornecedores.

189. Quanto à expressão de revestimento em granito, entende que a própria referência ‘granito’ por si só já definiria a especificidade do objeto para o item licitado, tanto granito como mármore. Admite, no entanto, não ter sido levada em consideração a exigência de padrão para granito e mármore mencionado nos itens 13 e 14, sem prejuízo algum para a Administração.

Page 35: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

35

190. Para o item 21, reconhece que não foi especificada a resistência do material. Para o item 22 (mármore ou granito), ‘os valores ofertados pelos licitantes através dos seus lances definiram a aquisição do objeto, no qual, tanto um quanto o outro, atenderam as necessidades da administração pública’.

191. Quanto ao item 84 (‘Pintura com emulsão oleosa para desmoldagem de formas de madeira, em duas demãos para formas metálicas, em uma demão’), alega que, ao descrever a especificação para esse item, de fato ocorreu erro na expressão gramatical.

192. Quanto os itens 221 (‘construção de calçada’), 222 (‘reparo em calçada’) e 223 (‘calçamento com paralelepípedos’), alega que o custo de construção da calçada demandaria um valor menor do que o reparo, em razão do emprego de mão de obra e da necessidade de retirada do entulho, o que ‘elevaria o custo final quando comparado ao de toda calçada’. Em contrapartida, o calçamento com paralelepípedos é economicamente mais viável em função da sua especificidade na execução desse serviço, sem incorrer em risco de manutenção periódica. Assim, teria sido preservado o princípio da economicidade por conta das pesquisas de preço apresentadas, sendo que considerado o melhor valor estimado para os referidos itens (tabela à peça 68, p. 15).

Análise

193. Com relação ao argumento de que as descrições ‘qualidade de segunda’ e semelhantes seriam as usuais do mercado, entende-se, ainda assim, que deveriam ser complementadas com informações técnicas, a exemplo de resistência, acabamento da superfície, cor e outras que sejam relevantes à exata caracterização do produto/serviço.

194. Quanto à especificação do mármore e do granito, cabe a mesma observação. A variação de preços entre os padrões mais comuns e os mais raros costuma ser muito grande. Além disso, até mesmo em razão da padronização, deveria ser estabelecido a cor/padrão exigidos.

195. Com relação ao item 84, não há simples erro na expressão gramatical. A leitura da descrição não permite compreender o que efetivamente foi licitado.

196. Por fim, quanto às falhas nos itens 221 a 223, cabe ressaltar que o item 222 não fala da necessária substituição da calçada. ‘Reparo’ envolve

Page 36: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

36

consertar algo, com emprego de matéria-prima, eventualmente. O que a UJ alega teria que ser descrito como ‘substituição’, removendo o existente e refazendo todo o serviço.

197. Assim, resta evidente que a descrição dos itens licitados, em muitos casos, foi confusa e insuficiente, deixando, portanto, de observar o art. 3º, inc. II, da Lei 10.520/2002.

198. Ante o exposto, entende-se necessário dar ciência à UJ acerca da (...) falha acima mencionada.

(...)

H) Itens repetidos no certame (itens 39 a 44 da instrução anterior)

Argumento da UJ

199. Quanto aos itens 76 e 77 e 90 e 91, a UJ alega que há diferença na quantidade de demãos de massa corrida acrílica. Os itens 108 e 109 ‘se repetiram por inobservância da transcrição do edital’, o que não ocasionou dano à Administração Pública, por conta de os lances ofertados terem o mesmo valor.

200. No caso dos itens 73 e 74, alega que a base onde será executado influencia na sua execução, sendo, portanto, diferentes em sua essência.

Análise

201. Apesar de a UJ justificar parte do problema, vê-se que a situação é recorrente, e deve ser objeto de ciência, nos mesmos termos da proposta contida no item 56 desta instrução.

I) Superdimensionamento da contratação (itens 45 a 55 da instrução anterior)

(...)

203. Considerando que o certame tinha 223 itens, divididos em 14 grupos, foram selecionados para amostra os cinco primeiros itens de cada grupo, ou a totalidade dos itens, no caso de grupo com menos de cinco itens (...).

Page 37: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

37

204. Inicialmente, chama a atenção o percentual executado pela unidade gerenciadora e pela outra empresa participante, conjuntamente. Para os itens amostrados, o percentual de execução importou em cerca de 1,6%.

205. Também chama a atenção a diferença verificada entre os diferentes fornecedores, sempre considerando os itens amostrados. No caso da licitante Construbasa, vencedora dos grupos 1, 5 e 11 e única empresa com habilitação adequada (item 166 desta instrução), houve execução de 1,14% dos quantitativos homologados, e não foi autorizada adesão alguma (15 itens amostrados). Com relação à licitante Janira, vencedora dos grupos 6, 7, 8, 9 e 13, foi autorizada adesão em apenas um dos 23 itens amostrados (item 168 desta instrução),

206. No caso da licitante Employ, vencedora dos grupos 2, 3, 4 e 14 e habilitada indevidamente (item 169 desta instrução), o percentual executado foi de 1,81%, mas foi autorizada adesão em todos os 20 itens integrantes da amostra (cinco por grupo). No caso da AXG, vencedora dos grupos 10 e 12 e habilitada indevidamente (item 170 desta instrução), nada foi executado, mas foi autorizada adesão em todos os dez itens integrantes da amostra (cinco por grupo). Além disso, as empresas AXG e Employ, com 100% de itens com adesão autorizada, possuem os mesmos contadores (peças 29 e 31).

207. Tal situação já foi relatada nos itens 171 e 172 desta instrução.

Argumentos da UJ

208. Com base no art. 7º, § 2º, do Decreto 7.892/2013, a UJ efetuou a sua estimativa conforme descrições preliminares de levantamento dos serviços a serem prestados, elencados no sistema Opus vinculado ao Exército Brasileiro, junto ao órgão setorial enquadrante (Diretoria de Obras Militares – DOM), que especifica, por meio dos dados obtidos pelo corpo de engenheiros que integram esse sistema gerencial.

209. Acrescenta, ainda, que a UG é convocada regularmente para a atuação operacional em eventos no Rio de Janeiro, ou seja, Copa do Mundo, Forças de Pacificação e Operações de Garantia da Lei e da Ordem, dentre outros, havendo, portanto, a possibilidade de descentralização de créditos para a efetiva execução dos projetos.

210. A utilização do percentual de 1,6%, considerado baixo, seguiu a descentralização de créditos do Comando do Exército para esta UG e

Page 38: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

38

Unidades Participantes. Os poucos recursos distribuídos possibilitaram apenas a aquisição de parte dos itens adjudicados. É de conhecimento público que a UG não tem obrigação de adquirir a totalidade dos itens registrados, mesmo adotando uma política seletiva dentro do setor de aquisições, onde se daria a escolha de prioridade pela escassez de recursos.

211. Em relação à discussão de adesão da referida ata de registro de preços esclarece a UJ que esse procedimento tem a sua motivação nas análises dos pedidos remetidos, sendo por intermédio de ofício ou mensagem Siafi. Para atender aos pedidos remetidos, o setor de aquisições faz o controle de quantitativos pelo sistema Comprasnet a fim de verificar se alguém excedeu o previsto no art. 22, § 4º, da Decreto 7.892/2013.

212. No caso das empresas que não tiveram adesões às suas atas (Construbasa e Janira), tal fato foi motivado pela ausência de interesse dos órgãos da Administração Pública, não tendo a UG gerenciadora qualquer ingerência para definir as supostas adesões (‘caronas’).

213. Em relação ao item 146, com suposto excesso nas quantidades autorizadas, a Uasg esboçou uma minuta de empenho mas não teria sido emitida a respectiva nota, não se efetivando a aquisição.

Análise

214. O art. 7º, § 2º, do Decreto 7.892/2013 estabelece que na licitação para registro de preços não é necessário indicar dotação orçamentária, a qual somente é exigida para formalização (...) do contrato ou outro instrumento hábil. Tal dispositivo não constitui salvo conduto para que as UGs promovam licitações com quantitativos irreais, que não serão contratados, com base no orçamento das UGs verificados ao longo dos anos e a dotação prevista no projeto de lei orçamentária anual, que já estava no Congresso à época da realização do certame (novembro).

215. Caso se entenda que a UJ deve realizar procedimentos para registrar preços para diversas entidades militares, cada uma dessas entidades deveria estipular o quantitativo exigido e ingressar no certame na condição de UG participante, como previsto no art. 6º do Decreto 7.892/2013:

Page 39: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

39

‘Art. 6º O órgão participante será responsável pela manifestação de interesse em participar do registro de preços, providenciando o encaminhamento ao órgão gerenciador de sua estimativa de consumo, local de entrega e, quando couber, cronograma de contratação e respectivas especificações ou termo de referência ou projeto básico, nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, adequado ao registro de preços do qual pretende fazer parte,’

216. No caso em tela, o único participante foi a Escola de Instrução Especializada, conforme consta no item 2.2 do edital (peça 6, p. 2).

(...)

218. Portanto, os procedimentos alegados pela UJ, no sentido de que efetuou a sua estimativa conforme descrições preliminares de levantamento dos serviços a serem prestados, elencados no sistema Opus, não guarda obediência ao disposto no Decreto 7.892/2013, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços.

219. Ora, se a UG gerenciadora não seria responsável direta pelas aquisições, não cabe efetuar um registro de preços com quantidades superestimadas, de modo a permitir a adesão de caronas dentro do limite de 500% do quantitativo licitado, nos termos do art. 22, § 4º, do Decreto 7.892/2013:

‘Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem, a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da administração pública federal que não tenha participado do certame licitatório, mediante anuência do órgão gerenciador.

(...)

§ 4º O instrumento convocatório deverá prever que o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de preços não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na ata de registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do número de órgãos não participantes que aderirem.’

Page 40: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

40

220. Assim, a mera alegação acerca da possibilidade de contratação em função da Copa do Mundo e outros eventos não justifica a prática de atos em desacordo com os ditames do Sistema de Registro de Preços inseridos no Decreto 7.892/2013. Além disso, entende-se não haver correlação entre as obras demandadas pela Copa do Mundo e demais eventos e os serviços de manutenção de bens móveis, por exemplo.

221. Cabe ressaltar, ainda, que a UJ promoveu autorização de adesão de itens em relação aos quais não havia sido realizada aquisição pela UG gerenciadora ou por UGs participantes, como verificado no caso das atas relativas aos grupos 3, 4, 10, 12 e 14, o que contrariou o art. 22, § 5º, do Decreto 7.892/2013, revogado recentemente pelo Decreto 8.250/2014.

222. Assim, considerando: a) as falhas na habilitação de três das quatro empresas vencedoras do certame; b) as adesões autorizadas para todos os itens de duas dessas três empresas habilitadas irregularmente, as quais, além disso, possuem os mesmos contadores; e c) o fato de as autorizações às adesões terem contrariado o art. 22, § 5º, do Decreto 7.892/2013; entende-se necessário determinar ao Centro de Controle Interno do Exército que adote os procedimentos necessários à análise da regularidade da utilização das atas de registro de preços decorrentes do Pregão Eletrônico 9/2013 durante o período em que esteve liberada para adesões, e, inclusive, quanto a eventuais autorizações posteriores à comunicação da suspensão do seu uso, conforme consignado no Ofício 120-Sect.2/Sect/311º GAC (Es), de 14/7/2014.

223. Além disso, entende-se necessário promover as seguintes audiências em relação ao Pregão Eletrônico 9/2013:

a) do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, signatário do edital do Pregão Eletrônico 9/2013 e do termo de referência a ele anexo, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha – Escola e signatário do edital do Pregão Eletrônico 9/2013, em razão de, na fase interna do certame, não ter sido efetuada estimativa das reais necessidades dos quantitativos de cada item a serem adquiridos pela UG gerenciadora e pelas UG participantes, uma vez que os quantitativos registrados em ata extrapolam em muito os próprios orçamentos anuais das unidades gerenciadora e participante, o que contraria o disposto nos artigos 5º e 6º do Decreto 7.892/2013;

Page 41: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

41

b) do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, em razão de ter autorizado a adesão de atas de registro de preços para os quais nem a unidade gerenciadora nem as unidades participantes realizaram aquisições, o que contrariou o disposto no art. 22, § 5º, do Decreto 7.892/2013, revogado recentemente por meio do Decreto 8.250/2014.

J) Ausência de divulgação dos quantitativos totais no termo de referência (itens 56 a 58 da instrução anterior)

Argumentos da UJ

224. Com relação a esse ponto, a UJ reconheceu que não foi observada a necessidade de realização da consolidação das quantidades entre o órgão gerenciador e participantes. No entanto, foi expresso no item 15.2 que o licitante deveria observar as quantidades totais do pregão, por ocasião da inclusão da IRP.

225. Alega que os serviços de reformas a serem contratados são imprevisíveis, dependendo de diversos fatores constituídos ao longo do período de sua contratação e de eventual superveniência de fato excepcional.

Análise

226. A falha no planejamento dos quantitativos em si foi objeto do tópico anterior.

227. Quanto ao fato de não ter sido consolidada a quantidade total prevista (UG gerenciadora e UGs participantes), havendo divergência entre o contido no edital e o informado no sistema Comprasnet, cabe ressaltar que é atribuição da UG gerenciadora consolidar tais informações, promovendo a adequação dos respectivos termos de referência ou projetos básicos, conforme menção expressa no decreto regulador do SRP.

228. Assim, quanto a esse ponto, entende-se suficiente dar ciência à UJ acerca da mencionada falha (...).

K) Porte de empresas vencedoras (itens 59 a 62 da instrução anterior)

Argumentos da UJ

Page 42: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

42

229. Com relação a esse ponto, a UJ alegou que as legislações existentes não permitem estabelecer muitos critérios habilitatórios, devido ao risco de ferir o princípio da competitividade. No entanto, foram estabelecidos no item 9 do edital alguns critérios para comprovar a saúde financeira das empresas com as melhores propostas, nos termos do art. 31 da Lei 8.666/1993.

Análise

230. Conforme apontado na instrução anterior, exigiu-se, nos termos do item 9.7 do edital, apenas índices contábeis superiores a 1,00 (usual), mas a exigência de capital social ou patrimônio líquido mínimos de 10% do valor dos contratos somente se deu no caso de os índices serem menores do que 1,00 (item 9.8 do edital – peça 6, p. 9-10).

231. Como se trata da contratação de serviços, o certame se enquadra no art. 31, § 2º, da Lei 8.666/1993, podendo, dessa forma, exigir a comprovação de patrimônio líquido ou capital social mínimo de 10% do valor estimado para a contratação, nos termos do art. 31, § 3º, da citada lei.

232. No caso em questão, uma das licitantes, com patrimônio inferior a R$ 300.000,00, foi vencedora de itens que totalizaram R$ 13.141.473,50. Caso a Administração viesse a contratar parcela relevante do serviço, a empresa poderia não ter condições operacionais de prestá-lo adequadamente.

233. Tal ocorrência, diga-se de passagem, decorreu da opção da Administração de adjudicar os itens em lotes, o que impediu que empresas de menor porte participassem do certame, conforme já abordado nessa instrução.

234. Como a adoção dos critérios de habilitação, nesse caso, é facultativa, entende-se não ser possível determinar ou dar ciência acerca da constatação, cabendo à UJ avaliar, nas próximas contratações, acerca da conveniência de incluir a comprovação de capital social mínimo independentemente dos índices contábeis serem ou não menores do que 1,0.

L) Utilização indevida do benefício concedido às micro e pequenas empresas (itens 63 a 66 da instrução anterior)

Page 43: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

43

Argumentos da UJ

235. Com relação a esse ponto, a UJ alega que o benefício oferecido às empresas Construbasa e Employ efetivamente não se concretizou, cabendo ao operador do pregão tão somente cumprir os requisitos previstos no edital de convocação.

236. Ademais, se as empresas anteriormente citadas se utilizaram indevidamente das benesses da Lei Complementar 123/2006 (LC 123/2006), não caberia àquela UJ ter ciência do fato.

237. Aponta que, no caso do grupo 10, a empresa Construbasa foi convocada a dar lance de desempate, porém não o fez. Assim, efetivamente, nenhuma das duas empresas mencionadas foram efetivamente beneficiadas no certame.

Análise

238. Considerando que a Construbasa, quando convocada, efetivamente não se valeu da condição de EPP registrada no sistema Sicaf, (...) não houve prejuízo à competitividade do certame. No caso da empresa Employ, cabe ressaltar que não extrapolou a receita anual de EPP no exercício de 2013, quando foi realizado o certame. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, somente se considera a utilização indevida no ano seguinte ao que ocorreu o extrapolamento de receita, caso a empresa não proceda ao reenquadramento no cadastro da Receita Federal do Brasil – RFB e o devido acerto no Sicaf.

239. No entanto, cabe registrar que as citadas empresas podem estar cometendo fraude fiscal, uma vez que não teriam procedido ao desenquadramento de ME/EPP, previsto nos artigos 3º e 30 da LC 123/2006, razão pela qual entende necessário encaminhar à 7ª Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil cópia das páginas 12 e 13 da instrução inicial (peça 38), para que adote as providências que entender necessárias.

III - Pregão Eletrônico 2/2013 (material de higiene e limpeza)

A) Falta de comunicação das datas e horários de retorno (itens 67 a 74 da instrução anterior)

240. Esta falha é idêntica à apontada nos itens 153 a 162 desta instrução. Argumentos repetidos não serão analisados. Serão analisados os

Page 44: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

44

argumentos acerca da recusa da intenção de recurso, apesar de o título da impropriedade ser diferente.

Argumentos da UJ

241. Acerca da existência de competitividade, a UJ alega que houve disputa de lances. No grupo 1, com dezessete participantes, dois participaram da fase de lances. No grupo 3, de vinte participantes, cinco disputaram na fase de lances. No grupo 4, de 32 fornecedores, cinco ocorreram à fase de lances.

242. Quanto à recusa da intenção de recurso, alega que: o certame foi aberto no dia seguinte à data marcada; e que cabia à licitante acompanhar as operações do sistema; o certame foi finalizado sem impugnação (...) no sistema eletrônico.

243. A intenção de recurso foi indeferida em razão de ter havido fundamentação legal quanto ao fato alegado. Não seria plausível admitir que o indeferimento de intenção sempre estaria cerceando o contraditório e a ampla defesa, mesmo porque o campo para registro é limitado, e, portanto, deve ser de forma explícita, concisa e substanciada, capaz de propiciar base legal para seu [in]deferimento.

244. Caso não fossem levados em consideração os aspectos da discricionariedade e convencimento do pregoeiro, todos os certames ficariam paralisados na fase de recurso, emperrando a máquina administrativa e deixando de cumprir os princípios basilares do processo licitatório (impessoalidade, julgamento objetivo, eficiência etc.).

Análise

245. Os fatos apontados no item 241 apenas contribuem para demonstrar o prejuízo à competitividade do certame, em razão da ausência de comunicação da data de efetiva realização da fase de lances, o que foi agravado pelo fato de a fase de lances ter sido realizada às 8h00 da manhã, horário incomum, uma vez que a maioria dos certames ocorre por volta de 9h00 ou 10h00, quando realizados durante a manhã (...).

(...)

246. Quanto à recusa de intenção de recurso, deve observar somente os pressupostos recursais, conforme jurisprudência pacífica neste Tribunal (Acórdãos 2.564/2009, 339/2010, 1.462/2010 e 3.381/2013, todos do

Page 45: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

45

Plenário). O entendimento é no sentido de que, ao efetuar o juízo de admissibilidade de um recurso, devem ser analisados pelo pregoeiro, tão somente, os pressupostos recursais, quer sejam, a sucumbência, a tempestividade, a legitimidade, o interesse e a motivação.

(...)

248. No caso em tela, a licitante indicou a seguinte fundamentação: ‘Licitação não foi aberta no dia e hora marcado. Não houve informações nas mensagens. Não houve transparência nos lances para os itens do grupo 4, bem como todos os princípios vinculados ao pro [mensagem cortada]’.

249. Como bem alegou o pregoeiro, e pode ser constatado na mensagem cortada em razão do tamanho máximo do campo, a licitante tem que ser objetiva e concisa.

250. O argumento de que a aceitação dos recursos ‘emperraria a máquina pública’ não pode ser aceito. Ora, sequer havia urgência na finalização do processo.

251. Desse modo, cabe promover, nos termos do art. 43, inc. II, da Lei 8.443/1992, a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, pregoeiro responsável pelo Pregão Eletrônico 2/2013, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 2/2013, em razão das condutas [acima apontadas que teriam ocasionado a irregularidade em foco] (...).

(...)

B) Julgamento por grupos, pela junção de diversos itens que já são expressivos por si só e não ensejariam agrupamento (item 75 da instrução anterior)

252. Nesse caso, o grupo 1 contém 37 itens, com valor estimado de R$ 4.225.212,90. No entanto, a maioria dos itens, dada a quantidade e o valor, possui valor expressivo, acima de R$ 100 mil cada (itens 1, 4, 6, 8, 12, 13, 18, 22, 26, 29, 31, 32, 33 e 36). A título exemplificativo, o item 18 (fungicida para madeira verde, 2.500 bombonas), totalizava a estimativa de R$ 625.000,00, e o item 22 (secante abrilhantador para louças, 4.510 bombonas), importava em R$ 496.100,00.

Page 46: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

46

Argumentos da UJ

253. Os argumentos apresentados pela UJ são semelhantes àqueles consignados nos itens 175 e 176 desta instrução, uma vez que o fato também ocorreu no Pregão Eletrônico 9/2013.

Análise

254. A questão foi analisada nos itens 177 a 183 desta instrução.

(...)

256. Assim, cabe promover, nos termos do art. 43, inc. II, da Lei 8.443/1992, a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, signatário do edital do Pregão Eletrônico 2/2013 e do termo de referência a ele anexo, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente-Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha – Escola e signatário do edital do Pregão Eletrônico 2/2013, [em razão das condutas que teriam ocasionado a irregularidade em foco] (...).

C) Desclassificação indevida de inúmeras propostas (itens 76 a 78 da instrução anterior)

257. Os argumentos da UJ justificaram os questionamentos apontados, razão pela qual se entende superada a questão tratada nesse ponto.

D) Pesquisa de preços que não reflete os custos de mercado (itens 79 e 80 da instrução anterior)

258. A situação é idêntica à relatada nos itens 57 a 70 desta instrução. Desse modo, deve-se constar que a falha também ocorreu nesse certame.

E) Indícios de arranjos entre licitantes (itens 81 a 86 da instrução anterior)

259. Constatou-se, na instrução, que, em alguns grupos, a empresa vencedora do certame posteriormente renunciou à proposta, no caso dos grupos 1, 2, 3 e 6, envolvendo as licitantes ADL, Multiart, Mutare e Papelite.

Argumentos da UJ

Page 47: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

47

260. A UJ informou que somente seria possível avaliar se as propostas foram enviadas da mesma máquina por meio de diligências solicitadas por órgãos de justiça, cabendo à Administração Pública zelar e fazer cumprir todos os atos de legalidade, impessoalidade e demais inerentes ao certame.

261. Quanto à desclassificação das treze empresas por inobservância ao item 6.6 do edital, no dia 28/11/2013, informou que tais empresas não efetuaram por completo a descrição detalhada do objeto, tornando inviável a aceitação da proposta.

262. Com relação à desclassificação da ADL ter ocorrido no dia 29/11/2013, alega que esse fato se deu em função de o pregoeiro ter encerrado os trabalhos por volta das 13h30 do dia anterior, quando passou a operar o Pregão Eletrônico 9/2013.

Diligência da SLTI/MPOG

263. Em resposta à diligência efetuada por meio do Ofício 1181/2014 (peça 45), a SLTI encaminhou o Ofício 1284/DELOG-MP, de 30/5/2014 (peça 48), contendo a consulta de log fornecedor para os itens do grupo 2 e 6 (p. 3-28).

Análise

264. Conforme pode-se constatar no referido documento (peça 48, p. 20), as propostas registradas para o item 80 pela Multiart Distribuidora de Materiais e Serviços Ltda., CNPJ 16.964.434/0001-41, login multi2013, e Papelite Material Escritório e Informática Ltda. EPP, CNPJ 73.839.615/0001-80, login papmat, respectivamente às 08h38min e 08h30min do dia 27/11/2013, ocorreu do endereço IP 177.179.97.150, assim como o lance efetuado pela Papelite no dia 29/11/2013, às 08h03min. Além disso, verifica-se que os preços e a descrição do objeto são exatamente idênticos, em todas as vírgulas, pontos e, inclusive, erros de ortografia (...).

(...)

265. Todas as coincidências apontadas quanto à descrição, valores iniciais e horários das propostas registradas se repetem em todos os itens do grupo 6 (itens 75 a 81).

Page 48: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

48

266. Desse modo, verifica-se que, ao menos em um grupo do certame, as empresas citadas atuaram em conjunto, o que representa fraude à licitação, ensejando, nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992, a declaração de inidoneidade. Desse modo, em atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa, cabe promover a oitiva de ambas as empresas, para que se pronunciem a respeito dos fatos ora apontados.

267. O mesmo documento da SLTI evidencia que outras duas empresas efetuaram lances do mesmo endereço IP. As empresas, que registraram suas propostas iniciais para o item 77 por meio do IP 187.65.232.119, são as seguintes: Força Total Distribuidora e Serviços Especializados Ltda., CNPJ 15.776.968/0001-81, login forcatotal, e ADL Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda. – ME, CNPJ 12.002.287/0001-78, login ADLLDA (peça 48, p. 2). Nesse caso, verifica-se a coincidência em alguns itens com idêntica descrição, a exemplo dos itens 2, 3, 6, todos do grupo 1, embora os preços registrados sejam diferentes.

268. Desse modo, verifica-se que, ao menos em um grupo do certame, as empresas citadas atuaram em conjunto, o que representa fraude à licitação, ensejando, nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992, a declaração de inidoneidade. Desse modo, em atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa, também entende-se necessário promover a oitiva de ambas as empresas, para que se pronunciem a respeito dos fatos ora apontados.

F) Aceitação de catálogos técnicos em substituição das amostras (itens 87 a 91 da instrução anterior)

Argumentos da UJ

269. A UJ alegou que a medida teve por objetivo agilizar o término do certame licitatório, deixando-se de atender ao que determinava o instrumento convocatório, mas que tal medida não implicaria aquisição de produtos de baixa qualidade.

270. Alega, ainda, que em razão do preço, da qualidade e do fabricante é possível estabelecer esse grau de segurança ao adquirir com base em catálogos, ‘mesmo porque se o fornecedor entregar um produto diferente do adjudicado, deverá de imediato substituí-lo’.

Page 49: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

49

271. Acrescenta que, por diversas vezes, teria adquirido os produtos descritos do referido certame, portanto, seria capaz de garantir uma boa aquisição para a Administração Pública.

Análise

272. O citado argumento da celeridade não pode dar ensejo ao descumprimento de cláusulas editalícias, mormente quando essas têm por objetivo buscar com que sejam adquiridos de boa qualidade. Nesse sentido, um catálogo não terá benefício algum em relação ao citado objetivo, buscando garantir a eficiência e eficácia do produto.

(...)

275. (...) a dispensa da apresentação de amostra, contrariando o disposto no item 8.5 do edital, possibilitou a aquisição de produtos que não atendem às especificações do edital, sem que houvesse motivo que justificasse tal prática.

(...)

277. Desse modo, cabe efetuar a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, pregoeiro responsável pelo Pregão Eletrônico 2/2013, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 2/2013, em razão [das condutas que teriam dado ensejo à irregularidade em foco].

G) Utilização indevida do benefício concedido às micro e pequenas empresas (LC 123/2006) – itens 92 a 94 da instrução anterior

Argumentos da UJ

278. Com relação a esse ponto, aponta que foi seguida a legislação pertinente, estando os fornecedores cientes das condições e exigências do edital, tendo esses que emitir declaração e apresentar documentos, caso sejam habilitados. Assim, a UJ conferiu, em consulta ao sítio da Receita Federal, como estaria a situação cadastral do fornecedor.

279. Alega que, ao que parece, a ADL não teria atualizado sua situação junto à Receita Federal. Aponta que, atualmente, a citada empresa (ADL Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda. – ME, CNPJ 12.002.287/0001-78) consta como microempresa, sendo inviável

Page 50: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

50

formalizar processo investigativo das empresas participantes do certame, devendo essas serem penalizadas e fiscalizadas pelo órgão competente.

Análise

280. Tendo em vista que a empresa ADL recebeu, conforme informação obtida no sítio eletrônico do Senado Federal, somente no exercício de 2013, o montante de R$ 7,6 milhões, extrapolando o limite de faturamento para enquadramento como ME/EPP, entende-se pertinente encaminhar cópia desta página da instrução à 7ª Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil, para que adote as medidas que entender cabíveis.

H) Restrição à competitividade por meio do prazo exíguo para envio da documentação (itens 95 e 96 desta instrução)

Argumentos da UJ

281. A UJ alegou que os itens 8.3 e 8.3.2 do edital estabeleceram que a documentação deveria ser encaminhada em tempo razoável. No caso em tela, entendeu-se que trinta minutos seria razoável, o que poderia ser prorrogado, caso houvesse pedido por parte da licitante, o que não ocorreu em relação à empresa citada.

282. A ADL foi habilitada para o grupo 4 em razão de já ter encaminhado a documentação para outro grupo do certame.

Análise

283. O art. 3º-A da Instrução Normativa SLTI/MPOG 3/2011, incluído posteriormente pela IN 1/2014, estabelece o seguinte:

‘Art. 3º-A O instrumento convocatório deverá estabelecer o prazo mínimo de 2 (duas) horas, a partir da solicitação do pregoeiro no sistema eletrônico, para envio de documentos de habilitação complementares, por fax ou outros meios de transmissão eletrônica, conforme prevê o § 2º do art. 25 do Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005. (Incluído pela Instrução Normativa nº 1, de 26 de março de 2014)’

284. Assim, entende-se suficiente, quanto a esse ponto, recomendar à UJ acerca da falha verificada, para que, nos próximos certames, passe a observar o prazo agora definida na referida IN.

Page 51: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

51

IV - Pregão Eletrônico 1/2013 (material de escritório, toners)

A) Falta de comunicação das datas e horários de retorno, prejudicando o registro da intenção de recurso e a competitividade do certame (itens 98 a 101 da instrução anterior)

Situação verificada

285. A licitação iniciou-se dia 22/10/2013, tendo sido aberta a sessão às 12h30min. Sem qualquer aviso, a fase de lances transcorreu no dia seguinte, a partir de 17h12min, e foi encerrada às 17h46min do mesmo dia.

286. Das dezoito empresas que registraram proposta para o item 130, apenas oito ofertaram lances (peça 7, p. 526-527). No caso do item 114, foram quatro propostas e nenhum lance (peça 7, p. 462). No caso do item 71, foram nove propostas e apenas um lance (peça 7, p. 303). Verifica-se, portanto, baixa competitividade, não obstante ter sido processado sob a forma de pregão eletrônico.

287. No dia 4/11/2013, o pregoeiro postou uma mensagem informando que todos os itens haviam sido aceitos, e que estava aberto o prazo para os licitantes enviarem as amostras e a documentação habilitatória, bem como proceder aos ajustes na proposta atualizada,

288. Sem qualquer comunicação, no dia 7/11/2013, às 12h52, abriu o sistema para registro de intenção de recurso e avisou que o prazo final era às 13h23min do mesmo dia. Desse modo, a Administração impediu (...) o contraditório e a ampla defesa.

Argumentos da UJ

289. Esta falha é idêntica à apontada nos itens 153 a 162 desta instrução. Argumentos repetidos não serão reanalisados.

Análise

290. Em razão da análise contida nos tópicos semelhantes relativos a outros certames, cabe efetuar a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, pregoeiro responsável pelo Pregão Eletrônico 1/2013, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola,

Page 52: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

52

responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 1/2013, em razão [das condutas que teriam dado ensejo à irregularidade em foco].

B) Desclassificação de inúmeras propostas (itens 102 a 105 da instrução anterior)

291. A UJ apresentou justificativas para as desclassificações apontadas, as quais são consideradas satisfatórias.

C) Possível utilização indevida do benefício concedido às micro e pequenas empresas (LC 123/2006) – item 106 da instrução anterior

292. A UJ apresentou justificativas para as desclassificações apontadas, as quais são consideradas satisfatórias.

V - Pregão Eletrônico 6/2013 (equipamentos de cozinha)

A) Falta de comunicação das datas e horários de retorno, prejudicando o registro da intenção de recurso (itens 107 a 110 da instrução anterior)

Situação verificada

293. A licitação iniciou-se dia 22/7/2013, tendo sido aberta a sessão às 8h32min, com aviso às 8h34min de que estava sendo realizada a análise das propostas cadastradas no sistema. Às 12h30min, sem comunicação prévia, teve início a fase de lances, conforme mensagens automáticas do sistema, encerrada às 13h31min. Às 16h57min desse dia, o pregoeiro informou o encerramento da sessão e retorno no dia seguinte, às 10h00min.

(...)

295. No dia 31/7/2013, novamente sem qualquer aviso, o pregoeiro abriu o prazo para intenção de recurso, às 11h2min, comunicando aos licitantes, às 11h25min, que o prazo ficaria aberto até 12h00min.

296. Tal prática, à semelhança do ocorrido nos outros certames, dificultou sobremaneira a interposição de recurso, tanto que não houve um recurso sequer, o que é incomum em um certame com tantos itens e tantos participantes.

Argumentos da UJ

Page 53: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

53

297. Esta falha é idêntica à apontada nos itens 153 a 162 desta instrução. Argumentos repetidos não serão reanalisados.

Análise

298. Em razão da análise contida nos tópicos semelhantes relativos a outros certames, cabe efetuar a audiência do Sr. Pedro Paulo Borges Popovitch – 3º Sargento, pregoeiro responsável pelo Pregão Eletrônico 6/2013, e do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha Escola, responsável pela homologação do Pregão Eletrônico 6/2013, em razão [das condutas que teriam dado ensejo à irregularidade em foco].

B) Superdimensionamento da contratação (itens 111 a 114 da instrução anterior)

Situação verificada

299. Este Tribunal, por meio do Acórdão 694/2014-TCU-Plenário, cientificou a entidade licitante que a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas deve ser efetivada em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa deve ser obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação, nos termos do art. 15, § 7º, inciso II, da Lei 8.666/1993, o que não foi observada no caso em tela.

300. Considerando que a unidade gerenciadora da ata executou o montante de R$ 2,3 milhões no exercício de 2013, que não há outras unidades participantes e que o valor do certame, com base no valor adjudicado, importou em R$ 3.214.066,95, elaborou-se uma tabela em que foram comparadas as quantidades homologadas e as efetivamente contratadas, após mais de nove meses de existência da ata de registro de preços (validade de 31/7/2013 a 30/7/2014).

301. Considerando que o certame tinha 69 itens, foram selecionados para amostra os dez primeiros itens do certame (...).

302. Verifica-se que, para esses itens, foram adquiridos apenas 3,85% dos quantitativos registrados em ata, bem como autorizadas adesões no montante de 4,09% da quantidade máxima que pode ser autorizada.

Argumentos da UJ

Page 54: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

54

303. A UJ aponta que foi lançada a Intenção de Registro de Preços (IRP) e posterior continuidade do certame. No entanto, com as solicitações da AGU, foram feitas modificações no processo licitatório, inclusive a retirada de alguns itens do SRP 3/2013. Foi então lançada nova IRP, já com as quantidades pleiteadas pelas UGs participantes, mas não teria havido a adesão a esta segunda IRP pelas UGs que haviam manifestado interesse no primeiro momento. Assim, restou registrado o valor total da IRP anterior e as quantidades se mantiveram as mesmas.

304. Caso a UJ tivesse adjudicado somente as quantidades solicitadas na primeira IRP, o certame totalizaria R$ 321.101,10, de modo que foram elaborados todos os procedimentos do edital dentro da estimativa de gasto anual da UJ (...).

305. Acrescentou, ainda, que a aquisição depende da descentralização de recurso e que a UJ busca, sempre que possível, adquirir os bens adjudicados.

Análise

306. A mesma ocorrência já foi objeto de análise nos itens 202 a 223 desta instrução, referente ao Pregão Eletrônico 9/2013.

307. No caso deste certame, além das questões já analisadas, verifica-se que a UJ excluiu alguns itens de outro certame e depois abriu nova licitação, sem readequar as quantidades. Os argumentos apresentados não justificam a ocorrência. Ora, ao abrir nova IRP, a UJ deveria ter incluído as quantidades que ela pretendia adquirir (...) e não incluir quantidades cerca de dez vezes superiores.

(...)

309. Assim, entende-se necessário efetuar a audiência do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa – Tenente Coronel, Ordenador de Despesa do 31º Grupo de Artilharia da Campanha – Escola e signatário do edital do Pregão Eletrônico 6/2013, [em razão da conduta que teria dado ensejo à irregularidade em foco].

DAS DEMAIS MEDIDAS A SEREM ADOTADAS

310. Em razão das falhas verificadas em todas as licitações analisadas, que comprometeram severamente a competitividade dos certames, entende-se pertinente determinar à UJ que se abstenha de utilizar as

Page 55: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

55

atas de registro de preços resultantes dos Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013, 6/2013, 9/2013 e 2/2014, bem como que não autorize qualquer adesão a essas atas, que não as prorrogue ao final de suas vigências e que informe às UGs participantes dos certames em tela que não utilizem as referidas atas, comprovando ao Tribunal, no prazo de trinta dias, a efetivação das medidas em tela.

311. Cabe ressaltar que a própria UJ havia se comprometido a suspender o uso de tais atas ao receber as notificações acerca desse processo. No entanto, constatou-se que houve autorização de adesão a atas do Pregão Eletrônico 2/2014, conforme já apontado anteriormente.

PROCESSO APENSADO – TC 015.443/2014-0

312. Conforme despacho do Relator expedido no TC 015.443/2014-0 (peça 27), em 29/10/2014, o citado processo foi apensado a esses autos.

313. A instrução de mérito daqueles autos (peça 25 daqueles autos) contemplou proposta de dar ciência à Academia Militar das Agulhas Negras [acerca das falhas verificadas] (...).”

8. A proposta de mérito, que contou com a anuência do titular da unidade técnica, contemplou os seguintes encaminhamentos (peça n. 40, pp. 5 e 6, e peças ns. 41 e 42):

8.1. determinar ao 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola que se abstenha de utilizar as atas de registro de preços resultantes dos Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013, 6/2013, 9/2013 e 2/2014, bem como que não autorize qualquer adesão a essas atas, que não as prorrogue ao final de suas vigências e que informe às UGs participantes dos certames em tela que não utilizem as referidas atas, comprovando ao Tribunal, no prazo de trinta dias, a efetivação das medidas em tela;

8.2.) efetuar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, a audiência dos gestores abaixo relacionados, em função das irregularidades a seguir descritas:

8.2.1) dos Srs. Pedro de Barros Montanha e Carlos Eduardo Barbosa da Costa, por terem possibilitado, respectivamente, na qualidade de pregoeiro e de autoridade que homologou o Pregão Eletrônico 2/2014, a ocorrência das seguintes falhas:

Page 56: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

56

8.2.1.1) não expedição, quando da condução da fase pública do certame, de avisos acerca da suspensão temporária dos trabalhos, em função de horário de almoço e/ou término do expediente, bem como da data e do horário previstos de reabertura da sessão para o seu prosseguimento;

8.2.1.2) recusa não justificada de intenção de recurso devidamente fundamentada; e

8.2.1.3) exigência de apresentação da planilha de composição de custos não prevista no instrumento convocatório, quando da condução da fase pública do certame;

8.2.2) Srs. Osmane Sales Cabral e Carlos Eduardo Barbosa da Costa, em razão de terem sido signatários do edital do Pregão Eletrônico 2/2014 que não continha a estimativa das reais necessidades acerca do quantitativo dos itens licitados, bem como previa a realização do torneio licitatório por grupos e não de forma unitária, infringindo o disposto no art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993;

8.2.3) dos Srs. Pedro Paulo Borges Popovitch e Carlos Eduardo Barbosa da Costa, por:

8.2.3.1) terem sido signatários do edital do Pregão Eletrônico 9/2013 que continha as seguintes irregularidades:

8.2.3.1.1) previsão de realização de visita técnica em apenas um dia;

8.2.3.1.2) ausência de estimativa das reais necessidades acerca do quantitativo dos itens licitados;

8.2.3.2) terem, na qualidade, respectivamente, de pregoeiro e de autoridade que homologou o Pregão Eletrônico 9/2013, dado azo à ocorrência das seguintes irregularidades:

8.2.3.2.1) não suspensão da sessão pública do certame quando da análise da documentação habilitatória;

8.2.3.2.2) concessão de prazo de registro de intenção de recurso fora do horário comercial;

8.2.3.2.3) habilitação irregular de empresas;

Page 57: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

57

8.2.3.3) terem possibilitado, respectivamente, na qualidade de pregoeiro e de autoridade que homologou o Pregão Eletrônico 2/2013, a ocorrência das seguintes irregularidades:

8.2.3.3.1) recusa não justificada de intenção de recurso devidamente fundamentada;

8.2.3.3.2) dispensa da apresentação de amostra prevista no edital;

8.2.3.4) terem dado azo, respectivamente, na qualidade de pregoeiro e de autoridade que homologou o certame, à ocorrência consubstanciada na:

8.2.3.4.1) ausência de expedição, quando da condução da fase pública do certame, de avisos acerca da data de retorno da sessão, no âmbito dos Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013 e 6/2013;

8.2.3.4.2) previsão, em relação a alguns dos itens licitados, da realização do torneio licitatório por grupos e não de forma unitária, infringindo o disposto no art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993, no âmbito dos Pregões Eletrônicos 2/2013 e 9/2013;

8.2.4) do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa:

8.2.4.1) na qualidade de signatário do edital do Pregão Eletrônico 6/2013, em função da inexistência de estimativa das reais necessidades acerca do quantitativo dos itens licitados;

8.2.4.2) por ter autorizado a adesão de atas de registro de preços no Pregão Eletrônico 9/2013 para itens em que a unidade gerenciadora e as unidades participantes não realizaram aquisições, em afronta ao disposto no art. 22, § 5º, do Decreto 7.892/2013;

8.3) determinar ao 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola que adote medidas com vistas à abertura de processo administrativo específico para apurar o fato de as empresas Employ Comércio e Serviços EPP – EIRELI e AXG Construções e Reformas Ltda. não terem mantido, no âmbito do Pregão Eletrônico 9/2013, as propostas efetuadas naquele certame;

8.4) determinar ao Centro de Controle Interno do Exército que adote os procedimentos necessários à análise da regularidade da utilização das atas de registro de preços decorrentes do Pregão Eletrônico 9/2013 durante o período em que esteve liberada para adesões, e, inclusive, quanto a eventuais

Page 58: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

58

autorizações posteriores à comunicação da suspensão do seu uso, conforme consignado no Ofício 120-Sect.2/Sect/311º GAC (Es), de 14/7/2014;

8.5) encaminhar à 7ª Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil cópia da instrução constante da peça 38 (pp. 12 e 13) e peça 40 (p. 42), para que adote as providências que entender cabíveis; e

8.6) efetuar a oitiva das firmas Multiart Distribuidora de Materiais e Serviços Ltda., Papelite Material Escritório e Informática Ltda., Força Total Distribuidora e Serviços Especializados Ltda., e ADL Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda., em razão de terem apresentado propostas originadas do mesmo endereço IP, bem como por terem apresentado idênticos preços e descrição dos objetos constantes do item 6 no âmbito do Pregão Eletrônico 2/2013.

9. Além das medidas acima descritas, sugeriu a unidade instrutiva a expedição de recomendações e/ou ciência à unidade jurisdicionada acerca das falhas verificadas nestes autos.

É o relatório.

VOTO

Em exame a Representação formulada pela Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ, a partir da coleta de informações e acompanhamento de atos e contratos por meio do Diário Oficial da União e do sistema Comprasnet, noticiando a possível ocorrência de irregularidades em certames realizados pelo 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola.

2. A unidade técnica investigou os seguintes Pregões Eletrônicos – PE, todos no Sistema de Registro de Preços – SRP, cujos objetos e respectivos valores seguem descritos abaixo:

2.1. PE 1/2013: aquisição de material de escritório e toners, no valor de R$ 11.168.573,97;

Page 59: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

59

2.2. PE 2/2013: compra de material de limpeza e higiene, no valor de R$ 10.247,817,93;

2.3. PE 6/2013: aquisição de equipamentos de cozinha, no valor de R$ 3.214.066,95;

2.4. PE 9/2013: manutenção de bens imóveis, no valor de R$ 30.880.681,05; e

2.5. PE 2/2014: aquisição de equipamento de informática e de cartuchos, no valor de R$ 19.104.379,80.

3. Na instrução inicial, a Secex/RJ, após examinar os elementos constantes do processo, propôs a expedição de medida cautelar com vistas a suspender a execução da continuidade do Pregão Eletrônico 2/2014, bem como que a unidade jurisdicionada se abstivesse de realizar novas contratações ou autorizar adesões nos outros certames supramencionados.

4. Alvitrou, ainda, a realização de diligências junto ao 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola e à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e Gestão – SLTI/MPOG para que aquele órgão informasse os endereços IP dos computadores nos quais haviam sido registradas as propostas de duas empresas no âmbito do Pregão Eletrônico 2/2013.

5. Preliminarmente ao juízo acerca do deferimento da medida de urgência, determinei, por meio de Despacho, a realização de oitiva prévia do 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola, e da diligência junto à SLTI/MPOG.

6. Efetuadas as medidas saneadoras, vieram aos autos a documentação e as informações que foram detidamente analisadas pela Secex/RJ, tendo aquela unidade técnica, ao final, proposto, de forma sintética, determinação ao 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola para que se abstenha de possibilitar a adesão de empresas às Atas de Registro de Preços decorrentes dos torneios licitatórios ora em foco, bem como a realização de audiência de diversos gestores.

II

7. Quanto à admissibilidade, esclareço que a presente Representação pode ser conhecida, porquanto formulada em alinhamento aos dispositivos cabíveis à espécie, previstos no art. 237, inciso VI, c/c art. 235, do Regimento

Page 60: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

60

Interno do TCU.

8. No que tange ao mérito, consoante descrito no Relatório precedente, foram objeto de investigação cinco certames, todos realizados na modalidade de Pregão Eletrônico, Sistema de Registro de Preços, que somados montam à quantia de cerca de R$ 74,6 milhões.

9. Passo a discorrer, assim, acerca de cada um dos Pregões Eletrônicos referenciados no parágrafo 2 supra.

III

Pregão Eletrônico 1/2013 – Material de Expediente e Toners

10. Em relação a este certame, relata a unidade técnica que a competitividade do torneio licitatório teria sido prejudicada, em função de procedimento adotado na sua condução, bem como que teria havido impedimento, por parte da Administração, do exercício de interposição de recurso, o que teria acarretado ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório.

11. Sobre a questão do recurso, transcrevo, para melhor delineamento dos fatos, excerto da instrução lavrada pela Secex/RJ, na qual o fato é narrado (peça 38, p. 16):

“98. A licitação iniciou-se dia 22/07/2013, tendo sido aberta a sessão às 12h30min. Sem qualquer aviso, a fase de lances transcorreu no dia seguinte, a partir de 17h12min, e foi encerrada às 17h46min do mesmo dia.

99. Das dezoito empresas que registraram proposta para o item 130, apenas oito ofertaram lances (peça 7, p. 526-527). No caso do item 114, foram quatro propostas e nenhum lance (peça 7, p. 462). No caso do item 71, foram nove propostas e apenas um lance (peça 7, p. 303). Verifica-se, portanto, pouca competitividade, não obstante ter sido processado sob a forma de pregão eletrônico.

100. No dia 4/11/2013, o pregoeiro postou uma mensagem informando que todos os itens haviam sido aceitos, e que estava aberto o prazo para os licitantes enviarem as amostras e a documentação habilitatória, bem como proceder aos ajustes na proposta atualizada,

Page 61: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

61

101. Sem qualquer comunicação, no dia 7/11/2013, às 12h52, abriu o sistema para registro de intenção de recurso e avisou que o prazo final era às 13h23min do mesmo dia. Desse modo, a Administração impediu (...) o [exercício do] contraditório e [da] ampla defesa.

12. No entender do Auditor Federal de Controle Externo – AUFC encarregado do feito, o pregoeiro deveria ter postado aviso para que os participantes fossem cientificados previamente da data de retorno da sessão. Aduziu, ainda, que o prazo para interposição de recurso deveria ter sido maior do que os 30 minutos oferecidos pelo pregoeiro.

13. Consoante prevê o art. 4º, inciso XVIII, da Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão), declarado o vencedor, o licitante que desejar deve se manifestar, de imediato, se deseja interpor recurso, tendo a seu dispor o prazo de três dias úteis para ofertar as razões de seu descontentamento:

“Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras:

(...)

XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;”

14. Marçal Justen Filho, comentando sobre o tema de interposição de recursos no âmbito do Pregão, discorre que o recurso, em verdade, é interposto verbalmente no momento em que o licitante discorda da decisão do pregoeiro: “Quando o interessado manifestar sua discordância contra a decisão do pregoeiro, estará interpondo o recurso. Vale dizer, o recurso interpõe-se verbalmente.” (Pregão – Comentários à Lei do Pregão Comum e Eletrônico, 4ª Ed., São Paulo, 2005, p. 154).

15. Com base no texto do diploma legal e no escólio do ilustre administrativista, é possível depreender que o prazo de trinta minutos ofertado pela Administração guarda razoabilidade com o que deveria ser manifestado naquele interregno, ou seja, apenas e tão-somente, a intenção de recorrer,

Page 62: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

62

sendo de três dias úteis o período para o oferecimento das razões que fundamentariam a irresignação.

16. Considerando que não há nos autos notícia de que determinado licitante que tenha manifestado a intenção de recorrer fora tolhido no prazo de três dias úteis para apresentar as razões de sua discordância, considero que a falha relativa ao impedimento da interposição de recurso não ocorreu.

17. Quanto à falta de aviso prévio acerca do retorno da sessão, cabem os seguintes comentários.

18. Não há como descurar do fato de que o lançamento, no sistema (via chat), da suspensão temporária dos trabalhos em função dos mais variados motivos – horário de almoço, término de expediente, interrupção programada no fornecimento de energia etc. – é a medida que mais se coaduna com o fundamental princípio da publicidade e da transparência que deve nortear os trabalhos dos torneios licitatórios da Administração.

19. Nesse sentido, este Tribunal já determinou à Universidade Federal de Uberlândia que adotasse tal sistemática em seus futuros certames (Acórdão 1.689/2009 – Plenário):

“9.3.6. observe, quando da condução da fase pública do pregão eletrônico, os princípios estabelecidos no art. 5º do Decreto n.º 5.450, de 2005, em especial os da publicidade e da razoabilidade, de modo que o pregoeiro, a partir da sessão inicial de lances até o resultado final do certame, deverá sempre avisar previamente, via sistema (chat), a suspensão temporária dos trabalhos, em função de horário de almoço e/ou término do expediente, bem como a data e o horário previstos de reabertura da sessão para o seu prosseguimento;”

20. O licitante não pode ser colhido de surpresa, sem prévio aviso, sobre o início da fase de lance, ou, ainda, da continuidade dos trabalhos que haviam sido suspensos pelos mais variados motivos.

21. Cabível, portanto, a realização da audiência aventada pela Secex/RJ em relação à irregularidade acima descrita.

IV

Pregão Eletrônico 2/2013 – Material de Limpeza e de Higiene

Page 63: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

63

22. Em relação ao certame acima referenciado, cujo objeto é o Registro de Preços para a aquisição de material de higiene e limpeza, aponta a Secex/RJ, as seguintes impropriedades: i) falta de comunicação da data de retorno da sessão; ii) dispensa de apresentação de amostra exigida no instrumento convocatório; iii) recusa indevida de recurso; e iv) licitação efetuada por lotes e não de forma unitária.

23. A ocorrência descrita no subitem i supra foi tratada no tópico III acima. De igual modo, adoto encaminhamento semelhante ao que propugnei em relação ao Pregão Eletrônico 1/2013, isto é, a realização de audiência no tocante a esta ocorrência.

24. Com relação ao subitem ii, o que ocorreu foi a aceitação de catálogos técnicos em vez de amostra dos produtos, conforme previsto em edital. De fato, assiste razão à unidade técnica quando assevera que houve descumprimento do instrumento convocatório.

25. Todavia, não vislumbro que a falha seja suficiente a ensejar a realização de audiência dos gestores, porquanto, em que pese a alteração do edital, não há nos autos elementos indicando que determinado licitante tenha sido impedido de apresentar amostra, como era previsto no edital.

26. Também não há dados concretos que suportem a conclusão da unidade instrutiva acerca do fato ter dado ensejo à aquisição de produtos de baixa qualidade.

27. Não há dúvida que a unidade jurisdicionada teria caminhado melhor se houvesse seguido a previsão editalícia, porém, inexistindo indícios de que a impropriedade tenha ocasionado restrição à competitividade ou obstaculizado a ação de determinado licitante no sentido de apresentar amostras de seu produto, entendo que o fato comporta, quando da análise de mérito, a expedição de determinação para que ele não mais ocorra.

28. Acerca da recusa de intenção de recurso (subitem iii supra), compulsando os autos, verifica-se que a ocorrência se refere a recurso impetrado pela licitante Nutremaz Comércio Ltda. por meio do qual questionou a suposta abertura do certame em dia e horário diverso do que fora marcado, bem como a falta de informações nas mensagens (peça 8, p. 443):

“Licitação não foi aberta no dia e hora marcado. Não houve informações nas mensagens. Não houve transparência nos lances para os itens do

Page 64: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

64

grupo 4, bem como todos os princípios vinculados ao procedimento licitatório.”

29. Em resposta, a unidade jurisdicionada informou que a abertura do certame foi noticiada por meio do sistema Comprasnet – aviso de licitação (peça 8, p. 443).

30. Pelo que colhi dos autos, não há questionamento da Secex/RJ acerca da suposta incorreção da unidade jurisdicionada em ter aberto o torneio licitatório em data diversa da que fora indicada no edital sem que tenha havido prévio aviso do fato.

31. A unidade instrutiva argumenta que, quando da impetração do recurso da licitante, somente caberia ao pregoeiro analisar os aspectos relacionados ao seu cabimento, ou seja, dos pressupostos recursais, sendo que o exame das razões de mérito deveria ser postergado para outra oportunidade. Para embasar seu entendimento, cita jurisprudência desta Corte nesse sentido (Acórdãos 2.564/2009, 339/2010 e 3.381/2013, todos do Plenário).

32. Sobre este tema, é oportuno trazer à baila excerto do Voto condutor do Acórdão 1.440/2007 – Plenário, da lavra do Ministro Aroldo Cedraz, prolatado nos autos do TC-004.515/2007-6, que cuidou de Representação contra supostas irregularidades havidas em Pregão Eletrônico no âmbito deste Tribunal:

“5. Quanto ao mérito, verifica-se que o inciso XVIII do art. 4º da Lei nº 10.520/2002 determina expressamente que ‘o licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer’, devendo, no prazo de três dias, apresentar as razões do recurso. No entanto, referida norma não define a quem caberia fazer o juízo de admissibilidade do recurso, nem a quem o mesmo seria endereçado.

6. Entretanto, o Decreto nº 5.450/2005, ao regulamentar o pregão eletrônico na administração pública, determinou expressamente no art. 11, inciso VII, que caberá ao pregoeiro, dentre outras atribuições, ‘receber, examinar e decidir os recursos, encaminhando a autoridade competente quando mantiver sua decisão’. Verifica-se, desse modo, que o exame da admissibilidade do recurso foi atribuído ao pregoeiro, enquanto o exame de mérito, caso seja ultrapassada a primeira fase,

Page 65: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

65

constitui atribuição da autoridade superior, consoante previsto, inclusive, no inciso IV do art. 8º do mesmo Decreto.

7. Cumpre observar, além disso, que, pelo que dispõe o art. 7º, inciso III, do Decreto nº 3.555/2000, cabe recurso contra atos praticados pelo pregoeiro, sendo competência da autoridade superior o [seu] julgamento (...), sem efeito suspensivo, como estabelece o art. 11, inciso XVIII, do mencionado Decreto.

8. Ao proceder ao exame de casos concretos sobre o tema, tendo em conta as normas acima mencionadas, o TCU já se manifestou no sentido de que o juízo de admissibilidade dos recursos interpostos em procedimentos de pregão pode ser realizado pelo pregoeiro. Como já foi assinalado, a finalidade da norma, ao autorizar o pregoeiro examinar previamente a admissibilidade do recurso, é afastar do certame aquelas manifestações de licitantes de caráter meramente protelatório, seja por ausência do interesse de agir, demonstrada pela falta da necessidade e da utilização da via recursal, seja por não atender aos requisitos extrínsecos, como o da tempestividade.

9. Essa prerrogativa conferida ao pregoeiro não viola os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório; ao contrário, coaduna-se com o princípio constitucional da eficiência previsto, de forma expressa, no art. 37 da Constituição Federal e com o princípio da celeridade processual, ambos exigências em favor dos próprios administrados, que não pretendem ver seus pleitos eternizados pela máquina estatal, com infindáveis recursos e deliberações de cunho meramente protelatório.

10. Note-se que, se, por um lado, a administração deve estar atenta aos anseios daqueles que, por algum motivo, pugnam pelo seu direito, por outro, não pode perder de vista o interesse público, constantemente obstaculizado por questionamentos meramente protelatórios. Também não se pode deixar de considerar os interesses daqueles que tiveram sua proposta acolhida pela administração e pretendem ter o seu negócio concluído o mais rapidamente possível.

11. Não se trata aqui de um exame do mérito do recurso, visto que esse cabe ao superior, mas de verificar se os motivos apresentados na intenção de recorrer possuem, em tese, um mínimo de plausibilidade para seu seguimento. Esta é a melhor exegese da expressão

Page 66: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

66

‘motivadamente’ contido no art. 4º, inciso XVIII, da Lei nº 10.520/2002, pois são inúmeros os casos em que o próprio pregoeiro tem plenas condições de negar seguimento ao recurso em um exame simples dos fundamentos apresentados. Cabe ao interessado não esgotar os seus fundamentos, mesmo porque os prazos concedidos não podem ser excessivamente dilatados para esse fim, mas deve, dentro do possível apresentar motivação que demonstre o mínimo da plausibilidade de seus argumentos que justifique o seguimento do recurso.”

33. A apreciação do recurso ora em foco envolvia, tão-somente, o exame sobre a correção da afirmação do recorrente quanto à suposta divergência entre a data de abertura do certame e a falta de aviso no sistema sobre o início do certame.

34. Nesse sentido, tal tarefa, em nome da celeridade a qual se referiu o Ministro Aroldo Cedraz no decisum acima mencionado, poderia e deveria ser efetuada pelo próprio pregoeiro, pois não envolvia o exame de questões de maior complexidade, mas apenas expedita verificação como dito acima.

35. Em conclusão, considero que não cabe realizar audiência dos gestores em função desta última ocorrência.

36. Prosseguindo, no que tange à opção da unidade jurisdicionada de licitar os itens por grupos e não de forma unitária, cabe destacar que, consoante dispõe o art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993, aplicável subsidiariamente às licitações na modalidade de pregão, as compras devem, sempre que possível, ser subdivididas em parcelas:

“Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:

(...)

IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade;”

37. Já o Enunciado 247 da Súmula de jurisprudência deste Tribunal prevê que, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou a perda de escala, e sendo os produtos passíveis de serem divididos, as aquisições devem ser realizadas por itens:

“Enunciado 247: É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível,

Page 67: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

67

desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade.”

38. A Secex/RJ assevera que a opção da unidade jurisdicionada ocasionou restrição à competitividade, pois, segundo afirmou, em relação ao Grupo I do certame, somente duas empresas apresentaram lances, ao passo que nos outros itens seis firmas registraram propostas e ofertaram lances.

39. O mencionado Grupo I do Pregão Eletrônico 2/2013 possui 37 itens cujo custo totalizou cerca de R$ 4,2 milhões. Em princípio, aqueles itens, dada sua independência, poderiam ter sido licitados de forma unitária, propiciando maior acesso de licitantes no certame.

40. A justificativa apresentada pelos gestores, no sentido de que a opção escolhida teve por finalidade baratear o custo de gerenciamento da contratação na medida em que estar-se-ia lidando, apenas, com um fornecedor, é demasiado genérica, sem que tenham sido carreados aos autos documentação ou elementos idôneos a suportar a argumentação.

41. Também foi alegado o suposto ganho de escala na realização da licitação agrupada, o que também se situou no campo meramente argumentativo, sem a presença de elementos documentais corroborando a assertiva.

42. Desse modo, é cabível a realização da audiência alvitrada pela Secex/RJ em relação a esta irregularidade.

43. Ainda em relação ao Pregão Eletrônico 2/2013, a Secex/RJ verificou indício de fraude, consubstanciado na emissão de propostas de duas empresas que foram originadas do mesmo endereço IP, ou seja, teriam sido enviadas do mesmo computador. Alerta a unidade instrutiva, também, que os preços, descrição do objeto e das propostas apresentadas pelas firmas são exatamente idênticos, contendo, inclusive, os mesmos erros de grafia.

44. Diante de tal constatação, é cabível, como alvitrado, a realização de oitiva das referidas firmas para que apresentem defesa em relação ao fato, cabendo alertá-las, de forma expressa, que a ocorrência poderá ensejar a

Page 68: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

68

aplicação da penalidade de declaração de inidoneidade insculpida no art. 46 da Lei 8.443/1992.

45. Também foi detectado pela Secex/RJ que a empresa ADL Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda. teria se utilizado de forma irregular do benefício concedido a Micro e Pequenas Empresas, porquanto teria tido faturamento, em 2013, superior ao permitido para que fosse enquadrada naquela categoria.

46. Em relação a este fato, concordo que cabe cientificar a Receita Federal do Brasil para que adote as providências que entender pertinentes. Todavia, também é oportuno efetuar a oitiva da ADL Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda. para que apresente sua defesa, tendo em vista que o fato, uma vez comprovado, caracteriza fraude à licitação e pode dar ensejo à declaração de inidoneidade mencionada acima.

V

Pregão Eletrônico 6/2013 – Equipamentos de Cozinha

47. No âmbito do Pregão Eletrônico 6/2013, a Secex/RJ apontou a ocorrência das seguintes irregularidades: falta de comunicação da data de retorno da sessão e ausência de estimativa dos quantitativos licitados.

48. Sobre a primeira ocorrência, observo que o tema já foi discutido no tópico III acima. De igual modo, adoto para este certame o encaminhamento que propus em relação aos Pregões Eletrônicos 1/2013 e 2/2013, isto é, a realização de audiência dos responsáveis pela irregularidade.

49. Relativamente ao segundo ponto, consoante destacado pela unidade instrutiva, o 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola, unidade gerenciadora da ata, executou, ao longo de todo o ano de 2013, o montante de R$ 2,3 milhões.

50. Levando-se em conta que o valor adjudicado somente neste certame foi da ordem de R$ 3,2 milhões, ou seja, valor superior à execução orçamentária do exercício de 2013, a unidade técnica elaborou tabela por meio da qual pode verificar que, passados cerca de nove meses da adjudicação, somente 3,85% dos itens registrados em ata foram adquiridos e apenas houve adesões de 4,09% da quantidade máxima que pode ser autorizada.

Page 69: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

69

51. Evidenciado, portanto, que a unidade jurisdicionada superdimensionou os quantitativos, sendo cabível a realização da audiência alvitrada pela Secex/RJ.

VI

Pregão Eletrônico 9/2013 – Manutenção de Bens Imóveis

52. Em relação a este torneio licitatório, foram verificadas as seguintes ocorrências:

52.1. falta de comunicação da data de retorno da sessão;

52.2. realização da licitação por lotes e não de forma unitária;

52.3. ausência de estimativa dos quantitativos licitados;

52.4. exigência da visita técnica, como condição de habilitação, em apenas um dia; e

52.5. habilitação irregular de empresas.

53. Os dois primeiros itens acima já foram objeto de exame neste Voto (tópicos III e IV), pelo que remete-se às considerações expendidas que dão supedâneo aos encaminhamentos propostos em relação a tais temas, tendo em vista a similitude das situações lá versadas e a ocorrida neste certame.

54. Acerca da constatação objeto do subitem 52.3 acima, como verificado pela unidade instrutiva, além da ausência de estimativa dos quantitativos licitados, o 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola possibilitou a adesão à Ata de Registro de Preços em itens nos quais ainda não havia ocorrido aquisições.

55. À época de realização do certame, estava vigente o § 5º do art. 22 do Decreto 7.892/2013, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços – SRP. Tal dispositivo vedava a adesão nos itens em que os órgãos integrantes da ata ainda não haviam efetuado aquisições:

“§ 5o O órgão gerenciador somente poderá autorizar adesão à ata após a primeira aquisição ou contratação por órgão integrante da ata, exceto quando, justificadamente, não houver previsão no edital para aquisição ou contratação pelo órgão gerenciador.”

Page 70: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

70

56. Sobre a visita técnica, a jurisprudência deste Tribunal é no sentido de que tal exigência, como condição prévia à habilitação de licitantes, deve estar suficientemente justificada de modo a demonstrar que esta seja uma medida indispensável para melhor conhecer as particularidades de determinado objeto a ser licitado (Acórdãos 1.604/2014 e 714/2014, ambos do Plenário).

57. No caso em foco, que cuida de licitação para Sistema de Registro de Preços, a demanda editalícia soa contraditória, eis que que os órgãos e entidades que aderirem à Ata de Registro de Preços o farão sem a realização da multicitada visita técnica.

58. O fato ganha maior alcance diante da constatação de que a visita deveria ser realizada somente em um dia, o que, a toda evidência, também possui o condão de diminuir o universo de participantes do certame.

59. Quanto ao último tópico acima relacionado (subitem 52.4), apontou a Secex/RJ que as empresas Janira Santos Arte Decore Ltda., Employ Comércio e Serviços EPP e AXG Construções e Reformas Ltda. foram habilitadas de forma irregular no pregão em análise.

60. De acordo com a unidade instrutiva, tais firmas deixaram de apresentar documentação exigida em edital relativa aos atestados de capacidade técnica, bem como à necessidade de possuírem, em seus quadros, profissional detentor de atestado de responsabilidade técnica.

61. À guisa de conclusão, é adequada a realização da audiência proposta pela Secex/RJ em relação aos fatos narrados nos subitens 52.1 a 52.5 supra.

VII

Pregão Eletrônico 2/2014 – Materiais Permanentes e Suprimentos de Informática

62. Neste certame, a Secex/RJ apurou a ocorrência das irregularidades a seguir descritas:

62.1. realização da licitação por lotes e não de forma unitária;

62.2. ausência de pesquisa de preços de mercado para a elaboração do orçamento estimativo;

Page 71: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

71

62.3. ausência de estimativa dos quantitativos licitados; e

62.4. exigência de apresentação de planilha de custos não prevista em edital.

63. A falha descrita no primeiro dos subitens supra já foi objeto de abordagem neste Voto, pelo que, remete-se às considerações lá expendidas que justificam o encaminhamento que alvitrei ao tema (realização de audiência).

64. Relativamente à ausência de pesquisa de preços de mercado, em que pese o fato de a falha, em tese, ocasionar a ocorrência de possíveis sobrepreços, a própria Secex/RJ asseverou que, nos itens em que o preço fora estipulado em padrões superiores aos de mercado, os lances apresentados pelas licitantes terminaram por equalizar a situação, ou seja, situaram-se em patamares condizentes com os de mercado.

65. Dessa maneira, acolho o encaminhamento alvitrado de que a falha seja objeto, quando da apreciação meritória destes autos, de determinação corretiva à unidade jurisdicionada.

66. Quanto às irregularidades descritas nos subitens 62.3 e 62.4, a unidade técnica as evidenciou de forma clara, sendo cabível, como pugnado, a realização de audiência dos responsáveis pela sua ocorrência.

IX

Da Suspensão de Adesão às Atas de Registro de Preços

67. A unidade técnica propõe a expedição de determinação para que o 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola se abstenha de utilizar as Atas de Registro de Preços decorrentes dos pregões analisados, bem como que não autorize qualquer adesão a essas atas e não as prorrogue ao final de suas vigências.

68. Considero que não seja oportuno efetuar a determinação alvitrada pela unidade técnica, tendo em vista a carga de definitividade da proposta que não se coaduna com o presente estágio processual, em que se está a examinar a proposta da realização de medida saneadora – audiência – com vistas a carrear aos autos elementos que possibilitem a decisão meritória do processo.

Page 72: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

72

69. Nada obstante, pode-se indagar acerca da adoção de medida cautelar com vistas à paralisação dos certames até que o Tribunal delibere em definitivo sobre a matéria.

70. Como tenho asseverado, o deferimento de medida cautelar demanda, em juízo perfunctório, isto é, em sede de cognição não-exauriente, a ocorrência simultânea dos requisitos do periculum in mora e do fumus boni iuris.

71. Dizer que o exame ocorre em sede perfunctória não implica dispensa da análise atenta das alegações aduzidas nos autos, mas sim que esta ocorre sem instrução probatória completa, devendo o julgador valer-se dos elementos ali constantes para verificar a plausibilidade do direito invocado.

72. Tal exame deve ter por norte a ocorrência da fumaça do bom direito, caracterizada pela probabilidade, e não mera possibilidade, da verossimilhança do que alegado pelo requerente da medida excepcional.

73. Na outra face da cautelar está o perigo de demora, que é o risco de ineficácia da decisão pela inércia do julgador em adotar a medida de urgência.

74. Vertidos tais conceitos para a processualística peculiar do TCU, tem-se que a concessão de medida cautelar deve ter por objetivo salvaguardar o erário de ato potencialmente causador de dano ao erário, ou, ainda, viciado por flagrante ilegalidade.

75. No presente caso, considero presentes os requisitos ensejadores da medida de urgência, porquanto assente a existência de irregularidades graves nos certames, que vão desde a falta de aviso sobre o retorno da sessão, surpreendo os licitantes que aguardavam a postagem de comunicação para se prepararem para as fases subsequentes, à exigência não motivada de visita técnica e a habilitação irregular de empresas, configurando-se, assim, o fumus boni iuris, bem como o periculum in mora consubstanciado na possibilidade de participação de vários órgãos em Atas de Registro de Preços em torneios licitatórios maculados das falhas retro mencionadas.

76. Todavia, penso que a medida cautelar deva abranger, apenas, futuras adesões às atas, tendo em vista que há o periculum in mora reverso caso a medida abranja, também, a participação da unidade gerenciadora e das participantes, dada a essencialidade dos materiais licitados, que vão desde materiais de expediente até equipamentos de cozinha.

Page 73: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

73

X

Do TC-015.443/2014-0 (Apenso)

77. O TC-015.443/2014-0 cuida de expediente trazendo ao conhecimento deste Tribunal a suposta ocorrência de irregularidades em Pregões Eletrônicos levados a efeito pelo 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola.

78. Cabe esclarecer que o mencionado expediente não pode ser conhecido como Denúncia, pois trata-se de petição apócrifa por meio da qual é apontada, de forma genérica, a ocorrência de fraude nos certames analisados neste processo.

79. Por meio de Despacho, determinei o apensamento daquele processo aos presentes autos, para análise em conjunto e confronto.

80. Naqueles autos, a Secex/RJ, após a realização de diligência, propôs que fosse dada ciência à unidade jurisdicionada sobre a ocorrência de irregularidades havidas nos torneios licitatórios.

81. Tendo em vista que os Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013, 6/2013, 9/2013 e 2/2014 foram objeto de exame ao longo deste Voto, considero que não há providência a ser adotada em relação ao TC-015.443/2014-0.

XI

Da Representação da Empresa Mactenology Comércio de Informática – EPP

82. Encontra-se acostada a este processo (peças 53 a 55), Representação da firma acima referenciada noticiando a possível ocorrência de irregularidades no âmbito do Pregão Eletrônico 2/2014.

83. As falhas apontadas pelo representante são, em síntese, a falta de aviso sobre a retomada dos trabalhos via chat, bem como o indeferimento irregular de recurso.

84. A primeira ocorrência já fora tratada, de forma específica, na análise que efetuei em relação ao Pregão Eletrônico 2/2014.

85. Acerca do segundo ponto, a análise efetuada pela Secex/RJ nos parágrafos 21 a 24 indicam que, diferentemente do que ocorrido no Pregão Eletrônico 1/2013, a recusa do recurso não foi devidamente fundamentada.

Page 74: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

74

Ademais, no caso relatado pela Mactenology Comércio de Informática – EPP, a questão recursal envolvia a apreciação de matéria a qual deveria ter sido ofertado prazo à recorrente para que fundamentasse sua irresignação, o que não ocorreu.

86. Dessa maneira, cabível a realização de audiência dos responsáveis pela irregularidade em foco.

Conclusão

87. Como visto ao longo deste Voto, foram verificadas irregularidades em torneios licitatórios levados a efeito pelo 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola que ensejam a realização de audiência dos responsáveis pela sua ocorrência.

88. Desse modo, é cabível a adoção de medida cautelar tendente a impedir a adesão de novos órgãos e/ou entidades às atas decorrentes dos Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013, 6/2013, 9/2013 e 2/2014 até que este Tribunal delibere, em definitivo, sobre as irregularidades examinadas nos autos, sem prejuízo da realização das audiências destacadas ao longo deste Voto.

89. Nesse sentido, deve-se, em nome dos princípios da ampla defesa e do contraditório, efetuar a oitiva das empresas vencedoras dos certames em foco para que, caso entendam necessário, tragam elementos aos autos para subsidiar o deslinde do feito.

90. Cumpre, ademais, nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, efetuar a oitiva do 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola para se pronunciar em relação ao mérito das irregularidades que ensejaram a adoção da medida de urgência.

91. Deve-se, também, com o fito de subsidiar a defesa dos responsáveis que serão instados em audiência, encaminhar-lhes cópia da instrução constante da peça 102.

92. Por fim, no que tange às propostas de recomendações, determinações e/ou ciência à unidade jurisdicionada alvitradas pela Secex/RJ, deixo para me pronunciar sobre elas quando da apreciação de mérito deste processo.

Com essas considerações, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à elevada apreciação deste Colegiado.

Page 75: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

75

T.C.U., Sala das Sessões, em 03 de dezembro de 2014.

MARCOS BEMQUERER COSTA

Relator

ACÓRDÃO Nº 3486/2014 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC-012.062/2014-6.

2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.

3. Interessada: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ.

4. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola.

5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ.

8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representação formulada pela Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro – Secex/RJ, a partir da coleta de informações e acompanhamento de atos e contratos por meio do Diário Oficial da União e do sistema Comprasnet, em pregões eletrônicos realizados pelo 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:

Page 76: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

76

9.1. com fulcro no art. 237, inciso VI, c/c art. 235, do Regimento Interno do TCU, conhecer da presente Representação;

9.2. com fundamento no art. 276 do Regimento Interno/TCU, adotar medida cautelar para determinar ao 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola que se abstenha de possibilitar adesões de órgãos e/ou entidades às Atas de Registro de Preços decorrentes dos Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013, 6/2013, 9/2013 e 2/2014, até que o Tribunal delibere em definitivo sobre a matéria;

9.3. determinar, nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola, para que, em até 15 (quinze) dias, pronuncie-se, em relação ao mérito deste processo, manifestando-se, expressamente, sobre a análise dos itens que foram inquinados como irregulares pela Secex/RJ;

9.4. facultar às empresas vencedoras dos Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013, 6/2013, 9/2013 e 2/2014 que, caso entendam oportuno, manifestem-se a respeito das irregularidades narradas nestes autos;

9.5. nos termos do art. 235, parágrafo único, não conhecer do TC-015.443/2014-0, apenso, como Denúncia, tendo em vista o não preenchimento dos requisitos processuais cabíveis à interposição daquela espécie de processo, arquivando-se aqueles autos;

9.6. efetuar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, a audiência dos gestores abaixo relacionados, em função das irregularidades a seguir descritas:

9.6.1. dos Srs. Pedro Paulo Borges Popovitch e Carlos Eduardo Barbosa da Costa, por:

9.6.1.1. terem sido signatários do edital do Pregão Eletrônico 9/2013 que continha as seguintes irregularidades:

9.6.1.1.1. previsão editalícia não justificada da realização de visita técnica em apenas um dia, ocasionando restrição à competitividade do certame;

9.6.1.1.2. ausência de estimativa das reais necessidades acerca do quantitativo dos itens licitados;

9.6.1.2. terem, na qualidade, respectivamente, de pregoeiro e de autoridade que homologou o Pregão Eletrônico 9/2013, dado azo à

Page 77: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

77

habilitação irregular das empresas Janira Santos Arte Decore Ltda., Employ Comércio e Serviços EPP e AXG Construções e Reformas Ltda.;

9.6.1.3. terem dado azo, respectivamente, na qualidade de pregoeiro, e de autoridade que homologou o certame, à ocorrência consubstanciada na:

9.6.1.3.1. ausência de expedição, quando da condução da fase pública do certame, de avisos acerca da data de retorno da sessão, no âmbito dos Pregões Eletrônicos 1/2013, 2/2013, 6/2013 e 9/2013;

9.6.1.3.2. previsão, em relação a alguns dos itens licitados, da realização do torneio licitatório por grupos e não de forma unitária, infringindo o disposto no art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993, no âmbito dos Pregões Eletrônicos 2/2013 e 9/2013;

9.6.2. dos Srs. Pedro de Barros Montanha e Carlos Eduardo Barbosa da Costa, por terem possibilitado, respectivamente, na qualidade de pregoeiro e de autoridade que homologou o Pregão Eletrônico 2/2014, a ocorrência das seguintes falhas:

9.6.2.1. exigência de apresentação da planilha de composição de custos não prevista no instrumento convocatório, quando da condução da fase pública do certame;

9.6.2.2. ausência de expedição, quando da condução da fase pública do certame, de avisos acerca da data de retorno da sessão;

9.6.2.3. recusa preliminar da intenção de recurso, quando da condução da fase pública do certame, o qual estava devidamente fundamentado, sendo cabível, no caso, a abertura do prazo de três dias para que a recorrente complementasse a irresignação manifestada;

9.6.3. Srs. Osmane Sales Cabral e Carlos Eduardo Barbosa da Costa, por terem sido signatários do edital do Pregão Eletrônico 2/2014 com as seguintes irregularidades:

9.6.3.1. ausência de estimativa das reais necessidades acerca do quantitativo dos itens licitados;

9.6.3.2. previsão da realização do torneio licitatório por grupos e não de forma unitária, infringindo o disposto no art. 15, inciso IV, da Lei 8.666/1993;

Page 78: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

78

9.6.4. do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa, por ter sido signatário do edital do Pregão Eletrônico 6/2013 o qual foi elaborado sem a previsão de estimativa das reais necessidades acerca do quantitativo dos itens licitados;

9.6.5. do Sr. Carlos Eduardo Barbosa da Costa pela autorização, no âmbito do Pregão Eletrônico 9/2013, da adesão à Ata de Registro de Preços em itens em que a unidade gerenciadora e as unidades participantes não realizaram aquisições, em afronta ao disposto no art. 22, § 5º, do Decreto 7.892/2013;

9.7. encaminhar à 7ª Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil cópia da instrução constante da peça 38 (pp. 12 e 13) e peça 40 (p. 42), para que adote as providências que entender cabíveis;

9.8. efetuar a oitiva das firmas Multiart Distribuidora de Materiais e Serviços Ltda., Papelite Material Escritório e Informática Ltda., Força Total Distribuidora e Serviços Especializados Ltda., e ADL Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda., em razão de terem apresentado propostas originadas do mesmo endereço IP, bem como por terem apresentado idênticos preços e descrição dos objetos constantes do item 6 no âmbito do Pregão Eletrônico 2/2013, cabendo alertá-las, expressamente, de que o fato, uma vez comprovado, poderá ensejar, nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992, a aplicação da penalidade de declaração de inidoneidade para participar de licitações na Administração Pública Federal;

9.9. efetuar a oitiva da empresa ADL Distribuidora e Prestadora de Serviços Ltda. em função de ter se utilizado, de forma indevida, no âmbito do Pregão Eletrônico 2/2013, do benefício concedido a Micro e Pequenas Empresas, porquanto teria tido naquele ano (2013) faturamento superior ao permitido para que fosse enquadrada naquela categoria, cabendo alertá-la, expressamente, de que o fato, uma vez comprovado, poderá ensejar, nos termos do art. 46 da Lei 8.443/1992, a aplicação da penalidade de declaração de inidoneidade para participar de licitações na Administração Pública Federal;

9.10. enviar aos responsáveis indicados nos subitens 9.6 supra, a título de subsídio à defesa, cópia da instrução constante da peça 102, bem como deste Acórdão, do Relatório e do Voto que o fundamentam; e

9.11. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam, ao 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola e à empresa Mactenology Comércio de Informática – EPP.

Page 79: GRUPO II – CLASSE VII – Plenário · 1 GRUPO II – CLASSE VII – Plenário TC-012.062/2014-6 Natureza: Representação. Órgão: 31º Grupo de Artilharia de Campanha – Escola

79

10. Ata n° 48/2014 – Plenário.

11. Data da Sessão: 3/12/2014 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3486-48/14-P.

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro e Bruno Dantas.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa (Relator).

13.3. Ministro-Substituto presente: André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente)

WALTON ALENCAR RODRIGUES

(Assinado Eletronicamente)

MARCOS BEMQUERER COSTA

na Presidência Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)

PAULO SOARES BUGARIN

Procurador-Geral